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177 Lugar das Humanidades na ideia de Universidade crítica 1 Paulo Denisar Fraga 2 I. Hipótese norteadora e modo de exposição Iniciemos por esclarecer sobre como pensamos poder tratar do tema desta mesa, “A responsabilidade da Universidade na formação do sujeito crítico”. Parece óbvio que se deva responder com um sim à ideia de que a Universidade tem uma responsabilidade, inclusive especial, na formação do sujeito crítico. Embora seja necessário dizer que tal propriedade não é uma exclusividade da Universidade. No mundo todo, foram os movimentos sociais progressistas que cumpriram grandemente essa função. Afinal, depois de Weber, Adorno e Foucault, não podemos mais ignorar o entrelaçamento entre o conhecimento e a dominação. E, ao dizermos isso, deixamos implícito que não devemos nos bastar a um conceito meramente técnico de senso crítico. Isto posto, perguntemo-nos: seria a tarefa da formação do sujeito crítico na Universidade apenas uma obra de novos métodos e didáticas de ensino, ou um fazer meramente individual, ou mesmo de um certo coletivo de professores dados como metodológica e/ou conteudisticamente excelentes? Pensamos que não! Reservado o respeito aos que se dedicam, com honesto interesse, ao estudo dos meios de viabilidade 1 Painel apresentado na mesa redonda “A responsabilidade da universidade na formação do sujeito crítico”, durante o VII Seminário sobre Leitura e Produção no Ensino Superior, realizado na Unifal-MG em setembro de 2010. 2 Professor do Instituto de Ciências Humanas e Letras da Unifal-MG.

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    Lugar das Humanidades na ideia de Universidade crtica1

    Paulo Denisar Fraga2

    I. Hiptese norteadora e modo de exposio

    Iniciemos por esclarecer sobre como pensamos poder tratar do tema desta mesa, A

    responsabilidade da Universidade na formao do sujeito crtico.

    Parece bvio que se deva responder com um sim ideia de que a Universidade tem

    uma responsabilidade, inclusive especial, na formao do sujeito crtico. Embora seja

    necessrio dizer que tal propriedade no uma exclusividade da Universidade. No mundo

    todo, foram os movimentos sociais progressistas que cumpriram grandemente essa funo.

    Afinal, depois de Weber, Adorno e Foucault, no podemos mais ignorar o entrelaamento

    entre o conhecimento e a dominao. E, ao dizermos isso, deixamos implcito que no

    devemos nos bastar a um conceito meramente tcnico de senso crtico.

    Isto posto, perguntemo-nos: seria a tarefa da formao do sujeito crtico na

    Universidade apenas uma obra de novos mtodos e didticas de ensino, ou um fazer

    meramente individual, ou mesmo de um certo coletivo de professores dados como

    metodolgica e/ou conteudisticamente excelentes?

    Pensamos que no! Reservado o respeito aos que se dedicam, com honesto

    interesse, ao estudo dos meios de viabilidade

    1 Painel apresentado na mesa redonda A responsabilidade da universidade na formao do sujeito crtico,

    durante o VII Seminrio sobre Leitura e Produo no Ensino Superior, realizado na Unifal-MG em setembro de 2010. 2 Professor do Instituto de Cincias Humanas e Letras da Unifal-MG.

  • 178

    dessa questo nas disciplinas internas s vrias reas, nossa hiptese percorre perspectiva

    distinta, qual seja, a de que a efetivao de tal responsabilidade depende primeiramente da

    prpria concepo de Universidade que tivermos. E mais, do papel que no interior dela

    possam cumprir as Humanidades, retomando essa questo mais ou menos sob a influncia

    do que Wilhelm von Humboldt levantou no seu tempo, no projeto de criao da

    Universidade de Berlim3.

    Justificamos esse corte analtico pelo intuito de uma viso dialtica e mais universal,

    bem representada numa passagem do livro de Marilena Chau, Escritos sobre a universidade:

    devemos tomar a questo do ensino no como tcnica de transmisso de conhecimentos e

    de consumo passivo dos saberes, mas como parte constitutiva da apario de sujeitos do

    conhecimento, de tal modo que o ensino e a instituio universitrios sejam

    simultaneamente agentes e produtos da ao de conhecimento que engendra esse sujeito

    (2001, p. 171).

    Mas que lugar teriam ainda as Humanidades depois que Marcuse afirmou, j h mais

    de 40 anos, que a Cincia e a Tcnica foram aladas condio de uma ideologia

    mascaradora da dominao?

    Ou, mais presentemente, estaramos numa era ps-industrial, em que tambm o

    papel interdisciplinar das Humanidades estaria perdido, como uma iguaria ingnua e intil

    frente fragmentao do mundo do trabalho e da cultura, ou frente quilo que Fredric

    Jameson chamou de Ps-modernismo, lgica cultural do capitalismo tardio?

