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O Cortiço Aluísio Azevedo

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Page 1: Livro: O cortiço - 2º ano CIC

O CortiçoAluísio Azevedo

Page 2: Livro: O cortiço - 2º ano CIC

Sobre o autor• Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo

nasceu em São Luiz do Maranhão e morreu em Buenos Aires, cônsul brasileiro.

• Com o apoio da mãe, conseguiu ir para o Rio de Janeiro estudar pintura.

• Com grande talento para as artes, em especial para desenho e pintura, chegou a trabalhar com caricaturas. Seus desenhos eram publicados em: “Zig-Zag”, “A Semana Ilustrada”, “O Fígaro” e “O Mequetrefe”. 

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• Com a morte de seu pai, ele retorna ao Maranhão. Mas ele volta com ideias totalmente renovadas e isso faz com que ele não aceite mais sua cidade natal e, consequentemente, a cidade o exilava.

• Foi nessa época que ele começou a escrever. A primeira publicação, com características do romantismo, é “Uma lágrima de mulher”. Mas a obra que reflete melhor as características literárias do autor é “O Mulato”, texto em que a questão abolicionista é tratada sem pudores. É o começo do naturalismo no Brasil.

Page 4: Livro: O cortiço - 2º ano CIC

• Sua vida era agitada, difícil e de grandes privações por falta de recursos econômicos. Ele mesmo dizia que era preciso escrever alguma coisa para ganhar o sustento do dia seguinte

• Ao passar no concurso para ser cônsul, Aluísio achou que teria paz e o ócio para escrever. Mas a verdade foi outra. Ele nunca mais escreveu depois de 1895.

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14 de Abril de 1857  

 21 de Janeiro de 1913 (55 anos)

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Sobre a obra• Escrito em 1890, O Cortiço é considerado por

muitos o melhor representante do movimento naturalista brasileiro.

• As principais características do Naturalismo seriam a animalização das personagens e, consequentemente, a ação baseada em instintos naturais, tais como os instintos sexuais e os de sobrevivência: ZOOMORFISMO.

• O autor destaca o que há de mais sórdido no ser humano.

Page 7: Livro: O cortiço - 2º ano CIC

• O livro é composto de 23 capítulos, que relatam a vida em uma habitação coletiva de pessoas pobres (cortiço) na cidade do Rio de Janeiro.

• O livro também denuncia a exploração e as péssimas condições de vida dos moradores das estalagens ou dos cortiços cariocas do final do século XIX.

• A obra revela a aceitação de ideias filosóficas e científicas do seu tempo: Darwinismo (Raça) Lamarckismo (Meio) Determinismo (Momento)

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Personagens • As personagens em O Cortiço não

podem ser tratadas como entidades independentes, mas devem ser vistas como partes de uma rede intrincada de influências e interações. São descritas com instinto animal, relações de interesse, sedução, desejo, poder, culminados nos processos deterministas do cientificismo/ evolucionismo.

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João Romão Miranda

Bertoleza

Rita Baiana

D. Estela

Jerônimo

Pombinha

Firmo

Zulmira

Paula(bruxa)

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• JOÃO ROMÃO – taverneiro português, dono da pedreira e do cortiço. Representa o capitalista explorador.  Esperto, miserável, inescrupuloso .

• BERTOLEZA – quitandeira, escrava cafuza que mora com João Romão (que a engana com uma falsa carta de alforria) , para quem ela trabalha como uma máquina.  Trabalhadora, submissa.

• MIRANDA – comerciante português. Principal opositor de João Romão. Mora num sobrado aburguesado, ao lado do cortiço.  Invejoso, ganancioso, rico, esperto, oportunista. Infeliz no casamento, mas continua casado pelo dinheiro.

• JERÔNIMO – português “cavouqueiro”, trabalhador da pedreira de João Romão, representa a disciplina do trabalho.  Nostálgico, forte, trabalhador, dedicado e honesto. Marido de Piedade.

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• RITA BAIANA – mulata sensual, alegre e provocante que promove os pagodes no cortiço. Representa a mulher brasileira.  É objeto de desejo da maioria dos homens do cortiço.

