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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ
LUCIANO ALVES DIAS
AVALIAÇÃO QUANTITATIVA DE SUSTENTABILIDADE COMUNITÁRIA –
ANÁLISE DE OLIVENÇA, BANCO DA VITÓRIA E SALOBRINHO, ILHÉUS -
BAHIA
ILHÉUS, 2010
1
LUCIANO ALVES DIAS
AVALIAÇÃO QUANTITATIVA DE SUSTENTABILIDADE COMUNITÁRIA –
ANÁLISE DE OLIVENÇA, BANCO DA VITÓRIA E SALOBRINHO, ILHÉUS -
BAHIA
Dissertação apresentada, para
obtenção do título de mestre em
Cultura e Turismo, à Universidade
Estadual de Santa Cruz.
Área de Concentração: Ciências
Sociais Aplicadas
Orientador: Prof. Dr. Hélio Estrela
Barroco
Ilhéus, 2010
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D541 Dias, Luciano Alves Avaliação quantitativa de sustentabilidade comuni- tária – análise de Olivença, Banco da Vitória e Salo- brinho, Ilhéus – Bahia / Luciano Alves Dias. – Ilhéus: UESC, 2010. xv, 173f. : il.; anexos. Orientador: Hélio Estrela Barroco. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Santa Cruz. Programa de Pós-graduação em Cul- tura e Turismo. Inclui bibliografia. 1. Turismo - Aspectos sociais. 2. Comunidade - Desenvolvimento - Ilhéus (BA). 3. Turismo – Planeja- mento urbano. 4. Desenvolvimento sustentável. I. Título. CDD 338.4791
3
FOLHA DE APROVAÇÃO
AVALIAÇÃO QUANTITATIVA DE SUSTENTABILIDADE COMUNITÁRIA –
ANÁLISE DE OLIVENÇA, BANCO DA VITÓRIA E SALOBRINHO, ILHÉUS -
BAHIA
Ilhéus, 2010
__________________________________________
Prof. Dr. Hélio Estrela Barroco
(UESC) Orientador
________________________________________
Prof. Dr. André Luiz Rosa Ribeiro
(UESC) Avaliador
________________________________________
Profa Dr
a. Odaléia Telles Marcondes Machado Queiroz
(USP) Avaliador
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a Deus, acima de todas as coisas, a meus pais, José e Vera, meus
irmãos, Pollyanna e Leonardo, meus sobrinhos, Marina e Artur, a Henrique,
companheiro e amigo de todas as horas, e ao mar, fonte de inspiração constante.
5
AGRADECIMENTOS
A meu especial orientador, prof. Hélio Barroco, que, sem suas orientações, não teria
conseguido finalizar esse processo.
Aos professores do mestrado, que em tantos momentos duvidaram da conclusão desta
pesquisa, mas que, ao mesmo tempo, me estimularam a vencer esse desafio.
Aos colegas de mestrado, em especial Gardênia, Fabíola, Luiza, Wiara, Tatiane,
Tatiana, Luciane, Saul, Roberto, Carlos Henrique, Djaneide e Cristiano, pelo apoio e
companheirismo nas horas mais difíceis.
À população das comunidades de Olivença, Banco da Vitória e Salobrinho, pelas
informações cedidas.
Aos meus alunos pesquisadores, essenciais na coleta de dados.
Aos meus amigos e familiares, em especial Lize, Gustavo, Juliana e Erbson, pelas
palavras de incentivo e pelas gargalhadas.
Ao professor Gustavo da Cruz, pelo apoio e incentivo.
À CAPES, pelo financiamento dado a essa pesquisa.
Ao Mestrado em Cultura e Turismo.
E a todos que, de maneira direta e indireta, contribuíram para esta pesquisa.
Muito Obrigado!
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AVALIAÇÃO QUANTITATIVA DE SUSTENTABILIDADE COMUNITÁRIA –
ANÁLISE DE OLIVENÇA, BANCO DA VITÓRIA E SALOBRINHO, ILHÉUS -
BAHIA
RESUMO
A avaliação quantitativa de sustentabilidade comunitária foi realizada nas comunidades
de Olivença, Banco da Vitória e Salobrinho, localizadas no município de Ilhéus-Bahia,
com o intuito de calcular indicadores de sustentabilidade para avaliação atual e
melhorias futuras nessas comunidades. Para melhor análise, os indicadores foram
agrupados em três categorias: Cultura, Socioeconomia e Ecologia, sendo que, dentro de
cada grupo, outras categorias foram determinadas. A pesquisa foi realizada através de
uma amostragem por julgamento, no qual foram aplicados questionários aos líderes e
representantes locais, posteriormente os indicadores foram calculados. A comunidade
de Olivença já possui traço marcante de atividade turística, o Banco da Vitória deseja
consolidar o seu pólo de turismo gastronômico e a comunidade do Salobrinho foi
inserida neste estudo por estar localizada às cercanias da UESC. O capítulo I apresenta
as questões culturais e os indicadores de Sustentabilidade Cultural (utilização de
espaços comuns, artes, lazer, espiritualidade, paz e consciência global, convivência e
objetivos comuns). O capítulo II trata dos indicadores de Sustentabilidade
Socioeconômica (economia, educação, saúde, governança, comunicação). E o capítulo
III aborda os indicadores de Sustentabilidade Ecológica (água, energia, infraestrutura,
lixo, esgoto). Todos os capítulos comparam os resultados obtidos nas três comunidades
estudadas. A comunidade de Olivença foi classificada com um bom direcionamento a
caminho da sustentabilidade e as comunidades de Banco da Vitória e Salobrinho como
ruim direcionamento a caminho do desenvolvimento sustentável. A metodologia
utilizada pela pesquisa sugere que a mesma seja refeita anualmente para que se possa
avaliar quantitativamente a evolução das comunidades.
Palavras-chave: Avaliação quantitativa; sustentabilidade; turismo; cultura;
socioeconomia; ecologia.
7
QUANTITATIVE EVALUATION OF COMMUNITY SUSTAINABILITY -
ANALYSIS OF THE DE OLIVENÇA, BANCO DA VITÓRIA AND
SALOBRINHO, ILHÉUS - BAHIA.
ABSTRACT
The quantitative evaluation of community sustainability was held in the communities of
Olivença, Banco da Vitória and Salobrinho, located in Ilhéus (Bahia) intending to
calculate sustainability indicators to assess current and future improvements in these
communities. To better analyze the indicators were grouped into three categories:
Culture, Socio-economics and Ecology, and within each group other categories were
determined. The study was conducted through a sampling trial, where were applied
questionnaires to local leaders and representatives, then the indicators were calculated.
The community of Olivença already has striking feature of tourism, the Banco da
Vitória intends to consolidate its pole of gastronimic tourism and community of
Salobrinho was included in this study it is located on the outskirts of UESC. Chapter I
presents the cultural questions and indicators of sustainability Culture (use of common
spaces, arts, leisure, spirituality, peace and global awareness, coexistence and common
goals). Chapter II deals with the sustainability indicators Socioeconomic (economy,
education, health, governance, communication). And Chapter III discusses the
indicators of ecological sustainability (water, energy, infrastructure, garbage, sewage).
All chapters compare the results obtained in the three communities studied. The
community of Olivença was classified as a good way of the sustainability and the
communities of the Banco da Vitória and Salobrinho as bad to the path of sustainable
development. The methodology used by the research suggests that it be redone every
year so that can quantitatively assess the evolution of communities.
Key-words: quantitative evaluation; sustainability; tourism; culture;
socioeconomy; ecology.
8
LISTAS DE FIGURAS
01 Mapa da região pesquisada............................................................................... 22
02 Frente do antigo matadouro municipal, em 25 de julho de 2009..................... 32
03 Painel fotográfico do obelisco no porto fluvial do Banco da Vitória............... 32
04 Localização do Porto Fluvial do Banco da Vitória e poluição às margens do
porto fluvial do Banco da Vitória em 25 de julho de 2009...............................
33
05 Valores quantitativos encontrados para representar os Indicadores de
Sustentabilidade Cultural nas comunidades pesquisadas.................................
40
06 Painel fotográfico do Centro Cultural de Olivença.......................................... 41
07 Praça da Igreja de Nossa Senhora da Escada.................................................... 42
08 Igreja Batista em Olivença................................................................................ 42
09 Espaços para a prática de Futebol no Banco da Vitória................................... 43
09 Cocada típica de Olivença “Moda”.................................................................. 45
10 Painel fotográfico dos visitantes durante a Puxada do Mastro de São
Sebastião 2009..................................................................................................
47
11 Painel fotográfico montado a partir de Couto (1998)....................................... 48
12 Painel montado a partir de Couto (1998) retratando a participação dos
populares durante o evento...............................................................................
49
13 Painel fotográfico onde os machadeiros depositam as cordas em frente ao
altar da imagem de São Sebastião na porta da igreja de Nossa Senhora da
Escada (COUTO,1998).....................................................................................
49
14 Áreas disponíveis para práticas esportivas no Banco da Vitória...................... 53
15 Igreja de Nossa Senhora da Escada em Julho de 2009..................................... 57
16 Placa de registro da reforma da Igreja de Nossa Senhora da Escada............... 57
17 Painel Fotográfico das Igrejas evangélicas encontradas em Olivença............. 58
VIII
IX
9
18 Painel fotográfico das Igrejas encontradas no Banco da Vitória...................... 60
19 Igrejas do Salobrinho........................................................................................ 61
20 Faixa encontrada na comunidade do Salobrinho em 25 de julho de 2009 ...... 68
21 Painel fotográfico, 1 (turistas no Restaurante Baião de Dois), 2 (Pousada Sol
e Mar Ibiza) , 3 (Pousada Vila Verde), 4 (Locadora Maia e Panificadora
Massa Real), 5 (Cabana 6 Irmãos), 6 (Pousada Praia dos Milagres)
..........................................................................................................................
73
22 Farmácia, posto de combustíveis, loja de artesanato e distribuidora de
bebidas encontradas em Olivença....................................................................
74
23 Complexo Batuba Beach, em 31 de dezembro de 2009................................... 75
24 Festa de Reveillon 2009/2010 no Batuba Beach............................................... 76
25 Concentração popular na praia de Batuba para ver a queima de fogos
do.Batuba Beach e comemorar a chegada do ano de 2010, em 31 de janeiro
de 2009..............................................................................................................
76
26 Lixo nas imediações do Batuba Beach durante as festas do Reveillon
2009/2010, em 31 de janeiro de 2009...............................................................
77
27 Fabricação artesanal de barcos de pesca em Olivença..................................... 78
28 Painel fotográfico de alguns restaurantes do Banco da Vitória........................ 80
29 Iguarias disponíveis no Banco da Vitória......................................................... 81
30 Artesanato em barro encontrado no Banco da Vitória...................................... 82
31 Artesanato em madeira encontrado no Banco da Vitória................................. 83
32 Artesanato em argila encontrado no Banco da Vitória..................................... 83
33 Artesanato Ricardo & Lucas............................................................................. 84
34 Ambiental Ilhéus e loja de material de construção........................................... 84
35 Comércio típico do Banco da Vitória: Fábrica de Tijolos Ecológicos,
peixarias, barracas de coco e frutas..................................................................
85
IX
10
36 Comércio do Salobrinho: Restaurantes, Posto de Gasolina, Farmácia,
Restaurante Universitário.................................................................................
87
37 Indicadores de Sustentabilidade Socioeconômica............................................ 88
38 Posto dos Correios no Salobrinho..................................................................... 92
39 Lan House, localizada no centro de Olivença................................................... 93
40 Painel das escolas em Olivença........................................................................ 95
41 Escola Municipal Herval Soledade e anexos.................................................... 96
42 Retiro Nossa Senhora do Carmo....................................................................... 97
43 Centro de Referência da Assistência Social no Banco da Vitória.................... 100
44 Serviços de Saúde no Salobrinho...................................................................... 101
45 Indicadores de Sustentabilidade Ecológica em Olivença, Banco da Vitória e
Salobrinho.........................................................................................................
112
46 Esgoto na Praia dos Milagres............................................................................ 115
47 Balneário Tororomba, em 10 de outubro de 2009............................................ 116
48 Abastecimento do Balneário Tororomba, em 15 de setembro de 2009............ 116
49 Lixo na praia dos Milagres em Olivença.......................................................... 122
50 Mastro de São Sebastião jogado na praça da igreja de Nossa Senhora da
Escada rodeado por lixo, no dia 31 de janeiro de 2009....................................
123
51 Lixo exposto nas ruas e no porto fluvial do Banco da Vitória......................... 124
52 Lixo exposto nas ruas do Salobrinho................................................................ 125
53 Placa alertando sobre a coleta do lixo encontrada na fachada de um
estabelecimento comercial e residência de um morador..................................
125
54 Lixo depositado nas cercanias da UESC, e esgoto a céu aberto que termina
dentro da universidade......................................................................................
126
55 Bicas d‟água contaminadas............................................................................... 128
X
11
56 Fonte água encontrada no Banco da Vitória..................................................... 129
57 Fonte de água encontrada na fabrica de estátuas de cimento........................... 129
58 Esgotos e mananciais contaminados no Banco da Vitória............................... 131
59 Esgotos a céu aberto no centro do Salobrinho.................................................. 132
XI
12
LISTA DE QUADROS
01 Comunidades brasileiras que vem trabalhando apenas com técnicas agroindustriais
sustentáveis.................................................................................................................
21
02 Valores Totais Gerais Esperados para os indicadores de sustentabilidade................ 24
03 Valores esperados para os indicadores de sustentabilidade........................................ 25
04 Valores esperados para os indicadores de sustentabilidade agrupados entre as
exceções......................................................................................................................
26
05 Atribuições de responsabilidades dos Governos em relação ao PSF......................... 99
06 Tipos de águas segundo OMS (2009)........................................................................ 133
07 Tipos de reuso para águas residuais................................................................ 134
08 Principais Fontes de Energia...................................................................................... 136
XII
13
LISTA DE TABELAS
01 Indicadores esperados e obtidos para a Sustentabilidade Cultural das comunidades
de Olivença, Banco da Vitória e Salobrinho, 2009 ...................................................
39
02 Indicadores de Sustentabilidade Socioeconômica encontrados nas comunidades
pesquisadas.................................................................................................................
70
03 Indicadores Esperados e Obtidos para a Sustentabilidade Ecológica nas
comunidades de Olivença, Banco da Vitória e Salobrinho.......................................
111
XIII
14
SUMÁRIO
RESUMO..................................................................................................... v
ABSTRACT ................................................................................................ vi
LISTA DE FIGURAS................................................................................. vii
LISTA DE QUADROS............................................................................... x
LISTA DE TABELAS................................................................................. xi
INTRODUÇÃO.......................................................................................... 16
1 CAPÍTULO I INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE
CULTURAL NAS COMUNIDADES DE OLIVENÇA, BANCO DA
VITÓRIA E SALOBRINHO.....................................................................
37
1.1 Indicadores de Sustentabilidade Cultural............................................... 37
1.1.1 Indicadores de Cultura 1 – Abertura, Confiança, e Segurança em Espaços
Comuns.........................................................................................................
40
1.1.2 Indicadores de Cultura 2 – Sustentabilidade Cultural.................................. 44
1.1.3 Indicadores de Cultura 3 – Artes e Lazer.................................................... 53
1.1.4 Indicadores de Cultura 4 – Um Novo Ponto de Vista Holográfico e
Circulatório do Mundo..................................................................................
55
1.1.5 Indicadores de Cultura 5 – Sustentabilidade Espiritual................................ 56
1.1.6 Indicadores de Cultura 6 – Paz e Consciência Global.................................. 62
1.1.7 Indicadores de Cultura 7 – Visão Comunitária............................................. 64
1.1.8 Indicadores de Cultura 8 – Habilidade na Resposta Comunitária............... 66
2 CAPÍTULO II INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE
SOCIOECONÔMICA NAS COMUNIDADES DE OLIVENÇA,
BANCO DA VITÓRIA E SALOBRINHO...............................................
.
69
2.1 Economia nas Comunidades de Olivença, Banco da Vitória e
Salobrinho....................................................................................................
70
2.2 Indicadores de Sustentabilidade Socioeconômica.................................... 88
2.2.1 Indicadores de Socioeconomia 1 – Economia.............................................. 89
XIV
15
2.2.2 Indicadores de Socioeconomia 2 - Fluxo das Ideias e da Informação......... 90
2.2.3 Indicadores de Socioeconomia 3 – Serviços , Formação de Redes,
Assistência e Difusão - Intercâmbio de recursos (Interno e Externo)..........
92
2.2.4 Indicadores de Socioeconomia 4 – Educação.............................................. 95
2.2.5 Indicadores de Socioeconomia 5 – Saúde ................................................... 98
2.2.6 Indicadores de Socioeconomia 6 – Governança.......................................... 102
3 CAPITULO III INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE
ECOLÓGICA NAS COMUNIDADES DE OLIVENÇA, BANCO DA
VITÓRIA E SALOBRINHO.....................................................................
106
3.1 Indicadores de Sustentabilidade Ecológica.............................................. 110
3.1.1 Indicadores de Ecologia 1 - Conexão com o Lugar - Localização e Escala
da Comunidade; Restauração e Preservação da Natureza............................
113
3.1.2 Indicadores de Ecologia 2 - Disponibilidade, Produção e Distribuição de
Alimentos.....................................................................................................
118
3.1.3 Indicadores de Ecologia 3 - Infraestrutura Física, Edificações e
Transportes - Materiais, Métodos e Soluções Criativas Ecológicas............
119
3.1.4 Indicadores de Ecologia 4 - Padrões de Consumo e Manejo de Resíduos
Sólidos..........................................................................................................
121
3.1.5 Indicadores de Ecologia 5 - Água - Fontes, Qualidade e Padrões de
Uso...............................................................................................................
127
3.1.6 Indicadores de Ecologia 6 - Águas Residuais e Manejo da Contaminação
das Águas.....................................................................................................
132
3.1.7 Indicadores de Ecologia 7 – Fontes e Uso de Energia................................. 135
CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................... 138
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................
ANEXOS......................................................................................................
142
XV
16
INTRODUÇÃO
O desenvolvimento sempre foi pautado pelas questões econômicas devido ao
advento da sociedade capitalista vigente, sociedade essa em que a energia capital é
utilizada intensivamente com os padrões de consumo crescendo rapidamente, assim
sendo, a humanidade vem utilizando os recursos naturais como se eles fossem infinitos,
entretanto, a exaustão da utilização desses recursos está limitada à capacidade de
sobrevivência do planeta.
A má utilização dos recursos tem conduzido à degradação de diversas
localidades, levando a não sustentabilidade, afetando a continuidade da vida humana,
através da extinção de espécies, desequilíbrio social e exclusão, desequilíbrio ecológico,
poluição em todos os sentidos – sonora, visual, aquática. Graças à visão utilitarista
implementada pelo sistema capitalista, a sustentabilidade não era levada em
consideração, e nessa visão em seu caráter simplista, apenas as questões econômicas
possuíam a relevância devida.
Sustentabilidade dentro de uma visão sistêmica está relacionada à continuidade
dos aspectos envolvidos. Simplificando, após os conceitos do Relatório Brundtland,
elaborado em 1987, a sustentabilidade visa oferecer o melhor para uma localidade
(pessoas e ambiente) no presente e no futuro. Para a Comissão Mundial de Ambiente e
Desenvolvimento (2008), a sustentabilidade tem a função de suprir as necessidades da
geração presente sem afetar a habilidade das gerações futuras de suprir-se ao longo do
tempo.
17
De acordo com Heinberg (2007, p. 1), a essência do termo sustentável é bastante
simples: "aquilo que pode ser mantido ao longo do tempo". Implicitamente, isto
significa que qualquer sociedade, ou qualquer aspecto da mesma, que seja não
sustentável, não pode ser mantido por muito tempo deixando de funcionar em qualquer
momento.
A sustentabilidade significa, também, desenvolvimento social e econômico
contínuo, estabelecido através de estratégias que não prejudiquem o ambiente, ou seja,
um princípio para a continuidade da vida ao longo do tempo, sendo assim, sua relação
com o capitalismo estará sempre em contradição. Entretanto, a sustentabilidade é um
conceito e uma realidade em construção. Essa relação entre capital e desenvolvimento
nega o modelo imposto neoliberal da atual sociedade ocidental, sendo necessário que os
setores da sociedade, empresas, população e o governo da sociedade receptora estejam
estrategicamente posicionados a favor da busca pela sustentabilidade.
Esta pesquisa teve como princípio uma avaliação quantitativa da
sustentabilidade em pequenas comunidades realizada através de alguns itens, dos quais
se procurou determinar indicadores para ações individuais, de associações, vilas e
assentamentos existentes nos limites das comunidades, possibilitando a comparação
entre o seu estado atual com metas ideais.
Para o IBGE (2004), indicadores são ferramentas ou instrumentos constituídas
por uma ou mais variáveis e que, quando associadas através de diversas formas, revelam
significados mais amplos sobre os fenômenos a que se referem, ou seja, segundo Abbot
e Guijt (1999), é algo que auxiliam na transmissão de um conjunto de informações
sobre situação complexas ou tendências. É uma ferramenta que permite a obtenção de
informações sobre uma dada realidade. Já Beaudoux et al. (1993) afirmam que eles
servem para medir e comparar situações complexas, podendo auxiliar na elaboração de
planejamentos para o desenvolvimento sustentável.
Nesta pesquisa, os indicadores de sustentabilidade são instrumentos estatísticos
que permitem a avaliação do nível de sustentabilidade comunitária, e são utilizados para
operacionalizar as variáveis definidas na metodologia, pautada na Rede Global de
Ecovilas (2009). Segundo Camino e Muller (1993), corroborando com a metodologia
escolhida, esses indicadores possuem um caráter temporal, necessitando de avaliações
contínuas de modo a verificar a situação evolutiva das comunidades. Analisados
isoladamente e combinados entre si, serão utilizados para que possam refletir as
18
situações encontradas nas comunidades.
Assim, o objetivo maior foi fornecer subsídios para que as comunidades possam
determinar quais os caminhos que deverão seguir em direção à sustentabilidade,
entretanto, autores como Sachs (2002), Coriolano (1998), Buarque (2004), entre outros,
afirmam existir uma incompatibilidade entre sustentabilidade e capitalismo, porém a
Avaliação Quantitativa da Sustentabilidade Comunitária (ASC), provavelmente,
auxiliará no desenvolvimento de localidades em direção ao conceito de
desenvolvimento sustentável. Pode ser entendida, inicialmente, como uma ferramenta
de avaliação podendo também ser um instrumento de aprendizagem que sinaliza
indivíduos e, ou comunidades onde possíveis ações possam ser tomadas, para se
tornarem mais sustentáveis e propiciando melhores condições de vida e de
desenvolvimento dos moradores e visitantes. Para a sua efetivação necessita, de bom
conhecimento relativo a estilos de vida, práticas e características dessas localidades.
Neste sentido, a avaliação da sustentabilidade quantitativa precisa analisar as
conseqüências do estilo de vida dessas localidades, visando conhecer a atual situação, a
fim de que, se busquem medidas que possam ser adotadas no sentido de facilitar a
conservação da qualidade de vida ao longo do tempo, mesmo sabendo que a
sustentabilidade possui caráter temporal, existindo a possibilidade dessas comunidades
sofrerem enchentes, queimadas, estiagens, desastres econômicos, desastres políticos
não podendo manter seu status quo eternamente.
Para que essa avaliação seja realizada com sucesso, é necessário conhecer quais
as vertentes que envolvem o desenvolvimento sustentável de localidades, pressupondo
que toda e qualquer atividade econômica resulta em impactos positivos e negativos. O
fato é que as regras do capitalismo aplicadas na contemporaneidade estão se
contrapondo com a sustentabilidade, principalmente porque o capitalismo necessita de
expansão para sobreviver. Esses impactos podem ser analisados sobre três óticas:
Cultural, Socioeconômica e Ecológica.
Os impactos culturais versam sobre uma gama enorme de vetores, desde artes e
artesanato até o comportamento de indivíduos e a sociedade que constituem valores,
hábitos, costumes e tradições, além da organização do espaço geográfico. Os impactos
ecológicos ou comumente chamados de ambientais envolvem o homem e a sua relação
com o local em que reside, sua inter-relação com o ar, a água, a terra e com as
diversidades existentes em qualquer localidade, sem esquecer, é claro, das questões
19
sociológicas que englobam o homem e o lugar onde vive. Já os aspetos econômicos
remetem-se a distribuição de renda, geração de empregos, fluxo de capitais dentre tantos
outros aspectos que serão abordados neste estudo. Vale ressaltar que esses aspectos não
ocorrem de maneira isolada.
O desenvolvimento sustentável vem sendo questionado e apresentado devido às
sucessivas crises ambientais, econômicas e sociais que colocaram na pauta as noções
vigentes de desenvolvimento e progresso, crises essas apresentadas fortemente no início
do século, sendo utilizado como vetor de um novo modelo de vida para o planeta, capaz
de garantir, hoje e amanhã a sobrevivência do mesmo. Vem paulatinamente sendo
difundido como uma alternativa que envolve toda população global. Entretanto, para
que se possa partir em busca do desenvolvimento sustentável, é preciso assumir a não
sustentabilidade do sistema capitalista.
Para analisar o desenvolvimento sustentável, é preciso que se alterem alguns
paradigmas a serem detectados em cada região para que se possa, através de estudo e
esforço, alcançar sua autosustentabilidade. Delgado (1997, p. 8) entende que “o futuro
de cada região é produto do entusiasmo, da perseverança e do planejamento, aliado a
uma alta dose de consciência política e social”. Ele questiona veementemente o tipo de
região que se deseja construir as oportunidades que a localidade deseja oferecer aos seus
descendentes, bem como quais os princípios e valores que deverão ser resguardados do
capitalismo selvagem disfarçado em progresso econômico.
Tem-se visto, nesse início de século, o crescimento da consciência ambiental, e
essa conscientização tem sido também levada em consideração no que tange ao
desenvolvimento sustentável, tanto da atividade turística como nos demais segmentos
da economia.
Este estudo parte da necessidade da avaliação das localidades onde o turismo
pretende se instalar e crescer rapidamente em termos globais através de larga utilização
dos recursos ambientais, em especial da relação do homem com o lugar em que vive e
que visita. A importância do turismo, de acordo com Cooper et al. (2001), é que poderá
ainda estar entre os cinco principais geradores de receitas de divisas da economia
mundial (armamentos e petróleo são os líderes).
Hoje se faz necessário repensar o modo como as pessoas procuram obter
rendimentos e, talvez, esse processo seja um dos propulsores do crescimento não
20
sustentável, pois, na atual sociedade de consumo, as pessoas se sentem mais felizes
quando consomem, esquecendo-se de que os recursos são finitos ou renováveis. O
crescimento das comunidades não pode incrementar a renda de toda a população, e
sempre vai existir dentro da ótica capitalista aqueles que ganham mais, os que ganham
menos e ainda aqueles que perdem renda, emprego, acesso à saúde, educação, lazer,
água, condições de subsistência. Fato bastante preocupante, pois quem mais sofre com
isso é o planeta, o que se comprova com a realidade da indústria petrolífera que vem
tendo seus poços esgotados e ainda a corrida armamentista em busca de maiores
mercados, além da possibilidade de uma proeminente escassez de água e de alimentos.
O desenvolvimento sustentável surgiu visando introduzir um novo modelo para
esse desenvolvimento que possua estratégias globais para a conservação da natureza,
com o intuito de modificar o modo de pensar e de agir da sociedade, e este estudo, junto
a algumas comunidades selecionadas, procurou, frente aos resultados obtidos, mostrar
caminhos ou formas, preparando-os frente aos desafios que surgirão nos próximos
séculos.
Para que exista desenvolvimento sustentável, é preciso que seja feito um
planejamento estratégico visando gerir os recursos disponíveis na localidade e, de
acordo com Buarque (2004), as propostas contemporâneas de desenvolvimento
sustentável tendem a confirmar o planejamento como instrumento fundamental para
orientar o futuro. Desse modo, o planejamento e o Estado (como agente regulador)
ganham relevância e assumem papel vital na orientação para a sustentabilidade e para a
construção de um novo estilo de desenvolvimento. Neste sentido, Lage e Milone (2001)
corroboram sobre a necessidade do planejamento para que as comunidades não entrem
em declínio constante. No processo do planejamento voltado para o desenvolvimento
sustentável, todos os tipos de sustentabilidade citados nesse projeto devem ter o mesmo
peso.
Uma preocupação sempre aparece como pano de fundo, em dissertações, artigos
técnicos e jornalísticos sobre o destino turístico de Ilhéus, devido ao descaso que vem
sendo atribuído à administração municipal e aos empresários do setor, com relação à
gestão pública, relacionada principalmente com a poluição das águas, aterro sanitário
sem estudo prévio, insegurança pública, iluminação deficiente e, principalmente, a
necessária participação dos residentes nas propostas feitas e quase nunca executadas. Aí
se percebe como o termo sustentabilidade vem sendo conduzido nesse município,
21
apesar dos apelos constantes de técnicos, professores, alguns políticos, ONGs,
Universidade e faculdades locais.
Devido à proposta de transformar a BR 415, que liga Ilhéus a Itabuna, em
“estrada ecológica”, em função de sua beleza natural, e considerando que as
comunidades que moram nessa estrada pretendem participar na formatação de produtos
turísticos e culturais, entre outros, duas dessas comunidades foram escolhidas para se
conhecer como está o nível de bem-estar dessas sociedades, e uma terceira comunidade,
Olivença, que se situa às margens da BA-001 (Ilhéus-Canavieiras), considerada pelo
governo do estado como uma estrada “litorânea”. Essa localidade possui forte influência
turística, já encontrando-se, inclusive, algumas pesquisas sobre sua performance
turística, cultural e ambiental, dentre outros e, por isso, requer uma reavaliação devido
aos altos investimentos hoteleiros e de lazer existentes e que estão sendo propostos.
O parâmetro básico usado pela pesquisa foi sob o enfoque da sustentabilidade
quantitativa, em um conjunto de localidades descritas, utilizando-se o referencial teórico
de um projeto de grande repercussão internacional, ou seja, Rede Global de Ecovilas
(2009), escolhido pela sua inovação metodológica, enfocando uma análise quantitativa
da sustentabilidade de vários setores, e que possibilita, posteriormente, proposição de
mudanças através da sensibilização de todos os responsáveis, buscando executá-las, no
sentido de melhorar a vida de todos os envolvidos.
Nesta proposição, as “ecovilas” caracterizam-se por possuir seu crescimento
baseado num modelo ecológico, focado na integração das questões culturais e
socioeconômicas com duas linhas de ações – uma para orientar os projetos eco corretos
e agroindustriais, e outro, que busca a pesquisa sobre a quantificação da
sustentabilidade, como já desenvolvidas em poucos países como Austrália, Nova
Zelândia e Estados Unidos. Nos países considerados desenvolvidos, são normalmente
gerenciadas por um conselho responsável pela gestão participativa, no qual as decisões
são tomadas buscando o desenvolvimento sustentável. Muito diferente do encontrado no
Brasil1.
Mundialmente já existem 405 ecovilas2 sendo estudas principalmente dentro do
primeiro princípio, trabalhadas por uma organização. No Brasil, já existe a
implementação desse tipo de ação, com vistas ao desenvolvimento eco correto (quadro
1 Nesse estudo será utilizado o termo comunidade para designar as ecovilas estudadas. 2 www.ecovillage.org.
22
01), sendo que nessas localidades brasileiras, nenhuma pesquisa ainda foi desenvolvida.
Quadro 01 – Comunidades brasileiras que vem trabalhando apenas com
. técnicas agroindustriais sustentáveis, 2009
Comunidade Municípios Estados
Abra 144 Presidente Figueiredo Amazonas
Fundação Terra Mirim Simões Filho Bahia
Instituto de P. Ecovilas do Cerrado Pirinópolis Goiás
Santa Branca Ecovillage Teresópolis Rio de Janeiro
Terra Uma Liberdade Minas Gerais
Ecovila Corcovado Ubatuba São Paulo
Parque Visão Futuro Porangaba São Paulo Fonte: Rede Global de Ecovilas (2009), adaptado
A pesquisa foi realizada no município de Ilhéus-Bahia, tendo como objeto as
comunidades de Olivença, Banco da Vitória e Salobrinho (Figura 01), com o intuito de
se obter resultados relevantes com vistas a futuro planejamento em cada localidade.
A avaliação Quantitativa de Sustentabilidade Comunitária foi desenvolvida
através de entrevistas aos líderes das associações de moradores ou cooperativas
existentes em cada comunidade, conforme proposto pela Rede Global de Ecovilas
(2009), buscando dados para avaliar/analisar os aspectos ecológicos, educacionais,
culturais, econômicos, políticos, espirituais, saúde, territoriais e turísticos, conforme
abordado detalhadamente na metodologia.
Devido ao pioneirismo desta pesquisa na América do Sul e no Brasil, foi que se
optou por esta metodologia da Rede Global de Ecovilas (2009), para avaliação das
comunidades selecionadas, e sob esse prisma, esta pesquisa se constituirá no primeiro
trabalho do gênero na América do Sul. Além disso, acredita-se que venha a ser de
grande valia para estudiosos sobre sustentabilidade, contribuindo sobre maneira com
críticas e, ou novos critérios e variáveis, para melhorar estudos neste tipo de
sustentabilidade.
Por outro lado, foi feita, em cada comunidade, uma descrição detalhada desses
indicadores, considerando seu estágio atual, com relação aos critérios existentes,
listando quais aspectos será preciso melhorar para que se torne realmente sustentável –
num período de 12 meses, buscando alcançar a melhoria da qualidade local e de seus
habitantes. Kent (2000) afirma que, em localidades com tendência ou ações turísticas, a
satisfação de suas necessidades demandadas está relacionada com a satisfação das
necessidades da comunidade local, preservando os recursos disponíveis na localidade.
23
Figura 01 – Mapa da região pesquisada, adaptado www.bancodavitoria.com.br (2010)
A pesquisa teve como objetivo geral a análise quantitativa dos indicadores de
sustentabilidade das comunidades de Olivença, Banco da Vitória e Salobrinho, com
uma visão analítica considerando-se os aspectos: Cultural, Socioeconômico e
Ecológico.
Espera-se que os resultados encontrados forneçam subsídios para que as
comunidades possam determinar quais os caminhos que deverão seguir em direção ao
conceito de desenvolvimento sustentável.
Comunidades pesquisadas
24
Conforme descrito, nesta pesquisa, a sustentabilidade possui caráter temporal
devido à possibilidade de essas comunidades sofrerem desastres econômicos e políticos:
enchentes, queimadas, estiagens etc, fatos estes que impedirão a manutenção do seu
status quo eternamente3, uma vez que toda e qualquer atividade econômica pressupõe
impactos positivos e negativos.
Com relação à sustentabilidade quantitativa turística, não será pesquisada,
considerando não ser objeto do estudo referência. O turismo foi considerado com base
em estudos existentes sobre o assunto, levando-se em consideração os impactos
decorrentes do turismo: econômicos, ecológicos, culturais.
Metodologia
A pesquisa foi realizada com o objetivo de caracterizar a realidade das
comunidades, através de investigação, mediante a coleta, organização e análise dos
dados com a finalidade de obter informações sobre a sustentabilidade temporal das
comunidades selecionadas, conforme justificado.
No desenvolvimento de uma pesquisa científica, técnicas e métodos devem ser
aplicados, os quais irão fornecer informações necessárias, para a consecução de
resultados confiáveis através da análise.4
Os dados foram obtidos de fontes primárias e secundárias. Os dados secundários
fornecidos através de bibliografias, como acervo de biblioteca, internet, jornais etc. Os
dados primários foram coletados através de questionários (utilizando-se os propostos
pela Rede Global de Ecovilas) com seus respectivos pesos (Anexo A), pesquisados
durantes os meses de julho e agosto de 2009. A avaliação quantitativa de
sustentabilidade comunitária (QSC) foi desenvolvida através de entrevistas aos líderes
comunitários, ou seja, diretores de escolas, associações ou cooperativa de moradores,
religiosos, políticos, e agentes de saúde entre outros, conforme proposto pela Rede
Global de Ecovilas.
Para o levantamento das evidências estatísticas necessárias, utilizou-se da
amostragem não probabilística intencional e por julgamento, ou seja, os elementos
foram escolhidos segundo as necessidades da pesquisa, em especial a grupos específicos
3 Heinberg (2009). 4 FACHIN (2001).
25
de quem se deseja saber a opinião5.
Os dados quantitativos levantados foram tabulados através de percentuais e
médias e analisados segundo o método descritivo estatístico. Uma análise comparativa
dos resultados encontrados em cada comunidade foi utilizada no sentido de evidenciar
qual dessas comunidades está apresentando melhor qualidade de vida e, ou que
precisam de mudanças de comportamento e de atitudes por parte dos líderes e
administradores municipais, para alcançar valores cada vez melhores.
As variáveis pesquisadas foram previamente definidas de acordo com a Rede
Global de Ecovilas (2009), bem como a QSC. Contudo, novas variáveis foram incluídas
e/ou adaptadas para atender a realidade dessas comunidades, tendo como princípio, os
critérios de sustentabilidades6.
Os questionários aplicados apresentam, nas variáveis quantitativas relativas à
sustentabilidade em questão, valores já predeterminados para o cálculo da QSC,
considerando que não se alterou as variáveis nem os valores propostos (Quadro 02),
introduzindo-se apenas outras variáveis para apreciação da realidade de cada
comunidade, conforme explicado anteriormente.
Quadro 02 – Valores Totais Gerais Esperados para os indicadores de sustentabilidade
Sustentabilidade
Total da Comunidade
Excelente
direcionamento a
caminho da
sustentabilidade
Bom conhecimento em
direção a
sustentabilidade
Ruim: requer mais ação
para empreender o
caminho a
sustentabilidade
Total Geral Acima 1033 Entre 484 e 1033 Abaixo de 483
Fonte: Rede Global de Ecovilas (2009) – adaptado.
