lei 142 de 2015

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  • 7/24/2019 Lei 142 de 2015

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    7198 Dirio da Repblica, 1. srie N. 175 8 de setembro de 2015

    SECO VI

    Averiguao oficiosa da maternidade ou da paternidade

    Artigo 60.

    Instruo

    1 A instruo dos processos de averiguao oficiosapara investigao de maternidade ou paternidade ou parasua impugnao incumbe ao Ministrio Pblico, que podeusar de qualquer meio de prova legalmente admitido.

    2 So obrigatoriamente reduzidos a escrito os de-poimentos dos pais ou dos presumidos progenitores e asprovas que concorram para o esclarecimento do tribunal.

    Artigo 61.

    Carcter secreto do processo

    1 A instruo do processo secreta e conduzida porforma a evitar ofensa reserva e dignidade das pessoas.

    2 No processo no h lugar a interveno de man-datrios judiciais, salvo na fase de recurso.3 As pessoas podem ser assistidas por advogado nas

    diligncias para que forem convocadas.

    Artigo 62.

    Deciso final do Ministrio Pblico

    1 Finda a instruo, o Ministrio Pblico emite decisosobre a inviabilidade da ao de investigao de maternidadeou paternidade ou de impugnao desta, ou, concluindo pelaviabilidade, prope a ao de investigao ou de impugnao.

    2 Nas situaes em que no haja lugar propositurada ao a que se refere o artigo anterior pelo decurso do

    prazo a que alude a alnea b) do artigo 1809. do CdigoCivil, o Ministrio Pblico inicia de imediato todas asdiligncias tidas por necessrias instaurao de aode investigao, usando de todos os meios de prova jrecolhidos no mbito da instruo da averiguao oficiosa.

    3 A deciso de inviabilidade proferida pelo Minis-trio Pblico notificada aos interessados.

    Artigo 63.

    Reapreciao hierrquica

    Da deciso de inviabilidade admissvel reapreciaohierrquica, a qual deve ser requerida no prazo de 10 diasjunto do imediato superior hierrquico.

    Artigo 64.

    Termo de perfilhao

    Quando o presumido progenitor confirme a materni-dade ou a paternidade, imediatamente lavrado termo daperfilhao, na presena do Ministrio Pblico.

    SECO VII

    Processos regulados no Cdigo de Processo Civil

    Artigo 65.

    TramitaoAs providncias que tenham correspondncia nos pro-

    cessos e incidentes regulados no Cdigo de Processo Civilseguem os termos a prescritos, com as adaptaes resul-tantes do disposto no RGPTC.

    SECO VIII

    Apadrinhamento civil

    Artigo 66.

    Tramitao

    constituio e revogao da relao de apadrinhamentocivil aplicam-se as normas processuais constantes do Re-gime Jurdico do Apadrinhamento Civil, aprovado pela Lein. 103/2009, de 11 de setembro, e o disposto no RGPTC,em tudo quanto no contrarie aquele regime especial.

    SECO IX

    Ao tutelar comum

    Artigo 67.

    Tramitao

    Sempre que a qualquer providncia cvel no corres-ponda nenhuma das formas de processo previstas nasseces anteriores, o tribunal pode ordenar livrementeas diligncias que repute necessrias antes de proferir adeciso final.

    Lei n. 142/2015

    de 8 de setembro

    Segunda alterao Lei de Proteo de Crianas e Jovensem Perigo, aprovada pela Lei n. 147/99, de 1 de setembro

    A Assembleia da Repblica decreta, nos termos da

    alnea c) do artigo 161. da Constituio, o seguinte:Artigo 1.

    ObjetoA presente lei procede segunda alterao Lei de Pro-

    teo de Crianas e Jovens em Perigo, aprovada pela Lein. 147/99, de 1 de setembro, alterada pela Lei n. 31/2003,de 22 de agosto.

    Artigo 2.

    Alterao Lei de Proteo de Crianas e Jovens em Perigo

    Os artigos 3., 4., 5., 7., 9., 11. a 15., 17. a 26.,29. a 33., 35., 37., 38.-A, 43., 46., 49. a 51., 53.,

    54., 57. a 63., 68. a 70., 73., 75., 79., 81., 82., 84.,85., 87., 88., 91., 92., 94. a 99., 101., 103., 105.,106., 108., 110., 111., 114., 118., 123., 124. e 126.da Lei de Proteo de Crianas e Jovens em Perigo, apro-vada pela Lei n. 147/99, de 1 de setembro, alterada pelaLei n. 31/2003, de 22 de agosto, passam a ter a seguinteredao:

    Artigo 3.

    [...]

    1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .d) Est aos cuidados de terceiros, durante perodo de

    tempo em que se observou o estabelecimento com estes

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    Dirio da Repblica, 1. srie N. 175 8 de setembro de 2015 7199

    de forte relao de vinculao e em simultneo com ono exerccio pelos pais das suas funes parentais;

    e) [Anterior alnea d).]f) [Anterior alnea e).]g) [Anterior alnea f).]

    Artigo 4.[...]

    . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    a) Interesse superior da criana e do jovem a in-terveno deve atender prioritariamente aos interessese direitos da criana e do jovem, nomeadamente con-tinuidade de relaes de afeto de qualidade e signifi-cativas, sem prejuzo da considerao que for devidaa outros interesses legtimos no mbito da pluralidadedos interesses presentes no caso concreto;

    b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    d) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .e) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .f) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .g) Primado da continuidade das relaes psicolgicas

    profundas a interveno deve respeitar o direito dacriana preservao das relaes afetivas estruturantesde grande significado e de referncia para o seu saudvel eharmnico desenvolvimento, devendo prevalecer as medidasque garantam a continuidade de uma vinculao securizante;

    h) Prevalncia da famlia na promoo dos direitose na proteo da criana e do jovem deve ser dada pre-valncia s medidas que os integrem em famlia, querna sua famlia biolgica, quer promovendo a sua adoo

    ou outra forma de integrao familiar estvel;i) [Anterior alnea h).]j) [Anterior alnea i).]k) [Anterior alnea j).]

    Artigo 5.

    [...]

    . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .c) Situao de emergncia a situao de perigo

    atual ou iminente para a vida ou a situao de perigo

    atual ou iminente de grave comprometimento da in-tegridade fsica ou psquica da criana ou jovem, queexija proteo imediata nos termos do artigo 91., ouque determine a necessidade imediata de aplicao demedidas de promoo e proteo cautelares;

    d) Entidades com competncia em matria de infnciae juventude as pessoas singulares ou coletivas, p-

    blicas, cooperativas, sociais ou privadas que, por desen-volverem atividades nas reas da infncia e juventude,tm legitimidade para intervir na promoo dos direitose na proteo da criana e do jovem em perigo;

    e) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .f) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    Artigo 7.[...]

    1 As entidades com competncia em matriade infncia e juventude devem, no mbito das suas

    atribuies, promover aes de preveno primria esecundria, nomeadamente, mediante a definio deplanos de ao local para a infncia e juventude, vi-sando a promoo, defesa e concretizao dos direitosda criana e do jovem.

    2 As entidades com competncia em matria de

    infncia e juventude devem promover e integrar parce-rias e a elas recorrer, sempre que, pelas circunstncias docaso, a sua interveno isolada no se mostre adequada efetiva promoo dos direitos e proteo da crianaou do jovem.

    3 A interveno das entidades com competnciaem matria de infncia e juventude efetuada de modoconsensual com as pessoas de cujo consentimento de-penderia a interveno da comisso de proteo nostermos do artigo 9.

    4 Com vista concretizao das suas atribuies,cabe s entidades com competncia em matria de in-fncia e juventude:

    a) Avaliar, diagnosticar e intervir em situaes derisco e perigo;b) Implementar estratgias de interveno necessrias

    e adequadas diminuio ou erradicao dos fatoresde risco;

    c) Acompanhar a criana, jovem e respetiva famliaem execuo de plano de interveno definido pelaprpria entidade, ou em colaborao com outras enti-dades congneres;

    d) Executar os atos materiais inerentes s medidasde promoo e proteo aplicadas pela comisso deproteo ou pelo tribunal, de que sejam incumbidas,nos termos do acordo de promoo e proteo ou dadeciso judicial.

    5 No exerccio das competncias conferidas nonmero anterior cabe s entidades com competncia emmatria de infncia e juventude elaborar e manter umregisto atualizado, do qual conste a descrio sumriadas diligncias efetuadas e respetivos resultados.

    Artigo 9.

    [...]

    1 A interveno das comisses de proteo dascrianas e jovens depende, nos termos da presente lei,do consentimento expresso e prestado por escrito dos

    pais, do representante legal ou da pessoa que tenha aguarda de facto, consoante o caso.2 A interveno das comisses de proteo das

    crianas e jovens depende do consentimento de ambosos progenitores, ainda que o exerccio das responsabi-lidades parentais tenha sido confiado exclusivamentea um deles, desde que estes no estejam inibidos doexerccio das responsabilidades parentais.

    3 Quando o progenitor que deva prestar consenti-mento, nos termos do nmero anterior, estiver ausenteou, de qualquer modo, incontactvel, suficiente oconsentimento do progenitor presente ou contactvel,sem prejuzo do dever de a comisso de proteo dili-genciar, comprovadamente e por todos os meios ao seu

    alcance, pelo conhecimento do paradeiro daquele, comvista prestao do respetivo consentimento.

    4 Quando tenha sido instituda a tutela, o con-sentimento prestado pelo tutor ou, na sua falta, peloprotutor.

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    5 Se a criana ou o jovem estiver confiado guarda de terceira pessoa, nos termos dos artigos 1907.e 1918. do Cdigo Civil, ou se encontrar a viver comuma pessoa que tenha apenas a sua guarda de facto, oconsentimento prestado por quem tem a sua guarda,ainda que de facto, e pelos pais, sendo suficiente o con-

    sentimento daquela para o incio da interveno.6 Se, no caso do nmero anterior, no for possvelcontactar os pais apesar da realizao das dilignciasadequadas para os encontrar, aplica-se, com as neces-srias adaptaes, o disposto no n. 3.

    7 A interveno das comisses de proteo dascrianas e jovens depende ainda do consentimentoexpresso e prestado por escrito daqueles que hajamapadrinhado civilmente a criana ou jovem, enquantosubsistir tal vnculo.