• PIEDADE – portuguesa que é casada com Jerônimo. Representa a mulher européia. Submissa (assim como Bertoleza), honesta e trabalhadora.

• CAPOEIRA FIRMO – mulato e companheiro que se envolve com Rita Baiana.  gastador, vadio, galanteador, charlatão e presunçoso. É descrito como “um mulato pachola, delgado de corpo e ágil como um cabrito”

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• LÉONIE – Independe dos homens. Ela conseguiu sair do cortiço e levar uma vida de luxo. Típica prostituta espalhafatosa, que se veste com grande luxo mas sem gosto. Madrinha de Pombinha.

• POMBINHA – amiga, inteligente e pura. Representa o extremo oposto de Rita Baiana, com sua beleza imaculada. Era muito querida por todos. É desvirtuada pela pobreza e sua tia.

• DONA ESTELA – esposa adúltera de Miranda. • ZULMIRA – vivia para satisfazer a vontade do

pai (Miranda)• HENRIQUE – estimado de Dona Estela.

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• CORTIÇO – O personagem principal. Sofre processo de ZOOMORFIZAÇÃO. É o núcleo gerador de tudo e foi feito à imagem de seu proprietário, cresce, se desenvolve e se transforma com João Romão.

• SOBRADO X CORTIÇO – O sobrado representa para o cortiço o mesmo que Miranda representa para João Romão. Espaço e personagem lutam, lado a lado, para evitar a degradação.

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EnredoJoão Romão, um português que veio para o

Brasil, era funcionário de uma venda na região de Botafogo, no Rio de Janeiro que trabalhava lá dos 13 ao 25 anos. Tempos de trabalho ali lhe rendeu a própria venda em si, depois que o dono, chefe de João Romão, voltara a Portugal, deixando tudo ali para João. Após essa conquista ele só pensava em expandir mais seu negócio.

Ele conhece Bertoleza, uma negra escrava dona de uma quitanda. Para viver "livre" ela pagava vinte mil-réis a seu dono todos os meses. Bertoleza mantinha um “relacionamento” com um português que morreu após um acidente. Após esse acidente ela fica com João Romão. O mesmo forja uma carta de alforria para a comerciante, que então passa a servir João Romão.

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Unindo as economias, João começou a comprar os terrenos próximos à venda e à quitanda. Então ele e Bertoleza começaram a construir casinhas simples, muitas vezes com materiais furtados dos vizinhos.

Para acumular dinheiro João ainda "deixava de pagar sempre que podia sem nunca deixar de receber“ além de enganar os clientes. E com isso os bens de João foram crescendo. Com suas economias, ele comprou uma pedreira na vizinhança.

Romão se muda para um sobrado que era vizinho de Miranda. Miranda, português que leva um casamento conturbado, se tornará inimigo de João no decorrer da história, pois Miranda queria comprar as terras de João, mas este recusava. Miranda afirma ter se mudado para sua filha (Zulmira) crescer melhor, mas na verdade ele desejava afastar a mulher dos amantes.

João Romão construiu 95 casinhas nas suas terras. Isso irritou Miranda. O local era privilegiado, com a proximidade da pedreira e água em abundancia, o que o fazia o mais disputado do bairro entre trabalhadores e lavadeiras.

Passado dois anos, o cortiço havia crescido. A inveja de Miranda também cresceu. Ele tinha de manter um casamento infeliz para manter sua riqueza, enquanto João Romão – “sem ter nunca usado paletó” – fica mais rico que ele. Foi então que decidiu que iria comprar o título de barão.

Na mesma época, Henrique, filho de um amigo de Miranda, que veio ficar com o português. Na casa já havia Miranda, D. Estela, Zulmira, os empregado e Botelho, ex-funcionário de Miranda.

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Miranda e Dona Estela tinham muitas brigas e quem servia de conselheiro de ambos era Botelho. Ele fazia isso para agradar-lhes já que eles o davam um teto. Certa vez, Botelho encontra Dona Estela de agarração com Henrique, então alerta os dois para terem mais cuidado. Mas, ao ficar sozinho com Henrique explica que isso não sairia de graça.

