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DESTINATÁRIOS

Religiosos escolápios e leigos/as identificados com o carisma escolápio e que participam da missão em nossos colégios.

OBJETIVOApresentar o funcionamento teórico e prático da pedagogia que se pratica nos colégios escolápios no Brasil para uma melhor compreensão da mesma e capacitação para acompanhar a caminhada dos colégios.

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SUMÁRIO

Oração inicial ----------------------------------------------------------------------- 7

1. Projeto de colégios – Escolápios Brasil ----------------------------------- 82. As dimensões: pedagógica, pastoral e administrativa ------------------- 83. Proposta pedagógica --------------------------------------------------------- 84. Acompanhando os processos ----------------------------------------------- 95. Avaliação 360º - padre fernando ------------------------------------------ 116. Filantropia e política de descontos ---------------------------------------- 137. Plataformas digitais --------------------------------------------------------- 148. Tendências educacionais ---------------------------------------------------- 14Proposta de itinerário para um religioso acompanhar os colégios ------- 16

PROJETO ESCOLÁPIO DE COLÉGIOS ---------------------------------- 181. Introdução -------------------------------------------------------------------- 182. Identidade de um colégio escolápio --------------------------------------- 193. Educar em habilidade e competências ------------------------------------ 254. Proposta pedagógica -------------------------------------------------------- 295. Proposta pastoral ------------------------------------------------------------- 326. Proposta administrativa ----------------------------------------------------- 337. Equipe de colégios e funções ---------------------------------------------- 358. Conclusão --------------------------------------------------------------------- 38

PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO ------------------------------------ 391. Finalidades do projeto político pedagógico ------------------------------ 392. Caracterização do sistema escolápio de educação ----------------------- 393. Marco referencial e teórico ------------------------------------------------- 404. Princípio da gestão ----------------------------------------------------------- 48Referência bibliográfica ------------------------------------------------------- 54

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7A PEDAGOGIA PRATICADA NOS COLÉGIOS

ORAÇÃO INICIAL

- Saudação inicial/acolhida/boas-vindas.

Mantra: Ó vem Senhor, não tardes mais, vem saciar nossa sede de paz. (bis)

- Leitura Bíblica: Isaías 9, 1-9 (O povo que andava nas trevas viu uma grande luz).

Oração (todos):

Os clamores do teu povo a ti sobem, ó Senhor.

Vem depressa, vem salvar-nos, és um Deus libertador.

Esperamos tua vinda, como terra ressequida.

Vem matar a nossa sede, como água que dá vida.

Esperamos tua vinda, como a noite espera o dia.

Faze a luz brilhar nas trevas, no ssos passos alumia.

Esperamos tua vinda, como a jovem pelo amado,

Manifesta tua glória, cria um povo libertado.

Esperamos tua vinda, como a flor espera o orvalho,

como aquele que caminha, busca à sombra um agasalho.

Os teus pobres, teus amados, a ti volvem seu olhar.

Da maldade e do egoísmo vem, Senhor, nos libertar.

- Meditação

- Canto final:

1 - Na bruma leve das paixões que vêm de dentro. Tu vens chegando, pra brincar no meu quintal. No teu cavalo peito nu, cabelo ao vento. E o sol quarando nossas roupas no varal.

Refrão: Tu vens, tu vens, eu já escuto os teus sinais. (bis)

2 - A voz do anjo, sussurrou no meu ouvido. Eu não duvido já escuto os teus sinais. Que tu virias, numa manhã de domingo. Eu te anuncio nos sinos das catedrais.

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8 SEMINÁRIO DE EDUCAÇÃO

1. PROJETO DE COLÉGIOS – ESCOLÁPIOS BRASIL

O colégio escolápio é um lugar de encontro e de participação, lugar de referência e de pertença para a comunidade

educativa e para a comunidade cristã escolápia.

O Projeto de Colégios foi desenvolvido, a partir do carisma e missão escolápios, com o objetivo de orientar os trabalhos pedagógicos, pastorais e administrativos dos colégios escolápios, apontando para os melhores processos nessas três áreas e articulando a fidelidade às raízes com respostas mais apropriadas aos desafios da atualidade. O centro do pensamento de Calasanz, da sua pedagogia e da sua ação era a criança e o jovem. A partir da escola, queria alcançar dois grandes objetivos: a felicidade da pessoa humana e a transformação da sociedade, para que fosse mais justa, livre e igualitária. Calasanz é um educador que vai elaborando uma pedagogia a partir da prática e pensando numa ação que fosse eficaz, produzindo resultados positivos para a vida pessoal e profissional da criança. Assim, os colégios escolápios procuram responder às questões da atualidade, desenvolvendo uma proposta acadêmica de excelência e cultivando valores e atitudes evangélicos, que abrangem uma educação integral, inspirados em nosso lema: “Educar, Evangelizar, Transformar”.

2. AS DIMENSÕES: PEDAGÓGICA, PASTORAL E ADMINISTRATIVA

(No Projeto Escolápio de Colégios itens 4, 5 e 6.) A partir da missão e visão, explicitada em nossos documentos: “Ser uma referência educativa, eclesial e social para crianças, adolescentes e jovens, suas famílias e funcionários, desde as finalidades e os valores escolápios, oferecendo diversas formas de participação no carisma próprio (missão, espiritualidade e vida)”, cuidamos das dimensões pedagógica, pastoral e administrativa, garantindo a continuidade do legado deixado por Calasanz. Nossos colégios oferecem às famílias uma proposta educativa em que se harmonizam fé, cultura e vida, na inspiração de São José de Calasanz. Essa proposta insiste nos valores de construção de si mesmo e abertura aos outros. Apresenta a cultura como meio de comunhão entre as pessoas e o saber como dever de serviço, evidenciando nosso lema: piedade e letras.

3. PROPOSTA PEDAGÓGICA

Educar por habilidades e competências Toda a proposta Política Pedagógica do Sistema Escolápio de Educação sustenta-se na teoria Cognitivista. Não podemos conceber aprendizagem como um processo de resposta a um estimulo externo. Aprender é muito mais amplo, consiste na mudança da estrutura cognitiva do sujeito que é perceptível na forma como ele

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9A PEDAGOGIA PRATICADA NOS COLÉGIOS

se torna capaz de perceber, organizar, selecionar e atribuir significado ao objeto da aprendizagem. A nossa proposta está vinculada a um projeto de ensino capaz de proporcionar o desenvolvimento de habilidades e de competências cognitivas, entendidas como a capacidade do sujeito de mobilizar recursos, tornando-se pronto para solucionar uma situação complexa.

Projeto Político Pedagógico

Para nós, muito mais que um documento obrigatório previsto na Lei de Diretrizes e Bases, o Projeto Político Pedagógico é compreendido como um texto que acata, interpreta e atualiza a concepção educativa de São José de Calasanz. Assim, esse projeto deve ser considerado REFERÊNCIA para a concepção das atividades pedagógicas desenvolvidas nas instituições de ensino do Sistema Escolápio de Educação integrado por seus colégios: Ibituruna e São Miguel.

Indicadores: Enem e outros

O Ensino Médio é o momento no qual o estudante deve consolidar conhecimentos, habilidades e competências já parcialmente estimuladas até então em sua vida escolar. Da primeira à terceira série dessa fase, o aluno deve desenvolver, por exemplo, o senso crítico, a cidadania, a noção de responsabilidade social, além, logicamente, do pensamento científico amparado nos conhecimentos acumulados pela humanidade ao longo do tempo. No Sistema Escolápio de Educação, o estudante é convidado a uma realidade que o coloca no centro do processo de ensino-aprendizagem. Amparados por avaliação formativa constante, os professores desenvolvem atividades, didáticas e exercícios que visam desenvolver ao máximo o potencial de cada estudante. Em paralelo, como não poderia deixar de ser, o Ensino Médio nos Colégios CSMA e Ibituruna também está orientado pela necessidade de preparação para os exames de seleção universitária, como o ENEM, um importante indicador de qualidade pedagógica de excelência em educação. Aqui o aluno se submete a testes de simulados, orientação pela coordenação pedagógica, além de contar com uma equipe de professores especialista no assunto.

4. ACOMPANHANDO OS PROCESSOS

Uma escola é muito mais eficiente quando aborda o uso de seus recursos e suas atividades de rotina como processos bem definidos, levando em conta tanto o ambiente externo como o interno. Assim, é possível compreender como cada área se inter-relaciona e quais exatamente são os papéis dos membros da equipe na busca pelo alcance dos objetivos. A abordagem por processo demanda a identificação dos responsáveis por cada atividade, a entrada e saída de recursos e, claro, a definição do objetivo.

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10 SEMINÁRIO DE EDUCAÇÃO

Acompanhando aluno e família

O orientador Educacional tem um papel de grande importância dentro do universo escolar, desempenhando com qualidade o acompanhamento ao aluno e às famílias. Esse profissional participa da vida escolar do aluno, cuidando para que a sua formação aconteça em três pilares essenciais que são: estabelecer uma rotina de estudo que garanta seu desempenho acadêmico, intervir com ações que promovam a formação do aluno como cidadão e dedicar seus conhecimentos e estratégias de trabalho para auxiliar os professores na compreensão dos comportamentos das crianças em suas diferentes fases de desenvolvimento.

O acompanhamento aos professores

O papel de acompanhar o trabalho do professor, como ele planeja e ministra suas aulas, bem como as estratégias e metodologias de trabalho utilizadas são acompanhadas diretamente pelo Coordenador Pedagógico, que tem a função de formador, orientando o trabalho coletivo no ambiente escolar e estabelecendo conexão entre os indivíduos, o projeto da escola e os conteúdos educativos. É um profissional que atua entre a direção e os educadores, relacionando também com os alunos e os familiares. Ao acompanhar as ações e todo o trabalho do professor, compete ao Coordenador Pedagógico articular o Projeto Político Pedagógico da escola com a prática pedagógica. Ele precisa propor medidas e atividades que ajudem a garantir que os objetivos estipulados no projeto possam ser desenvolvidos de maneira a beneficiar toda a comunidade escolar e sobretudo potencializar os resultado acadêmicos dos alunos.

POP - procedimento operacional padrão

Desenvolver uma cultura de planejamento e corresponsabilidade. Definir os diversos Procedimentos Operacionais Padrão (POP) e utilizar as metodologias de monitoramento de processos, como: PDCA – Planejar, desenvolver, conferir, agir. As programações, as reflexões e as práticas educativas precisam se tornar patrimônio do colégio, para avançar nos processos de melhoria e de maior qualidade da proposta conjunta. Todas as atividades vão se padronizando e sendo registradas, de forma que cada profissional e coordenador de área ou setor saibam como agir em determinada situação e necessidade. Esses procedimentos não compõem um conjunto engessado de atuações, mas trata-se de uma prática dinâmica e sempre em revisão e avaliação. Nesse processo, participam todas as pessoas envolvidas, pois a prática quotidiana é uma fonte importante de conhecimento e de saber.

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11A PEDAGOGIA PRATICADA NOS COLÉGIOS

Outros profissionais

A gestão de Recursos Humanos também é fundamental para uma instituição de ensino. Para que uma escola atinja os objetivos desejados, ela precisa contar com uma equipe de profissionais motivados e competentes. Além disso, é preciso saber como lidar com toda a comunidade de alunos e responsáveis, mediando conflitos e buscando soluções. Desse modo, pode-se dizer que o grande objetivo da gestão de pessoas é criar um ambiente agradável, motivante e que favoreça a produtividade, além de cuidar de toda a parte burocrática relativa aos colaboradores. A escola não é movida apenas de ideias e propostas, mas também, é um produto do trabalho de várias pessoas que estão no dia-a-dia e cada uma com sua função.

Pastoral - Acompanhamento dos agentes

A própria comunidade cristã escolápia acompanha a caminhada de fé de cada membro e agente de pastoral. O Coordenador Pastoral e a Titularidade são responsáveis por acompanhar o exercício da função do agente, de forma mais personalizada e amiga, orientando as funções de cada um, potencializando os dons e percebendo as necessidades de cada pessoa em todos os níveis. Todos necessitam de ajuda na caminhada espiritual e essa ajuda se oferece, constantemente, de forma rápida e generosa, cuidando também da mística pessoal e grupal de todos que compõem a Equipe Pastoral. Com efeito, iremos fortalecendo a sensibilidade humana e espiritual de toda a equipe para que a mesma seja e sinta responsável pelo propagação do “aroma pastoral” ou seja, a grande missão pastoral nos colégios, contando com a colaboração e empenho de toda a comunidade educativa.

5. AVALIAÇÃO 360º

(No Projeto Escolápio de Colégios item 4.5 e no Projeto Político Pedagógico 4.3.)

A Avaliação 360º (graus), também conhecida como feedback 360º, é uma ferramenta de avaliação de desempenho que permite a avaliação do funcionário por todos a sua volta, como superiores, subordinados, prestadores de serviços, clientes e pelo próprio avaliado. Esse método, muito utilizado pelas empresas, tem como propósito compreender as deficiências do funcionário e auxiliar na evolução de suas competências fundamentais, sendo uma importante ferramenta da gestão estratégica de pessoas. O Sistema Escolápio de Educação entende necessária a aplicação dessa avaliação para toda a equipe de discente três vezes ao ano, ao final de cada trimestre.

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12 SEMINÁRIO DE EDUCAÇÃO

Avaliação Institucional

Desde 2018, o Padre Provincial propõe uma avaliação institucional considerando os grupos dos alunos, famílias e funcionários. É apresentado o mesmo questionário em todos os colégios, com o objetivo de ter dados para avaliar os próprios educadores, a direção e, acima de tudo, o colégio. Esses dados não são objetivos, são opiniões e impressões das pessoas envolvidas na Comunidade Educativa, que nos permitem perceber como está a nossa ação educativa a partir de cinco propósitos:

1. Alcançar a felicidade atual e futura dos alunos. 2. Fornecer uma educação integral que desenvolva todas as áreas da pessoa. 3. Oferecer o Evangelho e a pessoa de Jesus como um sentido da vida e um modo de vida. 4. Educar em solidariedade e serviço aos outros. 5. Oferecer o colégio e a presença escolápia como centro de pertença e referência.

