livro_tec_educacional

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    TECNOLOGIA

    EDUCACIONALFORM AO DE PRO FESSO RES N O LABIRIN TO D O C IBERESPAO

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    JOS AUGUSTO DE MELO NETO

    TECNOLOGIAEDUCACIONAL

    FORMAO DE PROFESSORES NO LABIRINTO DO CIBERESPAO

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    Jos Augusto de Melo Neto, 2007

    Superviso Editorial

    Israel S. Cuperstein

    Reviso do texto

    Rene CostaDiagramao

    Marcelo Gusmo

    Design de capa

    NMedia Marketing Digital

    Impresso e acabamento

    JRB de Abreu - Servios GrficosTel.: 2501-7598

    Catalogao na fonte

    M486t

    Melo Neto, Jos Augusto de, 1969Tecnologia educacional: formao de professores no labirinto de ciberespao / JosAugusto de Melo Neto - Rio de Janeiro: MEMVAVMEM, 2007.ApndiceInclui BibliografiaISBN 978-85-7688-051-6

    1. Professores - Formao; 2, Tecnologia Educacional; 3., Inovao Tecnolgicas;4. Professores - Efeito das inovaes tecnologia. I. Ttulo

    07-2370. CDD: 370.71

    CDU: 371.1322/06/2007 002435

    Pedidos: MEMVAVMEM EDITORA

    Editora Filiada Rio de Janeiro

    Rua Visconde de Inhama, 38 - sala 802 - CentroRio de Janeiro - RJ - CEP: 20091-007Telefone: (21) 2128-7100 - Fax: (21) 2223-4157

    Todos os direitos reservados. Proibida a reproduo, armazenamento ou transmisso departes desse livro atravs de qualquer meio sem prvia autorizao por escrito. DireitosExclusivos adquiridos pela MemVavMem Editora.

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    Aos professores que construramcomigo este caminho

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    COMMON DEEDAtribuio-Uso No-Comercial-Compatilhamentopela mesma licena 2.5 Brasil

    Voc pode:copiar, distribuir, exibir e executar a obracriar obras derivadas

    Sob as seguintes condies:

    AtribuioVoc deve dar crdito ao autor original,da forma especificada pelo autor ou licenciante.

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    DE:

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    SUMRIO

    Lista de siglas_____________________________________________________11

    Prefcio____________________________________________________________13

    Introduo: Do objeto para o projeto_______________________________15

    1. Da cultura nacional de formao para a cultura local____________22

    1.1 De 1981 a 1995_________________________________________________22

    1.2 De 1996 a 2002_________________________________________________24

    1.3 Professores multiplicadores: a perspectiva metodolgica inicial___26

    1.4 Tecnologia Educacional no Amazonas: um breve histrico________29

    1.5 Projetos referenciais para o Amazonas___________________________39

    1.5.1 Projeto referencial da UFAM/DCC______________________________40

    1.5.2 Projeto referencial da UFAM//NATESD__________________________42

    2. Percepo dos professores______________________________________46

    2.1 Resultados e discusso__________________________________________47

    2.1.1 Tecnologia Educacional________________________________________47

    2.1.2 Formao de professores______________________________________73

    3. No labirinto do ciberespao_____________________________________90

    3.1 Inteligncia coletiva_____________________________________________90

    3.2 Ciberespao____________________________________________________91

    3.3 Cibercultura____________________________________________________94

    3.4 Ecologia cognitiva_______________________________________________94

    3.5 A metfora do labirinto________________________________________100

    Consideraes e Recomendaes_________________________________105

    Recomendaes__________________________________________________109

    Referncias_______________________________________________________113

    Obras consultadas________________________________________________116

    Apndice_________________________________________________________121

    Anexo____________________________________________________________125

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    LISTA DE SIGLAS

    CENINFOR - Centro de Informtica do MECCEPAN - Centro de Formao Profissional Padre AnchietaCETAM - Centro de Educao Tecnolgica do Amazonas

    CIEd - Centro de Informtica EducativaCIED - Centros de Informtica na Educao de 1 e 2 grausCIES - Centros de Informtica na Educao SuperiorCIET - Centros de Informtica na Educao TecnolgicaDCC - Departamento de Cincia da Computao da UFAMCNTE - Confederao Nacional dos Trabalhadores em EducaoDDP - Departamento de Desenvolvimento Profissional da SEDUC/AM

    EDUCOM - Educao e Computadores

    FACED - Faculdade de EducaoFUST - Fundo de Universalizao dos servios de TelecomunicaesGESAC - Governo Eletrnico Servio de Atendimento ao CidadoGETEC - Gerncia de Tecnologias Educacionais da SEDUC/AMISAE - Instituto Superior de Administrao e Economia

    MEC - Ministrio da EducaoNATESD - Ncleo Amaznico de Tecnologia, Educao e Sade aDistncia da UFAMNTE - Ncleo de Tecnologia EducacionalPPGE - Programa de Ps-Graduao em EducaoPROINFO - Programa Nacional de Informtica na Educao

    PRONINFE - Programa Nacional de Informtica EducativaSEED - Secretaria de Educao Distncia do MECSEDUC/AM - Secretaria de Estado de Educao do AmazonasSEMED - Secretaria Municipal de EducaoUEPA - Universidade Estadual do ParUFAM - Universidade Federal do Amazonas

    UFC - Universidade Federal do CearUFES - Universidade Federal do Esprito SantoUFMG - Universidade Federal de Minas GeraisUFMT - Universidade Federal do Mato GrossoUFPA - Universidade Federal do Par

    UFPE - Universidade Federal de PernambucoUFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do SulUFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro

    UNAMA - Universidade da AmazniaUNICAMP - Universidade Estadual de Campinas

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    PREFCIO

    A presente publicao, fruto de pesquisas realizadas pelo

    autor no intervalo de cinco anos (2001 a 2005) nas escolas pblicasdo Amazonas, em nvel lato e strictu sensu, revela de forma

    explcita como vem sendo tratada a questo da tecnologia pelos

    sistemas de ensino, considerando especialmente a formao de

    professores para a utilizao dos laboratrios de informtica.

    Partindo do global para o local, so demonstradas as

    experincias pedaggicas da informtica no espao escolar efundamentando-se no pensamento de Pierre Lvy, as pginas deste

    livro demonstram o que pode estar faltando para que os

    computadores deixem de ser apenas objetos de uma infra-

    estrutura tcnica e sejam incorporados aprendizagem dos alunos.

    A leitura dos professores sobre as questes formuladas chega

    a ser impressionante. Nas palavras do autor, Sem autonomia, com

    a cibercultura negada e a inteligncia coletiva comprometida, os

    professores no conseguem formar o prprio caminho enquanto os

    sistemas de ensino no se do conta das transformaes da

    ecologia cognitiva em andamento.

    Os resultados apresentados do cenrio amazonense podem

    perfeitamente ser transportados para outras realidades, desde que

    com a criticidade do contexto. As dificuldades so ainda como as do

    exemplo francs de duas dcadas atrs, to distante e to prximo.

    Por fim, a metfora do labirinto nos questiona

    incessantemente: ainda estamos perdidos ou reconstruindo o

    nosso caminho?

    Prof Maria Augusta da Silva Ximenes, MSc

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    INTRODUO: DO OBJETO PARA O PROJETO

    preciso deslocar a nfase do objeto (o

    computador, o programa, este ou aquele

    mdulo tcnico) para o projeto (o

    ambiente cognitivo, a rede de relaeshumanas que se quer instituir).

    Pierre Lvy

    O atual desenvolvimento tecnolgico e social requer da

    educao uma autonomia ainda no alcanada, como resultado de

    uma mudana de postura pedaggica necessria, mas ainda

    distante do cotidiano escolar.

    De um lado, a velocidade do progresso cientfico e

    tecnolgico e a conseqente transformao dos processos de

    produo e servios tornam o conhecimento superado

    rapidamente, o que prope uma atualizao contnua e apresenta

    novas exigncias para a formao do professor. Do outro, as

    referncias atuais sobre a insero da tecnologia computacional na

    escola pblica e a necessidade da formao do professor mantm

    um discurso distante e marcado pela reiterao de lugares-

    comuns. Fala-se em mudana ou em necessidade de mudana, mas

    a prpria expresso novas tecnologias tem dificuldade em situar-

    se na educao. Afinal, o que seria este novo para o professor que

    ainda tem dificuldades com prticas antigas?O conceito de tecnologia, como aplicao prtica da cincia,

    pode ser amplo e abrangente. Nos ltimos trinta anos do sculo

    XVIII, por exemplo, a substituio das ferramentas manuais pelas

    mquinas caracterizou a presena de novas tecnologias como a1 2fiadeira , o processo Cort em metalurgia e a mquina a

    1 Mquina de fiar mecnica que impulsionou a Indstria txtil no sculo XVIII.2 Tcnica criada por Henry Cort, em 1783, que consiste em utilizar o carvo nos processos de pudelagem ede laminagem do ferro, barateando a metalurgia e favorecendo a produo industrial.

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    3vapor .

    de produo de uma forma sem precedentes na histria da

    sociedade.

    Nesta lgica tecnolgica, pode-se atribuir maquina a

    vapor um papel de destaque na primeira Revoluo Industrial,assim como visto o computador na atual sociedade. No entanto, o

    computador isoladamente no pode ser considerado sinnimo de

    nova tecnologia.

    O rdio, a televiso e o videocassete, entre outros meios

    tecnolgicos, so ainda novas tecnologias para a escola se no

    puderam ser devidamente incorporados como experincias

    educativas. Alm disso, o computador pode coexistir como

    tecnologia e no necessariamente substituir as anteriores.

    certo que as dificuldades e potencialidades do uso dessas

    tecnologias na prtica pedaggica, particularmente da tecnologia

    computacional, deveriam modificar o processo tradicional de

    preparao e atualizao dos professores. Neste novo cenrio, a

    formao continuada no pode limitar-se a uma nica dimensopedaggica e apresentar-se descontextualizada, nem a formao

    inicial pode ser definida como anterior ao do professor.

    Os professores, em particular os que atuam nas escolas

    pblicas que dispem de laboratrios de informtica, tm o desafio

    de desenvolver no seu dia-a-dia a autonomia necessria para

    estabelecer um vnculo entre a prpria prtica e as novastecnologias, para assim contriburem na transformao de sua ao

    pedaggica.

    Seguindo esta tica, a proposta deste livro analisar o

    processo de formao de professores para o uso pedaggico da

    tecnologia computacional, fazendo uma anlise crtica de algumas

    Estas aplicaes tecnolgicas transformaram os processos

    3 A mquina a vapor para bombear gua foi inventada em 1712 por Thomas Newcomen e foi aperfeioadapor James Watt em 1769 para produzir energia e assim aumentar o rendimento nas fbricas, ao substituir a forahumana. O artefato marcou o incio da mecanizao e transformou completamente os mtodos tradicionais deproduo.

