linguagem gráfica - fernando austguo
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UNIVERSID DE
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DISTNCI
LINGU GEM GRFIC
FERN NDO UGUSTO DOS S NTOS NETO
VITRI
2 9
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Presidente da Repblica
Luiz Incio Lula da Silva
Ministro da Educao
Fernando Haddad
Universidade Aberta do Brasil
Celso Costa
Universidade Federal do Esprito Santo
Reitor
Rubens Sergio Rasseli
Vice-Reitor e Diretor Presidente do ne ad
Reinaldo Centoducatte
Pr-Reitora de Graduao
Isabel Cristina Novaes
Diretora Administrativa do Ne ad
e Coordenadora UAB
Maria
Jos
Campos Rodrigues
Coordenador Adjunto UAB
Valter Luiz dos Santos Cordeiro
Design Grfico
LDI - Laboratrio de Design lnstrucional
Ne ad
Av.Fernando Ferrari,
n.514
-
CEP
29075-910, Goiabeiras -
Vitria -
ES
27) 4009.2208
Diretora do Centro de Artes
Cristina Engel de Alvarez
Coordenadora do Curso de Artes Visuais -
Licenciatura modalidade a distncia
Maria Gorete Dadalto Gonalves
Revisora de Contedo
Maria Regina Rodrigues
Revisor Ortogrfico
Jlio Francelino Ferreira Filho
Conselho Editorial
Moema Martins Rebouas
Maria
Regina
Rodrigues
Dados Internacionais de Catalogao-na-publicao CIP)
Biblioteca Central da Universidade Federal o Esprito Santo, ES , Brasil)
Santos Neto, Fernando Augusto dos.
S237I
Linguagem grfica / Fernando Augusto dos Santos Neto. - Vitria :
Universidade Federal o Esprito Santo, Ncleo de Educao Aberta e
Distncia/Daliana , 2008.
78
p. : il.
Inclui bibliografia.
ISBN: 978-85-99128-05-3
l
Desenho - Estudo e ensino. 2. Comunicao visual.
1 Ttulo.
LDI coordenao
Jos Otvio Name, Octavio Arago,
Rogrio Camara
Gerncia
Vernica Salvador Vieira
Editorao
Bianca Viana Trancoso
Capa
Emmanuelle Cardoso
Fotografia
Saulo Puppin Pratti
Impresso
Grfica e Editora
Dal
i
ana
CDU:
741
-
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Em
enta
Introduo linguagem visual, aspectos fundamentais da lingua
gem grfica. Elementos formais do desenho: ponto, linha, plano.
Sua constituio topolgica: densidade, direcionalidade , durativida
de, hachura, construo formal e espacial, estruturas, desenho de
observao, o sentido do gesto n construo do desenho.
Programa
do cu rs o
Conceito de linguagem grfica; comunicao visual; desenho; ele
mentos do desenho; tcnica de representao visual.
Ensino do desenho a distncia.
Objetivo
Dar a conhecer aos cursistas os princpios fundamentais da lingua
gem grfica;
Compreender os princpios da representao grfica: desenho;
Desenho: observao, estruturao e composio;
Demonstrar alguns princpios tericos bsicos da linguagem e da
percepo visual.
etodolog
ia
Leitura de textos material impresso);
Leituras complementares textos sugeridos, textos on-line e biblio
grafia) ;
Exerccios visuais prticos;
Frum de discusso;
Exerccios de reflexo sobre o fazer depoimentos, textos de apren
dizagem);
Exerccios suplementares.
va li ao
A avaliao ser continuada e observar a resposta dos cursistas da
rm
que se segue:
a) leitura dos textos solicitados,
b) realizao de trabalhos prticos visuais e textuais) e suas apresen
taes no setor regional e n plataforma,
c) participao no frum de discusso ,
d) realizao de trabalho final no plo prtico visual),
e) apresentao de trabalhos nos seminrios .
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umrio
Apresentao
9
l
A Rede da arte 11
2
Linguagem visual e
linguagem
verbal 15
3 Os elementos bsicos da linguagem visual 19
4 O ponto 23
5 A
linha 27
6 O plano
29
7 A cor 33
8 Orientaes espaciais
37
Compreendendo e trabalhando o plano: nivelamento e
aguamento
38
9 Pregnncia e agrupamento
4
1 Valores composicionais: os lados
43
11 Aprendendo a ativar o plano 45
Textura 45
2 Formatos
49
13
Matria
51
4
Forma
53
15
Repetio
57
16
Claro e escuro
59
17
Estrutura
63
8
Representao tridimensional
65
As trs direes
primrias
66
Perspectivas bsicas 68
19
Gesto
na
representao grfica
69
Consideraes finais
73
Bibliografia
75
ndice de ilustraes 77
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presenta
Prezado aluno,
m curso de arte a distncia tem todas as vantagens
e
todas
as dificuldades de ser como . O ponto bsico para o sucesso de uma
empreitada como esta o investimento do aluno e sua dedicao
em
trabalhar
e
estudar o material recebido
e
as leituras indicadas. Na
disciplina
Linguagem
rfic vamos enfocar as questes do dese
nho. Isso significa observar, desenhar e pensar o desenho em rela
o s outras disciplinas e vida. Significa exercitar a observao
em
duas vias, olhar os objetos, o mundo
e
o prprio desenho; observar
as linhas, os traos, as imagens e dessa forma, procurar desenhar
sempre que puder, sejam desenhos rpidos, pequenos esboos, ano
taes, enfim, treinar o trao
e
o olhar Neste contexto, quantidade
equivale qualidade.
As crianas tm
uma
maneira atrevida e direta de desenhar;
o artista, o estudante, o pesquisador em arte devem buscar recupe
rar
e
atualizar esta atitude atrevida
e
corajosa de representar idias
atravs do desenhar. Em muitos casos, isso significa despojar-se de
convencionalismos adquiridos durante anos, de encarar objetos ,
pessoas
e
lugares,
e
se propor a desenh-los, enfim, encarar o que
quer desenhar. Esse processo pode ser lento
e
difcil, mas como diz
Vincius de Morais, "
sem
um
pouco de tristeza no se faz
um
samba
no". H
tambm
o excessivo medo de errar, o compromisso
com
um desenho "certd' que ningum sabe dizer o que ser, pois o dese
nho s visvel quando traado no papel; a preocupao excessiva de
corrigir cada trao. Impossibilita, muitas vezes, o desenho de existir.
Para trabalhar essas dificuldades
e
reencontrar a atitude direta da
criana de desenhar, a resposta est no prprio ato de desenhar
e
de
deixar que a quantidade e os exerccios se faam qualidade no seu
prprio tempo. A
mo
oferece pontos de vista para o olho.
O desenho uma disciplina que est
ao
alcance de todos, exi-
gindo to-somente a compreenso e a coordenao motora de ler e
escrever
e
a disponibilidade de estudar firmemente. No existe atalho
para se aprender a desenhar, da
mesma
forma que no o existe para
se aprender
uma
lngua. Dessa forma, o aluno que se dedica, cerca de
uma hora diria de estudo, no haver matria que ele no consiga
aprender. Nossa disciplina, neste curso, durar somente
um
ms, mas
seu aprendizado dever continuar como pesquisa constante atravs
de exerccios especficos e de suas relaes com outras disciplinas.
Neste curso, vamos trabalhar
em
duas vias, uma o material
impresso e a outra o ambiente virtual. O material impresso, que
chamaremos de "manual",
este texto que voc tem nas mos. Ele
ser o guia para o
seu
curso; trar textos e algumas informaes
fundamentais sobre o desenho e o remeter para a plataforma vir-
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mentares do curso alm de ser um via aberta de comunicao en
tre as disciplinas do curso e tambm entre professor e alunos.
Vamos trabalhar formas abstratas e figurativas e, sempre qu
possvel, fazer o desenho de maneira concentrada e disciplinada
No proibido conversar ou cantar durante
uma
sesso de dese
nho, mas de fundamental importncia fazer muitos exerccios em
silncio, pensando o desenho no ato do fazer, exercitando inclusiv
a prpria atitude de se concentrar, tal como se faz quando se l um
texto. Procure se concentrar
no
momento de desenhar, tente cria
momentos
de silncio enquanto desenha, porque o aprendizado ne
cessita disso. Desenhar e fazer silncio (sempre, como um tipo d
meditao) bom para a sade. Ensina a esperar, a conviver com
tempo, a observar e a se expressar. No silncio, voc aprende a ouvi
rudos e a perceber eventos que certamente passariam despercebi
dos. com essa ateno que voc descobre os gros do papel, qu
se interessa por pequenos sinais, riscos, linhas, manchas, os quais
depois se revelam desenhos.
Freqentemente, diz-se que arte ver o que normalmente a
pessoas no vem. Mas como descobrir interesse
em
situaes qu
parecem desinteressantes? Descobrir formas
em
lugares que pare
cem sem nenhuma importncia? Este o sentido do silncio sobr
o qual agora lhes falo. o silncio sentido. Da a razo de realiza
sesses
sem
conversar,
sem
se dispersar. No parar durante o proces
so para dizer se est
bom
ou
ruim, mas deixar que o desenho exista
que ande para frente, como a respirao que no pra; deixar existi
a linha (que muitas vezes parece errada) para descobrir linhas nova
etc. Mesmo com essa prtica atenta, voc no romper com nenhu
ma
tradio, mas certamente, a continuar de
uma
maneira inespe
rada, como dizia Bash: No sigo o caminho dos antigos; busco
que eles buscaram'.' .
1
Este o caminho pelo qual tenho procurad
aprender e ensinar desenho. Esta atitude apia-se no zen: no pen
sar, no corrigir, no parar. Concentrao, silncio, quase imobilida
de, o desenho como meditao, observao e firmeza no brao.
