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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA E BIODIVERSIDADE ÓLEO ESSENCIAL DE Cymbopogon martinii E SEU CONSTITUINTE MAJORITÁRIO GERANIOL: INFLUÊNCIA NA MORTALIDADE E COMPORTAMENTO DE Apis mellifera (APIDAE) ANE CAROLINE CELESTINO SANTOS 2017

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA E BIODIVERSIDADE

ÓLEO ESSENCIAL DE Cymbopogon martinii E SEU

CONSTITUINTE MAJORITÁRIO GERANIOL: INFLUÊNCIA

NA MORTALIDADE E COMPORTAMENTO DE Apis mellifera

(APIDAE)

ANE CAROLINE CELESTINO SANTOS

2017

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA E BIODIVERSIDADE

ANE CAROLINE CELESTINO SANTOS

ÓLEO ESSENCIAL DE Cymbopogon martinii E SEU CONSTITUINTE

MAJORITÁRIO GERANIOL: INFLUÊNCIA NA MORTALIDADE E

COMPORTAMENTO DE Apis mellifera (APIDAE)

Dissertação apresentada à Universidade

Federal de Sergipe, como parte das exigências

do Curso de Mestrado em Agricultura e

Biodiversidade, área de concentração em

Agricultura e Biodiversidade, para obtenção

do título de “Mestre em Ciências”.

Orientador

Prof. Dr. Leandro Bacci

SÃO CRISTÓVÃO

SERGIPE – BRASIL

2017

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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

S237o

Santos, Ane Caroline Celestino

Óleo essencial de Cymbopogon martinii e seu constituinte majoritário geraniol:

influência na mortalidade e comportamento de Apis mellifera (Apidae) / Ane

Caroline Celestino Santos. – São Cristóvão, 2017.

42 f. : il.

Dissertação (Mestrado em Agricultura e Biodiversidade) – Programa de Pós-

Graduação em Agricultura e Biodiversidade, Universidade Federal de Sergipe,

2017.

Orientador: Prof. Dr. Leandro Bacci

1. 1. Essencias e óleos essenciais. 2. Gramínea. 3. Abelha. 4. Terpenos-

Toxicologia. I. Bacci, Leandro, orient. II. Título.

CDU: 665.52/.54

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ANE CAROLINE CELESTINO SANTOS

ÓLEO ESSENCIAL DE Cymbopogon martinii E SEU CONSTITUINTE

MAJORITÁRIO GERANIOL: INFLUÊNCIA NA MORTALIDADE E

COMPORTAMENTO DE Apis mellifera (APIDAE)

Dissertação apresentada à Universidade

Federal de Sergipe, como parte das exigências

do Curso de Mestrado em Agricultura e

Biodiversidade, área de concentração em

Agricultura e Biodiversidade, para obtenção

do título de “Mestre em Ciências”.

APROVADA em 24 de fevereiro de 2017.

Dr. Paulo Fellipe Cristaldo

UFS

Dr. Mateus Chediak

UFV

Prof. Dr. Leandro Bacci

UFS

(Orientador)

SÃO CRISTÓVÃO

SERGIPE – BRASIL

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A minha família por todo carinho e motivação

Dedico

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AGRADECIMENTOS

À Deus, pela força e por me proporcionar muitas coisas boas.

À Universidade Federal de Sergipe (UFS), à Coordenação de Aperfeiçoamento de

Pessoal de Nível Superior (CAPES), à Fundação de Apoio à Pesquisa e Inovação Tecnológica

do Estado de Sergipe (FAPITEC) e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico (CNPq) pelos auxílios financeiros para realização deste trabalho.

Ao Programa de Pós-Graduação em Agricultura e Biodiversidade (PPGAGRI) pela

oportunidade de cursar o mestrado.

À banca examinadora pela disponibilidade e contribuição para esta dissertação.

Ao meu orientador Prof. Dr. Leandro Bacci, pela oportunidade de fazer parte desta

equipe, pela amizade, ensinamentos e dedicação pela ciência. À Prof. Drª. Ana Paula Albano

Araújo e o Prof. Dr. Paulo Fellipe Cristaldo, pela dedicação, entusiasmo e ensinamentos.

Ao Prof. Dr. Jodnes por disponibilizar o Apiário e ao Mestre José Washington pelo

colaboração e ensinamentos nos dias de coleta.

Aos meus pais (Roberto e Ana) e meus irmãos (Gabriel e Ruan). Vocês são a minha

melhor motivação! Mainha, muito obrigada pelas orações e por acreditar em mim mesmo nos

momentos difíceis.

A meu noivo Deiver pelo companheirismo e pelas ajudas nos experimentos. À Família

Silveira pelo carinho de sempre.

Aos meus padrinhos, tios e afilhados pelo carinho e amor. Em especial, à tia Sérgia,

por ter me acolhido durante esses sete anos em Aracaju. Ao meu padrinho Antônio Carlos,

pelos conselhos e ensinamentos e ao meu padrinho Pr. Humberto pelas orações.

A todos os demais familiares, pelas orações, confiança e amizade. Principalmente às

minhas primas Emylle, Priscila e Lucélia, pelos conselhos e momentos de distração.

A todos os colegas do laboratório Clínica Fitossanitária (UFS) pela dedicação e

companheirismo vencido a cada dia. Vocês moram no meu coração! A Alexandre, Alisson,

Ana Paula, Ângela, Emile, Lucas, Ruan, Victor e Wallace pela dedicação e ajuda de sempre.

A Abraão, Bruna, Carlisson e Cecília Beatriz pela amizade, ensinamentos e conselhos.

À minha amiga Indira Morgana pelo entusiasmo, conselhos, ensinamentos e

principalmente pela amizade de todas as horas e em qualquer circunstância.

Aos meus amigos, por todo apoio e entusiasmo, vocês foram essenciais nos meus

momentos de agonia! Obrigada amigos de sempre e para sempre.

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BIOGRAFIA

ANE CAROLINE CELESTINO SANTOS, nasceu em 11 de novembro de 1992, na

cidade de Aracaju - Sergipe. Filha do agricultor Carlos Roberto Celestino Santos e Ana do

Nascimento Costa Neta. Desde seu nascimento até o ano de 2009, viveu na cidade de Simão

Dias-SE.

Graduou-se em Engenharia Agronômica pela Universidade Federal de Sergipe – UFS,

no ano de 2014. Durante a graduação foi bolsista de Iniciação Científica e Tecnológica na

área de Entomologia Agrícola, trabalhando em estudos sobre utilização de óleos essenciais

para o manejo de pragas, sobre a orientação do Dr. Leandro Bacci.

Em março de 2014 iniciou no Programa de Pós-graduação em Agricultura e

Biodiversidade - UFS, para obtenção do título de mestre em Ciências.

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SUMÁRIO

Página

LISTA DE FIGURAS ..................................................................................................... i

LISTA DE TABELAS .................................................................................................... ii

RESUMO ........................................................................................................................ iii

ABSTRACT .................................................................................................................... iv

1. INTRODUÇÃO GERAL ............................................................................................ 5

2. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................... 7

2. 1. Polinização: a importância ecológica das abelhas ............................................... 7

2. 2. Apis mellifera: organização social e forrageio ..................................................... 7

2. 3. Desordem do colapso da colônia ......................................................................... 8

2. 4. Neonicotinóides: sítio de ação e efeito sobre polinizadores ................................ 10

2. 5. Óleos essenciais de plantas .................................................................................. 10

2. 6. Gênero Cymbopogon: constituição química, atividade biológica e manejo de

colônias de abelhas .......................................................................................................... 11

3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 13

4. ARTIGO: Apis mellifera NO ALVO DOS NEONICOTINÓIDES: UM CAMINHO

SEM VOLTA? BIOINSETICIDAS PODEM SER UMA ALTERNATIVA .................. 20

Resumo ........................................................................................................................ 20

Abstract ........................................................................................................................ 21

4.1. Introdução ............................................................................................................ 22

4.2. Material e Métodos .............................................................................................. 23

4.2.1. Coleta dos indivíduos de A. mellifera .......................................................... 23

4.2.2. Obtenção dos compostos e análise do OE .................................................... 23

4.2.3. Bioensaios .................................................................................................... 24

4.2.3.1. Toxicidade ............................................................................................ 24

4.2.3.2. Comportamento individual e coletivo .................................................. 24

4.2.3.3. Locomoção e orientação de voo ............................................................ 25

4.2.4. Análises estatísticas ...................................................................................... 25

4.3. Resultados ............................................................................................................ 26

4.3.1. Constituição química do OE ......................................................................... 26

4.3.2. Toxicidade por vias de exposição por contato e ingestão ............................. 26

4.3.3. Comportamentos individuais e coletivos ...................................................... 26

4.3.4. Locomoção e orientação de voo .................................................................... 26

4.3.4.1. Distância percorrida .............................................................................. 26

4.3.4.2. Atividade dos indivíduos ....................................................................... 26

4.3.4.3. Orientação dos indivíduos ..................................................................... 27

4.3.4.4. Tempo gasto para chegar à luz .............................................................. 27

4.4. Discussão .............................................................................................................. 27

4.5. Referências Bibliográficas .................................................................................... 29

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 42

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LISTA DE FIGURAS

Figura Página

1 Esquema do aparato utilizado para a coleta de indivíduos forrageiros da

abelha Apis mellifera; formado por um funil flexível de tela de nylon (80 cm

de comprimento por 30 cm de diâmetro) e um pote plástico (15 cm de

cumprimento x 10 cm diâmetro) inserido com inclinação na direção da luz

do sol, para captura das abelhas. ..................................................................... 35

2 Representação de gaiola utilizada nos bioensaios de locomoção e orientação

de voo (150 cm x 150 cm x 150 cm) de indivíduos forrageiros de Apis

mellifera. Estrutura formada por armação em alumínio e plástico

transparente. .................................................................................................... 36

3 Cromatografia do OE de Cymbopogon martinii analisado por CG-EM e CG-

DIC.................................................................................................................. 37

4 Posição média alcançada pelos indivíduos forrageiros da abelha Apis

mellifera expostos por contato e ingestão à DL20 do OE de Cymbopogon

martinii, geraniol e inseticida imidacloprid após 1 hora (A, C) e 24 horas (B,

D) da exposição .............................................................................................. 38

5 Tempo (%) que os indivíduos forrageiros da abelha Apis mellifera expostos

por contato e ingestão à DL20 do OE de Cymbopogon martinii, geraniol e

inseticida imidacloprid após 1 hora (A, C) e 24 horas (B, D) da exposição

permaneceram parados ou movimentando. Barras seguidas pela mesma letra,

não diferem, entre si, pelo teste de Tukey a P<0,05. * indica que houve

diferenças significativas entre o tempo que a abelha ficou parada e

movimentando ................................................................................................ 39