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    experincias desenvolvidas e problematizando a integrao das

    tecnologias da informao no cotidiano escolar.

    Como a base do contedo deste livro foi apresentada

    inicialmente como uma dissertao do programa de mestrado da

    4Universidade Federal do Amazonas , importante citar que foirealizado por este autor, nos anos de 2003 a 2004, um Estudo de

    Caso sobre os professores da rede pblica estadual do Amazonas,

    que participaram dos cursos de formao oferecidos pelo sistema

    estadual de ensino, em convnio com a Universidade Federal do

    Amazonas, objetivando a utilizao da tecnologia computacional

    na escola pblica.Este estudo, ainda vlido para compreenso do uso da

    5tecnologia na escola pblica , partiu do pressuposto que o

    professor deve envolver-se integralmente nos processos de

    mudana da prtica pedaggica para utilizar na Educao os

    recursos disponveis na sociedade.

    Como justificativa, observou-se que a exigncia de um novopapel para o professor, como resultado de sua formao e ao,

    reflete o atual contexto de um mundo em constante acelerao e

    complexidade. Entre os saberes necessrios para a educao do

    sc. XXI, por exemplo, um dos aspectos identificados por Morin

    (2000) a Incerteza. Nas escolas ainda ensinam-se certezas para

    alunos que vivem e vo continuar a viver em um mundoimprevisvel, cujas verdades so mutveis.

    A mudana necessria. Isto pode conduzir o professor a

    repensar suas concepes sobre ensino e aprendizagem. Prado

    (1999) prope um desencadeamento reflexivo da prtica

    4 MELO NETO, Jos Augusto de. Formao de professores no labirinto do ciberespao. Manaus: UFAM,2005. Dissertao (Mestrado em Educao), Universidade Federal do Amazonas, 2005. Sob orientao da Prof.

    Zeina Rebouas Corra Thom.5 At o incio de 2007 nenhum outro curso de formao para o uso pedaggico dos laboratrios deinformtica havia sido oferecido pelo sistema estadual de ensino do Amazonas, alm dos analisados nestapublicao.

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    pedaggica

    O descompasso que existe entre as

    caractersticas do novo modelo emergente

    do sculo XXI e as caractersticas da escola

    baseada no sculo XIX torna-se cada vez

    mais visvel. Nesse novo paradigma, o

    dinamismo e a rapidez da informao

    demandam uma nova forma de pensar a

    aprendizagem e o conhecimento. (1999,

    p. 9-10).

    De acordo com Gil (1994), as instituies pedaggicas so

    instituies sociais e cada sociedade constri o sistema pedaggico

    mais adequado s suas necessidades, concepes e vontades:

    Quando, pois, o sistema pedaggico muda porque a prpria

    sociedade mudou... (1994, p.24).

    A introduo de novas tecnologias no ambiente escolar

    pode provocar posies diferentes entre os educadores. Valente

    (1993) apresenta trs exemplos que sintetizam as possveisreaes dos professores: indiferena, ceticismo e otimismo.

    Na viso indiferente, o professor aguarda com apatia a

    tendncia que o curso da tecnologia pode tomar, para ento se

    definir, enquanto nas demais vises pode-se assumir uma posio

    mais crtica em relao ao uso das novas tecnologias da informao

    na prtica pedaggica.

    O primeiro argumento dos cticos diz respeito pobreza dosistema educacional brasileiro. Como falar em computadores se

    falta giz nas escolas? Pode-se compreender que mesmo com todas

    as situaes favorveis, incluindo a devida valorizao salarial do

    professor, isto no significaria necessariamente uma mudana de

    postura pedaggica que incorpore as tecnologias. A escola deve

    dispor de todos os recursos existentes na sociedade para propiciaresta mudana.

    sobre o modelo do sistema educacional vigente:

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    A viso ctica acredita ainda na possibilidade da mquina

    substituir o professor, eliminando o contato com o aluno e

    abandonando o lado humano da educao. Se o professor atua

    apenas como transmissor de conhecimento, ele realmente corre

    esse risco de ser substitudo, pois esta funo seria mais adequadaa uma mquina de ensinar e no a uma pessoa que conhea os seus

    alunos e crie situaes de aprendizagem.

    Talvez o maior argumento dos cticos seja a dificuldade de

    adaptao dos professores, dos pais e dos gestores escolares a uma

    abordagem educacional que eles mesmos no vivenciaram. As

    fobias, as incertezas e a rejeio do desconhecido socaractersticas da resistncia mudana. necessrio vencer essas

    barreiras para termos benefcios de ordem pessoal e de qualidade

    do trabalho educacional.

    Os otimistas em geral apresentam motivos poucos

    fundamentados que podem gerar frustrao na insero das novas

    tecnologias no ambiente escolar, como por exemplo, ao copiar um

    modismo: se outros j esto usando essas tecnologias, tambm

    deve-se usar. Na viso otimista, acredita-se que como o

    computador faz ou vai fazer parte do cotidiano, a escola deve

    preparar os alunos para lidar com esta tecnologia. Na verdade este

    argumento apenas justifica a informtica como disciplina, isolada e6descontextualizada, conduzindo-nos ao instrucionismo . Para

    Valente (1993), computador na educao no significa aprender

    sobre computadores, mas sim por meio de computadores.

    Outros argumentos dos otimistas, como utilizar a

    tecnologia para motivar e despertar a curiosidade do aluno ou ainda

    para desenvolver o raciocnio, possibilitando situaes de

    6 O Instrucionismo, neste caso, tem uma abordagem de treinamento, com nfase na reproduo deatividades. O aluno tem um papel passivo no processo e a tecnologia utilizada apenas para certificar a retenodas informaes pelo aluno. Ope-se ao construcionismo proposto por Papert com base no construtivismopiagetiano.

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    resoluo de problemas, revelam um descompasso pedaggico,pois o computador como agente motivador tambm no garanteuma mudana de postura do professor. Em relao a isto, Valente(1993) comenta:

    Nesse caso, o computador mais

    parece um animal de zoolgico que deveser visto, admirado, mas no tocado. O

    computador entra na escola como meio

    didtico ou como objeto que o aluno deve

    se familiarizar, mas sem alterar a ordem

    do que acontece em sala de aula. O

    computador nunca incorporado

    prtica pedaggica. Ele serve somente

    para tornar um pouco mais interessante e

    moderno o ambiente da escola do sculo18. (1993, p. 04)

    Segundo Almeida (1998, 2000a, 2000b e 2000c), aformao do professor no pode estar separada da sua ao, nemlimitar-se a uma reunio de teorias e tcnicas. O professor devevivenciar a dialtica da sua prpria aprendizagem e reconstruir asteorias na prtica, para contrapor o que a prpria Almeida (2000c)

    revela:Os programas de formao

    tradicionais, tanto inicia l como

    c o n t i n u a d a , s o e s t r u t u r a d o s

    i n d ep en d en tem en te d a p r t i c a

    desenvolvida nas instituies escolares,

    caracterizando-se por uma viso

    centralista, burocrtica e certificativa. Da

    as atividades de formao receberem a

    denominao de reciclagem, treinamento,

    capacitao etc., revelando a dicotomia

    entre teoria e prtica, formao e ao.

    (2000c, p. 108)

    Assim, ao participar de um curso de capacitao emtecnologia informtica, o professor leva consigo as necessidadesdo seu contexto escolar. No entanto, os comandos bsicos de um

    editor de texto ou planilha eletrnica podem no fazer sentidoquando o professor retorna sala de aula.

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    Pode-se acrescentar ainda que Almeida (1999) identificou,nos primeiros cursos de formao de especialistas em Informticana Educao realizados no Brasil, uma forma dicotomizada detrabalhar os aspectos computacionais e os aspectos educacionais,ou seja, sem a integrao necessria entre as abordagens terica e

    prtica: Tal fato decorrncia da carnciade formadores com experincia no usopedaggico do computador para atendera t o d a a d e m a n d a n a c i o n a l .Freqentemente as disciplinas soministradas por professores da rea deInformtica ou da rea de Educao, massem experincia em Informtica naEducao, o que gera aes que no

    promovem a articulao entre teoria eprtica, dificultando, assim, a reflexo e acompreenso do processo. (1999, p. 32)

    Conforme ser analisado adiante, os objetivos de umprojeto pedaggico no podem ceder lugar para as tcnicas e suautilizao. Pierre Lvy enfatiza na epgrafe desta Introduo que preciso deslocar a nfase do objeto para o projeto (1993, p. 54). Oambiente cognitivo e as relaes humanas devem ser valorizadosao invs dos mdulos tcnicos, do programa ou do computador. Anfase no produto, em detrimento do processo, portanto, vai

    7somente repetir os erros de outras reas para a formao doprofessor e o conseqente uso das tecnologias intelectuais naescola.

    Para orientar a reflexo do tema proposto neste livro,levantou-se ainda as seguintes questes norteadoras:

    a) A postura pedaggica do professor influencia na suarelao com as novas tecnologias?;

    b) As propostas metodolgicas de formao e capacitaode professores em Informtica aplicada Educao seguem quaismodelos?; e

    c) Existe no Amazonas uma poltica de formao emtecnologia educacional com identidade prpria?

    Estas questes retornam no ltima parte deste livro comonorte das recomendaes elaboradas.

    7 Neste caso, as tecnologias, a flexibilizao e as novas formas de organizao do trabalho queinfluenciam diretamente o campo da educao, sendo transpostas de forma acrtica.

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    1. DA CULTURA NACIONAL DE FORMAO PARA A CULTURA LOCAL

    Tomemos o caso da informtica

    escolar na Frana. Durante os anos

    oitenta, quantias considerveis foram

    gastas para equipar as escolas e formar os

    professores. Apesar de diversas

    experincias positivas sustentadas pelo

    entusiasmo de alguns professores, o

    resultado global deveras decepcionante.

    Por qu?

    Pierre Lvy

    Neste captulo, inicialmente apresentado um histricosobre uso pedaggico da tecnologia computacional no Brasil, antese depois da implantao do atual modelo poltico nacional: de 1981a 1995 e de 1996 a 2002. A seguir, demonstrada a perspectivametodolgica dos primeiros cursos realizados, por regio, paraprofessores multiplicadores, como resultado desta cultura nacionalde formao, concluindo com a descrio dos dois projetos deformao profissional, que tiveram a participao de professores

    da rede pblica estadual do Amazonas, no perodo de dezembro de2001 a janeiro de 2004. Estes cursos, assim como a percepo dosprofessores que participaram desses cursos, sero objetos deanlise nos captulos seguintes.

