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Logística Reversa Aplicada a Gestão de Resíduos Sólidos Hospitalares: Um Estudo de Caso Feito na Associação Santo Antônio dos Pobres de Itaperuna (ASAPI) MOTTA, Marcos Paulo de Oliveira; Graduando em Engenharia de Produção; Fac. Redentor. [email protected] BERNARDES, Eduardo Barbosa; Graduando em Engenharia de Produção; Fac. Redentor. [email protected] COSTA, Alexandre Jairo de Castro; Mestre em Economia; Professor da Fac. Redentor. [email protected] NETO, Alber; Mestre em Desenho Industrial; Professor da Fac. Redentor. [email protected] RESUMO Entre os vários problemas que assolam o Brasil destacam-se os problemas ambientais e soci- ais, além da crise do sistema de saúde pública, que vem ganhado destaque tanto na mídia quanto no meio acadêmico. O pensar estratégico dos Resíduos Sólidos de Saúde (RSS), além de ser oportunidade de melhoria para o meio ambiente pode se tornar uma fonte de novos re- cursos financeiros para os hospitais. Para aproveitar essa oportunidade esse estudo tem como objetivo analisar e avaliar a real situação dos resíduos sólidos gerados pela Associação Santo Antônio dos Pobres de Itaperuna (ASAPI), entidade filantrópica mantenedora do Hospital Santo Antônio. Os meios utilizados para realização deste trabalho foram pesquisa bibliográfi- ca e documental além do levantamento de informações da ASAPI, organização selecionada como estudo de caso em Gestão de Resíduos de Serviço de Saúde. A Logística Reversa deve ser vista pelos gestores como o elo entre o mercado e a atividade operacional da empresa, pois desempenha um papel fundamental e de extrema relevância nas decisões das organizações públicas e privadas. Ao utilizar-se da Logística Reversa no processo de Gerenciamento dos Resíduos de Serviço de Saúde verifica-se uma oportunidade de melhoria quando da classifi- cação correta dos resíduos e assim reciclar uma parte gerando novos recursos financeiros para o Hospital.

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Logística Reversa Aplicada a Gestão de Resíduos Sólidos Hospitalares: Um

Estudo de Caso Feito na Associação Santo Antônio dos Pobres de Itaperuna

(ASAPI)

MOTTA, Marcos Paulo de Oliveira; Graduando em Engenharia de Produção; Fac. Redentor.

[email protected]

BERNARDES, Eduardo Barbosa; Graduando em Engenharia de Produção; Fac. Redentor.

[email protected]

COSTA, Alexandre Jairo de Castro; Mestre em Economia; Professor da Fac. Redentor.

[email protected]

NETO, Alber; Mestre em Desenho Industrial; Professor da Fac. Redentor.

[email protected]

RESUMO

Entre os vários problemas que assolam o Brasil destacam-se os problemas ambientais e soci-

ais, além da crise do sistema de saúde pública, que vem ganhado destaque tanto na mídia

quanto no meio acadêmico. O pensar estratégico dos Resíduos Sólidos de Saúde (RSS), além

de ser oportunidade de melhoria para o meio ambiente pode se tornar uma fonte de novos re-

cursos financeiros para os hospitais. Para aproveitar essa oportunidade esse estudo tem como

objetivo analisar e avaliar a real situação dos resíduos sólidos gerados pela Associação Santo

Antônio dos Pobres de Itaperuna (ASAPI), entidade filantrópica mantenedora do Hospital

Santo Antônio. Os meios utilizados para realização deste trabalho foram pesquisa bibliográfi-

ca e documental além do levantamento de informações da ASAPI, organização selecionada

como estudo de caso em Gestão de Resíduos de Serviço de Saúde. A Logística Reversa deve

ser vista pelos gestores como o elo entre o mercado e a atividade operacional da empresa, pois

desempenha um papel fundamental e de extrema relevância nas decisões das organizações

públicas e privadas. Ao utilizar-se da Logística Reversa no processo de Gerenciamento dos

Resíduos de Serviço de Saúde verifica-se uma oportunidade de melhoria quando da classifi-

cação correta dos resíduos e assim reciclar uma parte gerando novos recursos financeiros para

o Hospital.

