livro tubino - teoria geral do esporte

42
A  ORIGEM DO ESPO RTE MODERNO A  EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE ESPORTE A  DISCU SSÃ O INTERNACIONAL DO TERMO ESPORTE O  ESPORTE,  A  EDUCAÇÃO FÍSICA  E O S DOCUME NTOS FILOS ÓFIC OS INTERNACIONAIS A  FUNÇÃO SOCIAL DO ESPORTE ESPORTE, ESTA DO  E  SOCIEDADE O  ESPORTE MODERNO E  OS  EST ADO S CONTEMPORÂNEOS TEORIA  GERAL ma ^ g r  É i db  ^ M f l GOMES  TUBINO  VROS  oue CONSTÜOCM

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A ORIGEM DO ESPORTE MODERNO

A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE ESPORTE

A DISCUSSÃO INTERNACIONAL

DO TERMO ESPORTE

O

 ESPORTE,

 A

 EDUCAÇÃO FÍSICA

 E OS

DOCUMENTOS FILOSÓFICOS INTERNACIONAIS

A FUNÇÃO SOCIAL DO ESPORTE

ESPORTE, ESTADO E SOCIEDADE

O

 ESPORTE MODERNO

E OS ESTADOS CONTEMPORÂNEOS

TEORIA

 GERAL

ma

gr

 wÉ idb

  ••Vfb

Mfl

GOMES

 TUBINO

 

V R O S   oue

CONS TÜOCM

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Biblioteca  DIDÁTICA

— 34

Teoria Geral

  do

  Esporte

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Dados

  de Catalogação na

  Publicação  CIP)  Internacional

  Câmara Brasileira  do   Livro, S P ,  Brasil)

Tubino,  Manoel  José  Gomes,  1939-

C822t

  Teoria geral  do  esporte  /  Manoel  José  Gomes  Tubino

—   São  Paulo ':  IBRASA,  1987.

(Biblioteca

  didática ; 34)

1.  Esportes  -

  Aspectos

  sociais  2 Esportes -  Filo-

sofia

  3.

 Esportes

 -

  História

 I.

  Título.

  II.

  Série.

87-1639

CDD-796

^fjé

-796.09

índices

  para catálogo sistemático:

1

Esportes

 :

 Aspectos sociais

 796

2 Esportes

 :

 Filosofia 796 01

3

Esportes :

 História

 796 09

TEOR IA

GERA L

  DO

ESPORTE

Manoel

  José

  G o m e s Tubino

.Edição

  orientada pelos

professores

MANOEL JOSÉ GOMES TUBINO

CLÁUDIO

  DE

  MACEDO REIS

IBRASA

Instituição Brasileira

  de

  Difusão Cultural Ltda.

São

  Paulo

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Direitos desta edição reservados

  à

IBRASA

INSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE DIFUSÃO CULTURAL LTDA.

Rua  Vinte  e Um de  Abril,  97 — Tel.  92-9639

03047  — SÃO  PAULO

Copyright  0

  1987 by

MANOEL

  JOSÉ GOMES TUBINO

Capa:

Ilustração de Wagner L. Coutinho

Montagem

 de Carlos Cézar

Publicado

  em

  1987

MANOEL

  JOSÉ

  GOMES

  TUBINO

IMPRESSO

  NO

 BRASIL

  —

  PRINTED

  IN

  BRAZI1

Doutor

  em

  Educação Física

pela Universidade Livre de Bruxelas

Mestre em

  Educação pela

Universidade

 Federal

  do Rio de

  Janeiro

Presidente do

Conselho  Nacional  de  Desportos

Decano de

  Ciências Humanas

  da

Universidade

 Gama

  Filho — RJ

Conselheiro  do  Comitê Executivo  da  Associação

Internacional das Escolas Superiores

de

 Educação Física

  (AIESEP).

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OBRAS DO

  AUTOR

METODOLOGIA

  CIENTÍFICA

  DO

  TREINAMENTO DESPORTIVO

l.

a

  Edição

  —  IBRASA  —  1979

2.

a

  Edição  —  IBRASA  —  1980

3.

a

  Edição —  IBRASA  —  1982

4.

a

  Edição —  IBRASA  —  1983

5.

a

  Edição  —  IBRASA  —  1984

AS

  QUALIDADES FÍSICAS  NA

  EDUCAÇÃO

  FÍSICA  E  DESPORTOS

1.»

  Edição  —  FÓRUM  —  1973

2.

a

  Edição

  —

  FÓRUM

  —

  1974

3.

a

  Edição  —  IBRASA  —  1979

4.

Edição  —  IBRASA  —  1985

5.

a

  Edição  —  IBRASA  —  1987

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EM   BUSCA  DE UMA  TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA  AS

ESCOLAS DE EDUCAÇÃO  FÍSICA

l.«  Edição — CULTRIX — MEC 1976

2.

a

  Edição

  —

  IBRASA

  —  1980

EFICIÊNCIA

  E

  EFICÁCIA

  N AS

  UNIVERSIDADES

l.

a

  Edição

  —

  IBRASA

  —

  1981

TECNOLOGIA   EDUCACIONAL - DAS MÁQUINAS D E  APRENDIZAGEM

À

  PROGRAMAÇÃO FUNCIONAL

  PO R  OBJETIVOS  DE  ENSINO

l.

a

  Edição  —  IBRASA  —  1984

OS

 CON CEITOS DE EFICIÊNCIA

  E

  EFICÁCIA  COMO  ORIENTADORES

ADMINISTRATIVOS EM CURSOS DE GRADU AÇÃO

EM   EDUCAÇÃO  FÍSICA

ME C

  — 1977

AVALIAÇÃO  DO ENSINO DE FUTEBOL EM ESCOLAS

DE   EDUCAÇÃO

  FÍSICA

(Co-autor) MEC —  1976

A  UNIVERSIDADE ONTEM E HOJE

 Co-autor  e organizador)

l

a

  Edição  —  IBRASA  -

  98 5

TERMINOLOGIA APLICADA

  À EDUCAÇÃO — UMA

  INTRODUÇÃO

l

a

  Edição

 —

  IBRASA — 1985

SUMÁRIO

Apresentação - • •

I.  A Origem  do Esporte Moderno  17

II.

  A

 Evolução

  do

 Conceito

  de

 Esporte

  .

  23

III.

  A  Discussão Internacional  do  Termo

  Esporte  37

IV .

  O

 Esporte,

 a Educação

  Física

 e os  Documentos

Filosóficos  Internacionais  43

V .  A Função Social do Esporte 55

VI.

  Esporte, Estado

  e

  Sociedade

  61

VIL

  O

  Esporte Moderno

  e os

 Estados

Contemporâneos

  71

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APRESENTAÇÃO

A

  história

  dos

 esportes

  nas

 civilizações antigas passa

  por

diversas evidências importantes, mas de registros impre-

cisos.

 Civilizações

  primitivas

 como a dos

 chineses,

  maias,

incas, egípcios, japoneses, aztecas, hindus, e outros povos,

deixaram  vestígios  de jogos praticados com o  caráter  es-

portivo,

  e que

  permitiram diversas especulações sobre

  a

verdadeira origem do esporte.

Foi na

  Grécia antiga

  que os

 exercícios físicos

  e as

 ati-

vidades  esportivas tiveram realce, primordialmente pela

importância que receberam na Educação e

 pelo

  lugar que

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ocuparam  nas celebrações e nas festas. O momento culmi-

nante

  da  história  dos

  esportes

  na

  Antigüidade grega

  é

atingido  nas  celebrações  dos Jogos Olímpicos, disputados

em Olímpia durante  12 séculos, de 884  a.C., a 394  d.C.,

«de

  quatro

  em

  quatro anos, provocando, inclusive, perío-

do s

  de trégua entre as guerras, durante o período das

disputas.

  As

  provas de caráter individual, abertas so-

mente para  o  sexo masculino, ofereciam  aos  vencedores

como

  recompensa uma coroa traçada por ramos de oli-

veira, colhidos em árvores consagradas a Zeus. Nos anos

de

  intervalos dos Jogos Olímpicos na Antigüdade os gre-

gos

  celebravam outras competições desportivas

  como

  os

Jogos  ístmicos, Píticos,  Nemeus e Fúnebres.

  Após

 a con-

quista  da  Grécia pelos romanos,  os  jogos entraram  em

decadência até o seu encerramento por Teodósio.

O   esporte, na sua conceituação e revisão histórica, in-

dependente

  da

  educação física, isto

  é, com  forma

  insti-

tucionalizada,  fo i  recriado  no  século  XIX na  Inglaterra

por Thomas Arnold.

Após

  a  institucionalização esportiva descrita,  o  outro

período importante do movimento esportivo moderno teve

início com o francês Pierre  de

 Coubertin,

 quando restau-

rou os Jogos Olímpicos em

  1896.

 Coubertin, após viagem

à  Inglaterra,  ficou  entusiasmado  em

  reformar

  o  sistema

educativo

  francês, utilizando-se

  do s

 esportes.

  Após

 várias

campanhas neste sentido, resolve estender sua proposta

para

  o

  campo internacional, integrando-se totalmente

  ao

resgate

  do

 ideal olímpico, reconceituando-o

 d e

 acordo

 com

a

  modernidade daquele momento histórico.

14

A

 partir da instalação  das Olimpíadas Modernas,  o mo-

vimento esportivo  internacional  cresceu  em  torno dessas

competições promovidas pelo Comitê Olímpico  Interna-

cional  e nas  atividades  das federações internacionais  de

cada

  modalidade esportiva, criadas

  já no

  século

  XX.

O

  esporte

  na

  perspectiva

  da

  alta

  competição perma-

neceu  até

  1964, quando, depois

  dos

 Jogos Olímpicos

  de

Tóquio,

  em

  documento assinado

  por

  Noel Baker,

  o es-

porte passou a ser estendido também para o homem co-

mum, isto  é, o não-atleta, na  expectativa  da  utilização

esportiva para

  a

  qualidade

  de

  vida. Este renovado enten-

dimento do  fato  esportivo, depois de referendado pelo

Conselho  da  Europa  em

  1966

 e por  organismos interna-

cionais, como a UNESCO, através de importantes do-

cumentos filosóficos, interferiu  inclusive  com as  respon-

sabilidades sociais

  do

  Estado diante

  do

  esporte.

Desse

  modo,

 uma

  teoria geral para

  o

  esporte, conside-

rando toda a sua modernidade,  e

  colocando-o

 nas  suas  in-

terseções

 efetivas

 com a

 Sociedade

 e o

 Estado, pôde contri-

buir para novas reflexões sobre este fenômeno,

  sem dú-

vida,  um dos mais importantes deste final  de século  XX.

15

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cada

  pelo

  fato  de que aquele

  estudioso alemão entendeu

o

  esporte pertencendo

  ao

 domínio

  do

  jogo.

Entretanto,

  Ulmann  (1965),

  mesmo tentado  a  acre-

ditar  numa perenidade

  do

  esporte,

  e

 considerando

  uma

diferença

  de

 séculos

  e de

 civilizações

  e até o

  atestado

  da

história sobre a permanência  dos jogos em todas as épocas,

insiste  em  explicar  o esporte  na sua  origem,  a

 partir

  da

interpretação moderna deste fenômeno. Nesta perspec-

tiva,

  o

  esporte teria

  o seu  início

  formal

  com

  Thomas

JrS

  f <3O^

  \

oaiO

rnold  em 1$28, quando exercia  a direção do Colégio de

Rugby,

  na

  Inglaterra

  e,

  utilizando-se

  dos

  jogos físicos

praticados pela aristocracia

  e

  burguesia inglesa, incorpo-

rou-os aos métodos de educação, deixando nessa prática

esportiva

  uma

  autonomia

  tal que

  seus alunos pudessem

dirigi-lo,

  levando-os a organizarem-se segundo os precei-

tos  do  fair

  play .

  Além disso,  as  regras começaram  a

surgir

  naturalmente  das práticas e,  logo, passaram  os

limites de Rugby, estendendo-se rapidamente para  fora

da Inglaterra, atingindo outros países da Europa e o resto

do

  mundo.

  As

 percepções

  de

  Arnold

  são

  consideradas

  o

início

  do

 esporte institucionalizado,

  do

  esporte popular

  e

do

 esporte escolar, isto

 é,

 constituem

  o

 marco histórico

  da

modernização

  do esporte. Esta

  teorização

  da origem do

esporte  defendida por Ulmann também recebe o apoio de

Poplow, citado por Ueberhorst

  (1973).

Thomas Arnold,

  no seu

 entendimento

  e

  utilização

 do

esporte, identificou dois aspectos diferentes,

  mas

  insepa-

ráveis: o fornecimento de prazer para os jogadores e espec-

tadores,

  e a

  oportunidade

  de

  formação moral. Segundo

18

Ulmann, o esporte recebeu com Arnold uma influência

específica do darwinismo,  ao recuperar  o utilitarismo  no

qual o pensamento inglês estava compreendido.

