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Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa Faculdade de Veterinária Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias Michelle Costa e Silva Levantamento soroepidemiológico de cisticercose suína na região centro-sul do Estado do Ceará Fortaleza, Ceará Dezembro de 2004

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Universidade Estadual do Ceará

Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa

Faculdade de Veterinária

Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias

Michelle Costa e Silva

Levantamento soroepidemiológico de cisticercose

suína na região centro-sul do Estado do Ceará

Fortaleza, Ceará

Dezembro de 2004

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Universidade Estadual do Ceará

Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa

Faculdade de Veterinária

Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias

Michelle Costa e Silva

Levantamento soroepidemiológico de cisticercose suína na

região centro-sul do Estado do Ceará

Dissertação apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Ciências

Veterinárias da Faculdade de Veterinária

da Universidade Estadual do Ceará, como

requisito parcial para a obtenção do grau

de Mestre em Ciências Veterinárias.

Área de concentração: Reprodução

e Sanidade Animal.

Orientador: Prof. Dr. Ricardo Toniolli

Fortaleza, Ceará

Dezembro de 2004

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S586l Silva, Michelle Costa e

Levantamento soroepidemiológico de cisticercose suína na região centro-sul do estado do Ceará/ Michelle Costa e Silva- 2004

108p; 30 cm

Orientador: Prof. Dr. Ricardo Toniolli

Dissertação (Mestrado em Ciências Veterinárias)- Universidade Estadual do Ceará, Faculdade de Veterinária

1. Cisticercose 2. Espécie suína 3. Ceará I. Universidade Estadual do Ceará, Faculdade de Veterinária

CDD 636.40896

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4

Universidade Estadual do Ceará

Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa

Faculdade de Veterinária

Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias

Título do Trabalho: Levantamento soroepidemiológico de cisticercose suína na região

centro-sul do Estado do Ceará.

Autor (a): Michelle Costa e Silva

Aprovada em 21/ 12 /2004

Banca Examinadora:

______________________________

Prof. Dr. Ricardo Toniolli

Orientador

_____________________________ _______________________________

Dra. Mariângela Valente da Silva Dra. Maria Fátima da Silva Teixeira

Co-orientadora / Examinadora Co-orientadora/ Examinadora

______________________________

Profa. Dra. Salette Lobão Torres Santiago

Examinadora

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“De tudo ficaram três coisas:

A certeza de que estamos sempre começando

A certeza de que é preciso continuar

E a certeza de que seremos interrompidos antes de terminar.

Portanto, devemos fazer da interrupção um caminho novo

Da queda um passo de dança

Do medo uma escada

Do sonho uma ponte

Da procura um encontro."

Fernando Sabino

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A Deus, que me deu a vida e sempre me iluminou

Ao meu pai, por seu amor, luz e companhia

A minha mãe, por tudo que tenho e por tudo que sou

A minha irmã Mirelle, por tudo que é na minha vida.

Dedico.

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AGRADECIMENTOS

Meu agradecimento primeiramente irá para Deus, o nosso pai criador de tudo que

existe. Ele que meu deu a luz de ser quem sou e de ter o que tenho.

Agradeço em segundo lugar a minha mãe, que é a responsável por eu estar aqui

hoje e por conseguir alcançar até o momento tudo que conquistei. Se não fosse sua

força para me fazer o que sou hoje não sei o que eu seria nem onde estaria.

Acredito que à parte de tudo que vivemos aqui na Terra, existe um lugar especial

no céu onde junto de Deus encontram-se pessoas que nos amam e que intercedem a

ele por nós. Não tenho dúvida que uma dessas pessoas é meu pai, que apesar de ter

partido tão cedo, jamais me abandonou e todos esses anos tem me acompanhado e

protegido.

Um trabalho nunca é executado inteiramente sozinho pelo fato de que não somos

auto-suficientes. Durante este caminho árduo, pessoas abençoadas sempre surgem

como anjos dispostos a nos ajudar. Muitos são amigos, outros simples desconhecidos

que se tornam pessoas imprescindíveis para alcançarmos nossos objetivos. Na minha

trajetória encontrei muitos desses anjos, Dr. Alex, Dr. Eldon, Dr. Elismar, Dr. Fabiano,

Dr. Waldívio, Sr. Antonino, Dona Juraci, Clarina que mesmo sem me conhecerem me

ofereceram suas mãos prestativas e tornaram-se amigos.

Há sempre um agradecimento a aqueles amigos que mesmo não participando do

trabalho estão sempre na torcida para que tudo ocorra bem e prontos para qualquer

emergência. Por isso, obrigada a Annice, Annira, Carina, Messila, Aníbal, Kenio,

Roberta, Samuel, Tiago, Fernanda, Rodrigo, Dilce, Tony, Fabiano pela força; Jacinta,

Andréa, Fabrício e família pela hospitalidade e paciência, sem as quais o trabalho seria

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praticamente impossível. Agradecimentos a Dona Rocilda por sua prestatividade e

torcida, a todos os amigos e colegas do laboratório, que apesar de não fazerem parte

desta luta sempre torceram por minha vitória final.

Os meus sinceros agradecimentos aos Hospitais São Vicente de Paulo, Santo

Antônio, São Sebastião, Walter Cantídio e Hospital São José. Neste último agradeço

particularmente a Lourdes pela atenção, colaboração e gentileza e, principalmente, ao

meu amigo Bráulio por sua disponibilidade, apoio e carinho.

Aos meus colegas de mestrado pela convivência amiga e solidária, sempre

dispostos a ajudar, em especial Daniel Couto, Suzana, Tânia e Ney.

Ao professor Toniolli, por ter me acolhido mais uma vez, deixando-me fazer parte

da sua equipe de trabalho durante esses cinco anos.

E por fim, um agradecimento especial à pessoa mais importante em cada passo

dado por mim, não por ser a minha irmã, mas por ser a minha maior incentivadora.

Acredito que nos momentos difíceis, em que nem nós mesmos acreditamos que somos

capazes, Deus sempre nos envia alguém destinado a nos reerguer para continuarmos a

caminhada. Na minha vida esse alguém é Mirelle, minha irmã. Com seu jeitinho doce,

sua palavra amiga e confiante jamais me deixou sentir derrotada, por mais que não

entendesse a dimensão da dificuldade enfrentada. Pelo orgulho que sente por mim,

muitas vezes me encorajo a enfrentar algum desafio, porque sua confiança me

fortalece.

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RESUMO

A Taenia solium é um platelminto que pode afetar a espécie suína, causando a

cisticercose e o homem, neste podendo desencadear a teníase e a neurocisticercose (NCC). A

cisticercose suína destaca-se como uma das principais parasitoses que afetam esta espécie.

Muitos estudos epidemiológicos têm sido realizados no mundo inteiro, a fim de identificar a

situação da T. solium em comunidades dos países do terceiro mundo, já que a prevalência

deste helminto está diretamente relacionada com precárias condições de abate e de

saneamento básico nas populações criadoras da espécie suína. Criações domésticas de suínos

são muito freqüentes em áreas rurais da região Nordeste do Brasil, entretanto até o momento

nunca foi realizado um levantamento epidemiológico sobre a prevalência da cisticercose suína,

teníase e NCC humana em municípios do interior do Ceará. Diante disto, este trabalho objetivou

realizar um levantamento sobre a prevalência da Taenia solium em suínos e humanos em

municípios da região centro-sul do Estado do Ceará. O estudo foi realizado nas cidades de

Crato, Barbalha e Juazeiro, situadas na região do Cariri, sul do Estado, e em Pedra Branca,

localizada na região central do Ceará. Nestes locais, foram coletadas amostras de sangue de

suínos destinados ao abate, a fim de verificar a prevalência de cisticercose suína por meio do

teste de ELISA. O levantamento de casos de teníase e NCC humana registrados nos últimos

cinco anos foi realizado na Secretaria de Saúde dos municípios e em hospitais da região,

respectivamente. Os dados referentes às condições de criações de suínos nos últimos cinco

anos foram coletados de acordo com registros de denúncias junto às Vigilâncias Sanitárias

Municipais. Em Fortaleza, foi realizado um levantamento epidemiológico em três hospitais

públicos, a fim de avaliar a prevalência de NCC entre os anos de 1999 a 2003. De acordo com

os resultados do teste de ELISA, das 142 amostras coletadas nos quatro municípios, 79

(55,6%) apresentaram-se positivas para cisticercose suína. Quanto aos tipos de criações de

suínos no interior, 81,6% das denúncias eram pocilgas. No que diz respeito a NCC, na região

do Cariri foram identificados 90 casos entre os anos de 2001 e 2003. Em relação à idade, não

houve diferenças entre as faixas etárias. Entretanto, em 2002 o percentual de pacientes

neurocisticercóticos com idades de 1 a 10 anos apresentou-se inferior quando comparado às

faixas de 21 a 50 anos e 51 a 80 anos, enquanto que em 2003, somente as faixas etárias de 11

a 20 e 51 a 80 diferiram estatisticamente (p<0,05). Em Pedra Branca, foram identificados 18

casos de neurocisticercose entre os anos de 2001 e 2004, onde o sexo masculino apresentou

maior número de casos. Nos hospitais de Fortaleza pode-se verificar um total de 306 casos de

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NCC entre 1999 e 2003, onde 66,6% eram do sexo masculino e 55% eram provenientes de

Fortaleza. Os resultados obtidos sugerem que a Taenia solium constitui-se em problema para

saúde animal e humana, principalmente em municípios do interior do Estado, havendo também

muitos casos de NCC humana na cidade de Fortaleza, apesar dos dados serem apenas uma

estimativa da situação real, em razão da subnotificação da doença nos hospitais.

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ABSTRACT

The Taenia solium is a plathelminte that can affect the species swine, causing the

cysticercosis and the man, in this could unchain the taeniasis and the neurocysticercosis (NNC).

the cysticercosis swine stands out as one of the main diseases parasitic that affect this species.

Many epidemic studies have been accomplished in the whole world, in order to identify and

situation of the Taenia solium in communities of the countries of the third world, since the

prevalence of this helminte is directly related with precarious discount conditions and of basic

sanitation in the creative populations of the species swine. Domestic creations of swine are very

frequent in rural areas of the Northeast area of Brazil, however until the moment never an

epidemic rising was accomplished on the prevalence of the cysticercosis suína, taeniasis and

human NCC in municipal districts of the interior of Ceará. Before this, this work aimed at to

accomplish a rising on the prevalence of the Taenia solium in swine and humans in municipal

districts of the center-south area of the State of Ceará. The study was accomplished in the cities

of Crato, Barbalha and Juazeiro, located in the area of Cariri, south of the State and in White

Stone, located in the central area of Ceará. In these places, samples of blood of swine were

collected destined to the slaughter, in order to verify the prevalence of cysticercosis swine

through the test of ELISA. The rising of cases of taeniasis and human NCC registered in the last

five years was accomplished at the General office of Health of the municipal districts and in

hospitals of the area, respectively. And as for the data regarding the conditions of creations of

swine in the last five years, those were collected in agreement with registrations of accusations

close to the Municipal Sanitary Surveillances. In Fortaleza, an epidemic rising was accomplished

at three public hospitals, in order to evaluate the prevalence of NCC among the years from 1999

to 2003. In agreement with the results of the test of ELISA, of the 142 samples collected in the

four municipal districts, 79 (55,6%) they came positive for cysticercosis swine. As for the types of

creations of swine in the interior, 81,6% of the accusations were pigsties. In what he/she tells

respect the neurocysticercosis in the area of Cariri were identified 90 cases among the years of

2001 and 2003. In relation to the age, there were not differences among the age groups.

However, in 2002 the percentile of patient neurocysticercotic with ages from 1 to 10 years came

inferior when compared to the strips from 21 to 50 years and 51 to 80 years, while in 2003, only

the age groups from 11 to 20 and 51 to 80 differed statisticaly (p <0,05). In White Stone, they

were identified 18 cases of neurocysticercosis among the years of 2001 and 2004, where the

masculine sex presented larger number of cases. In the hospitals of Fortaleza a total of 306

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cases of NCC can be verified between 1999 and 2003, where 66,6% were male and 55% were

coming of Fortaleza. The obtained results suggest that the Taenia solium is constituted in

problem for animal and human health, mainly in municipal districts of the interior of the State,

also having many cases of human NCC in the city of Fortaleza, in spite of the data be just an

estimate of the real situation, in reason of the subnotification of the disease in the hospitals.

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SUMÁRIO

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS 15

INTRODUÇÃO 17

REVISÃO DE LITERATURA 19

1.0. Histórico da cisticercose suína 19

2.0. Taenia solium: Morfologia e Ciclo biológico 20

2.1. Morfologia 20

2.2. Ciclo Biológico 22

2.2.1. Teníase humana 22

2.2.2. Cisticercose suína 24

2.2.3. Neurocisticercose humana (NCC) 24

3.0. Taenia solium: Aspectos imunológicos 25

4.0. Métodos diagnósticos 27

4.1. Cisticercose suína 27

4.1.1. Exames anatomopatológicos 27

4.1.2. Imunodiagnóstico 29

4.1.2.1. Utilização de antígenos heterólogos (Taenia

crassiceps): testes de ELISA e Imunoblot

31

4.2. Teníase humana 33

4.3. Neurocisticercose humana 34

5.0. Medidas de controle 35

6.0. Levantamentos epidemiológicos 39

6.1. Espécie suína 39

6.2. Espécie humana 42

6.2.1. Teníase 42

6.2.2. Neurocisticercose (NCC) 43

JUSTIFICATIVA 45

HIPÓTESES CIENTÍFICAS 47

OBJETIVOS 48

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Geral 48

Específicos 48

MATERIAL E MÉTODOS 49

Primeira etapa: Inspeção das carcaças suínas quanto à presença

de cisticercos.

49

Segunda etapa: Tipos de criações de suínos 51

Terceira etapa: Avaliação de anticorpos circulantes nas amostras

de sangue de suínos pela técnica de ELISA.

52

Quarta etapa: Casos de teníase 53

Quinta etapa: Casos de Neurocisticercose 53

Análise estatística 54

RESULTADOS E DISCUSSÃO 54

1) Avaliação da presença de cisticercos e sua localização na

carcaça

55

2) Tipos de criações de suínos verificados nos municípios 58

3) Casos de cisticercose suína detectada pelo teste de ELISA 60

4) Casos de teníase nos municípios do interior. 63

5) Casos de Neurocisticercose 65

CONCLUSÃO 75

PERSPECTIVAS 76

ARTIGO ANEXO 76

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 95

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15

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

µg Micrograma

µL Microlitros

a . C Antes de Cristo

Ac Antícorpo

Ag Antígeno

CC Cisticerco calcificado

CHIC Chiqueiro

cm Centímetro

CSF Cérebro-espinhal

CV Cisticerco vivo

CWGESA Grupo de pesquisa de cisticercose no leste e sul

da África

°C Graus Celsius

GP glicoproteínas

HCl Ácido clorídrico

H2O2 Peróxido de hidrogênio

H2SO4 Ácido sulfúrico

Kg Quilograma

min Minuto

mL Mililitro

M Molar

mm Milímetros

nm Nanômetros

N Normal

NCC Neurocisticercose

OD Densidade óptica

OPS Organização Panamericana de Saúde

p Probabilidade

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PCR Polimerase chain reaction (Reação em cadeia

pela polimerase)

pH Concentração de hidrogênio livre

PBS Fosfate buffer saline

POC Pocilgas

r.p.m. Rotações por minuto

SIM Serviço de Inspeção Municipal

sp espécie

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17

INTRODUÇÃO

Desde a Antiguidade, a carne suína desempenha um papel de importância na

alimentação humana. No início do século XX, o suíno apresentava 40 a 45% de carne

magra na carcaça e 5 a 6 cm de espessura de toucinho. Com os avanços da genética,

a carne suína atual apresenta 58 a 62% de carne magra, apenas 1 a 1,5 cm de

espessura de toucinho (Barcellos, 2002), um alto nível de sais minerais, proteínas,

vitaminas e um baixo nível de colesterol quando comparado ao das carnes bovina e de

frango sem pele, atendendo assim às exigências da American Heart Association

(Roppa, 2001).

Embora o consumo mundial de carne suína fique em torno de 14,8

kg/hab/ano, no Brasil este consumo representa 11,4 kg/hab/ano, sendo inferior quando

comparado aos 35 kg/hab/ano da carne bovina (FAO, 2002). O consumo da carne

suína ainda hoje enfrenta resistências (Girotto, 2003), isto porque prevalece ainda no

pensamento das pessoas a associação da carne de porco à de “carne doente”,

enfatizando em particular a neurocisticercose, zoonose que se caracteriza pela ingestão

humana de ovos da Taenia sp presentes em alimentos contaminados, sendo o homem

o hospedeiro intermediário da larva Cysticercus cellulosae, a qual, por ter predileção

pelo sistema nervoso, pode causar sintomas neurológicos.

