legislaÇÃo indigenista -...
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“Afirmando que os povos indígenas são iguais a
todos os demais povos e reconhecendo ao mesmo
tempo o direito de todos os povos a serem diferentes,
a se considerarem diferentes e a serem respeitados
como tais
Reafirmando que, no exercício de seus direitos, os
povos indígenas devem ser livres de toda forma de
discriminação.
Preocupada com o fato de os povos indígenas terem
sofrido injustiças históricas como resultado,
entre outras coisas, da colonização e da subtração de suas
terras, territórios e recursos, o que lhes tem impedido de
exercer, em especial, seu direito ao desenvolvimento, em
conformidade com suas próprias necessidades e
interesses (...) Reconhecendo e reafirmando que os
indivíduos indígenas têm direito, sem discriminação, a
todos os direitos humanos reconhecidos no direito
internacional, e que os povos indígenas possuem direitos
coletivos que são indispensáveis para sua existência, bem-
estar e desenvolvimento integral como povos,
Reconhecendo também que a situação dos povos
indígenas varia conforme as regiões e os países e que se
deve levar em conta o significado das particularidades
nacionais e regionais e das diversas tradições históricas e
culturais (...)”
• É um documento abrangente que aborda
os direitos dos povos indígenas;
• Não estabelece novos direitos, mas
reconhece e afirma direitos fundamentais
universais no contexto das culturas,
realidades e necessidades indígenas;
• Instrumento internacional importante de
direitos humanos em relação a povos
indígenas;
• Registra o compromisso dos Estados para
tomarem medidas a fim de ajudar e garantir
que os povos indígenas tenham respeitados os
seus anseios e decisões sobre os assuntos
que lhes dizem respeito;
• Não é um Acordo ou um Tratado, mas apenas
estabelece diretrizes a serem adotas pelos
Estados, não sendo obrigatórias;
• Adotada em 13 de setembro de 2007.
1. Principais pontos
a) Autodeterminação: os povos indígenas têm o
direito de determinar livremente seu status político e
perseguir livremente seu desenvolvimento
econômico, social e cultural, incluindo sistemas
próprios de educação, saúde, financiamento e
resolução de conflitos, e outras questões
pertinentes.
b) Direito ao consentimento livre, prévio e
informado: a Declaração da ONU garante o
direito de povos indígenas de serem
adequadamente consultados antes da adoção
de medidas legislativas ou administrativas de
qualquer natureza, incluindo obras de
infraestrutura, mineração ou uso de recursos
hídricos, semelhante ao que defende a
Convenção 169 da Organização Internacional
do Trabalho (OIT).
c) Direito a reparação pelo furto de suas
propriedades: a Declaração exige dos Estados
nacionais que reparem os povos indígenas com
relação a qualquer propriedade cultural,
intelectual, religiosa ou espiritual subtraída sem
consentimento prévio informado ou em violação a
suas normas tradicionais.
d) Direito a manter suas culturas: esse direito
inclui entre outros o direito de manter seus nomes
tradicionais para lugares e pessoas e de entender
e fazer-se entender em procedimentos políticos,
administrativos ou judiciais inclusive através de
tradução.
e) Direito a comunicação: os povos
indígenas têm direito de manter seus próprios
meios de comunicação em suas línguas, bem
como ter acesso a todos os meios de
comunicação não-indígenas, garantindo que a
programação da mídia pública incorpore e
reflita a diversidade cultural dos povos
indígenas.
2. Artigos principais
Artigo 1. Os indígenas têm direito, a título coletivo
ou individual, ao pleno desfrute de todos os direitos
humanos e liberdades fundamentais reconhecidos
pela Carta das Nações Unidas, a Declaração
Universal dos Direitos Humanos e o direito
internacional dos direitos humanos.
Artigo 2. Os povos e indivíduos indígenas são
livres e iguais a todos os demais povos e
indivíduos e têm o direito de não serem
submetidos a nenhuma forma de discriminação
no exercício de seus direitos, que esteja
fundada, em particular, em sua origem ou
identidade indígena.
Artigo 3. Os povos indígenas têm direito à
autodeterminação. Em virtude desse direito
determinam livremente sua condição política e
buscam livremente seu desenvolvimento
econômico, social e cultural.
