laura lee guhrke - e então ele a beijou- crônicas para senhoritas solteiras 01

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E Então ele a Beijou Resumo: Emmaline Dove sempre sonhou em difundir seus conhecimentos sobre etiqueta por toda Londres. Por isso, desde que começou a trabalhar como secretária para o mais importante editor da cidade, o Visconde de Marlowe, 1  Crônicas para Senhoritas Solteiras 01

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E Então ele a Beijou

Resumo:

Emmaline Dove sempre sonhou em difundir seus conhecimentos sobreetiqueta por toda Londres. Porisso, desde que começou atrabalhar como secretária para o

mais importante editor dacidade, o Visconde de Marlowe,

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sempre tentou que ele publicasse seus artios.

!uando Emma descobre que Marlowe "amais leu uma s# linha de seusmanuscritos, decide renunciar a seu posto na editora sem aviso pr$vio.

%om sua sa&da, n'o s# dei(a o ne#cio de )arr* Marlowe no mais absolutocaos, como tamb$m p+e em dvida a reputaç'o do Visconde.

Emma merece uma liç'o e )arr* está disposto a dar-lhe. Entretanto, ums# bei"o mostra a ele o foo que arde atrás da aparente friea de sua secretária.

/bterá )arr* que Emma salte as normas por uma ve0

Revisão Inicial: Sandra Macruz

Revisão inal: !lcione "aiva

#isto inal: !na Maria

"R$%E&$ RE#IS$R!S &R!'()*ES

Cap+tulo 1

Trabalhar para um homem atraente é como percorrer um caminho cheiode obstáculos. A todas as Senhoritas solteiras que estão em tal situação,

recomendo-lhes um frme caráter, um coração inquebrável e lenços, muitoslenços.

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Senhora BAT!"B# 

$onselhos para Senhoritas, %&'(

1 Por qu20 1 E(clamou entre soluços, a e(#tica mulher de cabeleiranera, embeleada com um tra"e de seda laran"a 1 Por que ele fe isto0

3 4enhorita Emmaline Dove n'o ousou responder a essa perunta. Práticacomo sempre, economiou saliva e deu outro lenço para a mulher que estavana sua frente.

 5uliette 6ordeau(, aora e(-amante do homem para o qual Emmatrabalhava, o Visconde Marlowe, aarrou o lenço que foi oferecido.

1 Passamos seis maravilhosos meses "untos e, quando o lacaio cheoucom a cai(inha, 7quei muito contente. Mas quando li a carta que acompanhavao presente, a carta em que dá por terminado nosso amor... Mon Dieu8 3creditaque com "#ias poderá curar a ferida que imp9s a meu coraç'o. : muito cruel8 13bai(ou a cabeça e continuou chorando teatralmente 1 /h, )arr*8

Emma aitou-se inc9moda em sua cadeira e olhou de esuelha para orel#io que estava sobre a mesa. 4eis e meia. Lorde Marlowe estava a ponto devoltar e ela queria falar sobre seu novo manuscrito antes que ele fosse ; festade aniversário de sua irm'.

Estava certa de que apareceria no escrit#rio antes da comemoraç'o. /presente que ela havia comprado para Lad* Phoebe em nome dele continuavaali, embrulhado e esperando por ele. 3 n'o ser que o Visconde tivesseesquecido por completo da festa, coisa que era muito provável, ele teria queapanhar o presente antes de ir para casa.

Essa era a melhor oportunidade para falar com ele, pois terminada afesta, ele passaria uma semana em sua casa em 6er<shire. %omo n'o havianenhuma reuni'o ; vista, tampouco nenhum compromisso a comparecer e comsua fam&lia na cidade, Lorde Marlowe descansaria em Marlowe Par<.

Emma con7ava que a tranq=ilidade do campo pudesse dei(á-lo maisrela(ado e o colocasse em melhor disposiç'o para ler sua obra, diferente do quehavia acontecido at$ ent'o. 3o menos, valeria ; pena tentar. Desliou os olhosda máquina de escrever que descansava em cima da velha mesa at$ as páinasde seu manuscrito que estavam amontoados. 4# faltavam oito dias para seuaniversário, e que melhor presente seria que Marlowe decidisse por 7m publicarseu livro.

De repente, uma vaa inquietaç'o apoderou-se dela, t'o distinto dodelicioso sentimento de antecipaç'o que sentia at$ ent'o, que at$ 7couassustada. Era dif&cil descrever, mas era t'o desaradável que a dei(ou

preocupada.

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 >entou n'o dar import?ncia. >alve temesse outra neativa. 37nal, LordeMarlowe havia recusado seus quatro manuscritos anteriores. Ele acreditava queos livros de etiqueta n'o davam lucros, mas ela sabia que isso se devia ao fato,de que a maior parte dos livros oferecia conselhos fora de moda, nada deacordo com os tempos modernos.

Em vista disso, Emma esforçou-se para pesquisar novas tend2ncias e criaruma obra nica e contempor?nea. 4e pudesse e(plicar a Marlowe por que seunovo livro poderia atrair o pblico atual, talve ele estivesse mais predisposto apublicá-lo, especialmente se pudesse l2-lo sem que o incomodassem, natranq=ilidade do campo.

/ problema era que a 4enhorita 6ordeau( n'o parecia ter intenç'o de irembora. Emma estudou a mulher pensando em como faria para colocá-la parafora com educaç'o. 4e ela continuasse ali, quando Lorde Marlowe cheasse,com certea teriam uma discuss'o e 7caria imposs&vel a conversa que ela

pensava em ter com seu chefe, o que a faria perder uma oportunidade de ouro.

%om certea muitos pensariam que ela era fria e insens&vel por n'o sentirnenhuma compai('o pela desdenhada amante. Mas n'o era assim. @os cincoanos que trabalhava como secretária do Visconde, viu chear e ir uma multid'ode amantes e cheou ; conclus'o de que o amor n'o desempenhava nenhumpapel naquelas relaç+es. 3 4enhorita 6ordeau( era uma bailarina de Music )all,e aceitava dinheiro em troca de favores se(uais. Era evidente que o amor n'otinha nada a ver com semelhante acordo. Mas talve, pensou Emma, n'oestivesse sendo "usta com ela.

Lorde Marlowe causava uma profunda impress'o em muitas interantesdo se(o feminino. Parte de seu encanto se devia sem dvida, a umacaracter&stica entre a nobrea brit?nica, ele possu&a t&tulo e dinheiro. Mas eramuito mais que isso. %ada ve que )arrison Aobert Marlowe entrava em alumasala onde houvesse mulheres, iniciava-se uma s$rie de suspiros, adulaç+es eretoque de cabelos.

Emma descansou o cotovelo na mesa e apoiou o quei(o na m'o eenquanto a 4enhorita 6ordeau( continuava chorando com dramático ardor,analisou o Visconde com ob"etividade.

Era atraente. >eria que ser cea para n'o perceber. /s olhos dele eram deum e(traordinário aul profundo, que 7cavam mais destacados, raças a seucabelo castanho escuro. Era muito bem proporcionado, alto e de ombros laros.3l$m de ter senso de humor e uma esp$cie de encanto infantil, potencialiadopor um devastador sorriso.

3ora, Emma podia pensar nesse sorriso sem que o pulso dela acelerasse,mas nem sempre foi imune. )ouve uma $poca, quando começou a trabalharpara ele, em que s# de olhar seus lábios, um aradável calafrio percorria suascostas. @aquele tempo inclusive, arrumou o cabelo em mais de uma ocasi'o e

havia suspirado alumas vees. @'o demorou a perceber que nada de bompodia sair de semelhante ilus'o. 3l$m da diferença social, Lorde Marlowe era

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um libertino e em suas relaç+es com as mulheres procurava uma nica coisa.

%omo secretária dele, Emma sabia que o Visconde 7esse ou dei(asse defaer aluma coisa, n'o era assunto dela, mas como mulher virtuosa, faia "ámuito tempo que descartou toda id$ia rom?ntica a respeito dele. !ualquer

pessoa sensata teria a mesma opini'o. / Visconde Marlowe divorciou-se de suaesposa por adult$rio e abandono da parte dela. Durante cinco anos foi umprocesso muito divulado e escandaliou a alta 4ociedade. 3 fam&lia doVisconde continuava paando at$ ho"e as conseq=2ncias.

Bosse pela in7delidade de sua esposa ou porque "á pensasse assim antes,Lorde Marlowe n'o ocultava sua má opini'o a respeito da instituiç'o docasamento e todos aqueles que lessem a revista semanal Cuia para 4olteirospodiam comprovar isso. Em suas colunas de opini'o, Lorde Marlowe equiparavaclaramente o casamento ; escravid'o, e sustentava que o primeiro era s# umavers'o mais moderna da seunda. >endo em conta seu comportamento e suas

c&nicas opini+es, as mulheres deveriam afastar-se dele, mas para total assombroe incompreens'o de Emma, acontecia "ustamente o contrário.

/ "uramento que o Visconde fe de n'o voltar a se casar, s# proporcionavamais atraç'o e a rande maioria do se(o feminino tomava isso como umaprovocaç'o irresist&vel. Mulheres de todas as classes sociais sonhavam emapanhar seu coraç'o. Emma, entretanto, era muito sensata para incluir-se entreelas. /s sedutores nunca a atra&ram. Bicou olhando ; mulher que continuavachorando e pensou no tentador sorriso de Lorde Marlowe. @em todas asmulheres possu&am bom senso. >alve a bailarina fosse bastante in2nua porapai(onar-se pelo Visconde e con7ar em que ele 7esse o mesmo. >alvedevesse ter pena dela.

Emma n'o tinha e(peri2ncia em assuntos do coraç'o e o nico epis#dioque viveu, aconteceu de anos atrás e ainda podia recordar que doloroso fora odesenano.

3briu uma aveta da mesa e tirou uma cai(inha branca e rosa.

1 Estou certa que tudo isto está sendo muito dif&cil para voc2 1 disselevantando a tampa 1 Costaria de um bombom0 %onfortam-me muito quandoestou desanimada.

3 mulher n'o pareceu apreciar seu oferecimento. Levantou a cabeça eolhou a cai(inha com desd$m.

1 Eu n'o como chocolate 1 respondeu e secou as faces com o lenço 1Dani7cam o corpo 1 fe uma pausa e a olhou da cabeça aos p$s 1 Mas voc2sim deveria comer mais, ch$rie, fa-lhe falta um pouco de recheio. Emborasuponha que tanto fa 1 acrescentou de pronto 1 ma solteirona n'o sepreocupa com essas coisas, n'o $0

Emma 7cou tensa. Solteirona. )sso *oi cruel. 

3 estranha sensaç'o de antes retornou, mas desta ve com mais força, e

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ent'o compreendeu, seu aniversário estava pr#(imo. 3pertou a cai(a debombons e tratou de air com 7loso7a.

%hear aos trinta n'o era t'o importante. Era s# um nmero, alo sobre oqual n'o podia faer nada. %ertamente que trinta soava muitos anos, mas s#

era um mais. @'o tinha por que se alterar tanto. E referente ; sua 7ura, n'otinha nada a ver com seu celibato.

Diriiu um ressentido olhar ao eneroso e abundante busto da 4enhorita6ordeau( e tratou de recordar a si mesma que n'o importava a opini'o de umabailarina de cabar$.

1 4uponho que voc2 se"a a 4enhorita Dove 1 prosseuiu afrancesa 1 3 secretária dele.

/ tom em que foram pronunciadas essas palavras colocou Emma em

uarda, e preparou-se para alum outro comentário mais ofensivo.1 4im, sou a 4enhorita Dove.

3 bailarina riu, mas ela pode notar a maldade sub"acente nessa risada.

1 >&pico de Marlowe, ter uma mulher como secretária. : t'o pr#prio dele8Dia-me, que tipo de paamento ele oferece a voc20

Emma 7cou furiosa. @'o era a primeira ve que alu$m insinuava aloassim. >rabalhava para um homem, em uma pro7ss'o em que homens estavam

acostumados a trabalhar e a reputaç'o de seu chefe com as mulheres era maisque conhecida. Mas isso n'o sini7cava que tivesse que suportar comentáriosmal$volos sobre sua virtude.

1 Enana-se.

1 @'o importa 1 3 4enhorita 6ordeau( moveu a m'o, n'o dando caso aoassunto 1 3ora que a vi, compreendo que n'o representa nenhuma ameaçapara mim. Marlowe n'o osta de mulheres sem busto.

