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1 FOCO NO PETRÓLEO Março de 2016 ÓLEO DE XISTO DOS EUA: A SALVAÇÃO E O FLAGELO DO MERCADO DE PETRÓLEO A situação esteve favorável para o óleo de xisto dos EUA entre 2011 e meados de 2014, enquanto o mercado global de petróleo testemunhava um período de preços elevados e estáveis com média bruta superior a US$ 110/bbl. Durante essa fase, a turbulência geopolítica na Líbia, Iraque e Irã levou à redução das exportações, criando uma escassez de abastecimento do mercado. O óleo de xisto dos EUA veio para salvar e supriu a discrepância graças aos avanços tecnológicos nas técnicas de financiamento horizontal, financiado por um “elevado” preço do petróleo e crédito barato. Seguiu-se o espetacular crescimento da produção, e a produção de óleo de xisto dos EUA subiu para mais de 4,5 mb/d, ou quase 5% da demanda de petróleo global. Somente para investidores profissionais, qualificados e institucionais Consulte o documento completo de isenção de responsabilidade A nota a seguir oferece os pontos de vista do Gestor da Carteira no momento da publicação. 0 1 2 3 4 5 6 01.07 01.09 01.11 01.13 01.15 mb/d Oil Production of Selected US Shale Plays BAKKEN NIOBRARA EAGLE FORD PERMIAN Fonte: Datastream, SYZ AM. Dados de 31.01.2016 « Com os preços do petróleo caindo mais de 60% desde meados de 2014, o sentimento com relação às ações do petróleo é naturalmente negativo e o setor perdeu a popularidade. Apesar do alto grau de incerteza sobre o rumo dos preços do petróleo em curto prazo, espera-se que a situação do mercado passe do excesso de oferta para uma posição mais equilibrada dentro dos próximos 12 meses. » MICHAEL CLEMENTS, CFA Head of European Equities Portfolio Manager ALASDAIR CUMMINGS Senior Analyst DESTAQUES Os preços do petróleo caíram mais de 60% e permanecem fracos, principalmente devido à resiliência da produção de óleo de xisto dos EUA; A falta de investimento de hoje é a escassez de oferta de amanhã, e haverá uma recuperação dos preços. No entanto, o momento é incerto, pois há diversos fatores complicadores em relação ao preço do petróleo que podem mantê-lo reduzido ainda por um longo tempo; — Para se proteger contra esse cenário, é importante investir em empresas que possam suportar tal ambiente, com as seguintes características: produção de baixo custo, baixo risco geopolítico, balanços patrimoniais sólidos. 0 20 40 60 80 100 120 140 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 02.06 02.08 02.10 02.12 02.14 02.16 WTI Crude price (USD) US rig count US rig count vs WTI Crude price Horizontal Directional Vertical WTI (rhs) A produção de óleo de xisto permaneceu resiliente diante dos fracos preços do petróleo. A decisão da Arábia Saudita de abandonar o seu papel de guardiã do mercado da OPEP e ‘abrir as torneiras’, combinada ao retorno da oferta do Iraque, forçou um primeiro declínio dos preços do petróleo que durou até final de 2014. Posteriormente, o número de sondas dos EUA (que, historicamente, tem forte correlação com os volumes de produção de óleo de xisto) desmoronou, embora os volumes de xisto tenham diminuído apenas moderadamente. A resiliência do óleo de xisto, juntamente com o levantamento das sanções contra o Irã, levaram a um excesso de oferta global e a um declínio ainda maior nos preços do petróleo, e baixas de US$ 26/bbl em 12 anos foram recentemente testadas. Níveis recordes de estoque e resiliência do óleo de xisto atuam como os maiores obstáculos ao preço do petróleo. O excesso de oferta global levou a níveis recordes mundiais de estoque, entre 1,5 e 2 mb/d. Com a decisão da Arábia Saudita de adotar uma estratégia baseada em volume (que já teve mais de 80% da reserva de capacidade global), o óleo de xisto dos EUA é agora considerado a única verdadeira fonte de oferta variável dada a sua capacidade de ajustar rapidamente a produção, conforme necessário para equilibrar o mercado. No entanto, para o flagelo do mercado global de petróleo, a produção de xisto dos EUA permaneceu resiliente ao passo que os operadores estão escolhendo a Fonte: Datastream, SYZ AM. Dados de 31.12.2015

