leandro eustáquio e igor de matos monteiro - direito financeiro - 2º edição - ano 2010

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L eandro E ustáqüio Professor dos Cursos Preparatórios Praetorium (www.praetorium.com.br) e Orvile Carneiro. Professor de Cursos Preparatórios em Brasília Professor da Pós-Graduação do Curso Aprobatum. Professor da Pós-Graduação do IEC PUCMINAS. Professor da Pós-Graduação do Cad-Gama Filho em Belo Horizonte. Ex-procurador da Câmara Municipal de Santa Luzia-MG. Mestre em Direito Publico pela PUCMINAS. Pós- Graduado em Direito Municipal pela UNIFENAS MG. Graduado em Direito pela PUCMINAS. Palestrante. Autor do Livro de Direito Ambiental da Coleção Praetorium - Editora Lúmen Júris. Autor dos DVDs de Direito Ambiental gravados pela Telejur (www.telej ur. com .br) I gor de M atos M onteiro Advogado militante em Belo Horizonte. Sócio do escritório Faiçal, Monteiro & Dutra. Mestre em Direito Público. Professor de Cursos preparatórios para concursos das disciplinas Administração Pública, e Direito Administrativo, www.fmd.adv.br DIREITO FINANCEIRO Lei n°. 4 . 320/ 1964. Dicas para realização de provas de concursos artigo por artigo 23 edição Revisada, ampliada e atualizada. 2010 EDITORA u PODSVM EDITORA jyPODIVM www.editorajuspodivm.com.br

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Page 1: Leandro Eustáquio e Igor de Matos Monteiro - Direito Financeiro - 2º Edição - Ano 2010

L e a n d r o E u s t á q ü ioProfessor dos Cursos Preparatórios Praetorium (www.praetorium.com.br) e Orvile

Carneiro. Professor de Cursos Preparatórios em Brasília Professor da Pós-Graduação do Curso Aprobatum. Professor da Pós-Graduação do IEC PUCMINAS. Professor da

Pós-Graduação do Cad-Gama Filho em Belo Horizonte. Ex-procurador da Câmara Municipal de Santa Luzia-MG. Mestre em Direito Publico pela PUCMINAS. Pós- Graduado em Direito Municipal pela UNIFENAS MG. Graduado em Direito pela

PUCMINAS. Palestrante. Autor do Livro de Direito Ambiental da Coleção Praetorium - Editora Lúmen Júris. Autor dos DVDs de Direito Ambiental gravados pela Telejur

(www.telej ur. com .br)

I g o r d e M a t o s M o n te ir oAdvogado militante em Belo Horizonte.

Sócio do escritório Faiçal, Monteiro & Dutra.Mestre em Direito Público.

Professor de Cursos preparatórios para concursos das disciplinas Administração Pública, e Direito Administrativo, www.fmd.adv.br

DIREITO FINANCEIROL ei n°. 4.320/ 1964.

Dicas para realização de provas de concursos artigo por artigo23 edição

Revisada, ampliada e atualizada.2010EDITORA

uPODSVM

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www.editorajuspodivm.com.br

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Capa: Carlos Rio Branco Batalha Diagramação: Caetê Coelho

Caete1984@gmail. com

Conselho EditorialAntônio Gidi Nestor TávoraDirley da Cunha Jr. Pablo Stolze GaglianoLeonardo de Medeiros Garcia Robério Nunes FilhoFredíe Didier Jr. Roberval Rocha Ferreira FilhoGamil Fõppel El Hireche Rodolfo Pamplona FilhoJosé Henrique Mouta Rodrigo-Reis MazzeiJosé Marcelo Vigliar Rogério Sanches Cunha

Todos os direitos reservados às Edições JwsPODIVM.

Copyright: Edições JkjPODIVM

É terminantemente proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio ou processo, sem a expressa autorização do autor e da Edições JwsPODIVM. A violação dos direitos autorais caracteriza crime descrito na legislação em vigor, sem prejuízo das sanções civis cabíveis.

Rua Mato Grosso, 175 -Pituba,CEP: 41830-151 - Salvador - Bahia

Tel: (71) 3363-8617 / Fax: (71) 3363-5050 E-mail: [email protected]

Site: www.editorajuspodivm.com.br

EDITORA.

fODIVM

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S u m á r io

Proposta da ColeçãoLeis Especiais para Concursos........................................ ......................................

Nota à 2a edição.......................................................................................... ............

Abreviaturas...................................................................................... .....................

Pakte IDIREITO FINANCEIRO.....................................................................................1. Introdução..........................................................................................................

1.1. A Ciência Finanças Públicas e o Direito Financeiro................................1.2. O Estado Brasileiro e as Finanças numa Perspectiva Histórica.............1.3. O Processo orçamentário no Brasil..........................................................

1.3.1. A evolução do Processo Orçamentário no Brasil.Uma Visão a partir das Constituições............................................

1.3.2. O Modelo Orçamentário na Constituição de 1988.O Orçamento como Instrumento da Democracia e Planejamento....

2. Aspectos do orçamento público. Classificações do Orçamento públicoe os princípios orçamentários.........................................................................2.1. Tipos do Orçamento................................... ...............................................

2.1.1. Outra Classificação.........................................................................2.2. Aspectos Orçamentários.......................................................... ■...............2.3. Princípios do Direito Financeiro..............................................................

3. Ciclo orçamentário...........................................................................................3.1. Processo Legislativo Orçamentário...................................... ...................3.2. Controle da Execução Orçamentária.......................................................

4. Leis orçamentárias em espécie.........................................................................4.1. O Piano Plurianual (PPA)..........................................................................4.2. A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)...............................................4.3. A Lei Orçamentária Anual (LOA)............................................................

5. Créditos adicionais...........................................................................................5.1. Classificação............ .................................................................................

6. Receitas públicas......... ..................... ...............................................................6.1. Conceito de Receita..................................................................................6.2. Regime da Receita....................................................................................6.3. Fases (Estágios) da Receita.......................................................................

6.3.1. Previsão........................................... ................................................6.3.2. Lançamento..................................................... ..............................6.3.3. Arrecadação ...................................................................................6.3.4. Recolhimento..................................................................................

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L ea n d r o E u st á q u io e Ig o r d e M a t o s M o nteiro

6.4. Classificação das Receitas......................................................................... 866.4.1. Regularidade,..... ............................................................................ 866.4.2. Origem ........................................................................................... 866.4.3. Lei 4.320-64 ................................................................................... 886.4.4. Codificação das Receitas ou Categoria Funcional Programática........ 916.4.5. Natureza -Receitas Orçamentárias e Receitas Extraorçamentárias.... 93

7. Despesas públicas............................................................................................... 977.1. Conceito...................................................................................................... 977.2. Regime Contábil da Despesa.... ................................................................ 997.3. Classificação das Despesas........................................................................ 1007.4. Estágios (Fases) da Despesa................................. ............................ ....... 1067.5. Restos a Pagar..................................... ...................................................... 1117.6. A Codificação das Despesas (Portaria Interministerial 163).................. . 112

8. Sistema Integrado de Administração Financeiro do Govemo Federal (SIAFI).. 1169. Sistema Integrado de Dados Orçamentários (SIDOR)..................................... 121

9.1. Definição.................................................................... ............................... 1219.2. Funções....................................................................................................... 122

10. Precatório........................................................................................................... 12310.1. Conceito.................................... ............................................................... 12310.2. Aspecto Normativo.................................................................................. 124

10.2.1. Lei 10.259/2001 (Juizados Especiais Federais) -Créditos de Pequeno Valor........................................................... 127

10.2.2. Pagamento de Honorários Advocatícios por Precatório e RPV... 12810.3. Crédito Alimentar............................................... .................................... 12910.4. Atualização monetária............................................................................. 13010.5. Seqüestro de Verbas Públicas.................................................................. 131

11. Divida pública................................................................................................. 13111.1. Conceito............................................................................. ...................... 13111.2. Disciplina Constitucional................................................................... . 13111.3. Classificação da Dívida Pública - Dívida Flutuante

e Dívida Pública Fundada (Consolidada)............................................. . 13411.3.1. Dívida Flutuante............................................................................ 13411.3.2. Dívida consolidada (Fundada)..................................................... 135

11.4. Extinção da Dívida Pública..................................................................... 13912. Crédito público................................................................................................ 140

12.1. Conceito........................................... ........................................................ 14012.1.1. Nomenclatura.......................................... ................................... 140

12.2. Disciplina Constitucional........................................................................ 14012.3. Empréstimos Públicos............................................................................. 141

12.3.1. Classificação dos Empréstimos Públicos..................................... 14112.4. Fases......................................................................................................... 142

Parte IILEI N. 4.320 COMENTADA.............................................. ................................. 143

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P r o p o s t a d a C o l e ç ã o L e i s E s p e c ia is p a r a C o n c u r so s

A coleção Leis Especiais para Concursos tem como objetivo prepa­rar os candidatos para os principais certames do país.

Pela experiência adquirida ao longo dos anos, dando aulas nos prin­cipais cursos preparatórios do país, percebi que a grande maioria dos candidatos apenas lêem as leis especiais, deixando os manuais para as matérias mais cobradas, como constitucional, administrativo, processo civil, civil, etc.. Isso ocorre pela falta de tempo do candidato ou porque falta no mercado livros específicos (para concursos) em relação a tais leis.

Nesse sentido, a Coleção Leis Especiais para Concursos tem a in­tenção de suprir uma lacuna no mercado, preparando os candidatos para questões relacionadas às leis específicas, que vêm sendo cada vez mais contempladas nos editais.

Em vez de somente ler a lei seca, o candidato terá dicas específicas de concursos em cada artigo (ou capítulo ou título da lei), questões de concursos mostrando o que os examinadores estão exigindo sobre cada tema e, sobretudo, os posicionamentos do STF, STJ e TST (prin­cipalmente aqueles publicados nos informativos de jurisprudência). As instituições que organizam os principais concursos, como o CESPE, utilizam os informativos e notícias (publicados na página virtual de ca­da tribunal) para elaborar as questões de concursos. Por isso, a necessi­dade de se conhecer (e bem!) a jurisprudência dos tribunais superiores.

Assim, o que se pretende com a presente coleção é preparar o leitor, de modo rápido, prático e objetivo, para enfrentar as questões de prova envolvendo as leis específicas.

Boa sorte!Leonardo de Medeiros Garcia

(Coordenador da coleção)leonardo@leonardogarcia. com. br

leomgarcia@yahoo. com. br www. leonardogarcia. com. br

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N o t a à 2 a e d iç ã o

É inegável que o objetivo de qualquer livro que se proponha a apre­sentar, ainda que metodologicamente adaptado aos estudos de concur­sos públicos, reflexões pontuais sobre uma matéria tão específica, seja a renovação constante das questões de concursos e inserção de novas decisões jurisprudenciais.

Atendendo aos pedidos dos nossos leitores, resolvemos expandir o conteúdo do livro com o lançamento de doutrina estruturada em 12 capítulos que antecedem os comentários à lei n° 4.320/64, propria­mente.

Os critérios utilizados na pesquisa foram rígidos, e se voltaram para o aproveitamento sistemático do que realmente interessa em tor­no da administração pública e do direito financeiro, de acordo com os espelhos de elaboração e de correção das questões que são adotados pelas principais organizadoras de concursos públicos no País.

Com a certeza de que novas edições surgirão, recomendamos aos leitores inquietação e perseverança, e desejamos também uma ótima leitura.

Os autores

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A b r e v ia t u r a s

ADCT Ato das Disposições Constitucionais Transitórias

AUGE Auditor Geral do Estado de Minas Gerais

CC Código Civil de 2002

CF Constituição Federal de 1988

CTN Código Tributário Nacional

ESAF Escolha Superior de Administração Fazendária

FCC Fundação Carlos Chagas

FUMARC Fundação Mariana Resende Costa

LOA Lei orçamentária anual

LDO Lei de Diretrizes Orçamentárias LRF - Lei de Responsa­bilidade Fiscal

MPOG Ministério do PlanejamentoPFN . Procuradoria da Fazenda Nacional PPA- Plano Plurianual

SEPLAG Secretaria de Planejamento e Gestão

SERPRO Secretaria de Processamento de Dados

STF Supremo Tribunal Federal

STJ Superior Tribunal de Justiça

STN Secretaria do Tesouro Nacional TCE — Tribunal de Contasdo Estado

TCU Tribunal de Contas da União

TER Tribunal Regional Eleitoral

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F a r t e ID ir e it o F in a n c e ir o

1. INTRODUÇÃOA formação do Estado moderno, circundada pelos elementos "povo, terri­tório e poder soberano", que se iniciou com Portugal e Espanha no séc. 12, deve ser analisada sob a ótica indissociável da repiicância social e econô­mica. Desde os primórdios, o Estado se constituiu como a figura legítima e responsável pela promoção do bem comum, caracterizado, sobretudo, pela provisão de serviços sociais básicos como a manutenção da seguran­ça pública interna e externa e pela conquista de novos conteúdos geográ­ficos. Até mesmo para que pudesse manter a pujança e a ostentação da nobreza e da realeza, teve que construir e adaptar a sua máquina adminis­trativa, exigindo, para tanto, contribuições de ordem financeira junto aos atores sociais dependentes.A dimensão dos recursos que o ente Estatal então necessitava poderia variar em razão dos papéis e das funções por ele assumidos e conforme a realidade do povo, podendo se ampliar ou estreitar-se na medida em que surgiam as condições de reprodução do capital ou que se apresentavam as falhas do mercado.Consolidadas as bases do Estado, em certos momentos, a sua função consistiu basicamente na criação e na garantia das condições para o triunfo do capital; em outros, ele era admitido apenas para o desem­penho das funções alocativa, distributiva e estabilizadora, provendo a sociedade dos bens e garantias sociais que o mercado não seria capaz ou não se interessava em produzir. Noutros ainda, não somente essas ditas "funções" foram ampliadas como também foi conferido ao Estado a condição de principal regulador das atividades econômicas, atuando como agente empresário, a fim de impedir que a concorrência natural do capitalismo conduzisse o sistema ao colapso, selecionando somente os mais aptos ao consumo. Dessa forma, é possível contextualizar um movimento de participação cíclica do Estado na economia, hóra se afas­tando, hora se aproximando.As associações feitas entre Estado e capital e os estágios de evolução do capitalismo foram deflagradas, sobretudo, no continente europeu, quan­do do início do período mercantilista, sistema capitalista que surgiu para superar a era medieval. Nessa fase, foi necessária a presença interventora

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L ea n d ro E u st á q u io e I g o r d e M a to s M o n teir o

do Estado que - com seu legitimado poder extroverso, o poder soberano de coerção aplicado contra os transgressores do bem comum - centra­lizava e regulava a vida social e o desenvolvimento econômico. Por ter construído as estruturas militares e por ter instituído o financiamento das próprias iniciativas a partir da tributação da população, o Estado as­sumiu as melhores condições para firmar a expansão marítima na busca de colônias fornecedoras de matéria-prima e destinatária dos produtos manufaturados do incipiente parque industrial dos países europeus. Tal configuração estatal reveiou-se altamente adequada para os objetivos da burguesia nascente. Após criar as bases que propiciaram a sua expansão, vieram as revoluções industriais e burguesas que injetaram a confiança necessária para que o capitalismo caminhasse de forma independente e o mercado passasse a contrariar a presença indispensável do Estado. O avanço das idéias que se opunham ao absolutismo e o surgimento das explicações mecânicas do mundo combinaram-se para dar lugar à constru­ção das bases da teoria econômica liberai que alçava papei importante ao Estado, mas apenas complementar. O período de afastamento do Estado como agente eminentemente regulador permaneceu até a crise do siste­ma reprodutivo capitalista, no final do séc. XVIII, dadas as insurgências e falhas do mercado, incompetente ou mesmo desinteressado por prestar todos os serviços necessitados pelos cidadãos, seja pelo alto risco, seja pelo alto custo ou mesmo pela exclusividade na exploração de certas ati­vidades como a promoção da segurança pública, da tributação e da previ­dência social, condutas legítimas e exclusivas, contra as quais não poderia haver oposição.

Já sob a veste do imperialismo - modelo de capitalismo monopolista carac­terizado pelo retalho promovido pelos países europeus, sobre o continen­te africano, em busca de novos mercados consumidores e fornecedores de matéria prima - ainda que a economia prezasse por um Estado liberal, é certo que a expansão econômica dependeria necessariamente da orga­nização de uma escolta militar, o que, num processo historicamente jus­tificado, se identifica mais com o Estado do que com a própria sociedade civil. Novamente o Estado se aproxima da economia, no movimento cíclico antes referenciado, mas desta feita por curto período até a ocupação afri­cana se consolidar, já que o período que sucedeu a 1§ Grande Guerra e a crise de 1929, com a bancarrota da bolsa de Nova Iorque, caracterizou-se pela liberalização da economia. A aludida crise induziu vários governos a acionar a máquina pública, visando atenuar os efeitos devastadores pro­vocados sobre o nível de renda e de emprego da economia. E mais uma

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D ireito F in a n ceiro

vez o Estado ampliou a sua participação frente às questões econômicas e sociais. Como exempios de tai fato, citam-se os programas poiíticos do Welíare State e do New Deal, introduzidos nos EUA na gestão de Franklin Delano Rooseveit, que visaram definir os critérios de intervenção do Esta­do como provedor de serviços sociais e assistenciais básicos e a desenhar a sua participação na economia.

Antes da crise de 1929, estava em pleno vigora doutrina liberal. Segundo preconizavam os seus defensores, as funções afeitas ao Estado deveriam restringir-se a mantenedor da segurança, a prestador de serviços de previ­dência e defesa social, justiça e políticas públicas, devendo afastar-se das questões econômicas, sob pena de reduzir a eficiência do sistema. Dessa forma, o mercado conseguiu se manter através dos próprios mecanismos, sem restrições, reerguendo-se nos momentos de depressão e alavancan- do a vida social nos momentos de prosperidade, sendo o Estado visto como um mero agente consumidor improdutivo e sua atividade como um mal, secundário, porém necessário.

Em meio à definição da importância da participação estatal frente às ques­tões econômicas, notou-se que nem todos os serviços e bens de consumo poderiam ser oferecidos pelo mercado. Era o caso, por exemplo, de alguns bens e serviços que apresentavam características distintas dos que são produzidos pelo setor privado por não serem divisíveis para o consumo individual e pelos altos custos de produção. Por tais razões, não eram ca­pazes de fornecer os elementos para o cálculo dos gastos, preços e volume produzidos para a determinação da mais-valia (lucro) do sistema. Era o caso também da cultura nacionalista que ilustrou e conduziu o reapare- Ihamento econômico em muitos países, ávidos por adentrar na economia e desenvolver um parque industrial interessado na exploração de recur­sos naturais abundantes, como foi o caso do petróleo no Oriente Médio e na América do Sul. Em algumas culturas, ainda, os monopólios naturais encontraram grande base de sustentação em governos autocráticos e po­pulistas, defensores da economia nacional independente, justificada na soberania nacional.

Essenciais para sua eficiência, a responsabilidade pela produção dos bens de consumo coletivo, chamados modernamente de bens públicos, pas­sou a ser atribuída ao Estado, com o seu financiamento sendo garantido pela cobrança de impostos diretamente dos atores sociais. Da construção da teoria econômica, apoiada nos ideais do liberalismo, derivou-se uma

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L ea n d r o E u st á q u ío e I g o r d e M a to s M o nteiro

função específica para o Estado conhecida como função alocadora ou alo- cativa, justificada pela -existência de falhas apresentadas pelo mercado na produção de bens e serviços de consumo coletivo.

kJfunção aiocativalatribuída ao Estado visa promover ajustamentos na aíòcáçãõ de récürsos para o desenvolvimento de atividades, como resulta­do do reconhecimento da incapacidade do mercado de suprir a sociedade de bens e serviços de consumo coletivo. Isto é, aqueles bens que não são passíveis de ressarcimento por parte de quem os consomem {como segu­rança pública), ou aqueles cujo consumo, por parte de alguns consumido­res, não afeta a disponibilidade para outros consumidores {como a ilumi­nação pública). A oferta de certos bens ou serviços por parte do Estado se justifica, por essa concepção, somente nos casos em que o mercado não tenha interesse econômico na sua produção. Dado que o consumo desses bens e serviços por determinado(s) indivíduo{s) nao obedece ao princípio da exclusão (que assegura o acesso ao mercado somente para aqueles que dispõem de recursos para adquirir determinado produto), uma vez que se caracterizam como de consumo não-rival, ou seja, o consumo por um ou mais indivíduos não reduz a sua quantidade para o consumo de outros, não há meios de o mercado estabelecer/definir seu preço, tornando-se, portanto, inviável sua produção pelo setor privado.

Contrariamente, os bens privados se caracterizam por serem oferecidos de acordo com os mecanismos próprios do mercado, são divisíveis, por serem bens de consumo-rival, e seletivos, à medida que alcançam preços de mercado, estando sujeitos ao princípio da exclusão dos consumidores destituídos de recursos financeiros para a sua aquisição.

Da mesma forma que a funçao alocativa, a distribuidora da renda e da ri­queza decorre do reconhecimento de ser o mercado incapaz de conduzir a sociedade a uma estrutura de distribuição de renda que seja considerada justa ou equitativa. As oportunidades não são iguais para todos, mesmo por que os indivíduos tendem a explorar as suas habilidades individuais ou mesmo contam com auxílios externos, o que acaba determinando que as pessoas tenham situações econômicas diferentes. Essa função objetiva re­duzir a concentração excessiva de renda, pois, deixar que os mecanismos de mercado presidam livremente a questão distributiva implica correr os riscos de se conduzir o sistema a enorme desigualdade, ao ponto de se tornar intolerável para as camadas mais pobres, colocando em perigo a sua reprodução. Em economia, afirma-se que a propensão ao consumo

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D íreíto F inan ceiro

marginai (impossibilidade de acesso ao consumo ievando em considera­ção o poderio financeiro) diminui com o acréscimo da renda familiar, tra­zendo prejuízos à demanda agregada dos cidadãos. Tal condição significa que o acúmulo da riqueza nas mãos de poucos inviabiliza o atendimento das demandas básicas das pessoas.

Ajfunção estabilizadora do Estado ir eflete a aplicação das diversas políticas ecónôm1c^7'peío"governo, a fim de promover o emprego, o desenvolvi­mento e a estabilidade, diante da incapacidade do mercado em assegurar o alcance desses objetivos.

Por outro lado, a] funçao_de estabiliz.acãa.da^eco-no.mialdifere profunda­mente das outras duas. Essa função estatal visa garantir estabilidade ao processo econômico. Assim utiliza os instrumentos macroeconômicos para manter adequado o nível de utilização dos recursos (nível de empre­go), estabilizar o valor da moeda (nível de preços) e o fluxo de entrada e saída de recursos da economia (balanço de pagamentos).

Fique atento, O examinador quer saber se você sabe as funções e o con­ceito de cada uma de/as. Fizemos o quadro abaixo para que você não se esqueça.

■' ; Funções Alocativa . Estabilizadora do governo ’

Estabilização > da economia

Características prin­cipais

Fornece bens e serviços não ofe­recidos adequada­mente pelo siste­ma de mercado.

Concentra seus esforços na manu­tenção de um alto níyel de utilização de recursos e de um vaior estável da moeda.

Visa garantir estabi­lidade ao processo econômico.

-$> Aplicação em concurso:

® (ESAF/Anaiista/CGU/2006)

Com base nas funções clássicas do Estado, assinale a única opção falsa.a) A s necessidades meritórias são aquelas que também são atendidas peio se­

tor privado e, portanto, não estão sujeitas ao princípio da exclusão.b) A função estabilizadora do governo concentra seus esforços na manutenção

de um alto nível de utilização de recursos e de um valor estável da moeda.c) A s necessidades meritórias e as necessidades sociais são atendidas, no Bra­

sil, pelas três esferas de governo.

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L ea n d r o E u st á q u io e Ig o r d e M a t o s M o n teir o

d) Na atual conjuntura brasileira, verifica-se atividade governamental no que se refere à distribuição de renda, via ações compensatórias, tais como as trans­ferências de renda por meio da distribuição de cestas básicas.

e) A função alocativa do governo está associada ao fornecimento de bens e serviços não oferecidos adequadamente pelo sistema de mercado.Resposta: A

• (ESAF/Anaiista/STN/2008)

A aplicação das diversas políticas econômicas a fim de promover o emprego, o desenvolvimento e a estabilidade, diante da incapacidade do mercado em assegurar o atingimento de tais objetivos, compreende a seguinte função do Governo:

a) Função Estabilizadora.b) Função Distributiva.c) Função Monetária.d) Função Desenvolvimentista. e} Função Alocativa.

Resposta: A

• (ESAF/Analista/MPOG/2008)

De acordo com os fundamentos teóricos das finanças públicas, assinale a única opção correta com relação aos objetivos da política orçamentária.

a) A alocação dos recursos por parte do governo tem como objetivo principal a oferta de determinados bens e serviços, que são necessários e desejados pela sociedade.

b) Outro objetivo da função de aiocação de recursos por parte do governo refe­re-se à oferta de bens sociais ■

c) A função de distribuição do governo tem como objetivo principal utilizar me­canismos que visem ajustar a distribuição da renda e da riqueza da socieda­de., principalmente por meio da tributação e das transferências.

d) Por meio da utilização dos instrumentos fiscais, o governo intervém no ní­vel de emprego, nos gastos privados, no nível de renda, entre outros, tendo como objetivo principal a manutenção de determinada estabilidade no nível de emprego e dos preços.

e) Na tentativa de assegurar a distribuição eficiente dos recursos, o governo pode produzir diretamente os produtos ou utilizar-se de mecanismos que façam com que sejam oferecidos pelo setor privado.Resposta: E

1.1. A Ciência Finanças Públicas e o Direito Financeiro

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Page 14: Leandro Eustáquio e Igor de Matos Monteiro - Direito Financeiro - 2º Edição - Ano 2010

D ireito F in a n ceiro

A ciência que trata sobre as finanças é especulativa, no sentido de ser pre­cária , dependente de fatores imprecisos para se consolidar, e constitui-se a partir de elementos pré-normativos. Possui como objetivo primordial o estudo sobre a constituição das finanças do Estado, no caso brasileiro, em todos os níveis federativos, e versa sobre os elementos da receita, da despesa, do orçamento e do crédito público, visando inteirar os agentes púbücos com as informações atinentes à formulação, implementação, execução e avaliação das políticas públicas financeiras, que por sua vez ensejarão às normas jurídicas do direito financeiro.

Segundo afirma Aliomar Baleeiro, a ciência das finanças é: a disciplina que, pela investigação dos fatos, procura explicar os fenômenos ligados à ob­tenção e dispêndio do dinheiro necessário ao funcionamento dos serviços a cargo do Estado, ou de outras pessoas de direito público, assim como os efeitos outros resultantes dessa atividade governamental ( ...l1

Com destaque, denota-se que a ciência das finanças participa como espé­cie do grande gênero Direito Econômico, assim como o direito financeiro. Ocorre que o último materializa a incidência das normas jurídicas de direi­to positivo que regulam a atividade financeira do Estado.

O Direito Financeiro é a disciplina que se preocupa com a regulamentação jurídica da atividade financeira do Estado, tanto em sua feição estática quanto em sua feição dinâmica. No aspecto estático, trata da conceitu- ação dos Institutos financeiros que compõem a atividade financeira do Estado e, no aspecto dinâmico, refere-se às relações jurídicas que se esta­belecem entre o poder público e outros titulares de direitos, que são in­divíduos submetidos ao impacto da administração no desempenho dessa atividade.

1.2. O Estado Brasileiro e as Finanças numa Perspectiva Histórica

No período Colonial, o Brasil não passava de mera extensão e propriedade da metrópole portuguesa, até mesmo porque não haviam sido configura­dos os três elementos "povo, território e poder soberano" refletidos an­teriormente. Uma das principais características da economia nacional foi o desenvolvimento das monoculturas, surgidas principalmente em virtude

1. BALEEIRO, Aliomar. Uma introdução o ciência das finanças. Rio de Janeiro. Forense. 1984, p. 6. (ALGUMAS CLASSIFICAÇÕES DESSE AUTOR JÁ FORAM EXIGIDAS EM CONCURSOS PÚBLICOS).

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L ea n d r o E u stá q u io e Ig o r d e M a to s M o nteiro

do processo histórico de ocupação e exploração da vasta extensão territo­rial rumo ao interior do País e da composição política oligárquica e aristo­crática. Daí os ciclos da cana-de-açúcar, da borracha, dos metais preciosos e principalmente do café. Com a independência alcançada em 1822, ao longo das seis décadas que antecederam o fim do regime monárquico, o Estado permaneceu sob um sistema econômico insignificante em meio a uma composição política e cultural arcaica e descompromissada para com o avanço da economia, tanto que o regime escravocrata acompanhou pra­ticamente todo o período de regência.

Enquanto, na França do fina! do século 18, os teóricos do lluminismo ca­pitanearam uma revolução de oposição ao poder monárquico divinal, em prol da ativação da voz popular frente às questões do Estado, no Brasil, com um século de atraso, os aristocratas das oligarquias monocultoras, com o apoio da Coroa Inglesa, patrocinaram o exército nacional na malfa­dada Guerra do Paraguai. Os militares brasileiros se uniram aos militares da Argentina e do Uruguai e dizimaram 2/3 da população daquele País, que, em virtude de sua expansão industrial, estava incomodando os pla­nos da Inglaterra para com o mercado da América do Sul. Ou seja, o mer­cado monocultor do café interessava à elite aristocrática, que dependia do consumo inglês, que, por sua vez, importava o café brasileiro e revendia os seus produtos industrializados para o Brasil a preços muito mais elevados,

O exército regressou fortalecido da guerra do Paraguai, comandando o fim do Império e instalando a República Federativa no Brasil em 1889. Somen­te com a promulgação da Constituição de 1891 é que se pode demarcar, mais claramente, o início da construção do Estado no País. Trata-se de um Estado, contudo, preso às oligarquias e aos interesses regionais, destituí­do de formação institucional, econômica e social, incapaz de implementar políticas de desenvolvimento nacional e de funcionar nos'contornos do capitalismo mundial. Deve ser levado em conta que até a autonomia da produção legislativa brasileira consolidou-se com a edição do Código Civil de 1916.

Os manuais de estudo sobre a evolução da Administração Pública datam em 1930 o início da instalação das bases teóricas do desenvolvimento da máquina estatal brasileira, com a revolução Varguista que deu cabo à Re­pública do café-com-leite. Em 1938, por meio do Decreto ne 579, foi re­gulamentada a criação do DASP (Departamento Administrativo do Serviço Público), em atendimento ao comando previsto no art. 67 da Constituição

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Polaca, e que aplicou no Brasil os princípios do sistema de dominação bu­rocrática, em contraposição aos comandos do patrimonialismo conduzido pela aristocracia cafeeíra, na qual inexistia contraposição entre a esfera pública e a privada e os governantes conduziam as atividades em proí dos interesses particulares e da atenção dada aos seus partidários.

Certas peculiaridades influenciaram a formação do Estado brasileiro. An­tes mesmo da consolidação nacional da doutrina do Welfare State, a par­tir da década de 1940, ocorreu uma expansão demográfica urbana estu­penda, iniciada com os escravos libertados e com a imigração.estrangeira. Como se estivesse assumindo uma dívida histórica com a população, o Es­tado viu-se na obrigação de prover serviços sociais de toda a sorte, como a segurança básica, saúde, educação, moradia, dentre outros. Para tanto, socorreu-se no aumento da carga tributária sobre o PIB.

Da análise sobre a evolução da participação do Estado na economia, a partir da instalação da República, podem ser destacados três períodos:

l 2) O que se estende até o início da década de 1930 e que revela um Estado frágil institucional, econômica e financeiramente, destituído das mínimas condições de implementar políticas em âmbito nacional. No campo econômico, e de acordo com os números relativos à sua participação na geração de renda na economia, o Brasil apresenta as características de um Estado de cunho liberal, marcado pela política do laissez faire. Sua participação na economia circunscreve-se à sua atuação no campo financeiro através do Banco do Brasil e de algu­mas caixas econômicas e, de outro, ao fornecimento de garantias de rentabilidade mínima para que companhias estrangeiras realizassem investimentos em infra-estrutura no País, notadamente no setor de ferrovias.

Liberal na aparência e intervencionista na prática, o Estado brasileiro desse período não precisa contar com volumes significativos de recur­sos para o desempenho de suas funções, já que incipiente era o assis- tenciaiísmo. Os principais instrumentos de captação de suas receitas eram os impostos incidentes sobre o comércio exterior, notadamente o de importação, de competência da União, e o de Exportação, cujos recursos eram destinados para os Estados da Federação.

2~) O que se inicia nos anos 30 e se prolonga até início dos anos 80 denota um Estado que deu início à construção de suas bases institucio­nais, libertando-se dos interesses oligárquicos imediatos e colocando- se em condições de atuar como um Estado moderno, capitalista, além de implementar políticas de âmbito nacional.

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Neste período, é um Estado que se caracteriza por um forte envolvi­mento, intervencionismo e regulação em vários campos da vida eco­nômica e social, nos campos da educação, do trabalho e da previdên­cia social, por exemplo. As características e o ímpeto revelados peío Estado o colocam na condição de Estado desenvolvimentista, por sua atuação como elemento estruturador do processo de acumulação, de formulação e execução das políticas necessárias para a in dispensável industrialização, com a quai se acreditava pudesse ser capaz de liquidar a pobreza e a miséria existentes no País. A prioridade do Estado é con­ferida como a função de acumulação, visando avançar na constituição das forças produtivas especificamente capitalistas.Para tanto, chama para si a responsabilidade de investir, na condição de Estado-empresário, nos setores estratégicos para a industrialização, como a energia e a mineração, através do manejo de políticas fiscais, cambiais e monetário-creditícias de orientar os investimentos privados para os setores considerados essenciais para o processo. Com isso, o País vê deslanchar o seu processo de industrialização, mas apresentan­do características, entretanto, completamente distintas das observa­das no mundo desenvolvido e sem que se resolvessem os problemas do atraso e da miséria (Cardoso de Mello, 1977).32) O que tem início nos anos 80 revela um período de crise fiscal, da crise do próprio modo de condução intervencíonísta na economia e da forma burocrática de se governar. Ademais, demonstra um Estado questionado em sua dimensão e eficiência pelas mesmas elites que o mantiveram prisioneiro de seus interesses, enquanto vigorou o pacto que deu sustentação ao desenvolvimentismo.

Em resposta a essa situação, 0 Estado brasiieiro que começou a ser construído neste período seguiu as recomendações preconizadas pela doutrina neoliberal, consubstanciadas nos postuiados do Consenso de Washington, representando uma ruptura com 0 Estado de vertente key- nesiana, interventor. Ao contrário do Estado que atuou nas etapas ante­riores do desenvolvimento do País, como condutor, organizador e agen­te estruturador desse processo, com forte atuação na constituição de suas bases, por meio das empresas estatais, dos investimentos públicos e da implementação de políticas voltadas para estimular o investimento privado, o modelo de Estado que surgiu deste novo paradigma passou a assentar-se no compromisso de ampliação dos espaços para garantir a soberania do mercado.

1.3. O Processo Orçamentário no Brasli

1.3.1. A Evolução do Processo Orçamentário no Brasil. Uma Visão a partir das Constituições

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IMPORTANTE: saber as principais características orçamentárias de cada Constituição Brasileira.

Co n stitu içã o Im p er ia l de 1824 - surgiram as primeiras exigências no sentido da elaboração de orçamentos formais por parte das instituições do Estado brasileiro. De acordo com os termos estabelecidos, os gastos do governo somente poderiam ocorrer por meio de autorização legai, emanada do Parlamento {incidência do princípio da reserva legal). Era de responsabilidade do Executivo a elaboração do orçamento, que, depois de pronto, seria encaminhado para aprovação pela Assembléia Geral {Câma­ra dos Deputados e Senado), configurando um orçamento do tipo misto. Entretanto, as leis sobre impostos seriam de iniciativa exclusiva da Câmara dos Deputados. O art. 172 da Constituição assim determinava:

O ministro de Estado da Fazenda, havendo recebido dos outros minis­tros os orçamentos relativos às despesas de suas repartições, apre­sentará na Câmara dos Deputados anualmente, logo que esta estiver reunida, um balanço geral da receita e despesa do Tesouro Nacional do ano antecedente, e igualmente o orçamento geral de todas as despe­sas públicas do ano futuro e da importância de todas as contribuições e rendas públicas.

Somente em 1827 foi formulada a primeira lei orçamentária brasilei­ra. Entretanto, os deficientes mecanismos arrecadadores no nível das Províncias, as dificuldades de comunicação e os conflitos com normas legais frustraram sua aplicação. O primeiro orçamento brasileiro teria sido aprovado pelo Decreto Legislativo de 15/12/1830. Naquela peça, fixava-se a despesa e orçava-se a receita das antigas províncias para o exercício de 1831.

A fiscalização da execução orçamentária foi definida de forma vaga: "... participação da Câmara no exame da administração passada, e reforma dos abusos nela introduzidos".

Co n stitu içã o de Í891 - Constituição que seguiu à Proclamação da Re­pública, houve importante alteração na distribuição de competências em relação ao orçamento. A elaboração passou a ser privativa do Congresso Nacional (orçamento do tipo legislativo), assim como a tomada de contas do Executivo (a rt 34). Visando auxiliar o Congresso no controle de gastos, a Constituição Federal instituiu um Tribunal de Contas (art. 39). A iniciativa da lei orçamentária ficou a cargo da Câmara, mas na realidade "sempre partiu do gabinete do ministro da Fazenda que, mediante entendimentos

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reservados e extra-oficiais, orientava a comissão parlamentar de finanças na elaboração da lei'orçamentária".

Com a transformação da forma de organização política do País em uma Federação, os sistemas de eíaboração do orçamento passaram a oscilar de acordo com os regimes políticos que se aiternaram. Em 1922, por ato do Congresso Nacional, foi aprovado o Código de Contabilidade da União (Decreto ne 4.536/1922), possibilitando o ordenamento dos procedimen­tos orçamentários, financeiros, contábeis e patrimoniais da gestão fede­ral. O Código formalizou a prática de o Executivo fornecer ao Legislativo todos os elementos para que este exercitasse sua atribuição de iniciar a elaboração da lei orçamentária.

No art. 13 do referido Código lê-se:

O governo enviará à Câmara dos Deputados, até 31 de maio de cada ano, a proposta de fixação da despesa, como cálculo da receita geral da República, para servir de base à iniciativa da Lei de Orçamento.

Esse artigo deixava claro que a proposta do governo deveria ter a forma de um Projeto de Lei acabado, não se assemelhando ao caso americano no qual o Congresso recebia e analisava as solicitações de dotações por parte dos órgãos.

No período que vai até 1930, marcado por forte influência liberai e des­centralização do poder, até mesmo como resposta à forte centralização do período imperial, a elaboração do orçamento determinada pela Constitui- ção de 1891, bem como a fiscalização das contas do Executivo, passaram à responsabilidade do Congresso Nacional. Um orçamento, portanto, ca- racteristicamente, do tipo legislativo, restringindo-se o papel do Executivo à sua execução.

Com a Revolução de 1930, houve a (re)acomodação de novas forças polí­ticas, de cunho administrativo burocrático, que influenciaram a edição da Constituição de 1934, que, por sua vez, voltou a atribuir ao Executivo a responsabilidade pela elaboração do orçamento e ao Legislativo a votação e aprovação das contas do Governo, configurando um orçamento do tipo misto.

Co n s t it u iç ã o d e 1937- Foi gerada no regime autoritário do Estado Novo. A proposta orçamentária seria elaborada por um Departamento Adminis­trativo junto à Presidência da República (DASP, criando pelo decreto ne 579/1938) e votada pela Câmara dos Deputados e pelo Conselho Federal

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(uma espécie de Senado com dez membros nomeados pelo Presidente da República). Na verdade, este último nunca foi instalado e o orçamento sempre foi elaborado e decretado pelo Executivo.

Em 1939, foi instituído o Plano Especial de Obras Públicas e Aparelhamen- to da Defesa Nacional, cujas despesas eram cobertas por créditos para­lelos ao orçamento geral da União. Em 1943, o Piano Especial foi trans­formado em Plano de Obras e Equipamentos, configurando-se assim um orçamento paralelo de capital, ou seja, o Princípio da Unidade DEIXOU DE SER OBSERVADO NESSA ÉPOCA. Observe-se, portanto, que os orçamentos de 1944 e 1945 continham apenas despesas de custeio. Em 1947, com a redução dos recursos provenientes das fontes especiais, o Plano de Obras foi incorporado ao Orçamento.

A redemocratização do País, iniciada em 1945, cujos anseios foram incor­porados à nova Carta Constitucional de 1946, atribuiu novamente ao Po­der Legislativo a competência de votar e aprovar as contas do Executivo, que seria responsável peia sua elaboração e execução, reintroduzindo o processo orçamentário do tipo misto, no qual Executivo e Legislativo in­teragem na sua definição. Destaca-se ainda que, em 1956, a Presidência da República instituiu a CEPA - Comissão de Estudos e Projetos Adminis­trativos - com função de gerar um sistema nacional de planejamento e adequar as informações orçamentárias a essa finalidade.

Co n stitu içã o dê 1946 - Cada Ministério elaborava sua peça orçamentá­ria, que era encaminhada ao Ministério da Fazenda e este consolidava os textos e remetia-os ao Congresso Nacional por intermédio do Presidente da República.

Os ares democráticos provocaram a edição da Lei nQ 4.320/64, em 17 de março de 1964, apenas 14 dias antes do golpe de Estado que instituiu o militarismo (01/04/1964), com o nítido propósito de racionalizar a cri- teriología orçamentária, estabelecendo, por exemplo, duras restrições à possibilidade de emenda ao projeto orçamentário. Veja-se, por exemplo, o art. 33:

Art. 33. Não se admitirão emendas ao projeto de Lei de Orçamento que visem a:

a) alterar a dotação solicitada para despesa de custeio, salvo quando provada, nesse ponto a inexatidão da proposta;

b) conceder dotação para o início de obra cujo projeto não esteja apro­vado peios órgãos competentes;

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c) conceder dotação para instalação ou funcionamento de serviço que não esteja anteriormente criado;

d) conceder dotação superior aos quantitativos previamente fixados em resolução do Poder Legislativo para concessão de auxíííos e subvenções.

A condução da gestão financeira pelo governo autoritário desencadeouo processo de transformação da peça orçamentária para viabilizar e ma­terializar os objetivos centralizadores dos generais, que dispensavam a prestação de contas à sociedade, caracterizando o orçamento, mais uma vez, como de tipo executivo. Antes de examinar um pouco mais detalha­damente as características do orçamento vigente até 1988, quando foi aprovada uma nova Constituição comprometida com os objetivos de re- democratização após a queda do regime militar em 1985, convém tecer alguns comentários sobre a evolução da instituição orçamentária no Brasil entre 1831 e 1964, à luz dos papéis que lhe são atribuídos.

Enquanto peça instrumental das finanças do Estado, o orçamento no Brasil, no longo período que se estende de 1831 a 1964, desempenhou papéis limitados, podendo-se destacar o de ter servido como registro e administração de suas contas. Como arena de negociação sobre as suas decisões de gastos, apenas no breve período que vai de 1946 a 1964, essas condições efetivamente existiram, tendo sido nos demais a expressão de interesses mais particulares e localizados que dominavam o aparelho do Estado, como foi no Império, na República Velha (a política dos governado­res conhecida como "café-com-leite") e durante a ditadura Vargas.

Como instrumento de planejamento, que ganha importância após a Se­gunda Guerra, a instituição orçamentária não havia evoluído o suficiente para absorver e incorporar este benefício. Com o golpe de 1964, reintro- duz-se no País o orçamento do tipo executivo, tornando-o expressão dos interesses e projetos dos novos donos do poder, impedindo o desempe­nho de seu papel como arena de negociação, como instrumento de pla­nejamento - inclusive pela conjuntura macroeconômica que se mostra desfavorável para essa finalidade - e como instrumento capaz de revelar a verdadeira situação das contas do Estado, ou seja, até mesmo como ins­trumento contábil. É o que se discute em seguida.

Co n stitu içã o de 1988-trouxe duas novidades na questão orçamentária. Devolveu ao Legislativo a prerrogativa de propor emendas sobre a des­pesa no projeto de lei de orçamento e reforçou a concepção que associa planejamento e orçamento como elos de um mesmo sistema. A CR/88

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determinou que as questões como: "exercício financeiro, prazos, vigência, elaboração; organização dos orçamentos, das normas de gestão financei­ra e patrimonial" tornariam se objeto de regulamentação por meio de Lei Complementar.

A elaboração dos planos plurianuais passou obrigatoriamente a abran­ger as despesas de capital e demais programas de duração continuada. Tornou obrigatório também o encaminhamento anual ao Legislativo do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias. Outro aspecto constitucional relevante relaciona-se com os princípios da unidade e da universalidade. A Constituição de 1988 trouxe melhor entendimento para a questão ao pre­cisar a composição do orçamento anual que passou a ser integrado pelo orçamento fiscal, orçamento da seguridade social e orçamento de investi­mento das estatais, em função da multiplicidade organizacional e jurídica do setor público/explicitando quais as receitas e despesas públicas que deveriam integrar o orçamento público e merecer, portanto, aprovação legislativa. Esse modelo, em linhas gerais segue o princípio da totalidade.

Portanto, a unidade orçamentária de todos os órgãos públicos deve funda­mentar-se segundo uma única política orçamentária.

13 .2 . O Modelo Orçamentário na Constituição de 1988. O Orçamento como Instrumento da Democracia e Planejamento

Com o fim do regime militar em meados da década de 1980, seguiu-se a convocação de um Congresso Constituinte para elaborar uma nova Cons­tituição, que trouxe como um de seus principais benefícios o desmonte do modelo orçamentário que havia sido construído pelo Estado autoritá­rio em seu benefício. A nova instituição orçamentária atribuiu mais uma vez ao Legislativo poderes para modificar, desde que observadas certas condições, a proposta orçamentária, transformando o modelo para o tipo misto. Foi ampliado o Orçamento Geral da União (OGU), e resgataram-se, formalmente, os princípios da unidade-universalidade. Criaram-se condi­ções e mecanismos, também formais, para o exercício do controle do défi­cit público, para sua utilização como instrumento do planejamento e parao acompanhamento e fiscalização da execução orçamentária por parte do Congresso.

A idéia do planejamento orçamentário foi incorporada como metodologia de administração e como instrumento orientador das decisões e ações, constituindo-se como pré-requisito para a condução dos negócios públí-

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cos em meio ao novo contexto administrativo instituído sob a veste do ge- rencialismo, que preza na essência pela configuração da accountobiiity2. A prática, no âmbito institucional-público, visa alterar as situações conside­radas indesejáveis pela coletividade e assegurar a viabilização de objetivos e metas desejáveis, de forma eficiente e eficaz.Nesse aspecto, a Constituição de 1988 introduziu a partir do seu arti­

go 165 uma série de mudanças significativas no campo da elaboração do orçamento público, dentre as quais, a obrigatoriedade do planejamento de médio prazo (dado o caráter imperativo da norma que institui o Plano Plurianual de Aplicações - PPA); o envolvimento do Legislativo na fixação de metas e prioridades para a administração pública e na formulação das políticas públicas de arrecadação e de alocação de recursos (dado o con­teúdo dado à Lei das Diretrizes Orçamentárias LDO); e o desdobramento da Lei Orçamentária Anual (LOA) em três orçamentos distintos (Fiscal, de Investimentos de Estatais e da Seguridade Social).O modelo orçamentário brasileiro é contextuaüzado pelos artigos 165 e 166 da Constituição, in verbis:

Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:

§ is - A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma re­gionalizada, aáÇdiretrizes, objetivos e m etjs>da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada.

§ 29- A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prio­ridades da administração pública federal, incluindo as despesas de ca­pital para o exercício financeiro subseqüente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na jegislação tri­butária e estabelecerá a pÕ íítícaT^píícãçlo^arãgências financeiras oficiais de fomento.

2. Accountability é um termo da língua inglesa, sem tradução exata para o português,[1] que remete à obrigação de membros de um órgão administrativo ou representativo de prestar contas a instâncias controladoras ou a seus representados. Outro termo usado numa possível versão portuguesa é responsabilização. "Democratic accountability: the dístinctiveness of the third sector". Archives Européennes de Sociologie, 44 (3): 359-396. NA FALTA DE UMA MELHOR EXPRESSÃO, ACCOUNTABILITY É TRADUZIDA PARA A NOSSA LÍNGUA COMO RESPONSIVMDADE.

I - o plano plurianual;

II - as diretrizes orçamentárias; £ £ V/ -OAIII - os orçamentos anuais. ' '

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§ 32 _ o Poder Executivo publicará, até trinta dias após o encerramen­to de cada bimestre, reiatório resumido da execução orçamentária.

§ 42 - Os pianos e programas nacionais, regionais e setoriais previs­tos nesta Constituição serão elaborados em consonância com o plano plurianual e apreciados pefo Congresso Nacionai.

§ 52 - A lei orçamentária anual compreenderá:

I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da (Jnião, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fun­dações instituídas e mantidas pelo Poder Público;

l l - o orçamento de investimento das empresas em que a União, dire­ta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto;

iii - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entida­des e orgios~a~ela vincu!ados7*da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos peío Poder Público.

§ 6 2 - 0 projeto de lei orçamentária será acompanhado de demons­trativo regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, decor­rente de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natu­reza financeira, tributária e creditícia.

§ 7 0 _ os orçamentos previstos no § 52, l e II, deste artigo, compatibi­lizados com o piano plurianual, terão entre suas funções a de reduzir desigualdades inter-regionais, segundo critério populacional.

§ 8e - A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo na proibi­ção a autorização para abertura de créditos suplementares e contra­tação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei.

§ 92 - Cabe à Sei complementar:

I - dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elabo­ração e a organização do plano plurianual, da lei de diretrizes orça­mentárias e da lei orçamentária anual;

í! - estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da admi­nistração direta e indireta bem como condições para a instituição e funcionamento de fundos.

Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do re­gimento comum.

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2. ASPECTOS DO ORÇAMENTO PÚBLICO. CLASSIFICAÇÕES DO ORÇAMENTO PÚBLICO E OS PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS2.1. Tipos do OrçamentoO estudo sobre os tipos e a trajetória percorrida pelo orçamento é essen­cial para que se tenha o domínio sobre as etapas do processo, sobre signi­ficado e problemas que podem surgir na tramitação da lei orçamentária. De modo geral, os orçamentos podem ser elaborados distintamente, de­pendendo dos sistemas de governo dominantes no País. Os orçamentos podem ser de três tipos: i}]fegíslãtivQ) que é o tipo de orçamento utilizado em países de governo parlamentarista, cuja elaboração, votação e apro­vação são incumbências do órgão do Poder Legislativo, cabendo ao Exe­cutivo sua execução; ll)(misto^)que é o tipo de orçamento utilizado como resultado da interação entre os órgãos dos Poderes Executivo e Legisla­tivo na sua elaboração e definição, cabendo ao último sua execução e ao primeiro o acompanhamento e a fiscalização; iH )í|a e a j^ $ que é o tipo de orçamento praticado em países de regimes autoritários, cuja elabo­ração, aprovação, execução e controle cabem estritamente ao Chefe do Executivo, mesmo que se atribua ao Legislativo algum papel, geralmente decorativo, nesse-prçcesso.No caso dò tipo misto, que é a forma de elaboração atuai do orçamento no Brasil, sua elaSoração é incumbência do Executivo, que o define em função dos planos e programas de governo, os quais sofrem a influência dos representantes das classes e de suas frações instalados nos apare­lhos do Estado. Em seguida, o orçamento é suto.ejAd^Q^aprovaçãa-da— Legislativo, quejgossui. nessas sociedades, autonomia para confirmá-lo, rejeitá-lo ou modificá: lp. O resultado final dependerá, obviamente, da correlação das forças sociais representadas e das alianças e composições políticas estabelecidas em tomo de questões mais polêmicas, como, por exemplo, as que se referem à distribuição do ônus tributário e às priori­dades conferidas aos gastos públicos.O orçamento afigura-se, assim e em princípio, à peça através da qual a so­ciedade decide, através de seus representantes políticos, sobre os objeti­vos dos gastos do Estado e sobre a origem dos recursos para financiá-los. Além disso, a peça exerce controle sobre a ação do Estado. Em princípio, porque, na prática da execução orçamentária, o Executivo pode modificar prioridades que foram nele incluídas, enfatizando umas em detrimento de outras, ou simplesmente não as materializando, pelo fato do orçamen­to ser apenas de caráter autorizador.

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É também através do orçamento que se pode avaliar a situação finan­ceira do governo, fazendo-se um cotejo entre suas receitas e despesas. É preciso ter clareza sobre o fato de que o mesmo pode apresentar-se, como resultado da estratégia da poíltica econômica adotada, ora supe- ravitário, ora deficitário, não significando a ocorrência deste último caso encontrar-se o governo em condições financeiras e fiscais frágeis. Mas se o orçamento apresentar-se cronicamente deficitário, com crescente endividamento público, este pode ser visto como um indicador de que o Estado se encontra com insuficiência de recursos para o desempenho de suas funções, devendo rever/reorientar sua estrutura de gastos e/ou reciclar seus mecanismos de financiamento.

A peça orçamentária cumpre vários papéis como instrumento de planeja­mento e de controle sobre o Estado. Em contrapartida, para sua constru­ção, exige-se a observância e a vigência de determinados princípios (ou regras) que dão consistência e eficácia à instituição orçamentária. Em­bora sujeitos às injunções históricas e modificações em seus conteúdos, alguns dos princípios que ainda estão contemplados no corpo das cons­tituições modernas são indispensáveis para possibilitar ao orçamento o cumprimento de sua finalidade primordial, que consiste em ser uma peça importante do processo de planejamento e de controle da sociedade so­bre o Executivo.

Tipos de orçamento praticados no Brasil:

Período Tipo1831-1891 Misto1891-1934 Legislativo1934-1937 Misto1937-1945 Executivo1946-1964 Misto1964-1988 Executivo1988-U) Misto

2.1.1. Outra Classificação

Ainda quanto aos tipos do orçamento, uma classificação muito requisi­tada é aquela que diferencia, separa o orçamento entre o seu aspecto clássico ou tradicional e o seu aspecto programático.

Divisor de águas: Lei 4.320 DE 1964. Antes dela, imperava o orçamento clássico; depois dela, o orçamento programa.

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Seremos objetivos aqui, estabelecendo um quadro comparativo para que você assimile essa.classificação aplicada em território nacional:

prçsírtiéntp Clássjco ouTradicionái; Orçamento Programa ou Modernò ;

Até a Constituição de 1937. Depois da Constituição de 1946.

Liberalismo econômico. Estado intervencionista.

Preocupação com os meios. Preocupação com os fins.

Dissociado de planejamento e orça­mento.

integração entre planejamento e orça­mento.

Decisões orçamentárias visam às neces­sidades financeiras dos órgãos públicos.

Decisões orçamentárias visam às diversas alternativas possíveis, baseadas em avalia­ções prévias.

As decisões orçamentárias consideram as necessidades dos órgãos públicos.

As decisões orçamentárias consideram, além das necessidades dos órgãos públicos, as necessidades que extrapolam o exercícío financeiro.

Aspectos contábeis da gestão. Aspectos administrativos e de planejamen­to da gestão.

Não há sistemas de acompanhamento e medição da execução orçamentária.

Controle prévio, concomitante e a poste- ríori da execução orçamentária.

O orçamento programa é adotado pela Constituição de 1988, principal­mente quando trata do Plano Plurianual e da Lei de Diretrizes Orçamen­tárias, MUITO EMBORA JÁ EXISTA DESDE A LEI 4.320-64, como afirmamos acima.Claro que temos outras classificações, afinal elas são inesgotáveis. Ainda podem questionar conhecimentos pertinentes a:

OrçamentoBaseZero Orçãmehtodédesèmpenhobureanzáções

Origem em 1968 Surge com a implantação do PPBS, método de orçamentação adotado nos E.U.A que influenciou o nascimento da Lei 4.320-64.

Criado por Peter A.' Pyhrr na Texas Ins­truments.

Evolução do orçamento clássico para o or­çamento programa.

2.2. Aspectos OrçamentáriosNeste item, o examinador exige do candidato a noção dos seguintes as­pectos do orçamento: administrativo, econômico, jurídico, político e téc­

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nico. As questões misturam os aspectos e suas características. Portanto, memorize o quadro a seguir:

■;f'ÀS'PECTÒ':'í'’; CARACTERÍSTICAS

Administrativo Orçamento consiste em peça de planejamento, auxiliando os orde- nadores de despesa a atenderem as necessidades públicas.

EconômicoOrçamento consiste em decisão de gasto. Isso significa que uma de­cisão administrativa determinará o que será gasto, alocando as des­pesas públicas.

Jurídico 0 orçamento é uma lei, decorrente de um processo legislativo orça­mentário determinado pela Constituição de 1988, em seu artigo 166.

Técnico

0 orçamento é uma peça técnica, que exige conhecimentos cientí­ficos para sua elaboração, tanto que é discutido em uma Comissão Mista Orçamentária do Congresso Nacional, especializada em assun­tos técnico-financeiros.

Político 0 Orçamento é um ato político decorrente das políticas de governo e ou das Políticas de Estado.

Aplicação em concurso:

• (ESAF/Auditor/TCE/G0/2007)

Quanto ao aspecto legai, a despesa orçamentária pode ser estudada de acor­do com os enfoques jurídico, econômico, administrativo e sob o aspecto legai. Identifique a única opção falsa no que diz respeito ao enfoque econômico.Obs: colocamos a assertiva da questão apenas para que você veja que o examinador reconhece essa última classificação.

2.3. Princípios do Direito Financeiro

Os Princípios dão autonomia a uma disciplina, a uma matéria. Nem sem­pre há consenso entre a quantidade de princípios e o conteúdo de cada úm deles. Os autores divergem entre si. Lembrando sempre: Para nós os princípios que importam são aqueles cobrados nas provas.

Os princípios funcionam como o núcleo sobre o qual circundam as condi­ções aceitas como verdadeiras pela ciência objeto de estudo. Dotados de alto grau de abstração, refletem os valores fundamentais e historicamente consolidados em um determinado grupo social.

Os princípios orçamentários no direito brasileiro foram estabelecidos, num primeiro momento, através da importação dos sistemas legais da Co­roa Portuguesa. São tidos como o resultado da experiência histórica da

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gestão dos recursos públicos, projetando os seus efeitos sobre a criação (subsidiando o processo legislativo), a integração (possibilitando o preen­chimento das lacunas existentes no ordenamento) e a interpretação do direito orçamentário, auxiliando no exercício da função jurisdicional ao permitir a aplicação da norma à situação não regulada especificamente.

As Constituições brasileiras, desde a Imperial até a atual, sempre conferiram tratamento privilegiado à matéria orçamentária, e, a cada nova carta, novos princípios foram introduzidos. A Constituição de 1824, em seus artigos 171 e 172, instituiu as primeiras normas sobre o orçamento público no Brasil, es­tatuindo o princípio da (a) reserva de lei (a aprovação da peça orçamentária deve observar regular processo legislativo) e da (b) reserva de parlamento (a competência para a aprovação é privativa do Poder Legislativo, sujeita à sanção do Poder Executivo) para a aprovação do orçamento.

Aplicação em concurso:

IMPORTANTE: o princípio da anterioridade não é de Direito Financeiro, e sim de Direito Tributário. Veja abaixo que isso ainda contínua sendo cobrado nos concursos.

• (FCC/TCE/RR/M PC/2008)

NÃO se trata de princípio constitucional financeiro, mas de princípio consti­tucional tributário, o princípio da

a) anterioridade.b) universalidade.c) unidade.d) publicidade.e) não-vinculação dos impostos.

Resposta: A

® (FCC/TCE/AL/Auáitor/2008)

A doutrina não considera princípio orçamentário o princípio daa) legalidade.b) exclusividade.c) unidade.d) programação.e) anterioridade.

Resposta: E

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PRINCÍPIO DA ANUALIDADE

A Constituição de 1824 introduziu também o princípio da anualidade or­çamentária, ou temporaiídade, que estipula a autorização legislativa do gasto por um período geralmente limitado a um ano, devendo haver a re­novação a cada exercício financeiro. Conforme a previsão constitucional,o orçamento deveria vigorar por um ano e sua elaboração seria da incum­bência do Ministro da Fazenda, cabendo à Assembléia-Geral sua discussão e aprovação.

O primeiro orçamento gerai do Império foi aprovado através do Decreto Legislativo de 15/12/1830, e regulamentou o exercício financeiro do ano seguinte 1831/32. O Decreto continha normas relativas à elaboração dos orçamentos futuros, aos balanços, à instituição de comissões parlamenta­res para o exame de qualquer repartição pública e à obrigatoriedade de os ministros de Estado apresentarem relatórios impressos sobre o estado dos negócios a cargo das respectivas pastas e sobre a utilização das verbas sob sua responsabilidade.

A Constituição republicana de 1891 introduziu profundas alterações no processo orçamentário. A elaboração do orçamento passou à competên­cia privativa do Congresso Nacional (tipo legislativo). Embora a Câmara dos Deputados tenha assumido a responsabilidade pela elaboração do orçamento, a iniciativa sempre partiu do gabinete do ministro da Fazenda que, mediante entendimentos reservados e extra-oficiais, orientava a co­missão parlamentar de finanças na confecção da lei orçamentária.A Constituição de 1934 restaurou, no piano constitucional, a competên­cia do Poder Executivo para elaboração da proposta orçamentária, que passou à responsabilidade direta do Presidente da República. Cabia ao Legislativo a análise e votação do orçamento, que podia, inclusive, ser emendado. Além disso, a Constituição estabelecia que a despesa deveria ser discriminada, obedecendo, pelo menos a parte variável, à rigorosa es­pecialização. Esse princípio está expressamente previsto no art. 29 da Lei 4.320-64:

Art. 2o A Lei do Orçamento conterá a discriminação da receita e despe­sa de forma a evidenciar a política econômica financeira e o programa de trabalho do Govêrno, obedecidos os princípios de unidade univer­salidade e anualidade.

P* Cuidado. O princípio da anualidade não impede a criação de um TRI­BUTO que não esteja previsto previamente no orçamento.

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PRINCÍPIO DA EXCLUSIVIDADE

Surge esse princípio da exclusividade, ou da pureza orçamentária, que hoje segue previsto no art. 165 parágrafo 82 da CR/88, in verbis:

§ 8e - A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previ­são da receita e à fixação da despesa, não se inciuindo na proibição a au­torização para abertura de créditos suplementares e contratação de ope­rações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei.

A incidência do princípio limita o conteúdo da lei orçamentária anual, que não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da des­pesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de crédi­tos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que haja antecipação de receita, impedindo que nela se pretendam incluir normas pertencentes a outros campos jurídicos, como forma dé se tirar proveito de um processo legislativo mais rápido.

Preste atenção na exceção: não se incluindo na proibição a autoriza­ção para abertura de créditos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei. O examinador vai cobrá-la, dizendo que o princípio da exclusividade pode ser excepcionalizado, o que é verdadeiro.Princípio da especificação, ou especialidade, ou ainda, da discriminação da despesaEsse se confunde com a própria questão da legalidade da despesa pública e é a razão de ser da lei orçamentária, prescrevendo que a autorização legislativa deve se referir a despesas específicas e não a dotações globais. A especificação tem, portanto, o objetivo de deixar clara e de forma por­menorizada, a origem e a destinação dos recursos orçamentários.

PRINCÍPIO DO EQUILÍBRIO ORÇAMENTÁRIO

A Constituição de 1967 registrou pela primeira vez em um texto consti­tucional esse princípio, o axioma clássico da boa administração para as finanças públicas. O equilíbrio pressupõe que a receita prevista deva ser igual à despesa fixada. Assim, o orçamento deve funcionar como uma ferramenta de planejamento real, contemplando gastos que serão reali­zados em função das receitas que serão arrecadadas. Inserem-se, nesse contexto, as normas que limitam os gastos com pessoal, acolhidas nas Cpnstituições e a vedação à realização de operações de créditos que ex­cedam o montante das despesas de capital, conforme determinação do art. 167, III, da Constituição:

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Art. 167. São vedados:

I - o início de programas ou projetos não incluídos na lei orçamentária anual;

?! — a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que excedam os créditos orçamentários ou adicionais;

III ~ a realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Po­der Legislativo por maioria absoluta;

Nesse sentido, implementando o princípio do Equilíbrio, dispõe o art. 4? da Lei Complementar 101 (Lei de Responsabilidade Fiscal):

Art. 42 A lei de diretrizes orçamentárias atenderá o disposto no § 22 do art. 165 da Constituição e:

I - disporá também sobre:

a) equilíbrio entre receitas e despesas;

Conforme ressaíta Marco Nóbrega, o princípio do equilíbrio serve de su~ pedâneo à Lei de Responsabilidade Fiscal. Veja-se:

O grande princípio da Lei de Responsabilidade Fiscal é o princípio do equilíbrio fiscal. Esse princípio é mais amplo e transcende o mero equi­líbrio orçamentário. Equilíbrio fiscal significa que o Estado deverá pau­tar sua gestão peio equilíbrio entre receitas e despesas. Dessa forma, toda vez que ações ou fatos venham a desviar a gestão da equalização, medidas devem ser tomadas para que a trajetória de equilíbrio seja retomada.3

PRINCÍPIOS DA UNIDADE £ DA UNIVERSALIDADE______________________________

A Constituição de 1967 trouxe ainda os princípios da unidade e da uni­versalidade.

O princípio da unidade prevê que os orçamentos de cada esfera governa­mental precisam estar consubstanciados em um único documento, que consolida todos os demais orçamentos. Assim, a União engloba, em um único documento, todos os Órgãos de sua esfera. O fato de o Orçamento

3. NÓBREGA, Marcos. Lei de Responsabilidade Fiscal e Leis Orçamentárias. São Paulo. Ed. Juarez de Oliveira. 2002, p. 32

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Geral da União possuir três pecas, como o Orçamento Fiscal, o Orçamento da Seguridade Social e o Orçamento de Investimento não representam afronta ao princípio da unidade, pois a peça é única e válida para todos os Órgãos do Poder.

Preste bastante atenção. O PRINCÍPIO DA UNIDADE DETERMINA A EXISTÊNCIA DE UM-ORÇAMENTO PARA CADA ENTE FEDERADO.

O fato do artigo 165 CAPUT prever três LEIS ORÇAMENTÁRIAS: PPA, LDO, LOA ou ainda que a LOA TERÁ TRÊS PEÇAS ORÇAMENTÁRiAS, art. 165, pará­grafo 5 s NÃO TORNA IN APLICÁVEL EM PROVAS ESSE PRINCÍPIO. Não se dei­xe confundir pelo examinador. A existência de 3(três) Seis orçamentárias ou de 3 peças orçamentárias na LOA não acabou com o princípio da unidade.

O princípio da universalidade estabelece que todas as receitas e todas as despesas devem estar no orçamento, sendo vedadas quaisquer deduções. Sendo o orçamento uma ferramenta de planejamento e controle, espera- se que o documento preveja tudo o que será ganho e tudo o que será gasto, nos termos do art. 70 da CR/88. Dessa forma, nenhuma instituição pública que receba recursos orçamentários ou gerencie recursos federais pode ficar de fora do Orçamento.