    1.1 De 1981 a 1995

    As primeiras experincias de formao de professoresrealizadas no Brasil para a utilizao das tecnologias tiveram incio8na dcada de 80 . Como referncia, pode-se citar o I Seminrio

    Nacional de Informtica Educacional, realizado na Universidade deBraslia UnB - no perodo de 25 a 27 de agosto de 1981, emBraslia, como o incio de uma cultura nacional para o uso dainformtica na educao.

    8 Embora haja alguns registros de experincias, a partir de 1973, em universidades pblicas como a UFRJ,UFRGS e UNICAMP, os resultados como poltica nacional iniciam de fato a partir de 1981, favorecidosprovavelmente pelos preos cada vez menores dos microcomputadores e pelo surgimento de interfacesamigveis.

    22

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    Neste encontro, de acordo com Tavares (2001), uma das

    recomendaes foi a de que o computador deveria ser encarado

    como um meio que ampliasse as funes do professor, ao invs de

    substitu-lo. Concluiu-se tambm que a informtica educacional

    fosse adaptada realidade brasileira, valorizando a cultura, os

    valores scio-polticos e a educao nacional (2001, p.02).

    Estas recomendaes, bem diferentes das propostas de

    utilizao das tecnologias que vinham sendo realizadas por

    algumas escolas e universidades, influenciaram as polticas

    educacionais que viriam a seguir.

    Em 1983, as Universidades Federais de Pernambuco - UFPE,Rio Grande do Sul - UFRGS, Rio de Janeiro - UFRJ, Minas Gerais -

    UFMG, alm da Universidade Estadual de Campinas UNICAMP,

    tiveram seus projetos-piloto aprovados pelo Ministrio da

    Educao e deram incio ao projeto EDUCOM Educao e

    Computadores. Entre as metas deste projeto estava a pesquisa

    sobre o uso educacional da informtica e aplicao destesresultados nas escolas pblicas.

    Em 1984, o Centro de Informtica do MEC CENINFOR

    assumiu a coordenao do projeto EDUCOM, e uma das suas

    responsabilidades era criar estmulos e acompanhar a capacitao

    dos recursos humanos.

    De forma independente, todas as universidades envolvidasno projeto criaram seus mdulos e cursos de formao de

    professores. Para Tavares (2001), a proposta da UFRGS com dois

    cursos de ps-graduao lato sensu foi a mais organizada: um pela

    Faculdade de Educao, com o curso Informtica na Educao, e

    outro pelo Laboratrio de Estudos Cognitivos, com o curso

    Psicologia Piagetiana e o uso do computador na escola, ambos coma carga horria de 360 h.

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    Em 1986 o projeto EDUCOM fundiu-se com o projeto

    FORMAR, que era voltado para a capacitao de professores de 1 e

    2 graus. A proposta era para os professores capacitados

    analisarem criticamente a contribuio da informtica no processo

    de ensino-aprendizagem e reestruturarem sua metodologia deensino.

    Foram implantadas, entre os anos de 1988 e 1989, 17

    unidades CIEd - Centro de Informtica Educativa. Foi a primeira

    experincia com professores multiplicadores para escolas pblicas,

    entretanto, vrios Estados brasileiros, inclusive o Amazonas, no se

    beneficiaram deste projeto.

    Em outubro de 1989 o governo federal lanou o PRONINFE -

    Programa Nacional de Informtica Educativa, cujo foco era a

    capacitao contnua e permanente dos professores, alm da

    descentralizao geogrfica e funcional dos CIED - Centros de

    Informtica na Educao de 1 e 2 graus; dos CIET - Centros de

    Informtica na Educao Tecnolgica; e dos CIES - Centros de

    Informtica na Educao Superior.As pesquisas do EDUCOM, o modelo de formao de

    professores do FORMAR e as unidades descentralizadas dos

    Centros de Informtica, implementados de 1983 a 1995, serviram

    de base para a criao do programa seguinte, o PROINFO.

    1.2 De 1996 a 2002

    Em abril de 1997, portanto, quase oito anos aps o

    PRONINFE, o MEC lanou o Programa Nacional de Informtica na9Educao PROINFO , com a proposta de formar 25 mil

    professores, atender a 7,5 milhes de estudantes e distribuir s10escolas pblicas 105 mil computadores , nos primeiros dois anos.

    9 O programa foi elaborado em 1996 e lanado em 1997 pelo MEC. Portaria n 522, de 09 de abril de 1997.10 5 mil computadores para os NTEs e 100 mil distribudos nos 27 Estados da Unio, em quotasproporcionais ao nmero de escolas pblicas existentes na Unidade Federativa com mais de 150 alunos.

    24

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    11 Fonte: DIED/SEED/MEC, Relatrio de Atividades 1996/2002, dez/2002.12 Fernando Henrique Cardoso.13 O FUST foi criado em 17 de agosto de 2000, pela Lei n 9.998, para financiar a universalizao dos

    servios de telecomunicaes. O Fundoarrecadou2,6bilhes de reais no perodo de 2001 a 2003, mas foibloqueado desde a publicao do edital em junho de 2001 que previa a compra de 290 mil computadores, entreoutros itens, por uma ao judicial que levou suspenso da licitao pela Justia Federal e pelo Tribunal deContas da Unio.

    25

    haviam sido

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    1.3 Professores multiplicadores: a perspectiva metodolgica inicial

    O conceito de professor multiplicador, no qual professor

    capacita professor, seguiu o modelo do projeto FORMAR que tinha

    como objetivo principal o desenvolvimento de cursos deespecializao na rea de informtica na educao.

    Este modelo foi responsvel pela disseminao e

    multiplicao da experincia de formao dos profissionais da rea,

    embora, com freqncia o professor tenha encontrado obstculos

    na sua prtica, no previstos nos cursos de formao. Almeida

    (2000a) aponta um caminho:A proposta do FORMAR poderia ser

    um elemento orientador para a criao de

    outras experincias, desde que fosse

    recontextualizado, refletido criticamente

    e reelaborado de acordo com a realidade

    em que o novo curso deveria se

    desenvolver. Mas, mesmo assim, essa

    nova postura deve ser aberta e flexvel,

    para permitir mudanas que fossem

    necessrias mesmo em pleno andamento

    do curso. (2000a, p.144)

    No entanto, os referenciais bsicos de funcionamento da

    ao pedaggica do PROINFO, ou seja, os projetos de cursos de

    formao em informtica na educao realizados a partir de 1997

    vm repetindo de forma acrtica a dinmica de formao do

    FORMAR.

    No quadro comparativo de descrio dos cursos iniciais de

    formao de multiplicadores, elaborado por Andrade (2000),

    percebe-se a diferena de concepo da proposta por regio

    brasileira, no que se refere s caractersticas em termos deestruturao de currculo e perspectiva metodolgica (tabela 1).

    26

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    No projeto modelo para a regio norte, executado pela

    Universidade Federal do Par, do qual participaram em 1997 e 1998

    as primeiras duas turmas de multiplicadores do PROINFO para atuar

    no Amazonas, a perspectiva do curso era: capacitar recursos

    humanos em informtica na educao para a implantao eimplementao dos NTEs; enquanto as propostas de outras

    regies, como o Nordeste e Sul do pas, propuseram ir alm da

    simples demanda de operacionalizao, enfatizando a utilizao da

    informtica como ferramenta no processo ensino-aprendizagem;

    ou ainda, a incorporao das novas tecnologias de informtica ao

    fazer dirio dos professores, num modelo de construocompartilhada de conhecimento.

    A diferena entre as caractersticas das propostas de

    formao, ou mesmo a inverso entre as caractersticas das

    propostas de formao, pode ser atribuda em parte perspectiva

    metodolgica de cada instituio executora. Embora todas as

    propostas devam ser enriquecidas ano a ano com a prtica e o

    contexto escolar, pode-se estabelecer uma relao com as

    experincias e pesquisas em tecnologia educacional da UFPE e da

    UFRGS, realizadas desde a dcada de 80, e as propostas

    diferenciadas de trabalho, na regio Nordeste e Sul,

    respectivamente, que valorizaram um conhecimento prtico para a

    vivncia na escola, enquanto a proposta que participaram os

    professores amazonenses demonstrou-se inicialmentedescontextualizada e distante de nossa realidade escolar.

    Alm disso, o carter emergencial do projeto da UFPA pode

    ter limitado a perspectiva de formao dos professores

    participantes, pois a assimilao de conceitos de informtica e a

    mudana de postura pedaggica requerem um tempo que um curso14

    de natureza compacta no proporciona .14 Este primeiro curso, por exemplo, durou apenas 80 dias.

    28

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    1.4 Tecnologia Educacional no Amazonas: um brevehistrico

    Esta perspectiva metodolgica inicial importante para acompreenso da abordagem instrumental da tecnologia

    educacional no Estado do Amazonas.Embora os cursos descritos e analisados neste trabalho

    15sejam posteriores a esta primeira formao , h uma relao diretacom os resultados obtidos, pois este mesmo grupo demultiplicadores conduziu este processo, conforme ser detalhadono breve histrico a seguir.

    A primeira experincia institucional, na rede pblica, para autilizao da informtica como ferramenta pedaggica no Estado

    do Amazonas, aconteceu em 1996, na capital amazonense.Foi o Projeto Horizonte, cuja proposta era utilizar a

    16linguagem LOGO como ferramenta educacional e teve aparticipao de dez escolas pblicas municipais de Manaus. Emnvel estadual, as primeiras iniciativas esto associadas ao incio doPrograma Nacional de Informtica na Educao, com a formao daComisso Estadual do PROINFO no Amazonas, quando onzeprofessores, das redes estadual e municipal, participaram emBelm de um curso de especializao, em nvel lato sensu, noperodo de junho a setembro de 1997, organizado pelaUniversidade Federal do Par.

    Nesta primeira turma de multiplicadores, cinco eramprofessores da rede estadual e implantaram o NTE-Centro; e seiseram professores da rede municipal e implantaram o NTE-ParqueDez, ambos em Manaus. As escolas participantes do Projeto

    Horizonte, inclusive, foram incorporadas ao programa municipal.

    De acordo com o MEC, os NTEs foram concebidos paraserem estruturas descentralizadas na funo de capacitar osprofessores, que atuam em sala de aula, e para a introduo dos

    15 E s t es primeiros cursos de formao foram oferecidos pelo MEC, conforme explicado no tpico anterior, eno pela Secretaria Estadual de Educao. Foram inclusive realizados em outro Estado. Por essa razo servemapenas como referncia. No obstante, a descrio do projeto de formao da UFPA est no Apndice A destelivro, para efeito de registro e consulta.

