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Lição Use o pé esquerdo: trabalhando o hi-hat Por Maurício Leite 10/10/2012 Constantemente observo bateristas que simplesmente ignoram seu pé esquerdo. Eles não utilizam o chimbal como elemento de construção de uma levada ou mesmo em “fills”. O chimbal é utilizado apenas como um “prato duplo” montado em uma estante com apoio para o pé esquerdo... Quando utilizamos o chimbal (ou hi-hat, ou contratempo) com o pé esquerdo, ganhamos uma gama de possibilidades muito interessante. Muitos jazzistas fazem de seu chimbal (e de seu pé esquerdo) um instrumento com vida própria. Ouça meia horinha de Bill Stewart por exemplo. Você vai entender do que estou falando. Eu mesmo demorei muito tempo para entender que a máquina de chimbal não era apenas para ter um som fechado e um aberto. Aqui vamos trabalhar alguns exercícios que venho desenvolvendo com meus alunos. São exercícios simples, mas exigem muita atenção e um equilíbrio perfeito, para uma condução sem desesperos. Começaremos trabalhando grupos de colcheias e semicolcheias. No primeiro compasso, tocamos o grupo na caixa, respeitando a manulação natural. No segundo compasso, vamos tocar o ride (prato de condução) com a mão direita e o restante do grupo com o pé esquerdo no chimbal. O exercício 1 até que é bem “facinho”, já que fica uma sequência simples de ride/chimbal. Já os seguintes exigem atenção para a sonoridade do grupo e seus valores se manterem. Muitas vezes, ao trabalhar o pé esquerdo, corremos em relação ao tempo e às subdivisões dos grupos propostos. Fique muito atento ao exercício 05.

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Lição

Use o pé esquerdo: trabalhando o hi-hatPor Maurício Leite

10/10/2012

Constantemente observo bateristas que simplesmente ignoram seu pé esquerdo. Eles não utilizam o chimbal como elemento de construção de uma levada ou mesmo em “fills”. O chimbal é utilizado apenas como um “prato duplo” montado em uma estante com apoio para o pé esquerdo...

Quando utilizamos o chimbal (ou hi-hat, ou contratempo) com o pé esquerdo, ganhamos uma gama de possibilidades muito interessante. Muitos jazzistas fazem de seu chimbal (e de seu pé esquerdo) um instrumento com vida própria. Ouça meia horinha de Bill Stewart por exemplo. Você vai entender do que estou falando. Eu mesmo demorei muito tempo para entender que a máquina de chimbal não era apenas para ter um som fechado e um aberto.

Aqui vamos trabalhar alguns exercícios que venho desenvolvendo com meus alunos. São exercícios simples, mas exigem muita atenção e um equilíbrio perfeito, para uma condução sem desesperos.

Começaremos trabalhando grupos de colcheias e semicolcheias. No primeiro compasso, tocamos o grupo na caixa, respeitando a manulação natural. No segundo compasso, vamos tocar o ride (prato de condução) com a mão direita e o restante do grupo com o pé esquerdo no chimbal. O exercício 1 até que é bem “facinho”, já que fica uma sequência simples de ride/chimbal. Já os seguintes exigem atenção para a sonoridade do grupo e seus valores se manterem.

Muitas vezes, ao trabalhar o pé esquerdo, corremos em relação ao tempo e às subdivisões dos grupos propostos. Fique muito atento ao exercício 05. Ele pode se transformar em um “bololô” muito facilmente. Então muita atenção e prática com os exercícios de 1 a 6.

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Agora vamos coordenar os dois pés de forma bem simples. Lembra de seus primeiros exercícios ao sentar em sua primeira bateria? Pois é, vamos dar uma lembrada e avançar um pouco mais na coordenação. A mão direita vai tocar o ride na cabeça do tempo. Os pés vão tocar os grupos rítmicos propostos. Aqui também temos o exercício 7, bem “facinho”. É como se você estivesse andando e tocando semínimas no ride. Já no seguinte, ao trabalharmos as semicolcheias, temos um grande problema com o chimbal sincopando dentro do grupo e da condução. Você também deve estudar este exercício tocando as colcheias no ride. Observe que o exercício 11 acaba sendo igual ao 8 quando conduzimos apenas com as semínimas. A leitura e a interpretação são bem diferentes quando de fato lemos as figuras. Uma coisa são exercícios. Outra é a interpretação musical. Fica aqui a dica e o exemplo.

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Na sequência temos alguns exercícios combinados. Observe e estude atentamente a “posição” do chimbal dentro do exercício. Veja como ele “passeia” dentro da levada. O “chick” do chimbal cria um outro sentido dentro de uma levada. A busca do equilíbrio ao praticar exercícios assim se mostra muito útil para estudarmos modernas levadas de pedal duplo. As combinações entre os pés fazem com que se abram muitas possibilidades criativas dentro de estilos diversos.

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Finalizando, vamos tocar a “levada numero um” de todos os métodos e escolas do mundo, em se tratando de rock e suas vertentes. Conduza com o ride tocando as colcheias de forma reta e sem acentos. Agora toque o chimbal proposto. Ele vai ficar intercalado entre a s colcheias e, ao pensarmos no bumbo e na caixa, criamos uma síncopa bem brasileira e “pra frente”. Síncopa? Brasileira? Hummmm...Tem que estudar bastante, né? O objetivo é soar leve e musical. O que parece fácil, nem sempre é tão fácil assim, quando pensamos em uma aplicação musical.

Um grande abraço, baquetadas, e até a próxima.

Maurício Leite é baterista profissional há 20 anos, educador, músico de estúdio e clinician. Foi pioneiro na realização de workshops e realiza em média 70 apresentações anuais, entre workshops, workshows e master classes. Já tocou e/ou gravou com Mello Jr., Sydnei Carvalho, Flávio Gutok,

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Jorge Pescara, Fkc (USA), Denise Assumpção, Rose Figueiredo, Max Robert, Marcelo Souza, Mulheres Negras, Coral da USP e Dai Moura, entre outros, além de centenas de faixas avulsas nos segmentos pop, sertanejo e evangélico. Fez parte da banda V-8, mantém o projeto Time Out, com Felipe Andreolli e Mello Jr., cujo CD e DVD "The Journey" recebeu destacadas críticas no Brasil e exterior. Lançou o primeiro "flexi disc" didático do Brasil e o CD e play along “Evolution”, com turnê por todo o Brasil. Sua vídeo aula "Técnica! Conceitos e Aplicações" atingiu a vendagem de 15.000 cópias, e seu trabalho solo “Black & White” atingiu a marca de 5.000 unidades vendidas. Produziu o CD "Na Estrada", do baterista Walter Lopes, e o áudio do método "Novos Caminhos da Bateria Brasileira", de Sérgio Gomes, e co-produziu o elogiado CD "Toda Bossa", do baixista Max Robert. Foi professor titular do Curso de Verão de Curitiba em 2003 e 2004, e é coordenador pedagógico do projeto "Encontro de Bateras/Bateras em Fúria". No momento prepara o lançamento do DVD do trio Nubalacobaco ao lado do baixista Odilon de Carvalho e do tecladista Tiago Mineiro. Usa pratos Sabian e desenvolveu diversos produtos em parceria com a RMV, destacando a série Concept, as peles Duo e FX e os pedais Speeed Tech. Contatos: [email protected]; facebook.com/mauricioleite