    3 A ttulo de nota, registramos que no ignoramos a anlise de Habermas sobre os limites das ideias

    humboldtianas em sua conferncia de 1987, intitulada A ideia de universidade: processos de aprendizagem. Mas anotamos, a propsito da dificuldade de um projeto atual de universidade, que o prprio Habermas o deixa em aberto no final do seu texto, recuando inclusive de uma aplicao mais modelar de sua prpria teoria da ao comunicativa universidade. Por outro lado, consideramos vlido o recurso ao potencial crtico contido na proposta humboldtiana, ao qual, inclusive, fez referncia positiva Alex Demirovic, em sua recentssima conferncia no Brasil sobre O que significa falar da atualidade da Teoria Crtica?.

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    Vamos iniciar a resposta a essas questes de um modo no-sistemtico, talvez meio

    benjaminiano, recorrendo a algumas imagens ou passagens tpicas que possam ilustrar com

    certa potncia tanto a necessidade como a viabilidade da mediao reflexiva entre as

    Cincias Empricas e as Humanidades, escovando, assim, a contrapelo das tendncias acima,

    tal como Walter Benjamin recomendou ao materialismo crtico.

    II. Passagens sobre Cincia e reflexo humanstica

    1. Considerando a observao de Srgio Paulo Rouanet, em As razes do iluminismo,

    de que o setor industrial pode ter diminudo, mas que o complexo do sistema industrial se

    ampliou enormemente, podemos dar como legtima a lembrana de um texto de Franklin

    Leopoldo e Silva, intitulado O papel das Humanidades no contexto tecnolgico.

    Nesse texto, o autor se pergunta por que a crise da Universidade e do seu ensino

    pode ser vista, em grande medida, como perda da centralidade das Humanidades no

    processo da produo do conhecimento acadmico?

    Ao discuti-lo, observa que, geralmente, as Humanidades aparecem ao senso mais

    geral como algo de arcaico, ao passo que a Cincia insinua-se como algo moderno. Mas

    antes de criticar tal classificao, o autor procura compreend-la como expresso

    razoavelmente natural decorrente dos modos de proceder na produo do conhecimento

    entre as Cincias mais tcnicas e as Humanidades. Por exemplo, para desenvolver um novo

    software, o pesquisador no precisa recorrer a toda a histria da informao eletrnica.

    Basta-lhe o conhecimento do software mais avanado que existe, para dali seguir adiante. J

    para o tratamento fundamentado de temas como a liberdade ou a poltica, o pesquisador

    precisa recorrer aos clssicos, muitas vezes at aos gregos, que esto no comeo do

    pensamento ocidental.

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    Leopoldo e Silva atribui a supremacia paradigmtica da Cincia e da tcnica nos

    parmetros da produo do saber ao papel civilizatrio desempenhado historicamente pelo

    desenvolvimento cientfico desde a Renascena. Por outro lado, argumenta que a

    progressiva centralidade da tecnologia cientfica promoveu a perda da unidade reflexiva e

    interdisciplinar do saber e, portanto, o comprometimento da prpria ideia da Universidade

    enquanto unidade da multiplicidade. Frente a isso, afirma que, se no mais possvel uma

    universalidade do saber como a que havia antes do Renascimento ou nos tempos em que

    Pitgoras respondia que era um amigo da sabedoria (philos-sophos), para com isso

    representar a unidade de todo o conhecimento, o que a Filosofia expressou por sculos ,

    preciso, em contrapartida, que as Humanidades retomem o seu lugar articulador do saber

    fragmentado para que a Universidade possa sustentar a sua prpria razo de ser. E conclui

    que as Humanidades precisam se livrar de sua m-conscincia do arcaico e assumir o que

    de autntico existe nessa caracterstica, pois o contato com a origem, com a totalidade

    perdida, a condio para haver conscincia histrica nas prprias Cincias, e representa a

    nica possibilidade atual de uma universalidade crtico-reflexiva do conhecimento na

    Universidade.

    2. Corrobora, neste sentido, a ilustrao de Gaston Bachelard, em A potica do

    espao, que se refere metfora da casa, do poro e do sto, que o filsofo, matemtico e

    fsico terico Grard Fourez, em seu livro A construo das cincias, compara com o

    apartamento, segundo uma entrevista de Bachelard.

    A leitura que Fourez faz dessa imagem excelente. Contudo, vamos nos apropriar

    dela num sentido bastante livre aqui, relacionando-a a outras expresses igualmente muito

    significativas. A grosso modo, resumindo poderamos considerar que o apartamento significa

    viver em um nico plano, com uma nica visada das coisas do mundo. J a casa, o poro e o

    sto permitem olhares mltiplos, a partir de planos diversos.