Emma mordeu a l&nua. !ueria dier a ela o que pensava, mas sabia que

n'o serviria para nada. 3l$m disso, sempre haveria a possibilidade de que abailarina e Lorde Marlowe se reconciliassem, e n'o poderia correr o risco deperder seu trabalho, por mais vontade que tivesse de por aquela harpia no luardela.

De modo que, como havia feito muitas outras vees ao lono de sua vida,n'o disse nada. 3 contra osto, reconheceu que estava mais anada com ofato de t2-la chamado de velha e despeitada, que por ter insinuado que era umamantida.

1 @'o 1 continuou a 4enhorita 6ordeau(, tirando Emma de seus

pensamentos 1 Marlowe n'o me dei(aria por voc2.

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nclinou-se para frente, entrecerrando seus olhos neros.

1 !uem $ ela0

Baendo um esforço para n'o inventar uma amante imainária com peito,

Emma respondeuF1 sso $ assunto do Visconde, n'o meu.

1 @'o importa, vou descobrir.

3 4enhorita 6ordeau( dei(ou o lenço de lado e a e(press'o que sedesenhou no rosto dela a fe parecer mais velha uns de anos no m&nimo,pensou Emma. E ela n'o era das que criticavam.

1 4enhorita Dove 1 disse ent'o a bailarina 1 4endo voc2 a secretária de

Lorde Marlowe, quero que transmita uma mensaem 1 3briu a bolsa e tirou umcolar de topáios amarelos e diamantes montados em ouro 1 Dia que seupat$tico presente $ um insulto e que n'o penso aceitá-lo 1 3tirou a "#ia emcima da mesa, como se desse asco 1 ma baatela como esta n'o basta parame consolar8

Emma havia passado a semana anterior praticamente nas compras, alonada estranho tendo em conta em como Marlowe era p$ssimo para comprarpresentes e recordar datas, de modo que essa tarefa sempre cabia a ela. 34enhorita Dove n'o s# 7cou encarreada de procurar o presente de aniversáriode Lad* Phoebe, mas tamb$m havia escolhido o colar que tanto ofendeu a

4enhorita 6ordeau(.@'o a incomodava desempenhar essa tarefa para a fam&lia do Visconde,

mas parecia de muito mau osto ter que faer isso para as muitas e variadasamantes que este possu&a. Estava convencida de que n'o era apropriado. 4e tiaL*dia estivesse viva 7caria escandaliada, pois ela sempre esperava que suasobrinha tivesse comportamento irrepreens&vel. Mas apesar de tudo, incomodoua Emma o comentário da bailarina. Esmerou-se muito nesse presente, e haviapassado quase uma hora na "oalheria da 6ond 4treet, embora para ser sincera,rande parte dessa hora passou olhando embevecida as esmeraldas esonhando com coisas imposs&veis.

!uando escolheu o colar, comprou-o convencida, era caro, mas n'o eme(cesso, a7nal era um presente de despedida. >amb$m era bastante rande echamativo, para que pudessem v2-lo na #pera com bin#culos e por ltimo, erafácil de vender, no caso da mulher dese"ar. Emma considerou importante esteltimo aspecto, pois imainava bastante precário o of&cio de cortes'. 3o queparecia, a 4enhorita 6ordeau( n'o era da mesma opini'o.

1 >opáios8 1 E(clamou 1 3caso n'o represento nada mais para ele0Este colar $ uma quinquilharia, uma baatela, nada8

%om aquela baatela, Emma poderia sobreviver uns doe anos, mas era#bvio que a bailarina n'o devia ser t'o austera em seus astos.

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1 >rata 5uliette como se fosse um par de botas velhas e acredita que memandando um colar de topáios com um mensaeiro me apaiuará0 @on8 1 34enhorita 6ordeau( 7cou de p$ com a respiraç'o entrecortada e com lárimasde fria nos olhos, inclinou-se para Emma 1 Este pat$tico presente n'osini7ca nada para mim8

3 representaç'o dei(ou Emma impass&vel.

1 >ransmitirei sua mensaem ao Visconde 1 disse sem se alterar 1 edirei que devolveu o presente.

Pensando que a inc9moda cena havia cheado a seu 7nal, adiantou a m'opara aarrar o colar, mas a 4enhorita 6ordeau( foi mais rápida e o apanhouantes que os dedos de Emma sequer o roçassem.

1 Devolv2-lo0 @'o8 @em pensar. 3caso eu disse isso0 @'o posso devolver

um presente do homem que amo, por menor que ele se"a. !ue foi meucompanheiro durante tanto tempo, / homem que dei todo meu carinho 13pertou a "#ia contra seu peito.

1 Embora tenha partido meu coraç'o, eu continuo o amando, mas n'otenho opç'o, n'o me resta nada mais que aceitar este presente e sofrer.

Emma dese"ou com todas suas forças que a bailarina fosse embora sofrerem outra parte, mas em ve disso, a mulher voltou a sentar e voltou a chorar.

1 3bandonou-me 1 emeu 1 @'o me quer. Estou soinha. %omo voc2.

/ ressentimento estalou no interior da Emma, mas n'o para a 4enhorita6ordeau(, mas sim a Lorde Marlowe, por t2-la posto naquela situaç'o. masecretária, embora fosse uma mulher, n'o teria por que suportar as inmerasamantes de seu chefe. Esforçou-se para recordar que o Visconde paava umsalário mais que eneroso e id2ntico ao que paaria a um homem. Era muitomais do que Emma havia esperado, ainda mais tendo em conta seu se(o.Deveria se sentir aradecida, mas nesse momento n'o era isso o que sentia.Estava furiosa.

Mas o que estava acontecendo com ela nesse dia0 Estava ressentida com

Lorde Marlowe por ter amantes horr&veis, com o mundo, por n'o poder sepermitir a comprar aquelas esmeraldas, irritada pelo fato de que, emboracomesse todo o chocolate do mundo, seus seios n'o aumentavam de tamanho,furiosa com o destino por "á n'o ser "ovem e por nunca ter sido bela. >udo issoera absurdo.

 Aos trinta não se é velha.

Dada sua situaç'o, podia considerar-se muito afortunada. @aquela $pocade moral t'o estrita, uma mulher tinha muito pouca sa&da. Diferente do trabalhodas arotas pobres, empreadas como escravas nas fábricas de f#sforos ou em

lo"as, sua pro7ss'o era toda uma provocaç'o, e freq=entemente a permitia pora prova sua inteli2ncia e desenvolver seu talento. Mas o mais importante era

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que ela queria ser escritora e trabalhar para um editor aumentava em muito asprobabilidades para chear a conseuir. >al como diria seu personaem, a4enhora 6artleb*, uma mulher educada suporta tudo o que a vida tra e o facom ele?ncia. 4uspirou resinada e deu ; 4enhorita 6ordeau( outro lenço.

)arr* cheou tarde. %oisa estranha, e n'o porque ele fosse especialmentepontual. De fato, era conhecido por se tratar do homem mais avoado do mundo,e que estava acostumado a esquecer as datas e entrevistas com facilidade, mastamb$m era sabido que sua secretária era a mais e7ciente de toda Londres.Ceralmente, a 4enhorita Dove controlava o horário de )arr* como o de umaferrovia brit?nica, mas nesse dia, as coisas n'o aconteceram seundo oprevisto. E n'o era culpa da "ovem.

)arr* havia se encontrado com o %onde de 6arriner ao sair do Llo*dGs, eaproveitou para falar novamente sobre a compra de seu "ornal, o 4ocial Caette.Marlowe sabia que o %onde estava passando por um momento delicado e quenecessitava de dinheiro. Mas 6arriner estava reticente em vender, porqueconsiderava que seu "ornal era muito superior ao de menor cateoria de )arr*,e tamb$m que ele estava muito acima do outro homem.

6arriner foi contra o processo de div#rcio de )arr*, e havia pronunciadointermináveis discursos sobre a santidade do matrim9nio na %?mara.

3pesar do evidente antaonismo entre eles, ambos demonstrarameducaç'o e passaram a tarde discutindo as condiç+es de uma poss&vel compra,embora no 7nal n'o cheassem a nenhum acordo.

)arr* adorava faer ne#cios e anhar dinheiro. / mundo das 7nançasera como um "oo para ele, divertido e emocionante, al$m de muito maisrati7cante do que seu t&tulo nobiliário e suas propriedades, que na atualidaden'o sini7cavam nada para um nobre. 3 provocaç'o de convencer 6arrinerpara que vendesse o Caette por menos do que as e(orbitantes cem mil librasque e(iia, o distraiu de outros assuntos. 4e o %onde n'o tivesse dado porterminada a reuni'o diendo que aquela noite teria que ir ; #pera, talve )arr*

tivesse se esquecido do aniversário de Phoebe, o que teria ocasionado umrande problema.

4altou da carruaem antes que ela tivesse parado, em frente ; porta doescrit#rio de Marlowe Publishin Limited.

1 Espere aqui 1 disse ao condutor, "á correndo para a entrada do edif&cio.

Procurou a chave no bolso, abriu e entrou. 4ubiu rapidamente a escadamais pr#(ima, e aproveitando-se do fato de que conhecia de sobra o caminho,pode fa2-lo ;s escuras, subindo os deraus de dois em dois. 3o chear ao

topo, pode ver que os aba"ures a ás de seu escrit#rio continuavam acesos eouviu o rápido repicar de uma máquina de escrever.

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3 4enhorita Dove continuava ali, alo que n'o surpreendeu )arr*. )átempo havia cheado ; conclus'o de que sua secretária n'o possu&a vida forado trabalho. 3 "ovem dei(ou de trabalhar e levantou a vista quando o viu entrar.!ualquer outro empreado teria 7cado surpreso ao v2-lo aparecer por alinaquela hora, mas ao que parecia nada conseuia alterá-la. @em sequer

arqueou uma sobrancelha.

1 Milorde 1 saudou ao levantar-se.

1 4enhorita Dove 1 respondeu ele ao entrar 1 "á chearam os contratosde compra da )allida* Paper0

1 @'o, 4enhor.

%omo esperava uma resposta a7rmativa, )arr* parou ao lado da mesa desua secretária.

1 Por que n'o0

1 %hamei os advoados do 4enhor )all*da*, Ledbetter H Chent, paraperuntar. Parece que houve uma confus'o.

1 ma confus'o0 1 Levantou uma sobrancelha 1 Voc2 se enanou emalo, 4enhorita Dove0 Poderia ter falado comio sobre isso.

Ela olhou para ele ofendida.

1 @'o, 4enhor. Deveria ter economiado as palavras.

3 4enhorita Dove "amais se enanava.

1 : claro que n'o. Desculpe-me. / que ocorreu0 1 / 4enhor Ledbettern'o quis me dier, mas a7rmou que os contratos chear'o dentro de umasemana. Eu os repassarei durante o 7m de semana para me certi7car de quen'o há nenhum enano, e assim voc2 poderá assiná-los na seunda-feira. @estedia terá que comparecer com sua fam&lia ; festa do %onde de Aathbourne, maspoderia passar por aqui antes e assinar. !uer que anote em sua aenda,Milorde0 1 E, diendo isso estendeu a palma da m'o para cima.

)arr* tirou a caderneta de pele de seu bolso e a entreou. Ela anotou aentrevista e devolveu a caderneta.

1 !uando tiver assinado os contratos 1 continuou a "ovem 1 ummensaeiro da Ledbetter H Chent poderá vir apanhá-los, e assim voc2 chearáa 3delphi a tempo de ver como batiam o novo iate de Lorde Aathbourne 13arrou aluns pap$is 1 3qui est'o alumas mensaens.

1 Voc2 $ a e7ci2ncia personi7cada, 4enhorita Dove 1 murmurou aopear os pap$is.

1 /briado 4enhor 1 Aespirou fundo e assinalou a pilha que havia perto

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E Então ele a Beijou

da máquina de escrever 1 >enho um novo manuscrito. %aso tenha umseundo...

1 >emo que n'o 1 respondeu, aliviado por ter uma desculpa.Encaminhou-se para sua sala, repassando os recados pelo caminho 1 >enho

que ir ; #pera e "á estou atrasado, como deve saber. 4erei repreendido pelaminha av# caso percam por minha culpa o primeiro ato, especialmente sendo oaniversário de Phoebe. / que $ isto0

Deteve-se em frente ; porta, com o olhar 7(o em uma nota da pilha.

1 5uliette esteve aqui0 Para que0 Pode-se saber0

3 secretária n'o respondeu, ao assumir, corretamente, que se tratava deuma perunta ret#rica.