Lição

Repensando como praticar e usar o BumboPor Sergio Gomes

30/12/2012

Ganhar velocidade, controle dinâmico e expressividade são desafios para os pés que fazem, de maneira geral, serviços mais “grosseiros” do que as mãos no dia a dia. Andar é espetacular, dar um bom chute numa bola, acelerar e frear o carro são atividades que exigem treinamento dos nossos pés. Mas pintar, esculpir, tocar um instrumento musical são atividades que exigem das mãos um controle muito mais sutil e refinado.

Quando vamos tocar nos pratos ou na caixa ideias musicais, sempre fazemo-lo com pronúncia e conceito dinâmico de condução ou frase e, às vezes, nem nos damos conta de como cada toque tem sua característica e seu detalhe de movimento. A mesma ideia no bumbo também vai exigir

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mais movimentos que precisam ser desenvolvidos dia após dia na bateria e mais consciência de como você quer que soe uma ideia musical.

Numa aula de Jack DeJonhette, o entrevistador pergunta com ele estuda bumbo e ele começa a tocar a levada básica do Jazz no prato, mas com o bumbo junto. Então ele começa a variar e aumentar a quantidade de notas, com o bumbo junto com o prato. Ele diz que gosta de tocar ideias completas com o bumbo e segue dobrando prato e bumbo...

Ouvir aquilo, naquela época, mudou meu jeito de pensar para estudar o bumbo e para tocar também. Claro que cada gênero exige o bumbo de maneiras diferentes, mas estudar em uníssono rítmico melhorou muito minha técnica, quando eu era acostumado a manter ostinatos – conduções fixas nas mãos – e movimentar o bumbo.

Faça seu bumbo trabalhar muito mais, mas sem exagerar no começo e sem metrônomo também. Trabalhe com conceito genérico de tensão no ataque e relaxamento em seguida, deixando que o pedal ajude seu pé a tocar quase sem esforço algum. Faça isso com o pé no chão e faça isso erguendo com o pé somente o suficiente para o ataque. Aprendi com Maurício Leite, vários anos atrás, que o melhor som do bumbo é conseguido quando você não deixa a maceta (pirulito) colado na pele e que seu equilíbrio está na base de sua coluna, no banco. E ele está certo.

Aqui estão sugeridos exercícios mecânicos – 2, 3, 4 – e frases com caixa “contra” prato e bumbo. Você pode usar as frases que quiser, mas sugiro sempre que faça os estudos técnicos. Quando ficar tranquilo na execução, estabeleça o metrônomo lento e vá acelerando pouco a pouco, sem neurose.

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Bom estudo!

Qualquer dúvida, ou querendo fazer aulas, dê um alô!sergio@sergiogomes.comwww.sergiogomes.comwww.sergiogomesbateria.blogspot.com

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Sergio Gomes é baterista, percussionista, compositor e arranjador. É bacharel em percussão erudita pela UNESP, venceu o II Prêmio Eldorado de Música, com o grupo de percussão da UNESP e realizou mais de 50 concertos de música contemporânea no Brasil e EUA (1986-89). É especialista em ensino superior e mestre em Jazz Arranging pela William Paterson University (Nova Jersey, USA). Tocou e/ou gravou com Don Thompson, Tom Walsh, Jeff Kunkel, Claudio Roditi, Terra Brasil (cinco CDs, sendo dois indicados ao Grammy Latino), Sergio Rossoni Grupo, Aquilo Del Nisso, Grupo Premê, Carlinhos Antunes, Aloíso Aguiar Trio (NY), Tuti Baê e trabalhos como baterista com orquestra que acompanhou Sandy e Junior, entre outros cantores. É autor do livro "Novos Caminhos da Bateria Brasileira", publicado pela editora Vitale (Brasil) e Advance Music (EUA, Europa e Ásia). Realizou workshops de bateria e percussão brasileira no Canadá, Holanda, Alemanha, República Dominicana, Estados Unidos e Brasil. Foi editor da revista Batera & Percussão em 2000 e 2001 e escreveu mais de quarenta artigos. Leciona Percussão Popular, História da Música Brasileira e Jazz e Arranjo na Faculdade Santa Marcelina. É diretor e arranjador da Big Band da Fundação das Artes de São Caetano do Sul, e leciona aulas particulares de bateria e teoria musical

Lição

Manulações aplicadas pela bateriaPor Sérgio Gomes

30/09/2012

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1 e 1, 2 e 2, Diddles, 3 e 1, 4 e 4. Grosso modo, essas são as maneiras fundamentais de combinar os grupos quaternários. Em ritmos, elas  podem ser combinadas de muitas maneiras, infinitas, e isso é genial. É boa ideia estudar as combinações pela bateria, como nos exercícios abaixo. O chimbal deve permanecer no tempo para que haja deslocamento consciente, desenvolvimento da coordenação e da técnica ao mesmo tempo. Você pode aplicar esses deslocamentos e suas combinações no som que faz e nas músicas que toca, independente do estilo. No primeiro grupo, a mão esquerda é exigida (o bumbo e o ride serão tocados) e, no segundo, a mão direita (o bumbo e o prato de ataque serão tocados), no movimento 3 e 1. O terceiro e quarto propõem o mesmo tipo de deslocamento, mas com rulo simples (1 e 1) de forma que você vai atacar o prato de condução na terceiras e quarta semicolcheias e o ataque na segunda e quarta. Siga mantendo o chimbal no tempo, em semínimas. Muitas outras coisas podem ser feitas somente baseadas nesse exercício, mas por enquanto pratiquem essas combinações com calma, atentos à sonoridade e equilíbrio do som na caixa quando as baquetas retornam dos pratos.

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Bom estudo!

