língua brasileira de sinais -...

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2 Língua Brasileira de Sinais

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Língua Brasileira de Sinais 3

CURSO: Licenciatura em Letras – Habilitação em Língua Portuguesa e suas Literaturas

MÓDULO: IV

DISCIPLINA: LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS I

AUTORAS: Elielza Reis da Silva

Larissa Gotti Pissinatti.

Porto Velho – RO

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA

PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO

CENTRO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E NOVAS TECNOLOGIAS

UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL

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4 Língua Brasileira de Sinais

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Língua Brasileira de Sinais 5

GOVERNO FEDERAL

Presidente da República: Luiz Inácio Lula da Silva

Ministro da Educação: Fernando Haddad

Secretário de Ensino a Distância: Carlos Eduardo Bielschowky

Coordenador Nacional da Universidade Aberta do Brasil: Celso Costa

UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA

Reitor: José Januário de Oliveira Amaral

Vice-reitora: Maria Ivonete Barbosa Tamboril

Pró-reitora de Graduação: Nair Ferreira Gurgel do Amaral

Pró-reitor de Cultura, Extensão e Assuntos Estudantis: Ricardo Gilson da Costa

Silva.

Pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa: Maria das Graças Nascimento Silva

Coordenação CEADT/ UNIR: Sônia Ribeiro de Souza

Coordenação UAB-UNIR: Crystiany Maria Guilherme

Coordenador UAB-Adjunto: Francisco Paulo Duarte

Coordenação do Curso de Letras – UAB – UNIR: Iracema Gabler

Coordenação do Curso de Pedagogia – UAB – UNIR: Carmem Tereza Velanga

Assessoria Pedagógica: Giovani Mendonça Lunardi

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6 Língua Brasileira de Sinais

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ............................................................................................ 11Apresentação do Componente Curricular ......................................................... 13

MAPA CONCEITUAL .................................................................................... 14

METODOLOGIA DE TRABALHO ................................................................. 15

AVALIAÇÃO .................................................................................................. 16

UNIDADE I - O QUE É SER SURDO? ............................................................. 17Apresentação ................................................................................................ 18

Unidade I – Subunidade I ................................................................................. 19Pensando a Condição do Sujeito Surdo .................................................... 19

A LINGUA DE SINAIS NA IDADE MODERNA .............................................. 25

PONCE DE LÉON (1520-1584) ................................................................. 25

RODRIGUES PEREIRA (1715-1780) ........................................................ 25

ABBÉ L’EPÉE (1712- 1789) ...................................................................... 25

JEAN MARC ITARD .................................................................................. 26

ALEXANDRE G. BELL .............................................................................. 28

LINGUA DE SINAIS (LS) NA IDADE CONTEMPORÂNEA ........................... 28

ORALISMO - CONGRESSO DE MILÃO – 1880 ....................................... 28

BIMODALISMO OU COMUNICAÇÃO TOTAL .......................................... 29

BILINGUISMO ........................................................................................... 29

ASPECTOS HISTÓRICOS NO BRASIL .................................................... 30

Unidade I - Subunidade II ................................................................................. 34

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Língua Brasileira de Sinais 7

Cultura e Identidade Surda ........................................................................ 34

MEU TERCEIRO OLHO ............................................................................ 37

Unidade II – Subunidade I ................................................................................ 43A Diferença entre Alfabeto Manual e Soletração Rítmica .......................... 43

Unidade II - Subunidade II ................................................................................ 46Unidade III – Subunidade I ............................................................................... 51

Estrutura Frasal e Categorias Gramaticais da LIBRAS ............................. 51

FORMAÇÃO DE ITENS LEXICAIS OU SINAIS A PARTIR DE MORFEMAS

...................................................................................................................... 51

MORFEMAS LEXICAIS E MORFEMAS GRAMATICAIS: ......................... 51

Unidade III – Subunidade II .............................................................................. 53Aspecto Verbal da LIBRAS ........................................................................ 53

Itens Lexicais para Tempo e Marca de Tempo .......................................... 55

Quantificação e Intensidade: ..................................................................... 56

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ................................................................. 61

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8 Língua Brasileira de Sinais

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Língua Brasileira de Sinais 9

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10 Língua Brasileira de Sinais

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Língua Brasileira de Sinais 11

APRESENTAÇÃO

Oi, pessoal!

Meu nome é Elielza Reis da Silva, fiz

o magistério na Escola Carmela Dutra e

ingressei nesta profissão em uma prática

que pouquíssimos professores ousaram

aceitar. Curiosos? Então vamos lá, sem

mais delongas. Iniciei com alunos um tanto quanto diferentes, ou melhor, com

uma língua diferente. Sim, trabalho com alunos surdos que usam LIBRAS! E é

esta língua que iremos aprender! Não decifrei a sigla de propósito para deixá-

los com água na boca!

Sou formada em Letras pela Universidade Federal de Rondônia – UNIR,

fiz um curso adicional de 900 horas na área da surdez, no Instituto Nacional de

Educação de Surdos – INES (iremos conhecer a história desse instituto e sua

importância na educação de surdos). Sou pós-graduada em Psicopedagogia,

mas não desenvolvo nenhum trabalho nesta área. Sou apaixonada pela área

da surdez. Faço o papel de intérprete em sala de aula em todas as disciplinas

do ensino médio, exceto português, pois como sou formada na área, ministro

Português como segunda língua em uma metodologia própria para surdos

(vocês conhecerão tudo isso!).

Há muito para desvendarmos neste mundo tão diferente e instigante dos

surdos! Será um desafio para todos nós calarmos as nossas vozes, para

darmos as nossas mãos uma “voz” que somente os surdos saberão ouvir!

Mãos a obra!

Elielza Reis da Silva

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12 Língua Brasileira de Sinais

Olá, pessoal!

Sou Larissa Gotti Pissinatti, me formei em

Filosofia e assim que terminei minha licenciatura fui

chamada para lecionar em uma escola para surdos,

intitulada Instituto Santa Teresinha na grande São

Paulo. Nesta escola, fiquei mais de cinco anos,

comecei como professora de surdos no Ensino

Médio, depois fui coordenadora pedagógica adjunta

nesta mesma escola. Comecei a atuar como

intérprete em 2005 e no ano seguinte vim para Porto Velho onde fiz o exame

de proficiência nacional (PROLIBRAS) em interpretação para o nível superior,

fui aprovada e estou atuando na área até os dias atuais. Sempre fui

apaixonada pela área da surdez. Agora fui convidada para contribuir na EAD e

estou muito feliz em ajudá-los a entrar no “Mundo do Silêncio” e lhes mostrar

que nele existe mais sons e belezas do que a gente imagina.

Aprender LIBRAS é como entrar num outro mundo, fascinante!!!Vocês

irão conferir isto e muito mais durante nosso módulo!

Larissa Pissinatti

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Língua Brasileira de Sinais 13

APRESENTAÇÃO DO COMPONENTE CURRICULAR

É com imensa satisfação que

apresentaremos a disciplina Língua Brasileira

deSinais - LIBRAS. Sabemos que se trata de

uma disciplina nova e, por este motivo, iremos abordar e aprofundar,

primeiramente, o conceito de surdez, tanto do ponto de vista clínico quanto

seus aspectos culturais; as metodologias que permeiam a educação de surdos

e os reflexos de cada uma delas na aprendizagem do aluno surdo no contexto

inclusivo.

Realizado este panorama do “mundo surdo”, partiremos para o

desvendar da LIBRAS na unidade I.

