livro

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Capítulo 1 Eram quase seis da tarde,quando resolvi me deitar no jardim e entender minha existência.Olhar para o céu afim de encontrar explicações.Eu estava exausta emocionalmente e fisicamente,de uma forma que somente quem sente entende. -Não vai comer? – perguntou minha mãe,com a voz um pouco arrastada. Sacudi a cabeça afim de dizer não.Ela franziu a testa e se sentou ao meu lado. -Não pode parar de comer.Vai ficar anêmica. – suspirei e então retruquei – Não estou com fome. -Sei,sei,nunca está com fome.. – ela fez uma breve pausa antes de me lançar um olhar preocupado – Isabelle,sei que está passando por um momento difícil,mas precisa continuar..Sabe,seguir em frente.Ele não é o único. Lembrar-me dele ascendeu minha fúria. -Sei que ele não é o único! – gritei – Mas não posso ignorar meus sentimentos mãe..Foi tudo tão rápido.Ele se foi e arrastou tudo consigo.Não me restou nada... Quando vi,já estava chorando.As lágrimas escorriam pelos meus olhos e eu tentava não prestar atenção em minha mãe,que agora chorava comigo.A pior parte de chorar em público,é perceber que os outros estão chorando com você. Ela me abraçou e disse que meu almoço estava esfriando a horas.Minha mãe não sabia dar conselhos.Ela apenas demonstrava carinho e saía.Ao contrário dele,que sempre sabia o que dizer.Tudo que a gente fazia,ou sentia juntos,era como se fosse um livro,e as citações eram sempre dele. Tomei coragem e me levantei.Corri para o meu quarto e fechei a porta.A dor era intensa,mas consegui andar até a passagem ao banheiro.Tomar um banho até que seria bom,para aliviar minha mente de pensamentos negativos. Após o banho,comecei a me lembrar.Não havia o que eu tentasse fazer,sempre iria lembrar dele.Eu nunca iria esquecer. “Belle,eu te amo como se fôssemos o sol.Você nascendo e eu,me pondo.Mas sempre ao mesmo dia.Como se fôssemos um só.Não há nada como um nascer-do-sol para um pôr-do-sol.”

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Page 1: Livro

Capítulo 1

Eram quase seis da tarde,quando resolvi me deitar no jardim e entender minha existência.Olhar para o céu afim de encontrar explicações.Eu estava exausta emocionalmente e fisicamente,de uma forma que somente quem sente entende.

-Não vai comer? – perguntou minha mãe,com a voz um pouco arrastada.

Sacudi a cabeça afim de dizer não.Ela franziu a testa e se sentou ao meu lado.

-Não pode parar de comer.Vai ficar anêmica. – suspirei e então retruquei – Não estou com fome.

-Sei,sei,nunca está com fome.. – ela fez uma breve pausa antes de me lançar um olhar preocupado – Isabelle,sei que está passando por um momento difícil,mas precisa continuar..Sabe,seguir em frente.Ele não é o único.

Lembrar-me dele ascendeu minha fúria.

-Sei que ele não é o único! – gritei – Mas não posso ignorar meus sentimentos mãe..Foi tudo tão rápido.Ele se foi e arrastou tudo consigo.Não me restou nada...

Quando vi,já estava chorando.As lágrimas escorriam pelos meus olhos e eu tentava não prestar atenção em minha mãe,que agora chorava comigo.A pior parte de chorar em público,é perceber que os outros estão chorando com você.

Ela me abraçou e disse que meu almoço estava esfriando a horas.Minha mãe não sabia dar conselhos.Ela apenas demonstrava carinho e saía.Ao contrário dele,que sempre sabia o que dizer.Tudo que a gente fazia,ou sentia juntos,era como se fosse um livro,e as citações eram sempre dele.

Tomei coragem e me levantei.Corri para o meu quarto e fechei a porta.A dor era intensa,mas consegui andar até a passagem ao banheiro.Tomar um banho até que seria bom,para aliviar minha mente de pensamentos negativos.

Após o banho,comecei a me lembrar.Não havia o que eu tentasse fazer,sempre iria lembrar dele.Eu nunca iria esquecer.