6 Proporção de indivíduos da abelha Apis mellifera que se direcionaram até

uma fonte luminosa quando expostas por contato e ingestão à DL20 do OE de

Cymbopogon martinii, geraniol e inseticida imidacloprid após 1 hora (A, C)

e 24 horas (B, D) da exposição que chegaram até a luz (%). Barras seguidas

pela mesma letra, não diferem, entre si, pelo teste de Tukey a P<0,05 .......... 40

7 Tempo (s) médio gasto para que 50% dos indivíduos forrageiros da abelha

Apis mellifera chegassem até a luz, quando tratadas por contato e ingestão

com a DL20 do OE de Cymbopogon martinii, do geraniol e do inseticida

imidacloprid após 1 hora (A, C) e 24 horas (B, D) de exposição. Barras

seguidas pela mesma letra, não diferem, entre si, pelo teste de Tukey a

P<0,05 ............................................................................................................. 41

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LISTA DE TABELAS

Tabela Página

1 Toxicidade por contato e ingestão do OE de Cymbopogon martinii, geraniol

e inseticida imidacloprid sobre a abelha forrageira Apis mellifera

(µg/abelha), após 24 horas da exposição ........................................................ 32

2 Comportamento individual e coletivo de abelhas forrageiras Apis mellifera

expostas por contato e ingestão a DL20 do OE de Cymbopogon martinii,

geraniol e inseticida imidacloprid................................................................... 33

3 Média da distância máxima percorrida (±EPM) (cm) pelas abelhas

forrageiras Apis mellifera expostas por contato e ingestão à DL20 do OE de

Cymbopogon martinii, geraniol e inseticida imidacloprid após 1 e 24 horas

da exposição .................................................................................................... 34

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RESUMO

SANTOS, Ane Caroline Celestino. Óleo essencial de Cymbopogon martinii e seu

constituinte majoritário geraniol: Influência na mortalidade e comportamento de Apis

mellifera (Apidae). São Cristóvão: UFS, 2017. 42p. (Dissertação – Mestrado em Agricultura

e Biodiversidade).*

As abelhas Apis mellifera apresentam grande importância econômica e ecológica por serem

eficientes polinizadores em ambientes naturais e agrícolas. O recente declínio das colônias de

abelhas em todo o mundo tem sido atribuído a diversas causas, dentre elas o uso de inseticidas

neonicotinóides. Apesar disso, nas últimas décadas o uso desses produtos tem aumentado em

escala global. Na tentativa de se avaliar uma alternativa ao uso dos neonicotinóides, neste

trabalho analisamos os efeitos do óleo essencial de Cymbopogon martinii e do seu composto

majoritário geraniol sobre as abelhas Apis mellifera. Para isso, as abelhas foram expostas, via

contato e ingestão, ao óleo essencial de C. martinii, ao geraniol e ao inseticida comercial

imidacloprid, a fim de avaliar os efeitos de toxicidade, alterações comportamentais e

locomoção das abelhas tratadas com estes compostos. Os testes foram conduzidos em

laboratório utilizando indivíduos de A. mellifera. Nossos resultados mostram que a maior

toxicidade ocorre pela via de ingestão e que o imidacloprid causa maior mortalidade às

abelhas do que os demais tratamentos. Embora não tenha sido observada alteração

comportamental (individual e coletiva) entre os indivíduos das colônias, houve uma significa

redução da capacidade de locomoção das abelhas tratadas com imidacloprid. Por outro lado,

os bioinseticidas testados não causaram mudanças na locomoção das abelhas. Assim, nossos

resultados corroboram os efeitos indesejados do imidacloprid já relatados na literatura, e,

sobretudo, ressalta a ausência de efeitos subletais do óleo essencial de C. martinii e do

geraniol e seu potencial como possível alternativa ao manejo de pragas.

Palavras-chave: Apidae, palmarosa, terpenos, polinização, efeitos subletais.

___________________

* Comitê Orientador: Leandro Bacci – UFS (Orientador), Paulo Fellipe Cristaldo (Co-orientador) – UFS.

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iv

ABSTRACT

SANTOS, Ane Caroline Celestino. Essential oil of Cymbopogon martinii and its major

constituent geraniol: Influence on mortality and behavior of Apis mellifera (Apidae). São

Cristóvão: UFS, 2017. 42p. (Thesis - Master of Science in Agriculture and Biodiversity).*

The bees Apis mellifera are one of great economic and ecological importance because they are

efficient pollinators in natural and agricultural environments. The recent decline of bee

colonies around the world has been attributed to several causes, including the use of

neonicotinoid insecticides. Despite this, the use of these products has increased in recent

decades on a global scale. In an attempt to evaluate an alternative to the use of neonicotinoids,

in this work we analyzed the effects of the essential oil of Cymbopogon martinii and its major

compound on Apis mellifera bees. For this, the bees were exposed, by contact and ingestion,

to C. martinii essential oil, geraniol and commercial insecticide imidacloprid, in order to

evaluate the toxicity, behavioral and locomotion effects of bees treated with these compounds.

The tests were conducted in the laboratory using individuals from A. mellifera. Our results

showed that the highest toxicity occurs through the ingestion route and the imidacloprid

causes higher mortality to the bees than the other treatments. Although there was no

behavioral change (individual and collective) among individuals of the colonies, there was a

significant reduction in the locomotion capacity of bees treated with imidacloprid. On the

other hand, the bioinsecticides tested did not cause changes in the locomotion of the bees.

Thus, our results corroborate the undesirable effects of imidacloprid already reported in the

literature, and, above all, it points out the absence of sublethal effects of the essential oil of C.

martinii and geraniol and its possible potential alternative to pest management.

Key-words: Apidae, palmarosa, terpenes, polinization, sublethal effect

___________________

* Supervising Committee: Leandro Bacci – UFS (Advisor), Paulo Fellipe Cristaldo (Co-advisor) – UFS.

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1. INTRODUÇÃO GERAL

A produção global de alimentos depende essencialmente dos serviços prestados pelos

polinizadores. Os insetos são responsáveis pela polinização de 75% das espécies existentes,

colaborando com 35% da produção mundial de plantas cultivadas (Klein et al., 2007), serviço

ecológico que corresponde a um valor estimado de 153 bilhões de euros por ano (Gallai et al.,

2009). Colônias da abelha Apis mellifera são frequentemente manejadas para polinização de

culturas. Esta prática frequente é decorrente de diversas características que tornam estes

insetos excelentes polinizadores, como: colônias que abrigam grande número de indivíduos,

hábito generalista, alta eficiência na seleção de fontes alimentares e, capacidade de forrageio a

longas distâncias (Beekman e Ratnieks, 2000; Harrison e Fewell, 2002). Porém, a despeito de

sua grande importância econômica e ecológica, nos últimos anos, as colônias de abelhas têm

apresentado um declínio alarmante - fenômeno conhecido como Desordem do Colapso das

Colônias (DCC). Esta preocupante perda das populações de abelhas tem chamado a atenção

de pesquisadores e produtores em todo o mundo e disparado um alerta para a descoberta dos

mecanismos que geram desta desordem, assim como para a mitigação de seus fatores causais.

O DCC tem sido atribuído a diversos fatores, dentre os quais está a utilização de

pesticidas neonicotinóides (Farooqui, 2013; VanEngelsdorp et al., 2009). Apesar de serem

muito eficientes no controle de pragas, especialmente insetos sugadores, os neonicotinóides

acarretam efeitos subletais indesejáveis em organismos não-alvo, como é o caso das abelhas.

As abelhas contaminadas com resíduos de neonicotinóides apresentam reduzida capacidade

de orientação, redução da memória e da capacidade de aprendizagem, com consequente

redução da eficiência de forrageio e de seus retornos para as colônias (Williamson e Wright,

2013; Zhang e Nieh, 2015). Adicionalmente, outros estudos apontam que os neonicotinóides

podem ainda reduzir a resposta imune das abelhas aumentando sua susceptibilidade a

patógenos com consequente aumento das taxas de mortalidade (Brandt et al., 2016). Apesar

disso, o uso de neonicotinóides apresentou um crescente aumento, em escala global, nos

últimos anos (Jeschke et al., 2011; Morrissey et al., 2015). Desta forma, estudos que visam

meios alternativos que propiciem um menor impacto negativo sobre os organismos não-alvo,

podem contribuir de forma significativa para a manutenção dos serviços ecossistêmicos.

Os produtos do metabólito secundário de plantas (Bakkali et al., 2008), como por

exemplo os óleos essenciais, vêm sendo amplamente estudados com o intuito de selecionar

moléculas naturais bioativas sobre insetos-praga (Huang et al., 2014; Lima et al., 2013;

Peixoto et al., 2015), e que sejam seletivas para insetos não-alvo (Damiani et al., 2009;

Turchen et al., 2016). Os óleos essenciais de plantas consistem em uma mistura de diversos

compostos, principalmente monoterpenos, que se apresentam em diferentes concentrações e

podem, individualmente ou em sinergismo, promover diferentes respostas nos organismos. Os

óleos essenciais do gênero Cymbopogon têm demonstrado eficiência no controle de insetos-

praga (Costa et al., 2013; Deletre et al., 2015; Tavares, Salles e Obrzut, 2010), além de

possuir compostos que são responsáveis pela atração de abelhas para as flores (Abramson et

al., 2006). Por já serem produzidos em escala para uso no setor industrial (ex. cosméticos,

alimentos e fármacos) estes produtos poderiam ser facilmente obtidos para fins de controle de

pragas.

Dentre as plantas do gênero Cymbopogon, C. martinii, conhecida como palmarosa é

originária da Índia e estudos vêm demonstrando ação tóxica sobre fungos, bactérias e insetos

(Lima et al., 2013; Lodhia, Bhatt e Thaker, 2009; Mishra, Kedia e Dubey, 2015). No entanto,

até o momento, nenhum estudo avaliou os efeitos letais e subletais deste óleo essencial sobre

insetos benéficos, inclusive abelhas.

Assim, nesta dissertação objetivou-se analisar os efeitos do óleo essencial de C.

martinii, seu constituinte geraniol e do inseticida imidacloprid sobre abelhas A. mellifera,

visando: (i) identificar e quantificar os compostos presentes no óleo essencial de C. martinii;

(ii) avaliar a toxicidade destes compostos expostos por contato e ingestão as abelhas; (iii)

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6

observar as respostas comportamentais (interações individuais e coletivas) e a capacidade

locomotora de abelhas forrageiras tratadas com estes compostos.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Polinização: a importância ecológica das abelhas

Ao longo do processo evolutivo, plantas e animais desenvolveram uma série de

relações que em alguns casos resultaram no sucesso de ambas as partes. Dentre estas

interações, a polinização garantiu o sucesso das plantas, na sua fecundação, produção dos

frutos e consequentemente perpetuação (Klatt et al., 2013; Klein et al., 2007).

