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MEMRIADO
ESPORTEEDUCACIONAL
BRASILEIRO
Breve histria dos Jogos Universitrios e Escolares
So Paulo, 2007
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Apoio:
FICHACATALOGRFICA:
Memria do esporte educacional brasileiro: breve histria dos JogosUniversitrios e Escolares / Elisa de Campos Borges e Augusto CsarBuonicore. So Paulo : Centro de Estudos e Memria da Juventude,2007.135 p. 14,8 x 21 cm
ISBN: 85-9917-302-2
1. Juventude 2. Esporte 3. Educao 4. Polticas Pblicas. I. Borges,
Elisa de. II. Buonicore, Augusto Csar.CDD - 305
ndices para catlogo sistemtico:1. Juventude : Esporte : Educao : Polticas Pblicas 305
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ELISADECAMPOSBORGES
AUGUSTOCSARBUONICORE
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BRASILEIROBreve histria dos Jogos Universitrios e Escolares
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PREFCIO
Antes de tudo, agradeo o honroso convite para prefaciar um estudo des-
sa natureza. Falar da juventude e do esporte uma responsabilidade
desafiadora, mas que faz parte de meu ofcio. Louvo, inicialmente, o
Centro de Estudos e Memria da Juventude por mais essa iniciativa. Que ve-
nham outras, tenho certeza. Em seguida, meu reconhecimento ao Ministrio do
Esporte pela sensibilidade de sua acolhida a um projeto desse alcance.
Trata-se de um estudo de carter descritivo que dentro de seus limites abre
possibilidades para profundas reflexes sobre o esporte e sobre aqueles que hojeainda so jovens. Logo de incio, a obra provoca-nos evocando o grande debate
sobre a finalidade dos Jogos Estudantis e Universitrios, atualmente Olimpadas
Escolares e Universitrias. Trata-se da integrao e da valorizao dos conceitos
esportivos e da vida saudvel, ou da formao de uma elite nacional de espor-
tistas? Essa questo, posta na apresentao da obra, acompanhou-me em toda
a sua leitura. E fez-me refletir. Refletir sobre o esporte nos dias de hoje, a sua
profissionalizao, o tipo de treinamento a que os atletas so submetidos, ouseja, a tudo que acontece queles que um dia no sero mais jovens. Em breve,
provavelmente.
Abertura do XIII JUBs no Estdio Olmpico lotado de expectadores e autoridades em 1956;destaque para a participao do ento prefeito Leonel Brizola. Fonte: Jornal Correio do Povo, 1956.
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Estranho o estranhamento que o esporte capaz de causar. Diz-se tudo de bom
sobre ele. Afasta das drogas, eficaz no processo de ressocializao, prtica
democrtica, proporciona sade, combate a violncia, reintegra deficientes fsi-
cos, e tal e coisa.
No de hoje que se idealiza essa prtica social. No mundo ocidental, pelo me-
nos desde a Antiguidade Grega. Os to louvados Jogos Olmpicos so um belo
exemplo. Romantizados, so sempre apreciados por seus valores positivos. No
se percebe, entre outros, seu carter altamente discriminatrio. As mulheres
e os escravos no tinham sequer acesso aos estdios onde se desenrolavam as
provas atlticas. Havia excees, claro. Os escravos, por exemplo, eram quase
sempre os condutores das bigas, corrida que, por suas contumazes quedas, mui-
tas vezes matava seus partcipes.
Os Grandes Jogos gregos (os Olmpicos dentre eles) eram, e no podiam deixar de
ser, produzidos historicamente. Como tal, eivados das caractersticas da socieda-
de que os produziu. Os Jogos stmicos, por exemplo, eram realizados no istmo de
Corinto, um grande (ou mesmo o maior) centro de comrcio da Grcia Antiga.
Roma Antiga, em seu declnio imperial, utilizava as atividades fsicas para o j
citado estranhamento, que nada mais do que a alienao. Apesar das tentativas
sociolgicas de desqualificar a ento poltica do po e circo, esse seria o mais em-
blemtico exemplo da tentativa de afastar o povo das grandes questes sociais.
esquerda: chamada do encarte especial sobre juventude e poltica do Jornal Tribuna do
Nordeste, que comenta a participao de jovens atletas dos JUBs na campanha pelas Diretas J.Fonte: Tribuna do Nordeste, 1984. direita: matria no Jornal Tribuna do Nordeste relata o fm dosJUBs de 1984, ocorridos em Natal. Fonte: Tribuna do Nordeste , 1984.
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elas acabaro tendo que ajudar na renda familiar. Visto isoladamente, o Esporte
pode tudo, sim, tal qual a Educao para Helvtius. Visto no conjunto de bens
produzidos socialmente, o esporte ainda est longe de atender s demandas do
Coletivo.
Acredito que o Centro de Estudos e Memria da Juventude cumpriu uma tarefa
poltica da maior importncia, levando-nos a repensar prticas culturais em
uma perspectiva que supere as atuais. O Ministrio do Esporte tambm parece
se colocar disponvel para o enfrentamento inevitvel com os interesses domi-
nantes.
Vitor Marinho
Licenciado em Educao Fsica (UFRJ)
Doutor em Educao Brasileira (UFRJ)
Autor dos livros O que Educao Fsica?(Brasiliense), Educao Fsica Huma-
nista(Shape) e Consenso e Conflito Educao Fsica Brasileira(Shape)
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Apesar desses anos de existncia h pelo menos um critrio para a participao
do jovem nas competies que no se alterou: a necessidade de estar matriculado
no sistema educacional brasileiro seja secundrio ou universitrio, privado ou
pblico.
Um dos debates mais freqentes no desenvolvimento dos Jogos est relacionado
sua finalidade: a integrao e a valorizao dos conceitos esportivos e da vida
saudvel ou a formao de uma elite nacional de esportistas? Algumas edies,
tanto dos JUBs quanto dos JEBs, puderam experimentar finalidades diversas,
definidas a partir das vises ento dominantes entre os integrantes dos rgos
competentes em realizar as competies.
Temos a clareza de o tema aqui estudado estar inserido, desde o seu nascimento
(JUBs em 1935 e JEBs em 1969), na vida poltica e social brasileira. Ou seja: os
Jogos perpassaram governos e polticas desde Getlio Vargas, passando pelos anos
JK, pela ditadura militar, pela redemocratizao, pelo impeachment de Collor,
pelos anos FHC e chegando at o governo Lula. E, inegavelmente, os parmetros
estabelecidos pelas polticas pblicas de juventude no mbito do esporte tambmforam influenciados por esses diversos contextos, refletindo o desenvolvimento
das presses polticas do setor esportivo, da sociedade e dos rgos criados pelo
Governo Federal.
Alis, s o mapeamento das diversas mudanas por que passou o rgo governa-
mental responsvel pelas polticas pblicas na rea esportiva j nos d uma idia
de como evoluiu ao longo das dcadas a percepo tanto do Estado quanto dasociedade brasileira acerca da importncia do esporte. Um breve relato nos
dar a conhecer um pouco dessa trajetria: em 13 de maro de 1937 foi criada,
atravs da Lei n. 378, a Diviso de Educao Fsica do Ministrio da Educao
e Cultura (MEC), que teve frente diversas personalidades ligadas ao exrcito
brasileiro2; em 1970 a diviso foi substituda pelo Departamento de Educao
2Foram diretores da Diviso de Educao Fsica neste perodo: Major Joo Barbosa Leite, Coronel
Caio Mrio de Noronha Miranda, Professor Alfredo Colombo, General Antnio Pires de Castro Fi-
lho, Coronel Genival de Freitas e Coronel Arthur Orlando da Costa Ferreira.
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Fsica e Desportos3; em 1978 o departamento foi trans-
formado em Secretaria de Educao Fsica e Desporto,
ainda ligada ao Ministrio da Educao, a qual teve
frente diversos educadores da rea esportiva de nossopas4; em 1990 esse rgo substitudo pela Secretaria
de Desportos da Presidncia da Repblica, perdendo
o vnculo administrativo com o Ministrio da Educa-
o5; com o impeachment de Collor o esporte volta a
ser vinculado ao Ministrio da Educao atravs da
Secretaria de Desportos6; em 1995 criado, pelo ento
presidente Fernando Henrique Cardoso, o Ministriode Estado Extraordinrio do Esporte cujo secretrio
foi dson Arantes do Nascimento, o Pel , sendo en-
tretanto mantida a Secretaria de Desportos do MEC
at o ms de maro, perodo em que passou a ser
chamada de Instituto Nacional de Desenvolvimento
do Desporto (Indesp), ainda vinculado ao MEC mas
subordinado ao novo Ministrio; em 1998 foi criado,tambm pelo presidente Fernando Henrique, o Ministrio de Esporte e Tu-
rismo7, por meio de Medida Provisria; em 2000 o Indesp substitudo pela
Secretaria Nacional de Esporte, assumida pelo esportista Lars Schmidt Grael;
em 2003 o presidente Lus Incio Lula da Silva cria o Ministrio do Esporte,
desvinculando-o da pasta do Turismo. Esse ministrio teve at hoje como
titulares Agnelo Queiroz e Orlando Silva Junior.
3Foram diretores do Departamento: Coronel Eric Tinoco Marques e Coronel Osny Vasconcellos.
4Entre os secretrios esto: Pricles de Souza Cavalcanti (79 a 85), Bruno Luiz Ribeiro da Silveira
(85 a 87), Manoel Jos Gomes Tubino (fevereiro a maro/87), Jlio Csar (maro a dezembro/87),
Alfredo Alberto Leal Nunes (janeiro/88 a fevereiro/89) e, por ltimo, Manoel Gomes Tubino, nova-
mente, at dezembro de 1989.
5 Foram secretrios nesse perodo os ex-atletas Arthur Antunes Coimbra (Zico), de maro/91 a
abril/91, Bernard Rajzman, de abril/91 a outubro/92.
6 Foram secretrios neste perodo: Mrcio Baroukel de Souza (1992 a 1994) e Marcos Andr
da CostaBerenguer (1994 a 1995).
7 O primeiro a assumir o novo Ministrio foi o deputado federal Rafael Grecca, sucedido, emmaio de 2000, por Carlos Carmo Melles (2000 a 2002). O Indesp ficou sob a direo do Prof.
Manoel Gomes Tubino (junho a outubro/99), tendo como sucessor Augusto Carlos Garcia de
Viveiros (1999).
Folders da vigsima nonaedio dos JUBs. Fonte:Jornal Gazeta do Povo,
1978.