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    O sto permite olhar as coisas de um outro ngulo, mais filosfico, potico, ou

    projetivo, para fora. De certo modo, aqui, poderamos lembrar de uma cena altamente

    representativa do filme Sociedade dos poetas mortos, quando o professor, disposto a

    incentivar o senso crtico dos alunos numa escola de disciplina extremamente conservadora

    e autoritria, solicita a eles que subam em sua classe e olhem para o fundo da aula. Os

    alunos inicialmente receiam, temendo alguma punio. J o poro permite o olhar em

    profundidade, mais introspectivo, dos fundamentos psicolgicos ou sociais que condicionam

    as coisas, o que tambm importante para o pensamento reflexivo. De certa forma, a figura

    do poro faz lembrar a frmula de Humboldt, solido e liberdade, que, como explica

    Volker Gerhardt, no significava necessariamente isolamento, mas autonomia do indivduo

    para se retirar sua interioridade como condio para a observao precisa e o juzo sbrio.

    Contudo, Bachelard observa que o problema reside em que muitas pessoas nunca

    vo ao sto ou ao poro, vivendo num nico plano, como num apartamento, sem a chance

    de ver as coisas de um ponto de vista novo e diferente. Fourez, por sua vez, l o significado

    da metfora bachelardiana associando-a s noes de cdigo restrito e cdigo

    elaborado, que retoma do socilogo ingls Basil Bernstein. Na aplicao conceitual de

    Fourez, o cdigo restrito o cdigo tcnico da Cincia, assim como para Bernstein era o da

    linguagem ordinria, com fins prticos e partindo das mesmas pressuposies de base. J o

    cdigo elaborado , para Fourez, o cdigo reflexivo das Humanidades, partindo de

    pressuposies de base diferentes. O primeiro se preocupa em descrever o como das

    coisas; o segundo visa o seu sentido ou o seu porqu.

    Por isso, diz Fourez, num universo de aproximao dialgica entre os dois cdigos, a

    noo que se tem da Cincia ser ligada, graas a uma linguagem elaborada, a outros

    conceitos, tais como a felicidade dos humanos, o progresso, a verdade, etc. Essa linguagem

    elaborada essa Filosofia da Cincia permitir uma interpretao daquilo que a linguagem

    restrita diz a respeito da

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    Cincia. Com isso o autor visa superar a ideia de que, uma vez que se falou de

    cientificidade, no h nada mais a fazer seno se submeter a ela, sem dizer ou pensar mais

    nada a respeito (1995, p. 21). Fica claro, portanto, o papel das Humanidades na

    autoreflexo cientfica, fazendo lembrar da afirmao de Merleau-Ponty de que a

    propriedade essencial da verdadeira Filosofia reaprender a ver o mundo.

    3. De fato, Aristteles, na primeira frase de um dos livros mais importantes da

    histria da humanidade, a Metafsica, escreveu que todos os homens desejam

    naturalmente saber. Mas a questo est em se a busca do conhecimento algo preso a

    cadeias que impem uma limitao objetivista na Cincia, ou se algo aberto condio

    crtica e autocrtica.

    Isso nos faz lembrar que aps a poca determinista dos mitos, na qual a subjetividade

    humana no desempenhava papel algum por no haver espao para o livre arbtrio, os

    primeiros filsofos, conhecidos como pensadores cosmolgicos, ainda completamente

    impressionados pelo imenso poder da natureza frente debilidade da ao humana,

    buscaram explicar as coisas gerais do mundo pelo ordenamento da natureza. Foi o perodo

    no qual teve lugar a famosa afirmao de Tales de Mileto de que tudo gua, e a teoria

    dos quatro elementos de Empdocles, para a qual o universo formado por gua, fogo,

    terra e ar.

    Nessa tentativa de decifrar a arch ou o princpio ordenador do cosmos, destacaram-

    se, ainda, os filsofos atomistas, especialmente Demcrito, que defendeu a muito

    significativa e duradoura tese de que o tomo o elemento ltimo da matria, indivisvel e

    incorruptvel.

    Em sua tese de doutorado defendida na Universidade de Iena em 1841, intitulada

    Diferena das filosofias da natureza em Demcrito e Epicuro, Karl Marx tratou do atomismo

    grego. E muito interessante compreendermos por que ele preferiu defender a Epicuro

    frente a Demcrito, que era reconhecido como um dos fundadores do atomismo grego.

