logistica reversa e associativismo -...

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LOGÍSTICA REVERSA E ASSOCIATIVISMO Maria de Fátima Furlan Albuquerque 1 , Jorge de Paiva Campos 2 , Cláudio Antônio Gomes 3 1,2,3 Fatec Zona Leste [email protected] / [email protected] / [email protected] 1. Introdução Este artigo levanta a questão do descarte de resíduos sólidos urbanos ao longo da história da humanidade, os problemas ambientais causados pela ineficiência na aplicação dos conceitos da logística reversa na cidade de São Paulo, demonstrando o cenário atual do primeiro elo da cadeia produtiva reversa no município e suas conseqüências para o meio ambiente. Aborda a existência do trabalho informal dos catadores de materiais recicláveis e os riscos relacionados a este tipo de atividade, sugerindo a implantação de uma rede de associações/cooperativas para a realização da coleta dos resíduos sólidos urbanos, utilizando os conceitos de APL (Arranjo Produtivo Local), pela hipótese de que resultaria em maior eficiência e eficácia na preservação ambiental, com a vantagem de solucionar os problemas relacionados com a falta de alternativas para a geração de renda. 2. Evolução do homem e o meio ambiente Desde que o homem deixou de ser nômade surgiram os problemas das sobras resultantes de suas atividades. Na idade média “dizia-se que as cidades fediam, os restos e os dejetos eram jogados em lugares distantes” e na antiguidade “além da prática do lançamento de resíduos a céu aberto e em cursos d’água, enterrava-se e usava-se o fogo para a destruição dos restos inaproveitáveis” [1]. A industrialização e a ocupação do espaço urbano, de forma desordenada e sem planejamento, juntamente com a globalização dos mercados contribuíram com o aumento no uso de recursos naturais, e sendo assim por conseqüência, com o aumento do nível de poluição no planeta, gerando grandes quantidades de rejeitos, sendo que “no Brasil 60% dos resíduos sólidos urbanos são rejeitos orgânicos e somente 1,5% deste total é usado para a geração de energia elétrica” [2]. Tabela 1 – Volume coletado por mês em 2005 Coleta de lixo - Município de São Paulo Origem Toneladas por mês Primário domiciliar/ varrição 295.745 Industrial 9.385 Outros 74.841 Fonte: www.prefeitura.sp.gov.br O escoamento formal e estruturado, via coleta seletiva, evita o acúmulo dos resíduos, quando enviados aos aterros urbanos e lixões a céu aberto, “a velocidade crescente de saturação afasta estes locais dos centros urbanos, gerando custos operacionais logísticos crescentes” [3]. 3. Caminhos e desdobramentos A aplicação correta dos conceitos de logística reversa possibilitam “o retorno dos produtos pelos canais de distribuição reversos de pós-venda e pós- consumo, agregando valor econômico, ecológico, legal, de imagem corporativa, entre outros” [3]. Os consumidores tornaram-se mais exigentes e passaram a observar o comportamento das empresas em relação ao meio ambiente. Campanhas de Marketing Verde devem promover produtos menos poluentes [4], e “a adoção de um Sistema de Gestão Ambiental, com a implantação da série ISO 14.000 para a prevenção da poluição”, são diferenciais competitivos [5]. O associativismo é uma “iniciativa formal ou informal que reúne um grupo de pessoas ou empresas para representar e defender os interesses dos associados e estimular o desenvolvimento técnico, profissional e social” [6]. A Associação Resgate Total do bairro Itaim Paulista em São Paulo é uma base de apoio para os Catadores de materiais recicláveis que atuam na região. 4. Conclusões Para o desenvolvimento da cadeia produtiva reversa é necessário investimento e mobilização da sociedade. Fatores como educação, legislação, políticas públicas, aplicação tecnológica e financeira, são as bases para a implantação de uma boa gestão de resíduos sólidos. Observou-se que serão necessárias ações de longo prazo e parcerias para que todos os participantes do canal reverso lucrem com esta atividade. São Paulo depende da iniciativa de suas comunidades periféricas, que precisam desta opção de renda para a sua sobrevivência. 5. Referências [1] M. J. Brollo, Política e Gestão Ambiental em Resíduos Sólidos. In: Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, 21, p.1-2, Set.2001. [2] S. Calderoni, Sobra lixo e falta energia elétrica. 2001, http://www.reciclaveis.com.br/sabetai1.htm, acesso em 15.fev.2006 [3] P.R. Leite, Logística Reversa: meio ambiente e competitividade, p. 66, Prentice Hall, 2003. [4] A.M. Fontana; E.M. Aguiar, Gestão Logística do Transporte de Cargas, Capitulo 8, Logística, transportes e adequação ambiental, p. 219, 2001. [5] J. Cajazeira; J. Barbieri, A nova Norma ISO 14.001: Atendendo à demanda das partes interessadas, 2004, FGV, p. 5-6, http://www.cempre.org.br, acesso em 15.mai.2006 [6] Sebrae, www.sebrae.com.br, acesso em 23.abr.2006 Agradecimentos Aos professores da Fatec Zona Leste e aos amigos da Associação Resgate Total pelo apoio e confiança. 1 Aluna de Graduação da Fatec Zona Leste 2,3 Professores da Fatec Zona Leste

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LOGÍSTICA REVERSA E ASSOCIATIVISMO

Maria de Fátima Furlan Albuquerque1, Jorge de Paiva Campos2, Cláudio Antônio Gomes3

1,2,3 Fatec Zona Leste [email protected] / [email protected] / [email protected]

1. Introdução Este artigo levanta a questão do descarte de resíduos

sólidos urbanos ao longo da história da humanidade, os problemas ambientais causados pela ineficiência na aplicação dos conceitos da logística reversa na cidade de São Paulo, demonstrando o cenário atual do primeiro elo da cadeia produtiva reversa no município e suas conseqüências para o meio ambiente.