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Para realizar essa pesquisa enfrentamos uma srie de dificuldades no que diz
respeito localizao das fontes como os boletins de cada competio. O Mi-
nistrio do Esporte possui a quase totalidade dos boletins dos Jogos Escolares8,
principalmente por sua realizao estar diretamente ligada a ele ou ao antigo De-partamento de Desporto do MEC. Em relao s fontes dos JUBs encontramos
os maiores problemas. Essa documentao encontra-se dispersa, em sua grande
maioria em arquivos particulares de ex-dirigentes, ex-jogadores e ex-treinadores,
ou ento simplesmente sua localizao desconhecida. No h nem a preocupa-
o por parte da Confederao Brasileira do Desporto Universitrio, do Comit
Olmpico Brasileiro e do Ministrio do Esporte em armazenar e conservar os
documentos de edies mais recentes, bem como de buscar centralizar os dasmais antigas. A ttulo de exemplo, em nossas buscas junto a esses trs importantes
parceiros dos Jogos muito pouco ou quase nada foi encontrado.
Dessa forma, optamos por recorrer como principal fonte a jornais das ci-
dades-sede dos Jogos, sendo que em algumas edies a cobertura aconteceu de
forma muito resumida. Importantes tambm foram os documentos catalogados
pelo Professor Mario Cantarino, que gentilmente nos concedeu autorizao paraconsult-los. O Prof. Cantarino tambm nos ajudou a traar as datas dos JUBs,
relatou questes importantes a respeito das edies mais antigas dos Jogos e nos
ajudou a localizar outras fontes.
Em funo das inmeras dificuldades na identificao e localizao de fontes sobre
o assunto, este livro contm algumas lacunas. No que diz respeito aos Jogos Esco-
lares, no tivemos acesso a registros que nos permitissem construir relatos sobre asedies de 1986, 1993 e 1994. Sabemos apenas dessas edies que existiram e que se
realizaram, respectivamente, em Vitria (ES), Recife (PE) e Foz do Iguau (PR). No
que diz respeito ltima edio dos JEBs ocorrida no ano passado em Poos de
Caldas (MG) , poca em que realizamos a pesquisa ainda no havia documentos
disponveis sobre essa edio. Outra lacuna importante no captulo sobre os JEBs
relaciona-se ausncia de imagens das edies mais antigas. At para compensar
8 Na poca do regime militar, diga-se de passagem, esses boletins constituam-se em longos e
circunstanciados relatrios sobre os Jogos, contrastando com a supercialidade dos boletins de
pocas posteriores.
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esse problema de falta de imagens, optamos
por um relato um pouco mais exaustivo e
circunstanciado sobre as diversas edies
dos JEBs.
Em contraposio ao que ocorre com os
JEBs, no tivemos problemas na localiza-
o de imagens das edies mais antigas dos
JUBs. Em compensao, porm, as lacunas no relato sobre os Jogos Universitrios
so maiores. No obtivemos acesso a nenhuma fonte que nos permitisse contar
a histria das seguintes edies: XXVI (Macei, 1975); XXXVI (Goinia, 1985);XXXVII (Macei, 1986); XXXVIII (Belm, 1987); XXXIX (Joo Pessoa, 1988);
XL (So Lus, 1989); XLI (Florianpolis e Rio de Janeiro, 1990); XLII (Braslia,
1994); XLVI (Florianpolis, 1997) e L (Macei, 2002). Alm dessas, h tambm
os casos mais graves da XIV e XVII edies, muito provavelmente realizadas em
1958 e 1964. No possumos registros que nos informem nem mesmo o local e a
data precisa onde ocorreram essas duas edies. Temos a esperana e o compro-
misso de ver todas essas lacunas preenchidas em uma eventual 2 edio destetrabalho.
Aproveitamos esta oportunidade para sugerir s entidades e aos rgos pblicos
diretamente ligados organizao dos Jogos que busquem centralizar, catalogar e
conservar os documentos referentes a essa parte importante da histria da juven-
tude brasileira. Grande parte do acervo sobre os Jogos est se perdendo e, antes
que seja tarde, urge a adoo de medidas visando reverso desse processo dedecomposio da memria dos Jogos.
Este livro est organizado em trs partes: na introduo temos um breve relato de
como nasceram os Jogos e de como eles se desenvolveram a cada ano, at os dias
de hoje; na segunda parte apresentamos um relato sobre os JEBs, com base nos
boletins desses Jogos; na terceira traamos um panorama das diversas edies dos
JUBs; por fim, apresentamos algumas reflexes que podem contribuir para a ela-borao e implementao de polticas relacionadas s competies estudantis.
Seleo Gacha de Futebol participado III JUBs em 1956.
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INTRODUO
Os jogos educacionais
brasileiros nascem no
perodo do assim cha-
mado Esporte Moderno.
Conforme assevera o
Prof. Manoel Tubino,
depois de um longo
perodo dominado pelo
Esporte Antigo, o espor-
te ingressou num pero-
do denominado Esporte Moderno, a partir de 1820, na Inglaterra, com o pedagogo
Thomas Arnold. O Esporte Moderno, ainda no final do sculo XIX, recebeu a in-
fluncia do Olimpismo e depois atravessou dois perodos histricos diferentes: o
Perodo do Iderio Olmpico e o Perodo do Uso Poltico-Ideolgico do Esporte.
Neste segundo perodo, a exacerbao dos resultados esportivos era a expresso
principal do movimento esportivo internacional (...) At o final do Esporte Moder-
no a referncia principal era o rendimento. O Esporte de Desempenho era, na ver-
dade, o esporte que existia no mundo. Existia apenas a Recreao fora disso. Todas
as prticas esportivas, inclusive na escola, eram reprodues simples do Esporte de
Desempenho ou de rendimento9.
Esse contexto influenciou decisivamente a implantao, em nosso pas, das compe-
ties e atividades esportivas ligadas ao sistema educacional. Isso aconteceu duran-
te os anos de chumbo do regime militar, quando o esporte passa a ganhar nfase
no meio educacional. Nas palavras do Prof. Manoel Tubino, a educao voltada ao
tecnicismo tambm se referenciava no esporte de alto nvel. Evidente que j exis-
tiam competies escolares, mas foi a partir da dcada de 1960 que o Estado passou
a priorizar a formao e os resultados esportivos de alto rendimento, considerando
9 TUBINO, Manoel Jos Gomes. Pesquisa e anlise crtica sobre a relao do nexo esporte-escolacom os Jogos Escolares. Estudo apresentado ao Programa das Naes Unidas para o Desen-
volvimento PNUD / Ministrio do Esporte sob o termo de referncia n 121631, contrato n
2006/001493. Mimeo. P 5.
Ginsio lotado para assistir partida de futebol de salo durante a tri-gsima quinta edio dos JUBs. Fonte: Tribuna do Nordeste, 1984.
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dar e promover medidas que tenham por objetivo assegurar uma conveniente
e constante disciplina organizao e administrao das associaes e demaisentidades esportivas do pas, bem como tornar os desportos, cada vez mais, um
eficiente processo de educao fsica e espiritual da juventude e uma alta ex-
presso da cultura e da energia nacionais15. Como resultado dessa ao ocorreu
a criao da Confederao Brasileira do Desporto Universitrio (CBDU) em 15
de setembro de 1941, por meio do Decreto-Lei n. 3.617/41. Nesse ato ficou es-
tabelecida a base da organizao do esporte universitrio, ao serem oficializadas
as competies de mbito nacional, passando estas a receber a denominao deJogos Universitrios Brasileiros. Sua filosofia estava baseada nas noes de ami-
zade, fraternidade, perseverana, integridade e cooperao. Tambm so criadas
as Associaes Atlticas Acadmicas ligadas aos Centros Acadmicos: Haver
em cada estabelecimento de ensino superior uma Associao Atltica Acadmica
constituda por alunos e destinada prtica de desportos e realizao de com-
peties desportivas. A Associao Atltica Acadmica de cada estabelecimento de
ensino superior estar anexa ao seu Diretrio Acadmico, devendo o presidentedaquela fazer parte deste (Artigo 1, pargrafo 1) e, ainda: As Associaes Atl-
ticas Acadmicas formaro dentro de cada universidade uma Federao Atltica
Acadmica que estar anexa ao Diretrio Central Acadmico da mesma univer-
sidade, devendo o presidente daquela fazer parte deste (Artigo 2, pargrafo 2).
Por esse dispositivo, as instituies de ensino superior so obrigadas a constituir e
montar praas esportivas16.
15Decreto lei n. 3199, de 14 de abril de 1941, que estabelece as bases de organizao dos desportos
no Brasil.
16COSTA, L. da. (org).Atlas do Esporte no Brasil. RJ: Shape, 2005.
direita, desfle inaugural da dcima edio dos JUBs, com a presena de representantes da CBDUe FAPE. A solenidade de Abertura (esq.) foi presidida pelo Ministro Pedro Calmon e contou com apresena do ento Governador Barbosa Lima Sobrinho. Fonte: Jornal Dirio de Pernambuco, 1950.
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A partir de ento a CBDU passa ser o rgo mximo do desporto universitrio e
comea a realizar competies envolvendo estudantes universitrios, tornando-se
a representante brasileira junto Federao Internacional de Esporte Universit-
rio e organizando a participao do Brasil em competies internacionais.
A CBDU passou a atuar de maneira muito prxima Unio Nacional dos Estu-
dantes em determinados momentos como no episdio em que a UNE, DCE da
Universidade do Brasil e CBDU formalizaram ao presidente Vargas a solicitao da
cesso do edifcio da Praia do Flamengo, sede do Clube Germnia, para instalar a
sede das respectivas entidades. Em agosto de 1942 o prdio foi ocupado pelas enti-
dades. A UNE ocupou o primeiro andar, a CBDU o segundo e o DCE o trreo17.
Em 1975, ainda sob o jugo da ditadura militar, uma nova lei (n 6.251) reorganiza
o Esporte Universitrio, da qual a expresso Centro Acadmico retirada
conforme constava da lei 3.617, de criao da CBDU, j citada. Segundo essa
nova legislao, o desporto universitrio abrange, sob a superviso normativa
do Conselho Nacional de Desportos, as atividades desportivas dirigidas pela
Confederao Brasileira do Desporto Universitrio, pelas Federaes DesportivasUniversitrias e pelas Associaes Atlticas Acadmicas (Lei n. 6251, artigo 26,
pargrafo 1). Dessa forma era desvinculada dos Centros Acadmicos a prtica e a
organizao do esporte universitrio. As Associaes Atlticas Acadmicas eram
transformadas em entidades autnomas, s quais ficava atribudo o monoplio
da organizao do esporte dentro das instituies de ensino superior.
Com as leis Zico (8.672/93) e Pel (9.615/98) o esporte universitrio sofrenovas mudanas18. As Atlticas passam a ser entidades bsicas de organizao
no mbito da instituio a que se vinculam, podendo ou no ser dirigidas
por acadmicos. Elas tm liberdade para organizar e promover competies
acadmicas19. E as instituies de ensino superior que no possussem atlticas
deveriam ser representadas em competies oficiais pelos Centros Acadmicos
17 POERNER, Artur Jos. O Poder Jovem. So Paulo: Centro de Memria da Juventude, 1995.18 COSTA, L. da. (org).Atlas do Esporte no Brasil. RJ: Shape,2005.
