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Dos Banhos à Sede Projecto de Design de Ambientes

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Dos Banhos à Sede

Índice9Introdução

11Espaço

13Banhos de São Paulo

15Sede da Ordem dos Arquitectos

19Acessos

21Ambiente

25Cor

29Materiais

31Texturas

35Conclusão

39Bibliografia

43Anexos

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Dos Banhos à Sede

Introdução

No âmbito da disciplina curricular de Projecto de Design de Ambientes, foi-nos pro-posto a realização de um trabalho de pesquisa de um espaço. Dentro das várias hipóteses que nos foram dadas, optámos pela Sede da Ordem dos Arquitectos (antigos Banhos de São Paulo). O nosso interesse inicial foi des-perto pela mistura de estilos que se viam nos diferentes lados do edifício. A curiosidade ali-ada ao gosto pelo saber, levou-nos a não hesi-tar em querer estudar aquele espaço.

Assim sendo, começámos pelo levantamento de informações relativamente ao edifício da Sede da Ordem dos Arquitectos, situada na freguesia de São Paulo em Lisboa. Pretende-se que ao se ler esta reflexão se compreenda de que forma o espaço foi aproveitado, de que forma as cores, materiais e texturas influ-enciam o espaço e se todas estas característi-cas funcionam em harmonia e se preenchem todos os requisitos necessários para satisfazer os utentes.

Para uma melhor compreensão visual, foram realizados levantamentos fotográficos e desenhos à mão levantada de todo o espaço, tanto exterior como interior. Por outro lado, para uma melhor compreensão das texturas, estas, também, foram retiradas do espaço.

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Estilo Neoclássico

Surge aproximadamente em 1750 e perdura até 1830. Estilo artístico que tem como conceitos e regras a arte greco-romana, sendo uma arte intelectualizada e racional. No campo técnico-formal procurou o virtuosismo e a beleza idealizada dos Antigos e em termos conceptuais e temáticos onde o Belo se confunde com o Útil e a Estética se aprox-ima da Ética. A arquitectura neoclássica marcou o estilo e a corda das reformas urbanísticas em meados do século XIX, nas grandes cidades ocidentais, transformadas em grandes metrópoles pelo crescimento demográfico, pela industrial-ização e pelo aumento do comércio e dos serviços. Em Portugal,

Só se desenvolveu plenamente no ultimo quartel do século XVIII e nas primeiras décadas do século XIX embo-ra depois sobrevivesse ate entrado o século XX, sobretudo através da arquitectura publica e estatal. O neoclassicismo em Portugal conheceu 2 influências: a italiana, predominante na região lisboeta, e a inglesa predominante no Porto. (ligada ao comercio do Vinho do Porto).

Estilo Pombalino

Em 1755 deu-se um terramoto em Portugal onde afectou drasticamente a baixa da Capital.

Assim é nesta altura que, principalmente em Lisboa passa a haver uma verdadeira, rápida e cuidada planifica-ção do urbanismo. Propunha-se, então, a reedificação da parte baixa da cidade, de forma dinâmica e funcional, onde as largas ruas se cruzavam umas com as outras de forma geométrica. Deste modo, o estilo pombalino fazia a combinação entre a severidade maneirista e a frieza do neopalladianismo suavizadas pelos elementos decorativos do Barroco e Rococó.

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Banhos de São Paulo

“A posição de Lisboa é única em toda a fachada atlântica da Península Ibérica, ocupa no estuário do Tejo, no litoral português a sua chanfradura mais profunda, adjacente a terras baixas e planas por onde correm faixas nat-urais de trânsito para o norte e sul do país”. 1

Foi no final do século XIX que a capital do país começou a ter um desenvolvimento acentuado, tanto no preenchimento dos es-paços existentes no centro da cidade como, também, nos seus subúrbios.

A freguesia de S. Paulo é uma das mais antigas da cidade de Lisboa, onde podemos encontrar diversos edifícios históricos que nos ajudam no entendimento da história da cidade. Esta zona de traços tipicamente pom-balinos é caracterizada por uma forte ligação ao rio Tejo.

Em 1829 quando se fixavam os alicerc-es da extremidade meridional da ala ociden-tal da Praça do Comércio a água rebentou do fundo de um fosso, água esta que mais tarde se veio a descobrir que possuía propriedades curativas. Tais propriedades foram descober-tas pelos próprios operários cujas pernas em contacto com a água morna lhe curaram as úl-ceras de que sofriam. Os Banhos de São Paulo, edifício situado nesta mesma zona, foram con-struídos em 1850, de forma a aproveitar esta água.

O edifício foi projectado pelo Arquitec-to Francês Pierre Joseph Pezerat e aberto ao público em 1885.