O Quadro 03 apresenta a totalização de todos os indicadores pesquisados e
foram calculados em grupos fragmentados de acordo com a metodologia e pontuação da
Rede Global de Ecovilas (2009), existindo dois grupos de variáveis: um calculado de
acordo com o citado 03 e outro (as exceções) calculado conforme o Quadro 04.
Os valores calculados para o primeiro grupo de indicadores e suas respectivas
variáveis, conforme descrito nos objetivos específicos, estão assim descritos:
Os componentes de cada indicador, que obtiverem valor de 50 pontos
(quadro 03) ou mais, indicam excelente progresso em direção à sustentabilidade e as
que obtiverem entre 25 e 49 pontos indicam um bom conhecimento em direção à
5 Samara; Barros (1997). 6 Sachs (2002).
26
sustentabilidade, sendo que aquelas que obtiverem pontuação abaixo de 24 pontos
necessitam de maiores ações para empreender um caminho em direção à
sustentabilidade, conforme quadro citado. São elas:
Quadro 03 – Valores esperados para os indicadores de sustentabilidade
Sustentabilidade
Parcial da Comunidade
Excelente
direcionamento a
caminho da
sustentabilidade
Bom conhecimento em
direção a
sustentabilidade
Ruim: requer mais ação
para empreender o
caminho a
sustentabilidade
Valores Acima 50 Entre 25 e 49 Abaixo de 24
Fonte: Rede Global de Ecovilas (2009) – adaptado.
Cultura 1 (Abertura, Confiança e Segurança em Espaço Comum), Cultura 4 (Um
Novo ponto de Vista Holográfico e Circulatório do Mundo), Cultura 5
(Sustentabilidade Espiritual), Cultura 6 (Paz e Consciência Global);
Socioeconômico 1 (Economia), Socioeconômico 4 (Educação), Socioeconômico
5 (Saúde), Socioeconômico 6 (Governança - Diversidade; Tomada de Decisões e
Resoluções de Conflitos);
Ecologia 1 (Conexão com o Lugar - Localização e Escala da Comunidade;
Restauração e Preservação da Natureza), Ecologia 2 (Disponibilidade, Produção
e Distribuição de Alimentos), Ecologia 5 (Água - Fontes, Qualidade e Padrões
de Uso), Ecologia 6 (Águas Residuais e Manejo da Contaminação das Águas),
Ecologia 7 (Fontes e Uso da Energia).
Outros componentes, com valores calculados para classificação e análise, ou
seja, aqueles que obtiverem 55 pontos (Quadro 04), ou mais, indicam excelente
progresso em direção à sustentabilidade; aqueles que se situarem entre 29 e 55 pontos
indicam um bom conhecimento em direção à sustentabilidade, e aqueles que obtiverem
pontuação abaixo de 28 pontos, indicarão que se requer mais ação para empreender um
caminho em direção à sustentabilidade.
27
Quadro 04 – Valores esperados para os indicadores de sustentabilidade agrupados entre
as exceções
Sustentabilidade
Parcial da Comunidade
Excelente
direcionamento a
caminho da
sustentabilidade
Bom conhecimento em
direção a
sustentabilidade
Ruim: requer mais ação
para empreender o
caminho a
sustentabilidade
Valores Acima 55 Entre 28 e 54 Abaixo de 28
Fonte: Rede Global de Ecovilas (2009) – adaptado.
Esses componentes são:
Cultura 2 (Sustentabilidade Cultural), Cultura 3 (Artes e Lazer), Cultura 7
(Visão Comunitária), Cultura 8 (Habilidade de Resposta Comunitária);
Socioeconômico 2 (Fluxo das Ideias e da Informação), Socioeconômico 3:
Serviços, Formação de Redes, Assistência e Difusão - Intercâmbio de recursos
(Interno e Externo);
Ecologia 3 (Infraestrutura Física, Edificações e Transportes - Materiais,
Métodos e Soluções Criativas Ecológicas), Ecologia 4 (Padrões de Consumo e
Manejo de Resíduos Sólidos).
Essa pesquisa foi formatada em três capítulos assim descritos:
No capítulo 1 abordaram-se os indicadores de Sustentabilidade Cultural nas
comunidades de Olivença, Banco da Vitória e Salobrinho baseado nos critérios
definidos por Sachs (2002) e pela Rede Global de Ecovilas (2009). Esse capítulo
pautou-se nas definições de cultura (ROSENBAUM, 2005; NEVES, 1997; RESENDE,
2005), também enfocando as questões de sustentabilidade (HEINBERG, 2009),
espiritualidade e na visão comunitária (REDE GLOBAL DE ECOVILAS, 2009). No
que tange à cultura, serão abordados também os aspectos de confiança, segurança e
utilização de espaços comuns, transmissão de conhecimentos entre gerações e
manutenção das tradições, bem como arte e lazer e a maneira como a comunidade se vê
diante o mundo (REDE GLOBAL DE ECOVILAS, 2009; SACHS, 2002), além de um
breve painel histórico sobre essas comunidades.
No capítulo 2 apresentaram-se os indicadores de Sustentabilidade
Socioeconômica nas comunidades de Olivença, Banco da Vitória e Salobrinho pautados
28
nos critérios de Sachs (2002), da Rede Global de Ecovilas (2009) e Cooper et al. (2001).
O capítulo está fundamentado nas definições de economia (COOPER, 2001; REDE
GLOBAL DE ECOVILAS, 2009; OMT, 2003) saúde e comunicação levando em
consideração a disponibilidade e o acesso (SACHS, 2002; REDE GLOBAL DE
ECOVILAS, 2009; OMS, 2009), governança nos seus critérios de governança interna
da comunidade (SACHS, 2002, REDE GLOBAL DE ECOVILAS, 2009) e educação
(SACHS, 2002; REDE GLOBAL DE ECOVILAS, 2009).
No capítulo 3, abordaram-se os indicadores de Sustentabilidade Ecológica nas
comunidades de Olivença, Banco da Vitória e Salobrinho baseado nos critérios da Rede
Global de Ecovilas (2009) e de Sachs (2002). Fundamentado nas definições ambientais
de Cooper et al. (2001), da OMT (2003), aspectos relacionados com a utilização da água
– fontes, residuais – conservação da fauna e flora, o equilíbrio das configurações
urbanas e rurais, o lixo, a conexão com o lugar e seu caráter preservacionista, a poluição
em todos os seus aspectos, a estrutura alimentar e a distribuição dos alimentos (REDE
GLOBAL DE ECOVILAS, 2009).
Comunidades Pesquisadas
- Olivença
Olivença foi escolhida para esta pesquisa, por ser um distrito de Ilhéus-Bahia, e
apresentar condições geográficas e reais para o segmento de turismo de sol e praia,
gastronômico e de artesanato, estância de águas.
Dória (2003), na sua dissertação de mestrado, apontou problemas de várias
ordens para esta comunidade, dentre eles o da sustentabilidade ambiental. Possui ações
turísticas, hotéis, barracas em seu litoral e por possuir uma lagoa conhecida como Buíra,
considerada por muitos como medicinal, por causa de suas águas ferruginosas, vem
sendo “considerada” até hoje como uma estância hidromineral, mas, para ser assim,
necessita de um estudo epistemológico de suas propriedades. Segundo a pesquisadora,
muito ainda precisa se fazer em busca do desenvolvimento do turismo sustentável nesta
localidade e um dos primeiros passos é saber em que nível de sustentabilidade ele se
encontra.
Esta comunidade possui uma pequena produção de subsistência com melancia,
29
coco, produção de cacau e, além de um complexo turístico composto por uma ampla
diversidade de hotelaria e no segmento de alimentos e bebidas, com uma gastronomia
típica local (como um doce feito com tiras de coco conhecido por “moda”). Possui um
Centro Cultural com exposição e venda de artesanato indígena, visto que a cultura
indígena existente nessa localidade vem procurando manter suas tradições e
sobrevivendo através da comercialização do artesanato dentre outros pequenos serviços
(DÓRIA, 2003).
A comunidade de Olivença foi fundada pelos jesuítas e elevada a condição de
vila em 1758, denominada Nova Olivença. Na época, tinha sua economia baseada na
caça, na pesca, na agricultura e no artesanato indígena, cuja matéria-prima era a piaçava
e seus coquilhos, que eram utilizados para a fabricação de contas de rosários, redes,
esteiras, cestos e de cascos de tartaruga fabricavam enfeites e pentes (DÓRIA, 2003).
Inicialmente, esta localidade foi trabalhada pelos jesuítas, que ali estavam para
catequizar os índios, além de serem também responsáveis pela administração da vila.
No século XVIII, havia apenas uma construção de pedras, a Igreja de Nossa Senhora da
Escada, construída pelos índios e jesuítas em 1700, sendo as demais construções
(tipicamente de taipa) localizadas ao redor da igreja, formando um quadrado, conhecido
como “quadrado jesuítico”, cujo traçado urbanístico é mantido até os dias de hoje. Tal
quadrado jesuítico era uma característica das vilas fundadas por esses religiosos da
Companhia de Jesus, tendo a igreja como centro, numa referência ao teocentrismo
vigente na época (DÓRIA, 2003; CAMPOS, 1981), localizada em lugares altos para
iniciar a fundação da cidade, e esse formato de quadrado, segundo eles, tinha a
vantagem de controlar a população.
Em 1760, os jesuítas foram expulsos pelos índios e a gestão local passou a ser
exercida pela Câmara Municipal de Ilhéus7, a qual arrendou suas terras aos brancos
interessados, ao tempo em que os agrupamentos indígenas passaram a ser subjugados
pelos colonos e fazendeiros da região. Em 1817, a nova Lei de Terras permitiu as
Câmaras Municipais e as Províncias extinguir e leiloar as terras onde se encontravam as
7 De acordo com Couto (1998), a vila foi anexada ao município de Ilhéus, como “Distrito de Paz” em 06 de
novembro de 1912 (Lei 905), em função da decadência econômica do lugar e dos interesses dos coronéis em desfrutar dos benefícios do local.
30
aldeias, o que ocorreu em Olivença em 1875 por decisão governamental (DÓRIA, 2003;
COUTO, 2001; PERRONE; MOISÉS, 1992).
Olivença começou a se destacar como local de repouso, no final do século XIX,
isso quando ainda era considerada uma “pobre aldeia indígena”, graças a sua
temperatura amena e abundância de água (na época consideradas salutares). Naquele
tempo, a vila era praticamente habitada por índios que, segundo a história, foram os
descobridores sobre a importância medicinal das águas.
Destaca-se nessa época a presença do caboclo Marcelino, contrário à expansão
dos não índios na localidade, passando a liderar duas revoltas que foram sufocadas pela
polícia, onde muitos indígenas foram massacrados e obrigados a aceitar a presença dos
brancos. Na localidade, existe hoje uma convivência pacífica entre turistas, índio e
brancos, contudo sua história é marcada por conflitos sangrentos.
Por volta dos anos 40, o principal acesso ao distrito, ou seja, uma ladeira calçada
com pedras conhecidas como “pé de moleque” e a limpeza urbana era realizada pelos
próprios moradores. A instalação da energia elétrica a motor aconteceu nos anos 50 por
intermédio do prefeito de Ilhéus, Henrique Cardoso (DÓRIA, 2003). Apenas em
meados do século XX é que foi comprovado o uso medicinal da águas de Olivença,
através do trabalho do padre botânico Camilo Botrand, um dos maiores estudiosos sobre
o local (CAMPOS, 1981).
Nesse período, os turistas e residentes que visitavam a comunidade atravessavam
de Ilhéus para o Pontal, em balsas ou em lanchas precárias. Além desses problemas,
ainda enfrentavam, pela praia (pois não existia estrada), o Rio Cururupe, e, a depender
do nível da maré (se elevada), muitas vezes, tinham de esperar o retorno da maré a
níveis baixos para atravessar (DÓRIA, 2003).
Nos anos 70, após a construção da ponte Ilhéus – Pontal, término da rodovia e de
seu asfaltamento, que dá acesso à comunidade, bem como ao incentivo dado pelo
governo do estado para transformar a Estância Hidromineral em atrativo turístico, teve
início o crescimento urbanístico da localidade. Tal decisão ocorreu sem o devido
planejamento resultando na contaminação do seu principal atrativo, as águas dos rios, e
a degradação das praias de Olivença, com esgotos a céu aberto (línguas negras) e
materiais flotantes, os quais, infelizmente, até os dias de hoje são facilmente
encontrados.
31
Sua gestão como Estância Hidromineral de Olivença passou a ser de
responsabilidade do estado em 1961, de acordo com o decreto n0 6139 da Lei n
01451, e
posteriormente devolvida para o município em 01 de janeiro de 1995, pelo decreto n0.
3960, devido à justificativa de sua expansão econômica e turística.
Ao longo desses anos, essa localidade vem recebendo um fluxo considerável de
visitantes (caracterizando com turismo de massa) em busca de lazer, praias, “água
medicinal”, sossego e festas populares como o exemplo da tradicional Puxada do
Mastro de São Sebastião, o festejo de Ano Novo e o São João.
Em 2002, os índios receberam da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) o
reconhecimento de sua etnia, sendo identificados como Tupinambás e hoje disputam
judicialmente seu território e a criação de uma reserva indígena.
Na comunidade de Olivença, merecem destaque os festejos populares,
caracterizados pela mistura do sagrado e profano, como, por exemplo, a Puxada do
Mastro de São Sebastião (COUTO, 2000; DIAS; MESQUITA, 2009; BARROCO,
2009), e o Bumba-meu-boi, além das festas do Divino Espírito Santo e da Padroeira,
Nossa Senhora da Escada, que é realizada no dia 21 de novembro, com novenas, missas,
batizados e procissões. Hoje, a única igreja católica existente fica aberta durante todo o
dia para visitação e, para as celebrações religiosas apenas aos domingos. Em épocas
passadas, existiam também Marujadas, Camponesas, Ternos de Reis (no período que
antecedia a Puxada do Mastro).
Segundo Schaan (1996), a arte indígena não possui o caráter social de outras
comunidades – representa apenas a estética do grupo. O artesanato disponível em
Olivença encontra-se misturado com outras peças (miçangas, sementes, cordas e
madeiras), e a origem desse artesanato está focada no trabalho dos indígenas (RAMOS,
2008; DÓRIA, 2003). Atualmente este artesanato está bastante descaracterizado, e vem
sendo comercializado em hotéis, pousadas e lojas de suvenires encontradas na
comunidade, entretanto, é apontado por alguns moradores com um dos principais
atrativos turísticos de Olivença.
32
- Banco da Vitória
Apesar de ser considerado um bairro do município de Ilhéus, dista sete km da
sua sede, sendo que a BA 415 é a principal rodovia de acesso a esse bairro e a outros
lugares do município de Ilhéus e, segundo Santos (2007), é prevista, no projeto da
estrada Jorge Amado – Estrada Ecológica, a elaboração de produtos turísticos culturais
ao longo dela. Possui agricultura de subsistência e pequena comercialização de frutas
como o cacau, coco verde, graviola, cupuaçu, peixes e crustáceos, lojas de artesanatos
em cipó, madeira e cerâmica, Além de uma gastronomia peculiar e diversificada, esse
distrito vem atraindo turistas e visitantes das mais diversas localidades, em função de
suas iguarias disponíveis em diversos restaurantes como o famoso camarão na moranga
e a farofa de banana da terra.
Segundo o site RCPRESS – Agência de Notícias (2009), a Prefeitura Municipal
de Ilhéus quer aproveitar essa tendência gastronômica local para implementar um
corredor gastronômico. Para isso, recebeu do Ministério do Turismo um incentivo de
R$ 500 mil, para consolidar na comunidade um pólo turístico gastronômico.
Neste mesmo século, o porto fluvial do Banco da Vitória passou a ser o
propulsor de seu desenvolvimento refletido no crescimento da localidade. Já no início
do século XIX, e devido à construção de pequenas moradias, surgiu um pequeno
comércio em função da ativa circulação dos tropeiros, a construção de escolas e do
matadouro, tornando-se referência no fornecimento de carnes principalmente para a
cidade de Ilhéus, dentre outros, o Matadouro Municipal, hoje desativado, surgiu num
local conhecido como Descansa Caixão.
O prédio do antigo Matadouro (Figura 02), segundo a pesquisa, poderia ser
restaurado com o propósito de ser transformado num local cultural com vendas de
artesanato, suvenires e restaurantes, dentre tantas outras possibilidades de manifestações
culturais destinadas à comunidade local e para o turismo.
33
Figura 02 - Fachada do antigo matadouro municipal, em 25 de julho de 2009, dados da
. . pesquisa.
Em 1860, o príncipe naturista Ferdinand Maximiliano de Habsburgo, visitou
terras próximas ao Banco da Vitória, fato registrado por um obelisco encontrado no
porto do local (HEINE, 2008), Figura 03.
Figura 03 – Painel fotográfico do obelisco no porto fluvial do Banco da Vitória, em 25
de julho de 2009, dados da pesquisa.
No início do século XX, o Banco da Vitória destacava-se no cenário regional em
função de uma grande feira livre, situada na Praça Guilherme Xavier, comercializando
hortifrutigranjeiros, bem como a venda de outros produtos em um barracão no estilo de
armazém de “secos e molhados”, organizado por pequenos agricultores, moradores do
34
local e por trabalhadores de fazendas próximas ao arraial, possuindo também telefone e
telégrafo. Segundo Barbosa (1994), naquela época, o Banco da Vitória era um núcleo de
civilização do sul da Bahia graças ao seu porto fluvial, entretanto, após o aparecimento
da estrada de ferro que ligava Ilhéus a Vitória da Conquista, passou a ser apenas um
simples porto (CAMPOS, 1981).
Também merece destaque a cachaça fabricada num alambique localizado na
fazenda Seis Marias Vitória, atualmente tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional.
Também se destaca a fazenda Primavera, que surgiu da união de duas sesmarias através
do casamento dos filhos de Henrique Berbert e João Navarro de Amorim (HEINE,
1996).
Com o crescimento econômico da lavoura cacaueira, o antigo porto foi se
tornando obsoleto e, em 1924, devido a essa situação, produtores de cacau iniciaram a
construção do porto de Ilhéus com recursos próprios.
Hoje o atual porto do Banco da Vitória (Figura 04) encontra-se em degradação,
com acúmulo de lixo e poluição das águas.
Figura 04 – Localização do Porto Fluvial do Banco da Vitória e poluição às margens do
porto fluvial do Banco da Vitória em 25 de julho de 2009, dados da
pesquisa.
Em 1960, esse porto era conhecido como de Porto de Guerra, onde
desembarcavam todos os tipos de cereais e cacau. Nessa época, a iluminação era feita
por candeeiros a gás e tempos depois mudou para a iluminação gerada por uma roda
d‟água, localizada na fazenda Vitória e, bem depois, surgiu um gerador que funcionava
até as 11 da noite. Nesse período, o povoado foi elevado a distrito de Ilhéus.
35
Em 1966, aconteceu uma enchente no Rio Cachoeira destruindo toda a
comunidade e apenas em 1979 iniciaram-se obras de melhoria na comunidade. O local
tem sua história marcada por grandes conflitos travados pela luta da posse da terra e
pelas roças de cacau.
Atualmente esse bairro da cidade de Ilhéus possui cerca de 8.000 habitantes,
escolas, postos de saúde, farmácias, postos de combustíveis, inúmeros bares e
restaurantes, saneamento básico, transportes públicos. Também, existem no local,
diversas igrejas e entidades religiosas, inclusive o Vale do Amanhecer.
- Salobrinho8
A comunidade do Salobrinho, distante 16 km de Ilhéus e 12 km de Itabuna,
considerado centro comercial da região, possui agricultura de subsistência e cacau, por
estar inserido entre fazendas produtoras de cacau, e tem como referência principal, a
sede da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). Este bairro é bastante
beneficiado com o desenvolvimento de diversos projetos de extensão na área Social e
Cultural, bem como da proposta de desenvolvimento da estrada Jorge Amado. Os
projetos desenvolvidos pela UESC necessitam de uma reavaliação, para um melhor
aproveitamento das reais necessidades dessa localidade, buscando uma maior
conscientização necessária em busca de sua sustentabilidade. Neste bairro, existem
muitas repúblicas de estudantes universitários, bares e restaurantes de comida a quilo e
pontos comerciais.
Localizado onde, nos anos 50, existia a fazenda Boa Vista, de propriedade do Sr.
João Francisco de Carvalho, o bairro do Salobrinho desenvolveu-se inicialmente graças
à descoberta de uma jazida de minério, onde hoje está localizada a Rua do Ouro. Tal
descoberta levou vários retirantes a deslocaram-se para as redondezas e algumas casas
foram se espalhando pelo matagal.
Naquela época, alguns elementos se destacaram, entre eles o delegado Mariel
Fábio Cardoso, considerado como impiedoso e temperamental, o fazendeiro João
Barbosa Medeiros, proprietário da fazenda Ribanceira, que sempre visitava o local para
tomar uma “cachacinha”, homem de prestígio e casado com Dona Florentina, e o
8 Baseado na Obra de Sherney Pereira. Salobrinho – Encantos e Desencantos de Um Povoado.
Ilhéus.Colorgraf. 1984.
36
lavrador José Anorato, conhecido pelas suas confusões e que trabalhava na fazenda
Perseverança, de Hermínio Figueiredo Rocha.
Com o crescimento do arraial, vários empreendimentos foram surgindo e o
registro do primeiro chalé pertenceu a Inácio Mendonça, implantando um armazém de
“secos e molhados” que se expandiu para “três portas” e foi a primeira grande casa de
negócios na Fazenda Boa Vista. Essa casa foi reformada e é uma moderna residência
(infelizmente esta pesquisa não conseguiu identificá-la).
A única indústria que existiu no arraial foi o Curtume de Laudelino, que
beneficiou diversas famílias do local, homem pacato, protestante e que frequentava a
primeira igreja ali existente, a Assembléia de Deus.
Registra-se também a figura de “Tia Stella”, que cuidava, através de plantas
medicinais, da população carente da região, além de ser parteira de quase todos os
nascidos.
As festas juninas eram os destaques do local, bem como os blocos e cordões
carnavalescos, pertencentes a Amândio Arouca e a Dona Dudu, que disputavam entre si
o primeiro lugar. As festas natalinas eram promovidas com muito capricho e ouvia-se,
no serviço de alto-falante “A Voz do Salobrinho”, música suave da época. Esse serviço
comunitário convidava os moradores a participar dos eventos e informava sobre os
principais fatos ocorridos, e era comandado pelo “Mestre Leal”, que retransmitia “A
Voz Mariana”, programa religioso da Rádio Difusora Sul da Bahia. Aos domingos e
feriados, o encontro era no campo de futebol da fazenda Cordilheira, propriedade de
João Batista Lavinscky.
Em 1963, o prefeito Herval Soledade inaugurou o grupo escolar, logo depois
chegou o MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização) funcionando neste grupo
à noite. A CEPLAC (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira) foi uma das
maiores propulsoras para o atual Salobrinho, juntamente com o surgimento da FESPI
(Federação das Escolas Superiores de Ilhéus e Itabuna) e depois da UESC, instalada
nessa localidade.
A UESC foi edificada na antiga propriedade de Manoel Fontes Nabuco e teve
sua origem nas escolas criadas no eixo Ilhéus/Itabuna na década de 60, sendo que, em
1972, graças à iniciativa da CEPLAC, da Faculdade de Direito de Ilhéus, das
Faculdades de Filosofia de Itabuna, de Ciências Econômicas de Itabuna congregaram-se
37
formando a FESPI na busca pelo status de universidade. Posteriormente, com o
desenvolvimento dos seus trabalhos de pesquisa, deu um salto para se tornar uma
instituição pública (UESC, 2009).
Em 1974, um convênio entre a CEPLAC e a prefeitura de Ilhéus implantou o
Sistema de Abastecimento de Água, que foi recuperado pelo Governo Federal e pela
prefeitura municipal, que construiu um novo reservatório na Rua do Ouro.
38
CAPÍTULO I INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE CULTURAL NAS
COMUNIDADES DE OLIVENÇA, BANCO DA VITÓRIA E SALOBRINHO
Este capítulo trata dos indicadores de sustentabilidade cultural das comunidades
de Olivença, Banco da Vitória e Salobrinho. Para tal, definiram-se conforme referencial
teórico, como um conjunto de complexos, aspectos espirituais, materiais e imateriais,
intelectuais e emocionais que caracterizam uma sociedade. Incluem as expressões
criativas (história oral, linguística, literatura, artes cênicas, artesanato), as práticas
comunitárias (métodos tradicionais de cura, celebrações), elementos materiais ou
construídos (prédios, paisagens, artes, entre outros). Sustenta-se, através da estabilidade
e dinamismo social, na comunidade, além de segurança para a livre expressão dos
indivíduos (ROSEMBAUM, 2005; NEVES, 1997).
1.1 Indicadores de Sustentabilidade Cultural
Os indicadores de sustentabilidade cultural fundamentam-se através de
atividades culturais, de celebrações e do estímulo à criatividade. Assim, levaram-se em
consideração as questões espirituais da comunidade, a liberdade de escolha de sua
religiosidade em busca da paz interior, bem como a visão que os indivíduos possuem
em relação à vida comunitária. Sachs (2002) afirma que é preciso existir equilíbrio entre
essas tradições e as inovações. Equilíbrio é a palavra-chave para a sustentabilidade
39
cultural, principalmente na comunidade de Olivença, onde já existe algum
desenvolvimento local estimulado pelo turismo e a sustentabilidade cultural é fator
preponderante para a sustentabilidade turística.
Para Dória (2003, p. 50), a
sustentabilidade cultural, implica a necessidade de
buscar soluções de âmbito local, utilizando-se as
potencialidades culturais específicas, consolidando a
identidade cultural e o modo de vida local, assim como
a participação da população local nos processos
decisórios e na formulação e gestão de programas e
planos de desenvolvimento turístico.
O conceito de Hall (2004) para identidade cultural é dinâmico e desloca-se em
várias direções, admitindo transformações contínuas nos sistemas culturais que
representam um povo. A cultura é evolutiva e direciona-se de acordo com as interfaces
estabelecidas entre a comunidade e o mundo através de veículos informacionais.
Para que seja feita a análise dos indicadores de sustentabilidade cultural, é
preciso esclarecer quais fatores ou indicadores que foram considerados. Segundo os
critérios desta pesquisa, os indicadores de cultura estão divididos em oito critérios
Segundo a Rede Global de Ecovilas (2009), os indicadores de cultura (Tabela 01) são
assim distribuídos:
Cultura 1- Abertura, Confiança e Segurança em Espaço Comum;
Cultura 2 - Sustentabilidade Cultural;
Cultura 3 - Artes e Lazer;
Cultura 4 – Um Novo Ponto de Vista Holográfico e Circulatório do Mundo;
Cultura 5 – Sustentabilidade Espiritual;
Cultura 6 – Paz e Consciência Global;
Cultura 7 – Visão Comunitária;
Cultura 8 – Habilidade de Resposta Comunitária.
40
Tabela 01- Indicadores esperados e obtidos para a Sustentabilidade Cultural das
comunidades de Olivença, Banco da Vitória e Salobrinho, 2009
Indicadores Valores Esperados Valores Encontrados
Excelente Bom Ruim Olivença Banco da
Vitória
Salobrinho
Cultura 1 Acima de 50 Entre 25 e 49 Abaixo de 24 35 22 07
Cultura 2 Acima de 55 Entre 29 e 54 Abaixo de 28 43 43 14
Cultura 3 Acima de 55 Entre 29 e 54 Abaixo de 28 28 13 09
Cultura 4 Acima de 50 Entre 25 e 49 Abaixo de 24 34 35 13
Cultura 5 Acima de 50 Entre 25 e 49 Abaixo de 24 57 40 37
Cultura 6 Acima de 50 Entre 25 e 49 Abaixo de 24 57 48 43
Cultura 7 Acima de 55 Entre 29 e 54 Abaixo de 28 41 21 14
Cultura 8 Acima de 55 Entre 29 e 54 Abaixo de 28 19 21 17
Total dos Indicadores de Sustentabilidade Cultural 314 243 154
Fonte: Rede Global de Ecovilas (2009) e dados da pesquisa.
A totalização dos valores obtidos para os indicadores de sustentabilidade cultural
(Tabela 01) apresenta a comunidade de Olivença com 314 pontos em uma melhor
situação, visto que ela foi a única a obter dois indicadores no nível da excelência no
direcionamento à sustentabilidade, quatro indicadores com bom conhecimento em
direção à sustentabilidade e apenas dois indicadores com ruim direcionamento à
sustentabilidade. A comunidade do Banco da Vitória, com 243 pontos (Tabela 01) no
total, teve quatro indicadores classificados no nível bom e quatro no nível ruim em
relação ao caminho para o desenvolvimento sustentável. Já no Salobrinho, com 154
pontos no total (Tabela 01), apenas dois indicadores foram classificados como bons,
estando os demais ruins para o direcionamento à sustentabilidade.
Dentre os valores apresentados na Figura 05, destacam-se os indicadores de
Cultura 5 e 6, que apresentaram maior pontuação, indicando que, nesse item, as
comunidades estão em bom direcionamento a sustentabilidade de acordo com a
metodologia adotada nessa pesquisa. Todos os itens apresentados na Figura 05 serão
discutidos detalhadamente.
41
Figura 05 – Valores quantitativos encontrados para representar os Indicadores de
Sustentabilidade Cultural nas comunidades pesquisadas, dados da pesquisa.
1.1.1 Indicadores de Cultura 1: Abertura, Confiança e Segurança em Espaços Comuns
Segundo os questionários da avaliação quantitativa de sustentabilidade utilizados
nesta pesquisa, as variáveis de Abertura, Confiança e Segurança em Espaços Comuns
representam os indicadores de Cultura 1. Esse item trata sobre os quesitos de segurança
pública comunitária em relação às mulheres, crianças e pessoas da comunidade, crimes
juvenis e adultos contras as pessoas e contra o patrimônio, versa também sobre a
existência de espaços comunitários internos e externos para encontros da comunidade e
espaços para desenvolvimento de atividades salutares entre jovens, crianças e adultos.
A segurança tem se consolidado como um dos fatores intangíveis mais
importantes quando se trata de sustentabilidade turística, pois, cada vez mais, ela está
associada às impressões e opiniões dos turistas sobre os locais de visitação. Tanto que é
condição preponderante para um turista ao escolher um local para visitação (VALLS,
2004).
Segundo os líderes entrevistados em Olivença, o nível de segurança na
comunidade é considerado bom, existindo, contudo, relatos de crimes juvenis entre
grupos rivais de jovens envolvidos com o consumo de entorpecentes - principalmente o
crack, arrombamentos e pequenos furtos a casas fechadas utilizadas apenas nos períodos
de alta estação turística.
Mesmo equipado com concha acústica, banheiros adequados, área de lazer
infantil, laboratório de informática, utilizado em programas de inclusão digital, o Centro
42
Cultural de Olivença encontra-se em um local de difícil acesso e sem programação
regularmente definida, o que vem dificultando a sua utilização por residentes e
visitantes. Em relação aos espaços comunitários para encontros sociais e atividades
salutares, o Centro Cultural de Olivença (Figura 06) foi destacado em todas as
entrevistas, entretanto não existe regularidade em sua utilização.
Os encontros sociais citados segundo a pesquisa foram as Festividades de São
João, a Puxada do Mastro de São Sebastião e os rituais indígenas que ocorrem
mensalmente, e serão tratados nas questões específicas no item Cultura 2.
Figura 06 – Painel fotográfico do Centro Cultural de Olivença, em 09 de agosto de
2009, dados da pesquisa.
43
Com relação aos logradouros existentes em Olivença, destaca-se a praça da
igreja de Nossa Senhora da Escada, que era originalmente o antigo cemitério indígena,
hoje conhecida como praça central da comunidade, Figura 07. Nesse mesmo
logradouro, também se encontram diversos bares, restaurantes, pousadas, casas de
veraneio e a Igreja Batista em Olivença (Figura 08). Chama atenção que esses
logradouros estão situados na parte central e mais movimentada da comunidade,
conhecido pelos turistas e veranistas como meeting point.
Segundo Guatarri e Rolnik (1986), a cultura pode ser vista por três prismas. O
primeiro versa sobre a cultura no sentido de civilização, do “culto”, o que refere-se à
civilização francesa. O segundo está relacionado aos conceitos de Geertz (1989),
Rosenbaum (2005) e Neves (1997), que se refere à alma coletiva da comunidade ou de
um povo. Há ainda o prisma da cultura como mercadoria de uma economia capitalista
muito utilizada na formação do produto turístico.
A cultura, para ser analisada necessita de uma interpretação densa de caráter
etnográfico, pois apresenta:
uma multiplicidade de estruturas conceptuais (sic),
muitas delas sobrepostas ou amarradas umas às outras,
que são simultaneamente estranhas, irregulares e
inexplícitas, e que ele tem que, de alguma forma,
primeiro apreender e depois apresentar (GEERTZ,
1989, p. 20).
Já no Banco da Vitória, observa-se que a comunidade analisada ainda está muito
longe do caminho desta sustentabilidade, devido ao índice encontrado ter sido muito
baixo (Figura 5). Isso se justifica, segundo os entrevistados, pela ausência de espaços
Figura 07 - Praça da Igreja de Nossa Senhora
da Escada, em 09 de agosto de
2009, dados da pesquisa.
Figura 08 - Igreja Batista em Olivença,
em 09 de agosto de 2009,
dados da pesquisa.
44
comuns para a convivência da população, destacando-se uma forte presença relacionada
ao futebol, contudo, com espaços inadequados, painel da Figura 09.
Figura 09 - Espaços para a prática de Futebol no Banco da Vitória, em 25 de julho de
2009, dados da pesquisa.
Com relação à convivência segura da comunidade, fatos relacionados à
pedofilia, brigas entre grupos rivais, após as festas e fins de semana, e atritos entre ruas,
envolvendo tráfico de drogas, assaltos, roubos, condicionaram a se obter uma pontuação
bem baixa para o Banco da Vitória.
Por outro lado, a comunidade pouco se reúne devido à inexistência de espaços
adequados, existindo apenas um clube particular onde se realizam festas eventuais, e a
maioria não tem acesso. Foram relatados e destacados os festejos de São João e
Natalinos e a utilização dos espaços religiosos para encontros da comunidade, com
destaque para a participação das igrejas Evangélicas, pois, na igreja Católica, isso
ocorre apenas semanalmente ou com o objetivo da catequese (apresentado no item
Cultura 5).
45
Já no Salobrinho, a situação encontrada nesse indicador de Cultura 1 foi de
insegurança até para realização da pesquisa, devido ao alto índice de consumo de
drogas, assalto, roubos, assassinatos e prostituição entre jovens e crianças (homens e
mulheres), o que motivou diversos moradores a impedir a visita dos pesquisadores em
algumas ruas, principalmente na rua do Ouro.
Em Salobrinho, conforme relatado, não existem espaços para a convivência
comunitária, encontrando-se apenas presença das entidades religiosas, que são as únicas
a promover algo nesse sentido, destacando–se as entidades evangélicas.
Com a relação ao item Cultura 1, a pontuação total obtida por Olivença foi de 35
pontos (Figura 04), numa escala que parte do zero até acima de 50 pontos, o que indica
que, em termos de sustentabilidade cultural, abertura, segurança, confiança e a
utilização de espaços comuns a comunidade de Olivença possui um bom conhecimento
a caminho da sustentabilidade. Entretanto, as comunidades de Banco da Vitória com 22
pontos (Figura 04), e do Salobrinho, com 07 pontos (Figura 04) encontram-se numa
situação ruim com relação ao indicador de Cultura 1. Com esses resultados, as três
comunidades ainda estão muito distantes da excelência no direcionamento a caminho da
sustentabilidade, situação que se dá a partir dos 50 pontos dentro da metodologia
proposta.
Para que esse indicador melhore, é preciso que os espaços existentes na
comunidade sejam melhor utilizados e planejados, visando a boa convivência e a troca
de experiência entre os membros. Bem como melhorias na segurança pública e um
trabalho educacional sobre o consumo de drogas.
1.1.2 Indicadores de Cultura 2 – Sustentabilidade Cultural
O item Cultura 2 – sustentabilidade cultural analisa a transmissão das heranças
culturais através da oralidade e encontros, assim como de programas culturais existentes
na comunidade envolvendo celebrações, fotografias e reutilização de materiais na
produção cultural e toda uma gama de manifestações comunitárias focadas na
transmissão de ensinamentos e troca de experiências (SACHS, 2002; REDE GLOBAL
46
DE ECOVILAS, 2009). Esse indicador sustenta-se através das artes, de atividades
culturais e de celebrações e do estímulo à criatividade. Sachs (2002) afirma que é
preciso existir equilíbrio entre essas tradições e as inovações, mudanças no interior da
continuidade, capacidade de autonomia para elaboração de um projeto nacional
integrado e interiorizado opondo-se às copias servis de modelos externos e diferentes e
ainda autoconfiança aliada à abertura e conexão com o mundo. Equilíbrio é a palavra-
chave para a sustentabilidade cultural (DÓRIA, 2003).
Na comunidade de Olivença, destacaram-se além das celebrações indígenas
citadas anteriormente, as manifestações religiosas vinculadas às igrejas (tratadas no item
de Cultura 5), as atividades realizadas no Centro de Cultura de Olivença, e as
festividades sacro-profanas, como a Puxada do Mastro de São Sebastião, festividades de
São João e Ano Novo – período de alta estação turística, quando a comunidade recebe
uma grande concentração de populares.
Gastronomicamente, em Olivença, destaca-se a “moda” fabricada pelos índios e
moradores da comunidade, vendida aos turistas nas praias e no Balneário do
Tororomba, além das famosas peixadas que, apesar de não serem iguarias locais são
pratos baianos característicos.
A gastronomia indígena é muito pouco encontrada na comunidade, segundo
Ramos (2008). Uma de suas principais iguarias, o peixe na folha de patioba é oferecido
apenas sob encomenda, sendo que a tapioca ou beiju (alimento de origem indígena,
porém não de origem Tupinambá), comercializada no centro de Olivença, é a única
representante gastronômica indígena, porém a comercialização da tapioca é
generalizada em qualquer parte do Brasil.