Sergio Gomes é baterista, percussionista, compositor e arranjador. É bacharel em percussão erudita pela UNESP, venceu o II Prêmio Eldorado de Música, com o grupo de percussão da UNESP e realizou mais de 50 concertos de música contemporânea no Brasil e EUA (1986-89). É especialista em ensino superior e mestre em Jazz Arranging pela William Paterson University (Nova Jersey, USA). Tocou e/ou gravou com Don Thompson, Tom Walsh, Jeff Kunkel, Claudio Roditi, Terra Brasil (cinco CDs, sendo dois indicados ao Grammy Latino), Sergio Rossoni Grupo, Aquilo Del Nisso, Grupo Premê, Carlinhos Antunes, Aloíso Aguiar Trio (NY), Tuti Baê e trabalhos como baterista com orquestra que acompanhou Sandy e Junior, entre outros cantores. É autor do livro "Novos Caminhos da Bateria Brasileira", publicado pela editora Vitale (Brasil) e Advance Music (EUA, Europa e Ásia). Realizou workshops de bateria e percussão brasileira no Canadá, Holanda, Alemanha, República

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Dominicana, Estados Unidos e Brasil. Foi editor da revista Batera & Percussão em 2000 e 2001 e escreveu mais de quarenta artigos. Leciona Percussão Popular, História da Música Brasileira e Jazz e Arranjo na Faculdade Santa Marcelina. É diretor e arranjador da Big Band da Fundação das Artes de São Caetano do Sul, e leciona aulas particulares de bateria e teoria musical.  Contatos: [email protected]; www.sergiogomes.com; www.sergiogomesbateria.blogspot.

Lição

22 Manulações QuaternáriasPor Sergio Gomes

31/08/2012

O estudo de manulações é, muitas vezes, entendido somente como um estudo técnico, de desenvolvimento e controle muscular de combinações que fazemos com as mãos. Além dessa função, no entanto, o estudo e aplicação dessas combinações tratam do desenvolvimento de frases musicais, se pensadas em grupos e aplicadas pela bateria. O livro Stick Control [for the snare drummer], de George Laurence Stone, é uma obra pioneira da década de 1930 e não há quem não a tenha estudado. Na primeira página o autor apresenta 13 possibilidades de combinações em grupos quaternários e, nas duas páginas seguintes, faz combinações entre elas. O estudo proposto abaixo é a forma como eu organizei 22 manulações em grupos, de forma sistemática, o que facilita a compreensão e, futuramente, sua aplicação na bateria. Primeiro, estude sempre na caixa. Uma vez familiarizado com as combinações, vamos usar os tambores e bumbo, nas próximas colunas. Tem muito assunto nesse caminho, pode acreditar. Uma análise rápida: exercícios 1 e 2, as mãos separadas; 3 e 4, rulo simples; 5, 6, 7 e 8, rulo duplo; 9, 10,  11 e 12, paradiddles; 13 a 20, “três e um”; 21 e 22, 4 e 4. Bom estudo!

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Sergio Gomes é baterista, percussionista, compositor e arranjador. É bacharel em percussão erudita pela UNESP, venceu o II Prêmio Eldorado de Música, com o grupo de percussão da UNESP e realizou mais de 50 concertos de música contemporânea no Brasil e EUA (1986-89). É especialista em ensino superior e mestre em Jazz Arranging pela William Paterson University (Nova Jersey, USA). Tocou e/ou gravou com Don Thompson, Tom Walsh, Jeff Kunkel, Claudio Roditi, Terra Brasil (cinco CDs, sendo dois indicados ao Grammy Latino), Sergio Rossoni Grupo, Aquilo Del Nisso, Grupo Premê, Carlinhos Antunes, Aloíso Aguiar Trio (NY), Tuti Baê e trabalhos como baterista com

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orquestra que acompanhou Sandy e Junior, entre outros cantores. É autor do livro "Novos Caminhos da Bateria Brasileira", publicado pela editora Vitale (Brasil) e Advance Music (EUA, Europa e Ásia). Realizou workshops de bateria e percussão brasileira no Canadá, Holanda, Alemanha, República Dominicana, Estados Unidos e Brasil. Foi editor da revista Batera & Percussão em 2000 e 2001 e escreveu mais de quarenta artigos. Leciona Percussão Popular, História da Música Brasileira e Jazz e Arranjo na Faculdade Santa Marcelina. É diretor e arranjador da Big Band da Fundação das Artes de São Caetano do Sul, e leciona aulas particulares de bateria e teoria musical.  

Lição

Pedalando em tercinasPor Rafael Rosa

15/08/2012

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Olá, meus amigos dos pedais! Aqui vai mais uma matéria bem objetiva no assunto do bumbo duplo. O nível dela é intermediário e força um pouco o nosso raciocínio para ambos os lados. São vinte novos exercícios para aumentar nossas possibilidades de grooves com os bumbos. O foco agora não é a velocidade, e sim trazer mais equilíbrio entre os pés. Vocês vão entender. As frases dos bumbos são em tercinas de colcheia e vão se agrupando de formas diferentes no decorrer dos exercícios. A sequência dos toques nesses grupos é alternada (DED e EDE). A base para as mãos é bem simples, conduzimos no prato de condução nas cabeças de cada tempo, em semínima, e a caixa marca o back beat nos tempos 2 e 4. A formula de compasso usada em todos eles é o 4/4. Poderia ser o 12/8, mas preferi a primeira opção devido a contagem ser mais simples, o que ajuda bastante neste caso. Os exercícios se desenvolvem com o acrescentar dos grupos de tercinas nos bumbos e também com os novos posicionamentos das notas, principalmente do oitavo em diante, em que as frases dos pés começam em tempos diferentes, e com o pé oposto. A partir desses exercícios você mesmo pode desenvolver os seus, criando novas opções usando a sua criatividade e desenvoltura. Use sempre o metrônomo para firmar no tempo, e gradue a velocidade de acordo com sua segurança. Não adianta correr se as coisas estiverem meio bambas ainda, certo? Boa sorte no estudo e um grande abraço! (parts)

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Lição

Desenvolvendo o Single ParaddidlePor Maurício Leite

10/07/2012

Olá! Muitas baquetadas por aí?

Bem, vamos nós para mais uma lição. Hoje vou falar de algo beeeeem batido, mas fudamental para nosso desenvolvimento como bateristas.

Paradiddles são lugar comum em muitos livros e lições por aí. Todo mundo estuda paradiddles. Mas, de fato, pouca gente aplica com sabedoria. Se você é daqueles que ficam horas na borracha “fazendo” paradiddles aleatoriamente, com certeza está perdendo um tempão. Estudar vendo TV ou algo assim não vai trazer grandes resultados não é? Ouço direto novos alunos dizerem que assistem a novela com a "patroa" mandando ver nos paradiddles.

É fundamental estudar concentrado e muito atento aos movimentos e à limpeza da execução. O click é obrigatório em todos os momentos. Nunca esqueça que você está tocando um rudimento que combina o single e o double-stroke. Toques simples e duplos combinados em um mesmo exercício. De cara, tente ter o mesmo som em todos os movimentos. Toque sem acentuar as cabeças de tempo.