A exemplo de Luc Ferry,
em
seu livro Aprender a Viver - Filos
fia para
os
novos tempos e de alguns manuais de ensino, este peque
no texto trata o seu leitor por voc. Porque ele se dirige,
em
primeir
lugar, a um aluno real que est cursando uma graduao e, tambm
porque esta a forma como trabalho em aula presencial. Que n
se veja nisso nenhuma familiaridade forada
ou
desrespeitosa, ma
sim uma forma de amizade ou de cumplicidade a que s ao trata
mento
ntimo convm.
m
abrao.
Fernando Augusto, Vitria, julho de
2008
NOTA
1:
Matsuo Bash. Sendas de Oku .
SP
Roswiths KempfEd. ores.
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rede
d
arte
mundo artstico uma rede complexa, formada por artistas,
arquitetos, galeristas, organizadores de exposies, coleciona
dores, crticos de artes, estudantes, professores, restauradores etc.
e por todos aqueles que admiram e se interessam por arte. Exis-
tem numerosas
formas de arte: teatro, dana, msica, literatura e
mesmo certas prticas esportivas, religiosas, artesanais, industriais
e muito do fazer cotidiano.
preciso
ter
isso em conta para saber
que vamos tratar aqui de um tipo de arte: artes visuais. Mas como a
conceituao artes visuais engloba
muita
coisa: pintura, desenho,
gravura, fotografia, cinema, vdeo, etc., vou especificar mais ainda:
Linguagem grfica entendida aqui como desenho. Esta a nossa dis
ciplina e este ser o direcionamento deste curso: estudar os aspectos
e funcionamento da linguagem grfica, desde o ponto construo
de volumes, criao de mensagens visuais e a composies artsti
cas. Isto significa aprender alguma coisa sobre desenho e desenhar;
descobrir estratgias de praticar, de discutir e de
ensinar
o desenho
como tcnica, como meio de comunicao e de expresso de pensa
mento
e sentimento.
Trata-se de uma disciplina terico/prtica, destinada a estu
dantes de artes e profissionais da educao artstica em nvel de gra
duao. Nela, os exerccios de leitura, de observao visual e de pes
quisa
em
livros, bibliotecas galerias tm o mesmo peso que a prtica
de desenhar, rabiscar, pintar, fotografar, escrever, etc. Por razes di-
dticas, vou enfocar os exerccios
em
alguns materiais: grafite, nan
quim, gouache, colagem,
mas
nada lhes impede de trabalhar
com
outros recursos: fotocpias, tinta acrlica, programas de computador,
etc., alis, importante trabalhar as diversas tcnicas e materiais
grficos. A pesquisa continuada passa por a e a responsabilidade de
continu-la de cada um
A disciplina linguagem grfica visa a oferecer as bases para o en
tendimento da arte atravs do desenho, isto noes de linhas, pon
to, plano, cor relaes formais, estratgias de percepo e construo
grfica, o lugar do desenho nas prticas artsticas e no ensino de arte,
o estmulo para o estudo e pesquisa, e a necessria reflexo sobre o
fazer e sobre a criao grfica. Um conjunto interligado de exerccios
UNID DE
o
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auto-reflexiva que legitima o fazer individual e coletivo. Por isso
curso est planejado de forma crescente e a cada lio estudada
solicitados exerccios prticos visuais e escritos
que
devem ser r
lizados e apresentados conforme a estrutura do curso. Os referi
exerccios esto divididos em dois segmentos: exerccios obrigatr
aqueles que o estudante deve responder e apresentar para avalia
n
plataforma e exerccios complementares, que so sugestes p
a continuao da pesquisa, a serem feitos , medida do seu tem
como aprofundamento e desenvolvimento de sua peiformance.
As definies tericas que apresento no texto so baseadas
diversos autores da rea e
t mbm n
experincia e convvio de m
de vinte anos com as artes plsticas e com o ensino de arte n u
versidade, m s nem de longe elas so conclusivas e fechadas.
verdade so princpios que se mold m a cada realidade. Sob mu
aspectos, elas esto em movimento e em constante reformulao
que procuro desenvolver aqui
um
lgica sensvel da linguag
visual, atravs da qual, espero contribuir compreenso desse fa
n nte mundo
do desenho e do discurso visual.
Em minhas definies, procurei ser sempre claro e sintt
sem, contudo, faltar com a complexidade inerente disciplina .
lugar de tentar explicar termos vagos no campo da esttica, optei
apresentar situaes definidas e concretas, cada um delas com va
es que podem ser exploradas continuadamente n vida profissio
A disciplina busca cobrir um nmero relativamente gra
de situaes da composio bidimensional,
por isso solicita basta
exerccio e leitura. Mas esses exerccios tm diferentes graus de d
culdades e de exigncia de tempo para
serem
resolvidos, e cada q
dever adequar essas etapas s suas condies dirias de trabal
Tenho sempre em mente o estudante interessado, o aluno no a
tico aos exerccios, quele que no se satisfaz
com
o mnimo, m
que deseja,
no
transcorrer do curso, sair daquele lugar que se par
com um profisso vaga
a
de artista ou professor de arte), para
lugar de convico e de f n arte, como professa o artista mine
Amlcar de Castro, e isso comea com dedicao aos estudos.
isso os exerccios prticos visuais ocupam grande parte do curs
no vm sozinhos, colados a eles esto as leituras, a feitura de tex
e depoimentos dos alunos, dirio de bordo , enfim, teoria e prt
ler fazer, no necessariamente nesta ordem,
sem
separao en
ambos, sem anulao de um ou de outro.
A disciplina linguagem
grfica
compreende o estudo de
ms, organizado aqui em quatro semanas, e com lies razo
trs horas por dia. Haver lies que podero ser resolvidas
em
m
nos tempo, outras exigiro at mais, por isso, os finais de sem
serviro de parada para atualizao das lies atrasadas, recap
laes, visitas a bibliotecas, prticas coletivas.
bom
guardar is
cada lio acompanhada de vrios exerccios, importante no
xar cumul r, seno seus estudos podero se perder.
Primeiro, passo em revista o conceito de linguagem trata
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no futuro, em seus estudos, medida que estudar outras disciplinas.
Espero que esta pequena introduo questo da linguagem o ajude
a compreender a complexidade do
tema
e a ver o desenho como um
meio de transmitir mensagens e de criao artstica e esttica .
Na seqncia, vm os elementos da linguagem visual: o ponto,
a linha, o plano, a cor. Cada
um
como uma lio diria, busca definir
conceitos fundamentais do desenho e aponta exerccios e formas de
v-los no cotidiano e no ato de desenhar. Falamos muito de observar o
mundo de observar as formas, mas uma coisa fundamental obser
var o prprio desenho, toda e qualquer linha que traamos em papel
branco, seja rabisco, assinatura ou
mesmo
escrita j coisa grfica,
j desenho. O desenho menta l pertence linguagem verbal, ao que
pode ser falado; no plano grfico, ele s existe quando est no papel,
quando pode ser visto e tambm falado. Vamos olhar linhas no pa
pel e observar suas caractersticas: linhas retas, curvas, quebradas,
etc. Algumas podem sugerir rapidez, definio, segurana, outras
fragilidade, hesitao, lentido, etc. A questo
:
o que nelas nos faz
ver tais caractersticas? Tentar responder esta questo j comear a
significar uma simples linha,
um
simples trao
ou
ponto.
Se voc olhar no sumrio, ver que, no final da segunda sema
na
e incio da terceira, vamos lidar com o problema das orientaes
espaciais e formais, isto
,
como arrumar e estruturar formas (ou
mensagens) no plano visual; os princpios gerais que regem e di-
recionam o espao bidimensional e as implicaes de localizao,
dimenso, etc.
na
composio (seja ela figurativa ou abstrata)
e,
tam
bm, os elementos de ativao e de modulao do espao: textura,
forma, repetio, luz e sombra, tridimensionalidade.
Na seqncia, veremos como representar o gesto no desenho .
ou
como o gesto se torna assunto do desenho. Trata-se da inscrio
da figurao e do gesto grfico no desenho: observao realista, a
anotao, o croquis, a qualidade do trao, etc. (carvo, canetas, nan
quim, lpis, etc.).
Este texto , de certa forma, introdutrio em nosso curso, mas
ele j envolve atividades. Precisamos nos conhecer para realmente co-
mearmos a trabalhar juntos, pormos as mos obra, por isso vamos
s nossas primeiras atividades. Como vocs sabem esta disciplina
compe-se de material impresso e tambm de material disponvel na
plataforma virtual. Alguns textos sero disponibilizados nesse manual,
outros na plataforma, alm da bibliografia a ser consultada. Os exerc
cios aqui encaminhados esto todos disponveis e
bem
explicados no
ambiente virtual. Em cada lio, voc ter a indicao desses exerccios
e dever acessar a plataforma para respond-los. Por isso, o passo se-
guinte responder aos exerccios que seguem abaixo. At logo
cesse
o m
-Construo do
perfil
do
aluno na plata
relato de experincia; auto-retrato, foto
-Exerccios visuais prticos e texto.
-Leitura de material de apoio: texto Fe
Augusto
S
Neto: Aula inaugur al
A REDE D RTE
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UNID DE
inguagem
visual
e lingu gem
verbal
G
ostaria de comear esta unidade convidando-o(a) a refletir
co-
migo uma questo que parece simples, mas no . Trata-se da
questo: O que linguagem? O que falar, desenhar, fazer cinema,
fotografar, escrever? Como essas coisas se organizam para trans
mitir pensamentos e at
mesmo
emocionar as pessoas? A resposta
no simples, logo, voc no vai encontr-la aqui . Mas se conseguir
faz-lo se interessar pelo assunto, j ser de grande valia, porque
esse entendimento est
na
base para compree
nder
e dar valor a coi
sas mnimas, como
um
ponto, uma pequena linha,
uma
cor, coisas
(conceitos) fundamentais da linguagem visual.
