capim-limÃo - cymbopogon citratus (d.c. stapf) subsÍdio: …

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ELIANE CARNEIRO GOMES CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf: SUBSÍDIOS PARA MELHORIA DE QUALIDADE DO CULTIVO, INDUSTRIALIZAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO NO ESTADO DO PARANÁ Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Agronomia, Área de Concentração em Produção Vegetal, Departamento de Fitotecnia e Fitossanitarismo, Setor de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Paraná, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Doutor em Ciências. Orientadora: Prof. a Dr. a Raquel R. B. Negrelle Co-orientadores: Prof. Dr. Luiz Doni Filho Prof. a Dr. a Neusa Gomes A. Rücker CURITIBA 2003

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Page 1: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

ELIANE CARNEIRO GOMES

CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf: SUBSÍDIOS PARA MELHORIA DE QUALIDADE DO CULTIVO, INDUSTRIALIZAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO NO

ESTADO DO PARANÁ

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Agronomia, Área de Concentração em Produção Vegetal, Departamento de Fitotecnia e Fitossanitarismo, Setor de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Paraná, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Doutor em Ciências.

Orientadora: Prof.a Dr.a Raquel R. B. Negrelle

Co-orientadores: Prof. Dr. Luiz Doni Filho Prof.a Dr.a Neusa Gomes A. Rücker

CURITIBA 2003

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Gomes, Eliane Carneiro Capim-limão - Cymbopogon citratus (D.C) Stapf:

subsídios para melhoria de qualidade do cultivo, industrialização e comercialização no Estado do Paraná/ Eliane Carneiro Gomes.— Curitiba, 2003.

xvii, 184f. Tese (Doutorado em Agronomia) - Setor de Ciências

Agrárias, Universidade Federal do Paraná.

1. Plantas medicinais - Paraná. 2. Capim-limão. I. Título.

CDD 581.634 CDU 633.88(816.2)

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UF

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

DEPARTAMENTO DE FITOTECNIA E FITOSSANITARISMO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA

PRODUÇÃO VEGETAL

A R E C E

Os membros da Banca Examinadora designada pelo Colegiado do

Programa de Pós-Graduação em Agronomia - Produção Vegetal, reuniram-se para realizar

a argüição da Tese de DOUTORADO, apresentada pela candidata EUANE CARNEIRO

GOMES, sob o título "CAPIM-L1MÃO - Cymbopogon citratus {D.C.) Stapf:

SUBSÍDIOS PARA MELHORIA DE QUALIDADE DO CULTIVO, INDUSTRIALIZAÇÃO

E COMERCIALIZAÇÃO NO ESTADO DO PARANÁ", para obtenção do grau de Doutor

em Ciências do Programa de Pós-Graduação em Agronomia - Produção Vegetal do Setor

de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Paraná.

Após haver analisado o referido trabalho e arguido a candidata são

de parecer pela "APROVAÇÃO" da Tese.

Curitiba, 27 de Novembro de 2003.

Profe ; nmeira 5xamin fdora

/

fr/âu> (r-r-UCrJ Professor Dr. Maróelo Maraschin

Segundo Examinador

Professora Dra. Patrícia Teixeira Padilha da Silva Penteado Terceira Examinadora

Professor Dr. Luiz Antonio Biasi Quarto Examinador

Professora Dra/Raquel Rejane Bonato Negrelle Presidente da Banca e Orientadora

Page 4: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

AGRADECIMENTOS

À ProfV Dr3. Raquel Rejane Bonato Negrelle pela orientação, valiosas

sugestões, dedicação e estímulo, fundamentais no desenvolvimento deste trabalho.

Ao Prof. Dr. Luiz Doni Filho pela co- orientação, contribuição e apoio.

À Prof3. Dr3. Neusa Gomes de Almeida Rücker, pela co-orientação, sugestões

e dedicação.

À Prof. Dr3.Maria Elizabeth Doni, pelas importantes sugestões ao Projeto de

tese.

Aos professores da banca de qualificação: Raquel Rejane Bonato Negrelle,

Luiz Doni Filho, Luiz Antônio Biasi, Vítor Alberto Kerber e Marilis Dallarmi Miguel

pelas valiosas sugestões.

Da mesma forma, agradeço às análises críticas e sugestões dos professores

da banca de pré-defesa: Raquel Rejane Bonato Negrelle, Luiz Antônio Biasi, Neusa

Gomes de Almeida Rücker, Patrícia Teixeira Padilha da Silva Penteado e Solange

Ribas Zaniolo.

Aos professores da banca de defesa, cujas importantes contribuições foram

fundamentais para melhoria final do trabalho: Raquel Rejane Bonato Negrelle,

Roseane Fett, Marcelo Maraschin, Luiz Antônio Biasi e Patrícia Teixeira Padilha da

Silva Penteado.

À Coordenação atual e antecessora do Programa de Pós-Graduação em

Agronomia/Produção Vegetal por permitir a realização do curso e pela compreensão

pelos momentos familiares difíceis vivenciados.

À chefia atual e antecessora do departamento de Saúde Comunitária, da

Universidade Federal do Paraná, por concordarem com a realização do curso, bem

como pela aquisição do material de laboratório necessário para a realização da fase

experimental da tese.

Aos coordenadores dos Programas de Pós-Graduação em Tecnologia de

Alimentos e Ciências Farmacêuticas, ano 2000, desta Universidade, por permitirem

cursar algumas disciplinas que integram os referidos Programas.

À Prof3. Eliane Rose Serpe Elpo pelo incentivo e importantes opiniões durante

a fase experimental, pela compreensão e auxílio em atividades didáticas.

iii

Page 5: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

Às Profs. do departamento de Saúde Comunitária e funcionárias da

Secretaria Estadual de Saúde do Paraná, Ivana Mikilita e Márcia Lopes, pelas

interessantes críticas e sugestões.

Aos professores Marilis Dallarmi Miguel, Maria Madalena Gabriel e Obdulio

Gomes Miguel, pelo incentivo e amizade.

Às bibliotecárias do Setor de Ciências Exatas e Agrárias, da Universidade

Federal do Paraná, Sr33. Eliane Maria Stroparo e Angela P. Farias Menegatto, pela

revisão nas referências e Sr3. Simone Amadeu pela correção da ficha catalográfica.

Ás estagiárias Adriana e Giovana, pelo auxílio prestado.

À Prof3. Eilen B. de Franco e ao acadêmico Nestor Bragagnolo Filho, pela

correção nas versões em inglês.

Aos técnicos da SEAB/PR, EMATER/PR, SESA/PR, Secretaria Municipal de

Saúde e de outras empresas públicas e privadas, aos produtores agrícolas,

empresários e comerciantes pelas informações prestadas.

Aos professores, técnicos e acadêmicos pelo importante auxílio durante os

trabalhos práticos, seguem agradecimentos especiais nos capítulos que integram

esta tese.

Aos professores e colegas da Pós-Graduação, que pelos ensinamentos,

espírito cooperativo e agradável convívio, colaboraram para a concretização de mais

uma etapa da minha vida.

Às secretárias do Departamento de Saúde Comunitária, Maria Luiza e

Cristiane, às secretárias do Programa de Pós-Graduação, Lucimara e Lurdinha,

pelos auxílios prestados, ao Sr. Zulmiro do Setor de xerox e demais funcionários da

UFPR que de alguma forma colaboraram.

Ao meu marido, Vorner, pelo incentivo e às minhas filhas Letícia e Cíntia, pela

compreensão.

Aos meus familiares pelo carinho e apoio, em especial aos meus sobrinhos

Andréa e Alexandre pelo auxílio prestado.

À minha secretária Arlete, pelos cuidados com minhas filhas.

iv

Page 6: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

BIOGRAFIA DO AUTOR

ELIANE CARNEIRO GOMES, filha de Joaquim Carneiro Filho e Malvina

Cascaes Carneiro, nasceu em Florianópolis, Estado de Santa Catarina, aos 2 de

dezembro de 1960. É casada com Vorner de Paula Gomes e mãe de duas filhas,

Letícia e Cíntia Carneiro Gomes.

Cursou o ensino fundamental no Colégio Coração de Jesus e o ensino médio

no Instituto Estadual de Educação em Florianópolis, SC. Em julho de 1981 recebeu

o grau de farmacêutico e em dezembro de 1982, concluiu a habilitação

Farmacêutico-Bioquímico, conferidos pela Universidade Federal de Santa Catarina.

Em março de 1989 recebeu o grau de Mestre em Química, também pela

Universidade Federal de Santa Catarina.

De 1982 a maio de 1989 trabalhou no Instituto Nacional de Previdência Social

em Florianópolis. De junho de 1989 à dezembro de 1993, foi cedida pelo Ministério

da Saúde para desenvolver projeto de Fitoterapia junto a Universidade Federal do

Paraná. Em dezembro de 1993 iniciou atividade docente na disciplina de Saúde

Pública, do departamento de Saúde Comunitária da Universidade Federal do

Paraná. Em setembro de 1998 ingressou como aluna especial e em 2000 regular, no

Curso de Doutorado em Agronomia, área de concentração Produção Vegetal, no

Departamento de Fitotecnia e Fitossanitarismo da Universidade Federal do Paraná.

XIV

Page 7: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS E QUADROS xii

LISTA DE FIGURAS xiv

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS xv

RESUMO xvi

ABSTRACT xvii

INTRODUÇÃO GERAL 1

REFERÊNCIAS 5

1 Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf: ASPECTOS BOTÂNICOS E ECOLÓGICOS 8

1.1 Classificação botânica 8

1.2 Origem e distribuição 11

1.3 Caracterização botânica 11

1.4 Folha 12

1.4.1 Caracteres organolépticos 12

1.4.2 Elementos morfológicos e histológicos característicos 12

1.4.3 Caracteres organolépticos do óleo essencial 12

1.4.4 Pesquisa olfativa 13

1.5 Etnobotânica 13

1.6 Exigências ambientais 14

1.7 Fenologia 15

1.8 REFERÊNCIAS 16

2 Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf: FITOQUÍMICA E ATIVIDADES FARMACO-

LÓGICAS 21

2.1 Fitoquímica 21

2.1.1 Procedimento para a identificação química do óleo essencial 21

2.1.2 Constantes físico- químicas 21

2.1.3 Caracterização do composto marcador - citral 22

2.1.4 Doseamento 23

2.1.5 Ensaios de pureza 24

2.1.6 Falsificações 24

2.1.7 Composição química do óleo essencial 25

vi

Page 8: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

2.2. Atividades farmacológicas 31

2.2.1 Atividades sobre o sistema nervoso central 31

2.2.2 Atividade antitumoral e anticancerígena 31

2.2.3 Atividade antimicrobiana 32

2.2.4 Atividade repelente a insetos e inseticida 34

2.2.5 Atividade diurética e antiinflamatória 35

2.2.6 Resultados farmacológicos diversos 36

2.2.7 Toxicidade e efeitos adversos 36

2.2.8 Alelopatia 37

2.3. REFERÊNCIAS 37

3 ESTUDO PROSPECTIVO DA CADEIA PRODUTIVA DE Cymbopogon citratos

(D.C.) Stapf NO ESTADO DO PARANÁ 51

RESUMO 51

ABSTRACT 51

3.1 INTRODUÇÃO 52

3.2 MATERIAL E MÉTODOS 53

3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 55

3.3.1 Panorama do volume de Produção agroindustrial paranaense 55

3.3.1.1 Principais locais de produção- dados da SEAB/PR 55

3.3.1.2 Volume e valor bruto da produção agrícola- dados da SEAB/P 56

3.3.1.3 Evolução da produção agrícola- dados da SEAB/PR 57

3.3.1.4 Exportações- dados da SECEX/DECEX 58

3.3.2 Setor primário - comunidade agrícola produtora- dados da SEAB/PR e

pesquisa de campo 59

3.3.2.1 Caracterização geral das propriedades 61

3.3.2.2 Caracterização geral da tecnologia empregada na condução da lavoura.... 62

3.3.2.3 Origem e destino da produção paranaense de capim-limão 62

3.3.3 Setor secundário - indústrias processadoras de capim-limão no Paraná 64

3.3.3.1 Controle de qualidade pelas indústrias e agroindústrias paranaenses 67

3.3.3.2 Origem e destino do capim-limão processado pelas empresas do Paraná.. 68

3.3.4 Setor terciário - comercialização do capim-limão no Paraná 69

vii

Page 9: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

3.3.5 Integração entre os diferentes setores na cadeia produtiva do capim-limão no

Paraná 7 0

3.3.6 Limitações e pontos de estrangulamento na cadeia produtiva paranaense do

capim-limão 72

3.3.6.1 Na produção agrícola 72

3.3.6.2 No processamento industrial 74

3.3.6.3 Na comercialização na Região Metropolitana de Curitiba 78

3.4 AGRADECIMENTOS 80

3.5 REFERÊNCIAS 80

ANEXO 3.1 83

ANEXO 3.2 84

ANEXO 3.3 85

4 Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf : CARACTERIZAÇÃO GERAL DO CULTIVO

NO ESTADO DO PARANÁ, BRASIL 86

RESUMO 86

ABSTRACT 86

4.1 INTRODUÇÃO 87

4.2 MATERIAL E MÉTODOS 88

4.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 88

4.3.1 Propagação 88

4.3.2 Preparo do solo 89

4.3.3 Época de plantio 90

4.3.4 Espaçamento

4.3.5 Adubação 92

4.3.6 Tratos culturais 93

4.3.7 Irrigação 95

4.3.8 Pragas e doenças 95

4.3.9 Parte colhida 97

4.3.10 Rendimento 97

4.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 98

4.5 REFERÊNCIAS 99

ANEXO 4.1 101

viii

Page 10: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

5 DIAGNÓSTICO DOS PROCEDIMENTOS DE COLHEITA E PÓS-COLHEITA DO

CAPIM-LIMÃO NO ESTADO DO PARANÁ, BRASIL 102

RESUMO 102

ABSTRACT 102

5.1 INTRODUÇÃO 103

5.2MATERIAL E MÉTODOS 104

5.3RESULTADOS E DISCUSSÃO 105

5.3.1 Colheita 105

5.3.2 Beneficiamento 108

5.3.2.1 Secagem natural a pleno sol 108

5.3.2.2 Secagem natural à sombra à temperatura ambiente 109

5.3.2.3 Secagem em secadores com ar aquecido 110

5.3.3 Embalagem e armazenamento 110

5.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES 112

5.5 REFERÊNCIAS 113

6 ACONDICIONAMENTO E ROTULAGEM DO CHÁ DE CAPIM-LIMÃO (Cymbo-

pogon citratus (D.C.) Stapf COMERCIALIZADO PELO SEGMENTO SUPER-

MERCADO NA CIDADE DE CURITIBA, PARANÁ, BRASIL 116

RESUMO 116

ABSTRACT 116

6.1 INTRODUÇÃO 117

6.2 MATERIAL E MÉTODOS 120

6.2.1 Área estudada 120

6.2.2 Seleção dos estabelecimentos avaliados 121

6.2.3 Obtenção e análise dos dados 123

6.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 124

6.3.1 A rotulagem obrigatória do chá enquanto alimento 124

6.3.1.1 Identificação da origem das marcas 124

6.3.1.2 Forma de comercialização e acondicionamento 127

6.3.1.3 Denominação de venda do alimento ou nome específico 127

6.3.1.4 Conteúdo líquido 128

6.3.1.5 Alegação de efeito ou propriedade terapêutica ou medicinal 130

ix

Page 11: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

6.3.1.6 Outros itens do rótulo 130

6.3.2 Rotulagem nutricional do chá de capim-limão 130

6.3.3 Uso de irradiação ou processo análogo 131

6.3.4 Produção orgânica de chá de capim-limão 131

6.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES 132

6.5 AGRADECIMENTOS 132

6.6 REFERÊNCIAS 133

7 AVALIAÇÃO DO ACONDICIONAMENTO E DA ARMAZENAGEM DE CHÁS NO

SETOR SUPERMERCADISTA: SUBSÍDIOS À FISCALIZAÇÃO SANITÁRIA137

RESUMO 137

ABSTRACT 138

7.1 INTRODUÇÃO 138

7.2 MATERIAL E MÉTODOS 140

7.2.1 Seleção dos estabelecimentos avaliados e coleta de dados 141

7.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 142

7.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 144

7.5 AGRADECIMENTOS 145

7.6 REFERÊNCIAS 149

8 QUALIDADE MICROBIOLÓGICA E FÍSICO- QUÍMICA DE MARCAS DE CHÁ

DE CAPIM-LIMÃO COMERCIALIZADAS PELO SEGMENTO SUPERMERCA -

DO NA CIDADE DE CURITIBA, PARANÁ 152

RESUMO 152

ABSTRACT 153

8.1 INTRODUÇÃO 154

8.2 MATERIAL E MÉTODOS 157

8.2.1 Seleção das marcas analisadas 157

8.2.2 Preparo e análise das amostras 157

8.2.3 Controle de qualidade do experimento 159

8.2.4 Legislação de referência 161

8.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 162

8.3.1 Qualidade microbiológica e físico-química do produto seco 162

8.3.2 Qualidade microbiológica do infuso 168

XIV

Page 12: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

8.3.3 Análise crítica da legislação vigente e considerações finais 169

8.4 AGRADECIMENTOS 170

8.5 REFERÊNCIAS 171

9 RECOMENDAÇÕES E PROPOSTAS AOS AGENTES ECONÔMICOS DA CA-

DEIA PRODUTIVA DO CAPIM-LIMÃO NO ESTADO DO PARANÁ 176

GLOSSÁRIO 179

xi

Page 13: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

LISTA DE TABELAS E QUADROS

TABELA 3.1 Evolução da produção agrícola de capim - limão (Cymbopogon citratus

(D.C.) Stapf), por Núcleo Regional.-SEAB/PR-1997/2001 58

TABELA 3.2 Exportações e importações brasileiras de capim - limão (Cymbopogon

citratus (D.C.) Stapf) - 1993/2003 (óleo essencial) 59

TABELA 3.3 Produção de capim-limão (Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf), no Esta-

do do Paraná - safra 1998/1999 60

TABELA 3.4 Produção Agrícola de Capim-limão (Cymbopogon Citratus (D.C.)Stapf)

em escala comercial nos municípios produtores por Núcleos Regionais

da SEAB/PR em ordem decrescente de área de produção -abr.-nov.

2000 60

TABELA 3.5 Origem e destino industrial da matéria prima gerada do cultivo de ca -

pim-limão no Estado do Paraná, 2000 64

TABELA 3.6 Indústrias e agroindústrias identificadas como receptoras e processa -

doras de capim-limão no Paraná, 2001 66

TABELA 3.7 Capacidade nominal instalada e capacidade de produção das indústri-

as e agroindústrias processadoras de capim-limão, no Paraná,

2001 67

TABELA 3.8 Origem- destino do capim-limão processado pelas empresas do Estado

do Paraná-2001 68

TABELA 3.9 Comercialização do capim-limão produzido e industrializado no Paraná

-2001 69

TABELA 5.1 Distribuição da porcentagem de agricultores em relação à primeira co -

lheita após o plantio e a época do ano de colheita do capim-limão no

Estado do Paraná, 2000 106

TABELA 6.1 Estabelecimentos do segmento supermercado selecionados para a

análise das marcas de chá de capim-limão comercializadas em

Curitiba 122

TABELA 6.2 Disponibilidade das marcas de chá de capim-limão no segmento super-

mercado na cidade de Curitiba - ago-out. 2001 125

TABEU\ 6.3 Marcas de chá de capim-limão comercializadas pelo segmento super-

xn

Page 14: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

mercado na cidade de Curitiba e respectivas procedências -ago-out

2001 126

TABELA 6.4 Informações sobre as marcas de chá de capim-limão comercializadas

pelo segmento supermercado na cidade de Curitiba - ago.-out. 2001

129

TABELA 7.1 Síntese do desempenho dos estabelecimentos avaliados quanto a qua

lidade de armazenagem de chás, em Curitiba - 2001 146

TABELA 7.2 Desempenho geral detalhado da armazenagem de chás em supermer-

cados de Curitiba - 2001 147

TABELA 8.1 Análises microbiológicas e fisico-químicas procedidas em marcas de

chá de capim-limão comercializadas no segmento supermercado de

Curitiba-nov.2001- nov.2002 167

QUADRO 9.1 Recomendações e Propostas para os agentes da cadeia produtiva do

capim-limão do Estado do Paraná 177

xiii

Page 15: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1.1 Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf 8

FIGURA 2.1 Estruturas dos compostos marcadores detectados no óleo essencial

de C. citratus. (1) neral, (2) geranial, (3) limoneno,(4)citronelal, (5) mir-

ceno, (6) geraniol 30

FIGURA 3.1 Mapa do Estado do Paraná evidenciando os Núcleos Administrativos

Regionais da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná

(SEAB/PR) 56

FIGURA 3.2 Representação esquemática da origem e destino da produção de ça

pim-limão do Estado do Paraná, 2000 63

FIGURA 3.3 Óleo essencial de capim-limão 65

FIGURA 3.4 Vela aromatizada pelo emprego do óleo de capim-limão 65

FIGURA 3.5 Chás comerciais de capim-limão 65

FIGURA 3.6 Fluxograma da cadeia produtiva do capim-limão no Paraná 71

FIGURA 4.1 Vista geral do cultivo de capim-limão no NRA de Cascavel, 2000 93

FIGURA 4.2 Cultivo de capim-limão após a colheita da folhagem. NRA de Cascavel

2000 94

FIGURA 5.1 Detalhe da colheita de capim-limão, NRA de Cascavel, PR- 2000.. 107

FIGURA 5.2 Detalhe da área de cultivo de capim-limão pós-colheita, NRA de Casca-

vel, PR- 2000) 107

FIGURA 6.1 Localização da área de estudo, Curitiba, Paraná, Brasil 120

FIGURA 6.2 Localização das 8 administrações regionais de Curitiba (PR) com res -

pectivos percentuais populacionais 121

FIGURA 8.1 Estufa bacteriológica termostatizada acoplada a termômetro calibrado,

contendo placas de petri e tubos de ensaio com meios de cultura.. 160

FIGURA 8.2 Banho-Maria termostatizado, evidenciando tubos com meio de Escherí

chia coli (E.C.) 161

FIGURA 8.3 Seqüência de meios de cultura empregados na técnica dos tubos múlti

pios de fermentação 163

FIGURA 8.4 Colônias suspeitas de Escherichia coli, em meio de Eosina Azul de Me

tileno (E.A.M), de chá de capim-limão (produto seco) 163

FIGURA 8.5 Testes microbiológicos de confirmação da presença de E.coli. 165

XIV

Page 16: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas ABRAS - Associação Brasileira de Supermercados Ago. - Agosto ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária APHA - American Public Heatth Asociation APRAS - Associação Paranaense de Supermercados AR - Administrações Regionais ASSESSOAR - Associação de Estudos, Orientação e Assistência Técnica Rural BHT - Hidroxitolueno butilado °C - Graus Célsius CELEPAR - Companhia de Processamento de Dados do Estado do Paraná CG - Cromatografia Gasosa CONSEPA - Conselho Nacional dos Sistemas Estaduais de Pesquisa Agropecuária D.C. - De Candolle DECEX - Departamento de Comércio Exterior E.C. - Escherichia coli EM - Espectro de Massas EMATER - Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Paraná. FDA - Food And Drug Administration ha - Hectare IAPAR - Instituto Agronômico do Paraná ICMS - Imposto de Circulação de Mercadorias ICMSF - International Commission on Microbiological Specifications For Foods INCQS - Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde IPPUC - Instituto de Pesquisa e Planejamento de Curitiba ISO - Organização Internacional de Normalização MT - Mato Grosso MV - Milivolt n° - Número Nov. - Novembro NRA - Núcleo Regional Administrativo OMS - Organização Mundial da Saúde Out. - Outubro pH - Potencial Hidrogênio-iõnico PIQ - Padrão de Identidade e Qualidade PR - Paraná PROFIQUA - Associação Brasileira de Profissionais da Qualidade de Alimentos RDC - Resolução da Diretoria Colegiada Rf - Fator de Retenção S/A - Sociedade Anônima SBCTA - Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia de Alimentos SC - Santa Catarina SEAB - Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento SECEX - Secretaria de Comércio Exterior SESA - Secretaria Estadual de Saúde SNC - Sistema Nervoso Central SP - São Paulo t - Tonelada UFC - Unidade Formadora de Colônia UFPR - Universidade Federal do Paraná V/P - Volume/Peso V/V - Volume/Volume VBP - Valor Bruto da Produção Agrícola WHO - World Health Organization.

XIV

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RESUMO

Considerando-se o mercado promissor para produtos naturais e sua crescente demanda, aliados à carência de conhecimentos em várias áreas, especialmente estudos que relacionam a qualidade aos segmentos da cadeia produtiva das espécies, este trabalho teve como objetivo realizar estudos a respeito da qualidade de Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf no cultivo, industrialização e comercialização, relacioná-los às suas possíveis causas e propor soluções aos agentes envolvidos na cadeia produtiva da espécie, no Estado do Paraná; visando subsidiar a melhoria do sistema como um todo. Este trabalho envolveu pesquisa de campo, entrevistas com produtores e outros agentes da cadeia de produção, além de diferentes análises laboratoriais de qualidade do produto bruto, beneficiado ou final disponível no mercado consumidor de Curitiba (2000-2003). Os resultados desta pesquisa compõe os 9 capítulos que integram este documento. Nos capítulos 1 e 2, apresenta-se uma vasta revisão de literatura englobando aspectos botânicos, ecológicos, fitoquímicos e farmacológicos do capim-limão, sendo o composto químico principal o aldeído citral, destacando-se as ações analgésica, antimicrobiana, inseticida e antitumoral da planta. No Capítulo 3, apresenta-se o estudo prospectivo da cadeia produtiva do capim-limão no Estado do Paraná, evidenciou como principais componentes desta cadeia: a unidade produtiva, a agroindústria, a indústria (química, alimentícia e farmacêutica), o comércio (atacadista e varejista) e o mercado consumidor (interno e externo). No Capítulo 4, um panorama detalhado dos procedimentos associados ao cultivo do capim-limão no Estado do Paraná, evidenciou as congruências e divergências dos dados de pesquisa de campo com o descrito na literatura como adequado para este tipo de cultura. No capítulo 5, trata-se das etapas de colheita e pós-colheita (beneficiamento, embalagem e armazenamento) do capim-limão praticados pelos produtores paranaenses, com vistas a subsidiar a oferta de um produto de boa qualidade. No capítulo 6, apresentam-se informações sobre embalagem e rotulagem das marcas de chá de capim-limão comercializadas pelo segmento supermercado na cidade de Curitiba, detectando-se 19 marcas. No capítulo 7 são apresentados os resultados de pesquisa exploratório-descritiva realizada no setor supermercadista visando avaliar a qualidade e adequabilidade do acondicionamento (embalagem) e local de armazenagem de chás frente à legislação vigente. Além disso, elaborou-se um instrumento base para incrementar a inspeção sanitária neste setor de comercialização. A pesquisa apresentada no Capítulo 8 visou avaliar 4 marcas de chá de capim-limão comercializadas na região metropolitana de Curitiba, no que concerne à qualidade microbiológica e físico-química, tendo como base a legislação brasileira do Ministério da Saúde para alimentos. Evidenciou-se a presença de bactérias como Escheríchia coli, além de bolores e leveduras, com presença de Aspergillus niger em duas amostras. Não foi detectada Salmonella sp., nem aflatoxinas. No capítulo 9, sintetizando os diferentes problemas e gargalos evidenciados nos trabalhos anteriormente citados, é apresentado um conjunto de recomendações e propostas aos agentes econômicos que atuam e processam na cadeia produtiva do capim-limão no Estado do Paraná.

Palavras-chave: planta medicinal, cadeia produtiva, chá

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ABSTRACT

Regarding the promising market of natural products and its crescent requires, associated with a lack of knowledge in various areas, particularing studies that relates the quality and segments of produtctive chain of all sorts of species, the objetive of this work was to realize studies about the quality of Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf in the crop, industrialization and marketing, to link with its possible causes and to propose solutions to envolved agents in the productive chain of species, in Paraná State, aiming at to subsid the improvement of the system in general. This work involved field research, interviews with producers and agents of productive chain, besides diferent laboratories analysis of quality of crude product, processed or final available to consumer market in Curitiba (2000-2003). The results of this research compose the nine chapters that integrate this document. The chapters 1 and 2, introduce extensive revision of botanical, ecological, phytochemical and pharmacological aspects of lemon grass, were identified the main chemical compound as the aldehyde citral, and the main pharmacological actions were: analgesic, anti-microbial, insecticide and anti-tumor. The chapter 3, results of the research to give subsidies for the comprehension of chain production of lemon grass in Paraná State. Identifyied as main components of the productive chain: the productive unit, the agroindustry, the industry (chemical, nutritive and pharmaceutical), the market (wholesale and retail) and the consumer ( interior and exterior). The chapter 4, a detailed view of proceedings associated to the crop in this State, evidencing the congruency and divergency of field research data and what is reported on literature as been suitable for this crop. The chapter 5 refers the harvest and postharvest (processing, package and storage) of lemon grass executed by producers of Paraná State, to give subsidies to the offer of good quality product. The chapter 6 introduces informations about packaging and labelling of lemon grass tea trademarks commercialized by supermarkets in Curitiba city, were evidenced nineteen trademark. The chapter 7 presents data from an explorative-descriptive research that took place in the supermarkets sector to evaluate the quality and adequability of packaging and storage areas of teas considering current legislation. Besides providing a general view about the situation of tea storage, this research had the purpose of creating a base instrument to develop the sanitary inspection in this sector of marketing. The research presented in chapter 8 aimmed to evaluate four lemon grass tea trademarks marketed in the metropolitan area of Curitiba, regarding their microbiology and physical-chemical quality based on the Brazilian Health Departament food legislation. Evidenced bacterial contamination with Escherichia coli and others, besides moulds and yeasts, with presence of Aspergillus niger in two samples. Salmonella sp and aflatoxins were absent. The chapter 9 synthetizing the diferent problems and strangulations evidenced in the previously cited chapters, is presented a group of proposes and recommendations to the economic agents that act and carry in productive chain of lemon grass in Paraná State.

Key words: medicinal plant, productive chain, tea.

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INTRODUÇÃO GERAL

As plantas medicinais, aromáticas e condimentares representam enorme

potencial como alternativa de diversificação e reconversão nas pequenas

propriedades agrícolas, proporcionando maior renda, maior ocupação do solo e da

mão-de-obra, além da sustentabilidade produtiva como um todo. Salienta-se que o

valor venal das plantas medicinais e aromáticas é, em média, melhor que a maioria

dos produtos agrícolas convencionais e os óleos essenciais, obtidos destas, são

ainda mais valorizados. Portanto, trata-se de uma atividade de alta importância

econômica (Plantas bioativas, 2001).

O mercado para os produtos naturais é promissor e sua demanda é

crescente, entretanto a falta de qualidade da matéria-prima é um problema freqüente

neste ramo, principalmente quanto às adulterações, a não conformidade da

composição química e às contaminações. Estes problemas são principalmente

decorrentes da ausência de cultivos sistemáticos e controlados. Em geral, são

utilizadas plantas silvestres, provenientes de extrativismo, obtidas de acordo com as

necessidades do mercado, sem épocas e locais definidos de colheita. Isto reflete

negativamente na qualidade da matéria-prima, especialmente em relação aos teores

de substâncias ativas que a planta deveria apresentar. Além disso, a qualidade da

matéria-prima é substancialmente afetada por contaminações com agentes diversos,

oriundos de colheita mal feita, armazenamento em locais impróprios ou provenientes

de inadequações dos demais níveis da cadeia de produção de uma espécie vegetai

(Farias et al., 1985).

Todos estes problemas podem causar sérios prejuízos aos consumidores

que, por sua vez, freqüentemente já são pessoas com agravos à saúde (Farias et

al., 1985). Segundo o Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde-

INCQS, da Fundação Oswaldo Cruz, 90% das plantas medicinais comercializadas a

granel ou embalada apresenta-se fora dos padrões legais. Desta forma, em muitos

casos, o produto utilizado pela população ou pela indústria, não apresenta as

propriedades terapêuticas e/ou condimentares preconizadas e/ou está contaminado

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por impurezas, sujidades ou microrganismos, como bactérias coliformes fecais

(Correia Júnior1, 1996).

Considerando o exposto e sabendo-se que a qualidade do medicamento/

alimento começa com a qualidade da matéria-prima, ou seja, começa no campo, é

imprescindível que haja o controle do processo produtivo e a responsabilidade do

produtor assim como dos demais níveis da cadeia de produção destes produtos. É

preciso que o produtor tenha consciência de que, ao produzir e comercializar uma

planta medicinal, está produzindo matéria-prima para a produção de medicamento/

alimento e que a qualidade obtida vai ser fruto dos procedimentos utilizados desde a

escolha das plantas matrizes, envolvendo todos os passos do sistema de cultivo até

os processos de beneficiamento e posterior comercialização (Montanari Júnior,

2001; Magalhães, 2001).

O Paraná, segundo a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do

Paraná - EMATER, destaca-se entre os estados brasileiros produtores de plantas

medicinais, por ser referenciado como o maior produtor de plantas aromáticas

(EMATER, 1998).

Dentre as plantas aromáticas cultivadas no Paraná, destaca-se o capim-limão

- Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf. Esta planta, atualmente, encontra-se entre os 10

componentes do grupo dos produtos especiais de maior importância socio-

económica e financeira para as comunidades agrícolas paranaenses. Segundo

dados da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná,

(PARANÁ, 2001), a produção agrícola de capim-limão, safra 1999/2000, foi de

280,25 toneladas, englobando área de 26,2 hectares e representando

aproximadamente 311 mil reais no Valor Bruto da Produção Agrícola (VBP) no

Estado do Paraná. Para a safra 2000/2001, registra-se um incremento na produção

de 14 % representado por quase 320 toneladas, em área superior a 23 hectares,

contribuindo para o VBP em mais de 650 mil reais (PARANÁ, 2002).

Esta espécie é uma gramínea perene, de porte alto, originária da índia

(Paviani, 1964) e no Brasil desenvolve-se bem, preferencialmente em climas

quentes e úmidos com chuvas bem distribuídas e temperatura média elevada

1 CORREA JÚNIOR, C. Considerações gerais sobre plantas potenciais medicinais aromáticas e

condimentares. Comunicação interna: EMATER, 1996. 3p.

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(Thapa et al., 1971). No Estado do Paraná, a espécie é cultivada principalmente nas

regiões oeste, centro-oeste, noroeste e norte pioneiro. Além do uso popular bastante

reconhecido, principalmente para distúrbios nervosos e estomáquicos, o capim-limão

tem emprego industrial vasto. As folhas desidratadas são utilizadas, sobretudo, pela

indústria alimentícia para o fabrico de chás. O óleo essencial, extraído das folhas,

tem empregos diversos, tanto na indústria alimentícia, como flavorizante e

aromatizante, quanto na indústria farmacêutica, na produção de fitoterápicos,

inseticidas, cosméticos e perfumaria (Bhattacharyya, 1970; Thapa et al., 1971).

Várias propriedades do capim-limão foram comprovadas em experimentos

científicos, citando-se entre estas as ações antimicrobiana, analgésica,

anticancerígena, repelente a insetos e inseticida e como fonte de vitamina A

(Onawunmi et al., 1984 e 1988; Lorenzetti et al., 1991; Adebayo e Gbolade, 1994;

Balboa e Lim, 1995; Chalchat et al, 1997, Dubey et al., 1997; Gilbert et al., 1999;

Martins e Melo; 2002, entre outros).

Apesar de seu reconhecido uso popular e importante aplicação industrial, o

capim-limão carece de estudos em várias áreas do conhecimento. Por exemplo, a

espécie não está descrita na Farmacopéia Brasileira, consta apenas a monografia

do óleo essencial (Farmacopéia, 1959), o que limita o seu uso como fitoterápico.

Também, existem importantes lacunas no que concerne ao seu conhecimento

botânico e agronômico. Não há registro de floração desta espécie ou é citada como

de ocorrência muito restrita, entretanto, não existem estudos que justifiquem a

ausência de floração ou que busquem otimizá-la. Dado que a reprodução sexuada,

dependente da floração, é processo fundamental na obtenção de sementes e que

estas, por sua vez, garantem variabilidade genética, isto representa um impedimento

para melhoria genética da espécie.

Entre outros aspectos, igualmente, há deficiência no que se refere a estudos

de qualidade com relação ao cultivo. Especificamente, não há registro de pesquisas

que associem o sistema de produção e demais níveis da cadeia produtiva da planta

com a qualidade da matéria-prima, seja "in natura", beneficiada ou como produto

final comercializado (chá ou óleo essencial).

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Desta forma, o presente trabalho visou realizar estudos a respeito da

qualidade de Cymbopogon citratus no cultivo, industrialização e comercialização,

relacioná-los as suas possíveis causas e propor soluções aos agentes envolvidos na

cadeia produtiva da espécie, visando subsidiar a melhoria do sistema como um todo.

Este trabalho envolveu pesquisa de campo, entrevistas com produtores e

outros agentes da cadeia de produção, além de diferentes análises laboratoriais de

qualidade do produto bruto, beneficiado ou final disponível no mercado consumidor

de Curitiba. O resultado desta pesquisa compõe os 9 capítulos que integram este

documento.

Nos capítulos 1 e 2, apresenta-se uma vasta revisão de literatura englobando

aspectos botânicos, ecológicos, fitoquímicos e farmacológicos do capim-limão. A

partir da compilação de dados sobre a classificação e aspectos botânicos

associados às exigências ambientais, buscou sistematizar a informação científica

existente para apresentá-la de forma clara e acessível à comunidade em geral. A

ampla descrição dos constituintes químicos e das atividades biológicas, objetivou

ressaltar o potencial desta planta como recurso farmacêutico e económico.

Considerando a importância da espécie e visando uma ação integrada do

setor, no Capítulo 3 apresentam-se resultados de pesquisa que objetivaram

subsidiar o entendimento da cadeia produtiva do capim-limão no Estado do Paraná.

Especificamente, buscou-se apresentar o panorama do volume de produção agro-

industrial paranaense desta espécie; caracterizar a comunidade produtora agrícola

de capim-limão; identificar e caracterizar outros diferentes níveis da cadeia produtiva

do capim-limão e, por fim, detectar os principais pontos de estrangulamento em

diferentes níveis desta cadeia produtiva no Estado.

No Capítulo 4, apresenta-se um panorama detalhado dos procedimentos

associados ao cultivo do capim-limão no Estado do Paraná, evidenciado as

congruências e divergências dos dados de pesquisa de campo com o descrito na

literatura como adequado para este tipo de cultura.

No capítulo 5, trata-se das etapas de colheita e pós-colheita (beneficiamento,

embalagem e armazenamento) praticados pelos produtores paranaenses, com

vistas a subsidiar a oferta de um produto de boa qualidade. Os dados obtidos foram

confrontados com a literatura especializada, no sentido de identificar as potenciais

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5

inadequações e propor alternativas de melhoria destes processos quando

pertinentes.

