lona 833 - 20/09/2013

6
lona.redeteia.com Opinião Colunistas Página 5 Segundo dia de greve com 268 agências fechadas Mantendo o padrão dos últimos três anos, os bancos entram em greve em 2013 para reinvindi- cações de reajuste salarial e me- lhores condições de trabalho. Ao todo são 268 agências bancárias fechadas em Curitiba e Região Metropolitana, além de 13 cen- tros administrativos em Curiti- ba. O total de funcionários em paralisação é de cerce 13,2 mil. O reajuste salarial reivindicado é de 11,93% e ainda o aumento do piso para R$ 2.860,21. Página 3 “O musicletada permite curtir a família que, com a correria do dia a dia fica mais di- fícil de compar- tilhar bons mo- mentos juntos”, Giuliana Nogara. O que fazem os estudantes de jor- nalismo depois de formados? Saiba por onde anda a ex -aluno Guylherme Fogo Custódio. Editorial Musicletada Por onde anda? Notícia Antiga No dia 20 de setembro de 2001, o presidente americano George W. Bush declarou que o Estados unidos estavam numa guerra contra o terrorismo Edição 833 Curitiba, 20 de setembro de 2013 Bancários de Curitiba Uso excessivo de apa- relhos tecnológicos pode trazer efeitos ne- gativos futuros à crian- ças A era tecnológica de hoje não afeta apenas o adultos, ela atinge também crianças. O uso excessivo de aparelhos tecnológicos durante a infância pode ser prejudicial, afetando não somente as atividades mo- toras como também o excesso de estímu- los visuais pode tornar a criança apática ao que é repassado em sala de aula. Página 4 Na Sexta fora de série de hoje, Júlia Trindade comen- ta as expectativas para a série Agents of S.H.I.E.L.D., a primeira aposta da Marvel na Te- levisão. “Moda realmen- te pode ser con- siderada Arte? E, já que esse di- nheiro é publico, porque os des- files são fecha- dos para convida- dos?”, Elana Borri. Séries Moda

Upload: lona-2012

Post on 19-Mar-2016

224 views

Category:

Documents


1 download

DESCRIPTION

JORNAL-LABORATÓRIO DIÁRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE POSITIVO.

TRANSCRIPT

Page 1: Lona 833 - 20/09/2013

lona.redeteia.com

Opinião

Colunistas

Página 5

Segundo dia de greve com 268 agências fechadasMantendo o padrão dos últimos três anos, os bancos entram em greve em 2013 para reinvindi-cações de reajuste salarial e me-lhores condições de trabalho. Ao todo são 268 agências bancárias fechadas em Curitiba e Região Metropolitana, além de 13 cen-tros administrativos em Curiti-ba. O total de funcionários em paralisação é de cerce 13,2 mil. O reajuste salarial reivindicado é de 11,93% e ainda o aumento do piso para R$ 2.860,21.

Página 3

“O musicletada permite curtir a família que, com a correria do dia a dia fica mais di-fícil de compar-tilhar bons mo-mentos juntos”, Giuliana Nogara.

O que fazem os estudantes de jor-nalismo depois de formados? Saiba por onde anda a ex-aluno Guylherme Fogo Custódio.

Editorial Musicletada Por onde anda?

Notícia AntigaNo dia 20 de setembro de 2001, o presidente

americano George W. Bush declarou que o Estados unidos estavam numa guerra contra o

terrorismo

Edição 833 Curitiba, 20 de setembro de 2013

Bancários de Curitiba

Uso excessivo de apa-relhos tecnológicos pode trazer efeitos ne-gativos futuros à crian-ças

A era tecnológica de hoje não afeta apenas o adultos, ela atinge também crianças. O uso excessivo de aparelhos tecnológicos durante a infância pode ser prejudicial, afetando não somente as atividades mo-toras como também o excesso de estímu-los visuais pode tornar a criança apática ao que é repassado em sala de aula.

Página 4

Na Sexta fora de série de hoje, Júlia Trindade comen-ta as expectativas para a série Agents of S.H.I.E.L.D., a primeira aposta da Marvel na Te-levisão.