    16 A linguagem de programao Logo foi desenvolvida na dcada de 60, com propsitos educacionais, porum grupo de pesquisadores do Massachussetts Institute of Technology, sob a coordenao do pelo Prof.Seymour Papert, e foi a base das primeiras pesquisas realizadas na rea, pelas universidades pblicas brasileirasnas dcadas de 70 e 80.

    29

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    recursos da informtica e das telecomunicaes no processoensino-aprendizagem, alm de apoiar as escolas na elaborao dosseus projetos.

    Enquanto a primeira turma de multiplicadores iniciava, emnovembro de 1998, o projeto piloto na Escola Estadual Pe. Pedro

    Gislandy, localizada no Bairro Compensa - Zona Oeste de Manaus,uma segunda turma de doze professores amazonenses j estavaem Belm participando de outro curso de especializao.

    Esta segunda turma, composta de seis professores deescolas estaduais de Manaus e seis professores de escolasestaduais do municpio de Itacoatiara, participou do curso deformao de multiplicadores, no perodo de outubro de 1998 afevereiro de 1999, e retornou com a proposta de implantao dos

    17

    NTE-Planalto e NTE-Itacoatiara .Os professores de Manaus iniciaram ainda em fevereiro de1999 um projeto-piloto na Escola Estadual Waldir Garcia, localizadano Bairro Alvorada - Zona Centro-Oeste, e passaram a desenvolversuas atividades no NTE-Centro com os multiplicadores da primeiraturma, mas os professores de Itacoatiara ficaram distantes dasescolas com laboratrio de informtica e a sua formao no foiaproveitada pelo sistema estadual.

    O primeiro lote de computadores do PROINFO destinou-se a18doze escolas da rede estadual , dez da capital amazonense e duas

    do Interior, relacionadas a seguir:

    N ESCOLAS ESTADUAIS MUNICPIO

    01 E. E. Antnio da Encarnao Filho Manaus

    02 E. E. Francisca Botinelly Cunha e Silva Manaus

    03 E. E. Jlia Bittencourt Manaus

    04 E. E. Leopoldo Neves Manaus

    05 E. E. Maria de Lourdes Rodrigues Arruda Manaus

    06 E. E. Maria Madalena Santana de Lima Manaus07 E. E. Maria Teixeira Ges Manaus

    08 E. E. Nelson Alves Ferreira Manaus

    09 E. E. Padre Pedro Gislandy Manaus

    10 E. E. Professor Gilberto Mestrinho Manaus

    11 E. E. Raimundo S Boa Vista do Ramos

    12 E. E. Nossa Senhora do Perptuo Socorro Coari

    Tabela 2 - Quadro das primeiras Escolas Estaduais com Laboratrio de InformticaFonte: Disponvel em . Acesso em: 14.12.02

    30

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    Neste primeiro momento, estavam planejadas a19implantao de 25 laboratrios em 1999 , mas at o segundo

    semestre de 2001 apenas dezesseis escolas da capital e trs do20Interior (Autazes, Coari e Boa Vista do Ramos ) haviam recebidos os

    equipamentos.Em setembro de 1998, a Secretaria de Educao do

    Amazonas criou o Centro de Informtica Benjamin Constant -21CEINFOR, em parceria com o ISAE , com a finalidade de fomentar

    tecnologia e qualificar os alunos da rede estadual no conhecimento

    tcnico de informtica.

    O CEINFOR, com 27 laboratrios de informtica, ofereceu

    cursos de capacitao em informtica bsica para alunos noperodo de 1998 a 2002; e a partir de 2000, ofereceu tambm este

    22mesmo curso para professores da rede estadual .

    Em novembro de 2000, a SEDUC/AM criou a Gerncia de

    Tecnologias Educacionais GETEC, inserida no Departamento de

    Desenvolvimento Profissional DDP. A GETEC tornou-se

    responsvel pelo programa estadual que visa a introduo das

    novas tecnologias de informao e comunicao nas escolas

    pblicas por meio da Informtica na Educao e dos programas dos23MEC. Seus principais projetos estavam associados ao PROINFO e a

    24TV Escola .

    Em 2002, houve uma expanso no nmero de laboratrios

    de informtica, em razo da entrega das novas escolas padro pelo

    governo estadual, aumentando para 92 escolas estaduais, 67 em19 Fonte: Disponvel em Acesso em:14.12.0220 Nenhum professor desses trs municpios contemplados com laboratrios de informtica participou doscursos de especializao em Belm, enquanto os professores especialistas de Itacoatiara continuaram alijados daprtica de sua formao, revelando que o critrio poltico prevaleceu sobre o critrio tcnico.21 OCentrodePesquisaem Tecnologia da Informao do ISAE, Instituto Superior de Administrao eEconomia, foi a unidade responsvel por este projeto.22 Foram capacitados 43.567 alunos e 1.851 docentes. Fonte: Disponvel em Acesso em: 14.12.0223 Desde a sua criao em 2000 at 2005, este setor mudou de posio no Organograma da Secretaria deEducao algumas vezes, revelando a indefinio da poltica tecnolgica do Estado e chegou inclusive a ter suaextino cogitada, pois parecia desconhecer-se o objetivo da sua existncia, mas acabou sobrevivendo

    tornando-se subordinado a outros programas de menor importncia.24 A TV Escola um programa da Secretaria de Educao a Distncia - SEED, do MEC, dirigido capacitao,atualizao e aperfeioamento de professores das escolas pblicas, por meio dos kits tecnolgicos, comotelevisor, videocassete, antena parablica e receptor de satlite.

    31

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    25Manaus e 25 no Interior . Apesar disso, no houve uma expansodo nmero de NTEs e a quantidade de professores multiplicadoresdecresceu desde 1998. Em dezembro de 2004, por exemplo,apenas trs professores especialistas, dos 17 formados em Belmpara atender toda a demanda das escolas estaduais, continuavam

    com vnculo no Ncleo de Tecnologia Educacional do Estado. Almdisso, o nmero de escolas com laboratrio de informtica reduziu

    26nos ltimos dois anos (2004/2005) . No final deste perodo, oquadro das escolas pblicas estaduais com laboratrio deinformtica na Capital era o seguinte:

    25 Fonte: AMAZONAS. SEDUC. Educao com Qualidade: Desafios e Conquistas 1999-2002. Manaus, 2002.p. 65

    26 Reduo de 92 para 90 escolas de acordo com a GETEC/CEPAN/SEDUC, devido alguns laboratrios deinformtica, como por exemplo das Escolas Estaduais Marcantonio Vilaa, Djalma Batista, Antogildo Viana eNossa Senhora Aparecida terem sido totalmente saqueados e por isso no constam nesta relao. Outroslaboratrios foram realocados para atender inauguraes de escolas e o sistema de matrcula.

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    N ESCOLAS ESTADUAIS MUNICPIO

    10 E. E. Mirtes Rosa Itacoatiara

    11 E. E. Maria Ivone Leite Itacoatiara

    12 E. E. Romerito Brito Juru

    13 E. E. N. S. das Graas Manicor14 E. E. Maria das Graas Maus

    15 E. E. Dom Gino Malvestio Parintins

    16 E. E. Rio Preto da Eva Rio Preto da Eva

    17 E. E. Dom Marchesi So G. da Cachoeira

    18 E. E. Mons. E. de Cefalonia So P. de Olivena

    19 E. E. Marechal Rondon Tabatinga

    20 E. E. Pedro Teixeira Tabatinga

    21 E. E. Duque de Caxias Tabatinga

    22 E. E. Corintho Borges Tef

    23 E. E. Esperana Urucurituba

    Tabela 4 - Quadro das Escolas Estaduais do Interior com Laboratrio de InformticaFonte: GETEC/CEPAN/SEDUC

    27Apesar dos nmeros apresentados , no Amazonas, a

    poltica de tecnologia educacional tem se limitado aoperacionalizao dos principais projetos da Secretaria deEducao Distncia do MEC. Ainda h a necessidade de umprograma com identidade prpria, de acordo com as necessidadesdo contexto educacional amazonense. Da forma como vem sendoconduzido esse processo, corre-se o risco de estar sempreiniciando uma nova poltica de formao, quando mudam os

    governos, e criou-se uma dependncia das verbas dos programasnacionais, sem a busca de alternativas.

    Um exemplo disso foi o encaminhamento dado aos 210professores formados nas turmas de Informtica na Educao naCapital e Tecnologia Educacional no Interior do Estado. A maiorparte desses professores, os 174 formados nos municpiosItacoatiara, Coari, Parintins e Tabatinga foram ignorados pelosistema e no desenvolveram nenhum trabalho associado sua

    27 Em 06 anos de existncia o PROINFO Amazonas capacitou 1.897 professores, beneficiando 82 escolas e79.540 alunos. Fonte: GETE C / C E P A N / S E D U C .

    35

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    Especializao, caracterizando um desperdcio de recursos

    humanos. Da outra parte, 15 dos 36 professores formados em

    Manaus, foram subutilizados em projetos inconsistentes como o28InterInfo , e se limitaram a ministrar aulas de informtica bsica.

    Esses professores inclusive no foram cadastrados inicialmente no

    Programa Nacional de Informtica na Educao como

    multiplicadores e no tinham o mesmo status daqueles que se

    formaram nos cursos da UFPA, o que revelava uma incoerncia

    daqueles que conduziam esse processo.

    Alm desse quadro, h o agravamento da falta demanuteno dos laboratrios de informtica. Segundo a GETEC,

    apenas 19 laboratrios dos 92 existentes receberam esse servio

    no perodo de 2002 a 2004, o que reduziu a capacidade e a

    qualidade do atendimento nesses espaos. Pela falta de propostas e

    por no ser prioridade, os laboratrios de informtica das escolas

    pblicas caminharam para a terceirizao, seja por uma autarquia29estadual como o CETAM , cujo objetivo a formao profissional,

    30seja pela iniciativa privada .

    Esse quadro desfavorvel complementado pela falta de um

    programa em nvel estadual para conectar as escolas pblicas na

    rede mundial de computadores, a Internet. As escolas que dispem

    de algum tipo de acesso esto limitadas a programas de incluso

    digital, como o GESAC.

