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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ LUCIANO ALVES DIAS AVALIAÇÃO QUANTITATIVA DE SUSTENTABILIDADE COMUNITÁRIA ANÁLISE DE OLIVENÇA, BANCO DA VITÓRIA E SALOBRINHO, ILHÉUS - BAHIA ILHÉUS, 2010

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ

LUCIANO ALVES DIAS

AVALIAÇÃO QUANTITATIVA DE SUSTENTABILIDADE COMUNITÁRIA –

ANÁLISE DE OLIVENÇA, BANCO DA VITÓRIA E SALOBRINHO, ILHÉUS -

BAHIA

ILHÉUS, 2010

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LUCIANO ALVES DIAS

AVALIAÇÃO QUANTITATIVA DE SUSTENTABILIDADE COMUNITÁRIA –

ANÁLISE DE OLIVENÇA, BANCO DA VITÓRIA E SALOBRINHO, ILHÉUS -

BAHIA

Dissertação apresentada, para

obtenção do título de mestre em

Cultura e Turismo, à Universidade

Estadual de Santa Cruz.

Área de Concentração: Ciências

Sociais Aplicadas

Orientador: Prof. Dr. Hélio Estrela

Barroco

Ilhéus, 2010

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D541 Dias, Luciano Alves Avaliação quantitativa de sustentabilidade comuni- tária – análise de Olivença, Banco da Vitória e Salo- brinho, Ilhéus – Bahia / Luciano Alves Dias. – Ilhéus: UESC, 2010. xv, 173f. : il.; anexos. Orientador: Hélio Estrela Barroco. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Santa Cruz. Programa de Pós-graduação em Cul- tura e Turismo. Inclui bibliografia. 1. Turismo - Aspectos sociais. 2. Comunidade - Desenvolvimento - Ilhéus (BA). 3. Turismo – Planeja- mento urbano. 4. Desenvolvimento sustentável. I. Título. CDD 338.4791

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FOLHA DE APROVAÇÃO

AVALIAÇÃO QUANTITATIVA DE SUSTENTABILIDADE COMUNITÁRIA –

ANÁLISE DE OLIVENÇA, BANCO DA VITÓRIA E SALOBRINHO, ILHÉUS -

BAHIA

Ilhéus, 2010

__________________________________________

Prof. Dr. Hélio Estrela Barroco

(UESC) Orientador

________________________________________

Prof. Dr. André Luiz Rosa Ribeiro

(UESC) Avaliador

________________________________________

Profa Dr

a. Odaléia Telles Marcondes Machado Queiroz

(USP) Avaliador

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a Deus, acima de todas as coisas, a meus pais, José e Vera, meus

irmãos, Pollyanna e Leonardo, meus sobrinhos, Marina e Artur, a Henrique,

companheiro e amigo de todas as horas, e ao mar, fonte de inspiração constante.

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AGRADECIMENTOS

A meu especial orientador, prof. Hélio Barroco, que, sem suas orientações, não teria

conseguido finalizar esse processo.

Aos professores do mestrado, que em tantos momentos duvidaram da conclusão desta

pesquisa, mas que, ao mesmo tempo, me estimularam a vencer esse desafio.

Aos colegas de mestrado, em especial Gardênia, Fabíola, Luiza, Wiara, Tatiane,

Tatiana, Luciane, Saul, Roberto, Carlos Henrique, Djaneide e Cristiano, pelo apoio e

companheirismo nas horas mais difíceis.

À população das comunidades de Olivença, Banco da Vitória e Salobrinho, pelas

informações cedidas.

Aos meus alunos pesquisadores, essenciais na coleta de dados.

Aos meus amigos e familiares, em especial Lize, Gustavo, Juliana e Erbson, pelas

palavras de incentivo e pelas gargalhadas.

Ao professor Gustavo da Cruz, pelo apoio e incentivo.

À CAPES, pelo financiamento dado a essa pesquisa.

Ao Mestrado em Cultura e Turismo.

E a todos que, de maneira direta e indireta, contribuíram para esta pesquisa.

Muito Obrigado!

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AVALIAÇÃO QUANTITATIVA DE SUSTENTABILIDADE COMUNITÁRIA –

ANÁLISE DE OLIVENÇA, BANCO DA VITÓRIA E SALOBRINHO, ILHÉUS -

BAHIA

RESUMO

A avaliação quantitativa de sustentabilidade comunitária foi realizada nas comunidades

de Olivença, Banco da Vitória e Salobrinho, localizadas no município de Ilhéus-Bahia,

com o intuito de calcular indicadores de sustentabilidade para avaliação atual e

melhorias futuras nessas comunidades. Para melhor análise, os indicadores foram

agrupados em três categorias: Cultura, Socioeconomia e Ecologia, sendo que, dentro de

cada grupo, outras categorias foram determinadas. A pesquisa foi realizada através de

uma amostragem por julgamento, no qual foram aplicados questionários aos líderes e

representantes locais, posteriormente os indicadores foram calculados. A comunidade

de Olivença já possui traço marcante de atividade turística, o Banco da Vitória deseja

consolidar o seu pólo de turismo gastronômico e a comunidade do Salobrinho foi

inserida neste estudo por estar localizada às cercanias da UESC. O capítulo I apresenta

as questões culturais e os indicadores de Sustentabilidade Cultural (utilização de

espaços comuns, artes, lazer, espiritualidade, paz e consciência global, convivência e

objetivos comuns). O capítulo II trata dos indicadores de Sustentabilidade

Socioeconômica (economia, educação, saúde, governança, comunicação). E o capítulo

III aborda os indicadores de Sustentabilidade Ecológica (água, energia, infraestrutura,

lixo, esgoto). Todos os capítulos comparam os resultados obtidos nas três comunidades

estudadas. A comunidade de Olivença foi classificada com um bom direcionamento a

caminho da sustentabilidade e as comunidades de Banco da Vitória e Salobrinho como

ruim direcionamento a caminho do desenvolvimento sustentável. A metodologia

utilizada pela pesquisa sugere que a mesma seja refeita anualmente para que se possa

avaliar quantitativamente a evolução das comunidades.

Palavras-chave: Avaliação quantitativa; sustentabilidade; turismo; cultura;

socioeconomia; ecologia.

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QUANTITATIVE EVALUATION OF COMMUNITY SUSTAINABILITY -

ANALYSIS OF THE DE OLIVENÇA, BANCO DA VITÓRIA AND

SALOBRINHO, ILHÉUS - BAHIA.

ABSTRACT

The quantitative evaluation of community sustainability was held in the communities of

Olivença, Banco da Vitória and Salobrinho, located in Ilhéus (Bahia) intending to

calculate sustainability indicators to assess current and future improvements in these

communities. To better analyze the indicators were grouped into three categories:

Culture, Socio-economics and Ecology, and within each group other categories were

determined. The study was conducted through a sampling trial, where were applied

questionnaires to local leaders and representatives, then the indicators were calculated.

The community of Olivença already has striking feature of tourism, the Banco da

Vitória intends to consolidate its pole of gastronimic tourism and community of

Salobrinho was included in this study it is located on the outskirts of UESC. Chapter I

presents the cultural questions and indicators of sustainability Culture (use of common

spaces, arts, leisure, spirituality, peace and global awareness, coexistence and common

goals). Chapter II deals with the sustainability indicators Socioeconomic (economy,

education, health, governance, communication). And Chapter III discusses the

indicators of ecological sustainability (water, energy, infrastructure, garbage, sewage).

All chapters compare the results obtained in the three communities studied. The

community of Olivença was classified as a good way of the sustainability and the

communities of the Banco da Vitória and Salobrinho as bad to the path of sustainable

development. The methodology used by the research suggests that it be redone every

year so that can quantitatively assess the evolution of communities.

Key-words: quantitative evaluation; sustainability; tourism; culture;

socioeconomy; ecology.

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LISTAS DE FIGURAS

01 Mapa da região pesquisada............................................................................... 22

02 Frente do antigo matadouro municipal, em 25 de julho de 2009..................... 32

03 Painel fotográfico do obelisco no porto fluvial do Banco da Vitória............... 32

04 Localização do Porto Fluvial do Banco da Vitória e poluição às margens do

porto fluvial do Banco da Vitória em 25 de julho de 2009...............................

33

05 Valores quantitativos encontrados para representar os Indicadores de

Sustentabilidade Cultural nas comunidades pesquisadas.................................

40

06 Painel fotográfico do Centro Cultural de Olivença.......................................... 41

07 Praça da Igreja de Nossa Senhora da Escada.................................................... 42

08 Igreja Batista em Olivença................................................................................ 42

09 Espaços para a prática de Futebol no Banco da Vitória................................... 43

09 Cocada típica de Olivença “Moda”.................................................................. 45

10 Painel fotográfico dos visitantes durante a Puxada do Mastro de São

Sebastião 2009..................................................................................................

47

11 Painel fotográfico montado a partir de Couto (1998)....................................... 48

12 Painel montado a partir de Couto (1998) retratando a participação dos

populares durante o evento...............................................................................

49

13 Painel fotográfico onde os machadeiros depositam as cordas em frente ao

altar da imagem de São Sebastião na porta da igreja de Nossa Senhora da

Escada (COUTO,1998).....................................................................................

49

14 Áreas disponíveis para práticas esportivas no Banco da Vitória...................... 53

15 Igreja de Nossa Senhora da Escada em Julho de 2009..................................... 57

16 Placa de registro da reforma da Igreja de Nossa Senhora da Escada............... 57

17 Painel Fotográfico das Igrejas evangélicas encontradas em Olivença............. 58

VIII

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18 Painel fotográfico das Igrejas encontradas no Banco da Vitória...................... 60

19 Igrejas do Salobrinho........................................................................................ 61

20 Faixa encontrada na comunidade do Salobrinho em 25 de julho de 2009 ...... 68

21 Painel fotográfico, 1 (turistas no Restaurante Baião de Dois), 2 (Pousada Sol

e Mar Ibiza) , 3 (Pousada Vila Verde), 4 (Locadora Maia e Panificadora

Massa Real), 5 (Cabana 6 Irmãos), 6 (Pousada Praia dos Milagres)

..........................................................................................................................

73

22 Farmácia, posto de combustíveis, loja de artesanato e distribuidora de

bebidas encontradas em Olivença....................................................................

74

23 Complexo Batuba Beach, em 31 de dezembro de 2009................................... 75

24 Festa de Reveillon 2009/2010 no Batuba Beach............................................... 76

25 Concentração popular na praia de Batuba para ver a queima de fogos

do.Batuba Beach e comemorar a chegada do ano de 2010, em 31 de janeiro

de 2009..............................................................................................................

76

26 Lixo nas imediações do Batuba Beach durante as festas do Reveillon

2009/2010, em 31 de janeiro de 2009...............................................................

77

27 Fabricação artesanal de barcos de pesca em Olivença..................................... 78

28 Painel fotográfico de alguns restaurantes do Banco da Vitória........................ 80

29 Iguarias disponíveis no Banco da Vitória......................................................... 81

30 Artesanato em barro encontrado no Banco da Vitória...................................... 82

31 Artesanato em madeira encontrado no Banco da Vitória................................. 83

32 Artesanato em argila encontrado no Banco da Vitória..................................... 83

33 Artesanato Ricardo & Lucas............................................................................. 84

34 Ambiental Ilhéus e loja de material de construção........................................... 84

35 Comércio típico do Banco da Vitória: Fábrica de Tijolos Ecológicos,

peixarias, barracas de coco e frutas..................................................................

85

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36 Comércio do Salobrinho: Restaurantes, Posto de Gasolina, Farmácia,

Restaurante Universitário.................................................................................

87

37 Indicadores de Sustentabilidade Socioeconômica............................................ 88

38 Posto dos Correios no Salobrinho..................................................................... 92

39 Lan House, localizada no centro de Olivença................................................... 93

40 Painel das escolas em Olivença........................................................................ 95

41 Escola Municipal Herval Soledade e anexos.................................................... 96

42 Retiro Nossa Senhora do Carmo....................................................................... 97

43 Centro de Referência da Assistência Social no Banco da Vitória.................... 100

44 Serviços de Saúde no Salobrinho...................................................................... 101

45 Indicadores de Sustentabilidade Ecológica em Olivença, Banco da Vitória e

Salobrinho.........................................................................................................

112

46 Esgoto na Praia dos Milagres............................................................................ 115

47 Balneário Tororomba, em 10 de outubro de 2009............................................ 116

48 Abastecimento do Balneário Tororomba, em 15 de setembro de 2009............ 116

49 Lixo na praia dos Milagres em Olivença.......................................................... 122

50 Mastro de São Sebastião jogado na praça da igreja de Nossa Senhora da

Escada rodeado por lixo, no dia 31 de janeiro de 2009....................................

123

51 Lixo exposto nas ruas e no porto fluvial do Banco da Vitória......................... 124

52 Lixo exposto nas ruas do Salobrinho................................................................ 125

53 Placa alertando sobre a coleta do lixo encontrada na fachada de um

estabelecimento comercial e residência de um morador..................................

125

54 Lixo depositado nas cercanias da UESC, e esgoto a céu aberto que termina

dentro da universidade......................................................................................

126

55 Bicas d‟água contaminadas............................................................................... 128

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56 Fonte água encontrada no Banco da Vitória..................................................... 129

57 Fonte de água encontrada na fabrica de estátuas de cimento........................... 129

58 Esgotos e mananciais contaminados no Banco da Vitória............................... 131

59 Esgotos a céu aberto no centro do Salobrinho.................................................. 132

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LISTA DE QUADROS

01 Comunidades brasileiras que vem trabalhando apenas com técnicas agroindustriais

sustentáveis.................................................................................................................

21

02 Valores Totais Gerais Esperados para os indicadores de sustentabilidade................ 24

03 Valores esperados para os indicadores de sustentabilidade........................................ 25

04 Valores esperados para os indicadores de sustentabilidade agrupados entre as

exceções......................................................................................................................

26

05 Atribuições de responsabilidades dos Governos em relação ao PSF......................... 99

06 Tipos de águas segundo OMS (2009)........................................................................ 133

07 Tipos de reuso para águas residuais................................................................ 134

08 Principais Fontes de Energia...................................................................................... 136

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LISTA DE TABELAS

01 Indicadores esperados e obtidos para a Sustentabilidade Cultural das comunidades

de Olivença, Banco da Vitória e Salobrinho, 2009 ...................................................

39

02 Indicadores de Sustentabilidade Socioeconômica encontrados nas comunidades

pesquisadas.................................................................................................................

70

03 Indicadores Esperados e Obtidos para a Sustentabilidade Ecológica nas

comunidades de Olivença, Banco da Vitória e Salobrinho.......................................

111

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SUMÁRIO

RESUMO..................................................................................................... v

ABSTRACT ................................................................................................ vi

LISTA DE FIGURAS................................................................................. vii

LISTA DE QUADROS............................................................................... x

LISTA DE TABELAS................................................................................. xi

INTRODUÇÃO.......................................................................................... 16

1 CAPÍTULO I INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE

CULTURAL NAS COMUNIDADES DE OLIVENÇA, BANCO DA

VITÓRIA E SALOBRINHO.....................................................................

37

1.1 Indicadores de Sustentabilidade Cultural............................................... 37

1.1.1 Indicadores de Cultura 1 – Abertura, Confiança, e Segurança em Espaços

Comuns.........................................................................................................

40

1.1.2 Indicadores de Cultura 2 – Sustentabilidade Cultural.................................. 44

1.1.3 Indicadores de Cultura 3 – Artes e Lazer.................................................... 53

1.1.4 Indicadores de Cultura 4 – Um Novo Ponto de Vista Holográfico e

Circulatório do Mundo..................................................................................

55

1.1.5 Indicadores de Cultura 5 – Sustentabilidade Espiritual................................ 56

1.1.6 Indicadores de Cultura 6 – Paz e Consciência Global.................................. 62

1.1.7 Indicadores de Cultura 7 – Visão Comunitária............................................. 64

1.1.8 Indicadores de Cultura 8 – Habilidade na Resposta Comunitária............... 66

2 CAPÍTULO II INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE

SOCIOECONÔMICA NAS COMUNIDADES DE OLIVENÇA,

BANCO DA VITÓRIA E SALOBRINHO...............................................

.

69

2.1 Economia nas Comunidades de Olivença, Banco da Vitória e

Salobrinho....................................................................................................

70

2.2 Indicadores de Sustentabilidade Socioeconômica.................................... 88

2.2.1 Indicadores de Socioeconomia 1 – Economia.............................................. 89

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2.2.2 Indicadores de Socioeconomia 2 - Fluxo das Ideias e da Informação......... 90

2.2.3 Indicadores de Socioeconomia 3 – Serviços , Formação de Redes,

Assistência e Difusão - Intercâmbio de recursos (Interno e Externo)..........

92

2.2.4 Indicadores de Socioeconomia 4 – Educação.............................................. 95

2.2.5 Indicadores de Socioeconomia 5 – Saúde ................................................... 98

2.2.6 Indicadores de Socioeconomia 6 – Governança.......................................... 102

3 CAPITULO III INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE

ECOLÓGICA NAS COMUNIDADES DE OLIVENÇA, BANCO DA

VITÓRIA E SALOBRINHO.....................................................................

106

3.1 Indicadores de Sustentabilidade Ecológica.............................................. 110

3.1.1 Indicadores de Ecologia 1 - Conexão com o Lugar - Localização e Escala

da Comunidade; Restauração e Preservação da Natureza............................

113

3.1.2 Indicadores de Ecologia 2 - Disponibilidade, Produção e Distribuição de

Alimentos.....................................................................................................

118

3.1.3 Indicadores de Ecologia 3 - Infraestrutura Física, Edificações e

Transportes - Materiais, Métodos e Soluções Criativas Ecológicas............

119

3.1.4 Indicadores de Ecologia 4 - Padrões de Consumo e Manejo de Resíduos

Sólidos..........................................................................................................

121

3.1.5 Indicadores de Ecologia 5 - Água - Fontes, Qualidade e Padrões de

Uso...............................................................................................................

127

3.1.6 Indicadores de Ecologia 6 - Águas Residuais e Manejo da Contaminação

das Águas.....................................................................................................

132

3.1.7 Indicadores de Ecologia 7 – Fontes e Uso de Energia................................. 135

CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................... 138

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................

ANEXOS......................................................................................................

142

XV

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INTRODUÇÃO

O desenvolvimento sempre foi pautado pelas questões econômicas devido ao

advento da sociedade capitalista vigente, sociedade essa em que a energia capital é

utilizada intensivamente com os padrões de consumo crescendo rapidamente, assim

sendo, a humanidade vem utilizando os recursos naturais como se eles fossem infinitos,

entretanto, a exaustão da utilização desses recursos está limitada à capacidade de

sobrevivência do planeta.

A má utilização dos recursos tem conduzido à degradação de diversas

localidades, levando a não sustentabilidade, afetando a continuidade da vida humana,

através da extinção de espécies, desequilíbrio social e exclusão, desequilíbrio ecológico,

poluição em todos os sentidos – sonora, visual, aquática. Graças à visão utilitarista

implementada pelo sistema capitalista, a sustentabilidade não era levada em

consideração, e nessa visão em seu caráter simplista, apenas as questões econômicas

possuíam a relevância devida.

Sustentabilidade dentro de uma visão sistêmica está relacionada à continuidade

dos aspectos envolvidos. Simplificando, após os conceitos do Relatório Brundtland,

elaborado em 1987, a sustentabilidade visa oferecer o melhor para uma localidade

(pessoas e ambiente) no presente e no futuro. Para a Comissão Mundial de Ambiente e

Desenvolvimento (2008), a sustentabilidade tem a função de suprir as necessidades da

geração presente sem afetar a habilidade das gerações futuras de suprir-se ao longo do

tempo.

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De acordo com Heinberg (2007, p. 1), a essência do termo sustentável é bastante

simples: "aquilo que pode ser mantido ao longo do tempo". Implicitamente, isto

significa que qualquer sociedade, ou qualquer aspecto da mesma, que seja não

sustentável, não pode ser mantido por muito tempo deixando de funcionar em qualquer

momento.

A sustentabilidade significa, também, desenvolvimento social e econômico

contínuo, estabelecido através de estratégias que não prejudiquem o ambiente, ou seja,

um princípio para a continuidade da vida ao longo do tempo, sendo assim, sua relação

com o capitalismo estará sempre em contradição. Entretanto, a sustentabilidade é um

conceito e uma realidade em construção. Essa relação entre capital e desenvolvimento

nega o modelo imposto neoliberal da atual sociedade ocidental, sendo necessário que os

setores da sociedade, empresas, população e o governo da sociedade receptora estejam

estrategicamente posicionados a favor da busca pela sustentabilidade.

Esta pesquisa teve como princípio uma avaliação quantitativa da

sustentabilidade em pequenas comunidades realizada através de alguns itens, dos quais

se procurou determinar indicadores para ações individuais, de associações, vilas e

assentamentos existentes nos limites das comunidades, possibilitando a comparação

entre o seu estado atual com metas ideais.

Para o IBGE (2004), indicadores são ferramentas ou instrumentos constituídas

por uma ou mais variáveis e que, quando associadas através de diversas formas, revelam

significados mais amplos sobre os fenômenos a que se referem, ou seja, segundo Abbot

e Guijt (1999), é algo que auxiliam na transmissão de um conjunto de informações

sobre situação complexas ou tendências. É uma ferramenta que permite a obtenção de

informações sobre uma dada realidade. Já Beaudoux et al. (1993) afirmam que eles

servem para medir e comparar situações complexas, podendo auxiliar na elaboração de

planejamentos para o desenvolvimento sustentável.

Nesta pesquisa, os indicadores de sustentabilidade são instrumentos estatísticos

que permitem a avaliação do nível de sustentabilidade comunitária, e são utilizados para

operacionalizar as variáveis definidas na metodologia, pautada na Rede Global de

Ecovilas (2009). Segundo Camino e Muller (1993), corroborando com a metodologia

escolhida, esses indicadores possuem um caráter temporal, necessitando de avaliações

contínuas de modo a verificar a situação evolutiva das comunidades. Analisados

isoladamente e combinados entre si, serão utilizados para que possam refletir as

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situações encontradas nas comunidades.

Assim, o objetivo maior foi fornecer subsídios para que as comunidades possam

determinar quais os caminhos que deverão seguir em direção à sustentabilidade,

entretanto, autores como Sachs (2002), Coriolano (1998), Buarque (2004), entre outros,

afirmam existir uma incompatibilidade entre sustentabilidade e capitalismo, porém a

Avaliação Quantitativa da Sustentabilidade Comunitária (ASC), provavelmente,

auxiliará no desenvolvimento de localidades em direção ao conceito de

desenvolvimento sustentável. Pode ser entendida, inicialmente, como uma ferramenta

de avaliação podendo também ser um instrumento de aprendizagem que sinaliza

indivíduos e, ou comunidades onde possíveis ações possam ser tomadas, para se

tornarem mais sustentáveis e propiciando melhores condições de vida e de

desenvolvimento dos moradores e visitantes. Para a sua efetivação necessita, de bom

conhecimento relativo a estilos de vida, práticas e características dessas localidades.

Neste sentido, a avaliação da sustentabilidade quantitativa precisa analisar as

conseqüências do estilo de vida dessas localidades, visando conhecer a atual situação, a

fim de que, se busquem medidas que possam ser adotadas no sentido de facilitar a

conservação da qualidade de vida ao longo do tempo, mesmo sabendo que a

sustentabilidade possui caráter temporal, existindo a possibilidade dessas comunidades

sofrerem enchentes, queimadas, estiagens, desastres econômicos, desastres políticos

não podendo manter seu status quo eternamente.

Para que essa avaliação seja realizada com sucesso, é necessário conhecer quais

as vertentes que envolvem o desenvolvimento sustentável de localidades, pressupondo

que toda e qualquer atividade econômica resulta em impactos positivos e negativos. O

fato é que as regras do capitalismo aplicadas na contemporaneidade estão se

contrapondo com a sustentabilidade, principalmente porque o capitalismo necessita de

expansão para sobreviver. Esses impactos podem ser analisados sobre três óticas:

Cultural, Socioeconômica e Ecológica.

Os impactos culturais versam sobre uma gama enorme de vetores, desde artes e

artesanato até o comportamento de indivíduos e a sociedade que constituem valores,

hábitos, costumes e tradições, além da organização do espaço geográfico. Os impactos

ecológicos ou comumente chamados de ambientais envolvem o homem e a sua relação

com o local em que reside, sua inter-relação com o ar, a água, a terra e com as

diversidades existentes em qualquer localidade, sem esquecer, é claro, das questões

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sociológicas que englobam o homem e o lugar onde vive. Já os aspetos econômicos

remetem-se a distribuição de renda, geração de empregos, fluxo de capitais dentre tantos

outros aspectos que serão abordados neste estudo. Vale ressaltar que esses aspectos não

ocorrem de maneira isolada.

O desenvolvimento sustentável vem sendo questionado e apresentado devido às

sucessivas crises ambientais, econômicas e sociais que colocaram na pauta as noções

vigentes de desenvolvimento e progresso, crises essas apresentadas fortemente no início

do século, sendo utilizado como vetor de um novo modelo de vida para o planeta, capaz

de garantir, hoje e amanhã a sobrevivência do mesmo. Vem paulatinamente sendo

difundido como uma alternativa que envolve toda população global. Entretanto, para

que se possa partir em busca do desenvolvimento sustentável, é preciso assumir a não

sustentabilidade do sistema capitalista.

Para analisar o desenvolvimento sustentável, é preciso que se alterem alguns

paradigmas a serem detectados em cada região para que se possa, através de estudo e

esforço, alcançar sua autosustentabilidade. Delgado (1997, p. 8) entende que “o futuro

de cada região é produto do entusiasmo, da perseverança e do planejamento, aliado a

uma alta dose de consciência política e social”. Ele questiona veementemente o tipo de

região que se deseja construir as oportunidades que a localidade deseja oferecer aos seus

descendentes, bem como quais os princípios e valores que deverão ser resguardados do

capitalismo selvagem disfarçado em progresso econômico.

Tem-se visto, nesse início de século, o crescimento da consciência ambiental, e

essa conscientização tem sido também levada em consideração no que tange ao

desenvolvimento sustentável, tanto da atividade turística como nos demais segmentos

da economia.

Este estudo parte da necessidade da avaliação das localidades onde o turismo

pretende se instalar e crescer rapidamente em termos globais através de larga utilização

dos recursos ambientais, em especial da relação do homem com o lugar em que vive e

que visita. A importância do turismo, de acordo com Cooper et al. (2001), é que poderá

ainda estar entre os cinco principais geradores de receitas de divisas da economia

mundial (armamentos e petróleo são os líderes).

Hoje se faz necessário repensar o modo como as pessoas procuram obter

rendimentos e, talvez, esse processo seja um dos propulsores do crescimento não

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sustentável, pois, na atual sociedade de consumo, as pessoas se sentem mais felizes

quando consomem, esquecendo-se de que os recursos são finitos ou renováveis. O

crescimento das comunidades não pode incrementar a renda de toda a população, e

sempre vai existir dentro da ótica capitalista aqueles que ganham mais, os que ganham

menos e ainda aqueles que perdem renda, emprego, acesso à saúde, educação, lazer,

água, condições de subsistência. Fato bastante preocupante, pois quem mais sofre com

isso é o planeta, o que se comprova com a realidade da indústria petrolífera que vem

tendo seus poços esgotados e ainda a corrida armamentista em busca de maiores

mercados, além da possibilidade de uma proeminente escassez de água e de alimentos.

O desenvolvimento sustentável surgiu visando introduzir um novo modelo para

esse desenvolvimento que possua estratégias globais para a conservação da natureza,

com o intuito de modificar o modo de pensar e de agir da sociedade, e este estudo, junto

a algumas comunidades selecionadas, procurou, frente aos resultados obtidos, mostrar

caminhos ou formas, preparando-os frente aos desafios que surgirão nos próximos

séculos.

Para que exista desenvolvimento sustentável, é preciso que seja feito um

planejamento estratégico visando gerir os recursos disponíveis na localidade e, de

acordo com Buarque (2004), as propostas contemporâneas de desenvolvimento

sustentável tendem a confirmar o planejamento como instrumento fundamental para

orientar o futuro. Desse modo, o planejamento e o Estado (como agente regulador)

ganham relevância e assumem papel vital na orientação para a sustentabilidade e para a

construção de um novo estilo de desenvolvimento. Neste sentido, Lage e Milone (2001)

corroboram sobre a necessidade do planejamento para que as comunidades não entrem

em declínio constante. No processo do planejamento voltado para o desenvolvimento

sustentável, todos os tipos de sustentabilidade citados nesse projeto devem ter o mesmo

peso.

Uma preocupação sempre aparece como pano de fundo, em dissertações, artigos

técnicos e jornalísticos sobre o destino turístico de Ilhéus, devido ao descaso que vem

sendo atribuído à administração municipal e aos empresários do setor, com relação à

gestão pública, relacionada principalmente com a poluição das águas, aterro sanitário

sem estudo prévio, insegurança pública, iluminação deficiente e, principalmente, a

necessária participação dos residentes nas propostas feitas e quase nunca executadas. Aí

se percebe como o termo sustentabilidade vem sendo conduzido nesse município,

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apesar dos apelos constantes de técnicos, professores, alguns políticos, ONGs,

Universidade e faculdades locais.

Devido à proposta de transformar a BR 415, que liga Ilhéus a Itabuna, em

“estrada ecológica”, em função de sua beleza natural, e considerando que as

comunidades que moram nessa estrada pretendem participar na formatação de produtos

turísticos e culturais, entre outros, duas dessas comunidades foram escolhidas para se

conhecer como está o nível de bem-estar dessas sociedades, e uma terceira comunidade,

Olivença, que se situa às margens da BA-001 (Ilhéus-Canavieiras), considerada pelo

governo do estado como uma estrada “litorânea”. Essa localidade possui forte influência

turística, já encontrando-se, inclusive, algumas pesquisas sobre sua performance

turística, cultural e ambiental, dentre outros e, por isso, requer uma reavaliação devido

aos altos investimentos hoteleiros e de lazer existentes e que estão sendo propostos.

O parâmetro básico usado pela pesquisa foi sob o enfoque da sustentabilidade

quantitativa, em um conjunto de localidades descritas, utilizando-se o referencial teórico

de um projeto de grande repercussão internacional, ou seja, Rede Global de Ecovilas

(2009), escolhido pela sua inovação metodológica, enfocando uma análise quantitativa

da sustentabilidade de vários setores, e que possibilita, posteriormente, proposição de

mudanças através da sensibilização de todos os responsáveis, buscando executá-las, no

sentido de melhorar a vida de todos os envolvidos.

Nesta proposição, as “ecovilas” caracterizam-se por possuir seu crescimento

baseado num modelo ecológico, focado na integração das questões culturais e

socioeconômicas com duas linhas de ações – uma para orientar os projetos eco corretos

e agroindustriais, e outro, que busca a pesquisa sobre a quantificação da

sustentabilidade, como já desenvolvidas em poucos países como Austrália, Nova

Zelândia e Estados Unidos. Nos países considerados desenvolvidos, são normalmente

gerenciadas por um conselho responsável pela gestão participativa, no qual as decisões

são tomadas buscando o desenvolvimento sustentável. Muito diferente do encontrado no

Brasil1.

Mundialmente já existem 405 ecovilas2 sendo estudas principalmente dentro do

primeiro princípio, trabalhadas por uma organização. No Brasil, já existe a

implementação desse tipo de ação, com vistas ao desenvolvimento eco correto (quadro

1 Nesse estudo será utilizado o termo comunidade para designar as ecovilas estudadas. 2 www.ecovillage.org.

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01), sendo que nessas localidades brasileiras, nenhuma pesquisa ainda foi desenvolvida.

Quadro 01 – Comunidades brasileiras que vem trabalhando apenas com

. técnicas agroindustriais sustentáveis, 2009

Comunidade Municípios Estados

Abra 144 Presidente Figueiredo Amazonas

Fundação Terra Mirim Simões Filho Bahia

Instituto de P. Ecovilas do Cerrado Pirinópolis Goiás

Santa Branca Ecovillage Teresópolis Rio de Janeiro

Terra Uma Liberdade Minas Gerais

Ecovila Corcovado Ubatuba São Paulo

Parque Visão Futuro Porangaba São Paulo Fonte: Rede Global de Ecovilas (2009), adaptado

A pesquisa foi realizada no município de Ilhéus-Bahia, tendo como objeto as

comunidades de Olivença, Banco da Vitória e Salobrinho (Figura 01), com o intuito de

se obter resultados relevantes com vistas a futuro planejamento em cada localidade.

A avaliação Quantitativa de Sustentabilidade Comunitária foi desenvolvida

através de entrevistas aos líderes das associações de moradores ou cooperativas

existentes em cada comunidade, conforme proposto pela Rede Global de Ecovilas

(2009), buscando dados para avaliar/analisar os aspectos ecológicos, educacionais,

culturais, econômicos, políticos, espirituais, saúde, territoriais e turísticos, conforme

abordado detalhadamente na metodologia.

Devido ao pioneirismo desta pesquisa na América do Sul e no Brasil, foi que se

optou por esta metodologia da Rede Global de Ecovilas (2009), para avaliação das

comunidades selecionadas, e sob esse prisma, esta pesquisa se constituirá no primeiro

trabalho do gênero na América do Sul. Além disso, acredita-se que venha a ser de

grande valia para estudiosos sobre sustentabilidade, contribuindo sobre maneira com

críticas e, ou novos critérios e variáveis, para melhorar estudos neste tipo de

sustentabilidade.

Por outro lado, foi feita, em cada comunidade, uma descrição detalhada desses

indicadores, considerando seu estágio atual, com relação aos critérios existentes,

listando quais aspectos será preciso melhorar para que se torne realmente sustentável –

num período de 12 meses, buscando alcançar a melhoria da qualidade local e de seus

habitantes. Kent (2000) afirma que, em localidades com tendência ou ações turísticas, a

satisfação de suas necessidades demandadas está relacionada com a satisfação das

necessidades da comunidade local, preservando os recursos disponíveis na localidade.

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Figura 01 – Mapa da região pesquisada, adaptado www.bancodavitoria.com.br (2010)

A pesquisa teve como objetivo geral a análise quantitativa dos indicadores de

sustentabilidade das comunidades de Olivença, Banco da Vitória e Salobrinho, com

uma visão analítica considerando-se os aspectos: Cultural, Socioeconômico e

Ecológico.

Espera-se que os resultados encontrados forneçam subsídios para que as

comunidades possam determinar quais os caminhos que deverão seguir em direção ao

conceito de desenvolvimento sustentável.

Comunidades pesquisadas

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Conforme descrito, nesta pesquisa, a sustentabilidade possui caráter temporal

devido à possibilidade de essas comunidades sofrerem desastres econômicos e políticos:

enchentes, queimadas, estiagens etc, fatos estes que impedirão a manutenção do seu

status quo eternamente3, uma vez que toda e qualquer atividade econômica pressupõe

impactos positivos e negativos.

Com relação à sustentabilidade quantitativa turística, não será pesquisada,

considerando não ser objeto do estudo referência. O turismo foi considerado com base

em estudos existentes sobre o assunto, levando-se em consideração os impactos

decorrentes do turismo: econômicos, ecológicos, culturais.

Metodologia

A pesquisa foi realizada com o objetivo de caracterizar a realidade das

comunidades, através de investigação, mediante a coleta, organização e análise dos

dados com a finalidade de obter informações sobre a sustentabilidade temporal das

comunidades selecionadas, conforme justificado.

No desenvolvimento de uma pesquisa científica, técnicas e métodos devem ser

aplicados, os quais irão fornecer informações necessárias, para a consecução de

resultados confiáveis através da análise.4

Os dados foram obtidos de fontes primárias e secundárias. Os dados secundários

fornecidos através de bibliografias, como acervo de biblioteca, internet, jornais etc. Os

dados primários foram coletados através de questionários (utilizando-se os propostos

pela Rede Global de Ecovilas) com seus respectivos pesos (Anexo A), pesquisados

durantes os meses de julho e agosto de 2009. A avaliação quantitativa de

sustentabilidade comunitária (QSC) foi desenvolvida através de entrevistas aos líderes

comunitários, ou seja, diretores de escolas, associações ou cooperativa de moradores,

religiosos, políticos, e agentes de saúde entre outros, conforme proposto pela Rede

Global de Ecovilas.

Para o levantamento das evidências estatísticas necessárias, utilizou-se da

amostragem não probabilística intencional e por julgamento, ou seja, os elementos

foram escolhidos segundo as necessidades da pesquisa, em especial a grupos específicos

3 Heinberg (2009). 4 FACHIN (2001).

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de quem se deseja saber a opinião5.

Os dados quantitativos levantados foram tabulados através de percentuais e

médias e analisados segundo o método descritivo estatístico. Uma análise comparativa

dos resultados encontrados em cada comunidade foi utilizada no sentido de evidenciar

qual dessas comunidades está apresentando melhor qualidade de vida e, ou que

precisam de mudanças de comportamento e de atitudes por parte dos líderes e

administradores municipais, para alcançar valores cada vez melhores.

As variáveis pesquisadas foram previamente definidas de acordo com a Rede

Global de Ecovilas (2009), bem como a QSC. Contudo, novas variáveis foram incluídas

e/ou adaptadas para atender a realidade dessas comunidades, tendo como princípio, os

critérios de sustentabilidades6.

Os questionários aplicados apresentam, nas variáveis quantitativas relativas à

sustentabilidade em questão, valores já predeterminados para o cálculo da QSC,

considerando que não se alterou as variáveis nem os valores propostos (Quadro 02),

introduzindo-se apenas outras variáveis para apreciação da realidade de cada

comunidade, conforme explicado anteriormente.

Quadro 02 – Valores Totais Gerais Esperados para os indicadores de sustentabilidade

Sustentabilidade

Total da Comunidade

Excelente

direcionamento a

caminho da

sustentabilidade

Bom conhecimento em

direção a

sustentabilidade

Ruim: requer mais ação

para empreender o

caminho a

sustentabilidade

Total Geral Acima 1033 Entre 484 e 1033 Abaixo de 483

Fonte: Rede Global de Ecovilas (2009) – adaptado.

