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LDC usa Agroideal para obter precisão no escritório e agilidade no campo Da sua mesa de trabalho, no 12 andar de um prédio na Avenida Brigadeiro Faria Lima, polo do mercado financeiro em São Paulo, Caroline Rolim analisa um mapa de Sinop, município de Mato Grosso a mais de 1500 quilômetros de seu escritório. Consultora de Sustentabilidade da Louis Dreyfus Company (LDC), uma das principais empresas globais do agronegócio, ela observa, nas imagens de satélite que aparecem na tela, o cenário produtivo e am- biental da área. Em seguida, liga para Glaudston Martins, especialista técnico-comercial que mora em Sinop e passa boa parte do dia em campo, no cultivo do contato com produtores rurais da região. Eles conversam e decidem, juntos, se precisarão tomar alguma medida para mitigar os riscos ambientais de fazer negócios naquele território. Assim, eles garantem a expansão sustentável de outro tipo de cultivo do qual eles entendem bem, o da soja. A cena tem se repetido com frequência, na rotina de Ca- roline, desde que a LDC adotou o Agroideal, no segundo semestre de 2017. A ferramenta de inteligência territorial incorporou-se a muitas das análises que o setor comer- cial da empresa precisa fazer, para concretizar a meta de ampliar a produção e, ao mesmo tempo, respeitar os compromissos socioambientais da companhia. Antes mes- mo de fazer contato com potenciais novos fornecedores, técnicos como Glaudston acessam o sistema online e verificam se existe algum sinal de risco socioambiental na região em que eles querem se embrenhar. Por exemplo, se existirem Unidades de Conservação (UCs), Terras Indíge- nas (TIs) ou áreas embargadas no entorno da propriedade de um possível parceiro, eles precisam avaliar se aquele produtor terá condições de cultivar a quantidade de soja esperada somente onde isso é permitido, ou seja, sem invadir UCs e TIs. Os técnicos alertam Caroline quando os números parecem indicar que há risco de descumprimento da legislação ambiental ou de triangulação, como é chamada a prática em que um produtor regularizado comercializa os grãos de outro que está impedido de vender soja, por uma sanção administrativa ambiental. Ela entra em cena para aprofundar a checagem e contribuir com a tomada de decisão. A consultora observa, então, a lista de áreas embargadas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (IBAMA) e dados de outros setores, como a previsão da safra anual em cada região. A esses fatores de avaliação, ela acrescenta a verificação que os re- cursos do Agroideal permitem, como a sobreposição de mapas de áreas conservadas a mapas de áreas produtivas. Finalmente, a partir de todos esses dados, Caroline aprova ou derruba a possibilidade de negócio com o produtor que o técnico havia pensado em abordar. “Ganhamos em segurança e em agilidade, ao usar o Agroideal, porque conseguimos filtrar as propriedades que atendem os padrões ambientais da empresa antes mesmo de estabelecer o contato com o produtor”, explica Caroline. Responsabilidade ambiental pode ir além do que a lei obriga Antes do Agroideal, a LDC já havia implantado práticas para eliminar o risco de adquirir soja vinda de áreas ligadas a trabalho escravo e ao desmatamento ilegal. No primeiro caso, o setor Jurídico da empresa verificava se o imóvel rural estava na lista do Ministério do Trabalho de propriedades que desrespeitavam a lei trabalhista. Já no segundo caso, o setor comercial checava se o imóvel havia sido incluído na lista de “áreas não-conformes” produzida pelo Grupo de Trabalho da Soja, responsável por criar condições para que as empresas cumpram a Moratória da Soja. O acordo, do qual a LDC é signatária, define que AM PA MT BA MG PI MS GO RS MA TO SP RO PR RR AC CE AP SC PE RN ES PB RJ AL SE DF Bolívia Argentina Peru Chile Colômbia Paraguai Venezuela Uruguai Guiana Suriname Guiana Francesa 36°0'0"W 36°0'0"W 72°0'0"W 72°0'0"W 4°0'0"N 4°0'0"N 30°0'0"S 30°0'0"S O c e a n o A t l â n t i c o . 300 0 300 km O c e a n o P a c í f i c o ! . ! . Sinop São Paulo Legenda Bioma Amazônia Bioma Cerrado Mapa mostra localização de Sinop, em Mato Grosso, e da capital paulista: Agroideal está ajudando a LDC a tomar melhores decisões tanto no campo quanto na cidade. O que é Agroideal? Agroideal é um sistema on-line gratuito de inteligên- cia territorial que ajuda empresas e organizações dos setores da soja e da carne a tomar decisões informadas sobre suas compras, seus investimentos e suas operações nos biomas Amazônia e Cerrado, no Brasil, e Chaco, na Argentina. Como funciona o Agroideal? Qualquer pessoa interessada pode utilizar o sistema. Para isso, basta acessar a página https://agroideal.org/ Com base em seu plano de negócios, o usuário seleciona uma região e uma escala de zoom, assim como os aspectos produtivos e ambientais que quer conhecer (cultivos da região, áreas degradadas ou áreas preservadas, por exemplo). O sistema mostrará mapas e dados dos aspectos rela- cionados e permitirá que se façam análises e planos a partir de informações concretas e confiáveis. Acesse https://agroideal.org

