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• PRESIDENTE DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL Fernando Henrique Cardoso

• MINISTRO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO Paulo Renato Souza

• MINISTRO EXTRAORDINÁRIO DOS ESPORTES Edson Arantes do Nascimento

• SECRETÁRIO DE DESPORTOS Joaquim Ignácio Cardoso Filho

• DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE DESPORTO SÓCIO-EDUCACIONAL Octávio Teixeira

• COORDENADORA GERAL DE ATENÇÃO DESPORTIVA À CRIANÇA Nilma Garcia Pettengil

• MINISTRO DA SAÚDE Adib Jatene

• SECRETÁRIO DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE Eduardo Leucovitz

• DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE ASSISTÊNCIA E PROMOÇÃO À SAÚDE Domingos Sávio do Nascimento Alves

• COODENADOR DE DOENÇAS CRÔNICO-DEGENERATIVAS Romero Bezerra Barbosa

• RESPONSÁVEL PELO PROGRAMA NO MS Ana Alice Fragoso Farias

• PROGRAMA DE EDUCAÇÃO E SAÚDE ATRAVÉS DO EXERCÍCIO FÍSICO E DO ESPORTE. MEC/MS COORDENAÇÃO - Antônia Dalla Pria Bankoff

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ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE

Orientações básicas sobre atividade física e saúde para profissionais das áreas de Educação e Saúde

Programa de Educação e Saúde através do Exercício Físico e do Esporte - MEC/MS

Elaboradores

• Tales de Carvalho

• José Galdino Silveira da Silva

• Dartagnan Pinto Guedes

Revisor

• Cláudio Gil Soares de Araújo

Coordenadora e Organizadora da Edição

• Antônia Dalla Pria Bankoff

Ministério da Educação e do Desporto Secretaria de Desporto

Ministério da Saúde Coordenação de Doenças Crônico-Degenerativas

1995

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© 1995 - Ministério da Educação e do Desporto Ministério da Saúde

É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte.

Impresso com recursos públicos do convênio Fundo Nacional de Desenvolvi-mento do Esporte nº 195/94 entre o Ministério da Educação e do Desporto e a Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP.

Distribuição gratuita - proibida a venda.

Tiragem: 10.000 exemplares.

Edição e distribuição: Secretaria de Desporto/Ministério da Educação e do Desporto e Coordenação de Doenças Crônico-Degenerativas/Departamento de Assistência e Promoção à Saúde/Secretaria de Assistência à Saúde/MS. Fone: (061) 322-1842 Fone: (061) 225-6388

Impresso no Brasil - Printed in Brazil ISBN 85-334-0090-X

Brasil - Ministério da Saúde. Coordenação de Doenças Crônico-Degenerativas.

Orientações básicas sobre atividade física e saúde para profissionais das áreas de Educação e Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, Ministério da Educação e do Desporto, 1995. 68 p.: il.

1. I. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto

Título original: Atividade Física e Saúde

-1995

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PREFÁCIO

Examinei o presente manual que contém informações básicas sobre Atividade Físi-ca e Saúde para profissionais das áreas de educação e saúde e fiquei sensibilizado pela qualidade do material didático e pela oportunidade da publicação.

Obras como esta tem fundamental importância na melhoria dos conhecimentos ne-cessários para o adequado exercício profissional em ambas as áreas, além de despertar a idéia da necessária luta contra a inércia e a falta de documentos bem escritos, didáti-cos, e fundamentais para o bom desempenho das atividades de nossos educadores e agentes de saúde.

Sinto-me feliz por verificar que também nesta área a UNICAMP exerce sua tradi-cional ação de trabalho cooperativo com as autoridades federais (Ministérios da Educa-ção e do Desporto e da Saúde). Estão portanto de parabéns todos os que contribuíram com esta edição, e os ministérios que tornaram possível o desenvolvimento do trabalho realizado.

Congratulações a todos.

Campinas, Dezembro de 1994.

JOSÉ MARTINS FILHO

Reitor da UNICAMP

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ÍNDICE

Apresentação ..................................................................................................................11

CAPÍTULO 1 - Apresentação, Objetivo Geral, Objetivos Específicos e Orientação ao leitor. ..................................................................................................13

1 - Doenças crônico-degenerativas no Brasil..................................................................15 1.1 - Quadro das doenças crônico-degenerativas..............................................................15 1.2 - Gastos com saúde....................................................................................................20

CAPÍTULO 2 - Apresentação, Objetivo Geral, Objetivos Específicos e Orientação ao leitor. ..................................................................................................13

2 - Fatores de risco coronariano e a influência da atividade física....................................23 2.1 - Fatores de risco coronariano-fixos emodificáveis .....................................................23 2.2 - Influência da atividade física sobre os fatores de risco coronariano............................26

Avaliação-Capítulos 1 e2.........................................................................................27

CAPÍTULO 3 - Apresentação, Objetivo Geral, Objetivos Específicos e Orientação ao leitor ..................................................................................................29

3 - Noções básicas de bioenergética aplicada à atividade física......................................31 3.1 - Fontes de energia para ressíntese do ATP.................................................................31 3.2 - Princípios bioquímicos da fisiologia da atividade motora.............................................32 3.3 - Metabolismo energético ...........................................................................................33 3.4 - Tipos de fibras musculares .......................................................................................35 3.5 - Tipos de contração muscular.....................................................................................36 3.6 - Principais diferenças entre atividades físicas aeróbias e anaeróbias ..........................36

CAPÍTULO 4 - Apresentação, Objetivo Geral, Objetivos Específicos e Orientação ao leitor.................................................................................................. 29

4 - Efeitos fisiológicos da atividade física .......................................................................39 4.1 - Efeitos do treinamento a nível de fibras musculares esqueléticas .............................40 4.2 - Efeitos do treinamento a nível cardiovascular e respiratório...................................... .41

CAPÍTULO 5 - Apresentação, Objetivo Geral, Objetivos Específicos e Orientação ao leitor...................................................................................................29

5 - Atividade física e as doenças crônico-degenerativas ..................................................45 5.1 - Atividade física e fatores de risco............................................................................. .46

Avaliação - Capítulos 3,4 e 5.................................................................................... 47

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CAPITULO 6 - Apresentação, Objetivo Geral, Objetivos Específicos e Orientação ao leitor.................................................................................................. 49

6 - Atividade física, aptidão física e saúde ..................................................................... 51 6.1 - Definição de aptidão física ...................................................................................... 51 6.2 - Resistência cárdio-respiratória................................................................................. 53 6.3 - Força/resistência muscular e flexibilidade................................................................ 54 6.4- Composição corporal .............................................................................................. 55

CAPÍTULO 7 - Apresentação, Objetivo Geral, Objetivos Específicos e Orientação ao leitor.................................................................................................. 49

7 - Prescrição e orientação da atividade física direcionada à promoção da saúde .......... 57 7.1 - Princípios biológicos dos programas de atividades físicas ......................................... 57 7.2 - Disposição seqüencial, duração, freqüência semanal e intensidade dos exercíci-

os físicos ................................................................................................................ 59 7.3 - Tipo de exercício físico direcionado à promoção da saúde ........................................ 62

Avaliação - Capítulos 6 e 7........................................................................................63

8 - Bibliografia básica................................................................................................... 65

9 - Artigos científicos para aprofundamento e consulta....................................................67

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ELABORADORES

CAPÍTULOS 1 e 2

• Tales de Carvalho • Professor da Universidade do Estado de Santa Catarina. • Coordenador do Núcleo de Cardiologia e Medicina Desportiva, Florianópolis - Santa Catarina. • Coordenador do Programa Interinstitucional de Prevenção e Reabilitação Cardiovascular de Santa

Catarina. • Consultor do Programa de Educação e Saúde através do Exercício Físico e do Esporte pelos Ministérios

da Educação e do Desporto e da Saúde.

CAPÍTULOS 3,4 e 5

• José Galdino Silveira da Silva • Professor Assistente da Universidade Católica de Salvador. • Especialista em Medicina Desportiva pela Federação Brasileira de Medicina Desportiva. • Médico Diretor Geral do Instituto de Ciências da Atividade Física - Salvador - Bahia. • Consultor do Programa de Educação e Saúde através do Exercício Físico e do Esporte pelos Ministérios

da Educação e do Desporto e da Saúde.

CAPÍTULOS 6e7

• Dartagnan Pinto Guedes • Professor Adjunto da Universidade Estadual de Londrina. • Doutor em Biodinâmica do Movimento Humano pela Universidade de São Paulo. • Consultor do Programa de Educação e Saúde através do Exercício Físico e do Esporte pelos Ministérios

da Educação e do Desporto e da Saúde.

REVISOR

• Cláudio Gil Soares de Araújo • Professor Adjunto da Universidade Federal Fluminense. • Médico do Serviço de Cardiologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho - UFRJ • Doutor em Ciências pela UFRJ. • Consultor do Programa de Educação e Saúde através do Exercício Físico e do Esporte pelos Ministérios

da Educação e do Desporto e da Saúde.

COORDENADORA E ORGANIZADORA DA EDIÇÃO

• Antônia Dalla Pria Bankoff • Professora da UNICAMP • Doutor em Ciências - USP. • Coordenadora do Programa de Educação e Saúde através do Exercício Físico e do Esporte pelos Minis-

térios da Educação e do Desporto e da Saúde.

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APRESENTAÇÃO

Este Manual destina-se, em um sentido amplo, aos profissionais das áreas de Edu-cação e Saúde que pretendem utilizar o exercício físico como instrumento de promoção da saúde. Atende portanto aqueles que trabalham com crianças, adolescentes, adultos ou idosos, sejam eles saudáveis ou não. Espera-se que este profissional, possa sentir-se mais seguro e capacitado para orientar as pessoas para o exercício físico, permitindo que elas minimizem os riscos e maximizem os benefícios da prática regular e saudável da atividade física.

O conteúdo e o enfoque do material constante deste Manual foram selecionados visando preencher uma lacuna na formação dos recursos humanos da área de saúde, já que esta temática - Exercício Físico e Saúde - é freqüentemente omitida ou discutida de forma apenas superficial nos cursos superiores desta área de conhecimento.

Procurou-se preparar um material didático que fosse, ao mesmo tempo, atualizado e contextualizado à realidade brasileira. Conceitos básicos e informações relevantes são apresentados em uma seqüência lógica, muito embora seja possível a leitura e o estudo separado de cada um dos capítulos deste Manual. Por outro lado, deve-se destacar que o Manual não pretende (e não poderia ser de outra forma) substituir livros-texto das áreas afins, especialmente no que se refere à Bioquímica e à Fisiologia do Exercício, mas sim proporcionar uma leitura objetiva e prática dos principais aspectos destas áreas naquilo que mais se aplica à temática de exercício físico e saúde.

Ao final do Manual, o leitor encontrará uma listagem bibliográfica ampla e atualizada que foi dividida em material de referência básica e artigos científicos para aprofundamento em temas específicos. Ainda que esta bibliografia não esgote o assunto, ela prioriza publi-cações de acesso mais fácil e atualizadas.

Finalmente, espera-se, como um dos efeitos positivos do estudo e leitura deste Manual, que o leitor não somente passe a preconizar a prática regular do exercício físico, como também adote, no âmbito pessoal e de sua família, esta mesma postura saudável.

ROMERO BEZERRA BARBOSA

Coordenador de Doenças Crônico-Degenerativas

Ministério da Saúde

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Capítulos 1 e 2 - APRESENTAÇÃO

No capítulo 1 existiu uma preocupação em mostrar o quadro das doenças crônico-degenerativas no Brasil por grandes regiões, destacando as doenças do aparelho circula-tório, e a hipertensão arterial na população adulta no Brasil. Também houve preocupação em mostrar os gastos e os baixos investimentos em saúde em nosso país, contrariando a proposta da Organização Mundial de Saúde.

O capítulo 2 dá ênfase aos fatores de risco coronariano fixos e modificáveis, cha-mando atenção dos profissionais das áreas de Educação e Saúde, para um alerta geral sobre a importância de se modificar os hábitos de vida adquiridos e incorporados no dia a dia do homem. Paralelamente, retrata a importância da prática da atividade física regular como fator relevante na modificação destes hábitos de vida.

OBJETIVO GERAL:

Demonstrar o quadro geral sobre a situação' das doenças crônico-degenerativas e suas repercuções em termos de saúde pública, assim como as suas principais causas no sentido mais amplo.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

- Identificar as principais doenças do grupo de crônico-degenerativas; - Identificar os dados de morbidade e mortalidade das doenças crônico-degenerativas; - Determinar a importância e as repercuções em termos de saúde pública; - Identificar os agentes causais, chamados fatores de risco, responsabilizados pe-

las doenças crônico-degenerativas; - Identificar o estilo saudável de vida capaz de afastar os agentes causais ou fatores

de risco; - Discutir as repercuções da prática da atividade física regular sobre os agentes

causais ou fatores de risco;

ORIENTAÇÃO AO LEITOR:

Ao iniciar a leitura destes capítulos (1 e 2), refletir sobre a situação alarmante das doenças crônico-degenerativas, procurando incorporar os dados aqui apresentados, no sentido de discuti-los no âmbito da educação e da saúde.

Lembrar que as orientações dizem respeito tanto à prevenção, como ao tratamento das doenças crônico-degenerativas, utilizando a prática regular da atividade física, e lem-brar, que as recomendações não são somente para doentes, mas para todos aqueles que desfrutam e se preocupam com seu estado de saúde.

Caso o leitor tenha necessidade de um aprofundamento maior sobre atividade física e doenças crônico-degenerativas, no final do referido Manual, recomendamos fontes bi-bliográficas apropriadas.

Também o mesmo poderá se inscrever no curso de educação a distância em exer-cício físico e saúde, obtendo informações através dos núcleos estaduais, ou através da coordenação de doenças crônico-degenerativas do Ministério da Saúde.

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CAPÍTULO 1

• Tales de Carvalho

1 - DOENÇAS CRÔNICO-DEGENERATIVAS NO BRASIL

A classificação de doenças crônico-degenerativas inclui, entre outras, as enfermida-des cardiovasculares tais como a hipertensão arterial, a doença coronariana aterosclerótica, as arteriopatias periféricas, além do diabetes mellitus e das doenças pulmonares obstrutivo-crônicas. Para a finalidade básica deste Manual, centraremos a nossa discussão nas doenças crônico-degenerativas do sistema cardiovascular, em face de sua relevância e prevalência.

1.1 - Quadro das doenças crônico-degenerativas

Principalmente a partir de 1930, tem havido importante mudança nas causas de morbidade e mortalidade no país. Tal modificação decorreu de acentuada redução das doenças infecto-parasitárias, predominantemente nas regiões sudeste e sul, com cresci-mento do conjunto de doenças crônico-degenerativas, representadas principalmente pe-las doenças do aparelho circulatório e, em segundo lugar, pelas neoplasias. Já na década de 1980, o conjunto de doenças crônico-degenerativas, era responsável por mais de 50% dos óbitos registrados, considerando todas as idades (Figuras 1 e 2).