    8 Nos casos previstos nos n.os 3 e 5, cessa a legi-timidade da comisso de proteo para a intervenoa todo o momento, caso o progenitor no inibido do

    exerccio das responsabilidades parentais se oponha interveno.

    Artigo 11.

    [...]

    1 (Anterior promio do corpo do artigo):

    a) [Anterior alnea a)do corpo do artigo];b) A pessoa que deva prestar consentimento, nos

    termos do artigo 9., haja sido indiciada pela prtica decrime contra a liberdade ou a autodeterminao sexualque vitime a criana ou jovem carecidos de proteo, ouquando, contra aquela tenha sido deduzida queixa pela

    prtica de qualquer dos referidos tipos de crime;c) No seja prestado ou seja retirado o consenti-mento necessrio interveno da comisso de prote-o, quando o acordo de promoo e de proteo sejareiteradamente no cumprido ou quando ocorra incum-primento do referido acordo de que resulte situao degrave perigo para a criana;

    d) No seja obtido acordo de promoo e proteo,mantendo-se a situao que justifique a aplicao demedida;

    e) [Anterior alnea c)do corpo do artigo];f) [Anterior alnea d)do corpo do artigo];g) Decorridos seis meses aps o conhecimento da

    situao pela comisso de proteo no tenha sido pro-ferida qualquer deciso e os pais, representante legal ouas pessoas que tenham a guarda de facto da criana oujovem requeiram a interveno judicial;

    h) [Anterior alnea f)do corpo do artigo];i) O processo da comisso de proteo seja apensado

    a processo judicial, nos termos da lei;j) Na sequncia da aplicao de procedimento urgente

    previsto no artigo 91.

    2 A interveno judicial tem ainda lugar quando,atendendo gravidade da situao de perigo, especialrelao da criana ou do jovem com quem a provocou ouao conhecimento de anterior incumprimento reiterado de

    medida de promoo e proteo por quem deva prestarconsentimento, o Ministrio Pblico, oficiosamente ousob proposta da comisso, entenda, de forma justificada,que, no caso concreto, no se mostra adequada a inter-veno da comisso de proteo.

    3 Para efeitos do disposto nos nmeros anteriores,a comisso remete o processo ao Ministrio Pblico.

    Artigo 12.

    [...]

    1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3 As comisses de proteo so declaradas instala-

    das por portaria dos membros do Governo responsveispelas reas da justia, da solidariedade e da seguranasocial.

    Artigo 13.

    [...]

    1 Os servios pblicos, as autoridades administra-tivas e as entidades policiais tm o dever de colaborarcom as comisses de proteo no exerccio das suasatribuies.

    2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3 O dever de colaborao abrange o de informao

    e o de emisso, sem quaisquer encargos, de certides,relatrios e quaisquer outros documentos consideradosnecessrios pelas comisses de proteo, no exercciodas suas competncias de promoo e proteo.

    Artigo 14.

    Apoio ao funcionamento

    1 O apoio ao funcionamento das comisses deproteo, designadamente, nas vertentes logstica, fi-nanceira e administrativa, assegurado pelo municpio,

    podendo, para o efeito, ser celebrados protocolos decooperao com os servios e organismos do Estadorepresentados na Comisso Nacional.

    2 O apoio logstico abrange os meios, equipamen-tos e recursos necessrios ao bom funcionamento dascomisses de proteo, designadamente, instalaes,informtica, comunicao e transportes, de acordo comos termos de referncia a definir pela Comisso Na-cional.

    3 O apoio financeiro consiste na disponibilizao:

    a) De um fundo de maneio, destinado a suportardespesas ocasionais e de pequeno montante resultantesda ao das comisses de proteo junto das crianas e

    jovens, suas famlias ou pessoas que tm a sua guardade facto, de acordo com os termos de referncia a definirpela Comisso Nacional;

    b) De verba para contratao de seguro que cubra osriscos que possam ocorrer no mbito do exerccio dasfunes dos comissrios previstos nas alneas h), i), j),l) em) do n. 1 do artigo 17.

    4 O apoio administrativo consiste na cedncia defuncionrio administrativo, de acordo com os termos dereferncia a definir pela Comisso Nacional.

    5 Excecionalmente, precedendo parecer favorvelda Comisso Nacional, os municpios podem protocolarcom outros servios representados nas comisses de

    proteo que lhes proporcionem melhores condiesde apoio logstico.

    6 Os critrios de atribuio do apoio ao funcio-namento das comisses de proteo devem ser fixadostendo em considerao a populao residente com idade

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    Dirio da Repblica, 1. srie N. 175 8 de setembro de 2015 7201

    inferior a 18 anos, o volume processual da comisso ea adequada estabilidade da interveno protetiva, nostermos a definir pela Comisso Nacional.

    Artigo 15.

    [...]

    1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 Tendo em vista a qualificao da resposta pro-

    tetiva, mediante proposta dos municpios envolvidos eprecedendo parecer favorvel da Comisso Nacional,podem ser criadas:

    a) Nos municpios com maior nmero de habitantes equando se justifique, mais de uma comisso de proteo,com competncias numa ou mais freguesias, nos termosa definir pela portaria de instalao;

    b) Em municpios adjacentes com menor nmerode habitantes e quando se justifique, comisses inter-municipais, nos termos a definir pela portaria de ins-

    talao.

    Artigo 17.

    [...]

    1 (Anterior promio do corpo do artigo):

    a) Um representante do municpio, a indicar pelacmara municipal, dos municpios, a indicar pelas c-maras municipais, no caso previsto na alnea b) do n. 2do artigo 15., ou das freguesias, a indicar por estas, nocaso previsto na alnea a) do n. 2 do artigo 15., de entrepessoas com especial interesse ou aptido na rea dascrianas e jovens em perigo;

    b) [Anterior alnea b)do corpo do artigo];c) [Anterior alnea c)do corpo do artigo];d) Um representante do Ministrio da Sade, pre-

    ferencialmente mdico ou enfermeiro, e que integre,sempre que possvel, o Ncleo de Apoio s Crianas eJovens em Risco;

    e) Um representante das instituies particulares desolidariedade social ou de outras organizaes no gover-namentais que desenvolvam, na rea de competncia terri-torial da comisso de proteo, respostas sociais de carterno residencial, dirigidas a crianas, jovens e famlias;

    f) Um representante do organismo pblico compe-tente em matria de emprego e formao profissional;

    g) Um representante das instituies particulares desolidariedade social ou de outras organizaes no go-vernamentais que desenvolvam, na rea de competnciaterritorial da comisso de proteo, respostas sociais decarter residencial dirigidas a crianas e jovens;

    h) [Anterior alnea g)do corpo do artigo];i)[Anterior alnea h)do corpo do artigo];j) [Anterior alnea i)do corpo do artigo];k) Um representante de cada fora de segurana,

    dependente do Ministrio da Administrao Interna,presente na rea de competncia territorial da comissode proteo;

    l) Quatro cidados eleitores, preferencialmente comespeciais conhecimentos ou capacidades para intervir na

    rea das crianas e jovens em perigo, designados pelaassembleia municipal, ou pelas assembleias municipaisou assembleia de freguesia, nos casos previstos, respe-tivamente, nas alneas b) ea) do no n. 2 do artigo 15.;

    m) [Anterior alnea m)do corpo do artigo].

    2 Nos casos da alnea b) do n. 2 do artigo 15.a designao dos cidados eleitores a que se reporta aalnea l) do nmero anterior deve ser feita por acordoentre os municpios envolvidos, privilegiando-se, sem-pre que possvel, a representatividade das diversas po-pulaes locais.

    3 Nos casos previstos no n. 2 do artigo 15. acomposio da comisso observa a representatividadeinterinstitucional e pluridisciplinar prevista no n. 1 dopresente artigo.

    Artigo 18.

    [...]

    1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .d) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    e) Colaborar com as entidades competentes na cons-tituio, funcionamento e formulao de projetos e ini-ciativas de desenvolvimento social local na rea dainfncia e da juventude;

    f) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .g) Analisar a informao semestral relativa aos pro-

    cessos iniciados e ao andamento dos pendentes na co-misso restrita, sem prejuzo do disposto no artigo 88.;

    h) Prestar o apoio e a colaborao que a comissorestrita solicitar, nomeadamente no mbito da dispo-nibilizao dos recursos necessrios ao exerccio dassuas funes;

    i) Elaborar e aprovar o plano anual de atividades;j) Aprovar o relatrio anual de atividades e avaliao

    e envi-lo Comisso Nacional, assembleia municipale ao Ministrio Pblico;

    k) Colaborar com a Rede Social na elaborao doplano de desenvolvimento social local, na rea da in-fncia e juventude.

    3 No exerccio das competncias previstas nasalneas b), c), d) ee) do nmero anterior, a comissodeve articular com a Rede Social local.

    Artigo 19.

    [...]

    1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 O plenrio da comisso rene com a periodici-dade exigida pelo cumprimento das suas funes, nomnimo mensalmente.

    3 O exerccio de funes na comisso alargadapressupe a afetao dos comissrios ao trabalho efe-tivo na comisso, por tempo no inferior a oito horasmensais, a integrar o perodo normal de trabalho.

    Artigo 20.

    [...]

    1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 So, por inerncia, membros da comisso restrita

    o presidente da comisso de proteo e os representantesdo municpio, ou dos municpios ou das freguesias noscasos previstos, respetivamente, nas alneas b) ea) do non. 2 do artigo 15., e da segurana social, da educaoe da sade quando no exeram a presidncia.

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    7202 Dirio da Repblica, 1. srie N. 175 8 de setembro de 2015

    3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6 Nos casos em que o exerccio de funes a

    tempo inteiro pelos comissrios no garanta a obser-vncia dos critrios previstos no n. 3 do artigo 22., as

    entidades mencionadas nas alneas a), b), c) ek) do n. 1do artigo 17. disponibilizam ainda tcnicos para apoio comisso, aplicando-se com as devidas adaptaes odisposto no n. 2 do artigo seguinte.

    Artigo 21.

    [...]