No capítulo 6, apresentam-se informações sobre embalagem e rotulagem das

marcas de chá de capim-limão comercializadas pelo segmento supermercado num

centro de industrialização e comercialização de grande parte da produção de chá de

capim limão do Estado - cidade de Curitiba, buscando também subsidiar o controle

de qualidade deste produto.

No capítulo 7 são apresentados os resultados de pesquisa exploratório-

descritiva realizada no setor supermercadista a fim de avaliar a qualidade e

adequabilidade do acondicionamento (embalagem) e local de armazenagem de chás

frente à legislação vigente. Além de proporcionar um panorama geral da situação de

armazenagem de chás também buscou-se gerar um instrumento base para

incrementar a inspeção sanitária neste setor de comercialização.

Em função do grande volume de produção e comercialização do capim-limão

no estado do Paraná, deduzidos a partir das estatísticas da Companhia de

Processamento de Dados do Estado do Paraná (CELEPAR, 2003), estima-se que

uma potencial contaminação microbiológica deste produto poderia representar alto

risco para a saúde pública. Desta forma, idealizou-se a pesquisa apresentada no

Capítulo 8 para avaliar 4 marcas de chá de capim-limão comercializadas na região

metropolitana de Curitiba, no que concerne à qualidade microbiológica e físico-

química, tendo como base a legislação brasileira do Ministério da Saúde para

alimentos.

Sintetizando os diferentes problemas e gargalos evidenciados nos trabalhos

anteriormente citados, um conjunto de propostas e recomendações aos agentes

econômicos que atuam e processam a cadeia produtiva do capim-limão no Estado

do Paraná, é apresentado no Capítulo 9. Desta forma, espera-se contribuir com a

melhoria de qualidade dos diversos segmentos desta cadeia, que por sua vez,

propiciará benefícios econômicos e salutares.

REFERÊNCIAS

ADEBAYO, T. A.; GBOLADE, A. A. Protection of stored cowpea from Callosbruchus

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6

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1 Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf: ASPECTOS BOTÂNICOS E ECOLÓGICOS1•

1. 1 Classificação Botânica

Cymbopogon citratus (Figura 1.1 ), descrito inicialmente como Andropogon

citratus por De Candolle e re-classificado por Otto Stapf, pertence à Poaceae, uma das

maiores famílias de plantas que engloba cerca de 500 gêneros e aproximadamente

8.000 espécies essencialmente herbáceas, denominadas genericamente de gramíneas

(University, 2003). O gênero Cymbopogon inclue cerca de 30 espécies de gramíneas

perenes aromáticas, sendo a maioria destas nativas da região tropical do Velho Mundo

(Tripplebrookfarm, 2003). O nome deste gênero, Cymbopogon, deriva de kymbe (barco)

e pogon (barba); em referência ao arranjo da sua inflorescência (espiga) (Plants, 2003).

FIGURA 1.1 - Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf

1 Trabalho enviado parcialmente para a Farmacopéia Brasileira.

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Botanicamente, esta espécie está assim categorizada (Catalogue, 2003):

Reino: Plantae

Divisão: Magnoliophyta

Classe: Liliopsida

Ordem: Poales

Família: Poaceae (R.BR) Barnhart, 1895

Género: Cymbopogon Spren., 1815

Nome científico: Cymbopogon citratus p.c.).Stapf in Kew Bull. 1906, 322, 357.

- Sinonímia (Catalogue, 2003):

Andropogon cerfferus Hack

Andropogon citratus DC

Andropogon citratus DC ex Nees

Andropogon citriodorum Hort x Desf.

Andropogon nardus subesp. ceriferus (Hack) Hack

Andropodon roxburghii Nees ex Steud.

Andropogon schoenanthus L.

Cymbopogon nardus subvar. citratus (D.C.) Roberty

- Nomes populares (Seminário Tramil, 1991; Gemot, 2003)

Alemanha: zitronengras, citronella, lemongras

China: cang-mao, xiang mao cao, heung mao tsu, ching tong

Costa Rica: zacate, limón, té de limón, zacate té

Cuba: cana santa

Dinamarca: citrongrœs

Espanha: zacate de limón, te de limón, canã de limón

Estônia: harilik sidrunhein

França: citronnelle, verveine des indes

Guatemala: zacate, limón, té de limón, zacate té

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Holanda: citroengras

Honduras: zacate, limón, té de limón, zacate té

índia: sera, verveine

indonésia: sereh

Inglaterra/ Estados Unidos: lemon grass, citronella

Israel: limonit

Itália: cimbopogone

Laos: si khai, sing khai

Malásia: serai, serai dapur

República Dominicana e Venezuela: limoncillo

• Brasil:

cana-cidreira capim-jossá

cana-cidreira-do-reino capim-limão

cana-limão capim-santo

caninha-limão chá-de-estrada

capim-cidrão erva-cidreira

capim-barata facapé

capim-cheiroso falso-patchuli

capim-cidreira jaçapé

capim-cidrilho patchuli

capim-cidró verbena-da-índia

(Farmacopéia, 1959; Paviani, 1964; Silva e Bauer 1971; Reitz, 1982; Correa, 1984;

Farmacologia, 1985; Costa, 1986; Oliveira e Saito, 1991; Oliveira et al., 1991; Correa

Júnior et al., 1994; Silva Júnior et al., 1995; Akisue et al., 1996 ; Brasil, 1998).

Outras espécies recebem denominação populares idênticas ao Cymbopogon

citratus, como por exemplo: Melissa offícinalis L. (Labiatae) e Lippia alba N.E.Br

(Verbenaceae) - ambas designadas por capim-cidreira ou erva-cidreira (Liberalli et al.,

1946; Ferro et al., 1996; Gomes et al., 1997) e Killinga odoratta Vahl (Cyperaceae) -

conhecido por capim-cheiroso, capim-santo e erva-cidreira (Liberalli et al.,1946; Silva

et al., 1977; Corrêa, 1992; Chemovicz, 1996).

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1 1

1.2 Origem e distribuição

O centro de origem desta espécie é o Sudoeste asiático e, assim como outras

espécies do gênero Cymbopogon, encontra-se distribuída atualmente nas regiões

tropicais e subtropicais (Gupta e Jain, 1978).

1.3. Caracterização botânica

Erva perene, frondosa e robusta, que cresce formando touceiras de até 1 m ou

mais de altura, com rizomas curtos. Colmos simples ou ramificados, eretos, lisos,

glabros. Folhas moles, basais, glabras; bainhas fechadas na base, mais curtas que os

entre-nós, estriadas; lígula membranácea ou árida, 4-5 mm de comprimento; lâminas

eretas, planas, longo-atenuadas na base da lâmina estreita, para cima atenuada, na

ponta setácea, cerca de 1 m de comprimento, 5-15 mm de largura, margens escabrosas

e perto do ápice costa forte em baixo, alvacentas na face superior. Inflorescências

normalmente em pares de rácimos espiciformes, destes um ou outro solitário, e

terminais no colmo ou nos ramos de colmo, 30-60 cm de comprimento, eretas, entrenós

da ráquis semelhante aos pedicelos da espigueta pedicelada; rácimos desiguais, 3-6

cm de comprimento; pedicelos lineares, planos na face ventral, dorsalmente convexos,

normalmente com cavidade no ápice, vilosos, arroxeados. Espiguetas sésseis

desarmadas, canaliculadas no lado ventral, 4,5-5,0 mm de comprimento, 0,8-1,0 mm de

largura, margens crescentes, ciliadas. Glumas iguais ou subiguais, a inferior lanceolada,

bilobulada no ápice, bicarinada, com margens agudamente curvadas do meio para

cima, a superior lanceolada, 4,3-4,5 mm de compr., normalmente 1-nervada. Lema

estéril lanceolado, 3,5 mm de comprimento, 2-nervado ciliolado. Lema fértil linear, 2,5

mm de comprimento, bífido, 1-nervado, ciliolado (Reitz, 1982).

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1 2

1.4 Folha

1.4.1 Caracteres organolépticos

Apresentam odor aromático agradável, característico de limão; sabor aromático e

ardente; coloração verde-pálida (Farmacopéia, 1959; Acosta de la Luz, 1993; Akisue et

al.,1996; Ferro et al.,1996).

1.4.2 Elementos morfológicos e histológicos característicos

As folhas são longas (até 1,5 m de comprimento) e lanceoladas, de coloração

verde-pálida, cortantes ao tato quando dilacerada manualmente.

As epidermes em secção paradérmica, apresentam células de paredes espessas e

ondulosas com formatos alongados; os estômatos possuem células oclusivas em

"halteres" e os tricomas tectores são unicelulares, curtos (50 um) e curvos, constituindo

aspecto de "serra".

Em secção transversal do limbo foliar, evidencia-se mesófilo homogéneo lacunoso e

bainhas de feixe esclerenquimáticas. O feixe vascular é do tipo colateral fechado.

- Dentre as inclusões celulares, destacam-se o óleo essencial nas células parenquimá

ticas e o amido no parênquima do mesófilo. As fibras e células possuem paredes

pontuadas (Ferro et al.,1996).

1.4.3 Caracteres organolépticos do óleo essencial

Líquido amarelo, de odor característico, sabor aromático e ardente (Farmacopéia

1959; Costa, 1986).

Page 31: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

1 3

1.4.4 Pesquisa olfativa

A pesquisa olfativa é realizada a partir do esmagamento entre os dedos de folhas

recém-coletadas, quando observa-se presença de odor aromático característico.

Conforme metodologia descrita em Naskashima et al. (1985) e Mendes (1994).

1.5 Etnobotânica

O "chá" ou "abafado" preparado de suas folhas frescas ou secas é muito utilizado

na medicina popular em quase todos os continentes e abrange uma ampla gama de

indicações. É igualmente amplo o espectro de utilização de substâncias extraídas do

capim-limão, especialmente do óleo essencial. Uma descoberta que tem merecido

destaque na literatura científica refere-se à ação do óleo essencial contra células

leucêmicas (Dubey et al., 1997).

O óleo essencial, na índia, é usado para problemas gastrointestinais (Alves e

Souza, 1960). Nas Ilhas Maurício e na península Malaia, é comum utilização do chá das

folhas contra gripe, febre, pneumonia, problemas gástricos e como sudorífero (Fook2,

citado por Farmacologia, 1985). Na Nigéria, é empregado como antifebril e por seus

efeitos estimulantes e antiespasmódico (Olaniyi et al., 1975). Na Indonésia, a planta é

indicada para ajudar a digestão, promover diurese, sudoração e como emenagogo

(Hirschorn, 1983) e, em Trinidad e Tobago, usada para combater diabetes (Mahabir e

Gulliford, 1997). Ainda na África e Ásia, é considerado como antitussígeno, antisséptico,

sudorífero, estomáquico, anti-reumático e para tratar lumbagos, entorses e hemopatias

(Alves e Souza, 1960).

Em vários estados do Brasil, igualmente, evidencia-se o uso popular do capim-

limão enquanto planta medicinal, vide Paviani (1964) (Rio Grande do Sul), Estudo

(1976) (Rio Grande do Norte); Agra (1977) e Alencar et al. (1994) (Paraíba); Mattos e

Graças (1980) (Brasília); Vandenberg (1980) (Mato Grosso); Deus (1981)

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1 4

(Pernambuco); Matos et al. (1982) e Ramakers et al. (1994) (Ceará); Nogueira, (1983)

(São Paulo) e Stehlmann e Brandão (1994) (Minas Gerais). É efetivamente ampla a

gama de empregos referenciados para esta planta, tais como: fortificante, digestivo,

antitussígeno, antigripal, analgésico, antiemético, anticardiopatias, antitérmico, anti-

inflamatório de vias urinárias, diurético, antiespasmódico, diaforético e antiálgico.

Segundo Nogueira (1983), o capim-cidrão foi indicado como medicamento para

"males psiconeurológicos" por 201 entre 479 mulheres que freqüentam centros de

saúde de São Paulo, sendo a planta mais utilizada para esta finalidade.

No Estado do Paraná, o capim-limão também destaca-se em vários estudos

etnobotânicos como sedativo (Perozin, 1988; Jacomassi e Piedade, 1994; Laus, 1994;

Gomes et al., 1997).

Além do uso medicinal, o óleo essencial do capim-limão é também usado nas

indústrias de alimentos (aromatizante), perfumaria e cosméticos (Bhattacharyya, 1970;

Thapa et al., 1971; Lawrence, 1978, Lorenzetti et al., 1991, Oliveira et al., 1997), sendo

esta utilização de razoável importância econômica.

1.6 Exigências ambientais

A qualidade, quantidade e duração da luz são características que tem papel

preponderante nos rendimentos agrícolas desta espécie. A posição vertical das folhas

possibilita maior área foliar por unidade de superfície de solo e uma melhor utilização

da luz como consequência imediata. Este fator conjuntamente com o aumento da

temperatura e duração do dia, determinam rápido crescimento da massa verde,

alcançando a maturidade em menor tempo (Ortiz et al., 2002).

Nair (1982) enfatiza que as condições ótimas para o desenvolvimento de C.

citratus são calor e clima úmido com plena exposição solar e chuva de 2.500-2.800 mm

ao ano uniformemente distribuídas.

Handique e Gupta (1984) registraram que este cultivo, nas condições de Jorhart

2 FOOK, W.T.H.The medicinal plants of. Mauritius. ENDA, document 10,1980.17 p.

Page 33: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

1 5

(índia), mostrou grande variação no conteúdo de óleo essencial durante o ano. Ao

relacionar os rendimentos de óleo com as variações de temperatura, evidenciaram que

o aumento ou diminuição desta, tem uma pequena relação com o conteúdo mensal de

óleo. A chuva, por outra parte, por si mesma, não teria relação com o conteúdo de óleo,

assim como a umidade relativa. No entanto, a umidade do solo teria influência em

relação ao conteúdo de óleo em comparação com outros fatores. A condição estacionai

cumulatica e sua variação sempre esteve relacionada em algum grau com o padrão de

variação total do conteúdo de óleo e, alguns fatores desconhecidos também influenciam

a variação deste conteúdo. Estes fatores desconhecidos podem ser uma variação de

algumas atividades bioquímicas ou fisiológicas rítmicas relacionadas com a síntese do

óleo essencial, que ainda precisam ser pesquisadas.

Experimentos conduzidos com o capim-limão em diferentes condições ambientais

nas Filipinas, demonstraram que houve melhor rendimento do teor de óleo e conteúdo

de citral quando a coleta das folhas era realizada na estação seca (março à junho)

(Oliveros-Belardo e Aureus, 1979).

A melhor adaptação se encontra nas zonas onde a temperatura média mensal é

de 24-26 °C, valores de temperatura acima de 35°C afetam seu crescimento, sobretudo

quando o fornecimento hídrico é deficiente. Em condições cubanas, o melhor

crescimento do sistema radicial se produz quando a temperatura do solo flutua entre

21-23 °C, retardando-se seu desenvolvimento abaixo de 21 °C como registrado para os

meses de dezembro, janeiro e fevereiro (Ortiz et al., 2002).

1.7 Fenologia

Há uma grande carência de informações a respeito da fenologia da espécie

Cymbopogon citratus. Dentre os poucos trabalhos existentes, destaca-se Soto et al.

(1984), que enfatizam que a planta raramente produz flores e sementes, propaga-se

vegetativamente, por meio dos perfilhos, que crescem ao redor das plantas adultas. O

crescimento destes perfilhos é em geral muito rápido alcançando a maturação em cerca

Page 34: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

1 6

de 180 dias, se as condições ambientais forem adequadas. Silva Júnior (2003) também

descreve que o florescimento da planta é raro.

1.8 REFERÊNCIAS

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2 Cymbopogon citratus (D.C.) STAPF: FITOQUÍMICA E ATIVIDADES FARMA-

COLÓGICAS1.

2.1 Fitoquímica

2.1 .1 Procedimento para identificação química do óleo essencial

Em tubo de ensaio, contendo 3 g de material botânico fresco, adicionar

quantidade suficiente de água destilada e aquecer até a ebulição. Receber os

vapores em lâminas de vidro e tratar o condensado com reagente SUDAM III

(Moreira, 1979; Mendes, 1994). Há desenvolvimento de coloração avermelhada

(Costa, 1986).

2.1.2 Constantes físico-químicas

• Densidade relativa (Farmacopéia,1988; Pharmacopoea Helv., 1993): No mínimo

= 0,875 e, no máximo = 0,930, à 20° C (Farmacopéia, 1959).

• índice de Retração (Farmacopéia, 1988; Pharmacopoea Helv., 1993). À 20 0 C,

No mínimo = 1,480 e no máximo = 1,493 (Farmacopéia, 1959).

• Solubilidade (Pharmacopoea Helv., 1993; Mendes, 1994). Miscível em qualquer

proporção com o álcool absoluto; a 0,5 parte de álcool, turvando, porém, pela

adição posterior de 2 ou mais partes do mesmo álcool (Farmacopéia, 1959).

' Trabalho enviado parcialmente para Farmacopéia Brasileira e Revista Fitoterapia.

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2 2

2.1.3 Caracterização do composto marcador - citral

- Identificação química do citral no óleo essencial

Em cortes de folhas frescas jovens, utilizar o reagente de Schiff. Este reage

com os aldeídos e fornece coloração púrpura-avermelhada em presença de citral

(Lewinshon, etal., 1998).

-Cromatografia em camada delgada (Stahi, 1969; Mancini, 1972; Wagner et

ai., 1984; Costa, 1986; Farmacopéia,1988; Di Stasi,1995; WHO, 1998).

Empregar utilizando sílica gel G, com espessura de 250 mm, ativada, como

suporte e mistura de tolueno-acetato de etila (77:13), como fase móvel. Aplicar

separadamente sobre a cromatoplaca 10 p.l de solução amostra e 10fxl de solução

referência preparadas como segue: solução amostra:solução à 5% (VA/) do óleo

essencial em etanol; solução padrão.solução de citral a 5% (VA/) em etanol (Akisue

etal., 1996).

Desenvolver o cromatograma em percurso de 10 cm. Em capela, deixar

evaporar os solventes mediante secagem natural ou forçada. Nebulizar com

anisaldeído sulfúrico e vanilina sulfúrica, em separado. Aquecer à 120° C por 10

minutos. O citral deve ser visualizado com Rf de 0,65 e coloração azul arroxeada

(Akisue et al„ 1996).

-Cromatografia gasosa (Costa, 1986; Farmacopéia,1988; Pharmacopoea

Helv., 1993).

Empregar óleo desidratado, por sulfato de sódio anidro e mantido à 4o C em

frasco lacrado até o momento da análise. Analisar sob as seguintes condições: fase

estacionária: DB-1/ Agilent; comprimento da coluna: 15 m; diâmetro interno da

coluna: 0,25 mm; gás de arraste: Hélio e fluxo de gás de arraste: 1 mL/min.

temperatura do detector: 300° C; temperatura da câmara de injeção: 250° C; volume

de amostra injetado: 2 microlitros (Schaneberg e Khan, 2002).

A identificação dos compostos da essência sob análise deve ser efeuada

comparativamente: as distâncias e os tempos de retenção comparar com os

padrões, nas mesmas condições de análise (Cicogna Júnior et al., 1986/1987;

Schaneberg e Khan, 2002). Injetar os padrões em triplicata (Schaneberg e Khan,

2002).

Page 41: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

2 3

O cromatograma verifica a presença de seis picos, sendo que os principais,

correspondem aos compostos nerai e geranial. Assim, o teor em citral calculado

como a soma destes dois compostos, resulta em 86,83% (Schaneberg e Khan,

2002).

- Espectrometria no infravermelho

Os espectros de absorção na região de infravermelho, empregando-se

espectrofotômetro, cujas absorções são registradas em escala de centímetros (cm1)

e célula de 0,02 mm de espessura, apresentam os seguintes resultados:

Óleo essencial de Cymbopogon citratus:

Bandas de absorção (cm1): 2790 e 2755 (vibrações de estiramento do C-H do

grupo aldeídico); 1690 ( vibrações de estiramento do grupo CO).

Amostra de citral comercial:

- Bandas de absorção (cm1): 2790 e 2755 (vibrações de estiramento do C-H do

grupo aldeídico); 1690 (vibrações de estiramento do grupo CO) (Silva e Bauer,

1971).

2.1.4 Doseamento

Determinar o teor de óleo essencial das folhas frescas, pelo método de

destilação por arraste em vapor de água (hidrodestilação) (Wasichy e Akisue, 1969;

Pharmacopoea Helv., 1993; Akisue et ai., 1996). Deve conter, no mínimo, 0,5%

(V/P), ou seja, volume de óleo destilado (em ml) para cada 100 gramas de material

(BRASIL, 1998). Teores de óleo essencial em folhas frescas variando de 0,28 à

0,86% (V/P) foram observados (Silva e Bauer, 1971; Cicogna Júnior et al.,

1986/1987; Seminário Tramil, 1991; Akisue et al., 1996).

Determinar o teor de aldeídos, calculados em citral, no óleo essencial, pelo

método da hidrazina (Farmacopéia, 1959; Costa, 1986). Deve apresentar, no

mínimo, 40% de aldeídos (citral) (Farmacopéia, 1959). O teor de citral no óleo

essencial, apresentou valores médios de 43,6% (Cicogna Júnior et al., 1986/1987) e

entre 70 à 85% (Silva e Bauer, 1971; Costa, 1986; Akisue et al., 1996).

Page 42: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

2 4

2.1.4 Ensaios de pureza

• Determinação de umidade (Farmacopéia,1988). No máximo 12% (g /100g)

(Brasil, 1998).

• Determinação de cinzas totais (Pharmacopoea Helv., 1993). No máximo 8%

(g/100g) (Brasil, 1998).

• Determinação de cinzas insolúveis em ácido clorídrico (Pharmacopoea Helv.,

1993). No máximo 2% (g/100g) (Brasil, 1998).

• Material estranho (Pharmacopoea Heiv., 1993, WHO, 1998). No máximo 2%

(g/100g) (Pharmacopoea Helv., 1993).

• Microbiologia (WHO, 1998)2. Os limites máximos aceitáveis de microrganismos

no material vegetal bruto são os seguintes: Escherichia coli - até 104/g e fungos-

até 105/g. Para o material pré - tratado (ex. decoctos, infusos): bactérias

aeróbias-no máximo 107/g; fungos e bolores - no máximo 104/g; Escherichia coli

- no máximo 102/g; outras enterobactérias - no máximo 104/g e ausência de

Salmonella sp.

2.1.6 Falsificações

As falsificações ocorrem pelo emprego de outras espécies vegetais, em

substituição ao Cymbopogon citratus, especialmente por também possuírem a

denominação popular: "erva-cidreira", como: Lippia alba (Mill) N.E.Br; Melissa

officinalis L. e Killinga odorata Vahl (Liberalli et al., 1946; Silva et al., 1977; Seminário

Tramil, 1991; Corrêa, 1992; Chernovicz, 1996; Ferro et al., 1996; Gomes et al.,

1997).

A essência raramente é falsificada, porém, ela é utilizada para falsificar a

essência de limão (COSTA, 1986).

: Padrões microbiológicos para plantas medicinais, quando consideradas medicamentos, estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde e recomendados pela legislação brasileira-RDC 17/00 (BRASIL, 2000).

Page 43: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

2 5

2.1.7 Composição química do óleo essencial

Várias espécies do gênero Cymbopogon fornencem óleo essencial

empregado na indústria de sabão, sabonete, perfumaria e produtos relacionados

assim como outros com fins medicinais. Especialmente, Cymbopogon citratus e

Cymbopogon flexuosus tem sido cultivados em vários países dado o alto teor de

citral em seu óleo essencial (70-80%) (Robbins, 1983). Paralelamente, várias

pesquisas tem sido realizadas no sentido de ampliar o conhecimento da composição

química do óleo essencial das folhas destas espécies (Chisowa et al., 1998). Estes

estudos tem revelado que embora a composição química do óleo essencial de

Cymbopogon citratus varie em função da origem geográfica, os componentes como

hidrocarbonetos terpênicos, álcoois, cetonas, ésteres e principalmente aldeídos, tem

sido constantemente registrados (Costa, 1986; Cicogna Júnior et al., 1986/1987;

Matouschek e Stahl, 1991; Trease, 1996; Silva Júnior et al.,1997). Entre as várias

substâncias isoladas e identificadas, a partir das folhas e raízes de capim-limão,

encontram-se alcalóides, saponinas, p-sitosterol, terpenos, álcoois, cetona,

flavonóides, ácido clorogênico, ácido cafeico, ácido p-cumárico e açúcares (Alves e

Souza, 1960; Olaniyi et al.,1975; Hanson et al., 1976; Gunasingh e Nagarajan, 1981;

Matouschek e Stahl, 1991; Chisowa et al., 1998).

Diferentes estudos relativos ao rendimento de óleo essencial obtiveram

percentuais bastante variáveis, no geral situando-se entre 0,28 a 1,4% (Silva e

Bauer, 1971; Cicogna Júnior et al., 1986/1987; Sargenti e Lanças, 1997; Chalchat et

al.,1997; Sidibe et al.,2001; Cimanga et al., 2002a; Kasali et al., 2001). O valor

máximo registrado foi de 3,0% obtido por hidrodestilação das folhas secas, conforme

Chisowa et al. (1998).

• Mono, Di e Sesquiterpenos

Um amplo número de constituintes tem sido identificados no óleo essencial de

C. citratus, a partir de análises por CG ou CG-EM. Apesar de variações decorrentes

da origem das plantas analisadas, há consistência na identificação de mirceno como

um composto característico desta espécie (Miyasaki et al., 1970) (Figura 2.1, p.30).

Page 44: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

2 6

Os teores de mirceno registrados são bastante variáveis, de 2 a 25,3% (Cicogna

Júnior et ai., 1986/1987; Chalchat et ai.,1997; Chisowa et ai., 1998; Menut et ai.,

2000; Cimanga et ai., 2002a; Dudai et al., 2001; Kasali et al., 2001; Sidibe et al,

2001). Mancini (1972); Faruq et al., (1994) e Torres e Ragadio (1996) citam também

a presença de mirceno embora não explicitem o percentual do mesmo.

Outro terpeno encontrado é o limoneno (Figura 2.1, p. 30), que é um dos

monoterpenos mais freqüentes em óleos essenciais. Este foi isolado em

concentrações entre 0,3 e 5% (Cicogna Júnior et al., 1986/1987; Zheng et ai., 1993;

Faruq et al., 1994; Torres e Ragadio, 1996; Chalchat at al., 1997; Chisowa et al.,

1998; Menut et al., 2000; Cimanga et al., 2002 a e Schaneberg e Khan, 2002).

Os terpenos a e (3 ocimeno foram obtidos em menores teores (Faruq et al.,

1994; Chalchat et al., 1997 e Kasali et al., 2001).

O terpeno a pineno foi isolado por Faruq et al.(1994); Torres e Ragadio

(1996); Chisowa et al. (1998) e Menut et al. (2000).

O p cariofileno é um hidrocarboneto sesquiterpênico encontrado em muitos

óleos essenciais que são obtidos por hidrodestilação (Walter, 1972). No caso do óleo

essencial de capim-limão, este hidrocarboneto também está presente e foi obtido

tanto por hidrodestilação por Torres e Ragadio (1996), quanto por extração por fluído

supercrítico (Rozzi et al.,2002).

Outros terpenos isolados foram felandreno (Torres e Ragadio, 1996) e a-

oxobisaboleno, sendo este o segundo composto mais abundante no óleo essencial

(12%) de acordo com Abegaz e Yohannes (1983).

• Triterpenos

Das folhas de Cymbopogon citratus, Hanson et al. (1976) isolaram e

identificaram dois triterpenos, sendo uma cetona, denominada cimbopogona,

previamente isolada, em 1963, por Crawford e Menezes e, um composto inédito, um

álcool denominado cimbopogonol. Segundo este autores, a relação estrutural

verificada entre o cimbopogonol e a cimbopogona sugere a possibilidade de que a

cimbopogona não seja um produto natural, mas sim um artefato formado durante o

isolamento do cimbopogonol.

Page 45: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

2 7

• Cetonas

Como mencionado anteriormente, a partir da cera que recobre as folhas do

capim-limão, Crawford e Menezes (1963) isolaram uma cetona denominada cimbopo

gona.

lonas foram obtidas do óleo essencial da planta por Faruq et al. (1994). A

cetona metilheptenona foi isolada por Torres e Ragadio (1996) e Mancini (1972) a

obteve num percentual 0,5% enquanto Chalchat et al.(1997) em 0,8%. Esta cetona,

segundo Cicogna Júnior et al. (1986/1987), pode equivaler a mais de 25% do total

da composição, dependendo do tempo de extração do óleo empregado na

hidrodestilação.

• Aldeídos (Citral)

Independentemente do local de origem (Brasil, Zambia, Mali, Estados Unidos,

China, Sri Lanka, Filipinas, Somália, índia e Congo, entre outros), o composto

predominante (30 a 93,74%) do óleo essencial obtido de capim-limão é o citral

(mistura dos aldeídos neral e geranial, com predominância em geral, deste último)

(Figura 2.1) (Farmacopéia,1959; Trease,1996; Silva e Bauer, 1971; Mancini, 1972;

Olaniyi et al.,1975; Oliveros-Belardo e Aureus, 1979; Rabha et al., 1980; Liu et al.,

1981; Abegaz e Yohannes, 1983; Costa, 1986; Cicogna Júnior et al., 1986/1987;

Seminário Tramil, 1991; II Idrissi et al.,1993; Torres, 1993; Faruq et al., 1994; Akisue

et al., 1996; Torres e Ragadio, 1996; Chalchat et al., 1997; Sargenti e Lanças, 1997;

Chisowa et al., 1998; Lecherq et al., 2000; Menut et al., 2000; Cymbopogon,

1999/2000; Cimanga et al., 2002 a,b; Dudai et al., 2001; Kasali et al., 2001; Sidibe et

al., 2001; Rozzi et al., 2002; Schaneberg e Khan, 2002).

Este alto teor de citral, segundo Robbins (1983), justifica o cultivo comercial

de capim-limão em larga escala em vários países e é responsável pelo cheiro de

limão que caracteriza a espécie (Saito e Scramin, 2000).

Como exceção, da alta porcentagem de citral no capim-limão, registra-se que

o óleo essencial proveniente da Etiópia, apresenta o geraniol (40%) como composto

Page 46: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

2 8

principal, seguido por citral (13%) e a -oxobisaboleno (12%) (Abegaz e Yohannes,

1983).

Em experimentos realizados em condições ambientais nas Filipinas revelaram

que na estação seca (março à junho) houve melhor rendimento do teor do óleo e

conteúdo de citral (Oliveros-Beiardo e Aureus, 1979). A extração do óleo essencial

com hexano, em experimentos conduzidos por Schaneberg e Khan (2002), também

forneceu um maior rendimento de citral (86,83%), quando comparado a extração por

outros solventes; além da vantagem sobre o método da hidrodestilação, por

empregar menor quantidade de material vegetal e ocorrer em tempo menor.

O citral sintético foi obtido a partir do carvão e petróleo por Bricout e Koziet

(1978).

• Outros aldeídos

Mancini (1972) isolou a partir do óleo obtido essencial por hidrodestilação das

folhas, os aldeídos isocitral, decinal, valérico e citronelal. Este último (Figura 2.1),

também foi obtido por Cicogna Júnior et al. (1986/1987); Torres e Ragadio (1996);

Cimanga et al. (2002b) e Schaneberg e Khan (2002). Entre outros compostos, Faruq

et al. (1994) isolaram anisaldeído, cinamaldeído e salicilaldeído. Os aldeídos C-9 e

C-10 foram isolados por Cicogna Júnior et al. (1986/1987).

• Compostos fenólicos

O flavonóide luteolina, dentre os flavonóides isolados por Cagiotti et al.

(2001), foi considerado um dos compostos marcadores da planta. Este composto e

seus 6-C e 7-O-glicosídeos também foram obtidos por Gunasingh e Nagarajan

(1981); Matouschek e Stahl (1991), respectivamente. Estes últimos isolaram também

os flavonóides homoorintina e seu 2"-0-ramnosil-homoorientina, e os ácidos

flavônicos: clorogênico, caféico e p-cumárico. Miean e Mohamed (2001) descrevem

o isolamento dos flavonóides mircina, quercitina, kaempferrol e apigenina enquanto

que Faruq et al. (1994) obteveram os compostos fenólicos elemicin, catecol e

hidroquinona.

Page 47: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

2 9

• Álcoois e ésteres

Dentre os vários álcoois e ésteres obtidos do óleo essencial de capim-limão, o

álcool geraniol é o composto mais freqüentemente encontrado, independente da

origem da planta, com teores que podem variar de 1,5% à 10,4% (Mancini, 1972;

Cicogna Júnior et al., 1986/1987; Zheng et al., 1993; Faruq et al., 1994; Torres e

Ragadio, 1996; Chalchat et al., 1997; Chisowa et al., 1998; Lecherq et al., 2000;

Cimanga et al., 2002b; Dudai et al., 2001; Sidibe et al., 2001; Schaneberg e Khan,

2002).

Excepcionalmente, segundo Abegaz e Yohannes (1983), o geraniol foi o

composto principal de plantas de origem africana, correspondendo a 40% do total da

composição do óleo essencial, superando inclusive o composto marcador citral

(Figura 2.1)

Os álcoois linalol e citronelol foram isolados por Faruq et al. (1994); Torres e

Ragadio (1996) e Chalchat et al. (1997). Segundo estes últimos, nas percentagens

de 1,2% e 0,1%, respectivamente. Chisowa et al. (1998) e Mancini (1972) obtiveram

apenas o linalol. Metaheptenol foi obtido por Faruq et al. (1994), 1,8-cineol e mentol

por Torres e Ragadio (1996) e neomentol e terpineol por Kasali et al. (2001). Nerol

foi isolado por Dudai et al. (2001) e farnesol por Mancini (1972). Além dos álcoois já

mencionados encontrados no óleo essencial da planta, no extrato lipofílico das

folhas, foi evidenciada a presença de octacosanol, dotriacontanol e triacontanol

(Matouschek e Stahl, 1991). Olaniyi et al.(1975), além de triacontanol, também

isolaram hexacosanol.

Os ésteres geranil formato, citronelil acetato, terpinil acetato e linalil formato

foram isolados por Faruq et al.(1994). Além destes, foram isolados no óleo essencial

desta planta: linalil acetato (2,3%) (Kasali et al., 2001), éster laurato (Torres e

Ragadio, 1996); geranil acetato (0,2%) (Dudai et al., 2001; Chalchat et al., 1997) e

caproato de geraniol (Mancini, 1972).

• Outros compostos

Dentre os compostos principais identificados no óleo essencial por Sargenti e

Page 48: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

3 0

Lanças (1997), estavam os ácidos nerólico e gerânico. Este último também foi

descrito por Dudai et al.(2001).

O estudo analítico da planta revelou a presença de taninos, fosfatos, nitratos

e cloretos (Vasconcelos et al., 2000).

[3-sitosterol foi obtido do extrato éter de petróleo, um álcaloide da fração

básica e da fração neutra, uma saponina-giicosídeo (Olaniyi et al., 1975).

Alcalóides foram obtidos a partir dos rizomas da planta (Alves e Souza, 1960),

porém Matouschek e Stahl (1991) não os identificaram nas folhas da mesma.

CHO

FIGURA 2.1 - Estruturas dos compostos marcadores detectados no óleo essencial

de C. citratus: (1) neral, (2) geranial, (3) limoneno, (4)citronelal, (5)

mirceno, (6) geraniol. FONTE: Schanenberg e Khan (2002).

Page 49: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

3 1

2.2 Atividades Farmacológicas

2.2.1 Atividade sobre o sistema nervoso central (SNC) - ansiolítica e outras

O óleo essencial de capim-limão foi capaz de prolongar acentuadamente o

tempo de sonolência em ratos, sendo cerca de 3 vezes mais potente que o

medicamento tiopental sódico (Ferreira e Fonteles, 1985). Por outro lado, estudos

realizados em ratos e camundongos utilizando o chá obtido de folhas frescas e

secas da planta (Carlini et al., 1986), não confirmaram o efeito sedativo desta planta.

De acordo com Silva et al. (1991), os resultados de estudo neurocomportamen

tal do efeito do mirceno em roedores, sugerem que este não possui atividade

ansiolítica como os benzodiazepínicos e que é improvável sua atividade sobre o

SNC - tanto anti-depressiva quanto antipsicótica. Também, segundo Leite et al.

(1986), o chá das folhas secas da planta, administrado a voluntários saudáveis, não

mostrou nenhum efeito hipnótico ou ansiolítico.

Segundo Rao et al. (1990), o mirceno, extraído do óleo essencial da espécie,

apresentou efeito antinociceptivo em camundongos. Esta atividade antinociceptiva

do óleo essencial de C. citratus foi confirmada por Viana et al. (2000).

O efeito analgésico periférico do mirceno foi confirmado em ratos e

camundongos por Lorenzetti et al. (1991). Nestes experimentos, o mirceno não

causou tolerância em repetidas doses, resultado oposto ao de analgésicos de efeito

central, como a morfina. Segundo estes autores, isto abre caminho para pesquisas

com o uso do mesmo para desenvolver novos analgésicos periféricos, cujo perfil de

ação difere de drogas tipo aspirina. Entretanto, Moron Rodriguez et al. (1996)

relatam ausência de efeito analgésico no extrato fluído a 30% de capim-limão

administrado oralmente a roedores.

2.2.2 Atividade antitumoral e anticancerígena

Vários trabalhos buscaram explicitar as atividades antitumorais e anticancerí-

genas do extrato de capim-limão. De acordo com Kauderer et al. (1991), o (3-micerno

apresentou atividade antimutagênica em células mamárias. Os compostos desta

Page 50: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

3 2

planta, d-limoneno e geraniol, apresentaram inibição de câncer de fígado e mucosa

intestinal em ratos (Zheng et al., 1993). Vinitketkumnuen et al. (1994) obtiveram

dados sobre atividades antimutagênicas do extrato etanóiico de C. citratus.

Murakami et al. (1994) registraram propriedades anti-tumorais da planta de capim-

limão. Balboa e Lim (1995) explicitaram que os sucos obtidos de folhas desta planta

contém inibidores do estágio de promoção de tumores cutâneos. Segundo Murakami

et al. (1997), o extrato metanólico da planta de cultivo tailandês, exibiu atividade anti-

tumoral "in vitro". De acordo com Suaeyun et al. (1997), o extrato etanóiico a 80% de

capim-limão cultivado na Tailândia, promoveu inibição de neoplasia colo -retal em

ratos. Dubey et al.(1997) evidenciou a ação citral isolado do óleo essencial da folhas

de capim-limão contra células leucêmicas P388.