1 /ra 1 murmurou ele enquanto lia 1 ent'o n'o ostou do presente01 4into muito, 4enhor. Pensei que um colar de topáios e diamantes fosse

adequado, mas parece que a 4enhorita n'o teve a mesma opini'o.

1 @'o tenho tempo para isto e n'o me importa nem um pouco se elaostou ou n'o do presente 1 3massou a nota e a "oou no ch'o.

3 partir daquele momento, 5uliette poderia colocar suas ambiciosas m'osnas "#ias de outro. 3 nica opini'o feminina que importava para )arr* eram asopini+es das mulheres de sua fam&lia.

1 >elefone para minha casa, 4enhorita Dove, e dia para minha m'e quen'o poderei passar para apanhá-las em )anover 4quare. Dia que tomem umacarruaem e que me reunirei com elas em %ovent Carden.

1 5á telefonei Milorde.

Aodeou a mesa, recolheu o papel que ele havia atirado ao ch'o e o atirouno li(o antes de voltar a sentar.

1 Peruntei se voc2 encontrava-se lá, pois como n'o havia passado poraqui para recolher o presente de Lad* Phoebe, pensei que "á estivesse lá. 4eumordomo disse que sua m'e, av# e irm's partiram para %ovent Carden semvoc2.

1 4uponho que me consideram um caso perdido.

3 sempre discreta 4enhorita Dove n'o fe nenhum comentário. Voltou-separa a máquina de escrever e )arr* entrou em seu escrit#rio. m luar que hádois anos, sua secretária havia redecorado, e embora ele aprovasse o ostodela, n'o passava ali o tempo su7ciente para desfrutar do ambiente. )arr*sabia perfeitamente que n'o conseuiria dinheiro caso permanecesse sentado

em um escrit#rio, por mais bonito que este fosse.

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E Então ele a Beijou

 5oou as mensaens que ainda faltavam ler em cima da cadeira e diriiu-se para a porta de comunicaç'o de seu closet. 3 casa em que ele moravaestava no outro e(tremo da cidade, tanto seu valete, quanto ; 4enhorita Dove,asseuravam-se que tivesse sempre aluns tra"es e uma ampla seleç'o decamisas limpas no escrit#rio.

 5oou áua em uma bacia e preparou o sab'o e a navalha para sebarbear. !uine minutos mais tarde, barbeado e com o fraque posto, colocouas abotoaduras de prata e em seuida levantou-se e fe um n# napole9nico nolenço sob a ola da camisa.

%olocou o rel#io pendurando no colete, peou um par de luvas brancas,a cartola e diriiu-se para a sa&da.

3 4enhorita Dove dei(ou de escrever e olhou para ele.

1 / presente de Phoebe0 1 Peruntou )arr*.1 Em seu bolso, 4enhor.

Dei(ou o chap$u em cima da mesa e procurou nos bolsos do fraque.

3o notar um pequeno vulto em um deles, tirou-o e notou que era umacai(a pequena, envolta em papel amarelo, com um laço de seda cor lavanda.m cart'o, n'o maior que a cai(a, pendurava-se acima.

1 Meu Deus, o que eu comprei0 m bombom0

1 ma cai(inha de Limoes.I 4ei que sua irm' as coleciona. Esta $ deIJK. Está decorada com an"os, o que me parece muito apropriado, se mepermite. Voc2 chama sua irm' de +carinha de ano, n'o $ assim0

Emmaline nunca dei(ava de surpreend2-lo, a quantidade de coisas queela sabia.

1 Dentro da cai(inha há um anel com uma sa7ra 1 acrescentou ela.

)arr* enruou a testa.

1 @'o estou acostumado a comprar p$rolas0

1 4ua irm' "á terminou de confeccionar seu colar de p$rolas. Em todocaso, Lad* Phoebe está faendo vinte e um anos, e "á tem idade para receberoutras "#ias. 3credito que um anel com uma sa7ra de meio quilate montadosobre platina se"a o mais adequado.

1 @'o tenho nenhuma dvida.

3 4enhorita Dove afundou a pluma no tinteiro e a ofereceu.

1  Em IJJI a arila de caulino, indispensável para a produç'o de porcelana foi descoberta em 4aint-riei(-la-Perche,localidade perto de Limoes. mpulsionado pelo economista >urot ocorreu o desenvolvimento da indstria cer?mica,e a porcelana de Limoes tornou-se famosa durante o s$culo NN.

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E Então ele a Beijou

1 Posso suerir que assine o cart'o0

Ele olhou incr$dulo o pequeno pedaço de cartolina.

1 Menos mal que meu nome tem s# cinco letras.

 >irou a luva e assinou o melhor que pode no reduido espaço. Devolveu apluma ; 4enhorita Dove, soprou a tinta para secá-la e voltou a uardar o pacoteno bolso. %olocou de novo a luva e "á ia virar-se, quando a vo dela o deteve.

1 Milorde, seu lenço.

1 Maldiç'o8 1 >eve que voltar a dei(ar o chap$u e levando as m'os aopescoço, arrumou o n# 1 Está bem0

Ela sacudiu a cabeça.

1 >emo que ele continue torcido.

Aesinado, pu(ou as e(tremidades e começou a refaer tudo novamente.

1 Milorde, a respeito de meu novo manuscrito 1 disse a 4enhorita Doveenquanto ele batalhava com o lenço 1 Eu esperava que pudesse l2-lo e...

1 Lenço do dem9nio8 1 )arr* deu-se por vencido, e pedindo a ela que selevantasse disseF

1 4enhorita Dove, caso n'o se importe...

Ela erueu-se e rodeou a mesa.

1 Minha nova obra $ diferente das anteriores 1 insistiu a "ovem enquantotentava arrumar o desastre.

)arr* teve vontade de sair correndo. nclusive a #pera era prefer&vel aoslivros de etiqueta da 4enhorita Dove. nfelimente, ela continuava seurando-opelo lenço.

1 %omo diferente0 1 Peruntou ele, obriando-se a permanecer quieto

onde estava.

1 %ontinua sendo um manual sobre boas maneiras, mas se trata sobremulheres como eu. !uer dier, sobre 4enhoritas solteiras e trabalhadoras.

h, /eus. 0ão era somente sobre boas maneiras, mas também estavadiri1ido 2s solteironas. )arr* mordeu a l&nua para n'o dier o que pensava.

1 4im 1 prosseuiu ela, pu(ando para liberar o n# 1 : uma esp$cie deCuia para 4enhoritas 4olteiras, semelhante ao seu Cuia para 4olteiros, mas s#que para mulheres. %omo procurar um luar com um aluuel raoável, como

comer bem por quatro uin$us ao m2s. Esse tipo de coisas.

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E Então ele a Beijou

)arr* observou os braços da mulher que estava diante dele, e ao ver oquanto estava mara, pensou que n'o faria mal incrementar o orçamento decomida em ao menos um ou dois uin$us. >alve devesse subir seu salário, paraque assim pudesse astar mais em bolos e doces.

E, no que se referia ao manuscrito, bom, )arr* preferiria ir ao dentista e,que este arrancasse todos os seus dentes, antes de ler um uia para solteironasque viviam em luares respeitáveis. @'o havia nenhuma dvida de que o restodo mundo seria da mesma opini'o. E esse era o problema. Ele publicava livrose "ornais para anhar dinheiro, n'o para ensinar ;s pessoas como se comportar.

1 4enhorita Dove, "á falamos sobre isso antes 1 ele recordou 1 /s livrosde etiqueta n'o s'o rentáveis. )á muitos no mercado e $ muito dif&cil terdestaque com eles.

Ela assentiu.

1 Por isso mesmo dei um enfoque mais moderno. Dado o sucesso do Cuiapara 4olteiros e tendo em conta que voc2 sempre defendeu que as mulheresdeveriam ter acesso ao mundo trabalhista, acreditei que a id$ia poderiainteressá-lo. )á cada ve mais 4enhoritas solteiras e trabalhadoras nanlaterra. 3s estat&sticas...

)arr* teve dor de cabeça ao ouvir a en(urrada de dados sobre arotassolteiras que soltou sua secretária.

@'o importavam as estat&sticas, s# se importava com seus instintos, e

estes diiam que n'o importava o enfoque que a 4enhorita Dove tivesse dado,ela "amais poderia escrever nada interessante, visto que era uma pessoa cina esem brilho. 4eu pr#prio nome era aborrecido. %om aquele cabelo castanho, seusolhos castanhos e sua vo doce, a 4enhorita Dove era a amabilidadepersoni7cada.

Ele a contratou seuindo um impulso, com a intenç'o de demonstrar suateoria de que uma mulher era perfeitamente capa de anhar a vida por seuspr#prios m$ritos, do mesmo modo que qualquer homem. 3 "ovem haviasuperado com acr$scimo todas as e(pectativas. Era uma trabalhadorae(emplar, melhor que qualquer secretário que teve antes. @unca cheava

tarde, nunca 7cava doente, al$m de muito e7ciente.

E o mais importante, a 4enhorita Dove possu&a uma qualidade que estavaacostumada a associar-se com o se(o feminino, mas que a maioria dasmulheres n'o tinha, era d#cil. @unca questionava nada. 4e )arr* pedisse paraque ela fosse de navio at$ o !u2nia e trou(esse um saco de caf$,imediatamente sairia do escrit#rio para comprar uma passaem naval na >homas %oo< H 4on.

3pesar de ser muito til, a docilidade da 4enhorita Dove faia com queparecesse quase irreal e diferente de qualquer mulher de carne e osso quetivesse conhecido. 3 m'e de )arr* era uma intrometida e sua av# era aindamais intrometida al$m de tr2s irm's tem&veis e muito, muito pouco obedientes.

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E Então ele a Beijou

4ua debilidade por mulheres de caráter tempestuoso faia com queacumulasse uma coleç'o de e(-amantes e uma e(-mulher diamos tudo, menosd#ceis.

4ua teoria era que o que faia com que a 4enhorita Dove fosse t'o pouco

complicada era sua falta de pai('o, mais que seu f&sico pouco atraente. masecretária de curvas sensuais e caráter desa7ante teria sido imposs&vel dea=entar, mas sem dvida muito mais rati7cante em curto prao.

@'o, quanto ;s secretárias, 7cava com a 4enhorita Dove e desde ocomeço "urou a si mesmo n'o manifestar tend2ncias amorosas com respeito aela. Por sorte, a moça sempre havia facilitado para que mantivesse suapromessa.

1 3qui está 1 disse ela dando um passo para trás e afastando )arr* deseus pensamentos. Percorreu-o com o olhar e loo assentiu 1 %on7o que se"a

de seu arado, Milorde.

)arr* nem se incomodou em olhar para o espelho. @'o havia dvida deque o n# estava perfeito, e do tipo que estava mais em moda entre oscavalheiros.

1 4enhorita Dove, voc2 $ um tesouro 1 abai(ou o pescoço, aarrou ochap$u e diriiu-se para a porta 1 @'o sei o que faria sem voc2.

1 4obre meu novo livro 1 começou ela, faendo com que ele caminhassecom mais velocidade para a sa&da 1 Vai l2-lo0

1 Mande-o para minha casa antes que eu via"e amanh' pela manh' 1disse ele, impedindo qualquer outro comentário 1 Eu o lerei no campo.

1 /briado, Milorde.

)arr* saiu dali aliviado. Era uma lástima que n'o pudesse escapar da#pera com a mesma facilidade.

Cap+tulo ,

 As irmãs são o dem3nio em pessoa. 4uando são pequenas, torturam e o

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E Então ele a Beijou

atormentam. 4uando crescem, ela tentam encontrar esposa para voc5, o quedeve ser o mesmo.

!orde 6arlo7e

8uia para Solteiros, %&'(

1 Lorde Dillmouth e suas 7lhas chearam ; cidade. 4uas primas, as3bernath*, os acompanhavam.

%om essas palavras de sua irm' Diana, )arr* soube o que vinha a seuir.ndicou ao arçom que passava por ali, que servisse mais vinho, pois estavaprecisando.

1 !ue not&cia interessante. !uer que a publique no "ornal01 Mam'e e eu as vimos durante um passeio 1 Diana, a mais velha de

tr2s irm's, seis anos mais "ovem que ele, era bonita e inteliente. E tamb$mmuito obstinada. 4em dei(ar-se amedrontar por sua falta de entusiasmo, s#dei(ou de falar do tema os seundos necessários para arrumar uma mecha decabelo e beber um pouco de vinho 1 Elas est'o muito bem, especialmente Lad*Blorence. : uma beldade reconhecida.