Este edifício de aspecto sóbrio e uma racionalizada unidade formal apresenta um

estilo Neoclássico. As suas formas geométri-cas são assentes pelas suas grandes massas volumétricas, contudo, estas são atenuadas por diversas pilastras. Tanto a entrada prin-cipal como as secundárias apresentam uma importante delimitação no aspecto exterior dos Banhos de São Paulo. Apenas a fachada e as traseiras foram tratadas, pois na altura em que foi construído, o edifício encontrava-se embutido entre outros dois.

No interior podia-se encontrar uma galeria ou claustro que era iluminada por uma enorme clarabóia, este espaço servia de es-paço polivalente de passagem e também de estadia. O movimento é dado através da dis-tribuição dos diversos espaços nas plantas rectangulares. Espaços, estes, sóbrios e fun-cionais encontram-se isentos de decoração.

Relativamente aos materiais, foram utilizados azulejos no revestimento das pare-des, ferro na estrutura da galeria, alvenarias de pedra e o exterior da fachada era revestida de pedra calcária aparelhada. As paredes inte-riores não estruturais eram revestidas a ma-deira com fasquiado onde o estuque e a pin-tura eram assentes. Os tectos era de estuque branco e as paredes tinham cores acinzenta-das.

1. GOUVEIA, Judith; O Livro da Obra - Banhos de São Paulo; Lisboa; página 5

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Manuel Graça Dias, Arquitecto, nasceu em 1953 em Lisboa. Licenciou-se em Arquitectura na Escola de Belas Artes de Lisboa. Vive e trabalha em Lisboa onde criou, em 1990, o atelier CONTEMPORANÊA com Egas Vieira. Obteve o 1º lugar no concurso para o pavilhão de Portugal na Expo ’92, Sevilha bem como no concurso para a construção da Nova Sede da A.A.P/ banhos de S.Paulo, em Lisboa, ambos em associação com EJV.

Egas José Vieira, Arquitecto, nasceu em 1962 em Lisboa. Licenciou-se em Arquitectura pela FA/UTL Ficou clas-sificado em 2º lugar para a ampliação da Sede da Ordem dos Engenheiros em Lisboa, em associação com Pedro Ucha.

Ambos tem trabalhos construídos em Lisboa, Almada, Porto, Guimarães, Chaves, Ponte de Sôr, Portalegre, Grândola, Faro, Vila Real, Madrid, Sevilha e Macau, que têm sido objecto de publicação na imprensa especializada e têm vindo a ser mostrados8desde 1978) em exposições colectivas ou individuais.

Em 1990 a Associação dos Arquitectos portugueses lança um concurso publico para a requalificação dos Ban-hos de São Paulo e para a adaptação do edifico a sede da Associação onde a Secretaria de Estado da Cultura declaro o interesse cultural do projecto de recuperação dos Banhos de São Paulo. Passado um ano, em 1991, o projecto é aprova-do pelo Instituto Português do património Cultura e pela Câmara Municipal de Lisboa. Em 1992, inicia-se a reconversão do edifício, segundo um projecto dos arquitectos Manuel Graça Dias e Egas José Vieira, concluída em 1994.

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Sede da Ordem dos Arquitectos

A necessidade de um espaço apro-priado nasceu de um crescente número de arquitectos e das novas funções atribuídas á Associação em 1988. Contudo, impôs-se um problema: como podia uma Associação sem excedentes anuais significativos partir para um investimento tão vultuoso? Um segundo problema foi: “ Que sentido dar á casa dos ar-quitectos?”.

O sentido de abertura foi o sentido dado a este projecto, não só recuperar um ed-ifício histórico abandonado, como também, assentar neste espaço um novo tempo acres-centando, assim, à memória de outros tempos novas transformações. Pretendia-se então que a “casa dos arquitectos fosse a casa da Arquitectura”.

O Edifico escolhido para a albergar a Sede da Ordem dos Arquitectos foi os Banhos de São Paulo, localizado, como já referido an-teriormente, na Freguesia de São Paulo. Esta escolha está ligada à forte história que o edifí-cio transmite e a sua possibilidade de transfor-mação e adaptação.

Tinha-se como principal objectivo ex-ecutar todo o projecto de forma exemplar. Assim, através da modificação e do resultado final, a arquitectura poderia servir de referên-cia pedagógica.

Para a realização deste projecto ini-ciou-se um concurso com o objectivo de criar a nova ”casa dos arquitectos”, deste modo, estava intrínseco qual o sentido a seguir nos projectos: criar um espaço onde todos os ar-quitectos se sentissem em casa. Contudo, ex-

istiam desafios, tanto as paredes como o pavi-mento estavam consumidos pelas fendas e aluimentos que impossibilitariam o suporte de novos materiais. Era, assim, necessária uma in-tensa remodelação.

No âmbito do concurso foi escolhido o projecto dos arquitectos Manuel Graça Dias e Egas Viera. Esta proposta consistia no seguinte: “ O edifício propunha uma (mal re-solvida) relação entre dois pisos virados á Travessa do Carvalho (alçado norte) e três outros voltados a sul.