Então vamos começar relembrando o velho companheiro de estudos:

Ótimo. Não é bacana quando conseguimos tocar sem ouvir o click "sobrando" (fora...) e com os doubles bem limpinhos e leves? Se sentir feliz na borracha é um ótimo sinal de seu compromisso com a música e a bateria.

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Bem, já sacou que basicamente o single-paradiddle está sempre escrito em semicolcheias? E as tercinas, onde ficam? Vamos então praticar o rudimento dentro de dois compassos escritos em tercinas de colcheia. Vai ficar beeeeeeeem mais difícil e você não vai poder "miguelar" em relação ao pulso.O paradiddle vai continuar construído na sequência normal de quatro toques: PA-RA-DI-DDLE. Mas como estaremos tocando em tercinas, vai rolar um deslocamento. Assim, teremos:

PA-RA-DI / DDLE-PA-RA / DI-DDLE-PA / RA-DI-DDLE

De três em três, mas agrupado de quatro em quatro! Programe o click lento e bata o pé nas cabeças, contando a tercina em voz alta. Observe também que são necessários dois compassos para fechar o ciclo. Então a atenção é dobrada!

Fácil, não? Muito bem! Agora vamos trabalhar uma sequência com colcheias, tercinas de colcheias e semicolcheias. Tudo com dois compassos por figura. A grande onda é "passar" de uma figura á outra sem se afobar nem perder o tempo. Normalmente as pessoas correm nas semicolcheias e/ou tendem a acentuar as cabeças, Marque a cabeça de tempo com o pé esquerdo no chimbal, mas NÃO acentue o primeiro toque com as mãos. Toque "flat".

Agora vamos aplicar as tercinas tocando prato de condução, bumbo, caixa e chimbal. Dentro dos dois compassos necessários para completar o ciclo o bumbo será tocado apenas no primeiro tempo do primeiro compasso. O chimbal estará nos tempos 2 e 4 de ambos os compassos, o que dará um caráter jazzística ao exercício. Veja, você estará tocando tercinas e agrupando os paradiddles de quatro em quatro. CONTE! Mantenha o suingue das tercinas. Sinta a pulsação jazzística proposta ao exercício. Ao se sentir seguro, toque padrões de jazz em dois compassos e aplique o exercício como "fill" (frase).

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Voltando às semicolcheias, vamos trabalhar o pé direito em conjunto com o paradiddle. Todo mundo sabe a importância de conhecer e praticar nossa música. Por mais rockeiro que você seja não dá para não saber tocar um samba ou uma bossa. Uma das coisas mais difíceis de controlar ao tocar um samba é o pé direito. Já vi muito aluno se saindo bacana nos licks e, literalmente, sambar com o pé direito pontuado e constante. Aqui o pé manterá a figura do samba sem acentuar nem tocar alto. As mãos tocarão o single paradiddle sem acentuar nada. Mantenha o pé em ostinato constante. Esqueça-o. Toque as mãos e os pés sem nenhum atropelo nem "flams". Mantenha tudo limpo e em dinâmica baixa.

Pé direito dominado, vamos acrescentar o esquerdo ao exercício. Mantenha a mesma concentração e dinâmica, mas toque o pé esquerdo nas figuras propostas. A primeira é a clássica do samba, com o chimbal no contratempo. A segunda tem a cabeça e o contratempo com as colcheias completas (1&2&3&4&). Aqui a galera tende a correr ou ficar muito cansado. Se for o caso, diminua a velocidade e estude bastante e com atenção. Finalizando, temos apenas a cabeça do tempo com o chimbal em semínimas. Pode parecer mais fácil, teoricamente. Mas não é. Se você estiver correndo ou fora do click, aqui vai ficar bem evidente.

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Desde o inicio desta coluna venho enfatizando para não se tocar nada acentuado. Tudo "flat" e bem limpinho. Agora vamos trabalhar os acentos. Sim, vamos acentuar! Mas atenção: acentos exigem muita concentração e uma enorme dedicação. Acentuar as cabeças e tocar TUDO acentuado não significa nada. O segredo é saber acentuar apenas o que foi proposto e na peça. Assim, vamos trabalhar as semicolcheias com o bumbo do samba e as três figuras propostas para estudo no chimbal. O que vamos acentuar são apenas as mãos. Somente as mãos! O bumbo e o chimbal se mantêm na dinâmica e estáveis, sem NENHUM acento.

No primeiro exercício temos o acento na cabeça do tempo. É o mais fácil, mas alterna as mãos no acento. A direita nos tempos 1 e 3, e a esquerda nos 2 e 4. Toque e busque o mesmo som. Não brigue com o click. Sinta-o, acentue as mãos, mas mantenha os pés sem marcar as cabeças.

Agora vamos acentuar a segunda semicolcheia. Um quarto de tempo para frente do click. Geralmente dá um nó na cabeça de quem nunca praticou. Mantenha a calma, estude em andamentos lentos e conte em voz alta para se concentrar no acento.

Na sequência, temos o acento no contratempo (terceira semicolcheia). Com o chimbal clássico do samba, você acentuará em uníssono. Cuidado para não virar um "bololô". Como o acento estará dentro do double sroke (toque duplo), a tendência é correr ou tocar os dois toques acentuados. Muita atenção!

Finalizando, vamos tocar o acento na quarta semicolcheia. Aqui o exercício fica de fato "embaçado". O toque duplo passa a ter o acento no segundo toque. Algo geralmente bem pouco estudado pelos bateristas iniciantes ou mal orientados. Dá trabalho e exige atenção. Se for o caso, estudem em colcheias apenas toques duplos (papamamas) acentuando o segundo toque. Muita atenção ao bumbo, que cairá junto com o acento. Lembre-se: acentue apenas a mão!

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Ok, ficamos por aqui. Lembrem-se sempre que é nos básicos que devemos buscar a evolução. Nunca se limite a fazer um exercício e considerá-lo compreendido. Busque sempre novas formas de estudar, combinar e, principalmente, APLICAR! Até a próxima.