Artigo 4. Os povos indígenas, no exercício do
seu direito à autodeterminação, têm direito à
autonomia ou ao autogoverno nas questões
relacionadas a seus assuntos internos e
locais, assim como a disporem dos meios para
financiar suas funções autônomas.
Artigo 5. Os povos indígenas têm o direito de
conservar e reforçar suas próprias instituições
políticas, jurídicas, econômicas, sociais e
culturais, mantendo ao mesmo tempo seu
direito de participar plenamente, caso o
desejem, da vida política, econômica, social e
cultural do Estado.
Artigo 6. Todo indígena tem direito a uma
nacionalidade.
Artigo 8. 2. Os Estados estabelecerão mecanismos
eficazes para a prevenção e a reparação de:
a) Todo ato que tenha por objetivo ou consequência
privar os indígenas de sua integridade como povos
distintos, ou de seus valores culturais ou de sua
identidade étnica;
b) Todo ato que tenha por objetivo ou consequência
subtrair-lhes suas terras, territórios ou recursos.
c) Toda forma de transferência forçada de população
que tenha por objetivo ou consequência a violação ou a
diminuição de qualquer dos seus direitos.
d) Toda forma de assimilação ou integração
forçadas.
e) Toda forma de propaganda que tenha por
finalidade promover ou incitar a discriminação
racial ou étnica dirigida contra eles.
Artigo 10. Os povos indígenas não serão
removidos à força de suas terras ou
territórios. Nenhum traslado se realizará sem
o consentimento livre, prévio e informado dos
povos indígenas interessados e sem um
acordo prévio sobre uma indenização justa e
equitativa e, quando possível, a opção do
regresso.
Artigo 11. 2. Os Estados proporcionarão
reparação por meio de mecanismos eficazes,
que poderão incluir a restituição, estabelecidos
conjuntamente com os povos indígenas, em
relação aos bens culturais, intelectuais, religiosos
e espirituais de que tenham sido privados sem o
seu consentimento livre, prévio e informado, ou
em violação às suas leis, tradições e costumes.
Artigo 12. 1. Os povos indígenas têm o direito de
manifestar, praticar, desenvolver e ensinar suas
tradições, costumes e cerimônias espirituais e
religiosas; de manter e proteger seus lugares
religiosos e culturais e de ter acesso a estes de forma
privada; de utilizar e dispor de seus objetos de culto e
de obter a repatriação de seus restos humanos.
2. Os Estados procurarão facilitar o acesso e/ou a
repatriação de objetos de culto e restos humanos
que possuam, mediante mecanismos justos,
transparentes e eficazes, estabelecidos
conjuntamente com os povos indígenas interessados.
Artigo 16. 1. Os povos indígenas têm o direito de
estabelecer seus próprios meios de informação,
em seus próprios idiomas, e de ter acesso a todos
os demais meios de informação não-indígenas,
sem qualquer discriminação.
2. Os Estados adotarão medidas eficazes para
assegurar que os meios de informação públicos
reflitam adequadamente a diversidade cultural
indígena. Os Estados, sem prejuízo da obrigação de
assegurar plenamente a liberdade de expressão,
deverão incentivar os meios de comunicação privados
a refletirem adequadamente a diversidade cultural
indígena.
Artigo 19. Os Estados consultarão e cooperarão de
boa-fé com os povos indígenas interessados, por
meio de suas instituições representativas, a fim de
obter seu consentimento livre, prévio e informado
antes de adotar e aplicar medidas legislativas e
administrativas que os afetem.
Convenção nº 169/OIT Os governos deverão
consultar os povos interessados sempre que sejam
previstas medidas legislativas ou administrativas
suscetíveis de afetá-los diretamente.
Governo mobiliza povos indígenas para consultas
públicas sobre obras do PDRIS.
23/07/2015 - Mara Santos/Núcleo Planejamento
O Governo do Estado, por meio da Secretaria do
Planejamento e Orçamento (Seplan) mobilizará no período
de 27 de julho a 1º de agosto, a população indígena das
aldeias Macaúba, Fontoura, Santa Isabel do Morro, Boto
Velho, Tiodé, Watnã e Krahô-Kanela, comunidades da
nação Karajá e Javaé.