Respeita-mos esse “desejo” procuran-do continuar a significação do alçado neo-clás-sico; “demos” pé direito ao hall de entrada e um maior ainda a sala de reuniões por cima, voltada à varanda.

A partir daí, desenhamos três lajes para cumprir as alturas dos anteriores pisos volta-dos ao rio. Essas lajes vêm, nos topos norte, “apanhar” o alçado principal com insuspeitas relações de janela.

Um vazado central – pátio coberto – “suportado” por pilares em ferro fundido (o resto do edifício era composto por grossas paredes de pedra miúda que apoiavam trave-jamentos e pavimentos de madeira ) rasgava o edifício a meio, permitindo uma generosa entrada de luz com galerias de circulação a

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volta. (…)

O alçado principal era grosseiro na por-menorização “miúda” que precisava de uma “limpeza” que no-lo desenvolvesse outro no seu equilibrado desenho neoclássico: clarifi-camos a janelas procurando reintroduzir-lhe uma escala mais nobre.

O alçado sul era belo no seu disléxico registo do tempo, janelas acidentais, espes-suras de cantaria guardámo-lo apenas limpo, como retrato de um edifício que tivesse sido sempre assim, em novo.

A empena poente era canhestra e expectante: criámos-lhe um quadro, um de-senho, um painel, que guarda composto a chegada de um volume, excitante que possa dizer outro século, no meio da arquitectura dos aterros”. 2

Devido à degradação dos Banhos foi necessário manter algumas características da arquitectura inicial, assim, o pátio central coberto a vidro permaneceu, como também algumas paredes secundárias. O “poço” exis-tente a nascente ilumina agora a biblioteca.

A proposta dividiu-se em três aspectos fundamentais: o primeiro salienta, ao mesmo tempo que esbate, o pós-neoclássico, dando maior importância ao estilo contemporâneo; o segundo faz a ligação entre o programa pretendido e o que a estrutura do edifício permite; por fim na fachada poente os arqui-tectos pretendiam construir um pequeno edi-fico que albergaria o auditório e o restauran-te. Contudo, este ultimo ponto da proposta não pode ser executado, tendo apenas uma

parede com um desenho de estacionamento em basalto negro sobre o vidraço.

Deste modo, podemos encontrar neste edifício uma junção entre um estilo passado e um estilo recente. No exterior deparamo-nos com uma entrada estilo neoclássico junta-mente com uma parede lateral em azulejo com cores vivas. Já no interior encontramos uma arquitectura contemporânea onde as vigas de ferro são o principal foco de interesse junta-mente com a clarabóia que ilumina o espaço central do edifício. O pé direito bastante alto dá a ilusão de espaço, tornando, deste modo, os pequenos corredores e pequenos espaços, juntamente com a boa disposição dos elemen-tos decorativos, em áreas amplas, funcionais e dinâmicas. A junção das linhas rectas, domi-nantes do espaço, com alguns pormenores em linhas curvas, proporciona uma sensação de complexidade, mas ao mesmo tempo de harmonia entre as formas.

2. CÂMARA, Mafalda Ataíde de Sousa da; Os Banhos de S. Paulo Passado Presente e Futuro? ; Lisboa; 1986

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Acessos

Em relação aos acessos temos dis-poníveis várias opções, tais como: autocarros que param no Cais do Sodré e na Rua de São Paulo; metropolitano de Lisboa com paragem no Cais do Sodré, linha verde; barco preceden-te da Margem Sul; comboios da linha de Cas-cais também no Cais do Sodré; e, finalmente, parques de estacionamento no Cais do Sodré e Santos.

Como podemos constatar, a Sede en-contra-se numa zona de fácil acesso, onde é possível, com relativa facilidade, aceder de qualquer ponto de Lisboa e arredores.

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Ambiente

Para uma melhor compreensão das caracter-ísticas relativas à iluminação, alarmes de in-cêndio, ventilação e mobiliário, procedemos a um levantamento numérico das mesmas.

Átrio:

• 10 Luminárias encastradas nas colunas • 5 Luminárias encastradas no tecto• 1 Alarme de incêndio no centro do átrio• 4 Janelas• 1 Porta• 2 Ar condicionado • Secretária do segurançaZona central:

• 16 Luminárias encastradas na parede junto ao chão• 2 Luminárias encastradas na parede junto ao tecto• Iluminação natural através da clarabóia• 1 Extintor• 6 Holofotes nas colunasSecretaria:

• 5 Luminárias no tecto• Diversas secretárias• 1 Alarme de incêndio• 2 Janelas• 1 Ar condicionado Livraria:

• 8 Luminárias no tecto• 9 Luminárias encastradas no tecto• 2 Bancos• 1 Secretária• 1 Alarme de incêndiosBar:

• 7 Luminárias no tecto• 9 Luminárias no tecto• 9 Mesas com 2 cadeiras em cada• 2 Ar condicionado

• 3 Ventiladores• 4 Janelas• 4 Portas• 2 Alarmes de incêndioWC:

• 1 Luz de entrada• 2 a 3 Focos de luz no interiorAuditório:

• 36 Luminárias encastradas no tecto• 85 Cadeiras• 12 Ventiladores• 1 Projector• 2 Alarmes de incêndio• 1 Extintor

Podemos verificar, ao analisar estes dados, que um dos aspectos fundamentais deste espaço é a luz, tanto natural como artifi-cial. Existe também uma preocupação na colo-cação dos sensores de incêndios, contudo, ap-enas existem dois extintores em toda a área pública. A preocupação com a ventilação do espaço foi também uma constante. O mobil-iário segue sempre a mesma linha, linha essa, simples, bastante funcional, de cores neutras e materiais resistentes.

