livro fraternidade, chama inextinguivel

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Fraternidade, Chama Inextinguível

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Fraternidade,

Chama Inextinguível

SUMÁRIO

PREFÁCIO ...............................................................................................................

GLOSSÁRIO ...........................................................................................................

I – FRATERNIDADE

1 . Fraternizar ...........................................................................................................

Fraternidade ........................................................................................

Fraternidade ...................................................................................

2 . Fraternidade, luz que jamais se apaga ......................................................

Ternura .............................................................................................

3 . Confraternizar .........................................................................................

Maior Ideal .........................................................................................

4 . Encontro Fraterno Regional em Floriano/Piauí ......................................

na da Fraternidade ...........................................................................

Mensagem de Lydio Diniz Henriques .......................................

II – PRESENÇA DE FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

1 . Francisco Cândido Xavier nos primórdios do Movimento da

Fraternidade ...........................................................................................

III – PERSONAGENS DO MOVIMENTO DA FRATERNIDADE

1 . André Luiz ............................................................................................

No Grupo da Fraternidade ..............................................................

André Luiz na 20ª Semana da Fraternidade ....................................

2 . Scheilla ..................................................................................................

Ciência, Paz e Amor .......................................................................

3 . Adamastor .............................................................................................

À Mocidade do Grupo da Fraternidade Espírita Irmão Palminha .....

Aos diletos companheiros da OSCAL ...............................................

4 . Jair Soares ..................................................................................................

5 . Rubens Costa Romanelli ............................................................................

Posto Avançado ..................................................................................

6 . Daniela Moura Teixeira ............................................................................

IV – PROGRAMA DE TRABALHO PERMANENTE

1 . PTP – Programa de Trabalho Permanente ................................................

A Missão do Grupo da Fraternidade ...................................................

1.a - Ensino da Doutrina Espírita e do Evangelho ..........................................

1.b - Assistência Social Espírita ...................................................................

Campanha do Quilo .............................................................................

Na Campanha do Quilo ....................................................................

Sopa Fraterna ........................................................................................

Sopa do Socorro ...............................................................................

Visita Fraterna ......................................................................................

Às Equipes Visitadoras ......................................................................

Visita aos Enfermos .....................................................................

1.c – Tarefa de Passes ..............................................................................

1.d - Formação de Ambientes Espiritualizantes .....................................

V – SEARA MEDIÚNICA COM JESUS

1 . Manifestações Espirituais ....................................................................

Mistificação e Animismo ...............................................................

Estagnação ou Acomodação ..........................................................

Personalismo e Exibicionismo .......................................................

Mediunidade Ideal .........................................................................

2 . Diálogo dos jovens com o espírito Joseph Gleber ...............................

3 . Materialização de espíritos em Reuniões de Ectoplasmia ...................

Qual é o título da mensagem? ...................................................

VI – CRIANÇA

1 . Criança ..................................................................................................

CIFRATER: Núcleo de Amor .......................................................

VII - COMUNIDADE CRISTÃ-ESPÍRITA

1 . Comunidade Cristã-Espírita ...................................................................

CIFRATER - A Mansão Hospedeira ..............................................

Cidade da Fraternidade - Não duvideis ...........................................

CIFRATER - Mais Luz ..................................................................

Cidade da Fraternidade: Uma realização interior .......................

Chancela do Amor ............................................................................

2 . Glebas Cristãs ..........................................................................................

3 . CONCIFRATER – Condomínio Rural da Cidade da Fraternidade .........

Fraternidade ....................................................................................

Fazenda RECIFRA ..................................................................................

I

FRATERNIDADE

1

Fraternizar

De variadas maneiras e por reiteradas vezes, os benfeitores do mundo espiritual têm

aventado a necessidade de “retorno à origens”; por desídia ou incompreensão pouco temos

refletido sobre esta alertiva. Guardamos a convicção de que a Doutrina Espírita, o

“Consolador prometido por Jesus”, nos remete ao Evangelho do Nazareno e propõe a

revivescência do Cristianismo Primitivo em toda a sua simplicidade e pureza. O retorno às

origens é a vivência mais pura da fraternidade conforme exemplificação dos cristãos

daquela época.

São memoráveis os inúmeros momentos de vivência da fraternidade exemplificados

pelo apóstolo Paulo. Como Saulo, ainda envergando o título de doutor da lei, o implacável

perseguidor dos cristãos, após os sucessos do seu encontro com Jesus na estrada de

Damasco, já tendo-se rendido a Jesus, exclamou extasiado ao bondoso Ananias: “Digne-

se ao Senhor perdoar os meus pecados e iluminar os meus propósitos para uma vida nova”.

Por orientação de Ananias, a sua estrada de recomeço ensejou-lhe um período longo de

meditação, distanciado do burburinho das cidades grandes, para fluir o reino da paz

imperturbável.

Foi acolhido em pleno Deserto de Dan na residência do casal Áquila e Prisca,

cristãos que sofreram como que um exílio em face às perseguições que culminaram na

morte do pai de Áquila. O casal não perguntou quem era Saulo, de onde ele vinha e a que

vinha e nem reconheceram nele a figura do perseguidor implacável; acolheram-no

simplesmente. Saulo observou-lhes o respeito mútuo, a perfeita conformidade de idéias e a

elevada noção de deveres. Áquila e Prisca, antes que marido e mulher, mais pareciam

irmãos.

Arrependido e profundamente impressionado com as atitudes cristãs do casal, Paulo

resolveu, depois de muitos dias, abrir seu coração para eles, que o tratavam como irmão.

- "O que vocês pensam do Dr. Saulo?

- O Evangelho manda considerá-lo irmão extremamente necessitado da luz de Jesus Cristo,

afirmou Áquila. Prisca, você recorda como se orava por ele na intimidade da Igreja? Você

se lembra da declaração de Pedro, de que toda perseguição de Saulo era útil, porque nos

levava a pensar em nossas misérias, a fim de estarmos vigilantes nas responsabilidades

com Jesus?

- Áquila, o que fariam vocês se, repentinamente, encontrassem o Dr. de Tarso?

- Procuraríamos estimar nele um irmão".

Em lágrimas, o Dr. Saulo pediu-lhes perdão e Áquila, interrompendo-o, assim

falou-lhe ao coração: “Irmão Saulo, regozijemo-nos no Senhor porque, como irmãos,

estávamos separados e agora nos encontramos juntos novamente. Não falemos do passado,

comentemos Jesus, que nos transforma pelo seu amor”.

Rememoramos o livro “Há Dois Mil Anos”, que se detém em relatos históricos

dos primeiros anos do Cristianismo e particularmente dos testemunhos e sofrimentos

acérrimos de Públio Lentulus Cornelius e Lívia, sua esposa. A doce Lívia, convertida ao

Cristianismo, percorreu caminhos de extremas desventuras e sofreu silenciosamente na

intimidade do próprio lar em face ao afastamento afetivo do esposo, que agasalhou

difamação e injúrias injustas contra ela.

Quando se anunciava a chegada de algum apóstolo da Galiléia ou das regiões que

lhe são fronteiriças, Lívia fazia questão de comparecer às pregações que eram realizadas

nas catacumbas, para ali comungar com os irmãos de crença os ideais do Evangelho de

Jesus. O severo senador romano não desconhecia as saídas furtivas de sua esposa, sempre

acompanhada da bondosa Ana, servidora de confiança do seu lar e alma unida nas

mesmas aspirações, em busca do convívio com os cristãos que destemidamente seguiam o

doce Rabi da Galiléia.

Sabedoras de que a pregação daquela noite seria feita por João de Cleófas, um

emissário da igreja de Antioquia, recém-chegado da Síria, Lívia e Ana aproveitaram-se das

primeiras sombras da noite para atingirem as catacumbas. Ao final da reunião, quando

davam início às preces singelas e espontâneas das primitivas lições do Cristianismo, já

tendo trocado saudações afetuosas, com as mais doces demonstrações de júbilo e

fraternidade, eis que surgem numerosos soldados para a caçada de cristãos. A massa

atônita dos cristãos indefesos, na sua maioria, mulheres, foi aprisionada e encaminhada ao

circo para sofrer morte humilhante, por ordem do imperador romano Domício Nero.

Pelo seu ascendente nobre e romano, fatalmente Lívia seria reconduzida ao seu lar.

No entanto, emocionada, dirige-se a Ana nestes termos:

- "Ana, querida, tenho um derradeiro pedido a fazer-te ...

- Ana, se é verdade que temos de testemunhar ainda hoje a nossa fé, eu desejava

comparecer ao sacrifício como aquelas criaturas desamparadas, que ouviam as consolações

divinas junto do Tiberíades. Se puderes atender-me, troca hoje comigo a toga da senhora

pela túnica da serva! Desejava participar do sacrifício com as vestes humildes e pobres da

plebe, não porque me sinta humilhada perante as pessoas da minha condição, no momento

ditoso do testemunho, mas porque, arrancando para sempre os derradeiros preconceitos do

meu nascimento, daria à minha consciência cristã o conforto do último ato de humildade...

Eu, que nasci entre as púrpuras da nobreza, desejava buscar o Reino de Jesus com as

vestiduras singelas dos que passaram pelo mundo no torvelinho doloroso das provações e

dos trabalhos! ...

- Senhora! ... - obtemperou a serva, hesitante ...

- Não vaciles, se queres proporcionar-me a satisfação derradeira".

Por não desejar complicações com família nobre, o centurião Clódio Varrus

ordenou que fosse afastada com discrição a mulher que trajava a toga do patriciado. Ana

foi constrangida a retornar ao lar, tão logo os cristãos adentraram à arena para o espetáculo

de impiedade e pavor, em que criaturas humanos tombariam vítimas de leões famintos, sob

aplausos delirantes e ensurdecedores de quase meio milhão de espectadores insanos.

Angustiada, ela concluiu que a indumentária da senhora lhe salvara a vida!

Ficamos a imaginar o desenrolar dos acontecimentos, a couraça da coragem

ostentada pelos cristãos, o espírito de resignação e fé, o sentimento da solidariedade, a

compreensão do significado da vida e o convite ao amor profundo que os fortalecia na

crença de que estavam prestes a atingir o reino dos céus prometido por Jesus. Não existe

melhor definição para a fraternidade do que essas vivências.

Retornamos aos tempos atuais para aquilatarmos a importância da fraternidade nas

nossas vidas, como proposta de interiorização do Cristo. A Cidade da Fraternidade

(CIFRATER), obra assistencial do Movimento da Fraternidade, em edificação permanente

no município de Alto Paraíso/Estado de Goiás, tem como proposta implementar um novo

sistema de vida comunitária, em que as criaturas, não necessariamente vinculadas por laços

consangüíneos, estarão formatando um novo modelo de família, em atendimento à

assertiva do Cristo: “Amai-vos uns aos outros como irmãos”. A comunidade é orientada por

princípios cristãos-espíritas, tem densidade populacional reduzida e possui significativa

área territorial circundada por terras pertencentes ao patrimônio da União.

Em outubro de 2003, o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST)

inesperadamente acampou certa de 150 (cento e cinqüenta ) famílias nas terras da União,

nos limites com as da Cidade da Fraternidade. Sem olvidar a nobreza dos seus ideais, os

integrantes do MST criaram grande constrangimento aos comunitários, pelas constantes

ameaças de invasão às terras da CIFRATER, por extrapolarem os limites do respeito e por

desconsiderar o direito de propriedade. Não raras vezes, o MST exerceu ação coercitiva e

até mesmo atemorizante; no entanto, nunca se deparou com reação natural de medo,

revide e agastamento por parte dos comunitários, que pautaram suas atitudes com a

serenidade e postura cristã.

Desde longa data, dois microônibus da CIFRATER percorrem grandes distâncias

para recolherem nos lares, na segunda-feira pela manhã, as crianças residentes na região

vizinha, todas alunas do Educandário Humberto de Campos. Essas crianças são abrigadas

nos lares dos comunitários, que as têm como extensão da própria família, e somente na

sexta-feira, a cada quinze dias, retornam ao convívio familiar para o fim de semana. A

resposta mais espontânea e natural da CIFRATER para o MST foi oferecer tratamento

análogo ao que dispensa às crianças dos sítios distantes: ofereceu vagas no Educandário

Humberto de Campos para que mais de cem filhos dessas famílias também recebam, no

espaço físico da Cidade da Fraternidade, a oportunidade de escolarização. A CIFRATER

ainda se incumbe do transporte diário no percurso entre o Educandário e o acampamento.

Também essas crianças são recebidas como filhos legítimos do coração que compreende e

ama. Isto é fraternidade!

Muitos outros exemplos poderiam ser evocados, mas importa a Jesus que

materializemos a fraternidade nos nossos pensamentos, atos e atitudes, internalizando o

Evangelho na nossa própria essência. Para enriquecer essas lembranças, inserimos uma

mensagem de autoria do espírito Rodolfo Henriques, recebida pela mediunidade de Ruth

Birman em 07/09/1974, na Casa Espírita André Luiz pertencente ao Grupo da Fraternidade

Espírita Irmã Scheilla, de Belo Horizonte.

Em 27/10/1949, o espírito André Luiz brindou-nos com um conceito primoroso de

fraternidade, durante a reunião de materialização no Grupo da Fraternidade Espírita Irmã

Scheilla, em Belo Horizonte.

Concomitante ao transcurso da reunião de materialização, uma equipe de visitação a

enfermos se fazia presente na residência do senhor Orlando Cardoso, cuja filha estava

abalada por sérios problemas orgânicos. Fugindo ao comportamento habitual, os espíritos

Joseph Gleber e José Grosso materializaram-se na residência em questão, em cabine

improvisada para tratar a enferma. O fenômeno ectoplásmico era inédito e dele

participaram Fábio Machado (médium de efeitos físicos), Jair Soares, Ed Soares, Atílio

Pena e Felipe Randoso.

Ao término da reunião de materialização/ectoplasmia, César Brunier, que estava á

frente dos trabalhos junto com Rubens Romanelli, encontrou a seguinte mensagem por

escrita direta ou pneumatografia de autoria do espírito André Luiz.

Fraternidade

Vamos sempre procurar compreender que, se trabalhamos na

fraternidade, devemos sempre,

F azê-la - com amor

R ompê-la - com esforço

A mpará-la - com boa vontade

T rabalhá-la - no evangelho

E ncontrá-la - com Jesus

R iscá-la - do orgulho

N ascendo-a - da humildade

I rradiando - paz e harmonia

D ando - o que nos pertence

A mando - a nossos inimigos

D esignando - a todo irmão

E mendando - nossos erros.

Fraternidade

Na jornada de fé em que, unidos, buscamos empunhar a

bandeira do amor através do Movimento da Fraternidade, é

necessário que a intenção sublimada se faça realmente

resplandecente na consciência de cada um. Porque este não é

um Movimento de fantasias, de grandezas ou de personalismos.

Unidos, companheiros, somos os bandeirantes do espiritismo-

amor a desbravar os imensos sertões dos corações humanos,

enrijecidos pela indiferença ou talvez por cristalização

mental de uma formação religiosa deficiente.

A renúncia deverá se alojar nos corações dos que

comandam, como uma força de coesão. O silêncio da prece, no

recolhimento da meditação, deverá ser o caminho mais curto de

ligação entre os dois planos: o espiritual e o material.

Que a palavra fraternidade jamais seja empregada como

escudo a censuras não construtivas ou para aquecer intenções

dúbias. Mas que ela seja realmente a bandeira do Amor a

tremeluzir Planalto Divinal, como um raio de luz a esparzir

pelos rincões do nosso amado Brasil.

Irmãos, sigamos com o Cristo na intenção renovadora de

amarmos e servirmos a todas as criaturas: sejam elas de que

raça forem ou de que religião praticarem; vivamos Jesus,

amando fraternalmente, ou melhor, como irmãos, aos publicanos

de hoje, aos fariseus e até aos ateus, porque, isto, sim, é

que constitui a verdadeira fraternidade, dentro do sublimado

lema de que “Fraternidade é o amor que se expande”.

E o amor do Cristo não tem preconceito, não tem

fronteira: é o verdadeiro amor Universal e é este o amor que

devemos iluminar a alma e aquecer os corações de todos os

espíritos, principalmente os espíritos de todos os

fraternistas.

Que o Senhor da Vida nos abençoe hoje, agora e sempre.

São os votos de muita paz.

Do Irmão

Rodolfo Henriques

2

Fraternidade, luz que jamais se apaga

Em 04/09/2004, estávamos em São Carlos/SP, na sede do Grupo da Fraternidade

Espírita Irmão Batuíra, tratando de assuntos importantes para a disseminação da real

fraternidade no seio dos agrupamentos cristãos espíritas, como é desejo dos espíritos

liderados por André Luiz. Compareceram a esta reunião vários companheiros de ideal

como representantes de:

- Grupo da Fraternidade Espírita Irmão Batuíra, São Carlos / SP;

- Grupo da Fraternidade Espírita José Grosso, Águas da Prata / SP;

- Grupo da Fraternidade Espírita Irmã Narcisa, Poços de Caldas / MG;

- Grupo da Fraternidade Espírita Irmão Joseph, São João da Boa Vista / SP;

- Grupo da Fraternidade Espírita João Cabete, Campinas / SP;

- Grupo da Fraternidade Espírita Em Torno do Mestre, Dourado / SP;

- Grupo da Fraternidade Espírita Irmão Tobias, Santo Antônio do Jardim / SP.

Num instante de descontração, a fraternista Fani Campelo Corrêa, do Grupo da

Fraternidade Espírita José Grosso, achegou-se a nós com o desejo de rememorar um

acontecimento simples que muito tocou seu coração.

Referiu-se ao confrade José Rocha Lins, a quem conheci quando de uma visita que

fiz ao Grupo da Fraternidade Espírita José Grosso. Alagoano, como era carinhosamente

tratado, por largo tempo foi notável servidor da instituição de Águas da Prata, onde

assumiu responsabilidades na área de educação espírita e também ofereceu sua inteligência

e discernimento ao Conselho de Administração da Casa.

Pesarosamente para nós, ele acabou retornando para Alagoas para atender interesses

profissionais e do seu coração. Algum tempo atrás, fez contato telefônico comigo para

narrar um episódio que tocou as fibras mais intimas do seu ser e que a mim fez derramar

lágrimas copiosas.

Contou que rapidamente se adaptou ao novo trabalho e retomou às atividades

espíritas com muito empenho. Paulatinamente foi recebendo atribuições na casa mater do

espiritismo em Maceió e logo foi lhe conferido o encargo de vice-presidente da Federação

Espírita do Estado de Alagoas.

Dentre as viagens costumeiras que empreendia para orientar os Centros Espíritas e

assim atender aos objetivos de unificação propugnados pela Federação Espírita Brasileira,

destacou para mim a sua visita a uma instituição em Santana de Ipanema. Foi recebido com

imensa cordialidade e como era o seu próprio jeito expandiu-se em demonstrações de muito

afeto aos confrades. Inesperadamente, um companheiro se aproxima e estabelece com ele

o seguinte diálogo:

- Você é um dos nossos!

- Como assim, meu amigo?

- É um amigo espiritual, aqui ao meu lado, quem faz esta afirmação.

- Peça a ele para clarear este ponto para mim ponto.

- Disse o amigo espiritual: Você se esqueceu que é do Movimento da

Fraternidade?

Veja o tamanho da minha distração! Só aí que é que me dei conta de que estava em

meu estado de origem, numa longínqua cidade e no Grupo da Fraternidade Espírita André

Luiz, um agrupamento que comunga com os ideais do Movimento da Fraternidade, tal qual

o que atuei em Águas da Prata.

Fani, você não imagina a minha alegria! Quisera que todos nós, cristãos espíritas,

por onde passássemos, deixássemos marcas profundas da fraternidade ensinada por Jesus.

Este Movimento que conheci naquela formosa estância hidromineral de São Paulo nada

mais propõe do que a revivescência do amor em padrões de simplicidade e humildade do

coração.

Ternura

Meu Coração, neste instante,

Exala suave perfume,

Como se da escuridão,

Surgisse possante lume.

Assim, nas asas do amor,

Eu viajo ao infinito,

Chamando que me acompanhem,

Vindo atrás deste grito.

Mas é um grito assim

Tão suave e profundo,

Que envolve e emociona,

Os quatro cantos do mundo.

É a pura fraternidade,

A raiar, com profusão,

Envolvendo com alegria,

As fibras do coração.

Por isso, voem comigo,

Rumo à fraternidade,

Trabalhando com ardor,

No labor da caridade.

Os meus olhos se umedecem

Ao enxergar, no momento,

Que a terra pode ser palco,

Dos frutos do Movimento.

Alegria! Muita Coragem,

Força e paz, perseverança,

O mundo sempre tem jeito,

Sempre vige a esperança.

Um irmão

Mensagem recebida no Grupo da Fraternidade Kaja Krisna, de Muriaé/MG, em

23/08/1997, pelo médium Robério.

3

Confraternizar

Certamente que o primeiro grande momento de confraternização no Cristianismo

Primitivo se deu durante o Pentecostes, uma das três festas anuais que os israelitas

celebravam. A festa de Pentecostes era conhecida também como " Festas das Primícias" ou

" Festas das Semanas", por acontecer sete semanas depois da Páscoa. A Páscoa, uma

dessas três grandes festas, era celebrada no primeiro mês do ano, a partir de 14 de janeiro, e

significava evocação à libertação dos israelitas ao jugo do Egito. A última festa do ano,

conhecida como Tabernáculo se dava em grande alegria e trazia o significado da gratidão a

Deus pela colheita. O trigo abundava nas terras da Palestina e a colheita farta fazia o povo

reconhecer a generosa proteção do Senhor da Vida!

Retrocedendo na história, situamo-nos em Jerusalém, durante o primeiro

Pentecostes, após a crucificação de Jesus, quando Pedro, tocado pelas mais sublimes

aspirações, reuniu o corpo apostolar para dar vida ao Evangelho do amor derramado pelo

sublime Carpinteiro de Nazaré em tempos ainda tão recentes. Repentinamente, todos os

apóstolos ficaram cheios do Espírito Santo, passando a falar em variadas línguas, tomando

de perplexidade a multidão que, pouco a pouco, foi se achegando. “Partos e medos e

elamitas e os que habitam na Mesopotâmia, e Judéia, e Capadócia, Ponto e Ásia, e Frígia

e Panfília, Egito e partes da Líbia, junto a Cirene, e forasteiros romanos, tanto judeus

como proslélitos, cretenses e arábes, todos os temos ouvido em nossas próprias línguas

falar das grandezas de Deus.” (Atos 2:9 a 11)

A multidão atônita e admirada dizia: “Pois quê! não são galileus todos esses

homens que estão falando?” - Atos 2:7. Maravilhados, naquele momento inesquecível

ouviram a predica e a exortação de Pedro, ficando todos tomados pelos mais divinos

presságios. Foram centenas dessa multidão, que chegava a quase três milhares, que

permutaram sentimentos fraternais profundos e se sentiram juntos e batizados na fé do

Evangelho de Jesus.

Outro momento de confraternização aparentemente paradoxal se deu nas

catacumbas da velha e legendária Roma, tendo sido inesquecível, para duas centenas de

cristãos, o convívio de duas horas antecedentes à prisão que significaria para eles, poucos

dias depois, o suplício de serem devorados por feras, no Circo Máximo da capital imperial,

por ordem do imperador Domiciano Nero.

Ouviram as preleções de João de Cleófas, o apóstolo de Antioquia, empolgaram-se,

na condição de crentes e seguidores do Nazareno, com as mais inesquecíveis exortações

sobre os dias gloriosos do futuro e os embates das forças do bem e do mal preludiando o

estabelecimento definitivo no mundo das mensagens do Evangelho do Senhor. “Palavras de

amor e saudações afetuosas eram trocadas entre todos, com as mais doces demonstrações

de júbilo e fraternidade.” (livro "Há Dois Mil Anos")

Os agrupamentos cristãos espíritas da atualidade estão isentos de perseguições de

qualquer natureza e tão pouco são chamados a testemunhos que podem significar-lhes a

própria morte. Aqueles que seguem os preceitos e se encantam com as revelações da Boa

Nova e as consolações dos espíritos do bem são procedentes de variadas classes sociais e se

ajustam, dentro de certos limites, compreendendo a mensagem do Evangelho do Senhor.

Não é difícil, pois, abrandar, calar as vozes da violência e do ressentimento para que ecoe

mais alto o verbo sonante do entendimento e do amor.

Os tempos novos clamam o retorno às origens pela convivência fraternal. É

indispensável confraternizar! Inadiável se faz o encontro daqueles irmanados pelos mesmos

sentimentos do Evangelho de Jesus!

Convém que, periodicamente, os trabalhadores da vinha se reencontrem, como no

Pentecostes agora porém para vivenciarem situações algo diferenciadas, pois não existem

divisões nem tampouco bandeiras pátrias ou diferenças religiosas a separar os discípulos do

Evangelho. As confraternizações então aludidas significam oportunidades de permutas

afetivas, revitalização de energias esgotadas, escola de aprendizagem e águas de renovação

sugerindo prosseguir sempre a fertilizar novos caminhos.

O Movimento da Fraternidade tem se esforçado na produção desse sentido de

unidade, proporcionando a espiritualização de ambientes para os profitentes da fé cristã

espírita. Três eventos de dimensões diferenciadas ensejam momentos intensos de

confraternização para que a fraternidade de converta em luz permanente e clareie as

jornadas dos caminheiros do bem.

Quatro modelos de confraternização, ou quatro grandes festas, mais detalhadamente

explicados no capítulo IV item 1.d, são sugeridos:

- Encontro regular de trabalhadores de uma mesma tarefa na realização do Culto

do Evangelho no lar de cada um deles, alternadamente;

- Reunião de Confraternização dos trabalhadores de uma mesma instituição para

ensejar, inclusive, o encontro daqueles que já compartilharam tarefas e que

passaram a estagiar em outras modalidades de serviço cristão na própria

instituição;

- Encontros Fraternos Regionais de agrupamentos de uma mesma região

geográfica;

- Semana da Fraternidade que, numa dimensão maior, propicia momentos

sublimados para confraternizar.

É desejável que os dois primeiros ocorram com a periodicidade de trinta dias; o

terceiro, a cada 120 dias; e último, de dois em dois anos.

Em cada um desses encontros com periodicidade preestabelecida, existem espaços

para:

- momentos de arte, em que se apresentam corais, grupos teatrais, declamações

poéticas, peças musicadas;

- breves estudos consentâneos com os interesses da causa do Evangelho do

Senhor, para que os viajores da Casa Cristã multipliquem os fatores da

afinidade, de intensa permuta de idéias pressagiando a formação de laços

afetivos e duradouros;

- a palavra dos espíritos benfeitores, dignificando a mediunidade por meio de

médiuns que transitam com elevados valores de moralidade e de muita alegria

cristã;

- abraços e largos sorrisos ensaiando aqui na Terra os pródomos da família

verdadeiramente espiritual.

MAIOR IDEAL

01

Tristeza dor e angústia

Te atormenta o coração?

Cultiva a fraternidade.

Melhores dias virão.

Casimiro Cunha

02

Não fazer mal a ninguém

Serve pra qualquer pessoa

Fraternidade urgente

Deixa o cristão numa boa.

Jair Presente

03

Poeta pensa na trova

Homenagem merecida

A OSCAL em Venda Nova

Essa família é cumprida

Sebastião Lasneau

04

Multiplicar o talento

A caridade em ação

Com base no movimento

De confraternização.

Newton G. de Barros

05

A morte acabou comigo

Meu Deus, que decepção!

Já não me chamam de amigo

Sou agora assombração.

Emílio de Menezes

06

Movimento pioneiro

Quanta alegria conduz

No território mineiro

Concentrado em Jesus.

Belmiro Braga

07

Repentista não descansa

Com jeito de nordestino

Traz no balaio esperança

E o coração de menino

Leandro Gomes de Barros

08

Os companheiros cantando

Revivem nosso ideal

O seresteiro voltando

Com muito amor à OSCAL

João Cabete

09

Protege com teus carinhos

Afetos que Deus te deu

Mas não esquece os filhinhos

Que a orfandade escreveu.

Meimei

10

Não pensa no sofrimento

Nem digas que não tem sorte

Somente o que nos pertence

Levamos depois da morte.

Aura Celeste

11

Na divisão dos teus bens

O maior investimento

É a soma do que já tens

Guardado no sentimento.

Irene de Souza Pinto

12

Com Jesus alma querida

A influência do mal

Será batalha vencida

Com seu amor fraternal.

Maria Dolores

Versos psicografados por Léa Neves de Souza , na 20ª Semana da Fraternidade, no dia

20/04/2003.

Belo Horizonte– Minas Gerais

4

Encontro Fraterno Regional em

Floriano/Piauí

Para historiar acerca momentos de agradável convívio fraterno, descrevemos a

beleza de um Encontro Fraterno Regional realizado em 2001 na cidade de

Floriano/Piauí. Este evento evoca a importância da confraternização cristã espírita, em

que os seareiros, em reencontros inesquecíveis, permutam impressões, acendem a

chama do convívio fraternal, distendem laços afetivos, ouvem os espíritos e

prodigalizam os inefáveis sentimentos da alegria.

Todos os companheiros (fraternistas) provenientes de localidades várias ficaram

hospedados nos lares de companheiros de ideal e até nos de outros que, sem serem

espíritas, demonstravam ser cristãos autênticos. A acolhida nos lares nos fez lembrar o

tempo das inesquecíveis viagens de Paulo e de outros trabalhadores da vinha que

generosamente se hospedavam nas casas de criaturas sequiosas pelas mensagens do

Evangelho do Senhor.

Esse encontro regional de confraternização cristã espírita aconteceu no dia

03/11/2001. Estiverem presente irmãos do:

- Grupo da Fraternidade Espírita Bittencourt Sampaio - Aracaju / SE;

- Grupo da Fraternidade Espírita Guillon Domênico - Olinda / PE;

- Grupo da Fraternidade Espírita Amor Divino - Olinda / PE;

- Grupo da Fraternidade Espírita Irmão Ismael - Recife / PE;

- Grupo da Fraternidade Espírita Allan Kardec - Floriano / PI;

- Grupo da Fraternidade Espírita Ângelo Francisco - Floriano / PI;

- Centro Espírita Casa do Caminho - Terezina / PI;

- Centro Espírita André Luiz - Terezina / PI;

- Centro Espírita Irmãos Fraternos - Terezina/ PI;

- Lar Amor de Maria - Amarante / PI;

Pela característica do Movimento da Fraternidade, os primeiros momentos do

encontro foram marcados por imensa alegria. Os irmãos procedentes das variadas

localidades se abraçaram efusivamente ficando patenteado o desejo de trocas mútuas de

idéias e de energias vitalizadoras para o prosseguimento da faina diária. As apresentações

se deram em clima de descontração e vários hinos foram entoados, sendo a maioria deles de

autoria de João Cabete, o seresteiro do Evangelho.

O Presidente e o Vice-Presidente da Federação Espírita do Piauí, os irmãos Ornálio

Bezerra Monteiro e Otávio Costa, criaturas simples e fraternas, dignificaram o encontro

com a sua honrosa presença.

Com grande entusiasmo, o fraternista Marco Antônio Souza Brito fez uma digressão

acerca de vivências do Movimento da Fraternidade no Estado de São Paulo e estas

rememorações foram possíveis porque, na sua juventude, acompanhou os seus pais nas

atividades do Grupo da Fraternidade Espírita João Ramalho, de São Bernardo do Campo e

muitos encontros assemelhados a este.

Após o delicioso almoço preparado por tarefeiros das Casas de Ângelo Francisco e

Allan Kardec, coube-nos dissertar sobre o tema “Nova Era”. Finalizada a nossa palestra,

permitimo-nos momentos de efusiva alegria que nos sentir estarmos como que no seio de

uma grande e antiga família erigida e sustentada pela seiva do amor.

Preludiando outro instante importante, como é comum nos encontros dessa

natureza, foram entoados outros hinos que, fortalecendo o ambiente espiritual onde nos

encontrávamos, favoreceu que nossos corações se expandissem em vibrações harmoniosas.

Haveria o momento mediúnico, o Pentecostes da atualidade!

Previamente, fomos solicitados a organizar o quadro dos médiuns para aquele

acometimento inolvidável que denominamos usualmente de "Palavra da Espiritualidade".

Naturalmente que convidamos médiuns conhecidos, experimentados para ações de tanta

responsabilidade, porém, da assembléia, um irmão de nome João de Souza Coelho, que

conhecêramos naquele dia, moderadamente grita: “Alan, eu sou médium e posso

colaborar”. Não era do nosso domínio o seu desempenho mediúnico e tampouco

conhecíamos o formato de trabalho da Casa a que ele se vinculava ou mais propriamente o

Centro Espírita Casa do Caminho. Uma voz interior, certamente sob os auspícios da

mediunidade intuitiva advertiu-nos: “Chame-o”!

Embevecidos, ouvimos exposição emocionada do mentor Ângelo Francisco pela

mediunidade de Osvaldo José da Silva e uma mensagem carinhosa do Palminha pelas mãos

psicográficas de Rosali Freire Bezerra de Matos, dedicada tarefeira do Grupo da

Fraternidade Espírita Guillon Domênico.

A grande surpresa ficou por conta do desconhecido médium para nós que, em

transe mediúnico, levanta-se e põe-se a falar com características e trejeitos sobejamente

conhecidas por nós que lidamos nos agrupamentos cristãos espíritas adesos ao Movimento

da Fraternidade. Era o José Grosso! Este espírito indubitavelmente era desconhecido do

médium. Habitualmente o José Grosso desenvolve trabalhos e se comunica em vários

Grupos da Fraternidade Espírita espalhados pelo Brasil.

Sabe-se que a sua última existência foi no Brasil, como José da Silva e nasceu em

1896, em pequeno lugarejo próximo a Crato, nos áridos rincões do Ceará. Pertenceu ao

bando de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, e muitos indagam intimamente como um

espírito tão afável e bom pode ter trilhado os caminhos ásperos e indignos do cangaço.

É conhecido da história que o Lampião e seus seguidores causaram muitas mortes

levando o desassossego em muitas aldeias e pequenas cidades. Consta das proezas de

Lampião que ele e seu bando percorreram sete Estados (Ceará, Rio Grande do Norte,

Sergipe, Pernambuco, Paraíba, Alagoas e Bahia). No entanto, desconhece-se que Lampião

também era idolatrado pois do que surrupiava dos abastados e ricos distribuía para famílias

pobres e desamparadas. É célebre a sua frase “Tenho cometido violências e depredações

vingando-me dos que me perseguem. Costumo, porém, respeitar as famílias por mais

humildes que sejam, e quando sucede algum do meu grupo desrespeitar uma mulher,

castigo severamente”.

O José Grosso juntou-se ao bando do Lampião para assumir a causa dos pobres!

Quando a turba invadia as cidades, a cometer as maiores atrocidades e saques, ele

procurava intervir para minimizar os efeitos da violência, de modo a poupar, tanto quanto

possível, as mulheres, crianças e velhos. Sem dizer a sua estratégia de, quando em vez,

avisar às cidades sobre as iminentes invasões.

Retornemos a fala do espírito vozeiro! Após os seus cumprimentos e brincadeiras de

praxe ele diz assim:

“Quero aproveitar a oportunidade para fazer-lhes uma

confidência. Naqueles tempos não muitos distanciados em que

lidei no cangaço, tive puras intenções mas naturalmente que

cometi excessos. Com aquela gente e instrumentos, eu desejava

defender a causa dos pobres e estes se multiplicavam tanto

pelo sertão. Era o tempo do coronelismo, dos governantes

insensíveis, e a multidão dos aflitos e desamparados era

imensa. Contudo, quero falar-lhes de outro anseio que

brandia no meu coração na forma de sentimento pátrio.

Conhecia a história do nosso País e marcou-me muito as

invasões de povos com a intenção de domínio da nossa nação

para apropriarem-se das nossas terras, submeterem nosso povo

ao seu jugo. Apesar dos tantos séculos passados era temível

que o fato se repetisse já que o nordeste brasileiro era uma

região esquecida até dos governantes maiores; eu entendia que

esses movimentos de homens tidos como bandoleiros ou

cangaçeiros, de uma certa forma, protegeriam criaturas

simples, esquecidas e desamparadas”.

No final, cantamos o hino a André Luiz e, após a prece de encerramento, cada um

retornou ao lugar de origem levando as marcas inesquecíveis de momentos tão fraternais!

II

PRESENÇA DE FRANCISCO

CÂNDIDO XAVIER

1

Francisco Cândido Xavier nos primórdios do

Movimento da Fraternidade

Francisco Cândido Xavier foi uma das personalidades mais importantes a marcar

presença na Terra, tanto que criaturas das mais variadas crenças religiosas, correntes

filosóficas e ramos da ciência contemporânea renderam-lhe tributo, considerando-o como

missionário do bem, um digno servidor de Jesus. No meio espírita, por onde ele conduziu a

sua existência, foi um exemplo de fé, abnegação e devotamento, sempre apresentando o

coração solícito para atender e servir o seu semelhante.

Conferiram-lhe títulos justos como o “Homem Amor”, o “Apóstolo do Triângulo”,

o ”Apóstolo do Bem” e muitos passaram a considerá-lo a reencarnação de Allan Kardec, o

grande missionário lionês, codificador da Doutrina Espírita. Jamais considerou-se digno

dessas honrarias e humildemente esquivava-se sempre quando desejavam identificá-lo em

importantes personagens da história da humanidade, em encarnações pregressas.

No meio espírita, existe a convicção de que, ao tempo de Jesus, seu espírito

animou a personalidade de Flávia, filha do romano Públio Lentulus Cornelius. Seu pai, o

orgulhoso senador, encontrou-se com Jesus e a ele suplicou curá-la de enfermidade grave,

conforme está retratado, com rara beleza, no livro “Há 2000 Mil Anos” ditado pelo espírito

Emmanuel. Segundo o mesmo autor, Flávia retornou àquelas paragens para sequência do

seu roteiro evolutivo, todavia desconhecemos o detalhamento das suas experiências.

Francisco Cândido Xavier é a mais pura demonstração de devotamento cristão. Não

existiram pessoas e nem segmentos religiosos que não fossem tocados pela sua presença,

seu verbo manso, suas vibrações cariciosas, seus ensinos consoladores, estimulando

consciências na busca permanente de progresso.

Francisco Cândido Xavier teve significativa importância na vida do Grupo da

Fraternidade Espírita Irmã Scheilla e do Movimento da Fraternidade. Simbolizou um

aceno dos céus para que as criaturas de convicção cristã-espírita não se distanciem da

vivência pura e simples da fraternidade.

No “Movimento da Fraternidade”, existem registros da preciosa presença desse

servidor do Cristo nas lides do Movimento da Fraternidade, como pode ser destacado:

O capítulo II alude à reunião festiva de fundação da Mocidade Espírita Maria João de

Deus, no dia 29 de setembro de 1948, ocasião em que, pela psicografia do

extraordinário médium, o poeta Castro Alves fez verter aos presentes uma obra-prima

em forma de versos intitulada “Apelo à Mocidade Espírita Cristã”;

o capítulo VI mostra fragmentos de algumas das numerosas cartas do médium para o

“Grupo da Irmã Scheilla”, em que reporta-se com maestria espiritual imprescindível aos

sucessos das inesquecíveis reuniões de materialização ocorridas desde o início do ano

de 1949, além de umas cartas de cunho pessoal endereçadas ao saudoso Jair Soares,

então com responsabilidades junto ao agrupamento cristão mencionado e condução do

MOVIMENTO DA FRATERNIDADE em seus primórdios;

mensagens magníficas direcionadas ao movimento nascente, como as que estão

grafadas nos capítulos XV, XVI, XX e XXXIV com os títulos de “No Grupo da

Fraternidade”, “Em prece com os irmãos de luta”, “Diretrizes individuais nos Grupos da

Fraternidade” e “Deus quer misericórdia”.

As mãos santas da psicografia e os sábios conselhos deste homem virtuoso é que

levantaram a confiança e o entusiasmo de centenas de confrades espíritas que abraçaram o

ideal da fraternidade. Em raras ocasiões ele se fez presente no grupo- mãe do Movimento

da Fraternidade e iremos recordar, agora, uma de suas participações nas reuniões de

materialização que encantaram os cristãos espíritas do nosso Brasil.

No dia 29 de setembro do mesmo ano, aconteceu a primeira tarefa de visitação a

enfermos nos lares ( descrita no capítulo VII do livro “Movimento da Fraternidade”) sob os

auspícios e orientação da espiritualidade superior. A reunião seguinte, realizada em 06 de

outubro, contou com a presença de Chico Xavier, quando, pela mediunidade de psicofônica

de Fábio Machado, o dirigente Jair Soares foi instruído a destacar alguns integrantes da

reunião para fazerem visita a uma irmã enferma residente à rua Goitacases no Centro de

Belo Horizonte, enquanto a reunião de materialização ou ectoplasmia seguia seu curso

normal. Foram convocados os irmãos César Brunier, Elvira Soares (Ló), Márcio Catoni e

Laurita Gonçalves.

