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Instituto Politécnico de Setúbal Escola Superior de Educação Recensão crítica Unidade Curricular: Língua Portuguesa e Tecnologias da Informação e Comunicação Docentes: Helena Camacho e Maria do Rosário Rodrigues Ano Lectivo: 2009/2010 Curso: Licenciatura em Educação Básica Ano: 3º ano Turma: A Discentes: Ana Baptista, 070142057 Inês Graça, 070142065 5 de Novembro de 2009

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Instituto Politécnico de Setúbal

Escola Superior de Educação

Recensão crítica

Unidade Curricular: Língua Portuguesa e Tecnologias da Informação e Comunicação

Docentes: Helena Camacho e Maria do Rosário Rodrigues

Ano Lectivo: 2009/2010

Curso: Licenciatura em Educação Básica

Ano: 3º ano

Turma: A

Discentes:

Ana Baptista, 070142057

Inês Graça, 070142065

5 de Novembro de 2009

As sociedades actuais caracterizam-se pelas sucessivas mudanças geradas pela

globalização. Esta decorre do desenvolvimento das telecomunicações e tecnologias

informáticas, estendendo-se à informação, cultura, entre outros. As mudanças que derivam

desde fenómeno pressupõem novas necessidades de comunicação, implicando um maior

incentivo na aprendizagem de novas línguas (valorização do domínio das línguas e culturas

maternas), pois estas aprendizagens servirão de base à interacção social/pessoal e intercultural.

Todavia, todas estas alterações, consequentes da globalização, tornam-se inacessíveis a uma

grande parte da população mundial, tendo em conta as condições de vida e a formação.

Num contexto globalizado, a educação precisa de uma adaptação ao „novo‟ mundo, inundado

de informação, procurando novas formas de formação ao longo da vida. A implementação do

processo de Bolonha implica grandes alterações a nível de ensino, uma vez que é caracterizado

pela inovação e qualidade, e ainda inclui algumas vantagens a nível europeu. A educação, com

o auxílio do domínio das línguas, deverá ser correlacionada com o crescimento económico e o

desenvolvimento científico e social. Assim, a educação conseguirá combater as desigualdades

visíveis entre sociedades.

Um dos problemas que as novas tecnologias despoletaram incide num tendencial

aumento do uso de códigos de escrita criados em função das novas tecnologias que, hoje,

fazem parte do quotidiano da maior parte dos jovens. Assim, a autora Bárbara Wong, interroga-

se até que ponto estes novos códigos podem ser usados em situações de escrita como testes e

exames nacionais.

Em Portugal o uso desta linguagem ainda não é permitida em situações escolares, no entanto

é possível detectá-lo em algumas situações pontuais, muitas delas por distracção uma vez que

já é um hábito adquirido. Contudo há por parte dos jovens uma preocupação acrescida em rever

a sua escrita nestas situações visto que erros deste tipo são penalizados.

Devido à crescente utilização dos novos códigos de linguagem muitos consideram que os

jovens, apesar de lerem e escreverem mais, fazem-no de forma errada e com baixa qualidade, o

que pode trazer problemas na aprendizagem, nomeadamente, na estruturação em relação á

leitura e à escrita, pois há competências essenciais que as TIC não conseguem substituir como

a capacidade de interpretar e reflectir sobre a informação e a língua.

BOTELHO, Fernanda (2005). “Globalização e cidadania: reflexões soltas”

BOTELHO, Fernanda (2006). “Textos e Literacias…”. Disponível em

http://www.setubalnarede.pt

FIGUEIREDO, António Dias (2000). “Novos media e velha aprendizagem” in Novo

conhecimento, nova aprendizagem. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. pp.71-81

PAZ, João (2008). “Educação e Novas tecnologias”. Disponível em

http://www.setubalnarede.pt

WONG, Bárbara. “Será k a lguagem ds testes tá a mudar?” in Jornal Público, em 19-11-

2006, pág. 27

O texto de Fernanda Botelho intitulado “Textos e literacias” surge a partir da necessidade de

argumentação a favor do alargamento do conceito de literacia, tendo em conta a crescente

dinâmica entre “literacia tradicional” com as multiliteracias e a pedagogia de literacia.

