lenda de ori

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    LENDAS SOBRE ORIItans e seus Mitos LENDAS SOBRE ORI Or a denominao dada cabeafsica. Entre os povos bini, da Nigeria, a cabea considerada o receptaculo das

    ideias, opinies, emoes e sofrimento do individuo, e est ligada ao destino e sorte. Or todo o As que uma pessoa tem, e sua sede na cabea. ela que,geralmente, vem primeiro ao mundo e abre o caminho para trazer o resto docorpo. Ela a sede da consciencia e dos principais sentidos fisicos. OR DE e ORIN Or de a denominao da cabea fisica e Or In a cabea interior. Aprimeira confiada a Osanyin e a Ogun, ou seja, ao saber mdico. A segunda ligada a If e aos Orisa, ou seja, ao saber divino. Or de que se presta para osuporte das obrigaes iniciaticas. Or In a essencia da personalidade, apersonalidade da alma do homem e deriva diretamente de Olodumare. ele quema coloca no homem, mas que, apos a morte, a ele retorna. Todo Or possui umaindividualidade, est relacionada com a qualidade que possui. Uma pessoa

    prospera chamada de Olori Rere '' O que possui cabea boa '', enquanto aqueleque desafortunado descrito como Olori Buruku '' O que possui cabea ruim ''.Isto est relacionado com o destino das pessoas. Nem um Or essencialmentemau, mas o destino o fator que pode afeta-lo. Or In o ser interior ou serespiritual do homem e imortal. Or de a cabea fisica propriamente dita ou amateria. Ela mortal e oposio a Oro In, que foi criado por Ajala, um antigoOrisa. Sendo assim o Or se torna a parte mais importante do corpo, concedido cabea muito respeito como elemento principal nos atos iniciatorios: Pelo o uso dastinturas de encantamento, efun, osun e waji; a fixao do Ikodide os banhos deinfuso de ervas e o Eje. No ato de consulta If provocada a participao doOr no jogo, tocando os buzios na testa do consulente. E o Or In que fala edetermina as suas condies, que muitas vezes pode ser contraria s do Orisa dapessoa como rege a frase: t ni or, tni rs. 'Or diferente de Orisa'. Se o serinterior for negativo, o exterior ter como consequencia a perdio e desajustesconstantes. Or In e Or de so dois fatores contraditorios em sua natureza eque influenciam o homem. Restaurar esse equilibrio entre as duas partes oobjetivo dos ritos, em especial o Bor. Para essa sobrevivencia necessarioobservar quem ir desempenhar a funo de colocar a mo em seu Or. Pois apessoa pode ter mo ruim Owo Buruku, mo de feitio Owo Aje. Saber distinguirquem tem mo de sorte ou mo boa Owo Rere, tarefa do jogo. Somente umapessoa deve mexer em nosso Or, isso depois da propria divindade dizer se aceita,

    atravez da cabea ou da pratica divinatoria, ou o propio Or dizer o mesmo,atravez da pratica divinatoria. Or o mesmo que um Orisa e se comporta comotal, inclusive fala na pratica divinatoria. Em nosso Or vive nosso Orisa, que ''Lavado, assentado e feito''. S existe um caso em que de forma nem uma que secoloca a mo em um Or e muito menos Santo em uma pessoa, quando a pessoa de Olori Merin, por que esse Or pertence a quatro donos, em p de igualdade.Esses quatro Orisa juntos formam um s Orisa, mesmo assim cada um mantemsua individualidade. Esse um breve conceito de Or onde pude ter essa concepoao ler o livro do Prof. Beniste Orun Aiye que recomendo a todos. ITAN SOBREORI Afuwape - filho de rnml, que viviam no run (cu), um dia foramconsultar seus adivinhos, pois nada dava certo para eles, a negatividade era muito

    grande. Como eles queriam ir para o iy (terra, mundo), foram perguntar o quedeveriam fazer para escolherem o seu destino na casa de jl. (moldador de

    http://axeileoyo.blogspot.com/2011/11/lendas-sobre-ori.htmlhttp://axeileoyo.blogspot.com/2011/11/lendas-sobre-ori.html
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    destinos). Os adivinhos falaram que quando estivessem ido para casa de jl, nodeveriam parar na casa de seus pais. Quando estavam indo para casa de jl,encontraram um senhor que socava no pilo Inhame com agulhas, e perguntarama ele, onde ficava a casa de jl, mas o senhor disse que no poderia explicarenquanto no terminasse de trabalhar. Orileenere, filho de If disse que iria ajuda-

    lo, assim teriam que esperar 3 dias. A partir da, o senhor disse a eles que deveriamencontrar Onbod (porteiro) da casa de jl. Durante o caminho Oriseku em umdeterminado momento ouviu o som da forja, e o filho de gn quis ir visita-lo, noentanto os outros dosi alertaram para que os adivinhos falaram, ou seja nopodiam parar. Tambm Orileenere, ao passar perto da casa de seu pai, ficou comvontade de visita-lo mas no o fez. Quando estavam se aproximando da casa de rnml seu filho ouviu o sino tocar, no respeitou o que os adivinhos falaram, foivisita-lo enquanto os outros 2 amigos seguiram para a casa de jl, na esperanade escolherem o melhor Or, antes do filho de rnml. Chegando a casa dejl, no o encontraram, pois o mesmo tinha viajado, as pessoas da casaperguntaram o que eles queriam, eles responderam que vieram escolher o seu Or

    para poderem continuar a viagem at o iy. Os dois escolheream os Ors maisbonitos e maior que encontraram. Ao seguirem viagem entre os dois mundos,houve uma chuva muito forte e os Ors se estragaram, assim ao chegarem na terrativeram que trabalhar bastante, mas no conseguiram alcanar prosperidade.Enquanto isso na casa de rnml, o seu filho contou que havia desrespeitado osconselhos de seus adivinhos, pois queria se despedir de seu pai. rnmlconvocou seus adivinhos para fazerem Eb para seu filho, o que foi feito,recebendo de tais adivinhos um conselho ou seja que deveria levar at a casa dejl duas coisas muito importantes, sal e bzios, no que foi acatado. Ao sair decasa para seguir viagem Afuwape parou em um lugar onde encontrou um Olobe(fazedor de Obe=faca), e este estava temperando sua comida com cinzas. Afuwapeficou intrigado com este tempero ento, colocou uma pitada de sal, modificando ogosto, no que Olobe ficou muito satisfeito, e como forma de agradecimentoexplicou como chegar a casa de Onibode, pois era parada obrigatria. Conformefoi instrudo, Afuwape cumpriu ao perguntar por jl a Onibode, este contou quejl estava escondido no teto pois cobradores estavam em sua casa parareceberem um pagamento, mas jl no tinha como pag-los. Afuwape entrou nacasa e perguntou quanto era a divida de jl, no que os cobradores responderamque era de 16 Kaurins (Bzios) e assim o filho de rnml pagou e os cobradoresforam embora. Quando jl apareceu, foi comunicado que o pagamento tinhasido feito por ele que tinha ido a sua casa para escolher o seu Or. jl

    juntamente com sua bengala de ferro, acompanhou o filho de rnml paraescolha, com a bengala batia nos Ors, e estes quebravam, em um determinado Orjl bateu e o mesmo no quebrou, assim deu a Afuwape, que seguiu para a terrae chegando encontrou seus amigos, que quiseram saber onde ele tinha escolhidoseu Or, o qual explicou que foi no mesmo lugar que eles, contudo o quediferenciava os Ors, era o Kdr (destino do homem), cada um tem o seu e sodiferentes entre si. Obs. Esta lenda para mostrar que no se pode dar a mesmareceita de como encontrar (ter) um bom Or. Para os Ors cada preceito diferenteum do outro. O preceito do Bor (dar comida a cabea), pode dizer quebasicamente so iguais, mas no idntico a cada Or (o que bom para um, podeno ser para o outro). Cada ser humano tem o seu Ayamino (destino fixado ao

    homem), ele pode ser tratado mas nunca mudado. INTRODUO SOBRE ORIUm dia lorun convocou os Irmonle para transmitir o se do destino a cada um

