livro lei e evangelho

Upload: ronaldo-batista-bertochi

Post on 03-Apr-2018

220 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 7/28/2019 Livro Lei e Evangelho

    1/75

  • 7/28/2019 Livro Lei e Evangelho

    2/75

    do ministrio, se apresentassem como testemunhas vivas com uma ma-nifestao do Esprito e de poder.

    Walther abordou uma variedade de temas nas prelees dosMomentos com Lutero. Falou sobre a Inspirao das Escrituras, aVeracidade da Religio Crist, Sociedades Secretas, Justificao,Predestinao e Justificao, a Grande Confisso concernente aoBendito Sacramento de Lutero e abordou, tambm, A CorretaDistino entre Lei e Evangelho em duas sries de prelees. Aprimeira srie sobre lei e evangelho foi apresentada em 1878 e reunia13 teses. Essa srie foi publicada em 1893. A segunda reunia 25 teses efoi publicada em 1897. W. T. T. Dau traduziu esta ltima para o ingls,

    e a publicao saiu em 1929. O presente livro uma condensao datraduo de Dau.Carl Ferdinand Wilhelm Walther preparava cuidadosamente o assuntoque estava por apresentar. E se ele j era cuidadoso no preparo de umapalestra, muito mais cuidadoso ainda era, quando se tratava de umtrabalho a ser impresso. No preparo do material a ser impresso, eleremodelava o que havia sido apresentado oralmente, de modo que oleitor recebia realmente o melhor. VistoA Correta Distino entre Leie Evangelho ter sido publicado aps sua morte, Walther no teveoportunidade de remodelar suas prelees e prepar-las para o prelocomo era de seu feitio. Se isso tivesse sido possvel, o estilo da obracertamente seria outro. Muito do material contido nesta obra foi ditode improviso, dirigido s pessoas que lhe eram chegadas. Dauafirma no Prefcio e Introduo de sua traduo da obra:"Outrossim, plenamente aceitvel uma maior liberdade, ou atmesmo uma certa espontaneidade, quando um professor amado, jidoso, se dirige a um auditrio constitudo quase que inteiramentepor estudantes seus". Nesse sentido, somos duplamenterecompensados: familiarizamo-nos com Walther, o pastor deestudantes de teologia, bem como com a sua teologia propriamentedita.

    A importncia da correta distino entre lei e evangelhodemonstra-se no fato de Walther ter proferido duas sries depalestras sobre o assunto, na publicao de ambas as sries, e natraduo da ltima para o ingls. A repercusso que teve A Correta

    Distino entre Lei e Evangelho no fcil de ser avaliada;contudo, todos os que citam as ddivas de Walther igreja incluemesta obra. Pode-se, inclusive, afirmar que esta foi sua maior ddiva igreja, visto que, dentro do luteranismo, a prtica pastoral napregao, no aconselhamento e na avaliao da misso da igrejatem emanado da compreenso da correta distino entre lei eevangelho.

    A Correta Distino entre Lei e Evangelho, da autoria de F. W.Walther, um clssico; condens-lo arriscado. Assumimos esterisco na esperana de tomar esta obra conhecida a um pblicomaior, pois ela fornece muitos critrios e corretivos inusitados. Estacondensao objetiva reavivar o interesse pela obra completa. Para

    isso, fizemos com que o prprio Walther falasse, eliminando assim,as extensas citaes das Confisses Luteranas, Martinho Lutero edogmticos. J que esta obra produto de prelees apresentadasnos Momentos com Lutero, a maioria das citaes extrabblicas sode Lutero. Visando a unificar a apresentao das diversas teses,eliminamos a diviso original por matria que integraria aexplicao de cada uma das teses, procuramos reter aquilo que serelacionava mais diretamente com a tese em questo.

    LEI E EVANGELHO1 TESEO contedo doutrinrio de toda a Escritura Sagrada, tanto

    do Antigo quanto do Novo Testamento, constitudo por duasdoutrinas essencialmente distintas entre si: a lei e o evangelho.2TESE

    Para ser um telogo ortodoxo, no basta que se exponhamtodos os artigos de f em concordncia com as Escrituras; necessrio, tambm, saber diferenciar corretamente lei eevangelho.

  • 7/28/2019 Livro Lei e Evangelho

    3/75

    3aTESEDistinguir corretamente lei e evangelho a mais difcil e a

    suprema arte que se apresenta aos cristos em geral e, emespecial, aos telogos. Essa arte ensinada exclusivamente pelo

    Esprito Santo, na escola da experincia.4aTESEConhecer bem a diferena entre lei e evangelho no apenas

    maravilhosa luz para a correta compreenso de toda a EscrituraSagrada; mais do que isso: sem esse conhecimento, a Escritura e continua sendo livro selado.

    5TESEA primeira - bem como a mais grosseira e mais facilmentereconhecvel confuso entre lei e evangelho aquela em que, aexemplo de papistas, socinianos e racionalistas, se encara Cristocomo um novo Moiss, um legislador, e se transforma oevangelho em doutrina de obras meritrias ao mesmo tempo emque, como fazem os papistas, condenam-se e amaldioam-se osque ensinam que o evangelho a mensagem da graa ilimitadade Deus em Cristo.

    6aTESEEm segundo lugar, a palavra de Deus no aplicada cor-

    retamente, quando a lei deixa de ser pregada em todo seu rigor eo evangelho, em toda sua doura; quando, ao contrrio,componentes do evangelho so adicionados pregao da lei, ecomponentes da lei so adicionados ao evangelho.

    7TESEEm terceiro lugar, a palavra de Deus no aplicada

    corretamente, quando o evangelho pregado antes da lei; asantificao antes da justificao; a f antes doarrependimento; as boas obras antes da graa.

    8TESEEm quarto lugar, a palavra de Deus no aplicada

    corretamente, quando a lei pregada aos que j esto atemoriza-dos em relao a seus pecados, ou quando o evangelho pregado

    aos que vivem tranqilamente em seus pecados.9TESE

    Em quinto lugar, a palavra de Deus no aplicadacorretamente, quando, ao invs da palavra e dos sacramentos, seindica o caminho das oraes e lutas com Deus aos pecadores queforam atingidos e atemorizados pela lei, para que, desta maneira,alcancem o estado da graa. Em outras palavras: quando lhes dito que devem permanecer em orao e luta at sentirem queDeus os recebeu em sua graa.

    10TESEEm sexto lugar, a palavra de Deus no aplicada

    corretamente, quando o pregador descreve a f de um modo que

    d a entender que uma mera aceitao passiva de certas verdadesjustifica e salva, porque produz amor e transforma a vida daspessoas.

    11TESEEm stimo lugar, a palavra de Deus no aplicada

    corretamente, quando se pretende apresentar o consolo do evan-gelho somente queles que esto contritos pela lei, porque amama Deus e no porque temem o furor e o castigo de Deus.

    12TESEEm oitavo lugar, a palavra de Deus no aplicada

    corretamente, quando o pregador descreve a contrio, ao ladoda f, como sendo a causa do perdo dos pecados.

    13

    TESEEm nono lugar, a palavra de Deus no aplicadacorretamente, quando, ao invs de procurar criar a f no coraode algum, apresentando as promessas do evangelho, se faz umapelo f que d a atender que o homem pode dar a f a simesmo, ou, ao menos, cooperar para que tal acontea.

    15aTESE

  • 7/28/2019 Livro Lei e Evangelho

    4/75

  • 7/28/2019 Livro Lei e Evangelho

    5/75

    alm e acima de seu conhecimento das doutrinas, necessrio quevocs saibam como aplic-las corretamente. Um meroconhecimento intelectual das doutrinas no basta; todas elas devemter penetrado profundamente em seus coraes e manifestado aliseu poder divino, celestial. Todas estas doutrinas devem ter-setornado to preciosas, to valiosas, to caras para vocs, a ponto deno poderem deixar de, com o corao ardente, unir suas vozes de Paulo, dizendo: "ns cremos, por isso tambm falamos", e detodos os apstolos: "Ns no podemos deixar de falar das coisasque vimos e ouvimos".

    Dentre todas as doutrinas, a mais importante a doutrina dajustificao. Contudo, em segundo lugar, na ordem de importncia,est a arte de fazer separao entre lei e evangelho.

    Lutero diz que estaria disposto a dar o maior destaque entre osdemais e que daria o ttulo de doutor das Sagradas Escriturasquele que entende bem a arte de distinguir entre lei e evangelho.No gostaria de que pretendo colocar-me acima de todos os demaise ser considerado doutor das Sagradas Escrituras. Quanto a mim,desejo permanecer na condio de humilde discpulo e sentar aosps do Dr. Lutero, para aprender dele esta doutrina do mesmomodo como ele a aprendeu dos apstolos e profetas.

    Comparando a Escritura Sagrada com outros escritos,observamos que no existe livro aparentemente to cheio de con-tradies como a Bblia. E isto no apenas em questes de somenosimportncia, mas precisamente na questo principal: na doutrina decomo chegar a Deus e ser salvo. Numa ocasio, a Bblia ofereceperdo a todos os pecadores. Em determinada passagem bblica,oferece-se vida eterna gratuita a todos os homens; numa outra, diz-se que eles mesmos devem fazer algo para serem salvos. Esseenigma decifrado, quando nos damos conta de que as Escriturascontm duas doutrinas completamente diferentes entre si: adoutrina da lei e a doutrina do evangelho.

    1 TESEO contedo doutrinrio de toda a Escritura Sagrada , tanto do

    Antigo quanto do Novo Testamentos, constitudos por duasdoutrinas essencialmente distintas entre si: a lei e o evangelho

    {Tanto a lei como o Evangelho prometem vida e salvao}A diferena entre a lei e o evangelho no consiste em que o

    evangelho uma doutrina divina e a lei, uma doutrina humana. Deforma alguma; tudo o que a Escritura contm no que diz respeito aqualquer uma das duas doutrinas, a palavra do prprio Deus vivo.

    A diferena tambm no est no fato de que apenas o evangelho necessrio, e a lei no, como se a ltima fosse mero acrscimo quepode ser dispensado. Ambos so igualmente necessrios. Sem a lei nose compreende o evangelho; sem o evangelho, de nada nos aproveita alei.

    Igualmente inadmissvel afirmar-se que a diferena est em que alei a doutrina do Antigo Testamento. H evangelho no Antigo, bemcomo h lei noNovo Testamento.

    A lei e o evangelho tambm no diferem entre si quanto ao aspectode seu objetivo ltimo, como se o evangelho visasse salvao dohomem e a lei, sua condenao. Tanto a lei quanto o evangelho tmcomo finalidade ltima a salvao do homem; apenas que a lei, desdea queda, no mais nos pode conduzir salvao; ela pode apenaspreparar-nos para a mensagem do evangelho. Outrossim, atravs doevangelho que recebemos a capacidade de cumprir a lei, at certoponto.

    De modo idntico, no podemos estabelecer uma diferena entreambas as doutrinas, afirmando que a lei e o evangelho se contradizemmutuamente. No existem contradies na Escritura. Cada uma distinta da outra, mas ambas esto na mais perfeita harmonia entre si.

    Por fim, a diferena no esta de que somente uma destasdoutrinas atinge os cristos. Mesmo para o cristo, a lei ainda tem suarazo de ser. Na verdade, quando algum deixa de empregar qualqueruma destas duas doutrinas, deixa de ser fiel f crist.

