livro de direito eleitoral - jaime barreiros - 5º edição, ano 2015

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edição revista, ampliada e atualizada

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  • 5 edio revista, ampliada e atualizada

  • Leonardo de Medeiros Garcia Coordenador da Coleo

    Jaime Barreiros Neto Mestre em Direito Pblico (UFBA),

    professor da Universidade Federal da Bahia, Universidade Catlica do Salvador,

    Faculdade Baiana de Direito e Escola dos Magistrados da Bahia (EMAB). Analista judicirio do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia

    COLEO SINOPSES PARA CONCURSOS

    DIREITO ELEITORAL

    5 edio 2 tiragem

    Atualizada de acordo com as leis 12.875/13, 12.891/13 e as resolues do TSE para as eleies de 2014

    2015

    1 iJI EDITORA f fasPODIVM www.editorajuspodivm.com.br

  • EDITORA fasPODIVM

    www.ed itorajuspodivm.com.br

    Rua Mato Grosso, 175 - Pituba, CEP: 41830-151 - Salvador - Bahia Tel: (71) 3363-8617 / Fax: (7 1) 3363-5050 E-mai l: [email protected]

    Copyright: Edies JusPODIVM

    Conselho Editorial: Eduardo Viana Portela Neves, Dirley da Cunha Jr., Leonardo de Medeiros Garcia, Fredie Didier Jr., Jos Henrique Mouta, Jos Marcelo Vigliar, Marcos Ehrhardt Jnior, estor Tvora, Robrio Nunes Filho, Roberval Rocha Ferreira Filho, Rodolfo Pamplona Filho, Rodrigo Reis Mazzei e Rogrio Sanches Cunha.

    Capa: Rene Bueno e Daniela Jardim (wwwbuenojardim.com.br)

    Diagramao: Cendi Coelho (cendicoe/ho@gmail. com)

    Todos os direitos desta edio reservados Edies JusPODIVM.

    terminantemente proibida a reproduo total ou parcial desta obra, por qualquer meio ou processo, sem a expressa autorizao do autor e da Edies JusPODIYM. A violao dos direitos autorais caracteriza crime descrito na legislao em vigor, sem prejuzo das sanes civis cabveis.

  • Aos meus pais, Geraldo e Solange, por terem traado para mim um caminho de es-tudo e dignidade.

    minha esposa, Lorena, pelo amor e companheirismo constantes.

    A meus irmos, minha av, meu sobrinho e demais familiares.

    s pessoas amadas que, no mais pre-sentes neste mundo, continuam a sobreviver no meu amor e na minha lembrana.

    Luiza e Laura, com o meu amor incon-dicional.

  • li Sumrio

    COLEO SINOPSES PARA CONCURSOS ........... ... ... .. .. ................. ................... 17 GUIA DE LEITURA DA COLEO ......... ... ....... .... ..... ......................................... 19

    CAPTULO 1 DIREITO ELEITORAL: NOES INTRODUTRIAS...... .............. ......... ................... 21 i. Conceito, objeto e objetivos do Direito Eleitoral ....... ...... ......... .. ...... 21 2. A democracia como condio basilar para a existncia do

    Dire ito Ele itoral... ... .... ... .. ...... .. ... .. ...... ... ... .. ... ... ......... .. .. ... .. ... ... .... .. .. ... 23 2.1. Espcies de democracia .......... .............. ................ ......... ........... 25 2.2. Institutos da democracia participativa. .. .. ..... .. ....... ... .. ... .... .. .. ... 26

    2.2.i. O plebiscito para a diviso do Par ... ... .. ... ... .. ... .... ...... . 29 3. A garantia da legitimidade do exerccio do poder de sufrgio

    popular como objetivo do Direito Eleitoral. ... .... ............................... 32 4. O deferimento de mandatos polticos como pressuposto da

    representao poltica ... ... ... .. ... ... ..... .... .. .. ... ... ..... .... .. ..... ....... ..... ... ... . 36 5. O Direito Eleitoral como microssistema jurdico e as suas rela-

    es com outros ramos do Direito ........ .... ... ...... ...... ............ .. .... ... .... 40 6. As fontes do Direito Eleitoral .. ... .. .... ..... .. ... .. ........ .. .. .. ..... ... ... .. ... .. ... ... 44

    6.i. Constituio Federal de 1988..... ... ... .... ... ... ...... ... ... .... ... ..... ... ... .. 44 6.2. Cdigo Eleitoral (Le i n. 4.737, de 15/07/1965) .... ... ... .... ............. 45 6.3. Lei das Eleies (Lei n. 9504/97) .... ... ... .... ......... ... ............. ........ 46 6.4. Lei das Inelegibilidades (Lei Complementar n. 64/90) ... .... .. ... . 46 6.5. Resolues do Tribunal Superior Eleitoral.. ..... ....... ...... ... .... ..... . 47

    7. Princpios do Direito Eleito ral. .... .. ......... ...... .... ... .. ... ...... ... .. ... .. ...... ... .. 49 p . A distino entre princpios e regras. .. .. .. ..... ..... .. ... .. ... ........ ... .. 49 p. Princpio da lisura das eleies:. .. ... .. ... .. .. ..... ..... ..... ... .. ........ ..... 50 7.3. Princpio do aproveitamento do voto ............................ .... .. ... .. 51 7.4. Princpio da celeridade. .. ... ......... .. .... .. ..... .. ..... .. .. .. .... ... ..... .. ....... 52 7.5. Princpio da anualidade ... .. ....... ............................... ... ...... ... ... .. . 54 7.6. Princpio da moralidade eleitoral. ...... .... ................... .......... .. ... 56

    Captulo li OS SISTEMAS ELEITORAIS ............................................................................ 63 1 . Introduo. .... .. ..... ... .... .. .. ...... ... .. ......... ... .... .. ..... ... ... .... .. .... ... ......... .... .. 63 2. Os sistemas eleitorais e as suas espcies. ...... .. .............. .. ..... ..... ... ... 64

    2.i. O sistema eleitoral majoritrio ......................... .. ........ ......... .. .... 64 2.1.1. Os votos brancos e nulos

    e a questo da nulidade das eleies........ .... .... ..... ... .. 67

    7

  • ]AIME BARREIROS NETO

    2.2. O Sistema eleitoral proporcional.... ...................... ...... ............... 69 2.3. A questo do voto distrital. ................ .............................. ........ 79 2.4. o sistema eleitoral misto... ... ....... ......................................... .. ... 79

    3. Consideraes finais..... ........ .................................................... ... ... .... 81

    Captulo Ili OS PARTIDOS POLTICOS............................................................................... 83

    1. Introduo..... ........................... ..... ..... .... .. ............. ..... ...... .. .. ... .. ... ....... 83 2. Os partidos polticos na Constituio Federal de 1988. ... ...... ..... ... .... 85 3. Os partidos polticos na Lei n. 9.096/95 ..... ................ .. .... ..... ... .... .... . 86

    3.i. Disposies preliminares ............................ ............................. .. 86 3.2. Da criao e do registro dos partidos polticos. ... .. ... ..... .. ... .. .. . 88 3.3. Da fuso, incorporao e extino dos pa rtidos polticos ..... .. 91 3.4. O funcionamento parlamentar e a clusula de barreira .......... 93 3.5. Do programa e do estatuto dos partidos polticos ........ ......... . 94 3.6. Responsabilidade civil e trabalhista dos rgos partidrios ...... 95 3.7. Disciplina e fidelidade partidrias .. ............... ... .... ..... .... ... ..... ... 95 3.8. Da filiao partidria......... .................. ...... .... .. ........ ...... .. .. ........ 105 3.9. Das finanas e contabilidades dos partidos polticos. ......... ... 108 3.10. Do fundo partid rio... .... ..... ... .... ............... ....................... .. ...... .. 111 pi. Do acesso gratuito ao rdio e TV... .... .. .... ................ ..... .. .. .. ... 114

    4. As coligaes partidrias ...... .... ........ ... .. .. ...... .. ............ ...................... 119

    Captulo IV JUSTIA ELEITORAL ...................................................................................... 125

    L Notas introdutrias .. ............... ... ... .. .............. .. .. .. ... ................ ... ... .. .... . 125 2. Funes da Justia Eleitoral..... .... .... ................ .. ................................ . 125

    2. i. Funo jurisdicional da Justia Eleitoral .................................... 126 2.2. Funo executiva da Justia Eleitoral .......... ... .... .... ........... .... .... 129 2.3 . Funo legislativa (normativa) da Justia Eleitoral ......... ..... ..... 131 2.4. Funo consultiva da Justia Eleitoral. .. .. ....... ... .... ... .... .. ... ... .... 132

    3. Organizao e competncia da Justia Eleitoral. ..... .. ......... ... .... ... .... 133 3.i. O Tribunal Superior Eleitoral. ......................... .. ........ .. ... ............ 134 p. Os tribuna is regionais eleitorais. ..................... ......................... 138 3.3. Os juzes eleitorais e a diviso geogrfica

    da Justia Eleitoral de primeira instncia. ..... .. ..... ... .. .. ... .... ...... 143 3.4. As juntas eleitorais. ... ....... ............ ... ............................. ..... ......... 146

    Captulo V MINISTRIO PBLICO ELEITORAL... ............................................................... . 149

    1. Notas introdutrias.... ... .. ... .......... ..... .................. .. .................... .......... 149 2. Princpios institucionais do Ministrio Pblico Eleitoral. .. .. ... .. ... .. .. ... 150

    2.i. Princpio da federalizao .. .................................... .... ..... ..... ..... 151

    8

  • SUMRIO

    2.2. Princpio da delegao......... .. ................................ ..... .............. 151 2.3. Princpio da excepcionalidade...... ......... .. .. ....... ...... .... .......... .. ... 153

    3. Organizao e atribuies do Ministrio Pblico Eleitoral........ ........ 153 4. O exerccio de atividade poltico-partidria

    por membros do Ministrio Pblico......... ... ........ ....... .... .. ... ... .... ....... 157

    Captulo VI ALISTAMENTO ELEITORAL E AQUISIO DA CAPACIDADE POLTICA .................. 159 2. A aquisio da nacionalidade brasileira... ... ....... ............... .......... ... ... 161 3. O alistamento eleitoral ........ .......... .. ................................ .................. . 165

    3.1. Diferena entre alistamento, transferncia, reviso e segunda via....... .......... .. ....... ............. ......................... 166

    p. Documentos necessrios para o alistamento eleitoral ............ 167 3.3. O alistamento eleitoral no Cdigo Eleitoral:

    principais informaes.. .... ..................... ........... ....... ... .... .... ...... 168 4. O domiclio eleitoral. ... .... ... ....... ... ................ ............ ......... ............. .... 170

    4.i. Transferncia do domiclio eleitoral. ...... ................................... 171 5. Do ttulo eleitoral. ............ ..... .... ... .... ...... ..... .. ......... ....... .. .. .. .... ... ......... 172 6. Excluso e cancelamento da inscrio eleitoral.... ... ................ ......... 172

    6.1. A correio e a reviso do eleitorado .... ..... ... ..... ... .. .......... ... ... 174 7. Perda e suspenso dos direitos polticos.... .... ..... ............ .. ...... ...... ... 176

    p . A suspenso dos direitos polticos por incapacidade civil absoluta ................................................ 178

    p . A suspenso dos direitos polticos em virtude de condenao criminal transitada em julgado .... .. ..... .. ... ....... 178

    7.3. Suspenso dos direitos polticos por improbidade administrativa .... ... .... ... ..... .... .... ....... ........ ..... 180

