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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANO

MARCELLO CRIVELLAPREFEITURA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

CÉSAR BENJAMINSECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO, ESPORTES E LAZER

JUREMA HOLPERINSUBSECRETARIA DE ENSINO

MARIA DE NAZARETH MACHADO DE BARROS VASCONCELLOSCOORDENADORIA DE EDUCAÇÃO

MARIA DE FÁTIMA CUNHAGERÊNCIA DE ENSINO FUNDAMENTAL

WELINGTON MARTINS MACHADOELABORAÇÃO

ADRIANA KINGSBURY SAMPAIO CORRÊALEILA CUNHA DE OLIVEIRAREVISÃO

FÁBIO DA SILVAMARCELO ALVES COELHO JÚNIORDESIGN GRÁFICO

EDIGRÁFICAIMPRESSÃO

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 2

museudainfancia.unesc.net

“Acho que o quintal onde a gente brincou é maior do que a cidade. A gente só descobre isso depois de grande. A gente descobre que o tamanho das coisas há que ser medido pela intimidade que temos com as coisas. Há de ser como acontece com o amor. Assim, as pedrinhas do nosso quintal são sempre maiores do

que as outras pedras do mundo. Justo pelo motivo da intimidade.” (Manoel de Barros, em Memórias inventadas)

Prezado Aluno, Prezada Aluna,

Você está recebendo seu segundo caderno pedagógico de 2017. Como sempre, o objetivo é que você o utilize, junto com seuscolegas e com o seu/sua Professor(a), aprimorando suas habilidades.

Este segundo caderno vai ajudá-lo a rever conceitos já estudados, a se apropriar de novos e necessários conceitos e, assim, aampliar, aprofundar e consolidar seus conhecimentos e sua capacidade de leitura e de produção de texto.

Que sejamos todos bem-sucedidos!

passagensaereasbrasil.com

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 3

Observe o período final do texto:“Evidentemente, isso é uma fantasia de escritor, que é para isso que os escritores servem, mas ao mesmo tempo poderia ser uma filosofia de vida.”

a) A que se refere o termo “isso”, em destaque? __________________________________________________________________________________________________________________________________________

Da estátua à pedraJosé Saramago

Digo às vezes que não concebo nada tão exemplar como irmos pela vida

levando pela mão a criança que fomos, imaginar que cada um de nós teria de

ser sempre dois, que fôssemos dois pela rua, dois tomando decisões, dois

diante das diversas circunstâncias que nos rodeiam e provocamos. Todos

iríamos pela mão de um ser de sete ou oito anos, nós mesmos, que nos

observaria o tempo todo e a quem não poderíamos defraudar. Por isso é que eu

digo: “Deixa-te levar pela criança que foste.” Se fôssemos pela vida dessa

maneira, talvez não cometêssemos certas deslealdades ou traições porque a

criança que nós fomos nos puxaria pela manga e diria: “Não faças isso.”

Evidentemente, isso é uma fantasia de escritor, que é para isso que os

escritores servem, mas ao mesmo tempo poderia ser uma filosofia de vida.SARAMAGO, José. Da estátua à pedra. Belém: UFPA, 2013. (trecho adaptado)

Glossário:concebo – formo uma ideia, penso; compreendo, entendo;defraudar – fraudar, enganar, lograr a confiança.

Observe os dois trechos que aparecem entreaspas. Que função tem a presença dessas aspas,nos trechos?_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Observe a palavra “dois”, repetida na 3.ª linha. A quem ela se refere?____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

b) Na opinião do autor, para que servem os escritores?______________________________________________________________

c) O que significa a expressão “uma filosofia de vida”, como aparece no finaldo texto?__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Você está agindo como criança! Quantas vezes já ouvimos e ainda vamos ouvir essa frase ao longo da vida, dita de forma negativa, comocensura, para dizerem que estamos agindo de forma insensata, imatura... No texto a seguir, o autor desenvolve uma opinião diferente e vê acriança dentro de nós de forma positiva.

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 4

1. Releia o texto “Da estátua à pedra” e tente identificar as circunstâncias indicadas pelos termos destacados:

Da estátua à pedra (trecho adaptado)

Digo às vezes que não concebo nada tão exemplar como irmos pela vida levando pela mão a criança que fomos, imaginar que cadaum de nós teria de ser sempre dois, que fôssemos dois pela rua, dois tomando decisões, dois diante das diversas circunstâncias que nosrodeiam e provocamos. Todos iríamos pela mão de um ser de sete ou oito anos, nós mesmos, que nos observaria o tempo todo e a quemnão poderíamos defraudar. Por isso é que eu digo: “Deixa-te levar pela criança que foste.” Se fôssemos pela vida dessa maneira, talveznão cometêssemos certas deslealdades ou traições porque a criança que nós fomos nos puxaria pela manga e diria: “Não faças isso.”Evidentemente, isso é uma fantasia de escritor, que é para isso que os escritores servem, mas ao mesmo tempo poderia ser uma filosofiade vida.

SARAMAGO, José. Da estátua à pedra. Belém: UFPA, 2013.

O VALOR DOS ELEMENTOS DE COESÃO (I)

2. Observe, no 1.º período do texto, como as vírgulas vão coordenando ideias, ações que se sucedem, que se somam:“Digo às vezes que não concebo nada tão exemplar como irmos pela vida levando pela mão a criança que fomos, imaginar que cada umde nós teria de ser sempre dois, que fôssemos dois pela rua, dois tomando decisões, dois diante das diversas circunstâncias que nosrodeiam e provocamos.”

a) Que função exercem as vírgulas e o vocábulo “e”, nesse 1.º período?_________________________________________________________________________________

___________, _______________, ___________, _______________, _____________,______________, _______________, ___________, ____________ e ___________.

COESÃO é a conexão, a ligação que se percebe entre as partes de um texto. Percebemos a coesão quando lemos um texto everificamos que as palavras, as frases e os parágrafos estão entrelaçados, um dando continuidade ao outro. Os elementos de coesãosão, muitas vezes, palavras ou sinais que estabelecem relações de continuidade entre frases, orações, períodos e parágrafos de um texto,indicando circunstâncias, referências, substituições. O entendimento e o uso adequado dos elementos de coesão são fundamentais naconstrução de sentidos que resultem na coerência do texto como um todo.

Vamos observar como isso acontece em um texto?

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 5

Bola de meia, bola de gudeComposição de Milton Nascimento e Fernando Brant

Há um meninoHá um molequeMorando sempre no meu coraçãoToda vez que o adulto balançaEle vem pra me dar a mão

Há um passado no meu presenteUm sol bem quente lá no meu quintalToda vez que a bruxa me assombraO menino me dá a mão

E me fala de coisas bonitasQue eu acreditoQue não deixarão de existirAmizade, palavra, respeitoCaráter, bondade, alegria e amor

[...]

Bola de meia, bola de gudeO solidário não quer solidãoToda vez que a tristeza me alcançaO menino me dá a mão

Há um meninoHá um molequeMorando sempre no meu coraçãoToda vez que o adulto fraquejaEle vem pra me dar a mão

http://www.vagalume.com.br/milton-nascimento/bola-de-meia-bola-de-gude.html

... em voz alta e, se der, no ritmo da canção.... em voz alta e, se der, no ritmo da canção.

1. O texto ao lado é uma letra de canção, construída em versos e estrofes, como em umpoema. Você percebe que há uma semelhança de TEMA com o texto em prosa lidoanteriormente? Que TEMA seria comum aos dois textos?

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

2. No texto em prosa, “Da estátua à pedra” (lido anteriormente), a criança, que o autorimagina que deveria haver em nós, viria em nosso auxílio quando, por exemplo,estivéssemos prestes a ter uma atitude errada, a cometer uma deslealdade.

Ao longo da letra dessa canção, percebem-se situações em que um menino, a “criançaem nós”, viria em auxílio, viria “dar a mão” ao eu poético adulto.Com suas palavras, diga que situações são essas:

Na 1.ª estrofe_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

Na 2.ª estrofe_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

Na 4.ª estrofe_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

Na 5.ª estrofe_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 6

Arte de ser criançaFrei Betto

No jardim de infância, em Belo Horizonte, nossas tarefas consistiam em sonhar, imaginar, colorir, desenhar, moldar em argila estranhasfiguras, empilhar cubos de madeira que, sobrepostos, se transformavam em casas, pontes, prédios, castelos. Dispostos em linha reta, viravamferrovias, carruagens, estradas. Em círculos, viravam arenas circenses, represas ou lagos.

Esse entrelaçar de tato, visão e imaginação organizava meu mundo interior. Bastavam uns poucos apetrechos para meus sentimentosencontrarem expressão nos objetos manipulados ou nas linhas de meus desenhos. [...] Os pássaros falam linguagens que só eles entendem;dragões, bruxas e duendes, que povoavam o meu imaginário, não eram pessoas como meus pais, nem coisas como os paralelepípedos quecalçavam as ruas, e sim entidades espirituais [...] com as quais mantinha relações de temor, reverência e fascínio.

O melhor da infância é o mistério.Os adultos devem manter-se à distância quando a criança se encontra mergulhada em seu universo onírico. Se um adulto interfere,

quebra-se o encanto.Privar a criança do mergulho no mistério é amputá-la da infância. É mutilar o ser criança, para apressar, de modo cruel, a irrupção

irreversível do adulto.

FREI BETTO. Revista O GLOBO, 11 de novembro de 2012.

Glossário:manipulados – manuseados, manejados; movimentados ou feitos, preparados com a(s) mão(s);onírico – relativo a sonhos;amputá-la – cortá-la, eliminá-la (ver “mutilar”, a seguir);

1. Nos dois primeiros parágrafos, o autor nos fala do passado, de um momento de sua infância.a) Onde ele localiza esse momento? ____________________________________________________________________________________b) Que termos dos parágrafos indicam que se fala do passado?_______________________________________________________________

2. Transcreva do texto o trecho que expressa uma OPINIÃO sobre o que seria o melhor do “ser criança”.___________________________________________________________________________________________________________________

3. Nos três últimos parágrafos, o autor passa a falar do presente. Que termos indicam essa mudança? ________________________________

4. Observando os dois últimos parágrafos, percebemos que a FINALIDADE do texto é ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

mutilar – privar, cortar, eliminar, separar, truncar... (ver “amputá-la”);irreversível – o que não se pode reverter, voltar atrás; o que não tem volta.

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 7

Vamos retomar aqui um período do texto anterior: “Os adultos devem manter-se à distância quando acriança se encontra mergulhada em seu universo onírico.”. Nesse período, o elemento de coesão quandoindica uma circunstância de tempo (ou temporal).1. Observe, a seguir, variações em que o uso de outros elementos de coesão muda o sentido do período ediga que circunstância indica o elemento que substitui o “quando”, em cada variação:

a) Os adultos devem manter-se à distância, uma vez que a criança se encontra mergulhada em seuuniverso onírico. ____________________.b) Os adultos devem manter-se à distância, para a criança mergulhar em seu universo onírico –____________________.c) Os adultos devem manter-se à distância , à medida que a criança mergulha em seu universo onírico –__________________________.d) A criança se encontra mergulhada em seu universo onírico, portanto os adultos devem manter-se àdistância – _______________________________.