1 %om certea que sim 1 concordou ele 1 Pena que seu c$rebro n'opossa ser iualmente admirado.

1 5uliette 6ordeau( $ um claro e(emplo do quanto valoria a inteli2nciaem uma mulher 1 contra atacou Diana.

)arr* decidiu n'o dier que havia terminado com a bailarina. 4# serviriapara dar mais muniç'o a elas.

1 : mais inteliente que Lad* Blorence 1 optou por dier 1 Emborareconheça que isso n'o queira dier muito.

3 caçula da fam&lia interveio na conversa.

1 Por que sai com essa mulher0 1 Peruntou Phoebe, sua cara dequerubim franida com enu&no assombro.

)arr* n'o respondeu os atrativos de uma voluptuosa bailarina n'o eraassunto apropriado para um cavalheiro discutir com suas irm's.

Pelo menos, sua m'e estava de acordo.

1 Dei(e isso para lá Phoebe 1 disse Louisa, tentando parecer 7rme e

autoritária, embora a mulher fosse t'o 7rme e dura quanto um pudim. / quee(plicava, )arr* estava certo, do porque suas irm's fossem t'o imposs&veis 1

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E Então ele a Beijou

Depois de tudo 1 acrescentou 1 estamos "antando no 4avo*.

Vivian, a irm' do meio, riu.

1 E isso o que tem a ver, mam'e0 1 /lhou ao seu redor e contemplou o

lu(uoso sal'o em que estavam 1 Estas paredes vermelhas, com os candelabrosde cristal e os brocados dourados, parecem mais que do adequadas para falarde uma bailarina.

1 Vivian8 1 E(clamou a av# 3nt9nia olhando a todos na mesa 1 @'ovamos continuar falando da tal 6ordeau( 1 ordenou com uma vo muito maisimpressionante do que a da 7lha 1 Dá-me indiest'o.

Devido ao fato de que estava a ponto de completar oitenta anos, oscomentários sobre a diest'o da av# eram levados muito a s$rio.

Para satisfaç'o de )arr*, o assunto 5uliette deu-se por resolvido. Pena queo assunto seuinte que captou a atenç'o de suas irm's fosse arran"ar-lhe umaesposa.

1 Lad* Blorence $ um pouco tola, Diana 1 disse Vivian, recuperando oassunto que havia introduido sua irm' e dando ra'o a )arr* sobre acapacidade intelectual da caçula dos Dillmouth 1 >enho certea que podemosaspirar alo melhor.

1 5á sei que minha opini'o sobre isso $ dispensável 1 ele comentousarcástico, adotando um ar de 7nida humildade diante dos conselhos de suas

irm's 1 mas pensar em me casar com Blorence Dillmouth arrepiam meuscabelos.

1 3rrepiam seus cabelos s# de pensar em se casar 1 espetou Diana 1essa bailarina $ o problema.

1 sso, Diana, n'o $ nenhum problema. : uma b2nç'o. Passe-me opresunto Phoebe.

3 "ovem apro(imou a bande"a.

1E o que me di da irm' de Blorence, Melanie0 1 4ueriu sua irm' caçulaenquanto )arr* se servia 1 Melanie está bem. : simpática, sem ser muito tola.Eu osto dela.

1 E(celente 1 respondeu ele com a boca cheia 1 Ent'o, por que voc2n'o se casa com ela0

1 Mastiue antes de falar, )arrison 1 ordenou 3ntonia, como se ele fosseum menino de sete anos, em ve de um homem de trinta e seis 1 E meninas,dei(em de procurar uma esposa para seu irm'o. 4# conseuem que ele tenhamenos vontade de se casar. E suponho que $ l#ico que este"a reticente 1

acrescentou a contra osto 1 depois do que aconteceu com aquela insuportávelamericana.

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E Então ele a Beijou

 Aquela insuportável americana era como a av# dele chamava sua e(-esposa.

@'o que isso importasse, pois de fato ele tamb$m preferia n'o falar de%onsuelo.

1 ma má e(peri2ncia n'o deveria fa2-lo renear para sempre ocasamento 1 insistiu Phoebe.

1 Disse a vo da e(peri2ncia 1 replicou )arr*, tentando mudar deassunto ombando dela.

1 Eu s# quero a sua felicidade, irm'o.

1 4ei, e eu adoro voc2 por isso 1 inclinou-se para ela e deu-lhe um bei"ono rosto 1 Mas me casar novamente n'o me fará feli, acredite.

1 : muito pouca consideraç'o de sua parte dier isso, )arr*, eu me casodentro de de meses 1 riu Diana, intervindo de novo na conversa 1 Diferentede voc2, eu estou ansiosa para voltar a me casar. Edmund $ o homem maismaravilhoso que "á conheci.

Diana foi muito infeli em seu primeiro casamento, e embora seu maridotenha causado muita dor com as descaradas in7delidades, fe a entilea demorrer em um acidente ferroviário. 3pesar de tudo o que ela havia passadoDiana nunca perdeu a f$ no amor, nem na instituiç'o do casamento. 4eis anosdepois da morte de primeiro marido, ia repetir a e(peri2ncia. >alve desta ve

sua f$ fosse "usti7cada. )arr* esperava para seu bem, mas isso n'o sini7cavaque ele tivesse que seuir o e(emplo dela.

1 Voc2 $ uma rom?ntica, Diana. 4empre foi.

1 E o que me di de meu noivo0 5á sabe que a primeira e(peri2ncia deEdmund com o casamento foi id2ntica ; sua. >amb$m se apai(onou por umadessas americanas e se casou com ela. 4eu div#rcio foi t'o dif&cil e dolorosoquanto o seu, mas nem por isso virou um c&nico.

%&nico0 )arr* sentiu uma pontada de dor no peito, um fraco eco da terr&vel

aonia que havia sentido na noite em que 7nalmente aceitou a verdade sobresua esposa e o seu futuro. O noite em que ela o dei(ou ele abandonou qualquerid$ia de amor eterno, tudo o que havia permitido seuir adiante durante oshorr&veis quatro anos de vida con"ual.

1 @'o sou c&nico 1 mentiu entre dentes 1 4# n'o tenho nenhum motivopara voltar a me casar.

1 @enhum motivo0 1 Peruntou a av#, levantando os olhos de seu pratopara olhá-lo com desaprovaç'o 1 E o que me di do 7lho que deveria ter paraque herdasse o t&tulo0

1 5á há um herdeiro para isso. / primo Cerald.

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E Então ele a Beijou

3nt9nia soprou e(asperada.

1 Mas vov#, ele está encantado de ser o herdeiro, de fato está impacientepara se encarrear de tudo. %ada ve que visita Marlowe Par<, veri7ca ofaqueiro de prata, perunta como est'o os encanamentos, e passa horas

interroando o administrador. 4eria uma lástima estraar tanto talento.

3nt9nia, adotando maneiras ma"estosas, deu a entender a pouca raçaque achava do comentário.

1 Dei(e de dier tolices, )arr*. 4empre fa o mesmo quando n'o querfalar de alo. : Visconde, e seu dever $ se casar para ter 7lhos.

3 av# 7cou um pouco ultrapassada. @eava-se a aceitar que a maioria dosaristocratas eram latifundiários arruinados. Baia muito tempo que )arr*percebeu que sopravam ventos de mudança. @a verdade, isso era a nica coisa

que podia aradecer ao pai de %onsuelo, o 4enhor Estravados. Boi ele quemdisse que seriam os empresários e n'o os aristocratas, que liderariam o futuro.

)arr* seuiu seu conselho e aqueles quatore anos deram ra'o a ele. >erou n'o 7lhos que pudessem herdar o t&tulo "á n'o era t'o importante comoantes. Mas sua m'e devia dar sua opini'o a respeito.

1 )arr*, voc2 tem que se casar e ter 7lhos. Deve faer isso. /s anospassam, "á tem trinta e seis anos, e dentro de pouco tempo "á será muito tarde.%heará aos quarenta, e "á sabemos o que acontece com os homens ent'o,pobreinhos.

)arr* enasou com o vinho.

1 >em que encontrar uma esposa em seuida 1 prosseuiu Louisa, n'oparecendo perceber que seu 7lho quase se afoava.

Disse a si mesmo que sua m'e n'o sabia o que estava falando.

1 E por que deveria procurá-la, acaso minhas irm's n'o est'o seesforçando em faer isso0

1 / que acontece com os homens aos quarenta0 1 Peruntou Phoebecuriosa.

1 @ada 1 disse Diana, e antes que a "ovem pudesse peruntar mais,voltou a pu(ar o assunto das arotas Dillmouth 1 4abe Phoebe0 3credito quetem ra'o. Lad* Melanie $ a melhor das irm's. 4uponho que há quem acrediteque em seus vinte e oito anos, ela se"a uma solteirona, e n'o se"a t'o bonitacomo Blorence, mas tem o cabelo escuro e )arr* sempre ostou das morenas.3l$m disso, Melanie $ a mais inteliente das duas.

1 nteliente0 1 )arr* suspirou ofendido 1 Melanie Dillmouth $ incapa

de manter uma conversa. @unca di nada, como cheou a formar uma opini'osobre sua inteli2ncia0

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E Então ele a Beijou

1 : t&mida quando voc2 está por perto 1 disse Diana 1 E $compreens&vel, tendo em conta o que sente por voc2. Embora n'o tenhocertea de que esses sentimentos proporcionem uma boa esposa para voc2 oun'o.

1 Do que está falando0

3 mais velha olhou para ele e(asperada.

1 /h, )arr*8 /lhe como voc2 $ lerdo.

1 %erto 1 respondeu ele 1 37nal sou homem. Mas pode se saber porque Melanie Dillmouth tem veronha de falar comio0

1 Porque está apai(onada por voc28

1 / que0 1 )arr* estava at9nito 1 @'o dia tolices.1 4$rio 1 insistiu Diana 1 4empre esteve. Desde que voc2 salvou o ato

dela.

Ele dei(ou de comer e olhou para todas. Por sua e(press'o, viram que elen'o estava lembrando-se do incidente. !uatro resinados suspiros e um dee(asperaç'o, responderam ; perunta que formulavam seus olhos. )arr*manteve-se calmo. Depois de vinte anos como nico var'o na fam&lia depois damorte de seu pai, aprendeu que era imposs&vel estar ; altura das e(pectativasdas damas.

1 Está louca, Diana 1 disse, e voltou a comer 1 Eu "amais salvei umato. /deio esses animais.

1 @'o posso acreditar que n'o se lembre 1 e(clamou ela 1 3s arotasDillmouth passaram um ver'o em Marlowe Par<. Voc2 acabava de se raduarem %ambride. / ato de Melanie 7cou preso em uma ratoeira e voc2 o soltou.

3 hist#ria começou a soar vaamente.

1 Por Deus santo, isso fa s$culos. !uine anos, no m&nimo.

1 Ela nunca o esqueceu 1 disse Diana 1 %horou quando voc2 se casoucom %onsuelo.

1 4e soubesse o que me esperava, eu tamb$m teria chorado.

@inu$m riu de seu comentário. )arr* se peruntou como podiam pensarque a imaem de Melanie chorando ia despertar nele alum interesserom?ntico. >udo o que inspirava era lástima e vontade de sair correndo emdireç'o contrária.

1 E o que me di da Eliabeth Darbur*0 1 4ueriu Phoebe 1 >amb$m $morena.

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E Então ele a Beijou

1 ma fam&lia muito f$rtil 1 interveio 3nt9nia dando sua aprovaç'o 1 /sDarbur* tem pelo menos dois 7lhos homem a cada eraç'o.

1 Liie Darbur* n'o nos serve 1 soltou Vivian 1 @'o entende as piadasdele. 4empre 7ca olhando para )arr* como se faltasse um parafuso na cabeça

dele.

1 sso $ importante 1 opinou Louisa 1 /s homens odeiam que n'o osachemos charmosos. Especialmente )arr*. sso o dei(a de muito mau humor.

1 @'o me dei(a de mau humor. E n'o sei por que minhas irm's est'o t'oempenhadas em me escolher uma esposa.

1 Porque voc2 n'o $ bom em escolher 1 respondeu Vivian, apoiada emseuida pelas outras mulheres da mesa.

ncapa de rebater esse arumento, e n'o querendo recordar a Diana queela tampouco tinha se dado muito bem no assunto, )arr* decidiu 7car calado,vendo se assim davam por resolvido o assunto. >r2s seundos mais tarde viuque n'o.