    1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .b) Decidir da abertura e da instruo do processo de

    promoo e proteo;

    c) Apreciar liminarmente as situaes de que a co-misso de proteo tenha conhecimento, decidindo oarquivamento imediato do processo quando se verifiquemanifesta desnecessidade de interveno;

    d) [Anterior alnea c).]e) [Anterior alnea d).]f) [Anterior alnea e).]g) Decidir a aplicao e acompanhar e rever as medi-

    das de promoo e proteo, com exceo da medida deconfiana a pessoa selecionada para a adoo, a famliade acolhimento ou a instituio com vista a adoo;

    h) Praticar os atos de instruo e acompanhamentode medidas de promoo e proteo que lhe sejam so-licitados no contexto de processos de colaborao comoutras comisses de proteo;

    i) [Anterior alnea g)].

    Artigo 22.

    [...]

    1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3 Os membros da comisso restrita exercem fun-

    es em regime de tempo completo ou de tempo parcial,em conformidade com os critrios de referncia estabe-lecidos pela Comisso Nacional.

    4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    5 Quando a entidade representada ou responsvelpor disponibilizar tcnicos para apoio nos termos don. 6 do artigo 20., no cumprir os tempos de afetaodefinidos nos termos do n. 3, deve o presidente dacomisso de proteo comunicar a referida irregulari-dade ao Ministrio Pblico e Comisso Nacional, nos30 dias que se seguem sua verificao, cabendo a estaltima providenciar junto das entidades competentespela sanao daquela irregularidade.

    Artigo 23.

    [...]

    1 O presidente da comisso de proteo eleito

    pelo plenrio da comisso alargada de entre todos osseus membros.

    2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3 O secretrio substitui o presidente nas suas faltas

    e impedimentos.

    4 O exerccio efetivo da presidncia obrigatriopara o membro eleito e vincula, nos casos aplicveis, aentidade representada.

    5 O presidente da comisso exerce as suas funesa tempo inteiro, sempre que a populao residente narea de competncia territorial da respetiva comisso

    for, pelo menos, igual a 5000 habitantes com idade igualou inferior a 18 anos.6 O exerccio das funes do presidente da comisso

    de proteo obrigatoriamente considerado e valorizado,quer para efeitos da avaliao de desempenho pela suaentidade de origem, quer para progresso na carreira, querainda em procedimentos concursais a que se candidate.

    7 Para efeitos da vinculao a que se refere o n. 4,a comisso emite e disponibiliza entidade de origemcertido da ata da reunio que elegeu o presidente.

    Artigo 24.

    [...]

    . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .d) Coordenar os trabalhos de elaborao do plano

    anual de atividades, elaborar o relatrio anual de ativida-des e avaliao e submet-los aprovao da comissoalargada;

    e) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .f) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    Artigo 25.

    [...]1 Os membros da comisso de proteo repre-

    sentam e obrigam os servios e as entidades que osdesignam, sendo responsveis pelo cumprimento dosobjetivos contidos no plano anual de ao do serviorespetivo para a proteo da criana, designadamenteno que respeita s responsabilidades destes servios nombito das comisses de proteo de crianas e jovens.

    2 O exerccio das funes dos membros da comis-so de proteo, no mbito da competncia desta, tmcarter prioritrio relativamente s que exercem nos res-

    petivos serviose constituem servio pblico obrigatriosendo consideradas, para todos os efeitos, como presta-

    das na profisso, atividade ou cargo do respetivo titular.3 A formao inicial e contnua dos membros dascomisses constitui um dever e um direito, cabendo entidade representada ou Comisso Nacional, no casodos comissrios previstos nas alneas h), i), j), l) em)do n. 1 do artigo 17., proporcionar os meios indispen-sveis frequncia dessas aes.

    4 Quando demandados por atos praticados noexerccio das suas funes, os membros da comissode proteo gozam de iseno de custas, cabendo entidade representada ou Comisso Nacional, no casodos comissrios previstos nas alneas h), i), j), l) em)do n. 1 do artigo 17., assegurar os custos inerentes aorespetivo patrocnio judicirio.

    5 Os membros da comisso de proteo tm di-reito atribuio e ao uso de carto de identificao, demodelo aprovado por portaria dos membros do Governoresponsveis pelas reas da justia, da solidariedade eda segurana social.

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    Artigo 26.

    [...]

    1 Os membros da comisso de proteo so de-signados por um perodo de trs anos, renovvel porduas vezes.

    2 Excecionalmente, o exerccio de funes nacomisso de proteo pode prolongar-se para alm doprazo mximo estabelecido no nmero anterior, desig-nadamente nos casos de impossibilidade de substituiodo membro, desde que haja acordo entre o comissrio ea entidade representada, nos casos aplicveis, e parecerfavorvel da comisso nacional.

    3 O presidente da comisso eleito pelo perodode trs anos, renovvel por uma nica vez.

    4 Os comissrios mantm-se em funes at aofinal do seu mandato.

    5 Decorrido o perodo de nove anos consecutivosde exerccio de funes na comisso de proteo, spode ocorrer designao do mesmo comissrio para oreferido exerccio, decorrido que seja o perodo com-pleto de durao de um mandato, com exceo dassituaes previstas no n. 2.

    Artigo 29.

    [...]

    1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 A ata contm a identificao dos membros pre-

    sentes e indica se as deliberaes foram tomadas pormaioria ou por unanimidade, fazendo ainda meno aos

    pareceres emitidos nos termos do n. 2 do artigo 20.-A.

    Artigo 30.[...]

    As comisses de proteo so acompanhadas, apoia-das e avaliadas pela Comisso Nacional.

    Artigo 31.

    [...]

    . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    a) Proporcionar formao especializada e informaoadequadas no domnio da promoo dos direitos e daproteo das crianas e jovens em perigo;

    b) Formular orientaes e emitir diretivas genricasrelativamente ao exerccio das competncias das comis-ses de proteo, bem como formular recomendaesquanto ao seu regular funcionamento e composio;

    c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .d) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .e) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .f) Promover mecanismos de superviso e auditar as

    comisses de proteo;g) Participar na execuo de inspees atividade

    das comisses de proteo promovidas pelo MinistrioPblico e a seu requerimento.

    Artigo 32.

    [...]

    1 As comisses de proteo elaboram anualmenteum relatrio de atividades, com identificao da situaoe dos problemas existentes na respetiva rea de inter-

    veno territorial em matria de promoo dos direitose proteo das crianas e jovens em perigo, incluindodados estatsticos e informaes que permitam conhecera natureza dos casos apreciados e as medidas aplicadase avaliar as dificuldades e a eficcia da interveno.

    2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5 A Comisso Nacional promove a realizao

    anual de um encontro de avaliao das comisses deproteo, com base na divulgao e anlise do relatriode atividades nacional.

    6 A Comisso Nacional envia Assembleia daRepblica, at 30 de junho, o Relatrio Anual de ava-liao das CPCJ.

    Artigo 33.

    [...]

    1 As comisses de proteo so objeto de audito-rias e de inspeo nos termos da lei.2 As auditorias s comisses de proteo so da

    competncia da Comisso Nacional e so efetuadas nostermos previstos no diploma que aprova a sua orgnica,visando exclusivamente:

    a) Aferir o regular funcionamento e composio dascomisses de proteo, tendo por referncia o quadrolegal constante dos artigos 15. a 29.;

    b) Aferir os nveis de observncia das orientaese diretivas genricas que versem o exerccio das com-petncias das comisses de proteo e que lhes sejamdirigidas pela Comisso Nacional.

    3 As auditorias realizam-se por iniciativa daComisso Nacional ou a requerimento do MinistrioPblico.

    4 As inspees s comisses de proteo so dacompetncia e iniciativa do Ministrio Pblico, podendoter lugar por solicitao da Comisso Nacional.

    5 As inspees tm por objeto a atividade glo-balmente desenvolvida pelas comisses de proteo,excluindo-se do respetivo mbito as matrias a que sereporta o n. 2.

    Artigo 35.

    [...]

    1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .d) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .e) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .f) Acolhimento residencial;g) Confiana a pessoa selecionada para a adoo,

    a famlia de acolhimento ou a instituio com vista adoo.

    2 As medidas de promoo e de proteo soexecutadas no meio natural de vida ou em regime decolocao, consoante a sua natureza, e podem ser deci-didas a ttulo cautelar, com exceo da medida previstana alneag) do nmero anterior.

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    3 Consideram-se medidas a executar no meio na-tural de vida as previstas nas alneas a), b), c) ed) don. 1 e medidas de colocao as previstas nas alneas e)e f); a medida prevista na alneag) considerada aexecutar no meio natural de vida no primeiro caso e decolocao, no segundo e terceiro casos.

    4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Artigo 37.

    Medidas cautelares

    1 A ttulo cautelar, o tribunal pode aplicar as me-didas previstas nas alneas a) af) do n. 1 do artigo 35.,nos termos previstos no n. 1 do artigo 92., ou enquantose procede ao diagnstico da situao da criana e definio do seu encaminhamento subsequente.

    2 As comisses podem aplicar as medidas previs-tas no nmero anterior enquanto procedem ao diagns-tico da situao da criana e definio do seu enca-minhamento subsequente, sem prejuzo da necessidadeda celebrao de um acordo de promoo e proteosegundo as regras gerais.

    3 As medidas aplicadas nos termos dos nmerosanteriores tm a durao mxima de seis meses e devemser revistas no prazo mximo de trs meses.

    Artigo 38.-A

    Confiana a pessoa selecionada para a adoo, a famliade acolhimento ou a instituio com vista a futura adoo

    A medida de confiana a pessoa selecionada para aadoo, a famlia de acolhimento ou a instituio comvista a futura adoo, aplicvel quando se verifique

    alguma das situaes previstas no artigo 1978. do C-digo Civil, consiste:

    a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .b) Ou na colocao da criana ou do jovem sob a

    guarda de famlia de acolhimento ou de instituio comvista a futura adoo.

    Artigo 43.

    [...]

    1 (Anterior corpo do artigo.)2 A medida pode ser acompanhada de apoio de

    natureza psicopedaggica e social e, quando necessrio,

    de ajuda econmica.Artigo 46.

    Definio e pressupostos

    1 O acolhimento familiar consiste na atribuioda confiana da criana ou do jovem a uma pessoasingular ou a uma famlia, habilitadas para o efeito,proporcionando a sua integrao em meio familiar e aprestao de cuidados adequados s suas necessidadese bem-estar e a educao necessria ao seu desenvol-vimento integral.

