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1. Lei Estadual nº 14.170 2. de 15 de janeiro de 2002 Artigo 1º Este Decreto estabelece o procedimento administrativo para a apuração e punição de toda manifestação de discriminação, coação e atentado contra os direitos da pessoa em razão de sua orientação sexual. Artigo 2º Para os efeitos desta lei, consideramse discriminação, coação e atentado contra os direitos da pessoa os seguintes atos, desde que comprovadamente praticados em razão da orientação sexual da vítima: I constrangimento de ordem física, psicológica ou moral; II proibição de ingresso ou permanência em logradouro público, estabelecimento público ou estabelecimento aberto ao público, inclusive o de propriedade de ente privado; III preterição ou tratamento diferenciado em logradouro público, estabelecimento público ou estabelecimento aberto ao público, inclusive o de propriedade de ente privado; IV coibição de manifestação de afeto em logradouro público, estabelecimento público ou estabelecimento aberto ao público, inclusive o de propriedade de ente privado; V impedimento, preterição ou tratamento diferenciado nas relações que envolvam a aquisição, a locação, o arrendamento ou o empréstimo de bem móvel ou imóvel, para qualquer finalidade; VI demissão, punição, impedimento de acesso, preterição ou tratamento diferenciado nas relações que envolvam o acesso ao emprego e o exercício da atividade profissional. Artigo 3º A pessoa jurídica de direito privado que, por ação de seu proprietário, preposto ou empregado no efetivo exercício de suas atividades profissionais, praticar ato previsto no art. 2º fica sujeita a: I advertência; II multa de valor entre R$1.000,00 (um mil reais) a R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais), atualizados pelos fatores de atualização monetária da CorregedoriaGeral da Justiça do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais; III suspensão do funcionamento do estabelecimento de 1 (um) a 7 (sete) dias; IV interdição do estabelecimento de 8 (oito) a 30

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1. Lei Estadual nº 14.170 2. de 15 de janeiro de 2002

Artigo 1º ­ Este Decreto estabelece o procedimento administrativo para a apuração e punição de toda manifestação de discriminação, coação e atentado contra os direitos da pessoa em razão de sua orientação sexual. Artigo 2º ­ Para os efeitos desta lei, consideram­se discriminação, coação e atentado contra os direitos da pessoa os seguintes atos, desde que comprovadamente praticados em razão da orientação sexual da vítima: I ­ constrangimento de ordem física, psicológica ou moral; II ­ proibição de ingresso ou permanência em logradouro público, estabelecimento público ou estabelecimento aberto ao público, inclusive o de propriedade de ente privado; III ­ preterição ou tratamento diferenciado em logradouro público, estabelecimento público ou estabelecimento aberto ao público, inclusive o de propriedade de ente privado; IV ­ coibição de manifestação de afeto em logradouro público, estabelecimento público ou estabelecimento aberto ao público, inclusive o de propriedade de ente privado; V ­ impedimento, preterição ou tratamento diferenciado nas relações que envolvam a aquisição, a locação, o arrendamento ou o empréstimo de bem móvel ou imóvel, para qualquer finalidade; VI ­ demissão, punição, impedimento de acesso, preterição ou tratamento diferenciado nas relações que envolvam o acesso ao emprego e o exercício da atividade profissional. Artigo 3º ­ A pessoa jurídica de direito privado que, por ação de seu proprietário, preposto ou empregado no efetivo exercício de suas atividades profissionais, praticar ato previsto no art. 2º fica sujeita a: I ­ advertência; II ­ multa de valor entre R$1.000,00 (um mil reais) a R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais), atualizados pelos fatores de atualização monetária da Corregedoria­Geral da Justiça do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais; III ­ suspensão do funcionamento do estabelecimento de 1 (um) a 7 (sete) dias; IV ­ interdição do estabelecimento de 8 (oito) a 30