A mobilização incentiva e conscientiza os indígenas a
participarem das consultas públicas onde terão voz ativa
no processo de escolha dos locais que vão receber obras
do Projeto de Desenvolvimento Regional Integrado e
Sustentável (PDRIS). Para a região, o Projeto prevê a
construção de pontes, bueiros e galerias. As estratégias
de mobilização dos indígenas foram discutidas em
reunião entre os técnicos da Seplan, representantes da
Fundação Nacional do Índio (Funai), Instituto Natureza
do Tocantins (Naturatins) e o prefeito de Lagoa da
Confusão, Neto Lino, que apoiará a equipe durante a
mobilização nas terras indígenas.
“Nessa mobilização vamos explicar a importância da
participação nas consultas públicas que acabam
sendo instrumentos pelos quais a população indígena
é consultada e tem o direito de se manifestar
efetivamente participando das decisões do seu futuro
político, socioeconômico e cultural, num contexto de
participação em sistemas democráticos e de
construção de Estados Pluriculturais”, explica.
Disponível em: <
http://seplan.to.gov.br/noticia/2015/7/23/governo-
mobiliza-povos-indigenas-para-consultas-publicas-
sobre-obras-do-pdris/ > Acesso em 04/05/2016
Questão da usina hidrelétrica de Belo Monte no
Rio Xingu, no Estado do Pará.
Alega-se de que os povos indígenas daquela região
não foram consultados.
Artigo 20. 2. Os povos indígenas privados de
seus meios de subsistência e desenvolvimento
têm direito a uma reparação justa e equitativa.
Art. 21. 2. Os Estados adotarão medidas eficazes
e, quando couber, medidas especiais para
assegurar a melhora contínua das condições
econômicas e sociais dos povos indígenas.
Particular atenção será prestada aos direitos e às
necessidades especiais de idosos, mulheres,
jovens, crianças e portadores de deficiência
indígenas.
Artigo 26. 1. Os povos indígenas têm direito às terras,
territórios e recursos que possuem e ocupam
tradicionalmente ou que tenham de outra forma
utilizado ou adquirido.
2. Os povos indígenas têm o direito de possuir, utilizar,
desenvolver e controlar as terras, territórios e recursos que
possuem em razão da propriedade tradicional ou de outra
forma tradicional de ocupação ou de utilização, assim como
aqueles que de outra forma tenham adquirido.
3. Os Estados assegurarão reconhecimento e proteção
jurídicos a essas terras, territórios e recursos. Tal
reconhecimento respeitará adequadamente os costumes,
as tradições e os regimes de posse da terra dos povos
indígenas a que se refiram.
Artigo 27. Os Estados estabelecerão e aplicarão, em
conjunto com os povos indígenas interessados, um
processo equitativo, independente, imparcial, aberto
e transparente, no qual sejam devidamente
reconhecidas as leis, tradições, costumes e regimes
de posse da terra dos povos indígenas, para
reconhecer e adjudicar os direitos dos povos
indígenas sobre suas terras, territórios e recursos,
compreendidos aqueles que tradicionalmente
possuem, ocupam ou de outra forma utilizem. Os
povos indígenas terão direito de participar desse
processo.
Artigo 28. 1. Os povos indígenas têm direito à
reparação, por meios que podem incluir a restituição
ou, quando isso não for possível, uma indenização
justa, imparcial e equitativa, pelas terras, territórios e
recursos que possuíam tradicionalmente ou de outra
forma ocupavam ou utilizavam, e que tenham sido
confiscados, tomados, ocupados, utilizados ou
danificados sem seu consentimento livre, prévio e
informado.
2. Salvo se de outro modo livremente decidido pelos
povos interessados, a indenização se fará sob a forma de
terras, territórios e recursos de igual qualidade, extensão
e condição jurídica, ou de uma indenização pecuniária ou
de qualquer outra reparação apropriada.
Artigo 29. 1. Os povos indígenas têm direito
à conservação e à proteção do meio
ambiente e da capacidade produtiva de
suas terras ou territórios e recursos. Os
Estados deverão estabelecer e executar
programas de assistência aos povos
indígenas para assegurar essa
conservação e proteção, sem qualquer
discriminação.