Dentre as celebrações indígenas praticadas, a “Memória dos Mártires no
Massacre do Cururupe” é uma referência para cultuar os índios mortos neste massacre
comandado por Mem de Sá no século XVI, segundo Viegas (2001), ocorrida na batalha
no Cururupe. Essa manifestação invoca a “revolta de Marcelino” ocorrida no final da
década de 1920, e uma outra, do início da década de 1930, remetendo-se ao combate à
exploração fundiária da época (RAMOS, 2008).
Nesse evento, os índios vestem “saias de taboas” e realizam um grande Poracim
(cerimônia de invocação aos antigos espíritos) em frente à Igreja de Nossa Senhora da
Escada. O curioso é que, nos últimos anos, os índios, após a cerimônia são abençoados
47
pelo padre, fato que não ocorria antes, contando com a presença de turistas e curiosos
(RAMOS, 2008).
A pintura corporal indígena, feita através de grafismos, é utilizada hoje apenas
nas celebrações indígenas. Caracteristicamente feita com tinta de jenipapo verde, é
também utilizada eventualmente pelos visitantes nessas celebrações.
O grafismo ou ornamentação gráfica está presente em
quase todas manifestações da cultura material das
sociedades indígenas na Bahia, muitas vezes de forma a
testemunhar um desenvolvimento estético que surge
semelhante a escrita, através de desenhos que dão forma a
uma linguagem particular capaz de identificar desde os
rudimentos de uma hierarquia social até as múltiplas
funções (PAIVA, 2005, p. 183)
Outro tipo de artesanato, que não o indígena e comercializado nesta localidade, é
o mesmo que se encontra em qualquer lugar do Nordeste do país, deixando de
representar a identidade cultural regional. Hoje em Olivença, apenas na cabana de praia
Batuba Beach (precariamente) se encontrou artesanato feito pelos índios Tupinambás.
Essas pinturas são desenhos geométricos formados por linhas e curvas,
possuindo um tom negro azulado (RAMOS, 2008), encontrados também em cavernas e
potes de barro. É válido ressaltar, de acordo com a autora, que ao entrevistar um
participante da comunidade indígena, foi informada que essas cerimônias não mais
possuem caráter espiritual e sim simbólico. Nessa manifestação, os índios saem em
caminhada de Olivença ao rio Cururupe percorrendo uma distância de nove
quilômetros.
Oficialmente, num relatório de 1768, alguns anos após a expulsão dos jesuítas, a
comunidade fazia várias festas em homenagem a diversos santos, entre eles a de N. S.
da Escada, S. André, S. Miguel e Santa‟Ana, porém as despesas eram custeadas pelos
índios. Nessas homenagens, nenhuma delas representava São Sebastião, hoje
responsável por talvez a única tradição indígena atual, iniciada tempos depois
(COUTO,1998; DORIA, 2003).
Um dos primeiros testemunhos conhecidos sobre a Puxada do Mastro de São
Sebastião data de 1818, emitido pelos cientistas holandeses Spix e Von Martius
(COUTO, 1998), os quais, acostumados com a sobriedade dos ritos religiosos
calvinistas, ficaram impressionados com o batuque e o frenesi, descrendo-os como uma
fluida fronteira entre o sagrado e o profano.
48
Esta representação sacro-profana representava a sacralização através de gestos
que envolviam o cotidiano de boa parte dos índios de Olivença, na segunda metade do
século XVIII e início do XIX, cujo ritual iniciava-se com o corte de toras de madeira
extraídas de matas próximas para a construção naval. Quando cortadas, eram amarradas
e puxadas com cordas até o quadrado jesuítico, sendo chamado de “puxada”, e o atual
termo “puxada do mastro” adveio justamente da finalidade daquelas toras, que serviam
para a confecção de mastros para embarcações.
Hoje a festa é caracterizada principalmente pela presença de populares de toda a
região e de turistas, que vão à busca muito mais pelo lado profano do que pelos ritos
sagrados, o que pode ser observado no painel fotográfico (Figura 10) de autoria deste
pesquisador durante a festa de 2009.
Figura 10 - Painel fotográfico dos visitantes durante a Puxada do Mastro de São
Sebastião, em 11de janeiro de 2009, dados da pesquisa.
Segundo Dória (2003) trata-se da festa mais representativa da comunidade
indígena desde o séc. XVIII, envolvendo derrubada do mastro na mata, cantos e danças
populares. Entretanto pouco se viu da participação indígena caracterizada durante a
festa de 2009, fato esse que sugere outra pesquisa, dessa vez etnográfica e para o
esclarecimento dessa questão. Barroco (2009), em seu trabalho sobre a referida
celebração, comentou que, com a introdução tecnológica do trio elétrico e de bandas
carnavalescas, vem se caracterizando atualmente como uma celebração muito mais
profana do que sacro religiosa.
A Puxada do Mastro, contudo, ainda tem momentos feitos em seus moldes
originais (COUTO, 1998), como o corte da árvore na mata de Ipanema feita pelos
49
indígenas, ilustrado no painel da Figura 11, agora contando com a participação de
populares.
No painel da Figura 12, pode ser observada a participação dos visitantes que
acreditam no fato de que, se retirarem um pedaço da casca do mastro ou sentarem sobre
ele, obterão sorte e proteção durante o ano todo. Tal participação é caracterizada pela
mistura ou pela dualidade da festa entre o sagrado e o profano. Segundo Trigueiro
(2007), esse fato ocorre devido às misturas entre os ritos e rituais contemporâneos que
vão dando ao evento uma nova identidade.
O fato é que, com a introdução de equipamentos tecnológicos, modificaram-se
as características da participação popular nesse evento, caracterizou-se pela utilização
de barracas de bebidas, como cervejas, refrigerantes e coquetéis, e pela utilização de
palcos sonorizados eletronicamente, carros com sons potentes, contudo presente ainda o
batuque, dessa vez eletrônico, e frenesi da população, identificados pelos pesquisadores
holandeses em 1818. Entretanto, ainda existe fé e devoção, por parte de algumas
pessoas, nesta celebração. De acordo com Couto (1998), tempos atrás a festa contava
Figura 11 - Painel fotográfico montado a partir de Couto (1998)
50
com o apoio da Igreja Católica, Figura 13. Um fato observado durante os festejos de
2009 foi que a igreja de N.S. da Escada manteve-se fechada, diferentemente do que
ocorria anteriormente, conforme observado pela pesquisadora citada.
Figura 12 - Painel montado a partir de Couto (1998) retratando a participação dos
populares durante o evento.
Figura 13 - Painel fotográfico onde os machadeiros depositam as cordas em frente ao
altar da imagem de São Sebastião na porta da igreja de Nossa Senhora da
Escada, Couto (1998).
O que caracteriza a Puxada do Mastro de São Sebastião como uma festa popular
é que essa prática faz parte das:
[...] transformações culturais e religiosas da sociedade
humana e das suas relações simbólicas entre a realidade
e a ficção, dando origem aos diversos protagonistas e
suas performances nos festejos populares. São essas práticas do passado que chegam ao presente, com as
suas diversidades nacionais, regionais e locais, de
significados, de referências e de desdobramentos em
processos culturais de apropriações e incorporações de
novos valores simbólicos que vão construindo outras
identidades (TRIGUEIRO, 2007, p. 107).
51
Brandão (1974) afirma que é através das festas populares que o homem celebra
e homenageia seus valores, personagens e símbolos e Marques (2007) discute sobre a
complementaridade entre o sagrado e o profano presente nessas celebrações, como é o
caso da Puxada do Mastro de São Sebastião em Olivença, onde se rememora
acontecimentos do passado ainda siginificativos para a população local, através das
demonstrações sacras e profanas.
Especificamente no ano de 2009 a festa teve alguns problemas sérios na
organização e na participação popular. Segundo uma residente da comunidade desde
1980 (informação verbal)9, apenas dois moradores continuam liderando (não quiseram
ser entrevistados) a organização da festa, entretanto, houve problemas como na hora de
selecionar a árvore para corte devido ao desmatamento, além de que os moradores
antigos da comunidade estão deixando suas residências na época da celebração, devido
ao barulho de músicas elétricas que invadiram a festividade.
Com relação à comunidade do Banco da Vitória, aspectos gastronômicos
também foram abordados nesta pesquisa, destacando-se na comunidade do Banco da
Vitória presença forte para o chamado “Camarão na Moranga”, restaurantes
especializados em frutos do mar, diversas churrascarias. A gastronomia dessa localidade
vem crescendo e recebendo muitos visitantes, sendo considerada atrativo turístico.
Tal ação tende a se consolidar como pólo turístico gastronômico, com inúmeros
restaurantes focados em pitus, morangas com recheio de camarão, e diversas
churrascarias com destaque para a farofa de banana-da-terra.
Segundo Lody (2008), a boca sacia o apetite por símbolos identificando povos e
culturas, identidade essa que é dinâmica e admite transformações contínuas nos seus
sistemas representativos. De acordo com Schluter (2003, p. 31)
Ao mesmo tempo em que a alimentação possibilita a
ascensão a uma classe social, ela atua como um fator de
diferenciação cultural, pois, ao comer, incorporam-se não
apenas as características físicas dos alimentos, mas
também seus valores simbólicos e imaginários, que à
semelhança das qualidades nutritivas, passam a fazer parte
do próprio ser. Assim, a comida não só é boa para comer e para pensar (na adjetivação de materialistas e
estruturalistas), mas, inclusive, muito boa para ser e se
diferenciar.
9 Entrevista concedida pela sra. Lizete Terezinha de Oliveira Carvalho em 10 de janeiro 2009.
52
Tradicionalmente esses pratos são passados de geração para geração, sendo
também a principal atratividade turística e econômica do local que será discutida no
Capítulo 2.
O artesanato dessa localidade é mais forte, criativo e vem se destacando em
relação às demais comunidades pesquisadas. Cascudo (2001) define artesanato como
todo objeto utilitário, caracteristicamente folclórico não importando qual a sua
constituição material, para Horodisky (2006), essas peças são produzidas para uso
rotineiro e a maneira de produzir é a mesma por gerações, podendo ter a matéria-prima
adaptada as novas necessidades da população.
O fato é que o comércio do artesanato, principalmente em comunidades
turísticas, acaba interferindo nas suas características, visto que o consumidor exige um
padrão estético e auxiliando do desenvolvimento socioeconômico da localidade
(CASCUDO, 2001). Entretanto, é preciso valorizar as técnicas de produção evitando
copiar outras mais atrativas ao turista. Por isso que, em muitos lugares, encontra-se o
“industrianato” (produtos baratos produzidos industrialmente que são rotulados como
artesanais).
A comunidade do Banco da Vitória também tem um forte traço no artesanato de
madeira, argila, cimento e cipó, sendo que o material utilizado é, na sua maioria,
reciclável e colhido na mata. São encontrados ainda estátuas de barro e de cimento,
utensílios domésticos, elementos decorativos de madeira, móveis, dentre tantos outros,
sendo que, em geral, esse material artesanal, que é produzido e vendido a consumidores
às margens da rodovia Ilhéus-Itabuna, não possui um traço característico próprio da
comunidade, como o artesanato indígena em Olivença, onde esse tipo de artesanato
pode ser encontrado em qualquer lugar do Nordeste. Por se tratar de um importante
fator econômico será tratado no Capítulo 2 – Indicadores Quantitativos de
Sustentabilidade Socioeconômica. A comunidade necessita melhorar a questão de
transmissão da herança cultural (forte apenas no caráter gastronômico).
Como nas outras comunidades, no Banco da Vitória destaca-se a forte presença
das entidades religiosas nesse aspecto (Evangélicas, Católicas, Candomblé, Vale do
Amanhecer), que também interferem nos quesitos de Arte e Lazer incentivando a
utilização de materiais recicláveis.
53
Na comunidade do Salobrinho, onde outrora existiram festas juninas, natalinas e
carnavalescas, tão fortemente marcadas em sua história, nada disso mais existe. As
festas agora são marcadas apenas por um espírito individualista em que as pessoas só se
reúnem nas próprias casas ou em pequenos grupos, com exceção das promovidas pelas
igrejas Evangélicas e igreja Católica em alguns momentos.
A pesquisa de avaliação de indicadores, dentro da metodologia utilizada (Tabela
01), detectou, para o indicador de Cultura 2 (Sustentabilidade Cultural), 43 pontos para
Olivença e para o Banco da Vitória (Figura 04), indicando que existe um bom
conhecimento em direção à sustentabilidade, entretanto, necessitando de maiores
cuidados nas práticas e na utilização de espaços destinados a cultura, na transmissão e
no registro de fatos, além da necessidade de estímulo à utilização de resíduos nas
iniciativas criativas (artesanato), ocorrendo apenas essa utilização nas escolas e mesmo
assim de maneira muito primária. Já no Salobrinho, a pontuação obtida foi de 14 pontos,
abaixo do esperado para ser considerado bom, necessitando de muitas ações para que a
comunidade obtenha o caminho da sustentabilidade, ou seja, necessitando de mais 36
pontos para que se atinja a excelência no caminho desta sustentabilidade.
A fim de melhorar a pontuação obtida nas comunidades, ações voltadas para a
preservação, transmissão, educação dos indivíduos moradores das mesmas devem ser
implementadas visando melhorar a sustentabilidade cultural e a memória das tradições
locais. Especificamente na comunidade do Salobrinho, não existe qualquer traço de
preservação da história e da cultura local. Já no Banco da Vitória, comunidade que
pretende consolidar-se como pólo de turismo cultural gastronômico, a formatação de
produtos turísticos é imprescindível para o seu desenvolvimento sustentável. E em
Olivença a revitalização da cultura indígena e a sua formatação em produto cultural
deveria ser o fator de elevação desse indicador.
1.1.3 Indicadores de Cultura 3 – Artes e Lazer
Segundo a Rede Global de Ecovilas (2009), o item Cultura 3 versa sobre as
possibilidades existentes na comunidade para que seus membros desenvolvam seus
talentos artísticos e esportivos através de iniciativas individuais ou em grupo, bem como
atividades de aprendizagem visando a valorização desses talentos e a existência de
54
espaços disponíveis para essas atividades. Esse indicador versa sobre as oportunidades
disponibilizadas aos membros da comunidade para desenvolverem seus talentos
artísticos e esportivos, através de iniciativas individuais ou atividades de aprendizagem,
bem como sobre a valorização desses talentos e os espaços disponíveis para os mesmos.
Olivença, na pesquisa, destacou-se na busca individual pelo desenvolvimento de
talentos, sendo mencionadas as iniciativas grupais de aprendizagem pelas escolas locais.
Em termos de esportes, destaca-se o futebol, o surfe e caminhadas na praia.
Em Olivença, artisticamente apenas o grupo de teatro indígena vem
apresentando-se esporadicamente no Centro Cultural. A pesquisa detectou também que
os residentes adultos dessa comunidade, de modo geral, citaram a ausência de tempo
para participar no desenvolvimento dessa prática artística.
No Banco da Vitória, as manifestação de lazer ocorrem através da participação
das entidades religiosas. Em relação às práticas esportivas, é forte a presença do futebol
existindo, nessa localidade, uma escola de futebol gratuita, dois campos para esta
prática amadorística (Figura 14) e uma quadra de poliesportiva totalmente abandonada e
destruída.
Figura 14 - Áreas disponíveis para práticas esportivas no Banco da Vitória, em 25 de
julho de 2009,dados da pesquisa.
No antigo porto fluvial, tempos atrás, existiam campeonatos de canoagem
praticados por turistas e desportistas da comunidade ou de outras localidades, que
eventualmente vinham à comunidade, entretanto, isso já não mais acontece devido ao
estado de deterioração do local e à falta de incentivo dos gestores locais e municipais.
55
A comunidade do Salobrinho obteve uma avaliação ruim para a sustentabilidade
Cultural da comunidade referente à de Cultura 3 – Artes e Lazer, decorrente da
inexistência de manifestações artísticas individuais ou coletivas, apesar dos residentes
dessa comunidade alegarem ter tempo de sobra, segundo alguns entrevistados, porém
inexistem espaços e programas para que isso aconteça. Por outro lado, segundo alguns
entrevistados, o lazer da comunidade se resume ao consumo de álcool em seus bares
(que também são muito frequentados pelos estudantes da UESC), especificamente “O
Inferninho”, que realiza eventos atraindo também público de diversas localidades,
segundo entrevistas feitas.
A prática de esportes nessa comunidade se resume à utilização eventual da
quadra poliesportiva da UESC e em um campo localizado no interior da comunidade,
para a prática do tradicional “baba”.
Com relação à aparência urbana da comunidade do Salobrinho, seu traçado
urbanístico é basicamente composto por pequenas casas e muitos casebres, ruas sem
calçamento e esgotos a céu aberto (que serão tratados no Capítulo 3 – Sustentabilidade
Ecológica), entretanto, obteve-se a informação de que há oito anos, uma maquete foi
planejada e exposta na UESC para organizar a comunidade, ficando apenas no
planejamento.
A pesquisa encontrou (Figura 04, p.40) valores considerados ruins na sua escala
referencial para as comunidades pesquisadas. Olivença, entretanto, obteve melhor valor,
com 28 pontos, apresentando-se no limite entre o ruim e o bom direcionamento a
caminho da sustentabilidade. Os piores valores encontrados foram para as comunidades
de Salobrinho, com 09 pontos, e Banco da Vitória, com 13 pontos. Tal observação pode
ser vista na Figura 04, chamando-se atenção de que, para as comunidades elevarem suas
pontuações para esse indicador, elas devem implementar o planejamento cultural e,
através da gestão, realizarem workshops, seminários, palestras, cursos e oficinas
visando conscientizar o envolvimento das comunidades.
Assim, como no indicador Cultura 1, a melhor utilização dos espaços existentes
na comunidade de Olivença deveria ser o principal ponto para melhorar esse indicador.
Já nas comunidades de Banco da Vitória e Salobrinho é preciso criar espaços para as
práticas artísticas e alternativas de lazer.
56
1.1.4 Indicadores de Cultura 4 – Um Novo Ponto Circulatório em Relação ao Mundo
Esse indicador versa sobre a maneira como a comunidade se vê em relação ao
mundo, considerando como ela valoriza de maneira consciente os quesitos de
responsabilidade, crescimento, cuidado pessoal e interação entre outras localidades.
Versa também sobre o respeito à diversidade humana como elemento importante para a
vida comunitária e sua conexão com o planeta, além da visão consciente que o termo
sustentabilidade possui para a comunidade.
Nas comunidades de Olivença e de Banco da Vitória, os resultados indicam a
necessidade de melhorar a conscientização comunitária em relação aos cuidados
pessoais e ao bem estar comum. Outro fato que merece destaque, segundo os
entrevistados, procede com relação aos contrastes sociais existentes nessas
comunidades.
Já no Salobrinho, ocorre a existência de um sentimento de isolamento e
abandono mesmo estando localizada nas cercanias da UESC, zona de excelência
acadêmica no Brasil, segundo pesquisa do Índice Geral de Curso do MEC (UESC,
2009), onde as pessoas dessa comunidade não se sentem como pertencentes a esse
mundo, justamente por uma série de precariedades encontradas por esta pesquisa.
Análise dos dados indicou (Figura 04, p.40) um valor de 34 pontos para
Olivença, 35 para o Banco da Vitória, indicando um bom conhecimento em direção a
uma vida sustentável. Destaca-se, contudo, uma necessária e maior união entre os
membros da comunidade, e de uma maior conscientização sobre o processo de
desenvolvimento sustentável. No Salobrinho, a pontuação obtida foi de 13 pontos
(Figura 04), indicando sua situação ruim em relação à sustentabilidade nesse indicador.
As informações obtidas levam a concluir que as comunidades não se sentem integradas
no contexto global, e se isolam dessas questões, talvez pelos problemas de baixa
escolaridade detectados e ausência participativa de órgãos públicos e privados.
Torna-se, assim, necessário despertar na comunidade, seu papel perante o mundo
globalizado, pois, de acordo com a metodologia proposta, quanto mais próximo do zero
a comunidade se situar, pior será sua percepção com relação a esse item, ficando
extremamente difícil alcançar a pontuação desejável de 50 pontos, considerando que
57
muito ainda precisa ser feito nesta área, visando, assim, uma excelência no
direcionamento no caminho da sustentabilidade. Tal análise fica mais agravada para o
Salobrinho, que obteve uma pontuação muito inferior em relação às outras
comunidades.
1.1.5 Indicadores de Cultura 5: Sustentabilidade Espiritual – Rituais e Celebrações,
Apoio ao Desenvolvimento Pessoal e Práticas Espirituais
A sustentabilidade espiritual existe quando ocorre respeito e tolerância ao culto
de diferentes credos, além do apoio às mais diversas manifestações espirituais,
possibilitando o desenvolvimento do eu interior. Incentiva um sentimento de alegria e
participação em rituais e celebrações. A espiritualidade de uma comunidade contribui
para o equilíbrio e para a criação de um mundo pacífico, amoroso e sustentável (REDE
GLOBAIS DE ECOVILAS, 2009).
De acordo com Gardner (2003), a exemplificação da importância da
sustentabilidade espiritual, no contexto geral da sustentabilidade, busca um diálogo
moderno entre ciência, espiritualidade e religião.
A definição única e competente do que é religião
continua indefinida, apesar da situação da religião como
uma das instituições humanas mais antigas. Mesmo
assim, várias características comuns a muitas definições podem ajudar a delinear os limites da disciplina. Em
termos gerais a religião é uma orientação ao cosmo e ao
nosso papel nele. Proporciona às pessoas uma idéia do
significado absoluto e a possibilidade de transformação
pessoal e celebração da vida. Para tal fim, utiliza uma
variedade de recursos, inclusive visão global, símbolos,
rituais, normas éticas, tradições e (às vezes) estruturas
institucionais. A religião também oferece um meio de
experimentar uma força criativa sustentadora, seja como
uma divindade criadora, uma presença reverenciadora
na natureza, ou simplesmente, a fonte de toda forma de
vida (GARDNER, 2003, p. 180).
Assim, a religião e a espiritualidade têm papel fundamental no desenvolvimento
sustentável de uma comunidade. Dentre as comunidades pesquisadas, este indicador foi
58
o mais representativo em termos de valores obtidos, posto que leva a se considerar o
papel importante dessas entidades nas comunidades.
Em Olivença, a pesquisa encontrou diversidade de entidades religiosas, dentre
elas a Igreja Católica, datada do séc. XVII (DÓRIA, 2003), ilustrada pela Figura 15, e
reformada em 1979, conforme na placa da Figura 16.
O indicador de Cultura 5 versa sobre a liberdade nas buscas espirituais, seus
rituais, celebrações e na busca pelo desenvolvimento espiritual individual. Nele buscou
se analisar a existência de liberdade para celebrar a conexão com o divino bem como o
sagrado através das práticas mais diversas representadas pela Igreja Católica, as
Evangélicas (Batista, Congregação Cristã do Brasil, a Igreja Apostólica O Libertador de
Israel), o Grupo de Estudos Espíritas de Olivença, tradições indígenas que não mais
possuem o intuito espiritual e sim de celebração (informação verbal)10
.
Figura 16 - Placa de registro da reforma da Igreja de Nossa Senhora da Escada,em 05 de
10 Nativo de Olivença, pertencente à comunidade indígena.
Figura 15 - Igreja de Nossa Senhora da Escada, em 05 de julho de 2009, dados da pesquisa.
59
julho de 2009 dados da pesquisa.
Nessa comunidade, detectou-se uma pacífica e harmoniosa convivência entre as
mais diversas práticas espirituais existentes. Dentre elas, as celebrações e as práticas de
meditação, danças sagradas, benção de alimentos, orações, reuniões grupais, invocações
através de hinos e cânticos, o ritual conhecido como Toré e a participação de grupos
jovens e infantis nessas celebrações. Observou-se também a regularidade desses
encontros não somente em Olivença, mas também em todas as comunidades estudadas,
bem como a valorização dada à sabedoria e experiência dos anciãos. Na Figura 17,
evidenciam-se as fachadas da Igreja Apostolólica O Libertador de Israel e da
Congregação Cristã do Brasil presentes na comunidade de Olivença.
Figura 17 - Painel Fotográfico das igrejas evangélicas encontradas em Olivença, em 05
de julho de 2009 dados da pesquisa
Chama-se atenção para o fato de que no período de alta estação, principalmente,
ocorre elevada presença de visitantes, além de moradores das comunidades próximas
como Águas de Olivença, Cururupe e da cidade de Ilhéus, entre outros, nos principais
tipos de religiosidades encontrados.
Na comunidade de Banco da Vitória, foi encontrada a presença de diversas
entidades religiosas, dentre elas a Igreja Católica, Igreja Universal do Reino de Deus,
Igreja Batista, Assembléia de Deus (3 templos), Candomblé e o Vale do Amanhecer,
(Figura 18). O indicador Cultura 5 envolve a liberdade nas buscas espirituais individuais
e grupais, ritos, celebrações. O que está em análise é a existência de liberdade para a
celebração da conexão com o divino através das práticas mais diversas, como:
60
meditação, danças sagradas, bênção dos alimentos, orações, práticas de grupo visando o
aprimoramento pessoal e a conexão com a comunidade, conselhos com líderes
espirituais, canções e cânticos devocionais, invocação ao sagrado nos eventos e
atividades comunitárias.
Essas celebrações devem ocorrer dentro de uma regularidade temporal na
comunidade, em espaços internos e, ou externos, necessitando também existir respeito e
tolerância às mais diversas formas de conexão com o divino. Observou-se a
regularidade desses encontros em todas as comunidades, conforme se verificou em
Olivença, e a valorização da sabedoria e experiência dos anciãos, além de espaços
próprios para essas atividades.
Destaca-se, no Banco da Vitória, a entidade do Vale do Amanhecer, fundada em
Brasília por “Tia Neiva”, e que prega a elevação espiritual através de celebrações
sincréticas envolvendo espíritos, simbologia e dogmas específicos, tendo ainda sua sede
constituída de espaços internos e externos para a convivência e celebração. O Vale do
Amanhecer também se destaca por ser um segmento em constante expansão e que atrai
visitantes das mais diversas localidades do país (BARROCO; DIAS, 2009).
61
Figura 18 - Painel fotográfico das Igrejas encontradas no Banco da Vitória, em 25 de
julho de 2009, dados da pesquisa.
No que diz respeito a este item, a presença de entidades religiosas no Salobrinho
é muito marcante, existindo uma igreja Católica e muitas Evangélicas (Figura 19),
sendo que o primeiro registro de uma entidade religiosa foi da Assembléia de Deus
(PEREIRA, 1984). Existe também um terreiro de Candomblé, que não foi entrevistado
por problemas de acesso e de segurança (às margens do Rio Cachoeira).
Na comunidade do Salobrinho, as práticas espirituais e religiosas têm um foco
muito grande em celebrações de missas e cultos regulares, além de programas de
catequese na Igreja Católica, entretanto pouco se vê de congregação entre as diversas
entidades. Os espaços comunitários para esses encontros religiosos são exclusivamente
62
internos, como foi visto na Figura 19, e cada grupo se diz satisfeito com suas opções
espirituais.
Figura 19 - Igrejas do Salobrinho, em 15 de agosto de 2009, dados da pesquisa.
Dentro da metodologia aplicada a esta pesquisa (Tabela 01), a comunidade de
Olivença obteve destaque com 57 pontos (Figura 04, p.40) neste indicador, estando em
excelente direcionamento a caminho da sustentabilidade, já o Banco da Vitória, com 40
pontos, e o Salobrinho, com 37 pontos, encontram-se no nível de bom direcionamento a
caminho da sustentabilidade. É válido ressaltar que, nas três comunidades pesquisadas,
as entidades religiosas possuem um papel importantíssimo e fundamental na qualidade
de vida local.
63
1.1.6 Indicadores de Cultura 6: Espiritualidade – Paz e Consciência Global
Juntamente com o indicador de Cultura 5, envolvendo os conceitos e ações sobre
este indicador, os locais analisados também apresentaram valores altos. O indicador de
Cultura 6 (Espiritualidade – Paz e Consciência Global) envolve a promoção da Paz e a
busca por uma consciência Global e coletiva. Essas práticas espirituais podem envolver
manifestações com celebrações, danças sagradas, locais para meditação, músicas, shows
de músicas voltados para essas práticas, práticas grupais, buscando o centramento e a
meditação, bem como conselhos com bastão falador ou círculos visando compartilhar
essa espiritualidade, bênção de alimentos, orações, canções e cânticos vocacionais,
invocação ao sagrado nos eventos comunitários.
Ressalta-se ainda sobre a necessidade de regularidade dessas práticas, além da
necessária dedicação, envolvimento e apoio da comunidade, em especial pelos membros
mais velhos, que podem ser consultados como guias espirituais, além de locais
adequados para essas práticas. Contudo, é necessário que exista um fator imprescindível
que está relacionado ao respeito às práticas alheias.
A busca pela espiritualidade também visa à paz e ao respeito ao outro indivíduo,
buscando a criação de um campo energético maior e coletivo para a consecução da paz
e da conscientização coletiva, através de companheirismo e solidariedade no intuito de
atingir a paz interior. Este item reflete sobre a existência de harmonia dentro da filosofia
espiritual das mais diversas entidades, de modo a valorizar as diferenças entre as
pessoas em benefício da comunidade, através de ações que busquem a evolução
espiritual, de modo a conscientizar as pessoas de que fazem parte de um todo maior
envolvendo corpo, mente e espírito. Tudo isso pensando na importância da projeção de
energias emocionais e mentais na vida da comunidade (REDE GLOBAL DE
ECOVILAS, 2009).
É válido destacar que a pesquisa nas três comunidades foi realizada com os
membros das entidades religiosas e com moradores da localidade, onde cada grupo
defendeu a sua doutrina.
Para que a pesquisa obtivesse esses valores (Tabela 01), observou-se que as
diversas entidades estivessem predispostas a oferecer seus serviços a todos que
64
necessitam, o que é feito por meio de celebrações, cultos, palestras e diversas
manifestações, com o intuito de buscar a paz e a consciência de seu papel no contexto
mundial.
Os membros da comunidade precisam de liberdade para praticar e celebrar sua
conexão com a criação com o divino, com o sagrado através das práticas escolhidas,
oportunidades de contemplação e desenvolvimento da sua espiritualidade através da
busca espiritual ou através de atividades grupais, em que os temas e as experiências da
espiritualidade devem ser confortáveis e em harmonia, contribuindo para o bem-estar da
comunidade, e não apenas como um gerador de desconforto ou fonte de problemas
individuais.
Em todas as entidades pesquisadas, destacaram-se a práticas de atividades
sociais e a preocupação com os indivíduos mais necessitados, com a oferta de cestas
básicas, a prática de cura espiritual, encontro de casais e programas para os jovens.
Em Olivença, é importante salientar que a Congregação Cristã do Brasil é de
grande importância social, devido a sua ação política de auxílio aos seus membros
desempregados e mais necessitados (informação verbal)11
. Nesse sentido, a comunidade
de Olivença visa à harmonia espiritual, à valorização e ao respeito das diversidades
religiosas, buscando a abertura das mentes para a conexão com o mundo e o equilíbrio
da energia do planeta, oferecendo ainda seus serviços a toda comunidade que os
procure.
De acordo com a metodologia proposta, a comunidade de Olivença destacou-se
obtendo 57 pontos, neste indicador, indicando um excelente direcionamento a caminho
da sustentabilidade desse indicador. Já as comunidades de Banco da Vitória, com 48
pontos, e Salobrinho, com 43 pontos, estão num bom direcionamento a caminho da
sustentabilidade, ficando bem próximo do nível de excelência na busca pela Paz e
Consciência Global (Figura 04).
11 Entrevista a Antonio da Silva Souza dos Santos, cooperador da Congregação Cristã do Brasil, em 10 de
julho de 2009.
65
1.1.7 Indicadores de Cultura 7 - Visão Comunitária
Segundo a Rede Global de Ecovilas (2009), esse item relaciona-se com as
qualidades e características comuns encontradas na comunidade além de expressarem os
compromissos envolvendo crenças, valores, práticas espirituais e a unicidade, o bem-
comum da vida comunitária. O conceito de qualidade de vida possui duas vertentes: o
primeiro na linguagem cotidiana e o segundo utilizado apenas no contexto da pesquisa
científica das mais diversas áreas (SEIDL; ZANNON, 2004). Essa dificuldade na
conceituação do termo qualidade-de-vida como sendo uma etérea entidade, sobre a qual
muitos falam, mas ainda não se tem definição formada.
Para a linguagem cotidiana, a qualidade de vida apresenta uma acepção
influenciada por estudos sociológicos nos quais essa qualidade será definida como “a
percepção do indivíduo sobre a sua posição na vida, no contexto da cultura e dos
sistemas de valores nos quais ele vive, seus objetivos, expectativas, padrões e
preocupações" (WHOQOL, 1995, p. 1405).
Essa definição foi utilizada para a consolidação desta pesquisa nas questões
referentes à Sustentabilidade Visão Comunitária, buscando conhecer como a
comunidade se avalia e se sente perante seus valores e crenças.
Ainda de acordo com as definições e os parâmetros da Rede Global de Ecovilas
(2009), utilizados nesta pesquisa, os relacionamentos entre os residentes influenciam na
sustentabilidade comunitária, quando existe equilíbrio entre as qualidades e
características comuns, buscando união e integração em torno de objetivos
comunitários, tanto em crenças, valores e práticas culturais compartilhadas, visando à
unicidade da comunidade como bem comum. É necessário que exista flexibilidade nas
relações, tolerância, respeito à diversidade e superação harmoniosa de conflitos e
dificuldades na busca por uma melhor qualidade de vida.
Segundo a metodologia proposta, a comunidade estaria no caminho certo e
progressivo em direção à sustentabilidade se obtivesse 55 pontos ou mais, entre 29 e 54
pontos, indicariam um bom conhecimento no caminho da sustentabilidade e abaixo
disso a comunidade deveria rever seus posicionamentos, conforme exposto na Tabela
01. O indicador obtido nesta pesquisa para Olivença, neste quesito, foi de 41 pontos
66
(Figura 04, p.40), fato que leva a acreditar-se que a comunidade de Olivença está no
caminho certo na busca pela sua sustentabilidade de Visão Comunitária, entretanto,
alguns aspectos ainda precisam ser melhorados, como, por exemplo, um melhor
compartilhamento entre as crenças, valores e união em torno de objetivos comuns, pois
a comunidade de Olivença estava vivendo, no momento desta pesquisa, um conflito
jurídico na questão da demarcação do território indígena. Um ponto bastante positivo
encontrado foi o da boa convivência entre as pessoas da comunidade (informação
verbal)12
, as pessoas se encontram com frequência nos rituais religiosos,
independentemente da prática, jogam futebol, praticam surf e fazem caminhadas
matinais, visitam a zona rural, divertem-se nos rios, na praça, nas aldeias.
No Banco da Vitória, o indicador obtido foi de 21 pontos (Figura 04), o que
indica a necessidade de muitas ações a serem empreendidas para este desenvolvimento
sustentável. Entretanto, existe uma grande divergência em relação à Governança
interna, aos objetivos comuns, a crenças, principios e valores vividos pela população
local. A maior parte da população considera inadequados os padrões de qualidade de
vida ali encontrados, não compartilhando filosofias de vida, nem tampouco espaços
comuns, existindo um sentimento de individualidade crescente e essa comunidade, que
se reune apenas para eventos festivos e para o futebol.
No que diz respeito ao comportamento sexual, muitos conflitos foram relatados,
como, por exemplo, casos de pedofilia e promiscuidade, muitas vezes também
relacionados ao consumo de drogas e à falta de educação básica, além dos aspectos de
pobreza encontrados no local, que afetam diretamente a qualidade de vida da população,
fato esse encontrado nas três comunidades de modo geral.
Os principais problemas encontrados na comunidade do Salobrinho relacionam-
se com a falta de renda e de oportunidade de trabalho, o que reduz muito a autoestima
da população, aliando-se a isso o excessivo consumo de drogas e prostituição
encontrados principalmente entre jovens e adolescentes. Além disso, outro problema é a
falta de espaços comuns para a convivência entre os indivíduos para que possam se
conhecer, trocar experiências e estreitar laços de amizade.
Mais uma vez, o indicador encontrado pela pesquisa para Salobrinho está no
nível ruim, com 14 pontos (Figura 04, p.40), ou seja, indicando uma necessidade maior
de ações para melhorar a qualidade de vida da população, sendo que esse indicador
12 Notícia fornecida por João Batista do Santos, morador da comunidade, em 10 de julho de 2009.
67
estaria bom se estivesse entre 28 e 54 pontos e excelente a partir dos 55 pontos. O fato é
que, em uma comunidade como a do Salobrinho, que não tem espaços adequados para
convivência, sem qualquer atividade artística e de lazer, nem presença cultural forte,
dificilmente conseguirá um bom nível de qualidade de vida, uma vez que essa deve ser
percebida pelos moradores locais.
O maior problema informado nas três comunidades foi a presença do consumo
de drogas, especificamente o crack, o abuso constante e legal de álcool e o grande
número de adolescentes grávidas, além da formação de grupos de adolescentes e jovens
violentos e rivais e da ocorrência de prostituição infantil.
1.1.8 Indicadores de Cultura 8: Habilidade na Resposta Comunitária
Relacionado às questões de unicidade, qualidade de vida e dos objetivos comuns
das comunidades (REDE GLOBAL DE ECOVILAS, 2009), verificou-se a habilidade
que existe em agir, se unir e ajudar aos outros membros e, segundo os mesmos critérios
citados no item anterior, a comunidade de Olivença alcançou apenas 19 pontos,
indicando, assim, a necessidade latente de mudar e de se redirecionar a caminho da
sustentabilidade (Figura 04, p.40).
No Banco da Vitória, constatou-se falta de união entre os membros da
comunidade, sendo que essa união só foi encontrada entre membros que professam a
mesma religião. O indicador encontrado pela pesquisa foi de 21 pontos, Figura 04. E na
comunidade do Salobrinho, obteve-se apenas 17 pontos, o que reflete todos os índices
apresentados anteriormente, nos quais, até nos itens de Cultura 5 e 6 que obtiveram
melhores resultados verificou-se necessidades latentes de melhorias .