    28 O Projeto de Revitalizao dos Laboratrios de Informtica Projeto Interinfo foi criado em 2003 com ameta de implantar laboratrios em todas as escolas at 2007 (mdia de implantao de 31 laboratrios na capitale 73 no Interior por ano). Tinha como principais aes a lotao de um professor especialista para coordenaode cada dois laboratrios e a atuao de alunos monitores de informtica (um por escola). Apenas 19 professoresforam lotados em turno nico, nenhum aluno monitor foi contratado e a meta do primeiro ano no saiu do papel,assim como o projeto.29 O CETAM - Centro de Educao Tecnolgica do Amazonas - uma autarquia vinculada Secretaria de

    Cincia e Tecnologia.30 Como este livro baseado em uma pesquisa realizada at Dezembro de 2004, importante citar que estatendncia de fato ocorreu a partir do ano de 2005, com o CETAM assumindo os laboratrios de informtica dasescolas da rede pblica estadual.

    36

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    O Programa GESAC - Governo Eletrnico - Servio de

    Atendimento ao Cidado, do Governo Federal, segundo o Ministrio31das Comunicaes , tem como meta disponibilizar acesso

    Internet s comunidades excludas do acesso e dos servios

    vinculados rede mundial de computadores. Alm do acesso, estprevisto mais um conjunto de outros servios de incluso digital.

    So beneficiadas prioritariamente as comunidades que

    apresentarem baixo IDH (ndice de Desenvolvimento Humano), e

    que estejam localizadas em regies onde as redes de

    telecomunicaes tradicionais no oferecem acesso local internet

    em banda larga.

    O primeiro Ponto de Presena GESAC foi disponibilizado em

    junho de 2003, e em maro de 2004 este nmero tinha alcanado

    3.200 comunidades em todo o Brasil. Estava prevista a expanso

    para 4.400 pontos at o final de 2005.

    No Amazonas foram instaladas 81 antenas GESAC, porm32apenas 32 em escolas da rede pblica , todas no Interior do Estado.

    As demais foram instaladas em organizaes militares das Foras

    Armadas.

    Alm desta inverso na prioridade do programa, 15 escolas33das 32 beneficiadas no tinham laboratrio de informtica , o que

    resultou na instalao de uma conexo banda larga via satlite para

    escolas com apenas uma mquina, quando o previsto era para a

    unidade beneficiada possuir entre 10 e 20 microcomputadores.Como a proposta do programa foi estruturada na viso de

    telecentros comunitrios para fomentar o uso de software livre,

    percebe-se outra contradio no uso deste programa no

    Amazonas. A populao de baixa renda no tem como desenvolver

    projetos comunitrios em unidades militares e nem em escolas

    31 Fonte: http://www.idbrasil.gov.br/menu_interno/docs_prog_gesac/institucional/oqueegesac.html32 Ver relao das escolas no anexo A33 Fonte: GETEC/CEPAN/SEDUC

    37

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    com apenas um nico computador conectado Internet. Restaram

    17 escolas, que deveriam funcionar com ampla liberdade de uso e

    sem nus para a comunidade na qual est inserida, mas estas no

    conseguem atender nem os seus prprios alunos.

    Estes espaos foram planejados e financiados para no ter a

    menor influncia de softwares proprietrios, como o sistema

    operacional Microsoft Windows, no entanto esta era a plataforma34exclusiva das escolas pblicas estaduais . Este quadro

    comparativo entre a viso do programa, divulgado pelo Ministrio

    das Comunicaes revela a diferena entra a flexibilidade do

    discurso e a rigidez da prtica:

    Viso GESAC

    Software Livre

    Outras Vises

    Comunidade Cidado

    Rede de Conhecimento Localidade isolada

    Interatividade e Contedo Somente Acesso

    Telecentro Quiosque

    Sinergia com outros programasde Governo e Parcerias

    Programa isolado

    Software Proprietrio

    Tabela 5 - Quadro comparativo viso Gesac x out ros programas Fonte: Disponvel em.

    Acesso em: 27.03.05

    34 As primeiras mquinas com o sistema operacional Linux chegaram nas escolas amazonenses noprimeiro semestre de 2004, porm antes da capacitao dos professores e destinada apenas a escolas da Capital,que no tinham acesso Internet.

    38

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    O perfil dos espaos contemplados com essa antena no se

    enquadrava na viso GESAC, no obstante as estatsticas do

    programa serem favorveis. Com a fase 3 do programa, iniciada em

    Abril de 2004, este descompasso se acentuou. Entre os objetivos

    previstos estavam:Criar um stio (Home Page) da Comunidade na Internet

    Criar uma redao na Web

    Criar Jornal Eletrnico da Comunidade

    Criar Loja Virtual para produtos locais

    Produzir udios comunitrios locais

    Traduzir Softwares Livres educacionais

    Montar cursos de Educao Distncia com tema

    especfico da Comunidade

    A proposta do programa, que pretende ampliar a base de

    uso de Software Livre no Brasil, legtima e ser analisada nos

    captulos seguintes, sob a tica dos professores que trabalham em

    escolas contempladas com este recurso, assim como far parte dasconsideraes finais. As referncias apresentadas procuram

    apenas estabelecer uma relao entre a proposta do programa e a

    implementao nas escolas da rede pblica estadual do Amazonas.

    1.5 Projetos referenciais para o Amazonas

    Nesta parte so descritos os dois projetos de formao de

    especialistas que tiveram a participao de professores da rede

    pblica estadual do Amazonas no perodo de dezembro de 2001 a

    janeiro de 2004. O formato de apresentao uniforme, seguindo o

    formato de ficha de anlise, estruturada nos seguintes itens: ttulo

    do curso, modalidade do curso, Instituies envolvidas/

    responsveis, objetivo, pblico-alvo, nmero de vagas, perodo,carga-horria, mdulos e ementa do curso; e equipe docente.

    39

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    1.5.1 Projeto referencial da UFAM/DCC

    Ttulo do curso

    I Curso de Especializao em Informtica na Educao

    Modalidade do curso

    Ps-graduao, especializao lato sensu

    Instituies envolvidas/responsveis

    Promotora

    SEDUC/AM - Secretaria de Estado da Educao e Qualidade de

    Ensino do Amazonas

    Executora

    UFAM - Universidade Federal do Amazonas/DCC - Departamentode Cincias da Computao

    Objetivo

    No foi explicitado

    Pblico alvo

    Professores efetivos da rede pblica estadual de ensino com

    Licenciatura Plena do municpio de Manaus

    Nmero de vagas40

    Perodo

    Dezembro/2001 a Janeiro/2003

    Carga Horria

    460 h

    Mdulos e ementa do curso

    01. INTRODUO INFORMTICA NA EDUCAO (24h)

    Definio e campo de atuao da Informtica na Educao. A

    Informtica na Educao e a Globalizao. Os atores: o aluno, o

    computador e o professor (mediador). Histrico do uso do

    Computador na Educao no Mundo, no Brasil e no Amazonas.

    Definio de Software Educacional. Tipos de Software Educacional.

    As Novas Tecnologias e seu impacto na Educao: uma primeiraabordagem.

    40

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    02. METODOLOGIA CIENTFICA (30 h)

    Pesquisa. Normatizao do Trabalho Cientfico. Relatrio de

    Pesquisa.

    03. TEORIAS COGNITIVAS (24 h)

    Behaviorismo. Construtivismo. Neo-Construtivismo. Idias de

    Piaget e Vygotsky.

    04. INTRODUO COMPUTAO (40 h)

    Noes Bsicas de Estrutura de um Computador. Hardware e

    Software. Instalao e Uso de Equipamentos. Instalao e Uso de

    Software. Noes de sistemas operacionais e redes de

    computadores.

    05. FERRAMENTAS DE PRODUTIVIDADE DA MICROINFORMTICA

    (56 h)

    Editores de Texto. Uso educacional de editores de texto. Planilhas

    de Clculo. Uso educacional de planilhas de clculo. Banco de

    Dados. Uso educacional de banco de dados. Editores Grficos.

    Editores de Apresentaes.

    06. MULTIMDIA (28 h)

    Conceitos de multimdia, hipertexto, autoria e interatividade.

    Princpios de design e desenvolvimento de Websites.

    07. NOVAS TECNOLOGIAS NA EDUCAO (40 h)

    Internet. Ferramentas de Recuperao da Informao. Trocas deInformaes na Web. Educao Distncia. Homeschooling.

    Groupware. Introduo ao Software Educacional baseado em

    Inteligncia Artificial.

    08. INTRODUO PROGRAMAO (40 h)

    Desenvolvimento de Algoritmos, implementaes em linguagem de

    programao. Programao em alto nvel, utilizando ambientescomputacionais de suporte aprendizagem.

    41

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    ObjetivoContribuir para a formao de recursos humanos competentes noque diz respeito elaborao de projetos e produo de recursosdidticos interativos, para aplicao no contexto educativo e usocom as novas tecnologias da comunicao e informao

    Pblico alvoProfessores efetivos da rede pblica estadual de ensino comLicenciatura Plena dos municpios de Itacoatiara, Coari, Parintins eTabatingaNmero de vagas

    35160 (40 para cada municpio )PerodoOutubro/2002 a Janeiro/2004

    Carga Horria360 hMdulos e ementa do curso

    01. ELABORAO DE PROJETOS DE RECURSOS DIDTICOSINTERATIVOS (30h)Fundamentos para elaborao de projetos de recursos didticosinterativos e anlise dos meios de desenvolvimento multimdia

    integrando texto, hipertexto, hipermdia, imagens e udio.

    02. TECNOLOGIA EDUCACIONAL: CONCEITOS, LIMITES E FUNES(30 h)Delimitar as diferentes formas de conceituar TecnologiaEducacional, estabelecendo seus limites e funes. Analisar aspossibilidades educativas de diferentes recursos didticos.Estruturar e produzir recursos didticos multimdia para utilizaocom as novas tecnologias da informao e comunicao.

    03. NOVAS TECNOLOGIAS E AS TEORIAS DE APRENDIZAGEM (30 h)Conhecer as principais teorias da aprendizagem e seus respectivosautores, recorrendo sua trajetria temporria, com o propsito dese estabelecer as concepes que influenciam na construo derecursos didticos interativos. Descrever as contribuies mais

    significativas de cada autor.35 O nmero de vagas foi ampliado, chegando a ter 55 alunos no curso em Itacoatiara, por exemplo.

    43

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    04. COMUNICAO VISUAL NOS RECURSOS DIDTICOSMULTIMDIA (30 h)Estudo das tendncias estticas e semiticas na comunicao visuale suas implicaes com as tecnologias contemporneas.

    05. DESENVOLVIMENTO DE INTERFACE PARA RECURSOS DIDTICOSINTERATIVOS (30 h)Planejamento e desenvolvimento de projetos para interfacesinterativas que visem a comunicao de idias, com textos einformaes destinadas para aplicaes didticas, atravs deelementos grficos de construo e de composio visual.