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FOCO NO PETRÓLEO

Março de 2016

ÓLEO DE XISTO DOS EUA : A SALVAÇÃO E O FLAGELO DO MERCADO DE PETRÓLEO

A situação esteve favorável para o óleo de xisto dos EUA entre 2011 e meados de 2014, enquanto o mercado global de petróleo testemunhava um período de preços elevados e estáveis com média bruta superior a US$ 110/bbl. Durante essa fase, a turbulência geopolítica na Líbia, Iraque e Irã levou à redução das exportações, criando uma escassez de abastecimento do mercado. O óleo de xisto dos EUA veio para salvar e supriu a discrepância graças aos avanços tecnológicos nas técnicas de financiamento horizontal, financiado por um “elevado” preço do petróleo e crédito barato. Seguiu-se o espetacular crescimento da produção, e a produção de óleo de xisto dos EUA subiu para mais de 4,5 mb/d, ou quase 5% da demanda de petróleo global.

Somente para investidores profissionais, qualificados e institucionaisConsulte o documento completo de isenção de responsabilidade

A nota a seguir oferece os pontos de vista do Gestor da Carteira no momento da publicação.

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01.07 01.09 01.11 01.13 01.15

mb/d

Oil Production of Selected US Shale Plays

BAKKEN NIOBRARA EAGLE FORD PERMIANFonte: Datastream, SYZ AM. Dados de 31.01.2016

« Com os preços do petróleo caindo mais de 60% desde meados de 2014, o sentimento com relação às ações do petróleo é naturalmente

negativo e o setor perdeu a popularidade. Apesar do alto grau de incerteza sobre o rumo dos preços do petróleo em curto prazo,

espera-se que a situação do mercado passe do excesso de oferta para uma posição mais equilibrada dentro dos próximos 12 meses. »

MICHAEL CLEMENTS, CFAHead of European Equities

Portfolio Manager

ALASDAIR CUMMINGSSenior Analyst

DESTAQUES

— Os preços do petróleo caíram mais de 60% e permanecem fracos, principalmente devido à resiliência da produção de óleo de xisto dos EUA;

— A falta de investimento de hoje é a escassez de oferta de amanhã, e haverá uma recuperação dos preços. No entanto, o momento é incerto, pois há diversos fatores complicadores em relação ao preço do petróleo que podem mantê-lo reduzido ainda por um longo tempo;

— Para se proteger contra esse cenário, é importante investir em empresas que possam suportar tal ambiente, com as seguintes características: produção de baixo custo, baixo risco geopolítico, balanços patrimoniais sólidos.

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US rig count vs WTI Crude price

Horizontal Directional Vertical WTI (rhs)

A produção de óleo de xisto permaneceu resiliente diante dos fracos preços do petróleo.

A decisão da Arábia Saudita de abandonar o seu papel de guardiã do mercado da OPEP e ‘abrir as torneiras’, combinada ao retorno da oferta do Iraque, forçou um primeiro declínio dos preços do petróleo que durou até final de 2014. Posteriormente, o número de sondas dos EUA (que, historicamente, tem forte correlação com os volumes de produção de óleo de xisto) desmoronou, embora os volumes de xisto tenham diminuído apenas moderadamente. A resiliência do óleo de xisto, juntamente com o levantamento das sanções contra o Irã, levaram a um excesso de oferta global e a um declínio ainda maior nos preços do petróleo, e baixas de US$ 26/bbl em 12 anos foram recentemente testadas.

Níveis recordes de estoque e resiliência do óleo de xisto atuam como os maiores obstáculos ao preço do petróleo.

O excesso de oferta global levou a níveis recordes mundiais de estoque, entre 1,5 e 2 mb/d. Com a decisão da Arábia Saudita de adotar uma estratégia baseada em volume (que já teve mais de 80% da reserva de capacidade global), o óleo de xisto dos EUA é agora considerado a única verdadeira fonte de oferta variável dada a sua capacidade de ajustar rapidamente a produção, conforme necessário para equilibrar o mercado. No entanto, para o flagelo do mercado global de petróleo, a produção de xisto dos EUA permaneceu resiliente ao passo que os operadores estão escolhendo a

Fonte: Datastream, SYZ AM. Dados de 31.12.2015

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Março de 2016

FOCO NO PETRÓLEO

dedo sua área mais produtiva, e o setor conseguiu reduzir significativamente os custos por poço, acelerar o tempo de ciclo e avançar na produtividade de poços por meio de um misto de inovação técnica e rendimentos associados à repetição de um processo de «fabricação».

