liberdade ou segurança
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Conduzido a uma cela, Carlitos faz trapalhadas que quase o levam a ser trucidado por seu companheiro. É salvo por uma campainha que convoca os detentos ao refeitório da prisão.
• Carlitos senta-se entre seu enorme companheiro de sela e um tipo franzino. Por baixo da mesa, o tipo franzino derrama um pó misterioso no saleiro. Põe o saleiro encima da mesa, em seguida é revistado e retirado do refeitório.
• Carlitos despeja o sal no seu prato e depois de algumas garfadas, se torna agitado e valentão.
• Agitadíssimo, marcha de volta para as celas junto com os companheiros.
• Em vez de entrar na cela, Carlitos dá meia-volta sem que ninguém perceba, entra num pátio, recua espantado e segue pelo corredor vazio.
• Retorna pouco depois e depara-se com dois fugitivos armados trancafiando o diretor e os guardas e liberando os outros presos. Ele enfrenta os bandidos, derrota-os, liberta os policiais e evita a fuga dos presos.
• Carlitos é cumprimentado pelo diretor da prisão e passa a descansar em uma confortável cela privativa, certamente oferecida em recompensa por seu ato de bravura.
• Afinal, o diretor manda chamá-lo e lhe dá a boa nova: já pode deixar a prisão!
Mas a notícia não agrada tanto a Carlitos. O que espera do lado de fora? Fome e desemprego?
Com o rosto triste pergunta: “Não posso ficar um pouco mais? Sou tão feliz aqui...”
Alexis de Tocqueville e o
Dilema Tocquivilliano
Desenvolveu fascinante estudo de sociologia comparada, interessando-se principalmente pelas consequências dos vários
modelos de democracia em diferentes instâncias.
Quando a liberdade é ameaçada
• Tocqueville acompanhou de perto os efeitos da Revolução Francesa.
• O que mais impressionou Tocqueville em relação à Revolução Francesa foi a violência com que ela se deu. Por que uma revolução que defendia a liberdade, a igualdade e a fraternidade levou ao terror? Por que é tão difícil garantir liberdade? O que vale mais, a igualdade ou a liberdade?
O Dilema Tocquevilliano
• Combinar os ideais de igualdade e liberdade transformou-se na obsessão de Tocqueville.
• Essa desafiante combinação de igualdade com liberdade acabou sendo batizada como o “dilema tocquevilliano”.
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O novo mundo e o sonho de liberdade
• Tocqueville fez uma viagem famosa com destino aos Estados Unidos da América.
• A decisão de Tocqueville tinha um objetivo específico: conhecer a organização das prisões. Haveria lá algo que pudesse ajudar a França a reformar o seu sistema prisional?
• Na percepção de Tocqueville, a sociedade americana nasceu sob o sinal de liberdade.
• No entanto, viver em liberdade é mais complicado, parece nos dizer Tocqueville. A manutenção da liberdade exige atenção redobrada.
• Portanto, mais ou tão importante quanto obter a democracia é cuidar diariamente para que ela possa funcionar em benefício da sociedade.
O Velho Mundo e suas contradições
• Tocqueville sabia que a ideia de democracia tinha vindo para ficar. Não era mais possível defender a visão de que os homens eram desiguais por nascimento e a sociedade assim deveria permanecer.
Os ideais de igualdade tinha vindo para sempre, dizia Tocqueville em seus
escritos. Em sua avaliação, a França não havia adotado da melhor forma, porque
para garantir a liberdade, estava sacrificando a igualdade.
Livre na prisão?
Veja você como é preciso estimularmos nossa imaginação para compreendermos a recusa de Carlitos à liberdade e o pedido
que fez para permanecer na prisão.
• Tão dura e desprotegida estava a vida de Carlitos que a cadeia lhe pareceu mais segura: ali teria teto e alimentação.
• Diante dessa situação, talvez Tocqueville fortalecesse seu ponto de vista sobre o amplo significado da liberdade: estar solto em privação é estar preso!
O dilema de Carlitos, se pensarmos bem, talvez não esteja tão distante de nós. Em muitas cidades brasileiras,
especialmente nas metrópoles, o problema da segurança pública tornou-se tão crítico que já não parece tão absurdo
trocar liberdade por segurança. Tudo isso porque as pessoas se sentem ameaçadas, desprotegidas.
As conclusões de Tocqueville
Apesar de estarem afastadas de nós cerca de 150 anos, não podemos deixar de concordar com elas.