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Capítulo I
LeI de Introdução às normasde dIreIto BrasILeIro (LIndB)
Sumário • 1. Noõe Introdtória – 2. Viência: 2.1. Modificao da lei;2.2. Princípio da continidade o permanência da norma; 2.3. Repritinao(§ 3º do art. 2º, LINDB) – 3. Obriatoriedade da Norma (art. 3º da LINDB)– 4. Interao Normativa (art. 4º, LINDB): 4.1. Analoia; 4.2. Cotme; 4.3.Princípio erai do direito – 5. Interpretao da Norma (art. 5º, LINDB) – 6.Aplicao da Lei no Tempo (art. 6º, LINDB) – 7. Eficácia da Lei no Epao(Direito Internacional Privado).
1. noções IntrodutórIas
A chamada Lei de Introdução ao Código Civil (LICC) soreu recente modi-cação em sua ementa, através da Lei nº 12.376, de 30 de deembro de 2010,passando a se chamar de Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro(LINDB). A mudança veio em boa hora, ao passo que consiste em jí-ic ô, aplicável sobre todo o ordenamento jurídico, e não apenas aoDireito Civil.
A reerida lei encontra assentamento legal no dc-Li º 4657/42, com19 (deenove) artigos, e nas Li Cl º 95/98 e 107/2001. Serve, emverdade, para regular a elaboração e aplicação das normas de todo sistemalegal. Estruturalmente a Lei de Introdução divide-se em:
> Art. 1º e 2º – Vigência das normas;> Art. 3º – Obrigatoriedade geral e abstrata das normas;
> Art. 4º – Integração normativa;
> Art. 5º Interpretação das normas;
> Art. 6º – Aplicação da norma no tempo (Direito Intertemporal);
> Art. 7º e seguintes – Aplicação da lei no espaço (Direito Espacial);
Objetivando conerir uma visão didática e apta a habilitar os candidatos
a sonhada aprovação no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB),passa-se a análise dos elementos estruturais.
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2. VIgênCIa
A l da norma, somada à sua consequente blic, gera xi-
ci vli do texto legal. Todavia, tais atos (promulgação e publicação)não são capaes de, necessariamente, operar a vici.
Tradu à vli da norma o estado de consonância desta com o sistema jurídico, seja na perspectiva il l. Uma norma para ser conside-rada válida deverá guardar plena harmonia com as disposições da Constitui-ção Federal de 1988, bem como com as leis inraconstitucionais (perspectivamaterial ou validade material), tendo sido elaborada de acordo com o devidoprocesso legislativo (perspectiva ormal ou validade ormal).
Deste modo, uma emenda constitucional não poderá ser criada sem a
aprovação de 3/5 (três quintos) do Congresso Nacional, com votação em doisturnos, nos termos do artigo 60, § 2º da Constituição Federal. Trata-se de crité-rio ormal – devido processo legislativo. Demais disto, não pode ir de encontroà principiologia constitucional (critério material).
A vericação da validade normativa, como dito alhures, não gera, neces-sariamente, à sua ecácia (vigência/coercibilidade). A regra geral é que haja,entre a publicação (existência e validade) e a vigência (ecácia/coercibilidade)normativa, um intervalo de tempo no qual a norma existe, é válida, mas aindanão produ eeitos (está hibernando). Tal intervalo de tempo é denominado
de vacatio legis, sendo, em regra, de 45 q cic i ii -cil 3 ii i (art. 1º LINDB).
► Como oI CoBrado na proVa da gV?
(SEFAz/MS/Agente/2006 – Adaptada) Com base na LINDB, assinale a alternativaincorreta.
e) Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade de lei brasileira, quando admiti-da, se inicia 2 (dois) meses depois de ocialmente publicada.
Gabarito: O item oi está errado.
Tal lapso de tempo objetiva gerar o conhecimento da norma, a qual iráobrigar a todos. Justo por isso, q c lib-, pelo legislador, da vacatio. Outrossim, o prao aqui enunciado é uma re-gra geral, pois é ívl q ci (autodeclare) prao diverso, comoo e o Código Civil, o qual teve vacatio de 1 (um) ano (art. 2.044 do CC).
Interessante observar que o artigo 8º, §1º, da Lei Complementar 95/98 es-tabelece regra dierenciada para sua orma de contagem, com a inclusão dadata da publicação e do último dia do prao, entrando em vigor no dia subse-qüente à sua consumação integral. Destarte, a contagem do prao de vacatio
legis é realiada de orma diversa da prevista no artigo 132 do Código Civil de2002, em que é “excluído o dia do começo, e incluído o do vencimento” .