Figura 1

MORTALIDADE PROPORCIONAL POR GRUPOS DE CAUSAS: POR GRANDES REGIÕES BRASIL-1984

*Excluídas as causas mal-definidas Fonte: DIVISÃO NACIONAL DE EPIDEMIOLOGIA/SNABS - MS

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Figura 2

COEFICIENTE DE MORTALIDADE, POR ALGUMAS CAUSAS, CAPITAIS BRASILEIRAS 1940/1988

Fonte: Mortalidade nas capitais brasileiras 1930-1988 RADIS Dados 2: 1-8, ago; 1984 CENEPI - Centro Nacional de Epidemiologia - Ministério da Saúde

Quando se trata de pessoas com idade igual ou superior a 50 anos, contingente cada vez mais expressivo de uma população que vem "envelhecendo", a situação se torna mais evidente, sendo muito maior o predomínio da mortalidade por doenças cardiovasculares (Figura 3).

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Figura 3

MORTALIDADE PROPORCIONAL, POR GRUPOS DE CAUSAS, SEGUNDO GRUPOS ETÁRIOS BRASIL-1984

No Brasil pelo menos 300 mil pessoas/ano falecem por doenças cardiovasculares. Cerca de 2 milhões e 500 mil pessoas/ano são acometidas de infarto do miocárdio, e falecem em torno de 214 mil pessoas/ano, devido a esta doença. Na população adulta, pelo menos 15% possuem hipertensão arterial, o que significa no mínimo 12 milhões de hipertensos, muito embora alguns levantamentos apontem para um número de até 20 milhões de hipertensos (Figura 4).

Figura 4

ESTIMATIVA DE PREVALÊNCIA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL NA POPULAÇÃO ADULTA

BRASIL-1991

11.965.565 HIPERTENSOS

Fonte: CENEPI - Centro Nacional de Epidemiologia - Ministério da Saúde IBGE- Censo Populacional de 1991

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Além da hipertensão arterial e da doença coronariana, cujos dados já foram expos-tos, existe ainda no Brasil, cerca de sete milhões de portadores de doença de Chagas e a doença reumática apresenta uma prevalência importante, contribuindo decisivamente para este sério quadro da saúde em nosso país. Tanto a doença de Chagas, como a doença reumática, estão relacionadas à pobreza e más condições sanitárias. Em nosso país, portanto, a exemplo do que ocorre em outros países de difícil situação sócio-econômica, as doenças provocadas por estilo de vida são um fardo suplementar para recursos escas-sos.

Para complicar ainda mais a situação, o Primeiro Censo Nacional de Diabetes Mellitus, realizado em nove capitais, apresentou uma incidência média de 7,6%, permitindo uma expectativa aproximada de 4 milhões e 500 mil diabéticos no país, dos quais cerca de 2 milhões não sabem ser portadores da doença e 1/5 dos que sabem da doença não se-guem nenhum tratamento. Deste modo, em torno de 50% do total dos diabéticos não se submetem a qualquer tratamento.

Tabela 1

PREVALÊNCIA%

CAPITAL DIABETES MELLITUS INTOLERÂNCIA À GLICOSE

BELÉM 7,2 9,5

BRASÍLIA 5,2 4,5 FORTALEZA 6,5 5,8 JOÃO PESSOA 7,9 7,2 PORTO ALEGRE 8,9 12,2 RECIFE 6,4 5,4 RIO DE JANEIRO 7,5 9,2 SALVADOR 7,9 4,8 SÃO PAULO 9,7 11,2 TOTAL 7,6 7,8

* População padrão = população brasileira do Censo de 1980

Obviamente que os números referentes às doenças crônico-degenerativas no Brasil têm muito a ver com mudanças profundas no modo de vida, que dentre outras coisas, reduziu bastante o gasto energético da população, por exemplo:

- Nas últimas décadas ocorreu uma radical mudança na distribuição da população, face ao grande êxodo rural. Enquanto que em 1940 cerca de 70% da população vivia no campo e apenas 30% nas regiões urbanas, atualmente a situação se inverteu e mais de 70% da população é urbana (Figura 5).

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Figura 5

EVOLUÇÃO DA COMPOSIÇÃO POPULACIONAL BRASIL: 1940/1990

Fonte: FUNDAÇÃO LUDWIG

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA

- Crescimento substantivo de atividades terciárias, consideradas leves. Na década de 70, por exemplo, o setor secundário empregava relativamente mais trabalhadores concentrados na indústria de construção civil, do que atualmente.

- Modernização dos processos produtivos, inclusive no campo, como ocorre por exemplo na agricultura.

- Pouco tempo destinado ao lazer, em parte pelas dificuldades de locomoção, princi-palmente nos grandes centros, onde muitas horas/dia são perdidas no percurso entre a residência e o trabalho. Além da redução do tempo de lazer, ainda se soma o fato de que parte significativa deste tempo é gasto passivamente, inativo, frente à televisão, principal-mente nos fins de semana.

Deste modo, mais do que na forma de trabalhar, vem ocorrendo considerável mu-dança na forma de viver da população brasileira, com uma vida cada vez mais sedentária, acarretando uma redução importante do gasto energético.

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1.2 - Gastos com saúde

Aspecto de maior relevância para a deplorável situação em que nos encontramos, decorre dos baixíssimos investimentos em saúde. Em 1992 o governo federal gastou apenas 1,67% do PIB em saúde, enquanto que em 1990, o gasto total, público e privado, implicou em 3,19% do PIB (Figuras 6 e 7).

GASTO TOTAL EM SAÚDE NO BRASIL

(Público + Privado)

Figura 7

Fonte: IPEA Previsto para 1993 - entre 3 e 3,2% do PIB

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Se os gastos já eram excessivamente baixos, a situação vem progressivamente piorando. Em 1990 o Brasil, situado entre as 10 maiores economias do mundo, apresen-tou um gasto de 63,4 dólares/ano per capita, praticamente igual ao da Somália, um dos mais miseráveis países do mundo, que foi de 60 dólares/ano per capita. Para se ter uma idéia da situação, basta lembrarmos que a Organização Mundial da Saúde propõe, como mínimo, um gasto de 500 dólares/ano per capita (Figuras 8 e 9).

Figura 8

INVESTIMENTOS PÚBLICOS EM SAÚDE - 1990 (mil dólares/ano per capita)

Fonte: OMS Proposta mínima da OMS - 500 dólares per capita/ano

Figura 9

GASTOS DA UNIÃO EM SAÚDE Per Capita (dólares)

Fonte: IPEA Estimativa da AMB - para 1993 - 40 dólares per capita

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Como se tudo isso não bastasse, o Brasil ainda consegue gastar, o quase nada que é destinado à saúde, muito mal! Ou seja, gasta muito com procedimentos caros, sofistica-dos e muitas vezes usados desnecessariamente, como as cirurgias revascularizadoras do miocárdio e outros procedimentos invasivos como as angioplastias, em detrimento de procedimentos prioritários, baratos e de excelentes resultados, como os programas de prevenção e reabilitação cardiovascular. Para comprovar isto, basta verificarmos os nú-meros, que colocam o Brasil entre os maiores realizadores de cirurgias cardíacas e ou-tros procedimentos invasivos, que no caso da doença coronariana, por exemplo, quando considerados isoladamente, significa desperdício financeiro considerável.

Paradoxalmente, no nosso país é mais fácil encaminhar um paciente, inclusive da previdência social, para um estudo hemodinâmico seguido de cirurgia, do que colocá-lo em um programa de reabilitação cardiovascular. Ou seja, não existe à disposição do paciente o que significa um procedimento prioritário, obrigatório, inclusive após a cirurgia de revascularização.

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CAPÍTULO 2

• Tales de Carvalho

2 - FATORES DE RISCO CORONARIANO E A INFLUÊNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA

2.1 - Fatores de risco coronariano - fixos e modificáveis

Só se pode conceber um combate consistente às doenças crônico-degenerativas, na medida em que as causas são identificadas e, quando possível, removidas. Fatores ou causas, conhecidos como risco, vêm sendo investigadas de forma mais sistemática a partir do estudo de Framingham, desde 1947, quando a população desta localidade ame-ricana passou a ser acompanhada e certos aspectos passaram a ser correlacionados com a incidência e a mortalidade, em função das doenças crônico-degenerativas, particu-larmente da doença das coronárias. Posteriormente, outros estudos importantes foram executados, de modo a termos hoje um rol bem estabelecido de fatores, tidos como de risco, para o surgimento das doenças crônico-degenerativas.

Quando se fala em doença coronariana aterosclerótica, a principal em termos de morbidade e mortalidade em nossa civilização, conforme já foi discutido anteriormente neste Manual, há que se considerar dois grupos de fatores ou agentes causais: os fixos, a princípio não modificáveis e os adquiridos, que podem ser removidos, portanto, modificáveis. Este segundo grupo de fatores depende diretamente dos hábitos, isto é, do estilo de vida, conforme procuraremos evidenciar neste capítulo.

Dentre os fixos, aqueles sobre os quais não podemos agir estão: sexo, idade e história familiar. No que se refere ao sexo, observa-se que as mulheres, até a menopau-sa, tendem a estar mais protegidas que os homens em função da presença do hormônio estrogênio.

A idade mais avançada significa maior possibilidade de surgimento da doença com suas conseqüências, pelo fato de, em geral, a aterosclerose ser um processo de instala-ção lenta e gradativa, manifestando-se clinicamente quase sempre décadas após o início do processo.

Já a história familiar de morte ou doença cardiovascular prematura (em geral antes dos 55 anos de idade) se constitui em um fator de risco muito importante, embora muitas vezes fatores adquiridos, decorrentes de hábitos familiares, possam se confundir com aqueles provenientes da herança genética.

QUADRO 1 - FATORES DE RISCO CORONARIANO FIXOS E MODIFICÁVEIS

Fixos •IDADE •SEXO •HISTÓRIA FAMILIAR

Modificáveis

•FUMO • HIPERCOLESTEROLEMIA • HIPERTENSÃO ARTERIAL • INTOLERÂNCIA À GLICOSE •SEDENTARISMO •Outros: HIPERTRIGLICERIDEMIA, HIPERURICEMIA, OBESI DADE, ISOLAMENTO SOCIAL,ESTRESSE, COMPORTAMEN-TO TIPO A e EDUCAÇÃO.

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Quando se trata dos fatores de risco adquiridos ou modificáveis, existe uma íntima relação com os hábitos e, portanto, com o modo de viver. Hoje em dia se considera que sejam cinco os principais fatores de risco adquiridos: fumo, hipercolesterolemia, hiperten-são arterial, intolerância à glicose e sedentarismo, sendo que a inclusão destes dois últi-mos é relativamente recente. Além dos já mencionados, pode-se ainda considerar a hipertrigliceridemia, hiperuricemia e obesidade, além de fatores nitidamente comporta-mentais, como isolamento social, educação, tensão e ou ansiedade e comportamento tipo A.

O fumo é considerado pela Organização Mundial da Saúde como a principal causa de doença no mundo, inclusive no que se refere às doenças cardiovasculares. Existem várias formas através das quais o fumo agride o organismo e também, vários mecanis-mos pelos quais causa transtornos cardiocirculatórios. A exposição ao fumo é normal-mente quantificada em maços/dia por um período de anos.

A hipertensão arterial tem seus próprios fatores de risco, quando se trata de forma essencial ou primária, que representa a grande maioria dos casos: obesidade, álcool, sedentarismo, alimentação (principalmente rica em sal, mas também em gordura animal e açúcar industrializado), diabetes mellitus, fumo, estresse etc, todos ligados ao estilo de vida. Quanto à hipercolesterolemia (elevação dos níveis de colesterol no sangue), existe consistência na literatura em demonstrar uma nítida correlação com a incidência de coronariopatia aterosclerótica, tratando-se provavelmente do único fator direto de aterosclerose. A importância deste fator na etiologia da doença coronariana fica mais evidente a partir da afirmativa do Dr. William Roberts, que refere jamais ter presenciado um só caso de doença coronariana aterosclerótica que não apresentasse colesterol total acima de 150 mg%. Quando se fala de prevenção, considera-se como ideal para um indivíduo adulto um valor de colesterol total pelo menos igual ou abaixo de 200 mg%. Contudo uma análise mais detalhada da questão da hipercolesterolemia demanda a quantificação das subtrações do colesterol, já que valores elevados do componente liga-do à lipoproteína de alta densidade (HDL-C) são benéficos para a saúde, enquanto uma elevação da fração ligada à lipoproteína de baixa densidade (LDL-C) favorece a aterogênese. Uma outra forma de expressar esta questão, é através da relação entre colesterol total e HDL-C, que deverá situar-se idealmente abaixo de 4,5.

O diabetes mellitus, expressão mais grave da intolerância à glicose, está freqüentemente associado à hipertensão arterial e à aterosclerose, acelerando a história natural e o aparecimento de complicações cardiovasculares.

Em relação ao sedentarismo, existem claras evidências para considerá-lo como o principal fator de risco coronariano em termos de uma comunidade, já que o seu risco relativo é consideravelmente alto e sua prevalência é bastante maior do que a dos outros fatores. Acredita-se que no Brasil, a maior parte da população adulta dos dois sexos possa ser classificada como fisicamente inativa, enquanto apenas uma parcela muito pequena - entre 15 a 25% - seria considerada como fisicamente ativa de forma regular.

Nas últimas décadas, vários estudos epidemiológicos importantes relacionaram um maior nível de atividade física regular, com uma menor incidência de doenças cardiovas-culares. Dentre estes vários trabalhos, escolhemos três deles para ilustrar melhor esta relação. O Prof. Jeremy Morris, de Londres, constatou que os cobradores de ônibus lon-drinos de dois andares, tinham freqüentemente menos complicações cardiovasculares e possuíam um nível de atividade física mais intensa do que os motoristas destes mesmos veículos. Já o Prof. Ralph Paffenbarger e seus colaboradores acompanharam por quase

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duas décadas, cerca de 17 mil ex-alunos da Universidade de Harvard, tendo observado um efeito protetor da atividade física regular de moderada intensidade e volume sobre a morbidade e a mortalidade cardiovascular, que chegava a neutralizar, pelo menos em parte, o efeito deletério do fumo, de uma história familiar de doenças cardiovasculares e da obesidade. Em outro estudo já mais recente e denominado de MR. FIT (Multiply Risk Factor Intervention Trial), observou-se que até mesmo atividades físicas de baixa intensi-dade, tais como a jardinagem ou a caminhada, podem acarretar uma redução significati-va das manifestações da doença coronariana.