1 E Mar* @ether7eld0 1 4ueriu Vivian 1 >em muito estilo. 4empre andana ltima moda.

Vindo de Vivian, que adorava comprar roupa e tudo que era relacionado ;moda, essas palavras eram um rande apoio. Phoebe descartou Lad* Mar* comum movimento de cabeça.

1 : muito ins&pida. 3l$m disso, $ loira e de olhos auis, al$m de muitos$ria e estreita.

1 4im, mas esse $ e(atamente o tipo de mulher que nosso irm'onecessita 1 Vivian assinalou 1 Ele $ t'o inconstante que precisa de uma arotacomo essa.

1 Mas )arr* odeia mulheres assim.

/ que )arr* odiava era que falassem dele como se ele n'o estivesse

presente.1 Esta conversa $ absurda 1 disse ele anado 1 @'o voltarei a me

casar. !uantas vees tenho que repetir isso0

1 /h )arr* 1 suspirou sua m'e decepcionada 1 @as coisas importantes$ um caso perdido.

%omo se o dinheiro com que paavam os lu(uosos vestidos que usavam,o camarote na #pera e o sal'o particular para "antar no 4avo* n'o fossemimportantes. Mas sabia que seria intil dier isso a Louisa. %om sua m'e, utiliar

a l#ica era perder tempo, especialmente em assuntos de dinheiro. ma ve,tentou e(plicar a ela como funcionava a 6olsa, e ambos terminaram com dor de

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E Então ele a Beijou

cabeça.

1 >em que se casar e ter 7lhos 1 insistiu ela 1 )o"e em dia $ muito dif&cilencontrar uma casa de campo em bom estado.

@'o entendeu o que tinha a ver uma coisa com outra, mas bem, Louisaera assim. Dier coisas incoerentes era t&pico dela. Phoebe viu como ele 7couconfuso e teve a entilea de decifrar a mensaem.

1 4e voc2 morrer e Cerald for o Visconde, n'o nos dei(ara viver emMarlowe Par< 1 e(plicou 1 E como lhe pertenceria, ter&amos que ir viver emoutro luar.

1 3h8

)arr* optou por n'o lhes dier que o milh'o de libras, mais os interesses

que possu&a em Llo*dGs, arantiria que pudessem viver onde quisessem. Em vedisso, 7niu reetir sobre o assunto.

1 4uponho que, depois de minha morte, possam ir morar na 3m$rica. 3lihá muitas casas de campo. De fato, há um povoado chamado @ewport que $charmoso.

Louise nunca percebia quando ele brincava.

1 6em, se $ assim como est'o as coisas 1 disse com vo tr2mula 1 oque faremos se voc2 morrer sem um herdeiro0

3 )arr* parecia muito mais rave o fato de morrer e n'o que o 7essesem ter 7lhos, mas pelo visto era o nico que via assim. Diana tossiu inc9moda.

1 %omo eu disse antes, as arotas Dillmouth via"am com suas primas,@an e Belicit* 3bernath*. E pensei...

1 %hea8 1 3 paci2ncia de )arr* esotou-se. 4oltou bruscamente ostalheres sobre o prato 1 !uerem parar "á0 @'o há nenhuma mulher sobre aface da terra que possa me faer casar. @unca voltarei a faer isso. @unca mais8Está claro0

Diante de sua e(plos'o de fria, as cinco mulheres que amava mais quetudo no mundo, olharam para ele com olhos arrealados. /diava que 7essemisso. 3fastou o prato e como todas haviam acabado de comer, indicou aoarçom que limpasse a mesa.

1 @'o sei nem por que estamos falando disto 1 disse )arr* em seuida1 )o"e $ o aniversário de Phoebe. 3credito que tenha cheado o momento dospresentes. Ve"amos 1 procurou em seus bolsos e tirou o pacote. 3 seuirentreou para sua irm' caçula com uma rever2ncia 1 3qui está Qcarinha dean"oR. Beli aniversário.

Ela levantou os olhos cheios de lárimas.

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E Então ele a Beijou

1 : uma cai(inha de Limoes, n'o $0 >em que ser. : t'o pequeno, n'opode ser nada mais. >enho ra'o0

1 3bra e ve"a.

3 "ovem desfe o laço e rasou o papel. !uando abriu a cai(inha e viu oque continha, ela riu.

1 : ou n'o uma cai(inha de Limoes0 1 Vivian esticou o pescoço parapoder v2-la.

1 :. /lhe 1 Phoebe a tirou para que todas pudessem v2-la.

)arr* recordou o que havia dito a 4enhorita Dove, e apro(imou-se de suairm'.

1 Estas cai(inhas se abrem, n'o0 1 peruntou, 7nindo inor?ncia.Phoebe mordeu o anol.

14im, claro 1 respondeu, e levantou a tampa para demonstrar 1 /lhe./h, Meu Deus8

%om dedos tr2mulos, ela aarrou o anel e o depositou na palma da m'o.

1 ma sa7ra8 /lhem8 ma sa7ra 1 Dei(ou de lado a cai(inha de Limoese levantou o anel um seundo, para que todas pudessem v2-lo, antes de colocarno dedo anular de sua m'o direita.

Era e(atamente de seu tamanho. 3 4enhorita Dove fe tudo comperfeiç'o.

1 3ora "á tem vinte e um anos 1 disse 1 e "á pode usar sa7ras.%ombinam com seus olhos. Voc2 osta0

1 Costar0 1 Phoebe rodeou o pescoço dele com os braços 1 Eu adorei 1ela e(clamou, dando um bei"o na face 1 : perfeito8 E a cai(inha de Limoestamb$m. 4eus presentes sempre s'o os melhores8

4ua m'e, sua av# e Vivian apro(imaram-se de Phoebe para admirar a "#ia,mas Diana n'o as seuiu. Em ve disso, apro(imou-se de )arr*.

1 3 4enhorita Dove $ impressionante 1 sussurrou 1 sempre dá opresente perfeito.

1 @'o sei do que está falando.

1 @'o 7que preocupado, maninho. 4ou a nica que descobriu seuseredo e n'o vou dier a ninu$m.

1 Voc2 $ um doce, Diana.

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E Então ele a Beijou

1 6em, vamos ver se continua com a mesma opini'o depois de que eucontar o que 7.

4eu irm'o a olhou nos olhos. Ela contou.

1 / qu20/ irritado rito ressonou na sala, e as outras quatro mulheres olharam

assustadas para eles. Diana retrocedeu ao ver a e(press'o do rosto de )arr*.

1 Dei(ei-me levar pela compai('o 1 e(plicou ela, mordendo o lábioinferior e tentando parecer arrependida.

1 !ue compai('o8

1 Deus santo 1 disse sua m'e 1 o que está acontecendo0

Boi Diana que respondeu.

1 %ontei-lhe sobre o convite.

1 6em 1 Louisa franiu o cenho e 7cou olhando para seu 7lho 1 @'o temnada de mais, n'o $0

1 %omo voc2 pensou que eu poderia ostar da id$ia0 1 E(iiu saber elelevantando a vo.

1 6em, aora parece 1 concluiu Diana.

/ semblante de Louisa 7cou iluminado.

1 4im, sua irm' fe o correto.

1 / correto0

1 )arr*, querido, n'o rite. Essas pobres arotas est'o soinhas emLondres, e(ceto pelo velho 4enhor Dillmouth. Verdadeiramente, $ imperdoávelque as tenha traido para a cidade sem uma companhia. @o que estavampensando0

1@'o 1 )arr* sacudiu a cabeça 1 Me neo.

Mas falar com sua m'e era como falar com uma parede.

1 4ua nica defesa $ que perder sua amada esposa deve t2-lo dei(adode7nitivamente louco 1 prosseuiu Louisa como se nada fosse 1 Por Deussanto8 Essas pobres arotas n'o podem ir a luar nenhum. Est'o entediadas8 Eo desa7ou com o olhar 1 Eu acredito que Diana fe o que deveria ter feito.

)arr* estava de cabelos em p$ s# de pensar em ter mais quatro mulheres

vivendo em sua casa durante seis semanas, mulheres que suas irm'sconsideravam como candidatas a se tornarem sua seunda esposa. Ent'o se

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E Então ele a Beijou

lembrou de Lad* Melanie chorando por ele, e sentiu-se pior.

1 3arrem uma pistola e me matem 1 balbuciou 1 Mas dei(em de metorturar.

1 Do que est'o falando0 1 peruntou 3nt9nia 1 Diana, e(plique.1 Mam'e e eu encontramos Dillmouth com suas 7lhas e as duas arotas

3bernath* na #pera, durante o intervalo. Boram sem acompanhante, e(cetopelo anci'o, claro. E quando me dei conta da situaç'o, eu as convidei parapassar as seis semanas que v'o permanecer em Londres para 7car em casaconosco. @'o imainei que )arr* fosse se importar.

1 Pois me importa8 1 Critou ele.

1 5á 7, est'o convidadas 1 respondeu sua irm', serena 1 e elas

aceitaram. 3ora n'o posso voltar atrás.1 %laro que n'o8 1 3nt9nia estremeceu s# de pensar 1 sso seria muita

falta de educaç'o.

)arr* emeu e percebeu que estava encurralado. 3pesar de Dillmouthestar arruinado, continuava sendo Marqu2s, t&tulo muito superior ao de )arr*, etinha muito poder na %?mara dos Lordes. Por outro lado, ele n'o era daquelesque esqueciam uma desfeita. 3 vida social de suas irm's, que "á havia sidomuito afetada pelo seu div#rcio, n'o sobreviveria ; inimiade de alu$m comoele.

@'o sabia se estranulava Diana ou batia a cabeça na parede.

1 5á está tudo decidido. %hear'o dentro de uma semana, bem quandovoc2 retornar de 6er<shire 1 Diana sorriu 1 )arr*, conhece Lad* Belicit*0 :uma dama encantadora.

Ele olhou para a irm' e, pelo leve sorriso que se desenhava nos lábiosdela, soube que Lad* Belicit* era quem tinha em mente todo o tempo.

1 : encantadora, n'o0 1 nterveio Vivian 1 4e n'o me falha a mem#ria,

$ morena. E tem os olhos escuros. E um tom de pele que ressalta as "#ias.1 Entretanto tem um caráter p$ssimo 1 disse Phoebe, mas inclusive de

per7l, )arr* pode ver que faia um esforço para n'o sorrir 1 Diem que vem daparte latina da fam&lia.

4uas irm's eram o diabo em pessoa. %onheciam todas suas debilidades.)arr* começou a considerar viver em uma casa na 3m$rica.

Durante a semana seuinte, Emma n'o pensou muito em seu iminenteaniversário, mas "ustamente na noite anterior, sonhou com seda. %om um belo

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E Então ele a Beijou

tafetá de suave seda surindo em um lu(uoso vestido, que ondeava em cadaum de seus movimentos. E com aquelas manas bufantes que tanto sucessofaiam ultimamente. Era de seda verde, com um estampado de lárimas auis eturquesa que brilhavam com a lu dos candelabros.

%andelabros0 4im, estava em um baile e os msicos tocavam uma valsa.Ela dançava com um homem. !ue estranho que n'o pudesse ver seu rosto,estava impreciso, mas ele a faia rir, e era isso que Emma ostava. De repente,viu que na m'o seurava um leque, um leque lindo, feito de plumas de pav'o.3briu-o e por trás dele olhou para o homem de um modo muito sedutor,deleitando-se ao sentir as plumas acariciando o nari.

Ent'o despertou, e viu que era o focinho do 4enhor Pardal que estava apoucos cent&metros de seu rosto, e que eram os biodes do ato que roçavamseu nari. / animal miou para dar bom dia. Diante de uma mudança t'oabrupta de cenário, Emma voltou a fechar os olhos, mas ao abri-los seundos

mais tarde viu sem dvida nenhuma o listrado felino aconcheado em seutravesseiro. Estava sonhando. E aora parecia um sonho absurdo. / tafetá deseda era muito caro8 E como diabos foi capa de dançar uma valsa e abanar-seao mesmo tempo0 Mas apesar de tudo, sentiu uma pontada de pesar aoperceber que nem o lindo vestido nem o homem e(istiam de verdade.

/utro ponto era o leque. %om suas laras plumas, as varinhas de mar7me sua borla de seda aul. Maravilhoso8 Viu um parecido em uma lo"a na Aeent4treet. 3 mesma lo"a em que havia comprado a cai(inha de Limoes para Lad*Phoebe. m desses luares onde se podem encontrar pedras falsas de lapis-láuliS, ao lado de valiosas ciarreiras estilo %arlos , e leques como os do sonho.Aecordou para si mesma, que era um ob"eto que custava dois uin$us. mpreço muito alto para um capricho.