Na unidade II, conheceremos o alfabeto digital e a soletração rítmica.

Munidos deste conhecimento e de sua prática, estabeleceremos a diferença

que há entre ambos. Dando continuidade ao nosso aprendizado, adentraremos

nos aspectos morfológicos da Língua Brasileira de Sinais, este aspecto é

composto pelos parâmetros que se subdivide em configuração de mãos, ponto

de articulação, movimento, direção e expressão facial/corporal. Nesta fase,

vocês já estabelecerão certa intimidade com esta língua tão pragmática!

Na unidade III, abordaremos a sintaxe da LIBRAS. Como se estrutura

suas frases; seu aspecto verbal; advérbios; sujeito, enfim, tudo que compõe

essa língua tão visual! Este processo inclui a analogia entre língua brasileira de

sinais e língua portuguesa.

Sei que vocês estão fascinados e loucos para aprenderem e praticarem

esta língua. Mãos a obra! (literalmente).

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14 Língua Brasileira de Sinais

MAPA CONCEITUAL

Aspecto pontual,

Continuativo ou durativo

e iterativo; itens lexicais

para tempo e marca

de tempo; quantificação

e intensidade.

Configuração de mão,

ponto de articulação,

movimento, direção,

expressão facial/corporal.

Conceito e classificação

do ponto de vista clínico.

Diferenças entre alfabeto

e soletração rítmica.

Formação dos itens

lexicais ou sinais a partir

de morfemas; morfemas

lexicais e morfemas

gramaticais.

Aspectos culturais da

surdez;

Metodologias da

educação de surdos.

UNIDADE II Alfabeto digital e

soletração rítmica; parâmetros da LIBRAS

UNIDADE I

O que é Surdez?

UNIDADE III Estrutura frasal da LIBRAS; categorias gramaticais da LIBRAS; aspecto verbal;

advérbio de tempo e intensidade; adjetivo.

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Língua Brasileira de Sinais 15

METODOLOGIA DE TRABALHO

Nossa disciplina está dividida em três unidades, subdivididas em tópicos,

que abordam as diferentes visões a respeito da surdez, como também temas

que configuram a gramática da LIBRAS. Nos quesitos que exigem uma

visualização de como se faz em LIBRAS, sugerimos sites que vocês poderão

consultar e no momento presencial esclareceremos todas as dúvidas

referentes aos assuntos abordados. Nossa busca para esse aprendizado nos

exigirá pesquisa e contato, na medida do possível, com os falantes desta

língua. Se em sua cidade tiver uma comunidade surda, estabeleça contato para

aprimorar sua prática.

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16 Língua Brasileira de Sinais

AVALIAÇÃO

A Língua de Sinais é uma língua viso-espacial e não oral-auditiva como

a Língua Portuguesa. A avaliação dessa língua exige tanto a teoria quanto a

prática.

Levaremos em consideração os questionamentos realizados nos fóruns,

nos vídeos enviados e todo arsenal tecnológico disponível para

desenvolvermos o nosso aprendizado. A prática da LIBRAS será realizada nos

encontros presenciais, pois na avaliação prática da mesma consideraremos a

compreensão e o desempenho.

Lembre-se de procurar entrar em contato, na medida do possível, com

os surdos de sua cidade para aprimorar o seu desempenho!

Vamos colocar a mão na massa?

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Língua Brasileira de Sinais 17

UNIDADE I - O QUE É SER SURDO?

“Querem que sejam como os ouvintes, quando são surdos; querem que

falem uma língua oral, quando o seu principal canal não é o oral auditivo,

mas o visual; querem que se desenvolvam intelectualmente, mas não lhe

permitem desenvolver suas habilidades cognitivas naturais. Não lhes é

permitido “ser diferente” porque o diferente incomoda, foge à regra, é mais

difícil de ser manipulado” (BERNARDINO, 2000).

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18 Língua Brasileira de Sinais

Apresentação

A Unidade I da nossa disciplina tem como foco principal estabelecer a

diferença entre o enfoque clínico da surdez e a abordagem do ponto de vista

pedagógico de quem é o surdo; sua cultura e as metodologias educacionais

utilizadas em sua educação. Deste modo, os referidos temas estão em

subunidades:

a)- Subunidade I: Conceito e classificação do ponto de vista clínico;

b)- Subunidade II: Aspectos culturais da surdez; metodologias da

educação de surdos.

A razão pela qual abordamos este tema em subunidades se fundamenta

em nossa preocupação em deixar claro as diferenças que há nos dois pontos

de vista. Ao compreendê-los, facilitará o entendimento do que é ser surdo em

uma comunidade majoritariamente ouvinte.

Vamos começar?

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Língua Brasileira de Sinais 19

UNIDADE I – SUBUNIDADE I

Pensando a Condição do Sujeito Surdo

Afinal quem são os surdos?

São os “parias da sociedade” como denomina Bauman, ou

seja, os não normais em que na época do colonialismo,

considerados deficientes fora do padrão, eram jogados nos despenhadeiros por

representarem uma não valia à sociedade que se formava?

São os que possuem uma perda auditiva e que são usuários de LIBRAS

como determina a Lei 10.436?

Segundo pesquisas, a surdez pode ser classificada também em perda

auditiva que geralmente abrange quatro categorias, que são estas:

Surdez leve: é a perda de até quarenta decibéis, impedindo que o aluno

perceba igualmente todos os fonemas da palavra, além disso, a voz fraca ou

distante não é ouvida. Porém não impede a aquisição normal da linguagem,

mas poderá ser a causa de algum problema articulatório ou dificuldade na

leitura e/ou escrita. (BRASIL, 1998b, p. 54).

Surdez moderada: é a perda entre quarenta e setenta decibéis. Esses

limites se encontram no nível da percepção da palavra, sendo necessário uma

voz de certa intensidade para que seja convenientemente percebida. É

frequente o atraso de linguagem e as alterações articulatórias, havendo, em

alguns casos, maior dificuldade de discriminação auditiva em ambientes

ruidosos. Em geral, ele (o surdo) identifica as palavras mais significativas,

tendo dificuldades em compreender certos termos de relação e/ou frases

gramaticais complexas. Sua compreensão verbal está intimamente ligada à sua

aptidão para a percepção visual (BRASIL, 1998b, p. 54).

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20 Língua Brasileira de Sinais

Surdez severa: é a perda entre setenta e noventa decibéis, permitindo

que ele identifique alguns ruídos familiares e poderá perceber apenas a voz

forte, podendo chegar até quatro ou cinco anos de idade sem aprender a falar.

A compreensão verbal vai depender, em grande parte, de aptidão para utilizar

a percepção visual e para observar o contexto das situações (BRASIL, 1998b,

p. 54).

Surdez profunda: é a perda superior a noventa decibéis. A gravidade

dessa perda é tal, que o priva das informações auditivas necessárias para

perceber e identificar a voz humana, impedindo-o de adquirir naturalmente a

linguagem oral. As perturbações da função auditiva estão ligadas tanto à

estrutura acústica, quanto à identificação simbólica da linguagem. Um bebê

que nasce surdo balbucia como um de audição normal, mas suas emissões

começam a desaparecer à medida que não tem acesso à estimulação auditiva

externa, fator de máxima importância para a aquisição da linguagem oral.

Assim também, não adquire a fala como instrumento de comunicação, uma vez

que, não o percebendo, não se interessa por ela, e não tendo ‘feedback’

auditivo, não possui modelo para dirigir suas emissões. (BRASIL, 1998b, p.