O VALOR DOS ELEMENTOS DE COESÃO (II)

“O melhor da infância é o mistério.” Nas charges, as crianças que inventam o brinquedo para se “comunicarem à distância” ou a que brinca com a pipa estariam mais “equipadas” para o melhor da infância, ou seja, o mistério e o encantamento do mundo de sonhos e

imaginação, próprio da infância, do que as que “brincam” com seus aparelhos eletrônicos?

Releia o texto de Frei Betto e as charges ao lado. Pense na

relação que se pode estabelecer entre os textos. A

sugestão é que debata o assunto com os seus colegas,

em uma Roda de Conversa organizada e coordenada

pelo(a) Professor(a). Ao lado, uma sugestão para

dar início à conversa.

agendawhite.com

.br

Cândido Portinari –Meninos soltando pipa

.........................................................................................................................................OBSERVE, a seguir, como as charges, mesmo com diferentes linguagem e estrutura, podem ser consideradas crônicas do cotidiano e que sua

FINALIDADE maior é a de fazer uma crítica a comportamentos, atitudes, enfim, a situações que ocorrem no dia a dia da sociedade.

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 8

SOU UMA CRIANÇA, NÃO ENTENDO NADAErasmo Carlos, baseado em poema de Giuseppe Ghiaroni

Antigamente quando eu me excediaOu fazia alguma coisa erradaNaturalmente minha mãe dizia"Ele é uma criança, não entende nada"Por dentro eu ria satisfeito e mudoEu era um homem e entendia tudo

Hoje só, com meus problemasRezo muito, mas eu não me iludoSempre me dizem quando fico sério"Ele é um homem e entende tudo"Por dentro com a alma atarantadaSou uma criança, não entendo nada

PONTOS DE VISTAGiuseppe Ghiaroni

Na minha infância, quando eu me excedia,quando eu fazia alguma coisa errada,se alguém ralhava, minha mãe dizia:– Ele é criança, não entende nada!

Por dentro, eu ria satisfeito e mudo.Eu era um homem, entendia tudo.

Hoje que escrevo histórias e poemase pareço ter tido algum estudo,dizem quando me veem com meus problemas:– Ele é um homem, ele entende tudo!

Por dentro, alma confusa e atarantada,eu sou uma criança, não entendo nada!

http://www.escritas.org/pt/t/6183/pontos-de-vista

Leia, agora, um poema que também tem, como assuntoprincipal, o “ser criança” e o “ser adulto”, só que tratadode modo diferente.

O poema é estruturado em duas estrofes, com seis versos cada uma.

1. Na 1.ª estrofea) O eu poético fala, no passado, lembrando seu tempo de criança. Além douso de formas verbais do passado (pretérito), que expressão, na estrofe,indica que o eu poético fala do seu passado?_____________________________________________________________

b) Que circunstância os elementos de coesão “quando” e “se” indicam?_____________________________________________________________

c) Transcreva o verso que contém uma OPINIÃO em discurso direto._____________________________________________________________

2. Na 2.ª estrofea) O eu poético fala do seu tempo presente. Além das formas verbais dotempo presente, que outra palavra indica isso? _______________________

b) Que circunstâncias indicam os elementos de coesão “e” e “quando”?___________________________ e _______________________________.

c) Reescreva os versos 9 e 10, transformando o discurso direto em indireto:__________________________________________________________________________________________________________________________

3. No títuloDe acordo com o contexto, comente o título “Pontos de vista” dado aopoema.__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Ouça a canção em https://www.youtube.com/watch?v=wE03bMygbjQ

Observe a letra de canção adaptada, comparecom o poema e converse com os colegas sobre assemelhanças e diferenças entre os textos.

O poema acima foi adaptado e musicado. Vamos ler, se possível cantando junto com os colegas, a letra da canção?

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 9

Habilidade de leitura – A informação implícita em um texto

Observe a charge, já lida anteriormente. O texto foi estruturado em linguagem mista,combinando elementos das linguagens verbal e não verbal. A leitura dessa combinaçãode elementos nos permite deduzir que o menino oferece seu equipamento (smartphone)porque não vivenciou a experiência de criar seus próprios brinquedos, logo, nãoentende o brinquedo dos outros dois, não entende o sentido da brincadeira. Essainformação está implícita na charge.

É uma habilidade de leitura importante a de deduzir o que não aparece explícito, ou seja, expresso claramente no texto, mas que oselementos presentes permitem deduzir: o implícito do texto.

Vamos exercitar um pouco mais esta habilidade?

O GLOBO. Segundo Caderno. Sexta-feira, 17.5.2013.

1. Pela leitura da tirinha como um todo, pode-se deduzir que, na

opinião do personagem, a forma mais sólida e verdadeira de amor é

o amor por si mesmo. Que palavra da tirinha permite deduzir isto?

_______________________________________________________

_______________________________________________________

O GLOBO. Segundo Caderno. Domingo, 17/3/2013.

2. As marcas das linguagens verbal e não verbal, na sequência dos

quadrinhos, nos permitem entender que a personagem Gloss sai

frustrada porque _________________________________________

_______________________________________________________

_______________________________________________________

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 10

O surdoO médico atende o paciente, idoso e milionário, que estava usando

um revolucionário aparelho de audição, e pergunta ao velhinho:– E aí, seu Almeida, está gostando do aparelho?– É muito bom.– E a família gostou? – pergunta o médico.– Não contei para ninguém ainda, mas já mudei meu testamento

três vezes.http://almanaqueportugues.com

3. Na anedota lida, o traço de humor está em uma informaçãoimplícita. Observe as informações explícitas do texto e deduzapor que seu Almeida não contou à família sobre o aparelho deaudição que estava usando e mudou três vezes seu testamento.Escreva abaixo o que você deduziu.________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4. O garoto da tirinha é o Calvin. Pelas marcas da linguagem verbal e não verbal dotexto, podemos perceber que Calvin é um menino que está irritado e que deve serdesorganizado, pois acha estranho que alguém guarde sua jaqueta em um armário.

a) O que, no texto, nos permite deduzir que Calvin deve ser desorganizado?______________________________________________________________________________________________________________________________________________

b) Que marcas no texto nos permitem perceber que Calvin está irritado?______________________________________________________________________________________________________________________________________________

5. As ANEDOTAS, assim como as TIRINHAS, são textos narrativos que provocam ouprocuram provocar um efeito de humor. A FINALIDADE maior dessas narrativas é ade ____________________________________________________________________

WATTERSON, Bill. O mundo é mágico: as aventuras deCalvin&Haroldo. São Paulo: Conrad Editora do Brasil, 2007.

CALVIN

“Escrever é o modo de quem tem a palavra como isca: a palavra pescando o que não é palavra.

Quando essa não palavra – a entrelinha – morde a isca, alguma coisa se escreveu.”

(Clarice Lispector, em Água viva.)

acritica.uol.com.br

recantodasletras.com.br

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 11

Revendo habilidades de leitura: a relação de causa e consequência

“Nada acontece por acaso.”Você já deve ter ouvido e lido muitas vezes a frase apresentada acima.Concorda com ela?Concordemos ou não, acreditemos ou não na força do acaso, com uma coisa temos de concordar: nada acontece sem uma causa, sem

motivação.Veja essa outra frase: “O encontro entre eles se deu por acaso.”Entendemos que foi por acaso, uma vez que eles não marcaram o encontro, nem sabiam que estariam um e outro naquela rua, que

parariam em esquinas opostas, esperando o sinal para atravessar, cada qual para o seu lado, e que, no meio da travessia...o encontro “casual”.

“O encontro entre eles se deu por acaso.” Está dito... foi assim que nos contaram! O encontro se deu e foi por força do acaso. Por acaso, algo aconteceu. Entenda o acaso como uma

sequência de fatos: virem em direções opostas na calçada de uma mesma rua, o sinal fechar para eles, pararem em esquinas opostas,olharem-se na travessia...

O que aconteceu? O encontro. CONSEQUÊNCIAO que o motivou, o que causou aquele encontro? O acaso, a força do acaso. CAUSA

O encontro, ocorrido por força do acaso, pode vir a se tornar a causa de uma ou de uma rede de consequências futuras, mas aí... serãooutras partes da mesma história, não é mesmo?

gsmfans.org

Nas páginas seguintes, você lerá dois textos de base narrativa, nos quais poderáobservar bem essa relação de causa e efeito, ou melhor, de causa e consequência.

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 12

Aquecimento globalAs causas apontadas pelos cientistas para justificar o fenômeno do

aquecimento global podem ser naturais ou provocadas pelo homem.Contudo, cada vez mais as pesquisas nesta área apontam o homem como oprincipal responsável.

Fatores como a grande concentração de agentes poluentes na atmosferacontribuem para um aumento bastante significativo do efeito estufa.

No efeito estufa a radiação solar é normalmente devolvida pela Terra aoespaço em forma de radiação de calor; parte dela, contudo, é absorvidapela atmosfera, e esta envia quase o dobro da energia retida à superfícieterrestre. Este efeito é responsável pelas formas de vida de nosso planeta.Entretanto, os agentes poluentes presentes na atmosfera o intensificam,ocasionando um aumento de temperatura bem acima do “normal”.

O fator que evidenciou este aquecimento foi a investigação das medidasde temperatura em todo o planeta desde 1860. Alguns estudos mostramser possível que a variação em irradiação solar tenha contribuídosignificativamente para o aquecimento global ocorrido entre 1900 e 2000.

Dados recebidos de satélite indicam uma diminuição de 10% em áreascobertas por neve desde os anos 60. A região da cobertura de gelo nohemisfério norte, na primavera e verão, também diminuiu em cerca de 10%a 15% desde 1950. O degelo dos polos é uma das consequências doaquecimento global.

Estudos recentes mostraram que a maior intensidade das tempestadesocorridas estava relacionada com o aumento da temperatura da superfícieda faixa tropical do Atlântico. Esses fatores foram responsáveis, em grandeparte, pela violenta temporada de furacões registrada nos Estados Unidos,México e países do Caribe.

O Protocolo de Kyoto visa à redução da emissão de gases que promovemo aumento do efeito estufa.

http://www.todabiologia.com/ecologia/aquecimento_global.htm

Você sabe o que é o Protocolo de Kyoto? Pesquise e proponha uma conversa sobre o assunto, com os seus colegas e com seu(sua) Professor(a).

Você sabe o que é o Protocolo de Kyoto? Pesquise e proponha uma conversa sobre o assunto, com os seus colegas e com seu(sua) Professor(a).

