livro 20 anos bioquimica medicina vol 1

Upload: denise-leite-da-silva

Post on 30-Oct-2015

76 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • BIOQUMICA EM MEDICINA

    Vol. I

    Anlises e Perspectivas

  • Os Editores agradecem a generosa comparticipao financeira da Fundao Calouste Gulbenkian que tornou possvel

    a publicao desta obra

  • BIOQUMICA EM MEDICINA

    Vol. I

    Anlises e Perspectivas

    Editores J. Martins e Silva Carlota Saldanha

    Edies Colibri

  • Ttulo Bioqumica em Medicina Vol. I

    Anlises e Perspectivas

    Editores J. Martins e Silva e Carlota Saldanha

    Edio Edies Colibri

    ISBN 978-972-772-977-7

    Depsito legal 307 109/10

    Data de edio Maro de 2010

  • ndice

    VOLUME I

    Anlises e Perspectivas

    Prefcio ............................................................................................................. 9

    Captulo 1 Acesso ao Ensino de Bioqumica em Medicina e Avaliao Diagnstica de Conhecimentos

    1 Preparao real dos alunos candidatos ao curso de Medicina, na rea da qumica.

    In: J Soc Cin Md Lisboa 1984; 148:28-32 ........................................................ 15

    2 Ensino de bioqumica. In: Boletim FML 1986; 16:1-2 ............................................................................. 23

    3 Apreciao de uma avaliao diagnstica precedente ao ensino de bio-qumica em 1986/1987.

    In: Actas do IV Cong Nac Educ Md, Lisboa 9-11/Janeiro/1987 ........................ 25

    4 Avaliao diagnstica dos interesses, vivncias e conhecimentos de qumica dos alunos admitidos FML em 1989/1990.

    In: Acta Md Port 1991; 4:37-42 ......................................................................... 37

    5 Acesso Faculdade de Medicina de Lisboa. Avaliao dos conhecimen-tos especficos de qumica e perfil scio-cultural dos alunos admitidos nos anos lectivos de 1989/90 e 1990/91.

    In: Boletim FML 1991; Srie II, 8:20, 5-15 . ........................................................ 51

    6 Anlise de alguns factores acadmicos e demogrficos potencialmente preditores do rendimento na disciplina de bioqumica pelos estudantes de medicina admitidos na Faculdade de Medicina de Lisboa em 1990/1991.

    In: Educ Md 1992, 3 (3): 106-124 ...................................................................... 69

  • 6 Acesso ao Ensino de Bioqumica em Medicina

    7 Proposta de re-estruturao das perguntas de qumica nas provas espec-ficas de biologia, fsica e qumica e suas implicaes.

    In: Educ Md 1993, 4 (1), 18-26 .......................................................................... 87

    8 Insuficiente escolaridade de qumica orgnica do ensino pr-univer-sitrio Portugus.

    In: Rev. Qumica 1994, 55:10 .............................................................................. 99

    9 Um cuidado adicional na pr-graduao. In: Rev FML 1996; III (3-4) 63-64 ...................................................................... 103

    10 Hbitos de estudo e estilos de aprendizagem dos alunos do 1 ano da Faculdade de Medicina de Lisboa caracterizao e evoluo.

    In: Rev FML 2000; Srie III 5 (5): 313-317 ...................................................... 107

    11 Self-learning habits of students. In: Medical Education in Europe. Anthology of Med-Net Conference Presenta-

    tions 1998, Lille and 1999, Maastricht, pg 75-80, 1999 .................................... 113

    Captulo 2 Bioqumica na formao mdica 12 Relevncia da bioqumica no curriculum mdico. Ensaio sobre a edu-

    cao mdica e a sua dependncia da investigao e cincias experi-mentais.

    In: J. Soc. Cin. Md Lisboa. 1984; CXLVIII: 81-94 . ...................................... 121

    13 A bioqumica no progresso mdico. In: Boletim FML 1986, 16:1-2 .......................................................................... 145

    14 Consideraes sobre algumas modalidades de formao ps-graduada em bioqumica patolgica.

    In: Educ Md 1989, 3 (2): 160-165 ................................................................... 149

    15 Ensino ps-graduado em bioqumica. In: Rev Medicina 1990; 6:3-7 ............................................................................ 159

    Captulo 3 Relatrios Pedaggicos 16 Relatrio pedaggico. J. Martins e Silva, 1978 .................................. 169

    17 Relatrio pedaggico. Carlota Saldanha, 2004 ................................... 195

  • Bioqumica em Medicina Vol. I 7

    VOLUME II

    Metodologias e Programas de Estudo

    Captulo 4 Programas de Estudo

    18 Programas de estudo (Programas, sumrios e procedimentos seguidos

    nas disciplinas de Bioqumica e Bioqumica Fisiolgica. Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa)

    In: Edio do Instituto de Bioqumica/Instituto de Biopatologia Qumica, FML (2005) ............................................................................................. 11

    19 A aprendizagem de bioqumica por mtodos experimentais In: Actas do IV Congresso Nacional de Educao Mdica, Lisboa, 9-11 de

    Janeiro 1987 ............................................................................................ 239

    20 Curso de iniciao investigao cientfica uma experincia peda-ggica no mbito da bioqumica

    In: Rev FML1995; Srie II (2) 102-104 ...................................................... 257

    21 Uma experincia de ensino-aprendizagem baseado em problemas com alunos de medicina sem aproveitamento anterior em bioqumica fisio-lgica

    In: Comunicao apresentada em Annual Conference of the Association for Medical Education in Europe, Beer Sheva, Israel, 27-30/Agosto/2000 .......... 261

    Captulo 5 Metodologias 22 Estgio de investigao laboratorial em bioqumica: aco in vitro e in

    vivo do LPS In: Rev. FML 2002; Srie III, 7 (6): 279-286 .............................................. 291

    23 Cursos livres de bioqumica experimental para alunos de medicina: 15 Anos de uma Iniciativa Pedaggica

    In: Edio do Instituto de Bioqumica, FML (1997) ..................................... 307

    24 Seminrios pr-graduados de bioqumica: uma proposta didctica para melhorar a interaco intra e interdisciplinar no curso de medicina

    In: Rev FML 1995; Srie II, I(4):182-184 ................................................... 337

    25 Seminrios multidisciplinares de bioqumica (1989/90-2006-07) In: Actas de Bioqumica, volume 8, 2007 ................................................... 343

  • 8 Acesso ao Ensino de Bioqumica em Medicina

    VOLUME III

    Temas e Mapas Metablicos de Bioqumica Fisiolgica

    Captulo 6 Problemas e casos clnicos de aplicao bioqumica 26 Temas de Bioqumica Fisiolgica. In: Edio do Instituto de Bioqumica, FML (1 Ed: 1996; 2 Ed 1997) .......... 11

    27 Temas de Bioqumica Fisiolgica (Colectnea de problemas e casos clnicos seleccionados para o ensino-aprendizagem de estudantes de Medicina na disciplina de Bioqumica Fisiolgica,de 1998 a 2005).

    In: Edio do Instituto de Bioqumica/Instituto de Biopatologia Qumica, FML (2005) ...................................................................................................... 39

    Captulo 7 Diagramas

    28 Mapas metablicos e outros esquemas ......................................................... 201

  • Prefcio

    A colectnea que se apresenta engloba vinte e seis anos da vivncia da

    rea da Bioqumica no curriculum da licenciatura de medicina na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, (FMUL).

    Cerca de cinco anos depois de JMS ter decido aposentar-se da activida-de acadmica, afigura-se oportuno apresentar uma sntese dos aspectos rele-vantes do ensino da Bioqumica, entre 1979 e 2005. Cumpriu aos Editores o ensino de duas disciplinas, a Bioqumica (designada por Bioqumica Celular depois de 1994, foi regida por JMS entre 1978 e 1994 e, deste ano a 2005, por CS) e a Bioqumica Fisiolgica (regida de 1994 a 2005 por JMS, tam-bm coordenador da rea).

    O texto est subdividido por trs volumes, com a seguinte distribuio:

    Volume I Anlise e Perspectivas. Captulo 1 Contm artigos publi-cados em diversos jornais cientficos, sobre o acesso e seleco de novos alunos, e o nvel de conhecimentos especficos anteriores evidenciados por alunos inscritos pela primeira vez em Bioqumica; Captulo 2 Artigos publicados em que foram analisadas as caractersticas do ensino de Bioqu-mica em Medicina; Captulo 3 Inclui dois relatrios pedaggicos apresen-tados em provas acadmicas.

    Volume II Metodologias e Programas de Estudo. Captulo 4 Pro-gramas de Estudo das disciplinas de Bioqumica Celular e Fisiolgica, utili-zados durante anos lectivos representativos; Captulo 5 Metodologias de ensino-aprendizagem no ensino pr- e ps-graduado de Bioqumica aplicada em Medicina.

    Volume III Mapas Metablicos e outros Esquemas. Captulo 6 Pro-blemas e casos clnicos de aplicao bioqumica. Captulo 7 Diagramas utilizados no ensino de Bioqumica Fisiolgica.

    Perspectivas e Pressupostos A velocidade de expanso actual do

    conhecimento fundamental, que se reflecte quer ensino quer na respectiva aplicao prtica, torna rapidamente obsoletos no s os contedos como, tambm, as metodologias e potencialidades prticas. Tal processo poder explicar a evoluo igualmente rpida dos tratados e outros textos de ensino, fazendo admitir a hiptese de que tambm factos e realizaes concretizadas em passado recente perderam interesse. Todavia, no dever esquecer-se que

  • 10 Anlises e Perspectivas

    as evidncias e sistemas em vigor resultaram de um longa cadeia de outros fenmenos, outras experincias e observaes. Foi neste pressuposto que se baseou a publicao da colectnea de assuntos que constituem a obra presen-te. Em alternativa edio de mais um tratado que inclusse a tradicional lis-tagem de assuntos especficos, organizados nos moldes tradicionais, privile-giou-se a elaborao de um documento representativo da dinmica de evoluo do ensino da Bioqumica em Medicina na FMUL, sob a nossa res-ponsabilidade, explanada nos objectivos, nos contedos programticos, nas metodologias e nos intervenientes.

    Definio de Objectivos Houve que definir objectivos prprios de ambas as disciplinas, sem perder do horizonte que a sua primordial utilidade pedaggica deveria estar consonante formao de futuros mdicos. Ainda neste aspecto, mas num plano mais distanciado, pretendia-se que o ensino inculcasse nos alunos motivaes para a pesquisa cientfica e para um conti-nuado interesse pelos seus contedos, bem como para a respectiva racionali-zao e aplicao prtica clnica. Porm, a definio desses objectivos, gerais e tambm especficos, dependia da preparao acadmica dos alunos que ingressavam anualmente na FMUL, para iniciarem a aprendizagem da Bioqumica Celular no 1 ano do Curso. Esse problema no existia no 2 ano, em Bioqumica Fisiolgica, atendendo a que a maioria dos alunos obti-nha aproveitamento prvio em Bioqumica Celular. Durante anos seguidos houve a preocupao de conhecer, em testes diagnsticos realizados durante as primeiras aulas de Bioqumica Celular, a preparao e conhecimentos acadmicos revelados pelos alunos sobre questes gerais da matria de Qu-mica que constava dos programas de acesso ao ensino superior. Os resulta-dos obtidos estiveram muito aqum do que se esperaria. Em consequncia, durante alguns anos, o ensino da disciplina de Bioqumica Celular foi prece-dido por um curso condensado sobre os assuntos mais relevantes de Qumica Geral e Orgnica, para uma melhor e mais racional aprendizagem do pro-grama de Bioqumica em Medicina da FMUL. Porm, atendendo a que os benefcios conseguidos eram desgastados pela reduo da escolaridade indispensvel para a leccionao do Bioqumica Celular, houve que inter-romper aqueles cursos preparatrios.

