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Curitiba, sexta-feira, 3 de outubro de 2008 | Ano IX | nº 450| [email protected]| Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo | DIÁRIO d o B R A S I L Dados do Índice de Desenvol- vimento da Educação Básica (Ideb) apontam Curitiba como a primeira colocada no ranking nacional. Apesar disso, é difícil perceber esse resultado nas es- colas de alguns bairros, já que existe uma grande variação na qualidade do ensino de uma re- gião para outra. A escola com maior pontuação atingiu 7,1, lo- calizada no Água Verde, e a com menor, 2,1, no Tarumã. Além desse problema, faltam vagas nas creches e nas escolas. Levan- tamento do Ministério Público do Paraná mostra que existem entre 40 mil e 45 mil crianças sem creche na Capital. E nos pri- meiros anos do ensino funda- mental faltam 2,6 mil vagas. Páginas 4 e 5 Crianças sofrem com falta de vagas nas escolas de Curitiba Página 7 Eleições têm personagens anônimos O Lona foi atrás dos coadju- vantes das eleições e trouxe à tona histórias que muitas vezes passam despercebidas aos olhos dos eleitores. Divulgação A falta de vagas é uma violação dos direitos das crianças e jovens previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente Arquivo/LONA Recursos podem definir resultado do pleito Página 6 O financiamento das campanhas tem influência direta no de- senrolar do processo eleitoral. Para a maioria das pessoas, a maior visibilidade do candidato é fator determinante no momento de designar o voto.

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JORNAL- LABORATÓRIO DIÁRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE POSITIVO.

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Page 1: LONA 450- 03/10/2008

Curitiba, sexta-feira, 3 de outubro de 2008 | Ano IX | nº 450| [email protected]|Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo |

DIÁRIO

do

BRASIL

Dados do Índice de Desenvol-vimento da Educação Básica(Ideb) apontam Curitiba como aprimeira colocada no rankingnacional. Apesar disso, é difícilperceber esse resultado nas es-colas de alguns bairros, já queexiste uma grande variação naqualidade do ensino de uma re-gião para outra. A escola commaior pontuação atingiu 7,1, lo-calizada no Água Verde, e a commenor, 2,1, no Tarumã. Alémdesse problema, faltam vagasnas creches e nas escolas. Levan-tamento do Ministério Públicodo Paraná mostra que existementre 40 mil e 45 mil criançassem creche na Capital. E nos pri-meiros anos do ensino funda-mental faltam 2,6 mil vagas.

Páginas 4 e 5

Crianças sofrem com falta devagas nas escolas de Curitiba

Página 7

Eleições têm personagens anônimosO Lona foi atrás dos coadju-

vantes das eleições e trouxe àtona histórias que muitas vezespassam despercebidas aos olhosdos eleitores.

Divulgação

A falta de vagas é uma violação dos direitos das crianças e jovens previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente

Arquivo/LONA

Recursos podem definir resultado do pleito

Página 6

O financiamento das campanhas tem influência direta no de-senrolar do processo eleitoral. Para a maioria das pessoas, a maiorvisibilidade do candidato é fator determinante no momento dedesignar o voto.

Page 2: LONA 450- 03/10/2008

Curitiba, sexta-feira, 3 de outubro de 2008Curitiba, sexta-feira, 3 de outubro de 2008Curitiba, sexta-feira, 3 de outubro de 2008Curitiba, sexta-feira, 3 de outubro de 2008Curitiba, sexta-feira, 3 de outubro de 200822222

O LONA é o jornal-laboratório diário do Curso de Jornalismo daUniversidade Positivo – UP

Rua Pedro V. Parigot de Souza, 5.300 – Conectora 5. CampoComprido. Curitiba-PR - CEP 81280-330. Fone (41) 3317-3000

“Formar jornalistas com abrangentes conhecimentos ge-rais e humanísticos, capacitação técnica, espírito criativo eempreendedor, sólidos princípios éticos e responsabilidade so-cial que contribuam com seu trabalho para o enriquecimentocultural, social, político e econômico da sociedade”.

Missão do curso de Jornalismo

ExpedienteReitor:Reitor:Reitor:Reitor:Reitor: Oriovisto Guima-rães. VVVVVice-Reitor:ice-Reitor:ice-Reitor:ice-Reitor:ice-Reitor: José PioMartins. Pró-Reitor Pró-Reitor Pró-Reitor Pró-Reitor Pró-Reitor Admi-Admi-Admi-Admi-Admi-nistrativo:nistrativo:nistrativo:nistrativo:nistrativo: Arno AntônioGnoatto; Pró-Reitor dePró-Reitor dePró-Reitor dePró-Reitor dePró-Reitor deGraduação:Graduação:Graduação:Graduação:Graduação: Renato Casa-grande; Pró-Reitora de; Pró-Reitora de; Pró-Reitora de; Pró-Reitora de; Pró-Reitora deExtensão:Extensão:Extensão:Extensão:Extensão: Fani Schiffer Du-rães; Pró-Reitor de Pós-Pró-Reitor de Pós-Pró-Reitor de Pós-Pró-Reitor de Pós-Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa:Graduação e Pesquisa:Graduação e Pesquisa:Graduação e Pesquisa:Graduação e Pesquisa:Luiz Hamilton Berton; Pró-Pró-Pró-Pró-Pró-

Reitor de Planejamento eReitor de Planejamento eReitor de Planejamento eReitor de Planejamento eReitor de Planejamento eAAAAAvaliação Institucional:valiação Institucional:valiação Institucional:valiação Institucional:valiação Institucional:Renato Casagrande; Coorde-Coorde-Coorde-Coorde-Coorde-nador do Curso de Jorna-nador do Curso de Jorna-nador do Curso de Jorna-nador do Curso de Jorna-nador do Curso de Jorna-lismo: lismo: lismo: lismo: lismo: Carlos Alexandre Gru-ber de Castro; Professores-Professores-Professores-Professores-Professores-orientadores:orientadores:orientadores:orientadores:orientadores: Ana PaulaMira (colaboração), Elza Apa-recida de Oliveira e MarceloLima; EditorEditorEditorEditorEditor-chefe:-chefe:-chefe:-chefe:-chefe: AntonioCarlos Senkovski.

Dalton Paraizo Benik

Uma nova lei está dando oque falar nos Estados Unidos.Mais precisamente na cidadede Riviera Beach, na Flórida,e em Delcambre, no estado daLouisiana. O uso de calças lar-gas ou calças caídas está proi-bido.