    06. SONORIZAO EM MULTIMDIA (30 h)

    O som na multimdia. Linguagem MIDI e processos de digitalizaosonora. Sincronismo som/imagem em aplicaes multimdia.Discusso sobre ferramentas e tcnicas bsicas de sonorizaoinformatizada e sobre as novas estticas decorrentes da utilizaoda multimdia como meio expressivo da criao sonora.

    07. PRODUO MULTIMDIA I (30 h)

    Anlise dos meios de desenvolvimento de programa multimdiaintegrando texto, hipertexto, hipermdia, imagens e udio. Aspossibilidades dos softwares de autoria mais utilizados, graus decomplexidade e suas caractersticas mais adequadas ao processode produo multimdia.

    08. PRODUO MULTIMDIA II (90 h)Produo avanada de recursos didticos interativos atravs de

    software de autor, integrao de texto, hipertexto, udio e vdeo.

    09. METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR COM NOVASTECNOLOGIAS (60 h)A Universidade e suas funes. A prtica docente na Universidadenuma perspectiva interdisciplinar. A problemtica do EnsinoSuperior: compromissos, desafios e alternativas. A organizao dotrabalho docente. Delimitao de Mtodos de Pesquisa, relativos ao

    pensamento e a prtica pedaggica atravs das novas tecnologiasda Informao e Comunicao.

    44

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    2. PERCEPO DOS PROFESSORES

    A primeira dificuldade no termos um

    laboratrio, a segunda no termos

    acesso ao laboratrio, a terceira ter

    laboratrios ou mesmo acesso e no saber

    o que fazer.

    Professor IG, respondendos o b r e a s m a i o r e sdificuldades do professorno uso da informtica naescola

    As propostas institucionais para a insero da tecnologia

    computacional nas escolas pblicas e sua conseqente utilizao

    pedaggica evidenciaram at agora uma limitao: a formao do

    professor.

    No caso das escolas da rede pblica estadual do Amazonas,

    desde a oferta dos cursos iniciais de formao dos professores

    multiplicadores para a operacionalizao do Programa Nacional de36Informtica na Educao na regio Norte, em 1997 e 1998 , apenas

    dois cursos foram oferecidos pelo sistema estadual de educao,37ambos em convnio com a Universidade Federal do Amazonas .

    Por este fato, a preocupao central no desenvolvimento

    deste captulo foi a compreenso desta instncia singular,

    entrevistando um representativo do grupo de indivduos queparticiparam desses cursos de formao profissional.

    O primeiro curso analisado foi destinado exclusivamente

    para a capital amazonense: 36 professores concluram em janeiro

    de 2003 a Especializao em Informtica na Educao, cuja

    implementao foi do Departamento de Cincias da Computao

    36 O primeiro curso foi realizado no perodo de 30.06.97 a 20.09.97 e o segundo foirealizadode14.10.98a12.02.99.37 um no perodo de dezembro de 2001 a janeiro de 2003 e outro no perodo de outubro de 2002 a janeirode 2004.

    46

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    38 Em julho de 2004 o mestrando do PPGE/FACED/UFAM Robson Endrigo Simes Lisboa defendeu adissertao Do giz ao clique: formao de professores para uso de computadores na escola, cuja pesquisa foidirecionada ao NTE Parque Dez (que atende exclusivamente as escolas pblicas da rede municipal de Manaus).39 A amostra compreendeu professores do primeiro curso, realizado em Manaus, e professores do segundocurso, realizado no municpio de Itacoatiara. A escolha destes professores no representou apenas uma

    delimitao da pesquisa, mas teve como objetivo obter respostas s questes formuladas.40 De acordo com o estabelecido no termo de consentimento assinado pelos professores entrevistados, aidentidade dos participantes no revelada. Convencionou-se portanto a combinao das letras MA a MJ para osprofessores de Manaus e IA a IJ para os professores de Itacoatiara.

    47

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    Esta discusso um caminho para compreender a viso

    desses professores a partir das diferentes concepes de formao

    dos cursos analisados. Embora sejam feitas na anlise referncias

    aos professores de um municpio e de outro, o comparativo no tem

    essa limitao geogrfica. Os resultados obtidos so portanto

    considerados a partir da formao de cada representativo dos

    professores.

    Qual a sua rea de formao?

    Foi perguntado aos professores especialistas de Manaus e

    Itacoatiara qual era a sua graduao, com a inteno que constatar

    se havia alguma rea de formao inicial predominante entre

    aqueles que foram capacitados para trabalhar com informtica na

    escola.

    Entre os 20 professores pesquisados, havia oito

    licenciaturas diferentes: Pedagogia, Letras, Filosofia, Educao

    Fsica, Histria, Arte, Geografia e Matemtica.

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6 Pedagogia

    Histria

    Educao Fsica

    Letras

    Filosofia

    ArteMatemtica

    Geografia

    Embora o curso de Pedagogia represente 30% da

    amostragem, a diversidade na formao inicial dos professores

    evidente, assim como a predominncia das licenciaturas da rea dehumanas.

    48

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    H quanto tempo atua na rea da educao?

    Esta pergunta tinha como propsito estabelecer uma

    relao da experincia educacional do professor que foi capacitado

    para utilizar uma nova ferramenta pedaggica.A mdia encontrada foi satisfatria: 12 anos e 5 meses,

    sendo os professores de Itacoatiara mais experientes do que os

    docentes de Manaus. Enquanto os especialistas manauaras tinham

    entre 5 a 20 anos de experincia na rea educacional, com uma

    mdia de 10 anos e 3 meses , os itacoatiarenses tinham de 9 a 19

    anos de experincia na rea educacional, com uma mdia de 14anos e seis meses.

    Voc trabalha especificamente com informtica na educao? H

    quanto tempo?

    Esta pergunta tinha a inteno de constatar se os

    professores aps a formao especfica para o uso da tecnologia na

    escola estavam com o seu trabalho direcionado para essa rea e h

    quanto tempo vinham fazendo isso.

    Com as respostas dos professores ficaram evidentes duas

    realidades: a da capital e a do Interior do Estado. Enquanto os

    professores especialistas do municpio de Itacoatiara no

    utilizavam o conhecimento obtido no curso no seu cotidianoescolar, uma parte dos professores de Manaus estava trabalhando

    41um turno, h um ano e meio em mdia , em laboratrios de

    informtica das escolas publicas da capital.

    Esta caracterstica dos professores manauaras devida ao

    perfil dos entrevistados. Os 10 professores que participaram da

    coleta desses dados faziam parte do grupo de 15 professores da41 na poca da entrevista, realizada em 2004.

    49

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    turma

    mesmo ano. Embora esse projeto no exista mais, esses

    professores continuavam lotados um turno para o atendimento no

    laboratrio de informtica, porm desvinculado da sala de aula. Do

    outro lado, embora sejam maioria, os 174 professores do Interior,

    formados para o uso da tecnologia na escola, ainda no foram

    direcionados para desenvolver nenhuma atividade relacionada com

    o que aprenderam nos cursos de formao.

    Como voc compreende a atual sociedade neste incio de sculo?

    A concepo do professor sobre a sociedade em que vive

    pode revelar o que ele espera da educao e da tecnologia,

    associadas ao seu fazer dirio. Alm disso, pode servir como

    parmetro para uma anlise comparativa dos pressupostos da sua

    formao.

    Os professores especialistas de Itacoatiara compreendem

    esse momento de mudana conforme as respostas dos seguintes

    professores:

    Compreendo a atual sociedade

    como sendo a sociedade dos avanos

    tecnolgicos, ou seja, a sociedade da

    informao imediata. (Professor IE)

    Diversificada, pois muitos esto

    avanados tecnologicamente com o

    acesso a internet e outros ainda esto

    caminhando ou esto parados no tempo,

    no querendo aceitar o progresso

    tecnolgico. (Professor ID)

    formada em 2003 que participaram do Projeto InterInfo no

    50

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    A sociedade neste incio de sculo

    passa por um crescimento tecnolgico

    jamais imaginado. Pessoas de baixa renda

    tm contato com algum tipo de aparelho

    tecnolgico. A inovao nessa rea

    melhora visivelmente a vida dos seres

    humanos. (Professor IH)

    o tempo das descobertas e o medo

    de muitos descobrirem o novo. A

    sociedade de modo em geral lida com as

    tecnologias. No entanto, muitos ainda

    faltam ser alfabetizados para isso, porque

    essa mudana assusta um pouco.

    (Professor II)

    A informao imediata, a resistncia, o contato inevitvel

    com a tecnologia e o medo fazem parte do conceito da atual

    sociedade desses professores. Os professores de Manaus reiteramesses conceitos e enfatizam ainda o papel da excluso:

    Uma sociedade onde o processo de

    informao est cada vez mais rpido,

    onde h grande dificuldade das camadas

    mais pobres da sociedade para

    acompanhar esse processo. (Professor

    MA)

    Como uma sociedade que evolui em

    alguns aspectos e continua estagnada em

    outros. Na tecnologia essa evoluo

    rpida, exigente, avanada, mas o acesso

    das pessoas a essa evoluo e avano

    seletiva. (Professor MF)

    51

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    uma sociedade onde as mudanas

    ocorrem rapidamente, cheias de

    contrastes e onde a tecnologia da

    informao um fator de incluso e

    tambm de excluso. (Professor MB)

    A tecnologia cada vez mais presente na sociedade revela-se

    contraditria aos professores amazonenses. Eles percebem que

    vivemos um momento no qual as desigualdades sociais podem at

    ser ampliadas pelas novas tecnologias, caso o acesso seja

    demorado e difcil. Esta discusso revela ainda mais sua

    ambigidade com as respostas da prxima questo.

    Para voc, o que tecnologia?

    Afinal, o que seria mesmo essa tecnologia que ao mesmo

    tempo aproxima e distancia os ricos e os pobres? Os professores

    amazonenses inicialmente destacam as facilidades que o conceito

    tecnolgico traz consigo.

    So meios encontrados pelo

    homem para facilitar a vida das pessoas.

    (Professor II)

    So todas as inovaes cientficas e

    industriais que o homem com sua

    capacidade intelectual desenvolveu para

    facilitar a vida do indivduo. (Professor IJ)

    So recursos que associados a uma

    determinada cincia que auxiliam

    atividades humanas, sejam em qualquer

    ramo ou necessidade a que estejam

    atrelados, sempre no sentido de facilitar

    ou diminuir o tempo gasto para realizar

    uma tarefa. (Professor IA)

    52

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    Sim, pois no podemos pensar

    educao dissociada das tecnologias, ou

    se ja , de sa l a s equ ipadas com

    computadores e os alunos tendo acesso,

    com professores capacitados para

    orient-los. (Professor IJ)

    Sim, pois hoje com sala de

    informtica nas escolas os alunos tm um

    acesso mais rpido s informaes e ainda

    podem trocar idias. Mas, infelizmente

    ainda existem poucas, pois a maioria das

    escolas no tem esse acesso. (Professor

    ID)

    A totalidade dos professores pesquisados respondeu

    afirmativamente, porm com ressalvas quanto ao acesso. Isto pode

    ter sido apontado devido a quantidade de laboratrios de42informtica limitados por municpio. Normalmente h apenas um

    em cada cidade. No caso do municpio de Itacoatiara havia trs

    escolas com laboratrio de informtica, porm apenas uma possua43acesso Internet .