O princípio da universalidade está previsto nos artigos 3e e 4 da Lei 4.320- 64:

"Art. 32 A Lei de Orçamentos compreenderá todas as receitas, inclusive as de operações de crédito autorizadas em ie l

Parágrafo único. Não se consideram para os fins deste artigo as opera­ções de crédito por antecipação da receita, as emissões de papel-mo- eda e outras entradas compensatórias, no ativo e passivo financeiros,

Art. 42 A Lei de Orçamento compreenderá todas as despesas próprias dos órgãos do Governo e da administração centralizada, ou que, por intermédio deles se devam realizar, observado o disposto no artigo 2o."

Podem ser acrescidos aos princípios estudados os seguintes:

PRINCÍPIO DO ORÇAMENTO BRUTO___________________ _________________________

Estabelece que as receitas e despesas devam ser dispostas na peça orçamen­tária pelos seus valores totais e não pelos líquidos, visando evitar dúvidas sobre os seus montantes realmente envolvidos. Assim, não são permitidas compensações no plano orçamentário. Esse princípio é previsto no artigo 69 da lei 4.320-64:

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Art. 69 Todas as receitas e despesas constarão da Lei de Orçamento pelos seus totais, vedadas quaisquer deduções.

PRINCÍPIO PA NÃO-AFETAÇÃO DAS RECEITAS____________________

Visa impedir o comprometimento de receitas DE IMPOSTOS com o esta­belecimento de vinculações. As receitas das demais espécies tributárias são vinculadas

-$> Muito cuidado com essa regra, estabelecida no art. 167, IV, da Consti­tuição e as suas exceções, previstas no parágrafo 45 do mesmo artigo:

REGRA

Não afetação de receitas DE IMPOSTOS. Afetação das receitas DE IMPOSTOS.

iV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da administração tributária, como de­terminado, respectivamente, pelos arts. 198, § 28, 212 e 37, XX! 1, e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 82, bem como o disposto no § 42 deste artigo.

§ 4.2 É permitida a vincuiação de re­ceitas próprias geradas peios impostos a que se referem os arts. 155 e 156, e . dos recursos de que tratam os arts. 157, 158 e 159, 1, a e b, e 11, para a prestação de garantia ou contra-garantia à União e para pagamento de débitos para com esta. (Incluído pela Emenda Constitucio­nal ne 3, de 1993)

As ressalvas são estabelecidas pela própria Constituição e estão rela­cionadas à repartição do produto da arrecadação dos impostos (Fundos de Participação dos Estados - FPE e dos Municípios - FPM e Fundos de Desenvolvimento das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste), à des- tinação de recursos para as áreas de saúde e educação, além do ofere­cimento de garantias às operações de crédito por antecipação de recei­tas.

No âmbito federal, a Constituição reforça a não-vincu!ação das receitas por meio do artigo 76 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias - ADCT, ao criar a "Desvinculação das Receitas da União - DRU", abaixo transcrito:

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"Art. 76. É desvinculado de órgão, fundo ou despesa, até 31 de dezem­bro de 2011, 20% {vinte por cento) da arrecadação da União de impos­tos, contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico, já instituídos ou que vierem a ser criados até a referida data, seus adi­cionais e respectivos acréscimos legais. (Redação dada pela Emenda Constitucional n- 56, de 2007)

§ ie O disposto no caput deste artigo não reduzirá a base de cáiculo das transferências a Estados, Distrito Federai e Municípios na forma dos arts. 153, § 52; 157,1; 158, í e li; e 159,1, a e b; e 11, da Constituição, bem como a base de cálculo das destinações a que se refere o art. 159,

. I, c, da Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional n? 42, de 19.12.2003)

§ 22 Excetua-se da desvinculação de que trata o caput deste artigo a ar­recadação da contribuição social do salário-educaçao a que se refere o art. 212, § 5o, da Constituição, (incluído pela Emenda Constitu­cional ne 27, de 2000).

PRINCÍPIO DA DISCRIMINAÇÃO OU ESPECIALIZAÇÃO _______________________

Esse princípio está previsto no artigo 59 da Lei n5 4.320/1964:"Art. 5e A Lei de Orçamento não consignará dotações globais destina­das a atender indiferentemente a despesas de pessoal, materiai, servi­ços de terceiros, transferências ou quaisquer outras

O princípio da discriminação, também conhecido como princípio da es­pecialização, determina que as receitas e despesas sejam descritas no or­çamento de forma pormenorizada, de modo que se saiba a origem e a destinação dos recursos orçamentários.

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE_______________________________________________________

De acordo com esse princípio, o orçamento público deve ser considerado como um dispositivo legal, no sentido da forma (quanto ao procedimento de elaboração e competência da origem de proposição pelo Executivo e chancela do Legislativo - Lei Ordinária), e no sentido da matéria, um Ato Administrativo (quanto ao assunto que trata). Como tal, o orçamento deve cumprir o procedimento legislativo próprio, com o cumprimento de todos os quesitos, inclusive do sanção e da publicação pelo Presidente da Repú­blica ou pelo Congresso Nacional. Esse princípio está expresso no art. 165 da Constituição:

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"Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:

I - o píano plurianual;

li - as diretrizes orçamentárias;

tll - os orçamentos anuais/'

PRINCÍPIO DA PROGRAMAÇÃO__________________________________________________

Considerado o mais moderno princípio orçamentário. Os governos, cerca­dos de encargos cada vez maiores e com recursos sempre limitados, pas­saram a utilizar o orçamento - que era mecanismo de autorização e con­trole parlamentar - como auxiliar efetivo da administração e como ligação entre funções de planejamento e de gerência. Pretendendo representar os elementos do planejamento, o orçamento tem sofrido mudanças signi­ficativas em sua linguagem, com o propósito de veicular a programação de trabalho de governo: os objetivos e metas perseguidos.

Os princípios decorrentes da cidadania: participação e transparência são indispensáveis para que a sociedade se inteire e acompanhe os movimen­tos do Estado na gestão dos gastos públicos. Direcionam o atendimento da despesa pública ao custeio dos gastos necessários ao funcionamento dos organismos de Estado, bem como dos serviços públicos, evidenciando na contabilidade o interesse e a perfeita compreensão de todos os dados, por parte dos usuários, das informações orçamentárias.

Assim dispõe o art. 48 da Lei de Responsabilidade Fiscal, in verbis:

Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será dada ampia divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resu­mido da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos.

PRINCÍPIO DA PARTICIPAÇÃO____________________________________________________

Fundamenta-se nas práticas utilizadas por algumas administrações muni­cipais que adotaram a chamada gestão orçamentária participativa, pre­vista no Estatuto das Cidades, consistindo em instrumento de garantia da gestão democrática da cidade. Tal princípio somente se aplica no âmbito municipal (art. 182 da CR/88), caracterizando um dos seus instrumentos de execução de políticas de desenvolvimento urbano.

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Numa sociedade onde os ideais democráticos encontram-se fragilizados, o Poder Executivo tende a adquirir autonomia em relação ao Legislativo, passando a decidir sobre os destinos do País. Nesse processo ocorre, via de regra, um enfraquecimento ou violação desses princípios pelos gover­nantes, perdendo a peça orçamentária as condições para o cumprimento de suas funções, ao mesmo tempo em que fica livre o caminho para que o Executivo formule programas de governo que certamente tenderão a beneficiar as frações de classes que lhe dão sustentação política.Quando isso ocorre, tudo se passa como se o Estado se corporificasse apenas no Executivo, que, por sua vez, passa a constituir a fonte de onde emana todo o poder, e se afasta da sociedade ao transformar, em peças decorativas ou esvaziadas de seu papei, os demais Poderes constitucio­nais. Reinando soberano, a peça orçamentária passa a refletir, nessa si­tuação, os objetivos do Executivo e de suas bases políticas/deixando de ser um instrumento de controle que a sociedade possui sobre as ações do Estado. Com isso, as questões relativas à distribuição do ônus tributário e à destinação dos gastos públicos passam a ser decididas no âmbito do Executivo, impondo ao Poder Legislativo perda de autonomia para influir na sua definição e para desempenhar o seu papel no concerto dos pode­res constitucionais. O Executivo se vê livre, assim, para estabelecer, com as forças que constituem suas bases de sustentação, os objetivos a serem perseguidos através da política econômica.Instrumentos que fazem parte da execução, como contingenciamento de gastos, abertura de créditos adicionais, empenho, liquidação e liberação de recursos para projetos autorizados no orçamento, transformam-se, nas mãos do Executivo, em mecanismos de pressão e negociação para impor seus desideratos e submeter o Congresso à sua vontade. Neste caso, em que predominam-ainda que em graus variados-os objetivos do Executi­vo, a peça orçamentária deixa de traduzir, em sua plenitude, os interesses da sociedade como um todo expressos por seus representantes políticos.Objetivos:® Definir com clareza as metas e prioridades da administração, bem

como os resultados esperados.® Organizar, em programas, as ações que resultem em bens ou serviços

que atendam às demandas da sociedade.• Estabelecer a necessária relação entre as ações a serem desenvolvi­

das e a orientação estratégica de governo.

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® Possibilitar que a alocação de recursos nos orçamentos anuais seja coerente com as suas diretrizes e metas.

® Facilitar o gerenciamento da administração, através da definição de responsabilidades pelos resultados, permitindo a avaliação do desem­penho dos programas.

* Estimular parcerias com entidades públicas e privadas, em busca de fontes alternativas de recursos para financiamento dos programas.

« Dar transparência à aplicação dos recursos e aos resultados obtidos.Com isso, além de espelhar, efetivamente, o conteúdo de um programa de governo, eie representa, nessa perspectiva, um importante instrumen­to para a ação do planejamento e, ao condicionar a elaboração da LDO e da Lei Orçamentária, ele se transforma, também, em um instrumento de controle dos objetivos do gasto governamental. Foi com essa preocupa­ção que o texto constitucional estabeleceu que os planos e programas na­cionais, regionais e setoriais nele previstos deveriam ser elaborados em consonância com o Plano Plurianual e serem apreciados pelo Congresso Nacional.

PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIAEsse princípio não é novidade. A transparência é um "plus" ao princípio da publicidade, clássico da Administração Pública. Ocorre que ser trans­parente exige informação prévia do cidadão para que possa ser um con­trolador das contas públicas, o que foi enfatizado pela Lei de Responsabi­lidade Fiscaí.-> O PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA NÃO É NOVIDADE DA LRF, MAS É UMA DAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA LEI COMPLEMENTAR 101.Um dos pontos principais da LRF é a constante busca pela gestão transpa­rente dos recursos orçamentários. O referido princípio tem por objetivo permitir que sociedade conheça e compreenda as contas públicas, afora todas as tecnicalidades que ela possui. Logo, não basta a simples divulga­ção de dados. Essa transparência buscada pela lei não deve ser confundi­da com mera divulgação de informações. É preciso que essas informações sejam compreendidas pela sociedade e, portanto, devem ser dadas em linguagem clara, objetiva, sem maiores dificuldades.A transparência buscada pela lei tem por objetivo permitir um controle social mais efetivo, partindo do pressuposto de que, conhecendo a situa­ção das contas públicas, o cidadão terá muito mais condições de cobrar,

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exigir, fiscalizar. Com esse objetivo, a própria lei estabelece alguns instru­mentos importantes para incrementar o controle social.

O primeiro desses instrumentos consta do parágrafo único do artigo 48 da lei que assegura a participação popular e a realização de audiências públicas durante os processos de elaboração e discussão dos planos, Leis de Diretrizes Orçamentárias e orçamento. Logo, a participação popular e a realização de audiências públicas deverão ser incentivadas.

Outro instrumento é o constante do artigo 49 que estabelece a obrigação de as contas apresentadas pelo chefe do Poder Executivo ficarem disponí­veis durante todo o exercício, tanto no respectivo Poder Legislativo quan­to no órgão técnico responsável por sua elaboração.

Qualquer cidadão ou instituição da sociedade pode consultar e ter acesso às contas do Chefe do Executivo. Durante todo o exercício essas contas de­verão estar disponibilizadas. Os artigos 48 e 49 dessa forma se apresentam:

Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscai, aos quais será dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resu­mido da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos.

Art. 49. As contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo ficarão dísponíveís, durante todo o exercício, no respectivo Poder Legislativo e no órgão técnico responsável pela sua elaboração, para consulta e apreciação pelos cidadãos e instituições da sociedade.

Em terceiro, porque a LRF contempla também a participação popular no processo de elaboração e discussão dos PPAs, LDOs e LOAS, através da realização de audiências públicas, criando canais para a sociedade influen­ciar diretamente nas decisões de gastos dos governos, tornando mais de­mocrático esse processo.

Embora tenha surgido num contexto de demandas e exigências da ideolo­gia neoliberal - preocupada com a criação de instrumentos e instituições voltadas para garantir uma gestão fiscai responsável e, com isso, assegurar condições de sustentabilidade da dívida pública, como se analisa no capí­tulo V -o importante a destacar, para o que nos interessa aqui, é que a LRF abriu boas perspectivas para se contar com maior realismo do orçamento. Com ela, volta-se a consagrar o princípio do equilíbrio do orçamento, he­rança clássica e neoclássica, prevendó-se inclusive punições - prisionais, administrativas e pecuniárias - em caso de seu descumprimento.

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Se cumpridas e materializadas, as mudanças nela contempladas poderiam retirar o orçamento e as suas peças - PPAs, LDOs e LOAs ~ do mundo da ficção e transformá-los em instrumentos efetivos de planejamento, de controle da sociedade sobre o Estado e em canais diretos de participação

. da sociedade nas decisões tomadas sobre os objetivos de gastos dos go­vernos em gerai.

Implementando o Princípio da Transparência, o legislador exige que os ór­gãos públicos disponibilizem as suas despesas POR MEIO ELETRÔNICO e em TEMPO REAL

Nesse sentido, foi Sancionada a Lei Complementar 131 /2009, que acres­centa dispositivos à LC 101 /00, estabelecendo normas de finanças públi­cas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, a fim de determinar a disponibiíização, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

A CONAMP (Associação Nacional do Ministério Público) foi uma das sete entidades que assinaram o Manifesto pela rápida aprovação do PLP 217/2004. Conhecido como Projeto Transparência, ele torna obrigatória a exposição dos orçamentos públicos do País na internet, em tempo real, com informações detalhadas e ciaras sobre esses gastos, servindo como uma eficiente ferramenta no combate à corrupção no âmbito do serviço público.

O manifesto, na época, foi entregue ao presidente da Câmara, Arlindo Chi- naglia (PT/SP), e nele se pedia a aprovação urgente do Projeto, pela rele­vância da matéria, que representa o exercício de um direito constitucional, conforme registrado no texto: a transparência da execução orçamentária impõe a sua publicidade, o que significa a divulgação de informações de modo mais acessível possível a qualquer cidadão. É uma questão básica para a implementação da democracia efetivamente participativa, funda­mento da República Federativa do Brasil, explicitada no parágrafo único do art. I 5 da Constituição: "Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Consti­tuição/' (CF, 1988, grifos nossos).

Além da CONAMP, o manifesto contou com a assinatura das seguintes entidades: Associação dos Juizes Federais do Brasil (AJUFE), Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Associação Brasileira de Imprensa (ABI),

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Confederação Nacional da Indústria (CNI) e Federação do Comércio, de Bens, Serviços e Turismo (FECOMERCIO/DF).

Da mesma forma, o Conselho Nacionai do Ministério Público editou re­solução, em que o próprio CNMP e todas as unidades do MP publiquem em seus sites todos os dados públicos, exceto os resguardados por sigilo legal ou constitucional, relacionados à instituição. O chamado Portal da Transparência deve disponibilizar, entre outros itens, informações rela­tivas a receitas e despesas; orçamento anual e repasses mensais; gastos com membros e servidores ativos e inativos; custo com diárias e cartões corporativos; convênios firmados; relação de contratos e licitações em andamento; e adequação à Lei de Responsabilidade Fiscal.Nesse sentido, a LRF foi alterada pela LC 131-09, que entrou em vigor no dia 27-05-2009:Art. l e O art. 48 da Lei Complementar ne 101, de 4 de maio de 2000, pas­sa a vigorar com a seguinte redação:

"Art. 48............................................................................................. ..................

Parágrafo único. A transparência será assegurada também mediante:

1 - incentivo à participação popular e realização de audiências públicas, durante os processos de elaboração e discussão dos planos, lei de dire­trizes orçamentárias e orçamentos;

il - liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da socieda­de, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira, em meios eletrônicos de acesso público;

111 - adoção de sistema integrado de administração financeira e contro­le, que atenda a padrão mínimo de qualidade estabelecido pelo Poder Executivo da União e ao disposto no art. 48-A." (NR)

Art. 29 A Lei Complementar n9 101, de 4 de maio de 2000, passa a vigorar acrescida dos seguintes arts. 48-A, 73-A, 73-B e 73~C:

"Art. 4S-A. Para os fins a que se refere o inciso Jt do parágrafo único do art. 48, os entes da Federação disponibüizarão a qualquer pessoa física ou jurídica o acesso a informações referentes a:

I - quanto à despesa: todos os atos praticados pelas unidades gestoras no decorrer da execução da despesa, no momento de sua realização, com a disponibilização mínima dos dados referentes ao número do correspondente processo, ao bem fornecido ou ao serviço prestado, à pessoa física ou jurídica beneficiária do pagamento e, quando for o caso, ao procedimento licitatório realizado;

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D ireito F inan ceiro

li - quanto à receita: o lançamento e o recebimento de toda a receita das unidades gestoras, inclusive referente a recursos extraordinários/' "Art. 73-A. Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para denunciar ao respectivo Tribunal de Contas e ao órgão competente do Ministério Público o descumprimento das pres­crições estabelecidas nesta Lei Complementar." "Art. 73-B. Ficam esta­belecidos os seguintes prazos para o cumprimento das determinações dispostas nos incisos il e III do parágrafo único do art. 48 e do art. 48-A:

í — 1 (um) ano para a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí­pios com mais de 100.000 (cem mil) habitantes;

il - 2 (dois) anos para os Municípios que tenham entre 50.000 (cinqüen­ta mil) e 100.000 (cem mi!) habitantes;

lii - 4 (quatro) anos para os Municípios que tenham até 50.000 (cin­qüenta mil) habitantes.

Parágrafo único. Os prazos estabelecidos neste artigo serão contados a partir da data de publicação da lei complementar que introduziu os dispositivos referidos no caput deste artigo." "Art. 73-C. O não atendi­mento, até o encerramento dos prazos previstos no art. 73-B, das deter­minações contidas nos incisos I! e lil do parágrafo único do art. 48 e no art. 48-A sujeita o ente à sanção prevista no inciso Ido § 3o do art. 23."

Art. 3- Esta Lei Complementar entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 27 de maio de 2009; 188S da Independência e 121s da Repú­blica

Aplicação em concurso:

* (ESA F/AnaHsta/CGU/2008)

No Brasil, para que o controle orçamentário se tornasse mais eficaz, ao longo dos anos, tornou-se necessário estabelecer alguns princípios que orientas­sem a eiaboração e a execução do orçamento.Assim, foram estabelecidos os chamados "Princípios Orçamentários", que visam estabelecer regras para elaboração e controle do Orçamento. No to­cante aos Princípios Orçamentários, indique a opção correta.

a) O orçamento deve ser uno, ou seja, no âmbito de cada esfera de Poder deve existir apenas um só orçamento para um exercício financeiro.

b) O princípio da exclusividade veda a inclusão, na lei orçamentária anual, de autorização para aumento da alíquota de contribuição social, mesmo respei­tando-se o prazo de vigência previsto na Constituição.

c) A vinculação de receitas de taxas a fundos legalmente constituídos é incom­patível com o princípio da não afetação, definido na Constituição Federal.

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d) O princípio da especificação estabelece que a !eí orçamentária anual deverá especificar a margem de expansão das despesas obrigatórias de caráter conti­nuado, conforme determina a Lei de Responsabilidade Fiscai.

e) O princípio do equilíbrio é constitucionalmente fixado e garante que o mon­tante das receitas correntes será igual ao totai das despesas correntes.Resposta: B

• (ESAF/Analista/STN/2008)Constitui evidência do princípio da unidade orçamentária:

a) um orçamento que contenha todas as receitas e todas as despesas.b) um único orçamento é examinado, aprovado e homologado e ainda a existên­

cia de um caixa único e uma única contabilidade.c) a existência de um orçamento que abranja tanto a área fiscal como a área

previdenciária e o investimento das estatais.d) uma lei orçamentária anuai que não contenha matéria estranha ao orçamento.e) um orçamento que abranja os Três Poderes da Untão.

Resposta: B. Nao confunda unidade (um só orçamento) com exclusividade (na peça orçamentária a lei não conterá matéria estranha ao orçamento).

® (CESPE/Analista/TCE/AC/2009)A LOA, que tem por objetivo a concretização das diretrizes, objetivos e metas estabelecidas no plano plurianual (PPA),

a} deve conter, em anexo, o demonstrativo da compatibilidade da programação do orçamento com as metas do PPA.

b) poderá consignar crédito com finalidade imprecisa, desde que destinado a créditos adicionais.

c) deverá conter a forma de utilização e o montante da reserva de contingência.d) poderá conter a autorização para a abertura de créditos suplementares, como

exceção ao princípio orçamentário da exclusividade.e) deve conter, com relação ao orçamento de investimento das empresas, a es­

timativa da receita e a fixação das despesas das empresas públicas e socieda­des de economia mista.Resposta: D

• (ESAF/Analista/CGU/2008)A Lei de Responsabilidade Fiscaí - LRF instituiu mecanismos mais rigorosos para a administração das finanças nas três esferas de governo e funciona como um código de conduta para os administradores públicos, que devem obedecer.às normas e limites estabelecidos na lei. Com base na Lei de Res­ponsabilidade Fiscal, assinale a opção incorreta,

a) A LR F estabelece limites para gastos com pessoal, sendo que na União esse limite chega a 50% do total das Receitas Correntes.

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D ireito F in a n ceiro

b) São princípios gerais da LR F o Planejamento, a Transparência e a Responsa­bilização.

c) Estão sujeitos às disposições da LRF todos os entes da Federação inclusive suas empresas estatais dependentes na forma definida na Lei.

d) São exemplos de instrumentos-de transparência da gestão fiscal, segundo a LRF: os planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscai.

e) A LR F proíbe a realização de operação de crédito entre entes da Federação, inclusive por intermédio de fundo, ainda que sob a forma de novaçao de dívida contraída anteriormente.Resposta: A. A base para o cáículo das despesas com gastos de pessoal É A RECEITA CORRENTE LIQUIDA, a rt 29, IV, LRF. A assertiva falava apenas em RECEITA CORRENTE.

° (TCE/SP/Auditor/2008)

Sobre o princípio da não-vincuiação ou não-afetação, a Constituição Federai dispõe:

1. Ê vedada a vinculação de receita de imposto a órgão, fundo ou despesa, res­salvados os casos previstos em lei complementar.

li. Haverá vinculação de receita de imposto para destinação de recursos para ações e serviços púbíicos de saúde, para o desenvolvimento do ensino e para a realização de atividades da administração tributária.

III. É vedada a vinculação de receita de impostos para prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita ou para prestação de garan­tia ou contragarantia à União e para pagamento de débitos para com esta.

Está correto o que se afirma APENAS em

a ) i.b} I e II.c) le l l l .d) II.e) l lei l l .

Resposta: D

CICLO ORÇAMENTÁRIO.

O Ciclo Orçamentário apresenta-se, em gerai, como compreendendo um conjunto de quatro grandes fases, cuja materialização se estende por um período de vários anos, quais sejam: a) elaboração e apresentação; b) au­torização legislativa; c) programação e execução; d) avaliação e controle.

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L ea n d r o E ustá q u io e I g o r d e M a to s M o n teir o

Esse ciclo corresponde ao período de tempo em que se processam as atividades típicas do orçamento público. O CICLO ENGLOBA O PROCES­SO LEGISLATIVO ORÇAMENTÁRIO, MAS A ESSE NÃO SE RESUME. O CICLO ORÇAMENTÁRIO TAMBÉM ENVOLVE O CONTROLE DA EXECUÇÃO ORÇA­MENTÁRIA, FEITO DEPOIS DA SANÇÃO DA LEI ORÇAMENTÁRIA.

Aplicação em concurso:

• (FCC/TCE/AM/A uditor/2007)

O orçamento cuja teoria propõe uma política de superávit e déficit, com efei­tos compensatórios, aiém da preocupação com o equilíbrio orçamentário, é

a) funcional.b) compensatório.c) clássico.d} econômico nacional, e} cíclico.

Resposta: E

3.1. Processo Legislativo Orçamentário

Prazos: na Falta da Lei Complementar exigida pela Constituição (art. 165, parágrafo 9, 1 e II), que definiria prazos para o Processo legislativo orçamentário, vem sendo utilizado o dispositivo previsto no art. 35, pará­grafo do ADCT, que compilamos no próximo quadro.

Para tanto, precisamos de 3 premissas:

a) A Sessão Legislativa Orçamentária Federal se divide em 2 períodos: o 1 período legislativo vai do 1-2 até o dia 17-7 e o 29 período, do dia 1-8 ao dia 22-12 (art. 57 da Constituição). MUITO CUIDADO COM OS CONCURSOS ESTADUAIS E MUNICIPAIS. Os prazos das sessões legisla­tivas estaduais e municipais devem ser conferidos nas Constituições Estaduais e leis orgânicas municipais, respectivamente.

b) O Exercício financeiro coincide com o ano civil (art. 32 da lei 4320-64), que vai do dia 1 de janeiro ao dia 31 de dezembro.

c) Caso o projeto da LDO não seja aprovado pelo Legislativo, não haverá recesso parlamentar (art. 57, parágrafo 22, da Constituição).

Não grave o dia do ano, as datas. Procure se lembrar do que escreve­mos agora abaixo.

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D ireíto F in a n ceiro

Lei orçámehtáríá Prazo para envio Prazo para devolução

PPA Até 4 meses e meio antes do encer­ramento do exercício financeiro.

Até o finai do 2 perío­do legislativo.

LDO Até S meses e meio antes do encer­ramento do exercício financeiro.

Até o final do 12 perío­do legislativo

LOA Até 4 meses e meio antes do encer­ramento do exercício financeiro.

Até o fina! do 2- perío­do legislativo.

Aplicação em concurso:

• (FCC/TCE/A L/A uditor/2008)

De acordo com a Constituição Federal, dispor sobre o exercício financeiro cabe à

a) emenda constitucional, b} lei complementar, c} lei ordinária,d) resolução do Senado, e} medida provisória.

Resposta: B

Percebam que as regras para os projetos do PPA e da LOA são as mes­mas, Ambos estão no 2- período legislativo. O Projeto da LDO tem seus limites no l 9 período legislativo.

É muito importante que você saiba cada uma das fases do processo legis­lativo orçamentário, abaixo destacadas em negrito.-£■ A iniciativa é exclusiva do Chefe do Executivo (art. 85, VI e art. 185 da Constituição)

A iniciativa envolve, além das tarefas relacionadas à estimativa da receita, um conjunto de atividades, normalmente referidas como "formulação do programa de trabalho" que compreende o diagnóstico de problemas, a formulação de alternativas, a tomada de decisões, a fixação de metas e a definição de custos, a compatibilização das propostas à luz das priorida­des estabelecidas e dos recursos disponíveis e a montagem da proposta a ser submetida à apreciação do Legislativo.

-> O Chefe do Executivo envia o projeto de lei para o Legislativo, no caso, para a Comissão Mista Permanente de Planos, Orçamentos Públicos e Fis­calização (art. 166, parágrafo l 9,1, da Constituição).

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A segunda fase compreende a tramitação da proposta de orçamento no Poder Legislativo, onde as estimativas de receita são revistas, as alterna­tivas são reavaliadas, os programas de trabalho são modificados através de emendas e os parâmetros de execução (inclusive os necessários a cer­ta flexibilidade) são formalmente estabelecidos.

As Emendas ao projeto de lei recebem um parecer da Comissão Mista e posteriormente são analisadas de forma conjunta no Plenário, devendo obedecer a 2 requisitos: compatibilidade com o PPA e com a LDO e indi­cação das fontes dos recursos. A fonte dos recursos não pode ser prove­niente de anulação de despesas para: PAGAMENTO DE PESSOAL ou SER­VIÇOS DA DÍVIDA ou TRANSFERÊNCIAS OBRIGATÓRIAS CONSTITUCIONAIS (art. 166, parágrafos 2-, 35 e 4e da Constituição).

-> Retificação do texto pelo Executivo. O projeto de fei encaminhado poderá ser alterado pelo Chefe do Executivo desde que A VOTAÇÃO NÃO TENHA SIDO INICIADA (art. 166, parágrafo 59 da Constituição).

Sanção. Recebido o projeto aprovado, o Chefe do Executivo tem 15 dias para sanção ou veto e 48 horas para promuígação-publicação. Caso o projeto seja vetado, no todo ou em partes, deverá retornar ao Legislativo. Ao processo legislativo orçamentário, como vimos agora, são aplicadas subsidiariamente as demais regras de quaisquer processos legislativos (art. 166, parágrafo 75, da Constituição).

Por mais que não aconteça com tanta freqüência na prática do processo legislativo orçamentário, nos concursos é bastante recorrente o que va­mos escrever agora, e nós o faremos por um quadro-resumo. Fazer con­curso é saber lidar com as nuances da banca examinadora. Neste caso, os concursos querem saber se o candidato sabe se existe alternativa para os seguintes fatos abaixo.

•' :. FATO . Y::

0 Chefe do Executivo não envia o projeto de lei orçamentária no prazo determinado,

4

Crime de responsabilidade (art. 85 da Constituição) 0 art. 32 da Lei 4320-64 estabelece que, caso não receba a proposta no prazo determinado, o Legislati­vo deverá considerar como proposta a LOA vigente.

0 Legislativo não devolve o projeto da LOA para sanção.

A LDO vem tratando da questão e muitas vezes de­termina que o orçamento vigente é desdobrado em frações mensais até que o Legislativo aprove o proje­to em trâmite.

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3.2. Controle da Execução OrçamentáriaO art. 75 da lei 4.320 dispõe que o controie da execução orçamentária compreenderá:I. A legalidade dos atos de que resuítem a arrecadação da receita ou a rea­

lização da despesa, o nascimento ou a extinção de direitos e obrigações.II. A fidelidade funcional dos agentes da administração, responsáveis por

bens e valores públicos.ill. O cumprimento do programa de trabalho expresso em termos mone­

tários e em termos de realização de obras e prestação de serviços.Nesta fase, o orçamento é programado, isto é, são definidos os crono- gramas de desembolso, ajustando o fluxo de dispêndios às sazonalidades da arrecadação, além disso é executado, acompanhado e parcialmente avaliado, sobretudo por intermédio dos mecanismos e entidades de con­troie interno e das inspeções realizadas pelos órgãos de controle externo, notadamente pelos Tribunais de Contas.Na fase de avaliação e controle, parte da qual ocorre concomitantemente com a de execução, são produzidos os balanços. Segundo as normas legais pertinentes à matéria, estes são apreciados e auditados pelos órgãos auxi- Hares do Poder Legislativo {Tribunal de Contas e Assessorias Especializadas) e as contas julgadas pelo Parlamento. Integram também esta fase as avalia­ções realizadas pelos órgãos de coordenação e pelas unidades setoriais com vistas à realimentaçao dos processos de planejamento e de programação.

Aplicação em concurso:

® {CESPE/Anaiista/TCE/AC/2009}

O ciclo orçamentário corresponde ao período de tempo em que se proces­sam as atividades típicas do orçamento público. Acerca do projeto da LOA, assinale a opção correta.

a) O presidente da República tem quinze dias úteis, a contar do recebimento do projeto, para sancioná-lo. O silêncio importa veto.

b) As emendas ao projeto deverão ser apresentadas na comissão mista e apre­ciadas, na forma regimental, pelo Senado Federai.

c) Após o envio do projeto ao Poder Legislativo, o Presidente da República não poderá mais propor modificações.

d) A iniciativa de apresentação do projeto é privativa do Chefe do Poder Executivo.e) A s emendas ao projeto de LOA incompatíveis com o PPA poderão ser apro­

vadas, caso indiquem as respectivas fontes de recursos.Resposta: D

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• (TCE/RR/MPC/2008)

Dispõe a Lei 4.320/64 que o controle da execução orçamentária compre­enderá:

1. A legalidade dos atos de que resultem a arrecadação da receita ou a realiza­ção da despesa, o nascimento ou a extinção de direitos e obrigações.

il. A fidelidade funciona! dos agentes da administração, responsáveis por bens e valores públicos.

lii. O cumprimento do programa de trabalho expresso em termos monetários e em termos de realização de obras e prestação de serviços.Está correto o que se afirma em

a) I, somente.b) 1 e li, somente.c) 1 e iil, somente.d) II e llf, somente.e) 1, II e III.

Resposta: E

4. LEIS ORÇAMENTÁRIAS EM ESPÉCIE

4.1. O Plano Plurianual (PPA)

-> O PPA é uma novidade da Constituição de 1988

O PPA é um instrumento de planejamento de longo alcance (TEM VIGÊN­CIA DE 4 ANOS, NÃO COINCIDENTE COM A LEGISLATURA), cuja finalidadeé o estabelecimento dos programas e das metas governamentais num ambiente temporal de quatro anos, idêntico ao período de um mandato executivo. Tais programas e metas se apresentam sob a forma de ações voltadas para a ampliação da capacidade produtiva do setor público e para o desenvolvimento soctoeconômico, bem como para os programas de manutenção dos serviços essencialmente criados. O PPA estabelece o DOM da Administração Pública. Preste atenção nas letras negritadas.

Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:

I - o plano plurianual;

(...)

§ is - A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma re­gionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras deias decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada.

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Diretrizes, objetivos e metas têm conteúdo distinto em termos orçamen­tários. De toda forma, isso não é importante pois não é cobrado em con­cursos. Essencial mesmo é saber que o PPA estabelecerá o DOM PARA despesas de capital e despesas correntes. Preste atenção nisso. A Lei 4320-64, art, 13, classifica as despesas em: despesas correntes e despesas de capital. Por enquanto, precisamos que você frise isso bastante: DOM PARA DESPESAS CAPITAL E DESPESAS CORRENTES.

A interpretação que se dá ao texto constitucional, no que se refere à alo­cação de recursos, é que o plano deve conter a previsão de recursos de investimentos (despesas de capital), como também para sua operaciona- lização e manutenção (despesas correntes). Ex: construção de uma escola (despesa de capital). Para colocá-la em funcionamento, serão necessários aquisição de equipamentos, material de consumo, contratação de pessoal (despesas correntes).

O PPA deve estabelecer o DOM para as despesas relativas aos programas de duração continuada, que ganham definição no artigo 29, I, da Lei de Responsabilidade Fiscal.

■ Despesas de duração :: . : í çpntínü

Previsão contida no PPA.Prazo para pagamento superior a 12 meses e tam­bém aquelas com prazo inferior a 12 meses, des­de que previstas na lei orçamentária.

Prazos do processo legislativo orçamentário do PPA. O prazo de enca­minhamento para discussão e aprovação no Congresso Nacional, confor­me estabelece o art. 35, parágrafo 29, inciso I, das Disposições Constitucio­nais Transitórias, deve ser feito até quatro meses antes do encerramento do primeiro exercício financeiro do mandato presidencial, ou seja, 31 de agosto, e devolvido para sanção presidencial até o encerramento da ses­são legislativa (22/12), conforme art. 57 da Constituição Federal. Portanto, a duração do quadriênio se estende do início do segundo ano do mandato presidencial e vai até o fim do primeiro ano do mandato sucessor.

Com o PPA, procurou-se, assim, sanar um dos problemas limitadores do orçamento como um instrumento do planejamento, presente na versão anterior do Orçamento Plurianuai dos Investimentos (OPI), que consistia no estabelecimento de meras dotações financeiras, excluindo a definição de metas físicas, o que se revelou inviável em ambientes inflacionários.

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Além de contornar estes problemas e permitir sua retificação por lei du­rante sua vigência, flexibilizando, portanto, a possibilidade de revisão de seus objetivos e metas, o PPA cumpre o papel de balizar a elaboração das outras peças do sistema a LDO e a Lei Orçamentária Anual - que, com ele, devem ser compatibilizados.

O PPA deve expressar as intenções concretas dos compromissos assumi­dos pelo Governante com a população. Sendo assim, constituem-se como seus objetivos:

I. Definir com clareza as metas e prioridades da administração, bem como os resultados esperados.

II. Organizar, em programas, as ações que resultem em bens ou serviços que atendam às demandas da sociedade.

III. Estabelecer a necessária relação entre as ações a serem desenvolvidas e a orientação estratégica de governo.

IV. Possibilitar que a alocação de recursos nos orçamentos anuais seja co­erente com as suas diretrizes e metas.

V. Facilitar o gerenciamento da administração, através da definição de responsabilidades pelos resultados, permitindo a avaliação do desem­penho dos programas.

VI. Estimular parcerias com entidades públicas e privadas, em busca de fontes alternativas de recursos para financiamento dos programas.

VII Dar transparência à aplicação dos recursos e aos resultados obtidos.

Com isso, além de espelhar, efetivamente, o conteúdo de um programa de governo, ele representa, nessa perspectiva, um importante instrumento para a ação do planejamento e, ao condicionar a elaboração da LDO e da Lei Orçamentária, ele se transforma, também, em um instrumento de controle dos objetivos do gasto governamental. Foi com essa preocupação que o texto constitucional estabeleceu que os planos e programas nacionais, re­gionais e setoriais, nele previstos, deveriam ser elaborados em consonância com o Plano Plurianual e serem apreciados pelô Congresso Nacional.

A Lei de Responsabilidade Fiscal teve o seu artigo 35 vetado. Ele, quando ainda era projeto, trazia dispositivos para o PPA. Portanto, nada há na LRF, a não ser a exigência de quê o PPA seja feito por todos os entes federados.

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-> Aplicação em concurso:

o (ESAF/Analista/CGU/2008)

A Constituição Federa! instituiu o Plano Plurianuai - PPA e a Lei de Responsa­bilidade Fiscal (Lei Complementar n. 101/2000} ratificou sua obrigatoriedade para todos os entes da Federação. De acordo com a Constituição e os últimos planos aprovados para o governo federal, indique a opção incorreta.

a) Após a Constituição Federai, não há mais a possibilidade da existência de planos e programas nacionais, regionais e setoriais, devendo ser consolidado em um único instrumento de planejamento que é o PPA.

b} A regionalização prevista na Constituição Federal considera, na formulação, apresentação, implantação e avaliação do Plano Piurianuaí, as diferenças e desigualdades existentes no território brasileiro.

c} Na estrutura dos últimos planos plurianuais da União, as metas representam as parcelas de resultado que se pretende alcançar no período de vigência do PPA.

d) A Constituição Federal remete à lei complementar a disposição sobre a vi­gência, os prazos, a elaboração e a organização do PPA e, enquanto não for editada a referida lei, segue-se o disposto no Ato das Disposições Constitu­cionais Transitórias.

e) Toda ação finalística do Governo Federal deverá ser estruturada em Progra­mas orientados para a consecução dos objetivos estratégicos.Resposta: A

* (ESAF/Analista/STN/2008)

Segundo dispõe a Lei Complementar n. 101/2000 - Lei de Responsabilidade Fisca! - LRF, as despesas de caráter continuado são as que têm a seguinte característica:

a} são as despesas correntes e de capital definidas como necessárias à manu­tenção dos projetos criados no Piano Plurianual - PPA.

b) são as despesas correntes e de capital destinadas ao custeio da máquina ad­ministrativa decorrentes de determinações da Lei de Diretrizes Orçamentá­ria s- LDÒ.

c) são os gastos relativos à implantação de programas e serviços decorrentes da reestruturação de órgãos do Estado.

d) são as despesas correntes derivadas de lei, medida provisória ou ato admi­nistrativo normativo que fixe para o ente a obrigação legal de sua execução por um período superior a dois exercícios.

e) são os gastos permanentes oriundos de determinação legal ou judicial e que devem ser pagos com recursos dos exercícios seguintes.Resposta: D

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o (FCC/TCE/AL/MPC/2008j

Quando a lei estabelece, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capita! e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada, está instituindo

a) a lei orçamentária anual.b) as diretrizes orçamentárias.c) o orçamento da seguridade social.d) o orçamento das empresas estatais.e) o plano plurianual.

Resposta: E

4.2. A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)

-> O examinador vai tentar confundi-lo, misturando o nome e os concei­tos das Leis orçamentárias. Portanto fique muito atento.A LDO é um instrumento de ligação entre o PPA e a LOA, que antevê as diretrizes, as prioridades de gastos, as normas e os parâmetros que de­vem orientar a elaboração do Projeto de lei orçamentária, para o exercício financeiro seguinte à sua aprovação. De periodicidade anual, também de hierarquia especial e sujeita a prazos e procedimentos peculiares de tra­mitação, destina-se a fornecer os parâmetros para a forma e o conteúdo com que a lei orçamentária de cada exercício deve se apresentar e indicar as prioridades a serem observadas em sua elaboração.

Ligue-se no MP: O artigo 165 da Constituição Federal estabelece ser a Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO - o instrumento de planejamen­to que tem como funções básicas: a) estabelecer as Metas e Prioridades da Administração Pública federal para o exercício financeiro seguinte; b) orientar a elaboração da Lei Orçamentária Anual - LOA; c) promover alte­ração da legislação tributária e d) estabelecer a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento.

LDO ■ : .• CONTEÚDO .Metas e Prioridades para o exercício seguinte.Orientar a elaboração da L.O.A.Promover a alteração da legislação tributária.Estabelecer política das agências de fomento (CEF, BB, BACEN).

Veja que a LDO não estabelece nada em si, propriamente dito. Ela diz como deve ser, ela orienta a L.O.A.

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D i r e i t o F in a n c e ir o

O encaminhamento para discussão e aprovação do Congresso Nacional do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) pelo Presidente da República deve ser feito até oito meses e meio antes do encerramento do exercício financeiro (15/04), que por sua vez disporá de dois meses e meio para votá-lo e devoivê-lo à Presidência para sanção. O prazo se encerra, portanto, em 30 de junho do ano de elaboração da LDO. A sessão legisla­tiva não poderá ser encerrada sem a discussão, votação e aprovação do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias, conforme preceitua o art. 57, § 29, da Constituição Federai. É neste período que devem ser negociadas as alterações na legislação tributária, decididos quais os setores que de­verão ser contemplados com financiamentos governamentais, negociada a concessão de vantagens e o aumento do quadro do funcionalismo etc.

Como ao Congresso passou a ser permitida a apresentação de emendas mo- dificadoras do orçamento, desde que compatíveis com o PPA e acompanha­das da indicação dos recursos necessários, tornando-se co-responsávei por todo o processo, ampliaram-se as possibilidades de que os projetos apro­vados e as mudanças requeridas para viabilizá-ios estejam em consonância com as prioridades estabelecidas pelos participantes do jogo orçamentário, na perspectiva da public choice, ou como resultado dos embates travados entre as classes e as frações de classes, de acordo com visão marxista.

Como dissemos acima, nas primeiras linhas desse subitem, não confunda o que a Constituição exige para a LDO com o PPA. Veja o quadro comparativo.

Lei Orçarnehtária Vigência Conteúdo • ' '•/ . /

PPA 4 anos DOM (diretrizes, objetivos e metas)

LDO Anual

MP (metas e prioridades)Orientará a elaboração da LOA.Disporá sobre a alteração na legislação tributária. Estabelecerá a política das agências financeiras de fo­mento.

Aplicação em concurso:

® (ESAF/Analista/CGU/2006}

Segundo a Constituição de 1988, no capítulo das Finanças Públicas, o Plano Plurianual- PPA é uma Lei que abrangerá os respectivos Poderes na União, nos Estados, no Distrito Federal e nos Municípios. No que diz respeito ao Plano Plurianual (PPA) e Lei de Diretrizes Orçamentáriãs (LDO), identifique a opção incorreta.

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L e a n d r o E u st á q u io e Ig o r d e M a t o s M o nteiro

a) A Lei que instituir o Piano Plurianual será elaborada no princípio do primeiro ano do mandato do executivo e terá vigência de quatro anos.

b) Com base no Plano Plurianual, o governo elaborará e enviará para o Poder Legislativo o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias.

c) A Lei que instituir o Plano Plurianual definirá diretrizes, objetivos e metas para o quadriênio, cabendo desta forma, à LDO definir, com base no PPA, quais serão as metas que serão desenvolvidas no exercício financeiro subse­qüente.

d) Com o advento da Lei de Responsabilidade Fiscal, em maio de 2000, passou a integrar à LDO, dois anexos: o Anexo de Metas Fiscais e o Anexo de Objetivos Fiscais.

e) A LDO antecipa o orçamento anuaí, com todas suas implicações aiocativas e tributárias, e ainda fixa o programa das instituições financeiras da União.Resposta: D

Se falamos acima que a Lei de Responsabilidade Fiscal não tem nenhum artigo específico para o PPA, ISSO NÃO ACONTECE COM A LDO, que tem um artigo só seu na LRF, o artigo 5e, abaixo transcrito:

Art. 5o O projeto de lei orçamentária anual, elaborado de forma compatí­vel com o plano plurianual, com a lei de diretrizes orçamentárias e com as normas desta Lei Complementar:I - conterá, em anexo, demonstrativo da compatibilidade da programação dos orçamentos com os objetivos e metas constantes do documento de que trata o § I o do art. 4o;II - será acompanhado do documento a que se refere o § 6o do art. 165 da Constituição, bem como das medidas de compensação a renúncias de receita e ao aumento de despesas obrigatórias de caráter continuado;II) - conterá reserva de contingência, cuja forma de utilização e montante, definido com base na receita corrente líquida, serão estabelecidos na Sei de diretrizes orçamentárias, destinada ao:a) (VETADO)b) atendimento de passivos contingentes e outros riscos e eventos fiscais imprevistos.§ I o Todas as despesas relativas à dívida pública, mobiliária ou contratual, e as receitas que as atenderão, constarão da lei orçamentária anual.§ 2° O refinanciamento da dívida pública constará separadamente na lei orçamentária e nas de crédito adicional.§ 3o A atualização monetária do principal da dívida mobiliária refinancia- da não poderá superar a variação do índice de preços previsto na lei de diretrizes orçamentárias, ou em legislação específica.

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D ireito F in a n ceiro

§ 4o É vedado consignar na lei orçamentária crédito com finaíidade im­precisa ou com dotação ilimitada.

§ 5o A lei orçamentária não consignará dotação para investimento com duração superior a um exercício financeiro que não esteja previsto no plano plurianual ou em lei que autorize a sua inclusão, conforme dispos­to no § I o do art. 167 da Constituição.

§ 6o Integrarão as despesas da União, e serão incluídas na iei orçamentá­ria, as do Banco Central do Brasil relativas a pessoal e encargos sociais, custeio administrativo, inclusive os destinados a benefícios e assistência aos servidores, e a investimentos.

4.3. A Lei Orçamentária Anual (LOA)

É sempre importante lembrá-io. O Examinador pode querer confundi-lo, misturando os conceitos do PPA e ou da LDO com a LOA.

A LOA é Lei de Natureza Especial em razão do seu objeto e da forma pe­culiar de tramitação que lhe é definida pela Constituição. Por meio da Lei Orçamentária anual são previstas as receitas, autorizadas as despe­sas públicas, explicitados a política econômica financeira e o programa de trabalho do Governo e definidos os mecanismos de flexibilidade que a Administração fica autorizada a utilizar. A LOA deriva de projeto (PLO) formalmente remetido à deliberação do Legislativo pelo Chefe do Poder Executivo, apreciado pelo Parlamento segundo a sistemática definida pela Constituição Federal, possuindo estrutura e nível de detalhamento defini­dos pela Lei de Diretrizes Orçamentárias do exercício.

Conforme o § 22 do artigo 35 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias - ADCT, até a entrada em vigor de lei complementar que substitua a atual Lei n 4.320/64, o projeto de lei orçamentária deverá ser enviado pelo chefe do Poder Executivo, ao Congresso Nacional, até quatro meses antes do encerramento do exercício financeiro (31/08) e devolvido para sanção presidencial até o encerramento da sessão legis­lativa (22/12).

Enviado pelo Chefe do Executivo, o projeto da LOA deve ser aprovado no Legislativo, pela Comissão Mista orçamentária. Pode acontecer de o Legis­lativo não aprovar esse projeto no prazo estabelecido, qual seja, o final da sessão legislativa (22/12), ficando o orçamento sem poder ser executado, pela ausência da Lei. Nesse caso, a LDO tem estabelecido saídas. Uma de­las é o desdobramento do orçamento vigente em frações mensais, mais conhecidas como duodécimos.

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L ea n d ro E u stá q u io e Io o r d e M a t o s M o nteiro

Aplicação em concurso:

® ( CESPE/ACE-TCU/2004)

Considere a seguinte situação hipotética: Encerrou-se o exercício financeiro sem que o projeto de iei orçamentária tenha sido votado pelo Legislativo. Nessa situação, até o momento em que entre em vigor a lei orçamentária do novo exercício, deverá ser tomada como base para a realização das despesas a lei orçamentária do período recém-encerrado.Resposta: Errado. Não é a lei orçamentária do período recém-encerrado que será tomada como base. O projeto de lei ainda não aprovado é que será tomado como base para a realização das despesas, que serão fracio­nadas mensalmente até que o projeto seja aprovado.

A Lei Orçamentária Anual - LOA discriminará os recursos orçamentários e financeiros para o aicance das metas e prioridades estabelecidas pela Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO e compreenderá:

a) o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, ór­gãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive funda­ções instituídas e mantidas pelo poder público (art. 165, § 55, inciso I, da CF/88);

b) o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto (art. 165, § 59,‘inciso II, da CF/88); e

c) o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo poder público (art. 165, § 52, inciso !li, da CF/88).

Mais uma ve2: o fato de existirem 3 peças orçamentárias não EXTIN­GUE o Princípio da Unidade. Unidade significa um só orçamento, UMA SÓ LEI ORÇAMENTÁRIA AN UAL.

A Lei Orçamentária deveria representar, na verdade, o orçamento que foi negociado na fase da LDO. A abrangência com que foi contemplada na Constituição de 1988 indica a preocupação dos constituintes em resgatar os princípios da unidade-universalidade orçamentárias e criar condições, com isso, para seu manejo como instrumento de planejamento e de con­trole do Executivo com relação aos seus gastos. Condições essas refor­çadas com a exigência de que o Orçamento Fiscai seja acompanhado de demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas e as despesas,

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D ireito F in a n ceiro

das isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza finan­ceira, tributária e credítícia.

Ademais, a proibição da realização de operações de crédito acima das des­pesas de capitai e do uso da dívida pública para o pagamento de pessoal, bem como a limitação dos gastos com folha de salário do funcionalismo para as três esferas da Federação, revelam uma preocupação com um maior controle das contas púbiicas e, portanto, com o princípio do equilí­brio. Assim, com a proibição de vincuiação entre receitas e despesas refor­ça-se o princípio da não-afetação das receitas, prisioneiras, em períodos anteriores, de interesses cartoriais e fisiológicos no espaço orçamentário,

Fechando o processo, a fiscalização interna da execução do orçamento apro­vado é atribuída, por sua vez, a uma Comissão Mista Permanente, formada por senadores e deputados do Congresso, a quem cabe, também, exami­nar e emitir parecer sobre o Plano Plurianual, a LDO, o Orçamento Anua! e os créditos adicionais solicitados e também sobre os pianos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos na Constituição. Para o desempe­nho da tarefa de fiscalização por essa Comissão, determina a Constituição que o Executivo deve publicar, até 30 dias após o encerramento de cada bimestre, relatório resumido da execução orçamentária, constituindo este, portanto, o instrumento utilizado para avaliar a compatibilização entre as contas do governo e as diretrizes estabelecidas. O controle externo, por sua vez, é também de responsabilidade do Congresso Nacional, que conta, para o desempenho desse papel, com a participação dos Tribunais de Contas, a quem cabe, entre outras funções, apreciar e julgar as contas prestadas anu­almente pelo Executivo, na figura do presidente da República.

Como se percebe, prevê-se uma interação entre o Executivo e o Legislativo desde o início do processo com a LDO até a sua conclusão, com o primeiro apresentando a prestação final da execução e de suas contas ao segundo, que tem a responsabilidade de avaliá-las e aprová-las.

O novo modelo orçamentário apresentado pela Constituição de 1988 sig­nifica, de fato, uma grande contribuição para a construção de um Estado democrático. Ele visa restabelecer as condições para o processo de plane­jamento, fortalecendo as atribuições do poder do Legislativo na sua defi­nição, promovendo a integração entre os níveis nacionai, regional e seto­rial, preocupando-se com a questão relativa às desigualdades regionais de renda, de maneira que o orçamento transformou-se num instrumento em potencial para o controle da sociedade sobre o Estado.

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Apesar de todos esses avanços, na prática quase nada funcionou e o orçamento, longe de se transformar em um eficiente instrumento de ad­ministração e planejamento das contas públicas, trabalha, na realidade, como um esquema de corrupção e malversação de recursos públicos. Essa situação, ao lado dos sistemáticos atrasos que passaram a ocorrer na sua aprovação pelo Congresso Nacional, terminou desaguando na formação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), em 1993, para investigar a raiz de seus problemas e desvios, após vir à tona o seu manejo por alguns parlamentares - integrantes da Comissão Mista de Orçamento (que ficaram conhecidos como "anões do orçamento")/ res­ponsável pela avaliação e aprovação da proposta do Executivo - para aprovar projetos de seus interesses e'de seus pares. Com a crise do orçamento dos primeiros anos da década de 1990, abriu-se uma nova oportunidade, com as mudanças que aí se iniciam, para mais uma vez se avançar no aprimoramento de sua gestão.

Assim como a LDO, a LOA tem um artigo só para ela, o artigo 5e da LEi DE RESPONSABILIDADE FISCAL, artigo que transcrevemos abaixo:

DA LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL

Art. 5o O projeto de lei orçamentária anual, elaborado de forma com­patível com o plano plurianual, com a ieí de diretrizes orçamentárias e com as normas desta Lei Complementar:

I - conterá, em anexo, demonstrativo da compatibilidade da progra­mação dos orçamentos com os objetivos e metas constantes do docu­mento de que trata o § I o do art. 4o;

I! - será acompanhado do documento a que se refere o § 6o do art. 165 da Constituição, bem como das medidas de compensação a re­núncias de receita e ao aumento de despesas obrigatórias de caráter continuado;

II! - conterá reserva de contingência, cuja forma de utilização e mon­tante, definido com base na receita corrente líquida, serão estabeleci­dos na lei de diretrizes orçamentárias, destinada ao:

a) (VETADO)

b) atendimento de passivos contingentes e outros riscos e eventos fis­cais imprevistos.

§ I o Todas as despesas relativas à dívida publica, mobiliária ou con­tratual, e as receitas que as atenderão, constarão da lei orçamentária anual.

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§ 2o O refinanciamento da dívida pública constará separadamente na lei orçamentária e nas de crédito adicionai.

§ 3o A atualização monetária do principal da dívida mobiliária refinancia- da não poderá superar a variação do índice de preços previsto na iei de diretrizes orçamentárias, ou em legisiação específica.

§ 4o É vedado consignar na Sei orçamentária crédito com finalidade im­precisa ou com dotação ilimitada.

§ 5o A lei orçamentária não consignará dotação para investimento com duração superior a um exercício financeiro que não esteja previsto no piano plurianual ou em lei que autorize a sua inclusão, conforme dispos­to no § I o do art. 167 da Constituição.

§ 6o integrarão as despesas da União, e serão incluídas na iei orçamentá­ria, as do Banco Central do Brasil relativas a pessoal e encargos sociais, custeio administrativo, inclusive os destinados a benefícios e assistência aos servidores, e a investimentos.

Como dissemos acima, nas primeiras linhas desse subitem, não confunda o que a Constituição exige para a LOA com o PPA e/ou com a LDO. Veja o quadro comparativo.

Leiorçamentária A

^íjgêndà; Conteúdo

LOA 1 ANO

! — o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração dire­ta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público;ii - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital socia! com direito a voto;ilí - o orçamento da seguridade social, abrangen­do todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fun­dos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público.

PPA 4 anos DOM (diretrizes, objetivos e metas)

LDO Anuai

MP (metas e prioridades)Orientará a elaboração da LOA.Disporá sobre a alteração na legisiação tributária. Estabelecerá a política das agências financeiras de fo­mento.

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Aplicação em concurso:

* (FCC/TCE/R R/MPC/2008)

Considere as seguintes afirmações:I. A lei de diretrizes orçamentárias estabelecerá, de forma regionalizada, di­

retrizes, objetivos e metas da administração pública federai para as despe­sas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada.

II. A lei orçamentária anual compreenderá o orçamento fiscal, o orçamen­to de investimento das empresas estatais e o orçamento da seguridade social.

III. A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, incluindo-se nessa proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e a contratação de operações de crédito.

IV. Caberá à lei complementar dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do piano píurianuai, da fei de dire­trizes orçamentárias e da lei orçamentária anual.Está correto o que se afirma SOMENTE em

a) ) e II.b) I e IV.

c) 11 e III.d) II e IV.e) N! e IV.

Resposta: D

o (ESAF/Analista/MPOG/2008)

O Plano Plurianual a Lei de Diretrizes Orçamentárias e .a Lei do Orçamento Anual são componentes básicos do planejamento governamental.Identifique a única opção incorreta no que diz respeito ao planejamento governamental.

a) O planejamento governamental estratégico tem como documento básico o Plano Plurianual.

b} A Lei Orçamentária Anual compreende o orçamento fiscal e, ainda, o orça­mento das autoridades monetárias e das empresas financeiras de econo­mia mista.

c) O planejamento governamentaf operacional tem como instrumentos a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei do Orçamento.

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D ireito F in a n c eir o

d) A Lei de Diretrizes Orçamentárias compreende o conjunto de metas e prio­ridades da Administração Pública Federai, incluindo as despesas de capita! para o exercício financeiro subseqüente.

e) A Lei Orçamentária Anual (LOA) é o orçamento propriamente dito e possui a denominação de LOA por ser a consignada pela Constituição Federai.Resposta; B

-> A Constituição determina que o DOM {Diretrizes, objetivos e metas) do PPA será estabelecido de forma regionalizada (art. 165, parágrafo l 9) e que o projeto da LOA será acompanhado de demonstrativo regionalizado (art. 165, parágrafo 6 ). Cuidado!!! Como ambos têm que ser regionaliza- dos, como essa palavra se repete, não se deixe confundir com o que é PPA e com o que é LOA.

::v íArt. 165 § 1& — A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regio­nalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas decor­rentes e para as relativas aos programas de duração continuada.

Art. 165 § 6- - 0 projeto de lei orçamen­tária será acompanhado de demons­trativo regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrentes de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tribu­tária e creditícia.

-> Outra questão sempre cobrada dos candidatos é o princípio da exclusi­vidade, que tem excepcionalização na LOA, prevista no art. 165, parágra­fo 85 da Constituição.

Exceção prevista§ 8 - A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, nãose incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei.

§ 8B - A íei orçamentária anuaí não con­terá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, não se in­cluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei.

-> O artigo 167 da Constituição traz uma série de vedações para a LOA, que listamos agora no quadro comparativo entre o que deve conter e o que não deve conter a LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL.

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L ea n d r o E u stá q u ío e Ig o r d e M a t o s M o nteiro

O QUE A LOA DEVE CONTER(PES). Preste atenção nas letras que estão em negrito:

P: poderes E: empresas S: seguridade social

O QUE A LOA NÃO PODE CONTER

Art. 165, parágrafo 52I - o orçamento fiscai referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituí­das e mantidas pelo Poder Público;II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto;IH — o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e ór­gãos a ela vinculados, da administra­ção direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e man­tidos pelo Poder Público.

Art. 165, parágrafo-82 A iei orçamentária anuai não conterá dis­positivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por an­tecipação de receita, nos termos da lei. (princípio da exclusividade)

0 projeto de iei orçamentária será acompanhado de demonstrativo re­gionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões, subsídios e bene­fícios de natureza financeira, tributária e creditícia

Art. 167 ~ São vedadosI - o início de programas ou projetos não incluídos na lei orçamentária anual; (princípio da legalidade);II - a realização de despesas ou a assun­ção de obrigações diretas que excedam os créditos orçamentários ou adicionais; fít — a realização de operações de crédi­tos que excedam o montante das despe­sas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, apro­vados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta; (princípio do equilíbrio orça­mentário);IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização (Continua)

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D ireito F in a n ceiro

O QUE A LOA DEVE CONTER(PES). Preste atenção nas letras que estão em negrito:

P: poderes E: empresas S: seguridade sociai

O QUE A LOA NÃO PODE CONTER

{Continuação} de atividades da adminis­tração tributária, como determinado, res­pectivamente, pelos arts. 198, § 22, 212 e 37, XXil, e a prestação de garantias às ope­rações de crédito por antecipação de recei­ta, previstas no art. 165, § 82, bem como o disposto no. § 42 deste artigo;(princípio da não afetação das receitas de impostos);V - a abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia autorização legislativa e sem indicação dos recursos correspon­dentes;VI - a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma catego­ria de programação para outra ou de um órgão para outro, sem prévia autorização legislativa;VII - a concessão ou utilização de créditos ilimitados;Vlíl - a utilização, sem autorização legisla­tiva específica, de recursos do orçamento fiscal e da seguridade social para suprir necessidade ou cobrir déficit de empresas, fundações e fundos, inclusive dos mencio­nados no art. 165, § 52;IX—a instituição de fundos de qualquer na­tureza, sem prévia autorização legislativa.X a transferência voluntária de recursos e a concessão de empréstimos, inclusive por antecipação de receita, petos Gover­nos Federal e Estaduais e suas instituições financeiras, para pagamento de despesas com pessoal ativo, inativo e pensionista, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu­nicípios.XI - a utilização dos recursos provenientes das contribuições sociais de que trata o art. 195, t, a, e 11, para a realização de despesas distintas do pagamento de benefícios do regime geral de Previdência Social de que trata o art. 201.

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L e a n d r o E u st á q u io e Ig o r d e M a t o s M o nteiro

-> Aplicação em concurso:

• ( UnB/Analista/TCE/A C/2009)

Com relação às características da iei orçamentária anual (LOA), no âmbito federal, assinale a opção correta.

a) No orçamento de investimentos, somente constarão as empresas estatais dependentes.

b) O orçamento de investimentos contempla apenas as despesas correntes que serão realizadas pelas empresas que o compõem.

c) O orçamento da seguridade social cobre as despesas classificáveis como de seguridade sociai e não apenas as entidades ou órgãos da seguridade social

d) O orçamento de capital das estatais dependentes é controlado pelo Depar­tamento de Controle das Empresas Estatais.

e) O orçamento fiscai não contempla a administração indireta.Resposta: C

® (CESPE/Analista/TCE/AC/2009)

A LOA, que tem por objetivo a concretização das diretrizes, objetivos e me­tas estabelecidas no plano plurianual (PPA},

a) deve conter, em anexo, o demonstrativo da compatibilidade da programa­ção do orçamento com as metas do PPA.

b) poderá consignar crédito com finalidade imprecisa, desde que destinado a créditos adicionais.

c) deverá conter a forma de utilização e o montante da reserva de contingên­cia.

d) poderá conter a autorização para a abertura de créditos suplementares, como exceção ao princípio orçamentário da exclusividade.

e) deve conter, com relação ao orçamento de investimento das empresas, a estimativa da receita e a fixação das despesas das empresas públicas e so­ciedades de economia mista.Resposta: D

« (UnB/Anaíista/TCE/AC/2009)

O ciclo orçamentário corresponde ao período de tempo em que se proces­sam as atividades típicas do orçamento público. Acerca do projeto da LOA, assinale a opção correta.

a) O Presidente da República tem quinze dias úteis, a contar do recebimento do projeto, para sancioná-lo. O silêncio importa veto.

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D ireito F enanceiro

b) As emendas ao projeto deverão ser apresentadas na comissão mista e apreciadas, na forma regimental, peio Senado Federai.

c) Após o envio do projeto ao Poder Legislativo, o Presidente da República não poderá mais propor modificações.

d) A iniciativa de apresentação do projeto é privativa do Chefe do Poder Executivo.e) As emendas ao projeto de LOA incompatíveis com o PPA poderão ser aprova­

das, caso indiquem as respectivas fontes de recursos.Resposta: D

« (ESAF/Analista/CGU/2008)

Das afirmações a seguir relacionadas com a Lei Orçamentária Anual - LOA, assinaie a que não se enquadra nas regras estabelecidas na legislação fede­ral.

a) As empresas sob controle direto da União, que recebam no exercício finan­ceiro recursos do Tesouro a título de aumento de participação acionária, de­verão integrar os orçamentos Fiscal e da Seguridade Social.

b) As emendas ao Projeto de Lei Orçamentária não podem acarretar aumento na despesa totai do orçamento, a menos que sejam identificados erros ou omissões nas receitas, devidamente comprovados.

c) Os recursos para emendas parlamentares não podem ter como fonte o can­celamento de despesas com pessoal, benefícios previdenciários, juros, trans­ferências constitucionais e amortização de dívida.

d) Todas as empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto integram o orçamento de inves­timento das estatais, exceto aquelas enquadradas no conceito de empresa estataí dependente na forma da Lei de Responsabilidade Fiscal.

e} A elaboração da Proposta de Lei Orçamentária Anual é uma prerrogativa do Poder Executivo, podendo o Poder Legislativo efetuar emenda,Resposta: A

° (TCE/AÍ/Auditor/2008}

É correto afirmar que a lei orçamentária anua! nãoa} conterá autorização para contratação de operações de crédito.b) conterá autorização para abertura de créditos suplementares.c) conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa.d) compreenderá o orçamento de investimento das empresas em que a União

detenha a maioria do capital social com direito a voto.e) compreenderá o orçamento da seguridade social.

Resposta: C

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5 . CRÉDITOS ADICIONAIS

4 É importante que você saiba a definição de cada um dos créditos e a vigência de cada um deles. Mais uma vez fique atento: o examinador vai procurar confundi-to, misturando o conceito de cada um deles, muitas vezes trocando uma palavra, outras vezes trocando o conteúdo de cada crédito e a respectiva denominação.

. Os artigos 41 a 46 da Lei 432Q-64 dispõem sobre o conteúdo de cada üm ' dos créditos adicionais. Ná Constituição de 1988, a leitura dos artigos 62,:

. parágrafo l 9., art.166; piarágrafo 89, art. 167, V, parágrafos 25 e 32 é sufi­ciente para acertar as questões pertinentes a este capítuio.

Inicialmente é importante mencionar que os créditos adicionais são um gênero do qual fazem parte os créditos: Especial, Supiementar e Extraor­dinário. Essa é a primeira situação que você deve lembrar. Aigumas ques­tões invertem essa relação, dizendo que o gênero é o crédito especial (ou o extraordinário) e que todas as demais, inclusive o ADICIONAL é uma espécie.

