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Vida Sofrida Camila Azzulin - Rochelly Batista Rosane Nunes - Mônica Eliseu Mônica Windberg

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Vida Sofrida

Camila Azzulin - Rochelly Batista Rosane Nunes - Mônica Eliseu

Mônica Windberg

TextoCamila Azzulin, Rochelly Batista, Rosane Nunes, Mônica Eliseu, Mônica Windberg.

IlustraçãoCAPA - Priscila AraújoCONTRACAPA - Yan Yun

DiagramaçãoPriscila Gonçalves

Professores Responsáveis:Dra. Lúcia Regina Lucas da Rosa - Letras

Me. Fabrício Augusto Kipper - Design

Me. Mariana Toledo Seferin - Design

Contato: Centro Universitário La Salle CanoasAv. Victor Barreto, 2288 - Canoas

CEP 92010-000 Telefone: (51) 3476.8500

Como a própria concepção do texto de cordel, que visa à escrita poética popular, estes poemas refletem o

hábito da transmissão cultural pela experimentação peculiar da escrita ao revisitar textos tradicionais, transformando-os em temáticas atualizadas. Foram criados pelos acadêmicos do Unilasalle, após estudos

de análise literária nas disciplinas de Literatura Brasileira III do curso de Letras, Evolução das

Tecnologias Gráficas e Editoração Eletrônica do curso de Design Gráfico.

Daqui pra adianteQuero somente regaliaSombra, água frescaComida boa, roupa finaAcordá tarde todos os dia!Nunca mais vô sê peãoVô sê dono de mim, chega de exploração!

Não me diga: Não venha trabaiá atrasado! Pois toda manhã atraso Depois de passar pela manada Ainda sim consigo chegá no tra-baio

Dizem que dinhero não traiz felicidadePois sim, que desatinoEu, já com essa idadeQuero mesmu é ficá rico!Quem fala uma asneira dessaNum sabe o que é trabaiá todo diaNo vento, na chuva, no sol a pico

Vida Sofrida

Ontem na portera Tava bisoiando as estrela As que refletiam na imensidão Aí então, que parei pra pensá

Como posso te ganhá? Te ganhá de forma inteligente Sem pressa e deferente Sem trabaiá e tê que acordá cedo Sem patrão e sem nenhum praguedo Enchendo o saco de manhã cedo.

Mamãe me dizia: Deus ajuda a quem cedo madruga! Meu Deus, ó Deus! Faz com que esse relógio ajude os ateu! Esse relógio maluco que nem sem-pre dispertaÀs dez horas, quem dera! E dando tchau pras cuberta É que eu saio e vô trabaiá de bicicreta.

Todo dia essa economia Sinto cair na realidade... Sempre sofrido, depois da peleia Falta o dinheiro das conta e sinto a dificuldade.

Será que consigo sonhá todo dia Chegando pra trabaiá Se a grana virá um dia, meio arredia Sem ao menos se preocupá?

Pensei ser dignidade do homem sua profissãoMas agora já não sei nãoDe boa quero ficáTô cansado de tanto trabaiá

Com fé no padinho CiçoNa mega sena vô jogáSe o resultado eu acertáVô embora para nunca mais voltá

Ando, ando sem rumo, Sem ao menos ter receio Sabe o que é trabaiá o dia intero? Em pé, varrendo esse chão imundo. No meu reino, o rei é meu chefe.

Ah quem me dera sê Rei Midas E que tudo que tocasse virasse oro E não um monte de tabefes... Onde vivo, tem pão e circo.

Na verdade o pão, sinto só o chêro E neste picadeiro o paiaço sô eu E bato palmas pro mundo intero E o que me resta é mi equilibrá

Nesta quilométrica corda bamba. Pois a grana não dá nem pra sem-ana Falta tudo...Só não falta a fé pra sonhá.

O meu bolso só vive reclamandoO vazio, é seu grande companhero Sempre tá à procura de dinheroAcho que vô criá em cativeiro Só pra ele aprendê a obedecê!

Uma gaiola fechada vô fazêPara ver se ele dura um mês interoEu nasci aqui no sertãoSempre trabaiei por qualquer tostão