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Cor

Azul: A cor azul pode ser encontrada nos tectos, em alguns móveis e na porta de acesso à livraria. Esta cor tem como principal significado os símbolos e os sentimentos a que associa-mos a cor. É a cor de todas as qualidades e sentimentos bons, assentes na compreensão recíproca. Não é de estranhar, portanto, que o azul seja tão aceite, tendo em conta que não há nenhum sentimento negativo que nele prevaleça.Palavras-chave: simpatia; harmonia; distante; infinito; frio; fidelidade; fantasia; divino.

Vermelho: A cor vermelha apresenta-se em algu-mas paredes, nomeadamente nos WC’s, no exterior e em alguns azulejos. É a primeira cor a que o homem deu nome. Denominações básicas do vermelho: o fogo é vermelho e o vermelho é sangue. Quando tudo se torna demasiado cromático, a primeira cor que incomoda é o vermelho, pois o vermelho é a cor das cores.Palavras-chave: amor; ódio; sangue; vida; fogo; masculino/feminino; alegria; rios; nobre-za; luxo; reis; cardeais; agressividade; perigo; imoral; proibido; liberdade; justiça; controlo; dinamismo.

Cinzento: Podemos encontrar a cor cinzenta na maioria das estruturas de ferro, em algumas peças de mobiliário, alcatifas, paredes e no ex-terior. O cinzento é uma cor sem força, é como se representasse uma cor suja ou um preto atenuado. Representa a velhice e o irre-

mediável. Tecnicamente é incolor e é demasi-ado débil para ser masculino mas demasiado ameaçante para ser feminino. É uma cor sem carácter.Palavras-chave: sentimentos sombrios; de-sprezível; teoria; horrível; cruel; desumano; secreto; velhice; esquecido; passado; pobre-za; modéstia; barato; grosseiro.

Cor-de-laranja: Esta cor é utilizada na parede da secre-taria e em algumas peças de mobiliário. O cor-de-laranja tem um papel pouco importante no nosso pensamento e no nosso simbolismo. Pensamos sempre primeiro no vermelho ou no amarelo do que nesta cor, re-sultando assim num escasso numero de con-ceitos a seu respeito. É uma cor que altera a percepção mas muito utilizada.Palavra-chave: exótico; sabor; diversão; so-ciabilidade; chamativo; inadequado; perigo; transformação; budismo.

Amarelo: O amarelo encontra-se nas paredes dos WC’s e em certos pormenores dos azule-jos. O amarelo é uma das três cores primárias e a mais claras de todas as cores vi-vas. Esta relacionado com experiencias e sím-bolos relacionados com o sol a luz e o ouro. É a cor do optimismo mas também é do nojo, da mentira e da inveja. É a cor da iluminação do

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entendimento mas também dos desprezíveis e dos traidores. O amarelo é desta forma con-traditório. Palavras-chave: diversão; amabilidade; opti-mismo; luz; entendimento; maturidade; inveja; ciúme; mentira; advertência; traição; criativo.

Preto: O preto encontra-se principalmente no chão e em pormenores decorativos. O preto denota de um simbolismo que não se pode comprara ao de nenhuma outra cor. É a ausência de todas as cores, sendo por isso proibido na pintura. “O preto é uma cor sem cor.”.Palavras-chave: juventude; final; luto; ligação; ódio; egoísmo; culpa; misterioso; introvertido; sujo; mau; azar; sacerdotes; conservadores; protestantes; autoridades; moda; elegância; ilegalidade; anarquia; brutalidade; duro; pesa-do; anguloso; estreito.

Castanho: O castanho encontra-se nos móveis.Esta cor é a cor mais rejeitada de todas, é a mis-tura de todas as cores a maioria dos conceitos tem conotação negativa. O castanho está em todo lado mas como cor em si é depreciado.Palavras-Chave: Feio; antipático; preguiça; ne-cessidade; acolhedor; antiquado; robusto; po-bres.

Branco: Branco é utilizado nas paredes e em pormenores do chão. Esta cor, segundo o simbolismo, é a cor mais perfeita e não existe nenhum significado

negativo. Associamos esta cor a qualidades que nunca associaríamos a outra. Palavras-chave: Começo; ressurreição; per-feição; univocidade; baptismo; limpo; esteril-izado; inocência; luto; espíritos; “ cor do bem”; fantasmas; moda; minimalista; vazio; leve.