    Lei e evangelho diferem realmente nos seguintes aspectos:

  • 7/28/2019 Livro Lei e Evangelho

    6/75

    1. Estas duas doutrinas diferem no que diz respeito maneiraem que so reveladas ao homem;

    2. No que diz respeito ao seu contedo;3. No que diz respeito s promessas que cada uma faz;4. No que diz respeito s suas ameaas;5. No que diz respeito funo e ao efeito de cada uma;6. No que diz respeito s pessoas s quais, ou esta, ou

    aquela doutrina, deve ser pregada.1. Em primeiro lugar, lei e evangelho diferem no que diz

    respeito maneira em que so revelados ao homem. O ser

    humano foi criado com a lei inscrita em seu corao. Em vir-tude da queda em pecado, essa inscrio da lei no corao foiapagada em grande parte, contudo no totalmente. Pode-sepregar a lei ao maior pago que habita a face da terra e, emresposta, sua conscincia lhe dir: isto verdade. Mas, ao selhe pregar o evangelho, sua conscincia no mais lheresponder o mesmo. A pregao do evangelho pode, isto sim,"enfurec-lo. O viciado da pior espcie admite que ele deveriafazer o que est escrito na lei. Por que isto assim? Porque aleiest inscrita em seu corao. A situao muda, quando se pregao evangelho. O evangelho revela e anuncia atos que Deus, emsua graa, faz livremente; e estes no so evidentes por simesmos. O que Deus fez de acordo com o evangelho ele noestava obrigado a faz-lo.

    {1 Revelao ou raciocnio natural. - Importanteconferir apologia, Art. 4. 7 a 11: O ser humano raciocinacom a lei e desconhece tudo do evangelho. Isto explicaporque as igrejas crists (clero e leigos) to facilmenteescorregam em leis e regulamentos ao invs de acreditar nopoder transformador do evangelho .}

    2. O segundo aspecto em que lei e evangelho diferem ocontedo de cada doutrina. A lei nos diz o que devemos fazer.O evangelho revela-nos apenas o que Deus est fazendo. A leirefere-se s nossas obras; o evangelho, s grandes obras deDeus. Na lei, confronta-nos a intimao que se repete dez ve-

    zes: "no ..." O evangelho, por seu turno, constitui-sepuramente de promessas. O evangelho no contm outra coisaseno graa e verdade!3. Lei e evangelho diferem, em terceiro lugar, em virtude de suaspromessas. A lei promete as mesmas coisas grandiosas que oevangelho: vida eterna e salvao. Mas, neste ponto, somosconfrontados com uma enorme diferena: todas as promessas dalei so feitas sob a condio de a cumprirmos em todos os seusaspectos. Logo, as promessas da lei so as mais desalentadoras,por maiores que sejam. A lei nos oferece alimento, contudocoloca-o fora de nosso alcance. Ela de fato nos diz: "Vou matar asede e a fome de sua alma". Mas ela incapaz de tomar isto

    realidade, porque sempre adiciona a seguinte condio: "Voc vai tertudo isso, se fizer o que eu ordeno".Acima e contraposta voz da lei, est a do evangelho. Este nos

    promete a graa de Deus e a salvao sem impor condio de espciealguma. uma promessa de graa incondicional. Ele requer de ns nadaalm disto: "Aceite o que eu ofereo e voc o ter". Essa no umacondio que se impe, mas sim um convite amvel.

    {Promessas: Todas as promessas da lei so feitas sob a condio dea cumprirmos.

    A lei s promete condicionalmente: Voc vai ter tudo isso, se fizer oque ordeno.}

    4.A quarta diferena entre lei e evangelho diz respeito a ameaas. Oevangelho no contm ameaas de espcie alguma; apenas palavras deconsolo. Sempre que, na Escritura, voc se confrontar com uma ameaa,

    esteja certo de que esta passagem enquadra-se na lei, pois a lei no outra coisa seno ameaas.

    5.0 quinto aspecto diferencial entre lei e evangelho diz respeito aosefeitos dessas duas doutrinas. O efeito da pregao da lei trplice. Emprimeiro lugar, ela nos diz o que devemos fazer, contudo no nos capacitaa atender a suas exigncias; ela faz, isto sim, com que fiquemos maiscontrariados ainda em relao ao que ela exige de ns.

  • 7/28/2019 Livro Lei e Evangelho

    7/75

    Em segundo lugar, a lei revela os pecados do homem, mas no lheoferece ajuda para se ver livre deles e, deste modo, leva-o ao desespero.

    Em terceiro lugar, a lei efetua contrio. Ela faz passar diante denossos olhos todo o terror do inferno, da morte, da ira de Deus. mas notem absolutamente nada de conforto para dar ao pecador.

    Os efeitos do evangelho, de natureza completamente diversa, so osseguintes: em primeiro lugar, quando o evangelho requer f, ele nosoferece e d esta f no prprio ato de requerer. Quando pregamos aopovo: "Creiam no Senhor Jesus Cristo", Deus, atravs do nosso pregar,lhes d a f. Ns pregamos a f, e todo aquele que no se opedeliberadamente, obtm f.

    O segundo efeito do evangelho que ele, de maneira nenhuma,censura o pecador, antes afasta dele todo o terror, todo o medo, todaansiedade, enchendo-o de paz e alegria no Esprito Santo.

    Em terceiro lugar, o evangelho no exige que o homemapresente algo de bom: um bom corao, um bom carter, umamelhora em seu modo de ser, religiosidade, amor a Deus e aoshomens. Nada disso. O evangelho no emite ordens, mas muda ohomem. Ele implanta o amor em seu corao e capacita-o paratodas as boas obras. Ele no exige nada; ele d tudo.

    {Efeitos: Oferecer o evangelho tem como efeito criar a f noevangelho.

    Este o efeito que um serm cristo deve trazer sem restries.}Finalmente, o sexto aspecto em que lei e evangelho diferem

    entre si, relaciona-se s pessoas s quais deve ser pregada cada umadas doutrinas. As pessoas sobre as quais cada doutrina deve agir,bem como a finalidade deste agir, so completamente diferentes. Apregao da lei se dirige a pecadores impassveis no pecado; a doevangelho, a pecadores atemorizados. Em outras circunstncias, de fato necessrio que se preguem ambas as doutrinas, mas, nestemomento, a pergunta : A quem deve ser pregada a lei antes doevangelho? e vice-versa.

    1 Tm 1.8-10: Sabemos, porm, que a lei boa, se algum delase utiliza de modo legtimo, tendo em vista que no se promulga leipara quem justo, mas para transgressores e rebeldes,irreverentes e pecadores, mpios e profanos, parricidas e

    matricidas, homicidas, impuros, sodomitas, raptores de homens,mentirosos, perjuros e para tudo quanto se ope s doutrina.Enquanto um indivduo vive tranqilamente em pecado, enquantose recusa a abandonar determinado pecado, deve-se-lhe pregarsomente a lei, que o amaldioa e condena. Mas, no momento emque ele atemorizado nesse seu estado, imediatamente deve ouvir oevangelho; pois, a partir desse momento, ele no pode mais serincludo no rol dos pecadores impassveis. Portanto, enquanto odiabo mantiver voc seu prisioneiro, por um nico pecado que seja,o evangelho ainda no poder agir sobre voc; o que voc precisaouvir a lei.

    A pecadores miserveis ,abatidos - eu repito - no se deve

    pregar nada da lei. Ai do pregador que insistisse em pregar a lei aum pecador desesperado! Tal pecador, ao contrrio, precisa ouvirpalavras como estas: "Venha! Ainda h lugar! No importa quopecador voc seja, ainda h lugar para voc. Mesmo que voc sejaum Judas ou um Caim, ainda h lugar. Venha, sim, venha a Jesus!"Indivduos nesta situao so o alvo correto para a ao doevangelho.

    2TESEPara ser um telogo ortodoxo, no basta que se exponha todos os

    artigos de f em concordncia com as Escrituras; necessrio,tambm, saber diferenciar corretamente lei e evangelho.

    Esta tese compe-se de duas partes. A primeira parte constata um

    requisito de um telogo ortodoxo: necessrio que ele exponha todosos artigos de f em concordncia com a Escritura.

    A Escritura requer de ns que conservemos a palavra de Deusabsolutamente pura e inadulterada e que sejamos capazes de dizer,descendo do plpito: "Eu poderia jurar que preguei a palavra de Deuscorretamente. Mesmo a um anjo vindo do cu eu poderia declarar:Minha pregao foi verdadeira". Isso explica a estranha observao de

  • 7/28/2019 Livro Lei e Evangelho

    8/75

  • 7/28/2019 Livro Lei e Evangelho

    9/75

  • 7/28/2019 Livro Lei e Evangelho

    10/75

    obreiro que no tem de que se envergonhar, que maneja bem apalavra da verdade. O apstolo admoesta Timteo a que manejebem a palavra da verdade. Isso indica que separar adequadamentelei e evangelho uma arte notvel e difcil.

    Lucas 12.42-44:Disse o Senhor: Quem pois, o mordomo fil eprudente, a quem o Senhor confiar os seus conservos para dar-lhes osustendo a seu tempo? Bem-aventurado aquele servo a quemseu Senhor, quando vier, achar fazendo assim. Verdadeiramente,vos digo que lhe confiar todos os seus bens. O que o Senhorconsidera um grande feito no o simples anunciar da palavra de

    Deus, ou, para ficar dentro dos termos da parbola, a distribuiode certa quantidade de alimento a cada membro da casa; o que eletem em alta conta o fato de que a cada um dada a medida exatano momento certo, que se leve em considerao sua situaoespiritual. Isto deve ocorrer no momento exato. Aquele quedistribui um pouco aos servos hoje, e s toma a faz-lo aps umlongo perodo de tempo, que no se preocupa em reunir o alimentonecessrio nem com sua distribuio na hora certa, um maumordomo. Eis a lio desta parbola: Um pregador deve dominarbem a arte de ministrar a cada um, no momento propcio, ou a leiou o evangelho, segundo suas necessidades especficas.

    {O Que ele tem em alta conta pe o fato que a cada um dada amedida exata no momento certo, que se leve em considerao suasituao espiritual. Isto deve ocorrer no momento exato.}

    2 Corntios 2.16; 3.4-6: Quem, porm, suficiente para essascausas?

    E por intermdio de Cristo que temos tal confiana em Deus;no que, por ns mesmos, sejamos capazes de pensar algumacausa, como se partisse de ns; pelo contrrio, a nossa suficinciavem de Deus, o qual nos habilitou para sermos ministros de umanova aliana, no da letra, mas do esprito; porque a letra mata,mas o esprito vivifica. O apstolo reconhece que somente Deuspode capacit-lo para esta nobre e difcil arte.

    {Sensibilidade e fidelidade: Um pregador deve dominar bem aarte de ministrar a cada um, no momento propcio, ou a lei ou o

    evangelho, segundo suas necessidades especficas.}Pregue de tal maneira que cada ouvinte sinta: "Ele refere-se a

    mim. Ele descreveu um hipcrita idntico a mim". Por outro lado, possvel que o pastor descreva algum que est sendo tentado deuma maneira to real, que o ouvinte que vive situao idntica spode admitir: "Esta a minha situao".O ouvinte arrependido develogo perceber: "Este consolo dirige-se a mim; devo apropriar-medele". A alma inquieta deve concluir: "Oh, que doce mensagem;isto para mim!" Sim, tambm o impenitente deve ser levado areconhecer: "O pregador fez uma descrio exata da minha pessoa."

    Portanto, o pregador deve saber retratar, com exatido, o que sepassa no ntimo de cada um dos seus ouvintes. Uma mera

    apresentao objetiva das vrias doutrinas no basta para que sealcance esse objetivo. Uma pessoa pode ser ortodoxa, pode tercompreendido a doutrina pura e, mesmo assim, no ter comunhopessoal com Deus, estar em situao irregular ante Deus e no ter,ainda, a certeza de que sua conta de pecados foi paga.

    {A descrio do pecado e da situao do pecador deve serexata, envolta e permeada de compaixo.}A dificuldade em distinguir corretamente lei e evangelho assumepropores gigantes, quando o pastor ministra a indivduos emparticular. No plpito, o pastor pode dizer uma srie de coisas,esperando encontrar receptividade. Mas quando as pessoas buscamseu conselho pastoral, ele tem uma dificuldade muito maior diante

    de si. Logo perceber qual dos seus consulentes , e qual no ,cristo. Isto evidentemente no elimina a possibilidade de o pastorser iludido pela aparncia e modo de ser piedoso de um hipcrita.Entretanto, se ele capaz de separar corretamente lei e evangelho,seus consulentes podem t-lo enganado, todavia falha delesprprios que aplicaram a si o ensino indevido. O pastor assumeuma terrvel responsabilidade apenas quando ele mesmo culpado

  • 7/28/2019 Livro Lei e Evangelho

    11/75

    pelo fato de o povo interpret-lo mal. Se as pessoas agem comocristos apenas para enganar-me, elas esto, antes, enganando a simesmas do que a mim. A qualquer pessoa que d a entender que crist, o pastor deve considerar como tal, e vice-versa.

