learning english online in a high school in paranÁ · realizado com eficácia em sala de aula,...

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1 LEARNING ENGLISH ONLINE IN A HIGH SCHOOL IN PARANÁ Sandra Regina Flauzino Arantes Tobbin 1 Resumo: Este trabalho apresenta o resultado de uma proposta de implementação do Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE - com pesquisa na aprendizagem mediada por tecnologias. As atividades do trabalho envolveram letramento digital, aprendizagem de língua inglesa e interação em ambiente virtual, com utilização do laboratório do Paraná Digital. Utilizou-se para o trabalho na proposta de intervenção o material didático-pedagógico “Learning English on Line in a High School in Paraná”, designado como curso online e produzido como parte integrante do programa. Durante o processo os alunos realizaram atividades de letramento digital, utilização de rede para aprendizagem de língua inglesa e interação por meio do gênero e-mail, com um enfoque interdisciplinar com as áreas de Português e Filosofia. Para a produção final os alunos fizeram uso de tecnologias e língua inglesa, mostrando a efetivação da proposta resultados positivos com relação ao uso das tecnologias como ferramentas educativas. Palavras-chave: Tecnologias. Letramento Digital. Língua Inglesa. Aprendizagem. Interação. Abstract: Results on the execution of the Educational Development Program (PDE) involving research in technology-mediated learning are provided. Assignments comprised digital literacy, learning of English and interaction in a virtual milieu through the employment of the Paraná Digital lab. Learning English on Line in a High School in Paraná, an on line course produced as an integral part of the program, has been the didactic and pedagogical material used for intervention. Students undertook digital literacy activities throughout the process and used digital network to learn English and interact by means of the e-mail genre. The interdisciplinary focus involved Portuguese and Philosophy. Since technologies and English were used for the final product, checking activities with above-mentioned proposal, with positive results with regard to the use of technologies as educational tools. Key words: Technologies; Digital literacy; English Language; Learning; Interaction. _____________ 1 Professora PDE - 2007 / UEM Colégio Estadual Malba Tahan – Ensino Médio - Altônia Trabalho Desenvolvido sob a orientação da Professora Mestre Wilsilene Rodrigues Gatto. UEM.

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LEARNING ENGLISH ONLINE IN A HIGH SCHOOL IN PARANÁ

Sandra Regina Flauzino Arantes Tobbin 1

Resumo: Este trabalho apresenta o resultado de uma proposta de implementação do Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE - com pesquisa na aprendizagem mediada por tecnologias. As atividades do trabalho envolveram letramento digital, aprendizagem de língua inglesa e interação em ambiente virtual, com utilização do laboratório do Paraná Digital. Utilizou-se para o trabalho na proposta de intervenção o material didático-pedagógico “Learning English on Line in a High School in Paraná”, designado como curso online e produzido como parte integrante do programa. Durante o processo os alunos realizaram atividades de letramento digital, utilização de rede para aprendizagem de língua inglesa e interação por meio do gênero e-mail, com um enfoque interdisciplinar com as áreas de Português e Filosofia. Para a produção final os alunos fizeram uso de tecnologias e língua inglesa, mostrando a efetivação da proposta resultados positivos com relação ao uso das tecnologias como ferramentas educativas. Palavras-chave: Tecnologias. Letramento Digital. Língua Inglesa. Aprendizagem. Interação. Abstract: Results on the execution of the Educational Development Program (PDE) involving research in technology-mediated learning are provided. Assignments comprised digital literacy, learning of English and interaction in a virtual milieu through the employment of the Paraná Digital lab. Learning English on Line in a High School in Paraná, an on line course produced as an integral part of the program, has been the didactic and pedagogical material used for intervention. Students undertook digital literacy activities throughout the process and used digital network to learn English and interact by means of the e-mail genre. The interdisciplinary focus involved Portuguese and Philosophy. Since technologies and English were used for the final product, checking activities with above-mentioned proposal, with positive results with regard to the use of technologies as educational tools. Key words: Technologies; Digital literacy; English Language; Learning; Interaction.

_____________ 1 Professora PDE - 2007 / UEM Colégio Estadual Malba Tahan – Ensino Médio - Altônia Trabalho Desenvolvido sob a orientação da Professora Mestre Wilsilene Rodrigues Gatto. UEM.

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1. INTRODUÇÃO

Como resultado das mudanças sociais, da globalização e do desenvolvimento

tecnológico, a presença das novas tecnologias tem sido um assunto discutido na

área da aprendizagem e é crescente o número de pesquisas e o interesse pela

aprendizagem mediada por tecnologias na realidade educacional atual.

Essas mudanças que vêm ocorrendo exigem a busca de novas estratégias de

ensino e pesquisas quanto à sua aplicabilidade na sala de aula. Está claro que é

necessário utilizar as novas tecnologias para inclusão e aprendizagem. Segundo

Leffa (2003), se não recriarmos a forma de transmissão de conhecimento, corremos

o risco de transmitir um conhecimento inútil e propõe ao professor de inglês dois

compromissos básicos, que são:

Procurar não apenas “passar” conhecimento para os alunos, mas também gerar o conhecimento necessário para uma melhor aprendizagem da língua. Partindo do princípio de que a pesquisa é a tentativa de responder a uma pergunta, o professor pode começar um projeto de pesquisa pelas tantas perguntas que ainda não foram satisfatoriamente respondidas e que estão diretamente ligadas a muitos problemas de sala de aula (LEFFA 2003 apud STEVENS C. & CUNHA M. J. C., p.237).