    2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3 O acolhimento familiar tem lugar quando seja

    previsvel a posterior integrao da criana ou jovemnuma famlia ou, no sendo possvel, para a preparaoda criana ou jovem para a autonomia de vida.

    4 Privilegia-se a aplicao da medida de acolhi-mento familiar sobre a de acolhimento residencial, em

    especial relativamente a crianas at aos seis anos deidade, salvo:

    a) Quando a considerao da excecional e especficasituao da criana ou jovem carecidos de proteoimponha a aplicao da medida de acolhimento resi-dencial;

    b) Quando se constate impossibilidade de facto.

    5 A aplicao da medida de acolhimento residen-cial nos casos previstos nas alneas a) eb) do nmeroanterior devidamente fundamentada.

    Artigo 49.

    Definio e finalidade

    1 A medida de acolhimento residencial consistena colocao da criana ou jovem aos cuidados de umaentidade que disponha de instalaes, equipamento de

    acolhimento e recursos humanos permanentes, devida-mente dimensionados e habilitados, que lhes garantamos cuidados adequados.

    2 O acolhimento residencial tem como finali-dade contribuir para a criao de condies que ga-rantam a adequada satisfao de necessidades fsicas,

    psquicas, emocionais e sociais das crianas e jovense o efetivo exerccio dos seus direitos, favorecendoa sua integrao em contexto sociofamiliar seguro epromovendo a sua educao, bem-estar e desenvol-vimento integral.

    Artigo 50.

    Acolhimento residencial

    1 O acolhimento residencial tem lugar em casade acolhimento e obedece a modelos de intervenosocioeducativos adequados s crianas e jovens nelaacolhidos.

    2 As casas de acolhimento podem organizar-sepor unidades especializadas, designadamente:

    a) Casas de acolhimento para resposta em situaesde emergncia;

    b) Casas de acolhimento para resposta a problemti-cas especficas e necessidades de interveno educativae teraputica evidenciadas pelas crianas e jovens a

    acolher;c) Apartamentos de autonomizao para o apoio e

    promoo de autonomia dos jovens.

    3 Para alm das casas de acolhimento, as insti-tuies que desenvolvem respostas residenciais, no-meadamente nas reas da educao especial e da sadepodem, em situaes devidamente fundamentadas epelo tempo estritamente necessrio, executar medidasde acolhimento residencial relativamente a crianas oujovens com deficincia permanente, doenas crnicasde carter grave, perturbao psiquitrica ou compor-tamentos aditivos, garantindo os cuidados socioeduca-

    tivos e teraputicos a prestar no mbito da execuoda medida.

    4 A regulamentao do regime de organizao efuncionamento das casas de acolhimento de crianas ejovens consta de legislao prpria.

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    Artigo 51.

    Modalidades da integrao

    1 No que respeita integrao no acolhimento, amedida de acolhimento residencial planeada ou, nassituaes de emergncia, urgente.

    2 A integrao planeada pressupe a preparao daintegrao na casa de acolhimento, mediante troca de in-formao relevante entre a entidade que aplica a medida, aentidade responsvel pela gesto das vagas em acolhimentoe a instituio responsvel pelo acolhimento, tendo emvista a melhor proteo e promoo dos direitos da crianaou jovem a acolher e incide, designadamente, sobre:

    a) A avaliao do plano de interveno executado emmeio natural de vida, nos casos aplicveis;

    b) A situao de perigo que determina a aplicaoda medida;

    c) As necessidades especficas da criana ou jovema acolher; e

    d) Os recursos e caractersticas da interveno quese revelem necessrios, a disponibilizar pela instituiode acolhimento.

    3 A interveno planeada pressupe ainda a pre-parao informada da criana ou jovem e, sempre quepossvel, da respetiva famlia.

    4 A integrao urgente em casa de acolhimento determinada pela necessidade de proteo da crianaquando ocorra situao de emergncia nos termos pre-vistos na alnea c) do artigo 5. e prescinde da planifi-cao a que se reporta o nmero anterior, regendo-se

    por modelo procedimental especificamente direcionadopara a proteo na crise.

    5 Nos casos referidos no nmero anterior, a inte-grao tem lugar preferencialmente em unidade espe-cializada de acolhimento de emergncia, integrada emcasa de acolhimento de crianas e jovens, a indicar pelaentidade gestora das vagas em acolhimento.

    Artigo 53.

    Funcionamento das casas de acolhimento

    1 As casas de acolhimento so organizadas emunidades que favoream uma relao afetiva do tipofamiliar, uma vida diria personalizada e a integraona comunidade.

    2 O regime de funcionamento das casas de aco-

    lhimento definido em diploma prprio.3 Os pais, o representante legal ou quem tenha a

    guarda de facto da criana podem visitar a criana ou ojovem, de acordo com os horrios e as regras de funcio-namento da casa, salvo deciso judicial em contrrio.

    4 Na falta ou ausncia de idoneidade das pessoasa que se reporta o nmero anterior e nas condies alireferidas, o tribunal ou a comisso de proteo podemautorizar outros adultos idneos, de referncia afetivapara a criana, a visitarem-na.

    Artigo 54.

    Recursos humanos

    1 As casas de acolhimento dispem necessaria-mente de recursos humanos organizados em equipasarticuladas entre si, designadamente:

    a) A equipa tcnica, constituda de modo pluridis-ciplinar, integra obrigatoriamente colaboradores com

    formao mnima correspondente a licenciatura nasreas da psicologia e do trabalho social, sendo designadoo diretor tcnico de entre estes;

    b) A equipa educativa integra preferencialmente co-laboradores com formao profissional especfica paraas funes de acompanhamento socioeducativo das

    crianas e jovens acolhidos e inerentes profisso deauxiliar de ao educativa e de cuidados de crianas.c) A equipa de apoio integra obrigatoriamente cola-

    boradores de servios gerais.

    2 Sempre que se justifique, a casa de acolhimentopode recorrer s respostas e servios existentes na co-munidade, designadamente nas reas da sade e dodireito.

    3 equipa tcnica cabe o diagnstico da situaoda criana ou do jovem acolhidos e a definio e execu-o do seu projeto de promoo e proteo, de acordocom a deciso do tribunal ou da comisso.

    4 Para efeitos do disposto no nmero anterior, aequipa tcnica da casa de acolhimento obrigatoria-mente ouvida pela entidade decisora, designadamenteaquando da reviso da medida de acolhimento apli-cada.

    Artigo 57.

    [...]

    1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    a) A modalidade de integrao no acolhimento e aeventual especializao da resposta;

    b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 A informao a que se refere a alnea c) do n-

    mero anterior deve conter os elementos necessrios paraavaliar o desenvolvimento da personalidade, o aprovei-tamento escolar, a progresso em outras aprendizagens,a adequao da medida aplicada e a possibilidade deregresso da criana ou do jovem sua famlia, bem comode outra soluo de tipo familiar adequada promoodos seus direitos e proteo, ou de autonomia de vida.

    Artigo 58.

    [...]

    1 A criana e o jovem acolhidos em instituio,ou que beneficiem da medida de promoo de proteode acolhimento familiar, tm, em especial, os seguintesdireitos:

    a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .d) Ser ouvido e participar ativamente, em funo do

    seu grau de discernimento, em todos os assuntos doseu interesse, que incluem os respeitantes definioe execuo do seu projeto de promoo e proteo eao funcionamento da instituio e da famlia de aco-lhimento;

    e) [Anterior alnea d).]f) [Anterior alnea e).]g) No ser transferido da casa de acolhimento ou

    da famlia de acolhimento, salvo quando essa decisocorresponda ao seu superior interesse;

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    h) [Anterior alnea g).]i) Ser acolhido, sempre que possvel, em casa de

    acolhimento ou famlia de acolhimento prxima do seucontexto familiar e social de origem, exceto se o seusuperior interesse o desaconselhar;

    j) No ser separado de outros irmos acolhidos, ex-

    ceto se o seu superior interesse o desaconselhar.2 Os direitos referidos no nmero anterior cons-

    tam necessariamente do regulamento interno das casasde acolhimento.

    Artigo 59.

    [...]

    1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3 Para efeitos do disposto no nmero anterior, o

    tribunal designa equipas especficas, com a composioe competncias previstas na lei, ou entidade que consi-dere mais adequada, no podendo, em qualquer caso,ser designada a comisso de proteo para executarmedidas aplicadas pelo tribunal.

    4 (Revogado.)

    Artigo 60.

    [...]

    1 Sem prejuzo do disposto no nmero seguinte,as medidas previstas nas alneas a), b), c) ed) do n. 1do artigo 35. tm a durao estabelecida no acordo ouna deciso judicial.

    2 Sem prejuzo do disposto no nmero seguinte,

    cada uma das medidas referidas no nmero anterior nopode ter durao superior a um ano, podendo, todavia,ser prorrogadas at 18 meses se o interesse da crianaou do jovem o aconselhar e desde que se mantenham osconsentimentos e os acordos legalmente exigidos.

    3 Excecionalmente, quando a defesa do superiorinteresse da criana ou do jovem o imponha, a medidaprevista na alnea d) do n. 1 do artigo 35. pode serprorrogada at que aqueles perfaam os 21 anos deidade.

    Artigo 61.

    [...]As medidas previstas nas alneas e) ef) do n. 1 do

    artigo 35. tm a durao estabelecida no acordo ou nadeciso judicial.

    Artigo 62.

    [...]

    1 Sem prejuzo do disposto no n. 3 do artigo 37.,as medidas aplicadas so obrigatoriamente revistas findoo prazo fixado no acordo ou na deciso judicial, e, emqualquer caso, decorridos perodos nunca superiores aseis meses, inclusive as medidas de acolhimento resi-dencial e enquanto a criana a permanea.

    2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    3 A deciso de reviso determina a verificao dascondies de execuo da medida e pode determinar,ainda:

    a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .d) (Revogada.)e) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    4Nos casos previstos no nmero anterior, a de-ciso de reviso deve ser fundamentada de facto e de

    direito, em coerncia com o projeto de vida da crianaou jovem.5 (Anterior n. 4.)6 (Anterior n. 5.)

