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Tatiana Ferrara Barros Tatiana Ferrara Barros APLICADA A FARMÁCIAS E DROGARIAS GESTÃO DE RESÍDUOS GESTÃO DE RESÍDUOS APLICADA A FARMÁCIAS E DROGARIAS

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Criação e diagramação

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Tatiana Ferrara Barros

Tatiana Ferrara Barros

aplicada a Farmácias

e drogarias

gesTão de resíduos

A geração de resíduos é um tema amplamente discutido atualmente, já que, a cada momento, há uma maior geração de lixo e menos es-paço para descartá-lo.

O objetivo deste livro é abordar o tema de gestão de resíduos fo-cado em farmácias e drogarias. Existem, na atualidade, diversas publi-cações que abordam o tema resíduos, principalmente com relação a estabelecimentos de saúde em geral, que acabam englobando tanto hospitais quanto drogarias.

Porém, apesar de ambos serem estabelecimentos de saúde, a quan-tidade de resíduos gerados, a infraestrutura e o porte dessas empre-sas são muito diferentes, sendo muitas vezes impraticáveis algumas ações em farmácias e drogarias.

A proposta que se segue, então, é demonstrar os tipos de resíduos gerados nesses estabelecimentos, como classificá-los, acondicioná-los e como é efetuado o tratamento, uma vez que a empresa geradora é responsável pelo seu resíduo até o despejo no aterro sanitário.

gesTão de resíduos

gesTão de resíduos aplicada a Farmácias e drogarias

aplicada a Farmácias e drogarias

11 5082 [email protected]

www.contento.com.br

9 788565 036085 >

ISBN 9788565036085

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GESTÃO DE RESÍDUOS APLICADA A FARMÁCIAS E DROGARIAS

Tatiana Ferrara Barros

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GESTÃO DE RESÍDUOS APLICADA A FARMÁCIAS E DROGARIAS

Tatiana Ferrara Barros

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GESTÃO DE RESÍDUOS APLICADA A FARMÁCIAS E DROGARIAS

Tatiana Ferrara Barros

1ª edição

1ª tiragem

© desta edição [2012]

Direito de produção e distribuição exclusivo daCONTENTO COMUNICAÇÃO LTDA.

Rua Leonardo Nunes, 198 – Vila ClementinoTEL (11) 5082 2200

CEP 04039-010 – São Paulo, SP – Brasilwww.contento.com.br | [email protected]

EXPEDIENTE Diretoria: Gustavo Franco de Godoy, Marcial Guimarães e Vinícius Dall’Ovo Revisão: Gustavo Franco de Godoy Revisão Ortográfica: Maria Stella Valli Ilustrações: Vagner Coelho Foto capa: Shutterstock Gráfica: Prol Editora Gráfica LTDA.

Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, especialmente por sistemas gráficos, microfílmicos, fotográficos, reprográficos, fonográficos, videográficos. Vedada a memorização e/ou reprodução total ou parcial, bem como a inclusão de qualquer parte desta obra em qualquer sistema de processamento de dados. Essas proibições aplicam-se também às características gráficas da obra e à sua editoração. A violação dos direitos autorais é punível como crime (art. 184 e parágrafos, do Código Penal), com pena de prisão e multa, conjuntamente com busca e apreensão e indenizações diversas (arts. 101 a 110 da Lei 9.610 de 19.02.1998. Lei dos Direitos Autorais).

Impresso no Brasil[06 – 2012]

Fechamento da edição[01 – 06 – 2012]

ISBN 978-85-65036-08-5

2012 TATIANA FERRARA BARROSBARROS, TATIANA FERRARA

GESTÃO DE RESÍDUOS APLICADA A FARMÁCIAS E DROGARIAS/TATIANA FERRARA BARROS. SÃO PAULO: CONTENTO, 2012.

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SUMÁRIO

Prefácio ...................................................................................9

Introdução .......................................................................... 11

Tipos de Resíduos............................................................. 13

Legislação e Regulamentação ..................................... 17

Classificação ....................................................................... 19

Segregação ......................................................................... 25

Acondicionamento .......................................................... 29

Identificação ....................................................................... 33

Coleta e Transporte .......................................................... 37

Armazenamento Temporário e Externo ................... 41

Tratamento ......................................................................... 43

Disposição Final ................................................................ 47

Confecção do PGRSS ....................................................... 49

Programa de Coleta de Resíduos em Farmácias e Drogarias ............................................. 55

Tratamento de Resíduos na Cidade de São Paulo .................................................. 56

Minicurrículo ...................................................................... 57

Referências Bibliográficas ............................................. 58

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PREFÁCIO

Atualmente a geração de resíduos é um tema am-plamente discutido. A cada momento há uma maior geração de lixo e menos espaço para descartá-lo. Além disso, outra preocupação é a contaminação do meio ambiente com alguns tipos de resíduos.

No caso de estabelecimentos de saúde há formação tanto de resíduos comuns como de resíduos de saúde, ou seja, materiais contendo fluidos biológicos, medica-mentos vencidos, entre outros.

Uma boa política de resíduos pode propiciar à em-presa uma redução de acidentes de trabalho, de cus-tos com resíduos, e também estimular a reciclagem e diminuir o risco para a sociedade. Além disso, segun-do a legislação vigente, a responsabilidade pelo resí-duo é de quem o produz.

O objetivo deste livro é abordar o tema de gestão de resíduos focado em farmácias e drogarias. Atual-mente existem muitas publicações que abordam o tema resíduos, principalmente com relação a estabe-lecimentos de saúde em geral que acabam engloban-do tanto hospitais como drogarias. Apesar de ambos serem estabelecimentos de saúde, a quantidade de resíduos gerados, a infraestrutura e o porte dessas em-presas são muito diferentes, sendo muitas vezes im-praticáveis algumas ações em farmácias e drogarias. A proposta que segue é demonstrar os tipos de resíduos

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gerados nesses estabelecimentos, como classificá-los, acondicioná-los e como é efetuado o tratamento, uma vez que a empresa geradora é responsável pelo seu resíduo até o despejo no aterro sanitário. Também se-rão abordados temas como a elaboração do Plano de Gerenciamento de Resíduos de Saúde e como é efetu-ado o tratamento de resíduos de serviço de saúde na cidade de São Paulo

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InTRODUçÃO

Em primeiro lugar é interessante discutirmos o que são os resíduos. No ano de 2010 foi promulga-da a Lei 12.305, que institui a política nacional de re-síduos sólidos para todas as empresas. Os resíduos sólidos são materiais, substâncias, objetos ou bens resultados das atividades humanas e que são des-cartados. Esse rejeito pode estar na forma sólida, se-missólida, gás ou até mesmo na forma de líquidos que por alguma razão não podem ser lançados na rede de esgotos.

