livro deuses completo para leitura

7/24/2019 Livro Deuses Completo Para Leitura.

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Hlida Flix Dos Reis

Deuses IO que vai mudar os sonhos...

U ma pintura ntima do

Poder da Glria e da

Paixo.

So Paulo

1 Edio - 2014


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H lida Flix dos Reis

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Copyright 2014Todos os direitos reservados :

Hlida Flix Dos Reis

1 Edio - Junho de 2014

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Deuses I

O que vai mudar os sonhos ...

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Ateno: Durante a leitura, podem aparecer na sequncia

pginas em branco, mas pode continuar a passar as

pginas, pois o livro est completo. Esse erro ocorre

devido a transformao dele em PDF. Boa viagem pelo

mundo mgico dos Deuses.


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H momentos na vida em que podemos transformar em realidade todos os nossos

sonhos; e h momentos na vida de uma pessoa em que ela pode transformar em

realidade todos os sonhos que sonhamos em algum momento de nossas vidas. Por isso

no posso deixar de agradecer a estes realizadores: Deus, meus pais: Rogrio Reis e

Maria Das Graas Reis. Avs: Geraldo Evangelista e Adair Antnia. Irmos: Evelyn Reis,

Hellen F. Reis, Liliam Reis, Rogrio Reis. Amigos entre muitos: Joel Marcos Dos Anjos,

David J. Paiva , Lucas O. C.S, pois sem esses no haveria esta histria.


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Sobre a autora

Hlida Flix Dos Reis brasileira, nasceu em Contagem, cidadesituada na regio central de Minas Gerais no ano de 1985. Escritorade fico/romance para jovens adultos, graduada em Direito. Deu incio criao da obra Deuses no ano de 2007, vindo a encerr-laem janeiro de 2014, ano no qual se deu a publicao do primeiro livroda srie.


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APRESENTAO DA SRIE

Locs o grande deus concedeu a cada uma de suas criaturas um

poder distinto, e os definiu como deuses. Os deuses se renem edestroem Locs. Trilhes de anos se passam... O grande deus renasce

como Lucas o deus da criao. O belo e jovem deus se apaixona pela

estonteante deusa da verdade. Para demonstrar o seu amor sua

amada, Lucas cria a humanidade para presente-la. A maliciosa

deusa da vingana descobre e entrega Lucas e sua amada suprema

corte celestial. Lucas condenado morte eterna, Hlfs condenada

a virar humana. Enquanto todos os deuses acreditam que Lucas est

morto, o deus da sabedoria o envia junto com Hlfs para o mundo

dos humanos.

Os trs livros da srie se passam em grandes momentos

histricos de nossa civilizao: Renascimento, Imprios: Asteca e

Maia, e Ditadura. At a quarta obra: Deuses incio, meio e fim, que

encerrar a srie, na qual Lucas vivendo em Roma no sculo XX

um vampiro vocalista da maior banda de rock do mundo, descobre

ser o grande deus e retorna para a batalha final com os deuses.


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Sumrio

Decifrando o enigma ............................................... 15O que vai mudar os sonhos ...................................... 47

Prlogo: A morte de Pan.......................................... 49Captulo 1 ............................................................... 55Captulo 2 ............................................................... 63

Captulo 3 ............................................................... 69Captulo 4 ............................................................... 81

Captulo 5 ............................................................... 87Captulo 6 ............................................................... 103Captulo 7 ............................................................... 119Captulo 8 ............................................................... 127Captulo 9 ............................................................... 139

Captulo 10 .............................................................. 155

Captulo 11 .............................................................. 169Captulo 12 .............................................................. 179Capitulo 13 .............................................................. 189Capitulo 14 ............................................................ 201

Captulo 15 ............................................................ 209Captulo 16 ............................................................ 227Captulo 17 ............................................................ 251Captulo 18 ............................................................ 259


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O mundo celestial estava em silncio. Os servos dos

deuses: magos e bruxas tinham sido obrigados apermanecerem em suas casas durante a quarentena. Os deuses

estavam reunidos, e no acreditavam no que os seus olhos

viam.

Lucas, esta a sua ltima chance.

Silncio.

Hlfs, esta a sua ltima chance.

Silncio.

Bem, vocs escolheram a pior forma possve l: Lucas o

deus da criao cometeu o maior crime do mundo celestial,

no haveria lhe outra pena que no a morte eterna. Por isso

quando a lua desaparecer perder todo o seu poder e ser

amarrado na oliveira sagrada. Hlfs deusa da verdade passar

a fazer parte do jogo, mas com uma diferena: antes ele era

controlado por vocs, agora quem o controla somos ns.A deusa da vingana bateu o martelo sagrado. O barulho

agudo ressoou pelo infinito.


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Decifrando o enigma

Venha Hlfs... Corra... Venha comigo.

No... No podemos ir disse a pequena garota

parando de correr no faa isso Lucas, seus pais te

colocaro de castigo!

No ligo Gritou o garoto mais distante, quero

descobrir o que tem do outro lado.

Voc pode at ir...gritou a bela garotinha de cabelos

cor de melmas vou agora mesmo contar aos teus pais.

J disse que no ligo! gritou o menino de olhar

celestialvou conhecer o universo.

A ltima palavra ecoou pelo horizonte. O belo garoto

desapareceu aps passar pelo portal do arco- ris.

A garotinha de cabelo encaracolado assistiu a tudo

contrariada. No vendo mais o seu amigo refez o caminho porentre as nuvens, chegando at o palcio de cristal. L

chegando fez se anunciar; sendo recebida logo em seguida por

Luiza a deusa da justia e Teodoro o deus da paz, ambos os

pais de Lucas: o pequeno e futuro deus da criao.

A que devemos a honra de sua visita minha pequenadeusa da verdade?disse a bela Luiza olhando


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carinhosamente para a pequena Hlfs.

Vim trazer notcias de Lucasdisse a pequenina sem

graa.

Como assim? perguntou Luiza erguendo a

sobrancelha.

Lucas foi at o portal do arco- ris, e atravessou todo ele,

concluiu ela rapidamente.

No acredito que ele desobedeceu s minhas ordens!

disse Teodoro secamente.

Silncio.

Bem, j est tarde... melhor ir para seu castelo,

disse Luiza teus pais j devem estar sua espera

concluiu ela.

A pequena Hlfs deixou o palcio de cristal e caminhou em

direo ao seu castelo, deixando a deusa Luiza e o deus

Teodoro para trs.

O que fazemos agora?disse Luiza.Eles entreolharam-se.

No h mais nada que possamos fazer, o jeito

esperarmos ele retornardisse Teodoro.

No seremos perdoados, pois o que o nosso filho fez foi

muito grave! A corte ir nos cobrar por isso. O deus do tempo


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deixou escrito nos mandamentos, que no podemos passar

pelo portal dos arco- ris. E agora, o que fazemos? disseLuiza aflita.

Fique calma Luiza, no para tanto... O mandamento

diz que nenhum dos deuses pode ultrapassar o portal, mas

Lucas apenas uma criana. Portanto no vejo nada de grave

nisso... Mas olhe, quando Lucas retornar, teremos umaconversa muito sria com ele.

Esse o problema Teodoro, ele pode demorar sculos

at retornar, e quando isso acontecer Lucas ser

definitivamente um deus. O deus do tempo no vai nos

perdoar

sussurrou ela.

Eles entreolharam-se.

Tenho uma ideia!disse eleprocurarei a deusa da

viagem e pedirei a ela para traz- lo de volta.

No vai funcionar, pois os poderes dos deuses no

funcionam sob ns.

Sim, mas no se esquea de que Lucas ainda uma

criana, e sendo assim, ele ainda no possui total controle

sobre seus poderes.Faa isso ento. Ficarei aqui no palcio esperando por


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vocs


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Est bem, j estou indo.disse ele fechando os olhos e

desaparecendo diante de sua esposa.Ela sorriu confiante, sentando-se em sua poltrona de

nuvens.

Aps algum tempo um feche de luz celestial parou no

centro do salo, onde Luiza ainda descansava. Ao desaparecer

a luz, o pequeno Lucas acompanhado por Teodoro estava devolta ao salo do palcio de cristal.

Luiza ao sentir a presena dos dois abriu suas plpebras,

olhando furiosa para seu pequeno filho que a olhava com olhar

de medo.

Desculpe mame!apressou-se ele a dizer, quando ela

fez que ia se levantar.

Luiza levantou, aproximando-se dele abaixou o seu corpo

ao tamanho do dele e sussurrou em seu ouvido:

V para o seu quarto! Voc est de castigo e apenas

sair de l daqui a quinhentos anos, quando enfim se tornar

um deus, antes disso esquea. V... suba.

Uma lgrima escorreu na face do pequeno deus, e ele

comeou a fechar suas plpebras.

Nem pense nisso!disse o seu pai como castigovoc est proibido de utilizar os seus poderes, voc vai subir


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com seus prprios pezinhos os 7.777 degraus at o seu quarto.

E venha at aqui disse seu pai tocando nele, estoutransferindo os seus poderes para mim, daqui a quinhentos

anos te devolvo. S assim temos certeza de que voc no vai

aprontar mais nada.

O menino de olhar verde intenso saiu do salo e comeou a

subir a contra gosto, a imensa escadaria.

Ser que exagerei no castigo meu bem? disse Luiza

desconsolada.

No meu amor, como deusa da justia o castigo que voc

concedeu foi justo. O que Lucas fez foi muito grave, e seno o

corrigssemos agora, ele iria repetir esse ato, e a sim,

estaramos arruinados. Vamos dormirdisse Teodoro.

Vamos simdisse ela,ah! Por favor, s me acorde

daqui a quinhentos anos.

Como quiser minha deusa.