Emma caiu de costas olhando para o teto e com o olhar percorreu asquatro paredes de cor amarelo pálido que constitu&am seu pequenoapartamento da Aussell 4treet. Pensou nas hist#rias das mil e uma noites, e emlocais como %eil'o e %a(emiraT, luares em que o ar e(alava frar?ncia deespeciarias e as cimitarras n'o dei(avam de brandir, com neociadores cheiosde tapetes persas e coloridas sedas chinesas. Ver aquele leque, embora fosseatrav$s do poeirento cristal da cai(a em que estava uardado, a fe sentir por

um instante t'o e(#tica quanto 4chereade. 4uspirou.4enhor Pardal lambeu a orelha dela, ronronou e Emma decidiu dei(ar de

lado as fantasias e acariciar o ato. Costou de sentir o toque da pele dele contraa face. Loo, tirou a colcha e levantou-se. 3o ver que sua ama sa&a da cama, ofelino miou.

1 4ei, sei 1 disse ela 1 mas tenho que ir trabalhar 1 /lhou-o por cimado ombro e descalça, atravessou o quarto 1 3 diferença de outros, eu n'oposso 7car todo o dia em casa dormindo.

2 Lápis-lazúli , conhecido tambm como lápis, !ma "ocha metam#"$ica de co" az!l !tilizada como %ema o! como "ocha o"namental desde antes de

7000 a&'&3  'eil(o - at!al )"i Lan*a&

  'a+emi"a - "e%i(o ent"e a nda e o .a/!ist(o&

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E Então ele a Beijou

/ ato n'o se deu por achado e com um boce"o voltou a se acomodar notravesseiro. %omo de costume, Emma permitiu enquanto ela prosseuia comsua rotina matutina. Dei(aria a cama para o 7nal.

P9s áua na bacia de mármore branco que havia na penteadeira e

procurou seu sab'o de p2ra. Depois de se lavar, vestiu-se com uma blusabranca enomada e uma saia aul escuro al$m de suas habituais botas neras,de laços. 3briu as cortinas, sentou-se ; penteadeira e depois de desfaer alona trança que usava para dormir, escovou o cabelo.

@o espelho, observou o ree(o da escova desliando ao lono de seucabelo, que cheava ; cintura. Ver o utens&lio de madrep$rola trou(e tristeslembranças de sua tia. %em escovadas para faer com que o cabelo brilhasse,repetia a tia L*dia diariamente, desde que Emma completou quine anos. %asoseu pai estivesse vivo e tivesse ouvido o conselho de sua cunhada, teriachamado de frivolidade e teria dito que passar esse tempo em frente ao espelho

era um ato de vaidade.

Emma ostava de cuidar do cabelo. @ormalmente, parecia que era de umcastanho, semelhante ; cor do p'o de centeio. Mas com a cabeleira solta, umpouco ondulada pela trança e com a lu que entrava pela "anela, pareciaavermelhado, como o cobre e muito menos ins&pido.

/ vestido de seda verde, pensou, teria 7cado lindo. 6em, o que ia faer0Prendeu o cabelo em um coque no alto da cabeça e o prendeu com dois pentesat$ asseurar-se de que a=entariam todo o dia. 4atisfeita, levantou e, aolembrar-se de alo, deteve-se em seco.

Era seu aniversário. Voltou a sentar de repente, com o olhar 7(o em seuree(o. Estava com trinta anos. Disse para si mesma que n'o aparentava estaidade, porque as sardas que apareciam no nari e nas maç's do rosto e que n'oconseuia eliminar, por mais lim+es que esfreasse, faiam-na parecer mais "ovem. /lhos nada e(cepcionais em um rosto ovalado devolveram o olhar, olhosrodeados por c&lios espessos e por ruas que n'o estavam ali no ano anterior.

Levantou a m'o e, com o n# dos dedos, alisou as tr2s linhas de sua fronte.3quele horroroso sentimento de insatisfaç'o voltou a invadi-la e ent'o apertouas m'os. 4e continuasse a se lamentar, chearia tarde. Bicou de p$ e saiu doquarto. Passava das oito, de modo que n'o poderia tomar o caf$ da manh' comos outros inquilinos na sala do andar de bai(o. Bechou as cortinas de suapequena sala de estar, esquentou um pouco de áua no pequeno fo'o quepossu&a ali e, enquanto esperava que fervesse, mordiscou uma bolacha. 5oou ochá na áua, e ao fa2-lo, captou o aroma do "asmim e a casca de laran"a.

%eil'o, %a(emira. 4eda verde. 4chereade. !ue tolice, briou consiomesma. Paar dois uin$us por um leque, embora fosse seu aniversário. Castarmais que o salário de meia semana em alo que "amais poderia utiliar0

 Aid&culo.

Mas n'o pode dei(ar de pensar nas plumas de pav'o durante todo o

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E Então ele a Beijou

caminho para o trabalho.

Cap+tulo -9ma verdadeira dama sempre é comedida. : ale1re, compreensiva e

serena. 0ão mani*esta suas emoç;es, nunca perde a calma nem monta umacena.

$onselho da Senhorita !#/)A <T=)08T0

 A sua sobrinha, %&&>

/s "ornais n'o eram a nica fonte de renda de )arr*, mas sim serviampara muitas outras coisas, como, por e(emplo, ocultar-se atrás deles. %oisa queessa manh' era mais do que til. 4abia que era indelicado colocar o "ornalcomo um muro entre ele e suas convidadas, mas n'o se importava.

 >odo homem tinha seu limite, e quatro mulheres a mais, sentadas a suamesa de caf$ da manh', mulheres que suas irm's estudavam como futurascunhadas era muito mais do que podia suportar.

@essa manh', "ustamente depois de chear de 6er<shire, )arr* haviaescolhido o 4ocial Caette de 6arriner para se ocultar. Por sorte, o caf$ damanh' em sua casa era informal, e consistia em uma s$rie de pratos quentes,que os criados dei(avam preparados em um aparador, para que todosservissem do que lhes apetecesse e quando quisessem. )á anos era assim, esua m'e "á havia renunciado que naquela casa se cumprissem os horáriosnormais. @este momento, essa maneira de funcionar permitia que )arr*trabalhasse e de passaem inorasse suas convidadas. @'o admirava que oCaette e seu proprietário estivessem passando por di7culdades econ9micas,pensou enquanto comia um pouco de presunto. Era t'o aborrecido e enfadonho

como ler >he >ime.ma vo feminina se destacou por cima das demais.

1 E o que opina voc2, Lorde Marlowe0

Be-se sil2ncio na sala, e )arr* abai(ou o peri#dico o su7ciente para veros olhos neros de Lad* Belicit*. @'o havia dvida de que era muito bela, masclaro, Diana conhecia de sobra seus ostos. 4e Belicit* n'o fosse uma dama,talve conseuisse despertar um pouco de interesse, entretanto, as "ovenscomo ela eram criaturas muito periosasF !ueriam se casar.

4orriu com educaç'o.

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E Então ele a Beijou

1 Desculpe-me, mas n'o estava escutando 1 4acudiu o peri#dico 1Estou ocupado com coisa mais importante.

1 m pouco mais importante0 1 Peruntou Lad* Belicit* assinalando o "ornal 1 Ler o peri#dico $ t'o importante0

1 Para )arr* sim 1 respondeu Vivian 1 4empre l2 tudo o que publica aconcorr2ncia.

1 4im, mas n'o está acostumado a faer isso na hora do caf$ da manh'1 assinalou a av#, dei(ando claro o que pensava, embora o neto decidisseinorá-la.

)arr* voltou a olhar para Belicit* por cima do Caette.

1 Verá, Lad* Belicit* 1 e(plicou 1 ler os "ornais da concorr2ncia $ crucial

para minha empresa. Permite-me levar vantaem e esse tipo de coisas. 4ou umhomem de ne#cios e eu osto muito de ser um homem de ne#cios.

1 Costa0 1 3 "ovem riu 1 Está brincando, Lorde Marlowe.

1 5ustamente o contrário. Eu osto muito mais do que me ocupar doim#vel. Esperar que paassem as rendas $ muito aborrecido. E pouco rentável.Pre7ro faer ne#cios.

3 arota sabia que tinha metido os p$s pelas m'os, e tentou solucionar oobstáculo.

1 Prefere faer ne#cios a ocupar-se de seu im#vel0 sso $ muito... 1 feuma pausa dramática 1 muito moderno.

)arr* viu que Diana frania o cenho e contente, voltou a levantar o "ornal.%omo poderiam pensar que Lad* Belicit* seria adequada para ele0 >eria umtempo maravilhoso esfreando seu rosto.

1 4im, bom, eu sou assim, um tipo muito moderno 1 murmuroudespreocupado.

norando o suspiro de e(asperaç'o de sua av#, olhou o rel#io e 7niu sesurpreender.

1 5á s'o nove e meia0 1 Dobrou o "ornal antes de se levantar e tratou deparecer compunido 1 Desculpem-me, 4enhoritas, mas devo anhar a vida.

1 @'o cheue tarde esta noite, querido 1 pediu sua m'e enquanto elerecolhia os inmeros "ornais que o mordomo havia dei(ado ao lado de seu prato1 Escutaremos um pouco de msica depois de "antar. @an vai cantar umaspeças somente para n#s.

Dedicou-lhe um sorriso a musical Lad* @an.

1 Estupendo mam'e. Barei o que puder, mas temo que n'o possa

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E Então ele a Beijou

prometer que nada me retenha.

Be uma inclinaç'o e encaminhou-se para a porta antes que Louisapudesse dier outra coisa. 4uspirando aliviado, abandonou a sala de refeiç+es ecaminhou para o vest&bulo.

1 Minha carruaem, 5ac<son 1 ordenou 1 e avise-me quando estiverpreparada. Estarei em meu escrit#rio.

1 Muito bem, Milorde.

/ mordomo fe um esto a um lacaio enquanto )arr* caminhava para seurefio. ma ve ali, lançou o e(emplar do 4ocial Caette no cesto de pap$is. >inha lido tantos artios presunçosos quanto seu est9mao podia resistir emuma manh'. 3 primeira coisa que faria quando o "ornal fosse seu, seria aliviarum pouco o tom. E estava decidido a comprá-lo. Estava convencido de que se o

moderniasse um pouco, podia ser rentável. 4ua localiaç'o, um edif&cio deti"olo bem em frente aos escrit#rios de )arr*, era perfeito para a e(pans'o done#cio. %laro que derrotar 6arriner era uma satisfaç'o. %edo ou tarde, o%onde teria que vender.

Era s# quest'o de tempo. 3briu sua maleta com a intenç'o de uardar oresto dos e(emplares da concorr2ncia, para l2-los a caminho do trabalho, masse deteve ao ver o manuscrito embalado com corda. / novo livro da 4enhoritaDove. Prometeu a ela que o leria enquanto estivesse em 6er<shire, mas aochear ali se esqueceu dele por completo, pescar era muito mais divertido queler o que quer fosse que aquela arota tenha escrito.

/ cocheiro demoraria ainda uns de minutos para chear com acarruaem, e pela e(peri2ncia que tinha de seus manuscritos anteriores, aindasobrariam nove minutos e meio para faer honra a sua promessa e veri7car oque "á sabia. >irou o oriinal da maleta, sentou-se em frente ; mesa e desatou acorda. Desliou os dedos por entre as páinas para abrir uma ao aar.

+ piso de bai?o, sem um s@ raio de sol que o ilumine, pode setrans*ormar em um lar acolhedor com pouco dinheiro se sua proprietária utiliar 

o bom senso e o entusiasmo pr@prios de uma 1arota ovem e profssional. ",claro, se souber onde comprar.

)arr* fechou o manuscrito. 3borrecido at$ dier chea, tal comosuspeitava. 3 pobre 4enhorita Dove parecia incapa de compreender queninu$m queria ler semelhantes tolices. Voltou a atar a corda e devolveu ooriinal ; maleta. 3 seuir tirou sua aenda, cheia de notas feitas por suae7ciente secretária, e que foi enviada para sua casa no dia anterior para que,por ocasi'o de sua volta, soubesse tudo o que teria que faer.