A ingestão de carne de porco contaminada, ao contrário do que as pessoas

pensam, não causa neurocisticercose e sim, teníase (Freitas, 1977), que é causada

pela ingestão de carne suína crua ou parcialmente cozida, contendo cisticercos

(Germano et al., 2001). A presença de humanos com teníase constitui-se um alto risco

para o surgimento da cisticercose suína em populações rurais como também em

centros urbanos, onde suínos provenientes de localidades rurais são abatidos, vendidos

e consumidos de forma crescente (Phiri et al., 2002).

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18

A cisticercose suína causada pela Taenia solium é uma das doenças

parasitárias mais importantes para humanos e suínos em muitos paises da América

Latina (Sakai et al., 1998), representando um dos mais relevantes problemas ao

desenvolvimento da produção suína em países do terceiro mundo, afetando

especialmente as populações rurais sob os pontos de vista econômico e nutricional

(Phiri et al., 2003).

A aplicação de medidas para o controle do complexo teníase/cisticercose

depende das condições econômicas, culturais, sociais e, principalmente, das

características epidemiológicas da enfermidade na região, visto que a partir de dados

referentes à situação destas enfermidades na área estudada, pode-se planejar

estratégias de controle das mesmas (Pfuetzenreiter, 1999).

A determinação da prevalência da infecção em suínos por Taenia solium tem

sido sempre um importante requisito na maioria dos programas de controle da

cisticercose (Sakai et al., 1998). Em virtude de tal fato, o estudo da prevalência do

complexo teníase/cisticercose causado por T. solium tem aumentado

consideravelmente no mundo todo durante a última década (Sciutto et al., 1998),

principalmente em países em desenvolvimento, como Zambia (Dorny et al., 2004), Índia

(Rajshekhar et al., 2003) China (Ichikawa et al., 1998), México (Morales et al., 2002),

Peru (Garcia et al., 1999) e Equador (Rodríguez-Hidalgo et al., 2003).

No Brasil, apesar do grande impacto na saúde pública e animal, como

também na economia do país, o aspecto epidêmico da doença é desconhecido, desde

que a notificação da doença em humanos não é de caráter obrigatório e o número de

serviços de inspeção animal é muito limitado em pequenas regiões (Pinto et al., 2002).

No entanto, pesquisas isoladas têm relatado a prevalência de cisticercose em suínos

(Soarez et al., 2003; Gomes et al., 2000), teníase (Capuano et al., 2002) e

neurocisticercose em humanos (Chagas et al., 2003), sendo esta encontrada com

elevada freqüência nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Goiás

(Takayanagui & Leite, 2001).

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19

REVISÃO DE LITERATURA

1.0. Histórico da Cisticercose Suína

Os primeiros registros de verminoses no começo da civilização estão no

papiro de Ebers (1500 a.C), onde se reconhecem descrições do nematódeo Taenia sp

(Enciclopédia Mirador, 1979).

A cisticercose suína foi descrita pela primeira vez por Aristófanes e

Aristóteles no século III a.C. (Pessoa & Martins, 1982); já em humanos o primeiro

achado é creditado a Paroli no ano de 1550, ao descrever a presença de pequenas

vesículas cheias de líquido no corpo caloso de homem que morreu de crises

convulsivas. No ano 1697, Malpighi relatou a existência de um parasita dentro das

vesículas dos cisticercos (Soares, 2003 apud Trelles & Lazarte, 1940).

A história conta que o medo da cisticercose já vem de 300 anos antes de

Cristo, quando a lei dos judeus proibia, sob pena de prisão, a ingestão da carne de

porco, devido à descrição de Aristóteles sobre a cisticercose nos suínos. Moisés, o

legislador dos hebreus, proibiu o consumo da carne de porco ao seu povo para evitar

parasitoses tão comuns como a solitária, da qual era vítima o povo judeu. Da mesma

forma, Maomé também contribuiu para este conceito errado de que o porco é nocivo à

saúde, proibindo o consumo da carne na dieta humana (Roppa, 2002). Ainda hoje o

parasitismo suíno exerce um significante impacto econômico ao redor do mundo (Baker

et al., 1994). Globalmente, as doenças parasitárias continuam a ser um problema em

países subdesenvolvidos (Eddi et al., 2003).

No âmbito da saúde animal, a cisticercose suína ocupa lugar de destaque

entre as preocupações dos criadores, sobretudo os de médio e grande porte, pois sua

ocorrência nos plantéis acarreta prejuízos de ordem econômica, quando do momento

do abate dos animais em estabelecimentos com serviço de inspeção veterinária

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20

(Germano, 2001). Isto se deve ao fato de que, a cisticercose suína é a zoonose

parasitária mais observada em suínos, sendo a principal causa de condenação de

carcaças suínas (84%) (Sciutto et al., 1998), constituindo-se em uma das doenças

parasitárias mais importantes não só para suínos, como também para o ser humano em

muitos países em desenvolvimento na América Latina (Sakai et al., 1998). No homem,

além de provocar teníase, este helminto pode conduzir a neurocisticercose humana,

caracterizada pela localização cerebral da larva Cysticercus cellulosae que promove

uma patologia de caráter mais grave (Rey, 2002).

2.0. Taenia solium: Morfologia e Ciclo Biológico

2.1. Morfologia

A Taenia solium é um platelminto da classe Cestoda, pertencente à ordem

Cyclophyllidea e à família Taenidae. São vermes grandes, em forma de fita, sendo

compostos por escólex, colo e estróbilo constituído por proglótides (Fortes, 1997).

O helminto adulto (Figura 1) pode medir até 4 m e viver até 25 anos no

intestino delgado humano. A cor é geralmente branca, de aspecto leitoso. A superfície é

lisa, brilhante com goteiras transversais que marcam os limites entre as proglótides que

compõem o corpo. O escólex da Taenia solium é ovóide ou piriforme, apresenta quatro

ventosas e dupla coroa de acúleos inseridos em um rostro situado entre as ventosas.

Os acúleos são em número de 25 a 50, e cada um tem a forma de foice. Já o estróbilo

é formado por proglótides jovens, mais largas que longas, situadas próximo ao colo e

proglótides maduras, situadas a aproximadamente um metro da extremidade do colo,

exibindo largura e comprimento iguais (Rey, 2002). As proglótides grávidas medem de

10 a 12 mm de comprimento, localizam-se bem afastadas do escólex, onde os

testículos apresentam-se regredidos e os úteros hipertrofiados, os quais se ramificam

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para alojarem até 40.000 ovos/ proglótide. Os ovos da Taenia sp. (Figura 2) medem de

���D�����P�GLâmetro e são liberados nas fezes do homem (Soulsby, 1987).

O Cysticercus cellulosae (Figura 3), comumente denominado cisticerco, pode

se encontrar sob a forma ativa (vivo) ou inativa (calcificado). O cisticerco é considerado

vivo ou viável quando está na etapa vesicular, contendo a larva invaginada no seu

interior e o calcificado consiste em um nódulo sólido, mineralizado, de coloração

esbranquiçada, rodeado por uma cápsula de tecido conjuntivo denso (Júnior et al.,

2003).

Este metacestódeo também pode ser considerado viável se apresentar

movimentos ondulatórios do cisto, parede intacta, membrana semi-transparente,

movimentos ativos do escólex dentro da vesícula e um fluido cístico, com completa ou

incompleta evaginação do escólex (Peniche-Cardena et al., 2002).

Morfologicamente, o cisticerco pode apresentar-se sob duas formas: a

cística, vesícula contendo escólex em seu interior, conhecida como Cysticercus

cellulosae, e em cachos com numerosas vesículas, mas sem o escólex, denominada

Cysticercus racemosus (forma racemosa) (Takayanagui & Leite, 2001).

Figura 2. Ovo de Taenia sp.

Figura 3. Cysticercus cellulosae.

Figura 1. Taenia solium adulta.

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Ao fim de 60 a 75 dias, esta larva se torna infectante para o homem,

permanecendo viável na musculatura do suíno durante vários anos, e talvez, por toda a

vida (Rey, 2002), no entanto morre a temperaturas acima de 55 °C, enquanto o

Cysticercus bovis morre a 50 °C. O congelamento por 4 dias a 5 °C ou 3 dias a – 15 °C,

ou ainda um dia a – 24 °C mata os cisticercos dos suínos (Sotelo et al., 1996).

2.2. Ciclo Biológico

O ciclo da Taenia solium implica dois hospedeiros: o definitivo, que é o

homem, que aloja a fase adulta do parasito no intestino delgado e o intermediário, que

pode ser o suíno ou o homem (Figura 4), no qual se desenvolvem as formas larvárias

do parasito (Soulsby, 1987).

2.2.1. Teníase humana

O homem é habitualmente o hospedeiro definitivo da Taenia solium, em que

o cisticerco presente na carne de porco ingerida crua ou mal cozida, chegando ao

intestino delgado do homem, transforma-se em T. solium completando o ciclo evolutivo

natural, causando a teníase humana, a qual possibilita a liberação de proglótides e ovos

nas fezes (Rey, 2002). A infestação por tênia provoca sintomas relativamente brandos

no hospedeiro definitivo, tais como diarréias, obstruções intestinais, insônia e

irritabilidade. A pessoa parasitada em geral é magra, pois o parasita compete pelo

alimento ingerido. Substâncias laxantes são pouco eficientes, visto que a fixação do

escólex no intestino é tão eficiente que, muitas vezes, apesar de o verme ser eliminado

quase que por inteiro devido às contrações intestinais, resta o escólex que origina

novas proglótides (Amabis & Martho, 1995).

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Fezes com proglótides ou

ovos de Taenia sp

Neurocisticercose

Teníase

Larva (Cysticercus cellulosae)

Figura 4. Ciclo da Taenia solium em suínos e humanos.

Ingestão de hortaliças contaminadas

Desenvolvimento da larva nos músculos

Contaminação de hortaliças com ovos

de Taeni

(Cisticercose)

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2.2.2. Cisticercose suína

Nas fezes humanas são eliminados os ovos ou as proglótides repletas de

ovos. No interior do ovo ou embrióforo encontra-se o embrião hexacanto que, quando

ingerido pelo hospedeiro intermediário (suíno), é liberado sob a ação do suco gástrico.

Ele penetra através da mucosa intestinal meio de acúleos e, caindo na corrente

sanguínea, é levado a diferentes partes do organismo, transformando-se no estágio

larval Cysticercus cellulosae (Takayanagui & Leite, 2001), o qual pode parasitar o tecido

conjuntivo interfascicular dos músculos sublinguais, dos mastigadores, do diafragma, do

músculo cardíaco e no cérebro dos suínos, tornando estes animais portadores da

cisticercose suína (Fortes, 1997).

2.2.3. Neurocisticercose humana (NCC)

Designa a infestação do organismo humano pela larva da tênia. Sua

importância na patogenia humana está na dependência da localização do parasita em

tecidos nobres, como os do globo ocular e sistema nervoso (Veronesi, 1996). Desta

forma, enquanto a cisticercose suína acomete principalmente a musculatura estriada,

no homem o sistema nervoso revela-se a localização mais importante por sua

freqüência e gravidade. Acredita-se que o cisticerco intraparenquimatoso sobreviva no

cérebro humano por um período de 3 a 6 anos, após o qual sofre um processo de

degeneração (Takayanagui & Leite, 2001).

A contaminação humana com os ovos da T. solium desencadeia a

Neurocisticercose e processa-se por autoinfestação em indivíduos portadores de

teníase, por meio de mãos contaminadas (autoinfestação externa), por antiperistaltismo

ou por heteroinfestação através de alimentos, particularmente verduras cruas, água e

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mãos contaminadas, não sendo esta zoonose causada pela carne suína e sim pelos

maus hábitos higiênicos do próprio homem (Roppa, 2002).

A contaminação por transfusão sanguínea é possível, mas não foi ainda

comprovada. Depois de ingerir os ovos, o suco gástrico exerce ação sobre sua casca,

em seguida vai ao intestino delgado, aí com ação dos sucos pancreáticos são liberados

os embriões. Estes se fixam nas vilosidades intestinais, onde permanecem por 4 dias, a

seguir caem na circulação pulmonar e se distribuem pelo corpo todo. Aproximadamente

cinqüenta por cento (50%) se fixa no Sistema Nervoso, originando a neurocisticercose.

É a forma mais grave. Os sintomas e sinais advêm do número, do tamanho e da

localização destes cistos. Os cinqüenta por cento restantes localizam-se principalmente

nos olhos e músculos de grande motilidade (masseteres, esqueléticos). Após a

penetração nas veias mesentéricas os embriões permanecem girando na circulação por

alguns dias, antes de se fixarem em outros tecidos (Antoniuk, 1994).

Os principais sintomas clínicos da NCC incluem convulsões, dores de

cabeça, hidrocefalia e desordens neuropsicológicas. Embora seja rara a presença de

cistos viáveis nos gânglios basais do cérebro, verificou-se que 26,7% dos pacientes

neurocisticercóticos apresentavam cistos nesta região, estando este fato relacionado

com o nível de parasitismo (Cosentino et al., 2002). A manifestação ou não dos

sintomas é resultante da interação parasita-hospedeiro e depende da intensidade na

resposta inflamatória do hospedeiro (Agapejev, 2003).

3.0. Taenia solium: Aspectos Imunológicos

Considerando achados imunohistológicos, a fim de se obter maiores

informações sobre infiltrados celulares ao redor da Taenia solium in situ, em diferentes

estágios de infecção no cérebro, coração e músculo esquelético de suínos infectados

naturalmente, observa-se que o cisticerco induz a formação de um granuloma maduro

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constituído por uma rica camada de eosinófilos ao redor do parasita, uma compacta

camada de células epitelióides e de células multinucleadas gigantes, além de infiltrado

inflamatório com fibras colágenas intercaladas. À medida que progride a inflamação há

o aumento do diâmetro do granuloma, em razão da infiltração de células inflamatórias e

a degeneração do parasita de forma centrípeta. Quanto à viabilidade do parasito, cistos

viáveis e em desintegração são observados nos músculos, enquanto no cérebro pode

não ser possível detectar cistos em desintegração. Resultados imunohistoquímicos

reforçam as similaridades entre a cisticercose humana e suína, entre eles: infiltrado de

eosinófilos e células mononucleares (linfócitos B e T, macrófagos e células plasmáticas)

e a ausência de neutrófilos (Londono et al., 2002).

De uma forma geral, o cisticerco promove seis graus de inflamação nos

hospedeiros. Nos dois primeiros graus há a presença de eosinófilos, linfócitos células

plasmáticas e o desenvolvimento de arteríolas e capilares. No terceiro e quarto graus

ocorre a reação granulomatosa, havendo a adesão de fibroblastos e células necróticas,

completando-se assim o processo inflamatório. No quinto e sexto graus há a

degeneração completa do parasito, com a invasão de tecido fibroso (De Aluja & Vargas,

1988). �

Dados têm sugerido ainda, que a cisticercose por si mesma promove defeitos

genéticos nos linfócitos do hospedeiro que em parte poderia explicar o retardamento da

proliferação cinética dos linfócitos observados em pacientes neurocisticercóticos. Um

fator solúvel secretado pelo cisticerco da Taenia solium, que deprime a incorporação de

timidina 3H em linfócitos humanos estimulados pela mitose, foi testado por seu

potencial carcinogênico em células embrionárias de hamster da Síria. O papel preciso

que o fator secretado pelo cisticerco desempenha na patogênese do câncer em

humanos requer mais análises. Todavia, é possível que uma predisposição ao câncer

seja mediado pelo curso crônico da resposta imune induzida pelo metacestódeo Taenia

solium. Em suínos, a alta freqüência de danificação genética em linfócitos de animais

com cisticercose pode ser detectada após 11 semanas de infecção. A indução destas

modificações genéticas nos linfócitos circulantes de animais cisticercóticos se

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correlaciona com uma capacidade reduzida destas células em se dividir após

estimulação mitogênica (Herrera, 1994).

4.0. Métodos Diagnósticos

4.1. Cisticercose suína

4.1.1. Exames anatomopatológicos

Procedimentos comuns para o diagnóstico da cisticercose suína são o

exame de língua in vivo e o exame anatomopatológico post-mortem (Pinto et al., 2000).

Entretanto, o teste ante-mortem para cisticercose suína pode ser uma importante forma

de diminuir a taxa de transmissão para humanos e de redução das perdas econômicas

para pequenos criadores destas áreas. A palpação da língua, por ser uma técnica

moderadamente sensível, pode subestimar a prevalência da cisticercose suína em

regiões endêmicas (Sato et. al., 2003), embora seja um método comumente utilizado na

prática já que não requer conhecimentos técnicos (Sciutto et al., 1998).