Entre os polinizadores, as abelhas são destaque pelo importante papel na manutenção

dos ecossistemas naturais e agricultáveis. Em ambientes naturais a presença destes

polinizadores propicia a conservação da fauna e da flora, pois seus serviços prestados

beneficiam direta ou indiretamente toda a cadeia trófica. Em ambientes agrícolas, essas

abelhas garantem a produção e qualidade de frutos para o agronegócio (Klatt et al., 2013),

além de garantir renda na produção apícola de mel, geléia real e própolis.

O processo de polinização por abelhas pode ocorrer de forma natural ou introduzida

(ex.: utilização de colméias para a polinização de culturas agrícolas). Entretanto, este processo

depende do ambiente a ser explorado e da especialidade das abelhas, como distância e

qualidade dos recursos explorados, pistas na paisagem para recrutamento e reconhecimento da

fonte de alimento (Kennedy et al., 2013), além de características do indivíduo como tamanho

do corpo (Greenleaf et al., 2007), densidade da colônia, comprimento do aparelho bucal

(Knight et al., 2005) entre outros que garantem a polinização.

As abelhas de mel, Apis mellifera, se destacam por ser o principal polinizador de

plantas cultivadas representando aproximadamente 75% das espécies cultivadas

mundialmente (Klein et al., 2007). A utilização e o sucesso de colônias de Apis mellifera no

manejo de culturas agrícolas são frequentemente decorrente da diversidade de características

que tornam estes insetos excelentes polinizadores, como: abundância da espécie, hábito

generalista, alta eficiência em encontrar fontes alimentares e capacidade de forrageio a longas

distâncias (Beekman e Ratnieks, 2000; Harrison e Fewell, 2002).

Apesar das facilidades de manejo de colônias de A. mellifera, a densidade

populacional desses polinizadores vem sendo reduzida, comprometendo os serviços de

polinização das plantas (Ricketts et al., 2008) e consequente redução da produção agrícola

(Novais et al., 2016). Fatores, como por exemplo a intensa influência antrópica no ambiente,

vêm causando alterações no uso da terra e gerando grandes impactos na fauna e na flora,

como por exemplo, o desmatamento de florestas e ampliação de áreas cultivadas (Tscharntke

et al., 2005). A redução de recursos florais e fragmentação de habitats também têm

contribuído para as alterações na estrutura da paisagem e consequente redução e

disponibilidade de polinizadores (Kremen et al., 2007; Vanbergen, 2013). Sendo esses fatores

responsáveis diretamente por problemas nos serviços ecossistêmicos e agricultáveis,

diminuindo a diversidade de espécies e a produção de alimento.

2.2 Apis mellifera: organização social e forrageio

As colônias das abelhas Apis mellifera (Hymenoptera: Apidae) são estruturadas em

castas, onde cada indivíduo exerce uma função específica dentro da colônia (Winston, 1987).

Este grupo tem como sistema de determinação sexual a haplodiploidia, onde os indivíduos

machos são originários de óvulos não fecundados (haploidia) e as fêmeas de óvulos

fecundados (diploidia) (Carrière, 2003). A rainha e o zangão têm a função reprodutiva,

enquanto que as operárias exercem todas as tarefas não reprodutivas da colônia: limpeza,

alimentação da cria e da rainha, construção do ninho, manutenção da homeostase interna do

ninho, defesa e forrageamento. Estas atividades são realizadas de acordo com polietismo

etário, no qual os indivíduos mais jovens realizam as atividades dentro da colônia e os mais

velhos exercem as atividades fora da colônia onde demanda maior gasto de energia e também

uma maior probabilidade de contaminação por patógenos (Amdam e Page Júnior, 2005; Betti,

Wahl e Zamir, 2016; Winston, 1987). Dentre as atividades realizadas pelas operárias, a

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limpeza tem como objetivo a higienização da colônia e pode ser realizada pelo próprio

indivíduo (allogromming) ou entre estes (grooming) (Lin et al., 2016; Wilson-Rich et al.,

2009). A alimentação ocorre através da transferência de alimento via oral entre um indivíduo

e outro, chamada de trofolaxia, sendo a base da alimentação proteínas, lipídios e carboidratos

que garantem o bom funcionamento dos indivíduos, bem como energia para a realização das

atividades (Crailsheim, 1998; Winston, 1987). As abelhas operárias, que acumulam néctar,

são as responsáveis pela construção dos favos, através da excreção de cera pelas glândulas

ceríferas (Pirk et al., 2004; Winston, 1987). A manutenção da homeostase do ninho ocorre em

grande parte por meio do comportamento de ventilação (batimento das asas). Esse

comportamento também é executada pelas operárias e tem como função regular as alterações

comportamentais e fisiológicas ocasionadas pelo desbalanço na temperatura (Winston, 1987)

e concentração de dióxido de carbono dentro da colônia (Kastberger et al., 2016; Sudarsan et

al., 2012). Dentre as últimas atividades desempenhadas pelas operárias está a defesa da

colônia contra influências externas (ou seja, invasores e parasitas) (Winston, 1987) e o

forrageamento.

O forrageamento ocorre aproximadamente a partir do 23º dia de vida das abelhas

(Winston, 1987). As abelhas forrageiras têm a função de explorar e coletar de forma eficiente

os recursos alimentares, bem como garantir o alimento para a colônia. Esta atividade demanda

grande consumo de energia e é influenciada pela qualidade e quantidade dos recursos

alimentares a serem coletados, além do excesso de carga transportado a cada viagem do

campo (Rands e Whitney, 2008). A orientação de voo desses indivíduos ocorre por meio da

fototaxia, onde as abelhas utilizam a luz para sua orientação no ambiente (Menzel e Greggers,

1985). Além disso, são utilizadas pistas na paisagem para realizar as atividades de

recrutamento e comunicação entre abelhas forrageiras com o intuito central de encontrar

alimento. A informação da localização (distância e direção), qualidade e quantidade do

recurso é repassada dentro da colônia pela forrageira que localizou a fonte de recurso

alimentar. Este comportamento é chamado de “dança das abelhas” (“waggle dance”). A

capacidade de voo das abelhas forrageiras propicia o sucesso na captura de recurso, bem

como uma excelente estratégia de sobrevivência no ambiente contra predadores e patógenos

(Dosselli et al., 2016).

As interações entre indivíduos também ocorrem por meio de substâncias químicas,

denominadas de feromônios e que são produzidas e liberadas por estruturas especializadas

presentes nas abelhas. Essas substâncias químicas podem atuar no acasalamento (Niño et al.,

2013), reconhecimento da colônia, integração das atividades (Rangel et al., 2016), alarme (Li

et al., 2014), defesa (Breed, Guzmàn-Novoa e Hunt, 2004; Kastberger et al., 1998) e

orientação (Free, Ferguson e Pickett, 1981).

O feromônio de orientação mais conhecido é produzido pela glândula de Nasonov,

formada por sete substâncias voláteis, sendo o geraniol o componente mais abundante (Free,

Ferguson e Pickett, 1981). A glândula de Nasonov está localizada no sétimo tergito

abdominal (Mota e Landim, 1988). A liberação deste feromônio foi observada em rainhas e

operárias, no entanto, as operárias mais velhas são as que possuem uma maior quantidade

dessas substâncias (Mota e Landim, 1988; Winston, 1987). A exposição da glândula ocorre

com a elevação do abdômen e a flexão do último segmento abdominal, acompanhada da

movimentação das asas para dispersão dos voláteis. Esse conjunto de voláteis está diretamente

associado na orientação das forrageiras para o retorno a colônia, na orientação durante a

enxameação e na marcação da fonte de recurso alimentar fora da colônia (Granero et al.,

2005; Mota e Landim, 1988; Schmidt, 1994; Winston, 1987).

2.3 Desordem do colapso da colônia

Nos últimos anos, em todo o mundo, tem sido relatada uma redução significativa nas

colônias de abelhas. Tal redução, conhecido como Desordem do Colapso da Colônia (DCC), é

caracterizado pelo rápido declínio de abelhas forrageiras, que não retornam para a colônia e

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consequentemente, a colônia sem alimento entra em colapso resultando na morte da mesma

(VanEngelsdorp et al., 2009). As causas relacionadas ao DCC ainda não foram totalmente

elucidadas, no entanto, elas estão relacionadas pela ocorrência de um ou mais fatores que, em

conjunto ou isoladamente, resultam nesta redução.

Os diferentes fatores responsáveis pelo DCC, inclui: a redução da flora e consequente

diminuição de recursos alimentares (Vanbergen, 2013), efeitos climáticos (Dormann et al.,

2008), presença de parasitas (Bernardi e Venturino, 2016; Kang et al., 2016; Santos, Coelho e

Bliman, 2016), patógenos (Bernardi e Venturino, 2016; Chen et al., 2014; Kang et al., 2016;

Organtini et al., 2017; Pettis et al., 2012) e principalmente o uso de pesticidas sintéticos (Gill,

Ramos-Rodriguez e Raine, 2012; Guez, 2013; Pettis et al., 2012).

A presença de parasitas, como o ácaro ectoparasita Varroa destructor, é apontada

como uma das grandes ameaças a apicultura em todo mundo. Este ácaro, ao succionar a

hemolinfa de A. mellifera pode levar à morte destas abelhas, além de transmitir diversos

patógenos como fungos e vírus. As doenças virais mais comuns são a paralisia aguda (ABPV)

e o vírus de asas deformadas (DWV) (Bernardi e Venturino, 2016; Kang et al., 2016;

Organtini et al., 2017). As perdas pela presença apenas do ácaro não são de grandes

dimensões, entretanto, quando aliada a perca por infecções de patógenos toma grandes

proporções (Chen et al., 2014). Outro parasita, Apocephalus borealis, é responsável por ser

vetor de fungos e vírus. O comportamento dos indivíduos contaminados por este parasita é

muito parecido com o colapso das colônias, onde as abelhas abandonam a colônia, reduzindo

consequentemente o número de indivíduos (Core et al., 2012).

Outra forma de contaminação de abelhas ocorre através de fungos, como por exemplo,

o Nosema apis e N. cerana. Esses fungos ficam alojados no intestino de abelhas adultas,

ocasionando posteriormente, a morte desses indivíduos (Higes et al., 2007). Pettis et al.

(2012) constataram que a exposição de colônias ao inseticida imidacloprid resultou em um

aumento de infecção do fungo Nosema spp., indicando assim que a presença desses dois

fatores pode ocasionar o DCC. Outro fungo que pode estar relacionado ao DCC é o

Ascosphaera apis, que infecciona larvas de abelhas diminuindo sua alimentação e assim induz

à deterioração gradual da colônia (Aronstein, Murray e Saldivar, 2010).

Apesar dos fatores mencionados anteriormente, a utilização de pesticidas sintéticos

tem sido considerada o principal fator responsável pelo DCC. Estudos têm demonstrado que a

diversidade de pesticidas influencia no comportamento de abelhas [ex.: locomoção (Cresswell

et al., 2014), aprendizagem (Abramson et al., 2004) e orientação (Gill e Raine, 2014)],

resultando na morte de populações.