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Page 1: LDC usa Agroideal para obter precisão no escritórioparceiros comerciais, ao avaliar, antes de fechar contrato, os riscos socioambientais. Integrou os departamentos Comercial e de

LDC usa Agroideal para obter precisão no escritório e agilidade no campo

Da sua mesa de trabalho, no 12 andar de um prédio na Avenida Brigadeiro Faria Lima, polo do mercado financeiro em São Paulo, Caroline Rolim analisa um mapa de Sinop, município de Mato Grosso a mais de 1500 quilômetros de seu escritório. Consultora de Sustentabilidade da Louis Dreyfus Company (LDC), uma das principais empresas globais do agronegócio, ela observa, nas imagens de satélite que aparecem na tela, o cenário produtivo e am-biental da área. Em seguida, liga para Glaudston Martins, especialista técnico-comercial que mora em Sinop e passa boa parte do dia em campo, no cultivo do contato com produtores rurais da região. Eles conversam e decidem, juntos, se precisarão tomar alguma medida para mitigar os riscos ambientais de fazer negócios naquele território. Assim, eles garantem a expansão sustentável de outro tipo de cultivo do qual eles entendem bem, o da soja.

A cena tem se repetido com frequência, na rotina de Ca-roline, desde que a LDC adotou o Agroideal, no segundo semestre de 2017. A ferramenta de inteligência territorial incorporou-se a muitas das análises que o setor comer-cial da empresa precisa fazer, para concretizar a meta de ampliar a produção e, ao mesmo tempo, respeitar os compromissos socioambientais da companhia. Antes mes-mo de fazer contato com potenciais novos fornecedores, técnicos como Glaudston acessam o sistema online e verificam se existe algum sinal de risco socioambiental na região em que eles querem se embrenhar. Por exemplo, se existirem Unidades de Conservação (UCs), Terras Indíge-nas (TIs) ou áreas embargadas no entorno da propriedade de um possível parceiro, eles precisam avaliar se aquele produtor terá condições de cultivar a quantidade de soja esperada somente onde isso é permitido, ou seja, sem invadir UCs e TIs.

Os técnicos alertam Caroline quando os números parecem indicar que há risco de descumprimento da legislação ambiental ou de triangulação, como é chamada

a prática em que um produtor regularizado comercializa os grãos de outro que está impedido de vender soja, por uma sanção administrativa ambiental. Ela entra em cena para aprofundar a checagem e contribuir com a tomada de decisão. A consultora observa, então, a lista de áreas embargadas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (IBAMA) e dados de outros setores, como a previsão da safra anual em cada região. A esses fatores de avaliação, ela acrescenta a verificação que os re-cursos do Agroideal permitem, como a sobreposição de mapas de áreas conservadas a mapas de áreas produtivas. Finalmente, a partir de todos esses dados, Caroline aprova ou derruba a possibilidade de negócio com o produtor que o técnico havia pensado em abordar.