O Quadro 03 apresenta a totalização de todos os indicadores pesquisados e

foram calculados em grupos fragmentados de acordo com a metodologia e pontuação da

Rede Global de Ecovilas (2009), existindo dois grupos de variáveis: um calculado de

acordo com o citado 03 e outro (as exceções) calculado conforme o Quadro 04.

Os valores calculados para o primeiro grupo de indicadores e suas respectivas

variáveis, conforme descrito nos objetivos específicos, estão assim descritos:

Os componentes de cada indicador, que obtiverem valor de 50 pontos

(quadro 03) ou mais, indicam excelente progresso em direção à sustentabilidade e as

que obtiverem entre 25 e 49 pontos indicam um bom conhecimento em direção à

5 Samara; Barros (1997). 6 Sachs (2002).

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sustentabilidade, sendo que aquelas que obtiverem pontuação abaixo de 24 pontos

necessitam de maiores ações para empreender um caminho em direção à

sustentabilidade, conforme quadro citado. São elas:

Quadro 03 – Valores esperados para os indicadores de sustentabilidade

Sustentabilidade

Parcial da Comunidade

Excelente

direcionamento a

caminho da

sustentabilidade

Bom conhecimento em

direção a

sustentabilidade

Ruim: requer mais ação

para empreender o

caminho a

sustentabilidade

Valores Acima 50 Entre 25 e 49 Abaixo de 24

Fonte: Rede Global de Ecovilas (2009) – adaptado.

Cultura 1 (Abertura, Confiança e Segurança em Espaço Comum), Cultura 4 (Um

Novo ponto de Vista Holográfico e Circulatório do Mundo), Cultura 5

(Sustentabilidade Espiritual), Cultura 6 (Paz e Consciência Global);

Socioeconômico 1 (Economia), Socioeconômico 4 (Educação), Socioeconômico

5 (Saúde), Socioeconômico 6 (Governança - Diversidade; Tomada de Decisões e

Resoluções de Conflitos);

Ecologia 1 (Conexão com o Lugar - Localização e Escala da Comunidade;

Restauração e Preservação da Natureza), Ecologia 2 (Disponibilidade, Produção

e Distribuição de Alimentos), Ecologia 5 (Água - Fontes, Qualidade e Padrões

de Uso), Ecologia 6 (Águas Residuais e Manejo da Contaminação das Águas),

Ecologia 7 (Fontes e Uso da Energia).

Outros componentes, com valores calculados para classificação e análise, ou

seja, aqueles que obtiverem 55 pontos (Quadro 04), ou mais, indicam excelente

progresso em direção à sustentabilidade; aqueles que se situarem entre 29 e 55 pontos

indicam um bom conhecimento em direção à sustentabilidade, e aqueles que obtiverem

pontuação abaixo de 28 pontos, indicarão que se requer mais ação para empreender um

caminho em direção à sustentabilidade.

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Quadro 04 – Valores esperados para os indicadores de sustentabilidade agrupados entre

as exceções

Sustentabilidade

Parcial da Comunidade

Excelente

direcionamento a

caminho da

sustentabilidade

Bom conhecimento em

direção a

sustentabilidade

Ruim: requer mais ação

para empreender o

caminho a

sustentabilidade

Valores Acima 55 Entre 28 e 54 Abaixo de 28

Fonte: Rede Global de Ecovilas (2009) – adaptado.

Esses componentes são:

Cultura 2 (Sustentabilidade Cultural), Cultura 3 (Artes e Lazer), Cultura 7

(Visão Comunitária), Cultura 8 (Habilidade de Resposta Comunitária);

Socioeconômico 2 (Fluxo das Ideias e da Informação), Socioeconômico 3:

Serviços, Formação de Redes, Assistência e Difusão - Intercâmbio de recursos

(Interno e Externo);

Ecologia 3 (Infraestrutura Física, Edificações e Transportes - Materiais,

Métodos e Soluções Criativas Ecológicas), Ecologia 4 (Padrões de Consumo e

Manejo de Resíduos Sólidos).

Essa pesquisa foi formatada em três capítulos assim descritos:

No capítulo 1 abordaram-se os indicadores de Sustentabilidade Cultural nas

comunidades de Olivença, Banco da Vitória e Salobrinho baseado nos critérios

definidos por Sachs (2002) e pela Rede Global de Ecovilas (2009). Esse capítulo

pautou-se nas definições de cultura (ROSENBAUM, 2005; NEVES, 1997; RESENDE,

2005), também enfocando as questões de sustentabilidade (HEINBERG, 2009),

espiritualidade e na visão comunitária (REDE GLOBAL DE ECOVILAS, 2009). No

que tange à cultura, serão abordados também os aspectos de confiança, segurança e

utilização de espaços comuns, transmissão de conhecimentos entre gerações e

manutenção das tradições, bem como arte e lazer e a maneira como a comunidade se vê

diante o mundo (REDE GLOBAL DE ECOVILAS, 2009; SACHS, 2002), além de um

breve painel histórico sobre essas comunidades.

No capítulo 2 apresentaram-se os indicadores de Sustentabilidade

Socioeconômica nas comunidades de Olivença, Banco da Vitória e Salobrinho pautados

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nos critérios de Sachs (2002), da Rede Global de Ecovilas (2009) e Cooper et al. (2001).

O capítulo está fundamentado nas definições de economia (COOPER, 2001; REDE

GLOBAL DE ECOVILAS, 2009; OMT, 2003) saúde e comunicação levando em

consideração a disponibilidade e o acesso (SACHS, 2002; REDE GLOBAL DE

ECOVILAS, 2009; OMS, 2009), governança nos seus critérios de governança interna

da comunidade (SACHS, 2002, REDE GLOBAL DE ECOVILAS, 2009) e educação

(SACHS, 2002; REDE GLOBAL DE ECOVILAS, 2009).

No capítulo 3, abordaram-se os indicadores de Sustentabilidade Ecológica nas

comunidades de Olivença, Banco da Vitória e Salobrinho baseado nos critérios da Rede

Global de Ecovilas (2009) e de Sachs (2002). Fundamentado nas definições ambientais

de Cooper et al. (2001), da OMT (2003), aspectos relacionados com a utilização da água

– fontes, residuais – conservação da fauna e flora, o equilíbrio das configurações

urbanas e rurais, o lixo, a conexão com o lugar e seu caráter preservacionista, a poluição

em todos os seus aspectos, a estrutura alimentar e a distribuição dos alimentos (REDE

GLOBAL DE ECOVILAS, 2009).

Comunidades Pesquisadas

- Olivença

Olivença foi escolhida para esta pesquisa, por ser um distrito de Ilhéus-Bahia, e

apresentar condições geográficas e reais para o segmento de turismo de sol e praia,

gastronômico e de artesanato, estância de águas.

Dória (2003), na sua dissertação de mestrado, apontou problemas de várias

ordens para esta comunidade, dentre eles o da sustentabilidade ambiental. Possui ações

turísticas, hotéis, barracas em seu litoral e por possuir uma lagoa conhecida como Buíra,

considerada por muitos como medicinal, por causa de suas águas ferruginosas, vem

sendo “considerada” até hoje como uma estância hidromineral, mas, para ser assim,

necessita de um estudo epistemológico de suas propriedades. Segundo a pesquisadora,

muito ainda precisa se fazer em busca do desenvolvimento do turismo sustentável nesta

localidade e um dos primeiros passos é saber em que nível de sustentabilidade ele se

encontra.

Esta comunidade possui uma pequena produção de subsistência com melancia,

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coco, produção de cacau e, além de um complexo turístico composto por uma ampla

diversidade de hotelaria e no segmento de alimentos e bebidas, com uma gastronomia

típica local (como um doce feito com tiras de coco conhecido por “moda”). Possui um

Centro Cultural com exposição e venda de artesanato indígena, visto que a cultura

indígena existente nessa localidade vem procurando manter suas tradições e

sobrevivendo através da comercialização do artesanato dentre outros pequenos serviços

(DÓRIA, 2003).

A comunidade de Olivença foi fundada pelos jesuítas e elevada a condição de

vila em 1758, denominada Nova Olivença. Na época, tinha sua economia baseada na

caça, na pesca, na agricultura e no artesanato indígena, cuja matéria-prima era a piaçava

e seus coquilhos, que eram utilizados para a fabricação de contas de rosários, redes,

esteiras, cestos e de cascos de tartaruga fabricavam enfeites e pentes (DÓRIA, 2003).

Inicialmente, esta localidade foi trabalhada pelos jesuítas, que ali estavam para

catequizar os índios, além de serem também responsáveis pela administração da vila.

No século XVIII, havia apenas uma construção de pedras, a Igreja de Nossa Senhora da

Escada, construída pelos índios e jesuítas em 1700, sendo as demais construções

(tipicamente de taipa) localizadas ao redor da igreja, formando um quadrado, conhecido

como “quadrado jesuítico”, cujo traçado urbanístico é mantido até os dias de hoje. Tal

quadrado jesuítico era uma característica das vilas fundadas por esses religiosos da

Companhia de Jesus, tendo a igreja como centro, numa referência ao teocentrismo

vigente na época (DÓRIA, 2003; CAMPOS, 1981), localizada em lugares altos para

iniciar a fundação da cidade, e esse formato de quadrado, segundo eles, tinha a

vantagem de controlar a população.

Em 1760, os jesuítas foram expulsos pelos índios e a gestão local passou a ser

exercida pela Câmara Municipal de Ilhéus7, a qual arrendou suas terras aos brancos

interessados, ao tempo em que os agrupamentos indígenas passaram a ser subjugados

pelos colonos e fazendeiros da região. Em 1817, a nova Lei de Terras permitiu as

Câmaras Municipais e as Províncias extinguir e leiloar as terras onde se encontravam as

7 De acordo com Couto (1998), a vila foi anexada ao município de Ilhéus, como “Distrito de Paz” em 06 de

novembro de 1912 (Lei 905), em função da decadência econômica do lugar e dos interesses dos coronéis em desfrutar dos benefícios do local.

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aldeias, o que ocorreu em Olivença em 1875 por decisão governamental (DÓRIA, 2003;

COUTO, 2001; PERRONE; MOISÉS, 1992).

Olivença começou a se destacar como local de repouso, no final do século XIX,

isso quando ainda era considerada uma “pobre aldeia indígena”, graças a sua

temperatura amena e abundância de água (na época consideradas salutares). Naquele

tempo, a vila era praticamente habitada por índios que, segundo a história, foram os

descobridores sobre a importância medicinal das águas.

Destaca-se nessa época a presença do caboclo Marcelino, contrário à expansão

dos não índios na localidade, passando a liderar duas revoltas que foram sufocadas pela

polícia, onde muitos indígenas foram massacrados e obrigados a aceitar a presença dos

brancos. Na localidade, existe hoje uma convivência pacífica entre turistas, índio e

brancos, contudo sua história é marcada por conflitos sangrentos.

Por volta dos anos 40, o principal acesso ao distrito, ou seja, uma ladeira calçada

com pedras conhecidas como “pé de moleque” e a limpeza urbana era realizada pelos

próprios moradores. A instalação da energia elétrica a motor aconteceu nos anos 50 por

intermédio do prefeito de Ilhéus, Henrique Cardoso (DÓRIA, 2003). Apenas em

meados do século XX é que foi comprovado o uso medicinal da águas de Olivença,

através do trabalho do padre botânico Camilo Botrand, um dos maiores estudiosos sobre

o local (CAMPOS, 1981).

Nesse período, os turistas e residentes que visitavam a comunidade atravessavam

de Ilhéus para o Pontal, em balsas ou em lanchas precárias. Além desses problemas,

ainda enfrentavam, pela praia (pois não existia estrada), o Rio Cururupe, e, a depender

do nível da maré (se elevada), muitas vezes, tinham de esperar o retorno da maré a

níveis baixos para atravessar (DÓRIA, 2003).

Nos anos 70, após a construção da ponte Ilhéus – Pontal, término da rodovia e de

seu asfaltamento, que dá acesso à comunidade, bem como ao incentivo dado pelo

governo do estado para transformar a Estância Hidromineral em atrativo turístico, teve

início o crescimento urbanístico da localidade. Tal decisão ocorreu sem o devido

planejamento resultando na contaminação do seu principal atrativo, as águas dos rios, e

a degradação das praias de Olivença, com esgotos a céu aberto (línguas negras) e

materiais flotantes, os quais, infelizmente, até os dias de hoje são facilmente

encontrados.

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Sua gestão como Estância Hidromineral de Olivença passou a ser de

responsabilidade do estado em 1961, de acordo com o decreto n0 6139 da Lei n

01451, e

posteriormente devolvida para o município em 01 de janeiro de 1995, pelo decreto n0.

3960, devido à justificativa de sua expansão econômica e turística.

Ao longo desses anos, essa localidade vem recebendo um fluxo considerável de

visitantes (caracterizando com turismo de massa) em busca de lazer, praias, “água

medicinal”, sossego e festas populares como o exemplo da tradicional Puxada do

Mastro de São Sebastião, o festejo de Ano Novo e o São João.

Em 2002, os índios receberam da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) o

reconhecimento de sua etnia, sendo identificados como Tupinambás e hoje disputam

judicialmente seu território e a criação de uma reserva indígena.

Na comunidade de Olivença, merecem destaque os festejos populares,

caracterizados pela mistura do sagrado e profano, como, por exemplo, a Puxada do

Mastro de São Sebastião (COUTO, 2000; DIAS; MESQUITA, 2009; BARROCO,

2009), e o Bumba-meu-boi, além das festas do Divino Espírito Santo e da Padroeira,

Nossa Senhora da Escada, que é realizada no dia 21 de novembro, com novenas, missas,

batizados e procissões. Hoje, a única igreja católica existente fica aberta durante todo o

dia para visitação e, para as celebrações religiosas apenas aos domingos. Em épocas

passadas, existiam também Marujadas, Camponesas, Ternos de Reis (no período que

antecedia a Puxada do Mastro).

Segundo Schaan (1996), a arte indígena não possui o caráter social de outras

comunidades – representa apenas a estética do grupo. O artesanato disponível em

Olivença encontra-se misturado com outras peças (miçangas, sementes, cordas e

madeiras), e a origem desse artesanato está focada no trabalho dos indígenas (RAMOS,

2008; DÓRIA, 2003). Atualmente este artesanato está bastante descaracterizado, e vem

sendo comercializado em hotéis, pousadas e lojas de suvenires encontradas na

comunidade, entretanto, é apontado por alguns moradores com um dos principais

atrativos turísticos de Olivença.

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- Banco da Vitória

Apesar de ser considerado um bairro do município de Ilhéus, dista sete km da

sua sede, sendo que a BA 415 é a principal rodovia de acesso a esse bairro e a outros

lugares do município de Ilhéus e, segundo Santos (2007), é prevista, no projeto da

estrada Jorge Amado – Estrada Ecológica, a elaboração de produtos turísticos culturais

ao longo dela. Possui agricultura de subsistência e pequena comercialização de frutas

como o cacau, coco verde, graviola, cupuaçu, peixes e crustáceos, lojas de artesanatos

em cipó, madeira e cerâmica, Além de uma gastronomia peculiar e diversificada, esse

distrito vem atraindo turistas e visitantes das mais diversas localidades, em função de

suas iguarias disponíveis em diversos restaurantes como o famoso camarão na moranga

e a farofa de banana da terra.

Segundo o site RCPRESS – Agência de Notícias (2009), a Prefeitura Municipal

de Ilhéus quer aproveitar essa tendência gastronômica local para implementar um

corredor gastronômico. Para isso, recebeu do Ministério do Turismo um incentivo de

R$ 500 mil, para consolidar na comunidade um pólo turístico gastronômico.

Neste mesmo século, o porto fluvial do Banco da Vitória passou a ser o

propulsor de seu desenvolvimento refletido no crescimento da localidade. Já no início

do século XIX, e devido à construção de pequenas moradias, surgiu um pequeno

comércio em função da ativa circulação dos tropeiros, a construção de escolas e do

matadouro, tornando-se referência no fornecimento de carnes principalmente para a

cidade de Ilhéus, dentre outros, o Matadouro Municipal, hoje desativado, surgiu num

local conhecido como Descansa Caixão.

O prédio do antigo Matadouro (Figura 02), segundo a pesquisa, poderia ser

restaurado com o propósito de ser transformado num local cultural com vendas de

artesanato, suvenires e restaurantes, dentre tantas outras possibilidades de manifestações

culturais destinadas à comunidade local e para o turismo.

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Figura 02 - Fachada do antigo matadouro municipal, em 25 de julho de 2009, dados da

. . pesquisa.

Em 1860, o príncipe naturista Ferdinand Maximiliano de Habsburgo, visitou

terras próximas ao Banco da Vitória, fato registrado por um obelisco encontrado no

porto do local (HEINE, 2008), Figura 03.

Figura 03 – Painel fotográfico do obelisco no porto fluvial do Banco da Vitória, em 25

de julho de 2009, dados da pesquisa.

No início do século XX, o Banco da Vitória destacava-se no cenário regional em

função de uma grande feira livre, situada na Praça Guilherme Xavier, comercializando

hortifrutigranjeiros, bem como a venda de outros produtos em um barracão no estilo de

armazém de “secos e molhados”, organizado por pequenos agricultores, moradores do

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local e por trabalhadores de fazendas próximas ao arraial, possuindo também telefone e

telégrafo. Segundo Barbosa (1994), naquela época, o Banco da Vitória era um núcleo de

civilização do sul da Bahia graças ao seu porto fluvial, entretanto, após o aparecimento

da estrada de ferro que ligava Ilhéus a Vitória da Conquista, passou a ser apenas um

simples porto (CAMPOS, 1981).

Também merece destaque a cachaça fabricada num alambique localizado na

fazenda Seis Marias Vitória, atualmente tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional.

Também se destaca a fazenda Primavera, que surgiu da união de duas sesmarias através

do casamento dos filhos de Henrique Berbert e João Navarro de Amorim (HEINE,

1996).

Com o crescimento econômico da lavoura cacaueira, o antigo porto foi se

tornando obsoleto e, em 1924, devido a essa situação, produtores de cacau iniciaram a

construção do porto de Ilhéus com recursos próprios.

Hoje o atual porto do Banco da Vitória (Figura 04) encontra-se em degradação,

com acúmulo de lixo e poluição das águas.

Figura 04 – Localização do Porto Fluvial do Banco da Vitória e poluição às margens do

porto fluvial do Banco da Vitória em 25 de julho de 2009, dados da

pesquisa.

Em 1960, esse porto era conhecido como de Porto de Guerra, onde

desembarcavam todos os tipos de cereais e cacau. Nessa época, a iluminação era feita

por candeeiros a gás e tempos depois mudou para a iluminação gerada por uma roda

d‟água, localizada na fazenda Vitória e, bem depois, surgiu um gerador que funcionava

até as 11 da noite. Nesse período, o povoado foi elevado a distrito de Ilhéus.

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Em 1966, aconteceu uma enchente no Rio Cachoeira destruindo toda a

comunidade e apenas em 1979 iniciaram-se obras de melhoria na comunidade. O local

tem sua história marcada por grandes conflitos travados pela luta da posse da terra e

pelas roças de cacau.

Atualmente esse bairro da cidade de Ilhéus possui cerca de 8.000 habitantes,

escolas, postos de saúde, farmácias, postos de combustíveis, inúmeros bares e

restaurantes, saneamento básico, transportes públicos. Também, existem no local,

diversas igrejas e entidades religiosas, inclusive o Vale do Amanhecer.

- Salobrinho8

A comunidade do Salobrinho, distante 16 km de Ilhéus e 12 km de Itabuna,

considerado centro comercial da região, possui agricultura de subsistência e cacau, por

estar inserido entre fazendas produtoras de cacau, e tem como referência principal, a

sede da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). Este bairro é bastante

beneficiado com o desenvolvimento de diversos projetos de extensão na área Social e

Cultural, bem como da proposta de desenvolvimento da estrada Jorge Amado. Os

projetos desenvolvidos pela UESC necessitam de uma reavaliação, para um melhor

aproveitamento das reais necessidades dessa localidade, buscando uma maior

conscientização necessária em busca de sua sustentabilidade. Neste bairro, existem

muitas repúblicas de estudantes universitários, bares e restaurantes de comida a quilo e

pontos comerciais.

Localizado onde, nos anos 50, existia a fazenda Boa Vista, de propriedade do Sr.

João Francisco de Carvalho, o bairro do Salobrinho desenvolveu-se inicialmente graças

à descoberta de uma jazida de minério, onde hoje está localizada a Rua do Ouro. Tal

descoberta levou vários retirantes a deslocaram-se para as redondezas e algumas casas

foram se espalhando pelo matagal.

Naquela época, alguns elementos se destacaram, entre eles o delegado Mariel

Fábio Cardoso, considerado como impiedoso e temperamental, o fazendeiro João

Barbosa Medeiros, proprietário da fazenda Ribanceira, que sempre visitava o local para

tomar uma “cachacinha”, homem de prestígio e casado com Dona Florentina, e o

8 Baseado na Obra de Sherney Pereira. Salobrinho – Encantos e Desencantos de Um Povoado.

Ilhéus.Colorgraf. 1984.

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lavrador José Anorato, conhecido pelas suas confusões e que trabalhava na fazenda

Perseverança, de Hermínio Figueiredo Rocha.

Com o crescimento do arraial, vários empreendimentos foram surgindo e o

registro do primeiro chalé pertenceu a Inácio Mendonça, implantando um armazém de

“secos e molhados” que se expandiu para “três portas” e foi a primeira grande casa de

negócios na Fazenda Boa Vista. Essa casa foi reformada e é uma moderna residência

(infelizmente esta pesquisa não conseguiu identificá-la).

A única indústria que existiu no arraial foi o Curtume de Laudelino, que

beneficiou diversas famílias do local, homem pacato, protestante e que frequentava a

primeira igreja ali existente, a Assembléia de Deus.

Registra-se também a figura de “Tia Stella”, que cuidava, através de plantas

medicinais, da população carente da região, além de ser parteira de quase todos os

nascidos.

As festas juninas eram os destaques do local, bem como os blocos e cordões

carnavalescos, pertencentes a Amândio Arouca e a Dona Dudu, que disputavam entre si

o primeiro lugar. As festas natalinas eram promovidas com muito capricho e ouvia-se,

no serviço de alto-falante “A Voz do Salobrinho”, música suave da época. Esse serviço

comunitário convidava os moradores a participar dos eventos e informava sobre os

principais fatos ocorridos, e era comandado pelo “Mestre Leal”, que retransmitia “A

Voz Mariana”, programa religioso da Rádio Difusora Sul da Bahia. Aos domingos e

feriados, o encontro era no campo de futebol da fazenda Cordilheira, propriedade de

João Batista Lavinscky.

Em 1963, o prefeito Herval Soledade inaugurou o grupo escolar, logo depois

chegou o MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização) funcionando neste grupo

à noite. A CEPLAC (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira) foi uma das

maiores propulsoras para o atual Salobrinho, juntamente com o surgimento da FESPI

(Federação das Escolas Superiores de Ilhéus e Itabuna) e depois da UESC, instalada

nessa localidade.

A UESC foi edificada na antiga propriedade de Manoel Fontes Nabuco e teve

sua origem nas escolas criadas no eixo Ilhéus/Itabuna na década de 60, sendo que, em

1972, graças à iniciativa da CEPLAC, da Faculdade de Direito de Ilhéus, das

Faculdades de Filosofia de Itabuna, de Ciências Econômicas de Itabuna congregaram-se

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formando a FESPI na busca pelo status de universidade. Posteriormente, com o

desenvolvimento dos seus trabalhos de pesquisa, deu um salto para se tornar uma

instituição pública (UESC, 2009).

Em 1974, um convênio entre a CEPLAC e a prefeitura de Ilhéus implantou o

Sistema de Abastecimento de Água, que foi recuperado pelo Governo Federal e pela

prefeitura municipal, que construiu um novo reservatório na Rua do Ouro.

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CAPÍTULO I INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE CULTURAL NAS

COMUNIDADES DE OLIVENÇA, BANCO DA VITÓRIA E SALOBRINHO

Este capítulo trata dos indicadores de sustentabilidade cultural das comunidades

de Olivença, Banco da Vitória e Salobrinho. Para tal, definiram-se conforme referencial

teórico, como um conjunto de complexos, aspectos espirituais, materiais e imateriais,

intelectuais e emocionais que caracterizam uma sociedade. Incluem as expressões

criativas (história oral, linguística, literatura, artes cênicas, artesanato), as práticas

comunitárias (métodos tradicionais de cura, celebrações), elementos materiais ou

construídos (prédios, paisagens, artes, entre outros). Sustenta-se, através da estabilidade

e dinamismo social, na comunidade, além de segurança para a livre expressão dos

indivíduos (ROSEMBAUM, 2005; NEVES, 1997).

1.1 Indicadores de Sustentabilidade Cultural

Os indicadores de sustentabilidade cultural fundamentam-se através de

atividades culturais, de celebrações e do estímulo à criatividade. Assim, levaram-se em

consideração as questões espirituais da comunidade, a liberdade de escolha de sua

religiosidade em busca da paz interior, bem como a visão que os indivíduos possuem

em relação à vida comunitária. Sachs (2002) afirma que é preciso existir equilíbrio entre

essas tradições e as inovações. Equilíbrio é a palavra-chave para a sustentabilidade

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cultural, principalmente na comunidade de Olivença, onde já existe algum

desenvolvimento local estimulado pelo turismo e a sustentabilidade cultural é fator

preponderante para a sustentabilidade turística.

Para Dória (2003, p. 50), a

sustentabilidade cultural, implica a necessidade de

buscar soluções de âmbito local, utilizando-se as

potencialidades culturais específicas, consolidando a

identidade cultural e o modo de vida local, assim como

a participação da população local nos processos

decisórios e na formulação e gestão de programas e

planos de desenvolvimento turístico.

O conceito de Hall (2004) para identidade cultural é dinâmico e desloca-se em

várias direções, admitindo transformações contínuas nos sistemas culturais que

representam um povo. A cultura é evolutiva e direciona-se de acordo com as interfaces

estabelecidas entre a comunidade e o mundo através de veículos informacionais.

Para que seja feita a análise dos indicadores de sustentabilidade cultural, é

preciso esclarecer quais fatores ou indicadores que foram considerados. Segundo os

critérios desta pesquisa, os indicadores de cultura estão divididos em oito critérios

Segundo a Rede Global de Ecovilas (2009), os indicadores de cultura (Tabela 01) são

assim distribuídos:

Cultura 1- Abertura, Confiança e Segurança em Espaço Comum;

Cultura 2 - Sustentabilidade Cultural;

Cultura 3 - Artes e Lazer;

Cultura 4 – Um Novo Ponto de Vista Holográfico e Circulatório do Mundo;

Cultura 5 – Sustentabilidade Espiritual;

Cultura 6 – Paz e Consciência Global;

Cultura 7 – Visão Comunitária;

Cultura 8 – Habilidade de Resposta Comunitária.

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Tabela 01- Indicadores esperados e obtidos para a Sustentabilidade Cultural das

comunidades de Olivença, Banco da Vitória e Salobrinho, 2009

Indicadores Valores Esperados Valores Encontrados

Excelente Bom Ruim Olivença Banco da

Vitória

Salobrinho

Cultura 1 Acima de 50 Entre 25 e 49 Abaixo de 24 35 22 07

Cultura 2 Acima de 55 Entre 29 e 54 Abaixo de 28 43 43 14

Cultura 3 Acima de 55 Entre 29 e 54 Abaixo de 28 28 13 09

Cultura 4 Acima de 50 Entre 25 e 49 Abaixo de 24 34 35 13

Cultura 5 Acima de 50 Entre 25 e 49 Abaixo de 24 57 40 37

Cultura 6 Acima de 50 Entre 25 e 49 Abaixo de 24 57 48 43

Cultura 7 Acima de 55 Entre 29 e 54 Abaixo de 28 41 21 14

Cultura 8 Acima de 55 Entre 29 e 54 Abaixo de 28 19 21 17

Total dos Indicadores de Sustentabilidade Cultural 314 243 154

Fonte: Rede Global de Ecovilas (2009) e dados da pesquisa.

A totalização dos valores obtidos para os indicadores de sustentabilidade cultural

(Tabela 01) apresenta a comunidade de Olivença com 314 pontos em uma melhor

situação, visto que ela foi a única a obter dois indicadores no nível da excelência no

direcionamento à sustentabilidade, quatro indicadores com bom conhecimento em

direção à sustentabilidade e apenas dois indicadores com ruim direcionamento à

sustentabilidade. A comunidade do Banco da Vitória, com 243 pontos (Tabela 01) no

total, teve quatro indicadores classificados no nível bom e quatro no nível ruim em

relação ao caminho para o desenvolvimento sustentável. Já no Salobrinho, com 154

pontos no total (Tabela 01), apenas dois indicadores foram classificados como bons,

estando os demais ruins para o direcionamento à sustentabilidade.

Dentre os valores apresentados na Figura 05, destacam-se os indicadores de

Cultura 5 e 6, que apresentaram maior pontuação, indicando que, nesse item, as

comunidades estão em bom direcionamento a sustentabilidade de acordo com a

metodologia adotada nessa pesquisa. Todos os itens apresentados na Figura 05 serão

discutidos detalhadamente.

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Figura 05 – Valores quantitativos encontrados para representar os Indicadores de

Sustentabilidade Cultural nas comunidades pesquisadas, dados da pesquisa.

1.1.1 Indicadores de Cultura 1: Abertura, Confiança e Segurança em Espaços Comuns

Segundo os questionários da avaliação quantitativa de sustentabilidade utilizados

nesta pesquisa, as variáveis de Abertura, Confiança e Segurança em Espaços Comuns

representam os indicadores de Cultura 1. Esse item trata sobre os quesitos de segurança

pública comunitária em relação às mulheres, crianças e pessoas da comunidade, crimes

juvenis e adultos contras as pessoas e contra o patrimônio, versa também sobre a

existência de espaços comunitários internos e externos para encontros da comunidade e

espaços para desenvolvimento de atividades salutares entre jovens, crianças e adultos.

A segurança tem se consolidado como um dos fatores intangíveis mais

importantes quando se trata de sustentabilidade turística, pois, cada vez mais, ela está

associada às impressões e opiniões dos turistas sobre os locais de visitação. Tanto que é

condição preponderante para um turista ao escolher um local para visitação (VALLS,

2004).

Segundo os líderes entrevistados em Olivença, o nível de segurança na

comunidade é considerado bom, existindo, contudo, relatos de crimes juvenis entre

grupos rivais de jovens envolvidos com o consumo de entorpecentes - principalmente o

crack, arrombamentos e pequenos furtos a casas fechadas utilizadas apenas nos períodos

de alta estação turística.

Mesmo equipado com concha acústica, banheiros adequados, área de lazer

infantil, laboratório de informática, utilizado em programas de inclusão digital, o Centro

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Cultural de Olivença encontra-se em um local de difícil acesso e sem programação

regularmente definida, o que vem dificultando a sua utilização por residentes e

visitantes. Em relação aos espaços comunitários para encontros sociais e atividades

salutares, o Centro Cultural de Olivença (Figura 06) foi destacado em todas as

entrevistas, entretanto não existe regularidade em sua utilização.

Os encontros sociais citados segundo a pesquisa foram as Festividades de São

João, a Puxada do Mastro de São Sebastião e os rituais indígenas que ocorrem

mensalmente, e serão tratados nas questões específicas no item Cultura 2.

Figura 06 – Painel fotográfico do Centro Cultural de Olivença, em 09 de agosto de

2009, dados da pesquisa.

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Com relação aos logradouros existentes em Olivença, destaca-se a praça da

igreja de Nossa Senhora da Escada, que era originalmente o antigo cemitério indígena,

hoje conhecida como praça central da comunidade, Figura 07. Nesse mesmo

logradouro, também se encontram diversos bares, restaurantes, pousadas, casas de

veraneio e a Igreja Batista em Olivença (Figura 08). Chama atenção que esses

logradouros estão situados na parte central e mais movimentada da comunidade,

conhecido pelos turistas e veranistas como meeting point.

Segundo Guatarri e Rolnik (1986), a cultura pode ser vista por três prismas. O

primeiro versa sobre a cultura no sentido de civilização, do “culto”, o que refere-se à

civilização francesa. O segundo está relacionado aos conceitos de Geertz (1989),

Rosenbaum (2005) e Neves (1997), que se refere à alma coletiva da comunidade ou de

um povo. Há ainda o prisma da cultura como mercadoria de uma economia capitalista

muito utilizada na formação do produto turístico.

A cultura, para ser analisada necessita de uma interpretação densa de caráter

etnográfico, pois apresenta:

uma multiplicidade de estruturas conceptuais (sic),

muitas delas sobrepostas ou amarradas umas às outras,

que são simultaneamente estranhas, irregulares e

inexplícitas, e que ele tem que, de alguma forma,

primeiro apreender e depois apresentar (GEERTZ,

1989, p. 20).

Já no Banco da Vitória, observa-se que a comunidade analisada ainda está muito

longe do caminho desta sustentabilidade, devido ao índice encontrado ter sido muito

baixo (Figura 5). Isso se justifica, segundo os entrevistados, pela ausência de espaços

Figura 07 - Praça da Igreja de Nossa Senhora

da Escada, em 09 de agosto de

2009, dados da pesquisa.

Figura 08 - Igreja Batista em Olivença,

em 09 de agosto de 2009,

dados da pesquisa.

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comuns para a convivência da população, destacando-se uma forte presença relacionada

ao futebol, contudo, com espaços inadequados, painel da Figura 09.

Figura 09 - Espaços para a prática de Futebol no Banco da Vitória, em 25 de julho de

2009, dados da pesquisa.

Com relação à convivência segura da comunidade, fatos relacionados à

pedofilia, brigas entre grupos rivais, após as festas e fins de semana, e atritos entre ruas,

envolvendo tráfico de drogas, assaltos, roubos, condicionaram a se obter uma pontuação

bem baixa para o Banco da Vitória.

Por outro lado, a comunidade pouco se reúne devido à inexistência de espaços

adequados, existindo apenas um clube particular onde se realizam festas eventuais, e a

maioria não tem acesso. Foram relatados e destacados os festejos de São João e

Natalinos e a utilização dos espaços religiosos para encontros da comunidade, com

destaque para a participação das igrejas Evangélicas, pois, na igreja Católica, isso

ocorre apenas semanalmente ou com o objetivo da catequese (apresentado no item

Cultura 5).

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Já no Salobrinho, a situação encontrada nesse indicador de Cultura 1 foi de

insegurança até para realização da pesquisa, devido ao alto índice de consumo de

drogas, assalto, roubos, assassinatos e prostituição entre jovens e crianças (homens e

mulheres), o que motivou diversos moradores a impedir a visita dos pesquisadores em

algumas ruas, principalmente na rua do Ouro.

Em Salobrinho, conforme relatado, não existem espaços para a convivência

comunitária, encontrando-se apenas presença das entidades religiosas, que são as únicas

a promover algo nesse sentido, destacando–se as entidades evangélicas.

Com a relação ao item Cultura 1, a pontuação total obtida por Olivença foi de 35

pontos (Figura 04), numa escala que parte do zero até acima de 50 pontos, o que indica

que, em termos de sustentabilidade cultural, abertura, segurança, confiança e a

utilização de espaços comuns a comunidade de Olivença possui um bom conhecimento

a caminho da sustentabilidade. Entretanto, as comunidades de Banco da Vitória com 22

pontos (Figura 04), e do Salobrinho, com 07 pontos (Figura 04) encontram-se numa

situação ruim com relação ao indicador de Cultura 1. Com esses resultados, as três

comunidades ainda estão muito distantes da excelência no direcionamento a caminho da

sustentabilidade, situação que se dá a partir dos 50 pontos dentro da metodologia

proposta.

Para que esse indicador melhore, é preciso que os espaços existentes na

comunidade sejam melhor utilizados e planejados, visando a boa convivência e a troca

de experiência entre os membros. Bem como melhorias na segurança pública e um

trabalho educacional sobre o consumo de drogas.

1.1.2 Indicadores de Cultura 2 – Sustentabilidade Cultural

O item Cultura 2 – sustentabilidade cultural analisa a transmissão das heranças

culturais através da oralidade e encontros, assim como de programas culturais existentes

na comunidade envolvendo celebrações, fotografias e reutilização de materiais na

produção cultural e toda uma gama de manifestações comunitárias focadas na

transmissão de ensinamentos e troca de experiências (SACHS, 2002; REDE GLOBAL

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DE ECOVILAS, 2009). Esse indicador sustenta-se através das artes, de atividades

culturais e de celebrações e do estímulo à criatividade. Sachs (2002) afirma que é

preciso existir equilíbrio entre essas tradições e as inovações, mudanças no interior da

continuidade, capacidade de autonomia para elaboração de um projeto nacional

integrado e interiorizado opondo-se às copias servis de modelos externos e diferentes e

ainda autoconfiança aliada à abertura e conexão com o mundo. Equilíbrio é a palavra-

chave para a sustentabilidade cultural (DÓRIA, 2003).

Na comunidade de Olivença, destacaram-se além das celebrações indígenas

citadas anteriormente, as manifestações religiosas vinculadas às igrejas (tratadas no item

de Cultura 5), as atividades realizadas no Centro de Cultura de Olivença, e as

festividades sacro-profanas, como a Puxada do Mastro de São Sebastião, festividades de

São João e Ano Novo – período de alta estação turística, quando a comunidade recebe

uma grande concentração de populares.

Gastronomicamente, em Olivença, destaca-se a “moda” fabricada pelos índios e

moradores da comunidade, vendida aos turistas nas praias e no Balneário do

Tororomba, além das famosas peixadas que, apesar de não serem iguarias locais são

pratos baianos característicos.