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Palavras-chave: gestão de resíduos; hospital; logística reversa.

ABSTRACT

Among the many problems that plague Brazil stand out the environmental and social prob-

lems, beyond the public health system crisis, which has gained prominence both in the media

and academia. The strategic thinking of Solid Waste Health (RSS), besides being an oppor-

tunity for improvement for the environment can become a source of new funding for hospi-

tals. To take advantage of this opportunity this study aims to analyze and assess the real situa-

tion of solid waste generated by the Associação Santo Antônio dos Pobres de Itaperuna

(ASAPI), philanthropic sponsor of Hospital Santo Antônio. The means used for this work

were bibliographic and documentary research and a survey of ASAPI information, organizing

selected as a case study in Waste Management Services Health. The Reverse Logistics should

be seen by managers as the link between the market and operating activity of the company,

since it plays a crucial role and is extremely relevant to decisions of public and private organ-

izations. Using the Reverse Logistics in the process of Waste Management of Health Service

there is an opportunity for improvement when of the correct classification of waste and recy-

cle just one part generating new funds for the Hospital.

Key-words: Waste Management; hospital; Reverse Logistics.

1. INTRODUÇÃO

O Brasil, na busca pelo desenvolvimento, é assolado por vários problemas ambien-

tais e sociais, e dentre esses problemas, que atingem a população como um todo, está a má

gestão dos resíduos sólidos. Nessa atual realidade, buscam-se alternativas eficientes para mi-

nimizar esses problemas.

Outro problema vivenciado hoje em nosso país é a crise do sistema de saúde pública,

uma situação preocupante e agravante presenciada pelo cidadão brasileiro e constatada pelos

canais de comunicação, como: demora no atendimento, dificuldade na internação devido a

falta de leitos, recursos financeiros e humanos escassos, dentre outros. Esses são alguns dos

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reflexos dessa crise que impedem a operação com eficácia e eficiência dos serviços de saúde

(POLIGNAMO, 2000).

O pensar estratégico sobre o destino dos resíduos de serviços de saúde pode se tornar

uma oportunidade de melhoria dos processos internos do hospital e até uma fonte de novos

recursos financeiros. Aplicando os conceitos de Logística Reversa, será investigado a possibi-

lidade da obtenção de vantagens competitivas com a gestão dos resíduos de serviços de saúde

gerados pela Associação Santo Antônio dos Pobres de Itaperuna (ASAPI).

2. OBJETIVO

Este trabalho por objetivo analisar e avaliar a real situação dos resíduos sólidos gera-

dos pela ASAPI, entidade filantrópica mantenedora do Hospital Santo Antônio.

3. METODOLOGIA

Quanto aos meios foi realizada uma pesquisa bibliográfica por documentação indire-

ta, onde foram utilizados fontes secundárias como: artigos publicados em congressos, revistas

científicas, trabalhos de conclusão de curso e etc. Utilizou-se também fontes primárias, como:

Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, ANVISA Resolução - RDC N.º 33 e Resolução - RDC

Nº. 306, CONAMA Resolução nº283, de 12 de julho de 2001.

Para coleta de dados internos da ASAPI, além da consulta em documentos, foram re-

alizadas entrevistas despadronizadas ou não estruturadas, porém focalizadas, com os funcio-

nários do hospital. De acordo com Marconi e Lakatos (2007), “na entrevista despadronizada

ou não estruturada, o entrevistado tem liberdade para desenvolver cada situação em qualquer

direção que considere adequada. É uma forma de poder explorar mais amplamente uma ques-

tão.”

Quanto aos fins, a pesquisa será descritiva, e realiza-se um levantamento das

informações referentes ao número de setores e funcionários da instituição e referente ao

gerenciamento dos resíduos (geração, identificação, manuseio, segregação,

acondicionamento, armazenamento, transporte e disposição final dos referidos resíduos).

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Trata-se de analize dos dados obtidos e uma avaliação dos resíduos gerados. Esses resultados

serão apresentados na forma de um estudo de caso.