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    Simplificando bastante o assunto da tese, que muito mais complexo do que o ponto

    que destacaremos aqui, a questo residiu em que Marx notou que em Demcrito os tomos

    caem em linha reta no vazio, repelindo-se por entrechoques, segundo uma lei sempre

    necessria, numa lgica restritiva que termina por afirmar o determinismo natural, ao passo

    que em Epicuro, seguindo Lucrcio, Marx destacou a teoria do clinamen, ou seja, de que os

    tomos caem tambm em diagonal, desviando-se espontaneamente da linha reta, abrindo

    espao para o acaso e novas formas. E Marx entendeu que essa ideia, no plano da Fsica,

    abria o caminho para a liberdade, uma vez que ela favorecia, de modo equivalente, no plano

    moral, a autodeterminao da conscincia frente aos ditames e apetites da natureza.

    Ademais, Epicuro exclua qualquer interferncia divina sobre o movimento dos tomos,

    porque ele prezava o ideal da ataraxia, que significava que os deuses no devem perturbar a

    tranquilidade da autoconscincia humana.

    Independente da origem da teoria da declinao dos tomos4, importa notar que as

    objees do jovem Marx Fsica de Demcrito em favor da de Epicuro revelavam, j sobre a

    Cincia ou Filosofia da Natureza dos antigos, que no pode haver sujeito crtico se o

    processo do conhecimento no permitir abertura para que a ao reflexiva da subjetividade

    humana possa desabrochar.

    4 Existe todo um debate sobre se Epicuro elaborou ou no uma teoria do clinamen, cuja meno no aparece

    nos seus escritos diretos e que alguns autores creditam a uma atribuio de Lucrcio, seu principal discpulo. A propsito, podem-se ler, no Brasil, os textos de Joo Quartim de Moraes: Clinamen: o milenar prestgio de um falso problema (2001) e O desvio e o encontro no materialismo antigo (2007). Contudo, aqui interessa apenas registrar o significado efetivo que essa teoria teve em Marx para a defesa da subjetividade humana contra um atomismo que lhe parecia ainda legitimar o determinismo mtico, contrabandeando-o para dentro da Filosofia. E se a liberdade tica no depende de uma liberdade no terreno da natureza, o que seria uma derivao mecnica e heternoma, nem por isso a valorizao de tal relao desprezvel, especialmente para os atomistas, que consideravam dever explicar a lgica do mundo pela da matria natural. Em tal contexto, tratava-se de um avano.

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    4. Um exemplo emblemtico da necessidade de uma Cincia com conscincia no

    mais na palavra de um filsofo, mas na figura de um fsico, o que integra a biografia de

    Albert Einstein, o nome contemporneo mais popular da histria da Cincia.

    Para entendermos do que se trata, convm fazermos um questionamento: se a

    Cincia se basta por si prpria, por que Einstein, o maior cientista do sculo XX, se dedicou

    cada vez mais a assuntos polmicos, situados mais no universo das Cincias Humanas do que

    no estrito da produo cientfica pura? Dentre outros, podemos lembrar, por exemplo, do

    seu livro Como vejo o mundo, dos seus textos em defesa da paz e mesmo do seu artigo em

    favor do socialismo.

    J antes da II Guerra, convidado para uma conferncia em 1932, e para tentar

    compreender tal irracionalidade humana, Einstein escreveu a Freud, o fundador da

    Psicanlise, para saber dele, que era versado nos assuntos da alma, ou da psique humana,

    por que os homens fazem a guerra e de como poderiam se ver livres dela.

    A resposta de Freud extensa, numa parte pessimista e noutra otimista frente s

    possibilidades dos instintos ou pulses humanos. Contudo, o sentido mais de fundo de sua

    carta deixa tambm uma questo a Einstein que, como observou Jurandir Freire Costa no

    seu livro Violncia e psicanlise, sugere que talvez seria mais fcil, para se encontrar uma

    resposta promissora, que ao invs de se perguntar por que os homens fazem a guerra, se

    perguntasse por que eles deveriam desejar a paz.

    Nisto, talvez possamos nos referir a algo que descreveremos como a tragdia de

    Einstein. Como visto, h mais de dois mil anos os gregos haviam determinado que o tomo

    era uno, indivisvel e incorruptvel. Contudo, com a descoberta da fisso nuclear (mtodo de

    liberao de energia atmica) na Alemanha durante a II Guerra, confirmando a famosa

    frmula de Einstein (E=mc), que contradizia a indivisibilidade do tomo por afirmar que a

    energia de um corpo no fixa isoladamente, mas varivel e expansiva conforme o produto

    de sua massa vezes

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    a velocidade da luz no vcuo5, ele temeu severamente pela fabricao de armas atmicas

    pelos nazistas e concordou com colegas seus em assinar uma carta ao presidente norte-

    americano, Franklin Roosevelt6, apoiando a acelerao de pesquisas nucleares com fins

    armamentistas, o que incentivou o desenvolvimento do Projeto Manhattan, no qual os EUA

    produziram a bomba atmica. Com o horror da destruio vista em Hiroshima e Nagasaki,

    Einstein arrependeu-se profundamente e passou a considerar esta a deciso mais

    equivocada de toda a sua vida. Isso o fez intensificar a sua atividade pacifista, muito embora

    suas outras iniciativas nesse sentido no tenham tido o mesmo efeito, pois se tornou

    impossvel frear a corrida nuclear blica. Ainda uma semana antes de sua morte, Einstein

    lutava contra isso, autorizando o filsofo Bertrand Russel a incluir o seu nome num

    Manifesto pela paz.