O método mais usado na prática para o diagnóstico da cisticercose suína é a

inspeção post-mortem das carcaças em abatedouros, pela observação do cisticerco nos

músculos, salientando-se a língua, o masseter, os membros posteriores, paleta,

intercostais e cérebro, como também em outros órgãos, incluindo o coração, o baço e

os rins (Pathak & Gaur, 1989). A incisão praticada nesses locais durante a inspeção da

carne permite evidenciar as formas larvais da Taenia solium, caracterizadas por

formações vesiculosas, ovóides e de cor branco-amarelada (Figuras 5 e 6) (Gil, 2000).

Em países em desenvolvimento na América Latina, estatísticas de abatedouros podem

subestimar a incidência da cisticercose suína, visto que é alta a porcentagem de suínos

criados de forma doméstica e que são abatidos clandestinamente e vendidos

informalmente (Biondi et al., 1996).

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A probabilidade de não se encontrar cisticerco no lombo, pernil e masseter é

de 50%, entretanto, já nos músculos intercostais, paleta, língua e diafragma, encontra-

se abaixo deste percentual. Sendo assim, os locais recomendados para inspeção da

carne são os músculos língua, diafragma e paleta. No entanto, animais com baixa carga

de cisticercos podem escapar à inspeção de carne, além do que cistos caseosos

resultantes de infecções prévias, podem ser mais facilmente detectáveis do que cistos

vivos, o que pode levar a registros falsos de transmissibilidade e de infecções viáveis

(Sciutto et al., 1998).

O diagnóstico da cisticercose ao nível dos abatedouros, somado à

informação da origem do animal, possibilita definir as áreas de ocorrência da doença,

bem como a sua qualificação. Na maioria dos estados do Brasil, os abatedouros sob

controle do Serviço de Inspeção Federal enviam mensalmente ao Ministério da

Agricultura fichas contendo dados sobre o movimento dos estabelecimentos, inclusive

aqueles referentes às cisticercoses bovina e suína. Dentre estes dados, encontram-se

os totais de abate e os totais de casos da doença, segundo a procedência dos animais,

porém o processamento e a divulgação dos mesmos são deficientes (Ungar &

Germano,1992).

A inspeção da carne pode ser usada como referência para validação do

diagnóstico da cisticercose suína por sorologia, isto por que o fluido cístico e o antígeno

Figura 5. Cisticercos vivos e calcificados no coração.

Figura 6. Cisticercos calcificados no músculo suíno.

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puro de metacestódeo da T. solium apresentam sensibilidade de 98,2% e 96,4%,

respectivamente (Nunes et al., 2000). Sendo assim, diante da inadequada inspeção da

carne em abatedouros há necessidade de mais pesquisas a cerca de outros métodos

mais sensíveis e específicos para o diagnóstico da cisticercose suína em populações

rurais (Sciutto et al., 1998).

Exames histopatológicos e análises do DNA mitocondrial dos cistos retirados

de pacientes humanos e de suínos também são capazes de revelar a presença de

cisticercos do metacestódeo em questão (Margono et al., 2001). A avaliação da

viabilidade por meio de testes macroscópicos e histológicos evidencia que os parasitas

estão mortos (Peniche-Cardena et al., 2002).

4.1.2. Imunodiagnóstico

As técnicas de imunodiagnóstico incluem métodos de detecção para

anticorpos específicos e para antígenos circulantes do parasita no soro ou no fluido

cerebroespinhal (CSF). Tais técnicas sorológicas podem ser aplicadas em estudos

epidemiológicos de humanos e de suínos, mas poucas técnicas sorológicas têm sido

bem padronizadas e completamente validadas para a espécie suína (Sciutto et al.,

1998).

A sorologia suína pode ser utilizada como um indicador da contaminação por

Taenia solium, possibilitando assim estimar o risco de infecção de determinada

propriedade, para que sejam providenciadas medidas de controle a fim de evitar

problemas de saúde para os animais e, conseqüentemente, prejuízos financeiros para o

produtor (Garcia et al., 1999). Métodos sorológicos confiáveis, altamente específicos e

sensíveis podem auxiliar no diagnóstico de suínos com baixa carga de cisticercos, os

quais podem escapar à inspeção da carne (Nunes et al., 2000).

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Os testes sorológicos são mais confiáveis para a detecção de suínos

infectados pela Taenia solium do que a palpação da língua, já que 34% dos animais

negativos a este teste são soropositivos pelo ELISA (Sato et al., 2003).

Os testes de Ensaio Imunoenzimático (ELISA-Enzyme Linked

Immunosorbent Assay) para a detecção de antígenos (Ag) de cisticercos da Taenia

solium, assim como de anticorpos (Ac), têm sido desenvolvidos, os quais empregam um

antígeno controle do músculo suíno para testar um determinado antígeno para o

diagnóstico do cisticerco (Diwan et. al., 1982). A prevalência estimada pelo ELISA para

a detecção de antígenos (Ag) e anticorpos (Ac) é duas vezes maior do que a da

palpação da língua (Pouedet et al., 2002).

As diferenças na sensibilidade e especificidade de técnicas como ELISA-Ag

e ELISA-Ac são significantes quando a idade do animal é considerada, visto que suínos

de dois meses de idade podem ser negativos à presença de anticorpos, mas 40% dos

infectados são positivos aos antígenos, enquanto 46,1% e 76% dos suínos com quatro

a seis meses de idade são positivos aos anticorpos e antígenos, respectivamente,

sugerindo que animais jovens são menos capazes de gerar resposta imune efetiva

contra o parasita. As diferenças quanto à especificidade e à sensibilidade entre os tipos

de ELISA também estão relacionadas à forma de infecção dos animais. Isto porque,

animais infectados experimentalmente apresentam altos valores de sensibilidade e

especificidade, ao contrário dos que são obtidos com amostras de populações rurais de

suínos levemente infectados naturalmente. No entanto, o desenvolvimento do

imunodiagnóstico tem contribuído para a realização de levantamentos epidemiológicos

sobre a cisticercose suína, proporcionando um melhor conhecimento da prevalência e

da epidemiologia da infecção, sendo capaz de mensurar o impacto da doença na

produção suína e na saúde humana da maioria das áreas endêmicas (Sciutto et al.,

1998).

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4.1.2.1. Utilização de antígenos heterólogos (Taenia crassiceps): testes de

ELISA e Imunoblot

Reações cruzadas em sorologia podem ocorrer, como no caso de suínos

apresentando hidatidose (12,5%) e ascaridiose (7,4%), sendo este um dos problemas

mais comuns observados no imunodiagnóstico das doenças parasitárias, onde há a

perda da especificidade devido às reações cruzadas entre diferentes parasitas no

hospedeiro (Biondi et al., 1996). Entretanto, o uso de antígeno heterólogo produzido

pela Taenia crassiceps pode ser usado no teste ELISA indireto com alta especificidade

para o diagnóstico de cisticercose, em substituição aos antígenos larvais da T. solium,

podendo assim ser aplicado em estudos epidemiológicos com a finalidade de identificar

áreas de risco e priorizar medidas de controle sanitário (Pinto et al., 2000).

A grande vantagem do uso de antígenos heterólogos é a possibilidade de

cultivo do parasito por inoculação intraperitoneal em ratos, com uma larga massa de

antígenos produzidos após 90 dias de inoculação. Os resultados obtidos com a Taenia

crassiceps indicam que este parasito pode ser utilizado no imunodiagnóstico de

cisticercose suína pelo ELISA indireto com alta especificidade e sensibilidade de 100%

(Biondi et al., 1996), onde a partir do 15º dia de infecção podem ser detectados

anticorpos IgM anti- fluido cístico da Taenia crassiceps, pela técnica de ELISA

(Espíndola et al., 2000).

O principal propósito de um método imunodiagnóstico para a cisticercose

suína em áreas endêmicas é prevenir a transmissão ao homem, assim a sensibilidade é

mais importante do que a especificidade e o ELISA indireto realizado com antígeno do

fluido cístico da T. crassiceps tem se demonstrado o melhor para esta finalidade (Nunes

et al., 2000), visto que este apresenta melhores resultados na diferenciação entre

amostras positivas e negativas quando comparado aos antígenos da Taenia solium

(Pinto et al., 2000).

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Antígenos da Taenia crassiceps também podem ser utilizados pelo teste de

Imunoblot para diagnóstico de cisticercose suína. O imunoblot consiste no

reconhecimento de uma das sete glicoproteínas (GP-50, GP-42-39, GP-24, GP-21, GP-

18, GP-14 e GP-13) pelos anticorpos dos pacientes. A reação de uma dessas

glicoproteínas constitui 100% de especificidade e 98% de sensibilidade para

cisticercose suína. Anticorpos específicos podem ser identificados após uma semana

de infecção. Para a cisticercose, a atividade de IgM anti-GP97 parece estar associada

com o início da infecção. Já atividade de IgG anti-GP-50, antiGP-42 e glicoproteínas de

baixo peso molecular está associado com estágios finais da infecção (Tsang et al.,

1991).

Em testes sorológicos pode-se ainda utilizar glicoproteínas purificadas do

fluido cístico, usando o método isoelétrico e antígenos recombinantes, onde anticorpos

de suínos respondem a esses dentro de 30 a 60 dias após a infecção com 100.000 e

10.000 ovos, respectivamente, onde os anticorpos respondem à presença de 16 ou

mais cistos. A maioria dos suínos é confirmada soropositiva pelo ELISA com a presença

de 2,5 ou mais cistos por Kg de carne (Sato et al., 2003). Os resultados de necropsia

em suínos, com a enumeração de cistos na carcaça podem promover a validação dos

testes imunodiagnósticos, os quais têm como benefícios a possibilidade de diagnósticos

em animais vivos. Amostras de sangue seguidas de testes sorológicos apresentam

maior sensibilidade do que a inspeção clássica da língua e a realização de testes para

maior número de amostras (Dorny et al., 2003).

Até agora não há evidência se existem cepas de T. solium geneticamente

diferentes com preferência pelo cérebro ou por outros locais do organismo em

particular. Como a T. solium pode viajar por todo o mundo por meio de seres humanos

parasitados, mais pesquisas são necessárias na inter-relação dos dados clínicos com

técnicas moleculares e de imunodiagnóstico, a fim de melhor entender a biologia deste

parasito e sua epidemiologia (Ito et al., 2003).

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4.2. Teníase humana

O homem adquire teníase ao ingerir carne de porco ou de boi crua ou mal

cozida contendo cisticercos, os quais se desenvolvem na musculatura esquelética e

cardíaca (Soulsby, 1997). Esta patologia, ao lado da neurocisticercose, é encontrada

em países cujas populações apresentam hábitos de higiene precários (Veronesi &

Focaccia, 1996). O diagnóstico pode ser realizado por meio do exame de proglotides

nas fezes, pesquisa de ovos nas fezes ou pesquisa de ovos com a técnica da fita

(Júnior, 2003).

Os anéis de Taenia solium geralmente são expulsos passivamente, em

mistura com as fezes ou no fim do ato defecatório, em grupos de 3 a 6 proglótides

unidas entre si. Nos três primeiros meses o diagnóstico torna-se difícil, pois não há

eliminação de proglotes nem de ovos nas fezes. Na pesquisa de proglotes nas fezes, o

bolo fecal é desfeito em água e passado em peneira de malhas finas para reter as

proglótides. Para o diagnóstico da espécie de tênia, as proglotes grávidas são

comprimidas fortemente entre duas lâminas de vidro e o conjunto é submerso em ácido

acético, para clarear. Assim, depois de dissolvidas as concreções calcáreas, as

ramificações muito numerosas e dicotômicas indicam a presença de Taenia saginata,

enquanto as pouco numerosas e de tipo dendrítico permitem identificar a Taenia solium.

A pesquisa de ovos nas fezes pode ser realizada por quaisquer das técnicas, no

entanto não é possível a diferenciação das espécies, pois ambas não apresentam

diferenças quanto aos ovos. Já a técnica de pesquisa de ovos com a fita adesiva se

constitui na melhor forma de encontrar os ovos de tênia na região perianal, onde a

aplicação da fita nesta região permite a adesão dos ovos existentes na pele. Em

seguida a fita é colada sobre uma lâmina de microscopia e examinada ao microscópio

(Rey, 2002).

Recentemente, estudos sobre o isolamento e a caracterização molecular da

Taenia saginata e da Taenia solium, realizados pelo PCR, confirmam o diagnóstico

morfológico e permitem a diferenciação entre os dois tenídeos nas proglótides

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expelidas por pacientes infectados. Já a diferenciação intra-espécie em diferentes

locais, só é possível para Taenia saginata (Gonzalez et al., 2002).

4.3. Neurocisticercose humana

A Neurocisticercose é mundialmente uma das zoonoses parasitárias mais

sérias (Ito, 1998). A manifestação ou não dos sintomas é resultante da interação

parasita-hospedeiro e depende da intensidade na resposta inflamatória do hospedeiro

(Agapejev, 2003).

O número de vesículas que se podem encontrar no cérebro humano é

variável. Por vezes se comprova que, quando localizada em zona sintomatologicamente

muda, pode constituir simples achado de necropsia. Nos músculos, a forma do

cisticerco se assemelha a de um grão de arroz, mas, no parênquima nervoso costuma

ser arredondada e pode assumir, no córtex tamanhos maiores que os habituais

(Veronesi & Focaccia, 1996).

Dentre os exames laboratoriais que permitem diagnosticar a cisticercose no

homem estão (Vaz, 1994):

- Exame do líquido cefalorraquidiano;

- Provas sorológicas (ELISA, imunoeletroforese, imunofluorescência indireta,

fixação de complemento, hemaglutinação passiva, radioimunoensaio,

imunoblot);

- Exames radiológicos (visualização de cistos calcificados);

- Tomografia computadorizada (visualização de cistos viáveis e calcificados);

- Exame anatomopatológico (biópsia de nódulos subcutâneos observados).

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A detecção de imunoglobulinas específicas também tem sido utilizada no

diagnóstico de neurocisticercose em humanos, por meio de eritroimunoadsorção

(Pialarissi & Nitrini, 1994) ou mesmo pela técnica de Elisa. Por este último teste é

possível identificar imunoglobulinas G, A e E tanto na saliva, soro e líquido cérebro

espinhal, utilizando antígenos da Taenia crassiceps e da Taenia solium (Bueno et al.,

2000). Pelo teste de Imunoblot é possível identificar anticorpos específicos aderidos

a proteína 10-Kda do metacestódeo que estariam relacionados com o estágio ativo do

determinante antigênico da neurocisticercose (Chung et al., 2002)..

Na prática, os exames mais realizados são os exames radiológicos e a

tomografia, de acordo com as condições técnicas do hospital (Germano, 2001). O

diagnóstico da cisticercose raquiana, baseado no antecedente da cisticercose

encefálica e nos exames neuroradiológicos que mostram sinais de aracnoidite e

imagens de cistos no espaço subaracnóideo e, ocasionalmente, sinais de lesões

intramedulares. Achados radiológicos são característicos com múltiplas calcificações

arredondadas ou ovais que podem surgir dentro do parênquima cerebral (Yamashita et.

al., 2003).

5.0. Medidas de Controle

A determinação da prevalência da infecção em suínos por Taenia solium tem

sido sempre um importante requisito na maioria dos programas de controle da

cisticercose (Sciutto et al., 1998).

A aplicação de medidas para o controle do complexo teníase/cisticercose

depende das características epidemiológicas da enfermidade na região, das condições

econômicas, sociais e culturais, haja vista os fatores que facilitam a distribuição da

enfermidade estão ligados a aspectos culturais, de comportamento, principalmente a

hábitos higiênicos e alimentares. O hábito de consumir carne clandestina é mantido

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pelas pessoas, mesmo após a saída do meio rural. Não há relação entre o grau de

escolaridade e a ocorrência de neurocisticercose humana, visto que dentre 57

pacientes entrevistados na cidade de Lages, 7,8% não sabiam a procedência dos

alimentos consumidos e cerca de 57,1% tiveram contato anterior com o meio rural

(Pfuetzenreiter & Ávila, 1999).

Condições precárias de abate e manuseio da carne contribuem

significativamente para a disseminação de doenças zoonóticas em populações

humanas, onde importantes fontes de contaminação são os próprios homens

portadores de ovos de Taenia sp que manipulam alimentos contaminando-os por meio

de maus hábitos higiênicos (Pfuetzenreiter et al., 1996).

O abate suíno e a distribuição da carne entre várias famílias pertencentes a

um povoado no México são relativamente comuns. Já nas áreas urbanas, o abate

apresenta-se melhor organizado, entretanto a presença de homens infectados em

centros urbanos deve-se a suínos provenientes de áreas rurais que são vendidos,

abatidos e consumidos de forma crescente. Metade de todas as carcaças condenadas

em abatedouros é devido a doenças zoonóticas (Coulibaly et al., 2000). Desta forma,

para a redução do risco de infecção é necessário que se intensifique a inspeção da

carne, assim como o desenvolvimento da infra-estrutura sanitária e educação da

população (Pouedet et al., 2002).