As três comunidades pesquisadas encontram-se com indicadores ruins no que se
refere à capacidade de união na busca pela solução de problemas, e para que exista
sustentabilidade é preciso comunhão nos objetivos comunitários visando a busca pela
melhoria na qualidade de vida da comunidade.
Pelas entrevistas realizadas, o principal problema foi a possibilidade de ajuda ao
próximo, em que apenas as entidades espirituais afirmaram trabalhar neste sentido.
68
Observou-se também um contraste econômico muito grande entre os membros da
comunidade.
As diversas sustentabilidades abordadas neste estudo possuem caráter temporal
podendo ser alteradas para mais ou para menos no decorrer do tempo dependendo do
desenvolvimento das comunidades estudadas. Dentre os itens pesquisados nos
indicadores de Cultura, destacam-se positivamente os itens de Cultura 5 e 6 em todas as
comunidades pesquisadas, realçando a importância do tema para a Sustentabilidade
Comunitária.
Em Olivença, destaca-se a existência inoperante do Centro Cultural, entretanto, a
comunidade obteve, nos Indicadores de Cultural, a melhor avaliação encontrada,
estando de maneira geral com um bom conhecimento a caminho da sustentabilidade
cultural, entretanto, o item indicador Cultura 8 (Habilidade na Resposta Comunitária)
obteve um indicador de 19 pontos, o que reflete na população a necessidade de se unir
em torno de melhorias comuns a todos.
O Banco da Vitória é uma comunidade que, segundo esta pesquisa, possui um
bom conhecimento em direção à sustentabilidade cultural, entretanto, obteve um índice
muito baixo no item Cultura 3 (Artes e Lazer). Destaca-se nela a forte presença do
artesanato (focado no comércio às margens da BR 415) e da gastronomia como modos
de preservação da cultura.
Na comunidade de Salobrinho, encontrou-se um quadro geral negativo em quase
todos os itens, bem como um sentimento de abandono da população local por gestores
governamentais e pela ausência de atuação da UESC (segundo os moradores, esta
universidade os utiliza apenas para pesquisa). Mais preocupantes são os indicadores de
Cultura 1 (Abertura, Confiança e Espaços comuns) e Cultura 3 (Artes e Lazer), os
menores valores obtidos em toda a pesquisa dentre os indicadores de Cultura. De uma
maneira geral, o Salobrinho obteve os piores indicadores em todos os pontos
pesquisados e a população pede socorro (Figura 20).
69
Figura 20: Faixa encontrada na comunidade do Salobrinho, em 25 de julho de 2009, .
. dados da pesquisa.
70
CAPÍTULO 2 INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE SOCIOECONÔMICA
NAS COMUNIDADES DE OLIVENÇA, BANCO DA VITÓRIA E
SALOBRINHO
Esses indicadores fundamentam-se através de atividades econômicas
sustentáveis, acesso a saúde, educação, e meios de comunicação, bem como a
governança existente na comunidade.
Neste estudo, uniram-se as questões sociais e econômicas devido às suas
interfaces e a influência que um exerce sobre o outro e, para a análise dos indicadores
de sustentabilidade socioeconômicos, foram estabelecidos segundo a Rede Global de
Ecovilas (2009), de economia, fluxo de ideias e informações, formação de redes de
conhecimento, saúde, educação e governança.
Para melhor avaliação desses indicadores, seus valores esperados e obtidos pela
pesquisa encontram-se na Tabela 02. Especificamente eles ficaram agrupados da
seguinte maneira:
Socioeconômico 1: Economia;
Socioeconômico 2: Fluxo das Ideias e da Informação;
Socioeconômico 3: Serviços, Formação de Redes, Assistência e Difusão -
Intercâmbio de recursos (Interno e Externo);
Socioeconômico 4: Educação;
Socioeconômico 5: Saúde;
Socioeconômico 6: Governança - Diversidade; Tomada de Decisões e
Resoluções de Conflitos.
71
Tabela 2 - Indicadores de Sustentabilidade Socioeconômica encontrados nas
. comunidades pesquisadas
Indicadores Valores Esperados
Valores Encontrados
Excelente Bom Ruim Olivença Banco
da
Vitória
Salobrinho
Socioeconômico 1 Acima de 50 Entre 25 e 49 Abaixo de 24 12 10 - 02
Socioeconômico 2 Acima de 50 Entre 25 e 49 Abaixo de 24 29 20 20
Socioeconômico 3 Acima de 50 Entre 25 e 49 Abaixo de 24 9 4 5
Socioeconômico 4 Acima de 50 Entre 25 e 49 Abaixo de 24 34 35 31
Socioeconômico 5 Acima de 55 Entre 28 e 54 Abaixo de 28 29 28 23
Socioeconômico 6 Acima de 50 Entre 25 e 49 Abaixo de 24 23 05 12
Total dos Indicadores de Sustentabilidade Socioeconômica 136 102 89
Fonte: Rede Global de Ecovilas (2009) e dados da pesquisa.
A avaliação quantitativa dos indicadores de Sustentabilidade Socioeconômica
apresentada na Tabela 02 destaca positivamente o indicador Socioeconômico 4
(Educação), onde as três comunidades são classificadas com um bom direcionamento a
caminho da sustentabilidade, de acordo com a metodologia adotada. Todos os
indicadores apresentados na Tabela 02 serão discutidos detalhadamente.
A totalização dos indicadores (Tabela 02) mostra que a comunidade de
Olivença, com 136 pontos, está em melhor situação que a comunidade do Banco da
Vitória, 102 pontos, enquanto que a comunidade do Salobrinho obteve a pior pontuação
para esse grupo de indicadores.
2.1 A Economia nas Comunidades de Olivença, Banco da Vitória e Salobrinho
O conceito de economia utilizado nesta pesquisa está de conformidade com a
ciência social que estuda a produção, distribuição e o consumo de bens e serviços,
72
significando gerir ou administrar a casa ou comunidade na qual se insere aquela
população (BARROCO, 2009). Em se tratando de economia em pequenas comunidades
turísticas, entende-se como o estudo da origem e da formação do valor turístico, bem
como da sua transformação em renda, mediada pela produção e pelo consumo, e a
forma como esta se distribui na sociedade (LEMOS, 2005).
Os aspectos econômicos de uma comunidade são considerados sustentáveis
quando o fluxo de recursos, de dar e receber fundos e o volume dos bens e serviços
estão equilibrados quando ocorrem, visando satisfazer as suas necessidades e o
compartilhamento de excedentes. Precisa também existir um equilíbrio no
desenvolvimento intersetorial, segurança alimentar e capacidade de modernização dos
instrumentos de produção, além de razoável nível de autonomia na pesquisa científica e
tecnológica e inserção soberana na economia global (SACHS, 2002). Esses dois últimos
aspectos não farão parte do escopo da pesquisa.
Baseia-se, ainda, no incentivo à criação de novos negócios que não produzam
contaminação, não explorem recursos humanos e naturais, bem como, quando a maior
parte da população jovem local não precisa sair da comunidade em busca por trabalho
(REDE GLOBAL DE ECOVILAS, 2009). Além desses fatos, é preciso que os
membros da comunidade sejam incentivados a criar negócios que reforce a economia
local, sem contaminar o ecossistema, utilizando os recursos naturais e humanos sem
explorá-los.
As comunidades estudadas que possuem ações turísticas, conforme descrito, são
Olivença e Banco da Vitória, sendo que, nesta última, considerou-se apenas sua
gastronomia, que, no entanto, ainda precisa melhorar muito nos aspectos de qualidade
de serviços, melhorias estas que precisam ser revistas nos quesitos humanos (preparação
de mão de obra, para atender os consumidores), físicas (instalações internas) e
ambientação (fachadas, estacionamentos), entre outros aspectos.
Apesar de não serem objeto desta pesquisa, os impactos positivos e negativos
decorrentes das atividades turísticas são importantes, pois, de modo geral, afetam a
economia local.
Desse modo, segundo Cooper et al. (2001), o turismo também traz impactos
sociais para uma comunidade e, de modo geral, são causados pela falta de preparo e de
planejamento local e pelo crescimento desordenado da atividade, o que implica em
73
maior demanda aos serviços de saúde, transporte e comunicação, além da modificação
dos hábitos e costumes da comunidade receptora. Outros aspectos sociais que a
atividade econômica do turismo desenvolve é a preservação das habilidades artísticas e
artesanais locais ou a degeneração das mesmas, muitas vezes perdendo o seu sentido de
identidade, tendo em vista apenas sua comercialização. Os impactos econômicos, por
sua vez, são gerados pelos gastos dos turistas com hospedagem, alimentos e bebidas,
transportes, comunicação, serviços de entretenimento, comércio varejista em geral,
provocando um efeito em cascata em toda comunidade receptora, aumentando a
circulação de dinheiro no local.
Em Olivença, foram feitos investimentos (Figura 21), principalmente na
infraestrutura da oferta turística (hotéis de alto padrão, área de lazer como o Batuba
Beach e a reforma do parque aquático do Tororomba). Entretanto, é preciso que os
pequenos negócios sustentáveis sejam apoiados e financiados, fato que não acontece nas
comunidades pesquisadas. Nas três comunidades estudadas, não existem oportunidades
de trabalho para a população local, onde muitas vezes é preciso se deslocar para o
centro de Ilhéus em busca de ocupação.
Além de possuir uma razoável oferta dos meios de hospedagem, Olivença possui
muitas casas de segunda residência, pertencentes a pessoas de posses que deixaram de
frequentar Olivença, por causa da explosão do turismo de massa na comunidade e pela
perda do bucolismo de outrora; algumas dessas casas são propriedades de moradores de
outros municípios baianos e, ou de outros estados, como Goiás, Minas Gerais, Distrito
Federal e, também, de outros países. Esses antigos frequentadores deslocaram-se para
locais mais aprazíveis vendendo suas propriedades ou simplesmente alugando seus
imóveis. Na comunidade, ainda existem moradores que saem de seus imóveis, nos
períodos de alta estação turística, para alugar aos turistas menos abastados. Esses
aluguéis para temporada são feitos, na maioria das vezes, com contratos de gaveta e
verbais.
74
Figura 21- Painel fotográfico: 1 (turistas no Restaurante Baião de Dois), 2 (Pousada
. Sol e Mar Ibiza), 3 (Pousada Vila Verde), 4 (Locadora Maia e Panificadora
Massa Real), 5 (Cabana 6 Irmãos), 6 (Pousada Praia dos Milagres),
em 10 de julho de 2009, dados da pesquisa.
Hoje são encontrados no local diversos bares, pousadas e restaurantes, onde seus
proprietários reclamam continuamente da ausência de consumidores para seus produtos
e serviços fora da alta estação. É preciso que uma política de redução dos impactos da
sazonalidade seja adotada, visando uma melhor sustentabilidade econômica local,
planejar para atrair compradores, turistas e visitantes.
Por outro lado, o abastecimento de alimentos e bebidas, seja dos meios de
hospedagem, restaurantes, barracas de praia, dos moradores e visitantes, é feito em
75
Ilhéus ou Itabuna, apesar de já existir um incipiente comércio desses gêneros.
Encontram-se também, na comunidade, pequenas lojas de artesanato, supermercados,
farmácias, posto de gasolina (Figura 22).
A pesquisa evidenciou que o foco principal da economia local é direcionado
para o segmento de hotéis e pequenas pousadas, barracas de praia e de alimentos e
bebidas. Como resultado da ausência da implementação de um Plano de Diretor,
principalmente, encontram-se sérios problemas no ambiente urbano, como, por
exemplo, o acúmulo de lixo (principalmente nas festividades do Ano Novo), da Puxada
do Mastro de São Sebastião e carnaval, quando as praias e ruas da localidade ficam
extremamente sujas (situação esta que será tratada no Capítulo 03). Outro problema que
afeta a utilização das praias como equipamentos turísticos economicamente sustentáveis
decorre da existência de “línguas negras” sinalizando a ausência de esgotamento
sanitário sustentável desaguando nas praias sem qualquer tratamento, poluindo o mar e
pequenos rios (fatos estes tratados no Capítulo 03).
Figura 22 - Farmácia, posto de combustíveis, loja de artesanato e distribuidora de
. bebidas encontradas em Olivença,em 10 de julho de 2009, dados da pesquisa.
76
Ainda em se tratando do comércio local, a pesquisa evidenciou uma locadora de
veículos (Locadora Maia), a sorveteria Sensação, a Ecofarma, algumas panificadoras e
distribuidoras de bebidas, e pequena casa de material de construção.
O processo econômico, conforme descrito anteriormente, não satisfaz, segundo a
pesquisa, as necessidades da população, principalmente a fixa, devido à falta de
pequenos negócios sustentáveis, além de ainda ocorrer a utilização de práticas já em
desuso, como o escambo, principalmente entre os indígenas, referida pela Rede Global
de Ecovilas (2009), prática essa necessária para comunidades com características
atrasadas.
Destaca-se, em Olivença, o complexo turístico Batuba Beach (Figura 23) como o
mais completo equipamento de lazer local, e que vem tentando manter em
funcionamento um empreendimento turístico com marketing voltado para as classes
economicamente mais abastadas. Entretanto, seu modelo é cópia das cabanas de praia
ou complexos turísticos característicos de Porto Seguro-Bahia, sem buscar o seu próprio
diferencial e direcionamento ao turista que visita o local.
Figura 23 - Complexo Batuba Beach em 31 de dezembro de 2009, dados da pesquisa.
O Batuba Beach realiza há quatro anos, o mais badalado réveillon local, tendo
atendido na festa de 2009/2010 cerca de 20 mil pessoas vindas de vários estados,
inclusive alguns turistas internacionais. Este evento teve início em 26 de dezembro de
2009, e seu encerramento ocorreu no dia 02 de janeiro de 2010, contando com animação
de atrações nacionais e regionais, além de um variado serviço de alimentos e bebidas,
área VIP para 4.000 pessoas (Figura 24), pista com distribuição de cerveja para 10.000
77
pessoas, queima de fogos, atraindo grande número de pessoas para o evento e para suas
imediações (Figura 25). Entretanto, esse evento gerou uma quantidade muito grande de
lixo nas suas imediações (Figura 26), causando um impacto negativo para as praias e
meio urbano.
Figura 24 - Festa de Reveillon 2009/2010 no Batuba Beach,em 01 de janeiro de 2010,
dados da pesquisa
Figura 25 - Concentração popular na praia de Batuba para ver a queima de fogos do...
.................. Batuba Beach e comemorar a chegada do ano de 2010, em 31 de janeiro de
2009, dados da pesquisa.
78
Figura 26 - Lixo nas imediações do Batuba Beach durante as festas do Reveillon . . . . .
. . 2009/2010, em 31 de janeiro de 2009, dados da pesquisa.
Este complexo possui ainda serviços de gastronomia, massagem, áreas de lazer,
área para shows e eventos com capacidade para até 20.000 pessoas, loja de
conveniências e piscinas e a única loja de artesanato tupinambá da comunidade.
Além disso, vêm ocorrendo diversos campeonatos de surfe na localidade,
precisamente na cabana Batuba Beach, destacando-se o Panamericano de Surfe
realizado no local no mês de novembro de 2009, com a presença de delegações de
diversos países. Esse esporte é tão característico no local que o campeão do ano de 2009
é morador da comunidade há 20 anos e competiu nas finais utilizando pinturas
indígenas.
Além da badalada praia de Batuba, existem as praias do Back Door e a praia dos
Milagres. Na praia do Back Door, a atividade que mais se destaca é a prática do surfe,
ocorrendo campeonatos desta prática. Já na praia dos Milagres, suas atividades são
focadas no segmento de alimentos e bebidas, com diversas cabanas, destacando-se a
Cabana 6 Irmãos, com saborosos frutos do mar e cerveja gelada, e outras como Canoa,
Iemanjá, Cabana e Restaurante Styllus. No segmento de restaurantes, Olivença possui
uma diversidade de possibilidades para satisfazer os desejos dos turistas como: o Baião
de Dois (com comida típica regional nordestina, peixes, moquecas e mariscada com
serviços self-service e à la carte); Gulas e Goles (galinha caipira e iguarias regionais);
Bharmacia Homeotípica (mais de 20 anos em cachaçaria e pizzaria); Terra Brasillis
(petiscos diversos); Espetinho do Pedrão (espetinhos e shows ao vivo na alta estação);
Zena (comida caseira); Cantinho da Maura (comida caseira e regional); Frigideira
79
Baiana (picanha na pedra), além do Restaurante Tororomba localizado no Balneário
Tororomba.
Ainda no que diz respeito à economia local, a pesquisa destacou a fabricação de
barcos artesanais feita por um grupo de pescadores, cuja atividade atende
principalmente as necessidades próprias, não fazendo para comercialização (Figura 27).
Figura 27 - Fabricação artesanal de barcos de pesca em Olivença, em 25 de julho de
2009, dados da pesquisa.
Além disso, não existem programas de treinamento para a qualificação em
hotelaria, alimentos e bebidas, bem como gestão de empreendimentos turísticos dos
habitantes nas comunidades pesquisadas, bem como a ausência de dias de feiras livres,
como ocorrem em quase todas as localidades com características semelhantes,
chamando atenção especificamente para feiras de artesanato. Tais situações leva o
residente local a buscar quase que diariamente, no município de Ilhéus, bens e serviços,
para suprir suas necessidades (inclusive os serviços de saúde). Tais observações levam a
ponderar sobre as necessárias ações que visem estimular o desenvolvimento
socioeconômico local.
Com relação à população indígena representada pelos Tupinambás, a pesquisa
evidenciou a falta de oportunidades de trabalho, ausência de produtos agroindustriais
para comercialização, com exceção da pequena produção da mandioca, consumida na
confecção de diversos produtos, sendo que o excedente é comercializado nos
municípios da região. Tal situação foi gerada pela crise de conflitos, inicialmente pela
ausência de demarcação das terras da reserva indígena e mais recentemente, pela não
homologação dessa reserva.
Os indígenas, como explicado, por não terem alternativas, trabalham em terras
vizinhas às aldeias, ou como empregados domésticos (com rendas inferiores ao salário
80
mínimo), além da comercialização de alguns produtos artesanais na alta estação,
caracterizando-os como uma comunidade sem renda, onde a miséria é comum nas
aldeias pesquisadas.
Conforme visto nas considerações sobre a comunidade de Olivença, a presença
do turismo nessa localidade necessita de estudos para alicerçar seu desenvolvimento,
assim como buscar meios de produção que utilizem e não explorar os recursos humanos
e naturais disponíveis.
A comunidade do Banco da Vitória, como descrito no capítulo anterior, deseja
se consolidar, através de ações de turismo cultural, como um pólo gastronômico e de
artesanato para moradores da região e visitantes, conforme os entrevistados. Sua
economia procede de produtos de subsistência, comercialização de pescado, caranguejo,
siris, frutas, além daquelas decorrentes de gastronomia (alimentos, empregos,
transportes, postos de gasolina e poucos negócios comerciais).
Segundo Coriolano (2005), a pobreza e a falta de recursos numa comunidade são
o maior inimigo para o desenvolvimento sustentável, sendo assim, a comunidade do
Banco da Vitória, local onde se pretende implementar um pólo gastronômico como
visto no capítulo anterior (já com um pequeno incentivo no valor de R$ 500 mil por
parte do Governo do Estado), necessita estabelecer modelos sustentáveis com vistas à
utilização dos seus recursos disponíveis visando o seu desenvolvimento.
A economia local procede de restaurantes especializados em marisco, peixes,
moranga recheada com camarão, pitus e churrascos, cujo “carro chefe” é o mamilo na
brasa e farofa de banana-da-terra, e recentemente, um estabelecimento especializado em
produtos de milho, todos eles localizados às margens da BR-415 (Figura 28), além de
artesanato. Esses restaurantes considerados de base familiar, em sua maioria, são
importantes para a economia local, pois trazem os segredos de suas receitas guardadas e
transmitidas de uma geração a outra, fato este que vem atraindo muitos visitantes e
turistas para se deliciar com estas iguarias.
81
Figura 28 - Painel fotográfico de alguns restaurantes do Banco da Vitória, em 28 de
julho de 2009, dados da pesquisa.
Tradicionalmente, o hábito de comer churrasco no Banco da Vitória, iniciou-se
nos tempos áureos do porto fluvial, quando naquela época, seus moradores e
comerciantes circunvizinhos que vinham até a comunidade praticar comércio, matavam
e assavam bois e porcos nas imediações do matadouro municipal, e comendo-os nos
bares da localidade. Esse hábito pitoresco foi iniciado por Naftal de Souza (funcionário
da prefeitura de Ilhéus) no bar de “seu Dico”.
O primeiro comerciante local a ver nesse hábito uma oportunidade comercial foi
o próprio Dico, iniciando assim um novo ciclo comercial local, ou seja, as churrascarias
do Banco da Vitória, famosas pelas suas carnes grelhadas, tornando o “cupim de boi”
(chamado de mamilo) tão conhecido quanto os pitus e robalos do Rio Cachoeira. Em
dezembro de 2009, foi inaugurada uma churrascaria no Posto de Combustíveis Nego
Novo 2, que, além de serviços de rodízio, oferece carnes de javali e de jacarés. No
painel da Figura 29, no sentido horário, estão algumas das iguarias encontradas no
Banco da Vitória, churrasco de mamilo, cocada, petiscos de camarão e camarão na
moranga.
82
Figura 29- Iguarias disponíveis no Banco da Vitória, dados da pesquisa e no site . . . .
....................www.bancodavitória.com.br (2009)
Como afirmado anteriormente, além da gastronomia, destaca-se a produção e
comercialização de produtos artesanais que, de conformidade com Cascudo (2000), é
todo objeto utilitário, caracteristicamente folclórico não importando qual a sua
constituição material, e para Horodisky (2006) e Ruschmann (1999), essas peças são
produzidas para uso rotineiro e a maneira de produzir é a mesma por gerações, podendo
ter a matéria-prima adaptada às novas necessidades da população.
O fato é que o comércio do artesanato, principalmente em comunidade turísticas,
acaba interferindo nas suas características, visto que o consumidor exige um padrão
estético e auxiliando o desenvolvimento socioeconômico da localidade (CASCUDO,
2001). Entretanto, é preciso valorizar as técnicas de produção evitando copiar outras
mais atrativas ao turista. Por isso é que, em muitos lugares, encontra-se o
81
83
“industrianato” (produtos baratos produzidos industrialmente que são rotulados como
artesanais).
A comunidade do Banco da Vitória tem um forte traço no artesanato de madeira,
argila, cimento e cipó, sendo que o material utilizado é, na sua maioria, reciclável ou
colhido na mata. São encontradas estátuas de barro e de cimento, utensílios domésticos,
elementos decorativos de madeira, móveis, dentre tantos outros, sendo que, em geral,
esses produtos são produzidos e comercializados também às margens da BR – 415,
rodovia Ilhéus-Itabuna. Apesar de não possuir um traço característico próprio do local,
como foi o caso de Olivença, encontram-se produtos que podem ser adquiridos em
qualquer lugar do Nordeste brasileiro, como pode ser observado nos painéis das Figuras
30 (barro), 31 (madeira) e 32 (argila).
Figura 30 - Artesanato em barro encotrado no Banco da Vitória, em 01 de agosto de
2009, dados da pesquisa.
84
Figura 31 - Artesanato em madeira encontrado no Banco da Vitória, em 01 de agosto de
2009, dados da pesquisa.
Figura 32 - Artesanato em argila encontrado no Banco da Vitória em 01 de agosto de
2009, dados da pesquisa.
Entre seus artesãos, destaca-se Ricardo e Lucas, que trabalham com materiais
recicláveis, como garrafas pet (Figura 33), fachada da loja de artesanato com claraboias
de garrafas pet, placa entalhada em madeira, detalhes das claraboias, artesanto
produzido em madeira, e que podem ser utilizadas como material de construção (ver
Capítulo 03) e figuras em formato humano e de animais aproveitando a forma de raízes
e galhos secos, além de placas entalhadas. Outros artesãos afirmaram não explorar
recursos naturais e sim utilizar material morto.
85
V
Figura 33 - Artesanato Ricardo & Lucas, em 01 de agosto de 2009, dados da pesquisa.
Como atrativos turísticos, existem ainda as trilhas nas Reservas de Preservação
Permanente (RPPN) Mãe da Mata (principal atrativo fauna e flora da mata atlântica) e
Arte Verde (arborismo e trilha sensorial para deficientes visuais), no caminho das
Semarias, com capacidade para até 20 pessoas (informação oral)13
. Encontram-se
também, no local, lojas de material de construção (Figura 34). Outro destaque do Banco
da Vitória é a empresa Ambiental Equipamentos e Serviços, com o objetivo de atender
o setor industrial com a fabricação de blocos de cimento, pisos e outros na área de pré-
moldados, serviços e construções para atender o setor privado e público.
Figura 34- Ambiental Ilhéus e loja de material de construção, em 01 de agosto de 2009,
dados da pesquisa.
13 Entrevista a Fabíola Paes Leme, pesquisadora do local, realizada no dia 05 de março de 2009.
86
A pesquisa encontrou também uma fábrica de tijolos ecológicos, para construção
civil, e um intenso comércio de frutas (coco, banana, jaca, cupuaçu, jambo, jenipapo,
graviola) e diversas peixarias (Figura 35).
Figura 35 - Comércio típico do Banco da Vitória - Fábrica de Tijolos Ecológicos,
peixarias, barracas de coco e frutas, 30 de julho de 2009, dados da pesquisa.
O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), programa criado em 2003 pelo
Governo Federal, foi implementado em 2008 no Banco da Vitória, mais precisamente
no assentamento Frei Vantuy, que comercializou, em 2009, 15.8 toneladas de alimentos
representando R$ 115,5 mil. Isso permite ao Governo Federal adquirir alimentos
produzidos por agricultores familiares e assentados através da reforma agrária, visando
atender pessoas beneficiadas por programas sociais, além de colaborar para a formação
de estoques estratégicos do governo.
Em dois anos de existência, o PAA permitiu que 33 famílias deste assentamento
mudassem suas vidas. A UESC também é parceira desse projeto proporcionando
treinamento na produção de frutas desidratadas negociadas com o Governo Federal.
Graças a esses incentivos, as famílias assentadas construíram uma sede para
uma agroindústria melhorando a autoestima dos seus jovens. Para este ano de 2009, a
87
expectativa é de uma arrecadação de R$ 139 mil com a venda de alimentos ao PAA e
ainda a inserção da sua produção no roteiro turístico da BR 415 (Ilhéus – Itabuna)
visando a comercialização turística (MELO, 2009).
Em junho de 1974, a Petrobrás viu a possibilidade de existência de petróleo na
região do município de Ilhéus, especificamente no entorno de Banco da Vitória. Esse
acontecimento gerou alvoroço na comunidade e na região, e diversos moradores
afirmaram que havia petróleo em seus quintais o que, na verdade foi constatado que se
tratava de chorume vindo do cemitério. Infelizmente para a comunidade, esse fato durou
apenas uma semana e a comitiva da Petrobrás deixou a comunidade em direção ao
município de Camamu, deixando um rastro de frustração na cidade, gerando boatos
sobre a existência de petróleo, diamantes, esmeraldas, rubis e ouro, e que a Petrobrás
lacrou os poços para exploração futura.
A comunidade de Salobrinho, conforme citado no capítulo anterior, está
localizada a 16 km do centro de Ilhéus e a 12 km de Itabuna (considerado centro
comercial da região), com agricultura de cacau e de subsistência. Um importante fato
para esta localidade foi a escolha para a construção da UESC. Em vista da necessidade
de moradia para os estudantes, existem diversas repúblicas, bares e restaurantes de
comida a quilo, pontos comerciais, e locais para eventos festivos.
Constatou-se, através da pesquisa, que não existe oportunidade de emprego para
a mão-de-obra local e, neste sentido, a maior parte da população busca empregos na
cidade de Itabuna ou em Ilhéus. Contudo, foi evidenciada uma população extremamente
necessitada em todos os sentidos, sem qualquer oportunidade de sobrevivência, onde
muitas famílias sobrevivem com ajuda de entidades sociais, através de doação de roupas
e alimentos, e treinamento para que possam conseguir alguma colocação e
consequentemente alguma renda.
Em vista da extrema miserabilidade da localidade, existem poucas oportunidades
para empreender negócios sustentáveis. Encontraram-se algumas pequenas lojas de uma
ou duas portas, para a comercialização de doces e salgados, água de coco e caldo de
cana, uma farmácia, vestuário, pequenos mercadinhos, lojinhas de uma porta para
material de construção, alguns restaurantes populares para atender exclusivamente aos
estudantes universitários (a frequência tem sido mínima devido aos serviços disponíveis
no restaurante universitário da UESC) e uma marcenaria com confecção de móveis. No
painel da Figura 36, encontra-se, em sentido horário, um restaurante self-service,
88
entretanto a qualidade de serviço no local é extremamente precária, necessitando de
melhorias em higiene, instalações e atendimento; o posto de gasolina local; a farmácia;
e o restaurante universitário.
Figura 36 - Comércio do Salobrinho Restaurantes, Posto de Gasolina, Farmácia,
Restaurante Universitário, em 20 de agosto de 2009, dados da pesquisa.
Para que as pessoas dessa comunidade possam melhorar, torna-se necessário a
execução de programas de capacitação e treinamento, com vistas às necessidades locais
ou externas, as quais podem continuar a serem oferecidos pela UESC e o SEBRAE.
Chama-se atenção que essas entidades oferecem alguns cursos esporadicamente.
Por causa do grande número de estudantes, destaca-se, no local, a existência de
diversos bares, sendo mais famoso “O Inferninho”, que, além de funcionar como bar
ainda realiza eventos e shows atraindo milhares de visitantes, oportunizando, para os
moradores locais o comércio de alimentos e bebidas à frente deste estabelecimento. O
precussor dos eventos nesta localidade foi a fazenda Bataclan, localizada nas
89
imediações do local, realizando esporadicamente shows e festas, como o Feijão com
Pagode – seu primeiro evento no ano de 2000.
Nas comunidades pesquisadas, não existem instituições financeiras, nem postos
eletrônicos disponíveis para a população. No Salobrinho, já houve uma casa lotérica,
porém, sua comunidade é atendida pelos postos bancários existentes na UESC, que só
podem ser utilizados durante o horário das aulas, por qualquer indivíduo independente
da sua residência, o que até certo ponto vem beneficiar esta localidade principalmente
aos comerciantes. No Banco da Vitória, já existiram caixas eletrônicos da Caixa
Econômica Federal e do Bradesco.
2.2 Indicadores de Sustentabilidade Socioeconômica
Os indicadores socioeconômicos encontrados pela pesquisa para as comunidades
pesquisadas estão apresentados na Figura 37 e serão detalhados nos itens a seguir.
Destaca-se, na figura, a melhor situação da comunidade de Olivença e a situação
precária do Salobrinho.
Figura 37 - Indicadores de Sustentabilidade Socioeconômica, dados da pesquisa.
90
2.2.1 Indicador Socioeconômico 1 – Economia
De acordo com a metodologia aplicada, listados na Figura 37, a comunidade de
Olivença, neste indicador, apresentou apenas 12 pontos (Tabela 02), decorrente de suas
atividades econômicas que ocorrem, principalmente durante os feriados, fins de semana
com sol e durante o veraneio, conforme já afirmado por Dória (2005), em sua pesquisa,
enquanto, durante outras épocas do ano, esta atividade econômica praticamente inexiste,
segundo entrevistados. Tal pontuação coloca essa comunidade numa posição ruim em
relação ao indicador socioeconômico 1.
Os indígenas, infelizmente, não acrescentaram qualquer “valor econômico” na
análise deste indicador. Vários foram os motivos, inexistência de trabalho, vilipendiados
ao longo do tempo, explorados, humilhados e, pior, também abandonados pela FUNAI.
Por outro lado, a cultura indígena poderia ser mais bem aproveitada e utilizada como
produto turístico cultural, entretanto, nem os próprios índios Tupinambás têm
consciência do seu valor na atual conjuntura social, nem em que tipos de produtos
poderiam ser aproveitados. Chama atenção que a sociedade, a FUNAI, e outras
entidades poderiam se responsabilizar e conscientizar esses indígenas, não somente
formatando esses produtos para apresentação em diversos eventos, bem como
orientando e capacitando seu artesanato para uma melhor apresentação e acabamento,
sem, contudo, descontextualizar sua identidade.
Na comunidade do Banco da Vitória, esse indicador obteve 10 pontos (Figura
37), situando-se, também, na faixa ruim, apesar das ações gastroeconômicas que
ocorrem na localidade, sem qualidade de serviço e desprezando o ratio preço/qualidade,
venda de artesanato, muitas vezes industrianato (características típicas locais),
comercialização de peixes, frutos do mar e frutas das mais diversas. O maior problema
encontrado foi a falta de preocupação com a utilização dos recursos naturais, sem que se
preocupe com sua preservação. Durante a pesquisa, quando se perguntou o que é
sustentabilidade aos moradores (das três comunidades), eles indicaram apenas a falta de
emprego local, fazendo com que seus moradores se desloquem a municípios da região
em busca de trabalho e sustento.
91
A situação mais preocupante entre as três comunidades pesquisadas foi a do
Salobrinho, onde o índice encontrado foi de -2 pontos (Figura 37), indicando uma
situação gravíssima decorrente da falta de oportunidades, de condições para
sobrevivência, bem como a falta de ações econômicas como sendo a grande responsável
para impedimento para o desenvolvimento sustentável local. Observam-se, na Figura
37, as diferenças de pontuação ocorrida entre as comunidades estudadas, chamando-se
atenção que as localidades pesquisadas estão em situação precária nos indicadores.
2.2.2 Indicador Socioeconômico 2 – Comunicação: Fluxo das Ideias e da Informação
A comunicação tratada neste estudo fundamenta-se no conceito de Torquato
(2004), em que a informação tem seu escopo ampliado para outros terrenos e espaços,
envolvendo pessoas, associações, federações, escolas, clubes, partidos ou segmentos
políticos. É tratado também como um intercâmbio de informações entre sujeitos e
objetos, através de símbolos e sistemas.
A sustentabilidade da comunicação é uma vertente da sustentabilidade definida
pela Rede Global de Ecovilas (2009), e está caracterizada quando existem
oportunidades e tecnologias de comunicação adequadas dentro das comunidades para a
conexão com o mundo. Também é necessária a existência de espaços e sistemas
disponíveis que apoiem e maximizem a comunicação, as relações sociais e o
desenvolvimento da comunidade (produtividade ou intelectual), além da existência de
facilidade no fluxo de informações dentro dela.
De acordo com a metodologia utilizada nesta pesquisa, o indicador
Socioeconômico 2 (Fluxo das Ideias e da Informação) trata da fluidez da informação
entre os membros da comunidade, com o intuito de buscar um caminho sustentável nas
relações entre indivíduos e organizações existentes (igrejas, associações, empresas
privadas e governo). Essa comunicação trata sobre o fluxo de informação nas
comunidades, envolvendo as mais diversas organizações através de símbolos e sistemas,
sua sustentabilidade está relacionada à existência de oportunidades e tecnologias de
comunicação adequadas para a sua conexão com mundo. Trata também da fluidez da
informação entre os membros de uma comunidade, com o intuito de buscar um caminho
92
sustentável nas relações entre indivíduos e organizações existentes. A comunicação
permite às pessoas compartilhar informações, fomentando o modo de pensar e
direcionando o desenvolvimento local de modo a organizar suas rotinas. Graças à
comunicação, esses indivíduos criam significados, trocam e respondem mensagens,
dando a essa informação significados criados pela interpretação dos dados absorvidos
(CERUL, 2007).
Dentro deste prisma, a comunicação, deve ser utilizada com o intuito de
cooperar com o desenvolvimento sustentável e organizando a comunidade.
Para que uma comunidade seja sustentável em relação ao indicador
Socioeconômico 2, é preciso que os sistemas comunicacionais funcionem regularmente,
garantindo à população acesso aos meios de comunicação para que possam trocar
informações, estabelecer relacionamentos e se conectar com o mundo através de
telefone, fax, internet e serviço regular de Correios, onde a informação se torna
mediadora da conexão com o mundo.
Sobre o assunto, a comunidade de Olivença dispõe de serviço regular de
telefone, internet, fax e Correios (funcionando no Balneário Tororomba), entretanto,
segundo a pesquisa, são poucos os moradores que sabem utilizar essas ferramentas de
comunicação. A pesquisa encontrou na comunidade diversos pontos de telefonia
pública, cobertura de telefonia celular de todas as operadoras existentes na região e lan
houses (essas normalmente utilizadas apenas por crianças e adolescentes). Segundo os
entrevistados, a população local não possui empregos na localidade, e existe, entre os
moradores, um baixo índice de escolaridade (o maior percentual de escolaridade
encontrado foi até o quarto ano do ensino fundamental), e por isso a internet é um meio
subutilizado, mesmo existindo programas disponíveis de inclusão digital no Centro
Cultural de Olivença e na escola estadual.
No Banco da Vitória, o serviço de correio é regular, bem como a telefonia
pública e privada; a internet, porém, é utilizada apenas por uma parte da população.
Dentre os sistemas de comunicação, destaca-se a localização de uma emissora de rádio
FM - Gabriela FM, e a existência de um blog da comunidade onde as pessoas se
manifestam a respeito da situação do local.
Existe ainda uma emissora de rádio via internet, conhecida localmente como a
rádio oficial do Banco da Vitória, com seleção musical, informes, anúncios e
propagandas o endereço eletrônico da rádio é http://radiobancodavitoria.blogspot.com/.
93
No Salobrinho, mesmo a comunidade tendo acesso a internet em duas lan
houses, telefonia celular, telefonia pública e privada disponível, os serviços de Correios
(Figura 38) não funcionam regularmente e, muitas vezes, deixam a população local sem
acesso a diversas informações. Assim também ocorre com a telefonia fixa e móvel (esta
em melhor situação).