54).

É na surdez severa ou profunda que o uso da LIBRAS se

faz imprescindível; desde a mais tenra idade, para que o

desenvolvimento da fala ocorra sem prejuízos para a

aprendizagem, ou seja, quanto mais cedo uma criança com

perda severa ou profunda tiver o uso a LIBRAS maior

chances de desenvolver-se com sucesso.

Como diz Gládis, uma pesquisadora surda, doutora, da Universidade

Federal de Santa Catarina (UFSC), “os surdos sobrevivem a uma forma de

incerteza constante. Uma narrativa captada ao acaso nos corredores de uma

um grupo que realmente investe na decisão de ser diferente”.

É nesta tentativa de transformar o anormal em normal, o deficiente em

diferente e desta forma reverter um jogo que o sistema instaurou, um jogo

inventado, produzido para selecionar que os surdos se organizam como grupo

e comunidade na conquista de seus direitos.

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Língua Brasileira de Sinais 21

A modernidade criou padrões de relação e com isso as relações de

alteridade ficaram uniformizadas desconsiderando e descartando os sujeitos

diferentes presentes nela. Porém, desde que a língua de sinais surgiu entre os

surdos, eles, cada vez mais, têm se organizado como grupo cultural, buscando

descobrir suas raízes, sua própria língua, sua maneira de ser e pensar o

mundo e as pessoas. “Saídos dos esconderijos, das sepulturas, liberados para

a cidadania do NÓS, estão em movimento.”

Estes pontos em comum unem a comunidade surda e os tornam

diferentes dos não-surdos. Fazendo com que busquem seu próprio espaço na

política, na participação social e nos direitos e deveres.

É assim que poderemos perceber que no decorrer da história, os

cadeados e ciladas que usurparam as diferenças dessas comunidades foram

tirados aqui e ali, no silêncio, sinal a sinal.

Graças a este esforço que hoje muitos podem ser percebidos segundo

Gládis, como “mártires destas jornadas pela diferença, poucos de nós

conseguimos pular para dentro do veículo do progresso e com afinco trazer

para as páginas de espaços acadêmicos novas posições, novos achados

científicos longe daquelas palavras que sustentam a farsa sobre nós e que

impõem a dita anormalidade”

Esta disciplina quer ser uma etapa significativa de descobertas não só

da LIBRAS, mas do sujeito surdo, como ele aprende, pensa, cria e desenvolve

sua concepção de mundo; como ele apreende e compreende o que o cerca, a

fim de que o nosso papel como educadores dentro da escola aconteça de

forma efetiva, significativa e com qualidade, contribuindo na formação destes

sujeitos para que se tornem verdadeiramente cidadãos e contribuam na

formação de outros surdos e profissionais educadores.

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22 Língua Brasileira de Sinais

Ao final deste item deve-se saber:

1- Quem é a pessoa surda;

2- A importância da LIBRAS para o surdo;

3- O surdo como diferente e não somente deficiente e

4- Diferentes graus de surdez.

História da Educação dos Surdos

A história da surdez perpassou ao longo da mesma no viés

da fatalidade, como se os surdos não fossem humanos. Na

idade antiga, considerados malditos, foram privados da

sua língua e de seus direitos. Naquela época, não era nem

considerada língua, mas linguagem.

Muitos filósofos concebiam a surdez de modo particular, dependendo da

época.

Na idade antiga, Heródoto, filósofo grego, já fazia referência à surdez,

quando citou que, Crises tinha um filho, provavelmente surdo e fez uma

correlação entre o fato dele ser “mudo” e sua inteligência, pois naquela época,

pelo fato de não falar, o surdo era considerado débil.

Outro filósofo da idade antiga que discorreu sobre a surdez foi

Hipócrates. Ele teve uma visão médica da mesma e a considerou como

deficiência e anomalia física. Essa teoria perdurou desde essa época até a

idade moderna. Nesta época ainda não se considerava língua de sinais como

meio de comunicação entre os surdos.

Platão, discípulo de Sócrates, foi o primeiro a considerar o uso dos

sinais, em um discurso contrário à visão clínica da época.

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Língua Brasileira de Sinais 23

Aristóteles relacionava a audição como o sentido intrínseco para o

desenvolvimento da inteligência. Ele considerava que para a cidadania ser

exercida se fazia necessário falar.

Os surdos tiveram que conviver com experiências invasivas em nome da

“cura” e da “normalidade”. Archigéne, médico sírio que vivia em Roma, quis

suscitar a audição emitindo sons intensos e tocando trompete na orelha de

seus pacientes. Tudo na tentativa de recuperar a audição.

Juridicamente, na época, havia um jurista romano chamado Ulpien que

colocava os surdos na categoria dos dementes e, pelo fato de não falarem,

lhes eram tirado o direito de decidir questões morais e não recebiam herança

da família. O jurista escreveu:

“Um surdo, um demente, um mudo e paralelamente

um pródigo a quem a lei tira o poder de gerir

seus bens, não podem fazer um testamento: o mudo porque não

pode falar para a designação formal do herdeiro;

o surdo porque não pode escutar as palavras do comprador herdeiro”

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24 Língua Brasileira de Sinais

Santo Agostinho encantou-se com uma experiência que teve com uma

surda em Milan, que com ajuda de sinais compreendia e fazia-se compreender

pelos demais. O mesmo citou o encantamento que lhe causava pela maneira

com a qual os surdos se comunicavam:

Jamais vi, como pessoas realizavam

uma espécie de conversa através de gestos

com os surdos e como aqueles, por meio

de seus gestos, interrogavam ou respondiam,

explicando ou indicando tudo o que eles

quisessem, ou ao menos a maior parte.

Assim, eles descreviam sem palavras

não somente as coisas visíveis,

mas também os sons, os gostos e outras

coisas do gênero”.

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Língua Brasileira de Sinais 25

A LINGUA DE SINAIS NA IDADE MODERNA

François Rabelais (1493-1553) defendia em seus escritos a língua de

sinais como língua materna dos surdos, contraditoriamente foi o primeiro a

defender o oralismo.

PONCE DE LÉON (1520-1584)

Monge beneditino, nascido em San Salvador, Omã, Espanha. Foi o

primeiro professor de surdo cujo trabalho serviu de base a outros na Educação.

Provou através da educação de filhos surdos de nobres, que estes eram

educáveis e ao contrário do que pensava Aristóteles, a dificuldade de

aprendizagem não estava associada a lesões cerebrais, que dizia possuir os

surdos.

RODRIGUES PEREIRA (1715-1780)

Fluente em língua dos sinais (LS), porém usada como recurso. Percebe

a existência da configuração de mão, mas não registra nada. Seu pensamento

em relação à pessoa surda era que através da fala o surdo poderia ser “trazido

para a família humana”.

Foi o criador do alfabeto manual.

ABBÉ L’EPÉE (1712- 1789)

Michel de L’Epée começa a ensinar aos surdos e reconhece a Língua

de Sinais como a base da comunicação entre eles, e assim, a efetivação da

comunicação entre surdos e ouvintes.

Lucina cita um trecho do livro de L’Epée, intitulado: “L’ Instituition dês

Sourds Muets par la voie dês Signes Méthodics”, 1776, part 1, cap. IV, p. 36

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26 Língua Brasileira de Sinais

“Todo surdo-mudo enviado a nós já tem uma linguagem. Ele tem o

hábito de usá-la e compreende os outros, que fazem com ela expressar suas

necessidades, desejos, dúvidas, dores, etc. e não erra quando os outros se

expressam da mesma forma”.