    Captulo VII CONVENES PARTIDRIAS E REGISTRO DE CANDIDATURAS...................... ..... 183 1. Notas introdutrias............................................................................. 183 2. Das convenes para a escolha de candidatos a cargos eletivos. ..... . 184

    2.i. As espcies de convenes partidrias ......... ............. .. ..... ..... .. 185 2.2. As recentes alteraes na disciplina das convenes

    partidrias promovidas pela Lei n. 12.034/09 ....... .. .. ... ....... .. .. . 185 2.3 . As convenes e a questo dos prazos

    de filiao partidria e domiclio eleitoral. ................. ... ..... ... .. 186 2.4. A questo da candidatura nata ... .... .... ... ...... ........... ............ .. ... . 189

    3. Do registro de candidatos ............................. .. .. ... .. .. .... ... ............. ..... . 189 3.i. A questo do nmero mximo de candidatos a serem

    registrados por cada partido poltico ou coligao partidria. ..... 189 p. A questo do preenchimento

    mnimo de vagas para cada sexo. ......... ..................... .. ........... 194

    9

  • ]AIME BARREIROS NETO

    3.3. Documentos necessrios para a promoo do registro de candidatura ...... ...... ..... .... ... .... ... .. ..... 195

    3.4. A polmica em torna do conceito de quitao eleitoral .......... 197 3.5. A questo da obrigatoriedade de registro

    das propostas de candidatos a prefeito, governador e presidente da repblica ................................. ... . 199

    3.6. O requerimento individual de candidatura.. ... .... .......... ............ 200 3.7 . O novo momento para a aferio das condies

    de elegibilidade e causas de inelegibilidade ... ... ..... .. .. ......... ... 201 3.8. O registro sub judice de candidato impugnado

    e a teoria da "conta e risco" .. ........ .... .. ..... ... .... ..... ...... .. ... ... ..... 202 3.9. A situao de candidatos expulsos dos seus

    partidos polticos aps o registro da candidatura ................... 204 3.10. Identificao numrica e variao nominal dos candidatos.. ..... 204 3.11. A substituio de candidatos aps

    o trmino do prazo de registro de candidaturas .................. ... 206 4. Ao de Impugnao de Registro de Candidatura (AIRC)..... ..... ..... ... 210

    Captulo VIII CONDIES DE ELEGIBILIDADE E CAUSAS DE INELEGIBILIDADE ....................... 211 i. Notas introdutrias: a distino entre condies

    de elegibil idade e inelegibilidades... .... ... .. ..... ... .. .... ... .... ....... ......... ... 211 2. As condies de elegibilidade previstas na Constituio de 1988 .. ... .. 216 3. As causas de inelegibilidade: Noes conceituais e classificao..... .. . 219 4. Hipteses dez inelegibilidades previstas

    na Constituio Federal de 1988 ....................... .... .... .. .. .... ... .. ... ..... .. .. 221 4. i. Os inal istveis e os analfabetos. ... .. ........ ... ... ...... ...................... 221 4.2. A questo da reeleio para cargos executivos. ... .... .... .. ... .. ... . 223 4.3. A necessidade de desincompatibil izao

    do presidente da repblica, governadores e prefeitos a fim de concorrerem a outros cargos.. ................ .. .. 224

    4.4. A questo da inelegibilidade reflexa prevista no 7 do artigo 14 da CF/88 ... .. ...... ................... .... ... . 226

    5. Hipteses de inelegibilidade previstas na Lei

    10

    Complementar n. 64/90 e a recente Lei do Ficha Limpa. .............. ... 230 5.i. A recente "Lei do Ficha Limpa" (LC 135/ 10) e as alteraes

    por ela propiciadas na Lei das Inelegibilidades (LC 64/90) .. .. .. 230 5.2. Situaes hipotticas de

    inelegibilidades previstas na LC 64/90.. .. .. ..... .. .. .. ..... ... .............. 237 5.2.i. A inelegibilidade dos inalistveis, dos analfabetos

    e dos parlamentares com mandatos cassados ..... ....... . 237 5.2.2. A inelegibilidade de governadores, prefeitos e

    seus vices por violao a dispositivo de Constituio Estadual, Lei Orgnica do DF ou de municpio ... .. ..... .. ... 239

  • SUMRIO

    5.2.3. A inelegibilidade em virtude de condenao em processo de apurao de abuso do poder econmico ou poltico ....... ......... .... .......... .. .. . 240

    5.2.4. A inelegibilidade em virtude da prtica de crimes (art. 1, 1, "e" da LC 64/90 .. ... ..... ....... ........ .. .. 242

    5.2.5. A inelegibilidade em virtude de incompatibilidade ou indignidade do oficialato. .. .... ...... ... ............ ......... .. .. . 242

    5.2.6. A inelegibilidade em virtude de rejeio de contas relativas ao exerccio de cargos ou funes pblicas por irregularidade insanvel e a Smula n. 01 do TSE...... ...... .. ..... ... .... ... ... 243

    5.2.7. As novas hipteses de inelegibilidades institudas pela Lei do Ficha Limpa: as alneas "j" a "q" do inciso 1 do art. l da LC 64/90........... ..................... .. ....... 244

    6. A LC 64/90 e as previses de prazos de desincompatibilizao de titulares de determinados cargos ou funes como requisito para a disputa de mandatos eletivos.. .... ..... .... ... ...... .... .... .... ............ 246 6.1. Situaes em que o prazo de desincompatibilizao

    exigido de seis meses antes do pleito ........ ....... ... ........... ..... 248 6.2. Situaes em que o prazo de desincompatibilizao

    exigido de quatro meses antes do pleito .. .. .. ... ....... .... .... ... .. . 249 6.3. Situaes em que o prazo de desincompatibilizao

    exigido de trs meses antes do pleito. .... ... .. .. ..... ... ... .... .. .. ... 250

    Captulo IX ARRECADAO DE RECURSOS E PRESTAO DE CONTAS AS CAMPANHAS ELEITORAIS ............................. ... .. .. .. ....... ....... .. 253 i. Notas introdutrias .......... ....... ... ..... ... ....... ...... ....... .. ..... ....... .. ....... .... 253 2. A administrao financeira das campanhas eleitorais .. ... .... ... .... .. ... . 255 3. As doaes realizadas por pessoas

    fsicas para campanhas eleitorais ......... .... .. .. .... ..... ... .. ... ... .. .. ..... ....... 257 4. Receitas vedadas a candidatos e

    partidos polticos em campanha eleitoral. .. ..... .... ... ... ............... .... ... . 259 5. Da prestao de contas nas campanhas eleitorais ... ........ .... ... ..... ... . 260

    5.i. A verificao da regularidade das contas pela Justia Eleitoral. .... .. .. ... ... ........ ... .. .... ...... ... ... .. .. 263

    5.2 . A representao do artigo 30-A da Lei n. 9.504/97 .. .. ... ... ........ 264 5.3. As sobras de campanhas eleitorais .. .......... ..... .. .. ..... ... .. ... ..... ... 264

    Captulo X PESQUISAS ELEITORAIS E PROPAGANDA POLTICA.. ................ ......... ............... 267 i. Notas introdutrias. .... ... .. .. ... .. ..... .. .... ..... .... ... .... .... .... ... .. ..... ............... 267 2. As pesquisas eleitorais ....... ..... .. .. .... ....... .................. .... ....... ... ..... ... .... 268 3. A propaganda poltica. ........ ..... ... ..... ... .. .. ...... ..... .... ....... ......... .. .......... 271

    71

  • jAIME BARREIROS NETO

    3.i. Princpios da propaganda poltica.......... ... ......... ........ ...... ......... 272 p. As espcies de propaganda poltica .......................... ..... .......... 273

    4. Da propaganda eleitoral em geral..................... ......... .. ... .... ............. . 279 4.i. O importante art. 37 da Lei das Eleies.. ......... .... ... ... ..... ....... .. 279 4.2. A propaganda eleitoral dos candidatos

    a vice e a suplentes de senador ........ ... .. ... ........ ... .... .. .......... .... 284 o. A distribuio de folhetos, volantes

    e outros impressos na campanha eleitoral... ...... .. ... ... ...... ... .... 284 4.4. A realizao de comcios e showmcios e

    a utilizao de alto-falantes, amplificadores de som e trios eltricos nas campanhas eleitorais.. .. ... .... ..... ... .... 286

    4.5. As vedaes boca-de-urna e a questo da manifestao individual e silenciosa do eleitor no dia da eleio ..... ....... ... . 287

    4.6. A vedao ao uso, na propaganda eleitoral, de smbolos, frases ou imagens associadas ou semelhantes s empregadas por rgos de governo, empresas pblicas ou sociedades de economia mista .. .. .. ... .... ... .. .. ..... .... 289

    4-7 . O artigo 41 da Lei n. 9.504/97 e o exerccio do poder de polcia na propaganda eleitoral ............. ............. 290

    5. Da propaganda eleitoral mediante outdoors ... ..... ........ .. ..... .. .. ... .. .. .. 291 6. Da propaganda eleitoral na imprensa escrita... ... .. .. .... ... .... ...... ... ... .. 291 7. Da propaganda eleitoral no rdio e na televiso........ ..................... 293

    p. As vedaes impostas pela legislao s emissoras de rdio e televiso durante o perodo eleitoral ............ ..... ... 293

    7.2. Os debates eleitorais no rdio e na TV ..................................... 295 7.3. O horrio eleitoral gratuito .. .... ..... ..... ... ... ......... ........ .. ..... .. .... .. .. 297

    8. Da propaganda eleitoral na internet.. .. ... ... .. ... ... .... .. ... ..... .. .. ....... ...... 300 9. Do direito de resposta....... ... ...... .... ..... ................. ..... ........ ... ......... .... 303

    9.i. Direito de resposta em virtude de ofensa promovida na internet .... ... ....... .... .. ... .... ... ..... ...... .... 306

    9.2. Consideraes finais sobre o direito de resposta. ............. ...... 307 10. A representao por propaganda eleitoral

    irregular (art. 96 da lei n. 9.504/97) .... ..... .. ... .. .. ............................... . 308 11. Quadro-resumo: o que pode e o que

    no pode na propaganda eleitoral ...... .. .. .. .. ................................. ... . 309

    Captulo XI ORGANIZAO DAS ELEIES, GARANTIAS ELEITORAIS E DIPLOMAO DOS ELEITOS .................................. ... 313 1. Notas introdutrias.......... ........ .. ..... ..... ........ .. .............. .. ........ .. ... .. ..... . 313 2. A organizao das sees eleitorais e

    12

    das mesas receptoras de votos...... .. .. ............... .... ... .. ........ ............... 314 2.i. A organizao das sees eleitorais. ........ ...... .. ........................ 314

  • SUMRIO

    2.2. A organizao das mesas receptoras de votos ... .... ... ..... .. .. ... .. 316 3. Do sistema eletrnico de votao e da totalizao dos votos ......... 318

    p . O incio e o encerramento da votao .. ...... ...... ... .... ................. 319 3.2. Documentos necessrios identificao do eleitor ........ .. .. .. .. . 320 3.3. O voto em separado e sua previso no Cdigo Eleitoral ........ . 321 3.4. A questo da impossibilidade de concluso

    do procedimento de votao pelo eleitor. .... .... ... .. ... .. ...... .. .. ... 322 3.5. A questo do voto em trnsito para presidente da repblica ...... 322 3.6. A votao por cdulas... .. .. ......... ....... ... .. .... .... .. .. ... ... .. ... .. ..... .. ... 324 3.7. A recente reforma eleitoral e a adoo

    do voto impresso nas eleies 2014 .. .. ... .... ............. .. .. ... ...... ... . 324 3.8. Nulidades na votao .... ... .. .... .. ... .......... ....... ....... ... .. .. ... ... ... ...... 325