Verde: O verde é utilizado numa das paredes do auditório. O verde é mais do que uma cor, é a quinta-essência da natureza, é uma ideologia, um estilo de vida.Palavras-chave: natureza; natural; vida; saúde; primavera; fertilidade; fresco; maturidade; ju-ventude; amor incipiente; Vénus; esperança; tranquilidade; liberdade; funcional.

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Materiais

Após uma profunda analise do espaço, focando especialmente os materiais utilizados na sua construção e decoração podemos en-contrar uma diversidade considerável de ma-teriais. Os vários tipos de materiais têm a ca-pacidade de nos transmitir diversas sensa-ções, desde mudanças de temperatura, pas-sando por sentimentos e a determinação de estilos. As alcatifas, as madeiras, cortiças e tecidos dão-nos a sensação de um ambiente quente, acolhedor, e confortável. Já o aço, o betão, o metal e a pedra transmitem-nos sensações como o frio, e tem um aspecto ro-busto, grotesco e agressivo. Relativamente aos mármores, vidros, azulejos e mosaicos transmitem-nos, também, uma sensação de frio, contudo, tem um aspecto tradicional, el-egante e agradável. Para alem disso, são ópti-mos reflectores o que ajuda a iluminação do espaço de uma forma natural. Por último, os estuques e o PVC são materiais simples, toda-via, bastante funcionais e acessíveis.

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Texturas Cada textura diferente tem a capa-cidade de nos transmitir diversas sensações, que nos influenciam na maneira de estar e de como interagimos com o espaço. Analisámos as texturas mais relevantes presentes no espaço, de forma a percebermos em que sentido elas nos influenciam.

Azulejos exteriores: frio; criatividade; dinamis-mo;

Pedra: áspera; grandeza; monumentalidade; antiguidade; força; conhecimento;

Parede: suavidade; acolhimento; versátil; neu-tro; simplicidade;

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Conclusão

“A actual Sede da Ordem dos Arquitec-tos foi, durante mais de cem anos, o local onde as populações mais pobres de Lisboa vinham a banhos. As paredes dos Banhos de São Paulo também serviram de centro de conspiração aos revoltosos do 5 de Outubro.” 3

Chegando ao fim de uma exaustiva pesquisa sobre a Sede da Ordem dos Arqui-tectos, concluímos que, este espaço não só é o que esta nova obra pretendia, ser a casa dos arquitectos, onde se respira arquitectura, mas também, um espaço carregado de simbo-lismo, de história e de factos incontornáveis da cidade de Lisboa. Em suma, este edifício junta duas épo-cas distintas de uma forma que se completam. A imponência do estilo neoclássico é equilibra-da pelas cores e materiais brutos, característi-cos de uma arquitectura contemporânea. É evidente que o objectivo proposto no projecto relativamente ao sistema de con-strução, tanto a nível de uma iluminação natu-ral dominante, como da convergência de to-das as áreas para o mesmo espaço central, é conseguido. A harmonia do espaço, também, é con-seguida de uma forma criativa. Ao mesmo tem-po que nos focamos em materiais de aspecto frio (materiais dominantes) somos puxados por cores quentes, e vice-versa. Todo este jogo entre materiais e cores está presente no exterior e interior do edifício, tanto nas pare-des, como em mobiliários, pormenores e em tantos outros aspectos quase imperceptíveis. Todo o espaço foi pensado ao pormenor. Na nossa opinião, todas as ideias e conceitos, tão infimamente pensados e re-flectidos, estão conseguidos de uma forma coerente e extremamente criativa. Tornando

aquela casa, não só a casa dos arquitectos, como uma casa com fortes capacidades de adaptação a novos contextos, tentando satis-fazer expectativas pessoais e profissionais.

3. História: http://www.oasrs.org/; consultado a consul-tado a 6 de Abr. de 2010

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Bibliografia

CÂMARA, Mafalda Ataíde de Sousa da; Os Banhos de S. Paulo Passado Presente e Futuro? ; Lisboa; 1986

GOUVEIA, Judith; O Livro da Obra - Banhos de São Paulo; Lisboa

PINTO, Ana Lídia, Fernanda Meireles, Manuela Cernadas; História da Arte Ocidental e Portuguesa - das origens ao final do século XX; Porto; 2006

DIAS, Manuel Graça, Egas José Vieira; Nova sede da Ordem dos Arquitectos, Lisboa, 1991-1994: http://www.contemporanea.com.pt/aap_06.html; consultado a 6 de Abr. de 2010

Egas José Vieira: http://www.bomsucesso.com.pt/architects/egas-jos%C3%A9-vieira-143216; consul-tado a 23 de Mar. de 2010

Manuel Graça Dias: http://www.bomsucesso.com.pt/architects/manuel-gra%C3%A7a-dias-143215; consultado a 23 de Mar. de 2010