Processos avaliativos

Avaliando alunos

O sistema de avaliação da aprendizagem é compreendido como parte importante da construção do conhecimento e não como o fi m de um processo. A avaliação da aprendizagem e sobretudo, o nosso processo avaliativo é fundamentado nos estudos de Benjamim Bloom, através da teoria da Taxionomia de Bloom, que visa classifi car a complexidade das operações necessárias para alcançar determinados objetivos no processo de aprendizagem. A dimensão “Processo Cognitivo da Taxonomia de Bloom” revisada possui seis capacitações. Da mais simples a mais complexa, são elas: lembrar (conhecimento), entender (compreensão), aplicar, analisar (e fazer síntese), avaliar e criar. Capacidade de leitura e compreensão. O Enem e outros exames de admissão em faculdade exigem uma capacidade de leitura de 150 palavras por minuto com uma capacidade compreensão de 80%. Isso é trabalhado em nossos colégios desde a alfabetização até o Ensino Médio. Sem essa capacidade, mesmo adquirindo os conhecimentos exigidos, um aluno não consegue superar esse tipo de provas satisfatoriamente. Avaliar é um elemento muito importante no processo do ensino aprendizagem, porque é através da avaliação que se consegue fazer uma análise dos conteúdos conceituais e das habilidades desenvolvidas pelos alunos. A avaliação tem como parâmetros: Conhecer o aluno; Verifi car os ritmos de progresso do aluno; Detectar as difi culdades de Aprendizagem; Orientar a aprendizagem.

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13A PEDAGOGIA PRATICADA NOS COLÉGIOS

Avaliando educadores A avaliação dos alunos costuma ser algo corriqueiro em qualquer escola; quando falamos da análise do desempenho dos educadores, o assunto geralmente fica mais complexo. Porém, esse momento é muito importante e não pode ser negligenciado, cabendo à equipe Pedagógica encontrar métodos eficazes para avaliar os profissionais. Sabemos que são infinitas as possibilidades de transformar vidas por meio da educação. E o professor desempenha um papel determinante para que essa transformação seja real. Nosso carisma, inspirado no exemplo de nosso fundador São José de Calasanz aponta o nosso horizonte “Evangelizar educando crianças, adolescentes, jovens e suas famílias, integrando Piedade e Letras para transformar a sociedade desde os valores de justiça, solidariedade e paz”. Importantes ferramentas de gestão nos auxiliam nesse processo. A Direção e Coordenações Pedagógicas dedicam-se ao minucioso trabalhado de construir um sistema de avaliação que possibilite ao professor ter um direcionamento de seus trabalhos. Nossa ação restaura e privilegia constantemente a transparência com os professores. O cuidado com o ambiente é sempre nossa prioridade. A escola tem que ser acolhedora e parceira do seu professor. Assim conquistamos sua simpatia.

6. FILANTROPIA e POLÍTICA DE DESCONTOS

A política de concessão de benefícios dos colégios escolápios é uma oportunidade de desenvolver a missão escolápia a partir do próprio carisma, pois possibilita oferecer uma educação de alta qualidade a famílias que não teriam condições de financiar esse serviço. Nesse sentido, a quantidade de horas/aula, que os colégios São Miguel Arcanjo e Ibituruna oferecem a cada ano, gratuitamente, revela que cada unidade desenvolve uma dimensão social de grande importância. Existem três categorias de benefícios/descontos nos colégios escolápios:Filantropia. A concessão do benefício pela Filantropia visa atender preferencialmente com bolsa INTEGRAL e PARCIAL àqueles comprovadamente desprovidos de recursos financeiros, através de estudo socioeconômico realizado dentro dos critérios das Leis 12.101 de 27 de novembro de 2009, Lei nº 12.868/2013, regulamentada pelo decreto 8.242/2014 e Portaria Normativa do MEC nº 15/2017. Os critérios utilizados são renda per capita e estudo socioeconômico.Sindical. Quando os/as alunos/as são filhos/as de trabalhadores do ensino, seja pelos sindicatos dos professores ou do administrativo, são concedidos descontos a partir da relação com esses sindicatos. Entidade. Pode ser por meritocracia, de acordo com os critérios aprovados na titularidade. Por situação de emergência financeira de uma família. Quando o aluno/a é filho/a de profissional do colégio escolápio, no ensino médio, para completar um benefício até 100%, possibilitando o acesso às cotas da universidade.

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14 SEMINÁRIO DE EDUCAÇÃO

7. PLATAFORMAS DIGITAIS

GVDASA Empresa que oferece soluções diferenciadas às mantenedoras, faculdades, redes de ensino e colégios, apresentando caminhos e oportunidades que movimentam a gestão educacional rumo a uma evolução. O investimento em tecnologia e softwares de gestão escolar é elemento fundamental para uma empresa que pretende ter diferencial competitivo, pois monitora não só os aspectos administrativos, mas todo o desempenho do aluno, ajudando a equipe diretiva a tomar decisões melhores sobre o processo de ensino.

Meu Bernoulli

É uma plataforma digital que proporciona ao aluno uma extensão da vivência escolar em um ambiente digital. É uma experiência positiva para o aluno, no que tange a disposição de recursos didáticos, como vídeo-aulas, conteúdos gamificados, tarefas enviadas para a agenda virtual e verificação do desempenho. Para a escola, a plataforma é uma solução educacional composta por diversos recursos, desde o gerenciamento de assuntos conteúdos à verificação do desempenho do aluno.

Redigir A+

Desenvolvida por uma equipe multidisciplinar, composta por especialistas nas áreas de Educação, Linguagens e Tecnologia, a Plataforma Redigir A+ é uma ferramenta adaptativa que oferece a seus usuários soluções práticas e conteúdos de qualidade em relação à produção e correção de texto. Os dados de correção emitidos proporcionam aos professores, corretores e alunos as melhores experiências pedagógicas, apresentando uma série de recursos que facilita o trabalho de quem ensina quanto otimiza os resultados de quem aprende.

8. TENDÊNCIAS EDUCACIONAIS

Análise do contexto educacional – F5 GV Dasa

Um análise da conjuntura socioeconômica global nos apresenta situações desafiantes que impactam diretamente no contexto educacional: envelhecimento da população, crescimento da urbanização, aumento exponencial das conexões globais, aceleração da mudança tecnológica, intensificação das mudanças climáticas e explicitação das diferenças globais. A instituição escolar, para responder a esses desafios e oferecer um diferencial competitivo precisa estar atenta à organização dos processos, implementação de novas tecnologias aliadas ao método de ensino, comunicação com os alunos e famílias e gestão de pessoas. As áreas que nos chamam a atenção são: linguagens e comunicação (língua estrangeira), inovação tecnológica (robótica, automatização e pensamento computacional) e habilidades socioemocionais. Diante dessa situação,

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15A PEDAGOGIA PRATICADA NOS COLÉGIOS

somos chamados a refletir sobre a realidade de nossos colégios: Como estamos posicionados? Onde deveremos estar posicionados num futuro próximo? Que novas configurações podemos propor para o processo educativo em nossos colégios?Lei Geral de proteção de dados-LGPD - Desafios para entidades Lei No 13.709, de 14 de agosto de 2018. Entrará em vigor em agosto de 2020. Dispõe sobre o tratamento de dados pessoais, inclusive nos meios digitais, com o objetivo de proteger os direitos fundamentais de liberdade e privacidade e o livre desenvolvimento da personalidade da pessoa natural. Existem vários requisitos legais que deverão ser seguidos pelas empresas, que terão de se adaptar mediante a criação das suas culturas internas de proteção de dados pessoais e privacidade. Podemos definir como dados pessoais toda informação relacionada a um indivíduo, como nome, CPF, número do RG, número de telefone, e-mail etc. Entretanto, a Lei Geral de Proteção de Dados também caracteriza que todas as informações que possam acarretar prática discriminatória devem ser consideradas como dados pessoais sensíveis, portanto possuem um peso maior na LGPD. Na área educacional, o histórico escolar, as avaliações de desempenho, as informações sobre cobrança e os dados bancários e, inclusive, as câmeras de segurança no ambiente educacional são considerados dados pessoais.

Educação baseada em evidências (Indicadores)

“Se não houver uma educação baseada em evidências, dificilmente se chegará à personalização do ensino.” Educação baseada em evidências: decisões pedagógicas tomadas por estudos sólidos e instrumentos estatísticos. Opiniões pessoais ou suposições com base em mitos dão lugar a análises de cunho científico, com vistas à seleção das melhores práticas de ensino.

Marketing Educacional

O marketing educacional é uma grande oportunidade para instituições de ensino, principalmente aquelas que querem se posicionar melhor no mercado e alcançar novos alunos. A base do marketing está em utilizar diversos canais de comunicação, internos e externos, principalmente os de mídia digital. Redes sociais, site e um blog são pontos-chave de uma boa estratégia e podem ajudar a instituição a expandir rapidamente. Decisões sobre Educação não são feitas por impulso! Seu público está comprando conhecimento que tem potencial de mudar a vida dele ou de seu filho! O papel do Marketing Digital é atrair a atenção do público sem ser invasivo, é mostrar o porquê de sua instituição ser a melhor escolha para um futuro aluno, mas de forma educativa, escalável e voltada a resultados.

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16 SEMINÁRIO DE EDUCAÇÃO

PROPOSTA DE ITINERÁRIO PARA UM RELIGIOSOACOMPANHAR OS COLÉGIOS

Para o religioso acompanhar os processos pedagógicos, administrativos e pastorais do colégio, o ideal é que se dedique o mínimo de 2 horas semanais.

• 1 mês acompanhando uma Coordenador(a) Pedagógico(a)- Matriz Curricular.- Programação das aulas/disciplinas.- Dinâmica e didática da aula.- Avaliações e resultados.- Outros.

• 1 mês acompanhando uma Orientador(a)- Acompanhamento de alunos.- Acompanhamento de pais.- Acompanhamento da disciplina e motivação.- Avaliações e resultados.- Outros.

• 1 mês acompanhando a Direção Pedagógica- Compreensão pedagógica do processo global.- Conhecer as dificuldades mais comuns e como lidar com elas.- Compreender a articulação pedagógica dos diversos segmentos.- Outros.

• 1 mês acompanhando a Direção Titular- Conhecer a proposta educativa do colégio, articulando todas as dimensões: pedagógica, pastoral e administrativa.- Compreender, analisar e aprender as legítimas demandas dos setores, visando melhorar a proposta do colégio.- Aprender a escutar, animar, motivar os agentes educativos nas suas expectativas e dificuldades.- Aprender a conhecer a realidade de um colégio, reconhecendo e valorando a prática existente. Observar com delicadeza, animar, motivar e suscitar esperança em todos, em relação ao valor da educação na construção da personalidade de cada aluno.- Cultivar o contato com alunos, educadores e famílias, inspirando confiança.- Outros.

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17A PEDAGOGIA PRATICADA NOS COLÉGIOS

• 1 mês acompanhando a Coordenação Pastoral- Conhecer o Projeto Pastoral e as práticas correspondentes.- Participar das reuniões e de algumas práticas.- Aprender a valorizar as ações pastorais a partir do projeto e da programação anual.- Outros.

• 1 mês acompanhando a Coordenação Administrativa (SGQ)- Conhecer os diversos setores e as funções correspondentes.- Compreender o valor do trabalho de cada setor para o bem do conjunto.- Conhecer e acompanhar o orçamento anual.- Outros.

Concomitantemente, acompanhar os Conselhos Pedagógicos e de Titularidade

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18 SEMINÁRIO DE EDUCAÇÃO

SISTEMA ESCOLÁPIO DE COLÉGIOSPROJETO ESCOLÁPIO DE COLÉGIOS

1. INTRODUÇÃO

A instituição escolar acompanha a história da sociedade, participando das circunstâncias e dos acontecimentos que afetam a vida do povo. A escola cristã, imersa nesse contexto, orienta-se no seu caminhar, procurando a fidelidade a dois grandes critérios: a própria identidade como escola cristã, enraizada nas fontes do Evangelho e do carisma fundacional, e os desafios que a sociedade apresenta em cada momento e lugar. Diante da cultura atual, que passa por processos de profunda mudança, é possível conduzir uma escola, deixando-se guiar por esses ambos critérios? Os escolápios acreditam que, além de possível, é necessário e pode ser enriquecedor. Pois, quem perde as próprias raízes e identidade renuncia à sua missão e esquece os motivos pelos quais foi chamada a participar na fértil seara do mundo da educação. A escola que não consegue fazer a leitura correta do mundo contemporâneo, das necessidades, desafios e apelos que a sociedade apresenta, fica fora de lugar. É preciso contextualizar o momento histórico e as necessidades da atualidade para responder aos anseios das famílias e jovens. Algumas escolas confessionais, talvez por uma fidelidade à própria identidade não bem compreendida, se fecham na tradição e não conseguem responder satisfatoriamente aos sinais dos tempos, perdendo espaço. A análise da realidade e a reflexão deveriam sempre acompanhar a caminhada de toda entidade educativa, dada a complexidade que caracteriza o mundo atual. É esse o objetivo principal desta reflexão: analisar, refletir e propor estilos de ser, de se situar e de agir, articulando a fidelidade às raízes com as respostas mais apropriadas aos desafios da atualidade. Pode uma escola cristã despertar e cultivar valores e atitudes evangélicos e, simultaneamente, oferecer uma gestão de resultados, uma proposta acadêmica de excelência educativa? Os escolápios pensam que pode. Acreditam, aliás, que é isso mesmo o que Calasanz quis e realizou.