Maurício Leite é baterista profissional há 20 anos, educador, músico de estúdio e clinician. Foi pioneiro na realização de workshops e realiza em média 70 apresentações anuais, entre workshops, workshows e master classes. Já tocou e/ou gravou com Mello Jr., Sydnei Carvalho, Flávio Gutok, Jorge Pescara, Fkc (USA), Denise Assumpção, Rose Figueiredo, Max Robert, Marcelo Souza, Mulheres Negras, Coral da USP e Dai Moura, entre outros, além de centenas de faixas avulsas nos segmentos pop, sertanejo e evangélico. Fez parte da banda V-8, mantém o projeto Time Out, com Felipe Andreolli e Mello Jr., cujo CD e DVD "The Journey" recebeu destacadas críticas no Brasil e exterior. Lançou o primeiro "flexi disc" didático do Brasil e o CD e play along “Evolution”, com turnê por todo o Brasil. Sua vídeo aula "Técnica! Conceitos e Aplicações" atingiu a vendagem de 15.000 cópias, e seu trabalho solo “Black & White” atingiu a marca de 5.000 unidades vendidas. Produziu o CD "Na Estrada", do baterista Walter Lopes, e o áudio do método "Novos Caminhos da Bateria Brasileira", de Sérgio Gomes, e co-produziu o elogiado CD "Toda Bossa", do baixista Max Robert. Foi professor titular do Curso de Verão de Curitiba em 2003 e 2004, e é coordenador pedagógico do projeto "Encontro de Bateras/Bateras em Fúria". No momento prepara o lançamento do DVD do trio Nubalacobaco ao lado do baixista Odilon de Carvalho e do tecladista Tiago Mineiro. Usa pratos Sabian e 

Lição

Desenvolvendo Rulos DuplosPor Sergio Gomes

31/05/2012

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É importante entender uma manulação – a combinação de movimento entre as mãos – como um padrão que pode ser usado de muitas formas pela bateria. O rulo duplo, assim como o paradiddle, também pode ser visto em quatro versões que modificam a ideia musical sobre um só timbre – a caixa, por exemplo – e dois timbres, caixa e tom, ou bumbo e caixa, para começar a desenvolver o conceito. As quatro versões de manulação do rulo duplo são as seguintes: DDEE DDEE, DEED DEED, EEDD EEDD, EDDE EDDE. A 1ª e a 2ª começando com a mão direita (destros), e a 3ª e a 4ª, com a esquerda. Os resultados são frases muito interessantes que vamos trabalhar nessa coluna. O 1º exercício deve ser praticado lentamente, sem metrônomo, sem ansiedade, com a intenção de igualar as notas de um rulo duplo quando tocado mais rápido. A primeira nota já tem um acento natural por ser resultado do primeiro ataque da mão no instrumento, e a consequência disso é, em geral, um papa/mama sem linearidade. Com a prática desse exercício, a tendência será igualar o som dos dois toques de cada mão.

As quatro combinações na caixa com chimbal marcando semínima e depois bumbo e chimbal, como escrito, cada um separadamente.

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Passando de um papa/mama para o outro sem parar: 1º e 2º.

Passando de um papa/mama para o outro sem parar: 3º e 4º.

1º, 2º, 3º e 4º na caixa, sem parar.

Page 27: lição mauricio leite

1º, 2º, 3º e 4º com (D) direita no surdo e (E) esquerda na caixa, sem parar.

1º, 2º, 3º e 4º com (D) direita no caixa e (E) esquerda no tom, sem parar.

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Groove + 1º papa/mama no bumbo e caixa.

Groove + 2º no bumbo e caixa.

Groove + 3º no bumbo e caixa.

Page 29: lição mauricio leite

Groove + 4º no bumbo e caixa.

Groove + 1º e 2º combinados no bumbo e caixa.

Groove + 3º e 4º no bumbo e caixa.

Groove + 2º e 4º no bumbo e caixa.

Page 30: lição mauricio leite

Groove + 4º e 2º no bumbo e caixa.

Groove + 1º, 2º, 3º e 4º combinados no bumbo e caixa.

A e B, sugestões para praticar as variações de exercício 8 a 16 com condução no prato.

Claro que você pode experimentar as conduções que quiser sobre os rulos duplos na caixa e bumbo. O importante é entender essa combinação enquanto um conceito. As levadas que você pode construir, as variações que pode tocar e os fills que pode fazer. Em fills, é normal usar mãos alternadas (DEDE) e dois toques no bumbo, por exemplo, ou chimbal e bumbo. O conceito continua o mesmo: dois toques que são tocados de forma adequada ao estilo que se está tocando, ao som que se quer obter.

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Lição

Organização e aplicação de estudosPor Mauricio Leite

10/05/2012

Muitos bateristas iniciantes e professores inexperientes costumam enxergar apenas o produto final de uma situação baterística. Quando ouvimos uma grande frase ou um lick sensacional não podemos pura e simplesmente copiar aquela ideia. Claro que é uma situação inerente aos estudos e a prática. Mas o grande segredo é buscar a origem daquela ideia. É entender os caminhos que levaram aquele baterista a ter uma ideia original e marcante. A cópia pura e simples, não tem valor artístico. Muitas vezes não cabe na música que estamos tocando ou gravando.

 Se você parar para pensar vai ver que a música que se toca em situações profissionais é simples. As estruturas e ideias buscam uma comunicação imediata com o público, e não com BATERISTAS. Duplas sertanejas, bandas de baile, louvores, cantores e cantoras de barzinhos, gigs de "boteco"... Música simples. Portanto, devemos buscar a evolução dentro do básico, e não do complexo. O complicado é a evolução do simples. É a interminável prática e busca da "perfeição" dentro dos fundamentos. O craque brilha no campo no dia do jogo. Mas passa a semana praticando e treinando os mesmos exercícios e táticas que todos os outros. Horas de treinos e concentrações.

Se um aluno iniciante consegue executar bem um determinado estudo não se deve pura e simplesmente passar para frente, para uma nova lição. Aquele assunto compreendido é o espaço ideal para se aplicar novas possibilidades. É ali, onde já existe uma segurança e um relaxamento natural, que se deve evoluir. Uma leitura básica pode se transformar em um exercício de técnica ou uma grande levada. Se você pegar livros como o Syncopation (Progressive Steps to Syncopation for the Modern Drummer, de Ted Reed) ou o Stick Control (Stick Control: For the Snare Drummer, de George Lawrence Stone) verá que são limpos e repetem uma estrutura enxuta. Mais do que exercícios puro e simples, são caminhos propostos para o desenvolvimento de ideias e aplicações efetivas. Bem orientado e com a mente aberta e disciplinada, qualquer estudante ou um baterista já experiente tem ali um campo para horas de estudo e aperfeiçoamento. Milhares de bateristas citam estes métodos como fundamentais em seus estudos. E você pode ter certeza que eles não ficaram só na "borrachinha". É a aplicação que faz a diferença. É o aperfeiçoamento do básico. E olha que muitas vezes já ouvi gente dizendo: "É só isso? Que fácil...", ou "Coisa antiga...". Hum, sei...