História: http://www.oasrs.org/; consultado a consultado a 6 de Abr. de 2010

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Perfil dos Arquitectos

Arquitectos são 14500 Secção Regional Sul com 80 por cento dos arquitectos da AML Com dois terços dos arquitectos inscri-tos, a composição da Secção Regional Sul da Ordem dos Arquitectos é um espelho social e demográfico da profissão: marcada por uma «extrema juventude», na expressão usada no último grande estudo feito à profissão, e em acelerada efeminização. Em Julho de 2007, estavam inscritos na Ordem dos Arquitectos 14.425 profission-ais, dos quais 9389 (65 por cento) na Secção Regional Sul – A Ordem tem duas secções re-gionais, norte (com cerca de 35 por cento dos inscritos e 20 por cento de profissionais a ex-ercer na Área Metropolitana do Porto) e sul. Nos últimos dois anos e meio, entre Janeiro de 2005 (1) e Julho de 2007, a per-centagem total de arquitectos inscritos cres-ceu 15,58 por cento. De acordo com o último grande estudo feito à profissão (Relatório Profissão: Arquitecto/a, realizado pelo Institu-to de Ciências Sociais (ICS) em 2006 e coorde-nado pelo sociólogo Manuel Villaverde Cabral) (2) há mil novos arquitectos por ano a chegar ao mercado de trabalho. Dos membros efectivos na SRS da Or-dem dos Arquitectos (3), há 129 a residir no es-trangeiro e 1517 residem em áreas abrangidas pelas Delegações e Núcleos. Dos arquitectos com residência em território nacional (9260), 77,6 por cento estão na Área Metropolitana de Lisboa (AML), vivendo e trabalhando na zona mais populosa do país. Na AML reside um quarto da população portuguesa, segundo os dados do último recenseamento realizado

2001. No estudo de 2006 encomendado pela Ordem dos Arquitectos ao ICS, que tem como referência o universo total de profissionais, refere-se que «mais de 40% dos arquitectos inscritos na Ordem trabalham na área metro-politana de Lisboa e mais de 25% na própria capital». Estes dados, adianta o estudo, corre-spondem «obviamente a uma concentração muito superior à da população em geral, mas que poderá corresponder ao volume de con-struções que passam pelos ateliers de arqui-tectura no conjunto do país» – apesar de, por exemplo, não haver em Lisboa um concurso público de arquitectura desde o início dos anos 90 do século passado. Voltando aos inscritos na SRS, consta-ta-se, naturalmente, que é no concelho de Lis-boa que há mais arquitectos (37,1 por cento do total), seguindo-se os de Oeiras, Cascais, Sintra, Almada e Loures: Quadro 1 Distribuição dos arquitectos na Área Metropolitana de LisboaConcelho Mulheres H o m e n s TotalAlcochete 6 7 13Almada 147 189 336Amadora 110 158 268Barreiro 36 56 92Cascais 297 424 721Lisboa 1348 2088 3436Loures 144 166 310Mafra 42 45 87Moita 15 27 42Montijo 11 27 38Odivelas 67 79 146

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Oeiras 302 433 735Palmela 23 46 69Seixal 54 62 116Sesimbra 30 26 56Setúbal 82 86 168Sintra 196 258 454Vila Franca Xira 44 64 108Total 2954 4241 7195Fonte: Ordem dos Arquitectos As nove Delegações e Núcleos da SRS repre-sentam 10,5 por cento do total dos arquitec-tos existentes e 16,15 por cento dos arquitec-tos da SRS, de acordo com dados de Julho de 2007. Estas delegações e núcleos cobrem parte do território dos distritos de Leiria e Castelo Bran-co até ao Algarve (que é a região mais repre-sentada com 524 arquitectos inscritos) e inte-gram ainda as regiões autónomas dos Açores e Madeira.Quase 80 por cento dos arquitectos da Secção Regional Sul (SRS) pertencem à Área Metro-politana de Lisboa. As estruturas descentral-izadas da SRS representam 10 por cento dos seus profissionaisFonte: Ordem dos Arquitectos O facto de representarem 10 por cento dos profissionais é assinalável porque apenas uma das estruturas (Algarve) foi constituída antes de 2000. A maioria dos núcleos e delegações nasceu em 2001 e a sua consolidação, neces-sariamente lenta, começa a dar sinais, até de protagonismo. Veja-se o caso do «Manifesto da Casa dos Cubos», um documento de 14 de Julho de 2007 que fala muito do papel da de-scentralização, pensado para influenciar as propostas dos candidatos às eleições nacio-