Mais recentemente passaram a surgir trabalhos mostrando que um estilo saudável de vida, que conte com a prática regular de exercício físico, pode impedir a progressão de uma doença aterosclerótica já estabelecida e em alguns casos, pode até mesmo ocasio-nar a sua regressão. Neste sentido é conveniente comentarmos dois trabalhos: 1) Ornish e colaboradores, mostraram 82% de regressão e 94% de estabilização da doença coronariana aterosclerótica, com um acompanhamento de apenas um ano, em grupo de pacientes submetidos a uma alimentação pobre em gordura animal (quase exclusiva-mente vegetariana, pois só era permitido clara de ovo e leite desnatado dos produtos de origem animal), técnicas de relaxamento e prática regular de exercício físico de baixa ou moderada intensidade, resultados estes que eram significativamente distintos dos encon-trados no grupo controle tratado de modo convencional. 2) Já o trabalho de Hambrecht e colaboradores é ainda mais impressionante, na medida em que demonstrou o efeito inde-pendente do exercício físico, inclusive na regressão da aterosclerose, desde que usado em quantidade considerável. Este efeito, às custas exclusivamente da atividade física, ocorreu com o gasto calórico igual ou superior a 2200 kcal semanais. Isto significa, por exemplo, correr cerca de 40 minutos, cinco a seis vezes por semana.

Comentando de forma breve os fatores de risco secundários, merece destaque a eventual relação entre obesidade e doença coronariana. Muito embora persista alguma controvérsia, estudos epidemiológicos prospectivos, em homens e mulheres, têm nitida-mente correlacionado a obesidade caracterizada por deposição de gordura predominan-temente abdominal, com um maior risco de doença isquêmica cardíaca e morte, indepen-dente do nível total de obesidade. Considera-se, deste modo, que muito mais do que a obesidade geral, o seu subtipo dito masculino ou andróide, apresenta importante correla-ção com alterações metabólicas, tanto em homens como em mulheres. Pode-se determi-nar um maior risco quando a relação entre as circunferências de cintura e quadril for maior do que 1,0 e 0,8, respectivamente, em homens e mulheres.

Existe um grupo que muitas vezes não é devidamente considerado e que alguns estudos epidemiológicos prospectivos têm demonstrado ser relevantes no estabeleci-mento do risco de incidência, ou mesmo, de reincidência de episódios agudos cardiovasculares, como isolamento social, nível de educação, comportamento tipo A e estresse (entenda-se por tensão e ansiedade exagerados).

A remoção de cada um de todos estes fatores considerados, por si só é importante, quando um estudo mostra, por exemplo, que queda de apenas 11% do LDL-C implica em redução de expectativa de doença coronariana de 19% e queda de 35% do LDL-C implica em redução de cerca de 49% do risco. Ao mesmo tempo estes fatores são interligados, interdependentes e, na medida em que se começa a removê-los, acontece um verdadeiro "efeito dominó", pois cada um que é reduzido ou removido acaba interferindo sobre os demais.

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2.2 - A influência da atividade física sobre os fatores de risco coronariano

Nesse sentido é interessante observar a influência que a atividade física regular de-sempenha sobre os demais. Não é provavelmente exagerado dizer que a atividade física regular atua, de forma direta ou indireta, em praticamente todos os fatores adquiridos e pode até neutralizar alguns dos fixos.

O exercício físico é um tranqüilizante natural. Cooper costuma dizer que o exercício "queima estresse". Além disso, possibilita a ampliação do convívio social; reduz a procura ao álcool e ao fumo; combate a obesidade e o diabetes, consumindo calorias e aceleran-do o metabolismo, enquanto reduz os níveis de ácido úrico e de triglicerídios.

Quando se discute a problemática de promoção da saúde e a prevenção das doen-ças cardiovasculares, a abordagem deverá ser preferencialmente multifatorial e voltada para um enfoque mais global ou holístico.

Retornando ao estudo feito por Ornish e colaboradores, houve uma clara demons-tração de que modificações radicais de estilo de vida - dieta, exercício e redução de estresse - provocaram até 10% de redução em média no grau de obstrução coronariana, o que implicou em duplicação da perfusão miocárdica, normalização da pressão arterial, sensação de melhoria de saúde e maior disposição. O colesterol total caiu de uma média de 227 para 172 mg%. Houve uma acentuada melhora clínica, com redução de 95% dos eventos clínicos e significativa diminuição do número, duração e intensidade dos episó-dios de angina. O resultado final foi que 82% dos pacientes mostraram regressão e 14% deles apresentaram estabilização, com impressionantes vantagens sobre os 19 pacien-tes que compunham o grupo controle, submetidos ao tratamento cardiológico convencio-nal.

Na realidade esta abordagem sobre os fatores de risco ou voltada para modifica-ções no estilo de vida, não significa um confronto com o tratamento tido como convenci-onal, que no nosso meio é sinônimo do uso de medicamentos e procedimentos invasivos, quase sempre sem utilizar um tratamento global conseqüente. Trata-se, portanto, de um tratamento limitado, muitas vezes até desnecessário, mas que, mesmo quando bem indi-cado, não possibilita a recuperação que se pode atingir, sendo de certo modo inócuo, embora caro, sofisticado e agressivo. Obviamente este tratamento tido como convencio-nal deve ser cogitado, porém como procedimentos eventuais, somente quando realmen-te necessários.

Para concluir podemos parafrasear Ornish afirmando que "99% das doenças coronarianas, o principal flagelo da saúde, são completamente evitáveis, naturalmente às custas de um estilo de vida saudável, em que sempre existe uma grande oportunidade para melhorar a qualidade de vida."

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AVALIAÇÃO - Capítulos 1 e 2

Nos últimos 5 anos os investimentos per capita/ano em saúde, no Brasil: a) Vêm crescendo. b) Permanecem inalterados. c) Vêm decrescendo.

No que se refere a doença coronariana é correto afirmar que: a) Procedimentos invasivos (cirurgias revascularizadoras e angioplastias)

isoladamente aumentam a sobrevida. b) Mudança de estilo de vida, que contemple o hábito regular de exercício fí-

sico, isoladamente aumenta a sobrevida. c) Somente a soma das duas alternativas anteriores aumenta a sobrevida.

É correto afirmar que o sedentarismo é considerado um dos: a) Fatores maiores ou principais para doenças cardiovasculares, independen-

te do sexo. b) Fatores menores ou secundários para doenças cardiovasculares, indepen-

dente do sexo. c) Fatores maiores entre os homens e menores entre a mulheres, para

doenças cardiovasculares.

É considerado mais importante, como fator de risco para doenças crônico-degenerativas: a) Obesidade de Tronco (Relação circunferência da cintura/circunferência

do quadril elevada), tanto para homens como para mulheres. b) Obesidade de Tronco (Relação da circunferência abdominal/circunferên-

cia do quadril elevada), somente para homens. c) Obesidade, independente de localização.

Fala-se em regressão de aterosclerose relacionada a mudança de estilo de vida como algo: a) Absolutamente possível. b) Absolutamente impossível. c) Possível desde que haja uso concomitante de medicamentos que redu-

zam os lipídios sangüíneos.

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Capítulos 3, 4 e 5 - APRESENTAÇÃO

À atividade física e à saúde transcendem o axioma reducionista "Mens Sana in Corpore Sano" para adentrar numa perspectiva globalizadora, capaz de entender as rela-ções físicas como resultado do estado psíquico, social e emocional do homem, inserido no contexto Sócio-Cultural do seu tempo. É um grande erro prosseguir-se, no campo das ciên-cias do esporte, com uma ideologia do acaso, no reducionismo positivista, não se avançando para um saber científico interdisciplinar à luz da problemática antropológica moderna, que se esforça para abranger a totalidade do homem. Por isso, acreditamos na necessidade de informar e qualificar os profissionais da área de educação e da saúde sobre a orientação correta da prática de atividades físicas como agente de promoção da saúde, prevenção e tratamento das doenças crônico-degenerativas, que têm na hipocinesia um fator agravante para limitação e deterioração da capacidade de performance humana no cotidiano.

Na produção destes capítulos procuramos evidenciar e demonstrar: - a efetiva contribuição dos aspectos bioquímicos e histológicos que regem a fisiolo-

gia da contração muscular; - os efeitos benéficos e as alterações anátomo-fisiológicas que as atividades físicas

podem gerar no organismo humano; - as principais doenças crônico-degenerativas onde a atividade física tem influência

decisiva na prevenção e controle da evolução do processo deletério, contribuindo efetivamente na redução do custo de tratamento e na melhoria da qualidade de vida das pessoas.

OBJETIVO GERAL:

Fornecer conceitos básicos para entendimento dos aspectos bioenergéticos que influenciam na fisiologia das atividades físicas, bem como informar os efeitos benéficos da atividade física sobre as doenças crônico-degenerativas.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

- Conceituar bioenergética, metabolismo, e homeostasia. - Identificar como o organismo obtém a energia química a partir da metabolização

dos alimentos, separando, utilizando e armazenando os nutrientes que são utiliza-dos como substrato energético para manutenção da vida celular.

- Reconhecer o papel do ATP - AdenosinaTrifosfato como fonte de energia imediata para o trabalho de contração muscular, além de outros fosfatos de alta energia que dão suporte energético durante as atividades físicas e desportivas.

- Identificar como o equilíbrio e harmonização da intensidade e da duração da tarefa solicitada ao organismo desencadeia ajustamentos bioquímicos e metabólicos es-pecíficos para uma boa resposta fisiológica durante as atividades físicas.

- Identificar a diferença entre tipos de metabolismo e vias metabólicas. - Caracterizar as três vias metabólicas responsáveis pela ressíntese do ATP para

manutenção da proposta de trabalho muscular. - Identificar a(s) via(s) metabólica(s) de ressíntese de ATP conforme a intensidade,

a duração, e o tipo de metabolismo que predominará durante a atividade física.

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- Conceituar e descrever os tipos de fibras musculares correlacionando-as com as vias metabólicas e tipos de metabolismos preferenciais.

- Conceituar e descrever os tipos de contração muscular correlacionando-os com o tipo de atividade física solicitada.

- Caracterizar as principais diferenças entre atividades físicas aeróbias e anaeróbias. - Caracterizar e descrever os princípios que regem o treinamento fisiológico. - Conceituar condicionamento fisiológico. - Identificar as principais respostas adaptativas que o treinamento é capaz de causar

a nível de fibras musculares. - Reconhecer as principais respostas e adaptações dos sistemas cardiovascular, res-

piratório e locomotor ao espaço físico. - Explicar, de forma superficial, como as atividades físicas influenciam no tratamento

e controle dos fatores de risco coronariano.

ORIENTAÇÃO AO LEITOR:

A leitura destes capítulos representa uma sinopse dos vários assuntos que se rela-cionam com o esclarecimento, conceitos e caracterizações dos princípios bioquímicos, anatômicos e fisiológicos, assim como, as respostas e as adaptações que a atividade física pode desencadear no organismo. Os assuntos são muito vastos e, certamente, não estão esgotados aqui. Partimos do entendimento da nutrição celular para evidenciarmos e caracterizarmos a forma como cada tipo de fibra muscular esquelética obtém energia para realizar a função motora.

No terceiro capítulo a seqüência do assunto permite esclarecer e definir como se classifica e diferencia uma atividade física aeróbia de uma anaeróbia estabelecendo a identificação e caracterização específica de cada uma delas.

No quarto capítulo enfocamos as variáveis que influenciam diretamente na resposta do organismo, ao esforço físico, salientando os efeitos agudos (transitórios) e crônicos (permanentes) que as atividades físicas podem causar aos mais variados órgãos, siste-mas e aparelhos. O objetivo principal é demonstrar os benefícios e as alterações anátomo-morfológicas que as atividades físicas aeróbias podem causar ao organismo humano.

O quinto capítulo identifica a necessidade de valorização das formas alternativas que contribuem para uma política mais eficiente e eficaz no tratamento e controle das doen-ças crônico-degenerativas em que a hipocinesia contribui para agravamento dos efeitos negativos. Nele evidenciamos as principais doenças crônicas e degenerativas onde a atividade física tem influência decisiva na reversão e controle da evolução do processo deletério e, das seqüelas que elas podem causar ao organismo humano, contribuindo efetivamente na redução do custo financeiro do tratamento e, na melhoria da qualidade de vida das pessoas portadoras. Para verificação da aprendizagem, ao final destes capí-tulos foram formuladas perguntas, cujas respostas são facilmente encontradas na se-qüência de leitura dos textos.

Após a leitura deste manual acreditamos ser muito valioso matricular-se no curso a distância em exercício físico e saúde, que o Ministério da Educação e do Desporto e o Ministério da Saúde desenvolvem em vários estados brasileiros, cujas informações po-dem ser solicitadas aos núcleos estaduais ou através da coordenação de doenças crôni-co-degenerativas do Ministério da Saúde.

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CAPÍTULO 3

• José Galdino Silveira da Silva

3- NOÇÕES BÁSICAS DE BIOENERGÉTICA APLICADA À ATIVIDADE FÍSICA

A área do conhecimento científico que nos permite entender, analisar e compreen-der as alterações correspondentes das trocas de energia nas transformações físicas e químicas, para a produção de atividade física ou seu equivalente (resistência, força, po-tência) é denominada bioenergética. Ela fornece os princípios básicos para explicar por-que algumas reações podem ocorrer enquanto outras não. Os sistemas biológicos são essencialmente isotérmicos e usam energia química para propulsionar os processos me-tabólicos dos organismos vivos. Numa perspectiva sistêmica percebemos que as células que compõem os seres vivos, caracterizam-se por um estado de equilíbrio dinâmico e necessitam de combustíveis específicos para manter seus processos biológicos normais. Ao conjunto contínuo de mudanças nas reações químicas pelas quais passam as células que compõem os organismos vivos denominamos metabolismo. Portanto, toda célula está empenhada na fabricação de uma complexa mistura de aminoácidos, ácidos graxos e seus derivados, esteróides, mono e polissacarídeos, purinas e pirimidinas, nucleotídeos e ácidos nucleicos, bem como na degradação simultânea desses polímeros por hidrólise e na oxidação dos carboidratos e ácidos graxos para obtenção de energia. As atividades físicas são resultantes da transformação de energia química em energia mecânica que caracteriza a contração muscular. O conhecimento da forma como o organismo obtém esta energia dos alimentos é fundamental no entendimento da nutrição normal e do me-tabolismo.

3.1 - Fontes de energia para ressíntese do ATP

A energia química é promovida pelo organismo humano através de oxidação dos nutrientes contidos nos alimentos ingeridos na forma de carboidratos, lipídeos e proteí-nas, que são degradados produzindo e armazenando energia, para os processos biológi-cos, na forma de fosfato de alta energia dos quais o principal representante é o ATP-Adenosina Trifosfato. A degradação do ATP e conseqüentemente liberação de seu grupo fosfato terminal, fornece a energia necessária que será utilizada em processos químicos (biossíntese), mecânicos (contração muscular), elétricos (condução do estímulo nervo-so), osmóticos (transporte ativo através de membranas) ou luminosos (bioluminescência). Esquema simplificado do processo de obtenção de energia em organismos quimiorganotróficos: (a oxidação de nutrientes leva à redução de coenzimas, que são oxidadas por oxigênio, produzindo ATP).

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Ao serem oxidados, os nutrientes liberam prótons (H+) e elétrons (e") e seus átomos de carbono são convertidos a C02. As coenzimas, principalmente NAD-Nicotinamida Adenina Dinucleotídeo e FAD-Flavina Adenina Dinucleotídeo, recebem os prótons e elé-trons liberados pela oxidação dos nutrientes e passam à forma reduzida. Logo a seguir, estes prótons e elétrons são transferidos para o oxigênio molecular, que é convertido a água, e conseqüentemente reoxidação das coenzimas, com grande aproveitamento energético.