Ele teve a humildade de aprender a língua dos sinais (LS) com os

surdos e através disto colocou-os na categoria humana. Criou o INS em Paris e

criticou o uso isolado do alfabeto manual e de que a língua de sinais

expressava somente ideias concretas.

Fazia demonstrações públicas a filósofos, a educadores e a nobreza da

eficácia do aprendizado a partir da língua dos sinais (LS). Em uma de suas

demonstrações perguntou ao surdo:

L’Epée foi um dos primeiros a reconhecer e assumir publicamente a

importância da língua dos sinais (LS) para a comunidade surda.

JEAN MARC ITARD

Médico cirurgião, Jean seguiu o pensamento do filósofo Condillac, cujas

sensações eram a base do conhecimento humano e reconhecia a experiência

externa como fonte de conhecimento. Desta forma, a diferença passou a ser

vista como doença e deficiência e o surdo começou a ser ainda mais primitivo

do ponto de vista emocional e intelectual.

Realizou várias experiências com surdos para restituir a audição, por

exemplo: choques, dissecou cadáveres, colocava sanguessugas, furou a

membrana timpânica (um aluno morreu), aplicou sonda, dando origem a Sonda

O que é intenção? As respostas eram dadas por escrito pelos alunos.

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Língua Brasileira de Sinais 27

d’Itard, fraturou crânios e infeccionou pontos atrás das orelhas, tudo na

tentativa de devolver a audição, nada poderia ser feito a ouvidos mortos, já que

a audição inexistia para estas pessoas.

Nunca aprendeu a língua dos sinais (LS) e discutia com Massieu por escrito:

Itard: A surdez é uma doença, você não a escolheria, apesar de poder viver com ela.

Massieu: A pobreza é uma doença pela mesma lógica, de fato você poderia viver bem sem o som, da mesma forma como sem recursos, apenas se a sociedade não visse nenhuma desgraça ou ameaça nisto, apenas se ela desse acesso à educação às crianças surdas e às pobres e desta forma para serem o que podem ser.

Itard: mas a surdez se coloca no caminho da educação e admissão na sociedade.

Massieu: A não utlização dos Sinais foi o obstáculo à educação e sempre existiu uma sociedade surda. (LANE apud MOURA, 2000, p.26).

THOMAS GAULLAUDET E LAURENT CLERC ( 1787- 1851)

Gaullaudet foi para Inglaterra aprender com Braiwood, mas por conta de

interesse econômico não ensinou Gaullaudet, então partiu para França em

1816 no INS de Paris e foi instruído por Laurent Clerc, surdo educador no

Instituto, após, retornou junto com Clerc aos EUA onde fundou a 1ª escola

pra surdos em Hartford.

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28 Língua Brasileira de Sinais

ALEXANDRE G. BELL

Trabalhou com surdos na Escócia, mudou-se para os EUA em 1871,

sempre visando a oralização. Formado em Filosofia, acreditava na mudança

que a ciência provocaria na sociedade.

Para ele, surdez era defeito e se usasse a Língua dos Sinais (LS) o

surdo não seria capaz de interagir na sociedade (até hoje este argumento é

usado pelos defensores do oralismo), a formação de identidades deficientes

ficou forte. Ele se opunha às ideias de Gaullaudet e Laurent Clerc.

LINGUA DE SINAIS (LS) NA IDADE CONTEMPORÂNEA

ORALISMO - CONGRESSO DE MILÃO – 1880

Foi um acontecimento histórico, importante na defesa do oralismo e da

visão clínica em relação à surdez.

Augusto Zucchi (presidente da escola Real da Itália), retomou à época a

filosofia aristotélica cuja palavra era expressão da alma e dádiva divina.

Gaullaudet estava presente no Congresso, defendeu os sistemas

combinados e os surdos que usavam sinais, mas não foi escutado.

O Congresso determinou a seguinte resolução:

1- Dada a superioridade da fala sobre os sinais, o método de articulações deve ter preferência sobre os sinais. 2- O método oral puro deve ser proferido porque o uso simultâneo de

sinais e fala tem a desvantagem de prejudicar a fala, a leitura orofacial e a precisão de ideias.

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Língua Brasileira de Sinais 29

A partir deste acontecimento ficou o estigma da deficiência nas pessoas

surdas, a diferença evidente neles foi classificada como anormalidade.

Iniciou, desta forma, a época do oralismo, metodologia que objetivava

tornar o surdo igual negando sua diferença.

BIMODALISMO OU COMUNICAÇÃO TOTAL

Caracterizava-se pelo uso simultâneo de sinais e língua oral,

desconsiderando a gramática da língua de sinais e os aspectos culturais da

comunidade surda, não levando em conta a diferença da identidade surda e a

do ouvinte.

BILINGUISMO

Caracteriza-se como um movimento multicultural das minorias sociais

tais como: surdos, cegos, negros e índios. O bilinguismo considera e respeita a

língua de sinais com uma gramática que tem uma estrutura própria; outras

línguas que não sejam sinalizadas são consideradas como 2ª língua, o aspecto

cultural e de identidade surda são respeitados.

Sugerimos que você consulte o site:

< www.editora-arara-azul.com.br > entre em Estudos

Surdos I e leia o artigo: Educação de Surdos: uma

releitura da primeira escola pública em Paris e o Congresso

de Milão em 1880. Vilmar Silva. Leia, compare e poste na Biblioteca do Aluno

sua conclusão a respeito do assunto.

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30 Língua Brasileira de Sinais

ASPECTOS HISTÓRICOS NO BRASIL

O Brasil igualmente aos demais países aderiu à resolução do Congresso

de Milão e adotou o oralismo como metodologia para educar os surdos neste

país.

Em suas leis, adotou medidas que desconsiderava completamente o

surdo como responsável por si mesmo, reforçando a teoria vigente da época:

Artigo 451 - “Pronunciada a interdição do Surdo-mudo, o juiz assinará,

segundo o desenvolvimento mental do interdito, os limites da curatela (Oliveira,

1989, p. 85).

No Brasil, a primeira escola para surdos surgiu no Rio de Janeiro no ano

de 1856, no governo de D. Pedro II e foi fundada por Hernest Huet e

denominou-se Instituto de Educação de Surdos Mudos (INES). Nesta época, a

metodologia que se utilizava com os surdos era o Oralismo, metodologia esta

já utilizada em toda Europa e definida pelo Congresso de Milão em 1880 como

a mais adequada para a escolarização dos surdos. Esta escola atendia apenas

os meninos e era em regime de internato.

Foi então que em 1929 surge o Instituto Santa Teresinha (IST) em São

Paulo, capital, que começou a atender as surdas do estado e de outras regiões

do país. Esta escola também fez uso do Oralismo por muitos anos para educar

as surdas.

Lei n° 3.071 01/01/1916

Artigo 5° - São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: Menores de 16 anos

Loucos de todos os gêneros Surdos-mudos, que não puderam exprimir sua vontade IV- Os ausentes, declarados tais por ato do juiz (Oliveira, 1989,

p.9)

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Língua Brasileira de Sinais 31

Ao longo dos anos as Associações e Federação de surdos,

principalmente a FENEIS (Federação de Educação e Integração da Pessoa

Surda) lutou pelo reconhecimento da LIBRAS nas escolas de surdos e também

pela sociedade.