O  esporte moderno, então originado  na  concepção  de

Arnold, apresentava neste seu momento histórico inicial

três características  principais:

a) é um jogo;

b) é uma

  competição;

c) é uma

  formação.

Essas  características, segundo Ulmann, se aproximam

às dos  gregos antigos. Apenas quanto  à

  formação

  do ,

homem, o esporte  nã o  é compreendido do mesmo modo,

pois

 Arnold colocou

 o

 esporte

 a

 serviço

 da

 ação moral, ofe-

recendo

  ao

 corpo

 a  função  de

 ajudar

  o

 homem

  a

 obedecer

à lei moral. Nesta expectativa,  o corpo tornou-se um agen-

te, um

  meio

  da

  moralidade,

  e o

 esporte

  um

  auxiliar

  do

corpo. A o contrário, esta percepção nã o representa  o ponto

de

  vista dos gregos antigos. Platão, citado por Ulmann

(1965),  que  expressou  bem o  espírito grego, dizia  que

o

  corpo deveria

  te r

  beleza para

  que a

  alma

  fosse

  bela

  e

reciprocamente a alma deveria estar pura e bela para

que a

  beleza

 e o

 vigor

  do

 corpo

  não

  fossem

  somente apa-

rentes. Verifica-se  que o esporte para  os  gregos,

  diferen-

temente da concepção arnoldina,  era  valorizado,  sem tor-

nar-se num

  meio

 de um

  meio.

Pierre  de  Coubertin, citado por  Gillet  (1975), e que

teve

 influência

  dos

 pensamentos

 de

 Arnold

  na sua

  inicia-

tiva, na final do século XIX, de restaurar os Jogos Olím-

19

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picos, disse

  que o

  esporte enquanto cultivado como arte

pelos gregos

  provocou

  um florescimento magnífico e per-

sistente. Mas, para ele,

  ao

 ficar

 sem a

  proteção

 de

  certas

atenções, debilitou-se, reaparecendo  em  estado selvagem

e com

 vigor

  na

  Idade  Média para

  ser

 aquecido diante

  do

próprio

 avanço

 da

 sociedade,

  até

 reencontrar-se

  no

  século

XIX num processo que o submeteria a uma

  força

  inten-

siva  que o conduziria  a um  crescimento rápido  e a uma

produção de variedades de modalidades que, muitas vezes,

se  tornou

  incontrolada.

As  reflexões sobre outras teorias sobre  a origem  do es-

porte,

 embora reconhecendo-as subjetivas  em  função  das

próprias interpretações,

  das

  dificuldades

  do

  restabeleci-

mento das estruturas de passado e das imagens de homem

na  cosmovisão de cada autor, tornam-se imperativas para

que se possa desenvolver uma melhor compreensão do

presente do fenômeno esportivo.

U ma

 dessas teorias mais aceitas e consideradas no estu-

do   do esporte é a de  Eppensteiner  (1973),  que se  refe-

rencia nas motivações da ação esportiva. Ao  distinguir

que

  essas motivações derivam

  de

  duas vertentes,

  a

  natu-

reza

 e a cultura, e ao entender a cultura

 como tudo aquilo

que advém da vivência do homem em sociedade, esse

autor refere-se  à  origem  do  esporte como  um  fenômeno

biológico

  e não

 histórico.

  Para

  ele,

  em

  todas

  as

  épocas,

as causas culturais e biológicas do esporte coexistem, crian-

do  um

  instinto esportivo,

  que

 pode

 ser

 considerado

  a re-

sultante da combinação dos instintos do lúdico, do mo-

vimento  e da  luta.

20

Outra teoria importante sobre

  a

 origem

  do

 esporte

  m o-

derno

  é a dos historiadores

 norte-americanos

  Van Dalen,

Mitchel

  e

 Bennet,

  os

 quais, segundo Ueberhorst

  (1973),

concebem

  o

  fato esportivo como

  um

  problema pedagógico

desde as épocas primitivas. Nesta perspectiva, a questão

da

  origem

  do

  esporte está ligada

  aos

  fins educacionais

do

 homem nos tempos primitivos. Desse modo, essa origem

pode ser buscada pelos aprofundamentos sociológicos e pela

investigação etnológica nos povos primitivos, pois a des-

coberta

  da

 consciência

  e da

 solidariedade

  de

  grupo serão

sempre

 as

 orientações indicadas.

Em  todas  as teorias  e colocações observadas, é  possível

extrair-se alguns pontos comuns,  que  permanecem no es-

porte

 moderno:

a) que o

 componente psicossocial fundamental

  do es-

porte

  é o

 caráter competitivo;

b)  que o esporte, desde o início colocado sempre na

perspectiva

  do

  progresso

  do

  homem, necessita

  de

uma visão

 interdisciplinar;

c) que o  esporte moderno,  ao  delimitar-se pelas regu-

lamentações  e  codificações, supõe um  autocontrole,

que se

 constitui

  num dos

 princípios básicos

  da

 con-

vivência humana.

Concluindo, observa-se  que na  tentativa  da  aceitação

de  uma teoria para a explicação da origem do esporte

moderno podem-se aceitar

  os

 posicionamentos

 d e

 Ulmann

e Poplow, nos quais a ruptura do esporte antigo ocorreu

em

  1928, com Thomas Arnold, e, sem absolutizá-los,

21

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admite-se que as demais teorias, como propõe

 Ueberhorst,

apresentam aspectos parciais válidos

  e

 relevantes para

  o

entendimento da gênese do fenômeno esportivo contem-

porâneo.

Referências

  Bibliográficas

1.

  DIEM, C. —  História de  lo s  Deportes.  Barcelona:

  Luís

  de

Coralt, 1966.

2.

  EPPENSTEINER,

  F. — El

  Origen dei Deporte,

  In

  Citius,

Altius,

 Fortius.  Madrid:

 Instituto

 Nacional de Educacion Fí-

sica

  y  Deportes, 1973,  XV, 259 —  272.

3.  GILLET,  B.

  Histoire

  du

  Sport.  Paris:  Presses Universitaires

de  France,

  1975.

22

II - A Evolução do Conceito de

Esporte

Os

 impactos da evolução social britânica do século XVIII

e

  da

  estruturação  pedagógico-esportiva  inglesa

  do

  século

XIX, segundo

 Cagigal (1979

 ), contribuíram decisivamen-

te

 para

  a

 conformação

 do

 chamado esporte moderno,

 com

suas  características, de organização por unidades sociais

específicas

  denominadas clubes, de regulamentações  e co-

dificações

  que

  facilitaram

  a

 internacionalização

  das

  mo-

23

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dalidades esportivas,

  e,  ainda,  a

  exaltação

  da

  conduta

esportiva sintetizada

  na

  expressão  fair

  play ,  a

  qual

compreende  o cavalheirismo, o  respeito  ao  adversário,  a

aceitação  da  derrota,  a  colaboração  em  equipe  e  muitas

outras virtudes. Observa-se desse modo que o conceito  de

esporte

 na sociedade

  moderna recebeu

  dilatações

  notáveis,

que  vieram permitir  o entendimento desse fenômeno em

toda a sua  renovada

 amplitude.

O

 esporte, como entidade multifuncional

  que

 compreen-

de

  tantas riquezas

  e

 aspectos

  da

  vida humana

  e da

 socie-

dade,  também  tem  evoluído  conceitualmente no  sentido

de   uma

  maior abrangência, para

  o

  cumprimento

  do seu

papel

  de bem

  cultural, pois, como patrimônio herdado,

a

  sociedade deve dele servir-se

 e

 depois transmiti-lo acres-

cido  das experiências desenvolvidas.

Neste  sentido,  é  importante  iniciar  a  trajetória dessa

evolução

  iniciando  com Thomas Arnold

  (1928),

 quando

propiciou meios para

  sua

  institucionalização. Este edu-

cador histórico criou

 uma

  utilização educativa

 do

  esporte,

na  qual apresentava  uma  primeira divisão  em  elementos

ou

  características, como

 ele

  chamou:

a) o

  jogo;

b)

  a

 competição;

c) a formação.

Por outro lado, o utilitarismo,  de inspiração  darwinista,

e

  a  busca prioritária  da  modalidade, constituíram-se  em

outras características fundamentais  da  concepção  de es-

porte

  de

  Arnold.

  O

  sucesso

  da

  experiência

  de

  Arnold

24

levou

  a sua

 concepção para outras nações,

  e até a

  inspira-

ções  importantes, como para Coubertin,  que  restaurou  o

ideal olímpico

  com a

  certeza

  de que o

  esporte serviria

para

  as

 finalidades

  da paz que

 defendia.

  Para

  Coubertin,

segundo Gillet  (1975), o esporte  era  entendido como o

culto voluntário

  e

  habitual

  do

 esforço muscular intensivo

apoiado sobre

  o

 desejo

  de

  progresso

  e

 podendo chegar

  até

o risco. Com o Barão

 Pierre

 de Coubertin,  o esporte criou

o seu organismo internacional mais importante,  o Comitê

Olímpico Internacional

  (COI), que  ficou

  encarregado

  de

desenvolver

  o  olimpismo

  como movimento  filosófico

  do

esporte,  e a promover  as  Olimpíadas  de  quatro  em  qua-

tro

  aaos,

  sem

  dúvida

  a

  celebração máxima

  do

  esporte

mundial,

  e

  consolidação

  do  fenômeno

  esportivo

  na sua

manifestação de

  maior nível técnico.

Entre  os conceitos  de esporte elaborados  po r  diferentes

tendências, existem aqueles

  que se

  vinculam principal-

mente

 ao

 conceito

 de

 jogo. Para esses,

 de um

 modo

 geral,

o

  esporte, além

  de ser

  exercício  físico,

  ter

  caráter com-

petitivo,

  e

  cumprir

  funções

  relevantes como

  a

  higiênica,

a  educativa,  a  hedonística,  a  biológica,  a de  promoção

social, constitui-se numa conduta lúdica

  de

  alcance psi-

cossomático.

  A

  referência principal desse grupo

  é

 Caillois

(1958),

  que

 caracterizou

  os

 jogos

 em:

a)   agon

  jogos

  de  competição);

b)  álea  (jogos

  de

 azar);

c)   mimicry

  jogos

  de mímica);

d)

  ilintix

  (jogos  de vertigem).

25

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8/18/2019 Livro Tubino - Teoria Geral Do Esporte

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Para  Caillois, o esporte é a forma socializada do  agora.

Nesta

  mesma tendência ainda

  se

  encontra outro conceito

importante  do  esporte,  que  é o de  Diem  (1966).  Para

ele o esporte pertence ao domínio do jogo, e,

  como

  o

jogo,

 é de uma índole especial, livremente adotado, pleno

de

  valor, levado a

  sério,

  regulado com exatidão e, antes

de   tudo, buscando rendimento.

Por

  outro lado, Bouet  (1968),  numa tendência con-

trária  a Caillois e Diem, ao reconhecer o esporte como

intensivo

  e

  transcendente,

  em

  oposição

  ao

 jogo

 que é ex-

tensivo e

 iminente,

  considerando ainda que o tempo es-

portivo condiciona

 a

 preparação

 do

 esportista,

  o

 qual visa

entre outros a máxima rentabilidade no tempo regulamen-

tar de uma

  competição, campeonato, época esportiva

  ou

sucessão  de

  épocas esportivas, onde seus

 .praticantes

  nele

penetram

  por

  intermédio

  da

  arbitragem

  e do

 espetáculo,

af i rma:

  O

  esporte

  é

  efetivação,  aplicação

  de

 princípios, nor-

mas,

 superação, consciência

  do

 indivíduo, busca

  de ob-

jetivos,

 especialização .

Outra

  percepção

  das

  mais interessantes

  do

 fenômeno

esportivo

  é a de Eppensteiner  (1973),  que compreende

o

 esporte como

 um

 atributo originário

  da

 natureza huma-

na, devendo sua origem a instintos profundamente liga-

dos ao

 prazer, entre

  os

 quais

 o

 movimento,

 e a uma

  clara

intenção

  de

 conjugar,

  com

 repercussões positivas biológi-

cas

  e

  culturais,

  o

  instinto lúdico

  e o

  instinto

  de

  luta

  no

instinto

  esportivo.

26

U m a  das  contribuições mais

  efetivas

  para  o  entendi-

mento sobre

 o

 esporte

 foi a do

 italiano Antonelli  (1963),

que  ao

  conceituar esse  fenômeno  identificou seus

  três

elementos básicos:

a) o

 jogo;

b)

  o

 movimento;

c) o

 agonismo

  (competição).

Ainda  distinguiu

  quatro aspectos característicos do

esporte:

a)  o

  ético-social;

b)  o  psicopedagógico;

c)

  o

 psicoprofilático;

d)  o

  psicoterapêutico.

Observa-se

  que os

 elementos

 distinguidos por

  Antonelli

correspondem

  às características percebidas por Arnold

com

  a

 substituição

  da

  formação  pela competição.