Para cumprir essa função podemos perceber que há um delicado controle atuando nos inúmeros processos metabólicos, bem como nas reações produtoras de energia que os tornam possíveis, mesmo em condições adversas. A capacidade do organismo em manter um estado interno constante e normal enquanto realiza numerosas e complexas reações metabólicas, não obstante a ocorrência de alterações significativas no ambiente, é devida à sensibilidade de mecanismos regulatórios específicos, cujo processo denomi-namos Homeostasia. Toda falha no funcionamento normal de um ou mais desses meca-nismos, resulta nas alterações metabólicas observadas em várias doenças crônicas e degenerativas. A velocidade de liberação de energia, medida pela velocidade de metabo-lismo, é controlada pelos hormônios da tireóide. De tal forma que o armazenamento do excesso de energia produzida origina a obesidade, assim como, o esgotamento das re-servas disponíveis de energia originam a desnutrição.

A compreensão do metabolismo requer o conhecimento da química das moléculas participantes(metabólitos), das reações nas quais elas participam, das enzimas e coenzimas que catalisam essas reações e dos mecanismos regulatórios que determinam as velocidades das reações seqüenciais aceleradas por enzimas, através das quais um determinado metabólito A é convertido em B. Essa série de etapas constitui uma via metabólica, e a operação de todas as vias metabólicas e sua função integradora constitu-em o metabolismo, objeto de estudo da bioenergética.

No processo de contração muscular a energia liberada pela degradação de ATP, é utilizada para funções específicas tais como: movimento das pontes cruzadas de miosina e o conseqüente deslizamento da actina sobre a miosina; dissociação de actina e miosina; e, transporte ativo de cálcio para o retículo sarcoplasmático .

Quanto menos treinada fisicamente for a pessoa menor é a capacidade da célula muscular em armazenar ATP, sendo necessária uma constante e permanente produção destas fontes de energia para que haja continuidade no processo de contração muscular.

3.2 - Princípios bioquímicos da fisiologia da atividade física

A atividade física desencadeia uma intrincada e complexa rede de ajustamentos metabólicos e fisiológicos em todos os sistemas orgânicos fundamentais para manuten-ção da vida, cuja principal função consiste no aceleramento da disponibilidade e utiliza-ção do oxigênio e substratos energéticos derivados dos nutrientes que servirão como combustíveis para o fenômeno da contração muscular. Estes ajustamentos são depen-dentes, rigorosamente, do equilíbrio e harmonização da intensidade e da duração da tarefa solicitada ao organismo humano. Nas atividades da vida diária estes ajustes são permanentemente realizados e poderão ser maximizados conforme os hábitos de vida e

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da regularidade das atividades físicas na forma de treinamento, ou deteriorados na opção pela hipocinesia que leva ao sedentarismo, causando doenças com características crôni-co-degenerativas nos mais variados órgãos e sistemas.

3.3 - Metabolismo energético

Nutrientes O sol é a fonte de toda energia biológica e, os vegetais captam energia solar através

da fotossíntese, num processo de transferência dos elétrons da clorofila (pigmento verde dos vegetais), para um nível de energia mais elevado. Portanto, a energia física luminosa é, desse modo, transformada em energia química, que por sua vez, é transmitida de composto para composto, em uma série hierarquizada de reações metabólicas, no inte-rior dos vegetais. Finalmente, este processo provoca a degradação de moléculas de água, extraída do solo, com liberação de oxigênio e formação de íons hidroxila. Estes íons reagem, então, com o dióxido de carbono atmosférico formando compostos ricos em energia, os carboidratos, cujo principal representante, é a glicose, que pode ser conside-rada o protótipo dos nutrientes (substrato). A partir dos carboidratos simples, os vegetais também sintetizam lipideos, que constituem uma forma eficiente de armazenamento de energia. Outrossim, também, sintetizam proteínas, extraindo elementos do solo, princi-palmente nitrogênio, que são essenciais para o material estrutural e genético. Certos animais incorporam a energia destes nutrientes - carboidratos, lipideos e proteínas - ao comerem alimentos vegetais, ou animais que ingerem vegetais.

Distribuição Digeridos os alimentos, os nutrientes complexos são degradados a compostos rela-

tivamente simples da digestão, que serão distribuídos para os diversos tecidos pelo siste-ma circulatório. A glicose é o carboidrato predominante no sangue. Os lipideos são hidrolisados até triglicérides e transportados como complexos lipoproteícos, a quilomicra. As proteínas são degradadas até aminoácidos, e são transportadas no sangue sob esta forma.

Armazenamento O transporte da glicose da corrente sangüínea para dentro da célula é feito através

de um processo que consome energia e é intensamente acelerado pela insulina. Logo após sua entrada na célula, a molécula de glicose reage com o radical fosfato livre exis-tente no citoplasma originando o composto glicose-6-fosfato.Os triglicérides são trans-portados para o interior da célula, onde sofrem uma hidrólise, dando origem a ácidos graxos livre e glicerol. Os vinte e três diferentes tipos de aminoácidos existentes no orga-nismo humano, penetram na célula através de um sistema de transporte ativo cujo meca-nismo ainda não está plenamente esclarecido.

O catabolismo (degradação química contínua) destes compostos orgânicos, acima referenciados, fornecem a energia necessária para manuntenção dos tecidos. As molé-culas de glicose são armazenadas na forma polimérica denominada glicogênio. O fígado, e em menor proporção o músculo, podem armazenar grandes quantidades de glicogênio. A ressíntese dos ácidos graxos, quando não consumidos energeticamente, resultam na formação dos triglicérides que serão armazenados nas células adiposas, contribuindo

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Creatinafosfoquinase ADP + Pi + PC ----------------------------> Cr + Pi + ATP Via glicolítica anaeróbia: glicólise

A glicólise é, quantitativamente, o principal substrato oxidável para a maioria dos organismos vivos. Quase todas as células são potencialmente capazes de atender suas demandas energéticas a partir deste carboidrato. A glicose é imprescindível para algu-mas células e tecidos, como hemácias e tecido nervoso, por constituir o único substrato que estes tecidos são capazes de oxidar para obter energia.

A glicólise, primeira etapa da via glicolítica, é uma via metabólica que se processa no citoplasma celular produzindo ATP, íons (H+ + e-) recebidos por coenzimas, e piruvato. Convém lembrar que a conversão de glicose a piruvato é anaeróbia e por isso aproveita apenas uma pequena parcela da energia total da glicose, correspondendo a 47 kcal/mol, enquanto a oxidação total da molécula de glicose libera uma quantidade de energia equi-valente a 687 kcal/mol. Isto porque, na mitocôndria, o piruvato é totalmente oxidado a C02 com a concomitante produção de grande quantidade de íons, (H+ + e- ) que são recebidos por coenzimas que serão oxidadas aeróbiamente (via fosforilação oxidativa) derivando grande produção de ATP.

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Vias oxidativas aeróbias O piruvato proveniente de glicose origina acetil-CoA mitocondrial. Além da glicose,

alguns aminoácidos e os ácidos graxos também produzem acetil-CoA sem a formação intermediária de piruvato. Portanto, a acetil-CoA pode ser originária de carboidratos, aminoácidos e ácidos graxos e, independente de onde seja proveniente, será totalmente oxidada a C02 pelo ciclo de Krebs, com a concomitante produção de coenzimas reduzi-das. A oxidação das coenzimas, é obrigatoriamente feita pela cadeia de transporte de elétrons e, portanto, o ciclo de Krebs, ao contrário da glicólise, só pode ser processado em condições aeróbias.

Tipos de Metabolismo Basicamente existem dois tipos de metabolismo: o aeróbio e o anaeróbio. A ativa-

ção de um destes tipos de metabolismo dependerá da velocidade metabólica na produ-ção de energia para o trabalho muscular. A velocidade de metabolismo depende da inten-sidade do estresse físico e mental a ser compensado. Estresses (estímulos) de baixa a moderada intensidade ativam predominantemente as vias metabólicas oxidativas, atra-vés do ciclo de Krebs e da fosforilação oxidativa e permitem trabalhos musculares de longa duração, caracterizando assim as atividades físicas ditas aeróbias. Já os estresses de forte intensidade ativarão, predominantemente, a via metabólica dos fosfagênios ca-racterizando as atividades físicas anaeróbias aláticas de curtíssima duração. Quando ativam a primeira etapa da via glicolítica (glicólise) caracterizam as atividades físicas anaeróbias láticas e de curta duração. Como a velocidade de metabolismo anaeróbio é muito alta e o dispêndio de energia muito grande, o tempo de duração dos trabalhos musculares é curto ou muito curto.

3.4 - Tipos de fibras musculares

Basicamente existem dois tipos de fibras musculares: Fibras tipo I - de lenta contra-ção e, Fibras tipo ll - de rápida contração. Conforme o predomínio de trabalho estático ou dinâmico executado pelos músculos são observadas diferenças morfológicas e bioquími-cas entre elas. A carga genética e as solicitações da rotina da vida diária influirão decisi-vamente no desenvolvimento de músculos tônicos (finos e escuros) e fásicos (mais gros-sos e pálidos). Daí, então, a classificação de fibras musculares "vermelhas" e "brancas", respectivamente. A mistura dos dois tipos de fibras denomina-se fibra muscular "interme-diária".

Na musculatura de sustentação predominam as fibras tônicas, cuja tonalidade ver-melha depende da maior quantidade de concentração de mioglobina. Estas fibras têm menor velocidade de resposta, portanto, lenta contração - tipo I, menor conteúdo de fosfatos de alta energia e, são portanto, dotadas de maior capacidade oxidativa e alta atividade de ATPase miofibrilar, sendo mais utilizadas em atividades físicas de solicitação aeróbia.

Na musculatura destinada à movimentação mais rápida, explosiva, predominam as fibras fásicas, de tonalidade esbranquiçada, caracterizadas por grande velocidade de contração e relaxamento, portanto, rápida contração - tipo ll, maior conteúdo de fosfatos de alta energia e glicogênio e, são portanto, dotadas de maior capacidade glicolítica, sendo mais utilizadas em atividades físicas de solicitação anaeróbia.

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O treinamento físico pode aumentar tanto o potencial oxidativo como o glicolítico das fibras musculares.

Nos seres humanos as fibras tipo ll podem ser subdivididas em lla, llb e llc. A rápida velocidade de contração associada com uma capacidade de transferência de energia tanto aeróbia quanto anaeróbia dão às fibras tipo lla uma característica metabólica inter-mediária, oxidativas-glicolíticas. Já as fibras tipo llb possuem potencial metabólico essen-cialmente anaeróbio. A fibra tipo llc normalmente é uma fibra rara e indiferenciada que pode participar na reinervação ou na transformação da unidade motora.

3.5 - Tipos de contração muscular

Contração muscular é o resultado da transformação de energia química em energia mecânica, a nível da fibra muscular, sob controle neural da atividade física. Basicamente existem dois tipos de contração muscular: isotônica e isométrica.

Na contração isotônica (trabalho dinâmico) a transformação de energia química em energia mecânica gera movimento dos segmentos articulados. É concêntrica (trabalho dinâmico positivo) quando o movimento gera encurtamento das fibras musculares e ex-cêntrica (trabalho dinâmico negativo) quando o movimento gera alongamento das fibras musculares. A contração isotônica é típica das atividades físicas aeróbias.

Na contração isométrica (trabalho estático) e transformação de energia química em energia mecânica gera tensão muscular sem produção de movimento dos segmentos articulados. A contração muscular isométrica é típica das atividades físicas anaeróbias.

Por exemplo, no levantamento de peso, ocorre a solicitação muscular estática até que a força aplicada vença a massa do peso a ser elevado, mais a dos membros que vão elevá-lo. Nesse momento a solicitação muscular passa de estática a dinâmica. Portanto, toda contração muscular isotônica contém em si algum grau de isometria.

3.6 - Principais diferenças entre atividades físicas aeróbias e anaeróbias

Quanto ao tipo de metabolismo e à Intensidade do esforço: - as atividades físicas aeróbias se caracterizam pela utilização do metabolismo pre-

dominantemente aeróbio, quando a intensidade do esforço físico e baixa a freqüência cardíaca não excede 80 a 90% do seu máximo.

- as atividades físicas anaeróbias se caracterizam pela utilização do metabolismo predominantemente anaeróbio, ativado quando a intensidade do esforço físico é alta.

Quanto ao tempo de duração e às vias metabólicas que darão suporte energético durante as atividades físicas:

- nas atividades físicas predominantemente aeróbias a duração pode ser longa, acima de três minutos até mais de uma hora, porque a intensidade de esforço é de fraca a moderada e o suporte energético se dará através do ciclo de Krebs e fosforilação oxidativa via cadeia respiratória.

- nas atividades físicas predominantemente anaeróbias a duração só pode ser cur-

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ta, até dez segundos para a via metabólica anaeróbia alática e de até noventa segundos para a forma lática, porque a intensidade de esforço será forte ou muito forte e, haverá aumento das concentrações de ácido lático sangüíneo, levando à acidose metabólica.

Quanto a forma de execução das atividades físicas: - as atividades físicas predominantemente aeróbias caracterizam-se por serem

cíclicas (sem grandes variações de intensidade), permitindo manutenção do estado de equilíbrio entre gasto e suporte energético para sua manutenção.

- As atividades físicas predominantemente anaeróbias têm características acíclicas (apresentam variações de intensidade), e, por serem de forte intensidade não permitem estado de equilíbrio entre o gasto e o suporte energético para uma manutenção.

Quanto ao tipo de contração e de fibra muscular predominante: - nas atividades físicas aeróbias haverá predomínio de contrações isotônicas e de

fibras musculares de lenta contração (tipo I). - nas atividades físicas anaeróbias haverá predomínio, ou elevados componentes,

de isometria e de fibras musculares de rápida contração (tipo ll).

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CAPÍTULO 4

• José Galdino Silveira da Silva

4 - EFEITOS FISIOLÓGICOS DA ATIVIDADE FÍSICA

A atividade física é a possibilidade de reencontro do homem consigo mesmo, pois através dela ele exprime a sua corporeidade, e nesta, a expressão de sua relação com o ecossistema em que está inserido, refletindo-se em sua expressão corporal e em seu comportamento todas as facilitações, dificuldades, angústias, tensões e adaptações im-postas pela vida de relação tanto na família, quanto no trabalho ou em outros segmentos da vida social.