    Contedos A delimitao e pertinncia dos contedos a utilizar, a par com a introduo de um lxico prprio, atenderam ao nvel de conhecimen-tos dos novos alunos. Por seu lado, esses contedos estiveram sob constante anlise ano aps ano, sujeitos a renovaes e actualizaes pontuais. Houve que consciencializar a complexidade, evoluo e expanso dos novos conhe-cimentos em Bioqumica que estivessem directa e indirectamente relaciona-dos com a formao mdica e, na sequncia, seleccionar e, ou substituir os que se verificassem menos adequados. Adicionalmente, a definio dos con-tedos foi enquadrada no conjunto e na distribuio de matrias do modelo

  • Bioqumica em Medicina Vol. I 11

    curricular vigente, em particular o que resultou da implantao do novo pro-grama, em 1994. Houve uma particular ateno para que os contedos fos-sem adquiridos pelos alunos atravs de nveis superiores do processo cogni-tivo. Ainda que a memorizao de lxico e contedos fundamentais fossem importantes, pretendia-se que a aquisio factual decorresse atravs de exemplos e problemas concretos. Acresce o relevo dado prevalncia dos fundamentos nucleares, aos mecanismos em que intervinham e relevncia de aplicao mdica potencial. Para o efeito, foram utilizados problemas de ndole clnica elementar com implicaes bioqumicas bem estabelecidas, utilizados quer na aprendizagem quer nas provas de avaliao.

    Metodologias As modalidades a que se recorreu foram previamente testadas em diversas modalidades de ensino, optativo ou outro, nas quais participaram grupos seleccionados de alunos. Desde modo, os cursos de Bioqumica Celular e Fisiolgica, do ncleo curricular obrigatrio, incorpo-raram, ao longo dos anos, os mtodos que se verificaram mais eficazes e apropriados para a transmisso e aquisio de conhecimentos e procedimen-tos. Fundamentalmente, pretendia-se que a aprendizagem decorresse num clima motivador e receptivo s sugestes e crticas dos discentes. Nesse sen-tido foram promovidos, durante uma dcada e meia, cursos experimentais que testavam mtodos analticos, a par com seminrios de ndole terica que enquadravam questes bioqumicas em situaes patolgicas comuns.

    Agradecimentos A edio dos textos aqui apresentados representou um trabalho de grupo, fruto de ampla reflexo, experimentao pedaggica e avaliao de resultados alcanados, durante dcadas, em largos conjuntos de alunos inscritos anualmente. Neste trabalho participaram os docentes, efecti-vos e convidados (mencionados no Captulo dos respectivos Programas de Estudo), foram destacados para de cada uma das disciplinas ao longo do perodo abrangido, e que tambm intervieram no ensino-aprendizagem e em mltiplas sesses pedaggicas. Os alunos, com as suas crticas e sugestes valiosas, foram determinantes para alguns dos ajustamentos efectuados e, tambm pela interveno em muitas daquelas actividades. A ambos os gru-pos de intervenientes, docentes e alunos de Bioqumica Celular e Fisiolgi-ca, agradecemos calorosamente o empenho e interesse demonstrados.

    O nosso reconhecimento abrange ainda todos os Colegas e Docentes da FMUL, e de outras Instituies, que se dignaram colaborar connosco nas diversas das modalidades de ensino para que foram convidados, e onde esto referidos.

    Queremos ainda agradecer a todo o pessoal docente de Bioqumica (1979 a 2005): Ana Isabel Santos, Ana Machado, Ana Santos Silva, ngelo Calado, Carlos Miranda, Carlos Moreira, Catarina Resende, Elsa A. Pina, Elsa Branco, F. Levy Cruz, Filomena Carvalho, Filomena Fernandes,

  • 12 Anlises e Perspectivas

    Gabriela Pereira, Helena Geada, Henrique Sobral do Rosrio, Isabel Goulo, Isabel M. Fernandes Neto, Isabel M. Jlio da Silva, Isabel Margarida Ribei-ro, J. M. Martins, J. Nunes, J. Paulo Barroca, J. Pedro Freitas, Joo Paulo Guimares, Joo Paulo Janeiro, Joaquim Raposo Ferreira, Jorge Martins, Jos Loureiro, Leyre Zabala, Lcio Botas dos Santos, Lus Cardoso, Lus Sargento, Lurdes Mira, M. Amlia Nunes, M. Dulce Segurado, M. Margari-da M. Ferreira, M. Helena Ribeiro, M. Jos Ferreira, Manuela Nunes, Mar-lia R. Cascalho, Nuno Santos, Pedro Pessegueiro, Rui Mesquita, Sandra Garcs, Sandra Marques, Snia do Vale, Teotnio Albuquerque, Teresa Oli-veira Gonalves, Teresa Pacheco, Teresa Quinto, Tiago Santos, Yolanda Pinto; Bioqumica Fisiolgica (1994 a 2005): Ana Maria F. Lacerda, Carlos Santos Moreira, Helena Matos Canho, Henrique Sobral do Rosrio, Joo Martin Martins, Joo Nascimento Janeiro, Jorge Ramos Lima, Leyra Zabala, Lus Morais Sargento, Sandra Maurcio Hilrio, Snia Dias/Sousa, Susana Capela, Zlia Costa e Silva.

    Agradecemos ainda a todo o pessoal no docente que, directa ou indi-rectamente interveio nas actividades desenvolvidas entre 1979 e 2005 no mbito do ensino da Bioqumica em Medicina: Pessoal Auxiliar Ana Andrade, Deolinda Roque, Cidalina Correia, Francisca Matos, Isabel Pedri-nho, Almerinda Pedrinho, Feliciana Bento, Maria da Alegria Almeida; Tcnicos de laboratrio Chim Wing San, Teresa Freitas, Maria do Carmo Fernandes, Elvira Sabino, Maria do Cu Menezes, Crismlia Lopes; Pessoal Administrativo Emlia Alves, Maria do Rosrio, Maria Augusta Castro, Ana Cristina S, Anabela Faia, Celeste Fernandes. Entre todos, destacamos a qualidade e grande disponibilidade da Senhora D. Emlia Alves no apoio dactilogrfico a amplas partes do texto, assim como em todas as tarefas administrativas que deram suporte ao trabalho pedaggico apresentado durante todo o perodo abrangido. Tambm a Senhora D. Celeste Fernandes merece o nosso reconhecimento pela ajuda administrativa concedida em algumas partes deste projecto.

    Agradecemos muito reconhecidamente ao Senhor Professor Doutor Jor-ge Soares, Director dos Servios de Sade e Desenvolvimento Humano, da Fundao Calouste Gulbenkian, pelo generoso acolhimento que concedeu ao nosso projecto

    Por fim, salientamos e agradecemos, na pessoa do Senhor Dr. Fernando Mo de Ferro, a eficincia e qualidade conseguida nesta obra impressa pelas Edies Colibri.

    Lisboa, Janeiro de 2010

    Os Editores, Joo Alcindo Martins e Silva, Carlota Saldanha

  • Captulo 1

    Acesso ao Ensino de Bioqumica em Medicina e Avaliao Diagnstica de Conhecimentos

  • 1

    Preparao real dos alunos candidatos ao curso de medicina na rea de qumica*

    J. Martins e Silva, Dulce Santos, Sandra Marques, Carlos Moreira

    Resumo

    Com o objectivo de aferir a preparao qumica dos alunos admitidos a Medicina, efectuou-se uma amostragem de conhecimentos entre 135 discen-tes inscritos na Cadeira de Bioqumica da Faculdade de Lisboa, no ano lecti-vo de 83/84. Para uma mdia de admisso particularmente elevada (17,3 valores), verificou-se (que a generalidade dos alunos desconhecia aspectos fulcrais de qumica. O contraste entre as mdias de admisso e as obtidas no teste revelou-se de tal forma marcada que pe em dvida a eficcia (do ensi-no de qumica no ensino pr-universitrio e/ou a realidade das classificaes apresentadas para admisso.

    Adicionalmente, poder-se- questionar o critrio utilizado para o preen-chimento do numerus clausus, em grande parte baseados na classificao obtida no ensino secundrio.

    Introduo

    A institucionalizao do numerus clausus foi (e ainda ) considerada por bastantes individualidades com responsabilidades educacionais quase como a Panaceia Universal para grande parte dos problemas e limitaes pedaggicas vividas angustiamente por quase todos os sectores do ensino mdico portugus. Nessa perspectiva optimista, menos alunos significava melhores condies de trabalho, o que se reflectiria num ensino de qualidade superior.

    * Comunicao apresentada em Sesso da Sociedade das Cincias Mdicas de Lisboa,

    em 14 de Fevereiro de 1984. (In: J Soc Cin Md Lisboa 1984; 148:28-32)

  • 16 Acesso ao Ensino de Bioqumica em Medicina

    Deixando de parte as razes que levaram a que nenhum daqueles pres-supostos se concretizasse, poder dizer-se que a consequncia mais sensvel do numerus clausus foi o de limitar as admisses ao 1o ano de medicina. Ressalvando as percentagens diminutas de admisso estabelecidas para emi-grantes ou alunos oriundos dos pases de expresso portuguesa, a inscrio no 1o ano de medicina passou a ser condicionada pela classificao obtida nos ltimos anos do ensino secundrio.

    Em termos prticos este critrio traduziu-se numa seleco entre os candidatos a medicina, em que apenas so admitidos os que apresentam clas-sificaes mais elevadas.

    Entretanto, o conhecimento das caractersticas da populao discente um dos factores que condicionam a elaborao dos objectivos educacionais da disciplina de bioqumica. Com efeito, os objectivos formulados tm de assentar em realidades que, neste caso, so representadas pelo nvel de pre-parao terica e prtica do discente que vai iniciar a aprendizagem de bio-qumica.

    Observaes parcelares realizadas em anos transactos puseram em cau-sa a eficcia da preparao e conhecimentos qumicos dos discentes admiti-dos. No presente estudo pretendeu-se, atravs de uma avaliao diagnstica, caracterizar o nvel dessa preparao, em que a classificao mdia que fun-damenta a inscrio em medicina relacionada com o estabelecimento de ensino secundrio que a conferiu, entre outras variveis.

    Metodologia e resultados

    No decurso de uma das primeiras aulas tericas do ano lectivo de 1983/1984, e sem qualquer aviso prvio, foram os alunos solicitados a res-ponder a um teste de 10 questes, englobadas em 6 perguntas, sobre matria nuclear de qumica geral (Quadro I) integrada nos programas oficiais dos 10-12o anos da escolaridade. O teste deveria ser respondido em 40 minutos, sendo os alunos avisados que no necessitavam de se identificar e que o objectivo pretendido era o de obter informaes sobre o seu estado de conhecimentos. Adicionalmente s respostas era solicitado a idade, estabele-cimento de ensino de provenincia e classificao mdia de entrada na Faculdade de Medicina.

    O teste foi respondido por 135 alunos de ambos os sexos, com idades compreendidas entre os 16 e 31 anos; 88,1% dos alunos, tinham idade igual ou inferior a 20 anos (Quadro II). Quanto ao estabelecimento de ensino de provenincia, verificou-se que o maior contingente (60%) havia concludo os seus estudos em escolas da Estremadura; o 2o lote mais abundante (12,9%) era constitudo por alunos do distrito de Setbal.

    No Quadro III so apresentados os resultados para cada pergunta. Veri-fica-se que apenas trs questes so respondidas acertadamente por mais de

  • Bioqumica em Medicina Vol. I 17

    70% dos alunos; as restantes so fundamentalmente incorrectas ou incomple-tas. A mdia global do inqurito (numa escala de 0 a 20 valores) pode ser apreciada no Quadro IV, em relao com a provenincia regional dos alunos e respectivas mdias de entrada na Faculdade. No total de 135 alunos, a mdia de entrada foi de 17,3 com valores mximos e mnimos, respectiva-mente, de 19,3 e 12,4 valores.

    de realar o contraste evidenciado pelas elevadas classificaes apre-sentadas pelos alunos para o efeito de admisso e as obtidas neste teste. (Quadro IV). As diferenas so descriminadas em pormenor no Quadro V, no qual se relaciona o estabelecimento de ensino de provenincia com a mdia de entrada na Faculdade e mdia global no inqurito, para cada grupo de alunos desse estabelecimento. Nalguns casos, as diferenas de resultados podem considerar-se chocantes.