    Essa questo um tanto dramtica encerra uma lio muito importante para o

    aprendizado e a pesquisa em matria de Cincia, qual seja, a de que o cientista pode ser,

    sim, o dono da sua descoberta, patente-la, receber fama e royalties por ela (e, na

    linguagem dominante de hoje, at colocar no Lattes7...). Porm, a questo decisiva est

    naquilo que Einstein percebeu em sua prpria experincia: que por mais notvel, bem

    intencionado e

    5 Ou seja, Einstein amplia e requalifica as leis da conservao da massa e da energia, segundo as quais massa e

    energia so dois princpios permanentes, porm agora no mais como elementos isolados, mas conversveis e compensveis entre si, de modo que no caso da diviso do ncleo do tomo a perda de massa se converte em energia multiplicada pela velocidade da luz ao quadrado, razo do seu gigantesco grau explosivo. 6 Ver Einstein; Roosevelt, 2010.

    7 Por falar nisso, embora no seja o foco deste ponto, nem desta exposio, vale lembrar o Especial da

    Centsima Edio da Revista Espao Acadmico (2009), peridico eletrnico da Universidade Estadual de Maring, que traz o Dossi Universidade em ritmo de mercado. Fazemos essa meno porque seguramente tal produtivismo instrumental se insere numa direo desfavorvel ao desenvolvimento do sujeito crtico na Universidade.

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    influente que seja o cientista, ele no dono nem controla o uso que se faz de suas

    pesquisas e descobertas. Sequer pode prev-lo completamente. Afinal, isso no decidido

    de forma pura nos laboratrios, mas sob a pesada influncia do universo das relaes

    polticas e econmicas. E por isso que a Cincia precisa ser pensada tambm socialmente,

    e por pessoas que excedam o universo restrito dos tcnicos e cientistas stricto sensu. Porque

    s assim a sociedade e os prprios cientistas podero ter algum controle sobre o uso que

    se faz dela.

    5. Um outro exemplo, ainda mais prximo de ns, em torno de uma subrea do

    conhecimento surgida na dcada de 1970, e tambm no propriamente do mundo filosfico,

    mas interna s Cincias Naturais, mais especificamente Biologia, o da Biotica. Ou seja, a

    Biologia que, aps os impressionantes avanos da Gentica, se candidata seriamente como a

    Cincia mais promissora do sculo XXI, chega concluso de que a anlise emprica da vida,

    a dimenso do bios, precisa ser cotejada pela reflexo sobre os seus limites e finalidades

    morais, ou pela dimenso filosfica do ethos.

    O fazer cientfico mais lcido e autocrtico reabre-se para pensar a relao da Cincia

    com o Outro, seja esse Outro a natureza, seja o Outro a humanidade. Justamente esse

    Outro, que muitas vezes foi politicamente ignorado ou mesmo psicologicamente negado,

    mas ao qual a Psicanlise se refere como aquele suposto estrangeiro que, como o

    Absoluto de Hegel, est sempre junto a nos desafiar constantemente de um modo ou de

    outro.

    Com efeito, Marx e Adorno advertiram a Modernidade de que a natureza o corpo

    inorgnico do homem, o corpo no-contnuo, mas a outra metade do complexo do ser

    social-natural, que no pode ser eliminada sem que ela reaja sob a figura freudiana do

    retorno do recalcado, isto , sob a forma de catstrofe ou violncia. Embora por outros

    caminhos, para o que Hans Jonas chamou a ateno em seu livro O princpio

    responsabilidade, deixando claro que a crise ambiental da civilizao tecno-cientfica

    tambm uma crise tica, na qual o homem deve se cuidar dos

  • 187

    descaminhos do seu poder, para preservar no s o futuro do mundo, como tambm o seu

    prprio ser enquanto humano. Muito embora, devamos ressaltar a advertncia que vem da

    teoria de Marx, segundo a qual a desconsiderao do homem pela natureza no nasce de

    um problema primeira e exclusivamente moral, mas da alienao ou estranhamento na

    esfera do trabalho, onde o homem no se reconhece no que produz. medida que o

    trabalho se torna sofrimento, e no realizao humana, evidente que a relao do homem

    com a natureza, que se d primordialmente pelo trabalho, se torna tambm uma relao

    instrumental e no de reconhecimento e completude integradora.