“Moda realmen-te pode ser con-siderada Arte? E, já que esse di-nheiro é publico, porque os des-files são fecha-dos para convida-dos?”, Elana Borri.

Séries Moda

Page 2: Lona 833 - 20/09/2013

2

Expediente

Um brasileiro su-per rico. Um carro muito caro. E uma ideia muito boa. Essa foi a receita que a Associa-ção Brasileira de Transplantes de Órgãos encontrou para incentivar as pessoas a serem doadoras. A cam-panha consistiu em fazer, duran-te uma semana, anúncios diários de que Chiquinho Scarpa, milion-ário da alta socie-

dade, enterraria seu Bentley, um carro que custa de R$ 900 mil a mais de 1 milhão de reais. Segundo o ricaço, ele faria como os faraós do antigo Egito, que enterravam suas maiores riquezas nos próprios palá-cios. Como não pode-ria deixar de ser, a notícia inva-diu as redes soci-ais, tamanho era o absurdo do seu

conteúdo. Esban-jador, metido e “só quer aparecer” foram alguns dos comentários a re-speito de Scarpa. Sem mais detal-hes, a notícia era de que o enterro aconteceria hoje. No entanto, a sur-presa foi de que Scarpa fez a ana-logia para mostrar quantas pes-soas são enterra-das por ano, com órgãos saudáveis, sem dar a possi-

bilidade de viver a quem espera por um transplante. A estratégia é, no mínimo, cu-riosa. Apesar de extremamente in-teligente, ela traz à tona a maneira como a imprensa e as redes ampli-ficam assuntos, muitas vezes, sem nenhuma noti-ciabilidade. Ao saber e aproveit-ar-se disso, os idealizadores da campanha não

O homem que ia enterrar um carro

Guylherme Fogo CustódioAndei por Ita-jaí, pelo teatro, pela música e agora ando pe-las letras.Quando me formei (2008) fazia estágio na assessoria da Secretaria de Estado da Cultura e não poderia conti-nuar, mas tinha

boas perspecti-vas. Participei de atividades acadêmicas, fiz estágios e ga-nhei prêmios. Mesmo assim fiquei fora da área.Em 2010 tra-balhei em um jornal de Ita-jaí/SC, mas não deu cer-

to. Trabalhei na bilheteria do Festival de Curitiba e de-pois no Teatro Regina Vogue. De volta para a área assesso-rei o artista Mc Cabes.Em 2013 co-mecei tudo de novo. Es-tou cursan-

Música e bicicletaGiuliana Nogara

trela Leminski e Téo Ruiz traz a poesia de Paulo Leminski para o festival com o es-petáculo “Essa Noite Vai Ter Sol” que ho-menageia o celebra-do poeta paranaense, apresentando can-ções compostas por ele e seus parceiros mais notáveis. No mesmo dia Trom-bone de Frutas ban-da, revelação da cena curitibana, que re-centemente dividiu o palco com o per-nambucano Siba na Boca Maldita e vem colecionando elo-gios na imprensa. A Locomotiva Duben e a Confraria da Costa

encerram o sábado (21) com duas apre-sentações conheci-das e queridas pelo público do festival.A Banda Mais Bo-nita da Cidade abre as atrações musicais do domingo (22) – Dia Mundial sem Carro – às 14h com canções do novo ál-bum “O Mais Fe-liz da Vida”, que tem lançamento previsto para outubro e deve mobilizar uma ex-pressiva quantidade de fãs ao local. Logo após o cantor e com-positor Bernardo Bravo, mostra seu novo trabalho “Ar-lequim”, disco solo

voz e piano, que será apresentado com ar-ranjos e banda espe-cialmente prepara-dos para o festival. Janaína Fellini, após ser bem recebida em turnê pelas princi-pais capitais do país, volta a apresentar o show do seu recente disco em Curitiba. Janaína passa o mi-crofone para o Mc CABES, referência do hip-hop curi-tibano e que terá a responsabilidade de “dar boas vindas” a “Marcha das 2013 Bicicletas” com pre-visão da participa-ção de mais de 3mil ciclistas que pedalam

