livro a missão das irmãs de s.josé de chambéry

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1 Choupana de Anchieta Século XVI Igreja da Misericórdia Século XVII e XVIII Chácara dos Ingleses Século XIX Chácara do Arouche Século XIX, XX e XXI

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1

Choupana de Anchieta Século XVI

Igreja da Misericórdia Século XVII e XVIII

Chácara dos Ingleses Século XIX

Chácara do Arouche Século XIX, XX e XXI

2

IRMÃS DE SÃO JOSÉ DE CHAMBERY

NA SANTA CASA DE

MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO

DADOS DA EDITORA:

Impressão

ISBN

Gráfica

Patrocínio:

Dr. Antonio Cleidenir Tonico Ramos

Irmão Mesário da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia

de São Paulo

3

Roda dos Expostos - 1825 a 1950

Mesmo desativada continuou recebendo até 1960

4

TRABALHO DE PESQUISA

Autoria de Maria Nazarete de Barros Andrade - Coordenadora

do Museu Augusto Carlos Ferreira Velloso e da Capela da

Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo

COLABORADORES:

Elizabete Eduarda Simões - Estagiária

Priscila Alves da Silva - Aprendiz

Luiz de Camões Vita Argolo - Jornalista

Dr. Luiz Sampaio Gouveia - Irmão Mesário da Irmandade da

Santa Casa de São Paulo

Dr. Pedro Jabur - Clínica Médica da Irmandade da Santa Casa de

São Paulo

Irmã Cristiana do Coração de Maria

Irmã Delta Toyama

Irmã Rosa Guedes

Irmã Satiko Yamaguchi

Irmã Judith Maria Muniz

Irmã Luiza Carolina Rocha da Silva

Irmã Maria de Lourdes Martins Sylvestre

5

Agradecimentos

Adriana Dinis Campos - Gerente de Comunicação da Santa Casa

de São Paulo

Terezinha Nogueira Carvalho

Solange Blanco

Magali de Oliveira Paula Souza - Diretora de Enfermagem da

Santa Casa de São Paulo

Fotógrafos:

Dr. Toshio Mochida - Médico Radiologista da Irmandade da

Santa Casa de São Paulo

Márcio Sayeg

Lucia Mindlin Loeb

6

Sumário

IRMANDADE DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO E A OBRA DE CARIDADE DAS IRMÃS DE SÃO JOSÉ DE CHAMBÉRY .................................................................................................................. 9

PREFÁCIO ............................................................................................................................................. 10

MADRE THEODORA VOIRON ................................................................................................................ 14

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 20

EXEMPLO DE VIDA, DE CARIDADE E DE MISERICÓRDIA, CUIDANDO DOS ENFERMOS E ABANDONADOS. ........................... 20

A ORIGEM DAS IRMÃS ......................................................................................................................... 23

A CHEGADA DAS IRMÃS DE SÃO JOSÉ DE CHAMBÉRY NO BRASIL ........................................................ 26

ORAÇÃO .................................................................................................................................................... 35 HINO A MADRE MARIA THEODORA VOIRON .................................................................................................... 35

VIRGEM MARIA SANTÍSSIMA ............................................................................................................... 37

SANTA CASA DE SÃO PAULO - BRASIL COLONIAL ................................................................................. 38

INÍCIO DA OBRA DE CARIDADE COM RELIGIOSOS ................................................................................................. 38 PE . JOSÉ DE ANCHIETA ................................................................................................................................ 39 PADRE MANOEL DA NÓBREGA ....................................................................................................................... 39 CACIQUE TIBIRIÇÁ (OU TEVEREÇÁ) .................................................................................................................. 41 COMPROMISSO DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DA IMPERIAL CIDADE DE SÃO PAULO ........................................ 42 VIRGEM MARIA SANTÍSSIMA ......................................................................................................................... 42

IGREJA DA MISERICÓRDIA ................................................................................................................... 43

SÉCULO XVII E XVIII .............................................................................................................................. 43

A MISERICÓRDIA E AS IRMÃS DE SÃO JOSÉ DE CHAMBÉRY NA SANTA CASA DE SÃO PAULO ............... 46

DR. ANTONIO DE CAETANO DE CAMPOS .......................................................................................................... 48

AS IRMÃS DE SÃO JOSÉ DE CHAMBERY: DA SAÚDE PÚBLICA A ASSISTÊNCIA SOCIAL ........................... 50

OBRAS DA MISERICÓRDIA.................................................................................................................... 52

HOSPITAL DA GLÓRIA .......................................................................................................................... 53

CHÁCARA DOS INGLESES - FATOS IMPORTANTES ................................................................................................ 54

MARIA ARSÊNIA BERTHET: A EXÍMIA DIRETORA .................................................................................. 56

ASYLO DOS EXPOSTOS E A RODA DOS ENJEITADOS ............................................................................. 58

DR. LUCAS ANTONIO MONTEIRO DE BARROS ................................................................................................... 59 RODA DOS EXPOSTOS .................................................................................................................................. 59 IRMÃ ÚRSULA ............................................................................................................................................ 60 PRIMEIRO EXPOSTO ..................................................................................................................................... 62 ULTIMO EXPOSTO ........................................................................................................................................ 65 IRMÃ MARIA AUXILIADORA MAGNANI ............................................................................................................ 67 DR. FRANCISCO ANTONIO DE SOUSA QUEIROZ ................................................................................................. 68 MADRE JOANNA PHILOMENA ........................................................................................................................ 70 DR. SYNÉSIO RANGEL PESTANA ..................................................................................................................... 75 DR. JOÃO MAURÍCIO DE SAMPAIO VIANNA ...................................................................................................... 79

7

IRMÃ MARIA ANGELINA ROULLIER. ................................................................................................................ 79

AS IRMÃS NO ENSINO EDUCACIONAL PAULISTA: O EXTERNATO SÃO JOSÉ .......................................... 81

IRMÃ MARIA SIMPLICIANA RAFFIN ................................................................................................................. 86

ASYLO DE MENDICIDADE: A ABNEGAÇÃO AO PRÓXIMO...................................................................... 94

AMÉRICO BRASILIENSE DE ALMEIDA MELLO FILHO ............................................................................................ 95 IRMÃ LUIZA CAROLINA ROCHA DA SILVA ........................................................................................................ 101

HOSPITAL DOS LÁZAROS .................................................................................................................... 103

DR. JOSÉ LOURENÇO DE MAGALHÃES ........................................................................................................... 107 DR. EMÍLIO MARCONDES RIBAS ................................................................................................................... 114

SANATÓRIO VICENTINA ARANHA ...................................................................................................... 116

MADRE PAULA DE SÃO JOSÉ ALMEIDA CARDOSO ............................................................................................ 118

LEPROSÁRIO SANTO ÂNGELO ............................................................................................................ 120

ASYLO SANTO ANTÔNIO DE ARARAS E AS MISSIONÁRIAS DE JESUS CRUCIFICADO DE CAMPINAS .... 122

HOSPITAL CENTRAL ............................................................................................................................ 128

ARCIPRESTE CÔNEGO JOÃO JACYNTO GONÇALVES DE ANDRADE ......................................................................... 128 QUADRILÁTERO DA SANTA CASA DE SÃO PAULO ............................................................................................. 130 BRASÃO DA SANTA CASA DE SÃO PAULO ....................................................................................................... 132 CAPELA NOSSA SENHORA DA MISERICÓRDIA E AS IRMÃS DE CARIDADE ................................................................ 136 VISITAÇÃO DE NOSSA SENHORA ................................................................................................................... 140 NOSSA SENHORA DA MISERICÓRDIA ............................................................................................................. 140

EXTERNATO SANTA CECÍLIA ............................................................................................................... 144

ATIVIDADES E MISSÃO DAS IRMÃS .................................................................................................... 148

REFEITÓRIO DA COMUNIDADE DAS IRMÃS ...................................................................................................... 149 IRMÃS DE SÃO JOSÉ NA PASTORAL ................................................................................................................ 151 REUNIÃO DA COMUNIDADE DAS IRMÃS ......................................................................................................... 152 LAVANDERIA ............................................................................................................................................ 154

ENFERMARIAS ................................................................................................................................... 157

MADRE MARIA EUGENIA JANIN. .................................................................................................................. 165 DR. ARNALDO AUGUSTO VIEIRA DE CARVALHO ............................................................................................... 166 IRMÃ MARTA ALEXANDRA VAGNOTI ............................................................................................................. 179 COZINHA ................................................................................................................................................. 182 IRMÃ AMBROSINA ..................................................................................................................................... 184 RESIDÊNCIA DAS IRMÃS .............................................................................................................................. 186

ESCOLA DE ENFERMAGEM S. JOSÉ ..................................................................................................... 191

MADRE DOMINOEUC ................................................................................................................................. 199 IRMÃ MARIA GABRIELA NOGUEIRA .............................................................................................................. 200 IRMÃ LUIZA DO CORAÇÃO DE MARIA ............................................................................................................ 202

PAVILHÃO CONDESSA ANNIE ÁLVARES PENTEADO - PEDIATRIA ........................................................ 203

IRMÃ URSULINA DE MARIA IASI ................................................................................................................... 206 IRMÃ MARGARIDA MARIA BANNWART ......................................................................................................... 210

8

INSTITUTO ARNALDO VIEIRA DE CARVALHO ...................................................................................... 213

IRMÃ NARCISA - A MILAGROSA ................................................................................................................... 214 IRMÃ FERNANDA ....................................................................................................................................... 215

PAVILHÃO FERNANDINHO SIMONSEN ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA ........................................... 217

IRMÃ APPARECIDA PRISNITY ........................................................................................................................ 219 IRMÃ DELTA TOYAMA ................................................................................................................................ 221 IRMÃ CRISTIANA DO CORAÇÃO DE MARIA ...................................................................................................... 225 DR. EURYCLEDES DE JESUS ZERBINI ............................................................................................................... 226 ROUPAS DO HÁBITO DAS IRMÃS DE SÃO JOSÉ DE CHAMBERY ............................................................................. 228

PAVILHÃO CONDE DE LARA ............................................................................................................... 229

IRMÃ ROSA GUEDES .................................................................................................................................. 230

DIVISÃO DE ENFERMAGEM ................................................................................................................ 232

IRMÃ JUDITH MARIA MUNIZ ....................................................................................................................... 234 IRMÃ CELITA FONSECA. .............................................................................................................................. 235 IRMÃ MARIA JOSÉ DO NASCIMENTO ............................................................................................................. 236

DEPARTAMENTO DE OBSTETRÍCIA E GINECOLOGIA ........................................................................... 237

IRMÃ MARIA DE FÁTIMA ............................................................................................................................ 238 IRMÃ SATIKO YAMAGUCHI .......................................................................................................................... 239 IRMÃ EULÁLIA IASI .................................................................................................................................... 241

FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO ................... 242

COLÉGIO SANT’ANA ........................................................................................................................... 246

HOMENAGENS RELIGIOSAS................................................................................................................ 249

OS RELIGIOSOS E A IRMANDADE DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO ....................... 253

CAPITÃO MOR DOM SIMÃO DE TOLEDO PIZA ................................................................................................ 253 DOM FREI ANTONIO DA MADRE DE DEUS ...................................................................................................... 254 DOM LUIZ ANTONIO DE SOUZA BOTELHO MOURÃO (MORGADO DE MATHEUS) ................................................... 255 DOM FREI MANUEL DA RESSURREIÇÃO ......................................................................................................... 256 DOM MATHEUS DE ABREU PEREIRA ............................................................................................................. 257 DOM MANUEL JOAQUIM GONÇALVES DE ANDRADE ........................................................................................ 258 ARCIPRESTE CÔNEGO JOÃO JACYNTO GONÇALVES DE ANDRADE ......................................................................... 259

RELIGIOSOS COMO IRMÃOS DA SANTA CASA DE SÃO PAULO............................................................ 261

MONSENHOR EZECHIAS GALVÃO DA FONTOURA ............................................................................................. 261 DOM ERNESTO DE PAULA ........................................................................................................................... 261

DEPOIMENTOS ................................................................................................................................... 264

ANINHA .................................................................................................................................................. 264 DRª. HELENA MÜLLER ............................................................................................................................... 266 GLAUCO CARNEIRO ................................................................................................................................... 269 DR. TOSHIO MOCHIDA ............................................................................................................................... 270

MUSEU DA IRMANDADE E O RESGATE DA HISTÓRIA ......................................................................... 271

IRMÃS NO MUSEU DA SANTA CASA DE SÃO PAULO.......................................................................................... 277

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................................... 279

9

IRMANDADE DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO E A OBRA DE CARIDADE DAS IRMÃS DE

SÃO JOSÉ DE CHAMBÉRY

10

Prefácio

Já estava na hora de alguém contar a história das Irmãs de São José, uma

congregação que tem como princípios básicos o desprendimento, a

devoção, a caridade e o amor ao semelhante. As Irmãs têm muita ligação

com a Santa Casa de São Paulo, com o extinto Colégio São José, no bairro

da Liberdade; com as crianças enjeitadas na “Roda dos Expostos”. E tudo

isso tem muito a ver com a autora deste livro, Maria Nazarete,

coordenadora do Museu e da Capela da Santa Casa de São Paulo. Ninguém

melhor do que ela para nos revelar a saga das religiosas.

Maria Nazarete é uma pesquisadora dedicada, incansável. Quem conhece o

Museu da Santa Casa, localizado dentro do Hospital Central, na Vila

Buarque, aqui em São Paulo, pode avaliar a seriedade e o cuidado de suas

pesquisas. Neste livro, ela não deixou escapar nada da vida das Irmãs de

São José, cuja comunidade foi fundada no século XVII, pelo jesuíta Jean

Pierre Médaille, em Puy, pequena cidade francesa.

As Irmãs de São José mesmo na França, nunca tiveram vida fácil. No

período da Revolução Francesa muitas foram presas e algumas morreram

como mártires. Após a Revolução, elas se espalharam pelo mundo. Das

sete primeiras que vieram para o Brasil, uma morreu na viagem.

Aqui em São Paulo, as religiosas dirigiram o Hospital da Santa Casa,

participaram da fundação do Colégio São José, só para moças, que não

existe mais; tomaram conta do Hospital dos Lázaros; deram assistência aos

tuberculosos e leprosos pobres; entre outros tantos trabalhos. A história da

filantropia e da generosidade para com outrem passa obrigatoriamente

pelas Irmãs de São José

O livro é escrito de forma muito objetiva, com depoimentos, fotos. É uma

obra enriquecedora, que traz à luz de nossos dias o trabalho desenvolvido

11

por essas mulheres abnegadas, cujo altruísmo é uma marca de todas as suas

ações. Uma lição de caridade e de amor desinteressado ao próximo.

Dr. Kalil Rocha Abdalla

Provedor da Santa Casa de São Paulo

Amigo das Irmãs de São José de Chambery

12

Irmãs da Congregação de São José de Chambery na

Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo

Fotografia de 1898, tirada na Gruta de Nossa Senhora de Lourdes, ao lado esquerdo da Capela Nossa Senhora da Misericórdia.

Santa Casa de Paulo

13

Madre Theodora Voiron 1ª

A contactar com a Irmandade

14

Madre Theodora Voiron

Temas me foram postos à disposição pelo gentilíssimo convite dos

responsáveis pelo Museu da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, para

que fosse possível a escolha sobre o que escrevesse, a conter-se neste

trabalho.

Os assuntos teriam pertinência com pessoas, objetos ou fatos que são

guardados por esta meritória Instituição, cujo Museu é denodada iniciativa

de seus Irmãos em Misericórdia e gentilíssimos funcionários que a eles se

vinculam, em messe de extremo valor e empenho absolutamente admirável

e valoroso.

Preferi escrever sobre Madre Theodora.

A razão está em anos maravilhosos de construção de minha vida, que

passei na rua que lhe leva o nome, em prédio, em que mantive escritório,

em conjunto com grandes amigos, na convivência saudosa e alegre de

companheiros que partiram e que em verdade, não os tenho por perdidos e

porque ainda estão, em que pesem falecidos, na mais saudosa recordação

de meu coração, em presença eterna, enquanto eterno eu possa ser.

Dessa casa – em que certamente contei com as bênçãos de Madre Theodora

– dali saí para conhecer minha mulher, Eliana Brossi, a quem reputo a luz

que me guia na escuridão dos meus caminhos de luta, sempre perseverando

na busca de um ideal, que nem bem sei qual seja, mas que nasceu nos meus

sonhos de meninice dos pomares e dos frondosos mangueirais de minha

infância inesquecível, no calor afetuoso de minha terra de Santa Cruz do

Rio Pardo, local em que vivi até meus dez anos, de lembranças

imorredouras, em que pese tenha nascido paulistano e aqui viva há

cinquenta anos.

Ali na Madre Theodora, as energias eram de extrema positividade. De que

não posso jamais esquecer, ser de lá o lugar de onde partiram também, duas

15

pessoas muito importantes na minha vida e pensamento. Fato que somente

soube há muito pouco tempo.

Estaria eu na Madre Teodora a colher suas positivas energias anímicas?

Quem sabe?

Lá muita coisa marcou minha vida. Embora muitas ainda eu preserve no

recôndito sigiloso de minha alma. Esperando em Deus, tirar entendimento

para o quê ainda eu precise compreender e ajustar.

Vejam então que importante, para mim, escrever sobre Madre Maria

Theodora Voiron.

De um amigo santista, ouvi a ternura que sua mãe destinava a esta senhora.

Fé que tivera em seus milagres.

Voltando para o Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, em que

menino o frequentava nas tertúlias de Brasil Bandechi, Licurgo de Castro

Santos Junior (ou Filho?), Odilon Nogueira de Matos e Ernâni Donato,

dentre outros, lá conheci Roberto Machado Carvalho, que me levou, com

minha sogra, Therezinha e minha mulher, para conhecer Itu – em verdade,

quem não conhece Itu? – assim, sobretudo, a fim de ver locais para

peregrinação daquela sobre quem ele escrevera “A GLORIFICAÇÃO DA

SERVA DE DEUS”, Madre Maria Theodora Voiron.

Os sentimentos foram os mais agradáveis possíveis, para todos nós,

reafirmando a sensação de bem estar que a simples lembrança da Madre

Theodora sempre me inspirou. Dali em diante, também para minha sogra e

esposa.

Entretanto, se do ponto de vista subjetivo, me inspiram principalmente

estes valores, transcendentalmente, o desafio do mistério da santidade,

neste momento de reversão a uma prática católica, ainda reflexiva, talvez

tenha sido a mais marcante motivação desta minha iniciativa em escrever

sobre Madre Theodora.

16

O que leva uma pessoa, como, por exemplo, o taumaturgo de Assis,

Francisco, servo de Deus, a despir-se das vaidades do mundo e ornar-se

com as vestes do espírito, despojando-se das ilusões da vida, para penetrar

nas ilusões da alma e ainda assim continuar a viver em uma sublime lição,

para a existência, em que, sem dúvida, o exemplo que fica é para a vida?

Como pode em um tempo de absoluta materialidade, um ser humano,

atingir dimensões da sensibilidade, que a nós, enquanto integralmente

matéria, não nos é dado sentir?

Por que uma pessoa ultrapassa o limiar da percepção sensorial e passa a

viver, exatamente, a sentir-se e a agir em vida, como se fosse um anjo?

Superar os sentidos é fácil, o faquir o faz. Difícil é superar os sentidos e

reverter para a vida, como os Santos fazem, em êxtase espiritual. Fazendo

desta ascese um ato motivado em amor, integração e interação com a

energia de Deus e em prol da Humanidade, por amor ao próximo.

Não quero e não posso especular sobre qual seja a razão de ser da

Santidade. Muito menos sobre o processo da Igreja Católica Apostólica

Romana, que conduz um ser humano a este patamar.

Entretanto, fascinam-me as lições que se podem tirar dessas vidas que se

são incomuns, de fato, são exemplos, para nós comuns, do quanto podemos

ser mais do que comuns, para nós próprios e para os comuns de nossas

comunidades.

Buscando máximas e conselhos de Madre Maria Theodora Voiron, atrai-

me por esta: “Mostremos o rosto, que é de todos, sempre sereno, embora

chore o coração que é tão somente nosso.”

A doação que está neste anexim, talvez seja a superação do egoísmo, sem a

anulação da individualidade, em que, certamente, está a chave para a

superação de um mundo, que se perde no individualismo das

individualidades e no esquecimento da Humanidade, de que o ser é o

cosmos. De que o indivíduo é todo ele coletividade. De que a coletividade

17

está no senso de Deus. Que por tudo isto é uno, único e total. Como dizia

Santo Agostinho, o continente de todas as coisas, que é contido por

nenhuma. A Força além do Cosmos.

Quando vim para a Santa Casa de Misericórdia, pelas mãos de Kalil Rocha

Abdalla, em iniciativa pretérita que fora do inesquecível José Celestino

Bourroul, deram-me a palavra em missa inaugural.

Inspirou-me, uma dicção, “o amor de Cristo nos uniu”, de um excerto

litúrgico, em minha peroração.

Sou feliz por ter tido este estímulo e quero estender esta sensação a todos

os meus Irmãos em Misericórdia, compartilhando a compreensão da razão

de nossa união e unidade, neste trabalho, que pode muito bem exprimir a

razão de nossos dias.

Pois bem, a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo é inseparável da vida

de Madre Maria Theodora Voiron.

Em 1872, a Administração da Irmandade entregou às abnegadas Irmãs da

Congregação de São José, a que pertenceu Madre Maria Theodora, a

direção de seus hospitais, sob a liderança dela.

Pouco mais precisa ser escrito, para se ter a real dimensão do esforço desta

mulher. Somente quando se vê a travessia do tempo, que a superação destes

anos propiciou, até os nossos dias, conservada esta Casa para os deveres

das gerações futuras, entende-se o esforço de Madre Theodora e das Irmãs

de São José. Foram e são elas importante colaboração para o bem estar de

nossos doentes.

Quanto de santidade há de existir nessas bondosas Irmãs, como Madre

Theodora, que exprimem em seus semblantes o sorriso que consola,

quando em seus corações ainda podem estar marcas dos sofrimentos de

seus seres?

Assim, falar do Museu da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e de

Madre Maria Theodora Voiron, é falar um pouco do muito que isto tudo

18

explica. Justifica porque há neste museu lembranças de Madre Maria

Theodora Voiron.

Na Igreja Católica Apostólica Romana existe um processo formal para

elevar uma pessoa ao estágio do reconhecimento de sua santidade.

O sujeito deste processo pode ser destacado com os títulos de Venerável,

Beato e Santo. Cada um deles corresponde a um estágio do processo em

que o ápice é o estado de Santo. Um Santo tem representação nos altares da

Igreja e seu exemplo pode ser cultuado pelos fiéis, porque teve confirmadas

em regular processo investigativo suas excepcionais virtudes humanas.

Madre Maria Theodora Voiron percorre este caminho. Desde já como

Venerável. Há de ser Beata e certamente, Santa. Como será reconhecida.

Sob as ogivas desta Casa, em que tanto sofrimento e santidade convivem,

temos, certamente, a vida e o espírito de uma Santa.

Importa, assim, com ela e por ela orar.

“Ó Jesus, Divino Salvador e Redentor nosso, pelos merecimentos infinitos

de vosso Sacratíssimo Coração, por intercessão de vossa Mãe Imaculada e

de seu caríssimo Esposo, dignai-vos glorificar a vossa piedosa e humilde

serva, Madre Maria Theodora Voiron, elevando-a à honra dos altares.

Pelo vosso entranhável amor às almas que se desabrocham para a vida,

concedei à juventude, na pessoa de Madre Maria Theodora, mais uma

intercessora no céu e, na terra, mais um modelo vivo de humildade e

espírito de apostolado. Glorificai, Senhor, glorificai a vossa serva, para que

mais se alargue o reinado do vosso Coração Santíssimo, pelo zelo e

dedicação das pessoas que vos são consagradas.

Ó minha Mãe Santíssima, ó glorioso São José, que fostes o guia e a

inspiração constante de Madre Maria Theodora, alcançai-nos a graça que

por sua intercessão vos pedimos, para maior glória de Deus, santificação da

juventude e aumento das vocações religiosas.

Amém.”

19

Por amor à Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.

O amor de Cristo nos uniu.

Ave Maria!

Dr. Luiz Antonio Sampaio Gouveia

Irmão Mesário da Irmandade da Santa Casa de São Paulo

Um homem de muita fé

20

Introdução

Exemplo de vida, de caridade e de misericórdia, cuidando dos enfermos e abandonados.

O que é misericórdia? Por definição de vocabulário, misericórdia é um

sentimento de compaixão, despertado pela desgraça ou pela miséria alheia;

a expressão misericórdia tem origem latina, é formada pela junção de

miserere (ter compaixão), e cordis (coração).

Mas o que impulsionou tal sentimento nesta grandiosa Instituição de

caridade que é a Santa Casa de São Paulo? Para isto, é necessário que

retornemos um pouco mais ao tempo, para fragmentar a história e entender

esta capacidade de compadecer e poder sentir aquilo que a outra pessoa

sente.

Em 1498, Lisboa, a jovem e viúva Rainha de Portugal Leonor de Lancaster,

juntamente com seu confessor Frei Miguel de Contreras, institui as

Misericórdias na Europa, com intenção de amparar os necessitados e

sofredores.

Ao aportarem em terras brasileiras, mais precisamente em São Paulo, os

Jesuítas Pe. José de Anchieta e Pe. Manoel da Nóbrega tiveram como

missão catequizar os índios evocando as graças divinas através das

ideologias pregadas pela Instituição da Misericórdia. Sendo assim, a

primeira sede da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo foi a própria

choupana de Anchieta, uma casinha extremamente simples, mas regada de

amor e compaixão ao próximo, com os religiosos Anchieta e Nóbrega na

cura dos enfermos e catequizando os índios.

No Séc. XVII e XVIII, a Santa Casa passou a funcionar na Igreja da

Misericórdia, um local propício ao acolhimento ao sofrimento humano.

Nesta casa de Deus, os religiosos ficavam a cargo de dar conforto a alma

21

das pessoas e alívio aos males do corpo, deu-se início assim, a infinita

preocupação com a saúde do necessitado.

No início do Século XIX, a Santa Casa de São Paulo muda-se para a

Chácara dos Ingleses, um local mais adequado para o trato aos enfermos, passando a denominar-se Hospital de Caridade, hasteando a bandeira da

Misericórdia como slogan de sua missão. Nesta casa singela, o Cirurgião

Dr. Caetano de Campos - primeiro médico da Irmandade - juntamente com

o então Provedor da Santa Casa Dr. Antonio da Silva Prado, Barão de

Iguape, idealizaram, em 1864, a vinda diretamente da França das

digníssimas Irmãs de São José de Chambery.

O projeto foi muito bem quisto, sendo oficialmente realizado em 1872. A

partir daí deu-se início a uma nova Era na Santa Casa, um novo caminho

que seria percorrido através de mãos firmes e almas caridosas. As Irmãs de

São José de Chambery, criaturas quase divinas, muito contribuíram na

formação da Irmandade da Santa Casa de São Paulo, vivendo em prol de

acalentar almas inquietas, enfermas e desamparadas.

Em 1884, data da Inauguração do novo Hospital do Arouche, as Irmãs de

São José já dirigiam o Hospital de Caridade. Ao lado dos Provedores,

Médicos, Diretores Clínicos e funcionários, as Irmãs realizavam todo o tipo

de serviço, seja na cozinha, lavanderia, escrituração, enfermaria e vida

espiritual, sempre com as irmãs de caridade.

A cada sonho idealizado e a cada novo prédio construído, as Irmãs de São

José tiveram efetiva colaboração para o funcionamento dos Hospitais,

Asylos e Escolas, como Asylo dos Expostos; Externato São José; Asylo de

Mendicidade; Hospital dos Lázaros; Externato Santa Cecília; Hospital

Vicentina Aranha; Leprosário Santo Ângelo; Escola de Enfermagem e

Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo; alem dos

pavilhões internos do Hospital Central: Pavilhão Conde de Lara, Pavilhão

22

Condessa Annie Álvares Penteado, Pavilhão Fernandinho Simonsen,

Centro Médico e Instituto Arnaldo Viera de Carvalho.

Devemos muito a essas criaturas de coração generoso, dócil e

amabilíssimas, a Cidade de São Paulo deve muito a elas. Bem aventurada,

as Irmãs foram e são venerados espíritos com a exclusiva missão de se doar

ao próximo cuidando dos pobres flagelados da fome e das epidemias,

praticando a indulgencia, as obras da misericórdia, a piedade e a bondade...

Suas vocações divinas.

23

A origem das Irmãs

A Congregação das Irmãs de São José de Chambéry, foi iniciada na França,

na cidade de Le Puy, em 15 de outubro de 1650, pelo Pe.Jean Pierre

Medaille, sacerdote jesuíta.

Cidade de Le Puy-en-Velay. Do alto do Monte Corneille está a colossal estátua de Nossa Senhora de França, dominando a cidade. Foi Feita com 231 canhões fundidos, tomados ao inimigo, na Guerra Criméia.

24

Em meados da Revolução Francesa, a sociedade vivia em calamidade, os

hospitais eram desorganizados, os asilos fechados; crianças, velhos,

doentes e inválidos famintos vagando pelas ruas.

Diante desse quadro, pessoas caridosas como, São Francisco de Salles e

São Vicente de Paulo, tentaram ajudar estes desvalidos, e dentre estas

pessoas destaca-se o Pe. Jesuíta Jean Pierre Médaille.

O Pe. Jesuíta Jean Pierre Médaille nascido em Carcassonne na França em

06 de outubro de 1610. Fundou em 1648 o “PEQUENO PROJETO” que

mais tarde passou a ser chamado Irmãs de São José de Chambèry, que logo

se espalhou por toda a França.

Seu primeiro trabalho foi no Hospicío Montferrand – Puy.

Jean Pierre Médaille

25

Com a multiplicação das Comunidades, tornou-se difícil ocultar por mais

tempo o Pequeno Projeto, modelado na Eucaristia, que irrompera vigoroso

e convidativo nas primeiras comunidades da zona rural de Le Puy.

Diante das dificuldades contrárias à sua obra, Padre Jean Pierre Médaille

foi ter com Monsenhor Henrique de Maupas, Bispo de Le Puy-en-Velay,

para expor-lhe o seu desejo: “fundar uma Congregação de vida

contemplativa e ativa, para atender, no serviço da caridade, os mais pobres,

unindo todas as pessoas entre si e com Deus”.

A 15 de outubro de 1650, numa cerimônia simples, nascia a Congregação

das Irmãs de São José, hoje, São José de Chambery.

Segundo Pe. Medaille, o trabalho missionário realizado por ele e pelas

Irmãs de São José seria a “semente de mostarda”, lançada na terra por ele e

as pioneiras, germinar e crescer em muitos outros países dos cinco

continentes.