“Ganhamos em segurança e em agilidade, ao usar o Agroideal, porque conseguimos filtrar as propriedades que atendem os padrões ambientais da empresa antes mesmo de estabelecer o contato com o produtor”, explica Caroline.

Responsabilidade ambiental pode ir além do que a lei obrigaAntes do Agroideal, a LDC já havia implantado práticas para eliminar o risco de adquirir soja vinda de áreas ligadas a trabalho escravo e ao desmatamento ilegal. No primeiro caso, o setor Jurídico da empresa verificava se o imóvel rural estava na lista do Ministério do Trabalho de propriedades que desrespeitavam a lei trabalhista. Já no segundo caso, o setor comercial checava se o imóvel havia sido incluído na lista de “áreas não-conformes” produzida pelo Grupo de Trabalho da Soja, responsável por criar condições para que as empresas cumpram a Moratória da Soja. O acordo, do qual a LDC é signatária, define que

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Mapa mostra localização de Sinop, em Mato Grosso, e da capital paulista: Agroideal está ajudando a LDC a tomar melhores decisões tanto no campo quanto na cidade.

O que é Agroideal?Agroideal é um sistema on-line gratuito de inteligên-cia territorial que ajuda empresas e organizações dos setores da soja e da carne a tomar decisões informadas sobre suas compras, seus investimentos e suas operações nos biomas Amazônia e Cerrado, no Brasil, e Chaco, na Argentina.

Como funciona o Agroideal?Qualquer pessoa interessada pode utilizar o sistema. Para isso, basta acessar a página https://agroideal.org/ Com base em seu plano de negócios, o usuário seleciona uma região e uma escala de zoom, assim como os aspectos produtivos e ambientais que quer conhecer (cultivos da região, áreas degradadas ou áreas preservadas, por exemplo). O sistema mostrará mapas e dados dos aspectos rela-cionados e permitirá que se façam análises e planos a partir de informações concretas e confiáveis.

Acesse https://agroideal.org

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Sistema contribui com mudanças importantes na LDC

as traders só podem comprar soja de áreas desmatadas até 2008, como forma de desincentivar que os produtores abram novos trechos de floresta. Esses dois controles seguem em prática na LDC, da mesma forma que antes, mas com o lançamento do Agroideal, a empresa expandiu sua verificação de padrões socioambientais para novos tipos de análise.

“Passamos a ter gestão de risco. Estamos nos antecipando a problemas que vão além dos que já monitorávamos. Outro aspecto positivo é que conseguimos prever melhor em que regiões vale a pena investir mais tempo e recursos. A análise que fazemos não é somente para nos certificarmos que estamos cumprindo a lei, é uma visão de oportunidades de ganhos, por estarmos mais seguros das escolhas estratégi-cas que podemos fazer”, comemora Caroline.

Na LDC, o Agroideal ainda complementa o uso de outro sistema de informações geográficas, o ArcGIS, bastante difundido nas empresas agrícolas. De modo geral, enquanto esse último ajuda a compor cenários das análises do setor de

Pesquisa e a compilar informações da base de propriedades fornecedoras, o primeiro apoia a expansão sustentável na área comercial.

No entanto, mesmo no departamento de Pesquisa, fun-cionários como Fellype Senna, sediado em Cuiabá, acabam utilizando as duas ferramentas, em algumas situações, para aprofundar seus levantamentos. Segundo o pesquisador, um dos destaques do Agroideal é o recurso que mostra o potencial de pastagens degradadas que podem ser usadas na transição para a soja. Fellype diz que é possível analisar, por exemplo, que áreas de uma determinada região são mais propensas a se beneficiar de linhas de crédito que exigem que o produtor conserve a floresta em pé. Isso leva a uma compreensão mais clara sobre o impacto de certos tipos de financiamento sobre a expansão sustentável da produção .

“A ferramenta permite que o usuário compare diferentes áreas e faça escolhas mais precisas. Sem o Agroideal, essa comparação dificilmente seria possível, porque exigiria muito tempo e energia”, aponta Fellype.