ESPAÇO PES UISA

4. Do 4.º parágrafo, transcrevacausa possível: __________________________________________consequência possível: __________________________________________________________________________________________5. Observe o 5.º e o 6.º parágrafos e determine como CAUSA oucomo CONSEQUÊNCIA os seguintes fatores:I. diminuição de 10% em áreas cobertas por neve desde os anos 60:________________________II. aquecimento global - __________________________III. degelo dos polos - _______________________________IV. maior intensidade de tempestades - _____________________V. aumento da temperatura da superfície da faixa tropical doAtlântico. - ___________________________VI. violenta temporada de furacões - _________________________

O texto tem como TEMA (ou assunto principal) as causas econsequências do aquecimento global. Sua FINALIDADE é_______________________________________________________

1. Identifique nos parágrafos, ao longo do texto, o agente principal das causas que resultam no aquecimento global (consequência): _______________________________________________________

2. No 2.º parágrafo, aponte o que éCAUSA: ________________________________________________CONSEQUÊNCIA: ____________________________________

3. Relacione o 1.º parágrafo ao 3.º e aponte

CAUSA NATURAL CONSEQUÊNCIA_______________________ ____________________________

CAUSA PROVOCADA PELO HOMEM CONSEQUÊNCIA________________________ __________________________

________________________ __________________________

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 13

AS PÉROLAS

Dentro do pacote de açúcar, Renata encontrou uma pérola. A pérola era evidentemente para Renata, que sempre desejoupossuir um colar de pérolas, mas sua profissão de doceira não dava para isso.

– Agora vou esperar que cheguem as outras pérolas – disse Renata, confiante. E ativou a fabricação de doces, paraesvaziar mais pacotes de açúcar.

Os clientes queixavam-se de que os doces de Renata estavam demasiado doces, e muitos devolviam as encomendas. Porque não aparecia outra pérola? Renata deixou de ser doceira qualificada, e ultimamente só fazia arroz-doce. Envelheceu.

A menina que provou o arroz-doce, aquele dia, quase já ia quebrando um dente, ao mastigar um pedaço encaroçado. Ocaroço era uma pérola. A mãe não quis devolvê-la a Renata, e disse:

– Quem sabe se não aparecerão outras, e eu farei com elas um colar de pérolas? Vou encomendar arroz-doce toda semana.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Rick e a girafa. São Paulo: Ática, 2007.

Glossário:qualificada – competente.

AS PÉROLAS

Dentro do pacote de açúcar, Renata encontrou uma pérola. A pérola era evidentemente para Renata, que sempre desejoupossuir um colar de pérolas, mas sua profissão de doceira não dava para isso.

– Agora vou esperar que cheguem as outras pérolas – disse Renata, confiante. E ativou a fabricação de doces, paraesvaziar mais pacotes de açúcar.

Os clientes queixavam-se de que os doces de Renata estavam demasiado doces, e muitos devolviam as encomendas. Porque não aparecia outra pérola? Renata deixou de ser doceira qualificada, e ultimamente só fazia arroz-doce. Envelheceu.

A menina que provou o arroz-doce, aquele dia, quase já ia quebrando um dente, ao mastigar um pedaço encaroçado. Ocaroço era uma pérola. A mãe não quis devolvê-la a Renata, e disse:

– Quem sabe se não aparecerão outras, e eu farei com elas um colar de pérolas? Vou encomendar arroz-doce toda semana.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Rick e a girafa. São Paulo: Ática, 2007.

Glossário:qualificada – competente.

1. Que trechos do 1.º e do 2.º parágrafos indicam que Renata acreditava no destino e na sorte?________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2. De acordo com o 2.º e o 3.º parágrafos, a) o que fez os doces de Renata ficarem doces demais (CAUSA IMEDIATA)? ____________________________________________________________________________________________________________________

b) que CONSEQUÊNCIAS isso teve para a doceira Renata? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Leia, a seguir, a pérola de imaginação que é esse pequeno conto de Carlos Drummond de Andrade.

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 14

O VALOR DOS ELEMENTOS DE COESÃO (III)

gsmfans.org

Bem, voltemos agora àquele “encontro casual”, ocorrido numa travessia de rua.Imaginemos algumas CIRCUNSTÂNCIAS, que você tentará identificar. Imaginemos, por exemplo, que“Se o encontro casual não tivesse ocorrido, aqueles dois talvez nem tivessem se conhecido.”Que CONDIÇÃO se estabeleceu para eles terem se conhecido? ____________________________________Que termo, na frase acima, indica essa condição? ______________A frase afirma que eles não teriam se conhecido ou expressa uma dúvida? _________________________Que termo indica que se expressa uma dúvida ? _________________

Acho que nada acontece por acaso, sabe? Que no fundo as coisas têm seu plano secreto, embora nós não entendamos.

(Carlos Ruiz Zafón)

3. PRODUÇÃO DE TEXTO

Agora, imagine e escreva um parágrafo final, um desfecho que contenha as consequências da atitude da mãe da menina para simesma, para sua filha e para Renata._______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 15

Multirio

No caderno do 1.º bimestre, enfocamos o gênero textual “CRÔNICA”. Vale lembrar alguns aspectos, um pouco antes de ler otexto a seguir (uma crônica). A crônica tem, como traços marcantes, o olhar para o cotidiano e a linguagem informal. A vivênciado cronista e suas observações sobre a vida, sobre fatos banais do dia a dia são assuntos de uma crônica, escrita como se ocronista conversasse com o leitor. Leia a crônica a seguir. Observe que o narrador reflete a partir de uma situação cotidiana efala de si mesmo a partir da observação do comportamento do outro.

EXCLUÍDA

A Ana me ligou no final da tarde de sexta: “E aí, você vem?”Eu não fazia ideia sobre o que ela estava falando. Foi então que a Ana se deu

conta de que eu não estava no Facebook, portanto, não sabia da festa que a turmahavia armado. Como eu não havia me pronunciado, ela resolveu ligar para saber se euestava viva.

O cerco está apertando. Antes eu trocava e-mails com os amigos com uma certafrequência, agora todos debandaram, só um ou outro lembra que eu não estou nasredes sociais e faz a caridade de me manter informada sobre o que acontece nouniverso.

[...] Instagram, twitter, whatsapp, nada disso me seduz, não conseguiria tempopara esse contato eletrizante. Ainda me custa compreender pessoas que deixam oiPhone sobre a mesa do restaurante, que precisam fotografar cada minuto vivido, quedesmaiam quando esquecem o celular em casa. Eu deveria ter me alistado na expediçãode colonização de Marte, onde certamente eu me sentiria menos deslocada do que aquina Terra.

Mas não me alistei, então terei que me ajustar à nova ordem social do meuplaneta.

Óbvio que a tecnologia não é a vilã da história, e sim o uso obsessivo que se fazdela. Para quem tem autocontrole, esses gadgets são fascinantes por seu dinamismo,modernidade, capacidade de agregação, de agilização de tarefas, e ainda resolvem aquestão do anonimato, com o qual ninguém mais quer lidar. As redes transformam palcoe plateia numa coisa só: todos são espectadores de todos, ao mesmo tempo quepossuem um holofote sobre si. Já que existir virou sinônimo de “quantos me curtem”, apopulação mundial conseguiu um jeito de ficar quite com o próprio ego.

OBSERVE como a cronista faz uso de diferentestempos verbais, de acordo com a situação que narraou das reflexões que faz sobre a situação.

Nos dois primeiros parágrafos, narra algo jáocorrido, logo usa os verbos no tempo PASSADO.

No 3.º e 4.º parágrafos, faz reflexões sobre asituação e privilegia o uso dos verbos no TEMPOPRESENTE.

Observe o significado dos vocábulos quedestacamos no 6.º parágrafo:gadgets – termo utilizado para se referir aequipamentos ou dispositivos eletrônicos de usocotidiano, com uma determinada função;ego – o eu, a individualidade, a personalidadeprópria de cada pessoa. No texto “ficar quite como próprio ego” seria a pessoa satisfazer o seu eu,a sua individualidade.

A crônica é como se fosse uma conversa docronista com o leitor. A LINGUAGEM INFORMAL éuma marca da crônica. Observe a informalidade jáno 1.º parágrafo. “A Ana me ligou... “E aí, vocêvem?” As expressões em destaque deixamperceber que se tratam de pessoas amigas.

(Continua na próxima página)

Voltemos à crônica do dia a dia.

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 16

É muito provável que eu estivesse nas redes, caso não escrevesse colunas em jornais. Como tenho esse canal deexpressão semanalmente, não me fazem falta outros. Ou não faziam. Estou nesse impasse agora: devo mergulhar commais profundidade no mundo virtual? Reconheço três vantagens: acompanhar o que meus amigos andam tramando [...], meatualizar com mais rapidez e oferecer aos meus leitores um perfil oficial. Além de me sentir menos mumificada.

Será isso que chamam de “se reinventar”?Ando cada vez mais próxima da filosofia budista, exalto a desaceleração, prezo uma boa conversa, adoro ter tempo

para meus livros, meu silêncio, minhas caminhadas. Não sinto falta de saber mais, de ter mais acesso à informação, deconhecer mais gente. Por outro lado, não quero me isolar dos amigos nem ficar sem assunto com eles – e com o mundo.

Que dúvida. Pela primeira vez reflito sobre algo de que, numa era em que se debate tudo, pouco se fala: o nossodireito de ser indiferente.

Adaptado de Martha Medeiros. Jornal de Santa Catarina – 19/10/2013

SAIBA MAIS SOBRE O VALOR DOS ELEMENTOS DE COESÃO

Como vimos, entre parágrafos, entre períodos ou entre orações de textos que lemos, podemos observar termos (palavras ou expressões) com afunção de fazer a COESÃO (estabelecer relações lógicas) entre as ideias, expressando circunstâncias que as ligam. Observe o exemplo retirado dacrônica:

“É muito provável que eu estivesse nas redes, caso não escrevesse colunas em jornais. Como tenho essecanal de expressão semanalmente, não me fazem falta outros. Ou não faziam. Estou nesse impasse agora (...)”

Observe que a narradora acha possível estar na redes, mas estabelece uma CONDIÇÃO para isso acontecer. Oberve também que ela afirma que não lhe fazem falta outros canais de comunicação com as pessoas e cita um motivo, uma CAUSA para isso. Observe, ainda, que, no penúltimo período do trecho, ela faz uma ressalva, uma ALTERNATIVA ao que afirmou antes, por se encontrar nummomento de impasse.No final, ocorre uma circunstância de tempo: “agora”.

1. Com base nas observações feitas sobre os termos de COESÃO do trecho da crônica, vá ao trecho (7.º parágrafo) e passe um traço sobo termo que estabelece a CONDIÇÃO, faça dois traços sob o que estabelece a CAUSA e circule o termo que apresenta a ALTERNATIVA.

2. Vá ao início da crônica e transcrevaa) do 2.º parágrafo, o termo que expressa uma CONCLUSÃO, o que apresenta uma CAUSA e o que indica FINALIDADE: ____________,

_____________ e __________;b) do 3.º parágrafo, os termos que expressam circunstâncias de tempo passado e de tempo presente: _________ e _________;c) do 5.º parágrafo, o termo que expressa uma ADVERSIDADE e o que apresenta uma CONCLUSÃO: _______e _________.