Bem, partindo dos conceitos acima, sempre procuro trabalhar cada aluno de forma diferenciada,

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levando vários elementos em consideração. Embora considerado por muitos "antigo" ou "fácinho", utilizo o Pozzoli (Guia Teórico-Prático para o ensino do ditado musical. 1ª e 2ª parte. Pozzoli, E. Ed Ricordi). De fato é um livro antigo, mas apresenta uma sequência lógica e facilmente assimilável para os iniciantes e também para os medrosos em relação à leitura. Muitos alunos chegam já "estudados" em relação ao método. É comum eu ouvir: "Pozzoli? Já fiz inteiro!" Hum, que bom, penso eu... Mas, invariavelmente o sujeito apenas solfejou o assunto. Ou no máximo leu tudo na borracha. Algo meio sem compromisso.

Proponho aqui alguns caminhos de estudo a partir do método e buscando uma rotina de pesquisa e aplicação. Vamos pegar como exemplo os quatro primeiros exercícios da segunda série do livro, página 23 (em algumas edições as páginas mudam, fique atento), série em 2/4. Eles totalizam oito compassos em sequência.

Simples, não? Apenas semínimas, colcheias e o grupo formado por quatro semicolcheias. Toque a série na borracha ou na caixa alternando as mãos e sem acentuar nada. Toque o mais igual possível. Não acentue o primeiro tempo do compasso 2 de cada exercício. TOQUE SEM ACENTOS!

Agora vamos ao primeiro exercício aplicado. Você vai acentuar a cabeça de cada grupo de semicolcheias. Apenas a cabeça do grupo! É bem fácil, mas muita gente acentua naturalmente a cabeça do segundo compasso. Toque bem baixinho e concentre-se no acento. Marque as cabeças de tempo com o pé esquerdo. Quando estudar na caixa, toque o chimbal. Nem preciso lembrar que é para estudar com o metrônomo, né? Básico!

Agora sim vamos EVOLUIR. Mantendo a concentração e tocando bem limpo, acentue a segunda semicolcheia do grupo. Marcando o tempo com o pé esquerdo, você deve se concentrar ao máximo para não "andar" com o acento.

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Os exercicios 3 e 4 mantém a mesma ideia, só que trabalha-se com a terceira semicolcheia (contra-tempo) no 3 e a quarta semicolcheia no 4.

Nada muito complicado, certo? Mas o fato é que tem muita gente que se embanana com os acentos e simplesmente não consegue manter o tempo com o chimbal. Em 20 segundos o pé já está com o acento. Vira tudo cabeça! Ficar repetindo a mesma célula é uma parte do estudo. Mas vai funcionar bem melhor aplicando em uma sequência. Na página aqui citada, temos exercícios em 3/4, 2/4 e 4/4. Bastante material para aplicar as acentuações básicas.

Ok.Todo mundo estuda Double Stroke (toque duplo, ou Papa-Mama) e todo aluno quer rufar na caixa já na primeira aula! Ótimo, que bom! Mas muita gente confunde e foge do estudo de forma correta e aplicável. Vamos pensar OPEN (aberto) e não CLOSED (fechado). Conte cada batida dupla. Toque no "click"! O exercício a seguir tem dois compassos. No primeiro, temos o Single (toque Simples) em semicolcheias. Toque limpo e conte cada toque (1 i e a 2 i e a, etc.). Se você dá aulas e tem um aluno difícil no assunto, coloque o metrônomo em colcheias (1&2&) ou até em semi colcheis 1+e+ 2+e+). Assim ele vai tocando mais firme e ficando seguro para os "doubles". No segundo compasso, temos os "doubles" aplicados. Mantenha a contagem e toque de forma limpa. Alterne os dois compassos e mantenha o pé esquerdo na cabeça do tempo.

Nenhuma novidade, certo? Muita gente estuda assim. Agora vamos (e devemos) apllicar! Vamos voltar ao mesmo exemplo anterior do Pozzoli. Agora, toque todo grupo de quatro semicolcheias em fusas, oito toques por tempo em double-stroke. Mantenha tudo em uma dinâmica baixa e não acentue nada. Os exercícios básicos vão virando pequenas peças e podem ser combinados com os exercícios anteriores de acentuação. Você também pode inverter as mãos começando tudo com a esquerda. Tem muito marmanjo experiente que já sofre de saída...

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Agora vamos transformar as figuras básicas em grooves utilizando o chimbal, a caixa e o bumbo. O exercício inicial tem quatro compassos em 2/4. No primeiro temos as colcheias básicas. Cabeça e contra-tempo em toques alternados. Já no segundo, toque as cabeças no chimbal com a mão direita e o "contra" no bumbo. É importante manter a figura: são e continuam sendo colcheias. Alunos iniciantes tendem a separar o que é "de caixa" do que é "de levada".

No terceiro compasso temos as semicolcheias em toques alternados. No quarto, toque o chimbal com a mão direita na cabeça de tempo (1ª semicolcheia). A segunda e terceira semicolcheias serão tocadas com a mão esquerda em toque duplo. Portanto um toque com a mão direita e dois com a esquerda. O quarto toque do grupo vai ser tocado com o bumbo. A sequência final fica: um toque no chimbal (mão direita), dois na caixa (mão esquerda) e um no bumbo. O grupo é o mesmo, são quatro semicolcheias! Saia do "ta-ga-da-ga" para o "thi-ta-ta-tum"...

Conceito compreendido, vamos voltar ao Pozzoli na mesma lição indicada no inicio do texto. Toque todas as cabeças de tempo no chimbal com a mão direita. Os grupos de colcheia, toque com chimbal e bumbo. Nos de semicolcheia, faça a sequência chimbal-caixa-caixa-bumbo. Assim o exercício básico inicial se transforma em uma levada! E tudo linear! Viu? Não é tão difícil... Concentre-se no "click" e cuidado com os "silêncios". Pausa é musica e o pulso tem que continuar firme.

Chega de tocar em 2/4. Vamos descer a página um pouco e observar o exercício 11 da série em 4/4. Tudo bem simples: semicolcheias nos tempos 1 e 3 e colcheias no 2 e no 4.

Dentro do conceito até aqui estudado, vamos aplicar a sequência tocando a mão direita na cúpula do prato de condução. Toque o chimbal com o pé esquerdo em colcheias (1&2&3&4&). Fique muito

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atento aos toques duplos na caixa com a mão esquerda. O segundo toque está colado no chimbal no contra-tempo. A mesma coisa acontece com o bumbo no "e" nos tempos 2 e 4. É apenas um exercício. Mas na prática vai soar como uma Salsa estilizada. Os tempos 1 e 3 estão presentes nas levadas de Songo de muitos bateristas. Toque com o "click" e tente obter algum play-along com um motivo latino. Ouça o baixo e identifique a figura do bumbo no exercício. Toque colado no baixo e vá tentando obter uma dinâmica bem baixa com as mãos e o bumbo.