    4. justificativa de no comparecimento eleio .............. ....... ... ... ...... 326 5. A fiscalizao das eleies. .. ..... ....... .... ...... .. ... .. .... .. ... ... ... .... ... ... ... ..... 328 6. A questo da contratao de cabos

    eleitorais durante a campanha....... ..... .... .... ................... ... ........ ... .. ... 329 7. Garantias eleitorais .... .. ... ... ..... .. .... ..... .. .......... ... .... ..... .... ..... ....... ....... . 330 8. A apurao e a proclamao dos resultados .......... ... .... ............. .... .. 331

    8.1. A apurao da votao por meio de cdulas. ... ... ..... .. ...... .. ... .. 334 9. A diplomao e a posse dos eleitos. ... .. .... ... .. ..... .... ... ... .. ... .. ... ..... ... .. 335

    Captulo XII ABUSO DE PODER NAS ELEIES E CONDUTAS VEDADAS AOS AGENTES PBLICOS EM CAMPANHAS ELEITORAIS ..... 339 L Noes introdutrias. ... ........ ..... ... ... ... .. .... .... .. ......... .......... ... ... .... .. .. ... 339 2. Condutas vedadas aos agentes pblicos em campanhas eleitorais... ... 342

    2. i. Condutas vedadas previstas nos incisos 1 a IV do art. 73 da Lei das Eleies. .... ........... ...... .. ...... ..... ......... .. .. .. .. 342

    2.2. As condutas vedadas aos agentes pblicos em campanha e o inciso V do art. 73 da Lei das Eleies... ........... 345

    2.3. Condutas vedadas aos agentes pblicos nos trs meses anteriores ao pleito (art. n VI da Lei das Eleies).... ... .... ..... 347

    2.4. Vedao realizao de despesas com publicidade que excedam a mdia de gastos ...... .. .................. 350

    2.5. A questo da reviso geral da remunerao de servidores pblicos em ano eleitoral. ... ...... ... .. ...... .. ........... 350

    2.6. Conseqncias advindas do descumprimento das normas do artigo 73 da Lei das Eleies.. .. .... ...... ......... ... .. 351

    2.7. O novo artigo 74 da Lei das Eleies e a possibilidade de cassao de diploma de candidato violador do artigo 37, 1 da Constituio Federal... .. ...... .. ..... .. .... ..... .... 352

    2.8. A questo da vedao de contratao de shows artsticos pagos com recursos pblicos nos trs meses que antecederem s eleies ........... ... ... .. ........ .. ... ........ 352

    13

  • ]AI ME BARREI ROS NETO

    2.9 . A nova regra sobre a presena de candidatos em inauguraes pblicas ..... ...... ... .. .. ... ......... .. . 353

    2.10. A representao por prtica de conduta vedada prevista no art. 96 da Lei n. 9.504/97.... ... .. ... .. .. .. .. ... ... 354

    3. A captao ilcita de sufrgio (art. 41-A da Lei das Eleies) .. .. .... ... . 354

    4. A questo do fornecimento gratuito de transporte e alimentao em dias de eleio ... .. ...... ... ... ... .... .. ... 358

    4.i. O transporte dos eleitores no dia da eleio .. .. .. ......... ...... ...... 358

    4.2 . O oferecimento de refeies a eleitores no dia da eleio ... ..... 360

    Captulo XIII

    AES E RECURSOS ELEITORAIS . ...... ......... 361 1. Notas introdutrias. ...... .. ... .. .. ... ... ........ .. ... .. .. .... ... .... .... .... ..... .. .... ..... .. . 362

    2. Ao de Impugnao de Registro de Candidatura (AIRC). ... .... ....... ... 362

    2.i. Legitimidade ativa para a AIRC.. .............. ...... .. ... ... ... .... ... ... ... .... 362

    2.2. Legitimidade passiva para a AIRC.. ... .. .. .. .. .... .... ... .. .. .. .... ............ 364

    2.3. Prazo para a interposio da AIRC.... .. ... .. .. ..... .......... ........ .... .. .. 364

    2.4. Competncia para o processamento e julgamento da AIRC. .... 365

    2.5 . Procedimento da AIRC. ....... .. ... ... .... ... ......... .... ..... ... .... ... ..... ... .. .. . 365

    3. A o de Investigao Judicial Eleitoral (AIJE) ..... ............... ...... ......... .. 367

    3.i. Legitimidade ativa e passiva para a AIJE .... ... ....... ..... ......... ...... 368

    p. Prazo para a interposio da AIJE ... .. ... .. .. ... .... ............. ... ...... .... 369 3.3. Competncia para o processamento e julgamento da AIJE .. .. .. 370

    3.4. Procedimento da AIJE ................. .... ... ... ... ... .... .... .... .. .. .... .. ... ... ... . 370

    3.5. Efeitos da procedncia da AIJE .... ... .... ... .... ......... ..... .. ... .... .... .. ... 372

    4. Ao de Impugnao de Mandato Eletivo (AIME) .... ................. ......... 373

    4.i. Objeto e previso constitucional da AIME. ... ... .... ... ................... 373

    4.2. Competncia para o processamento de julgamento da AIME .... 375

    o . Legitimidade ativa e passiva para a AIME..... ... .. ... .. ... ....... .... .... 376 4.4. Procedimento adotado na AIME ..... ....... .... ........ .. .. .. ... ...... ..... ... . 376

    4.5. A questo da possibil idade de litispendncia entre AIJE, AIME e RCD .................. ... .. .... ... ..... 377

    5. A representao do art . 96 da lei n. 9.504/97 ..... .. .. ... .. .. .. ... ... .... ... .. . 377 5.i. Rito processual da representao

    prevista no art. 96 da Lei das Ele ies ..... .................. .. ...... ...... 378 6. Representao por Capta o Ilcita de Sufrgio. ... ... .... .......... ... .... .... 379 7. Representao para a apurao de arrecadao e gastos

    ilcitos (Captao ilcita de recursos: art. 30-A da Lei das Eleies)........ 382

    8. Representao do art. 81 da Lei n. 9.504/97 (doaes irregulares aos comits financeiros).. .. ..... ...................... .. 383

    9. Recurso Contra a Diplomao (RCD) ... ... .... .... ... ... .. .... ... ....... .... ..... ... .. 383

    14

  • SUMRIO

    9.i. A legitimidade ativa e passiva para o RCD ............................... 386 9.2. Algumas questes processuais referentes ao RCD ... ... .. ........... 387

    10. Ao Rescisria Eleitoral ..... ...... ... ... ... ... .. ... .. .... .......... .... .. ... .... .... .. ..... 388 10.1. Pressupostos da Ao Rescisria Eleito ra l. .. ...... .. .. ........ .... .. ..... 388 10.2. A questo da possibilidade de concesso de tutela

    antecipada em sed e de ao rescisria eleitoral .... ... .... .... ..... 389 11. Teoria geral dos recursos eleitorais .. .... ...... .... .......... .. ..... .. ....... ........ 390 12. Os recursos eleitorais em espcie ..... ... ... .... ...................................... 392

    12.1. Recursos contra decises de Junta Eleitoral. ........................... 392 12.2. Recursos contra decises de juiz eleitoral ................... ..... .. ..... 393 12.3. Recursos contra decises de tribunal regional eleitoral.... .. .... 394 12.4. Recursos contra decises do Tribunal Superior Ele itoral ......... 397

    Captulo XIV CRIMES ELEITORAIS E PROCESSO PENAL ELEITORAL....................................... 399 i. Notas introdutrias. .... .. .. ... .. ... .. ...... .... ... .... .. ...... .... ................ ............. 399 2. O Processo penal eleitoral .. .. ... ...... ... .. .. ... .. ... .. ...... ..... .. ... ...... .. ........... 400

    2.i. A instaurao do processo penal eleitoral e o inqurito policial eleitoral... ......... .. ... .... ... ... .. .. ... ... ... ... ... .. ... 400

    2.2. A fase de conhecimento do processo pena l eleitoral... ... .. .. ... . 404 2.3. Competncia para o processamento

    e o julgamento dos crimes eleitorais ... ... ..... ...................... ....... 405 2.3.i. A competncia em razo do lugar ... ... .... ... ... .. ........... .... 405 2.p. A competncia em razo do

    domiclio ou residncia do ru. ... ... .. .. ... ... .. .. ... ...... ... .. .. . 406 2.3.3 . A competncia em razo da matria .............. .. .... ... .. .. . 406 2.3 .4. A competncia em razo da pessoa ... ... .............. ... .. ... . 406 2.3.5. As hipteses de existncia de conexo e continncia .. .. 409

    2.4. A reviso criminal eleitoral.. .... ..... ... .... .... ........................ .... .. .... 411 3. Os crimes eleito rais.... ...... .. .. ... .. .. ...... ... ... .... ... .. ....... .. ........... ... .......... . 412

    3.i. Dos crimes concernentes formao do corpo eleitoral ... .. ... 413 3.2. Crimes eleitorais relativos formao

    e funcionamento dos partidos polticos.... .... ......... ....... .. .... .. .. .. 415 3.3. Os crimes eleitorais em matria de inelegibilidade ................. 416 3.4. Os crimes eleitorais concernentes propaganda eleitoral. ..... 417 3.5. Os crimes relativos votao .... .. .. ... ... ............. .... ..... .. .............. 423 3.6. Crimes eleitorais pertinentes ga rantia

    do resultado legtimo das eleies .. ............... ...... .. ... .. .... ... ...... 429 3.7. Crimes concernentes organizao e

    funcionamento dos servios eleitorais .. ..... .. ..... ...... ... .. ............ 432 3.8. Crimes contra a f pblica eleitoral. ... ... ... ... ........ ............. .... .... 436

    REFER~NCIAS .............................................................................................. 439

    75

  • Coleo Sinopses para Concursos

    A Coleo Sinopses para Concursos tem por finalidade a prepara-o para concursos pblicos de modo prtico, sistematizado e objetivo.

    Foram separadas as principais matrias constantes nos editais e chamados professores especializados em preparao de concursos a fim de elaborarem, de forma didtica, o material necessrio para a aprovao em concursos.

    Diferentemente de outras sinopses/resumos, preocupamos em apresentar ao leitor o entendimento do STF e do STJ sobre os prin-cipais pontos, alm de abordar temas tratados em manuais e livros mais densos. Assim, ao mesmo tempo em que o leitor encontrar um livro sistematizado e objetivo, tambm ter acesso a temas atuais e entendimentos jurisprudenciais.

    Dentro da metodologia que entendemos ser a mais apropriada para a preparao nas provas, demos destaques (em outra cor) s palavras-chaves, de modo a facilitar no somente a visualizao, mas, sobretudo, compreenso do que mais importante dentro de cada matria.

    Quadros sinticos, tabelas comparativas, esquemas e grficos so uma constante da coleo, aumentando a compreenso e a memo-rizao do leitor.

    Contemplamos tambm questes das principais organizadoras de concursos do pas, como forma de mostrar ao leitor como o as-sunto foi cobrado em provas. Atualmente, essa "casadinha" fun -damental: conhecimento sistematizado da matria e como foi a sua abordagem nos concursos.

    Esperamos que goste de mais esta inovao que a Editora Juspo-divm apresenta.

    17

  • Nosso objetivo sempre o mesmo: otimizar o estudo para que voc consiga a aprovao desejada.

    Bons estudos!

    Leonardo de Medeiros Garcia leona rd o@leonardoga reia .com .br

    www.leonardogarcia.com.br

  • Guia de Leitura da Coleo

    A Coleo foi elaborada com a metodologia que entendemos ser a mais apropriada para a preparao de concursos.