19 Podemos citar neste caso especco algumas competies universitrias organizadas pelas atlticas
como MAC-MED, PAULI-POLI, Inter MED, Inter-FARMA, Inter-DONTO, Jogos Jurdicos, etc.
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e Departamentos de Educao Fsica. As Federaes Universitrias Estaduais
passam a ser as responsveis por todas as atividades desportivas universitrias
praticadas nos estados e so filiadas CBDU. Esta, por sua vez, a responsvel
pela prtica do Esporte Universitrio em todo o territrio Nacional.
At 1998 os JUBs eram disputados por selees universitrias estaduais,
organizadas pelas federaes; entretanto, a partir de 1999 os Jogos passam a ser
disputados por instituies de ensino superior.
Em 2005 os JUBs passam por mudanas marcantes com a formao do consrcio
de gesto dos jogos, a partir de uma parceria entre Ministrio do Esporte, ComitOlmpico Brasileiro COB, Organizaes Globo de Comunicao e Confederao
Brasileira de Desporto Universitrio CBDU. Esses Jogos passam ento a ser
denominados, a partir da, Olimpadas Universitrias/JUBs. A realizao da etapa
nacional passa a ser de responsabilidade do COB e da CBDU. Nas etapas estaduais,
a responsabilidade das Federaes Esportivas em cada estado. Dessa forma as
seletivas estaduais passaram a definir as universidades e escolas que representaro
seu estado em cada uma das modalidades disputadas na etapa nacional.
Os Jogos Universitrios Brasileiros ocorreram nas seguintes datas: 1935 So
Paulo; 1938 Belo Horizonte; 1940 So Paulo; 1942 Rio de Janeiro; 1943
So Paulo; 1944 Rio de Janeiro; 1945 So Paulo; 1946 Rio de Janeiro; 1948
Curitiba; 1950 Recife; 1952 Belo Horizonte; 1954 So Paulo; 1956 Porto
Alegre; 1960 Niteri; 1962 Santa Maria; 1966 Curitiba; 1968 Salvador;
1969 Goinia; 1970 Braslia; 1971 Porto Alegre; 1972 Fortaleza; 1973 Belm; 1974 Vitria; 1975 Macei; 1976 Belo Horizonte; 1977 Natal;
1978 Curitiba; 1979 Joo Pessoa; 1980 Florianpolis; 1981 So Luis; 1982
Recife; 1983 Belo Horizonte; 1984 Natal; 1985 Goinia; 1986 Macei;
1987 Belm; 1988 Joo Pessoa; 1989 So Luis; 1990 Florianpolis e Rio de
Janeiro; 1991 no houve Jogos; 1992 no houve Jogos; 1993 no houve Jogos;
1994 Braslia; 1995 Fortaleza; 1996 Belo Horizonte; 1997 Florianpolis;
1998 Vitria; 1999 Natal; 2000 Vitria; 2001 no houve Jogos; 2002 Macei; 2003 Curitiba; 2004 So Paulo; 2005 Recife; e 2006 Braslia.
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Jogos Escolares Brasileiros (JEBs)
Os Jogos Escolares nasceram em 1969
como Jogos Estudantis Brasileiros. Essacompetio foi criada pela antiga Divi-
so de Educao Fsica do Ministrio de
Educao e Cultura. At essa poca eram
realizadas, em alguns estados, competies
intercolegiais e algumas outras atividades
isoladas, no havendo integrao interes-
tadual atravs do esporte entre a juventudesecundarista brasileira.
Segundo o Professor Manoel Tubino, os
Jogos Escolares Brasileiros eram a mani-
festao mxima de competies escolares,
porque reuniam escolares de todo o Brasil
numa grande festa de confraternizao.Acrescenta-se que no havia nenhuma dis-
cusso sobre a relevncia social desses Jo-
gos, que reproduziam os eventos esportivos de alta competio (...) Nos JEBs, os
tcnicos esportivos foram prestigiados e passaram a ter responsabilidades sobre os
jovens sob sua direo tcnica. Essas escolhas de responsveis tambm reforaram o
tecnicismo projetado e a busca incessante de vitrias e recordes20. (p. 7-8).
A cada edio dos JEBs aumentava o nmero de estados e de atletas participantes,
dando maior credibilidade aos Jogos e forando o Governo Federal a pensar polti-
cas especficas para essa rea.
Em 1985, aps mais de 15 anos reproduzindo os eventos de alta performance, os
JEBs so submetidos a uma reflexo crtica que resulta na transformao de seu
sentido e de seus objetivos. nesse perodo que Bruno da Silveira assume a Secre-
20 TUBINO, Manoel Jos Gomes. Op. Cit. P.s 7-8.
Encarte especial sobre o XXII JUBs,contando um pouco das modalidadesesportivas e da histria dessa edio.Fonte: Jornal Zero Hora, 1971.
Matria jornalstica relata manifestaespelas Diretas J na Abertura dos JUBs de1984. Fonte: Tribuna do Nordeste, 1984.
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taria de Educao Fsica e Desportos do Ministrio da Educao e Cultura (MEC).
Ele implementa uma nova forma de organizao e funcionamento dos Jogos, es-
tribada em princpios scio-educativos, e probe a participao nos JEBs de atletas
federados em entidades esportivas de direo.
Conforme relata o Professor Manoel Tobino, mesmo com muita reao s idias
e aes de Bruno da Silveira, a partir de 1985 se estabelece no pas um saudvel de-
bate sobre o esporte na escola. A Comisso de Reformulao do Esporte Brasileiro
(1985) e o Conselho Nacional de Desportos (...) entraram nessa discusso, con-
tribuindo para que a Constituio Federal de 1988 valorizasse o chamado esporte
educacional com a prioridade universitria. Esse perodo culminou com os JEBs de1989, verdadeira revoluo de referncias e procedimentos, onde o Esporte-Educa-
o, de fato, aconteceu em dissenso e prtica21.
J aps 1989, os Jogos Escolares Brasileiros variaram de referencial, sem uma
identidade prpria e at muitas vezes voltaram a constituir-se em reprodues
do esporte institucionalizado. Entretanto, alguns estados (Paran, So Paulo, por
exemplo) desenvolveram Jogos Escolares Estaduais em parmetros eminentementeeducativos, contrariando inclusive a tendncia nacional22.
A partir do incio do Governo Collor a tendncia nacional dos Jogos foi a de retor-
no perspectiva do rendimento. Para justificar essa opo alegava-se a necessidade
de resultados a curto prazo e, na prtica, negligenciava-se a dimenso social do
esporte. Assim, os JEBs voltaram rapidamente condio de competies de de-
sempenho. Mesmo aps as Leis Zico (Lei n 8.672/1993) e Pel (Lei n 9.615/1998)refletirem, em seus textos, os objetivos do esporte educacional, na prtica o que se
verificava era a volta prevalncia da busca de resultados, embora sob a fachada de
um discurso educativo.
Essa tendncia persistiu mesmo depois da deposio do presidente Fernando Collor.
Em 1995, j sob a gesto Fernando Henrique Cardoso, o Governo Federal cria os
21TUBINO, Manoel Jos Gomes. Op. Cit. P. 18.
22Ibid. Ibidem. P. 9.
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Jogos da Juventude23 estes com perspectiva claramente competitiva, de alto ren-
dimento. Eles foram realizados de 1995 a 1998 e revelaram talentos como Daniele
Hyplito (ginstica artstica), Carlos Jayme (natao) e Tiago Camilo (jud).
Em 2000 foi criado o Projeto da Olimpada Colegial pelo Ministrio da Educao e
pelo COB, em que participavam da comisso organizadora, alm dos dois rgos j
citados, o Ministrio de Esporte e Turismo e a Rede Globo de Televiso. A partir desse
projeto, foi organizada a primeira Olimpada Colegial Esperana24, na qual os espor-
tes mais praticados nas escolas constariam dos jogos a serem realizados e disputados
por colgios de diversos estados do pas. Esse processo teve continuidade em 2001 e
passou a dividir as Olimpadas em duas partes, com faixas etrias distintas e equiva-lentes aos ensinos fundamental e mdio; ou seja, as olimpadas foram divididas por
idade de 12 a 14 e de 15 a 17 anos, reforando a escola como foco das atividades.
Nesse processo, havia competies esportivas escolares estaduais, regionais e mu-
nicipais que serviam de base para o evento nacional, participando escolas da rede
pblica e privada. Nesse caso, elas se baseavam no na perspectiva do esporte de
rendimento, mas na filosofia de participao e nos princpios scio-educativos decooperao, co-educao, co-responsabilidade e integrao.
Os JEBs e as Olimpadas Colegiais foram realizados nas seguintes datas e locais:
1969 Niteri; 1970 Curitiba; 1971 Belo Horizonte; 1972 Macei; 1973 Bra-
slia; 1974 Campinas; 1975 Braslia; 1976 Porto Alegre; 1977 Braslia; 1978
apenas etapas estaduais; 1979 Braslia; 1980 apenas etapas estaduais; 1981
Braslia; 1983 Braslia; 1984 Braslia; 1985 So Paulo; 1986 Vitria; 1987 Campo Grande; 1988 So Luis; 1989 Braslia; 1990 Braslia; 1991 Presiden-
te Prudente; 1992 Blumenau; 1993 Recife; 1994 Foz do Iguau; 1995 Jogos da
Juventude; 1996 Jogos da Juventude; 1997 Jogos da Juventude; 1998 Jogos da
Juventude; 1999 no houve Jogos; 2000 Braslia; 2001 Braslia; 2002 Braslia;
2003 Braslia; 2004 Braslia; 2005 Braslia; 2006 Poos de Caldas.
23Neste livro no trataremos dos Jogos da Juventude.
24A nomenclatura Olimpada Colegial Esperana uma referncia clara ao projeto da Rede Globo
de Televiso CrianaEsperana.
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Memria dos Jogos
Estudantis Brasileiros
JEBs
Atleta salta em competio de atletismo nos JEBs.Foto: Francisco Medeiros
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Depoimentos25:
Participei de trs edies dos Jogos Escolares Brasileiros por volta dos meus 15
anos. A experincia foi inesquecvel principalmente porque foi a primeira com-petio multiesportiva de minha carreira. Antes, havia participado apenas de
campeonatos de basquete. Lembro que, em uma das edies, dormi em um alo-
jamento de um colgio em Braslia com o pessoal do jud, entre eles o Aurlio
Miguel, que mais tarde veio a ser medalhista olmpico. Eu representava o estado
de So Paulo, e esses Jogos eram uma grande oportunidade de conhecer advers-
rios de outras regies do Brasil (Paulinho Villas Boas Basquete).