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Para ácil visualiação:
VOCATIO LEGIS
PROMULGAÇÃO(Existcia +Validade)
PUbLICAÇÃO VIGênCIA(Efcácia)
2.1. miic li
A modicação da lei deverá seguir, essencialmente, duas regras, ampla-mente cobradas nos certames da OAB, quais sejam:
• Aifc de li j vi somente poderá ocorrer por meio de li v,
conorme § 4º, do artigo 1º, da LINDB, havendo novo prao de vacatio; • A modicação de li q j vacatio legis deve acontecer através
v blic de seu texto , sendo conerido v z vacatio.
► Como o tema oI CoBrado em proVa gV?
(Besc/SC/Advogado/2004) Alterada uma lei, durante o prao de vacatio legis dalei nova aplica-se:
a) a lei nova.
b) a lei antiga.
c) a lei que o magistrado entender, segundo seu livre arbítrio, que deva ser apli-cada.
d) o Código Civil.
e) a lei mais benéca.
Resp.:
2.2. picíi cii ci
Se a lei superou a vacatio e entrou em vigor, em regra se submete ao i-
cíi cii ci, leia-se: c vi é q , , vh v-l.
A revogação pode ser classicada:
• Quanto à extensão:
ab-r – revogação total, a exemplo da realiada pelo CC/2002 emrelação ao CC/16;
b d – revogação parcial, a exemplo da realiada pelo CC/2002 àprimeira parte do Código Comercial.
Registre-se que é inadmissível a revogação de leis pelos usos e costumes.A revogação de lei será sempre por outra lei.
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• Quanto à orma:
ex – Deve ser a regra, na dicção do art. 9º da Lei Complementar95/98, pois ocasiona segurança jurídica.
b tci – Decorre de icibili ou q v l li i, c cli. Arma a doutrina que essa re-vogação tácita pode ser dar com ulcro no ciéi hiqic (normasuperior revoga norma inerior), clic (norma mais nova revoga amais antiga) e cil (norma especíca revoga norma geral tratandodo mesmo tema).
tvi, fq : a li v, q bl ii i -cii j xi, v ifc li i . 2º, § 2º,
LIndB.
► Como oI CoBrado em proVa da gV?
(SEFAz/MS/Fiscal/2006) A lei geral posterior que cria disposição geral:
a) Ab-roga a lei especial.
b) Depende, para entrar em vigor, que a lei especial seja revogada.
c) Altera a lei especial, mas sem revogá-la.
d) Não revoga nem modica a lei especial em vigor.
e) Revoga a lei especial.
Resp.: D
2.3. rii § 3º . 2º, LIndB
Repristinação é a restauração da norma, o seu renascimento. No Brasil, é xccil, demandando ii iv x.
A casuística, em regra, cobrada na prova é a seguinte: A Lei “A” está emvigor e é revogada pelo advento da Lei “B”, a qual é revogada pela lei “C”.Pergunta-se: a revogação da Lei “B” pela Lei “C” repristina (retoma) os eeitos
da Lei “A”?REVOGAÇÃO REVOGAÇÃO
Testameto “A”2006
Revogada
Testameto“b”
2008Revogada
Testameto “C”2010
não repristia “A”,salvo disposiçãoexpressa em “C”.
A resposta é negativa.
Mas atente que iiiv lv hi x ii ci v ll, li-: Li “C”.
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Uma clara exceção à regra geral da repristinação apenas por determinaçãoexpressa, já cobrada em certame da OAB, está prevista no artigo 27 da Lei nº9.868/99 (Lei que regula o Controle Direto de Constitucionalidade), ao viabili-
ar uma ii vi oblíq/Ii, como eeito anexo da decisão quereconhece a inconstitucionalidade normativa. Por exemplo, a Lei “A” é revoga-da pela Lei “B”. A Lei “B” oi declarada inconstitucional em sede de Ação Diretade Inconstitucionalidade. Nesta hipótese, como a Lei “B” é nula, com decisãode ecácia, em regra, ex-tunc (retroativa), é como se a Lei B nunca tivesse re-vogado a Lei “A”, existindo, por consequência, eeito repristinatório.
No entanto, é preciso ressalvar que esta hipótese só é possível no controlede constitucionalidade concentrado, cando inviável no controle diuso, quenão contempla eeito erga omnes, mas somente inter partes.
Igualmente, apenas é possível se no aludido controle a decisão possui e-cácia retroativa, não sendo aplicado em casos nos quais o STF modula os eei-tos decisórios, através da maioria de 2/3 (dois terços) dos seus membros, como escopo de assegurar segurança jurídica ou excepcional interesse social (videart. 27 da Lei 9.868/99).