A disciplina lingu gem grfic prope estudar a constituio e
o funcionamento da linguagem visual, seja os elementos que a cons
titui como linguagem, seja como estes elementos agem para forma
rem
um
sistema de significao e para descobrir estratgias de se
praticar, discutir e ensinar o desenho. Isso significa estudar as ques
tes da linguagem, ou seja: o que lngua, o que comunicar-se, o
que significa construir sinais visuais (escrita, desenho e outros) , de
forma a imprimir-lhes sentido para aqueles que os vem. Veja o sig
nificado da palavra linguagem
no
dicionrio Aurlio:
Linguagem , tudo quanto serve para exp ressar idias, sentimentos mo
dos de comportamento, etc. Todo sistema
de
signos que serve de
meio
de
comunicao entre os
indivduos e
pode ser
percebido pelos diversos
rgos dos sentidos
. O
que
leva a distinguir-se
uma
linguagem visual,
uma
linguagem auditiva,
uma
linguagem ttil , etc. ou ainda
outras
mais comple-
xas , constitudas
ao
mesmo tempo
de
elementos diversos.
2
Voc
vai concordar comigo que no definio fcil de en
tender, Todo sistema de signo que serve de meio de comunicao ,
envolve muita coisa. No cabe aqui deslindar o que signo ,
nem
demonst rar como ele funciona
na
linguagem.
o
entanto, apontarei
algumas questes para aguar
seu
interesse neste estudo. Como a
NoTA 2: Novo Dicionrio Aurlio Rio de j aneiro RJ Nova Fronteira.
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linguagem verbal representa uma coisa, pensamentos, idias? Com
a linguagem visual o faz? No estar errado quem apressadamen
disser que a linguagem verbal representa qualquer coisa atravs da
palavras e a linguagem visual atravs da imagem, desenho, fotogra
fia, etc. Mas como uma palavra representa uma coisa, um sentimen
to e da mesma forma, como uma figura representa algo? Como ess
lgica foi construda e o ainda hoje? Descobri-la aproximar-se
d
prprio conceito de pensamento; descobrir como a sensao o
sentimento torna-se pensamento.
a este exerccio que chamamo
linguagem.
Ela
traz
na
raiz mais do que entendemos por comunic
o, traz o que chamamos de inteligncia.
Falar de representao falar de signo, tarefa complexa e en
cantadora, cujo estudo compete Lingstica e Semitica.
3
O c
nhecimento, mesmo que introdutrio dessas disciplinas, necess
rio e importante a todo discurso de arte e comunicao. Para voc
estudar
um
pouco mais sobre esse assunto, sugiro que procure
bibliografia especfica perto de voc, a do curso de letras e comunic
o ou no fascculo
VI
da rea de Linguagem, do Curso de Pedagog
EAD
da UFES, de autoria do Prof. Jlio Francelino Ferreira Filho.
Parece exagero falar assim, mas a linguagem ocupa uma p
sio nica
na
cultura e no sistema de aprendizagem
humana.
atravs dela que armazenamos e transmitimos informaes. Ela
veculo de intercmbio de idias e o meio pelo qual a
mente
human
produz conceitos. A linguagem verbal representa por sinais verba
sonoros, codificados em letras,
mas
a j comea a entrar em cen
a linguagem visual, que representa atravs de sinais, figurativos
o
no, convencionais
ou
no.
Os dados da realidade se apresentam para ns em trs nve
distintos: o objeto (aquilo que vemos, qualquer coisa do
mundo
real
a forma pela qual este objeto representado (verbal - palavra, visu
- desenho, foto, etc), e finalmente, a impresso que qualquer desta
representaes causam
em
nossa mente, levando a
um
interpretan
te e a criao de conceitos. A linguagem verbal e escrita e a lingu
gem
visual tm ambas suas maneiras de representar, constituind
assim, os sistemas de signos que
servem
de meio de comunicao
ent
os indivduos epodem ser percebido pelos diversos rgos
dos
sentidos .
Nos primrdios da civilizao, a comunicao as palavra
eram representadas por imagens, (mas se perguntarmos como um
imagem
se torna apta a r e p r e s e ~ t r algo, veremos operao mara
vilhosa). Quando no foi mais possvel escrever com imagens, a
civilizaes primitivas, aos poucos, foram inventando os smbolo
grficos, os alfabetos, a escrita. Todos esses meios obedecem a
um
NoTA 3: Lingstica e Semitica so as duas reas das cincias humanas que estudam os signos e os m
canismos
da representao e
de
significao. Estudam a
estruturao
do pensamento atravs
signo na construo daquilo que chamamos linguagem. So vrias as cincias
que
se ocup
da
linguagem: a lingstica , o estruturalismo, a semitica, psicologia,dentre outras. Na ling
tica, vemos que a lngua uma
produo
social que as comunidades humanas desenvolve
tornando-se elemento fundamental da vida coletiva pois atravs da linguagem que se d
cultura
humana.
Essa noo importante para compreender o
que
chamamos
de elemen
fundamentais do
desenho.
Pois , como a lngua, as artes visuais tambm tm seus elemen
considerados
bsicos e
com
eles
que
criamos
imagens
e
mensagens
visuais,
sejam
elas ar
ticas, ilustrativas ou informativas. A Semitica estuda o signo em
todas
as suas manifesta
Grosso modo,
define o
signo
como um representamen, tudo aquilo
que
est no lugar de
algu
coisa, isto , tudo aquilo que representa algo para uma mente, que leva a um interpretante. D
-
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estrutura de pensamento, de construo comunicativa que envolve
emissor, receptor, signos, meios, mensagens,
memri
, enfim siste
mas que foram se organizando e se complexificando. Nossa lngua,
por exemplo, tem 26 caracteres; a combinao delas forma as milha
res de palavras que falamos. E essas palavras, por
su
vez combina
das, seguindo certas regras, constroem as frases e os diferentes dis
cursos, os diferentes livros: livros didticos, tcnicos, poticos, etc.
(tudo isso s n
lngua portuguesa ).
Mas como um palavra (que um som) passou a significar
um
objeto? Como
um
linha,
um
trao vieram a encarnar
um
obje
to, um idia? Em termos lingsticos, a resposta
:
atravs da con
veno social. As sociedades
hum n s
convencionaram a
ch m r
certas coisas por certos sons, assim como ensinamos a
um
criana
chamar pelo som "kaza", construes usadas para mor r e, ainda
mais, dizer-lhe que a escrita correta "casa". Essa maneira de repre
sentar to forte que se voc ouvir a palavra 'casa', ela se apresenta
para voc vinculada ao objeto que representa, isto , moradia. Parece
um mesm coisa, porm, 'casa'
um
conceito, o objeto ~ o os dife
rentes tipos de construes. A unio de
um
coisa o objeto)
um
sonoridade, que
em
lingstica se chama
imagem acstica
e
conceito
ou para us r
um
termo tcnico significante e
significado
formou o
signo lingstico. Mas as palavras, por sua vez, para se constiturem
so formadas de unidades ainda menores que so as letras, os carac
teres. Estes tm sonoridades,
m s
no se ligam a nenhum objeto,
no significam outra coisa fora dele, isto , a letra "M" significa "M",
como a letra "D" significa "D" e isso tudo. Este o
seu
vazio e a
su
potencialidade. Podemos dizer que em sua singeleza, cada letra so-
zinha no significa nada, cada um ela mesm e, por isso mesmo,
no outra letra, nem outra coisa; somente quando elas se juntam,
um s
com as outras e,
em
determinada ordem, que passam a sig
nificar outra coisa. Dessa forma, as palavras, elementos
fund men
tais da lngua, so, por sua vez, formadas por unidades menores que
vo se aglutinando para formar as unidades maiores as palavras) e
estas, se aglutinam (tambm
em
determinada ordem), para formar
as frases, as oraes, os discursos, etc.
Se voc marchar para trs, promovendo divises nos elemen
tos da linguagem, descobrir coisas curiosas. Vai sair do lugar de
significados e chegar a
um
ponto aonde a coisa existe, mas no tem
significado estabelecido
e,
a, vai perceber claramente que, para sig
nificar, s s ~ unidade concreta, obedece a
um
estrutura que a per
mite se juntar a outras e dessa forma representarem coisas, repre
sentarem o mundo. Na linguagem falada e escrita,
todos
esses
passos
tm nome e so detalhadamente estudados, resultando n conhecida
sintaxe verbal,
qual, somos introduzidos
no
primrio: sujeito, ver-
bo, predicado, etc. a "anlise sinttica''), n linguagem visual,
todos
esses nomes desaparecem no entanto, o pensamento se desenrola da
mesm forma. Vrios elementos so aglutinados para formar
um
figura, um forma, para exprimir pensamentos, formando assim o
que chamamos de artes visuais.
Este o caso de
um
linha. Preste ateno nisso:
um
sim
ples linha traada
no
papel,
m s
que no representa
nenhum
for-
m
conhecida, no significa outra coisa seno ela mesma.
um
linha e nada mais .
-
7/25/2019 Linguagem Grfica - Fernando Austguo
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Figura 01
Figura 02:
uma seqncia de pontos
numa direo
nos d a idia de uma linh a, mas tambm no sig
nifica outra coisa seno eles mesmos: pontos
.
.
. .
Figura 03: Pontos e linhas feitas
mo
livre.
Figura
04
:
ADRIANA SANTOS. Desenho 2003.
Tcnica: mista sobre papel.
Exemplo
de um desenho no
qual
as linhas
feitas
com um determinado material
exprimem
uma
qualidade.
