livro mais difícil de escrever»hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/efemerides/...justo para um grande...

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ON lnform&tlca Instantânea DN INFORMÁTICA INSTANTÂNEA CD Rom uWindows» (li) hoje com o DN .,, José Cardoso Pires Jorge Coelho .. Negociações Q1 ... li .. surpreendido prepara raid e para alargamento ca JORNAL + CD = 700$00 e agradado às zonas afectadas da União Europeia com Prémio Pessoa pelas cheias começam em Março PÁGINA 38 PÁGINA 24 PÁGINA 6 A edição do CD Rom é inferior à tiragem do jornal PÁG 1 NA 56 DISTINÇÃO «0 livro mais difícil de escrever» José Cardoso Pires foi ontem galardoado com o Prémio Pessoa pela sua carreira e pelas duas obras publicadas este ano MARIA AUGUSTA SILVA MIGUEL GASPAR Depois da memória perdida e reencontrada em toda a sua pleni- tude, foi «O nascer de um homem novo», com redobrado gosto pela vida. Esse homem, José Cardoso Pires, «agra da v el'mente sur- preendido», ao saber-se, ontem, distinguido com o Prémio Pessoa. · «Ensaio sobre a "libertação da morte branca"» foi a expressão através da qual o júri se referiu a De Pro.fundis, Valsa Lenta, no co- municado lido por Francisco Pin- to Balsemão no Palácio de Se- teais, onde, como é habitual, de7 correu a reunião decisiva dos 13 -jurados. O escritor sucede ao neu- rocirurgião João Lobo Antunes, com quem construiu, aliás, uma grande amizade, sendo nomeada- mente autor do prefácio de De Pro.fundis, Valsa Lenta. A eleição de Cardoso Pires, justificada pela publicação daquela obra e por Lis- boa - Livro de Bordo, Vozes, Olha- res , Memorações, era dada como muito provável nos momentos que precederam a divulgação da escolha dos jurados. O autor, po- rém, não a esperava. «É uma surpresa tanto maior - quanto se trata de um prémio que não se destina apenas à literatitra, abrangendo as mais diferentes . áreas»; aC"entuou ao DN. «Um prémio gratificante», que fica a toda a sua carreira lite- rária, mas, sobretudo, o livro De Pro.fundis, Valsa ienta, uma nar- rativa de quem viveu a experiên- cia da morte da memória e conhe- . ceu a felicidade de a sentir renas- cer, «num reencontro onde tudo ganhou mais luz, mais g 0 sto, mais sabor, mais cheiro, umper- fume bom; um bem-estar com o mundo», realçou nosso jornal. «Sem memória não " afecti- vidade. Não se pode ter afecto por alguém que se não conhece ou· se deixou de conhecer. Sem me- mória não vida»; não se cansa de o dizer · Cardoso Pires, para ArquNO ON-Leonardo Negrão O PRÓXIMO. Cardoso Pires es_ a trabalhar em novo livro, a sair em Outubro de 1998, com Lisboa em pano de fundo quem De Profandis, Valsa Lenta, «foi o livro mais dificil» de toda a sua vida de escritor. Volta, neste momento de mais uma alegria, a expressar gratidão profunda à ciência. Um desejo de que _«os médicos, os cientistas, nos ajudem cada vez mais a salvar da morte humilhante». Gratidão, também, de Cardoso Pires a toda a equipa do professor Castro Cal- das, que o acompanhou desde a perda até à recuperação da me- mória, e à amizade do professor João Lobo Antunes. Cardoso Pires está a trabalhar em novo livro, o qual - adiantou ao DN - deverá ser publicado em Outubro do próximo ano, com a paisagem de Lisboa a dominar, como sempre. A mesma Lisboa da segunda obra publicada este ano pelo escritor que Pinto Balse- mão homenageou como «patri- mónio da nossa literatura» e «Um clássico contemporâneo», a «Lis- boa personalizada e mítica, como foi a de Pessoa, cruzada por me- mórias, histórias e personagens». Pinto Balsemão frisou tratar- -se de uma decisão por maioria, acrescentando que Cardoso Pires foi escolhido entre 40 candidatos. Atribuído pelo Expresso e pela . Unysis, o Prémio Pessoa tem um valor pecuniário de oito mil con- tos. O júri foi constituído por Francisco Pinto Balsemão, Pedro Norton de Matos, Alexandre Po- mar, António Alçada Baptista, António Barreto, Carlos Coelho, Clara Ferreira Alves, João Fraústo da Silva, José Luís Porfirio, Maria de Sousa, Mário Soares, Miguel Veiga e Nuno Teotónio Pereira. REAC ÕES . ÓSCAR LOPES: «Cardoso Pi- res é um dos ficcionistas que melhor conseguem combinar enredos, contar e fazer alter- nar pontos de vista. Faz isso de uma maneira muito empol- gante, especialmente