No Nepal, comitês têm sido estabelecidos para determinar a higienização

da carne e sua carimbagem, visto que em algumas regiões do país há falhas na

inspeção da carne em abatedouros, a qual não se encontra sob a responsabilidade de

um médico veterinário. Tais comitês parecem ser aceitos mundialmente, mas resta ser

decidido quais autoridades devem ser incluídas nos mesmos (Joshi et al., 2003). A

introdução de procedimentos efetivos de inspeção da carne por veterinários, a

construção de pequenos abatedouros equipados adequadamente de acordo com as

medidas de proteção à saúde em açougues, o estabelecimento de laboratórios para o

controle da qualidade da carne ao nível municipal são algumas medidas que poderiam

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ser implementadas pelo governo local. Ainda segundo esses autores, a organização de

proprietários em associações de criadores, também poderia permitir uma maior

oportunidade de promover melhorias nas condições higiênicas de criação e de abate

(Joshi et al., 2003).

A educação sanitária pode ser usada como forma de combate ao ciclo do

parasita, com a orientação sobre o ciclo de vida, as doenças, os fatores de risco

envolvidos e o controle, isto porque as pessoas informadas se conscientizam que os

suínos criados em áreas restritas, sem acesso às fezes humanas podem não adquirir a

doença, podendo ser vendidos a um preço mais alto (Flisser et. al., 2003).

Campanhas educacionais sanitárias têm sido efetivas na prevenção e

controle de muitas doenças infecciosas e parasitárias. No México, a prevalência de

cisticercose em suínos era em torno de 2,6% e após quatro anos de implantação de um

plano de educação em saúde, a parasitose em suínos não foi mais identificada.

Entretanto, campanhas educacionais requerem investimentos na infra-estrutura das

condições sanitárias, no manejo intensivo dos animais e na alteração das práticas em

abatedouros (Sarti et al., 1992). Uma vez que, a erradicação desta zoonose é atribuída,

principalmente, ao desenvolvimento econômico local, a ativa participação da

comunidade é fundamental para o cumprimento das medidas de controle contra o

parasita no animal e no homem, desde que as taxas de cisticercose suína são indícios

de parasitose humana (Sarti & Rajshekhar, 2003).

O desaparecimento da Taenia solium em muitos países da Europa é uma

importante evidência do potencial de erradicação do complexo teníase/cisticercose

nestes países, atribuída ao seu desenvolvimento econômico (Sarti et al., 2003) e ao

progresso nas condições sanitárias, criações tecnificadas e à inspeção eficiente das

carcaças (Flisser et al., 2003). Estas medidas infelizmente não têm sido completamente

empregadas em muitos países em desenvolvimento. Na maioria dos países da América

Latina as comunidades rurais e periurbanas contribuem para acentuar o problema da

manutenção do ciclo da Taenia solium em suínos e humanos por meio da criação

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tradicional e doméstica destes animais, sem a orientação técnica da suinocultura, de

matadouros oficiais e de inspeção sanitária pelas prefeituras, descumprindo as normas

legais no que se refere à criação e ao abate de suínos (Yanez, 2001).

Na Tanzânia um vídeo educacional tem auxiliado no controle e combate da

cisticercose suína, o qual traz informações e orientações às comunidades rurais sobre

os riscos que o parasita pode trazer aos animais e ao ser humano (Rimm, 2003). De

qualquer forma, Ngowi et al. (2004) acreditam que futuras pesquisas poderiam objetivar

identificar variáveis que estariam ligadas a prevalência da cisticercose suína, teníase e

neurocisticercose humana, como estação, temperatura, altitude, estabelecendo assim

os fatores de risco fundamentais para a manutenção do ciclo do parasita, a fim de

implementar medidas eficazes de controle.

Por meio do uso combinado do tratamento anti-helmíntico, da vacinação de

suínos e da educação sanitária da população sobre a doença, o parasita poderia ser

erradicado. Embora a vacina ainda não exista concretamente, estudos têm

demonstrado uma completa proteção contra cisticercose em suínos, usando um

antígeno recombinante da oncosfera, restando como problema a produção de

antígenos suficientes para a aplicabilidade das vacinas. As perspectivas são brilhantes

para o sucesso do desenvolvimento de vacinas efetivas e práticas a fim de controlar a

transmissão da Taenia solium (Lightowlers, 2003).

Na região sul do Brasil, trabalhos de melhoria de higiene da população,

saneamento básico, controle veterinário dos animais e informação dos perigos da

doença à população tem surtido efeito no controle desta doença (Moreira, 1994).

Verifica-se que o princípio básico de controle da neurocisticercose humana consiste em

impedir a auto-infecção interna, auto-infecção externa e heteroinfecção. A única medida

que impede as três formas é o tratamento humano de teníase (Camargo, 1994).

Em 1993, o estado do Paraná instituiu um programa preventivo

compreendendo educação sanitária e administração de mebendazol à população e no

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ano de 2001, o Ministério da Saúde elaborou um Programa de Vigilância Aprimorada da

Cisticercose no Brasil, objetivando a implantação de um sistema de vigilância

epidemiológica e sanitária em alguns municípios selecionados.

6.0. Levantamentos Epidemiológicos

6.1. Espécie Suína

Segundo pesquisas epidemiológicas, a Taenia solium constitui-se em um

parasita endêmico em diversas partes do mundo, como em regiões do sul da Ásia

(Sutisna et al., 1999); em comunidades de Yucatan, no México (Rodriguez-Canul et al.,

1999) e em vários outros países onde as condições econômicas e higiênico-sanitárias

são precárias (Nunes et al., 2000).

Desde a década passada, muitos levantamentos sobre cisticercose suína no

continente africano têm sido realizados. Na África Central, West-Cameroon é

considerado o único país a estudar o complexo teníase/ cisticercose em suínos e

humanos, visto que a Taenia solium afeta todos os países desta região do continente,

excetuando-se regiões mulçumanas, onde a carne suína não é consumida por razões

religiosas (Zoli et al., 2003).

Nos últimos anos, a criação suinícola e o consumo da carne suína têm

aumentado consideravelmente em muitas áreas do Leste do continente africano. A

cisticercose nesta área foi primeiramente detectada na Tanzânia, no fim dos anos 80.

Atualmente, embora alguns produtores já tenham consciência do risco da doença em

suínos e realizem exames nos animais, a maioria dos suinocultores desconhecem a

importância e o modo de transmissão da doença. No Kênia, onde a maioria dos suínos

é criada extensivamente, a cisticercose suína apresenta uma prevalência de 10%. Em

Uganda, recentes registros indicam que a cisticercose está emergindo como um sério

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problema de saúde animal e pública, chamando atenção de veterinários e autoridades,

isto porque, neste país a maioria das carcaças condenadas por essa zoonose é

proveniente de áreas rurais. Em países do sul da África, como Zimbabwue, Zâmbia e

Moçambique, todas as províncias apresentam casos de cisticercose suína (Phiri et al.,

2003).

Na Zâmbia, a cisticercose suína apresenta uma prevalência de 20,8%, onde

a maioria dos suínos infectados com cistos vivos é criada extensivamente sob precárias

condições de saneamento básico e a inspeção da carne é ausente (Phiri et al., 2002).

Em virtude da alta e crescente prevalência da cisticercose causada pela

Taenia solium, cientistas conduzindo pesquisas sobre esta zoonose formaram um grupo

de pesquisa de cisticercose em países do Leste do Sul da África (CWGESA), a fim de

facilitar o aumento da conscientização do problema e ajudar a promover uma pesquisa

regional conjunta e coordenada com a finalidade de controlar a Taenia solium. A

CWGESA é constituída por membros pertencentes a Universidades do Kênia, Uganda,

Tanzânia, Zâmbia, Zimbabwe e Mozambique. Em 2001, o CWGESA evidenciou que a

situação da cisticercose humana e suína na região necessitavam do estabelecimento

de estudos epidemiológicos, a fim de prevenir e controlar estas zoonoses nos países do

Leste e do Sul do continente africano (Mukaratirwa et al., 2003). Diante disso, em 2002

foi formulado um plano de ação para o combate da teníase e cisticercose no Leste e sul

da África, objetivando a organização de estudos epidemiológicos dessas zoonoses a

níveis nacional e regional, incluindo a coleta de informações sobre a incidência,

prevalência, impacto sócio-econômico e o estabelecimento de treinamento de pessoal

para a execução de medidas profiláticas e de controle nestas regiões investigadas (Boa

et al., 2003).

Os dados de prevalência de cisticercose suína, teníase e neurocisticercose

humana em muitos países do continente asiático não são facilmente encontrados ou os

dados existentes são questionáveis. Em países como Indonésia, Vietnam e China as

soroprevalências de cisticercose suína apresentam variações de acordo com a

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província investigada (Rajshekhar et al., 2003). Na Índia, a prevalência de cisticercose

suína já foi estimada em 26% (Prasad et al., 2002), já em Honduras demonstra estar

em torno de 27%, apresentando-se similar ao estado de neurocisticercose em

humanos, justificando a importância da investigação de suínos soropositivos à

necropsia em abatedouros, no sentido de estimar a correlação do estado de infecção

nestes animais e em humanos (Sakai et al., 1998).

Um estudo epidemiológico realizado pela agência dos Estados Unidos para o

Desenvolvimento Internacional em áreas criadoras de suínos emergentes e em áreas

do Sul da África onde casos de neurocisticercose têm sido registrados, constituiu-se no

primeiro levantamento realizado em comunidades criadoras, abatedouros e hospitais.

Tal estudo foi importante, a fim de alertar a comunidade médica e as autoridades

governamentais sobre a presença e o risco do parasita na região (Mafojane et al.,

2003).

Na América Latina, países como Bolívia, Brasil, Equador, México e Peru são

considerados países de alta prevalência de cisticercose suína (Yanez, 2003). No

México, estudos já evidenciaram prevalências de 6,5% (Sarti et al., 2002) a 84%

(Morales et al., 2002) de cisticercose suína. No Equador, trabalhos também têm sido

realizados a fim de se avaliar a presença de cisticercose em suínos (Rodríguez-Hidalgo

et al., 2003). Na Bolívia, um levantamento epidemiológico mostrou a soroprevalência de

cisticercose suína e neurocisticercose humana, as quais apresentaram uma prevalência

de 37% e 22%, respectivamente, demonstrando ser sério problema sanitário para a

região (Carriques-Mas et al., 2001).

As estatísticas brasileiras do complexo teníase/cisticercose derivadas de

hospedeiros humanos pertencentes à região urbana e de abatedouros não refletem a

verdadeira situação das comunidades rurais, em virtude da ausência de notificação

tanto nos hospitais como nos abatedouros, além da existência de grande número de

abates clandestinos nas áreas rurais e na periferia dos grandes centros (Pfuetzenreiter

et al., 1997). No Brasil, um experimento realizado no município do Lagamar, em Minas

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Gerais ao analisar 1109 propriedades, verificou-se que 34,2% apresentavam história de

teníase e 37,8% de cisticercose (Silva-Vergara et al., 1995). Em Goiânia, de 92

amostras de sangue de suínos submetidas à técnica de ELISA indireto, 7,6% eram

positivas para cisticercose (Souza et al., 1999). Em Recife, a prevalência de

cisticercose suína já foi documentada em 4,2% (Pinto et al., 2002). No Ceará, em

abatedouros de Maracanaú e Iguatu, foram observadas as prevalências de cisticercose

suína 1,1% e 4,4%, respectivamente, entre os anos de 1990 a 1994 (Morais & Leite,

1996).

6.2. Espécie humana

6.2.1. Teníase

A prevalência desta zoonose na Ásia varia muito entre os países, no entanto,

o Nepal e a Indonésia são os que apresentam maiores percentuais de casos

(Rajshekhar et al., 2003). Na Índia, 38% de pacientes submetidos ao exame

parasitológico de fezes apresentaram ovos de Taenia sp.

No Chile, não há um sistema que mantenha dados estatísticos sobre as

infecções humanas, por isso não existem antecedentes estimativos em algumas

publicações científicas. No entanto, entre os anos de 1990 e 1997 foram tratados 35

pacientes portadores de tênia nos hospitais da Faculdade de Medicina da Universidade

do Chile e da Universidade Pontifícia Católica do Chile (Torres et al., 2001). Na região

andina do Equador, na teníase diagnosticada por meio da detecção de antígenos

encontrou-se uma prevalência de 4,9%, onde de 30 pacientes positivos ao exame

coprológico 22 apresentavam Taenia saginata (Rodríguez-Hidalgo et al., 2003).

Estão mais sujeitas à teníase as pessoas que preparam alimentos, provam

a carne antes de cozinhar e indivíduos que fazem as refeições fora de casa. No Brasil

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foi detectada uma freqüência média de 1% entre os anos de 1965 a 1968 e de 3% entre

os anos de 1986 a 1989 (OPS, 1994).

6.2.2. Neurocisticercose

A Neurocisticercose é rara na Europa e Canadá, sendo praticamente

endêmica na América Latina (México, Brasil, Peru, Colômbia, Chile), Ásia e África

(Agapejev, 1993). Esta zoonose está sendo reconhecida progressivamente como um

problema de saúde pública, especialmente em países em desenvolvimento. No México,

esta patologia é prioridade para programas de saúde pública e em termos financeiros,

visto que a incidência clínica pode chegar a 7% (Flisser, 1988).

Há 15 anos atrás a neurocisticercose era rara nos Estados Unidos, hoje em

dia é a parasitose do sistema nervoso mais freqüente, tanto em crianças como em

adultos em todo o mundo (Antoniuk, 1994).

Nos países considerados endêmicos para cisticercose suína, Bolívia, Brasil,

Equador, México e Peru, de cada 10 crianças internadas com lesão cerebral 3 (30%)

são por neurocisticercose (Yanez, 2001), podendo a soroprevalência ficar em torno de

15-34% em Honduras e 0-24% no Peru.

No Brasil, a neurocisticercose é encontrada com elevada freqüência nas

cidades de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Goiás. A prevalência populacional é

desconhecida pela ausência de notificação da doença e a total inexistência de

programas de controle da cisticercose ignorando-se os reais motivos pela elevada

endemicidade do agravo em nosso meio (Takayanagui & Leite, 2001). Trabalhos têm

relatado casos de neurocisticercose em muitos estados do país, como São Paulo

(Agapejev, 1994), Curitiba (Arruda et al., 1994; Gracia, 1994), Ribeirão Preto

(Takayanagui et al., 1994), Lages (Pfuetzenreiter & Ávila-Pires, 1999) e Campina

Grande (Chagas et al., 2003). Em Curitiba, no ano de 1978, de 3400 pacientes

atendidos no setor de tomografia computadorizada, 5,3% apresentavam

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neurocisticercose. Em 1993, dentre 92.000 exames, 9,2% eram devido a

neurocisticercose, predominando entre as mulheres (53%) e na faixa etária de 20 a 50

anos. Em crianças a doença apresentava prevalência de 31% (Antoniuk, 1994). Em

Santa Catarina, no hospital regional de Chapecó, no ano de 1995, 24% dos pacientes

epilépticos apresentavam neurocisticercose (Bittencourt-Trevisol et al., 1998).

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JUSTIFICATIVA

A situação do parasitismo humano e animal no Brasil não é claramente

identificada (Villa, 1994). Dentro deste contexto, encontra-se a Taenia solium cujo

aspecto epidêmico é desconhecido, desde que não há dados bem documentados deste

platelminto tanto em humanos como em suínos, visto que a notificação da doença em

humanos não é de caráter compulsório e o número de serviços de inspeção veterinária

da carne suína é muito limitado em pequenas regiões (Pinto et al., 2002).

Para melhor fundamentar a vigilância epidemiológica na identificação e na

caracterização dos focos ativos de transmissão do complexo causado pelo parasita,

torna-se relevante a necessidade de documentar melhor a prevalência de casos de

teníase e neurocisticercose em humanos e de cisticercose em suínos (Beltran-H, 1994).

Sabe-se que as populações suínas e humanas que apresentam maior risco

de adquirir cisticercose suína, neurocisticercose e teníase humana, respectivamente,

estão localizadas em áreas rurais onde os suínos são criados de forma extensiva, tendo

acesso às fezes humanas e as pessoas têm o hábito de consumir carne mal passada e

hortaliças sem lavar (Carrique-Mas et al., 2001). Diante disto, a criação do tipo

extensiva é considerada como um dos fatores de risco para o desencadeamento da

cisticercose suína, sendo este tipo de criação praticada principalmente por pequenos

proprietários de áreas rurais da África (Mukaratirwa et al., 2003), da Ásia (Rajshekhar et

al., 2003) e, em particular, da América Latina (Flisser et al., 2003).

