xisto 2011

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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A INSERÇÃO DO JOVEM NO MERCADO DE TRABALHO Por: Luciana de Assis Xisto Orientador Prof. Marcelo Saldanha Rio de Janeiro 2011

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Profissionalização de adolescentes

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  • 1

    UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

    PS-GRADUAO LATO SENSU

    INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

    A INSERO DO JOVEM NO MERCADO DE TRABALHO

    Por: Luciana de Assis Xisto

    Orientador

    Prof. Marcelo Saldanha

    Rio de Janeiro

    2011

  • 2

    UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

    PS-GRADUAO LATO SENSU

    INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

    A INSERO DO JOVEM NO MERCADO DE TRABALHO

    Apresentao de monografia Universidade

    Candido Mendes como requisito parcial para

    obteno do grau de especialista em Pedagogia

    Empresarial.

    Por: Luciana de Assis Xisto

  • 3

    AGRADECIMENTOS

    Ao Orientador Prof. Marcelo Saldanha

    pelo incentivo, simpatia e presteza no

    auxlio s atividades e discusses

    sobre o andamento e normatizao

    desta Monografia e a todos aqueles

    que me ajudaram de forma direta e

    indireta na concretizao deste

    trabalho.

    Obrigada.

    E, finalmente, a DEUS pela

    oportunidade e pelo privilgio que me

    foi dado em compartilhar tamanha

    experincia e, ao freqentar este curso,

    perceber e atentar para a relevncia de

    temas que no faziam parte, em

    profundidade, da minha vida.

  • 4

    DEDICATRIA

    Tudo o que aparece em nosso caminho

    faz parte do processo evolutivo de cada

    indivduo, nada acontece por acaso. A

    vida no faz nada sem nenhuma

    finalidade. Todos os fatos que ocorrem, a

    cada momento, independente da

    situao, so porque temos condies de

    aproveitar e amadurecer. Tudo tem sua

    hora certa.

    Dedico este trabalho ao meu namorado

    Anderson por se constituir diferente

    enquanto pessoa, admirvel em essncia,

    estmulo que me impulsionou a buscar

    vida nova a cada dia, meus

    agradecimentos por ter me apoiado a me

    realizar ainda mais.

  • 5

    RESUMO

    A presente monografia aborda um tema importante da atualidade, se

    levarmos em conta que o jovem o futuro.

    Com assuntos como o embasamento jurdico para a insero de jovens

    no mercado de trabalho se dar de maneira correta atravs dos programas de

    aprendizagem, incluindo os direitos e benefcios dos jovens e das empresas, a

    esta pesquisa compete contribuir ainda para o avano das anlises crticas

    acerca da fundamentao social e do aparato legal de estmulo e de criao de

    oportunidades de trabalho para adolescentes.

    Tendo o trabalho do menor aprendiz tambm como uma questo de

    responsabilidade social que , vamos verificar que os programas de

    aprendizagem so uma oportunidade de os jovens terem uma chance no

    mercado de trabalho e em muitos casos, de melhoria de vida. E para as

    empresas uma oportunidade de formar profissionais capacitados e antenados

    com suas filosofias, aproveitando talentos para estar em sintonia com a Lei.

  • 6

    METODOLOGIA

    Pesquisa inicial nos sites das organizaes que trabalham com o jovem e

    menor aprendiz a fim de verificar e conhecer o tema que me propus a analisar

    para a monografia.

    Pesquisa de campo em instituio do sistema S de ensino para a verificao de

    como funciona o sistema de ensino e aprendizagem na prtica.

    Busca de base legal para verificar se os projetos para a insero dos jovens e

    a sua aprendizagem para o trabalho so efetivados conforme a lei.

    Pesquisa bibliogrfica para a busca de maior conhecimento viabilizando um

    aprofundamento sobre o tema e a sua real contribuio para os jovens e a

    sociedade.

    O procedimento de pesquisa utilizado ser o bibliogrfico, com base na

    legislao, nos sites e manuais das instituies do sistema S de ensino, site do

    Ministrio do Trabalho e Emprego e nas obras de autores como Ana Luisa

    Fayet Sallas, Marcio Pochmann e Alvim.

    Assim, a pesquisa realizada, estruturou o trabalho em trs captulos. De incio,

    o trabalho tratar da base legal para a insero de jovens no mercado de

    trabalho.

    Na seqncia, o contrato de aprendizagem e como se do os programas de

    aprendizagem com base nas pesquisas e avaliao de como esses processos

    se do de forma significativa para os jovens, abordando inclusiva a

    responsabilidade social da sociedade perante as aes.

  • 7

    SUMRIO

    INTRODUO 08

    CAPTULO I - Embasamento jurdico 10

    CAPTULO II - O Contrato de Aprendizagem 21

    CAPTULO III Os programas de aprendizagem 25

    CONCLUSO 39

    BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 40

    ANEXOS 42

    NDICE 54

    FOLHA DE AVALIAO 55

  • 8

    INTRODUO

    O tema desta monografia o aprendiz e o processo de aprendizagem e de

    fundamental relevncia para se buscar nas leis a base legal para verificar se os

    procedimentos esto sendo realizados corretamente e

    Observando as condies socioeconmicas e culturais que so

    determinantes para o modo de ser do adolescente, em se tratando da insero

    de jovens no mercado de trabalho, percebemos que existe uma distino de

    acordo com a classe social. Os jovens de classes menos favorecidas, por

    necessidades de sobrevivncia, deixam a escola para se inserirem no mundo

    do trabalho a fim de minorar a pobreza.

    Sob essa presso social e em condies pouco favorveis, como conciliar o

    estudo e o trabalho, se, muitas vezes, a jornada de trabalho enfada tanto o

    adolescente que ele chega a dormir na sala de aula? Mas tambm como

    conseguir um trabalho melhor se no estudar? Se, como ressalta SALLAS

    (2003), ficar fora da escola numa sociedade em rpida transformao

    sinnimo de estar ou ficar cada vez mais distante das oportunidades

    de trabalho (p.240) , se o que mais se fala atualmente que os trabalhadores

    devem se qualificar para conseguir se manter no mercado de trabalho, pois

    cada vez mais o mercado fica competitivo e restrito?

    Para Pochmann, o ingresso precrio e antecipado do jovem no mercado de

    trabalho pode marcar desfavoravelmente o seu desempenho profissional.

    A Formao geral dos jovens incluindo medidas que demonstrem a

    preocupao pelo desenvolvimento de melhores perspectivas futuras de

    insero social e pela criao de melhores oportunidades no mercado de

    trabalho motivo hoje de um intenso debate quanto elaborao e

    implementao de polticas voltadas para este fim, com destaque para os

    programas de 1 emprego e focadas na heterogeneidade do jovem e

    juntamente com orientaes do Ministrio do Trabalho e Emprego, atravs de

    suas portarias e instrues normativas, a aprendizagem profissional

    proporcionar ao jovem aprendiz sua insero no mercado de trabalho,

    possibilitando sua primeira experincia trabalhista e dada a sua Natureza

    contratual que encontra-se definida e disciplinada em lei.

  • 9

    Verificar se a aprendizagem ocorre de maneira significativa, proporcionando a

    qualificao social e profissional adequada s demandas e diversidades dos

    adolescentes em desenvolvimento, para o mundo de trabalho e o foco do

    estudo aqui tratado com o objetivo de reconhecer que mais que uma obrigao

    legal, a aprendizagem uma ao de responsabilidade social e um importante

    fator de promoo da cidadania para a insero de jovens no mercado de

    trabalho.

  • 10

    CAPTULO I

    Embasamento jurdico

    Neste captulo trataremos a natureza contratual da aprendizagem que

    encontra-se definida e disciplinada em leis e das normas que regulamentam

    esta matria que constitui uma importante estratgia de formao e trabalho

    dos jovens e adolescentes que o fazem na maioria dos casos para ampliar os

    rendimentos dos pais e para assegurar a sobrevivncia da famlia, bem como

    os pais querem impedir que os filhos fiquem ociosos na rua e evitando assim

    seu envolvimento com o mundo da marginalidade, que envolve a possibilidade

    de consumo e de trfico de drogas (Alves-Mazzotti, 2002; Alvim, 2001). Por

    outro lado, o trabalho pode propiciar o amadurecimento psicolgico e

    intelectual dos adolescentes e atuar como forma de socializao, que pode

    complementar a ao da escola (Dauster, 1992; Spsito, 1994).

    No ambiente de trabalho, apesar de estar submetido ao controle que os

    superiores exercem sobre suas atividades laborais, o adolescente tambm tem

    a oportunidade de conviver com iguais, isto , com pares, e aprende a ordenar

    suas formas de sociabilidade e suas representaes, o que amplia suas

    experincias e contribui para o processo de amadurecimento psicolgico e

    intelectual. Com o trabalho remunerado, o adolescente conquista mais

    autonomia e, conseqentemente, maior liberdade diante da autoridade dos pais

    ou responsveis. Todavia, ...o processo de profissionalizao no pode

    impedir o jovem de estudar e, principalmente, no pode impedi-lo de construir

    um projeto de vida (Vicente, 1994, p. 57). Sendo assim a Lei obriga

    juntamente com orientaes do Ministrio do Trabalho e Emprego, atravs de

    suas portarias e instrues normativas, a aprendizagem profissional

    proporcionar ao jovem aprendiz sua insero no mercado de trabalho,

    possibilitando sua primeira experincia trabalhista.

    Segundo a prpria definio pelo Ministrio do Trabalho e Emprego, a

    aprendizagem profissional consiste em formao tcnico-profissional metdica

    que permite ao jovem aprender uma profisso e obter sua primeira experincia

    como trabalhador. Trata-se de instituto firmado na Consolidao das Leis do

    Trabalho e modificado, por intermdio da Lei 10.097, de 19/12/2000 (Anexo I),

  • 11

    para compatibilizar-se s exigncias da Doutrina da Proteo Integral

    incorporadas Constituio Federal e ao Estatuto da Criana e do

    Adolescente.

    Regulamentada pelo Decreto n 5.598, de 1 de dezembro de 2005, e

    com as diretrizes curriculares estabelecidas na Portaria MTE n 615, de 13 de

    dezembro de 2007, a aprendizagem proporciona a qualificao social e

    profissional adequada s demandas e diversidades dos adolescentes, em sua

    condio peculiar de pessoa em desenvolvimento, dos jovens, do mundo de

    trabalho e da sociedade quanto s dimenses tica, cognitiva, social e cultural

    do aprendiz.

    A figura da aprendizagem adveio originalmente do Decreto n. 13.064,

    de 12 de junho de 1918, que aprovava naquela poca o Regulamento da ento

    Escola de Aprendizes Artfices, assinado pelo ento, hoje extinto, Ministrio de

    Estado dos Negcios da Agricultura, Indstria e Comrcio.