Quais
so
as
caractersticas
dessas
li-
nhas?
Ao
realizar essa .descrio, voc
descobrir
que so traos
a
carvo
e ver
que
neste
caso
a
delicadeza a excitao, as curvas frgeis
so
o
principa
l
assunto
do
desenho;
elas
tm
aqui
uma
qualidade
de
objeto
.
_@ ;.._lr cesse
o moodle
+Exerccios visuais prticos e texto.
AVALIAO
+Frum de discusso: o que linguagem?
'+Texto reflexivo na
plataforma
A juno de pontos, formas, linhas, texturas e tonalidades,
pendendo das relaes com o todo, passa a sugerir figuras, idia
sentimentos. Descobre-se a, no caso da linguagem visual, que
interessar por uma simples linha, mesmo quando ela no forma
gura, no quer dizer que vazio, no perda de tempo. Digo i
para voc entender que, chegar a
um
ponto aonde a linha ela si
plesmente,
uma
coisa valiosa, e assim, comear a descobrir o q
chegar a ser si mesmo , afinal falamos tanto em ser a gente m
mo, no verdade?
Mas a linguagem visual no
tem
regras to definidas qu
to a verbal. Talvez por isso que a autora do conhecido livro
Sintaxe da
linguagem
visual'', Donis A Dondis, reclame,
com
zo,
que
dentre todos os meios de comunicao humana, o visual
pouco uso
de normas e preceitos, de uma metodologia definida ta
para expresso, quanto para a
compreenso das
mensagens visua
E
pergunta
porque os profissionais da
linguagem
visual so
esquivos? Infelizmente
sua
tentativa de resposta rasteira, ela
p
gunta:
Por que herdamos, nas artes visuais, uma
devoo
tcita
no
intelectualism'o? .
4
A autora observa,
com
veracidade, que
mtodos construtivos de aprendizagem visual so ignorados n
sistemas de educao, nos quais
somente
aqueles alunos espec
mente interessados e talentosos conseguem aprender desenho
comunicao visual. Dessa forma, prope-se a oferecer em seu
vro, uma sintaxe da
linguagem
visual.
Em vista do que lhe foi apresentado, no ser difcil voc d
cobrir que a
sintaxe visual existe,
porm, ela
tem
suas especifici
des, portanto, no pode ser pensada como o sistema lgico da l
guagem
verbal. Sua formulao geral e no se trata de regul
pela verbalizao, mas de produzir entendimentos da composi
entendimento dos elementos plsticos, quais sejam: ponto, lin
plano, cor, texturas, luz, sombra; e o entendimento de que es
elementos conjugados
entre
si
geram
formas. E h
uma
srie
caminhos para se fazer essa conjugao dos elementos. Ns
mos estudar aqui alguns, mas eles no so regras fixas, so reg
de
entendimento
princpios gerais,
que
ajudaro voc a criar
ensinar, enfim, a praticar a comunicao visual. Como desenhi
e professor de arte costumo dizer
em
meus cursos que
demo
muito tempo para gostar de uma linha, uma simples linha passean
pelo
papel.
Por isso, desenho, vejo desenhos, penso desenho. s
vez
acontece de
encantar
-m
e
pelo traado de
algumas linhas, e quando
ocorre,
ningum
me
toma esse encantamento.
Passemos, a seguir, a
exerccios desta lio na plataforma.
-
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16/66
UNID DE
3
s
elementos
bsicos
da linguaem visua l
amos estudar aqui os elementos que constituem a linguagem
visual. Tais elementos voc j ouviu falar muito deles,
m s
tal
vez no tenha parado ainda para estud-los mais demoradamente.
o que faremos aqui, e explico-lhe o porqu: no basta saber deles
para dizer que os conhece e que sabe utiliz-los, preciso muito
mais, preciso se interessar por eles, ver como eles se desdobram
em figuras e formas, sensibilizar-se, verdadeiramente pela sua ri
queza de possibilidades. Assim, descobrir-se- que eles agem. E agir
com eles; descobrir que eles carregam informaes, energia, poesia
se energizar e se expressar com eles; descobrir que eles so a
semente de
um
sistema de significao e de expresso chamada lin
guagem visual, e, como tal, essa forma de expresso pode ser ensi
nada e aprendida. Penso que somente
com
este entendimento que
voc ser
um bom
artista
ou um bom
educador de arte educao.
Todo desenho, projeto, pintura
ou
esboo construdo a part ir
de um lista bsica de elementos visuais no confundir com mate
riais
ou
meios, papel, tinta, argila, etc.), so eles:
o ponto a linha o
plano a cor Vamos estud-los aqui, cada
um
deles, separadamente,
pelas suas qualidades plsticas em si, sem nenhum aplicao dire
ta a qualquer categoria de representao, isto o ponto, a linha, o
plano, a cor, como signos autnomos
ou
como clulas
mnim s
den
tro do universo visual
sem
exigir que a linha represente
um
objeto,
um paisagem, etc. Essas possibilidades so significaes possveis
que podemos construir com as linhas, pontos e cores. A questo
trabalhar estes elementos em si, de forma primria, e, assim, ver a
extraordinria potncia deles, senti-los nas mos para desenvolver
trabalhos visuais e
t mbm
para ensin-los.
Refiro-me a estudar cada um deles separadamente, mas isso
s possvel no sentido pedaggico, porque,
n
verdade, eles apre
sent m
em conjunto e so interatuantes; eles s existem e g nh m
sentido n relao
um
com o outro. O fato de nos concentrarmos
em
um
elemento e depois noutro um estratgia, mas que se revela
t mbm um
mtodo excelente para explorar o potencial de cada ele-
NoTA
5: Experimentos da Gestalt mostraram que uma abordagem e compreenso de todos os siste
mas exigem que se reconhea que o sistema um todo formado por partes interconectadas
que podem ser isoladas e vistas como inteiramente independentes e depois reunidas no todo
DONDIS, i991 , p.51).
-
7/25/2019 Linguagem Grfica - Fernando Austguo
17/66
mento, pois agua nossa percepo acerca das coisas; especialmen
coisas mnimas, que, inicialmente, nos apresentam sem
nenhu
significado a priri. ma linha
uma
linha e no outra coisa
e,
a s
manipulao, tendo
em
vista
um
efeito expressivo intencional, e
nas mos do estudante, do artista, enfim, do profissional da rea.
que ele ou ela resolver fazer com esta linha sua escolha, sua ar
seu ofcio. Tal clareza serve para ver que os elementos visuais ma
simples
podem
ser usados com grande complexidade de inten
por isso,
seu
estudo exige cuidado, disponibilidade, sensibilidad
Caso contrrio, voc corre facilmente o risco de se perder na super
cialidade e dizer coisas do gnero: isso s rabisco , qualquer u
pode fazer issd',
ou
at uma criana faz . De cara, o problema
instala: no o fazer que gera o enigma, mas ver, ver profundame
te como um artista v'', com interesse, com sensibilidade. Voc
capaz de ver uma linha, um ponto com interesse? Experimente iss
Veja desenhos e realize os seus prprios e depois responda a es
pergunta. Pode ser que isso leve bastante tempo, mas, se
s
vezes
acontecer
de se
encantar pelo traado de algumas linhas ningum
tomar esse encantamento.
A semitica, a lingstica, a psicologia da educao e outr
cincias esto a para mostrar que os elementos
mnimos
tm
um
concretude e uma energia que so a eminncia de uma revela
Ao
se aproximar deles, voc verifica uma espcie de vazio,
um
po
to no qual certas coisas parecem comear, uma espcie de nada,
ponto alm do qual voc no pode
ir,
s
vir. A
voc levado a
perguntar: o que comea e existir aqui? Ah, quando voc se der con
dessa grandeza, ver que se aproximou de
um
estado de origem,
algo indizvel, de algo que nos escapa e que se conecta diretamen
com o ato de criar e com todas as coisas do universo. isso que d
Fernando Pessoa ao escrever: eu no sou nada. Nunca serei nad
No posso querer ser nada. parte isso, trago em mim todos os s
nhos do universo .
6
A linha, o ponto, a cor em si, so elementos aparentemen
simples mas se nos aproximarmos deles verdadeiramente, estab
leceremos questes de estrutura, de criao, de origem e, tudo iss
tem a ver com o nosso assunto: a linguagem.
Se
voc os conquist
poder dizer que
tem
em
mos poderosos tomos de criao e
comunicao.
Voc
ver que linhas, planos e cores tm intensidad
caractersticas especficas e milhares de combinaes qualitativa
Ver que
uma
simples linha riscada sobre
um
papel
tem
certa e
pessura, est em um determinado lugar, foi feita com determina
instrumento, etc.
e,
isso
em
si, j traz implicaes de sentido,
mesma forma que o lugar, a hora , o contexto
em
que viu tal coi
pode
tambm
implicar sentido.
Em nossa cultura escolar, depois de termos usado tanto
linha para escrever, circunscrever, assinar, etc., pensamos nela com
elemento para representar outra coisa (uma vaca,
uma
rvore, et
o convite agora conviver com ela, trabalh-la (diferente de us
la para um determinado fim); descobrir sua potncia visual com
forma e para a criao de formas . Verifica-se ento que trabalhar
-
7/25/2019 Linguagem Grfica - Fernando Austguo
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a
b
e
d
Figura 05: Exemplo
de
linhas e pontos.
Veja
como
as linhas aqui representadas
so
tipicamente exemplos mecnicos, impressos.