A gastronomia indígena é muito pouco encontrada na comunidade, segundo

Ramos (2008). Uma de suas principais iguarias, o peixe na folha de patioba é oferecido

apenas sob encomenda, sendo que a tapioca ou beiju (alimento de origem indígena,

porém não de origem Tupinambá), comercializada no centro de Olivença, é a única

representante gastronômica indígena, porém a comercialização da tapioca é

generalizada em qualquer parte do Brasil.

Dentre as celebrações indígenas praticadas, a “Memória dos Mártires no

Massacre do Cururupe” é uma referência para cultuar os índios mortos neste massacre

comandado por Mem de Sá no século XVI, segundo Viegas (2001), ocorrida na batalha

no Cururupe. Essa manifestação invoca a “revolta de Marcelino” ocorrida no final da

década de 1920, e uma outra, do início da década de 1930, remetendo-se ao combate à

exploração fundiária da época (RAMOS, 2008).

Nesse evento, os índios vestem “saias de taboas” e realizam um grande Poracim

(cerimônia de invocação aos antigos espíritos) em frente à Igreja de Nossa Senhora da

Escada. O curioso é que, nos últimos anos, os índios, após a cerimônia são abençoados

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pelo padre, fato que não ocorria antes, contando com a presença de turistas e curiosos

(RAMOS, 2008).

A pintura corporal indígena, feita através de grafismos, é utilizada hoje apenas

nas celebrações indígenas. Caracteristicamente feita com tinta de jenipapo verde, é

também utilizada eventualmente pelos visitantes nessas celebrações.

O grafismo ou ornamentação gráfica está presente em

quase todas manifestações da cultura material das

sociedades indígenas na Bahia, muitas vezes de forma a

testemunhar um desenvolvimento estético que surge

semelhante a escrita, através de desenhos que dão forma a

uma linguagem particular capaz de identificar desde os

rudimentos de uma hierarquia social até as múltiplas

funções (PAIVA, 2005, p. 183)

Outro tipo de artesanato, que não o indígena e comercializado nesta localidade, é

o mesmo que se encontra em qualquer lugar do Nordeste do país, deixando de

representar a identidade cultural regional. Hoje em Olivença, apenas na cabana de praia

Batuba Beach (precariamente) se encontrou artesanato feito pelos índios Tupinambás.

Essas pinturas são desenhos geométricos formados por linhas e curvas,

possuindo um tom negro azulado (RAMOS, 2008), encontrados também em cavernas e

potes de barro. É válido ressaltar, de acordo com a autora, que ao entrevistar um

participante da comunidade indígena, foi informada que essas cerimônias não mais

possuem caráter espiritual e sim simbólico. Nessa manifestação, os índios saem em

caminhada de Olivença ao rio Cururupe percorrendo uma distância de nove

quilômetros.

Oficialmente, num relatório de 1768, alguns anos após a expulsão dos jesuítas, a

comunidade fazia várias festas em homenagem a diversos santos, entre eles a de N. S.

da Escada, S. André, S. Miguel e Santa‟Ana, porém as despesas eram custeadas pelos

índios. Nessas homenagens, nenhuma delas representava São Sebastião, hoje

responsável por talvez a única tradição indígena atual, iniciada tempos depois

(COUTO,1998; DORIA, 2003).

Um dos primeiros testemunhos conhecidos sobre a Puxada do Mastro de São

Sebastião data de 1818, emitido pelos cientistas holandeses Spix e Von Martius

(COUTO, 1998), os quais, acostumados com a sobriedade dos ritos religiosos

calvinistas, ficaram impressionados com o batuque e o frenesi, descrendo-os como uma

fluida fronteira entre o sagrado e o profano.

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Esta representação sacro-profana representava a sacralização através de gestos

que envolviam o cotidiano de boa parte dos índios de Olivença, na segunda metade do

século XVIII e início do XIX, cujo ritual iniciava-se com o corte de toras de madeira

extraídas de matas próximas para a construção naval. Quando cortadas, eram amarradas

e puxadas com cordas até o quadrado jesuítico, sendo chamado de “puxada”, e o atual

termo “puxada do mastro” adveio justamente da finalidade daquelas toras, que serviam

para a confecção de mastros para embarcações.

Hoje a festa é caracterizada principalmente pela presença de populares de toda a

região e de turistas, que vão à busca muito mais pelo lado profano do que pelos ritos

sagrados, o que pode ser observado no painel fotográfico (Figura 10) de autoria deste

pesquisador durante a festa de 2009.

Figura 10 - Painel fotográfico dos visitantes durante a Puxada do Mastro de São

Sebastião, em 11de janeiro de 2009, dados da pesquisa.

Segundo Dória (2003) trata-se da festa mais representativa da comunidade

indígena desde o séc. XVIII, envolvendo derrubada do mastro na mata, cantos e danças

populares. Entretanto pouco se viu da participação indígena caracterizada durante a

festa de 2009, fato esse que sugere outra pesquisa, dessa vez etnográfica e para o

esclarecimento dessa questão. Barroco (2009), em seu trabalho sobre a referida

celebração, comentou que, com a introdução tecnológica do trio elétrico e de bandas

carnavalescas, vem se caracterizando atualmente como uma celebração muito mais

profana do que sacro religiosa.

A Puxada do Mastro, contudo, ainda tem momentos feitos em seus moldes

originais (COUTO, 1998), como o corte da árvore na mata de Ipanema feita pelos

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indígenas, ilustrado no painel da Figura 11, agora contando com a participação de

populares.

No painel da Figura 12, pode ser observada a participação dos visitantes que

acreditam no fato de que, se retirarem um pedaço da casca do mastro ou sentarem sobre

ele, obterão sorte e proteção durante o ano todo. Tal participação é caracterizada pela

mistura ou pela dualidade da festa entre o sagrado e o profano. Segundo Trigueiro

(2007), esse fato ocorre devido às misturas entre os ritos e rituais contemporâneos que

vão dando ao evento uma nova identidade.

O fato é que, com a introdução de equipamentos tecnológicos, modificaram-se

as características da participação popular nesse evento, caracterizou-se pela utilização

de barracas de bebidas, como cervejas, refrigerantes e coquetéis, e pela utilização de

palcos sonorizados eletronicamente, carros com sons potentes, contudo presente ainda o

batuque, dessa vez eletrônico, e frenesi da população, identificados pelos pesquisadores

holandeses em 1818. Entretanto, ainda existe fé e devoção, por parte de algumas

pessoas, nesta celebração. De acordo com Couto (1998), tempos atrás a festa contava

Figura 11 - Painel fotográfico montado a partir de Couto (1998)

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com o apoio da Igreja Católica, Figura 13. Um fato observado durante os festejos de

2009 foi que a igreja de N.S. da Escada manteve-se fechada, diferentemente do que

ocorria anteriormente, conforme observado pela pesquisadora citada.

Figura 12 - Painel montado a partir de Couto (1998) retratando a participação dos

populares durante o evento.

Figura 13 - Painel fotográfico onde os machadeiros depositam as cordas em frente ao

altar da imagem de São Sebastião na porta da igreja de Nossa Senhora da

Escada, Couto (1998).

O que caracteriza a Puxada do Mastro de São Sebastião como uma festa popular

é que essa prática faz parte das:

[...] transformações culturais e religiosas da sociedade

humana e das suas relações simbólicas entre a realidade

e a ficção, dando origem aos diversos protagonistas e

suas performances nos festejos populares. São essas práticas do passado que chegam ao presente, com as

suas diversidades nacionais, regionais e locais, de

significados, de referências e de desdobramentos em

processos culturais de apropriações e incorporações de

novos valores simbólicos que vão construindo outras

identidades (TRIGUEIRO, 2007, p. 107).

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Brandão (1974) afirma que é através das festas populares que o homem celebra

e homenageia seus valores, personagens e símbolos e Marques (2007) discute sobre a

complementaridade entre o sagrado e o profano presente nessas celebrações, como é o

caso da Puxada do Mastro de São Sebastião em Olivença, onde se rememora

acontecimentos do passado ainda siginificativos para a população local, através das

demonstrações sacras e profanas.

Especificamente no ano de 2009 a festa teve alguns problemas sérios na

organização e na participação popular. Segundo uma residente da comunidade desde

1980 (informação verbal)9, apenas dois moradores continuam liderando (não quiseram

ser entrevistados) a organização da festa, entretanto, houve problemas como na hora de

selecionar a árvore para corte devido ao desmatamento, além de que os moradores

antigos da comunidade estão deixando suas residências na época da celebração, devido

ao barulho de músicas elétricas que invadiram a festividade.

Com relação à comunidade do Banco da Vitória, aspectos gastronômicos

também foram abordados nesta pesquisa, destacando-se na comunidade do Banco da

Vitória presença forte para o chamado “Camarão na Moranga”, restaurantes

especializados em frutos do mar, diversas churrascarias. A gastronomia dessa localidade

vem crescendo e recebendo muitos visitantes, sendo considerada atrativo turístico.

Tal ação tende a se consolidar como pólo turístico gastronômico, com inúmeros

restaurantes focados em pitus, morangas com recheio de camarão, e diversas

churrascarias com destaque para a farofa de banana-da-terra.

Segundo Lody (2008), a boca sacia o apetite por símbolos identificando povos e

culturas, identidade essa que é dinâmica e admite transformações contínuas nos seus

sistemas representativos. De acordo com Schluter (2003, p. 31)

Ao mesmo tempo em que a alimentação possibilita a

ascensão a uma classe social, ela atua como um fator de

diferenciação cultural, pois, ao comer, incorporam-se não

apenas as características físicas dos alimentos, mas

também seus valores simbólicos e imaginários, que à

semelhança das qualidades nutritivas, passam a fazer parte

do próprio ser. Assim, a comida não só é boa para comer e para pensar (na adjetivação de materialistas e

estruturalistas), mas, inclusive, muito boa para ser e se

diferenciar.

9 Entrevista concedida pela sra. Lizete Terezinha de Oliveira Carvalho em 10 de janeiro 2009.

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Tradicionalmente esses pratos são passados de geração para geração, sendo

também a principal atratividade turística e econômica do local que será discutida no

Capítulo 2.

O artesanato dessa localidade é mais forte, criativo e vem se destacando em

relação às demais comunidades pesquisadas. Cascudo (2001) define artesanato como

todo objeto utilitário, caracteristicamente folclórico não importando qual a sua

constituição material, para Horodisky (2006), essas peças são produzidas para uso

rotineiro e a maneira de produzir é a mesma por gerações, podendo ter a matéria-prima

adaptada as novas necessidades da população.

O fato é que o comércio do artesanato, principalmente em comunidades

turísticas, acaba interferindo nas suas características, visto que o consumidor exige um

padrão estético e auxiliando do desenvolvimento socioeconômico da localidade

(CASCUDO, 2001). Entretanto, é preciso valorizar as técnicas de produção evitando

copiar outras mais atrativas ao turista. Por isso que, em muitos lugares, encontra-se o

“industrianato” (produtos baratos produzidos industrialmente que são rotulados como

artesanais).

A comunidade do Banco da Vitória também tem um forte traço no artesanato de

madeira, argila, cimento e cipó, sendo que o material utilizado é, na sua maioria,

reciclável e colhido na mata. São encontrados ainda estátuas de barro e de cimento,

utensílios domésticos, elementos decorativos de madeira, móveis, dentre tantos outros,

sendo que, em geral, esse material artesanal, que é produzido e vendido a consumidores

às margens da rodovia Ilhéus-Itabuna, não possui um traço característico próprio da

comunidade, como o artesanato indígena em Olivença, onde esse tipo de artesanato

pode ser encontrado em qualquer lugar do Nordeste. Por se tratar de um importante

fator econômico será tratado no Capítulo 2 – Indicadores Quantitativos de

Sustentabilidade Socioeconômica. A comunidade necessita melhorar a questão de

transmissão da herança cultural (forte apenas no caráter gastronômico).

Como nas outras comunidades, no Banco da Vitória destaca-se a forte presença

das entidades religiosas nesse aspecto (Evangélicas, Católicas, Candomblé, Vale do

Amanhecer), que também interferem nos quesitos de Arte e Lazer incentivando a

utilização de materiais recicláveis.

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Na comunidade do Salobrinho, onde outrora existiram festas juninas, natalinas e

carnavalescas, tão fortemente marcadas em sua história, nada disso mais existe. As

festas agora são marcadas apenas por um espírito individualista em que as pessoas só se

reúnem nas próprias casas ou em pequenos grupos, com exceção das promovidas pelas

igrejas Evangélicas e igreja Católica em alguns momentos.

A pesquisa de avaliação de indicadores, dentro da metodologia utilizada (Tabela

01), detectou, para o indicador de Cultura 2 (Sustentabilidade Cultural), 43 pontos para

Olivença e para o Banco da Vitória (Figura 04), indicando que existe um bom

conhecimento em direção à sustentabilidade, entretanto, necessitando de maiores

cuidados nas práticas e na utilização de espaços destinados a cultura, na transmissão e

no registro de fatos, além da necessidade de estímulo à utilização de resíduos nas

iniciativas criativas (artesanato), ocorrendo apenas essa utilização nas escolas e mesmo

assim de maneira muito primária. Já no Salobrinho, a pontuação obtida foi de 14 pontos,

abaixo do esperado para ser considerado bom, necessitando de muitas ações para que a

comunidade obtenha o caminho da sustentabilidade, ou seja, necessitando de mais 36

pontos para que se atinja a excelência no caminho desta sustentabilidade.

A fim de melhorar a pontuação obtida nas comunidades, ações voltadas para a

preservação, transmissão, educação dos indivíduos moradores das mesmas devem ser

implementadas visando melhorar a sustentabilidade cultural e a memória das tradições

locais. Especificamente na comunidade do Salobrinho, não existe qualquer traço de

preservação da história e da cultura local. Já no Banco da Vitória, comunidade que

pretende consolidar-se como pólo de turismo cultural gastronômico, a formatação de

produtos turísticos é imprescindível para o seu desenvolvimento sustentável. E em

Olivença a revitalização da cultura indígena e a sua formatação em produto cultural

deveria ser o fator de elevação desse indicador.

1.1.3 Indicadores de Cultura 3 – Artes e Lazer

Segundo a Rede Global de Ecovilas (2009), o item Cultura 3 versa sobre as

possibilidades existentes na comunidade para que seus membros desenvolvam seus

talentos artísticos e esportivos através de iniciativas individuais ou em grupo, bem como

atividades de aprendizagem visando a valorização desses talentos e a existência de

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espaços disponíveis para essas atividades. Esse indicador versa sobre as oportunidades

disponibilizadas aos membros da comunidade para desenvolverem seus talentos

artísticos e esportivos, através de iniciativas individuais ou atividades de aprendizagem,

bem como sobre a valorização desses talentos e os espaços disponíveis para os mesmos.

Olivença, na pesquisa, destacou-se na busca individual pelo desenvolvimento de

talentos, sendo mencionadas as iniciativas grupais de aprendizagem pelas escolas locais.

Em termos de esportes, destaca-se o futebol, o surfe e caminhadas na praia.

Em Olivença, artisticamente apenas o grupo de teatro indígena vem

apresentando-se esporadicamente no Centro Cultural. A pesquisa detectou também que

os residentes adultos dessa comunidade, de modo geral, citaram a ausência de tempo

para participar no desenvolvimento dessa prática artística.

No Banco da Vitória, as manifestação de lazer ocorrem através da participação

das entidades religiosas. Em relação às práticas esportivas, é forte a presença do futebol

existindo, nessa localidade, uma escola de futebol gratuita, dois campos para esta

prática amadorística (Figura 14) e uma quadra de poliesportiva totalmente abandonada e

destruída.

Figura 14 - Áreas disponíveis para práticas esportivas no Banco da Vitória, em 25 de

julho de 2009,dados da pesquisa.

No antigo porto fluvial, tempos atrás, existiam campeonatos de canoagem

praticados por turistas e desportistas da comunidade ou de outras localidades, que

eventualmente vinham à comunidade, entretanto, isso já não mais acontece devido ao

estado de deterioração do local e à falta de incentivo dos gestores locais e municipais.

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A comunidade do Salobrinho obteve uma avaliação ruim para a sustentabilidade

Cultural da comunidade referente à de Cultura 3 – Artes e Lazer, decorrente da

inexistência de manifestações artísticas individuais ou coletivas, apesar dos residentes

dessa comunidade alegarem ter tempo de sobra, segundo alguns entrevistados, porém

inexistem espaços e programas para que isso aconteça. Por outro lado, segundo alguns

entrevistados, o lazer da comunidade se resume ao consumo de álcool em seus bares

(que também são muito frequentados pelos estudantes da UESC), especificamente “O

Inferninho”, que realiza eventos atraindo também público de diversas localidades,

segundo entrevistas feitas.

A prática de esportes nessa comunidade se resume à utilização eventual da

quadra poliesportiva da UESC e em um campo localizado no interior da comunidade,

para a prática do tradicional “baba”.

Com relação à aparência urbana da comunidade do Salobrinho, seu traçado

urbanístico é basicamente composto por pequenas casas e muitos casebres, ruas sem

calçamento e esgotos a céu aberto (que serão tratados no Capítulo 3 – Sustentabilidade

Ecológica), entretanto, obteve-se a informação de que há oito anos, uma maquete foi

planejada e exposta na UESC para organizar a comunidade, ficando apenas no

planejamento.

A pesquisa encontrou (Figura 04, p.40) valores considerados ruins na sua escala

referencial para as comunidades pesquisadas. Olivença, entretanto, obteve melhor valor,

com 28 pontos, apresentando-se no limite entre o ruim e o bom direcionamento a

caminho da sustentabilidade. Os piores valores encontrados foram para as comunidades

de Salobrinho, com 09 pontos, e Banco da Vitória, com 13 pontos. Tal observação pode

ser vista na Figura 04, chamando-se atenção de que, para as comunidades elevarem suas

pontuações para esse indicador, elas devem implementar o planejamento cultural e,

através da gestão, realizarem workshops, seminários, palestras, cursos e oficinas

visando conscientizar o envolvimento das comunidades.

Assim, como no indicador Cultura 1, a melhor utilização dos espaços existentes

na comunidade de Olivença deveria ser o principal ponto para melhorar esse indicador.

Já nas comunidades de Banco da Vitória e Salobrinho é preciso criar espaços para as

práticas artísticas e alternativas de lazer.

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1.1.4 Indicadores de Cultura 4 – Um Novo Ponto Circulatório em Relação ao Mundo

Esse indicador versa sobre a maneira como a comunidade se vê em relação ao

mundo, considerando como ela valoriza de maneira consciente os quesitos de

responsabilidade, crescimento, cuidado pessoal e interação entre outras localidades.

Versa também sobre o respeito à diversidade humana como elemento importante para a

vida comunitária e sua conexão com o planeta, além da visão consciente que o termo

sustentabilidade possui para a comunidade.

Nas comunidades de Olivença e de Banco da Vitória, os resultados indicam a

necessidade de melhorar a conscientização comunitária em relação aos cuidados

pessoais e ao bem estar comum. Outro fato que merece destaque, segundo os

entrevistados, procede com relação aos contrastes sociais existentes nessas

comunidades.

Já no Salobrinho, ocorre a existência de um sentimento de isolamento e

abandono mesmo estando localizada nas cercanias da UESC, zona de excelência

acadêmica no Brasil, segundo pesquisa do Índice Geral de Curso do MEC (UESC,

2009), onde as pessoas dessa comunidade não se sentem como pertencentes a esse

mundo, justamente por uma série de precariedades encontradas por esta pesquisa.

Análise dos dados indicou (Figura 04, p.40) um valor de 34 pontos para

Olivença, 35 para o Banco da Vitória, indicando um bom conhecimento em direção a

uma vida sustentável. Destaca-se, contudo, uma necessária e maior união entre os

membros da comunidade, e de uma maior conscientização sobre o processo de

desenvolvimento sustentável. No Salobrinho, a pontuação obtida foi de 13 pontos

(Figura 04), indicando sua situação ruim em relação à sustentabilidade nesse indicador.

As informações obtidas levam a concluir que as comunidades não se sentem integradas

no contexto global, e se isolam dessas questões, talvez pelos problemas de baixa

escolaridade detectados e ausência participativa de órgãos públicos e privados.

Torna-se, assim, necessário despertar na comunidade, seu papel perante o mundo

globalizado, pois, de acordo com a metodologia proposta, quanto mais próximo do zero

a comunidade se situar, pior será sua percepção com relação a esse item, ficando

extremamente difícil alcançar a pontuação desejável de 50 pontos, considerando que

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muito ainda precisa ser feito nesta área, visando, assim, uma excelência no

direcionamento no caminho da sustentabilidade. Tal análise fica mais agravada para o

Salobrinho, que obteve uma pontuação muito inferior em relação às outras

comunidades.

1.1.5 Indicadores de Cultura 5: Sustentabilidade Espiritual – Rituais e Celebrações,

Apoio ao Desenvolvimento Pessoal e Práticas Espirituais

A sustentabilidade espiritual existe quando ocorre respeito e tolerância ao culto

de diferentes credos, além do apoio às mais diversas manifestações espirituais,

possibilitando o desenvolvimento do eu interior. Incentiva um sentimento de alegria e

participação em rituais e celebrações. A espiritualidade de uma comunidade contribui

para o equilíbrio e para a criação de um mundo pacífico, amoroso e sustentável (REDE

GLOBAIS DE ECOVILAS, 2009).

De acordo com Gardner (2003), a exemplificação da importância da

sustentabilidade espiritual, no contexto geral da sustentabilidade, busca um diálogo

moderno entre ciência, espiritualidade e religião.

A definição única e competente do que é religião

continua indefinida, apesar da situação da religião como

uma das instituições humanas mais antigas. Mesmo

assim, várias características comuns a muitas definições podem ajudar a delinear os limites da disciplina. Em

termos gerais a religião é uma orientação ao cosmo e ao

nosso papel nele. Proporciona às pessoas uma idéia do

significado absoluto e a possibilidade de transformação

pessoal e celebração da vida. Para tal fim, utiliza uma

variedade de recursos, inclusive visão global, símbolos,

rituais, normas éticas, tradições e (às vezes) estruturas

institucionais. A religião também oferece um meio de

experimentar uma força criativa sustentadora, seja como

uma divindade criadora, uma presença reverenciadora

na natureza, ou simplesmente, a fonte de toda forma de

vida (GARDNER, 2003, p. 180).

Assim, a religião e a espiritualidade têm papel fundamental no desenvolvimento

sustentável de uma comunidade. Dentre as comunidades pesquisadas, este indicador foi

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o mais representativo em termos de valores obtidos, posto que leva a se considerar o

papel importante dessas entidades nas comunidades.

Em Olivença, a pesquisa encontrou diversidade de entidades religiosas, dentre

elas a Igreja Católica, datada do séc. XVII (DÓRIA, 2003), ilustrada pela Figura 15, e

reformada em 1979, conforme na placa da Figura 16.

O indicador de Cultura 5 versa sobre a liberdade nas buscas espirituais, seus

rituais, celebrações e na busca pelo desenvolvimento espiritual individual. Nele buscou

se analisar a existência de liberdade para celebrar a conexão com o divino bem como o

sagrado através das práticas mais diversas representadas pela Igreja Católica, as

Evangélicas (Batista, Congregação Cristã do Brasil, a Igreja Apostólica O Libertador de

Israel), o Grupo de Estudos Espíritas de Olivença, tradições indígenas que não mais

possuem o intuito espiritual e sim de celebração (informação verbal)10

.

Figura 16 - Placa de registro da reforma da Igreja de Nossa Senhora da Escada,em 05 de

10 Nativo de Olivença, pertencente à comunidade indígena.

Figura 15 - Igreja de Nossa Senhora da Escada, em 05 de julho de 2009, dados da pesquisa.

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julho de 2009 dados da pesquisa.

Nessa comunidade, detectou-se uma pacífica e harmoniosa convivência entre as

mais diversas práticas espirituais existentes. Dentre elas, as celebrações e as práticas de

meditação, danças sagradas, benção de alimentos, orações, reuniões grupais, invocações

através de hinos e cânticos, o ritual conhecido como Toré e a participação de grupos

jovens e infantis nessas celebrações. Observou-se também a regularidade desses

encontros não somente em Olivença, mas também em todas as comunidades estudadas,

bem como a valorização dada à sabedoria e experiência dos anciãos. Na Figura 17,

evidenciam-se as fachadas da Igreja Apostolólica O Libertador de Israel e da

Congregação Cristã do Brasil presentes na comunidade de Olivença.

Figura 17 - Painel Fotográfico das igrejas evangélicas encontradas em Olivença, em 05

de julho de 2009 dados da pesquisa

Chama-se atenção para o fato de que no período de alta estação, principalmente,

ocorre elevada presença de visitantes, além de moradores das comunidades próximas

como Águas de Olivença, Cururupe e da cidade de Ilhéus, entre outros, nos principais

tipos de religiosidades encontrados.

Na comunidade de Banco da Vitória, foi encontrada a presença de diversas

entidades religiosas, dentre elas a Igreja Católica, Igreja Universal do Reino de Deus,

Igreja Batista, Assembléia de Deus (3 templos), Candomblé e o Vale do Amanhecer,

(Figura 18). O indicador Cultura 5 envolve a liberdade nas buscas espirituais individuais

e grupais, ritos, celebrações. O que está em análise é a existência de liberdade para a

celebração da conexão com o divino através das práticas mais diversas, como:

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meditação, danças sagradas, bênção dos alimentos, orações, práticas de grupo visando o

aprimoramento pessoal e a conexão com a comunidade, conselhos com líderes

espirituais, canções e cânticos devocionais, invocação ao sagrado nos eventos e

atividades comunitárias.

Essas celebrações devem ocorrer dentro de uma regularidade temporal na

comunidade, em espaços internos e, ou externos, necessitando também existir respeito e

tolerância às mais diversas formas de conexão com o divino. Observou-se a

regularidade desses encontros em todas as comunidades, conforme se verificou em

Olivença, e a valorização da sabedoria e experiência dos anciãos, além de espaços

próprios para essas atividades.

Destaca-se, no Banco da Vitória, a entidade do Vale do Amanhecer, fundada em

Brasília por “Tia Neiva”, e que prega a elevação espiritual através de celebrações

sincréticas envolvendo espíritos, simbologia e dogmas específicos, tendo ainda sua sede

constituída de espaços internos e externos para a convivência e celebração. O Vale do

Amanhecer também se destaca por ser um segmento em constante expansão e que atrai

visitantes das mais diversas localidades do país (BARROCO; DIAS, 2009).

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Figura 18 - Painel fotográfico das Igrejas encontradas no Banco da Vitória, em 25 de

julho de 2009, dados da pesquisa.

No que diz respeito a este item, a presença de entidades religiosas no Salobrinho

é muito marcante, existindo uma igreja Católica e muitas Evangélicas (Figura 19),

sendo que o primeiro registro de uma entidade religiosa foi da Assembléia de Deus

(PEREIRA, 1984). Existe também um terreiro de Candomblé, que não foi entrevistado

por problemas de acesso e de segurança (às margens do Rio Cachoeira).

Na comunidade do Salobrinho, as práticas espirituais e religiosas têm um foco

muito grande em celebrações de missas e cultos regulares, além de programas de

catequese na Igreja Católica, entretanto pouco se vê de congregação entre as diversas

entidades. Os espaços comunitários para esses encontros religiosos são exclusivamente

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internos, como foi visto na Figura 19, e cada grupo se diz satisfeito com suas opções

espirituais.

Figura 19 - Igrejas do Salobrinho, em 15 de agosto de 2009, dados da pesquisa.

Dentro da metodologia aplicada a esta pesquisa (Tabela 01), a comunidade de

Olivença obteve destaque com 57 pontos (Figura 04, p.40) neste indicador, estando em

excelente direcionamento a caminho da sustentabilidade, já o Banco da Vitória, com 40

pontos, e o Salobrinho, com 37 pontos, encontram-se no nível de bom direcionamento a

caminho da sustentabilidade. É válido ressaltar que, nas três comunidades pesquisadas,

as entidades religiosas possuem um papel importantíssimo e fundamental na qualidade

de vida local.

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1.1.6 Indicadores de Cultura 6: Espiritualidade – Paz e Consciência Global

Juntamente com o indicador de Cultura 5, envolvendo os conceitos e ações sobre

este indicador, os locais analisados também apresentaram valores altos. O indicador de

Cultura 6 (Espiritualidade – Paz e Consciência Global) envolve a promoção da Paz e a

busca por uma consciência Global e coletiva. Essas práticas espirituais podem envolver

manifestações com celebrações, danças sagradas, locais para meditação, músicas, shows

de músicas voltados para essas práticas, práticas grupais, buscando o centramento e a

meditação, bem como conselhos com bastão falador ou círculos visando compartilhar

essa espiritualidade, bênção de alimentos, orações, canções e cânticos vocacionais,

invocação ao sagrado nos eventos comunitários.

Ressalta-se ainda sobre a necessidade de regularidade dessas práticas, além da

necessária dedicação, envolvimento e apoio da comunidade, em especial pelos membros

mais velhos, que podem ser consultados como guias espirituais, além de locais

adequados para essas práticas. Contudo, é necessário que exista um fator imprescindível

que está relacionado ao respeito às práticas alheias.

A busca pela espiritualidade também visa à paz e ao respeito ao outro indivíduo,

buscando a criação de um campo energético maior e coletivo para a consecução da paz

e da conscientização coletiva, através de companheirismo e solidariedade no intuito de

atingir a paz interior. Este item reflete sobre a existência de harmonia dentro da filosofia

espiritual das mais diversas entidades, de modo a valorizar as diferenças entre as

pessoas em benefício da comunidade, através de ações que busquem a evolução

espiritual, de modo a conscientizar as pessoas de que fazem parte de um todo maior

envolvendo corpo, mente e espírito. Tudo isso pensando na importância da projeção de

energias emocionais e mentais na vida da comunidade (REDE GLOBAL DE

ECOVILAS, 2009).

É válido destacar que a pesquisa nas três comunidades foi realizada com os

membros das entidades religiosas e com moradores da localidade, onde cada grupo

defendeu a sua doutrina.

Para que a pesquisa obtivesse esses valores (Tabela 01), observou-se que as

diversas entidades estivessem predispostas a oferecer seus serviços a todos que

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necessitam, o que é feito por meio de celebrações, cultos, palestras e diversas

manifestações, com o intuito de buscar a paz e a consciência de seu papel no contexto

mundial.

Os membros da comunidade precisam de liberdade para praticar e celebrar sua

conexão com a criação com o divino, com o sagrado através das práticas escolhidas,

oportunidades de contemplação e desenvolvimento da sua espiritualidade através da

busca espiritual ou através de atividades grupais, em que os temas e as experiências da

espiritualidade devem ser confortáveis e em harmonia, contribuindo para o bem-estar da

comunidade, e não apenas como um gerador de desconforto ou fonte de problemas

individuais.

Em todas as entidades pesquisadas, destacaram-se a práticas de atividades

sociais e a preocupação com os indivíduos mais necessitados, com a oferta de cestas

básicas, a prática de cura espiritual, encontro de casais e programas para os jovens.

Em Olivença, é importante salientar que a Congregação Cristã do Brasil é de

grande importância social, devido a sua ação política de auxílio aos seus membros

desempregados e mais necessitados (informação verbal)11

. Nesse sentido, a comunidade

de Olivença visa à harmonia espiritual, à valorização e ao respeito das diversidades

religiosas, buscando a abertura das mentes para a conexão com o mundo e o equilíbrio

da energia do planeta, oferecendo ainda seus serviços a toda comunidade que os

procure.

De acordo com a metodologia proposta, a comunidade de Olivença destacou-se

obtendo 57 pontos, neste indicador, indicando um excelente direcionamento a caminho

da sustentabilidade desse indicador. Já as comunidades de Banco da Vitória, com 48

pontos, e Salobrinho, com 43 pontos, estão num bom direcionamento a caminho da

sustentabilidade, ficando bem próximo do nível de excelência na busca pela Paz e

Consciência Global (Figura 04).

11 Entrevista a Antonio da Silva Souza dos Santos, cooperador da Congregação Cristã do Brasil, em 10 de

julho de 2009.

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1.1.7 Indicadores de Cultura 7 - Visão Comunitária

Segundo a Rede Global de Ecovilas (2009), esse item relaciona-se com as

qualidades e características comuns encontradas na comunidade além de expressarem os

compromissos envolvendo crenças, valores, práticas espirituais e a unicidade, o bem-

comum da vida comunitária. O conceito de qualidade de vida possui duas vertentes: o

primeiro na linguagem cotidiana e o segundo utilizado apenas no contexto da pesquisa

científica das mais diversas áreas (SEIDL; ZANNON, 2004). Essa dificuldade na

conceituação do termo qualidade-de-vida como sendo uma etérea entidade, sobre a qual

muitos falam, mas ainda não se tem definição formada.

Para a linguagem cotidiana, a qualidade de vida apresenta uma acepção

influenciada por estudos sociológicos nos quais essa qualidade será definida como “a

percepção do indivíduo sobre a sua posição na vida, no contexto da cultura e dos

sistemas de valores nos quais ele vive, seus objetivos, expectativas, padrões e

preocupações" (WHOQOL, 1995, p. 1405).

Essa definição foi utilizada para a consolidação desta pesquisa nas questões

referentes à Sustentabilidade Visão Comunitária, buscando conhecer como a

comunidade se avalia e se sente perante seus valores e crenças.

Ainda de acordo com as definições e os parâmetros da Rede Global de Ecovilas

(2009), utilizados nesta pesquisa, os relacionamentos entre os residentes influenciam na

sustentabilidade comunitária, quando existe equilíbrio entre as qualidades e

características comuns, buscando união e integração em torno de objetivos

comunitários, tanto em crenças, valores e práticas culturais compartilhadas, visando à

unicidade da comunidade como bem comum. É necessário que exista flexibilidade nas

relações, tolerância, respeito à diversidade e superação harmoniosa de conflitos e

dificuldades na busca por uma melhor qualidade de vida.

Segundo a metodologia proposta, a comunidade estaria no caminho certo e

progressivo em direção à sustentabilidade se obtivesse 55 pontos ou mais, entre 29 e 54

pontos, indicariam um bom conhecimento no caminho da sustentabilidade e abaixo

disso a comunidade deveria rever seus posicionamentos, conforme exposto na Tabela

01. O indicador obtido nesta pesquisa para Olivença, neste quesito, foi de 41 pontos

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(Figura 04, p.40), fato que leva a acreditar-se que a comunidade de Olivença está no

caminho certo na busca pela sua sustentabilidade de Visão Comunitária, entretanto,

alguns aspectos ainda precisam ser melhorados, como, por exemplo, um melhor

compartilhamento entre as crenças, valores e união em torno de objetivos comuns, pois

a comunidade de Olivença estava vivendo, no momento desta pesquisa, um conflito

jurídico na questão da demarcação do território indígena. Um ponto bastante positivo

encontrado foi o da boa convivência entre as pessoas da comunidade (informação

verbal)12

, as pessoas se encontram com frequência nos rituais religiosos,

independentemente da prática, jogam futebol, praticam surf e fazem caminhadas

matinais, visitam a zona rural, divertem-se nos rios, na praça, nas aldeias.

No Banco da Vitória, o indicador obtido foi de 21 pontos (Figura 04), o que

indica a necessidade de muitas ações a serem empreendidas para este desenvolvimento

sustentável. Entretanto, existe uma grande divergência em relação à Governança

interna, aos objetivos comuns, a crenças, principios e valores vividos pela população

local. A maior parte da população considera inadequados os padrões de qualidade de

vida ali encontrados, não compartilhando filosofias de vida, nem tampouco espaços

comuns, existindo um sentimento de individualidade crescente e essa comunidade, que

se reune apenas para eventos festivos e para o futebol.

No que diz respeito ao comportamento sexual, muitos conflitos foram relatados,

como, por exemplo, casos de pedofilia e promiscuidade, muitas vezes também

relacionados ao consumo de drogas e à falta de educação básica, além dos aspectos de

pobreza encontrados no local, que afetam diretamente a qualidade de vida da população,

fato esse encontrado nas três comunidades de modo geral.

Os principais problemas encontrados na comunidade do Salobrinho relacionam-

se com a falta de renda e de oportunidade de trabalho, o que reduz muito a autoestima

da população, aliando-se a isso o excessivo consumo de drogas e prostituição

encontrados principalmente entre jovens e adolescentes. Além disso, outro problema é a

falta de espaços comuns para a convivência entre os indivíduos para que possam se

conhecer, trocar experiências e estreitar laços de amizade.

Mais uma vez, o indicador encontrado pela pesquisa para Salobrinho está no

nível ruim, com 14 pontos (Figura 04, p.40), ou seja, indicando uma necessidade maior

de ações para melhorar a qualidade de vida da população, sendo que esse indicador

12 Notícia fornecida por João Batista do Santos, morador da comunidade, em 10 de julho de 2009.

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estaria bom se estivesse entre 28 e 54 pontos e excelente a partir dos 55 pontos. O fato é

que, em uma comunidade como a do Salobrinho, que não tem espaços adequados para

convivência, sem qualquer atividade artística e de lazer, nem presença cultural forte,

dificilmente conseguirá um bom nível de qualidade de vida, uma vez que essa deve ser

percebida pelos moradores locais.

O maior problema informado nas três comunidades foi a presença do consumo

de drogas, especificamente o crack, o abuso constante e legal de álcool e o grande

número de adolescentes grávidas, além da formação de grupos de adolescentes e jovens

violentos e rivais e da ocorrência de prostituição infantil.

1.1.8 Indicadores de Cultura 8: Habilidade na Resposta Comunitária

Relacionado às questões de unicidade, qualidade de vida e dos objetivos comuns

das comunidades (REDE GLOBAL DE ECOVILAS, 2009), verificou-se a habilidade

que existe em agir, se unir e ajudar aos outros membros e, segundo os mesmos critérios

citados no item anterior, a comunidade de Olivença alcançou apenas 19 pontos,

indicando, assim, a necessidade latente de mudar e de se redirecionar a caminho da

sustentabilidade (Figura 04, p.40).