U m a outra posição

 e

 entendimento sobre

 o

 esporte mui-

to  considerada  na  literatura esportiva especializada  é a

de Magnane  (1969),  que ao examinar  o esporte desde

 o

ângulo individual, desprezando a sua perspectiva social,

o  qualifica como atividade  de prazer, podendo deixar  de

exercer  este papel  com  relativa facilidade, quando con-

verte

 a

 prática esportiva

 em

 profissão. Para  esse sociólogo

francês  o  esporte  é uma  atividade  de  prazer  em que o

dominante  é o  esforço físico,  que  participa  em vez do

jogo  e do  trabalho, praticado  de maneira esportiva,  com-

27

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portando regulamentos  e

 instituições

  específicas,  e é sus-

cetível

  de

  transformar-se

 em

  atividade profissional.

Entretanto, o grande marco numa revisão no conceito

do

 esporte foi o Manifesto do Esporte, editado pelo  Con-

seil

 Internationale d'Educatíon

 Physique

 et

 Sport ,

 órgão

ligado

  à

 UNESCO,

 no

 qual

  o

 fenômeno esportivo

  foi

  tra-

tado  na  perspectiva  do  tempo

  livre

  e da  escola, além  da

referência ao esporte de alta competição, que já estava

exaustivamente abordado nas concepções anteriores do

fato

 esportivo. Logo a seguir, a Carta Européia de Esporte

Para  Todos, publicada  em  1966  sob a  responsabilidade

do

 Conselho da Europa, referendou toda a nova responsa-

bilidade do esporte diante do fenômeno da participação.

A

 partir

 desses documentos, as conceituações de esporte

passaram  a referenciar-se nessa nova abrangência,  com as

interseções necessárias  nas  práticas esportivas institucio-

nalizadas e populares, e às vezes com abordagens especí-

ficas

  das responsabilidades esportivas no meio escolar.

Nesse sentido, são importantes as concepções de Noronha

Feio  (1978),  Cazorla Prieto (1979), Cagigal (1979)

e

  Clayes

  (1984).

Para

  Noronha Feio

  (1978),

  o

 esporte

  é o

  lugar onde

se

 desenvolve  o  comportamento  do homem,  o  homem  só ,

o homem em pequenos grupos ou em

 multidão,

 numa si-

tuação agonístico-recreativa. Esse

 autor,

 para

 uma

  melhor

compreensão do fenômeno esportivo na atualidade, tam-

bém  mostrou a necessidade de isolar-se um dos seus com-

ponentes fundamentais: o

 jogo.

 Ao entender que o esporte

é jogo e algo mais, justifica esta posição ao

 salientar

  que

28

o

  homem dele participa na sua totalidade, pois o mesmo

é um fenômeno complexo universal, uno e indivisível,

que mantém as características essenciais do jogo e acres-

centa outros conteúdos.

  Como

 jogo, Feio entende o esporte

através

  da definição de jogo de Huizinga

  (1951):

  O jogo é uma ação livre, sentida como fictícia e situa-

da   fora

  da  vida corrente,  capaz  de absorver totalmente

o

  jogador, que se realiza num espaço e num tempo

expressamente circunscrito  e se  desenvolve ordenada-

mente segundo determinadas regras, suscitando na

vida  relações  de  grupos,  os  quais voluntariamente  se

envolvem de  mistério  ou  acentuam  po r  disfarce  a sua

estranheza  face  ao

 mundo

  habitual...

Nesta

  definição

  de  jogo  de

  Huizinga, Noronha Feio

ainda acrescentou os dois elementos da atividade lúdica:

a tensão

 e

 a

 alegria.

 Entretanto, o próprio Feio reconhece

que o  esporte  não se  identifica totalmente  com o  jogo,

existindo diferenças,  e até antagonismos, onde  a  Psicolo-

gia, a Sociologia e a Política tornam-se ciências indispen-

sáveis para estudar o homem e/ou agrupamentos huma-

nos em

  situação esportiva.

Cazorla

  Prieto

  (1979)

  por sua

  vez,

  ao

  conceituar

  o

esporte, coloca-o inicialmente como problemática

  com

duas hipóteses:  se o  esporte  é por sua  natureza  um a  ati-

vidade

  finalística, isto

  é, com um  fi m  em si

  mesmo,

  ou,

pelo  contrário,  se é  instrumental,  ou  seja, somente  um

meio para alcançar outras metas. A seguir, este autor

listou vários pontos de' vista, pelos quais o

  fato

 esportivo

29

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pode  ser examinado: o esporte, meio de aperfeiçoamento

pessoal

 e

 existencial;

  o

 esporte, acumulação

 de

 força

 e raiz

criadora; o esporte como jogo; o esporte

  como

 fenômeno

estético; o esporte como treinamento ético; o esporte,

modelo

  de

  sociedade competitiva;

  o

  esporte, reação

  de

compensação

  e

  adaptação frente

  às

  condições

  de

  vida

  e

do

  trabalho  industrial;  o esporte, mundo dos signos; o

esporte, válvula

  de

  escape

  da

  agressividade, reação

  de

instinto  de  conservação da  espécie;  o  esporte, meio para

aumentar  a  produção,  a serviço  da  luta  de classes  e para

acabar  com a  alienação;  o  esporte, simbolização  do con-

flito  e

  compensação

 narcisista.  Pelas

  relações apresenta-

das, que provocam um grande número de expectativas

para  a  análise  do  fato  esportivo,  Prieto  reconheceu  as

contradições. Ao continuar na busca de um conceito para

o esporte, este autor formulou  três pressupostos básicos:

a)  o  esporte deve  se r entendido como expressão indi-

vidual

  e

 como

 fato

  social;

b)  o esporte  tem um  ingrediente  de esforço

  físico

  no -

tável;

c)

  a natureza do esporte pode ser instrumental ou

finalística, segundo  a  predisposição psicológica  da-

quele que o pratica e da manifestação esportiva de

que se trata.

Assim, para Cazorla

 Prieto, o

  esporte

  é

  entendido:

a)  do ponto  de  vista  individual,  como  uma  atividade

humana predominantemente física, que se pratica

isolada

  ou

 coletivamente

  e em  cuja

  realização

  pode-

30

se

 encontrar

  a auto-satisfação  ou um

  meio

  de

 alcan-

çar outras aspirações;

b) do

 prisma social, como

 um

  fenômeno

  de primeira

magnitude  na  sociedade,  m as  também  com conse-

qüências econômicas e políticas.

Cagigal

  (1979)

  compreendeu o

  esporte

  como uma

conduta humana típica e

  específica

  e um sucesso antro-

pológico,  onde

  o

  protagonista, centro desse sucesso,  é o

esportista, que é um ser humano com uma característica

especificada

  por um certo tipo de

  praxis ,

  .entendida

como  um exercício liberador da evidência lúdica, além

de uma

 confrontação

 d e

 capacidades pessoais, evoluciona-

das até uma  competitividade.  Na

  verdade,

  o

  conceito

  de

esporte

 de

  Cagigal reconheceu

  a sua

  veracidade multifun-

cional diante

  da

  atualidade, mostrando

  que

  esta diversi-

dade de realidades humanas e sociais pode ser resumida

em duas grandes direções:

a)  o esporte-espetáculo;

b)  o esporte-práxis.

O   primeiro caracterizado pela  sua  condição  de  espe-

tacularidade e organização progressiva, enquanto o segun-

do, em outra direção, com características mais higiênicas,

educativas, ociosas, lúdicas,

  è de

 espontânea relação social.

Outro

 autor que tem acompanhado o avanço conceituai

do  esporte é Clayes

 (1984),

 quando considera que a am-

pliação desse conceito ocorreu justamente pela sua rela-

ção com o

 movimento

  Esporte Para

 Todos ,

 iniciada

  há

31

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8/18/2019 Livro Tubino - Teoria Geral Do Esporte

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alguns anos, mas que em 1966 pela

  Carta

  Européia de

Esporte

 Para Todos

do Conselho  da  Europa recebeu sua

efetiva  formulação  e passou  a  apresentar  um  novo  refe-

rencial

  teórico básico. Ao colocar-se diante desse

  fenôme-

no

  social, porque desconhece

  que

 previamente

  o

  esporte

é uma

  atitude pessoal,

  ele

 defende

  que o

 esporte precisa

se r  teorizado a partir do esportista que o

 pratica.

  Guima,

ao

  defender

  que o

  esporte

  se

  define

  por uma

  prática,

justifica  que  deve  ser  estudado

  pelas

  atividades e  inte-

resses, concluindo que o esporte é uma prática e uma

atitude. Ao  fixar-se  de que a prática do esporte afeta o

esportista,

  sem

 caracterizar suas relações sociais,

 ele

 situa

que a natureza da atividade esportiva pode ser entendida

pela liberdade pessoal, respeito e compreensão. O espor-

tista, para melhorar seus movimentos, necessita conhecer-

se

 e dominar-se, e assimilando seus defeitos e capacidades,

comparando-os

 com os outros, aceitando-se como é e acei-

tando os demais como são. N a perspectiva d e valores trans-

mitidos

  à

 sociedade, independentemente

  se o

 esporte

  seja

um   espetáculo,  um a  ocupação  do  ócio,  um a  prevenção

sanitária,

  uma

  tentativa

  de

  melhorar

  a

  raça

  e

  espécie

humana,

  ou

 propaganda

  de um

  regime político,

 ele

  tam-

bém

  admite que o esporte, por sua generalização, chega

a

  formar

  parte da cultura. Finalmente, Guima

  (1984)

conclui como conceito de esporte:

  Trata-se

 de uma atitude

 pessoal,

  uma

  forma

  de

 admi-

tir a vida, que se consegue pela reiteração de exercícios

físicos,  que se concretiza em conhecer-se e aceitar-se

32

e  aos demais  sem que se produza outro  benefício  para

a

 sociedade .

Depois desta passagem por diferentes interpretações do

fato  esportivo nas suas relações  com a sociedade, chega-se

à certeza de que a maior amplitude do conceito de esporte,

proposta pelo Manifesto  do  Esporte ,  depois validada

pela  Carta Européia  de Esporte Para  Todos e por  inú-

meros

  pensadores

  da  questão esportiva, passa  a  conside-

ra r  praticamente todas  as

  formas

  de  movimento  físico

que se  vinculam  à  recreação  e  condição física,  como  as

corridas e outras atividades casuais, localizando-as nas

manifestações  do

  chamado esporte popular. Verifica-se

que a  abrangência  do  conceito  de  esporte absorveu tam-

bém

  o sentido da participação, enriquecendo o entendi-

mento

  do

 fenômeno esportivo.

 Na

 verdade,

  o

 conceito,

  no

sentido

 estrito  do

 esporte,

  que

 supunha

  um

  número limi-

tado  de atividades humanas realizadas sob o caráter com-

petitivo, deu lugar a um conceito mais amplo, em que

todas as  formas possíveis  de movimento

  físico

  podem  se r

interpretadas como atividades esportivas. Nesta nova pers-

pectiva  do

  esporte,

  até os

  processos

 de

  aprendizagem

  es-

portiva  passaram também

  por uma

  revisão, pois  agora

terão

  que ser

 compreendidos

  na

  estrutura social

  em que

estão inseridos. Desse modo, as estruturas sociais nas quais

as

  pessoas estão situadas  são decisivas para  os seus com-

portamentos esportivos, e a cultura será determinante

nesta

  participação.

Enfim,  o  esporte nesta renovada interpretação,  com o

acréscimo do sentido participativo, deverá constituir-se

33

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muito mais  em  fator  de  favorecimento  ao bem-estar  do

que em atividade de utilidade econômica, recriando a pró-

pria percepção

 do

  fenômeno  esportivo,

  ao

  estabelecer

  as

linhas para um

  novo

 estatuto, no qual a participação

3

 con-

quista

  um

  papel predominante

  e

  passa

  a

  representar

  a

nova

 característica

  do

 esporte contemporâneo,

  e o

 esporte

de

 alta competição torna-se mais trabalho

 do que

 jogo.

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III - A Discussão Internacional do

Termo Esporte

No

  século XIV, lembra Cagigal

  (1979),

 os

 marinheiros

mediterrâneos usavam

  as

  expressões  fazer  esporte,  des-

portar-se

 ou

  estar

  de portu  para referir-se  a diversões  de

confronto  entre as suas habilidades físicas. Embora o

 ter-

m o  esporte  tenha

  um

  largo emprego, também sobre

  a

forma  desporto,

  ele

 apresenta algumas diferenças

 de

 signi-

ficados  e conteúdos  nos países  que  mais aprofundaram  a

interpretação

  do

  fenômeno  esportivo.

37

Page 21: Livro Tubino - Teoria Geral Do Esporte

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Loy

  Jr.