Artigo 30. 1. Não se desenvolverão atividades
militares nas terras ou territórios dos povos
indígenas, a menos que essas atividades sejam
justificadas por um interesse público pertinente ou
livremente decididas com os povos indígenas
interessados, ou por estes solicitadas.
Artigo 33. 1. Os povos indígenas têm o direito de
determinar sua própria identidade ou composição
conforme seus costumes e tradições. Isso não
prejudica o direito dos indígenas de obterem a
cidadania dos Estados onde vivem.
Artigo 38. Os Estados, em consulta e
cooperação com os povos indígenas, adotarão
as medidas apropriadas, incluídas medidas
legislativas, para alcançar os fins da presente
Declaração.
Artigo 39. Os povos indígenas têm direito a
assistência financeira e técnica dos Estados e
por meio da cooperação internacional para o
desfrute dos direitos enunciados na presente
Declaração.
1. Organização Internacional do Trabalho
• Criada em 1919 Tratado de Versalhes;
• Brasil é membro fundador da OIT;
• Visa à proteção da paz mundial, por meio da
manutenção de direitos de caráter social;
• Sujeito de Direito Internacional, dotado de direitos e
deveres próprios;
• Agência especializada da ONU;
• 1926: Comissão de Peritos em Trabalho Indígena;
• Convenção n. 107/ 1957, OIT: O documento
tratava especificamente de populações indígenas e
tribais, sobretudo de seus direitos à terra e de suas
condições de trabalho, saúde e educação.
2. Convenção OIT n. 169/89
Entrou em vigor em 1991;
Revisa a Convenção sobre populações
indígenas e tribais de 1957.
Distingue povos tribais de povos indígenas:
a) Povos Tribais: são classificados como
coletividades, cujos traços culturais
permitem separá-los da maioria da
comunidade de destino.
b) Povos Indígenas: São os descendentes
de populações que habitavam a região
antes de introdução da lógica estatal
moderna conhecida.
Autoidentificação: como indígena ou tribal
deverá ser considerada um critério fundamental
para a definição dos grupos aos quais se
aplicam as disposições da presente
Convenção.
Artigo 1º :
a) Povos tribais em países independentes cujas
condições sociais, culturais e econômicas os
distingam de outros segmentos da comunidade
nacional e cuja situação seja regida, total ou
parcialmente, por seus próprios costumes ou
tradições ou por uma legislação ou regulações
especiais;
b) Povos em países independentes
considerados indígenas pelo fato de
descenderem de populações que viviam no país
ou região geográfica na qual o país estava
inserido no momento da sua conquista ou
colonização ou do estabelecimento de suas
fronteiras atuais e que, independente de sua
condição jurídica, mantêm algumas de suas
próprias instituições sociais, econômicas,
culturais e políticas ou todas elas.
A ação estatal
Artigo 2º. 1. Os governos terão a
responsabilidade de desenvolver, com a
participação dos povos interessados, uma ação
coordenada e sistemática para proteger seus
direitos e garantir respeito à sua integridade.
Medidas estatais
a) Garantir que os membros desses povos se
beneficiem, em condições de igualdade, dos direitos
e oportunidades previstos na legislação nacional para
os demais cidadãos;
b) Promover a plena realização dos direitos sociais,
econômicos e culturais desses povos, respeitando
sua identidade social e cultural, seus costumes e
tradições e suas instituições;
c) Ajudar os membros desses povos a eliminar
quaisquer disparidades socioeconômicas entre
membros indígenas e demais membros da
comunidade nacional de uma maneira
compatível com suas aspirações e estilos de
vida.
NÃO deve haver coerção na imposição de
direitos humanos a estes povos:
Artigo 3º. 2. Não deverá ser empregada
nenhuma forma de força ou coerção que
viole os direitos humanos e as liberdades
fundamentais desses povos, inclusive os
direitos previstos na presente Convenção.
Artigo 4º. 1. Medidas especiais necessárias
deverão ser adotadas para salvaguardar as
pessoas, instituições, bens, trabalho, culturas e
meio ambiente desses povos.
2. Essas medidas especiais não deverão
contrariar a vontade livremente expressa
desses povos.
CRÍTICA:
Artigo 8º. 1. Na aplicação da legislação nacional aos povos
interessados, seus costumes ou leis consuetudinárias
deverão ser levados na devida consideração.