    Em 16 de julho de 1942, a aprendizagem, especialmente na indstria,

    como espcie de contrato de trabalho nas empresas privadas, inaugurou-se

    com o Decreto-Lei n. 4.481.

    Por motivos desconhecidos, o Decreto-Lei de 1942 caiu em descrdito.

    Em 10 de janeiro de 1946, foi a vez da normatizao da aprendizagem

    no comrcio, atravs do Decreto-Lei n. 8.622.

    Entende-se que a Lei n 10.097, de 19 de dezembro de 2000 (a Lei do

    Aprendiz, como foi conhecida- Anexo I), nasceu para reavivar os princpios e

    regras normatizados no Decreto-Lei n 4.481 e no Decreto-Lei n. 8.622,

    aperfeioando-os. A Lei do Aprendiz alterou dispositivos na CLT, para a

    insero de normas protetoras ao menor de 18 anos, necessrias a sua

    capacitao profissional e obteno de sua primeira experincia laboral.

    Atualmente, essa lei sofreu alteraes com a edio da Medida

    Provisria n. 251, de 14 de junho de 2005, que instituiu o Projeto Escola de

    Fbrica. Recentemente, a referida MP foi convertida na Lei n 11.180, em 23

    de setembro de 2005. (Anexo I)

    Tendo em conta o carter evolutivo das disposies legais e normativas,

    em funo de mudanas sociais, econmicas, culturais e polticas, preciso

    permanente ateno para alteraes e inovaes introduzidas nas leis e

  • 12

    normas sobre a aprendizagem. (SENAI, Aprendizagem: Formao e Trabalho

    do Jovem. Rio de Janeiro: GEP, 2005.)

    Recentemente, muitas empresas tm sido chamadas a Delegacias

    Regionais do Trabalho para prestar contas sobre o cumprimento do artigo 429

    da CLT, e conseqentemente, condenadas ao pagamento de elevadas multas.

    Vejamos a redao do mencionado texto: Art. 429. Os estabelecimentos de qualquer natureza so obrigados a

    empregar e matricular, nos cursos de Servios Nacionais de Aprendizagem,

    nmero de aprendizes equivalentes a cinco por cento, no mnimo e quinze por

    cento, no mximo, dos trabalhadores existentes em cada estabelecimento

    cujas funes demandem formao profissional.

    Toda e qualquer empresa, (com exceo microempresa e empresa de

    pequeno porte) est obrigada a contratar aprendizes em percentual mnimo de

    cinco e mximo de quinze sobre o nmero de seus empregados que tenham

    formao profissional.

    No caso de inobservncia aos preceitos legais supracitados, deve-se

    alertar que o infrator incorrer em sanes determinadas em lei, da seguinte

    forma, como se extrai da CLT:

    Art. 434 - Os infratores das disposies deste Captulo ficam sujeitos multa

    de valor igual a 1 (um) salrio mnimo regional, aplicada tantas vezes quantos

    forem os menores empregados em desacordo com a lei, no podendo, todavia,

    a soma das multas exceder a 5 (cinco) vezes o salrio-mnimo, salvo no caso

    de reincidncia em que esse total poder ser elevado ao dobro. [ipsis litteris]

    A competncia para aplicar punies pela inobservncia de quaisquer

    das normas acima da Delegacia Regional do Trabalho DRT, local, salvo

    excees legais.

    Sabemos, contudo, que, na prtica, este dispositivo no observado,

    pois, contando com a insuficincia da fiscalizao, as empresas assumem o

    risco do pagamento da multa.

    Entretanto, atualmente muitas sociedades esto sendo intimadas a

    demonstrar o cumprimento desta regra, sob pena de aplicao das j

  • 13

    mencionadas multas. E uma vez fiscalizada, muito difcil ser que a empresa

    no seja autuada, tendo em vista a subjetividade dos requisitos para o

    enquadramento nas atividades que demandem formao profissional, o que

    facilita a ao da fiscalizao.

    Evidentemente trata-se de uma questo social, mas sabemos da

    dificuldade das empresas para manter-se perfeitamente regularizadas, diante

    das inmeras exigncias legais.

    1.1 Aspectos legais mais importantes da Lei Federal n

    10.097/2000

    Estabelecimentos de qualquer natureza, excludas as micro e pequenas

    empresas, devem contratar e matricular nos cursos dos Servios Nacionais de

    Aprendizagem percentual de aprendizes entre 5 e 15% dos trabalhadores

    existentes em cada estabelecimento, cujas funes demandem formao

    profissional.

    Na hiptese de os Servios Nacionais de Aprendizagem no oferecerem

    cursos ou vagas suficientes para atender demanda dos estabelecimentos,

    esta poder ser suprida por outras entidades qualificadas em formao tcnico-

    profissional (escolas tcnicas de educao e entidades sem fins lucrativos).

    O contrato de aprendizagem deve ser ajustado por escrito e por prazo

    determinado, no podendo exceder o perodo de dois anos. Destina-se a

    jovens maiores de 14 e menores de 24 anos idade modificada de acordo com

    o art. 18 da Lei 11.180/2005, no se aplicando a idade mxima aos portadores

    de deficincia e exceto quando:

    I - as atividades prticas da aprendizagem ocorrerem no interior do

    estabelecimento, sujeitando os aprendizes insalubridade ou periculosidade,

    sem que se possa elidir o risco ou realiz-las integralmente em ambiente

    simulado;

    II - a lei exigir, para o desempenho das atividades prticas, licena ou

    autorizao vedada para pessoa com idade inferior a dezoito anos; e

    III - a natureza das atividades prticas for incompatvel com o desenvolvimento

    fsico, psicolgico e moral dos adolescentes aprendizes.

  • 14

    Garante-se ao jovem aprendiz o salrio mnimo hora, considerando-se o valor

    do salrio mnimo fixado em lei. A durao da jornada de no mximo seis

    horas dirias, incluindo as atividades tericas e prticas, limite que poder ser

    estendido para oito horas, caso o aprendiz j tenha completado o ensino

    fundamental.

    As frias do jovem aprendiz devem coincidir com um dos perodos de frias

    escolares do ensino regular, sendo vedado o parcelamento.

    So garantidos ao jovem aprendiz, todos os direitos trabalhistas e

    previdencirios assegurados aos demais empregados da empresa.

    A alquota do depsito do FGTS de dois por cento da remunerao paga.

    O contrato de aprendizagem se extingue no seu termo ou quando o aprendiz

    completar 24 anos ou antecipadamente nas seguintes hipteses:

    desempenho insuficiente ou inadaptao do aprendiz;

    falta disciplinar grave;

    ausncia injustificada escola que implique na perda do ano letivo; e a

    pedido do aprendiz.

    A fiscalizao da obrigatoriedade de contratao de aprendizes est a cargo

    dos rgos competentes do Ministrio do Trabalho e Emprego (MTE).

    As empresas que descumprirem a Lei estaro sujeitas s sanes legais

    previstas na Seo V, Captulo IV, Ttulo III da CLT, alm das previstas na

    Instruo Normativa no 26/2001 (SIT/MTE).

    1.2 Direitos e benefcios

    Salrio mnimo hora, calculado com base no salrio mnimo fixado em lei

    federal, salvo condio mais favorvel garantida em instrumento normativo ou

    por liberalidade do empregador.

    Jornada de trabalho de at seis horas, podendo ser estendida para oito horas,

    desde que o aprendiz j tenha concludo o ensino fundamental.

    Frias coincidentes com um dos perodos de frias escolares, sem

    parcelamento.

    Fundo de Garantia por Tempo de Servio de dois por cento.

  • 15

    Todos os demais direitos previstos na CLT e benefcios concedidos aos

    demais empregados da empresa.

    Os encargos trabalhistas que incidem sobre a contratao de jovens

    aprendizes so os mesmos previstos para os demais trabalhadores da

    empresa. A nica diferena a alquota do FGTS, fixada em dois por cento.

    1.3 Por que no se pode contratar jovens aprendizes para

    qualquer funo na empresa?

    O Brasil ainda detentor de uma triste estatstica em relao ao trabalho de

    adolescentes. Nas zonas rurais de muitos Estados ainda existe um grande

    contingente de menores atuando em ambientes insalubres, no obstante o

    rigor da lei. Tambm nas reas urbanas, a queda de renda da populao

    obriga cidados cada vez mais jovens a procurar trabalho. Para evitar o

    desrespeito aos direitos da criana e do adolescente, o Poder Legislativo define

    limites e o Executivo fiscaliza as empresas, na tentativa de evitar o ingresso de

    menores de 18 anos na fora de trabalho. A Portaria 20/2001 (SIT/DSST/ MTE)

    estabelece, num quadro descritivo, oitenta e um ttulos de locais e servios

    considerados insalubres ou perigosos, nos quais fica expressamente proibido o

    trabalho de menores de 18 anos. A Portaria n 4/2002 (SIT/DSST/MTE), abriu a

    possibilidade de eliminao das mencionadas proibies, mediante parecer

    tcnico de profissional habilitado, que ateste que o trabalho a ser realizado pelo

    jovem nesses locais ou servios no oferece riscos sua sade e segurana.

    O quadro anteriormente citado no se aplica aos programas de aprendizagem

    realizados em ambientes pedaggicos, que reproduzam o ambiente produtivo,

    mas que assegurem as condies de sade e segurana previstas em lei.

    Como citado no item 1.1, os jovens devem ser matriculados nos cursos dos

    Servios Nacionais de Aprendizagem para aprenderem funes que

    demandem formao profissional.

    At a edio da Lei 10.097/00, as funes que demandavam a formao

    profissional estavam elencadas na Portaria n. 43/52 do Ministrio do Trabalho.

    Indicavam inclusive aquelas que no se sujeitavam a essa formao. Com a

    reforma essa portaria deixou de vigorar, passando a servir apenas como

  • 16

    referncia.

    Sem uma definio rgida, faz necessrio buscar-se ento alguns parmetros

    para limitar um conjunto de ocupaes que devam submeter-se a um processo

    de formao tcnico-profissional. A Recomendao 117 da Organizao

    Internacional do Trabalho - OIT propicia as caractersticas gerais desse

    conjunto, quando recomenda que deva ser objeto de um contrato escrito de

    aprendizagem "a formao sistemtica e de longa durao, com vista ao

    exerccio de uma profisso reconhecia". E para decidir se uma profisso

    deveria ser reconhecida como necessitada de aprendizagem, conviria levar em

    conta os seguintes fatores segundo a referida Recomendao: a) o nvel das

    capacidades profissionais e dos conhecimentos tcnicos tericos requeridos

    para o exerccio da profisso em questo; b) a durao do perodo de formao

    necessrio para adquirir as capacitaes profissionais e os conhecimentos

    requeridos; c) o valor da aprendizagem como modo de formao para a

    aquisio das capacitaes e conhecimentos requeridos; d) a situao atual e

    futura quanto s possibilidades de emprego na profisso em questo.