pelo dia mundi-al sem carro. Para encerrar, o grupo Real Coletivo, lança seu segundo álbum, “Venha Vê”, trazen-do a música “Vou de Bike” que é pratica-mente um hino do festival. Além da ex-tensa programação musical, o Musicle-tada traz oficinas de materiais recicláveis, distribuição de mu-das nativas, debates sobre desenvolvi-mento sustentável e mobilidade, ativi-dades esportivas em parceria com a Sec-retaria Municipal de Esporte e Lazer, bazar de trocas cen-

tradas na cultura da bicicleta e práticas de yoga e meditação. 10h da manhã uma prática de Yoga, se-guida pela orquestra de silêncio e oficina de mantras harmo-nizam as energias e dão as boas vindas ao público. Na se-quência, 14h debates e oficinas sobre de-senvolvimento sus-tentável e mobili-dade com a designer Rosângela Araújo mostram que o even-to, além de uma festa é também ponto de encontro para trocas de ideias e um novo (re)pensar social

Por Onde Anda?

Reitor: José Pio Martins Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração: Arno Gnoatto Pró-Reitora Acadêmica Marcia SebastianiCoordenadora do Curso de Jornalismo: Maria Zaclis Veiga Ferreira

Professora-orientadora: Ana Paula MiraEditores: Júlio Rocha, Lucas de Lavor e Marina GeronazzoEditorial: Da Redação

só chamaram at-enção de uma forma brilhante para o problema, como também ex-puseram um lado não tão nobre da mídia. Mesmo com um lado negativo, a campanha faz seu papel para abrir a Semana Nacio-nal de Doação de Órgãos, de 23 a 29 de setembro. Scar-pa, ao dizer que as pessoas enterram coisas muito mais

valiosas que seu carro, chama at-enção ao fato de como é simples nos declararmos doadores (basta avisar sua famí-lia), para que o Brasil deixe de ser um país tão car-ente em doadores, ainda que esteja no topo do rank-ing dos países que mais fazem trans-plantes no mundo.

Neste final de sema-na acontece a Mu-sicletada, um festival muito interessante pois reúne duas coi-sas agradáveis: músi-ca e atividade ao ar livre. O festival tem início na Praça Nos-sa Senhora de Salete nos dias 21 e 22 àss 10h da manhã e conta diversas práti-cas saudáveis como Yoga para adultos e crianças. Quem abre as atrações musicais do evento no pri-meiro dia é o grupo Serenô, famoso pe-los dançantes bailes na tradicional Socie-dade 13 de Maio. Na sequência o casal Es-

do Letras, es-tagiando na agência FG1 e colaborando com a agência Lab300.E claro, desde 2008 mante-nho um blog de contos e crônicas, o Di-Vagá (www.di-vag.blogspot.com).

Editorial

Page 3: Lona 833 - 20/09/2013

3

Cerca de 13,2 mil trabalhados estão parados por causa da greve dos bancosOs reivindicantes paralisaram 268 agências com o objetivo de exigir melhores condições de trabalho

A greve dos bancá-rios em Curitiba en-tra hoje no seu se-gundo dia. Já são 268 agências fechadas em Curitiba e Região Metropolitana, além de treze dos centros administrativos de Curitiba que sozi-nhos contabilizam 50% dos bancários sindicalizados. Os números da assesso-ria do Sindicato dos Bancários apontam que são 13,2 mil tra-balhadores parados no momento.As principais reivin-dicações dos ban-cários são respeito com os funcionários, clientes e benefícios básicos como auxí-lios alimentação e re-feição. Estão na pau-ta também reajuste salarial de 11,93%, piso de R$ 2.860,21 e também o fim de de-missões, metas abu-sivas, assédio moral e condições traba-lhistas em geral. Para o Presidente do Sin-dicato dos Bancários de Curitiba, Otávio Dias, o motivo da greve é claro. “Isso é