Aborda a existência do trabalho informal dos catadores de materiais recicláveis e os riscos relacionados a este tipo de atividade, sugerindo a implantação de uma rede de associações/cooperativas para a realização da coleta dos resíduos sólidos urbanos, utilizando os conceitos de APL (Arranjo Produtivo Local), pela hipótese de que resultaria em maior eficiência e eficácia na preservação ambiental, com a vantagem de solucionar os problemas relacionados com a falta de alternativas para a geração de renda.

2. Evolução do homem e o meio ambiente Desde que o homem deixou de ser nômade surgiram

os problemas das sobras resultantes de suas atividades. Na idade média “dizia-se que as cidades fediam, os restos e os dejetos eram jogados em lugares distantes” e na antiguidade “além da prática do lançamento de resíduos a céu aberto e em cursos d’água, enterrava-se e usava-se o fogo para a destruição dos restos inaproveitáveis” [1].

A industrialização e a ocupação do espaço urbano, de forma desordenada e sem planejamento, juntamente com a globalização dos mercados contribuíram com o aumento no uso de recursos naturais, e sendo assim por conseqüência, com o aumento do nível de poluição no planeta, gerando grandes quantidades de rejeitos, sendo que “no Brasil 60% dos resíduos sólidos urbanos são rejeitos orgânicos e somente 1,5% deste total é usado para a geração de energia elétrica” [2].

Tabela 1 – Volume coletado por mês em 2005 Coleta de lixo - Município de São Paulo

Origem Toneladas por mês Primário domiciliar/ varrição 295.745

Industrial 9.385 Outros 74.841 Fonte: www.prefeitura.sp.gov.br

O escoamento formal e estruturado, via coleta seletiva, evita o acúmulo dos resíduos, quando enviados aos aterros urbanos e lixões a céu aberto, “a velocidade crescente de saturação afasta estes locais dos centros urbanos, gerando custos operacionais logísticos crescentes” [3].

3. Caminhos e desdobramentos

A aplicação correta dos conceitos de logística reversa possibilitam “o retorno dos produtos pelos

canais de distribuição reversos de pós-venda e pós-consumo, agregando valor econômico, ecológico, legal, de imagem corporativa, entre outros” [3].

Os consumidores tornaram-se mais exigentes e passaram a observar o comportamento das empresas em relação ao meio ambiente. Campanhas de Marketing Verde devem promover produtos menos poluentes [4], e “a adoção de um Sistema de Gestão Ambiental, com a implantação da série ISO 14.000 para a prevenção da poluição”, são diferenciais competitivos [5].

O associativismo é uma “iniciativa formal ou informal que reúne um grupo de pessoas ou empresas para representar e defender os interesses dos associados e estimular o desenvolvimento técnico, profissional e social” [6]. A Associação Resgate Total do bairro Itaim Paulista em São Paulo é uma base de apoio para os Catadores de materiais recicláveis que atuam na região.

4. Conclusões

Para o desenvolvimento da cadeia produtiva reversa é necessário investimento e mobilização da sociedade. Fatores como educação, legislação, políticas públicas, aplicação tecnológica e financeira, são as bases para a implantação de uma boa gestão de resíduos sólidos. Observou-se que serão necessárias ações de longo prazo e parcerias para que todos os participantes do canal reverso lucrem com esta atividade. São Paulo depende da iniciativa de suas comunidades periféricas, que precisam desta opção de renda para a sua sobrevivência.

5. Referências [1] M. J. Brollo, Política e Gestão Ambiental em

Resíduos Sólidos. In: Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, 21, p.1-2, Set.2001.

[2] S. Calderoni, Sobra lixo e falta energia elétrica. 2001, http://www.reciclaveis.com.br/sabetai1.htm, acesso em 15.fev.2006

[3] P.R. Leite, Logística Reversa: meio ambiente e competitividade, p. 66, Prentice Hall, 2003.

[4] A.M. Fontana; E.M. Aguiar, Gestão Logística do Transporte de Cargas, Capitulo 8, Logística, transportes e adequação ambiental, p. 219, 2001.

[5] J. Cajazeira; J. Barbieri, A nova Norma ISO 14.001: Atendendo à demanda das partes interessadas, 2004, FGV, p. 5-6, http://www.cempre.org.br, acesso em 15.mai.2006

[6] Sebrae, www.sebrae.com.br, acesso em 23.abr.2006

Agradecimentos Aos professores da Fatec Zona Leste e aos amigos

da Associação Resgate Total pelo apoio e confiança.

1 Aluna de Graduação da Fatec Zona Leste 2,3 Professores da Fatec Zona Leste