    Considerando a exigncia de um processo de ensino ( 1 do art. 430 da CLT),

    a organizao metdica das tarefas complexas desenvolvidas no ambiente de

    trabalho, decompostas em atividades tericas e prticas ( 4 do art. 428 da

    CLT), e inspirados pelos ensinamentos do Professor Ors de Oliveira (1993)

    quando aborda a questo em sua obra, podemos focar alguns traos que

    identificam uma ocupao que deva se submeter a um processo de

    aprendizagem. Assim, podemos classificar como as ocupaes que demandam

    formao tcnico-profissional aquelas que se realizam mediante a execuo de

    tarefas complexas no ambiente de trabalho, exigindo para a sua qualificao a

    aquisio de conhecimentos tericos e prticos a serem ministrados atravs de

    processo educacional organizado em currculo prprio (plano de curso),

    partindo de noes e operaes bsicas para os conhecimentos e tarefas mais

    complexas, demandando um perodo prolongado para a sua realizao. Por

    esse entendimento, excluem-se aquelas atividades que podem ser praticadas

    com breves informaes e aquelas que em poucas horas j inserem o

    trabalhador no processo produtivo.

    1.4 Como contratar e matricular um jovem aprendiz

  • 17

    aconselhvel que as entidades que iro promover a aprendizagem realizem a

    anlise ocupacional do ofcio ou funo a ser submetida aprendizagem. Essa

    anlise consiste na decomposio da ocupao em seus elementos,

    delimitando e hierarquizando as tarefas e operaes, buscando a seleo de

    contedos, mtodos, processos didticos, meios auxiliares, processos de

    avaliao, exigindo, para isso, a articulao empresa-instituio, interagindo na

    obteno de informaes sobre a realidade no trabalho e na elaborao de um

    planejamento didtico que assegure a qualificao desejada. A busca dessa

    qualificao desejada deve estar sempre sobre o foco do mandamento do art.

    69, inciso II, do ECA, que assegura ao adolescente o direito capacitao

    profissional voltada para o mercado de trabalho.

    Aps essa anlise, o primeiro passo a assinatura do contrato de

    aprendizagem (ver minuta no Anexo II). Aps a assinatura do contrato e o

    registro em carteira o jovem dever ser encaminhado ao curso de uma das

    instituies do sistema nacional de aprendizagem para matrcula.

    Embora a Lei permita a contratao de jovens a partir dos 14 anos de idade,

    como aprendiz, cabe lembrar que esse jovem s poder firmar contrato comum

    de trabalho a partir dos 16 anos, observadas as restries estabelecidas na

    Portaria n 20/2001 da Secretria de Inspeo do Trabalho (SIT) e

    Departamento de Segurana e Sade no Trabalho (DSST) do MTE (Anexo I).

    Em decorrncia, o encaminhamento do jovem aprendiz aos 14 anos para o

    curso poder implicar num intervalo de dois anos entre a concluso do curso e

    o incio das atividades profissionais, tendo em vista as citadas restries.

    Embora a legislao no estabelea requisitos educacionais para a contratao

    de jovens aprendizes e conseqente ingresso em curso de aprendizagem, a

    escolaridade prvia deve ser compatvel com os requerimentos curriculares do

    curso.

    A contratao do aprendiz dever ser efetivada diretamente pelo

    estabelecimento que se obrigue ao cumprimento da cota de aprendizagem ou,

    supletivamente, pelas entidades sem fins lucrativos.

    Na hiptese de contratao de aprendiz diretamente pelo estabelecimento que

    se obrigue ao cumprimento da cota de aprendizagem, este assumir a

  • 18

    condio de empregador, devendo inscrever o aprendiz em programa de

    aprendizagem a ser ministrado pelas entidades indicadas.

    A contratao de aprendiz por intermdio de entidade sem fins lucrativos,

    somente dever ser formalizada aps a celebrao de contrato entre o

    estabelecimento e a entidade sem fins lucrativos, no qual, dentre outras

    obrigaes recprocas, se estabelecer as seguintes:

    I - a entidade sem fins lucrativos, simultaneamente ao desenvolvimento do

    programa de aprendizagem, assume a condio de empregador, com todos os

    nus dela decorrentes, assinando a Carteira de Trabalho e Previdncia Social

    do aprendiz e anotando, no espao destinado s anotaes gerais, a

    informao de que o especfico contrato de trabalho decorre de contrato

    firmado com determinado estabelecimento para efeito do cumprimento de sua

    cota de aprendizagem; e

    II - o estabelecimento assume a obrigao de proporcionar ao aprendiz a

    experincia prtica da formao tcnico-profissional metdica a que este ser

    submetido. (Art. 15, DECRETO N 5.598, DE 1 DE DEZEMBRO DE 2005,

    Anexo...)

    A contratao de aprendizes por empresas pblicas e sociedades de economia

    mista dar-se- de forma direta, hiptese em que ser realizado processo

    seletivo mediante edital.

    1.5 Trabalho do menor tambm uma questo de

    responsabilidade social.

    Deve-se abordar a questo do menos aprendiz como de

    responsabilidade social e conscincia de desenvolvimento e aprimoramento

    mundial.

    A necessidade de trabalhar no deve prejudicar o seu regular

    crescimento, da porque, exige-se que ate um limite de idade, no se afaste o

    menor da escola e do lar.

    De acordo com o ECA, crianas e adolescentes so cidados e sujeitos

    de direito em fase de desenvolvimento e, por isso, no tm condies de fazer

    valer plenamente seus direitos ou a prpria sobrevivncia, necessitando da

  • 19

    proteo da famlia e do Estado. Essa proteo, que inclui a regulamentao

    da entrada no mercado de trabalho a partir de 16 anos, baseia-se: num

    conjunto de regras e no estabelecimento de condies em que adolescentes

    podem trabalhar, tais como idade, horrio de trabalho condizente com a

    possibilidade de freqncia escola, assim como proibies quanto a trabalhos

    considerados insalubres e ao horrio noturno, ambos tidos como prejudiciais ao

    crescimento e sade deste trabalhador (Alvim, 2001, p. 216).

    Ao lado das medidas que regulamentam a incluso de crianas e

    adolescentes no mercado de trabalho importante considerar as condies

    sociais e econmicas em que vivem as famlias, alm disso, a condio de

    produtor de rendimentos no resulta apenas da situao de pobreza, mas a

    busca por emprego est associada ao desejo de conquista de autonomia e de

    liberdade e tambm de consumo de bens que os pais no podem proporcionar.

    Esses estudos indicam, portanto, que h diferentes motivaes para o ingresso

    de crianas e adolescentes no mercado de trabalho. No obstante, se o

    trabalho de crianas e adolescentes , em certos casos, necessrio para a

    sobrevivncia de famlias das classes populares - mesmo quando resulta de

    outras motivaes no pode ser dissociado das conseqncias negativas que

    acarreta (Alvim, 2001). Dessa forma, o controle das condies em que ocorre o

    trabalho de crianas e adolescentes tarefa relevante que tem sido assumida

    por algumas ONGs.

    Deixando de lado o critrio exclusivo da idade, pode-se considerar essa

    fase a partir da emergncia de novas formas de sociabilidade dos adolescentes

    com diferentes esferas da vida social, quando passam a viver sentimentos

    conflitantes e procuram autonomia e independncia diante dos pais e dos

    adultos.

    Nesse processo, caracterizado como um perodo de reviso, autocrtica

    e transformao, de vital importncia para o desenvolvimento da personalidade

    (Coleman, 1979), o adolescente, lentamente, constri sua identidade e, de

    simples espectador, assume postura mais questionadora e ativa em relao

    aos diferentes contextos sociais de que participa.

    Nas sociedades capitalistas ocidentais a adolescncia constitui uma fase

    de transio conturbada, que tende a prolongar-se, inclusive nos pases

    economicamente mais desenvolvidos. No Brasil, onde a desigualdade social

  • 20

    convive com a diversidade cultural, a adolescncia apresenta caractersticas

    especficas, que variam de acordo com a camada ou classe social, com o

    gnero, com o perodo histrico e com a cultura em que o adolescente est

    inserido (Alves-Mazzotti, 2002).

    Como dito anteriormente, a contrao do menor aprendiz tambm uma

    questo de responsabilidade social, uma vez que tem por inteno a captao

    de jovens e conseqentemente novos talentos, atravs da criao de postos de

    trabalho, visando reduzir o desemprego no Brasil e, principalmente, conceder

    oportunidade e experincia para o trabalho, e incluso social, pois isso que

    os jovens almejam.

    Ao contratar o menor aprendiz existe colaborao para o desenvolvimento da

    capacidade cognitiva do estudante, auxiliando-o na compreenso da realidade

    a qual se insere e nos setores industriais para que o mesmo possa atuar e

    oferecer informaes sobre os desdobramentos da ocupao em vista. A

    inteno estimular o aprendiz a levar uma formao profissional continuada

    para tal, deve construir seu percurso profissional, garantindo sua atuao no

    futuro, ampliando perspectivas de insero e de permanncia no mercado de

    trabalho. (WANTOWSKY, Giane. Trabalho do menor aprendiz tambm uma

    questo de responsabilidade social. Boletim Jurdico, Uberaba/MG, a. 3, no 9.

    Disponvel em http://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asp - acesso em

    : 24 ago. 2010 )

    http://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asp
  • 21

    CAPTULO II

    O contrato de aprendizagem

    No captulo anterior vimos como a lei obriga a aprendizagem profissional

    proporcionar ao jovem aprendiz sua insero no mercado de trabalho, nas

    prximas linhas falaremos sobre o contrato de aprendizagem que o primeiro

    passo para a contratao de um jovem.

    O contrato de aprendizagem (ver anexo II) um contrato de trabalho

    especial, ajustado por escrito e por prazo determinado (mximo de dois anos),

    em que o empregador se compromete a assegurar ao maior de 14 anos e

    menor de 24 anos, inscrito em programa de aprendizagem, formao tcnico-

    profissional metdica, compatvel com seu desenvolvimento fsico, psquico,

    moral e social e o aprendiz, a executar, com zelo e diligncia, as tarefas

    necessrias a essa formao. (Art. 2, DECRETO N 5.598, DE 1 DE

    DEZEMBRO DE 2005). Entende-se por formao tcnico-profissional

    metdica para os efeitos do contrato de aprendizagem as atividades tericas e

    prticas, metodicamente organizadas em tarefas de complexidade progressiva

    desenvolvidas no ambiente de trabalho.