em Bala- da da Praià dos Cães. Não se re- pete, um bocado lento, de pro- dução dificil, mas o sacrificio resulta muito bem, especial- mente desde 1968.» AUGUSTO ABELAIRA: «Car- doso Pires é o autor contempo- râneo vivo do mais belo dos ro- . mances, O Delfim. Gosto mui- to do autor, e o homem mere- ce-me muita simpatia.» U. TAVARES RODRIGUES: «Um dos maiores escritores da actualidade. uin prémio justo para um grande autor português, um dos maiores a nível universal. Cidadão de grande dignidade . Um ho- mem de esquerda». _ FONSECA E COSTA: «Foi fei- ta justiça, finalmente. Sempre que se faz justiça em Portugal . eu aplaudo, e José Cardoso Pi- res já merecia muitos anos este prémio. É um dos maiores escritores da literatura portu- guesa.» CARLOS REIS: «Ü romance O Delfim é um dos maiores da língua portuguesa. Teve uma importância decisiva para o prestígio da nossa literatura. Cardoso Pires pertence à gera- ção de romancistas que rom- peu com códigos muito fecha- dos do neo-realismo portu- gilês, e isso sem perder de vis- ta uma preocupação ética e so- cial muifo. própria. É um dos nossos autores que contribuí- ram decisivamente para mu- dar o rumo da nossa ficção nos últimos 30 anos.» Avida humana ·celebrada. com <<Urll fio de música>> Nos livros do escritor distinguido encontra-se uma consciência lúdica, não uma exploração de qualquer interioridade abismal 1 ANA MARQUES GASTÃO Foi a sua geração que deu «Uma sintaxe citadina» à prosa portu- guesa. E a prosa de Cardoso Pires cheira a cidade. Portugal e os tugueses estão lá, na sua escrita, que convive com as vertentes fic- cional e histórica, numa narrativa fundada no diálogo ou no monó- logo interior, como em O Anjo Ancorado ou em O Delfim. José Augusto Neves Cardoso Pires nascido, em São João do Peso, Vila de Rei, Castelo Branco, em 1925, fez de tudo um pouco: trabalhou como correspondente de inglês, agente de vendas, intér- prete, jornalista (foi director ad- junto do Diário de Lisboa, depois do 25 de Abril), escritor. A escrita, essa, pratica-a «no gume da lâmina», dirigindo-a a um leitor ideal, afinal, o desdo- bramento daquilo que ele gosta- ria de ser. Cuidadoso no usó da palavra, a braços com a minúcia de não se deter com a frase longa, Cardoso P"ires gosta de se mover no mundo de uma certa zoologia social, como em Alexandra Alpha, e não será por acaso que na sua obra, assaltada pelo marialva da alta burguesia fundiária (O Del- fim), o burguês passivo (O Anjo Ancorado) ou o rural (O Hóspede de job), desfilam comporta- DN-Alla8oi6o JÚRI. Balsemão e Soares em Seteais: •É património da nossa literatura• mentas, mentalidades e valores. · Enquanto em Dinossauro Exce- lentíssimo, o escritor faz uma bio- grafia cariq1tural de Salazar, fá- bula satírica, em Balada da Praia dos Cães (adaptada ao cinema por Fonseca e Costa) inspira-se no as- sassínio do capitão Almeida San- .tos. A consagração no domínio do ensaio chegou, no entanto, com Cartilha do Marialva, que convoca . para a escrita, com ironia, o ma- cho português e o libertino, que ressurgem ao longo da obra, Cardoso Pires reinventa a lín- gua também na crónica a contar histórias de uma Lisboa que não existe, mais provinciana, pa- tética, feita de melancolias. Por- que o autor de A Cavalo no Diabo gosta dos malandros que habitam a cidade da humanidade perdida. Lisboa - Livro de Bordo revela-se esse tal roteiro no qual o escritor confessa o seu amor pela capital, esboçando-se aí a sua relação com uma portugalidade subtil. Os livros, esses, «são como as relações com as mulheres», nos quais se vai encontrando uma certa consciência lúdica. Cardoso Pires mobiliza os estratagemas da recontação oral e do diálogo à maneira de Hemingway, pelo menos nos primeiros escritos, permitindo-se deslizar entre di- versos níveis e tipos de lingua- gem, mas não é um explorador de qualquer interioridade abismal. De Pro.fundis - Valsa Lenta, li- vro no qual o autor regressa da morte branca, ou seja, de uma ex- periência de proximidade com o fim, não configura o tratamento metafísico do tema. Do apaga- . mento-limite não nasce uma nar- rativa comovida, apenas se adivi- nha uma «festa antecipada» da vida celebrada com «uma vinheta condigna» e «Um fio de música».