26

A chegada das Irmãs de São José de Chambéry no Brasil

Em1856 a convite do Bispo de São Paulo, Dom Antonio Joaquim de

Mello, ituano e também bispo de Minas Gerais, e autorizado pela Superiora

Geral de Chambery, Madre Maria Felicidade Veyrat, vieram para São

Paulo sete Irmãs da Congregação de Chambery para trabalhar na Santa

Casa de Itú. A primeira Irmã Superiora foi Maria Basilia Genon, que

infelizmente faleceu na viagem em 26 de julho de 1858, junto com ela

vieram as Irmãs: Maria Justina Pepin, Maria Angelina Achard, Maria Elias

Mièvre, Martha da Cruz Goddet, Maria S. Paulo Angelier e Maria

Cunégonde Gros.

Posteriormente foram enviadas mais duas irmãs: Irmã Seraphina e a Madre

Maria Theodora Voiron - primeira Superiora Provincial, em Itu.

Partiram da cidade de Chambèry - França, para Itu - São Paulo, com a

intenção de fundar uma escola, cujo objetivo era educar meninas e cuidar

dos enfermos nas Santas Casas no Brasil.

Bispo Dom Antonio Joaquim de Mello

27

Imaculada Mãe de Deus: Padroeira da Congregação de São José de

Chambery

Reza o dogma católico que Maria, desde o primeiro instante de sua

conceição, foi preservada da nódoa do pecado original, por privilégio único

de Deus e aplicação dos merecimentos de seu divino Filho. Imaculada

Conceição é assim um dos importantes títulos com que é venerada a

Virgem Maria.

Sua imagem mostra Nossa Senhora sobre o globo terrestre esmagando com

os pés uma serpente, símbolo do pecado original. Ela tem os cabelos longos

caídos sobre os ombros. Usa uma túnica branca e um manto azul, e muitas

vezes se apresenta com uma coroa real. Sob seus pés aparece geralmente

um crescente de lua sendo que às vezes pisa sobre ele e a serpente envolve

a Terra. Em algumas imagens, sob os pés da Virgem também surgem

28

cabeças de anjos. A lua que aparece quase sempre sob seus pés, e simboliza

a substância passiva, que guarda em seu seio os raios do Sol. Segundo a

tradição Nossa Senhora apareceu a várias pessoas confirmando a sua

Conceição Imaculada e após a proclamação do dogma, ela deu-se a

conhecer em Lourdes, a Bernadete Soubirous dizendo: - "Eu sou a

Imaculada Conceição".

Festeja-se a Imaculada Conceição de Maria no dia 8 de dezembro

29

Madre Maria Theodora Voiron, nasceu em 06 de abril de 1835, na cidade

de Chambery, França. Entrou pra Congregação de São José em 17 de

outubro de 1852, professando a 15 de janeiro de 1855.

As vésperas de completar vinte e quatro anos de idade, Irmã Maria

Theodora embarca no porto de Havre, França, com destino ao Brasil.

Para acompanhá-la foi indicada a Irmã Maria Seraphina Thualion, sua

antiga mestra e conselheira.

A convite do Bispo Dom Antonio Joaquim de Melo aportou em Itú em

1858, já com a missão de Superiora no Colégio de Nossa Senhora do

Patrocínio.

Irmã Seraphina, companheira de viagem de Madre Maria Theodora Voiron

Madre Maria Theodora Voiron

A VENERÁVEL

30

A viagem do Porto de Santos a São Paulo foi feita por liteiras ou bangué

carregadas por mulas. A passagem da frente era conduzida por um

puxador e na passagem de trás um tocador.

O trajeto com uma serra coberta por um extenso matagal foi marcado por

chuvas abruptas, grottas profundas e horríveis buracos na subida da

grandiosa serra, tornando assim, a viagem uma completa tortura, passando

por vaqueiros, viajantes envolvidos pelas numerosas tropas que desciam e

subiam a estrada de Cubatão, conhecida pelos tropeiros pelas inúmeras

perdas de animais e cargas que atolavam no caminho.

Em 15 de junho de 1859, Irmã Theodora Voiron hospeda-se na Santa

Casa de Itu, para aguardar o termino das obras do Colégio Patrocínio.

Quando Bispo D. Antonio Joaquim de Melo viu aquela jovem de 24 anos

disse: “Mas... é uma criança! Uma criança! Que faremos com uma

criança?...”. percebendo o desagrado que arranjou, Irmã Theodora disse

que aceitaria qualquer cargo que quisessem lhe oferecer.

Durante quatro meses, Irmã Theodora, suportou , com extrema paciência,

algumas provações dadas pela Superiora Interina, Irmã Maria Justina

Pépin, com o objetivo de testar suas virtudes cristãs. Paciente, obediente e

Charrete onde era transportadas as Irmãs, do Porto de Santos a Cidade de Itú.

31

resignada, Irmã Theodora foi fiel serva do Senhor, D. Antonio corrigi suas

palavras iniciais: “Conclui que sua sensatez, sua discrição, sua prudência,

triunfaram sobre todos os obstáculos. Pareceu- me ver nela o bom senso e

condescendência, qualidades indispensáveis a uma Superiora. Tudo me

convenceu que ela devia governar”.

Em 1874, Irmã Maria Theodora Voiron foi nomeada Superiora da

Província Brasileira, que exerceu com pia dedicação até seu falecimento.

A Revda. Madre Theodora Voiron com sua grandiosa dedicação iniciou e

preservou o desenvolvimento da assistência caridosa no estado de São

Paulo. Muito auspiciosa em sua missão, dedica-se a ela fundações de

casas religiosas de ensino, onde se educava milhares de meninas paulistas,

colégios estes dirigidos pelas benemerentes Irmãs da Congregação de São

José, além de fundar orfanatos, asilos para idosos e crianças abandonadas,

hospitais e leprosários.

Madre Theodora Voiron faleceu ás 10h45min do dia 17 de Julho de 1925,

cuja sua existência foi dedicada a educação da mulher paulistana e ao

exercício da caridade. Recebeu da Igreja o título de Venerável, tendo fama

de santidade.

32

Registro Civil das Pessoas Naturais Certidão de Óbito

Carreiro da Madre Theodora Voiaron Sr. Antonio Benedito Ramos

De profissão lavrador, e de origem pernambucana, filho Custodio Clombo Alvestino Carabro e Felipa Benicio do Vale Carreiro que conduziu Madre Theodora Voiron de Santos - São Paulo até Itú, para fundar a Congregação de São José de Chambéry no Brasil. Faleceu no dia 28 de fevereiro de 1959 na Santa Casa de Misericórdia de Itú com 138 anos de idade.

Sr. Antonio Benedito Ramos

O Carreiro

33

eu processo de beatificação encontra-se em Roma, na Congregação para a

Causa dos Santos. Em fevereiro de 1989, com reconhecimento a sua

Colégio Nossa Senhora do Patrocínio. Externato que a Madre Maria Theodoro Voiron dirigiu quando foi enviada para o Brasil em 1858

Olímpia de Almeida Fonseca Prado, primeira aluna do Colégio patrocínio de Itú. Sob Coordenação das Irmãs de São José.

34

Madre Maria Theodora Voiron aos 39 anos

de idade, logo após receber a notícia de sua

nomeação como Superiora da Província

Brasileira. Foto de 1874

Madre Maria Theodora Voiron aos 60 anos

de idade, pouco antes de realizar sua quinta

viagem a Chambery. Foto de 1895

Madre Maria Theodora Voiron aos 84 anos

de idade, na comemoração dos seus 60 anos

de chegada ao Brasil. Foto de 1919

Madre Maria Theodora Voiron aos 74 anos

de idade, tirada por ocasião de sua última

visita a Chambery, França, em 1909

35

Hino a Madre Maria Theodora Voiron L. e M.: Ir. Míria T. Kolling

Refrão: Cruzando os mares mais distantes, O amor a Deus e aos semelhantes, Te trouxe à nossa terra: Vida nova fizeste germinar! Regada com lágrimas fecundas, Tua obra deixou marcas profundas, Que tempo algum pode apagar! 1. Das jovens educadora, Dos pobres anjos, protetora. A todos, Madre Teodora, Serviste com amor e fé! Amor que foi sofrer, Entrega do teu ser Ao Amado, Àquele que É! No espírito que é teu, Novo ideal nasceu Co’ as Irmãs de São José

2. Chamada a abrir fronteiras Na arte e cultura brasileiras, Fizeste acordar, pioneiro, Cada mulher destes Brasis! Foi grande a tua missão, Maior teu coração, E hoje o povo te bendiz! Aqui semeaste o bem, De olhar para o Além, Onde agora estás feliz! 3. Buscando o paraíso, Deus derramaste em te sorriso: Morrer, se fosse preciso, Pra ter mais vida o irmão! Tua força foi a cruz, O Amigo teu, Jesus; Tu, seu vinho, trigo e pão! Em tua pequenaz, Tão grande Ele te fez, Que não cabes em canção!...

Oração Para pedir a Beatificação Madre Maria Teodora

Ó Jesus, Divino Salvador e Redentor nosso, pelo merecimentos infinitos de vosso Sacratíssimo Coração e pela intercessão de vossa Mãe Imaculada e de seu castíssimo Esposo, São José dignai-vos glorificar vossa piedosa e humilde Serva, Irmã Teodora Voiron, que tanto trabalhou pela dilatação de Vosso Reino, concedendo-nos por sua intercessão a graça que solicitamos.

36

1

1 Fotos retiradas do livro: CARVALHO, Roberto Machado. A Glorificação da Venerável Madre Maria Theodora Voiron (1835-1925). Itú: Editora Ottoni, 1998.

37

Virgem Maria Santíssima

Padroeira de todas as Santas Casas, Virgem Maria Santíssima, que é

citada no Compromisso da Irmandade se resume a todas as Santas do

catolicismo.

Todas as “Marias” são veneradas na Irmandade, tomando corpo e

representando a divindade de todos aqueles que compõem a Instituição.

Como no Art. 1º do Compromisso em que diz:

“A Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, constituída no

Século XVI, Tendo como padroeira a Virgem Maria Santíssima, é uma

sociedade civil beneficente de fins não lucrativo, que se propões ao

exercício da caridade, abrigando e socorrendo enfermos, velho, inválidos

e desamparados e será regida pelo presente Compromisso.”.

E segundo o Cônego Dr. José de Castro Nery, em 1946:

Eis aqui, no bom sentido que estas palavras possam ter, uma Nossa

Senhora comunista. Nossa Senhora do pão. Nossa Senhora do vinho.

Nossa Senhora dos teares. Nossa Senhora dos Remédios. Nossa Senhora

das Mercês. Nossa Senhora da Boa Viagem. Nossa Senhora da Boa

Morte. E por que é misericorde também para com o espírito, Nossa

Senhora do Bom Conselho. Nossa Senhora das Letras, Nossa Senhora da

Consolação. Nossa Senhora da Emenda. Nossa Senhora do Perdão. Nossa

Senhora da Condolência. Nossa Senhora da Prece. Numa palavra, Nossa

Senhora das Misericórdias.

38

Santa Casa de São Paulo - Brasil Colonial Início da obra de caridade com religiosos

Choupana de Anchieta - 1ª sede da Misericordia de São Paulo, onde os jesuítas curavam os enfermos e catequizavam os índios

Pe . José de Anchieta Pe. Manoel de Nóbrega

39

Sua primeira sede foi na Choupana de Anchieta, tendo os jesuítas e

apóstolos Pe. José de Anchieta e Pe. Manuel da Nóbrega como seus

fundadores.

Pe . José de Anchieta, nascido em San Cristóbal de La Laguna, Ilha de

Tenerife, Arquipélago das Canárias, Espanha, no dia 19/04/1534.

Desembarcou no Brasil em Salvador/BA, no dia 13/07/1553 e aqui viveu

por 44 anos. Chegou a capitania de São Vicente em 24/12/1553, região que

viveu e amou profundamente.

Catequista, Teatrólogo, Poeta, Enfermeiro e Engenheiro, faleceu em

09/06/1597 em Reritiba, povoado fundado por ele, hoje cidade de Anchieta

– no Estado de Espírito Santo.

Padre Manoel da Nóbrega, nascido em Portugal, em 18/10/1917 e

falecido em 18/10/1570 no Rio de Janeiro, praticava a Misericórdia

curando os índios de suas enfermidades e catequizando-os. Os jesuítas

foram os enfermeiros, médicos, engenheiros e professores dos colonos.

Em 1992 o papa João Paulo II, se pronunciou no sentido de homenagear os

jesuítas.

Localizado no Páteo do Colégio, esta casinha de palha e taipa de pilão,

onde se vivia todos os irmãos, servia como abrigo para todos aqueles que

necessitassem de atendimento, promovendo a cura e a misericórdia aos

doentes, e necessitados. Hoje, uma parede desta choupana ainda é visível

no Museu Anchieta.

Em meados do século XVI, o atendimento médico em busca da cura de

enfermidades, era realizado pelas ordens religiosas. Como aconteceu com o

Jesuíta José de Anchieta, cuidando, educando e curando os índios em sua

humilde choupana.

40

Padre Manoel da Nóbrega idealizou erguer uma cidade no Planalto de

Piratininga.

Foi ali que o padre jesuíta Manuel da Nóbrega celebrou a primeira missa no

dia 25 de janeiro, num altar improvisado, marcando assim, a fundação da

Cidade de São Paulo.

Em palavras de Pe. José de Anchieta:

Primeira Missa em São Paulo Fundação da Cidade de São Paulo, pintura de Oscar Pereira da Silva - 1903. São Paulo, Pinacoteca do Estado

“A 25 de Janeiro do Ano do Senhor de 1554 celebramos, em paupérrima e estreitíssima casinha, a primeira missa, no dia da conversão do Apóstolo São Paulo e, por isso, a ele dedicamos nossa casa!”

41

Cacique Tibiriçá (ou Tevereçá)

Grande cacique combatente que colaborou com a fundação de Piratininga.

Chamado por Anchieta de “Fundador e Conservador da Casa de

Piratininga”, morreu em 1562.

A Santa Casa de São Paulo forneceu toda a cera para fabricação de velas

utilizadas no velório dele.

Baseada nestas informações acredita – se que a Santa Casa de Misericórdia

de São Paulo foi fundada no ano de 1560.

Os restos mortais foram sepultados na cripta da Catedral da Sé, em São

Paulo.

42

Em 1516 é composto o Compromisso da Confraria da Misericórdia da

Cidade de Lisboa, este Compromisso é empregado até hoje por todas as

Irmandades da Santa Casa do Mundo, fazendo-nos lembrar da verdadeira

vocação desta belíssima obra filantrópica.

Compromisso da Santa Casa de Misericórdia da Imperial Cidade de São Paulo Virgem Maria Santíssima

PADROEIRA DAS SANTAS CASAS

1ª Que seja livre de toda a infâmia, de facto e de direito; 2ª Que seja de idade ao menos de vinte annos;

3ª Que seja de bom entendimento, e saiba ao menos lêr e escrever; 4ª Que tenha algum meio de subsistencia honesto

43

Igreja da Misericórdia

Século XVII e XVIII

No século XVII, os noviços da Companhia de Jesus faziam instalações de

enfermarias improvisadas, por muitas vezes em suas casas, pedindo

esmolas para auxílio no cuidado aos enfermos, e embora leigos no trato a

medicina, dedicavam-se piamente aos doentes, expostos e indigentes.

Em seção da Mesa de 31 de dezembro de 1714, na Provedoria de Izidro

Tinoco de Sá, foi utilizada pela primeira vez a palavra “Hospital” para

designar a Santa Casa de Misericórdia.

44

No século XVIII, a Igreja da Misericórdia, além de prestar seus serviços

divinos, socorrem os enfermos indigentes e prestavam sepultamentos.

Em 1744, a Mesa Administrativa compra 4 casas contiguas a Igreja, para

assessorar o trato aos doentes.

Considerada a segunda sede da Santa Casa de São Paulo - Século XVII. O

escravo Joaquim Pinto de Oliveira, mais conhecido como Preto Thebas, foi

responsável pela construção de obras importantes no Séc. XVIII: a torre da

primeira Catedral da Sé; talhou a pedra de fundação do Mosteiro São

Bento; o Chafariz da Misericórdia.

O Chafariz da Misericórdia foi o primeiro chafariz publico em São Paulo,

sendo o primeiro sistema público de abastecimento regular de água em toda

São Paulo.

Das casas compradas, uma delas esteve alugada a Camara Municipal

servindo de cadeia, uma servia de enfermaria dos Regimentos de Mexias e

Pintura de Wasth Rodrigues

Desenho de Augusto Esteves

45

Voluntários, e outras duas moradas na rua direita seria feito o Hospital de

Caridade para os pobres.

Até 1824, a Igreja da Misericórdia e estas casas eram utilizadas como

enfermarias de caridade aos pobres.

A Igreja da Misericórdia realizava a procissão da Visitação de Nossa

Senhora a Santa Isabel, realizada no dia 2 de julho. Essa procissão foi

abolida a partir de 1884, por ocasião da transferência do Hospital para o

terreno do Arouche, onde anos mais tarde instalará a Capela da Irmandade.

Em 07 de agosto de 1887 a Mesa decidiu autorizar o Provedor a Demolir a

Igreja, para facilitar o trabalho de venda, sendo gastos, nessa demolição

1:060:650.

Largo da Sé, 1907. Foto Aurélio Becherini

Todo anos ocorria as

procissões da Igreja da

Sé à Igreja da

Misericórdia em

homenagem a visitação

de Nossa Senhora a sua

prima Isabel

46

A misericórdia e as Irmãs de São José De Chambéry na Santa Casa de São Paulo

No final do século XIX, a Santa Casa de São Paulo estava atravessando

uma fase difícil, devido a falta absoluta de pessoal habilitado ao trato dos

doentes e a deficiente organização dos serviços que devia prestar.

Diante desta dificuldade e impressionado com a eficiência e organização

das Irmãs da Congregação de São José de Chambery, na cidade de Itú São

Paulo, dirigido pela Abnegada Irmã Madre Theodora Voiron, o então

Provedor da Irmandade, Dr. Antonio da Silva Prado, Barão de Iguape,

pediu da França a vinda das Irmãs de São José de Chambéry.

O projeto da vinda das Irmãs de São José de Chambery da França é datado

de 10 de abril de 1864, sendo somente aprovado pela Mesa Administrativa

da Irmandade em 06 de março de 1971.

Dr. Antonio da Silva Prado - Barão de Iguape

Provedor da Santa Casa de São Paulo

47

Em 1872, o próprio Barão de Iguape custeou pessoalmente a viagem das

cinco Irmãs da França que aqui chegaram. Essas irmãs eram: Irmã Maria

Arsênia Berthet, Irmã Emerenciana Chavanel, Irmã Luiza S. Miguel

Boyer e Irmã Anna Maria Gotland. A elas foram confiados os pacientes

a quem serviam como enfermeiras, além de prestarem serviços de

escriturárias do hospital, preparação das receitas médicas, cozinheiras e

além de conforto espiritual aos enfermos.

Maria Arsênia Berthet Irmã Emerenciana Chavanel

48

Dr. Antonio de Caetano de Campos

Já em 1875, o médico Dr. Antonio Caetano de Campos, primeiro e único

médico do Hospital, Diretor Clínico não oficial e Irmão da Mesa

Administrativa da Santa Casa de São Paulo, o primeiro a se expressar a

respeito do trabalho das Irmãs na Santa Casa de São Paulo, já na rua da

Glória. “Devemos as Irmãs de Caridade, em grande parte o estado

relativamente brilhante do nosso hospital pelo seu zelo aos pacientes e

eficientes administradoras”.

Dr. Antonio de Caetano de Campos

Sugeriu ao Provedor Barão de Iguape

a vinda das Irmãs de São José de

Chambéry.

49

Dr. Caetano escreve sobre as Irmãs:

“Se o pudor, o brio nacional, o cavalheirismo e a gratidão não saco uma

mentira para nós Brasileiros; se especialmente nós, que construímos a

Irmandade da Santa Casa de São Paulo devemos as Irmãs de caridade, em

grande parte, o estado relativamente brilhante do nosso Hospital, é força

confessar que estas distintas Senhoras são credoras de atenção de nossa

parte. Devemos lembrar-nos de que não é o lucro material o que elas aqui

vieram buscar; que não é uma vida ociosa, nem mal preenchida, o

galardão que elas ambicionam; que não é nem o repouso, nem o lucro,

nem nenhuma outra vantagem deste gênero o que nós ofertamos em paga

dos serviços; que Senhora de uma ilustração e dedicação acima da

ordinária, entregues à proteção única da benemerência dos seus atos,

postas no meio de uma classe que não prima comumente nem pela boa

educação, nem pelos hábitos de boa vida, ou sequer pelo cuidado de seu

corpo e de sua alma, precisam de certo bem - estar que as faça esquecer ao

menos suas próprias necessidades”.

50

As irmãs de São José de Chambery: da saúde pública a assistência social

No século XVIII, já havia a preocupação referente a saúde pública da

Província de São Paulo e as primeiras providencias para assistência aos

indigentes, enfermos, aos lázaros e aos expostos.

O atendimento a saúde era realizado em termos de caridade, através da

Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, primeiramente

quando esta era instalada na Rua da Glória - Chácara dos Ingleses e

posteriormente na Chácara do Arouche.

Quando as Irmãs de São José de Chambery chegaram aqui na Santa Casa

de São Paulo, estas ficaram responsáveis pela Direção do Hospital

juntamente com o Mordomo (Major João Braz da Silva), sendo que uma

Irmã servia na botica sob a inspeção do Médico Cirurgião (Dr, Caetano de

Campos). As Irmãs de Caridade recebiam da Santa Casa de São Paulo, um

ordenado de 250$000.

Em regulamento aprovado em 22 de maio de 1864, Seção VI das

Enfermarias e Ajudantes:

Art. 18 - As Irmãs de São José, como auxiliares do serviço sanitário

debaixo da direção e inspeção da Irmã Superiora, serão encarregadas do

serviço das enfermarias e quartos particulares de pensionistas.

Art. 19 - Como enfermeiras chefes das enfermarias são obrigadas a:

§ 1º - Cumprir religiosamente as prescrições dos médicos.

§ 2º - Dirigir e fiscalizar o serviço a cargo dos ajudantes e serventes,

instruindo-os no modo de cumprirem as suas obrigações.

§ 3 º - Observar os acidentes e sintomas novos apresentados pelos

enfermos, e referi-los ao Médico Interno, se não for hora de se achar no

Hospital o médico encarregado da respectiva enfermaria,

51

§ 4º - Acompanhar os clínicos no ato das visitas e dar-lhes informações

sobre o que tenham observado em suas ausências, e receber as

determinações.

§ 5º - Aplicar e fazer aplicar os remédios internos e externos que estiveram

ao seu alcance, e no caso de duvida, recorrer ao Medico Interno.

§ 6º - Formar diariamente o mapa especial das dietas, segundo as

prescrições dos facultativos, para serem preparadas; recebê-las da cozinha e

distribuí-las aos doentes.

§ 7º - Conservar em boa ordem e estado de limpeza não só as enfermarias,

como todo o necessário que lhe esteja confiado.

§ 8º - Ter o maior cuidado possível no asseio e ventilação das enfermarias.

§ 9º - Velar para que os enfermos se conservem com ordem e respeito nas

enfermarias, e cumpram as prescrições dos médicos.

§ 10º - Não consentir que pessoa estranha entre nas enfermarias, e nem que

se entregue aos doentes objeto algum, sem permissão da Irmã Superiora.

§ 11º - Reclamar da Irmã Superiora todos os utensílios e objetos

necessários para o serviço das enfermarias.

Art. 20 - Os ajudantes tem inteira obrigação de cumprir as ordens das

enfermeiras em tudo o que disser respeito ao serviço.

52

Obras da Misericórdia

Na devoção a Divina Misericórdia praticada pelas Irmãs da Congregação

de São José de Chambery, as 14 Obras da Misericórdia de São Tomas de

Aquino - Séc.XII - são agrupadas em 7 espirituais 7 corporais:

Para as Irmãs de São José de Chambery praticar as obras da misericórdia é

estar um passo adiante de Jesus amando e respeitando o enfermo.

Sete Espirituais

Sete Corporais

Ensinar aos simples;

Remir cativos e presos;

Dar bom conselho a quem pede;

Visitar e curar os enfermos;

Castigar com caridade os que erram;

Cobrir os nus;

Consolar os tristes e desconsolados;

Dar de comer aos famintos e pobres;

Perdoar as injúrias recebidas;

Dar de beber aos que tem sede;

Suportar com paciência as

deficiências do próximo;

Dar pousada aos peregrinos e

pobres;

Rogar a Deus pelos vivos e mortos.

Sepultar os finados.

53

Hospital da Glória

A relação da Irmandade da Santa Casa de São Paulo com as Irmãs de São

José de Chambery foi iniciada no Hospital da Rua da Glória, nº 37 -

Chácara dos Ingleses, com a intenção de se obter uma melhor direção do

estabelecimento.

A primeira Irmã da Congregação de São José de Chambery a dirigir o

Hospital, primeiro na Rua da Glória posterior na Chácara do Arouche, foi a

Madre Maria Arsênia Berthet, que dedicou 34 anos de sua vida a caridade e

benevolência ao próximo.

Juntamente com Dr. Caetano de Campos, a Madre Maria Arsênia,

organizou o trabalho no hospital, distribuindo a cada enfermaria uma irmã

supervisora atendendo os pacientes durante o dia e a noite.

54

Chácara dos Ingleses - Fatos Importantes

Passagem de Santos a São Paulo, nas águas do Tamanduateí onde se lavava os pés e dava de

beber aos animais (posteriormente, virou rua dos lavapés);

Cemitério da cidade, uma Igreja dos Aflitos, acima ficava o Campo da Forca, hoje chamado de

Praça da Liberdade;

Residência de Domitila de Castro Canto e Mello - 1817 e 1822 (Marquesa de Santos);

1821 - O enforcamento de Francisco José das Chagas (o Chaguinha);

1824 - 1º Bilhete da Loteria, com a finalidade de angariar verbas para o sustento dos flagelados

ali internados;

1825 - A Roda dos Expostos; Asylo Sampaio Viana;

Abrigou estudantes da faculdade de Direito, próximo a Rua da Glória (hoje famosa rua dos

estudantes)

Em 20 de Novembro 1830, no dia do atentado a Líbero Badaró, na misericórdia da gloria, os

médicos lamentavam os que foram em socorro do atentado, inclusive o estudante de Direito.

55

Além da ajuda das beneméritas Irmãs de São José de Chambery, a Santa

Casa de São Paulo, na rua da glória, contou muito com a ajuda e apoio das

damas paulistanas: Dona Veridiana Prado e Dona Ana Belarmino Ribeiro

de Andrada.

Com ajuda das damas da sociedade, fora completamente refeitos a portaria,

a capela, o salão de entrada e duas salas contíguas, pintados os quartos e as

enfermarias; construídos móveis e implementada melhor higiene.

Veridiana Valéria da Silva Prado, nasceu em São

Paulo em 11 de fevereiro de 1825. Foi uma

aristocrata brasileira, que realizou grandes eventos a

fim de remeter as rendas para a Irmandade da Santa

Casa de Misericórdia de São Paulo.

Doou quantias vultosas para O Asylo Sampaio

Vianna, Móveis e leitos para a Santa Casa de São

Paulo, roupas para os doentes e realizou leilões a fim

de arrecadar dinheiro para a Irmandade.

Considerava a Santa Casa de São Paulo como um

filho seu, tamanho carinho e dedicação que dedicava

ao Hospital

56

Maria Arsênia Berthet: a exímia diretora

A Reverenda Madre, nascida na cidade de Chambery, França, em 26 de

julho de 1839, Maria Arsênia Berthet pertencia a uma família de católicos

fervorosos. Aos 24 anos entrou para a Congregação de São José de

Chambery, onde exerceu o cargo de ecônoma e de professora em Cruet.

Veio para o Brasil em 1872, a pedido do Provedor Dr. Antonio da Silva

Prado, assumindo o cargo de Superiora da Santa Casa de Misericórdia de

São Paulo. Seus trabalhos começaram no Hospital da Glória - 3ª sede da

Santa Casa - onde São Paulo era praticamente uma cidade-aldeia fazendo-

se lembrar a primitiva cidade de Piratininga.

A bondosa Irmã dirigiu o Hospital da Santa Casa e o Asylo de

Mendicidade, quando este também funcionou na casa da Rua da Glória.

Durante a gestão da Madre Arsenia, o Asylo de Mendicidade recolheu

cerca de quarenta pobres, que além de idade avançada, careciam de

cuidados médicos e espirituais. Estas pobres almas caridosas, recebendo o

enorme carinho da Irmã, lhe deram o afetuoso nome de “mamãe”.

Em 1880 juntamente com o auxílio do então Provedor da Santa Casa,

Arcipreste João Jacyntho Gonçalves, Madre Arsênia inaugura, anexado ao

57

Asylo de Mendicidade, o Externato S. José uma instituição dedicada a

instrução e educação das crianças. Foi a concretização de um antigo sonho

da caridosa Madre.

Em 1884, a Irmã Arsênia transfere-se para as novas dependências da Santa

Casa, na chácara do Arouche onde funciona atualmente, para exercer suas

funções em prol da caridade e fé.

Como exemplo de sua superioridade frente ao Hospital, um caso polemico

ocorrido em 04 de outubro de 1891, aponta que a Madre Arsênia pede

providencias para a prisão do Dr. Carlos Penna acusando-o de ter chutado

um enfermeiro. O então Mordomo do Hospital Central, Dr. Fernando

Albuquerque, alega que foi o empregado que faltara ao respeito com o

médico e que tentara agredir o Dr. Penna, motivo pelo qual pede sua

demissão. A Mesa da Santa Casa aprova a demissão do Dr. Penna,

atendendo ao pedido da Madre Superiora. O Dr. Fernando Albuquerque

abandona a Mordomia do Hospital por sentir-se desautorizado por causa de

uma Irmã.

Em 12 de dezembro de 1906, a Santa Casa de São Paulo perde sua

Superiora, que se dedicou por 34 anos sua vida a esta benevolente

instituição. Ao falecer, a Irmandade a concede o importante título de Irmã

Grande Benfeitora.

58

Asylo dos Expostos e a Roda dos Enjeitados

Em 1810, quando Franco e Horta era Governador da Província de São

Paulo e Provedor da Santa Casa de São Paulo, sua esposa, D. Luísa

Catarina Chibert de Horta dirigiu ao Imperador uma petição para a

instalação da Roda dos Expostos.

Preocupada com a calamidade de crianças abandonadas nas ruas, D. Luísa

Horta escreve uma requerimento a punho pedindo a decisão urgente para

um projeto da roda dos expostos.

Em 1924 o Provedor Dr. Lucas Antonio Monteiro de Barros - Visconde de

Congonhas do Campo - envia uma nova petição ao Imperador, solicitando

nomeação de esmoleres para construir o novo hospital e a roda.

Em 02 de julho de 1825 foram inaugurados, respectivamente, o Hospital de

Caridade e a Roda dos Expostos na Chácara dos Ingleses.

Misericordia da Rua da Gloria retratado a bico de pena por Augusto Esteves (1891- 1966)

O prédio também fora utilizado como Asylo dos Expostos até 1896

59

A Casa dos Expostos funcionava no Hospital da Rua da Glória, atendendo,

juntamente com os enfermos, as crianças abandonadas por suas famílias.