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    deles. Todos os ris queriam o se e foram procurar seus adivinhos para sabercomo fariam para obter esta fora. Ento foi recomendado que, ao levantar antesdo sol nascer, cada um deveria oferecer um Obi e com ele jogar. O nicp queconseguiu acordar antes do sol foi Or, e fez o que havia sido prescrito. Os outrosris s conseguiram acordar depois que o sol havia nascido, e Or j se

    encontrava diante de lorun aprendendo a manipular o destino. Os outros risficaram inconformados e foram procurar Olodunmare e este concordou emtransmitir o mesmo se a eles tambm. Ento chamou Or e juntos transmitiram ose aos ris. A Sng ficou o domnio dos Troves e ventos, a Oya, astempestades, raios e ventanias, a Osun a fertilidade, as guas, as riquezas, a guno domnio das guerras, dos metais e dos caminhos e assim por diante.... Ficouassim, Or, o nico detentor de todos os poderes inclusive o de manipular o destino,tornando-se o ris mais importante em relao aos outros ris. Or transmitiuseu As cabea de cada Imonle, que a partir de ento passaram a ser cultuadoscomo ris e assim como at hoje. A partir deste Itan entedemos que cada sercriado por Olodunmare possui o seu Or, seu destino, algo que individual, como

    a impresso digital de cada ser. Or que detm o poder antes do Ser tomarforma, ele o primeiro a vir ao mundo quando no momento do nascimento e que oacompanha at aps a morte. '' Se meu Or no permitir que eu seja ajudado(a), euno serei '' '' Se meu Or no permitir que meu ris receba oferenda, ele noreceber '' '' Se meu Or no permitir que eu trilhe determinado caminho, eu no ofarei '' Assim sendo, Or importantssimo, o primeiro a ser cultuado. Todos osdias pela manh devemos segurar nossa cabea e recomendar a nosso Or que nospermita realizar nossos intentos. CRENA AFRO-BRASILEIRA SOBRE ORIOri a massa elementar que comanda o ser humano como um todo. Ele a alma, apersonalidade e o destino. Tudo se realiza com sua permisso.Diz o Oriki: Nada sefaz se Ori no permitir! Ori - Alma e Personalidade Ori tem a propriedade de sercontrolador. Alm de guiar a vida, comanda todas as atividades, fsicas ou no. Elearmazena em um s local todas as informaes necessrias para a existncia dohomem. Nele encontramos o As (fora) que forma a personalidade do ser e fazcom que cada um pense e haja de forma diferente. Ori guarda todas a s chavespara o xito da vida do homem, ou seja, inteligncia, bons pensamentos e memria.Estas so qualidades do homem que integram Ori. Ori tem a funo de gestar oAs do homem, ou seja, ele amadurece todos os Pensamentos, transformando-os ouaprimorando toda e qualquer idia que passe Por ele. Ori independente do ser(corpo fsico) e embora esteja ligado a ele, suas funes comandam todas as outras.Ori recebeu trs coisas essenciais para sua existncia: A preparao para a vida na

    Aiye (terra) A preparao para a Iku (morte) e A preparao para a vida no Orum(cu) Isto possibilita que no Aiye exista a unio Ori + Ara (corpo + cabea). Masateno: mesmo que haja separao, no caso de morte, Ori nunca morre. No casode morte, Ori e Eled (alma) se juntam e, caso necessrio, realizam rituais como:Asese (viglia): para que possa haver a separao; Oris Olori (senhor da Cabea)e Ori, para que a alma ou o esprito possa seguir seu caminho no Plano astral. Porser uma parte concentradora de energias benficas e malficas, deve-se Ter todocuidado ao deixar o Ori na mo de estranhos, mesmo que seja para Um simplescarinho ou ritual. Lembrem-se que o sucesso ou fracasso depende do Ori e suasqualidades. Algumas saudaes: Olorire - pessoa de boa cabea Olori Buruku -pessoa possuidora de cabea ruim. OBS: Uma frase sempre utilizada por sua

    verdade. " Se o Ori no quiser, nem o rs pode." A hierarquia do candomblKetu: - Ekedi e jis: Ajoi ou ekedi: Camareira do Orix (no entram em

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    transe). Na Casa Branca do Engenho Velho, as ajois so chamadas de ekedis. NoGantois, de "Iyrob" e na Angola, chamada de "makota de angzo", "ekedi" nome de origem Jeje, que se popularizou e conhecido em todas as casas deCandombl do Brasil. (em edio) - Og ou Ogan: Tocadores de atabaques (noentram em transe). - Iyalorix/Babalorix: Me ou Pai de Santo, o posto mais

    elevado do IL; tem a funo de iniciar e completar o ato de iniciao dos olorixs.- Iyaegb/Babaegb: a segunda pessoa do ax. Conselheira, responsvel pelamanuteno da Ordem, Tradio e Hierarquia. Posto paralelo ao da Iyalorix ouBabalorix. - Iyalax: Me do ax, a que distribui o ax. quem escolhe os Oloyesde acordo com as determinaes superiores. - Iyakekere: Me pequena do ax ouda comunidade. Sempre pronta a ajudar e ensinar a todos no Il. - Ojubon: ame criadeira. - Iyamoro: Responsvel pelo Ipad de Ex. Junto com a Agimuda,Agba e Igna. - Iyaefun/Babaefun: Responsvel pela pintura dos Iyawos. -Iyadagan: Auxilia a Iyamoro e vice-versa. Tambm possui sub-postos Otun-Dagane Osi-dagan. - Iyabass: Responsvel no preparo dos alimentos sagrados. TodosOlorixs podem auxilia-la, sendo ela a nica responsvel por qualquer falha

    eventual. - Iyarub: Carrega a esteira para o iniciando. E usa toalha de Orix noombro. - Aiyaba Ewe: Responsvel em determinados atos em obrigaes de"cantar folhas". Geralmente filhas de Oxun. - Aiyb: Bate o ej em grandesobrigaes. Tem sub-posto Otun e Osi. - Olgun: Cargo masculino, despacha aosEbs das grandes obrigaes, a preferncia para os filhos de Ogun, depois Od eOluwaiy. - Oloya: Cargo feminino, despacha os Ebs das grandes obrigaes, nafalta de Olgun. So filhas de Oya. - May: Mexe com as coisas mais secretas doAx, ligadas a iniciao do Adox. - Agbeni Oy: Posto paralelo a May, divide amesma causa. - Oy: Se relaciona com a Yaefun/Babaefun; ou seja, coisas de AWOpara iniciao. - Olopond: Grande responsabilidade na inicio, no mbitoaltamente secreto. - Iyalabak: Responsvel pela alimentao do iniciado,enquanto o mesmo se encontrar de obrigao. - Klb: Responsvel pelo Lb,simbolo de Xngo. - Agimuda: Relao com o Ipad de Ex. Aquela que carrega aespada. Titulo feminino usado no culto de Oya e Geled. - Iyatojuom:Responsvel pelas crianas do Ax. - Iyash Aiyab: quem segura o estandartede Oxal. - Omolra: Posto de confiana. - Sarapegb: Mensageiro de coisas civis ede awo. - Akw Il Xang: a Secretria da casa de Xngo. Zelo, Or e compras.- Babalossayn: Responsvel pela colheita das folhas. Cargo de extremaimportncia. - Axogun: Responsvel pelos sacrifcios. Traz ax de Ogun. Trabalhaem conjunto com Iyalorix/Babalorix, Oloys e Ogans. No pode errar.Responsvel direto pelos sacrifcios do nicio ao fim do ato. Soberano nestas

    obrigaes, quem se comunica com o Orix para quem se destina a obrigao,transmitindo Iyalax as respostas e mandamentos. Deve ser chamado de Pai. Etambm possui sub-posto Otun e Osi. - OgalTebess: Dono dos toques, cnticos edanas. Trabalha em conjunto com o Alagb, possui sub-posto Otun e Osi. -Alagb: Responsvel pelos toques rituais, alimentao, conservao e preservaodos Ils, os instrumentos musicais sagrados. Nos ciclos de festas obrigado a selevantar de madrugada para que faa a ALVORADA mais ou menos 40 min. Seum autoridade de outro Ax chegar ao Il, o Alagb, tem de lhe prestar as devidashomenagens "dobrar o Il" oferecer at sua prpria cadeira. Tambm possui sub-posto Otun e Osi. - Alagb: Ambito civil do Ax. - ji: Camareira do Orix.Ekdi. - Ojuoba: Posto de honra no Il Xang e possui sub-posto Otun e Osi. -

    Teolol: Aquela que acompanha os Obas de Xang. - Sobalju: Ttulo masculino efeminino. Sendo o mais importante e atraente, o preferido do rei. - Mawo: Grande

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    confiana. - Balgun: Ttulo ligado ao Il Ogun. - Alagada: Ogan que cuida dasferramentas de Ogun. - Balde: Ogan de Od. - Aficod: Chefe do Aramef (6corpos) ligado ao Il Od. - Ypery: Ogan ou ji de Od - Alajopa: Pessoa deOd, que leva a caa para ele. - Alugbin: Ogan de Oxalufan e Oxaguian que toca oIl dedicado a Oxal. - Assogb: Ogan ligado ao Il Omol e cultos de Obaluaiye,