As punições para os que in-sistirem em mostrar roupasíntimas vão de US$ 150, a pri-são de até seis meses. Nasduas cidades, 12 pessoas en-tre 18 e 36 anos já foram pre-sas, e as punições saem dasruas e chegam às escolas.

Desde o começo deste ano,quem utilizar calça baixa emqualquer instituição de ensi-no está sujeito às punições pre-vistas em lei, assim como sus-pensão da escola.

Na ensolarada Flórida,quem mostrar cinco centíme-tros de roupas íntimas vai emcana. O mais engraçado éessa medida. Quatro centíme-tros é legal, mas cinco centí-metros é crime. Mas e daí,quem vai medir? Bom, aomenos já sabemos que os guar-das irão andar “munidos” desuas réguas.

Por incrível que pareça asautoridades da terra do TioSam estão regredindo na for-

ma de lidar com seu povo. Seo ex-prefeito de Nova York,Rudolph Giuliani, ficou famo-so pela maneira com que com-bateu a violência na mais po-pulosa cidade norte-america-na, o mesmo não se pode dizerdas outras autoridades.

Em um dos países maismulticulturais do mundo, écerto que irão ocorrer contras-tes culturais. Punks, grafitei-ros, hippies, metaleiros e ra-ppers.

Os Estados Unidos têm di-versos outros problemas parase preocupar como o gradati-vo aumento de violência em al-guns estados, a guerra no Ira-que, as eleições que se aproxi-mam, entre outras coisas.Certamente entre as priorida-des o quesito “calça caída” nãoentra.

A liberdade de expressãocada vez mais fica de lado. Ima-ginem só, caros leitores, se fos-se empregada essa mesmacensura no começo de outrosmovimentos. Todo mundo an-daria de calça jeans e camise-ta sem as chamadas “tribosjuvenis”.

Nada contra, pois tambémsou adepto desse “movimento”,mas a roupa que uma pessoausa não pode ser mais impor-tante do que o seu caráter pe-rante a sociedade.

Pego de calças curtasJoão Nei

Na semana passada, queriaescrever um texto sobre a talsupermáquina que vai criar ummini Big Bang dentro de umcorredor de 27 quilômetros emforma de anel, bem no meio daEuropa. Sinceramente, cansei sóde ler alguns artigos, vou con-fessar: não sou fã de ficção cien-tífica. Faltou inspiração.

Quando comecei a ler que obóson é um tipo de partícula se-melhante aos férmions, que sãoquarks contidos nos prótons enêutrons, e juntos têm parentes-cos com os hádrons, me sentiprofundamente angustiado.

Fui até o armário e belisqueium chocolate. Reanimado, con-tinuei, descobri que podemoscomparar um hádron com umpion – descoberto pelo brasilei-ro Cesar Lattes em 1947, aju-dou? Entre tantas coisas hipo-

Os senhores do aneltéticas e fisicamente abstratasestá o gráviton, é essa coisaque mais parece nada, que éresponsável por toda a forçagravitacional do universo. Apropósito, o nome da maiormáquina do mundo é LargeHadron Collider.

A ciência e seus cientistasnão param. Somam-se 30 milos senhores do anel, que estãoem seus laboratórios ao redordo planeta, auxiliando naspesquisas, que revelará agrande questão: como surgiua matéria.

Interessante que a experi-ência consiste em acelerar áto-mos de chumbo que devem co-lidir entre si 40 milhões de ve-zes por segundo. Se a pesquisaé para descobrir a origem damatéria e desta forma do uni-verso, ainda vai pairar a terrí-vel dúvida, como surgiu o áto-mo de chumbo?

Em contraponto com estas

pesquisas que estudam o uni-verso do nada ou do quase-nadametafisicamente falando, exis-tem as viagens interplanetári-as à procura de outra terrinha,que seja tão boa e bonitinhaquanto a nossa.

Nem precisa de tanto. Os ci-entistas já estão negociando. Sehouver resquícios de que exis-tiu água, mesmo que há mi-lhões de anos ou algum vestí-gio milenar deixado por umabactéria, já seria o suficientepara acender um sol nos olhosda ciência e moveria milhõesem dinheiro para as contas depesquisas.

Quanto mais se vasculha,mais aumenta o campo. Houveaté uma teoria, há pouco tem-po, que considerava que o uni-verso estava em expansão, ouseja, a matéria está permanen-temente sendo criada e não con-seguimos ver como milagrosa-mente isso acontece.

Felipe Waltrick

A pessoa que tem apego mu-sical é aquela que, por mais queos anos passem, não deixa decurtir tal banda e tal estilo. Elanem usa mais aquelas roupaspretas com diabos e esqueletosestampados nas camisetas, porexemplo. Porém, o apegado mu-sical nunca joga fora todas assuas jóias. As camisetas, guar-da-as para os filhos: quem sabeum dia eles não sigam seu ca-minho?

Já o mais importante é a so-noridade. O som que está den-tro dos vinis, fitas-cassetes eCDs. Esse sempre está bemguardado em uma prateleira ouem um armário sujo que relem-bra o cheiro dos primeiros mo-mentos curtindo uma boa mú-sica.

É bom lembrar de quandonão existia CD, pois assim re-cordo das experiências que a tec-nologia conseguiu deletar paraas próximas gerações. Temposatrás passei horas procurando amúsica “Out of Tears”, dos Ro-llings Stones, num cassete quetive o prazer de encontrar nomeio, é lógico, dos vinis da fa-

mília.Nas antigas mídias, uma

música pode ficar perdida, emesmo tendo a ordem das can-ções escrita a caneta Bic, atrásda caixinha, ela pode ficar aliescondida. Hoje é fácil, é sóapertar um botão e o CD passapara a próxima música. Comcerteza quando passei por essasituação xinguei tudo e todos,imaginando se um dia alguémiria resolver esse problema.

Depois que alguém se ape-ga ao CD, fica difícil voltar aosperrengues de tempos atrás.Interessei-me de novo por cas-sete e vinil para poder escutaro som mais bruto, sem frescu-ras. Mas não vamos tirar osméritos do vinil digitalizado,porque muitas coisas magnífi-cas foram feitas dentro dele.

O que preocupa mesmo é oMP3. Como alguém pode seapegar a alguma coisa que nãoé concreta, não se guarda à vis-ta dos amigos, está apenas noaparelhinho e não tem encar-te?