Enquanto se assiste a um desenvolvimento tecnológico avançado, os alunos

de escolas públicas são, em sua maioria, excluídos ao acesso destas. Pelo fato de

uma grande parte pertencer a uma camada da sociedade que não possui condições

de adquirir pelo menos um computador, alguns se vêem, muitas vezes, excluídos

até mesmo das próprias aulas no ambiente escolar.

De um lado, os professores ou alguns deles, sentem a necessidade de não

apenas utilizarem a internet como fonte de pesquisa, como também de levar o

conhecimento adquirido para suas aulas, mesmo que seja por meio de transmissão

de informações, comentários ou requerimento de trabalhos que utilizem a rede como

fonte de pesquisa. Por outro lado, os alunos referidos anteriormente, sentem-se

excluídos das aulas onde o que é comentado, pesquisado e apresentado como

resultado de pesquisas em sala de aula não faz parte da realidade de suas vidas

cotidianas.

Na tentativa de aliar as tecnologias à educação, muitas escolas do Paraná já

receberam uma primeira remessa de computadores na década de 90. No entanto,

naquele momento, vários fatores contribuíram para que os mesmos não fossem

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utilizados. Entre eles a falta de preparação técnica e, principalmente, pedagógica

aos professores, a internet banda larga ainda não havia sido difundida em muitas

localidades e falta de condução quanto ao funcionamento dos mesmos. Como

consequência, eles acabaram por ficar obsoletos antes mesmo de serem bem

utilizados.

As escolas estão agora diante de um outro projeto que está implantando

laboratórios de informática nas escolas públicas do estado, o Paraná Digital. Por

este motivo, e também pela compreensão de que é necessário pesquisar meios de

utilizar a tecnologia como mediação para o ensino de língua estrangeira, é que esta

pesquisa e proposta de intervenção se fazem pertinentes às novas demandas

educacionais.

Neste trabalho e na educação atual, o grande desafio foi não apenas utilizar a

rede como instrumento de informação, mas como afirma Paiva (2001, p. 184):

“didatizá-la e adequá-la aos objetivos curriculares, tirando proveito do poder de

motivação a ela inerente e da diminuição potencial das ameaças do discurso face a

face na interação mediada pelo computador”.

A proposta faz parte de um conjunto de atividades articuladas, definidas a

partir das necessidades da educação básica e em conjunto com o Ensino Superior,

por meio do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE - com o objetivo de

propiciar inclusão social, aprendizagem de língua inglesa em ambiente virtual e

interação por e-mails. O material didático-pedagógico, elaborado e disponibilizado

como curso online, serviu e poderá servir de insumo para o desenvolvimento dos

temas curriculares no ensino-aprendizagem de Língua Inglesa na escola pública.

Tanto a proposta do Programa PDE como esta proposta de intervenção

inspiram-se em Paulo Freire, apud PDE Documento Síntese, que ensina que as

mudanças demandadas pela educação requerem firmeza de princípios ideológicos e

ousadia na prática, articulando teoria e prática, na busca de objetivos arrojados e na

ação concreta, para a transformação dos homens do mundo, dialeticamente

imbricados.

No entanto, para que as tecnologias sejam utilizadas como resposta a esse

objetivo, há também necessidade de formação e atualização por parte do professor,

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o que se torna um desafio, pois a formação recebida não enfocou a utilização destas

em seu processo.

Em face desta problemática, surge a necessidade de atualização da docência

para utilização destas novas ferramentas. Segundo Kuenzer (1999) “... em face da

complexificação da ação docente o educador precisará ser um profundo conhecedor

da sociedade de seu tempo, das relações entre educação, economia e sociedade,

dos conteúdos específicos, das formas de ensinar, e daquele que é a razão do seu

trabalho: o aluno. Para isto, os Centros Regionais de Tecnologia – CRTEs -

presentes nos núcleos regionais do estado, já têm iniciado um processo de

atualização e preparação para o uso das tecnologias presentes no contexto escolar.

Na busca por novas formas de ensinar, a internet se torna um meio de

interação, por ser um instrumento tecnológico que tem sido amplamente utilizado e

difundido na sociedade pós-moderna. Deve a mesma ser enfocada como um

instrumento de letramento e transmissão de conhecimento no ambiente escolar, cuja

aprendizagem de língua inglesa pode possibilitar contato direto com o conhecimento

e entre membros de diferentes culturas.

Nessa conjuntura, à escola cabe propiciar aos alunos meios para que possam

apreender a produção do conhecimento, entendendo o termo letramento numa

definição atual, não apenas como o conjunto de conhecimentos que permite às

pessoas a participação em práticas letradas mediadas por computadores, mas a

utilização dessas ferramentas para a construção de sentidos a partir dos textos,

acessando, selecionando, processando e avaliando criticamente as informações

imbricadas na comunicação por meio do computador (BARROS, apud Polifonia

2006, p. 143).

O trabalho na proposta de intervenção se fundamentou em Vygotsky e

Bakhtin no que compreende a aprendizagem como interação com o outro e que

acontece num determinado contexto social. Bakhtin e Vygotisky se aproximam, de

acordo com Garcez (1998), quando afirmam que as práticas sociais são apropriadas

pelos indivíduos no seu processo de desenvolvimento e inserção social.