“Belle,eu te amo como se fôssemos o sol.Você nascendo e eu,me pondo.Mas sempre ao mesmo dia.Como se fôssemos um só.Não há nada como um nascer-do-sol para um pôr-do-sol.”

Pare.Pare de me lembrar cada segundo de como ele falava,do que ele falava,da voz,do cheiro...Ele me deixou.Sim,ele foi embora.Ele não vai voltar,Isabelle.Você tem que esquecer.Seguir em frente.Sua vida vale mais que ele.

Mas eu preciso entender.Preciso saber porque ele me deixou.Não.Você tem que superar.E ponto.Vai voltar a sair com seus amigos e começar a guardar no fundo do coração todas as lembranças dele.Chega de John..meninos na sua vida.Ou melhor,chega dele.Os outros podem.

Fui até o armário e peguei o vestido que tinha guardado pro meu aniversário de um ano de namoro com ele.Uma mistura de azul com verde turquesa e repleto de borboletinhas rosas no comprimento.Tomei coragem e o vesti.Coloquei a minha sapatilha azul e o meu perfume favorito,que por acaso,ele teria me dado.Mas isso agora não importa.Ele não faz mais parte da minha vida.

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Fui até o espelho e me assustei com o que vi.Estava toda pálida,coberta de rímel nas pálpebras,meu cabelo liso e enorme (que eu não cortava a quase um ano) todo emaranhado na nuca e meus lábios estavam rachados,em algumas regiões que eu mordera por raiva,dor e angústia.Principalmente angústia.

Peguei meu estojo de maquiagem e soltei o cabelo.O observei um instante.Peguei a escova mais próxima e o desembaracei,fio por fio.Quando acabei,o reparti de lado e peguei meu celular.Listei os contatos até encontrar o nome da minha melhor amiga – Anna – e perceber que tinha 50 chamadas perdidas dela.Assim que liguei,ela atendeu no segundo toque.

-Belle?? – uma voz preocupada ecoou – É você?

-Sim.Oi,Anna.

-Ah,graças a Deus!Te liguei várias vezes,como você está?

-Melhor.Só...não toque no assunto.

-Okay.Aconteceu alguma coisa?

-Sim e não.Quero...quero saber se está livre hoje.Agora.

-Claro.

-Quer sair comigo,dar uma volta,fazer umas compras...?

-E você ainda pergunta?Óbvio que sim!Vou te pegar em vinte minutos.

-Okay.Beijos.

Desliguei e peguei minha bolsa.Desci as escadas rapidamente,mas parei na cozinha pra pegar alguma coisa.Estava faminta.

-Fiu-fiu – minha mãe disse – Aonde vai?

Ela tinha um certo entusiasmo na voz.Não pude deixar de rir.

-Vou sair com a Anna.

-Ah,que ótimo,filha!Não sabe como fico feliz por te ver sorrir de novo!Você tem que viver,querida,é jovem.Com 16 anos,já é hora de você ser feliz,Belle.

-Ahn..Obrigada,mãe.

Me surpreendeu o modo como ela falou.Como eu disse,minha mãe não era boa com conselhos.

Ouvi a buzina do carro da Anna assim que acabei de comer.Me despedi da minha mãe e fui em direção á porta.

-Uau!Você está incrível! – exclamou Anna,que,como sempre,estava perfeitamente impecável.

-Você também – respondi.

-Então...shopping?

-Sim. – engoli em seco ao me lembrar do que eu e ele costumávamos fazer no shopping.Andávamos de mãos dadas,nos enchíamos de pipoca e saíamos do cinema na metade do filme porque a)não estávamos prestando atenção quando tínhamos apenas um ao

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outro grudados em uma única cadeira e b)gostávamos de brincar na seção de jogos do shopping.Algumas vezes,ele conseguia pegar um bichinho de pelúcia nas máquinas.

Antes que eu percebesse,Anna estava estacionando.Ela dirigia calmamente e imensamente bem.Tocava uma música calma e feliz na rádio,e ela tinha um sorrisinho escondido no canto do rosto.