Em 1825 foi adotada pela Santa Casa de São Paulo a “Roda dos Expostos”

que ficava em uma das janelas do pavimento térreo.

Dr. Lucas Antonio Monteiro de Barros

(Visconde de Congonhas do Campo)

Provedor da Irmandade da Santa Casa de

Misericórdia de São Paulo de 1824 a 1826.

Responsável pela instalação do Hospital de

Caridade e a Roda dos Expostos na Rua da

Glória em 02 de julho de 1825 da Santa Casa

de São Paulo

Roda dos Expostos

A Roda constituía de um cilindro oco

confeccionada em madeira de Pinho de Riga,

atribuída ao Liceu de Artes e Ofícios de São

Paulo, que girava em seu eixo 180º colocada em

muros com uma abertura voltada para a rua,

destinada a receber as crianças abandonadas. Na

lateral esquerda da peça, ficava um sino, que

soava na residência das Irmãs de São José de

Chambéry e ou na residência do guardião,

avisando que dentro dela havia uma criança

depositada.

60

A Roda recebeu crianças de todas as classes sociais, na pesquisas de mais

de 4.696 abandonadas, onde todas estas receberam carinho e amor das

Irmãs de as Caridade, outros livros de registro enviados ao Asylo Sampaio

Vianna que não foram localizados.

Em 1896 a Casa dos Expostos deixou de funcionar na Chácara dos

Ingleses, mas a Roda acompanhou a mudança do Hospital de Caridade para

a Chácara dos Ingleses no Pacaembu. A Roda só foi extinta em 1950

(dados do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro), mas mesmo assim, a

Santa Casa recebeu crianças até 1960.

Assim como no trato aos enfermos, as Irmãs de São José de Chambery

possuíram papel de grande destaque, pois elas eram responsáveis pelos

primeiros cuidados aos recém-nascidos e, posteriormente, sua educação.

Irmã Úrsula De alma simples e pura, Irmãs Úrsula abraçou a vida religiosa aos 15 anos de idade, prestando serviços ao Externado São José. Em 1892 foi transferida para o Hospital Central, onde trabalhou até sua morte.

Trabalhou por muitos anos na Enfermaria Infantil e seção de Lactante da Casa dos Expostos, cuidando e resgatando os recém-nascidos abandonados na Roda durante longos anos.

De sentimento puro e bondade sem limites, tratou os enfermos com toda dedicação e as criancinhas com todo carinho.

Por muitos, a Irmã Úrsula era o maior exemplo de amor ao próximo, manifestando diariamente a missão das Irmãs de São José de Chambery, recebeu muitas crianças da Roda dos Expostos.

Faleceu em 01.07.1932 recebendo homenagens da Mesa Administrativa da Santa Casa de São Paulo pelos seus valiosos serviços prestados em nome da caridade.

A Revista A Cigarra confere uma publicação em relação a morte da Irmã Úrsula

61

Em 1932, o Irmão Dr. Sampaio Vianna pede a palavra na Mesa para fazer o

necrológio da Irmã Ursula, falecida no Hospital Central:

Entrada da Santa Casa de São Paulo, pela Rua D. Veridiana. Observa-se a localização da Roda dos Expostos. 1932

“Attendendo aos extraordinarios e dedicados serviços prestados pela Irmã

Úrsula falecida nesta Capital em 1º do corrente nos serviços de moléstias do

Hospital Central e no de lactante do Asylo de Expostos por espaço de mais

de 40 anos, propomos que de accordo com o artº 2º. Letra B § 2º. Do acto

Addicional de compromisso seja dado o nome da saudosa extincta ao 3º.

Pavimento do Pavilhão Fernandinho Simonsen, secção Feminina.”.

62

Primeiro exposto

Consta no primeiro Livro de Registros dos Expostos escrito pelas Irmãs de São José de Chambery, de numero 01, o primeiro Registro de uma criança exposta com o nome de Ariana da Silva Albuquerques ( anexo ) no dia 16 de Novembro de 1876, achado na Roda às 12h00 da noite.

Há relatos da existência de documentos com registros anteriores, mas que não foram localizados.

63

Tradução:

Registro do Exposto José Sylvio. Deixado na Roda dos Expostos do dia 22 de maio

de 1922, juntamente com uma fotografia de sua mãe, uma imagem do Sagrado

Coração de Jesus rasgado ao meio e um bilhete intitulado: “Dor de Mãe”.

21- 05-1922 Dor de Mãe Filho não posso agasalhar-te a vida Parece que a vida me vai finar Quem te pudesse, a ti Serafim Levar junto a mim, para a campa final A campa eu vou ai depois da morte Quem sabe a morte que minha alma tem Que anseios filho que assaz profundo Vai neste mundo a vida de tua mãe À todos perdôo que me deram E guarda os segredos que me ouviste aqui E se avistares do Senhor a sede Por mim lhe pede que eu também morri Vai filho que te deram seus cantos Por estes prantos que os meus olhos tem E se em mim perder maternal ternura A Virgem pura que seja sua Mãe

Teu pai rogado por inglória surda Que vida orrenda viverá também Sem o destino nosso, não puder saber Se foi morrer, meu filho e tua Mãe Seu morrer de deixarei somente Hum beijo ardente de derradeiro adeus São os tezouros que eu para ti contenho Nada mais tenho que oferecer-te os Céus Fim Pelas chagas de Cristo Lhe peço guardarem este papel Junto com meu filho que eu se deus Me der vida e saúde daqui alguns mezes darei O que eu puder para encontrar meu filho peço não o darem sem que levem uma carta igual a esta e o retrato também Se morrermos sem nos vermos mais de Deus nos junte nos Céus Adeus Meu Filho pede a Deus por mim Adeus.

64

Carta Recebam-me

Carta deixada com a criança Antonio Moreira de Carvalho na Roda dos

Expostos.

Datado de 27 de Junho de 1922

Frente Tradução da Carta: “Recebam-me Chamo-me Antonio Sou um Orphansinho De pai, porque elle abandonou minha mãe. Ella é muito boa e Me quer bem, mas Não pode tratar de mim. Estou magrinho assim Porque ella não tem leite É muito pobre e precisa trabalhar. Por isso elle me poz Aqui para a Irmã Ursula Tratar de mim. Não me entreguem a ninguém Porque minha mãe

Algum dia vem me buscar O meu nome inteirinho é Antonio Moreira de Carvalho E o da m/ mãe é Angélica. Estou com sapinho e com fome. Minha mamãe não sabe tratar de sapinho e não Sabe o que me dar Para eu ficar gordinho. Minha mãe também agradece aos Srs. Pelo bom trato que me derem.”. 27-6-.1922

65

Ultimo exposto

A ultima criança que passou pela Roda, quando desativada , foi Maria Assunta, entregue em 20 de Dezembro de 1950, conforme matrícula n° 4580 no último Livro de Registro de Matrículas.

Última criança entregue na Irmandade em 26 de Dezembro de 1960, chamada Glória Graciana Sampaio, conforme matricula nº 4696.

Página de um caderno de culinária da Irmã Maria Luiza da Congregação de São José de Chambéry, com trabalho das crianças expostas. Datado 13 de Julho de 1954

66

Em janeiro de 1896, a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia por

permuta feita com a herança do finado João Maurício Wanderley, arremata

a grande Chácara Wanderley, localizada no Pacaembu entre o Araçá e o

alto das Perdizes. Em 02 de Julho de 1896 inaugura-se o Asylo dos

Expostos Sampaio Vianna.

Com a intenção de se separar as crianças de tenra idade dos doentes do

Hospital, a Irmandade toma posse de uma casa muito espaçosa, que outrora

era residência do Sr. João Wanderley.

Asylo dos Expostos - 1898

67

Para melhor acomodação aos expostos, foram construídos no

estabelecimento dois novos pavilhões, que facilitaram o trabalho das Irmãs

no cuidado de seus “filhos adotivos”.

Em setembro de 1904, sob Provedoria do Dr. Francisco Antonio de Sousa

Queiroz, as Irmãs de São José de Chambery foram formalmente

contratadas para a administração do Asylo e cuidado as crianças.

As Irmãs responsáveis foram: Superiora: a Irmã Joanna Philomena;

auxiliares: Irmã Emerenciana, Irmã Luiza Amélia, Irmã Maria Seraphina e

Irmã Maria do Patrocínio. Dedicadas educadoras, as Irmãs em seu

constante esforço pelo bem do próximo, deu uma boa criação, educação e

Irmã Maria Auxiliadora Magnani

No dia 06 de agosto de 1897, deu entrada na Chácara do Wanderley, dois

irmãos órfãos, que perderam o seus pais vitimas de febre amarela, sendo

que uma dessas crianças era a Marina Veridiana Magnani (Irmã Maria

Auxiliadora Magnani). Tendo como a ilustríssima Sra. Veridiana Prado

como sua madrinha, Irmã Maria Auxiliadora devotou sua vida a vida

religiosa, ingressando no noviciado em 23 de setembro de 1921, sendo

admitida para a tomada de hábito em 21 de julho de 1922.

Realizou seus trabalhos principalmente nos Colégios de Jaú, Franca e

Piracicaba onde permaneceu por muito tempo como professora e mestras

das internas. Em piracicaba, foi exímia professora de francês.

Pelas suas alunas ficou conhecida pela dedicação e severidade quanto a

disciplina. Nas horas de lazer, era vista como mãe, pois era zelosa e

amorosa.

No dia 26 de maio de 1985, a querida Irmã Maria Auxiliadora após 88

anos de vida, foi encontrar-se com o Senhor, por quem unicamente viveu.

68

amor as crianças enjeitadas, sendo que por muitas vezes substituíam suas

mães, dando aos pequeninos amor e carinho incondicional.

Dr. Francisco Antonio de Sousa Queiroz Provedor da Irmandade da Santa Casa de

Misericórdia de São Paulo de 1902 a 1917

69

Irmã com criança no Asylo dos Expostos

70

Por muitas vezes a Irmã Diretora tomava o lugar do Mordomo, na

competência de demitir e contratar novos funcionários. As Irmãs auxiliares

eram responsáveis por todos os afazeres do Asylo, inclusive na educação

das crianças. A escola era dividida em 3 seções: Feminina, masculina e

para menores de 5 anos de ambos os sexos.

Havia também no Asylo uma Sapataria que produzia o calçado dos

expostos; um estábulo que fornecia leite para o próprio Asylo e o Hospital

Central, Asylo de Mendicidade; Oficina de costura e Banda de Musica.

Em 1905, a Irmã Emerenciana deixa o Asylo para assumir o cargo de

Superiora do Hospital dos Lázaros, entrando então para o estabelecimento

as Irmãs M. Lina, M. Justina e M. Antonieta.

No Asylo davam entrada crianças com mais de 3 anos de idade, as menores

eram entregues as Amas de Leite (lactantes), que ganhavam um ordenado

pelo trato as crianças. A seção de lactantes era confinada a Irmã Úrsula que

também era encarregada da enfermaria de crianças no Hospital Central, que

sempre desempenhou seus afazeres com o maior carinho e zelo. Reza que a

Irmã pegou muitas crianças abandonadas na Roda.

Madre Joanna Philomena, Superiora do

Asylo dos Expostos, de 1904 a 1917.

Dirigia a seção de costura do Asylo, que

produzia anualmente milhares de peças de

roupas para o serviço, inclusive para os

enxovais das criancinhas expostas que mais

tarde viriam a se casar.

Faleceu em 24.02.1917

71

Em 1910, o Asylo dos Expostos foi atacado pela epidemia do sarampo,

atacando 58 asilados. Dos atacados muitos estiveram em perigo a vida, com

complicações próprias de sarampo, mas graças aos inestimáveis cuidados e

carinho da Irmã Seraphina, que foi dedicada enfermeira cuidando de cada

um dos pequeninos doentes.

Em setembro do mesmo ano, os asilados também foram atacados pela

gripe, devido a baixa temperatura da estação. 18 crianças apontaram

problemas intestinais e torácicos. Mais uma vez, as Irmãs de São José de

Irmãs da Congregação de São José de Chambery com crianças no Asylo Sampaio Vianna

72

Chambery se mostraram insubstituíveis para o trato com as crianças,

cuidando e curando os amparados.

Em 1912, o Capelão do Asylo dos Expostos era da Congregação do

Imaculado Coração de Maria.

Em 1913, a Mesa Conjuncta na provedoria do Dr. Francisco Antonio de

Sousa Queiroz homenageia as Irmãs de São José, dizendo: São todas

dignas de nosso reconhecimento, esforçando-se cada vez mais, pelo

engrandecimento da nossa Santa Casa de São Paulo, prestando a caridade

com abnegação e carinho.

73

Em 24.02.1917, falece a Madre Superiora Joanna Philomena que o ocupou

o cargo de diretoria do Asylo por 14 anos, desempenhando a árdua e

delicada tarefa de cuidar e instruir os menores. O Mordomo, João Maurício

de Sampaio Vianna se refere a Irmã:

Capela provisória do Asylo dos Expostos da Chácara Wanderley

“A Irmã Joanna Philomena tanto elevou a Congregação das Irmãs de S. José,

pela distincção de seu trato e pelo carinho e zelo que nunca poupou aos

asylados entregues a sua guarda deixando de sua passagem por aquelle

estabelecimento as saudades as mais sinceras e o preito de muita gratidão por

parte da Mordomia.”.

74

Como tributo de gratidão e apreço a imagem da Irmã Joanna Philomena, a

Irmandade, mandou construir no cemitério da Consolação, em São Paulo,

um mausoléu onde repousa a bondosa Irmã.

Devido a morte da Madre Superiora Joanna Philomena, a Irmã São Luiz,

que era secretária do Hospital Central e prestava serviços junto a Irmã

Úrsula na seção de lactantes e na enfermaria de crianças, tomou posse

como Superiora do Asylo dos Expostos.

A Irmã São Luiz veio para o Brasil em 1874, trazida pela

Superiora Provincial em sua 2ª viagem a Europa. Aos 19

anos foi professora no Colégio Nossa Senhora do

Patrocínio em Itú, professorando por 4 anos. Em 1887,

no Hospital Central da Irmandade da Santa Casa de São

Paulo prestou serviços de secretária, e trabalhou junto a

Irmã Úrsula na seção de lactantes e na enfermaria de

crianças. Tomou posse como superiora do Asylo dos

Expostos em 1917, deixando o cargo em 1921, para

trabalhar na Santa Casa de Misericórdia de Campinas.

Faleceu em 1929. Irmã São Luiz

75

Dr. Synésio Rangel Pestana Foi médico adjunto da Santa Casa de São Paulo

participando de diversos serviços, sendo nomeado em

1907, pelo próprio Arnaldo Vieira de Carvalho.

Chefe da 1a Clínica Médica de Mulheres, cargo que

ocupou até 1910.

Nesse ano tornou-se chefe do Asilo de Expostos,

prestando relevantes serviços até 1927, trabalhando

lado a lado com as Irmãs de São José de Chambery.

Foi Diretor Clínico dos Hospitais de 1927 a 1946

Reza que o Dr. Synésio, por grande admiração pelas

Irmãs de São José, escreveu uma carta elogiando-as

pelo belíssimo trabalho que desenvolveram em nome

a Misericórdia da Santa Casa de São Paulo.

Asylo dos Invalidos - 1929. Fotografia de Leon Liberman

76

No ano de 1932, foi rezada uma missa pela alma da caridosa Irmã Luiza

Marcelina, que dedicou 18 anos de sua vida em prol das crianças mais

necessitadas. Como homenagem, uma das seções das oficinas de trabalhos

manuais do Asylo levava seu nome.

Em 1933, falece com 55 anos de idade a Irmã Anna Joaquina, que

durante 22 anos dedicou sua vida ao cuidado com os menores

abandonados. Sua vida religiosa foi um exemplo de humildade cristã e

benevolência ao próximo. Em seção da Mesa Administrativa da Irmandade

de 22 de agosto de 1933, foi lançado em ata um voto de profundo pesar

pelo falecimento da querida Irmã de São José de Chambery.

No ano de 1935, a eficiente Irmã Anna Thereza de Jesus Fonseca falece

após uma rápida enfermidade que a assolou. Conhecida pelas demais Irmãs

e funcionários pela sua inteligência e raras virtudes, foi professora em 1887

no Colégio Nossa Senhora do Patrocínio e Itú aos 21 anos. Depois de

prestar serviços também em Campinas, Taubaté, no Seminário das

Educandas da Glória e no Colégio Sant’Anna, foi para o Asylo dos

Expostos, onde durante 20 anos prestou os mais dedicados e relevantes

serviços.

Em 1936 é extinto o Serviço de Amas no Asylo dos Expostos, sendo

antigamente as “amas” ou “criadeiras” responsáveis pelos cuidados dos

recém-nascidos. Estas amas, geralmente muito pobres, recebiam uma

quantia mensal para criar os expostos em sua própria residência ate

completarem três anos, quando eram enviados ao Asylo.

77

Por mostrar este serviço insuficientemente nos cuidados das crianças, seja

pela alimentação ou condições de saúde e higiene, o Asylo dos Expostos

cria o seu próprio Berçário em 20 de outubro de 1936, localizado na Rua

Frederico Steidel, 157.

As crianças que eram designadas ao berçário vinham da Roda dos

Expostos, abandonado nas enfermarias da Santa Casa, da Polícia, do

Juizado de Menores, da administração dos Manicômios e de várias outras

procedências.

A criança ao chegar no berçário tinha logo sua ficha organizado por uma

Irmã, encarregada de transcrever todas as informações acerca dos expostos

e os pertences deixados com ela, como: roupa, certidão de nascimento e ou

carta. Caso a criança não tenha registro, logo era providenciado um em

cartório.

Berçário

78

As irmãs também eram responsáveis pela alimentação do recém-nascido,

pela assepsia do bebe e higiene das roupas e da casa.

No mesmo ano, em 1936, o “Asylo dos Expostos Chácara Wanderley”,

mudou de nome, passando a ser designados “Asylo Sampaio Vianna”,

mantendo o mesmo serviço de assistência aos expostos, continuando as

Irmãs responsáveis pelos cuidados e educação as crianças.

79

Dr. João Maurício de Sampaio Vianna Mordomo do Asylo dos Expostos de 1904 a 1936 e Irmão Mesário

da Santa Casa de São Paulo desde 1900.

O Asylo dos Expostos foi um grande teatro para suas ações

beneméritas. Sabia o nome de todos os exilados, conhecendo seus

defeitos e qualidades. Idealizava construções em prol da melhoria

de vida e preocupava-se com o futuro das crianças.

Pelos seus incalculáveis serviços prestados a Irmandade, recebeu

em vida todas as homenagens que lhe eram devidas, sendo eleito

Irmão Benfeitor, Irmão Benemérito e Irmão Protetor.

Todos os qualificavam como um ser íntegro, tendo um coração

generoso, e alma nobre. Com isso, após sua morte, em 30.05.1936,

o Asylo dos Expostos passou a ser chamado “Asylo Sampaio

Vianna”.

Irmã Maria Angelina Roullier.

Nascida em 1857 em Saint Alban - França. Veio para o Brasil em 1880, para

servir a Santa Casa de São Paulo como professora dos expostos, que nessa época

eram abrigados no Hospital Glória.

Quando o Hospital transferiu-se para a Chácara do Arouche, a bondosa Irmã

acompanhou os menores para o novo hospital, sendo Diretora do Externato Santa

Cecília.

Quando o Asylo dos Expostos transferiu-se para a Chácara do Wanderley, Irmã

Roullier professorou por lá durante muitos anos

Sempre bondosa e preocupada com a educação dos menores, dedicou 55 anos de

sua vida aos pequeninos.

Conhecida por todos como um ser de espírito alegre, comunicativo e trabalhador;

inteligente, culta e piedosa praticou a religião de sua crença com grande fervor.

Faleceu aos 80 anos em 03 de abril de 1937

80

As Irmãs ficaram a cargo da Direção do Asylo dos Expostos Sampaio

Vianna até o ano de 1944, deixando o departamento para reorganizar o

Externato Santa Cecilia, de propriedade da Congregação.

Em 1946, o Asylo Sampaio Vianna era afligido pela varíola, contaminando

diversas crianças. Graças ao afinco empenho das Irmãs de São José e do

Chefe de Clínica, Dr. Leite Bastos, cada criança foi vacinada, sendo a

doença erradicada no estabelecimento.

Em 1949, foi fundada a “Cruzadinha”, sob benção do Revmo. Padre João

Batista Monteiro Leite - Capelão do Colégio.

81

As Irmãs no ensino educacional paulista: O Externato São José

Fundado em 12 de abril de 1880 com o concurso da Irmã Maria

Arsênia e do Capelão da Santa Casa que a esse tempo era Cônego João

Jacinto Gonçalves de Andrade

O único local disponível do Hospital para funcionar o Colégio São José ficava a entrada do jardim, sendo um cômodo abandonado ha algum tempo; havia sido servido de cavalariça ha algum tempo. O Barão de Iguape doou um conto de réis para reforma da salinha, que após ser realizada a devida preparação, o que era antes um lugar feio, transformou-se em uma verdadeira sala de aula: arejada, clara e acolhedora, a primeira matricula foi apenas 10 alunas no primeiro curso no final do ano já contava com mais 40 alunas e tal foi a consagração que lhe deu a seguir a população de São Paulo, graças a Congregação de São Jose de Chambery Tendo por patrono São José.

82

83

As primeiras mestras do Colégio foram: Irmã Luisa Agatha Trosset, Irmã

Maria Anthelma Billoud, Irmã Maria Serafina Thualion, Irmã Maria

Emanuela Junqueira da Costa, Irmã Maria Honoriana Maison. Elas

formavam o primeiro grupo de Irmãs de São José a lecionar na instituição.

Enviada por Madre Theodora Voiron, a Irmã Luisa Agatha Trosset foi a primeira mestra do Colégio, na Provedoria de Arcipreste João Jacyntho Gonçalves.

Não havendo móveis, a Irmã Luiza improvisou com tábuas as mesas para as alunas. Para ensinar leitura ela recortava, pacientemente, títulos de jornais e colava em cartilhas, para alfabetizar as crianças.

Serviu a Santa Casa por 44 anos, falecendo em 26 de agosto de 1923.

D. Carolina Lanzellotti, 1ª aluna matriculada no Externato S. José em 1880.

Irmã Luisa Agatha Trosset Discípula de Madre Maria Arsênia

84

De 1885 a 1888, Madre Maria Gertrudes Yvroud era então a Superiora

do Asilo de Mendicidade e Superiora do Externato, sendo que estas duas

obras coexistiam no mesmo recinto.

O ensino no externato era organizado e entregue a sete professoras Irmãs

de São José, vindas da França. A língua francesa era aprendida

naturalmente e muitas matérias eram estudadas em livros escritos em

francês, acreditava-se que a cultura recebida da Europa deveria ser passada

as meninas do colégio.

A Irmã Seraphina Thualion foi responsável pela fundação da tradicional

Paróquia de Santa Cecília, São Paulo e a Pia Associação das Filhas de

Maria.

Até o ano de 1889 o colégio era gratuito, quando, por iniciativa do Sr.

Provedor, Dr. Rafael de Barros, começou a se cobrar a quantia de dois mil

85

réis de mensalidade, mas somente as famílias que podiam pagar. A pequena

verba era utilizada para a compra de materiais escolares, mobiliário e

prêmios as alunas.

No mesmo ano, o Capelão Padre Hipólito Evangelista Braga, que foi

criança da Roda, admitiu as primeiras Aspirantes a Pia União das Filhas de

Maria, a qual se tornou agregada a Roma em 15 de agosto de 1890. A

primeira Presidente da Pia União foi a aluna do externato, Emilia Boa-

Nova, de 17 anos. Pia União desempenhará, por mais de 78 anos, uma

importante função espiritual e apostólica no externato e na cidade de São

Paulo.

Em 1904 a organização do curso era dividido em três seções: Curso Infantil

ou Elementar; Curso Preliminar e Curso Superior ou de Aperfeiçoamento

(2º grau).

Em 1905, é aprovado uma ata manifestando a satisfação da mesa pela

ótima direção do estabelecimento de ensino, exaltando as qualidades e

dedicação do quadro de funcionários, em especial a Irmã Carolina de Jesus

Oliveira e Irmã Maria Simpliciana Raffin.

86

Irmã Maria Simpliciana Raffin, nascida em Arbin, França, no ano de

1860. Aos 15 anos de idade ingressou na Congregação das Irmãs de São

José de Chambery (França). Bem jovem ainda, com saúde fragilizada,

sonhava que vindo para o Brasil ficaria curada. As superioras entenderam

essa aspiração religiosa e em 1880 a mandaram para o Brasil. Muito

dinâmica, virtuosa, sentindo circular em suas veias o amor pela educação,

logo em 1885 foi Diretora do Externato São José, anexo ao Asilo dos

Inválidos - SP - num prédio da Rua da Glória no centro da capital.

Salientou-se muito na dedicação aos doentes atingidos pela gripe Espanhola

(1957).

Em 1924, Maria Theodora Voiron, Superiora Provincial das Irmãs de São

José de Chambery percebendo a força do caráter e a riqueza de seu coração

enviou Irmã Maria Simpliciana para fundar um colégio em Santos, onde era

muito pequeno o número de escolas empenhadas na evangelização de

crianças e jovens.

Chegando em Santos, Irmã Maria Simpliciana, Irmã Maria Leontina

Amstalden, Irmã Maria Letícia de Jesus Franzen, Irmã Maria Edith

Renaudin e Irmã Guilhermina foram generosamente acolhidas pela família

Vaz Guimarães e logo abriram o colégio à Rua Dr. Cókrane nº 53.

Sendo tão expressiva a procura pelas famílias santistas, Irmã Simpliciana

percebe logo que precisava de um espaço maior para responder à demanda

de tantas candidatas. Adquiriu então um terreno à Avenida Dona Ana Costa,

nº 373 e começou logo a construção. Nasceu o colégio São José, cujo

funcionamento foi autorizado e reconhecido pelo Decreto Federal nº 148 de

87

Em 1910, as funções de capellão do Asylo e do Externato sempre na

responsabilidade do Revmo. Padre Alfredo Valdés da Ordem de Santo

Agostinho que as exerceu com zelo e dedicação e as Irmãs de caridade de

São José.

Em 1911, devido a transferência do Asylo de Mendicidade para o Bairro do

Jaçanã, Guapira, o Colégio São José passou a ocupar todo o terreno que a

Irmandade possuía na Rua da Glória.

Em relatório, o Dr. Américo Brasiliense se refere as distintas Irmãs de São

José de Chambéry elogiando-as:

“Por ultimo, cabe-me dizer que continuei a prestar meus serviços médicos

no antigo edifício da Rua da Glória, na parte em que continua a funcionar

o Externato S. José, á Exma. Superiora, Irmãs e pessoal que ali residem, e

onde o estado sanitário se mantém sempre perfeito”.

88

89

O antigo prédio do externato começou a ser demolido em 1914, a mando

do Arquiteto Dr. Ramos de Azevedo, para ser construído um edifício

próprio para o colégio. Em 1915 deu-se início as construções com auxílio

dos donativos enviados pelas alunas da Pia União das Filhas de Maria do

Externato. Ainda com as obras em andamento, o ano letivo de 1919 pode

ser realizado no novo prédio na Rua da Glória; faltavam apenas duas alas

laterais e a Capela, construídas, respectivamente, em 1921 e 1924.

Inaugurada em 08 de dezembro de 1924 a Capela do Externato São José. Esta data de inauguração foi escolhida por ser festa da Imaculada da Conceição de Nossa Senhora e aniversário do Arquiteto Ramos de Azevedo

90

Em 1918 foi aprovado um novo Regulamento, o Externato São José

passava a ministrar três Cursos, sendo estes: Curso Primário de 5 anos.

Curso Geral de 3 anos e Curso Especial sem duração fixada. O Curso

Primário admitia meninas maiores de sete anos; o Curso Geral admitiam

meninas que concluíram o Curso Primário, onde tinham aulas adicionais de

Corte e Costura, Bordado, Polidez, Religião e Frances; e o Curso Especial

admitia meninas que queriam aperfeiçoar-se em qualquer uma das

seguintes disciplinas: português, Frances, inglês, italiano, alemão, pintura,

desenho, musica, violino, piano, trabalhos manuais, artes decorativas,

datilografia, taquigrafia, etc.

91

Classe do curso secundário em 1925. Note-se que algumas alunas estão co

m tênis, de uso obrigatório no decorrer do dia para assegurar a conservação

dos corredores e salas, rigorosamente encerados. As alunas de preto estão

de luto.

O uniforme adotado, usado de 1913 até 1930, consistia de blusa branca,

com gola redonda e saia azul marinho pregueada.

Alunas do Externato em 1950

92

Ao longo dos anos, o Colégio São José foi evoluindo cada vez mais,

procurando acompanhar as mudanças do país, da cidade, da configuração

social e do sistema educativo da nação.

Em 1941 se diplomou a primeira turma de bacharéis do colégio. Tal feito

faz com que a Mesa Administrativa da Irmandade conceda as dedicadas

Irmãs de São José a ampliação do prédio para acomodar 15 classes de

Curso Ginasial, mais 14 de Curso Primário e 4 de Curso Comercial.

Externato São José - 1942

93

Em 1947, o Externato São José passa a ser chamado de Colégio São José.

Em 1955, já consta em relatório que a atividade social do Colégio era

muito intensa. Orientadas pelas Irmãs de São José, no dia 15 de outubro as

alunas prestaram aos Srs. Professores uma significativa homenagem, além

de prestigiar a memória do Pe. José de Anchieta - 1º mestre em nossa

Piratininga.

Na Páscoa, foi realizado a festa de Corpus-Christi, comparecendo 1.200

guardas civis. Era realizado também todo ano a festa de Natal.

Sempre elogiadas e condecoradas por Provedores, Mordomos, Diretores

Clínicos e Médicos da Santa Casa de São Paulo, as Irmãs de São José de

Chambery possuíram um papel muito importante na educação das mulheres

paulistas, foram responsáveis pelos parâmetros educacionais que vemos

hoje. Sob sua constante direção, as Irmãs fizeram do Colégio um ícone do

ensino brasileiro, juntamente com a Irmandade da Santa Casa, que sempre

cuidando dos indigentes, nunca voltou as costas ao seu colégio da Glória.

Dom Agnello Rossi – cardeal arcebispo de São Paulo – em companhia da Irmã Cecília Amélia que foi Diretora do Colégio no período de 1963 a 1969. Na foto ainda podemos ver a Irmã Ismênia de Jesus Fonseca e a recepcionista Ana Magalhães (Aninha) que trabalhou no colégio por mais de quarenta anos.

D. Agnello foi um dos Arcebispos de São Paulo que sempre esteve presente nas obras de caridade tanto do Colégio S. José, quanto da Santa Casa de São Paulo.

Sempre bondoso e humilde, D. Agnello praticava a misericórdia juntamente com as Irmãs de São José de Chambery.