Também se fundamentou nos trabalhos dos teóricos que têm desenvolvido

pesquisas com Aprendizagem Mediada por Computador, como Paiva (2001); Leffa

(2003/2006), Souza & Souza (2003); Garcia (2004); entendendo o mesmo como

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uma ferramenta e instrumento de mediação, numa abordagem sociointeracionista,

visando propiciar interação social e aprendizagem de língua inglesa através de

recurso tecnológico. Bakhtin/Volochinov, citados em Thom, (2007, p.26), afirmam

que “a língua evolui historicamente na comunicação verbal concreta, não no sistema

lingüístico abstrato das formas da língua, nem no psiquismo individual dos falantes”.

2. DESENVOLVIMENTO

2.1 UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS NO CONTEXTO ESCOLAR

É sabido que o e-mail é na situação educacional atual considerado um gênero

textual e que por meio da internet, se bem utilizada, pode-se propiciar ao aluno

ferramentas de desenvolvimento na aprendizagem de língua inglesa, num ensino em

que o computador não seja um substituto do professor, “mas uma extensão da ação

pedagógica do professor” (LEFFA, 2006, p. 214). Aquilo que não é possível ser

realizado com eficácia em sala de aula, como situações reais de interação,

desenvolvimento das práticas de leitura, escrita e oralidade, pode se tornar mais

significativo na aprendizagem mediada por computador com acesso à internet.

Como professora de rede pública estadual, há alguns anos, interessei-me

profundamente pelas novas tecnologias no ensino de língua inglesa e passei a

desenvolver projetos utilizando estas ferramentas. Nos trabalhos desenvolvidos,

utilizava-se principalmente o e-mail como objeto de estudo, por meio do qual

interagíamos com professores e alunos de outros países.

Posteriormente, outros professores se envolveram e houve possibilidade de

aliar a tecnologia ao ensino e a diversas áreas do conhecimento. Podemos concluir

que aprendemos muito nesses trabalhos e isto despertou um interesse muito grande

pela aprendizagem de língua inglesa, tendo um impacto positivo nos alunos e até

mesmo na comunidade escolar.

Com o tempo, porém, houve o anseio de produzir alguma coisa que estivesse

online, como suporte, ponto de referência para ser utilizado nas aulas no laboratório

digital, uma vez que nos primeiros projetos desenvolvidos não tínhamos ainda

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internet banda larga e o trabalho era realizado, em grande parte, pelos professores

em seus computadores particulares.

Vemos então a implantação dos laboratórios digitais em nosso estado como

um grande avanço para este tipo de atividade e para a melhoria da qualidade do

ensino na escola pública. Assim, por ocasião do PDE, houve a oportunidade de

contar com o suporte acadêmico, o tempo para o estudo e pesquisa e a elaboração

do material didático pedagógico para ser utilizado nas aulas de língua inglesa.

O uso de tecnologias na aprendizagem escolar vem de encontro com o que

apontam AS DIRETRIZES CURRICULARES DE LÍNGUA INGLESA DO ENSINO

MÉDIO, para as quais “a aprendizagem de língua estrangeira deve apresentar-se

como um espaço para ampliar o contato com outras formas de conhecer, com outros

procedimentos interpretativos de construção da realidade”. Assim, num contexto de

aprendizagem mediada por tecnologias, o aluno pode perceber que as pessoas

aprendem através da mediação e que podem ser modificadas pelos objetos que as

cercam e a partir disto construir novos significados.

De acordo com Vygotsky (1998), o aprendizado é um processo

profundamente social, já que aprendemos ao estarmos interagindo dentro de

contextos sociais, dessa forma a interação virtual pode extrapolar a sala de aula e

permitir novas aprendizagens e interação no ambiente escolar. Como

compreendemos a escola como o local de socialização de conhecimento, esta não

pode deixar seus alunos excluídos do acesso a novas tecnologias, como

ferramentas de aprendizagem e interação entre os indivíduos pertencentes à

sociedade globalizada.

Ao reconhecer que o aluno deve ter acesso a essas ferramentas, para que

possa ser inserido e participar do conhecimento histórico e das relações advindas da

transmissão desse conhecimento, a mesma pode contribuir para uma prática

educativa que objetive a aprendizagem de língua “não como um acervo imutável,

mas como uma forma de ação, um modo de vida social, na qual a situação da

enunciação e as condições discursivas são determinantes de sua função e, logo, de

seu significado e interpretação” (GARCEZ, 1998, p.47).

Ao elaborar o material, visualizou-se algo que pudesse conduzir o aluno a

utilizar a rede para aprendizagem, pesquisa e interação. Numa cidade pequena o

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contato com a língua estrangeira é bem menor que em centros maiores e se torna

desafiante promover situações de real interação e contato com a língua nas

diferentes esferas, de forma significativa. A internet possibilita tudo isto,

apresentando-se, dessa forma, uma ferramenta de alto valor para o ensino de língua

inglesa.

Segundo Levy, (apud BARROS, 2006, pag.12) o computador pode ser

considerado em nossa época, uma tecnologia intelectual tão revolucionária como foi

a escrita para as sociedades orais; e isto pode, como consequência, contribuir para

modificar nossa forma de interpretar a realidade, tendo influência direta sobre as

formas de estruturação do pensamento.

Os objetivos do trabalho incluíram: letramento, o uso de Call – Computer

Assisted Language Learning – Aprendizagem de Línguas Mediada por Computador-

e interação, por meio de diários dialogados eletrônicos, sendo considerado o

computador como uma ferramenta de mediação para o ensino-aprendizagem de

Língua Inglesa e uma extensão do trabalho do professor. Os alunos participaram de

atividades utilizando as ferramentas tecnológicas da internet para produção de

conhecimento, a partir de atividades de letramento digital e da utilização do curso

online.