nais de 18 de Outubro de 2007. Para já, em apenas uma destas estruturas (Núcleo do Baixo Alentejo) há tantas mul-heres como homens, sendo o sexo masculino maioritário em todas as outras. Esta realidade não desmente que os homens estão a perder terreno (mas não poder) na profissão. A questão do género marca diferen-ças pronunciadas, de acordo com o estudo do ICS: os homens acumulam mais modalidades de trabalho, fazem mais arquitectura por conta própria, têm vínculos menos precários, participam em mais concursos, ganham mais prémios e têm rendimentos «claramente su-periores» aos das mulheres. Quadro 2 Estruturas descentralizadas da Secção Regional SulDelegações e Núcleos Total Arquitec-tos2007 Homens Mulheres Arq/1000 habitantesDelegação Algarve 524 307 2 1 7 1,32Delegação Castelo Branco 86 60 26 0,41Delegação Leiria 292 170 1 2 2 0,63Delegação Açores 123 82 4 1 0,50Delegação Madeira 204 121 8 3 0,83Delegação Portalegre 67 42 25 0,55Núcleo Litoral Alentejano 50 29 21 0,64Núcleo Baixo Alentejo 74 37 37 0,56Núcleo Médio Tejo 97 58 3 9 0,62TOTAL 1517 906 611 Fonte: Ordem dos Arquitectos O Relatório Profissão: Arquitecto/a salienta que dois terços dos arquitectos têm menos

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de 40 anos e que o maior grupo etário destes profissionais é o dos 29 anos. «O rejuvenesci-mento da profissão», prossegue, «não é um fenómeno recente» e tinha sido referido num trabalho de João Freire e Luísa Delgado: nos anos oitenta «70 por cento dos arquitectos tinham-se formado depois de 1970 e conta-vam menos de 40 anos de idade». A questão da idade não só não é menosprezáv-el como «explica muitos dos problemas ac-tuais enfrentados pela profissão» e as atitudes perante a profissão, explica o relatório do ICS. Actualmente, «cerca de 90 por cento dos ar-quitectos em exercício formaram-se depois do 25 de Abril». O estudo diz que, perante «esta drástica renovação geracional» e por uma necessária «democratização» da origem dos novos licenciados (através das universidades privadas) (4) surpreende o «quão pouco o ethos profissional dos arquitectos parece ter-se modificado». Entre 45 a 50% dos arquitectos dedicam-se ex-clusivamente a uma única modalidade de ex-ercício profissionalEntre 50 a 55% acumulam uma ou mais activi-dades profissionais40% dos arquitectos exercem a sua profissão por conta própria como actividade principal. Um terço é assalariadoAs arquitectas estão sub-representadas en-quanto profissionais liberais (26,8%) e sobre-representadas enquanto funcionárias das ad-ministrações central e local (42%)28% dos arquitectos exercem a profissão ex-clusivamente como assalariados. As autar-quias são as grandes empregadoras destes arquitectos (33%) seguindo-se a administração pública central (20%)Fonte: Relatório Profissão: Arquitecto/a. Es-tudo promovido pela Ordem dos Arquitectos, Lisboa, 2006Esse ethos, que se manifesta nos «valores e atitudes» dos arquitectos ou no «baixo

descontentamento» e quase ausência de con-flito apesar das dificuldades de acesso e práti-ca profissionais («o aumento do desemprego de licenciados tem caracterizado a situação socio-económica desde o final do século pas-sado»), é fortemente homogéneo em primei-ro lugar, pela origem. «O grau de fechamento do recrutamento so-cial dos arquitectos só é ultrapassado pelo dos médicos», ou seja, os estudantes de arqui-tectura têm ascendentes com alto grau de ha-bilitações literárias em cerca de 70 por cento dos casos e, também, com um alto estatuto socioprofissional. O ICS encontra, nestes dados, «um grau de ‘endogamia’ – arquitectos filhos e/ou famili-ares próximos de arquitectos – superior àqui-lo que se conhece para qualquer das outras profissões liberais». Um quarto dos cerca de 14.500 actuais arquitectos «possui relações fa-miliares próximas dentro do corpo profission-al da arquitectura, sendo essas relações em 10 por cento dos casos múltiplas, o que aponta para a existência não só de ‘dinastias’ como também de ‘clãs’ profissionais». Esses 20 por cento de indivíduos que configu-ram uma situação de «endogamia socioprofis-sional» eram 50 por cento até ao 25 de Abril, o que significa a sua gradual diminuição. As re-des familiares (mas também sociais) revelam-se determinantes no acesso à profissão em cerca 50 por cento dos casos. 82,5% dos arquitectos declaram que o seu principal domínio de actividade são os estu-dos e projectos; só 5% se dedicam a tarefas de gestão, direcção e fiscalização de obrasA habitação uni-familar é a área de concep-

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ção mais importante dos arquitectos portu-gueses (abrange como actividades principal e secundária perto de 60% dos profissionais); a habitação pluri-familiar é a segunda área mais importante de concepção. Quase 90% dos ar-quitectos estão envolvidos na concepção de habitaçõesOs promotores imobiliários são os principais clientes de apenas 4% dos arquitectos. As grandes empresas são os principais clientes de 2 a 3% dos arquitectosMenos de 30% dos arquitectos estão envolvi-dos na concepção arquitectónica de edifícios públicos e equipamentos colectivosO Estado central, as regiões autónomas e as autarquias são os principais clientes de 25% dos arquitectosFonte: Relatório Profissão: Arquitecto/a. Es-tudo promovido pela Ordem dos Arquitectos, Lisboa, 2006