Poder escutar em qualquerlugar, baixar facilmente e tro-car com os amigos é uma gran-de evolução, que não pode im-pedir de comprar o original,

com o encarte para ler as letras.A dica é comprar tudo em sebosou em promoções, com paciên-cia a sorte aparece.

Procuro sempre me desape-gar das coisas materiais, porémtudo que tenho relacionado àmúsica eu não largo por nenhu-ma crença. Afinal de contas,um dia vou querer escutar asmúsicas do tempo de escola, fa-culdade e olhar todo o meu tra-jeto musical, meus apegos edesapegos, que estarão guarda-dos.

O reconhecimento das fitascassetes está ganhando força,poucos comentavam delas, ovinil era o único que era faladonas matérias e rodas de ami-gos. Daqui uns dias o CD tam-bém vai ser lembrado como umresgate à sonoridade do passa-do. Como vamos guardar a so-noridade do mp3? Só a tecnolo-gia pode responder. Espero queencontrem alguma maneiramelhor que somente um com-putador ou um aparelho demp3.

Obs: Esse texto foi escrito aosom de “Out of Tears”, dos Sto-nes, que no armário foi fácil deachar, mas que na fita foi mui-to difícil.

Apego musical

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Geral

Priscila Paganotto

Editoras de universida-des do Brasil inteiro se re-únem na VI Feira Univer-sitária de Livros no pátioda Reitoria da Universida-de Federal do Paraná. Oevento começou quarta-fei-ra e termina hoje, trazen-do livros que não são en-contrados nas livrarias co-muns, com preços mais ba-ratos.

Segundo a diretora daEditora UFPR, Serlei Ma-ria Fischer Ranzi, a Feira

UFPR promove feira de livrosUFPR promove feira de livros

A manifestação exigia respostas do poderpúblico municipal e estadual para a regula-rização da área, ocupada há sete anos

Ednubia Ghisi

Na manhã de ontem aproxi-madamente 40 moradores doJardim Itaqui, em São José dosPinhais, paralisaram parcial-mente a Avenida Rui Barbosa,próxima ao viaduto da BR-277.A manifestação exigia respostasdos poderes públicos municipale estadual para a regularizaçãoda área, ocupada há mais de seteanos. Cerca de 50 famílias vivemna comunidade.

Durante o ato, que duroucerca de quatro horas, represen-tantes das secretarias de MeioAmbiente e de Habitação de SãoJosé dos Pinhais e o deputadoestadual Francisco Bührer con-versaram com os moradores.Em nome do município, se com-prometeram a levar o caso aogoverno do Paraná, e, median-te a assinatura de um docu-

Moradores do Jardim Itaquifazem mobilização pela moradia

Representantes da prefeitura de São José dos Pinhais garantiram resposta em 15 dias

mento escrito na hora, prome-teram agendar uma reuniãodentro dos próximos 15 dias.

Para a moradora Josiane deOliveira Demiski, a ação mostroubons resultados, mas ainda nãosignifica uma causa ganha. Elagarante novas mobilizações casoo município não cumpra o acor-do. “A gente já planeja ir parafrente da prefeitura se não cum-prirem o compromisso”.

Além da falta de regulariza-ção, a comunidade também nãotem acesso aos serviços básicoscomo água e luz. “Para a prefei-tura, antes da gente se organi-zar, a gente não existia”, afirmaJosiane.

A organização dos moradoresacontece por assembléias, ondeos problemas são discutidos e asiniciativas aparecem. Eles rece-bem assessoria jurídica do Ins-tituto dos Direitos Humanos, esão apoiados pelo Despejo Zero,

Assembléia Popular e outros qua-tro movimentos sociais. Morado-res do Jardim Alegria, outra ocu-pação próxima da do Jardim Ita-qui, também participaram do atopara ajudar os vizinhos.

Está é a segunda mobiliza-ção do Jardim Itaqui neste ano.A primeira aconteceu no dia 30junho, quando os moradores pa-

raram as máquinas da mine-radora Saara – empresa que, aomesmo tempo, retirava a areiae os moradores da área. Com ascavas beirando as casas, algu-mas famílias saíram e outrasreceberam um “cheque-despe-jo”, que não passava de R$ 2 mil.

A negociação informal comos moradores era feita mesmo

havendo vários motivos paraque o Estado cuidasse da rea-locação ou a regularização.

A área é de preservaçãoambiental e pertencente aogoverno do Paraná. Além dis-so, a Saara está prestando ser-viço ao estado nas obras deconstrução de um reservatóriode água na área do Itaqui.

Ednubia Ghisi/LONA

Com o proble-ma da falta demoradia emCuritiba, aspessoas que nãotêm onde morarse organizamem associaçõespara exigiremseus direitos

Colaborou: Camila VColaborou: Camila VColaborou: Camila VColaborou: Camila VColaborou: Camila Vidaidaidaidaida

é “uma oportunidade de mos-trar o trabalho que professoresdesenvolvem dentro das uni-versidades”. Além de livros deliteratura e títulos de teóricosreconhecidos, a variedade égrande: vai desde estudos so-bre pedagogia libertária até acrítica da coluna de astrologiado Los Angeles Times, passan-do por temas como agroecolo-gia e história da África.

Estão participando da feiraas editoras de várias institui-ções, como Unicamp, Edusp,UnB, UFSC e UFMG. O preçode cada estande é de R$ 1.500para os três dias. Cada univer-sidade tem a oportunidade de

mostrar pesquisas feitas poralunos e professores, transfor-mados em livros. Estes nãochegam nas prateleiras dasgrandes livrarias porque tra-tam de assuntos bastante es-pecíficos ou porque não têmvenda imediata, o que não é in-teressante para o comércio.

Os livros estão sendo ofe-recidos com até 50% de des-conto. Apesar disso, a estudan-te do curso de Nutrição daUFPR, Winnie Lo, diz que “ospreços dos produtos da feirapoderiam estar mais baixos”.Para ela, é importante entrarem contato com livros de ou-tras áreas e a feira traz essa

diversidade de assuntos.Tradução de livros estrangei-

ros, reescritas de obras clássi-cas e análises de autores, comoMachado de Assis, são as obrasmais vendidas e procuradas,não só por alunos e professores,mas pelo público em geral.

A Editora USEB (UniãoSulameriana de Estudos daBiodiversidade) possui um es-tande apenas com livros daárea de Ciências Biológicas eNaturais. O ecólogo JailtonGonçalves Fernandes diz queé importante “divulgar nomeio acadêmico a parte ecoló-gica e não apenas para profis-sionais da área”.