A predominância de criações extensivas de suínos nos países em

desenvolvimento ocorre em razão da deficiência de materiais para a criação, das

condições sanitárias precárias, dos recursos financeiros escassos, do espaço restrito,

tendo como conseqüência a predisposição para a rápida transmissão de doenças

infecciosas e infestação por helmintos, principalmente por Taenia solium (Lekule &

Kyvsgaard, 2003).

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Embora estudos tenham identificado casos de neurocisticercose humana

(Gomes et al., 2000) e cisticercose suína na região Nordeste do Brasil (Pinto et al.,

2002), a subnotificação das doenças, tanto em humanos como em suínos, nesta região

se deve em parte a fatores culturais, geográficos e históricos (Villa, 1994). As

deficientes condições da rede hospitalar, em razão do alto custo dos exames de

neuroimagem, a desorganização de dados de pacientes zoonóticos e a ausência de

fiscalização veterinária da carne que é distribuída, faz com que não se possa descartar

a ocorrência de casos de teníase, neurocisticercose e cisticercose suína em localidades

do interior nordestino, necessitando-se assim de mais estudos epidemiológicos sobre a

doença em humanos e animais (Chagas et al,. 2003).

No Ceará, há ainda um grande número de criações domésticas de suínos no

interior do estado. Um levantamento de casos de cisticercose suína já foi realizado pela

Secretaria de Saúde do Estado nos municípios de Maracanaú e Iguatu, entre os anos

de 1990 a 1994 (Morais & Leite, 1996) e desde o ano de 2001 um programa de controle

de cisticercose suína vem sendo aplicado na zona rural de Quixelô (Diário do Nordeste,

2001). No entanto, até o presente momento, não foi realizado um mapeamento das

prevalências de cisticercose suína na região centro-sul do estado do Ceará e de

teníase e neurocisticercose humana em vários hospitais da capital e do interior, assim

como uma investigação quanto às condições de criações de suínos existentes nestes

municípios do interior do Estado. Tais dados são importantes, desde que podem ser

utilizados como instrumentos eficazes no combate e controle dessas zoonoses, por se

constituírem em fortes indicadores do grau potencial de infecção por Taenia solium em

suínos e em humanos.

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HIPÓTESES CIENTÍFICAS

01) A alta incidência de cisticercose suína na região centro-sul do Estado do

Ceará se deve às precárias condições higiênico-sanitárias das criações clandestinas de

suínos.

02) O elevado número de casos de neurocisticercose e teníase humana em

hospitais da cidade de Fortaleza e da região centro-sul do Estado deve-se aos maus

hábitos higiênicos e alimentares das pessoas acometidas e ao desconhecimento por

parte da população das principais formas de contaminação com este parasito.

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OBJETIVOS

Objetivos gerais:

Verificar a situação da Taenia solium em suínos e humanos em cidades do

Estado do Ceará.

Objetivos específicos:

� Realizar um levantamento do número de casos de cisticercose suína e

teníase humana na região centro-sul do Estado do Ceará;

� Relatar as condições higiênico-sanitárias das criações suinícolas na

região centro-sul do Estado do Ceará;

� Verificar a prevalência de Neurocisticercose humana na cidade de

Fortaleza, nos municípios de Crato, Juazeiro, Barbalha, situados na

região sul do estado e de Pedra Branca localizada na região central do

mesmo;

� Identificar os hábitos alimentares e nível de instrução das pessoas

acometidas por neurocisticercose.

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MATERIAL E MÉTODOS

O experimento constou de cinco etapas:

Primeira etapa: Inspeção das carcaças suínas quanto à presença de cisticercos e sua

localização

Segunda etapa: Tipos de criações de suínos

Terceira etapa: Avaliação de anticorpos circulantes nas amostras de sangue de suínos

pela técnica de ELISA

Quarta etapa: Casos de Teníase

Quinta etapa: Casos de Neurocisticercose

Primeira etapa: Inspeção das carcaças suínas quanto à presença de cisticercose

sua localização

Foi realizado um levantamento post-mortem de casos de cisticercose suína

no Abatedouro Municipal de Barbalha, sob fiscalização de Médico Veterinário

responsável pelo Serviço de Inspeção Municipal do mesmo, no qual foram avaliados

85 suínos abatidos no período de março a abril de 2004. Após o período de descanso

os animais recebiam um banho rápido (Figura 7). Em seguida, eram insensibilizados

por meio de pistola pneumática (Figura 8) e submetidos à sangria (Figura 9), realizada

por meio de incisão na veia jugular, onde o sangue era coletado em tubos de

vacutainer de 15 mL, para posterior avaliação de anticorpos circulantes pelo teste de

ELISA. Após o abate, cada carcaça era inspecionada minuciosamente observando-se

a presença de cisticercos na língua, masseter, pernil, paleta, músculos intercostais e

coração. Em uma planilha eram identificadas e registradas todas as amostras com

suas respectivas alterações observadas nos órgãos e músculos.

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Nas carcaças com cisticercose, em cada músculo analisado era realizada a

contagem dos cisticercos vivos (CV) e calcificados (CC) e, posteriormente, as

mesmas eram incineradas. O cisticerco é considerado vivo ou viável quando está na

etapa vesicular, contendo a larva invaginada no seu interior; o calcificado consiste em

um nódulo sólido, mineralizado, de coloração esbranquiçada (Vianna et al., 2004).

Nos municípios de Crato, Juazeiro e Pedra Branca, os abates eram

realizados em residências, sem ter havido assim a possibilidade de investigação da

presença de cisticercos na musculatura suína nestes municípios, em virtude das

condições clandestinas de abate. Nesses locais, a insensibilização dos suínos era

realizada por meio de marretada na cabeça. O abate dos suínos era executado no

período noturno juntamente com animais de outras espécies e sem fiscalização

veterinária.

Figura 8. Insensibilização dos animais com pistola pneumática.

Figura 7. Banho antes do abate.

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Segunda Etapa : Tipos de criações de suínos

Nos municípios visitados (Barbalha, Crato, Juazeiro e Pedra Branca) foi

realizado levantamento do número de pocilgas e chiqueiros existentes em cada

município. Os dados foram obtidos por meio das denúncias registradas nos anos de

2001 a 2004 junto à Vigilância Sanitária.

Os tipos de criações de suínos foram classificados e diferenciados de

acordo com as condições de manejo dos animais, principalmente no que diz respeito

à presença de água encanada e sistema de esgoto. Criações com saneamento básico

de água e esgoto foram classificadas como pocilgas. Já os tipos de criações mantidas

em esgoto a céu aberto e conseqüente acesso dos suínos às fezes humanas foram

caracterizadas como chiqueiros.

Figura 9. Sangria e coleta de sangue.

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52

52

Terceira etapa: Avaliação de anticorpos circulantes nas amostras de sangue de

suínos pela técnica de ELISA

Nesta etapa foram coletadas 142 amostras de sangue de suínos criados de

forma não tecnificada e submetidos ao abate nos municípios de Barbalha (n=85), Crato

(n=10), Juazeiro (n=15) e Pedra Branca (n=32). Tais amostras foram centrifugadas a

3.000 x g /5 min para a obtenção dos soros, sendo estes acondicionados em tubos de

ependorff de 2 mL e congelados a – 25 °C. O teste de sorologia, para detecção de

anticorpos circulantes pela técnica de Ensaio Imunoenzimático (ELISA-Ag), foi realizado

no Departamento de Produção e Saúde Animal da Faculdade de Veterinária,

pertencente à Universidade do Estado de São Paulo (UNESP), localizada em

Araçatuba,segundo a técnica de Nunes et al. (2002).

Inicialmente foi realizada a sensibilização das placas (Nunc maxsorp) com

100µL, por poço, do antígeno de metacestoide de T. crassiceps a 5 µg/ mL com tampão

carbonato bicarbonato 0,05M, pH 9,6, durante 18h a 4 ºC. Após este período, a placa

foi lavada três vezes com a solução de lavagem constituída por PBS 0,01M, pH 7,2 e

0,5% Tween 20. Em seguida realizou-se o bloqueio da placa com 200µL por poço de

tampão carbonato bicarbonato 0,05M, pH 9,6 mais 10% de leite em pó desnatado, por

2h a 4 ºC. Decorridas as duas horas, a placa foi lavada três vezes novamente com a

solução de lavagem, seguindo-se a diluição dos soros a 1/800 com PBS 0,01M, pH

7,2, 0,5% Tween 20 mais 5% de leite em pó desnatado, por 1h a 37ºC, 100µL por poço.

Posteriormente, as placas foram lavadas três vezes com a solução de

lavagem e o conjugado foi diluído a 1/4000 com PBS 0,01M, pH 7,2, 0,5% Tween 80

mais 5% de leite em pó desnatado, por 1h a 37 ºC, colocando-se 100µL por poço. Após

uma hora as placas foram lavadas três vezes com solução de PBS 0,01M, pH 7,2 e

0,5% Tween 80 e procedeu-se a diluição do substrato com 10mg de OPD em 25mL de

uma solução de ácido cítrico (0,033M) mais Na2HPO4 (0,084) mais 10µL de H2O2,

100µL por poço, incubando-se em seguida por 20 minutos em temperatura ambiente

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53

(30 °C). Para o bloqueio da reação foram adicionados 50µL de HCl 1N e a leitura das

microplacas foi realizada com filtro de 492nm.

Quarta Etapa: Casos de Teníase

O diagnóstico de teníase em humanos é feito através de exame

coprológico, sendo este uma importante referência do nível de parasitismo humano e,

indiretamente, animal (Rey, 2002). Diante disso, a fim de se estimar o grau de teníase

na população de Fortaleza, Barbalha, Crato, Juazeiro e Pedra Branca nos anos de

1998 a 2003, foi realizado levantamento do número de casos desta zoonose baseado

nos exames coprológicos registrados e arquivados pelas Secretarias de Saúde

Municipais.

Quinta etapa: Casos de Neurocisticercose

O diagnóstico de neurocisticercose em humanos pode ser realizado por

meio de exames radiológicos, tomografia computadorizada e ressonância magnética

(Yamashita et al., 2003). Dados relativos aos casos de neurocisticercose nos

municípios de Barbalha, Crato e Juazeiro só puderam ser obtidos a partir de 2001,

com a aquisição de aparelho tomógrafo pelos hospitais São Vicente de Paulo e Santo

Antônio. Sendo assim, por meio de investigação dos laudos médicos de tomografias

do crânio realizadas entre os anos de 2001 a 2003, foi possível verificar a

porcentagem de casos de neurocisticercose estimada na região do Cariri. Os números

de casos desta enfermidade causada pela presença do Cysticercus cellulosae no

cérebro humano foram contabilizados de acordo com o sexo e a idade dos pacientes

acometidos nos anos anteriormente citados.

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54

54

No município de Pedra Branca, os laudos de pacientes neurocisticercóticos

observados nos anos de 2001 a 2004 foram obtidos junto à administração do Hospital

São Sebastião.

Quanto à prevalência de neurocisticercose no município de Fortaleza, o

levantamento foi realizado nos hospitais São José, Walter Cantídio e Albert Sabin,

tendo sido analisados os prontuários de pacientes com a enfermidade surgidos entre os

anos de 1999 e 2004. Para avaliação dos laudos médicos, após a aprovação do projeto

pelo Comitê de Ética e Pesquisa dos Hospitais São José e Albert Sabin, foi utilizado um

relatório, no qual eram assinalados o sexo, a idade, a procedência, o nível de instrução,

a sintomatologia e os hábitos alimentares dos pacientes acometidos.

Análise estatística:

Os levantamentos de casos de cisticercose suína realizados nos

abatedouros de cada cidade e de neurocisticercose humana nos hospitais de Fortaleza

e dos municípios da região centro-sul do estado do Ceará, de acordo com o ano, o sexo

e a idade dos pacientes foram analisados por meio do teste do qui-quadrado corrigido

(p<0,05). Já a distribuição dos cisticercos encontrados nas carcaças, o número de

casos de teníase, o nível de instrução dos pacientes acometidos por neurocisticercose

e os tipos de criações de suínos existentes nos municípios visitados foram analisados

segundo a estatística descritiva.

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55

RESULTADOS E DISCUSSÃO

1) Avaliação da presença de cisticercos e sua localização na carcaça

Durante a inspeção realizada no abatedouro Municipal de Barbalha, as

carcaças de 85 suínos foram inspecionadas quanto à presença de Cisticercus

cellulosae, sob as formas viva e calcificada, na língua, masseter, paleta, intercostais,

diafragma, coração e pernil. Do total de animais analisados 4 (4,7%) apresentaram

cisticercos na musculatura, prevalência esta superior a observada pela inspeção local

durante todo o ano de 2003, onde de 1586 suínos abatidos 52 (3,2%) apresentaram

cisticercose (SIM, 2003) e pela inspeção do município de Caririaçu, localizado

próximo a Barbalha, onde a prevalência de cisticercose suína registrada em 2003 foi

de 2,8% (SIM, 2003).

A prevalência pode ser considerada elevada, visto a quantidade de animais

criados na região e o curto período de um mês da realização do experimento, além do

fato de que este percentual de animais parasitados constitui apenas uma estimativa

do número real de suínos cisticercóticos abatidos na cidade. Isto se deve ao fato de

que, embora haja um abatedouro municipal, ainda existem 72 matadouros

clandestinos, funcionando sob condições inadequadas de abate, sem fiscalização de

um médico veterinário, permitindo assim a comercialização de carne suína de

qualidade sanitária duvidosa, predispondo a população à contaminação por carne

contendo o Cysticercus cellulosae. Ressaltando-se ainda que cerca de 50% dos

marchantes ao detectar o “caroço”, nome popular dado à larva da tênia, na língua dos

animais destinados ao abate direcionam estes para os mercados de Juazeiro do Norte

(município próximo), onde são vendidos normalmente sem serem submetidos à

inspeção veterinária, sendo esta prática bastante comum na região do Cariri, sul do

Estado.

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Durante o experimento observou-se um desconhecimento quanto à

importância e ao risco da ingestão de carne suína contendo o “caroço” por parte dos

marchantes que comercializavam a carne e das pessoas que a compravam, devido à

falta de educação sanitária em relação aos problemas causados por esse parasita.

Este comportamento pode ser um fator relevante para a manutenção do ciclo do

parasita, já que a presença de humanos com teníase, devido à ingestão de carne suína

contaminada com a larva da T. solium, constitui-se em um alto risco para o surgimento

da cisticercose suína em populações rurais como também em centros urbanos, onde

suínos provenientes de localidades rurais são abatidos, vendidos e consumidos em

número crescente (Ungar & Germano, 1992).

A detecção post–mortem da cisticercose suína em várias regiões do mundo é

importante para se determinar os locais de predileção dos cisticercos da Taenia solium

na musculatura suína (Boa et al., 2002). A distribuição dos cisticercos vivos (CV) e

calcificados (CC) foi identificada e contabilizada em cada músculo avaliado (Tabela 1).

Das 4 carcaças parasitadas, 2 (50%) apresentaram cisticercos em todos os músculos

inspecionados, enquanto uma carcaça apresentou somente no coração. Foi observado

um total de 58 cisticercos nas 4 carcaças parasitadas. Do total de cisticercos

encontrados, a língua, o coração e o pernil foram os locais que apresentaram maior

quantidade deste parasita, com 27%, 24,2% e 12,2%, respectivamente. Tais resultados

permitiram observar que embora a proporção de cisticercos tenha variado muito entre

os órgãos e músculos, o maior percentual dos cistos totais encontrados nas carcaças

localizou-se nos órgãos rotineiramente examinados nas linhas de inspeção, isto é,

coração, língua, masseter e membro posterior, como o observado por Boa et al. (2002).

Observou-se ainda que embora a paleta e o diafragma também sejam

músculos recomendados para a inspeção, juntamente com a língua e o coração

(Sciutto et al., 1998), nesta pesquisa foram os que apresentaram menor quantidade de

cisticercos, 6,9% e 8,6%, respectivamente. Tais resultados não estão de acordo com os

de Soarez et al. (2003), que apontam a paleta (24,3%) e o diafragma (3,7%) como os

órgãos que apresentam maior parasitismo por cisticercos. Diante disto, pode-se

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constatar que a inspeção da carcaça como um todo, de forma minuciosa, tanto nos

órgãos recomendados como nos possivelmente infectados pela T. solium é importante,

já que a distribuição do parasita apresenta variações, podendo este estar alojado em

órgãos ou músculos não muito visados pela inspeção, não havendo a condenação dos

mesmos, permitindo assim o consumo humano de carne parasitada com cisticercos.

Tabela 1: Distribuição de Cysticercus cellulosae sob as formas de cisticercos vivos

(CV) e calcificados (CC) segundo o músculo das carcaças parasitadas e

avaliadas no Abatedouro Municipal de Barbalha.