    Entretanto nem todos os no-cristos so idnticos. Um umirreligioso crasso e zombador da Bblia; outro ortodoxo e temapenas a f morta do intelecto. O pastor - a menos que ele prprioseja um escravo do pecado e incapaz de fazer um juzo da pessoaque est a sua frente - sabe que o ltimo no passa de uma pessoaespiritualmente cega, que ainda se encontra sob o domnio da morte

    espiritual. Agora, se um no cristo est verdadeiramenteamedrontado e possudo de um terror inconsciente, apesar de seucorao ainda no ter sido quebrado, o pastor precisa concluir:"Este indivduo, em primeiro lugar, precisa ser quebrantado".Alguns so apegados a um determinado vcio, outros confiam najustia prpria. Descobrir a que classe pertencem estas vriaspessoas incrdulas e aplicar-lhes o remdio correto, eis a grandedificuldade da qual estou falando. Meu objetivo convenc-los deque somente o Esprito Santo capaz de realmente aparelhar umpregador para o exerccio de sua vocao.

    Finalmente, o mais difcil tratar com os fiis cristos, levandoem conta sua situao espiritual peculiar. Este tem uma f fraca,aquele tem uma f forte; este est alegre; aquele, aflito; este moroso, o outro bastante zeloso; um tem pouco conhecimentoespiritual, outro est mais profundamente alicerado na verdade.

    {A partir deste ponto, na edio ampliada, Walter descreve osquatro temperamentos (o sangneo, o melanclico, o fleumticoe o colrico) alertando que estes precisam ser respeitados naavaliao da vida e atitude da pessoa}

    4TESEConhecer bem a diferena entre lei e evangelho no apenas

    maravilhosa luz para correta compreenso de toda a EscrituraSagrada; mais do que isso: sem esse conhecimento, a Escritura a continua sendo um livro selado

    {De fato, toda a Escritura parece estar constituda decontradies. Ora as Escrituras declaram algum salvo, ora ela ocondenam.}Enquanto se ignora a diferena entre lei e evangelho, tem se aimpresso de que as Escrituras contm um cem nmero decontradies. De fato, toda a Escritura parece estar constituda decontradies. Ora as Escrituras declaram algum salvo, ora elas ocondenam. Quando o jovem rico perguntou ao Senhor: "Que fareieu de bom, para alcanar a vida eterna?", ele recebeu a seguinteresposta: "Se queres entrar na vida, guarda os mandamentos".Quando o carcereiro de Filipos dirigiu esta mesma pergunta a Pauloe Silas, ele recebeu esta outra resposta: "Cr no Senhor Jesus Cristo

    e sers salvo tu e a tua casa". Por um lado, lemos em Habacuque2.4: "O justo viver pela sua f"; por outro lado, notamos que Joo,na sua primeira carta (3.7), diz: "Aquele que pratica a justia justo". Contra isso o apstolo Paulo declara: "Pois todos pecaram ecarecem da glria de Deus, sendo justificados, gratuitamente, porsua graa, mediante a redeno que h em Jesus". Por um lado,vemos que a Escritura declara que Deus no se agrada depecadores; por outro lado, ele constata: "Todo aquele que invocar onome do Senhor, ser salvo". A certa altura, Paulo exclama: "A irade Deus se revela do cu contra toda impiedade e, perversidade doshomens" e, no salmo 5.4, lemos: "Pois tu no s Deus que se agradecom a iniqidade, e contigo no . subsiste o mal"; em outra

    passagem, Pedro diz: "Esperai inteiramente na graa que vos estsendo trazida". Por um lado, nos dito que todo o mundo estdebaixo da ira de Deus; por outro, lemos: "Deus amou o mundo detal maneira, que deu seu Filho unignito, para que todo aquele quenele cr no perea, mas tenha a vida eterna". Outra passagemnotvel 1 Corntios 6.9-11, na qual o apstolo afirmainicialmente: "Nem impuros, nem idlatras, nem adlteros, nem

  • 7/28/2019 Livro Lei e Evangelho

    12/75

  • 7/28/2019 Livro Lei e Evangelho

    13/75

    sentido real que esta palavra tem. Do modo como eles o concebem,o evangelho, na melhor das hipteses, no passa de uma lei tal quala que Moiss promulgou.

    Se Cristo veio ao mundo com a misso de promulgar novas leispara ns, ele poderia perfeitamente ter permanecido nos cus.Moiss j nos havia dado uma lei to perfeita, a ponto de nosermos capazes de a cumprir. Assim sendo, se Cristo nos tivessedado leis adicionais, isto s poderia levar-nos ao desespero.

    J o prprio sentido da palavra evangelho derruba esse ponto devista. Sabemos que o prprio Cristo denominou sua palavra de

    evangelho, pois ele diz em Mc 16.15: "Ide por todo o mundo epregai o evangelho a toda a criatura". Para que se pudessecompreender o sentido em que ele estava empregando a palavraevangelho, ele apresenta o contedo deste nos seguintes termosconcretos: "Quem crer e for batizado", etc. Se a doutrina de Cristofosse uma lei, ela no seria uma boa notcia, mas, sim, uma pssimanotcia.

    {Se a doutrina de Cristo fosse uma lei, ela no seria uma boanotcia, mas, sim, uma pssima notcia.}Examinando o Antigo Testamento, vemos que, mesmo ali, j estexpresso o carter da doutrina de Cristo. Lemos em Gnesis 3.15:

    "Este (o descendente da mulher) te ferir a cabea". o Messias, oRedentor, o Salvador no viria com o propsito de nos revelar oque deveramos fazer, que obras deveramos praticar para escapardo terrvel domnio das trevas, do pecado e da morte. Esses feitos,o Messias no deixaria para que ns executssemos, mas eleprprio faria tudo. "Ele ferir a cabea da serpente" significa queele destruir o reino do diabo. Tudo que o homem tem a fazer tomar conhecimento de que ele foi resgatado, que ele foi libertadoda priso, que ele no tem outra coisa a fazer seno crer e aceitaressa mensagem e alegrar-se em funo dela. Se o texto dissesse:"Voc precisa salvar-se a si mesmo", isto no seria toconfortador; ou, se dissesse: "Voc deve crer nele", ficaramosperplexos em saber o que se entende por essa f. Este primeiro

    evangelho era a fonte donde emanava o conforto dos crentes doAntigo Testamento. Era-lhes importante saber: "Est por vir Al-gum que no somente nos dir o que devemos fazer para alcanaro cu, mas ele prprio, O Messias, far tudo para nos levar at l".J que o poder do diabo foi destrudo, nada do que eu deva fazerpode entrar em considerao. Se o domnio do diabo foi destrudo,eu sou livre. Nada me resta a fazer seno apropriar-me disso. isto que a Escritura tem em mente, quando diz "Creia". Significa:"Declare que seu aquilo que Cristo obteve".

    Em Jeremias 31.31-34,Eis a vm dias, diz o SENHOR, em quefirmarei nova aliana com a casa de Israel e a casa de Jud. Noconforme a aliana que fiz com seus pais, no dia em que os tomeipela mo, para os tirar da terra do Egito; porquanto elesanularam a minha aliana, no obstante eu os haver desposado,diz o SENHOR. Porque esta aliana que firmarei com a casa deIsrael, depois daqueles dias, diz o SENHOR: Na mente, lhesimprimirei as minhas leis, tambm no corao lhas inscreverei; euserei o seu Deus, e eles sero o meu povo. No ensinar jamaiscada um ao seu prximo, nem cada um ao seu irmo, dizendo:conhece ao SENHOR, porque a todos me conhecero desde omenor at o maior deles, diz o SENHOR. Pois perdoarei as suasiniqidades e de seus pecados jamais me lembrarei. Deus diz quevai fazer uma nova aliana. Esta no ser uma aliana baseada nalei, idntica quela que ele estabeleceu com Israel no Monte Sinai.O Messias no dir: necessrio que vocs sejam pessoas desta

    ou daquela natureza; seu modo de viver deve ser conforme este ouaquele padro; vocs devem fazer estas e aquelas obras".Nenhuma doutrina dessa espcie ser trazida pelo Messias. Eleinscreve sua lei diretamente no corao, o que faz com que a pessoaque vive nele sirva de lei para si mesma. Tal pessoa no coagida poruma fora externa, mas impulsionada por uma fora interior. "Pois,perdoarei as suas iniqidades, e dos seus pecados jamais me

  • 7/28/2019 Livro Lei e Evangelho

    14/75

    lembrarei" - esse o fundamento, a causa para a afirmao anterior.Estas palavras resumem o evangelho de Cristo: perdo de pecados pelagraa ilimitada de Deus, por causa de Jesus Cristo. Portanto, todoaquele que imagina que Cristo um novo legislador e que nos trouxenovas leis, anula toda a religio crist.

    A religio crist diz: "Voc um pecador perdido e condenado;voc no pode ser seu prprio Salvador. Mas no desespere por causadisso. H algum que obteve salvao para voc. Cristo abriu as portasdo cu para voc e o convida: Venha, porque tudo j est preparado.Venha para as bodas do Cordeiro". Essa tambm a razo por queCristo diz: "Eu curo os doentes, no os sos. Eu vim para buscar e

    salvar o perdido. Eu no vim para chamar justos, mas pecadores aoarrependimento".

    Por toda parte, vemos o Senhor Jesus rodeado de pecadores, sob aespreita dos fariseus. Pecadores famintos e sedentos esto a sua voltaApesar da majestade divina que emana dele, eles no receiamaproximar-se dele; eles confiam nele. Os fariseus repreendem-noseveramente: "Este homem recebe pecadores e come com eles". E oSenhor ouve essa reprimenda. Ele confirma a veracidade da censuradeles, dando continuidade ao censurada, como que querendo dizer:"Sim, eu quero pecadores ao meu redor"; e ento ele passa a demons-trar isso, contando a parbola da ovelha perdida. O pastor ajunta aovelha perdida, no importando quo ferida e machucada ela esteja.Ele coloca-a sobre os ombros e, cheio de jbilo, leva-a de volta aocurral. O Senhor, igualmente, explica seu modo de agir atravs damoeda perdida. A mulher procura a moeda perdida por toda a casa, atmesmo na imundcie. Quando ela a encontra, chama as amigas,dizendo: "Alegrem-se comigo, porque achei a minha moeda perdida" .Finalmente, o Senhor acrescenta a parbola do filho prdigo. Demaneira prtica, ele diz: "Aqui vocs tm minha doutrina. Eu vim parabuscar e salvar o perdido".Se voc examinar toda a vida de Jesus, notar que ele no se apresentacomo um filsofo orgulhoso nem como um moralista, rodeado porheris na prtica de virtudes, aos quais ele ensina como podemalcanar o mais alto estgio da perfeio filosfica. No, elecaminha em busca de pecadores perdidos e no receia dizer aos

    arrogantes fariseus que as meretrizes e publicanos os precedem noreino de Deus. Assim ele nos mostra claramente em que consisteseu evangelho.

    Por diversas vezes, em suas confisses, os papistas afirmam queCristo revelou muitas leis que eram desconhecidas a Moiss. Porexemplo, a lei do amor aos nossos inimigos; a lei que no se devebuscar vingana pessoal; a lei de no exigir de volta o que nos foitirado, etc. A tudo isso os papistas denominam de "novas leis". Issoest errado; pois mesmo Moiss j disse: "Amars o Senhor teuDeus de todo o teu corao, de toda a tua alma, e de toda a tuafora" (Dt 6.5) e "Amars a teu prximo como a ti mesmo" (Lv19.18). Assim sendo, Cristo no ab-rogou essa lei de Moiss, nempromulgou quaisquer novas leis. Ele apenas esclareceu o sentidoespiritual da lei. Pois afirma em Mateus 5.17: "No penseis quevim revogar a lei ou os profetas; no vim para revogar, vim paracumprir". Isso significa que ele no veio para promulgar novas leis,mas para cumprir a lei em nosso lugar, de modo a podermos usu-fruir desse cumprimento.