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Page 1: livro mais difícil de escrever»hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/EFEMERIDES/...justo para um grande autor português, um dos maiores a nível universal. Cidadão de grande dignidade

.~ ON lnform&tlca Instantânea DN INFORMÁTICA INSTANTÂNEA

CD Rom uWindows» (li) hoje com o DN

.,, José Cardoso Pires Jorge Coelho .. Negociações Q1 ... li .. surpreendido prepara raide para alargamento ca

JORNAL + CD = 700$00 e agradado às zonas afectadas da União Europeia com Prémio Pessoa pelas cheias começam em Março PÁGINA 38 PÁGINA 24 PÁGINA 6

• A edição do CD Rom é inferior à tiragem do jornal

~iiiii~iJ.1d PÁG 1 NA 56

DISTINÇÃO

«0 livro mais difícil de escrever» José Cardoso Pires foi ontem galardoado com o Prémio Pessoa pela sua carreira e pelas duas obras publicadas este ano

MARIA AUGUSTA SILVA MIGUEL GASPAR

Depois da memória perdida e reencontrada em toda a sua pleni­tude, foi «O nascer de um homem novo», com redobrado gosto pela vida. Esse homem, José Cardoso Pires, «agradavel'mente sur­preendido», ao saber-se, ontem, distinguido com o Prémio Pessoa. ·

«Ensaio sobre a "libertação da morte branca"» foi a expressão através da qual o júri se referiu a De Pro.fundis, Valsa Lenta, no co­municado lido por Francisco Pin­to Balsemão no Palácio de Se­teais, onde, como é habitual, de7 correu a reunião decisiva dos 13

- jurados. O escritor sucede ao neu­rocirurgião João Lobo Antunes, com quem construiu, aliás, uma grande amizade, sendo nomeada­mente autor do prefácio de De Pro.fundis, Valsa Lenta. A eleição de Cardoso Pires, justificada pela publicação daquela obra e por Lis­boa - Livro de Bordo, Vozes, Olha­res, Memorações, era dada como muito provável nos momentos que precederam a divulgação da escolha dos jurados. O autor, po­rém, não a esperava.