Quanto aos tipos verificados, a quantidade de cisticercos calcificados foi

significativamente superior (35) em relação aos vivos (23) em todos os músculos

avaliados, com exceção do coração, que dos 14 cisticercos encontrados 11 (78,5%)

eram cisticercos vivos (Figura 10)(Tabela 1). Estes resultados não estão de acordo com

os de Phiri et al. (2002), os quais verificaram que a maioria de suínos infectados

apresentava cisticercos vivos. Segundo Verástegui et al. (2000), cisticercos calcificados

MÚSCULOS

ANIMAIS TOTAL

1 2 3 4

CC CV CC CC CC CV CV CV

Língua

Masseter

Paleta

Intercostais

Diafragma

Coração

Pernil

TOTAL

n %

1

2

2

2

0

3

3

1

0

0

0

1

4

2

2

1

2

2

2

2 2

2

2

1 1

1

1 1

1

1 1

2

3

3

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

16

6

4

6

5

14

7

27,5

10,3

10,3

6,9

8,6

24,2

12,2

0 5 7 14 9 9 12 58 100

4

2

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ocorrem mais freqüentemente em suínos infectados após o desmame. Sendo assim, a

maior quantidade de cisticercos calcificados observados talvez possa ser explicada pelo

fato de que a maioria dos animais abatidos era comprada pelos marchantes após o

desmame, para serem submetidos à fase de crescimento ou de engorda em condições

sanitárias deficientes.

Figura 10. Coração com vários cisticercos

vivos, demonstrados pelas setas.

2) Tipos de criações de suínos verificados nos municípios

No que diz respeito à quantidade e aos tipos de criações de suínos nos

municípios avaliados, de janeiro de 2001 a abril de 2004 foi denunciado junto aos

Departamentos de Vigilância Sanitária das cidades um total de 890 criações suinícolas

dentro da zona urbana, sendo 727 (81,6%) chiqueiros e 163 (18,4%) pocilgas (Tabela

2). Este número é superior ao verificado em criações da Bolívia, onde 37,2% dos suínos

são criados extensivamente, com 47,6% dos mesmos não apresentando saneamento

básico (Carrique-Mas et al., 2001).

Deve-se ressaltar que estes resultados são apenas uma estimativa, visto que

sempre existem criações que não são denunciadas, sendo mantida a criação de suínos

com acesso às fezes humanas, um dos principais fatores de risco para o

desenvolvimento da teníase nas pessoas que consumirem esta carne. Na China, 30%

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das criações de suínos são chiqueiros, havendo alta prevalência de cisticercose em

suínos e de teníase nas pessoas deste lugar (Fan & Ooi, 1998).

Este resultado constitui-se num dado relevante, já que a alta prevalência de

cisticercose suína está diretamente correlacionada com o grande número de chiqueiros

existentes em determinada região (Ngowi et al., 2004). Animais confinados são

significativamente menos infectados do que suínos criados extensivamente, onde as

taxas de infecção são maiores em suínos que têm acesso às fezes humanas (13,8%)

do que os que não têm (9,1%) (Pouedet et al., 2002).

O percentual de chiqueiros registrado nos municípios é altamente relevante,

visto que o número de chiqueiros denunciados em cada município é bem superior

quando comparado ao número de chiqueiros registrados em Viçosa do Ceará. Segundo

dados da Vigilância Sanitária no mesmo período (2001 a 2004), foram realizadas 65

denúncias de chiqueiros na área urbana da cidade, número este inferior ao observado

só no município de Barbalha nos anos de 2001 a 2003.

TABELA 2. Número de chiqueiros e pocilgas entre os anos de 2001 e 2004 nos

municípios da região centro-sul do Ceará.

2001 2002 2003 2004

Municípios POC CHI POC POC POC CHI CHI CHI

Crato

Juazeiro

Barbalha

Pedra Branca

Total

23

15

5

28

71

47

35

70

37

189

32 58

15 35

3 80

32 3

71 205

4 45

21 25

2 112

3

30

75

257

0 5

5 6

0 30

4 35

9 76

Fonte: Departamentos de Vigilância Sanitária Municipais – 2004.

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Barbalha foi o município que apresentou maior quantidade de chiqueiros

quando comparada às outras cidades, no entanto, tais dados se constituem estimativas,

já que os números obtidos são baseados em denúncias e sabe-se que muitas criações

clandestinas, de fundo de quintal, não são denunciadas. Além disso, muitos registros de

denúncias não puderam ser contabilizados por não constarem mais no Departamento

de Vigilância das outras cidades. O número de chiqueiros existentes em uma região é

um importante indicador dos riscos de parasitose em humanos e suínos, onde em

países como a China, 30% dos suínos que são criados inadequadamente apresentam

cisticercose e a teníase em pessoas destas regiões fica em torno de 0,06% (Fan & Ooi,

1998).

3) Casos de Cisticercose suína detectada pelo teste de ELISA

Segundo os resultados sorológicos obtidos com o teste de ELISA, as cidades

avaliadas apresentaram uma alta porcentagem de animais positivos, onde das 142

amostras, 79 (55,6%) apresentaram anticorpos circulantes para cisticercose, estando

esta porcentagem bem acima dos resultados já verificados pela Secretaria de Saúde do

Estado em trabalhos de inspeção em abatedouros de Iguatu e Maracanaú (Morais &

Leite). Os municípios que apresentaram maior incidência quanto à presença de

anticorpos para o Cysticercus cellulosae foram Barbalha, com 62,3% de amostras

positivas, seguida de Pedra Branca com 53,1%. Os municípios de Crato e Juazeiro

apresentaram prevalências de 40,0% e 33,3%, respectivamente (Tabela 3).

Barbalha foi o único município em que puderam ser realizados dois tipos de

exames dos animais submetidos ao abate, o exame macroscópico, com a visualização

de cisticercos na carcaça durante a inspeção e a análise sorológica das amostras de

sangue coletadas. No exame macroscópico, foram diagnosticados quatro animais

positivos. Pela sorologia, a positividade destes animais foi confirmada, no entanto 32

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(37,6%) animais positivos ao teste de Elisa foram considerados como negativos ao

exame de inspeção da carne, demonstrando assim maior confiabilidade o diagnóstico

sorológico, como verificado por Sato et al. (2003), em que 34% dos animais negativos à

palpação da língua e ao exame macroscópico foram soropositivos pela técnica de

ELISA.

TABELA 3. Número de amostras positivas para cisticercose suína, segundo o

teste de Elisa, de acordo com o município avaliado.

A razão de animais não serem positivos à inspeção da língua ou ao exame

da carcaça e se apresentarem soropositivos ao ELISA pode ser explicada pelo nível de

parasitismo do animal ou mesmo pela variada distribuição dos cisticercos na carcaça,

podendo estes não surgirem na língua, mas estarem presentes em outros locais, como

foi observado no quarto animal parasitado, em que neste só foram visualizados dois

cistos no coração. Outro fator importante é que uma baixa carga parasitária pode não

ser evidente no exame macroscópio, mas ser detectável pela sorologia (Nunes et al.,

2000), onde já se evidenciou que a maioria dos suínos infectados pode ser confirmada

soropositiva pelo ELISA com a presença de 2,5 ou mais cistos por Kg de carne (Dorny

et al., 2003).

Municípios Amostras (n) Nº positivas (%)

Barbalha

Juazeiro

Crato

Pedra Branca

85

15

10

32

53 (62,3)

5 (33,3)

4 (40,0)

17 (53,1)

Total 142 79 (55,6)

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O número elevado de animais positivos no exame sorológico e negativos na

inspeção da carcaça pode sugerir que estes animais possam apresentar anticorpos não

pela presença do parasita no organismo animal, ou seja, da infecção viável, mas sim

pelo fato desses animais terem sido expostos ao helminto (Dorny et al., 2003).

A alta porcentagem de suínos positivos para cisticercose pode ser um forte

indicador da presença da Taenia solium na população suína e humana das regiões

central, representada pelo município de Pedra Branca e sul, pelas cidades de Crato,

Juazeiro e Barbalha. No entanto, um dos problemas mais comuns observados no

imunodiagnóstico das doenças parasitárias é a perda da especificidade devido às

reações cruzadas entre diferentes parasitas no hospedeiro. Assim, no caso da

cisticercose, a alta porcentagem de anticorpos circulantes detectados pelo teste de

Elisa pode estar relacionada com a presença de hidatidose e ascaridiose (Biondi et al.,

1996). Nesses animais, entretanto, o uso do antígeno heterólogo produzido pela Taenia

crassiceps utilizado neste teste apresenta alta especificidade (94,6%) para o

diagnóstico de cisticercose (Nunes et al. 2000), além disso o fato dos animais terem

sido criados em fundo de quintal e abatidos de forma clandestina reforçam o risco da

presença da Taenia solium nos animais abatidos.

Das cidades investigadas, somente Pedra Branca apresentou registros de

casos de cisticercose suína, onde segundo dados obtidos da Vigilância Municipal, em

1997 e 1998, a incidência de cisticercose suína avaliada no Abatedouro Municipal

correspondia a 5,7% e 3,3%, respectivamente. Desta forma, os resultados obtidos

demonstram que o município mantém-se como área endêmica para cisticercose suína,

já que segundo a Organização Panamericana de Saúde e a Organização Mundial de

Saúde (2001) é considerada endêmica a localidade que registra uma prevalência acima

de 5%.

As incidências obtidas apresentaram-se altas em comparação também com

experimentos realizados em animais abatidos nos estados de Minas Gerais, São Paulo,

Pernambuco, Rio Grande do Norte, Mato Grosso do Sul e Paraná, onde a média de

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positividade ficou entre 1,8 e 26,5%, salientando-se que os animais não inspecionados

apresentaram uma positividade cinco vezes maior ao teste de ELISA do que os suínos

inspecionados (Pinto et al., 2002).

De uma forma geral, as altas porcentagens de cisticercose suína nos

municípios avaliados refletem a situação da Taenia solium nos animais, sendo esta um

indicador indireto da infecção em humanos. Os dados são importantes no sentido de

que haja um maior controle sobre os fatores de risco que contribuem para a

manutenção do ciclo do parasita nas espécies suína e humana nas regiões central e sul

do Estado.

4) Casos de Teníase nos municípios do interior

Segundo dados da Secretaria de Saúde Municipal de Barbalha, entre 1998 e

2003 esta parasitose correspondeu a 1,13% das verminoses (ascaridiose,

esquistossomose e ancislostomíase) diagnosticadas somente pelos exames realizados

por esta instituição (Tabela 4). Pode ainda haver mais casos não examinados, pois por

esta se tratar de uma doença de tratamento ambulatorial não há um registro de casos

nos hospitais, o que leva a uma subnotificação da helmintose. De acordo com os dados

obtidos, a prevalência de teníase nesta cidade apresenta-se inferior à observada em

áreas endêmicas de países como Índia (27%) e México (3,2%) (Prasad et al., 2002;

Martinez-Maya et al., 2003).

Muito embora Barbalha tenha apresentado um maior número de chiqueiros

que as demais cidades da região do Cariri avaliadas, o percentual de casos de teníase

registrados foi inferior quando comparado com os municípios de Crato e Juazeiro, os

quais apresentaram no mesmo período uma prevalência de 3,3% e de 1,9%,

respectivamente. Além disso, a alta prevalência de cisticercose suína obtida em suínos

da região não corresponde a este percentual de casos de teníase registrados em

humanos, visto que os animais se contaminam com fezes provenientes de pessoas com

teníase.

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Da mesma forma que possa ter havido uma subnotificação de casos de

teníase em Barbalha, o mesmo também pode ter ocorrido quanto às denúncias de

chiqueiros nas cidades de Crato e Juazeiro. Tendo-se que, a prevalência desta

parasitose no Brasil pode variar de 3% (OPS, 1994) a 0,3% (Capuano et. al., 2002) e

que acima de 1% é considerada alta, segundo a Organização Panamericana de Saúde

(Yanez, 2001), os percentuais de casos de teníase registrados em Barbalha, Crato e

Juazeiro nos últimos cinco anos podem ser considerados elevados.

Em Pedra Branca e Fortaleza, infelizmente não se pode ter acesso aos

dados de casos, em razão da falta de notificação junto às Secretarias de Saúde de

ambas as cidades.

TABELA 4. Casos de teníase nos municípios do Cariri entre os anos de 1998 a

2003.

Municípios

Barbalha

Juazeiro

Crato

Total de verminoses Casos de teníase % teníase/ verminoses

Total

8967

3730

12413

25110

102

74

414

590

1,13

1,98

3,33

2,39

Fonte: Secretaria de Saúde dos municípios de Crato, Juazeiro e Barbalha - 2004.

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5) Casos de Neurocisticercose

5.1) Região centro-sul do Ceará

Com relação aos casos de neurocisticercose humana diagnosticados na

região do Cariri, compreendendo os municípios de Barbalha, Crato e Juazeiro entre os

anos de 2001 a 2003, das 1792 tomografias do crânio realizadas nos hospitais São

Vicente de Paulo e Santo Antônio, 90 (5,02%) correspondiam com o diagnóstico de

neurocisticercose.

O percentual de casos não apresentou diferenças significativas (p<0,05) nos

anos de 2001 (4,5%), 2002 (7,4%) e 2003 (3,9%) (Figura 11), porém baseando-se nos

laudos dos pacientes afetados observou-se que houve diferenças significativas no

número de casos entre os sexos dos pacientes, onde no ano de 2002 o percentual de

pacientes do sexo masculino foi superior em relação ao do sexo feminino (Figura 12),

não tendo havido diferenças significativas nos outros anos considerados (p<0,05).

3,9a

7,4a

4,5a

0123456789

10

2001 2002 2003 Ano

Cas

os

de

NC

C (

%)

Figura 11. Percentual de casos de Neurocisticercose (NCC) nos

municípios de Crato, Barbalha e Juazeiro nos anos de 2001 a 2003.

Letras diferentes (a,b) diferem estatisticamente (p< 0,05).

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66

66

Dados sobre a relação entre o número de casos de neurocisticercose e o

sexo dos pacientes afetados são muito controversos, visto que alguns estudos não

evidenciam diferenças entre os gêneros (Chagas et al., 2003), enquanto outros autores

verificam uma prevalência maior de pacientes do sexo masculino (Ito et. al., 1998;

Agapejev, 2003) ou do sexo feminino (Pfuetzenreiter & Ávila, 1999). Entretanto, um

estudo recente ao verificar a proeminência da inflamação em mulheres parasitadas

admitiu-se a hipótese de que fatores imuno-endocrinológicos poderiam influenciar na

maior susceptibilidade e na patogênese da doença (Fleury et al., 2004). No entanto,

diante dos poucos estudos sobre a prevalência diferencial entre os sexos ainda não se

pode constatar realmente se há uma predisposição de gênero quanto à contaminação

pela neurocisticercose.

43,7a

61,3a

46,6a56,2a

38,6b

53,3a

0102030405060708090

100

2001 2002 2003 ANO

Cas

os

de

NC

C (

%)

masculino

feminino

Figura 12. Percentual de casos de neurocisticercose (NCC) nos

municípios de Crato, Barbalha e Juazeiro de acordo com

o sexo dos pacientes, nos anos de 2001 a 2003. Letras

diferentes (a,b) diferem estatisticamente (p< 0,05).

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67

67

No que diz respeito à idade, apesar de estudos salientarem a sua

importância na prevalência da neurocisticercose (Cao et. al., 1997; Lino et. al., 1999),

nos laudos observados, no que se a esta característica, não houve diferenças

significativas entre as idades dos pacientes parasitados no ano de 2001. No ano de

2002, o percentual de pacientes neurocisticercóticos com idades de 1 a 10 anos

apresentou-se inferior quando comparado às faixas de 21 a 50 anos e 51 a 80 anos. Já

no ano de 2003, somente as faixas etárias de 11 a 20 anos e 51 a 80 anos diferiram

estatisticamente (Figura 13), onde o percentual de pacientes com idade 51 a 80 anos

foi superior em relação à faixa de 11 a 20 anos (p<0,05).

A predominância de pacientes neurocisticercóticos com idade acima de 50

anos também tem sido relatada por outros autores (Carrique-Mas et al., 2001; Gracia,

1993). A possível influência da idade sobre a predisposição dos pacientes à

neurocisticercose pode estar relacionada com fatores sócio-econômicos ou

imunológicos e sua determinação torna-se importante desde que sendo um fator de

risco poderá auxiliar na aplicação de estratégias de controle da parasitose.

25a23ab

13a

25a

16a22ab 23ab

29b31a36b34b

18a

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

2001 2002 2003Ano

Cas

os

de

NC

C (

%)

1 a 10 anos

11 a 20 anos

21 a 50 anos

51 a 80 anos

Figura 13. Percentual de casos de neurocisticercose (NCC) nos

municípios de Crato, Barbalha e Juazeiro de acordo com a

idade dos pacientes, nos anos de 2001 a 2003. Letras

diferentes (a,b) diferem estatisticamente (p<0,05).