A forma de contaminação de abelhas por inseticidas pode ocorrer via contato, através

de resíduos de inseticidas advindos da pulverização das plantas ou no momento da

pulverização. Essa contaminação também pode ocorrer via ingestão, através da alimentação

de néctar e pólen contaminados (Schneider et al., 2012). A penetração do inseticida por

contato pode ocorrer de duas formas: pela cutícula e/ou pelos espiráculos. Após penetrar as

camadas do tegumento do inseto, o inseticida atinge a hemolinfa e se espalha para todos os

sistemas, até alcançar o sítio de ação. Outra forma de penetração, via contato, ocorre através

dos espiráculos. O inseticida, na forma gasosa, percorre o sistema respiratório do inseto

(formado pelos tubos traqueais e ramificações menores chamadas de traqueíolos) onde

posteriormente alcançam os demais tecidos do inseto até chegar ao sítio de ação.

O processo de intoxicação do inseticida por ingestão tem início na cavidade oral das

abelhas, chamada de probóscide, onde ocorre a sucção de néctar contaminado. Esse alimento

contaminado percorre o sistema digestivo até atingir o ventrículo, onde ocorre a digestão. No

mesêntero, o alimento será degradado pelas enzimas digestivas e posteriormente é excretado

pelo ânus, enquanto que o inseticida será translocado através da hemolinfa até o sítio de ação.

Na maioria dos casos os inseticidas agem no sistema nervoso dos insetos impedindo o

funcionamento normal dos eventos axônicos e sinápticos. A resposta desses eventos ocorre

por meio de estímulos que serão expressos pelo sistema muscular através de reações como:

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hiperexcitação, knock-down, morte, entre outros efeitos (Desneux, Decourtye e Delpuech,

2007; Suchail, Guez e Belzunces, 2001). Dentre os pesticidas utilizados em campo, os

inseticidas do grupo dos neonicotinóides são considerados o principal responsável pelo DCC

(Cresswell, Desneux e vanEngelsdorp, 2012; VanEngelsdorp et al., 2009).

2.4 Neonicotinóides: sítio de ação e efeitos sobre polinizadores

Os neonicotinóides são compostos sintéticos derivados da nicotina presente em plantas

de tabaco Nicotiana tabacum. Essa classe de inseticida é representada pelo acetamiprid,

clothianidin, dinotefuran, imidacloprid, thiacloprid e thiametoxan. Sua utilização em culturas

agrícolas ocorre principalmente para o controle de insetos sugadores (Liang et al., 2012; Qu et

al., 2015), através da pulverização e/ou no tratamento de sementes (Blacquière et al., 2012).

Os neonicotinóides apresentam como características, a ação sistêmica e translaminar,

sendo absorvido pela planta e transportado para as demais partes via xilema (Elbert et al.,

2008; Halm et al., 2006). Eles são de alta persistência no ambiente com amplo espectro de

ação, ocasionando tanto a morte de insetos-pragas como de organismos não alvo (Kasiotis et

al., 2014; Liang et al., 2012; Qu et al., 2015).

Os neonicotinóides possuem modo de ação neurotóxico, atuando sobre canais

sinápticos do sistema nervoso central dos insetos atuando como agonistas de receptores

nicotínicos da acetilcolina (nAChRs) (Matsuda et al., 2001). Esse inseticida imita a ação do

neurotransmissor acetilcolina e impede a degradação pela enzima acetilcolinesterase. Assim, a

enzima permanece ativada e ocasiona a contínua transmissão dos impulsos nervosos. Os

sintomas resultantes dessa intoxicação acarretam problemas nas funções motora, sensorial e

cognitiva, resultando em tremores, hiperatividade, desorientação e consequente morte do

inseto (Suchail, Guez e Belzunces, 2001).

Dentre os insetos não alvo que merece destaque, estão as abelhas. Segundo os estudos

feitos por Christen, Mittner e Fent, (2016), os neonicotinóides além de ocasionar o colapso do

sistema nervoso das abelhas, também alteram os genes relacionados a defesa do sistema

imunológico, sendo o possível motivo da interação deste inseticida com outros fatores, por

exemplo parasitas e patógenos, serem os responsáveis pelo DCC (Pettis et al., 2012; Sánchez-

Bayo et al., 2016). Outros estudos nesta área também comprovam que os inseticidas

neonicotinóides prejudicam a aprendizagem olfativa e a memória de abelhas (Hassani et al.,

2008; Williamson e Wright, 2013; Zhang e Nieh, 2015), alteração da atividade locomotora

(Tomé et al., 2015; Williamson, Willis e Wright, 2014) e influenciam na reprodução dentro

da colônia (Laycock et al., 2012).

2.5 Óleos essenciais de plantas

A utilização de inseticidas sintéticos tem causado sérios problemas econômicos e

ecológicos em todo o mundo. A contaminação do solo, sua persistência no ambiente, e

principalmente toxicidade a organismos não alvo (ex.: abelhas), tem gerado a busca por novos

produtos que não apresentem tais características. Uma possível alternativa a isto são os

inseticidas botânicos como, por exemplo, produtos advindo das plantas.

Os óleos essenciais (OEs) são originários dos metabólitos secundários, responsáveis

principalmente pela defesa nas plantas, estando presente em estruturas vegetais como: folha,

caule, raiz, flor, fruto e semente. A constituição química dos OEs apresenta variações

qualitativas e quantitativas que são influenciadas por fatores como: genética da planta, época

de colheita, método de extração e entre outros (Asbahani et al., 2015; Smitha e Rana, 2015;

Tongnuanchan e Benjakul, 2014).

Os OEs são formados por uma mistura de substâncias envolvendo álcoois, compostos

nitrogenados, oxigenados e principalmente terpenos (Isman, 2006). Os terpenos são moléculas

que apresentam como base a presença de unidades de isoprenos (C5H8), podendo ser

classificados em monoterpenos, sesquiterpenos, diterpenos e triterpenos. Os monoterpenos e

os sesquiterpenos são as moléculas mais encontradas na composição química dos OEs

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(Bakkali et al., 2008), apresentando características como alta volatilidade e bioatividade

contra fungos (Kordali et al., 2005), bactérias (Sitarek et al., 2017) e principalmente no

controle de pragas (Albuquerque et al., 2013; Benites et al., 2014; Lima et al., 2013; Peixoto

et al., 2015).

No que se refere ao controle alternativo de pragas, estudos têm sido intensificado nos

últimos anos avaliando a bioatividade dos OEs e seus constituintes. A alta volatilidade e baixa

toxicidade a organismos não alvos são as principais características que classificam os OEs

como substâncias seguras para o controle de pragas. No entanto, tais substâncias podem

apresentar efeitos indesejados a organismos não alvos, como por exemplo as abelhas. De

acordo com (Barbosa et al., 2014, 2015), os biopesticidas apresentaram efeitos subletais no

desenvolvimento de Melipona quadrifasciata e Bombus terrestris, bem como toxicidade e

alterações comportamentais sobre A. mellifera (Xavier et al., 2015). Apesar disto, estudos

também comprovam que alguns OEs podem ser promissores para o controle de pragas e

seletivos ou repelentes para abelhas. De fato, o óleo essencial de andiroba Carapa guianensis

não ocasiona a morte de adultos de A. mellifera (Xavier et al., 2015).

Desta forma, estudos que avaliem os efeitos dos OEs e seus constituintes sobre os

organismos não alvos (ex.: abelhas) podem ser essenciais para futura recomendação de

utilização destes compostos no controle de pragas agrícolas sem que provoque efeitos em

organismos não alvo.

2.6 Gênero Cymbopogon: constituição química, atividade biológica e manejo de colônias

de abelhas

O gênero Cymbopogon (Poaceae) possui mais de 100 espécies de plantas descritas nos

países tropicais e dentre estas, 56 são espécies aromáticas (Lorenzi e Matos, 2002). Essas

espécies aromáticas são amplamente utilizadas na indústria para fabricação de cosméticos,

fármacos e perfumaria, sendo a matéria-prima base os OEs e seus compostos mais frequentes,

como por exemplo citronelal, citronelol, geraniol, geranial, neral, citral, linalol, limoneno e

farnesol (Barbosa et al., 2008; Meza e Taborda, 2010; Nath et al., 2002; Pinto et al., 2015;

Smitha e Rana, 2015; Wany et al., 2014).

A escolha do Cymbopogon para esta pesquisa foi devido aos efeitos tóxicos e subletais

dos OEs deste gênero sobre insetos-pragas. O OE de C. nardus, por exemplo, apresentou ação

ovicida em Bemisia tabaci e toxicidade à broca do café Hypothenemus hampei (Mendesil,

Tadesse e Negash, 2012; Tavares, Salles e Obrzut, 2010). Já o OE de C. winterianus

influenciou negativamente a reprodução de Spodoptera frugiperda (Silva et al., 2016). Os

OEs de C. winterianus e C. citratus, foram repelentes a adultos de B. tabaci (Deletre et al.,

2015), e esta última apresentou baixas doses letais para Frankliniella schultzei e Myzus

persicae (Costa et al., 2013). Além do OE, extratos de espécies de Cymbopogon também

apresentam ação inseticida, como por exemplo de C. schoenanthus, que foi tóxico para o

percevejo do mamão Clavigralla tomentosicollis (Ba et al., 2009).

A amplitude de ação inseticida que vêm sendo demonstrada pelos OEs do gênero

Cymbopogon tem bastante potencial para o controle de pragas. No entanto, estudos sobre os

seus efeitos em organismos não alvos também deve ser verificado a fim de elucidar o seu

impacto em tais organismos. Neste sentido, já foi constatado que OE de C. nardus foi menos

tóxico a Apis cerana indica em relação aos OEs de espécies do gênero Apiaceae,

Amaranthaceae, Myrtaceae e Verbenaceae de planta (Kumar, Patyal e Mishra, 1986). Estudos

já demonstram efeito atrativo do OE de Cymbopogon a abelhas, Abramson et al. (2006)

observaram que flores pulverizadas com OE de C. winterianus foram atrativas a A. mellifera.

Similarmente, Leopoldino et al. (2002) observaram que a utilização de C. citratus em caixas-

isca atraem abelhas e auxilia no comportamento de enxameagem. Além desses efeitos, já foi

constatado que a aplicação do OE de C. nardus dentro das colônias de A. mellifera aumenta a

produção de cera e não ocasiona toxicidade aos indivíduos desta abelha (Lomele, Ito e Orsi,

2016).

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A possível explicação para o efeito desses OEs sobre as abelhas, pode estar

diretamente relacionada com a presença de compostos como o geraniol e citral. Tais

compostos já são utilizados em algumas culturas visando o aumento da visitação de abelhas

forrageiras com consequente benefícios para plantas (Malerbo-Souza, Nogueira-Couto e

Couto, 2004; Waller, 1970)

Cymbopogon martinii é uma planta conhecida popularmente como palmarosa.