Outras
linhas feitas a lpis, a pincel
a carvo, etc.
so
diferentes, tm um corpo e qualidades diferentes. Cada tipo
de
linha expressa determinada qualidade que tem a ver
com
os materiais, o
modo
e a
inteno
com que foi
feita. Antes
de
representar qualquer coisa, qualquer tipo de image m ou figura tem qualidades
que
j
so
elementos
de
significao do signo.
linha no
fcil. Esta percepo interessa neste curso, porque des
congela, descristaliza o saber. O que parece velho
ganha
um aspecto
novo
ou
a possibilidade de surpreender). Por
um
instante, voc pode
voltar infncia,
na
qual o exerccio do desenho
tem um
sentido de
descoberta, de vitalidade, de alegria e de vivncia do tempo.
L, na
infncia, desenhar e viver
um
todo: a linha aparece, voc divide
espaos, desenha
com
liberdade, pesa a
mo
em alguns momentos,
trabalha proporo e s vezes se esquece dela, revela o brao, o risco,
o carvo, o giz, o cho, a parede
ou
o papel
no
qual est sendo execu
tada. A linha ao.
Com
isso, voc pode observar que uma linha pode ter veloci
dade, leveza, peso, beleza. Consegue ver isso? Se
sim
ou se no,
v
exercitando
seu
desenho,
seu
trao,
v
dando linha e ela crescer
em voc, como uma amiga a quem voc deposita afeto e pede opi
nio sobre coisas da vida e ela lhe responder no papel; e voc ver
informaes, graa, afeto, onde nem todos vem. Voc ver que ela
tem
um
sentido em si. E assim estar mais aberto para descobrir o
belo em um simples ponto
ou
em uma
mancha
qualquer ou em de
terminadas cores existentes em lugares aparentemente sem beleza.
E a ver esse encantamento do qual estou falando. Mas isso no
uma
frmula, tudo o que
eu
digo acima no d nenhuma garan
tia de que voc vai se entusiasmar da mesma maneira com estou
lhe escrevendo agora,
ou
se interessar como eu e tantos artistas, por
essas questes; isso so princpios artsticos e estticos que
podem
ser acessados desenvolvidos) de acordo com sua sensibilidade, com
sua pacincia, com
seu
investimento no espao e no tempo. como
aprender
uma
nova lngua. S quem aprendeu sabe o esforo e de
dicao exigidos e sabe como maravilhoso se expressar com ela e
conviver com os meandros do seu funcionamento . Aprender signi
fica
mudar
de hbito, isto
trazer para si, conscientemente novos
hbitos que lhe interessam
e
de que necessita), e isso
um
trabalho
do corpo todo, pensamento, vontade. Desenhamos e aprende
mos a desenhar para exercitar e desenvolver esse estado de esprito.
Na seqncia, passamos aos exerccios complementares desta lio,
que
so, como voc ver detalhadamente
na
plataforma, desenhar
algo,
ou
melhor, uma situao em silncio e descrever os pensamen
tos
que
vierem
sua mente
.
um
exerccio que muitos alunos es
tranham, no primeiro
momento
e,
que por isso mesmo, precisa ser
feito
com
ateno, sensibilidade e cuidado. Trata-se,
na
falta de
um
ttulo melhor, da experincia de desenho associativo - O CHO.
IL_@;; Jl ces
s
o m
cesse pl t form p r
nu r re l iz r os exercc
-
7/25/2019 Linguagem Grfica - Fernando Austguo
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UNID DE
04
ponto
Estamos diante de
um
papel em branco.
Esse fato provoca
Provoca porque um infinito de silncio
e equilbrio,
Mas que no foi conquistado
por
mim
Existe sem a
minha
participao
[
..
]
Ento tocar aquele papel em branco
Com um lpis, um pincel, um confete e sem medo o primeiro pas so
Fazer um ponto nessa superfcie
comear a pensar o espao.
N
este captulo vamos estudar o primeiro dos elementos do dese
nho: o ponto. Assim como
uma
letra por exemplo a letra
'i'
a
menor
unidade do alfabeto portugus o ponto o
menor
elemento
da linguagem visual a unidade mais simples. O passo seguinte j
seria a linha a forma etc. que nascem a partir do movimento de um
ponto. Voc viu que uma seqncia de pontos fig. 02 , numa dire
o j d idia de linha. Todos os trabalhos visuais todas as formas
contm pontos so feitas com pontos. Olhe uma fotografia
uma
linha a grafite com lupa
um out oor
de perto
ou mesmo
a prpria
pele e ver que todas essas imagens so cheias de pontos.
esta si-
. -
~ ~ :
.. . .
'. < ; w ' ~ :
Figura
6:
Exemplo de figura construda com pontos impressos. Extrado do livro A Sintaxe
da
linguagem
visual , de Donis A Dondis , p.54,
j
referenciado.
A
m
lcar de Cast ro
-
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20/66
tuao que mostrarei a voc neste tpico: a potncia do ponto, poi
partir desse
mnimo
voc partir para o mximo.
Seguindo os passos do professor Wucius Wong
7
,
em seu liv
o desenho bi e tri-dimensional, vou lhe explicar o ponto em su
duas vias;
uma
como elemento concetual e a outra como elemen
visvel. No primeiro caso, o ponto apenas indica uma posio,
um
gar, no tem tamanho nem largura, conceitual, como o ponto q
algum assinala em uma conversa
ou
o lugar onde duas linhas
encontram.
No
segundo caso, como elemento visvel, qualquer po
to feito mo, mquina, ou mesmo os gros de areia numa pra
ou
um barco visto a distncia. Quando voc se aproxima de qualqu
um desses quadros, ver outros pontos, os gros da areia tm tona
dades, ngulos, fissuras e se voc colocar num microscpio ver o
tros pontos. O barco tambm mostrar inmeros pontos para o q
antes era somente uma pequena mancha. Assim o ponto define-
como
uma
forma reconhecida como pequena
em
relao ao plan
Ele s ponto porque o plano maior, se ele crescer, e virmos o
tros pontos dentro dele (como no caso de olhar no microscpio), e
passar a ser plano.
8
Portanto, a pequenez do ponto relativa porq
uma forma pode parecer bastante grande quando est contida den
de espao pequeno , todavia esta mesma forma pode
parecer
pequena
colocada
dentro
de
um
espao
muito
maior.
9
A forma mais
comum
de
um
ponto a de um pequeno crc
lo,
mas
o ponto pode ser tambm uma pequena mancha, um pequ
no sinal grfico, pode ser quadrado, triangular ou irregular, des
que seja comparativamente pequeno em relao ao
plano
e
sua
form
seja simples .
Uma boa percepo do ponto como escreve o artista m
neiro, Amlcar de Castro, se colocar diante de um papel
em
bran
e ver o que este fato provoca. O espao
em
branco
u
infinito
silncio
e equilbrio , escreve ele, tocar este papel com um instrume
to, um lpis, um pincel, fazer um ponto nesta superfcie come
a
pensar
o espao. Para o estudante iniciante falar assim do pon
e dar-lhe esta importncia pode parecer exagero ou viagem , com
chegam a dizer, mas esta a tarefa, trazer para o campo da signi
cao o que parece fora, ver as coisas
em
sua formao antes que
termo significado o cristalize. Amlcar Castro costumava dizer q
pode parecer um brinquedo tolo e intil, mas no devemos esquecer q
um
novo
caminho
sempre se
inicia
pelo
mais
simples.
1
Veja
na ilustrao abaixo, como
um
simples ponto
em
um
espa
indica
uma
posio,
em
relao aos outros pontos e
ao
papel
em
branc
NOTA 7:
Wong, Wucius, undamentos dei diseno bi tri-dimens ional. Barcelona: Gustavo
Gili
, 1985
NoTA 8: No se
assuste
com
essa
idia de um conceito
passar
a
ser outro
assim
to
facilmente ;
contrrio,
essa
sua riqueza, pois
estamos
lidando
com
relaes:
uma
coisa
assim ou
ass
em relao com outra. Isso
importante
porque sem essa relao no podemos falar d
logo; ela no existe.
NOTA
9: Idem, p.
13.
NoTA 10: As referncias a Amlcar de Castro citadas aqui foram extradas de um texto poema sobr
-
7/25/2019 Linguagem Grfica - Fernando Austguo
21/66
Veja agora como vrios pontos dispostos
sem
seqncia suge-
rem
outras possibilidades
Pontos alocados juntos em um espao podem mostrar aglutina-
o textura
ou
formas complexas de relao. Observe esses exemplos
e faa seus prprios exerccios
ou
brincadeiras com pontos.
Trs ou quatro pontos situados em determi-
nadas direes podem criar formas diversas: cr-
culo figura forma desconhecida ou mesmo um
tringulo. Como podemos ver abaixo:
Alguns pintores impressionistas trabalha-
ram visivelmente o ponto com cores e pinceladas
ritmadas construindo assim figuras e paisagens
de rara beleza.
o caso dos artistas Georges Seurat
e Paul Signac.
O olho v de forma global por isso os pontos
colocados
no
plano como nos exemplos anterio-
res diferentemente do universo verbal
no
qual as
palavras s podem ser lidas uma depois da outra
no so vistos
em
separados
mas na
totalidade.
Essa caracterstica da viso permite a fuso visual e
a construo de imagens sejam elas figurativas
ou
abstratas. O artista francs Georges Seurat
1859
-1891), explorou a fuso visual na pintura criando
um
estilo que ficou conhecido como pontilhismo.
So imagens pictricas criadas aplicando as cores
como pontos
ou
seja pinceladas pequenas uma
prxima da outra deixando a
imagem
final do
quadro a ser organizada pelo olho do espectador.
Hoje
em
dia esse procedimento muito conheci-
do porque as ampliaes de imagens trouxeram
os pontos para o corpo das imagens. Podemos ver
isso por exemplo
em
fotografias fotocpias e
igura 07: GEORGES SEURAT Modelo Sentado de Perfil 1887.
25
X
16
cm.