Eles fecharam os olhos e sumiram no imenso salo oval.

Quinhentos anos para ns meros mortais muito tempo,

pois temos a certeza de que daqui a quinhentos anos nem vivos

estaremos mais, mas para aqueles que so imortais quinhentosanos no significam nada, pois possuem toda a eternidade.


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Segundo crenas dos seres inferiores, toda criana que

nasce a cada sete milhes de anos, no dia em que a lua se juntacom o sol, pode ser a reencarnao do grande deus. No dia em

que isso acontecer, o mundo celestial correr perigo, pois o

grande deus vai se vingar de suas criaturas. Mas a lenda diz

que Locs apenas ter os seus poderes ampliados, quando amar

intensamente uma deusa. Sendo lenda ou no, os bebs quenascem nesse dia so colocados por Lhis o deus do tempo em

ninhos de serpentes e devorados por elas.

Meu Deus! Lucas como voc est lindo!

Me! sussurrou Lucas ainda fraco tentando se

levantar.

No, meu filho. No faa nenhum esforo, pois voc

est sem energia. Espere por mais algum tempo, pois seu pai

vai lhe devolver seus poderes. Voc est muito fraco, no ia

parar em p agora.Concluiu Luiza acariciando calmamente

a face de seu filho.

Teodoro aproximou-se da cama de seu filho, tocou por

alguns segundos sua mo esquerda sob a testa de Lucas. Aos

poucos o jovem deus foi recuperando suas energias. Pronto meu filho... Viemos acord-lo, para que voc


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volte a saborear a eternidade.Concluiu Teodoro entregando

as vestimentas de Lucas.Por terem se passado quinhentos anos Lucas j havia se

tornado jovem, e por esse motivo suas vestimentas estavam

estraalhadas pela cama. Terminou de vestir-se. Parou esttico

de frente para um espelho de cristal.

Por Locs! sussurrou Lucas se vocs noestivessem aqui nem eu me reconheceria! Quanto tempo

estive dormindo?disse ele incrdulo.

Exatamente quinhentos anosdisse sua me.

Eles entreolharam-se.

Como se sente meu filho? indagou Teodoro.

Sinto- me bem. concluiu ele ainda olhando com

curiosidade para o espelho.

Lucas o deus da criao era infinitamente belo: sua pele

alva como a nuvem, seus olhos cintilantes como as estrelas

esverdeadas, e seu cabelo negro como a noite concediam a ele

a beleza mais incrvel vista por toda a eternidade.

Agora sou um deus?indagou intrigado.

Simrespondeu sua me que continuou,hoje um

dia muito importante em sua vida meu filho, pois hoje teremoso cerimonial do trampolim, e voc ser consagrado o novo


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deus da criao. Ento oua bem meu filho: a partir desta noite

voc passar a ter poderes infinitos, uma vida e juventudeeternas... Por tanto dever obedecer todas as regras de nossa

corte celestial, pois apesar de adquirir muitos poderes, voc

tambm passa a ter muitos deveres para com a nossa

comunidade de deuses. concluiu ela com seriedade.

Bem, agora eu e seu pai vamos nos produzir para o belssimobaile do trampolim, deixaremos voc a ss. Descanse um

pouco e recupere suas energias, pois quando a natpice

acontecer estaremos no saguo do palcio sua espera.

Concluiu a deusa da justia se desmaterializando junto com

Teodoro do quarto de Lucas.

As dimenses do quarto de Lucas eram incrveis! A cada

metro que caminhava, se via dentro de um local diferente.

Lucas abriu a porta do quarto da infncia, e se deparou com

vrias guloseimas espalhadas em bandejas de cristal, passou

por brinquedos cristalizados, entre eles: aerocarros,

discomotos e scolkt, este o carro que apenas os meninos

deuses podiam ter, pois ele passeava por toda a rea celestial.

Era equipado com acessrios modernos, como o ultra-

perfomance, que quando acionado transformava o carro


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em aeromotos e submarinos. Lucas de repente piscou sua

plpebra esquerda, trs portas apareceram em uma nicadimenso, ento abriu a porta da adolescncia... Entrando em

passos lentos, viu um som magntico por cima de uma estante

de ouro, ligou-o, uma msica melanclica com sons de

guitarra comeou a ecoar. Percorria calmamente o quarto,

reparou a tela de diamantes em forma de corao escrito meuprimeiro amor, achou aquilo um pouco dramtico demais,

com um sorriso em sua face se transferiu novamente. Desta

vez entrou no quarto da juventude, tentou com a fora da

mente pul-lo e passar para o da vida adulta, mas a porta no se

abriu, para entrar neste seria apenas depois de casado.

Contrariado retornou para o quarto da juventude, aproximou-

se da janela, reparando o belssimo lago de gua cristalina, no

qual uma bela e jovem deusa danava por entre suas guas.

Por impulso abriu a imensa janela de diamantes e jogou se de

cima dela. Percorreu lentamente os jardins de ptalas de ouro,

ao aproximar-se mais, teve a viso mais sublime de sua vida:

uma bela deusa de pele morena, cabelo cor de mel divinamente

cacheado, pequenos olhos negros, danava por entre as guas.

Seu vestido de pura seda na cor gelo demonstrava cada curva

sensual de seu corpo. Parecia flutuar e deslizar em si, graas


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tamanha beleza e perfeio.

Esse ritual era conhecido como o ritual deusa dos lagos, acada mil anos a mais bela das deusas era chamada pela deusa

dos lagos para reverenci-la. O ritual era algo muito ntimo e

apenas oferecido deusa, portanto restrito. Lucas sabia disso,

mas no conseguia retirar os olhos daquela apaixonante

jovem. A deusa inclinou levemente o seu corpo que ficoudeitado e suspenso ao ar, seu enorme cabelo quase tocou a

gua, ela sorriu, o vento de uma s veza deixou nua. Com uma

nica brisa leve seu corpo foi atirado no centro do lago, que

em seguida se fechou devorando-a. Lucas ficou esttico,

suspirou fundo, como se houvesse perdido os sentidos,

aproximou-se calmamente do lago, de sbito mergulhou nele.

O mundo divino era dividido em castas e de forma

estritamente hierrquica, uma vez nascidos para serem deuses,

seriam deuses, e uma vez nascidos para serem magos, ou

bruxas assim seriam. O planeta divino era feito atravs de

combinaes, nenhuma lei podia ser infringida, pois qualquer

mudana na rbita celestial podia causar a destruio do

universo! O respeito pelas leis divinas era seguido risca.

Vivia-se na mais extrema paz celestial.


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Logo aps, os casais sentaram-se em suas mesas. Uma divina

refeio comeava a ser servida.

Em uma sala inversa sob uma imensa plataforma Lucas

aguardava para ser chamado, era chegado o momento do ponto

alto da cerimnia: conforme a tradio o deus do fogo ergueu

uma imensa tocha capaz de iluminar todo o universo, o quesegundo a tradio faria com que Locs pudesse saber que um

novo deus estava sendo coroado. Os deuses em sua maioria

no acreditavam que Locs existiu, mas os seres inferiores:

bruxas e magos tinham a certeza, acreditavam que a qualquer

momento o grande deus iria retornar. Mas pelo sim e pelo no,

os deuses seguiam alguns preceitos.

A lua estava encoberta pela estrela maior, o que fazia com

que todo o universo resplandecesse naquele instante. Dava

para se ver a olho nu todo o espao. E neste momento de pura

magia todos os deuses se encontravam sentados em suas

cadeiras cravejadas por diamantes. Estas cadeiras estavam

dispostas em formato de tringulo o que simbolizava a

abertura da magia. Todos ficaram em silncio. Dois deuses

foram levados at o altar, postos um de frente para o outro,

tinham os olhos vendados por uma seda vermelha. As deusas


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que estavam no altar retiraram o vu dos dois. Silncio! Lucas

ficou esttico olhando para a deusa. Por Locs, como ele belo! pensou a deusa sentindo o seu corao bater mais forte.

Lucas no desviava o seu olhar do dela. O silncio foi

interrompido por uma melodia mrbida: era o som de euziz, o

som da melodia que foi tocada quando o mundo se formou. Em

pares, formando um tringulo os deuses comearam a danar.Lucas cumprimentou sua dama, pegando-a pela cintura, a

deusa passou sua mo esquerda em volta do ombro de Lucas

como se o abraasse, segurando suavemente sua mo direita na

mo esquerda dele, ela sorriu, e ele hipnotizado comeou a

danar com ela. Era o mais belo casal de todos os tempos! Os

passos de Lucas eram sublimes, e a bela deusa parecia que

flutuava em seus braos.

Essa dana no era uma dana comum, conforme os

movimentos e o sentido horrio no qual os deuses danavam

modificava-se a esfera planetria. Ao fim da msica, como

num passe de mgica as estrelas desapareceram do cu, a

estrela maior era a nica que permanecia imvel e radiante. A

msica parou de tocar. Um silncio se fez, a estrela maior

comeou a se movimentar, descendo em direo ao tringulo,

e cada vez que se aproximava do cho, ia diminuindo, at ficar


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do tamanho de um tringulo. Quando a estrela se encaixou no

cho, as constelaes voltaram a aparecer. A lua voltou para oseu lugar, e a natpice desapareceu. Toda vez que um deus era

condecorado esse ritual tinha de ser feito, caso contrrio a

natpice ficaria eternamente. A natpice nada mais era do que o

encontro do dia com a noite. Para encerr-la, era necessrio

que a estrela maior casse ao cho. Em todos os rituais aps aqueda da estrela aparecia um grande arco- ris apontando para o

norte. Entretanto nesta noite o arco- ris to esperado no

apareceu, o que causou certo tremor aos deuses, pois segundo

os seres inferiores, no dia em que o arco- ris no aparecer,

significa que o grande deus renasceu. Mas isso eram apenas

supersties.