    Comentrios

    Duas possveis concluses emergem de imediato deste estudo. Em pri-meiro lugar, os resultados obtidos atravs da avaliao diagnstica sugerem que o nvel de conhecimentos de qumica, adquiridos (e retidos) pelo aluno que ingressa em medicina, deixa muito a desejar. Em segundo lugar, a classi-ficao utilizada est sujeita a distores, variveis com a zona de prove-nincia do estudante. Por si, no parece haver dvidas quanto utilidade de uma avaliao diagnstica, como instrumento pedaggico indispensvel elaborao dos objectivos educacionais de qualquer disciplina. O estudo de bioqumica exige dos alunos conhecimentos precisos de qumica, enquadra-dos numa informao biolgica geral. Pela experincia de anos transactos, comprovavam-se as dificuldades que obstavam a que os objectivos pretendi-dos e antecipadamente formulados fossem alcanados na sua plenitude. Em parte, estes desacertos vinham sendo atribudos heterogeneidade da prepa-rao qumica com que os alunos iniciavam a aprendizagem de bioqumica. Em segundo lugar no haveria uma integrao de conhecimentos que facili-tasse a aprendizagem da bioqumica, devido qumica e a biologia continua-rem a ser ensinadas com entidades distintas na fase pr-universitria. Ambas as razes poderiam concorrer para as dificuldades observadas e, mais generi-camente, justificar que os estudantes acabem por menosprezar a importncia da qumica e bioqumica no decurso da sua formao mdica. Os resultados do presente estudo so, neste caso, esclarecedores: apesar de a qumica ser uma disciplina nuclear (em integrao com a fsica), os alunos so incapazes de reter conhecimentos bsicos fundamentais para o prosseguimento dos seus estudos. Poder haver diversas outras explicaes, mas tudo indica que o tempo e intensidade da escolaridade atribuda aprendizagem manifes-tamente insuficiente e/ou ineficaz. Obviamente, essas limitaes no pode-ro ser eliminadas no decurso da aprendizagem da bioqumica em medicina,

  • 18 Acesso ao Ensino de Bioqumica em Medicina

    pois o que se pretende do aluno que ele j saiba ler o abecedrio qumico. Surge agora outra questo, que a das classificaes elevadas obtidas

    no ensino secundrio. Considerando que os testes de exame incluem pergun-tas de qumica em proporo equilibrada de fsica e, por seu lado, sendo a mdia da disciplina de fsico-qumica includa em paridade das restantes disciplinas nucleares, no se entende que mdias globais de 17,3 sejam com-patveis com deficincias to claras nos conhecimentos, como se verificou. A menos que se admita que as classificaes apresentadas no reflectem a realidade, mas resultam de acertos localizados que, beneficiando alguns grupos de alunos, acabam por prejudicar outros, talvez mais preparados. As discrepncias observadas nos Quadros III e IV so, neste caso, fortemente sugestivas, j que a mdias de entrada equivalentes correspondem resultados bem distintos no inqurito.

    Quaisquer que sejam as razes subjacentes a estes resultados, no res-tam dvidas de que nem a preparao qumica dos alunos admitidos a medi-cina satisfaz, nem o critrio de seleco por classificao serve, s por si, como suporte ao numerus clausus, pelo menos como processo justo que a todos contemple por igual.

    Quadro I Texto da Avaliao Diagnstica

    INQURITO SOBRE CONHECIMENTOS ANTERIORMENTE ADQUIRIDOS Este inqurito no dever ser assinado. Obviamente no se destina a classificar. Pretende dar informaes sobre o estado de preparao dos futuros alunos desta Cadeira, de modo a que possam estabelecer uma base de conhecimentos onde assentem as aulas futuras. Idade: _____ Estabelecimento de ensino donde vem: _____ Mdia de entrada na Faculdade: _____ 1 a) Qual a funo dos orbitais hdricos na formao de uma ligao qumica? b) Represente a configurao electrnica do enxofre (nmero atmico 16). 2 Justifique quais dos seguintes compostos so covalentes ou inicos: H2S e NaOH 3 Como justifica, com base nas ligaes intermoleculares, que o gelo ocupe um volume

    superior ao da gua resultante da sua fuso? 4 O que significa energia de ligao? 5 Diga se so verdadeiras ou falsas as seguintes afirmaes:

    a) Numa titulao, o pH no ponto de equivalncia sempre diferente de 7. b) O ponto de equivalncia atingido sempre que se adicionam volumes iguais de cido e

    de base. 6 Diga a respeito dos seguintes compostos: C2H6; C4H8; C2H2; C3H8O; C2H4O; C6H5OH

    a) Qual o tipo de hibridao; b) Qual o tipo de ligao qumica; c) Qual o grupo funcional; d) Quais os que apresentam isomeria.

  • Bioqumica em Medicina Vol. I 19

    Quadro II Distribuio dos 135 alunos por idades ANOS TOTAL

    16 1 17 10 18 77 19 20 20 11 21 4 22 1 23 1 24 1 26 6 28 1 29 1 31 1

    Quadro III Classificao das respostas (em percentagem) PERGUNTAS RESPOSTAS

    Incorrectas Incompletas Totalmente Satisfatrias1a 62,9 28,8 8,1 1b 16,2 1,4 82,2 2 10,3 45,9 43,7 3 29,6 46,6 23,7 4 28,1 40,7 31,1 5a 20,7 1,4 77,7 5b 28,1 0 71,8 6a 68,1 26,6 5,1 6b 41,4 46,6 11,8 6c 38,5 51,8 9,6 6d 53,3 37,7 8,8

    Quadro IV Em 124 alunos (a), foram comparadas as mdias ( desvio padro) de entrada na Faculdade de Medicina com as classificaes obtidas no teste; os alunos

    foram agrupados por regies de provenincia (regies administrativas e outras) NMERO DE

    ALUNOS MDIA

    DE ADMISSO MDIA GLOBAL

    NO TESTE PROVENINCIA

    Total % (Coeficiente de variao%) (Coeficiente

    de variao%) Distrito de Lisboa 74 60 17,21,1 6,2 11,02,0 18,0 Distrito de Setbal 16 12,9 17,60,4 2,2 10,42,4 23,5 Distrito de Santarm 7 5,6 17,80,7 4,2 9,72,2 22,8 Outros distritos do Conti-nente 12 9,6 17,60,9 5,0 9,14,0 44,3

    Ilhas e Macau 7 5,6 16,01,7 10,5 7,93,9 49,0 Ex-Colnias e Emigrantes 8 6,4 14,50,4 2,7 4,32,2 51,7

    (a) Foram eliminadas as provas de 11 alunos, por no indicarem o estabelecimento de ensino de provenincia

  • 20 Acesso ao Ensino de Bioqumica em Medicina

    Quadro V Admisso e obtidas no teste, em funo dos estabelecimentos de ensino de provenincia dos 124 alunos observados (a)

    ESTABELECIMENTO DE ENSINO N de

    OrdemTotal de Alunos

    Mdia de Admisso

    Mdia Global

    no Teste DISTRITO DE LISBOA

    Escola Secundria dos Olivais-Chelas 1 9 17,8 11,2 Escola Maria Amlia 2 5 17,3 10,7 Colgio Valsassina 3 5 17,9 10,7 Escola Alem 4 1 17 9 Instituto Superior de Matemticas Aplicadas 5 5 13,9 11,8 Escola Secundria D. Pedro V 6 3 17,4 9 Escola D. Filipa de Lencastre 7 4 17,9 11,5 Escola Secundria Pedro Nunes 8 5 16,1 9,6 Instituto Espanhol de Lisboa 9 2 18,4 14 Liceu Francs Charles le Pierre 10 2 17,1 8,6 Liceu Rainha D. Leonor 11 5 18,2 10,1 Instituto Superior de Agronomia 12 2 16,5 13,1 Escola Secundria de Belm-Algs 13 5 17,6 14,7 Liceu D. Joo de Castro 14 2 17,6 11,8 Escola Secundria de Benfica 15 1 17 10,9 Externato Acrpole 16 2 18,1 9,5 Externato Lepetit 17 1 17 5,4 Liceu Carnes 18 1 17 8,1 Liceu Gil Vicente 19 3 17,2 10,6 Colgio S. Joo de Brito 20 2 17,3 13,6 Escola Secundria Antero de Quental 21 2 17,5 9,5 Externato Marqus de Pombal 22 1 X 6,3 Escola Secundria da Cidade Universitria 23 1 18 12,7 Escola Secundria Joo de Deus 24 1 17,3 11,8 Colgio guia 25 1 18,2 5,4 Escola Secundria de Queluz 26 1 17,6 12,7 Faculdade de Farmcia 27 2 17 14 DISTRITO DE SETBAL Escola Secundria do Montijo 28 1 18,3 12,7 Escola Secundria Bocage 29 1 18,3 10,9 Escola Secundria de Almada 30 7 17,3 11 Escola Secundria Alfredo da Silva 31 4 17,9 12,2 Externato Frei Lus de Sousa 32 2 17,7 5 Escola Secundria da Amora 33 1 17 7,2 DISTRITO DE SANTARM Centro de Estudos de Ftima 34 1 17,5 12,7 Escola Secundria S da Bandeira 35 1 17,8 10,9 Escola No 1 de Torres Vedras 36 2 18 10,4 Escola Secundria das Caldas da Rainha 37 1 17,3 10 Escola Secundria de Benavente 38 1 17 7,2 Escola Secundria do Entroncamento 39 1 19,3 6,3 OUTROS DISTRITOS DO CONTINENTE Escola Secundria de Vila Real de Santo Antnio

    40 2 17,3 9,5

  • Bioqumica em Medicina Vol. I 21

    Escola Secundria de Beja 41 1 18,1 0,9 Liceu de Portimo 42 1 15 1 Escola Secundria de Tavira 43 1 18,1 10,9 Escola Secundria de Montemor-o-Novo 44 2 18,1 12,7 Escola Secundria Alves Martins Viseu 45 1 17,5 10 Escola Secundria de Abrantes 46 3 17,6 9,6 Escola Secundria do Fundo 47 1 18,5 12,7 ILHAS E MACAU Escola Jaime Moniz Funchal 48 2 17,9 11,8 Escola Complementar do TIL (APEL) Fun-chal 49 1 17 10

    Escola Secundria de Angra do Herosmo 50 1 15,7 5,4 Liceu Egas Moniz Funchal 51 1 15,7 0,9 Liceu Infante D. Henrique Macau 52 2 13,9 7,7 EMIGRANTES PASES DE EXPRES-SO PORTUGUESA

    Cabo Verde 53 3 14,6 2,1 Canad 54 2 X 6,8 Guin 55 2 14 5,9 Blgica 56 1 15 2,7

    X Classificaes no fornecidas.

    (a) Foram eliminadas as provas de 11 alunos, por no indicarem o estabelecimento de ensino de provenincia.

  • 2

    Ensino de Bioqumica Uma experincia pedaggica

    J. Martins e Silva Os alunos recm-admitidos no 1o ano do Curso de Medicina (1986/1987)

    foram, no decurso da 1a aula da Cadeira de Bioqumica e sem aviso prvio, sujeitos a um teste diagnstico. Os alunos foram antecipadamente infor-mados das caractersticas e objectivos gerais da avaliao, que se pretendia annima; solicitaram-se ainda trs outros elementos individuais: mdia obti-da em qumica (no ensino secundrio), mdia final de acesso ao ensino supe-rior, e nome do estabelecimento de ensino secundrio frequentado.

    Responderam ao teste 45 alunos, dos quais 12 obtiveram classificao inferior a 10 valores (Quadro I).

    Na sequncia, os alunos frequentaram 12 horas de ensino terico e intensivo de qumica geral e orgnica, com a finalidade de reciclagem dos seus conhecimentos. Na ltima aula e tambm sem aviso prvio foram os 41 alunos presentes (faltaram 4) convidados a responder ao mesmo teste diag-nstico que haviam efectuado na 1a aula do curso. Nos resultados obtidos verifica-se que apenas 1 dos alunos obteve classificao inferior a 10,0 e, curiosamente, 5 tiveram valorizao inferior do 1o teste. Na generalidade, os restantes alunos revelaram ntida melhoria de conhecimentos.