    Artigo 62.-A

    Medida de confiana a pessoa selecionadapara a adoo, a famlia

    de acolhimento ou a instituio com vista a adoo

    1 Salvo o disposto no nmero seguinte, a me-dida de confiana a pessoa selecionada para a adoo,a famlia de acolhimento ou a instituio com vistaa adoo, dura at ser decretada a adoo e no est

    sujeita a reviso.2 A ttulo excecional a medida revista, nos casosem que a sua execuo se revele manifestamente invi-vel, designadamente quando a criana atinja a idadelimite para a adoo sem que o projeto adotivo tenhasido concretizado.

    3 Na sentena que aplique a medida prevista non. 1, o tribunal designa curador provisrio criana,o qual exerce funes at ser decretada a adoo ouinstituda outra medida tutelar cvel.

    4 O curador provisrio a pessoa a quem o menortiver sido confiado.

    5 Em caso de confiana a instituio ou famlia

    de acolhimento, o curador provisrio , de preferncia,quem tenha um contacto mais direto com a criana, de-vendo, a requerimento do organismo de segurana socialou da instituio particular autorizada a intervir emmatria de adoo, a curadoria provisria ser transferidapara o candidato a adotante, logo que selecionado.

    6 Sem prejuzo do disposto no nmero seguinte,aplicada a medida prevista no n. 1, no h lugar a visitaspor parte da famlia biolgica ou adotante.

    7 Em casos devidamente fundamentados e emfuno da defesa do superior interesse do adotando,podem ser autorizados contactos entre irmos.

    Artigo 63.

    [...]

    1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 Aquando da cessao da medida aplicada, a

    comisso de proteo ou o tribunal efetuam as comu-nicaes eventualmente necessrias junto das entidadesreferidas no artigo 7., tendo em vista o acompanha-mento da criana, jovem e sua famlia, pelo perodoque se julgue adequado.

    Artigo 68.

    [...]

    . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .a) As situaes em que no obtenham a disponibili-

    dade dos meios necessrios para proceder avaliaodiagnstica dos casos, nomeadamente por oposio deum servio ou instituio e, em particular, as situaes

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    7208 Dirio da Repblica, 1. srie N. 175 8 de setembro de 2015

    Artigo 84.

    [...]

    As crianas e os jovens so ouvidos pela comissode proteo ou pelo juiz sobre as situaes que deramorigem interveno e relativamente aplicao, re-

    viso ou cessao de medidas de promoo e proteo,nos termos previstos nos artigos 4. e 5. do RegimeGeral do Processo Tutelar Cvel, aprovado pela Lein. 141/2015, de 8 de setembro.

    Artigo 85.

    Audio dos titulares das responsabilidades parentais

    1 (Anterior corpo do artigo.)2 Ressalvam-se do disposto no nmero anterior

    as situaes de ausncia, mesmo que de facto, por im-possibilidade de contacto devida a desconhecimento doparadeiro, ou a outra causa de impossibilidade, e os de

    inibio do exerccio das responsabilidades parentais.

    Artigo 87.

    [...]

    1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3 Aos exames mdicos correspondentemente

    aplicvel o disposto nos artigos 9. e 10., salvo nassituaes de emergncia previstas no artigo 91.

    4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    Artigo 88.[...]

    1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .4 A criana ou jovem podem consultar o processo

    atravs do seu advogado ou pessoalmente se o juiz ouo presidente da comisso o autorizar, atendendo suamaturidade, capacidade de compreenso e natureza dosfactos.

    5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6 Os processos das comisses de proteo so

    destrudos quando a criana ou jovem atinjam a maio-ridade ou, no caso da alnea d) do n. 1 do artigo 63.,aos 21 anos.

    7 Sem prejuzo do disposto no nmero anterior,a informao a que alude o disposto no n. 1 do ar-tigo 13.-A destruda assim que o processo ao abrigodo qual foi recolhida seja arquivado, pelo facto de a si-tuao de perigo no se comprovar ou j no subsistir.

    8 Em caso de aplicao da medida de promooe proteo prevista na alneag) do n. 1 do artigo 35.,deve ser respeitado o segredo de identidade relativo aosadotantes e aos pais biolgicos do adotado, nos termosprevistos no artigo 1985. do Cdigo Civil e nos arti-

    gos 4. e 5. do Regime Jurdico do Processo de Adoo,aprovado pela Lei n. 143/2015, de 8 de setembro,e,salvo disposio especial, os pais biolgicos no sonotificados para os termos do processo posteriores aotrnsito em julgado da deciso que a aplicou.

    9 Quando o processo tenha sido arquivado nostermos da alnea c) do n. 2 do artigo 21., destrudopassados dois anos aps o arquivamento.

    Artigo 91.

    [...]

    1 Quando exista perigo atual ou iminente para a vidaou de grave comprometimento da integridade fsica oupsquica da criana ou jovem, e na ausncia de consenti-mento dos detentores das responsabilidades parentais oude quem tenha a guarda de facto, qualquer das entidadesreferidas no artigo 7. ou as comisses de proteo tomamas medidas adequadas para a sua proteo imediata e soli-citam a interveno do tribunal ou das entidades policiais.

    2 A entidade que intervm nos termos do nmeroanterior d conhecimento imediato das situaes a quea se alude ao Ministrio Pblico ou, quando tal no sejapossvel, logo que cesse a causa da impossibilidade.

    3 Enquanto no for possvel a interveno do tri-bunal, as autoridades policiais retiram a criana ou ojovem do perigo em que se encontra e asseguram a suaproteo de emergncia em casa de acolhimento, nasinstalaes das entidades referidas no artigo 7. ou emoutro local adequado.

    4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    Artigo 92.

    [...]

    1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 Para efeitos do disposto no nmero anterior, o

    tribunal procede s averiguaes sumrias e indispens-

    veis e ordena as diligncias necessrias para assegurara execuo das suas decises, podendo recorrer s en-tidades policiais e permitir s pessoas a quem incumbado cumprimento das suas decises a entrada, durante odia, em qualquer casa.

    3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    Artigo 94.

    [...]

    1 A comisso de proteo, recebida a comunicaoda situao ou depois de proceder a diligncias sumriasque a confirmem, deve contactar a criana ou o jovem,

    os titulares das responsabilidades parentais ou a pessoacom quem a criana ou o jovem residam, informando-osda situao e ouvindo-os sobre ela.

    2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3 As diligncias sumrias referidas no n. 1 des-

    tinam-se apenas obteno, junto da entidade que co-municou a situao de perigo, de elementos que possamconfirm-la ou esclarec-la.

    Artigo 95.

    Falta de consentimento

    1 As Comisses de Proteo diligenciam juntodos pais, representante legal ou da pessoa que tenha a

    guarda de facto da criana ou do jovem, pela obtenodo consentimento a que se refere o artigo 9.

    2 Faltando ou tendo sido retirados os consenti-mentos previstos no artigo 9., ou havendo oposioda criana ou do jovem, nos termos do artigo 10., a

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    Dirio da Repblica, 1. srie N. 175 8 de setembro de 2015 7209

    comisso abstm-se de intervir e remete o processo aoMinistrio Pblico competente.

    Artigo 96.

    [...]

    1 Quando a criana se encontre a viver com umapessoa que no detenha as responsabilidades parentais,nem a sua guarda de facto, a comisso de proteodeve diligenciar de imediato, por todos os meios aoseu alcance, no sentido de entrar em contacto com aspessoas que devem prestar o consentimento, para queestes ponham cobro situao de perigo ou prestem oconsentimento para a interveno.

    2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    Artigo 97.

    [...]

    1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3 O processo organizado de modo simplificado,

    nele se registando por ordem cronolgica os atos e di-ligncias praticados ou solicitados pela comisso deproteo que fundamentem a prtica dos atos previstosno nmero anterior.

    4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5 Os atos praticados por comisso de proteo a

    rogo de outra, designadamente ao nvel da instruo deprocessos ou de acompanhamento de medidas de pro-moo e proteo, integram a atividade processual dacomisso, sendo registados como atos de colaborao.

    Artigo 98.

    [...]

    1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .4 No havendo acordo, e mantendo-se a situao

    que justifique a aplicao de medida, aplica-se o dis-posto na alnea d) do n. 1 do artigo 11.

    Artigo 99.

    [...]

    Cessando a medida, o processo arquivado, s po-dendo ser reaberto se ocorrerem factos que justifiquema aplicao de medida de promoo e proteo.

    Artigo 101.

    [...]

    1 Compete s seces de famlia e menores dainstncia central do tribunal de comarca a instruo eo julgamento do processo.

    2 Fora das reas abrangidas pela jurisdio dasseces de famlia e menores cabe s seces cveis dainstncia local conhecer das causas que quelas estoatribudas, por aplicao, com as devidas adaptaes, do

    disposto no n. 5 do artigo 124. da Lei da Organizaodo Sistema Judicirio, aprovada pela Lei n. 62/2013,de 26 de agosto.

    3 Sem prejuzo do disposto no nmero anterior,em caso de no ocorrer desdobramento, cabe s seces

    de competncia genrica da instncia local conhecer dascausas ali referidas, conforme o disposto na alnea a)do n. 1 do artigo 130. da Lei n. 62/2013, de 26 deagosto.

    4 Nos casos previstos nos nmeros anteriores, otribunal constitui-se em seco de famlia e menores.

    Artigo 103.

    [...]

    1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .4 No debate judicial obrigatria a constitui-

    o de advogado ou a nomeao de patrono aos paisquando esteja em causa a aplicao da medida previstana alneag) do n. 1 do artigo 35. e, em qualquer caso, criana ou jovem.

    Artigo 105.

    [...]

    1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 Os pais, o representante legal, as pessoas que

    tenham a guarda de facto e a criana ou jovem comidade superior a 12 anos podem tambm requerer ainterveno do tribunal no caso previsto na alneag)do artigo 11.

    Artigo 106.

    [...]

    1 O processo de promoo e proteo constitudopelas fases de instruo, deciso negociada, debate judicial,

    deciso e execuo da medida.2 Recebido o requerimento inicial, o juiz profere

    despacho de abertura de instruo ou, se considerar quedispe de todos os elementos necessrios:

    a) Designa dia para conferncia com vista obten-o de acordo de promoo e proteo ou tutelar cveladequado;

    b) Decide o arquivamento do processo, nos termosdo artigo 111.; ou

    c) Ordena as notificaes a que se refere o n. 1 doartigo 114., seguindo-se os demais termos a previstos.