    {Cristo no veio para promulgar novas leis, mas para cumprir alei em nosso lugar, de modo a podermos usufruir dessecumprimento.}

    Jesus no se apresenta... como um moralista, rodeado de herisna prtica de virtudes... assim ele nos mostra claramente em que

    consiste o evangelho

    6TESEEm segundo lugar, a palavra de Deus no aplicada

    corretamente, quando a lei deixa de ser pregada em todo o seu rigore o evangelho, em toda a sua doura; quando ao contrario,componentes do evangelho so adicionados pregao da lei, ecomponentes da lei so adicionados ao evangelho.

  • 7/28/2019 Livro Lei e Evangelho

    15/75

    { de pouca relevncia desver a f e os seus processos. Antes preguede modo que as pessoas se apegue a Jesus com consolo e alegria. Af esse apegar-se.

    Confundem-se lei e evangelho, quando elementos que so prpriosdo evangelho so adicionados pregao da lei e vice-versa.Examinemos o testemunho da Escritura a respeito desta questo.Inicialmente, o que diz ela a respeito da lei? De que maneirademonstra ela que no devemos adicionar nenhum ingredienteevanglico pregao de lei?

    {A f que cr no pode estar divorciada da f na qual se cr. A fconfiana no existe sem a pregao do evangelho, indica o objetivo

    da f. Pregao que no visa a esta confiana, no pregaocrist.}

    Glatas 3.11 ,12: E evidente que, pela lei, ningum justificado diante de Deus, porque ojusto viver pela f. Ora, a leino procede de f, mas: Aquele que observarosseus preceitos porele viver. O homem justificado diante de Deus pela f somente. Alei a ningum pode justificar pelo simples fato de no conhecer nada arespeito de f justificadora e salvadora. Essa informao est contidaapenas no evangelho. A lei nada sabe a respeito da graa salvadora.

    Romanos 4.16:Essa a razo por que provm da f, para queseja segundo a graa, afim de que seja firme a promessa para todadescendncia, no somente ao que est no regime da lei, mas

    tambm ao que da f que teve Abrao (porque Abrao pai detodos ns.) A f exigida de ns, no em virtude do fato de haver aomenos uma pequena obra que nos compete realizar. Se o caso fosseesse, no haveria diferena entre os que vo para o inferno e os quevo para o cu. No; a justificao provm da f, para que ela sejasegundo a graa. Ambas as afirmaes se equivalem. Se eu digo: "Ohomem justificado diante de Deus pela f", isso equivale a dizer:"Ele justificado gratuitamente, segundo a graa, atravs do presenteda justificao que Deus lhe d". Nada se exige do homem; apenas lhe dito: "Apegue-se ao que lhe oferecido e voc o ter". A f esseapegar-se. Vamos supor que uma pessoa nunca tenha ouvido algo arespeito da f. Entretanto, ao ouvir o evangelho, ela se alegra, aceita-o,deposita sua confiana nele, consola-se em suas palavras. Essa pessoa

    tem a f verdadeira, genuna, apesar de nunca ter ouvido uma palavrasequer a respeito da f.{A f esse apegar-se. Vamos supor que uma pessoa nunca

    tenha ouvido algo a respeito da f. Entretanto, ao ouvir oevangelho, ela se alegra, aceita-o, deposita sua confiana nele,consola-se em suas palavras. Essa pessoa tem a f verdadeira,genuna, apesar de nunca ter ouvido uma palavra sequer arespeito da f.

    Nenhum elemento do evangelho deve, por conseguinte, sermisturado com a lei. Todo aquele que explica a lei, introduzindonela a graa, o Deus gracioso, amvel e paciente, deturpa-avergonhosamente. necessrio que o pregador anuncie a lei de talmaneira, que ela no contenha nada de agradvel aos ouvidos dos

    pecadores perdidos e condenados. Qualquer ingrediente adocicadoque se adicione lei, veneno; neutralizar o efeito desse remdiocelestial.

    Mateus 5.17-19: No penseis que vim revogar a lei ou osprofetas; no vim para revogar, vim para cumprir. Porque emverdade vos digo: at que o cu e a terra passem, nem um i ouum tiljamais passar da lei, at que tudo se cumpra. Aquele,

    pois, que violar um destes mandamentos, posto que dos menores,e assim ensinar aos homens, ser considerado mnimo no reinodos cus; aquele, porm, que os observar e ensinar, esse serconsiderado grande no reino dos cus. Ao pregar a lei voc deveter em mente que ela no faz concesso de espcie alguma.

    completamente alheio natureza da lei fazer concesses, sercondescendente; ela apenas faz exigncias. A lei diz: "Voc devefazer isto; se deixar de faz-lo, de nada lhe adiantar a pacincia,

    bondade e longanimidade de Deus; voc invariavelmente ir para aperdio". Visando a deixar isso bem claro ante os nossos olhos, oSenhor diz: "Aquele, pois, que violar um destes mandamentos, postoque dos menores, e assim ensinar aos homens, ser considerado o

  • 7/28/2019 Livro Lei e Evangelho

    16/75

    mnimo no reino dos cus". Isto no significa que lhe ser destinadoo lugar mais baixo no cu, mas, sim, que ele, de maneira nenhuma,

    pertence ao reino dos cus.Glatas 3.10: Todos quantos, pois, so das obras da lei esto

    debaixo de maldio; porque est escrito: Maldito todo aqueleque no permanece em todas as causas escritas no livro da lei,

    para pratic-las. Se, ao estimular as pessoas prtica de boas obras,voc, para consol-las, fizer a seguinte observao: "Na realidade,voc deveria ser perfeito; entretanto, Deus no exige o impossvel dens. Dada a sua fraqueza, faa o quanto puder; o que vale asinceridade de sua inteno!" - se voc fizer isso, estar pregando umadoutrina condenvel; voc estar deturpando a lei de modovergonhoso. No Sinai, Deus nunca se expressou em termossemelhantes.

    Romanos 7.14: Porque bem sabemos que a lei espiritual; eu,todavia, sou carnal, vendido escravido do pecado. Ao pregar alei, absolutamente necessrio que um pregador esteja consciente dofato de que a lei espiritual; ela age sobre o esprito, no sobre algummembro do corpo; tem em mira o esprito do homem, sua vontade,seu corao, seus sentimentos. desse modo que ela age e nodiferentemente.

    Uma correta pregao da lei deve enquadrar-se dentro dasseguintes exigncias: No se devem atacar os vcios abominveis

    que se manifestam desenfreadamente na congregao, empregandouma linguagem bombstica. O incessante "trovejar" de nadaadiantar. possvel que as pessoas abandonem as prticasrecriminadas, mas, aps duas semanas, tero retomado ao mesmocaminho. Vocs devem, de fato, denunciar as transgresses contraos mandamentos de Deus com seriedade, mas igualmente devemdizer ao povo: "Mesmo que vocs abandonem seu constanteamaldioar, jurar, etc., isso no os tomar cristos. Vocs podem ir perdio assim mesmo. Deus se preocupa com atitude seuscoraes".

    {A lei modifica comportamentos, mas no conquista oscoraes. Por isto a pregao legalista que modifica

    comportamentos no visa ao objetivo da pregao crist.}Romanos 3.20: Visto que ningum ser justificado diante delepor obras da lei, em razo de que pela lei vem o plenoconhecimento do pecado. Deus no deu a lei para que vocs tomemas pessoas justas atravs dela. A lei no justifica ningum; mas,quando ela comea a agir efetivamente, o indivduo que objetodesta ao passa a revoltar-se e enfurecer-se contra Deus.

    Atravs do espetculo no monte Sinai, Deus nos ensinou comodevemos pregar a lei. claro que no podemos reproduzir ostroves e relmpagos daquele dia, a no ser espiritualmente. Seprocedermos assim, nosso sermo ser benfico. Poder havermuitos dentre os ouvintes que chegaro seguinte concluso: "Seeste homem est falando a verdade, ento eu estou perdido."

    Alguns, na verdade, podero argumentar, dizendo que noconvm que um pregador do evangelho pregue nestes termos. Mas este o caminho que ele deve seguir; ele no seria pregadorevanglico, caso no pregasse a lei. Se a lei no preceder oevangelho, este no ter efeito. Em primeiro lugar, vem Moiss,depois Cristo; ou: Em primeiro lugar Joo Batista, o precursor,ento Cristo. A princpio, as pessoas diro: "Isto simplesmenteterrvel!" Mas segue-se logo a pregao do evangelho e, ento, aspessoas se animam. Elas compreendem o porqu do pregador ao seexpressar daquela maneira: pretendia mostrar-lhes o quomanchados de pecado eles estavam e o quanto necessitavam doevangelho.

    7TESEEm terceiro lugar, a palavra de Deus no aplicada

    corretamente, quando o evangelho pregado antes da lei; asantificao antes da justificao; a f antes do arrependimento; asboas obras antes da graa.

    A palavra de Deus empregada erroneamente, quando as

  • 7/28/2019 Livro Lei e Evangelho

    17/75

    diversas doutrinas so apresentadas fora da seqncia correta;quando algo que deveria vir por fim colocado no princpio. Soquatro as seqncias incorretas que podem surgir.

    {No podes pensar que dividiste corretamente a lei eevangelho, se anunciaste a Lei em uma parte e o Evangelho naoutra parte. Tal diviso topografia intil. Ambas podem estarna mesma frase. Mas a impresso que fica no ouvinte dever serlei ou evangelho (Proper Distinction. P.25)

    Em primeiro lugar, inverte-se a ordem, quando se prega oevangelho antes da lei.

    Marcos 1.15: Dizendo: O tempo est cumprido, e o reino deDeus est prximo; arrependei-vos e crede no evangelho. O"arrependei-vos" , sem dvida alguma, uma palavra da lei. Napregao de nosso Senhor, esta palavra vem em primeiro lugar,seguida pelo resumo do Evangelho: "Crede no evangelho".

    Atos 20.21: Testificando tanto a judeus como a gregos oarrependimento para com Deus e a f em nosso Senhor Jesus[Cristo]. O apstolo pregou, em primeiro lugar, o arrependimento edepois a f; primeiramente a lei, ento o evangelho.

    Nosso Senhor disse que em seu nome se deveria pregararrependimento para remisso de pecados a todas as naes,comeando em Jerusalm. O Senhor no mudou a ordem divinapara: "Perdo de pecados e arrependimento". A seqncia que eleindica "arrependimento e perdo de pecados".

    O segundo caso em que se perverte a ordem correta acontece,quando a santificao da vida pregada antes da justificao, amensagem do perdo de pecados. Sim, justificao pela graa no outra coisa seno perdo de pecados. Sou justificado no momentoem que me aproprio da justia de Cristo.

    {Quando Walter sublinha esta ordem, no se refere a umaseqncia mecnica mas aos princpios que legitimam a oferta ea f na oferta de Deus. Visa a que o ouvinte no recolha aimpresso de que a f pode existir sem contrio earrependimento, ou de que contrio e arrependimento seriam amanifestao mais legtimas de f, ou de que a obedincia a leis

    seja a condio para que Deus aprove a f} Salmo 130.4: Contigo, porm, est o perdo, para que te

    temam. Na verdade, o salmista est querendo dizer para Deus:"Primeiro precisas dar-nos teu perdo; depois disto passaremos areverenciar-te atravs de uma vida nova, uma vida santificada".

    Salmo 119.32: Percorrerei o caminho dos teus mandamentos,

    quando me alegrares o corao .Em primeiro plano, est o consolode Deus, a justificao, o presentear do perdo ao pecador, aremisso dos pecados. Depois de tudo isso, o salmista espera"percorrer o caminho dos mandamentos de Deus".