Para o estudo de caso, foi selecionada a experiência da ASAPI em gerenciamento de

resíduos de serviço de saúde (RSS).

4. DESENVOLVIMENTO

4.1. Logística Reversa

A logística reversa, nessa era de alta tecnologia informativa, desempenha um papel

fundamental e de extrema relevância nas decisões das organizações públicas e privadas. Leite

argumenta:

Logística Reversa é a área da Logística Empresarial que planeja, opera e controla o

fluxo, e as informações logísticas correspondentes, do retorno dos bens de pós-

venda e de pós - consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, através dos

Canais de Distribuição Reversos (LEITE, 2002, p. 2).

A Logística Reversa deve ser vista pelos gestores como o elo entre o mercado e a

atividade operacional da empresa. Embasados nas informações supracitadas, as organizações

que têm um perfil inovador, passam então a enxergar a logística como uma fonte de vantagem

competitiva. Desta forma:

A logística reversa adquire relevância crescente em implementação de programas

empresariais, com diferentes objetivos estratégicos, dado que os executivos moder-

nos têm melhor conhecimento dos valores envolvidos com retorno de produtos,

maior percepção da possibilidade de transformar um problema em oportunidade, se-

ja como fonte de novos centros de lucros, como fonte de redução de custos ou como

salvaguarda da reputação empresarial. (LEITE, 2006, p. 6)

Na Figura 1 estão representados as atividades logísticas tradicionais de abastecimen-

to e as atividades relacionadas ao sistema de logística reversa. A etapa de Inspeção/Separação

auxilia na determinação de qual processo de recuperação será o mais adequado, tanto na rein-

trodução a cadeia de abastecimento tradicional quanto ao tratamento e eliminação em aterro

ou incineração.

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Figura 1. Cadeia de abastecimento em circuito fechado (BARROSO & MACHADO, 2005)

De acordo com Shibao, Moori e Santos (2010, p. 4) e embasados nas informações

supracimencionadas, podemos então resumir as atividades da logística reversa em algumas

fases básicas, sendo elas:

a) Fase onde se planeja, implanta e controla toda cadeia logística desde o ponto de consumo

ao ponto de origem;

b) Fase onde se movimenta os produtos dentro da cadeia produtiva, na busca pela utilização

de todos os recursos disponíveis de maneira a reduzir os custos, seja reciclando, reaproveitan-

do ou reutilizando os resíduos;

d) Fase onde se recupera o valor do produto e assegura a destinação após utilização

4.2. Gestão de resíduos sólidos hospitalares

A NBR 10.004/04 define o conceito de resíduos sólidos como:

Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de origem industrial,

doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta

definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em

equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas

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particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de

água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor

tecnologia disponível.

De acordo com a lei nº 12.305 art. 13, inciso I e II (2010), os resíduos sólidos são

classificados quanto a orígem: resíduos domiciliares, resíduos de limpeza urbana, resíduos

sólidos urbanos, resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços, resíduos

dos serviços públicos de saneamento básico, resíduos industriais, resíduos de serviços de saú-

de, dentre outros, e quanto a periculosidade: resíduos perigosos e não perigosos.

Camargo, Motta, Lunelli e Severo (2009, p.03) dizem que “A partir dos anos 50, al-

guns países começaram a dar mais importância para a contaminação da água subterrânea, e

conseqüentemente estudos foram desenvolvidos nesse campo. Como resultado, os resíduos

foram classificados em duas categorias: perigosos e não perigosos.”

Quanto ao gerenciamento de resíduos de serviço de saúde, defini-se como:

O conjunto de procedimentos de gestão, planejados e implementados a partir de ba-

ses científicas e técnicas, normativas e legais, com o objetivo de minimizar a produ-

ção de resíduos e proporcionar aos resíduos gerados, um encaminhamento seguro,

de forma eficiente, visando a proteção dos trabalhadores, a preservação da saúde pú-

blica, dos recursos naturais e do meio ambiente (Brasil, 2003).