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Continuação da crônica...

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 17

Vamos continuar aproveitando a crônica “EXCLUÍDA” para, a partir de sua leitura, rever e ampliar habilidades de leitura necessárias, se queremos nos tornar mais capazes de ler criticamente os textos.

Vamos continuar aproveitando a crônica “EXCLUÍDA” para, a partir de sua leitura, rever e ampliar habilidades de leitura necessárias, se queremos nos tornar mais capazes de ler criticamente os textos.

Observe, a seguir, o que aparece destacado nos seguintes trechos da crônica:

“ela resolveu ligar para saber se eu estava viva.” (2.º parágrafo)“só um ou outro (...) faz a caridade de me manter informada sobre o que acontece no universo.” (3.º parágrafo)“Eu deveria ter me alistado na expedição de colonização de Marte, onde certamente eu me sentiria menos deslocada do que aqui na Terra.”(4.º parágrafo)

Dá para perceber nesses trechos que a narradora, através de algumas palavras e expressões, faz uso do exagero (HIPÉRBOLE) para conseguir um efeito de sentido, não dá? Então, vamos pensar juntos:

1. De acordo com o tema da crônica, que EFEITO DE SENTIDO tem o uso do exagero que essas palavras e expressões dão a entender? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

EFEITO DE SENTIDOOs recursos de linguagem utilizados para provocar efeitos de sentido colaboram na construção do sentido dotexto como um todo, daí a importância de perceber suas ocorrências em trechos de um texto.

Ocorrem, por exemplo, poruso da pontuação – “E mesmo que voltasse, [...] encontraria vivo aquele ser tão velhinho que mais pareciaum antigo morto esquecido de partir?!...” (Lygia Fagundes Telles)destaque dado a uma palavra (tipos de letra, negrito, sinais...) – “Na verdade O AMOR É QUÍMICA!”(Profª Liria Alves)escolha de determinadas palavras ou expressões, explorando seus recursos expressivos (as figuras delinguagem, por exemplo; o uso de uma palavra no diminutivo ou no aumentativo...) – “Ele bebia um golinhode velhice.” (Guimarães Rosa)repetições, gradações, variações da forma de palavras ou da estrutura das frases, dos períodos, dosparágrafos... – “Reza reza o rio/córrego pro rio/e o rio pro mar...” (Caetano Veloso)

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a) Releia o seguinte trecho da crônica: “(...) não conseguiria tempo para esse contato eletrizante.” (4.º parágrafo).Que efeito de sentido tem o uso da palavra em destaque para qualificar os contatos à distância (via Instagram, twitter, whatsapp,facebook...)? ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

b) Releia, agora, os trechos abaixo e diga o efeito de sentido que tem o uso das palavras em destaque:I. “Ainda me custa compreender pessoas (...) que desmaiam quando esquecem o celular em casa.” (4.º parágrafo)_______________________________________________________________________________________________________________

II. “(...) existir virou sinônimo de “quantos me curtem (...)” (6.º parágrafo)______________________________________________________________________________________________________________

III. “Além de me sentir menos mumificada.” (7.º parágrafo)_____________________________________________________________________________________________________________

c) Observe o trecho ‘Será isso que chamam de “se reinventar”?’ (7.º parágrafo). Que efeito de sentido tem o uso das aspas na expressão“se reinventar”?______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

a) A que se refere a palavra em destaque?_______________________________________________________________________________________________________

b) Que expressão indica que a cronista não tem certeza sobre a atitude que deve tomar? ______________________________

c) De acordo com o que se lê nos parágrafos anteriores, a cronista tem dúvida e reflete se deve exercer o “direito de ser indiferente” comrelação a quê? ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

“Que dúvida.”

2. Observe, a seguir, mais alguns recursos utilizados na crônica “EXCLUÍDA” para alcançar efeitos de sentido:

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3. Observe o trecho final da crônica:“Que dúvida. Pela primeira vez reflito sobre algo de que, numa era em que se debate tudo, pouco se fala: o nosso direito de ser indiferente.”

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Observe, agora, a sequência de quadrinhos da tirinha. Que efeito de sentido tem a mudança do tipo de letra, no 2.º quadrinho? E que efeito tem o destaque dado aos vocábulos IR e GRITAR, no 3.º quadrinho?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Na crônica “EXCLUÍDA”, lemos sobre o sentimento de exclusão, de ser ou de se sentir excluído de um grupo, por não compartilhar ummesmo modo de viver que é o da maioria.

Pense em outras situações cotidianas em que uma pessoa pode se sentir do mesmo jeito (excluída) e ESCREVA, em folha à parte, UMPEQUENO PARÁGRAFO, que poderia ser o início de uma crônica sobre o assunto, aproveitando, para TEMA e TÍTULO, a ideia com queMartha Medeiros conclui sua crônica “Que dúvida. Pela primeira vez reflito sobre algo de que, numa era em que se debate tudo, pouco sefala: o nosso direito de ser indiferente.”, só que num sentido oposto: “O direito de ser diferente”.

Na crônica “EXCLUÍDA”, lemos sobre o sentimento de exclusão, de ser ou de se sentir excluído de um grupo, por não compartilhar ummesmo modo de viver que é o da maioria.

Pense em outras situações cotidianas em que uma pessoa pode se sentir do mesmo jeito (excluída) e ESCREVA, em folha à parte, UMPEQUENO PARÁGRAFO, que poderia ser o início de uma crônica sobre o assunto, aproveitando, para TEMA e TÍTULO, a ideia com queMartha Medeiros conclui sua crônica “Que dúvida. Pela primeira vez reflito sobre algo de que, numa era em que se debate tudo, pouco sefala: o nosso direito de ser indiferente.”, só que num sentido oposto: “O direito de ser diferente”.

ESPAÇOCRIAÇÃO PRODUÇÃO DE TEXTO

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“A Ana me ligou no final da tarde de sexta (...)” - 1.º parágrafo

“Óbvio que a tecnologia não é a vilã da história (...)” - 6.º parágrafo

“Para quem tem autocontrole, esses gadgets são fascinantes (...)” – 6.º parágrafo

“Ando cada vez mais próxima da filosofia budista (...)” – 9.º parágrafo

“Reconheço três vantagens: (...)” - 7.º parágrafo

“Pela primeira vez reflito sobre algo de que (...) pouco se fala” -10.º parágrafo

Na crônica “EXCLUÍDA”, ao falar, no final, sobre o “nosso direito de ser indiferente” e de se sentir excluída, como indica no título, a cronista está expressando um ponto de vista dela, portanto uma OPINIÃO sobre o FATO de não querer fazer parte de redes sociais.

1. Observe, agora, os trechos da crônica “Excluída”, transcritos a seguir. Pense sobre cada um deles: expressa um FATO ou umaOPINIÃO? Depois, preencha a coluna da direita de acordo com o que cada trecho expressa.

FATO ou OPINIÃO?

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PARA REFLETIREmitir opinião sobre um fato envolve mais que liberdade de expressão; envolve a responsabilidade sobre o que se diz.

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FATO X OPINIÃO

Habilidade importante para a leitura crítica de um texto é a de saber distinguir um fato do que seja a opinião sobre um fato. Observe o trechode uma possível narrativa:

“Ana refletiu sobre a questão pela primeira vez e considerou que asredes sociais não são o melhor meio de encontrar os amigos.”

O narrador narra um FATO: o fato de Ana ter refletido sobre a questão pela primeira vez e ter chegado a uma consideração sobre as redessociais.O narrador nos informa a OPINIÃO da personagem, o que ela considera: “as redes sociais não são o melhor meio de encontrar os amigos.”

Se alguém em um texto diz, por exemplo, “A bela amiga se alistou na importante expedição de colonização de Marte.”, temos: Uma amiga ter se alistado numa expedição: é o FATO que se informa. Dizer que a amiga é bela e que a expedição é importante revela, nos dois casos, pontos de vista, OPINIÕES de quem o diz.

Ensinamento Adélia Prado

Minha mãe achava estudoa coisa mais fina do mundo.Não é.A coisa mais fina do mundo é o sentimento.Aquele dia de noite, o pai fazendo serão,ela falou comigo:"Coitado, até essa hora no serviço pesado".Arrumou pão e café, deixou tacho no fogo com água quente.Não me falou em amor.Essa palavra de luxo.

PRADO, Adélia. Poesia reunida. São Paulo: Arx, 1991.

1. O estudo ser a coisa mais fina do mundo é um fato ou uma opinião?__________________________________________________________________

2. Ao revelar o que a mãe achava sobre o estudo, o eu poético está expressandoum fato ou uma opinião?__________________________________________________________________

3. Que palavra, no verso 1, indica que o eu poético está se referindo a umaopinião, a um modo de ver de sua mãe?__________________________________________________________________

4. Em que versos aparecem opiniões do eu poético?__________________________________________________________________

5. No poema, que duas diferentes opiniões se contrapõem?______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Leia este poema: Agora, observe, no poema Ensinamento, o que expressa FATO e o queexpressa OPINIÃO:

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agencia.ac.gov.br

youtube.com

valeagoraweb.com

.br

g1.globo.com

g1.globo.com

A ARTE DA CONVIVÊNCIA

Leia as imagens que ilustram fatos que ocorrem no dia a dia de nossa sociedade.Imagine e escreva, abaixo de cada uma delas, uma pequena legenda adequada ao fato ilustrado. Depois, leia para os seus colegas.

____________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________

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noticiasdeitauna.com.br

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 23

Pense em situações que ocorrem com tanta frequência no nosso dia a dia, em diferentes momentos de

interação social, que acabam sendo banalizadas, vistas erradamente como “coisas que acontecem”,

servindo, assim, como maus exemplos para você, jovem. Pense em atitudes socialmente ruins, seja entre

pessoas ou de pessoas em relação ao meio ambiente, por exemplo.

Que tal fazer um levantamento dessas situações, junto com seus colegas,

e discutir o assunto em uma RODA DE CONVERSA, organizada e coordenada pelo(a) Professor(a)?

A ÉTICA DO DIA A DIA

Os pontos importantes sobre a questão em debate podem ser anotados por aluno(a) escolhido(a) pelo(a) Professor(a) junto com sua turma. Organizado, o texto pode compor um painel afixado em sala de aula,

contendo fotos ou recortes de revistas e jornais que ilustrem o que seria, para todos, “A ÉTICA DO DIA A DIA PARA UMA VIDA MELHOR.”

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 24

Sobre sucatas

Isto porque a gente foi criada em lugar onde não tinha brinquedo fabricado. Isto

porque a gente havia que fabricar os nossos brinquedos: eram boizinhos de osso,

bolas de meia, automóveis de lata. Também a gente fazia de conta que sapo é boi de

cela e viajava de sapo. Outra era ouvir nas conchas as origens do mundo. Estranhei

muito quando, mais tarde, precisei de morar na cidade.