Tenho boa lembrana da competio. Tenho orgulho de dizer que disputei todos
os campeonatos de base. importante voc estar em contato com jogadores de
outros estados, com estilos diferentes de jogo. quela poca eu percebi que poderia
vir a ser um atleta de elite nacional. Os JEBs abrem espao para os atletas de estados
com menos tradio no handebol serem observados. Futuramente, podero ter os
estudos pagos na escola ou uma bolsa na faculdade (Bruno Souza Handebol).
Participei dos Jogos Estudantis Brasileiros em 1981, na prova de salto em dis-
tncia, na qual fui campeo, e nos 100m, terceiro colocado. Foi uma experincia
muito bacana porque houve uma integrao grande entre os atletas de todas as
modalidades. O que mais me marcou foi a passagem do Agberto Guimares pela
pista, enquanto eu estava aquecendo. Todo mundo comentou sobre sua presena
e isso, para mim, representou um grande incentivo para um dia tambm disputar
os Jogos Olmpicos (Robson Caetano Atletismo).
Para mim, os Jogos Escolares Brasileiros sempre foram uma competio bem
especial. Gostei muito de participar porque tinha a oportunidade de defender a
escola onde estudava. Era gostoso tambm porque podamos contar com o apoio
dos colegas de classe durante as provas, o que representava um grande incentivo
e nos aproximava ainda mais dos amigos. Acredito que as Olimpadas Escolares e
as Olimpadas Universitrias devem ser sempre valorizadas. Alm de incentivar a
25Esses depoimentos foram dados ao COB e esto disponveis na pagina www.cob.org.br
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prtica esportiva, elas representam uma grande oportunidade para jovens atletas
de estados menos favorecidos (Luiz Lima Natao).
I JEBs
Os primeiros Jogos Estudantis Brasileiros aconteceram entre 21 a 26 de julho
de 1969 no Rio de Janeiro, em Niteri, em plena ditadura militar. Na poca era
governador do estado Geremias de Matos Fontes, e Ministro de Educao e Cul-
tura, Tarso Dutra. A direo dos Jogos ficou com Felix Dvila, sendo assistente
Fernando Ducan. Do desfile de abertura participaram os seguintes estados: Gua-
nabara, Paran, Rio de Janeiro, Pernambuco, Distrito Federal, Paraba, Espri-to Santo, Alagoas. No quadro geral de classificao a Guanabara ficou com 63
pontos, Paran com 38, Rio de Janeiro 38, Pernambuco 22, Distrito Federal 13,
Alagoas 10, Esprito Santo 5 e Paraba 3.
Tambm encontramos registro da ata do Congresso do I JEBs, realizado em 25 de
julho de 1969 s 21h30min na sede da Federao Fluminense de Desportos. Esta-
vam presentes Esther Chagas Murno, inspetora seccional; Helio de Oliveira Silva,diretor do departamento de Educao Fsica; e Fernando Duncan; representan-
tes de Paran, Esprito Santo, Pernambuco, Rio de Janeiro, Guanabara, Alagoas,
Paraba, Distrito Federal; o Presidente da Federao Fluminense de Desportos;
integrantes das delegaes.
Inicialmente o professor Felix Dvila, diretor da diviso de Educao Fsica do
MEC, fez a Abertura do Congresso, passando distribuio de flmulas e cha-veiros aos representantes das delegaes. Durante a reunio foram discutidas as
irregularidades em relao delegao de Pernambuco, sugeridas alteraes no
regulamento e discutida a reformulao da idade para participar dos jogos. Nessa
questo, segundo o professor Felix, o adiantado da reformulao da LDB aten-
deria ao pedido do Rio de Janeiro. Foi solicitado um cdigo de conduta a ser
estabelecido pelo estado-sede, do qual deveriam constar questes relacionadas ao
consumo de lcool e conduta das moas.
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Quanto escolha do local-sede do II JEBs foi lanada a candidatura do Paran,
junto com uma carta do secretrio de educao confirmando a inteno.
II JEBs
A segunda edio dos JEBs ocorreu em Curitiba em 1970. Comisso tcnica: pro-
fessores Hugo Pilato Riva, Takao Tomita e Renato Werneck. Comisso organiza-
dora: professores Mario Bassoi, Rubens B. Marchand e M.B.A. de Ferrante.
Nessa segunda edio h uma ntida preocupao com a documentao, atravs
de boletins de todo o seu processo de organizao e execuo. Os relatrios sosucintos e, neles, geralmente, no h questes relacionadas concepo dos jo-
gos. Eles apresentam lista com o nome de todos os atletas, de jogos, comunicados
de reunies, cardpios alimentcios. Com isso, notamos maior especializao da
Comisso Organizadora.
O Congresso de Abertura aconteceu em 24 de julho de 1970 no salo nobre do
Colgio Estadual do Paran. Esta foi dividida em duas partes. Primeira: mais so-lene com a presena de autoridades; segunda: mais tcnica com a confirmao
das inscries, relatos sobre sries e tabelas de jogos e assuntos gerais. Presidente
do Congresso: coronel Artur Orlando da Costa Ferreira e professor Rubens B.
Marchand, membro da Comisso Central Organizadora (CCO). A solenidade de
abertura ocorreu em 25 de julho, no Estdio Belfort Duarte em Curitiba s 9:00
horas da manh. Houve desfile das delegaes participantes, solenidades e de-
monstrao coletiva de ginstica feminina. O encerramento aconteceu dia 1 deagosto, s 17h30min no Ginsio de Esportes do Tarum onde houve a concentra-
o das delegaes, proclamao dos vencedores e entrega de prmios.
Na Abertura dos jogos as delegaes formavam colunas de trs com a seguinte
disposio: placa de identificao, andeira do estado; chefe da delegao, pro-
fessores, atletas. Participaram dos jogos em ordem do desfile: Alagoas, Distrito
Federal, Esprito Santo, Guanabara, Gois, Maranho, Mato Grosso, Minas Ge-rais, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, So Paulo,
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Sergipe, Paran. Houve hasteamento das bandeiras Nacional e dos estados. Com
a chegada do fogo simblico conduzido pelo atleta Djalma Santos foi realizado
o juramento:
Juro competir nos Jogos Estudantis Brasileiros com ardor e lealdade,
defender com entusiasmo as cores do meu Estado, aceitar sem orgulho
a vitria e sem desnimo o desencanto de um revs.
Nesses Jogos tambm havia apresentaes de Ginstica de exibio. Uma delas,
a da equipe da Dinamarca. O programa inclua uma variedade de ginstica rt-
mica moderna, saltos, danas folclricas em pitorescos trajes tpicos (p. 69, 9Boletim Oficial dos II JEBs).
Na ata do Congresso de Abertura do II JEBs ressalta-se o fato de os jogos norepresentarem apenas uma competio entre os estudantes, mas principalmente
o congraamento, o elemento educativo que deve ser dado aos jovens, pois os
homens reunidos no Congresso, todos imbudos do ideal da Educao, sabem
que os mais velhos podem aproveitar oportunidades como esta para transmitir
os ensinamentos e o pouco de experincia aos mais jovens que construiro o
Brasil de amanh, cabe-nos o dever de mold-los para o futuro, plantar hoje no
importa o tempo que leve a frutificar, para que as futuras geraes no venhamnos amaldioar (coronel Artur Orlando da Costa Ferreira).
Exibio de ginstica nos JEBsde Poos de Caldas (2006).Foto: Francisco Medeiros
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Nesse congresso foram aprovadas, ainda, questes relacionadas a chaves, sets de
jogos, atividades folclricas, informes das delegaes etc.
Nos jogos tambm havia discordncias entre as delegaes em relao a resulta-dos, desacato a juzes e rbitros, indisciplina etc, ou seja, tudo o que ainda hoje
perpassa qualquer competio esportiva.
No 11 Boletim, em reunio da CCO e da CT, foi aprovado por unanimidade man-
ter o resultado do Revezamento Olmpico, no dando provimento aos protestos
apresentados pela equipe do Rio Grande do Sul e pelo tcnico de atletismo da Gua-
nabara. Foi escolhido como sede dos Jogos seguintes o estado de Sergipe.
A declarao e o encerramento foram feitos pelo coronel Arthur Orlando da
Costa Ferreira, diretor da Diviso de Educao Fsica do MEC, logo em seguida
dando a ordem de Fora de forma que deveria ser respondida pelos atletas com
a palavra Brasil.
Na parte denominada Folclore, cada estado deveria apresentar algo tpico da suaregio. A delegao de Braslia apresentou o canto Hino de Braslia; Gois, a dana
Caninha Verde e o canto L na Varanda; So Paulo, a Quadrilha Paulista; Alagoas,
a dana Sururu; Minas Gerais, a dana do Peixe Vivo; Pernambuco, a Ciranda do
Recife e Frevo (Vassoirinhas) etc. Buscava-se, assim, que os participantes de JEBs
pudessem no apenas competir entre si, mas conhecer um pouco mais do seu pas
atravs de suas tradies locais.
III JEBs
Apesar de indicado o estado de Sergipe como sede, a terceira edio dos JEBs
aconteceu em Belo Horizonte (MG).
A Comisso Central Organizadora localizava-se Avenida Joo Pinheiro 450. Di-
reo geral dos jogos: coronel Eric Tinoco Marques, diretor do departamento deEducao Fsica do MEC; CCO: professores Herbert de Almeida Dutra, Owalder
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tudantis, seja de natureza intelectual ou desportiva. Ainda dirigia aos estudantes
mensagem de incentivo s potencialidades e confiana no trabalho desenvolvido
por todos os participantes, desejando xito e clima de congraamento, beleza e
respeito.
O governador Rondon Pacheco dizia-
se satisfeito por Minas Gerais ter sido
a sede. Falava tambm sobre a impor-
tncia da promoo dos jogos pelo
MEC, j aceitos pelos moos e in-
corporados ao calendrio esportivo dopas. Dizia ainda ter uma entusistica
confiana na juventude brasileira que,
segundo ele, era to prestigiada pelo
governo do Presidente Emlio Mdici,
em consonncia com os postulados da
Revoluo.
O Boletim n. 5 traz a ata da Reunio do Congresso Tcnico do III JEBs sob dire-
o do Professor Lincoln Raso, superintendente da Comisso Tcnica dos Jogos.
Participantes: representantes do MEC; Diretoria de Esportes de Minas Gerais;
inspetor seccional de Belo Horizonte; superintendente da Comisso Tcnica dos
III JEBs; coordenador de atividades e de Competies; chefes dos setores de di-
versas modalidades.