Já os resíduos de serviço de saúde (RSS) são descritos como: “aqueles provenientes

de qualquer unidade que execute atividades de natureza médico-assistencial humana ou ani-

mal; aqueles provenientes de centros de pesquisa, desenvolvimento ou experimentação na

área de farmacologia e saúde […]”(Brasil, 2001).

A coleta de RSS diárias no país segundo registros dos IBGE (2010), chegou a 8.909

toneladas em 2008. Quanto a coleta e recibimento dos RSS, 41,5% dos municípios brasileitos

que foram investigados pela PNSB – Pesquisa Nacional de Saneamento Básico informou não

apresentar nenhum tipo de processamento desses RSS.

5. ESTUDO DE CASO: ASAPI

5.1. Caracterização da ASAPI

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A Associação Santo Antônio dos Pobres de Itaperuna (ASAPI), entidade filantrópica

mantenedora do Hospital Santo Antônio, iniciou suas atividades no setor de assistência social

em 1949. Seus administradores, visualizando a necessidade da sociedade a sua volta, inaugu-

rou em 1994 o hospital para pacientes sob cuidados prolongados, com capacidade instalada de

oitenta leitos, e em 1997 o hospital para portadores do vírus HIV com capacidade instalada de

doze leitos, ampliando assim a sua área de atendimento, passando a atuar também no setor de

saúde (ASAPI, 2012a).

A ASAPI tem uma área física de 3000 m² e conta com 101 funcionários contratados

e 11 terceirizados. Possui onze (11) setores: ILPI – Instituição de longa permanência para ido-

sos, Hospital para pacientes sobre cuidados prolongados, Hospital Clínico onde também aten-

de pacientes portadores do vírus HIV, administração, almoxarifado, cozinha, lavanderia, labo-

ratório, consultório, fisioterapia e terapia ocupacional.

A instituição possui um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde

(PGRSS), com o objetivo de controlar todas as etapas do processo de gestão do lixo hospita-

lar. Na figura 2 é apresentado o fluxograma do PGRSS.

Figura 2. Fluxograma do PGRSS – ASAPI. Fonte: Criação própria.

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5.2. Entrevista

No mês de novembro de 2012, durante uma etapa do estudo de campo realizado na

ASAPI, foram realizadas várias entrevistas despadronizadas com os funcionários de diversos

setores da instituição, com perguntas abertas e respondidas dentro de uma conversação infor-

mal, focalizando o tema proposto nesta pesquisa. As respostas obtidas foi um dos pontos cul-

minantes no levantamento das informações e totalmente satisfatória para o desenvolvimento

do artigo.

5.3. Geração e identificação dos Resíduos

Dentro de uma estrutura hospitalar existem vários setores geradores de resíduos, sen-

do necessário identificá-los e classificá-los por grupos de resíduos.

A identificação “consiste no conjunto de medidas que permite o reconhecimento dos

resíduos contidos nos sacos e recipientes, fornecendo informações ao correto manejo dos

RSS, e deve atender aos parâmetros referenciados na norma NBR 7.500 da ABNT” (BRASIL,

2004).

Os resíduos são classificados por grupos na ordem em que o quadro 1 demonstra:

Grupo Tipo Identificação

A Infectantes.

B Químicos.

C Radioativos.

D Comuns.

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E Resíduos perfuro cortantes.

RE Resíduos recicláveis (pape-

lão, vidro, metais, outros).

ES Resíduos específicos (entu-

lho, móveis, eletroeletrôni-

cos, lâmpadas fluorescentes e

etc).

Quadro 1. Classificação dos Resíduos por grupo. Fonte: Criação própria

Pode-se observar no quadro 2 os grupos de resíduos gerados em cada setor da ASA-

PI, conforme segue:

SETORES TIPOS DE RESÍDUOS GERADOS

ILPI A, B, D, E, RE

Hospital para pacientes sobre cuidados prolonga-

dos

A, B, D, E, RE

Hospital para pascientes portadores do vírus HIV A, B, D, E, RE

Administração D, RE

Almoxarifado D, RE

Cozinha D, RE

Lavanderia B, D, RE

Consultório D

Fisioterapia D

Terapia Ocupacional D

Farmácia B, D

Quadro 2. Setores geradores de resíduos e tipos de resíduos gerados. Fonte: Criação própria