SCOLáPIOS - RASILBE

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19A PEDAGOGIA PRATICADA NOS COLÉGIOS

2. IDENTIDADE DE UM COLÉGIO ESCOLÁPIO2.1. São José de Calasanz Naquele dia 25 de agosto de 1648, Roma acordava no calor forte e característico do verão da cidade. Durante a noite, bem de madrugada, falecia na sua casa-colégio, situada perto da praça Navona (hoje, lugar onde se situa a embaixada brasileira), José de Calasanz. Era velho, tinha algo mais de noventa anos, e estava cansado e esgotado pelos trabalhos e a vida que levava desde faz muitos anos. No dia seguinte, quando de manhã cedo os padres da comunidade iam organizar o velório na igreja de São Pantaleão, as crianças que estudavam no colégio espalharam por todos os cantos da cidade a notícia, ao grito de “o santo tem falecido”. A partir desse momento, uma grande multidão, de todas as classes sociais, foi passando pela pequena igreja das Escolas Pias, para honrar aquele homem que tanto bem tinha feito às crianças. Quem era esse homem, José de Calasanz? Naquela manhã, muitas pessoas procuravam sabê-lo. Hoje podemos responder melhor à pergunta. José de Calasanz, filho caçula de Pedro Calasanz e Maria Gastón, nasceu no ano de 1557, no vilarejo de Peralta de la Sal, reino de Aragão, na Espanha. Estudou, entre outras, na universidade de Lérida conseguindo o título de doutor em Teologia. Foi ordenado padre no dia 17 de dezembro de 1583, trabalhando na sua diocese de Seu de Urgell. No ano 1592, viajou a Roma procurando benefícios e dignidades eclesiásticas, a fim de garantir uma vida financeiramente melhor e poder, assim, ajudar os parentes. Dedica-se à Teologia e a obras espirituais e de caridade, percorrendo e chegando a conhecer profundamente a realidade social da cidade. No ano 1597, visitando a periferia de Roma descobre, no bairro do Trastévere, uma escolinha paroquial levada por uns voluntários da confraria da Doutrina Cristã. Essa obra social conquista o seu coração. Vai transformá-la em escola para as crianças pobres, às quais dedicará todos seus trabalhos e dinheiro. Nascem as Escolas Pias. Aos poucos, o empenho transforma sua vida, ocupa o seu coração e vai chegar a ser uma forma de vida religiosa que a Igreja reconhece, primeiro, como congregação em 1617 e, finalmente, como Ordem Religiosa das Escolas Pias no ano 1621. A expansão da obra de Calasanz foi fantástica. Em poucos anos, fundaram-se escolas além das de Roma, na Ligúria, Nápoles, Toscana, Sicília, Moravia, Boêmia, Sardenha e Polônia. Em 1646, a Ordem contava com 37 casas e 500 religiosos. No entanto, o crescimento e a variedade de situações trouxeram também graves problemas e sofrimentos ao santo. O maior deles foi, sem dúvida, a supressão pelo Papa da ordem fundada por Calasanz. Vai morrer apoiado singelamente na esperança de que Deus não vai deixar as crianças sem a obra que Ele tinha iniciado. Vinte anos após a morte do santo, o Papa vai reconhecer de novo a Ordem das Escolas Pias. Entre os motivos dessas dificuldades que teve que enfrentar, podem-se citar dois. O primeiro motivo foi de cunho social. Ele viveu uma época de passagem do mundo

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medieval para o moderno. O medievo, caracterizado socialmente pela organização feudal, apenas oferecia oportunidades de um servo ligado à terra se libertar. Calasanz entendeu a educação, também, como uma ferramenta de emancipação social. Por isso, foi perseguido, pois, como diziam os poderosos da época, “se os filhos dos pobres estudam, quem trabalhará para nós?”. O segundo motivo foi religioso. As ciências da natureza (naquela época, a física tomou a iniciativa) adotam a análise dos fenômenos naturais como base da pesquisa e o progresso das ciências. Desse modo, deixam os dogmas religiosos a um lado, para assumir uma metodologia de pesquisa científica e crítica. Calasanz aderiu a esse sistema moderno de construção do saber científico e o recomendou para as suas escolas. Acolheu e apoiou o físico Galileu Galilei quando foi condenado pela Inquisição e enviou dois religiosos para que morassem com ele, quando ficou cego, o ajudassem em tudo, não deixassem que nada lhe faltasse e aprendessem quanto pudessem dos seus conhecimentos. Apoiou também pensadores e cientistas que eram suspeitos da Inquisição por causa da metodologia moderna que utilizavam nas suas pesquisas. Também por isso, foi perseguido e, quando morreu, a Ordem Escolápia não podia receber mais membros até que desaparecesse. Olhada assim, a vida de José de Calasanz nos manifesta diversas realidades. Percebemos, em primeiro lugar, que ele sofreu grandes mudanças. Deus, com sua graça, foi transformando aquele homem bom, mas com desejos de grandeza e que procurava sua honra e uma remuneração financeira melhor, de acordo com sua capacidade e preparo intelectual. A mente e o coração desse homem mudaram, convertendo-se em alguém ao serviço das crianças pobres e feito pobre pelo reino de Deus. Deus abriu o seu coração, para que enxergasse a realidade social com outro olhar, impregnado de misericórdia, e se engajasse totalmente na causa da promoção daquelas crianças e jovens, por meio da educação, compreendendo que, nesse compromisso, ele cumpria a vontade de Deus. Tudo isso foi um caminho longo, configurado por diversos momentos. Mas, podemos dizer que o lugar onde se manifestou a vontade de Deus para Calasanz, foi a criança pobre, os pequenos. A partir desse momento, Calasanz viveu radicalmente esse caminho, visualizando para todos nós aquelas palavras do evangelho: “Quem recebe uma criança em meu nome, estará recebendo a mim. E quem me receber, estará recebendo aquele que me enviou”. A criança pobre e pequena transforma-se para Calasanz no sacramento de Cristo, presença de Deus no meio de nós. Mas, José de Calasanz não é só importante como santo, ele também figura na história da humanidade como grande pedagogo. Como educador, ele foi o primeiro que valorou a educação das crianças pequenas. Valorou e desenvolveu o ensino básico como algo fundamental para o crescimento da pessoa e o desenvolvimento dos povos. Até então, a educação olhava, sobretudo, a formação clássica e o ensino superior. A educação básica era feita por educadores pagos e, portanto, só para as crianças ricas. A educação popular era desprezada e estava olvidada pelos governos

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que achavam, de forma errada, que um povo sem educação era mais governável. Calasanz abre suas escolas de graça para todas as crianças e, acima de tudo, preocupa-se com que as crianças pobres sejam educadas cuidadosamente, para assim viver melhor e ter mais opções de arranjar um emprego, de acordo com as aptidões e sonhos de cada um. O centro do seu pensamento, da sua pedagogia e da sua ação era a criança e o jovem. Ele, a partir de uma compreensão moderna do ser humano que integra as diversas dimensões do ser, procura que a criança seja feliz no decorrer da vida e alcance a plenitude na salvação eterna. Quer dizer, articula unitariamente os planos humano e espiritual, os mistérios da encarnação e da redenção. A partir da escola, queria alcançar dois grandes objetivos: a felicidade da pessoa humana e a transformação da sociedade, para que fosse mais justa, livre e igualitária. Foi pioneiro, também, na intuição do método preventivo na educação, animando os educadores a utilizar mais a motivação positiva do que as punições. Para isso, ele teve que desenvolver programas pedagógicos, métodos e, acima de tudo, formar educadores que cuidassem das crianças, porque elas são o futuro da humanidade. Calasanz é um educador que vai elaborando uma pedagogia a partir da prática e pensando numa ação que fosse eficaz, produzindo resultados positivos para a vida pessoal e profissional da criança. Organizou o ensino fundamental em nove anos, definindo objetivos, materiais e métodos didáticos, para que as crianças percorressem esse processo de forma tranquila, superando etapas até conseguir o acesso a um emprego digno ou a uma universidade. A última série desse Ensino Fundamental era revisional e uma preparação imediata para o futuro do aluno. Se o jovem pretendia continuar os estudos (Ensino Médio, preparatório para a universidade), insistia-se com ele no domínio da Língua Latina e das matemáticas, que eram as ferramentas principais para ingressar na etapa posterior. Se o aluno pretendesse procurar um emprego como secretário, contador, músico ou outro ofício especializado, era preparado para essas habilidades e obtinha um caminho proveitoso para construir uma vida digna. Calasanz foi o primeiro que adotou a língua materna como veicular nas suas escolas. Nelas, recebia alunos de raças e religiões diferentes, respeitando as crenças de cada um, mostrando uma atitude de diálogo e de tolerância. Procurou a excelência acadêmica inserida numa educação integral, respondendo a todas as dimensões do ser humano.

2.2. Escolas Pias José de Calasanz iniciou a escola para as crianças pobres em 1597. Os colaboradores eram alguns padres e leigos. Quando passaram vinte anos e o fundador ia completar os sessenta de idade, pensou na continuidade, expansão e futuro da escola que fundou. Era o ano 1617. O caminho mais natural na Igreja daquele tempo era fundar uma congregação ou ordem religiosa. Escreveu umas constituições para tal finalidade e as apresentou ao papa. Nasciam assim as Escolas Pias como congregação religiosa que, em 1621, transformar-se-iam em ordem. Hoje

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não existe diferença entre ordem e congregação, mas naquela época era importante. Na ordem, os religiosos emitiam votos solenes e na congregação, não. Juridicamente a ordem garantia uma solidez maior. Calasanz pleiteou essa categoria canônica, para fortalecer as Escolas Pias. Nas constituições que Calasanz escreveu e o Papa aprovou, definem-se o carisma (mística, motivação interior que impulsiona a ação), a missão, a espiritualidade, o estilo de vida e as prioridades que marcam a vida do grupo. A missão escolápia define-se em três grandes linhas de ação: Educar, Evangelizar e Transformar a sociedade. O colégio escolápio é um lugar de encontro e de participação, lugar de referência e de pertença para a comunidade educativa e para a comunidade cristã escolápia. Trata-se de um espaço de participação, oportunizando o envolvimento de todos; onde cada membro se envolve de acordo com a própria responsabilidade e vocação. Educar, a partir da visão antropológica cristã e das necessidades pessoais e sociais de cada lugar e momento da história, para oferecer uma educação que responda a todas as dimensões do ser humano, articulando uma pedagogia que seja útil e prática para o processo de aprendizagem dos alunos. Cada pessoa cultiva o melhor de si mesma, desenvolvendo suas capacidades, qualidades e valores. Evangelizar, em comunhão com a Igreja, a partir do âmbito educativo. O serviço de uma educação integral e que oferece suporte ao aluno para construir uma vida digna e feliz já é, em si mesma, evangelização. Não pode faltar o anúncio explícito do evangelho, que contém sempre a apresentação do querigma (anunciar que, em Jesus Cristo, o ser humano encontra a plenitude da própria vida e a salvação). Da aceitação do querigma, deriva a procura de viver permanentemente em encontro de fé e de amor com Jesus, na vida pessoal e comunitária. Nesta, o cristão procura o encontro com o Senhor nos processos de formação cristã inicial (de cunho catecumenal) e permanente, nas celebrações litúrgicas e no compromisso do amor ao próximo. A escola é também um espaço de acolhida e de diálogo sincero e amigável, com quem pensa, sente e pratica sensibilidades religiosas ou ideológicas diferentes. Transmite a Boa Nova de Jesus e possibilita a descoberta da vocação na comunidade educativa e cristã. Transformar a sociedade. Se o primeiro grande objetivo de Calasanz e dos escolápios é oferecer aos alunos, por meio da educação, um caminho para construir uma vida digna e a sabedoria para encontrar a felicidade, o segundo é transformar a sociedade para que seja mais justa, livre, igualitária e solidária. Compromisso por um mundo melhor. A educação transforma o mundo. O colégio é lugar de cultivar a sensibilidade em relação às necessidades e sofrimentos dos outros.

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2.3. Missão e valores

MissãoNós Escolápios, Religiosos e Leigos, a exemplo de Calasanz,nos sentimos enviados por Cristo e a Igreja aEvangelizar Educando as crianças, jovens e famílias,especialmente pobres, para Transformar a sociedade.Como Calasanz, procuramos, por meio dessa missão, a felicidade de cada criança e a construção de uma sociedade justa e solidária.“Na verdade, se as crianças, desde pequenas, forem diligentemente educadas na Piedade e na Ciência,pode se prever, confi adamente, um feliz transcurso de toda a sua vida”(Calasanz)

ValoresLiberdade. Autonomia, disciplina.Autoestima. Humildade, resiliência, autoexigência saudável e fl exível.Verdade. A pessoa consigo mesma: lucidez, autoconhecimento; com as outras: transparência, sinceridade; com mundo: cultivar a sabedoria e o desejo de conhecer objetivamente a realidade.Justiça. Respeito aos direitos humanos. Consciência e prática da cidadania, espírito solidário e engajamento social em favor dos que sofrem e são discriminados pela sociedade. Paz. Tolerância, conviver com diferenças, procura de harmonia, diálogo, empatia (aprender a compreender e respeitar os sentimentos do outro).Amor ao próximo. Suscitar e alimentar atitudes de bem para com todos e com a natureza, procurando transmitir alegria, confi ança e amizade.

