livro de referência de minerais comuns e … fileformadas por octaedros de al(oh) 6 (unidos...

4
GUILLERMO RAFAEL B. NAVARRO, ANTENOR ZANARDO, CIBELE CAROLINA MONTIBELLER, THAIS GÜITZLAF LEME. (2017) Livro de referência de Minerais Comuns e Economicamente Relevantes: HIDRÓXIDOS. Museu de Minerais, Minérios e Rochas “Prof. Dr. Heinz Ebert” 1 Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução. Para solicitar autorização de uso ou reprodução, entrar em contato com o Museu Heinz Ebert através do site www.museuhe.com.br GIBBSITA (gibbsite) - Mineral do Grupo dos Hidróxidos. Polimorfo da bayerita, doyleita e nordstrandita. Al(OH) 3. Homenagem a George Gibbs (1776-1833), colecionador de minerais. Cristalografia: Monoclínico, classe prismática (2/m). Grupo espacial e malha unitária: P2/c, ao = 8,684Å, bo = 5,078Å, co = 12,5227Å, = 129,192º, Z = 8. Padrão de raios X do pó do mineral: Intensidade (%) 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Ângulo de difração 2 ( , 1,540598 Å) θ CuKα λ= 1 10 20 30 40 50 60 70 4,85275Å(100) 4,38004Å(37) 4,32838Å(17) 3,36519Å(6) 3,31824Å(10) 3,18857Å(8) 3,11019Å(3) 2,47052Å(7) 2,45634Å(14) 2,42638Å(3) 2,38946Å(18) 2,29394Å(5) 2,24968Å(7) 2,16855Å(9) 2,05211Å(15) 1,99734Å(12) 1,91960Å(7) 1,80739Å(14) 1,75417Å(13) 1,68707Å(11) 1,65912Å(3) 1,46001Å(9) 1,44279Å(5) 1,41382Å(7) 1,40422Å(5) 1,36424Å(3) Figura 1 posição dos picos principais da gibbsita em difratograma de raios X (modificado de Saalfeld & Wedde, 1974). Estrutura: a estrutura da gibbsita consiste em camadas de átomos de Al (em coordenação 6). As camadas são formadas por octaedros de Al(OH)6 (unidos lateralmente, compartilhando arestas), similar a estrutura da brucita, porém com apenas 2/3 das posições octaédricas ocupadas, devido à valência do Al. As camadas de octaedros estão empilhadas perpendicularmente ao eixo “c”, e são unidas por ligações fracas (Van der Waals). Octaedros de átomos de Al c b a c b a c b a (OH) Camadas de octaedros de Al Camadas de octaedros de Al Camadas de octaedros de Al Figura 2 - estrutura da gibbsita. (modificado de Saalfeld & Wedde, 1974; http://webmineral.com/jpowd/JPX/jpowd.php?target_file=Gibbsite_1.jpx#.WMUrv-Qiweg)

Upload: vonga

Post on 11-Oct-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Livro de referência de Minerais Comuns e … fileformadas por octaedros de Al(OH) 6 (unidos lateralmente, compartilhando arestas), similar a estrutura da brucita, porém

GUILLERMO RAFAEL B. NAVARRO, ANTENOR ZANARDO, CIBELE CAROLINA MONTIBELLER,

THAIS GÜITZLAF LEME. (2017)

Livro de referência de Minerais Comuns e Economicamente Relevantes: HIDRÓXIDOS.

Museu de Minerais, Minérios e Rochas “Prof. Dr. Heinz Ebert”

1 Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução.

Para solicitar autorização de uso ou reprodução, entrar em contato com o Museu Heinz Ebert através do site www.museuhe.com.br

GIBBSITA (gibbsite) - Mineral do Grupo dos Hidróxidos. Polimorfo da bayerita, doyleita e nordstrandita. Al(OH)3. Homenagem a George Gibbs (1776-1833), colecionador de minerais.

Cristalografia: Monoclínico, classe prismática (2/m). Grupo espacial e malha unitária: P2/c, ao = 8,684Å, bo = 5,078Å,

co = 12,5227Å, = 129,192º, Z = 8.