2.2.3 Atividade antimicrobiana

O óleos essenciais ricos em citral são bem conhecidos por suas propriedades

bactericidas e fungicidas (Guenther, 1950; Pattnaik et al., 1995). Segundo Onawun-

nmi et al. (1984), os compostos geranial e neral presentes no óleo essencial de ca -

pim-limão também apresentam efeito antimicrobiano positivo e o mirceno, quando

misturado a um destes compostos, reforça este efeito.

Diversas espécies do gênero Cymbopogon são referendadas como antifúngi -

gicas contra patógenos do arroz, especialmente contra Rhizoctonia solani e Scleroti-

um oryzae (Naidu e John, 1981; Shimoni et al., 1993).

O óleo obtido das folhas de Cymbopogon citratus exibiu atividade antimicrobia

na quando testado contra 42 microrganismos (20 bactérias, 7 leveduras e 15 fungos)

As bactérias isoladas apresentaram uma susceptibilidade superior comparada aos

fungos (Ibrahim, 1992). Igualmente, Syed et al. (1990), Baratta et al. (1998) e Ciman-

ga et al. (2002) reportam a eficaz atividade antimicrobiana do óleo desta espécie con

tra uma série de microrganismos.

O óleo essencial apresentou também atividade antifúngica significativa contra

Candida albicans (Syed et al., 1995; Chalchat et al., 1997; Hamer et al., 1998);

Candida pseudotropicalis e Mycosporum gypseum (Onawunmi, 1988), Aspergillus

Page 51: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

3 3

niger (Joarder e Khatun, 1982) e Beauveria bassiana (Raghavaiah e Jayaramaiah,

1987). Igualmente, inibiu o crescimento de Aspergillus flavus, um fungo causador

comum de deterioração alimentar (Mishra e Dubey, 1994), e inibiu totalmente o

crescimento micelial e a germinação de esporos de Didymella bryoniae (Fiori et al.,

2000), fungo exclusivo de Cucurbitaceae que compromete a qualidade dos frutos e

pode até levar à morte da planta (Ferreira e Boley, 2003).

O extrato aquoso das folhas da planta inibiu "in vitro" e "in vivo" o crescimento

dos fungos patogênicos vegetais: Macrophomina phaseoíina, Fusarium moniliforme,

Fusarium solani, Bothryochiploidia theobromae (Bankole e Adebanjo, 1995) e "in

vitro" inibiu: Ustilago maydis, Ustilaginoidea vikens, Curvularia lunata, Rhizopus sp.

(Awuah, 1989). Em experimento realizado por Valarini et al.(1996), o óleo inibiu

completamente o crescimento micelial dos seguintes patógenos: Fusarium solani f.

sp. phaseoli, Sclerotinia sclerotiorum e Rhizoctonia solani, fungos que afetam as

culturas de feijão, soja e batata, entre muitas outras (Fronza, 2003; Rios, 2003; Lees,

2003).

A planta, através de seu óleo, foi também ativa contra vários fungos

dermatófitos (Lima et al., 1993), entre estes Trichophyton rubrum, Microsporum

gypseum, Aspergillus fumigatus e Cladosporium trichoides (Kishore et al., 1993.);

Trichophyton mentagrophytes, Epidermophyton floccosum (Wannissorn et al., 1996)

e contra outros fungos patogênicos como Botrytis cinerea e Aspergillus nidulans

(Torres et al., 1989; Shimoni et al., 1993; Ruiz et al., 1996).

O óleo da planta apresentou também atividade inibitória do crescimento de

fungos associados a armazenamento de cereais como Aspergillus flavus, A.

fumigatus, Microphomina phaseoli e Penicilum chrysogenum (Adegoke e Odesola,

1996).

Os extratos desta planta e/ou o óleo essencial, este em especial por seu

conteúdo de citral, apresentaram atividade antibacteriana comprovada para

Escherichia coli (Ogulana et al., 1987), Staphilococcus aureus, Bacillus subtilis,

Pseudomonas aeruginosa, Streptococcus pneumoniae, Streptococcus pyogenes,

Neisseria gonorhreae, Clostridium perfrigens (Onawunmi et al., 1984; Onawunmi et

al., 1988; Syed et al., 1995; Sá et al., 1995/1996; El-kamali et al., 1998; Ahn et al.,

1998); Pseudomonas fluorescens (Adegoke e Odesola, 1996); Acinetobacter

Page 52: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

3 4

baumanii, Aeromonas veronii biogroup sóbria, Enterobacter faecalis, Klebsiella

pneumoniae, Salmonella enterica subsp. Entérica sorotipo typhimurium, Serratia

marcenscens (Hamer et al., 1998); Proteus mirabilis, Shigella flexneri e Salmonella

typhy (Syed et al., 1995; Chalchat et al., 1997).

A combinação do óleo essencial da planta ao fenoxietanol, em estudos "in

vivo", aumentou o espectro de ação deste último contra Escherichia coli,

Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa, bem como reduziu a dosagem

terapêutica necessária (Onawunmi, 1988).

O óleo essencial inibiu o crescimento de 8 cepas da bactéria Paenibacillus

larvae, agente causal da doença "american foulbrood", que afeta colônias de

abelhas (Allipi et al., 1996).

Os extratos metanólicos da planta inibiram Meloydogyne javanica - nematóide

bastante comum em plantas hortículas (Sweelan, 1989), entretanto demonstraram

fraca atividade antinematodial contra Bursaphellenchus xylophilus, parasita que

ataca especialmente espécies de Pinus ocasionando sérias perdas de madeira

(Mackeen et al., 1997).

2.2.4 Atividade repelente de insetos e inseticida

O óleo e o pó da planta foram eficientes na proteção de sementes

armazenadas contra Callosobruchus maculatus caruncho do feijão, causando

redução ou inibição da oviposição e emergência deste (Gbolade e Adebayo, 1993;

Adebayo e Gbolade, 1994; Ketoh et al., 2000). Esta atividade inseticida foi também

confirmada por Rajapake e Vamemden (1997), incluindo Callosobruchus chinensis e

C. rhodesianus.

O óleo essencial de espécies de Cymbopogon (C. citratus, C. nardus, C.

martini) foram muito eficazes no combate aos mosquitos anofelinos Anopheles

culicifacies e Anopheles quinquefasciatus (Ansari e Razdan, 1995) como também

inibiu determinados estágios de desenvolvimento do mosquito Aedes aegypti - vetor

hospedeiro da febre amarela e dengue (Osmani e Sighamony, 1980). O citral, obtido

do óleo, foi eficaz contra Musca domestica L. "in vivo" (Rani e Osmani, 1980).

Page 53: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

3 5

O óleo do capim-limão atuou como ovicida e larvicida de Spodoptera exígua

(Sharaby,1988). Este inseto é uma praga séria em horticultura e algumas árvores,

afetando principalmente a folhagem e o fruto, como o tomate (Spodoptera, 2003).

Porém, foi ineficaz contra 4 insetos de grande ocorrência nos campos da Nigéria:

Acraea eponina, Ryrrhocorid dysdercus, Ootheca mutabilis, Rintortus dentipus

(Olaifa et al., 1987). Também apresentou atividade repelente contra Periplaneta

americana - a barata doméstica (Ahmad et al., 1995).

O óleo desta planta demonstrou excelentes resultados tanto em aplicação

direta como indireta, contra os insetos do gênero Diptera, que causam micose

cutânea (Subramanian e Mohanan, 1980).

O extrato desta espécie foi eficaz como inseticida biológico contra Mysus

persicae "in vitro" (Stein e Klingauf, 1990) e Crocidolomia binotalis (Facknath e

Kawol, 2003), pragas importantes que afetam as culturas de crucíferas (Facknath,

1993, Brasil, 2003b)

O extrato acetônico de C. citratus causou significante atividade contra Aphis

craccivora (Ofuya e Okuku, 1994) - pulgão considerado praga em cultura de ervilha

e feijão (Brasil, 2003a).

No Brasil, a Far-Manguinhos, a divisão farmacêutica do Ministério da Saúde,

da Fundação Oswaldo Cruz, desenvolve produtos de ação repelente e inseticida

naturais utilizando capim-limão, entre outras espécies (Gilbert et al., 1999).

2.2.5 Atividade diurética e anti-inflamatória

Carbajal et al. (1989) registram fraca ação diurética e anti-inflamatória do

decocto da folhas administrado via oral em ratos. Cairo Martinez et al. (1996), por

sua vez, explicita ausência do efeito diurético do decocto quando administrado a

animais. Os resultados de Moron Rodriguez et al. (1996) evidenciam também

ausência de efeito anti-inflamatório no extrato fluído a 30% de capim-limão

administrado oralmente a roedores.

Page 54: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

3 6

2.2.6 Resultados farmacológicos diversos

É suposta uma possível ação quelante dos compostos do extrato sobre os

ions estanho, dado que o extrato bruto de capím-limão causou redução do efeito do

cloreto de estanho na sobrevivência de cepas de Escherichia coli (Melo et al.,

2001). Também há indicação da ação do chá de folhas secas de capim-limão

("Achara") cultivado na região de Ngwa a Nnewi, sobre a inibição da absorção

plasmática de alumínio, em adultos saudáveis que haviam ingerido este metal

(Orisakwe et al., 1998).

Baratta et al. (1998) registraram que o óleo de capim-limão apresentou

atividade anti-oxidante, comparável ao alfa-tocoferol e hidroxitolueno butilado (BHT).

Cheah et al. (2001) relatam que os extratos diclorometânico e metanólico desta

planta também mostraram esta atividade em potenciai.

Carbajal et al. (1989) demonstraram o efeito hipotensor significativo das

folhas da plantas cubanas, quando administrada intravenosamente, em ratos.

Segundo Onabanjo et al. (1993), o extrato aquoso da planta de origem

nigeriana foi eficaz no combate a malária, provocada pelo Plasmodium yoiii

nigeriensis, em ratos.

Um dos compostos do óleo essencial de C. citratus, o [3-mirceno, apresentou

efeito inibitório reversível "in vitro" das enzimas monooxigenases hepáticas,

sugerindo interferência desta planta com a biotransformação de drogas e

substâncias tóxicas (Oliveira et al., 1997a). O (3-mirceno também apresentou efeito

indutor de isoenzimas hepáticas pertencentes a subfamília CYP2B (Oliveira et al.,

1997b).

Rajeshwari et al. (2000) indicam o uso de C.citratus em composição medicinal

veterinária para tratamento de sarna em coelhos.

2.2.7 Toxicidade e efeitos adversos

Estudos sobre a toxicidade do óleo de capim-limão em mamíferos

demonstraram que este óleo natural é atóxico (Dubey et al., 2000). Também o chá

Page 55: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

3 7

das folhas secas da planta foi administrado a voluntários saudáveis não gerando

efeito hipnótico (Leite et al., 1986.) ou mesmo tóxico (Farmacologia, 1985; Formigoni

et al., 1986). Igualmente, de acordo com Misrha et al. (2001), o extrato administrado

a ratos não apresentou efeitos adversos, dado que não foram observadas alterações

morfométricas e histológicas em órgão vitais, nem alterações bioquímicas no sangue

e urina. Também, segundo Silva et al. (1991) e Zamith et al. (1993), o capim-limão

não apresenta ação genotóxica e de acordo com Kauderer et al.(1991), tampouco é

mutagênico.

Entretanto, conforme Guerra et al. (2000), os extratos fluídos da planta a 30 e

80% demonstraram efeito hepatotóxico e nefrotóxico em animais. Igualmente, os

resultados apresentados por Paiva (1997), demonstraram que o p-mirceno e o

liomoneno foram capazes de causar nefropatia tubular hialina sexo-específica em

ratos machos.

2.2.8 Alelopatia

O óleo de capim-limão a 10% em suspensão aquosa inibiu completamente a

germinação de sementes de Digitaria horizontaiis, Sorghum haiepense, Bidens

pilosa, Euphorbia heterophylla e Raphanus raphanistrum (Valarini et al., 1996).

Dudai et al. (1999) explicitam positivamente as propriedades alelopáticas do capim-

limão, discutindo o possível uso deste óleo essencial, entre outros, como herbicida.

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Page 69: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

3 ESTUDO PROSPECTIVO DA CADEIA PRODUTIVA DE Cymbopogon citra-

tus (D.C.) STAPF NO ESTADO DO PARANÁ.

RESUMO: Considerando a importância econômica da produção, industrialização e

comercialização do capim-limão e visando uma ação integrada do setor agrícola

envolvido, este trabalho propõe estudar a cadeia produtiva desta espécie no Estado

do Paraná. Para isto, o presente estudo apresenta o panorama da produção

agroindustrial paranaense de capim-limão; da comunidade produtora agrícola

paranaense desta espécie; dos outros diferentes níveis da cadeia produtiva do

capim-limão no Paraná e, por fim, dos principais pontos de estrangulamento nos

diferentes níveis da cadeia produtiva. Evidenciou-se como principais componentes

da cadeia produtiva: a unidade produtiva, a agroindústria, a indústria (química,

alimentícia e farmacêutica), o comércio (atacadista e varejista) e o mercado

consumidor (interno e externo). Com isto, espera-se contribuir para a implementação

de medidas político-organizacionais, entre os agentes econômicos dos setores

público e privado, que fazem parte da cadeia produtiva do capim-limão,

potencializando a comercialização da espécie frente as exigências do consumidor

regional e de terceiros mercados.

Palavras-chave: capim-limão, cadeia de produção, comercialização.

PROSPECTIVE STUDY OF PRODUCTIVE CHAIN OF Cymbopogon citratus (D.C.)

STAPF ON PARANÁ STATE.

ABSTRACT: Regarding the economic importance of production, industrialization and

comercializing of lemon grass and aiming at an integrate action of agricultural setor

involved, this paper proposes study of productive chain of this specie in Paraná

State. So, presents a view of: lemon grass agricultural production in Paraná;

Page 70: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

5 2

agricultural production community of lemon grass in Paraná; other different levels of

productive chain of this spicie in Paraná and at last main bottlenecks points in

different levels of productive chain on State. Identifyied as main components of the

productive chain: the productive unit, the agroindustry, the industry (chemical,

nutritive and pharmaceutical), the market (wholesale and retail) and the consumer

market (interior and exterior). So, to cooperate with implemention of politic-

organizational atitudes, between economic agents of public and privative setors, that

prosecute the productive chain of lemon grass, potentialing the commercalizing of

specie face requirement of regional consumer and third markets.

Keywords: lemon grass, production chain, marketing.

3.1 INTRODUÇÃO

Numa economia globalizada, em que as nações desenvolvidas adotam

políticas ativas de desenvolvimento científico e tecnológico e mais, especificamente,

políticas ativas de subsídio aos produtos agrícolas, é meta primordial que o produto

brasileiro mantenha-se competitivo (CONSEPA, 2001). Quanto as plantas

medicinais, detecta-se por um lado um mercado mundial promissor frente à

demanda crescente. Por outro, uma grande carência de estudos que se reflete na

freqüente falta de qualidade do produto oferecido, tornando-o menos competitivo

comercialmente.

Neste contexto, se enquadra a espécie Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf,

uma gramínea perene, originária da índia, mais conhecida na medicina popular

como capim-limão. Esta espécie encontra-se atualmente entre as 10 plantas

medicinais mais produzidas no Estado do Paraná, conforme dados divulgados pela

Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento - SEAB/PR, referentes aos

produtos especiais safra 2000/2001 (PARANÁ, 2002).

No Estado do Paraná, a espécie é cultivada principalmente no oeste, centro-

oeste, noroeste e norte pioneiro. Além do uso popular bastante reconhecido, para

distúrbios nervosos e estomáquicos, o capim-limão tem emprego industrial vasto. As

folhas desidratadas são utilizadas, principalmente, pela indústria alimentícia para o

Page 71: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

5 3

fabrico de chás. O óleo essencial, extraído das folhas, tem emprego tanto na

indústria alimentícia, como flavorizante e aromatizante, quanto na indústria

farmacêutica na produção de fitoterápicos, inseticidas, cosméticos e perfumaria.

Várias propriedades do capim-limão foram comprovadas em experimentos

científicos, citando-se entre estas as ações antimicrobiana, analgésica,

anticancerígena, repelente a insetos e inseticida e como fonte de vitamina A

(Onawunmi et al., 1984; Onawunmi, 1988; Lorenzetti et al., 1991; Adebayo e

Gbolade, 1994; Balboa e Lim, 1995; Chalchatet al, 1997, Dubey et al., 1997; Gilbert

et al., 1999; Martins e Melo, 2002).

Apesar da importância da espécie, há carência de informações

sistematizadas sobre a cadeia produtiva para a ação integrada do setor agrícola de

produtos especiais no Estado do Paraná. Entende-se por cadeia produtiva, todas as

unidades/empresas direta ou indiretamente envolvidas na produção, transformação

e distribuição de um produto para o consumo, ou seja, refere-se ao lado da oferta de

um bem ou serviço que será exposto a aprovação do consumidor final (Silva, 1996).

Neste trabalho, foi proposto o estudo prospectivo da cadeia produtiva do

capim-limão, com os seguintes objetivos: apresentar o panorama do volume de

produção agroindustrial paranaense de capim-limão; caracterizar a comunidade

produtora agrícola paranaense de capim-limão; identificar e caracterizar os outros

diferentes níveis da cadeia produtiva do capim-limão no Paraná e por fim detectar os

principais pontos de estrangulamento nos diferentes níveis da cadeia produtiva no

Estado. Com isto, espera-se contribuir para a implementação de medidas político-

organizacionais, entre os agentes econômicos dos setores público e privado, que

processam a cadeia produtiva do capim-limão, potencializando a comercialização da

espécie frente as exigências do consumidor regional e de terceiros mercados.

3.2 MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa exploratório-descritiva foi baseada em levantamento bibliográfico,

documental e pesquisa de campo através da aplicação de questionários e

entrevistas.

Page 72: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

5 4

A partir de entrevistas com os técnicos do Departamento de Economia Rurai da

Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado do Paraná - SEAB/PR e

Empresa Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural - EMATER /PR,

obteve-se os dados relativos aos diferentes segmentos e agentes econômicos, que

atuam na produção agroindustrial do capim-limão no Estado do Paraná. Este

universo de entrevistados correspondeu a 34 pessoas, representando 13 Núcleos

Regionais da SEAB/PR e englobando 38 municípios paranaenses.

Em outra etapa do trabalho, 22 produtores agrícolas e/ou agroindustriais foram

entrevistados pessoalmente ou por via telefônica, com a finalidade de caracterizar o

perfil sócio-econômico e tecnológico dos mesmos. Adicionalmente, buscou-se

identificar junto a estes produtores as conexões de comercialização deste produto

agrícola (vide roteiro básico da entrevista no Anexo 3.1).

Posteriormente, procedeu-se a entrevistas com representantes de indústrias

identificadas como receptoras e processadoras de capim-limão, visando caracterizar

também este segmento da cadeia produtiva (vide roteiro básico da entrevista em

Anexo 3.2). Além das indústrias citadas pelos produtores e dos técnicos da

EMATER/PR entrevistados, buscou-se também entrevistar representantes das

maiores indústrias curitibanas de produção de fitoterápicos que constavam do

Programa Nacional de Inspeção das Indústrias Farmacêuticas - PNIF, conforme

Secretaria de Estado da Saúde - SESA/PR (PARANÁ, 1999). Adicionalmente,

englobou-se também representantes da indústria alimentícia - ramo de atividade:

beneficiamento de chá, mate e outras ervas para infusão, localizadas em Curitiba, e

exportadoras citadas em CELEPAR (2001) e/ou identificadas a partir de visualização

de seu produto sob forma de chá de capim-limão comercializado em supermercados

curitibanos (vide Capítulo 6).

Também entrevistou-se representantes do setor de comercialização de produtos

naturais, incluindo farmácias de manipulação, farmácias homeopáticas e Mercado

Público de Curitiba. De forma complementar, procedeu-se a entrevistas com

técnicos responsáveis pelo setor de mercearia seca dos principais supermercados

de Curitiba, de acordo com o ranking de maior faturamento no ano de 2000,

segundo a Associação Brasileira de Supermercados -ABRAS (Associação, 2000).

Nesta etapa, visou-se confirmar dados obtidos nas fases anteriores, além de

Page 73: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

5 5

caracterizar este nível da cadeia (vide roteiro básico da entrevista em Anexo 3.3).

3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.3.1 Panorama do volume de produção agroindustrial paranaense

3.3.1.1 Principais locais de produção - dados da SEAB/PR

Segundo a SEAB/PR (PARANÁ, 2002), o Paraná conta atualmente com 19

Núcleos Regionais Administrativos, dos quais 8 desenvolvem o cultivo de capim-

limão, sendo Cascavel, Jacarezinho e Irati os principais centros de produção

(Figuras 3.1, Tabela 3.1).

Na região sudoeste do Estado, o Núcleo Regional Administrativo de Cascavel,

engloba 28 municípios. Dois destes, detêm os maiores índices de produtividade

estadual de capim-limão: Boa Vista da Aparecida e Capitão Leônidas Marques

(72,61% da produção total).

O Núcleo Regional Administrativo de Jacarezinho, com 13 municípios

produtores de capim-limão, é responsável por 18,56 % da produção paranaense

desta planta.

Também se destaca como de grande produtividade, a cidade de Fernandes

Pinheiro, pertencente ao Núcleo Regional Administrativo de Irati, representando

cerca de 6,3 % da produção estadual total de capim-limão e responsável pelo

aumento de 205 % verificado na produtividade deste núcleo em relação a safra

1999/2000 (PARANÁ, 2001).

Page 74: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

Paranavâi

Londrina

Umuârama , ~,. Apucarana ~ ~

,.. 1 .....

Tolepo

Cascàvel

Francisco

Laranieiras do Sul ·

Bel!~ Pato •Branco

, ..

Guarapuava

União da Vitôria ·

Comêlio P~pio ~rezinho

. \

Ponta Grossa • • lrâti

... \

56

'

Paranaguá

FIGURA 3.1: Mapa do Estado do Paraná evidenciando os Núcleos Regionais Admi -nistrativos da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (PARANÁ, 2002). Os principais NRA produtores de capim-limão (safra 2000/2001 ) estão assinalados com estrela amarela e os demais NRA produtores estão indicados com estrela vermelha.

3.3.1.2 Volume de produção e valor bruto da produção agrícola- dados da SEAB/PR

Conforme dados divulgados pela SEAB/PR referentes aos produtos especiais

safra 2000/2001, o capim-limão encontra-se entre as 1 O plantas mais produzidas

neste Estado. O total de produção foi de 319,5 toneladas, equivalente a uma área de

23,20 hectares, englobando 27 municípios produtores. O valor bruto da produção

agrícola 2000/2001 totalizou R$ 651.425,36. Estas cifras levaram este produto a

ocupar o 9° lugar entre os produtos especiais mais valorizados no Paraná (PARANÁ,

2002).

Page 75: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

5 7

3.3.1.3 Evolução da produção agrícola - dados da SEAB/PR

Até 1990, as informações relativas a produção de capim-limão e de outras

culturas agrícolas de produtos especiais, não eram repassadas pelos Municípios à

SEAB/PR. A partir do momento em que o repasse das informações desta produção

passou a representar entrada de recursos financeiros para os Municípios, através do

Fundo de Participação dos Municípios no ICMS do Estado, estes dados foram

disponibilizados, integrando as estatísticas divulgadas pela SEAB/PR. Para algumas

plantas, como, por exemplo, o capim-limão, há dados disponíveis apenas a partir de

1995. Estes documentos registram que a safra 1995/1996 apresentou produção de

120,60 toneladas, equivalente a uma área de 21,0 hectares.

No período de 1996 a 2001, registram-se mudanças significativas quanto ao

local e volume de produção regional, com a inserção de novos centros produtores e

redefinição dos maiores núcleos de produção. Jacarezinho, anteriormente líder de

produção, apresentou queda acentuada nas duas últimas safras, perdendo a

liderança para Cascavel que se inseriu no mercado em 1998 (Tabela 3.1).

A safra 1998/1999 é recorde em termos de produção de capim-limão,

principalmente em função do que foi produzido no núcleo de Cascavel. Segundo os

produtores locais, vários fatores podem ser associados a este dado, como, por

exemplo, o estabelecimento de novas parcerias entre produtores visando atender

grandes compradores e condições climáticas favoráveis.

As safras subsequentes não mantiveram este patamar de produção. Entre os

diversos fatores que poderiam explicar esta drástica redução, cita-se a ocorrência de

fortes geadas e demanda de mercado.

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5 8

TABELA 3.1-Evolução da produção agrícola de capim-limão (Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf), por Núcleo Regional Administrativo- SEAB/PR -1997-2001.

NÚCLEO REGIONAL PRODUÇÃO ANUAL DE CAPIM - LIMÃO

ADMINISTRATIVO (TONELADA/SAFRA) PRODUTOR

1996/97 1997/98 1998/99 1999/00 2000/01 Apucarana - - 1,00 3,00 0,50 Cornélio Procópio - 6,00 - - -

Cascavel - - 1945,00 205,25 235,00 Curitiba 0.70 1,00 - - -

Guarapuava - 0,15 0,40 0,60 1,20 Irati - - 0,10 0,10 20,50 Jacarezinho 126,00 148,00 169,00 69,30 59,30 Londrina 0,60 2,00 2,00 2,00 2,00 Maringá - - - - 1,00 Paranavaí 1,00 - - - -

União da Vitória - - 1,50 - -

TOTAL DO ESTADO 128,30 157,15 2119,00 280,25 319,50

FONTE: SEAB/PR, 1999 a 2001.

3.3.1.4 Exportações - dados da SECEX

De acordo com os dados da Secretaria de Comércio Exterior do Brasil -

SECEX, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, BRASIL

(2003a), o Estado do Paraná foi responsável pelo volume total de exportação

brasileira de óleo essencial de capim-limão ("lemon grass"), no ano de 1997. Em

anos anteriores e posteriores a este, não há registro da participação do Estado do

Paraná na exportação brasileira deste produto. Atualmente, para o período de 2001-

2003, registra-se o Estado de São Paulo como único responsável pelo volume

exportado pelo Brasil. Dado que os produtores agroindustriais do Paraná

encaminham parte de sua produção para indústrias químicas de São Paulo, como

explicitado a seguir (vide também Figura 3.2), infere-se que este volume de

exportação também englobe produção paranaense.

Desde 1997, há importação de óleo de capim-limão, conforme BRASIL

(2003a). Entretanto, o volume de exportação vem sistematicamente aumentando em

relação ao volume de importação (Tabela 3.2).

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TABELA 3.2 -Exportações e importações brasileiras de capim-limão (Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf) -1993-2003 (óleo essencial).

ANOS EXPORTAÇÕES IMPORTAÇOES U$ FOB Peso líquido (Kg) U$ FOB Peso líquido (Kg)

1993-1996 0 0 0 0 1997 9.090 736 66.342 4.262 1998 0 0 43.591 2.468 1999 52.782 4.258 32.818 1.651 2000 330.984 14.894 49.857 3.137 2001 107.264 10.395 53.065 2.468 2002 39.791 3.780 42.843 1.840 2003* 15.970 1.260 21.821 920

TOTAL 555.881 35.323 310.337 16.746 FONTE: BRASIL, 2003a - SECEX/Sistema ALICE NOTA: O Dados correspondem ao período de janeiro à junho.

Embora a SECEX (BRASIL, 2003a) registre apenas exportação do óleo

essencial de capim-limão, segundo representantes de indústrias alimentícias

paranaenses, há exportação do chá de capim-limão tanto para Estados Unidos

quanto para Japão.

3.3.2 Setor Primário - Comunidade produtora agrícola - dados da SEAB/PR e pes-

quisa de campo

Segundo dados da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento

SEAB/PR (PARANÁ, 2000), a safra 1998/1999 explicitou a ocorrência de 7 Núcleos

Regionais Produtores de capim-limão, ocupando uma área de produção de 60, 4 ha,

destacando Cascavel como principal Núcleo Produtor (Tabela 3.3).

A pesquisa de campo, realizada em 2000, revelou nítidas alterações tanto na

composição quanto na posição hierárquica dos Núcleos Produtores, em relação aos

dados da SEAB /PR (PARANÁ, 2000), ainda que reiterando Cascavel como principal

centro produtor de capim-limão do Paraná. Dentre os 13 Núcleos Regionais

pesquisados, apenas 8 eram produtores de capim-limão e envolviam 263 produtores

agrícolas. Destes produtores, 13 foram identificados como agroindustriais, ou seja,

também beneficiam o capim-limão (Tabela 3. 4).

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TABELA 3.3 - Produção de capim-limão (Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf), no Estado do Paraná - safra 1998/1999.

NÚCLEO NUMERO NUMERO DE PRINCIPAIS PRODUÇÃO REGIONAL TOTAL DE MUNICÍPIOS MUNICÍPIOS Área Volume ADMINISTRA MUNICÍPIOS PRODUTORES PRODUTORES (ha) (t.) TIVO

(ha) (t.)

Cascavel 28 3 B.V.Aparecida; Cap. Leonidas Marques e

Cafelândia

41,0 1945

Jacarezínho 23 17 Tomazina; Pinhalão; Curiúva Figueira

16,9 169,0

Londrina 19 1 Londrina 1.0 2,0 União da Vitória 9 1 União da Vitória 1,0 1,5 Apucarana 13 1 Apucarana 0.2 1,0 Guarapuava 12 1 Prudentópolis 0,1 0,4 Irati 9 1 Irati 0,1 0,1

TOTAL 25 12 60,4 2118,0 FONTE: SEAB/PR ,2000.

TABELA 3.4 - Produção Agrícola de Capim-limão (Cymbopogon Citratus ( D.C.) Stapf) em escala comercial nos municípios produtores por Núcleos Regionais Administrativos da SEAB/PR em ordem decrescente de área de produção - abr.-nov. 2000.

NÚCLEO REGIONAL ADMINISTRAT! VO

MUNICÍPIOS PESQUISADOS

MUNICÍPIOS PRODUTORES

(ESCALA COMERCIAL)

PRODUTORES AGRÍCOLAS

(BENEFICIADORES)

ÁREA TOTAL*

(ha)

PRODUÇÃO (t)

Cascavel 6 1 9(1*) 21,5 425,0

Ivaiporã 3 1 71 (1) 20,0 N/d

Guarapuava 2 2 139 (3) 7,0 52,5

Jacarezinho 6 1 2(2) 5,0 60,2

Feo. Beltrão 4 2 1? (1*) 5,0 N/d

Curitiba 3 3 20 (4) 4,5 N/d

Irati 1 1 5(1) 0,1 N/d

Apucarana 1 1 8(1) 0,5 N/d

Londrina 1 0 0 0 0

União da Vitória 8 0 0 0 0

Pato Branco 1 0 0 0 0

Ponta Grossa 1 0 0 0 0

Toledo 1 0 0 0 0

TOTAL 38 12 263(13) 63,6 N/D

FONTE: Pesquisa de campo, 2000.

NOTAS: (*) Estruturas de beneficiamento que pertencem ao mesmo proprietário

N/d= dado não disponível; Fco= Francisco

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A divergência entre os dados de produção da SEAB/PR safra 1998/1999 e os

dados obtidos no trabalho de campo, em parte, diz respeito ao termo produção, que

na época da pesquisa, de acordo com os técnicos da SEAB/PR se referia a

produção não comercial ou em escala comercial. Desta forma, segundo técnicos da

SEAB e EMATER, nestas estatísticas foram considerados os valores relativos à

colheita em cultivos domésticos e em beira de estradas. Por outro lado, na pesquisa

a campo, os dados levantados referem-se apenas a produção em escala comercial,

onde dentre os 13 Núcleos Regionais Administrativos pesquisados, apenas 8 eram

produtores de capim-limão.

Os demais fatores determinantes desta discrepância não são facilmente

detectáveis. No entanto, fica explicitado que somente os dados constantes das

estatísticas da SEAB/PR, no que diz respeito ao produto agrícola capim-limão, não

são suficientes para evidenciar a realidade de produção, o potencial do local a

explorar e a concorrência de mercado a ser enfrentada.

3.3.2.1 Caracterização geral das propriedades

O sistema de produção do capim-limão no Estado do Paraná é realizado por

pequenos produtores agrícolas, que cultivam até o máximo de 7,5 hectares, e por

produtores agroindustriais, que geralmente compram a produção dos primeiros e,

também cultivam áreas que variam de 0,1 a 6 hectares.

Essas propriedades, em sua maioria, possuem cultivos diversificados,

englobando a cultura de capim-limão e de outras espécies, como por exemplo

morango e hortaliças diversas. Esses cultivos adjacentes, geralmente, empregam

agrotóxicos. Dado sua proximidade apresentam alta probabilidade de contaminar o

cultivo de capim-limão, o que refletirá negativamente na qualidade do produto final e

consequentemente, na saúde do consumidor.

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3.3.2.2 Caracterização geral da tecnologia empregada na condução da lavoura

Todos os agricultores entrevistados (22) indicaram o emprego de plantio

tradicional com colheita manual, utilizando foice, cutelo ou facão, extraindo toda

massa foliar da planta, a partir de aproximadamente 20 cm do solo.

Evidenciou-se que os processos de beneficiamento do capim-limão pós-colheita

estão relacionados ao tipo de produto final comercializado, ou seja: folhas in natura

ou óleo essencial.

Quando o produto final é o óleo essencial, geralmente a massa foliar é

transportada diretamente à destilaria, sem ser submetida previamente a qualquer

tipo de beneficiamento ou mesmo, higiene e limpeza. Em alguns casos, pode haver

uma permanência da massa foliar colhida, diretamente, no chão de terra batida à

temperatura ambiente, por aproximadamente 24 a 48 horas. Este procedimento é

totalmente aleatório e depende das condições climáticas, disponibilidade do

agricultor e demanda do mercado.

Para o produto comercializado na forma in natura, após a colheita a massa

foliar é geralmente submetida à fragmentação e posterior secagem. Detectou-se 3

tipos básicos de secagem: a) secagem natural a pleno sol em 3 Núcleos Regionais

Administrativos (NRA), b) secagem natural à sombra a temperatura ambiente (2

NRA) e c) secagem em secador com ar aquecido (5 NRA).

3.3.2.3 Origem e destino da produção agrícola paranaense de capim-limão

Na comercialização, os pequenos produtores geralmente entregam o produto

in natura a um produtor agroindustrial da região, que beneficia e distribui a planta

(Figura 3.2). Em alguns casos, o produtor entrega o produto desidratado para o

agente beneficiador. Em três NRAs (Jacarezinho, Irati e Curitiba), o próprio produtor

beneficia o produto a ser comercializado.

A extração e a comercialização do óleo essencial, apenas foram constatadas

no NRA de Jacarezinho, sem haver o beneficiamento do vegetal como chá. O óleo

extraído é destinado ao fabrico de produtos variados, entre os quais perfumes, velas

perfumadas e sorvetes.

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Os demais Núcleos Regionais Administrativos comercializam as folhas in

natura (verdes ou desidratadas), as quais geralmente são destinadas à

FIGURA 3.2 - Representação esquemática da origem e destino da produção de

capim-limão no Estado do Paraná, 2000. FONTE: Pesquisa de campo, 2000.

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3.3.3 Setor Secundário - Indústrias processadoras de capim-limão no Paraná

Identificaram-se três segmentos industriais, no Estado do Paraná, que

utilizam capim-limão na geração de seus produtos - a) Indústria de perfumaria e

cosméticos; b) indústria farmacêutica e c) indústria alimentícia. No segmento

categorizado como indústria de perfumaria e cosméticos, registrou-se o emprego do

óleo essencial no fabrico de perfumes, velas perfumadas e cosméticos e o uso de

folhas desidratadas que, segundo entrevistados deste segmento, destinam-se à

indústria de produção de creme dental. Também no segmento alimentício há registro

da utilização destes dois produtos: o óleo essencial no fabrico de sorvetes e folhas

desidratadas no fabrico de chás. Para o setor farmacêutico, identificou-se apenas o

emprego de folhas desidratadas na composição de fitoterápicos como por exemplo

composto calmante incluindo outras espécies de plantas (Tabela 3. 5) (Figuras 3.3 à

3.5).

TABELA 3.5 - Origem e destino industrial da matéria-prima gerada no cultivo de ca -pim-limão no Estado do Paraná - 2000.

MATÉRIA-PRIMA

Óleo essencial

NÚCLEO REGIONAL ADMINISTRATIVO FORNECEDOR DA MATÉRIA-PRIMA

TIPO DE INDÚSTRIA/ ESTADO

PRODUTO FINAL COMERCIALIZADO

Indústria de Perfumaria-Fabricação de velas/

PR Velas perfumadas

Jacarezinho Indústria Alimentícia-Fabricaçâo de sorvetes/

SC Sorvetes

Indústria química-Refinaria de óleo/ SP

Curitiba, Guarapuava, Ivaiporã, Apucarana

Indústria Farmacêutica/PR

Óleo purificado p/ perfumaria

Fitoterápicos

Folhas desidratadas Ivaiporã, Indústria de Perfumaria/

SP Creme dental Guarapuava,

Cascavel, Francisco Beltrão

Indústria de alimentos/ PR

Chás e outros produtos não informados.

FONTE: Pesquisa de campo, 2000.

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FIGURA 3.3 - Óleo essencial de capim-limão- matéria-prima para indústria.

FIGURA 3.4 - Vela aromatizada pelo emprego do óleo de capim-limão.

FIGURA 3.5- Chás comerciais de capim-limão - duas marcas disponíveis.

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A partir das entrevistas realizadas com representantes dos setores primário e

secundário e constatação "in loco" das marcas comercializadas pelo segmento

supermercado em Curitiba (capítulo 6), 6 indústrias e 5 agroindústrias foram

identificadas como produtoras das 13 marcas paranaenses de chá de capim-limão

comercializadas nos setores farmacêutico e alimentício (Tabela 3.6).

TABELA 3.6 -Indústrias e agroindústrias identificadas como receptoras e processado ras de capim-limão no Paraná- 2001.

EMPRESA

CATEGORIA/ LOCAL DA SEDE

PRODUTO FINAL COMERCIALIZADO

MARCAS PRODUZIDAS

Leão Júnior Alimentícia Curitiba

Chá de capim-limão em sachê

Leão

Moinhos Unidos Brasil-Mate

Alimentícia Curitiba

Chá de capim-limão em sachê

Real, Great Vallue, Carrefour

0 Boticário Farmacêutica São José dos Pinhais

Planta desidratada rasurada, vendida à granel

0 Boticário

As Ervas Curam Indústria e Com Ltda.

Farmacêutica Curitiba

Chá de capim-limão rasurado embalado

As Ervas Curam

Herbarium Farmacêutica Colombo

Chá de capim-limão composto e em sachê composto

Herbarium

Celeiro do Brasil Farmacêutica Cascavel

Chá de capim-limão rasurado embalado.

Celeiro do Brasil

Poliervas Agroindústria Curitiba

Chá de capim-limão rasurado embalado.

Poliervas

Chamei Agroindústria Campo Largo

Chá de capim-limão rasurado embalado.

Chamei

RURECO/CERCOPA Agroindústria Guarapuava

Chá de capim-limão rasurado embalado.