Uma vez gerados e classificados, como apresentado no quadro 2, na ASAPI ela é fei-

ta na etapa de armazenamento externo, quando os resíduos do grupo A, B e E já acondiciona-

dos separadamente, são juntamente armazenados, identificados como lixo hospitalar e pas-

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sando então pelo processo de pesagem. O lixo do grupo D é subdividido em lixo orgânico e

lixo seco, sendo pesados separadamente. A instituição ainda não possui um sistema de reci-

clagem, sendo um tema proposto para um próximo estudo.

Para controlar o fluxo dos RSS é necessário quantificar a sua geração. No caso da

ASAPI os RSS são segmentados em: Hospitalar (Tipos: A, B e E) e Comum (subdividido em

Orgânico e Seco). Segue na tabela 2 os dados referentes a quantificação dos resíduos gerados:

Quantidade de resíduos gerados

Unidade de

medida RESÍDUOS

Lixo Hospitalar Lixo Orgânico Lixo Seco

Medido (dia) KG 4 35 15

Estimado (dia) KG 5 45 20

Medido (semana) KG 28 245 105

Estimado (semana) KG 35 315 140

Medido (Mês) KG 120 1050 450

Estimado (Mês) KG 150 1350 600

Quadro 3. Quantidade resíduos medidos e estimados. Fonte: ASAPI (2012b).

Durante a visita foi observado que as lixeiras para os resíduos biológicos estão ade-

quadamente identificadas e com tampa acionadas por pedais, os recipientes em número sufici-

entes para o armazenamento, isto demonstra a eficiência do PGRSS desenvolvido pela inst i-

tuição.

90/

5.4. Manuseio e Segregação dos Resíduos

De acordo com o Ministério da Saúde (2006), “a segregação é uma das operações

fundamentais para permitir o cumprimento dos objetivos de um sistema eficiente de manuseio

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de resíduos e consiste em separar ou selecionar apropriadamente os resíduos segundo a classi-

ficação adotada.”

Essa operação deve ser realizada no local onde os RSS são gerados e no momento da

geração, o que resulta na redução do volume de resíduos com potencial de risco e na incidên-

cia de acidentes ocupacionais. Os profissionais da ASAPI são treinados e capacitados, sendo

capazes de desenvolver o PGRSS com eficiência em todas as suas etapas (ASAPI, 2012c).

No processo de segregação, após a geração, os resíduos são selecionados conforme

sua classificação e acondicionados nos seus devidos recipientes.

5.5. Acondicionamento e Armazenamento dos Resíduos

O processo de acondicionamento “consiste no ato de embalar os resíduos segregados,

em sacos ou recipientes que evitem vazamentos e resistam às ações de punctura e ruptura. A

capacidade dos recipientes de acondicionamento deve ser compatível com a geração diária de

cada tipo de resíduo” (BRASIL: 2004).

O armazenamento externo “Consiste na guarda dos recipientes de resíduos até a rea-

lização da etapa de coleta externa, em ambiente exclusivo com acesso facilitado para os veí-

culos coletores” (BRASIL: 2004).

O acondicionamento e armazenamento feito pela ASAPI se assemelham a um

PGRSS divulgado pelo Governo de Paraná (2012), seguindo os critérios abaixo citados:

GRUPO A: Resíduos Infectantes - São acondicionados em sacos plásticos, de

cor branca leitosa e vermelho, impermeáveis e resistentes, com identificação de resíduo infec-

tante.

GRUPO B: Resíduos Químicos - São acondicionados em recipiente rígido e es-

tanque, compatível com as características físico-químicas do resíduo, identificando de forma

visível com o nome do conteúdo e suas principais características.

GRUPO D: Resíduos Comuns - São acondicionados em sacos pretos resisten-

tes de modo a evitar derramamento durante o manuseio.

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GRUPO E: Resíduos Perfurantes ou escarificantes - Os resíduos perfurantes e

cortantes do Grupo A são acondicionados e armazenados em caixas, devidamente identifica-

dos com a simbologia de resíduo infectante e perfurocortante.