2.4 - A comunicação do colégio: comunicar para a missão A comunicação escolápia situa-se a serviço da missão: evangelizar, educar e transformar. Ela deve ajudar a crescer e avançar o colégio, como um todo, no serviço oferecido às crianças e jovens, de acordo com os objetivos e metas programadas, na inspiração que brota do carisma escolápio, “Piedade e Letras”, fazendo acontecer uma educação que abrange o ser humano por inteiro, em todas as suas dimensões. A comunicação permeia todos os âmbitos da vida do centro. Um colégio necessita cuidar, tomar consciência, articular e programar bem a própria

MissãoMissãoNós Escolápios, Religiosos e Leigos, a exemplo de Calasanz,Nós Escolápios, Religiosos e Leigos, a exemplo de Calasanz,nos sentimos enviados por Cristo e a Igreja anos sentimos enviados por Cristo e a Igreja aEvangelizar Educando as crianças, jovens e famílias,Evangelizar Educando as crianças, jovens e famílias,especialmente pobres, para Transformar a sociedade.especialmente pobres, para Transformar a sociedade.Como Calasanz, procuramos, por meio dessa missão, Como Calasanz, procuramos, por meio dessa missão, a felicidade de cada criança a felicidade de cada criança e a construção de uma sociedade justa e solidária.e a construção de uma sociedade justa e solidária.“Na verdade, se as crianças, desde pequenas, forem “Na verdade, se as crianças, desde pequenas, forem diligentemente educadas na Piedade e na Ciência,diligentemente educadas na Piedade e na Ciência,pode se prever, confi adamente, pode se prever, confi adamente, um feliz transcurso de toda a sua vida”um feliz transcurso de toda a sua vida”(Calasanz)(Calasanz)

ValoresValoresLiberdade. Liberdade. Autonomia, disciplina.Autonomia, disciplina.Autoestima.Autoestima. Humildade, resiliência, autoexigência saudável e fl exível. Humildade, resiliência, autoexigência saudável e fl exível.Verdade.Verdade. A pessoa consigo mesma: lucidez, autoconhecimento; com as A pessoa consigo mesma: lucidez, autoconhecimento; com as outras: transparência, sinceridade; com mundo: cultivar a sabedoria e o desejo outras: transparência, sinceridade; com mundo: cultivar a sabedoria e o desejo de conhecer objetivamente a realidade.de conhecer objetivamente a realidade.Justiça. Justiça. Respeito aos direitos humanos. Consciência e prática da cidadania, Respeito aos direitos humanos. Consciência e prática da cidadania, espírito solidário e engajamento social em favor dos que sofrem e são espírito solidário e engajamento social em favor dos que sofrem e são discriminados pela sociedade. discriminados pela sociedade. Paz. Paz. Tolerância, conviver com diferenças, procura de harmonia, diálogo, Tolerância, conviver com diferenças, procura de harmonia, diálogo, empatia (aprender a compreender e respeitar os sentimentos do outro).empatia (aprender a compreender e respeitar os sentimentos do outro).Amor ao próximo.Amor ao próximo. Suscitar e alimentar atitudes de bem para com todos e Suscitar e alimentar atitudes de bem para com todos e com a natureza, procurando transmitir alegria, confi ança e amizade. com a natureza, procurando transmitir alegria, confi ança e amizade.

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comunicação, em todas as direções, interna e externa. Faze-se conveniente contratar profissionais especialistas nessa área, sempre coordenados pela equipe de titularidade (administração, pedagogia e pastoral). Deve-se reconhecer que o uso inteligente das novas ferramentas contribui muito para o sucesso ou o fracasso de uma ação educativa. A realidade da comunicação no colégio está presente no projeto institucional, na programação anual e na agenda quotidiana. Ela é objeto de reflexão permanente nas reuniões das instâncias diretivas. Além de cuidar da estética literária e das imagens, é preciso ter sabedoria em relação aos valores e ideais que se transmitem consciente e inconscientemente, alimentando aqueles que brotam da identidade escolápia. A comunicação do colégio articula-se, também, com a presença escolápia nos seus diversos níveis, local e provincial, e deve participar nesse conjunto contribuindo para o crescimento do carisma e da missão. A comunicação externa, apresentando a proposta e a ação do colégio para a sociedade, revela a identidade escolápia, o carisma e a missão, potenciando os mesmos. Essa comunicação deve, também, partir da verdade, mostrando o que realmente se pretende e se faz e convida a participar na realidade escolápia. Ela chama as famílias a trazer seus filhos e filhas ao colégio e a participar na missão escolápia, pois oferece propostas de vida digna e feliz às novas gerações.

2.5. Gestão de resultados Desenvolver uma cultura de planejamento e corresponsabilidade. Nas entidades educativas, sociais e eclesiais, existe um grave déficit em cultura de planejamento. Perdem-se muitas energias, recursos humanos e financeiros por falta de uma organização mínima. Funciona-se muito por personalismos, propostas que nascem e acabam em desejos individuais, com boa vontade, porém, com pouca eficácia. Precisa-se construir uma cultura de planejamento em base a projetos e equipes, acompanhando os resultados acadêmicos, as habilidades relacionais e pastorais, de acordo com os objetivos e metas traçados para refletir, constantemente, o sentido, o valor e a qualidade das nossas ações pedagógicas e pastorais. Definir os diversos Procedimentos Operacionais Padrão (POP) e utilizar as metodologias de monitoramento de processos, como: PDCA – Planejar, desenvolver, conferir, agir. As programações, as reflexões e as práticas educativas precisam se tornar patrimônio do colégio, para avançar nos processos de melhora e de maior qualidade da proposta conjunta. Todas as atividades vão se padronizando e sendo registradas, de forma que cada profissional e coordenador de área ou setor saibam como agir em determinada situação e necessidade. Esses procedimentos não compõem um conjunto engessado de atuações, mas trata-se de uma prática dinâmica e sempre em

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revisão e avaliação. Nesse processo, participam todas as pessoas envolvidas, pois a prática quotidiana é uma fonte importante de conhecimento e de saber. Adotar processos que conduzem à aquisição de Selos de Qualidade. Trata-se nem tanto de um objetivo em si mesmo, mas como um meio para procurar melhorar sempre a proposta educativa, ajudando nos processos de elaborar projetos, programações e avaliações.

Estilo de gestão: projetos e equipes. Como colégio escolápio, procura-se combinar, no estilo de condução, a dimensão das atitudes humanas e sociais coerentes com o evangelho e, simultaneamente, praticar uma gestão de resultados, pois o ser humano e toda entidade têm a necessidade de se sentir útil à sociedade. Em respeito aos alunos e famílias, a partir de uma relação impregnada pelas atitudes do evangelho dentro da comunidade educativa, procuramos articular e organizar a melhor proposta educativa nas dimensões pedagógica e pastoral.

Modelo de gestão por projetos e resultados. O modelo de gestão escolar deve favorecer a formação contínua dos educadores e desenvolver a cultura de empoderamento participativo, criando um ambiente em que estes se sintam responsáveis e engajados nos processos. Isso permite a análise de resultados, proporcionando a melhoria contínua da tomada de decisões e a efetividade das ações.

3. EDUCAR EM HABILIDADE E COMPETÊNCIAS3.1. Desenvolver competências essênciais A escola não somente transmite conhecimentos, mas ajuda a organizá-los e processá-los a serviço da prática. Mobiliza os conteúdos a serviço da aprendizagem. É necessário desenvolver a capacidade de aprender a resolver situações complexas, articulando os diversos saberes, para assumir positivamente os desafios que a vida apresenta, tanto na ordem profissional como na social e em outros âmbitos. “Segundo Delors, a prática pedagógica deve preocupar-se em desenvolver quatro aprendizagens fundamentais, que serão para cada indivíduo os pilares do conhecimento: aprender a conhecer indica o interesse, a abertura para o conhecimento, que verdadeiramente liberta da ignorância; aprender a fazer mostra a coragem de executar, de correr riscos, de errar mesmo na busca de acertar; aprender a conviver traz o desafio da convivência que apresenta o respeito a todos e o exercício de fraternidade como caminho do entendimento; e, finalmente, aprender a ser, que, talvez, seja o mais importante por explicitar o papel do cidadão e o objetivo de viver.” Nesse sentido, é importante que um colégio esteja bem alinhado e articulado entre os diversos segmentos e áreas de disciplinas, para que todos os agentes (alunos e educadores) tenham consciência do que se pretende, como se quer funcionar e exista uma lógica interna, para que cada atividade tenha sentido e todas caminhem na mesma direção, rumo aos mesmos objetivos e metas.

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Contemplar as competências não cognitivas, de grande valor hoje, principalmente as relacionais (consigo mesmo, com os outros, com a natureza e a espiritual). Também aquelas que ajudam a lidar melhor com as dificuldades pessoais e fracassos (resiliência), a trabalhar em equipe e a lidar com a própria autonomia ou autorresponsabilidade. Hoje adquirir conhecimentos das diversas áreas do saber não significa muita coisa, pois os dados estão ao alcance de todos nas bibliotecas e, principalmente, via internet e redes sociais. O conhecimento é importante, é a matéria-prima do saber, mas a sociedade (empresas particulares ou públicas, escolas, universidades, meios de comunicação, igrejas e outras entidades) pede das pessoas bem mais do que a posse de um banco de dados. A sociedade precisa do conhecimento a serviço de uma competência que seja prática para a vida social (trabalho técnico, intelectual, de comunicação ou de planejamento político, comercial ou humanitário). O saber fazer com que o conhecimento se transforme em habilidade para lidar com o mundo, não só acadêmico, mas da vida cotidiana, é um grande desafio. É necessário desenvolver a capacidade de aprender a resolver situações complexas, articulando os diversos saberes, para assumir positivamente os desafios que a vida apresenta de ordem profissional, social e em outros âmbitos. Conforme a Base Nacional Curricular Comum (BNCC), a educação tem um compromisso com a formação e o desenvolvimento humano global, em suas dimensões intelectual, física, afetiva, social, ética, moral e simbólica. Dessa forma, as decisões pedagógicas devem estar orientadas para o desenvolvimento de competências, por meio da indicação clara do que os alunos devem “saber” (considerando a constituição de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores) e, sobretudo, do que devem “saber fazer” (considerando a mobilização desses conhecimentos, habilidades, atitudes e valores para resolver demandas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho). A explicitação das competências oferece referências para o fortalecimento de ações que assegurem as aprendizagens essenciais:

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3.2. Competências que a sociedade pede É ilustrativo conferir como diversas entidades que se preocupam com o mundo do trabalho, dos recursos humanos ou do emprego, classificam as diversas competências que a sociedade demanda. Não se pode negar que, mesmo que não seja o objetivo primeiro ou principal de uma escola, é importante, e as famílias também procuram, essa dimensão. Lembremos que Calasanz valorizou muito essa questão e preparou os alunos das suas escolas para a vida, incluindo a dimensão profissional.

Intelectuais: aplicar conhecimento, transferir conhecimento, generalizar conhecimento, reconhecer problemas, propondo soluções para equacioná-los. Comunicativas: comunicação, redação e gramática, negociação.Sociais: Relacionamento interpessoal, trabalho em equipe, gerenciar conflitos e interesses, consciência dos direitos humanos, respeito às diferenças, solidariedade e paz, consciência ambiental. Comportamentais: Iniciativa, criatividade, adaptabilidade, consciência da qualidade, ética, coerência.Organizacionais: compromisso com resultados, gerenciar tempo, gerenciar recursos, planejamento e organização, liderança, saber atuar estrategicamente.Técnicas: Conhecimentos técnicos elementares, básicos, fundamentais, sólidos e profundos.

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Uma formação de boa qualidade é a condição mínima, porém não suficiente para ser útil à sociedade. Hoje necessita-se de treinamento, aprofundamento e atualização. O ponto de partida, absolutamente necessário para a maioria da população, é uma escolaridade de qualidade que ofereça suporte ao treinamento ou atualização posterior, para responder positivamente às demandas sociais. Ministério da Educação. Outro modelo que, praticamente, todas as escolas tomam como referência acadêmica é a matriz para o Enem. Susceptível a mudanças, a proposta atual continua sendo um horizonte para a maioria das grandes redes de ensino do Brasil.

EIXOS COGNITIVOSDominar linguagens: dominar a norma culta da Língua Portuguesa e fazer uso das linguagens matemática, artística e científica e das línguas espanhola e inglesa.Compreender fenômenos: construir e aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento para a compreensão de fenômenos naturais, de processos histórico-geográficos, da produção tecnológica e das manifestações artísticas. Enfrentar situações-problema: selecionar, organizar, relacionar, interpretar dados e informações representados de diferentes formas, para tomar decisões e enfrentar situações-problema.Construir argumentação: relacionar informações, representadas em diferentes formas, e conhecimentos disponíveis em situações concretas, para construir argumentação consistente.Elaborar propostas: recorrer aos conhecimentos desenvolvidos na escola para elaboração de propostas de intervenção solidária na realidade, respeitando os valores humanos e considerando a diversidade sociocultural.

Ambas as referências, sendo relativas, servem como ilustração e não ficam distantes da proposta que as escolas com melhor desempenho trabalham na atualidade. Chama a atenção que hoje a escola preocupa-se com as habilidades tanto cognitivas quanto relacionais. A escola cristã faz isso por convicção, por princípios, partindo de uma antropologia inspirada no evangelho. A escola moderna cultiva, também, as habilidades relacionais por motivos de mercado ou profissionais. As empresas, tanto estatais como particulares, perdem imensas quantidades de capital pela dificuldade dos funcionários em se relacionar melhor, em atuar em equipe, em cooperar profissionalmente entre si, em ter motivação para se superar e por falta de autoestima e resiliência. Para a escola cristã, está em primeiro lugar o bem da pessoa, a felicidade do ser humano e a atitude de solidariedade e de procura da harmonia consigo mesmo e com os outros. Mas, é bom lembrar que outras escolas, por motivos diferentes, preparam também para a convivência e a cooperação.