    Artigo 108.

    [...]

    1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 A informao e o relatrio social so solicitados

    pelo juiz s equipas ou entidades a que alude o n. 3do artigo 59., nos prazos de oito e 30 dias, respetiva-mente.

    3 (Revogado.)

    Artigo 110.

    [...]

    1 (Anterior promio do artigo):

    a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .b) Designa dia para conferncia com vista obten-

    o de acordo de promoo e proteo ou tutelar cveladequado; ou

    c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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    7210 Dirio da Repblica, 1. srie N. 175 8 de setembro de 2015

    2 Quando a impossibilidade de obteno de acordoquanto medida de promoo e proteo resultar decomprovada ausncia em parte incerta de ambos os

    progenitores, ou de um deles, quando o outro manifestea sua adeso medida de promoo e proteo, o juizpode dispensar a realizao do debate judicial.

    3 O disposto no nmero anterior aplicvel, comas devidas adaptaes, ao representante legal e ao de-tentor da guarda de facto da criana ou jovem.

    Artigo 111.

    [...]

    O juiz decide o arquivamento do processo quandoconcluir que, em virtude de a situao de perigo no secomprovar ou j no subsistir, se tornou desnecessria aaplicao de medida de promoo e proteo, podendoo mesmo processo ser reaberto se ocorrerem factos quejustifiquem a referida aplicao.

    Artigo 114.

    [...]

    1 Se no tiver sido possvel obter o acordo de pro-moo e proteo, ou tutelar cvel adequado, ou quandoestes se mostrem manifestamente improvveis, o juiznotifica o Ministrio Pblico, os pais, o representantelegal, quem detiver a guarda de facto e a criana oujovem com mais de 12 anos para alegarem, por escrito,querendo, e apresentarem prova no prazo de 10 dias.

    2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5 Para efeitos do disposto no artigo 62. no hdebate judicial, exceto se estiver em causa:

    a) A substituio da medida de promoo e proteoaplicada; ou

    b) A prorrogao da execuo de medida de colo-cao.

    Artigo 118.

    [...]

    1 A audincia sempre gravada, devendo ape-nas ser assinalados na ata o incio e o termo de cada

    depoimento, declarao, informao, esclarecimento,requerimento e respetiva resposta, despacho, decisoe alegaes orais.

    2 (Revogado.)

    Artigo 123.

    [...]

    1 Cabe recurso das decises que, definitiva ou pro-visoriamente, se pronunciem sobre a aplicao, alteraoou cessao de medidas de promoo e proteo e sobrea deciso que haja autorizado contactos entre irmos,nos casos previstos no n. 7 do artigo 62.-A.

    2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3 O recurso de deciso que tenha aplicado a me-

    dida prevista na alneag) do n. 1 do artigo 35. deci-dido no prazo mximo de 30 dias, a contar da data dareceo dos autos no tribunal superior.

    Artigo 124.

    [...]

    1 Os recursos so processados e julgados comoem matria cvel, sendo o prazo de alegaes e de res-posta de 10 dias.

    2 Com exceo do recurso da deciso que apliquea medida prevista na alneag) do n. 1 do artigo 35. e dorecurso da deciso que haja autorizado contactos entreirmos, nos casos previstos no n. 7 do artigo 62.-A, osquais tm efeito suspensivo, cabe ao tribunal recorrido fixaro efeito do recurso.

    Artigo 126.

    [...]

    Ao processo de promoo e proteo so aplicveissubsidiariamente, com as devidas adaptaes, na fasede debate judicial e de recurso, as normas relativas aoprocesso civil declarativo comum.

    Artigo 3.

    Aditamento Lei de Proteo de Crianas e Jovens em Perigo

    So aditados Lei de Proteo de Crianas e Jovensem Perigo, aprovada pela Lei n. 147/99, de 1 de setem-bro, alterada pela Lei n. 31/2003, de 22 de agosto, osartigos 13.-A, 13.-B, 20.-A, 82.-A, 112.-A e 122.-A,com a seguinte redao:

    Artigo 13.-A

    Acesso a dados pessoais sensveis

    1 A comisso de proteo pode, quando necess-rio para assegurar a proteo da criana ou do jovem,

    proceder ao tratamento de dados pessoais sensveis, de-signadamente informao clnica, desde que consentidapelo titular dos dados ou, sendo este menor ou interditopor anomalia psquica, pelo seu representante legal, nostermos da alnea h) do artigo 3. e do n. 2 do artigo 7.da Lei da Proteo de Dados Pessoais, aprovada pelaLei n. 67/98, de 26 de outubro.

    2 Para efeitos de legitimao da comisso de pro-teo, nos termos do previsto no nmero anterior, otitular dos dados pessoais sensveis deve prestar, porescrito, consentimento especfico e informado.

    3 O pedido de acesso ao tratamento de dados pes-soais sensveis por parte da comisso de proteo deve

    ser sempre acompanhado da declarao de consenti-mento a que alude o nmero anterior.4 Sempre que a entidade detentora da informao a

    que se refere o n. 1 for uma unidade de sade, o pedidoda comisso de proteo deve ser dirigido ao responsvelpela sua direo clnica, a quem cabe a coordenaoda recolha de informao e sua remessa comissorequerente.

    Artigo 13.-B

    Reclamaes

    1 As comisses de proteo dispem de registode reclamaes, nos termos previstos nos artigos 35.-Ae 38. do Decreto-Lei n. 135/99, de 22 de abril, alte-

    rado pelos Decretos-Leis n.os 29/2000, de 13 de maro,72-A/2010, de 18 de junho, e 73/2014, de 13 de maio.

    2 As reclamaes so remetidas Comisso Na-cional de Promoo dos Direitos e Proteo de Crianase Jovens, adiante designada Comisso Nacional, para

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    apreciao da sua motivao, realizao de dilignciasou emisso de recomendaes, no mbito das respetivasatribuies de acompanhamento, apoio e avaliao.

    3 Quando, nos termos do artigo 72., a reclamaoenvolva matria da competncia do Ministrio Pblico,a comisso de proteo deve, em simultneo com a

    comunicao referida no nmero anterior, remeter c-pia da mesma ao magistrado do Ministrio Pblico aquem compete o acompanhamento referido no n. 2 domesmo artigo.

    Artigo 20.-A

    Apoio tcnico

    1 Excecionalmente, por manifesta falta de meioshumanos e em funo da qualificao da resposta pro-tetiva, a Comisso Nacional pode protocolar com asentidades representadas na comisso alargada a afetaode tcnicos para apoio atividade da comisso restrita.

    2 O apoio tcnico pode assumir a coordenao decasos e emite parecer no mbito dos processos em queintervenha, o qual tido em considerao nas deliberaesda Comisso.

    Artigo 82.-A

    Gestor de processo

    Para cada processo de promoo e proteo a comis-so de proteo de crianas e jovens ou o tribunal com-petentes designam um tcnico gestor de processo, aoqual compete mobilizar os intervenientes e os recursosdisponveis para assegurar de forma global, coordenadae sistmica, todos os apoios, servios e acompanhamentode que a criana ou jovem e a sua famlia necessitam,prestando informao sobre o conjunto da interveno

    desenvolvida. Artigo 112.-A

    Acordo tutelar cvel

    1 Na conferncia, e verificados os pressupostoslegais, o juiz homologa o acordo alcanado em matriatutelar cvel, ficando este a constar por apenso.

    2 No havendo acordo seguem-se os trmitesdos artigos 38. a 40. do Regime Geral do ProcessoTutelar Cvel, aprovado pela Lei n. 141/2015, de 8 desetembro.

    Artigo 122.-A

    Notificao da deciso

    A deciso notificada s pessoas referidas no n. 2do artigo seguinte, contendo informao sobre a possi-bilidade, a forma e o prazo de interposio do recurso.

    Artigo 4.

    Alterao sistemtica

    A subseco II da seco III do captulo III da Leide Proteo de Crianas e Jovens em Perigo, aprovadapela Lei n. 147/99, de 1 de setembro, alterada pela Lein. 31/2003, de 22 de agosto, passa a designar-se Aco-lhimento residencial.

    Artigo 5.Definio do regime de funcionamento das casasde acolhimento e regulamentao

    1 A definio do regime, organizao e funciona-mento das casas de acolhimento, a que se reportam respe-

    tivamente o n. 2 do artigo 53. e o n. 4 do artigo 50. daLei de Proteo de Crianas e Jovens em Perigo, aprovadapela Lei n. 147/99, de 1 de setembro, alterada pela Lein. 31/2003, de 22 de agosto, na redao conferida pelapresente lei, tm lugar no prazo de 120 dias, a contar dadata de entrada em vigor desta.

    2 O regime de execuo das medidas ainda no regu-lamentadas a que se reporta o n. 4 do artigo 35. da Lei deProteo de Crianas e Jovens em Perigo, aprovada pela Lein. 147/99, de 1 de setembro, alterada pela Lei n. 31/2003, de22 de agosto, na redao conferida pela presente lei, objetode regulamentao no prazo de 120 dias, a contar da data deentrada em vigor desta.

    Artigo 6.

    Norma transitria

    At entrada em vigor do diploma a que se refere o n. 2do artigo 53. da Lei de Proteo de Crianas e Jovens emPerigo, aprovada pela Lei n. 147/99, de 1 de setembro, alte-

    rada pela Lei n. 31/2003, de 22 de agosto, na redao con-ferida pela presente lei, as casas de acolhimento funcionamem regime aberto, tal implicando a livre entrada e sada dacriana e do jovem da casa, de acordo com as normas geraisde funcionamento, tendo apenas como limites os resultantesdas suas necessidades educativas e da proteo dos seusdireitos e interesses.

    Artigo 7.

    Norma revogatria

    So revogados os artigos 47., 48., o n. 4 do artigo 59.,a alnea d) do n. 3 do artigo 62., o artigo 67., as alneas b)

    ec) do artigo 68., o n. 2 do artigo 81., o n. 3 do ar-tigo 108. e o n. 2 do artigo 118. da Lei de Proteo deCrianas e Jovens em Perigo, aprovada pela Lei n. 147/99,de 1 de setembro, alterada pela Lei n. 31/2003, de 22 deagosto.

    Artigo 8.