Agora avance no seu Pozzoli até as páginas 24 e 25(lembre-se das edições...). Lá você terá a terceira série de exercícios com os grupos rítmicos derivados do grupo de quatro semicolcheias. Vamos trabalhar cada um tocando o básico na caixa e aplicando o conceito entre chimbal, caixa e bumbo. No exercício 10, toque a figura na caixa e tente "cantar" o grupo. TA-a-TATA... Quando tocar no prato de condução, tente sentir a duração da colcheia dentro do grupo. Observe que o bumbo não deve ser tocado muito forte e nem como se fosse uma semínima no começo de um compasso. Ele vale 1/4 de tempo.

No exercício 11, temos o grupo "invertido" com duas semicolcheias na cabeça do tempo e uma colcheia no contratempo. Muito cuidado com a caixa na segunda semicolcheia. Toque-a de forma suave e dentro do grupo. Lembre-se do raciocínio do bumbo. Toque-o de forma musical. Você pode voltar ao exercício 9 (a salsa estilizada) e aplicar o grupo nos tempos 2 e 4.

No exercício 12 temos a sincopa, a famosa figura do tamborim presente em muitas levadas de samba. A escrita não fica tão clara, mas tente visualizar o grupo em sua escrita exata. Tente sentir e deixar clara a colcheia presente.

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Seguindo em frente, teremos dois exemplos da página 25. São os exercícios 20 e 26. Toque-os um pouco na caixa ou borracha para se habituar. Na sequência, aplique-os dentro do conceito discutido até aqui com o chimbal tocando as colcheias no pé esquerdo. Sim! Como diriam em Roma: "HABEMOS GROOVE"!

Eis aqui dois bons exemplos de estudos aplicados. As levadas ficam bem bacanas e com um acento "latino” bem presente. Você pode praticar o groove em si, ou aplicá-lo como "fills" dentro de levadas mais simples. O chimbal pode ser tocado apenas no contratempo. Vá à luta e use sua imaginação. A série em 4/4 tem 30 exercícios em sequência. Dá pra estudar bastante!

Finalizando, vamos pegar o exercício 25 da página 24. Ele é em 3/4. Pouca gente estuda os ternários. Tão bacanas... Então fica aqui um ótimo exemplo de aplicação de nossos estudos. Toque bastante o exemplo 5 na caixa (ou borracha). Em seguida toque o groove sem perder o tempo ou correr desesperadamente. Se der, chame o baixista da banda e toquem juntos.

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E lembre-se sempre: NÓS ESTUDAMOS PARA TOCAR!

Pensando sobre manulaçõesSergio Gomes fala de paradiddles simples.

30/04/2012

O paradiddle é a literal combinação entre os dois primeiros e fundamentais movimentos de mãos, o rulo simples e o composto (ou duplo). O paradiddle original para os destros é DEDD EDEE e sua alternância promove a inversão das mãos que iniciam grupos quaternários e convidam à realização de um acento natural após as notas duplas, que pode ser mais ou menos enfático na interpretação.

Sugiro que se pratique dos dois jeitos: com a intenção de igualar e equilibrar o som entre as mãos e também esforçando os acentos. Primeiro familiarize-se com as quatro combinações obtidas com deslocamento das notas duplas: 1 - DEDD EDEE, 2 – DEDE EDED, 3 – DDED EEDE, 4 – DEED EDDE. Depois leve as mãos que fazem os acentos para os tambores, como sugerido nos exercícios 5, 6, 7 e 8.  E muitas combinações podem ser desenvolvidas e aplicadas na bateria de forma

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interessante e musical, como as sugeridas pelos exercícios 9, 10, 11 e 12.

Estudando:

1) Cada exercício na caixa, sem preocupar- se com acentuações, com marcação simples em semínimas nos pés. Primeiro só com chimbal e depois bumbo e chimbal, como escrito.2) Cada exercício na caixa, esforçando os acentos após as notas duplas, com marcação simples em semínimas nos pés. Primeiro só com chimbal e depois com bumbo e chimbal.

3) Cada exercício na caixa trocando os acentos após as notas duplas pelas notas nos tons e surdo, com marcação simples em semínimas nos pés. Evite cruzamentos, então mão direita toca no surdo (floor-ton) e mão esquerda no ton 1. Primeiro só com chimbal e depois bumbo e chimbal.

4) Cada exercício usando a mão direita no chimbal (Hi-hat) e mão esquerda na caixa, com o

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movimento de bumbo indicado. Transforme os didles em ostinatos e dê uma intenção de groove “funk” cadenciado à combinação.

Bom estudo! No caso de qualquer dúvida, escrevam!

Sergio Gomes é baterista, percussionista, compositor e arranjador. É bacharel em percussão erudita pela UNESP, venceu o II Prêmio Eldorado de Música, com o grupo de percussão da UNESP e realizou mais de 50 concertos de música contemporânea no Brasil e EUA (1986-89). É especialista

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em ensino superior e mestre em Jazz Arranging pela William Paterson University (Nova Jersey, USA). Tocou e/ou gravou com Don Thompson, Tom Walsh, Jeff Kunkel, Claudio Roditi, Terra Brasil (cinco CDs, sendo dois indicados ao Grammy Latino), Sergio Rossoni Grupo, Aquilo Del Nisso, Grupo Premê, Carlinhos Antunes, Aloíso Aguiar Trio (NY), Tuti Baê e trabalhos como baterista com orquestra que acompanhou Sandy e Junior, entre outros cantores. É autor do livro "Novos Caminhos da Bateria Brasileira", publicado pela editora Vitale (Brasil) e Advance Music (EUA, Europa e Ásia). Realizou workshops de bateria e percussão brasileira no Canadá, Holanda, Alemanha, República Dominicana, Estados Unidos e Brasil. Foi editor da revista Batera & Percussão em 2000 e 2001 e escreveu mais de quarenta artigos. Leciona Percussão Popular, História da Música Brasileira e Jazz na Faculdade Santa Marcelina. É diretor e arranjador da Big Band da Fundação das Artes de São Caetano do Sul, e leciona aulas particulares de bateria e teoria musical.  Contatos:[email protected]; www.sergiogomes.com; www.sergiogomesbateria.blogspot.

Coordenação de mãos e pésPor Maurício Leite

27/03/2012

Por Maurício Leite

Muitas vezes nos impressionamos com "licks" monstruosos tocados por nossos bateristas prediletos. É obvio que eles não nasceram sabendo e, de fato, devem ter estudado bastante para chegar àqueles resultados. E muitas vezes caímos na tentação de simplesmente copiar o que ouvimos. Claro que é um caminho para chegar ao resultado desejado, mas acredito que, a partir de um "produto pronto", podemos pesquisar a origem da ideia e chegar a um resultado mais pessoal e definido.

Assim, sempre procuro estudar a base do que ouço, por mais simples que possa parecer. Se você se dedicar aos fundamentos com certeza terá um som mais limpo e uma execução clara de suas ideias.