Be uma careta de contrariedade ao ver a primeira entrevista. >inha uma

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E Então ele a Beijou

reuni'o com seus editores. Essa entrevista mensal era sempre tediosa e )arr*pensou em desmarcá-la, a7nal ele era o chefe. Mas se n'o comparecesse, n'opoderia mant2-los na linha, ou se"a, o que lhes ocorreria publicar. !uando 5ac<son anunciou que a carruaem "á estava preparada, )arr* peou o chap$ue resinou-se ao inevitável. Craças a sua pronta fua do caf$ da manh', cheou

aos escrit#rios da 6ouverie 4treet antes do previsto.

3 4enhorita Dove 7cou de p$ ao v2-lo entrar.

1 6om dia, Milorde 1 ela o saudou 1 %heou cedo.

1 4urpreendente, eu sei 1 disse 1 Problemas dom$sticos, 4enhoritaDove.

1 Lamento ouvir isso. 4e sua overnanta ou mordomo precisam encontraralu$m, há um par de boas a2ncias. Eu posso indicar.

1 @'o $ esse tipo de problemas. Este, eu temo que n'o possa serresolvido por nenhuma a2ncia, a n'o ser que conheça uma, que possaencontrar maridos para minhas irm's e assim poder tirá-las de minha casa 1Be uma pausa, como se estivesse pensando no assunto 1 E tamb$m um paraminha m'e, pensado bem. 4im, ela tamb$m poderia tornar a se casar. 4edependesse de mim, a casaria com um nobre escoc2s que tivesse um %astelolone daqui, em um local desses que necessitam no m&nimo dois dias de trempara chear.

1 m, se pear o e(presso.

3 4enhorita Dove sempre acreditava em tudo o que ele diia, e loorespondia em conson?ncia, de modo que )arr* havia cheado ; conclus'o deque ela carecia de senso de humor.

1 3credito que e(istem uma ou duas a2ncias dedicadas a formar casais1 prosseuiu ela um pouco inseura 1 mas n'o acredito que suas irm'snecessitem de seus serviços. 3 mais velha delas n'o está noiva de LordeAathbourne0

1 Estou brincando, 4enhorita Dove 1 disse ele com um sorriso,

inclinando-se para ela por cima da mesa.

1 /h8 14ua e(press'o n'o mudou 1 Entendo 1 acrescentou, em umtom que dei(ava claro que n'o era assim.

)arr* se deu por vencido. Era intil brincar com sua secretária, ela nuncao pilhava. Mas n'o importava, ele s# falou aquilo para tentar suaviar a mánot&cia que ia dar. Aespirou fundo e dei(ou a maleta em cima da mesa da moça.3frou(ou a 7vela e a abriu.

1 Dei uma olhada em seu novo te(to 1 disse tirando o manuscrito 1 mas

acredito que ele tenha o mesmo problema que os anteriores. Para que um livrode etiqueta se"a rentável, tem que dier aluma coisa nova e diferente, tem que

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E Então ele a Beijou

se destacar.

1 4im, Milorde 1 3pertou os lábios com força e inclinou a cabeça paraque ele n'o pudesse ver seu rosto 1 Entendo, no entanto senti certaesperança.

1 Eu sei 1 Ele a interrompeu, dese"ando dar por encerrada a conversa omais breve poss&vel. /fereceu o monte de pap$is preso pela corda 1 4intomuito.

Ela 7cou olhando sua obra durante um seundo, loo a peou e a uardouna aveta de sua mesa.

1 !uer tomar aora seu caf$, Milorde0

1 4im, obriado.

/ serviu tal como ostava, forte, quente, sem leite e sem açcar. Depoisdisso, )arr* ditou um par de cartas at$ que os editores chearam para areuni'o.

 >r2s horas depois, acompanhou os homens ; porta tratando de ser cordial,e sem entender por que n'o eram capaes de compreender os aspectos7nanceiros do ne#cio. Eles preferiam o brilhantismo literário ao sucesso devendas, o que dei(ava )arr* at9nito. 4e um livro n'o fosse atraente ao pblico,n'o importava que preciosas fossem suas metáforas, ou a sutilea de suasalus+es literárias, ou o profundo que fosse o assunto de que tratava, n'o ia

publicá-lo.Aetornou ao seu escrit#rio e viu que sua secretária estava pondo o

chap$u.

1 Está saindo, 4enhorita Dove0

1 4im, Milorde.

nclinou a cabeça para olhá-la nos olhos.

1 @'o está anada pelo manuscrito, espero0 1 Peruntou ele.

1 : claro que n'o 1 respondeu a "ovem, esforçando para se mostraramável 1 Entendo os motivos pelos quais o recusou, mas isso n'o me deterá.

)arr* n'o conseuiu dier que n'o continuasse tentando.

1 Esse $ o esp&rito. / trabalho duro sempre $ recompensado, ou assimdiem.

1 %onsidero apenas como um obstáculo a mais no caminho para osucesso 1 disse ela enquanto punha as luvas 1 %omo di a 4enhora 6artleb*,depois de muitos +nãos  sempre há um +sim. 

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E Então ele a Beijou

1 !uem0

Ela parou e olhou para ele surpresa.

1 3 4enhora 6artleb* 1 repetiu, e pelo tom, 7cou claro que ele devia

saber de quem se tratava.)arr* franiu o cenho, tentando lembrar se ouvira esse nome aluma ve,

7nalmente, sacudiu a cabeça.

1 4into muito, 4enhorita Dove, mas n'o sei de quem se trata.

1 Mas...

%alou-se e 7cou olhando para ele, com seus olhos amendoados 7(os emseu rosto e os lábios entreabertos. 3 surpresa passando a incredulidade. / que

se via no rosto da arota era t'o distinto da costumeira ine(pressividade queestava acostumado, que 7cou assustado.

1 Encontra-se bem, 4enhorita Dove0

1 @'o sabe quem $ a 4enhora 6artleb*... 1 disse de um modo muitoestranho, como tratando de aceitar alo imposs&vel.

)arr* começou a se sentir incomodado.

1 Deveria saber0 1 4orriu 1 Aefresque minha mem#ria, n'o recordo terouvido o nome dessa pessoa. 3lum de meus competidores publicou um livrodela0

1 @'o.

 3 4enhorita Dove enoliu em seco e olhou para ele 7(amente, quietacomo uma estátua.

/ desconforto de )arr* se transformou em preocupaç'o. 4ua secretária iachorar0 @'o podia imainar a 4enhorita Dove faendo tal coisa, mas semprehavia uma primeira ve para tudo.

1 Está branca como o papel. Está doente0

1 @'o.

4acudiu a cabeça, e saiu daquele estado de transe. Pareceu recuperar acompostura e ele peruntou para si mesmo se talve tivesse imainado tudo.

1 /briado por me dar sua opini'o sobre meu manuscrito 1 disse 1 Ecomo ho"e $ sábado e como "á $ mais de meio dia, irei se n'o precisar de maisnada.

@'o esperou que respondesse e diriiu-se para a porta.

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E Então ele a Beijou

1 4enhorita Dove0 1 %hamou )arr*.

Ela estacou. nclinou a cabeça, mas n'o o olhou.

1 4im, Milorde0

1 !uem $ a 4enhora 6artleb*0

3 "ovem demorou vários seundos para responder.

1 @inu$m importante 1 respondeu por 7m, e saiu, fechando a portaatrás dela.

Ele franiu o cenho, ainda incomodado, seuiu com o olhar 7(o na sa&da.Estava claro que ela estava decepcionada, mas )arr* n'o podia nem imainar oque tinha a ver com tudo aquilo a tal 6artleb*.

4acudiu a cabeça e esqueceu o assunto.

%ada ve que re"eitava um de seus manuscritos feria os sentimentos da4enhorita Dove, mas ela superaria. 4empre superava.

Ele nunca leu nenhum de seus livros, repetia Emma uma e outra ve,enquanto caminhava pela %hancer* Lane, incapa de acreditar. @'o lera nem

sequer um de seus manuscritos. Pensou que talve estivesse enanada, mas nopreciso instante em que ocorreu essa id$ia soube que n'o era assim. 4eMarlowe tivesse lido alum dos te(tos, saberia que a 4enhora 6artleb* era opseud9nimo que utiliava para assinar todos seus te(tos.

/eus santo / nome da mulher aparecia na capa. %omo podia n'o t2-lovisto0 E com o passar do te(to era mencionado em muitas ocasi+es. @'o, n'oestava cometendo nenhum erro. >odo esse tempo, todo o trabalho duro, todasua lealdade e ele nem sequer se incomodou em ler o t&tulo0

3 surpresa deu luar ; raiva, e esta começou a arder em seu est9mao. 5amais havia 7cado t'o furiosa com alu$m. Em todo aquele tempo, todosaqueles anos, ele s# 7niu se interessar por sua obra. Era tudo mentira. !ueriabater nele. Deveria t2-lo feito, mas quando percebeu o que acontecia 7couaniquilada. 3li, de p$, em frente a sua mesa, olhando-o, compreendendo pelaprimeira ve o que estava acontecendo, foi incapa de se mover. 3ora, "á forado edif&cio, a n$voa do atordoamento havia se dissipado, mas "á era muitotarde. @'o, n'o era. Deteve-se na esquina da )ih )olborn, deu meia volta, eretornou ; 6ouverie 4treet.

Ela o enfrentaria com suas mentiras, e diria o que pensava de sua

hipocrisia. @o momento em que imainou a cena, Emma percebeu que era umaestupide. Ele a despediria. !ualquer um faria isso diante de tal rabuice. @'o

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E Então ele a Beijou

valia a pena. Deteve-se, e desta ve um "ovem que caminhava protestouindinado ao se chocar com ela. Desalentada, 7cou ali na calçada, enquanto o "ovem se esquivava, pensando que n'o podia enfrentar Marlowe. @'o importavao qu'o satisfat#rio isso pudesse ser, ela n'o podia permitir o lu(o de perder seuempreo.

Uanada consio mesma, Emma deu um murro no ar para desafoar suafrustraç'o. Estava muito anada, e precisava e(pressar seus sentimentos.!ueria ritar, chorar, atirar coisas contra a parede, mas n'o podia faer nadadisso. Estava na rua, rodeada de ente e uma dama "amais manifestava suasemoç+es frente a outros. Aetornaria a seu apartamento. Deu meia volta eacelerou os passos. Em seu quarto poderia atirar coisas, chorar e ritar at$ queo coraç'o dissesse basta. %laro que caso quebrasse alo que ostasse depoislamentaria. E al$m do que, sua caseira poderia pensar que ela fosse umalunática. >alve inclusive chamasse ; pol&cia. !ue horror.

Vendo que n'o havia nenhuma maneira de desafoar-se, respirou fundo econtinuou caminhando. Percorreu a )ih )olborn, com seus saltos ressonandosobre o piso ao ritmo furioso de seus passos. Decidiu que o melhor a faer erase demitir. @a seunda-feira pela manh', na primeira hora renunciariaformalmente, dando-lhe os quine dias de prao, e conteria a ira o su7cientepara pedir uma carta de recomendaç'o. 4im, isso seria o mais sensato.

0ão, não é, disse uma vo em sua cabeça.

Demitir-se n'o era o mais sensato. Canhava mais de sete libras ao m2s.

/nde diabos ia conseuir essa quantidade de dinheiro0 )omens comoMarlowe, que acreditavam que uma mulher devia ter o mesmo salário que umhomem, s'o t'o dif&ceis de encontrar como os unic#rnios. Ela possu&a umpequeno e confortável apartamento em um bairro respeitável, a estabilidade deum posto de trabalho 7(o, e uma caderneta de economias no banco que paavaum interesse anual do tr2s por cento, sua proteç'o contra a pobrea quandofosse muito velha para trabalhar.

Emma voltou a se deter e se apoiou no corrim'o de metal que rodeava oAo*al Music )all. 4uspirou. )avia ocasi+es, como aquela, nas quais ser sensataera uma maldiç'o. Bicou ali durante aluns minutos sem saber o que faer,vacilando de um modo que dei(aria furioso seu decidido pai. @'o deveria aircom discriç'o o tempo todo. 3lumas vees teria que dei(ar levar-se peloimpulso e air sem pensar, mas Emma n'o podia recordar de nenhuma ocasi'oem que tivesse feito isso. !uanto dese"aria ser capa disso.

4eparou-se do corrim'o e se apro(imou da esquina, disposta a pear oprimeiro 9nibus que passasse. Pela primeira ve em sua vida o bom senso n'oanharia. a a Ma*fair e se daria de presente o leque de plumas de pav'o semimportar o preço. >inha direito a se sentir bela e e(#tica no dia de seuaniversário.