No Brasil a primeira filial da FENEIS foi fundada em 1977 por ouvintes

da área da surdez, que desejavam dar um suporte na educação dos surdos e

chamava-se FENEIDA (Federação Nacional de Educação e Integração dos

Deficientes Auditivos), mas nesta época os surdos não tinham uma

participação efetiva na Federação e as especificidades desta comunidade, de

sua língua e cultura eram esquecidas por falta de experiência e conhecimento

de quem estava à frente. Somente em 1987, com a realização de uma

Assembleia Geral, o nome foi modificado para FENEIS e houve uma

descentralização proporcionando a abertura de vários escritórios pelo país,

hoje são 11 filiais e também houve a reestruturação do estatuto e da diretoria

abrindo espaço para a participação dos surdos.

A FENEIS é uma organização filiada à Federação Mundial dos Surdos

(WFD) que tem sua sede na Finlândia e tem como objetivo garantir os direitos

culturais, sociais e linguísticos do surdo no mundo. Representa junto a outras

organizações mundiais como ONU (Organização das Nações Unidas),

UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a

Cultura), a OIT (Organização Internacional do Trabalho) e a CONADE

(Conselho Nacional de Direitos da Pessoa com Deficiência) um espaço para

assegurar os direitos e fomentar a cultura e jeito de ser dessa comunidade.

Em 2002, o Presidente da República sancionou uma lei que reconhecia

a LIBRAS como língua oficial da comunidade surda no Brasil, foi a lei 10.436.

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32 Língua Brasileira de Sinais

Art. 1º - É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais – Libras e outros recursos de expressão a ela associados. Parágrafo único - Entende-se como Língua Brasileira de Sinais – Libras a forma de comunicação e expressão, em que o sistema lingüístico de natureza visual - motora, com estrutura gramatical própria, constitui sistema lingüistico de transmissão de idéias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil .

Art5º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 24 de Abril de 2002; 181º da independência 114º da República.

Fernando Henrique Cardoso

Paulo Renato de Souza

Esta lei veio contribuir muito para a inserção cada vez maior da LIBRAS

nas escolas de surdos. O interesse por cursos de LIBRAS cresceu, os surdos

foram ganhando espaço profissional na sociedade, e os profissionais da

educação foram percebendo que a LIBRAS não deveria ser a língua recurso,

mas a língua de instrução na educação dos surdos.

Em 2005, o decreto de lei 5.626 reconhece a importância do

conhecimento da LIBRAS nos cursos de graduação de Pedagogia,

Fonoaudiologia e Letras, assim como a importância da formação dos

profissionais que atuarão como intérpretes e instrutores de LIBRAS.

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Língua Brasileira de Sinais 33

Ao final deste item o aluno deverá saber:

1- A visão clínica e antropológica da surdez

ocorridas no decorrer da história;

2- As metodologias utilizadas na educação dos

surdos;

3- A importância da LIBRAS;

4- As primeiras escolas no Brasil e

5- As leis que asseguram o surdo no uso da

LIBRAS no Brasil.

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34 Língua Brasileira de Sinais

UNIDADE I - SUBUNIDADE II

Cultura e Identidade Surda

Para entendermos a cultura e identidade surda é

importante que compreendamos o que significa cultura e

como ela contribui na formação da identidade.

A palavra cultura que hoje entendemos vem do conceito grego de

Paidéia, ou seja, conjunto de valores, religião, artes, língua que constituem o

povo. Para o homem grego tudo o que formava uma sociedade e a constituía

como grupo, como nação era chamada Paidéia.

Mas na modernidade a cultura foi estereotipada e a ciência fragmentada

e com isso das ideias, a cultura transformou-se em alta cultura x baixa cultura,

ou seja, que detém maior conhecimento é possuidor de uma alta cultura e

quem detém menos possui uma baixa cultura.

A modernidade baseou-se em três posicionamentos de sujeito que irá

influenciar direta ou indiretamente a constituição da identidade do homem e da

mulher de hoje.

A primeira concepção vem do empirismo onde o objeto deveria ser

determinado com precisão para ser reconhecido, do contrário não existiria.

A segunda concepção vem do idealismo onde o indivíduo é o foco, e a

terceira concepção vem do interacionismo que possui as características de

ambas concepções anteriores e dará origem ao sujeito do iluminismo onde o

ser está centrado na consciência/razão. Percebendo a construção e a evolução

da ideia de sujeito no decorrer da história é possível também delinearmos um

perfil de identidade que foi se constituindo.

A cultura nos ajuda a categorizar as pessoas, é a forma como as

pessoas fazem o sentido do mundo, dos conceitos, dos valores; é a forma

como representam suas diferenças determinando suas relações de alteridade,

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Língua Brasileira de Sinais 35

suas práticas sócias, unificando suas identidades e construindo a subjetividade;

desta forma criam estratégias comuns e um padrão moral de comportamento.

Por isso não é possível dizer que “é coisa de surdo”, pois para o surdo o

que tem significado para a constituição de sua existência tem sua dimensão

cultural, política, pois a cultura é parte constitutiva da política que impõe limites

culturais.

Segundo Wilcox “os valores culturais são algo compartilhado; os

membros precisam aprender, aceitar e compartilhar os valores do grupo antes

que eles possam ser considerados como parte dessa cultura. O mesmo ocorre

com a cultura surda” ( Wilcox, 2005, p.78).

Sabemos que os surdos possuem características linguísticas, cognitivas,

culturais e comunitárias específicas. Será na comunidade surda (onde a cultura

específica desta comunidade se manifesta) que as forças subjetivas irão atuar

e que por meio da linguagem expressarão juízos de valor, construirão arte,

gerarão as motivações quanto à forma de ser deste grupo. Desta forma:

“ cultura é o campo de produção de significados no qual os diferentes grupos sociais, situados em posições diferenciadas de poder, lutam pela imposição de seus significados. Cultura é onde se define não só a forma em que o mundo deve ter, mas também a forma como as pessoas e os grupos devem ser” (Silva apud Sá, 2006, p.134).

Segundo Chlarlotte Baker e Dennis Kokely existem quatro fatores

fundamentais que definem os membros da comunidade surda.

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36 Língua Brasileira de Sinais

Para fazer parte da comunidade surda é preciso estar dentro de uma

destas características, audiológica, política, linguística ou social, lembrando

que não é necessário que façamos parte de todas, apenas de uma delas.

Para entendermos melhor é interessante que leiamos o trecho abaixo

que pode ser encontrado no livro de Wilcox “ Aprender a ver” é um trecho da

peça representada em 1973, pelo Teatro Nacional do Surdo, intitulada, “ MEU

TERCEIRO OLHO”. Nele uma parte dos atores representa um grupo de

saltimbancos que parece entrar numa terra estranha, a terra dos ouvintes.

Várias pessoas estão no palco e ao lado uma jaula com pessoas ouvintes

dentro. A mestra de cerimônias dá um passo à frente.

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Língua Brasileira de Sinais 37

MEU TERCEIRO OLHO

MC- Eis o espetáculo! Olhem para vocês mesmos! O formato do corpo é o mesmo. Os membros são os mesmos. O

comportamento - ah...diferente! Você e eu usamos nossos olhos. (Os outros atores demonstram vários usos dos olhos para

comunicação) MC- Os olhos desta mulher são vazios, fracos. Você e eu

usamos nossas faces. (Novamente, os atores demonstram vários usos de suas faces para a comunicação)

MC- A dela é congelada, exceto a boca. Vocês perceberão que as bocas continuam a se mover no decorrer da apresentação. MC- Deixem os atores mostrar a vocês o que nós vimos.