José Grosso, materializado, dirigiu-se particularmente ao querido Chico Xavier e ao

seu irmão André Xavier, e sobretudo com o primeiro, manteve descontraída conversação.

Contou-lhes anedotas e no momento de mais seriedade trouxe notícias da Colônia

Espiritual Nosso Lar, causando indizível contentamento nos presentes. Reportou-se aos

processos de segurança na Colônia, que visa a conter as investidas daqueles que se

entregam às atividades do mal, mencionou a existência de aparelhos que captam

movimentos e imagens desses irmãos infelizes nas imediações do “Nosso Lar”.

Nessas reuniões de ectoplasmia, era muito comum ocorrerem brincadeiras variadas

dos espíritos benfeitores, notadamente do Palminha e do José Grosso. Em uma essas

reuniões, enquanto os espíritos procediam ao tratamento dos enfermos, formou-se um

espectro que, aos poucos, formou a figura materializada de Maria Alice. A seguir, ouviu-

se o tamborilar suave de um pandeiro seguido dos passos rítmicos da bailarina, que em

existência pretérita desenvolvera esta arte. Nessa reunião, de quando em quando, a jovem

ressurgia em vestes deslumbrantes, sempre alegre, a exibir sua exímia arte da dança

sapateado. O capítulo VII do livro “Movimento da Fraternidade” dá idéia da

espontaneidade da jovem e nos faz compreender que os espíritos não diferem muito de

nós, no que concerne aos sentimentos, emoções e vivências.

Logo depois, deu entrada no recinto o irmão Joseph Gleber, espírito com imensa

responsabilidade no Movimento da Fraternidade e que, à semelhança de Scheilla, viveu na

Alemanha a sua última existência, quando foi médico e físico nuclear.

Mentalmente, o professor Rubens Romanelli considerava inadequadas as

brincadeiras, imaginando-as destoantes da seriedade que deve caracterizar as reuniões

mediúnicas cristãs-espíritas. Não conviria um clima de mais reserva, compatível com a

grandeza dos fenômenos?

Após cumprimentos fraternais, Joseph Gleber dirigiu-se ao professor Romanelli

para dissipar esta dúvida que intrigava sua aguda inteligência. Certamente, penetrando no

pensamento do Romanelli, o irmão Joseph afirmou que tudo quanto ocorria na reunião

estava nos planos traçados por André Luiz. A dificuldade da equipe encarnada em manter

alto nível de concentração é um fato patente e os momentos de descontração propiciam a

geração de clima de alegria e fraternidade. Tais recursos elevam o clima vibracional,

afastam as preocupações de feição material e concorrem para instaurar atmosfera santa e

evangélica. Comovido, Romanelli agradeceu pelos esclarecimentos.

Um fenômeno mediúnico notável ocorreu simultaneamente na cozinha do prédio,

sem a presença de qualquer um dos circunstantes. O irmão César Brunier houvera deixado

sobre uma mesinha uma máquina de datilografia na expectativa de que os espíritos

escrevessem qualquer coisa por ela. Aparentemente seria uma pretensão quase descabida.

O que pretendia o nosso César era algo muito difícil; no entanto, ouviu-se, naqueles

momentos, o batido das teclas da máquina de escrever. No final do encontro, todos,

inclusive o Chico Xavier, leram, com alegria, versos grafados pela inesquecível poetisa

Nina Aroeira.

Sabe-se da possibilidade da escrita automática pelos espíritos, conhecida

tecnicamente como pneumatografia, exigindo-se, é claro, o concurso de médium de efeitos

físicos. No caso específico, poderíamos afirmá-lo como uma variedade de fenômeno

pneumatográfico: os espíritos escreveram sem a intermediação de mãos humanas,

utilizando todavia instrumento para produzir a escrita!

No período científico do espiritismo, sobretudo no último quartel do século XIX,

os fenômenos foram pesquisados com muito êxito por eminentes cientistas espíritas como

Gabriel Delanne, William Crookes e Alexandre Aksakof. Fenômenos desta estirpe

aconteceram inúmeras vezes com a fundadora da teosofia a célebre Helena Petrovna

Blavatsk.

O espírito José Grosso, pela voz direta ou pneumatofonia, lamentou a

impossibilidade de produção de outros fenômenos ectoplásmicos para brindar presença do

amoroso Chico Xavier, médium missionário da Doutrina Espírita. José Grosso justificou

que o eclipse lunar, ocorrido naquela data, foi o causador de prejuízos psíquicos e com

afetação para os trabalhos de ectoplasmia.

O querido José Grosso ainda ditou algumas receitas, aplicou sua pequena lâmpada

radioativa em alguns pacientes presentes, deu conselhos e ouviu pacientemente diversos

confrades acerca de assuntos variados, endereçando-lhes palavras de estímulo e reconforto.

Logo a seguir, em decorrência do horário avançado, o irmão Jair Soares, que coordenava

aquela reunião inesquecível, tomou as providências para despertamento dos médiuns,

realização da prece de gratidão a Deus e conclusão dos trabalhos.

Deixamos registrada a mensagem pessoal de Chico Xavier endereçada, em 1950,

aos irmãos do Movimento da Fraternidade:

A nossa querida irmã Scheilla e nós permanecemos em

prece esperando que o vaso da harmonia se refaça, a fim de

que a água límpida e renovadora do serviço encontre a

instrumentação adequada para a empresa que iniciamos, em

sagrado compromisso diante de Jesus. O Mestre é o Pastor e

somos as ovelhas necessitadas.

Que haja em todos nós a força suficiente para a união

humana e divina.

A Fraternidade brilhará em nosso roteiro, que deve ser

de trabalho, caridade, entendimento e paz, em nós, fora de

nós, por nós, e através de nós, hoje e sempre.

Abraços do irmão menor

Francisco Cândido Xavier

III

PERSONAGENS DO

MOVIMENTO

DA

FRATERNIDADE

1

André Luiz

O Espírito André Luiz é muito reverenciado, admirado e querido pela comunidade

espírita brasileira. Não só espíritas mas muitos católicos, irmãos de outras crenças e

mesmos agnósticos se interessaram em conhecer o livro “Nosso Lar”, de psicografia do

médium Francisco Cândido Xavier e editado pela Federação Espírita Brasileira - FEB em

1944. O nobre André Luiz narra, com raro encanto e riqueza de detalhes, a vida nesta

colônia espiritual e desmistifica a vida após a morte.

A partir desta obra, outras tantas foram vertidas das paragens do invisível por este

espírito culto, de grande sensibilidade e humildade, que, posicionando-se como mero

repórter, encanta-nos com os mais deslumbrantes ensinos nos variados campos do

conhecimento da vida universal. Existe uma conjunção perfeita entre os ensinos que

promanaram dele pela mediunidade santa de Francisco Cândido Xavier e os preceitos e

conteúdos da Codificação Kardequiana.

Sempre houve interesse dos espíritas em geral em descobrir a sua verdadeira

identidade. Dentre as hipóteses, ele teria sido doutor Álvaro Alvim (1863-1928), grande

mártir da medicina brasileira, ou o doutor Oswaldo Cruz (1872-1917), notável médico

sanitarista brasileiro, ou o doutor Carlos Chagas médico e bacteriologista nascido em

Oliveira/ MG no dia 09/07/1879 e falecido no Rio de Janeiro em 08/11/1934.

Nos primórdios de seu roteiro de trabalho com o médium, indagado acerca de seu

nome, o nobre espírito asseverou que utilizaria o pseudônimo de André Luiz, o mesmo

nome do irmão de Chico que, naquele instante, dormia na cama ao lado. Naturalmente que

ele tinha razão para este procedimento. Cativou aos espíritas pela qualidade e profundeza

dos livros que ditou e, em reverência ao mentor espiritual, estaremos listando mais a frente

a relação destas magníficas publicações que precisam ser lidas, relidas e estudadas.

Muitos médiuns clarividentes puderam contemplar a fisionomia ou sua feição

perispiritual atual e alguns pouco puderam vê-lo materializado. Nas inesquecíveis reuniões

de materialização que marcaram ao surgimento do Movimento da Fraternidade, em uma

oportunidade ele dignou-nos com a sua presença no Grupo da Fraternidade Espírita Joseph

Gleber, na Fazenda Eureka, na de Fábio Machado, médium de efeitos físicos.

André Luiz compareceu algumas vezes também no Grupo da Fraternidade Espírita

Irmã Scheilla, em Belo Horizonte / MG, não constando fenômeno de sua materialização

ostensiva, porém, pela pneumatofonia ou voz direta, ele proporcionou grande júbilo aos

presentes. Retornemos a 09/09/1949, após a conclusão dos trabalhos ectoplásmicos, são

encontradas 02 (duas) páginas de escrita direta pelos espíritos Maria Alice e de André Luiz.

O conteúdo da mensagem do mentor:

Meus irmãos, que a paz do Senhor conforte os vossos

corações. Escrevo esta com o fim de jubilar-me convosco pelos

êxitos que vamos obtendo. Desejo indicar-vos o vasto campo

para iniciardes a semeadura do bem; na imensidão deste mundo,

podemos encontrar infinitos campos para lançar as sementes do

progresso, mas não desperdicemo-las porque são poucas, são

restritas. Cultivem-nas no lugar próprio. Deus convosco. André

Luiz

Em abril de 1956 quando já existiam 18 (dezoito) Grupos da Fraternidade Espírita,

todos entusiasmados com os ensinos e vivências cristãs sob a direção espiritual da irmã

Scheilla, Francisco Cândido Xavier remete para Belo Horizonte uma mensagem da sua

lavra mediúnica e que o espírito André Luiz intitulou " No Grupo da Fraternidade" .

No Grupo da Fraternidade

No Grupo da Fraternidade,

o coração está incessantemente disposto a servir e em seu

santuário a alma do irmão

Não indaga,

Não desconfia,

Não fere,

Não perturba,

Não humilha,

Não se afasta dos infelizes para que o programa de Cristo se

cumpra nos mais necessitados,

Não reclama,

Não desanima,

Não se revolta,

Não chora perdendo tempo,

Não asila pensamentos envenenados,

Não destrói as horas em palestras inúteis,

Não exibe braços imóveis,

Não mostra o rosto sombrio,

Não cultiva o espinheiro do ciúme,

Não cava abismo de discórdia,

Não dá pasto à vaidade,

Não se julga superior,

Não se adorna com as inutilidades do orgulho,

Não se avilta com a maledicência,

Não despreza o ensejo de auxiliar indistintamente,

Não se ensoberbece e não foge à paciência e à esperança para

confiar-se às trevas da indisciplina e da perturbação, porque

o companheiro da fraternidade, em si mesmo, é

O perdão vivo e constante,

O trabalho infatigável,

A confiança que nunca se abate

A luz que jamais se apaga,

A fonte do entendimento que não seca,

A bondade que nunca descrê da Providência Divina e é,

sobretudo,

O amor incessante e puro, fazendo a vida florir e frutificar,

em toda parte, em pensamentos, palavras, atitudes e atos de

redenção com o Senhor que, aceitando a manjedoura, nos

ensinou a simplicidade na grandeza e, imolando-se na cruz,

exemplificou o sacrifício supremo, pela felicidade de todos,

até o fim da luta.

Como André Luiz retornou outras vezes, foi acontecimento natural escolhê-lo como

patrono ou mentor espiritual da OSCAL – Organização Social Cristã Espírita André Luiz,

entidade concebida para orientar os Grupos adesos ao ideal do Movimento da Fraternidade.

Tornou-se cada vez mais aguçado o interesse dos espíritas brasileiros em conhecer a

identidade real deste tão notável espírito, possuidor de tantos méritos e simpatia. O

Anuário Espírita de 2004 relata o encontro ocorrido em 20/02/1993 entre Hércio Marcos

C. Arantes, Dorival Sortino (Presidente das Casas Fraternais O Nazareno, Santo André/SP),

um médico do Rio Grande do Sul que integrou a última turma de alunos do Dr. Carlos

Chagas e o médium Francisco Cândido Xavier.

“A certa altura da conversa, Chico Xavier contou, com naturalidade, que, ao

terminar a psicografia do livro “Nosso Lar”, esperava que seu autor, o Dr. Carlos Chagas,

usasse o seu próprio nome da última encarnação. Com esta observação, Chico revelou a

identidade última do querido espírito André Luiz, identidade esta confirmada recentemente

pelo Dr. Inácio Ferreira (Espírito) na obra “Na Próxima Direção” do médium Carlos A.

Baccelli.

Como médico e cientista, Carlos Chagas obteve sucesso no combate à Malária. Em

1907 foi admitido no Instituto Oswaldo Cruz, em Manguinhos. Conseguiu descobrir o

agente causador da Doença de Chagas e denominou-o “Tripanossoma Cruzi” em

homenagem ao Dr. Oswaldo Cruz. Em 1911 foi concedido a ele o prêmio SCHAUDIM,

conferido por um júri internacional ao melhor trabalho em Protozoologia e Microbiologia.

Em 1912 foi guindado à chefia dos estudos da Malária no Vale do Amazonas,

posteriormente nomeado Diretor do Instituto Oswaldo Cruz e culminou a sua carreira como

diretor geral do Departamento Nacional de Saúde Pública e professor emérito de medicina

tropical da Universidade do Rio de Janeiro.

O articulista Hércio Marcos C. Arantes, com rara felicidade, reporta-se ao livro

“MEU PAI”, de autoria de Carlos Chagas Filho (1911-2000), em que o autor destaca alguns

segmentos que ilustram a personalidade de Carlos Chagas:

“De seu último período em Manguinhos, guardo a recordação de nossas conversas.

Eram horas e horas em que ficava a escutá-lo e, pelas suas palavras, pude penetrar em

grande parte de sua alma e conhecer episódios de sua vida. Foi o momento no qual,

certamente, mais procurou influir em mim e formar a minha personalidade, contando-me

sobretudo os erros – tão poucos! – que cometera. Ensinou-me a difícil tarefa de

compreender as gentes e amá-las.

Guardo de meu pai a certeza de que era um homem simples, no que a palavra tem

de mais autêntico. Honrarias, louvações e atitudes de subserviência nada lhe diziam. Sendo

um homem forte, queria que os que o acompanhassem assim o fossem e não aceitassem

suas palavras como irrebatíveis.

Sua indiferença frente dos aspectos materiais da vida era total, a não ser a pequena

vaidade de gostar de vestir-se com esmero, vaidade que aos poucos foi desaparecendo.

Quando morreu não deixou bens, senão a casa da rua Paissandu.

Várias vezes procurei saber qual a sua posição em face da religião. Mostrou-se

sempre avesso a esse debate. Creio que o seu espírito se dividia entre a profunda

religiosidade de sua mãe e de seus tios – muitos dos quais sempre de terço na mão – e o

agnosticismo, que era a tônica da grande maioria dos cientistas de sua geração.

Profundamente respeitador do sentimento alheio, nunca o ouvi discutir este assunto, nem

dizer uma frase de mínimo desacordo com o fato de que, a partir de um certo momento,

comecei a freqüentar a Igreja. Não importa tentar perquirir a intimidade de seu sentimento

religioso. O importante é assinalar que a sua vida se completou dentro dos preceitos mais

fundamentais do Evangelho.

Meu pai não foi um cientista acadêmico, um homem de laboratório, interessado

somente no seu próprio progresso intelectual e na ascensão do seu reconhecimento

internacional. O que desejou, na verdade, foi servir ao povo brasileiro, tirando do seu

convívio com os filhos dos colonos das fazendas em que viveu, com as gentes com quem

conviveu em Lassance e com aqueles que amou na bacia Amazônica, a força para entregar-

se ao que há de mais importante na vida de um homem: não viver para si, mas viver para

servir o seu próximo. Analisando a vida de meu pai, penso que ele nos deixa uma grande

mensagem: a de que a vida humana só tem significação quando utilizada para servir. Esta é

a lição que ele aprendeu na freqüência da miséria que viu em Minas, na Amazônia e um

pouco por todo o Brasil.

Até mesmo quando, no ano de sua morte, Gustavo Pitaluga, chefiando um grupo de

patologistas europeus, escreveu-lhe pedindo todas as suas publicações e o seu currículo

para apresentá-lo como candidato ao prêmio Nobel de 1936, sua emoção não chegou a

modificar-lhe o clima de vida, nem mesmo suas aspirações. Seu interesse pelos de menor

situação na sociedade traduzia-se, perfeitamente, na maneira suave e carinhosa com a qual

se aproximava dos pacientes nos hospitais que o vi freqüentar. Para ele, cada ser humano

tinha uma expressão própria que devia ser respeitada no mais profundo sentido ético que

tem o substantivo “ser”. Sua vida pode traduzir-se pela oposição que deu ao “ser” em

relação ao “haver”.

Quando cheguei a Lassance, 21 anos depois do momento em que meu pai descobriu

a doença de Chagas, as histórias de sua devoção aos enfermos e de sua preocupação com os

pobres com quem se avistava era a moeda mais corrente dos entretenimentos que tive com

a parte da população que tão bem se lembrava dele.

Durante o exercício da medicina, na ocasião de sua instalação, pouco duradoura, na

rua da Assembléia, muitas vezes – como já foi assinalado – tirava do seu bolso a soma

necessária para pagar a receita que prescrevera na consulta, as mais das vezes nem cobrada.

Não por uma injustificável soberba, mas porque achava que a medicina devia ser exercida

gratuitamente. (...) Chagas era um homem devotado ao seu semelhante qualquer que fosse a

sua situação social ou econômica. Entretanto, o dinheiro que não recebia dos pacientes, ou

que lhes dava para aviamento da receita, faltava, às vezes, fortemente, ao orçamento

doméstico.”

Para aqueles que não conhecem, listamos a seguir as extraordinárias obras de

autoria do espírito André Luiz vazadas ao mundo pela mediunidade de Francisco Cândido

Xavier, ou parceria deste com o médico e médium Waldo Vieira.

Listagem das Obras e respectivo ano em que foram publicadas:

- Nosso Lar 1944

- Os Mensageiros 1944

- Missionários da Luz 1945

- Obreiros da Vida Eterna 1946

- No Mundo Maior 1948

- Agenda Cristã 1948

- Libertação 1949

- Entre a Terra e o Céu 1954

- Nos Domínios da Mediunidade 1955

- Ação e Reação 1957

- Evolução em Dois Mundos 1959

- Mecanismos da Mediunidade 1960

- Conduta Espírita 1960

- Opinião Espírita (parceria com Emmanuel) 1963

- Sexo e Destino 1963

- Desobsessão 1964

- E a Vida Continua 1968

- Sinal Verde 1971

- Respostas da Vida 1975

- Endereços da Paz 1982

- Apostilas da Vida 1986

A bondade desse espírito é uma constância e queremos registrar a sua presença em

um encontro de âmbito nacional do Movimento da Fraternidade, conhecido como Semana

da Fraternidade que aconteceu de 18 a 21 de abril de 2003, em Belo Horizonte/MG. É

preciso atentar para a singularidade e do mecanismo diferenciado, tornando possível o

ajustamento psíquico-espiritual entre o médium e o mentor comunicante.

André Luiz na 20ª Semana da Fraternidade

Amigos queridos, a voz me embarga pelo que meus olhos espirituais podem ver

neste instante. Vejo o nosso ambiente se dilatando, as paredes se abrindo... Há um céu

acima de nós que irradia um clarão suave. No entanto, os meus olhos se dirigem para o solo

que se abre também e eu vejo muitas almas aflitas, muitos espíritos desfigurados,

estropiados, que trazem lamentos em seus olhos e se acotovelam, às centenas. São espíritos

sombrios e infelizes que nos dirigem olhares ansiosos e parecem clamar por esperanças.

Há ainda um pedestal de cristal e sobre ele um espírito iluminado, com suas vestes

brancas e luminosas. Ele nos dirige um sorriso terno, mas não nos fala diretamente, ele

aponta as almas infelizes que aqui estão e se dirige a elas.

Companheiros, este espírito é André Luiz, o nosso mentor a quem tanto devemos e

neste instante vem-nos o desejo de ajoelhar aos seus pés. Ele está falando aos espíritos

infelizes. Eu não saberei, infelizmente, acompanhar a magnificência de suas palavras, mas

eu o ouço dizer assim:

Irmãos, sob a excelcitude de Jesus, nos reunimos nesta

assembléia bendita, nos limites das almas encarnadas. Vejam,

irmãos, olhem para cada um destes irmãos encarnados que aqui

estão, observem como eles transpiram tranqüilidade, como eles

anseiam e palpitam veemente pelo exercício do evangelho em

suas vidas.

Aqui hoje estamos reunidos porque Jesus lhes permite uma

experiência diferente. Todos vocês, amigos, que neste

instante consideramos como irmãos, trazem pequenos números e

eu lhes digo que, ao terminar esta assembléia, se unirão

aos encarnados que têm no peito estampado este mesmo número.

Acompanharão os seus passos pelo tempo que acharem

necessário, porque assim lhes foi concedido. Irão

experimentar com eles o evangelho vivo; observar-lhes os

passos no exercício da vida; acompanhar-lhes os pensamentos,

os sentimentos, serão testemunhas invisíveis de suas ações e

aprenderão com eles, porque eles são como a mim mesmo. Jesus

colocou-os sob a minha responsabilidade e esta é a minha

seara de trabalhos.

E vocês, irmãos, que estão cansados de palmilhar na dor,

na sombra, na agonia, encontram-se infelizes por haverem

exercitado tantos e tantos séculos de maldade, como nós

mesmos. Vocês se ressentem dos ecos do mundo porque lá fora

ecoa a guerra, lá fora os homens se degladiam em pelejas

infindas, em lutas de egoísmos e de orgulhos intermináveis.

O planeta anseia por paz verdadeira e, hoje,

acompanhando estes encarnados, aprenderão o caminho da luz.

Verão que eles realmente representam, neste instante, os

seres humanos mais favorecidos de nosso orbe porque eles

detêm a luz do evangelho em seus corações. Irão aprender com

eles que no exercício da fraternidade verdadeira encontra-se

o caminho para que todos nós possamos evadir-nos dos círculos

das dores, de trevas e de infelicidades que todos nós

palmilhamos.

Fiquem com eles o tempo que julgarem necessário. O Plano

Superior lhes concede esta oportunidade, estejam juntos, eles

não se amedrontarão se porventura lhes perceberem, eles sabem

que todos somos enfermos carentes de luzes, eles não irão

rechaçá-los se porventura sentirem que ainda não emanam as

luzes do alto, porque eles sabem, em seus corações, que assim

é necessário e eles irão acomodá-los na fraternidade

verdadeira.

E depois que vocês observarem como estes encarnados são

distinguidos na sociedade do mundo atual, não são como os

antigos seguidores do Cristo que, em nome do meigo Rabi

muitos foram levados à fogueira, não são como aqueles

hipócritas que batem no peito e prometem o exercício pleno do

amor para, uma vez que voltem os seus olhos para os templos,

prosseguirem no exercício de crueldades infindas.

Estes irmãos encarnados irão, enfim, convencê-los de que

somente herdaremos a felicidade se a semearmos ao redor dos

nossos passos, que bendito é aquele que exerce a fraternidade

porque ele herdará a ventura celeste. E, uma vez convencidos

de que eles são, realmente, ovelhas que já se entregaram ao

exercício do amor, voltem então às furnas sombrias, que por

tantos séculos lhes acomodaram, voltem então aos seus

superiores, voltem aos amigos que ainda palmilham as

trajetórias infelizes das regiões abissais da Terra,

esquecidos de que nascemos para a felicidade e fomos criados

com toda a potência do universo. E digam aos seus

companheiros, levem esta notícia alvissareira, de que há na

Terra espíritos encarnados renovados para o bem, dispostos ao

exercício do amor, entregues à docilidade, digam-lhes para

que todos venham rumo a este páramo de luz, porque este é o

caminho, esta é a certeza absoluta de que assim

transformaremos a face do planeta e a nossa humanidade

resplandecerá à luz para a qual foi criada.

André Luiz

A visão está se desfazendo, queridos, o nosso André Luiz entrega-nos esta tarefa.

Estaremos sob a vigilância de olhos invisíveis que estarão vigiando as nossas ações. Já

recebemos lições suficientes, não podemos deixar mais os nossos livros nas estantes como

repositórios de palavras belas. É preciso entregarmo-nos ao exercício pleno das lições que

já sabemos de cor.

E neste instante uma luz resplandece aqui no alto. E um coração se delineia, é um

coração imenso, prateado. Ele pulsa e no seu pulsar gotículas de prata caem como grinaldas

de luz sobre nós. Este coração tem uma auréola de flores que se desfazem em pétalas

suaves e que neste instante caem mansamente sobre o nosso coração. É um coração

ectoplasmático, plasmado pelas energias carnais que aqui estamos desenvolvendo e este

jogral de luzes cai sobre os espíritos infelizes aqui reunidos e eu vejo faces sorridentes,

olhos iluminados de esperanças. São espíritos infelizes que depositam em nós certeza de

que encontrarão, enfim, o caminho tão ansiado.

Armemo-nos de heroísmo suficiente a fim de suplantarmos nossas deficiências e

aceitarmos esta tarefa que o nosso querido mentor carinhosamente nos suscita.

Que a paz do Cristo seja conosco, diz-nos o querido mentor.

Relato do médium Gilson Teixeira Freire. Mensagem recebida pela psicofonia do mesmo

médium em 18/04/2003, na noite de abertura da 20ª Semana da Fraternidade realizada em

Belo Horizonte.

2

Scheilla

Descrever algo acerca desta personalidade espiritual constitui missão emocionante e

espinhosa ao mesmo tempo! Emocionante, em face a empatia e ternura que esplende da sua

alma sensível; espinhosa, pela impossibilidade de retratar com alguma riqueza a

exuberância da sua obra, seja na sua atual condição de Espírito ou quando mergulhada na

carne, no círculo majestoso das vidas terrenas.

Mas de algo podemos falar segura e orgulhosamente: a sua estatura moral que

facultou-lhe uma readaptação rápida no Mundo Invisível e, sem delongas, pôs-se a serviço

do Cordeiro de Deus, esparzindo as virtudes do seu coração na condição humilíssima de

operária da gleba do Senhor.

Pouco tempo depois de seu desenlace terreno ocorrido em 1943, Scheilla foi

convocada para labores junto a nós, criaturas no corpo físico. Temos notícias de sua

participação grandiosa nas reuniões de ectoplasmia/materialização, pelos idos de 1948, no

Centro Espírita André Luiz, na cidade do Rio de Janeiro, onde pontificou a exuberância dos

dotes mediúnicos de Francisco Peixoto Lins, o Peixotinho.

Consta de ata do Grupo Espírita Pedro, de Macaé/RJ, onde o Peixotinho laborou

com a sua extraordinária mediunidade, o registro de um espírito de nome Rudolph Fritz

manifestou-se psicofônicamente pela primeira vez em reunião mediúnica no final do

segundo semestre de 1939. Noutra oportunidade ,mais a frente, rogou preces dos presentes

a benefício da sua irmã Scheilla, que estava sofrendo processo de desligamento do corpo

físico. O mesmo espírito comunicante informou, pela mediunidade de Peixotinho, que o

seu pai, de nome Fritz, médico homeopata, houvera sofrido morte decorrente de queda de

avião de combate sobre a sua casa, durante bombardeio aéreo realizado pela Real Força

Aérea da Inglaterra. Vale recordar que o primeiro ministro inglês Winston Churchill

ordenou os primeiros ataques à Alemanha, em represália ao bombardeio alemão sobre

Londres.

O espírito Rudolph Fritz identificou-se como Tenente Reformado do Exército

Alemão e que fora convocado para a Guerra. Junto com outros oficiais haveria de executar,

a sangue frio, prisioneiros de guerra poloneses e a sua pronta recusa valeu-lhe o título de

traidor da nação e a condenação à morte, junto dos sentenciados, e alvejado pelos seus

próprios compatriotas.

O dócil e amoroso espírito Scheilla materializou-se algumas vezes, em Pedro

Leopoldo, na casa do senhor Rômulo Joviano e com a presença do notável médium

Francisco Cândido Xavier. O livro “Memórias de um presidente de trabalhos” de autoria de

Luiz Rocha de Lima, menciona também a presença de Scheilla nas inesquecíveis reuniões

de materialização de espíritos para fins de curas espirituais no Santuário do Frei Luiz.

A partir daí, Scheilla marcou presença no Espiritismo no Brasil e a vertente talvez

mais importante do seu trabalho tenha sido no Movimento da Fraternidade – MOFRA,

onde sinalizou-nos para tempos de esperanças e trabalhos.

Transparece recaírem sobre duas personagens as responsabilidades mais diretas na

condução operacional do Movimento da Fraternidade: Joseph Gleber e Scheilla. A

conjunção de idéias e a interação de procedimentos os faz tão sintonizados a ponto de

parecerem um só. No seio da comunidade fraternista, uma parcela considerável chega a

conjecturar sobre um noivado espiritual, interligando-os em laços de uma afeição mais

profunda. Independente disso, a afinidade desses espíritos é notória e os situa nos trâmites

da verdadeira família espiritual, aquela que transcende os laços da consangüinidade.

Quando das inesquecíveis reuniões de materialização ocorridas com os

companheiros do Centro Espírita Oriente, de Belo Horizonte, que encantaram o Brasil,

Scheilla introduziu o canto espiritualizante nas reuniões mediúnicas. As humildes senhoras,

ao formarem o primeiro coro em 1949, deram origem ao formoso Coral Espírita Irmã

Scheilla e hoje muitos corais, notadamente nos agrupamentos fraternistas, não só alegram

mas divulgam o Evangelho de Jesus através da música. Rudolph Fritz informou-nos que,

naqueles distanciados tempos, sua irmã Scheilla foi musicista.

Centros espíritas, creches, corais espíritas e departamentos diversos de casas

espíritas levam o nome de Scheilla, certamente pelo respeito, confiança e amor que a

respeitável Entidade soube granjear em suas andanças. Só para exemplificar, no âmbito do

Movimento da Fraternidade existem três agrupamentos com o seu nome, que a têm como

mentora: o Grupo da Fraternidade Espírita Irmã Scheilla, de Belo Horizonte / MG, o Grupo

da Fraternidade Espírita Irmã Scheilla, de Nova Iguaçu /RJ, e o Grupo da Fraternidade

Espírita Irmã Scheilla, de Tijucas / SC.

De sua trajetória reencarnatória consta a existência em que envergou a

personalidade de Joana Francisca Frémiot, nascida em Dijon em 28/01/1572. Aos 20 anos

casou-se com o Barão de Chantal. Ainda jovem perdeu o esposo, ficando como arrimo de

uma família de 04 filhos, porém seu coração virtuoso honrosamente enfrentou os encargos

supervenientes e, além disso, dedicou tempo ao exercício das obras piedosas.

Já em 1604 fazia pregações e a tanto chegava sua ascendência espiritual que o

Bispo Francisco de Sales (canonizado santo pela igreja), submeteu-se à sua direção

espiritual. No ano de 1610 ela fundou, em Annecy, a Congregação da Visitação de Maria;

em 1612 alugou uma casa num bairro pobre de Paris e galhardamente dirigiu a Instituição

até 1619, quando transferiu a missão para uma das mais virtuosas criaturas que já transitou

pela Terra: Vicente de Paulo, o Santo da Humildade, naquela época, confessor e orientador

espiritual de Joana de Chantal. Quando do desencarne de Joana, em 13/12/1641, já

existiam 87 Conventos e 6.500 religiosas seguidoras do seu ideal.

Clóvis Tavares conta (livro “Mediunidade dos Santos”) que, antes do desencarne de

Joana, São Vicente de Paulo teve a visão de um globo luminoso, subindo da Terra e

alcançando um outro globo, maior e mais luminoso, que o acolhia e, um terceiro globo,

bem maior que recebia a ambos. Compreendeu que o primeiro era Joana que se libertava; o

segundo era o Bispo de Genebra, São Francisco de Sales, desencarnado em 1622, e o

terceiro, a essência divina que abraçava Joana a saudar o seu retorno à pátria espiritual.

Em romagem mais recente, Scheilla experimentou existência rápida porém virtuosa

na orgulhosa Alemanha. Viveu entre a presunção de uma filosofia materialista, pretensiosa,

sequiosa de poder e sonhadora por uma “raça pura e superior”. Scheilla optou por atender a

voz da sua consciência interior, vivendo na simplicidade e servindo aos enfermos que a

rodeavam.

Preferiu voltar sua dedicação aos atingidos pelo tormento das doenças e em

particular aos vencidos pelo ódio e pelo egoísmo. Como enfermeira ela cuidava das feridas

físicas e como amiga da caridade tratava chagas morais e enxugava lágrimas dos vitimados

de si mesmos.

A enfermagem situou-a no contato direto com os doentes de todos os matizes e ela

fez com que a fraternidade pura representasse a tônica da sua vida. O seu abnegado espírito

não se furtou a conviver nos ambiente belicosos, ensinando a paz na guerra e o amor

espiritual na ação silenciosa, apontando para os seus assistidos o porto seguro da fé cristã.

Certamente com a intenção de dirimir contradições sobre o desenlace da virtuosa

mentora, o abnegado espírito José Silveira Baessa, em reunião mediúnica de desobsessão

de que participamos no Grupo da Fraternidade Espírita Irmã Scheilla espontaneamente

assim se expressou pela mediunidade psicofônica de Oswaldo Miranda no dia 09/10/2004:

Estamos no ano de 1943, numa quinta feira, dia 29 de

julho!

Sofremos o ataque aéreo mais devastador que o estado

alemão, já em decadência, contemplou. Foram mais de

oitocentos bombardeios realizados pela Real Força Aérea da

Inglaterra em ataques noturnos. O exército americano

encarregava-se do ataque diurno e uma cidade de

aproximadamente um milhão de habitantes é arrasada. Uma

catástrofe estarrecedora!

Homens, mulheres e crianças desnorteadas pelas ruas de

Hamburgo, até que um bombardeio ceifa a vida de milhares de

alemães. Muitos são socorridos pelo destemor, pela fé de

abnegadas enfermeiras a serviço do Reich.

É o fim de um ciclo de vida cheio de dor e de

testemunhos. Contudo, após a morte, veio o triunfo ao

receberem a palavra consoladora de Jesus e de Maria

Santíssima!

Sessenta e um anos se passaram e, quando ouvimos a

narrativa de Scheilla num salão do mundo espiritual, saturado

de emoções superiores, elevamo-nos em preces silenciosas

confiantes e agradecidos a Jesus. Trabalhemos com o Cristo

para que o ser humano não necessite mais de resgates

dolorosos de muitas e muitas vidas!

Scheilla estava no trabalho ativo quando desencarnou em Hamburgo, em 1943,

vitimada por violento bombardeio aéreo: seu corpo foi consumido pelas chamas do

incêndio provocado por explosão, quando heroicamente tentou salvar uma criança.

E desde esta época ela faz ponte entre o céu e a terra e, nós encarnados já nos

habituamos com a sua presença, que contabiliza ensinamentos, emoções e, de quando em

vez, o substrato inesquecível do perfume de uma rosa que ela bem representa.

Afora as atividades enunciadas, inúmeras foram as suas mensagens psicofônicas ou

psicográficas, muitas condensadas em livros, tais como: Convite aos Corações, Flor de

Vida, Chão de Rosas e Visão Nova - Abençoa Sempre.

Em visita que fizemos, em 04/11/2002, ao Grupo Espírita da Bênção, na cidade de

Mário Campos/MG, fomos tocados de profunda emoção quando, no final da reunião

pública, recebemos a seguinte mensagem de Scheilla pela psicografia do médium Wagner

Gomes da Paixão.

Ciência, Paz e Amor

Alan, meu filho,

Reunindo o teu aos corações dos irmãos amados que junto

a ti aqui aportam para as manifestações da fraternidade,

abraça-os a serva e amiga de muito, com o pensamento fixo em

Jesus perante a Humanidade que tanto ama.

A Seara é a escola que a Providência Divina nos

franquia, simbolizando nova fase de emancipação e

espiritualidade para quantos vêm laborando com fervor.

Volvendo os olhos para o princípio, com todos os

empreendimentos que nos marcaram a participação efetiva em

louvor da proclamação da Verdade imortalista e do valor da

Caridade por ingrediente único de merecimento e ascensão,

catalogamos os muitos servidores desencarnados e encarnados

mobilizados para o certame com Jesus.

Às claridades de Ministros de Nosso Lar, mas tutelados

por outros abnegados expoentes de “Alvorada Nova”, uma

sementeira de amor e verdade pode ser levada a efeito,

fecundando os terrenos adustos do entendimento e da

credulidade humana, com êxito apreciável.

Após décadas de labores exaustivos e santificantes, meus

amigos, quantos não puderam se levantar para a esperança do

Bem triunfante, mesmo depois da morte corporal?

Quantos trabalhadores com ação decisiva no meio social

precário do País, deixando rastros de amor e fé para o

Mundo?!

Somos os operários da ressurreição, do aprimoramento, da

esperança! Ao Espiritismo, o Movimento da Fraternidade

ofertou sua cota porque irmanado a tantas ações pela causa da

ciência, da paz e do amor.

Scheilla

Durante a 20ª Semana da Fraternidade ocorrida entre os dias 18 a 21 de abril de

2003, os espíritos Almir Fontoura e José Grosso travam interessante colóquio, fazendo

resultar na mensagem a seguir descrita.

O Júbilo de Scheilla

Ao lado de José Grosso, acabara de chegar à rude casinha

do sertão nordestino.

Prestaríamos ali o socorro imprescindível, a finalização

do processo de desenlace de simpático e humilde irmão, que

naquele dia chegara ao fim de suas possibilidades físicas.

Ao adentrarmos o humilde lar - quase uma tapera –

deparamo-nos com Scheilla, toda iluminada por sublime

vibração de prece, derramando lágrimas de contentamento, a

velar a forma perispiritual do enfermo já exteriorizada com

seu efetivo auxílio.

Ali, nenhuma sombra, ninguém, mesmo encarnado, somente

Scheilla, e agora José Grosso e eu, em posição de respeito

ante a manifestação de infinita ternura da Benfeitora

iluminada.

Após instruções a nós, despediu-se, feliz, aquela flor

do céu, deixando-nos o encanto de seu perfume cristão.

Sem me conter, indaguei ao meu parceiro: José, por que

Scheilla tão feliz, emocionada perante o irmão em despedida

do corpo?

E ele, com sorriso discreto e matreiro na boca,

explicou: Este é um irmão que, embora pobre, fervoroso e

humilde nesta existência, animou, na antiga Prússia e depois

nos domínios da Alemanha nazista, a veste de um incrédulo e

malfadado elemento, que, ao contrário de considerar seus

irmãos, combatia-os em corrida louca.

Indaguei: Mas como ele mudou tanto, de lá para cá ?

Sem demora, olhou para mim significativamente e

respondeu: Por necessidade, ligou-se a um Centro Espírita

muito fraternal, aprendeu a receber apoio e a servir, ensinou

e aprendeu, desenvolveu a fé e venceu, conhecendo a

fraternidade legítima, a própria conversão a Jesus, ao Seu

Evangelho.

E batendo em meus ombros, antes de proceder ao

desligamento final do desencarnante, brincou: Evangelho é

vida; fraternidade é fenômeno de materialização do amor de

Deus. Você não acha que é motivo de sobra para o júbilo de

nossa Scheilla?!

Almir Fontoura

(Mensagem psicografada por Wagner Gomes da Paixão, em 20/04/2003, durante a 20ª

Semana da Fraternidade, em Belo Horizonte/MG. Este evento contou com a presença de 61

agrupamentos cristãos espíritas)

3

Adamastor

A Mocidade Espírita do Grupo da Fraternidade Espírita Irmão Palminha, de Juiz de

Fora/ MG, por ter como patrono espiritual o querido Adamastor, cogitou da possibilidade

de ter os seus dados biográficos. Em 10 de agosto de 1993, a própria entidade assim se

expressou pela mediunidade psicográfica de Gilson Teixeira Freire (do GFE irmão Vitor,

de Belo Horizonte- MG):

À Mocidade do Grupo da Fraternidade

Espírita Irmão Palminha

Queridos Amigos,

É dificultosa para nós a tarefa solicitada, tendo em

vista nossa disposição íntima de superar os laços do

personalismo inferior que ainda nos anima o ser e nos prende

às amarras do egoísmo e do orgulho.

Gostaríamos de nos apresentar como singelo trabalhador

do Cristo, dispensando outros dados tão ao gosto do mundo,

ávido de identificar no plano espiritual aqueles que

incorporaram personalidades de expressão.

Não tivemos, no entanto, esta posição quando de nossa

última encarnação terrena.

Vivemos como modesto médico no Rio de Janeiro e, como

espírita, contribuímos com os trabalhos doutrinários da Casa

de Ismael.