    (In: Boletim FML 1986; 16:1-2)

  • 24 Acesso ao Ensino de Bioqumica em Medicina

    Quadro I Resultados do Inqurito Diagnstico de Qumica sem Identificao

    MDIA DE ACESSO RESULTADO OBTIDO NO TESTE DIAGNSTICO FINAL QUIMICA 1o 2o

    ESTABELECIMENTO DO ENSINO SECUNDRIO

    14,0 13,5 9,0 Macau 15,0 14,0 1,5 Cabo Verde 17,0 15,0 17,3 16,8 Esc. Sec. Frei Lus de Sousa 17.0 18,5 13,5 15,5 Esc. Sec. Antero Quental, Aores 17,5 15,0* 7,8 11,3 Esc. Sec. Lus de Cames 17,6 17,0 10,0 14,5 Esc. Sec. Bocage Setbal 17,6 17,5 13,8 16,0 Esc. Sec. Lus de Cames 17,6 18,0 9,3 17,8 Esc. Sec. Ma Amlia Vaz Carvalho 17,7 17,0 12,5 Esc. Sec. Bocage Setbal 17,7 17,5 11,3 14,5 Esc. Sec. de Carcavelos 17,7 17,5 13,0 16,0 Esc. Sec. Gama Barros 17,7 18,5 12,0 15,3 Esc. Sec. Cidade Universitria 17,72 17,0 9,3 9,8 Liceu Nacional de Queluz 17,8 12,5 7,8 10,0 Esc. Sec. Anselmo Andrade 17,8 15,0 10,3 12,5 Esc. Sec. Poeta Antnio Aleixo 17,8 18,0 11,8 11,8 Esc. Sec. de Almada 17,8 18,5 10,8 12,8 Esc. Sec. Andr de Gouveia 17,9 18,0 14,8 14,0 Esc. Sec. de Amora 18,0 17,0* 8,3 18,0 18,0* 6,5 10,8 Esc. Sec. Ma Amlia Vaz Carvalho 18,0 17,0 9,0 12,0 Liceu Joo de Deus 18,0 18,0 12,8 17,3 Esc. Sec. Rainha D. Leonor 18,0 18,5 14,8 15,5 Esc. Sec. Cidade Universitria 18.0 19,0 14,5 14,0 Esc. Sec. Joo de Deus 18,1 18,0 14,8 17,3 Esc. Sec. Belm-Algs 18,1 18,0 10,5 16,0 Esc. Sec. Gama Barros 18,1 19,0 13,8 16,3 Esc. Sec. Pedro Nunes 18,2 16,5 10,8 12,5 Esc. Sec. Josefa de bidos 18,2 17,5 12,8 15,0 Esc. Sec. Benfica 18,2 18,5 12,5 14,8 Esc. Sec. Jaime Moniz 18,2 10,5 17,3 Esc. Sec. Anselmo de Andrade 18,3 17,0* 9,5 15,0 Esc. Sec. de D. Pedro V 18,3 17,5 13,3 14,0 Esc. Sec. de Santo Andr 18,3 19,0 12,8 12,5 Esc. Sec.de Santo Andr 18,5 18,5 11,3 13,3 Esc. Sec. Ma Amlia Vaz Carvalho 18,6 18,0 13,3 12,0 Esc. Sec. de Amora 18,6 19,0 12,8 13,8 Esc. Sec. Gil Vicente 18,7 19,0 10,5 14,0 Esc. Sec. Cidade Universitria 18,9 19,5 16,8 17,3 Colgio Valsassina 19,0 19,0 16,3 18,5 Escola Alem de Lisboa 19,0 19,5 12,3 16,5 19,3 18,0 8,5 16,5 Instituto Espanhol 19,6 19,5 11,8 14.5 Esc. Sec. Belm-Algs 19,8 19,5 14,0 16,3 Esc. Sec. no 2 Torres Vedras

    ? ? 4,8 14,8 Sucia

    * Classificao no 11o ano

  • 3

    Apreciao de uma avaliao diagnstica precedente ao ensino de bioqumica em 1986/1987

    Carlota Saldanha, Yolanda Pinto, Manuela Nunes, J. Martins e Silva

    Resumo

    Com o objectivo de avaliar o nvel de conhecimentos em Qumica--Fsica e Qumica Orgnica adquiridos no ensino secundrio, 45 discentes recm-admitidos no Curso de Medicina no ano lectivo de 1986/1987 foram sujeitos a um teste diagnstico. Sem aviso prvio e annimo, o inqurito foi efectuado na 1a aula de Bioqumica, tendo consistido em 20 perguntas de resposta mltipla, alm de um pedido adicional de informao sobre: mdia obtida em Qumica (no ensino secundrio), mdia final de acesso ao ensino superior e estabelecimento de ensino secundrio frequentado. Doze dos alu-nos obtiveram classificao inferior a 10. A percentagem mdia de respostas incorrectas s questes de Qumica-Fsica foi de 6,8%. Os resultados suge-rem que os alunos no possuam conhecimentos sobre os princpios funda-mentais das duas reas de Qumica necessrias aprendizagem de Bioqu-mica.

    Na sequncia, os discentes frequentaram 12 horas de ensino terico intensivo sobre os conceitos bsicos de Qumica-Fsica e Qumica-Orgnica. Na ltima aula, e sem aviso prvio, foram os 41 alunos presentes convidados a responder ao mesmo teste diagnstico. Apenas 1 aluno obteve classificao inferior a 10, sendo a percentagem mdia de respostas incorrectas de Qumi-ca Orgnica e Qumica Fsica, de 28,6% e 3,2%, respectivamente. Porm, as classificaes obtidas ficaram significativamente aqum das notas de acesso. Os alunos que evidenciaram pior preparao no 1o teste revelaram rendimen-to de aprendizagem superior aos inicialmente mais classificados.

    Conclui-se que as aulas de reviso antecedendo o curso de Bioqumica so teis e necessrias. Admite-se que a eficcia de ensino possa ser aumen-tada por metodologia mais dinmica do que a utilizada.

    (In: Actas do IV Cong Nac Educ Md, Lisboa 9-11/Jan. 1987)

  • 26 Acesso ao Ensino de Bioqumica em Medicina

    Introduo

    A admisso ao 1o ano de Medicina , como nos restantes estabelecimen-tos universitrios portugueses, condicionada por numerus clausus. O critrio de preenchimento dos contingentes anuais fundamenta-se, na generalidade dos casos, nas classificaes obtidas nos ltimos anos do ensino secundrio.

    Circunstncias diversas oficiais e dos candidatos justificam que a Qumica no seja ainda uma disciplina nuclear nos requisitos de acesso s Faculdades de Medicina.

    Estas e outras razes tm estado na origem de dificuldades de aprendi-zagem e de ensino de Bioqumica no 1o ano do Curso de Medicina, j referi-da em trabalho anterior (1).

    No presente estudo, pretende-se aferir o nvel de conhecimentos funda-mentais sobre Qumica Fsica e Qumica Orgnica, patenteados por 45 dos estudantes de Medicina recm admitidos, e analisar a eficcia de um curso de reciclagem daquelas matrias, antes do incio da aprendizagem de Bio-qumica.

    Metodologia

    Os estudantes de medicina que ingressaram em 1986/1987 no 1o ano do curso da Faculdade de Medicina de Lisboa forma, no decurso da 1a aula da Cadeira de Bioqumica e sem aviso prvio, convidados a participar numa experincia pedaggica. Esta consistiu na realizao de um teste diagnstico sob anonimato, que permitisse avaliar o nvel e reteno de conhecimentos por eles adquiridos no ensino secundrio, no mbito das matrias de Qumi-ca Fsica e Qumica Orgnica. Os alunos foram informados de que as respos-tas ao teste possibilitariam uma escolha mais criteriosa do programa de reci-clagem previsto sobre aquelas matrias.

    Quarenta e cinco dos estudantes presentes consentiram em participar no estudo, respondendo de imediato a um teste escrito de escolha mltipla com 20 perguntas (enunciado em Apndice 1), a completar no perodo mximo de 15 minutos. Na ocasio foram ainda solicitadas as seguintes informaes individuais: classificao mdia obtida em Qumica no ensino secundrio, mdia final de acesso ao ensino superior e estabelecimento de ensino secun-drio frequentado.

    Seguidamente, os alunos tiveram a possibilidade de participar num Cur-so terico sobre aspectos da Qumica fundamental ao ensino da Bioqumica (Programa Temtico em Apndice 2). Este Curso decorreu em regime inten-sivo de duas horas de aulas tericas dirias durante 6 dias sucessivos.

    As aulas tericas foram preparadas e apresentadas de acordo com a metodologia e princpio habitualmente seguidos no ensino de Bioqumica. A cada aula diria foi consignado um tema, apresentado em dois perodos

  • Bioqumica em Medicina Vol. I 27

    sucessivos de 50 minutos, com intervalos entre si de 30 minutos. O sumrio de cada aula foi previamente divulgado e fornecida bibliografia adequada. Os alunos receberam a informao de que poderiam pedir esclarecimentos durante as aulas, havendo ainda lugar a um perodo de debate nos ltimos 10 minutos.

    Finalmente, na ltima aula convidaram-se os 41 alunos presentes a res-ponder pela 2a vez ao mesmo teste diagnstico, em idntico perodo de tem-po. Propositadamente os alunos no haviam sido informados da inteno de repetir o teste aps o curso intensivo, o que ter justificado a ausncia de 4 dos estudantes que participaram na 1a avaliao. Em Apndice 3 so apre-sentadas as respostas aos testes e outras informaes individuais solicitadas.

    A anlise estatstica abrangeu a determinao da mdia e desvio padro das classificaes de acesso ao ensino superior e da disciplina de Qumica, alm dos resultados dos 1os e 2os testes diagnsticos. As notas de ambos os testes foram comparadas entre si pelo teste de Wilcoxon com emparelha-mento. Recorreu-se anlise de varincia pelo sistema ANOVA (one way) e test-t de Student emparelhado para definir as diferenas entre os diversos clusters de classificao dos 1o e 2o testes.

    Resultados

    Observaes anteriores do nosso grupo haviam j salientado a discre-pncia entre as classificaes de acesso ao ensino superior e os conhecimen-tos sobre matrias nucleares de Qumica revelados pelos estudantes recm admitidos no curso de Medicina (1). Adicionalmente, era sugestiva a exis-tncia de desequilbrios na atribuio das classificaes de acesso entre alu-nos provenientes das diferenas regies do pas ou estrangeiro.

    Embora esta ltima constatao parea ter deixado de existir, a primeira continua a verificar-se no presente estudo. Em comparao s notas de aces-so, na generalidade elevadas e homogneas, significativamente (p

  • 28 Acesso ao Ensino de Bioqumica em Medicina

    Fig 1 Comparao do valor percentual de respostas incorrectas em Qumica Fsica (QF) e Qumica Orgnica (QO) nos dois testes diagnsticos realizados.

    Tabela 1 Classificao mdia (mdia desvio padro)

    de acesso e nos testes diagnsticos

    Classificao de acesso Final (n = 44) 18,0 1,0

    Qumica (n = 43) 17,6 1,6 Classificao diagnstica

    1o teste (n = 45) 11,5 3,1 2o teste (n = 41) 14,5 2,2

    Comparao entre a pontuao do 1o e 2o teste: p

  • Bioqumica em Medicina Vol. I 29

    Em relao aos valores intermdios detectados em 26 dos alunos, outros subgrupos, com 4 e 11 estudantes, demonstraram conhecimentos, res-pectivamente, inferiores ou mais elevados (Tabela 2). As classificaes mdias entre os diversos subgrupos diferem significativamente (p

  • 30 Acesso ao Ensino de Bioqumica em Medicina

    A insuficincia em conhecimentos nucleares, particularmente explcito na rea de Qumica Orgnica, poder ter origem em pelo menos duas situa-es: (a) deficiente preparao pr-universitria; (b) complexidade da mat-ria, que tende a dificultar a reteno de conhecimentos.

    Aquela primeira hiptese reconhecidamente sustentada por todos os que esto envolvidos no problema: alunos, pais e professores.

    Fundamentalmente, a preparao em Qumica muito heterognea e, por vezes, inexistente. De acordo com o modelo actual de acesso ao ensino superior, podem ingressar no curso de Medicina alunos com ou sem fre-quncia na disciplina de Qumica do 12o ano. A generalidade dos alunos pre-fere optar por outras vias de acesso que no tm Qumica como disciplina nuclear. Assim, e exceptuando os alunos que provm explicitamente dos Cursos de Quimiotecnia, todos os restantes aprendem Qumica apenas at ao 11o ano do ensino secundrio, integrada na disciplina de Fsico-Qumicas (leccionada por licenciados em Fsica), aps o que permanecem cerca de l ano sem qualquer outro contacto pedaggico com a matria. Neste pressu-posto, a maioria dos estudantes ter respondido ao teste diagnstico com base em conhecimentos aprendidos cerca de 16 a 18 meses antes.