Dentre as vrias questes tratadas na reunio, uma chamou a ateno: a solicita-
o, pelo representante do Par, de que os esportes coletivos fossem jogados sepa-
radamente, ou seja, em um turno do dia, para no prejudicar um atleta praticante
de mais de um esporte.
Pela resposta dos professores Luiz Afonso e Ary Faanha, isso seria impossvel, es-
pecialmente porque o interesse do MEC era fazer a especializao, isto , promo-ver a participao de cada atleta em apenas uma modalidade esportiva. Por isso
Em plena ditadura militar, o ministro daEducao Jarbas Passarinho inaugura a VilaOlmpica utilizada nos XXIII JUB s, em 1972.
Fonte: Correio do Cear, 1972.
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havia sido aumentado o nmero de pessoas por delegao. Foi dito tambm que
a partir dessa terceira edio dos JEBs j se pensava nas Olimpadas de 1976. A
finalidade do MEC era educar e descobrir atletas em todo o pas. Pretendia-se dar
bolsas a alguns deles para que pudessem se dedicar ao esporte, sempre se especia-lizando em somente um. Ressaltava-se o objetivo de dar boa disciplina aos atletas
e dirigentes tcnicos. E o MEC, ao estipular ndices para os esportes individuais,
pretendia ter bons participantes e agregar maior interesse s competies. Ou
seja: fazer dos JEBs a melhor e mais bem organizada competio do Brasil.
Nesse sentido, o representante do Cear sugeriu um calendrio nico nacional
nas diversas modalidades esportivas para evitar um grande nmero de competi-es ao mesmo tempo e em um determinado ms.
Esse debate de grande interesse pois nos permite perceber que o MEC nessa
gesto dava prioridade ao esporte de alto rendimento. Essa sempre foi a polmica
que acompanhou os jogos esportivos educacionais, em especial os JEBs. Qual se-
ria sua finalidade? Seriam os Jogos o espao adequado para a revelao de atletas
para as Olimpadas?
Nesses Jogos tambm houve uma inovao: a reunio da Comisso de Estudos
dos III Jogos Estudantis Brasileiros, realizada em 31 de julho de 1971 para receber
sugestes para a melhor organizao dos Jogos. O Esprito Santo sugeriu a cria-
o de duas chaves: uma A (estados de nvel tcnico mais elevado) e outra B (nvel
tcnico menos elevado), com base nas situaes tcnicas adversas que prejudi-
cam os participantes tcnico-inferiores. Alguns estados do Nordeste explicarama falta de investimento no esporte, tentando sensibilizar os outros. O Rio Gran-
de do Sul no concordou que a Federao Internacional de Ginstica houvesse
adotado no passado essa regra, o que teria levado a resultados insatisfatrios. A
discusso perdurou por bastante tempo. Segundo o Presidente da Comisso, a
criao de duas chaves era uma problemtica social e as sugestes deveriam ser
mais objetivas para evitar crculos viciosos. Essas palavras causaram mal-estar
entre representantes do Esprito Santo e o Presidente pelos primeiros acharemque o segundo interpretou mal sua sugesto. Tal proposta seria encaminhada
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Eles foram levados Grcia por Nelson Barros (chefe de delegao) e Frederico
Hochsttater (tcnico).
Participantes dos V JEBs: Alagoas, Distrito Federal, Acre, Amazonas, Bahia, Ce-ar, Esprito Santo, Fernando de Noronha, Gois, Guanabara, Maranho, Mato
Grosso, Minas Gerais, Par, Paraba, Paran, Perenambuco, Piau, Rio de Janeiro,
Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondnia, Roraima, Santa Catarina,
So Paulo, Sergipe.
Na abertura, dia 14 de julho, no Pelezo, aconteceria a passagem da bandeira dos
Jogos de Alagoas para o Distrito Federal; a entrada da bandeira por um grupo dejovens vestidos moda da Grcia antiga, bero dos jogos olmpicos; a saudao
do diretor do DEFER-DF, coronel Paulo Antunes de Souza. A declarao de aber-
tura foi feita pelo diretor geral, Eric Tinoco Marques. A entrada da tocha olmpica
e o Juramento do Atleta foram feitos por dois dos campees mundiais.
interessante notar a mudana, ainda que sutil, nos termos do juramento dos
atletas:
Juro competir/ nos quintos Jogos Estudantis Brasileiros / com
dignidade / respeitando participantes/ dirigentes e competidores /
cumprindo os regulamentos e as determinaes / pois assim/ estou
colaborando / para o desporto sadio / da minha ptria.
Esse juramento revela uma maior preocupao com os valores difundidos pelosgovernos militares, como o amor inconteste Ptria.
A solenidade de Abertura aconteceu em 13 de julho no Instituto Nacional do
Livro. O Congresso Tcnico reuniu tcnicos de uma srie de modalidades espor-
tivas: saltos ornamentais, natao, ginstica olmpica, ginstica moderna, atletis-
mo, basquetebol, handebol, voleibol, water-polo.
Na mensagem aos participantes, o Secretrio de Educao e Cultura do Distri-
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to Federal, Crisostomo Guanes Douradom destaca que os JEBs no eram uma
disputa, mas uma competio em que todos saiam ganhando. E a serenidade e
lealdade deveriam ser norteadores de toda ao individual e coletiva.
Junto aos JEBs foram realizadas conferncias e cursos sobre as modalidades es-
portivas. Alm disso foram exibidos diversos vrios filmes.
No Congresso de Abertura, realizado a 13 de julho, estavam presentes represen-
tantes de estados e territrios, dirigentes e autoridades sob a direo do coronel
Eric Tinoco, que apresentou questes relativas aos Jogos e abriu espao para can-
didaturas a sede da sexta edio dos JEBs.
Nesta quinta edio houve vrias ocorrncias de suspenso de atletas e dirigentes
por desrespeito s regras dos Jogos, chegando em alguns casos at eliminao.
Nessa edio dos JEBs foi mantida a noite do folclore e alguns recordes foram
alcanados em atletismo e natao. Tambm foi implementado nessa edio um
questionrio para cada coordenador ou auxiliar de modalidade sobre o nvel tc-nico em comparao com o do ano anterior, a disposio dos atletas para o even-
to e idias para os prximos Jogos Estudantis. O questionrio tambm indagava
sobre o significado dos atuais ndices para o futuro do esporte amador.
VI JEBs
Essa edio ocorreu entre 14 e 26 de julho de 1974 em Campinas. Na saudaoaos participantes novas exaltaes ditadura militar por parte de Ney Braga, Mi-
nistro da Educao e cultura: se o movimento de 31 de maro foi a renovao
trazida pela revoluo, que a mocidade do Brasil seja a revoluo da renovao.
O Congresso Tcnico foi realizado em 11 de julho de 1974 no Colgio Estadu-
al Culto Cincia e a abertura e o encerramento no Salo Nobre da Prefeitu-
ra Municipal. Tambm foi mantida a Comisso de Folclore. Participantes: Acre,Alagoas, Distrito Federal, Bahia, Cear, Esprito Santo, Fernando de Noronha,
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nas, Bahia, Cear, Esprito Santo, Gois, Maranho,
Mato Grosso, Minas Gerais, Par, Paraba, Paran,
Pernambuco, Piau, Rio de Janeiro, Rio Grande do
Norte, Rio Grande do Sul, Rondnia, Roraima, San-ta Catarina, So Paulo, Sergipe e Distrito Federal.
A solenidade de abertura da stima edio dos JEBs
seguiu a mesma ordem de praxe: entrada de par-
ticipantes, chegada de autoridades, cerimnia das
bandeiras, Hino Nacional, juramentos, desfile de
encerramento, prova de integrao, saudao dogovernador (Elmo Serejo de Farias). A declarao
de abertura do VII JEBs foi realizada pelo Ministro
da Educao e Cultura Ney Braga.
Em 5 de julho ocorreu o Congresso de Abertura dos VII Jogos Estudantis no
auditrio da Escola Normal de Braslia. Estavam presentes chefes de delegaes
e autoridades. O diretor do DED, coronel Osny Vasconcelos, ento presidenteda mesa, ressaltou a importncia do VII JEBs, j a maior realizao esportiva do
pas, da qual participaram adolescentes de 14 a 16 anos de idade. Em seguida, o
professor Jayme Teles Cabral falou do possvel surgimento de problemas durante
o evento. Foi mantido nessa edio o fanzine Oi, Bicho!, agora tambm um espao
de entretenimento entre as delegaes dos estados.
A inovao desses Jogos esteve nas palestras sobre diversas modalidades esporti-vas e assuntos relacionadas com o evento, como basquetebol, voleibol, atletismo,
handebol, natao, plo aqutico, saltos ornamentais, ginstica olmpica, jud,
medicina esportiva, folclore. Foram exibidos cinco filmes referentes edio an-
terior dos JEBs e foi realizada uma conferncia do coronel Otvio Teixeira com o
tema O momento desportivo brasileiro. Alm disso ocorreram dois congressos,
um de abertura e outro de encerramento com os chefes das delegaes.
Outra inovao dessa edio foi o Teste do Perfil Psicolgico do Atleta. Para tanto,
Atletas disputam competio dehandebol na ltima edio dosJEBs (2006). Foto: FranciscoMedeiros
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foi estabelecido convnio entre DED/MEC e o Departamento de Psicologia da
UnB. Foram aplicados testes em 200 alunos a fim de trazer novas luzes sobre a
forma mais exata de tratar e treinar um adolescente atleta.
Dessa forma, nessa edio, a concepo dos Jogos havia sofrido algumas mu-
danas. Esse momento de encontro entre atletas, rbitros e treinadores de todo o
Brasil deveria servir como espao de qualificao para todos os participantes. Por
isso a escolha de palestras de diversas modalidades.
A cada edio dos JEBs esse evento esportivo revelava mais e mais talentos e
potencialidades. J poca de sua stima edio, os Jogos deixavam mais ntidaa perspectiva de se tornarem a base da pirmide esportiva e de seleo de atletas,
contribuindo para o estmulo prtica do esporte e para a formao e consagra-
o de atletas de alto rendimento, os quais ocupariam, futuramente, os pdios
sul-americanos, pan-americanos e olmpicos. Por trs de tudo isso se travava um
intenso debate sobre o sentido do esporte na escola e os objetivos de competies
como os JEBs. Esse debate polarizava, de um lado, preocupaes mais propria-
mente focadas nas possibilidades de democratizao do esporte para as amplasmassas do povo incluindo aqueles atletas que no despontam nos pdios e, de
outro, interesses relacionados necessidade de projetar o Brasil nas competies
olmpicas, atravs do reforo do esporte de rendimento.
