linguasagem - revista eletrônica de popularização científica em ciências da linguagem

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    POLTICA EDITORIAL - NORMAS PARA PUBLICAO - CONSELHO EDITORIAL - EDITORIAL - QUEM SOMOS - CONTATO

    DECLARAO UNIVERSAL DOS DIREITOS LINGSTICOS - DIALETO CAIPIRA

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    Veja tambm

    Ceditec

    Domnio Pblico

    A SEMNTICA E O CORTE SAUSSURIANO:

    LNGUA, LINGUAGEM, DISCURSO

    Por Claudine Haroche, Michel Pcheux e Paul Henry

    Seja pelo vis de uma hiptese sobre a essncia da cultura

    concebida como um conjunto de sistemas simblicos que englobam tanto a

    linguagem quanto outros sistemas como os mitos, a arte ou a economia ou

    ento, revestido por um empirismo triunfante[1], pela evocao de uma

    metodologia geral das humanidades[2] e at mesmo de uma cincia das

    cincias, a referncia lingstica tornou-se, em diversas disciplinas, um

    lugar comum. Uma confuso entre lngua e linguagem pois assim que

    se deve considerar desempenha um papel crucial na questo. Se no

    perdermos de vista que a referncia a Saussure tambm um lugar comum,

    existe a um duplo paradoxo que no deveria deixar de nos surpreender.

    Primeiramente, no se pode deixar de ser atingido pelo cuidado que Saussure

    empenhou em separar teoricamente lngua e linguagem. Por outro lado, como

    foi recentemente lembrado por Claudine Normand[3], resistindo aos apelos

    das evidncias empricas que Saussure pde formular os conceitos que

    fundam a lingstica como cincia[4]. As diversas exploraes ideolgicas das

    atuais teorias lingsticas (e no, para sermos mais precisos, dos

    conhecimentos lingsticos) se caracterizam por um deslizamento contnuo

    entre lngua e linguagem, conjugado a um retorno forado a um empirismo

    renovado[5] pelo formalismo. Para resumir, em nome da prpria ruptura

    saussuriana, defende-se, em certa medida, o oposto.

    Para compreender o que est em questo aqui, necessrio levar em

    conta o que se passou no interior da prpria lingstica. Assim sendo,

    tentamos primeiramente transpor a teoria lingstica fora de seu prprio

    campo na medida em que a lingstica aparece como uma cincia. Com isso a

    alamos posio de uma cincia piloto, um modelo, da mesma maneira que

    se quis fazer da psicologia um modelo terico de todas as cincias, ou sua

    base de reduo. Em segundo lugar, essa explorao ideolgica da lingstica,

    sua reinscrio fora de seu prprio campo, no teriam sido possveis sem a

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    Texto livre

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    Universia

    existncia de dificuldades interiores prpria lingstica, e produzidas pelas

    mesmas causas.

    Continua a ser um lugar comum dizer que a semntica foi abandonada

    pelos lingistas por um longo perodo, o que talvez no seja sem razo[6]. J

    antecipando o que nos propomos a dizer na seqncia, cremos poder defender

    que, se a ruptura saussuriana foi suficiente para permitir a constituio da

    fonologia, da morfologia e da sintaxe, ela no conseguiu impedir o retorno ao

    empirismo em semntica. Ao contrrio, parece que o desenvolvimento da

    fonologia tornou possvel esse retorno, ao fazer dela um modelo que permitiu

    reinterpretar, em um quadro formalista, concepes muito tradicionais da

    semntica. O paradoxo apenas aparente: a histria das cincias nos fornece

    numerosos exemplos desse tipo de processo.[7]

    Isso que acabamos de afirmar implica que aquilo que designamos hoje

    sob o nome de semntica depende apenas parcialmente de uma abordagem

    lingstica. Evidentemente, no se trata de cair no legalismo, decretando

    aquilo que de direito depende ou no da lingstica. Quando falamos em

    abordagem lingstica, ns nos referimos, na verdade, a um conjunto deconceitos que foram produzidos por lingistas e a uma prtica especfica do

    lingista sobre a linguagem, estreitamente ligada a esses conceitos.

    Afirmamos portanto que nem os conhecimentos que permitem produzir esses

    conceitos, nem essa prtica em si podem recobrir completamente o atual

    campo da semntica, exceto no quadro de uma vaga analogia, que no passa

    de uma invaso ideolgica na teoria lingstica. Nessas condies, a

    semntica (enquanto teoria das regies deixadas de lado do campo de

    aplicao dos conceitos e da prtica dos lingistas) supe uma mudana de

    terreno ou de perspectiva.Nossos objetivos neste estudo sero, em primeiro lugar, apoiar e

    desenvolver as teses crticas que acabamos de apresentar e, em segundo,

    indicar como possvel conceber, atualmente, a mudana de terreno ou de

    perspectiva que nos parece indispensvel.

    Para os gramticos e neo-gramticos, a semntica estava reduzida ao

    estudo da mudana de sentido das palavras. Se nos reportarmos ao Curso de

    Lingstica Geral[8], preciso inicialmente observar que a palavra

    semntica[9] no figura nele. Contudo, quando agrupamos o que pode ser

    relacionado questo, convm fazer uma distino entre, por um lado, aquilo

    que concerne oposio valor-significao, assim como s relaes

    associativas e, por outro, as questes consagradas analogia e aglutinao.

    Na verdade, essa distino est recoberta pela oposio entre a lingstica

    sincrnica e a lingstica diacrnica. Mas, a propsito das mudanas

    analgicas, Saussure esboa uma anlise das relaes entre essas duas

    ordens, o que demanda alguns comentrios.