Introduzimo-nos nas lides espíritas na França, no início

do século, quando ainda cursávamos a faculdade médica e

conhecemos a extraordinária figura humana de Camille

Flammarion. Este grande espírito nos deu a mão e nos

conduziu como verdadeiro pai nas primeiras letras do

Evangelho e da Doutrina dos Espíritos. Continuamos seguindo-

lhe os passos no plano espiritual, por imensa dádiva do

Senhor.

Nos tempos escuros da Segunda Grande Guerra,

contribuímos com a nossa modesta colaboração junto aos

necessitados que desencarnavam em condições lamentáveis nos

bombardeios, nos campos de batalhas.

Aí entramos em contato com as falanges de Adolfo

Bezerra de Menezes, quando, então, tivemos a imensa alegria

de receber-lhe o convite para trabalhar ao seu lado. Após

anos de estudos e trabalhos pudemos, enfim, receber o maior

mérito de ser-lhe o porta-voz nos trabalhos mediúnicos junto

a grupos espíritas, onde nos situamos no momento.

Sem méritos e sem valores, desprovidos de conhecimentos

e ainda menos de capacidade de amar, temos trabalhado nesta

seara sustentados unicamente pela boa vontade de acertar e

pela Misericórdia de Jesus.

Não tivemos expressão de personalidade entre os homens e

não gostaríamos de tê-la como espírito.

Acima de tudo, pretendemos ser chamado, considerado e

lembrado apenas como trabalhador do Cristo. Por isto, rogamos

aos amados companheiros da Mocidade do Grupo da Fraternidade

Espírita Irmão Palminha que guardem em seus corações este

nosso desejo e modifiquem o nome da mesma para “Mocidade do

Cristo” e estaremos jubilosos pelos seus carinhos e

considerações, que de modo algum nos fazemos meritórios.

Estaremos junto aos corações de todos. Muito não

poderemos fazer, mas nos esforçaremos para trazer-lhes, pelo

amor, pensamentos de bom ânimo e alegria.

Tenham a paz do Senhor sempre.

Adamastor

Em síntese, são estas as informações acerca deste espírito que tem derramado

preciosas orientações para a OSCAL e para os Grupos da Fraternidade Espírita

naturalmente adesos ao Movimento da Fraternidade. No ensejo, grafamos uma das suas

tantas orientações que trazem alento e ânimo para os corações fraternistas.

Aos diletos companheiros da OSCAL

Buscai o Reino de Deus e sua justiça e todas as outras coisas vos serão dadas de

acréscimo.

Nossos orientadores recebem, felizes, os cuidados dos

amigos queridos, desejosos do melhor desempenho nas funções

que lhes cabem. Estejam seguros de que, embora as dimensões

do existir pareçam nos apartar, estamos muito mais unidos do

que podem imaginar e ocupamos suas mentes de forma tão

natural que nossos pensamentos se lhes misturam às idéias,

sem que se apercebam de nossa presença intensiva e decisiva,

norteando-lhes todas as intenções. É absolutamente certo que,

sob a égide de Jesus, nossa jornada de trabalhos deve se

realizar nos dois planos da vida e nossos esforços estão, por

isso, permanentemente unidos na realização da nobre tarefa.

Assim é que não há motivos para se temer o erro de decisões

importantes, desde que mantenhamos puro o coração e nobre as

intenções de acertar.

E não olvidem que o plano superior mantém ininterrupta

vigilância, conferindo nossos passos através da intuição,

porta segura por meio da qual as assertivas destinadas à

orientação de nosso Movimento podem atingir a todos, pois

cada qual, sem exceção, no desempenho das tarefas que lhes

competem, todas igualmente importantes no patamar em que se

desenvolvem, estão sob o exercício de sublime mediunidade

com Jesus. Pela voz da intuição, poderosa força de

comunicação entre todos os seres que se sintonizam em

objetivos comuns, as sugestões e resoluções necessárias à

concretização dos objetivos propostos encontram guarida na

mente dos encarnados. Aqueles que detêm boa vontade de servir

e reservam a humildade suficiente para fazer calar a própria

arrogância estão preparados o bastante para ouvir a voz que

vem da alma e nos fala da vontade do Cristo. Basta segui-la

com confiança e determinação.

Eis porque os amigos já trazem no coração a resposta à

formulação solicitada e nossa sugestão é apenas uma

confirmação que atende incertezas que ainda povoam nosso

mundo íntimo, destituído da fé necessária ao sustento do

espírito.

A Esfera Superior se esmera, com grande empenho, para a

implantação da obra evangélica no coração humano,

transformando condutas e sentimentos em imorredouras

edificações espirituais, objetivando, sobretudo, a renovação

da face planetária em base ao amor ao semelhante. Enfastiados

do domínio das Trevas, cansados do vendaval de crueldades e

ignorâncias que somente nos trazem infelicidades, os

espíritos de boa vontade desejam ver o orbe iluminado pelo

Evangelho, sanando todas as discórdias e enriquecendo o homem

de prolífero relicário divino. Afeitos às venturas dos planos

celestiais, anseiam trazê-las para brindar a vida planetária,

paupérrima de alegrias genuínas e sedenta da elísia paz. É

inútil fugirmos espavoridos da dor que corrige e encontra

sempre o seu alvo, estabelecendo coerções onde impera a

revolta e a maldade. Já não podemos mais suportar a ausência

do bem nas sendas humanas e nossa sociedade agoniza, sob o

sufrágio da iniqüidade infrene. Somente a renovação de todos

os sentimentos da alma, dirigida pelos apelos sublimados do

Cristo, pode transformar o cenário do mundo, banindo os

charcos sombrios da expiação que ainda campeiam as suas

paisagens, afastando-nos do Reino de Deus que tanto ansiamos.

Eis então que todos os esforços dos seareiros cristãos,

de ambos os lados da vida, devem se investir destes objetivos

prioritários, sobrepujando todos os outros intentos de ordem

transitória do mundo físico. As conquistas monetárias,

indispensáveis ainda ao sustento da própria massa física que

o espírito carreia, devem ter por base estas mesmas intenções

para que não se dissolvam em ideais vazios e improdutivos de

bens espirituais, secando-se, peremptoriamente, o ideal

sublime, qual a figueira estéril da parábola evangélica. Se

todo nosso empenho se esmerar na confecção de realizações

efêmeras e ilusórias da matéria, ainda que se apóiem em

propósitos nobilitantes, estarão fadados ao inevitável

derruir do tempo que a tudo consome.

Não se iludam, companheiros, o labor na carne é mera

motivação para que o patrimônio espiritual floresça em nossos

campos interiores, burilando-nos a contumaz e secular

maldade e faça despertar em nós o amor pelo bem, abrindo-nos

as portas da alma para a pujança e a felicidade que vicejam

na obra divina.

Objetivando, sobretudo, o desenvolvimento destes fins,

os recursos materiais, necessários ao sustento da obra

fraternista são secundários e entregues ao labor humano,

afeitos às suas necessidades mais imediatas. Portanto,

sintam-se em liberdade para deliberarem como lhes aprouver

na busca das soluções indispensáveis à manutenção do

arcabouço físico sobre o qual se desenvolve o progresso

espiritual pretendido, sem olvidar jamais que a intuição é

idioma de fácil entendimento para aquele que segue os

preceitos morais implantados no imo da própria consciência.

Convocados a opinar, destarte, nossos superiores

recomendam, de fato, a disponibilidade da propriedade em

questão, a Fazenda Flamengo, saldando compromissos de “César”

a fim de que os “investimentos do Cristo” se libertem dos

onímodos fardos humanos e os esforços conjuntos se unifiquem

na reformulação dos valores eternos que realmente nos

interessam, confeccionando-se “tesouros que a ferrugem não

corrói e não se sujeitam ao assalto dos flibusteiros.”

Há necessidade urgente de que a máquina administrativa

do Movimento da Fraternidade se simplifique ao máximo

possível, evadindo-se do guante econômico, evitando-se o

desperdício de recursos e o desvio de verbas espirituais dos

títulos divinos, encaminhados prioritariamente para a

investidura na construção evangélica. Desgovernados pelas

exigências de “César”, os patrimônios da alma jazem oprimidos

pela sobrecarga de diligências improfícuas que sufocam os

sentimentos e deixam sedento o espírito; por isso, a

extinção da empresa RECIFRA é, sem dúvida, o caminho mais

condizente para que o labor no campo do Evangelho não

encontre óbices intransponíveis, retardando-se a marcha

indispensável rumo às luzes do Cordeiro.

O Condomínio Rural da Cidade da Fraternidade vem

atendendo ao que se espera de uma entidade voltada para um

escopo eminentemente cristão, apesar da espiritualidade ainda

aguardar maior rendimento no plano das vocações humanas para

que os esforços empreendidos não os deixem depauperados dos

bens divinos.

Se o ideal da fraternidade cristã é nortear nossos

passos, em momento algum estaremos inseguros quanto aos rumos

a seguir e o Senhor estará ao nosso lado, afugentando-nos as

incertezas da ignorância, que ainda prolifera em nossos

caminhos. E colimando nossas intenções estritamente nas rotas

do Evangelho, seguiremos a braços dados e a passos decisivos,

unidos para sempre no alcance da felicidade suprema.

Paz a todos.

Adamastor (sob a orientação de André Luiz)

Mensagem recebida no Grupo da Fraternidade Espírita Irmão Vitor, de Belo

Horizonte/MG, em 05/02/2002, pelo médium Gilson Teixeira Freire.

4

Jair Soares

Com motivada saudade lembramo-nos do desencarne do irmão Jair Soares, ocorrido

aos trinta minutos do dia 03/08/1992, no Hospital Vera Cruz, em Belo Horizonte, onde se

achava internado para tratamento de afecção cardiovascular.

Foi o fundador do mensário Voltando às Origens e do Grupo da Fraternidade Irmã

Ló, aos quais emprestou o calor de sua dedicação, com o mais puro idealismo. Tonou-se,

assim, merecedor da nossa imorredoura gratidão.

Nasceu na cidade de Teixeiras, em Minas Gerais, em 27/02/1910, e seus pais

foram Manoel Luis Soares Gomes e Laura Augusta Nogueira Soares. Aos 29 anos

transferiu residência para Belo Horizonte, então bucólica cidade, a qual passou a amar

como à própria terra natal.

Exerceu a profissão de Técnico em Contabilidade para várias casas comercias, até a

merecida aposentadoria. Dotado de ilibado caráter, profundo conhecedor da ciência

contábil, conquistou invejável reputação no comércio atacadista local.

Casou-se em 22/09/1932 com Elvira de Barros Soares, a Dona Ló como era

conhecida na intimidade. Foi o seu anjo bom pela vida afora. Do consórcio nasceram os

filhos Ed, Edgard, Elcy e Vila.

Nascido de família católica, converteu-se ao Espiritismo em 1934, conduzido pela

amorável esposa. Desde que chegou a Belo Horizonte passou a colaborar ativamente no

Centro Espírita Oriente, emprestando o brilho de sua dedicação em várias diretorias.

Sua residência à rua Paraisópolis, no bairro de Santa Tereza, era como que a Meca

do Espiritismo. A partir de 11/02/1949 assumiu a incumbência de coordenar as reuniões de

ectoplasmia que, à época, produziam fenômenos de materialização. Dadas suas

características, estas reuniões ficaram muito conhecidas e foram muitos os espíritas de

variadas cidades do Brasil que para ali acorreram para receberem o benefício dos

tratamentos espirituais ou para verem materializados os espíritos e ouvirem os seus sábios

conselhos.

Sessões memoráveis foram realizadas com o médium Francisco Peixoto Lins, o

Peixotinho, e depois com os médiuns Fábio Machado, Levi Guerra e Ênio Wendling.

Os livros "Materializações Luminosas" e "Forças Libertadoras", ambos do

consagrado escritor R.A. Ranieri, são repositórios de algumas dessas reuniões que

constituíram fase brilhante de materialização em nossa Pátria. Também os livros

"Movimento da Fraternidade", de Célio Alan Kardec de Oliveira, e "Materializações

Luminosas – Leis Cósmicas em Ação", de Dante Labatte, historiam com muita riqueza

estas inesquecíveis reuniões de materialização.

Nosso querido Jair Soares desfrutou de amizade estreita com Francisco Cândido

Xavier e com ele permutou inúmeras correspondências. No livro "Movimento da

Fraternidade" estão registrados tópicos dessas missivas inesquecíveis, todas elas retratando

comentários, particularidades e belezas dos acontecimentos durante as formosas reuniões

de materialização que aconteciam sob a direção da amorosa Scheilla.

Durante o exercício da sua presidência do Centro Espírita Oriente e à frente destas

reuniões de ectoplasmia, de inigualável beleza, surgiu o Grupo da Fraternidade Espírita

Irmã Scheilla. Em 04/11/1956, o Grupo da Fraternidade Espírita Irmã Scheilla e muitos

outros agrupamentos oficializaram a fundação da OSCAL – Organização Social Cristã

Espírita André Luiz, com a incumbência de conduzir, no plano físico, o “Movimento da

Fraternidade”, que representa a união voluntária de criaturas conscientes que, sob a égide

de Jesus Cristo, se propõe a espalhar à luz da Doutrina Espírita, a Verdade do Evangelho e

a praticá-la junto aos irmãos da humanidade.

Com rara alegria, fez inúmeras viagens pelo Brasil na companhia de irmãos

embalados pelos mesmos sentimentos, para levar a orientação e o espírito fraternal a

inúmeros grupos sensibilizados pelos ideais da fraternidade. Foi inesquecível para ele a

fundação da Cidade da Fraternidade, uma comunidade cristã-espírita localizada no

município de Alto Paraíso/GO, assentada nos mesmos propósitos da Casa do Caminho, nos

tempos primeiros do Cristianismo aqui na Terra, e foram incontáveis as viagens realizadas

pelo valoroso cristão-espírita àquele ambiente destinado a colher criancinhas órfãos e

espíritos viajores ainda da infância espiritual.

Após o desencarne de Dona Ló, ocorrido em 18/01/1971, adaptou a própria

residência para o funcionamento de mais um Grupo da Fraternidade Irmã Ló. Passou a

viver, então, inteiramente dedicado à intensa atividade espiritual e assistencial.

Entre outras instituições que também receberam o esforço de sua dedicação está o

“Abrigo Jesus”, a respeitável obra fundada pelo irmão Osório de Morais, que acolhe e

educa crianças desprotegidas. Durante anos foi o Diretor Tesoureiro dessa entidade.

Afastou-se de lá para fundar o Hospital Espírita André Luiz.

Jair Soares desencarnou no dia 02/08/1992 e o velório foi realizado na sede do

Grupo da Fraternidade Irmã Ló, transcorreu em ambiente de preces e suaves canções

espiritualizantes entoadas pelos Corais Espíritas “Irmã Ló” e “Irmã Scheilla”, em cenário

de resignada saudade. Falaram os fraternistas Ruth Birman, Pedro Ziviani e Jarbas Franco

de Paula.

Pouco tempo depois ele se manifestou, recebendo a incumbência de participar da

reunião de orientação espiritual às segundas-feiras, no Grupo da Fraternidade Espírita Irmã

Scheilla. Em muito dos encontros regionais fraternos e em todas as Semanas da

Fraternidade, Jair Soares tem sido visto por médiuns clarividentes junto de outros espíritos

que se devotaram também à causa fraternista, com evidência de que ele prossegue a sua

jornada de dedicação à implantação do Evangelho de Jesus na nossa Pátria.

5

Rubens Costa Romanelli

Há seres que justificam e enobrecem a espécie humana: os sábios e os cientistas,

pelo valor intelectual; as criaturas generosas e puras, pelo valor moral. Alguns poucos

surgem com conteúdos de inteligência, de sabedoria e peregrina conduta moral; dentre

esses destaca-se a figura do professor Romanelli.

Órfão de mãe ainda pequenino, aos 11 anos de idade trabalhou na estrada de ferro

oeste de Minas Gerais, em Divinópolis, como ajudante de mecânico; aos 14 anos, já em

Araxá, desenvolveu habilidades nas profissões de carpinteiro e marceneiro. Aos 21 anos

transferiu-se para Belo Horizonte onde pode retomar os estudos. Concluiu o curso de

madureza e depois graduou-se no curso superior de Letras.

Dedicou-se ao Magistério lecionando português e latim em inúmeros

estabelecimentos educacionais. Na Universidade Federal de Minas Gerais, ele conquistou,

os graus de doutor, de livre-docente e de professor titular da cadeira de língua latina. Fez o

curso de especialização em Gramática Comparada das Línguas Indo-Européias na

Sorbonne/França, entre os anos de 1966 e 1967, e concluiu o curso de Filologia Latina

(lexiologia latina e ciência dos textos), tornando-se uma criatura de renomados

conhecimentos.

Participou da fundação do Colégio “O Precursor”, da União Espírita Mineira, e foi o

primeiro diretor pedagógico da entidade. Em 1939, Romanelli, Noraldino de Mello Castro

e Eugênio Carlos Monteiro fundaram a União da Juventude Espírita de Minas Gerais, que

foi a segunda criada no País. Em 20/05/1941 ele propôs a incorporação da União da

Juventude Espírita de Minas Gerais ao Centro Espírita Oriente.

Em 29/09/1948 cooperou para a fundação da Mocidade Espírita Maria João de

Deus no Centro Espírita Oriente. Neste dia memorável, Francisco Cândido Xavier, de

quem Romanelli privava intimidade e sólida amizade, se fez presente e, ao final da

solenidade, recebeu um poema dedicado aos jovens com o título de “Apelo à Mocidade

Espírita-Cristã” , de autoria do espírito Castro Alves.

Como escritor, suas publicações de maior envergadura foram: “Vocabulário Indo-

Europeu e seu Desenvolvimento Semântico”; “A História das Idéias através da História das

Palavras, em trinta línguas da Família Indo-Européia”, ambos publicados pela UFMG.

Como escritor espírita, produziu, além de inúmeros artigos para jornais, o livro “O Primado

do Espírito”, obra de rara beleza intelectual e moral.

O seu envolvimento com o Centro Espírita Oriente passou a acontecer mais

intensamente, a partir de 16/12/1940, quando aceitou o cargo de Vice-Presidente da

Diretoria Executiva, acumulando a responsabilidade de dirigente da reunião pública da

sexta-feira.

Romanelli foi um dos poucos agraciados que lograram participar ativamente e

durante largo tempo das inesquecíveis reuniões de materialização que ocorreram com os

companheiros do Centro Espírita Oriente, na rua Paraisópolis 658, no Bairro Floresta, em

Belo Horizonte. A sua natureza altamente sensível, o espírito investigativo e com

propensão para penetrar na ciência das coisas, além da sólida formação cristã-espírita,

certamente outorgaram-lhe merecimento para estar em comunhão com acontecimentos

raros, envolvendo contatos, de forma tangível, com os espíritos benfeitores do além túmulo.

Nessas reuniões de efeitos físicos, conhecidas também como reuniões de ectoplasmia, os

espíritos procediam a tratamentos de doentes portadores de enfermidades com as mais

diferentes etiologias, derramavam conselhos e fartas orientações sobretudo para as

atividades de Casas Espíritas de outras cidades além de produzirem outros fenômenos

ectoplásmicos.

Entusiasmou-se com as orientações que vertiam dos espíritos que se corporificavam

nessas assembléias inesquecíveis capitaneadas pela figura respeitável e bondosa do espírito

Scheilla.

O professor Romanelli era muito requisitado e sempre disponibilizava o seu tempo

sem comprometimento da qualidade dos serviços realizados; tanto é que dedicava-se à

União Espírita Mineira, ao Abrigo Jesus, de quem participou da fundação junto com

Alencar Braga, além de ter servido durante um certo tempo e com espírito de dedicação

cristã ao Centro Espírita Amor e Caridade, no bairro Floresta.

Realizou conferências e seminários em vários Grupos da Fraternidade Espírita

espalhados pelo Brasil e participou de várias Semanas da Fraternidade, evento que

congrega os fraternistas adesos aos ideais da fraternidade sob a condução da OSCAL.

Um acidente automobilístico ocorrido nas proximidades de Itápolis, cidade de São

Paulo, ocasionou o seu desencarne como também o de sua esposa, a professora Otaiza de

Oliveira Romanelli, e também o de sua filhinha Elisa. Cessou, assim, sua experiência

reencarnatória mais recente na Terra.

Durante a "Palavra da Espiritualidade", em 25/07/04, no 62º Encontro da 1ª Região

Fraterna dos Grupos da Fraternidade Espírita adesos à OSCAL, realizado em Barra de

Guaratiba/RJ, o espírito Romanelli, para alegria de todos, deixou a mensagem a seguir,

recebida pela mediunidade psicográfica de Léa Neves de Souza.

Posto Avançado

Valeu a pena o sacrifício que fizemos

Porque a semente meus amigos produziu

Posto avançado da verdade que aprendemos

Multiplicando-se por todo o Brasil

Ideal que nosso esforço conduziu

Uma bandeira que sempre defendemos

Foi assim que a querida OSCAL surgiu

E por isso junto a ela nós crescemos

Caminho aberto à espiritualidade

O coração pulsando na fraternidade

Sob o carinho do amado benfeitor

Das esferas luminosas onde brilha

O espiritismo será sempre a cartilha

Nos ensinos sagrados do consolador

Rubens Romaneli

6

Daniela Moura Teixeira

Peço permissão para contar uma história que muito tocou

meu coração. É uma história de amor e renúncia, em que os

ingredientes da dor e do sofrimento solicitaram de sua

protagonista altas doses de coragem, fé e resignação,

próprias das almas que já aprenderam a confiar no Senhor.

Trata-se da nossa irmã Daniela Moura Teixeira.

Ainda jovem, aos 10 anos de idade, ela notou, pela

primeira vez, uma alteração no osso da mandíbula, que seu

dentista acreditava tratar-se de uma tumoração benigna,

confirmada pela análise do material de biópsia. Na época, foi

submetida a raspagem, tendo prosseguido a vida sem maiores

preocupações.

Aos quinze ano de idade, por conta própria, ela procurou

uma espírita para freqüentar, achando-a no catálogo

telefônico, dentre as que estavam mais próximas de sua

residência. Foi assim que ela conheceu o Grupo da

Fraternidade Espírita Irmã Scheilla, em Belo Horizonte, e

logo afeiçoou-se à tarefa de visitação ao hospital

psiquiátrico Raul Soares. Este fato causou admiração aos

companheiros de equipe, não habituados a ver uma pessoa tão

jovem procurar uma tarefa daquela envergadura; e, por outro

lado, causou desgosto ao seu pai, que não era espírita e não

entendia o porquê de sua filha, tão moça, enveredar-se por

esses caminhos.

Mais tarde, já membro atuante da Mocidade Espírita Maria

João de Deus, conheceu aquele que seria seu futuro marido e

companheiro de lutas.

Aos 18 anos submeteu-se a nova cirurgia devido a

recidiva da tumoração, agora não mais com o diagnóstico de

fibroma, mas de hemangioendotelioma. No ano seguinte ela

iniciou o curso de medicina, cheia de alegrias e sonhos.

Os anos transcorreram em relativa calmaria até que, no

terceiro ano do curso de medicina, ela se submeteu a nova

intervenção cirúrgica, desta vez mais agressiva, com

ressecção de metade da mandíbula, devido ao mesmo tumor que

teimava em não abandoná-la. Dois anos mais tarde fez uma

cirurgia complementar reparadora, com a colocação de

implantes dentários. Mas a nossa companheira não se abalava!

Apesar de muito jovem, experimentando deformidades e dores,

jamais reclamava e nem permitia que as sombras do pessimismo

anuviassem seus sonhos de um futuro promissor.

Vencendo barreiras e dificuldades, chegou ao último ano

de graduação do curso de medicina, novamente surpreendida

pela recidiva do tumor, agora de forma diversa, em um gânglio

localizado na região cervical. Desta vez ela se submeteu ao

procedimentos de ressecção e radioterapia, como tratamento

coadjuvante. Convém relatar que este tipo de tumor é

extremamente raro: o seu caso foi catalogado como o 14°

identificado em todo o mundo. Em razão disso, foram maiores

as dificuldades de leitura prognóstica e de decisões

terapêuticas pois os médicos não tinham experiência e não

estavam familiarizados com a evolução desta enfermidade.

Finalmente ela se graduou e ingressou quase que

imediatamente nas lides de trabalho no município de

Contagem, na condição de médica de família. Ao mesmo tempo,

iniciou ao lado de seu noivo, também médico, o curso de

especialização em homeopatia, concluído com excelente

aproveitamento três anos mais tarde.

A vida continuava a transcorrer para esta jovem

admirável, como se nada de mal tivesse lhe acontecido. No

lar, era a luz que fazia abrir os sorrisos onde antes havia

tristeza. No trabalho, era a médica dedicada e competente, a

espargir o perfume invisível do amor junto aos enfermos. Por

onde ela passava, granjeava amigos e admiradores. Seus

pacientes a adoravam, seus subordinados e colegas de trabalho

dedicavam-lhe grande estima e respeito, pois a todos tratava

com carinho, cordialidade e amor. Vezes inúmeras foi a mão

caridosa e anônima a socorrer os mais infelizes, extrapolando

as funções de auxílio que a própria profissão lhe facultava.

Tinha prazer no que fazia, o trabalho de cada dia era a sua

bênção, fortalecendo-lhe o coração nas lutas interiores.

No ano seguinte casou-se; alguns meses depois seu lar

recebeu uma linda criança na condição de filha querida,

dando as primeiras vazões ao seu coração de mãe dedicada.

Mais dois anos transcorreram e Daniela decide ter outro

filho, seguindo os fortes impulsos do coração, como se uma

voz já lhe dissesse, no imo da alma, que ela não tinha tempo

a perder, pois que novas realizações espirituais estavam

reservadas a ela.

Mas eis que nas proximidades do terceiro mês de

gestação, o seu corpo começa a sinalizar problemas mais

graves. A dispnéia acusa de forma inegável que algo terrível

estava acontecendo em seu pulmão, antes saudável. Aguardando

o tempo propício para a realização dos exames radiológicos,

descobre que o pulmão já estava largamente tomado pelas

metástases daquela enfermidade pertinaz.

O choque é terrível para ela e o marido. Aquilo era como

uma condenação à morte, e no entanto, ela estava ali

albergando uma nova vida em formação. Milhares de perguntas e

dúvidas perpassam as mentes daquele jovem casal, cujo futuro

era agora incerto. Afinal, qual a melhor atitude naquele

momento crucial de suas vidas? Seria possível levar a

gestação a termo? E os riscos para a mãe e para o feto? Não

seria justificável, até pela própria doutrina espírita, o

aborto terapêutico, quando havia risco de vida inquestionável

para a mãe?

Mas não havia espaço para dúvidas em seu coração

grandioso e em sua mente não havia campo para pensamentos

outros que não os de vida... e vida em abundância. Chorou

copiosamente, um pranto que nos seria quase impossível

decifrar, mas que talvez já significasse o reconhecimento

pelo seu espírito das duras provas que a aguardavam, no

limiar de uma nova vida.

Prosseguiu a gravidez, de alto risco para mãe e feto. Os

exames realizados revelam que as metástases estavam

generalizadas pelo corpo, atestando uma enfermidade assaz

avançada, e muito provavelmente incurável do ponto de vista

humano.

Reuniões de tratamento espiritual, que já haviam sido

realizadas em etapas anteriores no curso das intervenções

cirúrgicas e da radioterapia, são neste instante reiniciadas

no Grupo da Fraternidade Espírita Irmão Vítor. Durante o

tratamento, a palavra amiga dos mentores é sempre de

incentivo e reconhecimento, diante da postura moral e fé de

nossa companheira. Jamais prometeram a cura, afirmando vez

por outra o caráter cármico da dolorosa experiência. O

consolo, porém, também jamais faltava, incutindo-lhe coragem

e resignação.

Durante os últimos cinco anos de enfermidade,

concomitantemente ela fez tratamento homeopático. Assim, a

somatória dos recursos da medicina, da fé e da terapêutica

espírita, eram a sua sustentação nas provas dolorosas, no

resgate indispensável.

A gravidez transcorreu penosa do ponto de vista físico,

embora interiormente o único pensamento que ela tinha era de

poder conceber aquela criança, com a qual sentia ter um forte

compromisso, assumido antes da atual reencarnação. O seu

coração de mãe não se enganava: aquela era sua maior missão

neste instante.

As complicações esperadas não tardaram a aparecer,

sobrevindo a piora da dispnéia pelo derrame pleural

neoplásico e anemia, forçando o curso para uma interrupção

mais precoce da gravidez, com 29 semanas.

Outra drama se iniciava, pois que além da luta pela sua

sobrevivência, através do tratamento quimioterápico,

altamente tóxico e debilitante, também a criança, muito

fragilizada, começava sua via crucis, nos longos cinco

meses de sofrimento em que esteve internada na UTIP – Unidade

de Terapia Intensiva Pediátrica e se submetido, inclusive, a

intervenções cirúrgicas. E no dizer dos próprios médicos, a

sobrevivência da criança foi um verdadeiro milagre para a

medicina, tamanhas foram as complicações.

Durante todo o período de internamento do filho, esta

mãe abnegada, embora extremamente fraca e debilitada pela

doença e pelo tratamento, ai todos os dias visitar o seu

querido bebê, para que não lhe faltasse a presença amiga, a

cantiga doce, a prece fervorosa, as lágrimas balsamizantes,

as palavras de esperança.

O final, meus irmãos, ainda está sendo escrito. O que

sabemos é que ela veio a desencarnar dois meses depois que

seu filho recebeu alta hospitalar, já devidamente

restabelecido. A vida aguardara tão somente o tempo

necessário para que seu espírito, mais tranqüilo e seguro do

dever cumprido, pudesse retornar vitorioso ao plano do

imortais, para continuar sua caminhada evolutiva.

Para nós, fica seu exemplo de fé, coragem, determinação,

resignação, amor e renúncia, até da própria vida. Porque

aquele que perde a sua vida, por amor ao Cristo, na pessoa do

próximo, a ganha na glória da eternidade.

Seu exemplo permanece indelevelmente gravado na memória

de todos que puderam conviver com esta criatura

extraordinária. Nos momentos finais de sua dura prova, na

agonia da dispnéia, jamais a vimos reclamar ou demonstrar

qualquer atitude de revolta e covardia.

Seu desencarne ocorreu no dia 12/08/2004, em meio a

preces fervorosas, cânticos de louvor, sendo permeado por

emoções intraduzíveis e somente compreensíveis quando

reconhecemos a grandeza e a bondade infinita do criador da

vida!

O exemplo espírita de fé e confiança ficou gravado na

retina espiritual de todos os que compareceram ao velório de

Daniela. Embora a tristeza e a saudade, sem revolta nem

desespero, a certeza da imortalidade foi confirmada ali

mesmo, por espontânea manifestação mediúnica psicofônica do

espírito Scheilla pelo médium Oswaldo Miranda, em meio aos

hinos entoados pelo Coral Espírita Irmã Scheilla. Um dia, os

velórios no mundo serão marcados pelo selo da esperança e da

imortalidade indefectível.

Ficamos sabendo que, ainda durante seu velório, dois

espíritos seareiros do Movimento da Fraternidade, o Almir

Fontoura e o José Grosso, conversavam, mais ou menos nestes

termos. O Almir a dizer que o exemplo da Daniela lembrava-

lhe a passagem evangélica do centurião romano, quando este

pediu para Jesus curar seu servo sem necessitar ir

fisicamente ao local; o Cristo comenta jamais ter visto

tamanha fé em toda Israel. E que Daniela havia cumprido

fielmente a sua missão, particularmente de dar a vida àquela

preciosa criança.

No livro "No Mundo Maior" André Luiz comenta: ... e

recordando Cipriana, com sua milagrosa atuação salvadora,

compreendi que a mulher, santificada pelo sacrifício e pelo

sofrimento, se converte em portadora do Divino amor maternal,

que intervém no mundo para enobrecer o sentimento das

criaturas. É este amor maternal, que se multiplica em tantos

corações femininos no mundo, que opera os milagres da

transformação das criaturas endurecidas, que dormitam nas

faixas sombrias do primitivismo humano.

Possamos nós, um dia, compreender a grandiosidade do

sentimento do Amor, que encontrou a sua expressão máxima no

exemplo do Cristo, ele que sacrificou a própria vida no

madeiro infamante para depois ressurgir na glória da

imortalidade, deixando-nos a certeza de que somente aqueles

que morrem para o mundo alcançam a eternidade, na divina

alegria de servir a Jesus.

Obrigado Daniela. Que Deus a abençoe na nova etapa que se

inicia, para que você recomece, radiante e vitoriosa, seus

esforços de aperfeiçoamento na seara bendita de Jesus. Até

breve...”

Este relato surgiu das mãos de Thales Onofri de Oliveira, um filho que Deus me deu

de presente e que as circunstâncias sublimes da vida imortal ligaram à Daniela, igualmente

um espírito que tenho na conta de filha legítima do coração. Na presente encarnação, eu a

conheci antes que o Thales, ela ainda menina-moça, nas tarefas de visitação aos pacientes

psiquiátricos no Hospital Raul Soares. Daniela e eu tivemos oportunidades de efetuar

algumas viagens para participarmos de Encontros Regionais do Movimento da

Fraternidade, onde realizamos conjuntamente estudos e seminários, tendo sido

inesquecíveis os eventos de Juiz de Fora/MG, Bicas/MG, Vila Velha / ES.

Na Semana da Fraternidade realizada em 2003, no SESC/Venda Nova, em Belo

Horizonte, quando já ocorrera a reincidiva do câncer com um dos tumores grassando e

atingindo o pulmão, ei-la solícita não arredando fé em participar do encontro

espiritualizante, buscando forças inauditas e silenciosamente falando a nós: "estou doente

mas eu sou saúde!" Não transpareceu para ninguém o seu estado orgânico enfermiço e foi

com muita emoção que juntos apresentamos o seminário e participamos dos debates em

torno do tema “Atendendo almas e corpos”.

Com raro entusiasmo, Daniela participou da Mocidade Espírita Maria João de Deus

e esteve presente em várias COMEMOFRA – Confraternização das Mocidades Espíritas do

Movimento da Fraternidade. Era lidadora em reunião mediúnica de desobsessão,

desincumbindo-se, com muito êxito, na confabulação com os espíritos sofredores. Amava

também a tarefa de orientação espiritual da Casa de Scheilla, onde era dedicada integrante.

Esta reunião, que é uma característica dos agrupamentos ligados ao Movimento da

Fraternidade, guarda o propósito de ouvir instruções, seja pela psicografia ou psicofonia, de

mentores espirituais sobre variados assuntos, desde os relativos a questões de trabalho do

agrupamento até as indicações de terapêuticas espirituais e conselhos a irmãos que portam

cargas emocionais conflitivas e aflições de variados matizes.

Até o limite de suas forças físicas esteve integrada no trabalho de assistência a

famílias em estado de exclusão social desenvolvido na Casa Espírita André Luiz, unidade de

assistência social espírita do Grupo da Fraternidade Espírita Irmã Scheilla. Além do

atendimento médico homeopático que prestava, aos sábados, às crianças das famílias

assistidas pela Casa, Daniela colaborou ativamente na organização do programa e na

condução do Curso para Gestantes que é realizado mensalmente na Casa Espírita André

Luiz.

Com isenção e cautela, relatamos o ocorrido em reunião de desobsessão no dia

19/09/2004 no Centro Espírita Campos Vergal localizado na Colônia de Hansenianos Santa

Isabel, em Betim / MG. Há mais de dez anos, em todo terceiro domingo do mês,

participamos da tarefa de visitação aos enfermos da referida colônia. A reunião mediúnica,

que precede a tarefa de visitação, dispõe de equipe mista de trabalho, com médiuns tanto do

Grupo da Fraternidade Espírita Irmã Scheilla como do Centro Espírita Campos Vergal.

Estabelecíamos conversação com um espírito sofredor, vitimado por lepra na sua

existência última. Depois de um certo tempo, quando mais acalmadas estavam as suas

emoções, ele aludiu à presença de uma jovem muito bonita, que tocava-lhe as mãos e

mencionava ter deixado a Terra recentemente. A jovem manifestou o desejo de ajudá-lo para

que, em breve, ele pudesse restabelecer o seu estado de saúde e de paz. Espontaneamente o

manifestante declinou o nome da sua benfeitora: Daniela!

De nossa parte fomos cuidadosos, pois raros espíritos podem se manifestar tão

precocemente, ainda sejam eles dotados de elevado estatura moral e clarividência espiritual.

Contudo, a citação do nome remetia para essa possibilidade. A médium reside a colônia

Santa Isabel e não tinha conhecimento do desenlace e nem do nome de Daniela.

Já mais ao final da reunião de desobsessão, outra médium dá passividade à própria

Daniela e com ela travamos, com muita emoção, um colóquio inesquecível. Ela relatou a

acolhida generosa que recebeu no mundo espiritual, para ela imerecida, e exprimiu sua

alegria por ter convivido e trabalhado na Casa de Scheilla. Em lágrimas e comunicando o

mesmo tipo de emoção a nós presentes, ela agradeceu a Deus pela bênção da enfermidade e

pela riqueza da família.

Considerou sublime o amor erigido no seu lar e o presente de Deus na forma de

filhos, certa de que os tesouros de sua vida estarão bem protegidos pelos familiares. O

silêncio foi a forma mais bendita de despedida.

A Medicina do Amor

Pela nossa comunhão de idéias, Daniela e eu conversávamos com habitualidade. Por

isso, sinto-me à vontade para discorrer acerca de um fato interessantes de sua vida. Era

médica da família em Contagem, vizinha cidade de Belo Horizonte. Em uma de suas visitas

ao um bairro muito afastado e pobre ela foi assistir a uma senhora com quem já estivera

antes, sendo portadora de um carcinoma com prognóstico irreversível e delineando um

estado de muita gravidade.

A senhora já idosa estava muito arredia, não conversava, revelava sintoma de

profunda depressão, com o quadro agravado por estar sofrendo de incontinência urinária.

Não houve sucesso na abordagem e a médica retirou-se triste por não ter sido possível

deixar o alívio e o reconforto conforme o seu coração pedia. Deu seqüência às outras

visitadas programadas para aquele dia.

A imagem da sofrida mulher não lhe escapava dos íntimos pensamentos e considerou

por bem, à noite, assistir a reunião pública na Casa de Scheilla com o objetivo de ajustar

melhor as emoções do seu ser. No lar, confidenciou ao esposo as ocorrências do dia e este

sugeriu que ambos viajassem de encontro ao Criador da Vida, orando em benefício da

infeliz irmã que não dispunha de compreensão e forças para vencer a si mesma no

testemunho de uma enfermidade tão insidiosa como é o câncer. Foram dormir albergando os

presságios mais indescritíveis para quem convive com a paz aqui na Terra.

Acordou e comunicou ao amado companheiro sua disposição em alterar a agenda do

dia para fazer nova visita à paciente e no ensejo levaria uma cesta básica para a família em

estado de miserabilidade. Ministraria também à paciente um medicamento homeopático.

Quando chegou à residência em menção, para a sua surpresa, a paciente é quem veio atende-

la, nestes termos:

- Doutora, a senhora aqui? Que bom! Graças a Deus!...

- Sim, voltei, queria muito ver a senhora.

- Sonhei a noite que a senhora viria hoje a minha casa mas quando acordei caí na

realidade, pois isto não passara de um sonho. Vejo agora que ele era real. Posso

abraçá-la?

Enquanto permutavam o abraço sincero lágrimas furtivas percolavam a face de uma

e de outra, dando vazão as emoções que promanam do coração visitado pelo amor.

- Doutora, desde a madrugada que eu estou curada do problema da urina e agora

nem tenho motivos mais de envergonhar-me diante dos familiares que tem sido

tão importantes para mim.

- Isto mesmo, confie sempre em Deus e recorra a Ele em preces sinceras sobretudo

nos momentos de desânimo e Ele sempre trará os recursos para que a senhora,

dia após dia, tenha forças para lutar contra a prova difícil da enfermidade.

Nós, cristãos-espíritas, guardamos a convicção de que o espírito de Daniela,

provavelmente com o do esposo, exteriorizou-se à noite e visitou a criatura desalentada e

sem desejo de viver. Na visita fraterna, foram deixadas, para a enferma, energias radiantes

do amor que agiram no psiquismo da enferma, alterando-lhe as disposições íntimas. Como

resultante, foi amenizado o quadro do transtorno depressivo com ação imediata no

organismo de modo a corrigir uma disfunção em órgão importante do corpo físico.

CAPÍTULO IV

PROGRAMA DE TRABALHO

PERMANENTE

1

PTP - Programa de Trabalho Permanente

Uma das mais belas preciosidades que a OSCAL produziu foi o seu Estatuto Social,

que espelha o modelo e a filosofia que norteiam a condução do Movimento da

Fraternidade, movimento este que guarda a missão nobre da revivescência do Cristianismo

Primitivo e da divulgação das verdades do Evangelho de Jesus sob a égide da Doutrina

Espírita.