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68

68

Ao se comparar o número de casos de cada faixa etária em cada ano,

observou-se que só houve diferença significativa na faixa etária de 51 a 80 anos, onde

o número de pacientes foi maior nos anos de 2002 e 2003 quando comparados ao ano

de 2001. No entanto, entre os anos de 2002 e 2003 não houve diferença significativa

(p<0,05). Os resultados obtidos reforçaram a afirmação de que a neurocisticercose

incide em qualquer faixa etária, sem distinção de sexo (Yamashita et al., 2003).

Em Pedra Branca, entre os anos de 2001 a 2004 foram diagnosticados 18

casos de neurocisticercose (Figura 14). De acordo com os dados disponíveis no

hospital da cidade, houve um decréscimo no número de casos de neurocisticercose

humana. Entretanto, estes dados fornecidos pelo Hospital São Sebastião são

subestimados, visto que muitos pacientes suspeitos são enviados para Fortaleza, não

havendo registros de controle dos mesmos no hospital nem mesmo na Secretaria de

Saúde do município, fato este que impossibilita a análise da situação da Taenia solium

em humanos e, portanto a adoção de medidas de controle do parasito.

De acordo com os dados obtidos no hospital, a maioria dos pacientes

afetados pela neurocisticercose era do sexo masculino, com exceção dos pacientes

observados até o mês de setembro do ano de 2004, onde o único paciente atendido

com a parasitose era do sexo feminino (Figura 15).

Quanto à faixa etária houve uma grande variação na idade dos pacientes

diagnosticados, onde somente a faixa etária de 21 a 50 anos apresentou casos em

todos os anos investigados (Figura 16). No ano de 2001, as faixas etárias de 11 a 20

anos e 21 a 50 anos apresentaram o maior número de casos. Em 2002, o maior

número de pacientes cisticercóticos encontrava-se na faixa de 51 a 80 anos, enquanto

que no ano de 2003 as faixas de 21 a 50 anos e 51 a 80 anos apresentaram o maior

número de casos. Já no ano de 2004, a paciente diagnosticada apresentava-se na faixa

de 21 a 50 anos.

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69

69

1b2b

7a8a

0123456789

10

2001 2002 2003 2004 Ano

mer

o d

e ca

sos

Figura 14. Número de casos de neurocisticercose (NCC)

diagnosticados em Pedra Branca entre os anos de

2001 e 2004. Letras diferentes (a,b) diferem

estatisticamente (p< 0,05).

00

2

6a6a

11b2b

0123456789

10

2001 2002 2003 2004 Ano

mer

o d

e ca

sos

de

NC

C

Masculino

Feminino

Figura 15. Número de casos de neurocisticercose (NCC) de

acordo com o sexo diagnosticados em Pedra

Branca entre os anos de 2001 e 2003. Letras

diferentes (a,b) diferem estatisticamente (p< 0,05).

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70

70

a

a a

b

b

c

a

0123456789

10

2001 2002 2003 2004

Ano

mer

o d

e ca

sos

de

NC

C 1 - 10 anos

11 - 20 anos

21 - 50 anos

51 - 80 anos

Figura 16. Número de casos de neurocisticercose (NCC) de

acordo com a idade diagnosticados em Pedra Branca

entre os anos de 2001 e 2003. Letras diferentes (a,b)

diferem estatisticamente (p<0,05).

5.2) Município de Fortaleza

Na cidade de Fortaleza, por meio de levantamento realizado nos hospitais

Albert Sabin, Walter Cantídio e São José verificou-se que nos anos de 1999 a 2003

foram diagnosticados 306 casos de neurocisticercose, onde o menor número de casos

ocorreu no ano de 2002 (Figura 17).

Deste total de casos, 45% dos pacientes eram provenientes do interior e

55% de Fortaleza. Embora não tenha havido diferença estatística quanto à procedência

de todos os pacientes diagnosticados, entre os anos de 1999 a 2001 o percentual de

pacientes oriundos de Fortaleza foi maior em comparação ao do interior (Figura 18) nos

anos de 1999 e 2001(p<0,05). Do total de pacientes oriundos do interior 22,8% criavam

porcos.

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71

71

57ab47b

61ab65ab

76a

0102030405060708090

100

1999 2000 2001 2002 2003 Ano

To

tal d

e ca

sos

de

NC

C

Figura 17. Número de casos de neurocisticercose (NCC) em Fortaleza

registrados entre os anos de 1999 a 2003. Letras

diferentes (a,b) diferem estatisticamente (p<0,05).

39,3b

49,2a53,1a 50,8a

36,8b

50,8a46,9a 49,2a

60,7a63,2a

0

20

40

60

80

100

1999 2000 2001 2002 2003 Ano

% c

aso

s d

e N

euro

cist

icer

cose

Interior

Fortaleza

Figura 18. Número de casos de neurocisticercose (NCC) em

Fortaleza de acordo com a procedência dos pacientes.

Letras diferentes (a,b) diferem estatisticamente

(p<0,05).

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72

72

Desta forma, ao contrário do que se pode pensar, a neurocisticercose não se

restringe a áreas rurais, como verificado por Agapejev (2003), o qual afirma que 79%

dos pacientes com NCC são provenientes do meio rural. Na Paraíba, de 44 pacientes

com NCC, 31% destes eram provenientes da área urbana, isto podendo ser explicado

pelas migrações do homem do campo para cidades maiores (Chagas et al., 2003).

Quanto ao sexo, o número de pacientes do sexo masculino foi

significativamente maior em relação aos do sexo feminino em todos os anos avaliados

(Figura 19) (p<0,05).

70,1a63a63,9a66,1a69,7a

30,3b 33,9b 36,1b 37b29,9b

0102030405060708090

100

1999 2000 2001 2002 2003 Ano

Cas

os

de

Neu

roci

stic

erco

se (

%) Masculino

Feminino

Figura 19. Número de casos de neurocisticercose em Fortaleza de

acordo com o sexo, entre os anos de 1999 a 2003.

Letras diferentes (a,b) diferem estatisticamente(p<0,05).

Já no que se refere à idade (Figura 20), no total de casos, o percentual de

pacientes nas faixas etárias de 11-20 anos e 21-50 anos foi superior em relação aos

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73

pacientes na faixa etária de 1-10 anos (p<0,05). Em vários estudos realizados há uma

predominância de pacientes com NCC na idade de 20 a 50 anos (Lino et al., 1999;

Agapejev, 2003; Pfuetzenreiter & Ávila, 1999; Liso et al., 1994), embora possa ser

encontrada uma prevalência de 31% em crianças (Antoniuk, 1994).

Entretanto, comparando-se o percentual de pacientes entre as faixas etárias

em cada ano, verificou-se que no ano de 2001 as faixas etárias de 11-20 anos e 21-50

anos apresentaram maior número de pacientes em relação à faixa de 1-10 anos e o

número de pacientes na faixa de 51-80 anos foi menor em relação aos de 11-20 anos.

No ano de 2002, o número de pacientes com idade na faixa de 1-10 anos foi

significativamente inferior quando comparado aos das demais faixas etárias (p<0,05).

Nos demais anos não houve diferenças significativas entre as idades.

aaa

aa ab

baa

ab

bcaa

abaca

a

05

101520253035404550

1999 2000 2001 2002 2003 Ano

mer

o d

e ca

sos

1 a 10 anos

11 a 20 anos

21 a 50 anos

51 a 80 anos

Figura 20. Número de casos de neurocisticercose (NCC) em

Fortaleza de acordo com a faixa etária, entre os anos de

1999 a 2003. Letras diferentes (a,b) diferem

estatisticamente (p<0,05).

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74

Baseando-se nos laudos dos pacientes neurocisticercóticos atendidos no

Hospital São José, no tocante ao nível de instrução dos pacientes com

neurocisticercose, 65% apresentavam como escolaridade máxima o 1º grau do ensino

médio e 35% pertenciam ao 2º grau completo. Embora a doença tenha se apresentado

principalmente em pacientes de baixa instrução e esteja comumente relacionada a

condições sócio-econômicas precárias, a mesma também pode ser diagnosticada em

pacientes com alto nível sócio-econômico (Chagas et al., 2003).

Com relação às condições higiênico-sanitárias em que residiam os pacientes,

pode-se observar que 36% e 32,1% destes não apresentavam sistema de água e

esgoto, respectivamente, em seus domicílios. Tais informações são fundamentais para

se entender em que condições de risco se encontram pacientes com neurocisticercose.

Em comunidades rurais do Paraná, já foi possível identificar que em 66,2% das

propriedades as pessoas tinham o hábito de defecar ao ar livre, justificando assim a

presença da Taenia solium nos porcos criados no local (Arruda et al.,1994).

Dentre os pacientes afetados 21,9% não tinham o hábito de lavar frutas,

verduras e hortaliças antes de consumi-las, enquanto 3,5% não consumiam carne

suína. Semelhante a isso, em Lages, área endêmica para NCC, de 42 pacientes

parasitados 7,8% não sabiam informar a procedência dos alimentos que consumiam

(Pfuetzenreiter & Ávila, 1999).

Quanto à presença de parentes com a parasitose, cerca de 5,8% dos

pacientes afetados apresentavam parentes com neurocisticercose. Esses dados podem

ser importantes no sentido de verificar se a presença de familiares parasitados com a

Taenia solium pode ser considerada um fator potencial de risco para se adquirir a

doença. Sabe-se que antecedentes de teníase familiar em pacientes com NCC são

verificados em 22 a 34% dos pacientes (Agapejev, 2003). Desta forma, se pessoas que

apresentam familiares parasitados com a T. solium podem ter maior predisposição à

doença, tais informações poderão auxiliar no controle e diagnóstico da enfermidade.

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75

75

CONCLUSÃO

O parasitismo por Taenia solium identificado em humanos e suínos nos

municípios de Barbalha, Crato, Juazeiro e Pedra Branca, está associado às precárias

condições de criações de suínos, à existência de abates clandestinos e à

desinformação por parte da população sobre a importância e os riscos do parasita para

os animais e o homem alertam para a necessidade da implantação de programas de

controle e erradicação do parasita na região centro-sul do Estado do Ceará.

Casos de neurocisticercose humana têm sido freqüentemente verificados em

Fortaleza nos últimos cinco anos, embora muitos não sejam diagnosticados como a

parasitose cerebral ou mesmo estejam sujeitos a subnotificação nos hospitais, não

podendo assim estabelecer nitidamente o nível de parasitismo na população de

Fortaleza. No entanto é possível verificar que há ainda uma desinformação por parte da

população quanto aos fatores de riscos que predispõem à doença, isto porque a maior

parte dos pacientes ainda reside em condições precárias de saneamento básico, sem

fornecimento de água potável, mantendo os hábitos de não lavar os alimentos

adequadamente, dos quais muitas vezes não se sabe a procedência.

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76

PERSPECTIVAS

Os resultados obtidos neste trabalho ressaltam a necessidade e a

importância de maiores estudos epidemiológicos em outras regiões rurais criadoras de

suínos do interior do Estado do Ceará, a fim de que se possa conhecer melhor a

verdadeira situação da prevalência da Taenia solium não só nos animais como em

humanos.

A realização de novas pesquisas sobre a prevalência da Taenia solium

nestas regiões auxiliaria na implementação de medidas de controle e erradicação da

zoonose, por meio da educação sanitária, cumprimento das normas de inspeção da

carne fornecida aos mercados municipais, como também a notificação mais eficiente

da doença em humanos nos postos de saúde e hospitais.

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77

77

ARTIGO ANEXO

Submetido ao Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia

Situação da cisticercose suína, teníase e neurocisticercose humana no interior do

Ceará

(Situation of the porcine cysticercosis, taeniasis and human neurocysticercosis in

municipal districts of Ceará)

Silva, M. C.1*; Cortez, A .A .1; Aquino-Cortez, A.1; Valente, M.2; Toniolli, R.1

1. Laboratório de Reprodução Suína e Tecnologia de Sêmen – Universidade Estadual do

Ceará. Fortaleza – Ceará. 2. Universidade Federal do ceará – UFC.

* Michelle Costa e Silva, e-mail: [email protected]. Rua República do Líbano

1579 – Varjota. Fortaleza – Ceará.

ABSTRACT

In the Brazilian Northeast there are few works on the prevalence of porcine

cysticercosis, taeniasis and human neurocysticercosis. In Barbalha, Ceará, risings of

cases of these zoonosis were accomplished caused by the Taenia solium, in order to

evaluate the situation of these illnesses in the municipal district, also taking place a

research as for the types of swine creations existent in the area. Of 85 swine slaughted

in the Slaughterhouse of Barbalha 4,7% presented cysticercosis. Most of the cisticerci

was in the language and heart. Between 2001 and 2004, of the 302 creations of swine

denounced to the Sanitary Surveillance, 96,6% were pigsties. Taeniasis, between 1998

and 2003, corresponded to 1,13% of the helminthes diagnosed by the Secretary

Municipal Health. Among the years of 2001 and 2003, the cases of neurocysticercosis

corresponded to 5,02% of the skull tomographies requested at the hospitals of the area.

There was not significant difference as for the percentile of cases among the years. The

percentile of patient male it was superior to the feminine in the year of 2002 (p <0,05).

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78

Among the age groups there were only significant differences in the years of 2002 and

2003. The situation of the zoonosis caused by the Taenia solium in Barbalha alerts for

the importance of these diseases in the public and animal health, so that they are

articulate more efficient control programs, based, mainly, in the sanitary education.

Key words: porcine cysticercosis, taeniasis, human neurocysticercosis, epidemiologic

study.

RESUMO

No Nordeste brasileiro há poucos trabalhos sobre a prevalência de cisticercose

suína, teníase e neurocisticercose humana. Em Barbalha, Ceará, foram realizados

levantamentos de casos destas zoonoses causadas pela Taenia solium, a fim de avaliar

a situação destas enfermidades no município, realizando-se também uma pesquisa

quanto aos tipos de criações suínas existentes na região. De 85 suínos abatidos no

Abatedouro de Barbalha 4,7% apresentaram cisticercose. A maioria dos cisticercos

encontrava-se principalmente na língua e coração. Entre 2001 e 2004, das 302 criações

de suínos denunciadas à Vigilância Sanitária, 96,6% eram chiqueiros. A Teníase, entre

1998 e 2003, correspondeu a 1,13% das verminoses diagnosticadas pela Secretaria de

Saúde Municipal. Entre os anos de 2001 e 2003, os casos de neurocisticercose

corresponderam a 5,02% das tomografias de crânio requisitadas nos hospitais da

região. Não houve diferença significativa quanto ao percentual de casos entre os anos.

O percentual de pacientes do sexo masculino foi superior ao feminino no ano de 2002

(p<0,05). Entre as faixas etárias só houve diferenças significativas nos anos de 2002 e

2003. A situação das zoonoses causadas pela Taenia solium em Barbalha alerta para a

importância destas doenças na saúde pública e animal, a fim de que sejam articulados

programas de controle mais eficientes, baseados, principalmente, na educação

sanitária.

Palavras-chave: cisticercose suína, teníase, neurocisticercose humana, estudo

epidemiológico.

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79

79

INTRODUÇÃO

A cisticercose suína, a teníase e a neurocisticercose humana causadas pela

Taenia solium são problemas de saúde pública em muitos países endêmicos onde a

persistência destas zoonoses é promovida por fatores culturais, sócio-econômicos

(Sarti et al., 2002), condições higiênico-sanitárias deficientes, métodos precários de

criações de suínos e à falta de inspeção da carne, assim como de medidas de

controle de doenças (Phiri et al., 2002).

A importância do complexo teníase/cisticercose para a saúde pública se

deve ao fato de que o homem, além de hospedeiro definitivo da Taenia solium por

ocasião da ingestão de carne crua ou mal cozida (Soulsby, 1997), pode se tornar

hospedeiro intermediário, abrigando a fase larval, Cysticercus cellulosae,

principalmente no sistema nervoso central, desenvolvendo a neurocisticercose (Rey,

2002).

Informações sobre a cisticercose suína provêm de registros da inspeção

veterinária de carnes, onde as perdas econômicas causadas por essa patologia são

consideráveis, em razão da condenação das carcaças contendo cisticercos (Ungar &

Germano, 1992). Por outro lado, dados de teníase e neurocisticercose podem ser

obtidos, respectivamente, por meio de exames coprológicos e tomografia

computadorizada (Pfuetzenreiter, 1997).

A interação entre suínos com cisticercose e pessoas soropositivas, que

fazem parte do ciclo de vida da Taenia solium, é o principal fator de risco para a

difusão de teníase e cisticercose suína, respectivamente (Flisser et al., 2003). As

populações suínas e humanas que apresentam maior risco de adquirir estas doenças

estão localizadas em áreas rurais onde os suínos são criados de forma extensiva,

tendo acesso às fezes humanas, bem como a falta de orientação às pessoas que

ingerem carne crua ou mal cozida (Carrique-Mas et al., 2001).