3. oBrIgatorIedade das normas (art. 3º da LIndB)A ninguém é dado alegar o desconhecimento da lei para deixar de cum-
pri-la.
Este entendimento decorre do picíi obii, que, ,íb a alegação do ii. Para o Direito, há uma presunção no senti-do de que o conhecimento da lei decorre de sua publicação. Justamente aquise insere a já mencionada importância da vacatio legis para maior divulgaçãodo novel diploma.
A LINDB acolheu o i bii ilâ vici icô-ic, obrigando a norma, simultaneamente, em todo o território nacional. Talsistema é diverso do anterior, o qual pregava uma obrigatoriedade gradativaou progressiva, quando a norma, primeiro entrava em vigor no Distrito Fede-ral, depois nos estados litorâneos e, por último, nos demais estados.
Indaga-se: a presunção de conhecimento das leis é absoluta?
Não, pois o próprio ordenamento convive com hipóteses nas quais o errode direito (são hipóteses especícas isoladas) é tolerado. Assim, não se podealegar desconhecimento da lei, a não ser em casos excepcionais. No direitocivil, oco do estudo, cita-se ilustrativamente: o casamento putativo (art. 1.561,CC) e o instituto do erro ou ignorância como vício de vontade (deeito do ne-gócio jurídico), regra do artigo 139, inciso III, do Código Civil.
4. Integração normatIVa (art. 4º, LIndB)
Integrar é preencher lacunas, consistindo em uma ivi cl.Decorre das seguintes premissas:
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a) O legislador não tem como abarcar todos os tipos de confitos possíveisem uma sociedade, havendo lacunas aparentes.
b) É vedado ao magistrado deixar de julgar a lide alegando lacuna ouqualquer outra justicativa (vedação ao no liquet – art. 126 do CPC).
Nesta linha, se lacunas legislativas existem, e o ao jui é vedado deixar dedecidir, torna-se necessária a existência de um mecanismo de integração danorma para o preenchimento de eventuais lacunas. Aqui se insere o art. 4º daLINDB, utiliando-se da li, dos c e dos icíi i ii.
E a qi?
Não está noticiado expressamente na Lei de Introdução. Todavia, o art.127 do CPC iz o seu uso, sempre que houver iiv ll x.
Cita-se como exemplo:• Art. 20, §§ 3º e 4º do CPC – Fixação de honorários advocatícios nas causas
que não possuem valor econômico expresso (pedido não comporte apre-ciação econômica), pode o jui valer-se da equidade – ex: ação de guarda.
• Art. 413 do CC/02 – A cláusula penal abusiva pode ser reduida pelo ma-gistrado equitativamente.
• Art. 944, parágrao único, do CC – Possibilita ao jui diminuir o quantum indeniatório decorrente da responsabilidade civil quando houver desni-velamento entre o grau de culpa e a extensão do dano – culpa mínimae dano máximo. Consiste em exceção ao princípio da reparação integralconorme pontua o Enunciado 46 do Conselho da Justiça Federal.
• Art. 1.109 do CPC – Autoria o magistrado utiliar da equidade nos proce-dimentos de jurisdição graciosa, aastando-se da legalidade estrita.
4.1. ali
Consiste na integração através da comparação com uma regra legal jáexistente, anal de contas, onde há a mesma razão, aplica-se o mesmo direito
(ubi eadem ratio ibi idem ius).Hipóteses de analogia:
I Li – quando o jui compara com uma situação prevista em lei especí-ca.
II I – quando compara com uma situação trabalhada dentro do siste-ma como todo (situação genérica admitida pelo sistema), utiliando, porexemplo, princípios gerais do direito.
Ex: União homoaetiva. Não há lei regulamentando essa união. Em ace
da ausência normativa, o Jui não pode se eximir de julgar, abrindo-se duasalternativas:
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(i) Compara e aplica os preceitos da legislação da união estável – analo-gia legis;
(ii) Compara e aplica os princípios constitucionais da Liberdade, Pluralida-de de Famílias, Dignidade da Pessoa Humana – analogia iures.
A utiliação da analogia no direito penal e tributário só é autoriada in
bonam partem (em avor da parte). Dessa orma, há uma limitação ao uso doinstituto em tais ramos do direito.
► Como oI CoBrado peLa gV?
(SEFAz/MS/Agente/2006 – Adaptada) Com base na LINDB, assinale a alternativaincorreta.
d) Quando a lei or omissa, o jui decidirá o caso de acordo com a analogia, oscostumes e os princípios gerais de direito.
