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Leitura em voz alta “ Venham soprar nos nossos livros. As palavras precisam de corpo. Os nossos livros precisam de ter vida” Daniel Pennac in Como um Romance

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“ Venham soprar nos nossos livros. As palavras precisam de corpo. Os nossos livros precisam de ter vida” Daniel Pennac in Como um Romance

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Leitura em voz alta

“ Venham soprar nos nossos livros.As palavras precisam de corpo.

Os nossos livros precisam de ter vida”Daniel Pennac in Como um Romance

Leitura em voz alta

A leitura em voz alta é uma actividade social que permite dar voz e

significado a um texto. A articulação das palavras, o ritmo, a entoação, o

volume concorrem para dar vida ao texto, de forma a que o ouvinte dê

largas à imaginação.

Leitura em voz alta. Porquê?

Modelo a seguir. Transmitir o prazer de ler por contágio

Meio de comunicação.

Construção de relações. Falar sobre o que se leu favorece as relações e o

desenvolvimento da linguagem oral, pois é criado um clima de confiança que

motiva a querer falar e a manifestar interesses pessoais.

Leitura em voz alta. Porquê?

Respeito pelas opiniões. Ao conversar sobre o lido, os formandos aprendem

que não existem interpretações únicas e que devem respeitar as diferentes das suas

e aprender com elas.

Momento de aprendizagem. Introdução de novos conceitos, novo

vocabulário e informação acerca do mundo. A leitura em voz alta pode eliminar a

falta de concentração e facilitar a compreensão. E, porque facilita a compreensão

permite acesso a obras para além das capacidades dos ouvintes.

Leitura em voz alta. Porquê?

Desenvolvimento da capacidade de escutar, memória e imaginação. Quando os olhos não estão ocupados, a imaginação está livre para voar.

Nas crianças, favorece a auto-estima. A criança sente-se segura ao ter um adulto a ler para ela.

Anima a ler

Selecção de textos

Nem todos as obras servem o propósito

Ter com conta o nível dos ouvintes, os seus interesses,

preocupações e problemas. Muitos adultos de hoje abandonaram a leitura

porque os primeiros 2 ou 3 livros com que tiveram contacto foram muito difíceis.

Ninguém lê por prazer se estiver a fazer um grande esforço e ninguém gosta do que

não compreende.

Que explorem as necessidades fundamentais do ser humano

(amor, segurança …)

Qualidade do texto e o conteúdo

Selecção de textos

Ter em conta diversos tipos de texto (poesia, biografias, obras de

teatro …)

A obra deve ser do agrado do professor

Interesses fundamentais:

Fantástico, mágico

Realismo

Aspectos intelectuais, sentido moral

Prazer na linguagem (todos)

Recomendações:

Preparação: leitura prévia da história. Quem lê expõe aos outros a sua relação

com o texto, o seu conhecimento, mas também a sua ignorância.

Postura correcta. A postura influencia a comunicação. Postura corporal erecta, confortável, de

frente para a plateia. Transmite segurança e vontade de comunicar.

Preparação do espaço. Os ouvintes devem estar confortáveis.

Estabelecer uma quebra entre o tempo escolar e o de leitura em voz

alta.

Apresentar o autor ou propor pesquisa sobre o mesmo.

Comentar o título, falar sobre a época, predizer o conteúdo

Recomendações

Duração da leitura: 10 a 15 minutos.

Imperativo: silêncio. Ainda que seja óbvio, nem sempre é fácil consegui-lo,

numa sociedade e escola em que a personalidade se afirma pelos décibeis que

debita.

Trabalhar a articulação das palavras e a dicção. Pede-se precisão com

os números, devemos fazê-lo com as palavras. Vaca não é o mesmo que baca.

Pausas e entoação: Respirar o texto e respeitar os sinais de

pontuação. “A pontuação é a escrita do silêncio”(Gerardo

Cirianni). A entoação permite enriquecer o significado e a

capacidade expressiva do contador de histórias.

Recomendações

Entoação linguística e entoação emocional. O entusiasmo de quem

conta contagia quem ouve. Da mesma forma, se está num dia não, é melhor adiar

a leitura., para não transmitir no texto que lhe vai na alma. Quem ouve capta o

desinteresse.