Produtos da roça

Terra Ervas Agroindústria Curitiba

Chá de capim-limão em sachê

Terra ervas

Mandiervas Agroindústria Mandirituba

Chá de capim-limão rasurado embalado.

Mandiervas

FONTE: Pesquisa de campo, 2001. NOTA: RURECO/CERCOPA - Fundação para o Desenvolvimento Econômico Rural da Região

Centro Oeste do Paraná/Central Regional de Comercialização do Centro Oeste do Paraná.

Conforme informações obtidas junto aos entrevistados do setor secundário, o

segmento relativo à indústria alimentícia detém os maiores volumes de produção de

chá de capim-limão em relação ao da indústria farmacêutica (Tabela 3.7). O maior

centro processador de capim-limão do Estado do Paraná é a capital, onde se

localizam duas grandes indústrias alimentícias - Leão Júnior e Moinhos Unidos

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Brasil Mate S/A. Estas indicam o capim-limão como uma das cinco plantas mais

comercializadas na forma de chá.

TABELA 3.7 - Capacidades nominal instalada e de produção das indústrias e agroin-dústrias processadoras de capim-limão, no Paraná-2001.

TIPO INDÚSTRIA CAPACIDADE

NOMINAL INSTALADA (ÁREA FÍSICA)

CAPACIDADE DE PRODUÇÃO DE CHÁ

DE CAPIM-LIMÃO (Kg/mês)

A Leão Júnior 10.000 m 2 7000 A Moinhos Unidos Brasil- 12.000 m 2 1050

Mate F Herbarium 7.000 m 2 N/i F Celeiro do Brasil 1.000 m 2 10 F 0 Boticário N/i "É uma das 5 plantas

mais vendidas" F As Ervas Curam N/i "Vendem muito pouco" Al Poliervas Inferior a 100 m 2 100 Al Chamei 1.200 m 2 42 Al RURECO/CERCOPA N/i N/i Al Terra Ervas 200 m 2 40 Al Mandiervas 600 m 2 "Variável"

FONTE: Pesquisa de campo, 2001. NOTA: N/i = não informado

A - indústria alimentícia; Al - agroindústria; F- indústria farmacêutica.

O segmento paranaense relativo à indústria de cosméticos e perfumaria foi

identificado como de pouca expressão no que se refere ao processamento do

capim-limão. Isto ocorre por fatores como: o segmento é representado por pequenas

indústrias no Paraná e as maiores indústrias de perfumaria e cosméticos, se

localizam em São Paulo, recebem pouca matéria-prima paranaense.

3.3.3.1 Controle de qualidade em indústrias/ agroindústrias paranaenses

Em todas as 6 indústrias processadoras de folhas de capim-limão para

confecção de chás (setor farmacêutico e alimentício), foi registrada a ocorrência de

controle de qualidade completo de acordo com as exigências da legislação brasileira

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6 8

vigente pertinente, que consta no site do Ministério da Saúde - ANVISA (BRASIL,

2003 b).

Por outro lado, em 4 das 5 agroindústrias identificadas não foi evidenciado tal

controle. Em uma destas agroindústrias, foi indicada a realização de controle parcial

(teor de umidade e impurezas).

3.3.3.2 Origem e destino do capim-limão processado pelas empresas do Paraná

De acordo com os representantes das indústrias entrevistados, a maioria dos

fornecedores da matéria-prima são de origem paranaense, o que facilita tanto a

aquisição da matéria-prima, quanto o contato com produtores para orientações, se

necessário. Foram também identificados como centros de origem do capim-limão

processado nas indústrias paranaenses: Minas Gerais, São Paulo e Santa Catarina.

Os produtos gerados são distribuídos em todo o Brasil e também, segundo os

entrevistados do setor, podem ser exportados. O setor de maior absorção destes

produtos, em âmbito nacional e regional, é o supermercadista (Tabela 3. 8).

TABELA 3.8 - Origem-destino do capim-limão processado pelas empresas do Estado do Paraná -2001.

EMPRESA FORNECEDOR MATÉRIA PRIMA

DESTINO

Leão Júnior S/A Cascavel, PR. Eventualmente Minas Gerais.

Todo Brasil e Japão (princi-palmente supermercados)

Moinhos Unidos Brasil- Mate S/A Mandirituba, PR. Todo Brasil e E.U.A (princi-palmente supermercados)

Herbarium-Laboratório Botânico Ltda.

Araucária , Mandirituba, Almirante Tamandaré, PR

Região Sul, Espírito Santo e Minas Gerais.

O Boticário Campo Largo,PR Curitiba, PR. As Ervas Curam Ind. Com. Ltda Araucária, PR Curitiba, PR.

Celeiro do Brasil São Paulo Paraná. Poliervas Pinhais, PR. Paraná e Santa Catarina. Chamei Cerro Azul, PR Região Sul, São Paulo,

Campo Grande e Fortaleza. RURECO /CERCOPA Guarapuava e região, PR. Região Sul, São Paulo, Rio

de Janeiro, Brasília. Terra Ervas Araucária e Mandirituba ,PR e

Santa Catarina. Curitiba e região nordeste.

Mandiervas Mandirituba, PR Região Sul, São Paulo e Rio de Janeiro.

FONTE: Pesquisa de campo, 2000-2001.

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3.3.4 Setor terciário - comercialização do capim-limão no Paraná

No setor terciário, que corresponde no presente trabalho, aos estabelecimen-

tos comerciais em nível de varejo e atacado - detectou-se a comercialização de

capim-limão "in natura - desidratado", proveniente diretamente do Setor Primário -

Produtor, como também, produtos diversos provenientes do Setor Secundário -

Indústrias e Agroindústrias (Tabela 3.9).

TABELA 3.9 - Comercialização do capim-limão produzido e industrializado no Esta-do do Paraná - 2001.

SEGMENTO DE COMERCIALIZAÇÃO (Estado)

SEGMENTO DE ORIGEM (NÚCLEO REGIONAL ADMINISTRATIVO)

PRODUTOS COMERCIALIZADOS

DESTINO FINAL

VAREJO 1 - Ramo farmacêutico

Farmácias (PR,SC)

2 - Ramo alimentício - Rede de Supermercados (Todo Brasil)

Indústrias farmacêuticas (NRA Curitiba), Agroindústrias (NRA: Curitiba, Apucarana, Guarapuava)

Indústrias alimentícias (NRA Curitiba) e agroindústrias (NRA Curitiba, Guarapuava, Cascavel)

Chá de capim-limão rasurado embalado , chá composto e planta desidratada, vendida à granel.

Consumidor

Chá de capim-limão em sachês e rasurado embalado.

Consumidor

- Mercado Público Municipal (Curitiba) - Sorveteria (SC)

3 - Outros - Loja de produtos naturais (PR)

- Feira de produtos artesanais de perfumaria (PR,SC e ?) - Pessoa física (MT)

Direto do produtor (NRA Irati) Agroindústria (NRA Jacarezinho)

Agroindústrias (NRA Curitiba, Guarapuava)

Agroindústria (NRA Jacarezinho)

Agroindústria (NRA Apucarana)

Planta desidratada, vendida à granel. Sorvete

Chá de capim-limão rasurado embalado e planta desidratada, vendida á granel.

Consumidor

Consumidor

Consumidor

Consumidor Velas perfumadas

Planta desidratada, vendida à granel Consumidor

ATACADO

Distribuidoras/Atacadistas Agroindústrias Planta desidratada, vendida em Mercado Nacional (Região Sul, SP,Ce,MS) (NRA Curitiba, "bags" e óleo essencial, ambos e Internacional

Guarapuava, geralmente em embalagens de 50 Cascavel, Apucarana Kg. Ivaiporã, Jacarezinho, Feo. Beltrão)

FONTE: Pesquisa de campo, 2000-2002.

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3.3.5 Integração entre os diferentes setores na cadeia produtiva do capim-limão no

Paraná

Ao proceder-se a análise do fluxograma gerado a partir das informações

sobre a cadeia produtiva do capim-limão, com identificação dos principais

componentes e fluxos, distinguem-se os componentes mais usuais, ou sejam, o

mercado consumidor, a rede de atacadistas e varejistas, a indústria de

processamento e/ou transformação do capim-limão, as propriedades agrícolas ou

unidades produtivas e os fornecedores de insumos (adubos, máquinas,

implementos, mudas, ferramentas e outros serviços) (Figura 3.6).

Como peculiar a outras cadeias de produção agrícola, estes componentes

estão relacionados a um ambiente institucional (leis, normas, instituições normativas)

e a um ambiente organizacional e empresarial(instituições de governo, de crédito,

etc.), de nível municipal, estadual e federal, que exercem influência integrada sobre

os componentes da cadeia produtiva do capim-limão.

Neste sentido, ressalta-se a importância social e econômica do estudo

prospectivo da cadeia produtiva do capim-limão. Para tanto, buscou-se, mais que

tudo, apresentar um panorama geral detectando-se os principais segmentos

envolvidos de modo a subsidiar futuros estudos referentes à qualificação do produto

e serviços capim-limão.

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Revenda de Insumos

Produção/ obtenção de e equipamentos 1

mudas .......... ·················· ........

Unidade

produtiva .................................... .... .. ~

Preparo do solo Preparo das mudas Plantio Tratos culturais Colheita

Planta verde Planta

desidratada

Unidade

beneficiadora:

agroindústria

Antes da propriedade

Óleo essencial

Na propriedade

71

Beneficiamento (secagem, extração de óleo) Armazenagem Embalaoem

j Depois da propriedade

Qulmica (óleo refinado) Alimentícia (chás) Farmacêutica (chás/ compostos)

Supermercados Farmácias

• Mercado Público Municipal Feiras Sorveterias

• Lojas de produtos naturais/ rtesanato Pessoa física

Agente

Exportador

Mercado Consumidor

Externo

Indústrias

Mercado Consumidor

Interno

Componentes intervenientes: IAPAR, EMATER/PR, SEAB/PR, SEFA, SESA, SECEX, Prefeituras Municipais , Sindicatos,

Associações de Produtores, Organizações Não Governamentais, Bancos, Universidades

FIGURA 3.6 - Fluxograma da cadeia produtiva do capim-limão no Paraná

FONTE: Pesquisa de campo, 2000-2001.

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7 2

3.3.6 Limitações e pontos de estrangulamento na cadeia produtiva paranaense de

capim-limão

3.3.6.1 Na produção agrícola

• A situação climática influi na produtividade da planta

O capim-limão desenvolve-se, preferencialmente, em clima quente e solos

férteis, sendo sensível ao frio e não resistindo à geada (Corrêa Júnior et al, 1994).

Desta forma, os maiores volumes de produção de capim-limão encontram-se nas

regiões agrícolas quentes do Estado do Paraná, como, por exemplo, NRA de

Cascavel. Ressalta-se que na safra 1999/2000, devido à ocorrência de geada

houve uma quebra superior a 300 % em relação à safra anterior (vide Tabela 3.1).

Neste sentido, explicita-se que o clima é um fator limitante na implantação de um

cultivo, devendo ser considerado, para que a atividade agrícola seja

economicamente viável.

• Informação técnica dos produtores

A grande maioria dos produtores é representada por pessoas humildes de

baixa escolaridade, o que implica na inadequada aplicação de conhecimentos

técnicos sobre o cultivo, especialmente no que tange à relação direta da qualidade

das diferentes etapas na qualidade final do produto comercializado. Desta forma,

vários procedimentos importantes não são realizados ou o são de maneira incorreta.

Consequentemente, o produto final não tem aceitabilidade no mercado ou apresenta

sério comprometimento de qualidade.

Segundo vários produtores entrevistados, uma forma de minimizar este

problema seria através da promoção de eventos técnico-culturais pelas entidades

extensionistas, além da maior produção e divulgação de literatura com linguagem

acessível a este tipo de público. A concretização de núcleos centralizadores de

informações e de capacitação também é bastante desejada pelos produtores.

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7 3

• Ausência de Controle de qualidade

Em decorrência do explicitado no item anterior, observou-se uma grande

carência quanto ao controle de qualidade por parte dos produtores. Apenas dois

Núcleos Regionais produtores acusaram realizar algum tipo de controle de

qualidade. Os demais se limitaram a afirmar que "não utilizavam agrotóxicos" ou "há

triagem manual de impurezas nas plantas no processo de beneficiamento" ou " isto a

indústria se encarrega, pois é muito caro realizá-lo".

Outro fator de comprometimento da qualidade refere-se à correta identificação

botânica da planta cultivada. Vulgarmente, a espécie é citada por nomes que

também são aplicados a outras espécies vegetais, o que pode levar a erros na

seleção das matrizes de cultivo e também dificultar a comercialização do produto

cultivado, como já experimentado por alguns dos produtores entrevistados.

• Comercialização: preço de venda, calendário agrícola, mercado instável

De modo geral, os produtores de capim-limão do Paraná se mostram

insatisfeitos com o preço recebido, bem como o atraso ou mesmo a falta de

pagamento por seu produto (folhas), o que os desestimulam a continuar no negócio

e os levam a procurar novas oportunidades.

Outro entrave quanto a comercialização, considerado por alguns produtores

como principal problema, é quanto ao descomprometimento de alguns produtores

agroindustriais em relação à realização da colheita. Foi verificado em campo que por

vezes, o agricultor perde seu cultivo em ponto de colheita porque o comprador

simplesmente não veio concretizar a colheita previamente acertada, gerando

prejuízos consideráveis ao primeiro. A existência de um contrato estabelecido entre

o agricultor e o comprador evitaria esta situação, como por exemplo, o evidenciado

em Guarapuava entre RURECO/CERCOPA e seus fornecedores.

Um dos fatores associados a esta problemática da relação produtor e

comprador decorre da instabilidade do mercado, onde por vezes, há flutuação entre

a oferta e a demanda desse produto. Isto também tem relação com a credibilidade

Page 92: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

7 4

popular em relação ao produto, considerada baixa, por determinados produtores, e

também ao modismo, que é variável.

É imprescindível ressaltar que a comercialização está diretamente

relacionada com a qualidade e preço. O produtor busca minimizar gastos e obter o

melhor preço para o seu produto, enquanto o comprador espera obter melhor

qualidade possível aliada a menores preços, para potencializar a inserção do

produto no mercado e aumentar sua lucratividade. É um ciclo vicioso, que nem

sempre considera o consumidor final como dependente direto do resultado deste

processo.

3.3.6.2 No processamento industrial

• Comercialização emprega o nome popular da planta

Igualmente ao registrado no setor primário, o emprego do nome popular na

comercialização foi apontado pelos representantes do setor industrial como um

elemento complicador. Várias outras plantas, entre estas Melissa oficinallis e Lippia

alba, são conhecidas vulgarmente pela mesma denominação que Cymbopogon

citratus (erva cidreira, melissa, capim cidreira, entre outros), podendo comprometer

a correta identificação do produto utilizado.

Desta forma, ressalta-se que o capim-limão deve ser corretamente

identificado, conforme capítulo 2, desde o nível de produção e somente ser

comercializado pelo seu nome científico, prática que já é exigida em alguns

mercados como o de São Paulo.

• Qualidade da matéria-prima vegetal adquirida

Os representantes do segmento industrial entrevistado queixaram-se que

freqüentemente o produto "in natura" adquirido apresenta problemas quanto ao teor

de óleo essencial ou contaminação microbiana. Segundo estes, tais problemas são

decorrentes de fatos conhecidos por eles, como a época de colheita e secagem

Page 93: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

7 5

inadequadas, bem como falta de cuidados higiênico - sanitários. Estes entrevistados

também afirmaram orientar seus fornecedores, visando minorar tais constatações.

Entretanto, dado que os problemas persistem, infere-se que tal orientação não vem

sendo bem cumprida.

Num contexto geral, de modo a garantir melhor qualidade da matéria-prima,

seria mais recomendável que o material vegetal fosse adquirido verde, de

preferência de local próximo, para não ficar retido muito tempo no transporte.

Também, que viesse acompanhado de um laudo técnico, especificando dados como

a data e hora da colheita, temperatura de secagem e as análises de qualidade

realizadas. Cita-se que apenas uma das empresas entrevistadas acusou receber

laudo do fornecedor e apenas duas outras optam pela compra de material verde.

Isto é um sinal que as empresas já estão se mobilizando para resolver esta questão .

Outro fator, segundo os entrevistados do setor secundário, que prejudica a

qualidade da planta adquirida é a ocorrência de geada, que leva a perda de

qualidade dascaracterísticas organolépticas, além de ocasionar alta no preço, devido

à escassez de produto nesta época. Um bom planejamento desde o cultivo e

respectiva colheita e comercialização minimizariam efetivamente estes problemas.

• Produto vegetal irradiado

Alguns empresários afirmam que 80 % das plantas oriundas de São Paulo

vem irradiadas. Estas necessitariam estar acompanhadas de um laudo técnico

explicando o processo utilizado, o que não ocorre, bem como deveria haver maior

fiscalização por parte das autoridades sanitárias competentes quanto à esta

questão.

A Resolução da ANVISA, RDC n° 21 de 26 de janeiro de 2001 (Brasil, 2001),

regulamenta o uso da irradiação em alimentos e a define como um processo físico

de tratamento que consiste em submeter o alimento a doses controladas de radiação

ionizante, com finalidade sanitária, fitossanitária e/ou tecnológica. Porém, este

processo não é capaz de ser aplicado em qualquer situação e o tratamento requer

técnicas especializadas e equipamento sofisticado (Bender, 1982; Riedel, 1992).

Também, se utilizado este processo, tal ação deve estar explicitada no rótulo da

Page 94: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

7 6

embalagem do produto comercializado.

• Qualidade do produto beneficiado

A falta de qualidade que muitas vezes se iniciou no campo, acaba persistindo

no setor secundário. Apesar das várias indústrias identificadas procederem controle

de qualidade adequado a este produto, a maioria das agroindústrias não aplica tal

prática. Algumas destas agroindústrias alegam falta de condições financeiras e/ou

restrições de mão de obra como fatores determinantes da não realização deste

controle. Outras, mesmo identificando falta de qualidade da matéria-prima recebida,

a submetem a processamento para não arcar com os prejuízos decorrentes da não

comercialização futura. Este tipo de situação demonstra descaso com a saúde da

população consumidora destes produtos. A fiscalização mais rigorosa, pelo poder

público aliada a uma maior conscientização, seriam ferramentas importantes na

solução desta questão.

• Tempo de armazenamento prolongado

A maioria dos entrevistados ressalta o grande giro de seu produto final, não

ficando este por muito tempo na empresa (em média de 20 dias à alguns meses).

Porém, em alguns casos, verificou-se prazos de armazenamento que excedem o

recomendado pela literatura e que podem comprometer a qualidade do produto

comercializado. Segundo Corrêa Júnior et al. (1994), o tempo de armazenamento

praticado deve ser o menor possível. Por outro lado, atualmente, o prazo de validade

estabelecido para os chás industrializados é de 2 anos, cuja informação consta no

rótulo dos produtos. É sabido que com o tempo, além da perda contínua de

princípios ativos, pela volatilização, há grandes possibilidades para o

desenvolvimento de fungos tanto pelo caráter higroscópio do material como por

inadequações do processo anterior de secagem. Desta forma, após um período mais

prolongado de armazenagem há alta potencialidade do produto tornar-se impróprio

para o consumo.

Page 95: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

7 7

• Falta de implantação de normas e legislação visando a qualidade do produto

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS)e Agência Nacional de

Vigilância Sanitária (ANVISA), as atividades das indústrias processadoras de

alimentos e medicamentos devem estar consubstanciadas em normas que visem a

segurança do consumidor. Neste sentido, a implementação do Sistema de Análise

de Perigos e Pontos Críticos de Controle (Bryan, 1992), seria fundamental para

subsidiar tais práticas em associação à formulação e contínua aplicação de normas

de Boas Práticas de Fabricação, Armazenagem e Transporte, visando implantação

das normas da série ISO-9000. Tais procedimentos devem estar de acordo à

legislação vigente do Ministério da Saúde - ANVISA, tais como as Resoluções RDC

39 e 40/01, 259 e 275/02 e Portaria 326/97. Vale também salientar que o Ministério

da Saúde do Brasil utiliza este sistema como referência no controle sanitário de

alimentos (vide Portaria n° 1428- ANVISA-(BRASIL, 1993).

Como anteriormente explicitado, a maioria das indústrias entrevistadas utiliza

tais procedimentos ou estão trabalhando na sua implantação, enquanto que nas

agroindústrias há ausência destes. A não utilização destes procedimentos pode

gerar os pontos de estrangulamento acima referidos e principalmente, refletir-se

negativamente sobre a qualidade do produto industrializado.

• Legislação brasileira referente à produção de alimentos e medicamentos

Embora, como já mencionado, haja empenho das indústrias para adequar-se

em aplicar a legislação vigente, foi expressiva a indicação dos representantes deste

segmento quanto à falta de clareza e atualização desta legislação. Esta fato é

considerado por estes entrevistados como um importante entrave na própria

aplicação desta legislação, devendo estes estarem continuamente consultando a

ANVISA para esclarecimentos e orientações. Especificamente, no que concerne à

legislação de alimentos-chás, houve indicação de que esta é incompleta na questão

de qualidade microbiológica. Segundo a atual legislação, Resolução RDC 12/01, há

exigência apenas da pesquisa de Salmonella sp., o que, de acordo com os

Page 96: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

7 8

entrevistados deveria ser ampliado para outros microrganismos, como Escherichia

coli e bolores e leveduras.

• Carência de conhecimentos técnicos e científicos

A maioria dos entrevistados explicitou a necessidade da sistematização da

informação científica para apresentá-la de forma clara e acessível à comunidade

envolvida na cadeia produtiva. Salientam que há muito material disperso e faltam

recomendações dirigidas.

3.3.6.3 Na comercialização na Região Metropolitana de Curitiba (RMC).

• Ausência de qualidade do capim-limão

Em diferentes segmentos do setor varejista da RMC foram identificados

problemas relativos à qualidade do produto comercializado. Em alguns casos, o

problema identificado tem origem nos setores precursores da cadeia produtiva, ou

seja, secundário e primário. Em outros, o problema é estabelecido a partir de

procedimentos incorretos no próprio estabelecimento.

As empresas do ramo farmacêutico enquadram-se entre as que acusam a

falta de qualidade do produto adquirido do fornecedor. Neste sentido, as principais

queixas são com relação à secagem inadequada da planta. Afirmam que o capim-

limão não é uma planta que apresenta problemas freqüentes em relação à: presença

de impurezas, aspecto ruim, nome incorreto, presença de fungos, uso de parte

incorreta do vegetal. Por outro lado, estas mesmas empresas, em sua maioria1, não

realizam uma avaliação rotineira de aspectos qualitativos e quantitativos completa do

material adquirido destes fornecedores. Desta forma, conferem pouca segurança ao

produto que estão comercializando.

Também no Mercado Público Municipal de Curitiba, detectou-se indicação do

recebimento de produto com falta de qualidade. Em alguns casos, foi explicitada a

1 Dentre seis farmácias entrevistadas, apenas uma realiza rotineiramente análise qualitativa e quantitativa completa e outras duas realizam análises específicas em empresas terceirizadas, em situações especiais ("produtos suspeitos").

Page 97: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

7 9

devolução de produtos que apresentavam problemas de contaminação por fungos.

Em outros, houve indicação de compra de material submetido à análise prévia e com

garantia de qualidade, o que não foi comprovado em entrevista com fornecedor.

Alguns afirmam que o produto que comercializam apresenta boa qualidade mas não

explicitam o laudo técnico que a comprove. Desta forma, acredita-se que para estes

entrevistados a qualidade do produto parece não ser um ponto que determine

impedimento para a comercialização. Por outro lado, há indicação de

desconhecimento dos parâmetros que efetivamente determinam a qualidade deste

produto e das implicações da falta de qualidade na saúde do consumidor. Isto,

aliado á fiscalização deficitária, promove a persistência da comercialização de

produtos sem garantia de qualidade. Aparentemente, também, o consumidor é

pouco exigente neste aspecto, talvez por fatores culturais, acreditando que planta

medicinal é natural e mal não fará ou por preferir adquirir produtos frescos no

Mercado Público, ao invés dos industrializados, pensando que há melhor qualidade

e preço. Desta forma, este consumidor compra produtos sem qualquer garantia de

procedência qualificada, mantendo assim a problemática.

No segmento supermercado, vários fatores foram identificados como

determinantes da falta de qualidade do produto comercializado em alguns

estabelecimentos. O primeiro destes, fruto de procedimentos inadequados do setor

secundário, diz respeito ao acondicionamento e rotulagem do chá de capim-limão,

que entre outros aspectos apresentam irregularidades quanto a tipo de embalagem

apropriada, denominação de venda incorreta e ausência de informações importantes

no rótulo. O segundo grupo, de responsabilidade direta dos estabelecimentos

supermercadista, refere-se às condições de armazenagem de chás. Neste aspecto,

o problema mais freqüentemente registrado tanto nas lojas quanto nos depósitos

refere-se à falta de controle de temperatura e umidade adequados (ausentes na

totalidade dos estabelecimentos visitados), o que pode ser um fator facilitador para o

desenvolvimento de microrganismos nos chás armazenados nestes

estabelecimentos. E o terceiro, engloba questões relativas à qualidade

microbiológica e físico-química do conteúdo do sache, cuja responsabilidade está

atrelada aos diferentes segmentos da cadeia produtiva (para maiores detalhes vide

capítulos 6 a 8). As práticas incorretas do setor primário, a falta de controle de

Page 98: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

8 0

qualidade do setor secundário e as inadequações de armazenagem do setor

terciário, isoladamente ou sinergeticamente associadas, são determinantes da falta

de qualidade observada em algumas marcas comercializadas.

• "Oxidação" do capim-limão

Segundo alguns entrevistados, o capim-limão "oxida" facilmente, quando

armazenado à luz ambiente. Esta "oxidação" é entendida como a perda de coloração

do produto. Desta forma precisa ser mantido no escuro e por isto a compra do

produto deve ser em quantidades pequenas.

3.4 AGRADECIMENTOS

Aos agentes econômicos (produtores agrícolas, funcionários de empresas

privadas e públicas, donos de empresas e demais envolvidos), que integram a

cadeia produtiva do capim-limão no Estado do Paraná, pela gentileza em prestar as

informações necessárias à execução deste trabalho. Em especial aos engenheiros

agrônomos da EMATER, João Bosco, Irineu, Jorge e demais técnicos que nos

acompanharam em visitas à campo. Também destaca-se o auxílio dos técnicos da

SEAB/PR, do Departamento de Economia Rural: Neusa G. A .Rücker, Gilka M. A. C.

Andretta e Baltazar H. dos Santos.

3.5 REFERÊNCIAS

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Page 99: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

8 1

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BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Alimentos

Medicamentos. Disponível em: < http://anvisa.gov.br>. Acesso em jul.2003 b.

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1428 de 26 de novembro de 1993. Regulamento técnico para inspeção sanitária de

alimentos. Diário Oficiai da União, Brasília, 02 dez. 1993.

BRYAN, F. Análise de perigos e pontos críticos de controle. Genebra. OMS,

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CELEPAR. Companhia de Processamento de Dados do Estado do Paraná. Dados

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DUBEY, N. K., TAKEDA, K.; ITOKAWA, H. Citral: a cytotoxic principie isolated from

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Ethnopharmacology, Lausanne, v. 12, n. 3, p. 279-286, 1984.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento. Departamento

de Economia Rural. Levantamento do valor bruto da produção agropecuária :

produtos especiais: safra 1998/1999. Curitiba, 2000.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento. Departamento

de Economia Rural. Levantamento do valor bruto da produção agropecuária :

produtos especiais: safra 1999/2000. Curitiba, 2001.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento. Departamento

de Economia Rural. Levantamento do valor bruto da produção agropecuária.

produtos especiais: safra 2000/2001. Curitiba, 2002.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Saúde. Departamento de Vigilância Sanitária,

1999, Curitiba. Relação das indústrias aprovadas pelo PNIF. Curitiba, 1999.1 p.

RIEDEL, G. Controle sanitário dos alimentos.2 ed. São Paulo: Atheneu, 1992,

320 p.

SILVA, J. G. da. A nova dinâmica da agricultura. Campinas: UNICAMP, 1996.

Page 101: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

ANEXO 3.1 - Roteiro para a entrevista com Setor Primário (Produção)

MUNICÍPIO:

-Informante:

endereço/fone:

-Há plantio comercial?

Área (ha)

Última safra:

Custo de produção/ha

Nome ou n° de produtores:

Sistema de produção (uso de: calcáreo; uso de adubação orgânica, etc):

-Beneficiamento (secagem/ extração óleo):

Secador (tipo; tempo e temperatura):

Destilador:

-Armazenamento (tipo de local):

-Modo de Transporte:

-Comercialização:

Vende p/ quem?

É informal ?

Contrato?

É à vista?

-Principais problemas

-Outros comentários:

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ANEXO 3.2 - Roteiro para a entrevista com Setor Secundário (Indústrias)

DADOS DA INDÚSTRIA -(Nome,endereço, proprietário, fone, etc.) -Cap.de produção (t./dia ou mês) -Fluxograma da indústria(desde matéria-prima) -Mão de obra familiar/não -Máquinas/equipamentos ORIGEM -Compra o produto de quem? - Época -Quantidade que adquire/mês -Preço pago /Kg CONTROLE DE QUALIDADE (CQ) -Exigências da indústria: a) Exige CQ do produto? b) Quais análises exige? c) Como e onde é feito CQ? d) Se o produto tiver CQ desde a lavoura, indústria pagará mais? e) Quanto % ? -Processamento Como a indústria processa o produto recebido As folhas são lavadas antes da secagem? -Embalagem (tipo, rotulagem, etc.) -Armazenamento Como e onde é feito? Problemas citados Por quanto tempo o produto é armazenado

-Transporte (tipo) DESTINO -Mercado consumidor - Para quem vende? (locais) -Para quais locais vendem mais em Curitiba ou no PR (algum supermercado) -Volume de vendas(Quanto vendem/mês ou por ano) -Como envia? Empresa nacional ou não -Realiza CQ? PRINCIPAIS PROBLEMAS 1-Falta de qualidade (impurezas, secagem) 2-Embalagem inadequada 3-Distribuição dos produtos (não entrega no local, falta de embalagens) 4-Localização dos produtores (onde buscar o produto) 5-Beneficiamento inadequado 6-Entrega do produto (produtor não cumpre prazo) 7-Falta diversificação de plantas medicinais no Paraná. 8-Ausência de padrão de qualidade- recomendações de uso c/base científica. 9-Dificuldade de realização de CQ - pelo preço de reagentes, equipamentos... 10-Excesso de burocracia para o registro de produtos. 11-Legislação inadequada. 12-Custo elevado de produtos - atravessador/importador

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8 5

ANEXO 3.3 - Roteiro para a entrevista com Setor Terciário (Comércio) (Aplicado ao mercado público; as farmácias e ao segmento supermecado)

-DADOS DA EMPRESA

(Nome, endereço, telefone, nome do entrevistado)

-Vendem capim-limão?

-Volume mensal de vendas .

-Quais são as plantas (ou chás e outros derivados) mais comercializadas (os)?

-Quais as marcas de chá de capim-limão mais vendidas? **

-Quem produz a marca própria para o supermercado? **

-Quem são os fornecedores? Os produtos fornecidos apresentam problemas de

contaminação ? (insetos, microrganismos, etc.) *

-Como a planta é comercializada (características quanto ao volume de

planta/embalagem e um lote é composto de quantas embalagens? Ou a venda é a

granel ou de outra forma ?)

-Quantas vezes esta planta é comprada por mês? *

-Quanto ao controle de qualidade: os fornecedores o fazem? na seqüência, a

empresa ao receber a planta se encarrega disto ou encaminha para algum

laboratório, citá-lo. Com que freqüência o faz ? *

* Questão não efetuada ao segmento supermercado

** Questão efetuada apenas para o segmento supermercado.

NOTA: Para complementar o questionamento sobre controle de qualidade, aplicado aos setores da cadeia produtiva, inclusive o terciário, foi realizada uma entrevista junto à 5 empresas de Cu-ritiba, que atuam na área. Foi perguntado à estas a respeito de para quais empresas as mes-mas prestam este tipo de serviço e quais análises são realizadas.

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4 Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf: CARACTERIZAÇÃO GERAL DO CULTI-

VO NO ESTADO DO PARANÁ, BRASIL.

RESUMO: Considerando a importância do cultivo de capim-limão (Cymbopogon

citratus (D.C.) Stapf) no âmbito da produção paranaense de produtos especiais

(plantas medicinais, especiarias e afins), este trabalho apresenta um panorama

detalhado dos procedimentos associados ao cultivo, evidenciando as congruências

e divergências dos dados de pesquisa de campo com o descrito na literatura como

adequado para este tipo de cultura. As principais dificuldades relacionam-se ao

desconhecimento por parte dos produtores quanto a uma série de aspectos

relacionados à esta cultura, englobando a obtenção adequada de mudas, época

adequada de plantio e colheita para maximização de biomassa e teor de princípios

ativos, controle de pragas e doenças, associados â prática de cultura orgânica sob

supervisão técnica. Avalia-se como imprescindível, a urgente transferência de

informações técnicas aos produtores, incluindo aquelas relativas à aplicação de

boas práticas agrícolas na cultura do capim-limão.

Palavras - chave: capim-limão, plantio, colheita

Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf: GENERAL CHARACTERIZATION OF CROP IN

PARANÁ STATE, BRAZIL.

ABSTRACT: Regarding the importance of lemon grass (Cymbopogon citratus (D.C.)

Stapf) crop on production of special products (medicinal plants, species and

similars) in Paraná State, this work presents a detailed view of proceedings

associated to the crop in this State, evidencing the congruency and divergency of

field research data and what is reported on literature as been suitable for at crop.

The main difficulties evidenced are linked with ignorance of producers about many

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8 7

aspects related with at crop, conglomerating suitable obtainment of seedlings and

ideal time of plantation and harvest to maximize biomass and quantity of active

substances, control of plagues and diseases, associated with organic crop practice

under technical care. It was evaluted as indispensable, the urgent transference of

technical information to producers, including those relating to application of good

agricultural practices of lemon grass crop.

Keywords: lemon grass, plantation, harvest.

4.1 INTRODUÇÃO

O capim-limão encontra-se entre as 10 plantas mais produzidas no Estado do

Paraná, conforme dados divulgados pela Secretaria de Estado da Agricultura e do

Abastecimento referentes aos produtos especiais (plantas medicinais, especiarias e

afins), safra 2000/2001. O total de produção desta safra foi de 319,5 toneladas,

ocupando área de 23,2 hectares e englobando 27 municípios produtores. O valor

bruto da produção agrícola 2000 /2001 totalizou R$ 651.425,36. Esta cifras levaram

este produto a ocupar o 9o lugar entre os produtos especiais mais valorizados no

Paraná (PARANÁ, 2003).

Também, conforme resultados de pesquisa de campo aplicada ao segmento

supermercado de Curitiba, vide capítulo 3, o produto chá de capim-limão é um dos

principais chás comercializados pelas empresas do ramo.

Dada à importância deste cultivo no âmbito da produção estadual de produtos

especiais, neste trabalho buscou-se apresentar um panorama detalhado dos

procedimentos associados ao cultivo no Estado do Paraná, evidenciado as

congruências e divergências dos dados de pesquisa de campo com o descrito na

literatura como adequado para este tipo de cultura.

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8 8

4.2 MATERIAL E MÉTODOS

Durante o no período de abril a novembro de 2000, executou-se pesquisa

exploratório - descritiva, baseada em levantamento bibliográfico e documental e na

aplicação de questionários e entrevistas. O universo de entrevistados englobou

técnicos da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado do Paraná -

SEAB/PR e da Empresa Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural -

EMATER /PR, além de 22 produtores agrícolas e/ou agroindustriais representando 8

Núcleos Regionais Produtores do Estado. Esta pessoas foram entrevistadas

pessoalmente ou por via telefônica, com a finalidade de caracterizar o perfil

tecnológico e a qualidade higiênico-sanitária do cultivo de capim-limão no Estado do

Paraná (vide roteiro básico da entrevista no Anexo 4.1). Também, realizou-se exame

nematológico no solo e em raízes de plantas cultivadas em um dos Núcleos

Regionais, no sentido de averiguar um possível ataque explicitado pelos produtores.

Estas análises foram efetuadas pelo Centro de Diagnóstico Marcos Enrietti vinculado

à SEAB-PR, seguindo padrões usuais.

4.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.3.1 Propagação

O capim-limão é uma planta que somente produz sementes quando cultivada

em clima favorável e se não for submetida a colheita por vários anos (Ortiz et al.

2002). Em situações de clima desfavorável e sob pressão de colheita, usualmente

propaga-se vegetativamente, por meio de perfilhos, que crescem ao redor das

plantas adultas (Acosta de La Luz, 1993). Neste caso, cada perfilho é utilizado como

muda, devendo-se, no momento do plantio, cortar as folhas rente à inserção da

bainha e evitar dessecação das raízes de modo a otimizar o pegamento (Silva Júnior

et al., 1994; Castro e Chemale, 1995; EVENTO, 2000).

Na pesquisa de campo, foi constatado que em 7 dos 8 núcleos produtores de

capim-limão, a obtenção das mudas ocorre por ações extrativistas, à beira de

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8 9

estradas. A justificativa dada pelos produtores para tal procedimento reside na

dificuldade da obtenção de mudas, em termos de qualidade e preço. Este

procedimento gera mudas sem qualidade, provavelmente contaminadas,

principalmente por poluentes, entre estes metais pesados, lançados pelos veículos.

Segundo Ortiz et al. (2002), as mudas utilizadas devem proceder de banco de

plântulas advindo de sementes germinadas a partir de matrizes específicas para

esta finalidade. Estas mudas não devem ser submetidas a corte anteriormente ao

plantio e ter entre 10 a 12 meses de desenvolvimento. É aconselhável que o banco

de plântulas esteja localizado separadamente do resto da plantação, em pelo menos

1 km, e orientado de tal forma que possa impedir que os ventos predominantes a

contaminem com pragas e enfermidades das áreas de cultivo circundantes. O

procedimento indicado por Ortiz et al. {2002), além de garantir a qualidade das

mudas, também possibilita a manutenção da diversidade biológica imprescindível

para a perpetuação da própria espécie.

Neste sentido, apenas os produtores do Núcleo de Jacarezinho, executam

técnicas apropriadas. Neste, registrou-se a existência de estufas para produção de

mudas, sob orientação agronómica.

4.3.2 Preparo do solo

A metade dos produtores entrevistas demonstrou desconhecer que há

necessidade de um período de carência de pelo menos 2 meses entre correção/

adubação do solo e plantio. Além disso, pelo menos a metade dos entrevistados

explicitaram não proceder regularmente análises do solo de cultivo e cerca de 1/3

dos produtores indicaram que não efetuam prévia adubação das áreas de cultivo.