    Nan, Egun e Ex. - Alabawy: Pessoa que trabalha na rea jurdica e que cuidados interesses civis do Ax. - Leyn: Pessoa do Ogun ou Od, que zela Ogun. -Alagbede: Pessoa que trabalha no ramo de ferro e metais e forja as ferramentas doAx. - Elms: Ogan ou ji de Oxaguian, ligados ao Il Oxal. - Gymu: jide Omolu, que cuida de tudo que se relaciona a Omolu, Nan e Ossany. - Kawe:Ligado ao Il Ossaiyn. - Ogtn: Ligado ao Il Oxun. - Oba Odofin: Ligado ao IlOxal. - Iwin Dunse: Ligado ao Il Oxal. - Apokan: Ligado ao Il Omol. -Abogun: Ogan que cultua Ogun. - Abi ou abian: Novato. considerada abi todapessoa que entra para a religio aps ter passado pelo ritual de lavagem de contase o bori. Poder ser iniciada ou no, vai depender do Orix pedir a iniciao. - Ia:filho-de-santo (que j incorpora Orixs). - Ebmi: Ou Egbomi so pessoas que j

    cumpriram o perodo de sete anos da iniciao (significado: meu irmo maisvelho). Bablaw ou Iynif Sacerdote do Orix Ornmil-If do Culto de If.Aps duas iniciaes ("Mos"), e sob a obedincia a rgidos cdigos morais, oBablaw recebe o direito de utilizar o Opele-If (ou Rosrio de If) e os ikins(sementes de dendezeiro - igui ope, em yorub). O Merindilogun (Jogo de bzios) franqueado somente aos Obaoriates e os Awfakans (Aqueles que receberam a"primeira mo")so chamados tambm de Olws. s Iypetebis (Mulheresiniciadas a If) usam o jogo de buzios chamados Ekur. As omoIfas tambm usam.Os BabaIfas, que so da rama brasileira, onde as cores so o azul claro e branco.[editar]Hierarquia no Culto aos Egungun Masculinos: Alapini (SacerdoteSupremo, Chefe dos alagbs), Alagb Sacerdote (Chefe de um terreiro), Oj(iniciado com ritos completos), Oj agb (oj ancio), Atokun (oj que guia deEgum), Amuixan (iniciado com ritos incompletos), Alagb (tocador de atabaque).Alguns oi dos oj agb: Baxorun, Oj lad, Exorun, Faboun, Oj labi, Alaran,Ojenira, Akere, Ogogo, Olopond. Femininos: Iyalode (responde pelo grupofeminino perante os homens), Iy egb (lider de todas as mulheres), Iy monde(comanda as at e fala com os Bab), Iy erelu (cabea das cantadoras), erelu(cantadora), Iy agan (recruta e ensina as at), at (adoradora de Egun). Outrosoi: Iyale alab, Iy kekere, Iy monyoy, Iy elemax, Iy moro. AssogbaSupremo sacerdote do culto de Obaluaiy Babalosanyin: Responsvel pela colheitadas folhas. [editar]Hierarquia no candombl Ketu Iy / Bab: significado das

    palavras iy do yoruba significa me, bab significa pai. Iyalorix / Babalorix:Me ou Pai de Santo. o posto mais elevado na tradio afro-brasileira. Iyaegb /Babaegb: a segunda pessoa do ax. Conselheira, responsvel pela manutenoda Ordem, Tradio e Hierarquia. Iyalax (mulher): Me do ax, a que distribui oax e cuida dos objetos ritual. Iyakeker (mulher): Me Pequena, segundasacerdotisa do ax ou da comunidade. Sempre pronta a ajudar e ensinar a todosiniciados. Babakeker (homem): Pai pequeno, segundo sacerdote do ax ou dacomunidade. Sempre pronto a ajudar e ensinar a todos iniciados. Ojubon ouAgibon: a me criadeira, supervisiona e ajuda na iniciao. Iyamor: ouBabamorResponsvel pelo Ipad de Exu. Iyaefun ou Babaefun: Responsvel pelapintura branca das Ias. Iyadagan e Ossidag: Auxiliam a Iyamor. Axogun

    responsavel pelo imolamento de animais, geralmente Ogan confirmado para oorisa Ogun Iyabass: (mulher): Responsvel no preparo dos alimentos sagrados as

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    comidas-de-santo. Iyarub: Carrega a esteira para o iniciando. Iyatebex ouBabatebex: Responsvel pelas cantigas nas festas pblicas de candombl. AiyabaEwe: Responsvel em determinados atos e obrigaes de "cantar folhas. Aiyb:Bate o ej nas obrigaes. Olgun: Cargo masculino. Despacha os Ebs dasobrigaes, preferencialmente os filhos de Ogun, depois Od e Obaluwaiy. Oloya:

    Cargo feminino. Despacha os Ebs das obrigaes, na falta de Olgun. So filhasde Oya. Iyalabak: Responsvel pela alimentao do iniciado, enquanto o mesmose encontrar recolhido. Iyatojuom: Responsvel pelas crianas do Ax. Pejigan: Oresponsvel pelos axs da casa, do terreiro. Primeiro Ogan na hirarquia. Alagb:Responsvel pelos toques rituais, alimentao, conservao e preservao dosinstrumentos musicais sagrados. (no entram em transe). Nos ciclos de festas obrigado a se levantar de madrugada para que faa a alvorada. Se uma autoridadede outro Ax chegar ao terreiro, o Alagb tem de lhe prestar as devidashomenagens. No Candombl Ketu, os atabaques so chamados de Il. H tambmoutros Ogans como Gaip, Runs, Gait, Arrow, Arrontod, etc. Og ou Ogan:Tocadores de atabaques (no entram em transe). Ebmi: Ou Egbomi so pessoas

    que j cumpriram o perodo de sete anos da iniciao (significado: meu irmo maisvelho). Ajoi ou ekedi: Camareira do Orix (no entram em transe). Na CasaBranca do Engenho Velho, as ajois so chamadas de ekedis. No Terreiro doGantois, de "Iyrob" e na Angola, chamada de "makota de angzo", "ekedi" nome de origem Jeje, que se popularizou e conhecido em todas as casas deCandombl do Brasil. (em edio) Ia: filho-de-santo (que j foi iniciado e entraem transe com o Orix dono de sua cabea), nem todo Ia ser um pai ou me desanto quando terminar a obrigao de sete anos. If ou o jogo de bzios que vaidizer se a pessoa tem cargo de abrir casa ou no. Caso no tenha que abrir casa omesmo jogo poder dizer se ter cargo na casa do pai ou me de santo alm de serum egbomi. Abi ou abian: Novato. considerada abi toda pessoa que entra paraa religio aps ter passado pelo ritual de lavagem de contas e o bori. Poder seriniciada ou no, vai depender do Orix pedir a iniciao. Sarepeb ou sarapeb responsvel pela comunicao do egbe (similar a relaes pblicas). Otun e OsyAxogun so os auxiliares do Axogun Apokan responsavel pelo culto de Olwuaye e oOlugbaj O Candombl e Famlia Bamgbose A ORIGEM DO CANDOMBL NOBRASIL A guerra contra os daomeanos fora, literalmente, longe demais.Escravizadas na terra-me, princesas e sacerdotisas africanas, do pas iorub,acabaram indo parar na santa baa, acorrentadas como animais. Foi assim que IyAkal, Iy Adet e Iy Nass, nomes preservados pela tradio oral, teriammigrado para o Brasil. Mais tarde, fundariam, na Bahia, a Casa Branca, o mais

    antigo templo de culto africano do pas. Comeava assim, no sculo XVIII, emSalvador, primeira capital da colnia portuguesa, no bairro da Barroquinha, areligio dos orixs. Hoje, o terreiro comandado por Altamira Ceclia dos Santos, ame Tat , smbolo de resistncia, fora da frica, dos reinos de Ketu eOy.Matriarcado ancestralPrincesas e sacerdotisas africanas plantaram na Bahiao ax do terreiro mais antigo do Brasil. A Casa Branca representa o ponto departida da fascinante histria sobre a origem do candombl no Brasil. Ostraficantes e senhores talvez no soubessem, mas naqueles navios negreiros,acorrentadas como animais, viriam verdadeiras princesas e as mais importantessacerdotisas africanas do pas iorub, escravizadas durante a guerra contra osdaomeanos. Mas j durante a longa travessia do Atlntico, e tambm ao

    desembarcar nas guas santas da baa, as nobres matriarcas foram reconhecidas eveneradas pelos seus conterrneos. Com sua sabedoria ancestral, elas iriam

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    reconstituir na Bahia os locais sagrados destrudos na terra-me.E, em plenocentro da capital baiana, fundariam a mais antiga casa de culto africano do Brasil.A tradio oral preservada pelos iorubs aponta o nome de algumas mulherescomo sendo as criadoras da Casa Branca, hoje situada no Engenho Velho daFederao.iy Akal, iy Adet e iy Nass so os mais citados.Mas alguns

    detalhes se perderam com o passar dos sculos e nem mesmo os atuaisrepresentantes da casa sabem ao certo quem de fato foi o principal personagemdessa histria. No entanto, alguns depoimentos de velhas senhoras do candombl,registrados por pesquisadores que se dedicaram ao estudo das religies africanasna Bahia, deixaram pistas que podem contribuir para a revelao do mistrio queenvolve a fundao do terreiro.O etnlogo Edison Carneiro, que conviveu comantigas mes de santo da velha tradio iorub, revela o nome das trs mulheres,sem, no entanto, identificar qual delas de fato foi a fundadora do terreiro e seatuaram ao mesmo tempo ou se sucederam no poder.J Vivaldo da Costa Lima,inspirado pelo depoimento da clebre me Senhora, do Il Ax Op Afonj(fundado em 1910), sugeriu que iy Akal era mais um ttulo, um "oi", de iy