    Para fins do contrato de aprendizagem, a comprovao da escolaridade de

    aprendiz portador de deficincia mental deve considerar, sobretudo, as

    habilidades e competncias relacionadas com a profissionalizao.

    So condies de validade do contrato:

    a) registro e anotao na Carteira de Trabalho e Previdncia Social (CTPS);

    b) matrcula e freqncia do aprendiz escola de ensino regular, caso no

    tenha concludo o ensino fundamental; e

    c) inscrio do aprendiz em curso de aprendizagem desenvolvido sob

    orientao de entidade qualificada em formao profissional.

    No necessria a homologao do contrato de aprendizagem na DRT

    local ou sub-delegacias. (Art. 3, DECRETO N 5.598, DE 1 DE DEZEMBRO

    DE 2005)

    A jornada de trabalho do aprendiz de mximas 6 horas dirias, ficando

    vedadas prorrogao e a compensao de jornada, podendo chegar ao limite

    de 8 horas dirias desde que o aprendiz tenha completado o ensino

  • 22

    fundamental, e se nelas forem computadas as horas destinadas

    aprendizagem terica. A jornada do aprendiz compreende as horas destinadas

    s atividades tericas e prticas, simultneas ou no, cabendo entidade

    qualificada em formao tcnico-profissional metdica fix-las no plano do

    curso.

    vedado ao responsvel pelo cumprimento da cota de aprendizagem

    cometer ao aprendiz atividades diversas daquelas previstas no programa de

    aprendizagem.

    As aulas prticas podem ocorrer na prpria entidade qualificada em

    formao tcnico- profissional metdica ou no estabelecimento contratante ou

    concedente da experincia prtica do aprendiz.

    Na hiptese de o ensino prtico ocorrer no estabelecimento, ser

    formalmente designado pela empresa, ouvida a entidade qualificada em

    formao tcnico-profissional metdica, um empregado monitor responsvel

    pela coordenao de exerccios prticos e acompanhamento das atividades do

    aprendiz no estabelecimento, em conformidade com o programa de

    aprendizagem. Nessa hiptese, alm do contrato de aprendizagem, faz-se

    necessrio por ocasio do registro, o requerimento, os documentos relativos

    autorizao, convnio e programa de aprendizagem.

    As frias do aprendiz devem coincidir, preferencialmente, com as frias

    escolares, sendo vedado ao empregador fixar perodo diverso daquele definido

    no programa de aprendizagem.

    2.1 Das Hipteses de Extino e Resciso do Contrato de

    Aprendizagem

    O descumprimento das disposies legais e regulamentares importar a

    nulidade do contrato de aprendizagem, nos termos do art. 9 da CLT,

    estabelecendo-se o vnculo empregatcio diretamente com o empregador

    responsvel pelo cumprimento da cota de aprendizagem.

  • 23

    O contrato de aprendizagem extinguir-se- no seu termo ou quando o aprendiz

    completar vinte e quatro anos, exceto na hiptese de aprendiz deficiente, ou,

    ainda antecipadamente, nas seguintes hipteses:

    I - desempenho insuficiente ou inadaptao do aprendiz;

    II - falta disciplinar grave;

    III - ausncia injustificada escola que implique perda do ano letivo; e

    IV - a pedido do aprendiz.

    Nos casos de extino ou resciso do contrato de aprendizagem, o

    empregador dever contratar novo aprendiz, sob pena de infrao ao disposto

    no art. 429 da CLT.

    2.2 Das disposies do contrato

    No contrato de aprendizagem fica estipulado que o contratado, na

    qualidade de empregado aprendiz se compromete a freqentar o curso,

    ministrado pela Instituio conveniada, de acordo comercial com o programa

    previamente estabelecido pela Entidade. O contratado sujeitar-se- quanto aos

    aspectos tcnicos da Aprendizagem s normas e metodologias adotadas pela

    Entidade.

    O contratante a seu exclusivo critrio, obriga-se a fornecer ao contratado

    todos os meios materiais, para que possa haver um perfeito desenvolvimento

    do objeto do contrato, e via de conseqncia, da formao tcnico-profissional

    metdica do aprendiz, devendo formalizar por escrito o contrato de

    aprendizagem, determinando o incio e o final de sua vigncia, por ser um

    contrato de trabalho especial e dever oferecer condies de segurana e

    sade, conforme o disposto no art. 405 da CLT, e nas Normas

    Regulamentadoras, aprovadas pela Portaria n 3.214/78.

    Ainda em questo ao contratado, este deve cumprir fielmente as

    obrigaes assumidas na clusula primeira; executar com zelo e diligncia as

    tarefas necessrias formao objeto do contrato; cumprir as metas do

    aprendizado estabelecidas pela instituio escolhida; estar matriculado e

    freqentar escola de ensino regular, caso o aprendiz no tenha concludo o

    ensino fundamental.

  • 24

    estipulado no contrato o salrio, a durao da jornada de trabalho, a

    vigncia do contrato e as hipteses de extino e resciso do contrato citadas

    no item 2.1.

    A definio de programa de aprendizagem, desenvolvido atravs de

    atividades tericas e prticas, contendo os objetivos do curso, contedos a

    serem ministrados e a carga horria tambm so informados no contrato e

    falaremos sobre tais programas no prximo captulo.

  • 25

    CAPTULO III

    Os programas de aprendizagem

    O trabalho do aprendiz/jovem deve desenvolver-se por meio de uma

    dinmica pedagogicamente orientada, sob o ponto de vista terico e prtico,

    conduzindo aquisio de um ofcio ou de conhecimentos bsicos gerais para

    o trabalho qualificado. A formao tcnico-profissional de adolescentes e jovens amplia as

    possibilidades de insero no mercado de trabalho e torna mais promissor o

    futuro da nova gerao. O empresrio, por sua vez, alm de cumprir sua

    funo social, contribuir para a formao de um profissional mais capacitado

    para as atuais exigncias do mercado de trabalho e com viso mais ampla da

    prpria sociedade. Mais que uma obrigao legal, portanto, a aprendizagem

    uma ao de responsabilidade social como vimos no item 1.5 e um importante

    fator de promoo da cidadania, redundando, em ltima anlise, numa melhor

    produtividade.

    Estamos confiantes de que, mais do que cumprir o que determina a

    legislao, as empresas, conscientes de sua responsabilidade social, tero

    interesse em admitir jovens de 14 a 24 anos. E o fato de ser uma poltica

    pblica de Estado nos d a certeza de que ser profcua e perene, tornando-se

    um direito fundamental dos adolescentes e jovens na construo de uma

    sociedade mais justa e solidria. (CARLOS LUPI, Ministro do Trabalho e

    Emprego)

    Consideram-se entidades qualificadas em formao tcnico-profissional

    metdica os Servios Nacionais de Aprendizagem, assim identificados:

    a) Servio Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI;

    b) Servio Nacional de Aprendizagem Comercial - SENAC;

    c) Servio Nacional de Aprendizagem Rural - SENAR;

    d) Servio Nacional de Aprendizagem do Transporte - SENAT; e

    e) Servio Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo - SESCOOP;

    II - as escolas tcnicas de educao, inclusive as agrotcnicas; e

  • 26

    III - as entidades sem fins lucrativos, que tenham por objetivos a assistncia ao

    adolescente e educao profissional, registradas no Conselho Municipal dos

    Direitos da Criana e do Adolescente.

    As entidades mencionadas devero contar com estrutura adequada ao

    desenvolvimento dos programas de aprendizagem, de forma a manter a

    qualidade do processo de ensino, bem como acompanhar e avaliar os

    resultados e o Ministrio do Trabalho e Emprego editar, ouvido o Ministrio da

    Educao, normas para avaliao da competncia das entidades

    mencionadas.

    As aulas tericas do programa de aprendizagem devem ocorrer em

    ambiente fsico adequado ao ensino, e com meios didticos apropriados e

    podem se dar sob a forma de aulas demonstrativas no ambiente de trabalho,

    hiptese em que vedada qualquer atividade laboral do aprendiz, ressalvado o

    manuseio de materiais, ferramentas, instrumentos e assemelhados.

    vedado ao responsvel pelo cumprimento da cota de aprendizagem

    cometer ao aprendiz atividades diversas daquelas previstas no programa de

    aprendizagem.

    As aulas prticas podem ocorrer na prpria entidade qualificada em

    formao tcnico-profissional metdica ou no estabelecimento contratante ou

    concedente da experincia prtica do aprendiz e na hiptese de o ensino

    prtico ocorrer no estabelecimento, ser formalmente designado pela empresa,

    ouvida a entidade qualificada em formao tcnico-profissional metdica, um

    empregado monitor responsvel pela coordenao de exerccios prticos e

    acompanhamento das atividades do aprendiz no estabelecimento, em

    conformidade com o programa de aprendizagem.

    A entidade responsvel pelo programa de aprendizagem fornecer aos

    empregadores e ao Ministrio do Trabalho e Emprego, quando solicitado, cpia

    do projeto pedaggico do programa.

    Para os fins da experincia prtica segundo a organizao curricular do

    programa de aprendizagem, o empregador que mantenha mais de um

    estabelecimento em um mesmo municpio poder centralizar as atividades

    prticas correspondentes em um nico estabelecimento.

    Nenhuma atividade prtica poder ser desenvolvida no estabelecimento em

    desacordo com as disposies do programa de aprendizagem (Art.22,

  • 27

    DECRETO N 5.598, DE 1 DE DEZEMBRO DE 2005). No deve haver a

    prevalncia da parte prtica na empresa. A parte prtica pode ocorrer tanto na

    instituio que oferece o curso (oficinas ou laboratrios, por exemplo) quanto

    na empresa. No entanto, a parte prtica na empresa sempre dever ser

    direcionada para o aspecto educativo, no devendo prevalecer o aspecto

    produtivo, pois o aprendiz considerado um empregado-aluno. Trabalho

    educativo e aprendizagem no se confundem, pois so dois institutos

    diferentes. O trabalho educativo previsto no art. 68 e seu 1 do ECA depende

    de regulamentao, havendo no Senado Federal trs projetos de lei que tratam

    da matria.

    A doutrina classifica a aprendizagem em dois tipos (4): a aprendizagem

    escolar, caracterizada pelo estgio profissionalizante (Lei n.0 6.494/77) e pela

    formao ministrada por escolas de profissionalizao ou escolas tcnicas; e a

    aprendizagem empresria, regulada pelos arts. 428 a 433 da CLT.