Padrão de raios X do pó do mineral:

Inte

nsid

ad

e (

%)

100

90

80

70

60

50

40

30

20

10

0

Ângulo de difração 2 ( , 1,540598 Å)θ CuKα λ =1

10 20 30 40 50 60 70

4,85275Å(100)4

,38

00

(37)

4,3

28

38

Å(1

7)

3,3

65

19

Å(6

)3

,31

82

(10

)

3,1

88

57

Å(8

)3

,110

19

Å(3

)

2,4

70

52

Å(7

)2

,45

63

(14)

2,4

26

38

Å(3

)2

,38

946

Å(1

8)

2,2

93

94

Å(5

)2

,24

968

Å(7

)

2,1

68

55

Å(9

)

2,0

52

11Å

(15

)

1,9

97

34

Å(1

2)

1,9

19

60

Å(7

)

1,8

07

39

Å(1

4)

1,7

54

17

Å(1

3)

1,6

87

07

Å(1

1)

1,6

59

12

Å(3

)

1,4

60

01

Å(9

)1

,44

27

(5)

1,4

13

82

Å(7

)

1,4

042

(5)

1,3

64

24

Å(3

)

Figura 1 – posição dos picos principais da gibbsita em difratograma de raios X (modificado de Saalfeld & Wedde, 1974).

Estrutura: a estrutura da gibbsita consiste em camadas de átomos de Al (em coordenação 6). As camadas são formadas por octaedros de Al(OH)6 (unidos lateralmente, compartilhando arestas), similar a estrutura da brucita, porém com apenas 2/3 das posições octaédricas ocupadas, devido à valência do Al. As camadas de octaedros estão empilhadas perpendicularmente ao eixo “c”, e são unidas por ligações fracas (Van der Waals).

Octaedros de átomosde Al

c

b

a

c

ba

c

ba

(OH)

Camadas de octaedrosde Al

Camadas de octaedrosde Al

Camadas de octaedrosde Al

Figura 2 - estrutura da gibbsita. (modificado de Saalfeld & Wedde, 1974; http://webmineral.com/jpowd/JPX/jpowd.php?target_file=Gibbsite_1.jpx#.WMUrv-Qiweg)

Page 2: Livro de referência de Minerais Comuns e … fileformadas por octaedros de Al(OH) 6 (unidos lateralmente, compartilhando arestas), similar a estrutura da brucita, porém

GUILLERMO RAFAEL B. NAVARRO, ANTENOR ZANARDO, CIBELE CAROLINA MONTIBELLER,

THAIS GÜITZLAF LEME. (2017)

Livro de referência de Minerais Comuns e Economicamente Relevantes: HIDRÓXIDOS.

Museu de Minerais, Minérios e Rochas “Prof. Dr. Heinz Ebert”

2 Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução.

Para solicitar autorização de uso ou reprodução, entrar em contato com o Museu Heinz Ebert através do site www.museuhe.com.br

Hábito: pode ocorrer como agregados fibro-radiados, aciculares, botrioidais (mamilonar, oolítico, psolítico) ou em crostas. Forma pequenos cristais lamelares a tabulares em {001}, com {101}, {110} de contornos pseudo-hexagonais. Possui geminação comum {001}, menos comum em {100} e {110}. Possui figura de percussão similar a das micas e geminação de repetição, tipo polissintética, muito comum sobre {130}.

(001)

(100)

(210)

(110)

(010)(001)

(210) (110) (010)c

b

a

c

ba cb

a

Figura 3 – cristal de gibbsita. (modificado de www.smorf.nl; www.mineralienatlas.de)

Propriedades físicas: clivagem perfeita {001} (basal); fratura: irregular; tenaz; Dureza: 2,5-3,5; densidade relativa: 2,3-2,42 g/cm3. Transparente; branco acinzentado ou esverdeado, incolor, cinza, verde pálido, vermelho pálido; cor do traço: branco; brilho: vítreo a nacarado nos planos de clivagem, fosco em agregados.

Propriedades óticas: Cor: incolor a marrom claro em seção delgada. Relevo: baixo positivo, n > bálsamo ( = 1,560-

1,580, = 1,560-1,580, = 1,580-1,600). Orientação: = b, β a = 25,5º-26º; c 21º. Plano Ótico (PO) normal ou

sobre (010). As fibras mostram extinção inclinada e elongação positiva ou negativa. Biaxial (+). = 0,016-0,026. 2V = 0º-5º, pode chegar a 40º. Dispersão: forte, r > v, às vezes r < v.

Figura 4 – Fotomicrografias de seções delgadas. A), B), C), D) cristais de gibbsita em laterita. E), F), G), H), I), J), K), L) cristais de gibbsita (em agregado botroidal). Gbs: gibbsita. Gt: goethita. N.D. nicóis descruzados. N.C. nicóis

cruzados.

