lucia moyses - auto-estima

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A auto-estima se constrói passo a passo. (Papirus, 2001) Lucia Moysés Pesquisa sobre a influencia da auto-estima em alunos da sétima e oitava série. Repetentes crônicos ou com dificuldades de aprendizagem. Fora da idade correta da série: 17 e 18 anos. Sintomas: apatia, desatenção e falta completa de motivação. Problemas em como se auto percebiam. Hipótese da autora: “o fato de ter vivido uma história de fracasso deixaria marcas profundas na personalidade daqueles jovens”. Pergunta da autora: “Como formar consciências críticas com alguém que não tem sequer consciência do seu valor intrínseco como pessoa” (introdução, p. 14). Contribuições teóricas que ajudam a entender o que é a auto- estima: cap 1 e 2 “formou-se um consenso de que o autoconceito é a percepção que pessoa tem de si mesma, ao passo que a auto-estima é a concepção que ela tem do seu próprio valor” (p. 18). “...informações que vamos colhendo aqui e ali, a nosso respeito, fruto de opiniões alheias, formam, possivelmente, os primeiros rudimentos do nosso autoconceito. A essas informações vão se somando aquelas originarias das avaliações que nós próprios fazemos dos nossos desempenhos, das nossas ações, das nossas habilidades e características pessoais. Vão formando, na nossa estrutura cognitiva, uma área de conhecimento acerca de nós próprios.” (p. 18) É a avaliação que fazemos de nós mesmos. Em termos práticos auto-estima relaciona-se com a avaliação da capacidade e merecimento. (se somos merecedores de respeito, etc...)

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Page 1: Lucia Moyses - Auto-estima

“A auto-estima se constrói passo a passo”. (Papirus, 2001)Lucia Moysés

Pesquisa sobre a influencia da auto-estima em alunos da sétima e oitava série. Repetentes crônicos ou com dificuldades de aprendizagem. Fora da idade correta da série: 17 e 18 anos. Sintomas: apatia, desatenção e falta completa de motivação. Problemas em como se auto percebiam. Hipótese da autora: “o fato de ter vivido uma história de fracasso deixaria marcas profundas na personalidade daqueles jovens”. Pergunta da autora: “Como formar consciências críticas com alguém que não tem sequer consciência do seu valor intrínseco como pessoa” (introdução, p. 14).

Contribuições teóricas que ajudam a entender o que é a auto-estima: cap 1 e 2

“formou-se um consenso de que o autoconceito é a percepção que pessoa tem de si mesma, ao passo que a auto-estima é a concepção que ela tem do seu próprio valor” (p. 18).

“...informações que vamos colhendo aqui e ali, a nosso respeito, fruto de opiniões alheias, formam, possivelmente, os primeiros rudimentos do nosso autoconceito. A essas informações vão se somando aquelas originarias das avaliações que nós próprios fazemos dos nossos desempenhos, das nossas ações, das nossas habilidades e características pessoais. Vão formando, na nossa estrutura cognitiva, uma área de conhecimento acerca de nós próprios.” (p. 18)

É a avaliação que fazemos de nós mesmos.

Em termos práticos auto-estima relaciona-se com a avaliação da capacidade e merecimento. (se somos merecedores de respeito, etc...)

O autoconceito se inicia na infância, quando a criança começa a formar seus conceitos a respeito das coisas, do mundo e inclusive de si mesma.

Como se dá a formação dos conceitos Teoria socio-histórica de Vygotsky.Começa com as relações sociais. Respostas que as crianças recebem do mundo externo relativamente as suas ações. Estas respostas podem ser verbais e não verbais e, em particular, quando a criança não domina a linguagem é não verbal. Um sem número de sutilezas que seus atos provocam nos outros. Mais adiante “tudo aquilo que é verbalizado a seu respeito”. Estímulos: positivos e negativos: aplausos e incentivos, zangas e repreensões. “Após certo período de tempo e com a repetição desses padrões de comportamento, aquilo que surgiu como um processo interpessoal começa a ser incorporado à própria estrutura cognitiva da criança, tornando-se pessoal. Agora é ela mesma quem se aplaude diante do desafio realmente vencido ou se acabrunha ante o fracasso”(p. 20).

Vygotsky: a reação que cada criança terá é diferente – individualizada.

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Bahtkin: “as palavras dos outros introduzem sua própria expressividade, seu tom valorativo, que assimilamos, reestruturamos e modificamos” (1992, p. 314 Estética da criação verbal, citado por Moysés p.21).