A gestão de resíduos é a definição de políticas, condutas e normas internas da empresa para orien-tação de como se deve proceder com cada classe de resíduos. Os objetivos são proteger tanto a saú-de pública quanto o meio ambiente, promover a redução, reciclagem e a reutilização dos resíduos, tratamento e disposição final adequados, estimular a sustentabilidade na produção e no consumo e re-duzir a quantidade de resíduos que eventualmente sejam perigosos.

O estabelecimento gerador responde adminis-trativamente e criminalmente pelos resíduos desde a geração até a disposição geral. Na prática, signi-fica que a farmácia tem responsabilidade por seu resíduo desde o momento em que se torna efeti-vamente um resíduo, até a destinação final, ou seja,

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o aterro. Dessa forma, é necessário conhecer cada passo, pois um erro em qualquer etapa pode fazer com que o tipo de resíduo não seja tratado adequa-damente, transformando-se num risco para o esta-belecimento, que responderá judicialmente caso ocorra contaminação.

Além disso, como os resíduos de saúde apresen-tam riscos, uma adequada gestão permite que se previnam e minimizem os acidentes de trabalho, daí a imperiosa necessidade de os funcionários se-rem treinados sobre quais são as normas do estabe-lecimento em relação aos resíduos.

Desde o momento de sua produção até a dispo-sição final, os resíduos passam por diversas etapas. Cada uma delas será descrita detalhadamente, con-templando-se definições e procedimentos para classi-ficação do resíduo, segregação, ou seja, como separar cada rejeito, acondicionamento, quais os coletores utilizados de acordo com o tipo do resíduo, coleta e transporte, o tratamento e a disposição final. Também há referência às principais legislações e normas e so-bre o que cada uma delas determina. Atualmente a legislação obriga que todas as empresas tenham um Plano de Gerenciamento de Resíduos. Esse programa será detalhado no capítulo sobre a elaboração do pro-grama. Trata-se de um documento onde estão descri-tos os procedimentos, normas e cuidados do estabe-lecimento em relação aos resíduos.

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TIPOS DE RESÍDUOS

Considera-se gerador tanto a pessoa física quan-to a jurídica que através de suas atividades produz algum tipo de resíduo, ou seja, tanto pessoas quanto empresas que após produzir, distribuir ou consumir formam algum resíduo. Sendo assim, podemos clas-sificar os resíduos segundo sua origem como:

RSD – RESíDUO DOMICILIAR: É aquele gerado em nossas casas. Inclui papel, restos de alimentos e embalagens de produtos consumidos.

RSL – RESíDUO DE LIMpEzA URbANA: Produ-to da varrição das ruas, folhas de árvores, bitucas de cigarro, papéis, entre outros.

RSR – RESíDUO AGROSSILvOpASTORIL: Pro-vém da cultura agrícola, criação de animais, etc.

RCC – RESíDUO DE CONSTRUÇÃO CIvIL: Composto por restos de tijolos, cimento, madeira e outros materiais utilizados em construção.

RSI – RESíDUO INDUSTRIAL: Engloba principal-mente os produtos químicos utilizados na indústria.

RSS – RESíDUO DE SERvIÇOS DE SAúDE: Nes-te tipo estão incluídas matérias que tiveram conta-to com fluidos biológicos, como sangue, e medica-mentos que não serão utilizados.

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Para cada origem é necessário observar a legislação que deve ser seguida, para darmos uma correta desti-nação ao resíduo, reduzindo os impactos ambientais.

Os resíduos de serviços de saúde são aqueles ge-rados nos seguintes estabelecimentos:

• Hospitais / prontos-socorros• centros de saúde / casas de saúde• clínicas médicas e odontológicas

• laboratórios• ambulatórios

• centros de zoonoses• clínicas veterinárias

• centros de estética

• Farmácias• drogarias

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O risco apresentado pelos resíduos de serviços de saúde é o potencial de contaminação por algu-mas doenças, devido à presença de fluidos biológi-cos como o sangue, principalmente através de ma-teriais perfurocortantes que possibilitam a inserção de micro-organismos diretamente no organismo.

A partir deste momento, passaremos a abordar apenas os tópicos referentes a resíduos gerados em serviços de saúde, principalmente nas farmá-cias e drogarias.

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LEGISLAçÃO E REGULAMEnTAçÃO

A questão dos resíduos se estende por diversas áre-as e setores, motivo pelo qual no Brasil a regulamen-tação dos resíduos de serviços de saúde é feita tanto pelo Ministério do Meio Ambiente como pelo Minis-tério da saúde. Há também a preocupação e regula-mentação por parte do Ministério do Trabalho devido aos riscos ocupacionais oferecidos pelos resíduos.

Os dois principais órgãos que efetuam a regu-lação dos resíduos em farmácias e drogarias são o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) pertencente ao Ministério do Meio Ambiente e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pertencente ao Ministério da Saúde.