Tal Estatuto foi fruto do labor de cinco seareiros espíritas: Luiz Sabino Neto,

Djalmas dos Santos Ferraz, José Silveira Baessa, Arym Moisés e João Martins da Silva;

os três primeiros com formação no campo jurídico.

Durante seis meses consecutivos, em três dias da semana, eles devotaram o seu

tempo com reuniões demoradas na Casa Espírita André Luiz (em Belo Horizonte), valendo-

se dos seus conhecimentos espíritas, de consultas ao Evangelho e das atas das inesquecíveis

reuniões de materialização levadas a efeito à rua Paraisópolis nº 654, Bairro Santa Tereza,

em Belo Horizonte, ocasião em que espíritos de elevado padrão espiritual derramaram belas

mensagens e sábios conselhos.

Duas questões fervilhavam na mente dos abnegados lidadores oscalinos: uma

atinente à advertência dos espíritos que houveram se materializado e reiterado “é preciso

retornar às origens”; outra, da necessidade de inserir na referida carta estatutária a linha

filosófica norteadora da vida dos agrupamentos com atividades no Movimento da

Fraternidade. Depois de muito confabular e de endereçar preces ao Criador da Vida, eles

encontraram as respostas em uma das atas acima referidas. O fato se deu na reunião de

materialização de 11 de outubro de 1949, quando os espíritos estabeleceram diretrizes de

trabalho para os Grupos da Fraternidade, com o título “ORGANIZAÇÃO, TRABALHO E

FINALIDADE”.

Luiz Sabino Neto, médium ostensivo, relatou que sentiu-se numa relva verde,

ladeado por espíritos amigos. Experimentou o encantamento de uma natureza de

inenarrável beleza a emoldurar sua visão espiritual e foi possível registrar a fala doce e

pausada do padre Vítor que o esclareceu quanto aos objetivos reais da espiritualidade

acerca dos pontos em menção. O retorno às origens tem o significado do trabalho efetivo e

real na causa do Cristo. Já estava superado o período das materializações luminosas de

espíritos e outros fenômenos ectoplásmicos, que certamente tiveram sua importância, mas,

doravante, cabem ações práticas de vivência do Evangelho de Jesus.

O espírito exteriorizado do Sabino, atento à prédica do mentor espiritual, registrou

o conteúdo de caráter norteador do Estatuto Social da OSCAL - o PROGRAMA DE

TRABALHO PERMANENTE (PTP) -, certamente o detalhamento de “Organização,

Trabalho e Finalidade” que os espíritos transmitiram na inesquecível reunião de

11/10/1949. O PTP sinaliza para uma compreensão mais sublimada dos deveres da Casa

Espírita e a linha de ação que devem levar a termo de modo a cooperarem efetivamente na

consolidação do trabalho que o Cristo delineou para a evolução da humanidade.

Na reunião seguinte, raro entusiasmo tomou conta do coração dos membros da

comissão, na medida em Sabino transmitia as lembranças tão amorosamente guardadas na

sua memória: é que foram tomando forma os aspectos inequivocamente mais importantes

do Estatuto, por conterem matizes de efetivo trabalho na seara cristã.

Também por orientação dos amigos espirituais, em 18/10/1949 foi oficialmente

instalado o Grupo da Fraternidade Espírita Irmã Scheilla (de Belo Horizonte), o Grupo-mãe

do Movimento da Fraternidade.

O Programa de Trabalho Permanente (PTP) tem como proposta:

a) Ensino da Doutrina Espírita e do Evangelho

b) Assistência Social Espírita

c) Tarefa de Passes

d) Formação de Ambientes Espiritualizantes.

A seguir transcrevemos a mensagem de autoria do espírito Adamastor, recebida no

Grupo da Fraternidade Espírita Irmão Vitor, de Belo Horizonte, pelo médium Gilson

Teixeira Freire, em 10/10/1992, que expõe, com grande beleza, os deveres espiritualizantes

dos nossos agrupamentos cristãos espíritas.

A Missão do Grupo da Fraternidade

A paz do Senhor esteja em nossos corações!

Recordemos hoje os três princípios que norteiam a

formação de um agrupamento espírita cristão, para assim

revisarmos os delineamentos que estruturam a nossa entidade.

Os mentores do movimento espírita já de muito

estabeleceram, que os núcleos espíritas deveriam ser

estruturados nos seguintes princípios:

1 - Difusão das verdades eternas do espírito;

2 - Atendimento aos carentes do corpo e da alma;

3 - O estabelecimento de relações fraternas entre os

membros.

O espírita sincero e devotado ao seu ideal deveria

dedicar-se à vivência destes três objetivos. Não são senão o

desdobramento do mandamento deixado pelo Espírito de Verdade:

amor e instrução.

No exercício do primeiro, o discípulo se desdobra no

aprimoramento de seus conhecimentos das verdades sublimes,

para então difundi-las aos sedentos de alma. Para isso, a

literatura espírita está farta de ensinamentos, sendo dever

de cada um praticar o exercício constante do aprendizado e o

esforço para a difusão dessas verdades, dirigidas às mentes

já preparadas, certos de que não convencemos ninguém e nem

podemos doar a contra gosto aquilo que nos parece bom. O

patrimônio mental de cada um está perfeitamente adaptado à

sua realidade evolutiva, e a verdade requer uma mente apta a

recebê-la, pois a Luz, quando muito intensa, poderá cegar os

olhos ainda não preparados para mirá-la.

A difusão das verdades que libertam do mal e da

ignorância deve merecer do Grupo especial empenho. Representa

o maior patrimônio que podemos adquirir e distribuir, pois é

o único que levaremos conosco. Possui força de renovação

capaz de tirar o homem da miséria espiritual. Os mentores

atentam para o carinho com que devemos tratar o assunto. Na

atualidade, o melhor meio para realizar tal desiderato é

pelo do estudo comprometido em forma de cursos, estruturados

em didática superior, para que o conhecimento se fixe com

valor e responsabilidade. Recomendamos, assim, a instituição

de cursos formais com programa definido, participantes

regulares e expositores devidamente habilitados. Cursos de

Doutrina, de Evangelho, de Mediunidade, de Passes, e outros

que atendam às necessidades mais prementes de todos. Cursos

estruturados em um programa lógico e de desenvolvimento

continuado.

O freqüentador assíduo encontrará melhores condições de

participação e mais facilmente será integrado como

colaborador do agrupamento. O aprendiz estará melhor motivado

e apto a dar seqüência ao seu progresso dentro da doutrina

salvadora.

As palestras isoladas são necessárias para o neófito,

pois são os seus primeiros contatos informais com a Doutrina

Espírita; porém, elas não se prestam à continuidade do

engajamento daqueles elementos mais aptos e capacitados a uma

elaboração elucidativa e responsável dentro da doutrina.

Tais elementos poderão logo cair no tédio e, com enfado, irão

buscar outras fontes que saciem sua sede de conhecimento mais

aprimorados.

O segundo princípio objetiva adestrar o colaborador na

arte cristã de servir e amar sem medidas: compreende a

assistência espiritual. Enquanto esta estabelece valores

eternos, a assistência material, atendendo as necessidades

físicas básicas, propicia a formação de um campo de simpatias

favoráveis à semeadura evangélica, ao mesmo tempo que lhe

permite a subsistência da vida. Trata-se de uma continuação

do primeiro. Aqui, o agrupamento espírita deverá empenhar-se

na distribuição de consolos, beneplácitos, acolhidas amorosas

e donativos materiais aos carentes de toda sorte.

Tornar-se-á apto, assim, a atender às diversas carências

do corpo e do espírito que serão estudadas e atendidas na

medida do possível. A verdade que consola, o carinho amigo, o

passe, o recurso da água fluidificada e a visitação aos

enfermos complementam a assistência cristã. O tratamento

espiritual, baseado na ectoplasmia, deve objetivar elementos

selecionados, desde que nem todos estão aptos ao seu devido

aproveitamento, pois temos observado que muitos elementos

destinados para tal terapêutica por caridade, menosprezam o

esforço de abnegados trabalhadores, incapazes que são de

aproveitarem a oportunidade a eles dispensados. A Providência

Divina não deve se prestar a esbanjamentos.

Uma metodologia própria deverá nortear a prestação de

serviço material que objetive sobretudo a não manutenção do

ócio no assistido, mas que o oriente numa troca de benefícios

facilitados, visto que, na vida, tudo é troca de valores.

Cooperadores ainda não preparados para a difusão do pão

espiritual poderiam iniciar o exercício do serviço cristão,

distribuindo o pão material como primeiro adestramento de

trabalho. As campanhas de alimentos e roupas, de costuras e

outros serviços habilitarão o trabalhador, que posteriormente

irá progredindo até tornar-se apto a prestação de serviços

espirituais. Então ele será encaminhado aos cursos de

formação espiritual e poderá ingressar-se nas tantas

especialidades, como a visitação aos enfermos. O colaborador

passaria, assim, por uma ordem de maturação natural e estaria

melhor preparado para o serviço cristão. Seu convívio no

agrupamento também seria facilitado, absorvendo-lhe

totalmente o entusiasmo e construindo enormes possibilidades

de serviços. Terminará como palestrista, passista,

colaborador vibracional ou apto a exercer funções

administrativas de confiança.

É verdade que alguma vez encontraremos companheiros, que

devido as suas conquistas anteriores, poderão saltar etapas,

realizando em menor tempo as tarefas diferenciadas, quando

derem mostras de seus valores espirituais. Porém, a grande

maioria deverá passar por esses estágios de amadurecimento

progressivo.

Recordemos que o objetivo maior é a transformação do

assistido, revertendo assim a profunda carência espiritual em

que vive o homem terreno. Sem olvidar que aquele que coma do

pão espiritual é que verdadeiramente saciará a sua fome. A

distribuição do pão material é apenas um ato de caridade e

uma oportunidade para adentrar-se no coração do mais

necessitado. Prestando-se ainda para adestrar-se o

trabalhador na arte de servir, sensibiliza-lo para as

carências humanas, facilitando a sua renovação espiritual.

E finalmente observemos o último objetivo mencionado,

que é o estabelecimento das relações fraternas entre os

membros ativos da instituição. Aqui, o companheiro deverá se

habilitar na arte do convívio cristão, renunciando aos seus

interesses egoísticos em favor do interesse da comunidade,

onde o irmão, qual célula de um organismo, deve trabalhar em

função desse organismo, crescer e se fortalecer. Se, no

âmbito da instituição, o beneficiário recebe os valores do

seu esforço em forma de interesses isolados, o tumulto se

estabelecerá, comprometendo sua própria existência, qual

célula cancerosa que, no afã de crescimento egoístico, leva à

falência o organismo que a sustenta e, com isto, a sua

própria vida.

Aqui, o irmão se chama fraternista e se esforça para

olvidar seus melindres, seus rancores e antipatias, para

viver a cooperação em toda a sua plenitude. Aqui, o irmão se

afasta do jogo de interesses mesquinhos e da busca do brilho

pessoal.

Nosso objetivo deve ser amar e desempenhar um papel na

ordem das comunidades do Cristo, a fim de nos sustentarmos na

Sua causa. Para isso, precisamos ajustar personalismos,

sentimentos doentios que nos pedem glórias, respeito,

importância, consideração e outros vernizes que, se nos fazem

brilhar diante dos homens, obscurecem-nos diante de Deus.

Ante o irmão mais problemático, facilitemos

oportunidades de diálogo. Perante o colaborador

irresponsável, eximir-se de cobranças inoportunas que ainda

mais poderão afastá-lo. Frente aos ânimos exaltados

apliquemos a doçura.

Recordemos que somos soldados de um novo exército

enfrentando uma nova batalha. A batalha contra nós mesmos.

Soldados armados de benevolência e passividade.

Os laços da fraternidade se dilatam tornando o

agrupamento a continuidade da família humana. Aqui somos, de

fato, chamados irmãos. Aqui deveremos comungar nossas dores e

abraçar a alma mais rude como abraçamos os irmãos

consangüíneos mais rebeldes.

Ressaltemos que se hoje possuímos certas conquistas de

educação e tolerância é porque outrora foram tolerantes e

bondosos para conosco. Se o outro penetra-nos o convívio com

inseguranças e timidez sem fundamento, saibamos também dar-

lhe a mão acolhedora e caminhemos juntos aos seus passos para

permitir-lhe o desenvolvimento das possibilidades. Diante

daquele que profere impropérios e difunde inverdades

ameaçando o bem-estar do grupo, fechemos nossos ouvidos ao

invés de, por nossa vez, maldizer também, porque ninguém fala

para quem não quer ouvir, e a língua maledicente, que não

encontra ouvidos, perde o seu meio de propagação. Aquele que

jaz ofendido, pensando em abandonar o agrupamento, ferido em

seus melindres, recorde sempre que o pretenso ofensor pode

não ter tido a intenção que julgamos. Perdoemo-lo, certos de

que todos nós temos também nossos momentos de invigilância.

O convívio fraterno é um ato de amor que deve ser a todo

momento adestrado no exercício da renúncia e da paciência.

Atendendo a esses objetivos, estaremos nos aprimorando

na prática evangélica e tornando-nos aptos à participação em

mundos mais felizes. E, à medida que essa prática se fixar

nos corações humanos, a Terra será um mundo feliz por sua

vez.

Sem esse esforço, estacionaremos por longo tempo nas

fileiras dos espíritos sofredores, perambulando pelas trevas

por longos e intermináveis dias de infortúnios, até que a

Misericórdia do Senhor nos favoreça com novas oportunidades .

Conviver no grupo cristão-espírita é oportunidade ímpar na

evolução do espírito que não deve ser menosprezada em nome de

nossos caprichos mesquinhos. Somos espíritas famintos de Luz

e compaixão, e não podemos desperdiçar os preciosos recursos

da Misericórdia do Senhor para a nossa redenção.

Lembremos, finalmente, que a potencialidade espiritual

do grupo é diretamente proporcional ao grau de convívio de

seus membros, a fraternidade legítima, a realização dos

trabalhos de assistência espiritual e alcance das defesas

vibratórias. Essas barreiras, como uma delicada tela de

forças, facilmente se rompem pela desarmonia dos membros da

entidade.

Essas palavras não trazem novidades. Há muito os

encarnados souberam captar a vontade dos orientadores

espirituais, e as têm aplicado. Nossa alertiva traz apenas a

intenção de aprimorarmos nossas possibilidades. Investindo

nesses objetivos, poderemos diminuir a continuada perda de

tempo, de possibilidades, observadas no nosso Movimento da

Fraternidade.

Adamastor

1.a) Ensino da Doutrina e do Evangelho

Através do “Ensino da Doutrina Espírita e do Evangelho”, buscar-se-á com que o

fraternista promova a sua própria reforma interior, como condição básica para prestar a

“Assistência Social Espírita”.

Para que a Instituição atenda a este propósito, que é o de criar condições para que o

fraternista, pelo conhecimento dos postulados da Doutrina Espírita e vivência do

Evangelho, promova a sua reforma íntima, a OSCAL instituiu o CURSO BÁSICO DA

DOUTRINA ESPÍRITA, conhecido também como Ciclo de Estudos.

O Curso Básico de Doutrina Espírita está estruturado em 3 módulos seqüenciais; por

isso a designação de "Ciclo de Estudos de Doutrina Espírita", "Ciclo de Estudos de

Evangelho" e "Ciclo de Estudos de Mediunidade", respectivamente alicerçados nas obras

básicas: "O Livro dos Espíritos", "O Evangelho segundo o Espiritismo" e o "Livro dos

Médiuns".

O Curso Básico de Doutrina Espírita tem a característica da regularidade e é aberto ao

público em geral, tem o propósito de atender criaturas em busca de consolo para suas

enfermidades ou indagações íntimas.

A forma participativa e didática propugnada pela OSCAL está consoante a afirmativa

de Allan Kardec em “Obras Póstumas”: “Um curso regular de Espiritismo seria

professado com o fim de desenvolver os princípios da Ciência e de difundir o gosto pelos

estudos sérios. Esse curso teria a vantagem de fundar a unidade de princípios, de fazer

adeptos esclarecidos, capazes de espalhar as idéias espíritas e de desenvolver grande

número de médiuns.”

Para se entender a magnitude desses Ciclos de Estudos, vale consignar que o Conselho

Regional Espírita da Zona Metalúrgica – 10ª Região de Minas Gerais adotou-os como

proposta de trabalho e imprime bastante empenho em divulgá-los tanto pelo site da Aliança

Municipal Espírita de Belo Horizonte - AME/BH (www.ame-mg.com.br) como por

cartilha editada em conjunto pelo 10º CRE, AME-BH e OSCAL. Hoje, mais de trinta

Casas Espíritas do referido CRE, não necessariamente adesas à OSCAL, já instituíram tal

metodologia de ensino. A experiência tem sido altamente compensatória, pois que podemos

constatar o dinamismo nos núcleos espíritas pela multiplicação de trabalhadores espíritas

com sólidos conhecimentos e comprometidos com o trabalho, em decorrência da instrução

a eles propiciada. Tem- se observado que as reuniões mediúnicas se desenvolvem com mais

senso de equilíbrio decorrente do maior nível de instrução ,responsabilidade e segurança

dos membros componentes, trazendo maior aproveitamento geral.

Mendiga de Luz

Chovia muito nquela tarde. Sozinha em minha casa, preparava uma palestra. A

Doutrina Espírita era apaixonante! A cada livro de Kardec eu me surpreendia com as lições

sobre o Espiritismo. Em duas semanas, eu estaria de partida para a Inglaterra, onde faria

uma palestra.

A campainha soou. Meu estudo foi interrompido a contra-gosto. Atendi à porta e me

deparei com uma mulher esquálida e mal vestida. Pele bem morena, saia surrada e

comprida. Ao seu lado, um menino de nove anos. Ele me pediu súplice:

- Moça, estou com fome! Minha mãe está com fome! A gente ainda não comeu!

A mulher apenas sorriu. Seu sorriso tinha algo de sublime. Humildade estampada

nos olhos vivos.

Pensei por alguns instantes. Dividida entre a vontade de ajudar uma família faminta

e o desejo de voltar logo às minhas pesquisas.

Todos haviam saído de casa e a empregada estava de folga. O almoço já havia sido

servido. Não havia comida pronta na geladeira. Fiquei irritada e impaciente e não me

passou pela cabeça esquentar algumas sobras para servir à família carente.

Infelizmente, ser espírita ou estudar a Doutrina Espírita nem sempre é sinal de

pureza ou evolução. Naquela tarde chuvosa, fui experimentada através da Lição da

Caridade.

Na cozinha, lancei um olhar para a cesta de pão dormido em cima da mesa. Fiz um

rápido embrulho e entreguei ao menino. Ele sorriu e seus olhos brilharam:

- É pão, mãe! – disse, animado. A criança adorável me jogou um beijo e se afastou

com a mãe.

Retornei aos meus estudos. No entanto, não era mais a mesma. O remorso e a

vergonha me espicaçaram o íntimo. Após alguns minutos, a sensação desagradável

desapareceu. Encontrei uma desculpa para minha omissão. Afinal, estudava a Doutrina

Espírita!

Semanas depois, viajei com meu marido para Inglaterra para um ciclo de palestras.

Foi um sucesso! Cansada, mas feliz, caminhava ao longo do corredor do auditório. Meu

marido proseava com alguns ingleses.

De repente, fui colhida por um inesperado mal-estar. Tudo rodou à minha volta e

desmaiei. Quando dei por mim, estava num leito de hospital. Sozinha num hospital da

Inglaterra. O mal-estar continuava e procurei por meu marido.

Um sentimento de medo e insegurança me envolveu. Onde estariam o médico e meu

esposo? Por que estava no hospital? Fiz uma prece singela aos mentores siderais. Em

poucos minutos, meu quarto foi iluminado por uma luz atordoante. Na minha frente, dois

espíritos vestiam túnica branca. Reconheci-os imediatamente. Eram a mãe e o menino que

semanas atrás haviam mendigado comida no portão de casa.

- Moça, fique tranqüila. – disse a criança. Tivemos permissão para uma visita.

Assistimos a sua palestra. A senhora não tem nada de grave. E nos deu pão! Lembra-se?

Fazia alguns dias que estávamos sem alimento. Fique com Deus! Continue sua missão!

Naquele momento, me dei conta da sublime envergadura espiritual daqueles

espíritos. Fiquei sabendo que eles haviam desencarnado dias depois de estarem em minha

casa. Foram colhidos por uma enchente. Cumpriram a missão na Terra. Agora estavam

livres e felizes! Meus olhos se encheram d’água. Estava com muita vergonha. O menino leu

meus pensamentos e me tranqüilizou:

“Fique em paz! Continue sua missão!”

“Eu nada fiz por você! Não mereço falar sobre Espiritismo se... não exemplifico... não

mereço...”- chorei copiosamente.

“Sempre é tempo de aprender!” – disse o garoto.

A visão se desvaneceu de repente. No quarto, um suave aroma de rosas.

Quem poderia imaginar que aqueles mendigos possuíam tanta luz? Na verdade, a

mendiga de Luz era eu!

Meu esposo e um médico jovem de ar sereno adentraram ao quarto do hospital. Eu

estava tonta e confusa; no entanto, aprendi a lição. Meus mentores haviam me testado.

Queriam saber se eu estava aprendendo a lição.

Meia hora depois, saí do hospital. Meu mal-estar súbito não tinha sido nada grave,

apenas uma hipotensão causada pelo cansaço e pela diferença de fuso horário.

Nunca mais fui a mesma. Continuei ensinando a Doutrina Espírita, mas a lição mais

dura e proveitosa... foi a de exemplificar a doutrina em minha vida íntima, no lar e com as

pessoas.

O Amor e a Caridade são a verdadeira sabedoria!

Anne

Mensagem psicografada no Grupo da Fraternidade Espírita Irmão Altino, em

Guaratinguetá/SP, em 20/03/2004, pela médium Sandra Cecília.

1 .b) Assistência Social Espírita

O Movimento da Fraternidade considera como Assistência Social Espírita a que,

através de um plano conscientemente elaborado:

- Ampare o assistido, vendo nele um Espírito em evolução, buscando conscientizá-lo de

sua realidade espiritual, incentivando-o ao soerguimento e à realização de conquistas

espirituais, visando a transformá-lo de assistido em assistente, de pedinte em doador,

procurando integrá-lo no quadro de cooperadores de algum Grupo da Fraternidade

Espírita;

- Tenha sempre em mente a idéia de ajudar ao próximo, contribuindo igualmente, no que

puder, para solucionar ou amenizar os problemas de ordem social da comunidade;

- Faça com que a assistência social e filantrópica seja praticada sempre que possível

com recursos próprios, a partir dos lares dos fraternistas.

Os Grupos da Fraternidade Espirita, a Cidade da Fraternidade e as associações

de caráter filantrópico e cultural filiados ao Movimento da Fraternidade, com vistas à

prestação da assistência social espírita, procurarão alcançar o princípio da auto-

suficiência, evitando que o funcionamento das atividades filantrópicas dependam

exclusivamente de contribuições ou doações de terceiros, inclusive de conveniados, que

possam, de alguma forma, ferir os seus princípios filosóficos e doutrinários.

Para os efeitos da expansão de fronteiras deve existir, no coração de cada

fraternista, um conceito mais amplo da Cidade da Fraternidade, abrangendo a totalidade

dos Grupos da Fraternidade Espírita, cujos membros devem ser preparados para

vivenciarem a fraternidade no próprio ambiente em que vivem, abrindo as portas de seus

lares para adotarem, cada um, pelo menos, urna criança ou abrigarem um irmão carente

em qualquer área, e, na impossibilidade disto, fazendo ou propiciando assistência social e

recursos a uma família necessitada.

Conforme postula o Movimento da Fraternidade, a realização da Assistência Social

há de se dar de forma integrada e harmônica, destacando-se cinco pontos: pão, saúde,

visitação, luz e afeto. Por analogia, consideremos uma mão humana para alcançar o

objetivo da unidade.

O dedo mindinho simboliza o pão que “assegura a existência dos que não podem

trabalhar e provê a vida dos fracos, sem humilhação para eles e sem deixá-los à mercê do

acaso e da boa vontade. Assiste-se simplesmente ao irmão carente do caminho sem julgar e

condenar a sua atitude. Registre-se a anotação de Mateus 25:35 e 36: “Porque tive fome, e

destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me;

estava nu, e vestistes-me...”

O dedo anelar representa os cuidados dispensados às criaturas descompensadas na

sua saúde física, mental e espiritual. O agrupamento espírita pode disponibilizar para elas o

tratamento desobsessivo, o atendimento fraterno, a reunião de ectoplasmia para o exercício

da medicina de profundidade e as orientações emanadas dos benfeitores espirituais

utilizando os canais sutis da mediunidade equilibrada. Em Mateus 10:08 aprendemos:

“Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios: de

graça recebestes, de graça daí".

O dedo médio significa a visitação em favor de criaturas enfermas nos lares, nos

presídios, nos asilos, nos orfanatos e nos hospitais de uma forma geral. Destaque-se a

anotação de Mateus 25:36: “... adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me.”

O dedo indicador sinaliza a luz que pode clarificar as mentes e os caminhos das

pessoas desnorteadas e sedentas de conhecimento espiritual. Na tarefa de assistência, os

agrupamentos fraternistas podem oferecer a evangelização infantil, o trabalho da mocidade,

as palestras públicas, os ciclos de estudos da Doutrina Espírita e a riqueza da literatura

espírita.

O dedo polegar simboliza o afeto que se concretiza na resposta às seguintes

indagações: Que temos de nós próprios para dar? Que espécie de emoção estamos

comunicando aos outros? Que reações provocamos no próximo? Qual é o estoque de

nossos sentimentos? Que tipo de vibrações espalhamos? (Livro Fonte Viva – Espírito

Emmanuel). O dedo polegar é o único que abraça todos os outros e a Assistência Social

plena só se realiza com muito afeto.

Destacamos a seguir três importantes tarefas de assistência social espírita,

comumente realizadas no âmbito do Movimento da Fraternidade que serão tratadas em

subcapítulos e seqüencialmente:

- Campanha do Quilo

- Sopa Fraterna

- Visitação Fraterna

Campanha do Quilo

Ascendentes Cristãos

"E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum. E vendiam suas

propriedades e fazendas, e repartiam com todos, segundo cada um havia de mister. E,

perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos

com alegria e singeleza no coração". (Atos 2: 44 a 46)

Depreende-se que os próprios seguidores, numa atitude de despojamento, é que

mantinham, com recursos próprios, as atividades da Comunidade Cristã primitiva. Deve ter

sido de rara beleza o convívio em torno das idéias do Cristo!

A Casa do Caminho experimentava aumento continuado das atividades caritativas

pelo incessante trabalho de assistência à grande massa de atingidos pelas misérias do

mundo. Em vista disso, a alternativa dos "seguidores do Caminho" foi a de buscar a

cooperação no seio da sociedade judia; com o passar do tempo, tal procedimento

estabeleceu dependência e induziu à introdução de práticas características do judaísmo às

atividades da comunidade, o que, de uma certa forma, reduzia os rigores da perseguição do

sinédrio à igreja nascente.

Mais tarde, Paulo tentou dissuadir os apóstolos no sentido de romper com essa

dependência, de modo a resgatar o caráter de pureza das idéias e práticas cristãs; todavia,

o fanatismo vigente opôs forte resistência a tal pretensão.

Histórico

José do Livramento Godoy, antigo lidador da Doutrina Espírita em Belo

Horizonte/MG contou-nos que, por volta de 1950, freqüentava o Centro Espírita “Poder da

Boa Vontade”, localizado na rua João Carlos nº 435, Bairro Sagrada Família, e que ali

presidia a Mocidade Espírita Paulo de Tarso. Informou-nos que, em julho de 1950, sete

representantes de Mocidades Espíritas de Belo Horizonte passaram a realizar um trabalho

de integração, que culminou em uma viagem a Pedro Leopoldo para visitarem o Francisco

Cândido Xavier e dele receberem preciosas orientações.

Durante uma reunião realizada naquela cidade, Oli de Castro, Sargento da

Aeronáutica, que houvera militado na base aérea de Natal/Rio Grande do Norte, pediu a

palavra e discorreu detalhadamente sobre um projeto desenvolvido no nordeste brasileiro

há alguns anos e conhecido como "Campanha do Quilo". Todos os presentes ficaram

empolgados com a idéia e pouco tempo depois a Sociedade Espírita Nina Aroeira, de Belo

Horizonte, sob a direção e entusiasmo de um valoroso espírita mineiro, o irmão Machado,

passou a realizar a Campanha do Quilo com o nome de "Caravana de Alegria Cristã".

Tal atividade foi de pouca duração, provavelmente em face da implacável vigilância

e reação do clero que, nas pregações em cerimônias religiosas e com distribuição de

folhetos, conclamava os fiéis a não colaborarem com aquela iniciativa. Chegou-se ao

disparate de convocar os jovens que realizavam a atividade a comparecerem ao Distrito

Policial a fim de prestarem depoimento ao delegado, em decorrência de queixa registrada

contra a realização da Campanha do Quilo.

No ano de 1952, em uma reunião pública da quinta-feira, realizada no Grupo da

Fraternidade Espírita Irmã Scheilla (de Belo Horizonte), mais conhecido à época como

Centro Espírita Oriente, a irmã Leda Morais exortou o público freqüentador a doar à

Instituição, na semana seguinte, um quilo de alimento que destinava a famílias pobres

assistidas pelo agrupamento. Sensibilizado com o apelo da devotada irmã Leda Morais, o

jovem Jarbas Franco de Paula, que freqüentava a instituição há pouco mais de um ano,

tomou a iniciativa de procurar o presidente da Instituição, irmão Gabriel Sândi, no intuito

de apresentar a ele tais idéias.Assim se deu o diálogo:

- Senhor presidente, permita-me uma sugestão, já que vejo o esforço sem muitos resultados

da nossa irmã Leda, de angariar gêneros alimentícios para serem distribuídos às famílias

assistidas pela nossa instituição.

- Do que se trata, meu jovem?

- Por que não realizamos uma campanha nas ruas, para aumentar a arrecadação de

mantimentos a serem ofertados às famílias necessitadas?

- Ora, Jarbas, isso poderá trazer problemas inesperados e de difícil solução! Ademais, uma

atividade assim só comporta ser realizada por criaturas jovens.

- Compreendo, mas faço-lhe um pedido e ficarei imensamente grato, se atendido.

- Qual é? Eu preservo a instituição; no entanto, sou uma pessoa aberta e tenho

sensibilidade.

- Autorize a realização de uma campanha, uma só, a título de experiência.

- Bem, só uma eu autorizo.

Na quinta-feira seguinte, cheio de entusiasmo, o Jarbas fez o convite, em plena

reunião pública, para as pessoas participarem da nova atividade a acontecer a partir das

8 horas do domingo seguinte. Percorreriam a rua Itajubá e algumas ruas adjacentes no

bairro Floresta.

Assim foi feito, num belo domingo de junho de 1952, pelo grupo formado por

Jarbas Franco de Paula, Leda Morais, José Lopes Souza Lima e sua esposa Isaura, Vicente

Wendling e Cacilda Morais. Foi tanta a arrecadação, que os sacos de farinha destinados a

abrigar as doações não foram suficientes. A pequena despensa ficou abarrotada.

Ficamos a imaginar a alegria daqueles caravaneiros e a sintonia fina que eles

alcançaram com a Espiritualidade.

Atendamos agora a expectativa do leitor: é claro! O presidente da instituição não

teve como permitir que "A Campanha do Quilo" sofresse solução de continuidade. Foi

assim que o grupo de abnegados tarefeiros inaugurou o ciclo permanente da Campanha do

Quilo em Minas Gerais. Consta que, a partir de julho do mesmo ano, ele, a esposa e filha

reforçaram o time do bem.

Generalidades

A Campanha do Quilo é uma das mais nobres atividades realizadas pelos espíritas.

Existem notícias de tal atividade desde os primórdios da segunda metade do século

passado, o que significou uma verdadeira revolução e mudanças de costumes, já que o

centro espírita era tradicionalmente fechado em si mesmo e suas ações externas, além de

restritas, sofriam um julgamento equivocado do público em geral.

Hoje, um universo significativo de Casas Espíritas realiza a campanha com

regularidade, aos sábados ou domingos, exatamente pela facilidade de arregimentar

tarefeiros ou voluntários como pela possibilidade de encontrar os moradores em seus

lares.

Essa é das primeiras tarefas recomendadas ao incipiente espírita! Tão logo o

freqüentador se identifique com a Casa e alcance relativo padrão de harmonia interior,

desde que manifeste desejo e se disponha a atender as normas explicitadas, estará apto a

participar de tão sublimada atividade espiritualizante. Desse tarefeiro não é exigido

profundos conhecimentos doutrinários e evangélicos nem atestado de bons antecedentes

morais, até porque a maioria de nós está à semelhança do filho pródigo. Ou seja, o Senhor

da Vida nos dignifica com oportunidades de reparação dos nossos equívocos pretéritos e de

construção de um futuro mais feliz. O hoje é, então, oportunidade inadiável!

A Campanha do Quilo atende, em simultâneo, duas missões características do

centro espírita: a de OFICINA, pelo trabalho assistencial propriamente dito; a de TEMPLO,

pela dilatação dos limites físicos da instituição, irradiando a Casa até os lares visitados.

A Campanha do Quilo e a Oficina de Trabalho a serviço do Cristo

Trabalhadores deixam a comodidade dos seus lares, o prazer do divertimento nos

clubes ou dos passeios nos sítios para deslocarem-se para ali ou acolá, muitas vezes em

árduas caminhadas e enfrentando situações inesperadas e de perigo, para carregarem

sacolas ou fardos lotados com a roupa, o remédio, o brinquedo velho, o livro, a barra de

sabão, o pacote de arroz, de macarrão, o sapato usado, seja lá o que for, até um pedaço de

pão, tudo recolhido de corações generosos.

O CAMPANHEIRO, assim é chamado o tarefeiro da Campanha do Quilo, retorna

alegre e descontraído, ciente de que os produtos arrecadados serão cuidadosa e

criteriosamente guardados na despensa, por ele ou outros tarefeiros. As sacolas a serem

montadas, análogas às populares cestas básicas, conterão o indispensável para atender as

necessidades mínimas de famílias carentes, previamente cadastradas, que vivem em estado

de exclusão social.

O Campanheiro rejubila-se em ser instrumento dos Céus por auxiliar os

desprovidos do conforto material. Lembra-se ele da afirmação carinhosa do meigo Rabi da

Galiléia: "Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai,

possui por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; porque

tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e

hospedastes-me; estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e

fostes ver-me. Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com

fome, e te demos de comer? Ou com sede, e te demos de beber? E quando te vimos

estrangeiro, e te hospedamos? Ou nu, e te vestimos? E quando te vimos enfermo, ou na

prisão, e fomos ver-te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que, quando

o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.” (Mateus, 25:34 a 40)

A Campanha do Quilo e o Templo

Em seus deslocamentos pelos recantos da cidade, as equipes de Campanheiros

levam a cada lar visitado as vibrações imanentes e características da própria casa espírita.

Agem à semelhança de um centro espírita ambulante, espalhando o odor do Cristo por

onde se movem. Nenhum outro propósito toca a alma do Campanheiro que não o desejo de

servir. Impregnado do sentimento de solidariedade, ele é instrumento para outros também

praticarem a solidariedade!

A alegria cristã a vestir a sua alma estancará, ainda que momentaneamente, emoções

controversas de muitos que receberem o seu cumprimento cordial. A casa espírita que se

irradia e se dinamiza é um templo vivo a penetrar a intimidade dos lares onde um coração

servidor bate e se apresenta!

A Campanha do Quilo e os aspectos Morais que se destacam

Esta tarefa tão meritória enseja conquistas morais de alta relevância, nem sempre

registradas pela nossa percepção vulgar. Alguns sensos são desenvolvidos no tarefeiro,

principalmente os da humildade, da solidariedade, do respeito e da benevolência. Este

servidor do Bem é também agente de transformação de muitas criaturas conclamadas a

doar, que somente aguardam uma oportunidade, um aviso, um empurrão para darem novos

rumos a sua trajetória existencial. Por isso que é preciso que o Campanheiro leve as

marcas do Cristo para o interior de cada lar visitado.

Aquele cujo coração se sensibiliza pela visita da Campanha do Quilo, internaliza

no seu imo o embrião de futuras aquisições, todas nascentes do gesto da caridade induzida!

Poderá ser despertado nele o desejo do gesto futuro de caridade espontânea; da reflexão

quanto a sua relação com o semelhante; da busca de novos roteiros para dar nova

motivação e alegria a sua vida; da revisão da própria conduta no meio familiar para buscar

o verdadeiro significado da existência terrestre.

Alguns casos interessantes

O irmão presidente

Nos primórdios da década de setenta, residíamos na cidade de Teófilo Otoni/MG e

freqüentávamos o Grupo da Fraternidade Joseph Gleber. Como éramos egressos de

movimento juvenil espírita de outra localidade, colaboramos para a fundação da Mocidade

Espírita naquela instituição. Depois de algum tempo sugerimos a criação da tarefa da

Campanha do Quilo. A diretoria da casa aprovou a idéia e o presidente, com muito

entusiasmo, incentivou a mocidade a iniciar imediatamente tão nobre atividade.

Convidamos presidente para participar da tarefa conosco; no entanto, habilmente

ele esquivou-se alegando compromissos familiares e também justificando ser a tarefa mais

apropriada aos mais moços. O nosso querido presidente era pessoa culta, de prestígio e

muito conhecido na sociedade. Ante nossa insistência fraterna, ele acabou cedendo e

esclareceu que iria conosco na seguinte, mais para conhecer a tarefa, conviver conosco e

servir de motorista para transportar Campanheiros e produtos arrecadados. Ficamos deveras

satisfeitos e tudo transcorreu conforme combinado.

Algo tímido, invariavelmente o irmão permanecia no interior do veículo ou nas suas

proximidades. Até que, de um belo jardim de determinada rua de moradias ricas, surgiu o

proprietário da residência para nos atender. O cavalheiro, logo após os cumprimentos, teve

sua atenção desviada e, de repente, gesticulando e em alta voz chamou o nosso presidente

pelo nome. Dirigiu-se assim a ele:

- Você, por aqui! Que boa surpresa. Há muito tempo não nos víamos!

- É verdade. Respondeu o nosso irmão, com certo constrangimento.

- Que bons ventos o trazem à porta de minha casa? Venha, vamos entrar.

- Não posso, fica para outro dia.

- Como assim, meu amigo? Você não vai me fazer essa desfeita!

- Mas... Eu... estou com eles!

- Se são seus amigos, serão meus também. Entremos todos; vamos conversar e tomar um

cafezinho.

Atendendo a um dever cristão, aproximei-me e envolvi-me no diálogo:

- Que bom conhecer um amigo do querido irmão presidente. Ele tem razão, hoje não nos é

possível entrar na sua casa para uma conversa agradável e mais demorada. Estamos

fazendo a campanha do quilo.

- O que é isto? O que é campanha do quilo?

- É uma atividade que realizamos aos domingos por conta do Grupo da Fraternidade Joseph

Gleber. Deslocamo-nos para bairros diversos e batemos à porta de corações generosos,

para que nos ajudem a ajudar. Tudo para nós é de utilidade, seja lá uma roupa antiga,

brinquedos usados, gêneros alimentícios, moedas, o que for. Com o que arrecadamos,

preparamos sacolas que são distribuídas a famílias muito pobres e em estado de miséria

social.

- Amigo, você participa de tudo isso?

- Sim, junto com eles, os meus amigos.

- Parabéns! Eu sei que você é espírita, porém ignorava que esta religião fosse capaz de

tanta expressão de generosidade. Quero ainda conhecer os trabalhos de vocês com mais

detalhes.

Nosso irmão presidente permaneceu no alpendre enquanto aguardava o retorno do

amigo. Depois o vimos sorridente, a segurar um pesado fardo de arroz e caminhar

majestosamente até o jipe. Daí em diante, quase sempre ele se encarregava dos contatos

iniciais com os irmãos em humanidade, convidados a encher as sacolas da campanha do

quilo.

A ação policial

A equipe número treze da Campanha do Quilo, do Grupo da Fraternidade Espírita

Irmã Scheilla, deslocava-se por ruas do bairro São Pedro, na região de Venda Nova, quando

dois soldados, que estavam num bar, indagaram o que aquela equipe fazia ali e qual o

conteúdo das sacolas que transportavam.

Educadamente, o irmão Moacir esclareceu-os. Em seguida, um soldado indagou:

- Como vocês podem comprovar a veracidade de tudo isso?