Após a história de Henrique e D. Estele são apresentadas algumas das lavadeiras: Leandra (apelidada de “Machona”) uma portuguesa feroz, a Ana das Dores (apelidada como "das Dores") e a Neném, uma jovem donzela, além de um menino, o sapeca Agostinho. Havia também: a lavadeira Augusta Carne-Mole, brasileira, mulher de Alexandre, um soldado de quarenta anos; a portuguesa mulher do ferreiro Bruno, Leocádia; a velha e feia Paula, conhecida como "Bruxa"; a mulata ranzinza, Marciana e mais a sua filha Florinda; a portuguesa que apesar de ter tido uma boa educação se dera mal na vida, D. Isabel que também tinha uma filha, considerada a flor do cortiço, a virgem Pombinha; e por fim, Albino, um jovem afeminado e pobre que vivia como lavadeiro, amigo das lavadeiras e apaziguador nas intrigas entre elas. O cortiço é bem descrito nessa cena.

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Jerônimo se apresenta a João Romão como um trabalhador fiel, elogiando o lugar, mas humilhando os trabalhadores. Lodo acaba-se mudando para o cortiço com sua esposa, Piedade, e virando trabalhador da pedreira. A casa em que eles ficaram não era bem vista devido ao último inquilino ter morrido.Jerônimo cumpriu o que havia dito. Era realmente um homem trabalhador e fez os lucros de João Romão se multiplicarem. A sociedade tratava Jerônimo com muito respeito. Em um típico domingo, Rita Baiana retorna ao cortiço. Naquela mesma noite ela promove uma festa de pagode e todos se animam. O amante de Rita, Firmo, também retornara ao cortiço. Miranda espiava da janela de seu sobrado a bagunça que cada vez mais avançava. Quando ele começa a reclamar, todos retrucam, soltando vaias e risadas.Jerônimo, que até então estava em casa, se sentiu atraído pela música alegre da festa e decidiu ir olhar. Ele ficou enfeitiçado ao ver a beleza da Rita Baiana dançar.

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No outro dia, Jerônimo reclamava de dor e pediu que sua mulher fosse à seu patrão e falasse que não poderia trabalhar hoje. Várias mulheres iam a casa de Jerônimo para indicar remédios, inclusive Rita. Ele tentou investir na mulher, que não gostou e ameaçou contar tudo para Piedade. Piedade percebera o clima estranho, mas não fala nada, pois era submissa ao marido.Do lado de fora havia uma briga entre Bruno, marido de Leocádia e Henrique. Henrique tinha interesse em Leocádia, que nunca tinha ligado para o menino, mas, em troca de um coelho branco ela se entrega ao jovem. Henrique conseguiu escapar, mas Bruno expulsa Leocádia de casa. A mesma busca abrigo na casa de Rita.Passado algum tempo, Jerônimo não estava mais de cama, mas mudara de comportamento. Não trabalhava mais como antes e sempre bebia o café que Rita o havia recomendado. Tudo isso por causa da sua paixão por Rita Baiana.

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Piedade se sentia infeliz, pois estava longe de sua terra e Jerônimo não a tratava como antes, ele não ligava mais para a esposa. Por outro lado, Jerônimo avançava cada vez mais em Rita Baiana. Piedade foi visitar Paula, também conhecida como Bruxa, para tentar tirar a sorte, mas tudo em vão.Firmo, amante de Rita Baiana, percebeu a aproximação dela com Jerônimo e não gostou nada. Logo eles arrumariam uma briga.Outra confusão estava acontecendo, Florinda, filha até então virgem de Marciana, que aprontara e aparecera grávida. A mãe fica descontrolada até descobrir quem é o pai. Logo, ela descobre que é o Domingos, o caixeiro da venda.Essa confusão foi tão grande que até João Romão entrou. João Romão acabou fazendo papel de juiz, interrogando seu empregado e decretando a punição: Domingos teria de casar-se ou era demitido. Mas Domingos preferiu fugir e João arcou com os dotes de Florinda. Mais de noite, Alexandre e Augusta receberam a visita da comadre Léonie, a cocote que cuidava da filha do casal, Juju. Léonie era uma prostituta de luxo.