Gabarito: o item está correto.
4.2. C
Os costumes, como método integrativo, nunca podem ser contra legem (contra a lei), ao passo que é proibida a revogação da norma (consuetudo ab-
-rogatorio ou dessuetudo consuetudinaria) em decorrência dos usos e costumes.
São encontrados, porém, no ordenamento brasileiro os costumes secun-
dum legem e praeter legem.Os costumes secudum legem são hipóteses em que o próprio legislador
resolve não disciplinar a matéria, remetendo aos costumes. Neste caso não hálacuna, mas sim opção legislativa. Um bom exemplo é o art. 113 do CC, quevaticina a observância dos usos do local na aplicação da boa-é. Tais costumesnão traduem mecanismo de integração, ao passo que não há lacuna, masopção legislativa de tratamento pelos usos.
o vi é iiv é c i praeter legem, os quais in-cidem no silêncio da norma. O exemplo é o costume do cheque pré-datado –
ou pós-datado, para alguns -, o qual é desprovido de regramento legal e regu-lado pelos costumes. Sobre o tema, inclusive, há súmula do Superior Tribunalde Justiça – Súmula 370. STJ – no sentido de que a apresentação do chequepré-datado antes do prao estipulado gera o dever de indeniar, presente,como no caso, a devolução do título por ausência de provisão de undos.
4.3. picíi i ii
São princípios universais utiliados para colmatação de lacunas. Remetemao direito romano, sendo expressos ou implícitos da norma. Exemplicativa-
mente menciona-se: i) não lesar a ninguém; ii) dar a cada um o que é seu; iii)viver honestamente.
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5. Interpretação da norma (art. 5º, LIndB)
Interpretar signica buscar o alcance e o sentido da norma. Antigamentediia-se que “In claris interpretatio cessit” (na clarea da lei não há interpreta-ção), mas esse é um brocado que não mais subsiste, pois a simples conclusãode que a norma é clara signica que esta já restou interpretada.
Arma a LINDB que toda interpretação da norma deve levar em conta osns sociais a que se destinam, ou melhor, o sentido social a que se dirige (-nalidade teleológica e unção social da norma).
De cada interpretação pode-se extrair resultados liiv, cli iiv. Quando se tratar de norma jurídica reerente a direitos e garan-tias undamentais (individuais e sociais) a interpretação será sempre amplia-
tiva. Em sede de Direito Administrativo, a interpretação deve ser declarató-ria, porquanto o princípio da reserva legal é corolário da legalidade estrita(art. 37, CF/88). Já no Direito Penal se impõe uma signicação restritiva dasnormas que veiculam sanções, anal de contas nulla poena sine praevia lege (tipicidade).
Já no Direito Civil, observa-se uma interpretação restritiva em relação anormas que estabelecem privilégio, beneício, sanção, renúncia, ança, aval etransação (art. 114, 819 e 843).
A chamada interpretação autêntica é aquela conerida pelo próprio legis-
lador, criador da norma (Poder Legislativo). Nela, o próprio órgão que cria otexto normativo, o interpreta, para que dúvidas não pairem sobre o mesmo.Ao lado dessa interpretação autêntica, admite-se ainda a interpretação realia-da pelo próprio Poder Judiciário e pela doutrina.
► Como oI CoBrado peLa gV?
(SEFAz/MS/Agente/2006 – Adaptada) Com base na LINDB, assinale a alternativaincorreta.
c) Na aplicação da lei, o jui atenderá aos ns sociais a que ela se dirige e àsexigências do bem comum.
Gabarito: o item está correto.
6. apLICação da LeI no tempo (art. 6º, LIndB)
Quando uma lei nova chega para regulamentar certa matéria, ela se aplicaaos atos pendentes, especicamente suas partes novas, e aos atos uturos,conorme artigo 6º da LINDB e artigo 5º, XXXVI da CF. Inere-se, portanto, aexistência do icíi iivi . Assim, a regra é que nãopode alcançar a nova lei atos pretéritos à sua vigência.
Nada obstante, o mesmo dispositivo legal prevê exceção a esta regra (re-troatividade normativa), desde que atendidos os seguintes requisitos:
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i) Expressa disposição nesse sentido;
ii) Se esta retroatividade não violar o ato jurídico pereito, a coisa julgadae o direito adquirido.