    Nos captulos consagrados analogia, encontramos um certo nmero

    de idias que Saussure toma emprestado de seus predecessores. Em

    http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://www.universia.com.br/http://www.ufscar.br/~uehposol/http://triangle.ens-lsh.fr/http://www.textolivre.org/http://www.revue-texto.net/http://www.persee.fr/http://www.periodicos.capes.gov.br/http://www.institut-saussure.org/http://www.geterm.ufscar.br/http://www.faac.unesp.br/pesquisa/gescom
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    particular, ele assume a responsabilidade sobre o modelo das propores[10]:

    reao : reacionrio : represso : x, em que x = repressionrio

    Desse modo pode ser explicada a apario histrica de novas formas. Mas o

    Curso de Lingstica Geral inova quando prope (p.191-5) sucessivamente que

    tudo gramatical na analogia (p.192), visto que a analogia inteiramente

    gramatical e sincrnica(p.193), pois as formas se mantm porque so

    refeitas analogicamente sem cessar(p.200). Retornamos idia de que as

    unidades existem somente pela coeso do sistema das oposies e das

    relaes. preciso destacar que no somente a analogia explica a apario

    histrica de formas novas, mas ainda que ela estrutura permanentemente o

    sistema das unidades significantes que s podem se manter por elas . Uma

    ponte assim estabelecida entre sincronia e diacronia, mas, ao mesmo

    tempo, esboada uma dialtica em particular a respeito do par

    liberdade/sistema sobre a qual teremos de voltar. Essa dialtica introduz-se

    na prpria noo de gramtica, que, no Curso de Lingstica Geral no seencontra sem relao com a concepo encontrada em Port-Royal a seu

    respeito.

    Com efeito, lemos (p.191-2) que ... a analogia de ordem

    gramatical ela supe a conscincia e a compreenso de uma relao que une

    as formas entre si. E que enquanto a idia nada representa no fenmeno

    fontico, sua interveno se faz necessria em matria de analogia.

    Mais frente, logo depois de Saussure ter reafirmado que tudo

    gramatical na analogia, acrescentado que a criao, que lhe constitui o

    fim, s pode pertencer, de comeo, fala ela a obra ocasional de uma

    pessoa isolada (p.192). Certamente, essa assero imediatamente

    corrigida, colocando que a criao analgica s possvel se as condies

    lingsticas de sua produo estiverem reunidas sob a forma de uma

    proporo incompleta na lngua. No menos verdade que, com isso,

    Saussure deixe aberta uma porta pela qual vo se lanar o formalismo e o

    subjetivismo. Quando procuramos compreender a raiz dessa dificuldade, a

    encontramos no fato de que, para Saussure, a idia no saberia ser de outra

    forma seno totalmente subjetiva, individual. Portanto, visto que atrs de

    toda analogia h necessariamente uma idia, preciso obrigatoriamente

    passar pela fala e pelo sujeito individual.

    Essa relao entre idia e analogia nos leva oposio valor-

    significao. Trata-se de uma oposio capital, pois em seu nome que

    Saussure declara guerra contra a concepo da lngua como nomenclatura (p.

    97 e 158). A atitude fundamental de Saussure a esse respeito consiste na

    idia de que, do ponto de vista lingstico, o valor domina a significao: Em

    todos esses casos, pois, surpreendemos, em lugar de idias dadas de

    antemo, valores que emanam do sistema. Quando se diz que os valores

    correspondem a conceitos, subentende-se que so puramente diferenciais,

    definidos no positivamente por seu contedo, mas negativamente por suasrelaes com os outros termos do sistema. Sua caracterstica mais exata

    ser o que os outros no so. (p. 136). Mais frente, a propsito do conceito

    julgarest especificado que ele simboliza a significao mas que esse

    conceito nada tem de inicial, no seno um valor determinado por suas

    http://-/?-http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/
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    relaes com outros valores semelhantes, e sem eles a significao no

    existiria (ibid.). Em resumo, quando afirmo simplesmente que uma palavra

    significa alguma coisa, quando me atenho associao da imagem acstica

    com o conceito, fao uma operao que pode, em certa medida, ser exata e

    dar uma idia da realidade mas em nenhum caso exprime o fato lingstico

    na sua essncia e na sua amplitude (ibid.).

    O princpio da subordinao da significao ao valor pode ser

    considerado como o centro da ruptura saussuriana[11]. esse princpio,

    estreitamente ligado idia de lngua como sistema, que abre a possibilidade

    de uma teoria geral da lngua, permitindo a interpretao de particularidades

    fonolgicas, sintticas e morfolgicas de qualquer lngua. Mas e a semntica?

    Devido ao papel que nela se atribui fala e ao sujeito, tudo aquilo que diz

    respeito analogia encontra-se em segundo plano em relao a essa ruptura.

    Isso porque a subordinao da significao ao valor quanto a tudo que se

    refira ao fato lingstico em sua essncia e em sua amplitude tem

    precisamente por efeito interromper bruscamente todo retorno ao sujeito,

    quando se trata da lngua: a significao de ordem da fala e do sujeito, s ovalor diz respeito a lngua.

    Acabamos de constatar, portanto, que o Curso de Lingstica Geral

    partilha do ponto de vista de que a analogia no caminha em direo ao

    centro da ruptura que, por outro lado, ali se manifesta. Cremos que preciso

    ir mais longe e deixar claro que, se essa ruptura abre passagem para a

    fonologia, para a sintaxe e para a morfologia, deixa entretanto de fora de seu

    campo uma boa parte daquilo que atribumos semntica.

    Vamos mostrar o porqu, voltando-nos sobre outras passagens do

    Curso de Lingstica Geral concernentes a essa questo e recorrendo a uma

    parte do que foi feito nesse domnio.

    Fomos diretamente ao princpio de subordinao da significao ao

    valor, passando por cima de argumentos para o justificar. Um desses

    argumentos : Se as palavras estivessem encarregadas de representar os

    conceitos dados de antemo, cada uma delas teria, de uma lngua para outra,

    correspondentes exatos para o sentido mas no ocorre assim, conclui

    Saussure (p.135). O exemplo de louer em francs[12], ao qual correspondem

    dois termos em alemo, mieten e vermieten, dado a ttulo de ilustrao.