  (1968),

 ao desenvolver  a  interpretação deste

termo

 na

 língua  inglesa,  focaliza

  o

 esporte  como

 um

 acon-

tecimento de jogo, no qual é definido como  qualquer

forma  alegre

  de

  competição cujo resultado

  é

  determinado

pela  habilidade física, estratégica,

  ou

  oportunidade

  em-

pregada individualmente

 ou em

 combinação . Nesta pers-

pectiva, o esporte  é  considerado como  a  coletividade  de

esportes individuais que podem ser compreendidos como

tipos

  de

  jogos especializados. Essa definição

  de

  jogo,

  e

conseqüentemente de esporte, segundo Broekhoff  (1986),

é remetida principalmente das concepções de Huizinga

(1938)  e

  Caillois

  (1958).  Também Rijsdorp (1966)

respalda  o conceito  de esporte  de Loy Jr. ao afirmar  que

o

  esporte

  é

  o

  desenvolvimento

  da

  antítese

  do

  jogo

  na

direção da competição . Mas é o próprio Loy Jr. quem

concebe o

  esporte como

  um

  jogo institucionalizado,

  já

que compreende uma  organização, a constituição  de equi-

pes, responsabilidades,

  funções

  simbólicas e outras carac-

terísticas,  provocando

 uma

  relação

  com

  a  educação,

  por

considerar que o resultado e o seu conhecimento necessi-

tam de

 mais processos

 de

 instrução formal

 do que informal

e de aprendizagem casual.

Broekhoff,

  ao

 identificar

  na  literatura

 esportiva alemã

diferenças

  terminológicas

  e de  conteúdo  no  vocábulo

esporte  do alemão para  o inglês, encontra  um a explicação

,.na

  reforma

  educacional germânica  de 1950, quando

 ocor-

reu a substituição do termo L eibeseiziechung  Korpererzie-

chung

1

 

1

, que significava educação  física, pelo termo  Spor-

tunterricht ,  traduzido

  por

  esporte.  Essa mudança

  não

38

foi  somente semântica como à primeira  vista parece, pois

a  evolução social e a importância  política  e promocional

do

 esporte após

 a

  Segunda Guerra Mundial foram deter-

minantes nessa alteração, que coincidiu com o apareci-

mento de estímulos do governo alemão para a ciência

do

  esporte, criando instituições científicas  e  mecanismos

de  financiamento à pesquisa esportiva nas universidades.

Por sua

  vez,

 nos

  Estados Unidos, embora

 se

  registrem

algumas tentativas de mudança de terminologia como na

Alemanha  Federal, segundo  Broekhoff

  (1986),

 o termo

educação  física  permaneceu

  nas

  escolas públicas

  e

  uni-

versidades,

 e o

 termo esporte continuou

  com o

 sentido uti-

lizado

 na Inglaterra. Na França, também ocorreu o mes-

mo fenômeno, permanecendo

 no

 idioma  francês

  os

 termos

 Education  Physique e

  Sport .

A

  palavra  esporte  para Haag  (1979)  até  agora  nã o

provocou  problemas

  de

  interpretação internacional

  que

possam  prejudicar a chamada ciência do esporte, pois as

suas  subdisciplinas,  a medicina esportiva, a biomecânica

do   esporte, a psicologia esportiva, a sociologia esportiva,

a  história  do  esporte  e a  filosofia  do  esporte, possuem

organismos internacionais próprios, publicações específi-

cas

 e têm

  realizado números congressos científicos inter-

nacionais com seus temas e discussões  peculiares.  Não

obstante, está surgindo um  novo campo de discussão cien-

tífica, já com

 muitas

 controvérsias, que é a chamada Pe-

dagogia do Esporte  ( Sport  Pedagogy )  que já mereceu

uma

 sessão específica no Congresso Olímpico de Eugene/

Oregon  (1984)  e muitas publicações, consolidando uma

39

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8/18/2019 Livro Tubino - Teoria Geral Do Esporte

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literatura

  especializada. Para Haag

  (1979), a

  Pedagogia

do Esporte  constitui

  a

  sétima subdisciplina

  da

  ciência

  do

esporte. Registre-se que, segundo Broekhoff  (1984),  a

Pedagogia do Esporte (Sport Pedagogik) se desenvolve

na  Alemanha,  a partir  da teoria  da educação

 física,

  e em

consonância

  com o

 movimento trocou-se

  o

 nome

  de

  edu-

cação física para esporte.

  Por

  outro lado, Grupe

 e

 Kurtz

(1966)

  no dicionário

  tfilíngüe

  da ciência do esporte,

ao  confirmar a tradução de Pedagogia do Esporte para

Teoria da Educação

 Física,

  relacionaram o esporte com

a

  educação, oferecendo

  a

  fundamentação para

  a

  prática

esportiva educativa,  e  objetivando  a  valorização  do de-

senvolvimento humano  e da qualidade  de vida, esta

  colo-

cação ultrapassou a definição de esporte de Loy Jr. no seu

aspecto

 d a

 institucionalização, colocando-o como meio para

uma consecução ampliada de objetivos pedagógicos.

Na  União Soviética,  os  termos

  Fizcultura,

  traduzido

por cultura

  física,

  e esporte são muito empregados, onde

o

 esporte, segundo Adam

 (1979,

 Pavlov

  (1980)

  Riordan

(1980)  e

 Dmitroux

 (1980),

 está situado

 na

 abrangência

da cultura física, constituindo-se a base de uma estrutura

esportiva denominada Gotov  k  trudi  i  oborne  ( GTO), so b

a

  forma

  de uma

  pirâmide,

  qu e

 compreende toda

  a

 popu-

lação esportiva soviética ativa.

N o

  Brasil, especificamente, outro aspecto importante

do debate do esporte é a discussão semântica da utiliza-

ção

  apropriada dos termos desporto,

  sport,

  ou esporte.

Lyra

  Filho (1973)

  é quem oferece a melhor contribuição

neste  sentido.  Ele  explica  que o  vocábulo

  desport

  era

40

usado no francês antigo com o significado de

  (prazer,

descanso,

  espairecimento,

  recreio, transformando-se pos-

teriormente

  em  sport

  para

  o

  próprio francês,

  e

  também

chegando

  ao

  idioma  inglês

  do

  mesmo modo.

  Por

  outro

lado, os

 espanhóis

 passaram a utilizar

  deporte,

  os italianos

Deporto,

  e os

  portugueses consagraram

  o uso do

  termo

desporto.

  Lyra

  Filho,

  após consultar Antenor Nascentes,

e explicar

  a

  utilização

  de

 Desporto

  na

  criação

  da

  antiga

Confederação   Brasileira

  de Desportos

  (CBD),

  como um

arcaísmo revivido por Coelho Neto, e ao mostrar que no

país existe

  una uso

  indiscriminado

  das

  palavras

  desporto

e  esporte,  nos

  textos legais

  e na

  linguagem popular, opta

pelo vocábulo arcaico

  desporto.

Ao

  reconhecer-se que no nosso país há apenas uma

relativa relevância  de relação entre  o  termo utilizado  e o

seu

 conteúdo,

  nas

 hipóteses

  do uso de esporte  ou  desporto,

conclui-se

  que

  qualquer

  uma das

  opções atende para

  a

percepção  da  abrangência conceituai  do

  fato

  esportivo,

acrescentando-se que por uma  questão  de hábito se achou

por  bem  prosseguir  no  emprego  do  termo esporte.

Referências Bibliográficas

l.

  ADAM,

 Y. —

 Lê  Sport

  dans  Ia

 vie  dê s

  Sovietiques.

  Moscou:

Editions  du  Progres,

  1979.

2.

  BROEKHOFF,

  S. —  Terminology  in

  Sport

  and

  Physical

Education:  Sport Pedagogy  an d

  the

  Trilingual  Dictionary

 

Sport  Science. Trabalho

 apresentado  no

  Congresso  Nacio-

nal

  AIESEP,

  Heidelberg,

  1986.

41

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8/18/2019 Livro Tubino - Teoria Geral Do Esporte

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3.

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  lês

  hommes  —

  lê

  masque et

lê vertíge.  Paris:  Gallimard,  1958.

4.  DMITROUK,

  V. DE

 — Lê  sport  et

  Ia

  Paix, Kiev:

  Politvi-

dav

  Oukraini,  1980.

5.

  HAAG,

  H. —  Development  and structure of a  theorical

framework  for  sport

  science.

  Quest,

  1979,

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6.  HUIZINGA,  J. —

  Homo  Ludens.

  São Paulo:  Perspectiva,

2.

a

  edição, 1980.

7.  LOY

 JR.,

  J.  W.  — The nature of

  sport:

  A

  definitional

effort. Quest, 1968,  10 (2),  1-16.

8.  LYRA FILHO, J. — Introdução à Sociologia dos  Desportos.

Rio

  de

  Janeiro.  Biblioteca

  do

  Exército, Bloch,  1973.

9.  RIJSDORP, K. —  Sport ais Songmenselijke Adiviter.  Utre-

cht:  San Luiting Fonds,  1966.

10.

  RIORDAN,

 J. —

  Sport

  Sovietique.

  Paris:

  Vigot, 1980.

42

IV ~ O Esporte, a

  Educação

 Física

e os

 Documentos Filosóficos

Internacionais

Á

  partir

  da

  década

  de  1960,

  surgiu

  uma  série  de do-

cumentos

  emitidos

  pelos organismos internacionais

  que

tratam

  das

  questões

  do

  esporte

  e da

  educação física,

 os

quais evidenciaram

  a

  tendência internacional

  do

  pensa-

mento ideológico na tentativa de uma proposta de resgate

dos

 princípios desses campos de conhecimento e atividade

43

w

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8/18/2019 Livro Tubino - Teoria Geral Do Esporte

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humana. Segundo

  Costa  Ferreira

  (1985),  essas entida-

des, ao formularem seus posicionamentos, mostraram uma

consciência das crises atuais e uma preocupação com a

vontade de

 anunciar

  o

  futuro, respeitando

  o

 passado

 da

educação física

  e do

  esporte.

Os

 documentos

 que

 serviram

  de

 reflexões para

  a

 comu-

nidade educacional e esportiva foram:

a) Manifesto Mundial do  Esporte;  pelo  CIEPS

(1964);

b) Carta Européia de Esporte Para Todos, pelo Con-

selho da Europa

  (1966);

c) Manifesto da Educação Física, pela FIEP  (1970);

d) Carta Internacional de Educação Física e Esporte,

pela  UNESCO  (1978).

O  primeiro documento, o  Manifesto  Mundial do  Espor-

te, editado pelo  Conseil Internacionale d'Education Phy-

sique

  et

  Sport (CIEPS)

  da

  UNESCO,

  em

  1964, logo

após

  os

  Jogos Olímpicos

  de

  Tóquio, representou

  uma

primeira grande

  reflexão

  internacional sobre  o  esporte,

seu

  conceito, sua abrangência, suas virtudes e seus peri-

gos. Após

 uma

  introdução,

 na

  qual conceituou

 o

  esporte,

tratou

  do

 grupo desportivo,

  da

 promoção

 do

 homem

  pelp

esporte,

  do

  direito

  de

  todos

 em

  praticarem esporte,

  das

obrigações  do esporte e dos deveres dos dirigentes espor-

tivos,

  desenvolvendo três capítulos:

a)

  O  esporte  na  escola;

b) O

  esporte

  nos

  tempos livres;

d)

  O  esporte  de  alta competição.

44

N o  capítulo I, ao

  tratar

  do esporte  :ua  escola, o do-

cumento dividiu-se

  em

  partes referentes

  a:

  „

a)

  esporte, parte integrante

  da

  educação;

b)  uma  educação equilibrada;

c)

  o esporte a serviço do homem;

d)

  os problemas novos num mundo  de transformação;

e)  a contribuição do esporte para a solução dos novos

problemas;

f)

  o

  desenvolvimento

  do

  talento esportivo;

g) a qualificação dos ensinamentos.

N o  Capítulo II do Manifesto do Esporte, tratou-se do

esporte nos tempos livres e, para que esta perspectiva

esportiva

  fosse

  abordada,

  foram

  apresentadas  as  seguintes

partes:

a) o esporte e os tempos livres;

b)

  programas apropriados;

c) o esporte, a oportunidade para atividades  livres;

d)  a

 importância

  do  fair

  play ;

e)

  o

 espírito esportivo;

f )  o

  equipamento necessário.

No

 terceiro e último capítulo, este manifesto considera

o  esporte de alta competição,  apresentando  colocações

sobre:

a) o esporte e a promoção do campeão;

b)

  o

  dilema  atual;

45

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c)  os princípios  de uma  reforma;

d)  uma

  solução;

e)

  conclusão.

O Manifesto do Esporte, com a autoridade  e a relevân-

cia da  assinatura principal,

  Philip

  Noel-Baker,

  prêmio

Nobel

 da Paz de 1939, foi um

  grande impacto

 na

  própria

aceitação

  do

  esporte naquela época, pois serviu

  de

 marco

para  um a  nova abrangência  do conceito  do esporte, con-

siderando

  o

 esporte

  na

  escola

 e o

 esporte

  no

  tempo livre,

além do

 esporte

  de

  alta competição,

  que até

 então preen-

chia perfeitamente

  o

 entendimento sobre

 o

 fato  esportivo.

O   segundo documento

 d e

 importância para

  o

 novo en-

tendimento

  do

  esporte

  no

  mundo

  foi a

  Carta

  Européia

do   Esporte para Todos,  do Conselho da Europa, em  1966,

que

  teve

  a

  preocupação

  de

 promover

  o

  esporte

  na

  pers-

pectiva

  da  educação permanente  e do desenvolvimento

cultural.