Atualmente as principais legislações de âmbito fe-deral são RDC 306/2004, da Anvisa, Conama 358/2005, Lei 12.305/2010, além da NR 32. A RDC 306/2004 dis-põe sobre o regulamento técnico para gerenciamento de resíduos de saúde, determinando quais são os esta-belecimentos que deverão cumprir esse regulamento. A elaboração do PGRSS determina as exigências para segregação, acondicionamento, coleta, armazena-mento, transporte, tratamento e disposição final e as responsabilidades do estabelecimento de saúde gera-dor do resíduo. A resolução Conama 358/2005 regu-lamenta a elaboração do PGRSS, coleta, transporte, o tratamento e a disposição final dos resíduos de serviço

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de saúde, além de classificá-los. A Lei 12.305/2010 ins-titui a política nacional de resíduos sólidos para todos os ramos de empresas, além da obrigatoriedade do PGRSS. A NR 32 tem foco na proteção dos trabalhado-res, referindo-se à segurança e saúde no trabalho em serviços de saúde e à implementação do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA). Além das le-gislações federais, deve ser observada a legislação es-pecífica do estado e município em que está localizado o estabelecimento objeto da gestão de resíduos.

Também há normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) no sentido de ser observa-da a padronização de sacos plásticos para descarte, cestos de lixo adequados e simbologia a ser utilizada. Algumas das principais normas da ABNT que influen-ciam na gestão de resíduos são: NBR 12.235, sobre o armazenamento de resíduos sólidos perigosos; NBR 12.810, sobre coleta de resíduos de serviços de saúde; NBR 13.853, que determina normas para coletores de resíduos de serviços de saúde perfurantes ou cortan-tes; NBR 7.500, que estabelece os padrões dos Sím-bolos de Risco e Manuseio para o Transporte e Arma-zenamento de Material; NBR 9.191, que determina as normas para sacos plásticos para acondicionamento de lixo e NBR 10.004, que indica a classificação de Re-síduos Sólidos. Essas normas tornam-se obrigatórias de acordo com a legislação anteriormente apresen-tada, que determina que as empresas as cumpram.

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CLASSIFICAçÃO

A legislação brasileira determina que cada tipo de resíduo se insere num grupo de acordo com o risco que oferece. Os grupos existentes são A, B, C, D e E, sendo A para os biológicos, B para os quími-cos, C para os radioativos, D para comuns e E para perfurantes e cortantes. No grupo A estão os ma-teriais infectantes como seringas, curativos, banda-gens. Em farmácias e drogarias são gerados na sala de prestação de serviços farmacêuticos, principal-mente na aplicação de medicamentos injetáveis. Os resíduos do grupo B provêm de produtos químicos; são, por exemplo, os medicamentos vencidos. No grupo D estão os resíduos comuns, gerados no se-tor administrativo e copa. Quanto ao grupo E, inclui os resíduos perfurocortantes, gerados na sala de prestação de serviços farmacêuticos, ou seja, são as ampolas de vidro e agulhas.

Os resíduos pertencentes ao grupo A são aqueles em que há possível presença de agentes biológicos que, por suas características de maior virulência ou concentração, podem apresentar risco de infecção. Essa categoria é dividida em diversos subtipos: A1, A2, A3, A4 e A5. No caso de farmácias e drogarias os resíduos gerados são do grupo A1, sendo os demais grupos descritos também, a seguir, para conheci-mento de todos:

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Grupo A1Engloba culturas e estoques de microrganismos;

resíduos de fabricação de produtos biológicos, ex-ceto os hemoderivados; descarte de vacinas de mi-crorganismos vivos ou atenuados; meios de cultura e instrumentais utilizados para transferência, inocu-lação ou mistura de culturas; resíduos de laborató-rios de manipulação genética; resíduos resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou certeza de contaminação biológica por agentes classe de risco 4, microrganismos com rele-vância epidemiológica e risco de disseminação ou causador de doença emergente que se torne epi-demiologicamente importante ou cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido; bolsas transfu-sionais contendo sangue ou hemocomponentes re-jeitadas por contaminação ou por má conservação, ou com prazo de validade vencido, e aquelas oriun-das de coleta incompleta; sobras de amostras de la-boratório contendo sangue ou líquidos corpóreos, recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, contendo sangue ou líquidos corpóreos na forma livre;

Grupo A2 Carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros

resíduos provenientes de animais submetidos a processos de experimentação com inoculação de

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microrganismos, bem como suas forrações, e os cadáveres de animais suspeitos de serem portado-res de microrganismos de relevância epidemioló-gica e com risco de disseminação, que foram sub-metidos ou não a estudo anátomo-patológico ou confirmação diagnóstica;

Grupo A3Peças anatômicas (membros) do ser humano; pro-

duto de fecundação sem sinais vitais, com peso me-nor que 500 gramas ou estatura menor que 25 centí-metros ou idade gestacional menor que 20 semanas, que não tenham valor científico ou legal e não tenha havido requisição pelo paciente ou familiares;

Grupo A4Kits de linhas arteriais, endovenosas e dialisado-

res, quando descartados; filtros de ar e gases aspi-rados de área contaminada; membrana filtrante de equipamento médico-hospitalar e de pesquisa, entre outros similares; sobras de amostras de labo-ratório e seus recipientes contendo fezes, urina e secreções, provenientes de pacientes que não con-tenham e nem sejam suspeitos de conter agentes Classe de Risco 4, e nem apresentem relevância epi-demiológica e risco de disseminação, ou microrga-nismo causador de doença emergente que se torne epidemiologicamente importante ou cujo mecanis-

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mo de transmissão seja desconhecido ou com sus-peita de contaminação com príons; resíduos de te-cido adiposo proveniente de lipoaspiração, lipoes-cultura ou outro procedimento de cirurgia plástica que gere este tipo de resíduo; recipientes e mate-riais resultantes do processo de assistência à saúde, que não contenha sangue ou líquidos corpóreos na forma livre; peças anatômicas (órgãos e tecidos) e outros resíduos provenientes de procedimentos cirúrgicos ou de estudos anátomo-patológicos ou de confirmação diagnóstica; carcaças, peças ana-tômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais não submetidos a processos de experi-mentação com inoculação de microrganismos, bem como suas forrações; e bolsas transfusionais vazias ou com volume residual pós-transfusão.

Grupo A5órgãos, tecidos, fluidos orgânicos, materiais

perfurocortantes ou escarificantes e demais mate-riais resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou certeza de contami-nação com príons.