    No h, pois, entre estes dois termos, correspondncia exata de valores. O

    argumento coloca, portanto o problema da traduo, mas no se deve perder

    de vista o que ele visa mostrar, a saber: do ponto de vista da lngua, s conta

    o valor e no a significao. Em particular no preciso ver aqui o incio de

    uma tese geral sobre a possibilidade ou a impossibilidade de traduzir.

    Entretanto sabemos, por outro lado, que essa possibilidade freqentemente

    invocada com base em teses sobre a universalidade do mundo de

    significaes manifestadas pela linguagem e, inversamente, que as

    dificuldades da traduo, inclusive a impossibilidade de uma traduo total,

    so utilizadas tomando por base teses culturalistas[13].

    Ora, do ponto de vista saussuriano a respeito da lngua e do valor

    frente quele a respeito das significaes e da linguagem, h uma mudana

    radical de perspectiva. Apesar dessa mudana de perspectiva e ainda que a

    referncia traduo tenha, neste caso, sempre um alcance terico e no

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    prtico , continuamos a colocar de imediato o problema por meio daquele

    sobre a correspondncia entre duas ou mais lnguas como se no interior de

    uma mesma lngua no ocorressem problemas de traduo. Ora, se

    considerarmos, por exemplo, o domnio da poltica e da produo cientfica,

    constataremos que as palavras podem mudar de sentido segundo as posies

    determinadas por aqueles que as empregam.

    Consequentemente, quanto a discursos considerados a partir de

    posies diferentes se colocam verdadeiramente problemas de traduo, deequivalncia e de no-equivalncia que, ao nosso ver, no podem ser

    regrados quando ligados a diversos subsistemas da lngua[14].

    Com efeito, um indcio que mostra que as coisas no so assim to

    simples quanto faria supor a idia de uma diferenciao em subsistemas.

    Tudo se passa como se a correspondncia entre teoria geral e estudo

    particular de uma dada lngua desaparecesse no nvel semntico. Certamente,

    semnticas gerais foram propostas, mas elas no fornecem quase nada de

    princpios que permitam depreender as particularidades das lnguas, ou dos

    estados de lngua, etc, como o caso da fonologia, da morfologia ou dasintaxe. Existem, por outro lado, descries semnticas de diversas lnguas,

    mas so descries que permanecem sem ligao com as teorias. Se elas

    permanecem em grande parte desligadas de descries concretas das lnguas,

    as semnticas gerais nem por isso se libertam de todos dados concretos.

    Elas vo simplesmente busc-los em outros lugares, entre eles na filosofia,

    na lgica, na psicologia e, talvez ainda, em outras disciplinas como a

    antropologia e a sociologia[15].

    Essas disciplinas fornecem, portanto o concreto, mas recortado de

    outra forma que no fosse o concreto lingstico de uma dada lngua nacional.Sem dvida, ressaltamos que esses componentes sociais e literrios no

    esto ausentes dos domnios fonolgico (r fricativo uvularurbano na Frana

    / r vibrante apical, ainda presente na zona rural francesa), morfolgico

    (variaes histricas dos prefixos e sufixos, criao de palavras novas ligadas

    apario das ferrovias... ou do socialismo), sinttico (a gramaticalidade no

    varia, ao menos em suas zonas de fronteira, em funo de dados scio-

    histricos?). Entretanto, aqui s se trata (salvo talvez pelo ltimo ponto) de

    propriedades secundrias do ponto de vista lingstico, que a teoria geral no

    se encontra na obrigao de explicar.

    O caso totalmente diferente para a semntica. Com efeito, o lao

    que une as significaes de um texto s suas condies scio-histricas no

    meramente secundrio, mas constitutivo das prprias significaes. Como

    havamos acertadamente observado, falar diferente de produzir um

    exemplo de gramtica. Podemos esperar estender nesse momento a teoria

    lingstica para uma semntica geral (cincia geral das significaes) que

    libertaria a lingstica do pelourinho formal da gramtica? As diversas

    cincias sociais que se encarregaram das questes sobre o sentido e sobre

    a expresso das significaes insistem junto lingstica para que essas

    questes sejam resolvidas com os meios tericos que esta ltima dispe.Destaquemos entretanto, que tais questes no tm lugar na problemtica

    saussuriana, na medida em que elas dizem respeito ao que rejeitado na

    fala, fora do todo homogneo que constitui o sistema da lngua. Mas o prprio

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    fato de que essa concepo da lngua tenha desempenhado um papel crucial

    na formao da fonologia, da sintaxe e da morfologia pde exercer uma

    presso que tende a fazer adotar o mesmo modelo sobre o campo da

    semntica.

    Assim sendo, a oposio lngua/fala, historicamente necessria

    constituio da lingstica, caminha lado a lado de certa ingenuidade de

    Saussure em relao sociologia, o que plenamente explicvel pelo fato de

    os prprios socilogos contemporneos de Saussure compartilharem-na namaior parte dos casos. Essa ingenuidade repousa sobre uma ideologia

    individualista e subjetiva da criao[16], cujos afloramentos reconhecemos

    em correntes neo-kantianas e neo-humboltdianas do sculo XIX alemo,

    insistentemente repetida at nossos dias. Dizemos isso porque o prprio

    Noam Chomsky recorre explicitamente a ela na sua polmica contra o

    behaviorismo e o empirismo, e nas suas crticas no tocante linguagem

    concebida como instrumento de comunicao. No encontramos ainda essa

    mesma ideologia na idia de Jakobson, segundo a qual, do nvel do fonema ao

    nvel do encadeamento das frases, passaramos da determinao lingstica aesta liberdade pela qual o sujeito falante diz o que jamais ouviremos duas

    vezes? O par liberdade/determinao ou, se preferirmos,

    criatividade/sistema possui as propriedades circulares de um par ideolgico,

    na medida em que cada um dos dois termos em oposio pressupe o outro:

    a criatividade supe com efeito a existncia de um sistema que lhe permita

    fazer irromper, e todo sistema nada mais do que o efeito resultante de uma

    criatividade anterior. A noo de sistema seja por caracterizar uma

    classificao realista das propriedades objetivas da realidade, seja por

    designar um princpio de viso, um recorte da realidade por um sujeito

    (psicolgico, antropolgico, histrico, esttico, etc.) aparece portanto como

    o complemento indispensvel da criatividade no interior do campo da

    linguagem. Em outros termos, a oposio lngua-fala introduzida por

    Saussure se encontra repetida analogicamente no interior da fala sob a forma

    da oposio sistema/criatividade (resultante da transposio de oposies tais

    como paradigma/sintagma, sincronia/diacronia, etc.).