-Vamos? – ela perguntou.

Assenti e começamos a caminhar shopping adentro.

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Capítulo 2

-Belle,sei que não quer falar no assunto,mas preciso saber de um detalhe: quer conhecer outros garotos ou vai ficar sem eles por um bom tempo?

Pensei nas minhas opções.

-Quero...Preciso conhecer gente nova.

-Isso é ótimo!Vamos,tenho certeza que vamos achar alguém.

Assim que entramos,Anna me arrastou á praça de alimentação.Estava lotada.Eu não via tanta gente há tanto tempo e me assustei com a possibilidade de encarar aquela gente toda.

-Ahn,desculpe-me Belle.Vem,vamos pra um lugar mais calmo.

Chegamos ao outro lado,relativamente vazio,exceto por um menino e sua mãe numa mesa ao fundo,uma senhora fazendo o pedido,uma garota que acabara de pagar e um homem sentado num banco do lado esquerdo da parede.

-O que vão querer? – perguntou uma garçonete,que,enquanto eu analisava as pessoas presentes,acabei por esquecer de vê-la ali.

-Aahn..água. – respondi.

-Pra mim um Martini.

-Com ou sem bebida?

-Com.

-Já vai beber,Anna?Achei que tinha superado isso.

-E eu também.

O homem sentado nos encarava.Logo percebi que seria pela Anna,que estava absolutamente linda.Qualquer um olharia pra ela.Mas,depois,percebi que me encarava.Olho a olho.

-O que foi? – ela disse – Alguém está te incomodando?

-Não,imagina.Não estou louca,Anna.

-Sei disso,Belle.Só que,você não sai a algum tempo,achei que poderia te incomodar um olhar,uma aproximação...

-Estou bem,não se preocupe.

-Estou tão orgulhosa de você!E muito feliz por ter superado.Você merece ser feliz,Belle.

-Engraçado,minha mãe me disse o mesmo hoje de manhã.

Assim que me virei,reparei que o homem não estava mais lá.Okay,confesso: isso me incomodou um pouco.Não que eu seja paranoica,ou algo do tipo,mas quando um homem estranho te encara e depois some,acredite,é suspeito.

-Anna,eu..preciso ir ao banheiro.

-Quer que eu vá junto?

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-Não,não precisa.

-Tá,eu espero.

Eu sei que pode parecer egoísta eu ir ao banheiro numa situação suspeita.Mas,quando há algo suspeito,eu fico gélida,sinto pavor e não posso mais me arriscar a me colocar em situações de risco.Não mais.

Assim que chegava ao banheiro,trombei com alguém que saía.Ótimo – pensei – agora,uma situação mico.Já me preparava para me desculpar quando vi que trombei com o cara – sim,aquele cara – e entrei e pânico.

-Opa – ele disse

-F-Foi mal.

-Não por isso.

Enquanto ele se esquivava,me senti tonta e esbarrei – veja,mais uma vez – em outra pessoa.Equilíbrio não era o meu forte.Percebi que ia levar um tombo feio e me preparava para o choque.Só que este não aconteceu.Alguém me segurou enquanto eu caía,e não me atrevi a abrir os olhos pra descobrir.

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Capítulo 3-BELLE!BELLE,FALA COMIGO!!

Reconheci a voz,assim que despertei.Mas não reconheci o lugar que estava.

-Onde eu estou?

-Aah Belle,graças a Deus!Se você não acordasse em mais 5 minutos,chamaríamos a ambulância.

Logo reparei que havia mais gente em volta.Um policial,a garçonete,uma mulher e o homem.Sim,ele estava lá e pálido como o gelo.

-O que houve?

-Você desmaiou – ele respondeu.

-E se não fosse por esse herói aqui,teria tido no mínimo um traumatismo craniano,batido a cabeça direto no chão.

-Obrigada – respondi.

-Mais uma vez,não por isso.É meu dever sair por aí salvando senhoritas de bater a nuca no chão.Disponha.

De alguma forma,ele me fez sorrir.Coisa que eu não fazia há muito,muito tempo.