( Uma mulher é vista falando no telefone. Embora nós possamos ver sua boca se movendo não conseguimos ouvir sua voz.)

MC- Vê o que acontece, não posso pará-la. ( Os atores aparecem, um a um, e tentam chamar a atenção

dela, falando com ela e balançando seu braço. De repente, um homem forte a agarra, virando-a totalmente de cabeça para baixo; não incomodada, ela continua falando no telefone.)

MC- Nesse mundo, nós vimos que, por não usarem suas mãos,

eles têm também medo

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38 Língua Brasileira de Sinais

Vamos fazer um exercício para tentar perceber as

diferenças, nesta cena, entre os surdos e os ouvintes.

Quais as características de um e de outro? O que

chama sua atenção nesta cena? Discuta com seus

colegas no Chat.

Ainda aprofundando sobre cultura e identidade surda,

Gládis nos apresenta seis tipos de identidade surda.

Características estas que se formam de acordo com a

vivência familiar, o acesso à comunidade surda, a

maneira do próprio surdo em reconhecer sua condição.

São elas:

1- Identidade POLÍTICA - está presente em surdos que possuem

uma vivência de participação na comunidade surda, lutando por seus

direitos.

a- Experiência visual determina as formas de comportamento.

b- Usam a LIBRAS.

c- Aceitam-se como surdos e comportam-se como tal.

d- Querem a presença do intérprete para intermediar a comunicação.

e- Assumem posição de resistência.

f- Buscam delinear sua identidade.

g- Tem dificuldade de entender a língua falada.

h- Estrutura escrita obedece a LIBRAS.

i- Participa de associações e federações.

j- Usam tecnologias diferenciadas.

k- Relaciona-se de forma diferente inclusive com os animais.

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Língua Brasileira de Sinais 39

2- Identidade surda HÍBRIDA - surdos que nasceram ouvintes e

depois perderam a audição.

a- Dependendo da idade da perda conhecem bem o português.

b- Fazem uso da oralização.

c- Usam as duas línguas para captar as mensagens.

d- Usam tecnologias diferenciadas.

e- Assimilam um pouco mais que os outros surdos.

f- A escrita obedece o sinal e pode igualar-se ao português com

reservas.

g- Participam das associações e federações.

h- Aceitam-se como surdos.

i- Têm forma diferenciada de relação inclusive com os animais.

3- Identidade surda FLUTUANTE - são surdos que não têm contato

com a comunidade surda.

a- Seguem costumes ouvintes.

b- Dependem do mundo ouvinte e colocam-se acima dos surdos.

c- Não participam das associações.

d- Rejeitam a LIBRAS e o intérprete.

e- Orgulho de saber falar corretamente.

f- Resistência no uso da Língua de Sinais.

g- Não se identificam como surdos, mas sentem-se inferiores aos

ouvintes.

h- São vítimas de preconceitos e da ideologia oralista.

i- Quer ouçam ou não persistem em usar aparelho e não usam

tecnologias de surdos.

4- Identidades surdas EMBAÇADAS - outra representação que

encontramos em pessoas que desconhecem a surdez como questão

cultural.

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40 Língua Brasileira de Sinais

a- Não compreendem a fala ou sua própria identidade.

b- Não sabem LIBRAS.

c- São vistos como incapacitados.

d- Ouvintes determinam sua forma de comportar-se e de aprendizagem.

e- Alguns são aprisionados nas famílias.

f- Não têm autonomia.

g- As famílias são desinformadas sobre surdez.

h- Vêem os surdos como deficientes ou retardados mentais.

5- Identidades surdas de DIÁSPORA - estão presentes em surdos

que viajam muito ou de um grupo de surdo para outro.

6- Identidades INTERMEDIÀRIAS - são surdos onde a mensagem

não entra totalmente pelo visual.

a- Apresentam perda auditiva.

b- Vida de ouvinte.

c- Usam aparelho de audição.

d- Treinam a fala.

e- Buscam amplificação do som.

f- Não são a favor dos intérpretes.

g- Consideram os surdos menos dotados e não entendem a

necessidade da LIBRAS.

h- Oscilam entre o mundo surdo e ouvinte e por isso possuem

dificuldade de encontrar-se enquanto identidade.

Estas diferenças precisam ser respeitadas, um surdo pode durante a sua

vida oscilar entre essas identidades por conta de sua condição familiar,

vivência e aprendizagem, acesso à Língua de Sinais ou não. Enfim, vários

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Língua Brasileira de Sinais 41

fatores que deverão conduzi-lo também a um padrão de comportamento e ao

engajamento na comunidade surda ou à sua rejeição.

Ao final deste item o aluno deverá:

1- Conhecer as identidades surdas;

2- Perceber o que caracteriza a cultura surda e

3- Conhecer o que é uma comunidade surda e as

características que formam os tipos de identidade dessa

comunidade.

Esperamos que você tenha conseguido uma

compreensão satisfatória sobre a identidade e a cultura

surda, e após refletir sobre as questões acima, sugerimos

um Fórum para troca de informações sobre o que você

entendeu desse universo.

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42 Língua Brasileira de Sinais

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Língua Brasileira de Sinais 43

UNIDADE II – SUBUNIDADE I

A Diferença entre Alfabeto Manual e Soletração Rítmica

As línguas de sinais têm características próprias e por isso

existem sistemas de convenções para escrevê-las, mas

como geralmente exigem um período de estudo para

serem aprendidos, utilizaremos em nosso estudo um “Sistema de notação de

palavras”.

Este sistema, que vem sendo adotado por pesquisadores de línguas de

sinais em outros países e aqui no Brasil, tem este nome porque as palavras de

uma língua oral-auditiva são utilizadas para representar aproximadamente os

sinais.

Assim, em nosso estudo, a LIBRAS será representada a partir das

seguintes convenções:

1- Os sinais da LIBRAS, para efeito de simplificação,serão

representados por itens lexicais da Língua Portuguesa (LP): letras

maiúsculas.

Exemplos: CASA, ESTUDAR, CRIANÇA.

2- Um sinal que é traduzido por duas ou mais palavras em língua

portuguesa, será representado pelas palavras correspondentes

separadas por hífen.

Exemplos: CORTAR-COM-FACA “cortar”, QUERER-NÃO “não querer”, MEIO-DIA “meio-dia”, AINDA-NÃO “ainda não”.

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44 Língua Brasileira de Sinais

3- Um sinal composto, formado por dois ou mais sinais, que será

representado por duas ou mais palavras, mas com a ideia de uma única

coisa, serão separados pelo símbolo ^ . 4- A datilologia (alfabeto manual), que é usada para expressar nome

de pessoas, de localidades e outras palavras que não possuem um

sinal, está representada pela palavra separada letra por letra, através do

hífen.

Exemplos: J-O-Ã-O, A-N-E-S-T-E-S-I-A;

5- O sinal soletrado, ou seja, uma palavra da língua portuguesa que,

por empréstimo, passou a pertencer à LIBRAS por ser expressa pelo

alfabeto com uma incorporação de movimento próprio desta língua, está

sendo representado pela soletração. Ou parte da soletração do sinal em

itálico.

Exemplos: R-S “reais”, A-C-H-O, N-U-N-C-A, C-H-O-P-P;

6- Na LIBRAS não há desinências para gênero (masculino e

feminino). O sinal, representado por palavra da língua portuguesa que

possui marca de gênero, está terminado com o símbolo @ para reforçar

a ideia de ausência e não haver confusão.