    Baseado nisso, a distino clssica entre um universo imanente da

    significao e seu universo manifestado pde ser reformulado, tendo a

    descoberta dos sistemas fonolgicos das lnguas naturais desempenhado um

    papel decisivo nessa reformulao. Lembremos esquematicamente como essa

    operao, cujo modelo de propores foi o ponto de partida, pde ser

    conduzida. Da mesma maneira que todo fonema realizado por uma srie de

    traos distintivos, supe-se que a significao global de uma unidade

    significativa seja decomponvel em muitos semas, elementos de significao

    ou componentes semnticos. Do mesmo modo que o jogo das oposies entre

    fonemas determina o conjunto dos traos fonticos que tm um valor

    distintivo fonolgico, o jogo das oposies entre unidades significativas que

    fixa o conjunto dos elementos de significao que podem ser realizados. Uma

    vez que nenhum sistema fonolgico esgota a combinatria dos traosdistintivos pelos quais so produzidas as oposies fonolgicas (h casas

    vazias no sistema de ordens e de sries), afirmamos que o conjunto das

    unidades significativas, enquanto agrupamentos de elementos de significao,

    no esgota a combinatria desses elementos. A partir da, todo discurso

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    comportaria uma parcela de rudo semntico j que, sendo dadas as

    disponibilidades lexicais, cada unidade, na qualidade de agrupamento,

    suscetvel de introduzir elementos de significao desnecessrios ou

    redundantes em relao manifestao global da significao dos discursos

    em questo. Pela mesma ao podemos tambm explicar a existncia de

    vrios planos de leitura correspondentes a vrios encadeamentos possveis

    de elementos de significao tomados em cada agrupamento. A existncia

    desse rudo semntico e da pluralidade dos planos de leitura representariao descompasso existente entre o universo imanente da significao (aquele

    dos elementos de significao) e seu universo manifestado (aquele de

    agrupamentos de elementos manifestados pelas unidades significantes).

    Resta-nos examinar sobre o qu se funda o paralelismo entre

    estrutura fonolgica e estrutura semntica. Observaremos, em primeiro lugar,

    que existe uma estreita relao entre essa concepo da semntica e o modo

    como a questo do valor tratada no Curso de Lingstica Geral, mas,

    precisamente, no se trata mais dos valores, mas das significaes. Para bem

    compreender porque essa anulao da distino valor-significao est

    carregada de conseqncias, preciso que nos voltemos sobre o papel do

    conceito de valor na constituio da fonologia e da sintaxe. Conforme j

    dissemos, o conceito de valor est diretamente ligado idia da lngua como

    sistema e quilo que concordamos denominar o princpio de unidade da

    lngua, princpio que, para ns, funda a prtica do lingista sobre a linguagem

    a partir de Saussure. Um aspecto da ruptura saussuriana que parece no ter

    despertado muita ateno o fato de que ruptura sobre o plano terico

    corresponde uma transformao profunda da prtica do lingista sobre a

    linguagem. A gramtica histrica estava baseada sobre comparaes entre

    elementos isolados pertencentes a lnguas diferentes, supostamente ligadas

    por filiao histrica: a lingstica ps-saussuriana atribui prioridade s

    operaes de comutao, de comparaes regradas, etc. no interior de uma

    mesma lngua, isto , ao funcionamento das lnguas em relao a si prprias

    no quadro de uma lingstica geral que a teoria desse funcionamento . Em

    tal perspectiva, o princpio de unidade da lngua essencial, pois esse

    princpio que funda as operaes em questo: assim como na gramtica

    histrica e na filologia era a suposta filiao histrica que justificava as

    comparaes, na lingstica ps-saussuriana o pertencimento a uma mesma

    lngua, a um mesmo sistema. S se pode falar de lnguas diferentes, dedialetos, de patos, de pidgins, ou de crioulos em referncia ao princpio da

    unidade da lngua. Como j sabemos, a colocao em prtica desse princpio

    na constituio da teoria particular da fonologia ou da sintaxe dessa ou

    daquela lngua faz intervir critrios semnticos. Em outros termos, o princpio

    da unidade da lngua, que funda a prtica do lingista sobre a linguagem, s

    pode funcionar se certos elementos semnticos forem supostamente

    conhecidos. De quais elementos semnticos se trata? Quem quer que tenha

    colaborado um pouco para demonstrar estruturas fonolgicas de uma lngua e

    para o estudo de sua sintaxe sabe que os critrios semnticos aos quais

    necessrio recorrer so amplamente sobredeterminados: a demonstrao de

    um fonema nunca repousa sobre um nico par mnimo, assim como no

    reconhecemos a existncia de uma relao de transformao entre somente

    duas frases, mas entre sries de frases sintaticamente equivalentes. Em

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    resumo, no a significao propriamente dita que est em causa (em

    muitos casos concretos, podemos discutir a equivalncia entre uma frase

    ativa em francs e sua passiva correspondente) mas aquilo que Saussure

    designava por valor. A distino valor-significao e sua anulao na

    construo de uma semntica concebida sobre o modelo da fonologia colocam

    um rduo problema terico.