Novas quedas nos preços do petróleo podem ser necessárias para equilibrar o mercado.

Embora a acentuada deterioração da situação financeira de empresas de exploração e produção dos EUA deva persistir, dados os preços mais baixos do petróleo e a redução do acesso ao crédito, o reequilíbrio da oferta e da demanda revela-se muito mais difícil do que o previsto. Se as diminuições de volume por meio de falências da E&P dos EUA são insuficientes, existe o risco de que os cortes de produção ocorram muito lentamente ou simplesmente não ocorram. Isso poderia levar a um cenário, em curto prazo, no qual os preços caem em níveis de produção, o que obriga o fornecimento para fora do mercado, resultando em seu equilíbrio, como o tem sido em termos históricos.

O setor exigirá preços mais altos para se sustentar em longo prazo.

O preço do petróleo tende a oscilar entre o excesso de oferta, no qual os preços de produção determinam um preço mínimo (atualmente abaixo de US$ 25/bbl), e o preço no qual se estabelece a destruição da demanda (c. US$ 120/bbl). Embora os preços possam ultrapassar essa faixa, em longo prazo eles acompanharão a do custo marginal de produção, ou o preço mínimo necessário para a indústria a montante se sustentar. Recentemente houve uma queda, já que os preços reduzidos do petróleo levaram à deflação de custo estrutural e cíclico na cadeia de abastecimento. Seguindo-se à decisão da Arábia Saudita de prosseguir com a participação no mercado, a reserva de capacidade global caiu abaixo de 5% da demanda, situando-se perto de níveis historicamente baixos. Isso sugere que os preços do petróleo subirão para os níveis de custo marginal e além, uma vez trabalhados os estoques.

O equilíbrio do mercado de petróleo é frágil e está sujeito aos vários elementos favoráveis e desfavoráveis ainda desconhecidos.

O atual excedente global, de 1,5 a 2mb/d, representa uma margem muito estreita de excesso, cerca de 2% no contexto do mercado de petróleo de 94 mb/d. Em destaque, na

página a seguir, estão alguns dos fatores relativamente imprevisíveis que podem causar mudança significativa no equilíbrio do mercado e no preço do petróleo em relação ao panorama atual.

Identificação de oportunidades dentro da Indústria Petrolífera Europeia.

Com os preços do petróleo caindo mais de 60% desde meados de 2014, o sentimento com relação às ações do petróleo é naturalmente negativo e o setor perdeu a popularidade. Apesar do alto grau de incerteza sobre o rumo dos preços do petróleo em curto prazo, espera-se que a situação do mercado passe do excesso de oferta para uma posição mais equilibrada dentro de 12 meses. No entanto, ainda existe a possibilidade de um período prolongado de fracos preços do petróleo. Consistentemente focando-se no risco de baixa, a equipe de Ações Europeias da Grupo SYZ está em busca de empresas com modelos de negócios resilientes que possam suportar tal ambiente, demonstrando as 3 principais características a seguir, além de uma atraente valorização:

1. Exposição à produção de baixo custo : empresas com exposição no limite inferior da curva dos custos do petróleo têm uma vantagem competitiva sustentável, já que podem ser geradoras de caixa e continuar rentáveis, mesmo em cenários de preços de petróleo em declínio;

2. Baixa exposição ao risco geopolítico : é aconselhável evitar empresas com operações em alguns dos destinos de férias menos desejáveis do mundo, onde a turbulência geopolítica ou mudança nas políticas podem rapidamente destruir o valor patrimonial;

3. Balanços patrimoniais sólidos : permitem às empresas enfrentar uma prolongada crise do preço do petróleo e fornecer poder de fogo para tirar proveito dos ativos de qualidade que podem se tornar disponíveis a preços vantajosos.

Ao investir em empresas com essas qualidades, minimiza-se o risco de baixa, além de haver o risco assimétrico de tendência positiva quando os preços do petróleo se recuperarem. De fato, o provérbio de que «a cura para um preço baixo do petróleo é um preço baixo do petróleo» deve-se manter como verdadeiro, tendo em vista que o subinvestimento de hoje em toda a indústria a montante deve resultar no fornecimento deficiente de amanhã, preparando o ambiente para que o mercado do petróleo, mais uma vez, encontre a salvação no óleo de xisto dos EUA.