Page 3: Livro de referência de Minerais Comuns e … fileformadas por octaedros de Al(OH) 6 (unidos lateralmente, compartilhando arestas), similar a estrutura da brucita, porém

GUILLERMO RAFAEL B. NAVARRO, ANTENOR ZANARDO, CIBELE CAROLINA MONTIBELLER,

THAIS GÜITZLAF LEME. (2017)

Livro de referência de Minerais Comuns e Economicamente Relevantes: HIDRÓXIDOS.

Museu de Minerais, Minérios e Rochas “Prof. Dr. Heinz Ebert”

3 Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução.

Para solicitar autorização de uso ou reprodução, entrar em contato com o Museu Heinz Ebert através do site www.museuhe.com.br

PO

21o

25,5 26o- º

.....

B)A)

1 ordemo

2 ordemo

3 ordemo

0,03

0,00

0,02

0,01

0,04

0,05

Cores de InterferênciaE

sp

es

su

ra d

a L

âm

ina

(em

mm

)

0,026: 0,016

a

b

c

Figura 5 – A) orientação ótica de cristal de gibbsita. B) carta de cores mostrando o intervalo das cores de interferência

( = - ) de cristais de gibbsita com espessura de 0,030 mm.

Composição química: Hidróxido de alumínio. As análises de gibbsita apresentam geralmente a presença de Fe2O3 e quantidades menores de outros óxidos. Parece provável que um pouco de Fe3+ e talvez pequenas quantidades de outros íons possam substituir o Al na estrutura, mas alguns íons estão, sem dúvida nenhuma, presentes como impurezas. (1) Al(OH)3. (2) gibbsita (Yukspar, Khibina, Russia). (3) gibbsita (Klein-Tresny, Moravia). (2), (3) análises compiladas de Bowles et al. (2011).

(1) (2) (3)

Al2O3 65,36 63,70 64,92

H2O+ 34,64 31,80 34,12

H2O- 2,96

Si2O 1,34 1,03

Fe2O3 0,13 tr.

MgO tr.

CaO 0,14 0,17

Total 100 100,24

Propriedades diagnósticas: gênese, hábito, odor e cor. Solúvel em H2SO4 e em HCl formando solução incolor. Escala de fusibilidade (von Kobell): 7 (infusível). Possui forte odor argiloso quando inalado. Petrograficamente distingue-se da caulinita por esta apresentar menor birrefringência, maior 2V e ser biaxial (-). Da muscovita por esta ser biaxial (-) e ter ângulo de extinção pequeno. Da brucita por esta ser uniaxial (+) e ter extinção reta. É semelhante a boehmita da qual se distingue por apresentar relevo um pouco mais baixo e por esta apresentar extinção reta. Da wavellita por esta apresentar extinção reta e 2V maior. A gibbsita fibrosa pode ser confundida com a calcedônia, da qual distingue-se por esta apresentar relevo menor e ser uniaxial.

Gênese: mineral formado por intemperismo químico intenso em clima quente e úmido (produto de lixiviação de rochas ricas em feldspatos ou outros minerais aluminosos). Pode aparecer também em veios hidrotermais de baixa temperatura como produto de alteração de rochas ricas em alumínio e no metamorfismo de baixo grau.

Associação mineral: ocorre associado a diásporo, bohmita, coríndon, caulinita, goethita, e outros oxi-hidróxidos de Fe e Al.

Ocorrências: no Brasil ocorre em Poços de Caldas, Ouro Preto, Mariana (MG); Trombetas, Jarí (PA); em Cruzeiro (SP); em Barro Alto (GO).

Usos: é o principal constituinte de muitas bauxitas que são fonte de Al.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Betejtin, A. 1970. Curso de Mineralogia (2º edición). Traduzido por L. Vládov. Editora Mir, Moscou, Rússia. 739 p.

Betekhtin, A. 1964. A course of Mineralogy. Translated from the Russian by V. Agol. Translation editor A. Gurevich. Peace Publishers, Moscou, Rússia. 643 p.

Bowles, J. F. W.; Howie, R. A.; Vaughan; Zussman, J. 2011. Rock-Forming Minerals. Non-silicates: Oxides,

Hydroxides and Sulphides. Volume 5A (2º edition). The Geological Society, London, England. 920 p.

Branco, P. M. 1982. Dicionário de Mineralogia (2º edição). Editora da Universidade (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), Porto Alegre, Brasil. 264 p.