- Perfeitamente, disse o Moacir, e logo apresentou uma sacola com caracteres impressos,

além entregar a ele uma mensagem psicografada que continha os dados principais de

identificação do Grupo da Fraternidade Espírita Irmã Scheilla.

- Isso nada comprova, respondeu asperamente o policial. Ato contínuo, ele ordenou a

entrada dos dois Campanheiros na viatura policial.

Nesse momento, chega o Almir Lima acompanhado de um senhor que realizava,

pela primeira vez, a Campanha do Quilo. Surpreso perguntou:

- O que se passa ? Por que estão nesse veículo?

- Quem é você? Por que também tem essa sacola na mão?

- Eu sou o Almir e tenho a responsabilidade de coordenar a equipe treze da campanha do

quilo!

- Ah, é?! Você também faz essa tal de campanha, não é?

- Sim, e com muita alegria no coração.

- Venham cá, você e seu amigo, e também entrem no camburão. Eu sei que campanha é

essa!

Nisso, o irmão que acompanhava o Almir, com muita calma, entrou no diálogo:

- Meu amigo, posso até ir com você, mas não aí. Tem de ser num carro especial.

- Como assim? Não brinque conosco! As coisas podem complicar para o seu lado!

Sem pressa, ele retirou do bolso sua carteira funcional de Coronel da Polícia Militar

e a apresentou. De imediato, os homens da lei fizeram-lhe continência e pediram-lhe mil

desculpas.

O novo Campanheiro poderia ter tomado várias atitudes, algumas até com prejuízos

graves para os policiais, no entanto, somente asseverou: “sigam seus caminhos e procurem,

doravante, ser justos e retos no exercício de uma profissão tão importante para a

sociedade”.

A Testemunha de Jeová

Estava a relembrar com o Jarbas Egídio Martins alguns casos ocorridos na tarefa da

Campanha do Quilo, da qual ele participa há trinta e nove anos. Escolhemos um para relatar

e ele disse: Alan, logo esse tão negativo? Expliquei que o negativo, muitas vezes, instrui e

serve de preciosa lição para o futuro.

Este fato aconteceu há cerca de trinta anos atrás. Em determinado dia, a equipe

número dezessete percorria o bairro União. Tão logo o Campanheiro bateu palmas no

portão de uma residência, um senhor de meia-idade apareceu no alpendre e travaram o

seguinte diálogo:

- Bom dia, meu irmão. Estamos pedindo algo em favor de criaturas pobres.

- Bom dia! De onde vocês são?

- Fazemos a Campanha do Quilo e somos do Centro Espírita Oriente.

- Espírita? Sai de mim, Satanás!

- Não somos criaturas malignas. Somos do bem.

- Os espíritas têm pacto com as trevas.

- Nós também somos filhos de Deus!

- Vocês são filhos do Diabo!

- Você está sendo tão cruel conosco! Qual é a sua religião?

- Sou Testemunha de Jeová e acredito no poder de Jesus.

- Nós, espíritas, também.

- Vocês evocam os mortos e Moisés condenou essa prática. Vocês são mestres em

bruxarias, adivinhações e sortilégios.

- O irmão está muito enganado. Jesus enalteceu a mediunidade utilizada para o bem. Paulo,

o apóstolo, também.

- Saiam já da minha casa.

- O senhor é atrevido. Nós nem entramos na sua casa e o senhor está nos expulsando?

- Estou, sim. Não quero mais discutir e estou perdendo a paciência.

- Pelo que vejo, o senhor não tem argumentos. Não temos como chegar a um acordo. O seu

desrespeito foi enorme.

- Espere só, que volto já!

- Venha até aqui que resolveremos nossas diferenças no braço.

Nisso, o Jarbas tomou o irmão Campanheiro pelo braço, concitou-o ao silêncio e a

pensar em Deus. Dirigiu-se logo a seguir ao evangélico e disse-lhe:

- Peço-lhe perdão, não temos o direito de ofendê-lo. Jesus ampare o seu coração. Fique em

paz.

Jarbas conta esta foi uma lição inesquecível. A partir de então os Campanheiros

ficaram mais vigilantes com a palavra, sem olvidar que, para atingir os objetivos da tarefa,

importa até sofrer humilhações, se for da vontade do Criador.

Os aspectos espirituais que se destacam na tarefa da Campanha do Quilo

Tão importante quanto ofertar o mantimento ao corpo físico do irmão que sofre é

levar uma parcela de luz a tantos lares que jazem em trevas profundas, onde muitos são

ricos de moedas, mas pobres de paz. Esse é um quadro muito comum na Terra. A paisagem

exterior, mesmo ao retratar beleza e conforto, nem sempre reflete os sentimentos íntimos

das criaturas albergadas nas moradas terrestres. É comum, mesmo diante da abastança,

depararmo-nos com lares tristes e almas angustiadas, depauperadas, a viverem dramas e

padecimentos morais inimagináveis ao observador comum. Acrescem-se a isso a

dissonância entre os integrantes do grupo familiar e situações de maior ou menor gravidade

no campo das doenças obsessivas.

São incontáveis os lares do mundo que se encontram vergastados por dor invisível,

que os recursos terapêuticos da medicina tradicional não conseguem debelar. São dores

agudas a sinalizar dramas morais que têm sua causa no pensamento infeliz, na palavra

insensata e na atitude cruel do ontem.

Nem sempre o tarefeiro da Campanha do Quilo é sabedor da sua missão ao contato

com esses infelizes ocultos. Recolher doações nesses domicílios será mero pretexto. A

espiritualidade pretende muito mais e, para isso, uma multidão de espíritos engrossa a

caravana para: preparar o ambiente psíquico; cuidar da assepsia da trilha por onde se

deslocam os servidores do bem e amortecer as vibrações contraditórias dos lares a serem

visitados.

Ademais, enquanto o Campanheiro é atendido pelo irmão que oferta mantimentos

que irão alimentar corpos desafortunados, a Espiritualidade Amiga aproveita o ensejo da

boa receptividade do doador do mundo material e da virtude das emissões vibratórias

sublimadas pelo Amor Fraterno de que se reveste o trabalhador do Cristo para resgatar, de

cada lar visitado, muitos irmãos do mundo espiritual que ali estagia, quase sempre em

profundo desequilíbrio.

Outros irmãos do outro plano da vida, os transeuntes habituais da via pública,

acompanham, entre curiosos e atentos, os Campanheiros em todo o trajeto que

desenvolvem durante a tarefa da Campanha do Quilo. Sensibilizam-se ao reconhecerem a

sinceridade dos sentimentos e a nobreza da conduta do Campanheiro, pautada pela

humildade, compreensão, fraternidade e bondade, e abrem seus corações ao apelo do Bem.

Confiantes na ajuda do plano superior, já alimentados de propósitos regeneradores e

construtivos, são conduzidos, em caravanas do plano invisível, para se tratarem nas

inúmeras Casas de Jesus.

O Senhor da Vida protege todos os seus filhos e é da lei ninguém ficar à margem

do progresso. Mencionamos que a Campanha do Quilo assume o aspecto de uma casa

espírita ambulante, isto é, o Centro Espírita vai para as ruas e adentra a intimidade dos

lares. Cada Campanheiro torna-se um médium dos céus e por ele transitam recursos, na

forma de auxílio ao que sofre. Também é da lei que todas as criaturas se movimentem em

regime de liberdade; assim, o Senhor da Vida não impõe a transformação de ninguém.

Ilustremos com alguns dentre tantos casos de auxílio desse jaez:

O pai infeliz

Há anos participamos de reunião de desobsessão. Pouco antes do início da reunião,

dedicamo-nos regularmente ao atendimento fraterno voltado para irmãos portadores de

transtornos indicativos de obsessão espiritual. Notamos um cavalheiro, algo mais ansioso,

que aguardava atendimento.

Após as saudações iniciais, ele nos confiou que o seu estado era de desesperança.

Indaguei-lhe:

- O que foi, meu irmão? Por que a tristeza profunda?

- O meu martírio é imenso. Minha vida perdeu significado, aliás, nem sei bem a razão de

minha presença aqui. Já havia decidido exterminar a minha vida.

- Como assim, meu irmão? A vida é um dom precioso e mesmo diante de pungentes

dificuldades ela merece ser vivida. Se você quiser, fale do seu drama.

- Ah moço, eu era feliz até descobrir que meu único filho tinha comportamento

homossexual, o meu lar desmoronou. Todos os meus projetos passavam pela felicidade

dele.

- Sim, meu irmão, nós sempre queremos o melhor para os nossos filhos e, às vezes, até

projetamos para eles o que desejaríamos para nós.

- Está certo, porém a humilhação foi imensa e achei como melhor solução expulsá-lo de

casa, mas esse procedimento não resolveu o problema. Por isso, decidi matar-me.

- Você não fará isso. Deus não quer e para tudo existe solução, mesmo que ela não esteja

visível e tão próxima! Você quer a ajuda desta casa?

- Claro, diga o que me convém fazer?

Explicamos a ele a linha de tratamento. No entanto, não refreamos o impulso de

formular uma pergunta:

- Como o irmão veio parar em nossa instituição?

- Ah, sim! Algumas pessoas bateram à porta do meu apartamento e disseram estar

realizando a Campanha do Quilo. Fiquei atraído pela gentileza de uma senhora de relativa

idade, vestida simplesmente, a ajudar um jovem a carregar uma pesada sacola com os

produtos já obtidos em outras residências. A conversa com eles, despertou-me o interesse

em conhecer um lugar que torna as pessoas tão boas e desprendidas.

A moça desesperada

A equipe n° oito da Campanha do Quilo do Grupo da Fraternidade Espírita Irmã

Scheilla, bastante numerosa, percorria vasta região do Barreiro sob a coordenação do

Ernesto. De uma das casas surgiu uma moça de aspecto muito aflitivo, a apresentar visível

sofrimento interior.

Certamente sintonizado com a espiritualidade, Ernesto indagou:

- Por que uma moça jovial e bonita está tão triste?

- Ah, eu sofro muito! Ninguém me compreende e estou muito revoltada com a vida.

- Ainda assim, não vale a pena sentir tristeza; afugente-a e sua vida estará mudada.

- Olhe, moço, vou contar-lhe algo que pessoa alguma sabe. Já tenho guardado no banheiro

da minha casa um frasco de formicida. Vou me matar!

- Você não fará isso. Dar-lhe-ei o endereço do Grupo da Fraternidade Espírita Irmã

Scheilla, onde as pessoas recebem consolação. Fique em paz. Estaremos orando por você.

A moça daqueles tempos, hoje é valorosa servidora do Cristo. Participa como

cooperadora de reunião de desobsessão, faz a Campanha do Quilo e alegra os pacientes

dementados do Hospital Raul Soares, dedilhando, no violão, músicas de grande enlevo

espiritual.

Normas e Procedimentos a serem observados na realização da tarefa

Para o bom êxito da atividade, é imprescindível que a instituição tenha normas

claras de funcionamento da atividade e que os Campanheiros as observem. Elas devem ser

simples, elementares, norteadoras e revestidas do espírito cristão. Destaquemos alguns

pontos que se nos afiguram mais importantes na sua elaboração:

a) Aspectos organizacionais:

Nomeação de coordenador da Campanha do Quilo, tanto como os responsáveis pelas

equipes, caso exista número mais significativo de Campanheiros;

Mapeamento prévio dos bairros e ruas a serem visitados, evitando-se a improvisação

contraproducente;

Planejamento do roteiro a ser percorrido a cada semana, elaborado com a devida

antecedência;

Boa articulação com o movimento espírita local, de modo a evitar o comparecimento de

equipes de casas espíritas distintas num mesmo logradouro e no mesmo dia;

Dimensionamento da equipe de modo a haver um desejável equilíbrio entre elementos

masculinos e femininos. Lembrar-se que tal momento não é para namoro;

Exclusão de crianças nesse tipo de ação assistencial. A elas deve ser propiciado o

ensino moral e atividades lúdicas na intimidade da própria casa espírita;

Se possível, as sacolas ou similares devem conter identificação da instituição. Isso

granjeia simpatia e confiança daqueles convidados à atitude fraternal;

A instituição deve aplicar as doações recebidas em espécie exclusivamente na

assistência às famílias carentes;

Formação de equipes de, no máximo, dez membros, quando existirem muitos tarefeiros

disponíveis.

b) Recomendações necessárias ao Campanheiro:

A tarefa deve ser iniciada com uma leitura evangélica e prece. Concluída com oração

de agradecimento, respeitando-se a impossibilidade do retorno de alguns ao local de

encontro;

Disciplina de horário para o início e fim da atividade;

Abordagem aos moradores dos lares visitados sempre com dois ou mais Campanheiros,

de forma breve, serena e genuinamente cristã;

Atenção para não ocorrer dispersão entre os membros da equipe, que pode resultar em

desgoverno e ausência de unidade, tão essenciais ao sucesso da ação;

Desde o encontro dos integrantes da equipes, as conversações não devem ser contrárias

aos objetivos da tarefa. Conversação sadia mantém ambiente propício a atrair a

presença dos bons espíritos;

Abstinência de bebidas alcoólicas, do fumo e de assemelhados durante todo o período

da tarefa, guardando a sintonia indispensável entre os membros do grupo e os espíritos

que assistem a atividade na invisibilidade;

Gentileza, fineza de trato e discrição no contato com o morador. A primeira impressão é

fundamental;

Os Campanheiros devem adotar permanente a alegria e a cordialidade, mesmo diante

dos transeuntes apressados ou zombeteiros;

Os Campanheiros devem portar crachá que contenha os dados da casa espírita e o seu

próprio nome, como forma de apresentação diante dos lares visitados;

Distribuição de mensagens de conteúdo evangélico, se possível, porém guardando o

respeito indispensável à opinião e crença dos outros;

Manutenção da serenidade diante da recusa do auxílio solicitado ou da agressão de

qualquer natureza, afastando-se silenciosamente e emitindo pensamentos fraternais. O

Mestre nos recomendou evitar as contendas. As polêmicas em situações como essas são

geradoras de mal-estar e azedume;

Aproveitamento do momento adequado para externar convite para visitas à instituição e

lá conhecer suas atividades assistenciais;

Procedimento coletivo em que Campanheiro algum se aproprie de recursos de qualquer

natureza angariados na Campanha do Quilo, ainda que sob o pretexto de assistir

alguma família carente;

Cooperação por parte dos mais jovens para transportar as mercadorias e fardos obtidos;

Educação na abordagem, com especial cuidado de evitar, inclusive, o acionamento

insistente da campainha face à demora no atendimento;

Atitudes de prudência e evitar descrever quadros espirituais percebidos num ou noutro

ambiente visitado, susceptíveis de traumatizar ou de criar situações embaraçosas;

Conversão do Campanheiro em trabalhador ativo da casa espírita e em participante

regular de reuniões públicas e de estudos evangélico-doutrinários.

Vale considerar que a grandeza da tarefa muitas das vezes desperta e estimula os

visitados a conhecerem o espiritismo, sem dizer daqueles que se tornaram espíritas, quando

um dia, na plena intimidade dos seus lares, foram tocados pelas vibrações harmoniosas dos

tarefeiros da Campanha do Quilo!

Na Campanha do Quilo

Equipe de estrelas que ilumina o Céu da Vida

Dos que se demoram na noite da aflição;

Para o jovem, o velho, a criança sem guarida,

Busca a gota de remédio e a migalha de pão!

Porta-voz do Cristo no campo da mensagem,

Murmurando súplicas em prol de teu irmão;

Não te falte o sorriso em tua imagem

abençoando o sim e compreendendo o não!

Não receia a jornada! Nem pensa no fim

Ao negarem auxílio ao triste do abandono

Experimenta outra casa sem flores no jardim

mas com rosas no coração do dono.

A palma carinhosa, que no portão estala,

É doce voz de um instrumento amigo,

É berço móvel que a criança embala,

É carreto de tábuas que constrói abrigo!

É concha amorosa que carrega a sopa

É mala de remédios subindo o morro

É retalho transformado em roupa

É lareira de inverno fazendo socorro.

É réstia de luz devassando a treva,

É lírio ambulante perfumando a vida,

É correio celeste que traz e leva

Concessões e pedidos da fome sofrida!

É estímulo e impulso ao caído no caminho,

É ramalhete de flores no altar da esperança,

É visita de ternura ao que vive sozinho,

É sol aquecendo onde o sol não alcança!

Ao deixar teu lar em abandono de aparência,

O interior da casa todo se embeleza!

Pois, no sublime instante de tua ausência,

A presença do Cristo te revela.

José Grosso

Mensagem recebida no Grupo da Fraternidade Espírita Irmão de Sagres/SP pelo médium

Álvaro Basile Portughesi

Sopa Fraterna

Em “Paulo e Estêvão” o espírito Emmanuel relata que a residência de Pedro, futura

Casa do Caminho, regurgitava de enfermos e desvalidos sem esperança. Eram velhos

procedentes de Cesaréia, a exibirem úlceras asquerosas; crianças paralíticas, da Iduméia;

anciães abandonados e criaturas esquálidas e famintas. Não só isso. À hora habitual das

refeições, extensas filas de mendigos imploravam a esmola da sopa. À frente dessas

atividades estavam Pedro; Tiago, filho de Alfeu; Tiago e João, filhos de Zebedeu; Filipe e

suas filhas; além de outros cooperadores voluntários que foram se agregando ao trabalho a

partir de Pentecostes.

Apesar do contínuo aumento do contingente de assistidos, Pedro e João

consideraram oportuno não descuidarem o labor das idéias evangélicas, não

menosprezando a sementeira da palavra divina. Com outros “Seguidores do Caminho”

construíram um pavilhão de menor porte destinado aos trabalhos de evangelização, ocasião

em que foram nomeados, para os serviços de enfermaria e dos refeitórios, sete auxiliares

entusiasmados: Estêvão, Parmenas, Nicolau, Timom, Nicanor, Filipe e Prócoro.

Devido à insuficiência de recursos financeiros, Pedro zelava, com imensa

habilidade, para que não faltasse o socorro aos desfavorecidos da vida, o que não o impedia

de sentir-se "cada vez mais escravo dos seus amigos benfeitores”. Ainda assim, o trabalho

nobre da assistência sofreu graves prejuízos ao longo do tempo em face tanto da

dependência financeira como pela perseguição progressiva do judaísmo à Igreja Nascente.

Depreende-se o notável esforço dos discípulos de Jesus, que, em épocas tão

distanciadas, enfrentaram adversidades sem conta e perseguições implacáveis, que

culminaram em suplícios e até na morte. Não arredaram pé, permaneceram confiantes e

confiados nos desígnios do Senhor, deixando exemplos de coragem, abnegação e devotado

amor ao semelhante no exercício da mais pura caridade.

Com o advento da Doutrina Espírita, Allan Kardec, restabelecendo conceitos

crísticos, afirma: “Fora da Caridade não há salvação” (livro “O Evangelho Segundo o

Espiritismo – cap. XV). As mãos santas de Francisco Cândido Xavier grafaram o

pensamento de Emmanuel (livro “Vinha de Luz”): “Quem dá o pão ao faminto e água ao

sedento, remédio ao enfermo e luz ao ignorante, está colaborando na edificação do Reino

Divino. Assistência, medicação e ensinamento constituem modalidades santas da caridade

generosa que executa os programas do bem. São vestiduras diferentes de uma virtude

única”.

Para o cristão espírita são insofismáveis as duas vertentes da caridade: a moral e a

material. No que concerne à caridade moral, é preciso compreender que a Doutrina Espírita

é a religião da assistência gratuita, concebendo-se, então, a necessidade de que a assistência

seja realizada com os próprios recursos e à custa do esforço próprio, fugindo tanto quanto

possível de tarefeiros pagos, cooperações financiadas, subvenções governamentais,

susceptíveis de levar à dependência e ao descaminho do profissionalismo religioso.

Uma das mais lindas tarefas que os agrupamentos fraternos realizam é a Sopa

Fraterna. Lembramos que ela já era realizada nos primórdios da Casa do Caminho. Esta

tarefa é destinada a todos, indiscriminadamente, até mesmo aos que, na aparência, se

mostram saudáveis e robustos para o trabalho. A tarefa guarda a finalidade de alimentar

corpos, sim, todavia os benefícios que propicia podem ser ampliados. Além da sopa é

possível ofertar ao assistido: uma peça de roupa, corte de barba, cabelo e unha,

atendimento em enfermagem e, sobretudo, uns minutos de muita afabilidade em

conversações que adentrem ao centro de sua emoção. Dentro de certos limites, é um

atendimento fraterno ao irmão, em geral desguarnecido do sentimento da fé e

provavelmente distante da formação cristã-espírita.

Escapa a nós do plano da formas físicas, o desenrolar da execução desta tarefa no

mundo invisível. Inúmeros espíritos, nos mais diferenciados quefazeres, verdadeiramente

conduzem o trabalho da assistência: auscultam as mais íntimas necessidades dos assistidos,

inclusive as de natureza espiritual; aplicam-lhes passes espirituais revitalizadores do

organismo físico, com inferência no reequilíbrio das mentes; ao alimento adicionam

recursos energéticos que eles muito bem sabem manipular, dando muito mais conteúdo

nutritivo à refeição. Também estabelecem ambiente espiritualizante propício a desarmar o

espírito dos assistidos, de modo a favorecer o trabalho da conversação e do atendimento

fraterno.

Depreende-se da imperiosa necessidade da preparação dos tarefeiros, sob o ponto

de vista do equilíbrio emocional, das posturas íntimas, comprometimento com a tarefa,

assiduidade, higiene, cooperação mútua e esforços para legitimar o ambiente solidário e

fraternal.

Com esta postura, o alimento é mero atrativo para que os serviços da iluminação e

da solidariedade cristã prevaleçam. Cumpre-se o preceito do espírito Cornélio Pires, em

mensagem recebida no Grupo Espírita de Fraternidade Albino Teixeira, de Belo Horizonte,

pela médium Sônia Cunha:

“Caridade não é só dar o pão,

para quem padece a fome.

É auxiliar um amigo, irmão,

nos vícios que o consomem”.

Sopa do Socorro

Convém estarem atentos pois os Centros Espíritas são

destinados a todos indistintamente, sem restrições de castas,

cor, intelecto, riqueza, status, etc. Nunca é demais lembrar

também que o perigo da elitização é ameaça grave, tramada

pela espiritualidade das sombras, adredemente organizada para

o objetivo de desintegrar e esvair estes templos da caridade,

da elevação espiritual, do auxílio aos necessitados, quer

encarnados, quer desencarnados.

É com preocupação que vemos as forças negativas

triunfarem parcialmente em várias ocasiões, levando ao estado

deplorável da falência mediúnica aqueles irmãos que com tanto

carinho e desvelo foram preparados por longos períodos para

desempenhar, aqui no plano material, as tarefas de direção,

de doutrinação, de passistas, de resgates especiais e

mormente de médiuns, ai incluindo os de psicofonia,

psicografia, de materialização e vibracionais.

No caso dos agrupamentos fraternos, rogamos para que não

sejam transformados em templos para a elite. A continuação de

todas as tarefas assistenciais é por demais importante,

mormente aquelas destinadas à pobreza, sofredores maiores

deste mundo de regeneração, nestes momentos de anarquia,

sofrimento, dor e dementação.

É com esse intuito que lembramos ser a Sopa da Amizade

uma tarefa imprescindível na assistência aos pobres

necessitados, bem como aos espíritos em aprendizado de

socorro e ajuda de diversas nuances. Assim é que temos, além

dos assistidos encarnados, espíritos famintos e sofredores,

além de entidades que se opõem à realização de tão nobre

tarefa; contudo, os espíritos benfeitores estabelecem

barreiras magnéticas impeditivas de ações malévolas das

trevas.

São inúmeros os casos de curas que dir-se-iam milagrosas

entre esses pobres famintos e que passam desapercebidos entre

vocês, não sendo avaliados estatisticamente.

No meio espiritual, nós a chamamos de “ Sopa do

Socorro”, e isto é lindo. É belo demais para que esses

trabalhos sofram ataques e sejam atingidos por adversários

com argumentos supostamente convincentes e objetivando a sua

extinção.

Muitos irmãos, ou melhor, todos que da tarefa

participam, para isto foram preparados e treinados no plano

espiritual e para cá vieram, encarnados, desempenhar a nobre

tarefa que lhes é delegada pelos sábios instrutores das mais

diversas cidades espirituais.

Em toda semana acontecem visitas, de fins educativos, de

mestres e trabalhadores devotados do mundo invisível.

Há algo mais meritório e mais belo que, além de servir à

pobreza sofredora, saciando-lhe a fome material e as dores

físicas, tocar-lhe as almas para o reconforto e a lembrança

alentadora de que a dor de agora é o resgate glorioso do

pretérito, incutindo-lhes maior coragem e resignação? Não,

queridos irmãos!

É por demais necessário para nós, para vocês e para eles

a continuação perene do que foi traçado no espaço sideral,

com a concordância e o consentimento de todas as partes.

Que seja inquebrantável a palavra empenhada. Não há nada

mais triste, desolador e negro do que a falência mediúnica

que envolve os altos propósitos previamente acertados.

Muita paz.

Saldanha

Mensagem recebida no Grupo da Fraternidade Espírita Irmã Scheilla, de Belo Horizonte/

MG, em 28/03/1983, pelo médium Maricélio Soares Cunha.

Visita Fraterna

Quando da sua vinda missionária à Terra, Jesus estabeleceu como templo a natureza

e como sagrado objetivo elevar o homem até Deus e ensiná-lo a sentir e viver, em

profusão, a sublimidade do amor. Situou todos como irmãos e os ensinos e atos de Jesus

guardaram sempre o propósito de estimular as criaturas a viverem em regime permanente

de solidariedade e respeito. Incitou a busca da paz sem acomodação, da iluminação íntima

ausente da reclusão mística, da cooperação sem exigências e do serviço ao próximo sem

distinção de qualquer espécie.

Jesus não passou simplesmente pela Terra. Ele nos legou as marcas inapagáveis do

perdão, da compreensão superlativa e do amor às raias do infinito! Ele próprio inaugurou a

prática sublime de visitas ao coração humano e, para tanto, mesmo considerando a

exiguidade do seu tempo no mundo, não se eximiu de levar o reconforto a lares premidos

pelos mais afligentes infortúnios.

Lembramo-nos de que, após Jesus passar para outra banda do mar da Galiléia, uma

multidão já o aguardava, ansiosa por seus ensinos e atos de amor. Surgiu Jairo, o chefe da

sinagoga, que vendo-o, prostrando-se aos seus pés, rogou-lhe muito, dizendo sua filha estar

moribunda e que Jesus fosse e lhe impusesse as mãos para que ela sarasse e vivesse.

Certamente, Jesus acolheu, em seu coração, a súplica daquele homem.

Enquanto dispensava atenção à multidão, sentiu alguém tocar-lhe as vestes. Era uma

mulher que vertia sangue há doze anos e imediatamente aconteceu uma transfusão de

energias radiantes, independente da vontade do meigo Nazareno. Logo após este fenômeno

inesquecível, os que estavam próximos de Jairo disseram:“ A tua filha está morta; para que

enfadas mais o Mestre? e Jesus, tendo ouvido estas palavras, disse ao principal da

sinagoga: “Não temas, crê somente. E não permitiu que alguém o seguisse a não ser

Pedro, e Tiago, e João, irmão de Tiago. E, tendo chegado à casa do principal da sinagoga,

viu o alvoroço, e os que choravam muito e pranteavam. E, entrando, disse-lhes: Por que

vos alvoroçais e chorais? A menina não está morta, mas dorme. E, tomando a mão da

menina, disse-lhe: Talita cumi – que, traduzido, é: Menina, a ti te digo, levanta-te”.

(Marcos 5:35 a 39 e 41)

Também os seguidores de Jesus, aconchegando o Evangelho em seus próprios

corações e levando bom ânimo às almas sedentas de afeto e de paz, realizaram, em

profusão, muitas visitas fraternas.

Ainda para atestar a vivência do Evangelho, na forma do calor que se leva na

visitação fraternal, retornamos aos ambientes do cristianismo primitivo, particularmente na

velha Roma, onde Paulo, o apóstolo dos gentios, iria submeter-se ao julgamento de César.

César.

Paulo recebera a prerrogativa da “custódia libera”, isto é, viveria fora do cárcere até

o julgamento. Ele deliberou residir com Lucas, Aristarco e Timóteo, a quem aconselhou

fixarem residência na via Nomentana e procurarem trabalho para não serem pesados aos

"irmãos do caminho". Contudo, ia diariamente até as grades do calabouço, onde tomava a

sua ração alimentar. “Aproveitava, então, essas horas de convivência com os celerados ou

com as vítimas da maldade humana para pregar as verdades confortadoras do Reino,

ainda que algemados. Eram criminosos do Esquilino, bandidos das regiões provincianas,

malfeitores da Suburra, servos ladrões entregues à justiça pelos senhores ... A palavra de

Paulo de Tarso atuava como bálsamo de santas consolações”. (livro “Paulo e Estêvão”,

psicografia de Francisco Cândido Xavier)

Na acepção lídima do termo, as visitas fraternas são mais que um ato de

cordialidade, de retribuição, de sociabilidade, de simpatia e de amizade. Falamos de visitas

em que levamos a solidariedade, a esperança, o nutriente da fé, a paz interior e deixamos

energias radiantes fortalecedoras do hemisfério orgânico ou da mente em desassossego e as

vibrações positivas que nascem da intimidade do nosso ser.

Raramente nos lembramos que colhemos dessas visitas a gratidão, o agradecimento

e vibrações de simpatia que se revertem a benefício de nós mesmos, sem contar as benesses

de um tempo utilizado para o bem.

A princípio são relevantes as visitas realizadas em instituições como hospitais,

presídios, manicômios, leprosários, asilos e congêneres, além do atendimento a enfermos

de variados matizes em seus lares. Não se pode desconsiderar a magnitude das visitas

fraternas a irmãos não catalogados como enfermos dentro da conversão humana. Nem

sempre logramos fazer boa leitura das carências que afetam nossos irmãos em trânsito na

Terra e quantos deles estão próximos de nós. Muitos deles esposam os mesmos princípios

filosóficos que nós e foram valorosos tarefeiros do bem em determinado momento e,

circunstâncias que nos escapam a compreensão abafaram-lhes o entusiasmo e as crenças.

Se visitados pode ser que a vida lhes reserve a bênção do recomeço.

Nessa configuração merece menção visitas fraternais a lares de companheiros que se

desdobram em atividades comuns a nós, como por exemplo compondo em grupos

mediúnicos, trabalhos de evangelização e outros. Visitas periódicas e programadas de

forma alternada, propiciam o estabelecimento do sentido de família, o germinar de

sentimentos afins que frutificam na forma de alimentos da paz e realização.

A cura de um tuberculoso

Em meados de 1958, Ataíde Lemos da Silva, freqüentador do Grupo da

Fraternidade Rodolfo Henriques de Manhuaçú/MG, transferiu moradia para Belo

Horizonte. Registra-se que o mentor espiritual do Grupo em referência era o pai de Lídio

Diniz Henriques, um entusiasmado trabalhador do Movimento da Fraternidade, e filho de

Manoel Henriques, que fora um homem do campo que exerceu durante largo tempo a

simples profissão de tropeiro.

Conforme diagnóstico médico em hospital renomado de Belo Horizonte, Ataíde

estava acometido de tuberculose. Orientado por parentes freqüentadores do Grupo da

Fraternidade Rodolfo Henriques, Ataíde procurou o Jair Soares, no Grupo da Fraternidade

Espírita Irmã Scheilla, para receber uma orientação espiritual acerca do seu problema.

Dentre as terapêuticas espíritas sugeridas pelo espírito Joseph Gleber uma foi a de receber

uma série de aplicações na reunião de tratamento espiritual (ectoplasmia), antiga reunião de

materialização do agrupamento em referência.

Em simultâneo e em decorrência do tratamento, Ataíde recebeu no seu lar,

semanalmente, uma equipe de visitação a enfermos sob a coordenação de Ênio Wendling e

Jair Soares. Consta que um médico que teve sua última existência na França, de nome

Chapot Presvot, assistiu e conduziu, no nível espiritual, o tratamento em questão. Encerrado

o ciclo da visitação indicado na orientação espiritual, o paciente submeteu-se a nova

consulta médica, constatando-se não só o desaparecimento completo dos sintomas como a

inexistência de manchas da doença, observáveis no exame radiográfico.

Quanto a outra enfermidade que acometia o Ataíde, a diabete, o médico espiritual, já

na primeira orientação, afirmou que o tratamento específico deveria atender as prescrições

dos médicos da Terra.

Às Equipes Visitadoras

Lembramos que todos os irmãos visitadores estão e

deverão continuar dando o máximo aos lares que recebem o

carinho das equipes. Para que o auxílio se faça mais

objetivo, pedimos precaução aos companheiros para todas as

atividades desta maravilhosa tarefa.

Para sermos mais objetivos no auxílio aos irmãos

enfermos, necessários se fazem certos cuidados de higiene ao

se aproximarem do visitado. Muitos colaboram despretensiosos.

Alguns chegam ao lar despreocupados e, naturalmente desejosos

da demonstração de carinho e fraternidade, se abraçam e se

beijam. Nós, da Espiritualidade, fraternalmente, discordamos

deste procedimento.

Muitas vezes o enfermo está possuído de uma enfermidade

contagiosa, ou em caso inverso, pela dificuldade física do

visitado naquele momento, poderíamos também transmitir-lhe

agravação para o seu quadro.

É bom lembrar-lhes que, naturalmente, não será

distanciando-se do enfermo, mas evitando o contato mais

direto através do beijo, pois desta forma, fica fácil tanto

levar como receber a enfermidade.

Achamos que a palavra amiga, o sorriso, são importantes

formas de demonstração de carinho e afeto, para chegarmos aos

objetivos.

Não podemos nunca esquecer de que também temos a parte

contrária às nossas metas. Precisamos estar vigilantes.

Reforçando a nossa afirmativa, esclarecemos que em muitas

vezes o nosso visitado está sendo influenciado por um

processo espiritual e que, com o desenrolar do tempo, se o

assédio atingir-lhe o organismo físico, a doença poderá

grassar, perturbando os participantes desse quadro.

Por isto, solicitamos cautela, além do esquema que rege

essa atividade de visitar aos lares.

Que Jesus ampare a todos e que possam continuar

oferecendo os seus corações neste trabalho a nós confiado.

Desejamos a todos muita paz.

Joseph Gleber

Mensagem recebida no Grupo da Fraternidade Espirita Irmã Scheilla, de Belo

Horizonte/MG.

Visita aos Enfermos

Tão importante quanto os métodos mais sofisticados,

nestes tempos de crises e vibrações cósmicas negativas,

oriundas das hordas infernais que rondam a crosta, as

visitações feitas pelas equipes são processos de cura e

doutrinação de rara eficiência.

Nos casos mais agudos, de famílias não espíritas

principalmente, devem ser a solução dada em primeiro lugar,

antes de se receitar ou sugerir captações, evocações,

reuniões de desobsessão, etc.

Do plano espiritual podemos contemplar toda a magnitude

das transformações operadas em um lugar no momento das

visitas e na seqüência do tempo que se segue.

Brumas escuras e toda a parafernália de zumbidos extra-

sensíveis que envolvem a casa, originadas das energias

magnetizadas dos grupos obsessos, entram em reações

eletromagnéticas sob o influxo das energias polarizadas pelo

grupo visitante, e se desfazem em explosões visíveis,

brilhantes e inaudíveis, tal como filme sem som.

Imagens de paz e tranqüilidade são plasmadas e,

tenuemente coloridas, refletem-se na bruma escura. Cascatas,

relvas e gramas passam a integrar aquele ambiente. Irmãos

ainda em trevas, que ali obsidiam, odeiam e fazem padecer,

saem em disparada, espavoridos, olhando para trás e buscando

socorro, que agora eles imploram e desejam.

Por isso, nos diversos casos, o grupo deve sempre, como

preâmbulo, fazer ligeira doutrinação, explicando aos

presentes os fatos que se passam com o enfermo, a necessidade

de preces e pensamentos positivos, continuadamente, para que

as imagens e sons de paz ali plasmados não de desfaçam tão

logo dali se retirem.

É mister alertar a todos os pacientes para a necessidade

de se entender o mecanismo dos fatos que se desenrolam no

Universo deles e de seus familiares, com o que muito tempo

será ganho.

Os resultados avaliados pela Espiritualidade demonstram

que as equipes visitadoras obtiveram maior percentual de

êxito, curas e encaminhamento à doutrina espírita do que

quaisquer outros processos, mesmo os mais sofisticados, como

captações e materializações de espíritos para cura.

Cada um dos processos tem as suas indicações específicas

e não podemos indicá-los aleatória e egoísticamente, de

acordo com os nossos gostos, amizades e laços.

Aqui, nesta casa mesmo, temos os mais, milagrosos casos

de cura e recuperação, conseguidos com os passes das equipes

de visitação.

Não é o momento de olvidá-las, muito pelo contrário; é

hora de ampliar os seus raios de ação.

É de transfigurante beleza o momento da visita num lar

enfermo. Sim, queridos irmãos, na maioria das vezes, não

existe um doente, e sim um lar enfermo a necessitar de

injeções de ânimo, vibrações elevadas e energias positivas.

Muita paz e reflexão para todos.

Saldanha

Mensagem recebida pelo médium Maricélio Soares Cunha, em Reunião de Orientação

Espiritual do Grupo da Fraternidade Espírita Irmã Scheilla, de Belo Horizonte/MG, em

16/03/1981.

Como organizar Equipe de Visita Fraterna

Objetivo da Visitação Fraterna:

Levar assistência cristã espírita aos lares, asilos, hospitais e congêneres, propiciando

vibrações fraternas de carinho, harmonia e paz.

Composição da Equipe de Visitação Fraterna:

Cada equipe será composta de pelo menos 03 (três) membros, todos eles comprometidos

com a causa do Cristo e imbuídos do propósito de servir com muito amor aos seus

semelhantes.

Requisitos Necessários Aos Componentes da equipe de Visitação Fraterna:

- Possuir indispensáveis conhecimentos da Doutrina Espírita do Evangelho;

- Ser trabalhador efetivo do agrupamento cristão espírita;

- Cultivar hábitos de renovação íntima;

- Dominar os vícios do fumo, do álcool e das drogas;

- Desfrutar de boa saúde física, mental e espiritual;

- Ser assíduo e pontual;

- Manifestar, na realização da tarefa, sinceridade de propósitos, discrição e

simplicidade;

- Ter concluído o curso sobre o passe espírita;

- Realizar semanalmente o Culto do Evangelho no Lar;

- Subordinar-se às normas da instituição a que se vincula para o cumprimento da tarefa

Conduta da Equipe durante a Tarefa:

- Criar atmosfera positiva, por meio de conversação edificante;

- Exprimir sempre otimismo, alegria cristã, afastando sabiamente o azedume, o

desequilíbrio e o desespero;

- Não interferir no tratamento médico ou psicoterápico em vigor;

- Auxiliar sempre, sem interferir na vida familiar, falando e agindo sem impor

convicções;

- Atender às necessidades físicas, materiais e morais com recursos ao alcance da equipe;

- Abster-se do transe mediúnico;

- Em tempo algum, relatar quadros de vidência que possam criar desconfiança,

incredulidade ou medo;

- Ter cuidado no trato com os obsidiados, evitando relatos mediúnicos ou considerações

relativas ao quadro de etiologia espiritual em questão, susceptível de atormentar mais

ainda o enfermo ou a família;

- Evitar ações individualizadas, priorizando sempre o trabalho coletivo, com o mínimo de

improvisações;

- Respeitar o modo de vida dos lares e as normas internas dos hospitais e outras

instituições;

- Recusar qualquer ajuda monetária para a consecução da tarefa, proclamando o esforço

para a auto-suficiência;

- Evitar a distribuição de objetos de uso pessoal, cigarros e dinheiro;

- Iniciar e concluir a tarefa com prece ao criador e abster-se de conversações menos

dignas durante o transcurso da atividade.

1.c) Tarefa de Passes

Vivenciando o segundo estágio, estará o fraternista desenvolvendo, simultaneamente,

a sua capacidade de doar energia espiritualizante onde e quando for necessário, através

da “Tarefa de Passes”, objetivando a evolução e a espiritualização do assistido, segundo o

modelo praticado e ensinado por Jesus aos seus Apóstolos e Discípulos.

Segundo o espírito André Luiz (livro “Evolução em Dois Mundos”) “o passe é o

exercício da medicina da alma na execução do alívio ou cura da dor, dor esta que se

manifesta na forma de alarme ou emergência no império do organismo humano”. Por este

conceito percebe-se a profundidade da ação terapêutica das energias radiantes, sendo o

espírito o seu objetivo último e naturalmente que sua profilaxia produz efeitos salutares no

organismo e na mente promovendo o reequilíbrio natural da criatura humana. Neste

trabalho de assistência, convém ao passista fazer regime de vida e comparecer ao trabalho

com a “veste nupcial”.