Segundo os produtores entrevistados, o capim-limão requer solo com pH em

torno de 5,5, corrigindo freqüentemente o solo com calcário. Dado que não foi

registrada informação especifica para o capim-limão na literatura, no tocante a pH e

teor de nutrientes, é recomendável que seja sempre realizada avaliação técnica

prévia e monitoramento subsequente que embase orientação agronômica para

determinar o correto ajuste dos solos de cultivo.

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9 0

Segundo Castro e Chemale (1995), o capim-limão não tolera solos com

umidade em excesso ou demasiadamente secos. Esta planta é esgotante do solo,

exigente em matéria orgânica e nutrientes, por isso devem ser desmanchadas as

touceiras ao fim de três ou cinco anos, no máximo. Para renovar a capacidade

nutricional do solo, transfere-se as mudas para outro local e neste plantar

leguminosas ou plantas de raízes longas. Desta forma, este cultivo exige um

esmerado preparo do solo, para se obter altos rendimentos de massa verde. Além

disso, deve-se realizar os manejos que facilitem a drenagem interna dos solos que

apresentem este problema.

Segundo Ortiz et al. (2002), os procedimentos de preparo do solo duram em

média 40 dias, englobando:

• Aração: sulcos de 10 à 12 cm de profundidade, com o auxílio de um trator

adequado.

• Gradagem média: profundidade de 12-15 cm, com a finalidade de romper as

estruturas mais grossas do solo, a eliminação de ervas daninhas e o

fracionamento dos restolhos para acelerar a sua descomposição.

• Irrigação pós-gradagem: (250 m3/ha) visando acelerar a germinação das

sementes das ervas daninhas e favorecer a decomposição da matéria orgânica

incorporada como adubo verde.

• Gradagem cruzada: deve ser feito com 25-30 cm, dependendo do tipo de solo e

deve ocorrer de 12-15 dias após a irrigação, de modo que se possa revolver a

terra, eliminando desta forma a população de ervas daninhas que tenham

brotado.

• Sulcagem: (25-30 cm). Quanto maior é a profundidade do sulco, maior a garantia

do plantio e maior o rendimento de biomassa .

4.3.3 Época de plantio

Cerca de 40 % dos produtores paranaenses pratica o plantio da cultura entre

os meses de agosto à novembro pois, segundo estes, a situação climática nesta

época é mais favorável para o estabelecimento das mudas e para o

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9 1

desenvolvimento da cultura. Os produtores do Núcleo de Apucarana indicaram

realizar o plantio programado, isto é de acordo com a demanda. Já no Núcleo de

Ivaiporã evidenciou-se que o plantio é realizado conforme a obtenção de mudas.

Há divergência na literatura quanto à época ideal de plantio de capim-limão

no Brasil. Castro e Chemale (1995) referenciam os meses de março a abril e fins de

agosto a outubro, enquanto que Corrêa Júnior et al. (1994) indicam setembro a

janeiro.

Há necessidade, portanto, de estudos de monitoramento e implantação de

experimentos de modo a obter-se informações mais completas sobre a época ideal

de plantio com relação á obtenção de maior produção de biomassa e melhor

rendimento de óleo essencial.

4.3.4 Espaçamento

Há divergências na literatura quanto ao espaçamento ideal para capim-limão.

Segundo Ortiz et al. (2002), de modo geral, se a colheita ocorrer entre 9 e 11 meses

após o plantio, o espaçamento recomendado é de 0,90 x 0,50 m, obtendo-se uma

população de 22.000 plantas/ha. Caso a colheita se realize após 12 meses do

plantio, o espaçamento a empregar é de 1 x 1 m para uma população de 10.000

plantas/ha, obtendo-se um rendimento entre 2-2,7 kg/planta. Acosta de la Luz

(1993) também recomenda o plantio em sulcos, separados a uma distância de 90

cm, colocando-se cada perfilho a 50 cm um do outro e em qualquer época do ano,

de preferência no início do período chuvoso com a finalidade de não regar durante

esta etapa. Para Castro e Chemale (1995) os espaçamentos indicados são 60 a 80

cm entre linhas e 30 à 50 cm entre plantas e para Okido et al. (2003) o recomendado

é 1,0 m x 40 cm.

Em sua maioria, os produtores paranaenses realizam o plantio em sulcos,

separados a uma distância média de 50 à 80 cm, estando os perfilhos eqüidistantes

a 50 cm, totalizando 30 a 40 mil mudas por hectare (Figura 4.1, p.93).

Quanto a profundidade do sulco de plantação, não se obteve informações

junto aos produtores. Como já mencionado, Ortiz et al. (2002) recomendam que esta

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9 2

seja de 25-30 cm, cobrindo-se a muda até um terço de seu comprimento. Isto

permitirá um maior arejamento e sobretudo um menor número de perfilhos aéreos,

que são as causas da fragilidade da planta mãe em detrimento da touceira. Outra

vantagem da plantação profunda é a possibilidade da planta de obter maior nível de

água do solo através de seu sistema radicial.

4.3.5 Adubação

Na maioria das áreas de cultivo pesquisadas, constatou-se a utilização de

adubação orgânica (esterco de animais, composto orgânico e húmus de minhoca),

porém esta é aplicada de forma não sistemática e sem qualquer orientação técnica.

Alguns produtores do Núcleo Regional Administrativo Administrativo de Cascavel

informaram que quando utilizam esterco de aviário, a quantidade empregada é de

cerca de 4 t/ha, aplicada uma vez por ano, por ocasião da época de plantio (agosto-

setembro). (Figura 4.1, p.93).

A literatura recomenda para a cultura de plantas medicinais, como o capim-

limão, o uso de esterco de curral curtido (3 a 5 Kg/m2 ou 30 a 50 t/ha), esterco de

aves (1,5 a 3 Kg/m2 ou 15 a 30 t/ha), húmus de minhoca (1,5 a 3 Kg/m2 ou 15 a 30 t

/ha) ou composto orgânico, que deve ser repetido anualmente. Estes adubos, em

especial húmus de minhoca e esterco de aves, são bastante ricos em nitrogênio,

fósforo e potássio (Corrêa Júnior et ai., 1994). Salienta-se a necessidade destes

adubos serem previamente muito bem curtidos, pois caso contrário propicia a

proliferação de bactérias que contaminam as sementes ou mudas (Árvore, 2003).

Inclusive a aplicação de esterco verde não é permitida pelos institutos que fornecem

selo de qualidade orgânica, como o Instituto Biodinâmico (IBD, 2003).

Além disso, Corrêa Júnior et al. (1994) também recomendam a rotação de

cultura com leguminosas, para que a massa incorporada ao solo devolva parte do

nitrogênio retirado pela gramínea.

Segundo Ortiz et al. (2002), o cultivo desta espécie requer importantes

quantidades de nitrogênio, fósforo, potássio e matéria orgânica para obter-se bons

rendimentos. Entretanto, caso a finalidade do óleo essencial seja servir de matéria-

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93

prima para a fabricação de medicamentos, estes elementos não devem ser obtidos

pelo uso de fertilizantes inorgânicos e sim pela adubação orgânica, que segundo os

autores, é o único meio autorizado em Cuba. Este procedimento implicará no uso de

uma quantidade maior por hectare, para suprir as deficiências nutricionais e

melhorar as propriedades físicas do solo. Esta adubação deve ser aplicada de forma

localizada no sulco, antes da plantação, numa dose de 20 t/ha.

Tendo em vista a influência que a adubação orgânica exerce no rendimento

de biomassa desta espécie, torna-se necessária a realização de estudos adicionais

neste sentido, bem como relacioná-los ao teor de óleo essencial e rendimento de

citral obtidos, considerando as condições ambientais do local de cultivo .

... FIGURA 4.1 - Vista geral do cultivo de capim-limão no NRA de Cascavel, 2000.

4.3.6 Tratos culturais e colheita

A colheita é realizada manualmente pelos produtores paranaenses. A primeira

colheita ocorre, geralmente, entre 6 e 8 meses após o plantio e depois são

realizadas de 2 a 5 vezes ao ano (Figura 4.2, p.94). Alguns produtores do NRA

Jacarezinho indicaram que no início do negócio, o excessivo número de cortes

praticados em uma determinada área de cultivo ( 8-9/ ano), fez com que a mesma

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94

fosse produtiva por apenas 2 anos. O corte da folhagem é feito com uso de foice, a

cerca de 20 cm do solo. Conforme Acosta de La Luz (1993) e Castro e Chemale

(1995), este corte deve ser efetuado a 10-15 cm do solo, o que facilita a rebrota. O

primeiro corte deve ser entre 6-8 meses após o plantio, sendo os cortes

subsequentes, no máximo 7, realizados a cada 3 a 4 meses.

Segundo os produtores parananeses entrevistados, a eliminação de ervas

daninhas também é procedida de forma manual e não sistemática. Evidenciou-se

que alguns produtores do Núcleo Regional Administrativo de lvaiporã que

anteriormente cultivavam capim-limão, desistiram do negócio alegando que o

excesso de ervas daninhas levava a grandes gastos com herbicidas. Neste sentido,

pode-se inferir que apesar de proibida no contexto de cultivo de plantas medicinais,

esta prática ainda pode ocorrer.

Segundo Ortiz et ai. (2002), a primeira capina deve ocorrer entre 20 e 25 dias

após o plantio, para a eliminação das ervas daninhas que surgem em conseqüência

da umidade do solo neste período. Este manejo pode ser executado com o uso de

equipamento com tração animal ou manualmente. Os intervalos deverão ser

estabelecidos dependendo do desenvolvimento das plantas e do resultado do

controle das ervas daninhas.

De acordo com estes mesmos autores, considerando-se que um cultivo desta

espécie pode ser submetido à exploração durante vários anos, não é recomendável

realizar a amontoa durante o primeiro ano. Isto ocorre naturalmente, ao se plantar a

muda no fundo do sulco, não permitindo que surjam rebentos aéreos que afetariam

o rendimento e o tempo de exploração da área plantada. Após a colheita, deve-se

desfazer a amontoa para eliminar certa quantidade de perfilhas e posteriormente,

proceder novamente a amontoa, adubação e irrigação.

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9 5

4.3.7 Irrigação

De acordo com Ortiz et ai. (2002), a irrigação até os 25 dias após o plantio

representa uma das etapas fundamentais para garantir o êxito do cultivo do capim-

limão. Também, recomenda manter a umidade do solo à 85 % em relação a

capacidade do cultivo, até que este chegue ao período de perfilhamento. A partir

deste momento, deve-se manter a umidade à 80 % durante todo o período de

cultivo. Quando não se dispõe de condições adequadas para irrigação, a plantação

deve coincidir com a época de precipitações mais abundantes e freqüentes. Caso

haja déficit hídrico em qualquer momento de seu ciclo vegetativo, a plantação

manifestará um acelerado necrozamento das folhas mais velhas, começando pelo

ápice e abrangendo toda a área foliar, caso este défict seja mantido. Também Castro

e Chemale (1995), apesar da afirmação que a planta é pouco exigente, recomendam

irrigações em períodos de forte seca.

Por outro lado, Corrêa Júnior et al. (1994), registram a existência na literatura

de trabalhos que constataram aumento no teor de óleo essencial de diversas plantas

medicinais quando privadas de irrigação, sendo que uma das pesquisas refere-se ao

capim-iimão.

Conforme informado pelo produtores entrevistados, o cultivo do capim-limão

praticado no Paraná não é irrigado. Talvez isto justifique em parte, tanto o volume de

produção obtido, que nem sempre atende as expectativas dos envolvidos, quanto a

ocorrência de escurecimento e ressecamento na folhagem, uma reclamação

freqüente destes produtores.

4.3.8 Pragas e doenças

No Paraná, segundo a maioria dos produtores paranaenses entrevistados, a

presença de pragas não representa sério problema ao cultivo, porém, o mesmo não

se pode dizer com relação a ocorrência de doenças, como as fúngicas, que atingem

cultivos em 6 dos 8 Núcleos Produtores. Segundo os produtores de um dos Núcleos,

quando há presença de fungos no cultivo, gera-se prejuízos ao produtor, pois afetam

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9 6

tanto a folhagem, quanto a raiz, podendo inclusive determinar a morte do vegetal.

Quando é realizado algum controle, a opção é o método biológico ou químico, este

último pelo uso de calda bordaleza, que é eficiente e preconizada pela literatura.

Neste sentido, infere-se que os produtores estão praticando a alternativa

correta. Segundo Corrêa Júnior et al. (1994), o uso de agrotóxicos deixa resíduos

que podem alterar os princípios ativos das plantas. Além disso, o mercado de

plantas medicinais não aceita produtos com resíduos de agrotóxicos. Desta forma, o

controle de pragas, doenças e plantas invasoras deve ser feito por métodos naturais

ou físicos e mecânicos, integrados com manejo do solo e nutrição de plantas, pois

há estreitas relações entre nutrição e sanidade vegetal.

Alguns produtores explicitaram estar descontentes com a aparência das

plantas cultivadas, atribuindo este fato à possibilidade de presença de fungos ou

nematóides. Visando comprovar esta potencial contaminação, realizaram-se

análises laboratoriais para detecção de nematóides, conforme explicitado na

metodologia. Especialmente, buscou-se identificar a presença de nematóides do

gênero Meloydogyne, citado como um dos mais importantes, dado que causa

nodosidades nas raízes, denominadas galhas, prejudicando o desenvolvimento da

planta, em especial gramíneas, porém dicotiledóneas (Corrêa Júnior et al., 1994).

As análises revelaram ausência de Meloydogyne sp nos sistemas de raízes e

solo avaliados. Entretanto, detectou-se a presença dos gêneros Pratylenchus,

Helycotylenchus, Tylenchus, nematóides saprófitas e 2 espécies de nematóides

fitopatogênicos não identificados. Porém, a presença de nematóides do gênero

Pratylenchus, um agente causador de lesões necróticas nas raízes das plantas,

segundo Lucidcentral (2003), bem como de 2 espécies de fungos patogênicos não

identificados, poderiam justificar, em parte, os problemas observados em campo

pelos produtores.

Castro e Chemale (1995) indicam que em locais parcialmente sombreados e

nos solos úmidos ocorre o aparecimento de uma ferrugem parda sobre as folhas,

fato também evidenciado pelos produtores do Paraná. Entretanto, o agente causal

destes sintomas não pode ser identificado.

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9 7

4.3.9 Parte colhida

Em todos os 8 Núcleos Regionais produtores paranaenses, as folhas foram

citadas como parte colhida, o que está de acordo com o estabelecido pela legislação

sanitária brasileira vigente, tanto se tratando de finalidade medicamentosa quanto

alimentícia (Farmacopéia, 1959; Brasil, 1998 e 2000). Além disso, segundo a

literatura (vide capítulo 2), as folhas possuem maior concentração de princípios

ativos da planta.

4.3.10 Rendimento

Segundo os produtores paranaenses, o rendimento de biomassa (kg de

folhagem fresca por ha), varia em média, de 7,5 a 19 t/ha/ano. Este rendimento está

abaixo do citado como usualmente obtido (Acosta de la Luz, 1993) e de

aproximadamente 30 t/ha/ano (Castro e Chemale, 1995). Segundo Ortiz et al.

(2002), em Cuba registram-se valores de rendimento entre 50 e 60 t/ha/ano,

equivalente a 3 cortes. A obtenção deste rendimento está atrelada a boas condições

de fertilização, irrigação e depende do número de cortes realizados. Segundo estes

mesmos autores o mais recomendado é a realização de quatro colheitas por ano,

espaçadas a cada três meses. Este tempo de repouso é necessário para que a

planta acumule reservas, possibilitando um rebrote vigoroso. Para Pareek e Gupta

(1985) as espécies do gênero Cymbopogon são perenes, uma vez plantadas

fornecerão um rendimento econômico de 3 a 5 anos, conforme a fertilidade do solo,

condições climáticas e a prática fitotécnica empregada. Neste sentido, foi ainda

observado em campo, que os produtores dos municípios onde estas condições

ocorriam obtiveram os melhores rendimentos, superando inclusive a média acima

descrita e por outro lado, o inverso também é válido.

A produção média de óleo essencial por hectare obtida pelos produtores

entrevistados foi de 40 Kg. A concentração média de óleo essencial por 100 g de

matéria seca foi igual a 0,6 %, valor acima do requerido pela legislação brasileira

para comercialização, que exige 0,5 % (Brasil, 1998). Salienta-se que a obtenção

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9 8

de melhores resultados está associada a diversos fatores, alguns destes relativos ao

processo de destilação do óleo (o tempo e a temperatura empregados e o uso de

folhas frescas ou secas) e, outros, afetos à colheita da planta, como por exemplo

opção pela colheita na época de maior teor de princípios ativos (para maiores

detalhes sobre este aspecto, vide capítulo 5).

4.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As principais dificuldades a serem superadas relacionam-se ao desconhecimen

to por parte dos produtores de capim-limão do Estado quanto a uma série de

aspectos relacionados à esta cultura. Apesar de praticarem a produção orgânica,

esta carece de critérios técnicos. A obtenção de mudas de boa qualidade é ainda um

problema, pelo alto custo e dificuldade na aquisição, geralmente são provenientes

de ações extrativistas à beira de estradas. A ausência de irrigação praticada pelos 8

NRA paranaenses, talvez justifique, em parte, as queixas quanto à necrose e

escurecimento na folhagem, além do insatisfatório rendimento de biomassa.

A época de plantio, bem como a de colheita, incluindo-se o número de cortes

ao ano, que são tão importantes e visam a maximização do teor de princípios ativos

da planta, também não são bem conhecidos pelos produtores. Como citado

anteriormente, os produtores de 6 dos 8 NRA acusaram a presença de fungos e

talvez nematóides nas raízes das plantas, no solo e na planta, porém poucos

conhecem técnicas de correto controle de pragas e doenças em plantas medicinais.

Diante do exposto, fica evidente a necessidade da elaboração de um

calendário agrícola adequado às condições locais, que vise a maximização tanto da

biomassa quanto do teor de princípios ativos da planta. Adicionalmente, torna-se

imprescindível e urgente, a transferência de informações técnicas aos produtores,

através do manual do produtor, visando o conhecimento e aplicação de boas

práticas agrícolas na cultura do capim-limão.

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9 9

4.5 REFERÊNCIAS

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Habana: Editorial Cientifico-Tecnico, 1993. p.43-46.

ÁRVORE. Adubo orgânico. Disponível em: <http://www.arvore.hpg.com.br/textos/

Sement.htm> Acesso em: dez. 2003.

BRASIL Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Portaria da

ANVS n. 17 de 24 de fevereiro de 2000. Regulamento técnico sobre o registro de

medicamentos fitoterápicos. Diário Oficial da União, Brasília, 25 fev. 2000.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância Sanitária. Portaria da SVS n.

519 de 26 de junho de 1998. Regulamentos técnicos para fixação de identidade e

qualidade de chás-plantas destinadas à preparação de infusões ou

decocções.Diário Oficial da União, Brasília, 29 jun. 1998.

CASTRO, L. O.; CHEMALE, M. C. Plantas medicinais, condimentares e condi-

mentares aromáticas: descrição e cultivo. Guaiba: Agropecuária, 1995. 196 p.

CORRÊA JÚNIOR, C.; MING, L. C.; SCHEFFER, M. C. Cultivo de plantas

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EVENTO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA; PROJETO DE EXTENSÃO UNIVERSI-

TÁRIA APOIO À UTILIZAÇÃO DE PLANTAS MEDICINAIS PELA REDE DE SAÚDE

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FARMACOPÉIA dos Estados Unidos do Brasil. 2. ed. São Paulo: Siqueira, 1959.

606p.

IBD. Instituto Biodinâmico. Adubo orgânico. Disponível em: <www.ibd.com.br>

Acesso em dez.2003.

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Técnico de Hortaliças, Lavras, n. 70, mar. 2002. Disponível em: <http://www2ufla.br

> Acesso em fev.2003.

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polis: EPAGRI, 1994. 71 p. Boletim técnico n. 68.

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1 0 1

ANEXO 4.1 - Roteiro para obtenção de informações sobre cultivo de capim-limão

junto aos produtores.

1 - Identificação do produtor:

(Nome, endereço, CEP, telefone, município, Estado)

2 - Espécie

(nome popular, nome científico, identificado por, nome que é comercializada)

plantio, coleta (cortes) - como e quando ocorrem (tempo, parte coletada)

3 - Área de produção (t ou Kg/ha; n° plantas /ha)

4 - Solo (tipo- argiloso, etc, resultado da última análise - pH, etc, como corrigiu -

calcáreo usado, última adubação - tipo /quantidade usada)

5 - Água de irrigação (origem, resultado da última análise)

6 - Pragas e doenças (Nome da praga/doença; parte atacada, método de controle,

uso de agrotóxicos? Qual?)

7 - Principais problemas da cultura (contaminação por microrganismos, sujidades,

insetos, etc.; há perdas na produção - porque?)

8 - Secagem da planta (método, tempo)

9 - Beneficiamento do produto

10 - Assistência agronômica/técnica

11 - Venda do produto (p/ que tipo de empresa, nacional ou não, como produto é

vendido? Realiza algum controle de qualidade? propaganda?)

12 - Armazenagem (como e onde é realizada, problemas apontados, por quanto

tempo produto é armazenado).

13 - Embalagem (tipo, rotulagem,)

14 - Transporte (como produto é enviado, condições gerais)

15 - Principais problemas ou comentários de modo geral quanto ao negócio (pontos

de estrangulamento apontados; ameaças; quer melhorar a qualidade de seu

produto, o que especificamente, como aumentar sua renda, etc).

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5 DIAGNÓSTICO DOS PROCEDIMENTOS DE COLHEITA E PÓS-COLHEITA DO

CAPIM-LIMÃO NO ESTADO DO PARANÁ, BRASIL1.

RESUMO: Apresentam-se os resultados de pesquisa exploratório-descritiva sobre

etapas de colheita e pós-colheita (beneficiamento, embalagem e armazenamento)

de capim-limão (Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf) realizada no Estado do Paraná,

no período de abril a novembro de 2000, com objetivo de detectar os pontos de

estrangulamento. Nos procedimentos de colheita e pós-colheita do capim-limão, os

principais problemas evidenciados foram: a colheita ocorre de forma artesanal, de

acordo com a demanda, sem os devidos cuidados de higiene, os instrumentos de

corte usados são inadequados e o tempo entre esta e o beneficiamento não é

estabelecido. No beneficiamento, o processo de secagem é problemático e variável,

ocorrendo secagem ao sol, que é totalmente inadequada. No armazenamento e

controle de qualidade do produto, as condições legais exigidas para ambos são

desconhecidas por cerca de 70 % dos produtores. Considerando o interesse dos

produtores agrícolas em qualificar os procedimentos de colheita e pós-colheita,

integrantes da cadeia produtiva do capim-limão, várias alternativas de melhoria do

processo são propostas.

Palavras-chave: planta medicinal, Cymbopogon citratus, cultivo.

HARVEST AND POSTHARVEST DIAGNOSIS OF LEMON GRASS CULTURE ON

THE PARANÁ STATE, BRASIL.

ABSTRACT: This paper show results of an exploratory-descriptive research about

stages of harvest and postharvest (processing, package and storage) of lemon

grass specie (Cymbopogon citratus) D.C. Stapf in Paraná State, executed from april

' Trabalho enviado para Revista Brasileira de Agrociência

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until november in 2000, aiming at to detect strangulation. On harvest and postharvest

proceeding of lemon grass on Paraná State, the main problems evidenced were:

rustic harvest, according the comercial demand, a lack of adequated care with

hygine, with utilization of innapropriated instruments, and the variable period between

harvest and processing. On packaging, the drying process observated is problematic

and variable, also occuring at sun, that is totality innaproprieted. The legal conditions

demanded for packaging and quality control of the product are unknown to 70% of

producers. Thus, regarding the interest of the agricultural producers to qualify the

procedures of harvest and postharvest, integrants of productive chain of lemon grass,

various alternatives of improvement for that process are proposed.

Key words: medicinal plant, Cymbopogon citratus, crop.

5.1 INTRODUÇÃO

O Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf (POACEAE), também conhecido como

capim-limão, capim-cidreira ou erva-cidreira, é uma planta herbácea perene,

amplamente utilizada pela população para fins medicinais e pela indústria

farmacêutica, alimentícia, de cosmético e perfumaria (Battacharyya, 1970; Thapa et

ai., 1971; Lawrence, 1978; Schultes etal., 1995).

No Estado do Paraná, a produção de capim-limão na safra 1998/1999 foi de

2000 toneladas, oriundas de uma área de cultivo de 60 hectares, participando com

aproximadamente 2 milhões de reais no Valor Bruto de Produção Agrícola (VBP) do

Estado (PARANÁ, 2001). O capim-limão pelo seu rápido crescimento, permitindo

colheitas poucos meses após o plantio e com pequeno intervalo de corte, e pela sua

rusticidade, permitindo a implantação de lavouras em diferentes tipos de solo, com

boa tolerância às pragas e doenças, torna-se uma alternativa econômica para a

diversificação de pequenas propriedades (Castro e Chemale, 1995; Magalhães,

1997). Entretanto, a garantia de comercialização está intimamente ligada à

manutenção da qualidade do produto desde sua colheita até os níveis finais da

cadeia produtiva. Assim, o emprego de procedimentos corretos de colheita,

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beneficiamento e acondicionamento são fundamentais para qualquer empreendimen

to que pretende manter-se no mercado.

Neste contexto, com vistas a subsidiar a oferta de um produto de boa qualidade

nos diferentes níveis de comercialização deste produto, realizou-se pesquisa

exploratório-descritiva do capim-limão, envolvendo as etapas de colheita e pós-

colheita (beneficiamento, embalagem e armazenamento) nos Núcleos Regionais

Administrativos (NRA) produtores da planta no Estado do Paraná. Os dados obtidos

foram confrontados com a literatura especializada, no sentido da detecção de

potenciais inadequações, visando propor alternativas de melhoria destes processos

quando pertinentes.

5.2 MATERIAL E MÉTODOS

A partir de entrevistas com os técnicos da Secretaria da Agricultura e do

Abastecimento do Estado do Paraná-SEAB/PR e da Empresa Paranaense de

Assistência Técnica e Extensão Rural-EMATER /PR, durante o período de abril a

novembro de 2000, obteve-se dados dos diferentes segmentos e agentes

econômicos, que atuam na produção agroindustrial do capim-limão no Estado do

Paraná. Este universo de entrevistados correspondeu a 34 pessoas, representando

13 Núcleos Regionais da SEAB/PR e englobando 38 municípios paranaenses

(Gomes, 2001).

Na segunda etapa do trabalho, 22 produtores agrícolas e/ou agroindustriais

foram entrevistados pessoalmente ou por via telefônica, a fim de se conhecer o perfil

sócio - econômico e tecnológico dos mesmos. Com estas informações, foi possível

quantificar e qualificar os sistemas de produção praticados, descritos por Gomes

(2001). Neste trabalho, obteve-se também os dados sobre formas e procedimentos

de colheita, beneficiamento e tipos de acondicionamento, além de sistemas de

armazenamento.

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5.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.3.1 Colheita

Todos os agricultores entrevistados indicaram o emprego de colheita manual,

utilizando foice, cutelo ou facão, extraindo toda massa foliar da planta, a partir de

aproximadamente 20 cm do solo. No processo de colheita o instrumento de corte

deve ser limpo e afiado para reduzir os danos na planta e na parte colhida (Reis e

Mariot, 2001). A desinfecção de instrumentos de corte com solução de hipoclorito de

sódio a 5% é recomendada pelo Ministério da Agricultura (Agricultura, 2003).

(Figuras 5.1 e 5.2).

O corte da folhagem próximo de 20 cm do solo, como praticado pelos

agricultores, está de acordo com procedimentos indicados na literatura, o qual

permite a rebrota (Acosta De La Luz, 1993; Castro e Chemale, 1995; Magalhães,

1997; Corrêa Júnior e Scheffer, 2001).

Registrou-se que 65,21% dos agricultores realizam a primeira colheita entre 6 e

8 meses após o plantio das mudas (Tabela 5.1). Não há um calendário agrícola

definido e a colheita é organizada de acordo com a demanda de mercado, podendo

ser realizada 2 a 5 vezes por ano. O capim-limão permite 3 (Magalhães, 1997) à 4

(Silva Júnior et. al., 1994) cortes por ano. Quanto à época de colheita, pode-se

dividir os agricultores em dois grupos: um que realiza a colheita na primavera, verão

e outono, abrange cerca de 91,3% dos agricultores, e outro, que faz a colheita de

material no verão e durante o inverno, corresponde apenas a 8,70% (Tabela 5.1).

Porém, verificou-se que quando o inverno não é rigoroso, 21,74% dos agricultores

dentre os 91,3% citados acima, realizam a colheita também nesta estação.

Devido ao fato de que as plantas medicinais fornecem matéria-prima para a

obtenção de medicamentos, pelos seus metabólitos secundários, deve-se observar a

"época ideal" de colheita, ou seja, quando o teor destes compostos é maior e não

coletar apenas de acordo com a demanda de mercado, como foi verificado em

campo. Para se determinar a época ideal de colheita, além de considerar-se a

maximização do teor dos metabólitos secundários, deve-se observar a variação da

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composição destes conforme os estádios de desenvolvimento vegetal, buscando

associá-lo à maior produção de biomassa (Corrêa Júnior e Scheffer, 2001).

TABELA 5. 1 - Distribuição da porcentagem de agricultores em relação à primeira ço lheita após o plantio e a época do ano de colheita do capim-limão no Estado do Paraná, 2000.

Primeira colheita (meses) Porcentagem de agricultores 4 a 6 21,74 6 a 8 65,21 8 a 10 8,70 10a 12 4,35 Época de colheita Primavera, Verão e Outono 91,30 Verão e Inverno 8,70

FONTE: Pesquisa de campo, 2000.

No caso específico do capim-limão, sabe-se que a touceira não exibe um

aspecto indicativo do momento ideal para se efetuar a colheita, isto é, de maior

concentração de óleo e maior teor de citral, seu composto principal. Experimentos

com esta planta, avaliando época e freqüência de colheita, relacionadas à

produtividade e qualidade, apresentam distintos resultados. De acordo com

Donalísio et al. (1971), no Estado de São Paulo, em Campinas, os melhores

rendimentos de óleo por hectare são obtidos com 3 cortes ao ano (fevereiro, junho e

outubro), não havendo influência significativa do tempo e freqüência das colheitas

sobre o teor de citral. Reis e Mariot (2001) recomendam a realização de 2 colheitas

(dezembro e abril-maio), sendo que os cortes devem coincidir com a pré-floração, de

modo a obter-se máximo teor de princípios ativos.

Deve-se considerar também que a colheita ideal, além de variar com a época do

ano e com o estádio de desenvolvimento vegetal, pode variar no período de um dia,

já que há horários cuja concentração de princípio ativo pode ser maior. Segundo

Martins et al. (1995), para plantas com óleos essenciais como o capim-limão

recomenda-se a colheita no período da manhã.

Foram identificados "in loco" alguns pontos críticos quanto à limpeza e higiene

do local e dos manipuladores em 3 NRA produtores visitados. Acredita-se que tal

situação possa ser extrapolada para os outros 5 NRA, em função das entrevistas

realizadas. No local, pela ausência de cercas, permitia o acesso de animais

domésticos. Os manipuladores não usavam indumentária adequada. O caminhão de

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colheita não era de uso exclusivo para colheita desta planta, não havia

acondicionamento protetor (bags) no mesmo. Tais constatações, contrariam as

exigênicas da legislação vigente e as recomendações da literatura (BRASIL, 1997

a,b ; MANUAL, 1996 e 2000) e vão sem dúvida, influir na qualidade do produto final.

Os cuidados no manuseio durante a colheita além de preservarem a integridade das

partes colhidas, diminuindo a perda de princípios ativos, evitam a contaminação

microbiana da planta. Dentre os cuidados recomendados, Corrêa Júnior et ai. (1994)

e Dalla Costa e Miguel (2001) indicam que em todas as fases de manipulação das

plantas o manipulador deve estar com as mãos limpas ou usar luvas. Além disso, as

ferramentas usadas na colheita devem ser limpas após cada corte, para evitar que

resíduos de uma planta se misturem com outra, o que compromete a qualidade

(Figuras 5.1 e 5.2).

FIGURA 5.1 - Detalhe da colheita de capim-limão, NRA Cascavel, PR - 2000

FIGURA 5.2 - Detalhe de área de cultivo de capim-limão pós-colheita, NRA Cascavel , PR - 2000

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5.3.2 Beneficiamento (fragmentação e secagem)

Evidenciou-se que os processos de beneficiamento do capim-limão pós-colheita

estão afetos ao tipo de produto final comercializado, a saber: folhas "in natura" ou

óleo essencial.

Quando o produto final é o óleo essencial, geralmente a massa foliar é

transportada diretamente à destilaria, sem ser submetida previamente a qualquer

tipo de beneficiamento. Em alguns casos, pode haver uma permanência da massa

foliar colhida no campo, diretamente no chão de terra batida à temperatura

ambiente, por aproximadamente 24 a 48 horas. Este procedimento é totalmente

aleatório e depende das condições climáticas, disponibilidade do agricultor e

demanda do mercado.

Para o produto a ser comercializado na forma "in natura", após a colheita a

massa foliar é geralmente submetida à fragmentação e posterior secagem.

Detectou-se 3 tipos básicos de secagem: a) secagem natural a pleno sol; b)

secagem natural à sombra a temperatura ambiente e c) secagem em secador com

ar aquecido.

5.3.2.1 Secagem natural a pleno sol

A secagem natural a pleno sol foi evidenciada em 3 núcleos regionais dentre os

8 núcleos produtores. Antecedendo a secagem, ocorre a fragmentação do produto

de forma rudimentar, utilizando-se geralmente picador de vegetais, cuja granulome -

tria é desconsiderada. Evidenciou-se o uso de picador elétrico em apenas um dos

núcleos regionais. No processo de secagem, a massa foliar fragmentada é deixada a

céu aberto, sobre lona, durante 24 a 48 horas, conforme variação das condições

climáticas.

Com relação ao observado, salienta-se que a secagem do material colhido

deveria ser realizada o mais breve possível, para evitar deterioração do material

provocada por processos biológicos enzimáticos ou bacterianos (Corrêa Júnior e

Scheffer, 2001). Também, há que se considerar que para plantas aromáticas como o

capim-limão, a temperatura pode ser um fator determinante de perda de óleo

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essencial, dada à sua volatilidade. Geralmente, perdas significantes são registradas

quando a temperatura ultrapassa 45° C (Corrêa Júnior e Scheffer, 2001), o que pode

facilmente ocorrer em uma situação de plena exposição ao sol. Desta forma, a

secagem ao sol apresenta-se como contra-indicada para a espécie em questão, pois

além de provocar a perda de princípios ativos voláteis, também promove alteração

da cor e do aroma, além de favorecer apenas a secagem superficial, mantendo a

umidade no interior da parte vegetal. Outro fator desfavorável é que esta tecnologia

requer grandes áreas de secagem (10 à 20% da área de cultivo para folhas e flores),

além de estar diretamente sujeita à mudanças climáticas que podem atuar

desfavoravelmente na secagem. Considerando-se, também, que o local de secagem

deve estar sempre protegido da infestação de insetos e ataque de roedores, isso é

bastante difícil de ser monitorado em um procedimento a céu aberto.

5.3.2.2 Secagem natural à sombra em temperatura ambiente

O outro processo de secagem natural detectado é realizado à temperatura

ambiente. A secagem ocorre em galpões cobertos, que possuem prateleiras com

diversas bandejas sobrepostas. A massa foliar previamente fragmentada, em

picador específico, fica exposta por 2 a 3 dias nestas bandejas, com temperatura

variando de 30 à 35° C, mantida mediante promoção de boa circulação de ar, com

uso de janelas com telas.

Com relação a este processo, salienta-se que não é recomendado para cultivos

comerciais e em regiões com grande umidade relativa do ar, como a região Sul do

Brasil (Corrêa Júnior e Scheffer, 2001). Para um melhor uso do espaço disponível

para secagem, recomenda-se que em 1 m2 de área, a quantidade de folhas frescas

deva ser de 1 à 2 kg. Ressalta-se também que a secagem natural é um processo

que pode demorar até semanas, conforme a espécie e as condições climáticas

locais, podendo gerar deterioração do material.

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5.3.2.3 Secagem em secadores com ar aquecido

Os secadores com ar aquecido observados em 5 dos 8 núcleos regionais

produtores, correspondem ao conjunto formado por uma fornalha, um ventilador, um

condutor de ar e uma chapa perfurada, onde é colocada a massa foliar para a

secagem. Também neste processo de secagem, a massa foliar sofre prévia

fragmentação (fragmentos de 2 a 4cm) em picadores específicos. Porém, neste

caso, são retiradas as impurezas.

Observou-se diferenças marcantes no que se refere ao tempo (4 até 20 horas) e

temperaturas (35 a 40° C) de secagem aplicadas. Entretanto, esta variação não

atinge limites que comprometam a qualidade ou quantidade do óleo essencial.

Entretanto, enfatiza-se que apesar deste tipo de secador reduzir significativamente o

tempo de secagem, oferecer bom rendimento e melhor qualidade do produto a ser

comercializado do que a secagem natural, isto só pode ser obtido se controlados os

fatores temperatura, umidade relativa e fluxo do ar (Corrêa Júnior e Scheffer, 2001).

Em um experimento com temperaturas de secagem de 40, 50 e 60° C, Martins et al.

(2000) recomendaram o uso de 40° C como temperatura máxima de ar com

velocidade de 1m.s"1, para evitar a redução no teor de citral no capim-limão.

Respeitando-se estes princípios, pode-se considerar este tipo de secador adequado

para a espécie em questão.

5.3.3 Embalagem e armazenamento

O produto desidratado destinado à comercialização "in natura" é embalado em

sacos de papelão duplo, plástico e ráfia com capacidade para 15 a 50kg ou ainda

inferior ou superior a isto, conforme a exigência do comprador. Em 3 regionais

constatou-se que o rótulo da embalagem continha as informações básicas

requeridas pela legislação vigente à época da pesquisa, Portaria n° 42/98 (Brasil,

1998a), a saber: denominação do ingrediente, identificação do lote e da origem,

prazo de validade e conteúdo líquido. O produto embalado, geralmente, é

armazenado em depósito ventilado e escuro contendo estrados e prateleiras.

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O óleo essencial obtido a partir da destilação das folhas é embalado em frascos

de plástico com capacidade de 10 a 50kg. O tempo de armazenamento geralmente

varia de 3 meses a um ano, sendo determinado pelo mercado comprador.

Evidenciou-se, também, a preocupação dos produtores em evitar a deterioração

da planta seca ou a possível oxidação do óleo essencial, porém não se observou

qualquer tipo de tratamento, objetivando preservar a qualidade desses produtos.