 Registre-se  que o movimento  esporte

  para

  todos

teve

  início na Noruega

  pela

  campanha denominada

Trimm,  sendo logo seguida pela Alemanha Federal, Sué-

cia e Bélgica, para depois chegar aos Estados Unidos e

Canadá.

A Carta Européia para Todos f oi estruturada  em cinco

textos:

a)

  adoção

 e

  princípios

  do

 esporte para todos;

b) o papel das autoridades públicas diante  do Esporte

para Todos;

c) as

  formas

  de cooperação;

46

d)

  as

 estruturas

 de cooperação;

e)

  a resolução  geral.

O   primeiro texto, compreendendo oito artigos, coloca

a sua

 ^premissa  básica logo

  no

  primeiro artigo, quando

estabelece

  que

  todos

  têm

  direito

  à

 prática

  do

 esporte.

  Os

demais

 sete artigos desenvolvem

 os

 princípios

 fundamen-

tais

 do

 movimento  Esporte para Todos ,

 os

 quais, pode-

se  acrescentar, constituem

  a

  própria base

  do

  chamado

esporte

  popular.

  O

  segundo texto,

  ao

  discutir

  o

  papel

das

  autoridades públicas quanto  ao  desenvolvimento  do

esporte para todos, distingue o assunto em cinco itens:

a)  as responsabilidades das autoridades públicas;

b)

  participação

  de

  distintos grupos sociais;

c)

  as

 condições materiais

  da

 prática

  do

  esporte;

d)  o financiamento do esporte;

e) proteção

 da

 integridade

  do

 esporte

 e dos

 esportistas.

Os  textos  de  número três  e  quatro,  ao  tratarem  das

formas  de

  cooperação

  e das

  estruturas

  de

  cooperação,

apresentam uma série de diretrizes nestas duas perspecti-

vas

 sob a

 forma

 d e

 ações

 e de

 recomendações.

 Finalmente,

o texto número cinco encerra o documento com o anúncio

e os

  agradecimentos

  das

  colaborações prestadas

  à

  elabo-

ração  dos textos, mas, fundamentalmente, esclarece que

o  documento é  apenas  uma  referência  e que o

  compro-

misso permanece

  com

  todos.

Para Clayes  (1964)  a Carta Européia  de  Esporte para

Todos é o estímulo

 inicial

 para o novo conceito de esporte.

Entretanto, com o conhecimento do Manifesto do Esporte

47

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de  1964, verifica-se  que  aquele documento  é  realmente

0

  marco para o alargamento do conceito de esporte. Por

outro lado, esta carta serviu para

 uma

  consolidação teóri-

ca

  do que já estava acontecendo na

 prática,

  inclusive no

Brasil.  O movimento esporte para todos é, sem dúvida,

a

  manifestação maior do chamado esporte popular.

O  terceiro desses documentos, elaborado  a  partir  de

1968

  e

 divulgado pela

  Féderation

  Internacionale d'Edu-

cation

 Physique (FIEP),

 é o Man ifesto  da

 Educação

 Fí -

sica.

  Neste documento, de seis capítulos, o primeiro apre-

senta o  conceito  de educação física,  o  segundo trata  do s

meios

  de

  educação física,

  o

  terceiro trata

  do

  lugar

  das

atividades esportivas  na  educação física,  o quarto aborda

as   técnicas  e formas pedagógicas,  o  quinto dedica-se aos

educadores, enquanto

 o

 último complementa

  o

 documento

apresentando preceitos sobre

  as

  condições.

N o

  conceito

  de

 educação física formulado

  no

  Capítulo

1

 do Manifesto, ela é entendida como o meio de educação

que usa as atividades físicas na sua intenção educativa,

utilizando-se dos meios naturais, ar, sol e água. Os objeti-

vos   da

  educação física são:

a)

  corpo

 são e

 equilibrado;

b)

  aptidão para

  a

  ação;

c)

  valores morais.

O

  objetivo

 corpo  são e equilibrado

 trata

  da

  finalidade

higiênica  da

  Educação

 Física.

N o

  objetivo

  aptidão para  a  ação

  o

  documento sugere

que o desenvolvimento  da s  qualidades

  psicomotoras  faci-

litará  a  vida diária, subdividindo-se  em :

48

a)

  qualidades perceptivas  (percepções

 internas — co-

nhecimento do próprio corpo, e percepções externas

— apuramento  dos sentidos);

b)

  qualidades motoras (destreza, velocidade, força,

habilidade,  resistência

  e

  descontração);

c)

  qualidade

  de

 autodomínio

 e

 raciocínio.

Estes visam

  a reagir

  eficazmente pelo equilíbrio  psico-

fisiológico

  contra  os  efeitos  nefastos  da  mecanização,  da

sedentarização,  da

  poluição,

  da  fadiga

  nervosa provocada

pelo ritmo acelerado e tensões da vida civilizada.

Quanto ao

  objetivo valores  morais, este visa

  à

  morali-

dade  em  ação,  ressaltando  o  clima ético  da s  sessões  de

educação   física  e o

 meio social ativo

  no

 qual

  os

 educado-

res têm

 função

  de

 responsabilidade

  na

 formação

 da

 juven-

tude tanto para o mundo de hoje quanto para o de ama-

nhã. Torna-se evidente

  que

 tais valores estão diretamente

dependentes  do conceito  de Educação e do  quadro políti-

co,

 econômico

 e

 humano

  de

 cada país.

Observa-se que os

  objetivos propostos pelo Manifesto

e o conceito formulado  de educação física  no  mesmo rea-

f i rmam  uma posição humanista de educação na perspec-

tiva

  da

  totalidade

  do

 ser, contrariando

 a

 perspectiva dua-

lista de

 homem.

A

  seguir, no capítulo III, o manifesto classifica as

atividades esportivas utilizadas na educação

 física em:

a)

  competição esportiva sistematicamente organizada;

b)

  treino esportivo;

c )  j ogo-esporte.

4 9

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8/18/2019 Livro Tubino - Teoria Geral Do Esporte

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No

  primeiro caso, o esporte tratado é aquele institucio-

nalizado, com as características da

  eliminação,

  seleção,

codificação

  e

  outras.

  Na segunda abordagem o

  treino.es-

portivo,

  embora desenvolva as mesmas qualidades físicas

que a educação física, tem uma utilização para a compe-

tição esportiva. E, finalmente, o

 jogo-desporto

  é

  sugerido

no documento como aquele que melhor atende às necessi-

dades da sociedade moderna, por constituir-se numa per-

cepção humanista

 do

 esporte, onde

 o

 prazer

 e a

  satisfação

estão presentes no lúdico, ao contrário do que ocorre nas

competições

 do

 esporte federado.

No

  quarto capítulo,  as  técnicas  e as

  formas

  pedagó-

gicas,

 ao

 serem abordadas, provocam

 a

 evidência

 da

 neces-

sidade da investigação científica, ressaltando que a educa-

ção

  física  deve  constituir-se numa ciência aplicada

  e

autônoma, tendo o seu domínio próprio e os seus métodos

específicos.

  Além disso, neste capítulo foram apresentados

os  princípios fundamentais

  que

  devem orientar

  a

  ação

dos educadores:

a)  grau biológico do esforço;

b)  dosagem do

  esforço

 como adaptação  às  possibilida-

des  individuais;

c) primado da preparação geral;

d)

  importância das atividades ao ar livre;

e)

  motivação do exercício;

f)  ação educativa

 do

 grupo

 e

 influência

  do

 meio social.

O  capítulo cinco

  fala

  da

  importância

  da

  formação

  do-

cente

  e da

  valorização

 dos

  educadores, enaltecendo

  a ne-

cessidade do desenvolvimento das qualidades essenciais

50

do

  pedagogo, da dedicação e do respeito aos valores

humanos.

  Finalmente,

  aborda os meios, isto é, as condi-

ções administrativas

  e

 materiais

  que devem envolver um

processo de ensino de

 educação física.

O  Manifesto da Educação  Física,  além do aprofunda-

mento conceituai nas questões da educação física, reconhe-

ceu  as relações deste campo educacional com o esporte,

colocando três perspectivas nas quais abordou os aspectos

positivos

 e negativos, contribuindo também para a elucida-

ção

 da percepção do esporte na sociedade moderna, quando

esse

  fenômeno já era entendido numa concepção mais

alargada.

O

  quinto documento

  de

  referência, emitido

  por

  orga-

nismos internacionais, e de importância fundamental para

o  esporte e a educação física  foi a

  Carta

 Internacional da

Educação

  Física

  e do Esporte da  UNESCO,  editada  em

1978.  Essa  Carta apresenta-se com dez artigos, e já no

seu  preâmbulo evidencia  que foi  formulada para

  favore-

cer o  desenvolvimento  da educação física  e do  esporte  a

serviço

  do

  progresso humano

  e

  estimular

  os

 governos,

  as

organizações  não-governamentais, os educadores,  as

  famí-

lias

  e os próprios 'ndivíduos, a utilizá-la, difundindo-a e

colocando-a

  em prática. No seu artigo primeiro,  o  direito

à  prática  da  educação

  física

  e dos  esportes  é  reforçado.

No

  seu artigo segundo, o documento reafirma  que a edu-

cação  física

  e o

  esporte

  são

  elementos essenciais

  da

 edu-

cação permanente. No artigo três é colocado que o progra-

ma de educação física e esportes devem corresponder às

necessidades dos indivídoos e da sociedade. O quarto artigo

51

Page 28: Livro Tubino - Teoria Geral Do Esporte

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aborda

 a questão da necessidade de qualificação dos recur-

sos humanos para atuar no ensino e na administração dos

assuntos da educação física e esportes. Os artigos quinto,

sexto, sétimo

  e

  oitavo tratam respectivamente

  das

  ques-

tões dos equipamentos e materiais, da pesquisa e avaliação,

da  informação e  documentação e dos meios  de comunica-

ção

 de massa, quando nas suas relações com o processo de

educação  física

  e

  esportes. Depois,

  os

  artigos nono

 e dé-

cimo valorizam a atuação das instituições nacionais e dos

programas  de  cooperação  internacional,  como condições

para o desenvolvimento universal e equilibrado da educa-

ção

 física

 e do esporte.

A carta

  da

 UNESCO para

  a

 Educação Física

  e

 Esporte

fo i

 resultante  das recomendações da  conferência de minis-

tros e responsáveis de esporte, promovida pela UNESCO

em

  1976.

 Pode-se dizer

 que

 esta carta, além

  de

 constituir

uma posição oficial da UNESCO, tem o mérito de rela-

cionar a educação com os processos de educação física e

esporte,  através  de uma  referência  com a  educação per-

manente. Acrescente-se que este documento consolidou a

tendência internacional da ampliação do conceito de

esporte, antes visto sornente sob a perspectiva da alta com-

petição e agora refletindo também o fenômeno da parti-

cipação.

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 do

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 Desporto

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 Paulo:

  IBRASA,

  1984.

5.  Fédération Internationale

  d'Education

  Physique

  —  Manifes-

to

  Mundial de Educação Física:

  Autor,

  1970.

6.  UNESCO

  —

  Recomendações sobre Educação  Física/Despor-

tos  aos

 Estados Membros

  da

  UNESCO:

  Autor,

  1976.

7.  UNESCO —  Carta Internacional de Educação Física:  Autor,

1978.

53

Page 29: Livro Tubino - Teoria Geral Do Esporte

8/18/2019 Livro Tubino - Teoria Geral Do Esporte

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V   - A Função Social  do Esporte

O

 homem é um ser delimitado por suas próprias dimensões

e

  incapacidades físicas,  por sua curva biológica,  por sua

capacidade

  psicológica

  e por

  suas

  limitações

  culturais

  e

sociais. Quando tenta assumir sua realidade, ele na

  verda-

de

  busca uma primeira garantia de liberdade humana.

Mas

  eis que

  surge

  a

  sociedade

  na

  qual está envolvido,

com

  sua problemática e historicidade, delimitando esse

homem   ainda mais.

55

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8/18/2019 Livro Tubino - Teoria Geral Do Esporte

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A  sociedade

  de

  hoje,

  ao

  receber várias

  demonstrações

diferentes, como sociedade tecnológica, sociedade

 de

 mas-

sa, sociedade

  pós-industrial,

  sociedade de rendimento, so-

ciedade  de consumo, sociedade  cibernética,  e outras  adje-

tivações, deixa na verdade algumas marcas, que podem

ser aceitas em quaisquer dessas

  interpretações

  de socie-

dade: a competitividade, a especialização, o rendimento, o

consumo, a  desumani/ação, a  desescolarização,  o tecnicis-

mo, o

 mecanicismo,

 o

 sedentarismo,

  a

  internacionalização,

e outras.

O  sedentarismo  tem  levado à chamada doença do sécu-

lo: a hipocinestesia. Esse sintonia da sociedade moderna,

ao  levar  os  homens  a uma  perda  da  qualidade  de  vida,

fez

 com que

 esse homem percebesse

 a

 valorização

 da

  vida.