    Neste contexto, a Coleo contempla:

    DOUTRINA OTIMIZADA PARA CONCURSOS

    Alm de cada autor abordar, de maneira sistematizada, os assun-tos triviais sobre cada matria, so contemplados temas atuais, de suma importncia para uma boa preparao para as provas.

    Ateno!

    Vale destacar, quanto ao objeto da AIJE, que at meados de 2010, quan-do foi promulgada a LC 135/10 (Lei do Ficha Limpa), a qual alterou, em diversos pontos, a Lei das Inelegibilidades, era prevalente o enten-dimento segundo o qual o ato praticado caracterizador de abuso de poder econmico ou poltico, objeto da investigao eleitoral, teria que ter potencialidade para alterar o resultado da eleio. Com a promulgao da LC 135/10, foi acrescido ao art. 22 da LC 64/90 o inciso XVI, dispondo que "para a configurao do ato abusivo, no ser consi -derada a potencialidade de o fato alterar o resultado da eleio, mas apenas a gravidade das circunstncias que o caracterizam.

    ENTENDIMENTOS DO STF E TSE SOBRE OS PRINCIPAIS PONTOS

    Qual o entendimento do STF e do TSE sobre este assunto?

    Mesmo diante de tais divergncias, possvel se afirmar que a juris-prudncia majoritria, embora no pacfica, adotada pelo TSE (Consulta n. i.041/2004) e pelo STF (ADINs 3.345, 3.365, 3-741, 3.742 e 3.743), no sentido de que o objetivo do princpio da anualidade evitar a desi gualdade e a deformidade nas eleies. Assim, na viso majoritria dos citados tribunais, s haveria comprometimento do princpio da anuali-dade (tambm chamado de princpio da anterioridade) quando viesse

    19

  • JAI ME BARREIROS Nrro

    PALAVRAS-CHAVES EM OUTRA COR

    As palavras mais importantes (palavras-chaves) so colocadas em outra cor para que o leitor consiga visualiz-las e memoriz-las mais facilmente.

    Na maioria das hipteses de desincompatibilizao exigidas por lei, o prazo previsto o de seis meses antes do pleito (principalmen-te no que se refere a titulares de cargos eletivos).

    QUADROS, TABELAS COMPARATIVAS, ESQUEMAS E DESENHOS

    Com esta tcnica, o leitor sintetiza e memoriza mais facilmente os principais assuntos tratados no livro.

    Distribuio dos recursos do Fundo Partidrio (art. 41-A da Lei n 9.096/95)

    5"l., em partes iguais, para todos os partidos com esta-tutos registrados no TSE.

    95~ a todos os partidos com estatutos registrados no TSE, na proporo dos votos obti-dos na ltima eleio para a Cmara Federal.

    QUESTES DE CONCURSOS NO DECORRER DO TEXTO

    Atravs da seo "Corno esse assunto foi cobrado em concurso?" apresentado ao leitor corno as principais organizadoras de concur-so do pas cobram o assunto nas provas.

    20

    Como esse assunto foi cobrado em concurso?

    Em concurso para promotor de justia do estado do Esprito Santo, re-alizado pelo CESPE, em 2010, foi considerada falsa afirmativa que dis-punha que a responsabilidade, incluindo a civil e a trabalhista, entre qualquer rgo partidrio municipal, estadual ou nacional, solidria ante o carter nacional dos partidos polticos".

  • CAPTULO

    Direito eleitoral: noes introdutrias Sumrio 1. Conceito, objeto e objetivos do Direito Eleitoral. 2. A democracia como condio basilar para a existncia do Direito Eleitoral. 2 .1. Espcies de democracia. 2.2. Institutos da democracia parti-cipativa . 3. A garantia da legitimidade do exerccio do poder de sufrgio popular como objetivo do Di-reito Eleitoral. 4. O deferimento de mandatos pol-ticos como pressuposto da representao poltica . 5. O Direito Eleitoral como microssistema jurdico e as suas relaes com outros ramos do Direito. 6. As fontes do Direito Eleitoral. 6.1. A Constitui -o Federal de i988. 6.2. Cdigo Eleitoral (Lei n.

    4737/65). 6.3. Lei das Eleies (Lei n. 9.504/97). 6.4. Lei das Inelegibilidades (Lei Complementar n. 64/90). 6.5. Resolues do Tribunal Superior Eleitoral. 7. Princpios do Direito Eleitoral. 7.1. A distino entre princpios e regras. 7.2. Princpio da lisura das eleies. 7.3. Princpio do aprovei-tamento do voto. 7.4. Princpio da celeridade . 7.5. Princpio da anualidade. 7.6. Princpio da morali-

    dade eleitoral

    1. CONCEITO, OBJETO E OBJETIVOS DO DIREITO ELEITORAL

    O Direito Eleitoral, ramo do Direito Pblico diretamente relacio-nado instrumentalizao da participao poltica e consagrao do exerccio do poder de sufrgio popular, conceituado, por Fvi-la Ribeiro (Direito Eleitoral, i996, p. 5) como o "ramo do Direito que dedica-se ao estudo das normas e procedimentos que organizam e disciplinam o funcionamento do poder de sufrgio popular, de modo a que se estabelea a precisa equao entre a vontade do povo e a atividade governamental". Joel J. Cndido (Direito Eleitoral

    21

  • )AIME BARREI ROS NETO

    Brasileiro, 2008, p. 25), por sua vez, define o Direito Eleitoral como

    sendo o "ramo do Direito Pblico que trata de institutos relaciona-

    dos com os direitos polticos e as eleies, em todas as suas fases,

    como forma de escolha dos titulares dos mandatos eletivos e das

    instituies do Estado".

    Pode-se compreender o objeto do Direito Eleitoral como sendo a normatizao de todo o chamado "processo eleitoral", que se inicia

    com o alistamento do eleitor e a conseqente distribuio do corpo

    eleitoral e se encerra com a diplomao dos eleitos. Neste nterim,

    torna-se objeto do Direito Eleitoral todo o conjunto de atos relativos

    organizao das eleies, ao registro de candidatos, campanha

    eleitoral (principalmente no que se refere ao combate ao abuso de

    poder econmico por parte de candidatos), votao, apurao e

    proclamao dos resultados.

    O Direito eleitoral tem como objetivo a garantia da normalidade

    e da legitimidade do procedimento eleitoral, viabilizando a demo-

    cracia. A normalidade significa a plena garantia da consonncia do

    resultado apurado nas urnas com a vontade soberana expressada

    pelo eleitorado. A legitimidade, por sua vez, significa o reconheci-

    mento de um resultado justo, de acordo com a vontade soberana

    do eleitor. Vale ressaltar que a expresso "procedimento eleitoral"

    utilizada refere-se no apenas s eleies, mas tambm s consultas

    populares, a exemplo do plebiscito e do referendo, sobre as quais

    tambm incidem as normas de direito eleitoral.

    22

    ~~ Direito Eleitoral

    Conceito: Ramo do Direito Pblico que normatiza o exerccio do poder de sufrgio popular, viabilizando a democracia.

    Objeto: Normatizao de todo o chamado "processo eleitoral", que se inicia com o alistamento do eleitor e a consequente distribuio do cor-po eleitoral e se encerra com a diplomao dos eleitos.

    Objetivos: Garantia da normalidade e da legitimidade do poder de su-frgio popular.

  • DIREITO ELEITORAL: NOES INTROOUTRIAS

    ~ Ateno!!!

    A competncia privativa para legislar sobre Direito Eleitoral da Unio, segundo o artigo 22 da Constituio Federal de i988.

    2. A DEMOCRACIA COMO CONDIO BASILAR PARA A EXIST~NCIA DO DI-REITO ELEITORAL

    Em uma das suas mais famosas frases, Sir. Winston Churchill, grande estadista britnico do sculo XX, primeiro-ministro do Rei-no Unido durante a Segunda Guerra Mundial, definiu a democracia como "o pior de todos os regimes polticos, exceo de todos os demais conhecidos". Tal pensamento, aparentemente para mui-tos, confuso, denota, com grande acuidade, a verdadeira essncia do regime democrtico: o seu carter contraditrio e processual, tendo em vista a prpria lgica paradoxal da condio humana, pautada na necessidade do homem viver em sociedade e, ao mesmo tempo, atuar como "o lobo do homem", na clssica defi-nio de Thomas Hobbes.

    Buscando compreender o contedo da democracia, para alm do conhecido conceito consagrado, em 1863, pelo presidente Abraham Lincoln, em seu famoso discurso de Gettysburg, segundo o qual a democracia seria "o governo do povo, pelo povo e para o povo", o cientista poltico Robert Dahl, (Sobre a Democracia, p. 49-50), indica cinco critrios fundamentais, na sua viso, para a caracterizao de um regime democrtico: a participao efetiva de todos os mem-bros da comunidade, que devem ter oportunidades iguais e efetivas para expressar suas opinies; a igualdade de voto, seguindo a lgica de que todas as pessoas devem ter o mesmo valor e importncia em um processo democrtico; o entendimento esclarecido, a partir do qual a conscincia cidad dever ser despertada; o controle do programa de planejamento, segundo o qual os membros da comuni-dade devem ter a oportunidade de decidir as prioridades polticas e ter acesso, de forma transparente, a informaes acerca do ora-mento pblico; e a incluso de adultos, fundamentada na concepo de sufrgio universal, de forma a evitar excluses despropositadas de pessoas do processo poltico.

    23

  • Incluso de adultos )

    Controle do programa

    de planejamento

    )AIME BARREIROS NETO

    Participao efetiva de todos

    os membros da comunidade

    lgua~:t~e .)

    ":J Entendimento esclarecido

    A partir dos cinco critrios de Robert Dahl, viabiliza-se uma me-lhor compreenso do que seria uma democracia: um regime poltico fundamentado na ampla participao popular, na igualdade poltica, na transparncia e no desenvolvimento do esprito crtico do povo.

    Ocorre que, diante de tais caractersticas ideais, um grande dile-ma se perpetua: ser que realmente existe democracia? Em algum pas do mundo h, em uma total plenitude, um regime poltico fun-damentado em todas as caractersticas apontadas? Provavelmente no! Assim sendo, a nica alternativa que resta para fazer valer a crena da existncia do regime poltico democrtico, almejando-se a sua efetivao, fundamenta-se em importante doutrina do cientis-ta poltico italiano Giovanni Sartori, segundo quem a melhor forma de entender-se a democracia no , de fato, buscando um conceito formal e esttico. Para Sartori (Teoria Democrtica, p. i9): "o ideal democrtico no define a realidade democrtica e, vice-versa, uma democracia legtima no , no pode ser, igual a uma democracia ideal". A democracia, dessa forma, deve ser estudada como um processo, em constante evoluo e aprimoramento, para o qual to-dos devem contribuir. Afinal, nenhum regime poltico, alm da de-mocracia, preserva, de forma to eficaz, o respeito diversidade, s particularidades individuais, s minorias, liberdade de opinio,

    24

  • DIREITO ELEITORAL: NOES INTRODUTRIAS

    sexual e de crena e a igualdade. O pressuposto de que o indivduo singular, como pessoa moral e racional, o melhor juiz do seu pr-prio interesse, o grande trunfo do regime poltico democrtico.

    ~ Ateno!!!

    a democracia condio basilar para a existncia material do Direito Eleitoral. Fora da democracia podem. at mesmo, existir normas elei-torais regendo eleies, plebiscitos e referendos, mas no persiste o objetivo maior desse ramo do Direito que , como j ressaltado, a ga-rantia da normalidade e da legitimidade do exerccio do poder de sufr-gio popular (poder inerente ao povo de tomar decises. determinando prioridades e aes no mbito pblico).