Somente 30% dos produtores agroindustriais de capim-limão entrevistados

conheciam as legislações que estabelecem as condições de armazenamento,

Portaria 368/97 do Ministério da Agricultura (Brasil, 1997a) e Portaria 326/97 do

Ministério da Saúde (Brasil, 1997b), e as referentes as análises de controle de

qualidade sanitária no produto embalado, Portaria 519/98 do Ministério da Saúde

(Brasil, 1998b).

Salienta-se que, conforme o observado, o armazenamento do produto "in natura"

e do óleo estão de acordo com as recomendações técnicas e legais quanto ao

ambiente apropriado, ou seja, seco, arejado, sob prateleiras e estrados, livre de

insetos e roedores (Brasil, 1997a; Brasil, 1997b; Reis e Mariot, 2001 et al., 2000).

Entretanto, no quesito "período de armazenamento", os produtores indicaram não ter

conhecimento que este período deve ser o menor possível e o que o período

máximo de armazenamento deve ser de 1 ano. Isto tem sérias implicações sobre a

qualidade do produto comercializado, dado que durante o armazenamento o teor de

princípios ativos tende a diminuir qualitativamente e quantitativamente (Petrovick et

al., 1997; Reis e Mariot, 2001).

Com relação as embalagens, segundo Taborsky, citado por Miguel et al. (2001),

idealmente estas não devem reagir ou sequer permitir troca com o meio externo.

Entretanto, é sabido que as embalagens plásticas de polipropileno, como as

utilizadas para armazenar o capim-limão, são inadequadas para o acondicionamento

de drogas aromáticas "in natura", dado que promovem perda gradativa do teor de

óleo essencial ao longo do tempo (Miguel et al., 2001). Caso se opte por este tipo de

plástico, o rótulo deve explicitar claramente as condições ideais de temperatura e

teor de umidade durante o armazenamento e distribuição do produto, uma vez que

estes fatores podem influenciar o grau de perda de óleo essencial.

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5.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES

Quando da avaliação dos procedimentos de colheita e pós-colheita do capim-

limão no Estado do Paraná, os principais problemas evidenciados foram: a colheita

ocorre de forma artesanal, de acordo com a demanda, os instrumentos de corte

usados são inadequados e sem os devidos cuidados de higiene e o tempo entre

esta e o beneficiamento não é estabelecido. No beneficiamento, o processo de

secagem é problemático e variável, ocorrendo em alguns casos, secagem ao sol,

que é totalmente inadequada. No armazenamento e controle de qualidade do

produto, as condições legais exigidas para ambos são desconhecidas por cerca de

70 % dos produtores.

Considerando o interesse dos produtores agrícolas em qualificar os

procedimentos de colheita e pós-colheita da cadeia produtiva do capim-limão,

propõe-se como alternativas de melhoria:

• Até que seja estabelecido procedimento mais correto para o Estado do Paraná,

realizar a colheita no período na manhã, evitando a colheita no inverno, quando a

área foliar estiver danificada pelo frio.

• Empregar ferramentas afiadas e higienizadas com solução comercial de

hipoclorito de sódio 5%.

• Realizar secagem logo após a colheita e acondicionar a erva em recipientes

adequados às condições de armazenamento.

• Na secagem, deve-se preferir o uso de secadores com circulação de ar quente e

cuidar para manter a temperatura e velocidade do ar nos limites estabelecidos

para o capim-limão, ou seja, temperatura máxima 40° C e velocidade de 1m.s"1.

• Na colheita, transporte e armazenamento, utilizar caixas plásticas ou lonas

plásticas previamente higienizadas.

• Os coletores devem obrigatoriamente usar luvas adequadas a textura do material

vegetal, touca e roupas apropriadas para a colheita e para o trabalho na unidade

de beneficiamento.

• Aos órgãos de extensão rural, cabem medidas educativas de orientação ao

produtor em relação ao manejo e beneficiamento, de acordo com a legislação

nacional vigente e repasse das informações através de manual do produtor.

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1 1 3

5.5 REFERÊNCIAS

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6 ACONDICIONAMENTO E ROTULAGEM DO CHÁ DE CAPIM-LIMÃO (Cymbo-

pogon citratus (D.C.) StapfJ COMERCIALIZADO PELO SEGMENTO SUPER-

MERCADO NA CIDADE DE CURITIBA, PARANÁ - BRASIL.

RESUMO: Apresentam-se informações sobre embalagem e rotulagem das marcas

de chá de capim-limão (Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf), comercializadas pelo

segmento supermercado na cidade de Curitiba. Tais informações foram obtidas, no

período de agosto a outubro de 2001, por meio de observação participante e

pesquisa documental. No total, foram identificadas 19 marcas de chá de capim-

limão, sendo 47,36% de procedência paranaense. Constatou-se que 68,4% das

marcas estavam acondicionadas em embalagens secundárias ou terciárias e apenas

35,6% apresentavam-se em embalagens primárias, ou seja, a embalagem em

contato direto com o alimento. Quanto à rotulagem, a maioria das marcas avaliadas

apresentava-se adequada à legislação vigente no que concerne à quase totalidade

dos parâmetros considerados. A incorreção mais freqüente foi relativa à

denominação de venda. Registrou-se ausência da rotulagem nutricional em cerca de

dois terços das marcas avaliadas, na época da pesquisa. Posterior reavaliação

permitiu evidenciar a adequação de cerca de 56% destas marcas, quanto à

rotulagem correta da embalagem.

Palavras-chave: alimento, qualidade, embalagem.

PACKAGING AND LABELLING OF LEMON GRASS TEA (Cymbopogon citratus

(D.C.) Stapf) COMMERCIALIZED BY SUPERMARKETS IN CURITIBA CITY,

PARANÁ - BRAZIL

ABSTRACT: Introduce informations about packaging and labelling of lemon grass ,

Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf tea trademarks commercialized by supermarkets

in Curitiba city. These informations were obtained between august and december of

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2001, through participative observation and documental research. On totality, were

identified 19 trademarks of lemon grass tea, 47,36% of them were from Paraná

State. It was verified that 68,4% of trademarks were packed in secondary or terciary

packages and just 35,6% showed primary packages, as the package was in direct

contact with food. About the labelling, the majority of trademarks avaliated were

suitable with the actual legislation in almost totality of considerated questions. The

more frequent mistake was about the sale designation. It was registered the lack of

nutritional information in two third parts of avaliated trademarks, by the time of the

research. Later evaluation allowed to evidence the adequation of near 56% of this

trademarks about that question.

Key - words: food, quality, labelling.

6. 1 INTRODUÇÃO

Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf (Poaceae) é espécie herbácea perene, de

porte alto, originária da índia e cultivada em vários países, inclusive no Brasil (Akisue

et al.,1996). Chamada popularmente de capim-limão, capim-santo, capim-cidrão e

erva-cidreira, tem emprego popular, também uso e aplicação industrial como

fitoterápico entre outros. O óleo essencial contido nas folhas desta espécie contém

de 30 a mais de 90% de citral (mistura dos aldeídos geranial e neral) (Oliveiros-

Belardo e Aureus, 1979; Rabha et al., 1979; Torres, 1993). Também, possui outros

aldeídos como citronelal, isovaleraldeído e decilaldeído. Entre suas propriedades

farmacológicas, destaca-se: efeito antiespasmódico do tecido uterino e intestinal,

analgésico, antibacteriano (Teske e Trentini, 1997). É tida também como ansiolítica e

digestiva, apesar de que estas propriedades não foram confirmadas em testes

farmacológicos "in vivo", realizados em animais e humanos (Farmacologia, 1985;

Leite et al., 1986; Silva et al.,1991).

Esta planta, atualmente, encontra-se entre os 10 componentes do grupo de

produtos especiais de maior importância sócio-econômico e financeira para as

comunidades agrícolas paranaenses. Segundo dados da Secretaria de Estado da

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Agricultura e do Abastecimento (Paraná, 2001), a produção agrícola de capim-limão,

safra 1999/2000, foi de 280,25 toneladas, a área ocupada foi de 26,2 hectares e

participou com aproximadamente 311 mil reais no Valor Bruto da Produção Agrícola

(VBP) no Estado do Paraná. Para a safra 2000/2001 (Paraná, 2002), registrou-se um

incremento na produção de 14%, representado por quase 320 toneladas, em área

superior a 23 hectares, contribuindo para o VBP em mais de 650 mil reais.

Dentre as diversas formas de comercialização do capim-limão, salienta-se

aquela utilizada para fins alimentícios, na forma de chá1. Curitiba, enquanto capital

do Estado, destaca-se como centro de industrialização e comercialização de grande

parte da produção de chá de capim-limão do Estado (Paraná, 2003). Das 9 marcas

de chá de capim-limão produzidas no Estado do Paraná, 7 são industrializadas e

comercializadas em Curitiba e Região Metropolitana .

Os produtos comercializados como alimento devem ser submetidos a

constante controle sanitário, visando a saúde da população. Para contribuir neste

sentido, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) do Ministério da

Saúde, estabelece os padrões de identidade e qualidade característicos para cada

produto alimentício (Brasil, 1993, 1998a). Adicionalmente, formulou e divulgou em 20

de setembro de 2002, a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) n° 259, que

padroniza definições e estabelece critérios sobre a rotulagem de alimentos

embalados, assim como o rol de informações de caráter obrigatório a serem

incorporadas nos rótulos (Brasil, 2002b), em substituição à Portaria n° 42 de 14 de

janeiro de 1998 (Brasil, 1998b). Segundo a RDC n° 259, as informações de caráter

obrigatório na rotulagem de alimentos embalados são: denominação de venda do

alimento, lista de ingredientes, conteúdos líquidos, identificação da origem, nome ou

razão social e endereço do importador, no caso de alimentos importados,

identificação do lote, prazo de validade e instruções sobre o preparo e uso do

alimento, quando necessário. Também, esta resolução estabelece que os alimentos

embalados não devem apresentar em seu rótulo efeitos ou propriedades que não

possuam ou indicação que o alimento possua propriedades medicinais ou

terapêuticas

' No Brasil, o Ministério da Saúde define 'chás" como produtos constituídos de partes vegetais inteiras. fragmentadas ou moldas, obtidas por processos tecnológicos adequados a cada espécies, utilizados exclusivamente na preparação de bebidas alimentícias por infusão ou decocção em água potável, não podendo ter finalidades fàmacoterapéuticas. segundo a Portaria n°. 519 de 26/06/98 ( B R A S I L . 1998a).

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Além da RDC n° 259, a ANVISA divulgou também as RDC n° 39 e 40 em 21

de março de 2001, as quais aprovam aspectos sobre a rotulagem nutricional

obrigatória de alimentos e bebidas embalados (Brasil, 2001 b, c). Desde então, todo

e qualquer alimento embalado deve estar de acordo com as especificações ali

listadas, de modo a garantir que o consumidor tenha plena informação a que tem

direito, assim como que as unidades de controle sanitário tenham mais uma

ferramenta de apoio na execução de seu trabalho.

Desta forma, considerando-se a importância do capim-limão no contexto

agrícola do Estado do Paraná e o volume comercializado deste chá na Região

Metropolitana de Curitiba, buscou-se identificar as marcas de chá de capim-limão

comercializadas em Curitiba, avaliando-se o acondicionamento e a rotulagem, tendo

por referência as normas citadas nas Resoluções da ANVISA, de modo a subsidiar o

controle de qualidade deste produto. Também, observou-se a presença ou a

ausência de registro no rótulo do uso de irradiação ou de outro processo análogo. A

RDC n° 21 de 26 de janeiro de 2001 (Brasil, 2001a) regulamenta o uso da irradiação

em alimentos e a define como um processo físico de tratamento que consiste em

submeter o alimento a doses controladas de radiação ionizante, com finalidade

sanitária, fitossanitária e/ou tecnológica. Porém, este processo não é capaz de ser

aplicado em qualquer situação e o tratamento requer técnicas especializadas e

equipamento sofisticado (Bender,1982; Riedel,1992). Também, se utilizado este

processo, tal ação deve estar explicitada no rótulo do produto comercializado.

A comercialização de produtos alimentícios no Brasil é dominada pelo

segmento "supermercado", cuja participação é em torno de 75% (APRAS, 2000).

Neste percentual estão incluídas as vendas dos chás de plantas medicinais, como o

de capim-limão. Segundo pesquisa da Associação Brasileira de Propaganda

(APRAS, 1999), realizada em várias cidades brasileiras englobando 12 Estados, o

consumidor de Curitiba realiza 95% de suas compras em supermercados, versus

74% da média nacional. Por esta razão, o segmento "supermercado", englobando

hipermercados e supermercados, foi utilizado como delimitação amostrai no âmbito

deste trabalho.

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6.2 MATERIAL E MÉTODOS

6.2.1 Área estudada

Curitiba (25° 25’ Sul: 49°16’ Oeste), capital do Estado do Paraná, no sui do

Brasil, conforme a Figura 6.1, possui 1.6 milhão de habitantes distribuídos

desigualmente em 75 bairros, estes organizados em 8 Administrações Regionais

(AR) (Curitiba,2001 a,b) (Anexo 6.1).

A pesquisa em questão buscou abranger todas as regionais assim como os

seus bairros mais populosos (Figura 6.2).

FIGURA 6.1 - Localização da área de estudo, Curitiba, Paraná, Brasil.

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AR Santa Felicidade 11%

AR Matriz 14%

AR Portão 19%

AR Pinheirinho 10%

AR Boa Vista 14%

ARCajuru 12%

AR Boqueirão 12%

AR Bairro Novo 8%

121

FIGURA 6. 2 - Localização das 8 administrações regionais de Curitiba (PR) com res­pectivos percentuais populacionais. Os números anotados correspondem aos bairros que pertencem as Administrações Regionais (AR), listados no anexo 6.1: bairros de Curitiba.

FONTE: Curitiba/IPPUC, 2001 b. Elaboração da autora.

6.2.2 Seleção dos Estabelecimentos Avaliados

Segundo documentação da Associação Paranaense de Supermercados

(APRAS, 2001 ), o segmento "supermercado" engloba 153 estabelecimentos

distribuídos em 50 bairros de Curitiba.

No âmbito deste trabalho, foram selecionados 30 estabelecimentos

localizados nas 8 AR (Tabela 6.1), dado que se enquadravam em pelo menos um

dos seguintes critérios:

1- Comercializar o produto agrícola capim-limão, independente da marca, mas

preferencialmente de origem do Estado do Paraná;

2- Estar localizado em bairro bem classificado em termos de população na AR (até

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3°-4° lugar) e possuir ampla área fisica, relativamente aos demais

estabelecimentos do bairro;

3- Estar bem classificado no ranking de maior faturamento no ano de 2000,

segundo a Associação Brasileira de Supermercados - ABRAS (ABRAS, 2000).

TABELA 6.1- Estabelecimentos do segmento supermercado selecionados para a análise das marcas de chá de capim-limão comercializadas em Curitiba.

REGIONAL BAIRRO(S) SELECIONADO(S) *

ESTABELECIMENTOS SELECIONADOS

CRITÉRIO (S) DE ESCOLHA DO ESTABELE

CIMENTO 1-Portão CIC-Centro Lembrasul Supermercados 2,3.

Água Verde Supermercado Festival; 1 Extra Kennedy 2,3 Supermercados Pão de Açúcar 3

Portão Hipermercado Big 1,2,3 Parolin Carrefour Parolin 3

2-Boa Vista Bairro Alto Benato Supermercados 2 Supermercado Cilia 2

Boa Vista Hipermercado Big 1,2,3. 3-Matriz Centro Mencadorama 1,2,3

Cristo Rei Supermercados Pão de Açúcar 3 Extra 3

Bigorrilho Carrefour Champangnat 3 Jardim Social Supermercados Pão de Açúcar 3 Alto da Rua XV Supermercado Festival 1 Batel Lembrasul Supermercados 3 Juvevê Mercadorama 1,2,3 Mercês Supermercado Festival 1 Jardim Botânico Hipermercado Big 1,3.

4-Boqueirão Boqueirão Supermercados Jacomar 2 Xaxim Hipermercado Big 1,2,3.

Vila Hauer Supermercado Superpão 1,3 5-Cajuru Cajuru Supermercado Festival, 1,2

Jardim das Américas Wal-mart Brasil Ltda 1,2,3. 6-Santa Felicidade Santa Felicidade Hipermercado Big 1,2,3.

São Braz Condor Super Center 2,3. Seminário Mercadorama 1,2,3

7-Pinheirinho Pinheirinho Condor Super Center 2,3. 8- Bairro Novo Sítio Cercado Stall Supermercados 2

Videira Supermercados 2 TOTAL 8 25 30 FONTE: Pesquisa de campo, 2001

NOTA: * Regional e bairros apresentados em ordem decrescente de população.

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6.2.3 Obtenção e análise dos dados

O levantamento das marcas comercializadas do produto em questão foi

efetuado a partir de visitas aos supermercados selecionados, no período de agosto a

outubro de 2001, observando-se nas seções de mercearia e hortifrutigranjeiros, as

gôndolas de chás e condimentos tanto dos chamados produtos orgânicos quanto

dos convencionais. Para cada uma das marcas de chá de capim-limão identificada,

foram obtidas informações in loco sobre tipos de acondicionamento, rotulagem e

utilização de irradiação ou processo análogo. Adicionalmente, foram realizadas

entrevistas com técnicos responsáveis pelas marcas identificadas, para conferência

da aplicação ou não de processo de irradiação nos produtos. A RDC n° 21 (Brasil,

2001a) referenciou esta avaliação relativa ao uso da irradiação em alimentos. A

avaliação dos tipos de acondicionamento e a rotulagem foi realizada tendo por base

as definições, princípios e determinações da Portaria n° 42 (Brasil, 1998b) e das

Resoluções-RDC n° 259 (Brasil, 2002b) e n° 39 e 40 (Brasil, 2001b e 2001c), da

Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde.

A rotulagem nutricional do chá de capim-limão também foi avaliada segundo

as já citadas RDC n°. 39 e n°. 40. A RDC n° 39 estabelece os valores de referência

(VR) de alimentos embalados, onde para chás, quando em saquinhos, o VR

equivale ao volume da infusão pronta para o consumo. A medida caseira é a xícara,

a quantidade média por medida caseira é de 200 ml e a forma de apresentação da

medida caseira no rótulo é uma xícara de chá. A RDC 40 estabelece a declaração

obrigatória no rótulo de valor calórico, seguida, dos componentes, na seguinte

ordem: carboidratos, proteínas, gorduras totais e sódio, cujas unidades são para os

três primeiros o grama e para o último, o miligrama. O valor calórico é declarado em

Kcal. A informação nutricional deve ser apresentada em um mesmo local no rótulo e

estruturada em forma de tabela. Salienta-se que a avaliação da rotulagem nutricional

foi efetuada em apenas 9 dentre as 19 marcas identificadas e avaliadas porque as

marcas avaliadas ainda estavam em fase de adequação à nova legislação. O prazo

legal para cumprimento das citadas resoluções foi estabelecido para 20 de março de

2003 (Brasil, 2002a; 2003a). Desta forma, apenas avaliou-se 9 marcas, escolhidas

aleatoriamente, no sentido de se ter um referencial da situação na época da

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realização deste trabalho.

No que concerne à denominação de venda do alimento (ou nome específico),

foi utilizada a Portaria da ANVISA n° 519 (Brasil, 1998a), que estabelece o padrão

de identidade e qualidade de chás, além das citadas RDC n°259 e Portaria n°42.

6.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.3.1 A rotulagem obrigatória do chá enquanto alimento

6.3.1.1 Identificação da origem das marcas

Nos 30 estabelecimentos pesquisados foi registrado comércio de chá de

capim-limão, identificando-se um número variável de marcas, num total de 19

(Tabela 6.2). As marcas mais freqüentemente encontradas nestes estabelecimentos

(88,23%) foram Leão Júnior e Real, produzidas no Estado do Paraná. As outras

marcas produzidas no Estado do Paraná, como: Carrefour, Great Vallue, Poliervas,

Celeiro do Brasil, Chamei eram comercializadas com exclusividade pelos

estabelecimentos seguintes: Carrefour, Wal-Mart, Condor, Superpão e Festival,

respectivamente. As marcas Produtos da Roça e Terra Ervas estavam disponíveis

na rede SONAE (BIG e Mercadorama).

As marcas identificadas apresentavam distintas procedências sendo 9

originárias do Paraná, 6 de São Paulo, 4 do Rio Grande do Sul e uma de Santa

Catarina (Tabela 6.3). A identificação da origem, marca, nome ou razão social são

consideradas informações obrigatórias, de acordo com a Portaria n° 42/98 e RDC n°

259/02 (Brasil, 1998 b; 2002 b).

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TABELA 6.2 - Disponibilidade das marcas de chá de capim-limão no segmento super mercado na cidade de Curitiba - ago-out. 2001.

TOTAL DE ESTABELECIMENTO/NÚMERO MARCAS COMERCIALIZADAS MARCAS DE LOJAS VISITADAS COMERCIALI

ZADAS Wal-Mart Brasil Ltda/1 Leão, Real, Great Vallue, 8

Oetker, LinTea, Chinatown, Castellari, Api.Chá.

Mercadorama/3 Leão, Real, Mercadorama, 8 Terra Ervas, Produtos da Roça, Oetker, Lin Tea, Api.Chá.

Hipermercado BIG/5 Leão, BIG, Terra Ervas, 7 Produtos da Roça, Oetker, Lin Tea, Api.Chá.

Carrefour/2 Leão, Real, Carrefour, Oetker, 7 LinTea, Littlemilla, Nobel,

Condor Super Center/2 Leão, Real, Poliervas, Oetker, 6 Lin Tea, Prenda

Extra/2 Leão, Real, Oetker, Lin Tea, 5 Castellari

Supermercado Superpão/1 Leão, Celeiro do Brasil, Prenda 3 Benato Supermercados/1 Leão, Real, Poliervas 3 Supermercados Pão de Açucar/3 Leão, Real . 2 Supermercado Festival/4 Leão, Chamei 2 Lembrasul Supermercados/2 Leão, Real, 2 Stall Supermercados/1 Leão, Real, 2 Videira Supermercados/1 Leão, Real, 2 Supermercados Jacomar/1 Leão, Real 2 Supermercado Cilla/1 Real 1 FONTE: Pesquisa de campo, 2001.

NOTA: As marcas comercializadas não estão disponíveis em todas as lojas de uma mesma rede.

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TABELA 6.3 - Marcas de chá de capim-limão comercializadas pelo segmento super-mercado na cidade de Curitiba e respectivas procedências - ago-out

2001.

MARCA ESTADO CIDADE EMPRESA

Api.Chá São Paulo Campinas ApiNutre

BIG Rio Grande do Sul Porto Alegre Madrugada

Carrefour Paraná Curitiba Moinhos Unidos

Castellari São Paulo São Paulo Linguanoto

Celeiro do Brasil Paraná Cascavel Celeiro do Brasil

Chamei Paraná Região Metropolitana Chamei

de Curitiba- Campo

Largo

China Town São Paulo Baurú Casa de Chá China

Town

Great Vallue Paraná Curitiba Moinhos Unidos

Leão Paraná Curitiba Leão Júnior

LinTea São Paulo São Paulo LinTea

Littlemilla Rio Grande do Sul Porto Alegre Littlemilla

Mercadorama Rio Grande do Sul Porto Alegre Madrugada

Nobel Santa Catarina Xanxerê Nobelchás

Oetker São Paulo São Paulo Oetker

Poliervas Paraná Curitiba Poliervas

Prenda Rio Grande do Sul Canoas Prenda

Produtos da Roça Paraná Guarapuava Fundação Rureco/

Cercopa

Real Paraná Curitiba Moinhos Unidos

Terra Ervas Paraná Curitiba Terra Ervas

TOTAL : 19 Paraná, São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina.

FONTE: Pesquisa de campo, 2001.

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6.3.1.2 Forma de comercialização e acondicionamento

Em todos os estabelecimentos avaliados, o produto denominado "chá de

capim-limão" comercializado referia-se ao alimento embalado, constituído de planta

seca desidratada moída (68,4% do total de marcas) ou fragmentada (31,6%).

A planta seca desidratada moída, foi identificada em 8 marcas

acondicionadas em sachês, organizados dentro de caixas de papel envoltas por

filme plástico (embalagem secundária). Em 5 marcas, os saches eram

adicionalmente embalados em envelope de papel (embalagem terciária) (Tabela

6.4).

Quando se tratava de planta seca desidratada fragmentada, estava contida

em embalagem primária, correspondendo a saco plástico transparente (5 marcas) ou

pote plástico transparente com tampa (1 marca) (Tabela 6. 4).

As formas de acondicionamento evidenciadas não ferem a legislação vigente.

Entretanto, as embalagens secundárias e terciárias oferecem melhor proteção na

medida que o risco de ruptura destas é bem menor, evitando a contaminação do

produto disponível ao mercado consumidor.

6.3.1.3 Denominação de venda do alimento ou nome específico

O nome específico que caracteriza o alimento é fixado por regulamento

técnico, no caso dos chás, pela Portaria n° 519/98 (Brasil,1998 a), que define os

Padrões de Identidade e Qualidade. Este nome específico é chamado pela Portaria

n° 42/98 e pela RDC n° 259/02 de "denominação de venda do alimento". Esta é uma

das informações obrigatórias exigidas por esta Resolução, que deve constar no

painel principal do produto. Entretanto, no caso do capim-limão, a própria Portaria n°.

519/98 apresenta incorreção na grafia do nome cientifico, que ao invés de

Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf, apresenta como nome científico Cymbopogon

citratus Stapf, o que se configura numa incorreção na autoria desta espécie.

Também há que se considerar, na análise da grafia, os aspectos da

nomenclatura botânica que estabelecem que nomes científico, por estarem em latim,

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devem estar em negrito ou itálico, sendo apenas a inicial do nome do gênero em

letra maiúscula. Todo nome científico deve estar acompanhado do nome correto do

autor da espécie, assim como deve refletir a história de alterações deste nome a

partir de sua proposição.

Todas as marcas identificadas indicavam em seu rótulo a espécie vegetal

Cymbopogon citratus como matéria prima de seu produto. Entretanto, em 9 marcas

detectou-se incorreções ou omissões parciais na grafia do nome científico desta

espécie (Tabela 6.4). Nestes casos, indica-se a adequação destas grafias de modo a

minimizar quaisquer possibilidades de erro de identificação do material

comercializado,

zado.

Estas diferentes marcas, também, apresentavam variação na indicação do

nome popular da espécie em questão, sendo "capim-cidreira" o mais utilizado

(47,4% das marcas) seguida por "capim-limão"(26,3%). Em 10% das marcas,

registrou-se a denominação "erva-cidreira", também empregada para outras

espécies botânicas como Lippia alba (Mill.) N.E.Br. ex Britt & Wilson e Melissa

officinalis L.

6.3.1.4 Conteúdo líquido

Em acordo ao estabelecido pelas Portaria n° 42/98 e Resolução RDC n°

259/02, em todos os rótulos das marcas avaliadas registraram-se indicação do peso

líquido sendo este bastante variável (valor mínimo =10g; valor máximo = 150 g,

média = 19,7 g), sendo mais freqüentemente registrados o peso de 10 g, mesmo

que as referidas legislações não definam um volume quantificável (Tabela 6.4).

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TABELA 6. 4 - Informações sobre as marcas de chá de capim-limão comercializadas pelo segmento supermercado na cidade de Curitiba - ago-out. 2001.

GRAFIA DO NOME CIENTIFICO-NOME POPULAR COMO TIPO DE PESO MARCA APRESENTADAS NOS RÓTULOS (INDICAÇÃO DO ERRO EMBALAGEM LÍQUIDO

OU OMISSÃO) (g) Leão Cymbopogon citratus - Capim cidreira (falta autor) Terciária 10; 20 Api.Chá Cymbopogon citratus Staph - Cidreira (autor escrito de forma Terciária 24

incompleta e incorreta, gênero e espécie em letra não itálico) Castellari Cymbopogon citratus - Erva cidreira - capim-limão Terciária 30

(falta autor) LinTea Cymbopogon citratus, Stapf - Capim cidreira Terciária 10

(autor escrito de forma incompleta, presença incorreta de virgula)

Oetker Cymbopogon citratus,S.- Cidreira (nome do autor incompleto, Terciária 15 presença incorreta de virgula)

Real Cymbopogon citratus - Cidreira (falta autor, gênero e espécie Secundária em letra não itálico)

Carrefour CYMBOPOGON CITRATUS - Cidreira (falta autor, falta, Secundária gênero e espécie em letra maiúscula e não itálica)

Great Cymbopogon citratus - Cidreira (falta autor) Secundária 10 Vallue Terra Cybopogon citratus- Cidreira (falta autor e letra no gênero) Secundária 10 Ervas BIG Cymbopogon citratus- Capim cidreira (falta autor) Secundária 10 Mercado- Cymbopogon Citratus,Stapf - Capim cidreira Secundária 10 rama (nome do autor incompleto, gênero e espécie com letra inicial

em maiúscula e não itálico, presença incorreta de virgula) Nobel Cymbopogon citratos,Stapf - Capim cidreira Secundária 10

(nome do autor incompleto, gênero e espécie em letra não itálico, espécie escrita incorretamente, presença incorreta de virgula)

Prenda Cymbopogon citratus ,Stapf - Capim cidreira Secundária 10 (nome do autor incompleto, presença incorreta de virgula)

Poliervas Cymbopogon Citratus - Capim-limão (falta autor, gênero e Primária 15 espécie em letra maiúscula e não itálico) (pote plástico)

Chamei Cymbopogon citratus - Capim-limão (falta autor) Primária 50 (saco plástico)

Celeiro Cymbopogon citratus - Capim-limão (falta autor) Primária 30 do Brasil (saco plástico) Produtos Cymbopogon citratus - Capim-limão Primária 50 da Roça (falta autor, gênero e espécie em letra não itálico) (saco plástico) Littlmilla Cymbopogum Citratus - Capim cidró (falta autor, gênero e Primária 50

espécie em letra não itálico, gênero escrito incorretamente (saco plástico.) espécie escrita com letra inicial maiúscula)

China Cymbopogon citratus - Erva cidreira (falta autor) Primária 10 Town (saco plástico)

FONTE. Pesquisa de campo,2001.

A maioria das marcas avaliadas apresentava correta indicação da parte

utilizada, ou seja "folha", conforme estabelece a Portaria do Ministério da Saúde n°

519/98. No entanto, na marca Castellari indicava-se "folha e outras partes do ramo",

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como parte usada e na Poliervas não havia indicação da parte usada, contrariando a

citada Portaria.

6.3.1.5 Alegação de efeito ou propriedade terapêutica ou medicinal

Em nenhuma das marcas avaliadas, na rotulagem haviam alegações de

efeitos, propriedades medicinais ou outras, atendendo assim a exigência da RDC n°

259/02 e sua antecessora a Portaria n° 42/98 e a Portaria n° 519/98 (Brasil, 1998

a;1998 b; 2002 b). Pela legislação brasileira, chá é considerado alimento e não

medicamento e como tal não é pemitido que conste na rotulagem tais informações.

Porém, em pesquisa nos sites de algumas empresas responsáveis pelas marcas

listadas na tabela 6.4, constavam tais informações, visto não haver legislação que

proiba tal procedimento.

6.3.1.6 Outros itens do rótulo

Todas as marcas avaliadas estavam de acordo com as exigências da Portaria

n° 42/98 e RDC n° 259/02, no que se refere às informações referentes à lista de

ingredientes, nome ou razão social, identificação do lote, prazo de validade,

instruções sobre o preparo e uso do alimento, quando necessário.

6.3.2 Rotulagem nutricional do chá de capim-limão

Seis das 9 marcas avaliadas não apresentavam rotulagem nutricional

conforme estabelecido pelas RDC n° 39/01 e RDC n° 40/01, quando da avaliação

procedida em 2001 em período precedente ao prazo final de adequação à esta

legislação (BRASIL, 2002 a; 2003 a). As principais falhas observadas, nesta

oportunidade, foram ausência da declaração obrigatória de valor calórico, nutrientes

e componentes. Em posterior avaliação, realizada em maio de 2003, verificou-se que

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1 3 1

5 das 9 marcas haviam se adequado à legislação vigente incorporando a rotulagem

nutricional em suas embalagens.

6.3.3 Uso de irradiação ou processo análogo

A Resolução da ANVISA, RDC n° 21/01, que estabelece o regulamento

técnico para irradiação de alimentos, exige dentre os requisitos obrigatórios que na

rotulagem dos alimentos irradiados, deva constar no painel principal do rótulo do

produto, em letras maiúsculas e de tamanho não inferior a 1/3 do da letra de maior

tamanho nos dizeres da rotulagem: ALIMENTO TRATADO POR PROCESSO DE

IRRADIAÇÃO. Esta informação deve constar também nas notas fiscais e nos locais

de exposição à venda, por meio de cartaz.

Em nenhuma das marcas avaliadas foi registrada a indicação no rótulo de

utilização de irradiação durante o processo produtivo ou beneficiamento do produto.

A informação de ausência do emprego da irradiação foi confirmada junto aos

técnicos das indústrias, por via telefônica. Desta forma, todas as marcas se

adequam ao preconizado na legislação vigente.

6.3.4 Produção Orgânica de chá de capim-limão

Apenas uma das marcas avaliadas (Produtos da Roça) foi identificada como

oriunda de produção orgânica, a partir das informação do rótulo. Esta marca

também foi a única a apresentar selo de certificação conferido pela Associação de

Estudos, Orientação e Assistência Técnica Rural - ASSESSOAR.

As demais marcas são obtidas através de cultivo tradicional sem certificação

orgânica.

No Brasil, o uso de agroquímicos na produção de plantas medicinais, como o

capim-limão é proibido, não por se tratar de planta medicinal, mas porque estes

produtos não são registrados no País para uso neste tipo de cultura (Montanari

Júnior, 2000/2001; Brasil, 2003b). Entretanto, visitas e entrevistas a produtores

Page 150: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

1 3 2

levam a crer que esta é prática que, eventualmente, pode ser empregada no cultivo

do capim-limão.

6.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES

A maioria das marcas avaliadas apresentava-se adequada à legislação

vigente no que concerne à quase totalidade dos parâmetros considerados. A

incorreção mais freqüente foi relativa à denominação de venda.

Entretanto, visando a contínua melhoria do produto comercializado e maior

satisfação do consumidor, recomenda-se às indústrias produtoras de chá de capim-

limão:

1. quanto ao acondicionamento: priorização do uso de embalagens secundárias ou

terciárias, pela maior proteção que oferecem ao alimento;

2. quanto à rotulagem: no quesito denominação de venda ou nome específico,

adoção do nome científico correto da espécie, acompanhado de autoria, ou seja:

Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf.

3. inserção da rotulagem nutricional, em forma de tabela, incluindo o valor calórico,

seguido da declaração de nutrientes e componentes básicos, na seguinte ordem:

carboidratos, proteínas, gorduras totais e sódio.

Também, dado que o chá de capim-limão é freqüentemente utilizado como

planta medicinal, além de complemento alimentar, recomenda-se aos produtores

agrícolas a adoção de prática agroecológica e corretas de manejo sob orientação

técnica. Tanto em nível de industrialização, como de comercialização até o nível

consumidores, recomenda-se a adoção de exigência de produto de qualidade.

Especificamente à ANVISA, sugere-se correção da Portaria n° 519/98 no que

concerne à grafia do nome específico do capim-limão.

6.5 AGRADECIMENTOS

Aos funcionários da APRAS- Associação Paranaense de Supermercados e do

Page 151: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

1 3 3

IPPÜC—Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba, localizados em

Curitiba, pelas informações e documentos disponibilizados. À bibliotecária do

Campus III da Universidade Federal do Paraná, Sra. Liane dos Anjos, pela revisão

nas referências deste trabalho.

6.6 REFERÊNCIAS

AKISUE, G. et al. Padronização da droga e do extrato fluido de Cymbopogon citratus

(D.C.) Stapf. Lecta, Bragança Paulista, v. 14, n. 2, p. 109-119, 1996.

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Edição 2000. Superhiper,São Paulo, v. 26, p. 26-29, 70, 82-94, 123, 2000.

APRAS. ASSOCIAÇÃO PARANAENSE DE SUPERMERCADOS. Consumo ainda

está sob controle. Supermix, Curitiba, n. 47, p. 50-54, 1999.

APRAS. ASSOCIAÇÃO PARANAENSE DE SUPERMERCADOS. Supermercados

refletem diversidade. Supermix, Curitiba, n. 61, p. 16-18, 2000.

APRAS. ASSOCIAÇÃO PARANAENSE DE SUPERMERCADOS. A rota da

qualidade. Supermix, Curitiba , n. 65, p. 26-30, 2001.

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RDC da ANVISA n. 40 de 21 de março de 2001. Rotulagem nutricional obrigatória de

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1 3 4

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RDC da ANVISA n. 155 de 27 de maio de 2002. Prazo para a adequação da

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BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução-

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PARANÁ. Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento-SEAB. Departa -

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Page 154: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

ANEXO 1 - Bairros de Curitiba

A.R. Bairro Novo 71 Campo de Santana 70 Caximba 72 Ganchinho 65 Sítio Cercado 73 Umbará A.R. Boa Vista 50 Abranches 55 Atuba 35 Bacacheri 36 Bairro Alto 52 Barreirinha 34 Boa Vista 51 Cachoeira 32 Pilarzinho 53 Santa Cândida 33 São Lourenço 49 Taboão 19 Tarumã 54 Tingüi A.R. Boqueirão 64 Alto Boqueirão 56 Boqueirão 38 Hauer 57 Xaxim A.R. Cajuru 21 Cajuru 20 Capão da Imbuia 23 Guabirotuba 22 Jardim das Américas 37 Uberaba A.R. Matriz 14 Ahú 04 Alto da Glória 05 Alto da Rua XV 10 Batel 11 Bigorrilho 13 Bom Retiro 16 Cabral 01 Centro 03 Centro Cívico 17 Hugo Lange

07 Jardim Botânico 18 Jardim Social 15 Juvevê 12 Mercês FONTE: CURITIBA/, 2001.

24-Prado Velho 08 Rebouças 02 São Francisco A.R. Pinheirinho 58 Capão Raso 75 Cidade Industrial 66 Pinheirinho 74 Tatuquara A.R. Portão 09 Agua Verde 75 Cidade Industrial 39 Fanny 42 Fazendinha 26 Guaíra 40 Lindóia 41 Novo Mundo 25 Parolin 27 Portão 43 Santa Quitéria 67 São Miguel 28 Vila Izabel A.R. Santa Felicidade 68 Augusta 61 Butiatuvinha 30 Campina do Siqueira 44 Campo Comprido 47 Cascatinha 75 Cidade Industrial 62 Lamenha Pequena 45 Mossunguê 59 Orleans 69 Riviera 63 Santa Felicidade 46 Santo Inácio 60 São Braz 48 São João 29 Seminário

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7 AVALIAÇÃO DO ACONDICIONAMENTO E DA ARMAZENAGEM DE CHÁS NO

SETOR SUPERMERCADISTA: SUBSÍDIOS À FISCALIZAÇÃO SANITÁRIA1.