Exemplos: AMIG@ ” amigo ou amiga”, FRI@ “frio ou fria”, MUIT@ “muito ou muita”, TOD@ “toda ou todo”, El@ ”ela ou ele”, ME@ “minha ou meu”;

7- Os traços não-manuais: as expressões facial e corporal, que são

feitas simultaneamente com um sinal, estão representadas acima do

sinal ao qual está acrescentando alguma ideia, que pode ser em relação

ao:

Tipo de frase: interrogativa (i), negativa (neg).

Para simplificação, serão utilizados, para a representação de frases nas formas

exclamativas e interrogativas, os sinais de pontuação utilizados na escrita das

línguas orais-auditivas, ou seja: !, ? e ?!

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Língua Brasileira de Sinais 45

8- As pessoas gramaticais estão representadas pelo numeral e letra

correspondente:

Exemplos: 1s, 2s, 3s = 1ª, 2ª, 3ª pessoas do singular;

1d, 2d , 3d = 1a, 2a, 3a pessoas do dual;

1p, 2p, 3p = 1ª, 2ª, 3ª pessoas do plural;

Exemplos: 1s DAR 2s ”eu dou para você”

9- Na LIBRAS não há desinência que indique plural. Às vezes há

uma marca de plural pela repetição do sinal ou alongamento do

movimento. Esta marca será representada por uma cruz no lado direito

acima do sinal que está sendo repetido:

Estas convenções foram utilizadas para poder representar, linearmente,

uma língua viso-espacial, que é tridimensional.

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46 Língua Brasileira de Sinais

UNIDADE II - SUBUNIDADE II

Configuração de mão Ponto de articulação Movimento Orientação

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Língua Brasileira de Sinais 47

Configuração da mão (CM): é a forma que a mão assume durante a

realização de um sinal. Pelas pesquisas linguísticas, foi comprovado que na

LIBRAS existem 43 configurações das mãos (Quadro I), sendo que o alfabeto

manual utiliza apenas 26 destas para representar as letras.

Exemplo.:

CM [S]

Ponto de articulação (PA): é o lugar do corpo onde será realizado o

sinal.

Exemplo:

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48 Língua Brasileira de Sinais

Movimento (M): é o deslocamento da mão no espaço durante a

realização do sinal.

Exemplo:

Orientação/direcionalidade: os sinais têm uma direcionalidade com

relação aos parâmetros acima. Assim, os verbos IR e VIR se opõem em

relação à direcionalidade, como os verbos SUBIR e DESCER, ACENDER e

APAGAR, ABRIR-PORTA e FECHAR-PORTA.

Exemplo:

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Língua Brasileira de Sinais 49

Expressão facial e/ou corporal: muitos sinais, além dos quatro

parâmetros mencionados acima, em sua configuração, têm como traço

diferenciador também a expressão facial e/ou corporal, como os sinais

ALEGRE e TRISTE. Há sinais feitos somente com a bochecha, como

LADRÃO, ATO-SEXUAL; sinais feitos com a mão e expressão facial, como o

sinal BALA, e há ainda outros sinais.

Fonte: LIBRAS em contexto (FENEIS)

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50 Língua Brasileira de Sinais

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Língua Brasileira de Sinais 51

UNIDADE III – SUBUNIDADE I

Estrutura Frasal e Categorias Gramaticais da LIBRAS

A LIBRAS é dotada de uma gramática constituída a partir

de elementos constitutivos das palavras ou itens lexicais e

de um léxico (o conjunto das palavras da língua), que se

estruturam a partir de mecanismos morfológicos, sintáticos e semânticos que

apresentam especificidade, mas seguem também princípios básicos gerais.

Estes são usados na geração de estruturas linguísticas de forma produtiva,

possibilitando a produção de um número finito de regras. É dotada também de

componentes pragmáticos convencionais, pragmáticos que permitem a

geração de implícitos sentidos metafóricos, ironias e outros significados não

literais. Estes princípios regem também o uso adequado das estruturas

linguísticas da LIBRAS, isto é, permitem aos seus usuários usar estruturas nos

diferentes contextos que se lhes apresentam, de forma a corresponder as

diversas funções linguísticas que emergem da interação do dia a dia e dos

outros tipos de uso da língua.1

FORMAÇÃO DE ITENS LEXICAIS OU SINAIS A PARTIR DE MORFEMAS

MORFEMAS LEXICAIS E MORFEMAS GRAMATICAIS:

Em português, as palavras são constituídas por morfemas que têm sua

origem no morfema lexical, como por exemplo: bala, possível. Podemos passar

a palavra bala para o plural acrescentando o s, desta forma teremos o morfema

1 Definição copilada do livro: Programa de Capacitação de Recursos Humanos do

Ensino Fundamental- Língua Brasileira de Sinais – Volume III, organizado por Lucinda Ferreira

Brito.

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gramatical, assim como podemos acrescentar o prefixo im na palavra possível

e teremos um morfema gramatical de negação. Em LIBRAS, nem sempre os

morfemas que formam as palavras são equivalentes aos do português.

Os morfemas da LIBRAS podem ser ilustrados da seguinte maneira:

SENTAR - movimento repetido.

BONITO - expressão facial ~~ (marca de grau aumentativo).

POSSÍVEL - movimento inverso das mãos (negação): IMPOSSÍVEL

PODER/POSSÍVEL NÃO-PODE IMPOSSÍVEL

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Língua Brasileira de Sinais 53

UNIDADE III – SUBUNIDADE II

Aspecto Verbal da LIBRAS

A LIBRAS, assim como várias línguas orais e de sinais,

modula o movimento dos sinais para distinguir entre os

aspectos pontual, continuativo ou durativo e iterativo.

O aspecto pontual se caracteriza por se referir a uma ação ou evento

ocorrido e terminado em algum ponto bem definido no passado. Em português,

quando dizemos “ele falou na televisão ontem”, sabemos que a ação de falar

se deu no passado, em um período de tempo determinado, “ontem”. Em

LIBRAS, temos um sinal FALAR para um contexto linguístico similar. Por

exemplo, ELE FALAR VOCÊ ONTEM (=ele falou com você ontem). Entretanto,

temos também o sinal FALAR-SEM-PARAR que se refere a uma ação que tem

uma continuidade no tempo como no exemplo ELE FALAR-SEM-PARAR AULA

(=ele falou sem parar durante a aula). Vejam estes dois sinais:

O mesmo ocorre com o verbo OLHAR, que pode sofrer alteração em um

ou mais de seus parâmetros e, então, denotar aspecto durativo. Os sinais

ilustrados abaixo poderiam aparecer em contextos linguísticos como os que se

seguem:

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OLHAR ( Aspecto pontual)

OLHAR (Aspecto durativo)

O verbo VIAJAR com valor de aspecto pontual, abaixo, poderia ser

utilizado em sentenças como PAULO VIAJAR BRASÍLIA ONTEM, enquanto

que o sinal verbal com valor iterativo apareceria em sentenças do tipo PAULO

VIAJAR- MUITAS-VEZES. O aspecto iterativo refere-se à ação ou o evento que

se dá repetidas vezes. Vejamos os sinais abaixo:

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Língua Brasileira de Sinais 55

Esse tipo de afixação que encontramos na LIBRAS, através da alteração

do movimento, da configuração de mão e/ou do ponto de articulação do verbo,

que seria considerado raiz ou radical, não é encontrado em português.