■ PRESTEATEW ÇÃQ j Crédito Adiei o n ái signifi ca q ue é um PLUS. Portanto, iesse é ó' gênero, o Créditó; Adíclòriál. Ò art. 40 da Lei 4320-64 define que õs Créditos Adiciòn^is são autorizações dé despesas não .computadas ou insuficientemente computada^ .rtà Lei Qrç^

5.1. Classificação

a) Créditos Suplementares. Quem suplementa, suplementa alguma coi­sa. É assim que você vai se lembrar desse crédito. O crédito suplemen­tar tem essa obrigação, a de reforçar uma dotação orçamentária que já existe, mas é insuficiente. É essa a definição do inciso i do art. 41 da lei 4320-64.

Os créditos suplementares são autorizados por lei e abertos por decreto do Executivo. Essa autorização poderá ser feita pela própria LOA ou ainda por lei específica.

b) Créditos Especiais. Uma coisa que é especial é uma coisa que ainda não existe, pelo menos para fins orçamentários. Lembre-se assim do Crédito Especial. O art. 41, N, define que o crédito especial é aquele destinado a despesas para as quais não haja dotação orçamentária específica, ou seja,

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a despesa ainda não tinha dotação orçamentária, enfim, não existia, por isso esse crédito é especial.

Aplicação em concurso:

« (TCE/AL/Auditor/2008)

De acordo com a Lei n 4.320/64, os créditos adicionais destinados a despe­sas para as quais não haja dotação orçamentária especifica denominam-se créditos

a) especiais.

b} suplementares.

c} extraordinários,

d) originários.

e) derivados

Resposta: A

Da mesma forma que o crédito suplementar, os créditos especiais são autorizados por lei e abertos por decreto do Executivo. Essa autorização poderá ser feita pela própria LOA ou ainda por lei específica.

CRÉDITOS ¥e s p e c ia is

São autorizados por iei e abertos por decreto do Executivo; Essa autorização poderá ser fei­ta pela própria LOA ou ainda por lei específica.

SUPLEEV!EMTARES

São autorizados por lei e abertos por decreto do Executivo. Essa autorização poderá ser fei­ta pela própria LOA ou ainda por lei específica.

Aplicação em concurso:

® {FCC/TCE/AL/MPC/2008j

Sobre as vedações constitucionais em matéria orçamentária, é correto afirmar:

a) É vedada a instituição de fundos de qualquer natureza, mesmo através de iei.

b) É vedada a concessão ou utilização de créditos limitados.

c) É vedada a abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia autoriza­ção legislativa e sem indicação dos recursos correspondentes.

d) A abertura dos créditos suplementares e especiais somente será admitida para atender a despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de calamidade pública.

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e) £ vedado o início de programa ou projetos incluídos na lei orçamentáriaanual.

Resposta: C

A abertura dos créditos suplementares e especiais depende da exis­tência de recursos disponíveis para ocorrer a despesa e será precedida de exposição justificativa.

O art. 43 da Lei 4320-64 diz que são recursos para essa finalidade, des­de que não comprometidos: o superávit financeiro apurado em balanço patrimonial do exercício anterior; os provenientes de excesso de arreca­dação; os resultantes de anulação parcial ou total de dotações orçamen­tárias ou de créditos adicionais, autorizados em Lei; o produto de opera­ções de crédito autorizadas, em forma que juridicamente possibilite ao Poder Executivo realizá-las.

Ainda o art. 43, em seus parágrafos 29 e 39, define, respectivamente: superávit financeiro a diferença positiva entre o ativo financeiro e o pas­sivo financeiro, conjugando-se, ainda, os saldos dos créditos adicionais transferidos e as operações de crédito a elas vinculadas; e excesso de arrecadação: o saldo positivo das diferenças acumuladas mês a mês en­tre a arrecadação prevista e a realizada/ considerando-se, ainda, a ten­dência do exercício.

É apenas isso que lhe será cobrado a título de recursos e a origem dos mesmos, no que diz respeito aos Créditos Especiais e Suplementares.

P- Preste bastante atenção no dispositivo constitucional expresso no art. 166, parágrafo 8, transcrito literalmente (é assim que o examinador cobra): Os recursos que/em decorrência de veto, emenda ou rejeição do projeto de lei orçamentária anual, ficarem sem despesas corresponden­tes poderão ser utilizados, conforme o caso, mediante créditos especiais ou suplementares, com prévia e específica autorização legislativa. Fixe isso: se sobrar dinheiro na LOA, os recursos podem ser utilizados, com prévia autorização do Legislativo, em CRÉDITOS SUPLEMENTARES E CRÉ­DITOS ESPECIAIS.

C) Créditos extraordinários. O que é uma situação extraordinária? É uma situação excepcional e, para fins orçamentários, voltada para situ­ações bem peculiares. Exatamente assim! O art. 41, III, da lei 4320-64 diz que esses créditos são destinados a despesas urgentes e imprevis­

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tas, em caso de guerra, comoção intestina ou calamidade púbiica. Não se preocupe em saber o que é comoção intestina ou o que seria cala­midade pública. Basta apenas lembrar-se das expressões. É assim que o examinador o questionará.

Diferentemente dos créditos suplementares e especiais, os créditos ex­traordinários não necessitam de autorização do legislativo. Basta De­creto Executivo para que eles sejam editados. É o que diz o art. 44 da Lei 4320-64.

Aplicação em concurso:

* (TCE/RR/MPC/2008j Considere as seguintes afirmações, referentes aos cré­ditos adicionais:

S. É vedada a abertura de credito extraordinário sem prévia autorização legisla­tiva e sem indicação dos recursos correspondentes.

II. A abertura de crédito suplementar somente será admitida para atender a despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra ou calami­dade púbtica.

III. Os créditos extraordinários serão abertos por decreto do Poder Executivo, que deles dará conhecimento ao Poder Legislativo.

IV. Os créditos suplementares e especiais serão autorizados por lei e abertos por decreto executivo.

Está correto o que se afirma SOMENTE em

a) I.

b) II.

c) Seíi.

d) I e III.e) lll e IV.

Resposta: E

Outra diferença: A Abertura dos créditos extraordinários não exige indicação da fonte dos recursos, o que não acontece, como vimos aci­ma, com a abertura dos créditos especiais e dos créditos extraordiná­rios.

A Constituição de 1988 traz algumas exigências para os Créditos Adicio­nais:

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L ea n d ro E ü stá q u io e íg o r d e M a t o s M o nteiro

:' - í Í C^ÉDiTOS Ã D ltí^

CRÉDITO Suplem entara ; Espèciai Extraordinário CRÉDITO

Autorização Le­gislativa

Sim. Pode ser na LOA ou em Lei específica.

Sim. Pode ser na LOA ou em Lei específica.

Não. Autorização Le­gislativa

Ato de abertura Decreto do Exe­cutivo

Decreto do Exe­cutivo

Decreto do Exe­cutivo ou Medi­da Provisória

Ato de abertura

Finalidade Reforço da dota­ção orçamentá­ria existe.

Dotação orça­mentária inexis­tente.

Destinado a des­pesas urgentes e imprevistas, em caso de guerra, comoção intesti- na ou calamida­de púbiíca.

Finalidade

Indicação prévia da fonte de re­cursos

Não Não Sim indicação prévia da fonte de re­cursos

Limite da vigên­cia

Exercício em que foi aberto.

No exercício em que foi autoriza­do, podendo ser prorrogado para o exercício sub­sequente, caso o ato de autoriza­ção tenha sido promulgado nos últimos 4 meses daquele exercido.

No exercício em que foi autoriza­do, podendo ser prorrogado para o exercício sub­sequente, caso o ato de autoriza­ção tenha sido promulgado nos últimos 4 meses daqueie exercício.

Limite da vigên­cia

A única das leis orçamentárias que pode ser editada via Medida Provisó­ria é o CRÉDITO EXTRAORDINÁRIO. Todas as demais (PPA, LDO, LOA, Su­plementar, Espeeiaí) são leis ordinárias, sendo que até poderiam ser edita­das por Medida Provisória, caso o Constituinte não tivesse feito VEDAÇÃO EXPRESSA NESSE SENTíDO, conforme art. 62, parágrafo l 5, da Constituição. Fique muito atento, pois o STF, caso haja previsão expressa na Constitui­ção Estadual ou na Lei orgânica, já decidiu que Estados e Municípios, res­pectivamente, podem editar Medidas Provisórias. Sendo assim, o Crédito Extraordinário poderá ser editado via MP pelos entes Federados.

Fique atento também com os requisitos da Medida Provisória e com os requisitos do Crédito Extraordinário. Os requisitos desses atos se pare­cem (urgência e urgentes), mas não são iguais.

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Veja o quadro:

Medida Provisória (art. 62) Créditos Extraordinários (art. 167, parágrafo 35).

Relevância e urgência Imprevisíveis e Urgentes.

5.I.X. Aplicação em concurso:

e (FCC/Anolisto Judiciário/TRF 1 - Regiao/2006)

Dos créditos adicionais abaixo relacionados, poderão estar previamente au­torizados na Lei Orçamentária Anuai (LOA) os:

a} Ordinários.

b) Suplementares.c) Simples.d) Especiais.e} Extraordinários.

Resposta: B

<• {FCC/Anaiista Judiciário/TRF 1 - Região/2006)

A origem dos recursos para atendimento dos créditos adicionais:a} Deverá constar obrigatoriamente da iei orçamentária anuai, vedada qual­

quer exceção.b) Deriva exclusivamente do excesso de arrecadação.c) Deriva de anulação de créditos orçamentários, dentre outros.d) Será obtida sempre que as disponibilidades superarem os restos a pagar.e) Deve sempre e sob qualquer situação ser plenamente identificada para sua

regular liquidação.Resposta: C

« (FCC/A uditor/TCM CE/2006)

Os créditos adicionais extraordinários:a) Precisam ser aprovados pelo Legislativo.b) Destinam-se a reforçar a dotação orçamentária existente.c) Podem constar previamente da lei orçamentária anual.d} Independem da existência de recursos para financiar o gasto,e) Destinam-se a cobrir despesas através do excesso de arrecadação.

Resposta: D

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® (FCC/Analista Judiciárío/TRT 243 regiõo/2006)A reabertura de créditos adicionais abrange, no seu todo:

a} Os suplementares, e os especiais, b} Os especiais.c) Os supiementares,d) Os especiais e os extraordinários.e) Os extraordinários.

Resposta: C

* (FCC/Analista Judiciário/TRF 4- região/2006)Os créditos orçamentários têm vigência adstrita ao exercício financeiro em que forem autorizados. Porém, se o ato de autorização for promulgado nos últimos 4 meses do exercício, a Constituição autoriza que sejam reabertos, nos limites de seus saldos, os créditos adicionais:

a) Especiais.b) Suplementares.c) Extraordinários.d) Especiais e extraordinários.e) Suplementares e extraordinários.

Resposta: D

® (FCC/Analista Judiciário/TRF 43 região/2006)É recurso de cobertura de créditos suplementares ou especiais, decorrente de receitas não gastas em períodos anteriores:

a) O saldo do orçamento.b) O superávit financeiro.c} O excesso de arrecadação.d) A anulação de crédito.e) As operações de crédito com amortização e encargos a serem pagos em exer­

cícios financeiros subsequentes.Resposta: B

o (FCC/Analista Judiciárío/TRT 243 região/2006)A autorização, na Lei do Orçamento, para abertura de créditos suplementa­res é exceção ao princípio:

a) Da não-afetação. b} Da unidade.c) Da universalidade.d) Da exclusividade.e) Do orçamento bruto. ’

Resposta: £>

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e (ESAF/Analista/STN/2008)

Assinaie a opção correta, a respeito dos créditos adicionais.a) Os créditos suplementares somente podem ser abertos em razão de excesso

de arrecadação ou por canceiamento de créditos consignados na Lei Orça­mentária Anual.

b) Os créditos especiais podem ser reabertos no exercício seguinte peios saidos remanescentes, caso o ato de autorização tenha sido promulgado nos últi­mos quatro meses do exercício.

c) Na abertura de créditos extraordinários, a indicação da fonte dos recursos é dispensada, caso haja grave ameaça à ordem pública.

d) Os créditos suplementares não necessitam de autorização Legislativa para serem abertos, quando a abertura decorrer de calamidade pública.

e} O canceiamento de restos a pagar é fonte para a abertura de créditos adicio­nais.Resposta: B

* (ESAF/Analista/CGU/2008)

Ao longo do exercício financeiro, pode ocorrer a necessidade de abertura de créditos adicionais para cobrir despesas não-computadas ou insuficien­temente dotadas. Com base na legislação vigente, relativa a esse assunto, identifique a opção incorreta.

a) A abertura dos créditos suplementares e especiais depende da existência de recursos disponíveis para atender à despesa e será precedida de exposição justificada.

b) Somente será admitida a abertura de crédito extraordinário para atender a despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública, observado o disposto na Constituição Fede­ral.

c} A vigência dos créditos especiais não pode ultrapassar o exercício financeiro em que foram autorizados, em respeito ao princípio orçamentário da anuali- dade.

d} Terão vigência até o fínaí do exercício financeiro os créditos extraordinários cujo ato de autorização tenha sido promulgado nos primeiros 4 (quatro) me­ses do exercício financeiro.

e) Para fins de abertura de créditos suplementares e especiais, consideram- se recursos disponíveis os provenientes do excesso de arrecadação, ou seja, do saldo positivo das diferenças, acumuladas mês a mês, entre a ar­recadação prevista e a realizada, considerando-se, ainda, a tendência do exercício.Resposta: C

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6. RECEITAS PÚBLICAS

Prezado leitor, você tem que saber:

I. O conceito de Receita

II. O regime da Receita

III. As fases da Receita

IV. as diversas classificações da Receita.

6.1. Conceito de Receita

-> É definição de Receitas Públicas, em sentido estrito a entrada que, in­tegrando-se no patrimônio público, sem nenhuma reserva, condições ou correspondência no passivo, vem acrescer o seu vulto, como elemento novo e positivo.

Por conta do papel de mantenedor da ordem social interna e externa, ati­vidades que por sua natureza poderiam ser bem executadas apenas pelo Estado, foi necessário exigir dos cidadãos contribuições diversas e de or­dem pecuniária. Destaca-se um ponto nodal entre o Direito Financeiro e o Direito Tributário. Enquanto este se responsabiliza pela captação dos tributos, o Direito Financeiro planeja, direciona, controla a peça orçamen­tária, que por sua vez irá dispor sobre os gastos e as despesas.

Os gastos públicos, originariamente, são financiados pelo governo por meio da cobrança de tributos. Num plano secundário, o ente público pode lançar mão da contratação de dívida, sob a forma de títulos e contratos, quando a arrecadação se revela insuficiente para cobrir seus gastos ou para financiar projetos e programas que não contam com dotações orçamentárias.

A receita é um termo utilizado mundialmente pela contabilidade para evi­denciar a variação positiva da situação líquida patrimonial resuitante do aumento de ativos ou da redução de passivos de uma entidade. A previsão sobre a sua composição observará diversas normas técnicas e legais, con­siderando inclusive os efeitos decorrentes das alterações legislativas, da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de qualquer outro fator relevante, sendo acompanhadas de demonstrativo de sua evo­lução nos últimos três anos, da projeção para os dois seguintes àquele a que se referirem e da metodologia de cálculo e premissas utilizadas.

-> Para as questões de concurso, receita é o ingresso, a entrada definitivo nos cofres públicos. Todos os valores que ingressarem nos cofres públicos

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de forma provisória, como uma caução em um procedimento lícitatório, nõo é receita. Todo ingresso de dinheiro nos cofres públicos chama-se en­trada, mas nem toda entrada {apenas as definitivas) é receita. Nas entra­das provisórias, ou nos ingressos provisórios, ndo ocorre nenhum incre­mento ao patrimônio público.

Aplicação em concurso:

• (FCC/TCE/AM/Auditor/2007)

É definição de Receitas Públicas, em sentido estrito:a) Entrada que, integrando-se no patrimônio público, sem nenhuma reserva,

condições ou correspondência no passivo, vem acrescer o seu vulto, como elemento novo e positivo.

b) Somas de dinheiro recebidas pelo Estado e demais entes públicos para co­bertura de seus gastos.

c) Todos os créditos ou proventos destinados à despesa geral do Estado e à manutenção do seu patrimônio.

d} Entrada que, integrando-se no patrimônio púbiico, sem nenhuma reserva, porém com condições ou correspondência no passivo, vem acrescer o seu vulto, como elemento novo e positivo.

e) Conjunto de ingressos financeiros com fonte e fatos geradores próprios e permanentes, oriundos da ação e de atributos inerentes à instituição, e que integrando o patrimônio na qualidade de elemento novo, produz-íhe acrés­cimos, podendo, contudo, gerar obrigações, reservas ou reivindicações de terceiros.Resposta: A

ASTN define receita da seguinte forma: Receita Pública é uma deriva­ção do conceito contábil de Receita, que agrega outros conceitos utiliza­dos pela administração pública, em virtude de suas peculiaridades.

Sendo assim, Receitas Públicas são todos os ingressos de caráter não de- volutivo auferidas pelo poder público, em qualquer esfera governamen­tal, para alocação e cobertura das despesas públicas. Dessa forma, todo o ingresso orçamentário constitui uma receita publica, pois tem como finalidade atender às despesas públicas.

6.2. Regime da ReceitaEsse item é muito simples. O nosso orçamento só pode considerar como receita, como vimos acima, os valores que entram de forma definitiva nos cofres da Administração Pública. Explicando melhor, quando é elaborado

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o orçamento, adota-se o REGIME DE CAiXA, ou seja, a receita só constará quando de fato entrar no CAIXA DA ADMINISTRAÇÃO.

& Preste bastante atenção na dica mnemônica. Receita - Caixa. RECA

6.3. Fases (Estágios) da Receita

-> O planejamento orçamentário, no que diz respeito às receitas, obede­ce a quatro fases, sendo elas: previsão, lançamento, arrecadação e reco­lhimento.

-> Dica mnemônica para as fases ou estágios da Receita, que são 4: PLAR- Previsão, Lançamento, Arrecadação e Recolhimento.

6.3.1. Previsão

A previsão sobre a arrecadação da receita corresponde à estimativa (sob condições naturalmente incertas) da lei orçamentária daquilo que se es­pera arrecadar durante o exercício financeiro. É por meio dessa estimati­va que os governos planejam, definem, implementam e avaliam os gastos que irão compor a moldura orçamentária anual.

Consoante o art. 51 da Lei 4.320/64, que inicia o tratamento sobre as receitas orçamentárias nesse instituto legal:

Nenhum tributo será exigido ou aumentado sem que a lei o estabeleça, nenhum será cobrado em cada exercício sem prévia autorização orça­mentária, ressalvados a tarifa aduaneira e o imposto lançado por motivo de guerra.

Na seqüência dos artigos, até o 57, encontram-se as demais previsões desta lei acerca da receita.

Art. 52. São objeto de lançamento os impostos diretos e quaisquer ou­tras rendas com vencimento determinado em lei, regulamento ou con­trato.

( . . . )

Art. 54. Não será admitida a compensação da observação de recolher rendas ou receitas com direito creditórto contra a Fazenda Pública.

Art. 55. Os agentes da arrecadação devem fornecer recibos das impor­tâncias que arrecadarem.

§ ie Os recibos devem conter o nome da pessoa que paga a soma arre­cadada, proveniência e classificação, bem como a data a assinatura do agente arrecadador.

§ 23 Os recibos serão fornecidos em uma única via.

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Art. 56. O recolhimento de tôdas as receitas far-se-á em estrita obser­vância ao princípio de unidade de tesouraria, vedada qualquer fragmen­tação para criação de caixas especiais.Art. 57. Ressalvado o disposto no parágrafo único do artigo 3. desta lei serão classificadas como receita orçamentária, sob as rubricas próprias, tôdas as receitas arrecadadas, inclusive as provenientes de operações de crédito, ainda que não previstas no Orçamento. (Veto rejeitado no D.O.U. 05/05/1964).

Cabe destacar que a LRF dispõe em seu art. 12 que as previsões de receita deverão observar as normas técnicas e iegais, considerarão os efeitos das alterações na legislação, da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de qualquer outro fator relevante, acompanhados sempre de demonstrativos de evolução nos últimos três anos, da projeção para os dois anos seguintes àquele ao qual se referirem, bem como da metodolo­gia de cálculo e premissas utilizadas. Veja-se:

Art. 12. As previsões de receita observarão as normas técnicas e legais, considerarão os efeitos das alterações na legislação, da variação do ín­dice de preços, do crescimento econômico ou de qualquer outro fator relevante e serão acompanhadas de demonstrativo de sua evolução nos últimos três anos, da projeção para os dois seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia de cálculo e premissas utilizadas.

6.3.2. LançamentoO lançamento é a identificação do devedor ou da pessoa do contribuinte. O art. 53 da lei 4.320/64 define o lançamento da receita como: "O lançamento da receita, o ato da repartição competente, que verifica a procedência do crédito fiscal e a pessoa que lhe é devedora e inscreve o débito desta".

O lançamento pode ser realizado de três formas diferentes, a saber:- De ofício ou direto: quando for realizado unilateralmente pela autori­

dade administrativa competente, sem qualquer intervenção do contri­buinte. Citam-se como exemplos o IPVAe o IPTU.

- Por declaração ou misto: quando for efetuado pela autoridade admi­nistrativa atraindo a colaboração do contribuinte ou de terceira pes­soa, obrigado por lei a prestar as informações pertinentes à matéria.Cita-se como exemplo ojRPF. “7 € X $ ~

- Por homologação ou auto-lançamento: quando a informação tiverque ser prestada pelo próprio contribuinte e, num momento posterior, ser homologada pela autoridade administrativa competente. Citam-se como exemplos o ISS e o ICMS.

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rI

6.3.3. Arrecadação

A arrecadação da receita está associada à efetivação do pagamento, rea­lizado pelo contribuinte responsável ou pela repartição fiscal, à rede ban­cária credenciada pelo ente destinatário, sejam impostos, sejam taxas, multas og qualquer outro valor.

6.3.4. Recolhimento

O recolhimento comporta a entrega do produto da arrecadação efetiva­do pelas repartições autorizadas ao Banco do Brasil, que posteriormen­te irá se incumbir de repassar o crédito na conta única do Tesouro, de acordo com o ente federativo correspondente. O recolhimento da receita deve ser feito em observância ao princípio da unidade de caixa, conforme o art. 56 da lei 4.320, anteriormente citado.

6.3.5. Aplicação em concurso:

o (FCC/Analista do Tribunal de Justiça do Pará/2009)

Um funcionário da Secretaria de Fazenda de uma prefeitura determina a base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) e a alíquota a ser aplicada no ano corrente, bem como identifica a pes­soa devedora e inscreve o débito desta. Neste momento, a receita encontra- se em seu estágio de

a) lançamentob) arrecadaçãoc} previsãod) adiantamentoe) liquidação

Resposta: A

* (ESAF/Analísta/CGU/2006)

A receita pública flui para os cofres públicos dentro de uma sistemática evo­lutiva, tendo em vista a seqüência operacional de que resulta seu recebimen­to. Com relação ao estágio da receita denominado arrecadação, assinale .a opção falsa.

a) A arrecadação é o ato pelo qual o Estado recebe os tributos, multas e demais créditos a ele devidos.

b) Os agentes da arrecadação podem ser agentes públicos e agentes privados.c) A arrecadação direta é realizada pelo próprio Estado ou por agentes creden­

ciados.

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d) Na arrecadação por via bancária, o Estado credencia os estabelecimentos bancários para receber os tributos e outras receitas.

e) Na arrecadação por coleta, o contribuinte comparece às repartições fiscais para efetuar o pagamento das obrigações fiscais.Resposta: E

® /ESAF/Anaíista/CGU/2008)A execução da receita orçamentária segue algumas etapas consubstanciadas nas ações desenvolvidas e percorridas pelos órgãos e peias repartições encar­regados de executá-las, respeitando-se o princípio do caixa único ou da unida­de de tesouraria. Em relação a esse tema e tendo por base a legislação federal e o disposto na 4 edição do Manual de Receitas Públicas, instituído pela Porta­ria STN/SOF n9 2, de 08 de agosto de 2007, marque a opção correta.

a) A Previsão se caracteriza pela estimativa de arrecadação da receita orçamen­tária e não pode ser superior ao valor estabelecido na Lei de Diretrizes Orça­mentárias.

b) As receitas orçamentárias originárias para serem arrecadadas dependem de autorização na Lei Orçamentária Anual.

c) independentemente da natureza, a receita passa pelo estágio do lançamento.d) As receitas rntraorçamentárias decorrem da realização de despesas intraor-

çamentárias, mas não alteram o saldo da Conta Única do Tesouro no Banco Central, traduzindo-se em meros lançamentos contábeis.

e} No Governo Federal, o Recolhimento é a transferência dos valores arrecada­dos, pelos agentes arrecadadores autorizados, para a Conta Única do Tesou­ro mantida no Banco do Brasil.Resposta: D

• (ESAF/Analista/STN/2008)Assinale a opção faisa, em relação aos estágios da execução da Receita e da Despesa.

a} A receita tributária é reconhecida, no patrimônio da entidade, no ato de lan­çamento, enquanto a despesa é reconhecida na emissão do empenho.

b} A liquidação constitui o segundo estágio na realização da despesa pública e os efeitos no patrimônio ocorrem e são registrados nesse momento.

c) Os efeitos patrimoniais (modificação da situação patrimonial) decorrentes da receita da Dívida Ativa ocorrem no momento da inscrição da dívida e não no recolhimento.

d} Os tributos lançados podem ser registrados pela contabilidade, mesmo con­siderando que o regime contábil adotado para a receita é o de caixa.

e) O cancelamento da liquidação da despesa corrente, relativa à prestação de serviços, traz efeitos na situação patrimonial da entidade.Resposta: A

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6.4. Classificação das Receitas

Como são diversas classificações, a maioria das questões pertinentes a receita dizem respeito a este item . Não existe uma classificação correta, mas sim a classificação que cai na prova dos concursos públicos. Abaixo, pontuam-se as mais recorrentes, construídas com base nos critérios da regularidade, da origem e legal.

6.4.1. Regularidade

Consoante o critério da regularidade, as receitas públicas podem ser divi­didas em ordinárias ou extraordinárias. As receitas ordinárias são as que ingressam regularmente no erário, por meio do desenvolvimento normai da atividade financeira do Estado, sobretudo enquanto agente empresá­rio e também da atividade tributária. As segundas são auferidas em ca­ráter excepcional e temporário, em função de determinada conjuntura. Exemplificativamente, podemos mencionar a previsão constitucional de decretação, por parte da União, de impostos extraordinários na iminência ou no caso de guerra externa, conforme preceitua o art. 154, II da CR/88, in verbis:

II ~ na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordiná­rios, compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação.

6.4.2. Origem

Quanto ao critério da origem, as receitas se classificam em originárias e derivadas. As originárias advêm das exploração pelo Estado da sua ativi­dade econômica. As derivadas advêm do constrangimento legal condu­zido pelo processo arrecadatório, como é o caso dos tributos/ das penas pecuniárias, dentre outros.

-$■ Aplicação em concurso:

o (FCC/TCE/AM/A udÍtor/2007)

Quanto à origem, as receitas públicas poderão ser classificadas comoa) ordinárias e extraordinárias, b} originárias e derivadas.c) correptes e de capital.d) tributárias e patrimoniais.e) patrimoniais e de resultado.

Resposta: B

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D ireito F in a n ceiro

® (PGM/Recife/Procurador/2008)São consideradas receitas originárias:

a) as taxas e os impostos.b) as taxas e os preços públicos.c) os preços púbiicos e as tarifas.d) as tarifas e as taxas.e) os impostos e as tarifas.

Resposta: C

No mesmo ano, a mesma organizadora acima (FCC) elaborou questões praticamente idênticas. Confira:

® (FCC/TCE/AL/Auditor/2008)A doutrina considera receitas públicas originárias

a) os tributos em geral.b) o imposto, a taxa e a contribuição de melhoria.c) as contribuições sociais.d) o empréstimo compulsório e as contribuições especiais.e) a tarifa e o preço púbíico.

Resposta: E

• (FCC/TCE/AL/MPC/2008)Trata-se de receita derivada e de receita originária, respectivamente,

a) o imposto e a taxa.b) a contribuição social e a contribuição de melhoria.c) a tarifa e o preço púbüco.d) o tributo e a tarifa.e} o preço púbíico e o tributo.

Resposta: D

o (FCC/TCE/RR/MPC/2008)Levando-se em consideração a classificação das receitas públicas, a doutrina afirma que são receitas derivadas e originárias, respectivamente,

a) os impostos e as taxas.b) os preços públicos e as tarifas.c) as taxas e os preços públicos.d) as contribuições sociais e os impostos.e) o empréstimo compulsório e as taxas.

Resposta: C

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L e a n d r o E u s t á q u io e I g o r d e M a t o s M o n t e ir o

6.4.3. Lei 4.320-64

Quanto ao critério legal, as receitas podem ser divididas em correntes ou de capital, de acordo com a categoria econômica de proveniência. Por sua vez, cada uma dessas receitas tem suas subdivisões. O reporte ao art.11, §§ I o, T e 4o, da Lei n° 4.320/64, possibilita a diferenciação entre as receitas, in verbis:

Art. 11. A receita classificar-se-á nas seguintes categorias econômicas: Receitas Correntes e Receitas de Capitai.§ is - São Receitas Correntes as receitas tributária, de contribuições, pa­trimonial, agropecuária, industriai, de serviços e outras e, ainda, as pro­venientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, quando destinadas a atender despesas classificáveis em Despesas Correntes.§ 22 - São Receitas de Capital as provenientes da realização de recur­sos financeiros oriundos de constituição de dívidas; da conversão, em espécie, de bens e direitos; os recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, destinados a atender despesas classificáveis em Despesas de Capital e, ainda, o superávit do Orçamento Corrente.

(. ..)

§ 42 - A classificação da receita obedecerá ao seguinte esquema: (Reda­ção dada pelo Decreto Lei n9 1.939, de 20.5.1982)

Preste atenção na dica mnemônica:

- RECEITAS CORRENTES - Tributa Com P.A.I.S- RECEITAS DE CAPITAL - Opera, Ali, A.M.O.R.

- RECEITAS CORRENTES (TRIBUTA, COM, P.A.I.S)- RECEITA TRIBUTÁRIA (TRIBUTA)

- Impostos- Taxas- Contribuições de Melhoria

- RECEITA DE CONTR1BU1ÇOES (CON)- RECEITA PATRIMONIAL (P)- RECEITA AGROPECUÁRIA (A)- RECEITA INDUSTRIAL (I)- RECEITA DE SERVIÇOS (S)- TRANSFERÊNCIAS CORRENTES

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- OUTRAS RECEITAS CORRENTES- RECEITAS DE CAPITAL (OPERA, ALI, AMOR)- OPERAÇÕES DE CRÉDITO (OPERA)- ALIENAÇÃO DE BENS (ALI)- AMORTIZAÇÃO DE EMPRÉSTIMOS- TRANSFERÊNCIAS DE CAPITAL- OUTRAS RECEITAS DE CAPITALAs receitas correntes emanam do poder impositivo conferido ao Estadode promover a incidência de tributos em geral, da exploração de seu pa­trimônio e da exploração de suas atividades econômicas. Da mesma Lei4320-64, extrai-se a definição das receitas correntes da seguinte forma:

- Receita de Contribuições: é o ingresso proveniente de contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das ca­tegorias profissionais ou econômicas, como instrumento de interven­ção nas respectivas áreas. Apesar da controvérsia doutrinária sobre o tema, suas espécies podem ser definidas da seguinte forma:

- Contribuições Sociais: destinadas ao custeio da seguridade social, compreendendo a previdência social, a saúde e a assistência social.

- Contribuições de intervenção no Domínio Econômico: derivam da contra prestação à atuação estatal exercida, em favor de determinado grupo ou coletividade.

- Contribuições de Interesse das Categorias Profissionais ou Econômi­cas: destinadas ao fornecimento de recursos aos órgãos representa­tivos de categorias profissionais legalmente regulamentadas ou a ór­gãos de defesa de interesse dos empregadores ou empregados.

- Receita Patrimonial: é o ingresso proveniente de rendimentos sobre investimentos do ativo permanente, de aplicações de disponibilidade em opções de mercado e de outros rendimentos oriundos de renda de ativos permanentes.

- Receita Agropecuária: é o ingresso proveniente da atividade ou da ex­ploração agropecuária de origem vegetal ou animal, incluem-se nessa classificação as receitas advindas da exploração da agricultura (cultivo do solo), da pecuária (criação, recriação ou engorda de gado e de ani­mais de pequeno porte) e das atividades de beneficiamento existentes nos próprios estabelecimentos.

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L ea n d r o E u st á q u ío e I g o r d e M a t o s M o n teir o

Receita Industriai: é o ingresso proveniente da atividade industria! de extração mineral, de transformação, de construção e outras, pro­venientes das atividades industriais definidas como tal peia Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE.

Receita de Serviços: é o ingresso proveniente da prestação de servi­ços de transporte, de saúde, de comunicação, portuários, de armaze­nagem, de inspeção e fiscalização, judiciários, de processamento de dados, de vendas de mercadorias e produtos inerentes da entidade e outros serviços.

Transferência Corrente: é o ingresso proveniente de outros entes ou entidades, referentes a recursos pertencentes ao ente ou entidade re~ cebedora ou ao ente ou entidade transferidora. Efetivados mediante condições pré-estabelecidas ou mesmo sem qualquer exigência, desde que o objetivo seja a aplicação em despesas correntes.

Outras Receitas Correntes: são os ingressos provenientes de outras origens não classificáveis nas subcategorias econômicas anteriores.

Já as receitas de capital são provenientes da realização dos recursos financeiros oriundos de constituição de dívidas, da conversão em es­pécie de bens e direitos, dos recursos recebidos de outras pessoas de direito público e privado destinados a atender a despesas de capital e, ainda, Do superávit do orçamento corrente.

Ainda com relação à Lei n9 4.320/64, extrai-se a classificação das recei­tas de capital da seguinte forma:

Operações de crédito: é o ingresso proveniente da colocação de títulos públicos ou da contratação de empréstimos e financiamentos obtidos junto a entidades estatais ou privadas.

Alienação de bens: é o ingresso proveniente da alienação de compo­nentes do ativo permanente.

Amortização de Empréstimos: é o ingresso proveniente da amortiza­ção, ou seja, pagamentos efetuados por terceiros de parcelas referentes a empréstimos ou financiamentos concedidos em títulos ou contratos.

Transferência de Capital: é o ingresso proveniente de outros entes ou entidades, referente a recursos pertencentes ao ente ou entidade re- cebedora ou ao ente ou entidade transferidora, efetivado mediante condições preestabelecidas, ou mesmo sem qualquer exigência, desde que o objetivo seja a aplicação em despesas de capital.

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D ireito F in a n ceiro

Para se lembrar da dica mnemônica, veja o quadro-resumo:

RECEITÁS ÇDRtóNJ^ ^ RÈaÍj^ ü|^ rTÀ L'

TRIBUTA OPERACOM ALI

P AMORA

S

RECEITA TRIBUTÁRIA (TRIBUTA)Impostos

TaxasContribuições de Melhoria

RECEITA DE CONTRIBUiÇOES (CON)RECEITA PATRIMONIAL (P)

RECEiTA AGROPECUÁRIA (A)RECEITA INDUSTRIAL (1)

RECEiTA DE SERVIÇOS (S)TRANSFERENCIAS CORRENTESOUTRAS RECEITAS CORRENTES

6.4.4. Codificação das Receitas ou Categoria Funcionai Programática

O capitulo II da Lei 4.320/64, intitulado "da receita" explicita as fontes de receitas através de duas categorias econômicas básicas, sendo as re­ceitas correntes e as receitas de capital. O art. 82, parágrafo 1 da lei estabelece:

A discriminação da receita geral e da despesa de cada órgão do Governo ou unidade administrativa, a que se refere o artigo 25, § 1-, incisos lli e IV obedecerá à forma do Anexo n. 2.

§ I o Os itens da discriminação da receita e da despesa, mencionados nos artigos 11, § 4o, e 13, serão identificados por números de códigos decimal, na forma dos Anexos ns. 3 e 4.

O conjunto das informações que compõem o código é conhecido como classificação por natureza de receita. A referida classificação busca iden­tificar a origem do recurso consoante o seu fato gerador. O esqueleto de identificação classificatório foi configurado em seis níveis e oito dígitos, que formam o código identificador da natureza de receita, conforme o esquema apresentado:

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RECEITÁ CORRENTEDígitos Classificação Desdobramento

12 1 Categoria Econômica Receita Corrente22 1 Origem Receita Tributária32 1 Espécie Receita de impostos42 2 Rubrica Impostos sobre 0 Patrimônio e a Renda

5e e 62 04 Alínea imposto sobre a Renda e Proventos de Qual­quer Natureza e Adicional

72 e 82 10 Sub alínea Pessoas Físicas (exclusivo da STN)

Dígitos Classificação Desdobramento12 1 Categoria Econômica Receita de Capital22 1 Origem Transferências de Capital32 1 Espécie Transferências Intergovernamentais42 2 Rubrica Transferências da União52 e 62 04 Alínea Participação nas receitas da União72 e 82 10 Sub alínea Transferências de Recursos da Contribuição

do Salário Educação (exclusivo da STN)

A identificação dos níveis da codificação da receita orçamentária que de­vem compor a elaboração do orçamento do governo pode ser conceitua­da da seguinte forma:

- Categoria econômica: utilizado para mensurar o impacto das decisões do Governo na economia nacional. As receitas nesse nível podem ser "correntes" ou "de capital" As correntes estabelecem as receitas oriun­das do poder extroverso do Estado de tributar os atores sociais e da ex­ploração das suas atividades econômicas. As de capital são provenientes da constituição de dívidas e da conversão em espécie, de bens e direitos.

- Origem: neste nível, identifica-se a procedência dos recursos públicos, em relação ao fato gerador dos ingressos das receitas (derivada, origi­nária, transferências e outras). Formam-se da subdivisão das Catego­rias Econômicas, que têm por objetivo identificara origem das receitas no instante em que elas ingressam nos cofres públicos.

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- Espécie: neste nível, a classificação das receitas vincula-se à origem e compõe-se por títulos que permitem qualificar com maior detalhe o fato gerador dos ingressos de tais receitas. Por exemplo, se a origem for tributária, podem ser identificados como espécies os impostos e as taxas.

- Rubrica: quando as rubricas são discriminadas, apresentam-se as espécies da receita em detalhes. Portanto, a rubrica visa identificar dentro de cada espécie de receita uma qualificação mais específi­ca.

- Alínea: na seqüência da especificação, tem-se a alínea como a qua­lificação da rubrica. A alínea identifica o nome da receita propria­mente dita, após o registro dessa como entrada no recurso finan­ceiro.

- Sub aiínea: este nível reflete a fase mais analítica das receitas, de­monstrando qual o real fato gerador que originou o ingresso dos re­cursos financeiros nos cofres públicos.

A Portaria 163/2001 (ANEXO I) ratifica a classificação da receita nos 6 ní­veis acima:

W eís ^ jB fÉ S T R Ü T Ü t^ CODIFICAÇÃO19 Categoria econômica 1 0 0 0 00 00 Receitas correntes

2S Subcategoria econômica 11 0 0 00 00 Receitas tributárias39 Fonte 1 1 1 0 0 0 00 Impostos

4S Rubrica 1 1 1 2 00 00 Impostos sobre o patrimônio e a renda

52 Aíínea 1 1 1 2 04 00 Imposto sobre a renda e pro­ventos de qualquer natureza

69 Sub alínea 1 1 1 2 04 10 ’ Pessoas físicas

6.4.5. NATUREZA - Receitas Orçamentárias e Receitas Extraorçamentá- rias

As primeiras são as que entram de FORMA DEFINITIVA nos cofres estatais, estando ou não previstas no orçamento. Já as receitas extraorçamentárias são entrada de recursos com caráter não devolutivo. Tecnicamente não são receitas, pois terão que ser restituídas.

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Para se lembrar de todas as classificações, veja o quadro-resumo:

;RE<3ÜLARÍDADfe Jprçiináriá:;puORIGEM Originária ou Derivada

LEI 4.320-64 Corrente ou de Capital

Codificação ou Classificação funcional 6 níveis

Regularidade Ordinária ou ExtraordináriaNatureza Orçamentária ou Extraorçamentária

REGULARIDADE Ordinária ou ExtraordináriaORIGEM Originária ou Derivada

LEI 4.320-64 Corrente ou de Capital

-$> Aplicação em concurso:® (ESAF/Analista/CGU/2006)

No que diz respeito à receita publica, indique a opção falsa.a) A Lei n. 4.320/64 classifica receita pública em orçamentária e extraorçamen­

tária, sendo que esta apresenta valores que não constam do orçamento.b) A receita orçamentária divide-se em dois grupos: correntes e de capital,

c) As receitas correntes compreendem as receitas tributárias, de contribuições, patrimoniais, agropecuárias, industriais, de serviços, de alienação de bens, de transferências e outras.

d) A receita pública é definida como os recursos auferidos na gestão, que se­rão computados na apuração do resultado financeiro e econômico do exer­cício.

e) A receita extraorçamentária não pertence ao Estado, possuindo caráter de extemporaneidade ou de transitoriedade nos orçamentos.Resposta: C

* (ESAF/Analista/MPOG/2008)

Identifique o conceito de receita orçamentária que não é pertinente à sua definição.

a) Receita patrimonial é uma receita derivada, oriunda da exploração indireta, por parte do Estado das rendas obtidas na aplicação de recursos.

b) Receita .tributária é uma receita derivada que o Estado arrecada, medianteo emprego de sua soberania, sem contra prestação diretamente equivalente e cujo produto se destina ao custeio das atividades gerais ou específicas que lhe são próprias.

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c) Receitas de capital são receitas provenientes da realização de recursos fi­nanceiros oriundos da constituição de dívida; da conversão, em espécie, de bens e direitos; os recursos de outras pessoas de direito público ou privado destinados a atender despesas classificáveis em Despesas de Capita! e, ainda,o superávit do orçamento corrente.

d) Receita de serviço é uma receita originária, segundo a qual os recursos ou meios financeiros são obtidos mediante a cobrança pela venda de bens e serviços.

e) Outras receitas correntes são receitas originárias, provenientes de multas, cobranças da dívida ativa, restituições e indenizações.Resposta: A

• {ES A F/Analista/M POG/2008)

Segundo o Manual Técnico do Orçamento - 2008, a cíassificação da receita por natureza busca a melhor identificação da origem do recurso, segundo seu fato gerador. Indique a opção incorreta quanto aos desdobramentos des­sa receita,

a} Sub rubrica, b} Origem e espécie,c) Rubrica.d} Categoria econômica, e} Alínea e Sub alínea.

Resposta: A

« (ESAF/Analista/CGU/2008)

Sobre os conceitos e classificações relacionados com Receita Púbiica, assina­le a opção correta.

a) Toda receita orçamentária efetiva é uma receita primária, mas nem toda re­ceita primária é uma receita orçamentária efetiva.

b) São exemplos de receitas correntes as receitas tributárias e as oriundas de alienação de bens.

c} São exemplos de receitas de capital aquelas derivadas de alienações de bens imóveis e de recebimento de taxas por prestação de serviços,

d} As receitas intraorçamentárias constituem contrapartida das despesas reali­zadas entre Órgãos, Fundos e Entidades Integrantes dos Orçamentos Fiscal, da Seguridade Social e de investimento das empresas,

e) O ingresso de recursos oriundo de impostos se caracteriza como uma receita derivada, compulsória, efetiva e primária.Resposta: E

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® (NCE-UFRJ/Contador/Arquivo Nacional/2006)

São classificadas como "outras receitas correntes:

a) Multas e juros de mora.b) Operações de crédito.c) Cota-parte do IPL

d) Receita de contribuições e de permissões,

e} Receita de contribuições sociais.Resposta: A

® (NCE-UFRJ/Adminlstrador/2006)

De acordo com a lei 4320-64, um exemplo de receita corrente são as:

a) Amortizações de empréstimos compulsórios.

b) Alienações de bens móveis e imóveis.c) Contribuições de melhoria.

d) Transferências de capital.e) Operações de crédito.

Resposta: C

® (Administrador/NCE-UFRJ/2006)

De acordo com a Lei 4.320-64, um exemplo de receita capital são as:

a) Receitas de serviços industriais.

b) Cobranças da dívida ativa.c) Contribuições de melhoria.

d) Operações de crédito.

e) Receitas imobiliárias.Resposta: D

• (NCE-UFRJ/Contador/2004)

Considera-se receita extraorçamentária:

a) Inscrição de dívida ativa.b) Receita decorrente de alienação de bens-c) Consignação em folha de pagamento a favor de terceiros.

d) Receita decorrente de contribuições econômicas.

e) Receita industrial.Resposta: C

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• (FCC/Técnico judiciárío/TRT 249 REGIÃO/2006)

É receita orçamentária corrente relativa a fato permutativo a:a) De operações de crédito.b) De alienação de bens.c) Patrimonial.d) De amortização de empréstimos.e) De receita da dívida ativa.

Resposta: E

DESPESAS PÚBLICAS

Leitor, você tem que saber, principalmente:

I. O conceito de Despesa

II. O regime contábil da despesa

ML As fases da Despesa

IV. As diversas classificações da Despesa.

7.1. Conceito

Conceitua-se a despesa pública como as obrigações pecuniárias assumi­das peío Estado ou por qualquer outro ente de direito púbíico, a qualquer título, com o fim de saldar os gastos fixados na lei orçamentária ou na lei especial, para propiciar a realização e o funcionamento dos serviços públi­cos. Conforme anota Aliomar Baieeiro, a despesa pública é:

O conjunto dos dtspêndios do Estado, ou de outra pessoa de direito pú­blico, para o funcionamento do Estado, ou de outra pessoa de direito público, para o funcionamento dos serviços públicos ou a quantia certa, em dinheiro, por parte da autoridade ou agente público, competente, dentre duma autorização legislativa, para execução de fim a cargo do governo (Baleeiro, 1984).

As despesas públicas implicam aporte de recursos para a efetivação do planejamento governamental. Todas as despesas deverão efetivadas por um ente da administração pública, centralizada ou descentralizada, e de­vem ser precedidas da devida autorização orçamentária legislativa. Nesse sentido, destacam-se os artigos 165, parágrafo 59 e incisos, e artigo 167 ,1 e II da CR/88, in verbis:

Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão

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(...)

§ 5 - A lei orçamentária anual,compreenderá:

I - o orçamento fiscai referente aos Poderes da União, seus fundos, ór­gãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público;

II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto;

III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público.

Atendendo ao princípio da legalidade, toda despesa deve ser previamente prevista no orçamento, ainda em respeito ao regime de competência.

Art. 167. São vedados:

I - o início de programas ou projetos não incluídos na lei orçamentária anual;

II - a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que excedam os créditos orçamentários ou adicionais;

Portanto, são despesas públicas os dispêndios financeiros empreendidos em proí do atendimento de uma necessidade pública. Os responsáveis pelo orçamento público, contam com os seguintes requisitos para pode­rem prever as despesas públicas:

I. Utilidade - a despesa deve atender ao maior número de pessoas e devem produzir benefícios voltados ao interesse público.

II. Legitimidade - a despesa deve atender a uma necessidade pública evi­dente.

III. Discussão pública - participação direta (orçamento participativo) ou indireta (discussão no Poder Legislativo) do povo, que deverá discutir e aprovar (Poder Legislativo), fiscalizar direta ou indiretamente (Tribunal de Contas), para sua efetivação é necessária a ampla divulgação das despesas públicas.

IV. Possibilidade contributiva - os gastos com o serviços públicos devem ser realizados de acordo com a possibilidade contributiva do povo e a arrecadação do Estado.

V. Oportunidade - os gastos devem ter prioridades, em primeiro lugar as necessidades mais urgentes e inadiáveis em detrimento das despesas supérfluas ou adiáveis.

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VI. Hierarquia de gastos - existe uma ordem de prioridades que deve ser obedecida na realização das despesas públicas.

VILEstipulação em Lei (legalidade)- a despesa pública deve decorrer pre­viamente da lei.

Aplicação em concurso:o (ESAF/ Procurador do DF/2007)

As despesas públicas são aplicações em dinheiro de recursos arrecadados pelo Estado com o objetivo de prover os serviços de ordem pública ou aten­der ao próprio desenvolvimento econômico do Estado. Elas, segundo orde­namento doutrinário jurídico, obedecem a determinados requisitos, a saber:

a) Generalidade, impessoalidade, aprovação pelo Poder Executivo, razoabilida- de, proporcionalidade, discricionariedade e controle interno.

b} Pessoalidade, eficiência, publicidade, controie externo, sociabilidade, pratici- dade e progressividade

c) Utilidade., legitimidade, discussão pública, possibilidade contributiva, opor­tunidade, hierarquia de gastos e estipuiação por lei

d) Transparência, autorização, praticidade, operosidade, ética, impuiso oficia! e sociabilidade.

e) Veracidade, ética, impulso oficial, verdade real, moralidade, controie externo e adequabilidade.Resposta: C

7.2. Regime Contábil da despesaSe a receita só pode ser contabilizada quando entra nos cofres do Poder PúbÜco (Receita-Caixa - RECA), eía deve ser contabilizada no momento da confecção do orçamento, ou seja, o regime contábil da despesa é o da Competência (Despesa-Competência = DECO).*■> Aplicação em concurso:

« (ESAF/Ânalísta/STN/2008)

Assinale a opção falsa, em relação aos estágios da execução da Receita e da Despesa.

a) A receita tributária é reconhecida, no patrimônio da entidade, no ato de lan­çamento, enquanto a despesa é reconhecida na emissão do empenho.

b) A liquidação constitui o segundo estágio na realização da despesa pública e os efeitos no patrimônio ocorrem e são registrados nesse momento.

c} Os efeitos patrimoniais (modificação da situação patrimonial) decorrentes da receita da Dívida Ativa ocorrem no momento da inscrição da dívida e não no recolhimento.

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d) Os tributos lançados podem ser registrados pela contabilidade, mesmo con­siderando q.ue o regime contábil adotado para a receita é o de caixa.

e) O cancelamento da liquidação da despesa corrente, relativa à prestação de serviços, traz efeitos na situação patrimonial da entidade.Resposta: A

7.3. Classificação das Despesas

Mais uma vez destacamos: É importante que você domine as classifica­ções recorrentes em concursos.

A metodologia doutrinária mais utilizada para a classificação das despesas segue os elementos dispostos:

a) quanto à natureza;

b) quanto à categoria econômica;

c) quanto à competência institucional;

d) quanto à afetação patrimonial das despesas;

e) quanto à regularidade.

a) Quanto à natureza, as despesas podem ser orçamentárias ou extraor- çamentárias.

As despesas orçamentárias são as que se encontram fixadas e especifi­cadas na lei do orçamento público, na lei de créditos adicionais ou até mesmo na legislação especial e seguem o trabalho da competência mis­ta (Executivo e Legislativo) responsável pela elaboração e autorização do plano orçamentário, respectivamente. No que tange a fases da execução das despesas, citam-se a fixação, o empenho, a liquidação e o pagamento.

As despesas extraorçamentárias denotam a saída de recursos financeiros do erário que não tenham sido consignados ou previstos na íei do orça­mento, na lei de créditos adicionais e na legislação especial. São exemplos: a restituição de depósitos feitos equivoca da mente, restituição de cauções pagas a título de antecipação no contrato de licitação, pagamento de res­tos a pagar, resgate de operações de crédito por antecipação de receita or­çamentária (ARO), dentre outras. Assim, as despesas extraorçamentárias, dado que não pertencem a nenhum ente público, efetivam a devolução de recursos pertencentes a terceiros.

b) Quanto à categoria econômica {art. 12 da lei 4320-64), as despesas podem ser correntes ou de capital.

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As despesas correntes referem-se ao atendimento das necessidades de consumo de bens e serviços peia máquina pública. São despesas de na­tureza orçamentária que se destinam à manutenção e ao funcionamen­to dos serviços públicos prestados pela Administração ou trespassados a outras pessoas, físicas ou jurídicas e caracterizam-se pela diminuição do patrimônio estatal que promovem.

Existem as despesas correntes de custeio e as despesas correntes de transferências. O custeio reflete a destinação de recursos tendo em vista a manutenção dos serviços oferecidos e necessitados pelo Estado. Como exemplos, citam-se o pagamento da folha de pessoal, a conservação e manutenção de bens imóveis públicos. As despesas correntes de transfe­rência refletem a destinação de recursos financeiros contra os quais não exista contrapartida direta para o mantenedor. Citam-se, como exemplos, a manutenção dos programas assistenciais, o pagamento do juro da dívida pública.

São operações características da transferência:

- Os repasses de recursos oriundos da arrecadação de impostos, conso­ante determinam os artigos 157 a 159 da CR/88, in verbis:

Art. 157. Pertencem aos Estados e ao Distrito Federal:

t — o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e proven­tos de qualquer natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas fundações que insti­tuírem e mantiverem;

II - vinte por cento do produto da arrecadação do imposto que a União instituir no exercício da competência que lhe é atribuída pelo art. 154,!.

Art. 158. Pertencem aos Municípios:

i —o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e proven­tos de qualquer natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas fundações que insti­tuírem e mantiverem;

li - cinqüenta por cento do produto da arrecadação do imposto da União sobre a propriedade territorial rural, relativamente aos imóveis neles situados, cabendo a totalidade na hipótese da opção a que se re­fere o art. 153, § 49, III;

III - cinqüenta por cento do produto da arrecadação do imposto do Es­tado sobre a propriedade de veículos automotores licenciados em seus territórios;

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IV - vinte e cinco por cento do produto da arrecadação do imposto do Estado.sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação.

Parágrafo único. As parcelas de receita pertencentes aos Municípios, mencionadas no inciso IV, serão creditadas conforme os seguintes cri­térios:

I — três quartos, no mínimo, na proporção do vaior adicionado nas ope­rações relativas à circulação de mercadorias e nas prestações de servi­ços, realizadas em seus territórios;

II - até um quarto, de acordo com o que dispuser lei estadual ou, no caso dos Territórios, lei federal.

Art. 159. A União entregará:

I - do produto da arrecadação dos impostos sobre renda e proventos de qualquer natureza e sobre produtos industrializados quarenta e oito por cento na seguinte forma:

a) vinte e um inteiros e cinco décimos por cento ao Fundo de Participa­ção dos Estados e do Distrito Federal;

b) vinte e dois inteiros e cinco décimos por cento ao Fundo de Participa­ção dos Municípios;

c) três por cento, para aplicação em programas de financiamento ao setor produtivo das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, através de suas instituições financeiras de caráter regional, de acordo com os planos regionais de desenvolvimento, ficando assegurada ao semi-árido do Nordeste a metade dos recursos destinados à Região, na forma que a lei estabelecer;

d) um por cento ao Fundo de Participação dos Municípios, que será en­tregue no primeiro decêndio do mês de dezembro de cada ano;

II - do produto da arrecadação do imposto sobre produtos industrializa­dos, dez por cento aos Estados e ao Distrito Federai, proporcionalmente ao valor das respectivas exportações de produtos industrializados.

III - do produto da arrecadação da contribuição de intervenção no do­mínio econômico prevista no art. 177, § 42, 29% {vinte e nove por cento) para os Estados e o Distrito Federal, distribuídos na forma da lei, obser­vada a destinação a que se refere o inciso II, c, do referido parágrafo.

§ 12 — Para efeito de cálculo da entrega a ser efetuada de acordo com o previsto no inciso I, excluir-se-á a parcela da arrecadação do imposto de renda e proventos de qualquer natureza pertencente aos Estados, ao

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Distrito Federal e aos Municípios, nos termos do disposto nos arts. 157, ' i, e 158 ,1.

§ 22 - A nenhuma unidade federada poderá ser destinada parcela supe­rior a vinte por cento do montante a que se refere o inciso II, devendo o eventual excedente ser distribuído entre os demais participantes, man­tido, em relação a esses, o critério de partilha nele estabelecido.

§ 32 - Os Estados entregarão aos respectivos Municípios vinte e cinco por cento dos recursos que receberem nos termos do inciso il, observa­dos os critérios estabelecidos no art. 158, parágrafo único, I e li.

§ 42 Do montante de recursos de que trata o inciso lil que cabe a cada Estado, vinte e cinco por cento serão destinados aos seus Municípios, na forma da Sei a que se refere o mencionado inciso.

- As transferências decorrentes de autorização orçamentária ou de or­dem iegaf.

- As transferências decorrentes de convênios.

As despesas de capital referem-se a uma modificação no patrimônio pú­blico, realizadas direta ou indiretamente pela administração pública, que irão contribuir para a provisão ou mesmo a produção de novos bens e serviços em favor dos destinatários das políticas públicas. Ao contrário das despesas correntes, as despesas de capital geram mutação benéfica com o acréscimo do patrimônio público.

As despesas de capital contribuem, diretamente, para a formação ou aquisição de um bem de capital, incluindo-se as despesas com o paga­mento de juros e comissões de operações de crédito internas. As referi­das despesas estruturam-se da seguinte forma:

- Despesas relativas a investimentos: gastos que geram bens de capital novos. São as dotações para a execução de obras que empreendem a constituição de novos equipamentos e instalações em favor da presta­ção do serviço público, participação em constituição ou no aumento do capital das empresas ou entidades industriais ou agrícolas.

- Despesas relativas a inversões financeiras: são as dotações orçamen­tárias destinadas à aquisição de imóveis ou bens de capital já em uti­lização (destinados à ocupação por um Órgão público, por exemplo); à obtenção de títulos representativos do capital de empresas ou en­tidades de qualquer espécie, já constituídas, quando a operação não importe aumento de capital e, ainda, a constituição ou 0 acréscimo de capital das empresas com objetivo financeiro ou comerciai.

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- Despesas relativas à transferências de capital: referem-se à destina­ção de recursos para investimentos ou inversões financeiras que outras pessoas de direito público ou privado devam realizar, independente­mente de contra prestação, bem como as dotações para amortização da dívida pública. Citam-se, como exemplos, as transferências volun­tárias para construção de hospitais, escolas, creches, dentre outras.

-> Aplicação em concurso:

° (ESAF/Auditor/TCE/G0/2007)

Quanto ao aspecto legal, a despesa orçamentária pode ser estudada de acor­do com os enfoques jurídico, econômico e administrativo legai. Identifique a única opção falsa no que diz respeito ao enfoque econômico.

a) A despesa orçamentária é dividida em duas categorias básicas, que sao as despesas correntes e as despesas de capital.

b) As despesas de capital são despesas sem as quais a máquina administrati­va e de serviços do Estado não funcionaria e, neste item, são incluídas as despesas do governo relacionadas com o pagamento dos encargos da dívida pública.

c) Por meio das despesas por categorias econômicas, é possível apurar a capa­cidade de poupança do governo e o peso de cada componente na estrutura de gastos.

d) As despesas correntes são as que se referem a desembolsos ou aplicações das quais não resulta compensação patrimonial e, conseqüentemente, ge­ram diminuição no patrimônio.

e) Os gastos governamentais por categorias econômicas são apresentados nos balanços gerais de cada unidade que compõe a estrutura governamental.Resposta: B

° (ESAF/Anaíista/MPOG/2008j

A despesa é classificada em duas categorias econômicas: despesas correntes e despesas de capitai. Aponte a única opção incorreta no que diz respeito à Despesa.

a) Classificam-se em despesas correntes todas as despesas que não contri­buem, diretamente, para a formação ou aquisição de um bem de capital.

b) Investimentos são despesas com o planejamento e a execução de obras, inclusive com a aquisição de imóveis considerados necessários à realização destas ultimas, e com a aquisição de instalações, equipamentos e material permanente.

c) Agrupam-se, em amortização da dívida, as despesas com o pagamento e/ ou refinanciamento do principal e da atualização monetária ou cambial da dívida pública interna ou externa.

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d) São incluídas em inversões financeiras as despesas com a aquisição de imó­veis ou bens de capital já em utilização.

e) Classificam-se em despesas de capital aquelas despesas que contribuem, di­retamente, para a formação ou aquisição de um bem de capital, incluindo-se as despesas com o pagamento de juros e comissões de operações de crédito internas.Resposta: B.

c) Quanto à competência institucional, existem as despesas de compe­tência aplicativa por parte da União, dos Estados e dos Municípios, confor­me estabelece a regra constitucional e da legislação específica.

d) Quanto à afetação patrimonial, refere-se à classificação das despesas em efetivas ou não-efetivas.

As despesas efetivas são as que aiteram o patrimônio líquido do Esta­do, promovendo o decréscimo do mesmo. Configuram-se nas leis orça­mentárias e promovem a responsabilização do pagamento das despe­sas com: pessoal e encargos, juros da dívida pública e outras despesas correntes.

As despesas não-efetivas são as que não provocam alteração no patrimô­nio líquido do Estado, uma vez que promovem alterações compensatórias em decorrência de alteração nos elementos patrimoniais do Estado, com fundamento em um fato contábil permutativo. Cita-se como exemplo a amortização da divida pública externa. O caráter permutativo apresenta- se por conta do ingresso anterior do empréstimo que está sendo amorti­zado.

e) Quanto à regularidade, as despesas podem ser ordinárias ou extraor­dinárias.

Ordinárias são as despesas necessárias para a manutenção da continuida­de dos serviços de interesse público, como por exemplo, o pagamento da folha de pessoal e do material de consumo das repartições públicas.

Extraordinárias são as despesas de caráter esporádico em que as circuns­tâncias de origem mostram-se especiais e aleatórias como as que aconte­cem em virtude de socorro à calamidade pública, enchente, guerra, den­tre outras.

Aíguns chamam as despesas ordinárias de comuns e as extraordinárias de especiais.

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Aplicação em concurso:

* (FCC/TRT 23g REGIAO/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2007)

No que se refere à classificação de despesa púbiica, quanto à sua duração, considere:

I. Aquela que pode ocorrer, mas que o Estado não sabe quando ocorrerá, por isso deixa de constar do orçamento, a exemplo de uma desapropriação, de- nomina-se despesa especial.

II. Aquela considerada comum, ou seja, a constante do orçamento, a exemplo do pagamento de servidores aposentados, denomina-se despesa ordinária.

III. Aquela de natureza excepcional, decorrentes de situações imprevisíveis, mas constante do orçamento, a exemplo da situação de guerra, denomina-se des­pesa de custeio.Está correta a opção(ões):

a) Ib) 1 e IIc) 1 e IIId) IIe) II e II!

Resposta: B.

Para se lembrar de todas as classificações, veja o quadro-resumo:

NATUREZA Orçamentária ou extraorçamentária

'^ásÒRÍAECÒNÒ' Corrente ou de capitai

c o m p et ên c ía I n stitu giò n al Federais ou Estaduais ou Municipais

AFETAÇÃO fWRIMON!AÍ^^£- Efetiva ou não efetiva

REGULARI DADE . - £: 'V í-? Ordinária ou Extraordinária

7.4. Estágios (fases) da Despesa

Sendo elemento componente da peça orçamentária, as despesas devem manter necessariamente um equilíbrio com a receita. Dessa forma, exis­tem critérios que norteiam a realização das despesas, compreendendo: a fixação, o empenho, a liquidação e o pagamento (ou ordem de pagamento).

A fixação consiste na autorização dada pelo Órgão do Legislativo, median­te a previsão de dotações orçamentárias definidas em lei, concedendo ao Órgão ordenador das despesas o direito de gastá-las mediante a emissão de empenho.

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O empenho consiste na efetiva obrigação do Estado em efetuar o pa­gamento da despesa, mediante a emanação da ordem pela autoridade competente. É um compromisso da Administração perante o particular.O empenho será sempre prévio à realização da despesa e está restrito ao limite do crédito orçamentário. A Lei 4.320/64 dita as regras sobre o empenho nos artigos 58 e 59, trazendo inclusive direcionamentos que limitam a vinculação de empenho à realização de despesas com propó­sitos eleitorais:

Art. 58. O empenho de despesa é o ato emanado de autoridade compe­tente que cria para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição.

Art. 59. O empenho da despesa não poderá exceder o limite dos créditos concedidos.

§ Ressalvado o disposto no Art. 67 da Constituição Federal, é vedado aos Municípios empenhar, no último mês do mandato do Prefeito, mais do que o duodécimo da despesa prevista no orçamento vigente.

§ 22 Fica, também, vedado aos Municípios, no mesmo período, assumir, por qualquer forma, compromissos financeiros para execução depois do término do mandato do Prefeito.

§ 32 As disposições dos parágrafos anteriores não se aplicam nos casos comprovados de calamidade pública.

§ 49 Reputam-se nulos e de nenhum efeito os empenhos e atos pratica­dos em desacordo com o disposto nos parágrafos l e e 22 deste artigo, sem prejuízo da responsabilidade do Prefeito nos termos do Art. 12, in­ciso V, do Decreto-lei n.s 201, de 27 de fevereiro de 1967.

-> O empenho pode ser ordinário, global ou por estimativa. Veja o quadro comparativo:

Empenho globaj Empenho por estimativa OrdinárioDívidas com pagamento parcelado.

Dívidas as quais não se sabe o valor exato. Ex: água, luz, telefone.

Pagamento de uma só vez, ou seja, à vista.

Excepcionalmente, nos casos previstos em lei, não se exige a emissão da nota de empenho, que decorre do ato do empenho. Ex: Ordenador de despesas (prefeito municipal) não precisa extrair uma nota de empenho para si próprio, no ato do pagamento do seu subsídio. Seria inútil exigir que ele entregasse a sl mesmo uma nota de empenho e, após o mês de função exercida, levar a nota para receber o subsídio.

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Aplicação em concurso:

o {FCC/TCE/SP/Auditor/2008}

Sobre a despesa pública e seu processamento, é correto afirmar:a) O empenho de despesa é o ato emanado de autoridade competente que cria

para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição.

b) É permitida a realização de despesa sem prévio empenho e, em casos espe­ciais, justificados pela autoridade competente, será dispensada a emissão da nota de empenho.

c) Não será permitido o empenho por estimativa, quando o montante da des­pesa não se possa determinar.

d) Não é permitido o empenho global de despesas contratuais e outras, sujeitas a parcelamento.

e) Para cada empenho será extraído um documento denominado "autorização de empenho" que indicará o nome do devedor, a representação e a Impor­tância da despesa.Resposta: A

(FCC/TCE/AL/MPC/2008)

Analise as afirmações abaixo que se referem à despesa púbiica.0 empenho de despesa é o ato emanado de autoridade competente que cria para o administrado obrigação de pagamento.A lei não poderá dispensar a emissão da nota de empenho.É vedado o empenho global de despesas contratuais e outras, sujeitas a par­celamento.Está correto o que se afirma SOMENTE emI.

II.

III.1 e 11. le III.Resposta: A

° (FCC/TCE/AL/MPC/2008)

A respeito do processamento da despesa pública, a Lei n 4.320/64 dispõe:I. Poderá o Município, no último mês do mandato do prefeito, assumir com­

promissos financeiros para execução depois do término do seu mandato, nos casos de calamidade pública.

I.

II.III.

a)b)c)d) e)

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ií. Será feito por estimativa o empenho da despesa cujo montante não se possa determinar.

III. O empenho da despesa poderá exceder o limite dos créditos concedidos. Está correto o que se afirma SOMENTE em

a) l.b) tl.c) Jll.d) I e II.e) II e IH.