    No caso dos professores especialistas de Manaus, que

    trabalhavam pelo menos um turno lotados em um laboratrio de

    informtica, as dificuldades foram estendidas para as outras

    mdias:

    Sim. Existem vrias tecnologias que

    so aplicadas educao. Hoje se pensa

    em tecnologia resumindo-se a questo da

    utilizao de computadores. A utilizao

    de tv, videocassete, dvd e etc so

    ferramentas que podem ser utilizadas na

    educao. (Professor MA)

    42 No caso dos municpios do Interior do Estado do Amazonas.43 A Escola Estadual Vital de Mendona uma das contempladas com a antena do GESAC. No entanto, das18 mquinas instaladas no laboratrio, apenas seis estavam conectadas Internet em 2004.

    54

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    Sim. A utilizao da tv, do vdeo, do

    computador, ajudando a formar o

    conhecimento. Porm, no h a aplicao

    devida dessa tecnologia nas escolas.

    (Professor MF)

    Temos o quadro, o pincel, a tv escola,

    o laboratrio de informtica, porm ainda

    est muito aqum do que acreditamos

    poder desenvolver em termos de

    tecnologia educacional. (Professor MD)

    De um modo geral, para os professores, o conceito de

    tecnologia educacional limita-se ao fato de poder utilizar a

    tecnologia ou as tecnologias no mbito escolar, no importando se

    foi criada especificamente para este fim.

    O que se conhece na literatura cientfica como tecnologia

    educacional est inicialmente associado utilizao dos meios

    audiovisuais com a finalidade de formao dos sujeitos. De acordo

    com Pons (1998), partir da dcada de 40, nos Estados Unidos, com

    a incluso da disciplina Educao Audiovisual no currculo da

    Universidade de Indiana que este conceito se institucionaliza.

    Na dcada seguinte, a Psicologia da Aprendizagem

    incorpora-se como campo de estudo da tecnologia educacional enos anos 60, com a difuso dos meios de comunicao de massa, o

    uso da tecnologia educacional se amplia. Com o desenvolvimento

    da informtica na dcada de 70, consolida-se a utilizao dos

    primeiros computadores com finalidades educacionais e nos anos

    80, surgem as novas tecnologias da informao e comunicao,

    baseadas no desenvolvimento de novos materiais audiovisuais einformticos que favorecem o grande fluxo de informaes.

    55

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    Ainda segundo Pons (1998), a inovao constante, noentanto, preciso levar em considerao que os meios por si ssno constituem toda a tecnologia educacional (p. 53).

    pertinente o registro que os professores de Itacoatiaraforam formados no curso de especializao intitulado Tecnologia

    Educacional: Desenvolvimento de Recursos DidticosInterativos, enquanto os professores de Manaus se especializaramem outro intitulado Informtica na Educao. A prxima questoaponta um caminho para essas diferenas de nomenclatura.

    Como voc analisa as diversas nomenclaturas associadas ao usopedaggico do computador na escola (Informtica na Educao,Informtica Educativa, Informtica Aplicada Educao,Informtica Educacional, etc)?

    Para os professores itacoatiarenses no h diferena entreas nomenclaturas, conforme observa-se nas respostas a seguir:

    E x i s t e u m a v a r i e d a d e d e

    nomenclaturas, mas a finalidade auxiliar

    as pessoas envolvidas no processo

    educativo, seja no aspecto administrativo

    ou pedaggico. (Professor IA)

    As nomenclaturas utilizadas na

    verdade esto interligadas porque

    propem os mesmos objetivos. Nesse

    sentido, acredito que o importante no a

    nomenclatura, mas as propostas voltadas

    ao processo ensino-aprendizagem.

    (Professor IB)

    As nomenclaturas diversificadas no

    uso pedaggico [da tecnologia] porque

    ainda no chegou a uma padronizao da

    mesma, pois como a tecnologia est em

    processo de crescimento e as idias

    progridem em cada dia, no foi possvel

    padroniz-la, mas quase todas tm um s

    objetivo que levar a tecnologia para as

    escolas. (Professor ID)

    56

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    So todas direcionadas a educao

    com objetivos de trabalhar uma nova

    aprendizagem. No so diferentes, pois

    todas tm o intuito de inovar formas de

    aprendizagem, onde o aluno aprenda

    fazendo e que leve a outros mundos teis.Com certeza o uso do computador na

    escola de suma importncia. (Professor

    IF)

    No entanto, uma parte dos professores manauaras tentou

    estabelecer as diferenas entre as nomenclaturas:

    Informtica na Educao se d com o

    uso do computador atravs de softwares

    de apoio e suporte educao;

    Informtica Educativa se d com o uso da

    informtica como um recurso a mais para

    o professor utilizar em suas aulas;

    Informtica Aplicada Educao o uso

    d o c o m p u t a d o r e m t r a b a l h o sburocrticos da escola; e Informtica

    Educacional o uso do computador como

    ferramenta auxiliar na resoluo de

    problemas. (Professor MH)

    Cada uma tem um significado.

    Informtica na Educao: a utilizao do

    computador para realizar trabalhos

    escolares; Informtica Educativa: como

    vemos a utilizao do computador como

    ferramenta didtico-pedaggica ou o uso

    de softwares; Informtica Aplicada a

    Educao: seria a utilizao dos softwares

    educativos somente; e Informtica

    Educacional: seria a aprendizagem feita

    atravs do computador como os cursos

    distncia, por exemplo. (Professor MF)

    57

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    Outra parte dos entrevistados reiterou o discurso dos

    professores itacoatiarenses:

    Existe uma falta de consenso entre

    os educadores ou especialistas sobre a

    Informtica na Educao, por isso tantos

    nomes. (Professor MF)

    As nomenclaturas foram criadas

    para definir a forma de utilizao do

    computador no processo educacional.

    Esses diversos nomes refletem os

    equvocos das prticas pedaggicas que

    causaram esse recurso. notrio que a

    prtica pedaggica desse recurso deve ser

    construda e repensada, porm no se

    deve dar tanta importncia a uma

    nomenclatura sem ter claro os mtodos

    possveis do ensino-aprendizagem.

    (Professor MC)

    O Professor MI percebeu tambm uma falta de objetividadepoltica e tecnolgica: Percebo que existe na realidade a falta de

    uma poltica educacional, por isso tantas terminologias.

    Evidentemente no est claro para os professores

    especialistas as diferenas entre essas nomenclaturas e talvez isto

    no seja importante para a sua prtica. No entanto, esta relao foi

    analisada por Borges Neto (1998). Para ele, Informtica Aplicada Educao seria o uso de aplicativos em trabalhos acadmicos e de

    controle administrativo, sendo caracterizada pelo gerenciamento

    da organizao escolar nos seus diversos aspectos. A Informtica

    na Educao seria o uso de softwares de suporte educao, como

    por exemplo os tutoriais e os livros multimdia. A Informtica

    Educacional seria o uso do computador como ferramenta para a

    resoluo de problemas. Neste caso notria a utilizaodos projetos como estratgia pedaggica. Por fim, a

    58

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    Informtica Educativa seria um suporte ao trabalho do professor,

    um meio didtico ou instrumento a mais para o desenvolvimento

    das aulas.

    Esta classificao tem a sua importncia didtica, mas limita

    outros aspectos desta relao. Segundo Abranches (2003) um

    modo de entender a relao entre informtica e educao,

    privilegiando o tipo de uso e a maneira como o computador seria

    utilizado no meio educacional. Apesar disso, ele enfatiza:

    A meu ver, a relao entre

    informtica e educao vai muito alm da

    simples distino das nomenclaturas

    utilizadas, pois estas encobrem no s otipo de utilizao feita, mas as concepes

    e os princpios inerentes ao seu uso.

    (ABRANCHES, 2003, p. 74-75)

    A finalidade de entender como esta relao interpretada

    pelos professores pode contribuir na compreenso do processo de

    formao dos cursos oferecidos aos professores amazonenses. Aprxima questo tenciona ampliar essa discusso.

    Qual o papel das novas tecnologias na escola?

    Como o professor amazonense compreende a insero das

    tecnologias no espao escolar? Os professores de Itacoatiara

    entendem em um primeiro momento a tecnologia como umaampliao do acesso do aluno ao conhecimento, na funo de

    biblioteca para pesquisa e consulta, e como suporte para a

    preparao das suas aulas, de acordo com as repostas a seguir:

    No momento, s o papel de

    biblioteca virtual no qual os alunos fazem

    pesquisa e outros professores que usam

    como metodologia para suas aulas.

    (Professor ID)

    59

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    de fundamental importncia, haja

    v is ta que v ivemos num mundo

    globalizado, em que num clique de

    segundo podemos nos conectar com

    qualquer biblioteca do mundo pararealizar pesquisas, etc. Portanto,

    imprescindvel o uso do computador no

    mbito da escola. (Professor IJ)

    H ainda a viso da tecnologia como algo ldico:

    Com certeza tornar as aulas mais

    prazerosas e diversificadas. (Professor II)

    Apresentar novas possibilidades

    para se ensinar e aprender, de maneira

    mais ldica, diferentes contedos do

    currculo escolar. (Professor MG)

    Alm disso, os professores de Manaus entendem que o

    papel da tecnologia basicamente facilitar o processo ensino-

    aprendizagem:Fazer parte do processo de ensino-

    aprendizagem e inserir alunos e

    professores na realidade social. (Professor

    MC)

    fazer com que o educador tenha

    mais uma ferramenta a seu favor. tentar

    d inamiza r o p rocesso ens ino-

    aprendizagem (Professor ME)

    Estimular o processo de ensino-

    aprendizagem. (Professor MI)

    Com certeza facilitar o processo

    ensino-aprendizagem. (Professor MH)

    Esta certeza dos professores manauaras tem ainda umcontraponto apresentado pelo professor MA:

    60

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    Deveriam auxiliar no processo

    ensino-aprendizagem, mas no so

    aplicadas nas escolas e quando essas

    tecnologias chegam na escola no h

    como utiliz-las, faltando mo-de-obra

    qualificada e uma poltica transparente

    por parte do macrossistema.