    O trabalho educativo tanto pode ocorrer mediante a aprendizagem escolar

    quanto atravs da aprendizagem empresarial. Se ele ocorrer apenas no interior

    das entidades sem fins lucrativos, desvinculado de qualquer atividade

    empresarial, enquadra-se na aprendizagem escolar, no havendo a incidncia

    dos direitos trabalhistas e previdencirios.

    Ocorrendo o trabalho educativo dentro das empresas por intermdio

    daquelas entidades, tem-se a aprendizagem empresarial, fazendo obrigao

    quanto aos direitos laborais. O mesmo se d quando a empresa utiliza-se dos

    servios dos adolescentes sendo estes executados dentro da instituio de

    trabalho educativo.

    A parte prtica na empresa dever observar a garantia das condies de

    segurana e sade no trabalho, Nesse sentido, a aprendizagem nas indstrias

    dever ter especial ateno, havendo casos em que ela se tomar impraticvel

    no estabelecimento do empregador. Do mesmo modo, prevalece a norma do

    inciso II do art. 405 do texto consolidado, que veda o trabalho dos adolescentes

    em locais ou servios prejudiciais sua moralidade.

    As entidades que realizam a aprendizagem tambm so responsveis

    pelo fiel cumprimento das normas de segurana e sade nas atividades do

    curso, no s nos prprios estabelecimentos quanto tambm nas empresas,

    pois quando o aprendiz est na empresa suas tarefas tambm esto

  • 28

    vinculadas ao curso de aprendizagem, sob a responsabilidade da entidade que

    ministra o curso.

    3.1 Os Programas do Governo

    O programa do governo tambm visa atingir as classes sociais mais

    baixas. O Pro jovem vinculado a aes dirigidas promoo da insero de

    jovens no mercado de trabalho e sua escolarizao, ao fortalecimento da

    participao da sociedade no processo de formulao de polticas e aes de

    gerao de trabalho e renda, objetivando, especialmente, promover a criao

    de postos de trabalho para jovens ou prepar-los para o mercado de trabalho e

    ocupaes alternativas, geradoras de renda; e a qualificao do jovem para o

    mercado de trabalho e incluso social. Atende jovens com idade de 18 a 29

    anos em situao de desemprego, pertencente famlia com renda per capita

    de at 1 (um) salrio mnimo, e que esteja cursando ou tenha concludo o

    ensino fundamental ou cursando ou tenha concludo o ensino mdio, e no

    esteja cursando ou no tenha concludo o ensino superior.

    Nas aes de empreendedorismo juvenil, tambm podero ser contemplados

    os jovens que estejam cursando ou tenham concludo o ensino superior.

    A qualificao social e profissional prevista no Pro jovem Trabalhador

    ser efetuada por cursos ministrados com carga horria de 350 (trezentas e

    cinqenta) horas, cujo contedo e execuo sero definidos pelo Ministrio do

    Trabalho e Emprego e divulgados em portaria ministerial.

    Atravs da Portaria n 615/2007, o Ministro de Estado do Trabalho e

    Emprego criou o Cadastro Nacional de Aprendizagem, destinado inscrio

    das entidades qualificadas em formao tcnico-profissional metdica,

    buscando promover a qualidade tcnico-profissional, dos programas e cursos

    de aprendizagem, principalmente em relao a sua qualidade pedaggica e

    efetividade social. O objetivo que a aprendizagem profissional, definida

    legalmente no nvel de formao inicial e continuada de trabalhadores,

    possibilite novas formas de insero produtiva, com a devida certificao. O

    Cadastro um ato concreto em favor da promoo dos direitos da juventude

    qualificao profissional e ao emprego digno, pois o MTE ter um mapa da

  • 29

    oferta de cursos e, conseqentemente, mais controle da qualidade dos cursos

    e programas. Espera-se, ainda, que o Cadastro favorea o cumprimento

    espontneo da legislao por empregadores, que passaro a perceber como

    investimento em mo-de-obra qualificada o que tradicionalmente era visto

    como imposio legal ou contribuio compulsria destinada ao Servios

    Nacionais de Aprendizagem Profissional, ou supletivamente nas entidades sem

    fins lucrativos.

    Alm das entidades, o Cadastro permite a inscrio de jovens e vagas

    de aprendizagem ofertadas por empregadores, possibilitando a aproximao

    entre os interesses de ambos, que uma das funes do Sistema Pblico de

    Emprego.

    A Criao do Selo denominado "Parceiros da Aprendizagem", criado

    pela PORTARIA MTE N 656, DE 26 DE MARO DE 2010, D.O.U.: 29.03.2010,

    que disciplina a concesso do documento s entidades merecedoras:

    empresas, entidades qualificadas em formao tcnico-profissional metdica,

    entidades governamentais e outras instituies que, nos termos desta portaria,

    atuem em consonncia com o Ministrio do Trabalho e Emprego - MTE no

    desenvolvimento de aes que envolvam a formao, qualificao, preparao

    e insero de adolescentes, jovens e pessoas com deficincia no mundo do

    trabalho. Este ser uma forma de desenvolvimento ou apoio capacitao de

    entidades sociais para atuao na aprendizagem profissional; desenvolvimento

    ou apoio capacitao e formao de formadores em metodologias aprovadas

    pelo MTE aplicveis aprendizagem profissional; desenvolvimento de aes

    destinadas aprendizagem de adolescentes e jovens egressos de medidas

    scio-educativas; desenvolvimento ou apoio de pesquisa ou instrumentos de

    avaliao de programas de aprendizagem com vistas ao aperfeioamento do

    mesmo; desenvolvimento ou apoio s aes de divulgao da aprendizagem

    profissional com impacto e resultados reconhecidos; ou demonstrao de

    resultados efetivos de contratao de egressos de programas de

    aprendizagem. (PORTARIA MTE N 656, DE 26 DE MARO DE 2010).

    A anlise do processo para concesso do Selo "Parceiros da

    Aprendizagem" ser garantida ao candidato que atenda a pelo menos um dos

    seguintes requisitos: contratao, para cumprimento da cota de aprendizes, de

    pessoas com deficincia ou adolescentes e jovens pertencentes a grupos mais

  • 30

    vulnerveis do ponto de vista da incluso no mercado de trabalho; contratao,

    para cumprimento da cota de aprendizes, de beneficirios ou egressos de

    aes ou programas sociais custeados pelo poder pblico; desenvolvimento ou

    apoio capacitao de entidades sociais para atuao na aprendizagem

    profissional; desenvolvimento ou apoio capacitao e formao de

    formadores em metodologias aprovadas pelo MTE aplicveis aprendizagem

    profissional; desenvolvimento de aes destinadas aprendizagem de

    adolescentes e jovens egressos de medidas scio-educativas;

    desenvolvimento ou apoio de pesquisa ou instrumentos de avaliao de

    programas de aprendizagem com vistas ao aperfeioamento do mesmo;

    desenvolvimento ou apoio s aes de divulgao da aprendizagem

    profissional com impacto e resultados reconhecidos; ou demonstrao de

    resultados efetivos de contratao de egressos de programas de

    aprendizagem.

    Para concesso do Selo "Parceiros da Aprendizagem", na categoria de

    empregadores, os candidatos devero atender cumulativamente s seguintes

    condies: manuteno de contratos com no mnimo 20% (vinte por cento) de

    aprendizes que: a) Pertenam s famlias cuja renda familiar per capita seja de

    at meio salrio mnimo; ou b) Sejam egressos de programas sociais;

    cumprimento da cota de pessoas com deficincia, nos termos da Lei n. 8.213,

    27 de julho 1991; incluso, em todos os contratos celebrados com prestadores

    de servios, de previso da observncia das Cotas de Aprendizes e de

    Pessoas com Deficincia, a partir do ano em que foi solicitado; incluso de

    Programa de Aprendizagem no projeto educacional do empregador; aplicao

    de mecanismos de avaliao durante todo o desenvolvimento dos Programas

    de Aprendizagem; controle rigoroso das condies de sade e segurana do

    trabalhador; matrcula dos aprendizes em cursos validados no Cadastro

    Nacional da Aprendizagem Profissional mantido pelo MTE; manuteno de

    registro, atualizado, de aprendizes no Cadastro Nacional da Aprendizagem

    Profissional; e concesso aos aprendizes dos direitos reconhecidos em

    conveno coletiva pelo sindicato da categoria correspondente ocupao

    exercida pelo aprendiz, nos termos do art. 26, do Decreto n 5.598/2005.

    Para concesso do Selo "Parceiros da Aprendizagem", na categoria das

    entidades qualificadas em formao tcnico profissional metdica, os

  • 31

    candidatos devero atender cumulativamente s seguintes condies: obter a

    validao dos cursos ofertados e sua divulgao no Cadastro Nacional da

    Aprendizagem Profissional; manuteno de registro atualizado de aprendizes

    no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados - CAGED; manuteno

    de registro atualizado de aprendizes no Cadastro Nacional da Aprendizagem

    Profissional;apresentao do registro no Conselho Municipal dos Direitos da

    Criana e do Adolescente - CMDCA local, quando atender o pblico menor de

    dezoito anos; desenvolvimento de processos seletivos no discriminatrios, de

    acordo com os princpios constitucionais; manuteno de instalaes

    adequadas para o atendimento dos aprendizes, de acordo com a

    regulamentao das condies de sade e segurana do trabalhador;

    comprovao de investimentos na capacitao continuada de formadores;

    acompanhamento das atividades do aprendiz desenvolvidas no ambiente da

    contratante; atendimento da demanda do mercado de trabalho local no que diz

    respeito oferta de seus cursos; e desenvolvimento de aes para a insero

    de egressos dos Programas de Aprendizagem, de acordo com as informaes

    declaradas no campo "Indicadores de potencialidade do mercado local e de

    permanncia dos aprendizes no mercado aps o trmino do programa" do

    Cadastro Nacional de Aprendizagem.

    Os candidatos devem solicitar o Selo "Parceiros da Aprendizagem" por

    meio de preenchimento de formulrio eletrnico disponvel na pgina do MTE

    (www.mte.gov.br) e o perodo para solicitao do Selo "Parceiros da

    Aprendizagem" para o ano corrente do primeiro dia til do ms de maio ao

    ltimo dia til do ms de julho, sendo a entrega do Selo "Parceiros da

    Aprendizagem" aos candidatos aprovados ser realizada at o ltimo dia til do

    ms de novembro do ano corrente.

    No Selo ser registrado o ano em que foi estabelecida a parceria com o

    TEM e ele ser encaminhado por meio eletrnico, acompanhado de ofcio e

    certificado assinado pela autoridade competente do TEM, cabendo a este

    avaliar a possibilidade de rever a concesso do Selo nos casos em que tenha

    conhecimento de fatos que contrariem a proposta de certificao por

    Responsabilidade Social.