2. Esses povos terão o direito de manter seus costumes e
instituições, desde que não sejam incompatíveis com
os direitos fundamentais previstos no sistema jurídico
nacional e com direitos humanos internacionalmente
reconhecidos. Sempre que necessário, deverão ser
estabelecidos procedimentos para a solução de conflitos
que possam ocorrer na aplicação desse princípio.
Artigo 9º. 1. Desde que sejam compatíveis com
o sistema jurídico nacional e com direitos
humanos internacionalmente reconhecidos,
os métodos tradicionalmente adotados por esses
povos para lidar com delitos cometidos por seus
membros deverão ser respeitados.
ATENÇÃO!!!!
Neste caso, os Direitos Humanos nacionais
estariam acima dos Direitos Humanos dos
Índios e Tribais.
Costumes penais:
Artigo 9º. 2. Os costumes desses povos, sobre
matérias penais, deverão ser levados em
consideração pelas autoridades e tribunais no
processo de julgarem esses casos.
ARTIGO 10. 1. No processo de impor
sanções penais previstas na legislação
geral a membros desses povos, suas
características econômicas, sociais e
culturais deverão ser levadas em
consideração.
Consultas públicas
Artigo 6º. 1. Na aplicação das disposições da
presente Convenção, os governos deverão:
a) Consultar os povos interessados, por
meio de procedimentos adequados e, em
particular, de suas instituições representativas,
sempre que sejam previstas medidas
legislativas ou administrativas suscetíveis de
afetá-los diretamente;
IMPORTANTE!!!
Há a exigência de que medidas legislativas ou
administrativas que afetem os direitos das tribos
passem pelo crivo das comunidades.
Este dispositivo exige o consentimento do coletivo.
2. As consultas realizadas em conformidade
com o previsto na presente Convenção
deverão ser conduzidas de boa-fé e de uma
maneira adequada às circunstâncias, no
sentido de que um acordo ou consentimento
em torno das medidas propostas possa ser
alcançado.
Tribunal Regional Federal mantém suspensão do
polo naval em Manaus
24 DE JUNHO DE 2014 – REVISTA PORTOS E
NAVIOS
O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1)
negou recurso do Estado do Amazonas e da União e
manteve decisão que suspendeu a implantação do
Polo Naval em Manaus enquanto não houver consulta
prévia, livre e informada às comunidades ribeirinhas
que seriam afetadas pelo empreendimento, conforme
previsto na Convenção nº 169, da Organização
Internacional do Trabalho (OIT).
O acórdão, publicado no último dia 12 junho, destaca que
a ausência de consulta prévia, livre e de consentimento
claro das comunidades tradicionais envolvidas no
processo de desapropriação torna a implantação ilegal e
ilegítima. O TRF1 ressaltou que houve descumprimento de
artigos da Constituição que tratam da proteção de
comunidades tradicionais e de documentos internacionais,
como a Convenção 169/OIT, a Convenção da Diversidade
Biológica e a Declaração Universal sobre a Diversidade
Cultural.
O recurso negado foi apresentado ao TRF1 após a Justiça
Federal no Amazonas ter concedido decisão liminar a
pedido do Ministério Público Federal no Amazonas
(MPF/AM), em maio de 2014, determinando a suspensão
dos efeitos do decreto que declarou de utilidade pública
áreas para implantação do Polo Naval do Amazonas. A
Justiça determinou ainda a suspensão imediata de todas
as medidas referentes ao projeto de implantação do Polo
Naval enquanto não for realizada consulta prévia, livre
e informada das comunidades tradicionais ribeirinhas
que vivem na região (...)”
Disponível em: < https://www.portosenavios.com.br/noticias/ind-
naval-e-offshore/30512-tribunal-regional-federal-mantem-
suspensao-do-polo-naval-em-manaus > Acesso em 04/05/2016
Representação ou atuação individual
Artigo 12. Os povos interessados deverão ser
protegidos contra a violação de seus direitos e
deverão poder mover ações legais, individualmente
ou por meio de seus órgãos representativos, para
garantir a proteção efetiva de tais direitos. Medidas
deverão ser tomadas para garantir que os membros
desses povos possam compreender e se fazer
compreender em processos legais, disponibilizando-
se para esse fim, se necessário, intérpretes ou outros
meios eficazes.