“Uma vez que a construção da identidade é uma construção histórica e social, mediada pelos mais diferentes tipos de linguagem, ela está sujeita a uma imensa gama de interpretações e reações”. (p. 21)

Oliveira (1994) citado por Moysés (p.21) – livro preconceito e autoconceito alunos de 3 série fundamental negras de colégio da periferia “Observamos, nas enunciações dessas alunas explicitamente discriminadas, ao falarem de si próprias indícios de algumas vozes que circulam pela sala e, em meio a essas vozes, da voz que fala da perspectiva da discriminação”. (p. 109)

“...é algo que passa pelo próprio grupo, pela família e pelas interações existentes interpares, até chegar na organização da classe como grupo”. (p. 22)

“A discriminação mais cruel é a da brincadeira, porque não é combatida, é constante e mina, pouco a pouco, a auto-estima” (Rita Moraes p. 39, lições de auto estima, Isto é n. 1558, 11/08) (p.22)

Nos tornamos os que os outros enxergam de nós. Por isso o zelo acentuado que os professores devem ter com suas falas referente aos alunos neste período de suas vidas (meu).

“Há, de fato, ‘muitas vozes’ ao nosso redor que vão plasmando nosso conceito sem que percebamos. Surgem nas mais diferentes situações. Em meio a uma briga, uma brincadeira ou a um simples comentário, essas vozes dizem coisas que nos calam no fundo do coração. Internalizadas, transformam-se, mais adiante, na nossa própria voz...crueldade de certas brincadeiras que tem o poder de ir minando, pouco a pouco, a auto-estima...passando a servir de ponto de referencia para o seu autoconceito”. (p.22)

“É lenta e gradual a aprendizagem que a criança faz sobre as referencias a seu respeito. As mais fáceis de ter seu sentido apreendido são as que nascem de comentários ao seu comportamento”. (p.23)

Exemplo:

Filho: “Eu sou uma peste. O demo em figura de gente. Comigo ninguém agüenta!”. Mãe:“Esse menino não presta! É o demo em figura de gente! Pode meter a mão na cara dele se for preciso! Ele é uma peste! Ninguém agüenta com ele!”. (p.24)

Segundo Moysés, ainda, se o processo de aprovação pode dar origem a um auto conceito positivo, o contrário também é verdadeiro. “A criança permanentemente desaprovada em suas ações pode, pelo mesmo processo, reagir negativamente, como forma de defesa ou retaliação, não só aos pais, como também a si mesma”.(p. 26)

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“...é por meio desse jogo de premio ou castigo, aprovação e reprovação, que estas figuras vão influindo sobre a estruturação inicial do seu autoconceito”. (p.26)Nesse aspecto é melhor sem escola que com escola para aqueles como maior dificuldade ou mais sujeitos a discriminação”. (meu)

Aspectos internos:

Os estímulos externos provocam comportamentos diferentes em cada pessoa. Uns se fecham, outros ficam agressivos, altivos, ou desinteressados. Alguns podem, eventualmente, até tornarem-se mais aplicados, embora isto não seja muito comum.( comentário meu)

“Os aspectos internos derivam da forma como todas essas informações foram elaboradas na intimidade da pessoa...como cada ser humano tem sua própria história, os caminhos que essas informações trilham no interior de cada um obedecem a imperativos próprios. E é isso o que explica porque certas situações afetam mais profundamente – positiva ou negativamente – a auto-estima de algumas pessoas do que de outras; porque determinadas ações voltadas para o aumento da auto-estima funcionam bem com uns e deixam de funcionar com outros”. (p.27)

“É urgente entender que o aluno que ali está traz consigo o selo da sua origem e da sua história com ser social. Ser que vive e convive em determinado ambiente sociocultural ao qual influencia e pelo qual é influenciado”. (p.27) Ver Vygotsky – formação social da mente.

Experiências bem vividas em qualquer área “acabam oferecendo pontos de apoio reais para a auto-estima”. (p.28)

Mudança no autoconceito e na auto-estima

Sistema de conceitos de VygotskyAs pessoas mudam o conceito que tem sobre si a medida que aumentam a capacidade de analisar, discernir e julgar, ou seja, a medida que aumentam o grau de generalização dos seus conceitos, que podem ser muito concretos, circunstanciais e particulares. Como qualquer outro conceito, não necessariamente autoconceito. (Vygotsky, 1987 – pensamento e linguagem)

Auto-estima e a situação escolar

Auto-estima e desempenho escolar: Coopersmith (1967) forte relação entre o autoconceito e o desempenho na leitura. (p.37)

O autoconceito é capaz de predizer e influenciar não só o desempenho na leitura, mas todo o desempenho escolar, desde as primeiras séries até os estudos universitários (Wylie 1979). (p.38)

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Que perde um ano, reprova, perde um pouco da sua auto-estima. Campbell 1967, Patterson 1973, Starr 1980, Branden 1998. (p. 38)

Deveria ser realizado um trabalho especial com os alunos repetentes que, embora se esforçando, não conseguiram a aprovação. Reprovação implica em fracasso. E esse fracasso deve ser trabalhado para que não se transforme em perda da auto-estima. (meu)

Quem influencia quem O nível de rendimento influencia a auto-estima ou a auto-estima o nível de rendimento

“A auto-estima e o desempenho andam de mãos dadas” Pra muitos a escola é sinônimo de sofrimento(boca de farofa). (p.39)