VIII JEBs
A VIII edio foi realizada em Porto Alegre entre 4 e 19 de dezembro de 1976. Namensagem apresentada pelo coronel Osny Vasconcelos, diretor-geral dos jogos,
ressaltada novamente a viso dos jovens esportistas como esperana do Brasil. Os
jogos eram vistos como espao de reencontro e integrao, mas com ntida preo-
cupao de conduzir o Brasil a uma posio de destaque no cenrio desportivo
mundial. Isto esperamos de vocs.
Participantes: So Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Paran, Pernambuco,Minas Gerais, Braslia, Bahia, Paraba, Santa Catarina, Amazonas, Alagoas, Cear,
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Outra pesquisa foi aplicada aos capites das equipes de algumas modalidades
para medir e avaliar o grau de conhecimento sobre os regulamentos. Na primei-
ra etapa da anlise notou-se conhecimento regular das regras de jogo adquirido
apenas pela prtica do esporte. O relatrio conclui apontando a necessidade deincluir no treinamento dos atletas aulas sobre as regras das modalidades prati-
cadas, porque isso levaria aquisio de uma autoconfiana maior acarretando,
conseqentemente, uma maior produtividade, com menor ndice de infrao das
regras.
A direo geral dos JEBs estava sob responsabilidade do Diretor-Geral do Depar-
tamento de Desportos e Educao Fsica do Ministrio de Educao e Cultura,Osny Vasconcelos. Comisso organizadora: Ary Faanha de S, Rudy Auler e Wal-
ter Jone dos Anjos.
A edio do Oi, Bicho!tambm foi mantida nesta VIII edio.
IX JEBs
Essa edio foi novamente realizada em Braslia, de 12 a 22 de julho de 1977. O
objetivo principal dos jogos, segundo o boletim, era o de proporcionar aos jovens
atletas uma oportunidade de competio sadia. Tambm importava orient-los e
conscientiz-los para as futuras olimpadas. A preocupao constante da direo
do Departamento de Educao Fsica e Desportos do MEC era manter aceso o
esprito de corpo que norteava os objetivos e o trabalho do Departamento.
Na abertura desfilaram apenas 12 atletas de cada delegao. O restante assistiu-a
em cadeiras especiais. Participantes: Rio Grande do Sul, Alagoas, Rio Grande do
Sul, Bahia, Cear, Esprito Santo, Gois, Maranho, Mato Grosso, Minas Gerais,
Par, Paraba, Paran, Pernambuco, Piau, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro,
Rondnia, Roraima, Santa Catarina, So Paulo, Sergipe, Distrito Federal.
Nessa edio houve a continuao da Pesquisa Antropomtrica e foram subme-tidas pesquisa as modalidades de atletismo e natao. Essa pesquisa recebeu o
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nome de Antropojebs e estava sob coordenao dos professores Antonio Carlos
Stniphini Guimares e William Ross da Simon Froses University (Vancouver, Ca-
nad) e de UFRJ, USP, UFRS, UFCG, UFRN e UnB.
Os cursos de aperfeioamento foram mantidos, assim como as atividades cul-
turais exposio de artesanato e arte popular brasileira. A novidade foram os
congressos de Arbitragem, para os tcnicos, e de Atualizao das Regras Oficiais.
Houve ainda reunio tcnica por modalidades: atletismo, basquetebol, ginstica
olmpica, handebol, jud, natao, plo aqutico, saltos ornamentais, voleibol,
xadrez. Eram marcadas freqentemente reunies com os coordenadores e adjun-tos da Comisso de Competio e esporadicamente com um ou outro chefe de
delegao para tratar assuntos diversos. Nessa edio dos JEBs o Presidente da
Comisso Organizadora foi o Sr. Ary Faanha de S, auxiliado por Hezir Espin-
dola Gomes Moreira.
No 5 boletim houve uma convocao de diretores de DEDs Estaduais para rece-
berem informaes estruturais a fim de que tivessem a oportunidade de montaruma estratgia de ao visando ao maior intercmbio com relao s atividades
e experincias tcnico-pedaggicas. Alm disso foram fixados local e data para a
realizao do 1 Encontro Nacional de Diretores de DEDs Estaduais. Estava clara
a preocupao de articular polticas envolvendo a estrutura nacional e as esta-
duais. Os JEBs apareciam como um espao privilegiado de discusso e de maior
entrosamento entre os estados e a esfera federal. No 6 boletim ficaram demons-
trados desentendimentos entre chefes de delegaes durante os Jogos, chegandoa ocorrer suspenso e desligamento de dirigentes e esportistas.
As danas folclricas levadas pelos estados recebiam uma explicao popular de
cada um deles, informando o porqu da tradio para todos compreenderem,
mostrando um importante espao de intercmbio cultural.
O fanzine Oi, Bicho!teve circulao, agora de forma mais irreverente. Ele falavadas delegaes, dava notcias cotidianas, fazia comentrios, recolhia depoimen-
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tos dos atletas e ainda publicava frases como o homem ideal de Aristteles: ele
suporta os azares da vida com dignidade e elegncia tirando do revs o benefcio
possvel. Ou este, sem autoria: o homem de bem: o subordinado compreende
os deveres da sua posio e tem o escrpulo de procurar cumpri-los consciente-mente. Ou, ainda, o pior da partida (...) a incerteza da volta, e at mesmo PE
ainda notcia!!! Al acompanhantes femininas da delegao de PE. Como foi o
embalo??? T tudo bem n???. Essa edio terminou em clima de despedida e
muita animao.
X JEBs
A dcima edio dos JEBs ocorreu tambm em Braslia de 18 a 26 de julho de
1979, com o slogan O Brasil a caminho da consagrao olmpica. A abertura foi
realizada no Ginsio de Esportes com a presena do ocupante da Presidncia da
Repblica Joo Baptista Figueiredo, que teve a incumbncia de declarar aberta a
dcima edio dos Jogos Escolares. Temos aqui a mudana de nomenclatura dos
jogos que deixam de ser Estudantis para se tornarem Escolares. Nenhuma justifi-
cativa apresentada nos boletins para essa mudana.
Os desfiles das delegaes dessa vez ocorreram ao som da msica Pra Frente Bra-
sil. Presentes So Paulo, Alagoas, Amap, Amazonas, Bahia, Cear, Esprito Santo,
Gois, Maranho, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Par, Paraba,
Paran, Pernambuco, Piau, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do
Sul, Rondnia, Roraima, Santa Catarina, Sergipe, Distrito Federal.
Havia o limite mximo de 50 atletas para o desfile, ficando o restante nas cadeiras.
A cada edio dos Jogos o nmero de inscritos aumentava, revelando certa tradi-
o e importncia para os estudantes e para o calendrio esportivo nacional.
Nessa edio houve atividades culturais e de folclore e as pesquisas psicomdicas
continuaram. A comisso psicomdica elaborou um texto para estimular a parti-
cipao na pesquisa, dando o exemplo de um atleta fictcio que sempre treina, pontual, disciplinado, consegue o melhor resultado nos treinos, mas no conse-
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gue ganhar no momento da competio. Como seria possvel o atleta superar essa
situao? A pesquisa buscou analisar casos assim, dentre outros.
Tambm se buscou, a partir dessa edio dos Jogos, iniciar um trabalho a lon-go prazo de coleta de dados antropomtricos dos atletas dos JEBs (altura, peso,
somatotipia etc). Visava-se com isso relacionar fatores como desenvolvimento
sseo, caractersticas de personalidade, atitudes, motivao e outros dados psico-
lgicos, tais como problemas e dificuldades de ordem emotiva, relacionamento
familiar etc.
Houve ainda exposies, atividades folclricas, concurso de fotografia, curso in-ternacional de plo aqutico e de variadas modalidades, distribuio de material
didtico.
Uma srie de comemoraes aconteceu nessa edio dos JEBs por ter sido a dci-
ma. O evento foi registrado pela equipe de videotape do ncleo de teleeducao
da Fundao Educacional do Distrito Federal, coordenado por Masaya Rondo.
Houve tambm matrias especiais no Oi, Bicho!, as quais destacavam essa dcimaedio como a busca do garoto esperana, da menina medalha e do atleta do
futuro.
XI JEBs
A dcima primeira edio dos Jogos Escolares ocorreu novamente em Braslia, de
13 a 23 de julho de 1981.
A saudao inicial aos participantes dos JEBs, que os acolhia com alegria e satis-
fao, reconhecia no esporte para alm dos objetivos do alto rendimento uma
importante dimenso educacional, voltada ao aperfeioamento conseqente da
ao educativa atravs de atividade fsica sistemtica, cuja rentabilidade no se
define em funo das vitrias, mas pelo nvel de melhoria que proporciona aos
valores fsicos, intelectuais e morais, eficcia social e finalmente s oportunida-des de vida feliz.
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Nesses Jogos de 1981 foi apresentado de forma mais sistmica o regulamento
geral. Nos boletins anteriores ele era disposto separadamente, dando-nos a im-
presso de fragmentao no interior dos Jogos. Nessa edio os regulamentos
apareciam em conjunto, apresentando as modalidades como partes de um todoque precisavam dialogar entre si e estabelecer parmetros gerais para todas as
competies. Segundo o presidente da CCO, Newton H. Ribeiro, havia uma ne-
cessidade de instituir-se uma estrutura organizacional condigna com o nvel do
evento. Nota-se preocupao em tornar mais formal a organizao dos Jogos,
j tradicionais e pertencentes ao calendrio anual das atividades escolares e do
MEC.
O Captulo 1 apresenta a finalidade: fixar normas de procedimento para os par-
ticipantes permitindo-lhes um entrosamento desejvel com o sistema, visando
a um mximo de rendimento durante a realizao do XI JEBs: horrio de ati-
vidades, deveres dos participantes, desligamento das competies. Alm disso,
lembrava que os jogos primavam por cooperao, integrao social, respeito m-
tuo, considerao hierarquia funcional da organizao, e enfatizava o aspecto
educacional.
Delegaes presentes a esses JEBs: Paraba, Bahia, Par, Mato Grosso, Sergipe,
Gois, Maranho, Rio Grande do Norte, Paran, Amazonas, Distrito Federal,
Mato Grosso do Sul, Piau, Minas Gerais, So Paulo, Pernambuco, Rio Grande
do Sul, Esprito Santo, Alagoas, Cear, Santa Catarina, Roraima, Rondnia, Rio
de Janeiro.
Nessa edio tambm voltaram a ocorrer atividades culturais (apresentaes fol-
clricas, coral, bandas, saldo de fotografias, exposio de artesanato) e congressos,
tanto sobre folclore e quanto por modalidades (atletismo, basquetebol, ciclismo,
esgrima, futebol, ginstica olmpica, ginstica rtmica desportiva, handebol, jud,
natao, plo aqutico, remo, saltos ornamentais, tnis, tnis de mesa, voleibol,
xadrez). Tambm houve o Congresso Tcnico de diversas modalidades e exibi-
ram-se filmes tcnicos para estimular a formao de todos os participantes. Fo-ram aplicados questionrios tcnicos e a avaliao antropomtrica.