RESUMO: Neste trabalho são apresentados dados de pesquisa exploratório-

descritiva realizada no setor supermercadista visando avaliar a qualidade e

adequabilidade do acondicionamento (embalagem) e local de armazenagem de chás

frente à legislação vigente. Além de proporcionar um panorama geral da situação de

armazenagem de chás, também buscou-se gerar um instrumento base para

incrementar a inspeção sanitária neste setor de comercialização. A coleta de dados

foi efetuada a partir de visitas a 6 supermercados selecionados, no período de 02 a

30 de abril de 2001, observando-se a seção de mercearia seca no interior da loja e

depósito anexo, quando permitido. Adicionalmente, efetuaram-se entrevistas com

técnicos responsáveis pelos citados setores, para esclarecimentos e conferência de

praticas de armazenagem. De modo geral, a maioria das lojas analisadas foram

categorizadas como portadoras de boa (4 lojas) à excelente (2 lojas) qualidade de

armazenagem de chás. Os depósitos visitados apresentavam-se com qualidade boa

(3) à regular (1). A avaliação detalhada do formulário básico de coleta de dados

permitiu evidenciar que o problema mais freqüentemente registrado tanto nas lojas

quanto nos depósitos, refere-se à falta de controle adequado de temperatura e

umidade (ausentes na totalidade dos estabelecimentos visitados). Um outro

problema que igualmente foi registrado com relativa freqüência refere-se ao

espaçamento mínimo requerido. Com menor freqüência, foram evidenciadas

inadequações quanto à limpeza do local de armazenagem e luminárias, proximidade

de produtos tóxicos, além de forma e qualidade do empilhamento.

Palavras- chave: plantas medicinais; saúde; supermercado.

' Trabalho enviado para Revista Brasileira de Armazenagem.

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1 3 8

VALUATION OF STORAGE AREAS OF TEAS IN THE SUPERMARKET SETOR:

SUBSIDY TO SANITARY INSPECTION

ABSTRACT: This paper presents data of explorative-descriptive research that took

place in supermarket sector to evaluate the quality and adequability of packaging and

storage areas of teas considering current legislation. Besides providing a general

view about the situation of tea storage, this research had the purpose of creating a

base instrument to develop the sanitary inspection in this sector of marketing. The

collection of data happened in visits to six selected supermarkets, from 02 to 30 of

april 2001, observing the dry grocery department inside the store and the deposit

next to it, when ever allowed. In addition to this, there were interviews with experts

responsable for the mentioned sector ,in order to elucidate and check storage

practices. In general, the most of the stores analised were classified as having good

(4 stores) to excellent (2 stores) qualility of tea storage. The deposits visited

presented good (3) to regular (1) quality. The detailed evaluation of the basic

questionnaire for the collection of data permited evidence that the problem most

often registered in the stores as well as in the deposits refer to the absence of

suitable temperature and humidity control (absent in the total of stores visited).

Another problem that was also registered with considerable frequency refers to

minimal spacing required. With less frequency, ^appropriations were evidenced

regarding the cleaning and lighting of storage area, nearness of toxic products,

besides the manner and quality of stacking.

Keywords: medicinal plants; health, supermarkets.

7.1 INTRODUÇÃO

O uso de plantas medicinais, principalmente quando ingeridas na forma de chá2,

sempre esteve presente no dia a dia da população, especialmente aquelas de baixa

2 No Brasil, o Ministério da Saúde define u"chás"como produtos constituídos de partes de vegetais, inteiras, fragmentadas ou moídas, obtidos por processos tecnológicos adequados a cada espécie, utilizados exclusivamente na preparação de bebidas alimentícias por infusão ou decocçSo em água potável, nâo podendo ter finalidades farmacoterapêuticas" (Brasil, 1998).

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1 3 9

renda, suprindo dessa forma as suas necessidades de assistência médica primária

(Elizabetsky, 1987; Gomes et al., 1997). Desde a década de 60, a utilização de

plantas medicinais é crescente, dentre outros fatores, impulsionada dentre outros

fatores, pelo modismo, como movimentos de volta aos alimentos naturais, volta à

terra (FDA, 2001), aliados à comprovação científica das propriedades das plantas,

divulgadas pela mídia.

Apesar do mercado para os produtos naturais ser promissor e sua demanda ser

crescente, a falta de qualidade, desde a matéria prima ao produto acabado é um

problema freqüente neste ramo. Desde a década de 30, os autores brasileiros

discutem o problema da qualidade dos fitoterápicos e das plantas medicinais,

relacionando um conjunto de fatores que influencia a qualidade de um produto desta

natureza (Vidal, 1935; Costa, 1936; Cruz, 1936; Oliveira e Akisue, 1973; Farias et

al.,1985; Schenkel et al.,1985). Entre estes fatores, registra-se o armazenamento

inadequado, que além de gerar perda de princípios ativos do produto podem

favorecer a contaminação por agentes diversos, que por sua vez podem causar

danos à saúde do consumidor, além de determinar prejuízos econômicos ao

empresário envolvido. O armazenamento é, portanto, um elemento de importância

crítica em qualquer sistema de comercialização. Entretanto, geralmente há

escassez de instalações de armazenamento nas propriedades agrícolas, bem como

freqüentemente não existem instalações adequadas de armazenamento para

alimentos de origem animal e vegetal nos locais de comercialização (OMS, 1982).

O chá é um produto higroscópico e a manutenção de sua qualidade depende em

grande parte de seu conteúdo de umidade. Portanto, ao acondicioná-lo para

comercialização é imprescindível providenciar uma barreira eficaz contra a umidade

(Ranken, 1993). Associado a isto, o armazenamento com controle de temperatura e

umidade adequados para produtos secos inibirá o desenvolvimento de mofos que

produzem toxinas, algumas das quais potencialmente patogênicas, como as

aflatoxinas (OMS, 1982; APPCC,1997). Também, é importante que o período de

armazenagem seja o menor possível, minimizando a potencialidade de perda de

princípios ativos (Corrêa Júnior et al.,1994; APPCC,1997).

No Brasil, os chás comerciais, embora popularmente sejam utilizados como

medicamento, são considerados alimentos pelo Ministério da Saúde, sendo

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1 4 0

comercializados como tal, são dispensados de registro, porém devem atender as

exigências da legislação pertinente. Enquanto alimento, estão submetidos, para fins

de inspeção, quanto a questão do armazenamento, à Portaria n° 326 do Ministério

da Saúde (Brasil, 1997) que norteia a avaliação de um "conjunto de atividades e

requisitos para se obter uma correta conservação de matéria-prima, insumos e

produtos acabados". Não existe, portanto, uma legislação específica para referendar

a fiscalização sanitária da qualidade de armazenamento de chás no setor de

comercialização.

Desta forma, neste trabalho são apresentados dados de pesquisa

exploratório-descritiva realizada no setor supermercadista, visando avaliar a

qualidade e adequabilidade do acondicionamento (embalagem) e local de

armazenagem de chás frente à legislação vigente. Também, buscou-se gerar um

instrumento base para incrementar a inspeção sanitária neste setor de

comercialização.

7.2 MATERIAL E MÉTODOS

A primeira etapa deste trabalho consistiu em coleta de informações sobre o

tema junto a especialistas da área de Vigilância Sanitária de Alimentos pertencentes

aos quadros funcionais das Secretarias Estadual de Saúde do Paraná e Municipal

da Saúde de Curitiba. A seguir, realizou-se pesquisa sobre a legislação vigente

relacionada ao tema em estudo. Adicionalmente, buscaram-se informações

bibliográficas sobre práticas adequadas de armazenagem e acondicionamento de

produtos alimentícios, especialmente chás. Com base nos dados obtidos, foi

elaborado um formulário básico de coleta de dados a ser aplicado para avaliação do

setor supermercadista (Tabela 7.2, p.146).

Empregou-se, como referencial legal na elaboração deste roteiro, a Portaria

do Ministério da Saúde n° 326/97 - "Regulamento técnico sobre as condições

higiênico-sanitárias e de Boas Práticas de Fabricação para Estabelecimentos

produtores/ industrializadores de alimentos" (Brasil, 1997) e Portaria n° 1428 de

26/1/93 do Ministério da Saúde - Regulamento técnico para inspeção sanitária de

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1 4 1

alimentos/Diretrizes para estabelecimento de Boas Práticas de Produção e de

Prestação de Serviços na Área de Alimentos/Regulamento técnico para o

Estabelecimento de Padrão de Identidade e Qualidade - (PIQs) para Serviços e

Produtos na área de Alimentos (Brasil,1993). Adicionalmente, utilizou-se o Manual

de Boas Práticas de Transporte e Armazenagem de Alimentos e o Manual de Boas

Práticas de Fabricação para empresas de alimentos, publicados pela Sociedade

Brasileira de Ciência e Tecnologia de Alimentos-SBCTA e pela Associação Brasileira

de Profissionais da Qualidade de Alimentos-PROFIQUA/SBCTA (Manual, 1996;

2000). De forma complementar, a seguinte literatura sobre armazenagem também

foi consultada: Silva e Monnerat (1986); Hazelwood e Mclean (1994); Silva Júnior

(1995) e Barufaldi e Oliveira (1998).

A avaliação dos tipos de acondicionamento foi realizada tendo por base as

definições, princípios e determinações da Portaria n° 42 (Brasil, 1998a) e RDC n°.

259 (Brasil, 2002) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da

Saúde.

7.2.1 Seleção dos Estabelecimentos Avaliados e coleta de dados

Segundo documentação da Associação Paranaense de Supermercados

(APRAS, 2001), o segmento supermercado engloba 153 estabelecimentos

distribuídos em 50 bairros de Curitiba (Paraná). No âmbito deste trabalho, foram

selecionados 6 destes estabelecimentos localizados em Curitiba, dado que se

enquadravam em pelo menos um dos seguintes critérios:

1- Estar classificado entre as 10 maiores empresas por faturamento bruto em nível

nacional, segundo a Associação Brasileira de Supermercados-ABRAS (ABRAS,

2000).

2- Estar classificado entre as 3 maiores empresas por faturamento bruto em nível

estadual paranaense, segundo a Associação Brasileira de Supermercados-

ABRAS (ABRAS, 2000).

Dentre as redes selecionadas, a pesquisa foi efetuada nas lojas identificadas

como de maior área física com construção civil.

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1 4 2

A coleta de dados foi efetuada a partir de visitas aos supermercados

selecionados, no período de 02 a 30 de abril de 2001, observando-se a seção de

mercearia seca no interior da loja e depósito anexo, quando permitido.

Adicionalmente, efetuaram-se entrevistas com técnicos responsáveis pelos citados

setores, para esclarecimentos e conferência de praticas de armazenagem.

7.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

De modo geral, a maioria das lojas analisadas foram evidenciadas como

portadoras de boa (4 lojas) a excelente (2 lojas) qualidade de armazenagem de

chás. Os depósitos visitados apresentavam-se com qualidade boa (3) a regular (1)

(Tabela 7.1, p.146).

A avaliação detalhada do formulário básico de coleta de dados permitiu

evidenciar que o problema mais freqüentemente registrado, tanto nas lojas quanto

nos depósitos refere-se ao controle adequado de temperatura e umidade, ausentes

na totalidade dos estabelecimentos visitados (Tabela 7.2, p.147). Estes controles

são importantes para garantir a integridade do produto, principalmente para evitar a

presença de fungos, que são inimigos dos produtos armazenados. Estes se

proliferam quando o material está com teor de umidade acima do ideal ou o local de

armazenagem não está suficientemente arejado e seco (APPCC, 1997). Os fungos

alteram os teores de princípios ativos, fazendo com que os produtos percam seu

valor terapêutico (Corrêa Júnior et ai., 1994) e podem, inclusive, provocar doenças

transmitidas por alimentos. As Farmacopéias e a legislação brasileira vigente para

chás estabelecem limites para o teor máximo de umidade específicos, que devem

ser respeitados. Também há recomendações à conservação ao abrigo da luz e da

umidade (Farmacopéia, 1988; Pharmacopoea, 1993; Pharmacopée, 1997; Brasil,

1997; WHO, 1998).

O ar condicionado central, evidenciado na maioria dos estabelecimentos

amostrados, na prática, tem como objetivo o controle simultâneo de todos ou de

alguns dos parâmetros que afetam as condições físicas e químicas da atmosfera dos

locais, tais como: a temperatura, a umidade relativa, a velocidade do ar, a

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1 4 3

distribuição de pó, bactérias, odores e gases tóxicos. Entretanto, estes aparelhos

não eram submetidos ao controle específico de temperatura e umidade requerido

especificamente para alimentos secos, como os "chás". Geralmente a umidade

relativa inferior a 40 % é considerada muito baixa e ruim, pois evita a re-hidratação e

torna quebradiço os materiais fibrosos, também causam secura de mucosas. No

outro extremo da escala, as atmosferas com uma umidade relativa superior a 80%

são consideradas relativamente úmidas e provocam a re-hidratação e o

amolecimento excessivo de alguns produtos e materiais (Ranken, 1993). Também,

atualmente, alegando a crise no setor energético, foi constatado a desativação do ar

condicionado em pelo menos uma das lojas.

Um outro problema que igualmente foi registrado com relativa freqüência e

em especial em 3 depósitos refere-se ao espaço inadequado para a realização de

tarefas e circulação (Tabela 7.2, p.147). O local de armazenagem deve ser seco,

fresco, bem arejado e iluminado, à prova de larvas e mantido sempre limpo e

desinfetado. A desinfecção, as inspeções e o controle de pragas devem ocorrer em

períodos regulares e para que sejam realizados de modo eficiente é fundamental

que haja espaço para a movimentação dos estoques, durante estas operações

(Hazelwood e Mclean, 1994).

Com menor freqüência foram evidenciadas inadequações quanto à limpeza

do local de armazenagem, tipo de luminárias, proximidade de produtos tóxicos, além

de forma e qualidade do empilhamento (Tabela 7.2, p.147). Em três dos

estabelecimentos visitados, a lavagem do piso ocorria apenas uma vez por semana,

o que impossibilita a manutenção adequada do local, especialmente o chão, que

pelo acúmulo de detritos e umidade pode gerar a proliferação de microrganismos.

Além disso, nestes mesmos locais, a iluminação era inadequada, possibilitando a

formação de sombras e dificultando a visualização dos produtos. Também havia o

emprego de lâmpadas fluorescescentes ao invés das de sódio (amarelas), que

evitarim a atração de insetos noturnos (Manual, 1996; 2000).

Registrou-se a presença de caixas contendo produtos de limpeza ao lado de

caixas com chás, potencializando a ocorrência de contaminação cruzada (Silva

Júnior, 1995). Esta, além de gerar perdas do produto, pode ocasionar danos à saúde

do consumidor.

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1 4 4

Em dois depósitos, observou-se a presença de caixas de papelão contendo

gêneros alimentícios, que não chás, no chão, um pouco amontoadas, contrariando o

que preconizam a legislação e a literatura, as quais sugerem colocar as caixas em

prateleiras adequadas e em outro local (Hazelwood e Mclean, 1994; Silva Júnior.,

1995; Manual, 1996 e 2000; Brasil,1997).

Em outras duas oportunidades, as caixas de papelão contendo chás

devidamente empacotados estavam dispostas em pilhas não ordenadas

corretamente, sem que a distância mínima em relação às paredes fosse respeitada.

Além disso, estas caixas contendo chás não integravam um só grupo de alimentos,

havia ao lado destas outros produtos como, por exemplo, arroz e bolachas.

Apesar de pouco freqüentes, as situações especiais relativas à embalagem,

observadas em 3 lojas, merecem ser ressaltadas. Em duas das lojas analisadas,

observou-se que uma das marcas de chá estava sem a devida proteção da caixa de

papelão (embalagem primária). Os sachês de papel eram envoltos por sacos

plásticos, que por sua vez podem ser facilmente violados, não oferecendo a devida

segurança ao consumidor, como determina a legislação (Silva Júnior, 1995;

Brasil,1997). Muitos produtos, como os chás, estão protegidos contra a

contaminação pela embalagem e o maior perigo é a ruptura ou a abertura acidental

ou maliciosa da embalagem expondo o produto ao meio ambiente. Fato este

evidenciado em uma das lojas amostradas.

7.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A totalidade dos funcionários responsáveis pelo setor "mercearia seca"

entrevistados afirmou conhecer as normas para um correto armazenamento, bem

como explicitou a existência do manual específico da empresa para tal fim.

Entretanto, considerando as irregularidades observadas, especialmente quanto ao

local de armazenamento, conclui-se que em alguns aspectos estas normas não são

bem conhecidas ou não são valorizadas.

Salienta-se que a falta de obediência dos requisitos básicos de

armazenagem, poderá resultar em deterioração ou contaminação dos alimentos,

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1 4 5

tornando-os impróprios ao consumo humano. Por outro lado, o conhecimento e

aplicação das recomendações da legislação e literatura, aliados ã uma fiscalização

eficiente conduzirão a melhores condições de armazenagem, o que se positivamente

refletirá na qualidade dos alimentos e na segurança alimentar do consumidor.

7.5 AGRADECIMENTOS

Aos funcionários das Secretarias Estadual de Saúde do Paraná e

Municipal de Saúde de Curitiba-Setor de Vigilância Sanitária de Alimentos e aos

funcionários do Setor Supermercadista pelo bom atendimento e pela prestação de

informações que foram muito importantes para a viabilização do presente trabalho.

Ao Professor Rupérsio Álvares Cançado, da disciplina de Tópicos em Tecnologia e

Engenharia de Alimentos-Segurança em Laboratórios, Programa de Pós-Graduação

em Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal do Paraná, pelas valiosas

sugestões e comentários.

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TABELA 7.1 - Síntese do desempenho dos estabelecimentos avaliados quanto à qualidade de armazenagem de chás, em Curitiba, 2001.

Estabelecimento 1 2 3 4 5 6 Loja Depósito Loja Depósito Loja Depósito Loja Depósito Loja Loja

Número total de itens adequados 26 20 27 24 26 23 25 26 25 27 (N=29) (%) 89,6 69,0 93,1 82,8 89,6 79,3 86,2 89,6 86,2 93,1 Categoria B C A B B B B B B A

NOTA: As categorias propostas são: A- Excelente (91-100%); B- Bom (76-90%); C- Regular (41-75%); D- Deficiente (inferior à 40%).

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TABELA 7. 2 - Desempenho geral detalhado da armazenagem de chás em Supermercados de Curitiba - 2001. continua

ESTABELECIMENTO 01 02 03 04 05 * 06

QUESITO AVALIADO Loja Depósito Loja Depósito Loja Depósito Loja Depósito Loja Loja c N S N S N S N S N S N S I N S N S N S N

1. Embalagem (Port.42/98; RDC 259/02; Silva Júnior, 1995; Manual 1996;2000) Tipo de embalagem

Primária X X X X X X X X X X Secundária X X X X X X X X X X Terciária X X X X X X X X X X

Embalagens Integras X X X X X X X X X X Identificação visível X X X X X X X X X X Dentro do Prazo de Validade X X X X X X X X X X 2. Local de Armazenagem ( Silva e Monnerat, 1986; Hazelwood e Mclean, 1994; Silva Júnior, 1995; Barufaldi e Oliveira, 1998; Port. 326/97; Manual 1996;2000) Piso, paredes, forros e tetos em perfeitas condições de limpeza. Lixo em recipiente tampado, limpo e higienizado. X X X X X X X X X X Lixo adequadamente armazenado para coleta. X X X X X X X X X X Isento de vapor, poeira, fumaça e acúmulo de água. X X X X X X X X X X Isento de material estranho, estragado e/ou tóxico. X X X X X X X X X X Bem Iluminado (luminárias limpas em bom estado de X X X X X X X X X X conservação)

X X X X X X X X X X Controle de Temperatura X X X X X X X X X X Temperatura adequada (+/-15 °C) NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA Controle de Umidade Relativa X X X X X X X X X X Umidade relativa adequada (aproximadamente 70%) NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA Proibição de entrada de animais. X X X X X X X X X X Proteção contra entrada e permanência de insetos e roedores X X X X X X X X X X Espaço suficiente para estocagem de produtos acabados, com espaços livres para adequada ordenação, limpeza, manutenção e controles de pragas (no mínimo, 45 cm distantes das paredes). X X X X X X X X X X Locais exclusivos para produtos químicos, de higiene, limpeza e de perfumaria, materiais tóxicos, explosivos e inflamáveis. X X X X X X X X X X Ausência destes produtos em área próxima ou em contato com o alimento. X X X X X X X X X X

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TABELA 7.2 - Desempenho geral detalhado da armazenagem de chás em supermercados de Curitiba - 2001. conclusão

ESTABELECIMENTO 01 02 03 04 05* 06*

QUESITO AVALIADO Loja Depósito Loja Depósito Loja Depósito Loja Depósito Loja Loja S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N

2. Local de armazenagem (continuação) Alimentos armazenados separados por tipo ou grupo X X X X X X X X X X Alimentos dispostos sobre estrados em bom estado ou prateleiras adequadas (não fundas, de aço inoxidável e vazada). X X X X X X X X X X Empilhamento mantém linearidade vertical e horizontal. X X X X X X X X X X Blocos de estrados com distância mínima de 45 cm entre si. X X X X X X X X X X Produtos armazenados de forma a não receber luz solar X X X X X X X X X X 3. Procedimentos (Port. 326/97; Manual 1996; 2000) Segue as Boas Práticas de Armazenagem para impedir X X X X X X X X X X contaminação e/ou proliferação de microrganismos e proteção contra alteração ou danos ao recipiente ou embalagem. Utiliza Manual de Boas Práticas de Transporte e Armazenagem X X X X X X X X X X de Alimentos" como base, na orientação das operações de movimentação e armazenagem de alimentos. Possui Manual de Boas Práticas de Armazenagem de alimentos X X X X X X X X X X próprio. Realiza inspeção periódica dos produtos armazenados, a fim de X X X X X X X X X X que somente sejam expostos alimentos aptos para o consumo humano. Respeita o tempo de vida de prateleira do alimento. X X X X X X X X X X Retira freqüentemente estrados, caixas e materiais danificados X X X X X X X X X X da área de armazenamento. Adota e implementa procedimentos efetivos para manter a X X X X X X X X X X adequada rotatividade dos produtos armazenados.

NOTA: NA Não avaliado. * Estabelecimentos que nâo permitiram acesso ao depósito

Page 167: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

1 4 9

7.6 REFERÊNCIAS

APPCC, na qualidade e segurança microbiológica de alimentos: análise de perigos e

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42 de 14 de janeiro de 1998. Regulamento técnico referente à rotulagem de

alimentos embalados. Diário Oficial da União, Brasília, jan. 1998a.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância Sanitária. Portaria da SVS n.

519 de 26 de junho de 1998. Regulamentos técnicos para fixação de identidade e

qualidade de chás - plantas destinadas à preparação de infusões ou decocções.

Diário Oficial da União, Brasília, 29 jun.1998 b.

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Page 170: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

8 QUALIDADE MICROBIOLÓGICA E FÍSICO-QUÍMICA DE MARCAS DE CHÁ

DE CAPIM-LIMÃO COMERCIALIZADAS NO SEGMENTO SUPERMERCADO

DE CURITIBA, PARANÁ.

RESUMO: Em função do grande volume de produção e comercialização do capim-

limão no Estado do Paraná, estima-se que uma potencial contaminação

microbiológica deste produto pode representar alto risco para a saúde pública. Desta

forma, esta pesquisa visou avaliar 4 marcas de chá de capim-limão comercializadas

na Região Metropolitana de Curitiba, em relação às qualidades microbiológica e

físico-química. Especificamente, buscou-se avaliar o número mais provável de

bactérias coliformes à 35° C e de coliformes à 45° C, pesquisa de Escherichia coli e

de Salmonella sp, contagem de bolores e leveduras, identificar os fungos

contaminantes, determinar o teor de umidade, o pH e aflatoxinas, tendo como base

a legislação brasileira do Ministério da Saúde para alimentos. Nenhuma das

amostras apresentou Salmonella sp. Contudo, registrou-se a presença de coliformes

à 35° C em 50% das 16 amostras analisadas. O número mais provável (NMP) variou

de 9 a superior a 1100 NMP/g. Em três amostras, evidenciou-se coliformes de

origem fecal (denominados coliformes à 45° C), com presença de Escherichia coli

em uma destas. Bolores e leveduras foram evidenciados na maioria das amostras

(13), registrando-se de 10 UFC/g à 7,5 x 10 4 UFC/g, que não apresentaram relação

direta com os teores de umidade observados. Dentre os fungos presentes,

identificou-se Aspergillus niger, porém sem produção de aflatoxinas.

Independentemente do tempo de contato e temperatura empregada, todos os

infusos analisados negativaram a contaminação evidenciada nos teste com o

produto seco. Os resultados indicam possíveis falhas nos procedimentos pós-

colheita e de comercialização. A implementação do Sistema de Análise de Perigos e

Pontos Críticos de Controle poderia substancialmente minimizar esta contaminação.

A manutenção da obrigatoriedade legal das pesquisas relativas à Escherichia coli e

coliformes à 45° C (termotolerantes), bem como de bolores e leveduras, seria um

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1 5 3

mecanismo adicional eficiente na prevenção de doenças transmitidas por alimentos.

Palavras- chave: Cymbopogon citratus; microbiologia; aflatoxinas.

MICROBIOLOGY AND PHYSICAL - CHEMICAL QUALITY OF LEMON GRASS TEA

TRADEMARKS COMERCIALIZED IN CURITIBA, PARANÁ SUPERMARKETS.

ABSTRACT : Considering the great size of production and comercializing of lemon

grass in Paraná State, it is esteemed that a potencial microbiological contamination

of that product could represent high harzard to public health. So , this research was

performed to evaluate four lemon grass tea trademarks marketed in the metropolitan

area of Curitiba, regarding their microbiology and phisical-chemical quality.

Particulary, researched to calculate the most probable number of fecal conforms,

research of Escherichia coli and Salmonella sp, count of moulds and yeasts and

identification of contaminating fungus, determination of humidity text, pH and

aflatoxins, based on the Brazilian Health Departament food legislation. Salmonella sp

were absent. The presence of total coliforms was registered in 50 % of the 16

samples analized. The most probable number (NMP) of total coliforms varied from 9

to over 1100 NMP/g. Three samples presented fecal coliforms (called coliforms at

45° C), with presence of Escherichia coli in one of this. Moulds and yeasts were

evident in most of the samples (13), registering from 10 UFC/g to 7,5 x 10 4 UFC/g.

Among the fungi present, Aspergillus niger was identified, but aflatoxins were absent.

Independent of contact time and temperature used, none of the infusions analised

presented the evidenced contamination in dry product. The results obtained may be

indicative of failure in procedures of postharvest and comercializing. The

implementing of hazards analysis and critical control point sistem (HACCP) could

notably reduce this contamination. The maintaning of legal obligatoriness of

researches regarding Escherichia coli and fecal coliforms (heat tolerant) as well as

moulds and yeasts, would be an efficient supplementary mechanism in preventing

diseases transmitted by food.

Keywords: Cymbopogon citratus; microbiology, aflatoxins.

Page 172: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

1 5 4

8. 1 INTRODUÇÃO

O têrmo "chá" é definido pelo Ministério da Saúde como produto a ser

consumido após a adição de líquido, com o emprego de calor (mínimo 75° C por 20

segundos), obtido ou não por processamento térmico, como torrefação e similares

(Brasil, 2001).

Assim como outros alimentos, os chás são também passíveis de contaminação

microbiana, exigindo cuidados especiais durante a manipulação, desde o plantio até

a comercialização. Neste contexto, a composição da matéria prima associada ao seu

pH e teor de umidade, bem como os diferentes tipos de tecnologias empregadas na

sua fabricação e respectivas condições higiénico-sanitárias serão determinantes na

qualidade do produto final de consumo, o chá. Quando estas condições são

inadequadas, gera-se um produto de má qualidade, que poderá veicular vários

microrganismos patogênicos ao consumidor (WHO, 1992; Jay, 2000).

Dentre os principais microrganismos potencialmente patogênicos encontrados

em vegetais estão Salmonella sp e Escherichia coli, ambos associados à

contaminação fecal (WHO, 1992). Apesar de existirem poucos relatos sobre as

enfermidades de origem alimentar no Brasil (Silva et al., 2002), algumas publicações

científicas do exterior sugerem que casos de distúrbios gastrintestinais observados

nos Estados Unidos, tal como diarréia infantil, estejam associados à contaminação

fecal de chás (Zhao et al., 1997).

Segundo levantamentos bibliográficos realizados por Campos (1980), todas as

espécies de Salmonella devem ser consideradas como agentes potencialmente

patogênicos, tanto para o homem como para os animais, apesar de somente

algumas espécies serem mais comumente relacionadas a enfermidades

(samonelose). Estas bactérias tem como "habitat" o trato intestinal do homem e dos

animais, podendo, ocasionalmente, localizar-se em outras regiões do organismo, tais

como no fígado, baço e nos gânglios linfáticos mesentéricos. A severidade do

quadro clínico pode variar, pois os doentes podem apresentar desde uma diarréia

branda, nos casos mais benignos, até descargas sanguinolentas, tenesmo retal e

rápida desidratação, nos casos mais graves, podendo evoluir à morte.

Os alimentos que comumente servem de veículo de samonelose ao homem

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1 5 5

são, principalmente, os de origem animal, tais como ovos, carne de aves e outros

tipos de carnes e seus derivados (Jay, 2000). Porém, outros alimentos de origem

vegetal já foram associados a surtos de salmonelose, como por exemplo o melão,

sementes e brotos de alfafa e mostarda. Os diversos surtos envolvendo vegetais

contaminados por salmonelas tem sido freqüentemente correlacionados à utilização

de esterco de aves para adubação, deficiências de higiene e do não emprego das

boas práticas de manipulação dos produtos comercializados (Barros et al., 2002).

Escheríchia coli, por sua vez, pertence ao grupo das bactérias coliformes, é

empregada como indicadora de poluição de origem fecal desde 1892 (Reinhardt,

1984). Algumas cepas desta bactéria são enteropatogênicas, muito tóxicas e tem

sido identificadas, de forma crescente, em vários surtos de grande gravidade (Leite

et al., 2002).

Os fungos (mofos e bolores) são também considerados grandes inimigos dos

produtos alimentícios, especialmente alimentos secos armazenados, como os chás,

que pela característica higroscópica facilita o desenvolvimento destes

microrganismos. Estes organismos aparecem quando o material está com teor de

umidade acima do ideal ou se o local de armazenagem não está suficientemente

arejado e seco (APPCC, 1997). Muitos fungos, além de alterar os teores de

princípios ativos, fazendo com que os produtos percam seu valor terapêutico (Corrêa

Júnior et al., 1994), causam várias doenças alergênicas e, também, podem produzir

micotoxinas, algumas das quais potencialmente patogênicas, como as aflatoxinas.

Dentre as aflatoxinas, que são consideradas metabólitos secundários, ressalta-se

aquelas provenientes de Aspergillus flavus e Aspergillus parasiticus, dados a

expressiva atividade carcinogênica, teratogênica e mutagênica (Prado et al., 1995).

Reif e Metzger (1995) detectaram aflatoxinas em diversas plantas e seus extratos,

como: gengibre, beladona, sene, funcho, valeriana, melissa. Nietsche1 enfatiza que a

não detecção de fungos em amostras de produtos comercializados não implica

necessariamente na ausência de micotoxinas, uma vez que o processo industrial

não exime o alimento destas.

Dentre os chás comercializados na Região Metropolitana de Curitiba, encontra-

1 NIETSCHE, K. Caracterização da qualidade da erva mate cancheada. Curitiba, Dissertação (Mes trado em Tecnologia de Alimentos) - Programa de Pós-graduação em Tecnologia de Alimentos, Uni-versidade Federal do Paraná. (Em fase de elaboração).

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1 5 6

se o de Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf. Esta espécie, mais conhecida como

capim-limão, tem uso industrial como alimento, produto farmacêutico (medicamento),

cosmético e de perfumaria (Bhattacharyya, 1970; Thapa et al., 1971; Lawrence,

1978), sendo esta utilização de razoável importância econômica. O "chá" ou

"abafado" preparado das folhas de capim-limão é muito utilizado na medicina

popular, em diversos estados do Brasil e em quase todos os continentes,

abrangendo uma ampla gama de indicações. O emprego deste como sedativo do

sistema nervoso ou calmante é o mais comum (Mattos e Graças, 1980; Van Den

Berg, 1980; Matos et al., 1982; Nogueira, 1983).

A cultura agrícola capim-limão, safra 2001/2002, ocupou a 9a posição no

ranking das plantas medicinais paranaenses e tem contribuído com um Valor Bruto

de Produção em torno de 3,4 % para formação do Fundo de Participação dos

municípios, referente ao Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços do

Estado do Paraná (PARANÁ, 2002). Também, conforme resultado da pesquisa de

campo junto ao segmento supermercado de Curitiba, o produto chá de capim-limão

é um dos principais chás comercializados pelas empresas do ramo.

Adicionalmente, os resultados de pesquisas de campo previamente obtidos junto

aos diversos segmentos da cadeia produtiva do capim-limão no Estado do Paraná

(capítulos 3 a 7) evidenciaram ausência de boas práticas agrícolas, em diferentes

etapas, englobando desde o cultivo, beneficiamento, transporte até a armazenagem.

Diante do exposto, estima-se que uma potencial contaminação microbiológica

deste produto poderia representar alto risco para a saúde pública. Com vistas a

segurança alimentar, o presente trabalho buscou analisar as marcas de chá de

capim-limão comercializadas na Região Metropolitana de Curitiba, em relação à

qualidade microbiológica e físico-química, pela avaliação do número mais provável

de bactérias coliformes à 35° C e de coliformes à 45° C, pelas pesquisas de

Escherichia coli e de Salmonella sp, contagem de bolores e leveduras, identificação

dos fungos contaminantes, e pelas determinações do teor de umidade, pH e

aflatoxinas, tendo como base a legislação brasileira do Ministério da Saúde -

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) para alimentos, considerando as

mudanças sofridas com relação aos padrões microbiológicos para chás.

Page 175: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

1 5 7

8.2 MATERIAL E MÉTODOS

8.2.1 Seleção das marcas analisadas

Em levantamento prévio, detectou-se cerca de 20 marcas de chás

comercializadas em Curitiba (vide capítulo 6). Destas, selecionaram-se aquelas que

se enquadravam nos seguintes critérios: estar entre as marcas de chá de capim-

limão de maior volume de vendas, ser produto de origem paranaense, apresentar

ampla oferta na rede de supermercados. Como critério complementar de seleção

deste trabalho, utilizou-se o tipo de cultivo: orgânico com certificação e tradicional,

selecionando-se marcas representativas de ambos os tipos detectados. No total, 4

marcas foram selecionadas, aqui designadas pelos números de 1 a 4, de modo a

proteger suas identidades.

8.2.2 Preparo e análise das amostras

O período de coleta ocorreu de outubro de 2001 à fevereiro de 2002, em

supermercados na cidade de Curitiba-PR, selecionados de acordo com a

disponibilidade da marca a ser avaliada. Para o delineamento da colheita e o

preparo das amostras, incluindo a inspeção, o acondicionamento, o transporte e a

quarteação utilizou-se as normas do Instituto Adolfo Lutz (Instituto, 1985) e a

legislação brasileira (Brasil, 2001). Esta legislação (RDC n° 12/01) prevê a

realização de análises de amostras denominadas indicativas, as quais dispensam

amostragem estatística. Desta forma, colheu-se uma unidade amostrai (equivalente

a 100 g de produto) para cada lote analisado .

As amostras, correspondentes aos conteúdos de sachês ou de porção de

planta fragmentada embalada, foram organizadas de modo a representar 4 lotes das

4 marcas de chá de capim-limão avaliadas, denominados A, B, C, D e 1 à 4,

respectivamente, totalizando 16 amostras analisadas.

Após a colheita, as amostras foram transportadas e acondicionadas à

Page 176: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

1 5 8

temperatura ambiente até o laboratório da disciplina de Saúde Pública da

Universidade Federal do Paraná, onde foram analisadas considerando: a) o número

mais provável de coliformes à 35° C e de coliformes à 45° C; b) pesquisa de

Escherichia coli', c) pesquisa de Salmonella sp; d) contagem de bolores e leveduras;

e) identificação dos fungos contaminantes; f) pH; g) teor de umidade (ambos em

amostras secas) e h) determinação de aflatoxinas.

Os procedimentos de análises laboratoriais microbiológicas e físico-químicas

foram realizados e confirmados em duplicatas ou triplicatas.

Posteriormente, para as amostras que apresentaram os maiores níveis de

contaminação microbiana, prepararam-se infusos, os quais foram igualmente

submetidos às análises microbiológicas. Estes foram preparados de acordo com as

recomendações da Farmacopéia Brasileira (Farmacopéia, 1988), da legislação do

Ministério da Saúde (Brasil, 2001) e conforme Anjos e Anjos (1988). Para tanto,

pesou-se assepticamente 5 g do material vegetal e adicionou-se 100 ml de água

tratada em temperatura e tempo de repouso distintos. Desta forma, preparou-se 3

infusos (um com temperatura de infusão de 76° C e dois com água fervente).

Previamente às análises, foi efetuado um repouso em recipiente fechado por 30

segundos (para o infuso à 76° C) e 15 e 30 minutos, para os demais infusos,

respectivamente. Resfriou-se os infusos a 40° C e cada um deles foi submetido as

seguintes análises: a) o número mais provável de coliformes à 35° C e de coliformes

à 45° C; b) pesquisa de Escherichia coli e c) contagem de bolores e leveduras.

As análises de coliformes à 35° C e fecais, pesquisa de Escherichia coli e de

Salmonella sp seguiram as recomendações da American Public Health Asociation -

APHA (Vanderzant e Splitistoesser, 1992); Food and Drug Administration (FDA,

1984; 1995) e Silva et al. (1997). Este último, além de seguir as metodologias

descritas nos citados APHA e FDA, emprega as normas da Associação Brasileira de

Normas Técnicas (ABNT), da International Commission on Microbiological

Specifications For Foods (ICMSF) e da Organização Internacional de Normalização

(ISO).

Para a determinação do número mais provável de coliformes à 35° C e fecais

foi utilizada a técnica dos tubos múltiplos de fermentação. Para a pesquisa de E. coli,

as colônias suspeitas foram transferidas para ágar nutriente, igualmente incubadas e

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1 5 9

inoculadas em meios do Kit para identificação de enterobactérias, contendo o meio

de EPM (desaminação do L-triptofano, determinação da glicose, produção de gás

sulfídrico), MILI (descarboxilação de L-lisina), MIO modificado (motilidade,

descarboxilação da ornitina e indol), meio de citrato de Simmons (citrato, utilização

de substrato), meio de ramnose (utilização de ramnose), segundo as

recomendações constantes no manual do fabricante para a inoculação e

interpretação dos resultados (Newprov, 2002).