A bela deusa sentou em sua poltrona de diamantes, Lucas

sentou ao lado dela, deram as mos. Uma esfera de energia

pairou no ar. O espao estremeceu por alguns segundos, mas

os deuses, se quer se movimentaram, continuavam intactos.

Essa energia comeou a percorrer o corpo dos deuses, era a

grande energia que acabava de coroar Lucas como o deus da

criao e a bela deusa, como a deusa da verdade.

Aps a coroao, os dois novos deuses foram prontamentelevados casa do deus do destino. A festa continuava entre os


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outros deuses, era a mais bela festa j vista em toda eternidade.

O palcio do deus do destino ficava ao lado oeste das terras

frteis: um local um tanto quanto obscuro devido aos enormes

arbustos que percorriam todo o caminho. Embora tivessem

sido coroados deuses, Lucas e a deusa da verdade apenas

poderiam entrar no palcio do deus do destino percorrendocom seus prprios ps todo o caminho. Os jardins do local

eram imensos, haviam arbustos cados no cho, o que causava

no lugar certo ar de suspense. De acordo com o ritual quando

mais de um deus era coroado cada um devia passar por uma

entrada, percorriam um caminho escuro, sem luz alguma, com

barulhos ensurdecedores, e mesmo que tentassem usar os seus

poderes era em vo, pois ali nada funcionava. Flores e rosas

caam ao ar a cada passo que os deuses davam. Lucas

caminhou toda a rea chegando primeiro que a bela deusa ao

palcio do destino. Estava com a respirao um pouco

ofegante, mas mantinha-se bem. Tentou abrir a porta

principal, entretanto no conseguiu estava travada. Olhou para

o local, teve uma sensao ruim. O palcio era obscuro, no

havia se quer uma janela, tudo estava fechado. O silncio

causava uma sensao de pnico, Lucas forou a porta


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novamente, mas era


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impossvel abrir. Percebeu que no adiantava forar, apenas

ser aberta quando for da vontade de Kalazar.

Ento voc ainda est a!Sussurrou a voz feminina edoce.

Lucas olhou para a direo da bela voz.

Pensei que j tinha entrado no palciodisse a bela e

jovem deusa sorrindo.

Voc fala comigo como se me conhecesse, quando na

realidade nos vimos h pouco tempo.disse Lucas sorrindo

ao ver que era a deusa da verdade.

Como no nos conhecemos!

Se nos conhecemos no me lembro de onde.disse ele

fazendo pouco caso.

Bem, fui culpada por voc ter dormido por tanto tempo.

sussurrou ela sorrindo.

Hlfs!murmurou ele.

Sim. disse ela jogando sedutoramente o seu belocabelo para trs.

No sei se fico feliz por rev-la!concluiu ele olhando

curiosamente para ela.

Ela sorriu.

Espero que no me de...Hlfs no terminou de


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pronunciar a frase, pois a porta principal acabava de ser aberta.

Um mago estava na porta principal e conduziu-os para dentrodo palcio. O local por dentro era tranquilo, as cores eram

claras, e guas eram jorradas por vrias fontes dentro do

palcio. Se por fora era calafrio, por dentro era paz.

Entrem disse o mago abrindo a porta da sala

principal.Silncio.

Lucas e Hlfs entraram com cuidado dentro do grande

salo. Havia quadros espalhados por toda parte, pintados com

cores vivas e fortes.

Nunca vi nada parecido!disse Lucas aproximando-se

com curiosidade de um dos quadros.

Sentem falta do passado? disse o deus Kalazar

entrando na sala. Kalazar era um belo homem de olhos

esverdeados, pele negra como a noite, e um sorriso magnfico

na boca, tinha lbios finos e nariz fino, vesti-a se como um

lorde ingls e era calmo em sua fala.

Falta do passado?indagou Lucas.

Sim, dizem que todo deus sente falta do passado... e

vocs no sentem?disse ele fazendo um sinal com as mos.Em seguida todos os quadros que ali estavam desapareceram.


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A parede ficou branca e vazia como todas as outras do palcio.

Por que sentiramos falta do passado se vivemos naeternidade?concluiu Lucas.

Meu jovem deus,disse Kalazar o rodeando,se no

sente falta do passado porque ainda no soube olh-lo como

devia.Disse Kalazar fitando-o.

Ou... Porque no o tive, pois at pouco tempo apenasdormia.disse Lucas.

E se eu te disser que se tivesse olhado bem para queles

quadros voc se lembraria do passado? disse Kalazar os

fitando.

Lucas o olhou com curiosidade.

O que pode dizer sobre meu passado?disse Lucas.

Descobrir sozinho.concluiu Kalazar.Bem todos

tm um destino, ainda que sejamos deuses cada um de ns

carrega um compromisso,disse Kalazar sentindo-se mais

vontade.Voc deve ser Hlfs minha doce deusa da vida?

Lucas e Hlfs se entreolharam.

Sim sou Hlfs.disse ela com doura,mas no sou

deusa da vida, sou a deusa da verdade. concluiu ela um

pouco tmida.E o que h de verdadeiro entre a deusa da vida e a deusa


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da verdade?disse Kalazar, olhando-a profundamente.

Bem, ela fez uma pausa e continuou a deusa davida a nossa grande me, ela foi esposa de Locs o grande

deus; e eu sou apenas uma simples deusa que busca guardar e

proteger a verdade.

O deus do destino puxou a gola de sua camisa de ouro

comeando a girar em passos lentos ao redor de Hlfs queestava no centro.

Vejo que devota do grande deus! disse Kalazar

parando de sbito e fitando o olhar de Hlfs.

Sim.concluiu ela secamente.

Ento voc acredita na lenda dos seres inferiores! De

que fomos criados por um deus, que se criou, e criou sua

mulher, e que depois nos criou, e em seguida ns o matamos e

que ele vai retornar para se vingar de todos ns? disse ele

rapidamente sem se quer pontuar qualquer frase. Como

pode uma deusa to bela e inteligente acreditar em tantas

balelas!concluiu sarcasticamente.

Lucas flexionou os msculos de seu maxilar sorrindo

discretamente.

Eu no sou uma tonta!disse ela fitando furiosamenteo olhar de Lucas que no se controlou e sorriu; desta vez com


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mais intensidade. Vocs riem porque no so capazes de

acreditar em um amor supremo. Mas eu acredito, e creiofielmente de que a grande lenda de nosso deus real, assim

como creio que ele voltar e encontrar sua amada. E como na

lenda, nesse dia ter os seus poderes aumentados, voltando a

reinar e viver. Deste dia em diante o cu ser eternamente

belo. Acabaro as hierarquias, e todas, desde a menor criaturaat a mais sublime tero uma eternidade justa. Sem as

autoflagelaes que so impostas pelos deuses, e nem a morte

eterna, que so julgadas de acordo com os interesses da corte

suprema.

Silncio.

Os trs se entreolharam.

A bela deusa sabe que o que acaba de dizer aqui um

crime? Pois se a corte ao menos imaginar que h entre os

deuses algum que segue fielmente os preceitos dos seres

inferiores, mand-la-o para a morte eterna. disse Kalazar

mostrando-se chocado.

Sei. disse ela mordendo os lbios e sentindo-se

acuada naquele momento.Mas apenas lhes disse isso, pois

sou a deusa da verdade. Posso me manter em silncio, mas no

posso mentir quando me obrigam a dizer.


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Sei bem como ... disse Kalazar. Mas fique

despreocupada no entrego ningum corte.Hlfs deferiu o seu olhar de medo para Lucas.

No se preocupe este a tambm no fala nada. disse

Kalazar ironizando Lucas que desde quando chegou ali no

desviou o seu olhar de Hlfs.

Hlfs suspirou aliviada, mas um pouco tensa ainda. Lucasficou sem graa, mas continuou olhando para ela com

curiosidade.

Venham at aqui quero lhes mostrar uma coisa. disse

Kalazar com euforia.

Lucas e Hlfs aproximaram-se de Kalazar que estava de

frente para uma parede branca, que antes estava repleta de

quadros.

Vejamdisse Kalazar.

No vejo nada alm desta parede branca.disse Hlfs.

No olhem para a parede, olhem para alm dela.

murmurou Kalazar.

Hlfs e Lucas tornaram a olh-la, mas desta vez com mais

percepo.

Este o universo sussurrou Kalazar, mas nocomo o conhecemos hoje, este era o universo no momento em


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que ele foi criado.lembra-se?Perguntou Kalazar

olhando para Lucas.No havia sido concebido nesta poca. disse Lucas

com arrogncia afastando-se da parede.

No me engane Locs. disse Kalazar esbravejando,

fechando de uma nica vez a parede que dava viso para o

universo.Hlfs e Lucas se assustaram com a mudana de Kalazar.

Voc um Louco!disse Lucas explodindo fomos

chamados a vir aqui, porque nos informaram que o senhor o

deus do destino, e que ia nos informar sobre a nossa funo

como deuses, e at agora o que tenho visto que fala de

passado, e como se no bastasse ainda troca os nomes! H algo

de errado aqui e eu quero saber o que est acontecendo, ou o

que nos esconde.

Ser que eu realmente sou louco!exclamou Kalazar

erguendo novamente a gola de sua blusa em um tom rspido de

ironia. mas vamos ao que interessa, sentem-se os dois

agora, porque vou ler os seus destinos.

Aps falar isso, duas poltronas se arrastaram sozinhas,

aproximaram-se de Lucas e Hlfs, que em seguida sesentaram. Logo aps uma mesa giratria apareceu do nada, o


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baralho do destino se partiu sozinho espalhando-se por toda a

mesa.Tirem uma nica carta.disse Kalazar sentando-se

mesa em tom de poucos amigos.