As atividades envolveram motivação e organização de grupos para trabalho,

criação de e-mails, utilização da rede para desenvolvimento das práticas de leitura,

escrita e oralidade, com enfoque principal na leitura e escrita, utilização de

mecanismos de busca e navegação por sites onde a língua pode ser estudada. O

trabalho na proposta apresentou uma abordagem interdisciplinar envolvendo as

áreas de Filosofia e Português, no que se refere ao uso responsável da rede, com

atitude responsiva perante os desafios com relação à sua utilização e quanto às

influências lingüísticas que a escrita na internet pode causar à escrita em língua

materna.

Na produção final, observou-se no aluno o desenvolvimento da autonomia na

utilização da rede como ferramenta para aprendizagem de língua inglesa, avanços

no nível de aprendizagem e posicionamento crítico quanto ao que é acessado e

veiculado na internet.

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O material foi inicialmente elaborado para utilização nas séries finais do

ensino médio, levando-se em consideração a maturidade emocional e a bagagem de

língua inglesa já adquirida para esta proposta. Nada impede que o mesmo seja

utilizado em outras séries, de forma parcial ou com adaptações. Sabemos que a

internet é uma fonte preciosa para o ensino, mas sua utilização envolve seriedade e

responsabilidade para que a mesma tenha um efeito positivo para a aprendizagem,

sem distorções ou perigos cujos resultados estamos nos tornando habituados a ver

nos noticiários.

Além disso, um dos objetivos do curso online é desenvolver autonomia na

utilização da rede, e os alunos da terceira série precisam desenvolver esta

habilidade para que ao sair da escola possam utilizar a rede para pesquisa e estudo,

e com o trabalho na proposta isto foi objetivado.

2.2 IMPLEMENTAÇÂO DA PROPOSTA

A implementação se fez a partir do mês de março de 2008. O curso online foi

disponibilizado provisoriamente na página do município, no endereço

<www.altonia.pr.gov.br/learning>, quando as atividades foram iniciadas. Os alunos

ficaram muito interessados, pois eles sempre criticavam o fato de o laboratório ficar

a maior parte do tempo fechado e eles não poderem utilizar.

Já de início houve a necessidade de adaptação, pois quando iniciamos o PDE

os laboratórios estavam em fase de implantação e nos parecia que colocando dois

alunos por computador o trabalho seria viável, todavia, a forma como os

computadores foram disponibilizados na sala para o funcionamento dos servidores

impediu isto.

A primeira dificuldade encontrada foi a incompatibilidade do número de

computadores do laboratório com o número de alunos por turma. Tínhamos turmas

de terceira série, no início do ano, com 40 a 42 alunos e 20 computadores no

laboratório, tendo como agravante o fato de que em alguns dias três ou quatro não

funcionavam. Por esta razão, a turma escolhida foi a terceira A, que contava no

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início do ano com 40 alunos, entretanto, a proposta foi também implementada na

terceira B, não sendo a mesma, objeto da pesquisa.

Foi sugerido então que se trabalhasse com um número menor de alunos em

contra turno para melhor realização das atividades e maior facilidade de avaliação

da pesquisa, mas podemos inferir que temos que realizar pesquisas que venham

responder a desafios da realidade. Em nosso cotidiano não teremos como utilizar os

laboratórios com poucos alunos e temos esta incompatibilidade. Era objetivada

alguma coisa que pudesse ser praticada no dia-a-dia e decidimos que seria assim, o

trabalho seria realizado com toda a turma, apesar dos desafios e em se tratando de

tecnologia, podemos afirmar agora que são muitos, mas não é impossível.

A turma foi dividida em dois grupos e foi requerido da direção que as aulas,

nessa turma, fossem geminadas para facilitar o trabalho. Procuramos durante todo o

processo caminhos que pudessem colaborar para a viabilidade do trabalho e

tivemos colaboração da equipe pedagógica, administrador local e funcionários da

biblioteca. Uma das estratégias iniciais foi a utilização de atividades das unidades do

Livro Didático Público que enfocam o assunto em estudo. Enquanto um grupo era

atendido no laboratório, outro trabalhava na biblioteca e depois se fazia a troca.

2.3 INTRODUÇÃO DO CURSO ONLINE E LETRAMENTO DIGITAL

As atividades se iniciaram com a apresentação da proposta, do material on

line e orientações para o encaminhamento do trabalho. No sistema do Paraná Digital

cada aluno é cadastrado e tem uma senha para logar e isto já havia sido realizado

por funcionários responsáveis no ano anterior, mas em razão de os alunos utilizarem

muito pouco o laboratório, muitos tiveram problemas para acessar e foi necessário

organizar isto nas primeiras aulas no laboratório.

A cada início de aula o funcionário administrador local abria o laboratório,

ligava os computadores e checava quantos estavam funcionando. As atividades

eram inicialmente organizadas em sala de aula, com formação dos grupos e a seguir

cada grupo se dirigia ou ao laboratório digital ou à biblioteca, onde contamos com o

apoio de funcionários e alunos monitores.

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Como conduzia as atividades no laboratório, não era possível deixar os

alunos sozinhos e dar atendimento na biblioteca com tanta frequência, mas corrigia

e checava as atividades que eles realizavam para que sentissem que estavam

realizando atividades de suporte ao trabalho do laboratório. Este foi o caminho

encontrado e pode-se concluir que os alunos também colaboraram muito nesse

sentido, pois não tivemos sérios problemas com relação a este fator. Contudo, não

se pode negar que isto atrasava as atividades no laboratório e numa turma cujos

alunos tivessem menor grau de maturidade, ficaria mais difícil.