Resposta: D

A liquidação da despesa consiste na verificação do direito adquirido pelo credor, em face dos títulos e documentos com probatórios do respectivo crédito (origem e objeto daquiío que deve ser pago, a exatidão do crédito e a emissão do comprovante de entrega do material ou da prestação efe­tiva do serviço). As regras atinentes à liquidação encontram-se previstas no artigo 63 da iei 4.320:

Art. 63. A liquidação da despesa consiste na verificação do direito adqui­rido pelo credor tendo por base os títulos e documentos comprobató- rios do respectivo crédito.

§ I o Essa verificação tem por fim apurar:

i ~ a origem e o objeto do que se deve pagar;

II - a importância exata a pagar;

III - a quem se deve pagar a importância, para extinguir a obrigação.

§ 29 A liquidação da despesa por fornecimentos feitos ou serviços pres­tados terá por base:

I - o contrato, ajuste ou acordo respectivo;

il - a nota de empenho;

III - os comprovantes da entrega de material ou da prestação efetiva do serviço.

Para a fase da liquidação, grave as perguntas:

Quem é? O que é?

Para que é? Quanto é?

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O pagamento consiste na entrega dos recursos equivalentes à dívida lí­quida e consubstancia-se com o despacho emanado pela autoridade de direito (ordenador das despesas). Trata-se do último estágio da realização da despesa que veicula determinação para que a despesa seja paga, com respeito a todos os estágios, bem como ao devido processamento da do­cumentação pelo setor contábil competente. Esse é o contexto expressa­do pelos artigos 64 e 65 da Lei 4.320/64.

Art. 64. A ordem de pagamento é o despacho exarado por autoridade competente, determinando que a despesa seja paga.

Parágrafo único. A ordem de pagamento só poderá ser exarada em do­cumentos processados peios serviços de contabilidade.

Art. 65. O pagamento da despesa será efetuado por tesouraria ou paga- doria regularmente instituídos por estabelecimentos bancários creden­ciados e, em casos excepcionais, por meio de adiantamento.

Aplicação em concurso:• (ESAF/Analista/CG U/2008)

A Despesa Púbiica segue um ordenamento jurídico, com requisitos que pre­cisam ser atendidos em uma seqüência específica, predeterminada e orde­nada. No que diz respeito a esse assunto, julgue os itens que se seguem e marque a opção que corresponde à ordem correta.

i. E vedada a realização da despesa sem prévio empenho, mas em casos espe­ciais, previstos na legislação específica, poderá ser dispensada a emissão da nota de empenho.

II. Ao final do exercício, não será anulado o empenho da despesa cujo contrato estabelecer como data-iimite, para a entrega do serviço, dia 31 de março.

IH. As despesas de exercícios encerrados, para as quais o orçamento respectivo consignava créditos próprios, com saldo suficiente para atendê-las, que não tenham sido processadas, na época própria, e cuja obrigação tenha sido cumprida pelo credor, deverão ser inscritas em Restos a Pagar do exercício e pagas como tal.

IV. O empenho da despesa não poderá exceder o limite dos créditos concedi­dos, exceto no caso de créditos extraordinários.

V. Entre os estágios da despesa orçamentária, é somente na liquidação que se reconhece a obrigação a pagar.

a) V, V, F, V, Fb) V, V, F, F, Vc) F, V, F, F, Vd) V, F, V, F, Fe) V, F, V, V, F

Resposta: B

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7.5. Restos a Pagar

Os restos a pagar são dívidas que não serão pagas no exercício financeiro em que foram contraídas. Esse dispositivo exige que o poder público deixe dinheiro do ano financeiro em que foi contraída a dívida para o exercício em que efetivamente a despesa será paga. Por algumas razões a despesa é empenhada, mas não ocorre a liquidação, ou ainda que ocorra, não é realizado o pagamento. Isso de dá por diversas razões, entre elas, o fato de o credor não ter demonstrado que não tem pendências com o INSS.

A Lei 4.320 traz um único dispositivo sobre os restos a pagar. Estabelece caput do artigo 36 da iei 4.320/64, que: "Consideram-se Restos a Pagar as despesas empenhadas mas não pagas até o dia 31 de dezembro distin- guindo-se as processadas das não processadas". Lembre-se: despesa pro­cessada é aquela que foi liquidada e despesa não processada é aquela que não foi paga. Essa distinção é essencial. O pagamento da despesa inscrita em restos a pagar independe de previsão orçamentária.

Aplicação em concurso:• /ESA F/Analista/CG U/2008)

Existem ocorrências especiais na execução da despesa pública, tais como os Restos a Pagar. No que diz respeito a esse assunto, julgue os itens que se seguem e marque a opção que corresponde à seqüência correta.

I. Compreendem somente despesas empenhadas, liquidadas ou não, e não- pagas até o final do exercício.

II. O pagamento da despesa inscrita em Restos a Pagar independe de autoriza­ção orçamentária.

íli. A despesa empenhada e liquidada é passível de inscrição em Restos a Pa­gar ~ Processados, enquanto as despesas empenhadas, mas não-liquidadas, somente são passíveis de inscrição em Restos a Pagar - Não-Processados, se forem atendidas determinadas condições.

IV. O superávit financeiro do exercício deve ser reservado preferencialmente para pagamento de Restos a Pagar.

V. As dívidas de exercícios anteriores, reconhecidas na forma da legislação pelo ordenador de despesa e que não foram pagas no exercício deverão ser inscri­tas como Restos a Pagar.

a) V, V, F, F, Fb) F, F, V, F, Fc) V, V, V, F, Fd) V ,F ,F ,V ,Ve) F, F, V, V, V

Resposta: C

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7.6. A Codificação das Despesas {Portaria Interministeriai 163)

Prezado leitor, essa classificação é bastante recorrente em concursos cujo editais estabeleçam o item "contabilidade pública", infelizmente, não há outra saída a não ser a fixação dos índices de referência que serão abor­dados a partir de agora. Dissemos literalmente "infelicidade", pois, no dia- dia, o profissional da contabilidade pública acaba tendo que memorizar os índices, caso contrario, deverá carregar tabelas explicativas a tiracolo.A elaboração da planilha com as despesas do ente governamental, em todos os níveis, deve seguir a codificação prevista no anexo 4 da Lei 4.320/64. Re­modelado pela Portaria Interministeriai 163/2001 {em anexo), em virtude da orientação fixada pelo art. 50, parágrafo 2- da LRF, a estrutura de codi­ficação da despesa compõe-se de 8 dígitos, dispostos da seguinte forma:

c = Categoria Econômica:- Despesas Correntes;- Despesas de Capital.______________________ _______________________________________

g = grupos de natureza da despesa:__________________________________________■1. Pessoal e Encargos2. Juros e Encargos da Dívida3. Outras Despesas Correntes4. nvestimentos5. Inversões Financeiras6. Amortização da Dívida____________________________

mm = modalidades de aplicação ____________________10. Transferências Intragover na mentais20. Transferências à União30. Transferências ao Estado e ao Distrito Federal40. Transferências aos Municípios50. Transferências a Instituições Privadas sem Fins Lucrativos60. Transferências a Instituições Privadas com Fins Lucrativos70. Transferências a Instituições Multigovernamentais80. Transferências ao Exterior90. Aplicações Diretas91. Aplicação Direta Decorrente de Operação entre Órgãos, Fundos e Entidades

Integrantes dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social99. A definir _______________________________________________________________________

ee = elementos de despesa _______ ___________________________________________ _dd = desdobramento, facultativo, do elemento de despesa____________Os números identificam a classificação dos grupos e o desdobramento das respecti- vas despesas.______________________________________________________________________________

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Como exemplo de despesa decorrente pode ser construída a seguinte tabela

Dígitos . Classificação Desdobramento12 C 4 Categoria Econômica Despesa corrente

25 G 4 Natureza da Despesa Outras despesas correntes

3S e 4e Mm 20 Modalidade de Aplicação Aplicações Diretas

59 e 62 Ee 92 Elemento de Despesa Outros serviços de Terceiros - PJ

7S e 8e Dd 00Desdobramento, facultativo, do ele­mento de despesa

A definir

O manuai editado pela Secretaria do Tesouro Nacional dá as seguintes dicas para a identificação da despesa:No momento do reconhecimento da obrigação por parte do ente da fe­deração é necessário observar alguns passos para que se possa proceder à adequada classificação quanto à natureza de despesa e garantir que a informação contábil seja fidedigna.l e Passo - Identificar se o registro do fato é de caráter orçamentário ou extraorçamentário.Orçamentários - são aqueles que dependem de autorização Legislativa para sua efetivação. As despesas de caráter orçamentário necessitam de recurso público para sua realização e constituem instrumento para alcan­çar os fins dos programas governamentais. É exemplo de despesa de na­tureza orçamentária a contratação de serviços de terceiros, pois se faz ne­cessária a emissão de empenho para suportar os contratos com prestação de serviços de terceiros.Extraorçamentárias - são aqueles decorrentes de: ESTRUTURA DA DESPE­SA ORÇAMENTÁRIAI) Saídas compensatórias no ativo e no passivo financeiro - representam de­

sembolsos de recursos de terceiros em poder do ente público, tais como:a) Devolução dos valores de terceiros (cauções/depósitos) - a caução

em dinheiro constitui uma garantia fornecida pelo contratado e tem como objetivo assegurar a execução do contrato celebrado com o poder público. Ao término do contrato, se o contratado cumpriu com todas as obrigações, o valor será devolvido pela administração pública. Caso haja execução da garantia contratual, para ressarci­mento da Administração pelos valores das multas e indenizações a ela devidos, será registrada a baixa do passivo financeiro em contra­partida a receita orçamentária.

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b) Recolhimento de Consignações/Retenções - são recolhimentos de vaiores anteriormente retidos na folha de salários de pessoal ou nos pagamentos de serviços de terceiros.

c) Pagamento das operações de crédito por antecipação de receita (ARO) - conforme determina a LRF, as antecipações de receitas or­çamentárias para atender insuficiência de caixa deverão ser quita­das até o dia dez de dezembro de cada ano. Tais pagamentos não necessitam de autorização orçamentária para que sejam efetuados.

d) Pagamentos de Salário-Família, Saiário-Matemidade e Auxílio- Nataiidade - os benefícios da Previdência Socia! adiantados pelo empregador, por força de lei, têm natureza extraorçamentária e, posteriormente, serão objeto de compensação ou restituição.

II) Pagamento de Restos a Pagar —são as saídas para pagamentos de des­pesas empenhadas em exercícios anteriores.

Se o desembolso é extraorçamentário, não há registro de despesa orça- mentária, mas uma desincorporação de passivo ou uma apropriação de ativo. Se o desembolso é orçamentário, ir para o próximo passo.2s passo - Identificar a categoria econômica da despesa orçamentária, verificando se é uma despesa corrente ou de capitai, conforme conceitos dispostos no item 4.4.1.1 deste Manual.

3 - Despesas Correntes4 - Despesas de Capital

39 Passo - Observada a categoria econômica da despesa, o próximo passo é verificar o grupo de natureza da despesa orçamentária

1 - Pessoal e Encargos Sociais2 - Juros e Encargos da Dívida3 - Outras Despesas Correntes4 - Investimentos5 - Inversões Financeiras6 - Amortização da Dívida7 - Reserva do RPPS8 - Reserva de Contingência

42 Passo - Por fim, far-se-á a identificação do elemento de despesa, ou seja, o objeto final do gasto, de acordo com as descrições dos elemen­tos constantes no item 4.4.1.4 deste Manual. Normalmente, os elementos

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de despesa guardam correlação com os grupos, mas não há impedimento para que um elemento típico de despesa corrente esteja relacionado a um grupo de despesa de capital.

Exemplos (NÃO EXAUSTIVOS):

GRUPOS EXÉMPLGS DE COMBINAÇÕES COM OS ELEMENTOS

1 Pessoal e Encargos Sociais

01 - Aposentadorias e Reformas03 - Pensões04-Contratação por Tempo Determinado05 - Outros Benefícios Previdenciários11 - Vencimentos e Vantagens Fixas - Pessoai Civil13 - Obrigações Patronais16 - Outras Despesas Variáveis - Pessoa! Civil17 - Outras Despesas Variáveis - Pessoai Militar

2 - Juros e Encargos da Dívida

21—Juros sobre a Dívida por Contrato22 - Outros Encargos sobre a Dívida por Contrato23 - Juros, Deságios e Descontos da Dívida Mobiliária24 - Outros Encargos sobre a Dívida Mobiliária

,3 - Outras Despesas Correntes

30 — Material de Consumo32- Material de Distribuição Gratuita33 - Passagens e Despesas com Locomoção35 - Serviços de Consultoria36— Outros Serviços de Terceiros - Pessoa Física37 - Locação de Mão-de-obra38-Arrendamento Mercantil39 - Outros Serviços de Terceiros - Pessoa Jurídica

4 - Investimentos

33 - Passagens e Despesas com Locomoção51 - Obras e Instalações52 - Equipamentos e Material Permanente61 - Aquisição de Imóveis

S - Inversões Financeiras61-Aquisição de imóveis63 - Aquisição de Títulos de Crédito64 - Aquisição de Títulos capital já Integralizado

6 - Amortização da Dívida

71 - Principal da Dívida Contratual Resgatado72 - Principal da Dívida Mobiliária Resgatado73 - Correção Monetária ou Cambiai da Dívida Contra­tual Resgatada

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L ea n d r o E u stá q u io e I g o r d e M a t o s M o nteiro

-$> Aplicação em concurso:

e (ESAF/AnaliSta/MP06/2008)

Assinale a única opção incorreta quanto a elemento de despesa.a) Tem por finalidade identificar os objetos de gastos que a Administração Pú­

blica utiliza para a consecução de seus fins.b} Os códigos dos elementos de despesa estão definidos no Anexo lt da Portaria

ínterministerial 163, de 2001.c) É vedada a utilização em projetos e atividades dos elementos de despesa

41— Contribuições, 42-Auxí!ios e 43-Subvenções Sociais, o que pode ocorrer apenas em operações especiais.

d) Não é vedada a utilização de elementos de despesa que representem gastos efetivos em operações especiais.

e) São elementos de despesa vencimentos e vantagens fixas, juros, diárias, en­tre outros.Resposta: D

8. Sistema Integrado de Administração Financeiro do Governo Federal (SÍAFI)

-> Você precisa saber quando foi criado o SIAFI, os objetivos do sistema e a especificação de alguns documentos desse sistema.

Até 1986, o Governo Federal enfrentava uma série de problemas que im­pedia uma melhor gestão dos recursos públicos e dificultava a preparação do orçamento unificado, dentre eles:

- emprego de métodos inadequados de trabalho, sendo que, na maioria dos casos, os controles de disponibilidades orçamentárias e financei­ras eram exercidos a partir de registros manuais;

- utilização da contabilidade como simples instrumento de registros for­mais, pela dificuldade de acesso às modernas técnicas de administra­ção financeira;

- defasagem de, pelo menos, 45 dias entre o encerramento do mês e o levantamento das demonstrações Orçamentárias, Financeiras e Patri­moniais, inviabilizando o uso das informações com fins gerenciais;

- incompatibilidade dos dados em decorrência da diversidade de fontes de informações, comprometendo o processo de tomada de decisões;

- falta de integração dos sistemas de informações; e

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D ireito F in a n ceiro

- existência de inúmeras contas-correntes bancárias, no âmbito do Go­verno Federal, criando estoque ocioso de moeda e dificultando a ad­ministração de caixa.

O SIAF! foi implantado em 1987 e, desde essa época, é um instrumento utili­zado para o acompanhamento e controle da execução orçamentária, finan­ceira e contábil do Governo Federal, configurando-se, atualmente, no maior e mais abrangente instrumento de administração das finanças públicas.O SIAFI é um software que instrumentaliza o controle orçamentário e tem o seu acesso e uso regulamentados pela Norma de Execução 03, de 30/12/1999.A criação da STN, vinculada ao Ministério da Fazenda, através do Decreto n. 92.452, de 10 de março de 1986, com o objetivo de promover a moder­nização e a integração dos sistemas de programação financeira, de execu­ção orçamentária e de contabilidade dos Órgãos e Entidades Públicas do Governo Federai, viabilizou a implantação do SIAFI.A STN em conjunto com o SERPRO, empresa pública prestadora de servi­ços na área de informática, criou as condições para que o SIAFI fosse im­plantado em tempo. Inicialmente O SIAFI foi utilizado apenas pelo Poder Executivo, expandido-se de forma gradual pelos demais Poderes a partir da percepção, pelos usuários, das vantagens oferecidas pelo Sistema. Atu­almente, utilizam-se do SIAFI todos os Órgãos da Administração Direta, inclusive os pertencentes aos Poderes Legislativo e Judiciário, e grande parte da Administração Indireta, faltando apenas as Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista que não compõem o Orçamento Geral da União - OGU e as Instituições Financeiras Oficiais. São essas as chamadas unidades gestoras, a unidade investida no poder de gerir créditos orça­mentários e recursos financeiros próprios ou sob descentralização.

Aplicação em concurso:

° (Administrador/NCE-UFRJ/Arquivo Nacionat/2006)No âmbito do SIAFI, a unidade investida no poder de gerir créditos orçamen­tários e recursos financeiros, próprios ou sob descentralização, é denominada:

a) Unidade gestora.b) Órgão.c) Unidade administrativa.d) Entidade supervisionada.e) Unidade orçamentária.

Resposta: A

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L e a n d r o E u st á q u io e I g o r d e M a to s M o nteiro

Quem não utiliza o SIAFI tem seus saldos contábeis integrados periodi­camente, para efeito de consolidação das informações econômico-finan- ceiras do Governo Federal, à exceção das Sociedades de Economia Mista, que tem registrada apenas a participação acionária do Governo.

Desde 1987, o S1AFI vem recebendo otimizações e adequações, de forma a acompanhar a evolução técnica, com processos/subsistemas que per­mitem sua utilização em escala crescente, tais como a Conta Única, DARF E GRPS Eletrônicos, além do COMUNICA, que permite a transmissão de mensagens no terminal entre todos os usuários, tendo se revelado um poderoso meio de comunicação, substituindo, com eficiência, os contatos por telefone, telex, fax e correspondências formais.

A Conta Única existe desde 1988 e representou uma mudança radical no controle de caixa do Tesouro Nacional, em virtude da racionalização na movimentação dos recursos financeiros, no âmbito do Governo Federal. Ainda em 1988, foi implantado no SIAFI o Documento de Arrecadação de Receitas Federais-DARF Eletrônico, permitindo desta forma aos usuários do Sistema o recolhimento dos tributos federais diretamente à Conta do Tesouro.

O SIAFI é um Sistema muito dinâmico, em constante evolução, no sentido de se manter sempre atualizado e de acordo com a realidade econômica financeira do país, além de buscar atender cada vez melhor às necessida­des de seus usuários, tanto internos como externos. A implantação deste Manual ocorre, inclusive, concomitantemente à implantação de uma nova versão do SIAFI, inteiramente reprojetado e modernizado.

-> São 5 os Objetivos do SIAFI, conforme a STN:

1. Prover os Órgãos da Administração Pública de mecanismos adequados ao controle diário da execução orçamentária, financeira e contábil.

2. Fornecer meios para agilizar a programação financeira, otimizando a utilização dos recursos do Tesouro Nacional, através da unificação dos recursos de caixa do Governo Federal.

3. Permitir que a Contabilidade Aplicada à Administração Pública seja fonte segura e tempestiva de informações gerenciais para todos os ní­veis da Administração Pública.

4. Integrar e compatibilizar as informações no âmbitõ do Governo Federal.

5. Proporcionar a transparência dos gastos públicos.

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D ireito F inan ceiro

-£• Aplicação em concurso:

* (ESAF — MPU/2004 - Analista de Controle interno)

A implantação do Sistema integrado de Administração Financeira do Gover­no Federai (SIAFí) foi viabilizada a partir da criação da Secretaria do Tesouro Nacional, vinculada ao Ministério da Fazenda, indique a única opção falsa no tocante aos objetivos do SlAFi.

a) Prover de mecanismos adequados e simplificados o registro e o controle diário da gestão orçamentária, financeira e patrimonial dos órgãos central, setorial e seccional do Sistema de Controle interno e dos órgãos executo­res.

b) Permitir a programação e o acompanhamento físico-financeiro do orçamen­to, de modo analítico.

c) Permitir a transparência dos gastos públicos à sociedade.d) Eliminar inconsistências de dados e defasagens na escrituração contábil.e) Fornecer meios para dar agilidade à programação financeira, buscando a efi­

ciência e eficácia da gestão pública e maximização dos custos.Resposta: E

* (CBS PE/Ana lista Administrativo/Anatel/2006)

Entre os objetivos do SIAFI, está o de integrar e compatibilizar as informações disponíveis nos diversos órgãos participantes do sistema.Resposta: Certo.

* (CESPE/SERPRO/GESTÃO FINANCEIRA/2008)

Cabe ao SiAFl integrar e compatibilizar as informações no âmbito dos gover­nos federal, estadual e municipal.Resposta: Errado. O Objetivo do SIAFI é gerir as informações referentes à execução orçamentária, financeira, patrimonial e de controle dos atos e fatos praticados pelo Governo Federal. Ele integra e compatibiliza as in­formações do Governo Federal, não tendo relação alguma com os Estados e Municípios. Existe até um sistema de informação - irmão do SIAFI - que pode ser adquirido por Estados e Municípios, o SIAFEM. Mas estes dois sis­temas não são os mesmos e não fo i isso que a questão afirmou.

» (CESPE/SERPRO/GESTÃO FINANCEIRA/2008)

É objetivo do SIAFI padronizar métodos e rotinas de trabalho relativas à ges­tão dos recursos públicos, permanecendo essa atividade, no entanto, sob o total controle do ordenador de despesa de cada unidade gestora.Resposta: Certo.

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L ea n d r o E u st á q u io e Ig o r d e M a to s M o n teir o

Para cumprir os objetivos acima, o SIAFi utiliza alguns instrumentos, entre eles: Nota de Dotação, Nota de Movimentação de Crédito, a Nota de Em­penho, a Nota de Lançamento, a Ordem Bancária, a Guia de recebimento, o Documento de Arrecadação de Receitas Federais (DARF) e a Nota de Programação Financeira. Procure memorizar a função de cada um dos documentos no quadro abaixo:

ND - Nota de Dotação Registro e detalhamento dos créditos previstos no Orçamento Geral da União.

NC— Nota de Movimentação deCredito

Registro das transferências de créditos orçamentá­rios, entre unidades gestoras de um mesmo órgão e entre unidades gestoras de órgãos diferentes.

NÉ Notà de:Empenho ;Registro dos eventos vinculados ao comprometi­mento do orçamento e também de reforço ou anu­lação de empenho.Registro da liquidação/apropriação de receitas e despesas, das previsões de receita, recolhimento das devoluções de despesa.

pB-O rdernBancária Pagamento de compromissos, liberação de recur­sos.

GR “ Guia dè Recolhimehto Registrar eventos vinculados ao recolhimento de numerário à conta bancária da Unidade Gestora.

DAIRF^çadaçãqdeReceitasFedérais

Arrecadação por processo eletrônico de tributos federais.

Nota de Programação Finan­ceira-? •. . •

Registra a programação financeira do SIAFI.

Aplicação em concurso:

• (CESPE/Contador/TERRACAP/2004)

Os documentos usados para a movimentação de recursos da conta única incluem a ordem bancária (OB), a Guia de Recolhimento da União e a nota de sistema (NS)Resposta: Certo.

® (CESPE/SERPRO/GESTÃO FINANCEÍRA/2008}

Por meio do DARF se registra a arrecadação de tributos e demais receitas diretamente na conta única do Tesouro Nacional.Resposta: Certo.

Comentário: A nota de dotação é um documento utilizado para registro das informações orçamentárias elaboradas pela Secretaria de Orçamento Federal.

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D ireito F in a n ceiro

® (TCE/ES — Controlador de Recursos Públicos/2004)

AND destina-se a descentralizar os créditos para dotar as unidades com os recursos necessários à realização das despesas.Resposta: Incorreta.

9. SISTEMA INTEGRADO DE DADOS ORÇAMENTÁRIOS (SIDOR)

^PRESTE BASTANTE ATENÇÃO!! O mesmo quêfalam^: lamòs aqui/Você precisa saber os objetivos e alguns instrumentos do SIA-

Fl. O examinador, müitàs vezes> tenta confundir os candidatos elaboran­do questões que sãò do SIDOR, afirmando que são ido SIAFi e vice-versa.

Aplicação em concurso:

® (CESPE/TR£~AL/Técnico Judiciário -Área Administrativa/2004)

O SIDOR e o SiAFt utilizam o mesmo sistema de classificação, de modo que há consistência entre as informações financeiras e contábeis.Resposta: Certo

9.1. Definição

Conforme giossário do Tesouro Nacional (http://www.tesouro.fazenda. gov.br/servicos/glossario/giossario_s.asp) Sistema Integrado de Dados Orçamentários (SIDOR) é conjunto de procedimentos justapostos entre sí, com a incumbência de cuidar do processamento de cunho orçamentá­rio, através de computação eletrônica, cabendo sua supervisão à Secreta­ria de Orçamento Federai (SOF).

SIDOR ESTARIA CHEGANDO AO FIM. Veja essa noticiai

17/07/2009 - O fim do SIDOR e o novo sistema de planejamento e orça­mento: S10P

Atualmente ainda existem duas fontes cadastrais para programas e ações. Há o Sistema de Informações Gerenciais e de Planejamento (SIGPLAN) que gerencia o PPA, acessado via internet, e que não é tão cobrado em provas de AFO, a não ser na área de Tecnologia da Informação (TI), como no último edital para APO-TI. O outro é o Sistema Integrado de Dados Orçamentários (SIDOR), cujo acesso ao cadastro de ações é exclusivo aos servidores do Ministério do Planejamento. O SIDOR frequentemente está presente nos editais que contemplam Administração Financeira e Orça­mentária, por exempio, no edital da prova do dia 19 de julho para Analista Administrativo da AN AC a cargo do CESPE!

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L e a n d r o E u st á q u ío e Ig o r d e M a to s M o n teir o

Porém SI DOR e SiGPLAN estão chegando ao fim. Com o objetivo de in­tegrar os atuais sistemas utilizados nos processo de elaboração, acom­panhamento e monitoramento do Piano Piurianual e do Orçamento da União, colegas aqui da Secretaria de Orçamento Federal (SOF/MP), junto da Secretaria de Planejamento e Investimento {SPI/MP) e do Departamen­to de Empresas Estatais (DEST/MP), desenvolveram e colocaram em ope­ração o novo Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento - SIOP.

Possivelmente as bancas ainda não têm maiores informações, tanto que o CESPE ainda previu SiDOR nos editais da ANAC e AGENTE DA PF, a ESAF no edital de Auditor da Receita Federal, divulgados recentemente, e até mesmo porque ele ainda não foi totalmente desativado, MUITO EMBORA NÃO TENHA SIDO COBRADO NO EDITAL DO TCU, sendo que o SIAFI o foi:4

EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA: 1 Programação, execução e controle de recursos orçamentários e financeiros. Empenho, liquida­ção e pagamento da despesa. Guia de Recolhimento da União (GRU). Controle e pagamento de restos a pagar e de despesas de exercícios anteriores. Suprimento de fundos. Conformidade diária e documentai. Rol de responsáveis. 2 Retenção e recolhimento de tributos inciden­tes sobre bens e serviços. 3 Noções de Síafi e CPR - Contas a Pagar e a Receber. 4 Lei ne 4.320/64. 5 Lei de Responsabilidade Fiscal {LC n9 101/2000}.

A idéia é que, no futuro, o SIOP substitua integralmente os sistemas hoje existentes. Atualmente, o SIOP já substituiu seus antecessores no que se refere ao registro de programas e ações, captação da proposta orçamen­tária e distribuição dos valores disponíveis para elaboração do orçamento seguinte.

9.2. Funções

O SIDOR é o sistema que processa toda a elaboração, discussão e aprova­ção do orçamento "on line" e as alterações que ocorram durante o exercí­cio. É gerenciado pela Secretaria de Orçamento Federal do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Tem até um portal próprio (https:// www.portalsoiplanejamento.gov,br/portal/sidor_cadastramento). Cons­titui um banco de dados orçamentários do Governo Federal. Mantém e

4. PONTO dos Concursos. O fim do SIDOR e o novo sistema de planejamento e orçamento:SIOP. Disponível em: http://www.pontodosconcursos.com.br/professor.asp7menu-profess ores&busca=&prof=191&art=4246&idpag=l. Acesso em: 16 de dezembro de 2009.

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visa à credibilidade operacional da elaboração e gerência do Orçamento. Comunica-se com outros sistemas relativos ao Plano e à Administração Financeira e Administração de Pessoal, inclusive com o SIAFI.

10. PRECATÓRIO

É importante que você saiba, especialmente: o conceito de Precató­rio, o aspecto normativo (como o arts. 33 e 78 do ADCT, inseridos peia Emenda Constitucional 30/2000, e a Emenda Constitucional n. 37/2002, e sobretudo o artigo 100 da Constituição), o que é crédito de pequeno valor, o que é crédito alimentar, a atualização monetária, como funciona o seqüestro de verbas públicas..

10.1. Conceito

Precatório é a solicitação feita peto Juízo da Execução ao Presidente do respectivo Tribunal com a finalidade de requisitar a verba necessária ao pagamento do credor em face de decisão judicial transitada em julgado.

Se você é credor de uma entidade pública e não consegue receber da mes­ma, ingressa no Poder Judiciário com essa finalidade. Condenada a entida­de púbiíca, com decisão passada em julgado, o mecanismo de satisfação do crédito reconhecido é o PRECATÓRIO.

Jurisprudência do STF: O parágrafo is do art. 100 da Constituição fala que os precatórios são devidos pèlas entidades de direito público. Se­gundo a jurisprudência do STF (RE 230.051/SP), são entidades de direito público todas as que PRESTAM SERVIÇOS PÚBLICOS. As exploradoras de atividade econômica sofrem a execução comum.

Aplicação em concurso:• (CESPE/PGE Pí/2008)

Q u a n to ao processo de execução contra a Fazenda Pública, marque correto ou errado:As execuções contra a Fazenda Pública, nelas incluídas as execuções contra as empresas públicas, autarquias e empresas de economia mista, processam- se mediante precatório.Resposta: Correta.

O Presidente do Tribunal recebe a requisição, faz a numeração da mes­ma e comunica à entidade pública para que faça o pagamento, em uma ordem cronológica que deve ser respeitada. O Poder público deve inserir

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o numerário suficiente para atender aos precatórios. Estabelece o pará­grafo is do artigo 100 da Constituição que os pedidos devem ser inclusos na ordem de pagamento até o dia l 5 de julho do ano corrente. Os outros pedidos, do dia 2 de julho em diante, serão inclusos em nova ordem, para posterior pagamento.

As obrigações que geram a expedição do precatório são obrigações de pagar. Obrigações de dar coisa certa (um carro x, uma casa y) não são passíveis de quitação via precatório.

-> Aplicação em concurso:

• (CESPE/PGE ES/2008)

Em execuções movidas contra a Fazenda Pública, ainda que não-embargadas, são devidos honorários advocatícios ao exequente saivo quando se tratar de obrigação de dar coisa certa, por não se submeter ao regime do precatório.Resposta: Errado. A questão está errada porque os honorários advocatícios são obrigações de pagar e não obrigações de dar coisa certa.

10.2. Aspecto Normativo

O processamento dos débitos judiciais sofreu alteração importante a partir do exercício financeiro de 2001/resultante da edição da Emenda Constitucional ne 30/2000, que alterou o art. 100 da Constituição Federai e acrescentou o art. 78 ao ADCT. A Emenda Constitucional n5 30 tam­bém trouxe novidades no que diz respeito à atualização do débito até a data de efetivo pagamento, conforme o parágrafo primeiro do art. 100 da Constituição Federal, e diferenciou os débitos judiciais em duas espécies: PRECATÓRIOS - PRC e REQUISIÇÕES DE PEQUENO VALOR - RPV, permitin­do que lei específica estabelecesse sua definição, conforme redação do parágrafo terceiro do art. 100:

"Art. 100, caput: À exceção dos créditos de natureza alimentícia, os pa­gamentos devidos pela Fazenda Federal, Estadual ou Municipal, em vir­tude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronoló­gica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentá­rias e nos créditos adicionais abertos para este fim.

§ 1-. É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito público, de verba necessária ao pagamento de seus débitos oriundos de sentenças transitadas em julgado, constantes de precatórios judiciários, apresentados até 1 de julho, fazendo-se o pagamento até o final do

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exercício seguinte, quando terão seus valores atualizados monetaria- mente.

§ 12-A - Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles decorrentes de salários, vencimentos, proventos, pensões e suas com­plementa ções, benefícios previdenciários e indenizações por morte ou invalidez, fundadas na responsabilidade civil, em virtude de sentença transitada em julgado.

§ 25. As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão consignados diretamente ao Poder judiciário, cabendo ao Presidente do Tribunal que proferir a decisão exequenda determinar o pagamento segundo as pos~ sibilidades-do depósito, e autorizar, a requerimento do credor, e exclu­sivamente para o caso de preterimento de seu direito de precedência, o seqüestro da quantia necessária à satisfação do débito.

§ 32. O disposto no caput deste artigo, relativamente à expedição de precatórios, não se aplica aos pagamentos de obrigações definidas em iei como de pequeno vaior que a Fazenda Federal, Estadual, Distrital ou Municipal deva fazer em virtude de sentença judiciai transitada em jul­gado/'

-> Para você fixar melhor as mudanças, veja os quadros comparativos:

Parágrafo 1? Antes da . Parágrafo l s eom á Redação dada péla Emenda Ço^stitucionaí n. 30 ;

r „„ ,4 ! . ^ „ § 18. É obrigatória a inclusão, no orça­mento das entidades de direito público, de verba necessária ao pagamento de seus débitos oriundos de sentenças tran­sitadas em julgado, constantes de preca­tórios judiciários, apresentados até 1- de julho, fazendo-se 0 pagamento até 0 final do exercício seguinte, quando terão seus valores atualizados monetariamente.

ír"±- “”L ODngatõrta-a-tncí usa0, no ■orça-'

torios jud-fctáfios, apresentados-até-í5

setfS-vai0res;-fa2entkr=--se-'0"pagaiT}etít0até-Q-final-do exerc í c Ío~segtí í nte:

Parágrafo 3e antes da Emenda Consti­tucional n. 30

Parágrafo 32 com a Redação dada pela Emenda Constitucional n. 30

3g 0 disposto no caput deste artigo, relati­vamente à expedição de precatórios, não se aplica aos pagamentos de obrigações definidas em lei como de pequeno valor que a Fazenda Federal, Estadual, Distrital ou Municipal deva fazer em virtude de sentença judicial transitada em julgado.

3'...disposto' no caput.......deste.artigo;re fativamen te" a "expediçã 0 de preeató“

ebrtgaçoes-definháas-em-ler c&me-tlepequeno-- vaio r ■ q ue-a-Fazend a- Federal, Estadual ou Municipai deva-fazer em

em julgado;

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Outra alteração Introduzida pela EC 30 diz respeito ao parcelamento do pagamento dos precatórios, em parceias anuais, no prazo máximo de dez anos, nos termos do caput do art, 78 ADCT, repetindo providência já adotada pelo constituinte originário no art. 33 do ADCT:

"Art. 78, caput: Ressalvados os créditos definidos em iei como de peque­no valor, os de natureza alimentícia, os de que trata o art. 33 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias e suas complementações e os que já tiverem os seus respectivos recursos iiberados ou deposita­dos em Juízo, os precatórios pendentes na data de promulgação desta emenda e os que decorram de ações iniciais ajuizadas até 31 de dezem­bro de 1999 serão liquidados pelo seu valor real, em moeda corrente, acrescido de juros legais, em prestações anuais, iguais e sucessivas, no prazo máximo de dez anos, permitida a cessão dos créditos."

A última alteração do texto constitucional afeto à matéria de débitos ju­diciais foi introduzida pela EC ne 37 de 2002, que acrescentou o § 4 do art. 100 da Constituição Federal, bem como os arts. 86 e 87 do ADCT, conforme os textos transcritos a seguir:

"Art. 100, § 42. São vedados a expedição de precatório complementar ou suplementar de valor pago, bem como fracionamento, repartição ou quebra do valor da execução, a fim de que seu pagamento não se faça, em parte, na forma estabelecida no § 3S deste artigo e, em parte, me­diante expedição de precatório"

"ADCT-Art. 86. Serão pagos conforme disposto no art. 100 da Constitui­ção Federal, não se lhes aplicando a regra de parcelamento estabelecida no caput do art. 78 deste Ato das Disposições Constitucionais Transi­tórias, os débitos da Fazenda Federai, Estadual, Distrital ou Municipal oriundos de sentenças transitadas em julgado, que preencham, cumula­tivamente, as seguintes condições:

1 - ter sido objeto de emissão de precatórios judiciários;

I! - terem sido definidos como de pequeno valor pela lei de que tratao § 32 do art. 100 da Constituição Federal ou pelo art. 87 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias;

III ~ estar, total ou parcialmente, pendentes de pagamento na data da publicação desta Emenda Constitucional.

§ is . Os débitos a que se refere o caput deste artigo, ou os respectivos saldos, serão pagos na ordem cronológica de apresentação dos respecti­vos precatórios, com precedência sobre os de maior valor.

§ 22. Os débitos a que se refere o caput deste artigo, se ainda não tive­rem sido objeto de pagamento parcial, nos termos do art. 78 deste Ato

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das Disposições Constitucionais Transitórias, poderão ser pagos em duas parcelas anuais, se assim dispuser a lei.

§ 32 Observada a ordem cronológica de sua apresentação, os débitos de natureza alimentícia previstos neste artigo terão precedência para pagamento sobre todos os demais."

"Art. 87. Para efeito do que dispõem o § 32 do art. 100 da Constituição Federal e o art. 78 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias serão considerados de pequeno valor, até que se dê a publicação oficia! das respectivas leis definidoras pelos entes da Federação, observado o disposto no § 45 do art. 100 da Constituição Federai, os débitos ou obri­gações consignados em precatório judiciário, que tenham valor igua! ou inferior a:

I - quarenta salários mínimos, perante a Fazenda dos Estados e do Dis­trito Federal;

II - trinta salários mínimos, perante a Fazenda dos Municípios.

Parágrafo único. Se o vaior da execução ultrapassar o estabelecido nes­te artigo, o pagamento far-se-á, sempre, por meio de precatório, sendo facultada à parte exequente a renúncia ao crédito do valor excedente, para que possa optar pelo pagamento do saldo sem o precatório, da forma prevista no § 39 do art. 100."

10.2.X. Lei 10.259/2001 (Juizados Especiais Federais) - CRÉDITOS DE PE­QUENO VALOR

A Constituição, com redação dada pela Emenda Constitucional ne 30, de 13 de setembro de 2000, determina que os débitos de pequeno valor de­vam gozar de certas prerrogativas, mas não diz o montante respectivo.

Vigente desde janeiro de 2002, a Lei 10.259/2001, além de instituir os Juizados Especiais Federais, define o novo limite dos débitos considerados de pequeno valor, para dívidas da Fazenda Pública Federal, fixando-o em até 60 (sessenta) salários mínimos por beneficiário:

"Art. 32, caput: Compete ao Juizado Especial Federal Cível processar, conciliar e juigar causas de competência da Justiça Federal até o valor de sessenta saiários mínimos, bem como executar as suas sentenças."

"Art. 17, § 12. Para os efeitos do § 32 do art. 100 da Constituição Fede­ral, as obrigações ali definidas como de pequeno valor, a serem pagas independentemente de precatório, terão como limite o mesmo valor estabelecido nesta lei para a competência do Juizado Especial Federal Cível (art. 32, caput)."

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L ea n d r o E u st á q u ío e I g o r d e M a to s M o n teir o

Se a condenação recair sobre a Fazenda Pública Estadual ou Distrital, o va­lor atualizado ngo deve ser superior ao limite de 40 (quarenta) salários míni­mos por beneficiário (salvo estipulação da legislação estadual ou distrital); se for a Fazenda Pública Municipal, o valor atualizado não deve ser superior ao limite de 30 (trinta) salários mínimos por beneficiário (saivo estipulação da legislação municipal), conforme disposição do art. 87 do ADCT.

A execução de quantia enquadrada como de pequeno valor dispensa a expedição de precatório, não sendo ilegal a determinação de seqüestro da importância devida pelo ente público na hipótese. Para fixação, veja os quadros-resumo:

Processamento definido em lei (Lei ne 10.259/2001).Recursos orçamentários estimados para o próprio exercício.Valor atualizado do requisitório - a 60 (sessenta) salários mínímos (Fazenda Pú­blica Federai).Valor atualizado do requisitório - a 40 (quarenta) salários mínimos (Fazenda Públi­ca Estadual ou Distrital).Vaíor atualizado do requisitório - a 30 (trinta) salários mínimos {Fazenda Pública Municipal)

Quando a dívida for da Fazenda Pública Federal, não se esqueça:

PRECATÓRIO REQUISIÇÃO pEPEQUENOVÂLOR

Vaior Total da Execução (atualizado até a data do recebimento do requisitório no Tribunal) > 60 s.m., individualizado por beneficiário.

Vaior Total da Execução (atualizado até a data do recebimento do requisitório no Tribunal) _ 60 s.m., individualizado por beneficiário. RPV

Aplicação em concurso:

® (CESPE/PGE ES/2008)

A execução, contra a Fazenda Pública, de quantia enquadrada como de pe­queno valor dispensa a expedição de precatório, não sendo ilegal a deter­minação de seqüestro da importância devida peto ente público na hipótese. Resposta: Correta.

10.2.2. Pagamento de Honorários Advocatícios por Precatório e RPV:

Para saber se o crédito é de pequeno valor ou não, no caso de honorários sucumbenciais, a respectiva parcela deverá ser considerada como integra­da ao valor devido ao credor da obrigação principal. Se o credor renunciar

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D ireito F in a n ceiro

expressamente ao excedente de 60 salários mínimos, o valor dos honorá­rios também deverá ser somado ao principal para efeito de classificação do requisitório como de pequeno valor.

Se o advogado tiver requerido o destaque do que lhe cabe por força de contrato de honorários, este deverá ser juntado antes da expedição da requisição, cabendo ao juiz determinar qual a parcela comprometida con­tratualmente. Tanto no caso da requisição de pagamento de precatório quanto de RPV, os honorários contratuais são considerados como inte­grantes do valor principal.

Considerando que o valor dos honorários é somado ao valor principal para fins de classificação do requisitório (precatório ou RPV) e que não há nor­ma expressa para os casos de renúncia ao limite de 60 salários mínimos, devemos.observar o que se segue:

- A parte autora e o advogado renunciaram - a redução do crédito que cabe a cada um será proporcional, a fim de limitar o total do débito a 60 salários mínimos.

- Apenas um deles renunciou (advogado ou a parte autora) - caberá ao iuiz da execução decidir.

10.3. Crédito Alimentar

Há dois tipos de pagamento de débito da Fazenda Pública: um é o crédito alimentar e o outro tipo, os créditos de outra natureza.

A definição de crédito alimentar está prevista no parágrafo 19-A ao artigo 100 da Constituição, com redação dada pela Emenda Constitucional n. 30:

§ 19-A Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles de­correntes de salários, vencimentos, proventos, pensões e suas com- plementações, benefícios previdenciários e indenizações por morte ou invalidez, fundadas na responsabilidade civil, em virtude de sentença transitada em julgado.

^ PRESTE ÀTÈNÇÃ^

-> São duas filas de precatório: uma de créditos alimentares e outra de créditos não alimentares. A Súmula 655 do STF ratifica essa separação: "A

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*

L e a n d r o E u s t á q u s o e I g o r d e M a t o s M o n t e i r o

exceção prevista no art. 100, caput, da CF, em favor dos créditos de na­tureza alimentícia, não dispensa a expedição de precatório, limitando-se a isentá-los da observância da ordem cronológica dos precatórios decor­rentes de condenação de outra natureza".

Primeiro passo Expedição de precatório.

Segundo passo Preferência do pagamento dos créditos alímentares.

Terceiro passo Pagamento dos créditos não aiimentares.

Aplicação em concurso:

• (CESPE/TRF5g Região-Mogistrotura/2009}No que se refere ao Poder Judiciário, assinale a opção correta.

a) Suponha que um juiz federal substituto ocupe cargo de professor em uma universidade pública, na qua! lecione a disciplina de Direito Penal, duas vezes por semana, no turno noturno, e que esse mesmo magistrado tenha sido convidado a ministrar aulas em um cursínho preparatório para a magistra­tura, uma vez por semana, também no turno noturno. Nessa situação hi­potética, há violação à CF, visto que, conforme o entendimento do STF, juiz somente pode ocupar um único cargo de professor.

b) Compete ao Presidente do TRF da 5.§ Região encaminhar ao Congresso Na­cional proposta orçamentária do Tribunal que preside.

c) Os débitos de natureza alimentícia, para fins de pagamento por precatório, compreendem os decorrentes de salários, vencimentos, proventos, pensões e suas complementações, benefícios previdenciários e indenizações, por morte ou invalidez, fundadas na responsabilidade civil, em virtude de sen­tença transitada em julgado.

d) Suponha que um juiz do Trabalho tenha determinado a prisão em flagrante de uma testemunha, pelo crime de falso testemunho, nos autos de uma re­clamação trabalhista. Nessa situação hipotética, compete à Justiça do Traba­lho, e não à justiça federal, julgar o referido crime.

e) É prerrogativa do jutz ser preso apenas por ordem escrita do tribunal ou do ór­gão especial competente para o julgamento de crime que ele tenha cometido. Resposta: C

10.4. Atualização Monetária

Com a redação dada pela Emenda Constitucional n. 30 a atualização mone­tária ocorrerá no ato do pagamento do precatório. Dispõe o texto atualiza­do que os precatórios apresentados até o l e de julho serão pagos: "até o final do exercício seguinte, quando terão seus valores atualizados moneta- riamente."

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D ir eito F in a n ceiro

10.5. Seqüestro de Verbas Públicas

Se o crédito for preterido no pagamento da ordem cronológica dos pre­catórios, o credor deverá soiicítar ao Presidente do Tribunal para que de­termine "o seqüestro da quantia necessária à satisfação do débito". Essa é a redação da parte fina! do parágrafo 2 do art. 100 da Constituição.

11. DÍVIDA PÚBIICA

-> A maioria dos editais exige: conceito, disciplina constitucional e legai; classificação e extinção da dívida pública. Portanto, fique atento!

11.1. Conceito

Dívida pública é a dívida contraída pelo governo perante terceiros para fi­nanciar parte de seus gastos que não são cobertos com a arrecadação de impostos; ou alcançar alguns objetivos de gestão econômica, tais como controlar o nível de atividade, o crédito e o consumo ou, ainda, para cap­tar dólares no exterior.

CREDORES: Os principais credores do setor público são, normalmente, bancos públicos e privados que operam no país, investidores privados, instituições financeiras internacionais e governos de outros países.

O Poder público tem três formas de financiar seus gastos: emitir moeda, arrecadar tributos ou vender títulos (papéis) da dívida pública com pro­messa de resgate futuro acrescido de juros. Muitos utilizam do expedien­te de atrasar o pagamento de dívidas com fornecedores e de negociar seu pagamento com deságio (desconto sobre o valor da dívida).

11.2. Disciplina Constitucional

Na Constituição, fique atento aos artigos 52, incisos V, VII e Vlll, 163,164, parágrafos 12 e 2 .

O artigo 52 elenca uma série de atribuições para o Senado Federal:

(...)

V-autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;

VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais parao montante da dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Fe­deral e dos Municípios;

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L ea n d r o E u st á q u io e Ig o r d e M a t o s M o n teir o

VII - dispor sobre iimites globais e condições para as operações de cré­dito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito Federa! e dos Municípios) de suas autarquias e demais entidades controladas peio Po­der Púbíico federal;Vlli - dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em operações de crédito externo e interno;

Aplicação em concurso:

® (FCC/PGM/Recife/Procurador/2008)

Em relação à dívida pública, NÃO é competência do Senado Federal:a) julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República.b) autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União,

dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios.c) fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o mon­

tante da dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federa! e dos Municípios.

d} dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em operações de crédito externo e interno.

e) estabelecer iimites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos MunicípiosResposta: A

O artigo 163 exige que LEI COMPLEMENTAR DISPORÁ SOBRE dívida públi­ca externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e demais enti­dades controladas pelo Poder Público.

Os parágrafos l e e 2° do art. 164 e o caput desse artigo trazem obrigações e proibições para o Banco Central: O caput diz que é atribuição exclusiva dessa autarquia a emissão de moeda. O primeiro veda ao Banco Central conceder, direta ou indiretamente, empréstimos ao Tesouro Nacional e a qualquer órgão ou entidade que não seja instituição financeira. Por sua vez, o parágrafo 29 determina que o Banco Central poderá comprar e ven­der títulos de emissão do Tesouro Nacional, com o objetivo de regular a oferta de moeda ou a taxa de juros.-> Aplicação em concurso:

® (FCC/TCE/RR/M PC/2008)

Atualmente, a legislação brasileira permite ao Banco Central do Brasila) emitir títulos da dívida pública.b) comprar diretamente títulos emitidos pela União para refinanciar a dívida

mobiliária federa! que estiver vencendo na sua carteira.

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D ireito F in a n ceiro

c) comprar títuío da dívida pública, na data de sua colocação no mercado.d) conceder garantia.e) conceder, direta ou indiretamente, empréstimos ao Tesouro Nacionai.

Resposta: B

Artigo Atribuiçãodè/dõ Dispõe sobre • >

Art. 52 Senado Federal

Cabe ao Senado Federai:~ autorizar operações externas de natureza fi­

nanceira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Mu­nicípios;

- fixar, por proposta do Presidente da Repúbli­ca, limites globais para o montante da dívida consolidada da União, dos Estados, do Distri­to Federa! e dos Municípios;

- dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais en­tidades controladas pelo Poder Público fede­ral;

- dispor sobre limites e condições para a con­cessão de garantia da União em operações de crédito externo e interno;

Art. 163 Lei Complementar

Lei complementar disporá sobre: dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e demais entidades con­troladas pelo Poder Público;

Art. 164, § 19 e § 2S Banco Central

Art. 164. A competência da União para emitir moeda será exercida exclusivamente pelo Banco Central.§ i s - É vedado ao Banco Central conceder, di­reta ou indiretamente, empréstimos ao Tesouro Nacionai e a qualquer órgão ou entidade què não seja instituição financeira.§ 22 - 0 Banco Central poderá comprar e vender títulos de emissão do Tesouro Nacional, com o objetivo de regular a oferta de moeda ou a taxa de juros.

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L ea n d r o E u st á q u ío e Ig o r d e M a to s M o nteiro

Aplicação em concurso:

* (FCC/TCE/AL/MPC/2008)

A respeito da dívida púbiica, a Constituição federal dispõe:I. Compete privativamente ao Congresso Nacional dispor sobre limites e condi­

ções para o montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

II. É da competência exclusiva do Congresso Nacional julgar anualmente as con­tas prestadas pelo Presidente da República.

III. Compete privativamente ao Congresso Nacional autorizar operações exter­nas de natureza financeira, de interesse dos entes da federação.Está correto o que se afirma SOMENTE em

a) I.b) li.

c) líl.

d) 1 e 11.e) II e III.

Resposta: B

11.3. Classificação da Dívida Pública - Dívida Flutuante e Dívida Pública Fundada (Consolidada)

^ Preste bastante atenção nessa classificação da dívida púbiica.

^ Dica inicial: menos de 12 meses, dívida flutuante, mais de 12 meses, dívida consolidada.

11.3.1. Dívida Flutuante

-> Pagamento em prazo inferior a 12 meses.

a) Conceito: é aquela que o Poder Público contrai por um breve ou inde­terminado período de tempo, para atender a eventuais insuficiências de caixa, ou como administrador dos bens e valores de terceiros. O decreto 93.872/86 em seu Art. 115, § l 9, descreve ainda que a dívida flutuante compreenderá os compromissos exigíveis, cujo pagamento independerá de autorização orçamentária.

A dívida flutuante tem como característica principal os débitos de curto prazo, por corresponderem a compromissos assumidos por prazo inferior a 12 meses.

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D ireito F inan ceiro

b) Base legal da dívida púbiica flutuante

Art.115, §. .1° do Decreto n° 93.872, de 23 de dezembro de 1986.

c) Composição da dívida pública flutuante

A dívida flutuante conforme determina o art. 92 da Lei 4.320/64 será com­posta:

1. RESTOS A PAGAR -

2. SÇRVIÇOS DA p(y j PADívida flutuante correspondente aos serviços da dívida fundada (juros, prêmios e títulos a resgatar) legalmente empenhada em obediência ao regime de competência, porém não paga em seu vencimento.

â. d e p ó s it o s , ^ ÇÇNSííSNAÇÕES EiVl FOLHA

Representam os compromissos financeiros, relativos a consignações em folha, cauções, fianças, pensões alimentares e diversos depósitos de terceiros. Cons­tituem elementos financeiros somente quando rea­lizados em dinheiro.

4: P É è lT Ò S ^Representam as dívidas provenientes de operações de créditos por Antecipação da Receita Orçamentá­ria (ARO).

11.3.2. Dívida Consolidada (Fundada)

*-> Pagamento em prazo superior a 12 meses. Lembre-se de fundada assim. Fundada diz respeito a um tempo maior que a Flutuante, tempo maior que 12 meses.

a) Conceito: dívida pública consolidada ou fundada: montante total, apu­rado sem duplicidade, das obrigações financeiras do ente da Federa­ção, assumidas em virtude de leis, contratos, convênios ou tratados e da realização de operações de crédito, para amortização em prazo superior a doze meses

b) Base legai

- Art. 98 da Lei 4.320

- Art. 29, LRF

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Preste atenção!! O artigo 29 da Lei de Responsabilidade Fiscal trouxe conceitos e algumas novidades, aumentando o conceito de dívida con­solidada, em especial, quando diz que também integram a dívida pública consolidada as operações de crédito de prazo inferior a doze meses cujas receitas tenham constado do orçamento:

LRF. Art. 29. Para os efeitos desta Lei Complementar, são adotadas as seguintes definições:

i - dívida pública consolidada ou fundada: montante total, apurado sem duplicidade, das obrigações financeiras do ente da Federação, assumi­das em virtude de leis, contratos, convênios ou tratados e da realização de operações de crédito, para amortização em prazo superior a doze meses;

(- )§ 2o Será incluída na dívida pública consolidada da União a relativa à emissão de títulos de responsabilidade do Banco Centrai do Brasil.

§ 3o Também integram a dívida pública consolidada as operações de cré­dito de prazo inferior a doze meses cujas receitas tenham constado do orçamento.

§ 4o 0 refinanciamento do principal da dívida mobiliária não excederá, ao término de cada exercício financeiro, o montante do final do exercício anterior, somado ao das operações de crédito autorizadas no orçamen­to para este efeito e efetivamente realizadas, acrescido de atualização monetária.

c) Composição da dívida consolidada

A dívida flutuante conforme determina o art. 98, da Lei 4.320/64 será composta: k 7

Art. 98. A dívida fundada compreende os compromissos de exigibilida­de superior a doze meses, contraídos para atender a desequilíbrio orça­mentário ou a financeiro de obras e serviços públicos.

Parágrafo único. A dívida fundada será escriturada com sndivsduaçao e es­pecificações que permitam verificar, a qualquer momento, a posição dos empréstimos, bem como os respectivos serviços de amortização e juros.

LRF. Art. 29 (...)

§ 2o Será incluída na dívida pública consolidada da União a relativa à emissão de títulos de responsabilidade do Banco Central do Brasil.

§ 3o Também integram a dívida pública consolidada as operações de cré­dito de prazo inferior a doze meses cujas receitas tenham constado do orçamento.

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D ireito F in a n c e ir o

Para fixar essa classificação, preste bastante atenção no quadro com­parativo:

;D ÍVÍbATLüfÜ ÂN TE V

Base Jega! .

Art. 92, Lei 4.320/64 Art. 115, Dec. 93.872/86

* Art. 98, Lei 4.320/64* Art. 29, LRF

Objetivo;Atender a eventuais insuficiências de caixa.Administrar bens e valores de terceiros.

Atender o desequilíbrio orça­mentário e financiamento de obras e serviços públicos.

Aplicação em concurso:

• (PGE-PA/PROCURADOR/2009)

Analise as proposições abaixo e assinale a alternativa correta:a) A dívida flutuante compreende os restos a pagar, excluídos os serviços da

dívida; os serviços da dívida a pagar (parcelas de amortização e de juros da dívida fundada); os depósitos (consignações ou cauções e garantias recebi­das em função de execução de obra pública); os débitos de tesouraria (ARO- operações de crédito por antecipação de receita).

b) A dívida flutuante compreende os compromissos de exigibilidade superior a 12 (doze) meses, contraídos para atendera desequilíbrio orçamentário ou a financiamento de obras e serviços públicos. Será escriturada com individua- ção e especificações que permitam verificar, a qualquer tempo, a posição dos empréstimos, bem como os respectivos serviços de amortização e juros.

c) A dívida flutuante compreende os compromissos financeiros assumidos em razão de mútuo, abertura de crédito, emissão e aceite de título, aquisição financiada de bens e de derivativos financeiros.

d) A dívida flutuante é dívida fundada, excluídas as parcelas de amortização. Resposta: A

• (FCC/TCE/RR/MPC/2008)

A dívida pública consolidada ou fundada é o montante total, apurado sem duplicidade, das obrigações financeiras do ente da Federação, assumidas em virtude de leis, contratos, convênios ou tratados e da realização de operações de crédito, para amortização em prazo superior a doze meses. Integram tam­bém a dívida pública consolidada ou fundada:

I. A dívida relativa à emissão de títulos de responsabilidade do Banco Central do Brasil.

II. As operações de crédito de prazo inferior a doze meses cujas receitas não tenham constado do orçamento.

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ili. Os precatórios judiciais não pagos durante a execução do orçamento em que houverem sido incluídos, para fins de aplicação dos limites da dívida consolidada.Está correto o que se afirma SOMENTE em

a) I.b) II.c) III.d) I e II.e) I e III.

Resposta: E

• (FCC/TRT 233 REGIÃO/ Técnico Judiciário - Área Administrativa/2007)No que diz respeito aos limites da dívida pública, é correto afirmar que

a) as propostas que estabelecem limites para o montante da dívida pública mo­biliária federal dispensam a metodoiogia de apuração dos resultados primá­rio e nominal.

b) a alteração dos fundamentos das propostas dos limites globais para o mon­tante da dívida consolidada, em razão de instabilidade econômica, impede a solicitação de revisão dos limites.

c) os precatórios judiciais não pagos durante a execução do orçamento em que houverem sido incluídos integram a dívida consolidada, para fins de aplica­ção dos limites.

d) para os fins de verificação do atendimento do limite constante das propostas encaminhadas ao Poder Legislativo, a apuração do montante da dívida con­solidada será efetivada ao final de cada ano.

e) na proposta de limite global para o montante da dívida consolidada do Poder Público, é possível a aplicação de limites diferenciados a todos os entes da Federação, constituindo, para cada um deles, limites mínimos.Resposta: C

• (FCC/TCE-SP/Auditor do Tribunal de Contas / '2008}Tendo em vista a legislação, que se refere à dívida fundada ou consolidada, é incorreto afirmar:

a) A dívida fundada compreende os compromissos de exigibilidade superior a12 meses, contraídos para atender a desequilíbrio orçamentário ou financei­ro de obras e serviços públicos.

b) Será incluída na dívida pública consolidada da União a dívida relativa a títulos da dívida pública emitidos pelo Banco Central do Brasil.

c) Dívida fundada é o montante total, apurado sem duplicidade, das obrigações financeiras do ente da Federação, assumidas em virtude de leis, contratos, convênios ou tratados e da realização de operações de crédito, para amorti­zação em prazo superior a 12 meses.

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D ireito F inan ceiro

d) Também integram a dívida pública consolidada as operações de crédito de prazo inferior a 12 meses cujas receitas tenham constado do orçamento e, para fins de aplicação dos limites, os precatórios judiciais não pagos durante a execução do orçamento em que houverem sido incluídos.

e) A dívida fundada será escriturada com individuação e especificações que permitem verificar, a qualquer momento, a posição dos empréstimos, bem como os respectivos serviços de amortização e juros.Resposta: B

• (CESPE/TCE/PE/2004)O conceito lega! de dívida pública consolidada corresponde ao montante to­tal, apurado sem duplicidade, das obrigações financeiras do respectivo ente da Federação, assumidas em virtude de leis, contratos, convênios ou tratados e da realização de operações de crédito, para amortização em prazo superior a doze meses.Resposta Correta.

* {MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL/PROCURADOR DA REPÚBUCA/2002)A dívida pública contraída a longo prazo ou até sem prazo conceitua-se como:

a) empréstimo compulsório; b} dívida flutuante;c) dívida fundada;d) operação de crédito por antecipação

Resposta: C

° (CESPE/TRF 52 Região - Magistratura/2008)Supondo-se que um órgão público apresente, em seu patrimônio, em 31/12/2008, valores de créditos a receber e a pagar, assinale a opção correta.

a) Se uma parcela de dívida passiva tiver vencimento após 31/12/2009, tal par­cela deve ser classificada como dívida fundada.

b) Os depósitos recebidos pelo órgão são considerados dívida ativa não tributária.c} Os serviços da dívida a pagar são classificados como dívida fundada.d} Os créditos do órgão referentes a multas tributárias constituem dívida ativa

não tributária.e) A inscrição em dívida ativa exige que o crédito do órgão seja certo, porém

não obrigatoriamente líquido.Resposta: letra A

11.4. Extinção da Dívida Pública

A mais simples e esperada é o pagamento, chamado de amortização da dívida.

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Outra modalidade de extinção da dívida é alterar o conteúdo da dívida, o que é chamado de conversão da dívida.

12. CRÉDITO PÚBLICO

-> Os Editais de concurso exigem que você saiba o conceito e também tenha noção dos empréstimos públicos, principalmente de suas classificações.12.1 Conceito: é uma das maneiras que o Poder Público tem de obter recursos. São ingressos de dinheiro nos cofres estatais, para atender as suas finalidades.Lembre-se que crédito público não é Receita. Receita é aquilo que ingres­sa de forma definitiva. O crédito deve ser devolvido posteriormente, em geral, acrescido de juros e demais encargos.12.1.1 NomenclaturaOs créditos públicos podem ser classificados em operações Crédito Por antecipação de Receita (AROs - Antecipação de Receitas Orçamentárias). Nos termos do art. 22 da LRF, a ARO é o compromisso financeiro assumido em razão de mútuo, abertura de crédito, emissão e aceite de título, aquisi­ção financiada de bens, recebimento antecipado de valores provenientes da venda a termo de bens e serviços, arrendamento mercantil e outras operações assemelhadas, inclusive com o uso de derivativos financeiros. A assunção, o reconhecimento ou a confissão de dívidas pelo ente da Fe­deração equiparam-se a operação de crédito.

Aplicação em concurso

o (FCC/TRE-PB/Técnico Judiciário - Especialidade - Contabilidade /2007)

Os juros pagos sobre operações de crédito por antecipação da receita orça­mentária (ARO) se classificam

a) de forma orçamentária.b) como gasto do sistema compensado.c) de forma extraorçamentária.d) como fato independente da execução orçamentária.e) como variação patrimonial ativa.

Resposta: letra A

12.2. Disciplina ConstitucionalNos termos do art. 52, VII, da Constituição, cabe ao Senado Federal dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu­

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D ireito F in a n ceiro

nicípios, de suas autarquias e demais entidades controladas pelo Poder Público Federai.12.3. Empréstimos Públicos-> A noção de crédito público é mais ampla do que a de empréstimo pú­blico. O crédito público envolve operações em que o Poder Público toma dinheiro emprestado e também aquelas em que oferece pecúnia. Já o em­préstimo público é o ato em que o Poder Público se beneficia de uma trans­ferência de liquidez com a obrigação de restituí-lo no futuro. Os emprésti­mos públicos podem decorrer de credores internos ou internacionais.

Aplicação em Concursoo (FCC/TRT-23R/Área Administrativa/2007)

Em matéria de crédito público é correto afirmar:a) O Estado utiliza o empréstimo sempre com o objetivo de atender certas

atividades, sem necessidade de assumir a dívida pública, b} A captação de empréstimo, decorrente do uso do crédito público, só será

possível ao Estado quando o investidor for nacional, c} Sua natureza é contratual quando o Estado, utilizando- se de sua sobera­

nia, arrecada empréstimo unilateralmente.d) A captação de empréstimo pelo Estado é um ato excepcionai e independe

da confiança do investidor.e) Na captação de empréstimo, o Estado pode procurar tanto o investidor na­

cional como o estrangeiro.Resposta: E

12.3.1. Classificação dos Empréstimos PúblicosPara sermos objetivos, fizemos esse quadro explicativo:

CLASSIFICAÇÃO CONTEÚDO

Quanto à origeminternos ~ contraídos dentro do próprio território nacional. Externos - contraídos junto a instituições internacionais.

Quanto à competência Federa), estadual ou municipal.

Quanto à forma VoluntáriosObrigatórios

Quanto ao prazoA curto prazo A longo prazo

Quanto à classificação constitucional

Operação de crédito por antecipação de receita.

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L ea n d r o È u st á q u io e Ig o r d e M a to s M o nteiro

12.4. Fases

Assim com a receita e a despesa, a concessão de empréstimos púbiicos também tem as suas fases. São elas:

a) Emissão.

b) Condições oferecidas.

c) Extinção do empréstimo.

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•' V. í 'S:V v v ' ;-

Estados, dos. Municípios, e do Distrito■: (Alteradas pela Lei n° 4.489/1964, Dec.;. e Dec. Lei n°-. 1.939/1982 já inseridos no te:

■.. í ;í-y Art. 1" Esta lei estatui norcnas gerais, de direito financeiro p m ^. ração.e controle dos orçamentos e balanços dá União, jdq$|i£tí^^ / :.

1. Fique atento! A Lei 4.320 foi publicada quando estava vigente a Consti­tuição de 1946. Portanto, todos os artigos de Constituição que a lei cita são da Constituição da República de 1946. Só para lembrar: já tivemos as seguintes Constituições: 1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967, 1969 (que para alguns é uma Emenda ao texto de 1967), e a atual de 1988.

1.1. A Constituição de 1967 manteve nas mãos da União a competência para legislar sobre Normas Gerais de Orçamento, despesa e gestão patri­monial e financeira de natureza pública, conforme redação do seu artigo 82, XVII, o que também foi mantido na Constituição de 1988, em seu artigo 24, parágrafo is .

2. Normas Gerais. O que são? Em princípio, quer dizer isso mesmo, aquilo que é genérico, que vale para todo o território nacional. A idéia é de que a norma editada ela União, norma federal, possibilite a existência de nor­mas homogêneas para todo o Brasil.

Em provas fechadas, outra não deve ser a resposta. Se é geral, é porque permite que outras normas, mais específicas, venham a suplementá-la.

3. Federalismo Brasileiro. Nosso Federalismo é considerado de 3 (três) ní­veis, pois são nossos Entes Federados: União, os Estados (o Distrito Fede­ral) e os Municípios.

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L ea n d r o E u st á q u io e Ig o r d e M a t o s M onteiro

3.1. Colocamos o Distrito Federal como se estado fosse, porque entende­mos que no nosso Federalismo eie muito mais se parece com os Estados- Membros do que com os Municípios, embora também detenha compe­tências municipais, como, por exemplo, para instituir o IPTU.