    No que respeita mais imediatamente ao Outro da humanidade, inclui-se tambm a

    crise tica da Universidade. Sobre isso, Marilena Chau adverte que no se deve compactuar

    nem com o elitismo teoricista indiferente aos temas ditos menores e mais candentes da vida

    real, nem com a acriticidade de um praticismo irrefletido que transforma a Universidade em

    mera prestadora de servios comunidade, ou ao mercado, consagrando o que Francisco de

    Oliveira chamou de universidade de resultados. Ou seja, aquilo de que falou Jonas, o

    princpio responsabilidade, se aplica inteiramente Universidade, que no pode fugir da

    sua sem comprometer o seu prprio conceito e sua justificativa histrica no mundo do

    saber.

    O conjunto dessas passagens o bastante para ilustrar que existem vrias iniciativas

    que demonstram que no s necessria, como desejvel e possvel uma relao reflexiva

    entre as Humanidades e as Cincias Empricas, de modo que possam representar uma

    mediao crtica produtiva no processo universal do conhecimento, numa dialtica relao

    de respeito entre si, e de si com a cultura, com a natureza e com a sociedade que as constitui

    e sustenta. So caminhos de acionamento e abertura para a formao de uma subjetividade

    crtica no interior da produo do conhecimento acadmico e cientfico.

  • 188

    III. A relao entre Cincias e Humanidades no conceito histrico de

    Universidade moderna

    Nesta parte, que trataremos mais brevemente, intencionamos sublinhar dois

    elementos do modelo humboldtiano de Universidade moderna: a unidade entre pesquisa e

    ensino e a articulao entre ensino, Cincia e Filosofia.

    Wilhelm von Humboldt (1767-1835) era filsofo, linguista e diplomata, Ministro da

    Educao da ento Prssia em 1809, quando escreveu o Memorando Sobre a organizao

    interna e externa dos Estabelecimentos Cientficos Superiores em Berlim, documento que

    norteou a origem da Universidade de Berlim, que no futuro receberia, em homenagem ao

    seu criador, o nome de Humboldt-Universitt zu Berlin.

    A concepo de Humboldt resultava, fundamentalmente, da influncia histrica e

    cultural do Iluminismo, da poltica do liberalismo e da filosfica do idealismo alemo, sendo

    que suas ideias se nutriam da convivncia com os grandes filsofos Hegel, Fichte, Schelling e

    Schleiermacher, alm do linguista Christian Wolf e do jurista Karl von Savigny, e tambm do

    seu irmo mais novo, Alexander von Humboldt, que se dedicou s Cincias Naturais.

    1. Para entender o valor e a originalidade da viso de Humboldt, e por que ela

    reconhecida como o modelo por excelncia de Universidade moderna, necessrio ter em

    mente, ainda que sumariamente, que naquele momento a Universidade vivia a maior crise

    de toda a sua histria, pois a Igreja Catlica, reagindo s novas teses nominalistas no terreno

    filosfico, s ideias protestantes no terreno religioso e revoluo galilaico-copernicana na

    Astronomia, acirrou o controle sobre as universidades, confinando-as ao ensino da doutrina

    escolstica catlica, e excluindo de sua estrutura a investigao mais propriamente

    cientfica, que foi marginalizada para ser feita externamente, nas Academias.

    Consequncia disso, por ver a Universidade como um resqucio medieval

    antimoderno, na Frana revolucionria Napoleo

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    decretou o fechamento das universidades. E essa mesma discusso ocorria tambm na

    Alemanha, previamente criao da Universidade de Berlim. Dialeticamente, do ponto de

    vista do esprito crtico, importa ver o aspecto positivo de que nessa crise j estava posta a

    ideia de que o ensino puro e simples, sem o concurso enriquecedor de condies para a

    liberdade de pesquisa, tornara-se coisa enfadonha aos olhos dos intelectuais e irrelevante

    para uma sociedade que emergia dos novos avanos industriais e do universo cultural

    emancipatrio do Iluminismo.

    2. O primeiro elemento a destacar, mais original e produtivo, que vai render um

    verdadeiro renascimento e revalorizao Universidade, instituio poca inteiramente

    desacreditada, foi, como observou Lorenz Puntel, da Universidade de Munique, o de um

    profundo reposicionamento do conceito e da realidade da Cincia: na perspectiva

    humboldtiana a Cincia foi libertada das tradies cientficas enciclopdicas e, ao invs, foi

    concebida e planejada na perspectiva da pesquisa (Forschung) (2002, p. 210).