94

Asylo de Mendicidade: A abnegação ao próximo 04.07.1885

O Asylo de Mendicidade funcionava na Rua da Glória, nº 37, no mesmo

prédio onde funcionava anteriormente o Hospital de Caridade. Foi fundado

em 04 de julho de 1885, pelo Chefe de polícia, Dr. Hipólito de Camargo.

Desde sua inauguração as Irmãs de São José de Chambery dirigiram e

trabalharam esta instituição no trato aos desvalidos e desamparados, estes

enfermos eram em geral: idosos, deficientes mentais, crianças, deficientes

físicos, epiléticos, paraplégicos, deficientes visuais e etc.

95

As Irmãs eram também responsáveis pelas fichas de identificação de cada

paciente, reformaram as fichas médicas e ajudando a atualizar o

Regulamento interno.

Mas apesar da enorme dedicação das Irmãs de São José o prédio era

precário e faltava um melhor trato com questões higiênicas; as paredes

eram úmidas e havia superlotação de pobres doentes. Era admirável saber,

que apesar das más condições do estabelecimento, as Irmãs conseguirem

manter o asseio a qual se notava. O heroísmo dessas notáveis caridosas era

impressionante.

O médico responsável pelo trato aos enfermos era o Dr. Américo

Brasiliense.

Américo Brasiliense de Almeida Mello Filho Sanitarista, nasceu na cidade de São Paulo em 24.03.1864.

1889 - Graduou-se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.

Fundou a Escola de Farmácia, Odontologia e Obstetrícia, onde foi

Catedrático de Matéria Médica e Terapêutica.

Na Irmandade da Santa Casa de São Paulo foi Irmão Protetor,

Médico Adjunto e Assistente.

1904 a 1939 - Chefe de Clínica do Asilo de Inválidos, sob

Diretoria Clínica de Dr. Arnaldo Augusto Vieira de Carvalho, Dr.

Diogo Teixeira de Faria e Dr. Synésio Rangel Pestana.

Foi inspetor sanitário em comissão e auxiliar do Dr. Emílio Ribas.

Dr. Américo representada o tipo de médico da velha geração, da

qual mantinham-se as velhas tradições.

Muito amigo das Irmãs de São José, auxiliava-as na limpeza do

Hospital

08.04.1942 - Faleceu em na cidade de São Paulo

96

A administração e fiscalização Interna do

Asylo dos Inválidos ficavam a cargo da

Irmã Superiora Madre Maria Carolina

de Jesus Oliveira, cuja superiora sempre

tem se mostrado incansável no desempenho

correto dos seus árduos deveres, pelo que

sempre foi digna de louvor.

Todas as roupas dos asilados eram confeccionadas pela Irmã Superiora

juntamente com uma auxiliar de costura.

Em 1910, as Irmãs de São José de Chambery era as mestras e orientadores

dos cursos primários, secundários e curso especial.

O Curso Primário, era as sessões de infantil, preliminar com o programa

dos grupos escolares e escola normal primária.

O Curso Secundário criado pelas irmãs que abrange também as matérias do

curso normal secundário.

E o Curso Especial, cujo as disciplinas são os trabalhos manuais, desenhos,

perspectiva, frances, português, pinturas, flores e musica. Sob

administração das Irmãs, sendo uma Diretora e secretária, dez irmãs

professoras, dezesseis professoras auxiliares e ou substitutas. Os

empregados subalternos do asylo também serviam ao externato São José.

Em 02 de julho de 1911 é inaugurado o novo Asylo de Inválidos no Bairro

de Guapira, onde foram transferidos todos os doentes e as Irmãs

responsáveis pelo trato aos enfermos, dentre essas Irmãs estava a Diretora

do Estabelecimento - Madre Maria Carolina de Jesus e mais cinco Irmãs

auxiliares, sendo a Irmã Maria Philomena de Lima responsável pela seção

97

das mulheres e Irmã Maria Lina Ribas d´Avilla, incumbida pela seção de

homens.

O Capelão responsável pela Capela era o Revmº. Padre Eugenio Beaup da

Ordem dos Missionários da N. S de Salette.

Em 1921 falece a Irmã Madre Superiora Carolina de Jesus Oliveira, que

durante 31 anos exerceu o cargo de Diretora do Asylo de Inválidos,

caridosa e bondosa, fez da sua vida missão de fazer o próximo um pouco

mais feliz.

98

Irmãs de São José no Asylo de Mendicidade - Hospital Geriátrico Dom Pedro II

99

Em substituição, foi nomeada a Irmã Maria Filomena, que a muito vinha

exercendo a função de Secretária e Ajudante da estimada Madre Carolina

de Jesus.

Em relatório de 1930, sob Provedoria de Dr. Antonio de Pádua Salles, as

Irmãs de São José de Chambery recebem o seguinte elogio do Mordomo

José dos Santos Azevedo:

“A Revma. Irmã Superiora, com o diligente concurso de suas dignas

auxiliares, muito se esforçou para que sua administração interna do Asylo

corresse sempre na mais perfeita ordem, e tanto aquella como a estas,

cumpre-nos consignar aqui os nossos sinceros louvores e agradecimentos,

não somente por este facto, como também pela carinhosa assistência

assiduamente prestada, por todas, aos pobres asylados”.

100

Em 1936, a direção do Hospital de Mendicidade Dom Pedro II - Antigo

Asilo de Mendicidade - ficou a cargo da Madre Patrocínio, que falece em

1940.

Em 1941, a direção foi realizada pela Irmã Luiza Estanislau.

Em 1953, a Madre Superiora Maria Adrelina fica na direção do Hospital.

Em 1954, o Mordomo do Hospital de Convalescente Dom Pedro II,

Annibal Paes de Barros, em seu relatório elogia as Irmãs de Caridade pelos

seus préstimos serviços:

“Cumpro o dever de agradecer o excelente auxílio prestado pela Reverenda

Madre Superiora Maria Adrelina e suas Irmãs de véu, sempre dedicadas ao

Asylo, servindo os Asilados com caridade cristã”.

101

Irmã Luiza Carolina Rocha da Silva

Ingressou no noviciado da Congregação de

São José de Chambery em 08.12.1943. Fez

seus votos perpétuos em 02.02.1948.

Trabalhou no Colégio N. S do Patrocínio

em Itu como professora de trabalhos

manuais, No Hospital Geriátrico Dom

Pedro II (Asylo dos Inválidos) praticou com

dedicação a assistência religiosa aos

pacientes, funcionários e comunidade no

ano de 1975 a 2007. Segundo ela:

“Eu, Irmã Luiza Carolina, da Congregação de São José de Chambery, me

sinto muito feliz de ter, por muitos anos, feito parte desse grupo de pessoas

que, constantemente, está junto aos idosos e convalescentes. Sou

privilegiada porque, através deles, vi e contemplei os diferentes rostos de

Cristo e realizei minha missão de ser presença do “grande amor de Deus”

não só para os idosos e convalescentes, mas para a Igreja, na família e no

mundo. Junto a todos pratiquei as obras da misericórdia espirituais e

corporais com a certeza de que Deus é quem nos conduz. Indo e vindo,

trevas e luz. Tudo é graça, Deus nos conduz.”.

Atualmente, com 93 anos de idade, Irmã Carolina é responsável pelos

trabalhos na Capela Nossa Senhora da Misericórdia do Hospital Central da

Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.

“Louvo e agradeço a Deus por continuar minha pastoral junto aos doentes

da Santa Casa de São Paulo e peço a Ele que ajude a todos, em cada um

dos setores, a serem pessoas que fazem a diferença, que sejam um benção

aos doentes contando sempre com a presença e ajuda do Senhor que nunca

falha, que nunca falta”

102

Irmã Luiza Carolina servindo aos convidados da Mesa Administrativa da Irmandade. De boina preta, se vê a Sra. Maria do Carmo Platt de Macedo Soares - esposa do Ex - Provedor Dr. José Cássio de Macedo Soares;

103

Hospital dos Lázaros 1803

As autoridades governamentais do Estado de São Paulo do Séc. XIX e XX

preocupadas com a rápida propagação das doenças contagiosas, incentiva a

criação de grupos que atenderiam estes doentes.

Surge assim, no Séc. XIX – Hospital dos Lázaros da Rua João Theodoro;

Séc. XX – Hospital de Guapira, Asilo-Colônia Santo Ângelo e Hospital

Vicentina Aranha.

Reconstituição artística de Roberto Grünvald do Hospital de Lázaros da Rua João Teodoro (sem data)

104

Em 1802, o Governador e Capitão General Antonio José da Franca e

Horta arrematou o terreno da Chácara da Olaria para construção do

Hospício dos Lázaros, no valor de 120$100.

Em 1803 foi construída uma pequena casa para alojar 13 epidêmicos.

Com os precários conhecimentos de séculos anteriores, muitos

curadores / médicos com suas técnicas terapêuticas, preconizavam a

morte dos doentes, mesmo tendo a intenção de curá-los.

Essas técnicas eram sangrias, suadouros, choques elétricos, bebidas

aciduladas e banhos diários e prolongados.

Em 1830 a Santa Casa junto a Câmara, lamentava a triste situação dos

lazarentos. A Câmara enviava um só médico, onde seus honorários eram

pagos pela Santa Casa de São Paulo.

De 1831 a 1856 a situação dos morféticos piora devido aos poucos

recursos obtidos, a casa não oferecia condições de tratamento. Muitos

doentes preferiam mendigar em ruas a ficar sob alojamento.

Devido à falta de conhecimento da doença por parte da medicina, pouco

se podia fazer pelos leprosos, sendo que na prática o Leprosário servia

como um depósito de doentes que recebiam comida e roupa.

Quando as Irmãs de São José de Chambery vieram para a Santa Casa,

em 1871, elas auxiliaram no cuidado aos morféticos da Rua João

Theodoro, empenharam-se incessantemente para amenizar os

sofrimentos físicos e espirituais destes desvalidos.

Mas devido as más condições do prédio era necessário um novo local

para se realizar adequados cuidados. Sendo assim, sob Provedoria de

Dr. José Alves de Cerqueira César, a Irmandade compra um sitio no

bairro de Guapira no distrito de Sant’Anna. Edifício construído, a

princípio, sob direção do Engº e Arquiteto Dr. Victor Andrigo e,

finalizado por Dr. Francisco de Paula Ramos de Azevedo.

105

1904 – Antigo Externato de Santa Cecília foi desocupado para abrigar uma

enfermaria de tuberculosos. O Externato foi transferido para Rua Vitallis,

hoje conhecido como Rua Martinico Prado.

Neste prédio trabalhou os sanitaristas Dr. Emílio Ribas e Américo

Brasiliense no atendimento aos tuberculosos, juntamente com Irmã Marie

Emerenciana.

Mesmo após a inauguração do Leprosário de Guapira (1904) - Hospital São

Luiz Gonzaga (1932), muitos doentes vítimas da tuberculose eram tratados

neste barracão.

106

04.09.1904 – Inauguração da Colônia Guapira sob provedoria do Dr.

Francisco Antonio de Sousa Queiroz, que Recebeu doentes de todo o

Brasil.

Com Missa celebrada pelo Revmo. Pe. Valentim Soares – Agostiniano.

Neste dia foram distribuídos, pela Irmandade, esmolas em dinheiro aos

doentes;

Recolhidos 43 leprosos, sendo 27 homens e 16 mulheres. Sob

responsabilidade do Dr. José Lourenço de Magalhães e Irmã Emerenciana.

107

O novo Hospital dos Lázaros compunha-se de um pavilhão Central, com

sala de recepção, refeitório dos homens e mulheres, cozinha, morada dos

subdiretores e duas alas ligadas entre si;

Para a direção do Hospital dos Lázaros na Colônia de

Guapira foi nomeada em 14.09.1905 a Irmã Marie

Emerenciana Francisca Chavanel, cuja bondade e

dedicação já era sentida quando era enfermeira no

Hospital de Caridade da Chácara do Arouche.

No Hospital a superiora trabalhou com o Dr. Emílio Ribas,

auxiliado pelo Dr. Américo Brasiliense.

Devotou-se de corpo e alma na sublime missão de alentar

e confortar os pobres enfermos. A caridosa Irmã, com seu

zelo, paciência e dedicação tudo conseguiu.

1927 – por motivo de doença, Irmã Emerenciana se afasta

do Hospital

29.04.1928 - Faleceu, onde a Mesa da Santa Casa de São

Paulo se pronuncia com profundo pesar pela morte da

querida Irmã.

Irmã Marie Emerenciana Francisca Chavanel

Dr. José Lourenço de Magalhães nasceu em Sergipe em

1831. Doutor em Medicina pela Faculdade de Medicina da

Bahia em 1856.

Médico Leprólogo do Hospital dos Lázaros desde quando

este ficava na Rua João Theodoro no Bom retiro, auxiliado

sempre pelas Irmãs de São José.

Faleceu em 1905, sendo substituído pelo Dr. Erasmo do

Amaral.

108

Irmãs de São José de Chambery na Chácara do Guapira

109

Chácara com 108 alqueires de terra.

Fornecia leite e verduras ao Hospital Central, Hospital dos Inválidos e do

Guapira.

Havia um estábulo (para 42 animais); barracão para fabricação de sabão;

moinho de fubá e serra circular; residência dos empregados;

Charretes que eram utilizadas para transportar alimentos, servindo também de ambulâncias para transporte de pacientes

110

06.09.1904 – em Guapira,

foi inaugurada duas

escolas de ensino

primário, uma para cada

sexo, no total de 42

alunos, meninos e adultos.

As Irmãs de São José

foram as professoras dos

enfermos.

Sob Provedoria de Dr. Antonio de

Pádua Salles e com o esforço da

Diretora Irmã Emerenciana, a chácara

do Guapira foi reflorestada,

possibilitando que todos os doentes

receberam lotes de terras para cultivo de

hortaliças – chicória crespa, escarola,

almeirão, ervilhas verdes, feijão e

batatinha;

No dia da Inauguração, foi realizado um

almoço pelas Irmãs de São José, com

discursos dos distintos cavalheiros, ao

som de música, e aos doentes foi

distribuído dinheiro.

111

Hospital dos Lázaros - Jardim

112

Capela do Hospital dos Lázaros sob proteção da Nossa Senhora da

Conceição e São Lázaro. No centro, São Luiz Gonzaga.

As confissões e comunhões eram frequentes no Hospital dos Lázaros, havia

devotos que comungavam diariamente, as visitas ao Santíssimo eram quase

ininterruptas.

Hospital dos Lázaros - Fachada Principal

113

A comunhão da 1ª sexta feira do mês era praticada com fervor por muitos

doentes, exceto o caso de morte repentina, onde não houvesse um doente

que morresse sem receber os sacramentos. Os enfermos pobres recorriam

as orações da manha e da tarde, assistiam Santa Missa, que era celebrada

por um dos missionários do Salette, que ficavam a cargo da capelania do

hospital desde sua fundação.

Em relatório de 1918 as Irmãs de São José de Chambery recebem a

seguinte homenagem do Dr. José Carlos de Macedo Soares, Mordomo do

Hospital dos Lázaros:

Em 1929, a Irmã Madre Maria

Apparecida Guimarães substituiu a Irmã

Emerenciana na Direção do Hospital São

Luiz Gonzaga a lutar pelos enfermos

dessamparados e excluídos.

As Irmãs Affonsina Bernardo e Irmã

Patrocínio também auxiliavam a Superiora

Marie Emerenciana nas obras beneméritas

do Hospital dando continuação a obra.

“As venerandas Irmãs de São José, entre as quais se encontram duas

filhas de nobres famílias paulistas, vivem estoicamente naquele retiro,

com a abnegada Irmã Superiora, em cômodos exíguos e paupérrimos,

situados no corpo central do edifício, rodeadas pelos dormitórios dos

leprosos, entregues todas inteiramente ao seu sublime apostolado de

caridade, animando os enfermos, confortando os agonizantes e fechando

carinhosamente os olhos dos que aos expedirem o ultimo alento, só vêm

ao seu lado - o olhar cheio de bondade e a boca transbordando de

esperança - essas santas criaturas assombrosas de coragem para as quais

são poucas todas as nossas homenagens”.

114

Em relatório de 1918, o então Diretor Clínico do Hospital dos Lázaros, Dr.

Emílio Ribas, elogia as senhoras da sociedade e o eminente arcebispo de

São Paulo:

“Merece também especial menção a Associação Protectora dos

Morpheticos ultimamente fundada n’esta Capital por distinctas senhoras

do nosso mais elevado meio social, por iniciativa de S. Exa. Revma.., Snr.

D. Duarte Leopoldo, eminente arcebispo de São Paulo.”.

Dr. Emílio Marcondes Ribas, infectologista e sanitaristas, nasceu

em 11.04.1862 na Cidade de Pindamonhangaba - São Paulo.

1887 - Graduou-se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro

1895 - Inspetor Sanitário, combateu a febre bubônica, varíola e febre

amarela.

Companheiro de batalha com Oswaldo Cruz, Adolfo Lutz, Vital

Brasil e Carlos Chagas, que lutaram para livrar a cidade e os campos

das epidemias no país.

Irmão, médico assistente, adjuntos e Diretor Clínico do Hospital São

Luiz Gonzaga da Irmandade da Santa Casa de São Paulo.

1895 - Emilio Ribas se enpenhou nos trabalhos e na solução do

problemas da lepra e da tuberculose no Hospital que a muito vinha

sofrendo com a batalha pela cura.

Organizou, juntamente com Joaquim Pereira de Almeida, o edifício

do Leprosário de Santo Angelo da Irmandade, com o intuito de

atender os morféticos.

1904 - no Hospital dos Lazaros - São Luiz Gonzaga Pioneiro na

Renovação Sanitária do Brasil liderou com as epidemias, inclusive a

tuberculose.

115

Dr. Emílio Ribas, juntamente com o apoio das Irmãs de São José de

Chambéry, ia em busca de pessoas que o patrocinassem em sua árdua tarefa

de cuidar dos leprosos. Em 1918, obteve do Sr. Presidente do Estado alguns

instrumentos indispensáveis que lhe permitiram atender a vários casos de

moléstia ocular que exigiam intervenção imediata.

Em 03.07.1932 o Hospital de Lázaros foi reformado e ampliado, recebendo

o nome de São Luiz Gonzaga. O Primeiro Hospital Geral para Tuberculose

do Estado de São Paulo

116

Sanatório Vicentina Aranha 1924

Inaugurado em 27 de abril de 1924, pelo Provedor Dr. Antonio de Pádua

Salles, o Sanatório Vicentina Aranha, de S. José dos Campos, tendo como

Mordomo o Dr. Alberto de Menezes Borba. Foi uma idealização da Santa

Casa de São Paulo para tratamento dos tuberculosos, sendo o Dr. Caio

Machado de Oliveira Diretor Clínico do estabelecimento.

Desde sua inauguração, o Sanatório tem recebido os dedicados serviços das

Irmãs de São José de Chambery, sendo dirigido com grande competência

pela Irmã Superiora Anna Isabel e auxiliada por mais seis Irmãs.

As Irmãs eram responsáveis pelo trato médico aos enfermos, bem como

orientação espiritual, carinho e zelo aos necessitados. A superiora além de

responsável pelos empregados a seu cargo, também cuidava da cozinha e

117

dispensa do sanatório, confortava e animava os doentes sempre com

carinho e abnegação.

Em 1925, o Mordomo Dr. Alberto de Menezes Borba, em relatório elogia

as Irmãs de S. José:

Em 1927, a Direção do Sanatório Vicentina Aranha passa a ser realizada

pela Irmã Maria Philomena de Lima, prestando com notável inteligência

o seu cargo atribuído. Por iniciativa própria, a Irmã solicita que se realizem

pequenas construções no sanatório, como por exemplo, 5 casas para melhor

acomodar os empregados.

A Capela do Sanatório ficava a responsabilidade do Revdmo. Padre José

Maria Brandi e, posterior, Revdmo. Padre Ascanio Brandão.

A horta e o pomar existente no sanatório são dirigidos pela prestimosa Irmã

Alda, abastecendo toda a casa com verduras e legumes.

Em 1930, a Irmã Paula de São José, toma a Direção do Sanatório

Vicentina Aranha, recebendo o seguinte elogio pelo então Mordomo Dr.

Alberto de Menezes Borba:

“Devemos nesse particular render as merecidas homenagens ás abnegadas

Irmãs de Caridade da Irmandade de S. José que há longos annos prestam

inestimáveis serviços ás casas da Irmandade da Sta. Casa e Misericórdia

de São Paulo, e o mesmo fazem em relação a este Sanatório, desde sua

fundação, como auxiliares na parte administrativa, zelando pela

moralidade e seriedade do estabelecimento”.

“Não sabemos com que palavras exprimir todo o nosso reconhecimento

e enthusiasmo pelas qualidades inexcedíveis das Revdmas. Irmãs de S.

José. Essas religiosas, a cuja frente permanece com a Graça de Deus, a

bondosissima e zelosissima Irmã Paula de São José, são verdadeiros anjos

tutelares dos que se tratam no sanatório”.

118

Em 1948, o Diretor Clínico Nelson S. D’Avila segue com a seguinte

menção as Irmãs:

“Á incansável e constante dedicação da bondosa Irmã Paula dispensada

ao nosso Sanatório, e ás novas não menos dedicadas Irmãs de São José, a

nossa justa gratidão”

Madre Paula de São José Almeida Cardoso Nasceu em São Paulo a 27 de julho de 1897. Estudou no Externato São José, em São Paulo; tendo terminando seu curso brilhantemente desejou ser religiosa. Não tendo a idade requerida, ensinou, durante dois anos, neste mesmo Externato onde conquistou a estima de seus alunos, professores e Inspetores.

O que a caracterizou toda a sua vida foi um grande espírito de fé. Foi à luz da fé que ela aprendeu esta ciência que caracteriza os santos e que ela soube tão bem ensinar às suas Irmãs através de suas lições, seus sábios conselhos e, principalmente pelos seus exemplos.

Organizou com entusiasmo nossa Escola de Enfermagem que, como toda boa obra, começou com dificuldades e se desenvolveu com muitos sacrifícios.

Recebeu os últimos sacramentos com plena consciência, pediu perdão à comunidade agradecendo às Irmãs, em particular as que cuidavam dela e que não cessavam de lhe dar sinais de respeito e de filial afeição.

Todas as pessoas que conheceram a querida Madre Paula de São José têm a certeza de terem, agora, uma protetora junto de Deus. Faleceu em 07 de novembro de 1958.

119

Em 1957, O Mordomo do Sanatório, Dr. Antonio Carlos de Camargo

Vianna, dita as seguintes palavras:

Dos anos de 1926 a 1966, as seguintes Irmãs foram Superioras do

Sanatório Vicentina Aranha:

1 - Madre Ana Elizabeth;

2 - Madre Maria Philomena Lima;

3 - Madre Paula de São José;

4 - Madre Josefina da Imaculada;

5 - Madre Margarida Sacramento;

6 - Madre Olímpia da Apresentação Carvalho;

7 - Madre Maria de Lourdes Silva;

8 - Maria das Dores Paula Souza;

9 - Madre Maria Prisciliana Matos;

10 - Madre Maria José Miranda.

“No período em exame, como o apoio da DD. Mesa Administrativa, pode

o Sanatório manter a mesma alta eficiência de sempre, no tratamento dos

numerosos doentes que ali se internaram, mercê da capacidade dos ilustres

componentes de seu Corpo Clínico, dos desvelos das Revmas. Irmãs da

Congregação de São José e da cooperação dos seus funcionários e

empregados, todos os quais fizeram jus, pela sua ação, ao reconhecimento

da Irmandade”.

120

Leprosário Santo Ângelo 1928

Em 1917 a Associação Protectora dos Morpheticos, fez doação à Santa

Casa de São Paulo dois terrenos para construção do Leprosário Santo

Ângelo;

Projeto elaborado pelo Arquiteto Adelardo Soares Caiuby, sob orientação

do Dr. Emílio Ribas e Dr. Joaquim Ribeiro de Almeida;

Em 03.05.1928 foi Inaugurado o Leprosário Santo Ângelo no município de

Mogi das Cruzes, com a missão de ajudar o Hospital de Guapira nas

acomodações dos leprosos.

As Irmãs de São José de Chambery também ficaram a cargo de administrar

o novo leprosário, sendo uma Irmã Superiora e sete religiosas.

121

Escola Primária onde as

professoras eram as

dedicadas Irmãs de São

José de Chambery

Oficina de Costura

movida à eletricidade

– Doentes trabalhando

Casa para família leprosa

122

Asylo Santo Antônio de Araras e as Missionárias de Jesus Crucificado de Campinas

1929

Em decorrência do falecimento de Dn. Benedicta Alves de Mello Nogueira,

a Irmandade da Santa Casa de São Paulo, arrecadou os bens doados pela

distinta senhora, um total de 1.170:090$000, o que possibilitou a

construção do “Asylo de Santo Antonio para Órfãs” na cidade de Araras -

São Paulo.

As obras de adaptação do prédio de araras foram realizadas pelo Escritório

Técnico Ramos de Azevedo, sob direção do Dr. Del Débbio.

123

Em 14.03.1929 a Mesa Administrativa aprovou o contrato entre a

Irmandade, representada pelo então Provedor Senador Antonio de Pádua

Salles, e as Irmãs Missionárias de Jesus Crucificado de Campinas,

representada pela Madre Geral Irmã Maria do Calvário, para administração

do novo estabelecimento.

As Irmãs tomaram posse no dia 13.06.1929, em presença do Exmo.

Revmo. Sr. Dom Francisco Barreto, eminente Bispo de Campinas. Na

mesma sessão, foi nomeado o Dr. José Carlos de Macedo Soares como

Mordomo do Asylo Santo Antonio. A Superiora responsável pela direção

do Asylo era a Irmã Lucia de Jesus Crucificado.

Toda a herança de Dn. Benedicta fora doado a Irmandade, incluindo todos

seus bens imobiliários e mobiliários situados em Portugal, para a

manutenção do Asylo que seria instalado em sua residência em Araras.

Segundo a vontade da doadora, o Asylo abrigaria 60 meninas pobres e

órfãs, recebidas até os 12 anos de idade, ficando sob responsabilidade da

santa Casa até completarem 18 anos de idade.

Dr. José Carlos de Macedo Soares - Mordomo do Asylo Santo Antonio e Revmo. Sr. Dom Francisco Barreto

124

A Irmandade deveria aplicar as joias doadas da seguinte maneira: todos os

anos premiará com uma dessas joias a asylada que mais se distingui no seu

bom comportamento e nos seus estudos, mas somente a joia será entregue

quando a asylada completar 18 anos. Esgotadas as joias, terá a mesma

aplicação as roupas, louças e quaisquer outro objeto de valor.

O Asylo Santo Antonio de Araras foi inaugurado em 13.06.1929, com a

presença do Provedor Senador Antonio de Pádua Salles, Sr. Dom Francisco

de Campos Barreto, Dr. Augusto Meirelles Reis, Dr. Plínio Barreto, Dr.

Synésio Rangel Pestana, Dr. Alberto de Menezes Borba, Dr. José Cássio de

Macedo Soares, dentre outros.

No contrato com as Irmãs Missionários de Jesus Crucificado reza que:

1º As Irmãs obrigam-se a assumir a direção do Asylo, mantendo no

estabelecimento 7 irmãs;

2º A Irmã Superiora terá plena autonomia na direção do estabelecimento;

3º Os empregados do Asylo serão nomeados e demitidos pela Superiora. O

número de empregados e suas funções serão determinados pela Superiora,

com aprovação do Mordomo.

4º Cada Irmãs receberá o salário de cento e cinquenta mil réis;

5º Além do ordenado as Irmãs tem direito a cama, mesa, luz e lavagem de

roupa por conta da Santa Casa de São Paulo;

6º A aceitação do Asylado só poderá ser realizado mediante ordem da

Irmandade;

7º A Superiora providenciará o pagamento aos encarregados, além de gerar

todos os anos um relatório com as atividades do estabelecimento;

8º As Irmãs obrigam-se a ministrar as asyladas, além da educação religiosa

e cívica, instrução educacional, além de transmitir o conhecimento da arte

feminina, como cozinha, costura e outros trabalhos domésticos.

Em 1930, o Mordomo do Asylo, Dr. Cássio de Macedo Soares, prestigia o

trabalho das Irmãs Missionárias da seguinte forma:

125

Em 1933, é organizado a Escola Profissional Feminina anexa ao Asylo,

para alunas com 15 anos de idade, dividido nas seguintes seções:

Seção A: aulas diárias de desenho profissional, corte e costura de roupas

brancas.

“É realmente notável a dedicação das Irmãs Missionárias de Jesus

Crucificado que dirigem o Asylo, notadamente a senhora Superiora Irmã

Lúcia de Moraes, que consegue aliar aos altos dotes de inteligência e

educação uma cativante bondade”.

Alunas do Asylo Santo Antonio de Araras - 29.12.1929

126

Seção B: aulas diárias de desenho profissional, bordados, artes aplicadas e

flores, tricot e crochet.

Seção C: Curso Comercial: escrituração mercantil e cursos de guarda-livros

e secretaria.

Seção D: economia doméstica; arte culinária; arranjos de casa, puericultura.

As professoras mestres responsáveis pelo ensino na escola eram as próprias

Irmãs da Congregação de Jesus Crucificado, juntamente com duas

professoras do Instituto Profissional da Capital.

Capela do Asilo Santo Antonio

127

Em 1937, a Irmã Geralda Maria de Jesus Eucarístico toma a Direção do

Asylo Santo Antonio de Araras.

Em 1941, passa a direcionar o Asylo a Irmã Célia Maria do Coração de

Jesus Crucificado.

As práticas religiosas do Asylo ficavam a Cargo das Irmãs e do Revmo. Pe.

Alarico Zacharias.

Em 1943, o Mordomo do Asilo Djalma Forjaz, exprimi o seguinte elogio ás

Irmãs:

“A direção do Asilo no ano de 1943 esteve a cargo da Revma. Irmã Célia do

Coração de Jesus Crucificado, que, com o auxílio de outras devotas Irmãs,

imprimiu-lhe uma administração merecedora dos aplausos e do

reconhecimento de todos os que acompanham com carinho a vida e o

desenvolvimento de tão útil instituição.”.

128

Hospital Central 1884

Em 1884 é inaugurado o novo Hospital de Caridade da Santa Casa de São

Paulo na chácara do Arouche. Na época a Provedoria estava a cargo do

Arcipreste Cônego João Jacynto Gonçalves de Andrade.

Provedor da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo de

1880 a 1886;

Doou todos os seus bens para Santa Casa de Misericórdia de São Paulo;

Idealizador da construção e inauguração do Hospital da Caridade da

Irmandade da Santa Casa de São Paulo em 1884, conhecido como Hospital

do Arouche.

Convidado a ocupar o cargo de Capelão da Irmandade que sempre exerceu

até a época em que administrou o hospital.

Arcipreste Cônego João Jacynto Gonçalves de Andrade

129

1879 - 1° Projeto da Santa Casa de São Paulo para construção do novo Hospital da Caridade.

Engenheiro e Arquiteto - Luiz Pucci, que reservou a cobertura para apartamentos. Em 1884, ano de sua inauguração, 70 freiras da Congregação de São José de Chambery instalaram-se ali.