Figura 38 - Posto dos Correios no Salobrinho, em 20 de agosto de 2009, dados da
pesquisa).
Após a coleta e cálculo dos dados (Figura 37), a comunidade de Olivença obteve
29 pontos, indicando uma boa situação a caminho do desenvolvimento sustentável, já as
comunidades de Banco da Vitória e Salobrinho obtiveram 20 pontos cada, estando
conforme metodologia adotada, numa situação ruim no direcionamento a
sustentabilidade, porém muito próximo do nível bom dentro desta metodologia. Para a
obtenção da excelência no fluxo de ideias e informações, muita coisa ainda precisa ser
feita.
2.2.3 Indicador Socioeconômico 3 - Serviços, Formação de Redes, Assistência e
Difusão - Intercâmbio de recursos (Interno e Externo) para a comunicação
Esse indicador trata sobre a disponibilidade da informação para a população de
uma comunidade, visando o intercâmbio de recursos econômicos e tecnológicos entre
os moradores e o mundo, e a busca de métodos de vida sustentável. Além disso, esse
94
indicador socioeconômico leva em consideração a utilização da informação na busca de
assistência aos mais necessitados.
Outro ponto importante nesse indicador é a construção de relações e
intercâmbios com outras comunidades e organizações que possam ter interesse numa
melhor qualidade de vida local.
Qualquer comunidade deverá estar conectada com o mundo por diversos meios
de comunicação, em que esses veículos de informação potencializam a interação do
homem com o mundo globalizado, gerando diversos conflitos entre as culturas locais
(identidade cultural) e o comportamento mundial e, nesse sentido, as comunidades
pesquisadas podem utilizar esses veículos de informação para fortalecer e melhorar sua
qualidade de vida.
Em Olivença, as lan houses (Figura 39) encontradas estão sendo utilizadas
praticamente pelos mais jovens. Esta comunidade possui diversas páginas na internet
com informações sobre produtos turísticos, um pouco da sua história e suas
características geográficas, entretanto, a interação entre os membros da comunidade e o
mundo globalizado ainda é mínima, segundo os entrevistados. Mesmo existindo
programas de inclusão digital, a utilização das redes para o desenvolvimento sustentável
ainda é incipiente. Segundo os moradores locais, essa inserção acontece apenas durante
o ano letivo e no Centro Cultural, que também possui placas alusivas a inclusão digital,
não vem funcionando, deixando a população carente deste serviço.
Figura 39- Lan House, localizada no centro de Olivença, em 05 de julho de 2009, dados
da pesquisa
O Governo Estadual implantou na comunidade indígena um Centro Digital de
Cidadania com vistas à inclusão sociodigital. Esse programa foi instalado na Associação
95
Cultural e Ambientalista dos Índios Tupinambás de Olivença, com o intuito de
promover o acesso das aldeias tupinambás à informática, melhorando o seu nível
educacional e cultural, respeitando suas diferenças, além de buscar um equilíbrio na
convivência entre os povos e melhoria na geração de emprego, renda e qualidade de
vida dos indígenas.
No Banco da Vitória, esse indicador reflete a falta de circulação da informação e
da utilização dos meios existentes para a melhoria do padrão de vida comunitária,
mesmo existindo uma emissora de Rádio FM e um blog sobre o bairro. As reclamações
mais constantes, segundo os entrevistados, são com relação ao saneamento, educações,
emprego e saúdes. Tais reclamações, mesmo com a existência de meios dessas
informações para a formação de redes e o alcance na melhoria na qualidade de vida, a
comunidade não vem utilizando-os com frequência.
Segundo o presidente da associação de moradores, ele utiliza esses sistemas de
comunicação para buscar soluções para a comunidade, entretanto, segundo moradores
entrevistados, essa liderança não é legítima e nem aceita, sendo esse assunto tratado no
indicador de Governança no Banco da Vitória.
Sobre os sites e blogs encontrados evidenciando a comunidade, destaca-se o
bancodavitoria.com.br que disponibiliza notícias, informes e matérias sobre a história e
sobre os principais acontecimentos locais, além do blog bancodavitoria.wordpress.com
com informações atualizadas sobre a comunidade e páginas de relacionamento Orkut
disponibilizam fotos, informações e curiosidades.
A pesquisa detectou que a população do Salobrinho tem possibilidade de acesso
a uma lan house, porém a formação de redes para a busca por soluções sustentáveis na
melhoria das condições de vida é muito incipiente. Assim como, na maioria dos outros
indicadores, a população do Salobrinho está em péssima situação; mesmo existindo
acesso a redes de informação, a população não sabe utilizá-la devido ao desinteresse nos
aspectos relacionados com a vida comunitária.
Tratando dos valores encontrados para o Indicador Socioeconômico 3 (Figura
37), as três comunidades pesquisadas encontram-se em péssima situação, onde Olivença
alcançou 9 pontos, Banco da Vitória, 4 pontos, e Salobrinho 5 pontos, caracterizando-
os numa situação ruim e necessitando de muitas ações para que empreendam o caminho
da sustentabilidade. Observa-se, ainda, conforme metodologia aplicada e ilustrada na
Figura 37 o nível ruim situa-se em até 24 pontos, e as comunidades pesquisadas ficaram
muito longe do caminho desse valor esperado de sustentabilidade.
96
2.2.4 Indicador Socioeconômico 4 – Educação
A educação é uma das maiores ferramentas para a formação intelectual, moral,
política e espiritual do ser humano, assim o conceito de educação utilizado neste estudo
foi pautado no desenvolvimento significativo da informação disponível para os cidadãos
(BENJAMIN, 2009). Como uma ferramenta para o desenvolvimento e disponibilização
de informação para o crescimento pessoal, ela é sustentável, quando desperta
consciência e valoriza os indivíduos através de oportunidades para todos os níveis e
faixas etárias, além da necessidade de intercâmbio comunitário de conhecimento e
experiências, pela participação dos anciãos e pela inclusão das crianças e dos jovens no
sistema educativo e na vida comunitária (REDE GLOBAL DE ECOVILAS, 2009;
SACHS, 2002).
A educação de uma comunidade, portanto, caracteriza-se como sustentável,
quando existe uma consciência e valorização pelo crescimento pessoal, pelo processo de
ensino-aprendizagem e pelo estímulo a criatividade. É preciso também que na
comunidade, existam oportunidades e disponibilidades, para a evolução intelectual do
indivíduo em todos os níveis e faixas etárias e sociais, e uma variedade de meios
educativos.
Entre as comunidades estudadas, Olivença possui três escolas, sendo uma
municipal (Escola Nucleada de Olivença), uma estadual (Escola Estadual Jorge
Calmon) e uma particular (Escola Cantinho do Saber), painel da Figura 40, oferecendo
cursos que vão do maternal ao ensino médio, além de programas de inclusão digital na
escola estadual e no Centro Cultural de Olivença, já tratado no capítulo 01.
Figura 40 - Painel das escolas em Olivença, em 05 de julho de 2009, dados da pesquisa.
97
Para que a comunidade em questão atinja a excelência a caminho da
sustentabilidade, torna-se necessário empreender ações de intercâmbios e encontros
comunitários para a troca de experiências, inclusão das crianças em atividades
extracurriculares, envolvimento das famílias no processo de educação, programas de
desenvolvimentos de habilidades e vocações, além do estímulo da educação a todas as
faixas etárias e melhoria na utilização dos espaços existentes.
No que tange à população indígena Tupinambá, a existência da Escola Indígena
Tupinambá de Olivença (EITO), na região da Sapucaeira, tem o objetivo de atender a
4000 índios, e onde foram investidos 1.062 milhões, oferecendo 720 vagas do ensino
fundamental, beneficiando as 23 comunidades Tupinambás existentes. Nessa escola, as
crianças têm aulas de tupi e, como atividade física, praticam o uso do arco e flecha, e,
nas aulas de educação artística, aprendem a fazer artesanatos com sementes,
caracterizando a educação escolar integradora.
Relativo ao Banco da Vitória, essa comunidade possui uma escola municipal, a
Escola Municipal Herval Soledade, com cinco núcleos espalhados na própria localidade,
Figura 41. Segundo os entrevistados, tentou-se, no início do ano, a implantação de um
projeto de aceleração escolar que não se concretizou devido à falta de adesão da
população. A pré-escola é feita em pequenas unidades particulares, na maioria das vezes
em seus próprios domicílios.
Figura 41 - Escola Municipal Herval Soledade e anexos, em 28 de julho de 2009 dados
da pesquisa.
Chama a atenção a excelência qualitativa do ensino gratuito oferecido pelas
irmãs religiosas no Retiro Nossa Senhora do Carmo, ao longo da BR-415, Figura 42, e
que poderia ser trabalhado como atrativo turístico, devido ao seu bucolismo, sua beleza
natural e arquitetônica.
98
Figura 42 - Retiro Nossa Senhora do Carmo, em 28 de julho de 2009, dados da
pesquisa.
No Salobrinho, foram encontradas, pela pesquisa, escolas nas igrejas
evangélicas, uma escola estadual e uma escola municipal divida em três núcleos, e
quatro escolas privadas que cuidam de crianças na pré-escola. Segundo os moradores
entrevistados, tentou-se implantar o PROJOVEM (Programa Nacional de Inclusão dos
Jovens), com o objetivo de oferecer elevação do grau de escolaridade, objetivando a
inserção do cidadão, através da qualificação profissional, contudo não houve demanda
suficiente de interessados.
No dia 06 de novembro de 2009, foi realizado nessa comunidade o II Seminário
de Integração Escola-Comunidade no bairro do Salobrinho, com a presença de diversas
autoridades, dentre elas o Secretário Municipal de Educação, Sebastião Maciel, o
vereador Tarcísio Paixão (morador local), além de diversas lideranças religiosas, cujo
objetivo visava a melhoria das relações pessoais, discutindo temas ligados às
necessidades locais, como emprego, violência, meio ambiente, destacando o papel da
religiosidade na paz da humanidade.
99
Nesta pesquisa, de acordo com a metodologia aplicada (Figura 37), a
comunidade de Olivença obteve 34 pontos neste indicador, ou seja, sustentabilidade e
educação, o que caracteriza um bom conhecimento em direção à sustentabilidade,
contudo a pesquisa detectou um baixo nível de escolaridade entre os moradores
pesquisados, além de demonstrarem pouco interesse em sua qualificação e aquisição de
conhecimento.
Já no Banco da Vitória, este índice obteve 35 pontos (Tabela 02, Figura 37), o
que indica um bom conhecimento em direção à sustentabilidade, entretanto, esse fato se
dá devido ao acesso de muitos membros da comunidade a oportunidades de educação,
com cursos especiais na UESC, e intensa participação das igrejas no intercâmbio de
informações e trocas de experiências.
Entretanto, apesar de a UESC estar inserida da comunidade do Salobrinho, os
moradores dessa localidade não representam um elevado percentual de universitários. O
Salobrinho obteve, na pesquisa, o índice de 31 pontos, estando também em uma
situação boa em relação ao indicador socioeconômico de educação.
2.2.5 Indicador Socioeconômico 5 – Saúde
A Rede Global de Ecovilas (2009) afirma que uma comunidade tem a sua saúde
sustentável quando dispõe de condições acessíveis para restabelecer, manter e melhorá-
la fisicamente, mentalmente, emocionalmente e espiritualmente para seus residentes e
visitantes. Incluem-se, nesse aspecto, remédios naturais e práticas complementares,
como a meditação e o trabalho corporal. A saúde possui um conceito amplo que abrange
o bem-estar do indivíduo em seus aspectos físicos, mentais e espirituais (portaldasaude,
2009). Para que uma comunidade seja sustentável socioeconomicamente, além dos
aspectos referidos, torna-se necessário que ela tenha acesso a tratamentos de saúde em
todos os âmbitos e que tenha principalmente uma qualidade de vida que diminua os
riscos à mesma.
Para tanto, parte-se do conceito de que a saúde, dentro dos aspectos de
sustentabilidade turística, deve estar pautada na qualidade dos seus serviços e
100
possibilidade de atender as necessidades da comunidade e dos seus visitantes,
envolvendo centros de referência em saúde, bem como atendimento emergencial e
farmácias (VALLS, 2004).
O referido autor ainda destaca a importância do acesso e dos serviços de saúde
no momento em que um turista escolhe o local de visitação, colocando a saúde como
um dos pontos mais importantes para a sustentabilidade turística, pois ela só ocorre se a
comunidade local possuir excelência ou boa qualidade de vida de seus cidadãos.
As três comunidades pesquisadas são atendidas apenas por Unidades de Saúde
da Família, programa do Governo Federal, durante a semana, ficando nos finais de
semana desprovida de atendimento, quando, de modo geral, a população flutuante de
turistas e visitantes aumenta, contrastando, assim, com os critérios de sustentabilidade
turística e da saúde.
O Programa de Saúde da Família (PSF) está pautado na reorientação do modelo
assistencial operacionalizado através de equipes multidisciplinares em unidades básicas
de saúde, sendo estas equipes responsáveis pelo acompanhamento das famílias
localizadas no seu entorno geográfico, atuando em ações de promoção da saúde,
prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais frequentes, com o real
objetivo de manutenção da saúde da comunidade em que está inserida
(http://portal.saude.gov.br, 2009). O programa tem definido as atribuições dos Governos
Federal, Municipal e Estadual (Quadro 05)
Quadro 05 – Atribuições de responsabilidades dos Governos em relação ao PSF Governo Atribuições
Federal - Elaborar as diretrizes da política nacional de atenção básica;
- Co-financiar o sistema de atenção básica; - Ordenar a formação de recursos humanos;
- Propor mecanismos para a programação, controle, regulação e avaliação da atenção
básica;
- Manter as bases de dados nacionais.
Estadual - Acompanhar a implantação e execução das ações de atenção básica em seu território;
- Regular as relações inter-municipais;
- Coordenar a execução das políticas de qualificação de recursos humanos em seu
território;
- Co-financiar as ações de atenção básica;
- Auxiliar na execução das estratégias de avaliação da atenção basica em seu território.
Municipal - Definir e implantar o modelo de atenção básica em seu território;
- Contratualizar o trabalho em atenção básica;
- Manter a rede de unidades básicas de saúde em funcionamento (gestão e gerência); - Co-financiar as ações de atenção básica;
- Alimentar os sistemas de informação;
- Avaliar o desempenho das equipes de atenção básica sob sua supervisão.
Fonte: http://portal.saude.gov.br (2009) – adaptado.
101
Em Olivença, um fator que contribuiu positivamente para esse indicador foi o
baixo número de suicídios e homicídios existente, além de baixa incidência de
enfermidades infecto-contagiosas, entretanto, o alto número de moradores e visitantes
consumidores de drogas (crack, maconha, cocaína) preocupa muito a população local,
visto que isso o vem ocorrendo com grande parte da juventude, conforme abordado no
capítulo 1, além do atendimento feito pelo PSF.
Já a utilização de ervas medicinais pelos moradores das três comunidades é uma
prática comum, sendo transmitida por gerações. As praticas espirituais indígenas
possuem hoje caráter simbólico e não de cura.
No Banco da Vitória, a entidade espiritualista Vale do Amanhecer recebe um
grande número de visitantes que buscam curas (físicas, mentais e espirituais) através de
tratamentos espirituais desobsediadores. São centenas de frequentadores que
semanalmente procuram a entidade para atendimento através de práticas que misturam o
cristianismo, o candomblé, a pajelança e o espiritismo (BARROCO; DIAS, 2009).
Assim, como nas outras comunidades pesquisadas, o Banco da Vitória é
assistido pelo Programa de Saúde da Família do Governo Federal, com serviços básicos
de saúde como pré-natal; atendimento odontológico, médico e farmacêutico, e de
enfermagem apenas durante a semana. Destaca-se no Banco da Vitória a presença do
Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) com serviços de atendimento
psicossocial (Figura 43) e em casos extremos ou aos finais de semana é preciso recorrer
ao Serviço Médico Ambulatorial de Urgência (SAMU) de Ilhéus.
Figura 43 - Centro de Referência da Assistência Social no Banco da Vitória, em 28 de
julho de 2009, dados da pesquisa.
Foi observada, através da pesquisa no Salobrinho, a ocorrência de muitas mortes
por falta de atendimento médico, uma vez que, aos finais de semana e feriados, a
102
comunidade fica sem o atendimento no PSF (Figura 44), ficando assistida apenas pelo
SAMU (quando solicitada) via telefone, fato semelhante ao das outras comunidades.
Nesta comunidade funciona uma clínica para exames laboratoriais (Figura 44), sendo a
única localidade a apresentar esse tipo de serviço de saúde.
Figura 44 - Serviços de Saúde no Salobrinho, em 25 de agosto de 2009, dados da
pesquisa.
Segundo a metodologia aplicada pela pesquisa (Figura 37) às comunidades de
Salobrinho, com 23 pontos, e Banco da Vitória, com 28 pontos, encontrando-se em
situação considerada ruim em relação ao indicador socioeconômico de saúde. Observa-
se, não obstante que, no Banco da Vitória, apesar de contar também com o CRAS,
existe um número muito maior de moradores e consequentemente uma demanda maior
pelos serviços de saúde. Já Olivença, está qualificada com 29 pontos, possui deficiência
nos serviços médicos principalmente, dentro do nível de boa situação em direção à
sustentabilidade, ocorrendo alto número de afogamentos em suas praias, principalmente
nos períodos de alto fluxo de visitantes, veraneio, Puxada do Mastro de São Sebastião,
festividades de Ano Novo e fins de semana ensolarados.
103
2.2.6 Indicador Socioeconômico 6 – Governança
A sustentabilidade política pode ter três enfoques. O primeiro de política
nacional, que se leva em consideração a democracia definida em termos de apropriação
universal dos direitos humanos, e no desenvolvimento da capacidade do estado, para
programar e implementar seu projeto de desenvolvimento nacional, além de um nível de
coesão social (SACHS, 2002). O segundo enfoque, ainda de acordo com o referido
autor, a política internacional, em que deve prevalecer o equilíbrio entre as nações,
verificando a eficácia na prevenção às guerras e garantia de paz, através da Organização
das Nações Unidas, e na promoção da cooperação entre os povos, no programa de
desenvolvimento Norte-Sul, baseado no princípio de igualdade e responsabilidade e no
favorecimento do parceiro mais fraco. Além disso, deve existir o controle do sistema
internacional financeiro e de negócio, da aplicação do princípio da “precaução” na
gestão do meio ambiente e dos recursos naturais e na proteção da diversidade biológica
(e cultural); na gestão do patrimônio global, como herança comum da humanidade. Esse
segundo enfoque versa ainda sobre a cooperação científica e tecnológica buscando
eliminar o caráter de commodity da ciência e tecnologia tornando-o propriedade da
herança comum da humanidade (estes tipos de sustentabilidade não são objetos deste
estudo).
O terceiro enfoque é o da governança, objeto desta pesquisa, em que a
sustentabilidade política de uma comunidade não é papel exclusivo do Estado, mas sim
da própria comunidade. Ela está relacionada com a maneira de resolver conflitos, tomar
decisões, no respeito e tolerância a diversidade individual em todos os aspectos. Neste
sentido, para que haja sustentabilidade, é preciso prevalecer o interesse coletivo sobre o
individual (SACHS, 2002; REDE GLOBAL DE ECOVILAS, 2009).
O indicador socioeconômico 6 (Governança) está relacionado com a maneira
interna de resolver conflitos na tomada de decisões levando em consideração aspectos
como respeito e tolerância à diversidade individual em todos os aspectos, e para que
esse o item ocorra e que seja sustentável, é preciso que prevaleça o interesse coletivo,
depois os interesses individuais. Ele trata da capacidade interna de tomada de decisões
na resolução de conflitos de maneira transparente e pacífica valorizando a participação
da população nas tomadas de decisão, em que todos podem assistir e opinar durante as
104
reuniões de tomada de decisões, sendo que essas decisões devem estar disponíveis para
toda a população.
Com relação a esse indicador, o conflito judicial sobre a demarcação das terras
de uma reserva indígena em Olivença, iniciado a partir do momento em que a FUNAI
reconheceu os Tupinambás em 2002, cedendo-lhes um território de 47.376 hectares, em
uma área que se estende da Serra do Padeiro, com centenas de propriedades inclusas
nesta área, como: fazendas, hotéis, cemitérios, metade da Vila de Olivença, e aguarda
até a presente data homologação por parte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Fez
renascer, de forma exacerbada, a identidade indígena Tupinambá, ocorrendo diversos
conflitos devido a opiniões e interesses divergentes. Segundo a Funai, em 2004, havia
apenas 3000 Tupinambás na Bahia, entretanto a Fundação Nacional de Saúde
(FUNASA) registrou em 2009 uma população de 4729 Tupinambás, crescimento de
mais de 58%, num recenseamento baseado nas informações dadas pelos caciques, no
qual, para ser índio, basta que o indivíduo se autodenomine. Os proprietários de casas e
empreendimentos locais acusam os líderes indígenas de convidarem integrantes do
movimento sem-terra e agricultores para integrarem o movimento pela demarcação do
território.
Segundo Alcides Kruschewsky, vereador do município de Ilhéus, esses
indivíduos acharam um meio infalível para conseguir terra dizendo-se indígenas14
. Esse
conflito gerou uma série de invasões em 2004, e segundo Pedro Holliday (juiz federal),
essas invasões se assemelham às invasões dos sem-terra, sendo que o próprio juiz já
concedeu 19 liminares de reintegração de posse aos proprietários, cuja efetivação não
foi cumprida com medo do crescimento de uma onda de violência na região.
Tal situação leva a se discutir a possibilidade de aproximadamente 18 mil
moradores não índios devem ou não se retirar das suas terras, caso a demarcação seja
homologada. Se isso ocorrer, esses agricultores, ameaçados de despejo, afirmam preferir
começar uma guerra a deixar sua terra. (SANCHE; MIN, 2009).
Outro problema encontrado na comunidade de Olivença refere-se ao fato de o
atual administrador municipal, responsável pela comunidade, não residir no local,
entretanto, é proprietário de uma pousada localizada na vizinhança da igreja de Nossa
Senhora da Escada, ficando a mesma fechada durante os períodos de baixa estação.
14 Entrevista a Revista Época, publicada em 22 de novembro de 2009
105
A falta de união entre os moradores locais e a ausência de identidade com a
comunidade merece destaque, pois, além da inexistência de reuniões necessárias para
solucionar problemas comuns, bem como a tomada de decisões em busca de caminhos
que a comunidade deve seguir vêm ocorrendo com frequência, fato que relaciona a
ausência de um posicionamento da comunidade de Olivença com relação à atividade
turística.
No Banco da Vitória, os constantes conflitos existentes, segundo a pesquisa,
entre moradores de diferentes ruas, bem como a presença de dois moradores que se
intitulam presidentes da associação de moradores, vem provocando desgaste com
relação a esse indicador. A população local não reconhece, como líder comunitário, o
atual presidente da Associação Beneficente Comunitária e Desportiva dos Moradores e
Amigos do Banco da Vitória (ABCDMABV), entretanto, o Sr. Arnaldo Alves de Abreu,
presidente desta entidade, afirmou que tem feito diversas solicitações ao Governo
Municipal e que as mesmas são quase sempre atendidas15
, contrapondo o
posicionamento dos moradores.
Como citado anteriormente, a população de Salobrinho pede socorro,
iluminação, saúde, emprego e não violência dentre outros aspectos, os quais, por uma
simples excursão pelas ruas da comunidade, permitem a ausência administrativa
municipal e comunitária. A UESC não é responsável administrativamente pela
localidade, contudo considerando o seu qualificado corpo técnico poderia ter uma
participação maior junto a essa comunidade, e não apenas realizando projetos
esporádicos de extensão, cujos resultados, se alcançados, não foram evidenciados na
pesquisa.
O vereador representante da comunidade local tem como projeto principal a
mudança do nome do bairro de Salobrinho para Bairro Universitário Santa Cruz
(BUSC), como se tal projeto fosse resolver os graves problemas, culturais,
socioeconômicos e ambientais da localidade.
Em Olivença, esse indicador obteve 23 pontos (Figura 37) o que caracteriza essa
localidade como ruim, requerendo mais ação para poder empreender em direção à
sustentabilidade (talvez o fato da existência do conflito judicial sobre a demarcação das
terras da reserva indígena tenha contribuído para tal valoração). Já no Banco da Vitória,
15 Entrevista ao sr. Arnaldo Alves de Abreu em 25 de julho de 2009
106
os constantes conflitos entre moradores, a falta de identificação de uma liderança local e
a desunião entre os indivíduos, fizeram com que a comunidade obtivesse apenas 5
pontos neste item, caracterizando-o também como ruim. No Salobrinho, o índice obtido
foi 12 pontos, decorrente de vários problemas já citados como o total abandono da
localidade, que segundo moradores é resultante da fraca atuação do vereador local
Tarcíso Paixão junto à Câmara Municipal, além da inexistência de associações locais,
que poderiam buscar, junto ao poder público, melhorias na comunidade.
Os indicadores socioeconômicos encontrados nas comunidades revelam uma
situação de alerta, visto que as três localidades pesquisadas possuem carências sociais e
econômicas que as impedem de trilhar o caminho da sustentabilidade definido por esta
pesquisa.
107
CAPITULO III INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE ECOLÓGICA NAS
COMUNIDADES DE OLIVENÇA, BANCO DA VITÓRIA E SALOBRINHO
A atividade turística, como qualquer outra atividade, gera impactos físicos
relacionados ao meio em que se insere, dessa forma, se essa atividade não for planejada,
implicará em graves problemas aos recursos naturais, recursos estes que, muitas vezes,
formam o principal conjunto de atrativos turísticos de uma localidade, sendo assim, para
o desenvolvimento sustentável do turismo, é preciso que exista educação, sensibilização
e mobilização das comunidades receptoras no sentido de preservar e conservar os
recursos naturais disponíveis, bem como buscar melhoria na qualidade de vida dos seus
moradores.
A sustentabilidade hoje representa o direcionamento à sobrevivência do planeta,
tornando-se o maior desafio da humanidade, entretanto, seu maior enfoque tem se dado
nos locais mais desenvolvidos economicamente. Porém a preservação e conservação
dos recursos naturais podem ser utilizadas como uma ferramenta para o
desenvolvimento do turismo sustentável de localidades, consolidando-se como atrativo
turístico local, essa preservação deve estar diretamente ligada ao conservacionismo
pautado na satisfação das necessidades humanas.
Sachs (2002) entende a sustentabilidade ecológica como a proteção da natureza e
da diversidade biológica, respeitando os ecossistemas, limitando a utilização dos
recursos naturais, minimizando os impactos das atividades econômicas na qualidade de
vida, além de se preocupar com a distribuição espacial dos equipamentos turísticos.
Sendo assim, e para que se possa traçar um painel da realidade ecológica das
108
comunidades, é preciso que se calcule indicadores de sustentabilidade ecológica, pois
eles permitem a obtenção de uma dada realidade, sintetizando a complexidade de
informações sobre a ecologia local, servindo como instrumento de indicação para ações
futuras.
Na avaliação da sustentabilidade de uma localidade, torna-se necessário verificar
o comportamento e o estilo de vida existente, objetivando especificar a atual situação
para que se busquem medidas que possam ser adotadas no sentido de facilitar e manter a
qualidade de vida da localidade ao longo do tempo, mesmo sabendo que esta
sustentabilidade possui caráter temporal, considerando também que os desastres
econômicos e naturais, tipo enchentes, queimadas, estiagens e desmatamento, entre
outros, modificará toda a estrutura de vida dos recursos naturais, animais e humanos
existentes, e consequentemente, não poderá manter seu status quo original eternamente.
A utilização do meio ambiente pela população atrai riscos, muitos deles
causados pelo crescimento econômico, devido à ambição e irresponsabilidade de
algumas grupos de pessoas e, na maioria das vezes, pela ausência de políticas,
fiscalização e ausência de planejamento, apesar de ocorrer, num período longo, a
regeneração do meio ambiente. As necessidades de sobrevivência das comunidades,
muitas vezes pautadas no utilitarismo individualista, podem levar ao esgotamento dos
recursos naturais, fazendo com que as questões de conservação e preservação ambiental
sejam relegadas a um segundo plano.
Sob esse enfoque, nas localidades em que ocorre degradação dos ecossistemas,
propostas para o estabelecimento de um o eco-desenvolvimento vêm se tornando uma
das maiores preocupações da sociedade contemporânea. Para Cavalcanti (2004, p. 17),
“trata-se de uma preocupação justificada com o processo econômico na sua perspectiva
de fenômeno de dimensão irrecorrivelmente ecológica, sujeito a condicionamentos
ditados pelas leis fixas da natureza, da biosfera”. Uma vez que os recursos naturais são
escassos, é necessário que o homem não se veja como centro do universo e,
consequentemente, com sua visão centralizadora, utilizando a natureza como meio de
produção sem se preocupar, na maioria das vezes, em utilizar os recursos renováveis, ou
simplesmente buscar trabalhar esses recursos no princípio da sustentabilidade.
A questão ambiental está pautada na contradição estabelecida nos modelos de
desenvolvimento adotado pelo homem a partir da Revolução Industrial, considerando
que, naquela época, não havia preocupação com a preservação, regeneração e
109
sustentabilidade dos ecossistemas. A partir do século XVIII, a velocidade do progresso,
do crescimento econômico e a força poluidora do mundo urbanizado superaram a
capacidade de regeneração do meio ambiente e consequentemente a exaustão dos
recursos não-renováveis.
Os impactos ecológicos ou comumente chamados de ambientais envolvem o
homem e a sua relação com o local em que reside sua inter-relação com o ar, a água, a
terra e com as diversidades existentes em qualquer localidade, sem esquecer, é claro,
das questões sociológicas que englobam o homem e o lugar onde vive.
Tem-se visto, nesse início de século, o crescimento da consciência ambiental, e
essa conscientização tem sido também levada em consideração no que tange ao
desenvolvimento sustentável, tanto da atividade turística como nos demais segmentos
econômicos, sociais e culturais.
A sustentabilidade ecológica existe quando as pessoas estão muito conectadas
com o lugar onde vivem e conscientes sobre os seus limites, potencialidades,
fragilidades e sobre o ritmo de vida daquela localidade. É preciso que exista harmonia
entre elas e o sistema ecológico do qual fazem parte. Deve existir também respeito à
vida natural, seus sistemas de vida e seus processos, conservação da fauna e flora,
pressupondo que seu estilo de vida regenera os recursos naturais do seu entorno.
Desse modo, é preciso ficar atento para a forma de subsistência das
comunidades, através dos métodos de gerenciamento dos recursos, com relação a sua
origem, se orgânica, se irrigada, se livre de contaminação e se utilizada em equilíbrio
nutricional, sem descuidar da qualidade e possibilidade de renovação da água,
considerado fator preponderante (REDE GLOBAL DE ECOVILAS, 2009). Tais ações,
além de ajudar na preservação do potencial do capital natural com o uso de recursos
renováveis, conduzirão a mecanismos que limitem ações produtivas através de recursos
não-renováveis.
Quando existe respeito ao meio ambiente, principalmente naquelas localidades
onde se pretende ou se desenvolve ações turísticas com qualidade, a sustentabilidade
ambiental passa a ser considerada como condição necessária na elaboração de produtos
turísticos. Ressalva-se que esses produtos podem ser naturais ou artificiais.
Esses recursos são a base da atividade turística podendo ser afetados por
mudanças climáticas, diminuição da camada de ozônio, eutroficação (aumento
110
excessivo dos nutrientes na água provocando crescimento exagerado de determinados
organismos), acidificação, contaminação tóxica, qualidade ambiental urbana,
biodiversidade e paisagens, lixo, recursos naturais, energia, utilização da água,
população, transporte, dentre tantos outros (COOPER et al., 2001).
O equilíbrio entre as configurações urbanas e rurais, bem como, toda a infra-
estrutura da comunidade são os fatores que se deve considerar quando se quer falar em
sustentabilidade territorial ou espacial, vez que essa sustentabilidade prevê a melhoria
no ambiente da comunidade (urbano ou rural), conduz a redução das disparidades inter-
regionais, bem como estratégias de desenvolvimento seguras para áreas ecologicamente
frágeis, sob o ponto de vista, de se buscar a conservação da biodiversidade via o eco-
desenvolvimento (SACHS, 2002).
Sob esse prisma, é imprescindível avaliar o desenvolvimento do turismo ou de
qualquer atividade econômica atrelada às questões do meio ambiente. Santos (1979)
compreende o meio ambiente como a base física do trabalho humano em toda sua
complexidade, considerando-se, ainda, que o meio ambiente possui definições
divergentes, que, são de acordo com Coriolano (2005, p. 05), “Algumas de escopo
limitado, abrangendo apenas os componentes naturais, outras de concepções mais
abrangentes, referindo ao meio ambiente como espaço social e político”.
O eco-desenvolvimento defendido por Sachs (2002) e Vieira (1995), entre outros
autores, vem atualmente sendo considerado como o novo paradigma sistêmico, que
envolve princípios de ecologia profunda (questionando o atual estilo de vida humana).
Através da utilização dos recursos não renováveis, bem como a economia social, com
foco na utilização racional e no planejamento participativo comunitário como estratégia
de desenvolvimento.
Assim, a eco-socio-economia deve se pautar na valorização e preservação de
tradições mais solidárias, na geração de trabalho e na renda baseados em modos de
produção sustentáveis, no fortalecimento da virtude humana, assim como no
fortalecimento do estado, distanciando do racionalismo utilitário dos recursos naturais e
humanos.
O meio ambiente pode ser conceituado como o conjunto de agentes físicos e
biológicos, e dos fatores socioeconômicos sujeitos aos efeitos diretos ou indiretos sobre
os seres vivos e sobre as atividades humanas, conquanto essa humanidade vem sofrendo
111
diretamente com a condução que é imposta ao meio, pois, a um espaço geográfico,
simultaneamente natural, social, econômico, político e cultural, onde os seres vivos
interagem (homens, animais e vegetais) dinamicamente.
Esse espaço está em evolução e modificação contínua, onde as transformações
ocorrem das mais diversas formas, envolvendo degradações ou mantendo seu
desempenho original, devido a normas que priorizam sua conservação e preservação. A
referida autora ressalta, ainda, que esse espaço não seja absoluto de natureza infinita e
passiva, mas que seja reprodutor de relações sociais relativas à produção e consumo, ou
seja, um espaço capitalista que transforma essas relações de produção e o com o meio
ambiente natural em recurso econômico para a geração de riqueza e acumulação,
mesmo que ocorra a destruição da natureza e a deterioração das condições de vida no
planeta, através de um conceito utilitarista da natureza enquanto recurso econômico,
sem considerar a sua sobrevivência.
3.1 Indicadores de Sustentabilidade Ecológica
De acordo com a Organização Mundial de Turismo - OMT (2003, p. 114), os
indicadores ambientais de turismo sustentável:
avaliam as informações sobre os impactos do turismo em uma área para demonstrar se os impactos positivos
estão ocorrendo conforme esperado e os negativos estão
sendo evitados. No caso de os impactos positivos não
estarem atendendo às expectativas, os indicadores
mostrarão esse fato. Se os impactos negativos estiverem
surgindo, os indicadores irão identificá-los antes que se
agravem. Os indicadores ambientais podem ser
utilizados pelos tomadores de decisões na adoção de
ações, sempre que necessário, para reforçar os impactos
positivos e evitar ou atenuar os negativos.
Esses indicadores monitoram e avaliam os impactos da atividade turística
levando em consideração os indicadores ecológicos como a água, o ar, a fauna, a flora,
o solo, a utilização de energia, habitat, recursos naturais e resíduos.
Para a análise quantitativa dos indicadores de Sustentabilidade Ecológica
segundo a metodologia adotada da Rede Global de Ecovilas (2009), se estabeleceu sete
grupos de indicadores, cujos valores encontrados para as comunidades de Olivença,
Banco da Vitória e Salobrinho são apresentados no Tabela 03.
112
Tabela 03- Indicadores Esperados e Obtidos para a Sustentabilidade Ecológica nas
comunidades de Olivença, Banco da Vitória e Salobrinho
Valores Esperados Valores Encontrados
Indicadores Excelente Bom Ruim Olivença Banco da
Vitória
Salobrinho
Ecologia 1 Acima 50 Entre 25 e 49 Abaixo de 24
29 16 20
Ecologia 2 Acima 50 Entre 25 e 49 Abaixo de 24
28 15 18
Ecologia 3 Acima 55 Entre 28 e 54 Abaixo de 28 13 17 03
Ecologia 4 Acima 55 Entre 28 e 54 Abaixo de 28 15 8 5
Ecologia 5 Acima 50 Entre 25 e 49 Abaixo de 24 27 12 18
Ecologia 6 Acima 50 Entre 25 e 49 Abaixo de 24 12 27 15
Ecologia 7 Acima 50 Entre 25 e 49 Abaixo de 24 14 13 10
Total do Indicador de Sustentabilidade Ecológica 138 108 89
Fonte: Rede Global de Ecovilas 2009 e dados da pesquisa.
Onde:
Ecologia 1 - Conexão com o Lugar - Localização e Escala da Comunidade; Restauração
e Preservação da Natureza;
Ecologia 2 - Disponibilidade, Produção e Distribuição de Alimentos;
Ecologia 3 - Infraestrutura Física, Edificações e Transportes - Materiais, Métodos e
Soluções Criativas Ecológicas;
Ecologia 4 - Padrões de Consumo e Manejo de Resíduos Sólidos;
Ecologia 5 - Água - Fontes, Qualidade e Padrões de Uso;
Ecologia 6 - Águas Residuais e Manejo da Contaminação das Águas;
Ecologia 7 - Fontes e Uso da Energia.
De acordo com os dados totalizados na Tabela 03, Olivença apresenta-se em
melhor situação, com 138 pontos, seguida pelo Banco da Vitória, com 108 pontos, e em
último o Salobrinho, com 89 pontos. Observa-se que nenhuma das três comunidades
pesquisada atingiram a excelência no direcionamento ao desenvolvimento sutentável, a
113
comunidade de Olivença está melhor classificada, pois três dos seus indicadores
obtiveram valores que os colocam em um bom direcionamento à sustentabilidade, no
Banco da Vitória, apenas um indicador obteve essa classificação e, no Salobrinho, todos
os indicadores mostram que a comunidade está em ruim direcionamento ao
desenvolvimento sustentável.