A professora SilmaraCrozeta visitou a feira espe-cialmente para procurar li-vros da sua área. Ela é pro-fessora de educação infantile formadora de educadores,pedagogos e diretores daRede Municipal. Para ela, adivulgação desses livros éimportante para “valorizaro que está sendo estudado noBrasil”. Durante o primeirodia, o movimento foi grande.A estimativa é de que 20 milpessoas visitem a Feira. Aexposição tem início às novehora da manhã e fecha às 19horas. A entrada é gratuita.

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Eleições 2008

Ana Tigrinho

Levantamento feito pelo Mi-nistério Público do Paraná (MP-PR) junto com Conselhos Tute-lares mostra que existem entre40 e 45 mil crianças sem cre-che na Capital. E nos primei-ros anos do ensino fundamen-tal faltam 2,6 mil vagas.

Apesar disso, a Prefeitura deCuritiba afirma que, de acordocom o último levantamento dis-ponível, de 2005, o cadastro defila de espera está com 10 milnomes. Este número pode aindaser inferior devido aos cadastrosduplos (pais que procuram maisde uma unidade de ensino).

A inexistência de vagas éuma violação dos direitos dascrianças e jovens previstos noEstatuto da Criança e do Ado-lescente (ECA). Quando foi pro-mulgado, em 1990, o Estatutotinha como objetivo garantirproteção integral às crianças aadolescentes. Como lei, era issoque deveria acontecer, mas naprática nem sempre as pessoasdessa faixa etária podem desfru-tar de todos seus direitos.

Outro levantamento foi fei-to pelo Sistema de Informaçãopara a Infância e Adolescência(Sipia), também com os Conse-lhos Tutelares de Curitiba eRegião Metropolitana, revelouque, só em 2007, 56.059 crian-ças e adolescentes tiveram seusdireitos violados. Na Capital,entre janeiro de 2007 e junhode 2008 foram registradas17.709 violações.

Quando há falta de vagasnas creches e escolas, as famí-lias devem procurar o ConselhoTutelar, que é o órgão respon-sável por fiscalizar e encami-nhar os casos de violação e este,por sua vez, encaminha ao Mi-nistério Público uma petiçãopara que seja feita uma cobran-ça à prefeitura do municípiodenunciado.

Sendo assim, o Estado apa-rece como principal violador dedireitos, representando 55% doscasos, se forem confirmadas to-das as carência de vagas des-critas pelo Ministério Público.

O déficit de vagas é antigo,e a demanda não pára de cres-

Faltam 45 mil vagas nas crechesVeja os compromissos que o novo prefeito terá que assumir na área da educação

cer. Na Capital nascem pelomenos 24 mil crianças ao ano.O conselheiro tutelar da regio-nal Fazendinha, Rosnaldo Ma-riano Nunes, afirma que a pro-cura realmente é grande e queainda há muito que melhorar.“Se a Prefeitura abraçar estacausa e der ênfase para as cre-ches, seria melhor para todomundo, principalmente para ascrianças”, diz.

De acordo com a assessoriade imprensa da Prefeitura Mu-nicipal de Curitiba, desde 2005foram criadas 20 novas crechese oito escolas. Foram reforma-das ou ampliadas outras 140creches e 35 escolas, criandoassim mais de oito mil vagas.O conselheiro, apesar disso,questiona. “Mas não é só abrirnovas vagas. É preciso investirmais em educação e capacitarmelhor os professores”.

CompromissoNo dia 13 de julho, o ECA

completou 18 anos. Em comemo-ração à data, um seminário foirealizado pelo Fórum dos Direi-tos da Criança e do Adolescente(Fórum DCA/PR), no dia 11 domesmo mês. Foi cobrada umaatitude prática dos candidatos àPrefeitura de Curitiba dos quaissete, de oito, assinaram o termo,com exceção do candidato do PTdo B, Lauro Rodrigues. Trata-se de uma carta de compromis-sos que contém 18 pontos de ga-rantias para crianças e adoles-centes, que estão previstos noEstatuto.

A carta tem como objetivocolocar uma plataforma aos fu-turos prefeitos e vereadores,estabelecendo responsabilidadescom a infância e juventude. Éuma iniciativa do grupo forma-do por organizações governa-mentais, não-governamentais,organismos internacionais e aFrente Parlamentar em Defe-sa dos Direitos da Criança e doAdolescente do Congresso Na-cional.

Os candidatos que assina-ram o documento se comprome-teram em transformar os 18pontos da carta num plano deação com metas e recursos or-çamentários.

Após a posse do prefeito elei-

Arquivo/ LONA

Faltam 2,6 mil vagas nos primeiros anos do ensino fundamental

to, ele deve apresentar em atéseis meses o plano de ação paraa comunidade. Caso o signatá-rio do termo eleito não cumpriro determinado, poderá enfren-tar uma ação civil pública.

Os eleitores devem prestaratenção ao candidato que assi-nou o termo. Esta é uma garan-tia de que pelo menos uma daspromessas durante a campa-nha seja cumprida.

Ação socialOs direitos de meninos e

meninas de Curitiba são de res-ponsabilidade da Fundação deAção Social (FAS), órgão do go-verno municipal. Sua missão écoordenar e implantar a políti-ca de assistência social na ci-dade, promovendo ainda a pro-teção social de famílias e indi-víduos em situação de risco ede vulnerabilidade social.

“Os serviços potencializam afamília como unidade de refe-rência e fortalecem seus víncu-los internos e externos. As pes-soas em situação de vulnerabi-lidade social, em decorrência dapobreza ou da fragilidade de vín-culos afetivos, têm nos serviços

da ação social a oportunidade detentar prevenir as situações derisco”, afirma Beth Klein, as-sessora da FAS.

Os projetos desenvolvidos naFAS potencializam a infância ea juventude. Dentre eles está oPrograma de Erradicação doTrabalho Infantil (Peti), emparceria com o governo federal,cujo foco é retirar crianças dotrabalho e mantê-las na escola,por meio da promoção e inser-ção social de suas famílias.

Uma das vertentes é o Cir-co da Cidade - um espaço de in-clusão social através da cultu-ra, em que as crianças e ado-lescentes desenvolvem ativida-des de cunho sócio-educativo nocontra-turno escolar, promoven-do uma maior interação entrea escola e a comunidade.

O Programa de Capacitaçãodo Adolescente é um comple-mento ao Peti na busca do dire-cionamento de jovens, com ida-de entre 14 e 17 anos, para omercado de trabalho. Uma al-ternativa a mais para a forma-ção pedagógica.