Apresenta um crescimento herbáceo e ciclo perene. Neste estudo, este OE foi escolhido pela

similaridade química com outros OEs deste mesmo gênero, além de sua acessível compra no

mercado industrial de essências botânicas. Os constituintes encontrados em menor proporção

no OE de C. martinii foram linalol, acetato de geranila, β-cariofileno e em maior o composto

geraniol com proporções entre 80 e 90% (Lima et al., 2013; Rao, 2001; Smitha e Rana, 2015).

O OE de C. martinii apresenta atividade antimicrobiana, antibacteriana e inseticida

(Hammer, Carson e Riley, 1999; Lima et al., 2013; Lodhia, Bhatt e Thaker, 2009). Na

literatura, já é possível encontrar uma possível relação entre essa espécie vegetal e abelhas,

através da polinização de flores por A. mellifera (Gaur et al., 2014). Também foi constatada a

utilização deste OE para o controle de Paenibacillus larvae, bactéria causadora do Loque

Americano, responsável por grandes impactos negativos em colônias de abelhas (Fuselli et

al., 2010). Desta forma, estudos que avaliem os efeitos letais e subletais do OE desta espécie e

seu constituinte majoritário geraniol sobre A. mellifera poderá contribuir para um controle

seguro de pragas agrícolas, resultando também em um possível efeito benéfico a esta abelha.

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4. ARTIGO

Apis mellifera NO ALVO DOS NEONICOTINÓIDES: UM CAMINHO SEM VOLTA?

BIOINSETICIDAS PODEM SER UMA ALTERNATIVA

Periódico a ser submetido: Functional Ecology

RESUMO

O recente declínio mundial das populações de abelhas tem sido alvo de intensa investigação

devido aos enormes prejuízos ecológicos e econômicos resultantes da perda dos serviços de

polinização. Dentre os possíveis fatores causais desse colapso, está o uso de inseticidas do

grupo dos neonicotinóides. Apesar disso, a utilização destes produtos tem aumentado nas

últimas décadas, em escala global. Na tentativa de se avaliar uma alternativa ao uso dos

neonicotinóides, neste trabalho analisamos os efeitos de um bioinseticida e do seu composto

majoritário sobre as abelhas Apis mellifera (Hymenoptera: Apidae), um dos principais agentes

polinizadores de plantas cultivadas. Para isso, as abelhas foram expostas, via contato e

ingestão, ao óleo essencial de Cymbopogon martinii (Poaceae: Poales), ao geraniol e ao

inseticida imidacloprid, a fim de avaliar os efeitos de toxicidade, alterações comportamentais

e locomoção das abelhas tratadas com estes compostos. Os testes foram conduzidos em

laboratório utilizando indivíduos provenientes de quatro colônias de A. mellifera. De forma

geral, houve maior toxicidade via ingestão do que por contato. O inseticida imidacloprid foi

mais tóxico a A. mellifera quando comparado ao óleo essencial e seu composto majoritário.

Nenhum dos tratamentos alterou o comportamento individual e o padrão de interação

comportamental entre os indivíduos das colônias. Por outro lado, imidacloprid, administrado

por via oral, alterou significativamente os comportamentos de locomoção e orientação de vôo

das abelhas. O mesmo não ocorreu para o óleo essencial e o geraniol. Nossos resultados

auxiliam na compreensão dos mecanismos que causam alterações de desordem nas colônias

de abelhas assim como apontam o óleo essencial de C. martinii e seu composto majoritário

como possíveis alternativas para mitigar os efeitos nocivos dos neonicotinóides sobre as

abelhas.

Palavras-chave: Apidae, Cymbopogon martinii, imidacloprid, geraniol, locomoção.

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ABSTRACT

Título: Apis mellifera on target of neonicotinoids: a way with no retorn? Bioinseticides

can be an alternative.

The recent global decline of bee populations has been intense research due to the enormous

ecological and economic damage resulting from the loss of pollination services. Among the

possible factors that cause this collapse is the use of insecticides from the neonicotinoids

group. Despite this, the use of these products has increased in recent decades on a global

scale. In an attempt to evaluate an alternative to the use of neonicotinoids, this work analyzed

the effects of a bioinseticide and its major compound on Apis mellifera (Hymenoptera:

Apidae), one of the main pollinators of crop plants. For this, the bees were exposed, by topical

application and ingestion, to the essential oil of Cymbopogon martinii (Poaceae: Poales),

geraniol and the insecticide imidacloprid. Were evaluated the toxicity effects, behavioral and

locomotion changes of bees treated with these compounds. The experiments were conducted

in the laboratory using individuals from four colonies of A. mellifera. In general, there was

greater toxicity through ingestion than through contact. The insecticide imidacloprid was

more toxic against A. mellifera when compared the essential oil and its major compound.

None of the treatments altered the individual behavior and the pattern of behavioral

interaction among the individuals of the colonies. On the other hand, imidacloprid,

administered orally, altered the behaviors of locomotion and flight orientation of the bees. The

same did not occur for essential oil and geraniol. Our results support the comprehension of the

mechanisms that cause bees colony collapse disorder as well as point out the essential oil of

C. martinii and its major compound as possible alternatives to mitigate the harmful effects of

neonicotinoids on bees.

Key words: Apidae, Cymbopogon martinii, imidacloprid, geraniol, locomotion.

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4.1. Introdução

A manutenção da biodiversidade garante a prestação dos serviços ecossistêmicos

naturais, os quais propiciam uma gama de benefícios para o homem (Dirzo et al. 2014).

Dentre estes, a polinização por insetos - realizada principalmente por abelhas (Klein et al.

2007) - representa um serviço crucial para a manutenção da diversidade genética de plantas

silvestres (Knight et al. 2005) e para a produtividade agrícola mundial (Ricketts et al. 2008).

O recente declínio global das populações de abelhas - conhecido como Desordem do Colapso

das Colônias (DCC) - é considerado alarmante devido aos enormes prejuízos econômicos

decorrentes da redução da polinização nas lavouras (Potts et al. 2010). Esta desordem das

colônias tem sido atribuída a múltiplos fatores de stress que parecem agir de forma

sinergética, incluindo: a perda de habitats naturais, incidência de parasitas e doenças e a

intensificação da agricultura (González-Varo et al. 2013; Staveley et al. 2014). Embora a

relativa importância destes fatores ainda seja incerta, o uso de inseticidas do grupo dos

neonicotinóides tem sido apontado como um importante fator envolvido nesta DCC,

principalmente devido aos seus efeitos subletais sobre as abelhas (Henry et al. 2012). Assim,

torna-se de suma importância determinar as causas e encontrar estratégias para mitigar a

redução das populações de abelhas (Gill, Ramos-Rodriguez & Raine 2012).

Os neonicotinóides podem contaminar as abelhas diretamente durante a aplicação em

campo e, principalmente, via consumo de recursos como pólen e néctar de plantas

contaminadas (ex. exposição oral), uma vez que são pesticidas sistêmicos (ex. uma vez

absorvidos pelas plantas, são difundidos em seus tecidos) (Farooqui 2013). Estes inseticidas

agem sobre os artrópodes ocasionando problemas fisiológicos e comportamentais, por

interferir diretamente nos receptores nicotínicos da acetilcolina - neurotransmissor

responsáveis por desencadear a despolarização das membranas pós-sinápticas do sistema

nervoso central (Gbylik-Sikorska, Sniegocki & Posyniak 2015). Embora os efeitos de

toxicidade aguda não sejam sempre observados, efeitos subletais (ex. advindos de doses que

não causam mortalidade direta) podem interferir no colapso das colônias (Henry et al. 2012).

Dentre tais efeitos subletais está a redução da resposta imune das abelhas contaminadas com

neonicotinóides (Brandt et al. 2016), as quais se tornam mais susceptíveis à infecção por

patógenos [ex. Nosema ceranae (Aufauvre et al. 2012) e Varroa destructor (Barron 2012;

Balfour et al. 2016)]. Além disso, outros importantes efeitos subletais incluem a redução das

habilidades de aprendizado e memória das abelhas. Estas alterações podem interferir na

capacidade de orientação, navegação e consequentemente na eficiência de forrageio e do

retorno das abelhas para suas colônias (Henry et al. 2012), culminando assim na redução do

tamanho das populações.

Diversos estudos têm sido desenvolvidos com o intuito de obter produtos eficientes

contra insetos pragas e que tenham reduzidos efeitos negativos em organismos não-alvo

(Isman 2000), como é o caso das abelhas. Os óleos essenciais de plantas (OEs), por exemplo,

consistem em uma complexa mistura de componentes voláteis que podem interagir entre si

desencadeando diferentes funções na planta, como: proteção contra patógenos, herbívoros ou

atração de insetos dispersores de pólen e sementes (Bakkali et al. 2008). Assim, devido à sua

bioatividade, os OEs e seus constituintes isolados - principalmente monoterpenos - podem

consistir em potenciais bioinseticidas. Os OEs são considerados uma alternativa ao uso dos

inseticidas sintéticos para o controle de pragas por apresentarem diversas características

desejáveis, como: eficiência no controle de herbívoros, baixa toxicidade aos organismos não-

alvo, reduzida persistência no ambiente e lenta indução de resistência dos insetos devido à

complexidade de compostos (Koul, Walia & Dhaliwal 2008).

Embora os OEs sejam compostos naturais e considerados ambientalmente seguros,

estes apresentam toxicidade a diversos insetos e podem também causar alterações indesejadas

sobre organismos não-alvo. O OE de plantas de C. martinii, tem como composto majoritário o

geraniol, monoterpeno que também está presente no feromônio de atração e agregação (ex.

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durante o forrageio) sintetizado pelas abelhas (Trhlin & Rajchard 2011). No entanto, embora

este OE tenha mostrado bioatividade contra diferentes organismos (Ganjewala 2009; Lima et

al. 2013), seus possíveis efeitos sobre a toxicidade, interação comportamental e forrageio das

abelhas ainda não foi investigado.

Uma vez que Apis mellifera são consideradas os mais importantes polinizadores

devido ao seu manejo em culturas agrícolas em todo o mundo (Potts et al. 2010), neste

trabalho, avaliamos a toxicidade e as alterações no comportamento e locomoção destas

abelhas sob efeito do neonicotinóide imidacloprid, do OE de C. martinii e do seu composto

majoritário geraniol.

4.2. Material e Métodos

4.2.1. Coleta dos indivíduos de A. mellifera

Os indivíduos de A. mellifera utilizados nos bioensaios foram provenientes de quatro

colônias mantidas no Apiário Experimental da Universidade Federal de Sergipe, São

Cristóvão, (10°55’S, 38°6’W). A coleta das abelhas forrageiras foi realizada com um funil

flexível de tela de nylon (80 cm de comprimento), que teve uma das extremidades acoplada a

um pote plástico e a outra inserida na entrada da colônia, mantendo-se uma inclinação em

direção a luz do sol (Fig. 1). Os indivíduos capturados foram mantidos em B.O.D. com oferta

de alimento (solução de sacarose a 50%) por no máximo 3 h antes da realização dos

bioensaios.