    Estas divergncias se acentuam ao serem perguntadas asvantagens e dificuldades no uso da tecnologia no ambiente escolar,conforme ser observado nas prximas duas perguntas.

    Quais as vantagens da utilizao da informtica na escola?

    Ao responderem essa questo os professores de Itacoatiarareiteram o papel da informtica exposto na pergunta anterior.

    So inmeras, dentre elas podemos

    citar: acesso a internet para realizao de

    pesquisas, troca de informaes de

    projetos que esto dando certo em outras

    regies do pas e do mundo e, por fim,f a c i l i t a r o p r o c e s s o e n s i n o -

    aprendizagem. (Professor IJ)

    Fonte de informao para pesquisa

    bibl iogrf ica, acesso rpido s

    informaes, facilidade em planejar aulas

    e ajuda no processo metodolgico para a

    elaborao das aulas. (Professor ID)

    E o professor IC acrescentou uma nova caracterstica discusso: a reduo do abandono escolar.

    que atravs do uso dos

    computadores os alunos se interessam

    mais pelos contedos das disciplinas,

    principalmente Matemtica e Lngua

    Portuguesa, evitando assim um maior

    nmero de evaso nas escolas.

    61

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    Os professores manauaras apresentaram ainda vises distintas:

    Despertam um maior interesse por

    parte dos alunos que foram criados diante

    de uma tela, da tv e do videogame.

    Ajudam no acesso a uma grande

    quantidade de informaes de forma

    rpida. (Professor MA)

    A informtica na escola contribui

    para a diminuio da excluso digital e se

    torna, desde que usada corretamente, um

    poderoso aliado na aprendizagem de

    alunos e professores. (Professor MB)

    Desamar ra o p ro fesso r do

    tradicionalismo representado pelo livro

    didtico, pelo quadro branco, pela sala de

    aula e o apresenta um mundo nem to

    novo, mas ainda inexplorado, que pode

    ser desvendado pelas tecnologias da

    comunicao (tv, rdio, revista, jornais,

    gibis, etc) e sobretudo pelo admirvel

    universo infinito da Internet. (ProfessorMG)

    A interao com o computador, tanto

    do professor quanto do aluno; o despertar

    do interesse dos alunos pelas atividades; o

    favorecimento da interdisciplinaridade; o

    acompanhamento da evoluo da

    sociedade em geral; o aumento das

    oportunidades de conhecimento atravsda Internet; e a interao com a evoluo

    mundial por meio da rede mundial de

    computadores. (Professor MF)

    As vantagens so muitas na percepo dos professores

    entrevistados. Isto pode remeter a viso otimista apresentada naIntroduo deste trabalho, que em geral apresenta motivos poucos

    fundamentados na insero das novas tecnologias no ambienteescolar.

    62

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    Quais as maiores dificuldades do professor no uso da informtica

    na escola?

    A resposta do professor IG est na epgrafe deste captulo

    justamente por sintetizar o sentimento de dificuldade do professoramazonense ao se deparar com a possibilidade do uso da

    tecnologia na escola pblica:

    A primeira dificuldade no termos

    um laboratrio, a segunda no termos

    acesso ao laboratrio, a terceira ter

    laboratrios ou mesmo acesso e no saber

    o que fazer.

    Muitas escolas pblicas ainda no tm laboratrio de

    informtica, aceitando este recurso como um meio de acesso para44alunos e professores tecnologia computacional. Segundo o INEP ,

    no Amazonas em 2003, apenas 17,7% das escolas pblicas de

    Ensino Fundamental tinham esta infra-estrutura disponvel, contra

    78,7% das escolas privadas. Neste mesmo ano, a mdia brasileiraera 26,2% e 75,1% para as escolas pblicas e privadas,

    respectivamente. Alm disso, o uso inadequado do laboratrio e o

    despreparo do professor ampliam negativamente estes nmeros.

    Ainda em relao a isso, os professores itacoatiarenses

    responderam essa questo de outras formas. Uma diz respeito ao

    acesso dos equipamentos:O maior problema possuir ou ter

    acesso s mquinas. (Professor IA)

    As dificuldades so inmeras

    porque nem todas as escolas possuem

    laboratrios de informtica. Dessa forma,

    a acessibilidade se torna difcil tanto para

    o professor quanto para o aluno.

    (Professor IB)

    44 Fonte: Nmeros da Educao no Brasil 2003. MEC/INEP.

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    Apenas temos um laboratrio que

    atende somente a internet, mas vejo o

    p rp r i o a m b i en t e , n m ero d e

    computadores e o tempo. (Professor IF)

    Primeiro, a maioria das escolas notem laboratrio de informtica. Segundo,

    as que tm, o professor e aluno no tm

    acesso. Dificulta ainda mais porque no h

    professor lotado em laboratrio.

    (Professor IJ)

    Uma outra abordagem refere-se insegurana do

    professor: que ainda temem o uso da

    mquina, ou seja, do computador.

    (Professor IE)

    a falta de segurana no domnio [da

    informtica] por falta de tempo para

    exercitar essa nova tecnologia. (Professor

    IC)

    C o n h e c i m e n t o b s i c o d a

    informtica, falta de tempo para acessar,

    poucos computadores na sala de

    informtica e [ausncia de] equipamentos

    como scanner, gravador de cd, etc.

    (Professor ID)

    Os professores manauaras, na sua maioria, reiteraram a

    questo da insegurana e falta de preparo do professor:

    O domnio do contedo da sua

    disciplina associado ao domnio da

    mquina, o professor no sabe o que fazer

    e como fazer a aplicao dos seus

    mtodos de forma a obter um resultado

    efetivo da aprendizagem. O professor

    tambm no sabe avaliar. (Professor MB)

    64

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    N o t e r c o n h e c i m e n t o e m

    informtica e no estar habituado com o

    uso dessa tecnologia. E por conseqncia,

    o receio de no saber na frente do aluno.

    (Professor MC)

    A falta de conhecimento do

    computador e a falta de oportunidade

    para adquirir este conhecimento, uma vez

    que o professor no participa de cursos de

    capacitao por no poder se ausentar da

    sala de aula em que precisa atuar no

    horrio integral. (Professor MF)

    O professor, como todo ser humano,

    tem medo do desconhecido, alm disso,

    ele foi doutrinado a no errar, no

    arriscar, porm se for estimulado,

    motivado e apresentado s novas

    tecnologias educacionais, de forma que

    estas sejam um mecanismo facilitador e

    no dificultador de seu trabalho, a adesoser crescente. (Professor MG)

    Principalmente a falta de capacitao

    dos professores e o receio de usar o

    computador. (Professor MH)

    A maioria dos professores no

    domina o conhecimento sobre o manejo

    de sistemas e seus aplicativos. (Professor

    MI)

    Medo da mquina, falta de

    conhecimento na disciplina e dificuldades

    no horrio de planejar, pois as escolas no

    disponibilizam tempo para o professor ou

    mesmo para capacitar os professores.

    (Professor MJ)

    65

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    45 Estas escolas foram priorizadas e os seus laboratrios receberam manuteno tcnica.

    46 Fonte: GETEC/CEPAN/SEDUC.

    66

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    Qual a diferena entre o computador e as outras mdias, como a tv e

    o vdeo, no processo-ensino aprendizagem?

    Para os professores de Itacoatiara, a interatividade

    novamente se destaca como a principal diferena, conforme aopinio dos seguintes entrevistados:

    A diferena que no computador o

    usurio interfere ou participa mais

    ativamente. (Professor IA)

    A diferena que o aluno podeinteragir com o computador. (Professor

    IC)

    Computador: hoje ele mais atrativo

    para os alunos, ajuda no acesso rpido e

    tem a variedade que encontramos na

    in ternet . Pode ser man ipu lado

    individualmente, sendo que pode iniciar

    de onde o aluno quiser, pelo meio, pelo

    comeo ou fim, no tem uma seqncia

    especfica. J as outras mdias so de

    maneira ordenada, sendo os alunos

    obrigados a assistir todos juntos, do incio

    ao fim. (Professor ID)

    A diferena que voc pode

    interagir. (Professor IE)

    A TV e o vdeo no interagem com o

    aluno, com as informaes. Apenas

    apresenta uma nica forma de informao

    e no computador o aluno tem

    oportunidade de acessar as informaes

    desejadas. (Professor IF)

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    A percepo dos professores de Manaus bastante

    semelhante no sentido da interao que computador proporciona,

    conforme se observa a seguir:

    A diferena est na interao que ocomputador proporciona. (Professor MA)

    A possibilidade de interao em

    tempo real com outras pessoas (pela

    Internet) e o conjunto de mdias

    disponveis para a construo de

    experincias nicas e criativas. (ProfessorMB)

    Com o computador h uma interao

    e com a tv e o vdeo no. (Professor MF)

    O ser humano, diante dos meios de

    comunicao de massa (tv, rdio, vdeo),

    apresenta-se na maioria das vezes de

    forma passiva, no interativa e

    participativa e muito menos reflexiva

    sobre suas verdadeiras funes, j que o

    computador pode tambm exercer essas

    mesmas funes, mas ele oferece muito

    mais possibilidades de ser um indiscutvel

    aliado dos educadores na formao

    intelectual, social e at moral dos

    indivduos. (Professor MG)

    Permite a maior interao entre

    professor-aluno-conhecimento na

    produo de recursos e assimilao das

    informaes. (Professor MI)

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    Outros professores, no entanto, reconhecem a importncia

    das outras mdias no processo ensino-aprendizagem.

    As trs ferramentas, usadas

    adequadamente, tm o mesmo grau deimportncia para o processo ensino-

    aprendizagem. (Professor MH)

    No meu entender todos devem ser

    trabalhados em conjunto. A diferena

    que o computador prende mais a ateno

    dos alunos e o gosto de aprender, pois

    uma tecnologia nova. (Professor MJ)

    Todas essas mdias so importantes,

    mas o computador tem bem mais

    recursos e os alunos quando esto no

    laboratrio tm tanta satisfao que no

    querem sair mais. possvel que, por

    prender tanto a ateno dos alunos, o

    computador faa uma grande diferena na

    formao dos alunos. (Professor MD)

    Por ser uma tecnologia nova (Professor MJ) e possivelmente

    prender mais a ateno dos alunos (Professor MD), o computador

    no espao escolar ainda encontra dificuldades de romper a barreira

    do modismo.

    A sua escola tem acesso Internet? De que tipo?

    As respostas encontradas por meio desta questo revelam a

    realidade desconectada das escolas pblicas do Amazonas. H

    computadores nas escolas, mas a comunicao em rede

    praticamente inexiste, subaproveitando assim os recursospedaggicos e a