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No outro dia, Marciana procura João Romão para saber do dote, mas nada. Quando volta para casa ela discute com a filha que decide fugir de casa. Marciana também briga com João Romão, que a expulsa do cortiço. João Romão também estava irritado devido a conquista de seu visinho, agora Barão. João Romão refletiu e invejou Miranda, que passou de invejoso para invejado. Para tentar compensar a "derrota" sofrida para seu vizinho, João saiu pelo cortiço a impor seu poder e mostrar sua força. Reclamava de tudo e todos. Ele chama a polícia ao ver que Marciana não tinha o obedecido.Mais a noite, Jerônimo e Rita estavam dançando e se insinuando cada vez mais. Isso o Firmo não suportou e partiu pra cima de Jerônimo.

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O cortiço pega fogo. Paula, a bruxa, foi a culpada em um acesso de loucura. O fogo foi logo apagado pelos moradores e pela tempestade que se seguiu. João Romão logo começou a planejar a recuperação dos prejuízos que a invasão policial causou. Decidiu cobrar mais caro dos inquilinos. Enquanto isso Jerônimo era tratado por Rita e Piedade, numa situação um tanto desconcertante para esta ultima, que, no entanto, não exteriorizava seu incomodo. Passada uma noite após a da confusão, todos ja voltavam à rotina com mais ânimo. Exceto Pombinha, que havia sido abusada sexualmente por Leónie enquanto sua mãe dormia devido um vinho que tomara. A situação deixou a garota confusa. Ela finalmente se torna uma mulher nesse dia.Pombinha corre para sua mãe contar o ocorrido. A mãe de Pombinha vibra com a notícia da primeira menstruação da garota, assim como o resto do cortiço. Finalmente ela era noive de João da Costa.Jerônimo precisou ir para o hospital, por causa de sua briga com Firmo. Rita se sente mal. Outro que estava mal era Bruno, de saudades de Leocádia. Ele pede para Pombinha escrever uma carta para a amada e chora afirmando que esqueceria a traição.

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 Pombinha nota como o homem (em geral) se submete em uma hora ou outra, aos encantos femininos. Pombinha com esse pensamento percebe que não será feliz ao lado do Costa, porque chegaria uma hora que ele estaria na mesma posição que Bruno, sofrendo e se lastimando pela mulher. Mas apesar de tudo isso, ela se casa e no dia do casamento sai do cortiço de baixo de despedidas saudosas e alegres de amigos.

Um novo cortiço é construído. Ele é chamado "Cabeça-de-Gato“. Cria-se então uma rivalidade entre os moradores dos cortiços (os carapicus eram do São Romão e os cabeça-de-gato), para João Romão aquele novo cortiço poderia vir a ameaçar os seus negócios. Após três meses, João percebera então, que o novo cortiço não afetaria a sua vida, por fim deixara aquele assunto para trás. O que realmente o interessava era Miranda.

João Romão muda seus hábitos e sua aparência. Após sua mudança, Miranda passou a conversar com Romão. Até Botelho fazia isto. Numa dessas conversas, Botelho deu a ideia de que ele investisse em casar-se com Zulmira (filha do Miranda). Botelho prometeu o ajudar com uma quantia em dinheiro.

Alguns dias depois o próprio Miranda convidou-o para ir a sua casa para um almoço, lá João se mostrara atrapalhado nos modos e sentiu-se quase arrependido por ter ido. Quando, no fim do jantar, satisfeito com a ida à casa de Miranda, João volta pra casa, encontra Bertoleza estirada horrendamente na cama e começa a pensar em o que ele faria para se livrar dela e se casar com Zulmira. João percebeu que Bertoleza atrapalharia e pensou: “E se ela morresse...?”

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O tempo passava. Firmo encontrava Rita Baiana às escondidas, ela sempre retraída e apressada. Até que um dia ele marcara de se encontrar no esconderijo de sempre e ela faltara ao encontro. Revoltado, Firmo foi beber e lá descobriu que o Jerônimo tivera alta (já quase bem recuperado da facada que tinha levado) naquele exato dia, percebendo então que Rita havia deixado de ir à ele por causa do trabalhador. Firmo promete um novo ataque a Jerônimo.