Itens Lexicais para Tempo e Marca de Tempo

A LIBRAS não tem em suas formas verbais a marca de

tempo como o português. Como vimos, essas formas

podem se modular para aspecto. Algumas delas também

se flexionam para número e pessoa. Dessa forma, quando o verbo refere-se a

um tempo passado, futuro ou presente, o que vai marcar o tempo da ação ou

do evento serão itens lexicais ou sinais adverbiais como ONTEM, AMANHÃ,

HOJE, SEMANA-PASSADA, SEMANA-QUE-VEM. Com isso, não há risco de

ambiguidade porque se sabe que se o que está sendo narrado iniciou-se com

uma marca no passado, enquanto não aparecer outro item ou sinal para

marcar outro tempo, tudo será interpretado como tendo ocorrido no passado.

Os sinais que veiculam conceito temporal, em geral, vêm seguidos de

uma marca de passado, futuro ou presente da seguinte forma: Movimento para

trás, para o passado; Movimento para frente, para o futuro; e Movimento no

plano do corpo, para presente. Alguns desses sinais, entretanto, incorporam

essa marca de tempo não requerendo, pois, uma marca isolada como é o caso

dos sinais ONTEM e ANTEONTEM ilustrados a seguir:

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56 Língua Brasileira de Sinais

Outros sinais, como ANO, requerem o acompanhamento de um sinal de

futuro ou de presente, mas quando se trata de passado, ele sofre uma

alteração na direção do movimento de para frente para trás e, por si só já

significa ‘ano passado’. Os sinais de ANO e ANO-PASSADO podem ser

observados nas ilustrações que se seguem:

Quantificação e Intensidade:

A quantificação é obtida em LIBRAS através do uso de

quantificadores como MUITO, mas incorporar a

quantificação, prescinde pois, o uso desse tipo de palavras.

Assim, podemos observar nos exemplos com o verbo OLHAR, acima ilustrado,

que o olhar pontual é realizado com apenas um dedo estendido enquanto que

os outros dois sinais são realizados com as mãos abertas, ou seja, com os

dedos estendidos. Dessa forma, esse tipo de alteração do parâmentro

Configuração de Mão iconicamente representa uma maior intensidade na ação

(FICAR-OLHANDO-LONGAMENTE) ou um maior número de referentes

sujeitos (TODOS-FICAR-OLHANDO). Essa mudança de configuração de

mãos, aumentando-se o número de dedos estendidos para significar uma

quantidade maior pode ser ilustrada pelos sinais UMA-VEZ, DUAS-VEZES,

TRÊS-VEZES:

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Língua Brasileira de Sinais 57

Às vezes, alongando-se o movimento dos sinais e imprimindo-se a ele

um ritmo mais acelerado, obtem-se uma maior intensidade ou quantidade. Isto

é o que ocorre com os sinais FALAR e FALAR-SEM-PARAR, exemplificados

acima, e com os sinais LONGE e MUITO-LONGE, ilustrados abaixo:

Como se pode observar, os mecanismos espaciais utilizados pela

LIBRAS para obter significados e efeitos de sentido distinguem-se daqueles

utilizados pela Língua Portuguesa. Nesta, as formas ou marcas são muito mais

arbitrárias e se apresentam em forma de segmentos sequencialmente

acrescentados ao item ou palavra modificada. Em LIBRAS, ocorre com muita

frequência uma mudança interna, isto é, uma alteração no interior da própria

palavra.

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58 Língua Brasileira de Sinais

Para o aprendizado da LIBRAS se concretizar de maneira

efetiva, se faz necessário o contato com um surdo adulto

usuário de LIBRAS e o exercício constante desta língua.

Em nossos encontros presenciais teremos oportunidade de

esclarecer e praticar o que aprendemos nesta unidade.

Sugerimos para uma leitura complementar os livros:

SACKS, O. Vendo Vozes. Rio de Janeiro: Imago,

1990.

Este livro aborda toda a história do Surdo e a criação da única

Universidade do mundo para Surdos.

SOUZA, R. M. Que Palavra que te falta? São Paulo: Editora Martins

Fontes. 1998.

Esta obra é escrita em tom poético e faz uma relação improvável entre

Backtin e Focault e questiona o que falta a nós ou aos surdos para aceitarmos

as diferenças.

Será interessante você assistir ao filme Os Filhos do

Silêncio, que mostra com clareza o mundo do surdo com

todas as suas dificuldades em pertencer e compreender o

nosso mundo tão sonoro e cheio de palavras que muitas

vezes não dizem nada, bastando apenas um SINAL.

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Língua Brasileira de Sinais 59

A internet é o melhor recurso para você exercitar a

LIBRAS, pois, por ser visual e ter em sua gramática

movimento, no vídeo, você poderá experimentar e praticar

o que leu quando abordamos a gramática de LIBRAS.

Entre no site: www.libras.com.br

Para lições de LIBRAS: www.youtube.com.br; lição de libras; frases;

diálogos.

Para conhecer a cultura surda: www.surdosol.com.br

Enfim, mais uma etapa vencida! Até nosso próximo encontro!

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60 Língua Brasileira de Sinais

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Língua Brasileira de Sinais 61

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BERNARDINO, E. L. Absurdo ou lógica?: a produção linguística do

surdo. Belo Horizonte: Editora Profetizando Vida, 2000.

BRASIL. Secretaria de Educação Especial. Língua Brasileira de Sinais. Brasília:SEESP, 1998.

FOURGONT, F. Historia da pedagogia dos surdos: Curso de

Preparação para Professores do Instituto Nacional de Surdos de Paris. 1957.

MOURA, M. C. de , O surdo: caminhos para uma nova identidade, Rio

de Janeiro: Ed. Revinter, 2000.

REALI, G. História da filosofia. São Paulo: Ed. Paulus, 1990. v. 3

SÀ, N. R. L. de. Cultura, poder e educação dos surdos. São Paulo:

Paulinas, 2006.

SACKS, O. Vendo Vozes. Rio de Janeiro: Imago, 1990.

SOUZA, R. M. Que Palavra que te falta? São Paulo: Editora Martins

Fontes. 1998.

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62 Língua Brasileira de Sinais

WILCOX, S.; WILCOX, P. Aprender a ver. Tradução por Tarcísio Leite.

Rio de Janeiro: Arara Azul, 2005.

SITES:

• www.feneis.org.br

• www.insitutosantateresinha.org.br

• www.ines.org.br

• http://media.photobucket.com

• www.arara-azul.org.br

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Língua Brasileira de Sinais 63

FICHA TÉCNICA

UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL – UNIR

Coordenação de Desenvolvimento de Material Didático, Impressos e Hipermídia: Maria do Socorro Beltrão Macieira

Coordenação de Arte Final: Mirocem Beltrão Macieira

Designer Educacional: Maria do Socorro Beltrão Macieira

Designer Editorial: Maico Krause

Webdesigner: Marco Aurélio Dausen

Produção e edição audiovisual: Alexandre Souza Roque de Lima

Revisão Ortográfica:

– Nair Ferreira Gurgel do Amaral

– Valdir Vegini

– Iara Maria Telles

– Lou-Ann Kleppa

– Geane Valesca da Cunha Klein

Revisão EAD-UAB:

- Erislene Lacerda

- Giovani Mendonça Lunardi

Revisão de Métodos e Técnicas Científicas: Perpétua Emília Pereira

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