Na expressão da motricidade humana deveremos inculcar os hábitos higiênicos para uma boa saúde. Este reencontro do homem consigo mesmo deve ser o mais harmônico, ameno, saudável e natural possível, preferencialmente, de hábito regular, se possível, diariamente. A performance humana é resultante da capacidade de rendimento nas ativi-dades da rotina da vida diária que as pessoas sadias ou não, podem desenvolver. E, portanto, a individualidade biológica é o primeiro aspecto a ser atentamente investigado, para servir como base da proposta de avaliação funcional para prescrição ou prática de atividades físicas na forma de lazer, reabilitação ou como modalidade desportiva. Já a especificidade do trabalho motor assim como os princípios das cargas de trabalho a se-rem administradas serão definidas após a conclusão da avaliação funcional. Pode-se preconizar uma avaliação composta de: exame médico clínico; exame laboratorial bioquímico de sangue; avaliação antropométrica, e nutricional, eletrocardiograma e teste ergométrico, a fim de que a intensidade, a freqüência e o tipo de atividades físicas sejam adequadas ao estado de saúde e ao nível de condicionamento físico atual do candidato(a) a programas de condicionamento fisiológico. A atividade física será sempre benéfica des-de que realizada de forma regular, controlada e bem orientada, mas também, pode ser prejudicial quando não forem tomadas as devidas precauções, principalmente, para pes-soas que resolvem sair de longos períodos de sedentarismo.

A atividade física sempre causará efeitos agudos e, portanto, imediatos durante as práticas físicas, assim como, efeitos crônicos que a depender da intensidade dos estímu-los poderão causar alterações funcionais e anátomo-morfológicas positivas ou negativas, no organismo das pessoas, no decorrer do tempo, conforme a duração e a freqüência com que sejam repetidos diária, semanal, mensal e anualmente.

Os efeitos das atividades físicas são dependentes de quatro variáveis bem distintas e interdependentes: intensidade da atividade, duração, freqüência das sessões e tipo das atividades físicas realizadas. São diretamente proporcionais ao tipo de metabolismo ge-rador de energia para o trabalho muscular. De tal forma que a intensidade abaixo de um limiar mínimo não causará efeitos e acima de um limiar máximo poderá ocasionar aciden-tes importantes.

De forma resumida apresentaremos as alterações biológicas mais evidentes em função do treinamento físico específico.

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4.1 - Efeitos do treinamento a nivel de fibras musculares esqueléticas

Muito embora não pareça haver diferença sexual nem etária na distribuição das fibras, a variação individual é grande, mormente nos homens. Outrossim, para uma mes-ma pessoa, o tipo de fibra muscular pode variar muito de um músculo para outro.

A prática de atividades físicas em níveis aeróbios máximos alternadas com níveis anaeróbio submáximos ou máximos, como na corrida ou na natação de meia distância, ou ainda, nos desportos como basquete, voleibol, futebol, ou capoeira, que exigem uma alternância de energia por vias metabólicas aeróbias e anaeróbias, ambos os tipos de fibras musculares são ativadas .

Vários estudos mostram que homens e mulheres que participam de modalidades desportivas de meia distância, assim como arremessadores, saltadores em altura e salta-dores em distância, possuem um percentual mais ou menos equilibrado de fibras Tipo I e ll.

Para melhor entendimento dos efeitos do treinamento fisiológico alguns autores sub-dividem as fibras Tipo ll em: lla que teriam comportamento contrátil e metabólico seme-lhantes às fibras Tipo I, de lenta contração, e llb que teriam comportamento contrátil e metabólico típico, de rápida contração.

Portanto, a depender da intensidade de esforço para ativar o metabolismo aeróbio ou anaeróbio, se estabelecerá um efeito crônico de adaptação dos tipos de fibras, confor-me o predomínio de metabolismo aeróbio e ou anaeróbio.

Convém lembrar que ambos os tipos de fibras musculares participam na maioria das atividades físicas. A diferença consiste apenas em que certas atividades exigem a ativação predominante de um tipo de fibras em relação ao outro. Conforme a intensidade de esforço e o tipo de metabolismo predominante, poderemos perceber as seguintes respostas adaptativas:

a) nas atividades físicas predominantemente aeróbias; As atividades físicas aeróbias melhoram muito inúmeras capacidades funcionais

relacionadas com o transporte e utilização de oxigênio. Dentre as respostas adaptativas frente aos estímulos que ativam predominantemente o metabolismo aeróbio poderão ocor-rer as seguintes alterações;

- aumento no tamanho e número de mitocôndrias do músculo treinado, com respec-

tivo aumento da capacidade de gerar ATP por fosforilação oxidativa, associada à

maior capacidade de captação de oxigênio;

- aumento no nível de atividade das enzimas do sistema aeróbio, elevando a partici-

pação aeróbia durante práticas de atividades físicas de tempo prolongado;

- aumento, em até 80%, do conteúdo de mioglobina e, conseqüentemente, da quan-

tidade de oxigênio dentro da célula, facilitando sua difusão para as mitocôndrias;

- aumento na capacidade do músculo treinado em mobilizar e oxidar lipídeos e

glicídios;

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- adaptações metabólicas nos diferentes tipos de fibras musculares, desenvolvendo o potencial aeróbio pré-existente, porém, sem modificar o tipo básico de fibras pré-existentes;

- atletas de eventos desportivos de longa duração altamente treinados, mostram fibras de contração lenta, maiores que as fibras de contração rápida no mesmo músculo.

b) nas atividades físicas predominantemente anaeróbias: Observaremos a produção de alterações específicas nos sistemas de energia ime-

diato e a curto prazo, em função da elevada especificidade deste tipo de treinamento fisiológico que se caracteriza pela intensidade (forte) de esforço que desenvolve a potên-cia, originando as seguintes adaptações:

- aumento nos níveis de substratos anaeróbios em repouso, especialmente de ATP, CP, creatina livre e glicogênío, assim como, melhora em quase 30% na capacidade de força muscular;

- aumento na quantidade e atividade das enzimas chaves que catalisam a glicólise, notadamente nas fibras musculares de rápida contração, embora de menor magni-tude do que as alterações observadas para as enzimas oxidativas com o treinamen-to aeróbio;

- melhora significativa na capacidade de suportar elevados níveis de ácido lático sangüíneo, durante atividades de intensidade máxima, após treinamento anaeróbio.

Pesquisas indicam que a distribuição percentual do tipo de fibras difere muito de pessoa para pessoa, assim como entre os vários grupos musculares de uma mesma pessoa. O predomínio percentual de um determinado tipo de fibra depende do código genético de cada pessoa e, portanto, não pode ser modificado pelo treinamento. Porém, ambos os tipos de fibras podem ser aperfeiçoados profundamente em sua capacidade metabólica conforme a especificidade do treinamento de endurance e de potência.

4.2 - Efeitos do treinamento a nível cardiovascular e respiratório

Os sistemas cardiovascular e respiratório estão intimamente correlacionados aos processos aeróbios ocorrendo alterações específicas tanto a nível funcional quanto morfológico correlacionadas com as dimensões de coração e pulmões. Estudos clássicos da fisiologia do exercício têm comprovado, que os sistemas cardiovascular e respiratório modificam-se significativamente, melhorando o sistema de transporte, absorção e utiliza-ção de oxigênio, após a prática regular e sistemática de programas de condicionamento fisiológico, que representa por sua vez, um estado de adaptação do organismo em res-ponder adequadamente a diferentes intensidades, tipos e durações de atividades físicas.

A resposta cardiovascular às atividades físicas de contração muscular dinâmica ou estática dependem da intensidade da tarefa física a ser realizada:

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Freqüência cardíaca: as pessoas previamente sedentárias apresentam uma dimi-nuição significativa da freqüência cardíaca em repouso e na atividade física de intensida-de submáxima, após algumas semanas de atividade física aeróbia regular. Portanto, a freqüência cardíaca proporciona excelente meio de avaliação e controle de programas de condicionamento fisiológico.

Volume de ejeção: atletas de endurance demonstram aumento significativo do volu-me de ejeção cardíaca, resultante de um grande volume ventricular e de uma melhor contratilidade miocárdia, como efeito atribuído ao condicionamento aeróbio.

Débito cardíaco: talvez, a alteração mais importante na função cardiovascular com o condicionamento aeróbio seja o aumento do débito cardíaco máximo. Esta alteração é tão significativa que nos permite distinguir, claramente, um atleta ou uma pessoa bem treinada de uma pessoa destreinada.

Volume cardíaco: o peso e volume do miocárdio geralmente aumentam com o con-dicionamento aeróbio. A hipertrofia cardíaca é uma adaptação normal ao treinamento caracterizado por um aumento predominante da cavidade ventricular esquerda e por um discreto espessamento de suas paredes.

Volume sangüíneo: o volume sangüíneo e em menor proporção, a hemoglobina total tendem a aumentar com o treinamento de endurance. Essa adaptação hemodinâmica facilita a capacidade de fornecimento de oxigênio durante a atividade física.

Consumo de oxigênio: o treinamento induz a uma melhor e maior capacidade de captação de oxigênio do sangue circulante. O aumento na diferença arteriovenosa de oxigênio resulta de uma distribuição mais eficiente do débito cardíaco para os músculos em atividade, assim como, de uma maior capacidade das células musculares treinadas de captarem e utilizarem oxigênio.

Circulação sangüínea: a reserva de oxigênio no organismo humano varia de 1500 a 3000ml, aproximadamente, e localiza-se nos músculos, no sangue e nos pulmões. A atividade física requer um aumento das necessidades de absorção de oxigênio através da hematose e do seu transporte aos tecidos que dele mais necessitam. Essa priorização pode ser constatada através de vários mecanismos de compensação, representados:

- pelo desvio do sangue de territórios menos ativos para os outros em plena ativida-de;

- pela mobilização do sangue contido em certos "depósitos" naturais do organismo-

como por exemplo o sistema venoso;

- pelo débito cardíaco aumentado;

- pelo aumento percentual da hemoglobina total do sangue e, segundo alguns auto-

res, da quantidade dessa proteína no interior da hemácia.

Essas adaptações agudas e crônicas ao esforço físico, são extremamente necessá-rias para que não haja quebra da homeostase na economia orgânica global. As altera-ções celulares bioquímicas específicas induzidas pelos programas de condicionamento fisiológico contribuem para um débito cardíaco relativamente mais baixo, em atividades físicas de intensidade submáxima, em pessoas clinicamente ativas quando comparadas com pessoas sedentárias. À proporção que aumenta a capacidade da célula em captar e

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utilizar oxigênio, torna-se menor a necessidade de fluxo sangüíneo regional para satisfa-zer as necessidades de oxigênio do músculo.

Pressão sangüínea: As atividades físicas predominantemente aeróbias, têm efeito crônico positivo na diminuição da pressão arterial sistólica e diastólica, tanto no repouso, quanto nas atividades de intensidade submáxima. O efeito simpaticolítico induzido pela atividade física de características aeróbias contribui na diminuição, principalmente, da pressão arterial sistólica. O efeito massageador da contração muscular, contribui decisi-vamente no aumento da velocidade da circulação nas veias dos membros inferiores. Quando a musculatura dos membros entra em atividade rítmica, como na marcha, as colunas sangüíneas venosas profundas são vigorosamente comprimidas no sentido ide-al, auxiliadas pela intervenção do sistema valvular, em direção ao átrio direito, diminuindo a estase venosa na periferia, contribuindo para diminuição e profilaxia da hipertensão venosa periférica.

Função respiratória: As atividades físicas aeróbias aumentam e melhoram a capaci-dade fisiológica do sistema respiratório às solicitações tanto em repouso quanto em ativi-dades moderadas ou extenuantes. Na fase compensatória a função respiratória aumenta a atividade a fim de se adaptar à crescente necessidade de oxigênio por parte do organis-mo. Quando, porém, o trabalho se toma excessivo, e as adaptações respiratórias incapa-zes de suprir oxigênio para as necessidades orgânicas, instala-se a segunda fase do processo.

É extremamente importante lembrar a contribuição da "bomba venosa diafragmática", que tem tanta importância em decúbito quanto a "bomba venosa de panturrilha" tem em ortodinamismo.A coordenação dos movimentos ventilatórios contribui decisivamente para o bom funcionamento do sistema de retorno do sangue venoso ao coração. De tal forma que tanto a inspiração quanto o "bloqueio em inspiração profunda (Valsalva)", durante a contração muscular de membros inferiores ou abdômem, são prejudiciais à circulação venosa, pois, geram regimes de hiperpressão intra-abdominal, dificultando a drenagem venosa de membros inferiores para o abdômem e tórax, conseqüentemente.

Indubitavelmente as atividades aeróbias aumentam a capacidade pulmonar total decorrentes do aumento dos volumes respiratórios e respectivos aumentos do consumo máximo de oxigênio. A melhoria da ventilação máxima deve-se tanto a aumento no volu-me corrente quanto na freqüência respiratória. Nas atividades físicas de intensidade sub-máxima as pessoas treinadas ventilam menos que antes do treinamento. A maior eficiên-cia ventilatória significa mais oxigênio disponível para os músculos em atividade, melho-rando a capacidade de rendimento em atividades físicas de tempo prolongado.

Composição corporal: As atividades físicas aeróbias contribuem decisivamente no combate ao excesso de gordura corporal. Elas utilizam preferencialmente os ácidos graxos como substrato energético para produção de ATP, contribuindo para a perda de gordura, e manutenção ou aumento da massa corporal magra em termos absolutos ou relativos ao percentual de gordura. Atividades físicas regulares e bem orientadas, quando associadas a dietas bem balanceadas, induzem à perda mais rápida de gordura e aumento de massa corporal magra melhorando a capacidade de performance das pessoas.

As atividades físicas predominantemente anaeróbias, por serem de forte intensida-de e de curta duração, exigem adaptações orgânicas e metabólicas urgentes, possíveis de precipitar acidentes cardiovasculares e mio-articulares, e portanto, estão contra-

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indicadas para pessoas sedentárias ou portadoras de doenças crônico-degenerativas que desejem iniciar um programa regular de atividades físicas e desportivas.

Sistema locomotor: A prática de atividades físicas e desportivas quando regulares e bem orientadas podem proporcionar grandes benéficos ao sistema locomotor, assim como, a prática desregrada ou não orientada, pode agredir de tal forma que seqüelas da mais variada gravidade tornam-se irreversíveis.

A prática das atividades físicas e desportivas ou o esporte de alto rendimento, repre-sentam um processo adaptativo, que induz modificações e adaptações morfológicas e funcionais específicas de acordo com a modalidade atlética praticada. Outrossim, as alte-rações morfológicas do sistema locomotor, decorrentes dos hábitos posturais, associa-dos à somatória de vida das pessoas e ao fator idade, são de elevada prevalência entre as atuais doenças crônico-degenerativas.

Dentre os vários efeitos positivos das atividades físicas sobre o sistema locomotor podemos citar: o desenvolvimento adequado das grandes sinergias musculares estabili-zando a coluna vertebral e as articulações dos membros, prevenindo a ocorrência de distúrbios ósteo-mio-articulares; após a adolescência os exercícios musculares atuam na profilaxia da artrose, promovendo a distribuição uniforme das pressões que atuam sobre a cartilagem de revestimento, melhorando a adaptação articular, reduzindo o atrito entre as extremidades ósseas; a atividade muscular previne e auxilia na correção das osteo-penías, comuns nas idades mais avançadas. A prática inadequada das atividades físicas pode levar a problemas como tendinites, rupturas músculo-tendíneas, fratura por estresse, distúrbios da articulação patelo-femoral, distúrbios do crescimento e agravamento de pro-blemas posturais.