Lucas de Lavor

fruto de uma insatis-fação dos bancários em função da postu-ra do banqueiro, um dos segmentos que mais lucra no país, porém que mais sofre também”. O principal objetivo, explica Otá-vio, é retomar o diá-logo. “É retomarmos a negociações para nosso efetivo fun-cionar bem. É uma mobilização nacional e não vamos sair de greve até conseguir-mos”. Ainda para essa tar-de, uma assembleia está marcada no Es-paço Cultural e Es-portivo às 17h. A mobilização, que irá reunir delegados e dirigentes sindicais junto com os traba-lhadores da catego-ria, é analisar os pri-meiros dias da greve e planejar quais serão as próximas atitudes tomadas. “As condi-ções de trabalho são primordiais”.Otávio reforça que não é só pelo salá-rio. “Além das pautas econômicas que dis-cutimos com o ban-

queiro, há também as cláusulas sociais de saúde, trabalho e segurança”. A inse-gurança do emprego preocupa os traba-lhadores mais velhos que têm medo de serem substituídos: “Em Curitiba, 597 funcionários foram homologados em 2012, é um número expressivo e assusta. Isso tem apenas um objetivo, que é redu-zir custos. Quando você é desligado e tem certo tempo de serviço, é substituído por um trabalhador mais jovem que rece-be um terço do salá-rio do anterior”.

Greves anteriores

Nos últimos três anos, os bancos de Curitiba (e de outros munícipios) fizeram paralisações reivin-dicando reajustes e melhorias no traba-lho. O ano de 2011 foi o que apresentou a paralisação mais longa, um total de 20 dias (em 2010 foram 15 dias e em 2012 fo-

ram 9). Coincidên-cia ou não, foi nesse mesmo ano que os reivindicantes conse-guiram a maior con-quista, 9% de reajus-te salarial. Em 2012, mesmo que a parali-sação tenha sido mais curta, a conquista foi

superior à de 2010.

Serviço

Quem precisa dos serviços dos bancos pode buscar outros meios de obtê-los. Os caixas eletrônicos e bancos 24 horas con-

tinuam funcionando normalmente, assim como os atendimen-tos eletrônicos via internet, aplicativos em celulares e telefo-ne.

Notícias do DiaSEEB Curitiba

Vive-se hoje uma ver-dadeira “era da tecno-logia’’, e não são apenas os adultos que estão enfeitiçados com as ma-ravilhas tecnológicas. Estas estão chegando cada vez mais cedo às mãos das crianças. Com tablets, smartphones e notebooks, elas estão cada vez mais antena-das e espertas. Mas será que existe um limite para esse contato pre-coce com os aparelhos eletrônicos? É certo que essa overdose tecnoló-gica infantil pode trazer benefícios, visto que as crianças estão ficando cada vez mais rápidas. E também podem bene-ficiar crianças e jovens com paralisia cerebral, como é o caso do soft-ware Livox, criado por

Carlos Pereira, que per-mite que estas se comu-niquem com os demais por meio de toques e fi-guras que emitem sons e mensagens. Mas o excessivo uso de aparelhos tecnológi-cos durante a infância pode ser prejudicial. Segundo a psicóloga Priscila Santos, o uso precoce de aparelhos tecnológicos transmite à criança a sensação de poder “deletar” os erros, e a criança não percebe que “algumas coisas fora do universo tecnológico não podem ser deleta-das”, diz a especialista. Ela ainda cita dois ou-tros malefícios: o pri-meiro é a não realização de atividades motoras, pois as crianças passam a usar somente o toque

na tela, e o segundo é o excesso de estímulos vi-suais aos quais a crian-ça fica exposta desde pequena, o que a torna apática diante de um quadro negro na escola, ou então de um livro. Nayane Maia, mãe de Isabelle, 1 ano, diz como impõe limites à filha quanto ao uso do IPad: “Eu acho que o uso deve ser moderado, afinal, a infância da criança não pode se resumir a ficar trancada em um quar-to. Tem que ter hora pra essas coisas”. Milena Ri-beiro, mãe de Luiza, de quase 3 anos, concorda: “A melhor maneira de impor limites aos filhos é por controlar o tem-po de uso dos aparelhos tecnológicos”. Ambas afirmam que a criança

deve alternar essa expe-riência tecnológica com idas ao parquinho, brin-car com os amigos, cor-rer e pular. A psicóloga acrescenta: “A substitui-ção das atividades lúdi-cas por material tecno-lógico retira da criança todo esse momento de desenvolver e fantasiar. O excesso de informa-ção de jogos eletrônicos interfere na criatividade e na concentração”.