    2 . 1. Espcies de democracia

    Existem vrias classificaes relacionadas s espcies de demo-cracia. A mais importante a que diferencia a democracia direta, a indireta (tambm chamada de representativa) e a semidireta (tam-bm chamada de participativa). Seno vejamos:

    a) Democracia direta: modelo de democracia caracterizado pelo exerccio do poder popular sem a presena de intermedi-rios . Atualmente, pouco utilizada, sendo observada a sua presena em alguns cantes da Sua, de pequena dimenso territorial e populacional. Visto por muitos, a partir da era di-gital, como o caminho natural a ser traado pelos povos demo-crticos, o modelo direto de democracia teve origem na Grcia Antiga, em especial na cidade-estado de Atenas, por volta do sculo IV a. e.

    b) Democracia indireta (representativa): modelo de democracia marcado pela pouca atuao efetiva do povo no poder, uma vez que ao povo, neste modelo, cabe apenas escolher, atra-vs do exerccio do sufrgio, seus representantes polticos, de forma peridica. A democracia representativa se desenvolveu como modelo a partir, principalmente, da Revoluo Francesa, estando relacionada aos interesses elitistas da nova classe do-minante de distanciar o povo do exerccio do poder, servindo como ideologia de dominao em favor da classe burguesa. Com as revolues sociais do sculo XIX, a crise econmica de

    25

  • ]AIME BARREIROS NETO

    i929 e as duas grandes guerras mundiais do sculo XX, o mo-delo de democracia indireta entrou em colapso, sendo objeto

    de constantes crticas que culminaram na sua substituio pelo modelo da democracia semidireta ou participativa, vigente no mundo contemporneo no mbito dos Estados mais amadure-cidos democraticamente.

    c) Democracia semidireta (participativa): modelo de democra-cia dominante no mundo contemporneo, caracteriza-se pela preservao da representao poltica aliada, entretanto, a meios de participao direta do povo no exerccio do poder

    soberano do Estado. Na democracia semidireta, o povo exerce a soberania popular no s elegendo representantes polti-cos, mas tambm participando de forma direta da vida polti-

    ca do Estado, atravs dos institutos da democracia participati-va (plebiscito, referendo e iniciativa popular de lei).

    ~ Ateno!!!

    A democracia semidireta o modelo de democracia adotado pelo Brasil, de acordo com a Constituio Federal de i988.

    ~ Como esse assunto foi cobrado em concurso?

    No 23 Concurso de Procurador da Repblica foi questionado se o plebis-cito, o referendo e as leis de iniciativa popular seriam as nicas formas de soberania popular previstas na Constituio da Repblica . A afirmati-va, evidentemente, era falsa, uma vez que, em uma democracia semidi-reta, a exemplo do Brasil, alm destes trs instrumentos o povo exerce a soberania tambm pelo voto, proferido nas eleies, na escolha dos seus representantes polticos.

    J no 20 Concurso de Procurador da Repblica havia uma alternativa afirmando que a soberania popular seria exercida unicamente por meio de seus representantes, e nunca diretamente pelo povo. A afirmativa era falsa, uma vez que o Brasil adota a democracia semidireta.

    2.2. Institutos da democracia participativa

    Como j destacado, a democracia semidireta, ou participativa, caracterizada pela mescla existente entre a representao popular

    26

  • DIREITO ELEITORAL: NOES INTROOUTRIAS

    definida nas eleies e a existncia de meios de panicipao direta do povo no exerccio do poder soberano do Estado. A esses meios chamamos de "institutos da democracia participativa", destacando-

    -se, dentre esses institutos, o plebiscito , o referendo e a iniciativa popular de lei , previstos constitucionalmente e regulamentados pela

    Lei n. 9.709/98.

    O artigo 20, caput, da Lei n. 9-709/98 quem define os conceitos de plebiscito e referendo, estabelecendo-os como "consultas for-

    muladas ao povo para que delibere sobre matria de acentuada relevncia, de natureza constitucional, legislativa ou administrativa".

    ~ Ateno!!!

    O plebiscito deve ser convocado com anterioridade ao ato legislativo ou administrativo, cabendo ao povo, pelo voto, aprovar ou denegar o que lhe tenha sido submetido (art. 2, 1 da lei n. 9.709/1998). J o referen-do " convocado com posterioridade a ato legislativo ou administrativo, cumprindo ao povo a respectiva ratificao ou rejeio". (art. 20, 2 da Lei n. 9709/1998).

    Nas questes de relevncia nacional, de competncia do Poder

    Legislativo ou do Poder Executivo, e no caso do 3 do art. i8 da Constituio Federal (incorporao, subordinao ou desmembra-

    mento de estado, com ou sem anexao a outro estado), o ple-

    biscito e o referendo so convocados mediante decreto legislativo, por proposta de um tero, no mnimo, dos membros que compem

    qualquer das Casas do Congresso Nacional (art. 3 da Lei n. 9707/98).

    ~ Ateno!!!

    Convocado o plebiscito, o projeto legislativo ou medida administrativa no efetivada, cujas matrias constituam objeto da consulta popular, ter sustada sua tramitao, at que o resultado das urnas seja procla-mado (art. 9 da Lei n. 9709/98).

    Aprovado o ato convocatrio da consulta popular, o presidente do Congresso Nacional dar cincia Justia Eleitoral , a quem in-cumbir, nos limites de sua circunscrio, fixar a data da consulta popular, tornar pblica a cdula respectiva, expedir instrues para

    27

  • JAIME BARREIROS NETO

    a realizao do plebiscito ou referendo e assegurar a gratuidade nos meio de comunicao de massa concessionrios de servio pblico, aos partidos polticos e s frentes suprapartidrias organizadas pela sociedade civil em torno da matria em questo, para a divulgao de seus postulados referentes ao tema sob consulta.

    O referendo pode ser convocado no prazo de trinta dias, a con-tar da promulgao de lei ou adoo de medida administrativa, que se relacione de maneira direta com a consulta popular (art. 11 da Lei n. 9709/98).

    O plebiscito ou referendo, convocado nos termos da citada lei, ser considerado aprovado ou rejeitado por maioria simples, de acordo com o resultado homologado pelo Tribunal Superior Eleitoral.

    A incorporao de estados entre si, a subdiviso e o desmembra-mento para se anexarem a outros, ou formarem novos estados ou territrios federais, dependem da aprovao da populao direta-mente interessada, por meio de plebiscito realizado na mesma data e horrio em cada um dos estados, e do Congresso Nacional, por lei complementar, ouvidas as respectivas Assemblias Legislativas. Considera-se populao diretamente interessada toda a populao do estado que poder ter seu territrio desmembrado, valendo esta mesma regra em caso de desmembramento, incorporao ou subdi-viso de municpios.

    A iniciativa popular de lei, por sua vez, tambm pode ser conside-rada como um importante instituto da democracia participativa pre-visto no Direito brasileiro. tambm a lei n. 9.709/98 que disciplina, no mbito federal, o citado instituto, estabelecendo, no seu artigo 23, que "a iniciativa popular consiste na apresentao de projeto de lei Cmara dos Deputados, subscrito por, no mnimo, um por cento do eleitorado nacional, distribudo pelo menos por cinco Estados, com no menos de trs dcimos por cento dos eleitores de cada um deles". Como se observa, o povo no tem a capacidade de legislar diretamente. A iniciativa popular de lei , na verdade, a prerroga-tiva que o povo tem, na democracia semidireta adotada no Brasil, de apresentar projeto de lei, que poder, ou no, tornar-se lei.

    Ainda de acordo com a lei n. 9.709/98, a iniciativa popular de lei dever circunscrever-se a um s assunto. Alm disso, o projeto de lei de iniciativa popular no poder ser rejeitado por vcio de

    28

  • DIREITO ELEITO RAL: NOES INTROOUTRIAS

    forma, cabendo Cmara dos Deputados, por seu rgo competen-te, providenciar a correo de eventuais impropriedades de tcnica legislativa ou de redao.

    A tramitao de projeto de iniciativa popular de lei federal sem-pre iniciada na Cmara dos Deputados.

    ~ Como esse assunto foi cobrado em concurso?

    Na questo aberta do 18 Concurso de Procurador da Repblica, inda-gou-se: "o que vm a ser Plebiscito e Referendo? Em que hipteses po-dem ser realizados?"

    J no concurso para o Ministrio Pblico do Acre, realizado pelo CESPE, em 2014, foi considerada verdadeira afirmativa que dispunha que "A soberania popular exercida pelo sufrgio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante plebiscito, referendo e iniciativa popular".

    2.2.i. O plebiscito para a diviso do Par

    Em 11 de dezembro de 2011, foi realizado, no estado do Par, o maior plebiscito regional da histria do Brasil, tendo como objeto a discusso acerca da criao de duas novas unidades federativas, decorrentes de um desmembramento do territrio paraense: o esta-do do Carajs e o estado do Tapajs.

    Como j destacado, a Lei n. 9.709/98 estabelece que sempre que houver a possibilidade de criao de um novo estado ou municpio, a populao interessada dever ser previamente consultada. Des-sa forma, em 26 de maio de 2011, o Congresso Nacional aprovou, mediante o Decreto Legislativo n. i36, a convocao de plebiscito para a criao do Estado do Carajs, o qual seria constitudo pelos seguintes municpios do Estado do Par: Abel Figueiredo, gua Azul do Norte, Anapu, Bannach, Bom Jesus do Tocantins, Brejo Grande do Araguaia, Breu Branco, Cana dos Carajs, Conceio do Araguaia, Cumaru do Norte, Curionpolis, Dom Elizeu, Eldorado do Carajs, Flo-resta do Araguaia, Goiansia do Par, ltupiranga, jacund, Marab, Nova lpixuna, Novo Repartimento, Ourilndia do Norte, Pacaj, Pales-tina do Par, Parauapebas, Pau d'Arco, Piarra, Redeno, Rio Maria, Rondon do Par, Santa Maria das Barreiras, Santana do Araguaia, So

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  • ]AIME BARREIROS NETO

    Domingos do Araguaia, So Flix do Xingu, So Geraldo do Araguaia, So Joo do Araguaia, Sapucaia,Tucum, Tucuru e Xinguara.

    Em 02 de junho de 2011, por sua vez, o Congresso Nacional tam-bm aprovou o Decreto Legislativo n. 137, dispondo sobre a convo-cao de plebiscito para a criao do Estado do Tapajs, o qual se-ria constitudo pelos municpios de Almeirim, Prainha, Monte Alegre, Alenquer, bidos, Oriximin, Faro, Juruti, Belterra, Santarm, Porto de Moz, Vitria do Xingu, Altamira, Medicilndia, Uruar, Placas, Aveiro, ltaituba, Trairo, Jacareacanga, Novo Progresso, Brasil Novo, Curu, Rurpolis, Senador Jos Porfrio, Terra Santa e Moju dos Campos.

    Em ambos Decretos Legislativos, restou estabelecido que, em caso de deciso favorvel ao desmembramento do territrio paraense, a Assemblia Legislativa do Estado do Par teria dois meses para se pronunciar, participando o resultado, em trs dias teis, ao Congres-so Nacional, para fins do disposto no 3 do art. 18 combinado com o inciso VI do art. 48, ambos da Constituio Federal.

    Diante da convocao do plebiscito, marcado para o dia 11 de dezembro, para o qual foram instados a participar, de forma obriga-tria, todos os eleitores alfabetizados entre 18 e 70 anos do Estado do Par, e, de forma facultativa, os eleitores analfabetos, os maiores de 16 e menores de 18 anos e os maiores de 70 anos de idade, o TSE expediu treze resolues, disciplinando a consulta popular.