O ii qii consiste naquilo que se incorporou ao patrimônio dotitular, tendo conteúdo meramente patrimonial. Ressalta-se que inexiste direi-to adquirido em ace da nova ordem constitucional, como também a regime jurídico estatutário. A ci jl tradu a imutabilidade de uma decisão exa-rada em um processo. É aquela decisão impassível de ataque, seja por recursoou ação rescisória. O jíic i é aquele perpetrado em consonânciacom determinada norma jurídica vigente ao seu tempo, estando pereito eacabado, não podendo ser deseito pelo advento de outra norma.
Ademais, permanece possível a ultratividade normativa, ou seja: quandouma norma já revogada (sem vigência) ainda possui vigor. Aplica-se a:
n ciccii: àquelas relativas a regrar um determinado ato, du-rante a sua vigência, a exemplo de uma guerra.
b n i: aquelas criadas para regular uma determinada circuns-tância, vigendo durante a existência desta, a exemplo de portarias que al-teraram o trânsito no Rio de Janeiro durante o evento do Pan Americano.
Todavia, a hipótese de ultratividade mais lembrada nas provas é a relativaà norma que se aplica ao inventário e partilha De ato, a norma sucessória re-
gente será a da época do óbito, e não a do curso do inventário, na dicção doartigo 1.785 do Código Civil (Droit de Saisine). Assim, se uma pessoa morreuantes da vigência do CC/2002, mas a abertura do inventário se deu depois,ainda assim será aplicável o Código de 1916. Nesse diapasão, observe a Sú-mula 112 do STF, a qual impõe que a alíquota do imposto causa mortis seráo do momento da abertura da sucessão, ou seja: do óbito, sendo irrelevantemodicação posterior da alíquota.
Por m, no que tange aos atos jurídicos continuativos, ou seja, aquelesque nascem sob a vigência de uma norma e produem eeitos na vigência
de outra, importante estar atento ao artigo 2.035 do CC/02, pois a existênciae validade normativa se submetem à lei da época da celebração do negócio jurídico, mas a ecácia estará submetida à lei nova. É o que ocorre, por exem-plo, com o contrato celebrado na vigência do CC/16 e que produ eeitos noCC/02, uma ve que terá a sua existência e validade tratada à lu do CC/16,enquanto que os seus eeitos serão ponderados a lu do CC/02.
7. eICáCIa da LeI no espaço (dIreIto InternaCIonaL prIVado)
Tendo em vista a soberania nacional o Direito Brasileiro está submetido
ao picíi tiili m/mii; vale dier: no território brasi-leiro aplica-se, em regra, a lei brasileira. Excepcionalmente, porém, é aplicável
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a norma estrangeira no território brasileiro, desde que haja disposição legalexpressa neste sentido.
Vamos ao seu estudo:
a) Estatuto Pessoal – Como bem pontua o artigo 7º da Lei de Introdução,aplica-se a li icíli para reger: I ; II cci; III li-; IV ii íli.
b) Confito sobre b ivi i Bil lic- li l iv i (art. 8º da LINDB). Assim, execução hipotecária cujo bem hi-potecado está no Paraguai se submete à legislação paraguaia.
c) O contrato internacional se reputa ormado onde residir o seu propo-nente, sendo esta a legislação aplicável e o oro competente (art. 9º, §2º,
LINDB). Enatia-se que este dispositivo apenas se aplica a contratos in-ternacionais. Para os contratos celebrados no Brasil há norma especícareputando-os celebrados no local em que oi proposto (art. 435 do CC/02);
d) Aplica-se a li ci i béfc c b ii Bil, q h hi bili (art. 10, § 1º da LINDB e 5º,XXXI CF/88). Em outras palavras, quando o estrangeiro morre e deixa bensno Brasil, a competência para processar e julgar a ação de inventário epartilha desses bens é exclusiva do Brasil. Tal partilha, todavia, não se aránecessariamente com base na lei brasileira, mas sim na lei sucessória mais
benéca (art. 89, CPC).e) a , c i l bii i xc-
Bil, q:
I Hl l stJ exequatur , que se dá por procedimento especialsubmetido às ormalidades insculpidas nos artigos 483 e 484 do CPC.Tal homologação é de competência do STJ por orça da Emenda Cons-titucional 45/04.
II pv tâi Jl s ei, consoante orienta-ção da súmula 420 do STF.
III il Cicil, pois só é permitida a execução no Brasil desentença estrangeira compatível com a ordem interna, sob pena demaniesta violação a soberania nacional brasileira.
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(SEFAz/MS/Agente/2006 – Adaptada) Com base na LINDB, assinale a alternativaincorreta.
a) A lei do país em que or domiciliada a pessoa determina as regras sobre ocomeço e o m da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de amília.
Gabarito: O item está correto.