O uso do Agroideal foi uma das principais transformações que a LDC no Brasil promoveu, recentemente, para reforçar suas políticas de responsabilidade corporativa, mas não foi a única. Até 2017, a empresa não tinha uma área de Sustenta-bilidade, no Brasil, e dividia entre vários departamentos as responsabilidades que esse setor costuma concentrar. Com a chegada de Caroline Rolim, a área se consolidou e passou a liderar ações de apoio à gestão da companhia.

Em menos de um ano, a inserção do Agroideal no processo de tomada de decisões, estimulada por Sustentabilidade, chamou atenção do chefe global da área, que tem men-cionado o sistema como parte importante do conjunto de medidas que a operação brasileira colocou em prática. A ferramenta também entrou nos documentos que definem a Política de Sustentabilidade global da empresa. Caroline acre-dita que esses são bons sinais de que a inteligência territorial terá um espaço permanente na cultura da LDC.

“A área de Sustentabilidade precisa ser bem cautelosa, anali-sar riscos com cuidado, e isso exige tempo. Por isso, quando conseguimos levar para os outros setores uma ferramenta fácil de usar e que agiliza esse processo, tivemos um ganho muito importante. Aumentou o engajamento das equipes com a conservação”, afirma Caroline.

Na avaliação de Rodrigo Spuri, coordenador do setor de soja no Brasil da The Nature Conservancy (TNC), organização que articulou a construção do Agroideal, a experiência da LDC demonstra que o sistema é tão abrangente que pode ser utilizado por diferentes áreas de uma mesma companhia e se adapta a diversas estruturas corporativas. A ferramenta online é grátis e foi construída em um processo de colabora-ção multissetorial, com a participação de empresas agrícolas e alimentícias, companhias financeiras, ONGs e instituições de pesquisa. Entre as traders que participaram do desenvol-vimento do Agroideal, muitas tiveram representantes de vários departamentos, o que, para a equipe que coordenou o projeto, explica a flexibilidade do sistema.

Acelerou o processo de aprovação de novos parceiros comerciais, ao avaliar, antes de fechar

contrato, os riscos socioambientais. Integrou os departamentos Comercial e de Sustentabilidade em uma mesma visão de território,

ao sobrepor dados produtivos e de conservação em uma única análise.

Poupou tempo de suas equipes em campo, ao usar os mapas para otimizar

visitas a potenciais parceiros.Agilidade

Profundidade

Eficiência

A visão de quem está no campo

Especialista técnico-comercial da LDC, Glaudston Martins passa boa parte do seu tempo de trabalho em visitas às fazendas da região de Sinop, no norte

de Mato Grosso. Assim como seus colegas na sucursal do município, ele vai a campo para cultivar

os contatos que construiu com os produtores e verificar se as propriedades e a safra estão de acordo

com os padrões exigidos pela empresa. Já quando ele precisa abordar potenciais fornecedores, as

viagens são mais incertas. Até chegar à propriedade e verificar in loco, é difícil saber até mesmo o que se

planta naquele imóvel rural. O Agroideal facilitou a vida de Glaudston, nesse sentido, porque o

sistema tem uma camada de análise que indica as áreas de soja de cada região e, com isso, otimiza os

deslocamentos.

“A gente rodava três horas de estrada para chegar a uma propriedade e ver se o produtor planta soja. Com a ferramenta à disposição, é só desenhar um

polígno no mapa, identificar os pontos de interesse e organizar as equipes. O que a gente fazia em um mês agora leva duas semanas”, conta Glaudston.

Outro benefício para quem trabalha em campo é poder visualizar no mapa todos os silos disponíveis e, com isso, pesquisar melhores opções de preço e

distância para o armazenamento.

Como a LDC está usando o Agroideal O sistema ajudou a consolidar um processo mais robusto de análise de risco

e deu agilidade ao processo de validação das estratégias de expansão comercial pela área de Sustentabilidade.

Autor: Peri Dias / Fotografia: ©The Nature Conservancy / Desenho: SOHO DESIGN, Ecuador

Rodrigo [email protected] Sector Coordinator

The Nature Conservancywww.nature.orgww.tnc.org.br