    Assim, de acordo com a Resoluo n. 23.342/11, todos os elei-tores do Par deveriam responder a duas perguntas: a) Voc a favor da diviso do Estado do Par para a criao do Estado do Ca-rajs? b) Voc a favor da diviso do Estado do Par para a criao do Estado do Tapajs? Os nmeros 55 e 77 foram designados como os respectivamente referentes manifestao positiva ou negativa s perguntas utilizadas na urna eletrnica.

    Dentre todas as resolues atinentes ao plebiscito do Par, a que mais merece destaque, dada a sua peculiaridade, a Resoluo n. 23.347/11, a qual disps sobre a formao e o registro de frentes de apoio a cada uma das teses em discusso, tendo em vista que a questo em debate no se resumia a uma disputa eleitoral, tendo natureza suprapartidria.

    Assim, de acordo com o citado comando normativo, at qua-tro frentes poderiam ser formadas no plebiscito, representando as

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  • DIREITO ELEITORAL: NOES INTRODUTRIAS

    seguintes correntes: a) a favor da criao do Estado do Carajs; b) contra a criao do Estado do Carajs; c) a favor da criao do Esta-do de Tapajs; d) contra a criao do Estado de Tapajs.

    Cada uma das frentes, conforme a Resoluo n. 23.347/11, de-veria ser composta por, no mnimo, um parlamentar no exerccio do mandato de deputado estadual pelo Estado do Par, deputado federal representante do Par na Cmara dos Deputados ou senador pelo mesmo estado, a quem incumbiria a presidncia da frente. Qual-quer eleitor domiciliado no Estado do Par poderia, ainda de acordo com a referida norma, compor quaisquer das frentes constitudas.

    De acordo com o artigo 3 da Resoluo citada, o requerimento para a constituio da frente deveria ser apresentado at o dia 02 de setembro de 2011 ao Tribunal Regional Eleitoral do Par . Antes da formulao do requerimento, contudo, em conveno, a frente deveria aprovar o seu estatuto e eleger o seu presidente.

    Outra Resoluo referente ao plebiscito que merece destaque a de n. 23.354/11, a qual disps sobre a propaganda plebiscitria e as condutas ilcitas no plebiscito do Par . De acordo com esse co-mando normativo, a propaganda plebiscitria deveria ser realizada apenas a partir do dia 13 de setembro de 2011, tendo como parme-tro a legislao federal referente propaganda eleitoral, disposta na Lei n. 9.504/97. Assim, por exemplo, foi proibido, no plebiscito, o showmcio, a propaganda em outdoor e a distribuio de brindes que pudessem proporcionar vantagem ao eleitor.

    Ainda no que se refere propaganda plebiscitria, foi prevista, na citada Resoluo n. 23.354/11, a divulgao de propaganda gra-tuita no rdio e lV, restrita ao territrio do Par, no perodo de 11 de novembro a 07 de dezembro, em blocos de dez minutos, s se-gundas, teras, quartas, sextas-feiras e sbados, excludos assim, as quinta-feiras (reservada propaganda partidria gratuita) e os do-mingos. Alternadamente, para cada dia de propaganda foi reservada a discusso acerca da criao dos estados de Carajs e Tapajs, tendo cada frente tempos idnticos para a exposio de suas idias.

    Finalmente, na data designada pela justia Eleitoral, o eleitorado do Estado do Par, por ampla maioria, recusou a diviso do terri -trio paraense, encerrando a discusso sobre a criao das novas unidades federativas.

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  • jAIME BARREIROS NETO

    ~ Ateno!!!

    Para saber mais sobre o plebiscito do Par, em especial sobre as resolu-es que o disciplinaram, consulte o site http://www.tse.jus.br/eleicoes/ plebiscitos-e-referendos/plebiscitos-no-estado-do-para.

    3- A GARANTIA DA LEGITIMIDADE DO EXERCCIO DO PODER DE SUFRGIO POPULAR COMO OBJETIVO DO DIREITO ELEITORAL

    Como j destacado no item i deste captulo, o objetivo do Di-reito Eleitoral a garantia da normalidade e da legitimidade do poder de sufrgio popular. Mas, afinal de contas, o que significa este "poder de sufrgio popular", a que o Direito Eleitoral bus-ca resguardar? Segundo Paulo Bonavides (Cincia Poltica, 2003, p. 228), o sufrgio o "poder que se reconhece a certo nmero de pessoas (o corpo de cidados) de participar direta ou indireta-mente na soberania, isto , na gerncia da vida pblica". Em uma democracia participativa, como a brasileira, o poder de sufrgio exercido atravs do voto, instrumento de materializao do sufr-gio manifestado nas eleies e nas consultas populares (plebiscitos e referendos), bem como por outros meios de participao direta do povo na formao da vontade poltica do Estado, a exemplo da iniciativa popular de lei.

    Vale destacar, assim, a diferena entre sufrgio, voto e escrut-nio. O sufrgio, como j ressaltado, o poder inerente ao povo de participar da gerncia da vida pblica; o voto, por sua vez, instru-mento para a materializao deste poder; o escrutnio, por fim, de-signa a forma como se pratica o voto, o seu procedimento, portanto.

    ~!:-:' :,.

    ,_ ... "" ~ Poder inerente ao povo de participar da gerncia da vida p-;-... bl ica. -

    ' . i] ~ Instrumento de materializao do poder de sufrgio. . ;..'::,

    ~"'- - . ~ Forma como se pratica o voto . ' Assim, o poder de sufrgio pode ser exercido atravs do voto,

    por meio de escrutnio secreto, por exemplo, hiptese prevista no

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  • DIREITO ELEITORAL: NOES INTRODUTRIAS

    ordenamento jurdico brasileiro (artigo 60, li da Constituio Federal

    e artigo 103 do Cdigo Eleitoral), atravs do qual garante-se o sigilo

    do voto, evitando distores e abusos de poder poltico prejudi-

    ciais ao regime democrtico. O sigilo do voto garantido, no Brasil,

    atravs da inviolabilidade do emprego de urnas que assegurem a

    inviolabilidade do sufrgio (urnas eletrnicas, em conformidade com

    o disposto no artigo 61 da Lei n. 9.504/97 - Lei das Eleies, bem

    como urnas de lona suficientemente amplas, a fim de evitar que as

    cdulas se acumulem, na ordem em que foram depositadas, confor-

    me o artigo 103 do Cdigo Eleitoral), bem como pelo isolamento do

    eleitor em cabina indevassvel.

    ~ Como esse assunto foi cobrado em concurso?

    Em questo aberta do 14 Concurso de Procurador da Repblica, pergun-tou-se: "O que significa o sigilo do voto, qual sua fundamentao legal e constitucional, e como deve ser assegurado?"

    Ainda em relao ao sufrgio , importante a distino entre as

    suas vrias espcies : sufrgio universal ou restrito, plural ou singu-

    lar, direto ou indireto.

    A principal classificao, relacionada ao tema, aquela que distingue o sufrgio universal do sufrgio restrito . Objetivamen-

    te, poderamos afirmar que todo sufrgio tem alguma espcie de

    restrio, no existindo sociedade que defira o exerccio pleno do poder de sufrgio a todos os seus cidados. Assim, de forma pre-cipitada, seramos levados a concluir que todo sufrgio restrito, o que seria um equvoco. Na verdade, o que distingue o sufrgio universal do restrito no o fato de existirem restries ao exer-ccio do poder democrtico, mas sim a razoabilidade, ou no, de tais restries.

    Seno vejamos: no Brasil, pessoas menores de 16 anos no po-dem votar, o que no deixa de ser uma restrio ao exerccio do sufrgio. Pergunta-se: tal restrio razovel? Entendemos que sim! Tal fato, portanto, por si s, no retira o carter universal do sufrgio no nosso pas.

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  • )AIME BARREIROS NETO

    ~ Como esse assunto foi cobrado em concurso?

    No Concurso para Juiz Substituto do Mato Grosso do Sul, realizado em 2008, foi considerada falsa afirmativa que dizia que "o sufrgio uni-versal, direito pblico subjetivo, que cabe a todos os nacionais, sem restries". Afinal, como j destacado, um menor de dezesseis anos po-der ser considerado nacional, mas no estar habilitado a exercer o sufrgio, o que no retira, entretanto, seu carter universal.

    Ser que razovel, por sua vez, impedir mulheres de exercer o sufrgio? Sem dvidas que no! Tal restrio, portanto, se presente, torna o sufrgio restrito, retirando-lhe o carter universal.

    Doutrinariamente, podemos indicar as seguintes formas de su-frgio restrito:

    Formas existentes de sufrgio restrito j ----------------------- -- - - ---

    Sufrgio leva em considerao o grau de riqueza do eleitor. Foi adotado censitrio no Brasil durante o Imprio;

    Sufrgio restringe o exerccio do poder de sufrgio em virtude do grau de capacit rio instruo do cidado;

    Sufrgio restringe o exerccio do poder de sufrgio em decorrncia da etnia. Historicamente, foi verificado na frica do Sul durante o

    racial regime do Apartheid, vigente at meados da dcada de 1990;

    espcie de sufrgio restrito que leva em conta o sexo do cidado. Sufrgio Foi verificado no Brasil at 1932, ano em que, finalmente, as mu-

    por gnero lheres passaram a ter o direito de participar ativamente da vida poltica do Estado.

    Sufrgio espcie de sufrgio restrito que leva em conta o credo do cida-religioso do.

    Ainda no que se refere s classificaes do sufrgio, vlido lem-brar da diferena entre sufrgio plural e sufrgio singular . Assim, no sufrgio plural , um mesmo indivduo tem o poder de exercer, mais de uma vez, o direito ao voto em um determinado processo eleitoral, fazendo com que o seu poder de sufrgio seja mais forte do que o de outros cidados (por exemplo, na escolha de um pre-feito, no caso de sufrgio plural, um determinado eleitor poderia ter o direito de votar trs vezes no mesmo candidato, configurando o

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  • IREITO ELEITORAL: NOES INTRODUTRIAS

    sufrgio plural, enquanto outro s poderia votar uma ou duas vezes

    no mesmo processo, gerando desequilbrio). No sufrgio singular,

    por outro lado, prevalece a lgica de Rousseau, segundo a qual, na

    democracia, cada homem deve corresponder a um nico voto (um

    homem, um voto).

    No Brasil, de acordo com o artigo 14, caput, da Constituio Fe-deral de 1988: "a soberania popular ser exercida pelo sufrgio

    universal e pelo voto direto e secreto, com igual valor para todos".

    Vigem, assim, no Brasil, o princpio da imediaticidade do sufrgio,

    segundo o qual o voto deve resultar imediatamente da vontade do

    eleitor, sem intermedirios, bem como o princpio da universalidade

    sufrgio, o qual impe, dentro dos parmetros da razoabilidade, o

    direito de sufrgio a todos os cidados.

    ~ Como esse assunto foi cobrado em concurso?

    No 20 Concurso de Procurador da Repblica, uma questo afirmava que a soberania popular, segundo a Constituio, ser exercida pelo sufrgio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante plebiscito, referendo e iniciativa popular. A questo foi considerada verdadeira.

    No Concurso para Juiz Substituto do Mato Grosso do Sul, realizado em 2008, por sua vez, foi considerada verdadeira assertiva que afirmava que "o princpio da imediaticidade do sufrgio caracterstica do siste-ma eleitoral brasileiro".

    ~ Ateno!!!