Já «o factor género tem também um peso grande, embora menor do que a idade, na ex-plicação das diferenças de situação e atitudes entre os arquitectos». Por exemplo, elas fre-quentam mais as pós-graduações do que os arquitectos o que leva o ICS a dizer que as mul-heres «exibem um perfil formativo mais esco-lástico do que prático» sendo mais «exigentes na avaliação que fazem dos cursos». Apenas 5,5 por cento das mulheres em actividade tem mais de 50 anos. De acordo com o estudo, «embora a percenta-gem de arquitectas a exercer presentemente a profissão ainda não seja muito superior a um terço dos inscritos na Ordem, exactamente 35,5 por cento, esta percentagem tem vindo

a aumentar todos os anos, havendo o volume anual de licenciadas atingido a paridade com o dos licenciados só nos últimos cinco anos, quando na grande maioria dos cursos univer-sitários a percentagem de mulheres licencia-das anualmente é muito claramente superior a 50 por cento».Apenas um terço dos arquitectos concorreu nos últimos três anos a um ou mais concursos públicos em Portugal23% dos homens já ganharam pelo menos um prémio enquanto que apenas 12% das mul-heres estão nessa situação80% dos arquitectos ganham até dois mil eu-ros por mês. Menos de 10% declararam rendi-mentos superiores a três mil euros mensais. 75% declaram-se insatisfeitos com os seus ren-dimentos.10% dos arquitectos declaram-se satisfeitos com os seus rendimentos. Mais de 40% dos arquitectos (homens e mul-heres) estão descontentes ou desiludidos. Metade das arquitectas está «descontente» ou «desiludida»Fonte: Relatório Profissão: Arquitecto/a. Es-tudo promovido pela Ordem dos Arquitectos, Lisboa, 2006«A arquitectura continua partilhada entre um ethos estético e técnicoprofissional», defende o estudo, quando não só luta «pela plena ju-risdição sobre a construção de edifícios, inclu-indo as edificações urbanas para habitação e para usos colectivos públicos ou privados, como sempre possuiu fronteiras disputadas com uma série de outras profissões». «O problema jurisdicional das profissões é universal e está em permanente negociação», assinala-se no relatório do ICS, «dependendo em grande medida da capacidade de cada cor-po profissional para impor, nomeadamente através da pressão sobre os poderes públicos, as fronteiras que mais lhe convêm». Ao mesmo tempo, existe uma comprovada «concentração de recursos num número redu-

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zido de arquitectos no acesso às encomendas economicamente mais atractivas». O estudo do ICS refere que existem «desigualdades significativas que atravessam a profissão (…) entre um pequeno grupo de arquitectos que tende a concentrar a maioria dos recursos e uma larga maioria de profissionais que deles está distante». A «concorrência» é o problema que mais preocupa os arquitectos quando exercem a profissão como liberais. Seguem-se os «prob-lemas burocráticos», a falta de uma tarifa de honorários, o custo dos equipamentos e a questão dos trabalhos iniciados mas não con-cluídos.67,5% dos arquitectos elegem como principal preocupação a concorrência; a precariedade laboral dos jovens arquitectos é referida por 36%82% dos arquitectos defendem que qualquer projecto de arquitectura tem de dar priori-dade às questões ambientais60,6% dos arquitectos não participa em qualquer reunião da Ordem, 18,4% participa-ram em duas ou mais reuniões39% dos arquitectos participaram em pelo me-nos duas actividades culturais organizadas pela OrdemPara os arquitectos, a defesa e a promoção da arquitectura são as principais competências estatutárias da OrdemFonte: Relatório Profissão: Arquitecto/a. Es-tudo promovido pela Ordem dos Arquitectos, Lisboa, 2006A concorrência, na sua origem, está forte-mente relacionada com os candidatos à fac-uldade. Os mais recentes dados do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (da primeira fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior público, de Setembro de 2007) indicam que a média de entrada dos cursos de arquitectura aumentou novamente, situando-se entre os 18,20 valores (18,1 em

2006) na Universidade do Porto e os 14,40 na Universidade de Évora (14,0 em 2006). Os 541 lugares disponíveis no ensino público, que são sensivelmente metade dos existentes se con-tarmos com as instituições privadas, foram ocupados. A procura excede a oferta, tanto em termos de cursos como de trabalho. O estudo do ICS realça que esta realidade terá levado à «inter-posição, entre a conclusão da licenciatura e a entrada na vida activa, de estágios (…) mas também à continuação dos estudos de arqui-tectura ou à sua reorientação, por exemplo em direcção ao urbanismo)». Estes estágios profissionais têm carácter obrigatório e são promovidos pela Ordem dos Arquitectos.

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