Lucas e Hlfs retiraram a carta, e a entregaram nas mos de

Kalazar. Kalazar correu os olhos nas cartas e olhou para os

dois um pouco descrente. Que alvio! ultimamente meus sentidos tm me

enganado.Concluiu ele jogando as cartas na mesa.Peo

lhes desculpa pelo mal entendido, mas que eu podia jurar que

vocs eram eles.disse Kalazar.

Eles quem?perguntou Hlfs curiosa.

Eles ora! disse Kalazar ajeitando a gola de sua

camisa.Mas que loucura a minha, como posso ter cogitado

essa insanidade!Concluiu ele olhando para as cartas.

Do que ele est falando?sussurrou Hlfs virando-se

para Lucas.

No fao ideia.disse Lucas fitando Kalazar. Mas

no faa mais perguntas, deixe o ler nosso destino e vamos sair

daqui.Concluiu Lucas flexionando os maxilares.

Hlfs balanou delicadamente o seu rosto em sentidopositivo.


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Bem o destino de vocs completamente sem graa.

disse Kalazarpor tanto me coloco no direito de nem diz-los para vocs. Vivero eternamente como qualquer outro deus,

tero uma famlia e vivero bem. Nada mais. concluiu ele.

Agora quero que se retirem de meu palcio, e espero

nunca mais v-los. Vo e no me incomodem mais.

A ltima frase pronunciada por Kalazar que em seguidadesapareceu da imensa sala.

Lucas e Hlfs caminharam at a sada. Na porta uma bruxa

esperava por eles. Ao contrrio dos deuses que eram eternos as

bruxas e os magos eram mortais, viviam aproximadamente at

os setecentos anos de idade, no tinham uma aparncia

eternamente jovem como a dos deuses. Pela aparncia desta j

devia estar prxima da morte.

Aqui esto os mandamentos. disse a bruxa em um

tom de voz rouco entregando um envelope lacrado nas mos

de Lucas, e outro nas mos de Hlfs.

Obrigada. disse Hlfs pegando-o e sorrindo

gentilmente.

Obrigado.disse Lucas olhando com pena para a face

da velha.Lucas fechou suas plpebras.


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A velha deu uma gargalhada estridente, Hlfs olhou

chocada ao reparar que a bruxa tinha apenas um dente na boca.No adianta meu senhor... Seus poderes no funcionam

aqui. Ter que voltar pelo mesmo caminho que usou para

chegar, sem usar seus poderes.concluiu ela com o mesmo

tom de voz rouca e seca.

Lucas abriu suas plpebras e sorriu como quem pededesculpas.

Que olhos lindos meu filho! disse a bruxa olhando

para Lucas,a senhorita tem sorte, alm de ter nascida como

deusa tem como namorado um belo deus.disse ela sorrindo

e piscando os olhos para Lucas.

Hlfs ia dizer algo, mas Lucas a interrompeu.

Por que nossos poderes no funcionam aqui?indagou

Lucas mostrando-se curioso.

A bruxa olhou para Hlfs e gargalhou como quem acaba de

ouvir a maior besteira do universo.

Tenho mais o que fazer.disse a velha bruxa voltando

a si, e desaparecendo da porta.

Ela agiu assim, porque achou que estava brincando com

ela, pois todos sabem o motivo de nossos poderes nofuncionarem aqui.


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E a bela deusa pode me dizer?disse ele parando o seu

olhar no dela.Ela sorriu sem graa.

Este local por onde todos os deuses tm de passar aps

serem coroados. H quem diga que o deus do destino um

grande inimigo do grande deus, e que ele teme que o grande

deus retorne para se vingar. Por isso a necessidade de quetodos passem por aqui, pois o deus do destino saber quando

encontrar-se com o grande deus e o destruir novamente antes

que ele nos destrua.disse ela em tom de suspense.

Voc continua bela. disse Lucas olhando

profundamente nos olhos de Hlfs.

Eles se entreolharam.

Voc fala como se j me conhecesse h muito tempo.

disse ela sentindo-se envergonhada.

E a conheo disse ele sorrindo docemente.

esqueceu-se de que quando ramos crianas estvamos sempre

juntos? E a vi danando para a deusa dos lagosconcluiu ele

sinicamente.

Ela o olhou com repulsa.

Voc um pervertido! Vou- me embora.Hlfs se desequilibrou. Lucas a puxou pelo brao para no


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deix-la cair, ento o belo deus a encostou em seu corpo.

Proteo o que sempre vou te dar.sussurrou ele noouvido de Hlfs.

Silncio. Os dois ficaram se olhando. Hlfs ainda se

apoiando no corpo de Lucas sentia de perto a respirao forte e

ofegante dele.

Obrigada!disse ela sorrindo docemente.Lucas a fitou, o olhar dos dois se cruzaram.

Venha vamos sair daqui. sussurrou ela se afastando

dele e estendendo suas mos.

V. disse ele em tom rspido alterando

completamente o seu comportamento.

Gostaria que me acompanhasse,ela fez uma pausa e

continuou. Apenas para entrar que temos de estar

separados.

Prefiro assimdisse ele a olhando com curiosidade.

Hlfs saiu sem se despedir e sem olhar para trs.

Lucas ficou parado por alguns instantes, de sbito

desapareceu no meio da escurido.

A jovem e bela deusa, aps passar pelo ltimo portal do

palcio do deus do destino, fechou suas plpebras e sumiu porentre as luzes estrelares.


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Chegando ao seu palcio, Hlfs reparou que estava

sozinha, concluiu que seus pais ainda estavam na cerimniado trampolim. Fechou as plpebras e em instantes estava em

seu quarto. A jovem deusa abriu com cuidado o mandamento

que trazia consigo, correu os olhos nele, em seguida tornou a

enrol-lo, e o guardou na gaveta de uma escrivaninha. Hlfs

pensou e desejou banhar-se na mais gigante cascata de guamorna. De repente Hlfs estava em um belo bosque repleto por

pssaros que cantavam, se ps embaixo da grande cascata.

Suspirou profundamente. Os imensos cachos de Hlfs

comearam a se desfazer pela fora da gua. Senti-a se

aconchegada, mas pde perceber que sua alma chorava por

dentro. A deusa no entendeu o motivo, mas percebeu que

Lucas havia mexido completamente com sua alma.

A grande festa do trampolim havia chegado ao fim, os

deuses retornaram para os seus palcios. Lucas havia chegado

um pouco menos de o dia amanhecer. Olhou para o relgio

estrelar e percebeu que faltavam poucos segundos para o sol

voltar a brilhar, porm no desejava levantar-se to cedo. Em

seguida o seu quarto espelhado ficou completamente escuro.

A luz do sol que comeava a bater contra sua janela voltou a

ser escondida, pois Lucas desejou que voltasse a ser noite em


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O que vai mudar os sonhos ...seu


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palcio. Lucas fechando suas plpebra repousou serenamente.

Como que em um passe de mgica, pozinhos de nuvens sejuntaram formando um cobertor que cobriu com exatido o

corpo dele.

Que susto!disse a velha bruxa olhando para Kalazar

o que faz em meu aposento a esta hora?Preciso que jogue a ruflasdisse ele.

Est louco! Isso proibido h sculos, eu no posso

fazer isso. Se descobrirem, serei castigada.sussurrou ela.

Mais castigada do que j foi? Impossvel.

Ela abaixou o olhar.

Por que est me pedindo isso?

A profecia se cumpriu.

Voc de novo com essas histrias.

Passaram se trilhes de anos, e agora acha mais fcil

acreditar em uma lenda do que acreditar em tudo que vivemos!

disse ele mostrando-se ofendido.

Ela voltou a abaixar o rosto.

s vezes prefervel aceitar uma lenda, a ter que encarar

a realidade. Se desta vez ele realmente tiver voltado comofaremos para destruir Lhis e os zodacos?Disse ela aflita.


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J pensei nisso, no durmo desde quando tive esse

pressentimento. Mas no temos outra sada. Veja-se noespelho.Kalazar fez com que um imenso espelho de cristal

aparecesse naquele instante.

A bruxa fechou as plpebras.

No tenho mais coragem, sinto que estou apodrecendo

por dentro.disse ela pausadamente.Por favor, Kalazarconsuma com isto daqui.

Perdo. Disse ele fazendo o espelho desaparecer do

local.

Apenas cumpri com minhas obrigaes, e me

transformaram nisto. Todo o meu poder... Toda minha beleza!

Perdi tudo. Fui transformada nisto!

Nenhum de ns teve culpa.concluiu ele.

No vejo desta maneira.disse ela com dio no olhar.

Mas eu deixei uma porta aberta, e este portal acaba de se

abrir.

Voc fala como se fosse muito fcil! Se eu jogar a ruflas,

eles viro atrs de mim.

Eu sei. E jamais te pediria isso se tivesse outra sada. .

Ela deu um sorriso triste e fitou o olhar dele.

Jogarei a ruflas, e que Locs nos proteja.


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A velha deu um grito estridente. De repente Kalazar sentiu

o cho tremer sob os seus ps. Kalazar e Laura foram puxadospor uma fora estranha. Ficaram de frente para as estrelas,

Laura jogou uma nvoa de areia pelo espao. O cu se abriu.

Ao olhar para a estrela maior Kalazar percebeu que o corpo de

Locs no estava mais l. Sentiu o seu corpo tremer. O cu se

fechou, e a velha que havia gasto todas as suas foras caiu aocho.

Voc conseguiu. murmurou Laura, ainda tremendo

deitada em um dos aposentos do palcio de Kalazar.


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Ser

perceber

e

ser

percebido.

Berkeley.

O QUE VAI MUDAR OS SONHOS...