Os exemplos de Isa-belle e Luiza mostram que as crianças, hoje, desde muito cedo têm contato com a tecnolo-gia. Isso causa espanto às mães. “A Isabelle co-meçou a pegar o Ipad primeiro pra ver a Ga-linha Pintadinha. Mas como toda criança é

curiosa, ela começou a mexer na tela e viu que dá pra mudar as coisas só com o dedinho. Ago-ra, segura! Se ela vê um Ipad, já mete o dedo!”, diz Nayane Maia. A mãe Milena Ribeiro também diz que a situação das crianças atualmente é muito diferente de al-guns anos atrás: “A Lui-za só tem 2 anos e 11 meses, e parece que já nasceu sabendo (mexer no Ipad). Minha outra filha, 10 anos mais ve-lha, não era assim! E a diferença de idade não é tão grande!”. Mas a maior preocu-pação dos pais talvez deva ser os efeitos fu-turos que o contato ex-cessivo com aparelhos eletrônicos pode causar aos filhos, como a situa-

ção mais do que comum destes de ficar muito tempo na internet du-rante a adolescência, ou a falta de traquejo social. “Se a criança se concentra apenas em contatos e informações virtuais, acabaesquecendo como utili-zar os recursos pessoais para bem desenvolver suas relações. Seja na escola ou em outros am-bientes, sem os recursos visuais e tecnológicos, a criança ou adolescente pode se sentir desloca-do, fato que o motiva a se isolar em ambientes virtuais”, conclui a psi-cóloga Priscila Santos.

Overdose tecnológica infantil

Luana Vosgerau e Victória Pagnozzi

Page 4: Lona 833 - 20/09/2013

4 Geral

A estória é sim-ples e conta-se em poucas li-nhas. Há 30 anos havia uma cida-de no norte de Portugal cheia de fulgor, que emanava vida e não sabia o que a palavra cri-se significava. A banca privada, os grandes gru-pos económi-cos, o comércio r e s p l a n d e c e n t e e uma presença política notada a nível nacio-nal faziam des-sa cidade uma verdadeira ca-pital económica e de poder. De-pois, por razões várias, a ban-ca transferiu-se para outras para-gens, os grandes grupos econó-micos seguiram o caminho e o poder – sempre próximo da eco-nomia – mudou-se igualmente. Com a partida, f icou órfão o co-mércio que viu perder grande-mente a sua ex-pressão. Mas não só. A impren-sa dessa cidade cujo nome anda nas bocas do mundo também esmoreceu. Em alguns casos foi mais do que isso. Morreu, mesmo. Chama-se Porto a cidade que viu o sol desaparecer quando todos se foram embora.

Quem só conhe-ceu a cidade do Porto a partir dos anos 90 não pode imaginar o que ela foi só por ouvir quem viveu o quase el dorado nortenho. Se fos-se uma comboio,

a Invicta, até à década de 90, ia a todo o vapor. A acompanhar o ritmo dos mean-dros político-e-conómicos, esta-va a imprensa. E tinha três títu-los: “O Comér-cio do Porto”, “O Primeiro de Ja-neiro” e o “Jornal de Notícias”. Três colossos jorna-lísticos, que ocu-pavam edifícios inteiros sem ver-gonha e com or-gulho. Faziam mexer a cidade, num frenesim de profissionais – jornalistas, fotó-grafos, gráficos, t ipógrafos, etc. - que imprimiam e ref lectiam um Porto vivo, quase adolescente tal era a euforia.

O crash do PortoCom a desloca-ção de tudo, veio o crash. Para Ri-cardo Jorge Pin-to, actual sub-di-rector da Agência Lusa e ex-jorna-lista do Expres-so, o caso mais f lagrante foi o do “Comércio”. “É um exemplo gri-

tante. Nos anos 70 era o grande jornal da cidade. Imprimia milha-res de exempla-res e tinha uma estrutura mons-truosa”.