    A instituio que no atender ao disposto nesta Portaria perder o direito

    ao uso do Selo e dever retir-lo de qualquer material de divulgao no prazo

    http://www.mte.gov.br/
  • 32

    mximo de seis meses, contados a partir da data em que for comunicada pelo

    MTE, mediante correspondncia com Aviso de Recebimento - AR, do

    cancelamento da parceria.

    O MTE disciplinar os procedimentos para a concesso do Selo.

    (PORTARIA MTE N 656, DE 26 DE MARO DE 2010)

    3.2 Da entidade sem fins lucrativos como empregadora do

    Aprendiz.

    A legislao permite que a entidade de aprendizagem sem fins lucrativos, e

    somente ela, pode ser ao mesmo tempo responsvel pelo curso e

    empregadora do menor aprendiz. Essa possibilidade no se aplica aos

    Servios Nacionais de Aprendizagem e s Escolas Tcnicas de Educao.

    Nessa condio especial, a entidade sem fins lucrativos que mantiver o

    aprendiz como seu empregado pode firmar contratos de prestao de servios

    com as empresas que estiverem obrigadas a contratar aprendizes nos termos

    do "caput" do art. 429 do texto consolidado. Os servios a serem prestados

    compreendem a programao, a superviso e a execuo da aprendizagem

    por parte da entidade sem fins lucrativos. No se cogita na contratao dos

    servios do adolescente aprendiz. A entidade no intermediadora de mo-de-

    obra, nem tampouco o aprendiz pode ser utilizado como mera mo-de-obra.

    Como exemplo, citamos o Centro de Integrao Empresa Escola que

    implementou um programa de aprendizagem voltado para a insero de jovens

    no mundo do trabalho em parceria com a Fundao Roberto marinho e

    apoiando-se na lei da Aprendizagem.

    O objetivo principal do programa auxiliar as empresas no cumprimento

    da lei e com a qualificao oferecida pelo programa, os participantes se tornam

    mais bem preparados para enfrentar os desafios encontrados no cotidiano das

    empresas. O aprendiz que tem como pr-requisito ter contemplado ou estar

    cursando o ensino fundamental recebe aulas de capacitao terica, com uso

    de material didtico especialmente elaborado pela Fundao Roberto marinho

    em parceria com a Petrobrs, e treinamento prtico, trabalhando na empresa.

  • 33

    O contrato com o menor aprendiz tem validade por prazo determinado de dois

    anos, com salrio mnimo/hora.

    A Fundao Roberto marinho d suporte pedaggico ao programa e o

    CIEE fica responsvel pelo recrutamento, seleo e capacitao terica dos

    aprendizes.

    O programa traz oportunidade de renovao, pois na experincia do

    Aprendiz Legal o jovem assume o papel de agente de desenvolvimento de sua

    prpria carreira, de colaborador da empresa que o recebe, sua energia, sua

    criatividade, sua ousadia e sua tendncia contestao so canalizadas para

    renovar idias, estruturas e processos.

    Por acreditarmos que o jovem deve ser protagonista, visto como

    responsvel, capaz e decisivo, o mtodo utilizado para a formao do aprendiz

    estimula a autonomia e a pr-atividade. Sua insero social atravs do trabalho

    e da gerao de renda est centrada no desenvolvimento de cidados social e

    economicamente bem-sucedidos, que faam a ponte entre a infncia e a vida

    adulta conquistando auto-estima e responsabilidade.

    A metodologia do Programa garante ao jovem capacitao profissional

    como etapa do seu processo educativo e privilegia o desenvolvimento de

    competncias a partir de uma abordagem interdisciplinar do conhecimento. A

    metodologia dividida em dois mdulos: um bsico, comum a todas as

    formaes; e um especfico, voltado para a rea de atuao do jovem na

    empresa. O contrato com o aprendiz tem validade por prazo determinado de

    dois anos, com salrio mnimo/ hora, ou condio mais favorvel. O CIEE

    responsvel pelo recrutamento, seleo e capacitao terica dos aprendizes e

    conta com o suporte pedaggico da Fundao Roberto Marinho na formao

    inicial e continuada dos educadores do programa.

    As atividades desenvolvidas so atraentes e motivadoras. Nos encontros

    os aprendizes participam ativamente, como em oficinas, e os contedos

    programticos so contextualizados, remetendo a situaes do cotidiano dos

    jovens, o que favorece a prpria aprendizagem.

    O Aprendiz Legal, para os jovens uma chance de insero no mundo

    do trabalho e preparao para a vida. Para as empresas uma oportunidade de

    formar profissionais, aproveitar talentos e estar em sintonia com a Lei da

  • 34

    Aprendizagem.

    (http://www.empresas.ciee.org.br/portal/empresas/aprendizlegal/index.asp)

    3.3 Os programas do Sistema Nacional de Ensino

    Os programas de aprendizagem para insero no mercado de trabalho

    diminuem as dificuldades encontradas pelos jovens e tentam minimizar a

    excluso social, unindo a necessidade de trabalhar para auxiliar nas despesas

    familiares preparao desses jovens adequadamente e desenvolvendo o

    esprito empreendedor para que possam se tornar competitivos numa

    sociedade individualista, onde o sucesso medido pela capacidade das

    pessoas para que possam se projetar socialmente.

    No por outro motivo que o SENAI-RJ, integrante do Sistema FIRJAN,

    oferece h mais de seis dcadas cursos de aprendizagem para preparar os

    jovens que ingressam no mercado de trabalho.

    Ao promulgar a Lei Federal no 10.097 em 19 de dezembro de 2000

    (Anexo I), a inteno do Governo foi a de ampliar o contingente de jovens com

    a qualificao profissional e ao mesmo tempo com a experincia do primeiro

    emprego. Bem orientado e adequadamente conduzido, o cumprimento dessa

    determinao legal constitui importante fator para a elevao do nvel tcnico

    dos trabalhadores e do padro de competitividade das empresas. Representa,

    tambm, uma excelente oportunidade para as empresas manterem uma

    postura socialmente responsvel, j que quanto mais se facilita o acesso dos

    jovens ao conhecimento e ao trabalho, mais se contribui para que os

    indicadores sociais de nosso Estado e do Pas se elevem. A preparao de

    mo-de-obra especializada para apoiar o processo de industrializao no pas

    adquire consistncia institucional na dcada de 40, com a edio do Decreto

    Lei no4.048/42, de criao do SENAI, pelo ento Presidente Getlio Vargas,

    com a colaborao direta dos lderes empresariais.

    Atualmente, o mercado de trabalho requer trabalhadores competentes,

    com perfis multifuncionais, capazes de compreender o funcionamento global da

    cadeia produtiva. Conseqentemente, uma educao profissional que atenda

    esses novos requisitos deve proporcionar formao ampla e slida,

  • 35

    compreendendo competncias bsicas, especficas e de gesto. Por essa

    razo, os cursos oferecidos pelo SENAI-RJ procuram proporcionar aos

    aprendizes uma formao bsica inicial que permita o desenvolvimento de

    conhecimentos tcnicos e uma atuao cidad.

    Formando para o presente e olhando para o futuro uma formao profissional

    de qualidade se constri a partir de bases slidas. Acreditando nessa premissa,

    o SENAI-RJ oferece aos jovens aprendizes cursos estruturados a partir de

    demandas identificadas no mercado de trabalho pelos Comits Tcnicos

    Setoriais. Os cursos de aprendizagem tm por fim propiciar condies para o

    desenvolvimento da capacidade cognitiva do jovem, auxiliar a compreenso da

    realidade na qual se insere e nos setores industriais em que ir atuar e oferecer

    informaes sobre os desdobramentos da ocupao em vista.

    Nessa formao, o aluno participa de atividades pedaggicas que visam ao

    desenvolvimento de:

    habilidades bsicas, compreendendo leitura e interpretao de textos,

    matemtica e desenho;

    habilidades especficas com contedo tcnico referente ocupao e

    habilidades de gesto que facilitam o trabalho em equipe.

    A inteno estimular esse aprendiz, candidato ao primeiro emprego, a buscar

    uma formao profissional continuada. Para tal, deve construir seu percurso

    profissional, garantindo sua atuao no futuro, ampliando perspectivas de

    insero e de permanncia no mercado de trabalho.

    Em sintonia com os conceitos de tica e responsabilidade social,

    incluem-se tambm nos programas noes de cidadania, oferecendo aos

    aprendizes elementos para uma viso crtica da sociedade e o conhecimento

    bsico de seus direitos e deveres.

    Dada a relevncia econmica e social da aprendizagem, o SENAI-RJ, nos

    ltimos anos, estrategicamente revitalizou e multiplicou a oferta dessa

    modalidade de educao profissional, tendo como referncia as diretrizes

    gerais estabelecidas pelo Conselho Nacional do SENAI, conforme Resoluo

    no 178 de 27 de maio de 2003.

    O SENAI-RJ atua, em cerca de vinte e cinco segmentos industriais e oferece

    cursos estruturados em oitenta e quatro (84) itinerrios formativos, com cento e

    quarenta (140) qualificaes.

  • 36

    Existem diferenas entre as escolas do Sistema Nacional de

    Aprendizagem como a carga horria de ensino aos jovens que no SENAI, por

    exemplo, de 4 horas dirias e no SENAC de uma vez por semana enquanto

    nos outros dias o aprendizado realizado na empresa com a prtica.

    Em visita realizada em uma Unidade do SENAI foi observado como a

    aprendizagem se d de maneira significativa, envolvendo o jovem com as

    propostas e projetos da Instituio. Projetos estes que envolvem questes

    como cidadania e desdobramentos para propriedade intelectual e educao

    para o consumo. Em participao de palestra abordando estes temas foi

    percebido que a abordagem do que relevante para a sociedade envolve os

    jovens despertando neles a vontade de participar de tais projetos.

    H um planejamento anual com metas a serem cumpridas em projetos para as

    turmas de aprendizagem, e o foco total na proposta de trabalho buscando o

    ensino de qualidade e visando o mercado empresarial mundial.

    Em se tratando de menores inseridos no programa menor aprendiz, ocorre uma

    conscientizao inicial para que eles saibam que esto na instituio

    contratados por uma empresa. (SENAI. RJ, Aprendizagem: Formao e

    Trabalho do Jovem.)

    O SENAC oferece oportunidade de capacitao, qualificao e

    certificao profissional para jovens com o programa Portal do Futuro.