E foi na

  busca dessa valorização

  da

  vida

  que

  surgiu

  a

necessidade

 de um

  aproveitamento mais adequado

 do

 ócio

e do

 tempo  livre

  de

  trabalho, surgindo, então,

  o

  esporte

popular,  que também recebe várias denominações, tais co-

mo

  esporte-participação, esporte de tempo livre, esporte-

lazer, esporte comunitário, esporte para todos, etc., o que,

sem  dúvida, aumentou consideravelmente  a  dimensão so-

cial

  do

  esporte

  ao

  introduzir-se

  na

  abrangência

  do

  novo

conceito

 de

  esporte. Nesse

 novo

 conceito, além

  do

 esporte

institucionalizado, antes já assumido conceitualmente,

incorpora-se agora o sentido da participação, relacionando

a perspectiva de bem comum da população. O bem comum,

que

 consiste

 no

 conjunto

 de

 meios

 de

 aperfeiçoamento

 que

a

 sociedade politicamente organizada

  tem por fim

 oferecer

aos homens, e que constitui  patrimônio  comum e reserva

56

da

  comunidade, passou a representar a finalidade maior

desse

 renovado esporte de

 alcance

 social. E foi justamente

este esporte, considerado como um dos maiores fenômenos

sociais

  deste final

  de

  século

  XX, que

  provocou

  a

  impor-

tante colocação de Cagigal

  (1979),

  segundo a

  qual,

 em-

bora não se

 viva numa sociedade desportiva, pode-se

 afir-

mar que se

 trata

  de uma

 sociedade esportivizada.

Por sua vez, Cazorla

 Prieto

  (1979),  ao afirmar a

notável relevância social do esporte, mostra seis

  referên-

cias para a localização dessa importância:

a) a dupla perspectiva: como fenômeno social universal

e como instrumento de equilíbrio pessoal;

b)  o consumismo esportivo;

c)

  os

 espetáculos esportivos;

d)

  os valores que o esporte leva à sociedade;

e)

  o impacto social do associacionismo esportivo;

f )  a  difusão  do

  esporte através

 dos

 meios

  de

  comuni-

cação.

Para Prieto, o esporte tem uma dupla perspectiva na

análise

  de sua importância social:

a)

  como

  fenômeno social universal;

b) como instrumento de equilíbrio pessoal.

Como  fenômeno  social  universal,  o  esporte constitui-se

de  relações  entre  grupos sociais urbanos e até nacionais,

contribuindo para a existência biológica, para as combina-

ções

 de

 trabalho

 e

 vida

 e

 para enriquecer

  a

  cultura huma-

na. O esporte tornou-se um fenômeno  cultural  e social

57

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universal,

  que

  reflete objetivos econômicos, ideológicos,

políticos,

  culturais,

 científicos  e sociais.

Por

  outro lado, numa sociedade

 que

  cada

 vez

 mais sub-

traiu  os  direitos  do  homem, estabelecendo  um  processo

de desumanização no mundo, a preocupação com o corpo

e o

 lazer tornaram-se imperativos para enfrentar

  o

  dese-

quilíbrio presente.

  O

 esporte, como instrumento

  de

  saúde

e lazer,  oferece  ao homem reações importantes aos sinto-

mas negativos

  da

  sociedade atual, levando-o inclusive

  a

uma busca de reencontro com a natureza.

Outro aspecto localizado por Cazorla  Prieto  é o  fato

de  que uma das coisas que numa sociedade de consumo

leva

  as

 pessoas

 a

 consumir

  é o

  esporte. Este consumismo

é

  também impulsionado

  e

  influenciado pela sociedade

desportivizada

  de

  hoje.

  O

  homem,

  ao

  envolver-se

  num

consumismo, transmite-o  a  outras necessidades  que em

quadros circunstanciais diferentes talvez  fossem  prescin-

díveis,

  mas que

  atualmente compõem inclusive

  o

  próprio

estudo

  de vida daqueles que pertencem da classe média

para cima.

  O

  esporte

  é, sem

 dúvida,

  uma das

  variáveis

mais ponderáveis  no  estilo  de  vida  atual.

Quanto

  aos

  espetáculos esportivos, pode-se dizer que,

segundo Prieto, eles manifestam

 a

 própria importância

  do

esporte, tornando-se verdadeiros retratos  da  sociedade  de

massas, ao mesmo tempo que também servem de escapismo

do

  homem moderno.

  O

  espetáculo esportivo, para este

autor espanhol, exerce

 uma

  grande atração sobre

  a

 massa

de  cidadãos, suplantando de  fo rma  nítida a maioria dos

outros tipos de espetáculo, inclusive, levando os especta-

58

dores a processos de identificação com os ídolos dos está-

dios, conduzindo-os

 a

 emoções fortíssimas

  de

  sofrimento,

síress,

  alegria,

  prazer, convivência,

  etc.,

  podendo chegar

até à violência. A imprensa, na sua atuação permanente

de

  busca

  da

  notícia  sensacionalista, contribui

  em

  muito

para  a

  conexão

  das  pessoas com o

  fato

  esportivo,  a

  qual

propicia muitas  vezes  formas  de liberação momentânea

dos  indivíduos.

Quanto

  aos valores com que o esporte pode contribuir

para a sociedade, Cazorla  Prieto  reconhece que o

  fenô-

meno esportivo conduz

  os

  homens

  a

  inúmeras virtudes

sociais, levando-os à convivência, à coesão e identifica-

ção social, além de valorizar o tempo do ócio como tempo

eminentemente pessoal.

  O

 esporte também

  é

  considerado

uma atividade idônea,

  por

  Prieto, para esta ocupação

 do

tempo

 livre

  de

  trabalho

  e

 ainda como meio

 de

  promoção

social e  comercial. Neste último aspecto, ele

 justifica

  este

posicionamento pelos precedentes

  de

 mobilidade social

  de

atletas profissionais pertencentes

  a

  estratos sociais mais

modestos, pelo prestígio

  que os

  protagonistas esportivos

alcançam, gerando novas oportunidades comerciais, em-

bora reconheça

  a

  transitoriedade

  da

  situação,

  o

  estrelato

esportivo efêmero e o

  fato

  de que somente alguns poucos

têm mais chance nessa mobilidade social.

Outro aspecto importante citado

  por

  Prieto  (1979)

  é

o

  impacto

  que o

  associacionismo esportivo provocou,

  re-

cordando-se que

  Thomas Arnold,

  ao conduzir o esporte

para

  uma

  modernização, concluiu

  que o

  mundo

  do es-

porte

 é um

 microcosmo,

  uma

  miniatura

  da

  sociedade

  hu-

59

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8/18/2019 Livro Tubino - Teoria Geral Do Esporte

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mana.  Na

  verdade,

  o

 desenvolvimento

  e o

  ordenamento

do  desenvolvimento esportivo cabem  às  associações espor-

tivas,

  sem

  prejuízos

  das

 competências

  dos

 poderes públi-

cos  a

  esse

 respeito.

Finalmente,  o  último aspecto  foi a  difusão  do  esporte

através

  dos

  meios

  de

  comunicação  social. Para  Cazorla

Prieto,

  o  esporte constitui  o  grande  entretenimento  do

ócio

  passivo contemporâneo, pois, além

 da sua

  repercussão

social, constitui

  um

  meio idôneo para inocular

  na

  socie-

dade valores extra-esportivos.

Referências Bibliográficas

1.

  CAGIGAL,

  J. M. —

  Cultura intelectual

  y

  cultura física

Buenos  Aires:

  Kapelusz,  1979.

2.  CAZORLA  PRIETO, L. M. — Los poderes públicos  ante  ei

deporte popular  y

  ei  deporte

  espetáculo.  In

  Deporte Popular

— Deporte

 de Elite

 —  Elementos para

  Ia  reflexión.  Valencia:

Ayuntamento de Valencia,

  1984.

60

V I -

 Esporte, Estado

 e

 Sociedade

A sociedade

  já era

  entendida desde

 o

 século passado como

um a

  coletividade

  de

  indivíduos reunidos

  e

  organizados

para alcançar

  uma

  finalidade comum

  (Giddings/1897).

A

  partir

  dessa concepção

  de

  sociedade, para

  Azambuja

(1984), o

 Estado constitui

  o

 próprio prolongamento dessa

sociedade, tornando-se sociedade política, ordenada  de

forma  política, acrescentada  de modo necessário  por um

dinamismo movido através

  de uma

  relação legítima

  go -

vernante-governado,  tudo isso promovido

  e

  aceito

  em

61

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nome  do bem  comum dessa sociedade. Assim sendo,  o

Estado (Azambuja/1984),  como organização político-ju-

rídica de uma sociedade

 constituída

  para realizar o bem

público,

  com

  governo próprio

  e

  território determinado,

aparece aos indivíduos e sociedades como um poder de

mando, evidenciando um governo onde o aspecto coativo

e a

  generalidade

  é o que o distingue nas

 normas

 por ele

editadas. Os objetivos do Estado estarão permanentemen-

te sintetizados no conceito de bem público e serão inva-

riavelmente  de ordem  e  defesa  social, diferindo  em con-

teúdo de qualquer tipo de organização. E importante res-

saltar que a oportunidade e o  direito  ao esporte consti-

tuem-se efetivamente

 em

 bens

 públicos.

 Para  propiciar

  à

sociedade os bens públicos, o Estado emprega diversos

me/ios,

  que

  variam conforme

  as

  >épocas,

  os

 povos,

  os

 cos-

tumes

  e as  culturas.

O   Estado  interátua

  com a  sociedade através  de

  fatos

políticos.  As diversas correntes  da  teoria  geral  do Estado

estudam  os  fenômenos  ou  fatos  políticos como  fatos  so-

ciais e não como  fatos históricos.

 Para

 entender-se o sen-

tido

  do s  fatos  políticos,

  é

  Azambuja

  quem ainda acres-

centa que a utilização do termo político relaciona o

  fato

ao

  Estado

  e ao

  Governo,

  fazendo

  parte dele através

  de

uma relação numa justa medida. Desse modo, os

  fatos,

mesmo mantendo

 a sua

 natureza, tornam-se

 políticos,

 toda

vez

  que apresentarem interseções

  diretas

  com o Estado,,

na  abrangência do seu  domínio  e  responsabilidade.

Outro aspecto fundamental para  o  entendimento  das

relações

 entre Estado, Sociedade

  e

  Esporte

  é a

  necessária

62

interdependência entre Estado

 e

  Nação,

 a

  qual

  se

 torna

essencial  no

  aprofundamento

 d a

  questão

  do

 esporte, prin-

cipalmente quando é colocada na perspectiva de um Es-

tado

 liberal desejável. A nação, entendida conceptualmen-

te por

  Azambuja

  (1984)

  como

  distinta  do  Povo,  é ex-

plicada como um grupo de indivíduos unidos pela mesma

origem, pelos interesses comuns e principalmente por

ideais e  aspirações comuns.

Garcia-Pelayo

  (1977)

  justifica  a  ação  do  Estado  na

sociedade pela incapacidade das leis naturais para condu-

zir   a um

  equilíbrio social desejável,

 ao

 contrário levando

sempre  à irracionalidade.  Para  ele, somente o aprimora-

mento  de técnicas administrativas, econômicas, de pro-

gramação  de  decisões,  etc.,  pode neutralizar  os  efeitos

disfuncionais

  de um

  desenvolvimento econômico

 e

  social

não

  controlado. Garcia-Pelayo acrescenta que o Estado

não  pode limitar-se  a  assegurar  as  condições ambientais

de

  uma suposta ordem parcial iminente, nem a vigiar os

distúrbios de um mecanismo auto-regulado, devendo tor-

nar-se o regulador decisivo do sistema social e apresentar

disposições para o exercício de trabalho de estruturar a

sociedade

  através de medidas diretas ou

  indiretas.  Fors-

thoff  (1975)  reforça  as  posições  de  Garcia-Pelayo  ao

mostrar

  que as  funções  do

  Estado estão confundidas

 com

os  processos sociais, não permitindo uma separação de

Estado e

  sociedade.

Por sua vez Cazorla

  Prieto (1984),

  ao fundamentar

a

  relação Estado, Sociedade e Esporte parte das chama-

da s  necessidades individuais. Entre essas necessidades

  en-

63

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8/18/2019 Livro Tubino - Teoria Geral Do Esporte

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contram-se as atividades esportivas, que devem receber

pelo

  menos

  condições

 mínimas,

  o que

 explica

  a

 presença

do Estado como protagonista e o crescente papel dos po-

deres públicos  nas questões do

 esporte.