Jerônimo voltara ao cortiço ainda fraco, mas não tão fraco para ver Rita e também para ir ter com uns colegas, dois homens que Jerônimo fazia planos para dar cabo da vida de Firmo. Tomaram a decisão de cometer o ato no próprio dia, ficando acordado que um dos dois colegas de Jerônimo atrairia Firmo para fora do bar em que ele estaria à noite e que Jerônimo e outro esperariam fora para acabar com o amante da Rita., que estaria em desvantagem.

Os três amigos foram ao bar que Firmo frequentava, o embebedando mais e mais. Os amigos inventaram uma história para tirar Firmo do bar e começar o ataque. Espancaram Firmo até a morte e jogaram seu corpo no mar.

Jerônimo, ao chegar em casa viu a luz ligada e lembrou de sua esposa. Como ele não queria nada com ela, foi visitar Rita. A Baiana, ao ver o corpo todo de sangue e a faca que pertencia a Firmo, se entrega totalmente a Jerônimo.

Piedade passa a noite preocupada e aflita pelo paradeiro do seu esposo. Na manhã que se segue o cortiço fica sabendo do sumiço de tal e Piedade sai pela cidade para buscar saber por onde andava seu homem. 

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Na volta ao cortiço tinha ela descoberto que ele podia ter sido o homem que havia matado Firmo, que passara a noite bebendo e que fora para a casa de Rita na madrugada. Já ao anoitecer Piedade foi encarar Rita Baiana (que dali a uma semana ia morar com Jerônimo num canto da cidade), as duas então foram ao chão a tapas e arranhões. Logo depois, o cortiço se tornou uma briga por si só.

Os "Cabeça-de-Gato" avançaram sobre os carapicus e a luta deu inicio. A briga estava sob pé de igualdade até que um incêndio fora acometido na casinha 88, a Bruxa, louca, havia colocado fogo na casa. Os "Cabeça-de-Gato" respeitosamente abandonaram a briga, não lutariam contra um bando de gente que poderia perder tudo naquele cortiço, seria desleal. Os moradores do cortiço de São Romão logo se lançaram para tirar os objetos de suas casas e a trazer água para apagar o fogo. Um tempo depois os bombeiros chegaram e começaram a combater o incêndio.

O velho Libório (homem que se diz mendigo e se aproveita da bondade das pessoas) entra no meio de umas casas no incêndio para recuperar as suas garrafas cheias de dinheiro; João Romão presencia a cena e pega as garrafas enquanto o velho fica estatelado no chão no meio do fogo. No dia seguinte, na retirada dos corpos, são encontrados os restos mortais da Bruxa e do Libório. A filha de Augusta (uma das lavadeiras) também morre, pisoteada

Miranda consolava João, afirmando que o seguro que havia feito será lucro. João já planejava reconstruir o estabelecimento com mais casas. Miranda admirava a atitude do vizinho.

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A vida no Cortiço se seguiu, as obras começaram e os moradores se ajeitaram pelos cantos. Bertoleza sofria a sua vida numa monologa rotina, entristecia-se pelo fato que o seu amigo João Romão não a tinha com o mesmo feitio que antes. Bertoleza era agora um estorvo nos objetivos de João.

Miranda e o velho Botelho acompanhavam os avanços do São Romão diariamente, admirados. E se perguntavam como podia um homem de tanta atitude e status manter o relacionamento com uma negra como Bertoleza. Mas a verdade era que o relacionamento nem existia.

Botelho procurou João Romão para dar-lhe uma boa nova: poderia pedir a mão de Zulmira com certeza de sucesso, Miranda já havia aprovado a união. Restava resolver-se com Bertoleza, que ouviu a conversa e não pôde segurar suas lágrimas.