Quando esteve presente naabertura das comemorações do

aniversário do ECA, o jornalis-ta Gilberto Dimenstein afirmouque é preciso um maior inves-timento na educação profissio-nal de adolescentes e jovens detodo o Brasil.

Pensando nisso, a Ação So-cial executa o programa “For-mando Cidadão”, que atendemeninos e meninas, de 12 a 16anos, em parceria com o Exér-cito e a Polícia Militar.

Oferece atividades de lazer,esporte, cultura, saúde e ofici-nas de iniciação profissional,além da complementação dasatividades escolares.

Rosnaldo Mariano Nunes,conselheiro tutelar, sente falta depolíticas públicas que priorizemo jovem usuário de drogas e emconflito com a lei: “Gostaria queexistissem ações mais práticaspara tirá-los dessa situação, umdos principais problemas da ci-dade. As drogas são o primeirocaminho para a criminalidade eainda não há um plano eficazpara acabar com isso”.

Para jovens em conflito coma lei existe o “Liberdade Solidá-ria”, em que cumprem medidassócio-educativas em meio aber-

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Confira alguns dos com-promissos previstos na Car-ta:

- Assegurar recursos noorçamento municipal às po-líticas públicas voltadas à in-fância e à adolescência;

- Garantir o pleno funcio-namento do Conselho Muni-cipal dos Direitos da Crian-ça e do Adolescente (CMDCA)e dos Conselhos Tutelares;

- Ampliar o acesso das cri-anças de zero a cinco anos àeducação infantil de qualida-de;

- Propiciar condições paraque a família ofereça ambi-entes pacíficos, seguros e ade-quados ao desenvolvimentointegral de seus filhos e se for-taleça como família que pro-tege;

- Prevenir e enfrentar aviolência e a exploração se-xual de crianças e adolescen-tes em todas as suas mani-festações;

- Prevenir, combater e er-radicar do município o tra-balho infantil em todas assuas formas;

- Destinar recursos e cri-ar espaços para atividadesculturais, esportivas e de la-zer, voltadas para crianças eadolescentes;

- Promover a igualdadesocial com ações que valori-zem a diversidade de raça,etnia, gênero, orientação se-xual e manifestação religio-sa e estratégias de inclusãodas pessoas algum tipo dedeficiência;

Compromissocom a infância

to. Eles e suas famílias são aten-didos em consonância com oSistema Nacional de Atendi-mento Sócio-educativo e parti-cipam do plano individual deatendimento ao adolescente esua família.

Por ano, pelo menos 360 milpessoas são atendidas pela FAS,mas ainda há muita coisa paraser feita. Para Beth, é papel dopoder público cumprir priorita-riamente a garantia dos direi-tos da infância e da adolescên-cia. “É dever do governo muni-cipal cumprir as determinaçõesdo Estatuto, como assegurarrecursos do orçamento munici-pal para a infância, ampliar oacesso à educação e promover aigualdade social”.

Lucimeire Martins

O sistema educacional mu-nicipal de Curitiba é conside-rado um dos melhores do país.A Capital ocupa pelo segundoano consecutivo a liderança noÍndice de Desenvolvimento daEducação Básica (Ideb) do go-verno federal. O melhor resul-tado no Ideb foi o da EscolaMunicipal São Luís, localiza-da no bairro Água Verde, naregião central da cidade. Amédia na escola foi de 7,1.Entretanto, a situação educa-cional ilustrada no indicadornão é homogênea. O menor ín-dice entre as escolas de primei-ra a quarta séries do Estadotambém é da Capital. A notade 2,8 foi da Escola MunicipalMadre Antônia, localizada noTarumã.

A secretária de EducaçãoMunicipal, Eleonora Fruet,defende a possibilidade de queum erro na aplicação das pro-vas tenha sido desconsiderado.

De acordo com ela, 20% dosgabaritos das provas de portu-guês e de matemática foramtrocados, o que teria alteradoo resultado da pesquisa.

A escola Madre Antônia ob-teve 4,9 de média na avalia-

Qualidade das escolas de Curitiba varia de2,8 a 7,1 pontos, conforme pesquisa do MEC

ção em 2005, uma diferençade 2,1 pontos, que, segundoela, não é justificável. O Mi-nistério da Educação alegouque é raro que um erro assimaconteça. O Instituto Nacio-nal de Estudos e PesquisasEducacionais Anísio Teixeira(Inep), do Ministério da Edu-cação, divulgou os resultadosdo Ideb por escolas e municí-

Guilherme Sell

Assegurar a todos igualda-de de condições para o acesso ea permanência na escola, semqualquer tipo de discriminação,é um princípio que está naConstituição de 1988. Mas issoainda não se tornou realidadepara milhares de crianças ejovens que apresentam neces-sidades educacionais especiais.

A falta de apoio pedagógicopara essas necessidades espe-ciais pode fazer com que essascrianças e adolescentes não es-tejam na escola: muitas vezesas famílias não encontram ins-tituições organizadas para re-ceber todos e capazes de fazerum bom atendimento.

Educação é direito de todosAs dificuldades podem fazer

com que essas crianças e ado-lescentes deixem a escola de-pois de pouco tempo, ou perma-neçam sem progredir para osníveis mais elevados de ensi-no, o que é uma forma de desi-gualdade.

Em 2003 o Brasil começoua transformar essa realidade.O Ministério da Educação as-sumiu o compromisso de apoi-ar os estados e municípios nasua tarefa de fazer com que asescolas brasileiras se tornas-sem inclusivas, democráticase de qualidade.

O olhar crítico para a his-tória da humanidade revela,com muita clareza, que nenhu-ma sociedade se constitui bemsucedida, se não favorecer, em

todas as áreas da convivênciahumana, o respeito à diversi-dade que a constitui.

Nenhum país alcança ple-no desenvolvimento se não ga-rantir a todos os cidadãos, emtodas as etapas de sua existên-cia, as condições para umavida digna de qualidade física,psicológica, social e econômica.

A educação tem, nesse ce-nário, papel fundamental. A es-cola é o espaço no qual se devefavorecer a todos os cidadãos oacesso ao conhecimento e aodesenvolvimento de competên-cias, ou seja, a possibilidade deapreensão do conhecimentoproduzido pela humanidade.

É no dia-a-dia escolar quecrianças e jovens têm acessoaos diferentes conteúdos curri-

culares, os quais devem ser or-ganizados para efetivar aaprendizagem. Para que esteobjetivo seja alcançado, a ins-tituição precisa garantir quecada ação pedagógica resulteem uma contribuição para oprocesso de aprendizagem decada aluno.