    Nisto, diz Humboldt em seu Memorando: na organizao interna dos

    Estabelecimentos de Ensino Superior tudo repousa sobre a manuteno do princpio de que

    a Cincia h de ser considerada como algo ainda no de todo encontrado, e que nunca pode

    s-lo, devendo ser buscada ininterruptamente como tal (2008, p. 183).

    Conceitualmente, Humboldt prope a unidade indissocivel entre ensino e pesquisa,

    a superao da concepo de ensino baseada na relao de transmisso de saberes entre

    mestre e discpulo, para tornar, assim, os alunos sujeitos ativos no processo do seu prprio

    aprendizado, vicejando, com isso, na dimenso da estrutura organizacional, a rearticulao

    entre a instituio Universidade e as Academias de cincias. A Modernidade superava,

    assim, a ciso entre a Universidade reduzida a um ensino doutrinal puramente escolstico,

    de um lado, e, de outro, as Academias, promotoras da pesquisa em Cincias margem da

    Universidade.

    A aproximao entre Universidade e Academia passa, ento, a encerrar princpios

    sobre a cooperao entre a Universidade

  • 190

    e instituies externas a ela. Isso sinalizava, como frisou Volker Gerhardt, professor da

    Universidade de Berlim, a importantssimo entendimento de que, aos olhos de Humboldt,

    um fato histrico que as universidades que se retraem em si mesmas podem, por um lado,

    esbaldar-se em tradies, mas perdem toda e qualquer significncia para o presente e o

    futuro (2002, p. 22).

    Com a Universidade pensada em torno da pesquisa cientfica, a concepo de

    Humboldt ficou conhecida como indissociabilidade entre pesquisa e ensino. E, de fato, sua

    viso constitua uma concepo realmente original. Tanto que mesmo o livro The idea of a

    university, do cardeal ingls John Henry Newman, que muitos consideram a maior obra

    escrita sobre a Universidade, permanece ainda dentro dos limites da oposio entre ensino

    universitrio e pesquisa acadmica. De fato, s uma concepo predominantemente laica,

    iluminista, poderia refundar a ideia de Universidade liberando-a de sua viso e estrutura

    anacrnicas para os desenvolvimentos modernos.

    3. O segundo elemento a observar foi a articulao que, em meio concepo

    descrita, brotou entre ensino, Cincia e reflexo filosfica, onde a unidade da Cincia era

    concebida como devendo ser assegurada pela Filosofia. Neste sentido, interessante notar

    que um ano antes do Memorando de Humboldt, Hegel publicava o seu famoso livro

    intitulado Fenomenologia do esprito. Nele desenvolvia a tese de que a Cincia deveria ser

    concebida como sistema, criticando a fragmentao dos saberes do particular como um

    conglomerado de conhecimentos que levam o nome de Cincia sem o merecer (1992, p.

    21). Hegel considerava que por ser capaz de tratar as coisas de modo universal e

    relacionante, a Filosofia inscrevia-se como o nico saber digno do nome de Cincia. Era um

    ponto de vista rico, que antecipava uma crtica fragmentao positivista do saber antes

    dela ser formulada, mas hoje uma ideia de difcil assimilao, dadas as acomodaes

    estereotipadas do saber.

    Conforme assinalam Rdiger vom Bruch e Lorenz Puntel, na sistemtica de

    Humboldt, a Universidade articula a conexo entre

  • 191

    a perspectiva do conceito de formao (Bildung), enquanto educao geral humanstica,

    com a orientao presente na noo de Ausbildung, que descreve a educao mais tcnica e

    especializada.

    Ao comentar as ideias que confluram para a tecitura do projeto berlinense, Jrgen

    Habermas observa que tais reformadores atribuam Filosofia uma fora unificadora com

    referncia a trs aspectos a que hoje chamaramos tradio cultural, socializao e

    integrao social. A cincia filosfica fundamental era, em primeiro lugar, de base

    enciclopdica e estava por isso em condies de assegurar a unidade na diversidade das

    disciplinas cientficas, bem como a unidade da Cincia com a arte e a crtica, por um lado, e o

    Direito e a moral, por outro lado. A Filosofia apresentava-se como a forma de reflexo da

    cultura no seu todo (1993, p. 116).

    Ou, mais sinteticamente, como Habermas resumiu, a Universidade de Berlim

    fundava-se na interrelao dinmica do seguinte complexo de unidades: unidade de

    investigao e ensino, unidade de cincia e cultura geral, unidade de cincia e

    esclarecimento crtico (Aufklrung) e unidade das cincias entre si (Ibid., p. 127).

    Assim, a concepo humboldtiana, que se tornou paradigma da ideia de Universidade

    moderna, visa o desenvolvimento do esprito crtico individual atravs da Cincia. Ela prioriza

    a pesquisa e defende a Cincia. Mas ela ala a fundamentao da Cincia como fim em si

    mesmo ao nvel de um vis crtico neohumanstico no qual o afazer cientfico aparece como

    requalificao do esprito humano como um todo. E no apenas como um saber

    especializado positivo.