    Com carga horria de 800 horas, divididas em 3 mdulos, sendo o

    mdulo I Ncleo Bsico (360 horas), mdulo II Aprendizagem em Vendas e

    Telemarketing (220 horas) e mdulo III Aprendizagem em Gesto

    Empresarial (220 horas). O Programa tem o objetivo de oferecer formao

    tcnico-profissional-metdica, compatvel com o desenvolvimento fsico, moral

    e psicolgico do aprendiz e atender legislao da Aprendizagem, em especial

    Lei Federal 10.097, de 19 de dezembro de 2000.

    No Senac, o jovem levado a srio. Desde a criao da Instituio, uma

    das prioridades o atendimento juventude, especialmente por meio do

    Programa de Aprendizagem Comercial. Iniciado em 1946 para atender

    aprendizes encaminhados pelas empresas do setor do Comrcio de Bens,

    Servios e Turismo, o Programa j qualificou, gratuitamente, mais de 440 mil

    jovens.

  • 37

    A educao oferecida aos aprendizes vivenciada em sentido amplo.

    Alm da grade curricular especfica de cada curso, com seus conhecimentos

    tericos e prticos, os jovens tm disposio atividades extras e so

    estimulados a desenvolver auto-estima, criatividade, cidadania,

    responsabilidade e tica.

    Com o Programa de Aprendizagem Comercial, o Senac forma jovens

    trabalhadores competentes. Mais do que isso, incentiva e propicia o surgimento

    de cidados ativos e conscientes de sua fora.

    O Programa de Aprendizagem vem se modificando para acompanhar as

    mudanas ocorridas nas leis do trabalho e da educao e, tambm, no mundo

    do trabalho. Assim, de acordo com as mais recentes leis e decretos federais, o

    Programa oferece uma ampla grade de cursos gratuitos a jovens maiores de 14

    anos e menores de 24 anos que so encaminhados pelas empresas do setor.

    (http://www.senac.br/inclu-social/prg-aprendiz.html)

    3.4 A aprendizagem como oportunidade

    Ainda hoje muitas instituies vem o trabalho para adolescentes com

    um vis scio-ocupacional, no sentido de dar soluo para problemas sociais

    de jovens e de famlias de baixa renda mediante a ocupao do tempo dos

    adolescentes em atividades laborais, buscando com isso manter o jovem

    ocupado e ao mesmo tempo propiciar um aumento de renda para a famlia,

    impondo a eles papis sociais destinados aos adultos como provedores da

    famlia. Muitas vezes essas instituies relegam a um segundo plano a questo

    dos direitos sociais garantidos a todo trabalhador. Cunham a expresso "antes

    o social que o legal", argumentando que mais importante manter esse

    adolescente longe das ruas e ocupado com um trabalho que lhe gere renda do

    que buscar assegurar seus direitos.

    Em um cenrio marcado pelas deficincias das escolas pblicas, pela

    formao profissional descaracterizada, pela situao econmico-financeira

    das famlias de baixa renda que pressiona a entrada precoce de adolescentes

    no mercado de trabalho, proliferam programas de gerao de renda que tm do

  • 38

    lado da demanda por mo-de-obra juvenil as famlias, as empresas, os

    agenciadores e especialmente organizaes governamentais e no-

    governamentais que articulam tais programas, onde o manto do trabalho

    educativo predomina. Deve-se buscar um paradigma educativo-profissional, em

    que a aprendizagem no seja um fim em si mesmo como uma poltica de

    ocupao dos jovens, mas, sim, um potente vetor que rompa o ciclo

    permanente de pobreza e privao cultural que condenam muitos adolescentes

    a uma perspectiva horizontal de vida, em que a ascenso social vista ao

    longe como um sonho. Nesse sentido, voltar a aprendizagem para ocupaes

    da economia moderna essencial para a construo da viabilidade dessas

    oportunidades. Tambm seria salutar se a aprendizagem de uma ocupao se

    revestisse de carter multifuncional, buscando vrias capacitaes dentro de

    um mesmo grupo de ocupao profissional.

    com essa viso crtica que tanto os Servios Nacionais de

    Aprendizagem quanto agora as instituies no pertencentes ao Sistema S

    habilitadas aprendizagem devem, nesse contexto, romper com esse

    paradigma socio-funcional e avanar para um modelo educativo-profissional,

    propiciando aos adolescentes aprendizes a formao profissional exigida por

    uma economia moderna. a chance que milhares de adolescentes esperam

    para romperem aquele ciclo de pobreza e de horizontalidade que vem

    marcando suas vidas.

  • 39

    CONCLUSO

    Ao ser inserido no mercado de trabalho, o jovem deve receber condies

    necessrias sua formao e futura integrao na sociedade ativa e o

    tratamento da aprendizagem deve ser harmonizado com o ordenamento

    jurdico e com as necessidades.

    Conclumos que h, atravs da aprendizagem profissional e dos

    programas, a possibilidade de aproximao entre os interesses dos jovens e

    dos empregadores, que devem perceber como investimento em mo-de-obra

    qualificada o que tradicionalmente era visto como imposio legal ou

    contribuio compulsria destinada aos Servios Nacionais de Aprendizagem.

    As empresas passam tambm a desempenhar o papel de educador, orientando

    os jovens que esto construindo seus projetos de vida como concepo de

    responsabilidade social, responsabilidade essa que vai alm da obrigao de

    as empresas cumprirem leis e pagarem impostos, contribuindo efetivamente

    para uma sociedade mais justa.

    Os programas de aprendizagem em cumprimento da lei devem permitir a

    qualificao do jovem na cultura da empresa, abrindo perspectivas de absoro

    imediata pela empresa ou a perspectiva de contratao futura uma vez que o

    jovem passa a ingressar no banco de dados. Estanca a evaso escolar,

    prolongando a permanncia do jovem na escola e fortalece a mo-de-obra

    nacional. Promovem ainda, a incluso social, diminuindo o nmero de jovens

    em situao de risco e viabilizando a preveno social do crime e da violncia.

    Faz da empresa, escolas de especializao e qualificao de sua mo-de-obra.

  • 40

    BIBLIOGRAFIA

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  • 41

    PORTARIA N 88, DE 28 DE ABRIL DE 2009

    PORTARIA N 4, DE 21 DE MARO DE 2002 - SECRETARIA DE INSPEO

    DO TRABALHO DEPARTAMENTO DE SEGURANA E SADE NO

    TRABALHO MINISTRIO DO TRABALHO E EMPREGO (SIT/DSST/MTE)

    PORTARIA MTE N 656, DE 26 DE MARO DE 2010

    RESOLUO N 187, DE 27 DE MAIO DE 2003 - CONSELHO NACIONAL DO

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    http://www.empresas.ciee.org.br/portal/empresas/aprendizlegal/index.asp -

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    http://www.senac.br/inclu-social/prg-aprendiz.html - acesso em: mar 2011.

    http://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asphttp://www.empresas.ciee.org.br/portal/empresas/aprendizlegal/index.asphttp://www.senac.br/inclu-social/prg-aprendiz.html
  • 42

    ANEXOS

    Anexo I Base Legal: LEI No 10.097, Resolues, Decretos e Portarias. Anexo II Modelo de Contrato de Aprendizagem utilizado pelas Entidades do Sistema Nacional de Ensino. ANEXO I

    LEI No 10.097, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2000.

    Mensagem de veto Altera dispositivos da Consolidao das Leis do Trabalho CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no

    5.452, de 1o de maio de 1943.

    O PRESIDENTE DA REPBLICA Fao saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

    Art. 1o Os arts. 402, 403, 428, 429, 430, 431, 432 e 433 da Consolidao das Leis do Trabalho CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, passam a vigorar com a seguinte redao:

    "Art. 402. Considera-se menor para os efeitos desta Consolidao o trabalhador de quatorze at dezoito anos." (NR)

    "..........................................................................................."

    "Art. 403. proibido qualquer trabalho a menores de dezesseis anos de idade, salvo na condio de aprendiz, a partir dos quatorze anos." (NR)

    "Pargrafo nico. O trabalho do menor no poder ser realizado em locais prejudiciais sua formao, ao seu desenvolvimento fsico, psquico, moral e social e em horrios e locais que no permitam a freqncia escola." (NR)

    "a) revogada;"

    "b) revogada."

    "Art. 428. Contrato de aprendizagem o contrato de trabalho especial, ajustado por escrito e por prazo determinado, em que o empregador se compromete a assegurar ao maior de quatorze e menor de dezoito anos, inscrito em programa de aprendizagem, formao tcnico-profissional metdica, compatvel com o seu desenvolvimento fsico, moral e psicolgico, e o aprendiz, a executar, com zelo e diligncia, as tarefas necessrias a essa formao." (NR) (Vide art. 18 da Lei n 11.180, de 2005)

    " 1o A validade do contrato de aprendizagem pressupe anotao na Carteira de Trabalho e Previdncia Social, matrcula e freqncia do aprendiz escola, caso no haja concludo o ensino fundamental, e inscrio em programa de aprendizagem desenvolvido sob a orientao de entidade qualificada em formao tcnico-profissional metdica." (AC)*

    " 2o Ao menor aprendiz, salvo condio mais favorvel, ser garantido o salrio mnimo hora." (AC)

    " 3o O contrato de aprendizagem no poder ser estipulado por mais de dois anos." (AC)

    http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2010.097-2000?OpenDocumenthttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/Mensagem_Veto/2000/Mv1899.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del5452.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del5452.htm#art402.http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del5452.htm#art403.http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del5452.htm#art428.http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11180.htm#art18
  • 43

    " 4o A formao tcnico-profissional a que se refere o caput deste artigo caracteriza-se por atividades tericas e prticas, metodicamente organizadas em tarefas de complexidade progressiva desenvolvidas no ambiente de trabalho." (AC)

    "Art. 429. Os estabelecimentos de qualquer natureza so obrigados a empregar e matricular nos cursos dos Servios Nacionais de Aprendizagem nmero de aprendizes equivalente a cinco por cento, no mnimo, e quinze por cento, no mximo, dos trabalhadores existentes em cada estabelecimento, cujas funes demandem formao profissional." (NR)

    "a) revogada;"

    "b) revogada."