    1 Corntios 1.30: Mas vs sais dele, em Cristo Jesus, o qual senos tornou da parte de Deus sabedoria, e justia, e santificao, e

    redeno. A primeira coisa necessria que alcancemos sabedoria,conhecimento do caminho da salvao. Esse o primeiro passo. Aisso segue-se a justia, a qual obtemos pela f. Apenas depois dajustificao que vem a santificao. Preciso, antes de mais nada,saber que Deus perdoou os meus pecados, para que esse fato me da verdadeira alegria de viver uma vida santificada. Antes disso,uma grande carga pesava sobre mim. A princpio, eu estava furiosocom Deus; eu o odiava por exigir tanto de mim. Meu desejo era terpodido destron-lo. Meu pensamento era que seria melhor mesmo,se Deus no existisse. Mas quando ele me perdoou e declarou justo,eu me alegrei, no somente por causa do evangelho, masigualmente por causa da lei.

    {Antes de mais nada, sabe que Deus perdoou os meuspecados, para que esse fato me d a verdadeira alegria de viveruma vida santificada.}

    Joo 15.5: Eu sou a videira, vs, os ramos. Quem permaneceem mim, e eu, nele, esse d muito fruto; porque sem mim nadapodeis fazer. A vontade do Senhor que estejamos enxertados nelecomo os ramos esto na videira. Isto significa que cremos nele de

  • 7/28/2019 Livro Lei e Evangelho

    18/75

  • 7/28/2019 Livro Lei e Evangelho

    19/75

    misericrdias de Deus, se conduzissem como convm a cristos.Santificao genuna aquela que segue a justificao; jus-

    tificao genuna aquela que vem depois do arrependimento.Os apstolos no emitiam ordens e no ameaavam

    quando seus mandados eram desconsiderados... apelavam erogavam a seus ouvintes... pelas misericrdias de Deus.

    8TESEEm quarto lugar, a palavra de Deus no aplicada

    corretamente, quando a lei pregada aos que j esto

    atemorizados em relao a seus pecados, ou quando o evangelho pregado aos que vivem tranquilamente em seus pecados.1 Timteo 1.8-10 e Isaas 61.1-3 Sabemos, porm, que a lei

    boa, se algum dela se utiliza de modo legtimo, tendo em vista queno se promulga lei para quem justo, mas para transgressores erebeldes, irreverentes e pecadores, mpios e profanos, parricidas ematricidas, homicidas, impuros, sodomitas, raptores de homens,mentirosos, perjuros e para tudo quanto se ope s doutrina.

    {Onde est escrito que todos devem ter o mesmo grau decontrio?}

    O Esprito do SENHOR Deus est sobre mim, porque oSENHOR me ungiu para pregar boas-novas aos quebrantados,enviou-me a curar os quebrantados de corao, a proclamarlibertao aos cativos e a pr em liberdade os algemados; aapregoar o ano aceitvel do SENHOR e o dia da vingana donosso Deus; a consolar todos os que choram e a pr sobre os queem Sio esto de luto uma coroa em vez de cinzas, leo de alegria,em vez de pranto, veste de louvor, em vez de esprito angustiado;afim de que se chamem carvalhos de justia, plantados peloSENHOR para a sua glria. Os textos deixam claro que, de acordocom a palavra de Deus, nem um pingo de consolo evanglico deve serdado queles que vivem tranqilamente em seus pecados. Por outrolado, os de corao abatido no devem ouvir uma ameaa ou censurasequer, seno apenas as promessas, o consolo e a graa, o perdo depecados e a justia, vida e salvao.

    Esse tambm era o modo de proceder de nosso Senhor. Certaocasio, aproximou-se dele uma mulher "pecadora" (Lc7 .37) que, sobo olhar dos orgulhosos fariseus, se ajoelhou e, com suas lgrimaslavou os ps do Senhor, enxugando-os com seus prprios cabelos. Elaestava arrasada. No havia ningum que a consolasse. Mas, ela veio aJesus, pois reconhecera nele a fonte de toda a graa. O Senhor, demaneira alguma, repreendeu-a por causa de seus pecados - no, nolhe disse uma s palavra de censura. Simplesmente disse-lhe: "Teuspecados esto perdoados". Em outra ocasio, semelhante a esta, eledespediu a mulher culpada, assegurando-lhe: "Nem eu tampouco tecondeno", acrescentou a breve admoestao: "Vai, e no peques mais".

    {A mulher pecadora veio a Jesus porque ele se mostravacomo fonte de toda a graa e ela o reconhecera como fonte de toda a

    graa e ela o reconhecera como fonte de toda a graa. E Jesus no odecepcionou.}

    Com Zaqueu, o procedimento do Senhor foi idntico. Zaqueuchegara concluso de que precisava mudar, que ele no poderiacontinuar levando aquela vida pecaminosa. Ao saber que o Senhorpassaria pela circunvizinhana, ele subiu a um sicmoro, pois desejavaver este santo homem de perto. Olhando para cima, o Senhor disse-lhe:"Zaqueu, desce depressa, pois me convm ficar hoje em tua casa".Zaqueu certamente esperava que o Senhor fizesse um relatriocompleto de seus pecados e lhe mostrasse todo o mal que haviapraticado. Mas Jesus no fez nada disso. Ao contrrio, na casa deZaqueu, ele afirmou: "Hoje houve salvao nesta casa, pois que tam-bm este filho de Abrao". Zaqueu, por sua vez, diz: "Senhor,

    resolvo dar aos pobres a metade de meus bens; e, se nalguma cousatenho defraudado algum, restituo quatro vezes mais". O Senhor noexigiu que ele fizesse isso. Sua prpria conscincia, primeiramentedespertada, mas agora j tranqilizada, exigia que ele praticasse essegrande ato de generosidade para com os pobres.

    Esta mesma verdade ilustrada na parbola do filho prdigo. OSenhor nos apresenta o filho prdigo voltando casa de seu pai, de

  • 7/28/2019 Livro Lei e Evangelho

    20/75

    corao contrito, aps ter esbanjado tudo o que possua. Sem censuras,o pai recebe-o de volta, dizendo: "Comamos e regozijemo-nos, porqueeste meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado".Houve um banquete, e no se disse uma s palavra de repreenso.

    {O evangelho no est somente nas palavras. A palavra doevangelho est tambm, no ambiente que o pai criou e no qualrecepciona o filho.}

    Atitude idntica o Senhor conserva mesmo estando pregado cruz.A seu lado, est crucificado um homem que levara uma vida infame. Opaciente padecer de Cristo faz com que reconhea: "Ns, na verdade,com justia, recebemos o castigo que os nossos atos merecem; mas

    este nenhum mal fez". Ento, dirigindo-se a Jesus, ele acrescenta:"Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino". Ele reconheceque Jesus o Messias. E convm notar que o Senhor no lherespondeu: "O qu?! Lembrar-me de ti? Tu que fizeste tanta coisaerrada?" No, o Senhor em absoluto lhe apresenta seus pecados. Eleapenas diz: "Hoje estars comigo no paraso".

    Atravs disso, o Senhor nos ensina como devemos agir ao termosdiante de ns um pecador arrasado, contrito, aterrorizado em relao aseus pecados. Mesmo que sua vida passada seja totalmente reprovvel,no se deve perder tempo com censuras e reprimendas; deve-se, istosim, perdoar e consolar. Quem age assim, demonstra que sabediferenciar lei e evangelho.

    {Mesmo que a vida passada de algum que busca perdoseja totalmente reprovvel, no se deve perder tempo comcensuras e reprimendas; deve-se, isto sim, perdoar e consolar.}

    O procedimento dos apstolos era idntico ao do Senhor Jesus.Basta que se relembre a histria do carcereiro de Filipos. Ocarcereiro estava a ponto de suicidar-se, quando Paulo bradou emvoz alta: "No te faas nenhum mal, que todos estamos aqui".Durante toda a noite, ele tivera a oportunidade de ouvir Paulo eSilas cantando louvores a Deus e isso, sem dvida, deu-lhe um bomconhecimento. Ao ouvir o grito de Paulo, ele veio e, trmulo,prostrou-se diante de Paulo e Silas, dizendo:"Senhores, que devo fazer para que seja salvo?" E a resposta no

    que deve fazer primeiramente isto ou aquilo, ou ento, que devesentir-se contrito. No;'eles apenas respondem: "Cr no SenhorJesus, e sers salvo, tu e tua casa". Pura e simplesmente convidam-no a aceitar a misericrdia de Deus; porque a f no outra coisaseno a aceitao da graa de Deus.

    {O publico alvo no culto no so os endurecidos ouindiferentes, mas os que querem crescer na f e no amor. De talmaneira que tanto os fariseus (que se louvam de suas obrasquanto os incrdulos e debochados se sintam excludos doconsolo enquanto no houver mudana de mentalidade}

    A segunda parte da tese afirma que a palavra de Deus aplicadaerroneamente, quando se prega o evangelho queles que vivemtranqilamente em seus pecados.

    Este erro to grave quanto o primeiro. Se eu ofereo o consolodo evangelho a pecadores impassveis em seus pecados, ou ento,se eu prego de uma maneira tal que esses pecadores podemconcluir que o consolo do evangelho se dirige a eles, isto implicaum dano incalculvel. O evangelho no se dirige a pecadorestranqilos em seus pecados. claro que no podemos impedir queeles compaream a nossos cultos e ouam o evangelho. Este fatono pode fazer com que o pregador deixe de apresentar o confortodo evangelho em toda a sua doura. Ele deve faz-lo; contudo, deuma maneira tal que os pecadores endurecidos compreendam queesse conforto no para eles. A prpria maneira como o pregadorapresenta sua mensagem deve tornar isso claro.

    {A presena de pecadores endurecidos no pode fazer comque o pregador deixe de apresentar o conforto do evangelho emtoda a sua doura. Ele deve faze-lo.}

    Mateus 7.6: No deis aos ces o que santo, nem lancei ante osporcos as vossas prolas, para que no as pisem com os ps e,voltando-se, vos dilacerem. O que se entende por "c que santo"?Nada mais, nada menos do que a palavra de Cristo. O que se

  • 7/28/2019 Livro Lei e Evangelho

    21/75

    entende por "prolas"? o consolo do evangelho, sua mensagemque anuncia a graa, a justia e a salvao. Os ces, isto , osinimigos do evangelho, no devem ouvir nada a respeito disso. Nemtampouco os porcos, ou seja, aqueles que querem permanecer em seuspecados e procuram seu cu e sua felicidade em meio imundcie deseus pecados, devem ouvir a mensagem do evangelho.

    Isaas 26.10: Ainda que se mostre favor ao perverso, nem porisso aprende a justia; at na terra da retido ele cometeiniqidade e no atenta para a majestade do SENHOR. pra-ticamente intil oferecer misericrdia aos mpios Eles pensam, ou queno necessitam dela, ou ento que j a tm em sua plenitude. Osinsignificantes pecados que cometeram j lhes foram perdoados hmuito, dizem eles. A uma pessoa dessa espcie no se deve pregar oevangelho. No devo oferecer-lhe misericrdia - e o evangelho no outra coisa seno este oferecer da misericrdia - porque de nada lheadianta. O indivduo sem Deus, que insiste em permanecer nos seuspecados, "no atenta para a majestade do Senhor". Ele no percebe ogrande tesouro que lhe est sendo oferecido. Ele simplesmente nocompreende a doutrina da salvao por graa; ou ele a despreza, ouento emprega-a tremendamente mal. Ele raciocina: "Se verdadeque, para ser salvo, basta ter f, ento os meus pecados tambm estoperdoados. Posso continuar levando esta minha vida e, mesmo assim,ir para o cu. Eu tambm creio em meu Senhor Jesus Cristo".