Somente para investidores profissionais, qualificados e institucionaisConsulte o documento completo de isenção de responsabilidade

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Marginal Cost of Supply Estimated Marginal Cash Cost

Fonte: Bernstein, Bloomberg, Factset. Dados de 31.12.2015

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Este documento de marketing foi emitido pelo Grupo SYZ (doravante denominado «SYZ»). Não se destina à distribuição a pessoas físicas ou jurídicas ou uso por tais pessoas que sejam cidadãos ou residentes de um estado, país ou jurisdição em que as leis e regulamentos aplicáveis proíbam sua distribuição, publicação, emissão ou uso. Os usuários são os únicos responsáveis por verificar se estão legalmente autorizados a consultar as informações aqui contidas. Este material destina-se a fins meramente informativos, e não deve ser interpretado como uma oferta ou solicitação de compra ou venda de qualquer instrumento financeiro, nem como um documento contratual. As informações contidas neste documento não se destinam a constituir assessoria jurídica, tributária ou contábil, e podem não ser adequadas a todos os investidores. As avaliações, condições e cálculos de mercado contidos neste documento são meras estimativas, e estão sujeitas a alteração sem aviso prévio. As informações fornecidas são consideradas confiáveis; contudo, o Grupo SYZ não garante sua integridade ou exatidão.O desempenho passado não é uma indicação de resultados futuros.

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Março de 2016

FOCO NO PETRÓLEO

ELEMENTOS FAVORÁVEIS AO PREÇO DO PETRÓLEO

ELEMENTOS DES FAVORÁVEIS AO PREÇO DO PETRÓLEO

Turbulência geopolítica

Em parte exacerbada pelos baixos preços à medida que os países lutam para equilibrar os orçamentos dependentes do petróleo, pode levar a interrupções no fornecimento que apertam rapidamente os mercados.

Demanda abaixo do nível esperado

Com o fortalecimento do dólar, o sofrimento dos mercados emergentes, a desaceleração da China e o gás ganhando força competitiva, 2016 pode não ser um ano forte para a demanda de petróleo, como havia-se previsto.

O subinvestimento de capital de hoje é o fornecimento deficiente de amanhã

Novos fornecimentos em longo prazo requerem preços mais elevados para incentivar o investimento, a fim de atender ao crescimento da demanda futura e compensar as quedas de fornecimento (cerca de 5% ao ano). 2015-2016 representam a primeira vez que o CapEx a montante caiu em anos consecutivos desde 1986-1987, o que, em última análise, prepara o ambiente para uma crise de abastecimento.

Aumento da oferta maior do que o esperado

Com o Irã e a Líbia, em especial, surpreendendo com tendência positiva. O retorno do Irã ao mercado poderia prever um aumento de 1 mb/d no mercado, com potencial abertura ao investimento externo exacerbando tal situação.

OPEP - a salvação?

Indiscutivelmente, a OPEP (Arábia Saudita) poderia reverter sua estratégia orientada pelo volume para aliviar a pressão fiscal. No entanto, ao fazê-lo, eles iriam socorrer alguns dos produtores de óleo de xisto dos EUA que estão tentando debilitar.

Remoção do subsídio

Os subsídios petrolíferos nos mercados em desenvolvimento estão cada vez mais em risco de serem reajustados em meio a baixos preços do petróleo. Se os subsídios forem cortados pela metade, isso poderia levar a uma redução de demanda de 3 mb/d.

Um avanço tecnológico

Levando o petróleo a perder o seu status de combustível monopólio de transporte em um mundo ambientalmente mais sensível. A demanda de petróleo relacionada ao transporte poderia ser dizimada no período de tempo que leva para a frota mundial de veículos mudar para uma fonte de energia alternativa.

Eficiência de combustível de veículos

As normas continuam sendo cumpridas em todo o mundo. Sob a hipótese de que a eficiência de um carro novo aumenta 3% ao ano, e que a eficiência global da frota cresce 2% no final da década (AIE espera 2,5%), isso representa uma economia anual de > 0,7 mb/d, com o transporte rodoviário responsável por 36 mb/d de demanda de petróleo.

Fonte: SYZ AM.