No Banco da Vitória, constatou-se falta de união entre os membros da

comunidade, sendo que essa união só foi encontrada entre membros que professam a

mesma religião. O indicador encontrado pela pesquisa foi de 21 pontos, Figura 04. E na

comunidade do Salobrinho, obteve-se apenas 17 pontos, o que reflete todos os índices

apresentados anteriormente, nos quais, até nos itens de Cultura 5 e 6 que obtiveram

melhores resultados verificou-se necessidades latentes de melhorias .

As três comunidades pesquisadas encontram-se com indicadores ruins no que se

refere à capacidade de união na busca pela solução de problemas, e para que exista

sustentabilidade é preciso comunhão nos objetivos comunitários visando a busca pela

melhoria na qualidade de vida da comunidade.

Pelas entrevistas realizadas, o principal problema foi a possibilidade de ajuda ao

próximo, em que apenas as entidades espirituais afirmaram trabalhar neste sentido.

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Observou-se também um contraste econômico muito grande entre os membros da

comunidade.

As diversas sustentabilidades abordadas neste estudo possuem caráter temporal

podendo ser alteradas para mais ou para menos no decorrer do tempo dependendo do

desenvolvimento das comunidades estudadas. Dentre os itens pesquisados nos

indicadores de Cultura, destacam-se positivamente os itens de Cultura 5 e 6 em todas as

comunidades pesquisadas, realçando a importância do tema para a Sustentabilidade

Comunitária.

Em Olivença, destaca-se a existência inoperante do Centro Cultural, entretanto, a

comunidade obteve, nos Indicadores de Cultural, a melhor avaliação encontrada,

estando de maneira geral com um bom conhecimento a caminho da sustentabilidade

cultural, entretanto, o item indicador Cultura 8 (Habilidade na Resposta Comunitária)

obteve um indicador de 19 pontos, o que reflete na população a necessidade de se unir

em torno de melhorias comuns a todos.

O Banco da Vitória é uma comunidade que, segundo esta pesquisa, possui um

bom conhecimento em direção à sustentabilidade cultural, entretanto, obteve um índice

muito baixo no item Cultura 3 (Artes e Lazer). Destaca-se nela a forte presença do

artesanato (focado no comércio às margens da BR 415) e da gastronomia como modos

de preservação da cultura.

Na comunidade de Salobrinho, encontrou-se um quadro geral negativo em quase

todos os itens, bem como um sentimento de abandono da população local por gestores

governamentais e pela ausência de atuação da UESC (segundo os moradores, esta

universidade os utiliza apenas para pesquisa). Mais preocupantes são os indicadores de

Cultura 1 (Abertura, Confiança e Espaços comuns) e Cultura 3 (Artes e Lazer), os

menores valores obtidos em toda a pesquisa dentre os indicadores de Cultura. De uma

maneira geral, o Salobrinho obteve os piores indicadores em todos os pontos

pesquisados e a população pede socorro (Figura 20).

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Figura 20: Faixa encontrada na comunidade do Salobrinho, em 25 de julho de 2009, .

. dados da pesquisa.

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CAPÍTULO 2 INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE SOCIOECONÔMICA

NAS COMUNIDADES DE OLIVENÇA, BANCO DA VITÓRIA E

SALOBRINHO

Esses indicadores fundamentam-se através de atividades econômicas

sustentáveis, acesso a saúde, educação, e meios de comunicação, bem como a

governança existente na comunidade.

Neste estudo, uniram-se as questões sociais e econômicas devido às suas

interfaces e a influência que um exerce sobre o outro e, para a análise dos indicadores

de sustentabilidade socioeconômicos, foram estabelecidos segundo a Rede Global de

Ecovilas (2009), de economia, fluxo de ideias e informações, formação de redes de

conhecimento, saúde, educação e governança.

Para melhor avaliação desses indicadores, seus valores esperados e obtidos pela

pesquisa encontram-se na Tabela 02. Especificamente eles ficaram agrupados da

seguinte maneira:

Socioeconômico 1: Economia;

Socioeconômico 2: Fluxo das Ideias e da Informação;

Socioeconômico 3: Serviços, Formação de Redes, Assistência e Difusão -

Intercâmbio de recursos (Interno e Externo);

Socioeconômico 4: Educação;

Socioeconômico 5: Saúde;

Socioeconômico 6: Governança - Diversidade; Tomada de Decisões e

Resoluções de Conflitos.

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Tabela 2 - Indicadores de Sustentabilidade Socioeconômica encontrados nas

. comunidades pesquisadas

Indicadores Valores Esperados

Valores Encontrados

Excelente Bom Ruim Olivença Banco

da

Vitória

Salobrinho

Socioeconômico 1 Acima de 50 Entre 25 e 49 Abaixo de 24 12 10 - 02

Socioeconômico 2 Acima de 50 Entre 25 e 49 Abaixo de 24 29 20 20

Socioeconômico 3 Acima de 50 Entre 25 e 49 Abaixo de 24 9 4 5

Socioeconômico 4 Acima de 50 Entre 25 e 49 Abaixo de 24 34 35 31

Socioeconômico 5 Acima de 55 Entre 28 e 54 Abaixo de 28 29 28 23

Socioeconômico 6 Acima de 50 Entre 25 e 49 Abaixo de 24 23 05 12

Total dos Indicadores de Sustentabilidade Socioeconômica 136 102 89

Fonte: Rede Global de Ecovilas (2009) e dados da pesquisa.

A avaliação quantitativa dos indicadores de Sustentabilidade Socioeconômica

apresentada na Tabela 02 destaca positivamente o indicador Socioeconômico 4

(Educação), onde as três comunidades são classificadas com um bom direcionamento a

caminho da sustentabilidade, de acordo com a metodologia adotada. Todos os

indicadores apresentados na Tabela 02 serão discutidos detalhadamente.

A totalização dos indicadores (Tabela 02) mostra que a comunidade de

Olivença, com 136 pontos, está em melhor situação que a comunidade do Banco da

Vitória, 102 pontos, enquanto que a comunidade do Salobrinho obteve a pior pontuação

para esse grupo de indicadores.

2.1 A Economia nas Comunidades de Olivença, Banco da Vitória e Salobrinho

O conceito de economia utilizado nesta pesquisa está de conformidade com a

ciência social que estuda a produção, distribuição e o consumo de bens e serviços,

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significando gerir ou administrar a casa ou comunidade na qual se insere aquela

população (BARROCO, 2009). Em se tratando de economia em pequenas comunidades

turísticas, entende-se como o estudo da origem e da formação do valor turístico, bem

como da sua transformação em renda, mediada pela produção e pelo consumo, e a

forma como esta se distribui na sociedade (LEMOS, 2005).

Os aspectos econômicos de uma comunidade são considerados sustentáveis

quando o fluxo de recursos, de dar e receber fundos e o volume dos bens e serviços

estão equilibrados quando ocorrem, visando satisfazer as suas necessidades e o

compartilhamento de excedentes. Precisa também existir um equilíbrio no

desenvolvimento intersetorial, segurança alimentar e capacidade de modernização dos

instrumentos de produção, além de razoável nível de autonomia na pesquisa científica e

tecnológica e inserção soberana na economia global (SACHS, 2002). Esses dois últimos

aspectos não farão parte do escopo da pesquisa.

Baseia-se, ainda, no incentivo à criação de novos negócios que não produzam

contaminação, não explorem recursos humanos e naturais, bem como, quando a maior

parte da população jovem local não precisa sair da comunidade em busca por trabalho

(REDE GLOBAL DE ECOVILAS, 2009). Além desses fatos, é preciso que os

membros da comunidade sejam incentivados a criar negócios que reforce a economia

local, sem contaminar o ecossistema, utilizando os recursos naturais e humanos sem

explorá-los.

As comunidades estudadas que possuem ações turísticas, conforme descrito, são

Olivença e Banco da Vitória, sendo que, nesta última, considerou-se apenas sua

gastronomia, que, no entanto, ainda precisa melhorar muito nos aspectos de qualidade

de serviços, melhorias estas que precisam ser revistas nos quesitos humanos (preparação

de mão de obra, para atender os consumidores), físicas (instalações internas) e

ambientação (fachadas, estacionamentos), entre outros aspectos.

Apesar de não serem objeto desta pesquisa, os impactos positivos e negativos

decorrentes das atividades turísticas são importantes, pois, de modo geral, afetam a

economia local.

Desse modo, segundo Cooper et al. (2001), o turismo também traz impactos

sociais para uma comunidade e, de modo geral, são causados pela falta de preparo e de

planejamento local e pelo crescimento desordenado da atividade, o que implica em

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maior demanda aos serviços de saúde, transporte e comunicação, além da modificação

dos hábitos e costumes da comunidade receptora. Outros aspectos sociais que a

atividade econômica do turismo desenvolve é a preservação das habilidades artísticas e

artesanais locais ou a degeneração das mesmas, muitas vezes perdendo o seu sentido de

identidade, tendo em vista apenas sua comercialização. Os impactos econômicos, por

sua vez, são gerados pelos gastos dos turistas com hospedagem, alimentos e bebidas,

transportes, comunicação, serviços de entretenimento, comércio varejista em geral,

provocando um efeito em cascata em toda comunidade receptora, aumentando a

circulação de dinheiro no local.

Em Olivença, foram feitos investimentos (Figura 21), principalmente na

infraestrutura da oferta turística (hotéis de alto padrão, área de lazer como o Batuba

Beach e a reforma do parque aquático do Tororomba). Entretanto, é preciso que os

pequenos negócios sustentáveis sejam apoiados e financiados, fato que não acontece nas

comunidades pesquisadas. Nas três comunidades estudadas, não existem oportunidades

de trabalho para a população local, onde muitas vezes é preciso se deslocar para o

centro de Ilhéus em busca de ocupação.

Além de possuir uma razoável oferta dos meios de hospedagem, Olivença possui

muitas casas de segunda residência, pertencentes a pessoas de posses que deixaram de

frequentar Olivença, por causa da explosão do turismo de massa na comunidade e pela

perda do bucolismo de outrora; algumas dessas casas são propriedades de moradores de

outros municípios baianos e, ou de outros estados, como Goiás, Minas Gerais, Distrito

Federal e, também, de outros países. Esses antigos frequentadores deslocaram-se para

locais mais aprazíveis vendendo suas propriedades ou simplesmente alugando seus

imóveis. Na comunidade, ainda existem moradores que saem de seus imóveis, nos

períodos de alta estação turística, para alugar aos turistas menos abastados. Esses

aluguéis para temporada são feitos, na maioria das vezes, com contratos de gaveta e

verbais.

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Figura 21- Painel fotográfico: 1 (turistas no Restaurante Baião de Dois), 2 (Pousada

. Sol e Mar Ibiza), 3 (Pousada Vila Verde), 4 (Locadora Maia e Panificadora

Massa Real), 5 (Cabana 6 Irmãos), 6 (Pousada Praia dos Milagres),

em 10 de julho de 2009, dados da pesquisa.

Hoje são encontrados no local diversos bares, pousadas e restaurantes, onde seus

proprietários reclamam continuamente da ausência de consumidores para seus produtos

e serviços fora da alta estação. É preciso que uma política de redução dos impactos da

sazonalidade seja adotada, visando uma melhor sustentabilidade econômica local,

planejar para atrair compradores, turistas e visitantes.

Por outro lado, o abastecimento de alimentos e bebidas, seja dos meios de

hospedagem, restaurantes, barracas de praia, dos moradores e visitantes, é feito em

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Ilhéus ou Itabuna, apesar de já existir um incipiente comércio desses gêneros.

Encontram-se também, na comunidade, pequenas lojas de artesanato, supermercados,

farmácias, posto de gasolina (Figura 22).

A pesquisa evidenciou que o foco principal da economia local é direcionado

para o segmento de hotéis e pequenas pousadas, barracas de praia e de alimentos e

bebidas. Como resultado da ausência da implementação de um Plano de Diretor,

principalmente, encontram-se sérios problemas no ambiente urbano, como, por

exemplo, o acúmulo de lixo (principalmente nas festividades do Ano Novo), da Puxada

do Mastro de São Sebastião e carnaval, quando as praias e ruas da localidade ficam

extremamente sujas (situação esta que será tratada no Capítulo 03). Outro problema que

afeta a utilização das praias como equipamentos turísticos economicamente sustentáveis

decorre da existência de “línguas negras” sinalizando a ausência de esgotamento

sanitário sustentável desaguando nas praias sem qualquer tratamento, poluindo o mar e

pequenos rios (fatos estes tratados no Capítulo 03).

Figura 22 - Farmácia, posto de combustíveis, loja de artesanato e distribuidora de

. bebidas encontradas em Olivença,em 10 de julho de 2009, dados da pesquisa.

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Ainda em se tratando do comércio local, a pesquisa evidenciou uma locadora de

veículos (Locadora Maia), a sorveteria Sensação, a Ecofarma, algumas panificadoras e

distribuidoras de bebidas, e pequena casa de material de construção.

O processo econômico, conforme descrito anteriormente, não satisfaz, segundo a

pesquisa, as necessidades da população, principalmente a fixa, devido à falta de

pequenos negócios sustentáveis, além de ainda ocorrer a utilização de práticas já em

desuso, como o escambo, principalmente entre os indígenas, referida pela Rede Global

de Ecovilas (2009), prática essa necessária para comunidades com características

atrasadas.

Destaca-se, em Olivença, o complexo turístico Batuba Beach (Figura 23) como o

mais completo equipamento de lazer local, e que vem tentando manter em

funcionamento um empreendimento turístico com marketing voltado para as classes

economicamente mais abastadas. Entretanto, seu modelo é cópia das cabanas de praia

ou complexos turísticos característicos de Porto Seguro-Bahia, sem buscar o seu próprio

diferencial e direcionamento ao turista que visita o local.

Figura 23 - Complexo Batuba Beach em 31 de dezembro de 2009, dados da pesquisa.

O Batuba Beach realiza há quatro anos, o mais badalado réveillon local, tendo

atendido na festa de 2009/2010 cerca de 20 mil pessoas vindas de vários estados,

inclusive alguns turistas internacionais. Este evento teve início em 26 de dezembro de

2009, e seu encerramento ocorreu no dia 02 de janeiro de 2010, contando com animação

de atrações nacionais e regionais, além de um variado serviço de alimentos e bebidas,

área VIP para 4.000 pessoas (Figura 24), pista com distribuição de cerveja para 10.000

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pessoas, queima de fogos, atraindo grande número de pessoas para o evento e para suas

imediações (Figura 25). Entretanto, esse evento gerou uma quantidade muito grande de

lixo nas suas imediações (Figura 26), causando um impacto negativo para as praias e

meio urbano.

Figura 24 - Festa de Reveillon 2009/2010 no Batuba Beach,em 01 de janeiro de 2010,

dados da pesquisa

Figura 25 - Concentração popular na praia de Batuba para ver a queima de fogos do...

.................. Batuba Beach e comemorar a chegada do ano de 2010, em 31 de janeiro de

2009, dados da pesquisa.

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Figura 26 - Lixo nas imediações do Batuba Beach durante as festas do Reveillon . . . . .

. . 2009/2010, em 31 de janeiro de 2009, dados da pesquisa.

Este complexo possui ainda serviços de gastronomia, massagem, áreas de lazer,

área para shows e eventos com capacidade para até 20.000 pessoas, loja de

conveniências e piscinas e a única loja de artesanato tupinambá da comunidade.

Além disso, vêm ocorrendo diversos campeonatos de surfe na localidade,

precisamente na cabana Batuba Beach, destacando-se o Panamericano de Surfe

realizado no local no mês de novembro de 2009, com a presença de delegações de

diversos países. Esse esporte é tão característico no local que o campeão do ano de 2009

é morador da comunidade há 20 anos e competiu nas finais utilizando pinturas

indígenas.

Além da badalada praia de Batuba, existem as praias do Back Door e a praia dos

Milagres. Na praia do Back Door, a atividade que mais se destaca é a prática do surfe,

ocorrendo campeonatos desta prática. Já na praia dos Milagres, suas atividades são

focadas no segmento de alimentos e bebidas, com diversas cabanas, destacando-se a

Cabana 6 Irmãos, com saborosos frutos do mar e cerveja gelada, e outras como Canoa,

Iemanjá, Cabana e Restaurante Styllus. No segmento de restaurantes, Olivença possui

uma diversidade de possibilidades para satisfazer os desejos dos turistas como: o Baião

de Dois (com comida típica regional nordestina, peixes, moquecas e mariscada com

serviços self-service e à la carte); Gulas e Goles (galinha caipira e iguarias regionais);

Bharmacia Homeotípica (mais de 20 anos em cachaçaria e pizzaria); Terra Brasillis

(petiscos diversos); Espetinho do Pedrão (espetinhos e shows ao vivo na alta estação);

Zena (comida caseira); Cantinho da Maura (comida caseira e regional); Frigideira

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Baiana (picanha na pedra), além do Restaurante Tororomba localizado no Balneário

Tororomba.

Ainda no que diz respeito à economia local, a pesquisa destacou a fabricação de

barcos artesanais feita por um grupo de pescadores, cuja atividade atende

principalmente as necessidades próprias, não fazendo para comercialização (Figura 27).

Figura 27 - Fabricação artesanal de barcos de pesca em Olivença, em 25 de julho de

2009, dados da pesquisa.

Além disso, não existem programas de treinamento para a qualificação em

hotelaria, alimentos e bebidas, bem como gestão de empreendimentos turísticos dos

habitantes nas comunidades pesquisadas, bem como a ausência de dias de feiras livres,

como ocorrem em quase todas as localidades com características semelhantes,

chamando atenção especificamente para feiras de artesanato. Tais situações leva o

residente local a buscar quase que diariamente, no município de Ilhéus, bens e serviços,

para suprir suas necessidades (inclusive os serviços de saúde). Tais observações levam a

ponderar sobre as necessárias ações que visem estimular o desenvolvimento

socioeconômico local.

Com relação à população indígena representada pelos Tupinambás, a pesquisa

evidenciou a falta de oportunidades de trabalho, ausência de produtos agroindustriais

para comercialização, com exceção da pequena produção da mandioca, consumida na

confecção de diversos produtos, sendo que o excedente é comercializado nos

municípios da região. Tal situação foi gerada pela crise de conflitos, inicialmente pela

ausência de demarcação das terras da reserva indígena e mais recentemente, pela não

homologação dessa reserva.

Os indígenas, como explicado, por não terem alternativas, trabalham em terras

vizinhas às aldeias, ou como empregados domésticos (com rendas inferiores ao salário

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mínimo), além da comercialização de alguns produtos artesanais na alta estação,

caracterizando-os como uma comunidade sem renda, onde a miséria é comum nas

aldeias pesquisadas.

Conforme visto nas considerações sobre a comunidade de Olivença, a presença

do turismo nessa localidade necessita de estudos para alicerçar seu desenvolvimento,

assim como buscar meios de produção que utilizem e não explorar os recursos humanos

e naturais disponíveis.

A comunidade do Banco da Vitória, como descrito no capítulo anterior, deseja

se consolidar, através de ações de turismo cultural, como um pólo gastronômico e de

artesanato para moradores da região e visitantes, conforme os entrevistados. Sua

economia procede de produtos de subsistência, comercialização de pescado, caranguejo,

siris, frutas, além daquelas decorrentes de gastronomia (alimentos, empregos,

transportes, postos de gasolina e poucos negócios comerciais).

Segundo Coriolano (2005), a pobreza e a falta de recursos numa comunidade são

o maior inimigo para o desenvolvimento sustentável, sendo assim, a comunidade do

Banco da Vitória, local onde se pretende implementar um pólo gastronômico como

visto no capítulo anterior (já com um pequeno incentivo no valor de R$ 500 mil por

parte do Governo do Estado), necessita estabelecer modelos sustentáveis com vistas à

utilização dos seus recursos disponíveis visando o seu desenvolvimento.

A economia local procede de restaurantes especializados em marisco, peixes,

moranga recheada com camarão, pitus e churrascos, cujo “carro chefe” é o mamilo na

brasa e farofa de banana-da-terra, e recentemente, um estabelecimento especializado em

produtos de milho, todos eles localizados às margens da BR-415 (Figura 28), além de

artesanato. Esses restaurantes considerados de base familiar, em sua maioria, são

importantes para a economia local, pois trazem os segredos de suas receitas guardadas e

transmitidas de uma geração a outra, fato este que vem atraindo muitos visitantes e

turistas para se deliciar com estas iguarias.

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Figura 28 - Painel fotográfico de alguns restaurantes do Banco da Vitória, em 28 de

julho de 2009, dados da pesquisa.

Tradicionalmente, o hábito de comer churrasco no Banco da Vitória, iniciou-se

nos tempos áureos do porto fluvial, quando naquela época, seus moradores e

comerciantes circunvizinhos que vinham até a comunidade praticar comércio, matavam

e assavam bois e porcos nas imediações do matadouro municipal, e comendo-os nos

bares da localidade. Esse hábito pitoresco foi iniciado por Naftal de Souza (funcionário

da prefeitura de Ilhéus) no bar de “seu Dico”.

O primeiro comerciante local a ver nesse hábito uma oportunidade comercial foi

o próprio Dico, iniciando assim um novo ciclo comercial local, ou seja, as churrascarias

do Banco da Vitória, famosas pelas suas carnes grelhadas, tornando o “cupim de boi”

(chamado de mamilo) tão conhecido quanto os pitus e robalos do Rio Cachoeira. Em

dezembro de 2009, foi inaugurada uma churrascaria no Posto de Combustíveis Nego

Novo 2, que, além de serviços de rodízio, oferece carnes de javali e de jacarés. No

painel da Figura 29, no sentido horário, estão algumas das iguarias encontradas no

Banco da Vitória, churrasco de mamilo, cocada, petiscos de camarão e camarão na

moranga.

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Figura 29- Iguarias disponíveis no Banco da Vitória, dados da pesquisa e no site . . . .

....................www.bancodavitória.com.br (2009)

Como afirmado anteriormente, além da gastronomia, destaca-se a produção e

comercialização de produtos artesanais que, de conformidade com Cascudo (2000), é

todo objeto utilitário, caracteristicamente folclórico não importando qual a sua

constituição material, e para Horodisky (2006) e Ruschmann (1999), essas peças são

produzidas para uso rotineiro e a maneira de produzir é a mesma por gerações, podendo

ter a matéria-prima adaptada às novas necessidades da população.

O fato é que o comércio do artesanato, principalmente em comunidade turísticas,

acaba interferindo nas suas características, visto que o consumidor exige um padrão

estético e auxiliando o desenvolvimento socioeconômico da localidade (CASCUDO,

2001). Entretanto, é preciso valorizar as técnicas de produção evitando copiar outras

mais atrativas ao turista. Por isso é que, em muitos lugares, encontra-se o

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“industrianato” (produtos baratos produzidos industrialmente que são rotulados como

artesanais).

A comunidade do Banco da Vitória tem um forte traço no artesanato de madeira,

argila, cimento e cipó, sendo que o material utilizado é, na sua maioria, reciclável ou

colhido na mata. São encontradas estátuas de barro e de cimento, utensílios domésticos,

elementos decorativos de madeira, móveis, dentre tantos outros, sendo que, em geral,

esses produtos são produzidos e comercializados também às margens da BR – 415,

rodovia Ilhéus-Itabuna. Apesar de não possuir um traço característico próprio do local,

como foi o caso de Olivença, encontram-se produtos que podem ser adquiridos em

qualquer lugar do Nordeste brasileiro, como pode ser observado nos painéis das Figuras

30 (barro), 31 (madeira) e 32 (argila).

Figura 30 - Artesanato em barro encotrado no Banco da Vitória, em 01 de agosto de

2009, dados da pesquisa.

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Figura 31 - Artesanato em madeira encontrado no Banco da Vitória, em 01 de agosto de

2009, dados da pesquisa.

Figura 32 - Artesanato em argila encontrado no Banco da Vitória em 01 de agosto de

2009, dados da pesquisa.

Entre seus artesãos, destaca-se Ricardo e Lucas, que trabalham com materiais

recicláveis, como garrafas pet (Figura 33), fachada da loja de artesanato com claraboias

de garrafas pet, placa entalhada em madeira, detalhes das claraboias, artesanto

produzido em madeira, e que podem ser utilizadas como material de construção (ver

Capítulo 03) e figuras em formato humano e de animais aproveitando a forma de raízes

e galhos secos, além de placas entalhadas. Outros artesãos afirmaram não explorar

recursos naturais e sim utilizar material morto.

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V

Figura 33 - Artesanato Ricardo & Lucas, em 01 de agosto de 2009, dados da pesquisa.

Como atrativos turísticos, existem ainda as trilhas nas Reservas de Preservação

Permanente (RPPN) Mãe da Mata (principal atrativo fauna e flora da mata atlântica) e

Arte Verde (arborismo e trilha sensorial para deficientes visuais), no caminho das

Semarias, com capacidade para até 20 pessoas (informação oral)13

. Encontram-se

também, no local, lojas de material de construção (Figura 34). Outro destaque do Banco

da Vitória é a empresa Ambiental Equipamentos e Serviços, com o objetivo de atender

o setor industrial com a fabricação de blocos de cimento, pisos e outros na área de pré-

moldados, serviços e construções para atender o setor privado e público.

Figura 34- Ambiental Ilhéus e loja de material de construção, em 01 de agosto de 2009,

dados da pesquisa.

13 Entrevista a Fabíola Paes Leme, pesquisadora do local, realizada no dia 05 de março de 2009.

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A pesquisa encontrou também uma fábrica de tijolos ecológicos, para construção

civil, e um intenso comércio de frutas (coco, banana, jaca, cupuaçu, jambo, jenipapo,

graviola) e diversas peixarias (Figura 35).

Figura 35 - Comércio típico do Banco da Vitória - Fábrica de Tijolos Ecológicos,

peixarias, barracas de coco e frutas, 30 de julho de 2009, dados da pesquisa.

O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), programa criado em 2003 pelo

Governo Federal, foi implementado em 2008 no Banco da Vitória, mais precisamente

no assentamento Frei Vantuy, que comercializou, em 2009, 15.8 toneladas de alimentos

representando R$ 115,5 mil. Isso permite ao Governo Federal adquirir alimentos

produzidos por agricultores familiares e assentados através da reforma agrária, visando

atender pessoas beneficiadas por programas sociais, além de colaborar para a formação

de estoques estratégicos do governo.

Em dois anos de existência, o PAA permitiu que 33 famílias deste assentamento

mudassem suas vidas. A UESC também é parceira desse projeto proporcionando

treinamento na produção de frutas desidratadas negociadas com o Governo Federal.

Graças a esses incentivos, as famílias assentadas construíram uma sede para

uma agroindústria melhorando a autoestima dos seus jovens. Para este ano de 2009, a

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expectativa é de uma arrecadação de R$ 139 mil com a venda de alimentos ao PAA e

ainda a inserção da sua produção no roteiro turístico da BR 415 (Ilhéus – Itabuna)

visando a comercialização turística (MELO, 2009).

Em junho de 1974, a Petrobrás viu a possibilidade de existência de petróleo na

região do município de Ilhéus, especificamente no entorno de Banco da Vitória. Esse

acontecimento gerou alvoroço na comunidade e na região, e diversos moradores

afirmaram que havia petróleo em seus quintais o que, na verdade foi constatado que se

tratava de chorume vindo do cemitério. Infelizmente para a comunidade, esse fato durou

apenas uma semana e a comitiva da Petrobrás deixou a comunidade em direção ao

município de Camamu, deixando um rastro de frustração na cidade, gerando boatos

sobre a existência de petróleo, diamantes, esmeraldas, rubis e ouro, e que a Petrobrás

lacrou os poços para exploração futura.

A comunidade de Salobrinho, conforme citado no capítulo anterior, está

localizada a 16 km do centro de Ilhéus e a 12 km de Itabuna (considerado centro

comercial da região), com agricultura de cacau e de subsistência. Um importante fato

para esta localidade foi a escolha para a construção da UESC. Em vista da necessidade

de moradia para os estudantes, existem diversas repúblicas, bares e restaurantes de

comida a quilo, pontos comerciais, e locais para eventos festivos.

Constatou-se, através da pesquisa, que não existe oportunidade de emprego para

a mão-de-obra local e, neste sentido, a maior parte da população busca empregos na

cidade de Itabuna ou em Ilhéus. Contudo, foi evidenciada uma população extremamente

necessitada em todos os sentidos, sem qualquer oportunidade de sobrevivência, onde

muitas famílias sobrevivem com ajuda de entidades sociais, através de doação de roupas

e alimentos, e treinamento para que possam conseguir alguma colocação e

consequentemente alguma renda.

Em vista da extrema miserabilidade da localidade, existem poucas oportunidades

para empreender negócios sustentáveis. Encontraram-se algumas pequenas lojas de uma

ou duas portas, para a comercialização de doces e salgados, água de coco e caldo de

cana, uma farmácia, vestuário, pequenos mercadinhos, lojinhas de uma porta para

material de construção, alguns restaurantes populares para atender exclusivamente aos

estudantes universitários (a frequência tem sido mínima devido aos serviços disponíveis

no restaurante universitário da UESC) e uma marcenaria com confecção de móveis. No

painel da Figura 36, encontra-se, em sentido horário, um restaurante self-service,

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entretanto a qualidade de serviço no local é extremamente precária, necessitando de

melhorias em higiene, instalações e atendimento; o posto de gasolina local; a farmácia;

e o restaurante universitário.

Figura 36 - Comércio do Salobrinho Restaurantes, Posto de Gasolina, Farmácia,

Restaurante Universitário, em 20 de agosto de 2009, dados da pesquisa.

Para que as pessoas dessa comunidade possam melhorar, torna-se necessário a

execução de programas de capacitação e treinamento, com vistas às necessidades locais

ou externas, as quais podem continuar a serem oferecidos pela UESC e o SEBRAE.

Chama-se atenção que essas entidades oferecem alguns cursos esporadicamente.

Por causa do grande número de estudantes, destaca-se, no local, a existência de

diversos bares, sendo mais famoso “O Inferninho”, que, além de funcionar como bar

ainda realiza eventos e shows atraindo milhares de visitantes, oportunizando, para os

moradores locais o comércio de alimentos e bebidas à frente deste estabelecimento. O

precussor dos eventos nesta localidade foi a fazenda Bataclan, localizada nas

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imediações do local, realizando esporadicamente shows e festas, como o Feijão com

Pagode – seu primeiro evento no ano de 2000.

Nas comunidades pesquisadas, não existem instituições financeiras, nem postos

eletrônicos disponíveis para a população. No Salobrinho, já houve uma casa lotérica,

porém, sua comunidade é atendida pelos postos bancários existentes na UESC, que só

podem ser utilizados durante o horário das aulas, por qualquer indivíduo independente

da sua residência, o que até certo ponto vem beneficiar esta localidade principalmente

aos comerciantes. No Banco da Vitória, já existiram caixas eletrônicos da Caixa

Econômica Federal e do Bradesco.

2.2 Indicadores de Sustentabilidade Socioeconômica

Os indicadores socioeconômicos encontrados pela pesquisa para as comunidades

pesquisadas estão apresentados na Figura 37 e serão detalhados nos itens a seguir.

Destaca-se, na figura, a melhor situação da comunidade de Olivença e a situação

precária do Salobrinho.

Figura 37 - Indicadores de Sustentabilidade Socioeconômica, dados da pesquisa.

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2.2.1 Indicador Socioeconômico 1 – Economia

De acordo com a metodologia aplicada, listados na Figura 37, a comunidade de

Olivença, neste indicador, apresentou apenas 12 pontos (Tabela 02), decorrente de suas

atividades econômicas que ocorrem, principalmente durante os feriados, fins de semana

com sol e durante o veraneio, conforme já afirmado por Dória (2005), em sua pesquisa,

enquanto, durante outras épocas do ano, esta atividade econômica praticamente inexiste,

segundo entrevistados. Tal pontuação coloca essa comunidade numa posição ruim em

relação ao indicador socioeconômico 1.

Os indígenas, infelizmente, não acrescentaram qualquer “valor econômico” na

análise deste indicador. Vários foram os motivos, inexistência de trabalho, vilipendiados

ao longo do tempo, explorados, humilhados e, pior, também abandonados pela FUNAI.

Por outro lado, a cultura indígena poderia ser mais bem aproveitada e utilizada como

produto turístico cultural, entretanto, nem os próprios índios Tupinambás têm

consciência do seu valor na atual conjuntura social, nem em que tipos de produtos

poderiam ser aproveitados. Chama atenção que a sociedade, a FUNAI, e outras

entidades poderiam se responsabilizar e conscientizar esses indígenas, não somente

formatando esses produtos para apresentação em diversos eventos, bem como

orientando e capacitando seu artesanato para uma melhor apresentação e acabamento,

sem, contudo, descontextualizar sua identidade.

Na comunidade do Banco da Vitória, esse indicador obteve 10 pontos (Figura

37), situando-se, também, na faixa ruim, apesar das ações gastroeconômicas que

ocorrem na localidade, sem qualidade de serviço e desprezando o ratio preço/qualidade,

venda de artesanato, muitas vezes industrianato (características típicas locais),

comercialização de peixes, frutos do mar e frutas das mais diversas. O maior problema

encontrado foi a falta de preocupação com a utilização dos recursos naturais, sem que se

preocupe com sua preservação. Durante a pesquisa, quando se perguntou o que é

sustentabilidade aos moradores (das três comunidades), eles indicaram apenas a falta de

emprego local, fazendo com que seus moradores se desloquem a municípios da região

em busca de trabalho e sustento.

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A situação mais preocupante entre as três comunidades pesquisadas foi a do

Salobrinho, onde o índice encontrado foi de -2 pontos (Figura 37), indicando uma

situação gravíssima decorrente da falta de oportunidades, de condições para

sobrevivência, bem como a falta de ações econômicas como sendo a grande responsável

para impedimento para o desenvolvimento sustentável local. Observam-se, na Figura

37, as diferenças de pontuação ocorrida entre as comunidades estudadas, chamando-se

atenção que as localidades pesquisadas estão em situação precária nos indicadores.

2.2.2 Indicador Socioeconômico 2 – Comunicação: Fluxo das Ideias e da Informação

A comunicação tratada neste estudo fundamenta-se no conceito de Torquato

(2004), em que a informação tem seu escopo ampliado para outros terrenos e espaços,

envolvendo pessoas, associações, federações, escolas, clubes, partidos ou segmentos

políticos. É tratado também como um intercâmbio de informações entre sujeitos e

objetos, através de símbolos e sistemas.

A sustentabilidade da comunicação é uma vertente da sustentabilidade definida

pela Rede Global de Ecovilas (2009), e está caracterizada quando existem

oportunidades e tecnologias de comunicação adequadas dentro das comunidades para a

conexão com o mundo. Também é necessária a existência de espaços e sistemas

disponíveis que apoiem e maximizem a comunicação, as relações sociais e o

desenvolvimento da comunidade (produtividade ou intelectual), além da existência de

facilidade no fluxo de informações dentro dela.

De acordo com a metodologia utilizada nesta pesquisa, o indicador

Socioeconômico 2 (Fluxo das Ideias e da Informação) trata da fluidez da informação

entre os membros da comunidade, com o intuito de buscar um caminho sustentável nas

relações entre indivíduos e organizações existentes (igrejas, associações, empresas

privadas e governo). Essa comunicação trata sobre o fluxo de informação nas

comunidades, envolvendo as mais diversas organizações através de símbolos e sistemas,

sua sustentabilidade está relacionada à existência de oportunidades e tecnologias de

comunicação adequadas para a sua conexão com mundo. Trata também da fluidez da

informação entre os membros de uma comunidade, com o intuito de buscar um caminho

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sustentável nas relações entre indivíduos e organizações existentes. A comunicação

permite às pessoas compartilhar informações, fomentando o modo de pensar e

direcionando o desenvolvimento local de modo a organizar suas rotinas. Graças à

comunicação, esses indivíduos criam significados, trocam e respondem mensagens,

dando a essa informação significados criados pela interpretação dos dados absorvidos

(CERUL, 2007).

Dentro deste prisma, a comunicação, deve ser utilizada com o intuito de

cooperar com o desenvolvimento sustentável e organizando a comunidade.

Para que uma comunidade seja sustentável em relação ao indicador

Socioeconômico 2, é preciso que os sistemas comunicacionais funcionem regularmente,

garantindo à população acesso aos meios de comunicação para que possam trocar

informações, estabelecer relacionamentos e se conectar com o mundo através de

telefone, fax, internet e serviço regular de Correios, onde a informação se torna

mediadora da conexão com o mundo.

Sobre o assunto, a comunidade de Olivença dispõe de serviço regular de

telefone, internet, fax e Correios (funcionando no Balneário Tororomba), entretanto,

segundo a pesquisa, são poucos os moradores que sabem utilizar essas ferramentas de

comunicação. A pesquisa encontrou na comunidade diversos pontos de telefonia

pública, cobertura de telefonia celular de todas as operadoras existentes na região e lan

houses (essas normalmente utilizadas apenas por crianças e adolescentes). Segundo os

entrevistados, a população local não possui empregos na localidade, e existe, entre os

moradores, um baixo índice de escolaridade (o maior percentual de escolaridade

encontrado foi até o quarto ano do ensino fundamental), e por isso a internet é um meio

subutilizado, mesmo existindo programas disponíveis de inclusão digital no Centro

Cultural de Olivença e na escola estadual.

No Banco da Vitória, o serviço de correio é regular, bem como a telefonia

pública e privada; a internet, porém, é utilizada apenas por uma parte da população.

Dentre os sistemas de comunicação, destaca-se a localização de uma emissora de rádio

FM - Gabriela FM, e a existência de um blog da comunidade onde as pessoas se

manifestam a respeito da situação do local.

Existe ainda uma emissora de rádio via internet, conhecida localmente como a

rádio oficial do Banco da Vitória, com seleção musical, informes, anúncios e

propagandas o endereço eletrônico da rádio é http://radiobancodavitoria.blogspot.com/.

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No Salobrinho, mesmo a comunidade tendo acesso a internet em duas lan

houses, telefonia celular, telefonia pública e privada disponível, os serviços de Correios

(Figura 38) não funcionam regularmente e, muitas vezes, deixam a população local sem

acesso a diversas informações. Assim também ocorre com a telefonia fixa e móvel (esta

em melhor situação).