-A gente se vê. – ele disse,e se foi.

-Vamos,eu te ajudo – respondeu Ana

Resolvemos sair de um lugar fechado e andar ao ar livre.Sempre me faz bem estar em contato com a natureza.

-Que tal o parque da Ensenha?

-Pode ser.

Durante o caminho, fiquei associando tudo o que aconteceu:quase bati a cabeça e fui salva por um cara estranho.Tudo isso em um dia.É interessante ver como eu consigo arranjar confusões em apenas algumas horas.

Esperei que Anna encontra-se um bom lugar pra estacionar.Saímos do carro e fomos caminhar.O parque estava cheio,mas a região gramada estava vazia.Fomos andando por ali,quietas,só admirando a paisagem.Se tem uma coisa que eu amo é admirar a paisagem ao meu redor.

-Então... – Anna disse –O que achou dele?

-De quem? – perguntei distraída.

-Do seu herói,poxa.Conheço ele.

-Conhece?

-Sim.Ele era meu professor quando fazia aquelas aulas de inglês no PEC.Acho que ele nem trabalha mais lá.

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-Eu me inscrevi no PEC há alguns meses,fiz a prova,mas ainda não recebi a resposta.Acho que não entrei,afinal.

-Fica tranquila,você vai passar.

-É,pode ser – disse

Não tenho certeza se passaria.Era muita gente concorrendo e poucas vagas.

-Lembra do Patrick? – falou Anna

-Aquele de óculos,baixinho?

-Sim,o que estudava com a gente na quarta série.

-Lembro...O que tem ele?

-Estamos saindo.

-Sério?Isso é ótimo.

-Fiquei com medo de te contar e você ficar mal,por..Você sabe.

-Nunca ficaria mal com uma amiga minha por estar feliz.Isso seria um egoísmo enorme da minha parte.

-Obrigada amiga.Senti sua falta.

-Também senti sua falta,Anna.

Eu realmente amo a Anna.E apesar de tudo,me senti sim um pouco mal por ela e o Patrick.Não que eu não quisesse vê-la feliz,mas porque me fazia lembrar dele.E ele era tudo que eu tinha naquela época.Agora eu não tenho nada.

...Na manhã seguinte,acordei mais cedo que o normal.Resolvi arrumar algumas coisas no meu

quarto pra passar o tempo.Arrumei minha estante de livros (mesmo não tendo nada pra arrumar porque meus livros são a parte mais arrumada da casa) apenas tirei um pouco do pó deles.Organizei minhas roupas,meus CDS e meus sapatos.No meu antigo estado mental,tinha me esquecido de como eu odeio bagunça.Resolvi tomar coragem e arrumar minha estante de

fotos.Era lá que eu guardava todas as fotos dos meus quatorze anos pra cá.Sem pensar,comecei a pegá-las,uma por uma,revendo os bons momentos da minha vida.Foi só

quando vi uma foto dele,que entrei em choque.

“Para a menina que eu mais amo na vida,uma foto do seu ‘Jow’.Para a minha namorada,meu tudo.

-J.”

Sem querer esbarrei na lateral da estante e ela,com todas as fotos,caiu no chão fazendo um baque estrondoso.Ser cuidadosa também não era lá o meu forte.Minha mãe entrou correndo

no quarto,como se houvesse ocorrido um terremoto.

-Belle?!Ah meu Deus,você está bem?

Perdi o fôlego por alguns segundos,talvez minutos,e não consegui responder.

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-Belle?O que foi?

Ela pegou a foto da minha mão,e quando finalmente entendeu,me mandou voltar a dormir.

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Capítulo 4Quando acordei,ele estava lá.Bem ao meu lado.Ele sorriu,e tive que sorrir de volta.O sorriso dele era lindo.Tinha me esquecido completamente disso.

“Eu te amo,Belle – ele disse – Nunca quis te deixar.Eu estava em transe.Se você pudesse entender o que aconteceu,se ao menos me deixasse explicar,me aproximar de você... – ele deu um leve sorriso e se aproximou – Sinto sua falta.”