Escola de qualidade é aque-la que garante o ensino a cadaum de seus alunos, reconhecen-do e respeitando a diversidade,e respondendo de acordo comseus objetivos e necessidades.

Assim, uma escola somen-te poderá ser considerada dig-na quando favorecer a cadaaluno em sua particularidade,independentemente da raça,sexo, idade, condição física ousocial.

Arquivo/ LONA

pios. Curitiba obteve média5,1 nas séries iniciais e 4,2 nasfinais. A empregada domésti-ca Ana Lúcia Vieira tem duasfilhas matriculadas na redemunicipal de ensino e aprovao sistema educacional da ca-pital paranaense. “Curitibatem escolas boas. Eu não te-nho o que reclamar, pois ascrianças têm um bom estudo”.

Mas como no resultado doIdeb, que identificou dois ex-tremos em Curitiba, tambémhá quem não aprove o sistemaeducacional. É o caso da ven-dedora Sônia Aparecida Brio,que aponta falta de incentivoaos alunos e de profissionaiscapacitados. “Parece que esseresultado é só estatística mes-mo”, afirma.

Pesquisa do MEC mostra que resultados da rede municipal não são homogêneos

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Juliana Fontes

Maria Pereira de Souzamora em um bairro simples daregião sul de Curitiba. Assimcomo seus vizinhos e milharesde pessoas que também sofremcom a falta de estrutura no lo-cal onde moram, ela acreditaque um dia a situação irá seresolver e sonha com um localmais digno para viver com suafamília: “Precisamos de maissegurança no bairro. Para con-seguir uma consulta no postode saúde precisamos chegar láàs 5 horas da manhã. Não hávagas suficientes nas creches;estou há quase um ano esperan-do uma vaga para meu neto eaté agora não consegui nada”.

Uma esperança para Mariaseria utilizar uma poderosa armaque tem para tentar transformara realidade social em que vive: ovoto. A dona de casa diz que irávotar em um candidato que tra-te bem o povo, porque acreditaque assim fará uma boa escolha.Questionada se ela vota (ou vo-taria) no candidato que mais fi-zesse propaganda, ela fica emdúvida, não sabe responder aocerto, mas afirma que para ga-nhar seu voto o candidato preci-sa ser conhecido.

Esse é o critério de escolhade muitos eleitores. É difícilencontrar um eleitor que voteem alguém que não conheça –no sentido de nunca ter ouvidofalar do nome ou da pessoa. Epara ser conhecido, é necessá-rio se tornar popular. Aquele quegasta mais e faz mais para apa-

Mais dinheiro pode mudar eleiçãorecer, arrecada mais votos. Porisso, os gastos de campanha sãoessenciais para um candidatofazer um bom número de votos.

No Brasil, o sistema de finan-ciamento de campanha é misto.As campanhassão em partepagas direta eindiretamentepelo poder públi-co, a partir doque estabelece alegislação eleito-ral, e parte cus-teadas por meiode doações deeleitores e pesso-as jurídicas. Ospartidos rece-bem todos osanos recursos doFundo Partidá-rio que equiva-lem a R$ 0,35por eleitor. Já noque diz respeitoàs verbas priva-das, as agremi-ações políticas podem captar re-cursos de empresas e eleitores,porém a legislação estabelece al-guns limites.

É consenso que quanto mai-or os gastos com a campanha,maior o retorno diante das ur-nas. Mas será que isso é justopara aqueles partidos que nãoconseguiram muitas alianças e,por conseguinte, muitas verbaspara utilizar em sua campanha?Os grandes partidos, por exer-cerem um poder maior, recebema maior fatia das verbas e po-dem investir mais em estraté-gias para angariar votos.

Por esse motivo, há quatropropostas de lei em Brasíliapara a implementação do Fi-nanciamento Público em Cam-panhas. Esse sistema funciona-ria da seguinte forma: os par-

tidos receberiamuma verba queseria repassadaconforme o nú-mero de eleito-res que a legen-da recebeu naeleição anterior.O valor paracada eleitor se-ria de R$ 7. Oobjetivo é evitargastos não de-clarados — ochamado “caixa-dois” — e garan-tir mais eqüida-de na disputapartidária.

Para o econo-mista José Gui-lherme Vieira,esse sistema se-

ria uma boa medida para con-trolar os gastos exagerados nascampanhas. “Com o sistemaatual se perde muito mais di-nheiro. Com o financiamentopúblico, se calcularmos que em2002 existiam 115 milhões deeleitores, o total repassado paraos partidos seria algo em tornode R$ 800 milhões. Parece mui-to, mas é bem menos do que segasta atualmente”.

Mas nem todas as opiniõessão a favor do financiamentopúblico de campanha. MuriloHidalgo, diretor do InstitutoParaná de Pesquisas, defendeque essa medida não resolveráos problemas de gastos de cam-panhas. Ele acredita que os pa-trocínios da iniciativa privadanão acabarão. “Mesmo com o fi-nanciamento público, o priva-do ainda continuaria dando di-nheiro, pois há um jogo de in-teresses envolvido”.

Na opinião do cientista polí-tico Emerson Urizzi Cervi, pro-fessor da Universidade Federaldo Paraná, o financiamento pú-blico sempre existiu no Brasil.Ele explica que como em ano deeleições os partidos também re-cebem verbas do Fundo Parti-dário, pode-se dizer que as cam-

panhas já são financiadas pelopoder público. “Além disso, o fatode os partidos não pagarem parafazer suas propagandas na tele-visão e no rádio, revelam que ofinanciamento público, pelo me-nos em parte, já existe”.

Vieira aponta outra vanta-gem do Financiamento Públi-co: o maior rigor no controle dosgastos, pois “com o montantemenor, há uma maior possibi-lidade de se fazer um controlemais rígido, e assim a puniçãopara aqueles que utilizassemmais dinheiro que o permitidoficaria mais dura, mais rigoro-sa. O ‘caixa-dois’ seria comba-tido mais facilmente”.

Em relação à igualdade decondições para a disputa de vo-tos, o cientista político revelaque, uma pesquisa recente –realizada pela ONG Idea, paraanalisar o financiamento decampanha em 110 países - apon-ta que, na prática, o financia-mento público resulta em bar-reiras para a entrada de parti-dos novos e pequenos no siste-ma, servindo para fortalecer osgrandes partidos.