    {Os mpios, ou fariseus, so aqueles que, seguros de sua f e dassua interpretao da vontade de Deus, manifestam desprezo pelamensagem de Deus tal como era demonstrado por Jesus no seu tratocom os pecadores.}

    Nossa pregao deve seguir o padro que encontramos, emprimeiro lugar, na pregao de Cristo. Examinando sua conduta,observamos que toda vez que se deparava com pecadores tranqilosem seus pecados, - e os fariseus de seu tempo certamente o eram - eleno tinha nem um pingo de conforto a dar. Sua atitude para os fariseusfoi esta: denominou-os de serpentes e raas de vboras; pronunciouuma srie de dez "ais" contra eles; revelou sua abominvel hipocrisia;apontou-lhes a perdio e disse que no escapariam da condenaoeterna. Apesar de saber que seriam precisamente esses que o pregari-

    am cruz, ele, sem vacilar, disse-lhes a verdade. Convm que ospregadores se dem conta disso. Mesmo sabendo, de antemo, que suasorte no ser nada diferente da do Senhor Jesus, eles devem pregar alei em todo o seu rigor aos pecadores impassveis, indiferentes,hipcritas e inimigos. Toda vez que o pregador tiver, diante de si, estaclasse de pessoas, ele no pode pregar outra cousa que no seja a lei.Alm disso, quando o pregador fala para uma multido, ele devedeixar claro que aquilo que ele diz no se aplicaindiscriminadamente a todos, mas sim queles que confiam najustia prpria e, ainda assim, querem o evangelho para si.

    verdade que o Senhor afirma: "vinde a mim, TODOS;"contudo, ele imediatamente acrescenta: "os que estais cansados esobrecarregados". Com isso, ele deixa claro que no est

    convidando os pecadores impassveis.Certo dia, um jovem rico veio a Jesus, perguntando: "Bom

    Mestre, que farei eu de bom para alcanar a vida eterna?" Jesus,tendo rejeitado o ttulo pelo qual o jovem denominara, lanou-lhe odesafio: "Guarda os mandamentos". Quando o jovem perguntou"quais", Jesus passou a enumerar: "No matars, no adulterars,no furtars, no dirs falso testemunho, honra a teu pai e tua me,amars a teu prximo como a ti mesmo". O jovem replicou: "Tudoisso tenho observado: que me falta ainda?" E qual foi a resposta deJesus? Respondeu ele, por acaso, o que te falta a f!? No!Acontece que ele tinha pela frente uma pessoa infeliz, um pecadordespreocupado e que confiava na justia prpria. Por isso, Jesus

    no lhe prega nada do evangelho. Ele apenas diz, acertadamente:"Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, d aos pobres, eters um tesouro no cu; depois vem e segue-me". Ento oevangelho relata: "Tendo, porm, o jovem ouvido esta palavra,retirou-se triste, por ser dono de muitas propriedades". Ele retirou-se e sua conscincia certamente o acusava, dizendo: "Essa , defato, uma doutrina diferente da que eu conheo. O que este Jesus

  • 7/28/2019 Livro Lei e Evangelho

    22/75

    quer de mim eu no posso fazer. Estou por demais preso s minhaspropriedades. Se necessrio desfazer-me delas, ento no possosegui-lo. Longe de mim, perambular com ele, pas afora, feito ummendigo!" Sua conscincia certamente tambm lhe assegurou que,de acordo com ensino de Cristo, ele estava condenado, que seudestino era inferno. E essa era exatamente a reao que o Senhorintentara provocar no jovem. Esse episdio deve servir-nos deexemplo quanto ao modo de tratar aqueles que continuam despreo-cupados nos pecados e confiam na justia prpria.

    Os apstolos adotaram o mesmo mtodo de seu Senhor. Em

    primeiro lugar, pregavam a lei energicamente, a ponto de calarfundo no corao de seus ouvintes.Em seu primeiro sermo proferido no dia de Pentecostes, Pedro

    assegura a seus ouvintes que todos eles tm culpa da morte deCristo. E estas palavras surtiram efeito. Atemorizados, elesperguntaram: "Que faremos, irmos?" Pedro responde:"Arrependei-vos, e cada um de vs seja batizado em nome de JesusCristo para a remisso dos vossos pecados". Pedro anuncia oevangelho e garante que para seus pecados tambm h perdo,mesmo para os mais repugnantes. Os apstolos procediam assimem toda a parte, no apenas em Jerusalm, mas tambm em Atenas,Corinto, feso, etc. Aonde quer que fossem, em primeiro lugar,pregavam o arrependimento e, ento, a f. Eles estavam certos deque em toda a parte, via de regra, havia diante deles pecadoresimpassveis, ou seja, pessoas que ainda no tinham reconhecido suamiservel situao de pecadores. Eles, entretanto, no somentepregavam a lei em todo o seu rigor aos que nada conheciam dereligio crist; pregavam-na, tambm, queles que se consideravamcristos e, mesmo assim, viviam tranqilamente em seus pecados.

    Os dois ltimos captulos da segunda Carta aos Corntios soum notvel exemplo deste modo de proceder dos apstolos. O santoApstolo escreve: "Temo, pois, que, indo ter convosco, no vosencontre na forma em que vos quero, e que tambm vs me acheisdiferente do que esperveis, e que haja entre vs contendas, invejas,iras, porfias, detraes, intrigas, orgulho e tumultos". O apstolo

    est dizendo: "Vocs imaginam que eu v e lhes pregue oevangelho. Mas, vocs vo se surpreender com o que vou pregar,quando for visit-los". Ele no diz que vai pregar contra pecadostais como travessuras, prostituio, roubo, blasfmia, assassinato;ele vai atacar, isto sim, aqueles pecados que, mesmo hoje, aindainfestam as congregaes crists, especialmente a hipocrisia. Eleprossegue no versculo 21: "Receio que, indo outra vez, o meuDeus me humilhe no meio de vs, e eu venha a chorar por muitosque outrora pecaram e no se arrependeram da impureza, prosti-tuio e lascvia que cometeram". Presentemente, eles no estavamvivendo em prostituio e impureza, mas esta havia sido a sua vidapassada. Eles se tornaram cristos atravs de uma mera convico

    intelectual. Faltava-lhes o verdadeiro arrependimento de seuspecados. Professavam seu cristianismo com os lbios; faltava-lhes af no corao. Ainda no haviam sido regenerados e renovadospelo Esprito Santo. O apstolo continua: "Esta a terceira vez quevou ter convosco. Por boca de duas ou trs testemunhas toda questoser decidida. J o disse anteriormente, e tomo a dizer, como fizquando estive presente pela segunda vez; mas agora, estando ausente,o digo aos que outrora pecaram, e a todos os mais, que, se outra vezfor, no os pouparei" (2 Co 13.1,2).

    Esse um magnfico exemplo a ser seguido pelo pregador.Quando as pessoas se entregam prtica de toda a sorte de pecados ejulgam que todos devem consider-las fiis cristos, desde quevenham aos cultos e participem da Santa Ceia, ento o pastor precisa

    chegar seguinte concluso: "Est mais do que na hora de pregar-lhesa lei, para que no suceda que, enquanto eu vivo despreocupado, meusouvintes rumem para o inferno e no ltimo Dia me acusem, dizendoque sou o culpado pelo fato de eles agora terem de sofrer o tormentoeterno".

    {Quando as pessoas se entregam pratica de todasorte de pecados e julgam que todos devem considera-los

  • 7/28/2019 Livro Lei e Evangelho

    23/75

    fiis cristos, desde que venham aos cultos e participemda Santa Ceia, isto no pode ser ignorado no sermo.}

    Paulo no eliminou a possibilidade de, reassumindo o trabalho nacongregao de Corinto, ainda encontrar membros impenitentes emseu meio, o que tornaria imperioso que ele os despertasse. Pouco lheimportava se sua atitude pudesse despertar oposio e inimizade daparte do povo, numa poca pag e sodomita como aquela. Ele avisaque no vai poup-los. Procuraria fazer com que compreendessemque estavam destinados para a condenao eterna, caso no houvessearrependimento. Ele iria censur-los por pretenderem serconsiderados cristos, apesar de ainda continuarem a pecar contra sua

    conscincia.Assim sendo, no podemos pregar o evangelho aos pecadores

    endurecidos; devemos, isto sim, anunciar-lhes a lei. Se quisermoslevar nossos ouvintes para o cu, necessrio que, em nossa pregao,primeiramente os conduzamos numa viagem atravs do inferno. Nossapregao deve levar os ouvintes morte, para que possam receber vidaatravs do evangelho. Em primeiro lugar, precisam ser levados a dizerde corao: "Eu sou uma pessoa perdida e condenada", para que, de-pois disso, sejam levados pelo evangelho a clamar com jbilo: "Quepessoa feliz que sou!" Primeiramente a lei deve reduzi-los a nada, paraque, atravs do evangelho, possam ser algo para a glria da graa deDeus.

    {Em primeiro lugar, precisam ser levados a dizer de corao:

    Eu sou um pessoa perdida e condenada, para que depois disso,sejam levados pelo evangelho a clamar com jbilo: Que pessoafeliz que sou!}

    9TESEEm quinto lugar, a palavra de Deus no aplicada

    corretamente, quando, ao invs da palavra e dos sacramentos, seindica o caminho das oraes e lutas com Deus aos pecadoresque foram atingidos e atemorizados pela lei, para que dessamaneira, alcancem o estado da graa. Em outras palavras:quando lhes dito que devem permanecer em orao e luta atsentirem que Deus os recebeu em sua graa.

    Convm que examinemos alguns exemplos da Escritura Sagradapara que, deste modo, sejamos certificados por Deus quanto maneiracorreta de aplicar (bem) a palavra, bem como para fazer frente aoserros mencionados nesta tese. Volvamos nossa ateno para osapstolos de Cristo que, certamente souberam aplicar a palavra deDeus corretamente, bem como indicar o caminho certo aos pecadoresatemorizados que estavam em busca de sossego, paz e certeza de quese achavam no estado da graa, com Deus.

    Atos 2: To logo as palavras do apstolo tinham surtido efeito nocorao das pessoas, elas "perguntaram a Pedra e aos demaisapstolos: Que faremos, irmos?"

    Pedro respondeu-lhes: "Arrependei-vos, e cada um de vs sejabatizado em nome Cristo para a remisso dos vossos pecados".

    Metanote (arrependei-vos) significa: "Mudai de mentalidade". Refere-se, obviamente, assim denominada segunda parte do arrependimento,isto , refere-se f. A expresso "arrependei-vos" uma sindoque,isto , uma figura de linguagem em que se menciona o todo, oarrependimento, querendo indicar apenas uma parte, a f. Isto porque alei j surtira efeito nesses ouvintes; faltava-lhes apenas a f. Logo, noera a inteno de Pedro levar essas pessoas salvao atravs de umsentimento de angstia, agonia e terror maior ainda do que aquele queestavam experimentando. Seus coraes tinham sido quebrados e, comisso, ele se deu por satisfeito. Essas pessoas estavam preparadas paraouvir o evangelho e receb-lo em seus coraes. Por esse motivo, oapstolo diz: "vocs precisam mudar de mentalidade e crer no evange-lho do crucificado; abandonem todos os seus erros passados e se

    deixem batizar imediatamente em nome de Jesus Cristo para o perdodos pecados".

    {Para aqueles que tm conscincia dos prprios erros ebuscam perdo, a pregao de arrependimento tem o sentido deconfiem, acreditem no perdo, busquem consolo na docemensagem do evangelho.}

    Este foi o nico pedido que o apstolo fez a seus ouvintes: que

  • 7/28/2019 Livro Lei e Evangelho

    24/75

    dessem ouvidos s suas palavras e buscassem consolo nesta docemensagem, nesta promessa do perdo dos seus pecados, de vida esalvao. Nada nos dito a respeito de medidas tais como as adotadaspelas seitas de nossos dias.

    Atos 16.26,27: "De repente, sobreveio tamanho terremoto, quesacudiu os alicerces da priso; abriram-se todas as portas,'soltaram-se as cadeias de todos. O carcereiro despertou do sonoe, vendo abertas as portas do crcere, puxando da espada, iasuicidar-se, supondo que os presos tivessem fugido". Caso osprisioneiros fugissem da priso, o carcereiro era consideradoresponsvel. Quando se tratava de indivduos realmente perigosos, ocarcereiro estava sujeito pena de morte. Tendo isso em mente, ocarcereiro de Filipos chegou concluso: J que de qualquer maneiraestou condenado morte, de que me adianta continuar vivendo? prefervel que eu mesmo d cabo da minha vida.