130

Quadrilátero da Santa Casa De São Paulo

A Santa Casa de São Paulo abrange um quarteirão com as ruas Dr. Cesário

Mota Jr, Marques de Itu, Veridiana Prado e Jaguaribe com área de

48.514.97m2 e área construída de 22.176.80 m2., localizado na antiga

chácara do Arouche.

O prédio foi concluído em 1884. Arquitetura estilo gótico com arcos em

ogivas e com abóbodas nervuradas, torres pontiagudas arrematadas por

pináculos e vitrais longilíneos, fachadas com tijolos de várias olarias, telhas

e pisos franceses, torres com telhas ardósia, janelas com vidrais decorativos

por Conrado Sorgenicht.

131

A imagem de Jesus Cristo de braços semi abertos é dedicada ao Provedor

Arcipreste João Jacyntho Gonçalves de Andrade e a Comissão de obras que

edificaram o Hospital Central.

Inaugurada em 20.12.1950, a pedido de Dona Genoveva, que deixou um

legado para a Santa Casa de mais de 6 milhões de cruzeiros, na ocasião, ela

solicitou que fossem retirados 100 mil cruzeiros para a construção dessa

estátua. No dia da Inauguração, o provedor Dr. José Cássio de Macedo

Soares, discursando contou:

A JESUS EM SEUS POBRES

Em 1880, os mesários, tendo a frente o provedor, Cônego Jacyntho de Gonçalves, saíram pelas ruas de São Paulo pedindo esmolas e conseguiram a vultuosa soma de 800 contos de réis com a qual foi construído o prédio do atual Hospital Central, que ficou pronto em 1884, quando foi deita a mudança das instalações que estavam na rua da Glória. Naquela ocasião, o cônego Jacyntho sugeriu que se fizesse uma estátua com o dístico “A Jesus Cristo em seus pobres”.

132

Brasão da Santa Casa de São Paulo

A Mesa Administrativa da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo criou uma Comissão para a elaboração do brasão da Irmandade. Esta comissão era composta pelos Drs. Francisco de Paula Ramos de Azevedo, João Maurício Sampaio Viana e Frederico de Vergueiro Steidel. Em Relatório do Provedor Dr. José Alves de Cerqueira César - Período sob Provedoria do Dr. Francisco Antonio de Souza Queiroz. Início do Séc. XX.

Gino Catani, convidado pela Mesa Administrativa da Santa Casa de São Paulo, pintou o Salão Nobre da Irmandade onde o emblema foi inserido na pintura, em 1907. Sob Provedoria do Dr. Francisco Antonio de Souza Queiroz.

A pintura da Capela da Irmandade foi atribuída a Gino Catani e Benedito Calixto, que além de amigos trabalhavam em conjunto.

O escudo oval, confeccionado em bronze, é circundado por dois filetes paralelos que limitam um cordão de contas. A Coroa de Rainha lembra a Coroa Real.

Engº e Arq. Francisco de P. Ramos de Azevedo

133

Na pintura desenhada por Gino Catani em 1907, deixou clara a sobreposição do A e V, que significam: Ave. Sob Provedoria do Dr. Francisco Antonio de Souza Queiroz.

A cruz lembra a religião católica. Desenho de Gino Catani, 1907. Sob Provedoria do Dr. Francisco Antonio de Souza Queiroz.

134

Na pintura desenhada por Gino Catani em 1907, a letra M significa: Maria, Mãe da Misericórdia. Sob Provedoria do Dr. Francisco Antonio de Souza Queiroz.

Em pintura de Gino Catani em 1907, sob Provedoria do Dr. Francisco Antonio de Souza Queiroz, a linha que sustenta a Cruz lembra o Planalto de Piratininga.

135

A primeira Irmã Superiora do Hospital Central foi a Reverendíssima

Madre Arsênia, que desde a instalação do Hospital na Rua da Glória vem

prestando seus valorosos serviços a caridade.

Em novembro de 1899, a Santa Casa de São Paulo enfrentou o surto de

peste bubônica. Mos consultórios do Hospital, Dora distribuído remédios

gratuitos aqueles que não possuíam condições de pagar, além, claro, de

abrigar os doentes acometidos pela doença.

Enfermaria de Mulheres. Em destaque Madre Maria Arsênia e Dr. Arnaldo

Vieira de Carvalho - Diretor Clínico da Irmandade.

136

Capela Nossa Senhora da Misericórdia e as Irmãs de Caridade

Em 16 de setembro de 1888 é nomeado o capelão Pe. Antonio Varchi em

lugar do falecido Pe. Anthelmo Goud.

Em 19 de abril de 1891, o Irmão Eduardo Prates propõe, na sessão da

Mesa, a construção da Capela da Irmandade com o fim de desocupar uma

enfermaria.

O então Provedor Dr. Raphael Tobias de Aguiar Paes de Barros, Barão de

Piracicaba, informa ter uma proposta do Arquiteto Luiz Pucci para a

Capela, a qual só não foi iniciada por falta de recursos.

137

A Mesa encarregou então o Irmão Eduardo Prates de renovar a subscrição

de donativos e administrar as obras, sob a responsabilidade do Dr. Luiz

Pucci. Graças ao esforço e trabalho de Prates foram iniciados os trabalhos.

Com o andamento das obras em 10 de julho de 1882, o Irmão Eduardo

Prates consulta a mesa para saber se deve aplicar ladrilhos ou assoalho no

piso da Capela.

O Provedor então, diz que ele tem toda liberdade para definir o assunto,

informando que está disposto a financiar os ladrilhos se o Irmão Prates não

o fizer. Em 18 de junho de 1893, o Irmão Eduardo Prates comunica que a

Cia Central Paulista fez o donativo das telhas francesas fabricadas em

Marseille para a cobertura da nossa Capela.

Os vitrais da nova Capela são de fabricação da Empresa Conrado

Sörgenicht, mas não temos informação de quem seriam os doadores.

Em fevereiro de 1894, o Diretor da Companhia Mechanica e Importadora

de São Paulo anunciou que as janelas seriam fornecidas por sua Empresa

gratuitamente. Aos 17 de junho do mesmo ano, o Irmão Eduardo Prates

informa que foi entregue a nova Cruz para a capela, feita com material de

duas cruzes da antiga Igreja da Misericórdia.

O altar da nova Capela é o mesmo que estava instalado na Igreja da

Misericórdia - primeira sede oficial da Santa Casa de São Paulo - sendo que

os laterais foram doados para o Asilo Bom Pastor, em virtude de não serem

aproveitados para a nova Capela.

Em 19 de maio de 1895, o Irmão Eduardo Prates comunica o término das

obras; no entanto os trabalhos de acabamento e decoração ainda não

estavam terminados. A Irmandade recebeu em 18 de novembro de 1894 a

doação de 50.000$000,00 (cinqüentas contos de réis) doados pelo Irmão

Prates em memória de sua cunhada Maria Hyppolitha dos Santos Silva,

Marquesa de Três Rios, com o fito de complementar as obras da Capela.

138

O sino da nova Capela foi confeccionado refundindo o antigo sino da Igreja

da Misericórdia situada à Rua Direita. O custo geral da construção da

Capela importou em 111:338$744,00.

Em 1887, o padre Hypolito Evangelista Braga, antigo exposto criado pela

Santa Casa de São Paulo, celebrou sua primeira missa na Capela do

Hospital.

A Capela foi inaugurada em 1900-1901, possuindo estilo arquitetônico

gótico com influência barroca.

Em 1907, todos os atos religiosos foram praticados pelos Reverendíssimos

Padres do Immaculado Coração de Maria.

Além de prestar serviços aos enfermos e necessitados, as Irmãs de São José

de Chambery ficaram a cargo dos serviços religiosos juntamente com os

Padres da Ordem de São Camillo, como consta em relatório de 1939.

Em todo dia 02 de julho de todo ano era realizada a festa da visitação de

Santa Izabel, estando sempre presente as Irmãs de São José, representantes

dos poderes públicos e autoridades eclesiásticas. Em 1936, realizou-se

missa cantada, pelo Reverendo Padre Innocente Radrizzani, Superior da

Ordem de S. Camillo Lellis, acolytado pelos Padres Capellães da

Irmandade. Pregou ao Evangelho o ilustre sacerdote jesuíta

Reverendíssimo Padre José Danti, Reitor do Collegio S. Luiz, produzindo

eloquente e erudita peça oratória.

Em relatório de 1936, o Mordomo do Hospital Central, Dr. Augusto

Meirelles Reis relata:

“Agradeço ás virtuosas Irmãs de S. José, dirigidas pela abnegada e

benemérita Superiora Madre Eugenia pelos immensos serviços que

prestam á instituição e bem assim aos Reverendíssimos Padres de S.

Camillo que tão bem dirigem o serviço religioso da Irmandade”.

139

Em 1888, por proposta do Irmã Major Domingos Sertorio, foi aprovada a

admissão de uma lista de irmãos, encabeçada pelo Engenheiro Luiz Pucci e

integrada por 21 padres, entre os quais o Pe. Dr. José Valois de Castro.

Atualmente, a Irmã Terezinha Ferreira do Amaral Mello, coordena os

trabalhos na Capela e toca o sino anunciando as missas ao longo do dia.

Irmã Terezinha nasceu em 31 de dezembro de 1932 em Saltinho, comarca

de Piracicaba. Entrou para a Congregação em 1954 com 25 anos,

formando-se como Assistente Social.

Capela Nossa Senhora da Misericórdia - Missa de Formatura da Escola de Enfermagem São José - 1975.

Da esquerda para direita: Pe. José Bet, Irmã Cristiana (Eunice José), Irmã Judith (Francisca Muniz) Irmã Satiko Yamaguchi.

140

Visitação de Nossa Senhora a sua prima Santa Isabel, a Santa Casa de São Paulo comemorava no dia 02 de junho de cada ano, a Nossa Senhora era conduzia em um andor, em procissão da Catedral a Igreja da Misericórdia com uma festa solene e visita ao enfermo.

Neste dia, o sino da capela anunciava a festa solene com um toque as 06h00 da manha ate a hora da procissão.

dgfg

Pintura atribuída a Gino Catane, amigo e parceiro de Benedito Calixto -

pintada de 1907 a 1913.

Nossa Senhora da Misericórdia é a Padroeira da Capela da Santa Casa de São Paulo, que por sinal leva o seu nome em homenagem.

Padroeira daqueles que necessitam de um auxílio, aceitando e protegendo em seu manto aqueles que clamam por socorro

141

Em 08 de outubro de 1923, a Capela da Santa Casa de São Paulo, passa a

ser assumida pelos padres Camilianos, sob direção do Pe. Inocente

Radrizzani, que em 1946 inaugura um curso de enfermagem, realizado por

iniciativa própria, na Santa Casa de São Paulo.

Em 11 de fevereiro de 1933, ocorreu a inauguração do Seminário de Vila

Pompeia, comemorando o 10º aniversário da chegada dos camilianos no

Brasil. Benção do Superior Geral Pe. Germano Curti.

Irmã Ana Rita também fez um excelente trabalho na Capela, entre os anos

de 1945 a 1960.

Em 1946, em homenagem ao dia de visitação de Nossa Senhora, o Cônego

Dr. José de Castro Nery discursa na Capela Nossa Senhora da Misericórdia

os preceitos da Santa Casa de São Paulo, evocando as obras da misericórdia

e a benemérita obra social que é a Santa Casa.

Padres Camilianos na Santa Casa de São Paulo - 1918

142

Pe Vitoriano Giovannini - Camiliano.

Celebrando na Capela da Nossa Senhora

da Misericórdia, quando as missas eram

realizadas com o padre de costas para os

fiéis.

Fotografia de 1940

Pe. Avelino Bernardo Panni, celebrando na

Capela Nossa Senhora da Misericórdia.

Durante muito tempo foi capelão e mordomo

da Capela da Santa Casa de São Paulo

Já lá se vão quatro séculos. E era sempre a 2 de Julho, dia da Visitação a

Santa Isabel, que se elegiam, na sala do capítulo, os “ treze homens bons,

virtuosos e de boa fama” para regerem os destinos da Irmandade. A pobre

capelinha, nesse dia, tinha “mantas e panos” e ramos verdes, predominando

o junco. O claustro adjacente resguardava-se com toldos retirados às velas

dos navios surtos no porto, - lembrando quiçá aqueles que “por mares nunca

dantes navegados, passaram muito alem da Taprobana”.

143

Irmãs de São José de Chambéry, em 19 de março de 2011 Celebração na Capela Nossa Senhora da Misericórdia com Pe. Luizinho Claretiano Igreja Coração de Maria

Cardeal Arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer, celebra uma missa na Capela Nossa Senhora da Misericórdia da Santa Casa de São Paulo na companhia das Irmãs de São José de Chambery

Da esquerda para direita: Sra. Maria Nazarete de Barros – Coordenadora do Museu; Irmã Luiza Carolina; Irmã Eliane Costa Santana; Dom Odilo Scherer, Irmã Delta Toyama e Irmã Geralda Hypólito

144

Sempre querida por todos, Irmã Tereza trabalhou por muitos anos na Santa Casa de São Paulo em vários setores, além de dedicar seu tempo como professora e Assistente Social.

Atualmente Irmã Tereza Coordena com muita maestria a Capela Nossa Senhora da Misericórdia.

145

146

EXTERNATO SANTA CECÍLIA

Sob idealização de Madre Arsênia, fora fundado no quadrilátero da Santa

Casa de São Paulo numa das dependências projetada por Luiz Pucci, o

Externato Santa Cecília, com intenção de educar e instruir meninas carentes

do bairro. Em 1904, porem, essas dependências foram requisitadas para

abrigar enfermarias, tendo a Irmandade transferido o Externato para o

terreno da Rua Vitalis, hoje Rua Martinico Prado.

As Irmãs de São José de Chambery ficaram a cargo tanto da educação das

meninas, quanto da construção do novo edifício. Em 1909, a escola fora

reinaugurada tendo a Irmã São Luiz Boyer como primeira diretora.

Esse edifício que anos mais tarde, veio a sediar a Escola de Enfermagem

São José, em 1945, da qual falaremos adiante.

Externato Santa Cecília em construção

147

Escadaria do Externato Santa Cecília.

Destaca-se a Irmã Delta, primeira da esquerda para direita.

Irmãs na frente do Externato São José

Muito bondosa e carinhosa Ir. Emília Margonari, de família religiosa, foi Diretora da Creche da Igreja Santa Cecília, onde posterior foi convidada a Coordenar Social da Igreja mostrando muita competência em seu trabalho.

148

ATIVIDADES E MISSÃO DAS IRMÃS

Na Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, as Irmãs de

São José de Chambery trabalhavam com afinco e metodicamente para

garantir um excelente atendimento e atenção aos pacientes.

De segunda a segunda, o telefonista de plantão soava os sinos da Capela

Nossa Senhora da Misericórdia, para acordar as Irmãs no horário das 5:00

da manhã, onde elas compareciam a Santa Missa antes mesmo do desjejum.

Após o café da manha, as Irmãs se dispersavam cada qual indo ao pavilhão

destinada para atender a grande demanda dos enfermos.

Ao meio dia, as Irmãs se reuniam no refeitório da Comunidade, onde a

refeição era servida por outras Irmãs responsáveis pela cozinha. Após o

almoço, elas retornavam as enfermarias, onde permaneciam ate as 17:30,

indo a Capela fazer orações.

Após as orações, as Irmãs jantavam e ficavam no recreio antes de se

recolher. Muitas Irmãs retornavam as enfermarias onde permaneciam a

noite para acompanhar a evolução dos enfermos.

Todos os dias, as benevolentes Irmãs dedicavam plenamente suas vidas ao

próximo, curando suas feridas corporais e espirituais, rogando e velando as

curas de seus males.

Além de exercerem seus ofícios na Santa Casa de São Paulo, as Irmãs de

São José de Chambery cursavam inglês, que era ensinado pelo Irmão da

Mesa Administrativa, Dr. Arnaldo Ventura, na década de 70.

Até hoje o Dr. Ventura possui grande amizade com as Irmãs, lembrando-se

delas com enorme carinho.

149

Refeitório da Comunidade das Irmãs

150

Capela da Residência das

Irmãs

Recreio das Irmãs

Nota-se no canto direito da imagem, uma Irmã tocando violino em seu momento de lazer

151

Irmãs de São José na Pastoral

pastoral da saúde

Irmã Delta Toyama na Pastoral da Criança

Irmã Luiza Carolina no trabalho da Pastoral de Enfermos no Hospital Geriátrico D. Pedro II

152

Reunião da Comunidade das Irmãs

Em todo tempo de trabalho das Irmãs de São José na Santa Casa de São

Paulo, estas organizavam-se primorosamente através de reuniões, onde se

planejavam a Pastoral de Saúde na Irmandade.

As Irmãs realizavam leitura sobre a pastoral dos enfermos e discutiam

soluções sobre como aprimorar o atendimento espiritual aos doentes,

discutindo assuntos das atividades ambulatoriais; acompanhamento

domiciliar a pessoas idosas; visitas domiciliares e hospitalares, com

enfoque na melhoria da qualidade de visa, conforto espiritual e até auxílio

financeiro.

Tratavam também dos trabalhos realizados por elas mesmas e como

distribuir as atividades em todos os setores, seja na lavanderia, cozinha,

refeitório, capela ou nas enfermarias dos pavilhões da Irmandade.

Caderno de reuniões - de 1969 a 1975

153

As reuniões das Irmãs aconteciam no refeitório ou Sala da Comunidade. As vezes, ocorria também fora das dependências da Irmandade, como no Terraço Itália

Irmãs de São José de Chambéry no Terraço Itália Destaca-se a Irmã Celita Fonseca (de óculos)

154

Lavanderia

No final do Séc. XIX e início do Séc. XX, o Departamento de Lavanderia

funcionou em um galpão nas mediações da Rua Dona Veridiana, onde as

Irmãs de São José de Chambery lavavam as roupas dos enfermos

manualmente em pequenos tanques de cimento e ou azulejo, no mesmo

local era de costume costurar e passar as roupas em ferro à brasa, para

atender a todas as enfermarias.

Irmãs no Serviço de Lavanderia do Hospital

155

Irmã guardando as roupas e lençóis limpos

Irmã na Sala de Costura

156

Para auxiliar o trabalho das Irmãs, o Dr. Ayres Neto confeccionava,

juntamente com sua mulher, roupas bordadas para as enfermarias do

Hospital Central.

Em relatório de 1902, o Mordomo do Hospital Central, Dr. Alberto da

Silva e Sousa, cita as Irmãs de São José de Chambery:

“Sempre com o máximo de zelo continuam a prestar seus dedicados

serviços á nossa pia instituição, tendo a sua frente a virtuosa Irmã

Superiora Maria Arsênia, tornado todas dignas de louvores.”

Irmãs passando roupa - 1969 Irmã Rosa Guedes, Irmã Marina e Irmã Ruth Serafim.

157

ENFERMARIAS

Em 1903, é preocupante a situação do Hospital Central frente as epidemias

e superlotação das enfermarias infantis.

Desde o ano de 1904, as Irmãs de São José participavam ativamente na

assistência aos tuberculosos pobres. O local de atendimento era na famosa

5ª Enfermaria de Medicina.

158

Foto de Emidio Luisi - 1994

159

Em relatório de 1907, ainda havia a preocupação de superlotação das

enfermarias do Hospital. A administração do Hospital, conta-se as também

as Irmãs de São José, tiveram que lançar mão de colchões no chão, tendo

nessa situação cerca de 135 doentes, sendo que na enfermaria infantil havia

duas crianças em cada cama.

Em 1908, o então Mordomo do Hospital, solicita a vinda de mais Irmãs da

Congregação de São José, pois seu numero se mostra insuficiente com a

crescente quantia de enfermos no Hospital.

160

Em 1909, devido a grande quantidade de pacientes, na enfermaria de

crianças são postos colchões no chão para atender os enfermos.

Em 1910, o Diretor Clínico Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho entra em

acordo com a Exma. Superiora Geral das Irmãs da Congregação de São

José para que ficasse elevado a duas o numero de Irmãs enfermeiras em

cada enfermaria, de maneira a ficar uma durante o dia e outra durante a

noite, havendo sempre uma pessoa responsável pelo serviço.

Em 1912, a Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo foi

estabelecida pela Lei nº 1357 e assinada pelo Presidente do Estado Dr.

161

Francisco de Paula Rodrigues Alves, para que as aulas fossem ministradas

no interior do complexo hospitalar da Irmandade. Com isso, os trabalhos

das Irmãs aumentaram ainda mais, sendo elas responsáveis por acompanhar

os alunos nas enfermarias e auxiliar os professores médicos nas aulas

práticas.

Revista “A Cigarra” de 1914

162

Em 1916, a Superiora do Hospital era a Irmã Luiza Agatha, que

coordenando as dedicadas irmãs deu continuidade ao belíssimo trabalho na

assistência aos necessitados.

Discípula da primeira Superiora Irmã Maria Arsenia

Berthet. Foi nomeada para substituir a Irmã Arsenia após

seu falecimento e anteriormente já exercia a função de 2º

Superiora desde 14 de setembro de 1875, há 44 anos

prestando relevantes serviços a Santa Casa de São Paulo.

Devido ao esforço cada vez mais pelo engrandecimento a

Santa Casa, que muito lhe deve a altura em que se acha, tão

notáveis tem sido esses serviços e tão eficaz a orientação

dada aos mesmos pela Superiora atual, a que devendo esta

ir com a Superiora Provincial à Casa Matriz em 1909, a

Mesa Administrativa resolveu como prova de simpatia,

conceder á Irmã Luiza Agatha um valioso auxilio para a

sua viagem à Europa. Religiosa da ordem de São José de

Chambéry e primeira Professora do Colégio São José.

Faleceu em 26 de Agosto de 1923

Irmã Luisa Agatha Trosset

163

Em 1918, o Diretor Clínico dos Hospitais, Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho,

elogia as Irmãs da seguinte forma:

“Preciso testemunhar meu reconhecimento as dedicadíssimas Irmãs de

São José de Chambery, cujo espírito de sacrifícios e cujos sentimentos de

caridade, não esmorecendo mesmo perante a morte, permitimos levarmos

a bom termo nossa honrada, mas pesada tarefa. A elas devemos, como

mesários, publica gratidão e manifestações de reconhecimento.”

Sala de Operações do Hospital Central

Local de trabalho dos médicos e Irmãs enfermeiras

164

No mesmo ano de 1918, São Paulo era assolada pela epidemia da Gripe

Espanhola. As Irmãs de São José muito se empenharam no tratamento aos

contaminados, mas infelizmente, duas das Irmãs vieram a falecer vítimas

do contagio, essas Irmãs eram as dedicadas Ir. Maria Esperança e Ir.

Maria Cesarina. A Santa Casa de São Paulo prestou-lhes todas as

homenagens devidas e foi colocada nas enfermarias a seu cargo placas de

bronze, ficando assim perpetua a sua memória eternamente.

Em 1919, o então Provedor da Irmandade Senador Antonio de Lacerda

Franco, cita as Irmãs em relatório com a seguinte descrição:

Para substituir a Irmã Superiora Luiza Agatha Trosset, a Direção do

Hospital passa para a digníssima Irmã Madre Maria Eugenia Janin.

“A direção do Hospital Central e dos outros departamentos da nossa

Irmandade continua confiada as dignas Irmãs de São José que com toda

dedicação e competência desempenham com desvelo a sua caridosa

missão de enfermeiras, o que aqui consigno com os mais merecidos

agradecimentos aos seus relevantes serviços”

165

Madre Maria Eugenia Janin.

Em 1893 serviu no Colégio do Bom Conselho e de

1894 a 1899 no Externato S. José, ambos em

Taubaté. No ano de 1899 foi transferida para o

Hospital Central, e dessa data até 1916 ocupou

diversos cargos dos mais humildes aos mais

elevados, sempre contente, nada pedindo, nada

desejando, tudo aceitando de bom humor e coração

aberto.

Em 1913 se formou como enfermeira na Escola de

Enfermagem.

Trabalhou na cozinha, na portaria, na 1ª clínica

Cirúrgica de Homens e no Pavilhão Masculino de

Pensionista.

Devido ao reconhecimento de suas habilidades,

assumiu a direção da Santa Casa de

Pindamonhangaba, como Superiora, até o ano de

1920. Em 1922 foi Superiora no Hospital Santa

Isabel de Taubaté

Em 1923 foi a Terceira Superiora da Irmandade da

Santa Casa de Misericórdia de São Paulo

Junto com as Irmãs de São José, administrava as

enfermarias e dependências, nomeando e dirigindo

todos os empregados do Hospital.

166

Dr. Arnaldo possuía muito apreço pelas Irmãs de São José de Chambery,

sempre elogiando seu trabalho caridoso da qual nunca dispensou. Em 19 de

junho de 1920, foi feito uma homenagem ao Dr. Arnaldo, tendo o Irmão

Frederico de Vergueiro Steidel pronunciando as seguintes palavras:

Muitas pessoas são devotas ao Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho,

principalmente quando procuram cura de alguma moléstia, como é o caso

Dr. Arnaldo Augusto Vieira de Carvalho, nasceu em

Campinas em 05.01.1867.

Diplomou-se em 1888 pela Faculdade de Medicina do

Rio de Janeiro. Depois de formado, ocupou importantes

cargos, como: consultor e assistente da Santa Casa de

Misericórdia de São Paulo; médico responsável pela

Hospedaria dos Imigrantes e, já em 1889, médico

adjunto, cirurgião, vice-diretor clínico da Santa Casa.

Em 1893, diretor do Instituto Vacinogênico, cargo que

ocupou até 1913, e, finalmente, em 1894, indicado para

chefe de clínica cirúrgica e, em seguida, diretor clínico

do Hospital da Santa Casa de Misericórdia de São

Paulo.

Faleceu em 05 de junho de 1920.

Fui muitas vezes testemunha das suas expressões de respeitosa veneração,

que dedicava as irmans de caridade, que aqui exercem o seu santo mister,

e elle traduzia essa amizade pelo carinho e solicitude, com que as tratava

na vida diária, e nas emergências em que precisavam dos seus serviços.

Dentre todas eu o ouvi sempre referir-se com admiração e respeito a

irman S. Luiz

167

de Dona Maria de Lima Costa e sua irmã Marina Lopes da Silva, que

sempre quando estão adoentadas rezam pedindo ajuda do Dr. Arnaldo que

nunca as faltou.

Em 05 de julho de 1924, deu-se início ao movimento rebelde

desencadeando na conhecida Revolução de 1924. A metrópole foi

terrivelmente bombardeada, sendo que muito inocentes foram atingidos.

Em cerca de 48 horas morreram 503 habitantes e foram feridos 4.864

pessoas. A Santa Casa, como Hospital destinado e preparado a receber as

vítimas, transformará, pela primeira vez, o Hospital do Sangue.

Fora liberado nove enfermarias masculinas, duas femininas e uma infantil

para das lugar as vítimas d revolução. O Salão Nobre, onde acontece

diversas solenidades, fora transformado em dormitório para os médicos e

estudantes.

Com o auxílio das Irmãs de São José, os feridos que adentravam ao

Hospital eram examinados na portaria e distribuídos pelas diversas

enfermarias.

Em 1928, falece a dedicada Irmã Antonieta Dagand, que por mais de 35

anos prestou os mais altos serviços a Santa Casa, principalmente a 2ª

enfermaria de medicina de homens. Em relatório do mesmo ano, o Dr.

Dutra Meira transcreve seu pesar:

“Poucos a conheceram, ninguém mesmo sabem quem foi; só aquelles que

trabalhavam junto della, só aquelles que receberam de suas mãos o obulo

da piedade. Grande e apagada é a vida dessas senhoras do bem. Grande,

pela magnitude de sua vida - só feita para benefícios, - apagada porque é

obscura e se passa na sala dos miseráveis, daquelles que encontram na hora

da desgraça o pão sagrado da Santa Casa. Não se pode fazer exacta idéa do

merecimento dellas.”

168

Em 1932, em plena Revolução Constitucionalista, a Santa Casa de São

Paulo foi alocada como Hospital do sangue, atendendo os feridos em

combate ou atacado por moléstias. As Irmãs de São José de Chambery

ficaram dia e noite nos postos do Hospital, servindo como enfermeiras no

trato aos enfermos.

Além das Irmãs de São José de Chambery outras ordens religiosas também

auxiliaram a Santa Casa durante a Revolução, como os Missionários do

Coração de Maria, Colégio Des Oiseaux e enfermaria Santa Luzia.

Em 1938, os serviços religiosos e direção do Hospital pelas caritativas

Irmãs de São José, tendo a sua frente a grande Superiora Madre Maria

Eugenia, foram bons e dignos de elogios. O pessoal administrativo,

funcionários e enfermeiros procedem sempre bem, atendendo aos seus

serviços, com respeito e dedicação.

Em 1939, o então Provedor da Irmandade, Dr. Antonio de Pádua Salles,

homenageia as Irmãs com a seguinte menção:

Em 20 de junho de 1942 a Mesa Administrativa resolve dar as seguintes

homenagens as Irmãs de São José de Chambery, em comemoração aos 70

anos de serviços a Irmandade: 1ª - Lançar na ata um voto de gratidão pelos

inestimáveis serviços prestados. 2ª - consignar um voto de reconhecimento

e saudade as Superioras falecidas em serviços a Instituição. 3ª - celebrar no

“As Irmãs de São José de Chambery virtuosas colaboradoras da

Irmandade, chefiadas pela Venerada Madre Superiora Maria Eugenia

Janin, prestaram a sua carinhosa assistência aos doentes internados e a

sua eficiente colaboração a administração da Santa Casa de São Paulo

merecendo por isso o nosso sincero agradecimento. Do mesmo modo, são

os credores de nossa gratidão os Reverendíssimos Capelães da

Irmandade, incansáveis no sagrado ministério”.

169

dia 1º de Julho, na capela do Hospital Central, missa solene pelo descanso

eterno da alma das religiosas falecidas e pela felicidade das que aqui

trabalham. 4ª - conferir o título de Irmã Protetora á Reverendíssima

Superiora Provincial, Madre Josephina d’Annunciação Gex. 5ª - conferir

o título de Irmã Benemérita á Reverendíssima Superiora do Hospital

Central, Madre Maria Eugenia Janin.

Em 1944, falece em Itú a reverendíssima Irmã Maria Gabriela Guiguet, que

durante muitos anos serviu na 1ª enfermaria de mulheres do Hospital

Central.

Em 1945, A Superiora Madre Maria Eugenia Janin, recebeu homenagem da

Mesa Administrativa com seu quadro pintado a óleo na galeria dos

Protetores, comemorando seus 50 anos de serviços religiosos.

Dr. Synésio Rangel Pestana, Diretor Clínico, em discurso fala:

“Madre Eugenia é bondade personificada, generosa, suave no modo de

agir, enérgica sem alterar a sua voz, mesmo para repreender. Para o seu

coração feito para perdoar, ninguém é propriamente mau; para todas as

faltas alheias encontra sempre uma atenuante.”

5ª Enfermaria de Cirurgia de Homens.