Poder, glria e dinheiro. E voc sabe do que capaz de fazer para

consegui-los? Se voc filho de um rei no necessita de muitos

esforos para possuir essa trade to sonhada. Mas e se o acaso lhe

tirar tudo que a vida lhe deu de mos beijadas! O desejo ainda assim

falaria mais alto? Voc ser capaz de no meio da misria sonhar com

o improvvel? E se o mesmo acaso tirar de um prncipe o que ele j

possua por direito, e der a um medocre o que ele no fora nem

capaz de sonhar! Bem, se voc possuiu o poder, no vai sossegar

enquanto no t-lo de volta, e se voc no era nada e conseguiu

alcan-lo, ser capaz de tudo para manter-se. Delicie-se com o

poder em uma poca em que ele fervilhava na mente de todos,

embora ainda fervilhe, mas com uma sutil diferena: a primeira vez

na histria que um miservel pode sair de sua classe e mesmo nosendo um nobre tem a chance de se tornar um grande homem. Ou

melhor, dizendo um grande burgus.

O Renascimento mudando os sonhos. A beleza e a perfeio o

homem nunca as desejou tanto como naquela poca. Quem belo

bom. s vezes a beleza encobre muitos sentimentos ruins, mas nopodemos negar ela capaz de nos levar glria. Afinal de contas a


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seduo um passaporte precioso para o poder. Imagine voc

possuindo as mais belas mulheres!

Ento, se voc possuir o poder, a glria, o dinheiro e as mais belas

mulheres, o que vai mudar os sonhos...


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PRLOGO

MORTE DE PAN1723

O assassino de p escondia-se entre as rvores do imenso

jardim do maior palcio do mundo. Olhava fixamente para a

porta principal que se encontrava fechada. Vestido como um

campons observava friamente tudo o que ocorria em seu

redor. Prximo a ele haviam jardineiros que cumpriam suas

obrigaes com tanto rigor e habilidade, que no se davam ao

trabalho de perceber a presena do assassino. O assassino

havia chegado h pouco tempo na cidade, um jovem bonito,

alto e de famlia humilde. Pediu emprego ao senhor, e estevendo a situao em que o jovem se encontrava colocou-o

como ajudante de jardinagem do palcio. O senhor ficou com

pena da situao do jovem que havia lhe dito que: no tinha

nem o que comer e precisava de um trabalho para se

alimentar.desde ento, o assassino passou a se juntar todas asmanhs com os jardineiros. O senhor j era bem velho e

servia a Famlia Real desde sua juventude, se tornando um

empregado de confiana do Rei. Por isso era o responsvel por

empregar os jardineiros.

Era uma linda manh de sbado, e o majestoso palcio


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estava sendo preparado para uma grande comemorao. Todos

os empregados estavam ocupados com a recepo. Omovimento por fora do palcio era intenso, mas dentro dele o

silncio ainda prevalecia. A Famlia Real deveria estar

dormindo.

O assassino observava toda movimentao, esperando a

oportunidade de agir. Ele sabia que este dia era o dia certopara matar Pan Nmades, filha do maior burgus do

continente Europeu. uma maravilhosa mulher! Jovem com

vinte quatro anos. Muitos dos seus amantes iriam sentir sua

falta, mas muitas pessoas iam festejar sua morte. morrer no

dia que mais desejou viver. concluiu o assassino friamente.

O assassino percebeu quando as janelas do palcio

comearam a ser abertas pelos empregados. Houve a chegada

de um mensageiro do Rei, a porta principal foi aberta para que

ele entrasse no palcio. Aps sua entrada a porta tornou a ser

fechada; mas em questo de minutos a porta se abriu, o

mensageiro foi embora. Um dos mordomos novamente fechou

a porta, mas a abriu em seguida para receber a entrega de

pratarias.

Empregados entravam e saam para organizar tudo. Houveuma pequena discusso entre duas moas: uma delas havia


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deixado cair algumas taas de cristal, a outra percebeu e

chamou a ateno dela. Havia chegado o momento exato parao assassino colocar o seu plano em prtica.

No meio de tantos empregados, pessoas entrando e saindo

do palcio, e muitos jardineiros que foram contratados para

ajudarem na cerimnia, o senhor que o empregou no

perceberia a sua falta. agora pensou o assassinoabandonando os jardins e caminhando em passos rpidos em

direo ao quarto de um dos mordomos, que ficava metros de

distncia do palcio. Chegando ao local tomou um banho

rpido, penteou o cabelo cuidadosamente e vestiu-se como o

mordomo.

Esse mordomo trabalhava h pouco tempo para a Famlia

Real, apenas estava l para ajudar o assassino. O assassino

estava muito contente com o mordomo, pois, ele fazia tudo

certo. E conseguiu at manter relaes informais com Pan.

Mas se tratando de Pan, no duvido das intimidades que o

mordomo disse que manteve com ela. disse o assassino

para si mesmo olhando-se no espelho e ajustando a gravata

borboleta em seu pescoo. Nem de longe se parecia com o

jardineiro de minutos atrs, era um belo homem, bem vestido,

com um olhar verde intenso, vazio e frio, que entrar


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cuidadosamente no quarto de sua vtima, e ningum pensar

nada de ruim sobre ele; afinal de contas um homem deaparncia to sutil no pode de forma alguma ser visto como

um assassino! Isso apenas na imaginao dos outros que

acreditam que apenas um homem feio fisicamente e pobre,

pode ser capaz de matar. E que os belos e ricos so bons e

perfeitos.O assassino pegou um pequeno punhal em forma de cruz e

o escondeu em seu terno negro, colocando-o em um dos

bolsos. Olhou para o relgio que estava na parede e sentiu o

sangue gelar em suas veias. Saiu com cuidado do quarto

fechando a maaneta. De volta ao campo olhou com firmeza

para o horizonte, aumentou seus passos caminhando em

direo ao seu destino.

Aps ter caminhado alguns metros, voltou a avistar o

palcio, aproximando-se mais percebeu que a enorme porta de

madeira ornamentada com ouro ainda estava aberta. Rainha

Ceclia com um maravilhoso sorriso no rosto saia de dentro do

palcio. ser que me reconheceu? pensou o assassino

abaixando o rosto no, ela no me viu. O assassino se

apressou, andou rapidamente para entrar no palcio. Quando

estava prestes a entrar escondeu-se por trs de uma das


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pilastras minuciosamente trabalhada.

Pan!sussurrou o assassino ofegante ao olhar para amulher que saia em direo ao campo.

Uma linda mulher de intensos olhos azuis, pele alva, cabelo

louro, alta e muito bem vestida, saa nervosa de dentro do

palcio.

O assassino prestou ateno em cada movimento de Pan.Quando percebeu que ela j estava distante saiu por trs da

pilastra com cuidado. Agora entro em seu quarto, me

escondo e quando ela voltar a mato. Pensou ele passando

pela porta principal.

Ao entrar deu de frente com o mordomo.

Me leve at o quarto dela ordenou o assassino

friamente.

Mude os planosmurmurou o mordomoela acaba

de sair sozinha para o campo... V atrs, ser mais fcil para

voc fugir depois.

O mordomo acompanhou com o olhar aquele homem

saindo com nsia em direo ao campo, aps alguns segundos

fechou a enorme porta.

O assassino caminhou at o campo e retirou um doscavalos. Ela no deve estar muito longe... no est


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acostumada a andar a cavalopensava ele galopando em

direo ao norte.Pare o seu cavalo... rosnou o assassino ao avistar

Pan. Pan se assustou com os gritos. Desceu de seu cavalo.

Seu idiota! disse enfurecida volte agora, e diga

quele cretino, que no volto enquanto no me vingar daquele

filho da me!Exclamou Pan.O assassino desceu de seu cavalo.

Sentiu minha falta Pan?perguntou o assassino a

puxando pelo brao.

A bela jovem ficou plida.

No possvel!murmurou ainda tensans te

matamos.

Ela estava aflita, e no conseguia raciocinar rapidamente.

No...gritou ofeganteno pode ser! Meu Deus...

Voc foi morto!

O assassino apertou com fora o pulso de Pan.

No, vocs no me mataram!disse ele fitando o olhar

de Paneu quem vou te matar.

A ltima palavra do assassino ecoou secamente pelo

campo deserto.


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PRIMEIRA PARTE

O CAMINHO PARA O FIM.1699-1706

CAPTULO 1

Aaaaaaaaaaiiiiiiiiiii...o gemido ofegante da princesa

ecoou por todo o palcio, ela acabara de dar a luz a um

menino. No havia sido um parto tranquilo, a princesa passou

muito mal. Aps o parto, a Famlia Real recebeu a notcia de

que a princesa Ceclia no pode engravidar novamente.

Era uma grande noite no ano de 1699, o Rei Filipo Di Filipo

oferecia uma divina comemorao em seu esplndido palcio

dourado; pelo nascimento de seu neto Lucas Di Filipo, Filho

do prncipe Filipe Di Filipo com a princesa Ceclia Di Filipo

Mendona.

O Rei Filipo nunca esteve to feliz ao longo de toda sua

vida, enfim, o seu nico filho lhe dava um herdeiro. O palcio

estava em festa comemorando o nascimento do neto do Rei.

Um menino... Meu Deus um homem! disse o Rei

sorrindo enquanto tomava o primeiro gole de seu whisky.

Um homem, que depois do senhor papai, e de mim ser

reidisse o belo prncipe sorrindo para seu pai.

Toda aristocracia esteve presente naquela cerimnia. Oesplndido salo dourado transbordava felicidade, o som de


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uma pera deslizava aos ouvidos de todos, gerando uma

expresso dramtica de emoo.

Strafffffff...O Rei que estava sentado mesa acabava

de cair, e com ele a imensa toalha se arrastava fazendo cair

taas e pratos de cristal.