Na cidade, um dia, contei para minha mãe que vira na Praça um homem montado

num cavalo de pedra a mostrar uma faca comprida para o alto. Minha mãe corrigiu que

não era uma faca, era uma espada. E que o homem era um herói da nossa história.

O mundo era um pedaço complicado para o menino que viera da roça. Não vi

nenhuma coisa mais bonita na cidade do que um passarinho. Vi que tudo o que o

homem fabrica vira sucata: bicicleta, avião, automóvel. Só o que não vira sucata é

ave, árvore, rã, pedra. Até nave espacial vira sucata. Agora eu penso uma garça

branca do brejo ser mais linda que uma nave espacial. Peço desculpas por cometer

essa verdade.

BARROS, Manoel de. Memórias inventadas. As infâncias de Manoel de Barros. São Paulo: Planeta do Brasil, 2010.

Vamos continuar exercitando e desenvolvendo nossas habilidades de leitura? m

useudainfancia.unesc.netolhares.uol.com

.br

Cândido Portinari –“Meninos soltando pipas”

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 25

“A paisagem onde a gente brincou pela primeira vez não sai mais da gente.”

(Candido Portinari)

museudainfancia.unesc.net

Portinari – “Meninos soltando pipas”

1. Pela leitura de todo o texto, além de perceber que se trata de lembranças do tempo de criança, ficamos sabendo de algumas

informações sobre o narrador.

a) Onde o narrador passou a primeira parte de sua infância? _______________________________________________________________

b) Que característica da personalidade do narrador mais se revela no texto?

________________________________________________________________________________________________________________

2. Releia o trecho apresentado abaixo. Trata-se de uma OPINIÃO ou de um FATO?

a) “(...) a gente foi criada em lugar onde não tinha brinquedo fabricado.”

_________________________________________________________

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LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO – O CONTO Vamos estudar mais um pouco esse gênero textual narrativo?

O ENREDO – um fato acontece, em geral, por uma determinada causa e se desenrola, numa rede de causas e consequências,envolvendo pessoas (personagens) e certas circunstâncias ou condições que as caracterizam. É necessário saber como tudoaconteceu, a(s) causa(s), as consequência(s )... e saber contar!

LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO – O CONTO Vamos estudar mais um pouco esse gênero textual narrativo?

O ENREDO – um fato acontece, em geral, por uma determinada causa e se desenrola, numa rede de causas e consequências,envolvendo pessoas (personagens) e certas circunstâncias ou condições que as caracterizam. É necessário saber como tudoaconteceu, a(s) causa(s), as consequência(s )... e saber contar!

As pérolas

Dentro do pacote de açúcar, Renata encontrou uma pérola. A pérola era evidentemente para Renata, que sempredesejou possuir um colar de pérolas, mas sua profissão de doceira não dava para isso.

– Agora vou esperar que cheguem as outras pérolas – disse Renata, confiante. E ativou a fabricação de doces, paraesvaziar mais pacotes de açúcar.

Os clientes queixavam-se de que os doces de Renata estavam demasiado doces, e muitos devolviam as encomendas.Por que não aparecia outra pérola? Renata deixou de ser doceira qualificada, e ultimamente só fazia arroz-doce.Envelheceu.

A menina que provou o arroz-doce, aquele dia, quase já ia quebrando um dente, ao mastigar um pedaço encaroçado. Ocaroço era uma pérola. A mãe não quis devolvê-la a Renata, e disse:

– Quem sabe se não aparecerão outras, e eu farei com elas um colar de pérolas? Vou encomendar arroz-doce todasemana.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Rick e a girafa. São Paulo: Ática, 2007.Glossário:qualificada - competente

Observe como se constrói o enredo, no pequeno conto de Carlos Drummond de Andrade, já apresentado neste caderno. Mais uma vez, se constitui em exemplo significativo:

SITUAÇÃO INICIAL

CONFLITO GERADOR

CLÍMAX

DESFECHO

TÍTULO

SITUAÇÃO INICIAL – Renata encontra uma pérola em um pacote de açúcar. CONFLITO GERADOR – Renata aumenta a fabricação de doces, paraesvaziar mais pacotes de açúcar, na esperança de encontrar mais pérolas.

CLÍMAX – A menina encontra uma pérola, ao provar o arroz-doce deRenata.

DESFECHO – Na esperança de encontrar outras pérolas, a mãe da meninaresolve encomendar arroz-doce toda semana.

TÍTULO – Observe que o título é adequado à história que énarrada. NARRADOR – você percebeu que o narrador não participa dahistória? Ele conta uma história que ocorreu com outras pessoas. Ahistória é então contada na 3ª pessoa. É o que chamamos FOCONARRATIVO. PERSONAGENS – Renata é a protagonista, personagem principaldo enredo. A menina e a mãe da menina são os personagenssecundários, que também participam do enredo.

OBSERVE, NA ESTRUTURA DO CONTO, OS ELEMENTOS DA NARRATIVA:

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QUADRO-BASE PARA O PLANEJAMENTO DE UM CONTO

INTRODUÇÃO SITUAÇÃO INICIAL O quê? Quem? Onde? Quando? (Que situação vai se complicar?)

DESENVOLVIMENTO

CONFLITO GERADORO fato complicador, que muda a situação inicial.O quê? Por quê? Como? (Elementos no desenvolvimento do conflito quevão levar ao clímax da história)

CLÍMAXO quê? (Que fato, no desenvolvimento do conflito, vai exigir uma decisão, uma solução, e preparar o desfecho da história?)

CONCLUSÃO DESFECHO E então... (Como se concluirá a história?)

Para entender mais um pouco o gênero CONTO: o enredo

O enredo – Uma situação inicial que se complica, que gera um conflito; esse conflito atinge um momento de máxima tensão, o clímax, que prepara odesfecho da história. Em resumo é isso, mas dentro de cada um desses momentos há elementos fundamentais no desenvolvimento da narrativa. Leia,abaixo, o quadro que seria a base para o planejamento de um conto que se vai escrever.

Para entender mais um pouco o gênero CONTO: o enredo

O enredo – Uma situação inicial que se complica, que gera um conflito; esse conflito atinge um momento de máxima tensão, o clímax, que prepara odesfecho da história. Em resumo é isso, mas dentro de cada um desses momentos há elementos fundamentais no desenvolvimento da narrativa. Leia,abaixo, o quadro que seria a base para o planejamento de um conto que se vai escrever.

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Elementos estruturais do conto “As pérolas” PARÁGRAFO

INTRODUÇÃOSITUAÇÃOINICIAL

DESENVOLVIMENTO

CONFLITO GERADOR

CLÍMAX

CONCLUSÃO DESFECHO

Veja como ficaria um quadro com os elementos estruturais do conto lido:

Renata encontra uma pérola em um pacote de açúcar. 1.º

Renata aumenta a fabricação de doces, para esvaziar mais pacotes de açúcar na esperança de encontrar mais pérolas. 2.º

A menina encontra uma pérola, ao provar o arroz-doce de Renata. 4.º

Na esperança de encontrar outras pérolas, a mãe da menina resolve encomendar arroz-doce toda semana.

Parágrafo final

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 28

PARA ENTENDER UM POUCO MAIS O GÊNERO “CONTO”

Há momentos em que temos o coração transbordando de sentimentos. Há horas em que sentimos necessidade de contar a alguémalguma situação, um fato, uma sensação nossa, um sentimento, uma ideia que nos ocorreu...

Narrar, contar histórias, é a melhor forma de transformar em experiência o que vivemos, o que sentimos diante das situações.

Há quem conte oralmente a um amigo ou a um grupo... há quem escreva suas histórias, quem as publique; assim como há ouvintes eleitores dessas histórias. O que não nos falta é história.

PARA ENTENDER UM POUCO MAIS O GÊNERO “CONTO”

Há momentos em que temos o coração transbordando de sentimentos. Há horas em que sentimos necessidade de contar a alguémalguma situação, um fato, uma sensação nossa, um sentimento, uma ideia que nos ocorreu...

Narrar, contar histórias, é a melhor forma de transformar em experiência o que vivemos, o que sentimos diante das situações.

Há quem conte oralmente a um amigo ou a um grupo... há quem escreva suas histórias, quem as publique; assim como há ouvintes eleitores dessas histórias. O que não nos falta é história.

Observe a estrutura e os elementos narrativos deste outro pequeno CONTO de Carlos Drummond de Andrade, que nos fala da alegria e da tristeza de um contador de histórias.

Histórias para o Rei

Nunca podia imaginar que fosse tão agradável a função de contar histórias, para a qual fui

nomeado por decreto do Rei. A nomeação colheu-me de surpresa, pois jamais exercitara dotes de

imaginação, e até me exprimo com certa dificuldade verbal. Mas bastou que o Rei confiasse em mim

para que as histórias me jorrassem da boca à maneira de água corrente. Nem carecia inventá-las.

Inventavam-se a si mesmas.

Este prazer durou seis meses. Um dia, a Rainha foi falar ao Rei que eu estava exagerando.

Contava tantas histórias que não havia tempo para apreciá-las, e mesmo para ouvi-las. O Rei, que

julgava minha facúndia uma qualidade, passou a considerá-la um defeito, e ordenou que eu só

contasse meia história por dia, e descansasse aos domingos. Fiquei triste, pois não sabia inventar

meia história. Minha insuficiência desagradou, e fui substituído por um mudo, que narra por meio de

sinais, e arranca os maiores aplausos.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Histórias para o Rei. Rio de Janeiro: Record, 1999.Glossário: facúndia - facilidade para falar; abundância em palavras.

TÍTULO

SITUAÇÃO INICIAL

CONFLITO GERADOR

CLÍMAX

DESFECHO

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 29

1. O título antecipa para o leitor o que vai ser contado? Leia todo o conto e pense se o título escolhido foi adequado. Converse com os seus colegas e com seu(sua) Professor(a).