    Nass.Pierre Verger, com base no depoimento de me Menininha do Gantois(fundado em 1890), no cita o nome de Iy Adet e se refere a iy Akal comosendo a primeira me-de-santo da Bahia, que seria substituda por iy Nass.Paracomplicar ainda mais, Verger cita um novo nome, Iyaluss Danadana, que teriavindo de Ketu para introduzir o culto a Oxssi na Bahia. Por fim, h a verso deRoger Bastide, outro etnlogo estudioso das religies africanas. Segundo ele, a mede Iy Nass havia sido escrava no Brasil e depois de alforriada voltou para africa, onde a concebeu. Anos mais tarde, Iy Nass teria vindo da Nigriaacompanhada de Marcelina Obatoss, sua sucessora na Casa Branca, com a missode fundar um candombl em Salvador.Aps 21 anos de pesquisas, o antroplogoRenato da Silveira, autor de artigos sobre a fundao dos terreiros mais antigos daBahia (e com um livro no prelo sobre a Casa Branca), lana um pouco de luz nessahistria at ento bastante obscura. Tudo teria comeado ainda no pas iorub, noreino de Ketu, durante o governo do Alaketu, Akibiohu, entre 1780 e 1795. De lvieram alguns integrantes da famlia real Ar, aprisionados pelos daomeanos nacidade de Iwoye (Iu-i), junto com um grupo de cerca de 200 escravos. Entre eles,estavam importantes sacerdotes e tambm duas princesas, gmeas, com cerca de 9anos de idade. Eram netas do Alaketu. Uma delas, Otamp Ojar - que recebeu onome cristo de Maria do Rosrio Francisca Rgis -, foi a fundadora do Terreirodo Alaketu, no Matatu de Brotas, e certamente participou dos rituais de fundaoda Casa Branca.Reza a lenda que, ao atingir a maioridade, a princesa foi

    alforriada pelo prprio Oxumar, na figura de seu proprietrio. Mas, segundoRenato da Silveira, ela era ainda muito jovem quando o terreiro da Barroquinhafoi fundado e uma outra sacerdotisa deve ter iniciado os fundamentos de Oxssi,iniciando a soberania de Ketu na Bahia.Conforme Silveira, iy Adet teria sido asacerdotisa da linhagem Ar a fundar a primeira verso do candombl baiano, emum culto quase que domstico a Od (o caador, um dos nomes de Oxssi) e Exu (oorix mensageiro).Isso teria acontecido no nos fundos da Igreja da Barroquinha,onde mais tarde seria criada a Casa Branca, mas na Rua da Lama (atual Viscondede Itaparica), uma das travessas do bairro prximo regio central deSalvador.SucessoIy Akal pode ter vindo junto com o cl dos Ars para a Bahia,ou chegado logo depois. Ela deve ter sido a fundadora do culto a Air Intile, uma

    das qualidades de Xang. Iy Nass, por sua vez, era uma das figuras mais nobresdo imprio de Oy, responsvel pelo culto ao orix do rei, mas provvel que ela

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    tenha chegado em terras baianas somente mais tarde, por volta de 1830, com amisso de comandar a unio das diversas divindades africanas em um nicotemplo religioso. Muitos adeptos da casa comeam a contar, a partir da, a histriada fundao do candombl, desde que todos os orixs passaram a ocupar o mesmoespao sagrado. Em homenagem a esta matriarca ancestral, o ttulo africano da

    Casa Branca ainda hoje Il Iy Nass Ok, a casa de iy Nass.Reza a tradioiorub que iy Nass retornaria mais tarde Nigria, para reconstituir algunselementos do culto e provavelmente para adquirir tipos vegetais, minerais eanimais necessrios nas cerimnias religiosas. Com ela levou sua sobrinhaMarcelina Obatoss, e retornou com outras figuras eminentes, que ajudariam acompor na Bahia o cenrio dos antigos rituais africanos.Marcelina Obatosssucedeu sua tia. Em seguida, duas mulheres disputaram o trono do terreiro: MariaJulia Figueiredo e Maria Jlia da Conceio Nazar. O orculo de If elegeu aprimeira e Maria da Conceio partiu com sua famlia e aliados para as terras deum antigo casal estrangeiro, de sobrenome Gantois. Tambm por questes depreeminncia, me Aninha deixaria a Casa Branca anos mais tarde para fundar o

    Il Ax Op Afonj, na roa do So Gonalo do Retiro.Junto ao Alaketu, elesformam o bero do candombl de origem iorub na Bahia. Depois de Maria JliaFigueiredo viriam Ursulina Figueiredo (me Sussu), Maximiana Maria daConceio (tia Massi), Maria Deolinda, Marieta Vitrio Cardoso e AltamiraCeclia dos Santos (me Tat), atual ialorix da Casa Branca, hoje reconhecidacomo o candombl mais antigo do Brasil, a matriz dos fatos, lendas e mitos quenarram a histria de mulheres soberanas, que deixaram seus imprios africanoscomo escravas para reinarem absolutas na Bahia de todos os santos, com a bnode seus Orixs. Monumento negro das AmricasCasa Branca smbolo vivo dahistria de resistncia de um povo. O monumento a Oxum foi idealizado por OscarNiemeyer e tem escultura de CarybTestemunho da histria de f e resistncia deum povo, onde sobrevive a riqussima tradio dos reinos de Oy e de Ketu, oterreiro da Casa Branca foi o primeiro monumento negro das Amricas a serconsiderado patrimnio da nao. Mas para compreender seus espaos sagrados preciso levar em conta os rituais desenvolvidos h mais de 150 anos no local.Cerimnias religiosas que, apesar da opresso policial, se mantiveram fiis stradies plantadas pelos ancestrais nags.No topo do terreno em declive, ao longese v a casa branca, a edificao principal que deu nome ao templo religioso. Obarraco, como chamado pelos adeptos do candombl, domina o cenrio quecompe a "roa" e centraliza os cultos mais importantes; o crebro do terreiro.No centro do barraco h uma grande coluna, chamada ix, culminada por uma

    coroa de madeira em dimenso monumental, dedicada ao orix Xang. O limite dacoroa exteriormente marcado com um ox - o machado duplo, principal smbolodo orix da justia -, e uma quartinha de barro. De acordo com o antroplogo RaulLody, o ix funciona como uma espcie de cordo umbilical, um elo permanentecom o terreiro e o Orum, que para os africanos representa o cu, a morada dosorixs.Em sua volta, esto dispostos os ils orixs, as diversas casas de santo,construdas em alvenaria, com seus assentamentos a Exu, Ogum, Oxssi, Omulu,Xang, Iemanj, Ians, Ob e outras divindades que regem o destino do terreiro.Em espao contguo est o peji de Oxal e, ao lado, ficam os aposentos da ialorix.Completando os espaos do prdio esto a cozinha, uma pequena sala ocupadapelos ogs, os banheiros e o ronc, as camarinhas onde ficam confinadas as novias

    no perodo de iniciao, uma espcie de tero do candombl que vai gestando suasnovas filhas-de-santo.Vegetao ritualAbraando e acolhendo as divindades

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    africanas, se v o mato, a vegetao ritual e as imensas rvores sagradas - comojaqueiras e gameleiras brancas - que reservam outros assentamentos, como o doorix Irco. Por fim, se v as habitaes da comunidade local, de famlias que hmais de um sculo ocupam o candombl, reunindo os mortais aos espritosancestrais.Na parte baixa da colina, o visitante se surpreende com uma construo

    imitando um barco, feito de alvenaria, dedicado a Oxum, um dos principaissanturios ao ar livre da Bahia. O povo da Casa Branca gosta de lembrar que agua da fonte de Oxum, onde impera uma sereia prateada, corre at o oceano,onde a orix das lagoas e rios se encontra com Iemanj, a rainha do mar. Valedestacar que a Praa de Oxum, como chamada, foi projetada pelo arquitetoOscar Niemeyer, e a sereia, pelo artista plstico Caryb.A Casa Branca foitombada em 1984 pelo Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional(Iphan), depois de um esforo conjunto, uma aliana entre intelectuais e adeptosdo candombl, sob a liderana do antroplogo Ordep Serra, que hoje tambmog (uma espcie de protetor civil) e ex-presidente da Sociedade Beneficente SoJorge do Engenho Velho, entidade que d conta de alguns procedimentos