O prncipe Filipe sentado de frente para o Rei o olhou

friamente e engoliu em seco o seu whisky, enquanto assistiacom prazer o desespero de seu pai.

Todos correram para socorrer o Rei. No meio de toda

beleza o caos surgiu! Ouviam-se vozes, choros e gritos de

desespero. O som da pera foi encerrado.

Abram espaogritou o doutor.

Um silncio mortal pairou no ar.

O Rei est morto!disse o doutor balanando o rosto

com desprezo,acredito que foi envenenado!

oooooo! sussurraram os convidados em coro

chocados.

O prncipe no se mostrou surpreso.

A Rainha no suportou a perda de seu rei, aps alguns

meses da morte dele, ela enlouqueceu.

Diante da morte sbita do Rei Filipo, e da loucura daRainha Maria, o prncipe herdeiro Filipe de Filipo


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proclamou-se Rei, e Ceclia sua esposa a nova Rainha.

Filipe percebeu que ter matado o seu prprio paienvenenado foi a melhor opo que j havia feito, pois, esperar

a morte natural de seu pai, para suced-lo no trono, levaria

muito tempo, e agora jovem, bonito, bem casado, e com um

filho j era o grande Rei.

O novo Rei estava completamente realizado. Seu filhoLucas estava com dois anos e era um menino bonito e esperto,

Filipe j via nele um futuro rei. Filipe se saa um excelente

monarca, apesar das condies desfavorveis em que assumiu

o trono: em meio s revoltas provinciais e disputas entre

fraes da elite.

Vivia-se nessa poca o grande Renascimento, e o

humanismo comeava a fervilhar na mente daquela cidade.

Houve nesse perodo o questionamento de algumas

instituies, entre elas estava igreja catlica, que perdia

muito de seus fiis para o protestantismo. Uma vez que a

burguesia vida pelo lucro comeava a crescer e a igreja

pregava o lucro como algo condenvel, esses novos burgueses

recorriam a outras formas religiosas. E o Rei que durante a

idade mdia perdeu muito de seu poder para a igreja, nestemomento retirava o poder da igreja e o concentrava para si, se


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tornando um Rei e Deus ao mesmo tempo. O que levou

reconstituio de grandes monarquias.A me do Rei Filipe, Dona Maria Di Filipo mesmo aps

dois anos da morte de seu marido continuava desequilibrada. E

apesar de toda a mudana no contexto religioso, mantinha-se

uma catlica fervorosa. Amava muito o seu neto Lucas e

gastava o restante de seu tempo se dedicando a ele.Certa noite a me do Rei teve um sonho: no qual o palcio

se transformava em um inferno terrestre, na manh seguinte,

foi at um comerciante burgus e pediu que esse lhe fizesse

uma pequena cruz de metal, no dia posterior lhe enviaram o

crucifixo. Ela se trancou na cozinha com o seu neto, o colocou

sentado em uma cadeirinha de madeira, enquanto isso retirou o

crucifixo de sua bolsa, caminhou com ele at o fogo, acendeu

uma das chamas, colocou o crucifixo sob a brasa de fogo,

olhou com carinho para o pequeno prncipe, aps alguns

minutos retirou o crucifixo que estava quente, caminhou

novamente em direo de Lucas que brincava com um

tabuleiro de xadrez, pegou o seu neto no colo, retirou a blusa

branca de linho que ele vestia.

Xeeeee...disse ela acalmando o seu neto no vai

doer nada.


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D. Maria cravou o crucifixo no peito esquerdo de Lucas.

Aiiiii... M... Me... xcorro t dodi... gritava ogarotinho de dois anos sacudindo os bracinhos e chorando

aflito.

Rainha Ceclia e o Rei Filipe foram rapidamente at a

cozinha para verem o que estava acontecendo notaram que a

porta estava trancada, o Rei mandou que os empregados aarrombassem, ao entrarem depararam se com D. Maria

abraada ao pequeno prncipe que ainda soluava de dor.

Oh... Anjinho da vov, no chore, j passou!disse ela

abraada ao seu neto no chore amor sussurrava D.

Maria com uma voz doce.

O que houve aqui?Perguntou o Rei irritado.

D. Maria fingiu no ouvir a pergunta de seu filho e

continuou abraada ao neto.

Voc o salvador! disse D. Maria cantarolando no

ouvido de Lucas, enquanto tentava acalm-lo.

O Rei aproximou-se de seu filho, reparou a marca do

crucifixo sob sua pele, e o retirou bruscamente dos braos de

D.

Maria. Rainha Ceclia contrariada pegou seu filho dos

braos do Rei, levando-o para tratar da queimadura.Me, eu no quero acreditar que a senhora teve coragem


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de fazer essa maldade com o meu filho! gritou o Rei

descontrolado sacudindo D. Maria por que me? Por quefez isso?Rugiu ele soltando-a bruscamente.

Ela o olhava com um semblante infantil, feito uma criana!

Meu filho... disse ela baixinho o inferno este

palcio... Ele est amaldioadofalava gesticulando com as

mos, feito uma louca, coloquei o crucifixo nele, porqueapenas ele pode se salvar. S ele! Voc est amaldioado, mas

ele no. Completou sussurrando e sorrindo feito uma

demente.

O Rei Filipe olhava aquela cena com raiva e d de sua me.

No passa de uma louca! Pensou ele olhando-a com

remorso.

Voc est louca me!gritou explodindo.

No filho! Eu ouo o seu pai, e ele me diz que voc est

amaldioado! Ele disse que eu poderia salvar o meu neto

ela sorriu novamente como uma demente ... Eu salvei o

nosso prncipe...D. Maria deu um riso exagerado, saiu da

cozinha resmungando palavras sem nexo algum.

O Rei Filipe ficou perturbado com a insanidade de sua me,

enquanto a palavra amaldioado ainda girava incomodamenteem seu pensamento.


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O Rei proibiu de deixarem o prncipe sozinho com D.

Maria. A marca do crucifixo no sairia mais da pele doprncipe.

Aps esse episdio passaram-se dois meses, e D. Maria no

cometeu mais nenhuma loucura, porm, continuava a dizer

coisas insanas.


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CAPTULO 2

O Reinado de Filipe estava no auge, ele tinha apenas umdissabor em seu caminho: Ross. Filipe era um Rei absolutista,

e Ross como um dos membros do senado recebia ordens do

Rei a contra gosto, por tanto o maior desejo de Ross

enfraquecer o Reinado de Filipe. Para tanto ele imagina

instalar no pas um corpo poltico em que dividir os poderes

em legislativo, federativo e judicirio, sendo que, este ltimo

no ser mais julgado pelo Rei e em tribunal secreto. O que

comum no Reinado de Filipe. O Rei no se perturba com Ross,

pois v nele apenas um agitador medocre, que no

conseguir ir adiante com seus planos. Uma vez que um

mero senador, e toda a aristocracia est a favor do Rei. As

ideias de Ross so vistas pelo senado como uma forma de dar

poder burguesia e destruir a aristocracia, porm o que eles

no imaginam, e muito menos o Rei, que esse agitadormedocre est prestes a dar o seu maior golpe.

Era um dia de domingo noite, a corte estava com um

deslumbrante entretenimento: uma requintada apresentao de

bal francs, sendo apresentada no teatro do palcio. A

primeira vez que esse surpreendente grupo de bal seapresentava na corte. Toda a aristocracia fazia-se presente para


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prestigiar o fabuloso espetculo, Ross compareceu... Como

sempre no estava acompanhado. Ele no era uma pessoaagradvel, por isso aparecia sempre sozinho nesses encontros

da corte.

A noite havia sido fabulosa, com o final da apresentao o

bal se retirou em partida. Os convidados retiraram- se, o Rei e

a Rainha foram felizes para o aposento real.D. Maria antes de recolher-se teve um mau pressentimento,

ento escondida de todos caminhou em direo ao quarto de

seu neto, mas ao entrar sorrateiramente ficou desesperada ao

encontrar as empregadas que cuidavam dele desfalecidas no

cho, Lucas no se encontrava no quarto. D. Maria Gritou

como uma louca que era, de to impactante e forte que eram

seus berros, todos os guardies ouviram e correram at ela. O

Rei e a Rainha saram desesperados do aposento real em

direo ao aposento do prncipe, perceberam em pnico que o

prncipe havia sido sequestrado.

Quero meu filho! Quero meu filho...gritava a Rainha

desesperada.

Rainha Ceclia, e D. Maria gritavam e soluavam

descontroladamente.A bela Rainha olhou para o belo Rei com os olhos inchados


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e vermelhos, tentando encontrar nele algum alvio para sua dor

infernal, o Rei a olhou com tristeza enquanto sentia o sanguegelar em suas veias, abraou-a com firmeza.

Encontre o nosso filho Soluou a jovem Rainha

encostando os seus lbios no ouvido esquerdo do Rei.

Apenas retorno ao palcio quando eu encontrar o nosso

filhodisse o Rei enquanto a abraava.

Naquela mesma noite a guarda Real acompanhada pelo

Rei, saiu procura do prncipe, invadiram vilarejos e

destruram casas.

Passaram-se algumas semanas, mas o Rei no desistia de

procurar por seu filho, ele havia prometido Rainha que

voltava apenas com o prncipe, e estava disposto a continuar a

busca, no se importando com o tempo que ia gastar para

encontr- lo.

O Rei andou por todo o mundo e no obteve nenhuma pista

do prncipe, j estava h trs anos fora do palcio... Comeou a

perceber o que no queria enxergar oprncipe deveria estar

morto! Quando esse pensamento rodava na mente do Rei sua

vontade era de morrer, ele sentia uma dor infernal, mortfera elenta que infiltrava no fundo de sua alma Real. Masquem,


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quem Faria a loucura de matar meu filho? Pensava ele com

dio, Seja quem for eu o matarei, me vingarei pelo sangue demeu nico e amado filho.