    "Mas Paulo bradou em alta voz: No te faas nenhum mal, quetodos aqui estamos!" (v. 28) Esse brado deve ter causado umatremenda impresso sobre o carcereiro!

    Os salmos que os apstolos haviam cantado, certamente, fizeram-no ver que se tratava de homens que queriam anunciar ao povo comoalcanar um destino feliz alm do Hades. Extremamente aterrorizado,ele suplica: "Senhores, que devo fazer para que seja salvo?" (v. 30) Seos apstolos tivessem sido entusiastas, fanticos, certamente teriam

    dito: "Meu caro amigo, isto no to simples assim. Para que umindivduo mpio, infame, como voc, possa ser salvo, necessrioque lhe prescrevamos uma complexa e demorada cura". Mas eles nodisseram nada disso.Viram no carcereiro uma pessoa pre parada paraouvir o evangelho. Ele era ainda to pago quanto tinha sidoanteriormente. Ele ainda no estava em condies de odiar o pecado.Ele no diz nada a respeito disto tudo. Tudo o que ele deseja escaparda punio do pecado e alcanar um feliz e abenoado destino ps-tmulo.

    {Ele era ainda to pg]ap quanto tinha sido anteriormente. Eleainda no estava em condies de odiar o pecado. Mesmo assim foirecebido na comunho da f.}

    Naquela mesma noite, o carcereiro foi convertido, recebeu a f e a

    certeza de que Deus o aceitara e estava reconciliado com ele. Tornou-se, assim, um filho amado de Deus.Que medidas tomaram os apstolos? Nada alm de anunciar-

    lhe o evangelho de modo incondicional. Sem impor condies deespcie alguma, eles lhe disseram: Cr no Senhor Jesus". Esse fatodemonstra o procedimento dos apstolos.

    Sempre que, atravs da palavra, a f tinha sido criada, imedia-tamente batizavam. Eles no disseram: "primeiramente precisamosadministrar-lhe um extensivo curso para que voc possa entendertodos os artigos da f crist de modo exato e em profundidade. Depoisdisso, voc passar por um perodo de experincia para vermos se voctem condies de ser um cristo realmente aprovado". Nada disso. Ocarcereiro quer ser batizado, porque sabe que, atravs do batismo, ele

    entrar no reino de Cristo: e ele foi batizado imediatamente.{Em outras palavras a congregao quando demora a dar aosseus novos membros certeza de que permanecem no corpo de Cristo,de que fazem parte de um grupo (Koinonia), torna-se culpado doafastamento dos mesmos.}

    Atos 22: Ananias no disse a Paulo: "Em primeiro lugar vocprecisa orar at sentir a graa internamente". No; ele disse apenas:"Agora que voc conheceu o Senhor Jesus, seu primeiro passo deve sero batismo para que sejam lavados os seus pecados. E ento invoque onome do Senhor Jesus". Esta a ordem salvfica correta: o homemsomente pode orar pela graa de Deus depois que ele j a recebeu.Antes disso, ele simplesmente no pode orar.

    Neste incidente nos apresentado o modo de agir do prprio

    Senhor. Este certamente deve saber como tratar com pobres pecadores.To logo Saulo estava atemorizado por causa de seus pecados, Jesustrouxe-lhe o seu consolo. Ele no exigiu que experimentasseprimeiramente toda sorte de sentimentos, mas, sim, imediatamenteanunciou-lhe a palavra da graa. Isso nos mostra como o verdadeiroministro de Cristo deve proceder quando tem por objetivo levar ospecadores, arrasados pela lei, certeza da graa de Deus em Cristo

  • 7/28/2019 Livro Lei e Evangelho

    25/75

    Jesus.{Pregao da lei que no visa a oferecer a certeza da graa de

    Deus de Cristo Jesus no tem funo espiritual.}O mtodo das seitas precisamente o inverso desse. verdade

    que elas tambm pregam a lei em primeiro lugar. Pregam-naenergicamente, o que est correto. O nico aspecto em que erram,nesta parte de sua pregao, diz respeito maneira como descrevemos tormentos infernais. Fazem-no de um modo to drstico que, aoinvs de tocar o fundo do corao, ativam a fantasia na imaginao doouvinte. Em geral, suas pregaes sobre a lei e suas terrveis ameaasso excelentes; falham apenas quanto ao no apresent-la em seu

    sentido espiritual. Ao invs de levarem seus ouvintes aoreconhecimento de que so pecadores miserveis, perdidos econdenados, merecedores do castigo eterno, levam-nos a umestado mental que os faz dizer: "No algo terrvel, ouvir Deusproferindo ameaas to horrorosas por causa do pecado?" Se,atravs da pregao da lei, voc no levar o homem a se desfazercompletamente do manto da justia prpria e declarar-se umacriatura miservel, um homem perverso, que a todo instante estpecando atravs de ms inclinaes, pensamentos, desejos,disposio de esprito e aspiraes de toda sorte, esteja certo deque voc no pregou a lei corretamente. Quem prega a lei devefazer com que a pessoa suspeite de si mesma constantemente, at a

    hora de sua morte, e confesse: "Eu sou uma criatura miservel! Obem que fao, na verdade algo que Deus realiza atravs de mim".Se o corao do indivduo no estiver neste estado, ele no estardevidamente preparado para receber o evangelho.

    Mas, a incorreta pregao da lei ainda no o aspecto maisnegativo nas seitas. O pior que elas deixam de pregar o evangelhoaos atemorizados e angustiados. Pensam que cometeriam o piorpecado, caso imediatamente apresentassem o consolo para taispessoas. Apresentam, ento, uma extensa lista de pr-requisitos quedevem ser cumpridos pela pessoa para orar, com que intensidadedeve lutar, contender e gritar at que finalmente possa dizer: Agorasinto que recebi o Esprito Santo e a graa divina" e ento se levante,

    gritando: "Aleluia!"{Erram aqueles que no apresentam lgo o consolo parapessoas angustiadas. Erram tambm ao lhe apresentar umaextensa lista de pr requisitos que, se possvel, devem sercumpridos pela pessoa para que ela seja recebida na graa e noconvvio pleno da igreja.}

    Esses sentimentos que se requerem podem, entretanto, ter umaorigem bem diversa da que eles imaginam. possvel que, aoinvs do testemunho do Esprito Santo, seja um efeito fsicoresultante da vigorosa mensagem do pregador. Isso ex plica por quemuitas pessoas das mais bem-intencionadas, que se tomaramcrentes, em determinado momento sentem que tmo Senhor Jesus e, logo depois, sentem que o perderam nova-mente; em determinado momento, imaginam que esto na graae, em seguida, afirmam que decaram da graa.

    {Vigorosa mensagem no sentido de empregar tcnica oumtodo de persuaso que anula ou intimida o ouvinte.Tambm se identifica como lavagem cerebral ou pressodo grupo de individuo, tcnicas estas largamente difundidashoje tambm me igrejas.}

    Esta prtica errnea resultante de trs terrveis equvocos:Primeiro: As seitas no crem nem ensinam a verdadeira ecompleta reconciliao entre Deus e o homem. Isto porque julgamque nosso Pai celeste um Deus extremamente rigoroso, que precisaser comovido atravs de amargos clamores, intercesses e lgrimas.

    Isso implica negar o mrito de Jesus Cristo que, h muito tempo,reconciliou o mundo com Deus, fazendo com que Deus agora tenhauma disposio favorvel para com os homens. Deus no deixa nadapela metade, inacabado. Em Cristo, ele ama todos os pecadoresindistintamente. Os pecados de todos os pecadores foram cancelados.Toda a dvida foi paga. No h nada que o pobre pecador tenha atemer, quando se aproxima de seu Pai celeste, com o qual est

  • 7/28/2019 Livro Lei e Evangelho

    26/75

    reconciliado por causa de Cristo.Entretanto, os homens imaginam que, depois que Cristo fez a sua

    parte, cumpre igualmente a ns realizar nossa parcela. Julgam que oesforo conjugado de Cristo e do homem que efetua a reconciliao.Para as seitas, reconciliao isto: o Salvador fez com que Deus semostrasse disposto a salvar os homens, desde que estes, por sua vez, sedemonstrem dispostos a serem reconciliados. Esse, contudo, umantievangelho. Deus est reconciliado! Por isso, Paulo roga que nosreconciliemos com Deus (2 Co 5.20). Isso equivale a dizer: Deus estreconciliado com vocs por causa de Jesus Cristo! Por isso, agarrem-se mo que o Pai celeste est estendendo. Alm disso, o apstolo

    declara: "Um morreu por todos, logo todos morreram" (2 Co 5.14).Isso vem a significar: Cristo morreu pelos pecados de todos oshomens; logo, a morte de Cristo como se todos os homens tivessemmorrido em pagamento do resgate de seus pecados. Por isso, da partedo homem nada se requer com vista reconciliao; Deus j estreconciliado. A justificao j uma realidade, no cabe ao homemtratar de consegui-la. Toda tentativa do homem, nesse sentido, umcrime horrendo, uma luta contra a graa, contra a reconciliao e aperfeita redeno do Filho de Deus.

    {O Antievangelho, armadilha sutil espreita de cada pregadortentando a avaliar as demonstraesde f de seus ouvintes nosermo.}

    Segundo: As seitas erram no que ensinam a respeito da f.Consideram o evangelho uma mera instruo que mostra ao homem oque deve fazer para que receba a graa de Deus. Isto est errado; oevangelho no outra coisa seno a mensagem de Deus ao homem,que diz: "Vocs foram redimidos de seus pecados; vocs estoreconciliados com Deus; seus pecados esto perdoados".

    {O evangelho a afirmao de Deus de salvao incondicionalque o pregador cristo deve aos que ouviram a lei.}

    Terceiro: As seitas erram no que ensinam a respeito da f.Consideram-na uma qualidade dentro do homem, que tem porobjetivo aperfeio-la. E pelo fato de a f aperfeioar, melhorar ohomem que eles a julgam to importante e salutar.

    evidente que no se pode negar que a f genuna transforma o

    homem completamente. A f faz com que o amor inunde o coraohumano. Onde h fogo, h calor; do mesmo modo, onde existe f, inevitvel que haja amor. Todavia, no esse aspecto da f que nosjustifica, que nos d o que Cristo j adquiriu para ns e que,portanto, j nosso, desde que seja aceito. Para a pergunta: "Quedevo fazer para que seja salvo?" a Escritura tem a seguinteresposta: "Voc deve crer; no resta nada que voc mesmo possafazer". Foi assim que o apstolo respondeu a essa pergunta. O queele disse ao carcereiro na realidade foi isto: "Nada lhe resta a fazerseno aceitar o que Deus fez por voc; voc vai receb-lo e seruma pessoa feliz" .

    {A f produz o amor. Mas no esse aspecto da f que nosjustifica, que nos d o que Cristo j adquiriu para ns e que,portanto, j nosso. As pessoas devem ser asseguradas da suapaz com Deus, no porque amam muito Deus, mas porqueconfiam no amor de Deus.}

    Nenhuma doutrina da Igreja Evanglica Luterana maisrepulsiva aos reformados do que a doutrina que afirma que a graade Deus, o perdo dos pecados, a justia diante de Deus, a salvaoeterna so obtidos exclusivamente atravs da confiana que ocristo deposita na palavra escrita, no batismo, na santa ceia e naabsolvio. Os reformados argumentam que este caminho para ocu por demais mecnico e, por isso, denunciam a doutrinaluterana. Eles dizem: "De que adianta comer e beber o sanguenatural de Cristo? O verdadeiro alimento que mata a fome e a

    verdadeira bebida que mata a sede da alma a verdade que desceudo cu". Por ltimo, dizem: "De que me adianta um homem mortal,pecador, que no pode sondar o meu corao, afirmar que meuspecados esto perdoados? Meus pecados somente so perdoados,quando o prprio Deus diz a meu corao que estou perdoado epermite que eu sinta essa verdade".