Na Figura 45, apresentam-se dados para melhor representar uma comparação
dos indicadores calculados nessas localidades estudadas. Desse modo, fica mais fácil
ainda, visualizar a situação superior de Olivença em relação às outras comunidades, em
quase todos os tópicos abordados, ressaltando-se a grave crise ecológica que assola o
Salobrinho, onde, devido à ausência de esgotos, os mesmos correm nas vielas
esburacadas, cheias de mato e lixo amontoado ou espalhado, entre outros problemas,
como o desmoronamento de partes das vielas, enchentes do Rio Cachoeira. A cada dia
que passa, devido à inoperante gestão municipal, essa situação tende a se agravar,
conforme evidenciado no Capítulo II, com uma condição socioeconômica caótica
encontrada, fato este sendo considerado o maior inimigo das questões ambientais, como
afirmou Coriolano (2005) e Cooper et al. (2001).
Dentre os dados obtidos, destacam-se negativamente os indicadores de Ecologia 4
– Manejo de Resíduos Sólidos, e Ecologia 7 – Fontes e uso de energia, como os piores
encontrados nas três localidades, apresentados na Figura 45 e na Tabela 03, e analisados
posteriormente.
Figura 45- Indicadores de Sustentabilidade Ecológica em Olivença, Banco da Vitória e
Salobrinho, dados da pesquisa.
114
3.1.1 Indicador Ecológico 1 - Conexão com o Lugar - Localização e Escala da
Comunidade; Restauração e Preservação da Natureza
O indicador Ecologia 1 trata da conexão da população local com o lugar, sua
identidade e seu papel na restauração e preservação da natureza. Para que isso ocorra, é
necessário que as pessoas estejam preocupadas com o equilíbrio ecológico,
relacionando a localidade e a utilização dos seus recursos naturais.
Ao mesmo tempo, é preciso que exista mobilização comunitária para solicitar,
junto aos líderes e governantes, a busca de melhorias para suas questões ecológicas
como água, lixo e esgoto. Conforme descrito, segundo os entrevistados, nas
comunidades pesquisadas, não existe união entre os moradores locais (Visão
Comunitária e Habilidade na Resposta Comunitária), muito menos preocupação das
lideranças locais com as necessidades dessas comunidades.
De conformidade com os dados calculados, todas as três comunidades
pesquisadas obtiveram classificações ruins decorrentes da pontuação baixa obtida,
Tabela 03. Por outro lado, verificou-se que os moradores não utilizam os meios de
informações existentes, nem utilizam redes informacionais, em busca de alternativas de
utilização sustentáveis para os recursos naturais existentes (Fluxo das Ideias e da
Informação; Serviços, Formação de Redes, Assistência e Difusão - Intercâmbio de
recursos).
Para que haja um bom desenvolvimento sustentável, é preciso que as pessoas da
comunidade vivam em harmonia com o lugar em que vivem, conhecendo e protegendo
a diversidade da fauna e da flora local, e utilizando-as pensando na preservação dos
recursos naturais para a sua utilização pelas gerações vindouras. Os artesãos também
devem estar preocupados com esses recursos, pois a sua utilização predatória pode levar
a extinção das suas matérias-primas comprometendo o futuro das suas atividades.
Olivença, segundo os moradores entrevistados, já foi região de caçadores, mas
hoje, entretanto, já existe uma maior preocupação com a fauna e flora existente,
segundo os moradores. Tais comentários são decorrentes de na zona rural aparecer um
número crescente de micos, macacos e aves que haviam desaparecido, apesar de o
IBAMA (responsável legal pela proteção ambiental local) pouco atuar na região.
O material coletado (sementes, cipós, conchas) pelos artesãos é catado nas matas
e nas praias, com o cuidado devido para que não venha ocorrer um maior desmatamento
115
ou degradar o meio.
Segundo Maraninchi (2004), a realidade social é complexa e nelas estão
envolvidos conhecimentos, crenças, sentimentos, preferências, ações manifestas e
declarações de intenções, expressas através de linguagens verbais e não-verbais. Essa
complexidade de comportamentos sociais é refletida nos padrões de utilização dos
recursos naturais disponíveis nas comunidades estudadas, pois a maneira de explorar
tais recursos vem sendo passada através de gerações, como, por exemplo, a caça, a
pesca e a agricultura de subsistência praticada pelos indígenas em Olivença, bem como
a produção e comercialização de frutas no Banco da Vitória.
Outros aspectos tratados pelo indicador Ecológico 1 são: a qualidade do solo,
possível degradação e padrões de utilização, a qualidade do ar e a qualidade da água
disponível no local. Esses aspectos referentes ao solo, a água e o ar são extremamente
afetados pela poluição, característica de localidades turísticas, onde a sustentabilidade
não é colocada em primazia, como a poluição sonora (sons desagradáveis gerados por
atividades humanas perturbando os sons da natureza), a poluição lumínica (fontes de luz
potentes que podem prejudicar e impedir de ver as estrelas), o lixo (gerado pelos
humanos, descartado de forma inapropriada) e a poluição atmosférica, todos esses
considerados fatores que degradam o ambiente local impedindo o desenvolvimento
sustentável.
A água é um recurso natural essencial para os homens, para as espécies vegetais
e animais, para a representação dos aspectos comportamentais socioculturais para a
produção de bens de consumo e produtos agrícolas. Nesse estudo, considera-se a
poluição das águas associando à qualidade da sua utilização atual e futura em processos
de abastecimento público, agropecuária, preservação da fauna e da flora, recreação,
turismo. E alguns aspectos degradantes estão relacionados à poluição natural, poluição
por esgotos domésticos e empresariais.
Olivença, outrora considerada Estância Hidromineral e com forte apelo turístico
nesse sentido, encontra-se com suas águas extremamente poluídas, em suas praias são
jogados os esgotos (Figura 46), e uma dessas “línguas negras” são visíveis ao lado das
cabanas de praia.
116
Figura 46 - Esgoto na Praia dos Milagres, em 12 de outubro de 2009, dados da pesquisa.
O Balneário Tororomba, construído em 1963, ao lado do “Buraco do Padre”
(como eram conhecidas as fontes d‟água do ribeirão Tororomba), utilizado para
tratamento crenoterápico (tratamento pelas águas minerais), também está com suas
fontes contaminadas, apresenta-se abandonado, necessitando de melhor infra-estrutura
(mesmo com recente reforma) e de cuidados com a higiene. Este balneário é dotado
com piscinas públicas com água corrente, o “véu de noiva” (cortina artificial de água
que simula uma cachoeira), bar/restaurante e sanitários (Figura 47). Apenas uma placa
na entrada faz alusão aos benefícios da água, mas nenhuma referência a respeita das
histórias de cura proporcionadas por suas águas (DÓRIA, 2003). Ainda segundo a Dória
(2003), os frequentadores hoje buscam apenas banhos em água doce e não terapia.
117
Figura 47- Balneário Tororomba em 10 de outubro de 2009, dados da pesquisa.
Na Figura 48, vê-se a fonte que abastece o balneário totalmente abandonada e
suja com folhas em decomposição e garrafas plásticas.
Figura 48 - Abastecimento do Balneário Tororomba, em 15 de setembro de 2009, dados
da pesquisa.
A poluição do ar começou a ser sentida mundialmente devido às grandes
concentrações urbanas. O ar, como elemento essencial para a humanidade, possui
conceito de ar limpo relativo, pois os seres vivos já estão habituados à concentração de
substâncias na atmosfera. Essa poluição ocorre quando existe alteração na composição
quantitativa e qualitativa da atmosfera, representando sérios perigos para a humanidade.
Dentre os principais aspectos poluentes aéreos, estão o material particulado
(poeria de cimento, poeira de amianto, poeira de algodão, poeira de rua, fumos de
chumbo, fumos de alumínio, fumos de zinco, fumo de cloreto de amônia, fumaças de
118
combustíveis fósseis – petróleo, carvão mineral), fumaças de madeira, biomassa e
névoas), além de gases e vapores diversos (ASSUNÇÃO, 1998).
A poluição sonora está relacionada aos efeitos negativos que provocam
problemas a saúde humana, aos animais e às aves, através de ruídos em altos decibéis,
resultantes de alteração do som. Em Olivença, esse tipo de poluição se destaca,
principalmente nos períodos de alta estação turística, com a concentração de visitantes
no local e a utilização de carros adaptados com potentes equipamentos de som. De
acordo com a OMS (2009) um som deve ficar em até 50 decibéis para não prejudicar o
ambiente. Dentre os principais efeitos na população, está insônia, estresse, depressão,
perda da audição, agressividade, perda de atenção e concentração, cefaleia, cansaço,
hipertensão, queda no rendimento escolar e no trabalho. Turisticamente, esse indicador
acaba afastando os visitantes (e irritam seus moradores), que buscam Olivença para
relaxar, ter contato com a natureza, desfrutar de suas águas, repousar etc.
Olivença, onde o turismo é baseado nos atrativos naturais como sol e mar, no
ecoturismo e no Banco da Vitória onde o turismo baseia-se na gastronomia, necessita
que seus moradores tenham em mente a necessária conservação dos recursos naturais,
para que ocorra a sustentabilidade com vistas à elevação da qualidade de vida dos
moradores e dos visitantes. Como visto nos capítulos anteriores, a sustentabilidade é
formada por inúmeros aspectos que precisam ser levados em consideração na hora de
empreender a atividade turística em uma localidade e, para tal, é preciso que haja
conscientização e ativa participação da comunidade local sobre a utilização dos seus
recursos naturais, planejamento e mobilização dos moradores e visitantes para a melhor
utilização estratégica desses recursos, com o intuito de conservar e minimizar os
impactos causados pelo turismo como atividade econômica. Entretanto, o conceito de
sustentabilidade permanece ambíguo, como afirma Luffiego e Rabadán (2000)
envolvendo a existência de limites devido à maneira como a população utiliza os
recursos naturais, muitas vezes não compatíveis com os princípios ecológicos, focada
no crescimento econômico.
De acordo com a metodologia aplicada nesta dissertação, Tabela 03 e Figura 45,
o Banco da Vitória está em pior Situação Ecológica 1, com 16 pontos, seguido de perto
pelo Salobrinho, com 20 pontos. Essa duas comunidades estão em situação ruins,
requerendo maiores ações empreendedoras para que possam buscar o caminho da
sustentabilidade. Já Olivença, com 29 pontos, possui uma boa posição no
direcionamento ao desenvolvimento sustentável, entretanto, a pesquisa detectou uma
119
queda acentuada na qualidade da água (outrora considerada com propriedades
hidrominerais), alto índice de poluição sonora, especialmente nos períodos de maior
fluxo turístico, como Puxada do Mastro de São Sebastião, São João, Reveillon e
Carnaval.
3.1.2 Indicador Ecológico 2 - Disponibilidade, Produção e Distribuição de Alimentos
Esse indicador trata sobre as questões alimentares nas comunidades pesquisadas,
levando-se em consideração os aspectos como produção, disponibilidade e distribuição
de alimentos para seus moradores, bem como a qualidade nutricional dos mesmos. A
maneira como a população escolhe e produz sua alimentação está diretamente ligada a
um conjunto complexo de fatores socioculturais, entretanto, a vida moderna tem
mostrado opções de alimentação nem sempre saudáveis.
Para uma boa avaliação desse indicador, segundo metodologia, é preciso que a
maior parte dos gêneros alimentícios consumidos pelos moradores seja produzida
organicamente (utilização de estufas, telhados verdes, jardineiras sem adição de
pesticidas, herbicidas ou fertilizantes químicos, além da utilização de sementes não
híbridas), e disponibilizados para a população, nos dias de comércio local (feira livre),
inclusive, até utilizando-se da prática de escambo, fato não constatado pela pesquisa. A
produção excedente, para fortalecer a economia local, deve ser armazenada para uso
posterior, para a população ou para alimentação animal, através da prática da
compostagem, e também para que exista o mínimo de desperdício de alimentos jogados
no lixo.
Nas comunidades de Olivença e Banco da Vitória, detectou-se a existência de
cultivo de frutas (mamão, melancia, abacate, graviola, cacau, cupuaçu) e verduras, para
o consumo dos residentes, cujo excedente é comercializado em localidades do
município de Ilhéus. Chama atenção, o fato de nesse processo produtivo, utilizarem
constantemente produtos químicos. Em Olivença, especificamente o cultivo da
mandioca e sua transformação em farinha pelos indígenas merece destaque.
O indicador Ecologia 2, que versa sobre a disponibilidade, a produção e a
distribuição de alimentos, calculados para as comunidades pesquisadas (Figura 45),
obedeceu aos critérios da metodologia definida para esta pesquisa. Sendo assim, para
120
esse indicador, obteve-se, para o Banco da Vitória, 15 pontos, e 18 pontos para o
Salobrinho, valores estes que colocam essas comunidades numa situação ruim,
requerendo maiores ações empreendedoras no sentido de melhoria na qualidade e
quantidade dos gêneros alimentícios produzidos na comunidade, uma vez que, segundo
os entrevistados, a maior parte dos alimentos vem de outras localidades.
Já para Olivença, se obteve 28 pontos, classificando-a num padrão médio com
bom direcionamento a caminho do desenvolvimento sustentável. Como comentado,
destaca-se nessa comunidade a produção de mandioca e seus produtos fabricados pelos
Tupinambás e que outrora foram uma importante fonte de renda para os indígenas. Em
decorrência de sua comercialização, fato hoje que, se ocorre não foi registrado pela
pesquisa. Os aspectos nutricionais não fazem parte do escopo desse indicador.
3.1.3 Indicador Ecológico 3 - Infraestrutura Física, Edificações e Transportes –
Materiais, Métodos e Soluções Criativas Ecológicas.
O indicador Ecológico 3 trata das questões relacionadas a infraestrutura física
existente nas comunidades, dentre elas o aspecto que caracteriza as edificações, as ruas
de acesso à localidade, e o sistema de transportes, bem como a utilização de soluções
criativas sustentáveis para esses problemas, como a utilização de materiais recicláveis
disponíveis localmente, construções com materiais ecologicamente corretos, tecnologia
renovável e o compartilhamento de transportes particulares e coletivos entre os
moradores da comunidade e os visitantes.
Com relação às características de infraestrutura, este estudo levou em
consideração o planejamento das habitações de modo a minimizar as necessidades de
energia e a harmonização com o habitat, utilizando os espaços comuns, como a
construção de lavanderias coletivas visando a economia de recursos naturais e utilização
de material não tóxico. Ainda com relação à infraestrutura os espaços construídos
devem ser planejados e construídos focando na utilização de estruturas que priorizem a
boa luz, boa ventilação e conforto térmico, além da utilização de plantas que ajudam a
121
regular a temperatura exterior, cores e materiais que se integrem com a paisagem
evitando poluição visual dentre tantas alternativas.
Na realidade pesquisada, pouco das exigências metodológicas foi encontrado nas
comunidades estudadas. No Banco da Vitória, a maioria das construções encontradas
eram de alvenaria em conjunto com outros materiais como madeira, telha, tijolos de
cerâmica, com janelas para facilitar a ventilação, e na zona periférica casas de taipa e ou
apenas madeira, plásticos etc. Na referida comunidade, bem como nas outras não
existem sistemas sustentáveis de aquecimento solar, o que poderia melhorar sua
qualidade de vida.
Sobre os sistemas de transportes disponíveis analisados, considera-se o traçado
planejado na comunidade para minimizar o uso interno de veículos motorizados, assim
como a utilização de transporte coletivo para a satisfação das necessidades individuais
e, ou coletivas, entre elas saída para o emprego, posto de saúde, compra de alimentos e
dinheiro em espécie. Segundo a pesquisa, nas comunidades estudadas, os moradores
precisam se deslocar até a sede do município de Ilhéus, ou Itabuna com o intuito de
adquirir os tipos mercadorias necessárias (roupas, livros, alimentos, ferramentas,
móveis, eletrodomésticos e dinheiro em espécie), utilizando os transportes públicos
considerados acessíveis economicamente, porém ruins em termos de horários e em geral
superlotados.
Na verificação da utilização dos métodos de conservação do transporte, como,
por exemplo, vias para pedestres, cavalos ou bicicletas, de energia limpa e renovável
nesses veículos, assim como a disponibilidade de transporte coletivo para grandes
distâncias com serviços apropriados e preços justos, muito pouco foi avaliado como
satisfatórios ou existente.
O fato é que os sistemas de transportes são imprescindíveis para que ocorra a
sustentabilidade de uma comunidade, e principalmente quando esta localidade tem
pretensões turísticas, pois é o meio utilizado para as visitas à localidade, aos produtos
turísticos elaborados, valorizando-o e possibilitando um melhor posicionamento
competitivo perante a outros destinos, contudo, é imprescindível que, antes de tudo, os
sistemas de transportes sejam eficientes para a comunidade local, e nas localidades
turísticas, que exista o planejamento necessário, junto às operadoras e ou agências de
turismo, objetivando atender as demandas turísticas.
O transporte é também fator decisivo quando um turista escolher seu local de
visitação, pois, de acordo com Cooper et al. (2003) é um elemento essencial do produto
122
turístico em dois aspectos: o primeiro como meio de alcançar a destinação e o segundo
como meio de locomoção dentro dela. No decorrer da pesquisa, em conversa informal
com alguns turistas, detectou-se que os transportes coletivos para Olivença foram
considerados positivos, ao mesmo tempo em que os preços praticados pelos serviços de
táxi foram considerados, extremamente abusivos, fato esse em que consideraram
lesados por esse serviço.
De acordo com a metodologia aplicada na pesquisa (Figura 45), a comunidade
do Salobrinho obteve a pior pontuação, entre as demais, com 03 pontos, pois, segundo
os moradores entrevistados, as construções são feitas de qualquer maneira, sem
preocupação com o traçado das ruas16, muito menos com acesso (em quantidade e
qualidade) facilitando o deslocamento entre as ruas da comunidade. Em Olivença, esse
indicador obteve 13 pontos e o Banco da Vitória alcançou a maior pontuação, ou seja,
17 pontos, fato verificado pelo pesquisador, ou seja, a localidade tem uma aparência
urbana melhor que as demais, inclusive, em suas ruas a maioria calçada. Devido ao
resultado alcançado, todas as três comunidades pesquisadas necessitam de muitas ações
para que sejam direcionadas ao caminho da sustentabilidade.
3.1.4 Indicador Ecológico 4 - Padrões de Consumo e Manejo de Resíduos Sólidos
Os principais aspectos tratados no Indicador Ecologia 4 referem-se aos resíduos
sólidos, especificamente o lixo doméstico e urbano, bem como é feito seu manejo, e aos
aspectos relacionados aos padrões de consumo, considerando-se a possibilidade de
minimizar o consumo de recursos naturais e a produção de resíduos. Com relação aos
padrões de consumo das comunidades, procurou-se, também, verificar como ocorre o
compartilhamento de equipamentos, ferramentas, roupas, cozinhas e lavanderias
coletivas, armazéns e escritórios. Esse indicador trata ainda da formação de
cooperativas para compras por atacado de materiais para o consumo da comunidade,
verificar também se as necessidades locais são satisfeitas através da produção local,
diminuindo a distância entre produtores e consumidores, além de averiguar aspectos
16 são poucas as ruas executadas pela prefeitura, com algum calçamento, sendo a maioria vielas mal
traçadas, sem calçamento, com muitos buracos, muito mato e lixo espalhado por elas.
123
sobre a reciclagem, reutilização, fabricação e consertos de materiais como vidro,
plástico, ferro e alumínio.
No que tange ao item lixo, a pesquisa buscou uma estimativa de quantas pessoas
conhecem o que se faz com ele, suas características, seu volume, seu destino, como ele
é manejado, se é reciclado e para onde se destina.
O lixo produzido em Olivença e no Banco da Vitória é recolhido regularmente
de segunda a sábado (com destino ao aterro sanitário), entretanto, como pode ser visto
na Figura 49, em Olivença fica exposto, às vezes por dias, às margens da BA-001 (que
liga a comunidade a Ilhéus). Essa quantidade de lixo é em maior quantidade no período
da alta estação e especial nos períodos da Puxada do Mastro de São Sebastião, Carnaval
e Reveillon, quando as ruas e praias ficam completamente poluídas por materiais
flotantes, garrafas, latas de cerveja, restos de comida, copos plásticos, vasos de
protetores solar e bronzeadores, dentre tantos outros artigos encontrados. Quando o lixo
é acumulado na BA-001, principalmente, próximo as praias, hotéis e Olivença, além do
visual desagradável o mau cheiro de restos em decomposição, especificamente de
peixes e crustáceos, é muito grande.
Figura 49 - Lixo na praia dos Milagres em Olivença, em 09 de julho de 2009, dados da
pesquisa.
Durante os festejos de Ano Novo, mais precisamente nos dias 31 de janeiro de
2009 e 01 e 02 de janeiro de 2010, encontrou-se muito lixo espalhado, especialmente
nas proximidades do Batuba Beach, nas ruas da comunidade, inclusive no mastro de
124
São Sebastião do ano de 2009, que, em 31 de janeiro do referido ano encontrava-se
abandonado na praça principal da comunidade e rodeado por latas de cerveja e copos
descartáveis vazios (Figura 50).
Figura 50: Mastro de São Sebastião abandonado na praça da igreja de Nossa Senhora da
Escada rodeado por lixo no dia 31 de janeiro de 2009, dados da pesquisa.
Apesar de “oficialmente” existir coleta regular para o lixo no Banco da Vitória
(Figura 51), é lastimável que, de modo geral, fique espalhado pelas suas ruas, em
especial nas praças (local de convivência comum), nos campos de futebol (principais
equipamentos de lazer da população local) e às margens do rio Cachoeira, onde outrora
eram realizadas atividades esportivas aquáticas (onde se encontra localizado o obelisco
referente à visita do príncipe de Habsburgo à localidade, conforme citado o Capítulo I).
125
Figura 51 - Lixo exposto nas ruas e no porto fluvial do Banco da Vitória, em 21 de julho
de 2009, dados da pesquisa.
Já na comunidade de Salobrinho, além de os residentes terem de conviver com o
problema do lixo exposto nas ruas (Figura 52), não possui coleta diária, sendo uma
reclamação constante dos moradores. Em 2008, a prefeitura de Ilhéus ficou semanas
sem recolher o lixo, o que revoltou bastante os moradores, culminando numa ação
inusitada, ou seja, recolheram todos os sacos de lixo existentes e fecharam, com uma
montanha de lixo, a BR-415 por horas, até que chegasse um trator e algumas caçambas
para coletarem tal entulho.
126
Figura 52 - Lixo exposto nas ruas do Salobrinho, em 09 de agosto de 2009, dados da
pesquisa.
A pesquisa encontrou um aviso, no Salobrinho, colado em parede, feito por um
morador, procurando alertar sobre a falta de coleta de lixo, ao tempo que pedia à
população local que não deixasse o lixo exposto na rua (Figura 53), provavelmente, para
não poluir mais as ruas onde moram.
Figura 53 - Placa alertando sobre a coleta do lixo encontrada na fachada de um
estabelecimento comercial e residência de um morador, em 09 de agosto de
2009, dados da pesquisa.
Outro fato que chamou a atenção desta pesquisa foi a quantidade de lixo
colocado na cerca que divide a UESC e BR-415, próximo a um restaurante de comida a
127
quilo no centro de Salobrinho, e da existência de um esgoto a céu aberto que termina
dentro da universidade (Figura 54). Observa-se, na última imagem do painel da Figura
54, o buraco na cerca da universidade onde termina o esgoto do Salobrinho.
Figura 54 - Lixo depositado nas cercanias da UESC, e esgoto a céu aberto que termina
dentro da universidade, em 09 de agosto de 2009, dados da pesquisa.
Os indicadores encontrados para o item Ecologia 4 (Figura 45) foram bastante
ruins nas três comunidades pesquisadas, o que leva a uma triste contestação, da
qualidade de vida, destas comunidades, necessitando de muito trabalho em relação aos
resíduos sólidos, bem como a reciclagem e reutilização dos meios de produção,
necessários para o desenvolvimento sustentável definido por esta pesquisa.
Com apenas 5 pontos (Figura 45) o Salobrinho encontra-se em pior situação
entre as demais pesquisadas, necessitando de muito esforço no sentido de alcançar um
desenvolvimento sustentável. O Banco da Vitória obteve 8 pontos e Olivença, 15 pontos
128
(Figura 45), valores esses considerados muito ruins para o turismo, e que também não
caracterizam uma boa gestão municipal e consequentemente boa qualidade de vida dos
residentes, distanciando-as muito desta realidade, necessitando de um esforço público
em conscientizar a população, cumprir com suas obrigações públicas e trabalhar a
educação ambiental nas três comunidades, procurando alcançar uma melhoria, para que
o volume de resíduos sólidos descartado seja reduzido, e que possam contar com uma
maior atuação do poder público na prestação desse serviço.
É importante destacar que, no Banco da Vitória, o lixo e o esgoto a céu aberto
margeiam seu complexo gastronômico, afetando diretamente na qualidade do serviço
oferecido aos turistas e visitantes.
3.1.5 Indicador Ecológico 5 - Água - Fontes, Qualidade e Padrões de Uso
O indicador de sustentabilidade Ecológico 5 enfoca o consumo da água, sua
qualidade e seus padrões de uso. A qualidade da água está, de modo geral, diretamente
relacionada à quantidade disponível, englobando seus aspectos físicos, químicos e
biológicos. Segundo OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico, 1993), essa qualidade é fundamental, pois refere-se a sua possibilidade de
utilização para diferentes fins, como o abastecimento de água potável, o banho ou a
proteção do meio aquático. A utilização racional da água é imprescindível para a
sustentabilidade.
Para que ocorra uma boa avaliação desse índice, é preciso que as casas sejam
abastecidas regularmente pela rede pública, e que seja de boa qualidade. Nas três
comunidades pesquisadas, a maioria das residências possui água encanada, fornecidas
pela EMBASA (Empresa Baiana de Saneamento). O indicador também leva em
consideração, outros aspectos como a pureza natural da água, a utilização de filtros e
aditivos saudáveis para balancear o pH, e a adição de cloro, bromo, iodo ou flúor.
Também considera os sistemas de armazenamento evitando os riscos de contaminação
que podem causar danos a saúde (REDE GLOBAL DE ECOVILAS, 2009). Em se
tratando dos aspectos de produção, não foram encontradas nas comunidades
pesquisadas, alternativas de consumo e utilização da água racional, como sistemas de
129
irrigação econômicos, reutilização das águas de sabão, nem procedimentos de economia
doméstica.
Olivença possui tradição no que tange a qualidade e quantidade da água
disponível, entretanto Dória (2003) afirma que as características hidrominerais são coisa
do passado. A fonte dos Milagres encontra-se completamente poluída, existindo
inclusive pavimentação sobre a referida fonte. A autora citada chamou atenção ainda
para bicas existentes nas proximidades do Centro Cultural e do Balneário Tororomba,
que visam abastecer, através da coleta manual, a população interessada, não possui
condições sanitárias para ser utilizada pela população, pois situam-se em frente a uma
rua sem calçamento, com bastante poeira e ou lama, transeuntes, carros, animais
passantes (Figura 55).
Entretanto, destacam-se, em Olivença, as fontes Curupitanga e Santa Fé,
localizadas na área rural, cujo ribeirão que abastece estas fontes, acredita-se, tem águas
minerais, sem poluição e prontas para o consumo. Torna-se necessário, que se faça uma
análise dessas fontes para que a população fique sabendo o que estão realmente
bebendo. Essa comunidade é rica em água, abundante e renovável, até mesmo para a
água fornecida pela EMBASA é considerada de boa qualidade e abastece quase que a
totalidade do local. Além disso, o armazenamento nas casas é feito em tanques cobertos
para evitar a proliferação da dengue.
Figura 55 - Bicas d‟água, contaminadas em Olivença, em 12 de outubro de 2009, dados
da pesquisa.
130
É imperioso que as fontes devam ser preservadas visando sua utilização por
gerações futuras, o que não tem ocorrido nas comunidades pesquisadas. Os recursos
hídricos são fundamentais para a sobrevivência da vida nas comunidades, por isso a
gestão sustentável desses recursos tem se tornado grande preocupação dos gestores
mundiais. O consumo desses recursos racionalmente envolve redução das perdas, e
técnica para seu reaproveitamento.
O Banco da Vitória possui algumas fontes de água consideradas pela população
como renováveis e inesgotáveis. Especificamente, uma delas está às margens da BR-
415, onde constantemente os autóctones e visitantes captam água nessa localidade
(Figura 56). A pesquisa também encontrou uma fonte (minadouro) na fábrica de
estátuas de cimento (Figura 57) e, segundo os moradores entrevistados, essa fonte
fornece água para o abastecimento do estabelecimento o dia todo. Além dessas duas
fontes, a pesquisa também identificou que uma grande parcela da população local,
utiliza-se de cisternas particulares.
Figura 56 – Fonte de água, considerada potável, encontrada no Banco da Vitória, em 28
de julho de 2009, dados da pesquisa
131
Figura 57: Fonte de água encontrada na fabrica de estátuas de cimento, em 28 de julho
de 2009, dados da pesquisa.
Esse indicador ainda trata da estimativa de pessoas na comunidade que
conhecem e protegem os recursos hídricos existentes, bem como sua abundância
renovável, a disponibilização pela rede pública, utilização de poços artesianos,
existência de mananciais, bombeamento de longas distâncias, sistemas de
armazenamento de águas pluviais, preço pago pelo recurso e utilização de fontes não
renováveis.
Com relação ao uso racional da água, alguns métodos devem ser considerados,
como: a irrigação através de gotejamento, a reutilização das águas de sabão, a
minimização do uso doméstico, assim como a plantação de plantas nativas tolerantes a
seca e a utilização doméstica de produtos naturais; esses métodos não são utilizados
pelas comunidades pesquisadas.
Outro ponto tratado nesse indicador relaciona-se com os aspectos sanitários
(cuidado e manutenção dos canos, utilização de descargas sanitárias de baixo fluxo,
disponibilidade de esgotos nas residências).
Em Olivença, a pesquisa detectou problemas graves de sanitarismo nas praias de
Batuba e Milagres, no Balneário Tororomba, e falha nos sistemas de encanamentos,
fonte de reclamações constantes da população sem que se chegue a uma solução. No
Banco da Vitória, a situação é caótica, esgotos a céu aberto, falta de água nas
residências, canais abertos, buracos nas ruas e mananciais poluídos (Figura 58).
132
Figura 58 - Esgotos e mananciais contaminados no Banco da Vitória, em 28 de julho de
2009, dados da pesquisa.
O esgotamento sanitário no Salobrinho é o mais precário dentre as localidades
pesquisadas, pois a comunidade convive diariamente com esgotos a céu aberto, nas ruas
da localidade e às margens da BR-415 (Figura 59), bem no centro de Salobrinho, e,
como já foi destacado anteriormente, esse esgoto tem início no Salobrinho e termina
dentro da UESC.
Sem falar no esgoto da própria UESC que segundo informação verbal17, que é
depositado no rio Cachoeira, rio que passa pelas comunidades do Salobrinho e Banco da
Vitória até chegar à sede do município de Ilhéus-BA.
17 Entrevista concedida por funcionário da UESC, que não autorizou a sua identificação, em 05 de
novembro de 2009.
133
Figura 59 - Esgotos a céu aberto no centro do Salobrinho, em 09 de agosto de 2009,
dados da pesquisa
O painel da Figura 59 apresenta o centro do Salobrinho e a quantidade de esgoto
exposto às margens da BR – 415, que liga os municípios de Ilhéus e Itabuna. Esses
esgotos ficam na praça central da comunidade, onde estão localizados diversos
restaurantes, correios, residências. A comunidade referida é composta por rua de chão,
sem pavimentação, e o acesso a algumas delas é feita por trilhas no meio do matagal.
Os valores encontrados (Figura 45) para o Indicador Ecológico 5 (Água - Fontes,
Qualidade e Padrões de Uso) para as comunidades pesquisadas foram de 12 pontos no
Banco da Vitória e 18 pontos para Salobrinho, estando estas duas comunidades em
condições desfavoráveis com vistas ao desenvolvimento sustentável, de acordo com a
134
metodologia da pesquisa. Desse modo, essas comunidades são classificadas como ruins,
necessitando de mais ações empreendedoras para que as mesmas busquem o caminho da
sustentabilidade.
Já Olivença obteve 27 pontos, indicando um bom direcionamento em relação à
sustentabilidade. Entretanto, para que ocorra a excelência sustentável, faltam programas
educacionais nas comunidades abordando um melhor consumo e utilização da água,
redução do lixo nas ruas e políticas públicas de saneamento básico.
Nas três comunidades pesquisadas, o único registro disponível para o programa
de racionalização do consumo de água provém dos boletos para o pagamento do
consumo, os quais são também fonte de diversas reclamações de irregularidades
cometidas pelo órgão responsável.
3.1.6 Indicador Ecológico 6 - Águas Residuais e Manejo da Contaminação das Águas
A degradação dos recursos naturais, focada nesse indicador, trata
especificamente das águas, e sua utilização irracional. Em Olivença e Banco da Vitória,
vem ocorrendo contaminação pela utilização de fertilizantes praticados na agropecuária,
trazendo graves consequências à saúde humana e degeneração das fontes hídricas. Essa
contaminação também de se dá pela falta de reutilização das águas residuais domésticas,
e pelas águas urbanas. O Quadro 06 conceitua esses tipos de águas bem como a sua
exemplificação.
Quadro 06 – Tipos de águas segundo OMS (2009)
Águas Características
Residuais Domésticas Provenientes da utilização caseira como: Águas de banho, resíduos de
cozinhas, utilizadas na lavagem de pavimentos domésticos
Residuais Industriais Resultantes de processos de fabricação
Infiltrações Resultam da infiltração nos coletores de água existente nos terrenos
Urbanas Resultam de chuvas, lavagem de pavimentos, regas etc.
Minerais Provenientes de fontes naturais ou artificiais, com características
químicas, físicas e físico-químicas que as distinguem das águas comuns .
Salgada Utilizadas para a pesca, para o turismo, interferindo nos padrões de
comportamento das comunidades litorâneas Fonte: Adaptado www.reusodeagua.hpg.com.br (2009)
135
Como, de modo geral, as águas residuais estão contaminadas com grandes
quantidades de poluentes, que prejudicam a qualidade das águas dos rios,
comprometendo a conservação do ambiente, em especial fauna e flora, a realização de
outras atividades, sejam elas de lazer ou de produção (pesca, banhos, navegação,
turismo, geração de energia dentre outros). Para que uma comunidade seja sustentável
em relação à reutilização das águas, é preciso que elas sejam recolhidas e transportadas
para estações de tratamento biológicas, ou reutilizadas em outras atividades que não as
originais.
Com relação às águas residuais domésticas, sua poluição, em geral, decorre da
falta de conscientização da população, que acaba jogando nos sanitários cotonetes,
preservativos, absorventes, papel higiênico etc., resíduos que dificilmente serão
captados pelas estações de tratamento.
A reutilização das águas tem sido praticada há muitos anos, existindo relatos da
Grécia Antiga, através da disposição de esgotos e utilização para a irrigação, entretanto,
o crescimento econômico e populacional tem tornado extremamente necessária a
preocupação com a sua reutilização, no consumo racional evitando perdas e
desperdícios, buscando minimizar a produção de efluentes.
O tratamento dos esgotos possui vital importância para a utilização das águas na
agropecuária (com ou sem irrigação), possibilitando melhor abastecimento público, fato
não constatado nas comunidades pesquisadas. Essa reutilização das águas possibilita
diminuir a demanda por mananciais de água, graças à substituição da água potável por
uma água de qualidade inferior e, dessa maneira, grandes volumes de água podem ser
poupados. No Quadro 07, são apresentados os tipos de reuso praticado.
Quadro 07 – Tipos de reuso para águas residuais
Reuso Características
Indireto não planejado da
água
Água descarregada no meio ambiente para ser novamente utilizada sem
controle, sujeita às ações naturais do ciclo hidrológico (diluição, autodepuração).
Indireto planejado da água Efluentes depois de tratados são descarregados planejadamente nos
corpos de águas superficiais ou subterrâneas, para serem utilizadas a
jusante, de maneira controlada, no atendimento de algum uso benéfico.
Direto Planejado Efluentes tratados são encaminhados diretamente de seu ponto de
descarga até o local do reuso, não sendo descarregados no meio ambiente,
destinando-se a uso em indústria ou irrigação.
Aplicações da água reciclada
Fonte: Adaptado www.reusodeagua.hpg.com.br e www.ana.gov.br (2009).
136
Para esta pesquisa alguns aspectos foram destacados como a utilização de
sanitários secos, não encontrado em qualquer das comunidades pesquisadas;
biodigestores foram encontrados apenas no Banco da Vitória, o que caracteriza a falta
de utilização racional dos sistemas sanitários nas três comunidades. Segundo os
moradores pesquisados, a atual sistema sanitário contamina o ecossistema local,
entretanto a população desconhece práticas de reutilização das águas residuárias,
indicando, assim, a necessidade de um programa de educação ambiental para melhor
aproveitamento desses resíduos e de recursos financeiros para melhorias no sistema
sanitário.
Dessa forma, a água que chega até as localidades acaba sendo devolvida muito
poluída sem a menor preocupação com a contaminação local existente e não tratada.
Outros problemas também encontrados referem-se ao descarte de substâncias tóxicas
(tintas, gasolina, óleo de cozinha, pilhas dentre outros), que acabam poluindo o
ambiente sem que a população saiba da necessidade de coleta especial (alguns
entrevistados no Banco da Vitória informaram saber dessa necessidade, entretanto não
sabiam como agir).