~~y 3.2. A atual Constituição diz que compete aos Entes Federados: União, Estados e Distrito Federal, legislar concorrentemente sobre Direito Finan­ceiro. É o que dispõe o seu artigo 24, i:

CR 88. Art. 24 - Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federai legis­lar concorrentemente sobre:

i - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;

3.2.1. No exercício dessa competência, caberá à União editar as normas gerais. Caso inexistam normas gerais, os Estados têm liberdade píena para legislar em seu território. A superveniência de norma federai SUSPENDE A EFICÁCIA da norma estadual então existente. Essas informações nós po­demos obter da leitura dos 4 parágrafos do artigo 24 da Constituição de 1988:

CF 88. Art. 24. (...)

§ l 9 - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-sè-á a estabelecer normas gerais.

§ 2~ - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.

§ 32 - Inexistíndo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.

. § 42 - A superveniência de lei federai sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.

3.2.2. CUIDADO! O examinador coloca a palavra REVOGA em vez de SUS­PENDE A EFICÁCIA. Por desatenção, muitos candidatos continuam errando essa diferença.3.3. E o porquê de SUSPENDER A EFICÁCIA ao invés de REVOGAR? Seria semântica? Não, não é apenas jogo de palavras, Uma norma só pode ser revogada por outra norma do mesmo ente federado, ou seja: norma da União revoga norma da União; norma do Estado revoga norma do Estado. Norma da União SUSPENDE, portanto, a eficácia da norma estadual. A nor­ma estadual SUSPENSA continua válida, mas apenas não produz efeitos enquanto estiver suspensa.

3.4. Atenção a questão a seguir está presente nas "provas" com freqüência.

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L ei n ° 4.320 d e 17 d e m a r ço d e 1964

O Município tem competência para legislar em assuntos de competência concorrente? A resposta é SIM. Apesar de não aparecer expressamente no caput do artigo 24, em interpretação teleológica ao artigo 3 0 ,1 e II, da Constituição de 1988, podemos perceber nitidamente a competência do Município para dispor sobre os assuntos versados em competência con­corrente, suplementando a legislação federal e estadual, no que couber:

CF 88. Art. 30 — Compete aos Municípios:

I - legislar sobre assuntos de interesse local;

II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;

3.5* Fi2emos esse quadro para facilitar a visualização:

: í iM Ü ^ iç ÍP Jp s y

para legislar concorrentemente

y; Constituição y de 1988)

Competente para editar as Normas Gerais.

Competente para suplementar as normas da União. Se não houver as normas gerais da União, o Estado le­gisla plenamente.

Competente para suplementar as nor­mas dos Estados. Se não houver normas gerais da União ou dos Estados, legisla plenamente.

4. Aplicação em concurso:

® (CGU — Analista de Finanças e Controle - ESAF — 2006)No que diz respeito aos conceitos de Orçamento Público e princípios orça­mentários, assinale a única opção falsa.

a) Os princípios orçamentários estão definidos na Lei n. 4.320/64 e na Lei de Diretrizes Orçamentárias.

b) No Brasil, a origem do orçamento está ligada ao surgimento do governo re­presentativo.

c) O orçamento-programa elaborado de forma correta constitui eficaz instru­mento de planejamento e programação, gerência e administração, controle e avaliação.

d) O orçamento-programa apresenta uma série de diferenças do orçamento tradicional, que enfoca o que se pretende gastar.

e} O orçamento tradicional ou clássico é o processo de elaboração do orçamen­to constituído de um único documento, no qual se previam as receitas e a autorização por tipo de gasto, sem qualquer definição do programa e dos objetivos de governo.Resposta: A. Os princípios orçamentários estão previstos na Lei 4.320/64 ou entõo são criados pela Doutrina, E NÃO NA LDO.

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L ea n d r o E u st á q u io e Ig o r d e M a t o s M o n teir o

.'7 V DE ORÇAMENTO': ":;;.

Art. 2o A Lei do Orçamento conterá a discriminação da receita e despesa de forma a evidenciar a política econômica financeira e o programa de trabalho do Governo, obedecidos os princípios de unidade, universalida- .

■ de e anualidade. ' ‘• § 1° Integrarão a Lei de Orçamento: : ^

. I - Sumário geral, da receita por fontes e dá despesa por:, funções do. governo; ■ ' í •

■ II - Quadro demonstrativo da Receita e Despesa segundo as Categorias.: .. Econômicas, ná forma do Anexo n°. 1; V \ y ;.: S;- -y_i 5 '

: ÍIL-Quadro discriminativo da receita por fontes e respectiva legislação;.: IV - Quadro das dotações por órgãos do governo e da Administração.

§ 2° Acompanharão a Lei de Orçamento: -í ~ Quadros demonstrativos da receita e. planos dé aplicação dos fundos especiais;H - Quadros demonstTativois da despesa, na forma dos Anexos n° 6 a 9;III - Quadro demonstrativo do programa anual de trabalho do govemo,

, em termos de realização de obras e de prestação de serviços. . ; :

► IMpORTÀNTÍSSiMO!! O item mais relevante neste artigo é a noção dos } princípios nele dispostos. ' 7 . •' /

1. Princípios orçamentários são premissas, linhas norteadoras a serem ob­servadas na elaboração e implementação da lei orçamentária. Visam es­truturar a consistência e a estabilidade do sistema orçamentário. Alguns deles encontram-se expressos na legislação, mas outros encontram-se implícitos, sendo referenciados apenas pela doutrina. Como se percebe, apenas três princípios ocorrem expressamente no art. 29 da lei.

2. PRINCÍPIO DA UNIDADE. Segundo este princípio, deve existir um só or­çamento para cada exercício financeiro, que corresponde ao ano civil, percorrido entre l 5 de janeiro e 31 de dezembro, conforme previsão da própria Lei 4.520:

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Art. 34. O exercício financeiro coincidirá com o ano civil.

2.1. A idéia é evitar os retalhos orçamentários, que tanto dificultam a exe­cução orçamentária.

2.2. O princípio da unidade não deve ser confundido com a existência de um documento legal único. Segundo leciona José Afonso da Silva: "o princípio da unidade orçamentária, na concepção do orçamento- programa, não se preocupa com a unidade documental; ao contrário, desdenhando-a, postula que tais documentos se subordinem a uma uni­dade de orientação política, numa hierarquização dos objetivos a serem atingidos e na uniformidade de estrutura do sistema integrado". Da mes­ma forma, o autor Ricardo Lobo Torres sintetiza: "O orçamento é uno. O princípio da unidade não significa a existência de um único documento, mas a integração finalística e a harmonização entre os diversos orçamen­tos" Dado a existência de diferentes pontos de concepção, surgir a cons­trução doutrinária em torno do princípio da totalidade, que visa possi­bilitar a coexistência de múltiplos orçamentos que, entretanto, devem sofrer consolidação. A totalidade preconiza a coexistência de múltiplos orçamentos que, entretanto, devem ser consolidados em uma estrutura com objetivos uniformes.

2.3. Pegadinha. O examinador muitas vezes tenta confundir o candidato. No artigo 165, parágrafo 5e, da Constituição, há a previsão da confecção, na Lei Orçamentária Anuaí, de 3 peças: Orçamento Fiscal, Orçamento da Seguridade Social e Orçamento dos Investimentos da União. Apesar dis­so, o princípio da unidade continua a existir. É um só o orçamento, a Lei Orçamentária Anual.

CF-88. Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:

1 - o plano plurianual;

1! ~as diretrizes orçamentárias;

Ül - os orçamentos anuais.

(. ..)

§ 5 — A lei orçamentária anual compreenderá:

I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, ór­gãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Púbíico;

il - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto;

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III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público.

— 3. PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE. Todas as despesas e todas as receitas devem constar no orçamento. A própria Lei 4.320/64 reafirma esse prin­cípio em seu artigo 6 :

Art. 62 todas as receitas e despesas constarão da Lei de Orçamento pe­los seus totais, vedadas quaisquer deduções.

Assim, o princípio da universalidade permite ao Órgão do Poder Legislati­vo o conhecimento, a priori, de todas as receitas e despesas do governo e, desta forma, dar prévia autorização para a respectiva arrecadação e re­alização.

3.1. Pegadinha. É bastante comum que o examinador do concurso tente estabelecer associações entre o princípio da universalidade e o da unida­de. Lembre-se: Para se adaptar a ambos os princípios, o orçamento uno deve conter todas as receitas e despesas do Ente público. Dessa forma, um orçamento uno que não contemplar todas as receitas e despesas es­tará de acordo apenas com a unidade. Se existir mais de um orçamento contendo todas as receitas e despesas, estará de acordo apenas com a universalidade.

■— ^ 4 . PRINCÍPIO DA ANUALIDADE. Prezado Leitor, pedimos atenção especial para este princípio. No Direito Tributário Brasileiro houve a aplicação deste princípio. Houve, não há mais. Somente poderia ser cobrado um tributo que fosse antes previsto na Lei Orçamentária. Este princípio foi suspenso pela Emenda Constitucional 07 de 22/05/1964 e revogado pela Emenda 18 de 1965. Hoje um tributo pode ser cobrado independente­mente de autorização prévia orçamentária.

4.1. Existem outros princípios orçamentários, embora os únicos expres­sos na Lei 4.320/64 sejam os que comentamos acima. Portanto, previna- se diante daquelas questões: "Os únicos princípios orçamentários são( . . r .

4.2. A Lei de Responsabilidade Fiscal tem um artigo específico sobre a Lei Orçamentária Anual:

LRF. Art. 59 O projeto de lei orçamentária anual, elaborado de forma compatível com o plano plurianual, com a lei de diretrizes orçamentárias e com as normas desta Lei Complementar:

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I - conterá, em anexo, demonstrativo da compatibilidade da programa­ção dos orçamentos com os objetivos e metas constantes do documento de que trata o § 1- do art. 42;

it - será acompanhado do documento a que se refere o § 62 do art. 165 da Constituição, bem como das medidas de compensação a renúncias de receita e ao aumento de despesas obrigatórias de caráter continu­ado;

ili ~ conterá reserva de contingência, cuja forma de utilização e montan­te, definido com base na receita corrente líquida, serão estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, destinada ao:

a) (VETADO)

b} atendimento de passivos contingentes e outros riscos e eventos fis­cais imprevistos.

§ ie Todas as despesas relativas à dívida pública, mobiliária ou contratu­al, e as receitas que as atenderão, constarão da lei orçamentária anual.

§ 2® O refinanciamento da dívida pública constará separadamente na lei orçamentária e nas de crédito adicional.

§ 39 A atualização monetária do principal da dívida mobiliária refinancia- da não poderá superar a variação do índice de preços previsto na lei de diretrizes orçamentárias, ou em legislação específica.

§ 49 É vedado consignar na lei orçamentária crédito com finalidade im­precisa ou com dotação ilimitada.

§ 52 A lei orçamentária não consignará dotação para investimento com duração superior a um exercício financeiro que não esteja previsto no piano plurianual ou em lei que autorize a sua inclusão, conforme dispos­to no § l 9 do art. 167 da Constituição.

§ 6S integrarão as despesas da União, e serão incluídas na lei orçamen­tária, as do Banco Central do Brasil relativas a pessoal e encargos sociais, custeio administrativo, inclusive os destinados a benefícios e assistência aos servidores, e a investimentos.

§ 72 (VETADO)

5. Veja que no parágrafo l 9 da LRF é repetido o princípio da Universalidade, determinando o legislador que todas as despesas devem constar na Lei Orçamentária Anual.

6. ESSE ARTIGO SE DESTACA PELA PRESENÇA CONSTANTE EM PROVAS DE CONCURSOS.

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7. Aplicação em concurso:

e TCE/MA —Analista de Controle Externo (FCC-2005)A Lei Orçamentária conterá discriminação

a) somente da receita de forma a evidenciar a política econômico-financeira e o programa de trabalho do Governo, obedecidos os princípios de clareza, competência e pluralidade.

b) somente da despesa de forma a evidenciar a política econômico-financeira e o programa de trabalho do governo, obedecidos os princípios de clareza, competência e unidade.

c) da receita e despesa de forma a evidenciar a política econômico-financeira e o programa de trabalho do governo, obedecidos os princípios de unidade, universalidade e anualidade.

d) somente da receita de forma a evidenciar a política econômico-financeira e o programa de trabalho do Governo, obedecidos os princípios de clareza, competência e anualidade.

e) somente da despesa de forma a evidenciar a política econômico-financeira e o programa de trabalho do governo, obedecidos os princípios de clareza, competência e universalidade.Resposta: C. O a rt 2° da Lei n? 4.320/64 resolve a questão. A Lei do Orça­mento conterá a discriminação da receita e despesa deform a a evidenciar a política econômica financeira e o programa de trabalho do Governo, obe­decidos os princípios de unidade, universalidade e anualidade.

» (Procurador da República. 24? Concurso — 2008)

A vista do princípio da anualidade orçamentária, é exato asseverar que, no Brasil:

a) o período relativo ao exercício financeiro nem sempre coincide com o ano civil

b) vigora o regime de competência (orçamento de exercício)c) prevalece o regime de caixa (orçamento de gestão)d) não são admissíveis atenuações a esse princípio, posto que ele representa,

no Estado Democrático de Direito, expressiva manifestação do postulado da segurança jurídica e do controle das contas públicas.Resposta: B

° (Procurador da República. 242 Concurso - 2008)

Segundo o sistema constitucional financeiro vigente, é certo afirmar que:a) o principio da unidade do orçamento não mais é adotado pela Carta Magna;b) a unicidade orçamentária veio a ser substituída pelos orçamentos piurianuais

e pelo de diretrizes orçamentárias;

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Leí N° 4.320 DE 17 DE MARÇO DE 1964

c) apesar de haver três orçamentos em nossa ordem jurídica, consoante o dis­posto no art. 165, da Lei Fundamental, a unidade de orçamento persiste, porquanto a unidade não é documentai, mas de programas a serem impie- mentados dentro de uma estrutura integrada do Sistema;

d) ao contrário de textos constitucionais anteriores, a Constituição de 1988 não contempla o chamado principio da exclusividade em matéria orçamen­tária.Resposta: C. LEMBRE-SE do PRINCÍPIO DA UNIDADE. É UM SÓ ORÇAMENTO, ainda que existam 3 peças orçamentárias: (Orçamento Fiscal, orçamento de investimento nas empresas cuja participação estatal seja exclusiva ou preponderante e o orçamento da seguridade social).

® (TCE/AC ~ Analista de controle externo - Administração pública e/ ou de em­presas - CESPE/2008)

Os princípios orçamentários são premissas e linhas norteadoras de ação a se­rem observadas na elaboração do orçamento público. A Lei n.2 4.320/1964, que estatui normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos estados, dos municípios e do Dis­trito Federai (DF), determina a obediência aos princípios de unidade, univer­salidade e anualidade. Tendo o texto acima como referência inicial, assinale a opção correta acerca dos princípios orçamentários.

a) O princípio da unidade permite que o Poder Legislativo conheça, a priori, to­das as receitas e despesas do governo e, assim, possa dar prévia autorização para a respectiva arrecadação e realização.

b) Em consonância com os princípios da unidade e da universalidade, a Cons­tituição Federal determina a inclusão, na Lei Orçamentária Anual (LOA), de três orçamentos: orçamento fiscal; orçamento de investimentos das empre­sas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital com direito a voto; e orçamento da seguridade social.

c) O princípio da anualidade foi reforçado pela Constituição Federai, que proí­be a incorporação dos créditos especiais e extraordinários ao orçamento do exercício financeiro subseqüente.

d) Pelo princípio da anualidade, a LOA deve dispor das alterações na legislação tributária, que influenciarão as estimativas de arrecadação.Resposta: B

o (AGU/CESPE - 2008)

Ainda acerca dos orçamentos, julgue os itens que se seguem.O princípio da universalidade estabelece que todas as receitas e despesas devem estar previstas na LOA.A assertiva está correta, nos termos do art. 2 da lei 4.320/64.

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® (Analista SERPRO/CESPE - 2008)

Em atendimento ao princípio da unidade, a LOA não conterá dispositivo es­tranho à previsão da receita e à fixação de despesa.A questão associa os princípios da unidade e da exclusividade, o qual deter­mina que a lei orçamentária não poderá conter matéria estranha à previsão das receitas e à fixação das despesas. Exceção ocorre no caso das autoriza­ções de créditos suplementares e operações de créditos, inclusive por ante­cipação de receita orçamentária (ARO)Resposta: Errada.

® (Analista SERPRO/CESPE - 2008)

Segundo o princípio da universalidade, as despesas devem ser classificadas de forma detalhada, para facilitar sua análise e compreensão.Resposta: Errada. Vide comentários ao princípio acima.

o (Analista SERPRO/CESPE - 2008)

Segundo o princípio da anualidade, as previsões de receita e despesa devem fazer referência, sempre, a um período limitado de tempo.Resposta: Correta. Vide comentários ao princípio.

• (CESPE - Analista Judiciário - STF - 2008)

Uma diferença que usualmente se estabelece entre receitas correntes e re­ceitas de capita] é o caráter recorrente das primeiras e esporádico das ulti­mas. Do mesmo modo, entre as receitas próprias e as receitas de transferên­cias: as primeiras são livres, e as últimas, vinculadas.Resposta: Errada

Comentário: A classificação da receita por grupos procura identificar quais são os agentes arrecadadores, fiscaSizadores e administradores da receita e qual o nível de vincutação das mesmas. No Orçamento da União utilizam~se os seguintes grupos:

1. Receitas Próprias: Classificam-se, nesse grupo, as receitas cuja arreca­dação tem origem no esforço próprio dos órgãos e demais entidades nas atividades de fornecimento de bens ou serviços facultativos e na exploração econômica do patrimônio remunerada por preço púbíico ou tarifas, bem como o produto da aplicação financeira desses recur­sos. Geralmente, são receitas que têm como fundamento legal os con­tratos firmados entre as partes, amparados pelo Código Civil e legis­lação correlata. São receitas que não possuem destinação específica, sendo vinculadas à unidade orçamentária arrecadadora. Geralmente são arrecadadas por meto de Guia de Recolhimento da Uníão - GRU.

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2. Receitas Administradas: São as receitas auferidas peia Secretaria da Receita Federal do Brasil, com amparo legal no Código Tributário Na­cional e leis afins, órgão que detém a competência para fiscalizar e administrar esses recursos. São receitas arrecadadas por meio de Do­cumento de Arrecadação de Receitas Federais (DARF) ou Guia da Pre­vidência Social (GPS).

3. Receitas de Operações de Crédito: São as receitas provenientes de co­locação de títulos públicos ou da contratação de empréstimos e finan­ciamentos obtidos junto a entidades estatais ou privadas.

4 . Receitas Vinculadas: São os recursos oriundos de concessões, autoriza­ções e permissões para uso de bens da União ou para exercício de ati­vidades de competência da União. Fazem parte desse grupo as receitas vinculadas por determinação legal, cuja fiscalização, administração e manuseio ficam a cargo das entidades com autorização legal para arre­cadar. São receitas que apresentam destinação previamente estabele­cida, em função da legislação (vinculadas a uma finalidade específica}.

5. Demais Receitas: Grupo destinado ao atendimento das receitas pre­vistas em Lei ou contrato, e que não estão enquadradas em nenhum dos grupos anteriores.

Na questão, a primeira parte da afirmativa está correta, pois uma diferen­ça que usualmente se estabelece é que as receitas correntes têm caráter recorrente e as receitas de capitai têm caráter esporádico. No entanto, as receitas próprias não possuem destinação específica, mas são vinculadas à unidade orçamentária arrecadadora receitas de transferências tanto podem ser livres, como as transferências voluntárias entre os entes; como podem ser vincuiadas, como no caso das transferências constitucionais e legais.

8. Jurisprudência do STF:

A presente argüição de descumprimento de preceito fundamental, con­forme afirmado pelo autor, tem por objeto ato do Poder Legislativo do Estado do Piauí que, alterando proposta de lei orçamentária, anulou despesas de serviços da dívida do Estado, constitucionalmente protegi­da, e interferiu na atuação administrativa do Poder Executivo (...). Pede, assim sejam declaradas inconstitucionais as emendas apresentadas no ano de 2003, relativas à lei orçamentária editada para vigorar no ano de 2004, (...}. Ocorre que, na linha da jurisprudência desta Corte, as leis or­çamentárias tem sua vigência limitada no tempo, valendo tão-somente para o período em relação ao qual foi aprovado. Ao término do período

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respectivo a norma se auto-revoga. (...) No caso presente, portanto, a lei orçamentária, com as respectivas emendas ora impugnadas, relativa ao exercício financeiro de 2004, teve sua eficácia exaurida em face de sua natureza transitória. Neste caso, incide a mesma orientação aplicada em reiação à ação direta de inconstitucionaíidade, no sentido de restar prejudicada a demanda quando não mais estiver em vigor a lei ou ato normativo do poder publico ora impugnado. (ADPF 49, Rei. Min. Mene­zes Direito, decisão monocrática, julgamento em 12-2-08, DJE de 8-2-08}

Art. 3o A Lei de Orçamentos compreenderá todas as receitas, inclusive as : de operações de credito autorizadas em lei.Parágrafo único. Não se con-

sideram para ps fins deste artigo às operações de crédito por antecipação • da receita, asemissões.de papél-moedae outras entradas compensatórias no ativo e passivo financeiros, v. . .v .

1. Este artigo é uma ratificação do anterior, especialmente quanto ao princí­pio da UNIVERSALIDADE.

-—!?■ 2. Quanto à categoria econômica, as receitas orçamentárias são classificadas em receitas correntes e receitas de capital. AS OPERAÇÕES DE CRÉDITO SÃO RECEITAS DE CAPITAL. Guarde esta informação com muito carinho.

—^ 3. As operações de crédito por antecipação de receita não deverão constar no orçamento anual, sendo que a Lei de Responsabilidade Fisca! tem dis­positivo específico para essas operações:

LRF. Art. 38. A operação de crédito por antecipação de receita destina-se a atender insuficiência de caixa durante o exercício financeiro e cumpri­rá as exigências mencionadas no art. 32 e mais as seguintes:I - realizar-se-á somente a partir do décimo dia do início do exercício;II - deverá ser liquidada, com juros e outros encargos incidentes, até o dia dez de dezembro de cada ano;Ui - não será autorizada se forem cobrados outros encargos que não a taxa de juros da operação, obrigatoriamente prefixada ou indexada à taxa básica financeira, ou à que vier a esta substituir;IV - estará proibida:a) enquanto existir operação anterior da mesma natureza não integral­mente resgatada;b) no último ano de mandato do Presidente, Governador ou Prefeito Municipai.§ l e As operações de que trata este artigo não serão computadas para efeito do que dispõe o inciso iil do art. 167 da Constituição, desde que liquidadas no prazo definido no inciso tl do caput.

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§ 2- As operações de crédito por antecipação de receita realizadas por Estados ou Municípios serão efetuadas mediante abertura de crédito junto à instituição financeira vencedora em processo competitivo ele­trônico promovido pelo Banco Centrai do Brasil.

§ 3 - 0 Banco Central do Brasil manterá sistema de acompanhamento e controle do saldo do crédito aberto e, no caso de inobservância dos limites, aplicará as sanções cabíveis à instituição credora.

; ■ :óirgáò$ ;^^oyeii^Q Je ou qiie . pòií intéiiaQéT '. , ; dio deles se devam realizai; obsèrvádo o disposto nò:artigo2°. ' - . .

1. Mais uma reiteração do princípio da UNIVERSALIDADE com a exigência da fixação de toda a despesa no orçamento, o mesmo que foi determinado no artigo anterior para as RECEITAS.1.1. Fazendo uma leitura conjunta desses últimos 3 artigos, percebe-se a importância que o LEGISLADOR conferiu a este princípio.

2. Veja ainda que o princípio da UNIDADE também está presente. Lembra-se dele? É o princípio que determina que o orçamento para cada ano finan­ceiro é único.

Art- 5o; & Lei de Orçamento não consi^iárá dótáçpés'globais destinadas• , a atender indiferentemente à despesas depêssòa^imatérial,..serviços dé

. ; ' terceixós, transferências òu qúáisqüer oútr% reksalv iio'-; ; •' ' ' artigo'20 e seuparágrafo único.; ; • - • ' ; . : ; : ; ' .

—-f? 1. Outro princípio previsto expressamente é o desse artigo, o PRINCÍPIO DA ESPECIFICAÇÃO, que nada mais é do que o comando para evitar dotações orçamentárias imprecisas.

2. A LRF tem determinação semelhante nesse sentido, PARA EVITAR AS DO­TAÇÕES IMPRECISAS OU ILIMITADAS:LRF, Art. 5S O projeto de lei orçamentária anual, elaborado de forma com­patível com o plano plurianual, com a lei de diretrizes orçamentárias e com as normas desta Lei Complementar:

(...)

§ 49 É vedado consignar na lei orçamentária crédito com finalidade im­precisa ou com dotação ilimitada.

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L ea n d ro E u st á q u io e Ig o r d e M a to s M o nteiro

^ ; Art. 6o Todas as receitas e despesas constarão dá Ler de. Orçamento pelos• . • jseus totais, vedadas quaisquer deduções. : V\

;' •. § Io Às cotas, de rècèitas qüé; uma entidade . pública deva .transferir ■:: / a outra se incluirão, como despesa, no orçamento da entidade' obri- gada à transferência e, como receita, no orçamento da que.as deva '• receber. •• .w .. ;/■. ;.v‘ -‘V-. ■>':>

. § 2o Para cumprimento do disposto no parágrafo anterior, o cálculo das • y; . ; ; cótas terá por' base os dados apurados no balánçó do exercício, anterior ■ '. •

■ . àquele, em 'que se elaborar à proposta Orçamentária do Governo obrigado ;-v àtransferência.;. •: '.r;f: •

~- 7 1. PRINCÍPIO DO ORÇAMENTO BRUTO. O Caput nos determina a obediênciaa mais um princípio, computando-se no orçamento as despesas e recei­tas, para cada ente federado, sem as devidas deduções, como, por exem­plo, do repasse constitucional obrigatório dos impostos arrecadados pela União para os Estados. A União deverá constar em seu orçamento tudo o que for arrecadado do imposto, sem descontar o que vai repassar para o Estado X ou Y.

1.1. Não confunda o Princípio do Orçamento Bruto, que impõe a conta­bilização das despesas e receitas sem as deduções, com o Princípio da Universalidade, que determina a contabilização de todas as despesas e receitas. É uma das questões preferidas, pois a incidência de erro é muito grande, pelas confusões dos candidatos.

2. Aplicação em concurso

® TCE/MA - Analista de Controle Externo (FCC -2005)

Constarão da Lei de Orçamento todas as

a) receitas e despesas pelos seus totais, vedadas quaisquer deduções.

b) receitas pelos seus líquidos, já incluídas as deduções.

c) despesas pelos seus brutos, incluindo os acréscimos.

d) receitas e despesas pelos seus líquidos, já incluídas as deduções.

e) receitas e despesas pelos seus brutos, incluídos os acréscimos.

Resposta: A. De acordo com o art. 6- da Lei /?- 4.320/64, todas as receitas e despesas constarão da Lei de Orçamento pelos seus totais, vedadas quais­quer deduções, CONFIRMANDO OS NOSSOS COMENTÁRIOS AO CHAMADO PRINCÍPIO DO ORÇAMENTO BRUTO.

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• {CESPE/TCU/ACe/2007)

Com referência ao Sistema Tributário Nacional e aos princípios da ordem or­çamentária, juigue os itens a seguir.De acordo com o princípio do orçamento bruto, as receitas e despesas pú­blicas devem constar da iei orçamentária, de forma a possibilitar que neia se incluam apenas saldos positivos ou negativos resultantes do confronto entre as receitas e as despesas de determinado serviço público.Resposta: Errada. O princípio do orçamento bruto proíbe a inclusão na lei orçamentária apenas dos saldos resultantes do confronto de receitas e des­pesas. Esse princípio■, expresso no artigo 6- da Lei 4.320/1964, determina que as receitas e despesas devem constar na LOA pelos seus totais.

Art 7° A Lei de Orçamento poderá conter autorização ào Executivo para: ■I - Abrir créditos suplementares'até determinada importância, obedeci-das ás disposições do cutigo .43; ;II - Realizar em qualqüer :mês do.ex'ércício'fmanbeirò,;òpera'ç.ões de cré- dito por antecipação da receita, para atender;á insuficiências de caixa..

■ § l° Em casos de déficit» a Lei.de Orçamento indicara as foiités de recur- • ■: sos que.o Poder Executivo, ficá autõrizàdo . .utilizar pára atender a sua •••

..§ 2o Oí prodütÒ.estimádo de operaçÕè çrédito e de àlièhàçàò;dé bens .imóveis "somente sé incluirá, na. rèòeit^ forem es- v .

j dica-;. vV:. mente;possibilite ao Poder Exeçutiyo rèaHz ^

; ; § 5Ò A autorização 1 qüe se refefé/o pár no,i; . tocante a- operações de; crédito, poderá 'constar da próprià IJei de Orçá- ••

1. Este artigo nos explica uma exceção. Mas antes da exceção, devemos compreender a regra.

—2. PRINCÍPIO DA EXCLUSIVIDADE. Um dos princípios orçamentários que

não está expressamente previsto na Lei 4.320/64 é o princípio da Exclusi­vidade. Este princípio determina que as Leis orçamentárias devam tratar apenas de despesas e receitas, nada mais, evitando-se com isso as CAU­DAS ORÇAMENTÁRIAS.

2.1. Esse Princípio é consagrado na Constituição de 1988, sendo nela pre­visto expressamente:

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L ea n d r o E u st á q u io e Ig o r d e M a to s M o n teir o

CF 88. Art. 165 (...)

§ 82 - A iei o.rçamentária anuat não conterá dispositivo estranho à pre- . visão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo na proibição a

autorização para abertura de créditos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei.

2.2. EXCEÇÃO AO PRINCÍPIO DA EXCLUSIVIDADE. O artigo 72 traz uma exceção ao Princípio da Exclusividade, permitindo-se que sejam abertos créditos suplementares e realizadas operações de crédito, em qualquer mês do exercício financeiro, para atender à Insuficiência de caixa.

2.2.1. Importante! A Lei 4.320/64 classifica os créditos adicionais em cré­ditos suplementares, especiais e extraordinários:

Art. 41. Os créditos adicionais classificam-se em:

I - suplementares, os destinados a reforço de dotação orçamentária;

lí - especiais, os destinados a despesas para as quais não haja dotação orçamentária específica;

III - extraordinários, os destinados a despesas urgentes e imprevistas, em caso de guerra, comoção intestina ou calamidade pública.

S. Jurisprudência do STJ:

ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. EMPRÉSTiMO BANCÁRIO. AN­TECIPAÇÃO DE RECEITA. EXIGÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO LEG1S— LAT1VA ESPECÍFICA. DESCUMPR1MENTO. IMPROBIDADE. 1. 0 acórdão manteve a condenação de Prefeito Municipal por improbidade administrativa, por entender necessário procedimento licitatório, bem como autoriza­ção legislativa específica para a contratação de empréstimos bancários por antecipação de receita. 2. Embora seja dispensável, na hipótese, o procedimento licitatório para a realização de operação bancária, já que realizada antes da Lei de Responsabilidade Fiscal, subsiste o acórdão ao reconhecer a irregularidade das operações de empréstimo sem autori­zação do Legislativo Municipal. 3. A lei do orçamento anual (ato-regra) pode autorizar, genericamente, as operações de crédito por antecipação de receita (art. 165, § 82), o que não afasta a necessidade de aprovação, em cada caso, por ato legislativo de inferior hierarquia (ato-condíção).4. Assim, para as operações de crédito por antecipação de receita não basta a autorização genérica contida na lei orçamentária, sendo indis­pensável autorização específica em cada operação. A inobservância de tal formalidade, ainda que não implique em enriquecimento ilícito do recorrente ou prejuízo para o erário municipal, caracteriza ato de impro­bidade, nos termos do art. 11 da Lei n.e 8.429/92, à mingua de obser-

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L ei n ° 4.320 d e 17 d e m a rço d e 1964

vância dos preceitos genéricos que informam a administração pública, inclusive a rigorosa observância do princípio da legalidade. (STJ, REsp 410414 / SP, Rei. Ministro Castro Meira, DJ 27/09/2004)

Aplicação em concurso:

® TRT da 21a Região - Analista Judiciário — Contabilidade (FCC - 2003)

A inclusão de dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despe­sa na Lei Orçamentária Anual fere o princípio orçamentário

a) da não afetação da receitab) da unidadec) da anualidaded) da exclusividadee) do orçamento bruto

Resposta: D. O princípio da exclusividade determina que a lei orçamentária não poderá conter matéria estranha à previsão das receitas e à fixação das despesas, ressalvada a autorização para a abertura de créditos suplemen­tares e a contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita. Esse princípio também está consagrado na legislação brasileira por meio da Constituição Federal (art. 165, §8g).

Art. 8° A discriminação da receita geral é da despesa de pada órgão do govemo ou umidade administrativa, a qüe se refere o artigo 2 o, § Io, inci­sos III e IV obedecerá à forma d.ó Anexo ri: í . ; ,-'V: ■

:v ■ ■ ; :. § 1° Os itens da discrimiriaçãò da receita-e da despesa, mencionados nos •' artigos 11; § 4o, e 13,serâó identificados por números de código decimal, na:formad6sAnèxosn03 'e4 .•. • -.V

§ 2o Completarão os números do código decimal referido no parágrafo- anterior os áígarismos carácterizadores da ciassificíação.funcional da des-'

. pesa, conforme estabelece o Anexo n. 5. ^

§ 3o O código gerai estabelecido nesta lei não prejudicará a adoção de ' códigos locais. .. • : : ^ ■;

Padronização. Este artigo determina o padrão de apresentação das recei­tas e das despesas orçamentárias.

No entanto, a discriminação das receitas e despesas da União e das demais entidades de direito público interno e das respectivas autarquias e funda­ções e do Distrito Federal obedecerá à Portaria STN 340, de 26.04.2006, com as devidas atualizações.

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2.1. Em alguns concursos essas classificações são cobradas. Portanto, re­comendamos ao nosso leitor que decore essas classificações, pois nesse ponto o examinador somente exige o conhecimento literal da lei.

Com o objetivo de atender às necessidades públicas, o Estado possui meios de financiar suas atividades por intermédio dos ingressos públi­cos: Ingresso público: São considerados ingressos todas as entradas de bens ou direitos, em um certo período de tempo, que o Estado utiliza para financiar seus gastos, podendo ou não se incorporar ao seu patri­mônio.

Quanto à forma de ingresso, a receita pode ser orçamentária, extra-orça- mentária ou intra-orçamentária.

1.1. Receitas orçamentárias

São entradas de recursos que o Estado utiliza para financiar seus gastos, transitando pelo patrimônio do Poder Público. Segundo o art. 57 da Lei 4320/64, serão classificadas como receita orçamentária, sob as rubricas próprias, todas as receitas arrecadadas, inclusive as provenientes de ope­rações de crédito, ainda que não previstas no Orçamento.

P * Atenção: A receita pública pode ser considerada orçamentária mesmo se não estiver incluída na lei orçamentária anual. São chamadas também de ingressos orçamentários. Podem, ainda, ser classificadas de acordo com a coercitividade:

I) Receitas Públicas Originárias: São aquelas que provêm do próprio patrimônio do Estado. São os rendimentos que os governos auferem, utilizando os seus próprios recursos patrimoniais ou empresariais, não entendidos como tributos. As receitas originárias correspondem às rendas, como os foros, iaudêmios, aluguéis, dividendos, participações (se patrimoniais) e em tarifas (se empresariais). Podem ser:

Art. 9o Tributo é a receita derivada instituída pelas entidades de direi­to público, compreendendo os impostos, as taxas e contribuições nos termos da constituição e das leis vigentes era matéria financeira, des­tinando-se o seu produto ao custeio de atividades gerais ou específicasexerciaas por essas.enuqaaes.:

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— a) Patrimoniais: São as receitas que provêm das rendas geradas pelo patrimônio do próprio Estado (mobiliário e imobiliário), tais como as rendas de aluguéis, as receitas decorrentes das vendas de bens, dividendos e participações. Entram ainda neste conceito as recei­tas decorrentes de pagamento de royalties pela exploração do seu patrimônio por delegatários (concessionários e permissionários) de serviços públicos.

—-p b) Empresariais: São aquelas provenientes das atividades realizadas pelo Estado como empresário, seja no âmbito comercial, industrial ou de prestação de serviços.

— p I!) Receitas Públicas Derivadas: São aquelas obtidas pelo Estado median­te sua autoridade coercitiva. Dessa forma, o Estado exige que o parti­cular entregue uma determinada quantia na forma de tributos ou de multas, exigindo-as de forma compulsória. Procedem do setor privado da economia, isto é, de famílias, empresas e do resto do mundo; são devidas por pessoas físicas ou jurídicas de direito privado, que desen­volvam atividades econômicas, exceto as que desfrutem de imunidade ou isenção, e correspondem aos tributos.

Segundo o MTO-2010, são receitas públicas derivadas:

i. Tributos: Impostos, Taxas e Contribuição de Melhoria.

II. Contribuições: Sociais, interesse Econômico e Interesse de Categorias.

lü. Empréstimos Compulsórios.

1.2. Receitas extra-orçamentárias

Tais receitas não integram o orçamento público e constituem passivos exigíveis do ente, de tal forma que o seu pagamento não está sujeito à autorização legislativa, isso ocorre porque possuem caráter temporário, não se incorporando ao patrimônio público. São chamadas de ingressos extra-orçamentários. São exemplos de receitas extra-orçamentárias:

a) Depósito em caução;

b) Antecipação de Receitas Orçamentárias - ARO;

c) Cancelamento de restos a pagar;

d) Emissão de Moeda;

e) Outras entradas compensatórias no ativo e passivo financeiros.

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___No conceito de receita orçamentária, estão compreendidas as entradas derecursos que o Estado utiliza para financiar seus gastos, transitando pelo pa­trimônio do Poder Público. Serão classificadas como receita orçamentária, sob as rubricas próprias, todas as receitas arrecadadas, inclusive as prove­nientes de operações de crédito, ainda que não previstas no Orçamento. São extra-orçamentárias, portanto excluídas do conceito de receitas orçamentá­rias, as operações de crédito por antecipação de receita, as emissões de pa- pel-moeda e outras entradas compensatórias no ativo e passivo financeiros.1.3. RECEITAS INTRA-QRÇASVIENTÁRIAS

-—fy São receitas oriundas de operações realizadas entre órgãos e demais enti­dades da Administração Púbiica integrantes do orçamento fiscal e da segu­ridade social de uma mesma esfera de governo. São chamadas também de ingressos Intra-Orçamentários. Têm a finalidade de discriminar as receitas referentes às operações entre órgãos, fundos, autarquias, fundações pú­blicas, empresas estatais dependentes e outras entidades integrantes do orçamento fiscal e da seguridade social.O elemento motivador da criação dessas receitas foi a inclusão, na Porta­ria Interministerial STN/SOF ne 163, de 4 de maio de 2001, da modalidade de aplicação "9 1 -Aplicação Direta Decorrente de Operação entre Órgãos, Fundos e Entidades Integrantes dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade

*— y Social" Logo, são ingressos intra-orçamentários ou receitas intra-orça-mentárias aqueles cuja finalidade seja discriminar as receitas referentes às operações entre órgãos, fundos, autarquias, fundações públicas, em­presas estatais dependentes e outras entidades integrantes do orçamento fiscal e da seguridade social.

2. Definição de tributo feita aos olhos da Constituição de 1946. Essa defini­ção merece ser revisitada, por uma razão especial: ela classifica em 3 (três) as espécies tributárias: impostos, taxas e contribuições; o que há algum tempo já foi superado, incluindo-se também como tributos os emprésti­mos compulsórios, o pedágio e a contribuição de melhoria.2.1. Mais uma vez, repetimos que essa classificação TRINÁRIA era válida aos olhos da Constituição de 1946, o que foi ratificado pelo Código Tributário Nacional, de 1966, que também adotou essa classificação, de forma expres­sa: CTN. Art. 5e Os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria.

3. Receita derivada é a receita que o Estado arrecada decorrente da utili­zação de patrimônio não-Estatal, como, por exemplo, o IPTU, que é um imposto proveniente da propriedade de um particular, não-estatal.3.1. Toda receita arrecadada da utilização de um patrimônio Estatal, lado oposto, é considerada RECEITA ORIGINÁRIA.

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L ej N° 4.320 DE 17 DE MARÇO DE 1964

4. Receita de contribuições, t o ingresso proveniente de contribuições so­ciais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das catego­rias profissionais ou econômicas, como instrumento de intervenção nas respectivas áreas. Apesar da controvérsia doutrinária sobre o tema, suas espécies podem ser definidas da seguinte forma:

a) Contribuições Sociais: destinadas ao custeio da seguridade social, que compreende a previdência social, a saúde e a assistência social;

b) Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico: derivam da contra prestação à atuação estatal exercida em favor de determinado grupo ou coletividade. Exemplo de contribuição de intervenção no do­mínio econômico é o Adicional sobre Tarifas de Passagens Aéreas Do­mésticas, que são voitadas à supiementação tarifária de linhas aéreas regionais de passageiros, de baixo e médio potencial de tráfego.

c) Contribuições de Interesse das Categorias Profissionais ou Econômi­cas: destinadas ao fornecimento de recursos aos órgãos representativos de categorias profissionais legalmente regulamentadas ou a órgãos de defesa de interesse dos empregadores ou empregados. Estas contribui­ções são destinadas ao custeio das organizações de interesse de grupos profissionais como, por exemplo, a OAB, o CREA, o CRM e assim por diante. Visam também ao custeio dos serviços sociais autônomos pres­tados no interesse das categorias, como o SESI, o SESC e o SENAl.

5. Aplicação em concurso:® (ESAF/Analista/CGU/2008)

Sobre os conceitos e classificações relacionados com Receita Púbiica, assina­le a opção correta.

a) Toda receita orçamentária efetiva é uma receita primária, mas nem toda re­ceita primária é uma receita orçamentária efetiva.

b) São exemplos de receitas correntes as receitas tributárias e as oriundas de alienação de bens.

c) São exemplos de receitas de capital aquelas derivadas de alienações de bens imóveis e de recebimento de taxas por prestação de serviços.

d) As receitas intra-orçamentárias constituem contrapartida das despesas rea­lizadas entre Órgãos, Fundos e Entidades integrantes dos Orçamentos Fiscal, da Seguridade Social e de investimento das empresas.

e) O ingresso de recursos oriundo de impostos se caracteriza como uma receita derivada, compulsória, efetiva e primária.Resposta: E

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\;!

• I Cí

6. Jurisprudência do STJ: jADMINISTRATIVO. COMPENSAÇÃO DE DÉBITOS DECORRENTES DO : j INADIMPLEMENTO DE CONTRATO DE PERMiSSÃO COM CRÉDITOS . |CONSTANTES DE PRECATÓRIOS CONTRA A FAZENDA PÚBLICA {DF}. : iIM - POSSIBILIDADE. 1, O pagamento das dívidas da Fazenda Pública . • jdecorrentes de sentenças judiciárias está submetido a regime próprio, viestabelecido no art. 100 da Constituição, mediante precatório. Sendo \esse o modo normal de pagamento daquelas dívidas, não lhes são apli- . jcaveis, ainda mais quando não autorizados expressamente pelo legisla- Idor, os institutos de direito privado que possam comprometer o regime \constitucional, nomeadamente os que se dizem respeito à previsão or~ jçamentária (art. 100, § 12) e à ordem de precedência {§ 2S}. 2. Não está ; |autorizada em lei, nem é compatível com o regime próprio previsto na : [Constituição, a compensação de créditos constantes de precatórios ju- jdiciários com débitos não-tributários da Fazenda Pública. Aplicar, pura ■.y íe simplesmente, o regime da compensação prevista no direito priva- ■ |do para as relações de direito administrativo, abriria perigosa via para jfraudar o modo de pagamento dos precatórios previstos na Constitui- jção, com desvirtuamento dos valores jurídicos que com ele se buscou fpreservar. Isso ficaria mais evidente em casos de cessão de crédito, em jque o precatório, impulsionado pela facilidade de circulação de sua ti- jtularidade jurídica, ganharia um poder liberatório semelhante ao da 1moeda, eficácia essa que a Constituição reservou a casos excepcionais j(ADCT, art. 78, § 22). Recurso especial improvido. (STJ, REsp 586172/ fDF, Rei. Min. José Delgado, DJ 02/05/2006) |

• í

|; V".-.---v". j

. , /Receitas Coix^ntès é Receitas dé Capital (Redação dó Dec: Lei n° 1.939, ' . \

. - . . ;l°y:-:Sãq Receitas Çói:rentes as receitas tóbutária, de contribuições, pa-r f; 'tiimoniai, àgrbpecuáriá, industrial, de serviços e outras é;;ainda, !as pró- v. / v ; v \

; • veiiientes de refcürsos financeirps recebidos de outras pessoas de; direito |• publico ou' privado, qixandó destinadas à: atender despesas classificáveis .... 1

. em Despesas Correntes; (Redação dé 2Ó.Q5;1982) v ^ / ^ ; 1• ;.v 2o :~;Sãò-Receitais de Capital ;ás próyeniratfes - d ^ ^ • .•

; . . , tie, de bens e direitos; os recursos recebidos dé butras' pessoas' de\direito :. '. I• público pii privado^ destiriadós.a átejidér-despbsàs- clássificá.yeis ètn.Bíes- . '

; pesas' de Capital -e,' ainda,/ b superávit dó drçainentò ÇorrenteXRedação .

L ea n d r o E u st á q u io e Io o r d e M a t o s M o n teiro .

164I

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Lei n° 4.320 de 17 de março de 1964

• 3o - O superávit do Orçamento Corrente; résultaiité do . balanceamènto idos tòtais das receitas é despesas correntes, apurado na demonstração. a

.. .que áé refere o Anexo ri° l, M o constituirá item de receita orçamentária.. : r ; :;^edaçãocd6 D^c/Lei iiò:1.939; .de 20.05:1982): \ / . •

'V \4° .-~ A classificação da;receita obedecerá ao seguinte esquema:- (Redação ,' ■ r d o D ^ y t ^ : : •. X .vV:;''v "- 'V'Y-

: . ' /YREÇEITATRító = : ; - V - ''••••' . , ' ' • ••' : ; 'Impostos . V ; : , •' • '

■V-;';';;v'í^s^ontôMçõ^ ■■ . .-■; RECEÍIApÊCONTRIBUIÇÕES ;-V.;.0.' ;■/ V ' • '

.- v RECEITAR ; ' Y ■..> V i y W , W / l S : { 'RECÉITAAGROPEÇUÁRIA

, ■ REGEIXA INDUSTRIAL ■RECEITADE SERVIÇOS

- TRANSFERÊNCIAS CORRENTES -• y ; •; /", y y - v

:Y Y a à ü j e n a ç ã o d e ^ ; •: -\ ; . 0 K f Tj^NSEEI^NCíAS D E ; C ^ I ^ L Y S : : . Á:'. :://.

1. As receitas são classificadas em Receitas Correntes ou Receitas de Capital.2. O que é mais importante neste artigo? Saiba quais são as receitas corren­

tes e quais são as receitas de capital.

2.1. Grave a dica mnemônica. Preste atenção no que está negritado a seguir.«—p> 2.2. São receitas correntes: TRIBUTA COM PASS. Perceba pelas iniciais das

receitas correntes e grave quais eias são: TRIBUTÁRIAS, CONTRIBUIÇÃO, PATRIMONIAL, AGROPECUÁRIA, INDUSTRIAL e de SERVIÇOS.Receita tributária provém da cobrança dos tributos pagos pelo povo, in- cfuindo-se nessa classificação ainda as receitas de contribuições, que tam­bém são tributos.Receita Patrimonial inclui o que o Estado arrecada fruto da utilização pelo particular de seu patrimônio, como os aluguéis, foros, laudêmios.

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L e a n d r o E u st á q ü io e Ig o r d e M a t o s M o nteiro

Receita industrial é a receita advinda, dentre outras, da Indústria Extra- tiva.Receita de Serviço abrange: comércio, transporte, comunicação. Trans­ferências Correntes são recursos recebidos de outras pessoas. Outras Receitas correntes, poderíamos citar: multa, juros de mora.2.3. Por exceção, todas as demais receitas são de capital: receitas pro­venientes de constituição de dívidas, da conversão, em espécie, de bens e direitos; recursos recebidos de outros entes de direito público ou pri­vado, destinados a atender despesas de capital, e o superávit do Orça­mento corrente.Operações de crédito são recursos obtidos da colocação de títuios públi­cos ou empréstimos contraídos pelas entidades estatais.Alienação de bens configura a receita advinda de conversão em espécie do patrimônio outrora imobilizado.Amortização de Empréstimos configura o recebimento de recursos em­prestados.Outras Receitas de Capital são uma classificação subsidiária.2.4. Você deve ter visto que não é assim tão difícil saber as 2 classifi­cações. Saiba das receitas correntes, peia dica mnemônica que demos acima, lembrando ainda que outras receitas correntes são Receitas Cor­rentes, e outras receitas de capital são Receitas de Capital.2.5. Fizemos este quadro para o leitor guardar:

RECEITASCORRENTÉS RECEITAS bE CÁPITAL

Aumentam o patrimônio não duradouro do estado, pois se esgotam dentro do pe­ríodo anual.

São provenientes de recursos financei­ros originários de constituição de dívi­das. Alteram o patrimônio do estado e são definidas por exceção.

TributáriasContribuiçãoPatrimonialAgropecuáriaIndustrialServiçosOutras Receitas Correntes

Ex: Operações de crédito Alienação de bens Amortização de empréstimos Outras Receitas de Capital

> Este é outro artigo que é bastante cobrado nas provas.

166

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Lei n° 4.320 de 17 de março de 1964

3. Aplicação em concurso:

© TCE/SP—A uxiliar da Fiscalização Financeira V (FCC -2005)De acordo com o disposto na Lei n® 4.320/64, as receitas tributárias, as recei­tas de serviços e o superávit do orçamento corrente ciassificam-se, respecti­vamente, como receitas

a) correntes, correntes e de capitalb) correntes, de capital e correntesc) de capitai, de capital e correntesd) de capitai, correntes e correntese) correntes, de capital e de capital.

Reposta: A

• (CGU — Analista de Finanças e Controle - Área - Auditoria e Fiscalização - ESAF—2006)No que diz respeito à receita pública, indique a opção falsa.

a} A Lei n. 4.320/64 classifica receita pública em orçamentária e extra-orçamen­tária, sendo que esta apresenta valores que não constam do orçamento.

b) A receita orçamentária divide-se em dois grupos: correntes e de capital.c) As receitas correntes compreendem as receitas tributárias, de contribuições,

patrimoniais, agropecuárias, industriais, de serviços, de alienação de bens, de transferências e outras.

d) A receita pública é definida como os recursos auferidos na gestão, que serão computados na apuração do resultado financeiro e econômico do exercício.

e) A receita extra-orçamentária não pertence ao Estado, possuindo caráter de extemporaneidade ou de transitoriedade nos orça- mentos.Resposta: C. LEMBRE-SE SEMPRE DA NOSSA DICA: TRIBUTA COM PAIS. São receitas Correntes as Receitas Tributárias, de Contribuição, Patrimoniais, Agropecuárias, Industriais, de Serviços.

* Tribunal de Contas do Estado/SE - Subprocurador (FCC -2002)No que concerne à classificação da receita pública, é correto afirmar que na Lei n- 4.320/64:

a} a receita tributária é instituída peías entidades estatais e autárquicas, com­preendendo os impostos, as taxas e as tarifes.

b} são receitas correntes as receitas tributárias, patrimonial, industriai e diversas.c) são receitas correntes as provenientes de recursos financeiros oriundos de

constituição de dívida.d) são receitas de capital as receitas tributárias, de contribuições, patrimonial,

agropecuária, industrial, de serviços e outras.

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L ea n d r o E u st á q u io e Ig o r d e M a t o s M o n teir o

e) são receitas correntes as provenientes da conversão, em espécie, de bens e direitos.Resposta: B

® TCE/SP — Agente da Fiscalização Financeira — Adm. Gerai (FCC -2005)São Receitas de Capital

a) as receitas tributárias.b) o superávit do orçamento corrente.c} as receitas de contribuição.d) as provenientes de recursos financeiros recebidos de outras entidades para

atender despesas com pessoal.e) as receitas patrimonial, agropecuária, industrial, de serviços e outras.

Resposta: B. A resposta é o art. 11, § 23, da Lei 4320/64: são Receitas de Capital as provenientes da realização de recursos financeiros oriundos de constituição de dívidas; da conversão, em espécie, de bens e direitos; os recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, desti­nados a atender despesas classificáveis em Despesas de Capital e, ainda, o superávit do Orçamento Corrente

® (TRE-SE — Analista Judiciário — Área Administrativa - FCC - 2007)De acordo com os ditames estabelecidos pela Lei n 4.320/64, em relação a receita orçamentária, não é correto afirmar que:

a) o tributo é uma receita derivada que compreende os impostos, taxas e con­tribuições.

b) o superávit do orçamento corrente constituirá item de receita orçamentária.c) o produto da arrecadação do tributo é destinado ao custeio das atividades

exercidas peías entidades de direito público,d) as receitas correntes são destinadas a atender despesas classificáveis em

despesas correntes.e) são exemplos de receitas de capital as provenientes da conversão em espé­

cie, de bens e direitos.Resposta: B. A resposta é a cópia do parágrafo 3? deste artigo.

® (TSE - Analista Judiciário - Área Administrativa - CESPE—2007)Nos termos da Lei n.s 4.320/1964, a discriminação da receita orçamentária tem como base as fontes econômicas de sua geração, exceção feita às transferências entre órgãos e esferas de governo, cuja classificação é feita atualmente confor­me o destino dos recursos: se para aplicações correntes ou de capital. Com re­ferência à classificação econômica da receita pública, assinale a opção incorreta.

a) A remuneração das disponibilidades do Tesouro Nacional é classificada como outras receitas correntes.

b) A receita patrimonial resulta da utilização, por terceiros, dos elementos pa­trimoniais: aluguéis, arrendamentos, foros e laudêmios, taxa de ocupação

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Lei n ° 4.320 de 17 de março de 1964

de imóveis, juros de títulos de renda, dividendos e outras participações em capital de outras empresas.

c) Operações de crédito são os recursos decorrentes da colocação de títulos pú­blicos ou de empréstimos obtidos junto a entidades estatais ou particulares, internas ou externas.

d) Destinadas a aplicações correntes, as transferências correntes são os recur­sos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, independen­temente da contra prestação direta em bens e serviços. Podem ocorrer de forma intragovernamental ou intergovern a mental, bem como ser recebidos de instituições privadas, do exterior e de pessoas.Resposta: A

e (Esaf-Analista MPU/2004)Com base na classificação da receita pública por fonte, indique a única opção que não é incluída nas receitas correntes.

a) Receita Patrimonial.b) Receita Agropecuária.c) Receita Tributária.d} Receita de Contribuições.e) Operações de Crédito.

Resposta: E

° (ASSESSOR/MPE/RS/2008)A receita púbiica classificar-se-á nas seguintes categorias econômicas: Recei­tas Correntes e Receitas de Capital. As Contribuições de Melhoria são classi­ficadas como

a) transferências correntes.b) receita tributária.c) receita patrimonial.d) receita industriai.e) receitas diversas.

Resposta: B

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L ea n d r o E u st á q u ío e I g o r d e M a to s M o n teir o

: DESPESÀS DE CAPITAL V : . v. .. .investimentos.' vK.'-

■■ ■ -7 Inversões Financeiras. >. . . • . . ;;*■-t V: v v-y- ' -■.-.•7.. Transferências de Capital. : : . : . ' ’v"' ,'v'7’ W :

.§ I9 Classificam-se como Despesas de Custeio as dotações para mánuten- : .• ção de serviços anteriormente criados, inclusive as destinadas a atender a

-7 obras de conservação, e adaptação de beris imóveis.§ 2® Classificam-se como Transferências Correntes as dotações para des- pesas as quais não corresponda cohtraprestação direta em bens ou ser- 7 viços, inclusive para contribuições e subvenções destinadas a atender à

. ■ ■ manifestação dé outrás: entidades de direito público ou privado. :;7- • ;v' ..§ 3° Considèram-se subvenções, pára. os efeitos desta lei, as transferên-

' cias destinadas á cobrir: despesas de custeio das entidades.beneficiadas, ■:" distinguindó-se como: . .. ■; 7" ■' 7v;í.-r- -

. :; Isubvenções sociais, as que se destinem a instituições públicas ou pri- •' 7vadas. de caráter assis.tencial.oú cultural, sem finalidade lucrativa;; ; /’7’:v77II - subvenções econômicas, as que se. destinem a empresas públicas ou 77';... privádas de caráter industrial, comercial, agrícola ou pastoril.

; § 4o Clássificàm-secómo itivçstimentds as dotações para o plánejamènto e a execução de obras, •..ínciusiye ;as destinadas à aquisição de imóveis

. considerados necéssários à realização destas ultimas, bem- como para os ; 7 programas especiais de trabalho, aquisição de instálações, équipanientos

'. é material permanente é,constituição oü aumento do'capital de empresas -. ;7 ' ; que não .sejam dé caráter comercial oü f i n a n c e i r o , .7 . 7; •..

••• 7 §,5o,.Çlassificám-se como Inverçõés FínMceirás:as .dotações desti à: v . •! “ aquisição de imóveis ou ;de' r

■ li -aquisição de títulos representativos do capital de empresas òu eritida- . des de qualquer espécie, já constUuídas -quando .a operação não importe ..

/ . aumento dó capital; '. 7-.7;7:;‘7v77;. III - constituição ou anmentó.do-capital de entidades ou empresas, que . Visem a objetivos comerciais ou financeiros, inclusive operações baricá- . rias ou.dé seguros.! ;: '.' ; ' 77-.' ^ --.'.7 ; 7/-‘ j-:*:

. § .6° São Transferências de Capital ás dotações pára investimentos, ou . '7v- inversões financeiras que outras, pessoas dè direito público ou privado

devam realizar, indeperidentepiente 4e ,còhtraprestação direta em bens ou v . ':■, : ; serviços, .constituindo- e ss^ ou. çóiifebuições, se- • .; .: gimdo deriveródirMamè^^^ éspéciàímente ; ■:

::7-77 imtenói; ;b^:cc^ó;^s^0t ^ ^ s -para ám ^;i^çãò:d a^ ^ ^

1. Tal como as receitas, as despesas também se dividem em despesas cor­rentes e despesas de capitai, embora não tenham, nessas classificações, os mesmos itens da receita.

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1.1. Cuidado! Não misture as classificações da Receita com as classifica­ções da Despesa.1.2. Dica! Gostamos mais de receita do que de despesa, pelo menos em s i consciência. Portanto, temos mais receita, ou seja, temos mais subdi­visões dentro das classificações da receita do que nas classificações que veremos agora, as da despesa.

2. As despesas correntes englobam as despesas de custeio e as transferên­cias correntes. Essa é fácil de lembrar: se é transferência corrente, para quem transfere, só pode ser despesa corrente.2.1. Despesa de custeio é a despesa que mantém a máquina funcionando. Pense que vamos construir um hospital público e colocá-lo funcionando. Não há dúvida de que haverá despesas. Entre elas, quais seriam as des­pesas de custeio? isso mesmo, as despesas de custeio são as despesas com os médicos, enfermeiros, com água, luz, manutenção do prédio do hospital, e outras.2.1.1. Subvenções são transferências correntes, destinadas a "bancar" despesa de custeio das instituições beneficiadas. Subvenções podem ser sociais (destinadas a instituições públicas ou privadas de caráter assistên­cia! ou cultural, sem finalidade lucrativa) ou econômicas.

3. Já a despesa de capital, naquele nosso exemplo do hospital, seria tudo que gastamos para a construção do prédio do hospital, na imobilização do capital público. ESSA É A DICA, imobilização, obras.3.1. São ainda despesas de capital as inversões financeiras, dinheiro, dota­ção para adquirir IMÓVEIS (Lembre-se 1! Imobilização).3.2. Por fim, assim como as transferências correntes são despesas corren­tes, uma classificação subsidiária, as transferências de capital são despe­sas de capitai.

3.3. Visualize o quadro:

• >■ ATENÇÃO: este é o artigo que mais se vê nas provas de concursos.

4. Apücaçao em concurso:

® MPU - Técnico Orçamento (ESAF -2004)Com base na conceituação da despesa orçamentária brasileira, as dotações para a manutenção de serviços anteriormente criados, inclusive as destina­das a atender a obras de conservação e adaptação de bens móveis, são de­nominadas

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a) transferências correntes.b) transferências de capital.c} despesas de custeio.d) inversões financeiras.e) investimentos.

Resposta: C. De acordo com o art 12, § l s, da Lei n? 4.320/64, cíassificam- se como Despesas de Custeio as dotações para manutenção de serviços anteriormente criados, inclusive as destinadas a atender a obras de conser­vação e adaptação de bens imóveis

° TCE/SP — Agente da Fiscalização Financeira - Adm. Geral (FCC — 2005) Constitui-se inversão Financeira.

a) a aquisição de títulos representativos do capital de empresas já constituí­das, que não importe em aumento de capital.

b) a constituição de capita! de entidades ou empresas que não visem objeti­vos comerciais ou financeiros.

c) a participação em constituição ou aumento de capital de empresas ou enti­dades industriais ou agrícolas.

d) o aumento do capital de entidades ou empresas que não visem objetivos comerciais ou financeiros.

e) a aquisição de equipamentos e instalações ou serviços em regi- me de pro­gramação especial.Resposta: A. Art 12, § 53, II, da Lei n? 4.320/64: classificam-se como Inver­sões Financeiras as dotações destinadas à aquisição de títulos representa­tivos do capital de empresas ou entidades de qualquer espécie, já constitu­ídas, quando a operação não importe aumento do capital.

° Procurador do Município de Natal-RN (CESPE/2008)Com base nas normas gerais de direito financeiro, assinale a opção correta.

a) Classificam-se como receitas correntes as provenientes da realização de recursos financeiros oriundos de constituição de dívidas; da conversão, em espécie, de bens e direitos; os recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, destinados a atender despesas classificáveis em despesas de capital e, ainda, o superávit do orçamento corrente.

b) São denominadas receitas de capital as receitas tributária, de contribui­ções, patrimoniai, agropecuária, industrial, de serviços e outras e, ainda, as provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direi­to público ou privado, quando destinadas a atender despesas classificáveis em despesas correntes.

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c) Conceituam-se como despesas de custeio as dotações para manutenção de serviços anteriormente criados, inclusive as destinadas a atender a obras de conservação e adaptação de bens imóveis.

d) Denominam-se subvenções sociais as que se destinem a empresas públicas ou privadas de caráter industria!, comercial, agrícola ou pastoril.Resposta: C. A resposta é a cópia do parágrafo 1- deste artigo.

® (Procurador da República. 24s Concurso - 2008jOs valores despendidos pelo Estado na realização de obras públicas classifi­ca m-se como:

a} despesas de capitai;b) transferências correntes sob a modalidade de "diversas transferências cor­

rentes";c} extraordinárias sob a forma de encargos diversos;d) diversas inversões financeiras.

Resposta: A

® (TRT-24R — Analista Judiciário - Área Administrativa - FCC - 2006)Segundo o disposto na Lei de Orçamento Público (Lei n9 4.320/64), conside- ram-se subvenções as:

a) transferências destinadas a cobrir despesas de custeio das entidades benefi­ciadas.

b) dotações para despesas às quais não corresponda contra prestação direta em bens ou serviços.

c) dotações para o planejamento e a execução de obras.d) dotações destinadas à aquisição de imóveis, ou de bens de capital já em uti­

lização.e) receitas provenientes da realização de recursos financeiros oriundos de cons­

tituição de dívidas.Resposta: A. Para acertar é só ter o parágrafo 39 deste artigo.

® (CESPE/Analista/TCU/2008)A Lei n.2 4.320/1964 representa o marco fundamental da classificação da receita orçamentária. Nessa lei, é explicitada a discriminação das fontes de receitas pelas duas categorias econômicas básicas, com destaque, entre as receitas correntes, para as receitas tributárias compostas por impostos, taxas e contribuições sociais.Resposta: E

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o (ESAF/Analista/MPOG/2008)De acordo com o Manual Técnico do Orçamento — 2008, assinale a única opção incorreta quanto a elemento de despesa.

a) Tem por finalidade identificar os objetos de gastos que a administração públi­ca utiliza para a consecução de seus fins.

b) Os códigos dos elementos de despesa estão definidos no Anexo 11 da Portaria Interministeriai 163, de 2001.

c) É vedada a utilização em projetos e atividades dos elementos de despesa 41-Contribuições, 42-Auxí!ios e 43-Subvenções Sociais, o que pode ocorrer apenas em operações especiais.

d) Não é vedada a utilização de elementos de despesa que representem gastos efetivos em operações especiais.

e) São elementos de despesa vencimentos e vantagens fixas, juros, diárias, en­tre outros.Resposta: D

* (ESAF/Analista/MPOG/2008)Segundo o Manual Técnico do Orçamento — 2008, a classificação da receita por natureza busca a melhor identificação da origem do recurso, segundo seu fato gerador. Indique a opção incorreta quanto aos desdobramentos des­sa receita.

a) Sub-rubrica.b) Origem e espécie.c) Rubrica.d) Categoria econômica.e) Alínea e subaiínea.

Resposta A

• (F.C.Chagas/Anal. Jud./TRT 6SR/2006)É classificada na rubrica investimentos da proposta orçamentária a seguinte

despesa de capital:a) Amortização da dívida pública.b) Aquisição de imóveis já construídos.c) Aquisição de títulos representativos de capital de empresas em funciona­

mento.d) Concessão de empréstimos.e) Aquisição de material permanente.