    Ainda segundo a Lei Maior, no seu artigo 60, li, clusula ptrea no Brasil o voto direto, secreto, universal e peridico. O voto indireto, no entanto, possvel, excepcionalmente, em caso de vacncia concomitante dos cargos de prefeito e vice-prefeito ou governador e vice-governador, ou ainda presidente e vice-presidente da Repblica, nos ltimos dois anos de mandato, casos em que a Constituio determina a realizao de eleies indiretas para os cargos vagos, a fim de que sejam completados os mandatos vagos.

    Vale ainda destacar, neste sentido, que a obrigatoriedade do voto no clusula ptrea no Brasil.

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  • ]AIME BARREI ROS NETO

    ~ Como esse assunto foi cobrado em concurso?

    No i9 Concurso de Procurador da Repblica, uma questo afirmava que "Na democracia brasileira a soberania popular exercida pelo sufrgio universal e pelo voto direto e secreto, clusula ptrea na Constituio". A afirmativa foi considerada verdadeira.

    Tambm no Concurso de Juiz Substituto do Mato Grosso do Sul, realizado em 2008 pela FGV, foi considerada falsa afirmativa que dispunha que no sistema brasileiro inexiste exceo regra do voto direto. Como obser-vado, excepcionalmente possvel o voto ser exercido de forma indireta (vide quadro anterior).

    4. O DEFERIMENTO DE MANDATOS POLTICOS COMO PRESSUPOSTO DA RE-PRESENTAO POLTICA

    No item 2 deste captulo, foi destacado que a democracia condio basilar para a materializao do Direito Eleitoral, ramo do Direito Pbl ico que tem como objetivo a garantia da normali -dade e da legitimidade do poder de sufrgio popular. Neste nte-rim, visualizou-se que a democracia moderna, superando o modelo ateniense de democracia direta, fundamenta-se na existncia da representao poltica, nascendo, deste fato, a necessidade do Di-reito Eleitoral.

    A representao poltica, caracterstica da democracia moder-na, tanto na sua verso indireta como tambm na semidireta, pres-supe, por sua vez, o deferimento de mandatos polticos, por meio dos quais os representantes eleitos pelo povo exercem, em nome deste, o poder. Assim, possvel concluir que o mandato poltico o instituto de direito pblico por meio do qual o povo delega, aos seus representantes, poderes para atuar na vida poltica do Estado.

    Assemelha-se o mandato poltico ao mandato de direito privado, espcie de contrato atravs do qual algum delega a outrem po-deres para represent-lo na prtica de um ato ou negcio jurdico. Tais institutos, no entanto, no se confundem, uma vez que, no man-dato de direito privado, o mandatrio (aquele que recebe o man-dato) sempre limitado pelo mandante, nos termos estabelecidos

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  • DIREITO ELEITORAL: NOES INTROOUTRIAS

    no mandato, enquanto que no mandato poltico, tendo em vista a relao maior travada entre os mandatrios e a sociedade como um todo, na maioria das vezes o exerccio do mandato livre. Seno

    vejamos!

    De acordo com a tradio jurdica ocidental, o mandato , tipica-

    mente, um instituto do Direito Privado, pelo qual uma pessoa autori-

    za outra a exercer determinadas atividades em seu nome. O aspecto contratual, desta forma, relevado, podendo o mandato, no Direito

    Civil, ser concedido a ttulo oneroso ou gratuito.

    Com o advento da democracia representativa, a teoria do man-dato transposta para o Direito Pblico. Convenciona-se denominar

    de mandato poltico o instrumento atravs do qual os representan-tes, eleitos pelos seus pares, exercem a soberania, tomando deci-

    ses em nome da coletividade.

    Inicialmente, a tradio civilista do mandato influencia decisiva-mente a concepo do mandato poltico. Com o filsofo ingls John Locl'\e, no sculo XVII, a teoria do mandato poltico imperativo passa a ser difundida, na defesa do ideal de que o povo, como titular da

    soberania, deve estabelecer limites ao do governo, a fim de que o interesse pblico, e no os interesses privados dos represen-tantes, prevalea. A este propsito, Orlando Ferreira de Melo (Di-

    cionrio de Direito Poltico, i978, p. 78) define a teoria do mandato poltico imperativo como sendo o "processo poltico atravs do qual

    os eleitores conferem aos eleitos poderes condicionados, ou seja, sujeitando os atos de representao do mandatrio vontade do mandante, com relao a questes partidrias, de representao regional e outras".

    Com a consolidao da democracia liberal-burguesa, no sculo XVIII, entretanto, a tese referente ao mandato poltico que termina por prevalecer a referente ao mandato poltico-representativo, cujos adeptos, como bem ressalta Bobbio (A Filosofia Poltica e a Lio dos Clssicos, 2000, p. 462), defendem, de forma geral, a in-competncia do povo para tratar de assuntos gerais, devendo assim ser eleitos representantes mais preparados e entendidos de tais

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  • ]AIME BARR EIROS NETO

    questes, para o bem de toda a sociedade. Foi com Edmund Burke, no seu famoso "Discurso aos Eleitores de Bristol", proferido em 03 de novembro de 1774, que a teoria do mandato representativo foi impulsionada. Naquela oportunidade, Burke proferiu as seguintes e histricas palavras (Arnaldo Gonalves, 2005):

    O Parlamento no um congresso de embaixadores que defendem interesses distintos e hostis, interesses que cada um dos membros deve sustentar, como agente ou advoga do, contra outros agentes ou advogado, ele seno uma assemblia deliberante de uma Nao, com um interesse: o da totalidade; de onde devem prevalecer no os interesses e preconceitos locais mas o bem geral que resulta da razo geral do todo. Elegeste um Deputado mas quando o esco-lheste, no ele o deputado por Bristol, mas um membro do Parlamento.

    So traos caractersticos do mandato representativo a generali-dade, a liberdade, a irrevogabilidade e a independncia. De acordo com a generalidade, o mandatrio no representa o territrio, a populao, o eleitorado ou o partido poltico, ele representa a nao em seu conjunto. J conforme a caracterstica da liberdade, o repre-sentante exerce o mandato com inteira autonomia de vontade, como titu lar da vontade nacional soberana.

    Quando se ressalta a irrevogabilidade do mandato represen-tativo, por sua vez, afirma-se que o eleitor no pode destituir o mandatrio tido como "infiel". Por fim, a independncia uma ca-racterstica que denota que os atos do mandatrio encontram-se desvinculados de qualquer necessidade de ratificao por parte do mandante.

    Na contemporaneidade, tem se notado um fortalecimento da tese do mandato imperativo. Exemplo desta tendncia pde ser observado, por exemplo, no recall realizado na Califrnia, em 2004, que possibilitou a eleio do ator Arnold Schwarzenegger para go-vernador daquele estado americano. O fator decisivo, entretanto, para a consecuo desta tendncia a aplicao, cada vez mais constante, da teoria do mandato partidrio, que teve em Hans Kelsen seu ma ior expoente, nos regimes democrticos. de se

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  • DIREITO ELEITO RAL: NOES INTRODUTRIAS

    ressaltar que, acolhendo-se a teoria do mandato partidrio , no

    se est abraando, propriamente, a tese do mandato imperativo.

    Os eleitores, diante da doutrina do mandato partidrio, no de-

    tm o poder de revogao dos mandatos dos seus representantes.

    Estes, entretanto, so obrigados a submeter-se ao cumprimento

    das diretrizes partidrias legitimamente estabelecidas, sob pena

    de perda dos seus mandatos. Da a incontestvel necessidade de

    valorizao do princpio da fidelidade partidria como basilar engenharia da representao poltica contempornea, o qual ser

    trabalhado, nesta obra, no captulo referente aos partidos polticos

    (neste sentido, vale ainda destacar publicao especfica sobre o

    tema, de nossa autoria, denominada "Fidelidade Partidria", publi-

    cada em 2009 pela Editora JusPodivm).

    Questo sempre recorrente nos debates populares sobre poltica

    refere-se ao fato de que a grande maioria dos polticos, uma vez

    eleitos, tendem a no cumprir promessas realizadas em campanha,

    as quais, por sua vez, restam olvidadas pela populao, que termina

    por convalidar tais omisses.

    Sob o argumento da necessidade de um maior controle por parte

    do eleitorado em relao s atitudes dos seus mandatrios polticos,

    foi includo na lei 9.504/97 , por meio da recente lei n. i2.034/09,

    o inciso IX do l do art. 11 , estabelecendo que os candidatos a

    cargos majoritrios do Poder Executivo (prefeitos, governadores e

    presidente da repblica) devero juntar, aos seus requerimentos de candidaturas , as suas propostas e projetos de campanha . Tal

    obrigao, ressalte-se, imputvel apenas a candidatos a cargos

    executivos.

    Vale destacar, comentando o referido dispositivo legal inovador,

    que, na prtica, o mesmo tem, apenas, contedo moral , uma vez

    que no existe previso legal de perda de mandato poltico de can-

    didato eleito que venha a descumprir promessas formuladas duran-te a campanha eleitoral no Brasil, uma vez que no h, em nosso pas, mandato poltico imperativo .

    39

  • JAIME BARREIROS NETO

    Mandatrio tem plena liberdade para exercer o mandato poltico. No precisa seguir as orientaes do eleitor.

    Fundamenta-se na concepo de que o povo, como ti-,11111 tular da soberania, deve estabelecer limites ao do ~ governo, a fim de que o interesse pblico, e no os inte-

    resses privados dos representantes, prevaleam. O mandatrio, assim, deve seguir as recomendaes do eleitor, sob pena de perder o mandato.

    Fundamentado na lgica da fidelidade partidria, ba-seia-se no pressuposto de que o partido poltico o verdadeiro dono do mandato, devendo o mandatrio seguir as diretrizes legitimamente estabelecidas pelo partido sob pena de perder o mandato por infidelidade

    r;~~~;.q1 partidria. a espcie de mandato poltico vigente no Brasil desde o momento em que o TSE respondeu con -sulta n. i398 formulada pelo partido de Frente Liberal (PFL), em 27.03.07 e o STF julgou os Mandados de Segu-rana 26.602, 26.603 e 26.604, relacionados questo da fidelidade partidria.

    5. O DIREITO ELEITORAL COMO MICROSSISTEMA JURDICO E AS SUAS RELA ES COM OUTROS RAMOS DO DIREITO

    Um dos principais, seno o principal, objetivos do Direito o es-tabelecimento de uma ordem estvel e racional de fatores, capaz de promover a paz social e a convivncia pacfica das pessoas.

    Neste sentido, a evoluo do homem ao longo da sua histria, que trouxe como conseqncia uma complexidade cada vez maior das relaes sociais, que culminaram com a formao e a consolida-o do moderno Estado de Direito, terminou por firmar a necessida-de de uma maior racionalizao do Direito, a partir da consagrao do entendimento de que as normas jurdicas constituem-se no m-nimo tico fundamental das sociedades, devendo assim a ilicitude jurdica ser sancionada de forma institucionalizada pelo Estado.

    Surge, assim, a dominao legal-burocrtica, pautada em uma lgica de organizao racional de competncias estatais firmada na ideologia da supremacia da lei, fato que conduz a uma sistematizao

    40

  • DIREITO ELEITORAL: NOES INTRODUTRIAS

    do conhecimento jurdico, fundamentada em uma ordem, a partir da qual se viabiliza o poder de sano do Estado, necessrio citada promoo da paz social e da convivncia pacfica entre as pesso-

    as. Constri-se, dessa forma, a concepo de ordenamento jurdico como sistema, ou seja, como uma unidade ordenada de conhecimen-

    tos, fundamentada em regras e princpios.