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CAPÍTULO 5

• José Galdino Silveira da Silva

5 - ATIVIDADE FÍSICA E AS DOENÇAS CRÔNICO-DEGENERATIVAS

"...foram os doentes que impulsionaram a fisiologia; e não a fisiologia, mas a patologia e a clínica que fizeram a medicina começar. A razão é que o bem-estar, para dizer a verdade, não é sentido, pois é simples consciência de viver e somente seu impedimento suscita a força de resistência."

Kant(1798)

O "bem-estar", como salienta Kant, é um sentimento fugaz e impreciso. As pessoas, na sua grande maioria, só parecem apreciar sua boa saúde quando ela está ameaçada. Geralmente, as pessoas só procuram os serviços de saúde quando estão acometidas de alguma dor ou mal estar que incomodem. Por isso, é muito difícil fazer prevenção de doenças num país onde a população só procura o médico no momento da doença, e onde as atenções ao nível primário de prevenção das doenças é deficitária e pobre em recursos financeiros para investimentos.

A medicina evolui no sentido de desenvolver ações eficientes e de alta eficácia na prevenção, tratamento e reabilitação de doença, de tal forma que a expectativa de vida de recém nascidos, já nos séculos XIX e XX, passa de 30 a 40 anos, para faixas etárias próximas dos 80 anos. Na atualidade, ela cada vez mais distancia-se do enfoque cartesiano dualista que se justifica pela fisiopatologia e procura novas propostas para preservar a saúde e tratar os doentes. O enfoque médico progressista vai além do modelo de doença geralmente aceito pela medicina tradicional, para compreender de forma mais profunda e, com maior clareza, porque nossos pensamentos e emoções são capazes de provocar a liberação de substâncias químicas que afetam nossa fisiologia, e de que modo terapias tão simples, à base de ervas, de água e essências florais, assim como a reeducação de hábitos de vida e da alimentação, por exemplo, podem ser agentes de cura tão eficazes.

A medicina desportiva e as ciências do esporte vêm aperfeiçoando-se na experi-mentação da atividade física, como procedimento eficaz tanto na prevenção, quanto no tratamento e reabilitação das doenças crônico-degenerativas, que o progresso industrial e a automação vêm provocando no organismo humano, em virtude da hipocinesia, do sedentarismo, e do desregramento dos hábitos de vida.

A atividade física como resposta intencional do organismo a um estímulo capaz de gerar força física, intrinsecamente derivada de uma complexa rede de reações bio-energéticas que ocorrem no interior de cada célula, originará a capacidade de rendimento nas atividades da vida diária que uma pessoa pode desenvolver, seja ela sadia ou não. Desta forma podemos entender as diferenças entre capacidades de rendimento entre um atleta e um sedentário, e destes, para um deficiente ou portador de doença crônica e degenerativa.

O século XXI exige o desenvolvimento de ações políticas de prevenção primária e secundária, objetivando erradicação das doenças infecto-contagiosas e combate efetivo das doenças não-transmissíveis, direcionadas principalmente, à modificação do perfil de prevalência de fatores de risco cardiovasculares e ósteo-mio-articulares, representados

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principalmente, pela dislipidemia, hipertensão arterial e venosa, diabetes mellitus, obesi-dade, fumo, alcoolismo, sedentarismo, estresse, hiperuricemia, osteoporose, e desvios posturais.

Praticar algum tipo de atividade física é sempre melhor do que nenhuma, porém, é importante perceber que a prática irregular destas atividades pode ser prejudicial à saú-de, principalmente quando realizada de forma competitiva apenas em finais de semana, predispondo a acidentes dos mais variados tipos. As atividades físicas regulares e bem orientadas, de intensidade fraca a moderada, são capazes de gerar mecanismos de adap-tação que contribuem para prevenir, tratar e reabilitar a maioria das doenças crônico-degenerativas.

5.1 - Atividade física e fatores de risco

As atividades físicas têm influência benéfica comprovada na prevenção dos fatores de risco como nas dislipidemias, representadas pela hipercolesterolemia e hipertri-gliceridemia, onde as atividades físicas essencialmente aeróbias, utilizando ácidos graxos como fonte de energia para o trabalho muscular, influirão positivamente na redução do nível de lipídeos sangüíneos: hipertensão arterial e venosa, tendem a ser normalizadas através das atividades aeróbias que melhoram o sistema muscular, cardiovascular e res-piratório; na obesidade as atividades físicas quando associadas à dieta, aceleram o pro-cesso de perda de peso de gordura, não só pelo aumento do gasto calórico, mas também pelo aumento dos níveis de hormônio do crescimento, de glucagon e da atividade das lipases do tecido adiposo, resultando em maior mobilização de ácidos graxos, para processamento energético; na hiperglicemia e no diabetes, melhora a utilização celular da glicose, diminuindo as necessidades de insulina, contribuindo no tratamento e controle da doença; nas hiperuricemias e na gota, reduz os níveis sangüíneos de ácido úrico, diminuindo os efeitos deletérios sobre o sistema cardiovascular e renal; na osteoporose, está comprovada a eficiência da atividade física na prevenção e eventualmente no trata-mento da perda de massa óssea; nas doenças do sistema locomotor ,a prática de ativida-des físicas e desportivas tem efeito significativo sobre a postura corporal, devido às alte-rações biomecânicas e às modificações do sistema ósteo-mio-articular. Porém, o mesmo já não acontece com o tabagismo, onde embora haja evidências de que as pessoas fisicamente ativas tendem a diminuir o número de cigarros ou abandonar o hábito, quan-do comparadas com fumantes sedentários convém lembrar que ainda não há comprova-ções definitivas sobre esta questão.

Para evitar a possibilidade de riscos e acidentes na utilização das atividades físicas em programas de condicionamento fisiológico coadjuvantes na prevenção, tratamento e reabilitação das doenças crônico-degenerativas, é interessante que seja feita pelo menos uma avaliação médico clínica para diagnóstico do estado de saúde atual e a partir de então fazer-se a prescrição das atividades físicas e desportivas mais ajustadas para cada caso específico. O médico do posto de saúde está apto a diagnosticar os fatores de risco, as doenças e a prescrição de atividades físicas será sugerida, a seguir, nos capítulos 6 e 7, respectivamente.

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AVALIAÇÃO - Capítulos 3, 4 e 5

O que é bioenergética?

O que é metabolismo?

O que é homeostasia?

De que forma o organismo humano armazena os açúcares, gorduras e aminoá-cidos existentes nos alimentos ingeridos pelo homem?

Como o organismo humano armazena a energia resultante da oxidação dos carbiodratos, lipídios e proteínas?

Como é utilizada a energia liberada pela degradação do ATP, no processo de contração muscular?

Qual a fonte imediata de energia para o trabalho muscular e quais as três (3) vias metabólicas básicas para sua ressíntese?

Qual o tipo de metabolismo e quais as vias metabólicas utilizados pelo organis-mo para responder aos estímulos de baixa a moderada intensidade e de longa duração?

Quais as características do tipo de fibras musculares mais utilizadas nas ativida-des físicas de solicitação metabólica anaeróbia?

O que é contração muscular e como se diferencia os tipos isométrico e isotônico?

Qual a intensidade de esforço físico capaz de ativar o metabolismo predomi-nantemente aeróbio?

Descreva os princípios que regem o treinamento fisiológico.

Por que o treinamento físico não é capaz de alterar o percentual de fibras musculares das pessoas?

O que é condicionamento fisiológico?

Quais os efeitos das atividades físicas aeróbias na pressão arterial e venosa das pessoas?

Quais os efeitos das atividades físicas aeróbias na função respiratória do praticante regular de exercícios físicos?

Por que as atividades físicas anaeróbias não são recomendáveis às pessoas que desejam iniciar um programa de condicionamento fisiológico?

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Quais os efeitos negativos da prática inadequada de atividades físicas e desportivas a nível de sistema locomotor?

Existe algum risco na prática de atividades físicas e desportivas à saúde das pessoas?

Como as atividades físicas influenciam no combate às dislipidemias?

Qual o tipo e como a atividade física é capaz de normalizar a hipertensão arterial e venosa?

Qual a estratégia mais eficiente no combate a obesidade?

Qual a contribuição das atividades físicas na prevenção e tratamento da osteo-porose e das doenças do aparelho locomotor?

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Capítulos 6 e 7 - APRESENTAÇÃO

Os dois próximos capítulos procuram apresentar material que possa contribuir com profissionais de saúde no sentido de reunir informações que auxiliem na implementação de programas de atividade física direcionada à promoção da saúde na população em geral. Num primeiro momento, existe a preocupação em caracterizar a aptidão física relacionada à saúde e às habilidades esportivas, na tentativa de oferecer embasamento necessário a uma melhor compreensão quanto a relação atividade física - saúde. Na seqüência, são analisados os princípios que norteiam a prescrição e a orientação dos programas de atividade física voltados à promoção da saúde, procurando maximizar os benefícios da prática regular dos exercícios físicos.

OBJETIVO GERAL:

Com os dois capítulos pretende-se apresentar subsídios que possam auxiliar profis-sionais de saúde a caracterizar os componentes da aptidão física relacionada à saúde, além de oportunizar acesso a conceitos básicos voltados à elaboração de programas de atividade física, procurando sensibilizá-los para a importância de se fornecer informações seguras e confiáveis à população em geral neste sentido.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

Para o domínio dos conteúdos apresentados nesses dois capítulos, o profissional de saúde deverá ser capaz de demonstrar que pode:

- Relacionar os níveis de prática da atividade física, os índices de aptidão física e o estado de saúde das pessoas;

- Distinguir os componentes da aptidão física relacionada à saúde e às habilidades esportivas;

- Conceituar resistência cárdio-respiratória , força, resistência muscular e flexibilida-de, identificando suas participações na promoção da saúde;

- Conceituar flexibilidade e identificar sua participação na promoção da saúde; - Conceituar composição corporal e identificar sua participação na promoção da

saúde; - Explicar os princípios biológicos que norteiam a elaboração de programas de ati-

vidade voltada à promoção da saúde; - Identificar a intensidade, a duração e a freqüência semanal dos exercícios físicos

para o desenvolvimento e a manutenção dos índices de aptidão física relacionada à saúde;

- Prescrever e orientar esforços físicos direcionados ao desenvolvimento da resis-tência cárdio-respiratória a partir de informações quanto à freqüência cardíaca;

- Identificar a disposição seqüencial para os exercícios físicos em cada sessão de um programa de atividade física;

- Selecionar exercícios físicos apropriados para compor os programas de atividade física direcionada à promoção da saúde.

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ORIENTAÇÃO AO LEITOR:

Para facilitar o entendimento destes últimos capítulos, seria importante que o leitor buscasse uma compreensão maior na leitura dos capítulos anteriores, como forma de somar e reforçar os conhecimentos, principalmente, quando se define aptidão física e suas relações mais importantes com o fator saúde, e quanto aos princípios biológicos dos programas de atividades físicas.

Caso o leitor, tenha alguma dificuldade, recomendamos inicialmente, leitura so-bre fisiologia geral e fisiologia do exercício, referente aos sistemas orgânicos para melhor aproveitamento dos conhecimentos aqui apresentados.

Uma outra recomendação, são as literaturas apresentadas no final do Manual que podem subsidiar as discussões, ou inscrever-se no curso de educação a distância em exercício físico e saúde, obtendo informações através dos núcleos estaduais ou atra-vés da coordenação de doenças crônico-degenerativas - Ministério da Saúde - Brasília.

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CAPÍTULO 6

• Dartagnan Pinto Guedes

6 -ATIVIDADE FÍSICA, APTIDÃO FÍSICA E SAÚDE

Nos últimos anos, o reconhecimento das vantagens da prática da atividade física regular na melhoria da qualidade de vida vem despertando enorme atenção quanto a complexa relação entre os níveis de prática de atividade física, os índices de aptidão física e o estado de saúde das pessoas. De uma maneira simplificada, esta importante relação é apresentada na figura 10.

Figura 10 - Relação entre a atividade física, aptidão física e saúde.

O modelo demonstra que a prática da atividade física pode influenciar nos índices de aptidão física, os quais, por sua vez, interferem nos níveis da prática da atividade física. Portanto, um indivíduo ao se envolver em programas regulares de atividade física tende a apresentar melhores índices de aptidão física e, com o aumento nos índices de aptidão física, provavelmente, tornar-se-á mais ativo. O modelo também procura chamar a atenção para o fato de que os índices de aptidão física estão relacionados com estado de saúde de uma maneira recíproca. Dessa forma, o estado de saúde influencia e é influenciado pelos índices de aptidão física.

Existem atualmente inúmeras evidências circunstanciais de que a prática regular de atividade física representa um obstáculo ao desenvolvimento de doenças crônico-dege-nerativas e representam um fator essencial para o bom funcionamento orgânico. Por esse motivo, acredita-se que níveis apropriados de aptidão física, mantidos durante toda a vida, por meio de atividades físicas regulares que possam provocar respostas e adapta-ções benéficas nos diferentes sistemas do organismo humano, poderão exercer uma decisiva participação em termos de prevenção e manutenção de uma boa saúde. Com isso em mente, cabe-nos então conceituarmos o que vem a ser aptidão física e, enquanto profissionais da área da saúde, o que podemos fazer para promovê-la entre os integran-tes de nossa população.

6.1 - Definição de Aptidão Física

Embora, possa haver unanimidade quanto a sua importância em termos de ativida-

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de física, uma definição de natureza exata quanto a aptidão física não tem sido aceita universalmente. Até algum tempo atrás, muitas definições de aptidão física procuravam privilegiar unicamente as capacidades individuais direcionadas à prática de esportes, com a falsa idéia de que para apresentar um bom estado de saúde seria necessário demons-trar uma elevada condição atlética. Contudo, mais recentemente, começaram a surgir uma série de questionamentos quanto a essa ênfase tradicional oferecida à aptidão físi-ca, fundamentalmente quanto a ausência de atributos específicos relacionados efetiva-mente com um melhor estado de saúde. Assim, nos últimos anos, o conceito de aptidão física passou a apresentar uma significativa evolução, saindo do campo da conveniência, da tradição, do senso comum, da orientação exclusivamente esportiva, para incorporar princípios norteadores alicerçados em pressupostos desenvolvidos com base em infor-mações produzidas cientificamente.

De acordo com esses pressupostos e caracterizando uma forte tendência conceituai, inúmeros estudiosos têm sugerido que a aptidão física seja definida como "um estado dinâmico de energia e vitalidade que permita a cada um não apenas a realização das tarefas do cotidiano, as ocupações ativas das horas de lazer e enfrentar emergências imprevistas sem fadiga excessiva, mas também, evitar o aparecimento das disfunções hipocinéticas, enquanto funcionando no pico da capacidade intelectual e sentindo uma alegria em viver". Dessa forma, os índices de aptidão física são moduladores dos atribu-tos voltados à capacidade de realizar esforços físicos que possa garantir a sobrevivência das pessoas em boas condições orgânicas no meio ambiente em que vivem.