Grupo bInclui substâncias químicas que podem apre-

sentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de inflamabi-

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lidade, corrosividade, reatividade e toxicidade. Em farmácias e drogarias há formação desse tipo de resíduo principalmente quando os medicamen-tos têm o prazo de validade expirado. Nesse caso, principalmente a questão da toxicidade deve ser levada em conta: produtos hormonais e produ-tos antimicrobianos; citostáticos; antineoplásicos; imunossupressores; digitálicos; imunomodulado-res; antirretrovirais, quando descartados por servi-ços de saúde, farmácias, drogarias e distribuidores de medicamentos ou apreendidos e os resíduos e insumos farmacêuticos dos medicamentos contro-lados pela Portaria MS 344/98 e suas atualizações; resíduos de saneantes, desinfetantes, desinfestan-tes; resíduos contendo metais pesados; reagentes para laboratório, inclusive os recipientes contami-nados por estes.

Grupo CSão os resíduos não gerados em farmácias e dro-

garias, pois incluem os materiais radioativos. São gerados em laboratórios de pesquisa, análises clíni-cas, medicina nuclear e radioterapia.

Grupo DNele ficam os resíduos que não participam de

nenhum outro grupo, não apresentando risco bio-lógico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio

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ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares. Nesse grupo estão inclusos papel de uso sanitário e fralda, absorventes higiênicos, ma-terial utilizado em antissepsia, sobras de alimentos e do preparo de alimentos; resíduos provenientes das áreas administrativas; resíduos de varrição, flo-res, podas e jardins.

Grupo EÉ composto por materiais perfurocortantes ou

escarificantes que podem pertencer também aos outros grupos relacionados anteriormente (A, B e C). São exemplos as agulhas e ampolas. Note que quando uma agulha é utilizada para aplicação de um medicamento injetável sua classificação per-tence a três grupos: A, pois no momento da perfu-ração houve contato com sangue; B, pois a seringa utilizada está com resíduo de medicamentos, e E, pois a agulha é um material perfurante. Já no caso de ampolas de medicamentos, há o resquício de medicamento que ficou no frasco que, por geral-mente ser de vidro, pode provocar cortes, perten-cendo ao grupo E.

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SEGREGAçÃO

A segregação se refere a como separar correta-mente os resíduos no momento e local de sua ge-ração, ou seja, quando um funcionário joga algo no lixo deve se assegurar de que aquele resíduo deve ir para aquele tipo de recipiente. Essa escolha do local apropriado para descarte depende das caracterís-ticas físicas, químicas e biológicas do rejeito a ser inutilizado e quais os riscos que ele oferece.

Para isso, é necessário entender quais os resídu-os gerados nas farmácias e drogarias e onde devem ser descartados.

Para cada uma dessas classificações há um sím-bolo que a representa, conforme demonstrado na tabela 1.

Tabela 1 – Tabela de grupos de resíduos

GRUPO DESCRIçÃO EXEMPLO LOCAL DE GERAçÂO SÍMBOLO

A Infectante

Materiais (algodão, gaze,

luvas) que tiveram contato

com sangue

Sala de prestação de serviços

farmacêuticos

B Químicos

Medicamentos, matérias-primas

vencidos, mercúrio de

termômetros

Armazenamento de medicamentos

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Nas farmácias e drogarias os resíduos do grupo A são todos aqueles que tiveram contato com sangue, proveniente da sala de serviços farmacêuticos no momento em que é efetuada a aplicação de injetá-veis e perfuração de lóbulo auricular para colocação de brincos. Dentre esses materiais encontram-se al-godão, gaze, luvas e outros.

O Grupo B é composto por resíduos químicos que podem ou não ter algum grau de periculosidade e ris-co para o meio ambiente, para os funcionários e para a população. Os resíduos químicos mais comuns em farmácias e drogarias são medicamentos vencidos, matérias-primas vencidas, produtos cosméticos ven-cidos e também se deve considerar a quebra de ter-mômetros de mercúrio, quando a empresa trabalhar com esse produto, pois nesse caso o mercúrio se torna um resíduo químico. Por haver vários princípios ativos em medicamentos e cosméticos, cada um deles pode

C Radioativos

Não há geração desse tipo de resíduo em farmácias e drogarias

Não é gerado em farmácias e

drogarias

D Comum Papel, restos de comida Escritório, loja

Fonte: A autora

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oferecer um grau de risco. Deve-se considerar uma conduta específica para ativos tóxicos que não apre-sentam riscos à saúde ou ao meio ambiente, como o soro fisiológico, por exemplo, que é um medicamento, mas não deve ser tratado como um produto perigoso e pode ser lançado na rede de esgoto.

Além disso, também são considerados resídu-os químicos materiais como agulhas, seringas, ampolas e frascos, algodão, frascos de soluções, esparadrapos e adesivos, máscaras, luvas quando contaminadas ou que tiveram contato com pro-dutos químicos.

Resíduos perfurocortantes são gerados na sala de prestação de serviços farmacêuticos no momento da aplicação de injetáveis. Podem pertencer também aos grupos A, B e C que apresentam propriedades perfurantes ou cortantes ou que contenham mate-riais facilmente quebráveis. Esses resíduos são clas-sificados como RSS Grupo E. As ampolas de medica-mentos e agulhas pertencem a esse grupo.

Na segregação do grupo D pode-se optar ou não pela reciclagem e, no momento da geração, o resí-duo deve já ser separado de acordo com o que foi estipulado pela empresa. Também é preciso verificar se a caixa do medicamento e a bula não tiveram con-tato com o produto, e devem ser segregados como resíduo comum, já o blíster de alumínio que fica em contato com o produto pertence ao grupo B.

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ACOnDICIOnAMEnTO

O acondicionamento é a forma como o resíduo deve ser embalado. Essa embalagem deve respeitar as características de segregação e também iden-tifica o resíduo. Deve ocorrer no momento da ge-ração. Os sacos e coletores não podem permitir o vazamento e devem resistir a ruptura. No caso de cortantes e perfurantes também não podem permi-tir que esses objetos rompam o coletor, mesmo sob uma pressão leve. Existem diversas marcas de co-letores e sacos disponíveis no mercado que devem respeitar as normas da ABNT para que não ocorra o rompimento e a identificação seja adequada.