Com o financiamento públi-co, outro questionamento quesurge é se realmente é neces-sário gastar dinheiro públicocom campanha política, dei-xando de utilizá-lo para outrosfins. O diretor da Paraná Pes-quisas alega que o Brasil ain-da é um país muito carente, e

Maria Pereira afirma que é uma tendência natural votarno candidato que mais aparece durante as campanhas

Juliana Fontes/LONA

por isso não teria de onde ti-rar recursos para investir emcampanhas: “Para que o fi-nanciamento público entrasseem vigor, precisaria ser cria-do mais um imposto, maisuma ‘CPMF’, por exemplo, eisso seria ruim para o povo,que já paga vários impostos”.

Para Cervi, a discussão dosistema de financiamento públi-co não deveria ser o foco, e sim aparticipação das pessoas jurídi-cas como fontes privadas, e seelas não causam mais danos aosistema do que o compartilha-mento da conta entre doaçõesdiretas e indiretas do poder pú-blico e do eleitor individualiza-do. “Em boa medida o problemada corrupção estaria sendo com-batido se as empresas não pu-dessem ajudar no financiamen-to de campanhas eleitorais. Issodiminuiria o risco de corrupçãoeleitoral e política, além da in-fluência do poder econômico nascampanhas”, explica.

Maria Pereira nunca ouviufalar em financiamento de cam-panha e não sabe quanto dinhei-ro é gasto em uma eleição parase eleger um candidato. Mas oque a dona de casa já sabe é quetodos merecem ter condiçõesiguais para viver, e que os im-postos que paga devem ser re-vertidos em benefícios para apopulação. Afinal, acreditar emum país com igualdade social éum direito do povo.

O problema do financiamento de campanha é antigo noBrasil. Em 1971, foi regulamentado o Fundo de AssistênciaFinanceira dos Partidos Políticos (Lei 5.682). O Fundo eracomposto por multas e penalidades aplicadas a partir dalegislação eleitoral, além de recursos financeiros que fossemdestinados por lei, e de doações de particulares. Do bolo ar-recadado pelo fundo, 80% era distribuído com base na pro-porção dos partidos na Câmara dos Deputados e os outros20% repartidos igualmente entre estes mesmos partidos. Naépoca, a lei vetou que os partidos recebessem, direta ou indi-retamente, qualquer contribuição ou auxílio oriundo deempresas privadas com finalidade lucrativa, ou ainda, enti-dades de classes ou sindicatos. Entretanto, a proibição nãosurtiu efeito e a prática do “caixa-dois”, contabilidade para-lela e não divulgada pelos partidos, cresceu.

HistóriaHistória

Parte dos gastos feitos por candidatos nas campanhas é financiado pelo poder públicoEleições 2008

“Se calcularmosque em 2002existiam 115milhões deeleitores, o totalrepassado para ospartidos seria algoem torno de R$ 800milhões. Parecemuito, mas é bemmenos do que segasta atualmente”JOSÉ GUILHERME VIEIRAECONOMISTA E PROFESSOR

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Luciana Brito

Silvia Guedes

As campanhas eleitorais mo-vimentam todos os 5564 municí-pios do país. Candidatos a prefei-turas e a câmaras municipaisbrigam por cargos para os próxi-mos quatro anos. O período elei-toral, entretanto, não se resumea quem está em frente aos holo-fotes na busca incessante por vo-tos. Há toda uma movimentaçãonos bastidores para a qual quaseninguém dá importância. Umaimensidão de pessoas estão envol-vidas: são voluntárias ou convo-cadas, remuneradas ou simples-mente defensoras de ideologiaspartidárias, ou ainda, partici-pam da organização eleitoral poracreditarem que a atitude é tam-bém uma maneira de demons-trar comprometimento com a pá-tria, independente da legendapartidária que defendem. Sãoessenciais, portanto, para que oprocesso eleitoral aconteça semmaiores empecilhos.

Os mesários, por exemplo,são indispensáveis para o bom an-damento das eleições. Neste ano,em todo o país, eles serão1.660.796. Deles, 119.370 traba-lharão nas zonas eleitorais para-naenses. A maior parte dos me-sários é convocada, mas todos elespassam por um processo de sele-ção do Tribunal Regional Eleito-ral (TRE).

O Código Eleitoral (Lei 4.737/65) diz que os mesários serão no-meados entre os eleitores da pró-pria seção e a prioridade na sele-ção é para formados em curso su-perior, professores e servidores daJustiça. Os mais jovens tambémtêm preferência. Os nomes dosescolhidos são publicados em edi-tal 60 dias antes do pleito e, apósa assinatura dos selecionados,iniciam-se cursos de instruçãopara que tudo ocorra sem proble-mas no dia de votação.

A nomeação é pessoal e in-transferível. Se o convocado nãopuder comparecer, deve procurarum cartório competente e enca-minhar justificativa até cincodias depois da convocação. A au-sência no dia da eleição é consi-derada crime, com a aplicação de

Nos bastidores da políticauma multa entre meio e um sa-lário mínimo vigente na zona elei-toral. Caso o mesário seja servi-dor público, a pena é de 15 diasde suspensão sem direito à remu-neração. E, emcaso de a mesa re-ceptora não funci-onar por causa dosausentes, as puni-ções dobram.

Alexandre Bel-trão Leitoles sem-pre é convocadopara trabalharcomo mesário. Em1998, então com16 anos, fez o títu-lo de eleitor. A de-cisão foi tomadapara não deixar para últimahora. “Fiz para me livrar logo”,recorda-se, lembrando que mui-tos enfrentam longas filas parafazer o título aos 18 anos, idadena qual o documento torna-seobrigatório.

Ainda em 1998 foi convocadopara ser mesário, e de lá para cáfoi chamado em todos os anos elei-torais, inclusive para o plebisci-to sobre a proibição ou não do usode armas de fogo. “No início atégostava, mas chega uma alturaque cansa, sabe?”, comenta Ale-xandre, não muito feliz com oobrigatório “gesto democrático”.

Depois de cinco eleições e umplebiscito, este ano ele foi ao TREe preencheu um formulário pe-dindo liberação com o argumen-to de ter trabalhado em váriaseleições. Um mês depois de soli-citar a dispensa, recebeu retor-no do Tribunal Eleitoral: o juizavaliou o pedido e a resposta foinegativa. Já escalado para tra-balhar no próximo domingo, Ale-xandre diz que exercerá a fun-ção sem problemas.