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80

80

A determinação da prevalência da infecção em suínos por T. solium, tem

sido sempre um importante requisito na maioria dos programas de controle da

cisticercose (Sakai et al., 1998), onde o método mais comum usado para diagnóstico

na espécie suína é a inspeção post-mortem das carcaças (Biondi et al., 1996). O

diagnóstico da cisticercose ao nível de abatedouros, somado à informação da origem

do animal, possibilita a definição de áreas de ocorrência da doença, bem como a sua

qualificação para que possam ser executadas medidas de controle (Ungar &

Germano, 1992).

No município de Barbalha, sul do Ceará, a criação, comercialização e

consumo da carne suína são crescentes. No entanto, desconhece-se o tipo de criação

da maioria dos animais destinados ao abatedouro Municipal, assim como o grau de

prevalência da cisticercose suína, da teníase e da neurocisticercose humana na

região, já que nunca foi feito um estudo neste sentido. Diante disto, este trabalho teve

como objetivo realizar um levantamento sobre os casos de cisticercose suína, teníase

e neurocisticercose no município de Barbalha, a fim de avaliar a situação sanitária das

criações e da população da região, podendo servir de orientação para a implantação e

a aplicação de programas de controle destas zoonoses.

MATERIAL E MÉTODOS

Inspeção das carcaças suínas quanto à presença de cisticercos

Foram examinados 85 suínos abatidos no Abatedouro Municipal de

Barbalha. Os animais eram insensibilizados por meio de pistola pneumática e

submetidos em seguida à sangria, realizada por meio de incisão da veia jugular. Após

o abate, cada carcaça era inspecionada minuciosamente observando-se a presença

de cisticercos na língua, masseter, pernil, paleta, músculos intercostais e coração. Em

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81

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uma planilha eram identificadas e registradas todas as amostras com as respectivas

alterações observadas nos órgãos e músculos.

Realizamos a contagem dos cisticercos vivos e calcificados em cada

músculo das carcaças com cisticercose, as quais foram posteriormente incineradas. O

cisticerco é considerado vivo ou viável quando está na etapa vesicular, contendo a

larva invaginada no seu interior; o calcificado consiste em um nódulo sólido,

mineralizado, de coloração esbranquiçada (Vianna et al., 2004).

Tipos de criações de suínos

No mesmo período de execução da inspeção das carcaças suínas no

Abatedouro Municipal de Barbalha, foi realizado levantamento do número de pocilgas

e chiqueiros existentes no município. Os dados foram obtidos por meio das denúncias

registradas no período de 2001 a 2004, junto à Vigilância Sanitária.

Os tipos de criações de suínos foram classificados e diferenciados de

acordo com as condições de manejo dos animais, principalmente no que diz respeito

à presença de água encanada e sistema de esgoto. As criações que apresentavam

saneamento básico com água e esgoto foram classificadas como pocilgas. Já os tipos

de criações mantidos em esgoto a céu aberto, com conseqüente acesso dos suínos a

fezes humanas, foram classificados como chiqueiros.

Casos de Teníase

O diagnóstico de teníase em humanos é feito através de exame

coprológico, sendo este uma importante referência do nível de parasitismo humano e,

indiretamente, animal (Rey, 2002). Diante disso, foi realizado levantamento do número

de casos desta zoonose baseado nos exames coprológicos registrados e arquivados

pela Secretaria de Saúde do Município de Barbalha entre os anos de 1998 a 2003.

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82

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Casos de Neurocisticercose

O diagnóstico de neurocisticercose em humanos foi realizado por meio de

exames radiológicos, tomografia computadorizada e ressonância magnética

(Yamashita et al., 2003). Dados relativos aos casos de neurocisticercose no município

de Barbalha foram obtidos a partir de 2001, com a aquisição de aparelho tomógrafo

pelos hospitais São Vicente de Paulo e Santo Antônio. Sendo assim, por meio de

investigação dos laudos médicos de tomografias do crânio realizadas entre os anos

de 2001 a 2003, verificou-se a porcentagem de casos de neurocisticercose estimada

na região. Os números de casos desta enfermidade causada pela presença do

Cysticercus cellulosae no cérebro humano foram contabilizados de acordo com o sexo

e a idade dos pacientes acometidos nos anos anteriormente citados.

Análise estatística

Os dados positivos de cisticercose suína detectados no abatedouro

municipal de Barbalha, os tipos de criações de suínos e os casos de teníase foram

avaliados segundo a estatística descritiva. A análise da distribuição dos cisticercos

nas carcaças, os dados de neurocisticercose, o número total de casos de acordo com

os anos, com os sexos e com a idade foram analisados por meio do teste do qui-

quadrado corrigido (p<0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A inspeção das carcaças de 85 suínos revelou que 4 (4,7%) apresentaram

cisticercos na musculatura, prevalência esta superior a observada pela inspeção local

durante todo o ano de 2003, onde de 1586 suínos abatidos, 52 (3,2%) apresentaram

cisticercose (SIM, 2003) e pela inspeção do municipal de Caririaçu, localizado próximo

a Barbalha, onde a prevalência de cisticercose suína registrada em 2003 foi de 2,8%

(SIM, 2003).

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83

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A prevalência deste problema pode ser considerada elevada, visto a

quantidade de animais criados na região e o curto período de um mês de realização

do experimento, além do fato de que este percentual de animais parasitados constitui

apenas uma estimativa do número real de suínos cisticercóticos abatidos na cidade.

Isto porque, embora haja um abatedouro municipal, ainda existem 72 matadouros

clandestinos, funcionando sob condições inadequadas de abate, sem fiscalização de

um médico veterinário, permitindo assim a comercialização de carne suína de

qualidade sanitária duvidosa, predispondo a população à contaminação por carne

contendo o Cysticercus cellulosae. Ressaltando-se ainda que cerca de 50% dos

marchantes ao detectar o “caroço”, nome popular dado à larva da tênia, na língua dos

animais destinados ao abate direcionavam estes para os mercados de Juazeiro do

Norte, município próximo, onde são vendidos normalmente sem serem submetidos à

inspeção veterinária, sendo esta prática bastante comum na região do Cariri, sul do

estado.

Durante o experimento observou-se um desconhecimento quanto à

importância e ao risco da ingestão de carne suína contendo o “caroço”, por parte dos

marchantes que comercializam a carne e das pessoas que a compravam, sendo isto

resultado da falta de educação sanitária em relação aos problemas causados por esse

parasita. Este comportamento pode ser um fator relevante para a manutenção do ciclo

do parasita. A presença de humanos com a teníase provocada pela ingestão de carne

suína contaminada com a larva da T. solium, constitui-se em alto risco para a

cisticercose suína em populações rurais e centros urbanos (Ungar & Germano, 1992).

A detecção post–mortem da cisticercose suína em várias regiões do mundo é

importante para se determinar os locais de predileção dos cisticercos da Taenia solium

na musculatura suína (Boa et al., 2002). A distribuição dos cisticercos vivos (CV) e

calcificados (CC) foi identificada e contabilizada em cada músculo avaliado (Tabela 1).

Das 4 carcaças parasitadas, 3 (75%) apresentaram cisticercos em todos os músculos

inspecionados, enquanto uma carcaça apresentou somente no coração. Foi observado

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um total de 58 cisticercos nas 4 carcaças parasitadas. A língua, o coração e o pernil

foram os locais que apresentaram maior quantidade deste parasita, com 63,7% do total

de cisticercos das carcaças parasitadas, sendo estes considerados como locais de

rotina nos procedimentos de inspeção. Tais resultados permitiram observar que embora

a proporção de cisticercos tenha variado muito entre os órgãos e músculos, o maior

percentual dos cistos totais encontrados nas carcaças localizou-se nos órgãos

rotineiramente examinados nas linhas de inspeção, isto é, coração, língua, masseter e

membro posterior, como o observado por Boa et al. (2002).

No entanto, embora a paleta e o diafragma também sejam músculos

recomendados para a inspeção apresentaram a menor quantidade de cisticercos, 4

(6,9%) e 5 (8,6%), respectivamente, diversamente do que foi evidenciado por Soarez et

al. (2003), onde a paleta (24,3%) e o diafragma (3,7%) foram os órgãos que

apresentaram maior parasitismo. Diante disto, pode-se constatar que a inspeção da

carcaça como um todo, de forma minuciosa, tanto nos órgãos recomendados como nos

possivelmente infectados pela T. solium é importante, já que a distribuição do parasita

apresenta variações, podendo este estar alojado em órgãos não muito visados, não

havendo a condenação dos mesmos, permitindo assim o consumo humano de carne

parasitada com cisticercos.

Quanto aos tipos verificados, a quantidade de cisticercos calcificados foi

significativamente superior (35) em relação aos vivos (23) em todos os músculos

avaliados (p<0,05), com exceção do coração, que dos 14 cisticercos encontrados 11

(78,5%) eram cisticercos vivos (Tabela 1).

No que diz respeito à quantidade e aos tipos de criações de suínos em

Barbalha, de janeiro de 2001 a abril de 2004, o município apresentou um total de 302

criações suinícolas dentro da zona urbana, sendo 3,3% pocilgas (10) e 96,7% (292)

chiqueiros, de acordo com as denúncias verificadas junto à Vigilância Sanitária da

cidade (Tabela 2). Este número é apenas uma estimativa, visto que sempre existem

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85

criações que não são denunciadas, onde os animais têm acesso às fezes humanas,

fator de risco para os consumidores deste produto.

Tabela 1: Distribuição de Cysticercus cellulosae sob as formas vivas (CV) e

calcificadas (CC), segundo o músculo de carcaças parasitadas e

avaliadas no Abatedouro Municipal de Barbalha.

ANIMAIS TOTAL

1 2 3 4 N %

CC CV CC CV CC CV CC CV

Língua 4 3 2 2 3 2 0 0 16 27,5

Masseter 1 1 2 0 1 1 0 0 6 10,3

Paleta 2 0 1 0 1 0 0 0 4 6,9

Intercostais 2 0 2 0 2 0 0 0 6 10,3

Diafragma 2 1 1 1 0 0 0 0 5 8,6

Coração 0 4 2 2 1 3 0 2 14 24,2

Pernil 3 0 2 0 1 1 0 0 7 12,2

TOTAL 14 9 12 5 9 7 0 2 58 100

Este resultado constitui-se num dado importante, já que a alta prevalência de

cisticercose suína está diretamente correlacionada com o grande número de chiqueiros

existentes em determinada região (Ngowi et al., 2004). O percentual de chiqueiros

registrado no município é altamente relevante, visto que em países como a China, 30%

dos suínos que são criados inadequadamente, apresentam cisticercose e a prevalência

de teníase em pessoas desta região fica em torno de 0,06% (Fan & Ooi, 1998).

MÚSCULO

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Tabela 2: Tipos e quantidade de criações de suínos presentes na zona urbana do

município de Barbalha - Ceará.

TIPOS DE CRIAÇÕES

ANO Pocilgas ( %) Chiqueiros (%)

2001 5 50,0 70 24,0

2002 3 30,0 80 27,4

2003 2 20,0 112 38,3

2004 0 0,0 30 10,3

Total 10 3,3 292 96,7

A associação entre tipos de criações de suínos e a prevalência de casos

teníase pode ser visualizada para o município de Barbalha, onde segundo dados da

Secretaria de Saúde do Município, de 1998 a 2003, esta parasitose correspondeu a

1,13% das verminoses diagnosticadas (ancilostomíase, ascaridíase e equistossomose)

somente pelos exames realizados por esta instituição (Figura 1). É importante

considerar que, sendo uma doença de tratamento ambulatorial, não há registros de

casos nos hospitais, o que leva a uma subnotificação da helmintose. A prevalência

desta parasitose no Brasil pode variar de 3% (OPS, 1994) a 0,3% (Capuano et. al.,

2002). Desta forma, o percentual de casos de teníase registrado em Barbalha nos

últimos cinco anos pode ser considerado elevado, visto que a prevalência desta

helmintose acima de 1% é considerada alta, segundo a Organização Panamericana de

Saúde (Yanez, 2001).

Fonte: Vigilância Sanitária do Município de Barbalha, 2004.

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87

98,87%

1,13%

Total de verminoses

Teníase

Figura 1. Percentual de casos de Teníase no município de

Barbalha diagnosticados entre os anos de 1998 a 2003.

Com relação aos casos de neurocisticercose humana diagnosticados na

cidade de Barbalha, entre os anos de 2001 a 2003, das 1792 tomografias do crânio

realizadas nos hospitais São Vicente de Paulo e Santo Antônio, 90 (5,02%)

correspondiam com o diagnóstico de neurocisticercose. Não houve diferença

significativa no número de casos de cisticercose entre os anos de 2001 a 2003 (Figura

2) (p<0,05). Com base nos laudos dos pacientes afetados observou-se que houve

diferenças significativas no número de casos entre os sexos dos pacientes, onde no

ano de 2002 o percentual de pacientes do sexo masculino foi superior em relação ao do

sexo feminino (Figura 3), não tendo havido diferenças significativas nos outros anos

considerados (p<0,05). Estes dados não estão de acordo com estudos que relatam a

predominância de pacientes do sexo feminino (Pfuetzenreiter & Ávila, 1999).

Embora a relação entre o número de casos de neurocisticercose e o sexo dos

pacientes afetados seja controverso, visto que alguns estudos não evidenciem

diferenças entre os gêneros (Chagas et al., 2003) e outros autores verifiquem uma

prevalência maior de pacientes do sexo masculino (Ito et al., 1998; Agapejev, 2003), um

recente estudo ao verificar a proeminência da inflamação em mulheres parasitadas

sugeriu que fatores imuno-endocrinológicos possam influenciar na susceptibilidade e na

Fonte: Secretaria de Saúde Municipal de Barbalha - 2004.

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patogênese da doença (Fleury et al., 2004). Desta forma, diante dos poucos estudos

sobre a prevalência diferencial entre os sexos ainda não se pode constatar realmente

se há uma predisposição de gênero quanto à contaminação pela neurocisticercose.

3,9a7,4a

4,5a

0

10

20

30

40

50

2001 2002 2003Ano

Per

cen

tual

de

caso

s d

e N

CC

(%

)

Casos de Neurocisticercose

Figura 2. Total de casos de Neurocisticercose no município de

Barbalha diagnosticados entre os anos de 2001 a

2003, nos Hospitais São Vicente de Paulo e Santo

Antônio.

Apesar de estudos salientarem a importância da idade na prevalência da

neurocisticercose (Cao et al., 1997; Lino et al., 1999), no que se refere a esta

característica, não houve diferenças significativas nos laudos observados entre as

idades dos pacientes parasitados no ano de 2001. No ano de 2002 o percentual de

pacientes neurocisticercóticos com idades de 1 a 10 anos apresentou-se inferior

quando comparado às faixas de 21 a 50 anos e 51 a 80 anos.

Já no ano de 2003, somente as faixas etárias de 11 a 20 e 51 a 80 diferiram

estatisticamente (Figura 4), onde o percentual de pacientes com idade 51 a 80 anos foi

superior em relação à faixa de 11 a 20 anos (p<0,05). A predominância de pacientes

neurocisticercóticos com idade acima de 50 anos também tem sido relatada por outros

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89

autores (Carrique-Mas et al., 2001; Gracia, 1994). Ao se comparar o número de casos

de cada faixa etária em cada ano, observou-se que só houve diferença significativa na

faixa etária de 51 a 80 anos, onde o número de pacientes foi maior nos anos de 2002 e

2003 quando comparados ao ano de 2001. No entanto, entre os anos de 2002 e 2003

não houve diferença significativa (p<0,05). Os resultados obtidos reforçaram a

afirmação de que a neurocisticercose incide em qualquer faixa etária e em pacientes de

ambos os sexos (Yamashita et al., 2003).

61,3a

43,7a 46,6a56,2a 53,3a

38,6b

0102030405060708090

100

2001 2002 2003 Ano

Caso

s d

e N

CC

(%

)

masculinofeminino

Figura 3. Total de casos de Neurocisticercose no município de

Barbalha diagnosticados entre os anos de 2001 e 2003,

de acordo com o sexo dos pacientes.

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90

25a23ab

13a

25a

16a22ab 23ab

29b31a36b34b

18a

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

2001 2002 2003Ano

Cas

os

de

NC

C (

%)

1 a 10 anos

11 a 20 anos

21 a 50 anos

51 a 80 anos

Gráfico 4. Total de casos de Neurocisticercose no município de

Barbalha diagnosticados entre os anos de 2001 e 2003,

de acordo com a faixa etária dos pacientes.

CONCLUSÃO

A cisticercose suína, a teníase e a neurocisticercose humana no município

de Barbalha constituem problemas significantes para a saúde animal e humana, onde

muitos suínos continuam a ser criados e abatidos de forma inadequada e a população

mantém-se desinformada quanto aos riscos de se ingerir carne contendo cisticercos ou

frutas e verduras contendo os ovos da Taenia solium.

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