 Prieto propõe:

a)  os poderes públicos têm que apoiar tanto econômica

como

 política e socialmente o esporte popular, como

valor

 que

  deve

 ser

  colocado

 à

 disposição

 e com fa-

cilidade a todos os cidadãos;

b)  a

  educação física, como instrumento

  a

  serviço

  da

formação

  do

  homem

  e do

  desenvolvimento inte-

gral

  da

  personalidade humana,

  é

  outra

  das

 mani-

festações

  que

  integram

  com as

  atividades esporti-

vas, e que devem ser protegidas por todos os pon-

tos

  de vista, pelo Estado Contemporâneo;

c) o esporte de alta competição, por não apresentar,

em

  princípio,

  as mesmas virtudes que o esporte

popular, deve ser considerado um instrumento in-

direto

  de

  popularização

  do

  esporte,

  e por

  isto

  os

poderes públicos devem protegê-lo. Ao mesmo tem-

po,

  esse esporte

 de

  rendimento promove

 com

  fre-

qüência as representações esportivas nacionais, o

que impede que o Estado se desinteresse pelo seu

desenvolvimento e aperfeiçoamento;

d) o

 Estado deve abster-se

 da

  formulação

 de

 progra-

mas de

  fomento

  do

  esporte-espetáculo, pela pers-

pectiva inteiramente comercial

  do

 mesmo, devendo

apenas acompanhá-lo nos seus aspectos éticos, mo-

rais e  políticos.

64

Para Noronha Feio

  1978),  à

  medida

  que os

  países

se desenvolvem e as

  grandes

  massas alcançam progressi-

vamente mais rendimento econômico per  capita humani-

zam-se  os

 horários

  de

 trabalho,

  dando aos cidadãos mais

tempo

 livre, surgindo

 o esporte como um dos meios mais

importantes

  de

  ocupação útil.  Esse novo

  estilo  de

  vida

impõe, segundo aquele autor, a realização de complexas

estruturas

  materiais

  e a  existência  de  quadros humanos

preparados, justificando assim

  a

  intensificação

  da

  inter-

venção do Estado neste novo âmbito do esporte, inclusive

formulando uma

  política

  adequada para essa nova situa-

ção. Feio ainda reconhece a importância dos educadores

e

  suas preparações para

  que

  possam atuar

  com

 eficácia

neste novo contexto.

Outro

  aspecto ponderável

  é que o

  Estado cada

  vez

mais se utiliza de seus recursos públicos para o investi-

mento no esporte, facilitando o seu desenvolvimento. Este

investimento estatal, sob diversas formas, desde o repasse

direto até o estabelecimento de

 incentivos

  fiscais, torna a

comunidade esportiva dependente

 da

 ideologia política

  ou

do tipo de governo, condicionando a ação governamental.

Cazorla  Prieto 1979)

  colocou

  que o

  esporte

  não é

exclusivamente um problema da sociedade, em que o Es-

tado permaneça  alheio.  Ao contrário, cada vez é mais

uma  prestação

  que os

 poderes públicos facilitam

  a

  seus

cidadãos.

 O

 Estado

  tem

  assumido

 uma

  cota crescente

  no

financiamento do esporte, em consonância com o alto

valor

  atribuído ao esporte na sociedade moderna. Nesta

65

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8/18/2019 Livro Tubino - Teoria Geral Do Esporte

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perspectiva, este autor analisou

  a

  atuação

 do Estado em

relação aos seguintes  itens:

a)

  o

 esporte como instrumento

  de

 saúde física

  e

 men-

tal;

b) o esporte-entretenimento,  o esporte popular;

c) o esporte-espetáculo e profissional;

d)  o

 esporte

  de

 alta competição;

e)  o

  esporte-educação

 ou

  educação física.

No

  seu  posicionamento quanto  ao  esporte como ins-

trumento de

 saúde física

 e

 mental, após compreender

  que

o

  sedentarismo

  e a

  inatividade

  física

  conduzidos pelo

progresso

 urbano levam

 a uma

  sociedade hipocinética

  em

que a

  proteção

  da

  saúde

  é a

  base essencial

  de

  todas

  as

atividades do

  homem,

  que tem

  direito

  à

  garantia social

de

 proteção

  da sua

 saúde, defende

 o

 esporte como

 a

  forma

mais econômica da  medicina social,  o que já é  inequivo^

çamente

  reconhecido. Assim,

  o

  esporte, como meio

  im-

portante

  profilático  e

  terapêutico para enfrentar

  o

 dese-

quilíbrio  físico

  do

  homem moderno, mesmo àqueles

  que

ocupam na escala social um lugar modesto, passa a exigir

do

  Estado

  um a

  proteção constante

  na sua

  adoção

  como

um

  elemento a mais na sua política

  sanitária.

Quanto

  ao

 esporte popular, chamado

  por

  Prieto  tam-

bém de esporte-entretenimento, foi considerado  como uma

da s

  realidades sociais

  e

  humanas mais importantes

  da

sociedade

 moderna. Mesmo considerado como diversão,

 o

esporte  tem a  possibilidade  de  causar  o  reencontro  com

valores negados

  e

  prejudicados pelos obstáculos sociais

66

contemporâneos.

  Para

  esses incômodos  do  homem,  o es-

porte popular,

  na sua

  perspectiva

  de

  entretenimento

  e

diversão, é um instrumento eficaz. Embora saindo das

estruturas clássicas da organização esportiva, o esporte

popular teve

  uma

  grande proliferação neste final

  de sé-

culo, tornando-se

 uma

  nova possibilidade para

  as

 grandes

multidões

  de

 pessoas desatendidas pelo elitismo

 do

 espor-

te-performance.  O

  papel

  do

  Estado

  na

  promoção social

do  esporte popular, segundo Cazorla Prieto, seria  a cons-

trução

  de

  instalações mínimas para

  a

  prática esportiva,

deixando uma

 infraestrutura necessária

  que

 facilita, como

disse Cagigal (1979),

 a

 nível popular

 e

 espontâneo. Desse

modo,  para esse autor,  o  Estado propiciaria meios para

atender o povo, na sua grave  necessidade de  movimento^

jogo  e

  canalização

  de

  frustrações

  em que se

  encontra

  o

homem

 contemporâneo

 e de que o

 esporte espontâneo pode

servir de meio de erradicação.

No

  que diz

  respeito

  ao

  chamado esporte-espetáculo,

profissional e/ou de alta competição, embora compreenda

a

  necessidade  de autofinanciamento, reconhecem-se as in*

terseções

  de

  responsabilidade

  do

  Estado

  com as

  equipes

nacionais.

  O

 campeão

  ou o

  recordista sempre pertencem

a

  um

  país,

  e é

  justamente

  o

 nacionalismo

  que

  conduz

 o

apelo  popular

  até o

  Estado,

  no

  sentido

  do

 oferecimento

de

  subvenções

  ao  esporte  de

  alto  rendimento,  para pre-

miar

  o

  prestígio atingido

  com o

  esporte,

  ou

  propiciar

meios

  de

  busca desse prestígio nacional através

  dos

 seus

campeões e recordistas.  A

  verdade

  é que os

  Estados,

  de

um modo  geral,

  têm

  sido sensíveis

  ao

  apelo popular

  do

67

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8/18/2019 Livro Tubino - Teoria Geral Do Esporte

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esporte

  de

 alto nível.

 A

 justificativa

  do

 efeito-imitação

 do

esporte

 de alto

 nível,

 repercutindo imediatamente na po-

pularidade

  do

 esporte

  com a

 multiplicação

  do

 número

 de

participantes,

  tem explicado a colocação, de um interesse

nacional na ação do Estado em responsabilizar-se pelas

deficiências

  do esporte de alto rendimento.

Concluindo, a primeira Conferência Internacional de

Ministros e Altos Funcionários responsáveis pela Educa-

ção   Física e Desportos, promovida pela UNESCO em

1976,  considerou consenso entre

  a

  maioria

  dos

  Estados

membros que a cultura física e particularmente os

  es-

portes  são

 elementos

 fundamentais  para  a  Educação per-

manente  dos povos, transferindo para  os  governos toda

a

 responsabilidade

  das

 estratégias  políticas

  e das

 coorde-

nações

  intragovernamentais.

Referências

  Bibliográficas

  AZAMBUJA,  D. —  Teoria Geral  do  Estado.  Porto  Alegre,

23. edição,  1984.

2.  CAGIGAL,

  J. M. —  Cultura intelectual y cultura

  física.

Buenos  Aires: Kapelusz, 1979.

3.

  CAZORLA

  PRIETO,

  L. M. —

  Deporte

  y

  estado.

  Madrid:

Editorial  Labor,

  1979.

4.  Los poderes

  públicos

  ante  ei deporte popular  y  ei  deporte

espetáculo.

  In

  Deporte Popular

  —

  Deporte  de Elite

  —

  Ele-

mentos para  Ia  reflexión.  Valencia:  Ajuntamento  de

  Valen-

tia,

  1984.

5.  FEIO,

  N. —

  Desporto  e  política  — -  ensaios para  sua  com-

preensão.  Lisboa:  Compendium,  1978.

68

6 FORSTHOFF,

  E. —

  Estado  de  Ia

  Sociedad

  industrial.

  Ma-

drid: Instituto de  Estudos  Políticos,  1975.

7. GARCIA

  PELAYO,

  M. —

  Lãs

  transformaciones dei Estado

contemporâneo.

  Madrid:

  Alianza  Universidad,

  1977.

8.  GIDDINGS, F. H. —  Principies  de  SocioZogie.

  Paris:

  Giard

et  Biére,

  1897.

9.  UNESCO.  Carta Internacional  de  Educação Física:  Autor,

1978.

69

Page 37: Livro Tubino - Teoria Geral Do Esporte

8/18/2019 Livro Tubino - Teoria Geral Do Esporte

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V I

 - O Esporte Moderno e os

Estados

 Contemporâneos

Os registros, segundo Cazorla Prieto

  (1979),

 da primeira

interferência efetiva

  do

  Estado

  com o

  fato

  esportivo

  fo i

no  século XVIII, quando Maria Tereza, durante o cha-

mado despotismo ilustrado,  com o  Ratio Educations,  em

1790,

 introduziu na Hungria e Bohemia um controle pú-

blico sobre a cultura física.

Prieto

  também mostra que o esporte moderno, assim

entendido após a concepção de Thomas Arnold no século

71

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8/18/2019 Livro Tubino - Teoria Geral Do Esporte

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XIX, foi desde o início considerado como um valor social

e privado, justamente por ter surgido num período histó-

rico em que a

  sociedade recebia forte influência

  da na-

turalidade, onde o naturalismo era uma das  manifesta-

ções  nítidas do

 liberalismo.

  Então, o esporte, envolvido

por  uma  naturalidade privada  e regido  por suas próprias

regras,

 não admitia as interferências públicas.

 Desse

 modo,

o esporte moderno,

 pode-se

 afirmar, surgiu na Inglaterra,

com  princípios de autogoverno, autodisciplinado, e com

características

  de

 autonomia, sendo

  que

  muitos destes

 as-

pectos

  permanecem

  até os

  dias

  atuais.

  Este quadro cir-

cunstancial do esporte moderno nos seus

  primórdios

  jus-

tifica-se  também pela sua pouca solicitação econômica

nesta

  primeira

  etapa liberal, podendo-se dizer que o es-

porte constituía uma atividade social privada

  autofinan-

ciada.

  Para

  Cazorla

  Prieto,  nas

  regras

  da

  conjuntura

  li-

beral da época, a coordenação econômica do esporte, prin-

cipalmente pela reduzida dimensão financeira, permane-

cia sob a responsabilidade das organizações sociais, na

perspectiva

  liberalizante

  do

  equilíbrio

  natural.  Até as

construções dos estádios, nesse período, eram de respon-

sabilidade da iniciativa privada, embora em períodos pos-

teriores, quando passaram  á  exigir mais investimentos,

ocorresse a colaboração financeira pública. Outra  obser-

vação

  importante que explica a ausência do Estado nos

primeiros tempos

 do

 esporte institucionalizado

  era a

 pouca

significação que

  apresentava.

A  partir  dos anos  trinta  do século  XX,  quando surgi-

ram os

  grandes agrupamentos esportivos,

  o

 autogoverno

72

que  preponderava  no  esporte começou  a  ceder para  uma

maior participação do Estado. Foi neste período que o

Estado sentiu necessidade de uma ordenação geral do es-

porte, pelas implicações sociais, econômicas e políticas  que

começava

  a

 apresentar.

  Daí em

 diante,

  a

  atenção

 do Es-

tado ao esporte passou a ser crescente, chegando em alguns

casos  até à

  incorporação estatal

  de

  todos

  os

  assuntos

  do

esporte.

  O

 exemplo mais doloroso

  de

  incorporação

  do es-

porte pelo Estado, contrariando as bases do associacionis-

mo

 esportivo lançado

  na Inglaterra, foi o do

 regime nazi-

fascista

 da Alemanha e

 Itália

 na década de

 trinta,

 quando

fizeram

  do esporte  um meio estratégico para  as  suas am-

bições  políticas,

  totalitárias

  e também para a tentativa

de

  evidenciar uma suposta supremacia da raça ariana,

através

 dos resultados dos Jogos Olímpicos de  Berlim em

1936. Felizmente, o resultado da Segunda Guerra Mun-

dial surgiu também para apagar esse mau uso do esporte

pelos ditadores

  Hitler  e

  Mussolini.