Nos agrupamentos fraternistas, a transfusão de energias radiantes por meio dos passes

se traduz numa terapêutica extraordinária que convém ser exercitada com singeleza,

humildade, conhecimento e espírito cristão. Para tal desiderato, de forma sucinta, alguns

pontos devem ser destacados:

1) Natureza dos passes:

passe magnético

passe espiritual

passe de magnetismo humano-espiritual.

O passe magnético é aplicado desde épocas remotas da humanidade, naturalmente

conhecido sob denominações diferenciadas. A partir do século XVIII, com o

aprofundamento do interesse pelo estudo do magnetismo, pesquisadores como Mesmer,

procuraram conhecer os seus mecanismos e as leis reguladoras de tais fenômenos, dando-

lhes, pois, tratamento científico.

O passe magnético apresenta inúmeras variedades e técnicas, todavia é

desnecessária sua aplicação nos agrupamentos cristãos-espíritas em face à opção pelos

modelos a seguir discriminados, mais condizentes com os trabalhos que desenvolvem.

O passe espiritual é aplicado diretamente pelos espíritos, sem o concurso dos

médiuns e eles podem aplicá-lo na medida que julgarem conveniente. Assim é que em

reuniões públicas e assemelhadas os espíritos benfeitores, auscultando os presentes,

distribuem energias balsâmicas de conteúdo radiante, deixando de ter sentido, então, o

passe coletivo, por vezes enunciado pelos dirigentes de reuniões ou assembléias.

Por possuírem elementos de auscultação e processos diagnósticos mais avançados,

que melhor identificam as necessidades dos pacientes, e no intuito de beneficiar os que

apresentam estado de descompensação orgânica, emocional ou espiritual, os amigos

espirituais utilizam-se do Passe de magnetismo humano-espiritual. Este tipo de Passe

resulta da combinação de recursos balsâmicos e restauradores do plano espiritual com as

energias humanizadas do médium; no Passe, estas energias transformadas são direcionadas

pelos espíritos aos órgãos e regiões carentes ou lesadas do paciente. Quanto maior a

sintonia entre o espírito e o médium passista, mais perfeito será o processo de interação

energética; quanto maior a receptividade e o merecimento do paciente, de melhor

expressividade serão os benefícios colhidos por ele. Daí a recomendação desta modalidade

de passe aos agrupamentos espíritas, o que dispensa a prática de outros recursos

terapêuticos à conta de medicina alternativa como: reike, florais, pirâmides, fitoterapia. Não

se questiona o valor dessas terapias e a seriedade de quem as aplica e, sim, a inoportunidade

do uso delas no seio do agrupamento fraterno, pois os recursos de cunho espiritual, em sua

totalidade, constituem a terapêutica por excelência.

2) Tipos de passes:

em equipe (aconselhável nos casos de obsessão instalada, acometimentos orgânicos

graves e visitas fraternas a enfermos);

individuais (os que acontecem rotineiramente na cabine de passes);

do sopro (conquanto habituais no mundo espiritual, não recomendáveis por questão

higiênica);

coletivo (expressão algo inadequada pois que os espíritos benfeitores presentes no

recinto, independente da vontade dos presentes, podem, a próprio juízo, aplicar o

"passe espiritual", utilizando os recursos da sua mente e do fluido cósmico universal);

à distância (os espíritos superiores possuem habilidades e conhecimentos para ação a

distância, podendo, inclusive, manipular recursos extraídos do fluido vital de criaturas

encarnadas, já o médium passista, por si, só age com os recursos substanciosos da

oração).

3) Técnicas do Passe:

Fundamentalmente, o passe implica na movimentação de energias reparadoras a

benefício do paciente, podendo ocorrer com a simples imposição das mãos conforme

acentuou Jesus: "Se impuserem as mãos sobre os enfermos, eles ficarão curados" –

Marcos (?) , capítulo 16, versículo 8.

Alternativamente preceitua-se o movimento de mãos e isto acontece desde o século XVIII

com Mesmer, o pai do magnetismo animal, que introduziu o "passe magnético".

Nesta questão existe muito empirismo e técnicas individuais. No Movimento da

Fraternidade há a preferência por técnicas adotadas no mundo espiritual, conforme discorre

e exemplifica o espírito André Luiz (livro “Missionários da Luz”). Em síntese, propugna-

se:

movimentos longitudinais – repetidas vezes, as mãos espalmadas na altura da cabeça

(centro frontal) deslocam-se na direção dos membros inferiores de forma a dispersarem

maus fluidos. Se os movimentos das mãos forem mais lentos e pausados haverá

distribuição eqüitativa de energias restauradoras.

Movimentos circulares ou rotatórios - uma das mãos descreve movimentos

circulares, lentos, sobre determinada região; a outra permanece à altura da fronte.

Haverá concentração ou inoculação de forças positivas, beneficiando uma ou mais

regiões do organismo humano ou perispiritual, representando uma autêntica transfusão

de energias radiantes.

Decálogo do Passista

1) desfrutar de boa saúde física e mental;

2) dominar os vícios do fumo e outras substâncias tóxicas que operam distúrbios nos

centros nervosos, modificam certas funções psíquicas e anulam os melhores esforços na

transmissão dos elementos regeneradores e salutares (livro Missionários da Luz);

3) deter indispensáveis conhecimentos da doutrina espírita;

4) possuir grande domínio sobre si mesmo;

5) estar iluminado pelos sentimentos da fé e da boa vontade que são fontes de

movimentação das energias radiantes e elo de ligação com os espíritos do bem;

6) controlar qualitativa e quantitativamente os alimentos ingeridos que interferem nas

emissões energéticas, segundo esclarece o espírito André Luiz (livro Missionários da

Luz);

7) dedicar elevado amor aos semelhantes;

8) exprimir-se com humildade guardando a certeza de que o medianeiro não é o senhor do

benefício e sim alguém que recebe para dar (o passista é algo semelhante a singela

tomada elétrica, dando passagem à força que não lhe pertence e que servirá na produção

de energia e luz (livro Nos Domínios da Mediunidade);

9) vincular-se amorosamente à tarefa, comprometendo-se com o agrupamento cristão;

10) ter domínio sobre a técnica da transmissão das energias radiantes.

1.d) Formação de Ambientes Espiritualizantes

Atingido o terceiro estágio, passará o fraternista a gerar, de forma natural, um

verdadeiro "ambiente espiritualizante", em torno de si, objetivo final da Espiritualidade,

programado para ser colimado no decurso de várias reencarnações.

Para espiritualizar um ambiente onde comparecem duas ou mais pessoas faz-se mister

a presença do sorriso gentil, da palavra amiga, da audição compreensiva, do interesse pela

dor alheia, da paciência fraternal, das mãos estendidas e da atenção às necessidades do

outro. O treinamento dessas conquistas passa necessariamente pelos pontos anteriores do

PTP – Programa de Trabalho Permanente. O Movimento da Fraternidade indica alguns

caminhos que ensejam a ampliação paulatina dos laços que formam a família universal.

Representam momentos de integração e neles temos: o ambiente espiritualizante, a palavra

que eleva, a música que enleva, o carinho fraterno, o encontro que renova as energias.

Nesses momentos, o interesse fraternal estimula o bom ânimo, a conversação amiga

alimenta as almas, a confiança mútua fortalece nosso espírito, o gesto afetuoso é pura

energia! São eles:

- Reuniões de Confraternização dos trabalhadores do agrupamento fraternista, com

periodicidade mensal. Ocasião propícia para que os servidores do Cristo, num

encontro lítero-musical, reabasteçam suas energias e permutem, de forma descontraída,

energias, impressões e conhecimentos;

- Encontros Fraternos Regionais, que representam oportunidades de profícua convivência

de fraternistas vinculados aos vários Grupos Fraternistas. Encontro análogo ao da

reunião de confraternização dos trabalhadores do agrupamento fraternista, todavia com

maior amplitude, onde naturalmente podem ser desenvolvidos temas de interesse geral

sem que se polarize com primazia a questão dos estudos. É ensejo para promover a

convivência afetiva, carinhosa, “adubada” por ricos momentos de apresentação artística

de cunho espiritualizante;

- Culto do Evangelho no Lar de membros integrados em determinada tarefa.

Acontecimento periódico que proporciona o encontro de todos os integrantes de

determinada tarefa, no lar de um deles alternadamente, com o objetivo de

confraternizar e consolidar os laços de amizade;

- Reuniões periódicas de avaliação para enriquecimento do convívio e qualidade de

determinada tarefa do agrupamento cristão-espírita;

- Confraternização das Mocidades Espíritas do Movimento da Fraternidade –

COMEMOFRA. Evento organizado pelos jovens que sempre se realiza na Cidade da

Fraternidade durante o período de Carnaval e visa à formação de valores nobres e

edificantes, nascidos da convivência fraterna no seio da sociedade humana;

- Caravanas regulares à Cidade da Fraternidade - Cifrater, obra comum dos Grupos

adesos ao Movimento da Fraternidade. Os objetivos da Caravana são: oferecer

oportunidade ao fraternista de conhecer a comunidade e de conviver fraternalmente

com os caravaneiros e comunitários, além de aproximar Cidade da Fraternidade e

Grupos da Fraternidade.

- Semana da Fraternidade, um encontro nacional com proporções maiores que um

Encontro Fraterno Regional, na medida em que congrega fraternistas de todas as

Regiões Fraternas. Para se ter a dimensão da importância da Semana da Fraternidade,

apresentamos a seguir uma das tantas mensagens recebidas dos amigos espirituais

quando da organização da 20ª Semana da Fraternidade realizada no ano de 2003, em

Belo Horizonte.

V

SEARA MEDIÚNICA COM JESUS

1

Manifestações Espirituais

Os aprendizes dos tempos apostólicos, em que pese não dominarem a ciência da

mediunidade, exerceram-na com rara beleza. Os apóstolos, sem exceção, foram portadores

de dons mediúnicos portentosos e produziram tanto fenômenos de efeitos físicos como

intelectuais. Os seguidores da Boa Nova, espalhados pelo mundo afora, igualmente

prodigalizavam fatos mediúnicos inaugurando uma nova era.

Atendendo ao chamamento de Jesus e acionando a virtude da fé, curavam enfermos,

narravam quadros de vidência espiritual, recebiam mensagens magníficas pelas vias da

intuição ou escreviam cartas, como Paulo, o Apóstolo, nas suas célebres epístolas, inspirado

por Estevão, o primeiro mártir do Cristianismo. O próprio apóstolo dos gentios e Simão

Pedro, em decorrência das suas possibilidades ectoplásmicas, produziram fenômenos de

efeitos físicos em plena luz do dia, sendo inesquecível, por mais de uma vez, a abertura de

celas das prisões atribuídas pelo povo a anjos celestiais, em verdade pelos espíritos

benfeitores, quando de suas reclusões nas tarefas cristãs.

Os fenômenos das curas se transformaram em atos corriqueiros e naturalmente que

os seguidores do Nazareno, além de médiuns ostensivos, estavam estribados na fé e no

desejo fraternal de servir à causa do Cristo. O ambiente entre eles era da mais pura alegria

cristã e praticamente se confundiam os atos da vida comum com as realizações mediúnicas.

A premonição de Ananias quanto à chegada de Paulo em seu lar para acolhê-lo e

restituir-lhe o dom da visão; a cura do proconsul Sérgio Paulo por Jesiel, antes mesmo

deste converter-se na figura de Estêvão, que se tornaria, na Casa do Caminho, o orador

mais inspirado da história cristã; o reaparecimento de Jesus para o quadro discipular, em

variadas oportunidades ou isoladamente, trazendo-lhes alento para a persistência na direção

do porvir; as visões de centenas de cristãos no Circo de Roma, quando se avizinhavam os

seus martírios, a contemplarem personagens e quadros espirituais que lhes fortaleciam o

ânimo, suprimia-lhes a dor e isolava-os da maldade humana. Essas são singelas citações

das expressões mais dignas de mediunidade, sublimando o intercâmbio com o mundo

invisível naqueles distantes tempos!

Foi um período inesquecível em que a mediunidade dignificou a afirmativa crística:

“Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios: de

graça recebestes, de graça daí” Mateus 10:08.

O Espiritismo, como o Consolador Prometido, veio ao mundo para restabelecer os

ensinos de Jesus e proporcionar novas verdades não reveladas em atendimento a

circunstâncias da própria evolução da humanidade. O Movimento da Fraternidade se vale

de Grupos Fraternos para, à luz dos postulados espíritas, dar sua efetiva contribuição para a

concretização da missão transformadora de tornar o Brasil em Pátria do Evangelho. A

proposta do Movimento da Fraternidade é a de reviver as belezas, a simplicidade e os

sentimentos lídimos da fraternidade, característicos dos cristãos primitivos. Neste

particular, os aspectos de ternura, despojamento e simplicidade, no que tange a

mediunidade, não podem ser esquecidos.

Entendemos que, com o Grupo da Fraternidade Espírita Irmã Scheilla, quando a

partir de 1949 aconteceram as extraordinárias reuniões de materialização, com variados

fenômenos ectoplásmicos, restituiu-se à mediunidade o sentido de fenômeno comum,

singular e belo. Desde então essas reuniões se espalharam pelos agrupamentos afins,

fazendo eclodir muitos médiuns e vulgarizando as práticas mediúnicas, despojadas,

todavia, de misticismo, de ambientes esdrúxulos adredemente preparados para

impressionar e de improvisações indesejáveis e improdutivas. Com amparo nas obras

básicas e nas complementares, sobretudo com a mediunidade de Francisco Cândido Xavier,

considerou-se importante prestar ouvido aos espíritos, no entanto, com alta consideração e

respeito à ciência espírita no estabelecimento dessas relações.

Os equívocos então cometidos(onde?) tendem

cada vez menos recorrentes, pois procura-se alinhar as

virtudes mediúnicas dos tempos primitivos com as

instruções da Codificação Kardequiana. Infelizmente é observável uma onda pseudo-

modernista sob o pretexto de acompanhar a evolução da ciência, com a inserção de novos

modelos nas práticas mediúnicas, corroborando com a necessidade de experimentação tão

a gosto dos inovadores. O codificador do espiritismo sempre enfatizou o caráter dinâmico

da doutrina, asseverando mesmo sobre mudanças conceituais se a ciência demonstrasse

erro em algum ponto doutrinário.

Nessa onda de atualizar Kardec e revisar preceitos emanados das obras mediúnicas

de Chico Xavier, muitas instituições orientadas por eméritos espíritas ainda

desnecessárias porque os recursos

espíritas – quais – são suficientes? : - realizam

reuniões de intercâmbio mediúnico com presença aberta ao público;

- adotam o sistema de manifestações simultâneas, com muitos médiuns em transe ao

mesmo tempo e , cada qual , recebendo a atenção de um doutrinador;

- expõem médiuns ostensivos ao público, notadamente os de efeitos físicos, sob a

premissa velada de atrair e multiplicar adeptos;

- introduzem práticas psicoterapêuticas como a TVP-

terapia de vidas passadas, abertamente ou não (???), seja pelo canal mediúnico ou pela via

anímica, para que inumeráveis criaturas perturbadas

ou não no seu psiquismo adentrem no próprio

inconsciente profundo para rememorar experiências

e personagens do passado espiritual.

Não é absolutamente condenável o espírito de investigação e tampouco é justo

cercear criaturas sérias, bem intencionadas e de ideal cristão espírita de caminharem

considerando os avanços da ciência (precisa ser feito na casa

espírita ou é procedimento próprio de

profissionais da área de saúde mental?. Faz-se

imprescindível, entrementes, agir com prudência e parcimônia, de modo a evitar

incorrência em lastimáveis erros desarmonizadores do agrupamento cristão-espírita.

Para alcançar sucesso nas comunicações mediúnicas, alguns elementos devem ser

observados relativamente às questões a seguir propostas:

- Qual é o primeiro compromisso do médium cristão-espírita?

Com a mediunidade. Resposta do espírito Joseph Gleber em Reunião de Orientação

Espiritual do Grupo da Fraternidade Espírita Irmã Scheilla, de Belo Horizonte.

- Qual é o maior dever do médium cristão-espírita?

Evangelizar a si mesmo. Resposta do espírito Emmanuel.

- Qual é a missão do médium cristão-espírita?

Praticar santamente a mediunidade, pois esta é uma coisa santa. (Evangelho

Segundo o Espiritismo - capítulo XXVI)

Qual a maior caridade para com a mediunidade?

Exercê-la com profundo respeito e amor às criaturas humanas e aos espíritos.

A Mediunidade Ideal é a que é se faz acompanhar de determinadas virtudes a

adornar o sensitivo: a instrução, a lucidez, o comprometimento, a discrição, o exercício

e o amor.

Instrução: domínio dos mecanismos da mediunidade e das conseqüências morais

advindos do seu exercício, pelo estudo permanente.

Lucidez: consciência do processo e compostura moral para estar sempre receptivo às

intuições que emanam dos bons espíritos.

Comprometimento: com a causa do Cristo e com a casa espírita.

Discrição: ausentando-se de alardear sobre os próprios dotes mediúnicos e fatos

produzidos na atividade de intercâmbio.

Exercício: continuado, perseverante, considerando a oportunidade rara e grandeza do

trabalho de envergadura espiritual.

Humildade: perante a vida, diante do Criador, certo de que o médium é a ponte entre os

dois planos para que se transitem por ele valores essencialmente

oriundos, fora dele e emanados de seres semelhantes

a ele e noutra dimensão física.

Amor: aos componentes da equipe de intercâmbio, aos espíritos benfeitores

responsáveis pelo êxito do trabalho, aos espíritos menos felizes que comparecem às

práticas mediúnicas e a tarefa em si mesma.

Deduzimos que a combinação dessas virtudes e a qualificação do medianeiro

sustentando-se crescentemente nelas, garantirá o êxito das atividades, o equilíbrio do

sensitivo e a confiabilidade do grupo que se propõe à comunhão com o mundo

espiritual.

Dissertaremos a seguir acerca de dificuldades e ocorrências que médiuns e

agrupamentos fraternos experimentam nas lides mediúnicas, quase sempre decorrentes do

despreparo e invigilância no trato da mediunidade e que significam riscos e perigos

altamente expressivos.

Mistificação e Animismo

“As dificuldades da experimentação mediúnica são proporcionais ao

desconhecimento das leis psíquicas que regem os fenômenos, desconhecimento esse que

mergulha o homem em crendices, absurdidades nas águas turvas da ignorância” (1). Em

tais condições pode suceder que o exercício mediúnico reserve numerosas ciladas, com

prejuízos relativos aos observadores e imensos para os médiuns e Casas Espíritas.

A mistificação é um desses perigos pois pode acarretar conseqüências desagradáveis

para os que não se achem em guarda. O ato ou efeito de mistificar significa enganar,

mentir, burlar, iludir e abusar da credulidade do outro. Depreende-se facilmente que o

mistificador ou embusteiro, porque usa de ardis para ludibriar outras criaturas, é um ser

com baixo conteúdo moral ou como diz Allan Kardec “falso sábio, semi-sábio, orgulhoso,

presunçoso e sistemático” (2).

A mistificação possui duas vertentes: a primeira, que conceituamos como

mistificação propriamente dita (?), ocorre por parte de espíritos

desencarnados que fazem transitar as suas idéias ludibriantes por meio de médiuns

desguardados de reservas morais; a segunda, que definimos como animismo consciente,

resultante das próprias ideações do médium, que insere na manifestação mediúnica, de uma

forma consciente, pensamentos como se fossem de terceiros quando na verdade estão a

exprimirem a si próprios. No entanto, estas idéias externadas pelo médium são

propositadas e ele tem consciência disso... Estes médiuns mal formados estão à conta de

vaidosos, orgulhosos, tendo como característica da personalidade a insegurança, o

personalismo e até o fanatismo.

Na primeira categoria vale a assertiva de Allan Kardec sobre a existência, entre os

desencarnados, “dos Espíritos enganadores, hipócritas, orgulhos e pseudo-sábios que

passaram da Terra para a erraticidade e tomam nomes venerados para, sob a máscara de

que se cobrem, facilitarem a aceitação das mais singulares e absurdas idéias” (3). Essas

são as fraudes mais difíceis de erradicar, porque, pela lei de afinidade, esses espíritos

procuram os médiuns orgulhos e vaidosos que não estudam, não se renovam sob o ponto de

vista das vivências evangélicas e se rebelam ante as advertências dos mais prudentes e

comedidos. Os espíritos que aproveitam o vacilo desses médiuns, por vezes ignorantes ou

ingênuos, guardam o objetivo de ridicularizar o próprio medianeiro e levar ao descrédito a

Casa Espírita. Noutras vezes, para se vingarem de desditas do passado espiritual

provocadas pelo próprio médium, deles se acercam para engendrarem a oportunidade da

mistificação, de modo a atingirem o seu objetivo.

São João Evangelista adverte aos homens dizendo: “Meus bens amados, não

acrediteis em todo Espírito; mas, experimentais se os Espíritos são de Deus, porquanto

muitos falsos profetas se tem levantado no mundo” (4). Não raras vezes, os Espíritos

mistificadores agem de forma muito sutil para imiscuírem lentamente as suas idéias,

fascinando aqueles a quem desejam iludir e, para tanto, se apropriam, sem escrúpulos, de

nomes altamente respeitáveis pelas suas boas obras aqui deixadas na Terra.

Há que se atentar para o fato dos Mentores

Espirituais nunca promoverem deliberadamente

qualquer acontecimento de mistificação. (é preciso

registrar esta informação, se para serem mentores os

espíritos são sérios de natureza? ) Allan Kardec afirma que “Deus

permite as mistificações, para permitir a perseverança dos verdadeiros adeptos e punir os

que do Espiritismo fazem objeto de divertimento” (2). Acresceríamos que igualmente a

mistificação pune as criaturas que buscam a mediunidade para satisfação dos interesses

pessoais e tratamento de assuntos eminentemente materiais.

Convém tratar com suspeição ou reserva muitos casos de manifestações mediúnicas,

mormente as que têm caráter de misticismo, de extravagância, de práticas ridículas, de

conceitos que as mais rudimentares noções de ciência contradizem. Uma regra básica para

saber discernir o engodo ou futilidade das manifestações mediúnicas: “ O papel dos

Espíritos não consiste em vos informar sobre as coisas desse mundo, mas em vos guiar

com segurança no que vos possa ser útil para o outro mundo. Quando vos falam do que a

esse concerne, é que o julgam necessário, porém não porque o pesais”(2).

Deduz-se, portanto, a dimensão do risco que se corre quando se dá uma atenção

desmedida às comunicações de espíritos que aconselham em assuntos da vida pessoal, dos

problemas da vida familiar, das questões financeiras dos agrupamentos espíritas e outras de

conteúdo mais materialista.

A mistificação pode ser classificada em :

- Consciente: o médium é o próprio autor do embuste ou faculta-o deliberadamente; neste

caso dá oportunidade para que a entidade desencarnada promova o engano. É um

grave delito moral.

- Involuntária: o médium em aturdimento moral, desajustado emocionalmente, em stress

ou estafa, oferece involuntariamente campo para que entidades inferiores promovam o

engodo por seu intermédio.

- Inconsciente: médium capta telepaticamente correntes mentais parasitas de espíritos

desencarnados ou encarnados. O fenômeno acontece em resultado da invigilância do

médium ou do próprio grupo mediúnico.

Para combater em si mesmo a possibilidade da mistificação, o médium há que ser:

- um estudioso permanente da Doutrina Espírita;

- alguém que entende como sua primeira missão a de evangelizar a si mesmo;

- uma simples criatura que reconhece que é um instrumento a serviço do seu próximo e,

portanto, um médium de Deus.

- um servidor disciplinado, assíduo, comprometido com a Casa Espírita e a causa do

Cristo;

- um cristão que absorve, em real proveito para si mesmo, a beleza dos ensinos dos

Espíritos Superiores e as lições de vida dos Espíritos que se demoram angustiados no

além-túmulo.

Para evitar as mistificações sempre danosas ao equilíbrio das suas atividades, a Casa

Espírita, no trato com os médiuns, deve proceder com grande circunspecção, de modo a

preservá-los, criando ambientes verdadeiramente espiritualizantes para os cometimentos

mediúnicos. Os dirigentes haverão de tornar as reuniões mediúnicas, sérias, instrutivas e

produtivas, cuidando para que os componentes dessas equipes tenham sólidos

conhecimentos da Doutrina Espírita e interajam à semelhança de uma família unida na

crença, no ideal e no trabalho.

Convém um exame mais delicado no que concerne ao animismo. Antes, em rápida

síntese, convém aludir sobre o animismo inconsciente, que a princípio não significa

nenhum mal. É o caso de sensitivos que adentram aos ambientes das reuniões mediúnicas

portando uma carga de conflitos emocionais, perturbações psicológicas não resolvidas;

durante o transe mediúnico, de forma inconsciente, eles podem eventualmente adulterar o

conteúdo das idéias que o espírito manifestante se propõe expressar. O fato é perfeitamente

natural, significando dizer que o aparelho mediúnico não está à semelhança de um vaso

perfeito. Só o exercício permanente e a auto-evangelização é que irão favorecer

crescentemente o médium, tornando-o um aparelho cada vez mais confiável. Outras vezes

são encontradas pessoas encarnadas, nas reuniões mediúnicas, “mergulhadas nos mais

complexos estados emotivos, qual se personificassem entidades outras, quando, na

realidade, exprimem a si mesmas, a emergirem da subconsciência nos trajes mentais em

que se externavam em outras épocas” (5), que quer dizer noutras vidas.

Já o animismo consciente significa um grande mal para o médium e à instituição a

que se vincula e quase sempre os conselhos que derrama e as idéias que exprime têm

direções certas: seduzir os que não descem ao fundo das coisas, os que estão na busca da

satisfação do ego, da convergência sobre si da atenção das pessoas, do interesse pessoal, do

domínio das mentes ou da instituição, sob o pretexto de que as mensagens fluem de

entidades altamente consideradas. O mais grave é que ele não tem consciência do ato

inconseqüente, mesmo levando-se em conta a pureza do seu ideal, e justifica a si mesmo,

por vezes, com o argumento de que os pensamentos que lhe ocorrem transitam pelas vias

magníficas da intuição.

Estagnação ou Acomodação

Sem suspeitar, muitos médiuns mal formados, de conhecimentos inconsistentes e

acomodados, lidam com a mediunidade sem espírito crítico e

desmotivados (?). Tornam a mediunidade repetitiva e monótona,

exercitando-a como se fosse uma rotina qualquer.

Paulatinamente vão perdendo o interesse por novos estudos, pelo aprimoramento de

conhecimentos em torno da própria mediunidade e não cuidam da renovação interior.

Cultivam a mesmice e tornam-se presa fácil de espíritos frívolos, brincalhões e

mistificadores.

Os médiuns verdadeiramente espíritas jamais se acomodam e incessantemente

buscam o conhecimento e a renovação de seus hábitos íntimos, certos de que a

mediunidade é santa e santamente deve ser praticada.

Comumente, no estágio da estagnação, os médiuns são pouco produtivos e

ciclicamente sofrem injunções de entidades malévolas experimentando os indesejáveis

transtornos obsessivos.

Personalismo e Exibicionismo

Existem instituições e médiuns ávidos por louvações humanas e outras expressões

de reconhecimento do mérito que clamam por aplausos e elogios. A instituição,

provavelmente com o intuito de multiplicar adeptos; os e os médiuns para ratificarem

veladamente a sua vaidade.

As instituições que não preservam os médiuns do público, mantendo-os em

ambiente privativos, protegidos vibracionalmente, correm um risco de contaminá-los com o

vírus enganoso da exibição de si mesmos. Com o tempo, sub-repticiamente, ficam sob a

dominação de entidades inteligentes que alcançam moderadas realizações , entretanto, as

quedas futuras serão fatais.

Médiuns vaidosos e orgulhosos acreditam-se jamais enganados e nem crêem na

possibilidade de que espíritos moralmente inferiores se valem dos seus instrumentos

mediúnicos para emitirem mensagens ou orientações. É um caminho seguro para se

converterem em fontes únicas e campo aberto para o personalismo.

Bibliografia:

(1) Obsessão e Transtornos Psíquicos – Terapêutica Espírita – Célio Alan Kardec de

Oliveira

(2) O Livro dos Médiuns – Allan Kardec

(3) O Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec

(4) Novo Testamento – Evangelho de Mateus

(5) Mecanismos da Mediunidade – Espírito André Luiz. Psicografia de Francisco Cândido

Xavier

Mediunidade Ideal

M Ministério de atividades múltiplas, movimenta variados

recursos com oportunidades de trabalho e renovação para

as almas domiciliadas na terra.

E Elevado compromisso de ordem moral para o exercício da

caridade revela altura de propósitos e objetivos

superiores.

D Defesa contra elogios e bajulações, incompatíveis com os

postulados que abraçamos.

I Inviabiliza qualquer tentativa da sombra, através da

prece, fundamentada no exemplo.

U Utiliza créditos na captação de recursos do plano

espiritual sob a custódia e garantia de benfeitores do

mundo maior.

N Não se detêm nas circunstâncias desfavoráveis do

caminho, mantendo bom ânimo e serenidade nos momentos

mais graves.

I Intensifica a fraternidade nos corações na aquisição de

valores a edificação da paz.

D Desembaraço de toda postura artificial. Simplicidade é

alicerce de construções mais sólidas.

A Atende com precisão e dilatado sentimento de amor, os

compromissos perante as leis da vida.

D Diante de qualquer solicitação de ordem inferior,

resguarda-se na resistência moral do evangelho.

E Em momento algum, admite privilégios, diante de Jesus

somos todos iguais com deveres e obrigações a cumprir.

I Incentiva o estudo e a divulgação do livro espírita,

visando a própria iluminação. Quem sabe enxerga mais

longe.

D Demonstra disposição íntima para desculpar com mais

freqüência agravos e ofensas. O perdão é o melhor

remédio contra os males da alma.

E Examina com apurado rigor e mais atenção quanto à origem

dos próprios impulsos.

A Aproveita todo o tempo disponível para multiplicar a

extensão do bem favorecendo mais amplo domínio de si

mesmo.

L Longe ainda do perfil que acabamos de apresentar aos

queridos amigos, encontramos numerosos medianeiros

estacionando na câmara escura do desencanto e do

sofrimento, desencorajados de servir e trabalhar.

André Luiz

Página psicografada por Léa Neves de Souza, no dia 18/04/2003, nas dependências do

Sesc-Venda Nova, em Belo Horizonte, durante a 20ª Semana da Fraternidade.

2

Diálogo dos jovens com o espírito Joseph

Gleber

Muitos consideram primazia ou privilégio só das pessoas maduras o contato com o

mundo invisível. Assertiva inteiramente despropositada. Tudo na vida tem a sua estação

apropriada e os jovens de hoje , muito cedo acessam aos conhecimentos espíritas cristãos

e, conseqüentemente, ao campo mediúnico.

Desde que manifestem interesse, não existe o inconveniente de os jovens

participarem dos cometimentos mediúnicos, até mesmo como médiuns em formação. No

Movimento da Fraternidade, com habitualidade, eles são atendidos neste desejo e gostam

muito de ouvir os bons espíritos. Vejamos um exemplo, quando eles pretenderam fazer

uma série de perguntas aos espíritos que orientam as atividades do COMEMOFRA,

durante uma reunião de ectoplasmia ou de efeitos físicos, em um Agrupamento Cristão

Espírita na cidade de Hortolândia - S.P. O espírito Joseph Gleber foi o autor das respostas.

Joseph Gleber– Queridos companheiros, boa noite. É com grande satisfação que

estamos aqui, neste momento, para debater assuntos importantes para o Movimento da

Fraternidade.

Esperamos que os irmãos saibam manter a vibração positiva, durante todo o

trabalho, para que pequenos inconvenientes possam ser evitados. Contamos com a

colaboração dos companheiros na compreensão das dificuldades. Assim, devemos

selecionar os assuntos, pois temos programações muito importantes e esperamos que a

maioria delas seja cumprida.

Sempre temos em grande conta os encontros de jovens como importante meio de

fortalecer a Cidade da Fraternidade.

Consideramos importante esta espécie de reunião que está sendo tratada neste

instante, porque a ligação com os dois pólos se faz de maneira mais eficaz.

Gostaríamos de elucidar as dúvidas acaso existentes e que os irmãos sejam claros,

concisos e breves. Estamos aqui à disposição dos irmãos.

Walmor Camargos (do Grupo da Fraternidade Espírita Irmã Scheilla, de Belo

Horizonte/MG) – Irmão Joseph, há alguns anos a gente vem desenvolvendo um trabalho a

fim de estruturar o trabalho de pré-mocidade em nível nacional. Pedimos que o irmão nos

passe alguns comentários, com críticas e sugestões referentes ao trabalho que vem sendo

desenvolvido.

Joseph – Nós, do plano espiritual, consideramos este tipo de trabalho extremamente

importante, uma vez que se trata de faixa etária que passa por transformações psicológicas.

São pessoas que estão ganhando personalidade. Este aspecto traz grande responsabilidade

a quem lidera este tipo de tarefa. Por serem pessoas influenciáveis, os jovens podem mudar

de comportamento de acordo com as orientações dadas. Este é um aspecto muito delicado.

Mas estamos de acordo com a maneira que está sendo estruturado o trabalho.

Apenas sugerimos que sejam abordados temas evangélicos e também temas de aspectos

social e cultural, para que as pessoas possam contar, neste tipo de reunião, não só com o

fortalecimento espiritual, mas o doutrinário, o mediúnico e o comportamental também,

lembrando a situação complicada em que se encontra a sociedade encarnada neste

momento, buscando também discernimento, lucidez, para enfrentar momentos mais

Durante este ano, os irmãos verão que bastante mocidades florescerão nos

Grupos da Fraternidade Espírita. Esse é um aspecto delicado que tem que ser abordado de

maneira adequada, porque ao longo dos anos temos visto várias mediunidades brilhantes

serem cerceadas por falta de orientação, adiando compromissos. Cuidados

comportamentais são muito importantes. De maneira geral, estamos satisfeitos com este

trabalho. Estatutos e diretrizes são muito importantes, pois, nessa fase da existência, a

disciplina é muito importante.

Áulus Carciofi (do Grupo da Fraternidade Espírita Irmão Américo, de

Hortolândia/SP) – Irmão Joseph, nós queremos uma orientação para a Coordenação da

Mocidade Espírita - CME. Pretendemos realizar um novo festival de música, que

chamaríamos de Festival de Artes e Oficinas João Cabete, ou uma tarefa mais próxima às

Mocidades, com visitação, deixando o festival para o ano que vem. Qual dessas duas

alternativas seria mais adequada para este ano?

Joseph – Este é um ano de estudos. Vamos nos empenhar no estudo profundo,

sério e compenetrado. Esperamos que os irmãos fortaleçam este aspecto e procurem em,

níveis de complexidade, avançar em termos de discernimento, em termos de evangelho,

sempre buscando as obras básicas, nunca fugindo a estas.

Áulus – Tenho uma preocupação particular com a Cifrater, que está passando por

uma grande crise no sentido de que ela está mudando agora com a discussão do

Condomínio Rural da Cidade da Fraternidade e assentamento de 33 famílias. Também

gostaríamos de receber do irmão uma orientação sobre este assunto.

Joseph – Irmãos, este mundo tem passado por dificuldades extremas. Quero fazer

entender que seria muito egoísmo de nossa parte dispor de quantidades imensas de terras

não aproveitadas, sendo que existe tanta gente necessitada. Já que o projeto original foi

desfeito, vamos nos adaptar, e isto inclui cativar novos companheiros para que se

transformem em colaboradores. Porque o nosso intuito primeiro é de a Cidade da

Fraternidade disseminar Amor e Evangelho e isto tem de ser cumprido a partir de onde ela

está fundada.

O trabalho está só começando, ele é enorme; portanto, mãos à obra. Vamos abrir

novo campo de trabalho e para isto serão muito importantes novas equipes, novos estudos,

novas reuniões. Esperamos a colaboração de cada um de vocês para que isto possa se

realizar.

Daniela Moura Teixeira (do Grupo da Fraternidade Espírita Irmã Scheilla, de Belo

Horizonte) – Querido Joseph, é do conhecimento da Espiritualidade que a Mocidade Maria

João de Deus, no ano anterior, passou por uma crise. Assim, gostaríamos de pedir ao irmão

algumas orientações e críticas para que possamos realizar o trabalho da melhor maneira

possível.

Joseph – Em primeiro lugar, consideramos que o perdão precisa ser exercitado e

que nossas atitudes infelizes são frutos da nossa inferioridade. Todos nós carecemos ainda

de muitos séculos para desenvolver o perdão perfeito. Portanto, a receita de todos os

problemas está no Evangelho, buscando, através do Mestre, o perdão, o discernimento, o

critério; nunca nos esquecendo de que só deve atirar a primeira pedra aquele que não tem

pecado no coração. Abstenhamo-nos de julgamentos e deixemos a Deus a observação.

Cabe a nós o trabalho incessante, porque o desânimo é o pai de todos os males e a mágoa é

a mãe de todas as incertezas.

Áulus – Para a ocupação do Condomínio da Cidade da Fraternidade existem duas

correntes de pensamento. Uma, que a ocupação dos lotes de terra seja feita pelos Grupos da

Fraternidade Espírita. Outra, que seja feita por agricultores, pessoas que fossem lá residir, e

que poderiam inclusive ser do município de Alto Paraíso.

Joseph – Consideramos que os agrupamentos dos fraternistas estão muito longe do

local. Se houver pessoas dispostas a se mudarem, a conversa é outra. Mas se for para

dividir terras e ficarmos longe, não vejo sentido. Não seria melhor dar àqueles que mais

necessitam? Vamos deixar o pensamento. Sempre lembrando que a nossa casa deve ser

aberta àqueles que são como irmãos, filhos de Deus. Mas precisamos de alguns critérios e

estes devem ser bem discutidos. Sugerimos encontro breve com dirigentes da OSCAL, na

Cidade da Fraternidade, para debate destes critérios. Estamos esperando a boa vontade dos

irmãos e ficamos à disposição para orientação em tempo oportuno.

Acácio Carciofi (do Grupo da Fraternidade Espírita Irmão Américo, de

Hortolândia/SP) – Irmão Joseph, esta cessão de terras para determinadas pessoas que não

são comunitários ou fraternistas não poderia criar dificuldades para a filosofia da obra?

Joseph – Como lhes disse, o projeto original já foi desfeito devido às atitudes que

foram tomadas ao longo de todos estes anos. Algumas acertadas, outras descabidas, que

não vem ao caso citar e que são do conhecimento de todos. Portanto, cada um colhe o que

semeou, cada um sabe o que fez, a atitude que tomou e a repercussão que houve a partir

disso. A Cidade da Fraternidade é um sonho maravilhoso, que ainda está em gestação.

Quem sabe que com este tremendo barulho, possamos despertar! A nós, da Espiritualidade,

coube alertar e orientar durante todos estes anos. Estivemos presentes, aconselhando e

falando. Ouviram aqueles que tiveram ouvidos de ouvir.

Somos imperfeitos e vacilantes. Ainda não enxergamos nem percebemos o cheiro

do fogo ao nosso lado. Só sentimos as suas chamas a arder quando já é tarde demais.

Saibamos contornar o incêndio antes que ele aconteça, este é o ponto fundamental que nos

escapa, que nos foge e que tem conseqüências.

Acácio – O assunto é complexo para o nosso entendimento, mas quando o irmão diz

que o projeto original foi abandonado, seria aquele de formar um novo sistema de viver

naquele local ou o caso dos lares-família?

Joseph – Estamos nos referindo à parte material da construção. A filosofia se

mantém.

Marcos Novak (do Grupo da Fraternidade Espírita João Ramalho, de São Bernardo

do Campos/SP) – Quando perguntamos sobre o trabalho de visitação, nós, da

Coordenação de Mocidades, pensamos realmente em desenvolvê-lo. Um trabalho com que

pudéssemos elucidar as Mocidades sobre o Movimento da Fraternidade e como a

Coordenação de Mocidades está envolvida nisso, pensamos também em auxiliar, com esse

trabalho, a coordenação regional, aproximando dela os jovens envolvidos na Representação

de Mocidades. Gostaríamos de uma opinião sobre este trabalho.

Joseph – Na nossa visão, o Movimento da Fraternidade está em uma crise muito

importante. Consideramos que o nosso único alicerce, solidamente fincado, é a

Coordenação de Mocidades, é o único pilar em que nós podemos nos apoiar no momento

com toda segurança. A partir disso, consideramos este trabalho de importância

fundamental. Com todas as Mocidades se integrando de maneira sólida, firme, poderemos,

a partir de então, fortalecer outros aspectos.

Estamos depositando toda a nossa energia na juventude, porque encontramos alguns

companheiros de longa data com a mente extremamente cristalizada, não nos dando

abertura. Portanto, consideramos que a sua responsabilidade está aumentando a cada dia.