Figura 38 - Posto dos Correios no Salobrinho, em 20 de agosto de 2009, dados da

pesquisa).

Após a coleta e cálculo dos dados (Figura 37), a comunidade de Olivença obteve

29 pontos, indicando uma boa situação a caminho do desenvolvimento sustentável, já as

comunidades de Banco da Vitória e Salobrinho obtiveram 20 pontos cada, estando

conforme metodologia adotada, numa situação ruim no direcionamento a

sustentabilidade, porém muito próximo do nível bom dentro desta metodologia. Para a

obtenção da excelência no fluxo de ideias e informações, muita coisa ainda precisa ser

feita.

2.2.3 Indicador Socioeconômico 3 - Serviços, Formação de Redes, Assistência e

Difusão - Intercâmbio de recursos (Interno e Externo) para a comunicação

Esse indicador trata sobre a disponibilidade da informação para a população de

uma comunidade, visando o intercâmbio de recursos econômicos e tecnológicos entre

os moradores e o mundo, e a busca de métodos de vida sustentável. Além disso, esse

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indicador socioeconômico leva em consideração a utilização da informação na busca de

assistência aos mais necessitados.

Outro ponto importante nesse indicador é a construção de relações e

intercâmbios com outras comunidades e organizações que possam ter interesse numa

melhor qualidade de vida local.

Qualquer comunidade deverá estar conectada com o mundo por diversos meios

de comunicação, em que esses veículos de informação potencializam a interação do

homem com o mundo globalizado, gerando diversos conflitos entre as culturas locais

(identidade cultural) e o comportamento mundial e, nesse sentido, as comunidades

pesquisadas podem utilizar esses veículos de informação para fortalecer e melhorar sua

qualidade de vida.

Em Olivença, as lan houses (Figura 39) encontradas estão sendo utilizadas

praticamente pelos mais jovens. Esta comunidade possui diversas páginas na internet

com informações sobre produtos turísticos, um pouco da sua história e suas

características geográficas, entretanto, a interação entre os membros da comunidade e o

mundo globalizado ainda é mínima, segundo os entrevistados. Mesmo existindo

programas de inclusão digital, a utilização das redes para o desenvolvimento sustentável

ainda é incipiente. Segundo os moradores locais, essa inserção acontece apenas durante

o ano letivo e no Centro Cultural, que também possui placas alusivas a inclusão digital,

não vem funcionando, deixando a população carente deste serviço.

Figura 39- Lan House, localizada no centro de Olivença, em 05 de julho de 2009, dados

da pesquisa

O Governo Estadual implantou na comunidade indígena um Centro Digital de

Cidadania com vistas à inclusão sociodigital. Esse programa foi instalado na Associação

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Cultural e Ambientalista dos Índios Tupinambás de Olivença, com o intuito de

promover o acesso das aldeias tupinambás à informática, melhorando o seu nível

educacional e cultural, respeitando suas diferenças, além de buscar um equilíbrio na

convivência entre os povos e melhoria na geração de emprego, renda e qualidade de

vida dos indígenas.

No Banco da Vitória, esse indicador reflete a falta de circulação da informação e

da utilização dos meios existentes para a melhoria do padrão de vida comunitária,

mesmo existindo uma emissora de Rádio FM e um blog sobre o bairro. As reclamações

mais constantes, segundo os entrevistados, são com relação ao saneamento, educações,

emprego e saúdes. Tais reclamações, mesmo com a existência de meios dessas

informações para a formação de redes e o alcance na melhoria na qualidade de vida, a

comunidade não vem utilizando-os com frequência.

Segundo o presidente da associação de moradores, ele utiliza esses sistemas de

comunicação para buscar soluções para a comunidade, entretanto, segundo moradores

entrevistados, essa liderança não é legítima e nem aceita, sendo esse assunto tratado no

indicador de Governança no Banco da Vitória.

Sobre os sites e blogs encontrados evidenciando a comunidade, destaca-se o

bancodavitoria.com.br que disponibiliza notícias, informes e matérias sobre a história e

sobre os principais acontecimentos locais, além do blog bancodavitoria.wordpress.com

com informações atualizadas sobre a comunidade e páginas de relacionamento Orkut

disponibilizam fotos, informações e curiosidades.

A pesquisa detectou que a população do Salobrinho tem possibilidade de acesso

a uma lan house, porém a formação de redes para a busca por soluções sustentáveis na

melhoria das condições de vida é muito incipiente. Assim como, na maioria dos outros

indicadores, a população do Salobrinho está em péssima situação; mesmo existindo

acesso a redes de informação, a população não sabe utilizá-la devido ao desinteresse nos

aspectos relacionados com a vida comunitária.

Tratando dos valores encontrados para o Indicador Socioeconômico 3 (Figura

37), as três comunidades pesquisadas encontram-se em péssima situação, onde Olivença

alcançou 9 pontos, Banco da Vitória, 4 pontos, e Salobrinho 5 pontos, caracterizando-

os numa situação ruim e necessitando de muitas ações para que empreendam o caminho

da sustentabilidade. Observa-se, ainda, conforme metodologia aplicada e ilustrada na

Figura 37 o nível ruim situa-se em até 24 pontos, e as comunidades pesquisadas ficaram

muito longe do caminho desse valor esperado de sustentabilidade.

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2.2.4 Indicador Socioeconômico 4 – Educação

A educação é uma das maiores ferramentas para a formação intelectual, moral,

política e espiritual do ser humano, assim o conceito de educação utilizado neste estudo

foi pautado no desenvolvimento significativo da informação disponível para os cidadãos

(BENJAMIN, 2009). Como uma ferramenta para o desenvolvimento e disponibilização

de informação para o crescimento pessoal, ela é sustentável, quando desperta

consciência e valoriza os indivíduos através de oportunidades para todos os níveis e

faixas etárias, além da necessidade de intercâmbio comunitário de conhecimento e

experiências, pela participação dos anciãos e pela inclusão das crianças e dos jovens no

sistema educativo e na vida comunitária (REDE GLOBAL DE ECOVILAS, 2009;

SACHS, 2002).

A educação de uma comunidade, portanto, caracteriza-se como sustentável,

quando existe uma consciência e valorização pelo crescimento pessoal, pelo processo de

ensino-aprendizagem e pelo estímulo a criatividade. É preciso também que na

comunidade, existam oportunidades e disponibilidades, para a evolução intelectual do

indivíduo em todos os níveis e faixas etárias e sociais, e uma variedade de meios

educativos.

Entre as comunidades estudadas, Olivença possui três escolas, sendo uma

municipal (Escola Nucleada de Olivença), uma estadual (Escola Estadual Jorge

Calmon) e uma particular (Escola Cantinho do Saber), painel da Figura 40, oferecendo

cursos que vão do maternal ao ensino médio, além de programas de inclusão digital na

escola estadual e no Centro Cultural de Olivença, já tratado no capítulo 01.

Figura 40 - Painel das escolas em Olivença, em 05 de julho de 2009, dados da pesquisa.

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Para que a comunidade em questão atinja a excelência a caminho da

sustentabilidade, torna-se necessário empreender ações de intercâmbios e encontros

comunitários para a troca de experiências, inclusão das crianças em atividades

extracurriculares, envolvimento das famílias no processo de educação, programas de

desenvolvimentos de habilidades e vocações, além do estímulo da educação a todas as

faixas etárias e melhoria na utilização dos espaços existentes.

No que tange à população indígena Tupinambá, a existência da Escola Indígena

Tupinambá de Olivença (EITO), na região da Sapucaeira, tem o objetivo de atender a

4000 índios, e onde foram investidos 1.062 milhões, oferecendo 720 vagas do ensino

fundamental, beneficiando as 23 comunidades Tupinambás existentes. Nessa escola, as

crianças têm aulas de tupi e, como atividade física, praticam o uso do arco e flecha, e,

nas aulas de educação artística, aprendem a fazer artesanatos com sementes,

caracterizando a educação escolar integradora.

Relativo ao Banco da Vitória, essa comunidade possui uma escola municipal, a

Escola Municipal Herval Soledade, com cinco núcleos espalhados na própria localidade,

Figura 41. Segundo os entrevistados, tentou-se, no início do ano, a implantação de um

projeto de aceleração escolar que não se concretizou devido à falta de adesão da

população. A pré-escola é feita em pequenas unidades particulares, na maioria das vezes

em seus próprios domicílios.

Figura 41 - Escola Municipal Herval Soledade e anexos, em 28 de julho de 2009 dados

da pesquisa.

Chama a atenção a excelência qualitativa do ensino gratuito oferecido pelas

irmãs religiosas no Retiro Nossa Senhora do Carmo, ao longo da BR-415, Figura 42, e

que poderia ser trabalhado como atrativo turístico, devido ao seu bucolismo, sua beleza

natural e arquitetônica.

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Figura 42 - Retiro Nossa Senhora do Carmo, em 28 de julho de 2009, dados da

pesquisa.

No Salobrinho, foram encontradas, pela pesquisa, escolas nas igrejas

evangélicas, uma escola estadual e uma escola municipal divida em três núcleos, e

quatro escolas privadas que cuidam de crianças na pré-escola. Segundo os moradores

entrevistados, tentou-se implantar o PROJOVEM (Programa Nacional de Inclusão dos

Jovens), com o objetivo de oferecer elevação do grau de escolaridade, objetivando a

inserção do cidadão, através da qualificação profissional, contudo não houve demanda

suficiente de interessados.

No dia 06 de novembro de 2009, foi realizado nessa comunidade o II Seminário

de Integração Escola-Comunidade no bairro do Salobrinho, com a presença de diversas

autoridades, dentre elas o Secretário Municipal de Educação, Sebastião Maciel, o

vereador Tarcísio Paixão (morador local), além de diversas lideranças religiosas, cujo

objetivo visava a melhoria das relações pessoais, discutindo temas ligados às

necessidades locais, como emprego, violência, meio ambiente, destacando o papel da

religiosidade na paz da humanidade.

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Nesta pesquisa, de acordo com a metodologia aplicada (Figura 37), a

comunidade de Olivença obteve 34 pontos neste indicador, ou seja, sustentabilidade e

educação, o que caracteriza um bom conhecimento em direção à sustentabilidade,

contudo a pesquisa detectou um baixo nível de escolaridade entre os moradores

pesquisados, além de demonstrarem pouco interesse em sua qualificação e aquisição de

conhecimento.

Já no Banco da Vitória, este índice obteve 35 pontos (Tabela 02, Figura 37), o

que indica um bom conhecimento em direção à sustentabilidade, entretanto, esse fato se

dá devido ao acesso de muitos membros da comunidade a oportunidades de educação,

com cursos especiais na UESC, e intensa participação das igrejas no intercâmbio de

informações e trocas de experiências.

Entretanto, apesar de a UESC estar inserida da comunidade do Salobrinho, os

moradores dessa localidade não representam um elevado percentual de universitários. O

Salobrinho obteve, na pesquisa, o índice de 31 pontos, estando também em uma

situação boa em relação ao indicador socioeconômico de educação.

2.2.5 Indicador Socioeconômico 5 – Saúde

A Rede Global de Ecovilas (2009) afirma que uma comunidade tem a sua saúde

sustentável quando dispõe de condições acessíveis para restabelecer, manter e melhorá-

la fisicamente, mentalmente, emocionalmente e espiritualmente para seus residentes e

visitantes. Incluem-se, nesse aspecto, remédios naturais e práticas complementares,

como a meditação e o trabalho corporal. A saúde possui um conceito amplo que abrange

o bem-estar do indivíduo em seus aspectos físicos, mentais e espirituais (portaldasaude,

2009). Para que uma comunidade seja sustentável socioeconomicamente, além dos

aspectos referidos, torna-se necessário que ela tenha acesso a tratamentos de saúde em

todos os âmbitos e que tenha principalmente uma qualidade de vida que diminua os

riscos à mesma.

Para tanto, parte-se do conceito de que a saúde, dentro dos aspectos de

sustentabilidade turística, deve estar pautada na qualidade dos seus serviços e

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possibilidade de atender as necessidades da comunidade e dos seus visitantes,

envolvendo centros de referência em saúde, bem como atendimento emergencial e

farmácias (VALLS, 2004).

O referido autor ainda destaca a importância do acesso e dos serviços de saúde

no momento em que um turista escolhe o local de visitação, colocando a saúde como

um dos pontos mais importantes para a sustentabilidade turística, pois ela só ocorre se a

comunidade local possuir excelência ou boa qualidade de vida de seus cidadãos.

As três comunidades pesquisadas são atendidas apenas por Unidades de Saúde

da Família, programa do Governo Federal, durante a semana, ficando nos finais de

semana desprovida de atendimento, quando, de modo geral, a população flutuante de

turistas e visitantes aumenta, contrastando, assim, com os critérios de sustentabilidade

turística e da saúde.

O Programa de Saúde da Família (PSF) está pautado na reorientação do modelo

assistencial operacionalizado através de equipes multidisciplinares em unidades básicas

de saúde, sendo estas equipes responsáveis pelo acompanhamento das famílias

localizadas no seu entorno geográfico, atuando em ações de promoção da saúde,

prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais frequentes, com o real

objetivo de manutenção da saúde da comunidade em que está inserida

(http://portal.saude.gov.br, 2009). O programa tem definido as atribuições dos Governos

Federal, Municipal e Estadual (Quadro 05)

Quadro 05 – Atribuições de responsabilidades dos Governos em relação ao PSF Governo Atribuições

Federal - Elaborar as diretrizes da política nacional de atenção básica;

- Co-financiar o sistema de atenção básica; - Ordenar a formação de recursos humanos;

- Propor mecanismos para a programação, controle, regulação e avaliação da atenção

básica;

- Manter as bases de dados nacionais.

Estadual - Acompanhar a implantação e execução das ações de atenção básica em seu território;

- Regular as relações inter-municipais;

- Coordenar a execução das políticas de qualificação de recursos humanos em seu

território;

- Co-financiar as ações de atenção básica;

- Auxiliar na execução das estratégias de avaliação da atenção basica em seu território.

Municipal - Definir e implantar o modelo de atenção básica em seu território;

- Contratualizar o trabalho em atenção básica;

- Manter a rede de unidades básicas de saúde em funcionamento (gestão e gerência); - Co-financiar as ações de atenção básica;

- Alimentar os sistemas de informação;

- Avaliar o desempenho das equipes de atenção básica sob sua supervisão.

Fonte: http://portal.saude.gov.br (2009) – adaptado.

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Em Olivença, um fator que contribuiu positivamente para esse indicador foi o

baixo número de suicídios e homicídios existente, além de baixa incidência de

enfermidades infecto-contagiosas, entretanto, o alto número de moradores e visitantes

consumidores de drogas (crack, maconha, cocaína) preocupa muito a população local,

visto que isso o vem ocorrendo com grande parte da juventude, conforme abordado no

capítulo 1, além do atendimento feito pelo PSF.

Já a utilização de ervas medicinais pelos moradores das três comunidades é uma

prática comum, sendo transmitida por gerações. As praticas espirituais indígenas

possuem hoje caráter simbólico e não de cura.

No Banco da Vitória, a entidade espiritualista Vale do Amanhecer recebe um

grande número de visitantes que buscam curas (físicas, mentais e espirituais) através de

tratamentos espirituais desobsediadores. São centenas de frequentadores que

semanalmente procuram a entidade para atendimento através de práticas que misturam o

cristianismo, o candomblé, a pajelança e o espiritismo (BARROCO; DIAS, 2009).

Assim, como nas outras comunidades pesquisadas, o Banco da Vitória é

assistido pelo Programa de Saúde da Família do Governo Federal, com serviços básicos

de saúde como pré-natal; atendimento odontológico, médico e farmacêutico, e de

enfermagem apenas durante a semana. Destaca-se no Banco da Vitória a presença do

Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) com serviços de atendimento

psicossocial (Figura 43) e em casos extremos ou aos finais de semana é preciso recorrer

ao Serviço Médico Ambulatorial de Urgência (SAMU) de Ilhéus.

Figura 43 - Centro de Referência da Assistência Social no Banco da Vitória, em 28 de

julho de 2009, dados da pesquisa.

Foi observada, através da pesquisa no Salobrinho, a ocorrência de muitas mortes

por falta de atendimento médico, uma vez que, aos finais de semana e feriados, a

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comunidade fica sem o atendimento no PSF (Figura 44), ficando assistida apenas pelo

SAMU (quando solicitada) via telefone, fato semelhante ao das outras comunidades.

Nesta comunidade funciona uma clínica para exames laboratoriais (Figura 44), sendo a

única localidade a apresentar esse tipo de serviço de saúde.

Figura 44 - Serviços de Saúde no Salobrinho, em 25 de agosto de 2009, dados da

pesquisa.

Segundo a metodologia aplicada pela pesquisa (Figura 37) às comunidades de

Salobrinho, com 23 pontos, e Banco da Vitória, com 28 pontos, encontrando-se em

situação considerada ruim em relação ao indicador socioeconômico de saúde. Observa-

se, não obstante que, no Banco da Vitória, apesar de contar também com o CRAS,

existe um número muito maior de moradores e consequentemente uma demanda maior

pelos serviços de saúde. Já Olivença, está qualificada com 29 pontos, possui deficiência

nos serviços médicos principalmente, dentro do nível de boa situação em direção à

sustentabilidade, ocorrendo alto número de afogamentos em suas praias, principalmente

nos períodos de alto fluxo de visitantes, veraneio, Puxada do Mastro de São Sebastião,

festividades de Ano Novo e fins de semana ensolarados.

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103

2.2.6 Indicador Socioeconômico 6 – Governança

A sustentabilidade política pode ter três enfoques. O primeiro de política

nacional, que se leva em consideração a democracia definida em termos de apropriação

universal dos direitos humanos, e no desenvolvimento da capacidade do estado, para

programar e implementar seu projeto de desenvolvimento nacional, além de um nível de

coesão social (SACHS, 2002). O segundo enfoque, ainda de acordo com o referido

autor, a política internacional, em que deve prevalecer o equilíbrio entre as nações,

verificando a eficácia na prevenção às guerras e garantia de paz, através da Organização

das Nações Unidas, e na promoção da cooperação entre os povos, no programa de

desenvolvimento Norte-Sul, baseado no princípio de igualdade e responsabilidade e no

favorecimento do parceiro mais fraco. Além disso, deve existir o controle do sistema

internacional financeiro e de negócio, da aplicação do princípio da “precaução” na

gestão do meio ambiente e dos recursos naturais e na proteção da diversidade biológica

(e cultural); na gestão do patrimônio global, como herança comum da humanidade. Esse

segundo enfoque versa ainda sobre a cooperação científica e tecnológica buscando

eliminar o caráter de commodity da ciência e tecnologia tornando-o propriedade da

herança comum da humanidade (estes tipos de sustentabilidade não são objetos deste

estudo).

O terceiro enfoque é o da governança, objeto desta pesquisa, em que a

sustentabilidade política de uma comunidade não é papel exclusivo do Estado, mas sim

da própria comunidade. Ela está relacionada com a maneira de resolver conflitos, tomar

decisões, no respeito e tolerância a diversidade individual em todos os aspectos. Neste

sentido, para que haja sustentabilidade, é preciso prevalecer o interesse coletivo sobre o

individual (SACHS, 2002; REDE GLOBAL DE ECOVILAS, 2009).

O indicador socioeconômico 6 (Governança) está relacionado com a maneira

interna de resolver conflitos na tomada de decisões levando em consideração aspectos

como respeito e tolerância à diversidade individual em todos os aspectos, e para que

esse o item ocorra e que seja sustentável, é preciso que prevaleça o interesse coletivo,

depois os interesses individuais. Ele trata da capacidade interna de tomada de decisões

na resolução de conflitos de maneira transparente e pacífica valorizando a participação

da população nas tomadas de decisão, em que todos podem assistir e opinar durante as

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reuniões de tomada de decisões, sendo que essas decisões devem estar disponíveis para

toda a população.

Com relação a esse indicador, o conflito judicial sobre a demarcação das terras

de uma reserva indígena em Olivença, iniciado a partir do momento em que a FUNAI

reconheceu os Tupinambás em 2002, cedendo-lhes um território de 47.376 hectares, em

uma área que se estende da Serra do Padeiro, com centenas de propriedades inclusas

nesta área, como: fazendas, hotéis, cemitérios, metade da Vila de Olivença, e aguarda

até a presente data homologação por parte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Fez

renascer, de forma exacerbada, a identidade indígena Tupinambá, ocorrendo diversos

conflitos devido a opiniões e interesses divergentes. Segundo a Funai, em 2004, havia

apenas 3000 Tupinambás na Bahia, entretanto a Fundação Nacional de Saúde

(FUNASA) registrou em 2009 uma população de 4729 Tupinambás, crescimento de

mais de 58%, num recenseamento baseado nas informações dadas pelos caciques, no

qual, para ser índio, basta que o indivíduo se autodenomine. Os proprietários de casas e

empreendimentos locais acusam os líderes indígenas de convidarem integrantes do

movimento sem-terra e agricultores para integrarem o movimento pela demarcação do

território.

Segundo Alcides Kruschewsky, vereador do município de Ilhéus, esses

indivíduos acharam um meio infalível para conseguir terra dizendo-se indígenas14

. Esse

conflito gerou uma série de invasões em 2004, e segundo Pedro Holliday (juiz federal),

essas invasões se assemelham às invasões dos sem-terra, sendo que o próprio juiz já

concedeu 19 liminares de reintegração de posse aos proprietários, cuja efetivação não

foi cumprida com medo do crescimento de uma onda de violência na região.

Tal situação leva a se discutir a possibilidade de aproximadamente 18 mil

moradores não índios devem ou não se retirar das suas terras, caso a demarcação seja

homologada. Se isso ocorrer, esses agricultores, ameaçados de despejo, afirmam preferir

começar uma guerra a deixar sua terra. (SANCHE; MIN, 2009).

Outro problema encontrado na comunidade de Olivença refere-se ao fato de o

atual administrador municipal, responsável pela comunidade, não residir no local,

entretanto, é proprietário de uma pousada localizada na vizinhança da igreja de Nossa

Senhora da Escada, ficando a mesma fechada durante os períodos de baixa estação.

14 Entrevista a Revista Época, publicada em 22 de novembro de 2009

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A falta de união entre os moradores locais e a ausência de identidade com a

comunidade merece destaque, pois, além da inexistência de reuniões necessárias para

solucionar problemas comuns, bem como a tomada de decisões em busca de caminhos

que a comunidade deve seguir vêm ocorrendo com frequência, fato que relaciona a

ausência de um posicionamento da comunidade de Olivença com relação à atividade

turística.

No Banco da Vitória, os constantes conflitos existentes, segundo a pesquisa,

entre moradores de diferentes ruas, bem como a presença de dois moradores que se

intitulam presidentes da associação de moradores, vem provocando desgaste com

relação a esse indicador. A população local não reconhece, como líder comunitário, o

atual presidente da Associação Beneficente Comunitária e Desportiva dos Moradores e

Amigos do Banco da Vitória (ABCDMABV), entretanto, o Sr. Arnaldo Alves de Abreu,

presidente desta entidade, afirmou que tem feito diversas solicitações ao Governo

Municipal e que as mesmas são quase sempre atendidas15

, contrapondo o

posicionamento dos moradores.

Como citado anteriormente, a população de Salobrinho pede socorro,

iluminação, saúde, emprego e não violência dentre outros aspectos, os quais, por uma

simples excursão pelas ruas da comunidade, permitem a ausência administrativa

municipal e comunitária. A UESC não é responsável administrativamente pela

localidade, contudo considerando o seu qualificado corpo técnico poderia ter uma

participação maior junto a essa comunidade, e não apenas realizando projetos

esporádicos de extensão, cujos resultados, se alcançados, não foram evidenciados na

pesquisa.

O vereador representante da comunidade local tem como projeto principal a

mudança do nome do bairro de Salobrinho para Bairro Universitário Santa Cruz

(BUSC), como se tal projeto fosse resolver os graves problemas, culturais,

socioeconômicos e ambientais da localidade.

Em Olivença, esse indicador obteve 23 pontos (Figura 37) o que caracteriza essa

localidade como ruim, requerendo mais ação para poder empreender em direção à

sustentabilidade (talvez o fato da existência do conflito judicial sobre a demarcação das

terras da reserva indígena tenha contribuído para tal valoração). Já no Banco da Vitória,

15 Entrevista ao sr. Arnaldo Alves de Abreu em 25 de julho de 2009

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os constantes conflitos entre moradores, a falta de identificação de uma liderança local e

a desunião entre os indivíduos, fizeram com que a comunidade obtivesse apenas 5

pontos neste item, caracterizando-o também como ruim. No Salobrinho, o índice obtido

foi 12 pontos, decorrente de vários problemas já citados como o total abandono da

localidade, que segundo moradores é resultante da fraca atuação do vereador local

Tarcíso Paixão junto à Câmara Municipal, além da inexistência de associações locais,

que poderiam buscar, junto ao poder público, melhorias na comunidade.

Os indicadores socioeconômicos encontrados nas comunidades revelam uma

situação de alerta, visto que as três localidades pesquisadas possuem carências sociais e

econômicas que as impedem de trilhar o caminho da sustentabilidade definido por esta

pesquisa.

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CAPITULO III INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE ECOLÓGICA NAS

COMUNIDADES DE OLIVENÇA, BANCO DA VITÓRIA E SALOBRINHO

A atividade turística, como qualquer outra atividade, gera impactos físicos

relacionados ao meio em que se insere, dessa forma, se essa atividade não for planejada,

implicará em graves problemas aos recursos naturais, recursos estes que, muitas vezes,

formam o principal conjunto de atrativos turísticos de uma localidade, sendo assim, para

o desenvolvimento sustentável do turismo, é preciso que exista educação, sensibilização

e mobilização das comunidades receptoras no sentido de preservar e conservar os

recursos naturais disponíveis, bem como buscar melhoria na qualidade de vida dos seus

moradores.

A sustentabilidade hoje representa o direcionamento à sobrevivência do planeta,

tornando-se o maior desafio da humanidade, entretanto, seu maior enfoque tem se dado

nos locais mais desenvolvidos economicamente. Porém a preservação e conservação

dos recursos naturais podem ser utilizadas como uma ferramenta para o

desenvolvimento do turismo sustentável de localidades, consolidando-se como atrativo

turístico local, essa preservação deve estar diretamente ligada ao conservacionismo

pautado na satisfação das necessidades humanas.

Sachs (2002) entende a sustentabilidade ecológica como a proteção da natureza e

da diversidade biológica, respeitando os ecossistemas, limitando a utilização dos

recursos naturais, minimizando os impactos das atividades econômicas na qualidade de

vida, além de se preocupar com a distribuição espacial dos equipamentos turísticos.

Sendo assim, e para que se possa traçar um painel da realidade ecológica das

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comunidades, é preciso que se calcule indicadores de sustentabilidade ecológica, pois

eles permitem a obtenção de uma dada realidade, sintetizando a complexidade de

informações sobre a ecologia local, servindo como instrumento de indicação para ações

futuras.

Na avaliação da sustentabilidade de uma localidade, torna-se necessário verificar

o comportamento e o estilo de vida existente, objetivando especificar a atual situação

para que se busquem medidas que possam ser adotadas no sentido de facilitar e manter a

qualidade de vida da localidade ao longo do tempo, mesmo sabendo que esta

sustentabilidade possui caráter temporal, considerando também que os desastres

econômicos e naturais, tipo enchentes, queimadas, estiagens e desmatamento, entre

outros, modificará toda a estrutura de vida dos recursos naturais, animais e humanos

existentes, e consequentemente, não poderá manter seu status quo original eternamente.

A utilização do meio ambiente pela população atrai riscos, muitos deles

causados pelo crescimento econômico, devido à ambição e irresponsabilidade de

algumas grupos de pessoas e, na maioria das vezes, pela ausência de políticas,

fiscalização e ausência de planejamento, apesar de ocorrer, num período longo, a

regeneração do meio ambiente. As necessidades de sobrevivência das comunidades,

muitas vezes pautadas no utilitarismo individualista, podem levar ao esgotamento dos

recursos naturais, fazendo com que as questões de conservação e preservação ambiental

sejam relegadas a um segundo plano.

Sob esse enfoque, nas localidades em que ocorre degradação dos ecossistemas,

propostas para o estabelecimento de um o eco-desenvolvimento vêm se tornando uma

das maiores preocupações da sociedade contemporânea. Para Cavalcanti (2004, p. 17),

“trata-se de uma preocupação justificada com o processo econômico na sua perspectiva

de fenômeno de dimensão irrecorrivelmente ecológica, sujeito a condicionamentos

ditados pelas leis fixas da natureza, da biosfera”. Uma vez que os recursos naturais são

escassos, é necessário que o homem não se veja como centro do universo e,

consequentemente, com sua visão centralizadora, utilizando a natureza como meio de

produção sem se preocupar, na maioria das vezes, em utilizar os recursos renováveis, ou

simplesmente buscar trabalhar esses recursos no princípio da sustentabilidade.

A questão ambiental está pautada na contradição estabelecida nos modelos de

desenvolvimento adotado pelo homem a partir da Revolução Industrial, considerando

que, naquela época, não havia preocupação com a preservação, regeneração e

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sustentabilidade dos ecossistemas. A partir do século XVIII, a velocidade do progresso,

do crescimento econômico e a força poluidora do mundo urbanizado superaram a

capacidade de regeneração do meio ambiente e consequentemente a exaustão dos

recursos não-renováveis.

Os impactos ecológicos ou comumente chamados de ambientais envolvem o

homem e a sua relação com o local em que reside sua inter-relação com o ar, a água, a

terra e com as diversidades existentes em qualquer localidade, sem esquecer, é claro,

das questões sociológicas que englobam o homem e o lugar onde vive.

Tem-se visto, nesse início de século, o crescimento da consciência ambiental, e

essa conscientização tem sido também levada em consideração no que tange ao

desenvolvimento sustentável, tanto da atividade turística como nos demais segmentos

econômicos, sociais e culturais.

A sustentabilidade ecológica existe quando as pessoas estão muito conectadas

com o lugar onde vivem e conscientes sobre os seus limites, potencialidades,

fragilidades e sobre o ritmo de vida daquela localidade. É preciso que exista harmonia

entre elas e o sistema ecológico do qual fazem parte. Deve existir também respeito à

vida natural, seus sistemas de vida e seus processos, conservação da fauna e flora,

pressupondo que seu estilo de vida regenera os recursos naturais do seu entorno.

Desse modo, é preciso ficar atento para a forma de subsistência das

comunidades, através dos métodos de gerenciamento dos recursos, com relação a sua

origem, se orgânica, se irrigada, se livre de contaminação e se utilizada em equilíbrio

nutricional, sem descuidar da qualidade e possibilidade de renovação da água,

considerado fator preponderante (REDE GLOBAL DE ECOVILAS, 2009). Tais ações,

além de ajudar na preservação do potencial do capital natural com o uso de recursos

renováveis, conduzirão a mecanismos que limitem ações produtivas através de recursos

não-renováveis.

Quando existe respeito ao meio ambiente, principalmente naquelas localidades

onde se pretende ou se desenvolve ações turísticas com qualidade, a sustentabilidade

ambiental passa a ser considerada como condição necessária na elaboração de produtos

turísticos. Ressalva-se que esses produtos podem ser naturais ou artificiais.

Esses recursos são a base da atividade turística podendo ser afetados por

mudanças climáticas, diminuição da camada de ozônio, eutroficação (aumento

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excessivo dos nutrientes na água provocando crescimento exagerado de determinados

organismos), acidificação, contaminação tóxica, qualidade ambiental urbana,

biodiversidade e paisagens, lixo, recursos naturais, energia, utilização da água,

população, transporte, dentre tantos outros (COOPER et al., 2001).

O equilíbrio entre as configurações urbanas e rurais, bem como, toda a infra-

estrutura da comunidade são os fatores que se deve considerar quando se quer falar em

sustentabilidade territorial ou espacial, vez que essa sustentabilidade prevê a melhoria

no ambiente da comunidade (urbano ou rural), conduz a redução das disparidades inter-

regionais, bem como estratégias de desenvolvimento seguras para áreas ecologicamente

frágeis, sob o ponto de vista, de se buscar a conservação da biodiversidade via o eco-

desenvolvimento (SACHS, 2002).

Sob esse prisma, é imprescindível avaliar o desenvolvimento do turismo ou de

qualquer atividade econômica atrelada às questões do meio ambiente. Santos (1979)

compreende o meio ambiente como a base física do trabalho humano em toda sua

complexidade, considerando-se, ainda, que o meio ambiente possui definições

divergentes, que, são de acordo com Coriolano (2005, p. 05), “Algumas de escopo

limitado, abrangendo apenas os componentes naturais, outras de concepções mais

abrangentes, referindo ao meio ambiente como espaço social e político”.

O eco-desenvolvimento defendido por Sachs (2002) e Vieira (1995), entre outros

autores, vem atualmente sendo considerado como o novo paradigma sistêmico, que

envolve princípios de ecologia profunda (questionando o atual estilo de vida humana).

Através da utilização dos recursos não renováveis, bem como a economia social, com

foco na utilização racional e no planejamento participativo comunitário como estratégia

de desenvolvimento.

Assim, a eco-socio-economia deve se pautar na valorização e preservação de

tradições mais solidárias, na geração de trabalho e na renda baseados em modos de

produção sustentáveis, no fortalecimento da virtude humana, assim como no

fortalecimento do estado, distanciando do racionalismo utilitário dos recursos naturais e

humanos.

O meio ambiente pode ser conceituado como o conjunto de agentes físicos e

biológicos, e dos fatores socioeconômicos sujeitos aos efeitos diretos ou indiretos sobre

os seres vivos e sobre as atividades humanas, conquanto essa humanidade vem sofrendo

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diretamente com a condução que é imposta ao meio, pois, a um espaço geográfico,

simultaneamente natural, social, econômico, político e cultural, onde os seres vivos

interagem (homens, animais e vegetais) dinamicamente.

Esse espaço está em evolução e modificação contínua, onde as transformações

ocorrem das mais diversas formas, envolvendo degradações ou mantendo seu

desempenho original, devido a normas que priorizam sua conservação e preservação. A

referida autora ressalta, ainda, que esse espaço não seja absoluto de natureza infinita e

passiva, mas que seja reprodutor de relações sociais relativas à produção e consumo, ou

seja, um espaço capitalista que transforma essas relações de produção e o com o meio

ambiente natural em recurso econômico para a geração de riqueza e acumulação,

mesmo que ocorra a destruição da natureza e a deterioração das condições de vida no

planeta, através de um conceito utilitarista da natureza enquanto recurso econômico,

sem considerar a sua sobrevivência.

3.1 Indicadores de Sustentabilidade Ecológica

De acordo com a Organização Mundial de Turismo - OMT (2003, p. 114), os

indicadores ambientais de turismo sustentável:

avaliam as informações sobre os impactos do turismo em uma área para demonstrar se os impactos positivos

estão ocorrendo conforme esperado e os negativos estão

sendo evitados. No caso de os impactos positivos não

estarem atendendo às expectativas, os indicadores

mostrarão esse fato. Se os impactos negativos estiverem

surgindo, os indicadores irão identificá-los antes que se

agravem. Os indicadores ambientais podem ser

utilizados pelos tomadores de decisões na adoção de

ações, sempre que necessário, para reforçar os impactos

positivos e evitar ou atenuar os negativos.

Esses indicadores monitoram e avaliam os impactos da atividade turística

levando em consideração os indicadores ecológicos como a água, o ar, a fauna, a flora,

o solo, a utilização de energia, habitat, recursos naturais e resíduos.

Para a análise quantitativa dos indicadores de Sustentabilidade Ecológica

segundo a metodologia adotada da Rede Global de Ecovilas (2009), se estabeleceu sete

grupos de indicadores, cujos valores encontrados para as comunidades de Olivença,

Banco da Vitória e Salobrinho são apresentados no Tabela 03.

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Tabela 03- Indicadores Esperados e Obtidos para a Sustentabilidade Ecológica nas

comunidades de Olivença, Banco da Vitória e Salobrinho

Valores Esperados Valores Encontrados

Indicadores Excelente Bom Ruim Olivença Banco da

Vitória

Salobrinho

Ecologia 1 Acima 50 Entre 25 e 49 Abaixo de 24

29 16 20

Ecologia 2 Acima 50 Entre 25 e 49 Abaixo de 24

28 15 18

Ecologia 3 Acima 55 Entre 28 e 54 Abaixo de 28 13 17 03

Ecologia 4 Acima 55 Entre 28 e 54 Abaixo de 28 15 8 5

Ecologia 5 Acima 50 Entre 25 e 49 Abaixo de 24 27 12 18

Ecologia 6 Acima 50 Entre 25 e 49 Abaixo de 24 12 27 15

Ecologia 7 Acima 50 Entre 25 e 49 Abaixo de 24 14 13 10

Total do Indicador de Sustentabilidade Ecológica 138 108 89

Fonte: Rede Global de Ecovilas 2009 e dados da pesquisa.

Onde:

Ecologia 1 - Conexão com o Lugar - Localização e Escala da Comunidade; Restauração

e Preservação da Natureza;

Ecologia 2 - Disponibilidade, Produção e Distribuição de Alimentos;

Ecologia 3 - Infraestrutura Física, Edificações e Transportes - Materiais, Métodos e

Soluções Criativas Ecológicas;

Ecologia 4 - Padrões de Consumo e Manejo de Resíduos Sólidos;

Ecologia 5 - Água - Fontes, Qualidade e Padrões de Uso;

Ecologia 6 - Águas Residuais e Manejo da Contaminação das Águas;

Ecologia 7 - Fontes e Uso da Energia.

De acordo com os dados totalizados na Tabela 03, Olivença apresenta-se em

melhor situação, com 138 pontos, seguida pelo Banco da Vitória, com 108 pontos, e em

último o Salobrinho, com 89 pontos. Observa-se que nenhuma das três comunidades

pesquisada atingiram a excelência no direcionamento ao desenvolvimento sutentável, a

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comunidade de Olivença está melhor classificada, pois três dos seus indicadores

obtiveram valores que os colocam em um bom direcionamento à sustentabilidade, no

Banco da Vitória, apenas um indicador obteve essa classificação e, no Salobrinho, todos

os indicadores mostram que a comunidade está em ruim direcionamento ao

desenvolvimento sustentável.