Enquanto isso, Jerônimo e Rita aproveitavam a nova vida, gastos com a moradia nova e regalias, ele agora havia se tornado quase um legitimo brasileiro, com os mesmo hábitos, vícios e dívidas. Piedade, por sua vez, se recuperara da briga com Rita, começou a beber. A filha de Piedade e Jerônimo, que passava a semana toda no colégio no centro da cidade, vinha agora consolar a mãe nos finais de semana. Jerônimo para de pagar a escola de sua filha e acaba brigando com Piedade.

O cortiço cresceu. Dobrou o número de casinhas e moradores. João Romão se encontra tendo que decidir o que fazer com Bertoleza, sua primeira idéia ainda persiste, matar a mulher. João passa a noite toda pensando no assunto e pensava se ela desconfiava de alguma coisa.

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No outro dia uma tragédia assola o cortiço, o filho da Machona (uma das lavadeiras), Agostinho, é trazido morto ao cortiço depois de ter caído enquanto brincava no alto da pedreira. Sabendo disso, o português estranhamente lamentou o ocorrido: porque morrer assim, uma criança que não faz mal a ninguém, e não Bertoleza, que tanto o atrapalha!

Botelho chega e diz a João para se livrar de Bertoleza o mais rápido, pois não é de bom agrado de Miranda a relação dos dois. Durante essa conversa, Bertoleza chega e indigna, não aceitando a proposta de viver sua vida com uma quitanda em outro ponto da cidade como João lhe prometia. Ela desejava ficar com o João até cair morta. João sai possesso junto com o velho, os dois discutem então em levar a mulher de volta para o homem que a tinha como escrava antes dela ter se metido com João Romão. Bertoleza agora fica sempre em alerta.

O cortiço de João Romão, agora Avenida de São Romão, prosperava; os moradores antigos que não tinham dinheiro para se manter ali com os caros alugueis, iam para o cortiço "Cabeça-de-Gato" que virara o lar dos pobres e dos imundos. Pombinha se separara de seu marido dois anos após o casamento. Agora, ao lado da amiga Leónie, se tornará prostituta, a mãe dela (D. Isabel) anos depois morrera moribunda. Piedade se encontrava sempre bêbada, era abusada por homens que se aproveitam da sua fragilidade de alcoólatra e acabou terminando no cortiço vizinho.

Page 27: Livro: O cortiço - 2º ano CIC

João Romão fica a espera da família de Zulmira em frente a uma confeitaria. Quando eles chegam, todos comem ali e se despedem depois da refeição. João fica ainda na cidade com o Botelho que diz a ele que o filho do senhor que tinha Bertoleza como escrava iria ao cortiço hoje reivindicar a mulher. Na noite daquele dia o homem aparece junto a dois policiais; João diz que entregará Bertoleza sem qualquer discussão e eles vão à cozinha encontrá-la; percebendo o que estava acontecendo e entendendo logo de cara que a história da alforria dela no inicio do livro tinha sido uma mentira de João, ela usa a faca que estava usando para descamar peixe e acaba por se matar. Logo em seguida uma comissão de abolicionistas vai até o cortiço para entregar o diploma de sócio benemérito a João Romão.

FIM

Page 28: Livro: O cortiço - 2º ano CIC

Questões• 1. (ITA) Leia as proposições acerca de O Cortiço.I. Constantemente, as personagens sofrem zoomorfização, isto é, a

animalização do comportamento humano, respeitando os preceitos da literatura naturalista.

II. A visão patológica do comportamento sexual é trabalhada por meio do rebaixamento das relações, do adultério, do lesbianismo, da prostituição etc.

III. O meio adquire enorme importância no enredo, uma vez que determina o comportamento de todas as personagens, anulando o livre-arbítrio.

IV. O estilo de Aluísio Azevedo, dentro de O Cortiço, confirma o que se percebe também no conjunto de sua obra: o talento para retratar agrupamentos humanos.

Está(ão) correta(s)

a) todas b) apenas I c) apenas I e II d) apenas I, II e III e) apenas III e IV

Page 29: Livro: O cortiço - 2º ano CIC

Questões• 1. (ITA) Leia as proposições acerca de O Cortiço.I. Constantemente, as personagens sofrem zoomorfização, isto é, a

animalização do comportamento humano, respeitando os preceitos da literatura naturalista.