Considerando a multidimensionalidade que envolve os programas de atividade físi-ca em termos de esforços físicos, os componentes da aptidão física, necessariamente, deverão ser considerados em duas vertentes: aqueles voltados à aptidão física relaciona-da à saúde e aqueles que se identificam com a aptidão física relacionada às habilidades esportivas. Uma clara distinção entre as características dos componentes direcionados à aptidão física relacionada à saúde e às habilidades esportivas, poderá auxiliar no estabe-lecimento de metas e estratégias a serem adotadas nos programas de atividade física que procuram atender a promoção da saúde.

A aptidão física relacionada à saúde abriga aquelas capacidades físicas que rece-bem influência dos aspectos fisiológicos que oferecem alguma proteção aos distúrbios orgânicos provocados por um estilo de vida sedentário. Desse modo, a aptidão física relacionada à saúde torna-se extremamente sensível ao desenvolvimento de determina-dos tipos de programas de atividade física e, em termos motores, englobam os compo-nentes da resistência cárdio-respiratória, força/resistência muscular, flexibilidade e alguns aspectos da composição corporal.

Por outro lado, a aptidão física relacionada às habilidades esportivas incluem aque-las capacidades físicas que possibilitam uma prática mais eficiente dos esportes. Assim, em adição aos aspectos relacionados com saúde funcional, os quais são fundamentais para o desempenho atlético, os componentes especificamente direcionados a aptidão física relacionada às habilidades esportivas incluem a agilidade, o equilíbrio, a coordena-ção, a potência e as velocidades de deslocamento e de reação.

Os programas de atividade física oferecidos à comunidade, tradicionalmente, têm preconizado a abordagem de atividades que levam as pessoas a vivenciarem experiên-cias das mais variadas possíveis na área motora. Já nos anos de escolarização, as crian-

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ças são introduzidas de forma efetiva nestes programas através das aulas de educação física, porém, infelizmente, com um predomínio bastante acentuado quanto a prática de esportes e de outras atividades organizadas, onde existe uma maior solicitação dos com-ponentes da aptidão física relacionada às habilidades esportivas.

Neste particular, a literatura especializada tem nos apresentado claros indícios no sentido de que as habilidades esportivas se modificam de forma significativa com a práti-ca; no entanto, uma vez alcançados determinados níveis, tendem a se manterem pratica-mente estáveis sem qualquer alteração positiva. Em contraposição, sabe-se também que os níveis de prática das habilidades esportivas são altamente dependentes dos aspectos genéticos, fazendo com que, cada indivíduo venha a apresentar um determinado poten-cial a ser desenvolvido. Assim, parece mais lógico imaginar que poucas pessoas poderão alcançar níveis de excelência que as levem à prática de esportes; porém, a grande maio-ria pelo menos, deve ser levada a atingir níveis mínimos de competência no sentido de apresentar condições físico-funcional suficientes para atender aqueles aspectos do coti-diano que envolvem a realização de esforços físicos. Conseqüentemente, não restam dúvidas de que o desenvolvimento da aptidão física relacionada às habilidades esporti-vas poderá ser contemplado nos programas de atividade física, sobretudo, nas idades onde as pessoas apresentam uma maior sensibilidade a essas características motoras, ou seja, infância e adolescência, porém, deve-se levar em conta seus fatores limitantes em termos de atividade física direcionada à promoção da saúde.

Dentro desta visão, os aspectos da aptidão física especialmente direcionados à saúde funcional, deverão apresentar um maior significativo nos programas de atividade física oferecidos à comunidade. Niveis "ótimos" dos componentes da aptidão física rela-cionada à saúde resultam de programas de atividade física especialmente desenvolvidos para esta finalidade. A prática de esportes pode, eventualmente, promover alguns aspec-tos da aptidão física relacionada à saúde; porém, ao contrário do que se verifica na apti-dão física relacionada às habilidades esportivas, onde existe um elevado índice de reten-ção, a aptidão física relacionada à saúde não pode ser acumulada e, portanto, necessita de constante manutenção através de programas específicos e regulares de atividade física.

Desse modo, se o desenvolvimento de programas voltados a atender as habilidades esportivas, através da prática de esportes, torna-se um importante recurso tendo em vista a oportunidade de levar as pessoas a desenvolverem atividades recreativas. Os progra-mas direcionados a atender a aptidão física relacionada à saúde, seguramente, se cons-tituem em mecanismos imprescindíveis, na medida em que contribuem para que se pos-sa inibir o aparecimento dos fatores de risco que mais tarde, venham a contribuir para o surgimento de sintomas relacionados com disfunções de caráter crônico-degenerativo, mediante uma maior proteção contra problemas e distúrbios associados com as doenças hipocinéticas, isto é, aquelas relacionadas ou causadas pela falta de atividade física.

6.2 - Resistência Cárdio-respiratória

A resistência cárdio-respiratória, também conhecida como resistência aeróbia, é definida como a capacidade do organismo em se adaptar a esforços físicos moderados, envolvendo a participação dos grandes grupos musculares, por períodos de tempo relati-

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vamente longo. Fisiologicamente, a resistência cárdio-respiratória requer uma participa-ção bastante significativa dos sistemas cardiovascular e respiratório, no sentido de aten-der a demanda de oxigênio através da corrente sangüínea, com o intuito de manter de forma eficiente o esforço físico a nível muscular. Por sua vez, sistemas cardiovascular e respiratório menos eficientes e níveis baixos de condição aeróbia têm sido identificados como antecedentes nas coronariopatias e em outras doenças crônico-degenerativas.

Para melhorar e manter os índices de resistência cárdio-respiratória torna-se neces-sário administrar programas de atividade física que possam ativar todo o sistema orgâni-co de oxigenação - coração, pulmões, sangue e vasos sangüíneos. Os exercícios que se prestam a esta finalidade são os chamados "aeróbios", e incluem esforços de média a longa duração (>5 minutos) de caráter dinâmico, em ritmo constante e de intensidade moderada, exemplificados através da caminhada/corrida, do ciclismo, da natação, etc.

6.3 - Força/Resistência Muscular e Flexibilidade

Ao definir força como o nível de tensão máxima que pode ser produzido por um grupo muscular específico e resistência muscular, como a capacidade desse mesmo gru-po muscular em manter os níveis de força submáxima alcançados por um período de tempo mais elevado, vamos perceber que esses dois componentes da aptidão física de-vem ser considerados como moduladores da eficiência do sistema músculo-esquelético. Desse modo, a manutenção de condições "ótimas" de força/resistência muscular torna-se um importante mecanismo da saúde funcional, notadamente no que se refere a pre-venção e tratamento de problemas posturais, articulares, lesões músculo-esqueléticas e mais especificamente das lombalgias.

Para melhorar e manter os índices de força/resistência muscular de um grupo mus-cular específico, torna-se necessário exercitá-lo regularmente num nível mais intenso do que costumeiramente ele é solicitado no cotidiano. Em geral, recorre-se à utilização de pesos adicionais, como por exemplo, levantar e sustentar objetos, trabalho com halteres, etc; ou a outras formas de oferecimento de sobrecarga envolvendo o próprio peso corpo-ral com intenção de incrementar o nível de contração muscular, como por exemplo, flexões de braços e pernas sustentando o próprio peso corporal, flexões do tronco (exercícios abdominais), etc.

Por outro lado, a flexibilidade é definida como a amplitude de um dado movimento articular, ou de um grupo de movimentos e/ou articulações, quando solicitada na realiza-ção dos movimentos. Músculos, tecidos conectivos, tendões e ligamentos tendem a con-servar ou a aumentar sua propriedade de elasticidade através dos programas de ativida-de física que procuram envolver a flexibilidade. Indivíduos que apresentam um índice de flexibilidade mais elevado movem-se com maior facilidade e são menos susceptíveis a lesões quando submetidos a um esforço físico mais intenso, e geralmente, apresentam menor incidência de problemas na esfera ósteo-mio-articular.

Indivíduos pouco ativos são, na maioria das vezes, menos flexíveis, ou seja, de-monstram pouca capacidade de mobilidade articular associada a um menor grau de elas-ticidade muscular. Os programas de atividade física envolvendo a flexibilidade deverão privilegiar exercícios que possam levar os diferentes grupos musculares a se alongarem

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de maneira progressiva e suave, além de provocar movimentos que propiciem um traba-lho articular mais acentuado.

Estes três componentes - força/resistência e flexibilidade - fazem parte da chamada função músculo-esquelética, logo, trabalham por uma causa comum, a eficiência do sis-tema músculo-esquelético. Portanto, os programas de atividade física que envolvem es-ses componentes devem ser desenvolvidos paralelamente, evitando, dessa forma, desequi-líbrios de ordem orgânica que possam provocar eventualmente lesões musculares e arti-culares.

6.4 - Composição Corporal

A composição corporal, definida como o fracionamento do peso corporal, distingue-se basicamente em quatro principais componentes: gordura, ossos, músculos e resíduo formado pelos órgãos, pele, sangue, tecido epitelial, sistema nervoso, etc. Contudo, os parâmetros da composição corporal que interessam mais diretamente aos aspectos da saúde funcional, referem-se às informações relacionadas com a quantidade de gordura e sua disposição em termos de distribuição pelas diferentes regiões do corpo. Atualmente, existe um grande número de evidências no sentido de que o excesso de gordura corporal desempenha um importante papel na variação das funções metabólicas, constituindo-se, portanto, juntamente com a sua distribuição, como um dos fatores de risco mais significa-tivo associado ao aparecimento das doenças crônico-degenerativas.

Considerando que o maior acúmulo de gordura ocorre em função de um desequilíbrio em termos de consumo e gasto calórico, para que se possa manter a quantidade de gordura em limites aceitáveis, torna-se imprescindível a combinação de uma dieta con-trolada, incluindo os quatro grupos básicos de nutrientes, e programas de atividades físi-ca em níveis apropriados. Neste particular, o gasto calórico observado durante os progra-mas de atividade física varia, entre outros fatores, de acordo com a intensidade e a dura-ção dos exercícios. Em termos estratégicos, os exercícios aeróbicos de longa duração e baixa intensidade são os mais eficientes no processo de redução e controle da quantida-de de gordura corporal.

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CAPÍTULO 7

• Dartagnan Pinto Guede

7- PRESCRIÇÃO E ORIENTAÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA DIRECIONADA À PROMOÇÃO DA SAÚDE

Para que um programa de atividade física possa ser seguro e venha apresentar alguma repercussão em termos de promoção da saúde, torna-se necessário planejar, organizar, prescrever e orientar os exercícios observando certos aspectos básicos. As-sim, inicialmente, este programa deverá envolver todos os componentes da aptidão física direcionada à saúde: a resistência cárdio-respiratória, a força/resistência muscular, a fle-xibilidade e a composição corporal; além de acompanhar os três princípios biológicos voltados a relação esforço físico-adaptações funcionais e orgânicas. Fatores como a duração, a freqüência semanal, a intensidade, a disposição seqüencial e o tipo do exercí-cio físico são aspectos importantes a serem considerados no desenvolvimento dos pro-gramas de atividade física voltados à promoção da saúde.

7.1 - Princípios Biológicos dos Programas de atividades físicas

Os programas de atividade física direcionados à promoção da saúde deverão ser planejados e organizados com base em três princípios biológicos; princípio da sobrecar-ga, progressão e individualidade, princípio da especificidade e princípio da reversibilidade.

- Princípio da sobrecarga, progressão e individualidade

Este principio está alicerçado no pressuposto de que para que possa ocorrer melhorias na condição funcional de um indivíduo, seu organismo deverá ser submetido a um programa de atividade física que venha a oferecer esforços físicos mais intensos do que está normalmente acostumado em seu cotidiano, além de provocar estímulos com alguma regularidade apresentados de maneira progressiva.

Os diferentes órgãos, sistemas e tecidos do nosso organismo apresentam um so-fisticado e eficiente mecanismo de adaptação frente aos estímulos provocados pelos pro-gramas de atividade física. Logo, o indivíduo ao ser exposto a um determinado esforço físico deverá apresentar uma série de adaptações orgânicas que, na seqüência, permita-lhe ser submetido a estímulo gradualmente mais intenso. Se o mesmo nível de esforço físico for repetido continuamente, o organismo, ao se adaptar a estes estímulos, deixa de apresentar alguma evolução. Neste sentido, a progressão dos esforços físicos pode ocor-rer de duas maneiras, de forma isolada ou através da combinação das duas:

(a) Aumentando a quantidade das atividades em cada sessão do programa. Por exemplo: aumentar a distância a ser percorrida, caminhar/correr por um tempo mais ele-vado, executar um maior número de repetições de determinado exercício, etc.

(b) Incrementando o ritmo ou a intensidade das atividades a serem realizados. Por

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exemplo: caminhar/correr mais rapidamente durante determinado tempo, executar um mesmo número de repetições em um menor tempo, etc.

Por outro lado, em função das diversidades das adaptações orgânicas a esforços físicos semelhantes, provocadas pelas características individuais (idade, sexo, nutrição, hábitos de vida, condição de saúde, motivação, etc), cada organismo poderá reagir aos estímulos provocados pelos programas de atividade física de maneira bastante particular. Isto é, a treinabilidade varia de indidíduo para indivíduo. Assim, nem todos os indivíduos deverão apresentar uma progressão, em termos de adaptação aos esforços físicos, no mesmo ritmo. Enquanto, alguns indivíduos podem apresentar uma progressão menos acentuada em razão de seu ritmo de adaptação ser mais lento, outros podem alcançar índices bastante altos mais prematuramente. No entanto, o importante é que os estímu-los oferecidos a todos sejam adequados e compatíveis com suas condições e objetivos individuais.

Portanto, o princípio da sobrecarga, progressão e individualidade significa que, os esforços físicos que constituem os programas de atividade física direcionados à promo-ção da saúde, deverão ser administrados de acordo com as condições individuais de cada um, e com o passar do tempo, deverão ocorrer aumentos progressivamente maio-res de acordo com o ritmo de adaptação de cada indivíduo.

Vale contudo ressalvar que embora a individualidade seja sempre desejável em um programa de atividade física, na maioria das vezes, uma vez alcançado um nível adequa-do de condição física, inexiste a necessidade de aplicar o princípio de sobrecarga.

a

- Princípio da especificidade

O principio da especificidade preconiza que as adaptações funcionais e orgânicas relacionadas com cada componente da aptidão física, direcionadas à saúde, deverão ser produzidas somente mediante a administração de esforços físicos específicos dentro dos programas de atividade física. Em outras palavras, um determinado exercício físico deve-rá apresentar efeitos específicos sobre o estado de saúde do indivíduo, ou seja, o orga-nismo sempre se adapta de modo específico ao esforço físico que lhe é oferecido. Isto porque o exercício físico deverá solicitar exigências distintas do organismo de acordo com o tipo de esforço físico a que é exposto.