    administrativos e projetos sociais. Atualmente, a associao dirigida por ArielsonChagas, o og Lo, filho de Aeronithes Conceio Chagas, a me Nitinha D''Oxum,uma das ialorixs mais respeitadas do Brasil.Depois da Casa Branca, o Terreiro doGantois, o Il Ax Op Afonj, do So Gonalo do Retiro, o Alaketu, do Matatu deBrotas, e o Bate-Folha - este de nao Angola - tambm j foram tombados comopatrimnio da nao. O antroplogo Ordep Serra explica que o simbolismo doselementos que formam o conjunto e as caractersticas do culto que devemdeterminar as diretrizes da preservao do templo matriz do rito nag no Brasil. Oprofundo elo da natureza e sua ocupao espacial pelo imaginrio religioso criaum perfeito equilbrio entre paisagem e arquitetura, compartilhando matas,rvores, riachos e demais marcos naturais que se integram proposta religiosa es festas do candombl.guas de OxalAs festas da Casa Branca se iniciam no fimde maio ou incio de junho, com a celebrao a Oxssi, o onil, pai do terreiro.Depois, acontece a festa de Xang, dono do barraco. J na ltima sexta-feira deagosto, realizada uma das mais belas cerimnias: as guas de Oxal, rito depurificao que prepara a casa para as cerimnias de todo o perodo festivo que seintensifica a partir de setembro.Nas primeiras horas da manh, ainda madrugada,as filhas-de-santo seguem vestidas de branco em procisso at a fonte dedicada aOxum. As sacerdotisas carregam vasos, potes e outros artefatos de barro,enquanto cantam e danam ao som dos atabaques. Aps encher os vasos de gua,as mulheres voltam, em fila, com seus potes nos ombros. O ritual tem uma pausa e

    depois continua noite, com uma longa festa no terreiro. Os trs domingosseguintes s guas de Oxal so dedicados a Odudu (orix da criao), Oxalufan(Oxal velho) e Oxaguian (Oxal jovem).Na primeira segunda-feira aps esse ciclo,o orix Ogum celebrado, e, na segunda seguinte, Omolu. O ciclo de festividadestermina no final de novembro, com vrias cerimnias de iniciao, tributos aXang e a Oxum. No dia de sua celebrao, o grande barco enfeitado de amareloe dourado, onde so depositados as iguarias africanas em oferenda orix.Nenhuma dessas festas pode ser fotografada ou filmada no interior do candombl,por ordem expressa de sua governante, a iyalorix Altamira dos Santos, filha deOxum que representa a mais antiga linhagem de mes-de-santo. Uma linhagem demais de dois sculos. Que representa 200 anos de resistncia e tradio. E de

    orgulho para toda uma civilizao.Perseguio e mudanasAfricanos da CasaBranca foram expulsos do centro da capital e se mudaram para a roa do Engenho

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    VelhoA Bahia estava passando por profundas transformaes naquele meado desculo XIX. Desde ento, a Barroquinha no seria a mesma, passaria porreformas, e no haveria mais espao para as comunidades negras ali instaladas,to prximas da sede do poder local. Era preciso fazer uma limpeza geral,"modernizar" era a palavra de ordem entre os governantes. Por volta de 1850, um

    ano antes de iniciar as obras na regio, as autoridades decidiram acabar comaquelas reunies tidas como "brbaras" e "primitivas". Profanaram os locaissagrados e expulsaram de vez os africanos e seus orixs do centro da capital. Seriapreciso reconstituir um novo templo longe dali, onde os atabaques pudessemclamar por suas divindades distante dos ouvidos e olhares opressores dasautoridades vigentes. Nasceria a Casa Branca do Engenho Velho daFederao.Embora os cultos africanos fossem terminantemente proibidos na Bahiade outrora - a liberao definitiva s foi assinada pelo governador Roberto Santos.Em 1976 - a presena do candombl na Barroquinha conviveu com a passagem dealguns governos, uns mais permissivos, como o do famoso Conde dos Arcos; outrosmais intransigentes, a exemplo do temido Conde da Ponte. Em qualquer caso,

    todos os rituais eram feitos s escondidas, ou pelo menos disfarados pelosincretismo religioso que ganhava fora na Velha Bahia. As duas principais festascomemorativas da fundao do candombl fazem referncias aos orixs maisvenerados: Oxssi, o senhor da terra, e Xang, o regente da casa. A primeiraacontece no dia de Corpus Cristhi, e a segunda no dia de So Pedro, datas em queno seriam necessrios maiores pretextos para os banquetes africanos e a batidados tambores.Quando as festas para os orixs no eram mascaradas pelosincretismo, os rituais religiosos eram praticados em segredo absoluto paraescapar da represso. Reza a tradio iorub que, para realizar o culto de Xangem sigilo, os adeptos da Casa Branca construram uma passagem secreta sob umarvore oca, atingida por um raio.L, os altares sagrados poderiam ser cultuados eas oferendas realizadas de maneira discreta e preservada. Segundo contam, osubterrneo secreto deixou de existir, assim como outros que haveria por ali,quando o terreno foi aplainado e as rvores sagradas extradas, durante a reformada rea.Ataque policialNo centro da cidade, o terreiro ficava prximo ao Palciodos Governadores, ao Mosteiro de So Bento e ainda do Solar do Berqu, na pocaresidncia de um dos desembargadores do Tribunal da Relao. Temendo umataque policial, as sacerdotisas arrendaram as terras do Engenho Velho, longe dogoverno central.Mas, segundo Pierre Verger, estudioso do assunto, antes de chegarna Avenida Vasco da Gama, onde ainda se encontra, o terreiro mudou-se pordiversas vezes, "passando inclusive pelo Calabar, na Baixa de So

    Loureno".Depois desse episdio, todos os templos africanos seriam construdosnos arredores da antiga Salvador, onde as cerimnias poderiam ser realizadas demaneira mais discreta.Foi durante o governo do Visconde de So Loureno, entre1848 e 1852, que os negros da Casa Branca seriam de uma vez por todas expulsosda Barroquinha.Em 1851, a "modernidade" chegou capital, com a urbanizaoda rea e pavimentao da Baixa dos Sapateiros, antiga Rua da Vala, por ondeesgotos corriam a cu aberto. Alguns anos antes, vrios levantes de escravos foramdeflagrados em Salvador, at que em 1835 se deu a sangrenta Revolta dos Mals,organizada pelos negros muulmanos. Era mais um pretexto para desmobilizar osencontros entre os africanos na Bahia. Iy Nass, tida ainda hoje como a principalmatriarca da histria do terreiro, partiu com os seus sditos para plantar o ax na

    ento distante roa do Engenho Velho, "no Rio Vermelho de baixo". Dizem que foio lendrio babala Bambox Obtic, av do saudoso Felizberto Sowzer, uma

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    figura importante na reconstituio dos cultos e rituais perdidos no tempo. SobreY Nass, se sabe que ela morava na Rua das Flores, no Pelourinho, e eracomerciante de carnes no Mercado de Santa Brbara. Mas, j no Engenho Velho,as autoridades novamente tentaram calar os tambores e cnticos africanos da CasaBranca. Uma reportagem publicada no antigo Jornal da Bahia, de 3 de maio de

    1855, faz aluso a uma reunio na casa de Y Nass que teria sido interrompidapor uma diligncia policial: "Foram presos e colocados disposio da polciaCristovo Francisco Tavares, africano emancipado, Maria Salom, JoanaFrancisca, Leopoldina Maria da Conceio, Escolstica Maria da Conceio,crioulos livres; os escravos Rodolfo Arajo S Barreto, mulato; Melnio, crioulo, eas africanas Maria Tereza, Benedita, Silvana... que estavam no local chamadoEngenho Velho, numa reunio que chamavam de candombl".Pierre Vergerdestacou o nome de Escolstica Maria da Conceio, no muito comum, com oqual seria batizada, mais de trs dcadas depois, a famosa me-de-santoMenininha do Gantois. Isso indica que provavelmente os pais de Menininhatambm faziam parte ou pelo menos freqentavam a Casa Branca no perodo em

    que ocorreu a ao policial. Mas o fato que os adeptos da Casa Branca resistirama mais de dois sculos de vigilncia repressora. E em tom de discurso, as palavrasdo elemax do terreiro, Antnio Agnelo Pereira, revelam o sentimento de orgulhocomum aos filhos e filhas do candombl mais antigo do Brasil:"Sim, nossa gentetem sofrido muito. Lutamos contra o cativeiro e continuamos lutando contraoutras injustias, sempre com dignidade. At h pouco nosso culto era perseguidocom cruel violncia, mas resistimos. Ainda hoje, h quem despreze nossastradies, nossa religio, tratando-a, por exemplo, como simples folclore, porignorncia ou preconceituosa m vontade. Isto no nos impede de manter aherana divina que recebemos". Sociedade paralelaHomens proeminentes e`mulheres do partido alto criaram organizaes secretas de negros na BahiaOculto a Bab Egum um trao da presena do Estado paralelo criado pelosiorubsDepois de criar as irmandades e confrarias religiosas, e de incorporarnovos rituais proibidos pelas autoridades locais, os africanos ligados CasaBranca seriam ainda mais audaciosos, inaugurando as chamadas "sociedadessecretas". Com a chegada de mais e mais lderes nags Bahia escravocrata, ocandombl mais antigo do Brasil passaria a constituir uma espcie de organizaoparalela dos brancos do Novo Mundo. Adaptadas aos rigores da clandestinidade,as sociedades secretas representavam o poder ancestral exercido pelos soberanosda me frica sobre seus sditos baianos.Entre as sociedades secretas criadaspelos negros ligados velha Casa Branca, a mais importante foi a Ogboni, na viso