O Rei j estava exausto e percebeu que de nada adiantava

mais, sua busca havia chegado ao fim! Agora era o momento

de sua deciso mais amarga: retornar ao palcio derrotado com

sua tropa, e ter que encarar o olhar vazio e dolorido de suaamada Rainha, juntamente com o desespero e a loucura de sua

velha me, mas no lhe restava outro destino, ao amanhecer do

dia seguinte o Rei partiu em retirada.

Fazia um dia feio de vero, o cu estava nublado parecia

que ia acontecer uma tempestade a qualquer momento, o

tempo estava seco e abafado, a tropa galopava em seus cavalos

de raa negros e puro sangue, todos j cansados e

decepcionados com o resultado, os soldados provavelmente

agradeceriam se chovesse, pois, o calor era insuportvel. Ao

passarem por uma vila o Rei ordenou que a tropa parasse: um

menino imundo e rasgado cado no cho, ao lado de uma velha

pobre e imunda, ela abraava o menino que chorava em seu

ouvido por sentir fome. O garoto devia ter a mesma idade que

o prncipe, o Rei se aproximou daquele cenrio inspito,descendo rapidamente de seu cavalo.


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Posso ajudar?perguntou o Rei para a velha.

A velha levantou o pescoo e o olhou com dio, pareciarancorosa, fitou o seu olhar no dele.

Os seus soldados destruram esta vila h algumas

semanas atrs... Cof... Cof... ela tossia e forava para

conseguir falar procuravam uma criana... Cof... Como,

no sabemos, destruram tudo e mataram inocentes...Sobrando apenas eu e meu neto.

O Rei percebeu que ela j estava quase beira da morte, a

voz dela era grossa e estridente, e tinha dificuldades para

pronunciar as palavras, deu de costas para a velha,

caminhando para perto de sua guarda.

Peguem o meninoordenou o Rei aos seus soldados

o levarei comigodisse ele montando em seu cavalo.

E a velha, O que fazemos com ela?perguntou um dos

soldados.

No faam nada respondeu o Rei irritado

deixem-na a, no posso fazer mais nada por ela, j est prestes

a morrer.

Um dos soldados desceu de seu cavalo caminhou at a

velha retirando os braos dela de cima do menino que chorava,pegou-o e o colocou em cima de seu cavalo, montou


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novamente levando o garotinho que soluava.

A velha retirou suas ltimas foras para se arrastar atchegar perto do Rei, olhou com tristeza para seu neto que

berrava de medo e levantava os bracinhos na tentativa de

retornar ao colo dela. Naquele momento pde perceber sua

fragilidade, viu que no teria o seu neto de volta. A morte

estava sua espera, mas no partiria sem antes dizer todo odesprezo e repulsa que sentia por aquele belo e jovem Rei.

O senhor ser amaldioado... Cof... Cof...ela forou

para levantar o corpo, mas no conseguiu, e em uma tentativa

desesperada ajoelhou-se diante do Rei toda a dor e

destruio que nos causou, passar em sua casa... O senhor

ter uma vida desgraada... Toda a sua gerao sofrer junto

com o senhor.

A velha aps pronunciar a ltima palavra caiu morta no

cho.


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CAPTULO 3

O Rei retornou ao seu palcio, Rainha Ceclia o avistouentrando junto com uma criana, correu ao seu encontro

acreditando que o menino era o prncipe, porm, ao se

aproximar, viu que no era seu filho! Ficou atormentada, no

quis chegar mais perto da criana, com o descaso da Rainha, o

Rei colocou o menino aos cuidados de uma criada.

Ao perguntar por sua me, o Rei teve o dissabor de

descobrir que ela no suportou o sofrimento da perda de seu

neto, e acabou cometendo um suicdio, se jogando da torre

mais alta do palcio em uma noite de sexta- feira treze,

enquanto todos dormiam. A bela vida do Rei havia se

transformado em uma grande desgraa, por alguns segundos

se lembrou do mau que havia cometido contra o seu prprio

pai.

Maldio! rosnou o Rei trancado em seu escritriocom os olhos inchados e vermelhos, batendo com fora o

punho fechado contra a mesa de diamantes.

O Rei estava desnorteado j havia perdido o filho, e como

se no bastasse agora a morte de sua me! Apesar de D. Maria

ter ficado louca, ele a amava muito, sentiu a perda dela com amesma intensidade que sentia a de seu filho. Para tentar


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amenizar um pouco o sofrimento tentou se aproximar de

Eduardo, o garotinho que pegou para criar.

Ross tentou fazer um levante contra o Rei, mas o senado em

unanimidade foi contra Ross.

Porcos! rugiu o senador Ross Vocs so porcos

que vivem contando comas migalhas do desgraado! Escriareal. Encerrou Ross com agressividade contra o senado.

Ross se levantou de sua cadeira de senador e saiu. Quando o

Rei teve notcias do ocorrido ordenou que Ross fosse morto

imediatamente, mas Ross foi mais esperto, conseguiu fugir

antes que fosse pego.

Na poltica tudo estava dando certo, Rei Filipe detinha todo

o poder em suas mos, era dono de tudo e de todos, nada era

decidido no Estado de Santa Cruz, sem que ele desse a ltima

palavra. A contribuio cientifica podia ser sentida, em sua

poca havia universidades na cidade, mas mesmo com o

Renascimento e revolues surgindo por toda parte do mundo,

o Rei mantinha um Estado forte e unificado em seu poder.

O Renascimento trouxe uma revoluo na educao e um

maior acesso ao aprendizado para os laicos, no entanto emSanta Cruz, o escolasticismo: o velho saber medieval ainda


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no havia sido completamente ultrapassado pelo humanismo,

o Rei podia tratar como sua fazenda particular o tesouro, parao qual afluam as porcentagens dos impostos recolhidos em

todas as provncias do Imprio e que se destinavam

manuteno do exrcito e da marinha... Ainda mais, o Rei

podia dispor vontade da renda proveniente da cidade, que era

propriedade privada da coroa e tinha o direito de avanar naguerra, tudo isso sem prestar conta, sem contar que a

escravido de seres humanos ainda era vista com bons olhos

pela corte.

Cinco anos j haviam se passado do sequestro do prncipe,

Eduardo o novo prncipe herdeiro, j estava com sete anos, a

Rainha havia comeado a se dedicar mais a ele, dando amor e

carinho de me para Eduardo, como se ele realmente fosse o

seu filho legtimo, ela aprendeu a am-lo, e ele correspondia o

amor dela na mesma proporo. Hlfs uma linda garotinha de

sete anos, a mesma idade que Eduardo, havia perdido os seus

pais em um naufrgio e seu av: o Duque francs Baco De

Orfleans era quem cuidava dela, por ele ser muito amigo do

Rei Filipe, nas frias sua netinha viajava para o novo

continente, onde ficava sob os cuidados de Rainha Ceclia, que

a amava como uma filha. Hlfs e Eduardo se tornaram grandes


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amigos, brincavam e se divertiam juntos, eram como

verdadeiros irmos.Tudo poderia estar indo bem, seno fosse uma doena que a

jovem e bela Rainha Ceclia estava com ela, e que mdico

algum fora capaz de descobrir a cura, Rainha Ceclia sentia

fortes dores de cabea que eram contnuas, o Rei e a Rainha

viajaram por todo o mundo, procura da cura, mas todos osmdicos davam a mesma resposta no somos capazes de

entender, e muito menos possuir a cura para a doena. A dor

vinha a qualquer hora do dia, Ceclia chegava a gemer, e

tremer todo o seu corpo por causa da dor. O Rei no suportava

mais ver sua amada definhando lentamente... Recebeu a

notcia de que um africano vindo do continente europeu era o

curandeiro de sua antiga tribo, e j havia salvado muitas

pessoas quando se encontravam enfermas, o Rei contou esse

caso Rainha, e ela pediu que ele o trouxesse at ela. Apesar

de no acreditar muito que esse homem pudesse salv-la, por

no ter outra esperana o Rei viajou na manh seguinte.

Se voc conseguir salv-la poder me pedir o que

desejardisse o Rei comeando a acreditar no curandeiro.

Eu no exijo pagamento, apenas digo para me darem o

que acharem que for justo... De algumas pessoas ganhei


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considerao, de outras fortunas! Embora seja um Rei te

tratarei como qualquer outro, e me d apenas o que for justo,nada mais, nada menos. disse Kalazar com firmeza

enquanto olhava assombrado para os olhos verdes do Rei.

O Rei sorriu com esperana e balanou a cabea em sentido

positivo.

Foi uma viagem demorada e cansativa, quando enfimchegaram ao palcio, a Rainha estava trancada em seu

aposento sofrendo com sua dor infernal, o Rei levou o

curandeiro at ela. A Rainha sorriu quando viu seu Rei, e

reparou no homem ao lado dele: Kalazar era alto, de olhos

azuis intensos, sua pele negra como a noite, um homem de

meia idade e belo! Possua uma paz dentro de si e um olhar de

ternura incrivelmente espontneo.

Kalazar aproximou-se mais dela, beijou a sua mo,

reverenciando-a como Rainha.

Uma bela Rainhadisse elevocs no tm o direito

de atorment-la,sussurrou ele passando sua mo direita sob

a testa dela que suava,saam jdisse ele quase gritando,

enquanto jogava os seus dois braos ao ar, como se lutasse

contra algo invisvel.

O Rei olhou para tudo com espanto Ser que tomei a


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deciso certa?, pensou o Rei comeando a achar Kalazarum

charlato. Preciso que vossa alteza saia, pois necessito ficar

sozinho com ela disse Kalazar aoRei.