    Obatismo, segundo a Escritura Sagrada, no um mero lavar

  • 7/28/2019 Livro Lei e Evangelho

    27/75

  • 7/28/2019 Livro Lei e Evangelho

    28/75

    proclama de modo audvel na palavra. "Os sacramentos so apalavra visvel". O autor desse belo axioma Agostinho. Por essemotivo, quem deprecia e despreza os sacramentos, na verdade,est desprezando a prpria palavra. Ridiculariza a Deus, fazendocom que ele no passe de um inditoso mestre de cerimnias, quenos prescreveu toda sorte de pantomimas apenas para exercitarnossa f.

    As assim denominadas igrejas protestantes que se encontramfora do crculo da Igreja Evanglica Luterana, nada sabem doverdadeiro acesso ao perdo dos pecados que se d atravs da

    palavra e, de modo mais generalizado, atravs dos meios da graa.Isso se demonstra, em especial, no fato de rejeitarem a absolvioque o pastor anuncia em pblico e no aconselhamento pastoralprivado. Essas assim denominadas igrejas protestantes afirmamque, de todas as igrejas protestantes, a que menos foi reformada precisamente a Luterana. Isto porque, segundo eles, a IgrejaLuterana ainda conserva muito do fermento da Igreja Romana,sendo que o pior de tudo a absolvio.

    {Da mesma forma deve-se dize: O pregador luterano quesonega aos seus ouvintes, ou no recebe nesta graa, ampla,incondicional, esta induzindo o menosprezo a graa qual deveconduzir os seus ouvintes uma vez que tenha ouvido a lei deDeus.}

    Contudo, o que ns ensinamos completamente diferente doque aquilo que eles pensam. Ensinamos que "o ofcio das chaves o poder peculiar que Cristo deu sua igreja na terra, para perdoaros pecados aos pecadores penitentes e reter os pecados aosimpenitentes, enquanto no se arrependerem". Convm notar estafrase: "o poder peculiar que Cristo deu sua igreja!" Essas palavrasdeixam claro que este poder foi dado, no aos pregadores, mas,sim, igreja. Os pregadores no so a igreja; eles so servos daigreja. Se eles so cristos, tambm so detentores do ofcio daschaves, juntamente com os demais cristos. Entretanto, o ofcio daschaves no exclusividade dos pregadores; ele pertence igreja, acada um dos membros da igreja. O mais humilde empregado possui

    as chaves, tanto quanto o mais estimado superintendente geral.Os luteranos praticam a absolviobaseados nos seguintes

    fatores:1. Cristo, o Filho de Deus, tomou sobre si e atribuiu a si todos

    os pecados de cada um dos pecadores, considerando-os como sendoseus prprios pecados. Por esse motivo, Joo Batista aponta paraCristo, dizendo: "Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado domundo!" (J o 1.29)

    2. Cristo, atravs de sua vida humilde, seu sofrimento, cru-cificao e morte, apagou os pecados e adquiriu remisso de todoseles. Nenhum homem foi excludo desse plano, desde Ado at oltimo que vier a nascer sobre a face da terra.

    3. Ressuscitando a Jesus dentre os mortos, Deus Pai confirmou,colocou o selo da aprovao sobre a cruz. Atravs da ressurreiode Cristo, Deus declarou: "Sobre a cruz, este meu Filho clamou:'Est consumado'; e eu agora anuncio: 'Est consumado de fato!'Vocs, pecadores, esto salvos. H perdo de pecado para todos. Operdo j uma realidade; no lhes resta mais nada a fazer".

    4. Cristo ordenou que se pregasse o evangelho a toda a criatura.Ordenou, tambm, que se pregasse perdo de pecados a todos oshomens e que se lhes levasse a boa notcia: "Tudo o que necessrio para a salvao de vocs j foi feito. Se vocsperguntam: 'que devemos fazer para que sejamos salvos? entolembrem-se de que tudo j foi feito. Nada mais resta a fazer. Basta

    que vocs creiam que tudo isso foi feito por vocs, e vocs serosalvos".5. Cristo no apenas ordenou que seus apstolos e sucessores de

    ofcio pregassem o evangelho e o perdo dos pecados em geral,mas, tambm, que anunciassem este doce conforto:"Voc est reconciliado com Deus" a indivduos que desejam ouvi-lo em particular. Porque, se o perdo de pecados foi adquirido para

  • 7/28/2019 Livro Lei e Evangelho

    29/75

    todos, ento ele tambm o foi para cada um individualmente. Se euposso oferec-lo para todos, posso igualmente oferec-lo a cada umem particular. No somente posso faz-lo; foi-me ordenado que ofizesse. Caso me negar a faz10, serei um servo de Moiss e no umservo de Jesus Cristo.

    6. Agora que o perdo dos pecados j foi adquirido, nosomente o pastor est, de modo especial, incumbido de suaproclamao; cada cristo, homem ou mulher, adulto ou criana,tem a incumbncia de faz-lo. A absolvio anunciada por umacriana to segura como a de S. Pedro, sim, to certa como a

    absolvio do prprio Cristo, caso ele novamente estivesse diantedos homens de modo para anunciar: "Seus pecados estoperdoados". No h diferena alguma; o que importa no o que ohomem pode fazer, mas o que j foi feito por Cristo.

    {A absolvio na boca de cada cristo e crist to seguracomo a absolvio de S. Pedro, sim, to certa como a absolviodo prprio Cristo... o que importa no o que o homem podefazer, mas o que j foi feito por Cristo.}

    A remisso dos pecados no se fundamenta em algum podermisterioso do pastor, mas, sim, no fato de que Cristo, muito tempoatrs, tirou os pecados do mundo e que, agora, cada um estincumbido de falar a seu semelhante a respeito disso. claro queesta uma incumbncia que compete, de modo especial, aospregadores, todavia no em virtude de algum poder inerente a eles,mas porque Deus instituiu seu oficio para a administrao dosmeios da graa: palavra e sacramentos. evidente que, numaemergncia, um leigo tem autoridade para realizar o que umprelado ou um superintendente faz, e isto de modo legtimo eeficaz.

    {O Ofcio do ministrio exite em funo do seu objetivo: paraadministrao dos meios de graa ou levar os pecadores certezade Deus em Cristo Jesus.}

    A contrio necessria, todavia no para servir de meio para aaquisio do perdo dos pecados. Se eu sou um orgulhoso fariseu,por que haveria de me preocupar com o perdo dos pecados?

    Minha atitude ser idntica do gluto, saciado, que despreza amelhor comida e bebida que lhe so oferecidas.Convm que no interpretemos mal a Lutero. Ele no ofereceu oconsolo do evangelho a pecadores que viviam em segurana carnal;para esses, ele no tinha nada de conforto a dar. Mas quando setratava de uma pessoa contrita e que ansiava pelo perdo dospecados, ele prontamente dizia: Aqui est o perdo; aceite-o e voco ter.

    Lutero est igualmente certo, quando aconselha que no se deveprocurar investigar a respeito da qualidade ou da suficincia dacontrio. Isto porque qualquer um que quer depositar nisso suaconfiana, fatalmente estar edificando sobre areia. Pelo contrrio,

    o que o indivduo deve fazer louvar a Deus pelo fato de j terrecebido a absolvio; e ento sua contrio tambm ser boa. Nodevemos fundamentar a validade de nossa absolvio sobre acontrio; ao contrrio, a contrio que deve fundamentar-se naabsolvio.

    Lutero insiste em que se tenha f nas palavras de Cristo:"Seus pecados esto perdoados". Duvidar dessa afirmao equivalea fazer Cristo de mentiroso. Mesmo que o pastor anunciasse operdo a uma tal pessoa por dez vezes consecutivas, isto de nadalhe adiantaria. No podemos auscultar os coraes das pessoas.Mas isso tambm no de todo necessrio. O que devemos fazer voltar os nossos olhos to somente para a palavra de nosso Pai

    celeste, a qual nos informa que Deus absolveu todo o mundo. Eesse fato nos d a certeza de que todos os pecados de todos oshomens foram perdoados.

    Isto vale, tambm, para o malfeitor da pior espcie que planejaum arrombamento para roubar e saquear? H perdo para este? evidente! O motivo, porm, por que esta absolvio de nada lheaproveita que ele no aceita o perdo que lhe oferecido; ele no

  • 7/28/2019 Livro Lei e Evangelho

    30/75

    cr na sua absolvio. Se ele desse crdito ao Esprito Santo,deixaria de roubar.

    Seria correto dar a absolvio a um patife desta espcie? Sevoc souber quem , estar errado, pois voc sabe, de antemo, queele no vai aceitar o perdo. Estar consciente disso e, mesmoassim, administrar-lhe o sagrado ato da absolvio, implicacometer um grande e terrvel erro. Entretanto, a absolvio em sisempre vlida. Se Judas tivesse ouvido a mensagem do perdo,Deus teria perdoado os seus pecados; contudo, teria sido necessrioque ele aceitasse o perdo. Para obter esse grande tesouro que o

    perdo, deve haver algum que o conceda e um outro algum que oreceba. Uma pessoa descrente pode pensar e at mesmo afirmarque aceita o perdo, todavia em seu corao ela est determinada alevar adiante A ltima parte da nona tese nos mostra, em especial,que a palavra de Deus no aplicada corretamente "quando ... seindica o caminho das oraes e lutas com Deus aos pecadores queforam atingidos e atemorizados pela lei, para que, dessa maneira,alcancem o estado da graa. Em outras palavras: quando lhes ditoque devem permanecer em orao e luta at sentirem que Deus osrecebeu em sua graa.

    H pessoas que se consideram cristos fiis quando, na re -alidade, so espiritualmente mortos. Nunca sentiram uma ver-dadeira angstia por causa dos seus pecados. Nunca foram ater-rorizados por causa deles; o inferno que merecem jamais osamedrontou. Nunca caram de joelhos diante de Deus, chorandoamargamente sua terrvel, maldita condio sob o jugo do pecado.Muito menos ainda choraram de alegria e glorificaram a Deus porsua misericrdia. Lem e ouvem a palavra de Deus sem que estalhes cause um impacto especial. Vo ao culto, recebem aabsolvio, contudo no se sentem reconfortados; participam dasanta ceia sem sentir absolutamente nada, permanecendo frios.Quando, esporadicamente, em seu ntimo, passam a preocupar-secom sua indiferena em assuntos pertinentes salvao e com suafalta de considerao para com a palavra de Deus, ento procuramacalmar seus coraes, dizendo que a Igreja Luterana ensina que a

    falta de sentimento no quer dizer nada. Argumentam que essafalta de sentimento no vai prejudic-los e que, apesar disso,continuam sendo fiis cristos, porque julgam que tm f.

    Entretanto, eles esto terrivelmente enganados. Quem seencontra na situao acima descrita, no tem nada alm de uma fmorta, uma f no intelecto, uma f ilusria, ou - para ser maisdrstico - uma f apenas de boca. Seus lbios dizem, "eu creio",mas o corao no est consciente disso. O indivduo que no podeafirmar, conforme o Salmo 34.8, que ele provou e viu que o Senhor bom, este no deve afirmar que se encontra no estado da fverdadeira. Alm disso, o apstolo Paulo diz (Rm 8.16): "O prprioEsprito testifica com o nosso esprito que somos filhos de Deus".

    possvel que o Esprito Santo testifique dentro de ns sem que osintamos? Diante dum tribunal, a testemunha deve falar de ummodo que possibilite ao juiz ouvir o que ela est dizendo. O mesmo necessrio em nosso caso. De acordo com a palavra de Deus,quem nunca sentiu o Esprito testemunhando que ele filho deDeus, este espiritualmente morto. Ele no pode apresentar teste-munho a seu favor e erra quando, apesar de tudo, se considera umfiel cristo.

    {A f como experincia interior da misericrdia de Deusse traduz em paz e alegria.}Romanos 5.1: Justificados, pois, mediante a f, temos paz com

    Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. A paz objetiva,