    Essa conjuntura se encontra complicada pelo fato de que, uma vez

    anulada a distino significao-valor, o princpio de unidade da lngua podeser perfeitamente reinscrito em qualquer ideologia que coloque a

    universalidade do esprito humano e a intercambialidade dos sujeitos falantes.

    Essas ideologias parecem at poder fundament-lo ao dar ao conceito de

    lngua uma aparente substncia. Nada de extraordinrio, portanto, que

    psicologias e sociologias, que hoje em dia atribuem a essas ideologias

    aparncias de cincias, tenham sido convocadas em auxlio pelos prprios

    lingistas. preciso reconhecer nisso tambm que a posio de Saussure

    pode parecer contraditria na medida em que ele afirma que a lngua uma

    instituio social e que a lngua uma forma e no uma substncia ( CLG,

    p. 141).

    Alm dessa questo, a prpria noo de universo imanente da

    significao coloca a questo dos universais semnticos, isto , de um

    sistema metalingstico capaz de descrever a realidade, aplicando-se sobre

    ela como uma rede. Essa imagem da rede parece-nos subentender a

    existncia de uma correspondncia real[17]entre os universais lingsticos da

    significao e dos universais extra-lingsticos (psicolgicos, biolgicos,

    antropolgicos, etc.). Entendemos que essa correspondncia que em geral

    assegurada por uma cadeia interdisciplinar do gnero: lingstica,

    psicolingstica, psicologia, sociologia, antropologia, filosofia, lgica ,

    repousa na realidade, ao nosso ver, sobre um postulado real ista que

    dissimula um certo nmero de dificuldades concernentes prpria natureza

    dos universais. Se cessarmos por um s instante de os considerar como

    uma cpia-matriz da realidade e se nos interrogarmos sobre sua efetiva

    origem histrica, logo constataremos tratar-se de uma justaposio de

    classificaes muito diversas, das quais algumas provm diretamente de

    distines conceituais produzidas por disciplinas cientficas existentes num

    dado momento de sua histria, ao passo que as outras refletem relaes

    sociais inscritas em prticas (econmicas, polticas ou ideolgicas) igualmente

    situadas historicamente (sistemas documentrios, catlogo telefnico, seguro

    social, descrio do ambiente, etc.).

    O efeito do postulado realista a respeito dos universais portanto o

    de anular a distino entre aquilo que depende de uma prtica cientfica por

    um lado e, por outro, daquilo que o efeito de uma ideologia, explicitamente

    organizada sob a forma de uma prtica administrativa entre outras (criao

    de sistemas semnticos artificiais), ou implicitamente estruturado como

    sistema de representaes.

    A conseqncia dessa anulao conduz a uma posio epistemolgicalaxista, que por sua vez leva a considerar as cincias como os mais bem

    fundamentados universais culturais e tecnolgicos, o que corresponde,

    finalmente, ao modo mais eficaz de apreender a realidade. Como podemos

    no ver que essa formulao trai a secreta proximidade do realismo com o

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    problemtica subjetivista centrada sobre o indivduo) e contra o formalismo

    (no confundir a lngua como objeto da lingstica com o campo da

    linguagem). Isso implica, a ttulo de contrapartida positiva, a introduo de

    novos objetos posicionados em relao ao novo terreno terico que

    determina as formas e os contedos da mudana. Em grande medida os

    objetos e os termos que os designam so, naturalmente, novos somente aos

    olhos do provincialismo terico que caracteriza cada uma das cincias

    humanas frente a suas vizinhas, sobretudo sendo dado o recalcamento-

    disfaramento[20] que ali se exerce frente aos conceitos do materialismo

    histrico.

    No portanto intil lembrar, muito brevemente, que, sendo dada

    uma formao social a um momento determinado de sua histria, ela se

    caracteriza, por meio do modo de produo que a domina, por um estado

    determinado pela relao entre classes que a compem. Essas relaes se

    expressam por intermdio da hierarquia das prticas que esse modo de

    produo necessita, sendo dado aparelhos por meio dos quais se realizam

    essas prticas essas relaes correspondem posies polticas eideolgicas, que no constituem indivduos, mas que se organizam em

    formaes que mantm entre si uma relao de antagonismo, de aliana ou

    de dominao.

    Falaremos de formao ideolgica para caracterizar um elemento

    suscetvel de intervir como uma fora confrontada a outras foras na

    conjuntura ideolgica caracterstica de uma formao social em um momento

    dado. Cada formao ideolgica constitui desse modo um conjunto complexo

    de atitudes e de representaes que no so nem individuais e nem

    universais, mas que se relacionam mais ou menos diretamente a posies

    de classes em conflito umas em relao s outras.

    Avanaremos, apoiando-nos sobre grande nmero de observaes

    contidas naquilo que denominamos os clssicos do marxismo, que as

    formaes ideolgicas assim definidas comportam necessariamente, como um

    de seus componentes, uma ou vrias formaes discursivas interligadas, que

    determinam o que pode e deve ser dito (articulado sob a forma de uma

    arenga, de um sermo, de um panfleto, de uma exposio, de um programa,

    etc.) a partir de uma posio dada numa conjuntura dada: o ponto essencial

    aqui que no se trata apenas da natureza das palavras empregadas, mas

    tambm (e sobretudo) de construes nas quais essas palavras se combinam,

    na medida em que elas determinam a significao que tomam essas palavras:

    como apontvamos no comeo, as palavras mudam de sentido segundo as

    posies ocupadas por aqueles que as empregam[21]. Podemos agora deixar

    claro: as palavras mudam de sentido ao passar de uma formao discursiva

    a outra.

    Isso corresponde a dizer que a semntica, suscetvel de descrever

    cientificamente uma formao discursiva, assim como as condies de

    passagem de uma formao a outra, no saberia se restringir a uma

    semntica lexical (ou gramatical), mas deve procurar fundamentalmente darconta dos processos, administrando a organizao dos termos em uma

    seqncia discursiva, e isso em funo das condies nas quais essa

    seqncia discursiva produzida[22]. Chamaremos de semntica discursiva

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    a anlise cientfica dos processos caractersticos de uma formao discursiva,

    essa anlise que leva em considerao o elo que liga esses processos s

    condies nas quais o discurso produzido (s posies s quais deve ser

    referido).