“Também sinto sua falta”

“Então,porque não podemos ficar juntos?Você ainda me ama,certo?”

“Sim.Eu te amo.Muito.”

E realmente amava.Acho que ele era pra mim como a água é pra Terra: eu não me vejo sem ele.

“Belle,volta pra mim.O que você viu foi um erro.Me perdoa.Eu não posso te explicar o que aconteceu,mas preciso que confie em mim.”

“Eu confio...Mas preciso saber,preciso entender...Eu sou uma burra.”

“Ei,você não é burra.Você só entendeu errado.Não confia em mim?Acha que eu seria capaz de fazer algo pra te fazer sofrer?Não era eu,Belle.Não era eu”

Despertei do nada e não me acostumei com o que vi.Um sonho.Sabe quando você está tendo um sonho tão real,que quando acorda,parece que nada mais faz sentido?

Desci as escadas e minha mãe não estava lá.Havia um recado na geladeira.

Fui levar sua irmã na aula de balé,e depois vou passar no banco e no supermercado.Tem frango na geladeira.Não me espere,volto tarde.Beijos.

Frango.Uma das coisas que eu menos gosto no mundo: qualquer comida derivada de um animal.Pode parecer clichê,já que para alguns eles só servem pra isso,mas pra mim,eles são fofinhos demais para serem engolidos sem piedade.

Resolvi fazer um macarrão.Mais útil,prático e fácil.Enquanto o preparava,sem perceber,cantarolava uma música sem sentido.Aquele tipo de música que te contagia mas que o significado nem é tão bom assim.Músicas de sucesso americano.

Lembrei-me do sonho.Foi tudo tão real.Pensei no modo como ele me disse as coisas,e em tudo que ele disse.Pensei também em como fui idiota.Pareci uma menininha de dez anos beijando os pés do primo mais velho só pra fazer ele gostar de mim.Mesmo sendo um sonho,me senti mal pela minha estupidez.

Enquanto comia,me dei conta que tinha que verificar se o resultado da minha prova da PEC tinha saído.Mas estava sem pique pra isso.Ás vezes,sábado não é dia pra badalar: é dia pra descansar.

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...Minha mãe chegou em casa algumas horas depois,e só soube quando parei o videogame e ouvi uns gritos do lado de fora.Quanto mais perto ela chegava,maior eram os gritos.

-ADIVINHA SÓ BELLE,ADIVINHA?

-Estou tendo um sonho bem maluco e minha mãe está gritando muito alto?

-Não,besta.Chegou sua carta da PEC!

-Não acredito!

Assim que abri a carta,fiquei com o coração apertado.E se eu não passasse,afinal?

-Abre logo,Belle,pelo amor de Deus!

Devagar,fui arrancando o selo e abrindo.Parei quando comecei a ver as letras.Fiquei com medo do resultado.Mas tomei coragem e abri de vez.

“Isabelle Almeida Vieira,temos o imenso prazer de anunciar que o sue aproveitamento da prova foi de 75,4 %.

Pela prova de admissão da PEC ------------------ APROVADA”

Não acreditava no que estava vendo.Eu realmente havia passado numa faculdade.

-Então,Belle,fala logo!

-Eu passei!

-Ah,filha! – minha mãe me abraçou – Eu sabia que você ia conseguir!Isso é ótimo!Vou avisar o seu pai.

Minha mãe não falava com o meu pai fazia quase um ano.Eles só se falavam quando havia algo realmente importante acontecendo,tipo eu passar numa faculdade.Eles se divorciaram faz sete anos.Minha mãe descobriu que meu pai não queria mais saber tanto assim da família e eles brigaram feio.Aí,minha mãe o expulsou de casa,e ele disse que não iria sair.Mas ela deu um jeito: jogou todas as roupas dele na rua.Ele só deu um beijo em mim e na minha irmãzinha (que na época era um bebê de dois meses) e saiu.Nunca mais o vimos em casa.

Liguei pra Anna pra avisar da novidade.Assim que terminei de contar,ela quis fazer uma festa,mas não deixei.Posso ter melhorado,mas não estava pronta pra enfrentar um monte de gente.