O Rei Filipe por um instante hesitou, mas viu que aquela

era sua nica esperana, abriu a porta e desapareceu pelos

imensos corredores do palcio.Assim que o Rei deixou o aposento Kalazar fechou todas

as janelas e cortinas. Ceclia o observava, porm no sentia

mais medo, por algum motivo ela confiava naquele homem.

Vamos comear? Perguntou ele.

Simdisse ela confusa.

Ele retirou uma garrafa de sua velha mochila, em seguida

tomou todo o lquido contido dentro daquele estranho frasco.

Passado alguns segundos guardou a garrafa novamente em sua

mochila e aproximou-se do leito da Rainha, j com algumas

ervas nas mos comeou a pass-las em volta do corpo da

Rainha em movimentos circulares, em alguns momentos as

batiam de leve sob a testa dela, ao mesmo tempo em que

murmurava palavras e sons desconhecidos... Com o passar das

horas a Rainha entrou em um sono profundo.

Saam... Eu ordeno! Saam e no voltem nunca mais.


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Deuses malditos!

Repetia Kalazar enquanto movimentava a esmo os seusbraos, suas mos abanavam segurando uma erva queimada

que soltava uma fumaa perfumando o quarto com cheiro de

jasmim.

O Rei esperava no corredor aflito, enquanto ouvia de l os

sons desordenados que eram pronunciados por Kalazar.A porta do aposento real foi aberta, Kalazar visivelmente

esgotado saia de l, o Rei caminhou at ele.

Ento?perguntou o Rei aflitocomo ela est?

Est dormindo um sono profundo disse Kalazar

ofegante,depois que ela despertar, essas dores nunca mais

sero sentidas por ela.

O Rei sorriu.

Mande seus empregados abrirem todas as janelas do

palcio, e apenas voltem a fech-las depois que a Rainha

acordar.Concluiu Kalazar limpando com um pano o suor

que escorria de sua testa.

O Rei fez o que ele lhe recomendou, ordenou que as

novecentas e trinta e sete janelas do palcio fossem abertas

imediatamente. Apesar de querer acreditar na cura dela, eleainda continuava um pouco incrdulo. Aps dar s ordens


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trancou-se com Kalazar em seu escritrio.

Hoje voc dormir aqui disse o Rei sentando-se emum de seus tronos, enquanto olhava para Kalazar que estava

sentado de frente para ele amanh se ela estiver curada, te

dou o que for justo.

Assim que os primeiros raios de sol bateram em sua janelaa Rainha despertou. Bela e incrivelmente alegre. No sentia

mais quela dor insuportvel, disse isso ao Rei, que ao saber a

abraou e a beijou contente. Ele sentia a paz voltando em suas

vidas. como ele foi capaz de fazer isso? imaginava o Rei,

enquanto Ceclia sorria e o abraava... Deixou seus

pensamentos de lado, e se entregou completamente emoo

de ver a mulher que tanto ama curada.

Mais tarde junto com a Rainha, o Rei recebeu Kalazar no

escritrio, quando Kalazar entrou, a Rainha correu at ele e se

ajoelhou para agradec-lo.

No faa isso! No fiz nada alm do que devo fazer, fiz

apenas o bemdisse Kalazar levantando-a.

Em seguida ela deu- lhe um abrao forte e sincero.

Aps todos os agradecimentos o Rei pediu que a Rainha odeixasse a ss com Kalazar.


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O que era? perguntou o Rei levantando as

sobrancelhas depois que Rainha Ceclia saiu.A Rainha no estava doente afirmou Kalazar com

convico.

No brinque comigo!exclamou o Rei irritado.

Kalazar o olhou com curiosidade.

Por que eu brincaria com um homem que capaz dematar o prprio pai?

Rei Filipe ficou atnito, fitou sinicamente o olhar de

Kalazar.

Essa era a doena da Rainha continuou Kalazar

calmamente, os espritos a perturbavam; no apenas o de

seu pai, mas tambm o de pessoas a quem vossa alteza j

causou muito mal, e quanto a isso nenhum doutor poderia

salv-la.

O Rei Filipe estremeceu, mas fingiu tranquilidade.

E o que voc me sugere fazer Curandeiro? perguntou

mal humorado e com um tom de ironia.

Eu? Nada. Voc criou os seus problemas, agora os

resolva.

Certo! J que no h soluo, solucionado est. Meussinceros agradecimentos... Agora v e comece a viver, sua


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fazenda e seu ouro j esperam por voc. Meus empregados te

levaro at o local.

Estou grato, mas no achei justo o pagamento, sendo

assim proponho uma troca... J tenho ouro, dinheiro e tudo o

mais, j ganhei castelos e muito mais... Como voc um Rei,

quero mais de voc, libertei sua mulher e quero que voc

liberte o meu povo, o senhor no sabe o valor de umaliberdade!disse com um semblante srio.

Agora sei, valeu a vida da minha amada! Agora entendo

o valor de uma liberdade concluiu o Rei mostrando-se grato

pela primeira vez em sua efmera vida. mas no temos

apenas africanos como escravos, temos outras raas tambm,

por tanto faremos diferente, garanto- lhe que no serei o Rei

que ir libertar os escravos, mas garanto a ti que sair da minha

linhagem o Rei que vai abolir o trfico de seres humanos.

Confio nas suas palavras, mas fico com o ouro e a

fazenda tambm.

Fui justo?perguntou o Rei.

Pelo material digo que j conquistei ainda mais do que

pode imaginar, mas pela liberdade, foi a mais justa que j

ganhei! Fizemos uma boa troca. disse Kalazar se

despedindo.


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Kalazar se retirou do escritrio, mas o Rei continuou l,

pensando em tudo que j havia feito.

Alguns anos se passaram... Eduardo o prncipe herdeiro

completava dez anos de idade, o Rei achou importante envi-

lo para o continente europeu, pois l o centro mais

reverenciado de estudos do mundo, grandes mestres lecionamnaquele continente, Eduardo no teria apenas o estudo

escolstico, mas tambm o humanismo. Foi enviado para l e

retornar ao seu pas apenas quando estiver com vinte trs

anos de idade, e houver concludo todos os seus estudos.


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SEGUNDA PARTE

OS PRAZERES - SOFRIMENTOSE DESEJOS

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CAPTULO 4

Pegue suas coisas e d o fora... V embora sua

desgraada... sua vadia... antes que eu a mate!

Existem acontecimentos na vida que so difceis deesquecer, Lucas depois de dezessete anos ainda lembrava

nitidamente desse dia: um beberro... um porco nojento!

Havia noites em que o belo menino preferia dormir nas ruas

estreitas e fedidas da cidade de Hobbes, do que ter que ir para

casa, durante trs dias da semana, o porco no dormia em

casa, e esses eram os dias mais felizes para o menino e sua

jovem e bela me. No lugar dele, vinham os tios. Nesses dias a

jovem ficava espera deles, eles vinham... depois o tio da

noite saa e deixava o dinheiro. Os vizinhos no gostavam

dela, chamavam- na de mulher da vida, mas seu pequeno

filho no se importava! O belo menino a amava mais que tudo

no mundo! Ela no era feliz, apenas fazia aquilo para

sobreviver.

Cad quela vadia? Anda me responda gritava o

porco quase babando de to bbado.


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Silncio.

O homem Branco com olhos azuis, feio, de meia idade ecom um cheiro de um gamb, comeou a agredir o pequeno

garoto, dando- lhe socos, e pontaps. A jovem ouviu os gritos,

e saiu desesperada do quarto, acompanhada por outro homem

feio e branco, que quando viu o porco saiu correndo como

um covarde. A jovem tentou defender seu filho, mas poucoadiantou... o porco a agrediu e depois arrastou ela e o menino

para fora da casa. No tinham para aonde ir, era inverno, e as

noites de inverno em Hobbes so monstruosas! Tentaram

pedir abrigo, mas todos negaram... Ento se arrastaram

novamente para a porta da casa do miservel. Ela o chamou,

pediu socorro, o implorou, mas ele nem se deu ao trabalho de

respond-la, vendo que no havia outra sada, se deitaram em

frente porta da casa. Ela retirou o seu casaco e o colocou sob

o menino que se segurava para no chorar na frente dela,

ficando apenas com um vestido velho e gasto. O menino

teimou em aceitar o casaco, mas sua me o obrigou a se cobrir.

Os olhos cintilantes do menino encheram-se de lgrimas, por

saber que ela sentia muito mais o frio que ele. Comeou a

abra-la com seus pequenos bracinhos... Essa foi a primeira e

ltima vez que ele a apertou tanto. Nessa noite Lucas no


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dormiu, mas a bela jovem dormiu para sempre!

O silncio do vazio foi interrompido com algum batendo

na porta. Levantou-se da velha poltrona, saiu do quarto,

passou pela pequena sala e abriu a porta que rangeu.

Entredisse Lucas.

O homem branco, baixo de feies clssicas e magro entrouna sala, parou olhando com desprezo tudo que estava em sua

volta.

Vim para me despedir disse o homem retirando as

mos de dentro do bolso de seu palet negro.

O homem retirou de dentro de seu palet um envelope

branco e o entregou nas mos de Lucas.

Lucas pegou o envelope.

Jogue fora tudo que for referente ao seu passado. Voc

no pode falhar, tem que extinguir com a Famlia Real. ele

apontou para Lucas,No deixe que sobreviva uma gota se

quer deste sangue. Entendeu?

No se preocupe, fui muito bem pago, no cometo erros

respondeu Lucas descruzando os braos.

Lucas olhou para ele de um jeito enigmtico.

Vou executar com perfeio. De agora em diante


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comeo a

livro deuses completo para leitura

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