No mundo atual,

  faz-se

 necessária

  uma

  análise

  dos Es-

tados socialistas e capitalistas em relação ao esporte, para

o  entendimento desta relação Estado-Esporte na contem-

poraneidade.

Quanto aos Estados socialistas,

  é

  curioso, como disse

Cazorla  Prieto (1979),  o

  fato

  de que  logo após  a  revo-

lução de  1917  os dirigentes soviéticos consideravam o

esporte um passatempo eminentemente burguês, tentando,

inclusive, erradicá-lo

  da

 prática

  na

  União Soviética. Mas,

alguns anos depois,  conforme  explica Diem  (1966),  o

esporte  começou  a  reintegrar-se  aos  hábitos soviéticos

73

Page 39: Livro Tubino - Teoria Geral Do Esporte

8/18/2019 Livro Tubino - Teoria Geral Do Esporte

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graças a seus valores educativos. Semaschko, o primeiro

comissário soviético para

  a

  saúde

  pública, criou  o

 termo

Fizkultura,

  traduzido  por  Cul tura

  Física,

  que não era

utilizado pelos países

  capitalistas,

  passando

  as

  atividades

esportivas

  a  fazer

  parte

  dos

 objetivos

 e

  diretrizes

  do

 par-

tido comunista.

  A

  seguir,

  a

 educação

  física

  esportiva

  so-

viética teve um grande impulso, embora o esporte de

alta competição permanecesse rejeitado. Assim, segundo

Adam  (1979), o esporte começou a incorporar-se no ideal

revolucionário-marxista, através dos preceitos educacio-

nais soviéticos. Na etapa

  seguinte,

 o esporte, na

  perspec-

tiva socialista, foi todo revisto e, por uma

  formulação

motivada pelo sentido agonístico contra o bloco ocidental,

resultou

  no

  ingresso

  nas

  disputas esportivas internacio-

nais, inclusive Olimpíadas, pelos países socialistas lide-

rados pela União Soviética, com um suporte estatal vi-

goroso.

  Verifica-se

  que o esporte dirigido pelo Estado

nos países socialistas passou por um inevitável processo

de  politização, chegando  a uma  supremacia esportiva  em

resultados nas principais competições internacionais, con-

vertendo-se  este  fato  nu m  instrumental  de  propaganda

ideológica considerável.

Quanto

  aos países capitalistas, o Estado tem presença

efetiva

  principalmente nos  vultosos  investimentos, além

das interferências eventuais no processo esportivo. Cazorla

Prieto  (1979)  mostra

  que o

  investimento

  do

  Estado

 no

esporte dos países capitalistas foi sempre crescente na

Bélgica, Holanda, Alemanha Ocidental, Espanha

 e

 outros.

Segundo Noronha Feio

  (1978),

  a  progressiva expansão

74

da

  luta

  de

  interesses subjacentes

  ao

  fenômeno esportivo

criou bases

  para  um

  intervencionismo

  neutralizador  de

vocação

  estatal.  Essa postura  intervencionista  nos  países

capitalistas tem-se exacerbado quando

  as

  questões

  políti-

cas  e

 ideológicas

  se  fazem

  presentes, como

  foi o  caso  das

Olimpíadas

  de

 Moscou, onde

 as

 nações

  do

 Ocidente

  boico-

taram a competição por determinação dos seus governos,

desertando da mesma. Recorde-se que os países  socialistas,

nos

 Jogos Olímpicos de Los Angeles em 1984 retribuíram

esse

  boicote

  com uma

  nova

  ausência, também decidida

pelos seus poderes estatais.

N u m a

  comparação entre a posição do Estado diante do

esporte nos países socialistas e capitalistas, pode-se dizer

que nos primeiros  fo i assumido como  um  instrumento  re -

volucionário

 com implicações internas e externas, enquan-

to

  nos Estados ocidentais  o esporte  fo i  apoiado  em  alguns

países

  mais

  e

  outros menos,

  na

  perspectiva

  do

  consumo

para o chamado esporte  de rendimento,  e como questão de

Estado, para o esporte popular, ou do tempo livre de tra-

balho. No esporte de alto nível, um sintoma

  nítido

  desta

diferença

  ocorre quando os Estados

 socialistas

  convertem

seus

  atletas em funcionários, como servidores públicos

diretos, enquanto os Estados capitalistas resolvem os

problemas  do s seus grandes atletas profissionalizando-os.

Ao relacionar-se  o esporte moderno com os Estados con-

temporâneos, é relevante colocar-se que o homem da

  atua-

lidade,

  ao ser

  alijado

  de seu

  contato

  com a

  natureza

  e

outras necessidades

 de sua

  existência

  e,

  além  disso, cons-

ciente

  de que o

 esporte

  pode

 constituir

  um dos

  meios

  de

75

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8/18/2019 Livro Tubino - Teoria Geral Do Esporte

http://slidepdf.com/reader/full/livro-tubino-teoria-geral-do-esporte 40/42

resgate dessa situação perdida, cada  vez mais  tem  exigido

dos  governos

  uma

  ação  neste sentido. Assim,  o  esporte

como  condução pessoal  e  atividade esportiva espontânea

somente

  tem

  obtido

  as

  condições necessárias para

  a sua

prática quando

  os

 Estados

  têm

  apresentado

  uma

  postura

de

  respeito, apoio, intervenção

  e

  absorção

  ao

  esforço

  co-

munitário.

Por sua

 vez, Garcia Pelayo

  (1977)

  explica

  a

  atuação

do

  Estado contemporâneo

  no  esporte

  como conseqüência

do   complexo processo

  em que

  intervém fatores políticos,

econômicos, sociais, técnicos, onde somente

  a

 ação estatal

por

  muitas

  vezes

  consegue

  a

  possibilidade

  de

  desenvolvi-

mento  e de decisões  que neutralizem  os efeitos disfuncio-

nais

  de um

  crescimento

  sócio-econômico

  incontrolável.

A

  presença

  do

 Estado

  na

  sociedade atual está expressa

através

  dos

  financiamentos,  legislações

  ordinárias

  especí-

ficas,  existência

  de

  órgãos responsáveis pela formulação

e  execução  de

  uma

  política esportiva  e da  normalização

das questões relativas  ao esporte  e até com a  introdução

nas

  constituições

  das

  aspirações esportivas

  das

  sociedades,

como

  foram

  os  casos  da  República Democrática Alemã

(1968),  Bulgária  (1971),

  Grécia

  (1975),  China

(1975),

  Cuba

  (1976),  Portugal  (1976),

  Albânia

  1976), União Soviética 1977)

  e

 outros.

Como  conclusão dessa revisão sobre

  a

 relação

  entre os

Estados  contemporâneos

 e o

  esporte, chega-se

  à

 convicção

de

  que o

 esporte deve

  ser uma

  questão

  de

 Estado, respei-

tadas  as  circunstâncias políticas,

  as

  distinções culturais

  e

demais  fatores  que  diferenciam  as  diversas sociedades

76

atuais.  No

  caso

  das

  sociedades ocidentais, baseadas

  em

princípios  liberais,

  o

  associacionismo

  tem

  preponderado

sobre um

 papel

 de

 apoio

 e

 normativo

  do

 Estado

  no

 esporte

de   alta competição  e, ao  contrário,  uma  ação  efetiva  no

chamado

  esporte popular.

 Entretanto,  no  chamado Ter-

ceiro Mundo, inclusive

  no

  Brasil, mesmo

  o

  esporte

  de

rendimento nasceu equivocadamente

  sob a

  égide

  da

  res-

ponsabilidade

  e

  tutela

  do

 Estado.

Referências

  Bibliográficas

1.  ADAM,  Y. — Lê

 Sport

  dans  Ia  vie  dê s

  Sovietiques.

  Moscou:

Editions du

  Progrés,  1979.

2.

  CAZORLA

  PRIETO,  L. M. —  Deporte  y  Estado

Madrid:

Editorial

  Labor,

  1979.

3.  DIEM,

  C. —  História

  de  lo s

  Deportes

Barcelona: Luís

  de

Coralt,

  1966.

4.

  GARCIA-PELAYO,

  M. —

  Lãs

  transformacion.es  de i

  Estado

contemporâneo

Madrid:  Alianza  Universidad,  1977.

77

Page 41: Livro Tubino - Teoria Geral Do Esporte

8/18/2019 Livro Tubino - Teoria Geral Do Esporte

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BIBLIOTECA  DIDÁTICA

Volumes  Publicados:

1.

  Contabilidade

  de

  Custos

2.

  Curso

 d e

 Secretariado Moderno:

(Datilografia, Taquigrafia,

Caligrafia)

3.

  Curso d e  Secretariado

  Moderno:

(Comunicação e

Correspondência)

4.

  Física

  —  2.°

  Grau

  — dos

Experimentos

  à

  Teoria

5.

  Aulas

  de Educação Física  —

L?  Grau

6. Matemática

  1.

Grau  —

5. Série

1.

  Matemática

  1.

Grau

  —

6.

Série

8.   Matemática

  1.°

  Grau  —

7.

Série

9 .

  Matemática  1. Grau

  —

8.

a

  Série

10.

  Test

  Your  English

11.  A Arte de  Estudar

12.  Saúde na Escola  —  1. Grau

(Livro

  do

  Professor)

13.

  Saúde

  na

  Escola

 —

  1.

Grau

  .

(Manual

  do

  Professor)

14 .  Metodologia Científica no

Treinamento Desportivo

15.

  As

  Qualidades Físicas

  na

Educação Física  e  Desportos

16.

  Teoria Organizacional  da

Educação

  Física  e  Desportos

Lawrensce

  e Ruswinckel

Luiza Chaibub

Luiza Chaibub

Darcio

  P.  Santos

Hudson  V. Teixeira  e

M. C.

  Pine

Carlos Cattony

Carlos Cattony

Carlos

  Cattony

Carlos Cattony

J. M.  Gonçalves

V. Murça  Viotto

Ruth  Sandoval  Marcondes

e outros

Ruth

  Sandoval

  Marcondes

e outros

M.  J.

  Gomes

  Tubino

M.

  J.

  Gomes

  Tubino

J. M.  Capinussú

79

a. 

K

Page 42: Livro Tubino - Teoria Geral Do Esporte

8/18/2019 Livro Tubino - Teoria Geral Do Esporte

http://slidepdf.com/reader/full/livro-tubino-teoria-geral-do-esporte 42/42

17 .  Planejamento  e  Avaliação d o

Ensino

18.  Em Busca de uma Técnica

Educacional

  para

  Escolas de

Educação

  Física

19.  O Sentido da Arte

2 0 .  O s

  Exercícios

  Físicos

  na

História  e na Arte

21.  Ginástica

  Rítmica  Desportiva

22. O   Cidadão  e o Civismo

23.

  Curso

  Avançado

  de

 Psiquiatria

24 .

  Educação

  Nutricional

25.  Curso

  de Secretariado Moderno:

(Prática Comercial e

 Bancária)

26 .

  Jornalismo

  —  Dicionário

Enciclopédico

27 .

  Jornal

  —

  História

  e

 Técnica

28 .

  Terminologia

  Aplicada à

Educação   Física

29 .  Planejamento  Macro  em

Educação   Física

30 .

  Prática  da

  Educação

  Física  no

1.° Grau:

Modelo de  Reprodução  ou

Perspectiva

  de Transformação?

31 .

  Esporte Para

  Todos:

Um Discurso Ideológico

32 .

  Comunicação

 e  Expressão

33 .  Competições  Desportivas  —

Organização  e Esquemas

P. D. Lafourcade

M .

  J.

  Gomes Tubino

Herbert

  Read

Jayr Jordão Ramos

Estet  de A.  Vieira

Vários

Darcy  de  M .

  Uchôa

Denise Giacomo Motta

e

  Maria  F F.  Boog

Luiza  Chaibub

J.

  Nabantino Ramos

Juarez  Bahia

M.  J.

  Gomes

  Tubino

J. M.

  Capinussú

Vera . Lúcia  M. Gosta

Katia Brandão Cavalcanti

Heraldo M. Vianna

J.

  M. Capinussú

8

Impresso na

« it r gráfica   H dm

O esporte, como entidade

multifuncional  que  compreende

inúmeras riquezas  e  aspectos  da

vida humana e da sociedade e,

neste  final  de século  X X

entendido como  bem

 cultural,

 tem

merecido  inúmeras  importantes

concepções,  muitas  das quais

serviram de referência para

esta obra.

O

 Prof. Manoel José Gomes Tubino,

como Presidente do Conselho

Nacional de

  Desportos, sentiu

  a

n e c e s s i d a d e d e

  oferecer

  à

comunidade esportiva brasileira

a  possibilidade  de

 estimular

  esta

no v a

 discussão sobre

  o

  esporte.

> £ . aproveitando

  se u

  espírito

de investigador e seu compromisso

de  intelectual, nos  oferece

através

  d e s u a

 Teoria Geral

 d o

Esporte

  a oportunidade  d e u m a

grande

  reflexão sobre

o  fato esportivo.