II. A visão patológica do comportamento sexual é trabalhada por meio do rebaixamento das relações, do adultério, do lesbianismo, da prostituição etc.

III. O meio adquire enorme importância no enredo, uma vez que determina o comportamento de todas as personagens, anulando o livre-arbítrio.

IV. O estilo de Aluísio Azevedo, dentro de O Cortiço, confirma o que se percebe também no conjunto de sua obra: o talento para retratar agrupamentos humanos.

Está(ão) correta(s)

a) todas b) apenas I c) apenas I e II d) apenas I, II e III e) apenas III e IV

Page 30: Livro: O cortiço - 2º ano CIC

• 2. (UFV-MG) Leia o texto abaixo, retirado de O Cortiço, e faça o que se pede:“Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua

infinidade de portas e janelas alinhadas. Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada, sete horas de chumbo. […] O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os dias acentuava-se; já se não destacavam vozes dispersas, mas um só ruído compacto que enchia todo o cortiço. Começavam a fazer compras na venda; ensarilhavam-se discussões e rezingas; ouviam-se gargalhadas e pragas; já se não falava, gritava-se. Sentia-se naquela fermentação sangüínea, naquela gula viçosa de plantas rasteiras que mergulham os pés vigorosos na lama preta e nutriente da vida, o prazer animal de existir, a triunfante satisfação de respirar sobre a terra.”

Assinale a alternativa que NÃO corresponde a uma possível leitura do fragmento citado:

a) No texto, o narrador enfatiza a força do coletivo. Todo o cortiço é apresentado como um personagem que, aos poucos, acorda como uma colméia humana.

b) O texto apresenta um dinamismo descritivo, ao enfatizar os elementos visuais, olfativos e auditivos.

c) O discurso naturalista de Aluísio Azevedo enfatiza nos personagens de O Cortiço o aspecto animalesco, “rasteiro” do ser humano, mas também a sua vitalidade e energia naturais, oriundas do prazer de existir.

d) Através da descrição do despertar do cortiço, o narrador apresenta os elementos introspectivos dos personagens, procurando criar correspondências entre o mundo físico e o metafísico.

e) Observa-se, no discurso de Aluísio Azevedo, pela constante utilização de metáforas e sinestesias, uma preocupação em apresentar elementos descritivos que comprovem a sua tese determinista.

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• 2. (UFV-MG) Leia o texto abaixo, retirado de O Cortiço, e faça o que se pede:“Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua

infinidade de portas e janelas alinhadas. Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada, sete horas de chumbo. […] O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os dias acentuava-se; já se não destacavam vozes dispersas, mas um só ruído compacto que enchia todo o cortiço. Começavam a fazer compras na venda; ensarilhavam-se discussões e rezingas; ouviam-se gargalhadas e pragas; já se não falava, gritava-se. Sentia-se naquela fermentação sangüínea, naquela gula viçosa de plantas rasteiras que mergulham os pés vigorosos na lama preta e nutriente da vida, o prazer animal de existir, a triunfante satisfação de respirar sobre a terra.”

Assinale a alternativa que NÃO corresponde a uma possível leitura do fragmento citado:

a) No texto, o narrador enfatiza a força do coletivo. Todo o cortiço é apresentado como um personagem que, aos poucos, acorda como uma colméia humana.

b) O texto apresenta um dinamismo descritivo, ao enfatizar os elementos visuais, olfativos e auditivos.

c) O discurso naturalista de Aluísio Azevedo enfatiza nos personagens de O Cortiço o aspecto animalesco, “rasteiro” do ser humano, mas também a sua vitalidade e energia naturais, oriundas do prazer de existir.

d) Através da descrição do despertar do cortiço, o narrador apresenta os elementos introspectivos dos personagens, procurando criar correspondências entre o mundo físico e o metafísico.

e) Observa-se, no discurso de Aluísio Azevedo, pela constante utilização de metáforas e sinestesias, uma preocupação em apresentar elementos descritivos que comprovem a sua tese determinista.