.

4.2.2. Obtenção dos compostos e análise do OE

O OE de C. martinii, obtido por arraste a vapor, e o composto geraniol (98% de

pureza) foram adquiridos das empresas Raros Naturals (Macaíba, Rio Grande do Norte,

Brasil) e Sigma-Aldrich® (Steinheim, Germany), respectivamente. O inseticida comercial

utilizado foi o neonicotinóide imidacloprid (Bayer CropScience, São Paulo, SP, Brasil) na

forma de grânulos dispersíveis em água (700 g i.a./Kg).

A análise da composição do OE foi realizada utilizando Cromatografia Gasosa,

acoplada à Espectrometria de Massas (CG/EM) e Detector Iônico de Chamas (CG/EM/DIC),

por meio do equipamento GCMSQP2010 Ultra (Shimadzu Corporation, Kyoto, Japão),

equipado com um amostrador de injeção automática AOC-20i (Shimadzu Corporation, Kyoto,

Japão). A separação dos componentes do OE foi realizada em uma coluna capilar de sílica

fundida Rtx®-5MS Restek (5%-difenil-95%-dimetilpolisiloxano) com diâmetro interno de 30

m x 0,25 mm e 0,25 μm de espessura de filme, com um fluxo constante de Hélio 5,0, a uma

taxa de 1,0 mL.min-1

. Um µl da amostra do OE foi injetado à temperatura de 280°C, em uma

razão de split de 1:30. A temperatura do forno iniciou em 50°C (isoterma por 1,5 min), sendo

aumentada em 4°C. min-1

até atingir 200°C e em seguida aumentada em 10°C. min-1

até 300

°C, permanecendo nesta temperatura por 5 min.

No CG/EM as moléculas foram ionizadas por elétrons com energia de 70 eV e os

fragmentos analisados por um sistema quadrupolar programado para filtrar fragmentos/íons

com m/z na ordem de 40 a 500 Da, detectados por um multiplicador de elétrons. O processo

de ionização para o CG/DIC foi realizado pela chama proveniente dos gases hidrogênio 5.0

(30 mL.min-1

) e ar sintético (300 mL.min-1

). Os compostos químicos coletados e a corrente

elétrica gerada foram amplificadas e processadas no software GCMS Postrun Analysis

(Labsolutions- Shimadzu).

A identificação dos constituintes do OE de C. martinii foi feita com base na

comparação dos índices de retenção da literatura (Adams 2007). Para o índice de retenção foi

utilizada a equação de Van Den Dool & Kratz (1963) em relação a uma série homóloga de n-

alcanos (nC9-nC31). Também foram utilizadas três bibliotecas do equipamento (WILEY8,

NIST107 e NIST21) que permitiram a comparação dos dados dos espectros com aqueles

constantes das bibliotecas, utilizando um índice de similaridade de 80%.

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4.2.3. Bioensaios

Os tratamentos utilizados nos bioensaios foram o OE de C. martinii, geraniol e

imidacloprid. Os bioensaios foram realizados em delineamento inteiramente casualizado com

quatro repetições (colônias). Foram realizados bioensaios de toxicidade, comportamento

(individual e coletivo) e locomoção/orientação de voo. As abelhas foram submetidas aos

tratamentos por contato e ingestão. Nos bioensaios comportamentais as variáveis foram

analisadas após 1 e 24 h da exposição das abelhas aos tratamentos.

4.2.3.1. Toxicidade

Para a obtenção das curvas de dose-mortalidade foram utilizadas inicialmente, para

cada via de exposição, doses que resultaram em mortalidades entre 0 e 100% dos indivíduos.

Posteriormente, doses intermediárias foram empregadas com o intuito de se determinar as

curvas. Em todos os casos, cada repetição consistiu em um grupo de oito abelhas forrageiras,

que foram previamente anestesiadas à -8oC por 2 min para permitir a aplicação dos

tratamentos. Os indivíduos tratados foram colocados em placas de Petri (9 x 2 cm) forradas

com papel filtro e com fornecimento de alimento (solução de sacarose a 50%). As placas

foram cobertas com filme plástico e mantidas em B.O.D. (26 ± 2°C; UR 70 ± 5%, sem

fotoperíodo). Testes preliminares indicaram que esta metodologia não afetou a sobrevivência

das abelhas. As observações de mortalidade foram realizadas 24 h após a montagem dos

experimentos.

Para a via de exposição por contato, 1 μL dos tratamentos foi aplicado no pronoto de

cada indivíduo, por meio de uma microseringa de 10 μL (Hamilton, Reno, NV, USA). Para

determinação das doses aplicadas (μg/indivíduo), a massa corporal de 40 indivíduos foi

determinada em balança analítica (AUW220D, Shimadzu). Em todos os tratamentos foi

utilizado o solvente acetona (Panreac, UV-IR-HPLC-GPC PAI-ACS, 99,9%).

Para a via de exposição por ingestão, cada abelha foi acondicionada individualmente

em um tubo plástico cônico (30 mm de comprimento e 9-4 mm de diâmetro) com sua cabeça

direcionada ao menor diâmetro do tubo (4 mm). A parte inferior do tubo (9 mm) foi coberta

com algodão a fim de impedir a fuga do indivíduo. Após o efeito anestésico, foram oferecidos

10 µL de solução de sacarose contendo os tratamentos (OE de C. martinii, geraniol e

imidacloprid). No controle foram administrados apenas 10 µL de solução de sacarose. A

solução básica de sacarose consistiu em uma mistura de polioxietileno (20) mono-

oleatosorbitano (Tween 80) (1%) como agente tensioativo e sacarose a 50%. Apenas foram

avaliadas as abelhas que consumiram totalmente a solução oferecida.

4.2.3.2. Comportamento individual e coletivo

Para avaliar possíveis modificações no comportamento das abelhas submetidas aos

diferentes tratamentos, os indivíduos foram tratados com as DL20 determinadas nos bioensaios

de toxicidade por via de contato e ingestão (Tabela 1).

Os comportamentos individuais e coletivos das abelhas tratadas foram avaliados

conforme metodologia adaptada de Bacci et al. (2015). Os bioensaios visaram avaliar: (i) as

alterações comportamentais individuais ocasionadas nos indivíduos tratados e (ii) as respostas

comportamentais de grupo de indivíduos não-tratados em relação a um indivíduo tratado.

Cada unidade experimental consistiu em uma placa de Petri (9 x 2 cm) contendo oito

abelhas forrageiras. Dentre estes indivíduos, um foi aleatoriamente retirado da placa e

submetido à aplicação de um dos tratamentos, sendo realocado junto ao grupo não-tratado,

após três minutos. As observações comportamentais tiveram início após 30 segundos da

inserção do indivíduo tratado. Foram feitas 10 repetições/ tratamento para cada colônia,

totalizando 160 placas analisadas. Os comportamentos foram registrados por 30 segundos

contínuos intercalados a cada 30 segundos, totalizando 5 min de observação/placa e 800 min

totais de observações.

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Foram quantificados todos os comportamentos individuais do indivíduo tratado: auto-

limpeza, ventilação (batida das asas) e elevação do abdômen com exibição da glândula de

Nasonov (presente no último anel abdominal). Também foram avaliados os comportamentos

coletivos executados pelos indivíduos não-tratados em relação ao indivíduo tratado:

antenação, limpeza (indivíduo não tratado limpando o indivíduo tratado), trofalaxia, evitação

(do indivíduo tratado pelos não-tratados), atração e agressão.

4.2.3.3. Locomoção e orientação de voo

Para analisar o efeito dos tratamentos sobre a locomoção e a orientação de voo foi

utilizada uma arena (cubo de 150cm x 150cm x 150cm) com armação de alumínio fechada

com plástico transparente. Em uma extremidade superior da arena foi posicionada uma

lâmpada led (10 W e 806 lumens) com inclinação de 45o. Na extremidade oposta, cada abelha

tratada (ou controle) foi inserida individualmente, situando-se assim à uma distância de 259,8

cm da fonte de luz (Fig. 2).

Os indivíduos foram liberados na arena após 1 e 24 h da exposição aos tratamentos. Os

bioensaios para analisar o efeito do tempo de exposição foram conduzidos

independentemente. Para cada tempo de exposição foram analisados 40 indivíduos/colônia,

totalizando 160 indivíduos.

O comportamento de cada indivíduo foi gravado a cada três segundos por um período

de um minuto, totalizando 20 observações/indivíduo. As observações consistiram em registrar

a posição da abelha na arena considerando-se as três dimensões: posição x (comprimento), y

(altura) e z (profundidade). Também foram registrados a atividade dos indivíduos

(movimentado ou parado), o número de indivíduos que chegaram até a luz e o tempo gasto

para chegarem até a fonte luminosa.

4.2.4. Análises estatísticas

Os dados de mortalidade dos bioensaiosde toxicidade por contato e ingestão foram

submetidos à análise de Probit (Finney 1971) usando o procedimento PROC PROBIT do SAS

(SAS Institute Inc 2002). Foram aceitas curvas com probabilidade de aceitação da hipótese de

nulidade maior que 0,05 para o teste 2. Por meio destas curvas foram determinadas as DL20,

DL50 e DL90 com seus respectivos intervalos de confiança a 95% de probabilidade.

Os dados referentes aos comportamentos individual e coletivo (variáveis y) dos

indivíduos em relação aos tratamentos (variáveis x) foram submetidos, independentemente, à

Análise de Deviância (ANODEV) (R Development Core Team 2015).

As variações na locomoção dos indivíduos (orientação de voo) em função dos

tratamentos (variáveis x) também foram analisadas de forma similar. Nestas análises as

variáveis y foram consideradas: a distância máxima percorrida pelos indivíduos, a proporção

média das atividades (movimentado e parado) e o tempo médio gasto para a chegada dos

indivíduos até a fonte luminosa. O tempo médio gasto para chegada dos indivíduos até a luz

foi previamente obtido através de análise de sobrevivência com distribuição Weibull (R

Development Core Team 2015; pacote 'survival'). Neste caso foi medido o tempo médio gasto

para os 10 indivíduos analisados em cada tratamento/colônia chegassem até a fonte de luz.

A proporção média de indivíduos que chegaram à luz (variável y) em função dos

tratamentos (variáveis x) foi analisada utilizando-se ANODEV com distribuição de erros

Binomial (R Development Core Team 2015). Em todos os casos, diferenças entre das médias

entre os tratamentos foram analisadas utilizando teste de Tukey com P<0,05 (R Development

Core Team 2015).

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4.3. Resultados

4.3.1. Constituição química do OE

Foram identificados e quantificados nove compostos no OE de C. martinii,

representando um total de 99,73% da composição total. O geraniol foi o composto em maior

concentração (85,09%), seguido por acetato de nerila (6,01%). Os demais constituintes

representaram menos de 3% da composição total do OE (Fig. 3).