    Quanto ao segundo caso, estar comprovada a dificuldade de reteno de conhecimentos fundamentais de Qumica, ainda que por observao em estudantes de Medicina; em comparao facilidade de reteno de porme-nores aprendidos em Anatomia, eram rapidamente esquecidos os conheci-mentos sobre Qumica e Fsica (2). Tal diversidade de comportamento pode-r ser justificada por variadas circunstncias, como a relevncia e a aplicao pragmtica atribuda (pelos alunos) matria, orientao pedaggica do ensino/aprendizagem e, entre, outros, tambm a complexidade e pormenores tcnicos associados.

    Qualquer que seja a explicao mais plausvel, a deficiente preparao em Qumica patenteada pelos estudantes de Medicina tem sido, na nossa experincia, uma causa de ntidas dificuldades no processo de ensino de Bioqumica. E, neste aspecto, no ser excessivo acentuar a ntida carncia de conhecimentos revelados no mbito da Qumica Orgnica. Em editorial recente de Archives of Internal Medicine recomendado que o ensino de Qumica Orgnica seja considerado indispensvel nos programas, e at nos critrios de acesso, de formao mdica nos Estados Unidos da Amrica (3).

    No actual estudo poder concluir-se que a utilidade do curso intensivo se relaciona inversamente com o nvel inicial de conhecimentos patenteados pelos alunos. Aparentemente, o curso terico de reciclagem no teve qual-quer utilidade para os alunos que revelavam melhor preparao no 1o teste. Estes resultados assemelham-se, curiosamente ao rendimento de aprendiza-gem alcanada por estudantes do 2o ano de Medicina, aps a frequncia de uma aula terica de embriologia (4). O facto dos estudantes inicialmente mais ignorantes serem os que maiores progressos evidenciavam, foi, naquele

  • Bioqumica em Medicina Vol. I 31

    estudo, atribudo necessidade sentida pelos alunos em atingirem os nveis de conhecimento dos estudantes melhor preparados.

    Alm deste tipo de razes psicolgicas, de apreciao difcil e polmica, poder-se-o adiantar outras duas razes possveis para as diferenas observa-das no rendimento de aprendizagem: (a) programa temtico relativamente des-conhecido dos alunos; (b) metodologia inadequada do curso de reciclagem.

    Embora nenhuma das hipteses referidas tenha sido objecto de aprecia-o especfica, parece credvel pelas razes j expostas que uma parte, substancial e importante da matria de Qumica no receba o devido desen-volvimento na fase pr-universitria. Nestas circunstncias, o reduzido perodo disponvel para o curso de reciclagem no possibilitaria a aprendiza-gem de matrias novas mas lembraria apenas assuntos j estudados, com subsequente nivelamento final de conhecimentos.

    Apesar de todo o cuidado e ateno dados s condies pedaggicas de ensino no curso de reciclagem, aceita-se que a sua eficcia poderia ter bene-ficiado de metodologia mais dinmica que a utilizada. Efectivamente, o recurso exclusivo a aulas tericas uma opo pedaggica controversa (5), em especial quando se pretende (como sucedeu) reciclar ou fornecer infor-mao num perodo limitado de tempo. Tambm reconhecida a dificuldade em que a ateno e concentrao da assistncia s aulas tericas se mante-nham alm de 30 minutos (6). A incluso, neste curso intensivo, de aulas tericas de 50 minutos em perodo sequencial ter justificado, sem dvida, limitaes no rendimento alcanado.

    De acordo com Verner e Dicknson (7), ... as lies tericas devero ser reservadas para quando a informao no possa ser difundida por outros pro-cessos... (citao livre). Porm, no caso vertente e face premncia em proceder reciclagem de conhecimentos nucleares e precisos de Qumica, que assegurem o indispensvel enquadramento na aprendizagem de Bioqu-mica no havia, de facto, outro processo pedaggico para transmitir a informao

    Finalizando, cabe reafirmar que a preparao em Qumica dos alunos admitidos no curso mdico no satisfaz nos moldes em que feita, nem o nvel de conhecimentos demonstrados. Enquanto as circunstncias no forem modificadas, dispensvel assegurar um mecanismo de reciclagem das noes fundamentais de Qumica, como formao vestibular ao ensino da Bioqumica. Pelos resultados observados neste estudo, tambm essencial melhorar a eficcia pedaggica do curso de reciclagem.

    Apndice 1 Enunciado do Teste Diagnstico de Escolha Mltipla

    1 Quais das seguintes afirmaes podem considerar-se justificativas da ligao qumica entre dois tomos? a) A energia cintica dos electres na molcula superior sua energia cintica nos to-

    mos separados;

  • 32 Acesso ao Ensino de Bioqumica em Medicina

    b) A energia potencial nas molculas mais negativa do que no sistema dos dois tomos separados;

    c) A formao da molcula a partir dos tomos uma reaco em que h libertao de energia;

    d) Na molcula, os electres esto simultaneamente prximos dos dois ncleos, o que faz diminuir a energia potencial do sistema.

    2 O tomo de um elemento, no estado excitado, apresenta a seguinte configurao electrnica: 1S2 2S2 2S6 3S2 3P2 4S1 Das afirmaes que se seguem assina1e as verdadeiras:

    a) Este tomo tem nmero de massa 15; b) Este tomo nmero atmico 15; c) Este tomo tem 15 neutres no ncleo; d) Este tomo encontra-se localizado no 3o perodo da Tabela Peridica

    3 Das afirmaes que se seguem assinale as verdadeiras: a) Istopos so tomos pertencentes ao mesmo elemento; b) Istopos so tomos com o mesmo nmero de electres e com o mesmo nmero de

    protes; c) Os diferentes istopos do mesmo elemento tm necessariamente as mesmas proprieda-

    des qumicas; d) Os diferentes istopos do mesmo elemento diferem apenas no nmero de electres.

    4 O valor da concentrao de uma soluo de 8,0 g de sacarose (C12H22O11, PM = 342,30 g) em 50cm3 de soluo (aproximadamente a concentrao do acar na bica) (assinale a resposta certa): a) 0,470 mo1/L-1; b) 1,6 g/l-1 c) 20,0 g/1-1; d) 0,010 mol/L-1.

    5 Das afirmaes seguintes assinale as verdadeiras: a) Quando dois tomos se ligam a energia do conjunto depois da ligao inferior ener-

    gia dos tomos separados; b) Para que um tomo se ligue, tem de possuir orbitais de valncia vazias ou semi-preen-

    chidas; c) Os tomos ao ligarem-se a outros procuram adquirir 8 electres; d) Numa molcula de hidrognio a ligao covalente pura.

    6 Os tomos de carbono que constituem o esqueleto principal das molculas orgnicas podem unir-se por (assinale o que lhe parece certo): a) Ligaes simples e duplas; b) Apenas ligaes duplas; c) Ligaes simples, duplas e triplas; d) Apenas ligaes simples

    7 A partir da frmula C4H802 podemos considerar os seguintes ismeros que diferem entre si (assinale o que lhe parece correcto):

    CH3 CH2 CH2 COOH HOH2C CH=CH CH2OH CH3 CHOH CH2 CHO

    a) Pela frmula molecular; b) Pelas propriedades qumicas e fsicas; c) No grau de ramificao; d) Nos grupos funcionais.

    8 Considere os ismeros cis e trans do composto HOOC CH=CH COOH. Indique as afirmaes correctas: a) Apresentam propriedades fsicas semelhantes;

  • Bioqumica em Medicina Vol. I 33

    a) Diferem nas suas propriedades qumicas; c) O composto em cis apresenta alteraes qumicas; d) Ocorrem alteraes qumicas em ambos os compostos.

    9 O verdadeiro homlogo de uma amina secundria seria (assinale o que lhe parece certo): a) Um lcool secundrio; b) Uma acetona; c) Um ter.

    10 As propriedades qumicas caractersticas das aminas resultam (indique o que esteja certo): a) Da presena de pontes de hidrognio; b) Da presena de um par de electres livres no azoto; c) Do facto do azoto ter 5 electres perifricos; d) Do carcter nucleoflico e bsico das aminas.

    11 As amidas, ao contrrio das aminas (que contm igualmente o grupo NH3), apresentam--se como bases fracas devido (assinale o que considera correcto): a) ressonncia entre as formas limites: b) Ao facto de serem hidrocarbonetos ramificados; c) Ao aumento de estabilidade em caso de protonao d) diminuio da densidade electrnica sobre o azoto.

    12 Uma reaco de esterificao pode ser esquematizada por (indique o que lhe parece certo): a) R COOR + H2O R COOH + ROH b) R COOH + R OH R COOR + H2O c) R COH + RCOH R CH R COOH d) R C OH + HO C R R C O C R + H2O

    13 Atendendo a que os cidos carboxlicos podem estabelecer pontes de hidrognio, identi-fique as afirmaes correctas: a) Tm pontos de ebulio iguais aos dos lcoois; b) Tm pontos de ebulio mais altos do que o dos lcoois; c) Tm pontos de ebulio mais baixos do que os dos lcoois.

    14 Uma das principais diferenas entre aldedos e cetonas (indique o que lhe parece certo): a) Os aldedos no so oxidados por agentes oxidantes fracos, enquanto as cetonas so-no; b) Os aldedos por agentes oxidantes energticos; c) Os aldedos reagem facilmente, enquanto as cetonas no reagem com oxidantes fracos; d) Os aldedos e as cetonas reagem facilmente com oxidantes fracos.

    15 Uma das principais diferenas entre lcoois primrios, secundrios e tercirios (esco-lha o que lhe parecer certo): a) Os lcoois primrios no se oxidam e os tercirios oxidam-se em aldedos; b) Os lcoois tercirios oxidam-se em cidos e os secundrios oxidam-se em aldeidos; c) Os lcoois secundrios oxidam-se em aldedos e os lcoois primrios oxidam-se em

    cetonas; d) Apenas os lcoois tercirios so oxidados.

    16 Define-se molaridade como (identifique o que est certo): a) O nmero de equivalentes-grama de soluto existente num litro de soluo; b) O nmero de moles de soluto contido num quilo de solventes; c) O nmero de moles de soluto contido num litro de soluo; d) A quantidade, em gramas, de soluto por 100 ml de soluo.

    17 A presso osmtica depende apenas (identifique o que considera certo): a) Da natureza solvente; b) Da natureza soluto; c) Da concentrao da soluo e da temperatura do meio; d) Da natureza do soluto e da temperatura; e) Da temperatura;

  • 34 Acesso ao Ensino de Bioqumica em Medicina

    18 Diz-se que se trata de uma suspenso quando (diga o que est correcto): a) A soluo no filtrvel e opaca; b) A soluo atravessa membranas permeveis e transparente; c) A soluo tem partculas visveis ao microscpio ptico, que tendem a sedimentar; d) A soluo perfeitamente uniforme, no se diferenciando nenhuma partcula.

    19 A gua um composto com carcter (assinale o que est correcto): a) Anfotrico; b) cido; c) Bsico d) Neutro;

    20 O cloreto de sdio (escolha o que julga certo) a) Um electrlito fraco, visto encontrar-se praticamente todo na sua forma molecular; b) Um no electrlito, por no conter ies em soluo; c) Um electrlito forte, por estar em soluo aquosa totalmente dissociado; d) Um electrlito, devido a no conduzir a corrente elctrica.