“O Primeiro de Janeiro”, conhe-cido no meio como apenas “Ja-neiro”, apesar de mais pequeno do que o “Comér-cio” tinha tam-bém uma presen-ça notada. Hoje em dia vai resis-tindo, ainda que muito diferente. Jorge Pinto olha-o como “um tra-vesti do jornal que foi” e Miguel Ângelo Pinto, director do Se-manário Grande Porto (GP), re-corda que o seu “fim” deveu-se à uma “latente fal-ta de escrúpulos” das administra-ções.

Orgulhosamente regionaisAmbos, Miguel Ângelo Pinto e Ricardo Jorge Pinto, corrobo-ram a tese de que

a mudança dos centros de poder foram decisivos para a decadên-cia mediática do Porto. Ainda as-sim, o primeiro acrescenta uma razão. “A matriz burguesa do Por-to esfumou-se. O Porto era uma cidade que lia. E lia com fulgor os jornais da sua cidade. Aliás, os três jornais ti-nham todos eles os seus públicos. Sabia-se perfei-tamente quem lia “O Janeiro”, quem lia “O Co-mércio” e quem lia o “Jornal de Notícias”.Com a perda des-sa marca socie-tária, acrescen-ta Ângelo Pinto, o Porto “perdeu leitores e con-s e q u e n t e m e n t e jornais”.Num aspecto, ambos os direc-tores concordam: o Porto é uma cidade muito mais pobre sem os grandes acto-res jornalísticos que operavam a norte. “Uma ci-dade com um só

jornal não pode ser uma cidade m e d i at i c a m e nt e saudável. Quan-to mais não seja porque esse jor-nal não tem con-corrência”, la-menta Ângelo Pinto, num tom grave.O director do GP, que afinal contribui para o JN não seja o “único”, enche-se de entusiasmo quando fala do projecto que di-rige. “O GP ten-ta reaver a marca nortenha que os jornais tinham e, mais do que isso, não tem quaisquer ambi-ções de vender em Coimbra ou em Lisboa. So-mos orgulhosa-mente regionais, sem sermos pa-roquianos.”

Uma cidade mor-taQuem passa na Rua de San-ta Catarina não imagina que a grande superfí-cie comercial lá instalada, o “Via Catarina”, já al-bergou um jor-

nal. Foi a casa d’ “O Primei-ro de Janeiro”. A poucos me-tros da entrada, Arminda Mota vende castanhas ao som de uns poucos cantores de rua. Lamen-ta uma “cidade morta”, mesmo na artéria mais comercial da ci-dade. “Os jornais davam vida à ci-dade”.

Ricardo Jorge Pinto acredita que a conjuntu-ra que Armin-da Mota descre-ve pode mudar. “Com boas uni-versidades no Norte, acredito numa regene-ração”. É o que esperam os por-tuenses e os nor-tenhos. É o que espera todo um país. Afinal de contas, o Porto foi sempre o de-tonador de ser-viço nos piores momentos.

A queda de um Império Jornalístico a Norte

Luís Alves

Miguel Ângelo Pinto, director do Semanário Grande Porto (GP).

Page 5: Lona 833 - 20/09/2013

5Colunistas

Moda por aí

Lei Rouanet

Elana Borri

A Lei Rouanet, sim-plif icando um pou-co, é uma lei de in-centivo à cultura e as artes em geral, como música, l ite-ratura, exposições, etc. Entretanto, no dia 22 de agosto, o Ministério da Cul-tura aprovou a cap-tação de recursos via esta lei para a realização de desfi-les, e isso tem gera-do muita polêmica.Ate agora, três es-ti listas já se bene-ficiaram desta lei: Alexandre Herch-covitch, que rece-beu 2,6 milhões de reais, Pedro Lou-renço 2,9 milhões e Ronaldo Fraga 2 milhões. A lei in-centiva a produção