4.3.2. Toxicidade por vias de exposição por contato e ingestão

A dose necessária dos compostos para matar 50% da população de A. mellifera variou

de 0,066 a 465 µg/abelha. O inseticida imidacloprid foi mais tóxico para as abelhas do que o

OE de C. martinii e seu composto majoritário. Imidacloprid foi cerca de 1979 e 1234

(contato) e 1106 e 652 (ingestão) vezes mais tóxico a A. mellifera do que o OE de C. martinii

e geraniol na DL50, respectivamente. Este padrão se manteve em doses inferiores e superiores

(DL20 e DL90) (Tabela 1). Todos os compostos foram mais tóxicos a A. mellifera quando

administrados via ingestão. O OE de C. martinii, geraniol e imidacloprid foram cerca de 6,4;

6,7 e 3,6 vezes mais tóxicos por ingestão do que por contato, respectivamente (Tabela 1).

4.3.3. Comportamentos individuais e coletivos

Não houve diferença significativa entre todos os tratamentos (OE de C. martinii,

geraniol e imidacloprid) aos quais os indivíduos de A. mellifera foram submetidos, não

alterarando os comportamentos individuais dos indivíduos tratados e nem os comportamentos

coletivos em relação a estes indivíduos, comparando todos os tratamentos (Tabela 2).

4.3.4. Locomoção e orientação de voo

4.3.4.1. Distância percorrida

De forma geral, os tratamentos afetaram negativamente a distância média percorrida

pelas abelhas, sendo que esta redução foi atenuada após 24h da exposição das abelhas. O

efeito dos tratamentos no deslocamento dos indivíduos não diferiu entre as vias de exposição,

com exceção do imidacloprid que mostrou efeito mais deletério por via de ingestão (Tabela

3). Na maioria dos casos, o imidacloprid causou maior limitação no deslocamento de A.

mellifera do que o OE ou seu composto majoritário.

Os tratamentos reduziram significativamente a distância máxima percorrida das

abelhas em relação ao controle após 1h de exposição por contato (Tabela 3, Fig. 4A). Após

24h de exposição por esta mesma via, somente as abelhas tratadas com o OE de C. martinii e

imidacloprid apresentaram menor deslocamento (Tabela 3, Fig. 4B).

Abelhas expostas via ingestão por 1 e 24h ao imidacloprid tiveram o menor

deslocamento entre os tratamentos (Tabela 3, Fig. 4C-D). Apesar do OE de C. martinii e o

geraniol reduzirem o deslocamento de A. mellifera em relação ao controle após 1 h de

exposição (Tabela 3, Fig 4C), com 24 h as abelhas não foram afetadas por estes bioinseticidas

(Tabela 3, Fig 4D).

4.3.4.2. Atividade dos indivíduos

A proporção de indivíduos parado e movimentando foi significativamente alterada

com os tratamentos aplicados por contato (após 1 h: F7;24 = 59,546 e P < 0,001 e após 24 h da

exposição: F7;24 = 141,88 e P < 0,001) e por ingestão (após 1 h: F7;24 = 53,612 e P < 0,001 e

após 24 h da exposição: F7;24 = 53,532 e P < 0,001).

Abelhas expostas por contato ao OE de C. martinii e geraniol após 1h da aplicação

movimentaram a maior parte do tempo de forma semelhante ao observado no controle,

enquanto que as tratadas com imidacloprid mostraram significativa redução da movimentação

(Fig. 5A). No entanto, tal efeito negativo do imidacloprid desapareceu após 24h de exposição

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(Fig. 5B). Padrão semelhante foi observado nas abelhas tratadas via ingestão. No entanto,

neste caso não houve atenuação do efeito negativo do imidacloprid após 24h de exposição

(Fig. 5 C-D).

4.3.4.3. Orientação dos indivíduos

A proporção de indivíduos chegando até a fonte luminosa foi significativamente

alterada com os tratamentos aplicados por contato (após 1 h: F3;12 = 6,265 e P = 0,008 e após

24 h da exposição: F3;12 = 6,276 e P = 0,008) e por ingestão (após 1 h: F3;12 = 6,688 e P =

0,006 e após 24 h da exposição: F3;12 = 15,929 e P = 0,001).

Todos os tratamentos aplicados por contato (bioinseticidas e imidacloprid), após 1 h

da exposição, resultaram em menor proporção de abelhas chegando até a fonte luminosa

quando comparado ao controle (Fig. 6A). No entanto, após 24h da exposição, somente o

imidacloprid reduziu a proporção de indivíduos que chegaram até a luz (Fig. 6B).

Quando administrados via ingestão (após 1 h e 24 h da exposição), o número de

indivíduos de A. mellifera que chegaram até a luz nos tratamentos OE de C. martinii e

geraniol foi similar ao controle (Fig.6 A-B), diferindo significativamente do imidacloprid, no

qual as abelhas praticamente não conseguiram chegar até a fonte luminosa (Fig.6 C-D).

4.3.4.4. Tempo gasto para chegar na luz

O tempo médio gasto para que 50% dos indivíduos de A. mellifera chegassem até a

fonte luminosa variou significativamente entre os tratamentos aplicados por contato (após 1 h:

F3;12 = 3,943 e P = 0,036 e após 24 h da exposição: F3;12 = 9,179 e P = 0,036) e por ingestão

(após 1 h: F3;12 = 3,624 e P = 0,05 e após 24 h da exposição: F3;12 = 3,5021 e P = 0,05).

O tempo médio gasto para que os indivíduos tratados por contato após 1 h da

exposição com imidacloprid chegassem até a luz foi superior ao controle. Abelhas tratadas

com o OE de C. martinii e geraniol apresentaram tempos intermediários para chegar até a

fonte luminosa (Fig. 7A).

Nas demais situações (Fig. 7B-D), não houve diferença significativa no tempo gasto

para que as abelhas tratadas com OE de C. martinii e geraniol chegarem até a luz em relação

ao controle. Já os indivíduos tratados com imidacloprid praticamente não conseguiram chegar

até a fonte luminosa.

4.4. Discussão

O crescente e alarmante declínio das colônias de abelhas - DCC - tem sido amplamente

notificado. Apesar disso, os neonicotinóides, um dos principais fatores responsáveis pela

DCC, são os inseticidas mais utilizados em todo mundo, tendo este consumo aumentado

substancialmente em escala global na última década (Elbert et al. 2008). No presente trabalho,

demonstramos que a exposição de abelhas A. mellifera ao neonicotinóide imidacloprid

resultou em alta toxicidade e limitou de maneira significativa a capacidade de locomoção e

orientação das abelhas. Por outro lado, nosso estudo destaca que o uso do OE de C. martinii e

de seu composto majoritário (geraniol) além de apresentarem menor toxicidade, não

mostraram efeitos negativos sobre a movimentação das abelhas sob via de exposição oral

(Tabela 1). Esta ausência de efeitos indesejados dos bioinseticidas sobre as abelhas, pode estar

relacionado ao reconhecimento olfativo das abelhas devido à similaridade com as pistas

sociais utilizadas durante sua orientação. Isto pode ser esperado uma vez que o geraniol

consiste em um composto da essência floral de plantas polinizadas por abelhas, sendo também

sintetizado pela glândula de Nasonov e utilizado como feromônio de marcação durante o

forrageio (Chaffiol, Laloi & Pham-Delègue 2005).

Pelo fato de ser facilmente dissolvido em água, o imidacloprid (inseticida sistêmico)

pode ser absorvido pelas raízes e transportado por todos os tecidos da planta, incluindo os

recursos utilizados pelas abelhas (Goulson 2013). Estudos relatam que as concentrações de

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resíduos de neonicotinóides no néctar e pólen podem variar na faixa de 1-23 ppb e 9-66 ppb,

respectivamente, sendo estas variações dependentes da forma de aplicação do inseticida

(Goulson 2013). Embora as abelhas individualmente a cada evento alimentar no campo

experimentem doses inferiores àquelas utilizadas em alguns estudos feitos em laboratório (ex.

Gill, Ramos-Rodriguez & Raine 2012; Henry et al. 2012), o efeito acumulativo desse

contaminantes nas colônias são difíceis de se prever. Segundo Goulson (2013) a

contaminação das abelhas depende da acumulação dos neonicotinóides durante os eventos de

forrageio ao longo do tempo, incluindo a metabolização e excreção desses contaminantes. Isto

poderia depender também das taxas de ingestão e trofalaxia entre indivíduos e do estoque de

produtos contaminados na colônia.

Estudos relatam redução da imuno-competência dos indivíduos de A. mellifera

tratados com imidacloprid (Brandt et al. 2016). A redução da resposta imune poderia ser

resultante não somente da imunidade humoral em si, mas advinda das alterações

comportamentais entre indivíduos da colônia. Abelhas apresentam relativa reduzida resposta

imune quando comparada a outros insetos. No entanto, esta baixa flexibilidade pode ser

compensada pela 'imunidade social', desencadeada principalmente pelo comportamento de

higiene (ex. remoção de larvas doentes) e allogrooming (ex. remoção de parasitas entre

companheiros de ninho), os quais são modulados principalmente pela capacidade de

reconhecimento entre indivíduos (Evans et al. 2006). Neste trabalho, as doses subletais do

imidacloprid e dos bioinseticidas não alteraram os comportamentos individuais e coletivos

dos indivíduos tratados. Assim, provavelmente qualquer mudança na performance das

colônias de A. mellifera, como possível redução da imunidade não ocorra pela perda da

imunidade social. Adicionalmente, a ausência de alterações comportamentais, permite supor

que as abelhas não sejam capazes de reconhecer os sinais dos inseticidas, o que pode

aumentar o risco de contaminação das colônias. Outros estudos também relataram esta

incapacidade das abelhas de identificar e evitar pesticidas (Sanchez-Bayo & Goka 2014),

inclusive o imidacloprid (Kessler et al. 2015). O composto geraniol, apesar de ser uma

substância comum na composição do feromônio de marcação das abelhas, também não

apresentou nenhuma alteração comportamental entre os indivíduos.

Por outro lado, houve significativa redução da distância total percorrida, da proporção

de tempo movimentando e da orientação de locomoção quando o imidacloprid foi

administrado via ingestão (Fig. 4-5), quando comparado aos demais tratamentos. As

mudanças observadas na capacidade de locomoção e orientação das abelhas em contato com

imidacloprid, poderiam, sob condições de campo resultar em padrão semelhante ao observado

por Henry et al.(2012). Tais autores demonstraram que abelhas contaminadas com

neonicotinóide (thiamethoxam) apresentaram maior mortalidade e falhas no retorno para suas

colônias, em relação às abelhas não contaminadas. Este efeito foi ainda mais deletério quando

as colônias tinham acesso a sítios de forrageio não-familiares e distantes do ninho. Gill et

al.(2012) também verificaram efeitos semelhantes para Bombus terrestris: redução da

performance de forrageio e recrutamento, perda de operários e produtividade da colônia;

sendo estes efeitos intensificados quando as abelhas foram expostas a misturas de inseticidas.