    Apndice 2 Programa Temtico do Curso Intensivo de Qumica

    Qumica Fsica 1. Estrutura atmica e molecular

    Elementos e compostos Estrutura do tomo Propriedades qumicas do tomo Massa atmica dos elementos Ligao qumica Energia de ligao

    2. gua e soluo Propriedades fsicas e qumicas da gua Estrutura da molcula de gua Funes bioqumicas da gua Caractersticas e propriedades das solues Classificao das solues (baseada nas dimenses das partculas) propriedades coligativas

    3. Cintica e energia Equilbrio inico Dissociao da gua Neutralizao Tampes Equilbrio qumico Energia livre padro Velocidade das reaces qumicas Energia de activao Tipos de reaces qumicas

    Qumica Orgnica 1. Hidrocarbonetos

    Propriedades do tomo de carbono Grupos funcionais: importncia qumica e bioqumica Hidrocarbonetos alifticos e aromticos:

    Conformaes Isomeria estrutural e geomtrica

  • Bioqumica em Medicina Vol. I 35

    2. lcoois, aldedos, cetonas, cidos carboxlicos, steres, teres Propriedades fsicas e qumicas Nomenclatura Importncia biolgica

    3. Compostos azotados e de enxofre Propriedades fsicas e qumicas Nomenclatura Importncia biolgica

    Apndice 3 Resultados Individuais e Informaes Obtidas nos Testes Diagnsticos de Qumica

    Resultados Obtidos Mdias de Acesso no Teste Diagnstico Estabelecimento de Ensino Secundrio Frequentado Final Qumica 1o 2o

    14,0 13,5 9,0 F em Macau 15,0 14,0 1,5 F em Cabo Verde 17,0 15,0 17,3 16,8 Esc. Sec. Frei Lus de Sousa 17,0 18,5 13,5 15,5 Esc. Sec. Antero Quental 17,5 15,0* 7,8 11,3 Esc. Sec. Lus de Cames 17,6 17,0 10,0 14,5 Esc. Sec. Bocage 17,6 17,5 13,8 16,0 Esc. Sec. Lus de Cames 17,6 18,0 9,3 17,8 Esc. Sec. Ma Amlia Vaz Carvalho 17,7 17,0 12,5 F Esc. Sec. Bocage 17,7 17,5 11,3 14,5 Esc. Sec. de Carcavelos 17,7 17,5 13,0 160 Esc. Sec. Gama Barros 17,7 18,5 12,0 15,3 Esc. Sec. Cidade Universitria 17,7 17,0 9,3 9,8 Esc. Sec. de Queluz 17,8 12,5 7,8 10,0 Esc. Sec. Anselmo de Andrade 17,8 1 15,0 10,3 12,5 Esc. Sec. Poeta Antnio Aleixo 17,8 18,0 11,8 11,8 Esc. Sec. de Almada 17,8 18,5 10,8 12,8 Esc. Sec. Andr de Gouveia 17,9 18,0 14,8 14,0 Esc. Sec. de Amora 18,0 17,0* 8,3 F X 18,0 18,0 6,5 10,8 Esc. Sec. Ma Amlia Vaz Carvalho 18,0 17,0 9,0 12,0 Esc. Sec. Joo de Deus 18,0 18,0 12,8 17,3 Esc. Sec. Rainha D. Leonor 18,0 18,5 14,8 15,5 Esc. Sec. Cidade Universitria 18,0 19,0 14,5 14,0 Esc. Sec. Joo de Deus 18,1 18,0 14,8 17,3 Esc. Sec. Belm-Algs 18,1 18,0 10,5 16,0 Esc. Sec. Gama Barros 18,1 19,0 13,8 16,3 Esc. Sec. Pedro Nunes 18,2 16,5 10,8 12,5 Esc. Sec. Josefa de bidos 18,2 17,5 12,8 15,0 Esc. Sec. Benfica 18,2 18,5 12,5 14,8 Esc. Sec. Jaime Moniz 18,2 X 10,5 17,3 Esc. Sec. Anselmo de Andrade 18,3 17,0* 9,5 15,0 Esc. Sec. D. Pedro V 18,3 17,5 13,3 14,0 Esc. Sec. de Santo Andr 18,3 19,0 12,8 12,5 Esc. Sec. de Santo Andr

  • 36 Acesso ao Ensino de Bioqumica em Medicina

    18,5 18,5 11,3 13,3 Esc. Sec. Ma Amlia Vaz Carvalho 18,6 18,0 13,3 12,0 Esc. Sec. de Amora 18,6 19,0 12,8 13,8 Esc. Sec. Gil Vicente 18,7 19,0 10,5 14,0 Esc. Sec. Cidade Universitria 18,9 19,5 16,8 17,3 Colgio Valsassina 19,0 19,0 16,3 18,5 Escola Alem de Lisboa 19,0 19,5 12,3 16,5 X 19,3 18,0 8,5 16,5 Instituto Espanhol 19,6 19,5 11,8 14,5 Esc. Sec. Belm-Algs 19,8 19,5 14,0 16,3 Esc. Sec. no 2 Torres Vedras X X 4,8 14,8 na Sucia * Classificao no 11. ano. X Informao no fornecida F Faltou ao teste

    Agradecimentos

    Os autores esto reconhecidos ao Dr. Carlos Moreira pela apreciao estatstica dos resultados do presente estudo.

    ainda salientada a colaborao de Emlia Alves na preparao dacti-logrfica do texto.

    Referncias

    1. Martins e Silva J, Santos D, Marques S, Moreira C Preparao real dos alunos candidatos ao curso de Medicina na rea da Qumica. J Soc Cin Md Lisboa, 1984, 148: 28-32.

    2. Blizard PJ, Carmody JJ, Holand RAB Medical students retention of knowledge of physics and chemistry on entry to a course of physiology. Br J Med Ed 1975, 9: 249-254.

    3. Alpert JS, Coles R Editorial: Pre-medical education. A modest proposal repeated. Arch Int Med 1987, 147: 633-634.

    4. Nnodin JO Learning human anatomy: does learning occur during a lecture? Med Ed 1988, 22: 88-93.

    5. Farnsworth WE Editorial: The whys and wherefores of lectures. Biochem. Educ. 1987, 15: 105.

    6. Stuart J, Rutherdford RJD Medical student concentration during lectures: Lancet 1978, 2: 514-516.

    7. Verner C, Dickinson G The lecture: an analysis and review of research. Adult Educ 1967, 17: 85-100.

  • 4

    Avaliao diagnstica dos interesses, vivncias e conhecimentos de qumica dos alunos admitidos FML em 1989/1990

    Carlota Saldanha, Carlos Moreira, Yolanda Pinto, Manuela Nunes, J. Martins e Silva

    Resumo

    Os estudantes recm-admitidos nas Faculdades de Medicina nacionais tm revelado em pocas recentes deficincias relevantes ao nvel de conhe-cimentos fundamentais sobre Qumica. O contingente de alunos de 1989/ 1990 difere dos anteriores por ter sido seleccionado atravs de critrios de seriao mais exigentes. Com o objectivo de verificar o nvel de preparao terica antes do incio do ensino de Bioqumica, 84 dos alunos admitidos na FML foram observados atravs de um teste diagnstico de conhecimentos qumicos. Posteriormente, os mesmos alunos responderam a um inqurito annimo sobre os principais interesses e vigncias individuais. Os resultados obtidos confirmaram a extrema deficincia de preparao na rea Qumica, ainda mais evidente que nos anos anteriores. As pontuaes obtidas no teste contrastavam com as elevadas classificaes de acesso. A populao anali-sada, com aparente bem-estar econmico, vivia em casa de familiares, onde estudava; alm de frequncia mdio-elevada de cinema, divertiam-se pouco, ocupavam os tempos livres principalmente lendo livros e apenas metade pra-ticava desporto. Poder concluir-se que, na rea dos conhecimentos funda-mentais sobre Qumica, o novo processo de seriao de candidatos no se reflecte em qualquer melhoria (antes pelo contrrio) da preparao para a aprendizagem da Bioqumica. Igualmente, a populao analisada no reve-lou interesses ou qualidades scio-culturais que sobressassem da mediana.

    (In: Acta Md Port 1991; 4:37-42)

  • 38 Acesso ao Ensino de Bioqumica em Medicina

    Introduo

    O ingresso dos alunos no ensino superior poder depender da escolha vocacional por cada um dos candidatos, ser uma virtual imposio do siste-ma social ou, como agora comea a suceder entre ns, ser o resultado de uma seleco a nvel nacional.

    A partir do ano lectivo de 1989/ 1990, o acesso ao ensino superior pas-sou a ser regulamentado (Decreto-Lei no 354/88 de 12 de Outubro) por crit-rios diversificados, em que se incluem uma Prova Geral de Acesso (PGA), as classificaes obtidas pelo candidato no ensino secundrio (do 10o ao 12o anos) e os resultados das provas especficas definidas pelo estabelecimento de ensino superior de candidatura, alm de outros pr-requisitos intrnsecos ao curso escolhido (1)

    As dvidas geradas e a polmica pblica instalada entre os principais intervenientes no processo, assim como as possveis repercusses do novo regime de seriao dos candidatos ao ensino superior, so amplamente conhecidas (2). Havia interesse em avaliar as consequncias imediatas daquele sistema de acesso s Faculdades de Medicina, relativamente prepa-rao conferida pelas disciplinas nucleares no ensino pr-universitrio.

    O presente trabalho teve por finalidade averiguar, atravs de um inqu-rito diagnstico, os conhecimentos de Qumica e algumas caractersticas de uma populao escolar que havia sido admitida na Faculdade de Medicina de Lisboa.

    Metodologia

    Oitenta e quatro dos alunos admitidos em 1989/1990 no 1o ano da licen-ciatura em medicina da Faculdade de Medicina de Lisboa acederam a parti-cipar no presente estudo. Este consistiu em duas provas: teste diagnstico de conhecimentos (sobre Qumica Geral e Orgnica) e inqurito.

    O teste realizado sem aviso prvio no primeiro dia de aulas inclua doze perguntas, oito das quais de resposta mltipla (Apndice 1), a completar no perodo mximo de 20 minutos. No impresso do enunciado era solicitada a identificao do aluno, estabelecimento frequentado desde 1986/87 e classi-ficaes mdias obtidas nas disciplinas nucleares de acesso desde o 10o ao 12o, inclusive.

    Os alunos foram antecipadamente informados de que as respostas ao teste possibilitariam a reformulao do programa estabelecido para as aulas de reciclagem intensiva de conhecimentos daquelas matrias, que precede-riam o ensino de Bioqumica. Foi ainda assegurado aos alunos que o teste no pretendia a avaliao sumativa dos conhecimentos anteriores de cada aluno mas, unicamente, o diagnstico global do respectivo nvel da prepara-o acadmica.

  • Bioqumica em Medicina Vol. I 39

    A resposta ao inqurito, sob anonimato, teve lugar numa das aulas seguintes, igualmente sem aviso prvio. Com o inqurito pretendia-se averi-guar o perfil geral dos estudantes, no que se referia aos seus interesses, hbi-tos e vivncias (Apndice 2).

    Apndice 1 Enunciado do teste diagnstico e ficha individual

    Ficha Individual: Nome do aluno ______________________________________ Escola frequentada desde l986/87: _________________________ Classificao mdia das disciplinas nucleares de acesso: Matemtica: _______ (mdia de l0o, 11o e 12o anos) Biologia: _________ (mdia de l0o, 11o e 12o anos) Qumica: _________ (mdia de l0o, 11o e 12o anos) Fsica: ___________ (mdia de l0o, 11o e 12o anos)

    Perguntas: l Considere a equao de uma reaco endotrmica, em equilbrio uma determinada tem-

    peratura CH3OH (g) CO (g) +2H2 (g) Diminuindo a temperatura, o equilbrio desloca-se de modo que ... a quantidade de CH3OH aumenta ... a concentrao de CO aumenta ... a constante de equilbrio aumenta ... nada acontece

    2 Quais das afirmaes seguintes so correctas? ... O aumento de temperatura num gs traduz-se numa diminuio das energias de liga-

    o nas respectivas molculas ... Num volume maior, as molculas dum gs deslocam-se mais lentamente ... O aumento da presso exercida sobre uma amostra gasosa faz aumentar a energia

    cintica das molculas ... O aumento de temperatura de um gs faz aumentar a proporo de molculas com

    maiores velocidades. 3 A expresso da velocidade de uma dada reaco d [A] / dt = K [A] Deste modo

    ... uma reaco de primeira ordem

    ... a uma dada temperatura a representao grfica de log A em funo do tempo uma recta

    ... a reaco poderia ser uma transformao nuclear

    ... a velocidade de reaco independente da temperatura 4 A reaco X+Y Z de ordem 1/2 em relao a X, e de ordem l em relao a Y. Qua-

    druplicando as concentraes de X e Y, a velocidade da reaco torna-se ... dupla ... 8 vezes maior ... metade ... 16 vezes maior ... no alterada

    5 O diagrama que se segue traduz a curva de titulao de 20,0cm3 de uma soluo aquosa de cido actico (Ka = l, 7X l0-3) com uma soluo aquosa de 0,05 mol/dm3 de NaOH

  • 40 Acesso ao Ensino de Bioqumica em Medicina

    a) A concentrao (mol/dm) do io CH3CO2 no ponto M, : ... 1,6X10-3 ... 0,10 ... 0,038 ... 1,3X10-3 ... nenhum dos valores anteriores

    b) O ponto da curva correspondente a pH = 7 ... M ... O ... P ... N ... nenhum

    6 Faa corresponder a cada uma das equaes das reaces um nmero que indique o tipo

    de reaco que ocorreu a) CO2 + CaO CaCO3 b) CH3CH2Br + OH- CH3CH2OH + Br- c) 2CrO24 + 2H3O Cr2O27 + 3H2O d) CH3CHO + HCN CH3CH(CN)OH e) H2O2 + 21 I2 + 2H2O f) nC2H4 (CH2CH2)n

    1. oxidao-reduo 2. cido-base (Bronsted) 3. cido-base (Lewis) 4. substituio 5. adio 6. polimerizao

    7 O nmero de compostos (lcoois ismeros) que se podem obter por substituio de um tomo H por um grupo OH no etano, propano e butano (normal) so respectivamente: ... 2, 3, 4 ...2,2,3 ...2,2,2 ... 1, 2, 2 ... nenhum dos anteriores

    8 Qual dos compostos representados pelas frmulas seguintes d uma cetona por oxidao: ... CH3OH ... CH2OHCH2OH ... CH3CHO ... (CH3)3COH ... CH3CHOHCH2CH3

    9 Baseando-se no nmero de orbitais moleculares de valncia e no nmero de electres ligantes, interprete o facto de o comprimento das ligaes carbono-carbono no propano ser superior ao verificado na molcula de benzeno.