    do antroplogo Renato da Silveira.Ela representava, na Bahia, o conselho deministros do alto escalo do imprio de Oy e de outros reinos iorubs. Asociedade Ogboni estava acima das demais associaes e at mesmo dos cls,defendendo o interesse da sociedade e servindo como poder moderador do Alafin(imperador). Era uma espcie de corte de justia do pas iorub, responsvel pelamanuteno da paz, da ordem e pela determinao do consenso nas decisespolticas.A sociedade Ogboni era dirigida por um conselho de seis ssas, chamadosde Aramef na Bahia. Algumas decises importantes, como o arrendamento dasterras da Barroquinha na virada do sculo XVIII, podem ter sido de suaresponsabilidade.Mestre Didi, filho da clebre me Senhora, do Il Ax OpAfonj, se refere presena do Aramef como um conjunto composto por homens

    consagrados "com postos na Casa de Oxssi", existente ainda nos anos 30. O lderda Ogboni era o Olu, cargo que na Bahia foi ocupado por Bambox Obtic,

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    africano que desempenhou papel fundamental na criao da Casa Branca e nahistria dos chamados "terreiros de tradio Ketu".O antroplogo Pierre Vergercita o nome dos demais ssas: Assik (ou Axip, filho de Oxssi ou Ogum), ssaObur (filho de Xang), ssa Kayod (Oxssi), e ainda os ssas Ajadi, Adir eAkessan, servidores de outros orixs importantes presentes no candombl e

    tambm do culto de Bab Egum, o esprito dos mortos. Silveira revela que os ssasbaianos eram ex-escravos alforriados que chegaram a prosperar na sua atividade econquistar prestgio e destaque nas irmandades religiosas, sobretudo a de BomJesus dos Martrios, recebendo ainda ttulos honrosos no candombl daBarroquinha.GueledsJ as sociedades Iyalod e Gueled eram formadas apenaspor mulheres e representavam a influncia feminina nas organizaes africanasreconstitudas na Bahia.As iyalods, explica Silveira, foram originrias dos reinosde Ibadan e Abeokuta. O ttulo era o mais elevado que uma mulher poderiaalcanar nessas cidades, significando "senhora encarregada dos negciospblicos". As iyalods baianas, portanto, defendiam os interesses das negras que setornaram comerciantes, e assim conseguiram fama e dinheiro depois de

    alforriadas. Na Velha Bahia, elas ficariam conhecidas como "as mulheres dopartido alto".Reverenciar os poderes unicamente femininos era a misso daSociedade das Gueleds, originrias do reino de Ketu. Na Bahia, as gueledstinham as mesmas funes de origem, exaltando a fecundidade e a magia dosrituais matriarcais. No terreiro na Barroquinha, em seguida no Engenho Velho, emais tarde em outros pontos da cidade, elas faziam os chamados Festivaisgueleds. Um par de mscaras usadas pelas mulheres da sociedade secreta,pertencente coleo do Instituto Geogrfico e Histrico da Bahia, eprovavelmente apreendido durante uma diligncia policial, revela o cartercarnavalesco das festas promovidas pela associao, com o objetivo deridicularizar a violncia e exaltar a paz entre as naes.Durante alguns anos, ame-de-santo Maria Jlia Figueiredo (Omonik) acumulou os ttulos de iyalod, deialax das gueleds, de ialorix da antiga Casa Branca e ainda de provedora-morda Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, a principal instituio dasmulheres iorubs, ativa ainda hoje na cidade de Cachoeira. Era Maria JliaFigueiredo, portanto, a representante suprema das matriarcas africanas. Atravsdos ritos misteriosos das sociedades secretas, os adeptos do candombl criaram naBahia um novo estado iorub, extinto aps longo perodo de represso. E suaexistncia est intimamente ligada ao mito da criao do candombl mais antigo doBrasil."Embora tenham perdido o grande poder que representavam na frica,esses ttulos mantiveram a solenidade e a legitimidade, pois, adaptados s

    condies locais, foram atribudos de acordo com mritos, preceitos, ritos ecostumes tradicionais, reconhecidos e praticados pela dispora nag-iorub, quecomeava a tomar conscincia de si como nacionalidade", observou Renato daSilveira. Do Estado paralelo criado pelos iorubs, ficaram apenas vagaslembranas, cnticos cerimoniais e alguns ttulos ainda hoje usados, alm demscaras e outros objetos de culto, alguns apreendidos durante a repressopolicial que se deu na Bahia, sobretudo nos anos 20 e 30 do sculo que passou. Noentanto, alguns rituais se mantiveram at os dias de hoje, como o culto a BabEgum, com presena marcante, sobretudo, em candombls da Ilha de Itaparica.nico panteoAncestrais africanos foram cultuados no mesmo templo pelaprimeira vez na BahiaNo Terreiro da Casa Branca eles se encontrariam pela

    primeira vez, discretamente, para no atrair os olhares vigilantes e repressivos dasautoridades locais. Cultuados separadamente em seus reinos de origem, os orixs

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    africanos seriam invocados em um s lugar, na Bahia, pelos negros escravostrazidos para o recncavo. Por razes de proeminncia, em um meticuloso acordopoltico e espiritual, os fundadores do candombl mais antigo do Brasilimplantariam em Salvador os cultos a Oxssi, Xang, Oxum e Oxal, os quatropilares de sua f, representando os quatro cantos do pas iorub.Enquanto o povo

    de cada reino iorub mantinha seus cultos orientados s diversas qualidades de umnico orix, na Casa Branca, quando esta ainda funcionava nos fundos daBarroquinha, foi criado o xir - a roda dos orixs -, permitindo que as santidadesfossem reunidas em um nico panteo. Mas no por acaso.O incio dessa histriacomea ainda na frica, em meados do sculo XVIII, quando o reino do Daom(atual Repblica do Benin) inicia sua expanso sobre o territrio iorub. Ao passoque os daomeanos invadiam e saqueavam as cidades, profanando os locaissagrados e deixando seu rastro de destruio por onde passavam, os prisioneirosiorubanos eram feitos cativos e vendidos em um dos movimentados portos daCosta da Mina (tambm conhecida como Costa dos Escravos). De l, milharesdeles viriam para Salvador.Mais do que saudades do seu canto, cada povo trazia

    na lembrana os rituais sagrados do orix protetor de seu reino. Assim, medidaque os daomeanos avanavam sobre os iorubs, novos povos iam chegando, comnovas caractersticas religiosas. Em pouco tempo, o litoral da velha Bahia setransformaria num espelho demogrfico da Costa da Mina. Com a fundao doprimeiro candombl do Brasil, seria necessrio, portanto, que ele representasse asdiferentes naes que a partir de ento passaria a integrar.E foi o que fizeram oscriadores da Casa Branca.Em segredo absoluto, homens e mulheres africanospertencentes s irmandades negras do Bom Jesus dos Martrios e de NossaSenhora da Boa Morte plantariam os fundamentos de cada orix na terra de todosos santos. O primeiro a chegar foi Oxssi, do reino de Ketu. Invocado por seussditos, ele veio e ocupou a terra, recebendo por isso o ttulo de onil. Mais tarde,Xang - cultuado no reino de Shab e Oy - tomaria conta da casa, do barracoprincipal, recebendo o ttulo de onil. A esposa de Xang, Ians, tambm viria comos oys.Anos depois Oxum e Oxal tambm ganhariam assentos privilegiados,representando a nao Ijex e o povo de If, capital espiritual dos iorubs.PanteosagradoNo se sabe ao certo quem foi o responsvel direto pela unio de todos osorixs em um nico panteo sagrado. Na tradio oral dos seguidores da CasaBranca se perdeu esse importante detalhe histrico. Mas dois nomes despontamcomo os mais provveis; dois homens entre muitas mulheres, dois grandessacerdotes que vieram para Salvador exclusivamente para participar dareconstituio religiosa que se daria na Barroquinha. Um deles, possivelmente

    criou o xir, inaugurou a roda dos orixs, a principal novidade de culto fundadapelo terreiro baiano, e que, anos passados, seria seguida pelos seus filhos efilhas.Os protagonistas dessa histria so Bab Assik (ou Axip) e BamboxObtic. Ambos vieram da frica para ajudar na fundao do terreiro. Os dois tmo ttulo de ssas (ou ussas), que revelam serem ministros do conselho de Ketu,altos oficiais iniciados no culto a Oxssi.De acordo com o pesquisador Vivaldo daCosta Lima, Bambox significa "ajuda-me a segurar o ox", sendo ox o machadoduplo, a ferramenta ritual de Xang. A tradio afirma que Bambox era ummembro da famlia real, um prncipe de Oy, reino devastado pela guerra a partirdos anos 1830, data em que muitos afirmam ter sido fundado "oficialmente" oterreiro na Barroquinha. Ainda hoje sua memria exaltada no Pad, a cerimnia

    de abertura do candombl da Casa Branca, como ssa Obtic.No Brasil recebeu onome "branco" de Rodolpho Martins de Andrade e, alm de ter sido um dos