    Dito isso, convm dissipar imediatamente um outro equvoco

    possvel, que consistiria em deduzir daquilo que foi anteriormente exposto

    que a lngua, desaparece como realidade autnoma, que a lingstica deve

    ceder o lugar ao materialismo histrico e que a prpria gramtica na

    verdade apenas um assunto de luta de classe[23]!

    Aos princpios tericos produzidos dessa forma correspondem certo

    nmero de disposies prticas que comeamos a desenvolver. Sem expor

    aqui as vrias consideraes metodolgicas que nos tm orientado, nem o

    detalhamento dos procedimentos que levaram ao atual programa detratamento automtico AAD[24], tentaremos indicar brevemente suas

    principais caractersticas, referindo-nos ao trabalho de Zellig Harris da forma

    como est resumido no artigo Anlise do discurso publicado no nmero 13

    desta mesma revista[25]. Nesse trabalho, Harris alia as preocupaes

    concernentes s relaes entre a cultura e a lngua a uma tentativa de

    estender a anlise lingstica alm dos limites de uma nica frase. Por outro

    lado, ele se recusa explicitamente em atribuir a priori uma importncia mais

    ou menos grande a esta ou quela ocorrncia, toda anlise que tenderia a

    descobrir a presena ou ausncia, em um texto, de certas palavrasparticulares escolhidas pelo lingista, seria uma busca sobre o contedo do

    texto, que repousaria finalmente sobre o sentido das palavras

    escolhidas[26].

    Alguns pontos, no entanto, parecem-nos trazer dificuldades.

    Primeiramente, o exemplo da anlise proposta apia-se sobre um nico

    texto[27]: trata-se, portanto, de referir o texto a si mesmo, pressupondo ser

    ele suficientemente repetitivo e estacionrio para que se possam extrair

    equivalncias por essa superposio[28]. Por outro lado, a definio de

    equivalncia[29] entre dois elementos e sobretudo a significao dessa

    equivalncia levanta alguns problemas[30]. Retornaremos a isso num

    instante.

    A aplicao do mtodo de anlise AAD, que apela a uma anlise

    lingstica prvia em enunciados elementares (bastante prximos dos

    esquemas-ncleos harrisianos), levam em considerao pontos tratados

    acima, efetuando uma comparao regrada entre vrios textos que

    constituem um corpus discursivo tido como representativo de um certo estado

    de condies de produo caractersticas de uma formao discursiva dada.

    Ressaltemos que uma deciso terica extra-lingstica se encontra ligada a

    essa etapa da constituio do corpus[31]. No que tange ilustrao que

    apresentamos esquematicamente abaixo, essa deciso consistiu em reunir

    num corpus quarenta e trs folhetos de propaganda poltica, distribudos pela

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    organizao estudantil FER ao longo do ms de maio de 1968, o que supe a

    priori que as condies de produo dominantes do discurso dessa

    organizao permaneceram estveis ao longo desse perodo.

    Por outro lado, o fato de que cada unidade discursiva seja

    sistematicamente comparada ao conjunto das outras unidades do corpus torna

    a considerar que o corpus desempenha o papel de um dicionrio, j que a

    partir dessas comparaes que so definidas as equivalncias entre diferentes

    sub-seqncias. Da mesma forma no se trata mais de uma cadeia de equivalncias

    (B = C, M = N, etc.), mas de uma superposio de sub-sequncias

    contextualmente equivalentes.

    Vejamos trs exemplos dos resultados obtidos:

    1) Os trabalhadores esto/entram em luta contra o desemprego/as

    suspenses/as demisses/os regulamentos/de Gaulle.

    2) preciso se organizar/organizar a luta/aderir/reforar a UNEF.

    3) A luta pela defesa das liberdades/da UNEF/do marxismo/realizao da

    juno(operrios-estudantes)/vitria do proletariado/uma internacional da

    juventude.

    O exame dessas equivalncias (contidas entre os traos verticais nos

    esquemas acima) coloca em evidncia um problema que se colocava tambm

    a propsito dos exemplos de equivalncias dados por Harris. Seja, com

    efeito[32], as duas equivalncias seguintes:

    E1 = na metade do outono e E2 = as primeiras friagens

    chegam

    no fim do ms de outubro comeamos a nos aquecer

    Pensamos que a significao da equivalncia no a mesma nos dois

    casos. Em E1 podemos explicitar a equivalncia por no meio do outono, isto

    , no fim do ms de outubro. Em E2, ao contrrio, parece-nos que a

    equivalncia repousa sobre uma outra relao semntica que no a

    identidade: poderamos explicitar por as primeiras friagens chegam, portanto

    comeamos a nos aquecer, ou ainda comeamos a nos aquecer, porque as

    primeiras friagens chegam. Isso leva a estabelecer uma distino entre as

    substituies simtricas do tipo E1 e substituies no-simtricas do tipo E2.

    Quanto a isso, observemos que essa propriedade de simetria/no-

    simetria no se liga naturalmente aos pares de termos em substituio, mas

    depende da formao discursiva em que essa substituio se efetua. Alm

    disso, parece que, diferentemente das substituies simtricas, as

    substituies no-simtricas subentendem a possibilidade de umasintagmatizao (cf. acima a portanto b ou b por que a)[33]. O estado atual

    do mtodo de anlise utilizado no permite perceber as rupturas de simetria

    ligadas a uma sintagmatizao. Contudo nada impede de pensar que no futuro

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    no seja possvel estabelec-las, seja a partir do corpus estudado, seja a

    partir de um corpus eventualmente dependente de uma outra formao

    discursiva que explicitaria por sintagmatizao algumas equivalncias do

    primeiro.