2. Observe o narrador do conto. Ele está ausente e conta, como observador, algo que aconteceu a outros ou ele participa da história?____________________________________________________________________________________________________________

3. Em que situação inicial encontramos o personagem principal do conto? ____________________________________________________________________________________________________________

4. Que complicação ou conflito ocorre para mudar a situação? ___________________________________________________________________________________________________________

5. Qual é o clímax, o momento de maior tensão na história? ___________________________________________________________________________________________________________

6. Além do narrador-personagem, que outros personagens participam da história? ___________________________________________________________________________________________________________

7. Como se conclui, como se dá o desfecho da história? Que efeito de IRONIA há nesse desfecho? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

8. Em determinado momento, o narrador faz uso de uma ironia sobre o fato de não saber inventar meia história. Transcreva o trecho em que ironiza o fato: _____________________________________________________________________________________________________

estadao.com.br

irdeb.ba.gov.br

flickr.com

9. Releia o trecho: “Mas bastou que o Rei confiasse em mim para que as histórias me jorrassem da boca à maneira de água corrente.”Que efeito de sentido tem a escolha da palavra destacada? ________________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________

recantodasletras.com.b

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 30

Elementos estruturais do conto “Histórias para o Rei” PARÁGRAFO

INTRODUÇÃO SITUAÇÃO INICIAL

DESENVOLVIMENTO

CONFLITO GERADOR

CLÍMAX

CONCLUSÃO DESFECHO

Vamos imaginar como foi planejado o conto, ou seja, como teria sido imaginado antes de ser escrito? Foco narrativo – Em 1ª pessoa (narrador-personagem). Personagem principal e características – O narrador-personagem: um homem comum, a princípio inseguro, pouco dado à imaginação, com dificuldade de seexpressar verbalmente e que precisa sentir que confiam nele. Personagens secundários e características – O Rei (um homem que sabe julgar as qualidades alheias e confiar nas pessoas, mas facilmente influenciável pela opiniãoalheia); a Rainha (uma mulher forte, influente junto ao marido, ansiosa, com certa dificuldade de atenção, intolerante com o que considera exagero, pois lhe exigetempo de atenção); o novo contador de histórias, um homem incapacitado de fala, mas com grande capacidade de contar histórias por meio de sinais. Título – Histórias para o Rei.

QUADRO-BASE PARA O PLANEJAMENTO DO CONTO

INTRODUÇÃO SITUAÇÃO INICIAL O quê? Nomeação do personagem principal como contador de histórias de um reino. Quem? O narrador-personagem. Onde? Em um reino não localizado. Quando? No tempo dos contos, do “Era uma vez”.

DESENVOLVIMENTO

CONFLITO GERADOR eDESENVOLVIMENTO DO ENREDO

O quê? A Rainha reclama com o Rei sobre o contador de histórias por ele nomeado. Por quê? Acha que ele está exagerando. Como? Conta histórias demais. E então? O Rei, influenciado pela Rainha, muda de opinião sobre as qualidades do contador de histórias e ordena-lhe que passe a contar apenas meia história por dia, com folga aos domingos.

CLÍMAX O quê? O personagem principal fica triste, pois não sabe imaginar uma meia história, o que desagrada ao Rei.

CONCLUSÃO DESFECHO O narrador-personagem é substituído por um mudo, que conta histórias por meio de sinais e que agrada muito à plateia.

PASSO A PASSO PARA A PRODUÇÃO DE UM CONTO

Agora, com base nos elementos do conto, preencha o quadro ao lado.

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 31

Escritas ou contadas oralmente, muitas histórias saem do mundo da imaginação e ganham vida no mundo mágico e luminoso das narrativas de ficção. Emgeral, há um encadeamento de fatos a partir de uma situação inicial que se complica, se desenvolve e chega a um desfecho. É o que chamamosENREDO – a rede que o narrador cria para ENREDAR, prender o leitor!

Você conhece a história daquela história que nem enredo tinha? Ela é assim, leia!

JÁ ERA UMA VEZ

Era uma vez uma história bem pobrezinha, tão pobrezinha que não tinha personagens, não tinha começo, não tinha meio, não tinha fim,nem enredo tinha. E para que serve uma história sem enredo?

A pobre da nossa história andava por aí pedindo:– Um enredo, pelo amor de Deus!Mas ninguém dá a mínima atenção a uma história sem enredo.E a historinha sem enredo passava por grandes histórias, cada uma mais orgulhosa do seu enredo.Uma era a história de um cavaleiro de armadura que atacava até moinhos de vento.A historinha olhava e dizia:– Puxa!, isso é que é enredo. Quem dera eu tivesse um enredo assim!Outra era a história de um médico que virava monstro e de um monstro que virava médico. Tinha também a história de um rei que tinha

uma távola redonda. Todas as histórias tinham enredo, menos a nossa.Um dia, nossa história decidiu: “vou sair pelo mundo e vou encontrar um enredo, custe o que custar”.Assim, nossa história correu mundo, conheceu todos os lugares, viu cidades imensas, ouviu a queixa das pessoas, o som das trombetas

e o barulho dos cascos dos cavalos do rei. Viu bandidos serem enforcados, foi presa, foi solta, foi presa de novo, fugiu.Assim, os anos se passaram, e assim a nossa história voltou ao ponto de partida. Agora, já era uma velha história, uma história que os

pescadores contavam nas noites de lua, as velhas contavam para as crianças dormir, e as pessoas sonhavam quando queriam esquecer davida.

Um dia, nossa história estava para morrer. Então, ela reuniu em sua volta todas as pequenas anedotas da vizinhança, os episódiosmínimos e as piadas sujas e disse:

– Meus amores, antes de partir tenho uma coisa muito importante para contar a vocês, que vai alegrar os homens, fazer as mulhereschorarem e apavorar as crianças.

Já era quase nada, quando conseguiu dizer:– Era uma vez uma história bem pobrezinha, tão pobrezinha que não tinha personagens, não tinha começo, não tinha meio, não tinha

fim, nem enredo tinha.E morreu dizendo:– Para que serve uma história sem enredo?

LEMINSKI, Paulo. Gozo fabuloso. São Paulo: DBA Artes Gráficas, 2004.

ATENÇÃO! Aproveite a leitura para observar o FOCO narrativo e o modo como o narradorapresenta as falas de seu personagem (DISCURSO DIRETO), utilizando o recursodos dois pontos (:), seguidos por travessões ( – ); como também o recurso dafala entre aspas.

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 32

1. Quem é a personagem principal em “Já era uma vez”?________________________________________________________________________________________________________________

2. O narrador qualifica a personagem como “uma história bem pobrezinha”. Que efeito de sentido tem o uso do vocábulo “bem” antes dodiminutivo “pobrezinha”? E o uso do diminutivo em pobrezinha?________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3. No trecho "Era uma vez uma história bem pobrezinha, tão pobrezinha que não tinha personagens”, ocorre uma relação de causa econsequência. Que termos, no trecho, estabelecem essa relação?________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4. Qual era o maior desejo da personagem principal e que ela vivia pedindo aos outros que realizassem?________________________________________________________________________________________________________________

5. Que outros elementos característicos da narrativa o narrador diz que faltam à personagem, por ela ser “pobre, tão pobrezinha que...nem enredo tinha”?________________________________________________________________________________________________________________

6. Por que a história sem enredo encontra dificuldade de que alguém a ouça e atenda a seu pedido?________________________________________________________________________________________________________________

7. Qual a opinião da personagem sobre o enredo da primeira das “grandes histórias” que ela cita? Transcreva o trecho que justifica suaresposta._______________________________________________________________________________________________________________

8. Na sua aventura de sair pedindo um enredo por aí, a personagem passa por grandes histórias com enredos, segundo o narrador.Relacione, na primeira coluna do quadro abaixo, cada enredo citado. Tente lembrar ou pesquise para chegar ao título de cada história eescreva-o, na segunda coluna, ao lado do enredo a que se refere. A tarefa pode ser realizada com a participação de toda a turma,coordenada pelo(a) Professor(a).

ENREDO TÍTULO

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 33

9. No 11.º parágrafo, o narrador conta que “nossa história correu mundo”. Com que sentido ele usa a expressão em destaque?_____________________________________________________________________________________________

10. Pelo que o narrador conta, no 11.º parágrafo, “nossa história”, ao correr mundo, passou por muitas experiências, viveu uma grande aventura e, sendo a personagem quem é, entendemos que ela viajou por um mundo especial. Que mundo é esse? _____________________________________________________________________________________________

11. No parágrafo seguinte (12.º), “nossa história”, depois de “correr mundo”, volta ao “ponto de partida” e “já era uma velha história”. Releia, com atenção, o parágrafo, reflita e responda: Dentro do mundo em que a personagem vivia, a que tempo ela voltou? _____________________________________________________________________________________________

12. Que expressão do início do conto repete-se no final e lembra a tradição oral dos contadores de histórias? _____________________________________________________________________________________________

13. Viu só? “Nossa história” acabou ganhando um enredo! Agora, com os elementos da narrativa, complete o quadro.

praler.org

SITUAÇÃO INICIAL

CONFLITO GERADOR

CLÍMAX

DESFECHO

14. Você observou que a fala final da personagem repete a situação inicial da história narrada? Por essa repetição,podemos entender que a história que não tinha enredo não morreu. Qual foi o destino da “nossa história”?

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Que resposta você daria à pergunta que “nossa história” faz no final doconto? Converse com os seus colegas e com o seu(sua) Professor(a).

recantodasletras.com.br

mphp.org

falandoemliteratura.com

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 34

Produção de textoViu para o que serve uma história sem enredo? Sabemos que, na tradição oral, as histórias vão sendo conhecidas porque são contadas no “boca a boca”, alguém conta para alguém que conta para

alguém... E assim vai.Você pode reparar que, nessa forma de transmissão de histórias, muitas vezes as pessoas começam assim: Você conhece aquela do...?Assim, a gente vai conhecendo, por exemplo, aquela da moça que encontrou uma pérola num pacote de açúcar, aquela da história que não tinha

enredo...Acontece, às vezes, de uma pessoa nos contar o final e a coisa perder um pouco a graça, não é mesmo?Por exemplo:Você conhece aquela da história que começava pelo final e ninguém queria saber de ouvir ou de ler mais nada? A história foi ficando aborrecida,

começou a se sacudir de raiva. Sacudiu-se tanto que as letras se embaralharam e... Não, vamos parar! Não queremos saber já o final. E temos um amigoque vai nos contar direitinho essa história toda, com começo, meio e fim. Esse amigo é você!

Organize-se. Faça o planejamento da história (retome, para isso, a página com o quadro de planejamento, apresentado neste caderno). Planejada asua história, use rascunhos à vontade, peça ajuda a seu(sua) Professor(a). A situação inicial você já tem. Pense em como ela vai se desenvolver, pense nacomplicação, no clímax e no desfecho. Pense que ela pode ter outros personagens. Elabore seu plano, rascunhe o necessário, até chegar à história quevocê vai nos contar aqui, agora!

Como já sugerimos uma situação inicial, vamos deixá-la escrita aqui, para você continuar, criar e escrever todo o desenvolvimento até chegar aodesfecho. Ah, o título também é com você; não se esqueça!

Asas à imaginação, mãos à obra, que queremos conhecer mais essa história!

___________________________________________________________ (Aqui você vai escrever o título de sua história.)

Era uma vez uma história que começava pelo final. O leitor lia aquele final e a deixava de lado, sem querer saber como a

história tinha começado e se desenvolvido, até chegar àquele desfecho. A história começou a ficar muito aborrecida em ser

abandonada assim e resolveu que desse jeito a situação não podia continuar.