    Republicao

    1 republicada, em anexo presente lei e da qualfaz parte integrante, a Lei de Proteo de Crianas e Jovensem Perigo, aprovada pela Lei n. 147/99, de 1 de setembro,com a redao atual.

    2 Para efeitos de republicao adotado o presentedo indicativo na redao de todas as normas.

    Artigo 9.

    Entrada em vigor

    A presente lei entra em vigor no primeiro dia til doms seguinte ao da sua publicao.

    Aprovada em 22 de julho de 2015.

    A Presidente da Assembleia da Repblica, Maria daAssuno A. Esteves.

    Promulgada em 25 de agosto de 2015.

    Publique-se.

    O Presidente da Repblica, ANBALCAVACOSILVA.Referendada em 27 de agosto de 2015.

    Pelo Primeiro-Ministro,Paulo Sacadura Cabral Portas,Vice-Primeiro-Ministro.

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    ANEXO

    (a que se refere o artigo 8.)

    Republicao da Lei n. 147/99, de 1 de setembro

    (Lei de Proteo de Crianas e Jovens em Perigo)

    CAPTULO I

    Disposies gerais

    Artigo 1.

    Objeto

    A presente lei tem por objeto a promoo dos direitose a proteo das crianas e dos jovens em perigo, porforma a garantir o seu bem-estar e desenvolvimentointegral.

    Artigo 2.

    mbito

    A presente lei aplica-se s crianas e jovens em perigoque residam ou se encontrem em territrio nacional.

    Artigo 3.

    Legitimidade da interveno

    1 A interveno para promoo dos direitos e prote-o da criana e do jovem em perigo tem lugar quando os

    pais, o representante legal ou quem tenha a guarda de factoponham em perigo a sua segurana, sade, formao, edu-cao ou desenvolvimento, ou quando esse perigo resultede ao ou omisso de terceiros ou da prpria criana oudo jovem a que aqueles no se oponham de modo adequadoa remov-lo.

    2 Considera-se que a criana ou o jovem est emperigo quando, designadamente, se encontra numa dasseguintes situaes:

    a) Est abandonada ou vive entregue a si prpria;b) Sofre maus tratos fsicos ou psquicos ou vtima

    de abusos sexuais;

    c) No recebe os cuidados ou a afeio adequados suaidade e situao pessoal;d) Est aos cuidados de terceiros, durante perodo de

    tempo em que se observou o estabelecimento com estesde forte relao de vinculao e em simultneo com o noexerccio pelos pais das suas funes parentais;

    e) obrigada a atividades ou trabalhos excessivos ouinadequados sua idade, dignidade e situao pessoal ouprejudiciais sua formao ou desenvolvimento;

    f) Est sujeita, de forma direta ou indireta, a comporta-mentos que afetem gravemente a sua segurana ou o seuequilbrio emocional;

    g) Assume comportamentos ou se entrega a atividades

    ou consumos que afetem gravemente a sua sade, segu-rana, formao, educao ou desenvolvimento sem queos pais, o representante legal ou quem tenha a guarda defacto se lhes oponham de modo adequado a remover essasituao.

    Artigo 4.

    Princpios orientadores da interveno

    A interveno para a promoo dos direitos e proteoda criana e do jovem em perigo obedece aos seguintesprincpios:

    a) Interesse superior da criana e do jovem a interven-o deve atender prioritariamente aos interesses e direitos dacriana e do jovem, nomeadamente continuidade de relaesde afeto de qualidade e significativas, sem prejuzo da consi-derao que for devida a outros interesses legtimos no m-bito da pluralidade dos interesses presentes no caso concreto;

    b) Privacidade a promoo dos direitos e proteoda criana e do jovem deve ser efetuada no respeito pelaintimidade, direito imagem e reserva da sua vida privada;

    c) Interveno precoce a interveno deve serefetuada logo que a situao de perigo seja conhecida;

    d) Interveno mnima a interveno deve ser exer-cida exclusivamente pelas entidades e instituies cuja

    ao seja indispensvel efetiva promoo dos direitos e proteo da criana e do jovem em perigo;e) Proporcionalidade e atualidade a interveno deve

    ser a necessria e a adequada situao de perigo em quea criana ou o jovem se encontram no momento em que adeciso tomada e s pode interferir na sua vida e na dasua famlia na medida do que for estritamente necessrioa essa finalidade;

    f) Responsabilidade parental a interveno deve serefetuada de modo que os pais assumam os seus deverespara com a criana e o jovem;

    g) Primado da continuidade das relaes psicolgicas pro-fundas a interveno deve respeitar o direito da criana

    preservao das relaes afetivas estruturantes de grandesignificado e de referncia para o seu saudvel e harm-nico desenvolvimento, devendo prevalecer as medidas quegarantam a continuidade de uma vinculao securizante;

    h) Prevalncia da famlia na promoo dos direitose na proteo da criana e do jovem deve ser dada pre-valncia s medidas que os integrem em famlia, quer nasua famlia biolgica, quer promovendo a sua adoo ououtra forma de integrao familiar estvel;

    i) Obrigatoriedade da informao a criana e o jo-vem, os pais, o representante legal ou a pessoa que tenha asua guarda de facto tm direito a ser informados dos seusdireitos, dos motivos que determinaram a interveno eda forma como esta se processa;

    j) Audio obrigatria e participao a criana e ojovem, em separado ou na companhia dos pais ou de pessoapor si escolhida, bem como os pais, representante legal oupessoa que tenha a sua guarda de facto, tm direito a serouvidos e a participar nos atos e na definio da medidade promoo dos direitos e de proteo;

    k) Subsidiariedade a interveno deve ser efetuadasucessivamente pelas entidades com competncia em mat-ria da infncia e juventude, pelas comisses de proteo decrianas e jovens e, em ltima instncia, pelos tribunais.

    Artigo 5.

    Definies

    Para efeitos da presente lei, considera-se:

    a) Criana ou jovem a pessoa com menos de 18 anosou a pessoa com menos de 21 anos que solicite a continua-o da interveno iniciada antes de atingir os 18 anos;

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    b) Guarda de facto a relao que se estabelece entre acriana ou o jovem e a pessoa que com ela vem assumindo,continuadamente, as funes essenciais prprias de quemtem responsabilidades parentais;

    c) Situao de emergncia a situao de perigo atualou iminente para a vida ou a situao de perigo atual ou

    iminente de grave comprometimento da integridade f-sica ou psquica da criana ou jovem, que exija proteoimediata nos termos do artigo 91., ou que determine anecessidade imediata de aplicao de medidas de promooe proteo cautelares;

    d) Entidades com competncia em matria de infncia ejuventude as pessoas singulares ou coletivas, pblicas,cooperativas, sociais ou privadas que, por desenvolverematividades nas reas da infncia e juventude, tm legitimi-dade para intervir na promoo dos direitos e na proteoda criana e do jovem em perigo;

    e) Medida de promoo dos direitos e de proteo aprovidncia adotada pelas comisses de proteo de crian-

    as e jovens ou pelos tribunais, nos termos do presentediploma, para proteger a criana e o jovem em perigo;f) Acordo de promoo e proteo compromisso re-

    duzido a escrito entre as comisses de proteo de crianase jovens ou o tribunal e os pais, representante legal ou quemtenha a guarda de facto e, ainda, a criana e o jovem commais de 12 anos, pelo qual se estabelece um plano contendomedidas de promoo de direitos e de proteo.

    CAPTULO II

    Interveno para promoo dos direitose de proteo da criana e do jovem em perigo

    SECO I

    Modalidades de interveno

    Artigo 6.

    Disposio geral

    A promoo dos direitos e a proteo da criana e dojovem em perigo incumbe s entidades com competnciaem matria de infncia e juventude, s comisses de pro-teo de crianas e jovens e aos tribunais.

    Artigo 7.Interveno de entidades com competncia

    em matria de infncia e juventude

    1 As entidades com competncia em matria de in-fncia e juventude devem, no mbito das suas atribuies,promover aes de preveno primria e secundria, no-meadamente, mediante a definio de planos de ao localpara a infncia e juventude, visando a promoo, defesa econcretizao dos direitos da criana e do jovem.

    2 As entidades com competncia em matria de in-fncia e juventude devem promover e integrar parcerias ea elas recorrer, sempre que, pelas circunstncias do caso,a sua interveno isolada no se mostre adequada efe-

    tiva promoo dos direitos e proteo da criana ou dojovem.

    3 A interveno das entidades com competnciaem matria de infncia e juventude efetuada de modoconsensual com as pessoas de cujo consentimento depen-

    deria a interveno da comisso de proteo nos termosdo artigo 9.

    4 Com vista concretizao das suas atribuies,cabe s entidades com competncia em matria de infnciae juventude:

    a) Avaliar, diagnosticar e intervir em situaes de riscoe perigo;

    b) Implementar estratgias de interveno necessriase adequadas diminuio ou erradicao dos fatores derisco;

    c) Acompanhar a criana, jovem e respetiva famliaem execuo de plano de interveno definido pela pr-pria entidade, ou em colaborao com outras entidadescongneres;

    d) Executar os atos materiais inerentes s medidas depromoo e proteo aplicadas pela comisso de proteoou pelo tribunal, de que sejam incumbidas, nos termos doacordo de promoo e proteo ou da deciso judicial.

    5 No exerccio das competncias conferidas nonmero anterior cabe s entidades com competncia emmatria de infncia e juventude elaborar e manter um re-gisto atualizado, do qual conste a descrio sumria dasdiligncias efetuadas e respetivos resultados.

    Artigo 8.

    Interveno das comisses de proteo de crianas e jovens

    A interveno das comisses de proteo de crianase jovens tem lugar quando no seja possvel s entidadesreferidas no artigo anterior atuar de forma adequada esuficiente a remover o perigo em que se encontram.

    Artigo 9.Consentimento

    1 A interveno das comisses de proteo dascrianas e jovens depende, nos termos da presente lei, doconsentimento expresso e prestado por escrito dos pais,do representante legal ou da pessoa que tenha a guarda defacto, consoante o caso.

    2 A interveno das comisses de proteo dascrianas e jovens depende do consentimento de ambos osprogenitores, ainda que o exerccio das responsabilidadesparentais tenha sido confiado exclusivamente a um deles,desde que estes no estejam inibidos do exerccio das

    responsabilidades parentais.3 Quando o progenitor que deva prestar consenti-mento, nos termos do nmero anterior, estiver ausenteou, de qualquer modo, incontactvel, suficiente o con-sentimento do progenitor presente ou contactvel, semprejuzo do dever de a comisso de proteo diligenciar,comprovadamente e por todos os meios ao seu alcance,

    pelo conhecimento do paradeiro daquele, com vista pres-tao do respetivo consentimento.