    Essa direo de pesquisa nos parece suscetvel de desembocar numa

    anlise dos efeitos de sentido implcitos ligados relao entre diversas

    formaes discursivas.

    Por outro lado, a questo da existncia de substituies no-sintagmatizveis nos parece ser teoricamente muito importante. Isso na

    medida em que ela desemboca numa nova interpretao dos mecanismos da

    sinonmia em relao com o da metonmia, ligada contrariamente

    metfora possibilidade de uma sintagmatizao.

    Para concluir, indicaremos muito brevemente duas questes que, no

    nosso entendimento, comandam diretamente o desenvolvimento dessa

    direo de pesquisa.

    O primeiro ponto diz respeito urgente necessidade de se definir de

    qual semntica o lingista pode legitimamente fazer uso em sua prtica

    lingstica (anlise fonolgica, morfolgica e sinttica). A questo da

    identidade de sentido (cf. acima) particularmente em sua relao ao estudo

    lingstico das transformaes decisiva quanto a isso, e supe que o uso

    espontneo da noo de aceitabilidade (semntica e gramatical) seja

    determinado pelos lingistas no campo especfico de sua prtica.

    O segundo ponto consiste em destacar a importncia dos estudos

    lingsticos sobre a relao enunciado/enunciao, pela qual o sujeito

    falante toma posio em relao s representaes de que ele o suporte,

    desde que essas representaes se encontrem realizadas por um pr-

    construdo lingisticamente analisvel. sem dvida por essa questo, ligada

    da sintagmatizao das substituies caractersticas de uma formao

    discursiva, que a contribuio da teoria do discurso ao estudo das formaes

    ideolgicas (e teoria das ideologias) pode atualmente se desenvolver mais

    proveitosamente.

    Texto publicado inicialmente no Jornal Comunista LHumanit, depois na

    Revista Langages, nmero 24, em 197, posteriormente publicado em

    MALDIDIER, D. LInquietude du Discours: textes de Michel Pcheux. ditions du

    Cendres, 1990, p.133-53 e, em portugus In BARONAS, R. L. Anlise do

    Discurso: apontamentos para uma histria da noo-conceito de formao

    discursiva. So carlos, SP: Pedro & Joo Editores, 2007, p. 13 - 32.

    Agradecemos vivamente a Claudine Haroche pela autorizao para

    traduo e republicao deste texto.Traduo Roberto Leiser Baronas e

    Fbio Csar Montanheiro.

    Claudine Haroche atualmente Diretora de Pesquisa no CNRS, Paris,

    Frana. Michel Pcheux desapareceu tragicamente em dezembro de 1983.

    [1] Os lingistas foram os primeiros a compreender por onde se deveria

    comear caso se quisesse empreender um estudo objetivo do homem. Os

    primeiros pararam de colocar a carroa na frente dos bois, e reconheceram

    que, antes de fazer histria de um objeto determinado, antes de se colocar

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    questes de origem, de evoluo, de difuso, antes tambm de explicar o

    carter de um objeto pelas influncias externas (o carter de uma lngua pela

    estrutura da sociedade, ou o de uma ideologia pelas relaes de produo,

    etc.), conviria primeiramente circunscrever, definir e descrever esse objeto.

    In: Ruwet, N. Lingtica e Cincias do Homem.Esprit, n.11, 1963. p.566.

    (Grifos dos autores deste artigo).

    [2] Hjelmslev, L. e Ulldall, H.J.An Outline of Glossematics.Copenhague:

    Munsgaard, 1957.

    [3] Normand, C. Propositions et notes en vue dune lectura de F. de

    Saussure .La Pense, n.154, 1970. p.34-51.

    [4]Para evitar qualquer ambigidade, coloquemos desde j que, se o artigo

    de Claudine Normand traz esclarecimentos importantes, pois deixa na sombra

    tudo aquilo que diz respeito prtica especfica do lingista sobre a

    linguagem. Retornaremos a esse ponto mais adiante.

    [5]Certamente no se trata do empirismo vulgar que conduzia alguns, sob

    pretexto de ser possvel fazer experincias de fontica com aparelhos de

    medida, considerando que somente esse ramo da lingstica teria alguma

    cientificidade.

    [6]Cf. Lyons, J. Linguistique gnrale: introduction la linguistique thorique.

    Trad. francesa. F. Dubois-Charlier et D. Robinson. Paris: Larousse, 1970.

    p.307.

    [7]Ver, entre outros, M. Pcheux, Ideologia e histria das cincias: os

    efeitos do corte galileano em fsica e em biologia. In: Pcheux, M. e Fichant,

    M. Sobre a histria das cincias. Paris: Mspero, 1969.

    [8] Ferdinand de Saussure, Cours de linguistique gnrale, publicado por F.Bally e A. Sechehaye. Paris: Payot, 1965. Traduo brasileira: Curso de

    Lingstica Geral. Traduo de Antnio Chelini Jos Paulo Paes e Izidoro

    Blinkstein. So Paulo: Editora Cultrix, 1969.

    [9]Se acreditarmos em G. Mounin (Histoire de la linguistique. Paris: PUF,

    1967): Podemos pensar que a influncia de Bral sobre Saussure certa

    (p.219). Ora, Bral o inventor da palavra semntica, de modo que a

    ausncia do termo em Saussure no seria contingencial.

    [10] CLG 187 201. Notemos de passagem que esse modelo o fundamento

    da anlise componencial. NT. Substitumos a paginao das passagens do

    Curso de Lingstica Geral de Ferdinand de Saussure da edio francesa

    utilizada pelos autores pela paginao da edio brasileira do Curso de

    Lingstica Geral. Traduo de Antoni Chelini, Jose Paulo Paes e Izidoro

    Blikstein. So Paulo, SP: Cultrix, 1969.

    [11]Esse princpio parece ter preocupado Saussure durante toda a sua vida.