    " 1o-A. O limite fixado neste artigo no se aplica quando o empregador for entidade sem fins lucrativos, que tenha por objetivo a educao profissional." (AC)

    " 1o As fraes de unidade, no clculo da percentagem de que trata o caput, daro lugar admisso de um aprendiz." (NR)

    "Art. 430. Na hiptese de os Servios Nacionais de Aprendizagem no oferecerem cursos ou vagas suficientes para atender demanda dos estabelecimentos, esta poder ser suprida por outras entidades qualificadas em formao tcnico-profissional metdica, a saber:" (NR)

    "I Escolas Tcnicas de Educao;" (AC)

    "II entidades sem fins lucrativos, que tenham por objetivo a assistncia ao adolescente e educao profissional, registradas no Conselho Municipal dos Direitos da Criana e do Adolescente." (AC)

    " 1o As entidades mencionadas neste artigo devero contar com estrutura adequada ao desenvolvimento dos programas de aprendizagem, de forma a manter a qualidade do processo de ensino, bem como acompanhar e avaliar os resultados." (AC)

    " 2o Aos aprendizes que conclurem os cursos de aprendizagem, com aproveitamento, ser concedido certificado de qualificao profissional." (AC)

    " 3o O Ministrio do Trabalho e Emprego fixar normas para avaliao da competncia das entidades mencionadas no inciso II deste artigo." (AC)

    "Art. 431. A contratao do aprendiz poder ser efetivada pela empresa onde se realizar a aprendizagem ou pelas entidades mencionadas no inciso II do art. 430, caso em que no gera vnculo de emprego com a empresa tomadora dos servios." (NR)

    "a) revogada;"

    "b) revogada;"

    "c) revogada."

    "Pargrafo nico." (VETADO)

    "Art. 432. A durao do trabalho do aprendiz no exceder de seis horas dirias, sendo vedadas a prorrogao e a compensao de jornada." (NR)

    http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del5452.htm#art429http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del5452.htm#art430http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del5452.htm#art431http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/Mensagem_Veto/2000/Mv1899.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del5452.htm#art432.
  • 44

    " 1o O limite previsto neste artigo poder ser de at oito horas dirias para os aprendizes que j tiverem completado o ensino fundamental, se nelas forem computadas as horas destinadas aprendizagem terica." (NR)

    " 2o Revogado."

    "Art. 433. O contrato de aprendizagem extinguir-se- no seu termo ou quando o aprendiz completar dezoito anos, ou ainda antecipadamente nas seguintes hipteses:" (NR)

    "a) revogada;"

    "b) revogada."

    "I desempenho insuficiente ou inadaptao do aprendiz;" (AC)

    "II falta disciplinar grave;" (AC)

    "III ausncia injustificada escola que implique perda do ano letivo; ou" (AC)

    "IV a pedido do aprendiz." (AC)

    "Pargrafo nico. Revogado."

    " 2o No se aplica o disposto nos arts. 479 e 480 desta Consolidao s hipteses de extino do contrato mencionadas neste artigo." (AC)

    Art. 2o O art. 15 da Lei no 8.036, de 11 de maio de 1990, passa a vigorar acrescido do seguinte 7o:

    " 7o Os contratos de aprendizagem tero a alquota a que se refere o caput deste artigo reduzida para dois por cento." (AC)

    Art. 3o So revogados o art. 80, o 1o do art. 405, os arts. 436 e 437 da Consolidao das Leis do Trabalho CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943.

    Art. 4o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicao.

    Braslia, 19 de dezembro de 2000; 179o da Independncia e 112o da Repblica.

    FERNANDO HENRIQUE CARDOSO Francisco Dornelles

    http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del5452.htm#art433.http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8036consol.htm#art157http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del5452.htm#art80.http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del5452.htm#art4051http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del5452.htm#art436http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del5452.htm#art437http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del5452.htm#art437
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    DECRETO N 6.481, DE 12 DE JUNHO DE 2008.

    Regulamenta os artigos 3o, alnea d, e 4o da Conveno 182 da Organizao Internacional do Trabalho (OIT) que trata da proibio das piores formas de trabalho infantil e ao imediata para sua eliminao, aprovada pelo Decreto Legislativo no 178, de 14 de dezembro de 1999, e promulgada pelo Decreto no 3.597, de 12 de setembro de 2000, e d outras providncias.

    O PRESIDENTE DA REPBLICA, no uso das atribuies que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituio, e tendo em vista o disposto nos artigos 3o, alnea d, e 4o da Conveno 182 da Organizao Internacional do Trabalho (OIT),

    DECRETA:

    Art. 1o Fica aprovada a Lista das Piores Formas de Trabalho Infantil (Lista TIP), na forma do Anexo, de acordo com o disposto nos artigos 3o, d, e 4o da Conveno 182 da Organizao Internacional do Trabalho - OIT, aprovada pelo Decreto Legislativo no 178, de 14 de dezembro de 1999 e promulgada pelo Decreto no 3.597, de 12 de setembro de 2000.

    Art. 2o Fica proibido o trabalho do menor de dezoito anos nas atividades descritas na Lista TIP, salvo nas hipteses previstas neste decreto.

    1o A proibio prevista no caput poder ser elidida:

    I - na hiptese de ser o emprego ou trabalho, a partir da idade de dezesseis anos, autorizado pelo Ministrio do Trabalho e Emprego, aps consulta s organizaes de empregadores e de trabalhadores interessadas, desde que fiquem plenamente garantidas a sade, a segurana e a moral dos adolescentes; e

    II - na hiptese de aceitao de parecer tcnico circunstanciado, assinado por profissional legalmente habilitado em segurana e sade no trabalho, que ateste a no exposio a riscos que possam comprometer a sade, a segurana e a moral dos adolescentes, depositado na unidade descentralizada do Ministrio do Trabalho e Emprego da circunscrio onde ocorrerem as referidas atividades.

    2o As controvrsias sobre a efetiva proteo dos adolescentes envolvidos em atividades constantes do parecer tcnico referido no 1o, inciso II, sero objeto de anlise por rgo competente do Ministrio do Trabalho e Emprego, que tomar as providncias legais cabveis.

    3o A classificao de atividades, locais e trabalhos prejudiciais sade, segurana e moral, nos termos da Lista TIP, no extensiva aos trabalhadores maiores de dezoito anos.

    Art. 3o Os trabalhos tcnicos ou administrativos sero permitidos, desde que fora das reas de risco sade, segurana e moral, ao menor de dezoito e maior de dezesseis anos e ao maior de quatorze e menor de dezesseis, na condio de aprendiz.

    Art. 4o Para fins de aplicao das alneas a, b e c do artigo 3o da Conveno no 182, da OIT, integram as piores formas de trabalho infantil:

    I - todas as formas de escravido ou prticas anlogas, tais como venda ou trfico, cativeiro ou sujeio por dvida, servido, trabalho forado ou obrigatrio;

    II - a utilizao, demanda, oferta, trfico ou aliciamento para fins de explorao sexual comercial, produo de pornografia ou atuaes pornogrficas;

    http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%206.481-2008?OpenDocumenthttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3597.htm
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    III - a utilizao, recrutamento e oferta de adolescente para outras atividades ilcitas, particularmente para a produo e trfico de drogas; e

    IV - o recrutamento forado ou compulsrio de adolescente para ser utilizado em conflitos armados.

    Art. 5o A Lista TIP ser periodicamente examinada e, se necessrio, revista em consulta com as organizaes de empregadores e de trabalhadores interessadas.

    Pargrafo nico. Compete ao Ministrio do Trabalho e Emprego organizar os processos de exame e consulta a que se refere o caput.

    Art. 6o Este Decreto entra em vigor noventa dias aps a data de sua publicao.

    Braslia, 12 de junho de 2008; 187o da Independncia e 120o da Repblica.

    LUIZ INCIO LULA DA SILVA Carlos Lupi

    Este texto no substitui o publicado no DOU de 13.6.2008 e retificado no DOU de

    23.10.2008

    LISTA DAS PIORES FORMAS DE TRABALHO INFANTIL (LISTA TIP) I. TRABALHOS PREJUDICIAIS SADE E SEGURANA

    Atividade: Agricultura, Pecuria, Silvicultura e Explorao Florestal

    Item Descrio dos Trabalhos Provveis Riscos Ocupacionais Repercusses Sade

    1. Na direo e operao de tratores, mquinas agrcolas e esmeris, quando motorizados e em movimento

    Acidentes com mquinas, instrumentos ou ferramentas perigosas Afeces msculo-esquelticas (bursites, tendinitetenossinovites), mutilaes, esmagamentos, fraturas

    2. No processo produtivo do fumo, algodo, sisal, cana-de-acar e abacaxi Esforo fsico e posturas viciosas; exposio a poeiras orgnicas e seus contaminantes, como fungos e agrotxicos; contato com substncias txicas da prpria planta; acidentes com animais peonhentos; exposio, sem proteo adequada, radiao solar, calor, umidade, chuva e frio; acidentes com instrumentos prfuro-cortantes

    Afeces msculo-esquelticas (bursites, tendinitetenossinovites); pneumoconioses; intoxicaes exgehantaviroses; urticrias; envenenamentos; intermaeenvelhecimento precoce; cncer de pele; desidratao; doactnicas; ferimentos e mutilaes; apagamento de digitais

    3. Na colheita de ctricos, pimenta malagueta e semelhantes Esforo fsico, levantamento e transporte manual de peso; posturas viciosas; exposio, sem proteo adequada, radiao solar, calor, umidade, chuva e frio; contato com cido da casca; acidentes com instrumentos prfuro-cortantes

    Afeces msculo-esquelticas (bursites, tendinitetenossinovites); intermaes; queimaduras na pele; envelhpele; desidratao; doenas respiratrias; ceratoses actniferimentos; mutilaes

    4. No beneficiamento do fumo, sisal, castanha de caju e cana-de-acar Esforo fsico, levantamento e transporte de peso; exposio a Fadiga fsica; afeces msculo-esquelticas, (bursites, tend

    poeiras orgnicas, cidos e substncias txicas dorsalgias, sinovites, tenossinovites); intoxicaes agudasvmitos; dermatites ocupacionais; apagamento das digitais

    5. Na pulverizao, manuseio e aplicao de agrotxicos, adjuvantes, e produtos afins, incluindo limpeza de equipamentos, descontaminao, disposio e retorno de recipientes vazios

    Exposio a substncias qumicas, tais como, pesticidas e fertilizantes, absorvidos por via oral, cutnea e respiratria

    Intoxicaes agudas e crnicas; poli-neuropatias; dermalrgicas; osteomalcias do adulto induzidas por drogas; leucemias e episdios depressivos

    6. Em locais de armazenamento ou de beneficiamento em que haja livre desprendimento de poeiras de cereais e de vegetais

    Exposio a poeiras e seus contaminantes Bissinoses; asma; bronquite; rinite alrgica; enfizema; pnareas superiores

    7. Em estbulos, cavalarias, currais, estrebarias ou pocilgas, sem condies adequadas de higienizao

    Acidentes com animais e contato permanente com vrus, bactrias, parasitas, bacilos e fungos Afeces msculo-esquelticas(bursites, tendinites, dorsalgcontuses; tuberculos