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    possveis criadores da roda dos orixs, participou da iniciao de importantesmes-de-santo da Bahia, como a de Aninha, fundadora do Il Ax OpAfonj.Atualmente seu corpo descansa em um jazigo na Igreja de Nossa Senhorado Rosrio dos Pretos, depois de ter sido transladado do Cemitrio Quinta dosLzaros, onde foi sepultado primeiramente. Na sua lpide possvel ler: "Jazigo

    perptuo - Rodolpho Bambocher.- Felizberto Sowzer e famlia - 1926".RegistrosSobre bab Assik, o outro homem que deixou seu nome na lembranada tradio oral que narra a fundao da Casa Branca, existem pouqussimosregistros. Dois etnlogos franceses, estudiosos dos candombls da Bahia, fazemreferncia ao seu nome: Roger Bastide e Pierre Verger. Bastide afirma que babAssik veio Bahia em companhia de iy Nass, considerada a fundadora de fatodo terreiro que hoje leva seu nome, passando por seu escravo para aqui cumprirsua misso. Para Verger, Assik teria sido o fundador propriamente dito doterreiro. Nos cnticos do Pad da Casa Branca, quando so saudados os seis ssasfundadores do ax, "os senhores do rito", bab Assik o primeiro a serlembrado, sugerindo sua maior antiguidade, de acordo com Juana Elbein dos

    Santos, outra estudiosa do assunto. Para o antroplogo Renato da Silveira, babAssik formou todos os demais, inclusive Bamgbose, e sua misso era organizar amudana que estava por ser feita a partir de 1830. E essa mudana chegaria paravaler. Uma mudana feita em sigilo, com coragem, magia e tradio ancestral.Com a sabedoria das lendrias iya Nass e Marcelina Obatoss, com a autoridadede bab Assik e Bambox Obtic, e com a ajuda de muitos outros africanosannimos, os orixs enfim tomariam assento nas terras sagradas da Bahia,primeiro na Barroquinha, de onde foram expulsos pelas autoridades. Mas depois,em definitivo, no Engenho Velho da Federao, onde permanecem ainda hoje,zelando pelo seu povo fiel. Egun - Ases - Iyami EGUNGUN Os negros iorubanosoriginrios da Nigria trouxeram para o Brasil o culto dos seus ancestraischamados Eguns ou Egunguns. Em Itaparica (BA), duas sociedades perpetuamessa tradio religiosa.Os cultos de origem africana chegaram ao Brasil

    juntamente com os escravos. Os iorubanos - um dos grupos tnicos da Nigria,resultado de vrios agrupamentos tribais, tais como Keto, Oy, Itex, Ifan e If, deforte tradio, principalmente religiosa - nos enriqueceram com o culto dedivindades denominadas genericamente de orixs.(1 - Por motivos grficos e parafacilitar a leitura, os termos em lngua yorub foram aportuguesados. Ex.: oris =orix.)Esses negros iorubanos no apenas adoram e cultuam suas divindades, mastambm seus ancestrais, principalmente os masculinos. A morte no o ponto finalda vida para o iorubano, pois ele acredita na reencarnao (tnwa), ou seja, a

    pessoa renasce no mesmo seio familiar ao qual pertencia; ela revive em um dosseus descendentes. A reencarnao acontece para ambos os sexos; o fato terrvele angustiante para eles no reencarnar.Os mortos do sexo feminino recebem onome de Iami Agb (minha me anci), mas no so cultuados individualmente.Sua energia como ancestral aglutinada de forma coletiva e representada por IamiOxorong, chamada tambm de I Nl, a grande me. Esta imensa massaenergtica que representa o poder de ancestralidade coletiva feminina cultuadapelas "Sociedades Geled", compostas exclusivamente por mulheres, e somenteelas detm e manipulam este perigoso poder. O medo da ira de Iami nascomunidades to grande que, nos festivais anuais na Nigria em louvor ao poderfeminino ancestral, os homens se vestem de mulher e usam mscaras com

    caractersticas femininas, danam para acalmar a ira e manter, entre outrascoisas, a harmonia entre o poder masculino e o feminino (veja a lenda sobre Odu).

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    Alm da Sociedade Geled, existe tambm na Nigria a Sociedade Oro. Este onome dado ao culto coletivo dos mortos masculinos quando no individualizados.Oro uma divindade tal qual Iami Oxorong, sendo considerado o representantegeral dos antepassados masculinos e cultuado somente por homens. Tanto Iamiquanto Oro so manifestaes de culto aos mortos. So invisveis e representam a

    coletividade, mas o poder de Iami maior e, portanto, mais controlado, inclusive,pela Sociedade Oro.Outra forma, e mais importante de culto aos ancestraismasculinos elaborada pelas "Sociedades Egungum". Estas tm como finalidadecelebrar ritos a homens que foram figuras destacadas em suas sociedades oucomunidades quando vivos, para que eles continuem presentes entre seusdescendentes de forma privilegiada, mantendo na morte a sua individualidade.Esse mortos surgem de forma visvel mas camuflada, a verdadeira respostareligiosa da vida ps-morte, denominada Egum ou Egungum. Somente os mortosdo sexo masculino fazem aparies, pois s os homens possuem ou mantm aindividualidade; s mulheres negado este privilgio, assim como o de participardiretamente do culto.Esses Eguns so cultuados de forma adequada e especfica

    por sua sociedade, em locais e templos com sacerdotes diferentes dos dos orixs.Embora todos os sistemas de sociedade que conhecemos sejam diferentes, oconjunto forma uma s religio: a iorubana.No Brasil existem duas dessassociedades de Egungum, cujo tronco comum remonta ao tempo da escravatura: IlAgboul, a mais antiga, em Ponta de Areia, e uma mais recente e ramificao daprimeira, o Il Oy, ambas em Itaparica, Bahia (veja quadro histrico). O Egum a morte que volta terra em forma espiritual e visvel aos olhos dos vivos. Ele"nasce" atravs de ritos que sua comunidade elabora e pelas mos dos Oj(sacerdotes) munidos de um instrumento invocatrio, um basto chamado ix, que,quando tocado na terra por trs vezes e acompanhado de palavras e gestos rituais,faz com que a "morte se torne vida", e o Egungum ancestral individualizado estde novo "vivo".A apario dos Eguns cercada de total mistrio, diferente doculto aos orixs, em que o transe acontece durante as cerimnias pblicas, peranteolhares profanos, fiis e iniciados. O Egungum simplesmente surge no salo,causando impacto visual e usando a surpresa como rito. Apresenta-se com umaforma corporal humana totalmente recoberta por uma roupa de tirasmulticoloridas, que caem da parte superior da cabea formando uma grandemassa de panos, da qual no se v nenhum vestgio do que ou de quem est sob aroupa.Fala com uma voz gutural inumana, rouca, ou s vezes aguda, metlica eestridente - caracterstica de Egum, chamada de sg ou s, e que est relacionadacom a voz do macaco marrom, chamado ijimer na Nigria (veja lendas de Oy).