«É uma surpresa tanto maior - quanto se trata de um prémio que

não se destina apenas à literatitra, abrangendo as mais diferentes . áreas»; aC"entuou ao DN. «Um prémio gratificante», que fica a sublinh~r toda a sua carreira lite­rária, mas, sobretudo, o livro De Pro.fundis, Valsa ienta, uma nar­rativa de quem viveu a experiên­cia da morte da memória e conhe-

. ceu a felicidade de a sentir renas­cer, «num reencontro onde tudo ganhou mais luz, mais g0sto, mais sabor, mais cheiro, umper­fume bom; um bem-estar com o mundo», realçou aô nosso jornal.

«Sem memória não "há afecti­vidade. Não se pode ter afecto por alguém que se não conhece ou·se deixou de conhecer. Sem me­mória não há vida»; não se cansa de o dizer· Cardoso Pires, para

ArquNO ON-Leonardo Negrão

O PRÓXIMO. Cardoso Pires es_tá a trabalhar em novo livro, a sair em Outubro de 1998, com Lisboa em pano de fundo

quem De Profandis, Valsa Lenta, «foi o livro mais dificil» de toda a sua vida de escritor.

Volta, neste momento de mais uma alegria, a expressar gratidão profunda à ciência. Um desejo de que _«os médicos, os cientistas, nos ajudem cada vez mais a salvar da morte humilhante». Gratidão, também, de Cardoso Pires a toda a equipa do professor Castro Cal­das, que o acompanhou desde a perda até à recuperação da me­mória, e à amizade do professor João Lobo Antunes.

Cardoso Pires está a trabalhar em novo livro, o qual - adiantou ao DN - deverá ser publicado em Outubro do próximo ano, com a paisagem de Lisboa a dominar, como sempre. A mesma Lisboa da segunda obra publicada este ano pelo escritor que Pinto Balse­mão homenageou como «patri­mónio da nossa literatura» e «Um clássico contemporâneo», a «Lis­boa personalizada e mítica, como foi a de Pessoa, cruzada por me­mórias, histórias e personagens».

Pinto Balsemão frisou tratar-

-se de uma decisão por maioria, acrescentando que Cardoso Pires foi escolhido entre 40 candidatos.

Atribuído pelo Expresso e pela . Unysis, o Prémio Pessoa tem um valor pecuniário de oito mil con­tos. O júri foi constituído por Francisco Pinto Balsemão, Pedro Norton de Matos, Alexandre Po­mar, António Alçada Baptista, António Barreto, Carlos Coelho, Clara Ferreira Alves, João Fraústo da Silva, José Luís Porfirio, Maria de Sousa, Mário Soares, Miguel Veiga e Nuno Teotónio Pereira.

REAC ÕES .

ÓSCAR LOPES: «Cardoso Pi­res é um dos ficcionistas que melhor conseguem combinar enredos, contar e fazer alter­nar pontos de vista. Faz isso de uma maneira muito empol­gante, especialmente em Bala­da da Praià dos Cães. Não se re­pete, um bocado lento, de pro­dução dificil, mas o sacrificio resulta muito bem, especial­mente desde 1968.»

AUGUSTO ABELAIRA: «Car­doso Pires é o autor contempo­râneo vivo do mais belo dos ro-

. mances, O Delfim. Gosto mui­to do autor, e o homem mere­ce-me muita simpatia.»

U. TAVARES RODRIGUES: «Um dos maiores escritores da actualidade. uin prémio justo para um grande autor português, um dos maiores a nível universal. Cidadão de grande dignidade. Um ho­mem de esquerda». _

FONSECA E COSTA: «Foi fei­ta justiça, finalmente. Sempre que se faz justiça em Portugal

. eu aplaudo, e José Cardoso Pi­res já merecia há muitos anos este prémio. É um dos maiores escritores da literatura portu­guesa.»