Começamos então coordenando as mãos e os pés com toques simples. Execute sempre um toque de mão seguido de um toque de pé. No primeiro compasso, fica muito evidente o conceito do exercício. Um toque de mão na cabeça do tempo seguido de um toque do bumbo no contratempo. Dica: pratique este primeiro compasso em separado, com o clique (metrônomo) em semínima. Em

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seguida, programe o metrônomo na metade do tempo. Assim, ele vai marcar apenas os tempos 1 e 3. Concentre-se para não correr e ficar completamente fora do tempo.

Dica dada, seguimos com o exercício inteiro. No segundo compasso você toca as tercinas de colcheia, sempre de forma alternada entre mãos e pés. Assim, as mãos tocarão tercinas de semínimas. Fique muuuuuuuito atento ao clique e siga a mesma dica anterior, estudando o compasso em separado. No terceiro compasso temos semicolcheias com as mãos tocando a cabeça e o contratempo.

Estando tudo estudado e praticado com o metrônomo, toque o exercício inteiro passando das colcheias para as tercinas e para as semicolcheias. Concentre-se nas passagens entre os compassos e não atropele nem sufoque o bumbo. Pense de forma musical. Em cada compasso, o bumbo tem seu valor dentro da subdivisão. Fique muito atento!

No exercício 2 tocaremos colcheias e semicolcheias em dois compassos. Aqui o bumbo terá toques duplos. A ideia é você tocar de forma clara e definida. Conte e também programe seu metrônomo em colcheias (1&2&3&4&) para realmente firmar o toque duplo nas semicolcheias. A figura deve ficar exata. Não são Drags! São duas semicolcheias no contratempo.

O exercício 3 tem quatro compassos e exige muita concentração e o estudo em separado do segundo compasso. As tercinas de colcheia estão distribuídas em toques duplos entre as mãos e o bumbo. Assim, os bumbos ficam deslocados e "passeando" em relação ao clique. Pratique com o metrônomo e toque o chimbal nas cabeças de tempo, colados no clique. Estude os dois primeiros compassos muito atento à passagem entre eles. O terceiro compasso com certeza já foi dominado no exercício anterior. O quarto, na prática, é a mesma coisa, só que dobrado em relação ao tempo. Fusas e muitas batidas! Aqui sua habilidade será testada em termos de limpeza de execução e controle de tempo. Tocar os quatro compassos em sequência com o clique exige bastante atenção. Toque com o chimbal na cabeça de tempo com o pé esquerdo. Tente tocar o mais confortável possível.

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O exercício 4 é um clássico, o famoso "quatro M dois P". Partindo de uma sextina, execute quatro toques com as mãos em sequência, seguido de toque duplo no bumbo. Mas atenção: a figura deve soar justa. Não é 4+2. São 6, divididos 3+3. Nada de tocar 123412. Toque 123456. Fique atento ao fato do quarto toque de mão estar exatamente no contratempo. Temos uma clara tercina com mão esquerda e bumbo. Tercinas, não Drags... Pratique com o clique em semínimas, em colcheias e em mínimas (tempos 1 e 3 do compasso).

No exercício 5 voltamos um pouquinho e aplicamos o estudo em semicolcheias distribuindo os toques de mão entre a caixa e o tom 1 e o surdo e o tom 2. Todo exercício estudado entre caixa e bumbo deve ser também aplicado entre tons e surdos. A movimentação de mãos pelo kit exige uma maior atenção aos movimentos. Quando não estudados atentamente, produzem licks e frases desastrosos.

O exercício 6 apresenta o "quatro M dois P" em sua plenitude de aplicação. As mãos passeiam entre os tons e o surdo em uma sequência que, em velocidade, cria um movimento muito interessante para quem está assistindo a execução. Dois toques no primeiro tom, dois no surdo, dois no bumbo, dois no segundo tom, dois no surdo, dois no bumbo... Mantenha a sequência de forma limpa, prestando muita atenção à sonoridade dos tambores.

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Os exercícios 7 e 8 são variações da figura anterior. No sétimo, temos nos tempos 1 e 3: dois toques no tom 1, dois na caixa com acentuação (deDE) e dois no bumbo. Nos tempos 2 e 4, a sequência aplicada no exercício 5.

O exercício 8 também tem uma variação nos tempos 1 e 3. Um toque na caixa com a mão direita, um toque no tom 1 com a mão esquerda, dois toques no surdo (DE) e dois toques no bumbo. A combinação com os tempos 2 e 4 fica bem interessante e pode ser distribuídas com splashs e chinas.

Nos exercícios 9 e 10 temos as figuras combinadas. Fique muito atento à sensação de velocidade entre os tempos. Ao ficar repetindo os compassos em loop você flutua em relação à pulsação. Mas sinta apenas o feeling. Não corra, não perca o tempo, não saia do clique!Toque o chimbal com o pé esquerdo na cabeça do tempo. Mantenha o controle!

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Maurício Leite é baterista profissional há 20 anos, educador, músico de estúdio e clinician. Foi pioneiro na realização de workshops e realiza em média 70 apresentações anuais, entre workshops, workshows e master classes. Já tocou e/ou gravou com Mello Jr., Sydnei Carvalho, Flávio Gutok, Jorge Pescara, Fkc (USA), Denise Assumpção, Rose Figueiredo, Max Robert, Marcelo Souza, Mulheres Negras, Coral da USP e Dai Moura, entre outros, além de centenas de faixas avulsas nos segmentos pop, sertanejo e evangélico. Fez parte da banda V-8, mantém o projeto Time Out, com Felipe Andreolli e Mello Jr., cujo CD e DVD "The Journey" recebeu destacadas críticas no Brasil e exterior. Lançou o primeiro "flexi disc" didático do Brasil e o CD e play along “Evolution”, com turnê por todo o Brasil. Sua vídeo aula "Técnica! Conceitos e Aplicações" atingiu a vendagem de 15.000 cópias, e seu trabalho solo “Black & White” atingiu a marca de 5.000 unidades vendidas. Produziu o CD "Na Estrada", do baterista Walter Lopes, e o áudio do método "Novos Caminhos da Bateria Brasileira", de Sérgio Gomes, e co-produziu o elogiado CD "Toda Bossa", do baixista Max Robert. Foi professor titular do Curso de Verão de Curitiba em 2003 e 2004, e é coordenador pedagógico do projeto "Encontro de Bateras/Bateras em Fúria". No momento prepara o lançamento do DVD do trio Nubalacobaco ao lado do baixista Odilon de Carvalho e do tecladista Tiago Mineiro. Usa pratos Sabian e desenvolveu diversos produtos em parceria com a RMV, destacando a série Concept, as peles Duo e FX e os pedai

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