Inicialmente a literacia era confundida com o conceito de alfabetização, contudo é agora

caracterizado como a capacidade de utilização da língua escrita.

Apesar do crescente desenvolvimento da língua escrita, esta ainda não é universal, pois

existem línguas apenas com registo oral. As formas escritas assumiram outras maneiras de

expressão simbólica e no mundo actual a literacia abrange um leque mais vasto de

competências influenciadas pelas práticas culturais e sociais.

É cada vez mais urgente o uso das multiliteracias para a construção completa do

conhecimento, uma vez que estas completam o conceito de literacia tradicional através da

importância dada à diversidade cultural e linguística. É, assim, necessário construir o

conhecimento recorrendo também àquilo que a sociedade e as tecnologias oferecem hoje em

dia. Assim, o ensino do português está necessariamente em mutação, pois é papel da educação

disponibilizar as competências e aprendizagens que permitam a socialização através da literacia.

Os sistemas escolares não superiores apareceram no âmbito da sociedade industrial com o

intuito de „proteger‟ as crianças da exploração e consequente mão-de-obra barata. No decorrer

do século XXI, surgem mudanças ao nível do saber, na construção destes saberes através de

actividades sociais integradas.

Actualmente, a aprendizagem adquirida em contexto escolar é mínima quando comparada

com as aprendizagens alcançadas no quotidiano. Este facto acontece devido aos tempos livres

dos alunos serem preenchidos pela participação em actividades nas áreas das expressões e das

TIC, entre outras.

O aparecimento dos novos media promove, em parceria com as tecnologias, grandes

oportunidades de auto-educação e educação a distância, ao longo da vida. Todavia, as escolas

tradicionais não estão preparadas nem equipadas para combater estes novos desafios. Esta

mudança para a “individualização da escolha livre” influenciará a reorganização do papel das

escolas.

Os novos media impulsionam novas aprendizagens, no entanto, verifica-se que muitas dos

métodos usados para o fazer são soluções antigas, contudo estão camufladas pelas novas

tecnologias.

No século XIX, na sociedade industrial, a escola era comparada a uma linha de montagem,

sendo o professor e o aluno “seres mecanizados” com funções limitadas. Após os princípios de

Taylor expirarem na sociedade, alguns técnicos com funções educativas tentaram fazê-los

renascer através do uso das novas tecnologias, ignorando algumas décadas de estudos que

demonstram que esses conteúdos só fazem sentido em contexto de interacção e actividade.

O futuro da aprendizagem prende-se com a construção das aprendizagens em contextos

ricos em estímulos e facultados pelos próprios receptores. Assim, os novos media fomentam a

construção de comunidades fartas em contextos, onde os seus próprios saberes vão sendo

construídos, de modo individual ou colectivo. No entanto, as novas tecnologias têm vindo a

sofrer algum descrédito, pois para uns as dificuldades assentam na utilização destes novos

instrumentos, para outros a utilização destas ferramentas implicaria uma reformulação de

conteúdos e materiais didácticos, desde há muito utilizados.

A diversidade existente no campo das tecnologias é uma mais-valia para as várias dimensões

educacionais, pois possibilita um aumento do tempo e espaço de aprendizagens, para além da

tradicional sala de aula.

ítica

Avaliação crítica

A compilação de textos analisada remete-nos para as vantagens e desvantagens das novas

tecnologias e do seu uso em contextos de aprendizagem. É certo que as TIC são uma mais-valia

para adquirir um conjunto de conhecimentos e competências, assim como trabalhar a

socialização dos jovens. Todavia, é preciso que esta socialização se estenda fora do domínio

informático, pois existem competências apenas adquiríveis através da interacção e partilha de

saberes em consonância com as metodologias “antigas”, ou seja, menos utilizadas hoje em dia.