Não há uma regra estabele-cida para dispensa por númerode participações, e o TRE tem odireito de convocar o mesmo ci-dadão por tempo indeterminado.Para ter o direito de pedir dis-pensa é preciso trabalhar pelomenos três vezes como mesárioe uma vez como presidente dezona eleitoral, exigências cumpri-das por Alexandre. Antes disso,as chances de uma liberação sãoainda mais escassas, a menosque seja um caso relevante na

interpretação do juiz.O engenheiro agrônomo Ro-

drigo Monteiro é mesário volun-tário. Ele não é filiado a nenhumpartido político e participa do plei-

to porque con-sidera o proces-so eleitoral in-teressante. As-sim como Ale-xandre, Rodri-go também setornou eleitorem 1998, comos mesmos 16anos. Ele espe-rava uma con-vocação paratrabalhar nopleito naquele

ano, mas não recebeu. Quatroanos mais tarde inscreveu-secomo mesário voluntário e depoisdisso, em todas as eleições foi con-vocado. Essa será sua quartaparticipação como mesário.

Neste ano, Rodrigo estranhoua demora do Tribunal Eleitoralpara entrar em contato para con-vocá-lo, por isso ligou para saberse poderia trabalhar nas eleições.Ficou tranqüilo quando desco-briu que seu nome estava na lis-ta. O motivo de tanta vontade detrabalhar? Certamente não é ale-gação de muitos mesários volun-tários: ser dispensado por doisdias no emprego. Ele afirma queesta é a primeira vez que terádireito à folga, uma vez que nasoutras oportunidades ainda nãotrabalhava. “Para votar, você pre-cisa de alguém para ajudar e nãome custa nada fazer isso. É legalajudar e não só votar”, comenta.

Coadjuvantes eleitoraisCéu azul, calor e o relógio na

iminência de apontar meio-dia.A feira do Largo da Ordem seguenormalmente. Os trabalhadoreseleitorais se destacam no vai-e-vem de pessoas. É impossível nãonotar um boneco e uma estrelagigantes com números de candi-datos estampados.

Sob as fantasias dois homensdistintos. O primeiro deles é CaioBertaneu, que pela segunda elei-ção consecutiva trabalha vestidocom uma estrela vermelha debraços amarelos. Ele diz gostardo que faz e acredita que o parti-do para o qual trabalha merece

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Depois de prestar serviço como mesário em cinco elei-ções e um plebiscito, Alexandre Beltrão foi dispensado

ganhar as eleições. A sua profis-são? “É essa aqui”, diz. Emboradefenda uma bandeira, afirmaque não dispensaria uma ofertade um salário maior para fazer oque faz, mas não sem antes con-versar com seus superiores paraver um possível aumento.

Já as mãos enrugadas e man-chadas que avaliam jóias em umbanco revelam certa maturida-de na idade de Joseli da Silva. Éa segunda campanha eleitoralque ele trabalha para a mesmacandidata. A grande diferençaestá no salário: o senhor de 56anos não recebe pagamento ne-nhum, é voluntário por defendera causa da candidata para qualtrabalha. Sob uma fantasia de bo-neca, o rosto de Joseli quase nãoaparece. E além desse trabalhovoluntário ele distribui panfletos,segura a bandeira e ainda tentaangariar alguns votos por meiode conversas com as pessoas quepassam na rua.

Ainda na feirinha, lugar ondetrabalhadores eleitorais se confun-dem com os artesãos, duas mu-lheres seguravam bandeiras deum dos tantos partidos que dis-putam a eleição deste ano. Pro-fessora desempregada, Katia Re-gina Bittencourt votará no parti-do para que faz a propaganda.Porém, se houvesse necessidadede trabalhar para outro, ela nãohesitaria. Afinal, a necessidade deganhar dinheiro pesa. “Mas eu sótrabalharia para outro partido,

não votaria nele”, conta. Algunsconhecidos de Katia trabalhampara um partido concorrente, masrevelam que irão votar para ou-tra legenda. Exemplo de que mui-tos desses trabalhadores estão alisob o sol somente por precisar dodinheiro e não por engajamentopolítico.

A vizinha de calçada de Ká-tia também é professora desem-pregada. Regina Alves de Lima éengajada e diz que não trabalha-ria para outro partido, pois acre-dita nos ideais da campanha quefaz. “Estou trabalhando porquetambém preciso, mas indepen-dente disso eu estaria na campa-nha com certeza”, relata.

Após 23 anos trabalhandoem campanhas eleitorais, ago-ra Regina conta com uma peque-na ajudante: a filha, que tentaimitar a mãe ao levantar a ban-deira. O “brinquedo” muito mai-or que ela sobe desajeitado. A me-nina se esforça, segura a ban-deira por alguns segundos e,cambaleando, quase caem asduas. No fim, resta só a peque-na ajudante de pé ao lado damãe, que se apressa para levan-tar o instrumento de trabalho.

Kátia e Regina defendem omesmo partido. Ao fim do mêscada uma tira R$ 520 de ren-da. Há ainda um vale-almoçode R$ 10 e vale-transporte. Jáa pequena ganha alguns mo-mentos de celebridade segu-rando a enorme bandeira.

Além dos candidatos, outros personagens são fundamentais para que ocorram as eleiçõesEleições 2008

“Para votar, vocêprecisa de alguémpara ajudar e nãome custa nadafazer isso. É legalajudar e não sóvotar”RODRIGO MONTEIROENGENHEIRO AGRÔNOMO

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Texto: Eduardo Almeida

Fotos: Gabriel Lopez

Cuzco, a capital Inca, que resistiu o quanto pôde a sua ocupa-ção espanhola, é uma das cidades mais conhecidas do Peru, tantoque o governo do país a declarou como Capital Turística.

A cidade foi construída para ser a capital do império Inca, porisso é a cidade habitada mais antiga do América. Os Incas a cons-truíram em formato de puma, dizendo que o lugar fora reveladopelo deus Sol.

Em 1533, ela foi tomada e saqueada pelo conquistador espa-nhol Francisco Pizzarro, que destruiu a maioria dos monumen-tos de seu antigo povo e em cima construiu várias igrejas.

Numa dessas igrejas, os índios que trabalhavam em sua obrafizeram um altar representando a Santa Ceia, onde Judas tem acara de Francisco Pizarro, e os alimentos são típicos da culturainca.

Suas ruas ainda guardam bem as tradições de sua origem,com rituais de religião praticados há séculos, como as oferendasaos espíritos da montanha, que contêm folhas de coca, vinho esementes.

A capital do império Inca