de moda pois isenta os esti listas das car-gas tributárias, po-rém isso não signi-f ica que a captação seja bem sucedida. O problema surge em dois pontos: moda realmente pode ser considerada Arte? E, já que esse dinheiro é publico, porque os desfi les são fecha-dos para convida-dos? O assunto divi-de até mesmo os que estão inseridos no mercado da moda.Pois então, moda é um esti lo de arte SIM, por mais que queiram negar. Moda é o um dos meios que os esti lis-tas/artistas podem se expressar. Nada mais é do que uma

representação de um esti lo, ou de um país, de uma época. O que seriam dos f i lmes considerados obras primas se os f igurinos também não f izessem par-te do enredo? Bo-nequinha de Luxo está aí para a prova.Um dos argumentos de Alexandre Herch-covitch é de que um quadro, depois que ele é exposto, é ven-dido. As roupas tam-bém: depois de um desfi le, elas são ven-didas. Ele também contou que quando foi requisitar o auxi-lio da Lei Rouanet, teve dif iculdades com o nome Esti-lista, porém com o nome Artista, a si-

tuação foi diferente. Isso demonstra cla-ramente o precon-ceito que a moda ainda sofre. Muita gente ainda acre-dita que moda é só para os que tem poder aquisitivo, e isso não é ver-dade! Moda é para tudo e para todos.Na segunda “parte” da polêmica, que é a de que já que os des-fi les são bancados com o dinheiro pú-blico, eles deveriam ser abertos para to-dos. Aí entram duas vertentes: a de quem espera o retorno para o capital bra-sileiro e a daqueles que querem “usu-fruir” deste gasto já. Quem está no pri-

meiro grupo são es-ti listas e políticos, como a própria Mi-nistra da Cultura Marta Suplicy. Ela defende que a apli-cação desde dinhei-ro nos desfi les é uma forma de incentivo àqueles que não têm tanta oportunidade de expor no exte-rior (entrando em contradição: então porque dar esse di-nheiro para Herch-covitch, Lourenço e Fraga já que eles são os maiores no-mes da moda nacio-nal e possuem sim reconhecimento lá fora? Debate para depois). A Ministra ainda explicou que o governo não irá pa-trocinar as marcas, e

sim o setor de moda, partindo de quatro eixos: internacio-nalização, tradição brasileira, preserva-ção de acervo e for-mação de esti listas e pequenos desfi les. Para aqueles que preferem usufruir o incentivo desde já, uma má notícia: os esti listas não pre-tendem deixar o pú-blico em geral com-parecer aos desfi les. Infelizmente, nes-se quesito vou dis-cordar dos artistas. Todos tem direito à cultura, ao lucro, à manifestações de opinião e ao entre-tenimento. E é isso o que a moda é: lu-cro aliado à opinião.

Sexta fora de série Agents of S.H.I.E.L.D

Júlia Trindade

Pela primeira vez na coluna “Sexta Fora de Série” vou escrever so-bre uma série que ain-da não estreou, mas que há grandes expec-tativas em relação a ela. Eu já fiz um texto sobre a oitava tempo-rada de Skins antes do primeiro episódio, mas tinha bastante material para analisar sobre o estilo dela. Já Agents of S.H.I.E.L.D, a novidade do mo-mento, será uma sur-presa. Criado por Joss Whedon, Jed Whedon e Maurissa Tancha-roen, o seriado é ba-seado na organização S.H.I.E.L.D da Marvel Comics. A série, que foi encomendada no começo de maio desse ano, será exibida pela primeira vez no dia 24 de setembro de 2013.O enredo, de acordo com as informações que foram liberadas até agora, é sobre um

grupo de agentes, re-unido por Phil Coul-son, com o objetivo de resolver casos e desco-brir novos indivíduos “super-humanos” es-palhados pelo mundo. Phil Coulson (Clark Gregg), além de ser o personagem prin-cipal, é o agente que supervisiona a maio-ria das atividades da S.H.I.E.L.D. Os outros agentes são Melinda May (Ming-Na Wen), Grant Ward (Brett Dalton), Skye (Chloe Bennet), Leo Fitz (Iain De Caestecker) e Jemma Simmons (Eli-zabeth Henstridge). Todos esses persona-gens tem habilidades e especialidades dis-tintas e, juntos, for-mam, um grupo mais completo e preparado para futuros desafios.Alguns fãs ficaram muito animados, já outros estão descon-fiados. Antes de tudo