Um dia, estava ela diante dos olhos de um leitor, já pronta para ser abandonada, quando começou a se sacudir de raiva

até fazer as letras se embaralharem e ______________________________________________________________________________________

“Já era uma vez” Com base na história que você acabou de ler e nas respostas que deu às questões propostas, observe a expressão que dá título à narrativa. Trata-se de um jogo de

palavras, que resulta da mistura da gíria “Já era” (uma expressão própria da linguagem informal dos jovens e adolescentes, referindo-se a alguma coisa que acabou, quejá passou) com “Era uma vez” (expressão característica da tradição oral dos contadores de histórias). Assim, a expressão “Já era uma vez” revela que a história semenredo “já era”, pois, ao entrar no mundo do “era uma vez”, virou enredo dela mesma. Resumindo: para a personagem, agora, ser uma história sem enredo “já era”.

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 35

Que bom você ter nos contado essa história, hein?! Agora, sabemos como a “história que começava pelo final” resolveu o seu problema. Já conhecemos “a história da história que começava pelo final”.

Essa é a função dos contadores de histórias, seja oralmente, seja por escrito: fazer a história seguir seu caminho dentro da história das histórias. Com o tempo, uma história vai mudando. É um mexe daqui, um mexe dali; é um que corta uma parte;

outro que inventa outra parte; um que muda o final, que inventa outros personagens, que faz o dia virar noite, o mocinho virar bandido, o monstro ficar bonzinho, afinal... “quem conta um conto aumenta um ponto.”

E o mundo gira... e o tempo não para... e é a vida que segue e vai nos dando histórias!

MU

LTIRIO

MU

LTIRIO

Tema para refletir e debater em turma:

“Na arte da convivência, diferenças são riquezas!”

recantodasletras.com.br

Você já parou para pensar a partir de que critérios se distinguem aquilo que é padrão social e o que se estabelece

como um desvio desse padrão?

Como se definem “iguais” e “diferentes”?

Você já parou para refletir sobre questões como essas?

Já pensou que são definições e critérios alheios a nós, estabelecidos arbitrariamente, mas que são muitas vezes

usados como argumentos para justificar ideias de exclusão social?

Já pensou que tais argumentos estão na raiz de um mal que nos atinge a todos, que é o preconceito?

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O doido da garrafa

Ele não era mais doido do que as outras pessoas do mundo, mas as outras pessoas do mundo insistiam em dizer que ele era doido.Depois que se apaixonou por uma garrafa de plástico de se carregar na bicicleta e passou a andar sempre com ela pendurada na cintura,

virou o Doido da Garrafa.O Doido da Garrafa fazia passarinhos de papel como ninguém, mas era especialista mesmo em construir barquinhos com palitos. [...]Escrevia cartas para ninguém, umas em prosa, outras em poesia, como mero exercício de estilo.Tinha mania de dar entrevistas para o vento e já sabia a resposta de qualquer pergunta que porventura alguém pudesse lhe fazer um dia.Ajudava o dicionário a explicar as coisas inventando palavras necessárias, como dorinfinita.Sentia uma paixão azul dentro do peito, desde criança, sempre que olhava o mar e orgulhava-se muito disso.Acreditava no amor, mas tinha vergonha da frase.Às vezes falava sozinho. Preferia tristeza à agonia.Todas as noites, entre oito e dez e meia, era visto andando de um lado para o outro da rua, método que tinha inventado para acabar de

vez com a preocupação de fazer a volta de repente, quando achava que já tinha andado o suficiente. [...]Durante o dia o Doido da Garrafa trabalhava numa multinacional, era sujeito bem visto, supervisor de departamento, ganhava um bom

salário e gratificações que entregava para a mulher aplicar em fundos de investimento.No fim do ano ia trocar de carro.Era excelente chefe de família.Não era mais doido do que as outras pessoas do mundo, mas sempre que ele passava as outras pessoas do mundo pensavam, lá vai o

Doido da Garrafa, e assim se esqueciam das suas próprias garrafas um pouquinho.

FALCÃO, Adriana. O doido da garrafa. São Paulo: Planeta do Brasil, 2003.

Na dimensão social, na vida em coletividade, é fundamental a capacidade de fazer concessões, de respeitar as diferenças, de procurar entendero outro, na permanente aprendizagem da arte da boa convivência.

Leia, a seguir, um conto que aborda essa questão.

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 37

Título do conto – Pense: ele dá alguma pista sobre qual vai ser o tema do conto? Converse com os seus colegas e com o seu(sua)Professor(a).

2. O 1.º parágrafo apresenta o personagem principal e sua situação diante de outras pessoas que o conheciam. Que situação era essa?___________________________________________________________________________________________________________

3. Que termos desse 1.º parágrafo indicam que o narrador fala de situação ocorrida num tempo impreciso do passado?__________________________________________________________________________________________________________

4. O 2.º parágrafo narra fatos ocorridos que trazem mudança na situação do personagem.Que fatos ocorreram e que consequência tiveram?________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5. Que termos indicam que se trata de fatos concluídos no passado?________________________________________________________________________________________________________

A seguir, você vai identificar, em cada parte do conto, os elementos que constroem a narrativa, observando o desenvolvimento do enredo.

FOCO NARRATIVO – a figura do narradorComo já vimos, o narrador, em um conto, pode ser o narrador-personagem que narra em 1.ª pessoa ou o que narra em 3.ª pessoa a história deoutro personagem.

O narrador em 3.ª pessoa pode ser:narrador onisciente – o narrador que conhece toda a história, até mesmo o pensamento dos personagens.narrador observador – ele não conhece toda a história, apenas se limita a narrar os fatos à medida que eles acontecem.

1. Com base nessas informações, caracterize o narrador de “O doido da garrafa”.________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Glossário:onisciente - que sabe tudo. (Dicionário Miniaurélio. 6. ed.)

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 38

6. Do 3.º ao 10.º parágrafos narram-se situações, atitudes habituais, caracterizadoras do personagem como um poeta sonhador, emmomentos não definidos do passado. Relacione algumas atitudes caracterizadoras que aparecem nessa parte do conto.________________________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________________

7. Do _____ ao _____ parágrafos o narrador mostra um outro lado da personalidade do personagem.Relacione atitudes e situações que caracterizam esse outro lado do personagem.________________________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________________

8. Relacionando esse trecho (do 11.º ao 13.º parágrafo) ao anterior (do 3.º ao 10.º), como se pode caracterizar o personagem?________________________________________________________________________________________________________________

9. No desfecho do conto (último parágrafo), o narrador retoma uma comparação com que caracteriza o personagem na situação inicial.a) Transcreva o trecho que se repete e destaque nele o termo que estabelece comparação.________________________________________________________________________________________________________________

b) Que efeito de sentido tem a repetição dessa comparação, na conclusão do conto?________________________________________________________________________________________________________________

OBSERVE, NO CONTO, O USO DAS SEGUINTES FIGURAS DE LINGUAGEM:

NEOLOGISMO (= palavra nova) consiste na criação depalavras novas pelos falantes, para atender a umanecessidade momentânea de expressão.Transcreva o neologismo criado no conto e diga quesignificado expressa.________________________________________________

Revendo a METÁFORA – É uma figura de palavra em que um termosubstitui outro em vista de uma relação de semelhança. Na metáfora, umacoisa está por outra, um vocábulo vale por outro. Um exemplo do usodesse recurso no conto está na “paixão azul” que o personagem sentiadentro do peito, quando olhava o mar.No trecho final do conto, “e assim se esqueciam das suas própriasgarrafas um pouquinho.”, o vocábulo em destaque é uma metáfora. Comque sentido foi usado?___________________________________________________________

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Você tem algum tipo de preconceito? Se fizermos essa pergunta às pessoas que conhecemos, as respostas serão quase sempre negativas. Mas então não existe o preconceito? Existe! Sabemosbem que existe! Infelizmente, e, dependendo da circunstância, surge quando menos esperamos. Onde, então, o escondemos? O conto que você vai lertematiza a questão.

PRETO E BRANCOFernando Sabino

Perdera emprego, chegara a passar fome, sem queninguém soubesse: por constrangimento, afastara-se da roda boêmiaque antes costumava frequentar – escritores, jornalistas, umsambista de cor que vinha a ser seu mais velho companheiro denoitadas.

De repente, a salvação lhe apareceu na forma de umamericano, que lhe oferecia emprego numa agência. Agarrou-se comunhas e dentes à oportunidade, vale dizer, ao americano, paragarantir na sua nova função uma relativa estabilidade.

Um belo dia vai seguindo com o chefe pela Rua México, jádistraído de seus passados tropeços, mas tropeçandoobstinadamente no inglês com que se entendiam – quando vê dooutro lado da rua um preto agitar a mão para ele.

Era o sambista seu amigo.Ocorreu-lhe desde logo que ao americano poderia parecer

estranha tal amizade. E mais ainda: incompatível com a ética ianquea ser mantida nas funções que passara a exercer. Lembrou-se numátimo de que o americano em geral tem uma coisa séria chamadapreconceito racial e seu critério de julgamento da capacidadefuncional dos subordinados talvez se deixasse influir por essa odiosadeformação. Por via das dúvidas, correspondeu ao cumprimento deseu amigo da maneira mais discreta que lhe foi possível, mas viu empânico que ele atravessava a rua e vinha em sua direção, sorrisoaberto e braços prontos para um abraço.

Oberve o título antes de ler o conto e pense: o que ele lhesugere, antes da leitura? Qual pode ser o TEMA (ouassunto principal) do conto?

No 2.º parágrafo, há um exagero, em que o narrador utilizauma FIGURA DE LINGUAGEM: a hipérbole.Leia a explicação apresentada abaixo e transcreva doparágrafo a hipérbole utilizada:_________________________________________________________________________________________________

REVENDO A HIPÉRBOLEComo já foi visto no caderno do 1º bimestre e anteriormenteneste caderno, trata-se de um recurso de linguagem queconsiste no exagero de uma imagem como forma de expressarmelhor a ideia, dar mais ênfase ao que se quer dizer. Quando sediz, por exemplo, "quase morri de rir", “procurei loucamente"ou “liguei um milhão de vezes”, essas expressões não sãoliteralmente verdadeiras, mas dão ênfase, reforçam osentimento que acompanhou a ação.Outros exemplos:“O poente na espinha de suas montanhas quase arromba aretina de quem vê...” (Chico Buarque, em Carioca).“Desejei penteá-los por todos os séculos dos séculos, tecer duastranças que pudessem envolver o infinito por um númeroinominável de vezes.” (Machado de Assis, em Dom Casmurro).“Eu já derramei um rio de lágrimas,Muitas vezes chorei minhas mágoasSó porque eu te amo demais...”(Lourenço & Rita Ribeiro, em Minha rainha).

LEVANTANDO HIPÓTESES...O que será que vai acontecer? Pense, imagine, antes de passar à continuação doconto, na próxima página. Será que sua hipótese se confirmará?

(Continua... )

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Pensou rapidamente em se esquivar – não dava tempo: o americano também se detivera, vendo o pretoaproximar-se. Era seu amigo, velho companheiro, um dos melhores mesmo que já conhecera – acaso jamaischegara sequer a se lembrar de que se tratava de um preto? Agora, com o gringo ali a seu lado, todo branco esardento, é que percebia pela primeira vez: não podia ser mais preto. Sendo assim, tivesse paciência: mais tardelhe explicava tudo, haveria de compreender. Passar fome era muito bonito nos romances de Knut Hamsun, lidosdepois do jantar, e sem credores à porta. Não teve mais dúvidas: virou a cara quando o outro se aproximou e fingiuque não o via, que não era com ele.