Esperamos que suas mentes ainda maleáveis possam ouvir nossas palavras, porque,

a partir do momento em que nos é dada a informação, somos responsáveis por aquilo que

ouvimos. A partir daí as nossas atitudes serão medidas, porque a nossa responsabilidade

aumenta.

Antônio Ferreira Neto (do Grupo da Fraternidade Espírita Irmã Scheilla, de Belo

Horizonte) – Como seria possível realizar o trabalho de divulgação na 4ª Região Fraterna,

sendo esta tão grande?

Joseph – Irmãos, será necessário formar várias equipes, porque indivíduos não

faltam, a não ser que a boa vontade esteja escassa. Dividindo as equipes, todas elas com

regimentos internos elaborados, regras únicas, sons uníssonos, tudo será perfeitamente

possível.

Contando também, com a ajuda da Coordenação Regional, porque, se necessário,

pode-se deslocar membros da 2ª Região para atender as demandas, pelo menos no início.

Mas cremos que o número de indivíduos não seja escasso.

Acácio – Parece que, pelo que foi dito, o trabalho de visitação indica deixar o

Festival para o ano que vem?

Joseph – Corretamente.

Acácio – Em pronunciamentos anteriores foi dito que a Espiritualidade não tinha

como preocupação o crescimento material da Cidade da Fraternidade. Não houve o

crescimento material esperado?

Joseph – Irmão, nós queremos dizer, como já fizemos anteriormente, que o

planejamento foi mudado no que tange ao plano material. Estamos somente ratificando o

que foi dito anteriormente.

Acácio – Então o Conselho de Administração da OSCAL deverá reunir-se para

discernir sobre a distribuição destas áreas?

Joseph – Correto, irmão.

Walmor – Joseph, aliado a esse festival, tínhamos a intenção de promover um

encontro de educadores de pré-mocidade para buscar a formação de novos educadores.

Com a não realização do festival este ano, você considera conveniente a realização deste

encontro de pré-mocidade?

Joseph – Uma coisa pode ocorrer independente da outra, certo ?

Irmãos, consideramos que, de maneira geral, no que concerne ao trabalho de

mocidades, estamos caminhando adequadamente. Problemas sempre existirão, mas o que

não é permitido é o desvio do Evangelho, porque nele estão todas as respostas, todo alento.

Jesus, em sua vida, nos brindou com sua caridade infinita, com a jóia mais preciosa que

possa existir, o seu amor.

Se os irmãos estão vendo problemas naqueles que os cercam, imediatamente parem,

porque os problemas estão em si mesmos. Saibam ver os seus problemas, enfrentá-los e

resolvê-los; após isto, sirvam de guia para aqueles que não conseguem enxergar, dentro da

sua própria escuridão, as suas deficiências.

O Movimento da Fraternidade não é uma instituição que pertença a um, a outro ou

a outrem. O Movimento da Fraternidade é um sentimento, é uma atitude que pertence a

toda a Espiritualidade e aos encarnados também, espíritas e não espíritas, fraternistas e não

fraternistas. Porque existe uma grande diferença entre ser fraternista e ser fraterno. Nós

temos que buscar é ser fraternos, antes de fraternistas: esta diferença deve estar sempre

presente no pensamento.

A Mocidade é o início deste movimento, porque, enquanto crianças, ainda somos

muito imaturos e o nosso despertar, que é a mocidade, é o momento mais importante de

nossa encarnação, porque depois, velhos e cristalizados, poucas coisas podem mudar-nos.

Estamos visualizando em vocês a oportunidade de ouro de mudanças. Não vamos

desperdiçá-la. Não vamos deixar que o mundo imperfeito e cruel nos enfeitice, nos iluda e

nos leve novamente à condição estacionária em que estivemos por tantos séculos.

Irmãos, agradecemos a Deus e a Jesus, nosso Mestre, a oportunidade da convivência

fraterna. Esperamos ter sido claros, objetivos e úteis, porque neste momento nos

despedimos, deixando a cada um o abraço fraterno, esperando a oportunidade de nos

reencontrarmos na tarefa, com mais aproveitamento da energia despendida da parte dos

irmãos. Que possamos analisar, mentalizar o amor. Jesus nos abençoe hoje e sempre.

Orientação recebida na Reunião de Ectoplasmia realizada no Grupo da Fraternidade

Espírita Irmão Américo (Hortolândia/SP), em 22/03/1997, durante encontro de jovens para

avaliação da VIII COMEMOFRA (Confraternização das Mocidades Espíritas do

Movimento da Fraternidade).

3

Materialização de espíritos em Reuniões de

Ectoplasmia

Tecnicamente, a materialização é o resultado da combinação de forças nervosas

exteriorizadas por médium de efeitos físicos ou ectoplásmicos com os recursos fluídicos

extraídos da natureza, alcançando os estágios da tangibilidade e da visibilidade. Advém daí

a forma materializada nascida das energias passivas do médium e das energias ativas de

cooperadores espirituais que muito bem sabem manipular os recursos da natureza.

A materialização de espíritos envolve uma certa complexidade a partir da emissão

de ectoplasma do médium, que é o agente passivo no fenômeno. Segundo o instrutor

Aulus, no capítulo XXVIII do livro “Nos Domínios da Mediunidade”: “O ectoplasma está

situado entre a matéria densa e a matéria perispirítica. É o elemento amorfo, mas de

grande potência e vitalidade. Infinitamente plástico, dá forma parcial ou total às entidades

que se fazem visíveis aos olhos dos companheiros terrestres, dá consistência aos fios,

bastonetes e outros tipos de formações, visíveis ou invisíveis nos fenômenos de levitação.”

Na história da humanidade, de todas as épocas existem inúmeros registros de

materialização de espíritos. Quantas criaturas, altamente respeitáveis, foram canonizadas

pela igreja por terem presenciado ou sido instrumento para a produção de tais fenômenos,

não significando isto que elas não tivessem méritos. Merece menção um dos mais belos e

extraordinários fenômenos de todos os tempos, o cognominado de “ transfiguração de

Jesus no Monte Tabor”, que contou com a presença dos discípulos Pedro, Tiago e João.

O evangelista Marcos narra o episódio de que, ladeando o Cristo transfigurado e

feéricamente iluminado, surgiram os espíritos de Elias e Moisés absolutamente visíveis aos

discípulos amados. O deslumbramento foi tanto que eles propuseram a Jesus a construção

de três tendas, sendo uma para o Mestre, outra para o maior legislador da história, o

extraordinário médium Moisés, e a última para o grande profeta Elias. Além do

acontecimento invulgar e do diálogo entre o Messias e os luminares da profecia, percebidos

pelos discípulos, eles assistiram ao fenômeno mais fantástico de todos os tempos,

denominado voz direta ou pneumatofonia na classificação espírita, onde um preposto do

Criador ou o Próprio asseverou: “Este é meu filho amado; a ele ouvi.”. Estes fenômenos

para sucederem requisitam energias ectoplásmicas de alta expressão e evidentemente que

um ou mais dentre os presentes as detinham.

Vale ressaltar o fenômeno conhecido como agênere ou “aparição tangível” (livro

“Espírito, Perispírito e Alma”), fartamente estudado pelo eminente cientista brasileiro, o

Dr. Ernani Guimarães Andrade. Este fenômeno pode ser produzido à luz do dia e carece

dos recursos convencionais dos médiuns de efeitos físicos pela a emissão consciente de

ectoplasma. No caso "agênere" há o adensamento do corpo perispiritual do espírito, que

deseja tornar-se ostensivamente visível, pela sua própria vontade e decorrente das

propriedades plásticas do seu veículo de manifestação. Deduz-se que o agênere, no fundo,

apresenta também uma forma materializada.

A partir da segunda metade do século XIX, cientistas eméritos pesquisaram os

aludidos fenômenos e dentre eles destacam-se o Professor Charles Richet, o físico William

Crookes, Alexandre Aksakof, Gabriel Delanne, Dr. W. J. Crawford, e outros, que isolaram

o aspecto místico e miraculoso das aparições tangíveis. Em nosso país, a notícia de

materialização de espíritos vem desde a primeira metade do século XX, no Rio de Janeiro,

mais especificamente no Grupo Espírita André Luiz (RJ), onde o extraordinário médium

Francisco Peixoto Lins, o Peixotinho, tornou-se instrumento para produção de fenômenos

ectoplásmicos variados, inclusive a materialização ostensiva de espíritos.

Fenômenos assemelhados ocorreram também com o grupo dirigido pelo Frei Luiz,

na mesma cidade do Rio de Janeiro, e também em Uberaba, com o notável médium

Francisco Cândido Xavier, que, na época, sofreu perseguição do clero que intentou

ridicularizá-lo e caracterizar como farsa ou engodo as materializações dos seres

considerados mortos e, que na terminologia da Igreja Católica estariam à conta de

ressurreição. Foi em Belo Horizonte que os fenômenos ectoplásmicos alcançaram grande

repercussão e densidade, fazendo convergir para o então Centro Espírita Oriente as

atenções da comunidade espírita brasileira.

A partir de 11/02/1949, o endereço à rua Paraisópolis nº 654, Bairro Santa Teresa,

em Belo Horizonte, tornou-se um centro atrativo, uma espécie de meca brasileira, pela

presença de espíritos materializados orientando, derramando ensinamentos, curas e

iniciando uma relação diferenciada entre os mundos físico e espiritual. Três livros

abordaram com muita propriedade tais acontecimentos:

- Materializações Luminosas, de Rafael Américo Ranieri;

- Movimento da Fraternidade ,de Célio Alan Kardec de Oliveira e,

- Materializações Luminosas – Leis Cósmicas em Ação, de Dante Labbate.

Esses fenômenos ectoplásmicos, com ênfase para a materialização de espíritos, é que

fizeram surgir o Grupo da Fraternidade Espírita Irmã Scheilla (de Belo Horizonte/MG),

culminando mais tarde, no surgimento do Movimento da Fraternidade, movimento este

orientado por inumeráveis espíritos benfeitores, sob a direção do espírito André Luiz, e

com o propósito de espalhar, à luz da Doutrina Espírita, a verdade do Evangelho e a

praticá-la junto aos irmãos em humanidade.

Muitos espiritistas, entusiastas dos ensinamentos cristãos-espíritas, questionam a

razão de os espíritos não se materializarem na atualidade, como tão ostensivamente faziam

em tempos pregressos. Enxertamos, nesta oportunidade, algumas considerações de

luminares desencarnados para que o leitor amigo compreenda os motivos e as dificuldades

de semelhantes realizações.

No livro “Nos Domínios da Mediunidade” (lição XXVIII), o instrutor Áulus

assevera: “Venho com vocês até aqui, considerando as finalidades do socorro aos enfermos,

porque embora sejam muitas as tentativas de materializações de forças do nosso plano na

Terra, com raras exceções quase todas se desenvolvem sobre lastimáveis alicerces que

primam por infelizes atitudes dos nossos irmãos encarnados. Só os doentes, por enquanto

no mundo, justificam ao nosso ver o esforço dessa espécie junto das raras experiências,

essencialmente respeitáveis e dignas, realizadas pelo mundo científico, em benefício da

humanidade.”

No capítulo X do livro “Missionário da Luz”, o instrutor Alexandre afirma: “Se

houvesse perfeita compreensão geral, respeito aos dons da vida, e se pudéssemos contar

com valores morais mais espontâneos e legitimamente consolidados no espírito coletivo,

essas manifestações seriam as mais naturais possíveis, sem qualquer prejuízo para os

médiuns e assistentes. Por isso mesmo, na incerteza de colaboração eficiente, as sessões de

materialização efetuam-se com grandes riscos para a organização mediúnica e requisitam

dilatado número de cooperadores do plano espiritual, objetivando o sucesso da tarefa.”

Ainda na obra em referência, o mentor espiritual esclarece que, no próprio mundo

espiritual “as reuniões para serviços de materialização aparecem raramente; a

homogeneidade, aqui, deve ser muito mais intensa. Consagra-se a maioria das nossas

atividades ao esforço da caridade cristã. Os homens, contudo, em sentido geral, não sabem,

por enquanto, compreender a essência divina de tais demonstrações e, quase sempre,

acorrem a elas com raciocino acima dos sentimentos.”

Não significa que não teremos mais materializações de espíritos nas reuniões de

ectoplasmia, comuns aos agrupamentos espíritas. Hoje, a mediunidade está muito mais

conhecida e entendida nos seus variados campos de manifestação, constituindo processos

outros de influência e contato dos espíritos junto a nós, criaturas no escafandro da carne. A

materialização implica em uma planificação e conscientização muito mais aprofundada,

com mobilização de recursos vários, além de ambiente físico e espiritual compatível para o

sucesso do cometimento.

Não se pode desconsiderar que muitos outros fenômenos ectoplásmicos acontecem

nas casas espíritas e mesmo fora delas e, ainda assim, uma multidão de crentes guarda

expectativa, por vezes velada, da ação dos espíritos de forma mais contundente em nossas

vidas. Nos grupos da Fraternidade Espírita, vinculados sob o aspecto organizacional à

Organização Social Cristã Espírita André Luiz - OSCAL, estas reuniões são muito

valorizadas e os recursos, conforme orientam os espíritos benfeitores, são canalizados para

tratamentos espirituais com ação mais direta no psicossoma ou corpo perispiritual.

As antigas reuniões de materialização são designadas hoje de "Reuniões de

Ectoplasmia" ou de "Reuniões de Tratamento Espiritual". Não mais se propõem a produzir

fenômenos de efeitos físicos extraordinários, conquanto isso eventualmente possa suceder.

Na década de 50, os espíritos Scheilla e Joseph Gleber, principais orientadores do

Movimento da Fraternidade, instruíram que tais reuniões ficariam mais centradas no

tratamento a enfermos e que fossem organizadas com muito rigor, dado os recursos de

medicina espiritual a serem utilizados nos ambientes físicos da Terra.

No que concerne a essas reuniões, o espírito Fritz Schein, em mensagem

psicografada por Rafael Américo Ranieri, em janeiro de 1958, em São João da Boa

Vista/SP, advertiu: “os componentes dos trabalhos de efeitos físicos devem aceitar as

restrições referentes à carne, ao fumo, ao álcool, aos divertimentos, aos impulsos, aos

pensamentos, como possibilidade de estruturação de um escafandro espiritual capaz de

garantir-lhes a incursão nas esferas de intercâmbio. As restrições impostas a cada um são

determinações da necessidade e da natureza do próprio serviço. Representamos colméias de

trabalho cristão com o Senhor à frente”.

Nos Grupos da Fraternidade filiados à OSCAL, as reuniões de ectoplasmia são

realizadas com número não excedente a vinte e cinco cooperadores, podendo os pacientes

se fazerem presentes desde que também eles cumpram posturas e regimes absolutamente

indispensáveis. Por ser privativa, a referida reunião deve ser constituída por equipe tão

fixa quanto possível, ensejando, com isso, melhores condições de unidade e harmonia

grupal. A sala mediúnica, à semelhança de uma unidade de terapia intensiva dos hospitais

convencionais do mundo, haverá de contar com uma assepsia plena, inclusive livre de

mentes viciosas que abrem espaço para entidades levianas e perversas produzirem corpos

estranhos e vibriões dentro do organismo da reunião.

O espaço físico deve ser exclusivo para as reuniões de ectoplasmia os operários do

bem que ali adentram estarão à semelhança de uma família unida nos ideais, nas crenças, na

visão de vida e no serviço na causa do Cristo. Para tanto todos eles se proporão a:

- cultivar a prece, a meditação no próprio lar, a vigilância mental e emocional, controle

dos impulsos inferiores da cólera, do desespero e da impaciência;

- dominar os vícios do fumo, do álcool e outras drogas que afetam a saúde física e, como

conseqüência, desalinham as forças psíquicas mantenedoras da paz íntima;

- modificar o regime alimentar, reduzindo, quando não levando à abstenção total, o uso

de carne bovina, suína e de aves. Ainda que isso não ocorra em definitivo, é imperiosa

a abstenção do uso dessas carnes pelo período não inferior a 72 horas que antecede a

reunião. Também evitar sobrecarga de atividades que despendam demasiado esforço

físico e mental, mormente no dia da reunião, visando a manutenção e armazenamento

de energias indispensáveis no serviço mediúnico;

- cuidar da saúde e higiene do corpo e da mente, ausentando de comentários, leituras e

espetáculos degradantes, susceptíveis de contaminar as fontes do equilíbrio.

Nas reuniões de ectoplasmia ou de efeitos físicos, os espíritos produzem

medicamentos pela combinação de recursos recolhidos na natureza, ou do fluido cósmico

universal, com as energias ectoplásmicas emitidas pelos médiuns ostensivos. Os espíritos

agem com a excelência da medicina de profundidade, interferindo nos centros perispirituais

com reflexão imediata nos órgãos conseqüentes do aparelhamento orgânico, aliviando a

dor, revertendo sintomas ou curando enfermidades.

Os agrupamentos devem zelar para que os médiuns sejam preservados para atuarem

apenas na intimidade da reunião, em ambiente de silêncio. Dia virá que a medicina

tradicional reconhecerá e abençoará o que poderá ser chamado de medicina alternativa para

tratamento de doenças de causas profundas.

Os riscos dos trabalhos ectoplásmicos

É evidente que, para o êxito de trabalhos que envolvem a utilização de recursos tão

avançados, que possibilitam a produção de fenômenos ectoplásmicos e culminam até na

materialização de espíritos, faz-se imprescindível atender uma série de requisitos,

principalmente da preparação de tarefeiros sob o ponto de vista moral, emocional e

espiritual. Qualquer desaviso pode trazer conseqüências funestas, como está relatado no

capítulo X do livro "Movimento da Fraternidade". Lembremos um episódio.

Na fase de organização da II Semana da Fraternidade realizada em Caratinga/MG,

entre 26 e 31/01/1959, os espíritos benfeitores do Grupo da Fraternidade Espírita José

Grosso da mesma cidade sinalizaram a intenção de reproduzir no plano espiritual a flâmula

símbolo daquele evento, durante reunião de ectoplasmia (efeitos físicos) do mencionado

agrupamento. Para os irmão presentes o fenômeno ectoplásmico estaria a conta de uma

desmaterialização e uma posterior materialização da referida flâmula.

Ruth Birman, naquela oportunidade em pleno desenvolvimento das suas faculdades

mediúnicas, integrava a equipe de três médiuns de efeitos físicos e cinco auxiliares no

agrupamento em alusão. Constou-nos ela que o despreparo de alguns dos membros da

citada reunião causou perturbação de vulto no transcorrer dos trabalhos. Os espíritos, em

particular Fritz Schein, eram muito rigorosos relativamente a alguns requisitos, com

destaque para: a abstenção da alimentação de carnes (exceto o peixe), alimentação frugal e

vegetariana até cinco dias antes da reunião; domínio dos vícios do fumo e do álcool e

vigilância das próprias emoções.

As emissões descompensadas repercutiram no ambiente e mesmo com a profusão

do fluído ectoplásmico os trabalhos não lograram sucesso, não tendo sido possível a

reprodução da flâmula, que seria uma lembrança permanente do evento inesquecível,

brindada pelo mundo invisível.

Ruth Birman relatou-nos ter experimentado, nos dias seguintes, processo

hemorrágico, levando-a à depauperação das suas energias vitais e ficando sob o influxo de

uma anemia profunda. Porque não tivesse sido debelada a hemorragia no aparelho

genésico, não obstante o esforço de médico especializado, ela considerou de bom alvitre

um contato com o Grupo da Fraternidade Espírita Irmã Scheilla, de Belo Horizonte, para

que os espíritos a orientassem sobre o caso. Resumidamente, o mentor Joseph Gleber,

médico espiritual, indicou um tratamento a distância, em que a paciente estaria em repouso

na sua residência no mesmo intervalo de tempo em que transcorria a reunião de tratamento

espiritual (ectoplasmia) no Grupo da Fraternidade Espírita Irmã Scheilla, às terças-feiras.

Na referida orientação Joseph Gleber alertou que o tratamento espiritual precederia

a intervenção médica convencional e provavelmente haveria extirpação de tumor

cancerígeno com a retirada inclusive do ovário. Destaque-se que, naqueles aqueles

distanciados tempos, a medicina não possuía os recursos de imagens avançados da

modernidade proporcionados pela tomografia computadorizada, ultra-sonografia e outros.

Sem o procedimento cirúrgico, conforme prognóstico do Dr. Abel Carneiro Viana, a

paciente não viveria mais do que 120 dias.

O tratamento espiritual foi de relevante importância e quando o médico procedeu à

cirurgia ficou perplexo diante de um quadro não correspondente ao retratado pelo raio-X. A

gravidade estava reduzida, de forma surpreendente. Sim, convinha retirar o tumor, contudo

os procedimentos poderiam ser realizados com maior segurança. Ruth ficou curada e a

partir daí desenvolveu os seus dotes mediúnicos com muita alegria. Ela própria nos relatou

este fato no dia 17/09/2004.

Cabe um esclarecimento porque alguns leitores poderiam apressadamente atribuir a

enfermidade ao deslize dos componentes da reunião de ectoplasmia do Grupo da

Fraternidade Espírita José Grosso. A ciência espírita nos ensina que as enfermidades sem

raízes no comportamento equivocado do presente estão prescritas e em estado latente no

corpo perispiritual. Em cumprimento à lei de causa e efeito e ao programa reencarnatório,

aguardam o momento oportuno para se transferirem na direção do órgão correspondente do

corpo físico. É o caminho da doença-saúde.

Certos acontecimentos com afetação psicossomática podem suscitar a transferência

em menção e provavelmente assim tenha ocorrido com a Ruth Birman. A aplicação da

medicina de profundidade e os seus méritos foram preponderantes para restituir-lhe estado

de saúde.

É possível imaginar o estado de apreensão e esforços dos irmãos tarefeitos do Grupo

de Caratinga, para não mais repetirem comportamentos inadequados e prejudiciais à tarefa

tão nobre.

Sabe-se que as reuniões de materialização acontecem no escuro e são raros os

agrupamentos que se permitem uma branda luz de tonalidade azul ou esverdeada. Isto em

função do ectoplasma que, em condições naturais, é incompatível com a luz. A mensagem

espiritual a seguir foi recebida, na forma psicofônica, pela médium Léa Neves de Souza

durante a reunião de ectoplasmia realizada no Grupo Espírita da Fraternidade Irmã Scheilla,

de Nova Iguaçu/RJ, em 20/07/2004. Por impulso natural, sem a incidência de iluminação

ambiente, a irmã Conceição Arides grafou a mensagem.

Qual o título da mensagem?

Amigos, por mais difícil que pareça a estrada da vida,

ponderem nos benefícios que possuem. Estão na posse de

recursos que atendem as suas necessidades e as de suas

famílias. Temporariamente têm uma casa, um lar, e podem

erguer-se, a cada manhã, para planejar e organizar seus

roteiros.

Reflitam nas pessoas que se encontram largadas no

caminho, sem esperança, sozinhas, abandonadas, tristes, sem

saberem o rumo a tomar. Pensem naqueles que deixaram o lar,

na falsa suposição de encontrarem a felicidade e não

conseguiram deparar o caminho de volta, perdendo-se nos

labirintos do desespero e loucura. Meditem naqueles que,

encarcerados no egoísmo, perderam o próprio rumo para

adoecerem na própria solidão.

Dirão, por certo, que seu esforço não foi recompensado,

que a concorrência é grande, que a desonestidade campeia em

toda parte, que os bons e honestos não conseguem concentrar a

atenção de muitas pessoas, que a corrida é desenfreada em

busca dos primeiros lugares.

Contudo, sabem o valor da oração, tanto quanto podem

enxergar, caminhar, meditar e valorizar cada minuto da vida

porque o pouco com Deus é muito e muito sem Deus é nada.

Continuem confiando na providência divina. Vejam quantas

oportunidades há de serem úteis e não façam como muitos que

caminham distantes da realidade da família humana,

inconscientes e a mercê de um futuro sombrio e assustador.

Aproveitem a bênção da Doutrina Espírita, em regime de

urgência, buscando valorizar o tempo. Aqueles que ajudam com

a palavra, a prece, o sorriso e a amizade, sem interesses,

verificando que é melhor sofrer com o coração pulsando nos

ensinos de Jesus são os verdadeiros trabalhadores da Seara

Cristã, que não se atrelam aos valores transitórios, que

significam fardos pesados e que ficam retidos no túmulo.

Muita Paz

O amigo

Albino Teixeira

VI

CRIANÇA

1

Criança

Os tempos primeiros do cristianismo nascente deixaram marcas de humanismo

incomparável, sinalizando para uma compreensão nova acerca da vida. Os cristãos

primitivos foram chamados a cada momento para testemunharem sua fé e perseverança nos

valores ensinados por Jesus. Experimentaram situações verdadeiramente inusitadas e para

atingirem os objetivos idealizados não só tomaram a cruz do sacrifício como se valeram de

recursos disponíveis para que a marcha não sofressem prejuízos graves do percurso.

Recorremos ao espírito Emmanuel no livro “50 Anos Depois” no episódio que

retrata o momento de extrema penúria e sofrimento de Célia, cristã que foi exilada do seu

próprio lar. Injustamente, o seu pai a expulsou e sentenciou que, doravante, ela estaria morta perante a família e toda a sociedade romana. Após a superação de inúmeros

obstáculos, acolhida aqui e acolá por irmãos de fé, ei-la albergada no lar do ancião

Marinho, este no crepúsculo da vida, residindo na aldeia de Minturnes, relativamente

afastada de Roma. Pela bondade do seu coração, Marinho achou-se no dever espiritual de

amparar a criatura tão delicada e de predicados morais indefiníveis. Após estabelecer entre

eles a confiança, fruto da simpatia recíproca, confidenciaram as suas mais recentes

experiências.

Mais a frente, Marinho falou do seu projeto de encaminhá-la para as cercanias de

Alexandria, no Egito, onde ela poderia dedicar-se a uma vida monástica, junto de cristãos

com quem ele convivera em período recente e ali ela viveria piedosa e cristãmente,

naturalmente amparada. O Mosteiro seguia regras austeras e era habitado exclusivamente

por homens; para contornar este óbice, após entendimento demorado com Marinho, Célia

concordou em assumir identidade masculina, abrindo mão, pelo resto de sua existência, da

questão da sexualidade. Dada a impossibilidade de mudar as normas da instituição no curto

prazo, por necessidade de sobrevivência e de ideal, ela passou a adotar o nome de

Marinho, o de um dos filhos do seu protetor, vestindo-se como tal.

Em que pese a sua beleza radiante e feminilidade, por imperativo da vida, ela

abandona qualquer possibilidade da formação de um lar. Sem entrar nas minudências da

viagem, da sua adaptação ao Monastério, do trabalho notável sob o ponto de vista cristão

exercido naquele espaço de ideais crísticos, avancemos na narrativa para um momento

singular, quando, como Marinho, Célia assumiu o encargo de ir a Alexandria, duas vezes

por semana, para efetuar as compras regulares no mercado. Essas caminhadas a pé

exigiam que na volta ele pernoitasse em povoado próximo e nessas idas e vindas uma

jovem, filha do dono da pousada, apaixonou-se por Marinho não lhe retribuiu os

sentimentos.

Tempos depois, a filha do estalajadeiro engravidou de outro cidadão e ante o temor

do escândalo e da reação de seu pai optou por responsabilizar Marinho. Tão logo a criança

nasceu, pai e a filha foram até o instituto cristão para efetuarem a denúncia que foi acatada

pelo diretor. Surpreso, respondendo à dura e injusta acusação assim Marinho se expressa:

“Pai Epifânio, quem comete um ato dessa natureza é indigno do hábito que nos deve

aproximar do Cordeiro de Deus! Estou pronto, pois, a aceitar com resignação as penas

que a vossa autoridade me impuser!...”

Em atitude genuína de humildade perante o Criador e de grandeza diante da vida, o

nossa personagem adotou aquele ser inocente, fruto do pecado, silenciou as mais legítimas

justificativas e deu mostras de que o cristão perdoa, ampara, prossegue e ama. A partir daí

não teve mais o direito às comodidades do Mosteiro nem ao convívio com algumas dezenas

de cristãos que lhe admiravam a personalidade amorosa, muito menos de contar com

recursos do mundo para si mesma e para a criança que o seu coração bondoso adotou.

Simplesmente, Marinho desejou proteger alguém que veio ao mundo para cumprir a sua

redenção e ascese espiritual. Passou a residir com o filho em pequeno casebre adjacente ao

mosteiro.

Esta divagação longa guarda o objetivo de deitar olhares para a criança aqui na

Terra. Raros de nós alcança os profundos deveres da paternidade e da maternidade e mais

raros ainda são aqueles que conseguem perceber na criança um ser frágil, carente de

cuidados e que silenciosamente não podem prescindir do afeto dos que transcendem aos

círculos acanhados da consangüinidade. Por isso, o conceito espiritual de orfandade

transcende a visão vulgar do mundo. Existem filhos que moram em casas e que têm pais,

contudo permanecem na orfandade pela ausência dos mais elementares cuidados como a

educação moral e o alimento afetivo encarregado da homeostase espiritual.

Os cristãos espíritas sabem que no corpo frágil da criança habita um espírito

milenar que detém conteúdo de multifárias experiências passadas e que, não raras vezes,

tal espírito carrega graves defeitos e vícios de personalidade.

Nos momentos iniciais da existência não é possível ao espírito manifestar em

plenitude a sua personalidade porque o corpo ainda em formação é fator restringente e os

órgãos frágeis inibem impulsos até mesmo de agressividade. Na fase da infância desse ser

é que os responsáveis pelo lar podem exercer influência sobre os caracteres e imprimir

novos valores educativos para que o espírito, em nova roupagem e no novo ambiente,

experimente a oportunidade de perspectivas e vida em caráter de renovação.

Para contribuir com o trabalho com o Cristo, de amparar crianças, o Movimento da

Fraternidade edificou uma comunidade cristã espírita, a Cidade da Fraternidade -

CIFRATER, para que lá a família seja erigida não necessariamente circunscrita ao

modelo da família consangüínea tradicional, de modo a dar prioridade ao trabalho com as

crianças, sem distinção de qualquer natureza, para dar-lhes orientação segura, formação

moral adequada e prepará-las para as experiências, deveres e provas da existência terrena.

Ficamos a imaginar que, mais umas poucas dezenas de anos a frente, a harmonia que se

irradiará de cada lar desta comunidade, onde os membros devotar-se-ão respeito recíproco e

o mais forte ou o mais instruído ou o mais generoso não hesitará em abdicar de si mesmo

em favor do outro.

O Movimento da Fraternidade também incentiva os cristãos espíritas a irradiarem

para os seus lares estas mesmas vivências e, na medida do possível, adotarem uma criança,

filha do abandono, para que se estabeleça na Terra uma corrente de solidariedade que faça

circular na atmosfera onde vivemos o plasma divino da fraternidade.

Vale conceituar que o homem será o que da sua infância se faz e que a criança

incompreendida de hoje resultará no adolescente inseguro, no jovem revoltado ou na

personalidade de um adulto infeliz.

A criança é sementeira que aguarda, o jovem é campo fecundado e o adulto é a

seara em produção. É no período da infância que melhor se

aprende, enquanto a adolescência é mais propícia para

se apreender (????) , isto sob o ponto de vista da

modelação do caráter. (?)

Quem cuida e dispensa adequada atenção ao espírito infantil economiza frustrações

para o futuro. Muitos mestres da educação asseveram que é nessa faixa etária que o ser

humano é mais aberto e flexível para as coisas novas, apresentando inesgotável curiosidade

acerca de tudo e imensa capacidade para assimilar conhecimentos e idealizar um mundo

melhor.

Vale aduzir sobre o que pode ser conceituado como CRIANÇA ESPIRITUAL!

Existem na Terra milhares de criaturas, morfologicamente na condição de adultos,

isto é, anatômica e fisiologicamente desenvolvidos , comportando-se como crianças.

Trata-se de espíritos imaturos, transitando com insegurança e demorando na

contemplação de paisagens fantasiosas e sonhadoras. Em geral não portam às mãos a

clave da maldade e tampouco caem no embalo da dança rítmica da perversão: são

criaturas com reduzido senso crítico e baixo discernimento espiritual.

Resvalam-se sim em atitudes morais comprometedoras, todavia sem maldade

aguçada. São por vezes espontâneos com uma criança comum mas o incomum é neles

ausente a estatura diante de questões da vida suscitando atitudes e decisão.

Essa massa humana passa esquecida ou por outra, os filhos que a compõem são

tratados como adultos, quando a fraternidade real sugere tratá-los como adultos

crianças ou crianças espirituais.

E muitos de nós somos susceptíveis de apresentar, em determinadas

circunstâncias, as carências próprias da fase infantil e, nestes momentos, conviria

sermos vistos com olhos de ternura e compreensão pelos outros. Por qual razão

deixamos então de acolher irmãos adultos que se comportam como infantes

espirituais, incapazes, por si mesmos, alçarem vôos majestosos de libertação interior?

Os Agrupamentos Cristãos Espíritas e a Cidade da Fraternidade têm, como

resultante dessa visão, ver o ser humano por uma ótica mais abrangente: como um

espírito em evolução! A assistência que se oferece no labor caritativo não pode

reduzir-se somente à criança.

A família há de ser sempre o foco e a criança a prioridade, sem descuidar das

criaturas amadurecidas no corpo de expressão orgânica, porém trazendo conflitos

psicológicos e posturas infantis irradiando de mentes ainda ingênuas ou fragilizadas.

CIFRATER: Núcleo de Amor

Por inspiração do Alto,

em sintonia com Jesus,

surge num grande planalto

formosa cidade luz.

Os mensageiros divinos

trabalham com destemor

a fim de implantar na Terra

um núcleo de imenso amor.

Onde possam, com clareza,

testemunhar a bondade,

a tolerância, o respeito,

a paz e a fraternidade.

Onde possam proteger

a criança, com carinho,

exemplificando, ensinando,

o verdadeiro caminho.

Abnegados irmãos,

humildes trabalhadores,

empunham firmes e fortes

a clava de seus valores.

Brasil, coração do mundo,

a pátria do Evangelho,

cresce amparando a criança

e dando conforto ao velho.

Esta cidade será

escola da evolução,

academia do amor,

da justiça e do perdão.

A OSCAL e os oscalinos

vanguardeiros da Fraternidade

concentram todas as forças

na construção da cidade.

Lutemos, irmãos queridos,

por um mundo mais feliz,

ajudando a evolução

da obra de André Luiz.

De André Luiz e de todos

os assessores divinos,

que carreiam a esperança

para os velhos e os meninos.

Avante, caros confrades,

com redobrado valor,

atendamos o convite

de Jesus, Nosso Senhor

Poeta Nelson N. Magalhães Pinto, do Grupo da Fraternidade Espírita Humberto de Campos

(Itaperuna – RJ).

VII

COMUNIDADE CRISTÃ-ESPÍRITA

1

Comunidade Cristã-espírita

Indubitavelmente, a Casa do Caminho foi a primeira comunidade cristã nascida do

esforço e do trabalho insano de Simão Pedro e outros discípulos do Mestre com objetivo da

vivência plena do Evangelho de Jesus.

A partir dela, outras igrejas foram fundadas pelo mundo afora. Merece uma reflexão

profunda a igreja de Lugdunum ou de Lião, nas Gálias, que se transformou no maior

símbolo do Cristianismo, em face à ressonância dos preceitos do Evangelho de Jesus no

fundo da alma dos integrantes da Comunidade Cristã de Lião.

No livro “Ave Cristo”, o espírito Emmanuel discorre, com rara beleza, acerca

aquela magnífica comunidade:

“A comunidade de Lião guardava, sob a sua custódia de amor, centenas de velhos,

enfermos, mutilados, mulheres, jovens e crianças. A igreja de São João era, pois, acima de

tudo, uma escola de fé e solidariedade irradiando-se em variados serviços sociais”.

Patenteia-se, assim, a caridade cristã na forma de assistência aos desafortunados do

caminho.

“Muitas organizações domésticas tomavam a si a guarda de órfãos e o cuidado

para com os doentes”. Eis aí o embrião de lares-família para albergar criaturas não

necessariamente ligadas pelos vínculos da consangüinidade.

“Os serviços de amparo e educação à infância, de conforto aos velhinhos

abandonados, de sustentação aos enfermos, de cura dos loucos, distribuíam-se em

departamentos especiais, expandindo-se, assim, em moldes mais completos, a primitiva

organização apostólica de Jerusalém, na qual as obras de amor do Cristo, junto aos

paralíticos e cegos, leprosos e obsessos, encontraram a melhor continuidade”. É

incontestável a atenção dos adeptos da comunidade de Lião para com os doentes, utilizando

os recursos da enfermagem tradicional e a terapêutica evangélica no socorro aos doentes de

vários matizes. Centenas de pessoas lograram a cura pela mediunidade prodigiosa dos

cristãos daquele tempo, em que a fé e os valores fraternais compunham os ingredientes

dominantes do coração. Convém atentar também para os interesses com os valores

educativos para com a infância desamparada, como indicativo da necessidade de tratar o

indivíduo de forma integral.

“O culto reunia os adeptos para a prece em comum e para a extensão das práticas

apostólicas, mas os lares de fraternidade multiplicavam-se, como impositivo da obra

espiritual em construção”. Irineu, que manejava o grego e o latim com grande mestria,

cuidou de preservar as tradições apostólicas no cultivo das realizações intelectuais e exame

dos ensinos de Jesus nos cultos domésticos. Fora discípulo de Policarpo, que por sua vez

havia recebido a fé do apóstolo João, o Evangelista, em Êfeso.

Emmanuel nos diz que dificilmente, à distância de séculos, poderá alguém perceber,

com exatidão, a sublimidade do Cristianismo Primitivo e, no caso em pauta, a grandeza da

Comunidade Cristã de Lião.

Em 1960, na cidade de Guaratinguetá/SP, o espírito Irmã Scheilla, pela

mediunidade de Rafael Américo Ranieri, aduziu sobre o desejo da espiritualidade de

implementar no Brasil uma autêntica COMUNIDADE CRISTÃ ESPÍRITA que a própria

mentora alcunhou de “Cidade da Fraternidade”. A CIFRATER foi fundada em 20/12/1963

e ao longo desses anos o seu terreno, na Chapada dos Veadeiros, município de Alto

Paraíso/Goiás, a 213 Km de distância de Brasília, está sendo desbravado.

O texto da Rosângela intitulado “Tardes

Preciosas” (jornal da 20ª Semana da Fraternidade) tem

informações interessantes acerca da CIFRATER:

quantas famílias lá residem, o que a Cidade tem

(Educandário, etc.....). Quantas crianças estudam no

Educandário?

Para muitos, A CIFRATER é uma utopia, fantasia, quimera ou um sonho. Para nós,

cristãos espíritas, ela é uma realidade, porém a sua realização aguarda de nós a

interiorização, o renascimento de Jesus nas nossas entranhas e o esforço intransferível para

que ela, acima das construções materiais, se revista dos sentimentos mais puros de

fraternidade cristã.

(?????? Retrocedendo ao tempo da

construção da comunidade? )

Vale, pois, essa viagem histórica ao

cristianismo primitivo e por que não nos determos

em outro momento, a partir do século III da era

cristã, após a tremenda carnificina de cristãos na

cidade de Lião e localidades vizinhas onde

milhares de seguidores do Cristo foram flagelados e conduzidos

à morte, em postes de martírio, espetáculos de feras, cruzes, machados, fogueiras e

lapidações. Nesses idos tempos, após a calmaria, o grande líder cristão Irineu iniciou a

construção dessa inesquecível comunidade cristã que certamente será exemplo para a

Cidade da Fraternidade.

Destacamos algumas mensagens espirituais relativas à Cidade da Fraternidade,

ricas de entusiasmo e de estímulo para os seus realizadores.

CIFRATER: A Mansão Hospedeira

Companheiros amados, a satisfação é imensa em ver amigos

tão antigos reunidos, ainda hoje, no propósito do amor maior.

Uma luz imensa surgiu nos meandros do plano divinal no

final daquela década de 1950. Corações de outras vidas,

compromissados na tarefa redentora da fraternidade,

finalmente, entenderam a razão do surgimento, na Terra, da

Cidade da Fraternidade. Compromissos assumidos no plano

espiritual estavam sendo relembrados e reafirmados. A Cidade

surgiu antes espiritualmente, que no plano carnal; esta é uma

certeza que embala nossos sentimentos. Sua aura já era viva

em cada um de nossos corações. Graças à força e à centelha

divina este objetivo ocupa nossos centros de interesses.

Estamos aqui reunidos, falando de metas que um dia

tínhamos certeza de que cumpriríamos. No começo, irmãos, o

amor fraterno que cada companheiro tinha no coração e aquela

vontade de fazer o melhor ao próximo foram as molas

propulsoras desta maravilha que é o Movimento da

Fraternidade. Desde então, organizações e frentes

compromissadas com o trabalho vêm surgindo.