Page 4: Livro de referência de Minerais Comuns e … fileformadas por octaedros de Al(OH) 6 (unidos lateralmente, compartilhando arestas), similar a estrutura da brucita, porém

GUILLERMO RAFAEL B. NAVARRO, ANTENOR ZANARDO, CIBELE CAROLINA MONTIBELLER,

THAIS GÜITZLAF LEME. (2017)

Livro de referência de Minerais Comuns e Economicamente Relevantes: HIDRÓXIDOS.

Museu de Minerais, Minérios e Rochas “Prof. Dr. Heinz Ebert”

4 Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução.

Para solicitar autorização de uso ou reprodução, entrar em contato com o Museu Heinz Ebert através do site www.museuhe.com.br

Branco, P. M. 2008. Dicionário de Mineralogia e Gemologia. Oficina de Textos, São Paulo, Brasil. 608 p.

Dana, J. D. 1978. Manual de Mineralogia (5º edição). Revisto por Hurlbut Jr., C. S. Tradução: Rui Ribeiro Franco. Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., Rio de Janeiro, Brasil. 671 p.

Deer, W. A., Howie, R. A., Zussman, J. 1981. Minerais Constituintes das Rochas – uma introdução. Tradução de Luis E. Nabais Conde. Fundação Calouste Gulbenkian, Soc. Ind. Gráfica Telles da Silva Ltda, Lisboa, Portugal. 558 p.

Gribble, C. D. & Hall, A. J. 1985. A Practical Introduction to Optical Mineralogy. George Allen & Unwin (Publishers) Ltd, London. 249 p.

Gribble, C. D. & Hall, A. J. 1992. Optical Mineralogy Principles and Practice. Chapman & Hall, Inc. New York, USA. 303 p.

Heinrich, E. W. 1965. Microscopic Identification of minerals. McGraw-Hill, Inc. New York, EUA. 414 p.

Kerr, P. F. 1965. Mineralogia Óptica (3º edición). Traducido por José Huidobro. Talleres Gráficos de Ediciones Castilla, S., Madrid, Espanha. 432 p.

Klein, C. & Dutrow, B. 2012. Manual de Ciências dos Minerais (23º edição). Tradução e revisão técnica: Rualdo Menegat. Editora Bookman, Porto Alegre, Brasil. 716 p.

Klein, C. & Hulburt Jr., C. S. 1993. Manual of mineralogy (after James D. Dana) (21º edition). Wiley International ed., New York, EUA. 681 p.

Klockmann, F. & Ramdohr, P. 1955. Tratado de Mineralogia (2º edición). Versión del Alemán por el Dr. Francisco Pardillo. Editorial Gustavo Gili S.A., Barcelona, Espanha. 736 p.

Leinz, V. & Campos, J. E. S. 1986. Guia para determinação de minerais. Companhia Editorial Nacional. São Paulo, Brasil. (10º edição). 150 p.

Navarro, G. R. B. & Zanardo, A. 2012. De Abelsonita a Zykaíta – Dicionário de Mineralogia. 1549 p. (inédito).

Navarro, G. R. B. & Zanardo, A. 2016. Tabelas para determinação de minerais. Material Didático do Curso de Geologia/UNESP. 205 p.

Nesse, W. D. 2004. Introduction to Optical Mineralogy (3º edition). Oxford University Press, Inc. New York, EUA. 348 p.

Palache, C.; Berman, H.; Frondel, C. 1966. The System of Mineralogy of James Dwight Dana and Edward Salisbury

Dana, Volume I. Elementes, Sulfides, Sulfosalts, Oxidos. John Wiley & Sons, Inc., New York (7º edition). 834 p.

Saalfeld, H. & Wedde, M. 1974. Refinement of the crystal structure of gibbsite, Al(OH)3. Zeitschrift fur

Kristallographie, Kristallgeometrie, Kristallphysik, Kristallchemie (-144,1977), 139, p. 129-135.;

Sinkankas, J. 1964. Mineralogy for Amateurs. Van Nostrand Reinhold Company, New York, EUA. 585 p.

Uytenbogaardt, W. & Burke, E. A. J. 1971. Tables for Microscopic Identification of Ore Minerals. Elsevier Scientific Publishing Company. Amsterdam, Holanda. (2º edição). 430 p.

Winchell, A. N. 1948. Elements of Optical Mineralogy: an introduction to Microscopic Petrography, Part II.

Descriptions of Minerals (3º edition). John Wiley & Sons, Inc., New York (3º edition). 459 p.

sites consultados: www.handbookofmineralogy.org www.mindat.org www.mineralienatlas.de http://rruff.info www.smorf.nl www.webmineral.com