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4. PROPOSTA PEDAGÓGICA4.1. Opção pedagógica. Cognitivismo: ensino focado no desenvolvimento de habilidades e competências. Referências: o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), outros exames de pré-vestibular, outras provas ou simulados de origem externa que funcionam a modo de “auditoria” pedagógica externa. Essas referências ajudam a mensurar a qualidade do trabalho realizado dentro do colégio, para não funcionar em base a fantasias, a opiniões de autocomplacência ou a outros estereótipos como podem ser o “carisma religioso”, a história do perfil do colégio e outros. Definição da Matriz Curricular. Existe um esquema básico, de acordo com a LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – e com a exigência das universidades (provas de acesso) neste momento, principalmente, segundo a referência do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) criado em 1998. Fazem-se adaptações e ajustes de acordo com as necessidades do momento, a partir das avaliações acadêmicas dos alunos, analisando as fragilidades e a realidade de cada escola. Em todo caso, trabalha-se, semanalmente, com 25 horas aula na Educação Infantil, 30 horas no Ensino Fundamental e 37 horas Ensino Médio. Equipe Pedagógica: a serviço da proposta pedagógica. O alinhamento entre a proposta e a equipe pedagógica é essencial para a elaboração dos programas anuais, itinerários pedagógicos, procedimentos operativos, escolha de materiais didáticos, acompanhamento de alunos, profissionais da área pedagógica e responsáveis, tomada de decisões estratégicas e outros elementos. Contar com uma equipe homogênea que funciona por segmentos, evitando a ruptura entre os mesmos, faz com que se possa integrar trabalhos e projetos de maneira dialética com os processos de ensino aprendizagem. É fundamental, em sintonia com o estilo escolápio, funcionar em equipe e com projetos, superando esquemas pautados pelo personalismo e opiniões individuais. É importante superar esquemas piramidais, próprios da cultura atual, e construir estilos de funcionamento circular e em rede, em que se debatem amplamente as questões até chegar a conclusões de consenso. 4.2. Planejamento geral e anual das áreas e disciplinas. Nesse mesmo estilo de funcionar de forma mais colegiada, superando formas individualistas de trabalhar, é importante que exista a consciência de que a matriz curricular e os conteúdos são responsabilidade do colégio e não de um professor determinado, mesmo que tenha muita e boa experiência. A superação de esquemas individuais para construir formas colegiadas é fundamental. As programações por áreas e disciplinas devem ser elaboradas em conjunto, com o aval da equipe pedagógica. O plano anual de uma disciplina para uma série determinada deve estar articulado com a programação dessa disciplina no decorrer de todas as séries e em coerência com as outras disciplinas da mesma série. A articulação e a coerência de cada momento com o conjunto são uma necessidade para oferecer uma proposta bem organizada e harmoniosa.

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4.3. Programação diária de cada aula. É essencial, nesse contexto, que cada aula tenha uma programação ou esquema mínimo, conhecido não somente pelo professor, mas também pela coordenação pedagógica e pelos alunos. Logicamente, não se trata de uma programação engessada, mas flexível, conduzida, porém com responsabilidade e profissionalismo. 4.4. Dinâmica da aula. Os professores, em diálogo constante com a equipe pedagógica, definem os objetivos, metodologia, estratégias de motivação dos alunos, os critérios de avaliação etc. O diálogo fecundo entre os professores e a coordenação pedagógica é uma das chaves principais, para que a proposta seja rica e eficaz, transmitindo segurança aos alunos e às famílias. Os professores precisam sentir que têm apoio e suporte de qualidade, que contam com as melhores condições para realizar o seu ministério docente. A perspectiva didática cognitivista, em que cada conteúdo, seja conceitual, procedimental ou atitudinal, seja apresentado ao aluno a partir de situações complexas, contextualizadas, rege o trabalho em sala de aula, considerando uma rotina com as seguintes tarefas: - Apresentar objetivos da aula no início da mesma.- Usar metodologias ativas, em que os alunos são chamados a participar.- Promover a motivação dos alunos.- Realizar avaliação continuada dos resultados das ações educativas.- Ser capaz de flexibilizar as ações em função de resultados da aprendizagem.4.5. Acompanhamento e avaliação continuada da proposta pedagógica (“avaliação 360º”).A direção é o primeiro grupo a ser avaliado: titular, pedagógico, pastoral e administrativo, pois dele dependem a realização das linhas de ação, o horizonte para o qual se dirige, o estilo que marca o ambiente quotidiano, os objetivos definidos a serem alcançados para crescer como um colégio escolápio etc. Esse grupo precisa conhecer a realidade global do colégio, para acompanhar o conjunto e cada setor com sabedoria. Alunos. Avaliação e acompanhamento a serviço da pessoa e do processo de aprendizagem; ação continuada e comunicando a caminhada humana e pedagógica com rapidez, também os resultados acadêmicos, para providenciar intervenções pedagógicas em curto prazo. É importante que o aluno se responsabilize pelo próprio desempenho, de acordo com a idade e o nível de maturidade exigível de cada um. Quem ganha ou perde com o envolvimento do aluno no processo de aprendizagem é ele próprio. A responsabilidade do colégio é grande em ajudar o aluno e o motivar para que se engaje e comprometa com o estudo e o resultado acadêmico, segundo a própria capacidade. A escola exige para tal um mínimo de disciplina, mas precisa de muita motivação da parte do aluno e da comunidade educativa. Acompanham o aluno os professores (em aula ou fora da mesma) e o Serviço de Orientação Educacional. Cuidam da disciplina com responsabilidade, a

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partir de um enfoque preventivo e pedagógico, porém com seriedade; a exigência mínima é desenvolver uma relação de respeito pelo lugar, pelos objetos e, principalmente, pelas pessoas (alunos, professores e outros profissionais); trata-se da atitude mínima para criar um ambiente favorável para a proposta educativa, da qual o aluno é o primeiro beneficiário. Professores. Entrevistas periódicas programadas para dialogar com a coordenação pedagógica sobre a motivação, a dinâmica das aulas e os resultados, procurando conjuntamente as melhores estratégias que proporcionem maior sucesso e satisfação aos alunos e aos professores. Os professores também são avaliados pelos alunos e pela coordenação pedagógica. Cuidar da motivação dos professores, outros profissionais, famílias e, principalmente, dos alunos e alunas. A pessoa do professor é chave na motivação do aluno. A comunidade educativa colabora diretamente em criar esse ambiente de motivação, para que o processo de aprendizagem aconteça positivamente, especialmente dentro da aula, na relação professor e aluno. Coordenação pedagógica. Avaliada pela direção, pelos alunos, famílias e professores. Essa equipe tem o dever de fornecer aos professores e alunos todas as ferramentas necessárias e o ambiente educativo melhor possível (orientação, disciplina, motivação e outros elementos) para que tudo possa dar certo. Profissionais do colégio. Todos são avaliados, nas suas funções, pelos alunos, famílias e setores. A responsabilidade de criar o melhor ambiente educativo é de todos os funcionários, cada um a partir da própria atividade. O responsável de cada setor (diretor ou coordenador) acompanha as pessoas e os serviços realizados, para que tudo se oriente a uma ação educativa que vai melhorando e crescendo em qualidade e em ambiente de satisfação para o bem de todos. Famílias. Serviço de Orientação Educacional, Coordenação Pedagógica e Direção. A relação é de parceria e de diálogo. A escola está sempre aberta a acolher os responsáveis pelos alunos, considerando a oportunidade de dias e horas definidos para esse atendimento, pois os profissionais (coordenação, orientação ou direção) estão sujeitos a uma agenda intensa de trabalho, na qual há espaço marcado para acolher e dialogar com esses responsáveis. Estes necessitam saber que a escola tem projeto e práticas pedagógicos definidos para o bom andamento da escola. Não se abre mão desse projeto por causa do pedido ou exigência de uma família. Como dizia Calasanz, é importante atender e escutar a família, sem se dobrar, porém, às exigências da mesma. “Calasanz queria que se respeitasse a justa crítica das famílias sobre o andamento do colégio, mas não permitia jamais que se atendesse aos caprichos e observações incompetentes dos pais” (Espiritualidade e Pedagogia de Calasanz; ICCE - Madri; item 79).

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5. PROPOSTA PASTORAL5.1. Projeto Pastoral e Equipe O Projeto Pastoral recolhe as linhas pastorais da Igreja e da Ordem para serem implementadas nos colégios escolápios, respeitando o âmbito de um colégio. A proposta pastoral situa-se, a partir dos agentes de pastoral, no âmbito das exigências da evangelização do testemunho da fé cristã, do serviço aos pobres e no diálogo com a sociedade plural, apresentando a visão e as atitudes cristãs com tolerância e respeito em relação a outras sensibilidades e opções religiosas. Oferecem-se, também, momentos e espaços para cultivar a fé cristã e a celebrar para quem livremente quiser. A presença dos religiosos escolápios, dos membros da Fraternidade Escolápia e de membros da comunidade cristã que conscientemente assumem o Evangelho, é muito importante para que o testemunho de vida, o serviço aos necessitados e o diálogo impregnado de tolerância, respeito e amizade com o conjunto da comunidade educativa seja fecundo e gerador de convivência harmoniosa. 5.2. Ambientação espiritual Ambientar o colégio com os símbolos de uma entidade cristã escolápia, mostrando a identidade cristã do centro e convidando, com respeito e simpatia, a participar dos sentimentos, propostas e ações escolápias no sentido de educar, evangelizar e transformar a realidade. As aulas de Ensino Religioso (respeitando a Lei e a partir de um projeto próprio), as convivências, a expressão da dimensão espiritual (orações e celebrações de cunho ecumênico), as campanhas de solidariedade e outras ações são oportunidades de exercitar esse diálogo com a sociedade plural e cultivar os valores evangélicos de justiça, paz, liberdade e amor ao próximo. 5.3. Proposta de vivência cristã opcional O Movimento Calasanz, organizado como proposta de participar em processos grupais de fé, em que se partilha a oração, o aprofundamento na mensagem cristã, a vida e a missão evangelizadora, se faz presente nos colégios escolápios, na medida em que isso seja possível. Trata-se de um diferencial positivo que agrega valor muito apreciado pelas famílias e alunos. A Fraternidade Escolápia, junto com os religiosos escolápios, está presente como motor que impulsiona o Movimento Calasanz e dele faz parte como desembocadura. Momentos de expressão espiritual. Para os alunos, de forma ecumênica e não confessional, respeitando a consciência de cada pessoa e o pluralismo de opções religiosas, oferecem-se momentos de expressão espiritual por meio de algumas celebrações, no decorrer do ano, e da oração contínua para as crianças. Para a comunidade cristã, oferece-se a eucaristia semanal aos domingos, procurando

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congregar alunos, famílias e educadores do colégio. A proposta de celebrar a vida da fé livremente e aberta a toda a comunidade educativa e aos fiéis do entorno é uma dimensão fundamental para criar e consolidar uma comunidade cristã no colégio. Um colégio escolápio cultiva e promove uma dimensão social que nasce dos valores do Evangelho e se fortalece com o carisma de Calasanz, visando à transformação da sociedade em favor da igualdade e da justiça social. No ensinamento das aulas, especialmente no ensino religioso, nas campanhas sociais, na ambientação e no testemunho de vida dos educadores, precisa se revelar essa sensibilidade social.

6. PROPOSTA ADMINISTRATIVA6.1. Organização centralizada e profissional

- Documentos-base de uma gestão econômica e administrativa Escolápia:• Estatuto Provincial de Administração e Gestão (EPAG);• Projeto de Colégios Escolápios (PCE);• Legislação brasileira em sentido amplo.

- Conceito raiz da gestão administrativa: edificada na legalidade, perseguindo-se os resultados orçamentários, pautada em critérios éticos e solidários, cuja validade daquela se comprova com auditorias externas (EPAG, 4), sob critérios de funcionamento determinados pelo Pe. Provincial e sua Congregação (EPAG, 3), com dever de periodicamente informar aos religiosos e responsável pela Obra Escolápia (EE, 4) e cujo alcance de poderes estará vinculado ao âmbito de cada obra, respeitadas as competentes alçadas (EPAG, 5).- Critérios orientadores de funcionamento

• A Direção Titular é nomeada pela Congregação Provincial e assessorada pelo Conselho de Titularidade, órgão meramente consultivo (EPAG, 19.a)• A Administração de um Colégio Escolápio é descentralizada em equipes (EPGA, 19.c), todas vinculadas a conceito raiz da gestão administrativa, sendo composta por:

O administrador: tem suas atribuições restritas ao contido no Estatuto Provincial de Administração e Gestão (EPAG, 63);Setor de qualidade: responsável em acompanhar as equipes de limpeza, manutenção, construção civil e vigias (EPAG, 63.h, 63.w);Financeiro: responsabiliza-se pelos relacionamentos com agentes bancários e controle de recursos financeiros (EPAG, 63.l);Compras: executar o orçamento em conformidade com o determinado pelo Colégio Escolápio e aprovado pela Congregação Provincial (EPAG, 9, 63.g);

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Cobrança: garante a manutenção da inadimplência em níveis determinados pela administração (EPAG, 63.h, restrito aos contratos de prestações de serviços educacionais);Departamento de pessoal: no tocante ao funcionalismo, garantir o estrito cumprimento da legalidade no sentido mais amplo (EPAG, 63.r, 63.s)Serviço social: em conjunto com o Ecônomo Provincial, Administrador da Obra, sob aprovação da Direção Titular, elaborar plano quatrienal, em conformidade com o lapso temporal do Capítulo Provincial (2019-2022), para aplicação dos critérios dispostos na lei da Filantropia, ainda o quantitativo alusivo aos descontos concedidos pela Província (EPAG, 55.f, 55.y, 63.a, 61.b, 61.j, 61.p); Secretaria e Tecnologia da Informação (TI): têm como base, no âmbito de suas responsabilidades, considerando ainda o plano interno para evolução do setor, desenvolver ações solicitadas a partir da Direção Titular, Pedagógica e Pastoral na consecução dos seus objetivos gerais ou específicos (EPAG, 63. p). A administração dos colégios, coordenada por um Administrador Geral, articula-se com a Congregação Provincial por meio da Equipe Provincial de Administração e Gestão (EPAG) e o Ecônomo, sob a direção do Provincial. O Estatuto Provincial de Administração e Gestão define a filosofia e o funcionamento prático.6.2. Preparação dos profissionais. Os profissionais que fazem parte do setor administrativo são constantemente treinados, teórica e praticamente, para exercerem as atividades encomendadas com consciência, clareza e eficiência. As funções de cada profissional estão definidas e todos são acompanhados regularmente, para que o serviço aconteça de acordo com o projeto correspondente e o cronograma agendado. 6.3. O orçamento participado é uma ferramenta muito importante e imprescindível que orienta a direção e equipes de coordenação, procurando o equilíbrio com a equipe administrativa. 6.4. Pode ser útil contar com a assessoria de profissionais especializados na área do trabalho para oferecer suporte à equipe de Recursos Humanos.6.5. A filantropia. É um contrato com a Receita Federal, por meio do qual o colégio não paga certos impostos e aceita gratuitamente, de acordo com o teor da Lei, um número de alunos. A filantropia envolve, também, as dimensões pedagógica e pastoral, além do serviço da assistência social, tal como requer a Lei. O compromisso do colégio é cumprir a Lei e procurar que esses alunos beneficiados tenham condições de rendimento acadêmico igual ao conjunto de alunos e possam participar nas atividades escolares em igualdade de condições que todos.