No laboratório, já de início, foi possível notar a disparidade no nível de

letramento e conhecimento sobre a utilização das ferramentas tecnológicas.

Enquanto alguns alunos tinham computador particular outros não sabiam sequer

usar o teclado. Deixamos claro que a proposta fora idealizada, principalmente, para

aqueles que não têm acesso a tecnologias fora do ambiente escolar, que a

professora também tinha limitações e que os alunos com maior conhecimento

seriam monitores e ajudariam dando suporte, o que aconteceu durante todo o

processo.

Seguimos, assim, para as atividades de introdução do curso e letramento

digital. Neste primeiro momento alguns alunos preferiam trabalhar em duplas,

mesmo havendo disponibilidade de máquinas. Isto nos levou a concluir com o

passar das aulas no laboratório que era porque não sabiam usar o teclado e, nessa

idade, eles não gostam de admitir o que não sabem ou não têm para os colegas de

classe.

Outro fato interessante que se pode observar: nas aulas, em sala de aula, não

percebemos tão claramente que determinados alunos não se sentem confortáveis

em trabalhar com colegas que não sejam próximos a eles e no laboratório isto ficou

muito claro. Se algum dia eles ficavam em grupos diferentes dos que gostariam,

reclamavam e pediam que lhes fosse permitido trabalhar com seus amigos

próximos. Um outro aluno não comparecia ao laboratório e só fazia as atividades na

biblioteca. Foi necessário sair para o pátio um dia à sua procura e então descobrir

que nunca havia manejado um computador e percebia-se que ele se sentia

constrangido. Após trazê-lo para o laboratório, iniciamos com ele as atividades de

letramento.

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Criados os e-mails, os alunos enviaram as primeiras mensagens, escrevendo

em inglês, pequenos textos de apresentação pessoal. Eles participaram ativamente

e se mostraram comprometidos com a realização das atividades da proposta. Como

o sistema, dependendo do que é acessado, fica lento, o trabalho de criação de e-

mails foi um tanto demorado e alguns servidores, algumas vezes, não abriam. O que

atrasou um tanto o andamento das atividades de letramento e interação.

Inicialmente, foi planejado enviar mensagens semanais para interação com os

alunos, mas concluiu-se que só poderiam abrir e responder os que tinham acesso à

internet fora do ambiente escolar, o que causaria a exclusão de alguns. O trabalho

de troca de mensagens ficou então limitado aos dias em que usávamos o laboratório

e se fôssemos a todas as aulas abrir e escrever e-mails, ficaria difícil dar

continuidade às atividades da proposta que não previa apenas a interação por e-

mails.

Segue abaixo um exemplo das atividades de letramento:

2.4 LEARNING ON LINE

Após a primeira fase, de introdução do curso e criação de e-mails, os alunos

foram introduzidos às etapas de Surfing on the Net e Learning on Line. Neste

momento, o laboratório ficou fora de funcionamento por alguns dias e as atividades

foram realizadas em sala de aula e na sala com projetor multimídia, de onde

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tínhamos acesso à internet. Além disso, tinham também que ser concluídas as

atividades e avaliações finais do bimestre.

De fato são muitos os problemas que interferem no bom andamento de uma

pesquisa. Como nessa proposta as máquinas eram o material de trabalho, isto

ficava ainda mais complicado. Sempre se deixou claro para os alunos que teríamos

que lidar com este tipo de problemas e que quando tudo for perfeito não será mais

nenhum desafio propostas assim.

Terminado o primeiro bimestre, nossa escola sediou, neste ano, os Jogos

Colegiais da fase regional e tivemos uma semana com outras atividades. Logo que

retornamos, o laboratório não estava funcionando, segundo técnicos, por motivo de

atualizações que estavam sendo efetuadas nas centrais e o nosso sistema não

estava suportando. Seriam necessárias algumas atualizações em nosso laboratório

e mais memória.

Esta fase foi de muita espera, conversas com a direção da escola, ligações

para o CRTE e foi muito desanimador. Depois de esperar quase mais de um mês,

liguei para a coordenadora de língua inglesa em nosso núcleo pedindo que

intercedesse junto aos técnicos para maior urgência no tocante à solução deste

problema, senão teria que pedir ajuda à coordenação do PDE. Nas semanas

seguintes, foram então efetuadas as referidas implementações técnicas e o

laboratório voltou a funcionar. Estávamos em junho e reiniciamos as atividades.

Podemos inferir, considerando estes acontecimentos, que há necessidade da

presença de um técnico por escola para dar suporte ao trabalho do professor, pois

por mais competentes e prontos ao atendimento que são os técnicos do CRTE,

quando há problemas no laboratório, (alguns deles muito simples e que são

resolvidos pelos técnicos em pouco tempo) eles dependem de agendamento e

recursos financeiros para o atendimento às escolas.

Em continuidade, a proposta era, a partir do curso online, navegar por sites

onde a língua inglesa pudesse ser encontrada para aprendizagem online. Surfamos

inicialmente pelo Portal Dia-a-dia, explorando as ferramentas disponíveis, como

cursos de línguas e testes online. Os alunos fizeram alguns testes online para

checarem seu nível. Foi-lhes dito como estes testes eram considerados e sugerido

um para que todos tivessem um mesmo referencial, o teste do curso Weblínguas,

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disponível em Curso de Línguas, a partir do Portal Dia–a–dia, no endereço

<http://www.weblinguas.com.br/quiz/quiz2.asp>.