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No aparece nesses boletins um comentrio geral sobre os resultados das avalia-
es, como havia ocorrido na edio anterior.
XIII JEBs
Esses jogos ocorreram em Braslia de 14 a 21 de julho de 1984.
Houve uma mensagem inicial, do Secretrio de Educao Fsica e Desportos
do Ministrio da Educao e Cultura. Segundo o Secretrio, os JEBs eram uma
oportunidade fundamental para que princpios como competio sadia, convi-
vncia amistosa e experincia sejam valorizados.
Dessa edio participaram 25 estados, com ausncia de Acre e Fernando de No-
ronha, totalizando 4.100 pessoas, entre esportistas, tcnicos e organizadores. Dez
modalidades foram disputadas: atletismo, basquetebol, ginstica olmpica, gins-
tica rtmica desportiva, handebol, jud, natao, plo aqutico, saltos ornamen-
tais e voleibol.
As mesmas caractersticas dos jogos anteriores foram mantidas: regimentos mais
organizados, ciclo de palestras de diversas modalidades, atividades culturais e fol-
clricas.
Nessa edio aconteceu uma homenagem aos ex-jebianos e tambm um jogo de
voleibol feminino entre a Seleo Olmpica Brasileira e a da Alemanha Ocidental.
No desfile de Abertura cada delegao entrou com 40 atletas, de preferncia 20
femininos e 20 masculinos, jurando sob o mesmo texto dos JEBs anteriores.
Nessa edio ocorreu ainda o Seminrio do Desporto Escolar, para o qual foram
convidados representantes dos estados, chefes de delegaes, tcnicos, professo-
res, dirigentes dos rgos estaduais do desporto escolar e outros interessados.
Tambm foi convocada uma reunio entre o coordenador do desporto estudantilda SEED/MEC, a Comisso Central Organizadora dos JEBs, diretores de depar-
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XIV JEBs
Ocorrida em So Paulo em 1985, essa edio representa um marco na histria
dos JEBs. Naquele ano, com a chegada da Nova Repblica e a redemocratizaodo pas, o esporte passava a ser cada vez mais pensado na perspectiva de um di-
reito, e iniciava-se um profundo debate sobre o sentido e os objetivos dos Jogos
Escolares. Conforme afirma Manoel Tubino26, Bruno da Silveira ento recm-
empossado Diretor da SEED/MEC considerava os Jogos reprodues do es-
porte de rendimento. Para ele, os JEBs encontravam-se quele tempo eivados de
violncias simblicas, dado que permitiam desigualdades e careciam de valores
educativos. Com base nessa crtica Bruno da Silveira buscou reorganizar os JogosEscolares a partir dos seguintes princpios:
a) Nova identidade para o esporte escolar, diferenciando-o do esporte
de rendimento (por ele chamado de esporte federado);
b) Redimensionamento da organizao e do funcionamento dos Jogos;
c) Interiorizao dos Jogos e maior envolvimento das escolas da peri-
feria;d) Repdio utilizao de resultados esportivos nas avaliaes de es-
colas e alunos;
Alm de buscar a implementao desses princpios, Bruno da Silveira tambm
descartou a participao, nos Jogos, de estudantes-atletas federados em entidades
esportivas de direo.
Longe de restringir-se ao mbito interno do funcionamento e da organizao das
competies, esse movimento de reao ao papel anterior dos Jogos estendeu-
se esfera institucional. Em palestras e documentos diversos produzidos para o
Conselho Nacional de Desportos, Bruno da Silveira e Manoel Tubino defendiam
com nfase a idia de que o esporte na escola devia ser radicalmente distinto do
esporte federado, isto , praticado de forma institucionalizada.
26 Cf. TUBINO, Manoel. Pesquisa e anlise crtica sobre a relao do nexo esporte-escola com os Jo-
gos Escolares. Estudo apresentado ao Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento PNUD/
Ministrio do Esporte sob o termo de referncia n 121631, contrato n 2006/001493. Mimeo. S/d.
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e integral, rompendo com a tradio da nfase no esporte seletivo de alto rendi-
mento. Para ele, os XVI Jogos tinham de representar a oportunidade de manifes-
taes de prticas esportivas e recreativas desenvolvidas nas escolas como fator
suplementar de formao do indivduo atravs de estudos extraclasse, dirigidos atodos os integrantes da populao escolar dentro da perspectiva de uma educao
integral e permanente.
O prefeito municipal de Campo Grande, Juvncio Csar da Fonseca, tambm
mandou uma mensagem aos XVI JEBs, prezando o valor educativo da prtica
esportiva como meio de desenvolver o potencial criador, cultural, intelectual e
fsico do ser humano na medida em que considera o jogo como expresso dosvalores humanos numa mesma dimenso social. Para ele, era fundamental o res-
gate do valor do esporte como meio de educao.
Nesses JEBs houve espao para a participao de deficientes fsicos em algumas
modalidades (natao e atletismo).
A Abertura dos Jogos aconteceu no Ginsio Poliesportivo Avelino dos Reis. Cadadelegao desfilou com 1 porta-placa, 1 porta-bandeira, 1 chefe de delegao e 22
atletas, sendo dois deles portadores de deficincia fsica. Estados participantes:
Acre, Alagoas, Amazonas, Bahia, Cear, Amap, Distrito Federal, Esprito Santo,
Gois, Maranho, Mato Grosso, Par, Pernambuco, Paraba, Piau, Paran, Rio
de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rondnia, Roraima, Sergipe, So Paulo, Mato
Grosso do Sul e povos indgenas.
Nessa edio a capoeira entrou como modalidade esportiva. Houve ainda as se-
guintes modalidades: atletismo, basquetebol, futebol de campo, futebol de salo,
ginstica rtmica desportiva, ginstica artstica, handebol, jud, natao, tnis de
mesa, voleibol, xadrez.
Foi mantida a comisso de atividades culturais. Houve feira de artesanato, exibi-
o de videoclipes sobre o Pantanal e comidas tpicas, para as delegaes conhe-cerem um pouco da cultura mato-grossense.
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Tambm houve espaos de debates, dentre eles o Frum de debates sobre os
JEBs, que buscou refletir sobre as seguintes questes: qual a compreenso so-
bre os JEBs? Qual o posicionamento sobre o esporte de participao, o esporte
de performance e o esporte de formao? Qual deveria ser a linha do JEBs? Aequipe mdica tambm colocou algumas questes para discusso: condies de
sade dos atletas, obrigatoriedade dos exames mdicos nas escolas, sugesto de
um modelo de avaliao do atleta participante dos JEBs. Tratava-se de um novo
momento para a competio, de muita reflexo sobre sua finalidade e de acertos
em seu formato.
XVII JEBs
A XVII edio dos JEBs aconteceu no Maranho, de 11 a 21 de julho de 1988.
A saudao aos jebianos foi feita por Alfredo Nunes, secretrio da SEED/MEC,
agradecendo ao presidente da Repblica, ao ministro Hugo Napoleo, ao gover-
nador Epitcio Cafeteira e ao secretrio de esportes e lazer, deputado Carlos Gu-
terres, pelo empenho para que acontecessem os JEBs no Maranho.
Segundo sua viso, os jogos so um ambiente de bom relacionamento entre ir-
mos dos diversos estados, propiciando juventude um momento de reflexo, a
qual serviria para o aprimoramento da personalidade do cidado do amanh, res-
ponsvel pelo futuro da nao. Participantes dessa edio: Acre, Alagoas, Amap,
Amazonas, Cear, Distrito Federal, Esprito Santo, Gois, Maranho, Rio Grande
do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Par, Paraba, Paran, Pernambuco,Piau, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rondnia, Roraima, Santa Catarina,
Sergipe e naes indgenas.
Foram mantidos os Congressos Tcnicos sobre diversas modalidades e as confe-
rncias, assim como atividades culturais e folclricas. Houve, pela primeira vez,
conferncias relacionando temas do cotidiano dos jovens, abordando questes
como DST/Aids, uso de drogas, nutrio e outras. Foram montadas estruturasaudiovisuais, que exibiam diariamente slides e vdeos sobre esses temas. Havia
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Nos relatrios desses JEBs h uma declarao de alunos, sem assinatura, apontan-
do a importncia dos JEBs, a necessidade de eles representarem no uma reunio,
mas um encontro em que os problemas, limitaes, qualidades, solues, medos e
ansiedades deveriam aparecer, pois fazem parte do ser humano e principalmenteda juventude. Aquele espao deveria significar um encontro para discutir idias,
sonhos, um espao de convivncia, de aceitao das diferenas, de pluralidade de
sentidos e de unidade do todo com as partes.
Ento titular da Secretaria de Educao Fsica e Desporto (SEED/MEC), Manoel
Jos Gomes Tubino endereou uma mensagem aos participantes. Segundo ele,
os JEBs devem ter como fundamento os princpios da participao, da coopera-o, da co-educao, da integrao e da co-responsabilidade. O evento no tinha,
portanto, o intuito de buscar a performance atltica, o talento esportivo e a com-
petio a todo custo.
Para materializar os princpios scio-educativos colocados acima, a SEED/MEC
revolucionou a forma de organizao e funcionamento dos Jogos. Em obedin-
cia ao Princpio da Participao, todos os estudantes competiram (...) Os esportescoletivos foram divididos em quartos ou sets (maior nmero que as regras
oficiais internacionais), onde todos os atletas-estudantes tivessem que participar
pelo menos de uma etapa. Pelo Princpio da Cooperao, as vitrias foram todas
coletivas, abolindo-se os campees individuais (...) No Princpio da Co-educao,
as provas masculinas somaram-se s provas femininas para extrair os vencedores,
respeitando-se as diferenas biolgicas, mas tendo como participantes somente
equipes ou grupos. No exerccio do Princpio da Co-gesto, uma parte dos estu-dantes participantes daqueles JEBs de 1989 constituram as diversas comisses
existentes juntamente com professores. Finalmente, no Princpio da Integrao,
alm das inovaes e promoes culturais que misturavam as delegaes, foram
constitudos novos grupos esportivos misturados de representantes de todos os
Estados brasileiros presentes para outras disputas scio-esportivas28.
Nessa edio dos JEBs tambm foi realizada a I Conferncia Brasileira do Esportena Escola com o tema Esporte na escola e a educao para a democracia. Nela
28 Ibid. Ibidem, p. 8.
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- Dirigentes, rbitros e professores tcnicos: manuteno da Conferen-
cia Brasileira do Esporte na Escola; reviso do processo de participao
de estudantes federados e no federados nos JEBs; realizao de com-
peties tradicionais e mistas nos estados e nos JEBs; reconhecimentodo papel dos JEBs como processo educacional de surgimento de valo-
res atlticos na escola para encaminhamento ao treinamento de alto
nvel com vistas formao da elite desportiva estudantil brasileira.