Na Figura 45, apresentam-se dados para melhor representar uma comparação

dos indicadores calculados nessas localidades estudadas. Desse modo, fica mais fácil

ainda, visualizar a situação superior de Olivença em relação às outras comunidades, em

quase todos os tópicos abordados, ressaltando-se a grave crise ecológica que assola o

Salobrinho, onde, devido à ausência de esgotos, os mesmos correm nas vielas

esburacadas, cheias de mato e lixo amontoado ou espalhado, entre outros problemas,

como o desmoronamento de partes das vielas, enchentes do Rio Cachoeira. A cada dia

que passa, devido à inoperante gestão municipal, essa situação tende a se agravar,

conforme evidenciado no Capítulo II, com uma condição socioeconômica caótica

encontrada, fato este sendo considerado o maior inimigo das questões ambientais, como

afirmou Coriolano (2005) e Cooper et al. (2001).

Dentre os dados obtidos, destacam-se negativamente os indicadores de Ecologia 4

– Manejo de Resíduos Sólidos, e Ecologia 7 – Fontes e uso de energia, como os piores

encontrados nas três localidades, apresentados na Figura 45 e na Tabela 03, e analisados

posteriormente.

Figura 45- Indicadores de Sustentabilidade Ecológica em Olivença, Banco da Vitória e

Salobrinho, dados da pesquisa.

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3.1.1 Indicador Ecológico 1 - Conexão com o Lugar - Localização e Escala da

Comunidade; Restauração e Preservação da Natureza

O indicador Ecologia 1 trata da conexão da população local com o lugar, sua

identidade e seu papel na restauração e preservação da natureza. Para que isso ocorra, é

necessário que as pessoas estejam preocupadas com o equilíbrio ecológico,

relacionando a localidade e a utilização dos seus recursos naturais.

Ao mesmo tempo, é preciso que exista mobilização comunitária para solicitar,

junto aos líderes e governantes, a busca de melhorias para suas questões ecológicas

como água, lixo e esgoto. Conforme descrito, segundo os entrevistados, nas

comunidades pesquisadas, não existe união entre os moradores locais (Visão

Comunitária e Habilidade na Resposta Comunitária), muito menos preocupação das

lideranças locais com as necessidades dessas comunidades.

De conformidade com os dados calculados, todas as três comunidades

pesquisadas obtiveram classificações ruins decorrentes da pontuação baixa obtida,

Tabela 03. Por outro lado, verificou-se que os moradores não utilizam os meios de

informações existentes, nem utilizam redes informacionais, em busca de alternativas de

utilização sustentáveis para os recursos naturais existentes (Fluxo das Ideias e da

Informação; Serviços, Formação de Redes, Assistência e Difusão - Intercâmbio de

recursos).

Para que haja um bom desenvolvimento sustentável, é preciso que as pessoas da

comunidade vivam em harmonia com o lugar em que vivem, conhecendo e protegendo

a diversidade da fauna e da flora local, e utilizando-as pensando na preservação dos

recursos naturais para a sua utilização pelas gerações vindouras. Os artesãos também

devem estar preocupados com esses recursos, pois a sua utilização predatória pode levar

a extinção das suas matérias-primas comprometendo o futuro das suas atividades.

Olivença, segundo os moradores entrevistados, já foi região de caçadores, mas

hoje, entretanto, já existe uma maior preocupação com a fauna e flora existente,

segundo os moradores. Tais comentários são decorrentes de na zona rural aparecer um

número crescente de micos, macacos e aves que haviam desaparecido, apesar de o

IBAMA (responsável legal pela proteção ambiental local) pouco atuar na região.

O material coletado (sementes, cipós, conchas) pelos artesãos é catado nas matas

e nas praias, com o cuidado devido para que não venha ocorrer um maior desmatamento

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115

ou degradar o meio.

Segundo Maraninchi (2004), a realidade social é complexa e nelas estão

envolvidos conhecimentos, crenças, sentimentos, preferências, ações manifestas e

declarações de intenções, expressas através de linguagens verbais e não-verbais. Essa

complexidade de comportamentos sociais é refletida nos padrões de utilização dos

recursos naturais disponíveis nas comunidades estudadas, pois a maneira de explorar

tais recursos vem sendo passada através de gerações, como, por exemplo, a caça, a

pesca e a agricultura de subsistência praticada pelos indígenas em Olivença, bem como

a produção e comercialização de frutas no Banco da Vitória.

Outros aspectos tratados pelo indicador Ecológico 1 são: a qualidade do solo,

possível degradação e padrões de utilização, a qualidade do ar e a qualidade da água

disponível no local. Esses aspectos referentes ao solo, a água e o ar são extremamente

afetados pela poluição, característica de localidades turísticas, onde a sustentabilidade

não é colocada em primazia, como a poluição sonora (sons desagradáveis gerados por

atividades humanas perturbando os sons da natureza), a poluição lumínica (fontes de luz

potentes que podem prejudicar e impedir de ver as estrelas), o lixo (gerado pelos

humanos, descartado de forma inapropriada) e a poluição atmosférica, todos esses

considerados fatores que degradam o ambiente local impedindo o desenvolvimento

sustentável.

A água é um recurso natural essencial para os homens, para as espécies vegetais

e animais, para a representação dos aspectos comportamentais socioculturais para a

produção de bens de consumo e produtos agrícolas. Nesse estudo, considera-se a

poluição das águas associando à qualidade da sua utilização atual e futura em processos

de abastecimento público, agropecuária, preservação da fauna e da flora, recreação,

turismo. E alguns aspectos degradantes estão relacionados à poluição natural, poluição

por esgotos domésticos e empresariais.

Olivença, outrora considerada Estância Hidromineral e com forte apelo turístico

nesse sentido, encontra-se com suas águas extremamente poluídas, em suas praias são

jogados os esgotos (Figura 46), e uma dessas “línguas negras” são visíveis ao lado das

cabanas de praia.

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Figura 46 - Esgoto na Praia dos Milagres, em 12 de outubro de 2009, dados da pesquisa.

O Balneário Tororomba, construído em 1963, ao lado do “Buraco do Padre”

(como eram conhecidas as fontes d‟água do ribeirão Tororomba), utilizado para

tratamento crenoterápico (tratamento pelas águas minerais), também está com suas

fontes contaminadas, apresenta-se abandonado, necessitando de melhor infra-estrutura

(mesmo com recente reforma) e de cuidados com a higiene. Este balneário é dotado

com piscinas públicas com água corrente, o “véu de noiva” (cortina artificial de água

que simula uma cachoeira), bar/restaurante e sanitários (Figura 47). Apenas uma placa

na entrada faz alusão aos benefícios da água, mas nenhuma referência a respeita das

histórias de cura proporcionadas por suas águas (DÓRIA, 2003). Ainda segundo a Dória

(2003), os frequentadores hoje buscam apenas banhos em água doce e não terapia.

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117

Figura 47- Balneário Tororomba em 10 de outubro de 2009, dados da pesquisa.

Na Figura 48, vê-se a fonte que abastece o balneário totalmente abandonada e

suja com folhas em decomposição e garrafas plásticas.

Figura 48 - Abastecimento do Balneário Tororomba, em 15 de setembro de 2009, dados

da pesquisa.

A poluição do ar começou a ser sentida mundialmente devido às grandes

concentrações urbanas. O ar, como elemento essencial para a humanidade, possui

conceito de ar limpo relativo, pois os seres vivos já estão habituados à concentração de

substâncias na atmosfera. Essa poluição ocorre quando existe alteração na composição

quantitativa e qualitativa da atmosfera, representando sérios perigos para a humanidade.

Dentre os principais aspectos poluentes aéreos, estão o material particulado

(poeria de cimento, poeira de amianto, poeira de algodão, poeira de rua, fumos de

chumbo, fumos de alumínio, fumos de zinco, fumo de cloreto de amônia, fumaças de

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combustíveis fósseis – petróleo, carvão mineral), fumaças de madeira, biomassa e

névoas), além de gases e vapores diversos (ASSUNÇÃO, 1998).

A poluição sonora está relacionada aos efeitos negativos que provocam

problemas a saúde humana, aos animais e às aves, através de ruídos em altos decibéis,

resultantes de alteração do som. Em Olivença, esse tipo de poluição se destaca,

principalmente nos períodos de alta estação turística, com a concentração de visitantes

no local e a utilização de carros adaptados com potentes equipamentos de som. De

acordo com a OMS (2009) um som deve ficar em até 50 decibéis para não prejudicar o

ambiente. Dentre os principais efeitos na população, está insônia, estresse, depressão,

perda da audição, agressividade, perda de atenção e concentração, cefaleia, cansaço,

hipertensão, queda no rendimento escolar e no trabalho. Turisticamente, esse indicador

acaba afastando os visitantes (e irritam seus moradores), que buscam Olivença para

relaxar, ter contato com a natureza, desfrutar de suas águas, repousar etc.

Olivença, onde o turismo é baseado nos atrativos naturais como sol e mar, no

ecoturismo e no Banco da Vitória onde o turismo baseia-se na gastronomia, necessita

que seus moradores tenham em mente a necessária conservação dos recursos naturais,

para que ocorra a sustentabilidade com vistas à elevação da qualidade de vida dos

moradores e dos visitantes. Como visto nos capítulos anteriores, a sustentabilidade é

formada por inúmeros aspectos que precisam ser levados em consideração na hora de

empreender a atividade turística em uma localidade e, para tal, é preciso que haja

conscientização e ativa participação da comunidade local sobre a utilização dos seus

recursos naturais, planejamento e mobilização dos moradores e visitantes para a melhor

utilização estratégica desses recursos, com o intuito de conservar e minimizar os

impactos causados pelo turismo como atividade econômica. Entretanto, o conceito de

sustentabilidade permanece ambíguo, como afirma Luffiego e Rabadán (2000)

envolvendo a existência de limites devido à maneira como a população utiliza os

recursos naturais, muitas vezes não compatíveis com os princípios ecológicos, focada

no crescimento econômico.

De acordo com a metodologia aplicada nesta dissertação, Tabela 03 e Figura 45,

o Banco da Vitória está em pior Situação Ecológica 1, com 16 pontos, seguido de perto

pelo Salobrinho, com 20 pontos. Essa duas comunidades estão em situação ruins,

requerendo maiores ações empreendedoras para que possam buscar o caminho da

sustentabilidade. Já Olivença, com 29 pontos, possui uma boa posição no

direcionamento ao desenvolvimento sustentável, entretanto, a pesquisa detectou uma

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queda acentuada na qualidade da água (outrora considerada com propriedades

hidrominerais), alto índice de poluição sonora, especialmente nos períodos de maior

fluxo turístico, como Puxada do Mastro de São Sebastião, São João, Reveillon e

Carnaval.

3.1.2 Indicador Ecológico 2 - Disponibilidade, Produção e Distribuição de Alimentos

Esse indicador trata sobre as questões alimentares nas comunidades pesquisadas,

levando-se em consideração os aspectos como produção, disponibilidade e distribuição

de alimentos para seus moradores, bem como a qualidade nutricional dos mesmos. A

maneira como a população escolhe e produz sua alimentação está diretamente ligada a

um conjunto complexo de fatores socioculturais, entretanto, a vida moderna tem

mostrado opções de alimentação nem sempre saudáveis.

Para uma boa avaliação desse indicador, segundo metodologia, é preciso que a

maior parte dos gêneros alimentícios consumidos pelos moradores seja produzida

organicamente (utilização de estufas, telhados verdes, jardineiras sem adição de

pesticidas, herbicidas ou fertilizantes químicos, além da utilização de sementes não

híbridas), e disponibilizados para a população, nos dias de comércio local (feira livre),

inclusive, até utilizando-se da prática de escambo, fato não constatado pela pesquisa. A

produção excedente, para fortalecer a economia local, deve ser armazenada para uso

posterior, para a população ou para alimentação animal, através da prática da

compostagem, e também para que exista o mínimo de desperdício de alimentos jogados

no lixo.

Nas comunidades de Olivença e Banco da Vitória, detectou-se a existência de

cultivo de frutas (mamão, melancia, abacate, graviola, cacau, cupuaçu) e verduras, para

o consumo dos residentes, cujo excedente é comercializado em localidades do

município de Ilhéus. Chama atenção, o fato de nesse processo produtivo, utilizarem

constantemente produtos químicos. Em Olivença, especificamente o cultivo da

mandioca e sua transformação em farinha pelos indígenas merece destaque.

O indicador Ecologia 2, que versa sobre a disponibilidade, a produção e a

distribuição de alimentos, calculados para as comunidades pesquisadas (Figura 45),

obedeceu aos critérios da metodologia definida para esta pesquisa. Sendo assim, para

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esse indicador, obteve-se, para o Banco da Vitória, 15 pontos, e 18 pontos para o

Salobrinho, valores estes que colocam essas comunidades numa situação ruim,

requerendo maiores ações empreendedoras no sentido de melhoria na qualidade e

quantidade dos gêneros alimentícios produzidos na comunidade, uma vez que, segundo

os entrevistados, a maior parte dos alimentos vem de outras localidades.

Já para Olivença, se obteve 28 pontos, classificando-a num padrão médio com

bom direcionamento a caminho do desenvolvimento sustentável. Como comentado,

destaca-se nessa comunidade a produção de mandioca e seus produtos fabricados pelos

Tupinambás e que outrora foram uma importante fonte de renda para os indígenas. Em

decorrência de sua comercialização, fato hoje que, se ocorre não foi registrado pela

pesquisa. Os aspectos nutricionais não fazem parte do escopo desse indicador.

3.1.3 Indicador Ecológico 3 - Infraestrutura Física, Edificações e Transportes –

Materiais, Métodos e Soluções Criativas Ecológicas.

O indicador Ecológico 3 trata das questões relacionadas a infraestrutura física

existente nas comunidades, dentre elas o aspecto que caracteriza as edificações, as ruas

de acesso à localidade, e o sistema de transportes, bem como a utilização de soluções

criativas sustentáveis para esses problemas, como a utilização de materiais recicláveis

disponíveis localmente, construções com materiais ecologicamente corretos, tecnologia

renovável e o compartilhamento de transportes particulares e coletivos entre os

moradores da comunidade e os visitantes.

Com relação às características de infraestrutura, este estudo levou em

consideração o planejamento das habitações de modo a minimizar as necessidades de

energia e a harmonização com o habitat, utilizando os espaços comuns, como a

construção de lavanderias coletivas visando a economia de recursos naturais e utilização

de material não tóxico. Ainda com relação à infraestrutura os espaços construídos

devem ser planejados e construídos focando na utilização de estruturas que priorizem a

boa luz, boa ventilação e conforto térmico, além da utilização de plantas que ajudam a

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121

regular a temperatura exterior, cores e materiais que se integrem com a paisagem

evitando poluição visual dentre tantas alternativas.

Na realidade pesquisada, pouco das exigências metodológicas foi encontrado nas

comunidades estudadas. No Banco da Vitória, a maioria das construções encontradas

eram de alvenaria em conjunto com outros materiais como madeira, telha, tijolos de

cerâmica, com janelas para facilitar a ventilação, e na zona periférica casas de taipa e ou

apenas madeira, plásticos etc. Na referida comunidade, bem como nas outras não

existem sistemas sustentáveis de aquecimento solar, o que poderia melhorar sua

qualidade de vida.

Sobre os sistemas de transportes disponíveis analisados, considera-se o traçado

planejado na comunidade para minimizar o uso interno de veículos motorizados, assim

como a utilização de transporte coletivo para a satisfação das necessidades individuais

e, ou coletivas, entre elas saída para o emprego, posto de saúde, compra de alimentos e

dinheiro em espécie. Segundo a pesquisa, nas comunidades estudadas, os moradores

precisam se deslocar até a sede do município de Ilhéus, ou Itabuna com o intuito de

adquirir os tipos mercadorias necessárias (roupas, livros, alimentos, ferramentas,

móveis, eletrodomésticos e dinheiro em espécie), utilizando os transportes públicos

considerados acessíveis economicamente, porém ruins em termos de horários e em geral

superlotados.

Na verificação da utilização dos métodos de conservação do transporte, como,

por exemplo, vias para pedestres, cavalos ou bicicletas, de energia limpa e renovável

nesses veículos, assim como a disponibilidade de transporte coletivo para grandes

distâncias com serviços apropriados e preços justos, muito pouco foi avaliado como

satisfatórios ou existente.

O fato é que os sistemas de transportes são imprescindíveis para que ocorra a

sustentabilidade de uma comunidade, e principalmente quando esta localidade tem

pretensões turísticas, pois é o meio utilizado para as visitas à localidade, aos produtos

turísticos elaborados, valorizando-o e possibilitando um melhor posicionamento

competitivo perante a outros destinos, contudo, é imprescindível que, antes de tudo, os

sistemas de transportes sejam eficientes para a comunidade local, e nas localidades

turísticas, que exista o planejamento necessário, junto às operadoras e ou agências de

turismo, objetivando atender as demandas turísticas.

O transporte é também fator decisivo quando um turista escolher seu local de

visitação, pois, de acordo com Cooper et al. (2003) é um elemento essencial do produto

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turístico em dois aspectos: o primeiro como meio de alcançar a destinação e o segundo

como meio de locomoção dentro dela. No decorrer da pesquisa, em conversa informal

com alguns turistas, detectou-se que os transportes coletivos para Olivença foram

considerados positivos, ao mesmo tempo em que os preços praticados pelos serviços de

táxi foram considerados, extremamente abusivos, fato esse em que consideraram

lesados por esse serviço.

De acordo com a metodologia aplicada na pesquisa (Figura 45), a comunidade

do Salobrinho obteve a pior pontuação, entre as demais, com 03 pontos, pois, segundo

os moradores entrevistados, as construções são feitas de qualquer maneira, sem

preocupação com o traçado das ruas16, muito menos com acesso (em quantidade e

qualidade) facilitando o deslocamento entre as ruas da comunidade. Em Olivença, esse

indicador obteve 13 pontos e o Banco da Vitória alcançou a maior pontuação, ou seja,

17 pontos, fato verificado pelo pesquisador, ou seja, a localidade tem uma aparência

urbana melhor que as demais, inclusive, em suas ruas a maioria calçada. Devido ao

resultado alcançado, todas as três comunidades pesquisadas necessitam de muitas ações

para que sejam direcionadas ao caminho da sustentabilidade.

3.1.4 Indicador Ecológico 4 - Padrões de Consumo e Manejo de Resíduos Sólidos

Os principais aspectos tratados no Indicador Ecologia 4 referem-se aos resíduos

sólidos, especificamente o lixo doméstico e urbano, bem como é feito seu manejo, e aos

aspectos relacionados aos padrões de consumo, considerando-se a possibilidade de

minimizar o consumo de recursos naturais e a produção de resíduos. Com relação aos

padrões de consumo das comunidades, procurou-se, também, verificar como ocorre o

compartilhamento de equipamentos, ferramentas, roupas, cozinhas e lavanderias

coletivas, armazéns e escritórios. Esse indicador trata ainda da formação de

cooperativas para compras por atacado de materiais para o consumo da comunidade,

verificar também se as necessidades locais são satisfeitas através da produção local,

diminuindo a distância entre produtores e consumidores, além de averiguar aspectos

16 são poucas as ruas executadas pela prefeitura, com algum calçamento, sendo a maioria vielas mal

traçadas, sem calçamento, com muitos buracos, muito mato e lixo espalhado por elas.

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sobre a reciclagem, reutilização, fabricação e consertos de materiais como vidro,

plástico, ferro e alumínio.

No que tange ao item lixo, a pesquisa buscou uma estimativa de quantas pessoas

conhecem o que se faz com ele, suas características, seu volume, seu destino, como ele

é manejado, se é reciclado e para onde se destina.

O lixo produzido em Olivença e no Banco da Vitória é recolhido regularmente

de segunda a sábado (com destino ao aterro sanitário), entretanto, como pode ser visto

na Figura 49, em Olivença fica exposto, às vezes por dias, às margens da BA-001 (que

liga a comunidade a Ilhéus). Essa quantidade de lixo é em maior quantidade no período

da alta estação e especial nos períodos da Puxada do Mastro de São Sebastião, Carnaval

e Reveillon, quando as ruas e praias ficam completamente poluídas por materiais

flotantes, garrafas, latas de cerveja, restos de comida, copos plásticos, vasos de

protetores solar e bronzeadores, dentre tantos outros artigos encontrados. Quando o lixo

é acumulado na BA-001, principalmente, próximo as praias, hotéis e Olivença, além do

visual desagradável o mau cheiro de restos em decomposição, especificamente de

peixes e crustáceos, é muito grande.

Figura 49 - Lixo na praia dos Milagres em Olivença, em 09 de julho de 2009, dados da

pesquisa.

Durante os festejos de Ano Novo, mais precisamente nos dias 31 de janeiro de

2009 e 01 e 02 de janeiro de 2010, encontrou-se muito lixo espalhado, especialmente

nas proximidades do Batuba Beach, nas ruas da comunidade, inclusive no mastro de

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São Sebastião do ano de 2009, que, em 31 de janeiro do referido ano encontrava-se

abandonado na praça principal da comunidade e rodeado por latas de cerveja e copos

descartáveis vazios (Figura 50).

Figura 50: Mastro de São Sebastião abandonado na praça da igreja de Nossa Senhora da

Escada rodeado por lixo no dia 31 de janeiro de 2009, dados da pesquisa.

Apesar de “oficialmente” existir coleta regular para o lixo no Banco da Vitória

(Figura 51), é lastimável que, de modo geral, fique espalhado pelas suas ruas, em

especial nas praças (local de convivência comum), nos campos de futebol (principais

equipamentos de lazer da população local) e às margens do rio Cachoeira, onde outrora

eram realizadas atividades esportivas aquáticas (onde se encontra localizado o obelisco

referente à visita do príncipe de Habsburgo à localidade, conforme citado o Capítulo I).

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Figura 51 - Lixo exposto nas ruas e no porto fluvial do Banco da Vitória, em 21 de julho

de 2009, dados da pesquisa.

Já na comunidade de Salobrinho, além de os residentes terem de conviver com o

problema do lixo exposto nas ruas (Figura 52), não possui coleta diária, sendo uma

reclamação constante dos moradores. Em 2008, a prefeitura de Ilhéus ficou semanas

sem recolher o lixo, o que revoltou bastante os moradores, culminando numa ação

inusitada, ou seja, recolheram todos os sacos de lixo existentes e fecharam, com uma

montanha de lixo, a BR-415 por horas, até que chegasse um trator e algumas caçambas

para coletarem tal entulho.

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Figura 52 - Lixo exposto nas ruas do Salobrinho, em 09 de agosto de 2009, dados da

pesquisa.

A pesquisa encontrou um aviso, no Salobrinho, colado em parede, feito por um

morador, procurando alertar sobre a falta de coleta de lixo, ao tempo que pedia à

população local que não deixasse o lixo exposto na rua (Figura 53), provavelmente, para

não poluir mais as ruas onde moram.

Figura 53 - Placa alertando sobre a coleta do lixo encontrada na fachada de um

estabelecimento comercial e residência de um morador, em 09 de agosto de

2009, dados da pesquisa.

Outro fato que chamou a atenção desta pesquisa foi a quantidade de lixo

colocado na cerca que divide a UESC e BR-415, próximo a um restaurante de comida a

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quilo no centro de Salobrinho, e da existência de um esgoto a céu aberto que termina

dentro da universidade (Figura 54). Observa-se, na última imagem do painel da Figura

54, o buraco na cerca da universidade onde termina o esgoto do Salobrinho.

Figura 54 - Lixo depositado nas cercanias da UESC, e esgoto a céu aberto que termina

dentro da universidade, em 09 de agosto de 2009, dados da pesquisa.

Os indicadores encontrados para o item Ecologia 4 (Figura 45) foram bastante

ruins nas três comunidades pesquisadas, o que leva a uma triste contestação, da

qualidade de vida, destas comunidades, necessitando de muito trabalho em relação aos

resíduos sólidos, bem como a reciclagem e reutilização dos meios de produção,

necessários para o desenvolvimento sustentável definido por esta pesquisa.

Com apenas 5 pontos (Figura 45) o Salobrinho encontra-se em pior situação

entre as demais pesquisadas, necessitando de muito esforço no sentido de alcançar um

desenvolvimento sustentável. O Banco da Vitória obteve 8 pontos e Olivença, 15 pontos

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(Figura 45), valores esses considerados muito ruins para o turismo, e que também não

caracterizam uma boa gestão municipal e consequentemente boa qualidade de vida dos

residentes, distanciando-as muito desta realidade, necessitando de um esforço público

em conscientizar a população, cumprir com suas obrigações públicas e trabalhar a

educação ambiental nas três comunidades, procurando alcançar uma melhoria, para que

o volume de resíduos sólidos descartado seja reduzido, e que possam contar com uma

maior atuação do poder público na prestação desse serviço.

É importante destacar que, no Banco da Vitória, o lixo e o esgoto a céu aberto

margeiam seu complexo gastronômico, afetando diretamente na qualidade do serviço

oferecido aos turistas e visitantes.

3.1.5 Indicador Ecológico 5 - Água - Fontes, Qualidade e Padrões de Uso

O indicador de sustentabilidade Ecológico 5 enfoca o consumo da água, sua

qualidade e seus padrões de uso. A qualidade da água está, de modo geral, diretamente

relacionada à quantidade disponível, englobando seus aspectos físicos, químicos e

biológicos. Segundo OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento

Econômico, 1993), essa qualidade é fundamental, pois refere-se a sua possibilidade de

utilização para diferentes fins, como o abastecimento de água potável, o banho ou a

proteção do meio aquático. A utilização racional da água é imprescindível para a

sustentabilidade.

Para que ocorra uma boa avaliação desse índice, é preciso que as casas sejam

abastecidas regularmente pela rede pública, e que seja de boa qualidade. Nas três

comunidades pesquisadas, a maioria das residências possui água encanada, fornecidas

pela EMBASA (Empresa Baiana de Saneamento). O indicador também leva em

consideração, outros aspectos como a pureza natural da água, a utilização de filtros e

aditivos saudáveis para balancear o pH, e a adição de cloro, bromo, iodo ou flúor.

Também considera os sistemas de armazenamento evitando os riscos de contaminação

que podem causar danos a saúde (REDE GLOBAL DE ECOVILAS, 2009). Em se

tratando dos aspectos de produção, não foram encontradas nas comunidades

pesquisadas, alternativas de consumo e utilização da água racional, como sistemas de

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irrigação econômicos, reutilização das águas de sabão, nem procedimentos de economia

doméstica.

Olivença possui tradição no que tange a qualidade e quantidade da água

disponível, entretanto Dória (2003) afirma que as características hidrominerais são coisa

do passado. A fonte dos Milagres encontra-se completamente poluída, existindo

inclusive pavimentação sobre a referida fonte. A autora citada chamou atenção ainda

para bicas existentes nas proximidades do Centro Cultural e do Balneário Tororomba,

que visam abastecer, através da coleta manual, a população interessada, não possui

condições sanitárias para ser utilizada pela população, pois situam-se em frente a uma

rua sem calçamento, com bastante poeira e ou lama, transeuntes, carros, animais

passantes (Figura 55).

Entretanto, destacam-se, em Olivença, as fontes Curupitanga e Santa Fé,

localizadas na área rural, cujo ribeirão que abastece estas fontes, acredita-se, tem águas

minerais, sem poluição e prontas para o consumo. Torna-se necessário, que se faça uma

análise dessas fontes para que a população fique sabendo o que estão realmente

bebendo. Essa comunidade é rica em água, abundante e renovável, até mesmo para a

água fornecida pela EMBASA é considerada de boa qualidade e abastece quase que a

totalidade do local. Além disso, o armazenamento nas casas é feito em tanques cobertos

para evitar a proliferação da dengue.

Figura 55 - Bicas d‟água, contaminadas em Olivença, em 12 de outubro de 2009, dados

da pesquisa.

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É imperioso que as fontes devam ser preservadas visando sua utilização por

gerações futuras, o que não tem ocorrido nas comunidades pesquisadas. Os recursos

hídricos são fundamentais para a sobrevivência da vida nas comunidades, por isso a

gestão sustentável desses recursos tem se tornado grande preocupação dos gestores

mundiais. O consumo desses recursos racionalmente envolve redução das perdas, e

técnica para seu reaproveitamento.

O Banco da Vitória possui algumas fontes de água consideradas pela população

como renováveis e inesgotáveis. Especificamente, uma delas está às margens da BR-

415, onde constantemente os autóctones e visitantes captam água nessa localidade

(Figura 56). A pesquisa também encontrou uma fonte (minadouro) na fábrica de

estátuas de cimento (Figura 57) e, segundo os moradores entrevistados, essa fonte

fornece água para o abastecimento do estabelecimento o dia todo. Além dessas duas

fontes, a pesquisa também identificou que uma grande parcela da população local,

utiliza-se de cisternas particulares.

Figura 56 – Fonte de água, considerada potável, encontrada no Banco da Vitória, em 28

de julho de 2009, dados da pesquisa

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Figura 57: Fonte de água encontrada na fabrica de estátuas de cimento, em 28 de julho

de 2009, dados da pesquisa.

Esse indicador ainda trata da estimativa de pessoas na comunidade que

conhecem e protegem os recursos hídricos existentes, bem como sua abundância

renovável, a disponibilização pela rede pública, utilização de poços artesianos,

existência de mananciais, bombeamento de longas distâncias, sistemas de

armazenamento de águas pluviais, preço pago pelo recurso e utilização de fontes não

renováveis.

Com relação ao uso racional da água, alguns métodos devem ser considerados,

como: a irrigação através de gotejamento, a reutilização das águas de sabão, a

minimização do uso doméstico, assim como a plantação de plantas nativas tolerantes a

seca e a utilização doméstica de produtos naturais; esses métodos não são utilizados

pelas comunidades pesquisadas.

Outro ponto tratado nesse indicador relaciona-se com os aspectos sanitários

(cuidado e manutenção dos canos, utilização de descargas sanitárias de baixo fluxo,

disponibilidade de esgotos nas residências).

Em Olivença, a pesquisa detectou problemas graves de sanitarismo nas praias de

Batuba e Milagres, no Balneário Tororomba, e falha nos sistemas de encanamentos,

fonte de reclamações constantes da população sem que se chegue a uma solução. No

Banco da Vitória, a situação é caótica, esgotos a céu aberto, falta de água nas

residências, canais abertos, buracos nas ruas e mananciais poluídos (Figura 58).

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Figura 58 - Esgotos e mananciais contaminados no Banco da Vitória, em 28 de julho de

2009, dados da pesquisa.

O esgotamento sanitário no Salobrinho é o mais precário dentre as localidades

pesquisadas, pois a comunidade convive diariamente com esgotos a céu aberto, nas ruas

da localidade e às margens da BR-415 (Figura 59), bem no centro de Salobrinho, e,

como já foi destacado anteriormente, esse esgoto tem início no Salobrinho e termina

dentro da UESC.

Sem falar no esgoto da própria UESC que segundo informação verbal17, que é

depositado no rio Cachoeira, rio que passa pelas comunidades do Salobrinho e Banco da

Vitória até chegar à sede do município de Ilhéus-BA.

17 Entrevista concedida por funcionário da UESC, que não autorizou a sua identificação, em 05 de

novembro de 2009.

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Figura 59 - Esgotos a céu aberto no centro do Salobrinho, em 09 de agosto de 2009,

dados da pesquisa

O painel da Figura 59 apresenta o centro do Salobrinho e a quantidade de esgoto

exposto às margens da BR – 415, que liga os municípios de Ilhéus e Itabuna. Esses

esgotos ficam na praça central da comunidade, onde estão localizados diversos

restaurantes, correios, residências. A comunidade referida é composta por rua de chão,

sem pavimentação, e o acesso a algumas delas é feita por trilhas no meio do matagal.

Os valores encontrados (Figura 45) para o Indicador Ecológico 5 (Água - Fontes,

Qualidade e Padrões de Uso) para as comunidades pesquisadas foram de 12 pontos no

Banco da Vitória e 18 pontos para Salobrinho, estando estas duas comunidades em

condições desfavoráveis com vistas ao desenvolvimento sustentável, de acordo com a

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metodologia da pesquisa. Desse modo, essas comunidades são classificadas como ruins,

necessitando de mais ações empreendedoras para que as mesmas busquem o caminho da

sustentabilidade.

Já Olivença obteve 27 pontos, indicando um bom direcionamento em relação à

sustentabilidade. Entretanto, para que ocorra a excelência sustentável, faltam programas

educacionais nas comunidades abordando um melhor consumo e utilização da água,

redução do lixo nas ruas e políticas públicas de saneamento básico.

Nas três comunidades pesquisadas, o único registro disponível para o programa

de racionalização do consumo de água provém dos boletos para o pagamento do

consumo, os quais são também fonte de diversas reclamações de irregularidades

cometidas pelo órgão responsável.

3.1.6 Indicador Ecológico 6 - Águas Residuais e Manejo da Contaminação das Águas

A degradação dos recursos naturais, focada nesse indicador, trata

especificamente das águas, e sua utilização irracional. Em Olivença e Banco da Vitória,

vem ocorrendo contaminação pela utilização de fertilizantes praticados na agropecuária,

trazendo graves consequências à saúde humana e degeneração das fontes hídricas. Essa

contaminação também de se dá pela falta de reutilização das águas residuais domésticas,

e pelas águas urbanas. O Quadro 06 conceitua esses tipos de águas bem como a sua

exemplificação.

Quadro 06 – Tipos de águas segundo OMS (2009)

Águas Características

Residuais Domésticas Provenientes da utilização caseira como: Águas de banho, resíduos de

cozinhas, utilizadas na lavagem de pavimentos domésticos

Residuais Industriais Resultantes de processos de fabricação

Infiltrações Resultam da infiltração nos coletores de água existente nos terrenos

Urbanas Resultam de chuvas, lavagem de pavimentos, regas etc.

Minerais Provenientes de fontes naturais ou artificiais, com características

químicas, físicas e físico-químicas que as distinguem das águas comuns .

Salgada Utilizadas para a pesca, para o turismo, interferindo nos padrões de

comportamento das comunidades litorâneas Fonte: Adaptado www.reusodeagua.hpg.com.br (2009)

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Como, de modo geral, as águas residuais estão contaminadas com grandes

quantidades de poluentes, que prejudicam a qualidade das águas dos rios,

comprometendo a conservação do ambiente, em especial fauna e flora, a realização de

outras atividades, sejam elas de lazer ou de produção (pesca, banhos, navegação,

turismo, geração de energia dentre outros). Para que uma comunidade seja sustentável

em relação à reutilização das águas, é preciso que elas sejam recolhidas e transportadas

para estações de tratamento biológicas, ou reutilizadas em outras atividades que não as

originais.

Com relação às águas residuais domésticas, sua poluição, em geral, decorre da

falta de conscientização da população, que acaba jogando nos sanitários cotonetes,

preservativos, absorventes, papel higiênico etc., resíduos que dificilmente serão

captados pelas estações de tratamento.

A reutilização das águas tem sido praticada há muitos anos, existindo relatos da

Grécia Antiga, através da disposição de esgotos e utilização para a irrigação, entretanto,

o crescimento econômico e populacional tem tornado extremamente necessária a

preocupação com a sua reutilização, no consumo racional evitando perdas e

desperdícios, buscando minimizar a produção de efluentes.

O tratamento dos esgotos possui vital importância para a utilização das águas na

agropecuária (com ou sem irrigação), possibilitando melhor abastecimento público, fato

não constatado nas comunidades pesquisadas. Essa reutilização das águas possibilita

diminuir a demanda por mananciais de água, graças à substituição da água potável por

uma água de qualidade inferior e, dessa maneira, grandes volumes de água podem ser

poupados. No Quadro 07, são apresentados os tipos de reuso praticado.

Quadro 07 – Tipos de reuso para águas residuais

Reuso Características

Indireto não planejado da

água

Água descarregada no meio ambiente para ser novamente utilizada sem

controle, sujeita às ações naturais do ciclo hidrológico (diluição, autodepuração).

Indireto planejado da água Efluentes depois de tratados são descarregados planejadamente nos

corpos de águas superficiais ou subterrâneas, para serem utilizadas a

jusante, de maneira controlada, no atendimento de algum uso benéfico.

Direto Planejado Efluentes tratados são encaminhados diretamente de seu ponto de

descarga até o local do reuso, não sendo descarregados no meio ambiente,

destinando-se a uso em indústria ou irrigação.

Aplicações da água reciclada

Fonte: Adaptado www.reusodeagua.hpg.com.br e www.ana.gov.br (2009).

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Para esta pesquisa alguns aspectos foram destacados como a utilização de

sanitários secos, não encontrado em qualquer das comunidades pesquisadas;

biodigestores foram encontrados apenas no Banco da Vitória, o que caracteriza a falta

de utilização racional dos sistemas sanitários nas três comunidades. Segundo os

moradores pesquisados, a atual sistema sanitário contamina o ecossistema local,

entretanto a população desconhece práticas de reutilização das águas residuárias,

indicando, assim, a necessidade de um programa de educação ambiental para melhor

aproveitamento desses resíduos e de recursos financeiros para melhorias no sistema

sanitário.

Dessa forma, a água que chega até as localidades acaba sendo devolvida muito

poluída sem a menor preocupação com a contaminação local existente e não tratada.

Outros problemas também encontrados referem-se ao descarte de substâncias tóxicas

(tintas, gasolina, óleo de cozinha, pilhas dentre outros), que acabam poluindo o

ambiente sem que a população saiba da necessidade de coleta especial (alguns

entrevistados no Banco da Vitória informaram saber dessa necessidade, entretanto não

sabiam como agir).