Resposta: E

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Art. 13. Observadas as categorias econômicas do art. 12, á discriminação ou especificação da despesa por elementos, em cada unidade administra­tiva ou órgão de governo, obedecerá ao'seguinte esquema:

Y^Y-ií^jpesas ãe:-^usteic -íy-.’.- Pessoa Civil • Y • • í YV-Yy ' • ' . y.--Pessoal MilitarMaterial de Consumo. . y ' í y v •• ". . ' Y.: <v •Serviços de Terceiros y : ry. y:V • ;'y y,Encargos Diversos;'' ■' yTransferências Corrèntes ' :r: . .. .Subvenções Sociais \ y- . .. ...Subvenções Econômiòas • • y; '.. • : ;' / ' •'' ';'• •. y. .. .. r ' ■ •.Inat iyòs-7 ' • \Pensionistas..;.Y: Y -yy: :-Oy; • yv Y V:' .y .. 'Y • 1 ■'. •/^alairip: m Íí Y Y Y Y ■■ ■■ v ; : ' -i :

ííí ;_i \ ■=; V: 'GontribuiçQes de;Prçyidênçia:Soçiaí/.rv. \ '.; y;Yv;'Y-.y'' '•• y ;J■'c:Y:';:;Z;•!;'Yv Diversas Traiisferências Cortehte^ Y-y':y.V\í>.yv>: '. .. ';:y .. -:.y:

;; t Y ;

^Hrà^PlMí^S^^t4ÍYYYYí. Serviços èm Regime de Programação Especial • ' - ' .:'. ; .:•.'SÉquipameníos.^instaláç^ :>.;v;yy../:vY-y- . ' ;M atçrialPèrman^ .--Y-y • v Y- v- Y ' \ w . • •• ... ‘'Participação ;èm: Çon stitüiçãò íp.u Áüménto de Capital dè Empresas ou Etitidàdes In<tóstriáis quÁgn^^ Y .. y y ;

;y•' y Y Y -^ yí^ x YY!- ••;-^lnyérs$es Financeiras -y.;y; />"•<>•. Y Y Y Y Y:':í:X--r Xquisiçãqde I m ^ Y^Y YY-;Yv'y'' y ' """

;tídàdés Comerciais õu Firiáncéirás :

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L ea n d r o E u st á q u io e I g o r d e M a t o s M o n teir o

• . Constituição;de Fiin^ RòtatiyòS:; •'' •Vpíí • >r S yV' l S v=í: -::; ’ v’ Diversa . ■ . ' ••■• \ :. : .... \.y- .•: /•.' ;’ ;Tránsfeirênciàs de. Capital ' A • .•^/;yv /

• ' :•'■ • •;• Âniortízaçã^ Pública / .:• • • ;• ;;'• Í-:X':■ - ! Auxílios-para Obras ; .• ;Ví'.■".-•.’.' "•/; •. AúxíHos/pârá Equipamentos è Instalações ? -;í. v , -^UvA■ ' ; -Auxílios para'InvérsCe.sEiiiance : / ’ /yv/Y-':V'v\.V . ’ \}p:..'• ;'-vOutós Contribuições.í;- :-vy. ; v::;-:'. :': r •••:’•/. :;':;: V f-.■■''

1. Essa é a classificação continua o objetivo do artigo 12, que classifica as despesas em despesas correntes e despesas de capital.

2. A classificação da despesa de forma apropriada é importantíssima, seja para a elaboração do orçamento, seja em sua execução.

3. Jurisprudência do STJ:

"ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL SERVIDOR PÚBLiCO QUE, FINDOO PRAZO DE AFASTAMENTO REMUNERADO PARA PARTICIPAÇÃO EM CUR­SO DE APERFEIÇOAMENTO - MESTRADO - NÃO RETORNA AO TRABALHO. INDENIZAÇÃO AO ERÁRIO. RESSARCIMENTO DOS VALORES RECEBIDOS A TÍTULO DE REMUNERAÇÃO NO PERÍODO EM QUE ESTEVE AFASTADO. POSSIBILIDADE. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E PROVIDO. Nos termos do art. 47, caput, e inciso I, do Decreto 94.664/87, pode o servidor de Ins­tituição Federal de Ensino afastar-se de suas funções para a realização de curso de aperfeiçoamento, sendo-ihe assegurados todos direitos e vanta­gens a que fizer jus em razão da atividade docente. Consoante determinao § 32 do referido diploma legal, impõe-se ao servidor, findo o período de seu afastamento, o retorno às suas atividades, devendo ali permanecer por tempo igual ao do afastamento, incluídas as prorrogações, sob pena de indenização de todas as despesas. A Lei 4.320/64, que instituiu normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, em seus arts. 12 e 13, classifica como "despesas de custeio" os gastos com pessoai civi! e militar. Por conseguinte, da interpretação do art. 47, I, e § 3-, do Decreto 94.664/87, c/c 12 e 13 da Lei 4.320/64, conclui-se que a obrigação de o recorrido indenizar a Administração por todas as "despe­sas" inclui os valores por eie recebidos a título de remuneração durante seu afastamento, sob pena de se estar promovendo seu enriquecimento ilícito. Recurso especial conhecido e provido." (REsp 616.561/RN, Rei. Mi­nistro Arnaldo Esteves Lima, Quinta Turma, julgado em 17/04/2007, DJ 14/05/2007).

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L ei n ° 4 .3 2 0 d e 17 d e m a r ç o d e 1 9 6 4

4. Aplicação em concurso:

e (TST2008 — CESPE)

As despesas de pessoal permanente de um órgão ou entidade podem ser classificadas como correntes ou de capitai, dependendo de o pessoal ser em­pregado nas atividades normais, de manutenção do órgão ou entidade, ou aiocado a um projeto de que resultará um investimento.Resposta: Errada. A despesa de pessoal é uma despesa corrente. A Resposta é prevista expressamente na Lei 4.320/64:

* (CESPE/Anaíista/TJCE/2008)

Um ente público desistiu de construir suas instalações e, entre as alternativas de adquiri-ias ou alugá-las, optou peio contrato de aluguel. Nesse caso, o ente desistiu de realizar um investimento e optou por efetuar uma inversão financeira.Resposta: E

-jí;^^Aríy^í.'£jo4sÜ^bordinadòs ao mesmo órgão o.ú rejpajtiçãó/a que ser§o çorisigíiadas do-í $ g õ e s ; ^ r ç ç > r i a s )l ^Parágrafô único. Em casos; excepcionais, serão consignadas dotações a . ;unidades administrativas subordinadas ao mesmò órgãò: V;: :; .

1. Não confunda unidade orçamentária com unidade administrativa. Um Município, ente federado, é uma unidade administrativa, de certa for­ma. Mas um Município comporta mais do que uma unidade orçamen­tária, como por exemplo: em um Município X, no mínimo haverá a uni­dade orçamentária da Prefeitura e a unidade orçamentária da Câmara Municipal.

2. Cada ente federado deve transparecer suas unidades orçamentárias para que fique mais fácil e viável o controle da execução orçamentária, seja pelos Tribunais de Contas ou mesmo pelos cidadãos.

3. Lembre-se: a República Federativa do Brasil é composta dos entes fede­rados: Municípios, Distrito Federal, Estados e a União. Negritamos as ini­ciais dessas pessoas para que você, leitor, lembre-se que a Constituição de 1988, MDEU (isso mesmo, leia por extenso) uma nova forma de Cons­tituição e Divisão do Poder em território brasileiro.

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L ea n d r o E u st á q u io e Ig o r d e M a t o s M o nteiro

4. Um órgão ou uma unidade orçamentária não corresponde necessariamen­te a uma estrutura administrativa. No entanto, esses que não correspon­dem à estrutura administrativa são um conjunto de dotações que são admi­nistradas por órgãos do governo que também têm suas próprias dotações

V Art. 15.'Ná Lei de Orçamento, a discriminação da despesa far-se*á, no mínimo, por elementos. :■ - : :. :í' v§ .1° Entende-se por elementos o desdobramento da despesa com pessoal, . : ; material, serviços, obras e outros.meios dé que se servé a administração públicá para consecução dos seus fins, ,■;

; § 2° Para efeito de classificação da despesa, considera-se material perma-’' nente ò de duração superior a dois anos. • /; •

1. Cada despesa de cada unidade orçamentária deve ser especificada, isso serve para que as despesas diversas não sejam contabilizadas em campos de outras despesas, evitando assim a má gestão da coisa pública.

2. O objetivo é ser detalhista! A despesa deverá chegar aos elementos, não sem antes demonstrar a categoria econômica (despesa corrente ou de capital), sua natureza (pessoal, ou encargos da dívida, outras despesas correntes) e se é realizada no mesmo nível de governo ou por outros en­tes federados.

3. Item importante: O legislador definiu que a despesa deve ser discrimi­nada em elementos, que são desdobramentos da despesa com: pessoal, material, serviços, obras e outros meios de que se refere a administração pública para consecução dos seus fins,

4. Considera-se material PERMANENTE o de duração superior a 2 ANOS.5. Aplicação em concurso:

o TCE/SP - Auxiliar da Fiscalização Financeira V (FCC -2005)De acordo com o disposto na Lei 4.320/64, para efeito de classificação de despesa, considera-se material permanente o

a) què não seja consumido com o uso.b) que não possa ser alienado.c) que tenha sido adquirido com recursos públicos.d) de caráter essencial para manutenção do serviço público.e) de duração superior a dois anos.

Resposta: E. De acordo com o art. 15, § 23, da Lei n? 4.320/64, como afir­mamos nos nossos comentários, considera-se material permanente, para efeito de classificação da despesa, o de duração superior a dois anos.

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L ei n ° 4 .3 2 0 d e 17 d e m a r ço d e 1 9 6 4

® (TRF — 22 Regido. Analista Judiciário)

Tratando-se de despesa publica na Lei de Orçamento a discriminação da despesa orçamentária será feita, no mínimo, por elementos. Entende-se por eiementos:

a) a despesa paga à margem da Lei Orçamentária, independente de autorização iegisíativa.

b) ao desdobramento da despesa com pessoal, material, serviços, obras e ou­tros meios de que se serve a administração púbiica para a consecução dos seus fins.

c} o agrupamento de serviços subordinados ao mesmo órgão ou repartição a que serão consignadas dotações próprias.

d) a despesa cuja realização depende de autorização Iegisíativa mas pode ser realizada sem crédito orçamentário.

e) a despesa cuja realização não depende de autorização iegisíativa e pode ser realizada sem crédito orçamentário.Resposta: B. O art. 15 da Lei n 4.320/64 dispõe que:

Art. 15. Na Lei de Orçamento, a discriminação da despesa far-se-á, no mínimo, por elementos.

§ 1® Entende-se por elementos o desdobramento da despesa com pes­soal, material, serviços, obras e outros meios de que se serve a adminis­tração pública para consecução dos seus fins.

• - S " V : . v . ' ' . - : ; SEÇÃOI • ' J w - ; • .Das Despesas Correntes

SUBSEÇÃO ÚNICA •Das Transferências Correntes

. 1 ) Das Subvenções Sociais • V •. . . . . . . .-.••• .

• • Art. 16. Fundamentalmente e nos limites das possibilidades financei-.ras, .à concessão de subvenções, sociais Visará ,à.prestação.de .serviços essenciais de assistência social, médica e educacional, sempre que a s;u-

. plemehtáção dérecursos de'origem privada aplicados a ésses^objetivos, .'revelar-se mais econômica...- 7w//-:K-:';Vv,yvO.'; ■'-v V '

Parágrafo único.,ó valor das subyènçÕès> sempre;.qué possível, será cal-, .■ culadò com base em unidades de serviços efetivamente prestados oú

eficiência previamente fixados.. ■“

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L ea n d r o E u stá q u io e I g o r d e M a to s M o n teiro

1. O artigo 16 da Lei 4.320 resgata e ratifica a importância das subvenções já citadas no artigo 12:

Art. 12 (...)

§ 3- Consideram-se subvenções, para os efeitos desta lei, as transferên­cias destinadas a cobrir despesas de custeio das entidades beneficiadas, distinguindo-se como:

I - subvenções sociais, as que se destinem a instituições públicas ou pri­vadas de caráter assistência! ou cultural, sem finalidade lucrativa;

II - subvenções econômicas, as que se destinem a empresas públicas ou privadas de caráter industrial, comercial, agrícola ou pastoril.

2. A regra do parágrafo único é saiutar. Ele diz que o valor das subvenções deverá ser proporcional ao número de serviços EFETIVAMENTE presta­dos, ou seja, se não houver benefício, não deverá haver subvenção.

Um hospital, uma escola, um asilo, para serem alvos de subvenções, têm que demonstrar quai o serviço prestado, EFETIVAMENTE, à comunidade, às famílias. É isso que o parágrafo único determina.

' ’ :Árt: 17C Sòmérite à instituição fcuj as condições de funcionamento forem julga:das sàtisfátóriás. pelòs órgãos oficiais de fiscàlizaçãõ serão, concedi- , das subvenções. '

1. Dizer isso deveria ser o óbvio, mas em se tratando de Brasil, nunca é pou­co repetir e determinar esta obrigação.

1.1. A fiscalização deste artigo deve ser feita não só pelo Tribunal de Con­tas, como também pelos órgãos de controle interno da Administração, pelo Ministério Público e sobretudo peios cidadãos.

2. A Lei de Responsabilidade fiscal condiciona o envio de subvenções a uma série de exigências, QUAIS SEJAM: autorização em lei específica, confor­midade à LDO e previsão orçamentária, conforme artigo 26:

LRF. Art. 26. A destinação de recursos para, direta ou indiretamente, cobrir necessidades de pessoas físicas ou déficits de pessoas jurídicas deverá ser autorizada por lei específica, atender às condições estabele­cidas na lei de diretrizes orçamentárias e estar prevista no orçamento ou em seus créditos adicionais.

§ 19 O disposto no caput aplica-se a toda a administração indireta, in­clusive fundações públicas e empresas estatais, exceto, no exercício de

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suas atribuições precípuas, as instituições financeiras e o Banco Central do Brasil.

§ 25 Compreende-se incluída a concessão de empréstimos, financia­mentos e refinanciamentos, inclusive as respectivas prorrogações e a composição de dívidas, a concessão de subvenções e a participação em constituição ou aumento de capital.

II) Das Subvenções Econômicas

' ?; > ^ 1 ; ;ppb - ãefípíts',iie 7das vemi>res as púfel ieás 7 í ■, ;!iiãp, sul yétiç ões econômicas.

- expressamente incluídas nas despesas correntes cio orçamento da Un i ã o , ■ ’ .■ V • do EsfâdoVdo Município;ou do Distrito F e d e r a L . :: •. . • •'•••

.. Parágrafo único.. Considerám-se,: iguàímenté, como subvenções econô-

• ; a) as. dotações destinadas a cobrir a diferença;éntre os preços de inerçado v• e os preços de revenda, pélo goyernò, de gêneros alimentícios òu outros

. • b) as dotações destiriadâs ao pagamento de bónificações à produtores de • determinados gêneros oü matOT -V-W.'":;;:'

1. Cada pessoa da Administração Indireta, DEFICITÁRIA, de cada ente fede­rado terá seus déficits cobertos por subvenções econômicas incluídas no orçamento.

1.1. Apenas complementando: a técnica legislativa não foi das melhores. Se o artigo 17 diz que apenas receberão subvenções quem demonstrar idoneidade, e como as subvenções econômicas também são subvenções, o artigo 17 deveria vir depois do 18 e não antes.

2. Fazem parte da Administração Pública INDIRETA: as autarquias, as empre­sas públicas, as sociedades de economia mista e as fundações públicas.

Questão muito cobrada em concursos é a que versa sobre o instrumen­to que cria essas pessoas da Administração Indireta, conforme artigo 37, XIX, da Constituição de 1988, fazendo muita gente boa errar uma coisa simples, misturando na assertiva a primeira metade do inciso com a sua segunda metade. Veja a redação da Constituição:

CF. 88 Art. 37 - A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federai e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte (...)

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XIX — somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autoriza­da a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação;

Para não errar, faça uso da rima: Lei crlA a autarquIA. Viu o que está negritado? Então, tudo que não for autarquia, ou seja, sociedade de eco­nomia mista, empresa pública ou a fundação, tem sua criação autorizada por lei. A única Pessoa Jurídica que é criada diretamente pela Lei, como já vimos, é a autarquia.

3. Aplicação em concurso:

• (CESPE/Analista/TSE/2007)

Nos termos da Lei n.s 4.320/1964, a discriminação da receita orçamentá­ria tem como base as fontes econômicas de sua geração, exceção feita às transferências entre órgãos e esferas de governo, cuja classificação é feita atualmente conforme o destino dos recursos: se para aplicações correntes ou de capitai. Com referência à classificação econômica da receita pública, assinale a opção incorreta.

a) A remuneração das disponibilidades do Tesouro Nacional é classificada como outras receitas correntes.

b) A receita patrimonial resulta da utilização, por terceiros, dos elementos pa­trimoniais: aluguéis, arrendamentos, foros e laudêmios, taxa de ocupação de imóveis, juros de títulos de renda, dividendos e outras participações em capital de outras empresas.

c) Operações de crédito são os recursos decorrentes da colocação de títulos pú­blicos ou de empréstimos obtidos junto a entidades estatais ou particulares, internas ou externas.

d) Destinadas a aplicações correntes, as transferências correntes são os recur­sos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, independen­temente da contraprestação direta em bens e serviços. Podem ocorrer de forma intragovernamenta! ou intergovern a mental, bem como ser recebidos de instituições privadas, do exterior e de pessoas.

Resposta; A

- . Art. 19. A Lei de Orçamento não consignará ajuda financeira, a qual- . quer título, a empresa de fins lucrativos, salvo quando se tratar de sub­venções .cuja concessão tenha sido. expressáçáente autorizada, em lei :

•'..especial. \ : : \ • ■ - ' •.,■ ..v, '"V, • • ■ ' ;

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1. Mais Importante do que a regra, talvez seja a exceção. Portanto, lem­bre- se: se houver autorização em lei especial, a Lei Orçamentária poderá consignar ajuda financeira a empresas com fins lucrativos.

2. Essa ajuda também está limitada às exigências do artigo 26 da Lei de Res­ponsabilidade Fiscal:

LRF. Art. 26. A destinação de recursos para, direta ou indiretamente, cobrir necessidades de pessoas físicas ou déficits de pessoas jurídicas deverá ser autorizada por lei específica, atender às condições estabele­cidas na lei de diretrizes orçamentárias e estar prevista no orçamento ou em seus créditos adicionais.

§ 12 O disposto no caput apiica-se a toda a administração indireta, in­clusive fundações públicas e empresas estatais, exceto, no exercício de suas atribuições precípuas, as instituições financeiras e o Banco Central do Brasil.

§ 2& Compreende-se incluída a concessão de empréstimos, financia­mentos e refinanciamentos, inclusive as respectivas prorrogações e a composição de dívidas, a concessão de subvenções e a participação em constituição ou aumento de capital.

SEÇÃO IIDas Despesas de Capital V;-:'..;- v v. ;. ' /

v:.. ; C í V / ^ = • . " /■'Art. 20. Os investimentos serão discriminados na Lei de Orçamento se­gundo os projetos de obras e de outrasaplicações.: .

... ; ■ Parágrafo único. Os programas especiais de trabalho que, por sua iiature-■ za, não possarri cumprir-se! subordinadámenteàs normas gerais de execu- •' ção da despesa poderão ser custeados por dotações globais, classificadas •

■ éntre as Despesas déÇapital.' , ' T: . ' . V / :

1. Â Lei 4.320 definiu o que são investimentos:

Art. 12 (...)§ 42 Classificam-se como investimentos as dotações para o planejamen­to e a execução de obras, inclusive as destinadas à aquisição de imóveis considerados necessários à realização destas últimas, bem como para os programas especiais de trabalho, aquisição de instalações, equipa­mentos e material permanente e constituição ou aumento do capital de empresas que não

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2. A norma prevista neste artigo, que trata da discriminação, deve ser inter­pretada conjuntamente com o artigo 52, também desta lei:

Art. 5S A Lei de Orçamento não consignará dotações giobais destinadas a atender indiferentemente a despesas de pessoa!, material, serviços de terceiros, transferências ou quaisquer outras, ressalvado o disposto no artigo 20 e seu parágrafo único.

•' V ; Art. 21; ALei dé Orçaméntò;nãb consignará'áuxflio para investimentos : que sé devam incorporar ao patrimônio das émpresâs privadas de fins V

....' ... lucrativos. .•Parágrafo único.; O disposto neste artigo aplica-se às: transferências de ; •

. capital à cònta de fundos especiais; ou dotações sob regime excepcional •••>.. de aplicação.

1. Mais uma vez, fique atento às proibições previstas para as empresas com fins lucrativos. Além da proibição de ajuda financeira às empresas com fins lucrativos, expressa no artigo 19 desta lei, a Lei orçamentária também não pode constar auxílio para investimento que possa se incorporar ao patrimônio das empresas privadas com fins lucrativos.As empresas privadas que não tenham fins lucrativos, como algumas Or­ganizações Não-Governamentais, podem receber auxílio.Preste atenção que, conforme o parágrafo único deste artigo, a vedação também é válida para as transferências de capital à conta de fundos es­peciais.

■■ V: T ÍT U L O J I ç V>./■:: . y/-:; V ; : p - ^ v V - . V

. V : ^ ^ jC Í W P f íC X n L í> ' ' Í : V / : = - c '% ; ^ 'y; CONTÈÚD-ÒÉTORM ADAPRÒPOSTAO^ .•/

Art. 22. A proposta orçaméntária qüe õ Poder Executivo ericaminhàrá ao .. Poder Legislativo nosprazos,estabelecidos has.Constituições, e nas Leis'.; ■

.Orgânicas dos Municípios,.çompor-se-á: -;\j.• •.; ; > V , - " v . 1 : .- 'I:.--.Mensâgeitijíque çontérá:.exposição.circunstanciada'4a:situação eco- .

y;:.V:;;;;sos.fijn^ceiros.«xigíyéis;èxposiçãpe justificação, da v rr.-V’ V{fi3 iicèira. dç> í gQyêi çyj jusMçãçãòdárrceitaV'^ ;

. .'tíb tocante ao òrçamèntoJdè c a p i t a l ; ^ :•

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L ei n ° 4 .3 2 0 d e 17 d e m a rço d e 1 9 6 4

I í - Projèto de Lei de Orçamento; ' " . -. ' III t- Tabelas explicativas, das quais, além- das estimativas de receita e

‘despesa,'constarão; em colunas distintas e para fins de comparação:',; í a) À receita arrecadada rios três últimos exercícios anteriores àquele em

. . que se elaborou a proposta; • 7 : ’’ . .b) A receita prevista:para o exercício em que se elabora a proposta;

. / c) À receita prevista para o exercício a que se refere a proposta; . .. d) A despesa realizada no-exercício imediatamente anterior;. e) A despesa fixada para o exercício em que se elabora a proposta; e f)A

despesa prevista para o exercício a que se refere a proposta.IV - Especificação dos programas especiais de trabalho custeados por dotações globais, em termos de metas visadas, decompostas em estima­tiva do custo das obras a realizar e dos serviços a prestar, acompanhadas. de justificação econômica,'financeira, social e administrativa. ;Parágrafo único. Constara da proposta orçamentária, para cada unidade - . administrativa,' descrição sucinta de suas principais finalidádes, com in- - dicação da respectiva legislação. ‘ .

As leis orçamentárias são de iniciativa exclusiva do Poder Executivo, con­forme previsão expressa no texto da Constituição de 1988, art. 165:

CF.88 Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:

I — o plano plurianual;

II — as diretrizes orçamentárias;

Hi - os orçamentos anuais.

Quando o Executivo enviar o projeto das leis orçamentárias, os mesmos têm Conteúdo discriminado em algumas normas. A Constituição de 1988 nada diz a respeito dos projetos do Piano Plurianual e da Lei de Diretri­zes Orçamentárias. Já quanto ao Projeto da Lei Orçamentária Anua!, a Constituição de 1988 é contudente, determinando algumas exigências, conforme parágrafo 69 do mesmo artigo 165:

CF. 88. Art. 165 (...) § 6® - O projeto de lei orçamentária será acom­panhado de demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões, subsídios e bene­fícios de natureza financeira, tributária e creditícia.

A Lei 4.320 especifica/neste artigo 22, o conteúdo e a forma da proposta orçamentária que deverá conter: a MENSAGEM, o PROJETO e TABELAS EXPLICATIVAS DAS RECEITAS.

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L ea n d ro E u st á q u io e Ig o r d e M a to s M o n teir o

4. A Lei de Responsabilidade Fiscal traz as suas exigências necessárias para o projeto da LOA em seu artigo 52;

LRF. Art. 52 O projeto de lei orçamentária anual, elaborado de forma compatível com o plano plurianual, com a lei de diretrizes orçamentárias e com as normas desta Lei Complementar:

I - conterá, em anexo, demonstrativo da compatibilidade da programa­ção dos orçamentos com os objetivos e metas constantes do documento de que trata o § l e do a rt 42;

II - será acompanhado do documento a que se refere o § 62 do art. 165 da Constituição, bem como das medidas de compensação a renúncias de receita e ao aumento de despesas obrigatórias de caráter continu­ado;

III - conterá reserva de contingência, cuja forma de utilização e montan­te, definido com base na receita corrente líquida, serão estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, destinada ao:

a) (VETADO)

b) atendimento de passivos contingentes e outros riscos e eventos fis­cais imprevistos.

5. Para lembrar você, fizemos o quadro abaixo:

0 ; PROJETO DA LEI ORÇAMENTÂRIÁÁtóUALÍ^S i A

CF LRF Lei 4.320

Art. 165, parágrafo 6® Art. 52 Art. 22Demonstrativo de efei­tos das remissões e re­núncias de receita.

Anexo de compatibilidade com 0 Anexo de Metas Fiscais. Medidas de compensação para as renúncias de receita. Reserva de contingência

Mensagem Projeto da Lei de Orçamento Tabelas Explicativas das re­ceitas.

6. Aplicação em concurso:

• (CESPE/SERPRO - 2008}

Estágio da receita orçamentária é cada passo identificado que evidencia o comportamento da receita e facilita o conhecimento e a gestão dos ingressos de recursos. Em conformidade aos estágios da receita, julgue os itens abaixo.

- No estágio da previsão, tem-se a estimativa de arrecadação da receita, cons­tante da LDO.Resposta: Errada. A previsão da receita consta na Lei Orçamentária An uai (LOA). Vejam o art. 22 da lei 4.320/64:

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Art. 22. A proposta orçamentária que o Poder Executivo encaminhará ao Poder Legislativo nos prazos estabelecidos nas Constituições e nas Leis Orgânicas dos Municípios, compor-se-á:

lü - (...)c) A receita prevista para o exercício a que se refere proposta

- Tendo ocorrido o fato gerador, há condições de se proceder ao registro con­tábil do direito a receber da fazenda pública.Resposta: Correta. Essa questão é muito boa. Apesar de a lei 4.320/64 determi­nar que, na execução orçamentária, as receitas serão consideradas realizadas quando da arrecadação, pode-se efetuar o registro do reconhecimento da re­ceita quando do lançamento da mesma. Esse registro é feito com base no prin­cípio da competência e da oportunidade e não conflita com o dispositivo da lei 4.320, já que lá a referência é explícita quanto ao aspecto orçamentário e nãoo patrimonial. Essa de- terminação de registro tem sido respaldada no manual da receita nacional da Secretaria do Tesouro Nacional. Portanto, registrar a receita pelo lançamento, sob o aspecto patrimonial, é correto e está de acordo com os dispositivos da Secretaria do Tesouro Nacional.

- Os estágios de arrecadação e recolhimento ocorrem concomitantemente e representam o ingresso do recurso nos cofres públicos.Resposta: Errada. Arrecadação é o ato de recebimento dos tributos pelas instituições financeiras oficiais. Recolhimento é o ato de transferência dessa arrecadação para os cofres do tesouro. São momentos distintos. Apesar de a tecnologia de informação e comunicação ter evoluído ao ponto de esses dois momentos serem praticamente "on Une", ambos ainda são distintos, pelo menos do ponto de vista teórico, mesmo que algumas literaturas já não mais se refiram ao momento recolhimento. Contudo, o que ainda pre­valece é a existência de duas fases distintas: Arrecadação e Recolhimento.

® (FUMARC/SEPLAG/2008)As despesas empenhadas e não pagas até o final do exercício financeiro são consideradas como Restos a Pagar. Assim sendo, é correto afirmar:

a) As despesas empenhadas e não pagas até o final do exercício financeiro com- põem-se unicamente de obrigações a longo prazo.

b) A anulação de restos a pagar não será considerada como receita no exercício em que se efetivar.

c) Os restos a pagar com prescrição interrompida poderão ser pagos à conta de dotação específica consignada no orçamento.

d) Os empenhos decorrentes de contratos com vigência plurianual, que não te­nham sido liquidados, serão computados peio vaior totai como restos a pagar ao final do primeiro exercício financeiro.Resposta: C

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L ea n d r o E u st á q u io e Ig o r d e M a to s M o n teir o

(CESPE - Analista - ANTAQ - 2009)

No que concerne a estágios da receita, o lançamento de ofício é efetuado pela administração sem a participação do contribuinte. O lançamento é ato indispensável para que o fisco possa exigir do contribuinte o seu direito de receber os valores correspondentes às exações por e!e devidas, não possuin­do, entretanto, o condão de constituir o crédito tributário.Resposta: Certa. Para continuar com os tipos de lançamentos, devemos saber que compõem a obrigação tributária nascida com a ocorrência do fato gerador um sujeito ativo e um sujeito passivo. O sujeito ativo será a pessoa jurídica, nor­malmente de direito público> titular do direito subjetivo de exigir a prestação pecuniária (tributo ou penalidade) ou a prestação não-pecuniária positiva ou negativa. Já a pessoa natural ou jurídica, privada ou pública, de quem se exigeo cumprimento da prestação pecuniária (tributo ou penalidade) ou a prestação não pecuniária positiva ou negativa, denomina-se sujeito passivo.

Existem três tipos de lançamento tributário: lançamento por declaração> lan­çamento por homologação e lançamento de ofício:

a) Lançamento por declaração: compreende a espontaneidade do sujeito passivo em declarar corretamente. Esse tipo de lançamento enseja para o sujeito passivo um papel fundamental, de grande importância. Ê o próprio contribuinte que deverá apurar o valor devido. Segundo Amaro, para que isso ocorra, é necessário que o contribuinte majore os fatos ocorridos afim de que o agente fazendário, a vista das informações contidas na declara­ção, efetive documentadamente, o ato de lançamento> do qual deve dar ciência ao sujeito passivo, afim de tomar exigível o tributo. As informações do sujeito passivo servirão de base para a quantificação do montante devi­do. Exemplo: imposto de exportação.

b) Lançamento por homologação: No lançamento por homologação, o pagamento e as informações prestadas pelo contribuinte são realiza­dos sem qualquer exame prévio da autoridade administrativa. Segundo Amaro, cuida-se aqui de tributos que, por sua natureza (multiplicidade de fatos geradores, de caráter instantâneo) têm o recolhimento exigido do devedor independentemente de prévia manifestação do sujeito ativo, vale dizer, sem que o sujeito ativo deva lançar para tornar exigível a pres­tação tributária. Ex: tributos sujeitos a retenção na fonte.

c) Lançamento de ofício: Como regra, o lançamento de ofício é adequado aos tributos que têm como fato gerador uma situação cujos dados cons­tam dos cadastros fiscais, de modo que basta à autoridade administrativa a consulta a aqueles registros para que se tenha às mãos dados fáticos necessários à realização do lançamento. Desta forma, é efetuado pela administração sem a participação do contribuinte. Ex: IPTU. Logo, o lan-

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çamento de ofício é efetuado pela administração sem a participação do contribuinte.

-vyf f ■ £ V-^f • V ’ -;' :v7í; ' X V.. ; '

< ■ - ^ ' 'V; / :v--v'.;;' ' ■ V ■.->'. Das PrèvisÕeíjPlúriariüàis

■ Art. 23. As receitas,e despesas de capital serão objeto de um Quadro de Reciixsos e . de Aplicação ;dé.Càpital,aproyadò por decreto do Poder .

/ Executivo, abrangendo, nó mínimaum . .Parágrafo único. O Quadro de Recursos é deAplicàção.íde Capital será •'

.. anualmente reajustado acrescentando-se-lhe asprevisões de mais um ano, . de modo a assegurar a projeção contínua dos períodoá.

1. A Constituição de 19SS REVOGOU TACITAMENTE este artigo. O artigo 23 diz que as receitas e despesas de capital são aprovadas por decreto do Executivo, ao passo que a Constituição de 1988 determina que os Projetos das Leis Orçamentárias são de iniciativa do Executivo, e vão ser APROVA­DOS pe!o Legislativo, pelas duas Casas do Congresso Nacional, conforme previsto no art. 166 da Constituição:

CR/88. Art. 166 ~ Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento comum

2. Aiém disso, o PPA abrange período de 4 anos e não o triênio referido no artigo 23, conforme ADCT, art. 35, parágrafo 29:

CF 88, art. 35 {...)§ 22 - Até a entrada em vigor da ieí complementar a que se refere o art. 165, § 9S, i e II, serão obedecidas as seguintes normas:

I - o projeto do plano plurianual, para vigência até o final do primeiro exer­cício financeiro do mandato presidencial subseqüente, será encaminhado até quatro meses antes do encerramento do primeiro exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa;

2.1 Processo Legislativo do Plano Plurianual:

2 .1 .10 Ano financeiro compreende o período de l 5 de janeiro a 31 de de­zembro conforme art. 34 da Lei 4.320-64 que determina que “o exercício financeiro coincidirá com o ano civil".

L ei n ° 4 .3 2 0 d e 17 d e m a r ço d e 1 9 6 4

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2.1.2 A Constituição Federai, em seu artigo art. 57 determina que o Con­gresso Naciona! reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal, de 2 de fe­vereiro a 17 de julho e de 1- de agosto a 22 de dezembro. (Redação da EC IM'9 50, DE 14 DE FEVEREIRO DE 2006). Embora a Sessão Legislativa Fe­deral ocorra entre 2 de fevereiro a 17 de julho e de l 9 de agosto a 22 de dezembro, as sessões legislativas estaduais e municipais não coincidem obrigatoriamente com a federal. Sendo assim, verifique a Constituição de seu Estado e a Lei Orgânica de seu Município.567

Iniciativaexclusiva

l Prazò rriáximo para :;• ' encàminhamento Quem examina Prazo Máximo

para devolução

Executivo (art. 165,

1, CF)5

Até 31 de agosto {Art. 35, § 22, ADCT).6

Comissão Mista Permanente Orçamentária de deputados e senadores {Art. 166, CF).7

Até 22 de dezembro.

5. A Constituição de 1988. "Art. 165 - Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I - o plano plurianual"

6. Constituição de 1988. Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.Art. 35. O disposto no art. 165, § 7e, será cumprido de forma progressiva, no prazo de até dez anos, distribuindo-se os recursos entre as regiões macroeconômicas em razão proporcionai à população, a partir da situação verificada no biênio 1986-87§ 22 - Até a entrada em vigor da lei complementar a que se refere o art. 165, § 95,1 e 11, serão obedecidas as seguintes normas:! - o projeto do plano plurianual, para vigência até o final do primeiro exercício financeiro do mandato presidencial subseqüente, será encaminhado até quatro meses antes do encerra­mento do primeiro exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa.§ 2e - Até a entrada em vigor da lei complementar a que se refere o art. 165, § 99, i e il, serão obedecidas as seguintes normas:i - o projeto do plano plurianual para vigência até o final do primeiro exercício financeiro do mandato presidencial subseqüente, será encaminhado até quatro meses antes do encerra­mento do primeiro exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa;li - o projeto de lei de diretrizes orçamentárias será encaminhado até oito meses e meio antes do encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento do primeiro período da sessão legislativa;III - o projeto de lei orçamentária da União será encaminhado até quatro meses antes do encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa.

7. Art. 166. Os projetos de Iei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anuai e aos créditos adicionais serão apreciados peias duas Casas do Congresso Nacional na forma do regimento comum.§ i s - Caberá a uma Comissão mista permanente de Senadores e Deputados:I - examinar e emitir parecer sobre os projetos referidos neste artigo e sobre as contas apresentadas anualmente pelo Presidente da República

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4. Aplicação em concurso:

• (PGE - ALAGOAS CESPE/2009)

Assinale a opção correta acerca do tema orçamento.a) O PPA estabelecerá as diretrizes, os objetivos e as metas da administração

pública para as despesas de custeio e programas de pouca duração.b) O orçamento anuai compreende o orçamento fiscal, incluindo o das funda­

ções instituídas e mantidas peio poder público.c) O PPA será acompanhado de demonstrativo do efeito, sobre as receitas e

despesas, decorrente de isenções.d) A LDO compreende as metas e prioridades da administração pública, excluin­

do as despesas de capital.e) Os planos e programas nacionais e regionais previstos na CF serão elabora­

dos de acordo com a IDO.Resposta: 8

Art. 24. O Quádro de Recursos e de Aplicação de Capital abrangerá: •" '■ .• \I - as despesas ,è/çomo couber, também as receitas previstas em planos : . especiais aprovados ém lei é destinados a atender a regiões ou a setores • \ da administração ou <da economia; ; i . . 1 v

• II - as despesas à conta de fundos especiais ej còmó couber, as receitas • • . quepsçonstituam;;.;:;III - em anexos, as despesas de referidas no.Título .X desta Iei, eom .indicação jdas^résjpéçtiyas.rècéitas, pára as quais forem

1. Assim como o artigo 23, que foi tacitamente revogado pela Constituição de 1988, o mesmo aconteceu com o artigo 24, que procurava regulamen­tar, o artigo 23 da Lei 4.320-64.

Art. 25. Os programas constantes do Quadro de Recursos e de Aplicação ■[ de Capital sempre que possível serãocorrelacionados a metas objetivas; / em termos de .realizàção de obras, e de prestação de.serviços. vy:;:' •

; Páragrafo imic6.;.Constá se pretendem •.9'v-^òbter^om ;a: r é ^ i z ^ ã o ; f e ^ d a : j | r o ^ a m a í :i\V V:'V■

1. O parágrafo único do artigo 25 é o embrião daquilo que futuramente ia ser conhecido como Orçamento Programa, ou seja, de tirar o caráter ape­nas alocativo de receitas e despesas de um orçamento. Mais do que fazer

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previsões apenas, o orçamento deve refletir todo o ideal de um Estado, ainda que ditado pelo governo de um mandatário político.

2. Evolução do conceito de orçamento. Preste atenção! Alguns concursos costumam cobrar as características do orçamento, segundo os períodos em que se encontra a Administração Pública.

O orçamento clássico diz respeito a uma peça que contém apenas previ­são de receitas e autorização de despesas, sendo que essas são classifica­das somente por objeto, sem ligação direta com as necessidades fáticas da administração e do povo.

O orçamento-programa, que reflete um programa de governo, surge com a planificação econômico-social, sendo desenvolvido após o período da Segunda Guerra Mundial.

';. . Árt. 26. A proposta orçamentária conterá o programa anual atualizado dos investimentos,; inversões finariceiras etransferências previstos no Quadro de Recursos e de Aplicação de Capital... ' \ : . : ]l\

1. Todas as despesas acima são despesas de capital, conforme classificação da mesma Lei 4.320, em seu artigo 14:

g^ D ÍESp lÉ^ ^Investimentos.

Inversões Financeiras.

Transferências de Capital.

2. O Direito Financeiro é fulcrado em duas bases: planejamento e transpa­rência. Sendo assim, todas as despesas, neste caso, as de capital, devem ser disponibilizadas para fiscalização.

Das Previsões Anuais >Yv ' <

■ ••' ' Art. 27. Às propostas parciais dé orçamento guardarão .estrita conformi-, •■ : dade .com a política écõnômica-financeirá, òpro^aihá anual déyirabalho'

/ dó góyenió é, quando fixado, o limite gíobaVmáximo pára o orçamento . ‘ ;; ■decadaunidàdeá^inístrátiya'. -"'Y.

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1. Reafirmando o que dissemos nos comentários ao artigo 25, o orçamento atual é considerado um orçamento-programa. Nele podemos distinguir aspectos essenciais, quais sejam: a) aspecto técnico {no que se refere às classificações contábeis, metodologia); b) aspecto econômico (no que con­diz à racionalidade entre receitas e despesas); c) aspecto jurídico (pois o or­çamento é versado em um diploma legal); d) aspecto político (que é o que nos interessa neste artigo, refletindo todo o plano de ação governamental).

2. Tenho a certeza de que você, prezado Leitor, conhece muito mais de or­çamento do que imagina. Conhece essas expressões: "Brasil para todos" "Avança Brasil"? Muito mais do que apenas expressões simpáticas, são os nomes dos últimos Planos Píurianuais que tivemos. Portanto, íembre-se:o orçamento atualmente é o ORÇAMENTO PROGRAMA.

3. Aplicação em concurso:

• (ESAF/Anaíista/MPOG/2008)

Com base nas características e aspectos do orçamento tradicionaí e do orça­mento-programa, assinale a única opção incorreta.

a) No orçamento-programa, há previsão das receitas e fixação das despesas com o objetivo de atender às necessidades coletivas definidas no Programa de Ação do Governo.

b) No orçamento tradicional, as decisões orçamentárias são tomadas tendo em vista as necessidades das unidades organizacionais.

c) Na elaboração do orçamento-programa, os principais critérios classificató- rios são as unidades administrativas e elementos.

d) No orçamento tradicional, inexistem sistemas de acompanhamento e medi­ção do trabalho, assim como dos resultados.

e) O orçamento-programa é um instrumento de ação administrativa para exe­cução dos planos de longo, médio e curto prazo.Resposta: C

• {CESPE — AFCE — TCU — 2008)O elemento básico da estrutura do orçamento-programa é o programa, que pode ser conceituado como o campo em que se desenvolvem ações homo­gêneas que visam ao mesmo fim. Contudo, a Lei n.s 4.320/1964 não criou condições formais e metodológicas necessárias à implantação do orçamento programa no Brasil.Essa questão fo i anulada. Porém, traz a tona um tema importante. O orçamen- to-programa tem previsão legal na Lei 4320/64 e fo i reforçado pelo Decreto-Lei 200/67. Para outros doutrinadores o Decreto-lei200/67 teria sido, na verdade, a norma introdutora do orçamento-programa na esfera federal. Assim, a dou­

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trina diverge sobre a afirmação que a Lei 4.320/64 não criou condições formais e metodológicas necessárias à implantação do orçamento programa no Bra­sil. A banca havia considerado a questão correta, pois, segundo Giacomoni, "a Lei 4320/64, apesar de referir-se a programas de trabalho em diversos de seus dispositivos, não criou as condições formais e metodológicas necessárias à implantação do Orçamento-programa no Brasil". Realmente o orçamento- programa não fo i implementado com tal Lei Porém, a divergência é que para outros autores, a Lei criou as condições necessárias e que não houve a imple­mentação por outros motivos, como falta de conveniência e de oportunidade.

., Art. 28 Às propostas i parciais, das unidades administrativas, organizadas ;em formulário, próprio, serão áçómpanhadasde: ' - . - V v . ’

V I - tabelas explicativas da despesa, sob a forma estábelecida.no artigo 22,. inciso III, letras d, e, e f; . -v.'.: : •

'] II - justificaição pormenorizada de cada dotação solicitada, com a indi-r-•; cação dos atos de aprovação de projetos eorçamentos de obras públicas,

para cujo inicio ou prosseguimento èlà se destina. .XX-X X XX':X

1. 0 Princípio da Unidade diz que orçamento é uma só peça. No entanto, asunidades administrativas que compõem um ente federado cada qual tem as suas despesas.

2. Nesse sentido, cada unidade administrativa deve enviar ao ente federado a que pertence as suas despesas, devidamente explicadas, cada uma com sua dotação.

3. Lembra-se da definição do que é unidade administrativa? O artigo 14 da Lei 4.320-64 definiu:

Art. 14. Constitui unidade orçamentária o agrupamento de serviços subordinados ao mesmo órgão ou repartição a que serão consignadas dotações próprias.

Parágrafo único. Em casos excepcionais, serão consignadas dotações a unidades administrativas subordinadas ao mesmo órgão.

4. Uma unidade administrativa precisa saber qual é a receita que pode con­tar no orçamento do exercício seguinte, e viabilizar essa previsão é a exi­gência deste artigo 29.

5. Exemplo disso é a exigência da Lei de Responsabilidade Fiscal, que deter­mina à Prefeitura disponibilizar para a Câmara Municipal estimativa de receita para o exercício seguinte, em até 30 dias antes do prazo final para encaminhamento da proposta legislativa do orçamento, conforme previ­são do artigo 12, parágrafo 3 :

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LRF. Art. 12 (...) § 3S O Poder Executivo de cada ente colocará à disposição dos demais Poderes e do Ministério Público, no mínimo trinta dias antes do prazo fina! para encaminhamento de suas propostas orçamentárias, os estudos e as estimativas das receitas para o exercício subseqüente, inclu­sive da corrente líquida, e as respectivas memórias de cálculo.

■; Árt 29. Caberá aos órgãos de contabilidade óxi de arrecadação organizar •' • .• . demonstrações mensais ida receita arrécadáda', segundo as rubricas, para: . . servirem de base a estimativa'^receita, na proposta orçamentária. '

Parágrafo únicòrQuando houver órgão central de orçamento,, essas de­monstrações ser-lHe-ão remetidas mensalmente.; :

1. Se as despesas devem ser especificadas, em prol da transparência, da fis­calização, o mesmo deve acontecer com as receitas. Tudo que for arreca­dado tem que ser devidamente contabilizado.

2. O intuito é estimar a próxima proposta orçamentária. É uma obrigação do PODER EXECUTIVO. Se cabe ao Executivo arrecadar e programar a distri­buição da receita, apenas eie, o Poder Executivo, poderia disponibilizar a estimativa da receita para o orçamento seguinte.

3. Nunca é demais lembrar o conteúdo impositivo do art. 12, parágrafo 3 , da LRF:

LRF. Art. 12 (...) § 32 O Poder Executivo de cada ente colocará à dis­posição dos demais Poderes e do Ministério Público, no mínimo trinta dias antes do prazo finai para encaminhamento de suas propostas or­çamentárias, os estudos e as estimativas das receitas para o exercício subseqüente, inclusive da corrente líquida, e as respectivas memórias de cálculo.

, . . Art. 30. A estimativa da. receita terá-por báse. as dernorisfrações a que se,• .. refere ó artigo anterior, à aireçadação dos .três; últimos, exercícios pelo ‘

menos bém como. as ckcunstânci^s'de; ofdem /çonjiwtiira.l e outras, que: possam afetar a produtívidade de cada foiite ;de receita. \ . . . / •

1. Para saber uma receita vindoura, nada melhor do que olhar o que se ar­recadou nos exercícios anteriores. Perdoe-nos pelo trocadilho, mas para vislumbrar o futuro, devemos olhar o passado e sentir o presente.

2. O mais importante aqui é lembrar que a estimativa da receita deve ser feita com base na arrecadação dos três últimos exercícios. Lembre-se: 3 ÚLTIMOS EXERCÍCIOS.

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■P 3. A Lei de Responsabilidade Fiscal quase que repete o que o artigo 30 de­termina, exigindo também que as previsões de receita sejam acompanha­das de demonstrativos de sua evolução nos úitimos três anos, conforme previsão no artigo 12, caput:

LRF. Art. 12. As previsões de receita observarão as normas técnicas e le­gais, considerarão os efeitos das alterações na legislação, da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de qualquer outro fator relevante e serão acompanhadas de demonstrativo de sua evolução nos últimos três anos, da projeção para os dois seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia de cáiculo e premissas utilizadas.

4. Aplicação em concursoo AGU/CESPE - 2008.

O princípio da não-afetação rèfere-se à impossibilidade de vincuiação da re­ceita de impostos a órgãos, fundo ou despesa, com exceção de alguns casos previstos na norma constitucional.

Obs: Assertiva correta.

serãÓTèyísfas-^. na- das na proposta geral, considerando-se a receita estimada e as novas

circunstâncias. -

1. Responsabilidade do órgão central de orçamento: consolidação das pro­postas orçamentárias parciais.

2. Lembra-se do que é proposta orçamentária parcial? O artigo 27 desta lei explica para você:

Art. 27. As propostas parciais de orçamento guardarão estrita conformi­dade com a política econômica-financeira, o programa anual de trabalho do governo e, quando fixado, o limite global máximo para o orçamento de cada unidade administrativa.

3. Cabe ao órgão central impor limites, ou seja, frear ds excessos das pro­postas parciais, é isto o que determina o artigo 31.

C v Á A : V; l- y - V yY .y-:'• ---

- p Art. -.32.': Se. não;. reçebef a proposta orçamentma ;no prazo;fixado nàs "-r.. ■^■V.:;/;.VÇonstítógõe£pi^ dò$;Miímçípíp;! ^

:' ■/ considerará como proposta a Lei de çámento yige:iaté:V;;j/>--.: .

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1. Processo Legislativo Orçamentário. Este artigo dá início a uma série de comandos sobre o processo de tramitação das leis orçamentárias.

2. A Constituição estabelece prazo para envio da proposta orçamentária, conforme seu artigo 35 do ADCT:

CF. ADCT. Art. 35. O disposto no art. 165, § 7$, será cumprido de forma progressiva, no prazo de até dez anos, distribuindo-se os recursos entre as regiões macroeconômicas em razão proporcionai à população, a par­tir da situação verificada no biênio 1986-87.

{- )§ 22 - Até a entrada em vigor da lei complementar a que se refere o art. 165, § 95,1 e 11, serão obedecidas as seguintes normas:

I - o projeto do plano plurianual, para vigência até o final do primeiro exercício financeiro do mandato presidencial subseqüente, será encami­nhado até quatro meses antes do encerramento do primeiro exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legis­lativa;

II — o projeto de lei de diretrizes orçamentárias será encaminhado até oito meses e meio antes do encerramento do exercício financeiro e de­volvido para sanção até o encerramento do primeiro período da sessão legislativa;

lil ” o projeto de lei orçamentária da União será encaminhado até quatro meses antes do encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa.

3. Para entender melhor, veja a tabela:

4. A iniciativa dos projetos das leis orçamentárias é EXCLUSIVA do Executivo, é o que determina o art. 165 da CF:

CF. Art. 165 - Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:

I - o plano plurianual;

H — as diretrizes orçamentárias;

111 - os orçamentos anuais.

Lei orçamentária í? ■> F'razòparaericaminhamentq

pm Quatro meses antes do encerramento do exercício financeiro

LDO Oito meses e meio antes do encerramento do exercício financeiro

LOA Quatro meses antes do encerramento do exercício financeiro

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5. Mensagem aditiva do Presidente da República: o Presidente poderá enviar mensagem ao Congresso Nacional para propor modificação nos projetos a que se refere este artigo ENQUANTO NÃO INICIADA A VOTA- ÇAO, na Comissão Mista, da parte cuja alteração é proposta. É o que determina o parágrafo 5e do artigo 165 da CF.

6. E se o executivo não enviar os projetos de lei nos prazos previstos? ALei 4.320 trouxe uma solução, que nem sempre é aceita pela doutrina. A solução pode ser encontrada no art. 32 da Lei 4.320/64 {recepcionada materialmente como LC). De acordo com o referido dispositivo, o Po­der Legislativo considerará como proposta a lei orçamentária vigente. Não é o ideai porque fere o princípio da anualidade das leis orçamen­tárias.

— ^ 6.1. Contudo, a lei orçamentária anterior será submetida como projeto, y e então, poderá ser emendada pelos parlamentares e passará peio crivo

do legislativo (Comissão Mista Permanente). Trata-se de situação raríssi- ma, tendo em vista a possibilidade de configuração do crime de respon­sabilidade do Chefe do Executivo (art. 4o, VI e art. 10 ,! da Lei 1.079/50) "É crime de responsabilidade o ato do Presidente da República que aten­te contra a lei orçamentária"

—y 7. E se o Congresso Nacional rejeita o projeto de lei orçamentária Base legal: art. 166, §8° da CF/1988? O que acontece?

CF/88. Art. 166, § 89 - Os recursos que, em decorrência de vet emenda ou rejeição do projeto de lei orçamentária anual, ficarem sem despesas correspondentes poderão ser utilizados, conforme o caso, mediante créditos especiais ou suplementares, com prévia e específica autorização legislativa.

— 7. 1 Se o projeto for rejeitado totalmente, os recursos que ficarem sem as despesas poderão ser utilizados por crédito adicional especial (só pode através de iei).

— ^ 7.2 Se o projeto for rejeitado parcialmente, os recursos poderão ser utili­zados por crédito adicional suplementar (complementa uma previsão que se tornou insuficiente no ano seguinte).

8. O que ocorre se o projeto é apresentado pelo Presidente da República, mas por negligência deixa de ser apreciado e votado pelo Congresso Nacional? Nem a CRFB/1988, nem a Lei 4.320/64 tratam da hipótese, que ocorreu ano exercício de 2008.

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A doutrina é lacônica ao afirmar que há a necessidade de aguardar a elaboração da Lei Complementar que tratará sobre a matéria.Historicamente, as Constituições Democráticas de 1934 e 1946 soluciona­vam a questão através da possibilidade de prorrogação da lei orçamentá­ria vigente. Já as Constituições "não democráticas" de 1937,1967 e o Ato Institucional de 1969 defendiam que o projeto não votado estaria aprova­do. Ora, essa possibilidade é obviamente contrária ao princípio democrá­tico, pois contempla hipótese de lei orçamentária que não passava pelo crivo do legislativo.Conclusão: o que fazer se houver anomia orçamentária?

Nesse caso, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) será a grande referên­cia. Na atuai LDO, a questão tem sido resolvida com a antecipação orça­mentária {prevista na lei de diretrizes orçamentárias - LDO).8.1. No caso atual, a lei 11.768/08 (LDO vigente) prevê em seu art. 69 que a programação constante no projeto não sancionado poderá ser antecipa­da para o cumprimento de determinadas matérias (obrigações constitu­cionais, gasto com pessoal, etc.). A "liberação não é geral", é bem limitada.

9. Aplicação em concurso:« AGU/CESPE - 2008.

O orçamento é um ato administrativo da administração pública.Obs: Assertiva errada

Art. 33. Não se admitirão emendas ao projeto de Lei de Orçamento que■ visem a: ^ v/;' . VV : ';A''

a) alterar a dotação solicitada para despesa de clisteio, salvo quando pro- '.Vr:; . • vada, nesse ponto a inexatidão da proposta; '{:[ :%•;v;.;■' - V• b) còricederdotação parao mício de obra cujo projeto não esteja aprova-y ^ .A: ?' V-:: y=V' ^

c) conceder dotação para instalação ou funcionamento de serviço que não esteja anteriormente criadoj -C!; " :-í :

■ ' d) conceder dotação superior aos quantitativos previamente fixados em' resolução do Poder Legislativo paraconcessão de auxílios e subvenções.

1. 2â Fase da tramitação legislativa: as propostas das leis orçamentárias se­rão encaminhadas pelo EXECUTIVO para o LEGISLATIVO, conforme deter­minação do artigo 166 da CF:

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CF. Art. 166 — Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretri­zes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regi­mento comum.

2. As emendas às propostas serão examinadas por uma Comissão Mista Orçamentária do Congresso Nacional, verificados os iimites impostos pelo art. 33 da Lei, e especialmente pelos LIMITES IMPOSTOS PELOS IN­CISOS DO PARÁGRAFO 3S DO ARTIGO 166 DA CF: compatibilidade como PPA e com a LDO, indicação dos recursos necessários e relação com correção de erros e omissões:

CF/88. Art. 166 (...)§ 3g-A s emendas ao projeto de íei do orçamento anu­al ou aos projetos que o modifiquem somente podem ser aprovadas caso:

I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias;

II - indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenientes de anulação de despesa, excluídas as que incidam sobre:

a) dotações para pessoal e seus encargos;

b) serviço da dívida;

c) transferências tributárias constitucionais para Estados, Municípios e Distrito Federal; ou

III - sejam relacionadas:

a) com a correção de erros ou omissões; ou

b) com os dispositivos do texto do projeto de lei.

3. Recapitulando

Processo Lègis- ja t ív ò d a s ie is \ orça mentár ias

lníciaitiyadásjeis> orça mentá ria séd e

competência do

Prazoparaenvio

Órgão que analisará as

PPA Presidente da Repú­blica

31 de agosto

Comissão Mista Orçamentá­ria do Congresso Naciona!

LDO Presidente da Repú­blica

15 de abril

Comissão Mista Orçamentá­ria do Congresso Nacional

LOA Presidente da Repú­blica

31 de agosto

Comissão Mista Orçamentá­ria do Congresso Nacionai

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3.1. Veja o artigo 34 abaixo: eie diz que o ano financeiro coincindirá como ano civil, ou seja, de l 9 de janeiro até 31 de dezembro. Por essa razão, colocamos, no quadro acima, as datas precisas para encaminhamento das leis orçamentárias. Por outro lado, no quadro do artigo 32, apenas men­cionamos a cópia da Lei, sem nos reportarmos às datas específicas, por motivos de didática, já que estamos para explicar o artigo 34 agora.

4. Aplicação em concurso:

• (CESPE/Analista/TJCE/2008)

A lei 4.320/64, bem antes da LRF e de outros diplomas legais racionaiízadores e moratizadores da gestão púbiica, já continha regras restritivas, como, por exempio, a inadmissibilidade de emendas ao projeto de lei orçamentária que concedessem dotações para o início de obra sem o respectivo projeto apro­vado peios órgãos competentes, bem como para a instalação ou o funciona­mento de serviço que não tivesse sido anteriormente criado, (art. 33)Gabarito C

TÍTULO IV

í Art. 34. O exercício financeiro coincidirá com o ano civil. ; . ; .

1. O artigo 165, parágrafo 99 da CF, Inciso l/estabelece que lei complemen­tar disporá sobre o exercício financeiro. Na falta dela, a Lei 4.320 supre essa exigência, tendo no caso definido a coincidência entre os anos finan­ceiro e civil.

Art. 35. Pertencem ao exercício financeiro: '1 . ; I - ás receita nele a r r e c a d a d a s ; ••• • : V ''■<■'} \

• >. ;H - as despesas nele legalmente empenhadas. • : , . .

1. Regime misto para a gestão financeira. GUARDE A DICA: RECÂ-DECO.

A REceita adota o regime de CÃixa e a DÍEspèsa, o de COmpetência. Viu as letras em negrito? Foi proposital. Vamos agora à explicação:

1.1. O inciso 1 determina que as receitas somente serão consideradas, se efetivamente forem arrecadadas, ou seja, se entrarem no CAIXA, por isso é chamado esse regime de Caixa.

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2. Aplicação em concurso:• (FCC- lnfraero/09)

Conforme disposto na Lei Federal n- 4.320, pertencem ao exercício financeiro:a) as receitas nele arrecadadas e as despesas nele legalmente pagas.b) a receita nele arrecadada e as despesas nele legalmente empenhadas.c) apenas as despesas nele legalmente empenhadas.d) a receita independentemente do seu recebimento e as despesas nele legal­

mente empenhadas.e) apenas as receita nele arrecadada.

Resposta: B

3. Por sua vez, o inciso II determina que as despesas serão consideradas quando forem empenhadas, ou seja, deslocadas para pagamento. Expli­caremos o que é empenho no artigo 58, mas já antecipamos que a lei 'define o que é empenho:

Art. 58. O empenho de despesa é o ato emanado de autoridade com­petente que cria para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição.

4. Aplicação em concurso:• (AFC_STN - ESAF/2000)

O art. 35 da Lei n2 4.320/64 consagrou, para a contabilidade pública, o re­gime misto, estabelecendo o regime de competência para a despesa e o de caixa para a receita. Todavia, constituem exceções a esse regime:

a) a aquisição de bens de capital e o recebimento de doações.b) os restos a pagar não processados e a inscrição da dívida ativa.c) os restos a pagar não processados e o recebimento da dívida ativa.d) os restos a pagar processados e a inscrição da dívida ativa.e) os restos a pagar processados e o recebimento da dívida ativa.

Resposta: B. Comentários: A despesa orçamentária deverá ser reconhecida no exercício financeiro em que fo r realizada, independentemente do mo­mento em que ocorrer seu pagamento, ou seja, a despesa deve ser reconhe­cida pelo regime de competência e não de caixa.

. Art. 36. Consideram-se Restos a Pagar as despesas empenhadas mas não ' pagas até 6 'dia 31 de dezembro distinguindo-se- as processadas das não . processadas/

- , Parágrafo único. Os empenhos que sorvem a conta de créditos çóm vi-j , gência pliirianual, que não tenham sidoliquidadòs, só serão computados como Restos à Pagár rio último ano de vigência do crédito.

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1. O que são restos a pagar? São obrigações assumidas para pagamento após a certificação da certeza, da liquidez do crédito. Restos correspon­dem à diferença entre o volume total das obrigações assumidas no exer­cício e o volume destas obrigações pagas. A locução a pagar indica os compromissos assumidos por previsão legal,

2. Despesas processadas são as que se referem aos compromissos já execu­tados, liquidados, prontos para pagamento.

3. Despesas não processadas são as dos contratos em execução, inexistindo para o credor direito líquido e certo para o recebimento das mesmas.

4. A LRF impõe recomendação considerável quanto aos restos a pagar, de que os mesmos não poderão ser contraídos nos 2 últimos quadrimestres do mandato, conforme dispõe seu artigo 42:

LRF. Art. 42. É vedado ao tituiar de Poder ou órgão referido no art. 20, nos últimos dois quadrimestres do seu mandato, contrair obrigação de despesa que não possa ser cumprida integralmente dentro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas no exercício seguinte sem que haja sufi­ciente disponibilidade de caixa para este efeito.

5. Aplicação em concurso:o ÇTRF-2R - Analista Judiciário - Área Administrativa - FCC/2007)

Conforme Lei Federal n9 4.320/64, artigo 36: Consideram-se restos a pagar as despesas empenhadas mas não pagas até o dia 31 de dezembro, distin- guindo-se as processadas das não processadas. Despesa não processada é aqueia:

a) operação do sistema financeiro de escrituração contábil, sendo a despesa realizada normalmente pela sua liquidação, e lançada como despesa orça­mentária do exercício a pagar.

b) cujo empenho foi legalmente emitido, mas depende, ainda, da fase de dota­ção orçamentária.

c) cujo empenho foi entregue ao credor, que por sua vez entregou o material, prestou o serviço e a despesa foi considerada liquidada, estando na fase de pagamento.

d) que em termos orçamentários foi considerada despesa realizada, faltando apenas o processamento do pagamento.

e) cujo empenho foi legalmente emitido, mas depende, ainda, da fase de liqui­dação.Resposta: E. Despesa não processada é a que, mesmo empenhada, ainda não fo i paga.

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L ea n d r o E u st á q ü io e I g o r d e M a t o s M onteíro

O conceito dado para despesa não processada não a distingue da despesa processada, u.ma vez que esta também é a despesa que, mesmo empenha-

. da, ainda não fo i paga.

® (Tesoureiro do Município de IRANI - SC - 2007)

As despesas empenhadas mas não pagas até 31 de dezembro, distinguindo- se as processadas das não processadas, consideram-se como?

a) Excesso de Arrecadação.b) Contas a Pagar.c) Restos a Pagar.d) Despesas Liquidadas.e) Despesas não Empenhadas.

Resposta: C.

* (TCE/MA ~ Procurador - FCC/2005)

Em Contabilidade Pública, Res-tos a Pagar éa) a despesa regularmente empenhada, mas não paga até o término do exercí­

cio financeiro.b) a obrigação de despesa assumida nos oito últimos meses dos mandatos.c) a despesa regularmente liquidada, mas não empenhada até 31 de dezembro.d) a despesa formalmente liquidada, pronta para o respectivo desembolso da

Administração.e) o gasto assumido nos dois últimos quadrimestres dos mandatos, ainda que

não empenhado.Resposta: A

■ Art. 37. Ás despesas de exercícios encerrados, para às quais o orça-mento ' respectivo consignava crédito próprio,com saldo suficiente para;atendê- :. ias, que não se tenham processado na época própria, bem como os Restos a';; .

. Pagarcom prescrição interrompida, e os compromissos reconhecidos após : .■■ ■. o encerramento do exercício correspondentepoderão ser pagos à- conta. de .

.dotação específica consignada no orçamento, discriminada por elementos,:. - obedecida,sempre que possível, a ordem cronológica.. ; V. .. -; .

Todos os compromissos têm que ser honrados, respeitado o que o or­çamento consignava para tanto. Isso vaie para os restos a pagar com prescrição interrompida e para os compromissos reconhecidos após o encerramento do exercício (como no caso de despesas urgentes que a Ad­ministração necessita realizar: água, luz, telefone).

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2. Essas despesas poderão ser pagas à conta de dotação específica consig­nada no orçamento, discriminadas por elementos, ou seja, devidamente especificada a despesa.

3. Aplicação em concurso:

e (FCC - TCE/MA - Anal-Controle-Externo ~ 2005)

As despesas empenhadas e não pagas até o finai do exercício financeiro são consideradas como restos a pagar. Sobre a matéria é correto afirmar:

a) Dividem-se em duas categorias: as processadas, aqueias que foram empe­nhadas e pendem de liquidação e as não processadas, aqueias que foram empenhadas e pendem de pagamento.

b) CompÕem-se unicamente de obrigações a íongo prazo.c} Os empenhos decorrentes de contratos com vigência plurianual, que não te­

nham sido liquidados, serão computados pelo valor totaí como restos a pagar ao final do primeiro exercício financeiro.

d) Os restos a pagar com prescrição interrompida poderão ser pagos à conta de dotação específica consignada no orçamento.

e} A anulação de restos a pagar não será considerada como receita no exercício em que se efetivar.Resposta: D.

* (CESPE - Analista Ambiental ~ Administração e Planejamento~ MMA -2008)

O Ministério do Meio Ambiente pode consignar, em seu orçamento, dotação específica, a títuío de ajuda financeira, a empresas privadas com projetos de conservação do meio ambiente, com base no caráter de lei especial de que se reveste o orçamento público. São as seguintes características da lei orçamentária:

a) Lei forma!: a lei orçamentária não obriga o administrador público a realizar determinada despesa, apenas autoriza os gastos. É considerada uma lei de efeitos concretos.

b) Lei temporária: vigência limitada ao período de um ano.c) Lei ordinária: as Seis orçamentárias (PPA, LDO e LOA) e os créditos suplemen­

tares e especiais são leis ordináriasd) Lei especial: possui processo legislativo diferenciado e trata de matéria espe­

cífica.Resposta: Errada. Comentários: A Lei Orçamentária é ainda denominada de Lei de Meios, porque possibilita os meios para o desenvolvimento das ações relativas aos diversos órgãos e entidades que integram a administração pública. O Orçamento é uma lei especial porque possui processo legislati­vo diferenciado e trata de matéria específica. Segundo a LRF, a destinação

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de recursos para, direta ou indiretamente, cobrir necessidades de pessoas físicas ou déficits de pessoas jurídicas deverá ser autorizada por lei específi­ca, atender às condições estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias e estar prevista no orçamento ou em seus créditos adicionais. Assim, o Minis­tério do Meio ambiente não pode consignar em seu orçamento ajuda finan­ceira com base apenas no caráter de lei especial de que se reveste essa lei.

: Àrt. 38. Reverte à dotação a importância de despesa anulada no exerci- ;.# ; cio,, quando a anulação ocorrer após oencerrameritõ deste considerar-se- '

;■ . á receita do ano em que se efetivar. . . . . . : '

1. Este artigo contém 2 comandos: o primeiro dispõe sobre a anuíação da despesa no exercício e o segundo dispõe sobre a anulação de despesa após o encerramento do exercício. No primeiro caso, reverte à dotação a importância da despesa anulada, e no segundo caso, considerar-se-á re­ceita do ano em que se efetivar.