- rbitros: comprometer as pessoas presentes aos JEBs para desenvol-
verem a filosofia proposta na Conferncia; garantir os debates em nvel
regional e estadual; integrar os JEBs em um programa educacional da
escola; repensar a participao dos portadores de deficincias; buscar
envolver outros segmentos da comunidade nas propostas para o es-
porte; estudar a situao da arbitragem; rever os critrios de avaliao
das diferentes atividades desenvolvidas nos JEBs.
- Tcnicos: encontrar ponto de equilbrio entre esporte coletivo e in-
dividual; aprofundar os debates visando a definir se os JEBs seriam
preferencialmente de rendimento ou evento cultural-participativo;aprofundar debates para tornar mais claro o sentido educativo e de-
mocrtico de se ter os JEBs com a participao exclusiva de no-fede-
rados; estabelecer uma metodologia que proporcionasse a participao
dos segmentos na preparao e durante o evento; aprofundar questes
que apareceram na I Conferncia nos estados e municpios a partir da
preparao de encontros, seminrios e conferncias; proporcionar nos
JEBs um espao para os tcnicos trocarem experincias.
- Dirigentes: realizao de atividades esportivas segundo as caracte-
rsticas dos estados; poltica nacional referente aos esportes definida
a partir dos estados e tambm a partir de princpios pedaggicos da
Educao Fsica; participao efetiva de todos os alunos independen-
tes; definio dos JEBs a partir de princpios filosficos e pedaggicos;
definio da concepo do esporte a ser praticado nos JEBs; definio
das modalidades dos JEBs a partir das prticas esportivas desenvolvi-
das nas escolas.
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- CCO: definio de uma poltica de distribuio dos recursos; com-
prometimento do conjunto das escolas com os JEBs; vinculao dos
JEBs ao esporte de performance; estudo de novos critrios de arbitra-
gem.
- Alunos e Professores: buscar trabalhar com valores inerentes aos alu-
nos; dar condies a eles para refletirem sobre suas prticas atravs
do que est sendo proposto; vincular o conhecimento das prticas da
Educao Fsica no contexto scio-econmico, cultural e poltico; sa-
ber aproveitar o esporte com suas caractersticas de agregao, soli-
dariedade, cooperao, respeito mtuo, integrao e intercmbio de
idias para a construo democrtica; repensar a tica na Educao
Fsica vinculada a um compromisso social.
Sem dvida essa edio dos JEBs se props a repensar os jogos e integr-los
escola como questo principal e fundamental. Nessa edio tambm foram dis-
ponibilizadas, atravs do Programa Nacional de Capoeira, vagas para estgio. Ini-
cialmente havia 6, mas foram ampliadas para 8 pela grande procura.
CARTA BRASILEIRA DE ESPORTE NA ESCOLA
O Esporte na Escola, cedendo lugar ao esporte de performance e per-mitindo o direcionamento de suas competies busca do alto rendi-mento e de uma frgil relevncia de talentos, distanciou-se dos princ-
pios e valores inerentes manifestao Esporte-Educao.
Educadores de vrias regies do pas (professores, dirigentes, rbitrose alunos) a partir de discusses e subsdios veiculados, por ocasiodos XVIII Jogos Escolares Brasileiros, na I Conferncia Brasileira doEsporte na Escola, num momento histrico do repensar dessa mani-festao esportiva, elaboraram a presente CARTA BRASILEIRA DOESPORTE NA ESCOLA.
Os participantes da I CONFERNCIA BRASILEIRA DO ESPORTENA ESCOLA, uma das atividades dos XVIII JOGOS ESCOLARESBRASILEIROS,
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so ressaltados os valores que inspiram a XIX edio dos JEBs, essenciais re-
construo da nacionalidade e ao restabelecimento da confiana do povo em sua
capacidade de realizao individual e coletiva. dada nfase ao fato de, no campo
do esporte, haver inmeros brasileiros que se destacaram no apenas pelo talentoesportivo, mas pelo seu exemplo como cidados. A estes os XIX Jogos intenta-
vam homenagear. Segundo os idealizadores dessa edio, dessa forma podia-se
restaurar a confiana da nao e a credibilidade em nossa capacidade de superar
as dificuldades e gerar um homem brasileiro participante, autnomo, consciente
de sua importncia no conjunto da nossa sociedade. Em sua mensagem aos par-
ticipantes, Zico destaca a mobilizao de milhares de jovens e a oportunidade de
revelar novos talentos e popularizar novas modalidades. Zico faz ainda um para-lelo entre o ideal que move a realizao dos jogos e o momento atravessado pelo
Brasil: a reconstruo nacional.
Em 1990 criada a Secretaria do Desporto como rgo de assistncia direta e per-
manente ao Presidente da Repblica. Era sua finalidade realizar estudos, planejar,
coordenar e supervisionar o desenvolvimento do desporto no pas, de acordo
com a Poltica Nacional de Desporto, zelar pelo cumprimento da legislao des-portiva e prestar cooperao tcnica e assistncia financeira supletiva aos estados,
ao Distrito Federal, aos municpios, aos territrios e s entidades nacionais diri-
gentes do desporto brasileiro. A Secretaria tinha a seguinte estrutura: Conselho
Nacional de Desporto; Conselho de Administrao do Fundo de Assistncia ao
Atleta Profissional; Departamento de Desporto Profissional e No-Profissional;
Departamento de Desporto das Pessoas Portadoras de Deficincia.
Nessa edio dos Jogos a CCO era subordinada direo geral, formada pelo
titular da Diviso do Desporto Educacional do Departamento de Desporto Pro-
fissional e No-Profissional da SEDES e por um representante da CCO.
A Abertura foi no Ginsio Nilson Nelson, onde cada delegao desfilou com ape-
nas 50 componentes. O presidente Collor foi ao evento para anunci-lo aberto,
com a seguinte declarao: A prtica do esporte acentua os valores da integrida-de, da honestidade, da disciplina, do respeito pelas regras do jogo, da cooperao,
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da amizade leal e franca. Delegaes presentes: Acre, Alagoas, Amap, Amazonas,
Bahia, Cear, Esprito Santo, Gois, Maranho, Mato Grosso, Mato Grosso do
Sul, Minas Gerais, Par, Paraba, Paran, Pernambuco, Piau, Rio de Janeiro, Rio
Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondnia, Roraima, So Paulo, Sergipe,Tocantins, povos indgenas, Distrito Federal.
Nessa edio foram realizados atividade cultural, cursos tcnicos e Congresso
Tcnico. A comisso mdica alertava para as condies meteorolgicas em Bra-
slia, pela pouca umidade do ar, pedindo aos atletas que tomassem as devidas
precaues para evitar transtornos. Modalidades disputadas: atletismo, basquete,
capoeira, futebol, futebol de salo, ginstica olmpica, ginstica rtmica desporti-va, handebol, jud, natao, tnis de mesa, voleibol, xadrez.
Vrios cursos foram ministrados para todos os participantes. Os capoeiristas e
dirigentes de Federaes Estaduais protestaram contra a substituio de rbitros
antigos, importantes para a capoeira. Resposta da CCO: logo aps cada edio
dos Jogos a comisso organizadora se dissolve e cabe s novas pessoas designa-
das a liberdade de manter ou alterar os rbitros. Para ela, no houve desrespeitoaos Jogos anteriores, mas a oportunidade para que outros valores surgissem no
cenrio capoeirstico.
O secretrio e esportista Zico escreveria ainda uma outra carta aos participantes
dos JEBs. Inicialmente, dizia estar orgulhoso pela compreenso e superao das
dificuldades encontradas no decorrer da XIX edio dos JEBs. Segundo ele, a
recm-criada Secretaria tinha inmeras necessidades e precisava de uma slidapreparao e organizao para alcanar suas metas. Dizia ainda que poderia ter
proposto o cancelamento dos JEBs, mas aceitou o desafio por acreditar no esp-
rito competitivo e no intercmbio entre os estados. Para ele, seria ruim cancelar
o evento, rompendo a tradio de sua realizao. Zico terminava firmando seu
compromisso pessoal em empreender todos os esforos possveis para que a XX
edio dos JEBs pudesse significar um marco na histria esportiva.
Nessa edio dos Jogos o Oi, Bicho!retorna aos Boletins. O primeiro j anunciava:
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Vamos voltar!!! Aguardem a primeira edio, e estejam preparados para colabo-
rar pois afinal o Oi, Bicho! de vocs, certo bicho? Fofocas, informaes, seerias,
tudo muito informal. Se voc tem algo a esconder, cuidado, porque aqui, tudo
ser divulgado com exatido... cientfica.
XX JEBs
Essa edio ocorreu de 12 a 20 de julho de 1991 na cidade de Presidente Prudente
(SP). Zico j no era Secretrio do Desporto. Em seu lugar estava o ex-jogador de
vlei Bernard Rajzman.
Foi realizada em 27 de maio uma reunio preparatria com a presena de vrios
professores da SEDES (Secretaria de Desporto): Jayme Telles Cabral, Maurcio
Bicalho, Milton Oliveira, Jos Luis Madeira, Jos Arylton Ramos, Mario Cantari-
no Filho, Orlando Ferracciolli Filho, Vanilto Senatore, Ranausto Emanajs, Mar-
ly Tereza Licassali, Ivne Teresinha Cogo e ainda representantes de Acre, Amap,
Amazonas, Paran, Par, Roraima, Tocantins, Alagoas, Maranho, Paraba, Per-
nambuco, Rio Grande do Norte, Esprito Santo, Rio de Janeiro, So Paulo, Dis-trito Federal, Mato Grosso do Sul, Paran, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e
naes indgenas.
Nessa edio os Jogos passaram a se chamar novamente Jogos Estudantis Bra-
sileiros. Segundo o Professor Jayme Telles Cabral, diretor do Departamento do
Desporto Profissional e No-Profissional da Secretaria do Desporto da Presidn-
cia da Repblica (SEDES/PR), os Jogos foram criados com o nome de Estudan-tis, mas sem razes contundentes passaram a se chamar Escolares. Ele explicou
a dificuldade para a realizao dos JEBs por ter sido reduzido o oramento da
SEDES/PR e por, em funo disso, j no dar conta de patrocinar um evento
da dimenso dos JEBs. Falou da proposta (segundo ele mal-compreendida) dos
JEBs como campeonato infanto-juvenil para haver integrao entre os organis-
mos desportivos escolares e as federaes. Eles seriam tambm uma seletiva para
os Jogos do Cone Sul (competio desportiva estudantil ao nvel de ensino funda-mental e mdio dos pases do Cone Sul). Salientou serem os JEBs a semente para
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