De acordo com a metodologia aplicada (Figura 45), a situação encontrada para o

Banco da Vitória foi a melhor detectada entre as outras comunidades, a comunidade

obteve 27 pontos indicando um bom caminho no direcionamento a sustentabilidade. Já

no Salobrinho, em que nada se faz ou nada se sabe, a comunidade obteve 15 pontos,

ficando numa escala ruim, necessitando de mais ações a serem empreendidas no

direcionamento ao desenvolvimento sustentável. A pior situação é a da comunidade de

Olivença, outrora caracterizada como Estância Hidromineral, hoje com altos índices de

contaminação da água e nenhuma técnica de reutilização; dessa forma, Olivença obteve

12 pontos para esse indicador, estando numa situação ruim no direcionamento ao

caminho da sustentabilidade.

3.1.7 Indicador Ecológico 7 - Fontes e Uso da Energia

Esse indicador trata da existência de fontes e consumo de energia e, devido ao

crescimento descontrolado da população mundial, tem-se hoje uma situação grave e

preocupante com relação às fontes de energia, uma vez que a economia mundial está

pautada no consumo de combustíveis fósseis e a produção de energia limpa ainda é cara.

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A energia renovável é originada de fontes naturais que possuem capacidade de

renovação, não se esgotam, ao contrário das demais, que se esgotam facilmente e geram

impactos graves ao ecossistema. As vantagens da utilização de energia limpa são: o

aumento da quantidade e oferta de energia, a garantia de sustentabilidade dos recursos, a

redução das emissões atmosféricas de poluentes, a abundância e a utilização de pequenas

centrais geradoras.

Dentre as fontes de energia renováveis, cita-se a energia solar, a energia eólica, a

energia hidráulica, a energia da biomassa, a energia geotérmica, a energia mareomotriz

e a energia nuclear. E as não renováveis são geradas dos combustíveis fósseis,

detalhados no Quadro 08.

Para a verificação desse indicador e a forma de utilização da energia, a pesquisa

detectou nas três comunidades o predomínio de utilização de energia hidroelétrica nas

residências e gás para cozinha, não existindo preocupação com utilização de fontes

renováveis, sendo padrão de consumo para as três comunidades.

A energia hidroelétrica é fornecida pela rede pública utilizando fontes

renováveis, mas que, no entanto, causam grandes impactos ao ecossistema, oriundos da

implantação de usinas hidroelétricas.

Outra fonte importante é a utilização de combustíveis fósseis derivados do

petróleo, consumidos principalmente nos transportes motorizados. Em todas as três

comunidades pesquisadas, encontraram-se postos de combustíveis para atendimento dos

residentes e passantes.

Em se tratando de utilização dessa energia, não existe preocupação coletiva em

buscar alternativas renováveis, talvez por falta de informação, talvez pela acomodação

das comunidades que ficam esperando que o poder público resolva tudo, não existindo

educação e, consequentemente, consciência sobre a necessidade de utilização de fontes

renováveis, e segundo os entrevistados muitos não sabem dessa possibilidade. Não

existem programas na localidade que disponibilizem informações sobre a melhor

utilização da energia, uma vez que existe uma preocupação em virtude das altas taxas

cobradas pelo serviço público e, neste sentido, os consumidores de energia nas três

comunidades preocupam-se apenas com os preços cobrados pelos serviços.

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Quadro 08 – Principais Fontes de Energia

Energia

Hidráulica

Produzida a partir de usinas hidrelétricas onde a queda d‟água faz

funcionar geradores elétricos produzindo energia, apesar da implantação

das usinas gerarem sérios impactos ambientais ela ainda é considerada

energia limpa.

Energia

Fóssil

Formada a milhões de anos a partir do acúmulo de materiais

orgânicos no subsolo. Provoca poluição, e contribui com o aumento

do efeito estufa e aquecimento global. Ocorre principalmente nos

casos dos derivados de petróleo (diesel e gasolina) e do carvão

mineral. Já o gás natural possui o níveis de poluentes menores.

Energia

Solar

Pouco explorada no mundo, devido ao alto custo elevado de

implantação, é uma fonte limpa, e a radiação solar é captada e

transformada para gerar calor ou eletricidade

Energia de

Biomassa

Gerada a partir da decomposição, em curto prazo, de materiais

orgânicos e o gás metano produzido é usado para gerar energia.

Energia

Eólica

Gerada a partir do vento onde grandes hélices são instaladas em

áreas abertas, sendo que, os movimentos delas geram energia

elétrica. É uma fonte limpa e inesgotável.

Energia

Nuclear

O urânio é é desintegrado e uma enorme quantidade de energia é

liberada. As usinas nucleares aproveitam esta energia para gerar

eletricidade. Apesar de nao produzir poluentes, a quantidade de lixo

nuclear é um ponto negativo e os acidentes embora raros,

representam um grande perigo.

Energia

geotérmica

Nas camadas profundas da crosta terrestre existe um alto nível de

calor. Em algumas regiões, a temperatura pode superar 5.000°C. As

usinas podem utilizar este calor para acionar turbinas elétricas e

gerar energia.

Energia

Maremotriz

Gerada a partir do movimento das águas oceânicas nas marés. Possui

um custo elevado de implantação e, por isso, é pouco utilizada.

Especialistas em energia afirmam que, no futuro, esta, será uma das

principais fontes de energia do planeta

Fonte: Adaptado fontesdeenergia.blogspot.com (2010).

Existe um programa da empresa distribuidora de energia na substituição dos

equipamentos antigos por equipamentos modernos, gradativamente, considerando que

as comunidades são carentes economicamente. Segundo moradores entrevistados, a

preocupação com o consumo de energia elétrica iniciou-se apenas a partir do ano de

2001, como o racionamento imposto pelo Governo Federal.

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Os valores obtidos para esse indicador (Figura 45) foram ruins nas três

comunidades pesquisadas, sendo que o pior valor foi em Salobrinho com apenas 10

pontos, o Banco da Vitória, com 13 pontos, e Olivença, com 14 pontos. Isso significa

que são necessárias muitas ações que direcionem o consumo de energia ao

desenvolvimento sustentável, em especial a necessidade de programas educacionais e

programas de compartilhamento de equipamentos para estimular a sustentabilidade.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados da avaliação quantitativa da sustentabilidade nas comunidades de

Olivença, Banco da Vitória e Salobrinho, apresentados e discutidos neste trabalho,

representam o nível de sustentabilidade segundo a Rede Global de Ecovilas (2009), e

segundo a proposta problemática e dos objetivos elaborados, os resultados foram

plenamente alcançados nesta pesquisa. Esses indicadores, conforme propostos, foram

agrupados em Indicadores de Sustentabilidade: Cultural, Socioeconômicos e

Ecológicos.

As comunidades pesquisadas ficaram aquém das expectativas para os níveis de

excelência esperada pela metodologia da pesquisa, ou seja, uma qualidade de vida de

seus residentes, pelo menos, considerado aceitável pelas organizações de saúde e bem

estar, principalmente quando considerados e comparados, com os valores previstos para

cada e os obtidos. Dentro da proposta considerada, podia-se avaliar esses níveis de

excelências ou de qualidades consideradas ruins nas comunidades, através de um valor

previsto, para uma avaliação quantitativa total.

Assim, pode-se afirmar, pelos resultados obtidos, que a comunidade de

Olivença possui bom conhecimento em direção à sustentabilidade, cujo valor total

encontrado de 588 pontos obtidos, e comparado com o previsto, entre 484 pontos e

1003 pontos, que classificam Olivença com um bom direcionamento à sustentabilidade,

mas que ainda necessita de ações para a melhoria da qualidade de vida na comunidade

como, por exemplo, melhorias na utilização dos recursos naturais, na formatação de

produtos culturais indígenas e consequentemente melhoria nas oportunidades de

trabalho e negócios sustentáveis.

Ainda de acordo com essa avaliação dos dados previstos totais, a comunidade

de Banco da Vitória obteve 453 e Salobrinho, 332 pontos, os quais, comparados com os

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valores previstos, ou seja, respectivamente abaixo de 483 pontos, infere-se que essas

comunidades se encontram em situação ruim, requerendo ainda muitas ações no sentido

de direcioná-las ao desenvolvimento sustentável.

A comunidade de Olivença obteve valores expressivos para os índices de

Sustentabilidade Espiritual e de Paz e Consciência Global, o que leva a afirmar que

Olivença, nesses indicadores, está no nível de excelente direcionamento à

sustentabilidade. Outros indicadores, também, se destacaram positivamente em

Olivença, como: Abertura, Confiança e Segurança em Espaços; a Sustentabilidade

Cultural específica tratado no indicador Cultura 2; Um Novo ponto de Vista

Holográfico e Circulatório do Mundo; e Visão Comunitária, todas estas indicando um

bom direcionamento a caminho da sustentabilidade. Essa comunidade obteve valores

inexpressivos para os indicadores de Artes e Lazer e Habilidade na Resposta

Comunitária dentro dos Indicadores de Cultura, sendo considerada, nesses aspectos,

como ruim.

No grupo de Indicadores de Sustentabilidade Socioeconômica essa comunidade

obteve três indicadores expressivos: Fluxo das Ideias e da Informação, Educação e

Saúde, o que indicam um bom direcionamento a caminho da sustentabilidade. Obteve,

entretanto, alguns valores inexpressivos para a Sustentabilidade Econômica, nos itens

Economia, Serviços, Formação de Redes, Assistência e Difusão - Intercâmbio de

recursos (Interno e Externo) e Governança, indicando um direcionamento ruim a

caminho da sustentabilidade.

Outro grupo de indicador analisado voltado para a Ecologia local e que,

semelhante ao indicador de Sustentabilidade Socioeconômica, nenhum dos itens

analisados atingiu o nível de excelência proposto pela metodologia. Nessa comunidade

os indicadores ecológicos, que atingiram um bom nível de conhecimento a caminho da

sustentabilidade, foram: Conexão com o Lugar - Localização e Escala da Comunidade e

Restauração e Preservação da Natureza; Disponibilidade, Produção e Distribuição de

Alimentos e Água - Fontes, Qualidade e Padrões de Uso. Os demais obtiveram valores

inexpressivos, como: a Infraestrutura Física, Edificações e Transportes - Materiais,

Métodos e Soluções Criativas Ecológicas; Padrões de Consumo e Manejo de Resíduos

Sólidos; Águas Residuais e Manejo da Contaminação das Águas; Fontes e Uso da

Energia), indicando ruim direcionamento a caminho da sustentabilidade.

No Banco da Vitória, os indicadores mais expressivos foram os de

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Sustentabilidade Espiritual, de Paz e Consciência Global, de Sustentabilidade Cultural,

de um Novo Ponto de Vista Holográfico e Circulatório do Mundo, de Educação, de

Saúde e de Águas Residuais e Manejo da Contaminação das Águas, já os outros

indicadores obtiveram valores inexpressivos (Abertura, Confiança e Segurança em

Espaço Comum; Artes e Lazer; Economia; Fluxo das Ideias e da Informação; Serviços,

Formação de Redes, Assistência e Difusão - Intercâmbio de recursos (Interno e

Externo); Governança; Conexão com o Lugar - Localização e Escala da Comunidade;

Restauração e Preservação da Natureza; Disponibilidade, Produção e Distribuição de

Alimentos; Infraestrutura Física, Edificações e Transportes - Materiais, Métodos e

Soluções Criativas Ecológicas; Padrões de Consumo e Manejo de Resíduos Sólidos;

Água - Fontes, Qualidade e Padrões de Uso e Fontes e Uso da Energia).

A comunidade do Salobrinho foi a que obteve a pior pontuação, nela poucos

indicadores obtiveram valores expressivos, são eles os indicadores de Sustentabilidade

Espiritual e Paz e Consciência Global, todos os demais indicadores obtiveram

pontuação muito baixa, o que deixa essa comunidade em pior situação, como já

explicado no Capítulo 01.

A situação encontrada na comunidade do Salobrinho, assim como nos outros

indicadores, foi a pior dentre as três comunidades pesquisadas, onde apenas o indicador

Educação obteve destaque expressivo, fato que se dá devido à localização da UESC em

seu território, mesmo assim, segundo os moradores, é difícil o acesso da população

local a seus cursos.

O Salobrinho obteve, conforme Tabela 02, pontuação ruim para quase todos os

indicadores, porém destaca-se o indicador de Economia, que obteve valor negativo, o

que muito preocupa, pois a pobreza é o maior empecilho do desenvolvimento

sustentável.

As comunidades de Olivença e Banco da Vitória, por se tratarem de destinos

turísticos, precisam melhorar a qualidade de seus serviços e a qualidade de vida de seus

moradores, para atender melhor turistas e visitantes. O Salobrinho, segundo a pesquisa,

encontra-se em uma situação muito ruim, necessitando de melhorias em todos os

aspectos.

Olivença culturalmente e ambientalmente possui condições de se consolidar

como um produto turístico, entretanto, para que isso ocorra, é preciso que exista um

planejamento, e a formatação de seus recursos em produto turístico e cultural, em

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especial produtos turísticos culturais indígenas. Contudo, esse planejamento deve partir

das lideranças locais, em conjunto com o governo do município de Ilhéus e com o

governo do Estado da Bahia.

Para que essas melhorias aconteçam, a pesquisa sugere que sejam realizados

workshops apresentando os principais problemas encontrados e alternativas de

melhorias para que a população local possa buscar por melhorias em sua qualidade de

vida, entretanto essa busca não deve focar apenas as ações governamentais e sim em

projetos educacionais e conscientizadores, em que a própria população descobrirá quais

os melhores caminhos a seguir de acordo com a sua cultura (hábitos e valores), bem

como seus padrões e desejos socioeconômicos para melhor utilizar os recursos

disponíveis.

Assim, ao finalizar este trabalho, tem-se a certeza de que a aquisição de novos

hábitos possibilitaria a essas comunidades uma melhor condição de vida e melhor

sustentabilidade turística. Entretanto, para que isso ocorra, é necessária a realização de

novas pesquisas sobre turismo e sobre sustentabilidade quantitativa nas comunidades,

considerando uma oportunidade para melhorar a metodologia utilizada, pesos dos itens.

A própria metodologia sugere que essa análise quantitativa seja feita anualmente

para verificar a situação desses indicadores e para planejamento de ações que busquem

a sustentabilidade, com o intuito de melhorar a qualidade de vida local, formatar

possíveis produtos turísticos e culturais sustentáveis.

O desenvolvimento sustentável dessas comunidades será fundamental para o

desenvolvimento da atividade turística, contribuindo na melhoria do nível da qualidade

de vida local e valorizando as características da comunidade, atendendo, assim, as

necessidades dos moradores das comunidades e consequentemente os turistas e

visitantes, contribuindo para o processo de desenvolvimento sustentável local.

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APENDICES – Questionários

O QUANTO É SUSTENTÁVEL A SUA COMUNIDADE?

COMUNICAÇÃO

Idade Sexo Ocupação Estado civil Grau de instrução

Tempo de moradia na comunidade

Onde trabalha

Como chegou a esse cargo

LISTA DE CONFERÊNCIA COMUNICAÇÃO 1

Comunicação - o Fluxo das Idéias e da Informação

A. O sistema para prover regularmente os membros da comunidade com informação, realizar

intercâmbios de idéias e anúncios é:

.excelente (15) . adequado (5) . mínimo (1) . inadequado / não existem (0)

Quais são os sistemas de comunicação utilizados? _____________________________________________________________________________________

Os membros da comunidade utilizam esse sistema:

sempre (10) . as vezes (3) . pouco (1) .para nada (0)

B.Os sistemas de comunicação são utilizados e funcionam bem na comunidade para o seguinte: (marcar

tantos quantos se apliquem)

Anúncios de eventos sociais (3) . Anúncios de atividades de trabalho grupal (3) .

Fomentar discussões para decisões importantes para a comunidade (3)

Disponibilizar informações a cerca de decisões tomadas anteriores e políticas da comunidade (3)

Promover o compartilhamento de recursos, habilidades, transporte, etc. (3)

Promover apoio pessoal quando algum membro da comunidade o necessita (3) Incentivar o intercâmbio de idéias e visões, discussão de valores, sem censura (3)

Outros (1 ponto para cada um) - descreva-os:

_____________________________________________________________________________________

C. Os membros da comunidade têm acesso adequado a:

Conhecerem-se e conversar pessoalmente:.sempre (8) as vezes (4) . raramente (3)

Telefone: Sim (5) não (-3)

Fax: Sim ( 4 ) não (-1 )

Serviço regular de correio: Sim (3 ) não ( -1 )

Internet / e-mail: Sim ( 2) não ( 0 )

Outros (1 ponto para cada um) - descreva-os _____________________________________________________________________________________

LISTA DE CONFERÊNCIA COMUNICAÇÃO 2

Serviços, Formação de Redes, Assistência e Difusão - Intercâmbio de recursos ( Externo e Externo).

A. A informação sobre a comunidade está disponível para outras pessoas ( público em geral) de alguma

forma: . sim (5) . não (-3)

Qual?

_____________________________________________________________________________________

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152

B. A comunidade oferece programas e/ou serviços quanto aos métodos de vida sustentável, tecnologia

e/ou negócios: (especifique)

Aos membros da comunidade : sim (5) . não (-3)

Ao público em geral . sim (5) . não (-3)

C. A comunidade providencia assistência / serviço a quem necessita: (marcar tantos quantos se apliquem)

. Dentro da comunidade (10) Dentro da região (5) No país / estado (5) Em outras partes do mundo(5)

Qual o tipo de assitência ou serviço?

_____________________________________________________________________________________

D. Até que ponto a comunidade obtém rendimentos (alguma vantagem) a partir de processos e serviços:

(marcar tantos quantos se apliquem)

Dentro da comunidade: .sempre (5) . as vezes (3) . muito pouco (1) .quase nada (-1)

Dentro da região: .sempre (5) . as vezes (3) . muito pouco (1) .quase nada (-1)

Quais serviços?

_____________________________________________________________________________________

E. Até que ponto há serviços e oportunidades disponíveis para a juventude?

.sempre (7) . as vezes (3) . muito pouco (1) .quase nada (-3)

F. A comunidade constrói relações e intercâmbios de informação, recursos e apoio com outras

comunidades e organizações afins:

.sempre (7) . as vezes (3) . muito pouco (1) .quase nada (-1)

De que tipo?

_____________________________________________________________________________________

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O QUANTO É SUSTENTÁVEL A SUA COMUNIDADE?

CULTURA

Os aspectos socio-culturais da vida em comunidade estão equilibrados quando:

Existe um sentido de estabilidade e dinamismo social na vida da comunidade; uma base de segurança e

confiança que permite aos indivíduos expressarem-se livremente em benefício de todos.

A vida cultural sustenta-se através das artes e outras atividades culturais e celebrações, inclusive

religiosas.

A criatividade e as artes são vistas como a expressão de uma unidade e inter-relação com nosso universo,

e se promovem e apóiam, através de várias formas de expressão artística, de uma vida engenhosa, assim como o preservar e compartilhar a beleza e valores estéticos. O tempo livre é valorizado. Sem se importar

se a comunidade é urbana, suburbana ou rural, desenvolvida ou não existe um entendimento crescente

sobre a interconexão e interdependência de todos os elementos vivos da Terra. A comunidade conhece

seu lugar e a relação com o todo.

Perfil

Idade Sexo Ocupação Estado civil Grau de instrução

Tempo de moradia na comunidade

Onde trabalha

Como chegou a esse cargo

LISTA DE CONFERÊNCIA CULTURA 1

Abertura, Confiança e Segurança; Espaço Comum

A. O quanto está consolidada a segurança dentro da comunidade?

muito (6) . razoavelmente (3) . pouco (0) . não está (-1)

B. Até que ponto a comunidade é um lugar seguro para as mulheres? completamente (6) normalmente (3) . as vezes (0) . não é (-1)

C. Até que ponto a comunidade é um lugar seguro para as crianças?

completamente (6) normalmente (3) . as vezes (0) . não é (-1)

D. Até que ponto as pessoas da comunidade conhecem e tem uma relação de ajuda mútua com seus

vizinhos?

quase sempre (6) .sempre (3) .as vezes (0) . para nada (-1)

E. Os crimes dos adultos na comunidade são:

raros (6) . ocasionais (3) . freqüentes (-3) . constantes (-5)

que tipos? _____________________________________________________________________________________

F. Os crimes juvenis na comunidade são?

raros (6) . ocasionais (3) . freqüentes (-3) . constantes (-5)

que tipos?

_____________________________________________________________________________________

G. Os espaços interiores para encontros comunitários e atividades sociais são:

excelentes (6) . adequados (3) . mínimos (1) . inadequados / não existem (0)

H. Os espaços exteriores para encontros comunitários e atividades sociais são? excelentes (6) . adequados (3) . mínimos (1) . inadequados / não existem (0)

I. Os lugares disponíveis para atividades salutares e reuniões de jovens são:

excelentes (6) . adequados (3) . mínimos (1) . inadequados / não existem (0)

J. A freqüência dos encontros sociais de toda comunidade e atividades comunitárias é :

diária(7) . semanal (5) . mensal (3) . sazonal (0) . raramente (-1)

Que tipo de encontros sociais?

_____________________________________________________________________________________

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LISTA DE CONFERÊNCIA CULTURA 2

Sustentabilidade Cultural

A. A herança cultural/étnica da comunidade preserva-se e é celebrada através de (marcar tantos quantos

se apliquem):

transmissão oral ou em encontros (5)

arquivos e atas escritas (5) pessoa(s) servindo como historiador (es/as) (5)

entretenimento / aprendizagem em atividades específicas da comunidade (artesanatos, linguagem

indígena, produtos folclóricos, etc.) (5) especificar____________________________________________

uma visão comum, um método para assegurar continuidade da cultura no futuro (5)

cerimônias e celebrações (5) _____________________________________________________________

arte (fotografia, murais, canções, etc.) (5)

não se aplica (0)

Quais são os tipos de igrejas existentes?

_____________________________________________________________________________________

Que tipos de práticas espirituais existentes?

que tipos?

_____________________________________________________________________________________

Os membros da comunidade que não compartilham de uma herança cultural em comum:

juntam-se para celebrar o companheirismo dos membros da comunidade (15)

valorizam e atuam para preservar a cultura / história da comunidade por alguns dos métodos descritos

acima (15)

B. São oferecidos programas culturais, festivais e celebrações abertas a quem queira participar (marcar

tantos quantos se apliquem): dentro da comunidade (10) . nenhum ao redor (-5)

quais programas?

_____________________________________________________________________________________

C. Indique uma estimativa de quantos membros da comunidade conhecem a história sobre a evolução e

origem da comunidade

a maioria (13) . alguns (6) . poucos (1) . nenhum (-4)

Pq esse local tem esse nome?

_____________________________________________________________________________________

D. Os ciclos ou transições da vida são celebrados mediante cerimônias e ou rituais de passagem: .

sempre - com poucas exceções (13) . usualmente (6) ocasionalmente (2) . nunca (-5)

E. É incentivado o uso de resíduos, em atividades criativas /artísticas na comunidade?

sim . muito (5) .pouco (2 ) não . (0)

Que tipo de atividade?

_____________________________________________________________________________________

LISTA DE CONFERÊNCIA CULTURA 3

Artes e Lazer

A. Existem oportunidades disponíveis aos membros da comunidade para desenvolverem talentos

artísticos (oficinas de aprendizagem e apoio em iniciativas artísticas individuais)?

freqüentemente (6) . às vezes (2) . raramente ( 0) . nunca (-2)

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B. Essas oportunidades incluem (marcar tantos quantos se apliquem):

pintura (2) . música (2) literatura (2) dança (2) . cerâmica / escultura(2) . teatro/artes dramáticas (2)

tecelagem (2) . artesanatos folclóricos(2) . fotografia (2) outros (1 ponto para cada um) - descreva-os

C. A comunidade valoriza e motiva o desenvolvimento de entretenimentos locais:

muito (6) . moderadamente (3) . pouco (1) . nada (-1)

D. Até que ponto os membros da comunidade têm tempo para atividades recreativas e de lazer (esportes,

hobbies, relaxamento, jogos cooperativos, etc.)? muito (6) . moderadamente (3) . pouco (1) . nada (-1)

quais?

_____________________________________________________________________________________

E. Existem espaços disponíveis para atividades e eventos de grupo:

dentro da comunidade:

sim(6) de que tipo e para qual atividade . não (-1)

fora da comunidade: . sim(6) de que tipo e para qual atividade. não (-1)

F. Os espaços para encontros e atividades culturais são:

excelentes (5) . adequados (3) . inadequados /.. mínimo (1) não existem (0)

G. Indique a freqüência de eventos artísticos / celebrações na comunidade:

diária (5) . semanal (3) . mensal (2) sazonal (2) . anual (1) nunca (-5)

tipo ?

_____________________________________________________________________________________

H. O desenho e a aparência da comunidade denotam que a comunidade valoriza a arte, a beleza, a

harmonia e as qualidades estéticas:

claramente (6) . bastante (3) . pouco (1) . nada (-1)

I. Até que ponto a expressão da beleza (na arte, cerimônias, poesia, jardins, arquitetura, etc.) forma parte do estilo de vida da comunidade?

muito (6) . moderadamente (3) . pouco (1) . nada (-1)

LISTA DE CONFERÊNCIA CULTURA 4

Um Novo Ponto de Vista Holográfico e Circulatório do Mundo

A. A comunidade valoriza conscientemente a(responsabilidade, crescimento, cuidado pessoal e interação

com os outros) e se descreve melhor como:

muito (14) . moderadamente (10) . muito pouco (5) . nada (-3)

B.Até que ponto a diversidade (humana) é valorizada e se incentiva como um elemento importante

para a saúde global e ou êxito da comunidade: muito (14) . moderadamente (10) . muito pouco (5) . nada (-3)

C. Até que ponto existe uma visão das pessoas sobre esse lugar e sobre o contexto mundial?

muito (14) . moderadamente (10) . muito pouco (5) . nada (-3)

D. Até que ponto o conceito de sustentabilidade está ganhando aceitação e é utilizado na comunidade?

muito (14) . moderadamente (10) . muito pouco (5) . nada (-3)

para você o que é sustentabilidade?

____________________________________________________________________________________

E.Até que ponto existe dentro da comunidade, um compromisso com um propósito maior, visando o bem estar de todos?

muito (15) . moderadamente (10) . muito pouco (5) . nada (-3)

Some os números nos parênteses de cada item que tenha sido assinalado.

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156

O QUANTO É SUSTENTÁVEL A SUA COMUNIDADE?

SAÚDE

Os aspectos de saúde da vida em comunidade estão em equilíbrio quando:

Existem opções disponíveis e acessíveis para restabelecer, manter e melhorar a saúde (física, mental,

emocional e espiritual), incluindo remédios naturais e práticas complementares, como a meditação e o

trabalho do corpo.

Idade Sexo Ocupação Estado civil Grau de instrução

Tempo de moradia na

comunidade

Onde trabalha

Como chegou a esse cargo

LISTA DE CONFERÊNCIA SAÚDE

A. A atenção à saúde é: (marcar tantos quantos se apliquem) .

Localmente disponível (3) . facilmente acessível (3) . econômica (3)

B. As opções disponíveis para o cuidado da saúde dentro ou fora da comunidade são: (marcar tantos

quantos se apliquem) - se fora especificar local

Atendimento básico - serviços médicos convencionais (2)

Atendimento dentário - serviços médicos convencionais (2)

Atendimentos emergenciais (2)

Atendimento pré-natal (2)

Atendimento materno (2)

Atendimento pediátrico (2) Atendimento geriátrico (2)

Atendimento e apoio para portadores de deficiências (2)

Atendimento e apoio para doentes terminais (2)

Serviços tradicionais (cerimoniais, conselhos, etc.) (2)

Remédios alternativos (ervas, etc.) (2) – como e quais?

Cuidado preventivo / educativo (dietas, exercícios, etc.) (2)

Homeopatia (2)

Terapias complementares (trabalhos corporais, vibracionais, meditação, etc.) ( 2)

Terapias espirituais (2)

Outros (1 ponto para cada um) - descreva-os

_____________________________________________________________________________________

C. O quanto são satisfeitas as necessidades quanto à saúde dentro ou fora da comunidade?

Física .

bem (2) . adequadamente (1) . pobremente(0) . quase nada (-2)

Onde:_______________________________________________________________________________

Mental .

bem (2) . adequadamente (1) . pobremente(0) . quase nada (-2)

Onde:_______________________________________________________________________________

Emocional .

bem (2) . adequadamente (1) . pobremente(0) . quase nada (-2)

Onde:_______________________________________________________________________________

Espiritual . bem (2) . adequadamente (1) . pobremente(0) . quase nada (-2)

Onde:_______________________________________________________________________________

D. As mortes ocasionadas por causas que poderiam ter sido prevenidas na comunidade são:

raras (6) . ocasionais (3) . comuns (-1) . freqüentes (-3)

E. As mortes por suicídio / homicídios / abuso de drogas na comunidade são:

raras (6) . ocasionais (3) . comuns (-1) . freqüentes (-3)

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157

F. A incidência de enfermidades infecto-contagiosas na comunidade:

raras (6) . ocasionais (3) . comuns (-1) . freqüentes (-3)

G. Quanto aos aspectos de saúde, até que ponto existe um compromisso geral de viver sustentavelmente

na comunidade:

muito (6) . algum (3) . um pouco (1) . quase nada (-3)

ECOLOGIA

Idade Sexo Ocupação Estado civil Grau de instrução

Tempo de moradia na

comunidade

Onde trabalha

Como chegou a esse cargo

LISTA DE CONFERÊNCIA ECOLOGIA 1 Conexão com o Lugar - Localização e Escala da Comunidade; Restauração e Preservação

da Natureza:

1. Você acredita que as pessoas desta comunidade se preocupam com o equilíbrio ecológico entre a

localidade e seus recursos naturais?

_____________________________________________________________________________________

2. As pessoas da comunidade já solicitaram/solicitam ou já cansaram de reinvidicar aspectos relacionados

às suas necessidades ecológicas ( água, lixo, esgoto). Quais reinvidicações foram feitas e : atendidas /não

atendidas( 01 ponto por reinvidicação atendida)

_____________________________________________________________________________________

A. Quantas pessoas na comunidade você descreveria como estando conectadas e vivendo

harmoniosamente com o lugar onde vivem?

todas ou poucas exceções (5) a maioria (3) algumas (1) Poucas(0) nenhuma (-1)

B. Quantas pessoas que pertencem a esta comunidade (a tem como sua principal residência)

0 -5 (0) 5 – 19 (1) 20 – 49 (2) 50 - 500(4) 501-1000 (2) 1000-2000 (1) 2000 + (0)

C. Faça uma estimativa da quantidade de pessoas da comunidade com conhecimento de plantas nativas é:

a maioria (5) algumas (3) a minoria (1) poucas ou nenhuma (0)

D. As plantas nativas e a vida silvestre desta área: selecionar onde se aplica:

São ativamente ajudadas e reforçadas: sempre (4) as vezes (2) raramente (0) nunca (1)

São protegidas: sempre (4) as vezes (2) raramente (0) nunca (1) São regatadas quando prejudicadas por atividades humanas:

sempre (4) as vezes (2) raramente (0) nunca (1)

De onde vêm o material que os artesãos utilizam? São colhidos ou aproveitados de árvores mortes?

_____________________________________________________________________________________

3. O que você entende por plantas nativas e vida silvestre?

_____________________________________________________________________________________

4. Elas são protegidas? por quem?

Órgão público (fed ) (est) (mun), qual e como ? _____________________________________________________________________________________

A comunidade , associações locais, ong

_____________________________________________________________________________________

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158

E. A quantidade de matéria orgânica e cobertura do solo cresce anualmente: selecionar onde se aplica

em toda a

biorregião (5)

na maioria das

terras da

comunidade (3)

nas áreas de

produção de

alimentos somente

(1)

não há aumento

(0)

há diminuição (-1)

F. Anualmente a degradação do solo tem:

aumentado (-5) permanecido estável (0) diminuído (3) foi erradicada (5)

G. A diversidade de espécies apropriadas para a comunidade está:

Flora: em aumento (4) sem mudanças (1) diminuindo (-1)

Fauna: em aumento (4) sem mudanças (1) diminuindo (-1)

H. A mudança na saúde em geral do ambiente com relação ao ano anterior foi:

Qualidade do Solo: pior (-1) sem mudanças (1) melhor (3)

Qualidade da Água: pior (-1) sem mudanças (1) melhor (3)

Qualidade do Ar: pior (-1) sem mudanças (1) melhor (3)

I. Até que ponto o ambiente natural da comunidade é perturbado por:

Poluição sonora (sons desagradáveis gerados por atividades humanas perturbando os sons da natureza)?

freqüentemente (-1) as vezes (0) raramente (2) quase nada (4)

Poluição lumínica (fontes de luz potentes que podem prejudicar e impedir de ver as estrelas)?

freqüentemente (-1) as vezes (0) raramente (2) quase nada (4)

Lixo (gerado pelos humanos, descartado de forma inapropriada)?

freqüentemente (-1) as vezes (0) raramente (2) quase nada (4)

Poluição Atmosférica (gases, particulados etc.)?

freqüentemente (-1) as vezes (0) raramente (2) quase nada (4)

J. Até que ponto a comunidade planeja estrategicamente conservar e diminuir o uso dos recursos naturais

considerando as necessidades e usufruto das gerações futuras?

freqüentemente (-1) as vezes (0) raramente (2) quase nada (4)

L. Até que ponto os membros da comunidade participam ativamente da conservação do meio ambiente e

de atividades de restauração (plantando árvores, tirando as espécies não nativas etc.)?

freqüentemente (-1) as vezes (0) raramente (2) quase nada (4)

Some os números nos parênteses de cada item que tenha sido assinalado.

Total de Conexão com o Lugar: __________

55 + Indica um excelente progresso em direção a sustentabilidade

29 - 54 Indica um bom conhecimento em direção a sustentabilidade

0 -28 Indica que se requer mais ação para empreender o caminho à

sustentabilidade

Comentários:

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LISTA DE CONFERÊNCIA ECOLOGIA 2

Idade Sexo Ocupação Estado civil Grau de instrução

Tempo de moradia na

comunidade

Onde trabalha

Como chegou a esse cargo

Disponibilidade, Produção e Distribuição de Alimentos:

A. O alimento que oferece um adequado equilíbrio nutricional à comunidade é: (marcar tantos quantos se

apliquem).

disponível localmente (3) acessível facilmente (3) economicamente acessível (3)

B. Os alimentos são -% estimada (se é menor que a % mínima, conta como 0 pontos)

Produzidos dentro da comunidade:

25% (1) 13 - 25% (3) 26 -40% ou mais(5)

Que tipos de alimentos são produzidos dentro da comunidade? _____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

Obtidos de produtores locais ou fora da comunidade: 25% (1) . 40% (3) 55% (5)

Cultivados organicamente: 25% (1) . 50% (3) 65% ou mais (5)

De cultivos bioregionais, tradicionais ou indígenas: 25% (1) . 50% (3) 65% ou mais (5)

C. É produzido alimento excedente: (marcar tantos quantos se apliquem)

dentro da comunidade (12) na bio-região (6) não se produz alimento extra (0)

o alimento que oferece uma nutrição adequada tem que ser trazido de fora da bio-região (-1)

O alimento excedente é: (marcar tantos quantos se apliquem)

armazenado para uso posterior (1) vendido (1) doado (1) armazenado para animais (1) .

compostado (1) descartado como lixo (-3)

D. Existe sobra de alimento?

freqüentemente (-1) às vezes (0) raramente (1) quase nunca (3)

E.Os excedentes restantes são: (marcar tantos quantos se apliquem)

doados (2) alimento para animais(2) reaproveitados(2) compostados(2) descartados como lixo (-3)

É produzido algum alimento para comercialização fora da comunidade? Quais e onde são

comercializados? _____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

F. Até que ponto se usam estufas, ou telhados verdes e/ou jardineiras nas janelas, para a produção de

alimentos durante o ano todo?

muito (6) . algumas vezes ( 3) . pouco (2) . nada (0)

não há necessidade - a produção de alimentos adquiridos fora é suficiente (4)

Obs. Se a comunidade não produz alimentos a pergunta G/H não se aplica

G. Na produção de alimentos na comunidade são utilizados pesticidas, herbicidas ou fertilizantes

químicos? constantemente (-3) . um pouco (-1) . minimamente (1) . nunca (6)

H. As sementes utilizadas para a produção de alimentos são: (marcar tantos quantos se apliquem) .

Não híbridas (6) (variedades que produzem sementes e preservam a biodiversidade, cultivadas e

intercambiadas localmente) .

Semente híbridas (-2) (sementes vendidas por corporações comerciais que não germinarão e por

conseguinte não podem ser guardadas para as colheitas do próximo ano)

Some os números nos parênteses de cada item que tenha sido assinalado.

Total de Disponibilidade, Produção e Distribuição de Alimentos: ________

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160

LISTA DE CONFERÊNCIA ECOLOGIA 3

Idade Sexo Ocupação Estado civil Grau de instrução

Tempo de moradia na

comunidade

Onde trabalha

Como chegou a esse cargo

Infraestrutura Física, Edificações e Transportes - Materiais, Métodos e Soluções Criativas Ecológicas

A. Uma casa sustentável,pode ser considerado como a que oferece refúgio adequado é: (marcar tantos

quantos se apliquem) .

disponível localmente (4) economicamente acessível (4)

B. Até que ponto os materiais que se utilizam para construir são:

Naturais / recicláveis: . maioria (2) alguns (1) poucos ou nenhum (0)

Que materiais são?

Reciclados / materiais reutilizados: . maioria (2) alguns (1) poucos ou nenhum (0)

Que materiais são?

_____________________________________________________________________________________

De sua bio-região: .

maioria (2) alguns (1) poucos ou nenhum (0)

Que materiais são?

_____________________________________________________________________________________

C. As construções foram pensadas para minimizar as necessidades de energia e harmonizar-se com o

habitat utilizando: (marcar tantos quantos se apliquem) Espaços comuns (construções, casas compartilhadas etc.)

maioria (2) . alguns (1) .poucos ou nenhum (0)

Como:_______________________________________________________________________________

Soluções locais de isolamento térmico

maioria (2) alguns (1) .poucos ou nenhum (0)

Que soluções?