E não era mesmo com ele.Porque antes de cumprimentá-lo, talvez ainda sem tê-lo visto, o sambista abriu os braços para acolher o

americano – também seu amigo.

SABINO, Fernando. A mulher do vizinho. Rio de Janeiro: Record, 1962.

Knut Hamsun (1859-1952), escritor norueguês, é autor do conhecido romance autobiográfico Fome(1890), entre outros romances que escreveu.

E então, gostou do conto? O narrador confirmou algo de sua hipótese? Gostou da forma como se desenvolveu o enredo e se chegou a um desfecho surpreendente, dando uma lição ao personagem, quer dizer, a todos nós?

Você vai, agora, responder a algumas questões que o ajudarão a entender melhor o conto e sua estrutura.

1. Quem são os personagens do conto?__________________________________________________________________________________________________________________

2. Observe o narrador. Ele é um narrador-personagem (em 1.ª pessoa) ou um narrador em 3.ª pessoa, narrador onisciente, que conta ahistória de outro personagem, sabendo tudo sobre a história, inclusive o que pensam os personagens?

3. Qual é, então, o foco narrativo do conto?__________________________________________________________________________________________________________________

4. Transcreva do conto o único trecho em que há indicação de ser a cidade do Rio de Janeiro o local onde se passa a história:__________________________________________________________________________________________________________________

5. Na página anterior, você percebeu que uma situação foi exagerada no 2.º parágrafo e localizou e transcreveu a hipérbole utilizada. Agora,explique seu efeito de sentido, de acordo com a situação inicial narrada:

________________________________________________________________________________________________

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5. Ao ocorrer-lhe que o preconceito do americano poderia fazer com que perdesse seu emprego, a) que sentimento apoderou-se do personagem? _________________________________________________________________________________________________

b) qual foi a reação do personagem? __________________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________________

6. Releia o trecho:“Agora, com o gringo ali a seu lado, todo branco e sardento, é que percebia pela primeira vez: não podia ser mais preto.” (6.º parágrafo)

Perceber a cor da pele do amigo não ocorreu apenas pelo contraste com a cor da pele do americano.Que outro motivo teria feito o personagem percebê-la naquele momento?_________________________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________________

7. Que justificativa o personagem dá a si mesmo, ao decidir virar a cara para fingir não ter visto o amigo?_________________________________________________________________________________________________

8. Qual o efeito de ironia, conseguido pelo autor, no desfecho do conto?__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

9. Que passagem do desfecho expressa essa ironia final?__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

10. A atitude do norte-americano ao abraçar o amigo sambista revelou uma característica do personagem principal. Qual?____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

11. O narrador inicia contando um fato que se deu em um passado anterior ao momentoem que o personagem encontra a salvação para seu problema.Que termos indicam isso no primeiro parágrafo?__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 42

12. Preencha o quadro, de acordo com o que foi narrado no conto “PRETO E BRANCO”:

“Ocorreu-lhe desde logo que ao americano poderia parecerestranha tal amizade. E mais ainda: incompatível com a éticaianque a ser mantida nas funções que passara a exercer. Lembrou-se num átimo de que o americano em geral tem uma coisa sériachamada preconceito racial e seu critério de julgamento dacapacidade funcional dos subordinados talvez se deixasse influirpor essa odiosa deformação.”

“Não teve mais dúvidas: virou a cara quando o outro seaproximou e fingiu que não o via, que não era com ele.

E não era mesmo com ele.Porque antes de cumprimentá-lo, talvez ainda sem tê-lo visto,

o sambista abriu os braços para acolher o americano – também seuamigo.”

Relacione essas duas partes do texto e pense:Que lição a cena do desfecho do conto dá ao personagem, principal... e a muitos de nós?

A questão pode gerar uma boa Roda de Conversa. Que tal?

Elementos estruturais do conto PRETO E BRANCO PARÁGRAFOS

SITUAÇÃO INICIAL

CONFLITO GERADOR

CLÍMAX

DESFECHO

TRECHO DO DESENVOLVIMENTO DO CONFLITO GERADOR DESFECHO DA HISTÓRIA

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 43

Igualdade na desigualdade, ímpar entre pares, singular no plural, identificação nas diferenças, individualidade na coletividade. Não podemos caracterizar assim a vida de cada indivíduo, de cada ser humano, vivendo em sociedade?Você vai ler a seguir um poema que nos ajuda a pensar e a nos entender dentro dessa aparentemente complicada relação entre indivíduo e sociedade.

IGUAL-DESIGUAL Carlos Drummond de Andrade

Eu desconfiava:todas as histórias em quadrinho são iguais.Todos os filmes norte-americanos são iguais.Todos os filmes de todos os países são iguais.Todos os best-sellers são iguais.Todos os campeonatos nacionais e internacionais de futebol sãoiguais.Todos os partidos políticossão iguais.Todas as mulheres que andam na modasão iguais.[...]

Todas as guerras do mundo são iguais.Todas as fomes são iguais.Todos os amores, iguais iguais iguais.Iguais todos os rompimentos.A morte é igualíssima.Todas as criações da natureza são iguais.Todas as ações, cruéis, piedosas ou indiferentes, são iguais.Contudo, o homem não é igual a nenhum outro homem, bicho ou coisa.

Não é igual a nada.Todo ser humano é um estranhoímpar.

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ANDRADE, Carlos Drummond de. A paixão medida. Rio de Janeiro: José Olympio, 1980.

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 44

1. Observe o título do poema, “IGUAL-DESIGUAL”. Trata-se de um neologismo, uma palavra composta,pensada pelo eu poético a partir de duas palavras, que são um par de opostos.a) A quem se refere? __________________________________________________________________

b) Que efeito de sentido tem o uso dessa palavra nova para dar título ao poema?__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

2. Observe a primeira palavra usada no poema: “Eu”. Com relação ao tema abordado, o que se podeperceber na escolha dessa palavra para iniciar o poema?

_______________________________________________________________________________________________________________

3. Observe, a partir do verso 2, o uso do recurso da repetição (“todos”, “todas” e “são iguais”). Que efeito de sentido tem essa repetição?___________________________________________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________________________________________

4. Transcreva o verso em que o eu poético se refere a uma circunstância ou experiência única, em que os seres são exatamente iguais:

___________________________________________________

5. Transcreva os versos do poema que mostram a desigualdade do ser humano, em sua individualidade, sua singularidade, em relação a tudoo mais: __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

6. De acordo com o conteúdo do poema, pode-se concluir que,

a) em sua capacidade de pensar, de criar, de produzir idéias e bens culturais, em suas criações coletivas, o ser humano é ____________.

b) em sua individualidade, em sua singularidade, o ser humano é ___________________________.

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OPERÁRIOS – Tarsila do Amaral

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 45

SEM BARRAEnquanto a formigacarrega a comidapara o formigueiro,a cigarra canta,canta o dia inteiro.

A formiga é só trabalho.A cigarra é só cantiga.

Mas sem a cantigada cigarraque distrai da fadiga,seria uma barrao trabalho da formiga!PAES, José Paulo.Olha o bicho. São Paulo, Ática, 1989.

Ao recurso de um texto fazer referência a outro texto chamamos de INTERTEXTUALIDADE. Leia o poema a seguir, quetem como TEMA o valor do fazer diário de cada um e que faz referência à conhecida fábula “A cigarra e as formigas”.

1. Transcreva do poema os versos que expressam a oposição entre as ações de carregar earmazenar comida e a de cantar, em relação ao que se considera como trabalho.______________________________________________________________________________________________

2. Com que sentido foi usada a palavra “barra”, no título e no penúltimo verso do poema? _______________________________________________________________________________

3. E por que sem barra? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

A CIGARRA E AS FORMIGASNo inverno, as formigas estavam fazendo secar o

grão molhado, quando uma cigarra faminta lhes pediualgo para comer. As formigas lhe disseram: “Por que,no verão, não reservaste também o teu alimento?” Acigarra respondeu: “Não tinha tempo, pois cantavamelodiosamente”. E as formigas, rindo, disseram: “Poisbem, se cantavas no verão, dança agora no inverno”.

Esopo: fábulas completas. Tradução de Neide Smolka. São Paulo: Moderna, 1994.

PRODUÇÃO DE TEXTO – Relacione o poema à fábula. Concordando com opoema sobre o valor do canto das cigarras, mude o desfecho da fábula, de modoa caracterizar as formigas como personagens menos egoístas, maiscompreensivas e mais solidárias a respeito do valor do trabalho da cigarra.

A cigarra e as formigas No inverno, as formigas estavam fazendo secar o grão molhado, quando uma

cigarra faminta lhes pediu algo para comer. As formigas lhe disseram: “Por que, no

verão, não reservaste também o teu alimento?” A cigarra respondeu: “Não tinha

tempo, pois cantava melodiosamente”. E as formigas _______________________

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Lembre-se: “Na arte da convivência, diferenças são riquezas!”

veja

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il.co

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 46

INCLASSIFICÁVEIS (Arnaldo Antunes)

que preto, que branco, que índio o quê?que branco, que índio, que preto o quê?que índio, que preto, que branco o quê?que preto branco índio o quê?branco índio preto o quê?índio preto branco o quê?

aqui somos mestiços mulatoscafuzos pardos mamelucos sararáscrilouros guaranisseis e judárabesorientupis orientupisameriquítalos lusonipocaboclosorientupis orientupisiberibárbaros indociganagôs

somos o que somosinclassificáveis

não tem um, tem doisnão tem dois, tem trêsnão tem lei, tem leisnão tem vez, tem vezesnão tem Deus, tem deusesnão há sol a sós

aqui somos mestiços mulatoscafuzos pardos tapuias tupinamboclosamericarataís yorubárbaros

somos o que somosinclassificáveis

que preto, que branco, que índio o quê?que branco, que índio, que preto o quê?que índio, que preto, que branco o quê?não tem um, tem doisnão tem dois, tem trêsnão tem lei, tem leisnão tem vez, tem vezesnão tem deus, tem deusesnão tem cor, tem coresNão há sol a sós

egipciganos tupinamboclosyorubárbaros carataíscaribocarijós orientapuiasmamemulatos tropicaburéschibarrosados mesticigenadosoxigenados debaixo do sol

Assista ao clipe da canção em https://youtu.be/AZ0AAtaqngU

Agora vamos ler (ou cantar) todos juntos?

vivendociencias.com.br

https://ww

w.vagalum

e.com.br/arnaldo-antunes/inclassificaveis.htm

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ESPAÇOCRIAÇÃO

Que tal combinar com o(a) Professor(a) para, em equipe, realizar um videoclipe da turma para essa ou outra canção, à escolha da equipe?

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 47