Voz: imitações e entoações (voz fininha para um leão e voz grossa para um rato)

Dar tempo às reacções espontâneas

Expressão: usar contacto visual e expressões faciais. Não contrariar o que

dizemos com a linguagem corporal. Manter o contacto visual. Não se trata só do

livro, mas também de quem conta.

“Una lectora modelo debe ser un instrumento perfectamente neutro y dócil. Una pura herramienta. Éste és sin

dua, su límite, pero también su grandeza” (Raymond Jean) A utilização excessiva de mudanças de voz, ritmo

podem levar a uma sobre-actuacão, em que o texto “perde” para quem o lê

Recomendações

Quando parar: na leitura de capítulos, parar a leitura em pontos realmente atractivos e retomar na sessão seguinte.

Atenção a decair: pedir previsões sobre o que vai acontecer .

Formular questões. Valorizar as questões preditivas e de valores. O objectivo é fomentar a participação na discussão e não avaliar os conhecimentos sobre a obra. Não podemos instrumentalizar o livro. (O que faria se estivesse no lugar da personagem, semelhanças entre a obra e a própria experiência …)

Convidar outros professores, pessoal da escola, personalidades do meio para ler. Contribui para a valorização do acto de ler. O texto deve ser previamente fornecido a quem vai ler, para que se possa preparar.

Solicitar voluntários de entre os formandos para ler. Não deve ser imposto, assim como a leitura não deve ser avaliada.

Estratégias

O objectivo destas estratégias é que cada um vá ganhando confiança na leitura em voz alta, para que não se sinta um estranho ao ler para outros.

O importante é soltar a voz.

Estratégias trabalhar a articulação, sílabas e velocidade

Ler o texto, variando a intensidade de acordo com o tamanho das letras

Ler, memorizar e recitar trava-línguas.

Quem continua? Numeram-se as linhas do poemas. Distribuem-se cartões com números do 1 ao X, tantos quantos os alunos. Cada aluno deverá ler a sua linha, na ordem estabelecida.

Ler textos diversos, de acordo com regras pré-estabelecidas: não ler o “O”, não ler o “R”, subir o tom no “A”

Estratégias trabalhar a articulação, sílabas e velocidade

Ler textos sem sentido. Conversar sobre a dificuldade em “ler bem” sem compreender o texto.

Ler o texto de diferentes formas: alto, baixo, a rir, a chorar, assustado, com soluços, bêbado, a gritar, constipado, com muito sono, com o dedo no nariz, furioso, chique, militar, sem dentes, como um político.

Ler o texto mudando a velocidade: nos parágrafos pares, ler devagar, nos ímpares, ler rápido.

Estratégias para trabalhar as pausas, volume e entoação

Ler textos sem pontuação

Leitura colectiva de um texto em prosa ou poema. Combina-

se previamente onde parar a leitura (sinal de pontuação, linha

…). Este tipo de leitura obriga o leitor seguinte a ajustar o tom

e ritmo da leitura, para garantir a coerência do texto.

Escrever palavras que sugiram leveza, peso, calor, frio, triste,

alegre. Ler cada uma com o tom que sugere o seu significado.

Construir frases com as palavras e repetir o tom.

Estratégias para trabalhar as pausas, volume e entoação

Fazer corresponder sons aos sinais de pontuação. Uma pancada na

mesa para o ponto final, bater uma palma para as vírgulas, um

ohhhhhhhhhhh para as reticências, um ah? para a interrogação, e

ler um texto usando estes sons.

Estratégias para recitar poemas e leitura de contos

Seleccionar poemas ou contos tradicionais curtos e preparar a sua

leitura expressiva, anotando nas margens como se deve ler

(calmo, em tom de ameaça, com tom de gozo, olhar o público,

etc). Atender aos sinais de pontuação.

Procurar gestos e movimentos que se escondem nos textos, e que

ajudam a transmitir o seu conteúdo.

Realizar jogos de mímica e expressões(provérbios, poemas …)

Algumas questões

Ler em voz alta é estar “em directo” para uma plateia com gostos diferentes e ritmos diferentes, pelo que a leitura pode não agradar a todos.

Na leitura em voz alta, a imitação tem um papel importante. É necessário dispor de bons modelos para imitar e quanto mais diversos melhor.