    Sem querer entrar no mrito da discusso sobre o carter aber-

    to ou fechado dos ordenamentos jurdicos, trabalhada a partir de uma anlise mais aprofundada da Teoria Geral do Direito, possvel afirmar que o ordenamento jurdico fundamentado em uma lgica

    sistemtica de regras e princpios em permanente interao, sobre a qual possvel visualizar-se a insero de diversos microssistemas,

    de propores diminutas. o Direito Eleitoral, neste diapaso, pode ser considerado um microssistema jurdico, composto de normas de carter material e processual, de naturezas civil, administrativa e criminal. Evidente se torna, assim, a existncia de relaes des-se ramo do Direito com outras disciplinas jurdicas, a exemplo do

    Direito Administrativo, do Direito Civil, do Direito Penal e do Direito Processual Civil e Penal.

    De todos os ramos do Direito, entretanto, aquele que guarda uma relao mais prxima e evidente com o Direito Eleitoral , sem sombra de dvidas, o Direito Constitucional. Desde os tempos mais remotos, possvel se identificar a existncia de uma ordem po-

    ltica constitucional, independentemente do desenvolvimento mais aprofundado de uma teoria constitucional ou mesmo de um Direi-to Constitucional, implicando uma limitao ao exerccio do poder poltico. Seja na Idade Mdia, ou mesmo na Antiguidade, evidente a existncia de uma normatizao, nem sempre positivada, dos direitos e deveres fundamentais dos indivduos, da organizao po-ltica da sociedade e dos preceitos bsicos de instrumentalizao da participao poltica.

    Pode-se afirmar, assim, que o Direito Constitucional, independen-temente da definio de seu marco histrico originrio, o ramo do Direito que tem como objeto a normatizao dos preceitos polticos fundamentais do Estado, representados pelo seguinte trip:

    41

  • ]AIME BARREI ROS NETO

    Objeto do Direito Constitucional

    Estabelecimento dos direitos, deveres e garantias fundamentais

    Organizao poltica

    da sociedade

    Instrumentalizao da participao

    poltica

    Tendo em vista que um dos objetos fundamentais do Direito Constitucional a instrumentalizao da participao poltica, evi-dente torna-se a concluso que o Direito Eleitoral guarda uma n-tima relao com esse ramo do Direito. Afinal de contas, como j ressaltado, o Direito Eleitoral tem por objeto todo o conjunto de regras e princpios atinentes promoo dos preceitos basilares da atuao poltica do cidado, normatizando no apenas o processo eleitoral, como tambm outros meios de participao poltica, tpicos da chamada "democracia semidireta", a exemplo do plebiscito e do referendo.

    Ainda no mbito do chamado "Direito Pblico", o Direito Eleitoral guarda uma importante relao com o Direito Administrativo. Afinal de contas, como ser observado no captulo IV desta obra, referente organizao da Justia Eleitoral, vrias atividades desenvolvidas por esta justia especializada, que se constituem em objeto do Di-reito Eleitoral, tm natureza administrativa, a exemplo da organiza-o do eleitorado nas zonas e sees eleitorais, do alistamento e transferncia de domiclio dos eleitores e do poder de polcia para a manuteno da ordem.

    Com os Direitos Financeiro e Tributrio, tambm ramos do cha-mado "Direito Pblico", lembra Fvila Ribeiro que, da mesma forma que com o Direito Administrativo e o Direito Constitucional, so ob-servados muitos contatos firmados pelo Direito Eleitoral, a exemplo das normas de controle sobre finanas e contabilidade dos partidos polticos, bem como na "distribuio de multas e penalidades em dinheiro e na sua convergncia para o fundo partidrio" (Fvila Ri -beiro, i996, p. 21).

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  • DIREITO ELEITORAL: NOES INTRODUTRIAS

    J com o Direito Penal, o Direito Eleitoral tambm guarda uma for-te relao. Basta recordarmos, para afirmamos tal condio, a exis-tncia de diversos crimes eleitorais previstos na legislao eleitoral, em especial no Cdigo Eleitoral, que sero estudados mais adiante, no captulo XIV desta obra.

    Ainda na esfera do Direito Pblico, patente a relao do Di-reito Eleitoral com o Direito Processual Civil e o Direito Processual Penal. a partir da aplicao de preceitos destes dois importantes ramos do outrora denominado "direito adjetivo" que se estabele-cem as normas procedimentais para o processamento e julgamento dos feitos eleitorais, viabilizando-se o exerccio da chamada "tutela jurisdicional", ou seja, a atividade estatal de resoluo de conflitos estabelecidos no mbito das eleies, desde a sua fase preparatria (iniciada com o alistamento dos eleitores), at a sua fase final (com a diplomao dos eleitos e a possibilidade de propositura de Ao de Impugnao de Mandato Eletivo, no prazo decadencial de quinze dias aps a referida diplomao, de acordo com norma expressa na Cons-tituio Federal de 1988, em seu artigo 14, io). Assim, so previstas, no mbito do direito processual eleitoral, diversas normas referentes a jurisdio e competncia, prazos, recursos e modalidades de aes, de suma importncia para a efetivao do direito material.

    J no que se refere s relaes travadas entre o Direito Eleitoral e os ramos do chamado "Direito Privado", indiscutvel a proximi-dade daqule com o Direito Civil . Afinal, conceitos e regras como as de parentesco (estabelecidas pelo Direito de Famlia, segmento do Direito Civil), personalidade, domiclio e propriedade tm larga apli-cao no mbito das eleies, definindo, por exemplo, muitas vezes, causas de inelegibilidade. A identificao de uma propriedade como pblica ou privada, rural ou urbana, objeto do Direito Civil, tambm se constitui, neste diapaso, em tema de grande relevncia para o Direito Eleitoral, quando do momento da organizao do eleitorado e da definio do funcionamento das mesas receptoras de votos.

    Vale destacar que mesmo diante de to prximas relaes do Direito Eleitoral com outros ramos do Direito, evidente a autono-mia cientfica do mesmo. Tal constatao possvel a partir da ve-rificao da existncia de princpios prprios (que sero estudados ainda neste captulo); autonomia legislativa (dispe o art. 22, caput,

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  • )AIME BARREIROS NETO

    da Constituio de 1988 que compete privativamente Unio legislar sobre Direito Eleitoral); autonomia didtica, constatada a partir do oferecimento da disciplina em vrios cursos jurdicos, bem como de uma cada vez mais abrangente literatura especializada; alm, cla-ro, da existncia, no Brasil, desde 1932, de uma justia especializada na matria eleitoral.

    6. AS FONTES DO DIREITO ELEITORAL

    Vrias so as fontes diretas do Direito Eleitoral. As mais impor-tantes so a Constituio Federal, o Cdigo Eleitoral, a Lei das Elei-es (Lei n. 9.504/97), a Lei das Inelegibilidades (Lei Complementar n. 64/90), a Lei dos Partidos Polticos (Lei n. 9096/95), alm das resolues do Tribunal Superior Eleitoral.

    Nos ltimos anos, em especial na dcada de 1990, com o fortale-cimento contnuo da democracia brasileira, surgiram, como se pode perceber, importantes instrumentos normativos regulamentadores do processo eleitoral, como a Lei das Inelegibilidades, a Lei dos Partidos Polticos e, principalmente, a Lei das Eleies. Tal fenmeno, de crucial importncia para a consolidao do regime democrtico no pas, foi fundamental para o fim, ou pelo menos a diminuio, de casusmos, muito comuns outrora, quando, s vsperas de cada eleio, uma nova normatizao surgia, gerando uma grande insegurana jurdica.

    No podemos olvidar que, alm das chamadas fontes diretas, ainda existem as chamadas fontes indiretas, a exemplo da jurispru-dncia (que ser analisada ao longo desta obra) e da doutrina .

    Doravante, faremos uma breve exposio sobre a importncia de cada uma das chamadas "fontes diretas" do Direito Eleitoral bra-sileiro, as quais, obviamente, sero melhor estudadas ao longo de toda esta obra.

    6.i. Constituio Federal de 1988

    A fonte primria do Direito Eleitoral brasileiro , sem dvidas, a Constituio Federal de 1988, que estabelece os princpios e re-gras fundamentais da democracia, alm das normas primrias so-bre direito de nacionalidade, condies de elegibilidade e causas de inelegibilidade, sistemas eleitorais, hipteses de perda e suspenso

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  • DIREITO ELEITORAL: NOES INTROOUTRIAS

    dos direitos polticos, previso sobre a propositura de Ao de Im-pugnao de Mandato Eletivo, alm de normas gerais sobre o fun-cionamento dos partidos polticos e organizao da Justia Eleitoral.

    No seu artigo 12, por exemplo, dispe a Carta_ Magna sobre nor-mas relativas ao direito de nacionalidade, determinando os parme-tros gerais para a fixao da capacidade eleitoral ativa (quem pode alistar-se eleitor) e para a capacidade eleitoral passiva (quem pode ser candidato a cargos eletivos), uma vez que, em regra, s pode participar da vida poltica do Estado quem considerado povo, ou seja, quem tem no apenas vnculos jurdicos para com o Estado, mas tambm vnculos polticos, de identidade, vlidos independentemen-te dos limites de fronteira estatais. Em suma: s pode alistar-se, em regra, como eleitor o brasileiro, nato ou naturalizado, conforme as normas de direito de nacionalidade determinadas, primariamente, no texto da Constituio Federal (excepcionalmente, como ser es-tudado, portugueses, sem cidadania brasileira, podero alistar-se eleitores e candidatar-se a cargos eletivos no Brasil).

    Os artigos 45 e 46 da CF/88, por sua vez, determinam, respectivamen-te, que os deputados federais sero eleitos pelo sistema eleitoral pro-porcional e os senadores pela sistema majoritrio simples, assim como o artigo 77 estabelece o sistema majoritrio absoluto como o vlido para a eleio do presidente da repblica. Tais normas, assim, confirmam, mais uma vez, a importncia da Constituio Federal como fonte do Di-reito Eleitoral, no devendo o leitor, neste sentido, olvidar que uma das bases do trip constituinte do objeto do Direito Constitucional, como j ressaltado, , justamente, o estabelecimento das normas de instru-mentalizao da participao poltica, tema central do Direito Eleitoral.

    6.2. Cdigo Eleitoral (Lei n. 4.737, de 15/07/1965)

    Alm da Constituio Federal, uma outra fonte de grande rele-vncia para o Direito Eleitoral o chamado "Cdigo Eleitoral", ins-titudo pela Lei n. 4.737/65, quando o Brasil, saliente-se, j vivia o Regime Militar estabelecido em 1964, fato histrico que determinou vrias restries ao pleno exerccio da democracia neste pas.

    Embora defasado em vrios aspectos, ainda no Cdigo Eleitoral que encontramos diversas normas de substancial importncia para o Direito Eleitoral, a exemplo daquelas referentes ao alistamento

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  • JAIME BARREIROS NETO

    eleitoral, sistemas eleitorais, atos preparatrios para a votao, or-ganizao da Justia Eleitoral, recursos eleitorais e crimes eleitorais, que sero estudadas oportunamente, nesta obra.

    6.3. Lei das Eleies (Lei n. 9504/97)

    Surgida em 1997. a Lei das Eleies passou a exercer fundamental papel para a estabilizao da democracia brasileira, estabelecen-

    do normas perenes regulamentadoras de temas como coligaes,

    convenes para a escolha de candidatos, registro de candidatos, prestao de contas, pesquisa eleitorais, propaganda eleitoral, con-dutas vedadas aos agentes pblicos em campanhas e fiscalizao das eleies.

    ~ Ateno!!!

    At a promulgao da Lei n