A contagem de bolores e leveduras foi realizada através do cultivo em

profundidade, segundo American Public Health Association - APHA, ABNT e ICMSF,

adaptados e contidos em Silva et al. (1997).

A identificação dos fungos contaminantes foi efetuada através da técnica de

cultura em lâmina, segundo Neder (1992); Hajdenwurcel (1998); Ribeiro e Soares

(1998). A determinação das aflatoxinas Bi, B2, G1 e G2, seguiu as recomendações

da Food and Drug Administration - FDA, contidas no método de Prado (1993), que

emprega cromatografia em camada delgada, seguida de reação de confirmação da

identidade das aflatoxinas B1 e G1, pelo uso do ácido trifluoracético.

As análises físico-químicas relativas ao teor de umidade e determinação de

pH foram realizadas aplicando-se o método de aquecimento direto e eletrométrico,

respectivamente conforme Instituto Adolfo Lutz (1985).

8.2.3 Controle de qualidade do experimento

O material e os meios de cultura empregados na pesquisa dos

microrganismos nas marcas de chá de capim-limão, seguiram as instruções do

fabricante e a literatura consultada, e, em especial as exigidas pela legislação em

vigor. Foi feito o controle de qualidade dos meios de cultura usados com e sem

inoculação de cultura positiva dos microrganismos pesquisados nas amostras. A

câmara de fluxo laminar vertical, a autoclave, o banho-maria à 45° C e as estufas

bacteriológicas também foram controladas mediante o uso de: placas contendo o

meio a ser usado na pesquisa, fitas específicas, cepas positivas e termômetros

calibrados, respectivamente (Figuras 8.1 e 8.2).

Page 178: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

160

As cepas padrões usadas para testar o banho-maria e os meios de cultura

foram Escherichia co/i A TICC 12229 e Enterobacter aerogenes A TICC 13048

cedidas pelo Setor de Microbiologia do TECPAR/PR. O Setor de Microbiologia do

Laboratório Central do Estado do Paraná, forneceu cepas de Salmonella sp e

placas contendo cultivo dos microrganismos testados.

A determinação do teor de umidade das amostras, foi realizada em estufa

utilizada à temperatura constante de 105° C, controlada com termômetro calibrado

acoplado. Enquanto que a acidez, foi determinada em aparelho medidor de pH

previamente calibrado, também utilizando-se termômetro calibrado.

FIGURA 8.1 - Estufa bacteriológica termostatizada acoplada a termômetro calibrado

contendo placas de Petri e tubos de ensaio com meios de cultura.

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FIGURA 8.2 - Banho-maria termostatizado, evidenciando tubos com meio de

Escherichia co/i (E.C.)

8.2.4 Legislação de referência

161

Utilizou-se como referencial de análise a legislação brasileira específica em

vigor para padrões microbiológicos em alimentos - Resolução RDC nº 12 de 02 de

janeiro de 2001 do Ministério da Saúde - Agência Nacional de Vigilância Sanitária,

Brasil (2001), que exige a pesquisa de Salmonella sp. Esta Resolução revoga a

Portaria nº 451 de 19 de setembro de 1997, Brasil (1998b),a qual exigia a pesquisa

de Salmonella sp, bactérias coliformes à 45° C, bolores e leveduras.

Adicionalmente, utilizou-se a Portaria nº 519, Brasil (1998a), que fixa o padrão

de identidade e qualidade de chás, para avaliação do teor de umidade e a

Resolução nº 34 de 1976, que fixa os limites de tolerância de aflatoxinas para

alimentos (Brasil, 1977). A legislação brasileira não estabelece parâmetros para a

determinação do pH em chás (Brasil 1998 a).

Page 180: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

1 6 2

8.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

8.3.1 Qualidades microbiológica e físico-química do produto seco

Registrou-se a presença de coliformes à 35° C ou coliformes em 50% das 16

amostras analisadas. O número mais provável (NMP) variou de 9 NMP/g à superior

a 1100 NMP/g. Em três amostras, evidenciou-se coliformes de origem fecal

(denominados coliformes à 45° C), com presença de Escherichia coliem uma destas

(Tabela 8.1). (Figuras 8.3, 8.4, 8.5). A presença de bactérias coliformes, dentre

outros microrganismos, em alimentos industrializados, geralmente, pode ser

considerada como indicativo de falhas nas condições sanitárias de processamento

pós-colheita. Isto deve-se provavelmente ao uso de equipamentos e utensílios

"sujos" e a matéria-prima contaminada pelo contato com manipuladores, água ou

solo (Reis Filho, 1979).

Em análise microbiológica, procedida em material fresco imediatamente após

colheita, realizada no principal núcleo produtor do Paraná (Cascavel), evidenciou-se

a presença de bactérias coliformes de origem fecal. Este fato, reforça a existência de

condições pré-existentes ao beneficiamento, tais como o emprego da adubação

orgânica e a falta de medidas higiênico-sanitárias no local ou por parte do

manipulador, que poderiam estar associadas à contaminação evidenciada nas

marcas analisadas. Neste sentido, a implementação do Sistema de Análise de

Perigos e Pontos Críticos de Controle (Bryan,1992), recomendada pela Organização

Mundial da Saúde, permitiria subsidiar práticas de boas condições higiênico-

sanitárias a serem adotadas em todos os elos da cadeia produtiva do chá de capim-

limão. Consequentemente, poder-se-ia substancialmente minimizar esta

contaminação (Salvador et al., 2002; Sistema APPCC, 2002). Vale também salientar

que o Ministério da Saúde do Brasil utiliza este sistema como referência no controle

sanitário de alimentos (vide Portaria n° 1428/93- ANVISA).

Page 181: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

FIGURA 8.3 - Seqüência de meios de cultura empregados na técnica dos tubos múltiplos de fermentação.

NOTA: (1) caldo lauril triptose e (2) caldo bile-verde brilhante, ambos para pesquisa de bactérias coliformes à 35° C, em (3) meio de E.C. para coliformes à 45 ° C.

163

FIGURA 8.4 - Colônias suspeitas de Escherichia co/i, em meio de Eosina Azul de

Metileno (EAM), de chá de capim-limão (produto seco).

Page 182: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

FIGURA 8.5 - Testes microbiológicos de confirmação da presença da bactéria E.coli.

164

NOTA: (1) positividade no meio de E.C., (2) placa de E.A.M. com colônias suspeitas de Escherichia coli e (3) Kit de identificação de enterobactérias, confirmando a positividade.

Nenhuma das amostras de chá de capim-limão analisadas apresentou

Salmonella sp., o que de certa forma era esperado visto a baixa incidência deste

microrganismo em alimentos de origem vegetal.

Bolores e leveduras foram evidenciados em treze (13) das 16 amostras

analisadas, registrando-se de 10 UFC/ g a 7,5 x 104 UFC/g. Este último valor foi

encontrado em uma única amostra e superou os limites estabelecidos pela Portaria

451/97 (Brasil, 1998b), que correspondem a 5 x 103 UFC/g (Tabela 8.1). Estes

valores de bolores e leveduras encontrados indicam potenciais falhas associadas às

condições de embalagem, armazenagem e vida de prateleira.

Observou-se que as amostras de chá contidas em embalagens secundária ou

terciária apresentaram valores inferiores de teor de umidade (variando de 2a3,1 %)

aos obtidos para aquelas em embalagens primárias (produto em contato direto com

a embalagem), cujos valores ficaram entre 17,5 a 19,1 %, ultrapassando os limites

dados pela Portaria nº 519/98 (Brasil, 1998a), que estabelece para chá de capim­

limão um teor de umidade máximo de 12 %.

Page 183: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

1 6 5

Ao relacionar-se os dados, não foi constatada relação direta entre os maiores

teores de umidade e os maiores índices de contaminação fúngica (Tabela 8.1).

Apesar do teor de umidade baixo, a marca 2 (embalagem secundária) apresentou os

maiores índices de bolores e levedura, inclusive com um dos lotes superando os

limites estabelecidos pela legislação. As marcas 3 e 4 (embalagens primárias),

embora com altos teores de umidade, não apresentaram valores expressivos de

bolores e leveduras. Isto leva a crer que além da embalagem e respectivo teor de

umidade, estes resultados foram decorrentes de outros fatores associados, tais

como os procedimentos inadequados de manejo de colheita e pós- colheita. A

adoção de procedimentos adequados irá seguramente proporcionar menores índices

de contaminação biológica. Entre estes procedimentos cita-se: colheita sobre um

pano de colheita; processamento no mesmo dia da colheita no campo, evitando

assim as condições de proliferação de fungos pela umidade do material verde; não

exposição da planta verde (folhas) às condições climáticas como chuva, ou

insolação direta ou disposição do material diretamente no solo, contaminando-o

inclusive com bactérias coliformes à 35° C, comuns no solo (vide capítulo 5;

Nietsche).

Também deve-se considerar que o chá é um produto higroscópico e que,

portanto, sua qualidade final dependerá em grande parte do controle de umidade do

seu conteúdo. Desta forma, a primeira exigência ao empacotá-lo é providenciar uma

barreira adequada contra a umidade (Ranken, 1993). Além disso, deve-se

considerar a conservação adequada do produto em termos de tempo e temperatura

praticados no processo de transporte e comercialização deste. A exposição deste

produto à temperatura e umidade inadequadas contribui para a proliferação de

microrganismos patogênicos preexistentes. Então, novamente, ressalta-se a

necessidade da adoção do Sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de

Controle (Bryan,1992), preconizado pela legislação brasileira (Brasil,1993), que ao

abranger todos os níveis da cadeia produtiva do capim-limão possibilitaria prevenir a

ocorrência deste tipo de contaminação.

Os valores de pH evidenciados para as amostras analisadas foram de 5,5 a

5,9 e não são considerados restritivos ao desenvolvimento de microrganismos como

fungos e bactérias. Segundo Jay (2000), os valores de pH mais baixos propiciam o

Page 184: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

1 6 6

desenvolvimento de fungos, enquanto que as leveduras desenvolvem-se em valores

de pH entre 2,0 à 8,0 e valores acima de 6,0, favorecem a proliferação de bactérias.

Desta forma, reitera-se a importância de medidas preventivas para evitar a

proliferação microbiana, tais como armazenamento adequado em termos de

temperatura e umidade.

Dentre os fungos presentes, identificou-se Aspergillus niger em duas das

amostras analisadas. Aspergillus sp são comuns no meio ambiente, passíveis de

serem inalados e causar a doença infecciosa oportunista denominada aspergilose.

Esta é caracterizada pela presença de lesões na pele, no ouvido externo, seios

paranasais, órbita, vagina, pulmões, brônquios e, às vezes, meninges ou ossos. A

partir do desenvolvimento hifal destes fungos e sua conseqüente invasão de vasos

sangüíneos, geram-se necroses hemorrágicas e potencial disseminação para outros

locais em pacientes suscetíveis, como os trombocitopênicos e os com insuficiência

respiratória (Bioline, 2002; Merck, 2002).

Nenhuma das amostras de chá de capim-limão analisadas apresentou

aflatoxinas. No entanto, ressalta-se que os padrões utilizados para detecção de

aflatoxinas (B1, B2, G1, G2) referem-se a toxinas principais produzidas por algumas

espécies dos gêneros Aspergillus e Penicillum. São conhecidas mais de uma dezena

de aflatoxinas originadas dos grupos B1 e G1, como a M1 e M2, sendo que a

primeira tem potencial carcinogênico comprovado (Taveira e Mídio, 1999). A

limitação do método empregado, ao detectar as 4 aflatoxinas principais, somada a

lacuna na legislação (BRASIL, 1977), aplicada ao produto chá, por estabelecer

limites apenas para as aflatoxinas B1 e G1, aliadas à deficiência de conhecimento

sobre a potencial produção de toxinas por outros fungos, revelam-se como

obstáculos à análise de muitos produtos comercializados. Desta forma, a ausência

de aflatoxina não significa que o produto, especialmente quando contaminado por

fungos, seja inócuo no que se refere a micotoxinas.

Page 185: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

TABELA 8.1 - Análises microbiológicas e físico - químicas procedidas em marcas de chá de capim-limão comercializadas no segmento supermercado de Curitiba - nov.2001/nov.2002.

ANALISES MICROBIOLÓ GICAS

Coliformes à 35° C (NMP /g)

Coliformes à 45° C (NMP Ig)

E.coli (NMP /g)

(0 '5i V

Port.451/98 N/E RDC 12/ 01 N/E Res. 34/ 76 -Port.519/98 -

10/g N/E

N/E N/E

Salmonella sp (em 25 g)

Teor de umi-Dade (max. g/100g)

AUSÊNCIA AUSÊNCIA

N/E N/E N/E 12,0

Bolores e leveduras (UFC/g)

5 x 10 N/E

Identificação dos fungos

N/E N/E

Aflatoxinas (em 50 g)

N/E N/E--30 ppb p/ B 1 e G 1.

MARCA / LOTE

1/A < 3 < 3 < 3 Ausência 3,1 <10 - ND 1/B < 3 < 3 < 3 Ausência 2,0 1,5 x 10 - ND 1/C < 3 < 3 < 3 Ausência 2,0 10 - ND 1/D < 3 < 3 < 3 Ausência 2,0 <10 - ND

2/A < 3 < 3 < 3 Ausência 2,1 7,5 x 10 _ ND 2/B 4,3 x 10 < 3 < 3 Ausência 2,0 9,7 x 10 2 Fungo filamentoso não ND

3,85 x 10" identificado

2/C > 1,1 x 10a > 1,1 x 10a < 3 Ausência 2,1 3,85 x 10" Aspergillus niger ND 2/D > 1,1 x 10a > 1,1 x 10a 4 Ausência 1,77 7,5 x 10 4 Aspergillus niger ND

3/A 1,5 x 10 2 < 3 < 3 Ausência 19,0 3,0x 10 - ND 3/B 1,5 x 10 2 < 3 < 3 Ausência 19,0 3,5 x 10 2 Fungo filamentoso não ND

identificado 3/C 9 < 3 < 3 Ausência 18,6 8 x 10 - ND 3/D < 3 < 3 < 3 Ausência 19,1 5,5 x 10 - ND

4/A <3 < 3 < 3 Ausência 18,3 < 102 _ ND 4/B 2,1 x 102 < 3 < 3 Ausência 18,0 10 - ND 4/C >1,1 x 10a 4 < 3 Ausência 18,0 2,5 x 10 2 Fungo filamentoso não ND

identificado 4/D < 3 <3 < 3 Ausência 17,5 < 10 - ND

NOTA: ND= não detectado; - = análise não realizada; N/É= não estabelecido pela legislação, legis.=legislação.

Page 186: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

1 6 8

8.3.2 Qualidade microbiológica do infuso

Independentemente do tempo de contato e temperatura empregada, todos os

infusos de capim-limão analisados negativaram a contaminação evidenciada nos

teste com o produto seco, utilizando-se como referência os parâmetros

estabelecidos na legislação vigente.

Entretanto, quando alternativamente se exclui a inoculação inicial no meio de

enriquecimento ADP 0,1% (água destilada peptonada), apenas os resultados

relativos a bolores e leveduras foram consistentes ao obtidos nos testes anteriores,

ou seja, a contagem permaneceu alta, com valor de 9,0 x 10 3 UFC/ml.

Apesar da maioria dos resultados favoráveis obtidos com a infusão, ressalta-se

a importância dos chás estarem livres de contaminação prévia, pois os resultados

obtidos sugerem que esta poderia permanecer conforme as condições empregadas

no processo de infusão. No crescimento de microrganismos, dentre outros fatores, o

tempo e a temperatura são fundamentais. Assim, o consumidor para se assegurar

que o infuso consumido estaria livre de contaminação microbiana, teria que

empregar temperaturas de infusão e tempos de contato que fossem suficiente para

eliminar estes agentes contaminantes e como saber se isto ocorreu?

A bactéria E. coli é classificada de acordo com a sua termoresistência, como

um microrganismo mesófilo, sendo a temperatura ótima para seu crescimento de 35

a 45° C, a mínima de 5 a 15° C e a máxima de 35 a 47° C. O crescimento destas

bactérias é inibido em temperaturas acima de 47° C e inferiores a 5o C (ICMSF,

1991).

As salmonelas, também mesófilas, podem ser destruídas pelos processos

usuais de cozimento, geralmente em uma temperatura de 55° C, por 1 hora, a 66° C

por 15 a 20 minutos, ou a 65,5° C por 12 minutos são suficientes, porém há

exceções. O sorotipo S. sentenberb é de 10 a 20 vezes mais resistente ao calor que

as demais salmonelas (Campos, 1980). De modo geral, à 65° C por 10 minutos, se

destruiriam todos os mesófilos não esporulados. Porém, os esporos bacterianos são

muito resistentes a temperaturas extremas. Alguns podem sobreviver em condições

que variam de minutos a 120° C e horas à 100° C (ICMSF, 1991).

A resistência dos fungos à ação térmica é muito menor que aquela das

Page 187: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

1 6 9

bactérias, havendo como nestas grande variação. Várias espécies de Aspergillus

são destruídos em temperaturas que variam de 60 à 80° C. A maioria das leveduras

e fungos morrem em uns minutos a 70-80° C e nos alimentos úmidos resistem a

mais de 100° C. Entretanto, algumas espécies como A. chevalieri sobrevivem à 75°

C por 10 minutos (Lacaz et al., 1970).

Considerando o exposto, enfatiza-se que a melhor medida é a prevenção pelo

consumo de alimentos de qualidade adequada obtida a partir do emprego de

procedimentos corretos desde o seu cultivo até a utilização final pelo consumidor. A

qualidade do produto agrícola - neste caso, o capim-limão, inicia-se no campo, de

modo que, cabe aos agentes econômicos que atuam e processam a cadeia

produtiva, mantê-la.

8.3.3 Análise crítica da legislação vigente e considerações finais

Os resultados comprobatórios laboratoriais, evidenciaram duas situações que

carecem ponderações críticas referentes à legislação vigente.

Não existe referencial legal que determine controle de pH a partir de um valor

definido e associado a teores de umidade do produto e condições de armazemento,

o que seria desejável para a segurança alimentar do consumidor.

Também, evidencia-se lacuna importante na legislação- Resolução da

Diretoria Colegiada (RDC) n° 12/01-ANVISA, que quantifica, qualifica e determina a

flora microbiana aceitável para os produtos alimentícios. Como exemplo, cita-se que

apesar da presença de vários microrganismos, alguns patogênicos, em 16 amostras

de chá analisadas, nenhuma delas seria considerada imprópria ao consumo. Isto

deveu-se principalmente pela ausência de Salmonella sp, dado que esta legislação

não exige controle dos demais microrganismoss. A legislação anterior - Portaria n°

451 de 1997, que foi revogada pela RDC n° 12/01, englobava adicionalmente a

pesquisa de coliformes à 45° C e bolores e leveduras, atualmente não exigidas

(Brasil, 1998b; 2001).

A mudança que ocorreu na legislação, acima apresentada, pode ocasionar

prejuízos em termos da qualidade do produto, bem como por em risco a segurança

Page 188: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

1 7 0

alimentar do consumidor. Vários relatos apontam para a permanência de

contaminantes biológicos após o processo de infusão. Os resultados obtidos neste

trabalho, negativando a contaminação da matéria seca após infuso foram obtidos em

condições assépticas e controladas de tempo e temperatura. No ambiente usual de

consumo doméstico isto não ocorre. Portanto, o risco de permanência da

contaminação deve ser considerado.

Pertet et al. (1988) registraram a ocorrência de contaminação fecal em vários

alimentos de preparo quente, inclusive chás. Os fatores apontados como

determinantes na baixa incidência de contaminação foram: os procedimentos

corretos de manufatura, os alimentos serem cozidos por períodos de tempo

relativamente longos e à alta temperatura, sendo ingeridos quase que

imediatamente após o preparo.

Zhao et al. ("1997) evidenciaram a contaminação fecal em chás gelados

servidos em restaurantes americanos, incluindo bactérias como Klebsiella e

Enterobacter. Estes autores atribuíram a contaminação registrada às práticas

higiênicas inadequadas no manuseio após a infusão.

A manutenção da obrigatoriedade legal das pesquisas relativas aos

coliformes à 45° C (coliformes à 45° C) e à Escherichia coli, bem como de bolores e

leveduras, seria um mecanismo adicional eficiente na prevenção de doenças

transmitidas por alimentos.

8.4 AGRADECIMENTOS

Às Professoras da Universidade Federal do Paraná, Dr3 Wanda S.

Moskalewski Abrahão, pela constante assistência técnica nas pesquisas realizadas

no sentido dos esclarecimentos prestados e pela identificação das bactérias

analisadas, e às Prof*5. Dr33. Yara Maria Pereira Machado, Miriam Blumel Chociai e

Tânia Maria Bordim Bonfim, pela identificação dos fungos contaminantes. À Prof3.

Eliane Rose Serpe Elpo pela colaboração e incentivo na parte prática. Ao Prof.

Henrique Soares Koeler, pelos esclarecimentos prestados. À técnica de laboratório

Srta. Geni Peruzzo e à bolsista permanência da disciplina de Saúde Pública da

Page 189: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

1 7 1

Universidade Federa! do Paraná, Srta. Camila Mariana Santos, pelo auxílio técnico

nas pesquisas. À bibliotecária do Campus III da Universidade Federal do Paraná,

Sra. Liane dos Anjos, pela revisão nas referências deste trabalho. À Universidade

Federal do Paraná, pelo Departamento de Saúde Comunitária, pela aquisição dos

materiais, meios de cultura e aquisição dos chás empregados.

Às diretoras do Laboratório Central de Saúde Pública do Paraná, Dra. Ana

Luiza Conter Borges e Ingrid Vanessa de S. Reichen pela facilitação de nossas

visitas técnicas ao local e em especial à Dra. Leonir Bittencourt Eizendeher, do Setor

de Físico-Química, pelo constante auxílio nas determinações de aflatoxinas em

chás, e ao Dr. Robson Gomes da Costa Gouveia, Dras. Carmem e Ana Maria e aos

técnicos do Setor de Microbiologia de Alimentos e setor de preparo de material e

meios de cultura, pelos esclarecimentos prestados em etapas técnicas deste

trabalho. Ao TECPAR/PR, Setor de Microbiologia, em especial a Dra. Carmem M.

Figueiredo, pela doação das cepas controle. À Dra Neusa Gomes de Almeida

Rücker, da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, pela

análise crítica do texto e valiosas sugestões.

8.5 REFERÊNCIAS

ANJOS,A. C.; ANJOS,O. P. Lições de farmacotécnica.2. ed. Curitiba: Universidade

Federal do Paraná, 1988. 251 p.

APPCC, na qualidade e segurança microbiológica de alimentos: análise de perigos e

pontos críticos a qualidade e segurança microbiológica de alimentos. Tradução:

Anna Terzi Giova. Revisão científica: Eneo Alves da Silva Júnior. São Paulo: Varela,

1997. 377p.

BARROS V. R.; PAIVA, P. C.; PANETTA, J. C. Salmonella spp : sua transmissão

através dos alimentos. Higiene Alimentar, São Paulo, v. 16 ,n. 91,p. 15-19, 2002.

BATTACHARYYA, S. C. Perfumery chemicals from indigenous raw materiais.

Journal of the Indian Chemical Society, Calcutta, v. 47, p. 307-313, 1970.

BIOLINE. Aspergilose. Disponível em:<http:// www.bioline.net.> Acesso em: out.

2002.

Page 190: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

1 7 2

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução-

CNNPA n. 34, de 1976. Fixa Limite máximo de tolerância para Aflatoxinas. Diário

Oficial da União, Brasília, 19 jan. 1977.

BRASIL. Ministério da Saúde .Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução

da Diretoria Colegiada - RDC n.12 de 02 de janeiro de 2001. Regulamento técnico

sobre os Padrões Microbiológicos para alimentos. Diário Oficial da União,

Brasília,10 jan. 2001.

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução

da Diretoria Colegiada - RDC n. 274 de 15 de outubro de 2002. Fixa Limite máximo

de tolerância para Aflatoxinas. Diário Oficial da União, Brasília, 16 out. 2002.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância Sanitária. Portaria da SVS/MS

n. 1428, de 26 de novembro de 1993. Regulamento técnico para inspeção sanitária

de alimentos Cod.-100 a 001.0001. Diretrizes para estabelecimento de Boas Práticas

de Produção e de Prestação de Serviços na Área de Alimentos. Regulamento

técnico para o Estabelecimento de Padrão de Identidade e Qualidade - (PIQs) para

Serviços e Produtos na área de. Diário Oficial da União, Brasília, 02 dez. 1993 .

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância Sanitária. Portaria da SVS/MS

n. 519, de 26 de junho de 1998. Fixação da identidade e qualidade de chás-plantas

destinadas à preparação de infusões ou decocções. Diário Oficial da União,

Brasília, 29 jun.1998a.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância Sanitária. Portaria da SVS/MS

n. 451,de 19 de setembro de 1997. Regulamento técnico sobre os princípios gerais

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9 PROPOSTAS E RECOMENDAÇÕES AOS AGENTES ECONÔMICOS DA CA-

DEIA PRODUTIVA DO CAPIM-LIMÃO NO PARANÁ.

A falta de organização de dados que possibilitem a descrição dos aspectos

relacionados à cadeia produtiva do capim-limão é uma realidade que ocorre com

esta planta e com muitas outras. Considerando que os vários elos que compõe uma

cadeia produtiva atuam conjuntamente, pode-se inferir que deficiências nesta

estrutura irão repercurtir diretamente na qualidade do produto oferecido ao

consumidor, e conseqüentemente, em sua saúde.

A partir das pesquisas realizadas, como as de campo (visitas, aplicação de

entrevistas, questionários e coleta de amostras), os levantamentos bibliográficos e

documentais, as análises laboratoriais tanto em produto bruto como beneficiado,

apresentadas nos diferentes capítulos deste documento, evidenciou-se uma série de

inadequações nos vários segmentos da cadeia produtiva do capim-limão. Desta

forma, foi possível propor alternativas de melhoria, descritas em linguagem

acessível, as quais são aqui apresentadas como "propostas e recomendações".

(Quadro 9.1).

Espera-se que as informações aqui apresentadas e posteriormente

publicadas e veiculadas por meios de comunicação e eventos educativos,

representem uma significativa contribuição para a qualificação dos elos da cadeia

produtiva do capim-limão. Imagina-se que os agentes envolvidos, devidamente

instruídos sobre os procedimentos corretos, através por exemplo, de um manual de

boas práticas ou treinamentos específicos para cada nível da cadeia produtiva,

realizados em conjunto com órgãos governamentais ou não, possam aplicá-los,

tornando-se assim agentes promotores da saúde comunitária. Também é

imprescindível a atuação efetiva tanto das instituições governamentais competentes,

quanto do consumidor de chá e produtos derivados de capim-limão, no sentido de

exigir qualidade e segurança alimentar.

Page 195: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

QUADRO 9.1-Recomendações e Propostas para os agentes da cadeia produtiva do capim-limão do Estado do Paraná. continua

RECOMENDAÇÕES E PROPOSTAS SP ss ST CO PE ANVISA SEAB/PR EMATER IAPAR

Conhecer e aplicar as normas da ANVISA e do Ministério da Agricultura . x X X

Estabelecer Sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle em associação à formulação e contínua aplicação de normas de Boas Práticas de Fabricação, Armazenagem e Transporte, visando implantação das normas da série ISO-9000.

x X X X X

Realizar análises de controle de qualidade no produto de acordo com a legislação nacional vigente pelo Ministério da Saúde- ANVISA. Proceder re-análises de produto armazenado, que se destinará a comercialização.

X X X

Formalizar contrato entre as partes envolvidas na comercialização, de modo a evitar situações que possam gerar prejuízos.

X X X

Proceder a identificação botânica correta do capim-limão, desde o nível de produção, e somente ser comercializado pelo nome científico correto da espécie, acompanhado de autoria, ou seja: Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf

X X X

Adotar práticas agroecológicas e corretas de manejo sob orientação técnica, incluindo o uso de adubo orqânico bem curtido.

X

Utilizar mudas de boa qualidade, adquirida de órgãos públicos ou empresas privadas certificadas. Não utilizar mudas procedentes de ações extrativistas como por exemplo: colheita à beira de estradas.

X

Na colheita, empregar ferramentas afiadas e higienizadas com solução comercial de hipoclorito de sódio 5%. Os coletores devem obrigatoriamente usar luvas adequadas a textura do material vegetal, touca e roupas apropriadas para a colheita e para o trabalho na unidade de beneficiamento.

X X

Até que seja estabelecido procedimento mais adequado, realizar a colheita no período na manhã, evitando a colheita no inverno, quando a área foliar estiver danificada pelo frio.

X

Estabelecer procedimento de plantio, tratos culturais, colheita e beneficiamento adequados às condições ambientais do Estado do Paraná.

X X X X

Realizar secagem logo após a colheita e acondicionar a erva em recipientes adequados às condições de armazenamento.

X X

Na secagem, preferir o uso de secadores com circulação de ar quente e cuidar para manter a temperatura nos limites estabelecidos para o capim-limão.

X X

NOTA: SP-Setor primário; SS-setor secundário, ST-setor terciário, CO-consumidor, PE- pesquisador, ANVISA- Agência de Vigilância Sanitária, SEAB- Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento, EMATER - Empresa de Assitência e Extensão Rural, IAPAR- Instituto Agronômico do Paraná.

Page 196: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

QUADRO 9.1 - Recomendações e Propostas para os agentes da cadeia produtiva do capim-limão do Estado do Paraná Concluído.

RECOMENDAÇÕES E PROPOSTAS SP ss ST CO PE ANVISA SEAB/PR EMATER IAPAR

0 tempo de armazenamento do produto bruto (folhas verdes ou desidratadas) e final (chá/óleo essencial) deve ser o menor possível, no máximo 1 ano, para garantir a qualidade em termos qualitativos e quantitativos.

X X X

Implantar sistema de controle e monitoramento de temperatura e umidade adequados ao produto comercializado nas áreas de armazenagem (chá/óleo).

X X X

Na colheita, transporte e armazenamento, utilizar caixas plásticas ou lonas plásticas íntegras, previamente higienizadas.

x X

Priorizar o uso de embalagens secundárias ou terciárias, pela maior proteção que oferecem ao alimento.

X X X

Inserir a rotulagem nutricional, em forma de tabela, incluindo: o valor calórico, seguido da declaração de nutrientes e componentes básicos, na seguinte ordem: carboidratos, proteínas, gorduras totais e sódio, conforme determina a legislação -RDC n° 39/01.

X X

Exigir produto de qualidade. X X X X

Exigir laudo técnico, especificando dados como a data e hora da colheita, temperatura de secagem e as análises de qualidade realizadas.

X X X X

Exigir laudo técnico de plantas que sofreram processo de irradiação, explicando o processo utilizado.

X X X X X

Promover continuamente a transferência de informações técnico-científicas e legislação brasileira vigente sobre boas práticas agrícolas, de armazenagem, transporte e fabricação através de cursos, distribuição de cartilhas e de manual de boas práticas, com linguagem acessível aos diversos agentes da cadeia produtiva.

X X X X X

Promover maior divulgação do conhecimento científico a respeito dos constituintes químicos, atividades biológicas, aspectos botânicos e ecológicos do capim-limão de forma a fortalecer a aplicação industrial desta planta.

X X X

Estabelecer núcleos centralizadores de informações e de capacitação nos diferentes núcleos regionais de produção.

X X

Corrigir a Portaria n° 519/98 no que concerne à grafia do nome específico do capim-limão. . X

Inserir na RDC n° 12/01 - chás, a obrigatoriedade das pesquisas microbiológicas relativas à Escherichia colie coliformes fecais (Termotolerantes), bem como de bolores e leveduras, pois representam mecanismo adicional eficiente na prevenção de doenças transmitidas por alimentos.

X

Page 197: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

GLOSSÁRIO

A

Agroecologia - área do conhecimento que estuda as relações entre a agricultura e

o meio ambiente, se utilizando de um referencial sistêmico e holístico na análise e

orientação da produção, de forma diferenciada para cada realidade ecológica e

balizada por práticas agrícolas sustentáveis.

Alcalóide - substância orgânica, nitrogenada, de origem vegetal.

Álcool - líquidos incolores, voláteis, derivados de hidrocarbonetos.

Aldeído - composto orgânico que possui o grupo -CHO unido ao hidrogênio ou ao

carbono de um radical orgânico.

Alelopatia - sistema de combate às doenças por vias contrárias à natureza das

mesmas.

Alergênica - causadora de alergia.

Analgésica - diz-se dos medicamentos antidolorosos (ausência de dor).

Antiálgico - analgésico.

Antibacteriana - aplica-se ao combate de microrganismos.

Anticancerígeno - que combate o câncer.

Antiemético - diminui o vômito.

Antiespasmódico - relaxante do músculo liso (intestino).

Antifebril - combate a febre

Antifúngico - contra fungos.

Antimutagênica - ação relacionada com processos carcinogênicos, alterações na

descendência e desenvolvimento de mal-formações congênitas.

Antinociceptivo- alívio da dor sem perda de consciência ou anestesia.

Antireumático - que combate o reumatismo.

Antisséptico - que se emprega para impedir a propagação de micróbios.

Antitumorai - efetivo contra tumores.

Antitussígeno - diminui a tosse.

Aromatizante - aditivo que intensifica o paladar e o aroma dos alimentos ou pode

conferir um sabor que não possui.

Page 198: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

1 8 0

B

Bainha - prolongamento do pecíolo ou do limbo da folha que envolve o caule até o

nó de inserção.

Biomassa - somatório da massa orgânica viva existente num determinado espaço,

num dado instante.

Bráctea - folha modificada, muito pequena e de coloração viva.

C

Calcário - adubo cálcico.

Carboidrato - ou hidrato de carbono - composto formado pela combinação da água

com carbono, cuja fórmula é Cn(H20)n

Carcinogênica - que produz câncer

Carminativo - que evita a formação de gases no estômago e no intestino.

Cetona - composto orgânico que possue um grupo -CO unido por duas valências a

um átomo de carbono.

Chá - produto constituído de partes de vegetais, inteiras, fragmentadas ou moídas,

obtido por processamento tecnológico adequado a cada espécie, utilizado

exclusivamente na preparação de bebidas alimentícias por infusão ou decocção em

água potável, não podendo ter finalidades farmacoterapêuticas.

Colmos - caule de nós bem definidos e entrenós maciços ou ocos. Caule típico de

gramíneas.

Contaminação cruzada - é todo tipo de contaminação que ocorre quando

misturamos produtos de origens diferentes.

D

Decocção - preparação normalmente utilizada para as ervas não aromáticas (que

contem princípios estáveis ao calor) e para drogas vegetais constituídas por

sementes, raízes, cascas e outras partes duras, de maior resistência à ação da água

quente.

Page 199: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

1 8 1

Destilação - Arte ou operação de separar, por meio do calor e dentro de vasos

apropriados (alambiques ou retortas), os elementos voláteis dos elementos fixos de

uma substância.

Diaforético - que aumenta a transpiração, o suor.

Diurético - aumenta a formação e a eliminação de urina.

E

Emenagogo - que provoca a menstruação.

Enteropatogênica - patogênica ao trato gastrointestinal

Entorses - torcedura violenta dos ligamentos de uma articulação.

Escabrosas - cheias de asperesas, ásperas ao tato.

Espasmolítico - que suprime ou cura os espasmos ( contração involutária e

convulsiva dos músculos e em especial dos que não obedecem à vontade e que

presidem à vida orgânica como os do estômago, os dos intestinos, etc.)

Espiciiforme - cujo aspecto exterior assemelha-se a uma espiga.

Estômato - estrutura responsável pelas trocas gasosas entre a planta e o meio.

Etnobotânica - ciência que estuda, utiliza e valoriza o conhecimento tradicional dos

povos e sob vários enfoques possibilita entender suas culturas, bem como o uso

prático das plantas.

F

Fenol - composto com uma hidroxila ligada diretamente a um carbono do anel

benzênico.

Fitoterápico - medicamento que tem como componente terapêutico ativo matéria-

prima de origem vegetal.

Flavonóide - substância fenólica, que ocorre de forma livre (aglicona) ou ligada a

açúcar (glicosídeo)

Flavorizante - que dá sabor e aroma.

Fungo - vegetal sem clorofila.

Page 200: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

1 8 2

G

Genotóxica - atividade mutagênica relacionada com processos carcinogênicos,

alterações na descendência e desenvolvimento de mal-formações congênitas.

Glabros - que não tem pêlos, lisos.

Glumas - brácteas externas que envolvem a espigueta.

H

Heliófita - planta que se adapta a ambientes com luz direta e intensa.

Hemopatias - doenças do sangue

Hepatotóxico - tóxico ao fígado

Hipnótico - provoca, induz o sono.

I

índice de refração - número que mede a capacidade que uma substância tem de

desviar um raio luminoso.

Inflorescência - disposição geral que os pedúnculos das flores apresentam sobre a

haste que os suporta; a ordem segundo a qual aparecem e se desenvolvem as

flores.

Infusão - preparação utilizada para todas as drogas ricas em componentes voláteis,

aromas delicados e princípios ativos que se degradam pela ação combinada de

água e calor. Normalmente, trata-se de drogas constituídas por flores, botões e

folhas.

L

Lipídio - o mesmo que gordura.

Lígula - pequena lingueta membranosa, geralmente incolor.

Lumbago - dor na região lombar (costas e dorso).

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1 8 3

M

Medicamento - produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado, com

finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico.

Metabólitos secundários - produtos químicos sintetizados pelas plantas e que se

localizam em diversas partes delas.

Micotoxinas - metabólitos tóxicos produzidos por fungos.

N

Nefropatia - doença dos rins.

Nefrotóxico - tóxico aos rins.

Nematóide - vermes subterrâneos.

O

Óleos essenciais - substâncias líquidas, voláteis, responsáveis pelo odor aromático

de diversas plantas.

P

Pedicelo - haste que sustenta uma flor individual, em uma inflorescência.

Perene - diz-se do vegetal que vive dois ou mais anos

Plântula - planta recém-nascida

Princípio ativo - substância do fármaco responsável pela sua ação terapêutica.

Q

Quelante - que forma complexo, ligante.

R

Rácimos - inflorescência onde as flores são pedunculadas e se inserem no eixo à

uma distância desprezível uma das outras.

Page 202: CAPIM-LIMÃO - Cymbopogon citratus (D.C. Stapf) SUBSÍDIO: …

1 8 4

Repelente - produto com propriedade de afugentar insetos.

Rizoma - caule subterrâneo, no todo ou em parte, de crescimento horizontal, rico em

reservas de nutrientes.

S

Sedativo - calmante

Setácea - em forma de seta

Sudorífero - que faz suar.

T

Terpeno - hidrocarboneto de fórmula C10 Hi6, que se encontram principalmente nos

óleos essenciais.

Tricomas - formação da epiderme uni ou pluricelular, que desempenha funções

diversas, sinônimo de pêlos.

V

Voláteis - substâncias que podem ser reduzidas a gás ou vapor.