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35A PEDAGOGIA PRATICADA NOS COLÉGIOS

7. EQUIPE DE COLÉGIOS E FUNÇÕES7.1. Equipe de colégios. Nomeada pelo Pe. Provincial exerce, de forma delegada, a titularidade nos colégios da Província. Está formada pelo coordenador da equipe de colégios, pelos diretores titulares, pelos diretores pedagógicos, pelos coordenadores das equipes de pastoral e pelos diretores administrativos. Todos esses cargos serão nomeados pelo Pe. Provincial. Sua função é velar pela identidade do carisma e da missão escolápios e o correto funcionamento dos colégios.7.2. Diretor/a Titular. Nomeado pelo Pe. Provincial é o responsável pela identidade escolápia da obra, velando pelos interesses da Escola Pia. - Responsabilizar-se para que o carisma e a missão escolápios estejam presentes no colégio. Pensar, sentir e atuar em comunhão com as diretrizes escolápias para os colégios.- Elaborar, junto ao Conselho de Titularidade, os planos estratégicos (Projeto Político Pedagógico e Pastoral, Regimento Interno, Manuais do Professor e do Aluno, Matriz Curricular e outros) e as programações anuais que contemplem as chaves de vida e as prioridades escolápias. - Elaborar, juntamente com o Diretor Administrativo, o Diretor Pedagógico e o Coordenador de Pastoral a proposta de orçamento ordinário e extraordinário da obra apresentando-a ao Pe. Provincial. Garantir o cumprimento desse orçamento ao longo do ano.- Representar a Titularidade frente à Administração pública, sindicatos e outras instâncias. - Convocar e presidir o Conselho de Titularidade.- Apresentar ao Pe. Provincial propostas para nomear o Diretor Pedagógico, o Coordenador de Pastoral e o Diretor Administrativo.- Participar na nomeação de todos os cargos e equipes, responsabilizar-se pela contratação de novos profissionais e o acompanhamento dos mesmos e dos voluntários. Atender às solicitudes de dispensas e outras situações trabalhistas excepcionais. - Responsabilizar-se pelo processo de seleção de alunos, pela admissão de novos e concessão de benefícios. - Responsabilizar-se pelo uso, cessão e/ou aluguel das instalações da obra para atividades próprias ou de outras pessoas.- Autorizar a abertura ou encerramento das matrículas.

7.3. Conselho de Titularidade. É um organismo de participação e informação, com caráter consultivo que prepara as decisões a serem tomadas pela direção titular.

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- É convocado e presidido pelo Diretor Titular.- Estará formado pelo Diretor Titular, Diretor Pedagógico, Diretor Administrativo, Coordenador de Pastoral e outras pessoas que a Congregação Provincial considerar necessárias. O Pe. Provincial e o Coordenador de colégios são membros de direito.- Deve participar na elaboração dos orçamentos ordinários e extraordinários, seguindo o Estatuto de Administração da Província, assim como da elaboração dos planos estratégicos e das programações anuais.- Promover a constante melhoria do relacionamento entre todas as pessoas que fazem parte da vida do colégio e com a sociedade em geral.- Orientar e supervisionar as atividades extra-acadêmicas.- Acompanhar a comunicação interna e externa, cuidando para que seja produzida e veiculada a partir dos valores do Evangelho e a serviço da missão escolápia. - Responsabilizar-se pelas atividades educativas extra-acadêmicas e pelas parcerias feitas com outras instituições.7.4. Diretor/a Pedagógico/a. Nomeado pelo Pe. Provincial é o responsável pela dimensão pedagógica, segundo as orientações da Escola Pia e da proposta de colégios do Brasil. - Forma parte dos Conselhos de Titularidade e Pedagógico.- Responsabilizar-se perante a Ordem pela fidelidade escolápia na prática pedagógica.- Convocar e coordenar as reuniões do Conselho Pedagógico, de acordo com a agenda do colégio.- Responsabilizar-se pela condução do processo pedagógico e pela formação dos professores e dos profissionais que atuam na área pedagógica.- Colaborar com a direção administrativa no bom andamento dos serviços prestados pelos outros setores.- Propor ao Conselho de Titularidade programas, planos de curso e atividades, adoção de materiais didáticos etc. após apreciação da equipe pedagógica e de professores.- Responsabilizar-se pelas reuniões programadas com os alunos e com os responsáveis, para apresentar e esclarecer as propostas educativas do colégio. E quando se considerar necessário. - Estabelecer, junto com o Conselho de Titularidade e após análise da Equipe Pedagógica, normas disciplinares e de funcionamento do projeto pedagógico.

7.5. Conselho Pedagógico. É um organismo de participação e informação, com caráter consultivo que recolhe a vida e sentimentos do colégio, especialmente, nas aulas e outras atividades educativas.

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- É convocado e presidido pelo Diretor Pedagógico, de acordo com a agenda anual. - Formado, além do seu presidente, pelo Diretor Titular, Coordenadores e Orientadores de segmentos, Coordenador do Cursinho (TOP), Coordenador de Educação Física, Coordenador de Pastoral e Diretor Administrativo. O Diretor Pedagógico, de acordo com o Diretor Titular, poderá convocar outras pessoas de forma extraordinária.- Participar na elaboração dos planos estratégicos e das programações anuais.

7.6. Coordenador de Pastoral. Nomeado pelo Pe. Provincial. - Forma parte do Conselho de Titularidade e do Conselho Pedagógico e preside a equipe de pastoral.- Velar pela missão evangelizadora, com estilo escolápio, na obra, responsabilizando-se pela coordenação, acompanhamento e execução do Projeto Pastoral e das chaves de vida estabelecidas nos Capítulos da Ordem.- Apresentar no Conselho de Titularidade, para sua aprovação, os planos estratégicos e a programação pastoral anual (com objetivos, programas, atividades e responsáveis, escolares e extra-escolares).- Velar pela realização da programação anual de pastoral nas três grandes linhas de ação: Cuidar do ambiente de fé; Cultivar a vida da fé; Celebrar a fé. Acompanhar as atividades que se orientam a partir dessas linhas.

7.7. Diretor/a Administrativo/a. Nomeado pelo Pe. Provincial, é responsável pela contabilidade, gestão dos bens e do patrimônio do colégio.- Forma parte dos Conselhos de Titularidade e Pedagógico.- Velar pelo cumprimento do Estatuto de Administração da Província, atuando sempre em comunhão com a Equipe Administrativa e as diretrizes definidas pela Congregação Provincial. - Responsabilizar-se pelo bom funcionamento dos serviços da área administrativa, oferecendo suporte aos setores pedagógico e pastoral.- Responsabilizar-se pela gestão de qualidade, definindo os procedimentos operacionais padrões para todos os setores do colégio.- Propor, juntamente com o Diretor Pedagógico e Coordenador Pastoral, ao Diretor Titular a escala de férias do quadro de pessoal.- Velar pela comunicação institucional, interna e externa, para que a proposta educativa do colégio seja mais bem conhecida dentro e fora do mesmo.

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8. CONCLUSÃO Os escolápios que iniciaram a presença escolápia no Brasil realizaram um trabalho ingente e deixaram um legado riquíssimo em obras e testemunho. Os padres Francisco Orcoyen, Eulálio Lafuente, Pedro Cenoz e Jesus Maria Perea deram início a um serviço educativo de qualidade, depositando as sementes do carisma de Calasanz. Corresponde aos escolápios de hoje, religiosos e leigos, continuar aquela bela gesta aprofundando e avançando no mesmo carisma e missão. Aquela primeira e pequena presença escolápia no Brasil, junto com a de Bolívia, tornou-se uma Província que, assumindo as grandes linhas de vida escolápia da Ordem Escolápia, caminha cada vez mais em comunhão entre as presenças e as obras, incluindo, também os colégios, no horizonte que Calasanz traçou: educar, transformar e evangelizar. É com essa finalidade que esse projeto foi elaborado, para crescer em comunhão e na missão escolápia.

“Essa missão educadora atende à formação integral da pessoa,de modo que nossos alunos amem e busquem sempre a verdade. (...)

Dessa forma, progredindo diariamente na liberdade, alcancem um feliz percurso da sua vida e consigam a salvação”

(Constituições Escolápias, 92).

A.M.P.I.

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1. FINALIDADES DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO Para nós, muito mais que um documento obrigatório previsto na Lei de Diretrizes e Bases, o Projeto Político Pedagógico é compreendido como um texto que acata, interpreta e atualiza a concepção educativa de São José de Calasanz expressa em diversos documentos da Ordem Religiosa das Escolas Pias, servindo de alicerce para toda nossa prática educativa. Assim, este projeto deve ser tomado como REFERÊNCIA ABSOLUTA para a concepção das atividades pedagógicas desenvolvidas nas instituições de ensino do Sistema Escolápio de Educação integrado por seus colégios (Colégio Ibituruna -Governador Valadares/MG- e Colégio São Miguel Arcanjo - Belo Horizonte/MG) e outras instituições do sistema que exercem a função educativa de forma direta ou indireta. Isso não significa, no entanto, que ele tenha a pretensão de circundar toda a diversidade de situações que emergem nas relações educativas. Por isso, desenhamos aqui as linhas de tomada de decisão que sustentam a expressão de nossas políticas, objetivos e valores e que devem ser usados para assuntos que não estiverem explícitos neste documento. Para zelar pela correta aplicação de nossa proposta educativa, evitando opiniões pessoais e modismos, o Sistema Escolápio de Educação constituiu uma Equipe de Colégios, formada pelo Coordenador da Equipe de Colégios, Diretores Titulares, Diretores Pedagógicos, Coordenadores Administrativos, Coordenadores Pastorais das escolas, a Congregação Provincial e quem ela designar.2. CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA ESCOLÁPIO DE EDUCAÇÃO2.1. OBRAS DE PLENA E EXCLUSIVA TITULARIDADE ESCOLÁPIA:

• Escritório provincial no Brasil.• Colégios Ibituruna e São Miguel Arcanjo no Brasil.• Casas de convivências em GV e BH.• Movimento Calasanz no Brasil.

2.2. OBRAS DE PLENA TITULARIDADE ESCOLÁPIA E COMPARTILHADA NA REDE ITAKA – ESCOLÁPIOS

• Centros Sociais no Brasil.• Escritório Provincial na Bolívia.• Internatos na Bolívia.• Movimento Calasanz na Bolívia• Obras sem plena Titularidade Escolápia.• Paróquias no Brasil e na Bolívia.• Colégios na Bolívia.

PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO

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2.3. A MISSÃO DAS ESCOLAS PIAS “Evangelizar educando crianças, adolescentes e jovens, preferentemente carentes e suas famílias, integrando fé e cultura seguindo a inspiração de São José de Calasanz, para transformar a sociedade desde os valores de justiça, solidariedade e paz”.2.4. VISÃO DOS ESCOLÁPIOS PARA AS ESCOLAS PIAS Ser escola de referência regional de alto padrão de desempenho acadêmico, conjugando piedade e letras. 2.5. VALORES DAS ESCOLAS PIAS Se o primeiro grande objetivo de Calasanz e dos escolápios é oferecer aos alunos, por meio da educação, um caminho para construir uma vida digna e a sabedoria para encontrar a felicidade, o segundo é transformar a sociedade para que seja mais justa, livre, igualitária e solidária. Compromisso por um mundo melhor baseado nos seguintes valores cristãos:

• Solidariedade: Suscitar e alimentar atitudes de bem para com todos e com a natureza, procurando transmitir alegria, confiança e amizade.• Justiça: Respeito aos direitos humanos. Consciência e prática da cidadania, espírito solidário e engajamento social em favor dos que sofrem e são discriminados pela sociedade.• Paz: Saber conviver com as diferenças, procurar harmonia, diálogo e empatia.

2.6. OBJETIVOS ESTRATÉGICOS DAS ESCOLAS PIAS• Intensificar ações pedagógicas que visem ao alto desempenho escolar de nossos estudantes.• Assegurar equilíbrio entre piedade e letras.• Fidelizar alunos e famílias à prática educativa do colégio.• Desenvolver o carisma calasâncio como referência à conduta de todos.• Capacitar constantemente nossos profissionais.• Desenvolver cultura de planejamento institucional e gestão por resultados.•Padronizar processos entre as unidades educativas do SEE.

3. MARCO REFERENCIAL E TEÓRICO3.1. ESPIRITUALIDADE E PEDAGOGIA DE CALASANZ “Encontrei aqui, em Roma, a maneira de servir a Deus. Servir às crianças e aos jovens. E não as abandonarei por nada deste mundo”. (ESPEJO, s/d. p. 14.). Com essa frase, Calasanz mostra o caminho de seu apostolado: uma dedicação total à educação das crianças e jovens.