Após a realização do teste, de 80 a 90 % dos alunos tiveram resultados de 24

a 39% de acertos, ficando no nível Elementary, com uma aluna superando este

resultado, Lower Intermediate e o restante um nível abaixo, Begginer. A escala de

avaliação do teste vai de Beginners a Very Advanced. Concluídos os testes,

surfamos por todos os cursos e ferramentas disponíveis a partir do portal e os

alunos realizaram atividades de estudo da língua inglesa utilizando ferramentas de

pesquisa, interagindo com os colegas e enviando os relatórios dos trabalhos por e-

mail.

Por motivo de problemas de saúde, na ausência da professora, por quinze

dias, os alunos pediram que se continuassem as atividades no laboratório. Para isto,

foram passadas informações e orientações à professora substituta e a alguns alunos

que tinham mais habilidade, para que o trabalho tivesse continuidade. Eles enviaram

as atividades por e-mail, por meio das quais concluímos o bimestre.

Exemplos de e-mails e trabalhos enviados nesta fase:

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2.5 COLABORAÇÃO DOS PROFESSORES DO GRUPO DE TRABALHO EM

REDE – GTR

Entre as atividades de responsabilidade do professor PDE estava a tutoria do

Grupo de Trabalho em Rede, no qual o tema era a proposta em estudo e

implementação. Como o PDE era uma proposta em construção, na primeira edição

os professores da rede foram escalados para os cursos e não tiveram oportunidade

de escolha entre os cursos oferecidos.

Isso se mostrou até certo ponto de fator negativo para esta proposta, pois

muitos professores tinham barreiras quanto à utilização da internet e dificuldades

para utilizarem o laboratório digital em suas atividades particulares e escolas. O que

exigiu um trabalho constante para mostrar a necessidade da utilização de

tecnologias no ambiente escolar. Todos os que participaram fizeram seus esforços

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para contribuírem, mas no momento em que foi proposto a eles um trabalho de

implementação da proposta, poucos puderam ou se dispuseram a realizar.

Uma das participantes propôs a realização de um link com os alunos. Eles

escreveriam à professora que retornaria as mensagens propondo novos

questionamentos e assim sucessivamente. As atividades aconteceram e foram de

referencial valor, pois os alunos puderam interagir com ela através da língua inglesa.

No início, foi monitorada a escrita e leitura dos e-mails, mas posteriormente os

alunos continuaram a escrever sem nenhuma interferência por parte da professora.

Como já relatado anteriormente, as dificuldades técnicas e de tempo não

permitiram que parássemos apenas em uma atividade por muito tempo para não

perdermos o foco da pesquisa. Por esta razão, o link com a professora continuou até

o final do primeiro semestre, ficando combinado com ela que a mesma faria uma

visita à nossa escola para que os alunos a conhecessem.

2.6 DIFICULDADES ENCONTRADAS NO PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO

Ao iniciarmos o segundo semestre, teoricamente, as atividades deveriam ter

sido concluídas, pois a intervenção era prevista para o primeiro semestre. Decidimos

continuar sem muita pressa as atividades para não comprometer a realização efetiva

e os resultados da pesquisa, levando-se em conta os problemas já enfrentados no

primeiro semestre.

Muitas são as dificuldades para o cumprimento do cronograma de uma

proposta, como resultado da forma como as atividades escolares são constituídas e

realizadas. O fato de serem as aulas geminadas contribuiu para o atendimento aos

dois grupos concomitantemente, mas em contrapartida quando havia feriados,

outras programações, mudanças de horário ou reuniões no dia das aulas, era uma

semana de prejuízo.

Outro fator que comprometeu o cronograma é a data da entrega de notas

bimestrais para a secretaria. Numa proposta como esta, os objetivos e resultados

não podem ser divididos ou não havia como garantir que fossem cumpridos por

bimestre em função da natureza da própria proposta e de vários fatores já

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mencionados. Foi preciso fazer adaptações, mudar o rumo de algumas atividades

para o fechamento das avaliações bimestrais.

Por mais que tenhamos progredido quanto à forma de avaliar e ao seu

processo, o sistema ainda cobra que sejam entregues os resultados bimestrais

numa determinada data, de acordo com o sistema de avaliação da escola e isto

compromete o andamento de pesquisas que buscam responder a novas demandas

no ambiente escolar. Para conciliar, procurou-se utilizar atividades avaliativas que

enfocassem a tecnologia, como interpretação de textos em vídeo, os gêneros

digitais, como comic strips, videoclips, atividades da proposta enviadas por e-mail e

outros, contando com a ajuda de monitores para a aplicação das mesmas.

Quanto ao posicionamento do professor em trabalhos envolvendo a

tecnologia, como professores, por mais inovadores que sejamos, estamos

habituados a ter controle do que será ensinado e aprendido. Com a tecnologia,

exercemos o papel de mediadores, sendo também necessária uma adaptação, em

função de nossa formação. Do contrário, poderemos frustrar o processo de ensino-

aprendizagem, perdendo assim a oportunidade de aliar uma ferramenta de grande

potencial para nossa prática.

2.7 ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR

Em continuidade, partimos para o tema Netspeak, com uma abordagem

interdisciplinar com as disciplinas de Português e Filosofia, enfocando como a

escrita na internet tem influenciado a escrita no ambiente virtual e escolar, e

adentrando para a aprendizagem de termos referentes a Netspeak e uso de

emoticons em mensagens eletrônicas.