    4 Quando tenha sido instituda a tutela, o consen-timento prestado pelo tutor ou, na sua falta, pelo pro-tutor.

    5 Se a criana ou o jovem estiver confiado guardade terceira pessoa, nos termos dos artigos 1907. e 1918.

    do Cdigo Civil, ou se encontrar a viver com uma pessoaque tenha apenas a sua guarda de facto, o consentimento prestado por quem tem a sua guarda, ainda que de facto, epelos pais, sendo suficiente o consentimento daquela parao incio da interveno.

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    dos dados pessoais sensveis deve prestar, por escrito,consentimento especfico e informado.

    3 O pedido de acesso ao tratamento de dados pessoaissensveis por parte da comisso de proteo deve ser sem-pre acompanhado da declarao de consentimento a quealude o nmero anterior.

    4 Sempre que a entidade detentora da informao aque se refere o n. 1 for uma unidade de sade, o pedido dacomisso de proteo deve ser dirigido ao responsvel pelasua direo clnica, a quem cabe a coordenao da recolhade informao e sua remessa comisso requerente.

    Artigo 13.-B

    Reclamaes

    1 As comisses de proteo dispem de registo dereclamaes, nos termos previstos nos artigos 35.-A e 38.do Decreto-Lei n. 135/99, de 22 de abril, alterado pelosDecretos-Leis n.os 29/2000, de 13 de maro, 72-A/2010,de 18 de junho, e 73/2014, de 13 de maio.

    2 As reclamaes so remetidas Comisso Nacionalde Promoo dos Direitos e Proteo de Crianas e Jovens,adiante designada Comisso Nacional, para apreciao dasua motivao, realizao de diligncias ou emisso derecomendaes, no mbito das respetivas atribuies deacompanhamento, apoio e avaliao.

    3 Quando, nos termos do artigo 72., a reclamaoenvolva matria da competncia do Ministrio Pblico, acomisso de proteo deve, em simultneo com a comuni-cao referida no nmero anterior, remeter cpia da mesmaao magistrado do Ministrio Pblico a quem compete oacompanhamento referido no n. 2 do mesmo artigo.

    Artigo 14.Apoio ao funcionamento

    1 O apoio ao funcionamento das comisses de pro-teo, designadamente, nas vertentes logstica, financeirae administrativa, assegurado pelo municpio, podendo,para o efeito, ser celebrados protocolos de cooperaocom os servios e organismos do Estado representadosna Comisso Nacional.

    2 O apoio logstico abrange os meios, equipamentose recursos necessrios ao bom funcionamento das comis-ses de proteo, designadamente, instalaes, informtica,comunicao e transportes, de acordo com os termos dereferncia a definir pela Comisso Nacional.

    3 O apoio financeiro consiste na disponibilizao:a) De um fundo de maneio, destinado a suportar despe-

    sas ocasionais e de pequeno montante resultantes da aodas comisses de proteo junto das crianas e jovens,suas famlias ou pessoas que tm a sua guarda de facto,de acordo com os termos de referncia a definir pela Co-misso Nacional;

    b) De verba para contratao de seguro que cubra osriscos que possam ocorrer no mbito do exerccio dasfunes dos comissrios previstos nas alneas h), i), j), l)em) do n. 1 do artigo 17.

    4 O apoio administrativo consiste na cedncia de

    funcionrio administrativo, de acordo com os termos dereferncia a definir pela Comisso Nacional.

    5 Excecionalmente, precedendo parecer favorvelda Comisso Nacional, os municpios podem protoco-lar com outros servios representados nas comisses de

    proteo que lhes proporcionem melhores condies deapoio logstico.

    6 Os critrios de atribuio do apoio ao funciona-mento das comisses de proteo devem ser fixados tendoem considerao a populao residente com idade inferiora 18 anos, o volume processual da comisso e a adequada

    estabilidade da interveno protetiva, nos termos a definirpela Comisso Nacional.

    SUBSECO II

    Competncias, composio e funcionamento

    Artigo 15.

    Competncia territorial

    1 As comisses de proteo exercem a sua compe-tncia na rea do municpio onde tm sede.

    2 Tendo em vista a qualificao da resposta protetiva,mediante proposta dos municpios envolvidos e prece-

    dendo parecer favorvel da Comisso Nacional, podemser criadas:

    a) Nos municpios com maior nmero de habitantes equando se justifique, mais de uma comisso de proteo,com competncias numa ou mais freguesias, nos termosa definir pela portaria de instalao;

    b) Em municpios adjacentes com menor nmero de ha-bitantes e quando se justifique, comisses intermunicipais,nos termos a definir pela portaria de instalao.

    Artigo 16.

    Modalidades de funcionamento da comisso de proteo

    A comisso de proteo funciona em modalidade alar-gada ou restrita, doravante designadas, respetivamente, decomisso alargada e de comisso restrita.

    Artigo 17.

    Composio da comisso alargada

    1 A comisso alargada composta por:

    a) Um representante do municpio, a indicar pela cmaramunicipal, dos municpios, a indicar pelas cmaras muni-cipais, no caso previsto na alnea b) do n. 2 do artigo 15.,ou das freguesias, a indicar por estas, no caso previstona alnea a) do n. 2 do artigo 15., de entre pessoas comespecial interesse ou aptido na rea das crianas e jovensem perigo;

    b) Um representante da segurana social, de prefernciadesignado de entre tcnicos com formao em serviosocial, psicologia ou direito;

    c) Um representante dos servios do Ministrio da Edu-cao, de preferncia professor com especial interessee conhecimentos na rea das crianas e dos jovens emperigo;

    d) Um representante do Ministrio da Sade, preferen-cialmente mdico ou enfermeiro, e que integre, sempreque possvel, o Ncleo de Apoio s Crianas e Jovensem Risco;

    e) Um representante das instituies particulares desolidariedade social ou de outras organizaes no gover-namentais que desenvolvam, na rea de competncia terri-torial da comisso de proteo, respostas sociais de carterno residencial, dirigidas a crianas, jovens e famlias;

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    f) Um representante do organismo pblico competenteem matria de emprego e formao profissional;

    g) Um representante das instituies particulares desolidariedade social ou de outras organizaes no go-vernamentais que desenvolvam, na rea de competnciaterritorial da comisso de proteo, respostas sociais de

    carter residencial dirigidas a crianas e jovens;h) Um representante das associaes de pais existentesna rea de competncia da comisso de proteo;

    i) Um representante das associaes ou outras organi-zaes privadas que desenvolvam, na rea de competnciada comisso de proteo, atividades desportivas, culturaisou recreativas destinadas a crianas e jovens;

    j) Um representante das associaes de jovens existentesna rea de competncia da comisso de proteo ou umrepresentante dos servios de juventude;

    k) Um representante de cada fora de segurana, depen-dente do Ministrio da Administrao Interna, presente narea de competncia territorial da comisso de proteo;

    l) Quatro cidados eleitores, preferencialmente comespeciais conhecimentos ou capacidades para intervir narea das crianas e jovens em perigo, designados pelaassembleia municipal, ou pelas assembleias municipaisou assembleia de freguesia, nos casos previstos, respetiva-mente, nas alneas b) ea) do no n. 2 do artigo 15.;

    m) Os tcnicos que venham a ser cooptados pela comis-so, com formao, designadamente, em servio social,psicologia, sade ou direito, ou cidados com especialinteresse pelos problemas da infncia e juventude.

    2 Nos casos da alnea b) do n. 2 do artigo 15. a de-signao dos cidados eleitores a que se reporta a alnea l)do nmero anterior deve ser feita por acordo entre os mu-

    nicpios envolvidos, privilegiando-se, sempre que possvel,a representatividade das diversas populaes locais.3 Nos casos previstos no n. 2 do artigo 15. a com-

    posio da comisso observa a representatividade interins-titucional e pluridisciplinar prevista no n. 1 do presenteartigo.

    Artigo 18.

    Competncia da comisso alargada

    1 comisso alargada compete desenvolver aesde promoo dos direitos e de preveno das situaes deperigo para a criana e jovem.

    2 So competncias da comisso alargada:

    a) Informar a comunidade sobre os direitos da criana edo jovem e sensibiliz-la para os apoiar sempre que estesconheam especiais dificuldades;

    b) Promover aes e colaborar com as entidades compe-tentes tendo em vista a deteo dos factos e situaes que,na rea da sua competncia territorial, afetem os direitos einteresses da criana e do jovem, ponham em perigo a suasegurana, sade, formao ou educao ou se mostremdesfavorveis ao seu desenvolvimento e insero social;

    c) Informar e colaborar com as entidades competentesno levantamento das carncias e na identificao e mobi-lizao dos recursos necessrios promoo dos direitos,do bem-estar e do desenvolvimento integral da criana e

    do jovem;d) Colaborar com as entidades competentes no estudo e

    elaborao de projetos inovadores no domnio da preven-o primria dos fatores de risco e no apoio s crianas ejovens em perigo;

    e) Colaborar com as entidades competentes na constitui-o, funcionamento e formulao de projetos e iniciativasde desenvolvimento social local na rea da infncia e dajuventude;

    f) Dinamizar e dar parecer sobre programas destinadoss crianas e aos jovens em perigo;

    g) Analisar a informao semestral relativa aos proces-sos iniciados e ao andamento dos pendentes na comissorestrita, sem prejuzo do disposto no artigo 88.;

    h) Prestar o apoio e a colaborao que a comisso restritasolicitar, nomeadamente no mbito da disponibilizao dosrecursos necessrios ao exerccio das suas funes;

    i) Elaborar e aprovar o plano anual de atividades;j) Aprovar o relatrio anual de atividades e avaliao e

    envi-lo Comisso Nacional, assembleia municipal eao Ministrio Pblico;

    k) Colaborar com a Rede Social na elaborao do planode desenvolvimento social local, na rea da infncia ejuventude.

    3 No exerccio das competncias previstas nas al-neas b), c), d) ee) do nmero anterior, a comisso dev