De acordo com as características físicas, quími-cas e biológicas, há diferentes formas de acondicio-namento adequadas a cada grupo de resíduos.

As embalagens também possuem limites para peso e volume que devem ser respeitados; não podem ser esvaziadas ou reaproveitadas. Os sa-cos devem ficar em um cesto de material lavável, resistente à punctura, ruptura e vazamento, com tampa que não necessite de contato manual para abertura, além de ser resistente ao tombamento.

Os resíduos líquidos devem ser acondicionados em recipientes constituídos de material compatível com o líquido armazenado, resistentes, rígidos e es-tanques, com tampa rosqueada e vedante.

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O grupo A deve ser acondicionado em saco bran-co leitoso com o símbolo correspondente. Resíduos químicos, ou grupo B, que apresentam riscos de toxicidade para a saúde ou meio ambiente devem ser acondicionados em coletores com indicação de resíduos perigosos.

Quando ocorre a quebra de termômetro con-tendo mercúrio os resíduos devem ser acondicio-nados, segundo a legislação, em recipientes sob selo d’água e encaminhados para recuperação. Selo d´água é um recipiente que contém uma quantida-de de água e um tubo que fica imerso na água e passa através da tampa.

Não há obrigatoriedade de cor ou símbolo para o Grupo D. Devem-se utilizar sacos impermeáveis, contidos em recipientes com tampa. Quando há política de reciclagem dos resíduos do grupo D, a identificação dos recipientes pode ser feita com símbolo de material reciclável e as cores e nomen-clatura da seguinte forma:

• azul: papéis• amarelo: metais• verde: vidros• vermelho: plásticos• marrom: orgânicos

Os resíduos pertencentes ao grupo E devem per-

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manecer acondicionados dentro do coletor especí-fico para perfurocortantes, conforme figuras 1 e 2. As agulhas devem ser desprezadas juntamente com as seringas, sendo proibido reencapá-las ou proce-der a sua retirada manualmente, para que se evite o risco de acidente. Esse coletor não deve ter seu volume preenchido acima de 2/3 da capacidade.

Quando houver serviço de atenção farmacêutica domiciliar, o estabelecimento deve recolher o resí-duo gerado e dispensá-lo de acordo com seu grupo.

Após o acondicionamento não pode haver a ma-nipulação do resíduo de nenhum grupo, como, por exemplo, abrir o saco e transferir o conteúdo para ou-tra embalagem.

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IDEnTIFICAçÃO

A identificação é necessária para que se reconheça o conteúdo dos recipientes e se faça um correto manuse-amento de cada embalagem. A identificação deve estar de acordo com as normas da ABNT, permitindo fácil vi-sualização e entendimento. Utilizam-se símbolos, cores e frases de alerta de acordo com cada grupo de resíduos.

O Grupo A é identificado pelo símbolo de substância infectante com rótulos de fundo branco, desenho e con-tornos pretos. O Grupo B é identificado através do sím-bolo de risco associado com discriminação de substân-cia química e frases de risco. No caso de medicamentos utiliza-se a palavra PERIGO. O Grupo C é representado por um símbolo internacional de presença de radiação ioni-zante em rótulos de fundo amarelo e contornos pretos, acompanhado da expressão RADIOATIVO.

O Grupo E é identificado pelo alerta PERFUROCORTAN-TE, adicionado do símbolo do grupo infectante, químico ou radioativo, conforme figuras 1 e 2.

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Figura 2 – Coletor de resíduos perten-centes aos grupos E e B

Figura 1 – Coletor de resíduos per-tencentes aos grupos E e A

Figura 3 – Saco para acondicionamen-to de resíduos pertencentes ao grupo A

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A tabela 2 resume os resíduos comumente gerados em farmácias e drogarias, local da geração, grupo a que per-tencem, estado físico e embalagem de acondicionamento.

Tabela 2 – Resumo de resíduos gerados em farmácias e drogarias, local de geração, grupo, estado físico e acondicionamento.

Local Resíduo Gerado Grupo Estado Físico Acondicionamento  A B D E Sólido Líquido  

Sala de Prest. Serv.

Farma.

Algodão, Gaze

X       X  Saco branco leitoso

com simbolo infectante

Sala de Prest. Serv.

Farma.

Luvas Procedimento

X       X  Saco branco leitoso

com simbolo infectante

Sala de Prest. Serv.

Farma.

Seringas, agulhas

 X X    X X   Coletor de perfurocortantes

Sala de Prest. Serv.

Farma.

Ampolas, frascos

   X   X X   Coletor de perfurocortantes

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Sala de Prest. Serv.

Farma. Mercúrio (caso de quebra do termômetro)

X X Recipiente de vidro

Ambiente de loja

Papel de escritório

    X   X   Saco preto, comum

Estoque

Medicamentos Vencidos

  X     X  Coletor de resíduos

laranja com simbolo perigoso

BanheirosPapel higiênico, papel toalha e

absorventes higiênicos

    X   X   Saco preto comum

Copa

Resto alimentar

    X   X   Saco preto comum

Ambiente de loja

Resíduos de varrição

    X   X   Saco preto comum

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COLETA E TRAnSPORTE

A coleta interna dos resíduos é a retirada dos sa-cos ou coletores para um armazenamento tempo-rário. Depende da quantidade de rejeitos gerados pelo estabelecimento. Deve ser determinada a fre-quência da retirada para cada grupo e até que vo-lume os coletores e sacos podem ser enchidos, pois cada um tem uma capacidade máxima determina-da e não devem ser utilizados além disso para que se evitem acidentes.

Quando não houver armazenamento temporário, informar que haverá coleta externa diretamente do local da geração. No caso de farmácias e drogarias, geralmente só há armazenamento temporário para o grupo D, visto que os volumes de resíduos dos grupos A, B e E são pequenos. Nesse caso informar a periodi-cidade de retirada dos sacos de lixo comum das cestas e qual EPI obrigatório deve ser utilizado.