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Por isso, os Escolápios são a primeira Ordem Religiosa fundada, especificamente, com a dedicação voltada para o ensino, concebido como uma síntese de fé-cultura-vida e animado por autênticos educadores cristãos tanto por sua vida como por seu compromisso”. Percebe-se, com isso, que a espiritualidade é um ponto fundamental para a proposta das Escolas Pias. Ela representa O EIXO DO TRABALHO A SER USADO PARA DEFINIR TODOS OS PROCEDIMENTO E FORMAS DE ATUAÇÃO DOS COLABORADORES DE SUA OBRA. É claro que a organização das Escolas Pias deve se adaptar ao contexto histórico cultural para a determinação de seus objetivos pedagógicos e sua estruturação. Porém, a espiritualidade deve ser o pano de fundo que sustenta todas as atividades desenvolvidas nas escolas pias. Um dos baluartes criados por Calasanz, que permite a integração entre as práticas pedagógicas e a sensibilidade espiritual, é a prática do “sistema preventivo”. Em suas cartas, a confissão, a eucaristia e a oração são postas como forças preventivas e iluminadoras. O Santo tenta com isso fazer com que as crianças se tornem pessoas de bem, tanto na religiosidade quanto nas ciências, a partir desse método que reúne piedade e letras, para abrir caminho para a melhoria da sociedade. Cabe a todos os colaboradores incorporarem esse mesmo espírito de dedicação na perpetuação desse carisma, convertendo-o em ações coerentes com as intenções educativas propostas por Calasanz. 3.2. CONCEPÇÃO DE ESCOLA E DE EDUCAÇÃO O colégio escolápio é um lugar de encontro, de referência e de pertença para a comunidade educativa e para a comunidade cristã escolápia. Trata-se de um espaço de participação, oportunizando o engajamento de todos; onde cada membro se envolve de acordo com a própria responsabilidade e vocação. Educar, a partir da visão antropológica cristã e das necessidades pessoais e sociais de cada lugar e momento da história, para oferecer uma educação que responda a todas as dimensões do ser humano, articulando uma pedagogia que seja útil e prática para o processo de aprendizagem dos alunos. Cada pessoa cultiva o melhor de si mesma, desenvolvendo suas capacidades, qualidades e valores. Um fazer pedagógico orientado pela lógica dialética, voltado para a construção interativa do conhecimento para a formação de sujeitos mais críticos e conscientes de sua condição de protagonistas da história. Sujeitos que assumam responsabilidade pelos rumos do seu futuro e que contribuam ativamente na construção e no desenvolvimento de uma cultura sustentável.

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3.3. CONCEPÇÃO DE ENSINO E APRENDIZAGEM A concepção de conhecimento assumida pela escola implica uma relação de ensino-aprendizagem dialética. A dinâmica da sala de aula privilegia o diálogo permanente, a investigação, a seleção e organização de dados e informações e a análise de evidências, as quais levam o aluno a experimentar muitas possibilidades de trocas e descobertas, a adotar uma postura de questionamento frente à ciência e a ampliar seu universo de conhecimentos. Neste processo, professor e aluno têm papéis preponderantes. Cabe ao professor exercer a liderança pedagógica, assumindo a mediação entre sujeito e objeto da aprendizagem, a fim de colocar o aluno no centro da ação educativa. O professor propõe desafios e tarefas através de questionamentos, problematizações, investigações, levantamento de hipóteses, sistematizações e conclusões, levando o aluno a mobilizar diversos tipos de recursos cognitivos. As intervenções do professor devem ser intencionalmente planejadas, contemplando a adoção de estratégias apropriadas, a observação individual, a discussão em grupos, a comparação e a reflexão analítica. Ao aluno cabe o exercício do esforço intelectual, a explicitação de suas dúvidas e de seu raciocínio, assim como a tomada de consciência de suas maneiras de aprender, a partir das diversas proposições feitas pelo professor. Desta forma, a aprendizagem do aluno é um processo reflexivo, de construção de sentidos e significados na sua relação com os objetos do conhecimento. O processo de ensino e aprendizagem, deste modo, tem como fim o desenvolvimento das competências necessárias para a inserção construtiva do aluno em seu contexto de vida. Entendemos competência a partir da noção apresentada por Philippe Perrenoud que a define como a “faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos - como saberes, habilidades e informações - para solucionar com pertinência e eficácia uma série de situações (2000, p.19)”. Assim, o processo de ensino e aprendizagem envolve o desenvolvimento de um conjunto de habilidades direcionadas para a solução de problemas diversos.3.4. CONCEPÇÕES DIDÁTICAS Para fins didáticos e de referência a ser usada no desenvolvimento da prática no Sistema Escolápia de Educação, dividiremos os métodos de ensino em métodos de ensino diretos e métodos de ensino indiretos. 3.4.1. No método de Ensino Direto Pretende-se possibilitar que novos indivíduos se integrem num grupo com um determinado conjunto de conhecimentos, princípios morais e capacidades. A integração implica, designadamente, um investimento sério no processo educativo, uma participação numa cultura, comunidade ou classe, um corpo cognitivo-conceitual definido e um conhecimento prático bem já estabelecido.

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Alguns autores afirmam tratar-se de uma forma efetiva de ensinar fatos, regras, datas de acontecimentos e sequências de fatos sendo, de certa forma, a antítese do ensino indireto. Essa forma de ensinar se distingue de outros métodos pelo fato de os materiais e estratégias serem exaustivamente estudados e rigorosamente testados. Esse modelo de ensino enfatiza aulas bem preparadas e estruturadas nas quais estão bem definidas as tarefas do professor, apoiadas em uma clara instrução, sem azo a interpretações erradas. Essa realidade faz com que exista um desenho de instrução para o professor que pretende ser imaculado. O respeito por esses aspectos é a base para uma comunicação quase sem falhas por parte do professor, que, por conseguinte, faz com que todos os alunos adquirem a maioria dos conceitos. Todas as atividades ocorrem numa determinada sequência que se crê sem falhas. Os seguintes aspetos que definem o ensino direto:

1. Focalizado na aprendizagem cognitiva.2. Assenta-se num currículo onde se enfatiza o conhecimento, a forma como professor e aluno se comunicam e no correto comportamento do aluno. 3. Há ênfase em conceitos, estratégias, operações e generalizações. 4. Os conceitos mais restritos são a escada para os conceitos mais amplos.

Assim, vários defensores dessa concepção didática afirmam que todos os alunos podem ter sucesso e, se não o têm, algo correu mal com o processo de instrução, nomeadamente algum erro por parte do professor pelo que haverá necessidade de afinar o processo. No Sistema Escolápio de Educação, optamos por essa concepção de ensino exclusivamente para as turmas do Ensino Médio. Vale ressaltar que essa forma de concepção didática recebe muitas críticas, dentre elas:

• Ser autoritário. • É considerado como um método que aposta no acumular de conhecimentos. • Ser focado em testes.• Ser um método demasiadamente passivo. • Ser um método focado na passagem de informação do professor ao aluno.

Por esse motivo, solicitamos aos professores que utilizem essa metodologia em 90 a 95% das aulas, deixando as demais para uso de métodos indiretos. Apesar das críticas, esse método se mostra muito eficiente quando a intenção é abordar grande volume de conteúdo, permitindo ao estudante, conhecer, ainda que superficialmente e de forma pouco interpretativa, diversos conceitos.

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Vale ressaltar diversas abordagens que podem ser usadas para essa forma de ensino:• Aprendizagem de Mestria - Benjamin Bloom. Envolvimento, Motivação, Acompanhamento, Teste, Feedback e Correção, são os pontos chave da Aprendizagem de Mestria.• Método Expositivo - David Ausubel. • Ensino Programado - Burhu F. Skinner.

Para os demais segmentos de ensino do Sistema Escolápio de Educação, a Educação Infantil e o Ensino Fundamental, essa metodologia não se encaixa com proposta de educação. Por isso, optamos, nesses segmentos, pelo uso de metodologias de ensino indireto.3.4.2. Metodologias de Ensino Indireto Nessa metodologia, os alunos desenvolvem competências através da transformação ou construção da sua própria aprendizagem, desenvolvendo ativamente o conhecimento. Esse método tem como fundamentos teóricos os autores e modelos construtivistas. A maioria dos construtivistas foca-se em dois pontos principais:

• Os alunos são responsáveis pela construção do seu próprio conhecimento; • As interações sociais são importantes para essa construção.

O ensino de conceitos, pesquisa e resolução de problemas são diferentes formas do método de ensino indireto, que envolvem ativamente os alunos na pesquisa de soluções para questões e problemas, enquanto estes constroem novos conhecimentos. Ao contrário do método de ensino direto, o método indireto é centrado no aluno, embora ambos possam ser vistos como métodos complementares e não antagônicos. Nos métodos de ensino indireto, o papel do professor é o de facilitador da aprendizagem. Esse método permite aos alunos evoluírem no seu processo de aprendizagem através da investigação, sendo considerado um método de aprendizagem pela descoberta, promovendo a verdadeira compreensão. É valorizado o trabalho cooperativo e colaborativo entre os elementos do grupo. Devido à sua natureza construtivista, o método de ensino indireto tem a vantagem de tornar o aluno um aprendiz ativo. Aprender é algo que é “feito” pelo estudante, não “feito para” o estudante, cabendo ao professor um papel de facilitador mais do que instrutor, como antes referimos. Esse método melhora a criatividade e ajuda a desenvolver habilidades para a resolução de problemas. Como esse método é centrado no estudante, poderá ser necessário despender mais tempo da aula para atingir os objetivos de aprendizagem, o que não acontece

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quando é utilizado o método direto. Como facilitador, o professor deve dar o controle da aprendizagem aos alunos o que, inicialmente, poderá ser desconfortável. Aliás, um dos inconvenientes apontados a esse método é a dificuldade de gerir o tempo, de se demorar muito mais para atingir os objetivos educativos. Outro dos inconvenientes está associado à dificuldade do professor, em tempo útil, conseguir “orquestrar” os ritmos de trabalho diferenciados dos alunos e de, nem sempre, ter a possibilidade de corrigir os percursos de aprendizagem de cada aluno.Entre os caminhos possíveis para o processo de ensino indireto, podemos citar, em ordem de prioridade para nossa instituição de ensino:

a) Ensino baseado em problemasb) Ensino baseado pela descoberta guiadac) Ensino baseado em estudo de casos d) Ensino por pesquisa e) Ensino pela descoberta guiada em ambientes de simulação

No Sistema Escolápio de Educação, qualquer uma das metodologias de ensino indireto pode ser usada nos segmentos da Educação Infantil e Ensino Fundamental anos iniciais, em 95% das aulas. Já no ensino fundamental anos finais, dividiremos 50% das aulas para metodologia direta e 50% das aulas para metodologia indireta. 3.5. CONCEPÇÃO DE CURRÍCULO Se a aprendizagem dentro da perspectiva cognitivista parte da análise de situações problema, então, as transformações ocorridas no âmbito do trabalho remetem ao processo de globalização da economia em um mundo cada vez mais impactado pelo avanço científico-tecnológico. Tais transformações, aos poucos, influenciam os processos educativos, cujas características apontam para um novo paradigma de educação: a pedagogia para o desenvolvimento de competências. Sintetizando os conceitos de Perrenoud (1999, p.7) e Le Boterf, entendemos competência como “Capacidade de mobilizar recursos a fim de propor soluções para situações complexas singulares, com criatividade e adequação ao seu contexto social, cultural e científico”. Dessa forma, os processos de ensino e de aprendizagem devem favorecer ao aluno a articulação dos saberes, para enfrentar os problemas e as situações previstas e inusitadas encontrados nos contextos pessoais e profissionais. Para que se possa ampliar esse conceito de competência, é preciso trazer, para a discussão, a dimensão não preconizada nos conceitos anteriores, como a competência humana, que se traduz na capacidade de cuidar do outro nas relações sociais e no compartilhamento de experiências e práticas que estão condicionadas pelo contexto econômico, social e político.

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Diante disso, percebe-se a necessidade de uma mudança significativa da função social da instituição educacional, considerando as novas tendências pedagógicas. Educar para competências é, portanto, proporcionar ao aluno condições e recursos capazes de intervir em situações-problema. 3.6. CONCEPÇÃO DE AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM A avaliação é um elemento muito importante no processo de ensino e aprendizagem, porque é através dela que se consegue fazer uma análise dos conteúdos conceituais e habilidades desenvolvidas pelos alunos. A avaliação reflete, ainda, sobre o nível do trabalho do professor, por isso, a sua realização não deve apenas culminar com atribuição de notas aos alunos, mas sim, deve ser utilizada como um instrumento de coleta de dados sobre o aproveitamento dos alunos. Ela, porém, determina o grau da assimilação dos conceitos e das técnicas/normas; ajudam o professor a melhorar a sua metodologia de trabalho, também ajuda os alunos a desenvolverem a autoconfiança na sua aprendizagem.A avaliação tem como parâmetros: • Conhecer o aluno - Pode-se orientar e guiar o aluno no processo educativo, avaliando-o, para melhor conhecer a sua personalidade, atitude, aptidões, interesses e dificuldades, para estimular o sucesso de todos.• Verificar os ritmos de progresso do aluno - É a coleta de dados sobre o aproveitamento dos alunos através de provas, exercícios ou de meios auxiliares, como observação do desempenho e entrevista, para verificar se houve um progresso do aluno desde o ponto de partida da aprendizagem até ao momento. O professor pode organizar um caderno para anotar a progressão dos alunos em cada período.• Detectar as dificuldades de Aprendizagem - Ao avaliar, o professor pode detectar algumas dificuldades dos alunos. Também pode apontar as dificuldades no mesmo caderno. Por exemplo, o Carlos tem “problemas na representação do afastamento ou cota de um ponto”, escreve corretamente e conhece bem a Gramática. Esse registo deve ser acompanhado de modo a superar as dificuldades.• Orientar a aprendizagem - Os resultados obtidos pela avaliação devem ser utilizados para corrigir, melhorar e completar o trabalho. Com base nesses resultados, deve, na medida do possível, adequar o ensino de forma que a aprendizagem se torne mais fácil e eficaz.Baseado nesses princípios, criamos sistema de avaliação que está descrito em anexo.