Mas a Cidade não pode ser um ideal vivido unicamente

pelos Grupos da Fraternidade, amigos. A Cidade precisa ser

vivida em nosso dia-a-dia. Ela há de resplandecer dentro de

cada um: no trabalho, na família, nos grupos sociais, enfim,

em qualquer lugar. Alto Paraíso abriga comunidades de

variados matizes e tem o dever de proteger os atropelados

pelas desgraças do mundo, que apresentam a alma dilacerada

por superlativos sofrimentos. Cada um de nós tem compromisso

muito grande com a Cidade do Amor, que se situa naquela

região.

A tarefa dos Grupos no caminho da conversão para os

trabalhos do Movimento urge a cada dia. O tempo é precioso e

irrecuperável. Vocês vivem numa época privilegiada, um final

de século, transição para importantes mudanças no orbe. A

cidade não surgiu no século XX, por acaso.

O novo milênio é um período em que a humanidade estará

apta a entender as maravilhas do amor ao próximo, onde as

criaturas compreenderão melhor os ensinamentos do Cristo. A

renovação das mentes alcançará patamares mais expressivos e a

consciência individual será uma marca interior sinalizando a

conquista de novos horizontes. A melhora do mundo depende

da melhoria do próprio ser.

Acreditem, já progredimos muito, companheiros! Contudo,

vocês vivem num período crucial na crosta terrestre e a

Cidade, neste contexto, haverá de ser uma semente em

maravilhosa germinação. Todos do Movimento da Fraternidade

têm um compromisso a ser cumprido, sem vaidade e com amor

ao próximo.

A doutrina de Jesus é sábia, muito sábia e jamais deixa

dúvidas quanto ao nosso papel.

Que possam levar a fraternidade para cada lugar onde

forem chamados. Façamos de nossas vidas momentos de renovação

e cumpramos o objetivo assumido há tanto tempo. Saibam que

sempre estarão amparados e mantenham a força da tarefa

contínua em seus corações. Um abraço bastante afetuoso e

cheio de confraternização.

Scheilla

Mensagem recebida no Grupo da Fraternidade Espírita Fabiano de Cristo – São Paulo/SP,

em fevereiro/2000, pela médium Patrícia Paixão.

Cidade da Fraternidade - Não

duvideis

A música de fundo... as crianças falando... estudando...

buscando a educação para o espírito eterno, neste lar de

fraternidade, imbuído no grande propósito de cooperar com a

humanidade, no seu aprimoramento para o terceiro milênio,

tudo isso me faz retroceder há quase seis décadas, onde a

equipe espiritual, imbuída do ideal de trasladar, para a

Terra, mais uma colônia espiritual, engrossando núcleos de

continuidade da tarefa sacrossanta de reerguimento moral

deste orbe, para concretização das promessas do Cristo.

Naquela época, começáramos a intuir àqueles de nossa

equipe que já se encontravam na carne, à espera do primeiro

clarim. Companheiros se emocionaram, se identificaram com a

grande causa, se encantaram com aquela que seria a Cidade da

Criança. Companheiros se puseram em ação e conseguiram dar os

primeiros passos materializados no planeta. Passam-se os

anos, companheiros novos chegam, demonstrando capacidade de

continuar esta grande obra.

Porém, o investimento maior ficou no plano da matéria; e

a sensibilidade do espírito, o ideal primeiro, foi ficando

para trás. Decorre mais uma década, mais companheiros

chegam, revestem-se da couraça da fé, da esperança e da

certeza de que a Cidade da Criança deveria se tornar maior,

em benefício do Evangelho.

Perguntas surgem, dúvidas são colocadas no ar, a

espiritualidade é convocada a se pronunciar, uma, duas, três,

dez, vinte, cem vezes. As mensagens chegam dos nossos

superiores através de aparelhos como este que lhes fala. As

respostas são dadas na esperança de que aqueles que as

formulavam as compreenderiam, colocando-as ao nível do

espírito, no campo da matéria.

Mensagens vêm, rogativas vão; Scheilla, Joseph Gleber,

José Grosso, André Luiz, quase que personificados,

incorporam-se às equipes de servidores no mundo corpóreo.

Dezenas de anos se passam, mais mensagens, mais repostas,

mais choros, mais lágrimas. E estas se vêem bloqueadas pelos

sentimentos entorpecidos na vaidade, no orgulho e no egoísmo.

Assim, companheiros, estamos hoje, neste momento, tentando

acordar as mentes e os corações aqui presentes, para que nos

multipliquemos, renovados neste propósito que, para muitos,

é passado.

A Cidade da Criança, hoje cognominada Cidade da

Fraternidade, espera. Porém com a paciência dos que sabem

esperar, daqueles que sabem que o seu momento há de raiar, e

então, a sua trajetória levará para os caminheiros sofridos o

apoio, a amizade, o respeito e o agasalho da fraternidade.

Não duvidemos, companheiros, não duvidemos mais, pois as

obras serão concluídas, conosco ou apesar de nós. Mais

mensagens? O que poderíamos mais dizer, além de tudo o que já

está escrito a não ser implorar obediência às leis do amor,

da dignidade, da moral. Dêem as suas mãos, coloquem-nas em

nossas mãos e, amparados pelas mãos do Nosso Senhor Jesus

Cristo, chegaremos lá, na obra maior, que não é uma cidade da

fraternidade, mas, sim, a Cidade da Fraternidade, um

Movimento integrando todos os movimentos assistenciais

espiritualistas desta Terra.

Conclamamos, companheiros, a continuar lembrando da

alertiva cristã: “aqueles que perseverarem até o fim, serão

salvos”.

Do menor irmão em Cristo

Altino

Mensagem recebida no Encontro Regional da 5ª Região Fraterna realizado no Grupo da

Fraternidade Espírita Irmã Meimei, de Brasília-DF, no dia 18/05/2002, pela médium

Myrian Sousa.

CIFRATER - Mais Luz

A Cidade da Fraternidade

Hoje ainda tem mais luz,

Pois recebe a visita

Dos prepostos de Jesus.

O firmamento se alegra,

Cânticos povoam o ar,

São os cantores do Cristo

Ensinando-nos a amar.

Na escuridão do mundo,

Um foco de luz brilhou,

Indicando a estrada

Daquele que muito amou.

Todo tesouro do mundo

Não brilha com tanto ardor.

É a chama cristalina

Do mais sublime amor.

O coração se alegra,

O sorriso se espalha,

Lembrando Jesus menino

Sendo ninado na palha.

Mensagem recebida no Grupo da Fraternidade Espírita Kaja Krisna, de Muriaé /Minas

Gerais, no dia 06/12/2003, pelo médium Robério Torres.

Cidade da Fraternidade: Uma

realização interior

Uma estrada luminosa indica-nos o compromisso que

assumimos no nosso processo redentor. São as mãos do Mestre

que se alongam na nossa direção, relembrando-nos a tarefa que

temos de cumprir. Estamos vivendo momentos da maior

significação para os nossos espíritos, nossas vidas, nosso

planeta. O Cristo aguarda que sejamos, dessa feita, capazes

de, definitivamente, seguir os seus passos, apoiarmo-nos nas

suas pegadas, iluminar-nos para contribuir na iluminação do

mundo.

Observemos, queridos irmãos, que todos nós, aqui no

mundo espiritual, sem exceção, gostaríamos de ter feito um

pouco mais. Estamos conscientes de que poderíamos mais ter

realizado. O nosso convite, o nosso relembrar nessa manhã é

para que, a despeito das dificuldades, dos problemas, das

lutas tantas, coloquemos no ponto alto de nossas aspirações,

o ideal, o compromisso assumido com o Cristo de Deus.

Os nossos irmãos carentes, pela ausência da luz, pelo

distanciamento da verdade, precisam de nós. O nosso modelo de

trabalho, o nosso projeto de ação, o nosso esforço devem

centrar-se exclusivamente no Cristo e, apoiados Nele,

ajudados por Ele, haveremos de trabalhar com intensidade

dentro dos nossos sentimentos, para sermos criaturas nobres e

colocar para fora, na forma de atos, o reino dos céus.

A transição tão falada, meus irmãos, processa-se. Está

diante de nós e Jesus espera que sejamos transformadores do

mundo, transformando-nos. Aqui no mundo espiritual, nas

inúmeras colônias de que participam os trabalhadores do

Cristo de Deus, há um trabalho intenso, um esforço denotado,

um planejamento constante, uma busca de objetividade para que

as ações se façam num curto prazo, otimizando esforços para

que a luz da misericórdia alcance cada sentimento,

plenificando a renovação da criatura humana.

Nós precisamos de vocês, queridos irmãos, porque vocês,

os encarnados, representam as nossas mãos, os instrumentos

de que necessitamos para avançar sempre e mais. Jesus precisa

de nós, das suas operosas mãos para que se alonguem as

perspectivas de trabalho. Se conviver com nossos irmãos é

difícil, faz-se necessário cultivar o entendimento para

compreender e não economizar forças físicas, para que a

iluminação interior cresça cada vez mais. Assim aconteceu com

aqueles que se entregaram a Jesus, como o nosso Bezerra, o

Francisco Cândido Xavier e outras criaturas que esqueceram a

si mesmas para colocarem um sol de grandeza maior diante de

nós, amparando-nos para vencermos as nossas limitações.

No entanto, essa geração que vocês representam significa

um marco nas mudanças necessárias da vida planetária, assim

como o Cristo de Deus, em um certo momento, ao chegar aqui,

estabeleceu a mudança da história. Nós estamos observando,

diante de nossos olhos, uma nova fase, uma significativa

mudança, um momento grave nas nossas responsabilidades, para

que Jesus deposite em nossas mãos uma procuração para que

ajamos com equilíbrio, dignidade, cumprindo o nosso papel.

A Cidade da Fraternidade, tantas vezes sonhada pelos

nossos dirigentes maiores, representa lágrimas, suor e

ideais de tantos irmãos; não é sem razão que essas mesmas

criaturas, muitas do lado de cá, vêm até vocês repetidas

vezes para conclamá-los ao trabalho, ao esforço, à coragem,

à misericórdia. Aqueles cobradores que dificultam o nosso

sonhar, que se colocam diante de nossos passos para nos

impedir de sonhar com a luz, que procuram sombrear os nossos

olhos para as coisas santas e nobres da vida, na verdade não

são adversários, são criaturas, irmãs nossas, pequeninas

ainda, que não cresceram para a luz da verdade. Aprendamos a

crescer para representar para eles o modelo que precisamos

ser.

Assim, meus irmãos, nesse final de encontro, nessa hora

observamos as mãos da misericórdia estendidas, alongando-se

na direção dos irmãos sofridos que aqui vieram para receber o

socorro, o auxílio, a ajuda, a misericórdia. Notamos agora o

quanto se pode fazer diante dessa imensidão de dor que

representa a humanidade encarnada e desencarnada. As trevas

labutam para tentar empanar a luz do sol. No amanhecer das

experiências, que se defrontam diante de nossos olhos, é

Jesus de novo. O espiritismo é o Cristo de novo que surge

diante de nós, abrindo novamente os braços! “Vinde a mim”

como um convite para que as ovelhas tresmalhadas possam

ouvir novamente o seu chamado e, de tal modo, nós nos

reunamos junto ao seu coração generoso, para contribuir na

construção da bondade e da paz. As dificuldades do mundo são

as nossas dificuldades, as das nações, as do nosso pequeno

núcleo, as das grandes responsabilidades e as pessoais de

cada um de nós. Precisamos, então, meus irmãos, estabelecer

prioridades, trabalhar nos atos pequeninos, melhorar nas

ações enobrecidas, crescer no trabalho da evangelização

interior e estender as nossas mãos em benefício da dor.

Este é o modelo que o Mestre nos ofereceu. “Amai-vos”

quer dizer: vá ao encontro do sofrimento. E nós enquanto

trabalhamos, estudamos, aprendemos e ajudamos, estaremos

libertando-nos dessas amarras que representam os nossos

comprometimentos do ontem, para que possamos construir as

nossas asas da bondade e voar em direção à paz.

Deus os abençoe, meus queridos amigos. Estamos com

todos, temos estado aqui, estimulando, encorajando e

afirmando: a Cidade da Fraternidade, o sonho, o ideal,

continua sendo o grande projeto que impomos a nós próprios

para realizá-lo em nome de Jesus. Muita paz. Que Jesus nos

tenha sempre no coração.

André Luiz

Mensagem recebida no Grupo da Fraternidade Espírita Irmã Veneranda, na Cidade da

Fraternidade, em 07/03/2003, pelo médium João Pinto Rabelo.

Chancela do Amor

Levantamos, no planalto, a plataforma fria de cimento

armado, que pude transportar para a Capital do Brasil, na

intenção de mudar. Mudar os propósitos, os corações dos

brasileiros, o povo, os valores, mas pequei por um lapso

grande e só situações deste jaez são capazes de proporcionar-

me uma grande explicação. Pequei, meus amados, porque me

esqueci de colocar à frente das plataformas de cimento armado

na construção de uma grande Capital, a chancela do amor e por

esse amor estou lutando agora.

Companheiros amados, a tarefa grandiosa que se levanta

no Alto Paraíso merece do plano espiritual os olhares

sensíveis de apoio, de aplausos, de encorajamento e, quiçá, o

pedido de uma oportunidade para usufruirmos daquela grande

construção do bem em favor do Cristianismo nas terras do

Brasil.

Queridos fraternistas, sob a chancela de André Luiz,

caminhem confiantes na edificação da obra e não se estagnem

na sua edificação. A obra é esperança e estímulo, meus

amados fraternistas.

A criança que habita a Cidade da Fraternidade é, para o

plano espiritual, o tesouro maior que vocês haverão de

edificar sobre este orbe que abre as comportas do coração

para receber aqueles que acorrem às terras brasileiras em

busca de paz, do verdadeiro amor e da verdadeira

fraternidade. E as comportas do Brasil hão de se abrir muito

mais, queridos e amados irmãos, porque os corações estão se

estruturando, o Cristianismo se implantando na Pátria do

Cruzeiro, conforme prognosticou o querido e amado Humberto de

Campos no livro “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do

Evangelho”. Afirmamos que a plêiade de companheiros

interessados na caminhada do Brasil, que nem os movimentos

sociais, políticos e administrativos, que afetam

sensivelmente a balança econômica da nação, são capazes de

abalar os alicerces da fraternidade na terra do Cruzeiro.

Amados companheiros, a Cidade da Fraternidade é uma tarefa de

todos nós e, de nossas paragens, somos capazes de entender,

dignificar e participar de um projeto de tão grande porte.

Para frente e para o alto, sob a bandeira de André Luiz,

que sorri agradecido e feliz por contar com os seus

corações na terra escolhida pelo Mestre, para que sua Boa

Nova se estabeleça definitivamente e não se faça mais uma

repetição da Roma destruída pelos falsos valores da

civilização.

Queridos e amados fraternistas, Deus os abençoe. Jesus

caminha conosco e de minha modesta parte envio-lhes um

abraço do amigo que faliu, sim, mas que está de olhos

abertos e pronto a receber as lições que no plano espiritual

procuro aprender. Assevero-lhes que tenho tido a oportunidade

de visitar as nossas crianças e, quem sabe, muito breve

farei parte daquela comunidade, com o coração em festa pela

oportunidade. Abraço-os com humildade, virtude que anseio

por conquistar. Sinto- me honrado em fazer parte desta

caravana de amor e da fraternidade e recebam o abraço do

amigo de sempre.

Mensagem recebida no Grupo da Fraternidade Espírita Humberto de Campos, de

Itaperuna/RJ, em 15/09/1986, pela médium Edilme e ditada pelo espírito Juscelino

Kubstchek de Oliveira.

2

Glebas Cristãs

Uma célula verdadeiramente cristã não se propõe tão somente disseminar os

conhecimentos do Evangelho e avivar a fé cristã. Em particular, os núcleos cristãos

bafejados com os preceitos da filosofia espírita haverão de propugnar sempre pelas ações

realizantes, em que os recursos para a sustentação das obras e o trabalho caritativo na

direção do mais sofredor partem dos seus próprios componentes.

Historicamente, as instituições religiosas sofreram perturbações pela ausência de

pureza de ideal e submissão aos interesses da política do mundo. Ao tempo dos apóstolos,

para sobreviver a própria Casa do Caminho prevaleceu da ajuda monetária da sociedade

judia, mesclada da permissividade de práticas judaicas dentro da igreja nascente com

intuito de abrandar as perseguições do farisaísmo.

Na atualidade não mais ocorrem perseguições religiosas e preconceitos praticamente

inexistem, propiciando uma liberdade de expressão religiosa. Todavia, as inferências

políticas perduram e a dependência econômica afeta a beleza da expressão livre dos

postulados cristãos, prevalecendo para os tempos atuais o conceito kardequiano de que “os

erros que se enraizaram no cristianismo é mais por culpa dos homens”.

Cada agrupamento cristão espírita possui possibilidades imensas de trabalho e os

trabalhadores convocados são aqueles que atendem à assertiva: “quem quiser vir após mim

negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”.

A Comunidade Cristã de Lião, em tempos distanciados na história da humanidade,

deixou um exemplo que permanece vivo e que convém ser longamente meditado. Um dos

seus maiores expoentes, o irmão Corvino (livro “Ave Cristo”), numa assembléia cristã,

assim se expressou: “Há construções no plano do espírito, como existem no campo da

matéria. A vitória do Cristianismo, com a livre manifestação no nosso pensamento, é obra

que nos compete concretizar”. Um dos irmãos na assembléia referindo-se à perseguição

atroz movida contra os cristãos, inclusive dispensando-os de trabalhos remunerados, propôs

o direito digno da igreja esmolar a benefício deles.

O irmão Corvino respondendo a Ênio, considerou como um direito digno, sim, o de

esmolar; todavia obtemperou: “Temos terra disponível e o arado não mente. Os grãos

respondem com fidelidade ao nosso esforço. Podemos trabalhar, não devemos recorrer ao

concurso alheio, senão em circunstâncias especiais. Não seria aconselhável manter a

comunidade improdutiva. Cabeça vaga é furna de tentações. Creio em nossa possibilidade

de auxiliar a todos, através do esforço bem dirigido. O serviço de cada dia é o recurso de

que dispomos para testemunhar o desempenho dos nossos deveres, diante dos que nos

acompanham de perto, e o trabalho espontâneo no bem é o meio que o Senhor colocou ao

nosso alcance, a fim de que servimos à humanidade, com ela crescendo para a glória

divina”.

O pronunciamento deste cristão notável é muito instrutiva e, no que concerne à Cidade da Fraternidade, ora em edificação permanente na Chapada dos Veadeiros, sugeri-

nos introspeções ainda mais profundas. Durante longos anos a sustentação dos

comunitários dependia dos recursos financeiros enviados pelos irmãos adesos à causa do

Movimento da Fraternidade então espalhados pelo Brasil, dedicando tempo e trabalho nos

Grupos da Fraternidade Espírita a que estavam vinculados. Para reduzir a dependência,

decidiu-se pela criação de uma empresa florestadora e reflorestadora denominada

RECIFRA, nas imediações da comunidade e sob as expensas desses agrupamentos para

viabilizar a geração de recursos para a sobrevivência da CIFRATER.

As duas formas esperadas de sustentação econômica para a CIFRATER não

traduziram os resultados esperados e a comunidade não cresceu nesse período, a despeito

de esforços e sonhos. Com a maturação dos objetivos filosóficos da comunidade, ainda na

fase de desbravamento, foi acalentada a idéia de os próprios comunitários trabalharem a

terra, retirando dela os recursos mantenedores da vida de cada um.

Decidiu-se depois pela criação do CONCIFRATER – Condomínio Rural da

Cidade da Fraternidade, dentro de certos limites nada mais do que uma reforma agrária

cristã espírita. Dos 2.565 hectares de terras na área de influência comunidade cristã espírita

ou Cidade da Fraternidade, reservou-se 1.250 hectares para o núcleo urbano propriamente

dito e a área restante dividida, a princípio, em 33 glebas a serem distribuídas para

comunitários e espíritas adesos ao ideal.

Ao longo do tempo, pretende-se formar um cinturão verde ao redor do núcleo

urbano e todos, no esforço comum e no trabalho solidário, retirarão o sustento da própria

terra, prevalecendo a anotação de Mateus – capítulo 06, versículos 31 e 33: “Não andeis

pois inquietos, dizendo: que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos?

Mas buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão

acrescentadas”.

A Espiritualidade tem uma visão de futuro que nós não alcançamos. O

CONCIFRATER foi imaginado em 1997 e o propósito inicial consistia na implantação

lenta de algumas glebas experimentais. Em 2003, quando foi completada a distribuição da

totalidade das glebas para os cristãos, o Movimento dos Sem-Terra-MST invadiu terras de

terceiros e também terras da União nas adjacências do CONCIFRATER.

Ao mesmo tempo que surge aqueles que poderão receber a assistência espiritual da

comunidade cristã espírita, em terras anteriormente inóspitas e desocupadas, os glebistas,

pelo labor incansável e justo, produzirão alimentos para uma vida digna e dentro das

diretrizes do Evangelho.

Estamos nos referindo às glebas promovedoras de sustentação de vidas mas é

possível falar da gleba íntima que produz alimento imperecível e que se irradia a benefício

daqueles cujo templo interior está amordaçado pela ausência da fé e desconforto de crenças

mais profundas. A evocação do irmão Corvino, conclamando ao labor na comunidade

cristã de Lião, como que inspirou o renascimento da proposta de glebas cristãs, desta feita

nas proximidades da CIFRATER.

3

CONCIFRATER – Condomínio Rural da Cidade

da Fraternidade

O Condomínio Rural da Cidade da Fraternidade foi instituído com o intuito de dar

ocupação produtiva às terras da OSCAL/CIFRATER para transformar-se, a médio prazo,

num recurso de auto-suficiência dessa comunidade cristã-espírita. Os condôminos ou

glebistas habilitam-se a gerir o uso das terras, em conformidade com o meio ambiente,

atentos à vocação do solo e convivendo harmonicamente com os parceiros e o Núcleo

Urbano da Cidade da Fraternidade.

Pelo Estatuto do CONCIFRATER, o candidato a glebista há de ser comunitário ou

espírita indicado por Grupo da Fraternidade Espírita ou, ainda, ser o próprio Grupo da

Fraternidade Espírita (Pessoa Jurídica). Contratualmente, o glebista terá a posse da terra e

não sua propriedade, por um período de 10 anos, renovável. As glebas variam de 32 a 117

hectares, sendo que as maiores constituem, prioritariamente, reservas ecológicas. Como

contrapartida, o glebista destinará para a CIFRATER valor equivalente a 10% da sua

produção e naturalmente este gesto muito contará na contabilidade convivencial entre

condôminos e comunitários.

As glebas ecológicas são as de nº 12, 13, 14, 15, 16, 27, 29, 30, 33 e 34. As outras

23 glebas restantes possuem perfis variados podendo-se nelas criar gado leiteiro, cabras,

peixes e outras atividades como apicultura, plantios de arroz, feijão, soja, milho, mandioca,

amendoim, cana-de-açúcar, além de frutas como laranja, banana, acerola, maracujá,

graviola e hortaliças diversas.

Existem ainda glebas disponíveis e os candidatos deverão submeter o pedido ao

Conselho de Administração do CONCIFRATER, que examina a potencialidade dos

projetos a serem implementados, a programação dos recursos a serem investidos e o

atendimento aos preceitos estabelecidos no Estatuto Condominial.

Particularmente as glebas 4 A e 4 serão divididas em porções de 1 a 5 hectares. O

desejo da OSCAL e da CIFRATER é que fraternistas e sobremodo os Grupos da

Fraternidade Espírita sejam candidatos a glebistas para construírem em tal espaço físico

pelo menos uma casa naturalmente ladeada por jardim e pomar. Desta forma, teremos uma

admirável integração entre a Cidade da Fraternidade e os agrupamentos fraternistas,

atendendo por esta ótica o conceito espiritual de que os Grupos da Fraternidade Espírita

são a extensão da própria CIFRATER e reciprocamente.

A curto prazo, os condomínios instituirão uma cooperativa para centralizar ações

que vão desde a compra de alimentos, implementos agrícolas, equipamentos de uso

coletivo, até a comercialização dos produtos produzidos nas glebas, alcançando como

resultante a unidade e coesão imprescindíveis ao sucesso do empreendimento.

O instrumento condominial estabelece reuniões periódicas do Conselho de

Administração e da Assembléia Geral dos Condôminos como mecanismos de

acompanhamento e de avaliação de forma a manterem as metas e diretrizes norteadas na

concepção do CONCIFRATER.

Dilatemos os nossos vínculos com a Cidade Amor que elegemos para os nossos

ideais e não faltemos com as expectativas nossas e as dos benfeitores espirituais que nos

protegem e nos dirigem dos Planos Maiores da vida.

Fazenda RECIFRA

Aos diletos companheiros da OSCAL,

“Buscai o Reino de Deus e sua justiça e todas as outras coisas vos serão dadas de

acréscimo”.

Nossos orientadores recebem, felizes, os cuidados dos

amigos queridos, desejosos do melhor desempenho nas funções

que lhes cabem. Estejam seguros que, embora as dimensões do

existir pareçam nos apartar, estamos muito mais unidos do que

podem imaginar e ocupamos suas mentes de forma tão natural

que nossos pensamentos se lhes misturam às intenções. É

absolutamente certo que, sob a égide de Jesus, nossa jornada

de trabalhos deve se realizar nos dois planos da vida e

nossos esforços estão, por isso, permanentemente unidos na

realização da nobre tarefa. Assim é que não há motivos para

se temer o erro de decisões importantes, desde que

mantenhamos puro o coração e nobre as intenções de acertar.

E não olvidem que o plano superior mantém ininterrupta

vigilância, conferindo nossos passos através da intuição,

porta segura por meio da qual as assertivas destinadas à

orientação do Movimento da Fraternidade podem atingir a

todos, pois cada qual, sem exceção, no desempenho das tarefas

que lhe compete, todas igualmente importantes no patamar em

que desenvolvem, estão sob o exercício de sublime

mediunidade, com Jesus. Pela voz da intuição, poderosa força

de comunicação entre todos os seres que se sintonizam em

objetivos comuns, as sugestões e resoluções necessárias à

concretização dos objetivos propostos encontram guarida na

mente dos encarnados. Aqueles que detêm boa vontade de servir

e reservam a humildade suficiente para fazer calar a própria

arrogância estão preparados o bastante para ouvir a voz que

vem da alma e nos fala da vontade do Cristo. Basta segui-la

com confiança e determinação.

Eis porque os amigos já trazem no coração a resposta à

formulação solicitada e nossa sugestão é apenas uma

confirmação que atende incertezas que ainda povoam nosso

mundo íntimo, destituído da fé necessária ao sustento do

espírito.

A Esfera Superior se esmera, com grande empenho, para a

implantação da obra evangélica no coração humano,

transformando condutas e sentimentos em imorredouras

edificações espirituais, objetivando, sobretudo, a renovação

da face planetária em base ao amor ao semelhante.

Enfastiados do domínio das Trevas, cansados do vendaval

de crueldades e ignorâncias que somente nos trazem

infelicidades, os espíritos de boa vontade desejam ver o orbe

iluminado pelo Evangelho, sanando todas as discórdias e

enriquecendo o homem de prolífero relicário divino. Afeitos

às venturas dos planos celestiais, anseiam trazê-las para

brindar a vida planetária, paupérrima de alegrias genuínas e

sedenta da elísia paz.

É inútil fugirmos espavoridos da dor que corrige e

encontra sempre o seu alvo, estabelecendo coerções onde

imperam a revolta e a maldade. Já não podemos mais suportar a

ausência do bem nas sendas humanas e, nossa sociedade

agoniza, sob o sufrágio da iniquidade infrene. Somente a

renovação de todos os sentimentos da alma, dirigida pelos

apelos sublimados do Cristo, pode transformar o cenário do

mundo, banindo os charcos sombrios da expiação que ainda

campeiam as suas paisagens, afastando-nos do Reino de Deus

que tanto ansiamos.

Eis então que todos os esforços dos seareiros cristãos,

de ambos os lados da vida, devem se investir destes objetivos

prioritários, sobrepujando todos os outros intentos de ordem

transitória do mundo físico. As conquistas monetárias,

indispensáveis ainda ao sustento da própria massa física que

o espírito carreia, devem ter por base estas mesmas intenções

para que não se dissolvam em ideais vazios e improdutivos de

bens espirituais, secando-se peremptoriamente, o ideal

sublime, qual a figueira estéril da parábola evangélica. Se

todo nosso empenho se esmerar na confecção de realizações

efêmeras e ilusórias da matéria, ainda que se apoiem em

propósitos nobilitantes, estarão fadados ao inevitável

derruir do tempo que a tudo consome.

Não se iludam, companheiros, o labor na carne é mera

motivação para que o patrimônio espiritual floresça em nossos

campos interiores, burilando-nos a contumaz e secular maldade

e faça despertar em nós o amor pelo bem, abrindo-nos as

portas da alma para a pujança e a felicidade que vicejam na

obra divina.

Objetivando, sobretudo, o desenvolvimento destes fins,

os recursos materiais, necessários ao sustento da obra

fraternista, são secundários e entregues ao labor humano,

afeitos às suas necessidades mais imediatas. Portanto,

sintam-se em liberdade para deliberarem como lhes aprouver na

busca das soluções indispensáveis à manutenção do arcabouço

físico sobre o qual se desenvolve o progresso espiritual

pretendido, sem olvidar jamais que a intuição é idioma de

fácil entendimento para aquele que segue os preceitos morais

implantados no imo da própria consciência.

Convocados a opinar, destarte, nossos superiores

recomendam de fato a disponibilidade da propriedade em

questão, a Fazenda Flamengo, saldando compromissos de “César”

a fim de que os “investimentos do Cristo” se libertem dos

onímodos fardos humanos e os esforços conjuntos se unifiquem

na reformulação dos valores eternos que realmente nos

interessam, confeccionando-se “tesouros que a ferrugem não

corrói e não se sujeitam ao assalto dos flibusteiros.”

Há necessidade urgente de que a máquina administrativa

do Movimento se simplifique ao máximo possível, evadindo-se

do guante econômico, evitando-se desperdício de recursos e

desvio de verbas espirituais dos títulos divinos,

encaminhados prioritariamente para a investidura na

construção evangélica. Desgovernados pelas exigências de

“César” os patrimônios da alma jazem oprimidos pela

sobrecarga de diligências improfícuas que sufocam os

sentimentos e deixam sedento o espírito; por isso, a extinção

da RECIFRA é, sem dúvida, o caminho mais condizente para que

o labor no campo do Evangelho não encontre óbices

intransponíveis, retardando-se a marcha indispensável rumo às

luzes do Cordeiro.

O Condomínio Rural da Cidade da Fraternidade vem

atendendo ao que se espera de uma entidade voltada para um

escopo eminentemente cristão, apesar da espiritualidade ainda

aguardar maior rendimento no plano das vocações humanas para

que os esforços empreendidos não os deixem depauperados dos

bens divinos.

Se o ideal da fraternidade cristã nortear nossos passos,

em momento algum estaremos inseguros quanto aos rumos a

seguir e o Senhor estará ao nosso lado, afugentando-nos as

incertezas da ignorância, que ainda prolifera em nossos

caminhos. E colimando nossas intenções estritamente nas rotas

do Evangelho, seguiremos a braços dados e passos decisivos,

unidos para sempre no alcance da felicidade suprema.

Paz a todos.

Adamastor (sob a orientação de André Luiz)

Mensagem recebida no Grupo da Fraternidade Espírita Irmão Vitor, de Belo

Horizonte/MG, 05/02/2002, pelo médium Gilson Teixeira Freire

GLOSSÁRIO

AGRUPAMENTOS CRISTÃOS ESPÍRITAS: o mesmo que Grupo da Fraternidade

Espírita.

CASA DO CAMINHO: primeira comunidade cristã da história da humanidade inspirada

nos ensinamentos e vivências de Jesus e erigida pelos apóstolos após o inesquecível

fenômeno do Pentecoste (registro em Atos dos Apóstolos por Lucas).

CENTRO ESPÍRITA: é escola de almas com responsabilidade na educação integral da

criatura humana, devendo promover, com vistas ao aprimoramento íntimo dos seus

freqüentadores, o estudo metódico e sistemático e a explanação da Doutrina Espírita,

consubstanciada na Codificação Kardequiana.

CIDADE DA FRATERNIDADE (CIFRATER): comunidade cristã espírita fundada em 20

de dezembro de 1963, situada no município de Alto Paraíso/GO. É uma sociedade civil,

religiosa, filantrópica, educacional e cultural, e de amparo à criança órfã em lares cristãos

espíritas, de modo que esta receba o amor envolvido pela energia que disciplina, ampara,

moraliza e evangeliza. É obra comum dos comunitários que ali residem e dos fraternistas

que se irradiam pelos Grupos da Fraternidade Espírita espalhados pelo Brasil,

vivenciando nos ambientes onde se encontram os mesmos sentimentos e anseios para

construção de uma família verdadeiramente espiritual. É uma obra de amor a construir-se

com sentimentos e emoções, mais do com que pedras e moedas, nascida do fundo do

coração dos seus idealizadores, inspirada na Casa do Caminho dos tempos primitivos do

Cristianismo.

CONFRATERNIZAÇÃO DAS MOCIDADES ESPÍRITAS DO MOVIMENTO DA

FRATERNIDADE (COMEMOFRA): trata-se de evento que congrega jovens cristãos

espíritas de várias partes do Brasil, vinculados à causa do Cristo e que se reúnem na

Cidade da Fraternidade durante o período do Carnaval. Precede-lhe o PRÉ-COMEMOFRA,

na forma de encontros regionalizados das Mocidades dos Grupos da Fraternidade Espírita,

ocasião aproveitada para permuta de experiências e para a elaboração de toda a

programação e ação futura da COMEMOFRA. Após a COMEMOFRA são realizadas as

Pós-Comemofra, evento igualmente regionalizado abrangendo as Mocidades dos Grupos da

Fraternidade Espírita conforme distribuição da OSCAL. As Pós-COMEMOFRA são

verdadeiras festas de confraternização e de reavaliação dos caminhos percorridos.

CONDOMÍNIO RURAL DA CIDADE DA FRATERNIDADE (CONCIFRATER): é um

instrumento criado para ocupar e fazer produzir as terras da Cidade da Fraternidade, além

do núcleo urbano. São 33 (trinta e três) glebas sendo 10 (dez) ecológicas, variando de 32 a

117 hectares cada uma, destinadas a garantir a auto-suficiência econômica da CIFRATER.

Os glebistas ou condôminos são comunitários ou cristãos espíritas indicados pelos Grupos

da Fraternidade Espírita. Têm o compromisso de destinar, depois de certo tempo, um

percentual equivalente a 10% da produção para a CIFRATER. O CONCIFRATER, dentro

de certos limites é uma reforma agrária cristã espírita, almeja a busca da auto-suficiência da

CIFRATER, livrando-a de dependências susceptíveis de ferir-lhe os objetivos filosóficos.

ECTOPLASMA: trata-se de substância albuminóide unida a um corpo gorduroso e com

células análogas às que se encontram no corpo humano. Particularmente notável é o grande

número de leucócitos; as expectorações, por exemplo, não contêm jamais tanto. Esta

matéria lembra fortemente o líquido linfático, sem contudo ser-lhe idêntico (SCHRENCK-

NOTZING – “Les Phenoménes Physiques de la Mediunité”). O ectoplasma é dócil ao

comando mental do médium e dos espíritos, podendo assumir formas variadas e exercer

inúmeras ações sob a influência do pensamento. Toma formas e características de um ser

vivo completo (agenere ectoplásmico) ou de peças anatômicas parciais, mas com aspecto

de objetos com vida. “A substância, caracterizada por um cheiro especialíssimo, escorria

em movimentos reptilianos, acumulando-se na parte inferior do organismo medianímico,

onde se apresentava o aspecto de grande massa protoplásmica viva e tremulante” – Nos

Domínios da Mediunidade – Espírito André Luiz pela mediunidade de Francisco Cândido

Xavier.

ECTOPLASMIA: é o processo pelo qual o ectoplasma passa do estado amofo ao estado de

organização morfológica. Ao transitar do estado amofo para o organizado, a substância

ectoplásmica muda também as suas propriedades físicas e químicas (“Espírito, Perispírito e

Alma” de Hernane Guimarães Andrade).

ESPÍRITA: ou espiritista é o adepto do Espiritismo, reconhecido pela sua transformação

moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más.

FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA (FEB): é a instituição responsável pela condução

do Movimento Espírita no Brasil, cabendo-lhe o dever intransferível de orientar a

propagação do Espiritismo, alicerçado na codificação de Allan Kardec, enfatizando os

aspectos de ciências, filosofia e religião. Tem a missão de orientar as Unidades Federativas,

desenvolver amplo trabalho de unificação, conjugando entidades, associações e congêneres,

contribuindo para o desiderato de tornar o “Brasil, coração do mundo e pátria do

Evangelho”.

FRATERNISTA: cristão compromissado com a causa do Cristo e com os ideais do

Movimento da Fraternidade. É aquele que vivencia a fraternidade no próprio ambiente em

que vive, abrindo as portas do seu lar para adotar pelo menos uma criança ou abrigar um

irmão carente em qualquer área e, na impossibilidade disto, fazer ou propiciar assistência

social e recursos a uma família necessitada. Preconiza sua vida no serviço fraternal.

GRUPO DA FRATERNIDADE ESPÍRITA (GFE): um centro espírita centrado na

revivescência do Cristianismo Primitivo e adeso à filosofia do Movimento da Fraternidade.

Uma entidade autônoma com personalidade jurídica e estatuto próprio, com sede e

domicílio nos diversos municípios dos Estados da Federação, que se propõe a vivenciar o

Programa de Trabalho Permanente (PTP) consubstanciado em: ensino da doutrina espírita

e do evangelho; assistência social espírita; tarefa de passes e formação de ambientes

espiritualizantes.

MATERIALIZAÇÃO: sugere o processo plasmador de um modelo organizador de natureza

biológica, podendo ser a forma plasmada a de organismos vivos inteiros, ou de peças

anatômicas perfeitas, com aparência de objetos vivos ou de criaturas humanas. (“Espírito,

Perispírito e Alma” de Hernane Guimarães Andrade).

MOVIMENTO DA FRATERNIDADE (MOFRA): de caráter universalista, é a união

voluntária de criaturas conscientes que, sob a égide de Jesus Cristo, se propõem a espalhar,

à luz da Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec, a verdade do Evangelho e a

praticá-la junto aos irmãos em humanidade, convivendo com a dor, levando à criança

desamparada o calor fraternal e ao doente ou carenciado a visitação, o remédio, o repouso,

a habitação, as vestes, a água e o pão. Movimento da Fraternidade objetiva a evangelização,

a espiritualização e o aprimoramento do espírito em evolução, encarnado e desencarnado,

em sintonia com a Espiritualidade Maior. O Movimento da Fraternidade propugna o

exercício da fraternidade simples e desembaraçada, priorizando a ação genuinamente

cristã.

MOVIMENTO ESPÍRITA: guarda o objetivo, antes de tudo, de divulgar os postulados da

Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec e reafirmar o pensamento original de Jesus,

embasado em conhecimentos que, há dois mil anos, eram impossíveis de ser propalados. Os

novos conhecimentos que o Espiritismo enseja devem ser divulgados nos seios das massas,

nas instituições religiosas, nas associações civis.

ORGANIZAÇÃO SOCIAL CRISTÃ ESPÍRITA ANDRÉ LUIZ (OSCAL): é uma

sociedade civil, religiosa, filantrópica, educacional e cultural, de âmbito nacional,

constituída de entidades espíritas autônomas com personalidade jurídica própria

denominadas Grupos da Fraternidade Espírita, regidas por um Estatuto Padrão, com sede e

foro nos diversos municípios do Estado da Federação, e da Cidade da Fraternidade,

comunidade cristã espírita, com Estatuto próprio, edificada no município de Alto Paraíso /

GO.

RECIFRA - FLORESTADORA, REFLORESTADORA E AGROPECUÁRIA CIDADE

DA FRATERNIDADE: empresa constituída sob a forma de associação, de caráter

filantrópico com o objetivo de prover recursos financeiros para a sustentação financeira da

Cidade da Fraternidade. No total, 27 Grupos da Fraternidade Espírita associaram-se como quotistas para formar a RECIFRA. As atividades de florestamento e reflorestamento

aconteceram em terras do Ministério da Agricultura, mediante Contrato de Comodato,

adjacentes à Cidade da Fraternidade no espaço de 1.000 alqueires. Cumprida a etapa a

ela programada, cuida-se neste momento da sua extinção, sendo que as terras já foram

devolvidas à União.