Portanto, a realização de um determinado exercício físico produzirá uma adaptação no organismo em termos de saúde que será específica para este tipo de exercício físico. Assim, por exemplo, os exercícios aeróbios deverão provocar modificações na resistên-cia cárdio-respiratória; os exercícios de alongamento muscular e mobilidade articular de-verão atuar na flexibilidade dos segmentos corporais que participam da atividade; e os exercícios localizados que exigem a participação de significativa tensão a nível muscular, deverão desenvolver a força/resistência dos grupos musculares envolvidos na ação.

- Princípio da reversibilidade

Este princípio assegura que os benefícios alcançados mediante o envolvimento em programas de atividade física direcionados à promoção da saúde são de natureza transi-tória. As adaptações funcionais e orgânicas provocadas pelos exercícios físicos tendem a

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retornar aos estados iniciais após a paralisação, ou até mesmo, as interrupções temporá-rias dos programas de atividade física. Portanto, as vantagens que os programas de atividade física possam trazer à saúde de um indivíduo são, até certo ponto, extrema-mente reversíveis, ou seja, as pessoas estariam benficiando-se das vantagens dos pro-gramas de atividade física apenas enquanto permanecem ativas. Ao voltarem a adotar um estilo de vida sedentário, os níveis alcançados, enquanto ativas, se deterioram paula-tinamente, surgindo eventualmente fatores de risco que podem comprometer um melhor estado de saúde semelhante ao que acontece com indivíduos sedentários.

7.2 - Disposição seqüencial, duração, freqüência semanal e intensidade dos exercícios físicos

Em termos gerais, uma sessão de exercício físico que procura repercutir positiva-mente dentro de um programa de atividade física direcionada à promoção da saúde de-verá apresentar três momentos bastante distintos: a parte preparatória, a principal e a final.

A parte preparatória, também denominada de aquecimento, tem a finalidade de pre-parar o organismo física e psicologicamente, para um esforço mais intenso, de modo a evitar súbitas alterações fisiológicas e possivelmente, minimizar a possibilidade de ocor-rência de lesões. Portanto, o objetivo do aquecimento é levar os diferentes sistemas, órgãos e tecidos a um estado que permita um funcionamento orgânico frente ao esforço físico com maior eficiência. Fazem parte do aquecimento exercícios moderados envol-vendo movimentos variados e caminhadas ou trote, visando oferecer uma maior ativação metabólica. Exercícios que solicitam a flexibilidade também devem ser uma opção a ser trabalhada na parte inicial de uma sessão de atividade física, procurando preparar mús-culos e tendões para movimentos de maior amplitude.

A parte principal de uma sessão de exercícios físicos tem como objetivo desenvol-ver os componentes da aptidão física: resistência cárdio-respiratória e força/resistência muscular, que por sua vez, deverão provocar modificações em termos de composição corporal. Portanto, de início, deverão ser administradas atividades prioritariamente aeróbias como caminhada/corrida, ciclismo, natação, etc, que procurem provocar modificações em termos de resistência cárdio-respiratória; e na seqüência, exercícios localizados como abdominais, flexão e extensão de braços e pernas, etc, que procurem atender a força/ resistência muscular.

A parte final de uma sessão de exercícios físicos, ou o resfriamento, visa dar oportu-nidade a um retorno gradativo do organismo a níveis próximos ao repouso. Desse modo deverão incluir atividades leves de relaxamento que têm como objetivo diminuir paulati-namente a intensidade dos esforços físicos oferecidos na parte principal. Atividades de flexibilidade envolvendo alongamento dos principais grupos musculares de maneira está-tica e suave, também devem ser adicionadas na parte final de uma sessão de exercícios físicos.

Quanto à duração de cada sessão do programa de atividade física, 30 minutos é o tempo mínimo preconizado; sendo que, com a ocorrência das adaptações funcionais e orgânicas que deverão surgir com o desenvolvimento do programa, este tempo deverá

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elevar-se paulatinamente até alcançar uma duração aproximada de 60 minutos. Em termos de estratégia, o indivíduo, ao iniciar um programa de atividade física,

deverá dedicar um maior tempo a parte preparatória (aquecimento) e final (resfriamento) de cada sessão e, por sua vez, um menor tempo a parte principal, voltada ao atendimento da resistência cárdio-respiratória e da força/resistência muscular. Ainda, em função dos iniciantes nos programas de atividade física estarem eventualmente aprendendo a forma correta de realização dos exercícios físicos e se familiarizando com a seqüência das atividades, além de serem menos aptos fisicamente, deverá haver um maior intervalo entre cada exercício preconizado, e sua execução deverá ser mais lenta e com poucas repetições. Com a evolução apresentada pelos indivíduos envolvidos com os programas de atividade física, os exercícios poderão ser realizados mais rapidamente, com um mai-or número de repetições e com um menor intervalo entre um e outro, além do que, o tempo dedicado ao aquecimento e ao resfriamento deverão diminuir, com um simultâneo aumento no tempo oferecido a parte principal de cada sessão. Dessa forma, consideran-do, hipoteticamente, um programa de atividade física de 12 semanas com uma duração de 45 minutos, a disposição das diferentes partes de cada sessão poderá apresentar a seguinte seqüência:

Com relação à freqüência semanal das sessões de exercícios físicos dentro de um

programa de atividade física, os principais estudos nesta área indicam que o ideal é exer-citar-se de cinco a seis vezes por semana, apesar de que, modificações significativas em termos de promoção de saúde, já poderão ocorrer com somente três sessões por sema-na. Convém chamar a atenção para o fato de que, quando possível, as sessões deverão ser desenvolvidas em dias alternados, procurando oferecer oportunidades de recupera-ção mais eficiente.

Por sua vez, para que um programa de atividade física possa contribuir de forma efetiva, a intensidade com que os exercícios são realizados, deverá estar ajustada as capacidades individuais apresentadas pelos seus participantes. O procedimento de mai-or conveniência na monitorização da intensidade dos esforços físicos em atividades que envolve a resistência cárdio-respiratória é o controle da freqüência cardíaca durante e imediatamente após a sua realização. Em termos de repercussão positiva para a saúde,

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os limites classicamente propostos para a freqüência cardíaca de esforço situam-se entre 50 e 80% da freqüência cardíaca de reserva com base na idade e na freqüência cardíaca de repouso de cada indivíduo; o que corresponde aproximadamente a um gasto energético equivalente entre 50 e 75% do consumo máximo de oxigênio.

Portanto, quando uma pessoa adulta previamente sedentária inicia um programa de atividade física, os esforços direcionados ao desenvolvimento da resistência cárdio-respi-ratória deverão ser de tal ordem que possam manter a freqüência cardíaca por volta de 50% de seus limites máximos. Depois, mediante uma adequada progressão em termos de intensidade dos esforços, a freqüência cardíaca deverá alcançar índices mais eleva-dos até atingir valores em torno de 80% de sua reserva preconizada em relação a idade. Neste particular, admitindo que a freqüência cardíaca máxima estimada deverá diminuir com a idade, verifica-se que os limites da freqüência cardíaca de esforço deverão tam-bém tornar-se menores com o passar dos anos, o que é estimado pela relação abaixo válida para ambos os sexos:

Freqüência Cardíaca Máxima esforço = 220 - Idade

Na tentativa de exemplificar o controle da intensidade dos esforços para o desenvol-vimento da resistência cárdio-respiratória, podemos hipotetizar, que para um indivíduo com 20 anos de idade que apresenta freqüência cardíaca de repouso (FCrepouso) por volta de 70 batimentos/minuto (70 bpm):

Primeiro Passo: predição da freqüência cardíaca máxima (FCmax) FC = 220 - Idade

max = 220-20 = 200 bpm

Segundo Passo: cálculo da reserva de freqüência cardíaca (RFC) RFC = FC - FC

max repouso = 200 - 70 = 130 bpm

Terceiro Passo: cálculo do limite inferior da freqüência cardíaca de esforço (FCEinf) FCEinf = (RFC x 0,50) + FCrepouso

= (130 x 0,50) +70 = 135 bpm

Quarto Passo: cálculo do limite superior da freqüência cardíaca de esforço (FCEsup) FCEsup = (RFC x 0,80) + FCrepouso

sup repouso = (130 x 0,80) +70 = 174 bpm

Neste caso, a freqüência cardíaca de esforço deverá se apresentar dentro de um limite de 135 e 174 bpm, ou seja, os exercícios físicos deverão apresentar uma intensida-de que possa elevar a freqüência cardíaca acima de 135 bpm, porém, não exceder a 174 bpm. A região de freqüência cardíaca de esforço compreendida entre os limites inferior e superior é também denominada de zona-alvo.

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7.3 -Tipo de exercício físico direcionado à promoção da saúde

Para que se possa melhorar e manter em níveis satisfatórios os índices de aptidão física relacionada à saúde, torna-se necessário desenvolver exercícios físicos que pos-sam verdadeiramente estimular o sistema cárdio-respiratório. Neste particular, mesmo admitindo que a flexibilidade e a força/resistência muscular sejam consideradas como importantes componentes motores na preservação de um melhor estado funcional e or-gânico, na realização de qualquer esforço físico que seja, é fundamental que os sistemas cardiovascular e respiratório funcionem eficientemente no sentido de captar e transportar o oxigênio necessário até os músculos envolvidos na atividade. Portanto, um melhor fun-cionamento desses dois sistemas, o que em termos motores corresponde à resistência cárdio-respiratória, representa algo de enorme importância no cotidiano de qualquer pes-soa. Os exercícios físicos "aeróbios", intensidade moderada (dentro da zona-alvo de fre-qüência cardíaca) e envolvemos os grandes grupos musculares de maneira dinâmica e com um ritmo relativamente constante.

A caminhada, a corrida em ritmo moderado (jogging), a natação e o ciclismo são exemplos típicos de atividades físicas que podem ser realizadas de maneira aeróbia, e portanto, provocar modificações importantes na resistência cárdio-respiratória. Alguns esportes coletivos como basquetebol, voleibol, futebol, etc, também podem ser pratica-dos aerobiamente. O mesmo acontece com modalidades primariamente individuais, onde se destacam os esportes de raquete, nos quais é possível alcançar níveis adequados de condição aeróbia aliado ao aspecto motivacional e lúdico do jogo. Nestas circunstâncias, deve-se complementar a atividade desportiva propriamente dita com as demais variáveis da aptidão física voltada para a saúde.

Não se pode esquecer ainda a significativa diferença existente entre a prática de esportes em termos competitivos e aquela feita de forma recreativa. A prática de espor-tes, sem dúvida alguma, requer um elevado nível de aptidão física tanto relacionada às capacidades atléticas quanto à saúde, e portanto, repercute positivamente quanto as eventuais modificações dos níveis de aptidão física quando praticado em uma situação de competição.

Entretanto, esses mesmos esportes, praticados de forma recreativa, poderão exigir menores solicitações em termos de esforço físico, e por sua vez, não provocando modifi-cações satisfatórias em termos de aptidão física relacionada à saúde. Dessa maneira, deve-se admitir que os esportes praticados de maneira recreativa podem ser bastante desejados e valorizados enquanto opção de lazer; porém, na maioria das vezes, pode ser que os baixos níveis dos esforços físicos despendidos pelos seus participantes não aten-dam as exigências mínimas necessárias à melhoria das condições funcionais e orgâni-cas. Assim, parece correto afirmar que: as pessoas deverão apresentar um satisfatório nível de saúde para a prática de esportes; no entanto, a prática de esportes não deverá necessariamente ser utilizada na promoção da saúde.

Concluindo, um programa de atividade física direcionado à promoção da saúde de-verá ser desenvolvido procurando atender os seguintes pressupostos:

Freqüência ______ De 3 a 5 sessões/semana em dias alternados quando possível. Intensidade ______ 50% a 80% da freqüência cardíaca de reserva. Duração ________ De 30 a 60 minutos/sessão. Tipo de Atividade—Preferencialmente caminhada, corrida, natação e ciclismo, ou seja, envolvendo grandes grupos musculares.

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AVALIAÇÃO - Capítulos 6 e 7

Numerar a segunda coluna de acordo com a primeira: Aptidão física direcionada: Componentes Motores: (1)à saúde () Velocidade (2) às habilidades esportivas ( ) Flexibilidade

( ) Força Muscular ( ) Coordenação ( ) Potência ( ) Agilidade ( ) Resistência Muscular ( ) Composição Corporal ( ) Resistência Cárdio-respiratória.

Marcar "V" nas afirmações verdadeiras e "F" nas falsas: ( ) Os componentes da aptidão física relacionada à saúde são mais sensíveis

ao desenvolvimento dos programas de atividade física do que os da aptidão física relacionada às habilidades esportivas.

( ) Os componentes da aptidão física relacionada às habilidades esportivas são altamente dependentes dos fatores genéticos.

( ) Assim como no caso da aptidão física relacionada às habilidades esporti-vas, os componentes da aptidão física relacionada à saúde apresentam baixo índice de retenção.

( ) Os componentes da aptidão física relacionada às habilidades esportivas são imprescindíveis na promoção da saúde.

Assinalar a opção INCORRETA: (a) Pessoas com um índice de flexibilidade mais elevado apresentam menor

incidência de distúrbios músculo-esquelético. (b) Quantidade e topografia da gordura corporal é um dos fatores de risco

mais importante no aparecimento das doenças crônico-degenerativas. (d) Níveis de resistência cárdio-respiratória mais elevados são identificados

como antecedentes nas cardiopatias e outros distúrbios degenerativos.

Completar as afirmações com os termos mais adequados: (a) O princípio da sobrecarga significa que ........................................................

.................................................................. ,enquanto o fato dos esforços físicos serem administrados de acordo com as condições individuais de cada um refere-se ao princípio da ..............................................................

(b) O princípio da especificidade preconiza que ............................................. ao passo que aumentos progressivamente maiores de acordo com o rit mo de adaptação de cada pessoa caracteriza o princípio ..........................

(c) O aspecto transitório dos benefícios alcançados pelos programas de ati vidade física é explicado pelo princípio........................................................, assim o seu cumprimento faz com que as vantagens da atividade física para a saúde sejam reversíveis, ou seja,.....................................................

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(d) A parte preparatória ou............................................................a parte prin cipal e a parte final ou.............................................................são os três momentos que constituem a disposição seqüencial de uma ses-são de atividade física.

(e) A duração mínima de uma sessão de atividade física voltada à promoção da saúde deverá ser de.................minutos, a freqüência semanal por vol ta de ...............vezes por semana, e a intensidade dos esforços próximo a.......................dá freqüência cardíaca máxima predita.

Supondo uma pessoa com 40 anos de idade e com uma freqüência cardíaca de repouso igual a 80 batimentos/minuto: (a) Qual deverá ser sua freqüência cardíaca máxima predita?

R:............................................................................................................... (b) Quais deverão ser seus limites máximo e mínimo de freqüência cardíaca

para se trabalhar num programa de atividade física direcionada à promo ção da saúde?

R: ................................................................................................................

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8 - BIBLIOGRAFIA BÁSICA

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9 - ARTIGOS CIENTÍFICOS PARA APROFUNDAMENTO E CONSULTA

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