    Notas pessoais sobre as personagens das mitologias germnicas, bem

    anteriores ao Curso, atestam tal afirmao. Ver GODEL, R. Les sources

    manuscrites du Cours de linguistique gnrale de Ferdinand de Saussure

    Genve, Droz e Paris: Minard, 1957.[12]N.T. Assim como seu correspondente em portugus, louersignifica tanto

    dar quanto tomar em aluguel.

    [13] Ver por exemplo, Mounin, G. Les problmes teoriques de la

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    http://www.letras.ufscar.br/linguasagem/edicao03/traducao_hph.php 15/16

    traduction . Paris: Gallimard, 1963. p.59-69.

    [14]Para evitar todo e qualquer equvoco e ainda que nos rendamos a ele,

    coloquemos claramente desde j que no se trata de negar a existncia de

    diferenas fonolgicas, sintticas e morfolgicas entre classes ou camadas

    sociais. O destaque atribudo a essas diferenas objeto da maior parte dos

    trabalhos em sociolingstica. Exceto o fato de que certo nmero desses

    trabalhos parecem ter tido por objetivo real demonstrar o carter

    supostamente primrio da linguagem das classes inferiores (ver entre

    outros: Schatzman, L. e Strauss, A. Classes Sociais e Modos de Comunicao.

    American Journal of Sociology, n.60, 1954, p.329-38) o simples fato de

    colocar o problema em termos de diferenciao da lngua privilegia os

    aspectos fonolgicos, sintticos ou morfolgicos em detrimento dos aspectos

    semnticos.

    [15] J. Lyons, op cit., p.307.

    [16]CLG, p.138-139.

    [17]Cf. uma expresso ambgua de G. Mounin: o mesmo campo semntico,

    isto , aqui, a mesma superfcie de realidadeLes problmes teoriques de la

    traduction, p.88).

    [18]Lenine, Materialisme et empiriocriticisme , (Ouvres compltes, t. XIV,

    p. 303, ditions sociales, 1962.

    [19]Falando das categorias utilizadas pelo sistema de anlise de textos,

    General Inquirer, os autores desse mtodo declaram: Na nossa

    perspectiva, podemos fazer referncia a tais categorias denotativas como

    das unidades naturais da linguagem, visto que elas correspondem s

    distines habituais, admitidas numa comunidade lingstica... De taiscategorias naturais da linguagem provm variveis para as cincias sociais

    quando elas so integradas, isoladamente ou em combinao, numa

    proposio referente ao comportamento humano. In P. J. Stone, D. C.

    Dumphy, M. S. Smitd, D. M. Olgivie, Cambridge Mass. MIT Press, 1966. p.

    138.

    [20]Pcheux, M. Les sciences humaines et le moment actuel, La Pense, n.

    143, 1969, p. 62 79.

    [21]Recordemo-nos da polmica de Lnin contra o idealismo velado por uma

    terminologia pretensamente marxista, o idealismo vestido em termosmarxistas acomodado em vocabulrio marxista (op. cit., p.344)

    [22]O termo condies de produo foi introduzido em Problmes de

    lanalyse de contenu, Henry, P.e Moscovici, S. Langages, n.11, 1968, p.37.

    Ver igualmente Pcheux, M. Analyse Automatique du discours, Paris: Dunod,

    1969. p.16-29.

    [23]Cf. particularmente a propsito das teorias de Nicolas Marr, o artigo de

    Vinogradov, Triompher des consequences du culte de la personalit dans la

    linguistique sovitique.Langages, n.15, 1969. p.67-84. Cf. igualmente

    Cahiers marxistes-lninistes n.12-13. Art, langue: lutte de classe. Mspero,1966. p. 26-42 e o comentrio de Balibar, ibid., p.19-25.

    [24]Ver sobre esse ponto M. Pcheux, Analyse Automatique du discours e

    C. Haroche e M. Pcheux, Manuel pour lutilisation de la mthode danalyse

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    08/11/2015 LINGUASAGEM - Revista Eletrnica de Popularizao Cientfica em Cincias da Linguagem

    automatique du discours, onde resultados mais completos so apresentados,

    com novas perspectivas de desenvolvimento.

    [25] Harris, Z. S. Analyse du discours . Langages, n.13, 1969. p.8-15.

    [26]Harris, Z. S., artigo citado, p.13.

    [27] Millions Cant Be Wrong, art. cit., p.20.

    [28]Harris d como exemplo textos repetitivos: as lendas que produzem

    eco..., os provrbios..., os slogans..., ou ... as relaes cientficas secas masprecisas. Art. cit., p.15.

    [29]Lembremos que, segundo Harris, se tivermos duas seqncias AB/AC,

    deduziremos da que B = C, e que essa equivalncia pode constituir o ponto

    de partida de uma nova equivalncia. Por exemplo, MB/NC implicar ento

    em M = N, etc.

    [30]Sobre esse ponto Harris permanece bastante vago: Os resultados

    formais obtidos por esse gnero de anlise fazem mais do que definir a

    distribuio das classes, a estrutura dos segmentos ou mesmo a distribuio

    de tipos de segmentos. Eles podem tambm revelar as particularidades nointerior da estrutura, em relao ao restante da estrutura. Podem mostrar em

    que algumas estruturas se assemelham a outras ou em que elas se

    diferenciam. Podem ainda conduzir a numerosas concluses sobre o texto.

    Ibid., p.43-4.

    [31] antes de tudo pela necessidade terica dessa deciso que o mtodo

    apresentado se separa do empirismo caracterstico dos mtodos de anlise

    factorial aplicados ao estudo dos textos.

    [32] Harris, art. cit. p. 15.

    [33]Do mesmo modo, nos trs exemplos citados, percebemos substituies

    simtricas (suspenses/demisses) e substituies no-simtricas (ligadas a

    sintagmatizaes do tipo de Gaulle criou os regulamentos ou preciso

    aderir UNEFpara refor-la, etc.).

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