A coleta externa é a retirada do resíduo feita por empresas contratadas pelo município para os resí-duos comuns. Em alguns municípios a prefeitura possui também uma empresa para coleta dos resí-duos A, B e E. Quando não houver coleta de resídu-os infectantes e químicos pelo município, o estabe-lecimento escolhe uma transportadora. Neste caso, deve checar se a empresa dispõe dos documentos e estrutura necessária para coleta desse tipo de re-

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síduo, bem como verificar como será efetuado o tra-tamento e onde será a disposição final, ou seja, será preciso acompanhar todo o processo depois que ocorre a coleta externa, para garantir que o proce-dimento está sendo executado de acordo com as normas e legislações vigentes.

É necessário, também, descrever como é efetua-da a coleta para cada grupo (A, B, D e E) de resíduo, especificando os dias da semana da coleta do gru-po D. Para os resíduos dos grupos A, B e E também deve ser mencionada a periodicidade com que ocor-re essa coleta, conforme exemplo na tabela 3, bem como deve ser descrito o tipo de veículo que efetua o transporte.

No momento da coleta há necessidade da entre-ga do manifesto de transporte de resíduos, docu-mento que informa o que há dentro dos coletores. Em caso de acidente com o veículo, haverá como identificar a carga e tomar as precauções devidas, observando-se o tipo de material e conduta que deve ser tomada frente ao suposto acidente, pois pode haver, por exemplo, o espalhamento da carga.

Cada município pode ter sua legislação referen-te ao manifesto de transporte de resíduos, incluin-do o modelo e os dados que nele devem constar. As informações em geral solicitadas são referentes ao estabelecimento gerador, a empresa que fará o transporte e a empresa destino da carga. Além

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disso, também deve ser informado o tipo de resí-duo de acordo com o grupo, a descrição e o estado físico em que se encontra. Em algumas cidades o manifesto contém uma declaração do estabeleci-mento de que a classificação, acondicionamento, embalagem e rotulação foram efetuados de acor-do com a legislação.

Tabela 3 – Exemplo de frequência de coleta interna e ex-terna e EPI necessário para manejo

Grupo Frequência Coleta Interna

Frequência Coleta Externa EPI

A Quando atingir 2/3 do volume 1 vez ao mês Luvas

Borracha

B 1 vez ao mês 1 vez ao mês Luvas Borracha

D 3 vezes ao dia 2ª, 4ª e 6ª Luvas Borracha

E Quando atingir 2/3 do volume 1 vez ao mês Luvas

Borracha

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ARMAzEnAMEnTO TEMPORÁRIO E EXTERnO

Estipular para cada grupo se haverá armazena-mento temporário e externo. Geralmente o volume de resíduos perfurocortantes e infectantes da far-mácia é pequeno e a maioria não tem um lugar para armazenamento desses resíduos fora o local de ge-ração. Dessa forma, o procedimento deve ser elabo-rado de forma a nunca ultrapassar os limites do ma-terial de armazenamento para que no momento da coleta externa o resíduo seja retirado direto do local de geração, sem necessidade de armazenamento.

Quando houver armazenamento temporário de resíduos dos grupos A, B e E, o local deve ter infra-estrutura de acordo com a legislação; deve ser fe-chado e trancado, a porta deve abrir para fora, piso e paredes têm de ser de material lavável e estarem identificados. Também não pode haver mistura com os resíduos do grupo D. No procedimento deve ser prevista a limpeza desse local, frequência e como efetuá-la. O abrigo para resíduos do grupo D tam-bém deve ser fechado e coberto, revestido com ma-terial na cor branca que possibilite a lavagem, com ralo ligado à rede de esgoto.

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TRATAMEnTO

O tratamento do resíduo é um processo empre-gado com a finalidade de reduzir o risco ambiental e social dos rejeitos. A empresa que efetua trata-mento de resíduos deve ser licenciada para execu-tar o processo.

Há diversos tipos de tratamento que podem ser efetuados e cada um é indicado para um grupo es-pecífico de resíduos.

Os resíduos do grupo D, comuns, quando não houver a possibilidade de ser empregado algum processo de reutilização, recuperação ou recicla-gem, devem ser encaminhados para aterro sanitá-rio de resíduos sólidos urbanos.

Os resíduos do grupo A não podem ser recicla-dos, conforme legislação, reutilizados ou reapro-veitados inclusive para a alimentação animal.

Os resíduos dos grupos A, B, C e E necessitam de tratamento diferente do empregado no grupo D, para que as características físicas, químicas e bio-lógicas sejam alteradas, diminuindo o risco de se-gurança e saúde oferecido ao ambiente e à popu-lação. Entre eles podemos destacar a incineração, autoclavagem, tratamentos químicos, micro-ondas e decaimento. As mais comumente utilizadas são a incineração, que trata tanto dos resíduos do grupo A como do B e do E, e a desativação eletrotérmica

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(ETD), que pode ser utilizada apenas para resíduos dos grupos A e E. A técnica de decaimento é utiliza-da somente para resíduos do grupo C. As diferentes técnicas e os grupos em que são empregadas para tratamento estão demonstrados na tabela:

Tabela 4 – Tratamentos indicados para os grupos A, B e C

Formas de tratamento Grupo A Grupo B Grupo CIncineração X X

ETD XQuímico X

Autoclave XDecaimento X

Fonte: Autora

IncineraçãoA incineração consiste na destruição dos resídu-

os por combustão. Para isso são utilizadas tempe-raturas acima de 800ºC. Nesse tipo de tratamento o volume de resíduo pode sofrer uma redução de cerca de 90%.

ETD - desativação eletrotérmicaNo tratamento realizado por processo de desati-

vação eletrotérmica (ETD), o material é previamente triturado por duas vezes e seu volume fica reduzido em cerca de 70% do volume inicial, depois é colo-

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cado em um equipamento que o trata através de ondas de baixa frequência que variam de 11 a 13 mHz; a temperatura atingida fica acima de 90ºc. Esse processo é parecido com o do micro-ondas utilizado em nossas casas. O tratamento de ETD é utilizado apenas para infectantes, grupos A e E, não havendo efetividade para o tratamento de resíduos químicos e radioativos.