    As tradies religiosas dizem que sob a roupa est somente a energia do ancestral;outras correntes j afirmam estar sob os panos algum mariwo (iniciado no culto deEgum) sob transe medinico. Mas, contradizendo a lei do culto, os mariwo nopodem cair em transe, de qualquer tipo que seja. Pelo sim ou pelo no, Egum estentre os vivos, e no se pode negar sua presena, energtica ou medinica, pois asroupas ali esto e isto Egum. A roupa do Egum - chamada de eku na Nigria ouop na Bahia -, ou o Egungum propriamente dito, altamente sacra ou sacrossantae, por dogma, nenhum humano pode toc-la. Todos os mariwo usam o ix paracontrolar a "morte", ali representada pelos Eguns. Eles e a assistncia no devemtocar-se, pois, como dito nas falas populares dessas comunidades, a pessoa quefor tocada por Egum se tornar um "assombrado", e o perigo a rondar. Ela ento

    dever passar por vrios ritos de purificao para afastar os perigos de doena ou,talvez, a prpria morte.Ora, o Egum a materializao da morte sob as tiras de

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    pano, e o contato, ainda que um simples esbarro nessas tiras, prejudicial. Emesmo os mais qualificados sacerdotes - como os oj atokun, que invocamm,guiam e zelam por um ou mais Eguns - desempenham todas essas atribuiessubstituindo as mos pelo ix.Os Egum-Agb (ancio), tambm chamados deBab-Egum (pai), so Eguns que j tiveram os seus ritos completos e permitem,

    por isso, que suas roupas sejam mais completas e suas vozes sejam liberadas paraque eles possam conversar com os vivos. Os Apaarak so Eguns mudos e suasroupas so as mais simples: no tm tiras e parecem um quadro de pano com duastelas, uma na frente e outra atrs. Esses Eguns ainda esto em processo deelaborao para alcanar o status de Bab; so traquinos e imprevisveis, assustame causam terror ao povo.O eku dos Bab so divididos em trs partes: o abal,

    que uma armao quadrada ou redonda, como se fosse um chapu que cobretotalmente a extremidade superior do Bab, e da qual caem vrias tiras de panoscoloridas, formando uma espcie de franjas ao seu redor; o kaf, uma tnica de

    mangas que acabam em luvas, e pernas que acabam igualmente em sapatos; e o

    bant, que uma tira de pano especial presa no kaf e individualmente decorada e

    que identifica o Bab. O bant, que foi previamente preparado e impregnado deax (fora, poder, energia transmissvel e acumulvel), usado pelo Bab quandoest falando e abenoando os fiis. Ele sacode na direo da pessoa e esta faz gestoscom as mos que simulam o ato de pegar algo, no caso o ax, e incorpor-lo. Aocontrrio do toque na roupa, este ato altamente benfico. Na Nigria, os Agb-Egum portam o mesmo tipo de roupa, mas com alguns apetrechos adicionais: unsusam sobre o alab mascaras esculpidas em madeira chamadas er egungum;outros, entre os alab e o kaf, usam peles de animais; alguns Bab carregam namo o op iku e, s vezes, o ix. Nestes casos, a ira dos Babs representada poresses instrumentos litrgicos.Existem vrias qualificaes de Egum, como Bab eApaarak, conforme sus ritos, e entre os Agb, conforme suas roupas, paramentose maneira de se comportarem. As classificaes, em verdade, so extensas.Nasfestas de Egungum, em Itaparica, o salo pblico no tem janelas, e, logo aps osfiis entrarem, a porta principal fechada e somente aberta no final da cerimnia,quando o dia j est clareando. Os Eguns entram no salo atravs de uma portasecundria e exclusiva, nico local de unio com o mundo externo.Os ancestraisso invocados e eles rondam os espaos fsicos do terreiro. Vrios amux (iniciadosque portam o ix) funcionam como guardas espalhados pelo terreiro e nos seuslimites, para evitar que alguns Bab ou os perigosos Apaarak que escapem aosolhos atentos dos ojs saiam do espao delimitado e invadam as redondezas noprotegidas.Os Eguns so invocados numa outra construo sacra, perto mas

    separada do grande salo, chamada de il awo (casa do segredo), na Bahia, e igboigbal (bosque da floresta), na Nigria. O il awo dividido em uma ante-sala,onde somente os oj podem entrar, e o lsnyin ou oj agb entram. Bal o localonde esto os idiegungum, os assentamentos - estes so elementos litrgicos que,associados, individualizam e identificam o Egum ali cultuado - , e o ojub-bab,que um buraco feito diretamente na terra, rodeado por vrios ix, os quais, dep, delimitam o local. Nos ojub so colocadas oferendas de alimentos e sacrifciosde animais para o Egum a ser cultuado ou invocado. No il awo tambm est oassentamento da divindade Oy na qualidade de Igbal, ou seja, Oy Igbal - anica divindade feminina venerada e cultuada, simultaneamente, pelos adeptos epelos prprios Eguns (veja Mitos Oy-Egum).No bal os oj atokun vo invocar o

    Egum escolhido diretamente no assentamento, e neste local que o awo (segredo) -o poder e o ax de Egum - nasce atravs do conjunto oj-ix/idi-ojub. A roupa

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    preenchida e Egum se torna visvel aos olhos humanos.Aps sarem do il awo, osEguns so conduzidos pelos amux at a porta secundria do salo, entrando nolocal onde os fiis os esperam, causando espanto e admirao, pois eles alichegaram levados pelas vozes dos oj, pelo som dos amux, brandindo os ix pelocho e aos gritos de saudao e repiques dos tambores dos alab (tocadores e

    cantadores de Egum). O clima realmente perfeito.O espao fsico do salo dividido entre sacro e profano. O sacro a parte onde esto os tambores e seusalab e vrias cadeiras especiais previamente preparadas e escolhidas, nas quais osEguns, aps danarem e cantarem, descansam por alguns momentos nacompanhia dos outros, sentados ou andando, mas sempre unidos, o maior tempopossvel, com sua comunidade. Este o objetivo principal do culto: unir os vivoscom os mortos. Nesta parte sacra, mulheres no podem entrar nem tocar nascadeiras, pois o culto totalmente restrito aos homens. Mas existem raras eprivilegiadas mulheres que so exceo, como se fosse a prpria Oy; elas sogeralmente iniciadas no culto dos orixs e possuem simultaneamente oi (posto ecargo hierrquico) no culto de Egum - estas posies de grande relevncia causam

    inveja comunidade feminina de fiis. So estas mulheres que zelam pelo culto,fora dos mistrios, confeccionando as roupas, mantendo a ordem no salo,respondendo a todos os cnticos ou puxando alguns especiais, que somente elas tmo direito de cantar para os Bab. Antes de iniciar os rituais para Egum, elas fazemuma roda para danar e cantar em louvor aos orixs; aps esta saudao elaspermanecem sentadas junto com as outras mulheres. Elas funcionam como elo deligao entre os atokun e os Eguns ao transmitir suas mensagens aos fiis. Elasconhecem todos os Bab, seu jeito e suas manias, e sabem como agrad-los(verquadro: oi femininos).Este espao sagrado o mundo do Egum nos momentos deencontro com seus descendentes. Assistncia est separada deste mundo pelos ixque os amux colocam estrategicamente no cho, fazendo assim uma divisosimblica e ritual dos espaos, separando a "morte" da "vida". atravs do ixque se evita o contato com o Egun: ele respeita totalmente o preceito, oinstrumento que o invoca e o controla. s vezes, os mariwo so obrigados a seguraro Egum com o ix no seu peito, tal a volpia e a tendncia natural de ele tentar irao encontro dos vivos, sendo preciso, vez ou outra, o prprio atokun ter de intervirrpida e rispidamente, pois o oj que por ele zela e o invoca, pelo qual ele temgrande respeito. O espao profano dividido em dois lados: esquerda ficam asmulheres e crianas e direita, os homens. Aps Bab entrar no salo, ele comeaa cantar seus cnticos preferidos, porque cada Egum em vida pertencia a umdeterminado orix. Como diz a religio, toda pessoa tem seu prprio orix e esta

    caracterstica mantida pelo Egum. Por exemplo: se algum em vida pertencia aXang, quando morto e vindo com Egum, ele ter em suas vestes as caractersticasde Xang, puxando pelas cores vermelha e branca. Portar um ox (machado delmina dupla), que sua insgnia; pedir aos alabs que toquem o aluj, quetambm o ritmo preferido de Xang, e danar ao som dos tambores e daspalmas entusiastas e excitantemente marcadas pelo oi femininos, que tambmrespondero aos cnticos e exigiro a mesma animao das outras pessoas alipresentes.Bab tambm danar e cantar suas prprias msicas, aps ter louvadoa todos e ser bastante reverenciado. Ele conversar com os fiis, falar em umpossvel iorub arcaico e seu atokun funcionar como tradutor. Bab-Egumcomear perguntando pelos seus fiis mais freqentes, principalmente pelos oi

    femininos; depois, pelos outros e finalmente ser apresentado s pessoas que alichegaram pela primeira vez. Bab estar orientando, abenoando e punindo, se

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    necessrio, fazendo o papl de um verdadeiro pai, presente entre seus descendentespara aconselh-los e proteg-los, mantendo assim a moral disciplina comum ssuas comunidades, funcionando como verdadeiro mediador dos costumes e dastradies religiosas e laicas.Finalizando a conversa com os fiis e j tendo visto seusfilhos, Bab-Egum parte, a festa termina e a porta principal aberta: o dia j

    amanheceu. Bab partiu, mas continuar protegendo e abenoando os que foramv-lo. Esta uma breve descrio de Egungum, de uma festa e de sua sociedade,no detalhada, mas o suficiente para um primeiro e simples contato com esteimportante lado da religio. E tambm para se compreender a morte e a vidaatravs das ancestralidades cultuadas nessas comunidades de Itaparica, como umreflexo da sobrevivncia direta, cultural e religiosa dos iorubanos da Nigria.