    10 Justifique a presena de uma ligao simples na molcula de Cl2. 11 Indique as frmulas e os nomes dos ismeros (com funo lcool ou funo ter) de fr-

    mula molecular CH3H2O. 12 Considere as frmulas seguintes:

  • Bioqumica em Medicina Vol. I 41

    a) indique dois ismeros de posio b) indique um que apresente isomeria ptica.

    Apndice 2 Inqurito sobre perfil geral dos interesses e vivncia

    Os objectivos deste inqurito so meramente epidemiolgicos. Pretende-se ter informaes para definir o perfil genrico do aluno que frequenta esta facul-dade. Por favor leia com ateno e assinale com uma cruz ou sublinhe a resposta que melhor se adequa s suas caractersticas. Obrigado pela sua colaborao. Caractersticas globais: Estudante/Estudante trabalhador Residncia:

    Prpria Alugada/ Residncia de estudantes Vive com a famlia/Sozinho/Com amigos Em Lisboa/Fora de Lisboa (onde?) ___________________________

    L normalmente (escreva o mais frequente): Livros/ Revistas/Jornais Tipo de livros ____________________________________________ Revista (s) _______________________________________________ Jornal dirio / semanal _____________________________________ Revistas de divulgao cientfica (Sim/No)

    Meios informticos: Uso de computador (Raro/s vezes/Regular/Muitas vezes) Principal finalidade (Programao, Jogos. Apoio a trabalhos, Documentao)

    Hora a que prefere estudar: ____________________________________ Local onde prefere estudar: _____________________________________ Costuma frequentar: (Classifique de 1 a 5 conforme participe entre raramente ou nunca, e excessivamente)

    Cinema __________________ Exposies _______________ Teatro ___________________ Bailado __________________ Concertos ________________ Boites ___________________ Conferncias ______________ Jogos ____________________

    Em que ocupa principalmente o seu tempo livre? _____________ Pratica desporto? _______ (Se sim, qual?) ___________________

    Os resultados das classificaes do teste diagnstico foram tratados

    estatisticamente para determinao da mdia e desvio padro (mdia des-vio padro) por equaes convencionais. Foi utilizada a correlao de Pear-son, considerando-se os resultados significativos com probabilidade two--tailed igual ou inferior a 0,01.

  • 42 Acesso ao Ensino de Bioqumica em Medicina

    Resultados

    Os alunos revelaram interesse pelo inqurito e teste diagnstico para que foram convidados, no tendo havido pedidos de escusa. Foram elimina-das da apreciao final as respostas ao teste de 6 estudantes que no indica-ram as classificaes obtidas no ensino secundrio, ou provinham de siste-mas de avaliao no comparveis.

    A mdia dos resultados obtidos pelos restantes 78 alunos no teste diag-nstico foi inferior s classificaes mdias que haviam alcanado na disci-plina de Qumica (ou no conjunto Fsico-Qumica) do programa do 10o ao 12o do ensino secundrio (Quadro 1). Apenas 17% dos estudantes obteve resultados iguais ou superiores a 10 valores naquele teste. de salientar que as perguntas do teste representavam assuntos fundamentais do programa obrigatrio de Qumica no ensino pr-universitrio que os alunos haviam frequentado. As classificaes mdias finais das disciplinas nucleares corre-lacionavam-se estritamente entre si (p

  • Bioqumica em Medicina Vol. I 43

    Quanto ao perfil scio-cultural avaliado atravs do inqurito, verifica-se

    (Quadro 3) que virtualmente todos (97,6%) os estudantes no exerciam outra actividade e viviam com familiares (81%); a maioria (63,1%) residia em Lisboa e/ou em casa prpria (64,3%).

    Entre as leituras extra-estudo, grande parte dos estudantes (81%) esco-lhia livros, seguindo com ateno moderada as notcias por jornais e/ou revistas. Estranhamente, cerca de 1/5 dos inquiridos no lia habitualmente livros, mais de 50% no consultava revistas, 7% no lia jornais e quase 60% no se interessava por temas de divulgao cientfica.

    Apenas um nmero restrito de estudantes (6%) utilizava regularmente ou muitas vezes os computadores, enquanto 83,3% referiam uso raro ou espordico. Os computadores eram preferencialmente (45%) utilizados para jogos, pouco (13,1%) para programao e, ainda menos (4,8%), para trata-mento de informaes, mas com algum uso no apoio a trabalhos (22,6%). Uma larga percentagem dos inquiridos (entre 11 e 26%) no respondeu s perguntas sobre informtica, o que eventualmente poder significar nenhuma utilizao ou conhecimentos nulos sobre o assunto. A generalidade dos estu-dantes (92,9%) optava por estudar em casa, e cerca de 1/5 durante a noite.

    Relativamente a diverses, constata-se que uma larga faixa de estudan-tes frequentava pouco ou nada o teatro (89,3%), concertos (69,1%), confe-rncias (80,5%), exposies (64,3%), bailado (79,8%), boites (65,4%) e jogos (71,4%), sendo o cinema o divertimento mais procurado, com regula-ridade (25%) ou muita frequncia (54,8%). Apenas um nmero reduzido dos inquiridos assistia muito frequentemente a espectculos de teatro (4,8%), conferncias (3,6%) bailado (8,4%). Grande parte dos estudantes preferia ocupar o seu tempo livre a ler (42,9%) e, em segundo plano, optava por pas-sear (19%) ou praticar desportos (15,5%). Mais de metade (56%) dos inqui-ridos praticava regularmente desporto, sendo a ginstica (I 1,9%) e a natao (8,3%) as modalidades mais comuns.

    Quadro 3 Resultados do inqurito sobre o perfil scio-cultural

    dos novos estudantes (N = 84).

    Caractersticas individuais: Totais (%) 1. Tipo profissional 82 (97,6) Estudante, exclusivamente 2 (2,4) Estudante-Trabalhador 2. Residncia TIPO

    Prpria (ou familiar) 54 (64,3) Alugada 21 (25,0) Residencial de estudantes 3 (3,6) No responderam 6 (7,1)

    LOCAL Lisboa 53 (63,1)

  • 44 Acesso ao Ensino de Bioqumica em Medicina

    Arredores 31 (36.9) CO-HABITAO

    Familiares 65 (81,0) S 6 (7,1) Amigos 6 (7,1) No responderam 4 (4,8)

    3. Leituras habituais LIVROS

    Sim 68 (81) No 16 (19)

    REVISTAS Sim 41 (48,8) No 43 (51,2)

    JORNAIS Dirios 11 (13,1) Semanrios 39 (46,4) Ambos 27 (32,1) Nenhum 6 (7,1) No responderam 1 (1,2)

    DIVULGAO CIENTIFICA Sim 30 (35,7) No 50 (59,5) No responderam 4 (4,8)

    4. Utilizao de computadores GERAL

    Raramente 52 (61,9) Por vezes 18 (21,4) Regularmente 4 (4,8) Muitas vezes 1 (1,2) No responderam 9 (10,7)

    PARA PROGRAMAO Sim 11 (13,1) No 51 (60,7) No responderam 22 (26,2)

    PARA JOGOS Sim 38 (45,2) No 24 (28,6) No responderam 22 (26,2)

    APOIO A TRABALHOS Sim 19 (22,6) No 43 (51,2) No responderam 22 (26,2)

    PARA TRATAMENTO DE DOCUMENTAO Sim 4 (4,8) No 58 (69,0) No responderam 22 (26,2)

    5. Condies de estudo HORRIO PREFERIDO

    Dia 8 (9,5) Noite 18 (21,4) Manh 22 (26,2) Tarde 32 (38,1) No responderam 4 (4,8)

    LOCAL PREFERIDO

  • Bioqumica em Medicina Vol. I 45

    Na residncia 78 (92,9) Sala de estudo 1 (1,2) Ambos 3 (3,6) No responderam 2 (2,4)

    6. Diverses ou actividades culturais CINEMA

    Raramente ou nunca 11 (13,1) s vezes 6 (7,1) Regularmente 21 (25,0) Muitas vezes 24 (28,6) Excessivamente 22 (26,2)

    TEATRO Raramente ou nunca 61 (72,6) s vezes 14 (16,7) Regularmente 15 (6,0) Muitas vezes 3 (3,6) Excessivamente 1 (1,2)

    CONCERTOS Raramente ou nunca 44 (52,4) s vezes 14 (16,7) Regularmente 13 (15,5) Muitas vezes 11 (13,1) Excessivamente 2 (2,4)

    CONFERNCIAS Raramente ou nunca 57 (67,9) s vezes 19 (22,6) Regularmente 4 (4,8) Muitas vezes 1 (1,2) Excessivamente 2 (2,4) No responderam 1 (1,2)

    EXPOSIES Raramente ou nunca 25 (29,8) s vezes 29 (34,5) Regularmente 16 (19,0) Muitas vezes 11 (13,1) Excessivamente 3 (3,6)

    BAILADO Raramente ou nunca 63 (75,0) s vezes 4 (4,8) Regularmente 9 (10,7) Muitas vezes 5 (6,0) Excessivamente 2 (2,4) No responderam 1 (1,2)

    BOITES Raramente ou nunca 39 (46,4) s vezes 16 (19,0) Regularmente 15 (17,9) Muitas vezes 6 (7,1) Excessivamente 8 (9,5)

    JOGOS Raramente ou nunca 44 (52,4) s vezes 16 (19,0) Regularmente 13 (15,5)

  • 46 Acesso ao Ensino de Bioqumica em Medicina

    Muitas vezes 5 (6,0) Excessivamente 5 (6,0) No responderam 1 (1,2)

    7. Ocupao preferencial de tempos livres Ler 36 (42,9) Passear 16 (19,0) Desporto 13 (15,5) Msica 3 (3,6) Paroquial 1 (1,2) Cinema 2 (2,4) Escrita 1 (1,2). TV 3 (3.6) Piano 2 (2,4) Pintar 1 (1,2) No responderam 6 (7,1)

    8. Prtica regular de desporto Sim 47 (56.0) No 37 (44,0)

    9. Tipo de desporto praticado Natao 7 (8,3) Futebol 5 (6,0) Ginstica 10 (11,9) Voleibol 2 (2,4) Tnis 6 (7,1) Atletismo 2 (2,4) Cicloturismo 1 (1,2) Musculao 1 (1,2) Artes marciais 5 (6,0) Basquetebol 1 (1,2) Dana 1 (1,2) Tnis de mesa 1 (1,2) Remo 2 (2,4) Ballet 2 (2,4) Tiro 1 (1,2) No responderam 36 (42,9)

    Discusso

    Os estudantes recm-admitidos na Faculdade de Medicina de Lisboa (FML) no ano lectivo de 1989/ 1990 evidenciavam preparao terica muito deficiente na rea de Qumica. Os nveis de conhecimentos especficos eram inferiores aos das populaes estudantis de anos transactos (3-5). flagrante a diferena pontual do teste diagnstico de Qumica entre o grupo de estu-dantes do presente estudo (em que a mdia no atinge os 7 valores, sendo a classificao mxima de 14,5 valores) e as pontuaes mdias dos dois anos lectivos imediatamente anteriores: 11,5 valores em 1986/1987 e 9,9 em 1987/ 1988 . de referir que o ndice de dificuldade dos testes diagnsticos era equivalente, tendo os inquritos sido preparados e as respostas corrigidas pelos mesmos docentes.