Nesta pintura milhares de
pontos
coloridos feitos
com
pinceladas curtas
combinam
numa variedade de matizes
formando um
conjunto coerente e expressivo quando v
di stncia. Seurat levava meses para terminar
seus
quadros feitos dentro de um pen
mento de
pintura novo na poca: o Pontilhismo.
o P O T O
-
7/25/2019 Linguagem Grfica - Fernando Austguo
22/66
_@;. ....Jlr
cesse
o moodle
Leitura do texto
de
Fernando Augusto dos
Santos Neto A
precariedade
e a transitorie
dade
do desenho.
Exerccios prticos visuais.
mais ainda, nas imagens digitais em computador. Basta ampliarmo
uma imagem em
um programa de computador para encontrarmo
no
seu
cerne o ponto, o pixel. Uma das mais recentes articulaes d
forma/ponto foi realizada com grande efeito esttico pelo artista bra
sileiro Vik Muniz em sua srie de grandes fotografias, construdas
partir de recortes coloridos de papel, seguindo os modos do pixel.
detal
Figura
08:
V
K
M u
N
1z. Jorge. Fotografia. Cpia crom
gnica,
2003.
Exemplo visvel
do
elemento ponto no interior da im
gem. Aqui, o artista Vik Muniz ao invs
de
escond-l
explicita-os , criando grande efeito esttico e a discuss
entre
a representao, os objetos e os modos de constf
o de imagens na histria da arte.
-
7/25/2019 Linguagem Grfica - Fernando Austguo
23/66
UNID DE 5
linh
As coisas
trazem
o sentido do til e s por isso existem
Suas
formas tm o perfil
do
necessrio.
[ ]
As
linhas existem
apenas como
limite
das
coisas.
Um recorte.
Existem porque as coisas acabam.
Logo a linha
uma inveno.
7
e s t e captulo vamos estudar o segundo elemento das artes vi-
suais a linha. Seguindo ainda o exemplo da forma como ex
pliquei ponto chamo a sua ateno para que a linha seja entendida
em duas vias uma como elemento
conceituai
outra como elemento
visvel.
No primeiro caso a linha no visvel
um
pensamento
um
direcionamento do olho humano
e
como tal no existe de fato.
Por exemplo quando voc diz ver uma linha no canto de uma pa
rede
ou no
contorno de
um
objeto no existe linha ali o que existe
so os limites do objeto em relao ao espao do entorno. Trata-se
de representao so conceituais. Em termos visuais a linha tudo
aquilo que feito com
um
lpis com uma caneta
ou
com
um
pincel
deixando
um
rastro
numa
superfcie. Por isso se diz que a linha o
movimento do ponto que ao sair do lugar traa em
um
percurso.
Ela
registra portanto uma trajetria
um
movimento. Tem posio
direo comeo e fim.
dotada de
um
corpo longo delgado fino
grosso segundo o pulso ou o material que a faz.
A linha onde quer que seja utilizada
um
meio de apresen
tar formas do
mundo
real
ou
imaginrio pelo contorno dividindo
o espao em dentro e fora ou dos dois lados. O homem a criou e
nunca
mais se apartou dela. Usada para assinalar dividir circuns
crever espaos e coisas
ou
registrar uma ao ela pode ser ponti
lhada geomtrica flexvel gestual dura fluida etc. Tais qualidades
fazem ver a linha como
um
objeto capaz de representar signos como
velocidade dureza energia fragilidade etc. J apontei antes
mas
vale repetir que uma linha feita a pincel difere da feita com outros
instrumentos como bico-de-pena ponta-seca
ou
lpis. Alis mes
mo
a linha a lpis feita com grafite
numero
6B difere de uma feita
Amlcar de Castro
Figura 09 : JUAN M
R
Silncio leo sobre tela 7
cm. Coleo Privada Paris -
i
968
Neste quadro vemos como o pintor espanhol br
pontos linhas e cores criando uma constelao al
vaz jogando
com
as cores primrias e um
desenho
finas e grossas e letras impressas.
-
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pl no
C
hegamos ao terceiro elemento visual, que nomeamos de o pland'.
Conforme assinalei ao tratar os elementos ponto e linha, o pla
no, primeiramente,
um
elemento conceitua . Podemos falar tanto
de
um
plano visual como de
um
plano de aula ou de plano de
go-
verno. Plasticamente, plano , portanto,
um
demarcao de espao
para
um
determinada ao.
Voc
pode chamar
um
folha branca
de plano, como tambm pode chamar assim o tampo de
um
mesa,
um
parede, a extenso da areia na praia ou mesmo a extenso do
cu. O que conta n compreenso do termo plano o entendimen
to de
um
espao no qual e com o qual se realizam formas visuais.
Vamos entend-lo aqui a partir da linha de contorno . Desta feita, o
plano passa a existir a partir do traado de
um
linha, delimitando
a forma, por exemplo,
um
retngulo. Qualquer forma delimitada
pode se converter
em
plano. Conforme escreve Wong um plano tem
altura, largura, mas no tem profundidade. em posio e direo. Est
limitado por linhas. Define
os
limites extremos
de um
volume .
12
Em
outras palavras: o
plano
um
espao bidimensional sobre o qual
desenhamos, escrevemos, etc. Sendo ele bidimensional (vertical e
horizontal), todo desenho que se fizer nele ser expresso
em
linhas
retas e curvas, obedecendo a este quadro dimensional: vertical, dia
gonal, horizontal. A profundidade um impresso visual a ser cria
da no jogo das formas.
Mas preciso entender que o plano no simplesmente
um
espao vazio,
,
antes de
tu
do, um
espao dinmico impregnado de
tenses e de possibilidades para criao e desenvolvimento de for
mas.
No
seu interior, existem coordenadas importantssimas que
podem ser vistas com rapidez, mas
nem
por isso so simples de
compreender. Veja
um
plano qualquer,
um
folha de papel regular,
~
UNID DE
6
Figura
n
Exemplo de plano: retngulo contornado com linhas pontilhadas, com linhas contnuas, retngulo preto e a prpria folha
de
papel.
NoTA
12: Wucius Wong op. cit. , p.
11
-
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Figura 12: Rapid amente, ao olhar uma
folh
a ou uma parede de
uma ca
sa, voc pode intuir onde fica o meio. Dadas
as
margens, o
olho
poder explorar e medir o plan
com
suas margens retilneas, verticais e horizontais.
Tal
plano , em
principio, visto como um espao estvel, diramos, calmo, equilibra
do, nivelado. Mas observe bem: isso depende das margens, se ela
forem rasgadas, esgaradas, desniveladas esta estabilidade se desfa
A margem participa ativamente do espao do plano. Mas, por ora
deixo a questo das
margens
para depois, voltemos ao exemplo d
folha branca de papel, ou, se quiser, olhe uma parede branca. Amba
as formas, ao
serem
vistas , impem
um
eixo estrutural instantneo
composto pelas verticais - horizontais, uma sensad de linhas dia
gonais que
cruzam
o centro
em
X. Essas diagonais no so visvei
mas esto l, o olho liga
um
ngulo a outro, por isso que podemo
localizar o centro
com
rapidez, seno no teramos parmetro.
Observe um quadro
em
uma parede: sem medir, voc sabe s
est inclinado
ou
no. Esta sensao do espao
que
leva voc a de
cidir
em
que lugar pendurar
um
quadro, ou colocar um sof num
sala ou, em se falando de livro, por exemplo,
pensar
o espao d
uma
capa de livro. O aluno e o professor precisam se conscientiza
do valor dessas duas linhas mestras para saber extrair delas relae
prticas, estticas e metafsicas. Elas definem o que chamamos: b
dimensional.
Numa
sala de aula, pode-se at fazer uma experinc
de olhar para uma parede e tentar descobrir onde fica o meio dela
depois pode se
perguntar
aos alunos como
que
cada
um
pode
in
tuir
isso to acertadamente. Pode-se
tambm
pedir aos participante
para se colocarem frente da parede (individualmente
ou
em grupo
aparentemente para
lerem um
texto para sala) e
prestarem
aten
em que lugar eles escolheriam para se posicionarem. Ou ao ped
para eles afixarem
um
cartaz, onde o colocariam?
Ou
fazerem
um
cartaz
com
uma
frase
ou
palavras, onde a colocariam? De que tama
nho? E as margens? E assim por diante. Estas e outras experincia
so experincias de espao. Por a o aluno pode compreender o sig
nificado do plano, o
que
vem a ser espao e a vivenciar espao: ess
coisa misteriosa que est no quarto, na sala, no banheiro,
em
tod
pas, no cosmo,
mas
que, no entanto, parece vazio.
importante saber ver as linhas estruturais vertical, horizon
tal e diagonal e,
tambm
saber relacion-las
com
certos princpio
visveis do mundo real, como, por exemplo, um homem em p, ve
tical), deitado (horizontal) e
com
princpios mais abstratos como:
relao homem/cu (direcionamento vertical),
uma
paisagem, o
homens trabalhando no campo
ou
o
mapeamento
de uma viagem
(direcionamento horizontal) . Veja alguns exemplos de compreens
-
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Figura
13:
importante
saber ver as linhas
estruturais
horizontal, vertical e diagonal e tambm saber relacion-las com
certos
princpios humanos
por exemp
lo,
uma figura
deitada
horizontal) idia de descanso estabilidade,
continuidade uma mulher
em p, vertical) ligao
com
o
que
est
no
alto e o
que
est abaixo,
cu e terra,
uma
linha diagonal, movimento desequilbrio, etc.