Grupo de auxiliares destacando-se:

1- Dr. José Soares Hungria, chefe.

2- Dr. Plínio Ribeiro Cardoso.

3- Dr. José Soares Hungria Filho, assistente.

4- Irmã Nazarena, enfermeira.

170

171

Em 1946, no Hospital Central, foi cedida na enfermaria de ginecologia uma

seção para alojamento de irmãs doentes, com ampliação dos cômodos

sanitários e copa, tendo sido executados serviços de encanadores,

pedreiros, eletricistas, carpinteiros, pintores e vidraceiros pelas turmas de

conservação.

Em relatório de 1948, o Mordomo do Hospital Central Mário Franca de

Azevedo designar o seguinte elogio as Irmãs:

Em 20 de outubro de 1949, foi consignado em ata um voto de

congratulações com a Exma. Superiora Provincial da Congregação de São

José, Madre Josephina d’Annunciação Gex, por haver sido condecorada

pelo Presidente da Republica, Marechal Eurico Gaspar Dutra, com as

insígnias da Ordem do Cruzeiro.

Em 1949, foi concedida as Irmã diplomada como enfermeira em alto

padrão e em padrão médio, uma remuneração de Cr$ 1.200,00 e

Cr$1.000,00.

“As Reverendíssimas Irmãs de S. José, com seu elevado espírito de

abnegação, mantiveram os serviços de enfermagem e o da direção das

várias seções do Hospital na mais impecável ordem e asseio, como vem

sempre acontecendo. É com pezar que registro o falecimento de duas

dessas infatigáveis filhas de S. José, a Irmã Maria Florentina Corrér e a

Irmã Gasparina Bello, as quais durante muitos anos exerceram seu mister

de caridade nesta Santa Casa, onde eram de todos queridas e respeitadas,

por sua dedicação e bondade”

172

Em 1955, o então Provedor da Irmandade, Dr. José Cássio de Macedo

Soares, menciona as Irmãs em São José em relatório:

Desejamos deixar consignado neste relatório, os nossos melhores

agradecimentos as bondosas Irmãs da Congregação de São José, a cujos

trabalhos e dedicação a nossa Irmandade são um penhor de gratidão e

reconhecimento que não cessamos de proclamar; ao seu alevantado espírito

de religião e caridade devemos o tratamento de alto nível de humanidade

com os que são assistidos todos os necessitados entregues as suas bondosas

mãos.

173

Em 21 de junho de 1956 o Mordomo do Hospital, Dr. Zeferino Ferreira

Velloso, dita os seguintes elogios as Irmãs de São José:

No dia 05 de julho de 1956, o Provedor Dr. José Cássio de Macedo Soares

diz em relatório:

Em 1957, durante a Gripe Asiática, as enfermarias da Santa Casa de São

Paulo trabalhava a pleno vapor, para atender a grande demanda dos

infectados. As Irmãs trabalhavam dia e noite em prol dos enfermos, sob a

Direção da Madre Maria Gabriela, que chefiava a enfermaria o Hospital

Central.

O Asilo Sampaio Vianna, situado no Pacaembu, foi transformado em

Hospital de Emergencia com 200 leitos. Os asilados foram removidos para

o 5º andar do Pavilhão Fernandinho Simonsen, onde as Irmãs cuidavam dos

novos habitantes do Hospital Central.

Em 07 de novembro de 1966, o então governador Laudo Natel lembra:

Homenagem as bondosas Irmãs de São José de Chambery pela

colaboração por ter conduzido esta instituição ao seu fim precípuo de

prestar serviços aos necessitados.

As bondosas Irmãs da Congregação de São José de Chambery e o Capelão

recebem os nossos melhores agradecimentos cujo trabalho e dedicação a

nossa Irmandade recebe um penhor de gratidão e reconhecimento que não

cessamos de proclamar; ao seu alevantado espírito de religião e caridade

devemos o tratamento de alto nível de humanidade com que são assistidos

os nossos necessitados as nossas bondosas mãos.

174

A grande importância que teve o Hospital de Emergencia aberto pela Santa

Casa durante a epidemia de “gripe asiática” de 1957. Esse hospital foi

posto em funcionamento em 48 horas no prédio do Asilo Sampaio Vianna e

ficou à disposição do governo do Estado; contribuiu para fazer baixar a

mortalidade geral, porque foi aqui a região de maior mortalidade no

mundo; destacou também a ação do Dr. Alcântara Machado, idealizador e

realizador desta grande obra

Hospital de Emergencia - 1957.

Corpo Clínico, junto com o 1- Dr. Alcântara Machado de Campos, 2 - Apyla Pereira Barreto, enfermeiras e sob a seta Irmã de São José de Chambery

175

JORNAL DIÁRIO DA NOITE

30 de setembro de 1957

Recorte do “Jornal Diário da Noite” destacando o pronto atendimento da Santa Casa de São Paulo em plena Gripe Asiática. Além de utilizar as enfermarias do Hospital Central, O Educandário Sampaio Vianna transformou-se em um Hospital de Emergencia.

Ambulâncias do Estado iniciaram o transporte dos enfermos mais graves para o hospital de emergência.

176

Na 5ª Clínica de Homens, em uma pequena sala de operações, aconteceu

um acidente que poderia ter acarretado proporções maiores se não fosse a

destreza da Irmã Ermância, na época a Mesa Administrativa resaltou:

quando ela nos trouxe uma bandeja com instrumentos retirados da estufa,

ainda quentes, e ao tentar resfria-los rapidamente despejando éter em cima

(erro grave!), deu-se uma forte explosão, um início de incêndio e todos

saíram da sala, menos a irmã, que controlou a situação e restabeleceu a

normalidade; felizmente ninguém ficou ferido, nem mesmo os doentes

anestesiados.

Em 03 de outubro de 1978, falece a Madre Maria Jacyntha da Silva, ex

diretora do colégio do Patrocínio, em Itú, fundadora da Escola Normal

Livre anexa ao colégio, de duas escolas de enfermagem, da Faculdade de

Hospital de Emergencia - 1957

Chegada de donativos. Destaca-se o auxílio de uma Irmã.

177

Filosofia, Ciências e Letras Nossa Senhora do Patrocínio e primeira

brasileira provincial da Congregação de São José de Chambery

Irmãs da Congregação de São José de Chambery na Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo em 1969

178

Irmãs de São José, em 1950

179

Irmã Marta Alexandra Vagnoti

A Irmã Marta, pertencente à uma família tradicional de São Paulo, filha de

industrial, resolveu ser freira aos 16 anos de idade. Seu pai não gostou

muito da ideia e a ofereceu uma viagem a Itália, para que pensasse melhor,

mas já convicta de sua decisão, rejeitou a proposta. Aos 21 anos entrou

para a Congregação.

Pelos corredores da Santa Casa de São Paulo vestia-se sempre na mais

completa humildade, andando sempre de branco. Muito simpática, era vista

por todos como benevolência em pessoa, dedicando o seu tempo em auxílio

aos mais necessitados. Trabalhou por mais de 30 anos como enfermeira,

onde posterior dedicou-se as crianças carente da periferia.

Em 20 de agosto de 1975, a Irmã Marta, antiga enfermeira e assistente

social da Santa Casa de São Paulo, cria a organização Mutirão ao Pobre,

que visa ajudar comunidades carentes a conseguir materiais e ajudar nas

construções de conjuntos habitacionais. Graças aos seus esforços, a Irmã

Marta ajudou na construção do primeiro núcleo junto ao Recolhimento do

Irmã Marta Alexandra Vagnoti Enfermeira e Assistente Social

180

Guapira, em terrenos pertencentes a Santa Casa de São Paulo, o que muito

contribuiu para a remoção de favelas ali existentes. Depois disso, outros

núcleos foram construídos, o que nos mostra a imensa dedicação da Irmã

em ajudar o próximo.

Irmã Caetana Stoti também ajudou bastante no Mutirão ao Pobre. Visando ajudar os mais carentes, a Irmã recolhia e separava materiais reciclados.

Pela sua benevolência, Irmã Caetana era conhecida pela sua garra e perseverança.

Irmã Caetana preparando sopa aos pobres lutou a vida toda catando nos lixos objetos que pudesse ser aproveitados em prol dos necessitados.

181

Símbolo de caridade, Irmã Caetana fala da seguinte forma:

“A Santa Casa é a minha terceira família. Dei minha vida a essas três

famílias: meus pais e irmãos, minha Congregação e a Santa Casa... Ainda

agora, em 1894, se tem um pobre para atender, eu vou para a chacrinha de

Caieiras e cuido dele. Há tempos, a Santa Casa me emprestou uma terra no

Jaçanã e passei 14 anos lá, cuidando de mais de 30 doentes. Hoje são só

cinco ou sei. Há 35 anos que faço essa caridade. Os pobres são bem-

aventurados. Se você despreza um pobre, despreza a mim. Pego mais para

cuidar de pobres homens do que de mulheres - estas são cheias de tolices,

enquanto os homens são pau-pau, pedra-pedra. Quando estão recuperados,

arrumo um emprego para eles.

Lembro-me de muitas crises aqui, no governo do Ademar de Barros, que

trabalhava aqui e saiu, e não ajudou depois a Santa Casa em nada.

Estávamos meio abandonados, não tínhamos crédito, íamos comprar arroz

no Largo do Arouche. A Irmã Superiora juntava uma turma de doentes e a

cada quinze minutos rezávamos o terço, para que a Santa Casa pudesse

endireitar. Dr. Sinésio sugeriu à Superiora mandar os doentes que

estivessem melhores para casa, pois era preferível a fechar a Santa Casa.

Naquela noite, morreu um português que deixou 17 milhões para a Santa

Casa e nos salvou. Hoje, eu confesso que estou com fogo no pé: não vejo

ninguém se mexendo, não diminuem os empregados, estragam comida na

cozinha, estão todos dormindo... eu nunca fico quieta, sempre faço tudo o

que posso, e as pessoas me ajudam também... Sobre a Irmandade? Olha,

foi assim: a Rainha de Portugal falou para o Rei: - Eu tenho tanta tristeza

de ver esses pobrezinhos morrerem na rua, deixa eu fazer um hospital. O

rei deixou e ela reuniu 72 membros, cada um tem uma função, todos são

unidos. São gente boa, católicos ricos, aposentados, de quem a Santa Casa

cuidará deles, se precisarem... Sim, a caridade ainda é possível no mundo

de hoje...”

182

Cozinha

Assim como em todos os setores da Santa Casa de São Paulo, a Cozinha foi

administrada pelas caridosas Irmãs. Preocupadas com a alimentação de

todos os que passam pela Irmandade, seja pacientes, funcionários, médicos

e enfermeiros, as Irmãs preparavam cada refeição com grande atenção e

zelo. Dentre as diversas Irmãs que chefiou cozinha, tínhamos a Irmã Tereza

Nicolini e Irmã Inocência que dedicaram longos anos ao setor.

Irmã Teresa Nicolini na cozinha do Hospital Central

Dona Maria SemZanque.

Funcionária da cozinha de longos anos. Famosa pelas suas deliciosas rosquinhas que servia aos Irmãos da Mesa Administrativa. Em seu trabalho, era orientada pelas Irmãs de São José.

183

Irmã no trato as pacientes na Enfermaria de Mulheres - Hospital Central

184

Irmã Ambrosina

Vista por todos como Dócil, meiga e atenciosa com todos os enfermos,

trabalhou no Departamento de Oftalmologia Feminino e na Pastoral dos

doentes da Santa Casa de São Paulo por muitos anos

Uma paciente ao visitar o Museu da Santa Casa de São Paulo, reconheceu a

fotografia de Irmã Ambrosina entre o Acervo. Relatou que antes de realizar

uma cirurgia oftalmológica, sonhou que a Irmã levava uma bandeja com

objetos cirúrgicos como se estivesse acompanhando a operação.

Em palavras da paciente:

Irmã Ambrosina faleceu em Itú, em 04 de setembro de 1982.

“Graças ao bom Deus que no dia de minha cirurgia ocorreu tudo bem e até o momento estou ótima das vistas. Hoje, tenho uma foto da Irmã Ambrosina em minha casa, como forma de me lembrar constantemente a graça alcançada”.

Irmã Ambrosina com os pacientes da Oftalmologia - 1955

185

As Irmãs da Congregação de São José também trabalharam no necrotério

da Santa Casa de São Paulo, fundado em 1908.

No Laboratório de Anatomia Patológica, as Irmãs trabalharam com grandes

médicos, como Dr. Alfonso Bovero, Dr. Oscar Monteiro de Barros e Dr.

Walter Edgar Maffei.

RESIDENCIA DAS

IRMÃS

Dr. Walter Edgar Maffei era chamado de grande mestre cientista que criou o setor de patologia da Santa Casa de São Paulo, chefiando o setor por longos anos.

Dr. Maffei teve a distinta colaboração das Irmãs de São

186

Residência das Irmãs

Desde a fundação do Hospital Central na Chácara do Arouche, em 1884, a

cobertura do edifício era destinada exclusivamente as Irmãs de São José de

Chambery. Na década de 60, com a criação da Faculdade de Medicina da

Santa Casa de São Paulo, o local foi utilizado pelos residentes formandos

em medicina. Com isso, as Irmãs foram alocadas no antigo prédio utilizado

no final do século XIX para tratamento dos tuberculosos.

187

O local foi adaptado para clausura das Irmãs de São José de Chambery, que

ficaram até década de 80. Por volta de 1985, em gestão do Provedor Dr.

Mario Altenfelder, houve uma reforma projetada por Ruy Otake, para

adaptação do Centro Médico do Hospital Santa Isabel da Irmandade da

Santa Casa de São Paulo.

Atualmente, as Irmãs voltaram a residir na cobertura do Hospital Central,

onde possuem uma belíssima visão de todos os campos da Santa Casa,

Irmandade esta que ajudaram a construir com tanta dedicação, carinho e

zelo.

188

Fichas de Registro Ambulatorial da Irmã Maria Augusta de 1957

189

Em outubro de 1992, as Irmãs da Congregação de São José comemoraram

os 120 anos de trabalho na Santa Casa de São Paulo.

190

Irmã Elenice Buoro - Superiora Provincial em 2010

191

ESCOLA DE ENFERMAGEM S. JOSÉ

No início do século XX, por volta do ano de 1905, a Irmandade da Santa

Casa de São Paulo já expressava a vontade de se criar uma escola de

enfermagem. Em 1913, por iniciativa do Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho,

foi instituída uma escola de enfermeiras, onde se formaram dez alunas,

estas eram: Irmã Maria Ursula Ferraz, Irmã Maria Eugenia Janin,

Irmã Maria Esperança Cezarina Rezende, Irmã Margarida Maria

Bannwart, Irmã Maria Vicente de Mattos, Irmã Maria Clementina

Franccardi, Irmã Ambrosina Trettel, Irmã Michaella Boaff.

Devido a morte do Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho, em 1920, a escola de

enfermagem foi encerrada retomando suas atividades só em 05 de janeiro

de 1945, quando foi fundada a Escola de Enfermagem S. José, primeira

escola de auxiliar de enfermagem do país.

A organização do curso foi feito com a colaboração da Escola de

Enfermeiras do Hospital São Paulo e pautado sob os moldes da mesma e de

outras Escolas. As Irmãs de São José de Chambery foram responsáveis

integralmente na escola de enfermagem, visando sempre a necessidade

urgente de preparar enfermeiras em maior quantidade. A Congregação de

São José de Chambery contou com o apoio das Madres Franciscanas

Missionárias de Maria, para a organização Didática e Pedagógica do curso.

No Hospital Central foi designada a 2ª Medicina de Mulheres e 2ª Clínica

de Mulheres como as primeiras enfermaria-escola. Na ocasião a clínica

estava sob diretoria do Dr. Euvaldo Rebouças de Carvalho.

Em 1948, o Dr. José de Alcântara Machado Filho passou a representar a

Escola de Enfermagem perante a Mesa Administrativa; fez com que em

1949 a reverenda Madre Geral, em visita ao Brasil, prometesse a vinda de

duas Irmãs Americanas enfermeiras para orientar na organização do curso.

192

As Irmãs de São José da América do Norte eram: Sister Mary Mechtilde e

Sister Francis James, que passaram 4 meses observando e orientando a

organização da Escola de Enfermagem S. José.

As Irmãs de São José tem pela Memória do Dr. José Alcântara Machado

uma veneração que atravessa os anos e incorpora ao espírito da própria

Congregação. Segundo a Irmã Gabriela Nogueira, que na época era atual

Superiora da Comunidade de São José:

Depois de 1949 anos exercendo o cargo da administração da Santa Casa de

São Paulo, dirigiu as Irmãs de São José a seguinte saudação, segundo o

Livro O Poder da Misericórdia Vol. II do Escritor e Jornalista Glauco

Carneiro :

“Afetivamente, emocionalmente, a Escola de Enfermagem São José é parte da Santa Casa. Foi o Dr. José Alcântara Machado Filho, um dos mesários, que olhou para a Escola e percebeu o valor da mesma, descobriu o beneficio que ela representava para a Irmandade. A partir de 1970 foi se modificando a estrutura e em 1982 a instituição se confessou incapaz de continuar a contribuir para a manutenção da Escola... Tivemos então de procurar a Congregação dos Padres Camilianos e sugerimos que assumissem nossa Escola. Agora nós só temos aqui o curso de auxiliares de enfermagem, quanto o curso de graduação transferiu-se para a sociedade dos camilianos”. Dr. José Alcântara Machado Filho

193

“Nessa longa peregrinação, de quase meio século, convivi com as virtuosas Irmãs

de São José contando sempre com a sua collaboração efficiente, com a sai

irrestricta lealdade, com sua amizade sincera e carinhosa e por isso pude dar

cumprimento exacto aos deveres dos cargos que aqui exerci, amparado e

prestigiado pela sua honrosa solidariedade.

Das mais antigas companheiras, amigas, dedicadas e carinhosas, creio existirem

muitos poucas, além da querida Madre Eugenia: Irmã Margarida, desde os bons

tempos da 1ª enfermeira de Medicina de Homens; Irmã Vicentina, caracter leal e

recto, que nunca me faltou com a sua solidariedade; Irmã Ambrosina,a alma do

serviço de Ophtalmologia Feminina, desde os tempos de Pedro Pontual, modesta e

humilde, procurando sempre esconder o seu real valor; Irmã Clementina, que

desde a installação da enfermaria de Gynecologia alli dirige superiormente os seus

serviços, com energia, exactidão e bondade; e a boa e dedicada Irmã Christina,

que desde 1911 conheci em diversos postos e há muito tempo, na 1ª Clínica

Médica de Homens, suportando o peso de um dos serviços mais difíceis do

Hospital Central, com paciência, caridade e abnegação.

Das que o Senhor chamou para a sua eterna glória, lembro-me com saudade e

respeito da Irmã Ursula, minha companheira dos tempos da velha enfermaria de

crianças, antes da construcção dos Pavilhões Condessa Penteado e Fernandinho

Simonsen, da Irmã Martha Francischinelli do Pavilhão Pensionista de Homens, do

tempo do meu internato, da Irmã Cesaria, do serviço do Laboratório Central e da

lavanderia; Irmã Maria Cesaria do Pavilhão de Pensionista de Mulheres, da Irmã

Esperança, da 1ª Clínica Cirúrgica de Mulheres, da Irmã Antonietta Bagand, da 2ª

Clínica Medica de Homens, do tempo de Arthur Mendonça.

Sou muito reconhecido as prezadas Irmãs que aqui trabalham e as que já

trabalharam nas nossas diversas casas e estão hoje afastadas, servindo a outras

instituições, pelas constantes provas de carinhosa amizade, de acatamento a minha

autoridade de chefe, que foi sempre, exercida, antes como companheiro mais

velho do que rigidamente como chefe”

194

Em relatório de 1947, consta que havia duas escolas de enfermagem

existentes na Santa Casa, mas nenhuma pertencendo a Irmandade. Uma, é a

Escola de Enfermagem São José da Congregação e São José de Chambery,

destinada a formar enfermeiras diplomadas. Outra é a Escola São Camilo

organizada pelos padres da Ordem de São Camilo de Lélis a que pertencem

aos Capelães do Hospital, destinada a formar enfermeiros licenciados,

estando aberto a homens e mulheres, empregados da Santa Casa ou não,

funcionando ambos nas dependências do Hospital.

Em 05 de abril de 1950, a Santa Casa de São Paulo consegue autorização

oficial para o funcionamento de sua Escola de Auxiliares de Enfermagem,

por intermédio do Mesário Dr. Aureliano Chaves.

Muitas das alunas Escola de Enfermagem eram abrigadas e mantidas pela

Santa Casa de São Paulo, onde cobria todas as despesas para formar novas

enfermeiras.

No dia 08 de março de 1959, formam-se no curso de Enfermagem os

alunos da turma de 1957 - B, tendo como padrinho o Dr. Pedro Jabur,

estando presente na formatura o Dr. Alcântara Machado - Mordomo da

Escola de Enfermagem S. José, Dr. Leme da Fonseca, Dr. José Soares

Hungria Filho, Dr. Walter Edgar Maffei, Prof. Dr. João Guilherme de

Oliveira Costa e Dr. Paulo Godoy - Diretor Clínico dos Hospitais, e Irmã

Maria Gabriela - Diretora da Escola de Enfermagem S. José.

Nosso médico Dr. Pedro Jabur entregando os diplomas

195

Auditório da Escola de Enfermagem São José - 1956

Formatura de Curso de Auxiliar de Enfermagem.

Formatura da Turma de 1957 da Escola de Enfermagem S. José

Nota-se da esquerda para direita: Madre Maria Gabriela; Ir. Felicia; Dr. Pedro Jabur; Ir. Tereza.

196

Formatura da Turma de 1957 da Escola de Enfermagem S. José Da esquerda para a direita: Dr. Pedro Jabur (padrinho da turma), Dr. José de Alcântara Machado (Mordomo da Escola), Dr. Paulo de Godoy Moreira e Costa (Diretor Clínico), Dr. João Guilherme de Oliveira Costa (administrador), Irmã Maria Gabriela Nogueira (Diretora da Escola) e

Escola de Auxiliares de Enfermagem - 1957.

Grupo de Formandas com o paraninfo, Dr. José Soares Hungria FIlho

197

A escola de enfermagem S. José contribuiu não só para a Santa Casa de

São Paulo, como para outros hospitais do país. O elevado nível de

conhecimento obtido pelas Irmãs de São José influenciaram outras

congregações no país, juntamente com Madre Dominoeuc da Congregação

das Franciscanas Missionárias de Maria, as Irmãs de São José reforçaram

as normas cristãs obtendo significativas mudanças na qualidade de

atendimento aos enfermos.

198

Irmãs Maria Felícia e Irmã do Divino Coração.

Trabalharam na Escola de Enfermagem

Irmã Goreth Vioto trabalhou por muitos anos na Escola de Enfermagem S. José sendo professora e posteriormente Diretora.

199

Madre Dominoeuc, da Congregação das Franciscanas Missionárias de

Maria, dirigia o serviço de enfermagem no Pronto Socorro do Hospital São

Paulo. Um dia apareceu uma senhora em trabalho de parto necessitando

urgentemente de atendimento, como o Hospital não possuía leitos, a

paciente foi recusada. No dia seguinte, o marido da paciente retornou com

o filho nos braços, acusando o Hospital de ter matado sua mulher por

negligencia médica.

O fato marcou profundamente Madre Dominoeuc, que decidiu cuidar da

criança e providenciar um local onde esses casos não fossem recusado,

mas ao transmitir suas ideias a sua superiora, esta lhe disse que seria

preciso um sinal divino para concretizar suas ideias, já que as dificuldade

para a realização seriam imensas.

Poucos dias depois, o sinal divino veio através de uma amiga da

enfermeira Adele Salvatore que estivera a casar, sabendo da dificuldade da

Madre Dominoeuc, esta distinta senhora doou seu riquíssimo colar de

diamantes e esmeraldas e do dedo um anel não menos valioso e disse a

amiga: “se ela precisa de um sinal, aqui está ele”.

Com a quantia arrecadada pelas joias, foi possível a Madre Dominoeuc dar

inicio a construção do novo hospital, à rua Loefgren, para o que contaram

com o apoio de D. José Gaspar de Affonseca e Silva, arcebispo de São

Paulo e do governador Adhemar de Barros. Assim, surgiu essa casa de

caridade, construída especialmente para atender as gestantes solteiras e

mais desamparadas. Para demonstrar o caráter da religiosa de Madre

Dominoeuc, uma irmã uma vez contou:

... “eu estava, junto com uma colega, ajoelhada diante da porta da sala de

partos, onde um caso grave estava sendo atendido:

- O que as irmãzinhas estão fazendo aí?

- Estamos rezando pela doente.

- Pois levantem-se e entrem para ajudar que é uma oração mais

eficiente!...”

200

Irmã Maria Gabriela Nogueira Grande madre muito querida por todos

Nascida em 24 de agosto de 1921, formou-se pela Escola de Enfermagem

do Hospital São Paulo em 1946.

Em outubro de 1946 iniciou seus trabalhos na Irmandade da Santa Casa de

São Paulo.

Grande colaboradora na fundação da Escola de Enfermagem S. José, foi

muito amiga do Dr. José Alcântara Machado Filho, onde juntos lutaram

lado a lado para a realização do sonho das Irmãs de São José de Chambery.

Foi a terceira Diretora da Escola de Enfermagem, anterior a Irmã Rosa

Guedes e Irmã Antonieta Maria de Barros Bernardes.

Durante a manifestação da Gripe Asiática do ano de 1957, Irmã Maria

Gabriela ficou a cargo da Enfermaria do Hospital Central, trabalhando com

afinco dia e noite para atender a demanda de pacientes.

Em 1963, juntamente com seu amigo Dr. Emilio Athie, Irmã Maria

Gabriela acompanhou a criação da Faculdade de Ciências Médicas da

Santa Casa de São Paulo, sendo uma das primeiras professoras da nova

faculdade. Acompanhava os alunos da Faculdade de Enfermagem e alunos

201

da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, que

estagiavam juntos e ensinava os princípios básicos da medicina aos

estudantes. Muitos doutores e alunos questionavam-se como era possível

uma Irmã enfermeira dar aulas a futuros médicos.

Em 20 de fevereiro de 1973, a Irmã Maria Gabriela é nomeada provincial

da Congregação de São José, pelas suas qualidades pessoais e preocupação

com o bem estar do próximo.

Participava dos festejos da Santa Casa de São Paulo, como em 1984, onde a

Irmandade comemorava o centenário.

Em 03 de março de 1989, é realizada na Santa Casa de São Paulo uma

homenagem a Irmã pelos seus 43 anos de serviços prestados para esta

instituição. No mesmo ano, a Irmã afasta-se da Divisão de Enfermagem S.

José para cuidar das Irmãs idosas.

O nome da Irmã Maria Gabriela ainda é muito citado entre os corredores da

Irmandade, devido ao seu comprometimento com a caridade e ao progresso

da Instituição. Seus feitos perante a Santa Casa serão sempre lembrados

pelos seus pacientes e alunos.

202

Diploma da Irmã Maria de Lourdes Martins Sylvestre formada em 1971, quando freira e aluna da Faculdade de Enfermagem

Irmã Luiza do Coração de Maria

Irmã Luiza do Coração de Maria - Ana Eulália Conrado Dias - nascida em 09/09/1927, na

cidade de Franca, filha de Lolo Dias e Eulália Conrado Dias. Atualmente é a Superiora da

Congregação.

A partir de 1956, quando concluiu o curso de graduação em obstetrícia, passou a trabalhar

na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, supervisionando o andar de urologia,

endoscopia, otorrinolaringologia e gastroenterologia até o ano de 1962.

De 1962 a 1966, passou a trabalhar como diretora da Escola de Enfermagem Madre Maria

Theodora.

De 1966 a 1972 foi Diretora da Escola de Enfermagem São José e Supervisora da

Comunidade.

Após 1972, permaneceu durante 14 anos como diretora e enfermeira na Casa de Repouso

Taboão da Serra, localizada no município de Taboão da Serra.

Em 1989 foi para uma comunidade religiosa no município de Tremembé, Estado de São

Paulo, como supervisora da casa.

Em 2006 voltou para a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo

203

PAVILHÃO CONDESSA ANNIE ÁLVARES PENTEADO - PEDIATRIA

1925

A Pediatria da Santa Casa de São Paulo - Pavilhão Condessa Annie Álvares

Penteado, foi mais um dos palcos de atuação das Irmãs de São José de

Chambery.

O Departamento de Pediatria Condessa Penteado funciona desde 1921,

com cinco andares o pavilhão possui serviços próprios de emergência,

terapia intensiva, cirurgia e subespecialidades como clínica de

adolescentes, cardiologia, endocrinologia, gastroenterologia, imuno-alergia,

infectologia, nefrologia, neonatologia, neurologia, onco-hematologia,

pneumologia e reumatologia.

O Pavilhão foi inaugurado oficialmente em 05 de fevereiro de 1925,

contando com o trabalho das Irmãs voltado a atividade assistencial

204

abrangendo cuidados com o desenvolvimento infantil, bem como

procedimentos clínicos e cirúrgicos complexos para o atendimento de

crianças que apresentavam graves doenças.

Diversas Irmãs de São José de Chambery ficaram incumbidas de prestar

seus serviços na Pediatria, como Irmã Maria Candida, Irmã Ursulina de

Maria Iasi e Irmã Margarida Maria Bannwart.

Irmã Maria Rosa Cursino com uma criança da pediatria - 1960

Irmãs de São José com as crianças no parque infantil - 1956

205

Hospital Central - Enfermaria de Crianças

206

Irmã Ursulina de Maria Iasi

Nascida em 07 de novembro de 1924 em São Paulo, Philomena Iasi sentia

vocação em ser freira desde tenra idade.

Formada em enfermagem pela Faculdade Paulista de Medicina.

Aqui na Santa Casa de São Paulo supervisionou por longos anos a

Enfermagem da Pediatria da Irmandade, sendo bastante querida pelos seus

pacientes e funcionários do hospital.

Acompanhou o estágio dos alunos da Faculdade de Ciências Médicas da

Santa Casa de São Paulo na área pediátrica.

Em 20.06.1978, a Irmã Ursulina Maria recebe o pelos serviços prestados

ao hospital durante 30 anos. Segundo José Soares Hungria Filho, “ela é um

exemplo de eficiência e dedicação que merece ser seguido: trabalhar

com alegria”.

207

Muito devota de São José, Irmã Ursulina Iasi prestou 58 anos de serviço a

Santa Casa sem nunca antes pensar em abandonar esta benévola Instituição

Filantrópica. Segundo Irmã Ursulina:

“Os pacientes se sentem tão bem aqui. Dizem que estão num castelo de

bondade - nosso Castelo da Misericórdia.”.

Diploma do título de Irmã Benemérita da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, à Irmã Ursulina Iasi.