CARLOS REIS: «Ü romance O Delfim é um dos maiores da língua portuguesa. Teve uma importância decisiva para o prestígio da nossa literatura. Cardoso Pires pertence à gera­ção de romancistas que rom­peu com códigos muito fecha­dos do neo-realismo portu­gilês, e isso sem perder de vis­ta uma preocupação ética e so­cial muifo. própria. É um dos nossos autores que contribuí­ram decisivamente para mu­dar o rumo da nossa ficção nos últimos 30 anos.»

Avida humana·celebrada.com <<Urll fio de música>> Nos livros do escritor distinguido encontra-se uma consciência lúdica, não uma exploração de qualquer interioridade abismal 1 ANA MARQUES GASTÃO

Foi a sua geração que deu «Uma sintaxe citadina» à prosa portu­guesa. E a prosa de Cardoso Pires cheira a cidade. Portugal e os por~ tugueses estão lá, na sua escrita, que convive com as vertentes fic­cional e histórica, numa narrativa fundada no diálogo ou no monó­logo interior, como em O Anjo Ancorado ou em O Delfim.

José Augusto Neves Cardoso Pires nascido, em São João do Peso, Vila de Rei, Castelo Branco, em 1925, fez de tudo um pouco: trabalhou como correspondente de inglês, agente de vendas, intér­prete, jornalista (foi director ad­junto do Diário de Lisboa, depois do 25 de Abril), escritor.

A escrita, essa, pratica-a «no gume da lâmina», dirigindo-a a um leitor ideal, afinal, o desdo­bramento daquilo que ele gosta-

ria de ser. Cuidadoso no usó da palavra, a braços com a minúcia de não se deter com a frase longa, Cardoso P"ires gosta de se mover no mundo de uma certa zoologia social, como em Alexandra Alpha,

e não será por acaso que na sua obra, assaltada pelo marialva da alta burguesia fundiária (O Del­fim), o burguês passivo (O Anjo Ancorado) ou o rural (O Hóspede de job), desfilam comporta-

DN-Alla8oi6o

JÚRI. Balsemão e Soares em Seteais: •É património da nossa literatura•

mentas, mentalidades e valores. · Enquanto em Dinossauro Exce­lentíssimo, o escritor faz uma bio­grafia cariq1tural de Salazar, fá­bula satírica, em Balada da Praia dos Cães (adaptada ao cinema por Fonseca e Costa) inspira-se no as­sassínio do capitão Almeida San-

. tos. A consagração no domínio do ensaio chegou, no entanto, com Cartilha do Marialva, que convoca . para a escrita, com ironia, o ma­cho português e o libertino, que ressurgem ao longo da obra,

Cardoso Pires reinventa a lín­gua também na crónica a contar histórias de uma Lisboa que já não existe, mais provinciana, pa­tética, feita de melancolias. Por­que o autor de A Cavalo no Diabo gosta dos malandros que habitam a cidade da humanidade perdida. Lisboa - Livro de Bordo revela-se esse tal roteiro no qual o escritor confessa o seu amor pela capital,

esboçando-se aí a sua relação com uma portugalidade subtil.

Os livros, esses, «são como as relações com as mulheres», nos quais se vai encontrando uma certa consciência lúdica. Cardoso Pires mobiliza os estratagemas da recontação oral e do diálogo à maneira de Hemingway, pelo menos nos primeiros escritos, permitindo-se deslizar entre di­versos níveis e tipos de lingua­gem, mas não é um explorador de qualquer interioridade abismal.

De Pro.fundis - Valsa Lenta, li­vro no qual o autor regressa da morte branca, ou seja, de uma ex­periência de proximidade com o fim, não configura o tratamento metafísico do tema. Do apaga- . mento-limite não nasce uma nar­rativa comovida, apenas se adivi­nha uma «festa antecipada» da vida celebrada com «uma vinheta condigna» e «Um fio de música».