TERRAS
Os direitos de propriedade e posse de terras
tradicionalmente ocupadas pelos povos
interessados deverão ser reconhecidos. Além
disso, quando justificado, medidas deverão ser
tomadas para salvaguardar o direito dos povos
interessados de usar terras não exclusivamente
ocupadas por eles às quais tenham tido acesso
tradicionalmente para desenvolver atividades
tradicionais e de subsistência. Nesse contexto, a
situação de povos nômades e agricultores itinerantes
deverá ser objeto de uma atenção particular.
Os governos tomarão as medidas
necessárias para identificar terras
tradicionalmente ocupadas pelos povos
interessados e garantir a efetiva proteção de
seus direitos de propriedade e posse.
Procedimentos adequados deverão ser
estabelecidos no âmbito do sistema jurídico
nacional para solucionar controvérsias
decorrentes de reivindicações por terras
apresentadas pelos povos interessados.
O direito dos povos interessados aos recursos
naturais existentes em suas terras deverá gozar de
salvaguardas especiais. Esses direitos incluem o
direito desses povos de participar da utilização,
administração e conservação desses recursos.
Em situações nas quais o Estado retém a
propriedade dos minerais ou dos recursos do
subsolo ou direitos a outros recursos existentes
nas terras, os governos estabelecerão ou manterão
procedimentos pelos quais consultarão estes povos
para determinar se seus interesses seriam
prejudicados, e em que medida, antes de executar ou
autorizar qualquer
programa de exploração desses recursos existentes
em suas terras.
Sempre que for possível, os povos participarão dos
benefícios proporcionados por essas atividades e
receberão indenização justa por qualquer dano
que sofram em decorrência dessas atividades.
Art. 20, CF/88. São bens da União:
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
Artigo 16. 1. Sujeito ao disposto nos próximos
parágrafos do presente artigo, os povos interessados
não deverão ser retirados das terras que ocupam.
2. Quando a retirada e o reassentamento desses povos
forem considerados necessários como uma medida
excepcional, eles só serão realizados com seu livre
consentimento e conhecimento. Não sendo possível
obter seu consentimento, essa transferência só será
realizada após a conclusão dos procedimentos
adequados previstos na lei nacional, inclusive após
consultas públicas, conforme o caso, nas quais os
povos interessados tenham oportunidades de ser
efetivamente representados.
3. Sempre que possível, esses povos terão o direito de retornar
às suas terras tradicionais tão logo deixem de existir as razões
que fundamentaram sua transferência.
4. Quando esse retorno não for possível, como definido em
acordo ou, na falta de um acordo, por meio de procedimentos
adequados, esses povos deverão receber, sempre que
possível, terras de qualidade e situação jurídica pelo menos
iguais às das terras que ocupavam anteriormente e que
possam satisfazer suas necessidades presentes e garantir seu
desenvolvimento futuro. Quando os povos interessados
manifestarem preferência por receber uma indenização em
dinheiro ou espécie, essa indenização deverá ser
adequadamente garantida.
5. Pessoas transferidas de uma terra para
outra deverão ser plenamente indenizadas
por qualquer perda ou dano.
Artigo 19. Os programas agrários nacionais
garantirão aos povos interessados o mesmo
tratamento concedido aos demais segmentos da
população por meio das seguintes medidas:
a) disponibilizando mais terras a esses povos quando
as áreas que ocupam não forem suficientes para lhes
garantir meios essenciais para uma existência normal
ou acomodar seu crescimento demográfico;
b) disponibilizando os meios necessários para
promover o desenvolvimento das terras que esses
povos já possuem.
EMPREGOS
ARTIGO 20. 1. Os governos adotarão, no âmbito das
leis e das regulações nacionais e em cooperação com
os povos interessados, medidas especiais para garantir
uma proteção efetiva a trabalhadores pertencentes a
esses povos no seu processo de contratação e
condições de emprego, caso não estejam efetivamente
protegidos pela legislação aplicável aos trabalhadores
em geral.
Seguridade Social e Saúde
ARTIGO 24. Esquemas de seguridade social
deverão ser progressivamente ampliados para
beneficiar os povos interessados e disponibilizados
a eles sem nenhuma discriminação.