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DISPOSIçÃO FInAL

A disposição final é definida como a disposição dos resíduos no solo. Para isso, é necessário que esse solo esteja preparado para receber tais resíduos.

Na disposição, os resíduos dos grupos A, B, D e E, após tratados, são colocados nos aterros sanitários, ou seja, locais que atendem a critérios técnicos para serem construídos e operados sem causar danos ao meio ambiente, devendo estar licenciados. O aterro é uma forma de se depositar os rejeitos dentro da menor área possível. Sua construção permite evitar a contaminação do lençol de água, arraste de par-tículas, liberação de gases para o ambiente, acesso tanto de animais quanto de pessoas aos resíduos depositados, incêndios e impactos visuais, já que o resíduo é recoberto por terra.

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O plano de gerenciamento de serviços de saúde (PGRSS) é um documento, obrigatório para todas as empresas, que descreve o roteiro de trabalho com procedimentos a serem adotados para estabelecer o tipo de resíduo gerado e local, como manusear esse tipo de resíduo, a fim de minimizar riscos para os funcionários, efetuar adequação de procedimen-tos e infraestrutura, melhorando a segurança no trabalho. Tem também a finalidade de proteger o meio ambiente de possíveis contaminações.

O objetivo do programa é descrever ações relati-vas ao manejo de resíduos, contemplando aspectos referentes a geração, segregação, acondicionamen-to, coleta, armazenamento, transporte, tratamento e destinação final para a proteção do meio ambien-te, funcionários e da saúde pública.

O PGRSS deve ser elaborado tendo como referên-cia os riscos descritos no Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e as medidas descritas no Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), bem como normas brasileiras e legislações federais, estaduais e municipais pertinentes.

Para a elaboração do programa deve ser efetu-ada uma análise de cada resíduo gerado de modo a determinar a forma mais correta de manuseio, contemplando-se desde a formação do resíduo até

COnFECçÃO DO PGRSS

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a destinação final. Cada estabelecimento deve criar seu PGRSS de acordo com a própria realidade. O modelo sugerido consiste na seguinte estrutura:

1. Capa com identificação do documento e data de elaboração.

2. Dados de identificação do estabelecimento de saúde:

a) Razão social b) CNPJ c) AFE d) Licença Sanitária Municipal e) Endereço f ) Atividade da empresa g) Número de funcionários h) Horário de funcionamento

3. Dados do responsável técnico. Este tópico, bem como os de identificação, facilitam a identifi-cação dos responsáveis pelo PGRSS:

a) Nome do responsável técnico b) RG c) Conselho de Classe: CRF d) Número de registro no Conselho e) Endereço residencial f ) Assinatura

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4. Dados do responsável legal: a) Nome b) RG c) Endereço residencial d) Assinatura

5. Dados de outros funcionários envolvidos na implantação e execução do PGRSS:

a) Nome b) RG c) Endereço residencial d) Assinatura

6. Definições: Definir as palavras não comuns que serão utilizadas no programa. Por palavras não comuns entende-se que são as que não são utiliza-das no dia a dia e que a pessoa com o menor nível de instrução da empresa não conhece, uma vez que o programa contempla desde o faxineiro até o far-macêutico. Efetuar todo o programa de forma que todos entendam o que está escrito.

7. Infraestrutura do estabelecimento: Estas in-formações facilitam a logística da coleta, bem como podem influenciar na decisão de como o re-síduo será tratado:

a) Tipo (público/privado) b) Porte (micro/pequeno/médio/grande)

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c) Área de localização (residencial/industrial/comercial/rural)

d) Planta baixa da empresa e) Área total do terreno (m²) f ) Estrutura (quais são os setores do estabe-

lecimento, número de pavimentos) g) Abastecimento de água e rede de esgoto

(descrever como é feito o abastecimento de água e o descarte na rede de esgoto, incluindo tratamento)

8. Caracterização e quantificação do resíduo gerado: a) Grupo A (infectantes): informar quantida-

de média em kg/mês desse resíduo. b) Grupo B (químicos): informar quantidade

em kg/mês desse resíduo. c) Grupo D (recicláveis): informar quantida-

de em kg/mês desse resíduo. d) Grupo D (orgânicos): informar quantida-

de em kg/mês desse resíduo. e) Grupo E (perfurocortantes): informar

quantidade em kg/mês desse resíduo. f ) Mapa do resíduo: demonstrar o fluxo per-

corrido pelo resíduo dentro da empresa. g) Fluxograma: elaborar fluxograma descre-

vendo a sequência do resíduo desde a geração até a disposição final.

h) Procedimentos descrevendo a conduta com cada grupo de resíduos com relação a ma-nuseio, geração, segregação, acondicionamento,

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transporte, tratamento e disposição final do resí-duo, mencionando também o uso de equipamento de proteção individual (EPI). Informar a frequência da coleta e, caso o estabelecimento efetue coleta seletiva, descrever como é realizada.

i) Procedimentos para emergências com o resíduo e como se deve proceder (por exemplo, caso haja o rompimento do saco ou qualquer outro tipo de acidente que possa ocorrer).

9. Cronograma, contemplando treinamento e re-ciclagem de treinamento para os funcionários, revi-são do programa, adequação de estruturas, proces-sos, instalações e outras que forem necessárias.

O PGRSS ainda deve conter detalhamento da ro-tina de prevenção de controle de insetos e roedo-res, conduta a ser adotada em caso de emergência e acidentes, ações de prevenção à saúde dos fun-cionários, além de programa para capacitar e reci-clar todos os trabalhadores da empresa em relação à gestão do resíduo efetuada.

No plano também devem ser desenvolvidas ferramentas para avaliação e controle periódico de sua eficácia. Os indicadores mínimos para ava-liação são: taxa de acidentes com resíduo perfu-rocortante, variação da geração de resíduos, varia-ção da proporção de resíduos do grupo A, variação

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da proporção de resíduos do grupo B, variação da proporção de resíduos do grupo D, variação da proporção de resíduos do grupo E, variação do percentual de reciclagem.