é preciso entender al-guns aspectos impor-tantes da série: Agents of S.H.I.E.L.D, apesar de estar ligado ao fil-me The Avengers de alguma forma, preten-de funcionar como um trabalho novo que vai seguir seu próprio ca-minho com persona-gens novos e histórias interessantes e atraen-tes com personagens interessantes e atraen-tes tanto para os fãs da Marvel quanto para as

pessoas que ainda não assistiram aos filmes.Agents of S.H.I.E.L.D, segundo os criadores da série, é uma histó-ria que se passa depois do filme The Aven-gers. Então, como é possível que Coulson esteja vivo depois de ter “morrido” no fil-me? Os fãs já publica-ram diversas teorias sobre como o perso-nagem poderia ter voltado à história. Al-gumas são plausíveis

e outras são bizarras, mas a verdade só será revelada na própria série. Ou pelo menos é o que eu espero. Se um personagem volta de maneira tão inespera-da, o público merece uma resposta clara.Não será fácil che-gar no mesmo nível de qualidade que um blockbuster como The Avengers, ainda mais por meio de uma série de TV. Porém, S.H.I.E.L.D aparenta

ser um seriado pro-missor e tem a vanta-gem de ter várias pos-sibilidades em termos de enredo e histórias novas.A primeira tempora-da, que estreia semana que vem, tem 13 epi-sódios previstos e será exibida pela emisso-ra norte-americana ABC.

Page 6: Lona 833 - 20/09/2013

6

NOTÍCIANTIGA O que fazer em Curitiba?Exposição “Consiente do Inconsciente” no MASAC

De 8 de agosto a 3 de novembro, no Masac – Museu de Arte Sacra da Arquidiocese de Curitiba (Largo da Ordem - Setor Histórico), tem a exposição São Fran-cisco de Assis – O Homem Atemporal, com esculturas da artista plástica Nilva Rossi.

Museu de Arte Contemporânea

Até dia 23 de setembro no Museu de Arte Contem-porânea (Rua Desembargador Westphalen, 16) ficam as exposições “Cor, Cordis”, com obras do acervo do Museu de Arte Contemporânea do Paraná; e ax-posição “Lugar inComum”, das artistas Erica Kamini-shi, Julia Ishida e Sandra Hiromoto. Informações: (41) 3323-5328 e 3323-5337.

Teatro Novelas Curitibanas

De 23 de agosto a 29 de setembro, no Teatro Nove-las Curitibanas (Rua Carlos Cavalcanti,1222 – São Francisco), tem apresentação do Espetáculo teatral Cronópios da Cosmopista – Um antimusical psico-délico, do Coletivo Portátil do Theatro de Alumínio. Informações: (41) 3222-0355.

Nove dias foi o tem-po que o, então, presidente George W. Bush levou para declarar que o Es-tados Unidos entra-vam em uma guerra contra o terrorismo após o atentado do 11 de setembro. Essa guerra declarada é a característica mais marcante do gover-no americano desde o atentado. Mesmo quando o democra-ta Barack Obama substituiu Bush em seu segundo man-dato, essa tal guerra dita quase todos os

movimentos políti-cos do país.Há quem defenda com fervor que toda essa situação foi uma estratégia ma-quiavélica do pre-sidente Bush para governar a nação através do pânico e arrecadar aliados ao redor do globo. Teorias da conspi-ração à parte, o fato é que o atentado do 11 de setembro foi uma tragédia para muitas famílias e a guerra proveniente desse fatídico acon-tecimento já fez

muitas vítimas dos dois lados da dispu-ta.O medo do terroris-mo é uma caracte-rística tão marcante do povo americano no pós-11 de setem-bro que já foi retra-da diversas vezes em produtos culturais americanos. Dois grandes examplos são os aclamados filmes de Kathryn Bigelow, Guerra ao terror e A hora mais escura.