A figura da
mulher
em p mostra verticalidade. Visualmente
isto simples, mas em p, de p significa muitas coisas em nossa
cultura. Se trabalharmos esses possveis significados
em uma
sala
de aula, veremos como numa boa discusso do
tema
podem surgir
muitas falas interessantes. A Torre Eifel deitada mostra horizontali
dade e o desconforto de uma coisa que se espera ver em p. O ho
mem
correndo, mostra a dinmica da diagonal. Se,
numa
sala de
aula, olharmos
um mapa
de
uma
cidade antiga, medieval, por exem
plo, e
uma
cidade moderna, veremos que suas ruas e quarteires
tm uma geometria totalmente diferente. Que princpio determinou
essas construes no tempo? Pergunto a voc, se fosse fazer o de
senho de uma casa, usaria diagonais? Se fosse desenhar o formato
de um livro fugiria da forma retangular
ou
quadrada? Certamente
constitui-se objeto de grande pertinncia deter-se nesses conceitos e
exercit-los de forma prtica e
bem
direcionada, o resultado ser um
bom
entendimento desses eixos vertical/ horizontal) e a descoberta
de como eles regulam a nossa percepo visual e de como estamos
inserido neles, conforme escreve Dondis:
Figura 14:
AMLCAR
DE ASTRO. Desenho Litografi
107cm. Coleo Oficina
5
1990.
Neste
desenho vemos
como as largas pinceladas,
do artista mineiro, funcionam tanto como forma
como plano . As
noe
s de figura e
fundo
tornam-se
d
As
pinceladas chegam at as margens da tela, valor
os cantos
e
os
brancos
como
formas
ativas.
A mais importante influncia, tanto psicolgica como fsica sobre a
percepo humana a necessidade que o homem tem de equilbrio, de ter
os ps firmemente plantados no solo e saber que vai permanecer ereto em
qualquer
circunstncia, em
qualquer
atitude, com um certo grau de certeza
( ..
]Assim
o constructo horizonta-vertical constitui a relao bsica do ho
mem com seu meio ambiente.13
NOTA
13: DONIS,
A
Dondis.
A Sintaxe
d
linguagem visual
So Paulo: Martins Fontes, 1991 , p.32.
IL_@ ;.._rl cesse o mo
-+Leitura de material de apoio. Bibliografia:
Ostrower. Universos da Arte. cap.
7
supe
-+Exerccios prticos visuais.
p LAN O
-
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UNID DE 7
or
N
este captulo, estudaremos o ltimo elemento bsico da lingua
gem visual, a cor. Trata-se do elemento mais complexo desta lin
guagem, tanto que alguns autores a colocam entre os elementos fun
damentais, outros; no, e tratam-na como
uma
disciplina especial. Seu
papel nas artes visuais to grande que existe
uma
disciplina dedicada
exclusivamente a ela. Aqui, a tratarei de forma introdutria, assinalando
o seu papel como elemento visual no quadro que estabeleci para esta
disciplina. Voc dever buscar aprofundamento sobre o assunto na dis
ciplina cor propriamente dita.
14
A cor tem afinidade com as emoes. Ela est impregnada de
informaes que passam, de forma penetrante, pela experincia
vi-
sual e cultural de todos ns. Ela no tem existncia palpvel. Depen
dendo da luz, os objetos mudam de cor, pois ela no pertence aos
objetos, apenas passa por eles,
dependendo
da luz e da capacidade
qumica dos
mesmos
de receber e refratar a luz. Vemos a cor
porque
somos sensveis aos seus efeitos na luz solar, conforme bem explica
Israel Pedrosa:
A cor no tem existncia material:
apenas sensao
produzida por
certas organizaes
nervosas sob
a
ao
da luz -
mais
precisamente,
sensao provocada
pela
ao
da luz
sobre
o rgo da viso. Seu apareci
mento est
condicionado, portanto, existncia
de
dois elementos: a luz
objeto fsico, agindo como estmulo e o olho aparelho receptor, funcio
nando como decifrador do fluxo luminoso, decompondo-o ou alterando-o
atravs da
funo seletora
da
retina).
15
Insisti
para
colocar este pequeno captulo cor na disciplina
Linguagem Grfica porque compete saber desde j que a cor cons
titui uma fonte
de
valor inestimvel
para
a comunicao visual.
NoTA 14: Um bom comeo de estudo da cor
ler o captulo Cor do livro Universos da Arte de
Fayga
Ostrower. RJ Editora Campus i983, p. 234-235.
NoTA
15:
PEDROSA Israel.
Da Cor Cor
Inexistente
RJ
Leo
Christiano Editorial LTDA co-edio Editora
UNB
i989,
p.
i7.
-
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Donis A. Dondis nos
informa
sobre isso:
No
meio ambiente compartilhamos os significados associativos da cor
das
rvores da relva,
do
cu, e
de
um
nmero
infinito
de
coisas nas quais
v mos as cores como estmulo comum a todos . E a tudo
associamos
um
significado. Tambm conhecemos a cor em termo
de uma
vasta categoria
de significados
simblicos o vermelho
por
exemplo significa algo, mes-
mo quando no tem nenhuma
ligao
com
o
ambiente.
O
vermelho que
associamos
raiva
passou
tambm
para
a
bandeira
ou capa
vermelha
que
se
agita diante
do touro
. O vermelho pouco significa para o touro
que no
tem
sensibilidade para cor e
s
sensvel
ao movimento da
bandeira ou
capa
. Vermelho significa perigo, amor calor e vida, e
talvez mais uma
cen-
tena
de
coisas
,
cada
uma
das cores
tem
inmeros significados associativos
e simblicos.
16
( Existem
muitas
teorias da cor. A cor, tanto da luz quanto
do
pigmento
tem
um
comportamento nico, mas nosso
conhecimento
da
cor
na
arte
e na
comunicao
visual vai alm
da
coleta
de observaes de
nossas reaes
a ela. [ ..]
A cor oferece um grande vocabulrio visual. De
um
lado,
tos valores j se encontram estabelecidos pela nossa cultura, co
vimos na citao acima, por outro,
seu
significado maior reside
experincia pessoal como vivncia do fenmeno, isto , olhar a
observar a cor,
prestar
ateno em suas diversas relaes, fazer
colhas, usar a cor, trabalh-la, experimentar sensaes, deixar a
falar , imprimir sensaes.
No tarefa fcil estabelecer significados para a cor. Dizer q
vermelho significa guerra, violncia, e o branco paz, so informa
superficiais e costumeiras
sem
nenhuma experimentao da pr
cor. como dizer que a bandeira ou a capa vermelha que se a
diante do touro o irrita, como se o vermelho significasse para ele
lncia e no os diversos movimentos
que
o toureiro faz diante del
Podemos no saber
muito
dos possveis significados para a
mas sua experincia fundamental para o ser humano afinal ela
afinada com as emoes; por isso vamos experienciar as cores
nos basearmos em significados a priri. Vamos descobrir cores,
xar que elas existam e se
manifestem
no
papel, aos nossos olhos,
nossas roupas. O grande pintor Pierre Bonnard dizia
que
as c
tm suas prprias leis, mas compreender um pouquinho o alcanc
assertiva do genial artista francs leva muito tempo. Nos exercci
seguir e nas leituras solicitadas, no vamos falar de teorias da cor,
pensar e propor) exerccios de experimentao com cor. Importan
entender que com
poucas cores, as cores bsicas
ou
cores primr
possvel estabelecer relaes cromticas diferentes e infinitas.
A artista plstica e educadora brasileira, Fayga Ostrower,
17
menta que
em
um dos seus cursos, um operrio contou-lhe que
tava ampliando a prpria casa, que resolvera ladrilhar a cozinha.
paredes, ele pretendia colocar ladrilhos bege e azul, mas estava
-
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dvida, ento trouxe a questo para a aula e perguntou o que ela acha
va
se ela j tinha visto antes este tipo de combinao, se era
uma
boa
combinao. Ela respondeu-lhe que, em se tratando de cor, era difcil
julgar s de imaginao e props discutir em sala a questo atravs
de exemplos visuais, combinando recorte de papis coloridos (de cer
ca 5 x 5 cm . cada), colocando-os, um ao lado do outro, tipo ladrilho.
No demorou muito para os estudantes perceberem que aquele jogo
com as cores era tambm feito nas obras de arte, na pintura e na
arquitetura e que o exerccio de percepo das cores depende das re
laes que delas se faz, seja
na
pintura de uma tela, seja nas paredes
de uma casa. este jogo de relaes, de combinaes das cores que
conta para a cor significar, ser trabalhada como linguagem.
No mbito da nossa disciplina, observe como o artista trabalha
de forma clara as cores puras (vermelho, amarelo, azul, o branco e
o negro). Elas so simplesmente cores em
seu
valor plstico; no
representam paisagem,
nem
qualquer figura do
mundo
real. Para
conseguir esta nfase ele deixa os espaos brancos, vazios. Assim,
as cores so mais valorizadas, mesmo porque localizadas nos cantos
elas acendem o desejo de aparecerem mais.
As
linhas horizontais e
verticais so preciosas para este artista e para todos ns, pois essas
duas direes, como vimos no texto, tm lugares bastante significa
tivos
em
nossa percepo. A estrutura vertical-horizontal quebra
da pelas diagonais das margens do quadro pendurado pelo vrtice .
Dentro do quadrado, as linhas nunca passam pelo centro, mas esta
belecem uma proporo de reas, um retngulo est para um qua
drado, assim como o quadrado est para o retngulo. Da mesma
for-
ma, o vazio, o cheio e as cores. No precisamos de muita teoria para
perceber que olhar este quadro ver um pensamento. Em nossas
lies, os constantes exerccios de refletir e de descrever os proces
sos de feitura buscam criar
em
voc
um
certo hbito de pensar junto
ao trabalho plstico para, assim, lev-lo a construir suas reflexes no
seio de sua experincia.