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(dias); V ­ inabilitação para acesso a créditos estaduais; VI ­ rescisão de contrato firmado com órgão ou entidade da administração pública estadual; VII ­ inabilitação para concessão de isenção, remissão, anistia ou qualquer outro benefício de natureza tributária. § primeiro ­ Os valores pecuniários recolhidos na forma do inciso II deste artigo serão integralmente destinados ao Fundo de Promoção dos Direitos Humanos até que seja criado o centro de referência de que trata o art. 6º da Lei nº 14.170/02. § segundo ­ Nos casos em que, pela natureza do serviço prestado pelo estabelecimento, não for conveniente ao interesse público a aplicação das sanções previstas nos incisos III e IV, a multa estabelecida será aplicada em dobro a cada ocorrência. § terceiro ­ Quando a infração estiver associada a atos de violência ou outras formas de discriminação ou preconceito, como as baseadas em raça ou cor da pele, deficiência física, convicção religiosa ou política, condição social ou econômica, não será aplicada a pena de advertência, devendo a punição ser fixada entre as demais sanções previstas no art. 3º deste Decreto. § quarto ­ As sanções previstas no caput deste artigo poderão ser aplicadas cumulativamente, de acordo com a gravidade da infração. § quinto ­ Ao infrator é assegurado o direito à ampla defesa e ao contraditório. Artigo 4º ­ A punição aplicada e sua graduação serão fixadas em decisão fundamentada, tendo em vista a gravidade da infração, sua repercussão social e reincidência do infrator. Artigo 5º ­ Se ao término do procedimento administrativo o órgão competente concluir pela existência da infração, deverá encaminhar cópia dos autos ao Ministério Público. Parágrafo único ­ Os papéis, peças publicitárias ou demais matérias de cunho discriminatório ficarão à disposição das autoridades policiais e judiciárias, sendo encaminhadas se requisitadas. Artigo 6º ­ A pessoa jurídica de direito público que, por ação de seu dirigente, preposto ou empregado no efetivo exercício de suas atividades profissionais, praticar algum ato previsto no art. 2º deste Decreto fica

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sujeita, no que couber, às sanções previstas no seu art. 3º. Parágrafo único ­ O infrator, quando agente do poder público, terá a conduta averiguada por meio de procedimento apuratório instaurado por órgão competente, sem prejuízo das sanções penais cabíveis. Artigo 7º ­ O procedimento administrativo será iniciado pelo Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos de Minas Gerais ­ CONEDH/MG, mediante requerimento: I ­ da vítima ou de seu representante legal; II ­ de entidade de defesa dos direitos humanos, em nome da vítima; III ­ de autoridade competente. Parágrafo único ­ O requerimento deverá ser instruído com o registro de ocorrência do fato lavrado por órgão oficial, representação criminal ou rol de testemunhas. Artigo 8º ­ O CONEDH/MG poderá celebrar termos de cooperação com conselhos municipais, visando facilitar o encaminhamento de denúncias provenientes do interior do estado de Minas Gerais. Artigo 9º ­ Fica instituída, na estrutura do CONEDH, Comissão Especial incumbida de: I ­ receber denúncia de manifestação de discriminação, coação e atentado contra os direitos da pessoa em razão de sua orientação sexual praticada por dirigente, preposto ou empregado de pessoa jurídica de direito público ou privado, no exercício de suas atividades profissionais; II ­ instaurar e conduzir o procedimento administrativo para a apuração das denúncias de que trata o inciso anterior; III ­ aplicar as penalidades previstas no art. 3º deste Decreto; IV ­ elaborar o seu regimento interno. Artigo 10 ­ A Comissão Especial será composta por 5 (cinco) membros, sendo: I ­ 2 (dois) escolhidos entre os membros do CONEDH/MG; II ­ 2 (dois) escolhidos em eleição direta por entidades representativas movimento homossexual, sendo 1 (um) representante de Belo Horizonte e região metropolitana e 1 (um) representante do interior do estado de Minas Gerais; II ­ 1 (um), com a função de coordenador, indicado pela Subsecretaria de Direitos Humanos do Estado de Minas Gerais.

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§ primeiro ­ Os membros da Comissão Especial terão suplentes que os substituirão nos impedimentos. § segundo ­ Os membros da Comissão Especial serão designados pelo Governador do Estado, conjuntamente com os seus suplentes e terão mandato de 2 (dois) anos, admitida uma recondução. Artigo 11 ­ As decisões da Comissão Especial serão tomadas na forma de seu regimento interno e das disposições deste Decreto. Artigo 12 ­ Das decisões da Comissão Especial caberá recurso ao plenário do CONEDH/MG. Artigo 13 ­ A execução da penalidade caberá: I ­ À Comissão Especial no caso de advertência; II ­ À Secretaria de Estado da Fazenda no caso de multa; III ­ Ao órgão público competente no caso dos incisos III, IV, V, VI e VII do art. 3º. Artigo 14 ­ A Imprensa Oficial do Estado deverá, sob orientação da Comissão Especial, confeccionar e distribuir gratuitamente material gráfico com o inteiro teor da Lei Estadual nº 14.170, de 15 de janeiro de 2002. Artigo 15 ­ Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

(publicado em 10/12/03).