Os alunos ficaram muito interessados e envolvidos quando enfocamos esses

temas, pois muitos já participam de comunidades virtuais, trocam fotos, postam

vídeos, já acessaram, usam MSN, mensagens de texto e ficaram surpresos com as

implicâncias, perigos e responsabilidades a que estamos submetidos quando

utilizamos essas ferramentas.

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Entre as atividades previstas estava o trabalho com o termo Netiquette, que

diz respeito a regras de etiqueta para utilização da internet e seus respectivos

gêneros. Para a realização da tarefa, os alunos formaram grupos, pesquisaram e

enviaram mensagens por e-mails mostrando como utilizar a rede de forma

responsável. Os resultados foram positivos, porém, ficou claro um fator que é

constante das reclamações de professores quanto à apresentação de trabalhos

envolvendo o uso da internet: os alunos têm dificuldades e precisam de mais

treinamento e preparação quanto a referenciar e elaborar produções que têm a

internet como fonte de pesquisa.

Inicialmente, alguns apenas copiavam e colavam, sem referenciar a fonte de

pesquisa ou refletir se o interlocutor entenderia o enunciado da mensagem a partir

do que foi exposto. Talvez porque, na maioria dos trabalhos de produção, o aluno

apenas faz para entregar ao professor, sem analisar o papel do interlocutor. Na

tentativa de solução para o problema, foram feitos questionamentos para que eles

se colocassem no lugar de quem receberia a mensagem, se estava claro, se

entenderiam, se havia no e-mail conteúdo suficiente para a transmissão da

mensagem.

Exemplos de Atividades:

18

19

2.8 PRODUÇÃO E TRABALHO FINAL

Passou-se então para a fase de produção final e socialização. Na sessão Hot

Topics os alunos formaram grupos, e a proposta foi a escolha de um tema, pesquisa

e elaboração de trabalho para ser apresentado com utilização da tecnologia e a

língua inglesa. Como em nosso contexto escolar alguns alunos já estão ficando

habituados a baixarem vídeos para apresentação de trabalhos com utilização do

projetor multimídia, sugeriu-se a apresentação com utilização de slides.

Foram assim montadas as equipes e o trabalho foi realizado com todos os

alunos no laboratório. Quanto à escolha dos temas sugeridos na seção Hot Topics,

os alunos se interessaram muito por temas referentes à música, adolescência,

poesia e aquecimento global. Como resultado, vários grupos escolheram esses

temas. Não houve interferência da professora na escolha do tema, nem na

elaboração do trabalho, ficando os alunos à vontade para utilizarem o laboratório ou

computadores particulares.

Para melhor acompanhamento e atendimento para a produção das equipes,

propiciou-se durante as aulas, momentos para pesquisa, organização do trabalho

com orientações sobre a elaboração de apresentação de slides no sistema do

Paraná Digital. Assim, os grupos tinham um acompanhamento da professora quanto

ao trabalho em andamento, interação e podiam se familiarizar melhor com o

sistema. Muitos reclamavam e encontravam dificuldades para utilização do sistema

Linux e optavam por concluir os trabalhos em casa.

Não foram feitas objeções a isto, pelo fato de que o tempo de que

dispúnhamos durante as aulas no laboratório era insuficiente para realizarem tudo.

Marcada a data para as apresentações, iniciamos com a primeira equipe que

enfocou o gênero música, mostrando um vídeo, apresentação de slides, leitura de

partes do trabalho em inglês e posicionamento crítico referente ao tema enfocado,

com o tema da “American Idiot”. A primeira apresentação foi considerada muito boa

e o dinamismo da equipe fez com que os outros que estavam um tanto tímidos para

exposição, se sentissem encorajados.

Na sequência, as outras equipes apresentaram suas produções com os

seguintes temas: Teenagers, Music and Drugs, Life (poem), Bullying, Urban Tribes,

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Global Warming e Songs and Pop Stars. Na apresentação os grupos utilizaram

textos e imagens, com vídeos, slides, som, videoclipes, e uma das equipes optou

por gravar suas vozes e inserir a gravação na apresentação de slides.

Em cada trabalho os alunos leram partes da apresentação em inglês,

expuseram o assunto estudado e houve discussões muito produtivas, uma vez que

os temas eram de interesse dos mesmos. Pode-se afirmar que houve a construção

de significados a partir do conteúdo pesquisado e estudado, da utilização da língua e

da tecnologia. Isto evidencia que houve aprendizagem, maior familiarização com a

tecnologia e posicionamento crítico com relação ao que é acessado e veiculado em

ambiente virtual.

Quanto ao desempenho por equipe, como em todo trabalho em grupo, seja

em sala de aula ou no laboratório, há os que trabalham coesos e é possível verificar

o trabalho de cada um na hora da apresentação do trabalho, mas em algumas

equipes, sempre há aqueles que não se envolvem como deveriam e isto fica claro

no momento da exposição para a turma.

Duas equipes tiveram problemas com relação à responsabilidade com a data

de apresentação e apresentaram em datas diferentes das planejadas. Às equipes

que apresentaram dificuldades quanto à apresentação para a turma, quanto ao uso

da língua, tecnologias ou outros fatores, houve atendimento por parte da professora

em momentos especiais com as mesmas no laboratório.

Assim, foram concluídas as apresentações das produções no mês de outubro.

Visando socializar as produções, foi requerido aos alunos que enviassem os

trabalhos por e-mail ou copiassem em CDs, no pendrive da professora ou de um

aluno responsável, para que se gravasse um CD com todas as apresentações.

Nesta fase fomos informados que por uma seleção de projetos envolvendo o uso de

tecnologias no estado, nosso trabalho havia sido selecionado e haveria em nossa

escola uma filmagem para ser veiculada como parte de um documentário em TVs

educativas, com Paulo Freire, TV Escola e outros.