Art. 39. Os créditos da ,Fazenda Pública, de natureza tributária ou não tributária, serão escriturados comò receita,do exercício em que forem arrecadados, nas respectivas rubricas orçamentárias§ Io - Os créditos de que trata este artigo, éxigíveis pelo transcurso do prazò pára pagamento,- serão inscritos, na forma da.legislação própria, como Dívida Ativa, em, registro próprio,.após apurada .a sua liquidez e

' certeza,’ e a respeçtivá receita será ;escriturada a esse título. • '„ - ' §■ 2o - Dívida Ativa Tributáriá é- o crédito da Fazenda-Pública dessa

natureza, proveniente.de obrigação'legal relativa a tributos e respectivos ‘ adicionais e multas, e Dívida Ativa não Tributária são os demais créditos . da Fazenda Pública, tais como òs provenientes de empréstimos compulsó­rios, contribuições estabelecidas em'lei,-multa de qualquer origem ou na-

. tureza, exceto ás tributárias, fòros, laúdêmios, aluguéis ou taxas de ocupa-• ção, custas processuais, preços de serviços prestados por estabelecimentos públicos, indenizações, reposições, restituições,' alcances dos responsáveis

• definitivamente julgados, bem assim os créditos decorrentes de obrigações em moeda estrangeira, de sub-rogação. de hipoteca, fiança, aval ou outra garantia, dè contratos, em geral ou;de óútras obrigações legais.§ 3o - O valor do crédito, da Fazenda Nacional em moeda estrangeira será convertido, ao correspondente valor ná moedanacional à taxa cambial oíi-

■’ cial,: para compra, na dãta dá notificaçãoou intimação do devedor, pela ••• :.;:-jáútoridadè4dn^ da inscrição da Dívida -

/•;:; :':v,%-Ativa,;:íncÍdmfio>l^p^rí.da:cónversâoi':â?atuáÍizaçãa;'moiietária:e..os-juros-.-:;; : : ^e morá, dé. acordo còm preceitos legais pertinentes aos débitos tributários. : -

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: . § 4o, - A receita da Dívida Ativa abrange os créditos mencionados nos •.parágrafos anteriores, bem como os valores, correspondentes à respectiva atualização, monetária,, à multa e juros de mora.e ao encargo de que tra-;; tam o art. 1®. do Decreto-lei n° 1.025, de 21 de outubro dè 1969, e o art. 3o do Decreto-lei n° 1.645, de 11 de dezembro de 1978.

.§ 5o - A Divida Ativa da União, será apurada e inscrita na Procuradoria . da Fazenda Nacional. '

1. Receita (conjunto da dívida ativa tributária e não tributária) adota o regi­me de caixa. O caput deste artigo ratifica a exigência de que a receita só será considerada quando ARRECADADA, ou seja, entrar em CAIXA.

2. Dívida ativa tributária. Os parágrafo l 2 e 29 deste artigo conceituam o que é dívida ativa, quaisquer débitos de terceiros perante a Fazenda, depois de APURADAS A CERTEZA E A LIQUIDEZ. A lei faia em liquidez primeiro do que certeza, o que é um equívoco, pois primeiro é necessário verificar se a dívida existe (a.n debeatur), para depois apurar o montante dela (quan- tum debeatur).

3. O parágrafo 5e deste artigo determina que a dívida ativa da União será apurada pela PFN, o que foi recepcionado pela CF, em seu artigo 131, parágrafo 3e:

CF. Art. 131 - A Advocacia-Geral da União é a instituição que, direta­mente ou através de órgão vinculado, representa a União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei complementar que dispuser sobre sua organização e funcionamento, as atividades de con­sultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo.

§ is - A Advocacia-Geral da União tem por chefe o Advogado-Geral da União, de livre nomeação pelo Presidente da República dentre cidadãos maiores de trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada.

§ 2S - O ingresso nas classes iniciais das carreiras da instituição de que trata este artigo far-se-á mediante concurso público de provas e títulos.

§ 32 - Na execução da dívida ativa de natureza tributária, a representa­ção da União cabe à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, observadoo disposto em lei.

4. A Lei 6.830 de 1980 trata do procedimento de Execução das Dividas Tri­butárias. Vale a pena saber os artigos 22 e 3 , que ratificam o conceito da lei 4.320, sobre dívida ativa tributária ou não tributária:

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Art. 22 Constitui Dívida Ativa da Fazenda Pública aquela definida como tributária ou não tributária na Lei n9 4.320, de 17 de março de 1964, com as alterações posteriores, que estatui normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Es­tados, dos Municípios e do Distrito Federal.

§ 1» Qualquer valor, cuja cobrança seja atribuída por lei às entidades de que trata o artigo 1~, será considerado Dívida Ativa da Fazenda Pública.

§ 22 A Dívida Ativa da Fazenda Pública, compreendendo a tributária e a não tributária, abrange atualização monetária, juros e multa de mora e demais encargos previstos em lei ou contrato.

§ 32 A inscrição, que se constitui no ato de controle administrativo da lega­lidade, será feita pelo órgão competente para apurar a liquidez e certeza do crédito e suspenderá a prescrição, para todos os efeitos de direito/por 180 dias, ou até a distribuição da execução fiscal, se esta ocorrer antes de findo aquele prazo.

§ 42 A Dívida Ativa da União será a apurada e inscrita na Procuradoria da Fazenda Nacional.

§ 52 O Termo de Inscrição de Dívida Ativa deverá conter:

I - o nome do devedor, dos co-responsáveis e, sempre que conhecido, o domicílio ou residência de um e de outros;

II - o valor originário da dívida, bem como o termo inicial e a forma de calcular os juros de mora e demais encargos previstos em lei ou contrato;

III - a origem, a natureza e o fundamento legal ou contratual da dívida;IV - a indicação, se for o caso, de estar a dívida sujeita à atualização mo­netária, bem como o respectivo fundamento legal e o termo inicial para o cálculo;

V - a data e o número da inscrição, no Registro de Dívida Ativa;

VI - o número do processo administrativo ou do auto de infração, se neles estiver apurado o valor da dívida.

§ 62 A Certidão de Dívida Ativa conterá os mesmos elementos do Termo de Inscrição e será autenticada pela autoridade competente.

§ 7S O Termo de Inscrição e a Certidão de Dívida Ativa poderão ser prepa­rados e numerados por processo manual, mecânico ou eletrônico.

§ 82 Até a decisão de primeira instância, a Certidão de Dívida Ativa poderá ser emendada ou substituída, assegurada ao executado a devolução do prazo para embargos.

§ 9S O prazo para a cobrança das contribuições previdenciárias continua a ser o estabelecido no artigo 144 da Lei n2 3.807, de 26 de agosto de 1960.

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Art. 3S A Dívida Ativa regularmente inscrita goza da presunção de cer­teza e liquidez.

Parágrafo único. A presunção a que se refere esse artigo é relativa e pode ser ilidida por prova inequívoca, a cargo do executado ou de ter­ceiro, a quem aproveite.

5. Empréstimo compulsório. De acordo com a Constituição Federal, a competência para instituição de empréstimos compulsórios é da União, sendo tais tributos temporários e restituíveis, cabendo sua instituição e disciplina dependente de lei complementar. Consiste na tomada com­pulsória de uma certa importância do particular, a titulo de empréstimo, com promessa de resgate em certo prazo, e em determinadas condições prefixadas em Lei, para atender situações excepcionais ali estabelecidas. Os recursos arrecadados com os mesmos terão sua aplicação vinculada à despesa que fundamentou sua instituição. De acordo com o STF, a resti­tuição do empréstimo compulsório deverá ser feita em moeda corrente.

Segundo o art. 148 da CF/88, a União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios:

a) Para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência;

b) No caso de investimento público de caráter urgente e de relevante in­teresse nacional, observado o princípio tributário da anterioridade, o qual veda a cobrança de tributos no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a iei que os instituiu ou aumentou.

Logo, os empréstimos compulsórios somente podem ser instituídos pela União e desde que destinados a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; e no caso de in­vestimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional.

6. Receita não-tributária. Essa modalidade de receita é tida como receita originária, qual seja, origina-se da atividade empresarial ou patrimonial que o Estado exerce dependendo da vontade entre as partes. É despida de caráter coercitivo, mas submetida ao interesse público, sendo subme­tida à legislação específica. Não existe a supremacia do Estado diante o particular. São elas:

a) Preço público ou tarifa: é a prestação pecuniária auferida do particu­lar pelo Estado, entidade estatal, concessionária ou permissionária,

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'• r 1J i i.

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quando uma ou mais das seguintes condições são adimplídas pela vontade das partes: peío cumprimento de obrigações acordadas pe­las partes; pela obtenção de bens; e/ou pela prestação de serviços

| não essenciais.

b) Compensações financeiras: têm o intuito de recompor financeira-I mente reparação de dano futuro causado pela atividade econômi-! ca na exploração desses recursos, podendo ser devidas à União, aoj Estado e ao Município de acordo com a localização do respectivoI recurso. A receita da compensação financeira tem origem na explo-f ração do patrimônio do Estado, que é constituído por recursos mi­

nerais, hídricos, florestais e outros definidos no ordenamento cons-1 titucionai.

c) Multas: constituem-se em ato de penalidade de natureza pecuntá-I! ria aplicada pela Administração Púbica aos administrados. As multas|| também se constituem num tipo de receita pública, de caráter nãop tributário e dependem, sempre, de prévia cominação em lei ou con-p trato, cabendo sua imposição ao respectivo órgão competente. Asi j multas administrativas classificam-se como "outras receitas corren-I t6S"Ji[] d) Créditos Públicos: são ingressos financeiros contraídos por meio defj endividamento ou recebimento de parcelas referentes a pagamentos|] financeiros decorrentes de empréstimos em que o Estado é o ente]| credor Podem ser classificadas como receitas originárias provenien-|| tes de contratos ou como ingressos extra-orçamentários, que nessejj caso não são classificadas como receita. São modalidades desse tipo

de crédito as Operações de Crédito por Antecipação de Receita Orça­mentária - ARO e as Operações de Crédito Interna, Externa e Oficiai de crédito-retorno.

à e) Dívida ativa: este crédito é cobrado por meio da emissão da certi­dão da dívida ativa da Fazenda Pública da União inscrita na forma da lei, valendo como título de execução, o que lhe garante liquidez. São os créditos da Fazenda Pública de natureza tributária (proveniente da obrigação legai relativa a tributos e respectivos adicionais, atuali­zações monetárias, encargos e muitas tributárias) ou não tributária (demais créditos da fazenda pública) exigíveis em virtude do trans­curso do prazo para pagamento. As receitas decorrentes de dívida

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ativa tributária ou não tributária devem ser classificadas como "ou­tras receitas correntes".

7. Jurisprudência do STJ:

TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. FALTA DE PREQUESTIONAMENTO. REEXAME DE PROVAS. VENCIMENTO DE SERVIDOR PÚBLICO PAGO A MAIOR. MEIO ADEQUADO A SUA COBRANÇA. EXECUÇÃO FISCAL. LEI

4.320/64, ART. 39, § 42. 1. As matérias insertas nos arts. 12 e 2- da Lei n9 6.830/80; 583, 585, 586 do Código de Processo Civil e 201, 202 e 204 do Código Tributário Nacional, não foram examinadas pela Corte de origem. Ante a faita de prequestionamento, há incidência da Súmuia 211/STj. 2. O reexame de provas é vedado em recurso especial {Súmula 7/STJ). 3. Os valores pagos a maior relativos a vencimentos de servidor público constituem Dívida Ativa não Tributária. Na forma da legislação própria, após apurada a sua liquidez e certeza, poderão ser inscritos como Dívida Ativa da Fazenda Pública (art. 39, § 4S, da Lei n® 4.320/64) e cobrados em execução fiscal. 4. Recurso especial conheci­do em parte e provido. (STJ, REsp 761270 / SP, Ministro Castro Meira, DJ 01/06/2007)

A rt 40. São créditos adicionais, ás autorizações dè despesa não còmpu- , tadas ou insuficientemente dotadas ria Lei deQrçamento. :

1. Este artigo trata de um gênero IMPORTANTÍSSIMO, que CAÍ MUITO em concursos. Fique tranqüilo que é muito fácil, tanto saber o gênero e as espécies, como também evitar ser enganado pelo examinador.

2. Por enquanto, guarde que o gênero se denomina CRÉDITOS ADICIONAIS, que a própria lei inicia a explicação: é algum valor que não constou ou, se constou, constou de forma insuficiente no orçamento.

Art 41. Òs créditos adicionais classificam-se em: • \, .1 - suplementares,;0s destinados a reforço/de dotação orçamentária;

lí — especiais,- òs' destinados á despesas para ás quais não íiaja dotação ■• orçamentária específica;' :

:' v\ ÍII -éxtraòrdinánqs, qs destinados a.despesas urgentes e imprevistas, em- caso de gúérra, comoção intestina oucálàmidade pública! ■

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1. Como falávamos nos comentários ao artigo 40, o gênero tem suas espé­cies, e são 3:

a) CRÉDITOS SUPLEMENTARES são os que se destinam a REFORÇO (insu­ficiência) de dotação orçamentária;

b) CRÉDITOS ESPECIAIS são destinados para as despesas que não têm dotação específica, ou seja, o legislador não previu no orçamento a despesa;

c) CRÉDITOS EXTRAORDINÁRIOS são os destinados para situações urgen­tes e imprevistas: GUERRA, COMOÇÃO INTESTINA (grave a expressão, não se preocupe com a explicação, pois não é cobrada a definição) e CALAMIDADE PÚBLICA.

2. As questões de concursos misturam as espécies de créditos, colocando as definições, umas nos lugares das outras. PORTANTO, apesar de simples, TODO CUIDADO É POUCO.

/■èRÉpjfô Faltou dinheiro no orçamento

Não havia previsão da despesa

CRÉDITOS EXTRAORDINÁRIOS Dinheiro para situações URGENTES e IMPREVISTAS

3. Aplicação em concurso:

® (Esaf - Analista MPU/2004)

De acordo com a classificação dos créditos adicionais, assinale a opção cor­reta em relação a créditos extraordinários.

a) São os destinados a despesas urgentes e imprevistas, como em caso de guer­ra, comoção intestina ou calamidade pública.

b) Destinam-se ao reforço de dotações orçamentárias.c) São os destinados a despesas para as quais não haja dotação orçamentária

específica.d) São autorizações abertas por decreto do Poder Executivo até o limite estabe­

lecido em lei.e) São autorizados para cobertura de despesas eventuais ou essenciais e, por

isso mesmo, não considerados na Lei do Orçamento.Resposta: D

■ - À rt 42;Òs créditos suplementares e especiais serão âütòrizados por lei e •. • abertos por débreto.executivo.; ,'r4 \ '•/ -'7

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1. Atenção! Você, leitor atento, deve ter percebido que este artigo trata de duas espécies de CRÉDITOS ADICIONAIS: os SUPLEMENTARES e ESPE­CIAIS. Apenas estes exigem participação do LEGISLATIVO (autorizados por lei) em sua liberação.

2. Expliquemos melhor isso: o inciso V do 167 da CF fala que os projetos de lei de créditos suplementares e especiais serão autorizados por Lei, recepcionando o comando do artigo 42 da lei 4.320-64. Até aqui, nada de novo. Ocorre que, quando a CF não qualifica a lei que exige, temos que entender que essa é uma Jeí ordinária. E o mais importante, toda matéria de lei ordinária pode ser tratada por Medida Provisória, A não SER QUE HAJA VEDAÇÃO EXPRESSA, o que no caso dos créditos SUPLEMENTARES E ESPECIAIS há. CONCLUSÃO: os créditos SUPLEMENTARES E ESPECIAIS NÃO podem ser editados por Medida Provisória, conforme previsão do art. 62, parágrafo 12,1, d, CF:

Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República po­derá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.

§ 12 É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:

(..-)d) planos piurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 32

3. Aplicação em concurso:

® (TCE/SP - A uxiliar da Fiscalização Financeira - FCC/2005)

De acordo com o disposto na Lei n® 4.320/64, os créditos adicionais espe­ciais, assim entendidos os destinados a despesas para as quais não haja do­tação orçamentária específica, são:

a) inconstitucionais no regime hoje vigente no Brasil.

b) autorizados por decreto e abertos por ato da autoridade fazendária.

c) autorizados por lei e abertos por decreto executivo.

d) autorizados por decisão judiciai e abertos por lei.

e) autorizados por decisão judicial e abertos por decreto executivo

Resposta: C. Lembrem-se que os créditos suplementares e os créditos espe­ciais necessitam da participação do Poder Legislativo. Os créditos extraor­dinários não exigem obrigatoriamente a participação do Legislativo, pois podem ser abertos por Medida Provisória.

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• (Cespe ~ TCE AC/09)

Assinale a opção correspondente a fonte para abertura de crédito adicio­nal.

a) Produto de operações de crédito por antecipação de receita orçamentária.b) Saldo positivo-proveniente da diferença entre a despesa realizada e a fixada

no balanço orçamentário do exercício anterior.c) Recurso que, em decorrência de veto, emenda ou rejeição do projeto de LOA,

ficou sem despesas correspondentes.d) Superávit financeiro, apurado bimestral mente, no balanço patrimonia! do

exercício financeiro.e) Excesso de arrecadação constituído pelo saldo positivo das diferenças entre

os ingressos e dispêndios do balanço financeiro.

Resposta C

. Àrt. 43; À abertura dos créditos, suplementares e especiais depende da .: • . existência de. recursos disponíveis para ocorrer a despesa e será precedi-

. da de exposição justificada/. O . ^ \ i. § 1° Consideram-se recursos para o fim .deste artigo, deste que não com-/ ..prometidos;'.. . • ;v' ; ;!•

I ~ o superávit.financeiro apurado em balanço patrimonial do exercício

n ~ os provenientes de excesso dè arrecádação ;III—os resultàntès de anulação parcial ou tòtai de dotações orçamentárias Vou de créditos adicionais, autorizados em lei .■.■'- ' v ; ■..

: IV--o produto de operações de crédito autorizadas7, em forma que juridi- ' çamente possibilite o Poder Executivo realizá-las. • ' .,

• ;;. .§2° Entende-se por superávit financeiro a diferença positiva entre oativo financeiro e Ò passivo financeiro conjugando-se ainda, os saldos .

. dos créditos adicionais transferidos e as opèrações de crédito a elesí . vinculadas. j A ; í • ’ . v

§3° Entende-se por excesso de arrecadação,- para ós fins désté artigo, o• . saldo positivo das diferénças;àcumuladas mês a mês, entre a anrècádaçãò •

prevista e a realizadâ, considerando-se aindá, a tendência do exercício.§4° Para o fim de japurar os recursos utilizáveis, provenientes de excesso /:■

' de arrecadação deduzir-se-á ã impòrtánciá dos créditos extraordinários...: abártps nó e x e r c í c i o ; . ;Vv. 1 • ''' ; '

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1. Tem que ter recurso disponível. A abertura dos créditos suplementares e especiais EXIGE que haja recurso disponível para ocorrer a despesa.

2. A CF ratifica essa exigência:CF. Art. 167. São vedados:

(- )V - a abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia autoriza­ção legislativa e sem indicação dos recursos correspondentes;

3. Esses recursos podem vir: do superávit financeiro (diferença positiva en­tre o ativo financeiro e o passivo financeiro, menos o valor para pagar os juros da dívida); do excesso de arrecadação (saldo positivo das diferenças entre a arrecadação prevista e a realizada); da anulação de dotações or­çamentárias.

4. Aplicação em concurso:® (Tribuna! de Contas do Estado/SE - Auditor ~ FCC/2002)

Os créditos adicionais que dependem da prévia autorização legislativa e de indicação de recursos disponíveis para a cobertura são:

a) Suplementares e Extraordinários.b) Especiais e Extraordinários.c) Suplementares, apenas.d) Suplementares e Especiais.e) Suplementares, Especiais e Extraordinários.

Resposta: D. De acordo com os arts. 42 e 43 da Lei n9 4.320/64, os créditos su­plementares e especiais serão autorizados por lei e abertos por decreto execu­tivo e dependem da existência de recursos disponíveis para ocorrer a despesa.

® (TRT 39 REGIÃO - Técnico Judiciário - Contabilidade FCC -2005)

Nos termos da lei, não constitui recurso hábil para abertura de créditos adi­cionais

a) o superávit financeiro apurado em balanço patrimonial do exercício anterior.b) os provenientes de excesso de arrecadação.c) a economia orçamentária.d) os resultantes de anulação parcial ou total de dotações orçamentárias ou de

créditos autorizados em lei.e) o produto de operações de crédito autorizados, em forma que juridicamente

possibilite ao Poder executivo realizá-las.Resposta: C

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L ea n d r o E ust á q u jo e Ig o r d e M a t o s M onteiro

Art 44. Os cré4itos extraòrcünáriòs serão abertos por decreto do Poder . Executivo, que deles dará imediatóconhecimento aó Poder Legislátivò. f '

X. Leia nossos comentários ao artigo 4.

2. Lá, o único crédito que não foi tratado foi exatamente o que neste artigo é comentado, o CRÉDITO EXTRAORDINÁRIO.

3. Aqui vamos fazer o contrário! Colocamos primeiro a conclusão: os CRÉ­DITOS EXTRAORDINÁRIOS PODEM SER EDITADOS POR MEDIDA PROVISÓ­RIA, para depois explicarmos: não existe a vedação què existe para os créditos especial e suplementar, conforme impõe a CF no artigo 62, pará­grafo 1-, I, d:

CF. Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de !ei, devendo submetê- las de imediato ao Congresso Nacional.

§ É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:

(...)

d) pianos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3 .

4. CUIDADO! Não confunda os requisitos da Medida Provisória (RELEVÂN­CIA E URGÊNCIA) com os requisitos do CRÉDITO EXTRAORDINÁRIO (1M- PREVISIBILIDADE E URGÊNCIA):

4.1. Requisitos da Medida Provisória, estabelecidos no artigo 62 da CF:Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República po­derá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.

4.2. Requisitos do Crédito Extraordinário, estabelecidos no artigo 167, pa­rágrafo 3e, CF:

CF. art. 167 (...) § 3S - A abertura de crédito extraordinário somente será admitida para atender a despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública, ob­servado o disposto no art. 62.

Medida Provisória Relevância e Urgência

Créditos Extraordinários Imprevisibütdade e Urgência

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Âplicaçãp em concurso:

® (TCE/MA - Analista de Controle Externo FCC -2005)Os créditos extraordinários serão abertos por:

a) medida provisória do Poder Executivo, que submeterá à aprovação do Poder Legislativo.

b) lei complementar do Poder Legislativo, que dará imediato conhecimento ao Poder executivo.

c) lei ordinária do Poder Legislativo, que dará imediato conhecimento ao poder Executivo.

d} decreto do Poder Executivo, que submeterá à imediata aprovação do Poder Legislativo.

e) decreto do Poder Executivo, que dará imediato conhecimento ao Poder Le­gislativo.Resposta: E. Cuidado! Não se esqueça dos nossos comentários. Apesar dessa questão ter dado como certa a letra e, atualmente o instrumento normativo que abre os créditos extraordinários é A MEDIDA PROVISÓRIA. A resposta não está errada, mas sim desatualizada. Veja que a questão abaixo é bem parecida.

® {TCU ~~ Anaíista de Controle Externo - ESAF/2002)Com relação aos créditos adicionais, aponte a única opção correta pertinente aos créditos extraordinários.

a) São destinados a reforço de dotação orçamentária.b) São destinados a despesas para as quais não haja dotação específica.c) São autorizados por íei e abertos por decreto.d} São abertos por decreto do Executivo, que dará conhecimento ao Legislativo.e) Sua abertura depende da existência de recursos disponíveis.

Resposta: D

® (E sa f- Analista de planejamento do Estado de São Paulo/2009)Em relação ao orçamento público, é correto afirmar:

a) cabe projeto de lei orçamentária de iniciativa popular.b) não pode a Constituição do Estado de São Paulo prever que, rejeitado o pro­

jeto de lei orçamentária, subsista a !ei orçamentária anterior.c) pode haver plebiscito ou referendo à lei orçamentária.d} cabe Medida Provisória no processo orçamentário.e) o chefe do Poder Executivo tem prazo para enviar a proposta de lei orçamen­

tária, devendo o Poder Legislativo, na hipótese de ausência de envio, consi­derar os recursos que ficarem sem despesa correspondente como passíveis de utilização Resposta: D

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■ - Art. 45. Os créditos adicionais terão vigência adstrita ao exercício finan­ceiro em que forem abertos, saívo expressàdisposição legal em contrário,

: quanto aos especiais e extraordinários.. W-t "777••

1. Vigência é o período de validade da espécie. Os créditos adicionais têm validade anual (PRINCÍPIO DA ANUALIDADE), ressalvadas as previsões le­gais para as espécies CRÉDITOS ESPECIAIS E EXTRAORDINÁRIOS, exceção ratificada pela CF, que em seu artigo 167, inciso IX, parágrafo 25, dispõe sobre a ressalva, determinando que a vigência dos mesmos pode ser rea­berta, se o ato for promulgado nos últimos quatro meses do exercício:

CF. art. 167 (...)§ 25 - Os créditos especiais e extraordinários terão vigên­cia no exercício financeiro em que forem autorizados, salvo se o ato de autorização for promulgado nos últimos quatro meses daquele exercí­cio, caso em que, reabertos nos limites de seus saldos, serão incorpo­rados ao orçamento do exercício financeiro subseqüente.

. Art. 46. O .ato que abrir crédito adicional indicará a importância, a espé- :./'■ cie do mesmo e a classificação da despesa, até onde for possível.'

1. Impõe-se citar o valor monetário envolvido no crédito, enquadrando-se a mesma em uma das espécies: EXTRAORDINÁRIO, ESPECIAL E SUPLEMEN­TAR.

2. Aplicação em concurso:

® fESAF/Analista/CGU/2008j

Ao longo do exercício financeiro, pode ocorrer a necessidade de abertura de créditos adicionais para cobrir despesas não-computadas ou insuficien­temente dotadas. Com base na legislação vigente, relativa a esse assunto, identifique a opção incorreta.

a) A abertura dos créditos suplementares e especiais depende da existência de recursos disponíveis para atender à despesa e será precedida de exposição justificada.

b} Somente será admitida a abertura de crédito extraordinário para atender a despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, como­ção interna ou calamidade pública, observado o disposto na Constituição Federai.

c) A vigência dos créditos especiais não pode ultrapassar o exercício financeiro em que foram autorizados, em respeito ao princípio orçamentário da anuali­dade.

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d) Terão vigência até o final do exercício financeiro os créditos extraordinários cujo ato de autorização tenha sido promulgado nos primeiros 4 (quatro) me­ses do exercício financeiro.

e) Para fins de abertura de créditos suplementares e especiais, consideram-se recursos disponíveis os provenientes do excesso de arrecadação, ou seja, do saldo positivo das diferenças, acumuladas mês a mês, entre a arrecadação prevista e a realizada, considerando-se, ainda, a tendência do exercício.Resposta: C

® (UnB/Analista/TSE/2007)

A forma de alterar a lei orçamentária vigente é mediante a abertura de crédi­tos adicionais. A Lei n.9 4.320/1964 já dispunha sobre o assunto, mas sofreu alterações em face do texto constitucional atual. Nesse contexto, assinaie a opção correta.

a) Consideram-se recursos disponíveis para fins de abertura de créditos adicio­nais os provenientes do excesso de arrecadação, que constitui o saldo posi­tivo das diferenças, acumuladas mês a mês, entre a arrecadação prevista e a realizada, levando-se em conta, ainda, a tendência dos últimos três exercí­cios financeiros.

b) A emenda parlamentar aos projetos de lei de créditos adicionais deve ser com­patível com o que dispõe a Lei de Diretrizes Orçamentárias para o exercício.

c) Os créditos especiais e extraordinários terão vigência no exercício financeiro em que forem abertos, salvo se o ato de abertura for publicado nos úitimos quatro meses daqueie exercício, caso em que, reabertos nos limites de

d) seus saidos, serão incorporados ao orçamento do exercício financeiro subse­qüente.

e) A abertura de crédito extraordinário somente será admitida para atender a despesas decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública, por meio da edição de medida provisória.Resposta: B

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■>! 7 ÍM?; Árt. .47. Imediàtain'enfe'âpos aJprómuigãgão'(3a Léí-de^Orç^ -• "base ..fíqs; limites; nela &uãdrq . de; •- çotaá■.trímèstràis ;ÍIa'des£esa (jüe"c^á;tedade; prçáifíéntáná fiça a ü t o r i - .;z à d a ã i z a x : v vk:; i :-Í}'-' r . '

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1. Fase final do processo legislativo orçamentário. Após as emendas e vo­tação dos projetos de leis orçamentários (ATRIBUIÇÃO DO LEGISLATIVO), cabe ao Executivo PROMULGÁ-LOS e FAZER PUBLICÁ-LOS.

2. Este artigo tem o condão de disciplinar o uso dos recursos das unidades or­çamentárias, cumprindo de forma eficiente a EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA.

3. Este artigo inicia uma série de dispositivos sobre a programação da exe­cução orçamentária.

4. A LRF, em seu artigo 89, traz imposição que ratifica a determinação deste artigo 47 da Lei 4.320:

LRF. Art. 89 Até trinta dias após a publicação dos orçamentos, nos ter­mos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias e observado o disposto na alínea c do inciso i do art. 42, o Poder Executivo estabele­cerá a programação financeira e o cronograma de execução mensal de desembolso.

5. Aplicação em concurso:

o (FCC—Analista Judiciário TJPA/2009)

De acordo com o art. 47 da Lei ne 4.320/64, imediatamente após a promul­gação da Lei de Orçamento e com base nos limites nela fixados, o Poder Exe­cutivo aprovará um quadro de cotas trimestrais da despesa que cada unidade orçamentária fica autorizada a utilizar. Esta limitação acontece por meio de

a) notas de empenho.b) lançamentos de receitas.c) créditos orçamentários.d) contas de ativo financeiro.e) contas de ativo permanente.

Resposta: C

■■ Â rt . 48. Xfixação das coía a què se.referè &artigo antérior.atenderá aos: seguintes obj etivos:

j b) m^teç:;durani#?j^^á/recèítáàrrecadada,e.-a"d.eíspé^ :âreduzir.áòmmimò. /•

' : ■ ■ eyentu'àis':msrâciéj^ -■?v :

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1, Objetivo: estimar a receita com critério e objetividade.

2. Aplicação em concurso:

® (FCC— TCE/MA - Procurador - 2005)A Lei n9 4.320, de 1964 e a Lei de Responsabilidade Fiscal, determinam a realização da programação financeira para que

a) não se desperdice dinheiro publico, garantindo, assim, eficiência ao constitu­cional princípio da economicidade.

b) se maximize os rendimentos das disponibilidades de caixa, me- diante efi­ciente aplicação no mercado financeiro.

c) se preserve o equilíbrio entre receitas coletadas e despesas compromissadas (empenhadas).

d) as unidades com dotação orçamentária disponham sempre de dinheiros ne­cessários à execução de sua programação operacional.

e) se mantenha o equilíbrio entre receitas arrecadadas e despesas aptas ao pa­gamento (realizadas), sendo que, adicionalmente, as unidades orçamentárias disporao de recursos suficientes à operação de seus programas de trabaiho. Resposta: E. Embora a assertiva pareça exigir conhecimentos da LRF, na verdade apenas a Lei 4.320já responde a questão.

Árt^49. Áprogramação da despesa orçamentária, pára. efeito do disposto : nò artigo adicionais e; as opèràçõe1 - .

; ;;^'exte^rçampnt^as:;:^.:> 'v'".

Art.;5Ô. Às cota trimestrais poderão ser alteradas durante o exercício,. observados o limite da dotação e o cpmportáménto da execução orça-

1. Comentamos estes dispositivos conjuntamente, pois ambos tratam da flexibilidade da programação da despesa. Influências detectadas na re­ceita prevista que gerem acréscimos-reduções para o trimestre devem refletir na liberação de cotas.

2. A idéia é dividir a programação do ano em 12 (doze meses) e fazer as ade­quações trimestrais, sempre observando O LIMITE DA DOTAÇÃO.

3. Aplicação em concurso:® (CESPE - Analista ~ INMETRO - 2009)

A despesa orçamentária é classificada pelas categorias econômicas função e subfunção.

Resposta: Errada. Comentários: Função e subfunção se referem à classi­ficação funcional da despesa. Os artigos 12 e 13 da Lei 4.320/64 tratam

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da classificação da despesa por categoria econômica e elementos. São ca­tegorias econômicas da despesa orçamentária as despesas correntes, que se subdividem'em despesas de custeio e transferências correntes e as des­pesas de capital que por sua vez dividem-se em investimentos, inversões financeiras e transferências de capital. As despesas correntes referem-se a todas as despesas que não contribuem, diretamente, para a formação ou aquisição de um bem de capital; as despesas de capital englobam aquelas despesas que contribuem, diretamente, para a formação ou aquisição de um bem de capital. O a rt 8& da Lei 4.320/64 estabelece que os itens da discriminação da despesa mencionados no art. 13 serão identificados por números de código decimal', na forma de anexos da referida Lei. No entan­to, atualmente, devemos seguir o que está consubstanciado no Anexo il da Portaria interministerial SOF/STN 163/01. O conjunto de informações que formam o código é conhecido como classificação por natureza de despesa e informa a categoria econômica, o grupo a que pertence, a modalidade de aplicação e o elemento.

1. Cuidado! Este artigo fala mais do que devia. Em verdade, podemos afir­mar que ele não foi recepcionado pela CF. Este artigo menciona o prin­cípio da anualidade, que outrora exigia que todo tributo só poderia ser exigi- do ou aumentado desde que previsto no orçamento, O QUE NÃO MAIS ACONTECE. Portanto, pode haver instituição de um tributo, ou mes­mo o seu aumento, ainda que não tenha sido previsto nas leis orçamen­tárias. O que continua se exigindo é o respeito ao princípio da legalidade, conforme ratificação na CF, artigo 150 ,1:

CF. Art. X50 - Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contri­buinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federai e aos Muni­cípios:

i - exigir ou aumentar tributo sem iei que o estabeleça;

Art.'52.'Sãò objeto de lançamento, os.impostos diretos é quaisquer outrás. .. rèridas com vencimento detenninádo em lei» .regúlaménto ou contrato;

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1. Lançamento é o ato vinculado e obrigatório que constitui o crédito tributá­rio.

2. O CTN dispõe a respeito, em seus artigos 142 a 150:

/" Art. 53. O lançamento da receita, ò ato' da repartição competente, que verifica a procedência dò crédito fiscal e apessoà que lhe é devedora e ;

? -: s ç í ^ y e ^ M é l i i t ^ í d e s í ã . í / ; S ^ ^ :::"'/;'; ■:?' ::::;; -; ■;: Ã v: '■-'v.:::-'=:::

X. Como específica o CTN, em seu artigo 142, o lançamento verifica a certe­za, liquidez e exigência do crédito, bem como identifica o sujeito passivo do mesmo.

2. Aplicação em concurso:

* (FCC-AnalistaJudiciário TJPA/2009)

Um funcionário da Secretaria de Fazenda de uma prefeitura determina a base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana {1PTU) e a alíquota a ser aplicada no ano corrente, bem como identifica a pes­soa devedora e inscreve o débito desta. Neste momento, a receita encontra- se em seu estágio de

a} lançamento.b) arrecadação.c) previsão.d} adiantamento, e) liquidação.

Resposta: A

■: Art.. 54. Não será admitida a compensação da observação de recolher . •• rendas ou receitas com direito creditório contrá á Fazenda Pública. • -

1. Compensação é o encontro de contas em situações em que credor e de­vedor digam respeito às mesmas pessoas, ou seja, quando um sujeito for credor e devedor da Fazenda,

2. O Código Civil dispõe, em seu artigo 368, que, se 2 pessoas forem ao mesmo tempo credora e devedora uma da outra, as duas obrigações se extinguem até onde se compensarem. Por sua vez, o CTN, artigo 170, de­termina que:

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Art. 170. A Sei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulaçãoem cada caso atribuirá autoridadeadministrativa, auto­rizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e cer­tos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Púbiica.

Parágrafo único. Sendo víncendo o crédito do sujeito passivo, a lei deter­minará, para os efeitos deste artigo, a apuração do seu montante, não podendo, porém, cominar redução maior que a correspondente ao juro de 1% (um por cento} ao mês pelo tempo que decorrer entre a data da compensação e a do vencimento.

Art. 170-A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tri­buto, objeto de contestação judicia! pelo sujeito passivo, antes do trân­sito em julgado da respectiva decisão judicia!.

3. Percebam que o artigo 170 do CTN diz que a compensação pode ser de­terminada por lei, ou seja, é facultativa.

. .. ' Art. 55. Os. agentes da arrecadação devem fornecer recibos das;impor^- tâncias que arrecadarem . . . ' ■

. : ' §’ Io Os recibos deVem conter o nõmé da pessoa que paga, a soma arreca- / . . dada, proveniènfcia e.classificação, berá como adatá a assinatura do agente :

•• arrecadador.; • / . . v.-' •;.•••• •. V -. . § .2° Os recibos serão fornecidos em uma única via/

1. O devedor TEM DIREITO a receber a devida quitação de sua obrigação, aser especificada em recibo próprio.

2. Aplicação em concurso:

® (CESPE - Analista Judiciário - Controle Interno - TJDFT - 2008}

Os contribuintes, por não terem acesso direto ao Tesouro PúbÜco, quitam seus débitos tributários mediante pagamento aos agentes arrecadadores, em geral instituições financeiras autorizadas; elas próprias e as demais pes­soas jurídicas, por outro lado, atuam como depositários, ora descontando e retendo tributos sobre rendimento pagos, ora cobrando de seus clientes e consumidores tributos sobre bens e serviços fornecidos.Resposta: Certa. Comentários: Do ponto de vista orçamentário, o reconhe­cimento da receita orçamentária ocorre no momento da arrecadação. Tal situação decorre da aplicação da Lei n° 4.320/64, que em seu artigo 35 dispõe que pertencem ao exercício financeiro as receitas nele arrecadadas. O regime adotado pela Lei n9 4.320/64 para reconhecimento das receitas decorre do enfoque orçamentário dessa lei, com o objetivo de evitar o risco de que a execução das despesas orçamentárias ultrapasse a arrecadação

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efetivado. A arrecadação é a entrega, realizada pelos contribuintes ou de­vedores aos agentes arrecadadores ou bancos autorizados pelo ente, dos recursos devidos ao Tesouro. Eles atuam como depositários, ora descon­tando e retendo tributos sobre rendimento pagos, ora cobrando de seus clientes e consumidores tributos sobre bens e serviços fornecidos. Assim, os contribuintes quitam seus débitos tributários mediante pagamento aos agentes arrecadadores, em geral instituições financeiras autorizadas, já que não têm acesso direto ao Tesouro Público.

r.--: ■ ■.'Art. 56 .-O,recolhimento;\dè tpdas:.-ás receitas far-sè~á:em estrita obser- . vância ao princípio de unidade de tesouraria,.vedada qualquer fragmen- tação para criação de caixas especiais. ' . : ;

Princípio de Unidade de Tesouraria: todas as receitas devem entrar em caixa único e de iá saírem para pagamento das despesas.

A CF impõe que as disponibilidades da União serão depositadas no Banco Centrai e as dos demais entes federados em instituições financeiras ofi­ciais, conforme artigo 164, parágrafo 39:

CF art. 164 {...)§ 32 - As disponibilidades de caixa da União serão depo­sitadas no Banco Centrai; as dos Estados, do Distrito Federal, dos Muni­cípios e dos órgãos ou entidades do Poder Público e das empresas por ele controladas, em instituições financeiras oficiais, ressalvados os casos previstos em íei.

/ A rt . 57. Ressalvado/o; disposto ho parágrafo único do artigo 3o, desta lei ' .. serão classificadas como receita orçamentária, sob as rubricas próprias, '

todas as receitas arrecadadas, inclusive as provenientes de operações de crédito, ainda que não previstas no Orçamento. .

Artigo 39, parágrafo único, trata de: operações de crédito por antecipação de receita, emissão de papeí-moeda e do passivo financeiro do conjunto de receitas orçamentárias. Essas são as exceções previstas no artigo 57.Todas as demais receitas são classificadas como RECEITA ORÇAMENTÁRIA.

' V ; 1"; • ç a p í t ü l ò i i i ; ■. -DÀDESPESA-’ ; 'v'V

; :: A rt.. 58. O:empénho de' despesá;é o. ato emanado ;dé;autòridade:compe- ' tente que cria para.p'Estado obrigação depagamento pendente ou não de ; ;;,e .^

; implemento de condição.;/' v V - - -

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1. Empenhar despesa significa demonstrar intenção de compra ou contrata­ção. Na verdade, embora isso seja irrelevante para concursos, o que cria a obrigação de pagamento é o contrato firmado pela Administração. NO ENTANTO, FIQUE COM A LETRA DA LEI, EMPENHO É ATO, CRIA OBRIGA­ÇÃO DE PAGAMENTO.

2. No ato do empenho, deduz-se do orçamento o vaior da transação empe­nhada, em uma conta simples de subtração,

3. Quanto aos empenhos pendentes de implemento de condição, subenten­de-se que eles necessitam de obrigações a serem cumpridas elo credor de forma a credenciá-lo como recebedor.

4. Quanto aos que não exigem o implemento da condição para o pagamen­to, o estágio da liquidação é concomitante ao do empenho.

5. Aplicação em concurso:

• (CESPE-A nalista-SERPRO -2008)

Em caso de urgência caracterizada na legislação em vigor, é permitida a re­alização de despesa sem prévio empenho. O empenho é o primeiro estágio da execução da despesa. Segundo o art. 58 da Lei 4320/64, o empenho é o ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição.Resposta: Errada. Comentários: O empenho da despesa nao poderá exceder o limite dos créditos concedidos. Assim o empenho precede a realização da despesa e está restrito ao limite do crédito orçamentário. O empenho importa deduzir seu valor de dotação adequada à despesa a realizar, por força do compromisso assumido. Segundo a Lei 4320/64:

Art. 60. É vedada a realização de despesa sem prévio empenho. § l s Em casos especiais previstos na legislação específica será dispensada a emissão da nota de empenho. 0 Decreto 93.872/86 dispõe sobre a uni­ficação dos recursos de caixa do Tesouro Nacional, atualiza e consolida a legislação pertinente, bem como trata dos estágios da despesa. Reforça em seu art. 24 que é vedada a realização de despesa sem prévio empe­nho e acrescenta que, em caso de urgência caracterizada na legislação em vigor, admitir-se-á que o ato do empenho seja contemporâneo à re­alização da despesa.

^ Atenção: O que pode ser dispensado é a nota de empenho e nuncao empenho. A nota de empenho (NE) é a materialização do empenho. É um documento extraído para cada empenho, o qual indicará o nome do credor, a representação e a importância da despesa, bem como a dedução

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desta do saldo da dotação própria. Na União é eiaborado no Sistema Inte­grado de Administração Financeira do Governo Federai— SIAFI e impresso após o empenho da despesa. É a emissão da nota de empenho que po­derá ser dispensada em casos especiais previstos na legislação específica. Logo, é vedada a realização de despesa sem prévio empenho. Em caso de urgência caracterizada na iegisiação em vigor, admitir-se-á que o ato do empenho seja contemporâneo à realização da despesa.

• (CESPE - AFCE - TCU - 2007)

O empenho da despesa é o instrumento de utilização de créditos orçamen­tários e, de acordo com a sua natureza e finalidade, pode ser classificado em empenho ordinário, empenho por estimativa e empenho global. O empenho ordinário é destinado a atender a despesas cujo vaior não se possa determi­nar previamente, de base não-homogênea, podendo ser feito o reforço do empenho.Resposta: Errada, Os empenhos são classificados consoante sua natureza e finalidade. São modalidades de empenho: Empenho ordinário: para as despesas com montante previamente conhecido e cujo pagamento deve ocorrer de uma só vez. Empenho global: para atender às despesas com montante também definido. A especificidade é que tal modalidade é permi­tida para atender despesas contratuais e outras, sujeitas a parcelamento. São exemplos os aluguéis, salários, prestação de serviços, etc. Empenho por estimativa: a característica desta modalidade é a existência de despesa cujo montante não se possa determinar. Normalmente possui base não ho­mogênea, ou seja, o valor sempre varia. São exemplos as contas de água, luz e telefone; diárias, gratificações, etc. Caso o empenho se revele insufi­ciente para atender a um determinado compromisso ao longo do exercício financeiro, existe a possibilidade de a Unidade emitente reforçar o empe­nho. Assim, o novo valor do empenho passa a ser o valor inicial mais o valor do reforço. Para cada empenho será extraído um documento denominado "nota de empenho" que indicará o nome do credor, a representação e a importância da despesa, bem como a dedução desta do saldo da dotação própria. Logo, o empenho por estimativa é destinado a atender a despesas cujo valor não se possa determinar previamente, de base não-homogênea, podendo ser feito o reforço do empenho.

6. Jurisprudência do STJ:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. CONTRATO ADMINISTRATIVO. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. AÇÃO DE LOCUPLETAMENTO ILÍCITO. EMIS­SÃO DO EMPENHO. PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL. DECRETO N. 20.9X0/32. SUSPENSÃO OU INTERRUPÇÃO. NÃO-OCORRÊNCIA. (...) 3. No caso em apreço, o débito originou-se da entrega das obras e foi formalizado

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com a emissão da nota fiscal pela empresa. Em seguida, a municipa­lidade oficializou a despesa ao criar o empenho n. 2364, referente ao exercício de 1996. 4. A recorrente, lastreada no empenho existente,poderia ter requerido o recebimento do restante da dívida adminis­trativamente ou mesmo ajuizado ação de cobrança, mas não o fez em tempo hábil, quedando-se inerte durante a fluência da prescrição. 5. Recurso especial não-provido. {STJ-Resp 924175 / RS, Min. José Delgado, DJ 27/09/2007)

7. Como afirmarmos acima, o julgamento do STJ comprovou que não é o empenho que gera a obrigação, {viu o que está negritado no julgado?) De toda forma, na prova objetiva marque o que está escrito na iei.

8. Com a LRF, tem-se entendido que fot criada a fase prudência! antes do empenho {ligado ao princípio do equilíbrio fiscal e prudência fiscal). As­sim, o art. 16 da LRF prevê que deva anteceder o empenho de gastos criados ao longo do exercício financeiro. Se o empenho já está na lei or­çamentária, então não precisa do estudo, pois o empenho já foi feito. As despesas irrelevantes dispensam.

LRF. Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governa­mental que acarrete aumento da despesa será acompanhado de:

I - estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos dois subseqüentes;

II - declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequa­ção orçamentária e financeira com a lei orçamentária anual e compati­bilidade com o plano plurianual e com a iei de diretrizes orçamentárias.

§ 16 Para os fins desta Lei Complementar, considera-se:

I - adequada com a lei orçamentária anual, a despesa objeto de dotação específica e suficiente, ou que esteja abrangida por crédito genérico, de forma que somadas todas as despesas da mesma espécie, realizadas e a realizar, previstas no programa de trabalho, não sejam ultrapassados os limites estabelecidos para o exercício;

II ~ compatível com o plano plurianual e a lei de diretrizes orçamentá­rias, a despesa que se conforme com as diretrizes, objetivos, prioridades e metas previstos nesses instrumentos e não infrinja qualquer de suas disposições.

§ 22 A estimativa de que trata o inciso 1 do caput será acompanhada das premissas e metodologias de cálculo utilizadas.

§ 32 Ressalva-se do disposto neste artigo a despesa considerada irre­levante, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias.

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L e i n ° 4.320 d e 17 d e m a r ç o d e 1964

§ 45 As normas do caput constituem condição prévia para:

t - empenho e licitação de serviços, fornecimento de bens ou execução de obras;

11 - desapropriação de imóveis urbanos a que se refere o § 32 do art. 182 da Constituição.

Aplicação em concurso:

® (TRE-MS—Analista Judiciário - Área Administrativa - FCC/2007)

De conformidade com o estabelecido peia Lei ne 4.320/64, é correto afirmar que:

a) O empenho de despesa é o ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição.

b) A despesa anuiada no exercício reverte-se à dotação. A despesa anulada no exercício seguinte será considerada despesa extra-orçamentária do ano em que se efetivar.

c) Em hipótese alguma será dispensada a emissão da Nota de Empenho.d) A dívida flutuante compreende apenas os serviços da dívida a pagar, depósi­

tos e restos a pagar, excluídos os serviços da dívida.e) O empenho da despesa pode exceder o iimite de crédito concedido.

Resposta: A. É a cópia do artigo.

.. ;.v { - A r i . 59.0 empenho da despesa não poderá exceder o limite dos créditos .. i:' concedidos. / . • ' ; . : ' \V ;' • '• ' >

§ Io Ressalvado o disposto rió art. 67 .dá Constituição Federal, e vedado aos Municípios empenhar, no ultimo mês do mandato do Prefeito, mais

• do que o duo-décimo da despesa prevista no orçamento vigente.': ;§2° Fica, também, vedado.aòs Muniçípios, ho mesmo período, assumir,■ por. qualquer forma,xomprorriissos financeiros para execução depòis do

término dó mandato do Prefeito,.. • • v ' ' :: .§3° As. disposições dos parágrafos anteriores hão se aplicam nos casos 7

, comprovados'de calamidade púbiica .' §4° Reputam-se nulos e de'nenhum efeito os. empenhos e atos praticados .

em desacordo com o disposto nos §§ i.° e 2o deste artigo, sem prejuízo da .. responsabilidade do Prefeito nos termos do art. 1 inciso V, dó Decreto-lei /.... n. 201, de. 27 dé fevereiro de 1967-; • : / .

Só pode haver empenho se houver recurso.

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L ea n d r o E u st á q u io e I g o r d e M a to s M o n teir o

2. Parágrafos revogados tacitamente por dispositivos da LRF.3. Quanto às despesas de final de mandato, a Lei 4.320 fala apenas a res­

peito do ultimo mês do mandato, por isso foi revogada tacitamente, já a LRF dispõe que não poderão ser contraídas obrigações nos últimos 2 quadrimestres do mandato.3.1. No entanto, o que a LRF dispõe é que nos dois úitimos quadrimestres do mandato não poderão ser contraídas obrigações QUE NÃO POSSAM SER CUMPRIDAS DENTRO DO MANDATO, isto é/a vedação não é para contrair qualquer obrigação.

LRF. Art. 42. É vedado ao titular de Poder ou órgão referido no art. 20, nos últimos dois quadrimestres do seu mandato, contrair obrigação de despesa que não possa ser cumprida integralmente dentro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas no exercício seguinte sem que haja sufi­ciente disponibilidade de caixa para este efeito.

Parágrafo único. Na determinação da disponibilidade de caixa serão con­siderados os encargos e despesas compromissadas a pagar até o final do exercício.

4. Aplicação em concurso:o (CESPE/Analista/TJ/CE/2008)

Os recursos que, pelos orçamentos, forem destinados aos órgãos do Poder Ju­diciário deverão ser-lhes transferidos em duodécimos, em proporção nunca inferior à que o Poder Executivo destinar aos seus próprios órgãos, {art. 59}Resposta: E

■ :Àrt. 60. Ê vedada a realização de despesa sem prévio empenho. . • .§ Io Em casos especiais previstos ria íegislação específica será dispensada a emissão 4a nota. de; emperüio..' . . ..§ 2° Será feitò por estimativa o empenho, da despesa cuj ó mohtaíite não ■.

. • . : se .possa determinar.: . ' /. ' ■{-v.yU;' í -• § 3° É. permitido .6 empenho global de'despesas contratuais'è outras, •

sujeitas á parcelàmènto.; '• • :

1. Todo empenho gera para o credor uma garantia, que é a nota de empe­nho, para que futuramente, após liquidar sua obrigação, venha receber seu crédito.

1.1. Em algumas situações, essa é a ressalva do parágrafo l 5, não é ne­cessária a nota de empenho. Ex: O prefeito (ordenador de despesas) não precisa dar a si mesmo uma nota de empenho ao receber o seu subsídio.

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Lei n ° 4.320 d e 17 d e m a r ç o d e 1964

2. Empenho por estimativa: em algumas situações, a Administração sabe que existe a obrigação,, muito embora não saiba o seu vaior exato. É o caso das contas de água, luz, telefone, que são despesas corriqueiras, em­bora o valor mensal de cada uma delas possa variar, i o caso do EMPE­NHO POR ESTIMATIVA.

3. Empenho Global: guarde a letra da lei. O EMPENHO GLOBAL VALE PARA DESPESAS SUJEITAS A PARCELAMENTO.

4. Aplicação em concurso:

o (Esaf-Analista MPU/2004)

A despesa orçamentária deve passar por estágios. Com relação ao estágio empenho, identifique a única opção falsa.

a) É o ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição.

b) O empenho da despesa não poderá exceder o limite dos créditos concedidos.c) Uma vez autorizado o empenho, pela autoridade competente, fica criada a

obrigação de pagamento para o Estado, podendo ficar dependendo de algu­mas condições ou não.

d) É vedada a realização de despesa sem prévio empenho.e) Existem três modalidades de empenho, que são extraordinário, por estimati­

va e global.Resposta: C

Art 61, Para cada empenho será'extraído um documento denomiiiado“‘nota de empenho” que iMicará .o nome do credor, a representação e a .importância da despesa bem como a dedução desta do saldo da dotação . .

. própria. V ;•/ . / •

1. Técnica legislativa equivocada. Como o artigo acima faia de nota de em­penho, é nele que deveria vir esta explicação. Mas de qualquer forma, é isso mesmo, a nota de empenho deve individualizar a despesa e indicar o respectivo credor.

2. Jurisprudência do STJ: Veja no julgado que a nota de empenho basta para a Execução Extrajudicial promovida contra a Fazenda Pública.

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL EMBARGOS DE DEVEDOR.EXECUÇÃO FUNDADA EM TÍTULOS EXECUTIVOS EXTRAJUDICIAIS. VIA­BILIDADE. SÚMULA 279/STJ. 1. Notas de empenho e autorizações de

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L ea n d ro E u st á q u io e Ig o r de M a to s M o n teir o

despesas são documentos públicos e, portanto/hábeis à execução, por expressa determinação íegal (art. 566 do CPC). 2. No presente caso, verifica-se que a ação de execução fundou-se em notas fiscais acompa­nhadas do devido conhecimento do Departamento de Transportes, assi­nadas por servidores da Secretaria de Saúde, atestando o recebimento das mercadorias em perfeito estado. Ainda, foi fundada em notas de empenho expedidas pelo próprio Estado executado, com fundamento na Lei n 4.320/64, em seus arts. 58, 60, 61 e 63, e também em notas de autorização de despesas: títulos executivos, a teor do estabelecido no art. 364 do CPC. 3. A Súmula 279 determina que é cabível a exe­cução por título extrajudicial contra a Fazenda Pública, sendo bastante a apresentação de nota de empenho. No caso, além desta, há notas fiscais e notas de autorização de despesas, suficientes para embasar o executivo. 4. Recurso especial provido. {STJ, REsp 793969/RJ, Min. Teori Albino Zavascki, DJ 26/06/2006)

3. Aplicação em concurso:

® (TCE/MA - Procurador - FCC/2005)

No setor governamental, empenhar uma despesa significa que: a} o gasto já se encontra habilitado para pagamento do fornecedor.b) o fornecedor de materiais, serviços ou obras realizou, de fato, o pactuado em

contrato ou na Nota de empenho.c) a Contabilidade retirou da pertinente dotação orçamentária o valor previsto

para a despesa.d} a Contabilidade atestou ter o fornecedor adimpíido suas obrigações contra­

tuais relativas à despesa.e) o Controle Interno comprovou ter a despesa superado a fase da iiquidação.

Resposta: C. O empenho implica na dedução do vaior empenhado do saido disponfvei da dotação orçamentária.

V Art. 62. O pagamento da despesa só será efetuado quando ordenado após suá regular liquidação. •

1. Liquidação é o ato que aperfeiçoa a despesa. É a segunda fase da despe­sa. A primeira é o EMPENHO.

Art. 63. Altquidação da despesa consiste na verificação do direito adqui­rido pelo' credor tendo por base os títulos edocuraentós coniprobatórios

' do respèctivo crédito.; y-

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Lei n° 4.320 d e 17 de março de 1964

. § 1° Essa verificação tem por fim apurar:. I - a origem e o.objeto do iquè se dévè pagar; . . .

Ii™a importância; exata apagar; ' . ' . ' ■III - a querri se deve pagar a importância, para extinguir a .obrigação.

■ § 2o A liquidação da despesa por fornecimentos feitos ou serviços pres- tádos teráporbase: V-;

. I ~ o contrato, ajuste ou acordo respectivo; . '• .v’ II - a nota de empenho; ' ■ • ' .v ’ ■

III - os comprovantes da entrega de material ou da prestação efetiva do .. . serviço. •• ' ■■v •

1. É dever da Administração conferir e medir a qualidade/quantidade dos bens e/ou serviços adquiridos.

2. O parágrafo determina que liquidação deve verificar O QUE, QUEM, DE ONDE, PARA QUEM, deve ser paga a despesa.

3. O parágrafo 2 determina que a liquidação seja baseada nos contratos administrativos, nas respectivas notas de empenho e nos comprovantes de entrega de material ou de prestação do serviço.

Art. 64. Á ordem de pagamento é o despacho exarado: por autoridade. .• competenté?;determÍnando que a despesa seja paga. 0- :. ; . ' : ' '

' Parágrafo único. Á ordem de pagamento só poderá ser exarada em docu- :V mentos processados pelos serviços de contabilidade. ' ’ • -

1. A autoridade competente costuma ser aquele que conhecemos como or~ denador de despesas. Em uma Câmara Municipal, o ordenador de des­pesas é o seu Presidente, aquele que assina todos os cheques para paga­mento.

1.1. Claro que o Presidente da Câmara pode delegar essa função ao Se­cretário Geral, desde que haja previsão no Regimento Interno da Casa. O mesmo pode acontecer na Prefeitura, delegando o prefeito dita atribuição para o Secretário de Finanças, por exemplo.

2. O parágrafo único do artigo 64 nos lembra que a ORDEM DE PAGAMENTO deve ser processada pelos SERVIÇOS DE CONTABILIDADE.

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L e a n d r o E u st á q u io e I g o r d e M a to s M o n teir o

S. Aplicação em concurso:

o (TCE/MA — Anãl-Controle-Externo - FCC/2005)Em relação à despesa pública é correto afirmar:

a) A ordem de pagamento da despesa será materializada em documentos pro­cessados pelo serviço de contabilidade.

b) É vedada a realização de despesa sem prévio empenho e sob hipótese algu­ma será dispensada a emissão da nota de empenho.

c) Serão indicados no empenho o nome do credor, a especificação, a impor­tância da despesa, os comprovantes da entrega de material ou da prestação efetiva do serviço.

d) São tipos de empenhos da despesa: global, extraordinário, estimativo e ordi­nário.

e) É vedada, sob qualquer hipótese, a redistribuiçao de parcelas das dotações de pessoal de uma para outra unidade orçamentária.Resposta: A

Àrt. 65. Ó pagamento da despesa será efetuado por tesourariá ou p a g a d o - ■ ria regularmehte instituídos porestàbeleçimentòs bancários credenciados

: ; e, em casos excepcionais, por meio de adiantamento. , : ■ %;■ ■.?';

1. A Unidade Administrativa pode fazer convênios com bancos para queseus servidores recebam o pagamento por meio de depósito em conta.

2. Em unidades pequenas, como alguns municípios menores, o pagamento pode ser realizado diretamente no Serviço de Contabilidade.

3. Adiantamento é assunto tratado nos artigos 68 e 69, que aqui menciona­mos, sem comentá-los, para fins didáticos:

Art. 68. O regime de adiantamento é aplicável aos casos de despesas expressamente definidos em lei e consiste na entrega de numerário a servidor, sempre precedida de empenho na dotação própria para o fim de realizar despesas, que não possam subordinar-se ao processo normal de aplicação.

Art. 69. Não se fará adiantamento a servidor em alcance nem o respon­sável por dois adiantamentos.

4. Aplicação em concurso:

* (TCE/SP - Agente da Fiscalização Financeira - Adm. Geral -FCC/2005)

Levando-se em conta a Lei n® 4.320/64 e a definição de Aliomar Baleeiro, se­gundo a quai "despesa pública é a aplicação de certa quantia, em dinheiro, por

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Leí N° 4.320 DE 17 DE MARÇO DE 1964

parte da autoridade ou agente púbiico competente, dentro de uma autoriza­ção iegisiativa, para execução de fim a cargo do governo" a despesa pública será realizada na seguinte ordem:

a) ordem de pagamento, empenho., liquidação da despesa e pagamento, desde que haja previsão orçamentária.

b) empenho, ordem de pagamento, iiquidação da despesa e pagamento, inde­pendentemente de previsão orçamentária.

c) empenho, liquidação da despesa, ordem de pagamento e paga- mento, des­de que haja previsão orçamentária.

d) iiquidação da despesa, empenho e pagamento, independentemente de pre­visão orçamentária.

e) liquidação da despesa, despesa, empenho, ordem de pagamento e paga­mento, desde que haja previsão orçamentária.Resposta: C. De acordo com a Lei ns 4.320/64, os estágios da despesa são, em sua ordem: empenho, liquidação e pagamento. Na questão em comen­to, o examinador inseriu a ordem bancária. Ordem bancária, no entanto, ê um instrumento para a concretização do pagamento.

Àrt. 66. As dotações atribuídas às diversas unidades orçamentárias pode- .• rão quando expressamente determinado na Lèide Orçamento ser movi- '

: ; ^nentadás por órgãos centrais de administração, geral. . . . \ . .Parágirafo único..' É. permitidá á:rédÍstribuição de parcelas das dotações

; de pessoal, deumapará outra unidadeorçameritária, quandó considerada •indispensável à movimentação de pessoal dentro das tabelaè óu quadros . . comuns: àsimidádes iriteréssád a què sé realize em obediência à legis- laçãoespecifica. ; : • / v o - í • ' "o

Este artigo autoriza que os órgãos centrais de administração façam a ges­tão, ou seja, empenhem, as dotações atribuídas às diversas unidades ad­ministrativas.

O parágrafo único permite a redistribuição/remanejamento das parcelas das dotações para as despesas de pessoal.

. Árt. 67/ Ós pagamentos devidos pela Fazenda'Pública, em virtude de sentença jixdiciária}'\far-se-ãó 'iiá;oídem :deaprèseritação. dos 'precâtórios e

: à conta dós créditos respéciivqs, sendo proibida a designação de .casos òu '. de pessoas nasdotoções orçamêntárias .e nos.xréditos adicionais: abertos;, -

: . . . yparaésséfim. - h . \ . V v y y . - . y : .. : y . .r . y . y . ' - y V . y y - " . '

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L ea n d r o E u st á q u io e Ig o r d e M a to s M o n teir o

1. CF. Art. 100. O regime dos precatórios é totalmente tratado pelo artigo 100 da CF:

Art. 100. A exceção dos créditos de natureza alimentícia, os pagamen­tos devidos pela Fazenda Federal, Estadual ou Municipal, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibi­da a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim.

§ X- É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito públi­co, de verba necessária ao pagamento de seus débitos oriundos de sen­tenças transitadas em julgado, constantes de precatórios judiciários, apre­sentados até l s de julho, fazendo-se o pagamento até o final do exercício seguinte, quando terão seus valores atualizados monetariamente.

§ l e- A Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles de­correntes de salários, vencimentos, proventos, pensões e suas com- plementações, benefícios previdenciários e indenizações por morte ou invalidez, fundadas na responsabilidade civii, em virtude de sentença transitada em julgado.

§ 2° As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão consignados diretamente ao Poder Judiciário, cabendo ao Presidente do Tribunal que proferir a decisão exeqüenda determinar o pagamento segundo as pos­sibilidades do depósito, e autorizar, a requerimento do credor, e exclu­sivamente para o caso de preterimento de seu direito de precedência, o seqüestro da quantia necessária à satisfação do débito.

§ 32 O disposto no caput deste artigo, relativamente à expedição de pre­catórios, não se aplica aos pagamentos de obrigações definidas em lei como de pequeno valor que a Fazenda Federal, Estadual, Distrital ou Municipal deva fazer em virtude de sentença judicial transitada em jul­gado.

§ 4® São vedados a expedição de precatório complementar ou suple­mentar de valor pago, bem como fracionamento, repartição ou quebra do valor da execução, a fim de que seu pagamento não se faça, em par­te, na forma estabelecida no § 3S deste artigo e, em parte, mediante expedição de precatório.

55 A lei poderá fixar valores distintos para o fim previsto no § 32 deste artigo, segundo as diferentes capacidades das entidades de direito pú­blico.

§ 6 - 0 Presidente do Tribunai competente que, por ato comissivo ou omissivo, retardar ou tentar frustrar a liquidação regular de precatório incorrerá em crime de responsabilidade.

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L e i n ° 4 .3 2 0 d e 17 d e m a r ç o d e 1 9 6 4

1.1. NÃO CUSTA LEMBRAR! São 2 (duas) as filas de precatório: as dos cré­ditos alimentícios, e as dos créditos que não são alimentícios.

1.2. A autorização para pagamento cabe ao Presidente do Tribunal que prolatar a decisão.

1.3. O pagamento é feito obedecida a ordem de apresentação dos preca­tórios.

1.4. O credor preterido poderá requerer ao Presidente do Tribunal o se­qüestro da quantia necessária à satisfação do crédito.

2. Súmula STF 733: Não cabe recurso extraordinário contra decisão pro­ferida no processamento de precatórios.

3. Aplicação em concurso:

« (AGU — Procurador Federal. CESPE/2007)

Os atos de determinado presidente de tribunal de justiça que versem sobreo processamento e pagamento de precatórios judiciais não têm caráter ju- risdicional.Resposta Certa. Como vimos na Sumula 733 do STF, e é assim que cai nas provas objetivas (sem muitas discussões), o ato do Presidente do Tribunal que manda pagar o Precatório não tem conteúdo jurisdicional. É um ato ad­ministrativo. Sendo assim, não cabe Recurso Extraordinário contra decisão proferida no processamento de precatórios.

Art. 68. O regime de adiantamento é aplicável aos casos de despesas ex- ■ pressamente definidos em lei e consiste na entregade numerário a servidor, .

sempre precedida de empenho nà. dotação própria para. o fim de realizar . despesas, que nãopòssam subordinar-se ao processo normal de aplicação. •.

A rt 69. Não se fará adiantamento'a se:rvidor em alcance nem o respon­sável pòr dois adiantamentos. •

1. Como antecipamos acima, no artigo 65, a própria lei define o que é adian­tamento (art. 68).

2. Servidor em alcance é aquele que ainda não regularizou suas obrigações, como, por exemplo, não prestou contas do adiantamento outrora recebi­do.

3. O servidor responsável por dois adiantamentos também não receberá um novo adiantamento.

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L ea n d r o E u stá q u io e Ig o r d e M a to s M on teir o

Art. 70. A aquisição de material, 6 fornecimento e. a adjudicação dé óbras \ e serviços serão regulados ém lei, respeitado o princípio da concorrência.

1. A CF impõe que a Administração Pública, ressalvados os casos previstos na lei, promova LICITAÇÃO PARA aquisição de bens e serviços:

CF. art. 37 (...) XXI ~ ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante pro­cesso de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de paga­mento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da iei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômi­ca indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.

1.1. Essa obrigação constitucional foi regulamentada pela Lei 8.666-93, que trata do regime geral de licitações e pela Lei 10.520-02, lei que regula­menta a modalidade de licitação, conhecida como PREGÃO.

TÍTULO VIT

: Art. 71. Constitui fundo especial o pródutó de receitas especificadas que;. ;' por lei se vinculam à realização dedetermiriados objetivos, ou serviços,

facultada a adoção de normas peculiares de'aplicação.

1. Constituem fundo especial o produto de receitas especificadas, obser­vando-se as normas de aplicação estabelecidas pela entidade beneficen­te (lembre-se que a CF veda a possibilidade de vinculação de impostos a fundos especiais, conforme seu artigo 167, IV);

2. Essas receitas devem ser vinculadas à realização de programas de traba­lho de interesse da Administração.

3. Em respeito às normas peculiares, a lei que instituir o fundo disporá sobre normas de controle referentes à destinação dos seus recursos financeiros.