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As farmácias e drogarias podem desenvolver programas de coleta para sobras de medicamentos e medicamentos vencidos no domicilio da popula-ção. O programa deve constar no PGRSS e respeitar as legislações referentes a resíduo.

Uma das vantagens para implementação desse tipo de programa é o retorno do cliente à loja para efetuar o descarte, momento em que se pode efe-tuar uma nova venda e, além disso, fixar a imagem de empresa ambientalmente responsável. De fato, hoje é cada vez maior a preocupação com o meio ambiente e o cliente passa a ver o estabelecimen-to com novos olhos, face à preocupação deste em contribuir para a preservação ambiental.

Internamente também pode ser implementado um programa de reciclagem junto com os funcio-nários, conscientizando-os da questão ambiental e reduzindo o volume de resíduos, o que é econo-micamente interessante para a empresa, pois evita o desperdício de recursos e materiais.

PROGRAMAS DE COLETA DE RESÍDUOS EM FARMÁCIAS E DROGARIAS

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Na cidade de São Paulo as farmácias e drogarias podem se cadastrar na prefeitura no departamen-to de limpeza urbana (Limpurb) para que ocorra a coleta do resíduo de serviço de saúde por meio de concessionárias contratadas. Segundo a prefeitura, são geradas em torno de 91 toneladas de resíduos de saúde por dia na cidade.

Essas empresas que fazem a coleta separam o resíduo de acordo com o saco ou caixa em que foi acondicionado, indicando seu grupo e levam o re-síduo para os seguintes tipos de tratamento:

Resíduos do grupo A, ou seja, os que apresentam riscos biológicos, são encaminhados para o trata-mento pelo processo de desativação eletrotérmica.

Resíduos do grupo b, que abrangem os resídu-os químicos, são encaminhados para incineração.

Visitando algumas farmácias e drogarias na ci-dade de São Paulo e conversando com alguns far-macêuticos, foi possível averiguar que em todas elas os resíduos de químicos do grupo B, como me-dicamentos vencidos, são acondicionados no saco branco de lixo infectante, ou seja, grupo A . Assim, acabam sendo enviados para a empresa coletora e levados para tratamento pelo sistema ETD.

Dessa forma, esse resíduo químico não é trata-

TRATAMEnTO DE RESÍDUOS nA CIDADE DE SÃO PAULO

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do, conforme visto anteriormente no capítulo sobre tratamento; esse tipo de processo somente inutiliza o material biológico.

Em conclusão, grande parte do resíduo químico gerado pelas farmácias e drogarias da cidade de São Paulo não é tratado devido a uma segregação incorreta, uma vez que esse tipo de material deveria ser acondicionado em sacos com o símbolo laranja, que indica resíduo químico e, como tal, seria enca-minhado para incineração. Isso ocorre devido ao desconhecimento sobre segregação e como deve ser efetuado o tratamento do resíduo. Na verdade, grande parte das pessoas acredita que esse tipo de resíduo da cidade de São Paulo é incinerado.

Tatiana Ferrara Barros tem pós-graduação inter-nacional em Administração de Empresas pela FGV e University of California, especialista em cosmetolo-gia pelas Faculdades Oswaldo Cruz e graduada em Farmácia. Tem experiência no segmento farmacêu-tico, especialmente na área de Varejo, tendo atuado em diversas empresas do ramo. Atualmente é dire-tora-proprietária da Ferrara Soluzioni Consultoria, Assessoria e Treinamentos.

MInICURRÍCULO

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BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvi-sa). RDC Nº 214, de 12 de dezembro de 2006. Dispõe so-bre Boas Práticas de Manipulação de Medicamentos para uso Humano em Farmácias. diário oficial da república Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 18 de dezembro de 2006, seção 1;

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (An-visa). RDC Nº 306, de 07 de dezembro de 2004. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. Diário Oficial da Repúbli-ca Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasilia, DF, 10 de dezembro de 2004, seção 1.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (An-visa). RDC Nº 44, de 17 de agosto de 2009. Dispõe sobre Boas Práticas Farmacêuticas para o controle sanitário do funcionamento, da dispensação e da comercialização de produtos e da prestação de serviços farmacêuticos em farmácias e drogarias e dá outras providências. Diário Ofi-cial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasilia, DF, 18 de agosto de 2009, seção 1.

BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente (Cona-ma). Resolução 283, de 12 de julho de 2001. Dispõe so-bre o tratamento e a destinação final dos resíduos dos serviços de saúde. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasilia, DF, 01 de outubro de 2001, seção 1.

ABNTAnvisaConamaPrefeitura de São Paulo

REFERênCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Tatiana Ferrara Barros

Tatiana Ferrara Barros

aplicada a Farmácias

e drogarias

gesTão de resíduos

A geração de resíduos é um tema amplamente discutido atualmente, já que, a cada momento, há uma maior geração de lixo e menos es-paço para descartá-lo.

O objetivo deste livro é abordar o tema de gestão de resíduos fo-cado em farmácias e drogarias. Existem, na atualidade, diversas publi-cações que abordam o tema resíduos, principalmente com relação a estabelecimentos de saúde em geral, que acabam englobando tanto hospitais quanto drogarias.

Porém, apesar de ambos serem estabelecimentos de saúde, a quan-tidade de resíduos gerados, a infraestrutura e o porte dessas empre-sas são muito diferentes, sendo muitas vezes impraticáveis algumas ações em farmácias e drogarias.

A proposta que se segue, então, é demonstrar os tipos de resíduos gerados nesses estabelecimentos, como classificá-los, acondicioná-los e como é efetuado o tratamento, uma vez que a empresa geradora é responsável pelo seu resíduo até o despejo no aterro sanitário.

gesTão de resíduos

gesTão de resíduos aplicada a Farmácias e drogarias

aplicada a Farmácias e drogarias

11 5082 [email protected]

www.contento.com.br

9 788565 036085 >

ISBN 9788565036085