21

2.9 SOCIALIZAÇÃO

Para a socialização dos trabalhos por meio do Cd, envio de e-mails e possível

apresentação, por ocasião da filmagem prevista, foi preciso observar melhor com as

equipes algumas questões com relação a referências, imagens e pequenas

correções de língua na apresentação dos slides. Esta necessidade ficou muito clara

aos alunos, pois para participar da filmagem todos tiveram que apresentar um

contrato de cessão de imagem devidamente assinado pelos pais ou responsáveis.

Começamos com cada equipe uma revisão nos trabalhos.

Para a revisão, foi sugerido a eles que observassem melhor, neste segundo

momento, de onde retiraram as imagens, de onde era o conteúdo dos textos e

músicas, sem interferências por parte da professora na escrita dos textos em inglês,

para não comprometer a originalidade dos mesmos. Apenas uma equipe não

realizou a revisão da forma requerida, alegando falta de tempo ou dificuldade para

localizar as fontes e até mesmo o próprio trabalho, visto que eles transportaram os

trabalhos para a área de trabalho do computador da escola para as apresentações e

não conseguiram mais localizar.

Algumas equipes se prepararam para exporem os trabalhos no dia da

filmagem, contudo, como o roteiro de trabalho seguiu a organização e o formato

previsto pela equipe responsável, apenas quinze alunos foram enfocados. Para isto,

foi simulada uma aula, na qual foram entrevistados a professora, a responsável pelo

CRTE de nossa região, a diretora e duas outras alunas. Todo o trabalho de filmagem

visou verificar, a partir do curso online, experiências com utilização de tecnologias no

ambiente escolar.

3. CONCLUSÃO

Ao avaliar a implementação desta proposta, pode-se concluir que foi produtiva

e alcançou os objetivos de letramento digital e aprendizagem de língua inglesa

mediada por tecnologias. Na produção final dos alunos e em todo o processo de

utilização do material didático-pedagógico no laboratório digital, confirmou-se o

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interesse dos mesmos, o que aprenderam, pesquisaram e apresentaram com

relação aos objetivos estabelecidos.

Ficou evidente que a aprendizagem mediada por tecnologias e a produção de

materiais didáticos para esta modalidade pode contribuir para a inclusão social e

melhoria da qualidade do ensino de língua inglesa na escola pública. Há, porém, que

se ressaltar alguns fatores que prejudicaram o sucesso eficaz da mesma em

algumas áreas, para que em outros trabalhos isto possa ser considerado.

Quanto ao processo de letramento, numa primeira reflexão, pode-se concluir

que seria mais adequado realizar as mesmas em momentos diferentes do horário

escolar, em função da heterogeneidade com relação a isto, porém, isto reflete, por

outro lado, que esta é a realidade da escola pública. Há uma disparidade em

qualquer área entre o nível de conhecimento, visto os alunos pertencerem a níveis

sócio–econômico–culturais muito diferentes.

Portanto, é possível afirmar que os alunos que não tinham, no início, nenhum

contato com computadores e internet, encontram-se agora, de acordo com

Vygotisky, na zona de desenvolvimento proximal. Tiveram uma experiência,

aprenderam os comandos básicos, realizaram as primeiras atividades de letramento,

porém, é preciso desenvolvê-los para que tenham maior autonomia.

Com relação à aprendizagem de língua inglesa, ficou evidente para os alunos

o poder de interação e as possibilidades de estudo da língua inglesa com utilização

da rede. Contudo, como a rede propicia um amplo acesso ao conhecimento, isto

exige do aluno compromisso e responsabilidade com sua aprendizagem. Neste

sentido, a utilização das tecnologias demanda novas práticas e metodologias, e o

trabalho cada vez mais “didatizado” e frequente com elas é que desenvolverá no

aluno e também no professor novos posicionamentos.

Considerando as evidências apresentadas no decorrer deste documento com

relação aos problemas técnicos, há necessidade de adoção de medidas que

venham facilitar o uso dos laboratórios digitais. Para o enfrentamento dessa

problemática, algumas medidas podem ser sugeridas. A primeira seria um número

menor de alunos por turma. Outra seria a forma de organização das mesmas, como

já é feito em outros países: para algumas aulas ou disciplinas são formadas turmas

com um número menor de alunos. Sem isto, um profissional à disposição para

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suporte a estas atividades seria uma solução viável, como foi tentado nesta

proposta, mas com alunos e funcionários da escola.

Além disso, é necessário investimento em formação e preparação técnica

para que o professor possa melhor utilizar as tecnologias, não deixando também o

próprio profissional de buscar por si mesmo atualização. Se medidas como as

sugeridas não forem adotadas, os laboratórios correm o risco de serem mal

utilizados ou muito pouco utilizados com os alunos.

Em suma, os resultados desta pesquisa mostram que cabe a nós, em

conjunto, buscarmos soluções viáveis que venham responder aos nossos anseios

enquanto educadores, sem colocar em nossos ombros toda a responsabilidade pelo

sucesso ou fracasso do processo, nem nos eximirmos dela frente aos novos

desafios que se apresentam na atualidade.

Foi de memorável importância a formação continuada recebida na

universidade e o suporte da orientadora na elaboração do material e condução do

processo, o que prova que as instâncias educacionais devem trabalhar em conjunto

e não de forma isolada, para que a educação cumpra sua função de transmissão do

conhecimento, atualização e formação em nossa sociedade.

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