Fritz Heider: dois tipos de pessoas

Tudo depende dela; Tudo depende do ambiente. Fatores variáveis e fatores invariáveis. Segundo Moysés a teoria explica o seguinte: “os alunos familiarizados com o sucesso assumem seus próprios desempenhos e aceitam a responsabilidade pelos seus próprios fracassos”. (p.41)

Assim, quando esses alunos não conseguem êxito eles se esforçam mais, até conseguir, ao passo que os outros, quando não conseguem, desistem, pois é devido um fator externo que está acima da capacidade deles. (meu)

“[Os alunos] que alimentam expectativas positivas a respeito do seu desempenho (...)estão mais propícios ao êxito”. (p.41)

Explicações:

Terminologia de Fritz (1970) e B. Weiner(1972) causalística: pessoas por duas óticas: locus de controle interno ou externo. Estes alunos que tem problemas de auto-estima geralmente tem um locus de controle externo para o êxito e um locus de controle interno para o fracasso. Ou seja, obtém existo graças a um fator externo (sorte, por exemplo), e fracassa graças ao fator interno (sua incapacidade, burrice, etc).

Alternativas: Mudar o locus. Evitar as zombarias e críticas destrutivas,

Tem medo de tentar pois temem se deparar com a própria capacidade. “pode parecer absurdo, mas esses alunos sabotam o próprio êxito quando estão a ponto de atingi-lo”. (p. 43)

Cada um tem seu ritmo de aprendizagem que não é respeitado pela escola, ou por falta de vontade, ou por falta de estrutura. (meu)

Evasão

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Walz e Bleur (1992) auto-estima dos alunos que evadiram da escola comparada aos que ficaram. Os evadidos tinham níveis bem mais baixos.

Delinqüência como solução

(Kaplan 1975) “A delinquencia foi a forma encontrada por muitos deles para aumentar a auto-estima”...a baixa auto-estima pode se tornar uma força poderosa na personalidade do jovem. Marcada pela raiva e pela hostilidade, se transforma, não raro, em violencia”. (p. 46 citação indireta)

(Lopes 1992) “Os jovens sentem-se atraídos para as guagues porque essas lhes propiciam identidade e reconhecimento...todos estes fatores estão relacionados com a auto-estima”. (p.47)

(Davis 1991) “compensação da auto-imagem” – “para se defender de uma auto-imagem negativa, muitos jovens partem para a agressão. Usam a violencia como forma de compensar seus sentimentos de insegurança e baixa auto-estima”. (p.47)

(Steffenhagen e Burns 1987) “a auto estima baixa é o mecanismo psicidinamico subjacente a todo o comportamento desviante”. (p. 48)

Soluções:

“Uma é descobrir capacidades não-valorativas no ambiente escolar e aproveita-las. Isso se faz dando-lhes o ensejo de mostrar publicamente seus talentos...a outra, prestar-lhes apoio direto e especifico no trato com habilidades que eles ainda não dominam”. (p. 48)

“privilegiar atividades que vão atingir outras facetas do autoconceito, que não as academicas”. (p.48)

Inteligências Multiplas (Howard Gardner 1983) “A escola deveria dar oportunidade para que todos os alunos pudessem desenvolver seus multiplos talentos e seus pontos fortes.

Pais e filhos:

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“o filho encontra nos pais o alimento necessário à nutrição de seus sentimentos positivos em relação a si mesmo – a chave para o sucesso”.

O interesse dos pais pode dar resultado oposto: “Em certas circunstancias a criança pode chegar a sentir que os pais estão somente interessados em sua situação escolar e não nela, como pessoa”. (p.57)

Empatia entre pais e filhos: Obra classica “quando eu voltar a ser criança” – Janusz Korczak. “...ele não discursa sobre uma criança, mas se torna porta voz dela, voltando a ser criança e revivendo um mundo através dos olhos, sensações, tristezas e desencantos que toda criança vive”. (p.58)

Auto estima dos professores:

“Quando o assunto é auto-estima, observo nas minhas conversas com professores um certo paradoxo: aparentemente, mantêm níveis baixos de auto-estima, mas mostram-se interessados em melhorar a auto-estima dos seus alunos”. (p.59)

“Teoria das representações sociais”: forma de conhecimento socialmente elaborada e compartilhada. Construção de uma realidade comum a um determinado grupo. Uma redução da realidade, uma versão simplificada dela. O não compreendido, as incongruencias, os aspectos mais profundos e complexos da realidade, tudo isso vai sendo deixado de lado. O que resta é algo socialmente construído na mente de cada um. Não é a realidade, mas a sua representação social”. (p.59)

Ou seja, as pessoas pensam que o mundo delas é o mundo real, e não o mundo que foi por elas construido.

Socialmente falando, os professores são o que eles mesmos dizem acerca de alguns de seus alunos: “esse é fraquinho mesmo”. E a sua resposta a tudo isso é muitas vezes o isolamento ou a crítica gratuita. (meu – achar citação)

Projetos:

Há muitos projetos, infelizmente de ONGs, que tem levantado a bandeira da auto-estima e da cidadania.

Fim do livro:

Projetos que funcionaram

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Atividades sugeridas para grupos