De acordo com a metodologia aplicada (Figura 45), a situação encontrada para o
Banco da Vitória foi a melhor detectada entre as outras comunidades, a comunidade
obteve 27 pontos indicando um bom caminho no direcionamento a sustentabilidade. Já
no Salobrinho, em que nada se faz ou nada se sabe, a comunidade obteve 15 pontos,
ficando numa escala ruim, necessitando de mais ações a serem empreendidas no
direcionamento ao desenvolvimento sustentável. A pior situação é a da comunidade de
Olivença, outrora caracterizada como Estância Hidromineral, hoje com altos índices de
contaminação da água e nenhuma técnica de reutilização; dessa forma, Olivença obteve
12 pontos para esse indicador, estando numa situação ruim no direcionamento ao
caminho da sustentabilidade.
3.1.7 Indicador Ecológico 7 - Fontes e Uso da Energia
Esse indicador trata da existência de fontes e consumo de energia e, devido ao
crescimento descontrolado da população mundial, tem-se hoje uma situação grave e
preocupante com relação às fontes de energia, uma vez que a economia mundial está
pautada no consumo de combustíveis fósseis e a produção de energia limpa ainda é cara.
137
A energia renovável é originada de fontes naturais que possuem capacidade de
renovação, não se esgotam, ao contrário das demais, que se esgotam facilmente e geram
impactos graves ao ecossistema. As vantagens da utilização de energia limpa são: o
aumento da quantidade e oferta de energia, a garantia de sustentabilidade dos recursos, a
redução das emissões atmosféricas de poluentes, a abundância e a utilização de pequenas
centrais geradoras.
Dentre as fontes de energia renováveis, cita-se a energia solar, a energia eólica, a
energia hidráulica, a energia da biomassa, a energia geotérmica, a energia mareomotriz
e a energia nuclear. E as não renováveis são geradas dos combustíveis fósseis,
detalhados no Quadro 08.
Para a verificação desse indicador e a forma de utilização da energia, a pesquisa
detectou nas três comunidades o predomínio de utilização de energia hidroelétrica nas
residências e gás para cozinha, não existindo preocupação com utilização de fontes
renováveis, sendo padrão de consumo para as três comunidades.
A energia hidroelétrica é fornecida pela rede pública utilizando fontes
renováveis, mas que, no entanto, causam grandes impactos ao ecossistema, oriundos da
implantação de usinas hidroelétricas.
Outra fonte importante é a utilização de combustíveis fósseis derivados do
petróleo, consumidos principalmente nos transportes motorizados. Em todas as três
comunidades pesquisadas, encontraram-se postos de combustíveis para atendimento dos
residentes e passantes.
Em se tratando de utilização dessa energia, não existe preocupação coletiva em
buscar alternativas renováveis, talvez por falta de informação, talvez pela acomodação
das comunidades que ficam esperando que o poder público resolva tudo, não existindo
educação e, consequentemente, consciência sobre a necessidade de utilização de fontes
renováveis, e segundo os entrevistados muitos não sabem dessa possibilidade. Não
existem programas na localidade que disponibilizem informações sobre a melhor
utilização da energia, uma vez que existe uma preocupação em virtude das altas taxas
cobradas pelo serviço público e, neste sentido, os consumidores de energia nas três
comunidades preocupam-se apenas com os preços cobrados pelos serviços.
138
Quadro 08 – Principais Fontes de Energia
Energia
Hidráulica
Produzida a partir de usinas hidrelétricas onde a queda d‟água faz
funcionar geradores elétricos produzindo energia, apesar da implantação
das usinas gerarem sérios impactos ambientais ela ainda é considerada
energia limpa.
Energia
Fóssil
Formada a milhões de anos a partir do acúmulo de materiais
orgânicos no subsolo. Provoca poluição, e contribui com o aumento
do efeito estufa e aquecimento global. Ocorre principalmente nos
casos dos derivados de petróleo (diesel e gasolina) e do carvão
mineral. Já o gás natural possui o níveis de poluentes menores.
Energia
Solar
Pouco explorada no mundo, devido ao alto custo elevado de
implantação, é uma fonte limpa, e a radiação solar é captada e
transformada para gerar calor ou eletricidade
Energia de
Biomassa
Gerada a partir da decomposição, em curto prazo, de materiais
orgânicos e o gás metano produzido é usado para gerar energia.
Energia
Eólica
Gerada a partir do vento onde grandes hélices são instaladas em
áreas abertas, sendo que, os movimentos delas geram energia
elétrica. É uma fonte limpa e inesgotável.
Energia
Nuclear
O urânio é é desintegrado e uma enorme quantidade de energia é
liberada. As usinas nucleares aproveitam esta energia para gerar
eletricidade. Apesar de nao produzir poluentes, a quantidade de lixo
nuclear é um ponto negativo e os acidentes embora raros,
representam um grande perigo.
Energia
geotérmica
Nas camadas profundas da crosta terrestre existe um alto nível de
calor. Em algumas regiões, a temperatura pode superar 5.000°C. As
usinas podem utilizar este calor para acionar turbinas elétricas e
gerar energia.
Energia
Maremotriz
Gerada a partir do movimento das águas oceânicas nas marés. Possui
um custo elevado de implantação e, por isso, é pouco utilizada.
Especialistas em energia afirmam que, no futuro, esta, será uma das
principais fontes de energia do planeta
Fonte: Adaptado fontesdeenergia.blogspot.com (2010).
Existe um programa da empresa distribuidora de energia na substituição dos
equipamentos antigos por equipamentos modernos, gradativamente, considerando que
as comunidades são carentes economicamente. Segundo moradores entrevistados, a
preocupação com o consumo de energia elétrica iniciou-se apenas a partir do ano de
2001, como o racionamento imposto pelo Governo Federal.
139
Os valores obtidos para esse indicador (Figura 45) foram ruins nas três
comunidades pesquisadas, sendo que o pior valor foi em Salobrinho com apenas 10
pontos, o Banco da Vitória, com 13 pontos, e Olivença, com 14 pontos. Isso significa
que são necessárias muitas ações que direcionem o consumo de energia ao
desenvolvimento sustentável, em especial a necessidade de programas educacionais e
programas de compartilhamento de equipamentos para estimular a sustentabilidade.
140
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados da avaliação quantitativa da sustentabilidade nas comunidades de
Olivença, Banco da Vitória e Salobrinho, apresentados e discutidos neste trabalho,
representam o nível de sustentabilidade segundo a Rede Global de Ecovilas (2009), e
segundo a proposta problemática e dos objetivos elaborados, os resultados foram
plenamente alcançados nesta pesquisa. Esses indicadores, conforme propostos, foram
agrupados em Indicadores de Sustentabilidade: Cultural, Socioeconômicos e
Ecológicos.
As comunidades pesquisadas ficaram aquém das expectativas para os níveis de
excelência esperada pela metodologia da pesquisa, ou seja, uma qualidade de vida de
seus residentes, pelo menos, considerado aceitável pelas organizações de saúde e bem
estar, principalmente quando considerados e comparados, com os valores previstos para
cada e os obtidos. Dentro da proposta considerada, podia-se avaliar esses níveis de
excelências ou de qualidades consideradas ruins nas comunidades, através de um valor
previsto, para uma avaliação quantitativa total.
Assim, pode-se afirmar, pelos resultados obtidos, que a comunidade de
Olivença possui bom conhecimento em direção à sustentabilidade, cujo valor total
encontrado de 588 pontos obtidos, e comparado com o previsto, entre 484 pontos e
1003 pontos, que classificam Olivença com um bom direcionamento à sustentabilidade,
mas que ainda necessita de ações para a melhoria da qualidade de vida na comunidade
como, por exemplo, melhorias na utilização dos recursos naturais, na formatação de
produtos culturais indígenas e consequentemente melhoria nas oportunidades de
trabalho e negócios sustentáveis.
Ainda de acordo com essa avaliação dos dados previstos totais, a comunidade
de Banco da Vitória obteve 453 e Salobrinho, 332 pontos, os quais, comparados com os
141
valores previstos, ou seja, respectivamente abaixo de 483 pontos, infere-se que essas
comunidades se encontram em situação ruim, requerendo ainda muitas ações no sentido
de direcioná-las ao desenvolvimento sustentável.
A comunidade de Olivença obteve valores expressivos para os índices de
Sustentabilidade Espiritual e de Paz e Consciência Global, o que leva a afirmar que
Olivença, nesses indicadores, está no nível de excelente direcionamento à
sustentabilidade. Outros indicadores, também, se destacaram positivamente em
Olivença, como: Abertura, Confiança e Segurança em Espaços; a Sustentabilidade
Cultural específica tratado no indicador Cultura 2; Um Novo ponto de Vista
Holográfico e Circulatório do Mundo; e Visão Comunitária, todas estas indicando um
bom direcionamento a caminho da sustentabilidade. Essa comunidade obteve valores
inexpressivos para os indicadores de Artes e Lazer e Habilidade na Resposta
Comunitária dentro dos Indicadores de Cultura, sendo considerada, nesses aspectos,
como ruim.
No grupo de Indicadores de Sustentabilidade Socioeconômica essa comunidade
obteve três indicadores expressivos: Fluxo das Ideias e da Informação, Educação e
Saúde, o que indicam um bom direcionamento a caminho da sustentabilidade. Obteve,
entretanto, alguns valores inexpressivos para a Sustentabilidade Econômica, nos itens
Economia, Serviços, Formação de Redes, Assistência e Difusão - Intercâmbio de
recursos (Interno e Externo) e Governança, indicando um direcionamento ruim a
caminho da sustentabilidade.
Outro grupo de indicador analisado voltado para a Ecologia local e que,
semelhante ao indicador de Sustentabilidade Socioeconômica, nenhum dos itens
analisados atingiu o nível de excelência proposto pela metodologia. Nessa comunidade
os indicadores ecológicos, que atingiram um bom nível de conhecimento a caminho da
sustentabilidade, foram: Conexão com o Lugar - Localização e Escala da Comunidade e
Restauração e Preservação da Natureza; Disponibilidade, Produção e Distribuição de
Alimentos e Água - Fontes, Qualidade e Padrões de Uso. Os demais obtiveram valores
inexpressivos, como: a Infraestrutura Física, Edificações e Transportes - Materiais,
Métodos e Soluções Criativas Ecológicas; Padrões de Consumo e Manejo de Resíduos
Sólidos; Águas Residuais e Manejo da Contaminação das Águas; Fontes e Uso da
Energia), indicando ruim direcionamento a caminho da sustentabilidade.
No Banco da Vitória, os indicadores mais expressivos foram os de
142
Sustentabilidade Espiritual, de Paz e Consciência Global, de Sustentabilidade Cultural,
de um Novo Ponto de Vista Holográfico e Circulatório do Mundo, de Educação, de
Saúde e de Águas Residuais e Manejo da Contaminação das Águas, já os outros
indicadores obtiveram valores inexpressivos (Abertura, Confiança e Segurança em
Espaço Comum; Artes e Lazer; Economia; Fluxo das Ideias e da Informação; Serviços,
Formação de Redes, Assistência e Difusão - Intercâmbio de recursos (Interno e
Externo); Governança; Conexão com o Lugar - Localização e Escala da Comunidade;
Restauração e Preservação da Natureza; Disponibilidade, Produção e Distribuição de
Alimentos; Infraestrutura Física, Edificações e Transportes - Materiais, Métodos e
Soluções Criativas Ecológicas; Padrões de Consumo e Manejo de Resíduos Sólidos;
Água - Fontes, Qualidade e Padrões de Uso e Fontes e Uso da Energia).
A comunidade do Salobrinho foi a que obteve a pior pontuação, nela poucos
indicadores obtiveram valores expressivos, são eles os indicadores de Sustentabilidade
Espiritual e Paz e Consciência Global, todos os demais indicadores obtiveram
pontuação muito baixa, o que deixa essa comunidade em pior situação, como já
explicado no Capítulo 01.
A situação encontrada na comunidade do Salobrinho, assim como nos outros
indicadores, foi a pior dentre as três comunidades pesquisadas, onde apenas o indicador
Educação obteve destaque expressivo, fato que se dá devido à localização da UESC em
seu território, mesmo assim, segundo os moradores, é difícil o acesso da população
local a seus cursos.
O Salobrinho obteve, conforme Tabela 02, pontuação ruim para quase todos os
indicadores, porém destaca-se o indicador de Economia, que obteve valor negativo, o
que muito preocupa, pois a pobreza é o maior empecilho do desenvolvimento
sustentável.
As comunidades de Olivença e Banco da Vitória, por se tratarem de destinos
turísticos, precisam melhorar a qualidade de seus serviços e a qualidade de vida de seus
moradores, para atender melhor turistas e visitantes. O Salobrinho, segundo a pesquisa,
encontra-se em uma situação muito ruim, necessitando de melhorias em todos os
aspectos.
Olivença culturalmente e ambientalmente possui condições de se consolidar
como um produto turístico, entretanto, para que isso ocorra, é preciso que exista um
planejamento, e a formatação de seus recursos em produto turístico e cultural, em
143
especial produtos turísticos culturais indígenas. Contudo, esse planejamento deve partir
das lideranças locais, em conjunto com o governo do município de Ilhéus e com o
governo do Estado da Bahia.
Para que essas melhorias aconteçam, a pesquisa sugere que sejam realizados
workshops apresentando os principais problemas encontrados e alternativas de
melhorias para que a população local possa buscar por melhorias em sua qualidade de
vida, entretanto essa busca não deve focar apenas as ações governamentais e sim em
projetos educacionais e conscientizadores, em que a própria população descobrirá quais
os melhores caminhos a seguir de acordo com a sua cultura (hábitos e valores), bem
como seus padrões e desejos socioeconômicos para melhor utilizar os recursos
disponíveis.
Assim, ao finalizar este trabalho, tem-se a certeza de que a aquisição de novos
hábitos possibilitaria a essas comunidades uma melhor condição de vida e melhor
sustentabilidade turística. Entretanto, para que isso ocorra, é necessária a realização de
novas pesquisas sobre turismo e sobre sustentabilidade quantitativa nas comunidades,
considerando uma oportunidade para melhorar a metodologia utilizada, pesos dos itens.
A própria metodologia sugere que essa análise quantitativa seja feita anualmente
para verificar a situação desses indicadores e para planejamento de ações que busquem
a sustentabilidade, com o intuito de melhorar a qualidade de vida local, formatar
possíveis produtos turísticos e culturais sustentáveis.
O desenvolvimento sustentável dessas comunidades será fundamental para o
desenvolvimento da atividade turística, contribuindo na melhoria do nível da qualidade
de vida local e valorizando as características da comunidade, atendendo, assim, as
necessidades dos moradores das comunidades e consequentemente os turistas e
visitantes, contribuindo para o processo de desenvolvimento sustentável local.
144
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151
APENDICES – Questionários
O QUANTO É SUSTENTÁVEL A SUA COMUNIDADE?
COMUNICAÇÃO
Idade Sexo Ocupação Estado civil Grau de instrução
Tempo de moradia na comunidade
Onde trabalha
Como chegou a esse cargo
LISTA DE CONFERÊNCIA COMUNICAÇÃO 1
Comunicação - o Fluxo das Idéias e da Informação
A. O sistema para prover regularmente os membros da comunidade com informação, realizar
intercâmbios de idéias e anúncios é:
.excelente (15) . adequado (5) . mínimo (1) . inadequado / não existem (0)
Quais são os sistemas de comunicação utilizados? _____________________________________________________________________________________
Os membros da comunidade utilizam esse sistema:
sempre (10) . as vezes (3) . pouco (1) .para nada (0)
B.Os sistemas de comunicação são utilizados e funcionam bem na comunidade para o seguinte: (marcar
tantos quantos se apliquem)
Anúncios de eventos sociais (3) . Anúncios de atividades de trabalho grupal (3) .
Fomentar discussões para decisões importantes para a comunidade (3)
Disponibilizar informações a cerca de decisões tomadas anteriores e políticas da comunidade (3)
Promover o compartilhamento de recursos, habilidades, transporte, etc. (3)
Promover apoio pessoal quando algum membro da comunidade o necessita (3) Incentivar o intercâmbio de idéias e visões, discussão de valores, sem censura (3)
Outros (1 ponto para cada um) - descreva-os:
_____________________________________________________________________________________
C. Os membros da comunidade têm acesso adequado a:
Conhecerem-se e conversar pessoalmente:.sempre (8) as vezes (4) . raramente (3)
Telefone: Sim (5) não (-3)
Fax: Sim ( 4 ) não (-1 )
Serviço regular de correio: Sim (3 ) não ( -1 )
Internet / e-mail: Sim ( 2) não ( 0 )
Outros (1 ponto para cada um) - descreva-os _____________________________________________________________________________________
LISTA DE CONFERÊNCIA COMUNICAÇÃO 2
Serviços, Formação de Redes, Assistência e Difusão - Intercâmbio de recursos ( Externo e Externo).
A. A informação sobre a comunidade está disponível para outras pessoas ( público em geral) de alguma
forma: . sim (5) . não (-3)
Qual?
_____________________________________________________________________________________
152
B. A comunidade oferece programas e/ou serviços quanto aos métodos de vida sustentável, tecnologia
e/ou negócios: (especifique)
Aos membros da comunidade : sim (5) . não (-3)
Ao público em geral . sim (5) . não (-3)
C. A comunidade providencia assistência / serviço a quem necessita: (marcar tantos quantos se apliquem)
. Dentro da comunidade (10) Dentro da região (5) No país / estado (5) Em outras partes do mundo(5)
Qual o tipo de assitência ou serviço?
_____________________________________________________________________________________
D. Até que ponto a comunidade obtém rendimentos (alguma vantagem) a partir de processos e serviços:
(marcar tantos quantos se apliquem)
Dentro da comunidade: .sempre (5) . as vezes (3) . muito pouco (1) .quase nada (-1)
Dentro da região: .sempre (5) . as vezes (3) . muito pouco (1) .quase nada (-1)
Quais serviços?
_____________________________________________________________________________________
E. Até que ponto há serviços e oportunidades disponíveis para a juventude?
.sempre (7) . as vezes (3) . muito pouco (1) .quase nada (-3)
F. A comunidade constrói relações e intercâmbios de informação, recursos e apoio com outras
comunidades e organizações afins:
.sempre (7) . as vezes (3) . muito pouco (1) .quase nada (-1)
De que tipo?
_____________________________________________________________________________________
153
O QUANTO É SUSTENTÁVEL A SUA COMUNIDADE?
CULTURA
Os aspectos socio-culturais da vida em comunidade estão equilibrados quando:
Existe um sentido de estabilidade e dinamismo social na vida da comunidade; uma base de segurança e
confiança que permite aos indivíduos expressarem-se livremente em benefício de todos.
A vida cultural sustenta-se através das artes e outras atividades culturais e celebrações, inclusive
religiosas.
A criatividade e as artes são vistas como a expressão de uma unidade e inter-relação com nosso universo,
e se promovem e apóiam, através de várias formas de expressão artística, de uma vida engenhosa, assim como o preservar e compartilhar a beleza e valores estéticos. O tempo livre é valorizado. Sem se importar
se a comunidade é urbana, suburbana ou rural, desenvolvida ou não existe um entendimento crescente
sobre a interconexão e interdependência de todos os elementos vivos da Terra. A comunidade conhece
seu lugar e a relação com o todo.
Perfil
Idade Sexo Ocupação Estado civil Grau de instrução
Tempo de moradia na comunidade
Onde trabalha
Como chegou a esse cargo
LISTA DE CONFERÊNCIA CULTURA 1
Abertura, Confiança e Segurança; Espaço Comum
A. O quanto está consolidada a segurança dentro da comunidade?
muito (6) . razoavelmente (3) . pouco (0) . não está (-1)
B. Até que ponto a comunidade é um lugar seguro para as mulheres? completamente (6) normalmente (3) . as vezes (0) . não é (-1)
C. Até que ponto a comunidade é um lugar seguro para as crianças?
completamente (6) normalmente (3) . as vezes (0) . não é (-1)
D. Até que ponto as pessoas da comunidade conhecem e tem uma relação de ajuda mútua com seus
vizinhos?
quase sempre (6) .sempre (3) .as vezes (0) . para nada (-1)
E. Os crimes dos adultos na comunidade são:
raros (6) . ocasionais (3) . freqüentes (-3) . constantes (-5)
que tipos? _____________________________________________________________________________________
F. Os crimes juvenis na comunidade são?
raros (6) . ocasionais (3) . freqüentes (-3) . constantes (-5)
que tipos?
_____________________________________________________________________________________
G. Os espaços interiores para encontros comunitários e atividades sociais são:
excelentes (6) . adequados (3) . mínimos (1) . inadequados / não existem (0)
H. Os espaços exteriores para encontros comunitários e atividades sociais são? excelentes (6) . adequados (3) . mínimos (1) . inadequados / não existem (0)
I. Os lugares disponíveis para atividades salutares e reuniões de jovens são:
excelentes (6) . adequados (3) . mínimos (1) . inadequados / não existem (0)
J. A freqüência dos encontros sociais de toda comunidade e atividades comunitárias é :
diária(7) . semanal (5) . mensal (3) . sazonal (0) . raramente (-1)
Que tipo de encontros sociais?
_____________________________________________________________________________________
154
LISTA DE CONFERÊNCIA CULTURA 2
Sustentabilidade Cultural
A. A herança cultural/étnica da comunidade preserva-se e é celebrada através de (marcar tantos quantos
se apliquem):
transmissão oral ou em encontros (5)
arquivos e atas escritas (5) pessoa(s) servindo como historiador (es/as) (5)
entretenimento / aprendizagem em atividades específicas da comunidade (artesanatos, linguagem
indígena, produtos folclóricos, etc.) (5) especificar____________________________________________
uma visão comum, um método para assegurar continuidade da cultura no futuro (5)
cerimônias e celebrações (5) _____________________________________________________________
arte (fotografia, murais, canções, etc.) (5)
não se aplica (0)
Quais são os tipos de igrejas existentes?
_____________________________________________________________________________________
Que tipos de práticas espirituais existentes?
que tipos?
_____________________________________________________________________________________
Os membros da comunidade que não compartilham de uma herança cultural em comum:
juntam-se para celebrar o companheirismo dos membros da comunidade (15)
valorizam e atuam para preservar a cultura / história da comunidade por alguns dos métodos descritos
acima (15)
B. São oferecidos programas culturais, festivais e celebrações abertas a quem queira participar (marcar
tantos quantos se apliquem): dentro da comunidade (10) . nenhum ao redor (-5)
quais programas?
_____________________________________________________________________________________
C. Indique uma estimativa de quantos membros da comunidade conhecem a história sobre a evolução e
origem da comunidade
a maioria (13) . alguns (6) . poucos (1) . nenhum (-4)
Pq esse local tem esse nome?
_____________________________________________________________________________________
D. Os ciclos ou transições da vida são celebrados mediante cerimônias e ou rituais de passagem: .
sempre - com poucas exceções (13) . usualmente (6) ocasionalmente (2) . nunca (-5)
E. É incentivado o uso de resíduos, em atividades criativas /artísticas na comunidade?
sim . muito (5) .pouco (2 ) não . (0)
Que tipo de atividade?
_____________________________________________________________________________________
LISTA DE CONFERÊNCIA CULTURA 3
Artes e Lazer
A. Existem oportunidades disponíveis aos membros da comunidade para desenvolverem talentos
artísticos (oficinas de aprendizagem e apoio em iniciativas artísticas individuais)?
freqüentemente (6) . às vezes (2) . raramente ( 0) . nunca (-2)
155
B. Essas oportunidades incluem (marcar tantos quantos se apliquem):
pintura (2) . música (2) literatura (2) dança (2) . cerâmica / escultura(2) . teatro/artes dramáticas (2)
tecelagem (2) . artesanatos folclóricos(2) . fotografia (2) outros (1 ponto para cada um) - descreva-os
C. A comunidade valoriza e motiva o desenvolvimento de entretenimentos locais:
muito (6) . moderadamente (3) . pouco (1) . nada (-1)
D. Até que ponto os membros da comunidade têm tempo para atividades recreativas e de lazer (esportes,
hobbies, relaxamento, jogos cooperativos, etc.)? muito (6) . moderadamente (3) . pouco (1) . nada (-1)
quais?
_____________________________________________________________________________________
E. Existem espaços disponíveis para atividades e eventos de grupo:
dentro da comunidade:
sim(6) de que tipo e para qual atividade . não (-1)
fora da comunidade: . sim(6) de que tipo e para qual atividade. não (-1)
F. Os espaços para encontros e atividades culturais são:
excelentes (5) . adequados (3) . inadequados /.. mínimo (1) não existem (0)
G. Indique a freqüência de eventos artísticos / celebrações na comunidade:
diária (5) . semanal (3) . mensal (2) sazonal (2) . anual (1) nunca (-5)
tipo ?
_____________________________________________________________________________________
H. O desenho e a aparência da comunidade denotam que a comunidade valoriza a arte, a beleza, a
harmonia e as qualidades estéticas:
claramente (6) . bastante (3) . pouco (1) . nada (-1)
I. Até que ponto a expressão da beleza (na arte, cerimônias, poesia, jardins, arquitetura, etc.) forma parte do estilo de vida da comunidade?
muito (6) . moderadamente (3) . pouco (1) . nada (-1)
LISTA DE CONFERÊNCIA CULTURA 4
Um Novo Ponto de Vista Holográfico e Circulatório do Mundo
A. A comunidade valoriza conscientemente a(responsabilidade, crescimento, cuidado pessoal e interação
com os outros) e se descreve melhor como:
muito (14) . moderadamente (10) . muito pouco (5) . nada (-3)
B.Até que ponto a diversidade (humana) é valorizada e se incentiva como um elemento importante
para a saúde global e ou êxito da comunidade: muito (14) . moderadamente (10) . muito pouco (5) . nada (-3)
C. Até que ponto existe uma visão das pessoas sobre esse lugar e sobre o contexto mundial?
muito (14) . moderadamente (10) . muito pouco (5) . nada (-3)
D. Até que ponto o conceito de sustentabilidade está ganhando aceitação e é utilizado na comunidade?
muito (14) . moderadamente (10) . muito pouco (5) . nada (-3)
para você o que é sustentabilidade?
____________________________________________________________________________________
E.Até que ponto existe dentro da comunidade, um compromisso com um propósito maior, visando o bem estar de todos?
muito (15) . moderadamente (10) . muito pouco (5) . nada (-3)
Some os números nos parênteses de cada item que tenha sido assinalado.
156
O QUANTO É SUSTENTÁVEL A SUA COMUNIDADE?
SAÚDE
Os aspectos de saúde da vida em comunidade estão em equilíbrio quando:
Existem opções disponíveis e acessíveis para restabelecer, manter e melhorar a saúde (física, mental,
emocional e espiritual), incluindo remédios naturais e práticas complementares, como a meditação e o
trabalho do corpo.
Idade Sexo Ocupação Estado civil Grau de instrução
Tempo de moradia na
comunidade
Onde trabalha
Como chegou a esse cargo
LISTA DE CONFERÊNCIA SAÚDE
A. A atenção à saúde é: (marcar tantos quantos se apliquem) .
Localmente disponível (3) . facilmente acessível (3) . econômica (3)
B. As opções disponíveis para o cuidado da saúde dentro ou fora da comunidade são: (marcar tantos
quantos se apliquem) - se fora especificar local
Atendimento básico - serviços médicos convencionais (2)
Atendimento dentário - serviços médicos convencionais (2)
Atendimentos emergenciais (2)
Atendimento pré-natal (2)
Atendimento materno (2)
Atendimento pediátrico (2) Atendimento geriátrico (2)
Atendimento e apoio para portadores de deficiências (2)
Atendimento e apoio para doentes terminais (2)
Serviços tradicionais (cerimoniais, conselhos, etc.) (2)
Remédios alternativos (ervas, etc.) (2) – como e quais?
Cuidado preventivo / educativo (dietas, exercícios, etc.) (2)
Homeopatia (2)
Terapias complementares (trabalhos corporais, vibracionais, meditação, etc.) ( 2)
Terapias espirituais (2)
Outros (1 ponto para cada um) - descreva-os
_____________________________________________________________________________________
C. O quanto são satisfeitas as necessidades quanto à saúde dentro ou fora da comunidade?
Física .
bem (2) . adequadamente (1) . pobremente(0) . quase nada (-2)
Onde:_______________________________________________________________________________
Mental .
bem (2) . adequadamente (1) . pobremente(0) . quase nada (-2)
Onde:_______________________________________________________________________________
Emocional .
bem (2) . adequadamente (1) . pobremente(0) . quase nada (-2)
Onde:_______________________________________________________________________________
Espiritual . bem (2) . adequadamente (1) . pobremente(0) . quase nada (-2)
Onde:_______________________________________________________________________________
D. As mortes ocasionadas por causas que poderiam ter sido prevenidas na comunidade são:
raras (6) . ocasionais (3) . comuns (-1) . freqüentes (-3)
E. As mortes por suicídio / homicídios / abuso de drogas na comunidade são:
raras (6) . ocasionais (3) . comuns (-1) . freqüentes (-3)
157
F. A incidência de enfermidades infecto-contagiosas na comunidade:
raras (6) . ocasionais (3) . comuns (-1) . freqüentes (-3)
G. Quanto aos aspectos de saúde, até que ponto existe um compromisso geral de viver sustentavelmente
na comunidade:
muito (6) . algum (3) . um pouco (1) . quase nada (-3)
ECOLOGIA
Idade Sexo Ocupação Estado civil Grau de instrução
Tempo de moradia na
comunidade
Onde trabalha
Como chegou a esse cargo
LISTA DE CONFERÊNCIA ECOLOGIA 1 Conexão com o Lugar - Localização e Escala da Comunidade; Restauração e Preservação
da Natureza:
1. Você acredita que as pessoas desta comunidade se preocupam com o equilíbrio ecológico entre a
localidade e seus recursos naturais?
_____________________________________________________________________________________
2. As pessoas da comunidade já solicitaram/solicitam ou já cansaram de reinvidicar aspectos relacionados
às suas necessidades ecológicas ( água, lixo, esgoto). Quais reinvidicações foram feitas e : atendidas /não
atendidas( 01 ponto por reinvidicação atendida)
_____________________________________________________________________________________
A. Quantas pessoas na comunidade você descreveria como estando conectadas e vivendo
harmoniosamente com o lugar onde vivem?
todas ou poucas exceções (5) a maioria (3) algumas (1) Poucas(0) nenhuma (-1)
B. Quantas pessoas que pertencem a esta comunidade (a tem como sua principal residência)
0 -5 (0) 5 – 19 (1) 20 – 49 (2) 50 - 500(4) 501-1000 (2) 1000-2000 (1) 2000 + (0)
C. Faça uma estimativa da quantidade de pessoas da comunidade com conhecimento de plantas nativas é:
a maioria (5) algumas (3) a minoria (1) poucas ou nenhuma (0)
D. As plantas nativas e a vida silvestre desta área: selecionar onde se aplica:
São ativamente ajudadas e reforçadas: sempre (4) as vezes (2) raramente (0) nunca (1)
São protegidas: sempre (4) as vezes (2) raramente (0) nunca (1) São regatadas quando prejudicadas por atividades humanas:
sempre (4) as vezes (2) raramente (0) nunca (1)
De onde vêm o material que os artesãos utilizam? São colhidos ou aproveitados de árvores mortes?
_____________________________________________________________________________________
3. O que você entende por plantas nativas e vida silvestre?
_____________________________________________________________________________________
4. Elas são protegidas? por quem?
Órgão público (fed ) (est) (mun), qual e como ? _____________________________________________________________________________________
A comunidade , associações locais, ong
_____________________________________________________________________________________
158
E. A quantidade de matéria orgânica e cobertura do solo cresce anualmente: selecionar onde se aplica
em toda a
biorregião (5)
na maioria das
terras da
comunidade (3)
nas áreas de
produção de
alimentos somente
(1)
não há aumento
(0)
há diminuição (-1)
F. Anualmente a degradação do solo tem:
aumentado (-5) permanecido estável (0) diminuído (3) foi erradicada (5)
G. A diversidade de espécies apropriadas para a comunidade está:
Flora: em aumento (4) sem mudanças (1) diminuindo (-1)
Fauna: em aumento (4) sem mudanças (1) diminuindo (-1)
H. A mudança na saúde em geral do ambiente com relação ao ano anterior foi:
Qualidade do Solo: pior (-1) sem mudanças (1) melhor (3)
Qualidade da Água: pior (-1) sem mudanças (1) melhor (3)
Qualidade do Ar: pior (-1) sem mudanças (1) melhor (3)
I. Até que ponto o ambiente natural da comunidade é perturbado por:
Poluição sonora (sons desagradáveis gerados por atividades humanas perturbando os sons da natureza)?
freqüentemente (-1) as vezes (0) raramente (2) quase nada (4)
Poluição lumínica (fontes de luz potentes que podem prejudicar e impedir de ver as estrelas)?
freqüentemente (-1) as vezes (0) raramente (2) quase nada (4)
Lixo (gerado pelos humanos, descartado de forma inapropriada)?
freqüentemente (-1) as vezes (0) raramente (2) quase nada (4)
Poluição Atmosférica (gases, particulados etc.)?
freqüentemente (-1) as vezes (0) raramente (2) quase nada (4)
J. Até que ponto a comunidade planeja estrategicamente conservar e diminuir o uso dos recursos naturais
considerando as necessidades e usufruto das gerações futuras?
freqüentemente (-1) as vezes (0) raramente (2) quase nada (4)
L. Até que ponto os membros da comunidade participam ativamente da conservação do meio ambiente e
de atividades de restauração (plantando árvores, tirando as espécies não nativas etc.)?
freqüentemente (-1) as vezes (0) raramente (2) quase nada (4)
Some os números nos parênteses de cada item que tenha sido assinalado.
Total de Conexão com o Lugar: __________
55 + Indica um excelente progresso em direção a sustentabilidade
29 - 54 Indica um bom conhecimento em direção a sustentabilidade
0 -28 Indica que se requer mais ação para empreender o caminho à
sustentabilidade
Comentários:
159
LISTA DE CONFERÊNCIA ECOLOGIA 2
Idade Sexo Ocupação Estado civil Grau de instrução
Tempo de moradia na
comunidade
Onde trabalha
Como chegou a esse cargo
Disponibilidade, Produção e Distribuição de Alimentos:
A. O alimento que oferece um adequado equilíbrio nutricional à comunidade é: (marcar tantos quantos se
apliquem).
disponível localmente (3) acessível facilmente (3) economicamente acessível (3)
B. Os alimentos são -% estimada (se é menor que a % mínima, conta como 0 pontos)
Produzidos dentro da comunidade:
25% (1) 13 - 25% (3) 26 -40% ou mais(5)
Que tipos de alimentos são produzidos dentro da comunidade? _____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
Obtidos de produtores locais ou fora da comunidade: 25% (1) . 40% (3) 55% (5)
Cultivados organicamente: 25% (1) . 50% (3) 65% ou mais (5)
De cultivos bioregionais, tradicionais ou indígenas: 25% (1) . 50% (3) 65% ou mais (5)
C. É produzido alimento excedente: (marcar tantos quantos se apliquem)
dentro da comunidade (12) na bio-região (6) não se produz alimento extra (0)
o alimento que oferece uma nutrição adequada tem que ser trazido de fora da bio-região (-1)
O alimento excedente é: (marcar tantos quantos se apliquem)
armazenado para uso posterior (1) vendido (1) doado (1) armazenado para animais (1) .
compostado (1) descartado como lixo (-3)
D. Existe sobra de alimento?
freqüentemente (-1) às vezes (0) raramente (1) quase nunca (3)
E.Os excedentes restantes são: (marcar tantos quantos se apliquem)
doados (2) alimento para animais(2) reaproveitados(2) compostados(2) descartados como lixo (-3)
É produzido algum alimento para comercialização fora da comunidade? Quais e onde são
comercializados? _____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
F. Até que ponto se usam estufas, ou telhados verdes e/ou jardineiras nas janelas, para a produção de
alimentos durante o ano todo?
muito (6) . algumas vezes ( 3) . pouco (2) . nada (0)
não há necessidade - a produção de alimentos adquiridos fora é suficiente (4)
Obs. Se a comunidade não produz alimentos a pergunta G/H não se aplica
G. Na produção de alimentos na comunidade são utilizados pesticidas, herbicidas ou fertilizantes
químicos? constantemente (-3) . um pouco (-1) . minimamente (1) . nunca (6)
H. As sementes utilizadas para a produção de alimentos são: (marcar tantos quantos se apliquem) .
Não híbridas (6) (variedades que produzem sementes e preservam a biodiversidade, cultivadas e
intercambiadas localmente) .
Semente híbridas (-2) (sementes vendidas por corporações comerciais que não germinarão e por
conseguinte não podem ser guardadas para as colheitas do próximo ano)
Some os números nos parênteses de cada item que tenha sido assinalado.
Total de Disponibilidade, Produção e Distribuição de Alimentos: ________
160
LISTA DE CONFERÊNCIA ECOLOGIA 3
Idade Sexo Ocupação Estado civil Grau de instrução
Tempo de moradia na
comunidade
Onde trabalha
Como chegou a esse cargo
Infraestrutura Física, Edificações e Transportes - Materiais, Métodos e Soluções Criativas Ecológicas
A. Uma casa sustentável,pode ser considerado como a que oferece refúgio adequado é: (marcar tantos
quantos se apliquem) .
disponível localmente (4) economicamente acessível (4)
B. Até que ponto os materiais que se utilizam para construir são:
Naturais / recicláveis: . maioria (2) alguns (1) poucos ou nenhum (0)
Que materiais são?
Reciclados / materiais reutilizados: . maioria (2) alguns (1) poucos ou nenhum (0)
Que materiais são?
_____________________________________________________________________________________
De sua bio-região: .
maioria (2) alguns (1) poucos ou nenhum (0)
Que materiais são?
_____________________________________________________________________________________
C. As construções foram pensadas para minimizar as necessidades de energia e harmonizar-se com o
habitat utilizando: (marcar tantos quantos se apliquem) Espaços comuns (construções, casas compartilhadas etc.)
maioria (2) . alguns (1) .poucos ou nenhum (0)
Como:_______________________________________________________________________________
Soluções locais de isolamento térmico
maioria (2) alguns (1) .poucos ou nenhum (0)
Que soluções?