GRUPO RE: Resíduos Recicláveis (papelão, vidro, metais, outros) - Os resí-

duos comuns recicláveis (papel, papelão, plástico e vidro) ainda não são separados e destina-

dos à reciclagem.

5.6. Coleta e Transporte Externos

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) argumenta sobre a coleta e

transporte externos:

Consistem na remoção dos RSS do abrigo de resíduos (armazenamento externo) até

a unidade de tratamento ou disposição final, utilizando-se técnicas que garantam a

preservação das condições de acondicionamento e a integridade dos trabalhadores,

da população e do meio ambiente, devendo estar de acordo com as orientações dos

órgãos de limpeza urbana (Brasil 2004).

A empresa responsável pela coleta e transporte dos resíduos gerados na ASAPI, até

sua destinação final, é devidamente licenciada pelo órgão ambiental.

A instituição mantem uma ficha para cada grupo de resíduos que identifique o res-

ponsável pelo transporte, a freqüência da coleta e o destino final.

No quadro 4 estão descritos as frequências das coletas efetuadas na ASAPI:

Frequência de coletas

Tipo Diariamente Dias Alternados

Hospitalar X

Comum X

Quadro 4. Frequência de coletas. Fonte: ASAPI (2012d)

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5.7. Disposição Final dos Resíduos

Existem diversas técnicas para disposição final dos Resíduos sólidos. Segundo Gon-

zález e Petris (2007, p. 7-8) “as técnicas mais utilizadas para a disposição final dos resíduos

são os aterros sanitários e as valas sépticas; sendo asseguradas as condições de proteção ao

meio ambiente e à saúde pública previstas na legislação”.

Entretanto, quando se refere aos Resíduos Sólidos de Saúde (RSS), objeto de nosso

estudo, existe legislação específica determinando a forma de disposição final de cada tipo de

resíduo. E as empresas responsáveis por essa etapa do processo de gerenciamento de RSS de-

vem segui-las e os órgãos públicos de vigilância sanitária são responsáveis por fiscalizar.

A ASAPI contratou uma empresa, devidamente cadastradas nos órgãos de vigilância

sanitária, para realizar tanto as etapas de disposição final quanto de coleta e armazenamento

dos RSS. Esta empresa tem a responsabilidade de seguir todas as exigências legais e semana-

mente entrega à administração do Hospital relatório especificando o destino dos resíduos co-

letados.

Após avaliar a situação atual dos resíduos sólidos gerados na ASAPI, pode-se aplicar

os conceitos da Logística Reversa para identificar oportunidades de melhorias do processo e

assim alcançar vantagem competitivas. Pois, apesar de seguir todas as exigências legais

exitem oportunidades de melhoria no processo de classificação dos resíduos, que nas últimas

coletas não apresentou nenhuma quantidade de lixo reciclável, uma grande oportunidade de

gerção de recursos financeiros.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A logística reversa desempenha um papel fundamental e de extrema relevância nas

decisões das organizações públicas e privadas. Dentro do contexto da ASAPI, ela poderá con-

tribuir com a redução de matérias que teriam sua destinação e descarte irregular e que estari-

am impactando o meio ambiente de forma negativa.

Ao se conhecer o real valor do gerenciamento dos RSS gerados no hospital e sua re-

lação com os contextos socioambiental e de segurança de todos os envolvidos nos serviços

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prestados, o gestor hospitalar terá informações para resolver os potenciais problemas e assim

buscar vantagens competitivas no setor.

Diante das informações supracitadas, é possível afirmar que a logística reversa apli-

cada no gerenciamento dos RSS é de fundamental importância para as organizações empresa-

riais. Aplicando seus conceitos no gerenciamento dos RSS, os hospitais terão uma ferramenta

estratégica para gestão desses resíduos, podendo adquirir vantagens competitivas e até novos

recursos financeiros.

REFERÊNCIAS

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Acesso em: 07 de novembro de 2012c.

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de resíduos de serviços de saúde. Disponível em: <http://www.saude.gov.br>. Acesso em: 07

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