  • Bioqumica em Medicina Vol. I 47

    A situao verificada neste trabalho no indita e vem comprovar observaes anteriores do mesmo grupo (3-5). Efectivamente, as elevadas classificaes de acesso ao ensino superior exibidas pelos estudantes admiti-dos na FML no representam conhecimento permanente ou duradouro, inclusive no que se refere a aspectos fundamentais da matria. Eventualmen-te, as classificaes podero reflectir desequilbrios regionais ou circunstn-cias aleatrias no desejveis. A matria de Qumica ensinada na fase pr--universitria com reconhecidas limitaes de escolaridade e meios. podendo ser preterida entre as disciplinas seleccionadas pelo estudante.

    Qualquer que seja o motivo e interessaria esclarec-lo a fundo a rea-lidade que se repete, ano aps ano, a (muito) baixa preparao e nvel de conhecimentos em Qumica patenteados pelos estudantes admitidos na FML antes da aprendizagem de Bioqumica.

    Na populao aqui estudada a situao parece agravada, apesar dos objectivos traados superiormente no mbito do novo regime de acesso ao ensino superior. De facto, e pelo menos no que se refere rea de Qumica, os alunos evidenciaram conhecimentos ainda mais deficientes do que o habi-tual. As razes para este insucesso de preparao especfica podero ser idnticas s anteriormente referidas (3-5). Eventualmente, a orientao do estudo para temas muito restritos, definidos no programa das provas espec-ficas, poder ter reduzido a preparao dos alunos em outros aspectos essen-ciais, focados no teste diagnstico.

    Esta hiptese justificar a ausncia de correlao significativa entre os resultados do teste diagnstico e as classificaes obtidas em Qumica na fase pr-universitria, em alunos caracterizados por elevada taxa de rendi-mento escolar nas 4 disciplinas nucleares, com classificaes estreitamente correlacionadas entre si (Quadro 2). No deixa de ser peculiar (e certamente casual) a correlao positiva observada entre as classificaes do teste diag-nstico de Qumica e as referidas para Biologia e Fsica.

    Em estudo recente, conduzido entre mdicos neo-zelandeses com 8 anos de prtica clnica, foi evidenciado que os conhecimentos e preparao em Qumica obtidos no ensino pr-universitrio constituam um ndice predi-tivo de sucesso durante o curso mdico e carreira ps-graduada (6). Monta-gue e Odds (7) evidenciaram, em estudantes ingleses, que os resultados em Qumica e Biologia (mas no em Matemtica, Fsica e outras disciplinas) estavam correlacionados com o rendimento subsequente no curso mdico. Na generalidade, porm, admite-se que as classificaes pr-universitrias na rea das cincias, embora sejam razoveis ndices preditivos da aprendi-zagem pr-clnica, so indicadores deficientes do rendimento clnico (8).

    As consequncias globais desta impreparao na rea de Qumica no rendimento estudantil ao longo do curso mdico esto por averiguar entre ns. Porm, limitando a anlise ao ensino de Bioqumica, no h dvida de que a insuficincia de conhecimentos fundamentais de Qumica dificulta o ensino daquela disciplina.

  • 48 Acesso ao Ensino de Bioqumica em Medicina

    Finalmente, numa tentativa de anlise sociolgica sumria que transpa-rece dos inquritos, os alunos admitidos em 1989/1990 constituem um grupo com caractersticas bastantes homogneas e, de certo modo, surpreendentes.

    Alm do aparente confronto econmico desfrutado, a maioria dos inquiri-dos vivia com familiares, estudava em casa, divertia-se pouco e lia preferen-cialmente livros. Nem a informtica, as notcias da imprensa ou a divulgao cientfica constituam motivos relevantes de interesse da populao analisada. Adicionalmente, quase metade dos estudantes no praticava qualquer desporto.

    Os dados colhidos sugerem que os estudantes centravam os seus inte-resses num regime de vida que rejeitava distraces, novidades e actividades criativas, e que fazia da leitura e do cinema os meios preferenciais de contac-to com o exterior.

    Resta esclarecer se os alunos constituam uma populao intrinseca-mente pouco motivada para actividades extra-escolares ou que adquirira o hbito de restringir esses interesses por motivos extrnsecos, em que se des-taca a competitividade do processo de admisso no ensino superior. Foi efec-tivamente demonstrado, num outro estudo com estudantes de medicina, que o rendimento da aprendizagem variava inversamente com a quantidade de actividades e interesses gerais em que participavam (9).

    Concluindo, o teste diagnstico sobre Qumica demonstrou que a popu-lao estudantil admitida no 10o ano de 1989/1990 da Faculdade de Medici-na de Lisboa no possua preparao adequada aprendizagem de Bioqu-mica. Os critrios de seleco estabelecidos e inaugurados naquele ano lectivo no haviam modificado as insuficincias de preparao em Qumica, j constatada em anos transactos.

    A reciclagem prvia de conhecimentos fundamentais de Qumica afigura--se (ainda) uma necessidade indispensvel enquanto se mantiverem as condi-es de ensino pr-universitrio e os discutveis mecanismos de seleco dos novos alunos de medicina no forem aferidos pelas realidades do nosso meio.

    Agradecimentos

    Os autores expressam o seu reconhecimento ao cuidado posto pela Sra. D. Emilia Alves na preparao dactilogrfica do texto.

    Bibliografia

    l. Guia de Acesso ao Ensino Superior/1989. Ed Dir Geral Ens Superior, Lisboa, 1988. 2. Martins e Silva J O novo acesso ao ensino superior e suas implicaes em

    medicina. Rev. Med. 1989; 2: 5-8. 3. Saldanha C, Pinto Y, Nunes M, Martins e Silva J Apreciao de uma avaliao

    diagnstica precedente ao ensino de Bioqumica em 1986/ 1987. In: Actas do IV

  • Bioqumica em Medicina Vol. I 49

    Congresso Nacional de Educao Mdica (Lisboa 9-11 Janeiro 1987), Edio FML, 1987, pg. 247-254.

    4. Saldanha C, Santos AI, Nunes M, Pinto Y, Moreira C, Martins e Silva J Avaliao diagnstica e valores da reciclagem do conhecimento em Qumica antecedendo o ensino de Bioqumica em 1987/1988 e 1988/1989. Actas de Bioq 1990; 4 (em publicao).

    5. Martins e Silva J, Santos D, Marques S, Moreira C Preparao real dos alunos candidatos ao curso de Medicina na rea da Qumica. J Soc Cin Md Lisboa 1984; 148:28-32.

    6. Huxham GJ, Lipton A, Hamilton D, Chant D What makes a good doctor Med. Educ. 1989, 23:3-13.

    7. Montague W, Odds FC Academic selection criteria and subsequent performance. Med. Educ. 1990; 24:751-157.

    8. McManus I.C., Richards P.: Prospective survey of performance of medical students during pre-clinical years. Br Med J 1986; 293:124-127.

    9. Alfayez SF, Strand DA, Carline JD Academic, social and cultura1 factors influencing medical school grade performance. Med. Educ. 1990; 24:230-238.

  • 5

    Acesso Faculdade de Medicina de Lisboa: avaliao dos conhecimentos especficos de qumica e perfil scio-cultural

    dos alunos admitidos nos anos lectivos de 1989/90 e 1990/91

    J. Martins e Silva Introduo

    O Decreto-Lei no 354/88 de 12 de Outubro reformulou o sistema de admisso no Ensino Superior. A partir de 1989, todos os candidatos Uni-versidade ficaram obrigados a uma prova geral de acesso (PGA) de mbito nacional, entre outras exigncias especficas dos cursos de preferncia. Genericamente, pretendia o legislador que os novos alunos a admitir pela Universidade fossem possuidores de desenvolvimento intelectual, maturida-de cultural, domnio da lngua portuguesa e tivessem habilitaes especficas adequadas aos cursos a que se candidatavam (1).

    Entretanto, e por motivos conjunturais que se previam transitrios, foram as Faculdades de Medicina includas num conjunto de outros Estabe-lecimentos de Ensino Superior (EES) com algumas afinidades. Este agrupa-mento tinha como objectivo essencial facilitar a candidatura dos estudantes perante EES com provas especficas semelhantes.

    Em conformidade, foi entendido que os cursos de licenciatura em Medicina, Medicina Veterinria, Cincias Farmacuticas e Medicina Dent-ria fariam parte do mesmo grupo de EES com provas comuns e critrios de seriao semelhantes ou idnticos (Quadro I). Assim, os alunos que ingressa-ram em 1989/90 na Faculdade de Medicina de Lisboa (FML) no difeririam dos candidatos a outros EES em termos de atributos prprios do curso esco-lhido mas, exclusivamente, por critrios de seriao (2).

    (In: Boletim FML 1991; II Srie, 8:20, 5-15)

  • 52 Acesso ao Ensino de Bioqumica em Medicina

    Quadro I Grupos de Estabelecimentos de Ensino Superior agrupados em 1989/90 por critrios de seriao e/ou provas comuns e/ou afinidades cientficas.

    Curso de Licenciatura Estabelecimento do Ensino Superior Medicina Faculdade de Cincias Mdicas, Universidade Nova de Lisboa Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Instituto de Cincias Biomdicas de Abel Salazar, Universidade

    do Porto Medicina Dentria Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra Escola Superior de Medicina Dentria de Lisboa (1) Escola Superior de Medicina Dentria do Porto Cincias Farmacuticas Faculdade de Farmcia da Universidade de Coimbra Faculdade de Farmcia da Universidade de Lisboa Faculdade de Farmcia da Universidade do Porto Medicina Veterinria Escola Superior de Medicina Veterinria (2) Universidade de Trs-os-Montes e Alto Douro (3)

    (1) Candidatura aberta aos titulares com 3o ano da Licenciatura em Medicina, sem provas especficas nem critrios de seriao

    (2) Critrios de seriao diferentes dos restantes (3) Sem provas especficas

    A partir de 1990/1991, deixou de haver uniformidade nos critrios de

    seriao, agora varivel de uns para outros EES, inclusive do mesmo curso de Licenciatura.

    A FML entendeu indispensvel incluir a entrevista como critrio de seriao adicional. Em consequncia, os alunos admitidos na FML em 1990/91 foram seleccionados por critrios mais exigentes e consentneos s finalidades do curso e aos objectivos especficos da profisso mdica do que os candidatos do ano transacto. Por idnticos motivos, o grupo de alunos admitidos em 1990/91 diferiria potencialmente dos candidatos que, em 1989/90, se haviam candidatado FML e restantes EES do mesmo grupo.

    No conjunto, seria previsvel que o novo critrio de admisso no Ensino Superior permitisse a seleco dos alunos com perfis cultural e intelectual, maturidade e habilitaes mais condizentes aos cursos que haviam escolhido.

    Conhecimentos de Qumica

    Os alunos que ingressam no 1o ano do Curso de Medicina da FML reve-lam habitualmente deficincias importantes no nvel de conhecimentos fun-

  • Bioqumica em Medicina Vol. I 53

    damentais sobre Qumica (Geral e Orgnica) que deveriam ter adquirido no ensino pr-universitrio.

    Esta lacuna tem sido sistematicamente comprovada por ns atravs de um teste diagnstico, sem aviso prvio, que os alunos realizam antes do in-cio do ensino de Bioqumica (3-6). Fundamentalmente, a avaliao diagns-tica possibilita aferir as carncias mais importantes que os alunos manifes-tam, para que lhes possamos dar o necessrio provimento num curso intensivo sobre Qumica (com a durao de uma a duas semanas), preceden-te ao ensino de Bioqumica. Pela nossa experincia, o teste diagnstico e o curso intensivo que se lhe segue so aces pedaggicas indispensveis ao sucesso do ensino de Bioqumica

    Dando continuidade a estes propsitos, 78 dos alunos que haviam sido admitidos em 1989/90 e