ARTIGO 25. 1. Os governos tomarão as medidas
necessárias que garantam que serviços de saúde
adequados sejam disponibilizados aos povos interessados
ou que eles sejam dotados dos recursos necessários para
desenvolver e prestar esses serviços sob sua própria
responsabilidade e controle para que possam desfrutar do
maior nível possível de saúde física e mental.
2. Na maior medida possível, os serviços de saúde
deverão ser baseados na comunidade. Esses serviços
deverão ser planejados e administrados em cooperação
com os povos interessados e levar-se-á em consideração
suas condições econômicas, geográficas, sociais e
culturais, bem como seus métodos tradicionais de
prevenção, práticas curativas e medicamentos.
3. O sistema de assistência de saúde dará
preferência à formação e contratação de pessoal de
saúde da comunidade local e enfocará a prestação
de serviços de assistência primária, mantendo, ao
mesmo tempo, vínculos estreitos com outros níveis
de assistência de saúde.
4. A prestação desses serviços de saúde deverá ser
articulada a outras medidas sociais, econômicas e
culturais adotadas no país.
Educação
ARTIGO 26. Medidas deverão ser tomadas para
garantir que os membros dos povos interessados
tenham a oportunidade de adquirir uma educação em
todos os níveis pelo menos em condições de
igualdade com a comunidade nacional.
ARTIGO 28. 1. Sempre que viável, as crianças dos
povos interessados deverão aprender a ler e
escrever na sua própria língua indígena ou na
língua mais comumente falada no seu grupo.
Quando isso não for possível, as autoridades
competentes consultarão esses povos com vistas a
adotar medidas que permitam a consecução desse
objetivo.
3. Medidas deverão ser tomadas para preservar e
promover o desenvolvimento e a prática das línguas
indígenas dos povos interessados
Administração
ARTIGO 33
1. A autoridade governamental responsável pelas
questões tratadas na presente Convenção
garantirá a existência de instituições ou de
outros mecanismos adequados para
administrar programas que afetem os povos
interessados e que essas instituições ou
mecanismos disponham dos meios necessários
para o pleno desempenho das funções a eles
designadas.
2. Esses programas incluirão:
a) o planejamento, coordenação, implementação
e avaliação, em cooperação com os povos
interessados, das medidas previstas na
presente Convenção;
b) a proposição de medidas legislativas e de
outra natureza às autoridades competentes e a
supervisão da aplicação das medidas adotadas,
em cooperação com os povos interessados.
A Convenção n. 169, OIT na América Latina:
• Argentina: Comunidade do Chaco;
• Costa Rica: O Tribunal costa-riquenho proferiu
decisão exigindo que o Estado reparasse ponte
sobre o rio Rincón que lhes é essencial para o
desenvolvimento de suas atividades;
• Equador: Conferiu status constitucional à
Convenção, estando acima das leis
infraconstitucionais.
(MPT – 2013 – Procurador)
Analise as assertivas sobre a Convenção 169 da OIT,
que versa povos indígenas e tribais:
I Os programas e os serviços de educação destinados
aos povos indígenas ou tribais interessados deverão
ser desenvolvidos e aplicados em cooperação com
eles a fim de responder às suas necessidades
particulares, e incorporar a sua história, seus
conhecimentos e técnicas, seus sistemas de valores,
promovendo suas aspirações sociais, econômicas e
culturais.
II Quando não for viável ensinar às crianças dos povos
indígenas ou tribais interessados a ler e escrever na sua
própria língua indígena ou na língua mais comumente
falada no grupo a que pertençam, as autoridades
competentes poderão adotar a língua mais falada no país
signatário.
III A República Federativa do Brasil, ratificou a referida
Convenção, que não obriga a garantir aos trabalhadores
pertencentes a esses povos igualdade de oportunidade e
de tratamento para homens e mulheres no emprego,
devendo ser respeitada a cultura sobre o regime de
trabalho de cada grupo ou povos indígenas e tribais;
Marque a alternativa CORRETA:
a) todas as assertivas estão incorretas;
b) apenas as assertivas I e III estão
incorretas;
c) apenas a assertiva I está incorreta;
d) apenas as assertivas II e III estão
incorretas;
e) não respondida.