208

Irmã Ursulina Iasi cuidando

dos pequeninos

209

Família da Irmã Ursulina Iasi. Todas as mulheres da família foram freiras. Em destaque, respectivamente, Irmã Eulália e Irmã Ursulina

210

Irmã Margarida Maria Bannwart

Irmã Margarida Maria Bannwart, nasceu na Sarnensis, na Suíça, em 20 de

julho de 1876, com nome de batismo de Marie Rosálie. Seus pais por serem

cristãos fervorosos educaram sua filha pelos preceitos da piedade.

Em 1894, entrou no Noviciado de Itu mostrando desde o começo sua

vocação a servir ao Senhor. Em 26.02.1897 pronunciou seus Votos

Perpétuos e, no dia seguinte, foi nomeada enfermeira no Hospital Central

da Santa Casa de São Paulo.

Dedicou-se, em primeira instancia a Medicina de Homens. O Diretor

Clínico, Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho, e os médicos pertencentes ao

Corpo Clínico tecem elogios a caridosa Irmã, dizendo: “Trabalhei quatorze

anos com a Irmã Margarida Maria e sempre a admirei. Ela via em cada

doente a pessoa de Cristo. Foi perto dela que aprendi a arte de cuidar dos

doentes”.

Trabalhou também na pediatria por mais de 20 anos, sendo respeitada

pelos médicos e toda a equipe. Ela era uma verdadeira mãe para as crianças

doentes, cheia de atenções e de solicitude.

Para as enfermeiras que trabalhavam com ela, era uma conselheira sempre

disponível a ajudar, desenvolvendo a competência e a consciência

profissional.

Quando se havia epidemias que atingiam não só os doentes, mas as demais

Irmãs também, Irmã Margarida atendia os enfermos fosse a hora precisa,

indo de um leito ao outro dia e noite, cuidando, consolando e encorajando

os enfermos, e quando a hora da morte se aproximava rezava junto ao

doente encaminhando sua alma.

Quando a vida religiosa, sua Superiora dizia: “Irmã Margarida Maria era de

uma pontualidade notável em seus exercícios espirituais e de comunidade.

Cada mês, ela considerava um dever o prestar contas exatas de seu

211

emprego; quando ela devia notar alguma coisa a uma Irmã, era com tal

espírito das Constituições e de caridade que os seus comentários produziam

sempre resultados felizes”.

Quando ficou doente já com mais idade, dedicou-se a costura, uma vez

impossibilitada de percorrer as enfermarias a socorro aos necessitados.

Sempre muito generosa durante sua vida, também durante sua doença.

Enfermaria da Santa Casa de São Paulo

Da esquerda para direita: Irmã Agueda, Irmã Margarida Maria, Dr. Pinheira Cintra e Dr. Diogo de Faria. Foto de 1932

212

Nunca se queixou pela sua infortuna enfermidade, sempre manteve um

sorriso de uma alma verdadeiramente unida a Cristo.

Faleceu no Hospital Central de São Paulo, no dia 12 de junho de 1963, com

83 anos de idade voltados a plena consagração a Deus e auxílio ao

desamparado. Em seu funeral, A Santa Casa rendeu-lhe a seguinte

homenagem: “Para nós ela sempre será o verdadeiro exemplo de Irmã de

São José e a sua lembrança nos deixa um apelo a cantar com o salmista:

sim, o senhor é bom. Ele, a rocha, em quem não existe nenhum mal”.

1ª Jornada 13.07.1952

Em destaque, Madre Paula

213

INSTITUTO ARNALDO VIEIRA DE CARVALHO 1929

Em 1920, preocupados com a propagação do câncer, foi nomeado pela

Santa Casa de Misericórdia de São Paulo uma comissão composta pelos

doutores Arnaldo Vieira de Carvalho, Oswaldo Portugal e Raphael

Penteado de Barros, para organizar a Instituição com nome de Instituto

Arnaldo Vieira de Carvalho - IAVC.

Em 23 de novembro de 1924, o provedor da Santa Casa de São Paulo Dr.

Antonio de Padua Salles comunica que a Mesa Administrativa autoriza a

construção do prédio nas dependências do terreno.

A execução da obra foi cedida ao escritório do Dr. Ramos de Azevedo,

sendo as obras iniciadas em 1924 e finalizadas em 1929. Inaugurado em 05

214

de novembro de 1929 é iniciado os trabalhos médicos e científicos com

atendimento dos primeiros pacientes portadores de câncer.

Desde sua instalação no quadrilátero da Santa Casa, as Irmãs de São José

de Chambery muito colaboraram no exercício das funções do IAVC,

principalmente em questões religiosas. Na época, o Dr. José Ayres Netto

homenageia as Irmãs com a seguinte menção:

“As Irmãs se revelara, ao longo dos anos, cada dia mais merecedora de

admiração, graças aos extraordinários dotes de piedade e paciência,

verdadeiramente cristãs, emoldurados por coração boníssimo e raras

qualidades de caráter, que a distinguiram no decurso de sua espinhosa

tarefa, cotidianamente exercida com sacrifício e ímpar dedicação”.

Irmã Narcisa - A Milagrosa Irmã Narcisa trabalhava no velho Centro Cirúrgico, onde ela ajeitava, em três salinhas, toda a atividade operatória do Hospital, sem precisar de aviso com antecedência.

Seu irmão, José Rodolfo Perazzollo, era o Porteiro da Santa Casa de São Paulo, sendo uma pessoa muito conhecida, atendendo a todos com solicitude e delicadeza irradiando simpatia.

215

Em reunião da Mesa Administrativa de 23 de janeiro de 2008, o Irmão

Mesário, Dr. Luiz Rodrigues de Moraes, se refere a Irmã da seguinte

maneira:

Irmã Fernanda Nascida em 16 de março de 1930, Irmã Fernanda trabalhou em diversas áreas no Hospital central. Descrita por todos como pequena de estatura, mas gigante de coração, Irmã Fernanda fazia questão de andar de branco.

Faleceu em na Santa Casa de São Paulo, após uma operação no dia 29 de janeiro de 2008

Vestida com o antigo hábito das Irmãs de São José sempre branquinho como o lírio, Irmã Fernanda não deixou esta vestia até sua morte. Com aparência tradicional, trazia entretanto um coração atualizadamente apostólico e missionário, não medindo tempo, cansaço ou dificuldades para ir ao encontro dos pobres e realizar sua missão. era isso o que eu queria dizer e relembrar que as freiras precisam, pelo trabalhos que elas dedicam à Santa Casa há muitos anos, ser relembradas por tudo isso que elas fazem, como essa Irmã Fernanda que ficou aqui durante muito anos

Foto de Maria Nazarete

216

Aprovação pelo Arcebispo de São Paulo, Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, ao pedido feito pelo padre João Caruzzi, para a criação da “V Pia União de São José” na Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.

Dom Carlos Carmelo Cardeal de Vasconcelos Motta (Bom Jesus do Amparo, 16 de julho de 1890 — Aparecida, 18 de setembro de 1982) foi um sacerdote católico brasileiro; vigésimo quarto bispo do Maranhão e seu segundo arcebispo; décimo quinto bispo de São Paulo, sendo seu terceiro arcebispo e primeiro cardeal. Foi também o primeiro arcebispo de Aparecida. Em 20 de abril de 1946, em homenagem a construção do Pavilhão para crianças com Tuberculoses no HSLG, foi organizado uma festa natalina para os doentes internados, com a colaboração e doação do casal João Augusto do Amaral. Nessa data foi celebrada uma missa pelo Cardeal Arcebispo de São Paulo, Carlos Carmelo Vasconcelos Motta, sendo inaugurado durante a festa seu retrato a óleo sobre tela, oferecido também pelo casal João Augusto do Amaral.

217

PAVILHÃO FERNANDINHO SIMONSEN ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA

1931

Em 04 de Abril de 1925, foi concebido, pela Sra. Rachel Simonsen, um

valioso donativo em memória ao seu filho Fernando Simonsen, que foi

internato por um longo período para tratar de um problema pendicular

agudo, porém, não resistiu a doença e veio a falecer.

12.06.1927 - em ata da mesa, o Irmão Dr. Roberto Simonsen apresentou

seus estudos relativos a execução do Pavilhão Fernandinho Simonsen

destinado a Cirurgia Infantil e Ortopédica. O Dr. Simonsen chegou a

conclusão de que se poderá executar cerca de ¾ partes do Pavilhão

projetado pelo escritório do Dr. Ramos de Azevedo, de acordo com o

programa fornecido pelo Dr. Rezende Puech constituindo a parte executada

um todo homogêneo e capaz de permitir o seu imediato funcionamento pela

importância máxima de Rs. 1.350$000$000. Para chegar a este orçamento

218

foram feitos de acordo com a repartição de Obras com o Dr. Rezende

Puech e com o Dr. Synésio Rangel Pestana, Diretor Clínico da Irmandade

em caráter provisório que não afetavam o funcionamento do Pavilhão Rs.

753:433$500. O Dr. Puech tomou o compromisso de fazer elevar esse

credito com outros donativos a 850:000$000.

17.07.1927 - dá início as obras do Pavilhão Fernandinho Simonsen.

16.07.1930 - é lida a proposta de que todos os anos, no dia 12 de julho, data

de falecimento de Fernandinho Simonsen, uma missa por essa intuição na

Capela do Hospital Central e que no dia 19 de julho, dia de São Vicente de

Paula, padroeiro do Pavilhão Fernandinho Simonsen seja rezada uma missa

todos os anos.

19.07.1931 - Inauguração do Pavilhão Fernandinho Simonsen

Desde a fundação do Pavilhão Fernandinho Simonsen, as Irmãs da

Congregação de São José de Chambery veem desenvolvendo um

excepcional trabalho, visando tanto o tratamento das dores dos enfermos =,

quando os malefícios da alma dos necessitados.

Dentre as Irmãs que deram início no Pavilhão, destacam-se: Irmã Benedita

Miranda, Irmã Valéria, Irmã Engrácia e Irmã Maria da Santa Face.

18.08.1931 - rifado um Chevrolete em benefício ao pavilhão, vendendo-se

970 bilhetes, resultando na quantia geral de 194:000$000, sendo sorteado o

Sr. Francisco Salgado em 31 de julho.

Após a generosa doação, foi possível que se ampliasse o edifício que foi

inaugurado em 1931 em homenagem a memória de Fernandinho Simonsen.

Entre 1958 a 1960 a Irmã Cristiana do Coração de Maria ocupou o cargo de

Supervisora Geral do Pavilhão Fernandinho Simonsen, tendo as seguintes

Irmãs responsáveis pelas áreas:

1º andar: Irmã Maria Anchieta;

2º andar: Irmã Celita Fonseca;

3º andar: Irmã Delta Toyama;

219

4º andar: Irmã Engrácia;

5º andar: Irmã Esmeralda Rego.

Hoje, continua com a presença da Irmã Maria Apparecida Prisnitz.

O Pavilhão Fernandinho Simonsen foi palco de grandes feitos médicos

tendo as Irmãs da Congregação de São José de Chambery inestimáveis

colaboradoras para tais sucessos. Aqui, foi realizada em 26 de fevereiro de

1942, uma cirurgia cardíaca de alto risco. Chega na Santa Casa de São

Paulo um menino de sete anos, Disnei Zanolini, que ao brincar de martelar

uma bigorna um estilhaço penetrou em seu coração. O primeiro a atender a

criança foi o Dr. Orlando Graner, que ao verificar a gravidade da situação

constata que é necessário uma equipe cardíaca, mas naquele momento o

único que havia de plantão era o Dr. Zerbini. Dr. Zerbini encaminha o

paciente ao Centro Cirúrgico, abre seu peito e sutura a artéria coronária

para estancar a hemorragia. A cirurgia foi um sucesso.

Irmã Apparecida Prisnity Entrou na Congregação em 1955, realizando seus votos perpétuos em 1963.

Foi enfermeira no Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Santa Casa de São Paulo, até alcançar o cargo de Supervisora do Pavilhão Fernandinho Simonsen.

220

Em maio de 1967, a então princesa do Japão, Michiko, é recepcionada no Pavilhão Fernandinho Simonsen pela Irmã Ursulina e pela Irmã Delta.

Em destaque, Princesa Michiko e Irmã Ursulina

Irmã Delta quebra protocolo japonês, quando cumprimenta Princesa Michiko tocando em suas mãos.

221

Irmã Delta Toyama

Nascida em Guatapará, no dia 31 de agosto de 1925.

Quando possuía 10 anos de idade ao fazer a primeira comunhão, sentiu o

chamado de Cristo.

Sonhando em ser religiosa e consagrando-se a Deus, recusou vários

pedidos de casamento, quando seu pai insistiu em um noivado, Delta fugiu

de casa.

Fez curso de auxiliar de enfermagem passando a trabalhar na Santa Casa de

São Paulo cuidando de seus queridos pacientes.

Chegou ao Pavilhão Fernandinho Simonsen em 1958 como auxiliar de

enfermagem na unidade de crianças de sexo feminino.

Fez Faculdade de Enfermagem e durante 25 anos deu aula na Escola de

Enfermagem São José. Em 2004 recebeu o COREN a Certidão de

Responsabilidade Técnica como Coordenadora de Estágios e Título de Dra.

Delta Toyama.

222

Irmã Delta no Berçário da Santa Casa de São Paulo. Outubro de 1998

Este paciente da foto era cuidado e assistido pela Irmã Delta, passando a ser chamada por ele de “mamãe”, forma de reconhecimento por sua dedicação e bondade.

223

Em destaque Irmã Delta no Pavilhão Fernandinho Simonsen - 1967

Em palavras da Irmã Delta Toyama:

EUNICE JOSÉ -

“Dou graças a Deus pelo dom da minha vida, por ter-me conduzido a esta

maravilhosa Casa de Misericórdia. Feliz, posso dedicar-me por 50 anos

aos doentes em diversos setores. Passando visita no Pavilhão Fernandinho

são poucos os amigos (as) que posso encontrar com aqueles a qual

comecei a trabalhar. Tenho saudades. O tempo passa. Nós, Irmãs da

Congregação em resposta ao apelo do Vaticano II, começamos a nos

renovar nas obras e na espiritualidade, continuando o carisma, ‘Vidas a

serviço da vida’. A todos vocês Equipe de Saúde do Pavilhão

Fernandinho, desejo que o Deus que é Pai, o Amor que é Jesus Cristo,

conceda o Espírito que nos dá sabedoria e revelação para podermos

realmente conhecê-lo, e que ilumine o coração de cada um, com grande

amor ao próximo, a fim de compreender a verdadeira vocação, a qual nos

chama, e que em si contem a riqueza da herança por Ele reservada para

aqueles que o servem.”.

224

Assim como a Irmã Ursulina, Irmã Delta Toyama também possui uma Irmã devota a Deus, mas que pertence a Congregação da Imaculada Conceição.

Na fotografia, da esquerda para direita: Irmã Delta Toyama e Irmã Aparecida Toyama

225

Irmã Cristiana do Coração de Maria

Nascida no dia 23 de julho de 1922 em Ribeirão Corrente a 15 minutos de

Franca. Desde pequena sentia o chamado de Deus, sentindo-se diferente de

outras meninas de sua idade, pois queria alcançar as maravilhas do céu.

Quando pequena cuidava de uma senhora que possuía uma ferida no olho,

arrumava a casa, fazia comida e trocava seu ferimento. A partir daí, Irmã

Cristiana dava seus primeiros passos na santíssima missão de ajudar ao

necessitado.

Quando adolescente integrou-se a uma vida cristã, fazendo parte da Pia

União e Juventude Estudantil Católica.

Realizou seu noviciado em 27 de janeiro de 1947.

Irmã Cristiana possuía 4 irmãs e 2 irmãos que nunca se separavam, por

isso, quando foi para Itú chorava todos os dias de saudades. Em um dia seu

irmão mais velho disse ao seu pai: “ela não vai se acostumar longe de nós,

irei busca-la!”. Quando seu irmão chegou a Itú, Irmã Cristiana abre seu

coração dizendo que quer consagrar sua vida a Jesus. Seu irmão escreve

uma carta dizendo que se ela se arrependesse de sua decisão poderia

retornar ao seio familiar, pois ninguém criticaria sua atitude.

226

Em 1949 fez curso de enfermagem em Campinas pela PUC - Pontifica

Universidade Católica. Depois de formada trabalhou na Santa Casa de

Campinas no Centro Cirúrgico.

Ao chegar à Santa Casa de São Paulo, em 1955, exerceu suas funções como

enfermeira no Pavilhão de Ortopedia e Traumatologia Fernandinho

Simonsen.

Em 1958 foi transferida para o Hospital de Tuberculose São Luiz Gonzaga,

onde cuidou com afinco e dedicação das pobres almas atormentadas pelas

terríveis enfermidades.

Em 1960, voltou para o Pavilhão Fernandinho Simonsen, onde exerceu as

funções de enfermeira, logo após supervisionou as Unidades da Ortopedia e

foi responsável também pelo Centro Cirúrgico, Ambulatório e Pronto

Socorro, trabalhando ao lado do Dr. Dino de Almeida, Dr. Waldir da Silva

Prado, Emílio Athie, Victor Pereira dentre tantos. Além de dar aulas na

Escola de Enfermagem S. José.

Dr. Eurycledes de Jesus Zerbini

Em seus vários anos de trabalho pelo

Pavilhão, a Irmã Cristiana pode participar

de vários acontecimentos da história da

medicina, como por exemplo, o caso de

menino Disnei Zanolini, que no ano de

1942, ao brincar de martelar uma bigorna

um estilhaço penetrou em seu coração, o

primeiro a atender a criança foi o Dr.

Orlando Graner no Pavilhão Fernandinho

Simonsen, que ao verificar a gravidade da DR. EURYCLEDES DE JESUS ZERBINI

227

situação constata que é necessária uma equipe cardíaca, mas naquele

momento o único que havia de plantão era o residente Dr. Zerbini que

encaminha o paciente ao Centro Cirúrgico, abre seu peito e sutura a artéria

para estancar a hemorragia. A cirurgia foi um sucesso.

Depois de aposentada, dedicou-se ao professorado na Escola de

Enfermagem São José.

Hoje, a competente e benevolente Irmã Cristiana volta sua vida

integralmente a vida religiosa proporcionando aos pacientes da Santa Casa

uma palavra amiga e cristã as acalentando almas agitadas.

Irmã Cristiana no trato aos doentes em 1964.

Sempre dedicada e carinhosa, cuidou dos enfermos como uma mãe cuida de seu próprio filho.

Irmã Cristiana no Museu Augusto Carlos Ferreira Velloso da Irmandade da Santa Casa de São Paulo.

Colaborou inúmeras vezes com o resgate do trabalho das Irmãs no Hospital de Caridade

228

Roupas do Hábito das Irmãs de São José de Chambery

Hábito das Irmãs de S. José quando chegaram aos Brasil, vindas da França,

para missão específica aos doentes.

Todas as roupas utilizadas pelas Irmãs eram confeccionadas por elas

mesmas. As roupas constituíam-se de:

Serre Tetê (Touca); Cornette (Prot. Pescoço); Bandeau (Prot. Testa);

Voilon (Sub Véu); Voile (Véu); Murça (Gota); Hábito; Bavette (Peito);

Pantalon (Calção); Camisa; Saia; Bolso; Pointe (Lenço Triangular); Meias;

Sapatos; Manguito (Manguinha); Cordão; Terço; Crucifixo; Alfinetes.

Total de 21 peças.

“A vida é um momento bonito que se renova constantemente. Para mim, é

um grande espetáculo de Deus. É a chance de poder responder ao que

Deus pensou quando me trouxe ao mundo. O amanhã será lindo e

eterno!...”.

Palavras de Irmã Delta Toyama - São Paulo, 12/04/2006.

229

PAVILHÃO CONDE DE LARA 1935

Pronto Atendimento Ambulatorial do Hospital Central

Em homenagem ao Sr. Antonio de Toledo Lara (Conde de Lara), grande

doador e Irmão Protetor da Irmandade, em 1935, deu-se inicio a construção

do novo edifício, sob-responsabilidade do engenheiro chefe S. Olavo F.

Caiuby e da equipe interna da Irmandade da Santa Casa de São Paulo.

A construção do pavilhão foi realizada em etapas sendo inaugurada

oficialmente em 1939 e sua estrutura física é dividida em seis andares, além

do subsolo e térreo.

230

Irmã Rosa Guedes.

Trabalhou na Escola de Enfermagem São

José e no Banco de Sangue, onde realizou a

centralização deste setor. Atuou em

movimentos populares de saúde e Conselhos

Locais de saúde.

Trabalhou também no Serviço de Arquivo

Médico Estatístico.

Chefiava todos os laboratórios do Hospital

Central, trabalhando por muito tempo no

Centro Cirúrgico.

Em seu estágio nos Estados Unidos, Irmã

Rosa Guedes observou que a Irmandade da

Santa Casa de São Paulo tinha as mesmas

excelentes condições de atendimento que o país de ponta possuía.

Atualmente, Irmã Rosa Guedes é coordena e administra a Residência, as

Irmãs que residem na Santa Casa de São Paulo.

Outras Irmãs também se destacaram no Conde de Lara, como Irmã Olivia,

Irmã Iracema de Carvalho, Irmã Maria José, Irmã Maria do Rosário e Irmã

Ambrosina.

Do ano de 1959 a 1995, outra Irmã que se destacou foi Ir. Letícia, que

trabalhou junto com Dr. Aroldo, Dr. Péretz e Dr. Waldir da Silva Prado, no

setor de gastro.

231

Pavilhão Conde de Lara - década de 30

232

DIVISÃO DE ENFERMAGEM

Até o ano de 1945, a Enfermagem da Santa Casa foi feita por práticos de

Enfermagem e Atendentes, orientados pelas Irmãs de São José de

Chambery portadoras de preparo técnico adquirido no trabalho, na

aprendizagem com que se dispunham a transmitir alguns conhecimentos de

utilidade imediata.

Em 1945, chegaram na Santa Casa as duas primeiras Irmãs formadas em

Enfermagem, pela Escola de Enfermeiras do Hospital São Paulo, da Escola

Paulista de Medicina, Hoje Escola de Enfermagem. Este ano de 1945

marca o início do ensino organizado e formal da Enfermagem Na Santa

Casa de São Paulo.

Em 1949, quando se formou algumas auxiliares de enfermagem, religiosas

e leigas, estas passaram a trabalhar na Irmandade, aumentando a área de

influencia da Enfermagem com melhores possibilidades de assistência aos

enfermos.

Em 1957, a Escola de Enfermagem passou a receber homens no curso, para

preencher lacuna de assistência de enfermagem individualizada para

pacientes do sexo masculino.

Em 1958, a Irmã Maria Gabriela Nogueira era responsável pela

Enfermagem e Escola de Enfermagem S. José, ficando até o ano de 1967.

em 1960, já havendo um numero considerado de Enfermeiras (o) e

Auxiliares de Enfermagem trabalhando nas diversas unidades de

enfermagem.

Em 20 de dezembro de 1966, foi aprovado o Regulamento da Santa Casa

de São Paulo. Este acontecimento trouxe para a enfermagem, que até então

não possuía situação definida, a posição de Divisão de Enfermagem

Em janeiro de 1967 foi estudado o Regimento de Divisão de Enfermagem.

233

Em 1967, a Irmã Francisca Tereza Oliveira Teixeira fica no cargo de

Diretora da Divisão até o ano de 1987

A Divisão da Enfermagem da Santa Casa de São Paulo, sob domínio das

Irmãs de São José de Chambery, salientaram a missão de aprimorar uma

assistência humana, individualizada e o mais completo possível.

Na Divisão de Enfermagem, a Diretora era responsável por:

- Coordenar e controlar as atividades técnicas e administrativas;

- Baixar instruções de serviço aplicáveis nas Unidades que constituem a

Divisão;

- Visar o expediente da Divisão, encaminhando-o ao Superintendente,

quando for o caso.

- Apresentar ao Superintendente, anualmente ou quando for solicitado,

relatório das atividades da Divisão.

- Propor a designação de Supervisoras e Encarregadas das Unidades sob

sua direção;

- Encaminhar os pedidos e propor ao Superintendente a admissão ou

dispensa dos servidores;

- Designar servidores para substituir ocupantes de funções gratificadas e

efetuar, quando necessário, remanejamento dos servidores dentro da

Divisão;

- Propor elogios e penas disciplinares;

- Propor escala de férias e suas alterações;

- Assessorar o Superintendente no estudo dos assuntos relacionados com o

Hospital;

- Cumprir e fazer cumprir as determinações do Superintendente.

Do ano de 1987 a 1990 a Irmã Judith Maria Muniz abraça o cargo de

diretoria.

Em 1976, a Irmã Satiko Yamaguchi passou a ser diretora do Curso Técnico

de Enfermagem São José, ficando na direção durante 28 anos.

234

Irmã Judith Maria Muniz

Irmã Judith sempre esteve ligada a área da saúde, mesmo ante de sua

formação para a vida religiosa realizou visitas para a orientação à saúde no

Lar dos Vicentinos em Itu. Quando formada, administrou o serviço de

enfermagem da Clínica Médica e do Centro Cirúrgico da Santa Casa de

Campinas.

Quando instalada na Santa Casa de São Paulo, irmã Judith foi professora no

curso de Enfermagem administrado na Escola de Enfermagem São José,

sendo posterior, Diretora da Faculdade de Enfermagem São José e, quando

a instituição passou a ser de propriedade da Sociedade Beneficente São

Camilo, assumiu a direção da Faculdade de Enfermagem São Camilo.

Foi Diretora da Divisão de Enfermagem nos anos de 1987 a 1990

Segundo as palavras da Irmã Judith:

As Irmãs são instrumentos nas mãos de Deus junto aos que sofrem;

participam da alegria dos que se recuperam e da chegada de novas vidas,

alem de se manterem fiéis a seu compromisso com a defesa da vida.

235

Irmãs da Enfermagem da Santa Casa de São Paulo - 1950

Irmã Celita Fonseca. Foi Superiora das Irmãs e enfermeira da Santa Casa durante longos anos.

Capelã da Capela da Santa Casa de São Paulo

Conhecida por todos pela sua calma, bondade e paciência.

Ajudou muito na organização do Museu da Santa Casa de São Paulo

236

Irmã Maria José do Nascimento

Trabalhou na Enfermagem e na portaria da Comunidade da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, desde 19 de março de 1943

Irmãs enfermeiras em frente a Capela Nossa Senhora da Misericórdia

Da esquerda para direita: Ir. Maria Gabriela Nogueira - Superiora da Comunidade; Ir. Geny Eiras - Supervisora do Colégio São José; Ir. Maria Selya - Enfermeira e Madre Provincial; Ir. Eulália Iasi - Vice Diretora da Divisão de Enfermagem; Ir. Teresa Cristina Potrick - Professora; Ir. Elenice Buoro - Psicóloga; Ir. Marta Alessandra - Enfermeira e Assistente Social; Ir. Ursulina de Maria - Enfermeira e Supervisora de Enfermagem; Ir. Celita Fonseca - Enfermeira; Ir. Maria Bernadete Leme Monteiro - Vice Diretora da Escola de Enfermagem S. José e Membro do Conselho Estadual de Educação de São Paulo

237

DEPARTAMENTO DE OBSTETRÍCIA E GINECOLOGIA -

DOG

O Departamento de Obstetrícia e Ginecologia (D.O.G.I) foi fundado em

1966 sob direção do Dr. Pedro Ayres Netto e pela faculdade Sylla O.

Mattos. Em janeiro de 1969, a direção da Faculdade junto com a

Provedoria da Santa Casa decidiu que as Chefias de Departamentos

deveriam trabalhar em tempo integral, elegendo Pedro Ayres Netto, Sylla

O. Mattos e Adaucto Martinez, diante a impossibilidade dos dois primeiros

trabalharem em tempo integral, Dr. Adaucto Martinez assumiu a chefia de

1969 até 1981. Seguido pelos diretores: Prof. Dr. Sebastião Piato (1981-

1990), Prof. Dr. José Júlio de Azevedo Tedesco (1990-1996), Prof. Dr.

238

Sérgio Roucourt (1996-2000) e atualmente, Prof. Dr. Roberto Adelino de

Almeida Prado.

As Irmãs de São José também realizaram inúmeros trabalhos no DOG,

auxiliando nos partos e procedimentos ginecológicos. Dentre as Irmãs que

trabalhavam no Departamento destaca-se a competente Ir. Joana de Santa

Theresa, que dedicava seu tempo integral as mulheres enfermas.

Em 1940, o médico adjunto do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia, Dr. Benjamim Reis, elogia as Irmãs Ludovina e Narcisa:

Irmã Maria de Fátima Enfermeira obstétrica e administradora do

Departamento de Ginecologia, Centro Cirúrgico

da Santa Casa de São Paulo. Foi também

missionária na Libéria, voltou para o Brasil, foi

para o Paquistão, onde veio a falecer em 17 de

outubro de 1988

Peço a V. Exc. Licença para consignar aqui meus agradecimentos ás boas

e distinctas Irmã Ludovina e Narcisa, pelo auxílio que prestaram ao

ambulatório, para que o seu funcionamento corresse regularmente.

239

Irmã Satiko Yamaguchi

Nascida em Ribeirão Preto, Irmã Satiko dedicou sua vida a religiosidade,

tendo em vista a missão de sempre ajudar aos mais necessitados.

Em prol deste ideal, Irmã Satiko formou-se como Enfermeira Obstétrica

pela Faculdade de Enfermagem Madre Maria Teodora, em Campinas.

Em 1962, veio para São Paulo trabalhar na Santa Casa, exercendo seus

conhecimentos no 4º andar da Pediatria do Pavilhão Condessa Álvares

Penteado, onde cuidava de crianças de 0 a 3 anos de idade. Acompanhava e

orientava os estagiários da Escola de Enfermagem São José em tratos

pediátricos.

De 1970 a 1975, passou a orientar os alunos da Escola de Enfermagem no

Departamento de Obstetrícia e Ginecologia - DOG.

Nos anos de 1976 a 2004 ocupou o cargo de Diretora do Curso Técnico de

Enfermagem na Escola S. José. Durante este período, seu relacionamento

com a Santa Casa foi de muita importância não só em termos de parceria de

trabalho, mas, sobretudo, no apoio as iniciativas educacionais.

240

Desde 2004, Irmã Satiko reside em Jaú, onde vem desenvolvendo um

Projeto Social com mais 250 crianças carente.

Com isso, a bondosa Irmã prova a sua verdadeira vocação: amparar com

extrema misericórdia aquele que necessita do seu cuidado e assistência.

Irmã Satiko (1ª da esquerda para direita) orientando as estagiárias Maria Ifigênia e Wandiney Afonso no berçário da Santa Casa de São Paulo em 1973.

241

Irmã Eulália Iasi - Irmã de Ursulina Iasi

Foi Diretora de Enfermagem da Irmandade da Santa Casa de São Paulo. Após, administrou o Hospital de Convalescentes D. Pedro II - Jaçanã, durante muitos anos.

Governador José Serra cumprimentando a Irmã Maria Luiza. Ao fundo Irmã Luiza Carolina e Irmã Cristiana do Coração de Maria José.

04.08.2007

242

FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO

1963

Prédio atual da FCMSCSP inaugurado em 11.03.2014

243

Idealizado pelo Corpo Clínico da Misericórdia Paulista e pela Irmã Maria

Gabriela, a Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo foi

fundada em 1963 e surgiu com a função de formar novos médicos para

compor o corpo clínico.