4. Aplicação em concurso:

• (CESPE/Analista/TJ CE/2008)

Entre as características dos fundos especiais, incluem-se a obrigatoriedade de lei para a sua criação e a possibilidade de sua existência no âmbito de quais­quer das esferas e poderes, tanto na administração direta como na indireta.Resposta: C

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Lei n ° 4 .3 2 0 d e 17 d e m a r ç o d e 1 9 6 4

• (CESPE - Planejamento e Execução Orçamentária - Min. da Saúde - 2008)As receitas vinculadas, mesmo que não utilizadas durante o exercício, não poderão destinar-se a outra finalidade que não o objeto de sua vinculação, mesmo que continuem sem destinação nos exercícios subsequentes. Resposta: Certa. Comentários: De acordo com o art. 8° da Lei de Responsabi­lidade Fiscal os recursos legalmente vinculados a finalidade específica serão utilizados exclusivamente para atender ao objeto de sua vinculação, ainda que em exercício diverso daquele em que ocorrer o ingresso. Logo> as recei­tas vinculadas, mesmo que não utilizadas durante o exercício> não poderão destinar-se a outra finalidade que não o objeto de sua vinculação. Isso ocor­rerá mesmo que continuem sem destinação nos exercícios subsequentes. As receitas vinculadas são os recursos oriundos de concessões, autorizações e permissões para uso de bens da União ou para exercício de atividades de competência desta. Fazem parte desse grupo as receitas vinculadas por de­terminação legal, cuja fiscalização> administração e manuseio ficam a cargo das entidades com autorização legal para arrecadar. São receitas que apre­sentam destinação previamente estabelecida, em função da legislação (vin­culadas a uma finalidade específica).

■■Art. 72. A aplicação das receitas orçamentárias vinculadas a tumos espe- .. ciais far-se-á através de dotação consignada nã Lei de Orçameritp ou em créditos adicionais. . ;

1. Objetivo: vedar as aplicações indevidas dos recursos dos fundos especiais.2. O orçamento destacará as receitas que compõem os fundos e ainda os

programas especiais de trabalho.

/. .Art 73. Salvo determinação em contrárip da lei que o instituiu, o saldo "• positivo do -fundo especial apurádo em balanço :será transferido párà ó '

■;. ■ exercício seguinte/a crédito do mesmo fundo. .

1. Objetivo: disponibilizar, nos primeiros dias do exercício que se inicia, re­cursos necessários para desenvolvimento das primeiras ações e serviços, como o que aconteceu, recentemente no verão 2008-2009, no Estado de Santa Catarina, devido aos estragos causados pelas chuvas fortes de dezembro.

A rt 74. A lei que mstituir,.fundo-especial poderá' determinar-normas . -peculiares de'controle, prestação .e tomada de contas sem de qualquer ::;. : ;:'- modo, elidir á competência■'específidá dó Tribunal de Contas' òu' orgão ' - equivalente. ' >. '

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L ea n d r o E u st á q u io e I g o r d e M a to s M o n teir o

1. Prestação de contas é a obrigação que um servidor público tem perante a Administração.

2. Caso esse servidor não preste as suas contas, na data e forma previstas por iei, o órgão competente procederá à TOMADA DE CONTAS.

3. Este artigo diz que a lei que instituir o fundo poderá determinar normas peculiares, sem contudo, SUBTRAIR AS ATRIBUIÇÕES DOS TRIBUNAIS DE CONTAS.

4. Jurisprudência do STF:A exigência de prévia lei complementar estabelecendo condições gerais para a instituição de fundos, como exige o art. 165, § 92, 11, da Consti­tuição, está suprida pela Lei n. 4.320, de 17/03/64, recepcionada pela Constituição com status de iei complementar; embora a Constituição não se refira aos fundos especiais, estão eies disciplinados nos arts. 71 a 74 desta Lei, que se aplica à espécie: a} o FGPC, criado pelo art. 1 da Lei n. 9.531/97, é fundo especial, que se ajusta à definição do art. 71 da Lei n. 4.320/64; b) as condições para a instituição e o funcionamento dos fundos especiais estão previstas nos arts. 72 a 74 da mesma Lei. (ADI 1.726-MC, Rei. Min. Maurício Corrêa, julgamento em 16-9-98, DJ de 30-4-04)

TÍTU LO v m

CAPÍTULO I/;"// V' . ;;v’í ;;;y;- . . " /'

. Art. 75. Ó controle dá execução orçamentária compreenderá: "/ ix ?^WVwI - a legalidade dos atos de que resultem a arrecadação dá receita ou a ré- : alizaçãoda despesa-, o nascimento ou a extinção de direitos e obrigações;II ™ a fidelidade funcional dos agentes da administração, responsáveis porbens e valores públicos; A S v ' -III - o cumprimento do programa de trabalho expresso em termos mone- -

. tários é em termos de realização de obras e prestação de serviços. A •

1. Controlar significa acompanhar, verificar, ação que está diretamente liga­da ao planejamento da Administração Pública.

2. Inciso I: Universalidade do Controle. Este inciso determina que devem ser controlados todos atos da administração, no que dizem respeito à receita e à despesa.

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3. Inciso li: Individualização. O controie recai sobre cada servidor da Admi­nistração.

4. Inciso III: Programação. O controie é prévio, concomitante e posterior.5. O controie de execução orçamentário previsto peio art. 75 da lei 4.320-64

é ratificado peio comando do art. 70 da CF:CF. Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indi­reta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacio­nal, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.

6. SOBRE PLANEJAMENTO, a LRF impõe exigência mais do que pertinente, quando determina em seu artigo l 9, parágrafo l 9, a obrigatoriedade da açao PLANEJADA:

LRF. Art. i s Esta Lei Complementar estabelece normas de finanças pú­blicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, com amparo no Capítulo li do Título VI da Constituição.

§ 1- A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições no que tange a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar.

7. Aplicação em concurso:• (TRE-MS Analista Judiciário - Área Administrativa - FCC/2007)

Corresponde à atividade exercida pelo Controle da Execução Orçamentária:a} Tem como único objetivo verificar o cumprimento da Lei do Orçamento, pelo

Poder Legislativo, conforme disposto na Lei ns 4.320/64.' b) A verificação da legalidade dos atos de execução orçamentária deforma pré­

via, concomitante e subseqüente.c) Permitir ao Ministério Público exigir a limitação de empenho quando, verifi­

cado que, ao final de um semestre, a realização da receita poderá não cum­prir as metas de resultado primário estabelecidos no Anexo de Metas Fiscais.

d) Determinar que o montante previsto para as receitas de operações de crédi­to poderá ser superior ao das despesas de capital constantes do projeto de lei orçamentária.

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e) Especificar quais as despesas destinadas ao pagamento do serviço da dívida que podem ser objeto de limitação.Resposta: B

® (TCE/RR Procurador de Contas—Abril/2008)Dispõe a Lei n® 4.320/64 que o controle da execução orçamentária compre­enderá:

I. A legalidade dos atos de que resuítem a arrecadação da receita ou a realiza­ção da despesa, o nascimento ou a extinção de direi™ tos e obrigações.

II. A fidelidade funcional dos agentes da administração, responsáveis por bens e valores públicos.

íll. O cumprimento do programa de trabalho expresso em termos monetários e em termos de realização de obras e prestação de serviços.Está correto o que se firma em:

a} I, somente.b) 1 e II, somente.c) 1 e ili, somente.d) II e III, somente.e) I, II e III.

Resposta: E. Esta questão exige que você tenha o conhecimento dos 3 inci­sos do artigo 75.

Art. 76. O Po4er Executivo exercerá os três tipos 4e controle á que se .refere o artigo 75, sem prejuízo das atribuições do Tribunal de Contas ou órgão equivalente. . • • :•/- : ; •''X_ :v ■'

Quando o artigo 76 fala que o Executivo realizará os controles do artigo 75, ressalvadas as atribuições do Tribunal de Contas, em verdade este artigo está nos recomendando o entendimento das funções intituladas no Capítulo II desta lei, o chamado "controle interno".

A CF dispôs a respeito em seu artigo 74:

CF. Art. 74- Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de controle interno com a finalidade de:

I - avaliar o cumprimento das metas previstas no piano plurianual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos da União;

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II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federai, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado;

II! - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres da União;

IV ~ apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.

§ is - O s responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irreguiaridade ou ilegalidade, deta darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade solidária.

§ 2 - Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é par­te legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalida­des perante o Tribunal de Contas da União.

2. Embora a lei fale que a função de controle interno seja apenas do Execu­tivo, a CF determina que todos os Poderes deverão realizá-lo.

3. A LRF dispõe sobre controle interno em dois de seus dispositivos.3 .1 .0 primeiro, art. 54, parágrafo único, que determina que o Relatório de Gestão FtscaS deve ser assinado também pelos órgãos de controle interno:

LRF. Art. 54. Ao final de cada quadrimestre será emitido peíos titulares dos Poderes e órgãos referidos no art. 20 Relatório de Gestão Fiscal, assinado pelo:

I - Chefe do Poder Executivo;

II - Presidente e demais membros da Mesa Diretora ou órgão decisório equivalente, conforme regimentos internos dos órgãos do Poder Legis­lativo;

III „ presidente de Tribunal e demais membros de Conselho de Adminis­tração ou órgão decisório equivalente, conforme regimentos internos dos órgãos do Poder Judiciário;

IV — Chefe do Ministério Publico, da União e dos Estados.

Parágrafo único. O relatório também será assinado pelas autoridades responsáveis peSa administração financeira e pelo controle interno,bem como por outras definidas por ato próprio de cada Poder ou órgão referido no art. 20.

3.2. E o segundo, art. 59, atribuindo ao órgão de controle interno a fiscali­zação das normas da LRF:

LRF. Art. 59. O Poder Legislativo, diretamente ou com o auxílio dos Tri­bunais de Contas, e o sistema de controle interno de cada Poder e do

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Ministério Público, fiscalizarão o cumprimento das normas desta Lei Compíementa.r, com ênfase no que se refere a:! ~ atingimento das metas estabelecidas na lei de diretrizes orçamen­tárias;II - limites e condições para realização de operações de crédito e inscri­ção em Restos a Pagar;!li - medidas adotadas para o retorno da despesa totaí com pessoal ao respectivo limite, nos termos dos arts. 22 e 23;IV - providências tomadas, conforme o disposto no art. 31, para recon­dução dos montantes das dívidas consolidada e mobiliária aos respec­tivos limites;V - destinação de recursos obtidos com a aiíenação de ativos, tendo em vista as restrições constitucionais e as desta Lei Complementar;VI - cumprimento do limite de gastos totais dos legislativos mu­nicipais, quando houver

^ ^ veriÊ éàçâ.0 .dávlejgf idâ e'' dôsl :âtoS'.'^e.;,execuçãõ - orçainentárxEi"L,j i .

será prévia, concomitante e subseqüèiité. : . ; • . : . ■ - ;

Como afirmamos acima, nos comentários ao artigo 7 5 , o bom planeja­mento, a boa programação determinam que o controle de legalidade seja constante: PRÉVIO, CONCOMITANTE E SUBSEQUENTE.

Aplicação em concurso:

® (TRE-MS Analista Judiciário - Área Administrativa - FCC/ 2007)

Corresponde à atividade exercida peio Controle da Execução Orçamentária:a) Tem como único objetivo verificar o cumprimento da Lei do Orçamento, pelo

Poder Legislativo, conforme disposto na Lei n 4.320/64.b) A verificação da legalidade dos atos de execução orçamentária de forma pré­

via, concomitante e subseqüente.c) Permitir ao Ministério Público exigir a limitação de empenho quando, verifi­

cado que, ao final de um semestre, a realização da receita poderá não cum­prir as metas de resultado primário estabelecidos no Anexo de Metas Fiscais.

d} Determinar que o montante previsto para as receitas de operações de crédi­to poderá ser superior ao das despesas de capital constantes do projeto de lei orçamentária.

e) Especificar quais as despesas destinadas ao pagamento do serviço da dívida que podem ser objeto de limitação.Resposta: B. Essa é bem fácil.

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..; 78. Aléiri. da prestação; oii.tomada. de contás anual, qx^ado instituídaem lei, ou por . fim de gestão,- poderá haVer,. a qualquer tempo, levanta-

' mento, prestação òü tòmadá de: contas deípdós osxesporisávèis por bens . ■ • • oü yalores:púbHcòs, ;. • ^ : ‘ '•' V'o v;-~vy; ,J ■ .v. ■ • ■' - '

1. Prestação de Contas xTomada de Contas. Não se esqueça da diferença! A primeira é obrigação daquele que recebe dinheiro público, ao passo que se não o fizer, o órgão competente deverá proceder à tomada das Contas.

2. O parágrafo único do art. 70 da CF determina quem são os obrigados à prestação de contas:

CF. Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indi­reta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacio­nal, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.

Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pú­blica ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiro, bens e vaiores públicos ou peios quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.

3. A LRF, art. 58, determina que a prestação de contas evidenciará o desem­penho da arrecadação em relação à previsão e destacará as providências adotadas no âmbito da fiscalização das receitas:

LRF. Art. 58. A prestação de contas evidenciará o desempenho da arre­cadação em reiação à previsão, destacando as providências adotadas no âmbito da fiscalização das receitas e combate à sonegação, as ações de recuperação de créditos nas instâncias administrativa e judicial, bem como as demais medidas para incremento das receitas tributárias e de contribuições.

4. Embora a lei fale que a função de controle interno seja apenas do Execu­tivo, a CF determina que todos os Poderes deverão realizá-lo.

5. Vale a pena lembrar que tanto Tomada como Prestação de contas são pro­cedimentos administrativos, garantindo-se aos fiscalizados o contraditório. É o que confirma a jurisprudência do STF: A Tomada de Contas Especial não constitui procedimento administrativo disciplinar. Ela tem por escopo a de­fesa da coisa púbiica. Busca a Corte de Contas, com tal medida, o ressarci­mento pela lesão causada ao Erário. A Tomada de Contas é procedimento

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administrativo, certo que a extensão da garantia do contraditório (CF, art. S9, LV) aos procedimentos administrativos não exige a adoção da normati- vidade própria do processo judicial, em que é indispensável a atuação do advogado: Al 207,197-AgR/PR, Ministro Octavio Gallotti, DJ de 5-6-98; RE 244.027- AgR/SP, Ministra Eüen Gracie, DJ de 28-6-2002." (MS 24.961, Rei. Min. Carlos Veloso, julgamento em 24-11-04, DJ de 4-3-05)

. ;. : a putro ^ na legislado, caberá ;btíóntrõlè estabé nó inciso '

;; V Parágrafo itoicp.; E sse controle fár-sç-â, quando foir .o çásÒ jèni Hemioi de unidades de medida previamenteçstabelecMos para cada atividade...

1. Planejar sem controlar não é planejar.

2. O controle do cumprimento de programação do orçamento (art. 75, III, Lei 4.320) deverá ser realizado PELO ÓRGAO INCUMBIDO DA ELABORA­ÇÃO DA PROPOSTA ORÇAMENTÁRIA.

.80.; Compete aos serviços de contabilidade ou órgãos equivalentes w ?-A^ifecar^a^èxafâ-ót^^âriçiá V dòs ■ B j r a i ê é '

. á. cada dèntró dò sistema que for instituído para

1. De novo as cotas trimestrais! Porém isso não é o mais importante. O es­sencial é que você leia este artigo e entenda que os serviços de contabi­lidade não são os únicos órgãos a verificar a observância dos limites das cotas trimestrais.

\ . À rt 81. O çontrolé:da exeçuçãó orçameníárify.pelo;Poder;Leg .... - terá pór objetivo verificar a probidade daadminisíraçãoj a guarda e legaí;

' S •- emprego dós dinhéiros públicos è 0 cumprimexiió dàLei dé ^rçamento.V . :V./-

1. CONTROLE EXTERNO x controle interno. Ao contrário do controle inter­no, que a CF impõe a todos os Poderes a sua realização, o CONTROLE EXTERNO É REALIZADO EXCLUSIVAMENTE PELO LEGISLATIVO.

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2. A CF, art. 70, assim dispõe sobre o Controle Externo, quase que ratifican­do todas as funções para ele previstas no caput do art. 81 da Lei 4.320-64:

CF. Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indi­reta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacio­nal, mediante controie externo, e peio sistema de controie interno de cada Poder.

3. Portanto, cabe ao CONTROLE EXTERNO, realizado pelo LEGISLATIVO, cumprir os 3 objetivos do art. 81, quais sejam: verificar a probidade da Administração (ieia probidade como moralidade juridicamente qualifica­da), guarda e íega! cumprimento dos dinheiros públicos e cumprimento da lei orçamentária.

4. Aplicação em concurso:

® (AGU/CESPE - 2008)

O controle externo do cumprimento orçamentário é feito, ordinariamente, pelo Poder Judiciário.Obs: Assertiva errada.

Art. 82 .0 Poder Executivo,-anualmente ; prestará contas ao Poder Le- v ■. gisiativo no prazo estabelecido nas Çonstituiçõesou. nas Leis Orgâni- -

cás dós Municípios. •' / •/ ; •. • ' . . : •/. • V • •• ■ • •§ T° As; còntás do Poder Executivo serão submetidas ao Poder Legisla- : tivo, com Parècer prévio do Tribunal de Çontasòu órgão equivalente.

: . \ •§ 2o, Quando, no Município, não houver Tribunal de.Contas ou órgão .. equivalente, a Câmara de Vereadores poderádesignar peritos contado- . res para verificarem ás cóiitas do. Prefeito ç: sobre elas emitirem páre- ••

1. Importante: os prazos para prestação de contas previstos na CF, nas Constituições Estaduais e nas Leis Orgânicas não são de coincidência obri­gatória.

2. As contas do Executivo serão submetidas ao Legislativo, mediante pare­cer prévio do Tribunal de Contas da União.

2.1. O PARECER PRÉVIO será feito em até 60 dias depois do recebimento das contas, como determina o art. 7 1 ,1, da CF:

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CF. Art. 7 1 —0 controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:

í - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da Repúbli­ca, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento;

3. Tribunal de Contas Municipal. As contas do Executivo Municipal serão en­caminhadas para o Legislativo do Município, mediante parecer prévio do TRIBUNAL DE CONTAS ESTADUAL.3.1. A CF veda a criação de Tribunais de Contas pelos Municípios, respeita­dos os que já existiam antes de 05-10-1988, conforme determina o art. 31:

Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas de controle in­terno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei.

§ 12 - O controle externo da Câmara Municipal será exercido com o au­xílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou do Município ou dos Conse­lhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde houver.§ 2 ^ - 0 parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as contas que o Prefeito deve anualmente prestar, só deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos membros da Câmara Municipal.§ 32 - As contas dos Munícípios ficarão, durante sessenta dias, anual­mente, à disposição de qualquer contribuinte, para exame e apreciação,o qual poderá questionar-lhes a legitimidade, nos termos da lei.§ 49 - É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de Contas Municipais.

3.2. No entanto, nada impede que os Estados criem Tribunais de Contas Estaduais para fiscalizar apenas as contas dos seus Municípios, como é o caso de Santa Catarina, Goiás, que além do Tribunal de Contas Estadual, têm ainda o Tribunal de Contas para os Municípios.

4. A LRF determina que as contas do Executivo incluirão as dos Presidentes do Legislativo e do Judiciário e do Chefe do Ministério Público:

LRF. Art. 56. As contas prestadas pelos Chefes do Poder Executivo inclui­rão, além das suas próprias, as dos Presidentes dos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e do Chefe do Ministério Público, referidos no art. 20, as quais receberão parecer prévio, separadamente, do respectivo Tribunal de Contas.

5. Súmula do STF:

Súmula n2 347. "O tribunal de contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a constitucionaiidade das ieis e dos atos do poder público".

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6. Aplicação em concurso:

® (TCE/AC ~ Analista de controle externo - Administração pública e/ ou de em­presas - CESPE/2008)

A Constituição Federai e, em simetria, as constituições estaduais estabele­cem que a fiscalização será exercida pelo Congresso Nacional, com o auxílio do TCU, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder. Considerando as normas constitucionais e legais relativas aos sistemas de controle interno e externo, é correto afirmar que:

a) avaliar o cumprimento de metas previstas no PPA, bem como a execução dos programas de governo, é função do controle externo.

b) é função dó controle interno fiscalizar a aplicação de subvenções e a renúncia de receitas.

c) compete ao controle interno apreciar representações apresentadas pelas câmaras municipais acerca da não-comunicação da liberação de recursos fe­derais.

d) constituem objetos de exames realizados pelo controle externo os processos de tomadas de contas especiais, sindicância, inquéritos administrativos e ou­tros atos administrativos de caráter apuratório, nos órgãos da administração direta ou indireta.

e) o procedimento ordinário de realização do controle externo dá-se pelos pro­cessos de tomada e prestação de contas, que são analisadas sob os aspectos de legalidade, economicidade, eficiência e eficácia e depois são julgadas, e o sistema de controle interno presta orientação aos administradores de bens e recursos públicos.Resposta: E

1. Este artigo inicia uma série de dispositivos para orientar o exercício contá­bil da Administração Pública.

2. Este artigo trata especificamente do Princípio da Evidenciação Contábil.

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3. Toda ação governamental requer atividade financeira, seja arrecadando recursos da coletividade ou devolvendo sob a forma de prestação de ser­viços públicos.

VV v.. Art. 84. Ressalvada; avçompetên^ yórgão.: i: ^ -;.eiquiyâlàit ;-a;ítÒmada íie :•. ■:- ' diiiheiros ^públicos será realizada ou superintendida pèlos serviços de \

contabilidade. V:;.';'-'V: - v; .-y: r •. Ti •.

X. Segundo a lei, a tomada de contas será realizada pelos serviços de conta­bilidade. Guarde a letra fiel deste artigo, nada mais.

: : Art. 85. Os serviços dè contabilidade serão organizados de forma a per- vraitirém ò acompanhamento da execução orçarrientMa, o conhecimento. da composição patrimonial, a determinação dps custos dos serviços in­dustriais, ò lev^tàmento dos balanço interpretação

í': í J .dòs resültadpà jroajíi^o ;:^

1. Organização. O serviço contábil da administração deve se organizar e ser estruturado de acordo com os ensinamentos desta lei, permitindo: co­nhecimento da composição patrimonial, dos resultados obtidos nas ope­rações das unidades de gestão, dos direitos e obrigações, de bens e valo­res, dos custos dos serviços, das receitas obtidas, das despesas realizadas.

2. Aplicação em concurso:

o (CGU - Analista de Finanças e Controle - Correição - ESAF/2006}

Segundo o que dispõe o art. 85 da Lei n. 4.320/64, os serviços de contabilida­de serão organizados de forma a permitirem, exceto:

a) o conhecimento da composição do patrimônio.b) acompanhara execução orçamentária.c) análise e interpretação dos resultados econômicos.d) determinar os custos dos serviços industriais.e) evidenciar a arrecadação tributária iíquida.

Resposta: E. Mais uma questão com a resposta copiada da lei.

: Art. 86. A èscrituração sintética das operações finatíceirás e.pátrimoníais' •/ • efetuaí-será pelo métÒdó dás partidas dobradas;.; ■■ , ■

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1. Método das partidas dobradas. GRAVE A DICA: a todo débito correspon­de ao mesmo tempo um crédito de igual valor.

2. O registro de qualquer operação implica que um débito em uma ou mais contas deve corresponder a um crédito equivalente em uma ou mais con­tas, de forma que a soma dos valores debitados seja sempre igual à soma dos valores creditados, ou simplificando: NÃO HÃ DÉBITO SEM CRÉDITO CORRESPONDENTE; DÉBITO = CRÉDITO, Oü ORIGENS « APLICAÇÕES.

; : , • ;:ÀrÍL;:87vHayerá;.eòntrò dè :. ; àjusteá ou Contratos èm ^ , . a : %r.;

1. Leitura conjunta, Este dispositivo deve ser lido junto aos artigos 83 e 85, que já contêm explicitamente a norma que aqui se escreve. Esse é mais um dos que impõem a eficiência na gestão das contas públicas.

devedor ou do çrè4ór.,e especificaçãò.d&n^ vencinientO', quapdo.fixadâ;..•;: \ V; s-S-'.;. • j •••• .

1. Registro analítico, ou individualizado, de devedores e credores.2. São 2 (dois) mandamentos:

2.1. Para os credores: registrar, por nome de cada um, a importância a ser paga, com a respectiva data de vencimento.2.2. Para os devedores: individuação dos contribuintes e outros devedo­res da Administração, indicando-se-lhes a qualificação, natureza da dívida, importância devida e data de vencimento.

.Art.:89. Acontobilidáde^; çamèntárià, financeirapatrim . . - . ' •:

1. Objetivo da contabilidade pública: evldenciação.

V..:V> CAPÍTULO U í ; ■;: ■’DA CONTABD IDADE ÒRÇAMEÍ^ ■ ‘

. Art:90.:ÀcoritebiÍ.idáde. devera évidehci^,èmseijs;regisíips,ó'.^^.dos créditos orç^en^os vigentes, a ...despesaempe^áda e a.: despesa.. '," V

-■ reMizÍad 'á'.cóiiía.dps mesmos ;CTéditõè;VáV'dòtaijõ '<ü^

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Novamente a evidenciação.

Despesa empenhada'x Despesa realizada. NÃO CONFUNDA ESSES DOIS CONCEITOS. O art. 58 desta lei já definiu o que é empenho:

Art. 58 . 0 empenho de despesa é o ato emanado de autoridade compe­tente que cria para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição,

2.1. Despesa realizada relaciona-se com o adímpiemento contratual por parte dos fornecedores de bens, serviços ou obras. Esse conceito se rela­ciona ao artigos 62 e 63 desta lei:

Art. 62. O pagamento da despesa só será efetuado quando ordenado após sua regular liquidação.

Art. 63. A liquidação da despesa consiste na verificação do direito adqui­rido peio credor tendo por base os títulos e documentos comprobató- rios do respectivo crédito

Aplicação em concurso:

« (CGU - Analista de Finanças e Controle - Área - Auditoria e Fiscalização - ESAF/2006)

Com base nas disposições da Lei n. 4320/64 sobre a contabilidade dos entes públicos, julgue os itens a seguir verdadeiro (V) ou falso (F), e assinale a op­ção que indica a seqüência correta.

( ) É função da contabilidade dos entes públicos evidenciar os fatos ligados à administração financeira, orçamentária, patrimonial e industrial.

( ) As tomadas de contas dos agentes responsáveis por bens e dinheiros públi­cos serão realizadas pelos órgãos de contabilidade, ressalvada a competência do Tribunal de Contas ou órgão equivalente.

( ) A contabilidade evidenciará perante a Fazenda Pública somente a situação dos que arrecadem receitas e efetuem despesas.

( } Os registros dos bens móveis e imóveis devem ser realizados de forma analítica.{ ) É obrigatório que a contabilidade evidencie o montante das dotações dispo­

níveis.a) F,V,F,V,Vb) V,V,F,F,Vc) V,F,V,V,Vd) V,V,F,V,Ve) F,F,V,V,F

Resposta: B

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;;A r t 91. 0 registro contábil da:receita e:da':;despesa:far-se-á:de acordo ' ':?' .bom às -. especificações constantes dá liei desOrçarnénto. e ■ dos créditos

adicionais... . :. ... • " .• : . '- • • •

1. Este artigo complementa o anterior, ao determinar como devem ser evi­denciadas a receita e a despesa, exigindo-se-ihes o registro contábil con­forme determinação da iei orçamentária.

2. Vimos que o crédito da dívida ativa é cobrado por meio da emissão da cer­tidão da dívida ativa da Fazenda Pública da União inscrita na forma da tei, valendo como título de execução, o que lhe garante liquidez. São os crédi­tos da Fazenda Pública de natureza tributária {proveniente da obrigação legal relativa a tributos e respectivos adicionais, atualizações monetárias, encargos e multas tributárias) ou não tributária (demais créditos da fazenda pública) exigíveis em virtude do transcurso do prazo para pagamento. As receitas decorrentes de dívida ativa tributária ou não tributária devem ser classificadas como "outras receitas correntes".A Dívida Ativa é uma espécie de crédito público que abrange os créditos ad­vindos do inadímplemento de títulos executivos em favor da Fazenda Públi­ca. A Dívida Ativa foi definida desde a Lei 4320/64, e sua gestão econômica, orçamentária e financeira possui critérios estabelecidos em diversos outros textos legais. A Dívida Ativa é importante fonte de recuperação de valores que foram inscritos em razão do não recebimento no prazo estipulado e abrange além do crédito principal, os juros e atualização monetária ou ou­tros encargos legalmente previstos. Para o Ente Público é fonte potencial de fluxos de caixa. Ressaltamos que a Dívida Ativa não deve ser confundida com Dívida Passiva; esta última corresponde às obrigações do Ente Público em relação a terceiros. A Dívida Passiva é a também denominada Divida Pública. O envio do crédito para inscrição na Dívida Ativa consiste na gestão de créditos no âmbito de um mesmo Ente Público onde há a transferência de responsabilidades de cobrança entre o órgão de origem do crédito e o órgão responsável pela inscrição na Dívida Ativa.

• . Art, 92. A dívida flutuante.compreende: -V; AV-a W'' -//''.; I -,os restos à pagar, éjcòlüídós ós.;serViÇós;cíá

‘'' '' '• dívida a pagar?'-: • 'v; • S. . •. • I I I - ps aeppsitos;' ;: :

IV ~:õs débitos de tesouraria:';Parágráfo úniçb. O registro doà -íestos v a;:

" v m - s

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1. ARTIGO MUITO COBRADO.

2. Não confunda os conceitos de Dívida flutuante x Dívida fundada (consoli­dada).

2.1. Dívida fundada é a dívida de iongo prazo, POR PRAZO SUPERIOR A DOZE MESES, conforme previsão expressa nos artigos 98 desta lei e ainda no 2 9 ,1, da LRF:

Art. 98. A Dívida fundada compreende os compromissos de exigibilida­de superior a doze meses, contraídos para atender a desequilíbrio orça­mentário ou a financiamentos de obras e serviços púbiicos.

LRF. Art. 29. Para os efeitos desta Lei Complementar, são adotadas as seguintes definições:

i - dívida púbiica consolidada ou fundada: montante total, apurado sem duplicidade, das obrigações financeiras do ente da Federação, assumi­das em virtude de leis, contratos, convênios ou tratados e da realização de operações de crédito, para amortização em prazo superior a doze meses;

2.2. Dívida flutuante engloba os restos a pagar, os serviços da dívida a pagar, os depósitos e os débitos de tesouraria.

2.2.X. O conceito de restos a pagar você já sabe, está no artigo 36: consi­deram-se Restos a Pagar as despesas empenhadas, mas não pagas até o dia 31 de dezembro, distinguindo-se as processadas das não processadas.

2.2.2. Serviços da dívida a pagar são as parceias de amortização e de juros da dívida fundada ou da dívida consolidada.

2.2.3. Os depósitos dizem respeito às cauções garantias, entre outros.2.2.4. Os débitos de tesouraria são as dívidas provenientes de operações de crédito para antecipação da receita orçamentária.

3. Aplicação em concurso:0 (CGU- Analista de Finanças e Controle - ESAF/2006)

A respeito da contabilidade orçamentária e financeira a Lei n. 4.320/64 de­termina, exceto que

a) os depósitos de terceiros não integram a dívida flutuante.b) deve ser evidenciado o montante dos créditos orçamentários vigentes.c) as operações não compreendidas na execução orçamentária que resultem

débitos ou créditos de natureza financeira serão também objeto de registro contábil.

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d) os débitos de tesouraria integram a divida flutuante.e) o registro contábil da receita será realizado de acordo com as especificações

da Lei Orçamentária Anuai.Resposta: A. Basta a leitura do inciso III deste artigo 92.

» (TCE/MA - Procurador - FCC/2005)

A dívida flutuante é integrada pelas seguintes contas contábeis:a) empréstimos e financiamentos contraídos mediante emissão de títulos pú­

blicos.b) empréstimos e financiamentos contraídos a taxas flutuantes de mercado.c) Restos a Pagar, quer processados ou não processados.d} Restos a Pagar, Serviços da Dívida a Pagar, Depósitos e Débitos de Tesouraria,e) Operações de Crédito por Antecipação da Receita Orçamentária.

Resposta: D

• (Analista Ambiental - Políticas e gestão em meio ambiente - Ministério do Meio Ambiente - CESPE/2008 - caderno delta)Com base nos conceitos de contabilidade e nas disposições da Lei n.s 4.320/1964 e da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), julgue o item a seguir. A dívida flutuante corresponde ao passivo financeiro do balanço patrimonial e compreende os saldos das contas que permaneceram abertas no sistema financeiro, não necessitando de autorização orçamentária para seu paga­mento.Resposta: Correta.

Àrt; 93 Todas as operações dé que resultem débitos e créditos de na-, . tureza financeira, não compreendidas na execuçãoorçamèntária, serão

; também objeto de registro, individuação e controle contábil. . \ • .

Entradas x Receitas: nem todo ingresso de recursos púbiicos nos caixas da Administração constituem receita púbiica. Como dissemos no artigo anterior, algumas cauções, depósitos, enfim, uma garantia, é conceituada como entrada, afinal, pode retornar ao boiso do particular. Ao contrário, quando um depósito - por exemplo: uma consignação em pagamento re­alizada pelo contribuinte que não tinha certeza de qual era o credor - se converter em renda desse credor, aí sim teremos a receita pública.

Esse artigo fala exatamente das entradas, as chamadas operações extra­orçamentárias, que também devem ser, registra das, individualizadas.

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•’ ^ V ç PíTüLóto^ v/'./ '- ; r y ■;■■ D A C Ó N T ^ ÍL ^ IN D üST R I^;>/:

•: ' :.Art.-94. Haverá registros analíticos deiodos. os .bens.de c^áter.penna- v.- ;nente, com indicação dos elementos necessáriospara à perfeita càracte- .,

: ri2áção:.dexàdá um deles é dos: agentes'responsáveis pela süa:-guarda e . ....administração.. . . ’ ;/ ; • .'••• V:v ' '

1. Todos bens devem ser registrados analiticamente, seja por fichas, seja em arquivos eletrônicos, informatizados.

... Art-95. A cojj^jjidade manterá registros sintéticos dos. Bens móveis e .

ã m ò v e i s ' ^ ^ ' ' . ^ . ' ^ V- : ’ ; • •.

1. MÉTODO DAS PARTIDAS DOBRADAS. Nunca se esqueça do que deter­mina o artigo 86 sobre a necessidade da escrituração pelo método das partidas dobradas; que é o método, mais uma vez lembrando, em que a todo débito corresponde ao mesmo tempo um crédito de igua! vaíor.

2. Registro sintético é a mesma coisa que PARTIDAS DOBRADAS.

. . o inventário; analítico de cádà midade administrativa e os eleiné da■; ■ /:v iíèsõnti^àçap p a í í Q ^

1. INVENTÁRIO ANALÍTICO - Descrição dos elementos do bem, física e finan­ceiramente, para depois conferir a escrituração contábil.

' fjiis-prçáúíi^árip^. registro contábil das receitas paíximÒr^ .

1. Receitas patrimoniais são receitas originárias.

1.1. Receitas originárias x Receitas derivadas.

Receitas originárias são receitas decorrentes da exploração do patrimônio Estatal. Ex: Zona Azul {em alguns lugares mais conhecido como Faixa Azul) referente a estacionamento em vias públicas. Se a rua é um bem público,o que o Município recolhe decorrente da exploração de seu patrimônio é uma receita originária.

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As receitas derivadas decorrem da exploração do patrimônio não Estatal. Melhor exemplo que o IPTU (imposto sobre a propriedade do particular) ou o IPVA não há.

2. Essas receitas também devem ser contabilizadas, e mais, devem ser fisca­lizadas.

Art. .98.. A Dívida-fuiidadá. compreende os compromissos dè exigibilida- .:. . de'superior a doze meses, contraídos para atender a. desequilíbrio orça-.. -

v^entáiio.oua e s e r v i ç o s ^ ü b ü c o s . ...

1. Dívida fundada x Dívida flutuante. Essa dupla é constante em questões de concursos. Relembre os nossos comentários ao artigo 92, que vamos repetir em parte, para fins didáticos, afinai se é assim que é cobrado, é assim que vamos repetir:

1.1. Não confunda os conceitos de Dívida flutuante x Dívida fundada (con­solidada).

a) Dívida fundada é a dívida de longo prazo, POR PRAZO SUPERIOR A DOZE MESES, conforme previsão expressa no artigo 2 9 ,1, da LRF:

LRF. Art. 29, Para os efeitos desta Lei Complementar, são adotadas as seguintes definições:

I ~ dívida pública consolidada ou fundada: montante total, apurado sem duplicidade, das obrigações financeiras do ente da Federação, assumi­das em virtude de leis, contratos, convênios ou tratados e da realização de operações de crédito, para amortização em prazo superior a doze meses;

b) Dívida flutuante engloba os restos a pagar, os serviços da dívida a pa­gar, os depósitos e os débitos de tesouraria.

Art. 99. (Ds serviços , públicos: industriais, airida; que nã organizados.. iv;::cómó.;'^

•; • 'jptó:déte:^ resüitados^ V. ."; Jr•'-..escqfa^ > Vf .! ^

1. Todos os serviços industriais devem promover a Contabilidade de Custos.

2. A Administração Pública pode intervir no mercado privado, criando al­gumas pessoas jurídicas, como, por exemplo, as empresas públicas ou as

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autarquias, que compõem a Administração chamada Indireta. Lembre-se do INCISO, XIX do artigo 37 CF:

CF. ART. 37 {...JXIX - somente por lei específica poderá ser criada autar­quia e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de eco­nomia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação.

2.1. DICA MNEMQNICA: Lei crIA autarquIA.

As ..alterações daÁ; os resultados da execução orçamentária, bemcomo as variações indéjpen-

l dentes dessa execução e as superyeníênçias e insubsistência ativàsepas- : . ;;i si vás, còn^tuirãoelemeritos da conta patrimonial. " ... .. i ::;i

1. Superveniência é a situação na qual o vaior registrado na contabilidade sofre acréscimo.

2. Insubsistência é exatamente o contrário, quando o valor registrado dimi­nui.

;;;r-ía-- ■ = y 'LA : J o ;

.. ‘ Art. 101. Os resultados gerais do. exercício sçrão demonstrados no Ba- V. lanço Orçamentário, :n'p'Balai^o Fiii^çeiro, noBalan.çc) Patrimonial; ná J'

:• :..peniònstração.das;\âriaçõe^^^ .

1. Balanços públicos: são considerados balanços públicos as peças contá­beis que demonstrem a contabilidade patrimonial, a contabilidade finan­ceira e a contabilidade orçamentária.

2. Não se preocupe com esses anexos, pois eles não são cobrados em con­cursos.

' ■ • .. Art. 1Ó2.Ò 13a:lan demonstrará as receitas e. despesas >

1. LRF. A Lei de responsabilidade Fiscal determina que as demonstrações orçamentárias sejam conjuntamente apresentadas aos Relatórios de Exe­cução Orçamentária e Relatório de Gestão Fiscal, conforme arts. 52 a 54:

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LRF. Art. 52. O relatório a que se refere o § 32 do art. 165 da Constituição abrangerá todos os Poderes e o Ministério Público, será publicado até trinta dias após o encerramento de cada bimestre e composto de:

I - balanço orçamentário, que especificará, por categoria econômica, as:

a) receitas por fonte, informando as realizadas e a realizar, bem como a previsão atualizada;

b) despesas por grupo de natureza, discriminando a dotação para o exercício, a despesa liquidada e o saldo;

ii - demonstrativos da execução das:

a) receitas, por categoria econômica e fonte, especificando a previsão iniciai, a previsão atualizada para o exercício, a receita realizada no bi­mestre, a realizada no exercício e a previsão a realizar;

b) despesas, por categoria econômica e grupo de natureza da despesa, discriminando dotação inicial, dotação para o exercício, despesas empe­nhada e liquidada, no bimestre e no exercício;

c) despesas, por função e subfunção.

§ 19 Os valores referentes ao refinanciamento da dívida mobiliária cons­tarão desta ca da mente nas receitas de operações de crédito e nas des­pesas com amortização da dívida.

§ 22 O descumprimento do prazo previsto neste artigo sujeita o ente às sanções previstas no § 22 do art. 51.

Art. 53. Acompanharão o Relatório Resumido demonstrativos relativos a:

I — apuração da receita corrente líquida, na forma definida no inciso IV do art. 2-, sua evolução, assim como a previsão de seu desempenho até0 finai do exercício;

II - receitas e despesas previdenciárias a que se refere o inciso IV do art. 50;

lil - resultados nominal e primário;

IV - despesas com juros, na forma do inciso II do art. 42;

V - Restos a Pagar, detalhando, por Poder e órgão referido no art. 20, os valores inscritos, os pagamentos realizados e o montante a pagar.

§ 12 O relatório referente ao último bimestre do exercício será acompa­nhado também de demonstrativos:

1 - do atendimento do disposto no inciso III do art. 167 da Constituição, conforme o § 32 do art. 32;

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II ~ das projeções atuariais dos regimes de previdência social, geral e próprio dos servidores púbiicos;

III ~ da variação patrimonial, evidenciando a alienação de ativos e a apli­cação dos recursos dela decorrentes.

§ 2s Quando for o caso, serão apresentadas justificativas:

I - da limitação de empenho;

II - da frustração de receitas, especificando as medidas de combate à sonegação e à evasão fiscal, adotadas e a adotar, e as ações de fiscaliza­ção e cobrança.

SEÇÃO IV Do Relatório de Gestão Fiscat

Art. 54. Ao final de cada quadrimestre será emitido pelos titulares dos Poderes e órgãos referidos no art. 20 Relatório de Gestão FiscaS, assina­do pelo:

I - Chefe do Poder Executivo;

II - Presidente e demais membros da Mesa Diretora ou órgão decisório equivalente, conforme regimentos internos dos órgãos do Poder Legis­lativo;

III - Presidente de Tribunal e demais membros de Conselho de Adminis­tração ou órgão decisório equivalente, conforme regimentos internos dos órgãos do Poder Judiciário;

IV - Chefe do Ministério Público, da União e dos Estados.

Parágrafo único. O relatório também será assinado pelas autoridades responsáveis pela administração financeira e pelo controle interno, bem como por outras definidas por ato próprio de cada Poder ou órgão re­ferido no art. 20.

2. Aplicação em concurso:

o (CESPE - Gestão de orçamento e finanças - iPEA - 2008)

Não estão sujeitas a limitação de empenho e movimentação financeira as despesas relativas às atividades dos Poderes Legislativo e Judiciário e do Mi­nistério Público da União, exceto no caso de frustração da arrecadação carac­terizada por ser a estimativa atualizada da receita inferior à receita estimada na própria proposta orçamentária.Resposta: CertaSegundo a LRF: Art. 9 Se verificado, ao fina! de um bimes­tre, que a realização da receita poderá o não comportar o cumprimento das

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metas de resultado primário ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais, os Poderes e o Ministério Público promoverão> por ato próprio e nos montantes necessários, nos trinta dias subseqüentes, limitação de em­penho e movimentação financeira, segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias.

Assim, somente se o comportamento da receita pública demonstrar que as metas não serão atingidas é que os Poderes e o Ministério Público devem proceder à limitação de empenho e movimentação financeira.

* (CESPE - AFCE - TCU - 2007)

A recomposição das dotações cujos empenhos foram limitados dar-se-á de forma proporcional às reduções efetivadas. Agora o §1° do art. 9o da LRF:§ 12. No caso de restabelecimento da receita prevista, ainda que parciai, a recomposição das dotações cujos empenhos foram limitados dar-se-á de forma proporcionai às reduções efetivadas. A questão é uma transcrição do dispositivo da LRF.Resposta: Certa.

o (CESPE - Gestão de orçamento e finanças - IPEA - 2008)

Quando for necessário promover a limitação de empenho, seja por insufici­ência de receita, seja por excesso de dívida, a LDO pode autorizar os poderes da República a excluir da limitação a totalidade dos recursos previstos para tipos de despesa específicos.Resposta: Certa. Comentários: Novamente o §2° do a rt 9 o da LRF: §2? Não serão objeto de limitação as despesas que constituam obrigações consti­tucionais e legais do ente, inclusive aquelas destinadas ao pagamento do serviço da dívida, e as ressalvadas pela lei de diretrizes orçamentárias. Já vimos que as limitações de empenho não incluem as obrigações consti­tucionais e legais do ente, tampouco o pagamento do serviço da dívida. Agora a questão enfatiza o final do parágrafo. Assim, a LDO pode fazer ressalvas a determinadas despesas, autorizando os poderes da República e o Ministério público a excluir da limitação uma parte ou a totalidade dos recursos previstos para tipos de despesa específicos.

//Á^,lÔ3vO B à^ j^ Fm an c^ ò iie^ n ^ ^ ;•i;ttóas-be^Minò' ■bs.T^braeütós .e;'os:j?aj;am ^to^ ■

■ y ;méníãria,èÕnjlígadQstó■ •. •• anfôno .Ê _ s c ^ansjfercitii pará.o 'éxêrcíçio.se^újrttô ; • - - syy ' : .

•t . i Parágrafo Os Réstps a Pagar do exercício serâo çom^ receita-;■ ■ • e>drâ-;brçaménilána para èóínjtè^ despesa orçámentáiia: :

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1. Aplicação em concurso:

« (Esaf—Analista do MPOG/2005)

A respeito do Balanço Financeiro de que trata o art. 103 da Lei n2 4.320/64 é correto afirmar, exceto:

a) são demonstrados os ingressos e os pagamentos extra-orçamentários.b) a disponibilidade financeira do exercício anterior e a que passa para o exercí­

cio seguinte são evidenciadas.c) a despesa orçamentária é demonstrada pelo valor liquidado independente­

mente de ter ocorrido o pagamento.d) as receitas orçamentárias são demonstradas por categoria econômica.e) o confronto entre os ingressos e os dispêndios resulta no superávit, que coin­

cide com o resultado da entidade.Resposta: E

• (CESPE/Anaiista/TSE/2007)

O processo de elaboração e execução orçamentária do governo federal é re­gido por uma série de normas constitucionais, legais e administrativas, que determinam os institutos, práticas e estruturas onde eie se realiza. Com res­peito a esse assunto, assinale a opção correta.

. a) 0 Congresso Nacional está impedido, por dispositivo constitucional, de alte­rar receitas e despesas com o pagamento de benefícios da previdência social propostas na Lei Orçamentária Anual pelo Poder Executivo.

b) Os incentivos fiscais, por serem uma ação extra-orçamentária, não constam em nenhum documento das normas orçamentárias, nem precisam ser consi­derados para fins de disciplina fiscal.

c) O pagamento de despesas nas modalidades restos a pagar é sempre conside­rado extra-orçamentário.

d) A realização de uma obra cuja execução perdure dois anos depende de sua prévia inclusão na Lei de Diretrizes Orçamentárias.Resposta: C

• Art. 104. A Demonstração das \àriações Patrimoniais evidenciará, as ..^ v ; :aítéraçoes^yerifiçááasi

execução orçamentária, e indicará o resultado patrimonial dò exercício.

1. A Demonstração das Variações Patrimoniais integra o Balanço, informan­do as alterações sofridas pelo patrimônio durante o exercício financeiro. Lembra-se o período dele? I 9 de janeiro a 31 de dezembro.

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Nas Variações devem ser computadas:

2.1. Variações patrimoniais ativas, resultantes da execução orçamentária e;

2.2. Variações patrimoniais passivas, resultantes da execução orçamentá­ria e também as independentes da execução orçamentária {como o can­celamento da dívida ativa).

Aplicação em concurso:

o (Esaf—Analista do MPOG/2005)

Sobre a Demonstração das Variações Patrimoniais - DVP (art. 104 da Lei ns 4.320/64} de uma entidade que não registra receita orçamentária e apresen­ta superávit no exercício, é correto afirmar que:

a) o superávit somente poderá ter ocorrido se as mutações ativas orçamentá­rias tiverem sido no mesmo montante das variações passivas totais.

b) a existência de superávit no exercício implica a inexistência de despesa orça­mentária, uma vez que não ocorreu receita orçamentária.

c) se as variações ativas extra-orçamentárias foram menores do que as varia­ções passivas totais, obrigatoriamente ocorreram interferências e/ou muta­ções ativas orçamentárias.

d) em razão de a entidade não registrar receita orçamentária não ocorreram mutações ativas orçamentárias.

e) o superávit apurado corresponde ao superávit financeiro do exercício. Resposta: E

Art. 105.0 Balanço Patrimonial demonstrará:-■ I — Ò Ativo Financeiro;; ■

; : : II O Ativo Permanente;, V. . - < • 'UI - O. Passivo Financeiro; V VIV~ O Passivo Permanente; ; •:V -:0:S.aIdo'Patranoni'al;; • '.j : v.. . . : ; ; . .

"• VI ~ A f Çòntas dejÇpj^ . - A ' ■ ': I o,Õ Ativo. Fm^ os créditos e valores realizáveis''■.indèpendent^^^

■ .0Aüvo'áèfmaoçnte ;bens^^|ps^yatôrés;-cuj^ • •mobilização^pii, iehâçãp-dependa dé'áútorizaçãolè£^

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. § 3°. O Passivo Financeko compreenderá.ás; dívidas fiandadâs;e òútras, ' . .• ; ; ::cújo.pagámènto independa dç auto orçamentária. .. V .

§ 4o O Pàssivò Permanente.compreenderá as dívidas fundadas e. outras: ::'/r ... .;• qüé dependam dé .autorização legislativa para amortização ou resgate,.:. .

'. . • : . § 5° l ás.Çontas' dé comjpénsàção serão registrados os bens, valores, obri- V-. 'gações e sitüáçõês não compreendidas nos parágrafos •anteriores e que* : . imediata ou indiretamente, possam vir a afetar o patrimônio. ;

1. Balanço patrimonial: é a demonstração da posição e data do encerra­mento das contas representativas de bens, direitos e do saldo patrimonia! negativo, caso exista. Evidencia ainda as contas representativas de obri­gações assumidas com terceiros e do saldo patrimonial positivo.

2. O artigo fala o que o Balanço Patrimonial deve demonstrar e o conteúdo de cada demonstração.

3. Ativo: parte do patrimônio que contém os bens e direitos.

3.1. O ativo financeiro é composto pelas disponibilidades (caixa, banco).

3.2. O ativo permanente é composto pelos bens e valores (bens móveis, imóveis).

4. Passivo: obrigações assumidas perante terceiros.

4.1. O passivo financeiro é composto pelos compromissos exigíveis, cujo pagamento independe de autorização orçamentária.

4.2. O passivo permanente é composto pela dívida fundada, a de longo prazo.

► A dívida fundada não compõe só o passivo permanente, mas também o financeiro

5. Aplicação em concurso:

o (Esaf— Analista do MPOG/2005)

A rubrica 'Passivo Financeiro', do Balanço Patrimonial, compreende as dívi­das fundadas e outras cujo pagamento independe de autorização legislativa (§32, artigo 105, da Lei ns 4.320/64). Assinale, a seguir, a opção que indica um compromisso que não pode ser incluído no Passivo Financeiro em razão da definição legal,

a) Os restos a pagar não processados.

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b) A dívida relativa a títulos cujo vencimento se dará após doze meses.c) Os compromissos com fornecedores do exercício anterior.d) Os compromissos oriundos da liquidação de despesa com convênios.e) A despesa de pessoal a pagar.

Resposta: B

• (SERPRO 2008 - CESPE}

A Lei n.9 4.320/1964 estabelece que os resultados gerais do exercício sejam demonstrados no balanço orçamentário, no balanço financeiro, no balanço patrimoniai e na demonstração das variações patrimoniais. Acerca desses balanços públicos, julgue os itens a seguir.

1. O balanço financeiro demonstrará as receitas e despesas previstas em con­fronto com as realizadas.

2. Entre outras informações, a demonstração das variações patrimoniais indica­rá o saldo patrimoniai da entidade.Primeira assertiva - Errada! O demonstrativo que expõe as receitas e des­pesas previstas em confronto com as realizadas é o Balanço Orçamentário! Veja o a rt 102 da lei 4.320/64:

Segunda assertiva - Errada! Quem deve demonstrar o saldo patrimoniai éo Balanço Patrimonial! Veja o art. 105, V, da lei 4.320/64:

Art. 105. O Balanço Patrimonial demonstrará: V -O Saldo Patrimonial

* (TSJ CESPE/2008)

A receita extra-orçamentáría é representada no balanço patrimonial como passivo financeiro, por se tratar de recursos de terceiros que transitam pelos cofres públicos.Resposta correta. A chamada "receita extra-orçamentáría" (ou ingressos extra-orçamentáríos) compreende os ingressos de recursos financeiros, que não integram o orçamento público, e que não podem ser aplicados pelo Governo para realizar a atividade pública porque a ele não pertencem. O Governo possui apenas a posse, mas não a propriedade desses recursos financeiros, atuando, assim, como mero depositário. Esses ingressos cons­tituirão compromissos exigíveis do ente, cujo pagamento independe de au­torização legislativa. Estão contidas no § único do art. 3a da Lei 4.320/64:

Art. 3 A Lei de Orçamentos compreenderá todas as receitas, inclusive as de operações de crédito autorizadas em lei.

Parágrafo único. Não se consideram para os fins deste artigo as opera­ções de credito por antecipação da receita, as emissões de papel-moeda e outras entradas compensatórias, no ativo e passivo financeiros.

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São exemplos de receita extra-orçamentária: ARO's, recebimento de cauções em.dinheiro, retenções a pagar e salários não reclamados. Fina­lizando o raciocínio, o art. 105 da Lei 4.320 dispõe que:

Art. 105. O Balanço Patrimonial demonstrará:

I - O Ativo Financeiro;

(...)

III - O Passivo Financeiro; (...)

§ 32 O Passivo Financeiro compreenderá as dívidas fundadas e outras cujo pagamento independa de autorização orçamentária.

Assim, como as receitas extra-orçamentárias representam compromissos exigíveis cujo pagamento independe de autorização legislativa, deverão ser registradas no passivo financeiro, como afirma a questão.

Art. 106. A avaliação dos elementos pàtnmoniais obedecerá as normas .

I — os dèbitòs e créditQS, bém comó os tílúlos de renda, pelo seu valor no­minal feita, a còrivérsãOi.quando em mqedaestrarigeira,à taxa de câmbio

' I I - os bens m6yéis é imóVéis, pelo.valpf de àqüisição.oü pelo custo de ■A: v-prodUção/pÜ;' d è í í c q n s t r a ç ^ o ; ^ ^ ^ 3 ^^0$:

I I I - ps bens de almoxaiifadp/pelo preço médio ponderado das compras.-';- =Í®'0s yáíprès^érn ;espeeie sfèMrá ^

. . mpèdá. estrangeira, d e ^ co^éspondentèsrímpor-;:• târiciàs emmóedá riaciortal.' " V \ ••

§ 2o As variações resultantes da conversão dos débitos, créditos e valores em.espécie serãò,levadas à conta patómphiai.§ 3o jPoderãp ser feitas rea-

■;A vaíiaçõesdósberiè m ^ è i & ^ ' i ^ > ^ i s ^ ; U i V

Inventário. Cuidar da coisa pública é também inventariá-la, exigindo-se do Administrador a avaliação dos bens patrimoniais.

Os créditos, débitos e títulos de renda serão avaliados por seu valor nomi­nal.

Bens Móveis e bens imóveis: o CC brasileiro classifica os bens sob diver­sas espécies. Uma das classificações é mencionada neste artigo, quandoo mesmo determina que os bens móveis e imóveis devem ser avaliados pelo valor de aquisição.

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íy \^ t^ lQ1^;As entidades • . -•' , v S wdênçiaíí l^ â j^ ^ íü i^ sfíd as^ ^ \ .A. y y fruições piàráfiècais da tJniãó,: Estádos* dos ;M^ ; . •

V;: ': Fedetò ffe órçtóéníos-'^ ; ';A’•• •■ v^o^a|vp êxpressà; etèiroin^ .•':Ã

. - ; VP^ágrafOimiço. Cpiti^ au- .'

: V: =';A ; - ^ v A "A' • i;-7-; ^

1. Autarquia. Lembre-se de que as Fundações públicas têm natureza jurídi­ca de autarquia.

2. Entidades paraestatais, ex: Sesi, SENAl, Oscip.

3. Previdência Social é uma das espécies do Gênero Seguridade Social, com capítulo próprio na CF, especialmente no artigo 201:

CRArt. 201 - A previdência social será organizada sob a forma de regi­me geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a:

í - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avan­çada;

II ~ proteção à maternidade, especialmente à gestante;

III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;

IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segura­dos de baixa renda;

V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no § 2o.

4. O orçamento das entidades tratadas no caput do art. 107 serão APROVA­DAS POR ATO DO EXECUTIVO.

5. Princípio da Universalidade. Não se esqueça: todas as despesas públicas têm que constar no orçamento.

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6. Aplicação em concurso:

® (Auge (Auditoria Geral do Estado/MG - CESPE/2009)Julgue os itens seguintes, acerca do campo de aplicação da contabilidade pública.

I. As empresas públicas somente integram os orçamentos públicos na parte que diz respeito às despesas de capital.

II. A normal legai básica da contabilidade púbiica é a Lei n.s 4.320/1964, que só pode ser modificada por lei complementar.

III. Os bens de uso especial, embora integrem o conceito de bens púbiicos, não devem ser incorporados ao patrimônio das entidades públicas.

IV. Ao orçamento de investimento das estatais não se aplica o regime contábil misto, próprio do orçamento físcai e da seguridade social.Estão certos apenas os itens

a) I e II.b) I e III.c) II e IV.d) I, III e IV.e) II, III e IV.

Resposta: C

Art. 108.- Os orçamentos das entidades referidas no igd anterior Vincular- v \ : se-ão ao;.orçamento da União, dos. Estados,dos Distrito

; .vFed^ál,vpela;iirc^ ' -V w-.. . . : •—:conio receita,'salyo; disposição legal ém contrario, desaldo positivo.prè-... .visto entre os totais, das r é ^ subvenção eççjnômica, ' -•• na recèita do orip^ento; dà beneficiária^ contra-• .

■f : sadHonèg^&yo^reyi s to/ ent t ttespésãs. ... .. •§ Io Os iriyestitóentos ou inversões financeiras dá yniãò, dc>s Estados, dos

. Municípios, e do. ÍDistritò Federal, reàix2adospor intermédio das entidades .. ' ; . .aíu&dás noaHrigo; antérióiV s ^ reòeitá d,e capital des- •

: iri í - Hespesãv v í i = ; r ■ ■ ;> i;; -.• : § -2°Ás..preyisões para deprèçiaçãq serão icomputadas :jpara;efeito de apura;- • . :

ção do saldo liqüido dais mencionadas^ ^

1. Mais uma vez o Princípio da Universalidade.2. Artigo recepcionado pela CF, que em seu artigo 165, parágrafo 5ô, incisos

I, II e III prevê:CF art. 165 (...) § 52 - A ieí orçamentária anual compreenderá:

I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, ór­gãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público;

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l l - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capitai sociaf com direito a voto;lii - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público.

3. Aplicação em concursos:

e (CESPE~ Planejamento e Execução Orçamentária - Min. da Saúde - 2008)

Entre os componentes da programação qualitativa do orçamento está a classificação por esfera orçamentária, que pode ser dividida em orçamento fiscai, orçamento de investimento, orçamento da seguridade social e orça­mento monetário.Resposta: Correta. Comentários: A questão acima trata da primeira classifica­ção da programação qualitativa que é a classificação por esfera orçamentária. No entanto, antes de adentrar no assunto, são essenciais alguns esclarecimen­tos: A compreensão do orçamento exige o conhecimento de sua estrutura e organização, as quais são implementadas por meio de um sistema de classifi­cação estruturado com o propósito de atender às exigências de informação de­mandadas por todos os interessados nas questões de finanças públicas, como os poderes públicos, as organizações públicas e privadas e os cidadãos em gerai A estrutura da programação orçamentária da despesa divide-se inicial­mente em programação qualitativa e quantitativa. Na programação qualitati­va o Programa de Trabalho define qualitativamente a programação orçamen­tária e deve responder, de maneira clara e objetiva, às perguntas clássicas que caracterizam o ato de orçar, sendo, do ponto de vista operacional, composto dos seguintes blocos de informação: Classificação por Esfera, Classificação Ins­titucional, Classificação Funcional e Estrutura Programática. Já a programação quantitativa compreende a programação física e financeira. A programação física define quanto se pretende desenvolver do produto por meio da meta física. Já a programação financeira define o que adquirir e com quais recur­sos, por meio da natureza da despesa, identificador de uso, fonte de recursos, identificador de operações de crédito, identificador de resultado primário, do­tação e justificativa. Assim, como dito anteriormente, a primeira classificação da programação qualitativa é a classificação por esfera orçamentária que tem por finalidade identificar se o orçamento é fiscal, da seguridade social ou de investimento das empresas estatais, conforme disposto no § 5g do art. 165 da CF/88. O Orçamento Fiscal refere-se aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta', inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público; o Orçamento de Investimento: orçamento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capi­tal social com direito a voto; e o Orçamento da Seguridade Social abrange to­das as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público. A classificação por esfera aponta "em qual orçamento" será alocada a despesa.

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. • Òs . orçainentos e b ^; artigo .107 serão publicados como cotiip dós orçaixieritos e balan-

' ços da União, : dos; Estados^;^ Federal a; que•'' '• est^am:y^ :/• V -;v \ v :-y ■ e

1. Objetivo: transparência.

. v. > 0( 0 } :orçjájba eót sVre alèmços àã ê d âes y ' Sèdléfce■ . : rão; aois pádrõés .e nonnas iiistituídais por. está lei, ájustados às réspectiy às

•/ . Parágrafo único.. Dentro d° prazo que a-legislação, fixai; os baíançós; ■ / -- i?^ ièmetídòs'/aó

. dos Municípios çdo Distrito Fédèrál, pára fins de incorporação dos resul-.;5 V :

1. Objetivo: consolidação das informações orçamentárias.

. ;:. A rt.; 3.11. O .G.òrisèlho: Técmçd ;dé Ècpiipinia; e Fmariças ,dó Ministério£ .: : . ;dá Fàzèndâ^a^^ estetísticos, 'de/interes-, .r.' vseínaçiçínayórgàhiz^

v^ví®ptidàáes;jfetófcfo^

’ . §'1 ° Os.quadros;refendos nestè artigo térãò aie ^ebtó n.: L ..

; . dó primeiro semestfe .dõ própnp :èxercíciò até-^^m ío^ia ; d ó à ^ ^ í B ' ^ ' : t | S è ! s e

. Art; 112. Pará cumprimento dò .disposto .no artigo precedente, a.:Üniã6*: - ps Estadps, os Municípios e o Distritô:Fedèralremeterão ao mencionado

Lf::-S;;;:^ v^ ãd |® e'B P ^ e}a^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ â^ ciò^ eíà te ;i3Ô :^ ’3&^^ós '. ’ •'•" ' ^bálànÇòsdóexèrcícioánterip^^^. .'. -P^â^áfo.ümcp. Q pagamento auxílio ou còntobiiição a

:'.'á;Js í h u :Distxito ííié&eraí 3cüjaçoncéssãó nãp decorra de . ;. . ipiperaíivp.constítuòiónaJ,. dependerá de: prpyá dó ,a.tendimento;ao que se

. : . :determina:nèsteartigp.'::;: V- :' . ; V-. • ?;'

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1 . LRF. O artigo 51 da LRF ratifica as obrigações previstas nos artigos 111 e112 da lei 4.320, cabendo à União, por meio do Ministério da Fazenda, até o dia 30 DE JUNHO DE CADA ANO, reunir os balanços gerais de todos os entes federados. Preste atenção ainda nos prazos que os Estados e Muni­cípios têm para encaminhar suas contas para a União:

Art. 51. O Poder Executivo da União promoverá, até o dia trinta de ju­nho, a consolidação, nacional e por esfera de governo, das contas dos entes da Federação relativas ao exercício anterior, e a sua divulgação, inclusive por meio eletrônico de acesso público.

§ 12 Os Estados e os Municípios encaminharão suas contas ao Poder Executivo da União nos seguintes prazos:

i - Municípios, com cópia para o Poder Executivo do respectivo Estado, até trinta de abril;

ii - Estados, até trinta e um de maio.

§ 29 O descumprimento dos prazos previstos neste artigo impedirá, até que a situação seja regularizada, que o ente da Federação receba trans­ferências voluntárias e contrate operações de crédito, exceto as desti­nadas ao refinanciamento do principal atualizado da dívida mobiliária.

Árt. 113. Para fiel é uniforme apHcáçãò das presentes'nó o Çonse- ;•>: v lho Técnico de Economia .e:pin^.çás do Ministério da atenderá ., . ;à consultas, cpligiraéle^ intercâmbio de dados irifor-. mativos, expedirá recomendações técniòãs; qü.^4ójsplicitádas? e atuali-

zará sempre que julgar conveniente, ps exosqúe integram à presente léi: .. '?£X 3 m i c 6 í j ^ v i s t ^ r f è s í é ; ^ ^ ^

. vidas, quando necessário, conferências ou reuniões técnicas,: com a par- ticipaçao de representantes das entidades abrangidas por. estas normas.

1. Auxílio. Em se tratando de um país de proporções continentais, de um Es­tado composto por milhares de Municípios, dezenas de Estados-Federa- dos, nada mais salutar exigir que a União preste auxílio técnico às pessoas federativas.

2. LRF. A LRF tem exigência parecida quando determina em seu art. 64 que a União preste assistência técnica e cooperação financeira aos MUNICÍPIOS:

Art. 64. A União prestará assistência técnica e cooperação financeira aos Municípios para a modernização das respectivas administrações tributá­ria, financeira, patrimonial e previdenciária, com vistas ao cumprimento das normas desta Lei Complementar.

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§ l 2 A assistência técnica consistirá no treinamento e desenvolvimento de recursos, humanos e na transferência de tecnologia, bem como no apoio à divulgação dos instrumentos de que trata o art. 48 em meio eletrônico de amplo acesso público.

§ 28 A cooperação financeira compreenderá a doação de bens e vaiores, o financiamento por intermédio das instituições financeiras federais e o repasse de recursos oriundos de operações externas.

. • •; • Art. 1Í4V.Os .efeitos .desteyM Í° 4? janeiro., de v::,/vV; : l 964 pára o fim .da elaboração. doS orçamentos e a p ,í° de jahèiro : .• ’ ' Ade 1965,\Çü'anto a f : •:

> - : ^ sjpc>sxçõès n :çÍ3pffânq^} ‘.•••'V'-'' V ' -

1. Revogar é dar fim a uma norma anteriormente existente. Isso pode se dar de forma expressa ou tácita.

2. Mais uma vez o Legislador brasileiro abusa de nossa confiança. Explique­mos, melhor. Em um país que tem milhares de leis, onde boa parte dos juristas (nem é necessário falar que a população também) não conhece todo o Direito, e nem vai conhecê-lo, é um despautério permitir que as revogações continuem acontecendo assim, sem mencionar quais os dis­positivos em contrário. É muito cômodo para o legislador fazer o que faz. Recomendamos sempre o que a boa técnica {egislativa impõe: que a re­vogação seja EXPRESSA.

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