Estes saberes também são adquiridos em contextos fora do ambiente escolar, nos tempos livres,

e abrangem um conjunto de áreas de expressões, tal como enuncia o texto de Dias Figueiredo,

que lhes permitem desenvolver certas capacidades que possam ser menos trabalhadas em

contexto escolar. Consideramos, e tendo como base os textos analisados, que é necessário uma

interacção e complementação de todos os domínios que temos hoje à nossa disposição para

que a aprendizagem e o conhecimento se façam de uma forma mais sólida, pois cada domínio

apresenta características específicas que os outros domínios não integram.

Apesar da mais-valia que são as tecnologias de informação e comunicação, é necessário que

haja um controlo destas, pois na actualidade deparamo-nos com um cenário onde estas

tecnologias estão a substituir gradualmente outros suportes, em vez de os complementar,

igualmente importantes e essenciais à construção e desenvolvimento integral do indivíduo e do

seu saber. Para além disso, começam a criar novos códigos, nomeadamente na área da língua,

influenciando e alterando o conhecimento desta por parte dos jovens.

Os hábitos adquiridos pelos jovens através das novas tecnologias tornam-se um obstáculo à

aprendizagem, caso não sejam controlados, uma vez que se iniciam cada vez mais cedo. Assim,

em vez de estudarem a estruturação da sua língua materna, contactam precocemente com uma

língua codificada que influenciará este estudo e a sua aprendizagem. No caso apresentado num

dos textos, na Nova Zelândia, consideramos, e partilhando da mesma opinião de João Costa,

Presidente da Associação Portuguesa de Linguística, que se trata de um “absurdo”, pois permitir

o uso deste tipo de códigos em contexto formal é admitir que eles possam fazer parte da língua

como um „padrão‟ escrito. Assim, criar-se-á uma língua codificada, adaptada às novas

tecnologias que quebra todas as regras de formação da língua.

Em nosso entender, as tecnologias são um bom suporte de aprendizagem quando

complementado com outros. No entanto, não podemos deixar que as TIC influenciem de

maneira negativa a aprendizagem dos jovens, nomeadamente, em relação à língua. Esta

influência terá de ser travada pelos agentes educativos. Para isso, não só os alunos devem ser

educados para a utilização das TIC, assim como também estes agentes, pois o seu uso não

deve ser supérfluo e despropositado, e muito menos utilizado porque „está na moda‟. Um

problema consequente do défice de educação para as TIC dos agentes educativos, e com o qual

já nos deparámos nas aulas práticas desta unidade curricular, remete-se para o papel dos

professores na gestão das novas tecnologias, pois muitas das vezes utilizam-nas para seu

próprio beneficio e facilidade em abordar certas questões sem reflectir no modo como os alunos

aproveitarão o material e quão benéfico será para eles esse mesmo material, ou seja procuram

material pensando em como o podem implementar e não material que possa ser o aluno a

trabalhar e explorar.

Numa outra perspectiva, as tecnologias da informação e comunicação oferecem-nos

ferramentas propícias e adequadas à realização de novas aprendizagens. No caso da internet,

esta disponibiliza plataformas onde é possível a troca de conhecimentos e a construção de

novos saberes através da interacção com outros ou mesmo de modo individualizado, como por

exemplo, o blogue. Este instrumento de comunicação permite que um indivíduo possa partilhar

ideias e recursos com outros, formando uma rede social. Conferimos assim, que a socialização é

um ponto fulcral para a construção da aprendizagem, pois ninguém é capaz de aprender

sozinho, tal como já foi discutido em aula.

Uma outra vantagem do uso das TIC, apoiada no texto de João Paz, prende-se com um

aumento significativo de tempo e de espaço de aprendizagem, uma vez que, além do tempo de

sala de aula, permite que eles se disponibilizem a passar mais tempo a aprender, sendo o

interesse suscitado pelos novos recursos educativos. No entanto, voltando à questão da

educação para as TIC, é necessário dar-lhes directrizes para que possam usufruir das TIC de

um modo mais eficiente e produtivo, pois existem suportes que em nada contribuem para o

aumento de conhecimento é assim conveniente que sejam criadas condições para que o aluno

saiba escolher quais os materiais adequados no decorrer e para a sua formação.