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3.7. PERFIL DO EDUCADOR ESCOLÁPIO “O educador tem que ter um perfil de missionário da verdade que espalhando luz dissipa as trevas da ignorância e “ajuda os alunos a salvar-se da escravidão intelectual e moral e a alcançar a verdadeira felicidade.” Segundo (GUERRI, 1985. p. 167.), um bom educador não só nasce, mas, também, produz-se; por isso exigia uma seleção diligente e uma formação solícita. Tinha que ter “bom gênio, boa índole, bons costumes, boa saúde de corpo e de espírito”. Proporcionava-lhes “uma exemplar vida interior, uma cultura suficiente, atitudes pedagógicas e os melhores métodos de ensino”. Assim também para os escolápios, os educadores têm que ter três dimensões: o ser (a pessoa), o saber (conhecimento) e o saber ensinar (didática e metodologia). O educador é concebido como um educando permanente, que deve ter uma base boa e dar continuidade à construção desta base se especializando cada vez mais em estar a serviço da Vida. Como:Ser mais feliz, para convocar e servir melhor - Estar atento à situação dos irmãos, colaboradores e destinatários, para ajudá-los sempre: o que posso (podemos) fazer para tornar os outros mais felizes.Ser mais comunitário, para convocar e servir melhor - Dar passos como Comunidade Cristã Escolápia.Ser mais formado, para convocar e servir melhor - Desenvolver e seguir um plano de formação pessoal, comunitária e calasância em nossas comunidades religiosas, na Fraternidade e no Movimento Calasanz. Ser mais escolápio, para convocar e servir melhor - Avançar na identidade Escolápia em todas as nossas comunidades e obras, promovendo a formação Calasância para religiosos e leigos.Ser mais eficiente, para convocar e servir melhor - Projetar, planejar, atuar e revisar em coerência com os projetos estabelecidos pela Província. Vislumbrar os projetos, porém em consonância/congruência com o PPP. É importante e necessário que todos os setores trabalhem com um modelo de gestão que seja estratégico, descentralizado e se oriente por resultados.3.8. PERFIL DO ALUNO Ser mais feliz, fazendo o outro feliz.Ser mais solidário, consigo mesmo, com os outros e com a naturezaSer mais competente, aplicando conhecimento, reconhecendo problemas e propondo soluções para equacioná-los, planejando, organizando, trabalhando em equipe, liderando e sabendo atuar estrategicamente.Ser mais escolápio, buscando a felicidade e transformando a sociedade, para que esta seja mais justa, livre e igualitária.

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4. PRINCÍPIO DA GESTÃO Gestão escolar é o processo contínuo e permanente de promover a organização, mobilização e execução das ações necessárias para manter e aprimorar uma instituição de ensino. A gestão é o fator que articula os trabalhos dos diferentes setores da instituição, garantindo que todos funcionem bem. Para isso, é necessário estar atento aos oito princípios:1 - Foco no cliente - aluno, pais, colaboradores e fornecedoresO ideal é que a instituição se esforce ao máximo para não só atender, mas superar as expectativas dos clientes, ou seja, não fazer apenas o ordinário, mas, sobretudo, realizar o extraordinário. Saber o que o aluno, a família, o parceiro ou o colaborador deseja. O primeiro passo é relativamente fácil, podendo ser alcançado, simplesmente, ao ouvir o cliente e descobrir quais são suas reais necessidades. Já o segundo passo é um pouco mais complexo, porque exige que a escola se antecipe, prevendo necessidades que nem mesmo o cliente (aluno, família, parceiro, colaborador) chegou a detectar. Considerando que é por meio da identificação de tendências, que a escola será competitiva no mercado.2 - Papel da liderançaO líder desempenha um papel fundamental na gestão da qualidade. É ele que comunicará, da forma mais eficiente possível, os objetivos e as metas do trabalho para a equipe, acompanhará como esses objetivos estão se desenvolvendo e identificará como cada um dos membros da equipe pode atingir o máximo do seu potencial no dia a dia da escola. Ele tem ainda a função de manter um bom ambiente de trabalho, com funcionários motivados a dar seu máximo, sabendo delegar, acompanhar os resultados e se adaptar constantemente ao “novo”, deixando de lado o papel centralizador muito comumente encontrado no mundo corporativo.3 - Envolvimento das pessoasÉ fato: os recursos humanos são o ativo mais valioso dentro da instituição. Afinal, serão as pessoas, por meio do seu trabalho, que permitirão que o trabalho atinja suas metas, cresça e saiba responder às flutuações do dia a dia. É necessário, portanto, envolver os colaboradores no processo, de modo que se sintam motivados, capacitados e estimulados a trazer contribuições para o todo. Para alcançar esse objetivo, o gestor deve ficar atento a duas frentes. Na primeira, precisará buscar formas de motivar os colaboradores, fazendo com que participem do processo decisório e dando espaço para que tragam novas ideias e soluções. Na outra frente, está a capacitação. Para atingir o máximo de seu potencial, os colaboradores precisam receber treinamentos constantes, que os mantenham atualizados em relação às práticas mais eficientes e que forneçam ferramentas para melhorar os processos de trabalho. A capacitação valorizará o funcionário, trazendo maior comprometimento com a instituição e aumentando a motivação.

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4 - Abordagem por processoUma escola é muito mais eficiente quando aborda o uso de seus recursos e suas atividades de rotina como processos bem definidos, levando em conta tanto o ambiente externo como o interno. Assim, é possível compreender como cada área se inter-relacionam e quais exatamente são os papéis dos membros da equipe na busca pelo alcance dos objetivos. A abordagem por processo demanda a identificação dos responsáveis por cada atividade, a entrada e saída de recursos e, claro, a definição do objetivo. Dessa forma, é possível reduzir drasticamente não só o retrabalho como prevenir erros e obter uma maior previsibilidade.5 - Sistematização da gestãoNa abordagem sistêmica da gestão, é necessário, primeiramente, entender como os processos se relacionam. Tais processos geram uma determinada demanda ou serviço que, por sua vez, também se relacionam com outros procedimentos. Quando esse sistema é compreendido em profundidade, passa a ser possível identificar formas de resolver eventuais problemas e criar ações de melhoria.6 - Melhoria contínuaO princípio da melhoria contínua é um dos mais importantes na gestão da qualidade, porque contribuirá diretamente para a competitividade da instituição no mercado. A ideia é simples: nunca acreditar que atingiu um patamar máximo. Com isso, busca-se sempre aprimorar processos e serviços. Essa melhoria constante permite que identifiquemos preventivamente erros nos processos e possamos oferecer ao aluno, família, colaborador e fornecedor sempre o melhor.7 - Tomada de decisõesA tomada de decisões deve sempre ser feita a partir da análise cuidadosa de dados e informações e não pela simples impulsividade. Para aplicar esse princípio na instituição, é preciso, antes de mais nada, criar processos eficientes e confiáveis para a coleta de dados (tanto no ambiente interno da escola como no mercado). Em segundo lugar, é necessário pensar em meios de transformar esses dados em informações rápidas e simples de acessar para aqueles que participam do processo decisório, o que já acontece com o uso do Sistema de Gestão Escolar: GVCollege.8 - Relação com fornecedoresA palavra-chave para entender esse princípio é confiabilidade. Uma boa relação com os fornecedores não precisa ser benéfica apenas para a instituição. Muito pelo contrário, o ideal é que ela seja igualmente boa para o fornecedor. Assim, sendo ambas as partes beneficiadas, inevitavelmente, surgirá uma parceria sólida. A construção dessa relação garante um fornecimento mais barato, dentro do prazo e com maior comprometimento dos envolvidos. Só um detalhe: para alcançar esse objetivo, deve-se realizar uma prospecção eficiente dos fornecedores e trabalhar constantemente para o estreitamento da relação.

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Seguir esses princípios da gestão da qualidade é fi rmar um compromisso com a efi ciência. Para que esses princípios sejam bem-sucedidos, porém, é fundamental que haja comprometimento de todos, desde o gestor até o colaborador lá da pontinha do processo.4.1. CONCEPÇÃO DE GESTÃO POR RESULTADOS O modelo metodológico adotado tem, ainda, como referencial a proposta de envolvimento de todos os atores presentes nos processos de gestão escolar conforme o esquema abaixo:

Uma estrutura permite a abordagem da totalidade dos âmbitos, níveis e dimensões da atividade institucional dos estabelecimentos de ensino, visando ao melhoramento permanente da sua gestão. Além de fomentar informações para os processos de tomadas de decisão assertivos ainda pretende-se promover a geração de comunidades de aprendizagem dentro das escolas, a fi m de gerar conhecimentos e reter os mesmos dentro da instituição, promovendo, dessa forma, a participação e a corresponsabilidade dos diversos atores que fazem parte da comunidade educativa na consecução dos objetivos institucionais. As instituições aprendem consigo mesmas sobre o processo de gestão ao longo de sua própria história. Em outras palavras, essa metodologia também procura promover o desenvolvimento de uma cultura escolar da qualidade, em virtude da qual elas aprendem a efetuar suas ações em níveis de excelência, trazendo para a instituição os seguintes benefícios:

• Aprimoramento da Gestão a partir do contexto escolar.• Administração com foco nos resultados. • Fortalecimento institucional com foco na aprendizagem.

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• Plano estratégico para melhoria contínua.• Desenvolvimento da liderança diretiva.• Consolidação de uma cultura de colaboração.• Profissionalização das relações na instituição.

Esse modelo orienta e favorece uma série de atividades cotidianas da instituição, sendo os mais relevantes:

• Sistemas de levantamento de informações atuais e atualizáveis sobre alunos e pais. • Procedimentos de uso de sistema de informação, tanto para os professores, a direção e o pessoal de administração. • Mecanismos para conhecer periodicamente as expectativas e satisfação das famílias dos alunos e docentes.• Sistemas de planejamento e programação.• Sistemas de controle e avaliação.• Sistemas de participação institucional, sistema de seleção e incorporação de pessoal ligado a competências. • Sistema de aperfeiçoamento e desenvolvimento ligados à avaliação de competências.• Incentivo aos docentes à inovação. • Procedimento de comunicação e responsabilização pelos resultados.

4.2. INDICADORES DE QUALIDADE (POR ORDEM DE RELEVÂNCIA)1. Fidelização dos estudantes e familiares2. Desempenho acadêmico3. Classificação das questões de avaliações na Taxionomia de Bloom4. Monitoramento do para casa5. Monitoramento das habilidades previstas nas questões6. Avaliação de professores pelos alunos7. Aprovação dos alunos em “vestibulares”

4.3. CONCEPÇÃO DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL A Avaliação 360º (graus), também conhecida como feedback 360º, é uma ferramenta de avaliação de desempenho que permite a avaliação do funcionário por todos a sua volta, como superiores, subordinados, prestadores de serviços, clientes e pelo próprio avaliado.

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Esse método, muito utilizado pelas empresas, tem como propósito compreender as deficiências do funcionário e auxiliar na evolução de suas competências fundamentais, sendo uma importante ferramenta da gestão estratégica de pessoas. O Sistema Escolápio de Educação entende necessária a aplicação dessa avaliação para toda a equipe de discente três vezes ao ano, ao final de cada trimestre.4.4. ORIENTAÇÕES PARA A GESTÃO DE PESSOAS A gestão de Recursos Humanos também é fundamental para uma instituição de ensino. Para que uma escola atinja os objetivos desejados, ela precisa contar com uma equipe de profissionais motivados e competentes. Além disso, é preciso saber como lidar com toda a comunidade de alunos e responsáveis, mediando conflitos e buscando soluções. Desse modo, pode-se dizer que o grande objetivo da gestão de pessoas é criar um ambiente agradável, motivante e que favoreça a produtividade, além de cuidar de toda a parte burocrática relativa aos colaboradores. A escola não é movida apenas de ideias e propostas, mas também, é um produto do trabalho de várias pessoas que estão no dia-a-dia e cada uma com sua função. Para que haja equipes de alta performance e trabalho eficaz, é necessário:

• Engajar os colaboradores na proposta da instituição e nos resultados.• Saber distribuir as tarefas entre os setores e as pessoas.• Possibilitar as ferramentas que facilitem o trabalho da equipe.• Incentivar a formação continuada e investir no aprimoramento dos colaboradores.• Avaliar os funcionários e orientá-los para a melhoria dos processos.• Ressaltar os pontos fortes e parabenizar os colaboradores por seus acertos.• Manter um clima de cooperação, entrosamento e respeito entre os colaboradores.

4.5. ORIENTAÇÕES PARA A GESTÃO DA COMUNICAÇÃO A gestão da comunicação escolar é similar à gestão de pessoas, mas, na verdade, diz respeito mais especificamente aos canais de comunicação que uma escola mantém com a comunidade. Ou seja: que meios a escola oferece para que responsáveis, alunos, professores e funcionários apresentem suas demandas, e que meios a escola utiliza para chegar a essas pessoas quando necessário. A comunicação, muitas vezes, é negligenciada e pode parecer desnecessária traçar estratégias nessa área. Entretanto, uma comunicação escolar bem planejada é extremamente benéfica, pois aumenta o engajamento de todos os envolvidos na educação, consequentemente, melhorando os resultados. Na gestão da comunicação, são estabelecidos e padronizados canais para entrar em contato com nosso cliente (aluno, pais, colaborador e fornecedor). Assim,

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todos se mantêm bem informados e engajados. Para uma comunicação eficiente e eficaz, é necessário:

• Manter os colaboradores informados sobre os comunicados da instituição.• Manter os responsáveis informados sobre deveres de casa e atividades do aluno.•Informar os responsáveis sobre o desempenho e participação dos alunos em sala de aula.• Informar os responsáveis sobre frequência e ocorrências disciplinares dos alunos.• Manter alunos e responsáveis informados sobre o calendário de provas e boletins.• Manter o aluno informado sobre eventos e atividades da instituição.• Responder as mensagens enviadas por membros da comunidade escolar.• Divulgar os eventos nas mídias sociais.

4.6. ORIENTAÇÕES PARA A GESTÃO FINANCEIRA A gestão financeira controla os recursos e garante que os diferentes setores tenham suas necessidades atendidas. É preciso que a instituição tenha total controle sobre suas finanças, pois tem que arcar com custos de manutenção e precisa investir em melhorias constantemente. O descontrole financeiro é o pior cenário para uma escola, pois paralisa todos os processos e impede o bom desenvolvimento do ensino. Para manter sob controle a questão financeira, o estabelecimento de ensino deve contar com uma equipe de profissionais da área, capazes de controlar o fluxo de caixa, controlar a inadimplência e planejar bem os gastos. As atividades relevantes desse processo, são:

• Calcular corretamente os gastos.• Resumir as entradas e saídas financeiras da instituição.• Manter o fluxo de caixa organizado.• Manter a inadimplência sob controle.• Definir orçamentos por centro de custo.• Prestar contas e dar retorno dos gastos.

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