Existe muita literatura sobre
cor
leia-a Faa os exerccios que
explicitam as cores primrias, secundrias, tercirias e complemen
tares Aprenda como misturar certas cores para chegar a outras, a
trabalhar as tonalidades, mas, sobretudo, experimente cor, colocan
do-a uma ao lado da outra e admirando seus efeitos. Esta experincia
lhe dar com certo tempo o senso esttico da cor.
NOTA 17:
OSTROWER,
Fayga. Universos
da
Arte
Rio de
janeiro: Editora Campus,
1983
,
p. 234 235.
Figura
15:
PrET
MONDRIAN
. Composio
em
losan
go. leo sobre tela ,
67
cm
em
diagonal.
Otterlo, Rijksmuseum .Krller-Mller, 1919. Nesta
pintura, o artista cria uma sensao de instabili
dade, girando o quadro de forma que seus con
tornos fiquem
na
diagonal , mas, dentro, continua
trabalhando com
os
dois princpios fundamentais
que
ele
elegeu em
sua
obra:
as
linhas vertical e ho
rizontal. E, dentro deste pensamento, combinou
retngulos e quadrados, cheios e vazios, com co
res claras e tonalidades de cinzas.
L
_@;;. .....Jlr
cesse o m
+Leitura de material de apoio. Biblio
Fayga
Ostrower. Universos da arte. ca
Cor.
+Exerccios prticos visuais.
+Frum de discusso sobre os concei
beleza e de feio.
+Apresentao dos trabalhos
na
platafo
-
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30/66
UNID DE 8
Or
ent es
esp ci is
este captulo, vamos comear um outro assunto da nossa discipli
na. Como o ttulo diz, vamos tratar das relaes dos elementos
vi-
suais e das formas no espao para a comunicao e expresso de idias.
Se voc chegou at esta parte do curso porque j fez os exerccios an
teriores e est preparado, de alguma forma, para colocar em ao estas
unidades que vimos nas pginas anteriores. Devo dizer que isso ne
cessrio para o
bom
andamento
do
aprendizado.
Como todo estudo, o desenho e a linguagem visual exigem
empenho, disciplina, enfim,
um
metodologia. Essas coisas podem
no ser lineares, mas, nem por isso, tratam-se de coisas menos
exi-
gentes. Esse problema de muita gente que estuda arte: achar que
a criatividade resolve tudo e que no precisa se dedicar aos estudos
tanto quanto
um
engenheiro aos seus. Esta a viso menos criativa
de todas. Criar investir, se interessar, procurar no se enga
n r
com respostas verdadeiras e ter a coragem de enfrent-las, de
se arriscar. Arte um curso que exige toda ateno e pede para si
toda dedicao. Isso feito ela se entrega, se mostra dcil. Parece
brincadeira e as pessoas chegam at a dizer que aprenderam sem
estudar, sozinhas. Mas a verdade que existe por trs disso , horas
de dedicao, de exerccios feitos nas entrelinhas, ao sabor das ho
ras, aproveitando todas as oportunidades para ver, pensar formas ,
descobrir formas, etc. Ch mo metodologia visual, no a
um
ordem
rgida de exerccios, mas a todo ato de intenso desenhar ou pintar
(com diferentes materiais mo), seja com papel, madeira, lpis ,
tintas, fotografia, visitas a exposies , observao de obras, leituras,
participao
em
eventos artsticos, discusses com colegas, enfim, o
necessrio esforo para no cair nos convites fceis, televisivos, eva
sivos, etc., coragem para enfrentar a dor de fazer sentido . Tudo isso,
exercitado com freqncia, com intensidade e fora no brao, como
disse Peirce, filsofo americano que se faz cincia com dedicao ,
com fora no brad'. Da
mesm fo
r
m
se faz a arte. Cada artista
ou
comunicador visual sabe que gastou muitos cadernos de desenho, e
passou muitas horas desenhando, mesmo os autodidatas, para che
gar s formas que conquistaram porque, vale dizer, nenhum talento
sobrevive se no for alimentado.
At aqui, mostrei-lhe elementos visuais de forma separada,
cada um com suas possibilidades. Agora, voc aprender a colocar
-
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31/66
esses elementos em ao, verificar como eles se agrupam para c
trurem mensagens ou causarem determinadas impresses de
teresse, de beleza, de equilbrio, etc. Vai estudar alguns temas
princpios de composio formal e procurar ficar atento para de
brir outras possibilidades, porque os princpios que anuncio aba
so somente alguns exemplos, selecionados entre muitos , a fim
abrir o campo de explorao para voc trilhar seu caminho.
esta razo que solicito tantos exerccios a cada lio, para atiar a
percepo, o
seu
olho, a sua tcnica, a sua criatividade para a co
nicao visual e para a expresso artstica e, conseqentemente, p
o ensino da arte e da educao artstica.
Compreendendo e trabalhando o plan
nivelamento e aguamento
Vou lhe dizer
um
coisa que gostaria que considerasse du
te todo nosso curso: o tempo e o espao pertencem a todas as a
de estudo, a todas as pessoas, a todos ns. Do aviador espacial
trabalhador de rua,
ningum
pode passar
sem
ser afetado por e
dimenses . Digo isso para lhe apresentar um ramo da psicolog
Gestalt que contribuiu muito com valiosos estudos e experime
para o campo da percepo.
Ela
pesquisou muitos dados e infor
es importantes de como o olho hum no v e organiza infor
es, e construiu padres que so vlidos at hoje.
18
Dentre os p
cpios teorizados pela Gestalt, destaco para o nosso trabalho aqu
de
nivelamento
e
aguamento pregnncia
e
agrupamento.
O prim
par aponta para as duas maneiras bsicas de como prestamos a
o no mundo que nos rodeia e, conseqentemente, como as
presses se organizam em informaes pelo ato de ver. O nivelam
to
refere-se estabilidade, a harmonia das coisas; o aguamento
inesperado, o inusitado; algo que balana, que desestabiliza.
Explico: o nivelamento se d n esfera do esperado, ist
dentro das normas legais da cultura, da conveno. Est de aco
com os eventos precedentes, com a forma, corrente de entende
coisas. Por exemplo, voc v
um
espao branco,
sem
nenhum f
ra, por
menor
que seja, e compreende que
um
espao branco,
est correto, que est de acordo com a idia que se tem dele. ,
tanto, um espao nivelado no possui nenhum tenso que fuja
quadro, no tem desequilbrio, no tem nenhum linha ou man
que inquiete ou incomode. Dadas estas informaes, voc j p
intuir o que vem a ser o conceito de aguamento. Pense: imag
um espao nivelado e nele coloque um ponto. Veja como ele m
totalmente de configurao Mas colocar esse ponto onde? Sim
pergunta faz sentido, porque, dependendo do lugar onde voc c
car o ponto, pode no estabelecer nenhum situao de inesper
logo, continua o nivelamento.
Se
lhe
in
teressa o espao nivel
tudo bem; m s se voc quiser aguar, atiar a percepo para u
-
7/25/2019 Linguagem Grfica - Fernando Austguo
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questo deve passear com o ponto no plano at encontrar um lugar
adequado para seu pensamento, sua mensagem. Assim, desenvolve
se trabalho de orientao no espao, j comeado nas lies anterio
res, especialmente na do plano.
Figura
i6:
Nivelamento e aguamento atravs de um exemplo bem simples: a colocao
de
um ponto num
plano. O
ponto
no meio do retngulo obedece mais ao
pensamento
do nivelamento do que ao do
ponto
colocado no canto, direita.
O centro
do
retngulo um lugar muito "esperado", muito
"visadd', portant
o
colocar o ponto neste lugar afirmar
uma
con
formidade definida pela geometria das linhas verticais e horizontais
imaginadoras. O espao tocado, mas no desperta interesse ines
perado, no provoca surpresa, inquietude ou tenso visual. O contr
rio ser se voc deslocar esse ponto
do
centro para
um
dos lados do
plano, a comea a se verificar um certo desconforto,
uma
sensao
de desequilbrio, de incmodo. O que voc est fazendo com essa
brincadeira de procurar lugar? Est aguando a sua percepo. Pa
rece simples, no? Porque, certamente, voc faz isso quase todas as
vezes que est diante de uma folha
em
branco Mas essa a nossa ta
refa, vamos trabalhar o simples, o comum, e dessa forma, encontrar
sentidos novos neles. Gostaria que recordasse comigo
as
palavras de
Amlcar de Castro:
Estamos diante
de
um papel
em
branco
/
Esse fato
provoca / Provoca
porque
um infinito
de
silncio e
de equilbrio,
/
Mas
que
no
foi conquistado
por
mim
/
[
..
]
tocar
esse
papel
em
branco
/ Com
um
lpis,
u
pincel,
um confete e
sem medo
primeiro
passo. Fazer
um
ponto nessa
superfcie /
comear
a pensar o espao.
[
]
no devemos
esquecer
que
um
novo
caminho sempre
se
inicia
pelo
mais
simples .
Essa
idia o que move a criao visual. Para tanto, deve-se trabalhar a
simplicidade, mas no a confundir com nivelamento. Pelo contrrio,
deve-se identificar cada situao que pode ser considerada baixa in
formao e propor algo que possa causar estranhamento, interesse,
enfim, um aguamento de informao
Figura
i7:
Os pontos deslocados do
centro
tm
uma
carga de imprevisibilidade. Trata se de
uma ima
gem
no eixo
do aguamento
Cabe ao artista decidir
at que
ponto esta descentralizao eficaz
em
sua composio
R I E N T E S E S P C I I S
39
-
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33/66
Figuras i8: Quadro com as margens irregulares, exemplo
de
ativao das bordas.
LI
_@.; ._1 .. cesse o moodle
-
_.Leitura de material de apoio.
Bibliografia: Ostrower Fayga
niversos
da
arte Movimento visual.
._.Exerccios