O primeiro Diretor da Instituição foi o Dr. Emílio Athiê (cirurgião), Irmã

Maria Gabriela Nogueira, Enfermeira e Diretora de Enfermagem,

seguindo-se os Doutores Renato Jacob Woiski (pediatra), Adauto Barbosa

Lima (clínico cardiologista), Orlando Jorge Aidar (anatomista), Waldemar

de Carvalho Pinto Filho (ortopedista), Stanislau Krynski (psiquiatra), João

Fava (cirurgião), sendo o antigo Diretor o Professor Doutor Ernani Geraldo

Rolim (clínico) e atual Professor Doutor Valdir Golin.

Em 03 de outubro de 1963, o Centro Academico da Faculdade de Ciencias

Médicas da Santa Casa de São Paulo leva o nome de Manuel de Abreu em

sua homenagem.

Centro Acadêmico “Manoel de Abreu”. Posse da primeira diretoria.

Sob seta, Irmã Maria Gabriela.

244

Em 25.05.1963 foi realizada a primeira missa no pátio interno da Santa Casa, por D. Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, Cardeal Arcebispo de São Paulo.

Criadores da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, 22 de outubro de 1962, no Club Nacional, em São Paulo

245

Formandos da 1ª Turma da FCMSCSP em frente ao colégio Santa Cecília.

Primeira Turma da

Faculdade de Ciências

Médicas da Santa Casa de

São Paulo.

Da esquerda para direita:

Dr. Osmar Pedro Arbix de

Camargo, Dr. Seiji

Nakakubo, Dr. Aurélio

Antônio Miotto e Dr.

Augusto César Silvério.

246

COLÉGIO SANT’ANA

O Colégio Santana teve seu início em 18/12/1892, construído graças aos

esforços das Irmãs de São José de Chambery.

Por muito tempo, a Capela Santa Cruz e o Colégio Santana foram pontos

de referência em documentos oficiais da cidade. E em 12 de Julho de 1908,

foi inaugurado parte da construção da Igreja Sant’ana, começando as

funções e tornando-se Matriz de fato.

No Colégio Sant’ana foram realizados experiências testando o aparelho

telefônico sem fio, sendo assim o colégio entra para a história das

telecomunicações do Brasil e do Mundo, pois no solo desta escola foram

feitas as “primeiras experiências de transmissão de voz humana, sem

auxílio de fios, que se tem notícia na história mundial das

telecomunicações.

247

As Irmãs do Colégio Santana mobilizaram-se para a instalação da 1ª linha

telefônica no bairro, conseguindo que, em 16/03/1912, a Companhia

Telefônica instalasse o 1º aparelho da região, com ligação direta para a

cidade em seu prédio.

O crescimento e expansão do colégio foi alcançado graças ao desempenho

das queridas Irmãs de São José, e embora o Colégio não seja da Irmandade

da Santa Casa de São Paulo, deve-se destacar merecidamente este

belíssimo empenho das Irmãs caridosas.

248

249

HOMENAGENS RELIGIOSAS

Medalha do Papa Paulo VI Com imagem do Papa Paulus VI, “Pont Maximus”. Procedência: Roma - 1975 (ano santo)

Medalha Centenário da chegada das Irmãs de São José de Chambery no Brasil (1858 - 1958). Com imagem de Nossa Senhora da Misericórdia.

Medalha Sacra Com Efígie de João Paulo II e N. S. Aparecida. 1980

Medalha Dom Duarte Leopoldo E Silva Com efígie de D. Duarte. Homenagem ao bispado de D. Duarte Leopoldo e Silva (1904 - 1929)

250

Em 14.10.1992, a Congregação de São José completou 120 anos de sua

chegada ao Brasil e recebeu a homenagem da Mesa, completada pela

inauguração de uma placa comemorativa. Segundo as palavras do Dr. José

Soares Hungria Filho:

Medalha 2º Congresso Eucarístico Nacional Com os escritos no verso: “ecce panis angelorum”: “eis o pão dos anjos”. - 1936

Medalha Papa João Paulo II Com efígie do Papa João Paulo II, em comemoração á sua visita ao Brasil em 1980.

“Não pode passar sem uma palavra de louvor o trabalho magnífico realizado pelas Irmãs de São José, que nos velhos tempos foram enfermeiras, assistentes sociais, professoras, cozinheiras, jardineiras, copeiras e o que mais tivesse sido necessário; souberam, também, acompanhar o progresso, preparando-se para o futuro. Infelizmente, a queda no número de vocações não tem permitido a renovação dos antigos quadros”.

251

252

Benção de João Paulo II Bênção do Papa Pio XII

Solidéo do Papa Pio XII Prato decorativo pintado a mão com imagem de fotografia Papa Paulus

Medalhão com a imagem do Papa João Papa II

253

OS RELIGIOSOS E A IRMANDADE DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO

Simão de Toledo Piza nasceu em Angra do Heroísmo, Terceira, Açores, em

1612 .

Vem a ser um dos principais ancestrais da tradicional família Toledo Piza.

Simão era filho de Juan Castelhanos de Piza e dona Grácia da Fonseca. Foi

batizado na igreja da Sé, em Angra do Heroísmo, no dia 4 de novembro de

16122 . Sobre seu passado em Portugal e sua imigração ao Brasil pouco se

sabe

Em 12 de fevereiro de 1640, em São Paulo, casou-se com Maria Pedroso,

filha de Sebastião Fernandes Correia, primeiro provedor e contador da

Junta da Real Fazenda da Capitania de São Paulo e São Vicente, e de Ana

Ribeiro, membro da tradicional família Freitas, também de São Paulo.

Foi Provedor da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São

Paulo. Capitão- Mor na época do Brasil colônia de 1721 a 1722 e de

1737 a 1738.

D. Simão faleceu em São Paulo, no ano de 1668, sendo sepultado na igreja

da Santa Casa de Misericórdia da cidade.

Capitão Mor Dom Simão De Toledo Piza

254

Nascido em 26 de maio de 1697 - Lisboa, Frei Antonio da Madre de Deus

foi um frade franciscano, sacerdote católico português e segundo bispo de

São Paulo.

Ingressou na Ordem dos Frades Menores, onde professou no Convento de

Nossa Senhora da Arrábida, da Província de Arrábida. Já frade, foi

ordenado sacerdote, em 20 de dezembro de 1721.

No dia 24 de novembro de 1749 foi nemeado bispo de São Paulo por Dom

João V. A 16 de março de 1750, aos 52 anos, foi confirmado, por breve do

Papa Bento XIV.

Foi sagrado bispo no dia 6 de setembro de 1750, pelas mãos de Dom

Tomás Cardeal de Almeida, Patriarca de Lisboa, sendo consagrante Dom

João de Azevedo, Bispo de Diocese de Portalegre e Castelo Branco,

Portugal. Estando no Convento de Mafra, tomou posse como bispo da

Diocese de São Paulo, por procuração, a 18 de outubro de 1750, através do

vigário capitular, Mateus Lourenço de Carvalho.

Exerceu esta função até 19 de março de 1764, quando veio a falecer.

Foi Provedor da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São

Paulo de 1754 a 1757.

Dom frei Antonio da Madre de Deus Bispo da Diocese de São Paulo

255

PROVEDOR

Provedor da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo

de 1766 até 1769.

Pertenceu a uma Família nobre de Portugal. Primeiro Governador da

Capitania de São Paulo.

Foi muito ativo as causas de contaminação da Lepra, em uma de suas cartas

ele cita:

“ o terrível castigo do mal de São Lázaro com que a justiça Divina desde

hum tempo a esta parte vay afligindo os Povos desta América se tem

principiado a manifestar prezentemente em muitas partes desta Capitania

de São Paulo, principalmente nas villas mais vezinhas ao Certão, e tão bem

nesta Cidade já há algumas pessoas feridas do mesmo mal”.

Tão preocupado estava o Morgado que, para prevenir uma epidemia,

solicitava ordens régias para organizar lazaretos, alegando falta de tempo

para consulta a Lisboa (carta ao Vice-Rei Conde de Cunha).

Dom Luiz Antonio de Souza Botelho Mourão (Morgado De Matheus)

256

Nascido em janeiro de 1718 em Lisboa - Portugual. Graduado em leis e

Cânones. Era frade franciscano e foi ordenado sacerdote em 25 de fevereiro

de 1741. Fez parte do Conselho da Inquisição.

A sua nomeação régia para Bispo de São Paulo ocorreu no reinado de Dona

Maria I .

No dia 17 de junho de 1771, aos 53 anos, foi confirmado, por Breve do

Papa Clemente XIV, Bispo de São Paulo.

Foi sagrado bispo, no dia 28 de outubro de 1771, pelas mãos de Dom

Manuel do Cenáculo de Vilas-Boas, bispo da Beja, sendo consagrantes:

Dom Bartolomeu Manuel Mendes dos Reis , bispo de Macau e depois

bispo de Mariana e Dom Miguel Antônio Barreto de Meneses, bispo de

Bragança e Miranda.

Tomou posse como bispo da Diocese de São Paulo, a 17 de julho de 1772,

por procuração passada ao Cônego Antônio de Toledo Lara , em 7 de

dezembro de 1771.

Foi Provedor da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São

Paulo de 1776 a 1777

Dom Frei Manuel da Ressurreição Bispo de São Paulo

257

Nascido em 08 de agosto de 1742 em Campanário - Portugal. Dotado de

inteligência privilegiada, possuía uma cultura invejável. Estudou em Paris e

Coimbra, tendo se formado em Direito Canónico. Foi ordenado sacerdote

em 1761, aos vinte anos de idade. Foi clérigo secular do hábito de São

Pedro, tendo exercido o ministério sacerdotal nas freguesias de Ventosa do

Bairro e Almedina, na Diocese de Coimbra.

No dia 2 de agosto de 1794 foi indicado bispo de São Paulo por Dom João,

regente de Portugal. A 1 de junho de 1795, aos 52 anos, foi confirmado,

por breve do Papa Pio VI.

Estando em Portugal, tomou posse como bispo da Diocese de São Paulo,

por procuração, a 19 de março de 1796, através do Arcipreste do Cabido, o

Protonotário Apostólico Monsenhor Doutor Paulo de Sousa Rocha, que

governou o bispado até a sua chegada.

O novo bispo chegou a Santos a 2 de maio de 1797, junto com seu sobrinho

o arcediago Cônego Manuel Joaquim Gonçalves de Andrade e o bacharel

Francisco Vieira Goulart. Aí permaneceu por curto período, a fim de

descansar e, depois seguiu para sua sede.

Dom Matheus de Abreu Pereira Bispo de São Paulo

258

Foi Provedor da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São

Paulo de 1803 a 1804 e de 1805 a 1806 e quarto Bispo de São Paulo de

1794 a 1824.

Dom Mateus exerceu foi bispo de São Paulo até 5 de maio de 1824, quando

veio a falecer, aos oitenta e um anos.

Nasceu em 14 de março de 1767 em Quinta Grande, Ilha da Madeira -

Portugal . Foi ordenado sacerdote em 8 de setembro de 1797, aos vinte e

dois anos de idade, por seu tio Dom Mateus. Foi clérigo secular, tendo sido

nomeado, em São Paulo, cônego e, mais tarde, arcediago do Cabido. Foi

provisor e vigário-geral de seu tio.

Tendo sido indicado bispo de São Paulo por Dom Pedro I, Imperador de

Brasil; a 25 de junho de 1827, aos 52 anos, foi confirmado, por breve do

Papa Leão XII.

Foi sagrado bispo, em São Paulo, no dia 28 de outubro de 1827, sendo

sagrante principal Dom José Caetano da Silva Coutinho, então bispo do

Rio de Janeiro.

Foi Provedor da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São

Paulo de 1829 a 1831 e de 1834 a 1847

Faleceu em 26 de maio de 1847

Dom Manuel Joaquim Gonçalves de Andrade

Bispo de São Paulo

259

Provedor da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo

de 1880 a 1886.

Doou todos os seus bens para Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.

Idealizador da construção e inauguração do Hospital da Caridade da

Irmandade da Santa Casa de São Paulo em 1884, conhecido como Hospital

do Arouche. Justiça lhe foi reconhecida, mais tarde tendo seu retrato

inaugurado na galeria dos Provedores. Homem de viva fé na execução da

obra sendo verdadeiramente seu idealizador e construtor, um valiosíssimo

Provedor, homem humilde que deixou a Provedoria foi terminar os seus

dias como Capelão do Asilo dos Leprosos da Santa Casa de São Paulo,

convivendo e prestando-lhes toda assistência moral e espiritual aos doentes

e aos pobres. Apesar de seu calvário, recebeu inúmeras homenagens pela

obra construída. Faleceu em 18 de janeiro de 1898 com 70 anos na Cidade

de Vassouras.

Em 23 de janeiro de 1898 a Mesa Administrativa da Irmandade da Santa

Casa de Misericórdia de São Paulo com profundo pesar durante um longo

tempo, um voto de gratidão e reconhecimento dos seus relevantes serviços

como o maior impulsor das obras do novo Hospital da Santa Casa de São

Paulo que consagrou toda sua atividade com tenacidade e perseverança

Arcipreste Cônego João Jacynto Gonçalves de Andrade

260

para o engrandecimento da Instituição que no 30º dia de seu falecimento

celebrasse uma missa na Capela do Hospital em sufrágio de sua alma.

261

RELIGIOSOS COMO IRMÃOS DA SANTA CASA DE SÃO PAULO

Monsenhor Ezechias Galvão da Fontoura

Irmão Mesário da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de

São Paulo e Mordomo do Sanatório Vicentina Aranha. Prestou

serviço pastoral durante longo tempo na Capela da Santa Casa de

São Paulo. Nasceu no dia 05 de fevereiro de 1899, na rua da

Liberdade. Filho de Luiz de Paula e de Constantina Cúndaride

Paula, italianos naturais de Rende, Província de Cosenza, na

Calábria. Padre Capelão e Vigário da Capela do Menino Jesus e

Santa Luziaem 1942. Procurador Geral da Mitra Diocese de São

Paulo, Bispo de Jacarezinho, Bispo Emérito de Piracicaba, Bispo

Titular de Hierocesareia, Diocese de Jacarezinho, Discípulo de Dom

Duarte Leopoldo e Silva Panni. Diretor Espitirual da Sociedade de

São Vicente de Paulo e das Damas de Caridade, servindo ao Reino

de Cristo entre pobres e doentes, repousa entre princípios da Igreja

Católica na Cripta da Catedral Metropolitana de São Paulo, por

arquiescência e benevolência do Cardeal Dom Paulo Evaristo Arms,

faleceu no Hospital Santa Izabel da Irmandade da Santa Casa de

Misericórdia de São Paulo, em 01.01.1995 às 3h20 aos 96 anos.

Dom Ernesto de Paula

Natural de São Paulo foi presbítero secular, cônego da Catedral

da Sé de São Paulo, lente de direito Canônico do seminário

episcopal, escrivão da Câmara Eclesiástica e secretário do

bispado. Autor dos livros “Questões Religiosas” e “Lições de

Direito Eclesiástico”. Foi Irmão Mesário da Irmandade da

Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.

262

Provedor Dr. Kalil Rocha Abdalla com as Irmãs Cristiana e Luiza Carolina em 2013

263

Ex Provedor Dr. Domingos Ferreira Neto com Irmã Luiza Carolina em 2009

Na imagem fotográfica, observamos que as Irmãs de São José estavam presentes na Mesa Administrativa sempre ao lado dos Mordomos, Diretor Clínico e Provedor.

Da esquerda para direita: Dr. Luiz Oriente - Diretor Clínico; Dr. Waldemar de Carvalho Pinto Filho; Dr. Adriano Marrey - desembargador; não identificado; Dr. Mário Altenfelder - Provedor da Santa Casa de São Paulo; Dr. João Yunes e Irmã Gabriela Nogueira.

264

DEPOIMENTOS:

Aninha

Aqui na Santa Casa de São Paulo muitos médicos, funcionários e pacientes

lembras das Irmãs de caridade com muito carinho, como é o caso da

Aninha, paciente da Santa Casa desde seus 8 anos de idade, que posterior,

veio a trabalhar na Irmandade onde permanece até hoje. Em seus relatos

Ana diz:

“Entrei como paciente na Santa Casa de São Paulo em 1948, para fazer

cirurgias plásticas, depois de um acidente que tive em casa, onde me trouxe

queimaduras profundas no corpo.

Tinha 8 anos quando aqui cheguei e a primeira freira a qual mantive

contato foi a Irmã Maria Benedita. Lembro-me muito bem dela, era muito

suave com as crianças, fazia questão de rezar o terço a tarde com todas os

pacientes pequeninos. Foi com ela, e com Pe. Camilo da Ordem Camiliano,

Capelão da Capela Nossa Senhora da Misericórdia do Hospital Central, que

realizei minha primeira comunhão deitada em uma cama. Fui a primeira

criança a receber comunhão enquanto internada. A Irmã Maria Benedita

marcou muito minha vida.

Outra freira a qual tive bastante contato foi Irmã Engrácia, que possuía um

problema na coluna que dificultava sua locomoção. Ela era considerada um

anjo por todos, muito querida pelas crianças.

Também mantive contato com a Irmã São Geraldo, que chefiava o Pavilhão

Conde de Lara, muito severa e brava, Irmã São Geraldo administrava com

mãos de ferro o Pavilhão, deixando tudo na mais perfeita ordem e

disciplina.

Madre Paula, na época, era Superiora do Hospital Central, chefiava a Santa

Casa inteira, lembro-me perfeitamente dela quando realizava pelo Hospital

265

uma caminhada com todas as Irmãs. Era lindo de se ver quando todas as

freiras vestidas de branco, menos a Madre Paula que andava de preto,

percorriam a Santa Casa por inteira, as 17:30 elas começavam sua

caminhada, onde conversavam e saudavam os pacientes, que assistiam a

chamada “Volta Olímpica das Irmãs”. Quando eu ficava nos jardins da

Santa Casa, a Irmã Marta Alexandre sempre me presenteava com uma

maçã, nunca me esquecerei a felicidade que sentia quando recebia tal

presente, e mesmo quando não podia comparecer ao jardim, ficava pela

janela admirando o passeio das Irmãs.

Com as Irmãs fiz parte da Pia União das Filhas de Maria, onde no dia 02 de

julho de todo ano realizávamos uma festa no 2º andar da lavanderia, além

de realizarem o apostolado.

Em 1961, comecei a trabalhar na recepção do Pavilhão de Ortopedia, sendo

instruída pela Irmã Cristiana, Irmã Engrácia e Irmã Adélia. Irmã Cristiana

tinha paciência em ensinar e aprendi muito com ela, lembro-me que por

ficar na recepção recebia muitas doações em dinheiro, onde eu separava e

passava para a Irmã Cristiana responsável também pela parte “contábil”.

Irmã Cristiana foi muito importante pra mim, pois me ajudava no meu

namoro com um funcionário, naquela época não se podia envolver-se com

um empregado, era contra as regras da Instituição, então a Irmã repassava

nossos recados amorosos, e quando anunciamos que iríamos nos casar a

Irmã me ajudou a preparar o casamento. Gosto muito dela e guardo lindas

lembranças.

Da Irmã Ursulina lembro da sua presença de espírito enérgica, era muito

querida das crianças, por onde dedicou longos anos de sua vida. Houve um

caso bem marcante na vida da querida Irmã, entrou na Santa Casa uma

criança bastante debilitada necessitando de cuidados, a Irmã Ursulina se

apegou muito a este menino considerando-o como um filho. Quando ele fez

16 anos morreu decorrente a complicações de sua doença, quando este

266

menino faleceu a Irmã Ursulina ficou muito triste, nós funcionários ficamos

comovidos pela sua dor e seu amor ao próximo. Foi uma passagem bastante

emocionante.

Da Irmã Caetana guardo lindas lembranças, ela era extremamente humilde

e carinhosa, um verdadeiro anjo! Recolhia das ruas materiais reciclados e

os vendias para comprar pão para os doentes do Conde de Lara, ajudava-a a

carregar os alimentos. Ela era uma personificação da bondade humana.

Quando Irmã Marta Alexandre estava doente muito debilitada, um dia antes

de sua morte fui visita-la e ao vê-la tão miudinha em cima de uma cama

meu coração se apertou e chorei bastante. A Irmã pegou na minha e disse:

“Não chore Aninha, vou para a casa do Pai”. Quando faleceu eu ia para seu

túmulo fazer orações e pedir uma luz, pois eu passava por momentos

difíceis e depressivos, após essas orações meus problemas foram

solucionados instantaneamente, sinto que ela me ajudou bastante mesmo

após sua morte.

Sob responsabilidade das Irmãs, todas as enfermarias eram limpas e

organizadas, e uma vez a enfermaria mais bem tratada ganhava prêmios,

inclusive os funcionários que ganhavam medalhas de honra ao mérito.

Havia também a Irmã São Francisco, lembro que ela era muito inteligente e

ficou conhecida como a “Irmã motorista”, pois transportava comida,

materiais e pessoas para outras dependências distantes da Santa Casa.

E é assim que me lembro das Irmãs de Caridade, almas boas e gentis que

dedicavam suas vidas pelas vidas dos próximos”.

Drª. Helena Müller

Ana Bezerra da Silva

De paciente á funcionaria da Santa Casa de São Paulo.

267

Médica anato-patologista e professora da Faculdade de Ciências Médicas

da Santa Casa de São Paulo, Dr. Helena Muller lembra das Irmãs de

Caridade com muito carinho:

“Vocês precisam frequentar a Santa Casa de São Paulo. É lá que se

aprende!”. Isso dizia o Prof. Dr. Walter Edgar Maffei aos alunos da

Faculdade de Medicina de Sorocaba, onde era o titular da Anatomia

Patológica . tinha razão, pois o Hospital - Escola da Faculdade era

insuficiente para a demanda do ensino.

E vários de nós fomos, durante anos, no período das férias para aprender

nas muitas enfermarias de clínica médica e de cirurgia. E essas enfermarias

eram como “feudos” e tinhas a supervisão de uma freira da Congregação de

São José de Chambery. E elas se empenhavam no sentido de sua

enfermaria ser a melhor e receber muitos alunos para estágio, onde

controlava a presença de cada estagiário e seu desempenho.

Uma das mais conhecidas era a Irmã Ursulina de Iasi, da Pediatria. Outra

era a Madre São Geraldo que, mais tarde, foi transferida para o Hospital

Santa Isabel da Irmandade de Misericórdia de Taubaté.

Nesse Hospital, ela trabalhou para criar o Serviço de Anatomia Patológica,

o que contou com o apoio do Prof. Maffei. Como dizia o saudoso Prof.

Waldir da Silva Prado: “Um Hospital sem Anatomia Patológica é um corpo

sem alma”, foi ele que conseguiu a reestruturação do Serviço de Anatomia

Patológica do Hospital São Luiz Gonzaga, do Jaçanã.

Madre São Geraldo conseguiu que se montasse o serviço de Anatomia

Patológica no Hospital Santa Isabel de Taubaté. Até hoje, esse serviço está

em pleno funcionamento.

Com a instalação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São

Paulo (FCMSCSP), as freiras diplomadas ministraram aulas, e outras

atuaram em outros nosocômios.

268

Uma das mais atuantes foi Irmã Maria (irmã de Irmã Ursulina), que

supervisionou o recém criado Pronto Socorro Central da Santa Casa de SP.

Nos primeiros anos de funcionamento da FCMSCSP ocorreu um episódio

que demonstra o interesse e o carinho que tinha pelos alunos.

Uma aluna engravidou. Preocupadas com sua situação, conseguiram que

ela fosse levada para o Hospital Santa Isabel de Taubaté (na calada da

noite) e lá passou a trabalhar no Serviço de Anatomia Patológica recebendo

alojamento no Hospital, onde se fez seu pré natal e, numa manhã de 25 de

dezembro, teve sai filhinha.

Outra Irmã muito querida foi Irmã Marta, devotada a causas sociais. Muito

bonita, era comparada a atriz Ingrid Bergman.

Também a discreta e tímida Irmã Menino Jesus, irmã da freira Ursulina,

deve ser lembrada, assim como Ir. Caetana que se empenhava na ajuda aos

pobres.

É impossível lembrar de todos essas abnegadas criaturas, mas todas deram

seu melhor pelo Hospital. Fazem falta atualmente.

Dra. Helena Müller

269

Glauco Carneiro

Nascido em Fortaleza, em 18 de dezembro de 1938. Diplomou-se em 1964

pela Faculdade Nacional de Direito no Rio de Janeiro, tendo especialização

em Comunicação e Relações Públicas.

Trabalhou no “O Cruzeiro”, “O Globo”, “O Jornal”, “Manchete”,

“Tendência” e outros periódicos no Rio de Janeiro e São Paulo. Assistente

da presidência dos “Diários Associados”. Trabalhou durante 10 anos na

Fundação do Bem-Estar do Menor, lançando a revista “Brasil Jovem”.

Assessor de Imprensa do Ministério da Justiça e do Ministério das Relações

Exteriores, bem como o da Secretaria de Promoção Social do Governo do

Estado de São Paulo.

Publicou os seguintes livros: História da Revolução Brasileira (1965); O

Revolucionário Siqueira Campos (1966); A Face Final de Vargas (com

Lourival Fontes 1966); Um repórter no mundo português (1971); Lusardo -

O ultimo caudilho (1977/1978); Cunha Bueno - História de um político

(1982) e dentre tantos.

O que destacamos aqui, é seu belíssimo trabalho no livro O Poder da

Misericórdia Vol. I (1986); O Poder da Misericórdia Vol. II (1986) e O

Poder da Misericórdia Vol. III (2010).

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Nestes livros sobre a Irmandade da Santa Casa de São Paulo, Glauco

Carneiro nos prova mais uma vez a sua fama de exímio pesquisador e

historiador. Em três volumes ele consegue narrar toda a trajetória desta

grandiosa instituição desde seus primórdios em Portugal até os dias atuais.

Homenageamos aqui este grande mestre, por manter a história da

Irmandade tão viva e marcante, sem nunca se esquecer do trabalho das

Irmãs de São José de Chambery.

Dr. Toshio Mochida

Além de Médico Radiologista da Santa Casa de São Paulo, Dr. Toshio

também é conhecido como um exímio fotógrafo, contribuindo ao Museu

com um gigantesco acervo contando com mais de cinco mil fotografias,

relatando através de imagens a belíssima história da nossa Irmandade.

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MUSEU DA IRMANDADE E O RESGATE DA HISTÓRIA

Em memória aos que construíram e mantiveram esta Instituição, com mais

de 450 anos de existência, o Museu guarda e cultua documentos que visam

contar parte deste grande esforço.

Em Junho de 2000, nasce o Museu de Memória da Misericórdia da Santa

Casa de São Paulo, inaugurado em Março de 2001 que reúne uma série de

documentos, aparelhos e instrumentos médicos do final do Século XIX e

XX e farmacêutico todos do Século XIX, além de uma pinacoteca com

retratos pintados a óleo sobre tela que guarda a memória de grandes

doadores da história de São Paulo, que contribuíram para formação e

manutenção desta Instituição. E em 26 de Outubro de 2011 o Museu recebe

o nome de Augusto Carlos Ferreira Velloso o seu fundador.

As histórias resgatadas e muitos objetos históricos referente a Congregação

de São José de Chambery, fora obtidos através das Irmãs de Caridade, que

muito carinhosamente ajudaram a resgatar a trajetória de seu trabalho e

religiosidade.

Hoje, o Museu possui um acervo de mais de 7500 peças distribuídas em 07

salas, estas são: Obras de Arte, Farmácia Antiga, Hall dos Grandes

Doadores, Hall dos Provedores, Aparelhos e Instrumentos Médicos,

Documentos e Objetos Históricos e um Salão Nobre que o destaque com

moveis fabricado no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo e uma pintura

de 1907 de Gino Catani.

272

Sala de Obras de Artes

Hall dos Provedores

273

Hall dos Grandes Doadores

Sala de Farmácia Antiga

274

Sala de Documentos e Objetos Históricos

Sala de Aparelhos e Instrumentos Médicos

275

Salão Nobre - 2014

Salão Nobre - 1909

276

Acervo Carvalho Pinto - Ortopedia

277

Irmãs no Museu da Santa Casa de São Paulo

Irmã Ursulina de Maria Iasi

Visitou o Museu várias vezes pra contar sua história

e das Irmãs de São José

278

Em 2000, quando iniciei a organização do Museu com o Engennheiro

Augusto Carlos Ferreira Velloso e o Advogado Luiz Rodrigues de Moraes,

levantamos as Irmãs que estavam esquecidas.

Fizemos um arquivo com fotos e as estórias das inesqueciveis Irmãs.

Elaborei e dei algumas palestras que muito fez lembrar a presença das

queridas Irmãs da Congregação de São José na Santa Casa de São Paulo,

em São Paulo e em outros lugares do Mundo.

Maria Nazarete de Barros Andrade

A Coordenadora do Museu, Maria Nazarete de Barros e a Irmã da Congregação de São José de Chambery, Ir. Delta Toyama.

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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

CARNEIRO, Glauco. O Poder da Misericórdia. Vol. I. A Serviço de Deus

e do Rei. São Paulo: Press Grafic. Editora, 1986.

CARNEIRO, Glauco. O Poder da Misericórdia. Vol. II. Ascensão e queda

do liberalismo. São Paulo: Press Grafic. Editora, 1986

CARNEIRO, Glauco. O Poder da Misericórdia. Vol. III. A era

contemporânea da maior instituição de benemerência do país e suas

relações com a história política, médica e assistencial de São Paulo

1560/1984/2009. São Paulo: Atheneu Editora, 2010.

CARVALHO, Roberto Machado. A Glorificação da Venerável Madre

Maria Theodora Voiron (1835-1925). Itú: Editora Ottoni, 1998

FILHO, José Soares Hungria. Memórias da Misericórdia. São Paulo:

Editora Artes Médicas Ltda, 2000.

MESGRAVIS, Laima. A Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (1599?

– 1884). Contribuição ao Estudo da Assistência Social no Brasil. São

Paulo, Conselho Estadual de Cultura, 1976. (Coleção ciências humanas, 3)

VAUBLANC, Benédicte de. Madre Saint Jean Marcoux. Uma mulher de fé

e de profundo amor. 2012

Poliantéia – Homenagem a Madre Theodora Voiron Superiora Provincial

da Congregação das Irmãs de São José de Chambery - 1859 – 1919

Relatórios da Mesa Conjuncta e Administrativa da Irmandade da Santa

Casa de Misericórdia de São Paulo dos anos de 1900 à 1957.

Mais coração nas mãos: relato de imagens da peregrinação da relíquia do

coração de São Camilo por ocasião dos 90 anos da chegada dos camilianos

no Brasil / Organizado por Leo Pesini. - 1. Ed. - São Paulo: Província

Camiliana Brasileira, 2012.

http://portal.sipeb.com.br/santana/historia/

http://www.ceara.pro.br/cearenses/listapornomedetalhe.php?pid=32385