_____________________________________________________________________________________

Materiais de isolamento locais / não tóxicos

maioria (2) . alguns (1) .poucos ou nenhum (0)

Que materiais são?

_____________________________________________________________________________________ Orientação das construções (para ter uma boa luz, ventilação e conforto térmico)

maioria (2) . alguns (1) .poucos ou nenhum (0)

Quais orientações?

_____________________________________________________________________________________

Criação de microclimas favoráveis (plantas que regulam a temperatura exterior para o conforto)

maioria (2) . alguns (1) .poucos ou nenhum (0)

Como?

Projeto para integrar-se com a paisagem (cores, materiais, escolha do lugar, etc.) maioria (2) . alguns (1) .poucos ou nenhum (0)

Como?

_____________________________________________________________________________________

Projeto e planejamento da construção de modo que seja durável e ou renovável

maioria (2) . alguns (1) .poucos ou nenhum (0)

Como?

Outros (1 ponto por cada um) - Descreva-os

_____________________________________________________________________________________

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161

D. Até que ponto as construções existentes são reformadas e comprometidas com critérios estéticos e

de sustentabilidade? a maioria (6) . algumas (3) . poucas ou nenhuma (0)

E. De alguma forma se busca honrar a terra ou sintonizar-se com ela, para se conectar ao ambiente natural

durante o planejamento e desenho da comunidade, desenvolvimento de infra-estrutura e atividades

comunitárias: sempre (4) .às vezes (2) .raramente (0) .nunca (-1)

F. Até que ponto o desenho da comunidade (as construções, infra-estrutura, paisagismo e outras

atividades) se fazem com permacultura ou outro sistema de aproximação integral, que se respeite ou integre tanto as necessidade da terra, fauna e flora local, como as necessidades humanas?

.sempre (4) .às vezes (2) .raramente (0) .nunca (-1)

G. A comunidade foi projetada para minimizar o uso interno de veículos motorizados?

.muito bem (4) . adequadamente (2) . minimamente (1) . inadequadamente (-1)

Os ônibus públicos tem acesso às ruas da comunidade?

_____________________________________________________________________________________

H. Com que freqüência os membros da comunidade tem de sair dela para satisfazer suas necessidades?

.sempre (-2) .às vezes (1) .raramente (0) .nunca (4)

Por que? _____________________________________________________________________________________

I. Até que ponto se utilizam métodos de conservação no transporte?

Sistemas de caminhos (para pedestres, bicicletas, cavalos etc.)

.sempre (2) .às vezes (1) .raramente (0) .nunca (-1)

Quais?

_____________________________________________________________________________________

Utiliza-se veículos com energia limpa e renovável:

.sempre (2) .às vezes (1) .raramente (0) .nunca (-1)

Quais?

_____________________________________________________________________________________

Existe a prática de compartilhar um veículo para ir de um lugar a outro:

.sempre (2) .às vezes (1) .raramente (0) .nunca (-1)

Como?

_____________________________________________________________________________________

Compartilhar a propriedade de veículos:

.sempre (2) .às vezes (1) .raramente (0) .nunca (-1)

Como?

Disponibilidade de transporte coletivo para grandes distâncias (ônibus, aéreo):

.sempre (2) .às vezes (1) .raramente (0) .nunca (-1)

Quais? outros ( 1 ponto por cada um) - Descreva-os

_____________________________________________________________________________________

O transporte coletivo possue a freqüência necessária para atender as necessidades da comunidade?

_____________________________________________________________________________________

Qual a sua opinião sobre o preço do transporte coletivo?

_____________________________________________________________________________________

Como funciona o transporte coletivo, quais os pontos positivos e negativos?

_____________________________________________________________________________________

J.As oportunidades de trabalho em casa, em vez de sair da comunidade são melhores:

.sempre (4) .às vezes (2) .raramente (0) .nunca (-1) Quais são as atividades desenvolvidas em casa?

_____________________________________________________________________________________

LISTA DE CONFERÊNCIA ECOLOGIA 4

Idade Sexo Ocupação Estado civil Grau de instrução

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162

Tempo de moradia na

comunidade

Onde trabalha

Como chegou a esse cargo

Padrões de Consumo e Manejo de Resíduos Sólidos

A. Estime quantas pessoas dentro da comunidade utiliza os seguintes métodos para reduzir o consumo

dos recursos naturais e a geração de lixo sólido:

Simplicidade voluntária - onde o consumo pessoal é minimizado .

todas - com poucas exceções (10) maioria (6) .algumas (3) poucas / ninguém (0)

Recursos compartilhados -equipamentos, ferramentas, roupas, etc. .

todas - com poucas exceções (10) maioria (6) .algumas (3) poucas / ninguém (0)

Quais?

_____________________________________________________________________________________

Existem facilidades compartilhadas como: cozinhas, lavanderias, espaços de armazenamento, escritórios

etc. todas - com poucas exceções (10) maioria (6) .algumas (3) poucas / ninguém (0)

Quais?

_____________________________________________________________________________________

Existem compras através decooperativas / por atacado:

todas - com poucas exceções (10) maioria (6) .algumas (3) poucas / ninguém (0)

Quais?

Outros (1 ponto por cada um) - Descreva-os

_____________________________________________________________________________________

B. Até que ponto as necessidades da comunidade são satisfeitas por produtores locais (diminuindo as

distâncias entre produtores e consumidores)?

muito (5) algumas vezes(3) muito pouco (1) nada (-1) Quais?

_____________________________________________________________________________________

Na sua opinião o peixe pescado aqui supri as necessidades dos estabelecimentos comerciais?

_____________________________________________________________________________________

C. Indique qual dos seguintes sistemas é utilizado por sua comunidade e até que ponto?

Reciclagem:

vidro, plástico, alumínio, etc. (2)

sempre (5) às vezes (3) raramente (0) nunca (-5)

Reutilização: (2)

sempre (5) às vezes (3) raramente (0) nunca (-5) Consertar ou fabricar coisas (em vez de comprar) (2)

sempre (5) às vezes (3) raramente (0) nunca (-5)

Outros ( 1 ponto por cada um) - Especifique:

_____________________________________________________________________________________

D. Uma estimativa de quantas pessoas na comunidade conhece a localização e métodos de manejo do lixo

da mesma (lugar onde se joga, coleta periódica, etc.)

todas - com poucas exceções (10) maioria (6) algumas (3) poucas / ninguém (0)

quais métodos?

_____________________________________________________________________________________

CAraterísticas do lixo

_____________________________________________________________________________________

Destino do lixo _____________________________________________________________________________________

Regularidade de coletas

_____________________________________________________________________________________

E. Caso sua comunidade desenvolva alguma atividade econômica ou outra (gráfica, tecelagem, criação de

animais, fabricação de móveis etc.) que gere resíduos sólidos, o que é feito com esse resíduo?

reciclado (3) reutilizado(artesanato) (3) compostado (3) descartado como lixo (-3)

F. O volume de resíduos sólidos descartado como lixo é:

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163

grande (-3) médio (0) pequeno (1) insignificante (3)

Some os números nos parênteses de cada item que tenha sido assinalado.

LISTA DE CONFERÊNCIA ECOLOGIA 5

Idade Sexo Ocupação Estado civil Grau de instrução

Tempo de moradia na comunidade

Onde trabalha

Como chegou a esse cargo

Água - Fontes, Qualidade e Padrões de Uso

A. Faça uma estimativa de quantas pessoas da comunidade conhecem, respeitam e protegem a fonte de

água:

todas - com poucas exceções (10) maioria (6) .algumas (3) poucas / ninguém (0)

Quais as fonte água utlizadas ( Embasa, cacimbas, cisterna, bicas ) _____________________________________________________________________________________

B. A fonte de água é: marque tanto quanto se aplique .

local e abundante/

renovável (4)

rede pública (0) poço (1) manancial ou outros (1)

bombeada através de

longas distâncias ou

importada (engarrafada,

em tanques etc.) (1)

armazenamento de

águas pluviais(1)

extremamente

inconveniente

(excessivamente cara,

distante, escassa /

racionada) (-1)

. de uma fonte não

renovável, ou de onde

se tira mais

rapidamente do que se

repõe.(-2)

Qual o percentual estimado de casas com água da rede pública?__________________________________

C. A água é: marque tanto quanto se aplique .

naturalmente limpa - não tratada, não requerendo filtros (5)

filtrada para remover impurezas naturais menores (3)

tratada com aditivos saudáveis para a saúde do ambiente, para balancear o pH ou equilibrar minerais (2)

tratada quimicamente com cloro, bromo, iodo ou flúor (0)

tratada com produtos químicos como na opção anterior e depois filtrada e purificada (1)

especifique?

_____________________________________________________________________________________

D. Os métodos de armazenamento da água são:

limpos e saudáveis (5) não saudáveis, com riscos de contaminação e possibilidade de causar riscos à saúde (-5)

que métodos são esses?

_____________________________________________________________________________________

E. Até que ponto são utilizados os seguintes métodos para economia de água?

Métodos de irrigação que economizam água (gotejamento, aspersão etc.):

. sempre (6) .às vezes (3) .raramente (1) .nunca (-1)

Reutilização de águas cinzas ou de sabão: sempre (6) .às vezes (3) .raramente (1) .nunca (-1)

Minimizando o uso da água no lar : sempre (6) .às vezes (3) .raramente (1) .nunca (-1)

Sistemas que reduzem o fluxo de água utilizada (chuveiros de baixo fluxo, etc.)

sempre (6) .às vezes (3) .raramente (1) .nunca (-1)

Se utilizam plantas nativas que toleram a seca e que requerem o mínimo de irrigação e manutenção.

sempre (6) .às vezes (3) .raramente (1) .nunca (-1) Uso de produtos naturais ou não tóxicos para limpeza, jardinagem, produtos do lar etc.

sempre (6) .às vezes (3) .raramente (1) .nunca (-1)

Quais:

_____________________________________________________________________________________

Existe o cuidado e manutenção com os canos na via pública de modo a prevenir / reparar vazamentos

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164

sempre (6) .às vezes (3) .raramente (1) .nunca (-1)

As caixas de descarga de sanitários são de baixo fluxo ou caixas normais com fluxo regulado

sempre (6) .às vezes (3) .raramente (1) .nunca (-1)

Qual o percentual de residências que possuem esgotamento sanitários, casinhas?____________________

Descargas normais, não se utilizam métodos de economia de água em sanitários (-1)

Outros (1 ponto para cada um) Especifique:

F. A educação quanto a economia de água na comunidade é melhor descrita como: programas e informação disponíveis e utilizados pela maioria dos membros (5)

programas e informação disponíveis, mas não muito bem utilizados pelos membros (3)

não há programas ou informação disponíveis para os membros da comunidade (0)

quais programas existem?

LISTA DE CONFERÊNCIA ECOLOGIA 6

Idade Sexo Ocupação Estado civil Grau de instrução

Tempo de moradia na

comunidade

Onde trabalha

Como chegou a esse cargo

Águas Residuais e Manejo da Contaminação das Águas

A. O manejo de sistemas de águas residuais utilizados na comunidade inclui: (marcar tantos quantos se

apliquem)

Sanitários : secos todos (7) maioria (5) alguns (3) poucos (1)

Biodigestores, sistemas vivos construídos ou sistemas de terras úmidas

todos (5) . maioria (3) alguns (2) poucos (1)

Sistema convencional (fossa, sumidouro)

todos (-5) maioria (-3) alguns (-2) . poucos ( 1)

Outros (1 ponto para cada um) Especifique:

_____________________________________________________________________________________ Os sistemas sanitários não são manejados adequadamente (ameaça para a saúde) (-5)

B. Faça uma estimativa de quantas pessoas na comunidade conhecem a localização e o método de

tratamento

das águas utilizadas pela comunidade:

todas com algumas exceções(6) maioria (3) algumas (1) poucas, nenhuma (0)

que método é esse?

_____________________________________________________________________________________

C. As águas residuais em sua maioria são: .

positivas (possui adubo para plantas, piscicultura, etc.) (15)

negativa (possui emissores químicos ou outros contaminantes) (-5) neutras (5)

D. A qualidade da água que sai da comunidade, comparada com a que entra é:

melhor, mais limpa (10) igual, não ocorrendo mudanças (0) pior, sendo menos limpa (-5)

Se piora:

cumpre com as normas locais de emissão de resíduos na água sim (2) .não (0)

cumpre os padrões normais de água potável sim (3) .não (0)

E. Contaminação da água:

não existe localmente (10) existe e está sendo tratada para restabelecer a água limpa (8)

existe e não está sendo tratada (-5)

se existe que tipo de contaminação é este _____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

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F. Existe um sistema disponível localmente para o descarte apropriado de substâncias tóxicas: (tintas,

gasolina, óleo, pilhas, baterias etc.)

.sim (2) que tipo? .não (0)

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

Os membros da comunidade fazem uso deles .

sim (2) .não (0) como?

LISTA DE CONFERÊNCIA ECOLOGIA 7

Idade Sexo Ocupação Estado civil Grau de instrução

Tempo de moradia na comunidade

Onde trabalha

Como chegou a esse cargo

Fontes e Uso da Energia

A. A quantidade de energia consumida que é gerada de fontes de energia renováveis ( solar, eólica,

hídrica, biomassa ou geotérmica) localizadas na comunidade é:

toda (7) maioria (5) alguma (3) pouca (1) nenhuma (0)

B. A quantidade de energia que é trazida / comprada de fora da comunidade provém de um fornecedor

que a gera utilizando fontes renováveis:

toda (5) maioria (3) alguma (2) pouca (1) nenhuma (0)

C. A quantidade de energia que é trazida / comprada de fora da comunidade provém de um fornecedor

que a gera utilizando fontes nucleares ou fontes de combustíveis fósseis.

toda (-6) maioria (-3) alguma (0) pouca (1) nenhuma (5)

Até que ponto os membros da comunidade são conscientes de que as necessidades energéticas são

satisfeitas utilizando fontes de energia não renováveis?

todas - muito poucas exceções (3) maioria (2) algumas (1) . poucas (1) nenhuma (-1)

Existem ações que visem a substituição da fonte de energia não renovável para uma alternativa

renovável? sim (3) . não (-1)

D. A educação quanto a economia de energia na comunidade é mais bem descrita como:

programas e informação disponíveis e utilizados pela maioria dos membros (7)

programas e informação disponíveis, mas não muito bem utilizados pelos membros (3)

não há programas ou informação disponíveis para os membros da comunidade (0)

quais os programas?

_____________________________________________________________________________________

E. A maioria das necessidades e atividades do lar (lavagem de roupa, preservação de alimentos,

etc.) se satisfazem utilizando:

métodos naturais, não elétricos (5) aparelhos com alta eficiência energética (3)

aparelhos com eficiência energética normal (1)

aparelhos normais com adaptações que aumentam a eficiência energética (2)

aparelhos com alto consumo de energia (antigos, sem manutenção etc.) (-1)

outros métodos sustentáveis. (1 ponto por cada um) Decreva-os:

_____________________________________________________________________________________

F. O aquecimento e esfriamento da água e dos espaços se procedem principalmente por:

sistema solar passivo,

geotermal ou biomassa

sustentável ( madeira inclusive) da terra da

comunidade (5)

gás natural, propano,

madeira bioregional ou

biomassa, bombeamento de biomassa ou bombeamento

de calor (3)

eletricidade

fornecida pela rede

pública (1)

combustível ou

eletricidade de uma

fonte não renovável.(0)

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166

outros métodos sustentáveis. (1 ponto por cada um) Descreva-os:

G. Normalmente se cozinha com:

fogão, forno solar ou biomassa

sustentável da terra da

comunidade (incluindo madeira)

(3)

propano ou gás natural (1)

eletricidade de uma fonte de

energia não renovável (0)

outros métodos sustentáveis. (1 ponto por cada um) Descreva-os:

____________________________________________________________________________________

Se a madeira for uma fonte significativa, por favor, indique como é renovada: programas de plantações auto-sustentáveis na comunidade / bio-região (2)

coleta de madeira morta dentro da comunidade /bio-região (2)

importada de fora da bio-região de uma fonte que se renova plantando árvores (1)

de uma fonte (local, bioregional ou mais distante, que não tem programas de renovação (-2)

não se aplica (0)

H. A refrigeração é normalmente provida por:

sistemas estacionais ou quartos frios / porões (3)

eletricidade gerada pelo sol ou outra fonte renovável (2)

propano ou gás natural (1)

eletricidade de uma fonte não renovável (-2) outros métodos sustentáveis. (1 ponto por cada um) Descreva-os:

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

I. Para a economia de energia na comunidade é levado em consideração no projeto das construções:

(marcar tantos quantos se apliquem)

a localização e a orientação das construções para gerar massa térmica, aproveitar a sombra, etc. (2)

o uso de construções e materiais / métodos de construção apropriados (bom isolamento, etc.) (2)

na comunidade não está considerada a economia de energia na construção (-2)

outros métodos sustentáveis. (1 ponto por cada um) Descreva-os: _____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

J. Até que ponto se utiliza os seguintes métodos de economia e eficiência energética?

Consideração da economia energética na criação e desenvolvimento das construções:

.sempre (2) às vezes (1) .raramente (0) .nunca (-1)

Os membros da comunidade compartem aparelhos e equipamentos eletrônicos

.sempre (2) às vezes (1) .raramente (0) .nunca (-1)

Os membros da comunidade selecionam aparelhos e ferramentas energeticamente eficientes .sempre (2) às vezes (1) .raramente (0) .nunca (-1)

Utilização de sistemas de energia por demanda (somente utiliza energia quando estão ligados, como

aquecedores de água)

sempre (2) às vezes (1) .raramente (0) .nunca (-1)

A energia utilizada no lar é minimizada com práticas de economia, como o desligamento quando o

utensílio não está em uso, temporizadores, isolamento de fontes de calor, etc.

.sempre (2) às vezes (1) .raramente (0) .nunca (-1)

Existe o cuidado de regular e fazer a manutenção preventiva dos equipamentos e aparelhos sempre (2) . às vezes (1) .raramente (0) .nunca (-1)

Existe o cuidado de fazer a manutenção das construções -janelas, portas, etc., para prevenir perdas de

calor e de frio

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.sempre (2) às vezes (1) .raramente (0) .nunca (-1)

Uso de luz natural em espaços interiores

sempre (2) .às vezes (1) .raramente (0) .nunca (-1)

Uso de lâmpadas fluorescente ( baixo consumo energético)

mais de 60% das luzes (3) . 20 -60 %(2) 10 -20 %(1) menos de 10% das luzes

Outros métodos sustentáveis. (1 ponto por cada um) Descreva-os: _____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

K. É gerado um excedente de energia na comunidade: .sim (2) .não (0)

O excedente é:

colocado em novos usos comunitários .sim (2) .não (0)

oferecido a vizinhos ou a rede pública .sim (2) .não (0)

O QUANTO É SUSTENTÁVEL A SUA COMUNIDADE?

ECONOMIA

Idade Sexo Ocupação Estado civil Grau de instrução

Tempo de moradia na

comunidade

Onde trabalha

Como chegou a esse cargo

LISTA DE CONFERÊNCIA ECONOMIA SUSTENTÁVEL ECONOMIA LOCAL SAUDÁVEL

A - Os membros da comunidade são incentivados a criarem negócios que:

reforcem a economia local: sim (3) . não (-0)

não gerem contaminação: sim (3) . não (-3)

não explorem recursos humanos: sim (3) . não (-3)

não explorem recursos naturais: sim (3) . não (-3)

B. Os bancos e instituições financeiras locais cedem empréstimos apoiando projetos sustentáveis:

sim (4) não (0) não tem banco ou instituição financeira (0)

Quando os membros da comunidade necessitam de dinheiro (papel moeda) onde ele vão buscar esses

recursos?

_____________________________________________________________________________________ A ausência de postos bancários ou caixas eletrônicos nesta localidade dificulta a economia local

(construções, abertura de lojas etc...).

_____________________________________________________________________________________

Se a comunidade já solicitou oficialmente às instituições bancárias existentes na região a abertura de

algum posto ou a instalação de alguma máquina?

_____________________________________________________________________________________

C. Uma estimativa da juventude que deixa a comunidade para trabalhar fora:

maioria (-5) . alguns (0) . minoria (3) poucos ou nenhum (5)

D. Os membros da comunidade passam pela experiência de falta de trabalho ou desemprego: raramente (2) . ocasionalmente (1). Freqüentemente (-2)

E.Quantos membros da comunidade têm dificuldade para satisfazer suas necessidades básicas (habitação,

alimentação, etc.)

maioria (-6) . alguns (-1) . poucos (3) . nenhum (6)

Se existem desigualdades econômicas entre membros da comunidade, existe um sistema que trate da

questão: .

sim (3) . não (0)

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168

F. Os sistemas econômicos que funcionam na comunidade são (marcar tantos quantos se apliquem e

especificar):

auto-suficientes para cumprir as necessidades básicas (5)

indústrias ecologicamente sustentáveis (2)

pequenos negócios sustentáveis (2)

sistemas de intercâmbio e troca (2)

programas de treinamento / educação(2)

telecomunicações ou outros trabalhos em casa (2) voluntariado - contribuindo com o trabalho (2)

dias de mercado local (2)

arrecadação de fundos para modelar práticas sustentáveis (2)

trabalho voluntário dentro da comunidade para projetos sustentáveis (2)

intercâmbios com outras comunidades e comunidades sustentáveis (2)

arrecadação de fundos para ações comunitárias (0)

utilização de recursos / serviços externos que poderiam ser administrados pela comunidade (-2)

O grau de dependência de recursos / serviços externos à comunidade é :

alto (-5) . médio (-2) . baixo ( +2) . nenhum ( +5)

G. Os membros da comunidade participam ativamente com cooperação econômica:

na sua região . sim (2) . não (-2)

H. Quantos membros da comunidade descreveriam seu trabalho como satisfatório e prazeroso:

todos ( poucas exceções) (4) . maioria (3) . alguns (1) . poucos / nenhum (-1)

I. Os membros da comunidade pensam que você ganha alguma remuneração com a ocupação desse cargo:

todos ( poucas exceções) (4) . maioria (3) . alguns (1) . poucos / nenhum (-1)

Some todos os números marcados em cada item marcados em cada item.

Total em Economia Sustentável:________

50 + Indica um excelente progresso em direção à sustentabilidade

25 - 49 Indica um bom conhecimento em direção à sustentabilidade

0 -24 Indica que se requer mais ação para empreender o caminho à sustentabilidade

O QUANTO É SUSTENTÁVEL A SUA COMUNIDADE

EDUCAÇÃO

Os aspectos de educação da vida em comunidade estão em equilíbrio quando:

Idade Sexo Ocupação Estado civil Grau de instrução

Tempo de moradia na

comunidade

Onde trabalha

Como chegou a esse cargo

LISTA DE CONFERÊNCIA EDUCAÇÃO

A. A educação e os ensinamentos têm um valor que é demonstrado pelo seguinte:

(marcar tantos quantos se apliquem)

Encontros comunitários para intercâmbio de informação e aprendizagem de grupo (3)

Quem faz? ___________________________________________________________________________

Encontros comunitários para discutir e aprender acerca dos erros e fazer intercâmbios para melhorar o que

está funcionando bem (3)

Quem faz?____________________________________________________________________________

Inclusão das crianças no trabalho e atividades comunitárias de todo o tipo (3)

Que tipo de trabalho ou atividades?________________________________________________________

Pais e mães se envolvem no processo educativo das filhas e filhos(3)

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Taxa muito baixa ou nenhuma criança fora do sistema educativo (3)

Outros (1 ponto para cada um) - descreva-os

_____________________________________________________________________________________

B. As oportunidades educativas (apropriadas para a comunidade) estão disponíveis e são acessíveis dentro

da comunidade ou região, incluindo: (marcar tantos quantos se apliquem e determinar o local)

Educação inicial voltada para atividades pré-escolares (2)

Educação básica (2)

Desenvolvimento de habilidades vocacionais e de subsistência (2)

Formação formal / superior (2)

Seminários, programas de grupo de interesses especiais (2)

Programas salutares / atividades extra-escolares para jovens (2)

Outros (1 ponto para cada um) - descreva-os

C. As oportunidades educativas contam com recursos (quais seriam Públicos, privados)

Educação inicial voltada para atividades pré-escolares (2) Privada Público

Educação básica (2) Privada Público

Habilidades vocacionais e de subsistência (2) Privada Público

Formação formal / superior (2) Privada Público

Seminários, programas de grupo de interesses especiais (2) Privada Público

Programas salutares / atividades para jovens fora da escola (2) Privada Público

Oportunidades de aprendizagem de experiência de vida (2)

Outros (1 ponto para cada um) - descreva-os

D. As oportunidades de educação estão disponíveis para grupos de todas as idades:

Na comunidade: sim (10) . não (-1)

Na região: sim (5) . não (-5)

E. Até que ponto o sistema educativo e métodos de ensino:

Conhecem e apóiam as diferenças individuais dos que aprendem (talentos, atitudes, interesses, limites,

etc.)? muito (6) . bastante (3) . pouco (1) . quase nada (-2)

Promovem a auto-realização individual? muito (6) . bastante (3) . pouco (1) . quase nada (-2)

Promovem a interdependência cooperativa e habilidades de construir comunidade?

muito (6) . bastante (3) . pouco (1) . quase nada (-2)

Os espaços e recursos disponíveis para as atividades educacionais são:

excelentes (6) . adequados(3) . mínimos(1) . inadequados/ não existem (-1)

quais?

_____________________________________________________________________________________

Quantas escolas existem nessa comunidade? Quais são?

Elas são públicas estaduais , públicas municipais ou privadas?

_____________________________________________________________________________________

O QUANTO É SUSTENTÁVEL A SUA COMUNIDADE?

ESPIRITUALIDADE

Idade Sexo Ocupação Estado civil Grau de instrução

Tempo de moradia na

comunidade

Onde trabalha

Como chegou a esse cargo

LISTA DE CONFERÊNCIA ESPIRITUALIDADE 1

Sustentabilidade Espiritual - Rituais e Celebrações, Apoio ao Desenvolvimento Pessoal e Práticas

Espirituais

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170

A. Os membros da comunidade são livres para celebrar sua conexão com a criação, o divino, o sagrado

através de práticas que escolhem? .

sim (10) . não (-5)

Existem membros que frequentam esta casa vindos de outras localidades? De onde eles vêem?

_____________________________________________________________________________________

B. Existem oportunidades para contemplação e desenvolvimento interior na comunidade: (marcar tantos

quantos se apliquem):

. através da busca individual (5) através de programas e atividades grupais (5) . nao (-5)

. outros (1 ponto para cada um) -descreva-os _____________________________________________________________________________________

C. Os temas e experiencias da espiritualidade dentro da comunidade se descrevem melhor como:

. confortáveis, em harmonia e contribuindo para o bem comum da comunidade (2)

. uma fonte de dificuldades inter-pessoais e problemas ou desconfortos dentro da comunidade (-2)

D. As práticas espirituais de grupo dentro da comunidade incluem (marcar tantos quantos se apliquem):

meditação (1) danças sagradas (1) benção dos alimentos

(1)

orações (1)

práticas de grupo

visando o

aprimoramento pessoal

e conexão com a comunidade (1)

conselhos com o

responsável e/ou líder

espiritual (1)

canções/ cantos

devocionais (1)

invocação ao sagrado

nos eventos e atividades

comunitárias (1)

outros (1 ponto para cada um) - descreva-os

E. Com qual freqüência os membros da comunidade se juntam em práticas espirituais para conectar-se

entre eles/elas e ou a Terra, em um nível profundo de consciência?

. regularmente (5) . ocasionalmente (3) . raramente (1) . nunca (-1)

F. Até que ponto os membros da comunidade que querem dedicar-se a uma vida espiritual e de serviços,

são apoiados e aprovados por esta comunidade espiritual ?

. muito (6) . moderadamente (3) . pouco (1) . nada (-1)

G. Até que ponto a sabedoria e a experiência espiritual dos membros mais antigos desta comunidade são vistas como um recurso comunitário e podem ser consultadas como um orientador como um todo?

muito (5) . moderadamente (3) . pouco (1) . nada (-1)

H. Existem espaços destinados a encontros e práticas espirituais dentro desta comunidade?

espaços interiores sim (5) . não (-1)

ao ar livre sim (5) . não (-1)

I. Indique uma estimativa de quantos membros da comunidade apreciam a espiritualidade manifestada de

diversas formas, e respeitam as escolhas espirituais dos outros membros:

maioria (5) . alguns (3) . poucos (1) . nenhum (-1)

LISTA DE CONFERÊNCIA ESPIRITUALIDADE 2

Paz e Consciência Global

A. Até que ponto existe harmonia dentro da filosofia espiritual desta entidade, ou seja, até que ponto

existe a utilização das diferenças entre as pessoas em benefício da comunidade?

muito (10) . moderadamente (6) . muito pouco (2) . nada (-2)

B. Esta entidade realiza atividades que abrem as mentes e os corações dos seus membros para a

experiência de fazer parte de um todo maior:

regularmente (10) . de vez em quando(6) . raramente (2) . nunca (-2)

C. Ao tomar decisões importantes, esta casa realiza alguma atividade no sentido de abrir a mente e o

coração para as verdades mais profundas, ajudando a equilibrar mente, corpo e espírito:

regularmente (14) . de vez em quando (10) . raramente (5) . nunca (-3)

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171

D. Até que ponto os membros desta entidade são conscientes e se sentem responsáveis pelos efeitos que a

projeção de sua energia emocional e ou mental causam no campo energético coletivo da comunidade?

muito (10) . moderadamente (6) . muito pouco (2) . nada (-2)

E. Os membros desta entidade oferecem seus serviços:

dentro da comunidade: freqüentemente (10) . às vezes (6) . raramente (2) . nunca (-2)

fora da comunidade: freqüentemente (10) . às vezes (6) . raramente (2) . nunca (-2)

Quais são esses serviços? E onde são prestados? _____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

F. O esforço que esta entidade dedica em cultivar a paz interior é

muito (10) . moderadamente (6) . muito pouco (2) . nada (-2)

O QUANTO É SUSTENTÁVEL A SUA COMUNIDADE?

GOVERNANÇA

Idade Sexo Ocupação Estado civil Grau de instrução

Tempo de moradia na

comunidade

Onde trabalha

Como chegou a esse cargo

LISTA DE CONFERÊNCIA GOVERNANÇA

Diversidade; Tomada de Decisões e Resoluções de Conflitos

A. Quantos membros da comunidade valorizam e praticam a diversidade:

Dentro da comunidade: todos (poucas exceções) (3) . maioria (2) . alguns (1) . poucos / nenhum (-1)

Fora da comunidade: todos (poucas exceções) (3) . maioria (2 ). alguns (1) . poucos / nenhum (-1)

B. Até que ponto a comunidade tem o poder de autogovernar-se quanto a temas comunitários:

completamente (4) . na maioria das vezes (3) . algumas vezes (1) poucas vezes (0) . nunca (1)

C. Para a tomada de decisões importantes e administração da comunidade utiliza-se um método não

discriminatório:

sim (4) . em parte ou as vezes (1) . não (-1)

A administração é da Prefeitura de Ilhéus ou existe representante oficial?

_____________________________________________________________________________________

D. A tomada de decisão é transparente:

A informação dos temas da discussão é disponibilizada para todos:

sempre (poucas exceções) (3) . as vezes (2) . raramente / nunca (-1)

Qualquer membro da comunidade pode assistir às reuniões de tomada de decisões:

sempre (poucas exceções) (3) . as vezes (2) . raramente / nunca (-1)

E. Os processos de tomada de decisões são inclusivos:

Existe um sistema pelo qual qualquer membro adulto da comunidade tem voz ativa no processo de

tomada de decisões: sim (3) . não (-2) Existe um conselho comunitário para levar os problemas à prefeitura? Como funciona?

_____________________________________________________________________________________

F. Quantos membros da comunidade participam regularmente do governo comunitário e da tomada de

decisões:

todos (poucas exceções) (4) . maioria (3) . alguns (1) . poucos / nenhum (-1)

existe algum representante da comunidade na Câmara

_____________________________________________________________________________________

G. A informação e a captação de informação para a tomada de decisão estão disponíveis para:

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172

Para membros adultos da comunidade . sim (3) . não (-1)

H. Quantos membros da comunidade concordam que o sistema de tomada de decisões tem exito em

resoluções / situações difíceis: todos (poucas exceções) (4) . maioria (3) . alguns (1) . poucos / nenhum (1)

I. As dificuldades sociais e disputas são resolvidas com sucesso graças a um sistema de acordos de apoio,

não punitivo, pelas associações responsáveis:

sempre (5) . usualmente (3) . às vezes (1). raramente / nunca (-1)

J. Os membros da comunidade têm acesso fácil a esse sistema de resolução de conflitos:

.sim (4) . não (-2)

K. A informação/capacitação em solucionar conflitos de forma não violenta está disponível a:

membros adultos da comunidade: . sim (4) . não (-2)

L. Uma estimativa de quantos membros da comunidade estariam de acordo com o sistema de resolução de

conflitos para:

ter sucesso tratando com pessoas / situações difíceis :.

todos (poucas exceções) (4) .a maioria (3) . alguns (1) poucos / nenhum (-1)

salvaguardar os direitos humanos todos (poucas exceções) (4) . a maioria (3) . alguns (1) poucos / nenhum (-1)

promover a igualdade e a justiça social:

todos - poucas exceções (4) . a maioria (3) . alguns (1) poucos / nenhum (-1)

Decidir sobre horários de funcionamento de postos de saúde

todos - poucas exceções (4) . a maioria (3) . alguns (1) poucos / nenhum (-1)

Some os números nos parênteses de cada item que tenha sido assinalado.

Total em Governança - Diversidade e Tolerância; Tomada de Decisões e Resoluções de Conflitos:

________

50 + Indica um excelente progresso em direção à sustentabilidade 25 - 49 Indica um bom conhecimento em direção à sustentabilidade

0 -24 Indica que se requer mais ação para empreender o caminho à sustentabilidade

Comentários:

Fazer levantamento de cooperativas, associações e conselhos?

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

O QUANTO É SUSTENTÁVEL A SUA COMUNIDADE?

VISÃO COMUNITÁRIA

Os aspectos sobre a visão comunitária estão em equilibrados quando:

Idade Sexo Ocupação Estado civil Grau de instrução

Tempo de moradia na comunidade

Onde trabalha

Como chegou a esse cargo

LISTA DE CONFERÊNCIA VISÃO COMUNITÁRIA 1

Visão Comunitária

A. A maioria dos membros da comunidade estariam de acordo que a qualidade de vida na comunidade

descreve-se

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173

melhor como? excelente (5) . boa (3) . adequada (1) . inadequada (0) . pobre ( -2)

B. Os membros da comunidade compartilham crenças, valores e experiências:

freqüentemente (5) . às vezes (3) . raramente (1) . nunca (-1)

C. Ate que ponto os princípios morais, como o respeito a si mesmo e aos outros, a responsabilidade

pessoal e a integridade pessoal, são parte da filosofia e atividades da comunidade?

muito (5) . moderadamente (3) . pouco (1) . nada (-1)

D. Até que ponto uma visão ou propósito comum une e mantém alinhada a comunidade?

muito (5) . moderadamente (3) . pouco (1) . nada (-1)

E. Uma revisão ou renovação da visão e dos propósitos compartilhados pela comunidade ocorre:

regularmente (5) . ocasionalmente (3) . raramente (1) . nunca (-1)

F. A comunidade se reúne, joga, brinca, relaxa e desfruta da vida juntos:

regularmente (5) . ocasionalmente (3) . raramente (1) . nunca (-1)

Quais atividades?

_____________________________________________________________________________________

G. A harmonia, o nível de cuidado e apoio: Entre as mulheres da comunidade é: excelente (6) . boa (4) . adequada (2) . inadequada (0) . pobre

(-2)

Entre os homens da comunidade é: excelente (6) . boa (4) . adequada (2) . inadequada (0) . pobre

(-2)

Entre os homens e mulheres da comunidade é:

excelente (6) . boa (4) . adequada (2) . inadequada (0) . pobre

(-2)

Entre as crianças da comunidade é: excelente (6) . boa (4) . adequada (2) . inadequada (0) . pobre

(-2)

Entre os adolescentes da comunidade é: excelente (6) . boa (4) . adequada (2) . inadequada (0) . pobre

(-2)

H.Sobre o seu ponto de vista o comportamento sexual dentro da comunidade descreve-se melhor como

apropriado contribuindo para o bem estar comum ou uma fonte de dificuldades sociais e de desconforto

dentro da comunidade ? Quais as principais dificuldades encontradas?

_____________________________________________________________________________________

I. Os membros da comunidade se esforçam para fortalecer as pontes / conexões (visão comunitária) entre

si e com outras comunidades:

regularmente (8) . ocasionalmente (4) . raramente (2) . nunca (-1)

LISTA DE CONFERÊNCIA VISÃO COMUNITÁRIA 2

Habilidade de Resposta Comunitária

A. Até que ponto a comunidade pode responder beneficamente aos seus membros que estejam em crise?

completamente - muito poucas exceções (14) em sua maioria (8) . algumas vezes (5) . muito pouco (2)

nunca (-3)

B. A comunidade consegue discernir quando necessita da experiência e ajuda externa para apoiar aos seus

membros em crise: normalmente (14) . às vezes (5) . raramente (2) . nunca (-3)

C. O quanto a comunidade é capaz de ajudar os membros que enfrentam problemas, a transformar a crise

em uma oportunidade para o crescimento interno e a auto-realização? normalmente (14) . às vezes (5) . raramente (2) . nunca (-3)

D. Até que ponto a comunidade é capaz de apoiar os membros que se encontram marginalizados (pobres,

enfermos, inválidos, com problemas menores ou maiores)?

completamente - muito poucas exceções (14) . muitas vezes (8) poucas vezes (5) . quase nunca (2) nunca

(-3)

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174

E. A comunidade se encontra motivada a fortalecer sua habilidade de enfrentar desafios / crises com

êxito:

regularmente (15) ocasionalmente (7) raramente (2) nunca (-3)