Qualquer comportamento das abelhas no sentido de perceber e evitar fontes contaminadas

poderia reduzir estes efeitos deletérios. Porém, estudos demonstram que A. mellifera, assim

como B. terrestris além de não serem capazes de evitar concentrações dos mais comumente

utilizados neonicotinóides (ex. imidacloprid, thiamethoxam), ainda podem preferir utilizar

estas fontes em detrimento de recursos não-contaminados (Kessler et al. 2015).

Estudos tem mostrado efeito do OE de plantas do gênero Cymbopogon e do geraniol

para controle diversos grupos de insetos praga (Pereira et al. 2008; Caballero-Gallardo,

Olivero-Verbel & Stashenko 2012; Mendesil, Tadesse & Negash 2012; Lima et al. 2013),

incluindo insetos sugadores [OEs: Ricci et al. 2006; Andrade et al. 2013; Pinheiro et al. 2013;

Deletre et al. 2016 e geraniol: Badawy, El-Arami & Abdelgaleil 2010; Baldin et al. 2014;

Salman & Erba 2014; Deletre et al. 2016] para os quais os neonicotinóides são amplamente

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29

utilizados (Liang et al. 2012; Qu et al. 2015). Nossos resultados sugerem que a utilização

destes bioinseticidas poderiam contribuir para futuras ações de mitigação e conservação de

colônias de abelhas.

4.5. Referências Bibliográficas

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32

Tabela 1. Toxicidade por contato e ingestão do OE de Cymbopogon martinii, geraniol e

inseticida imidacloprid sobre a abelha forrageira Apis mellifera (µg/abelha), após 24 horas da

exposição.

Tratamento N DL20

(95%IC)

DL50

(95%IC)

DL90

(95%IC) 2 P

Contato

C. martinii 793 189

(141-233)

465

(404-528)

1828

(1451-2535) 2,2 4,22 0,237

Geraniol 354 124

(101-147)

290

(253-333)

1066

(876-1361) 2,3 0,75 0,862

Imidacloprid 352 0,072

(0,05-0,095)

0,235

(0,194-0,28)

1,44

(1,08-2,10) 1,6 5,67 0,127

Ingestão

C. martinii 168 54

(49-58)

73

(69-77)

116

(107-128) 6,4 2,19 0,336

Geraniol 254 18

(15-21)

43

(39-49)

156

(130-196) 2,3 5,94 0,202

Imidacloprid 253 0,038

(0,034-0,042)

0,066

(0,059-0,073)

0,148

(0,123-0,191) 3,6 0,39 0,823

= inclinação.

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Tabela 2. Comportamento individual e coletivo de abelhas forrageiras Apis mellifera expostas

por contato e ingestão a DL20 do OE de Cymbopogon martinii, geraniol e inseticida

imidacloprid.

Vias de exposição Tipo de

Comportamento Comportamento F P

Contato

Individual

Auto-limpeza 1,4385 0,2697 n.s.

Ventilação 0,4270 0,7869 n.s.

Nasonov 0,5368 0,7110 n.s

Coletivo

Limpeza 1,2946 0,3163 n.s

Antenação 2,2451 0,1129 n.s

Trofalaxia 0,5282 0,7168 n.s

Evitação 2,5521 0,0822 n.s

Atração 2,3788 0,0982 n.s

Agressão 1,4714 0,2601 n.s

Ingestão

Individual

Auto-limpeza 1,9895 0,1479 n.s

Ventilação 1,4175 0,2760 n.s

Nasonov 1,0452. 0,4168

n.s

Coletivo

Limpeza 1,2711 0,3247 n.s

Antenação 1,3556 0,2956 n.s

Trofalaxia 0,6197 0,6554 n.s

Evitação 2,6330 0,0758 n.s

Atração 1,7967 0,1821 n.s

Agressão 0,8704 0,5043 n.s

n.s. teste não significativo (P>0,05).

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Tabela 3. Média da distância máxima percorrida (±EPM) (cm) pelas abelhas forrageiras Apis

mellifera expostas por contato e ingestão à DL20 do OE de Cymbopogon martinii, geraniol e

inseticida imidacloprid após 1 e 24 horas da exposição.

Via de exposição

Tratamento Contato Ingestão

1 hora 24 horas 1 hora 24 horas

Controle 236,5±28,3 Aa 238,8±28,0 Aa 245,2±19,2 Aa 216,0±36,0 Ab

C. martinii 161,7±46,3 Ba 187,5±42,6 Ba 196,3±43,1 Ba 219,5±36,1 Aa

Geraniol 159,1±47,4 Bb 233,8±25,3 Aa 193,9±42,6 Ba 216,1±31,8 Aa

Imidacloprid 124,3±50,5 Bb 181,3±34,2 Ba 50,6±24,7 Cb 116,2±39,3 Ba

Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna (comparação entre os tratamentos), minúscula na linha

para cada via de exposição (comparação entre os tempos de exposição) e grega na linha para cada tempo de

exposição (comparação entre as vias de exposição), não diferem entre si pelo teste de Tukey a P<0,05%.

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Figura 1. Esquema do aparato utilizado para a coleta de indivíduos forrageiros da abelha Apis

mellifera; formado por um funil flexível de tela de nylon (80 cm de comprimento por 30 cm

de diâmetro) e um pote plástico (15 cm de cumprimento x 10 cm diâmetro) com inclinação na

direção da luz do sol, para captura das abelhas.

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Figura 2. Representação de gaiola utilizada nos bioensaios de locomoção e orientação de voo

(150 cm x 150 cm x 150 cm) de indivíduos forrageiros de Apis mellifera. Estrutura formada

por armação em alumínio e plástico transparente.

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Figura 3. Cromatografia do OE de Cymbopogon martinii analisado por CG-EM e CG-DIC.

Geraniol (85,1%)

Tempo de retenção (s)

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Figura 4. Posição média alcançada pelos indivíduos forrageiros da abelha Apis mellifera

expostos por contato e ingestão à DL20 do OE de Cymbopogon martinii, geraniol e inseticida

imidacloprid após 1 hora (A, C) e 24 horas (B, D) da exposição.

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Figura 5. Tempo (%) que os indivíduos forrageiros da abelha Apis mellifera expostos por

contato e ingestão à DL20 do OE de Cymbopogon martinii, geraniol e inseticida imidacloprid

após 1 hora (A, C) e 24 horas (B, D) da exposição permaneceram parados ou movimentando.

Barras seguidas pela mesma letra, não diferem, entre si, pelo teste de Tukey a P<0,05. *

indica que houve diferenças significativas entre o tempo que a abelha ficou parada e

movimentando.

Contato

Parado (%)

0255075100

1 hora

Movimentando (%)

0 25 50 75 100

Imidacloprid

Geraniol

C. martinii

Controle

* a

* a

* a

n.s. b

Parado (%)

0255075100

24 horas

Movimentando (%)

0 25 50 75 100

Imidacloprid

Geraniol

C. martinii

Controle

* a

* a

* a

* a

Ingestão

Parado (%)

0255075100

1 hora

Movimentando (%)

0 25 50 75 100

Imidacloprid

Geraniol

C. martinii

Controle

* a

* a

* a

Parado (%)

0255075100

24 horas

Movimentando (%)

0 25 50 75 100

Imidacloprid

Geraniol

C. martinii

Controle

* a

* a

* a

* b n.s. b

A B

C D

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Figura 6. Proporção de indivíduos da abelha Apis mellifera que se direcionaram até uma

fonte luminosa quando expostas por contato e ingestão à DL20 do OE de Cymbopogon

martinii, geraniol e inseticida imidacloprid após 1 hora (A, C) e 24 horas (B, D) da exposição

que chegaram até a luz (%). Barras seguidas pela mesma letra, não diferem, entre si, pelo teste

de Tukey a P<0,05.

1 hora

Tratamentos

Chegara

m a

té a

luz (

%)

0

20

40

60

80

100

Contato

Ingestão

A B

C D

a

bb

b

24 horas

Tratamentos

Chegara

m a

té a

luz (

%)

0

20

40

60

80

100 a

ab

a

b

1 hora

Tratamentos

Chegara

m a

té a

luz (

%)

0

20

40

60

80

100 a

a

a

b

24 horas

Tratamentos

Chegara

m a

té a

luz (

%)

0

20

40

60

80

100

a a

a

b

Controle C. martinii Geraniol Imidacloprid Controle C. martinii Geraniol Imidacloprid

Controle C. martinii Geraniol ImidaclopridControle C. martinii Geraniol Imidacloprid

Page 49: ÓLEO ESSENCIAL DE Cymbopogon martinii E SEU CONSTITUINTE ...€¦ · Apis mellifera: organização social e forrageio..... 7 2. 3. Desordem do colapso da colônia ... do sol, para

41

Figura 7. Tempo (s) médio gasto para que 50% dos indivíduos forrageiros da abelha Apis

mellifera chegassem até a luz, quando tratadas por contato e ingestão com a DL20 do OE de

Cymbopogon martinii, do geraniol e do inseticida imidacloprid após 1 hora (A, C) e 24 horas

(B, D) de exposição. Barras seguidas pela mesma letra, não diferem, entre si, pelo teste de

Tukey a P<0,05.

1 hora

Tratamentos

Tem

po p

ara

chegar

até

a luz (

s)

0

100

200

300

400

Contato

Ingestão

A B

a

ab ab

b

24 horas

Tratamentos

Tem

po p

ara

chegar

até

a luz (

s)

0

100

200

300

400

b

a

bb

D24 horas

Tratamentos

Tem

po p

ara

chegar

até

a luz (

s)

0

100

200

300

400

b

a

bb

C1 hora

Tratamentos

Tem

po p

ara

chegar

até

a luz (

s)

0

100

200

300

400

b

a

bb

Controle C. martinii Geraniol Imidacloprid Controle C. martinii Geraniol Imidacloprid

Controle C. martinii Geraniol ImidaclopridControle C. martinii Geraniol Imidacloprid

Page 50: ÓLEO ESSENCIAL DE Cymbopogon martinii E SEU CONSTITUINTE ...€¦ · Apis mellifera: organização social e forrageio..... 7 2. 3. Desordem do colapso da colônia ... do sol, para

42

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo destaca que o óleo essencial de C. martinii e seu constituinte geraniol,

apresetam potencial para utilização no manejo de pragas, uma vez que estes não limitaram a

capacidade de deslocamento das abelhas. Por outro lado, nossos resultados corroboram

estudos que mostram os efeitos negativos do imidacloprid na capacidade de forrageio de A.

mellifera.

Portanto, nossos resultados auxiliam na compreensão dos mecanismos que causam

alterações da desordem nas colônias de abelhas assim como apontam o óleo essencial de C.

martinii e seu composto majoritário como possíveis alternativas para mitigar os efeitos

nocivos dos neonicotinóides sobre as abelhas.