    Por fim, importante ressaltar o quanto a concepo predominantemente filosfica,

    que norteou a criao da Universidade de Berlim, defendeu os direitos da Cincia e a incluiu

    no interior da estrutura universitria moderna. E a defendeu desde antes, no Renascimento,

    quando filsofos como Giordano Bruno foram perseguidos e at mortos por advogarem a

    liberdade de investigao e de pensamento, na poca do nascente conhecimento

  • 192

    experimental. Como disse Heidegger, a Cincia talvez nunca tivesse chegado onde chegou se

    no fosse historicamente precedida e defendida pela Filosofia. muito importante dizer isso

    para que esta exposio seja bem entendida, pois no se trata de oposio ou pressuposio

    de superioridade entre Humanidades e Cincias Empricas. Pelo contrrio, trata-se de

    preconizar sua relao interdisciplinar, de sublinhar a sua riqueza no convvio dinmico e

    integrado. Trata-se, por fim, de afirmar uma direo que distingue com fora, como

    Humboldt distinguia, a natureza universalizadora do conhecimento na Universidade frente a

    natureza especfica do ensino escolar tcnico.

    Humanidades e Cincias Empricas s aparecem como duas estruturas estranhas

    entre si quando se ignora, por um lado, a sua relao histrica e, por outro, a importncia

    fundamental que tem essa relao reflexiva para uma produo do conhecimento que no

    favorea apenas os interesses privados da razo instrumental de mercado, mas que oferea

    uma chance para a formao do sujeito crtico e autocrtico na universidade.

    IV. Das contradies na cultura e da exigncia do sujeito crtico

    Retomando um ponto do incio desta exposio, verdade que as Humanidades

    tambm esto sob o fogo cruzado da contradio, sendo elas mesmas atingidas pelos ventos

    da corrente positivista, que de h muito vem sendo criticada, no terreno da epistemologia,

    pelas contribuies cientficas e tericas de autores como Einstein, Habermas, Pierre

    Duhem, Bachelard e mesmo Karl Popper. Na prpria Filosofia, por exemplo, o

    neopositivismo analtico aferra-a a uma perspectiva conservadora, desprezando como

    desimportantes e at como no-filosficas as instncias da Filosofia que se interessam pelos

    temas sociais e

  • 193

    polticos. Temas estes, diga-se de passagem, que marcam a Histria da Filosofia desde

    Scrates8.

    medida que a dialtica entende a realidade como um processo histrico permeado

    por oposies e contradies, pode-se compreender, absolutamente sem nenhum

    sobressalto, a afirmao de Walter Benjamin segundo a qual a cultura e a barbrie convivem

    constantemente numa relao tensa e em algum grau interconexa, que no desabona, mas

    justamente aprofunda a indispensvel necessidade da reiterada interveno do pensamento

    crtico e emancipatrio, que se desenvolve no ambiente tipicamente reflexivo das

    Humanidades, na produo cultural e nas lutas sociais externas, dos quais o olhar da

    Universidade nunca deve se alienar.

    Acreditamos que podemos sintetizar o argumento sob o qual tentamos organizar as

    vrias imagens que permearam esta exposio, numa parfrase de Srgio Paulo Rouanet,

    quando ele indica com clareza no s o lugar das Humanidades na formao do sujeito

    crtico na universidade, como deixa entrever o que significa a sua excluso: o fato que o

    no-lugar da Filosofia na Universidade o no-lugar de um pensamento questionador e

    relacionante dos saberes entre si; o no-lugar da Histria o no-lugar de um pensamento

    que v o presente como fluxo e, portanto, como algo de transformvel; o no-lugar da

    Literatura o empobrecimento do imaginrio, que no pode mais fantasiar um futuro

    diferente do presente (1987, p. 307).

    8 Por isso valioso o exemplo de um filsofo como Ernst Tugendhat, que mesmo tendo sido um cone na

    discusso sobre a Filosofia da Linguagem que representa inegavelmente uma contribuio efetiva para o clareamento dos conceitos , recusou-se a se furtar dos temas ticos.

  • 194

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    Referncia correta para citar este captulo de livro (o texto est paginado conforme a edio impressa):

    FRAGA, Paulo Denisar. Lugar das Humanidades na ideia de Universidade crtica. In: FERRAREZI JR., Celso (Org.). A identidade docente no Ensino Superior e a universidade brasileira: uma contribuio da Universidade Federal de Alfenas ao debate nacional. So Paulo; Alfenas: Scortecci; Unifal-MG, 2011. p. 177-195.

    ISBN 978-85-366-2439-6