_____________________________________________________________________________________
Materiais de isolamento locais / não tóxicos
maioria (2) . alguns (1) .poucos ou nenhum (0)
Que materiais são?
_____________________________________________________________________________________ Orientação das construções (para ter uma boa luz, ventilação e conforto térmico)
maioria (2) . alguns (1) .poucos ou nenhum (0)
Quais orientações?
_____________________________________________________________________________________
Criação de microclimas favoráveis (plantas que regulam a temperatura exterior para o conforto)
maioria (2) . alguns (1) .poucos ou nenhum (0)
Como?
Projeto para integrar-se com a paisagem (cores, materiais, escolha do lugar, etc.) maioria (2) . alguns (1) .poucos ou nenhum (0)
Como?
_____________________________________________________________________________________
Projeto e planejamento da construção de modo que seja durável e ou renovável
maioria (2) . alguns (1) .poucos ou nenhum (0)
Como?
Outros (1 ponto por cada um) - Descreva-os
_____________________________________________________________________________________
161
D. Até que ponto as construções existentes são reformadas e comprometidas com critérios estéticos e
de sustentabilidade? a maioria (6) . algumas (3) . poucas ou nenhuma (0)
E. De alguma forma se busca honrar a terra ou sintonizar-se com ela, para se conectar ao ambiente natural
durante o planejamento e desenho da comunidade, desenvolvimento de infra-estrutura e atividades
comunitárias: sempre (4) .às vezes (2) .raramente (0) .nunca (-1)
F. Até que ponto o desenho da comunidade (as construções, infra-estrutura, paisagismo e outras
atividades) se fazem com permacultura ou outro sistema de aproximação integral, que se respeite ou integre tanto as necessidade da terra, fauna e flora local, como as necessidades humanas?
.sempre (4) .às vezes (2) .raramente (0) .nunca (-1)
G. A comunidade foi projetada para minimizar o uso interno de veículos motorizados?
.muito bem (4) . adequadamente (2) . minimamente (1) . inadequadamente (-1)
Os ônibus públicos tem acesso às ruas da comunidade?
_____________________________________________________________________________________
H. Com que freqüência os membros da comunidade tem de sair dela para satisfazer suas necessidades?
.sempre (-2) .às vezes (1) .raramente (0) .nunca (4)
Por que? _____________________________________________________________________________________
I. Até que ponto se utilizam métodos de conservação no transporte?
Sistemas de caminhos (para pedestres, bicicletas, cavalos etc.)
.sempre (2) .às vezes (1) .raramente (0) .nunca (-1)
Quais?
_____________________________________________________________________________________
Utiliza-se veículos com energia limpa e renovável:
.sempre (2) .às vezes (1) .raramente (0) .nunca (-1)
Quais?
_____________________________________________________________________________________
Existe a prática de compartilhar um veículo para ir de um lugar a outro:
.sempre (2) .às vezes (1) .raramente (0) .nunca (-1)
Como?
_____________________________________________________________________________________
Compartilhar a propriedade de veículos:
.sempre (2) .às vezes (1) .raramente (0) .nunca (-1)
Como?
Disponibilidade de transporte coletivo para grandes distâncias (ônibus, aéreo):
.sempre (2) .às vezes (1) .raramente (0) .nunca (-1)
Quais? outros ( 1 ponto por cada um) - Descreva-os
_____________________________________________________________________________________
O transporte coletivo possue a freqüência necessária para atender as necessidades da comunidade?
_____________________________________________________________________________________
Qual a sua opinião sobre o preço do transporte coletivo?
_____________________________________________________________________________________
Como funciona o transporte coletivo, quais os pontos positivos e negativos?
_____________________________________________________________________________________
J.As oportunidades de trabalho em casa, em vez de sair da comunidade são melhores:
.sempre (4) .às vezes (2) .raramente (0) .nunca (-1) Quais são as atividades desenvolvidas em casa?
_____________________________________________________________________________________
LISTA DE CONFERÊNCIA ECOLOGIA 4
Idade Sexo Ocupação Estado civil Grau de instrução
162
Tempo de moradia na
comunidade
Onde trabalha
Como chegou a esse cargo
Padrões de Consumo e Manejo de Resíduos Sólidos
A. Estime quantas pessoas dentro da comunidade utiliza os seguintes métodos para reduzir o consumo
dos recursos naturais e a geração de lixo sólido:
Simplicidade voluntária - onde o consumo pessoal é minimizado .
todas - com poucas exceções (10) maioria (6) .algumas (3) poucas / ninguém (0)
Recursos compartilhados -equipamentos, ferramentas, roupas, etc. .
todas - com poucas exceções (10) maioria (6) .algumas (3) poucas / ninguém (0)
Quais?
_____________________________________________________________________________________
Existem facilidades compartilhadas como: cozinhas, lavanderias, espaços de armazenamento, escritórios
etc. todas - com poucas exceções (10) maioria (6) .algumas (3) poucas / ninguém (0)
Quais?
_____________________________________________________________________________________
Existem compras através decooperativas / por atacado:
todas - com poucas exceções (10) maioria (6) .algumas (3) poucas / ninguém (0)
Quais?
Outros (1 ponto por cada um) - Descreva-os
_____________________________________________________________________________________
B. Até que ponto as necessidades da comunidade são satisfeitas por produtores locais (diminuindo as
distâncias entre produtores e consumidores)?
muito (5) algumas vezes(3) muito pouco (1) nada (-1) Quais?
_____________________________________________________________________________________
Na sua opinião o peixe pescado aqui supri as necessidades dos estabelecimentos comerciais?
_____________________________________________________________________________________
C. Indique qual dos seguintes sistemas é utilizado por sua comunidade e até que ponto?
Reciclagem:
vidro, plástico, alumínio, etc. (2)
sempre (5) às vezes (3) raramente (0) nunca (-5)
Reutilização: (2)
sempre (5) às vezes (3) raramente (0) nunca (-5) Consertar ou fabricar coisas (em vez de comprar) (2)
sempre (5) às vezes (3) raramente (0) nunca (-5)
Outros ( 1 ponto por cada um) - Especifique:
_____________________________________________________________________________________
D. Uma estimativa de quantas pessoas na comunidade conhece a localização e métodos de manejo do lixo
da mesma (lugar onde se joga, coleta periódica, etc.)
todas - com poucas exceções (10) maioria (6) algumas (3) poucas / ninguém (0)
quais métodos?
_____________________________________________________________________________________
CAraterísticas do lixo
_____________________________________________________________________________________
Destino do lixo _____________________________________________________________________________________
Regularidade de coletas
_____________________________________________________________________________________
E. Caso sua comunidade desenvolva alguma atividade econômica ou outra (gráfica, tecelagem, criação de
animais, fabricação de móveis etc.) que gere resíduos sólidos, o que é feito com esse resíduo?
reciclado (3) reutilizado(artesanato) (3) compostado (3) descartado como lixo (-3)
F. O volume de resíduos sólidos descartado como lixo é:
163
grande (-3) médio (0) pequeno (1) insignificante (3)
Some os números nos parênteses de cada item que tenha sido assinalado.
LISTA DE CONFERÊNCIA ECOLOGIA 5
Idade Sexo Ocupação Estado civil Grau de instrução
Tempo de moradia na comunidade
Onde trabalha
Como chegou a esse cargo
Água - Fontes, Qualidade e Padrões de Uso
A. Faça uma estimativa de quantas pessoas da comunidade conhecem, respeitam e protegem a fonte de
água:
todas - com poucas exceções (10) maioria (6) .algumas (3) poucas / ninguém (0)
Quais as fonte água utlizadas ( Embasa, cacimbas, cisterna, bicas ) _____________________________________________________________________________________
B. A fonte de água é: marque tanto quanto se aplique .
local e abundante/
renovável (4)
rede pública (0) poço (1) manancial ou outros (1)
bombeada através de
longas distâncias ou
importada (engarrafada,
em tanques etc.) (1)
armazenamento de
águas pluviais(1)
extremamente
inconveniente
(excessivamente cara,
distante, escassa /
racionada) (-1)
. de uma fonte não
renovável, ou de onde
se tira mais
rapidamente do que se
repõe.(-2)
Qual o percentual estimado de casas com água da rede pública?__________________________________
C. A água é: marque tanto quanto se aplique .
naturalmente limpa - não tratada, não requerendo filtros (5)
filtrada para remover impurezas naturais menores (3)
tratada com aditivos saudáveis para a saúde do ambiente, para balancear o pH ou equilibrar minerais (2)
tratada quimicamente com cloro, bromo, iodo ou flúor (0)
tratada com produtos químicos como na opção anterior e depois filtrada e purificada (1)
especifique?
_____________________________________________________________________________________
D. Os métodos de armazenamento da água são:
limpos e saudáveis (5) não saudáveis, com riscos de contaminação e possibilidade de causar riscos à saúde (-5)
que métodos são esses?
_____________________________________________________________________________________
E. Até que ponto são utilizados os seguintes métodos para economia de água?
Métodos de irrigação que economizam água (gotejamento, aspersão etc.):
. sempre (6) .às vezes (3) .raramente (1) .nunca (-1)
Reutilização de águas cinzas ou de sabão: sempre (6) .às vezes (3) .raramente (1) .nunca (-1)
Minimizando o uso da água no lar : sempre (6) .às vezes (3) .raramente (1) .nunca (-1)
Sistemas que reduzem o fluxo de água utilizada (chuveiros de baixo fluxo, etc.)
sempre (6) .às vezes (3) .raramente (1) .nunca (-1)
Se utilizam plantas nativas que toleram a seca e que requerem o mínimo de irrigação e manutenção.
sempre (6) .às vezes (3) .raramente (1) .nunca (-1) Uso de produtos naturais ou não tóxicos para limpeza, jardinagem, produtos do lar etc.
sempre (6) .às vezes (3) .raramente (1) .nunca (-1)
Quais:
_____________________________________________________________________________________
Existe o cuidado e manutenção com os canos na via pública de modo a prevenir / reparar vazamentos
164
sempre (6) .às vezes (3) .raramente (1) .nunca (-1)
As caixas de descarga de sanitários são de baixo fluxo ou caixas normais com fluxo regulado
sempre (6) .às vezes (3) .raramente (1) .nunca (-1)
Qual o percentual de residências que possuem esgotamento sanitários, casinhas?____________________
Descargas normais, não se utilizam métodos de economia de água em sanitários (-1)
Outros (1 ponto para cada um) Especifique:
F. A educação quanto a economia de água na comunidade é melhor descrita como: programas e informação disponíveis e utilizados pela maioria dos membros (5)
programas e informação disponíveis, mas não muito bem utilizados pelos membros (3)
não há programas ou informação disponíveis para os membros da comunidade (0)
quais programas existem?
LISTA DE CONFERÊNCIA ECOLOGIA 6
Idade Sexo Ocupação Estado civil Grau de instrução
Tempo de moradia na
comunidade
Onde trabalha
Como chegou a esse cargo
Águas Residuais e Manejo da Contaminação das Águas
A. O manejo de sistemas de águas residuais utilizados na comunidade inclui: (marcar tantos quantos se
apliquem)
Sanitários : secos todos (7) maioria (5) alguns (3) poucos (1)
Biodigestores, sistemas vivos construídos ou sistemas de terras úmidas
todos (5) . maioria (3) alguns (2) poucos (1)
Sistema convencional (fossa, sumidouro)
todos (-5) maioria (-3) alguns (-2) . poucos ( 1)
Outros (1 ponto para cada um) Especifique:
_____________________________________________________________________________________ Os sistemas sanitários não são manejados adequadamente (ameaça para a saúde) (-5)
B. Faça uma estimativa de quantas pessoas na comunidade conhecem a localização e o método de
tratamento
das águas utilizadas pela comunidade:
todas com algumas exceções(6) maioria (3) algumas (1) poucas, nenhuma (0)
que método é esse?
_____________________________________________________________________________________
C. As águas residuais em sua maioria são: .
positivas (possui adubo para plantas, piscicultura, etc.) (15)
negativa (possui emissores químicos ou outros contaminantes) (-5) neutras (5)
D. A qualidade da água que sai da comunidade, comparada com a que entra é:
melhor, mais limpa (10) igual, não ocorrendo mudanças (0) pior, sendo menos limpa (-5)
Se piora:
cumpre com as normas locais de emissão de resíduos na água sim (2) .não (0)
cumpre os padrões normais de água potável sim (3) .não (0)
E. Contaminação da água:
não existe localmente (10) existe e está sendo tratada para restabelecer a água limpa (8)
existe e não está sendo tratada (-5)
se existe que tipo de contaminação é este _____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
165
F. Existe um sistema disponível localmente para o descarte apropriado de substâncias tóxicas: (tintas,
gasolina, óleo, pilhas, baterias etc.)
.sim (2) que tipo? .não (0)
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
Os membros da comunidade fazem uso deles .
sim (2) .não (0) como?
LISTA DE CONFERÊNCIA ECOLOGIA 7
Idade Sexo Ocupação Estado civil Grau de instrução
Tempo de moradia na comunidade
Onde trabalha
Como chegou a esse cargo
Fontes e Uso da Energia
A. A quantidade de energia consumida que é gerada de fontes de energia renováveis ( solar, eólica,
hídrica, biomassa ou geotérmica) localizadas na comunidade é:
toda (7) maioria (5) alguma (3) pouca (1) nenhuma (0)
B. A quantidade de energia que é trazida / comprada de fora da comunidade provém de um fornecedor
que a gera utilizando fontes renováveis:
toda (5) maioria (3) alguma (2) pouca (1) nenhuma (0)
C. A quantidade de energia que é trazida / comprada de fora da comunidade provém de um fornecedor
que a gera utilizando fontes nucleares ou fontes de combustíveis fósseis.
toda (-6) maioria (-3) alguma (0) pouca (1) nenhuma (5)
Até que ponto os membros da comunidade são conscientes de que as necessidades energéticas são
satisfeitas utilizando fontes de energia não renováveis?
todas - muito poucas exceções (3) maioria (2) algumas (1) . poucas (1) nenhuma (-1)
Existem ações que visem a substituição da fonte de energia não renovável para uma alternativa
renovável? sim (3) . não (-1)
D. A educação quanto a economia de energia na comunidade é mais bem descrita como:
programas e informação disponíveis e utilizados pela maioria dos membros (7)
programas e informação disponíveis, mas não muito bem utilizados pelos membros (3)
não há programas ou informação disponíveis para os membros da comunidade (0)
quais os programas?
_____________________________________________________________________________________
E. A maioria das necessidades e atividades do lar (lavagem de roupa, preservação de alimentos,
etc.) se satisfazem utilizando:
métodos naturais, não elétricos (5) aparelhos com alta eficiência energética (3)
aparelhos com eficiência energética normal (1)
aparelhos normais com adaptações que aumentam a eficiência energética (2)
aparelhos com alto consumo de energia (antigos, sem manutenção etc.) (-1)
outros métodos sustentáveis. (1 ponto por cada um) Decreva-os:
_____________________________________________________________________________________
F. O aquecimento e esfriamento da água e dos espaços se procedem principalmente por:
sistema solar passivo,
geotermal ou biomassa
sustentável ( madeira inclusive) da terra da
comunidade (5)
gás natural, propano,
madeira bioregional ou
biomassa, bombeamento de biomassa ou bombeamento
de calor (3)
eletricidade
fornecida pela rede
pública (1)
combustível ou
eletricidade de uma
fonte não renovável.(0)
166
outros métodos sustentáveis. (1 ponto por cada um) Descreva-os:
G. Normalmente se cozinha com:
fogão, forno solar ou biomassa
sustentável da terra da
comunidade (incluindo madeira)
(3)
propano ou gás natural (1)
eletricidade de uma fonte de
energia não renovável (0)
outros métodos sustentáveis. (1 ponto por cada um) Descreva-os:
____________________________________________________________________________________
Se a madeira for uma fonte significativa, por favor, indique como é renovada: programas de plantações auto-sustentáveis na comunidade / bio-região (2)
coleta de madeira morta dentro da comunidade /bio-região (2)
importada de fora da bio-região de uma fonte que se renova plantando árvores (1)
de uma fonte (local, bioregional ou mais distante, que não tem programas de renovação (-2)
não se aplica (0)
H. A refrigeração é normalmente provida por:
sistemas estacionais ou quartos frios / porões (3)
eletricidade gerada pelo sol ou outra fonte renovável (2)
propano ou gás natural (1)
eletricidade de uma fonte não renovável (-2) outros métodos sustentáveis. (1 ponto por cada um) Descreva-os:
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
I. Para a economia de energia na comunidade é levado em consideração no projeto das construções:
(marcar tantos quantos se apliquem)
a localização e a orientação das construções para gerar massa térmica, aproveitar a sombra, etc. (2)
o uso de construções e materiais / métodos de construção apropriados (bom isolamento, etc.) (2)
na comunidade não está considerada a economia de energia na construção (-2)
outros métodos sustentáveis. (1 ponto por cada um) Descreva-os: _____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
J. Até que ponto se utiliza os seguintes métodos de economia e eficiência energética?
Consideração da economia energética na criação e desenvolvimento das construções:
.sempre (2) às vezes (1) .raramente (0) .nunca (-1)
Os membros da comunidade compartem aparelhos e equipamentos eletrônicos
.sempre (2) às vezes (1) .raramente (0) .nunca (-1)
Os membros da comunidade selecionam aparelhos e ferramentas energeticamente eficientes .sempre (2) às vezes (1) .raramente (0) .nunca (-1)
Utilização de sistemas de energia por demanda (somente utiliza energia quando estão ligados, como
aquecedores de água)
sempre (2) às vezes (1) .raramente (0) .nunca (-1)
A energia utilizada no lar é minimizada com práticas de economia, como o desligamento quando o
utensílio não está em uso, temporizadores, isolamento de fontes de calor, etc.
.sempre (2) às vezes (1) .raramente (0) .nunca (-1)
Existe o cuidado de regular e fazer a manutenção preventiva dos equipamentos e aparelhos sempre (2) . às vezes (1) .raramente (0) .nunca (-1)
Existe o cuidado de fazer a manutenção das construções -janelas, portas, etc., para prevenir perdas de
calor e de frio
167
.sempre (2) às vezes (1) .raramente (0) .nunca (-1)
Uso de luz natural em espaços interiores
sempre (2) .às vezes (1) .raramente (0) .nunca (-1)
Uso de lâmpadas fluorescente ( baixo consumo energético)
mais de 60% das luzes (3) . 20 -60 %(2) 10 -20 %(1) menos de 10% das luzes
Outros métodos sustentáveis. (1 ponto por cada um) Descreva-os: _____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
K. É gerado um excedente de energia na comunidade: .sim (2) .não (0)
O excedente é:
colocado em novos usos comunitários .sim (2) .não (0)
oferecido a vizinhos ou a rede pública .sim (2) .não (0)
O QUANTO É SUSTENTÁVEL A SUA COMUNIDADE?
ECONOMIA
Idade Sexo Ocupação Estado civil Grau de instrução
Tempo de moradia na
comunidade
Onde trabalha
Como chegou a esse cargo
LISTA DE CONFERÊNCIA ECONOMIA SUSTENTÁVEL ECONOMIA LOCAL SAUDÁVEL
A - Os membros da comunidade são incentivados a criarem negócios que:
reforcem a economia local: sim (3) . não (-0)
não gerem contaminação: sim (3) . não (-3)
não explorem recursos humanos: sim (3) . não (-3)
não explorem recursos naturais: sim (3) . não (-3)
B. Os bancos e instituições financeiras locais cedem empréstimos apoiando projetos sustentáveis:
sim (4) não (0) não tem banco ou instituição financeira (0)
Quando os membros da comunidade necessitam de dinheiro (papel moeda) onde ele vão buscar esses
recursos?
_____________________________________________________________________________________ A ausência de postos bancários ou caixas eletrônicos nesta localidade dificulta a economia local
(construções, abertura de lojas etc...).
_____________________________________________________________________________________
Se a comunidade já solicitou oficialmente às instituições bancárias existentes na região a abertura de
algum posto ou a instalação de alguma máquina?
_____________________________________________________________________________________
C. Uma estimativa da juventude que deixa a comunidade para trabalhar fora:
maioria (-5) . alguns (0) . minoria (3) poucos ou nenhum (5)
D. Os membros da comunidade passam pela experiência de falta de trabalho ou desemprego: raramente (2) . ocasionalmente (1). Freqüentemente (-2)
E.Quantos membros da comunidade têm dificuldade para satisfazer suas necessidades básicas (habitação,
alimentação, etc.)
maioria (-6) . alguns (-1) . poucos (3) . nenhum (6)
Se existem desigualdades econômicas entre membros da comunidade, existe um sistema que trate da
questão: .
sim (3) . não (0)
168
F. Os sistemas econômicos que funcionam na comunidade são (marcar tantos quantos se apliquem e
especificar):
auto-suficientes para cumprir as necessidades básicas (5)
indústrias ecologicamente sustentáveis (2)
pequenos negócios sustentáveis (2)
sistemas de intercâmbio e troca (2)
programas de treinamento / educação(2)
telecomunicações ou outros trabalhos em casa (2) voluntariado - contribuindo com o trabalho (2)
dias de mercado local (2)
arrecadação de fundos para modelar práticas sustentáveis (2)
trabalho voluntário dentro da comunidade para projetos sustentáveis (2)
intercâmbios com outras comunidades e comunidades sustentáveis (2)
arrecadação de fundos para ações comunitárias (0)
utilização de recursos / serviços externos que poderiam ser administrados pela comunidade (-2)
O grau de dependência de recursos / serviços externos à comunidade é :
alto (-5) . médio (-2) . baixo ( +2) . nenhum ( +5)
G. Os membros da comunidade participam ativamente com cooperação econômica:
na sua região . sim (2) . não (-2)
H. Quantos membros da comunidade descreveriam seu trabalho como satisfatório e prazeroso:
todos ( poucas exceções) (4) . maioria (3) . alguns (1) . poucos / nenhum (-1)
I. Os membros da comunidade pensam que você ganha alguma remuneração com a ocupação desse cargo:
todos ( poucas exceções) (4) . maioria (3) . alguns (1) . poucos / nenhum (-1)
Some todos os números marcados em cada item marcados em cada item.
Total em Economia Sustentável:________
50 + Indica um excelente progresso em direção à sustentabilidade
25 - 49 Indica um bom conhecimento em direção à sustentabilidade
0 -24 Indica que se requer mais ação para empreender o caminho à sustentabilidade
O QUANTO É SUSTENTÁVEL A SUA COMUNIDADE
EDUCAÇÃO
Os aspectos de educação da vida em comunidade estão em equilíbrio quando:
Idade Sexo Ocupação Estado civil Grau de instrução
Tempo de moradia na
comunidade
Onde trabalha
Como chegou a esse cargo
LISTA DE CONFERÊNCIA EDUCAÇÃO
A. A educação e os ensinamentos têm um valor que é demonstrado pelo seguinte:
(marcar tantos quantos se apliquem)
Encontros comunitários para intercâmbio de informação e aprendizagem de grupo (3)
Quem faz? ___________________________________________________________________________
Encontros comunitários para discutir e aprender acerca dos erros e fazer intercâmbios para melhorar o que
está funcionando bem (3)
Quem faz?____________________________________________________________________________
Inclusão das crianças no trabalho e atividades comunitárias de todo o tipo (3)
Que tipo de trabalho ou atividades?________________________________________________________
Pais e mães se envolvem no processo educativo das filhas e filhos(3)
169
Taxa muito baixa ou nenhuma criança fora do sistema educativo (3)
Outros (1 ponto para cada um) - descreva-os
_____________________________________________________________________________________
B. As oportunidades educativas (apropriadas para a comunidade) estão disponíveis e são acessíveis dentro
da comunidade ou região, incluindo: (marcar tantos quantos se apliquem e determinar o local)
Educação inicial voltada para atividades pré-escolares (2)
Educação básica (2)
Desenvolvimento de habilidades vocacionais e de subsistência (2)
Formação formal / superior (2)
Seminários, programas de grupo de interesses especiais (2)
Programas salutares / atividades extra-escolares para jovens (2)
Outros (1 ponto para cada um) - descreva-os
C. As oportunidades educativas contam com recursos (quais seriam Públicos, privados)
Educação inicial voltada para atividades pré-escolares (2) Privada Público
Educação básica (2) Privada Público
Habilidades vocacionais e de subsistência (2) Privada Público
Formação formal / superior (2) Privada Público
Seminários, programas de grupo de interesses especiais (2) Privada Público
Programas salutares / atividades para jovens fora da escola (2) Privada Público
Oportunidades de aprendizagem de experiência de vida (2)
Outros (1 ponto para cada um) - descreva-os
D. As oportunidades de educação estão disponíveis para grupos de todas as idades:
Na comunidade: sim (10) . não (-1)
Na região: sim (5) . não (-5)
E. Até que ponto o sistema educativo e métodos de ensino:
Conhecem e apóiam as diferenças individuais dos que aprendem (talentos, atitudes, interesses, limites,
etc.)? muito (6) . bastante (3) . pouco (1) . quase nada (-2)
Promovem a auto-realização individual? muito (6) . bastante (3) . pouco (1) . quase nada (-2)
Promovem a interdependência cooperativa e habilidades de construir comunidade?
muito (6) . bastante (3) . pouco (1) . quase nada (-2)
Os espaços e recursos disponíveis para as atividades educacionais são:
excelentes (6) . adequados(3) . mínimos(1) . inadequados/ não existem (-1)
quais?
_____________________________________________________________________________________
Quantas escolas existem nessa comunidade? Quais são?
Elas são públicas estaduais , públicas municipais ou privadas?
_____________________________________________________________________________________
O QUANTO É SUSTENTÁVEL A SUA COMUNIDADE?
ESPIRITUALIDADE
Idade Sexo Ocupação Estado civil Grau de instrução
Tempo de moradia na
comunidade
Onde trabalha
Como chegou a esse cargo
LISTA DE CONFERÊNCIA ESPIRITUALIDADE 1
Sustentabilidade Espiritual - Rituais e Celebrações, Apoio ao Desenvolvimento Pessoal e Práticas
Espirituais
170
A. Os membros da comunidade são livres para celebrar sua conexão com a criação, o divino, o sagrado
através de práticas que escolhem? .
sim (10) . não (-5)
Existem membros que frequentam esta casa vindos de outras localidades? De onde eles vêem?
_____________________________________________________________________________________
B. Existem oportunidades para contemplação e desenvolvimento interior na comunidade: (marcar tantos
quantos se apliquem):
. através da busca individual (5) através de programas e atividades grupais (5) . nao (-5)
. outros (1 ponto para cada um) -descreva-os _____________________________________________________________________________________
C. Os temas e experiencias da espiritualidade dentro da comunidade se descrevem melhor como:
. confortáveis, em harmonia e contribuindo para o bem comum da comunidade (2)
. uma fonte de dificuldades inter-pessoais e problemas ou desconfortos dentro da comunidade (-2)
D. As práticas espirituais de grupo dentro da comunidade incluem (marcar tantos quantos se apliquem):
meditação (1) danças sagradas (1) benção dos alimentos
(1)
orações (1)
práticas de grupo
visando o
aprimoramento pessoal
e conexão com a comunidade (1)
conselhos com o
responsável e/ou líder
espiritual (1)
canções/ cantos
devocionais (1)
invocação ao sagrado
nos eventos e atividades
comunitárias (1)
outros (1 ponto para cada um) - descreva-os
E. Com qual freqüência os membros da comunidade se juntam em práticas espirituais para conectar-se
entre eles/elas e ou a Terra, em um nível profundo de consciência?
. regularmente (5) . ocasionalmente (3) . raramente (1) . nunca (-1)
F. Até que ponto os membros da comunidade que querem dedicar-se a uma vida espiritual e de serviços,
são apoiados e aprovados por esta comunidade espiritual ?
. muito (6) . moderadamente (3) . pouco (1) . nada (-1)
G. Até que ponto a sabedoria e a experiência espiritual dos membros mais antigos desta comunidade são vistas como um recurso comunitário e podem ser consultadas como um orientador como um todo?
muito (5) . moderadamente (3) . pouco (1) . nada (-1)
H. Existem espaços destinados a encontros e práticas espirituais dentro desta comunidade?
espaços interiores sim (5) . não (-1)
ao ar livre sim (5) . não (-1)
I. Indique uma estimativa de quantos membros da comunidade apreciam a espiritualidade manifestada de
diversas formas, e respeitam as escolhas espirituais dos outros membros:
maioria (5) . alguns (3) . poucos (1) . nenhum (-1)
LISTA DE CONFERÊNCIA ESPIRITUALIDADE 2
Paz e Consciência Global
A. Até que ponto existe harmonia dentro da filosofia espiritual desta entidade, ou seja, até que ponto
existe a utilização das diferenças entre as pessoas em benefício da comunidade?
muito (10) . moderadamente (6) . muito pouco (2) . nada (-2)
B. Esta entidade realiza atividades que abrem as mentes e os corações dos seus membros para a
experiência de fazer parte de um todo maior:
regularmente (10) . de vez em quando(6) . raramente (2) . nunca (-2)
C. Ao tomar decisões importantes, esta casa realiza alguma atividade no sentido de abrir a mente e o
coração para as verdades mais profundas, ajudando a equilibrar mente, corpo e espírito:
regularmente (14) . de vez em quando (10) . raramente (5) . nunca (-3)
171
D. Até que ponto os membros desta entidade são conscientes e se sentem responsáveis pelos efeitos que a
projeção de sua energia emocional e ou mental causam no campo energético coletivo da comunidade?
muito (10) . moderadamente (6) . muito pouco (2) . nada (-2)
E. Os membros desta entidade oferecem seus serviços:
dentro da comunidade: freqüentemente (10) . às vezes (6) . raramente (2) . nunca (-2)
fora da comunidade: freqüentemente (10) . às vezes (6) . raramente (2) . nunca (-2)
Quais são esses serviços? E onde são prestados? _____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
F. O esforço que esta entidade dedica em cultivar a paz interior é
muito (10) . moderadamente (6) . muito pouco (2) . nada (-2)
O QUANTO É SUSTENTÁVEL A SUA COMUNIDADE?
GOVERNANÇA
Idade Sexo Ocupação Estado civil Grau de instrução
Tempo de moradia na
comunidade
Onde trabalha
Como chegou a esse cargo
LISTA DE CONFERÊNCIA GOVERNANÇA
Diversidade; Tomada de Decisões e Resoluções de Conflitos
A. Quantos membros da comunidade valorizam e praticam a diversidade:
Dentro da comunidade: todos (poucas exceções) (3) . maioria (2) . alguns (1) . poucos / nenhum (-1)
Fora da comunidade: todos (poucas exceções) (3) . maioria (2 ). alguns (1) . poucos / nenhum (-1)
B. Até que ponto a comunidade tem o poder de autogovernar-se quanto a temas comunitários:
completamente (4) . na maioria das vezes (3) . algumas vezes (1) poucas vezes (0) . nunca (1)
C. Para a tomada de decisões importantes e administração da comunidade utiliza-se um método não
discriminatório:
sim (4) . em parte ou as vezes (1) . não (-1)
A administração é da Prefeitura de Ilhéus ou existe representante oficial?
_____________________________________________________________________________________
D. A tomada de decisão é transparente:
A informação dos temas da discussão é disponibilizada para todos:
sempre (poucas exceções) (3) . as vezes (2) . raramente / nunca (-1)
Qualquer membro da comunidade pode assistir às reuniões de tomada de decisões:
sempre (poucas exceções) (3) . as vezes (2) . raramente / nunca (-1)
E. Os processos de tomada de decisões são inclusivos:
Existe um sistema pelo qual qualquer membro adulto da comunidade tem voz ativa no processo de
tomada de decisões: sim (3) . não (-2) Existe um conselho comunitário para levar os problemas à prefeitura? Como funciona?
_____________________________________________________________________________________
F. Quantos membros da comunidade participam regularmente do governo comunitário e da tomada de
decisões:
todos (poucas exceções) (4) . maioria (3) . alguns (1) . poucos / nenhum (-1)
existe algum representante da comunidade na Câmara
_____________________________________________________________________________________
G. A informação e a captação de informação para a tomada de decisão estão disponíveis para:
172
Para membros adultos da comunidade . sim (3) . não (-1)
H. Quantos membros da comunidade concordam que o sistema de tomada de decisões tem exito em
resoluções / situações difíceis: todos (poucas exceções) (4) . maioria (3) . alguns (1) . poucos / nenhum (1)
I. As dificuldades sociais e disputas são resolvidas com sucesso graças a um sistema de acordos de apoio,
não punitivo, pelas associações responsáveis:
sempre (5) . usualmente (3) . às vezes (1). raramente / nunca (-1)
J. Os membros da comunidade têm acesso fácil a esse sistema de resolução de conflitos:
.sim (4) . não (-2)
K. A informação/capacitação em solucionar conflitos de forma não violenta está disponível a:
membros adultos da comunidade: . sim (4) . não (-2)
L. Uma estimativa de quantos membros da comunidade estariam de acordo com o sistema de resolução de
conflitos para:
ter sucesso tratando com pessoas / situações difíceis :.
todos (poucas exceções) (4) .a maioria (3) . alguns (1) poucos / nenhum (-1)
salvaguardar os direitos humanos todos (poucas exceções) (4) . a maioria (3) . alguns (1) poucos / nenhum (-1)
promover a igualdade e a justiça social:
todos - poucas exceções (4) . a maioria (3) . alguns (1) poucos / nenhum (-1)
Decidir sobre horários de funcionamento de postos de saúde
todos - poucas exceções (4) . a maioria (3) . alguns (1) poucos / nenhum (-1)
Some os números nos parênteses de cada item que tenha sido assinalado.
Total em Governança - Diversidade e Tolerância; Tomada de Decisões e Resoluções de Conflitos:
________
50 + Indica um excelente progresso em direção à sustentabilidade 25 - 49 Indica um bom conhecimento em direção à sustentabilidade
0 -24 Indica que se requer mais ação para empreender o caminho à sustentabilidade
Comentários:
Fazer levantamento de cooperativas, associações e conselhos?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
O QUANTO É SUSTENTÁVEL A SUA COMUNIDADE?
VISÃO COMUNITÁRIA
Os aspectos sobre a visão comunitária estão em equilibrados quando:
Idade Sexo Ocupação Estado civil Grau de instrução
Tempo de moradia na comunidade
Onde trabalha
Como chegou a esse cargo
LISTA DE CONFERÊNCIA VISÃO COMUNITÁRIA 1
Visão Comunitária
A. A maioria dos membros da comunidade estariam de acordo que a qualidade de vida na comunidade
descreve-se
173
melhor como? excelente (5) . boa (3) . adequada (1) . inadequada (0) . pobre ( -2)
B. Os membros da comunidade compartilham crenças, valores e experiências:
freqüentemente (5) . às vezes (3) . raramente (1) . nunca (-1)
C. Ate que ponto os princípios morais, como o respeito a si mesmo e aos outros, a responsabilidade
pessoal e a integridade pessoal, são parte da filosofia e atividades da comunidade?
muito (5) . moderadamente (3) . pouco (1) . nada (-1)
D. Até que ponto uma visão ou propósito comum une e mantém alinhada a comunidade?
muito (5) . moderadamente (3) . pouco (1) . nada (-1)
E. Uma revisão ou renovação da visão e dos propósitos compartilhados pela comunidade ocorre:
regularmente (5) . ocasionalmente (3) . raramente (1) . nunca (-1)
F. A comunidade se reúne, joga, brinca, relaxa e desfruta da vida juntos:
regularmente (5) . ocasionalmente (3) . raramente (1) . nunca (-1)
Quais atividades?
_____________________________________________________________________________________
G. A harmonia, o nível de cuidado e apoio: Entre as mulheres da comunidade é: excelente (6) . boa (4) . adequada (2) . inadequada (0) . pobre
(-2)
Entre os homens da comunidade é: excelente (6) . boa (4) . adequada (2) . inadequada (0) . pobre
(-2)
Entre os homens e mulheres da comunidade é:
excelente (6) . boa (4) . adequada (2) . inadequada (0) . pobre
(-2)
Entre as crianças da comunidade é: excelente (6) . boa (4) . adequada (2) . inadequada (0) . pobre
(-2)
Entre os adolescentes da comunidade é: excelente (6) . boa (4) . adequada (2) . inadequada (0) . pobre
(-2)
H.Sobre o seu ponto de vista o comportamento sexual dentro da comunidade descreve-se melhor como
apropriado contribuindo para o bem estar comum ou uma fonte de dificuldades sociais e de desconforto
dentro da comunidade ? Quais as principais dificuldades encontradas?
_____________________________________________________________________________________
I. Os membros da comunidade se esforçam para fortalecer as pontes / conexões (visão comunitária) entre
si e com outras comunidades:
regularmente (8) . ocasionalmente (4) . raramente (2) . nunca (-1)
LISTA DE CONFERÊNCIA VISÃO COMUNITÁRIA 2
Habilidade de Resposta Comunitária
A. Até que ponto a comunidade pode responder beneficamente aos seus membros que estejam em crise?
completamente - muito poucas exceções (14) em sua maioria (8) . algumas vezes (5) . muito pouco (2)
nunca (-3)
B. A comunidade consegue discernir quando necessita da experiência e ajuda externa para apoiar aos seus
membros em crise: normalmente (14) . às vezes (5) . raramente (2) . nunca (-3)
C. O quanto a comunidade é capaz de ajudar os membros que enfrentam problemas, a transformar a crise
em uma oportunidade para o crescimento interno e a auto-realização? normalmente (14) . às vezes (5) . raramente (2) . nunca (-3)
D. Até que ponto a comunidade é capaz de apoiar os membros que se encontram marginalizados (pobres,
enfermos, inválidos, com problemas menores ou maiores)?
completamente - muito poucas exceções (14) . muitas vezes (8) poucas vezes (5) . quase nunca (2) nunca
(-3)
174
E. A comunidade se encontra motivada a fortalecer sua habilidade de enfrentar desafios / crises com
êxito:
regularmente (15) ocasionalmente (7) raramente (2) nunca (-3)