3o entrar na lo"a de antiuidades e curiosidades Dobbs, levou um susto

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E Então ele a Beijou

com a campainha, mas o 4enhor Dobbs nem a notou. Estava ocupad&ssimoatendendo um rupo de "ovens damas que estavam diante do mostradorprincipal. Emma 7cou paralisada. ma das moças, pequena, loira e com umvestido de seda rosa, estava seurando o leque.

4eu leque.

Ela mostrou o leque para suas amias.

1 3cham que 7cará bem para o baile de allinford0 1 Peruntou,faendo uma rever2ncia.

Emma estava a ponto de ritar. Deu um passo para frente, e parou emseuida. 3 n'o ser que arrancasse o leque da m'o da "ovem, n'o podia faernada, al$m de esperar.

%omo um rupo de preciosas mariposas, as arotas desliaram pela lo"a,com seus bonitos vestidos, tocando um e outro o leque, enquanto elapermanecia de p$ "unto ; porta, com os dedos cruados ;s costas e reandopara que o dei(assem. Ela as ouviu falar do baile em que participariam seuspretendentes, dos cheios que estariam seus cadernos de dança.

1 6em, devo levar ou n'o0 1Peruntou a loira levantando a vo para quesuas amias pudessem ouvi-la por cima de seu bate-papo.

 >odas concordaram em que as plumas de peru real combinavam ;perfeiç'o com o vestido de seda turquesa que ia estrear no baile.

%om uma horr&vel sensaç'o no est9mao, Emma viu a arota comprar oleque. 4abia que sua reaç'o era e(aerada, e tratou de se tranq=iliar. Era s#um leque, disse para si mesma, e tinha mais sentido se aquela "ovem dama7casse com ele do que ela. 4e o tivesse comprado, n'o saberia o que faer comele.

Pendurá-lo na parede, provavelmente, onde somente acumularia p#.

"sta 1arota está vivendo sua temporada, disse Emma a si mesmo.

m momento de sua vida em que um leque de plumas $ alo vital, uma$poca cheia de festas, danças e romances, de esperanças, sonhos e de planospara o futuro. m futuro cheio de alerias e possibilidades. 4ua temporada aocontrário, "á havia passado há muito tempo, se $ que aluma ve cheou ae(istir.

3 mente de Emma retrocedeu doe anos. Lembrou-se de quando tinhadeoito, deenove, vinte, de como estava apai(onada pelo 4enhor Par<er ecomo 7cou ansiosa ao descobrir que ele sentia a mesma coisa. Lembrou-se doquanto havia dese"ado que ele se declarasse, e de que ele nunca o fe. Erecordou-se de que o viu se casar com outra.

 >ia L*dia havia 7cado doente nesta $poca. Emma recordou os cinco anos

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E Então ele a Beijou

que passou cuidando, reando para que ela melhorasse, para no 7nal v2-lamorrer e enterrá-la.

E aora estava com Lorde Marlowe, que nunca teve a menor intenç'o depublicar nenhum de seus livros, que nem sequer os havia lido.

%inco anos cheios de esperança e duro esforço, teclando como uma loucaa cada noite, e tudo para nada.

3quela era a t9nica de sua vida. Passou a "uventude esperando edese"ando coisas que nunca aconteceriam. 3ora estava com trinta anos.

/ rupo de "ovens damas encaminhou-se para a porta.

Emma 7cou de um lado, olhou como aquele absurdo e e(travaante lequesa&a com sua nova proprietária, e alo se quebrou dentro dela.

6uito tarde,  pensou. Tinha perdido muitos anos pondo de lado o quequeria e a1ora á era muito tarde.

%om esse pensamento, todas as emoç+es que esteve tentando controlardesde que saiu da editora a sacudiram como um vendaval.

Levou uma m'o enluvada ; boca para tentar manter a compostura, masfoi em v'o. %omo uma represa ao romper-se, toda a raiva e a tristea aalaaram.

E ent'o, Emma começou a chorar.

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E Então ele a Beijou

Cap+tulo .

s homens sempre se per1untam por que as mulheres não se comportamde um modo racional. que na realidade não entendem é que sim o *aemos.

Senhora BAT!"B#

"nsaio sobre o casamento, %&'C

@o que se referia a sua fam&lia, )arr* considerava-se bastante tolerante,

mas por Deus 4anto, tudo tinha um limite. 4uas irm's se esmeraram nosltimos quatro dias, aproveitando qualquer ocasi'o, por menor que fosse parafaer campanha sobre os encantos de suas convidadas. E "á n'o a=entavamais. @'o podia suportar nenhum olhar mais de adoraç'o de Melanie, nem omed&ocre talento musical de @an, nem a atitude Qcaça-maridosR de Belicit*, e aestpida conversa de Blorence, n'o s# ameaçava faendo perder o senso dehumor, mas tamb$m a prud2ncia.

@a seunda-feira pela manh', quando informaram que as convidadas iam; festa de inauuraç'o do iate de Aathbourne, ele compreendeu que estariapreso a elas em um luar fechado, sem possibilidades de fua, e soube quehavia cheado o momento de faer alo. Mas n'o sabia o qu2. @'o podiamandá-las de volta a Dillmouth. sso faria sua m'e chorar, uma perspectivaespantosa. !uanto a suas irm's, limitariam a procurar novas candidatas, quetalve fossem at$ piores. 3 vida social de sua fam&lia voltaria a cair emdesraça, "á que Dillmouth n'o perdoaria quem despreasse suas 7lhas esobrinhas. Em resumo, tudo parecia uma confus'o, e )arr* sempre tentavaevitar confus'o por todos os meios. nfelimente, as confus+es nem sempreevitavam )arr*. Be uma parada no escrit#rio para assinar os contratos )allida*,antes de seuir seu caminho para a festa de Aathbourne.

Ent'o seus planos se evaporaram e o seu dia converteu em um inferno.)arr* descobriu o que era, de verdade, estar metido em um problema.

 >udo começou com o 4enhor >rema*ne, o encarreado do peri#dico. m homemde rosto corado, capa de solucionar qualquer crise sem se alterar. @esse dian'o foi assim. !uando )arr* cheou, ele estava esperando em frente ;s portasdo edif&cio e pela sua e(press'o "á viu que alo estava p$ssimo.

1 Por Deus 4anto, >rema*ne, o que aconteceu0 Parece que morreualu$m.

1 @'o tenho a planilha de tarefas diárias que a 4enhorita Dove sempreprepara.

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E Então ele a Beijou

1 3inda n'o a mandou0 1 peruntou ele surpreso enquanto atravessavao vest&bulo e as salas onde os datil#rafos teclavam a toda velocidade.

/ outro homem seuia seus passos.

1 3 4enhorita Dove n'o está.1 / qu20 1 )arr* parou na metade da escada e procurou seu rel#io 1 :

imposs&vel. 4'o de e meia. 3 4enhorita Dove tem que estar em alum luar.Procurem-na.

1 / 4enhor Marsden, da recepç'o 1 e ele apontou para o e(tremooposto do vest&bulo 1 ele disse que a 4enhorita Dove ainda n'o apareceu ho"e.

1 / mais provável $ que n'o a tenha visto entrar 1 Despreocupado,uardou de novo o rel#io no bolso e continuou subindo.

1 4im, Milorde 1 respondeu >rema*ne, seuindo-o at$ o terceiro piso 1Eu tamb$m acreditei nisso. Mandei meu secretário investiar, mas quando%arter subiu, viu que nem o chap$u nem o casaco da 4enhorita Dove estavamno preo que há fora de seu escrit#rio. Procuramos pelo edif&cio, mas n'o estáem nenhum luar. >alve este"a doente.

1 3 4enhorita Dove nunca 7ca doente. sso $ um fato emp&rico, >rema*ne,t'o certo como as leis da ravidade e que o 4ol sai e p+e-se cada dia.

/s dois homens entraram no escrit#rio de )arr* e pararam "unto a mesa

da 4enhorita Dove. / Visconde viu que n'o havia nada em cima, e(ceto umtinteiro, bem no centro da superf&cie. 3 máquina de escrever ainda estava coma capa e o preo estava vaio.

1 V2 Milorde0 1 / 4enhor >rema*ne abriu os braços 1 : como se nuncativesse estado aqui.

1 De acordo, dia a Marsden que a chame e descubra por que n'o veio.

1 @'o acredito que a 4enhorita Dove tenha telefone 1 respondeu ohomem indeciso 1 E, embora tivesse, duvido que Marsden saiba o nmero 1

Be uma pausa e piarreou 1 Milorde, o que faço0 Preciso dessa planilha 13ntes que )arr* pudesse dar uma resposta, a porta se abriu e o 4enhor Binch, oencarreado da divis'o de livros, entrou na sala.

1 Milorde, 4enhor >rema*ne 1 4audou a ambos, e loo olhou para oescrit#rio vaio 1 3 4enhorita Dove dei(ou alum recado0

1 Minha secretária n'o cheou ainda, 4enhor Binch 1 informou )arr*.

/ homem 7cou surpreso, reaç'o que )arr* compartilhavacompletamente.

1 Milorde, a 4enhorita Dove $ sempre a primeira a chear.

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E Então ele a Beijou

1 @'o ho"e, ao que parece. Deduo que voc2 tamb$m precisa de alumacoisa.

1 4im. Preciso do catáloo de livros para o pr#(imo ano. 3 4enhorita Doveo atualia cada m2s. : a melhor, asseurando de que todos os autores

cumpram com as datas de entrea, sabe0

1 De verdade necessita...0

3 porta voltou a abrir-se, interrompendo assim a perunta de LordeMarlowe, e entrou o 4enhor Marsden.

1 )á um mensaeiro do Ledbetter H Chent, Milorde. Di que veiorecolher aluns contratos assinados.

1 Maldiç'o8

)arr* voltou a olhar a mesa de sua no momento desaparecida secretária,mas ali n'o havia nenhum papel. >alve a 4enhorita Dove fosse ler os contratosdurante o 7m de semana, para que ele pudesse assiná-los na seunda-feira pelamanh'.

1 3uardem aqui 1 disse aos homens antes de entrar no escrit#rio.

%omo sup9s, em cima de sua mesa havia um impecável monte de pap$is.E sobre eles, um com seu nome escrito de punho e letra da 4enhorita Dove.3liviado por ter encontrado os importantes contratos, )arr* passou os

documentos em busca dos espaços onde deveria assinar. Be, e loo retornouao escrit#rio que precedia o seu. Dei(ou uma c#pia em cima da escrivaninha da4enhorita Dove para que loo ela a repassasse e arquivasse, e entreou a outraa Marsden.

1 D2 isto ao mensaeiro de Ledbetter 1 disse, e voltou a centrar suaatenç'o nos outros dois.

/ 4enhor >rema*ne foi o primeiro a falar.

1 Milorde, antes das tr2s tenho que dei(ar as listas para imprimir as cinco

ediç+es da noite. @'o posso faer isso sem essa planilha.)arr* esfreou o rosto com as m'os, tentando encontrar uma soluç'o.

1 >alve este"a na mesa dela. Procure pelas avetas e ve"a se a encontra.

1 E o que me di de meu catáloo0 1 Peruntou Binch 1 4e alum autorestá atrasando, coisa mais que provável, preciso saber com tempo.

1 4im, entendo, mas realmente precisa saber aora0 @'o pode esperar0

Binch procedeu a e(plicar com todo lu(o de detalhes os motivos pelosquais n'o podia esperar.

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E Então ele a Beijou

@a metade do discurso, a porta voltou a abrir-se, e entrou Lad* Diana.

1 )á uma eternidade que o esperamos, )arr*. Pode-se saber o que estáfaendo0

1 @'o está aqui 1 disse o 4enhor >rema*ne, fechando a ltima aveta damesa 1 procurei em todos os luares.

1 Milorde 1 interrompeu Binch 1 sup+e-se que terei que me reunir commeus editores dentro de quine minutos.

1 )arr* 1 insistiu 1 o iate de Edmund arpará ;s one. 4e n'o seapressar, vamos perder a festa.

1 %hea8 1 ritou ele por cima de todos, e procedeu a concentrar-seprimeiro em >rema*ne 1 )ouve uma $poca em que tirávamos a tempo as

ediç+es sem a"uda da 4enhorita Dove. Estou certo de que pode seuir faendosem ela. Volte e encontre o modo de oraniar essas ediç+es. @'o me importacomo diabos o faça, mas faça 1 Loo se diriiu ao outro 1 4enhor Binch, n'ovai precisar ter o catáloo atualiado ho"e, assim retorne ao seu escrit#rio eproponha a reuni'o. E que um de voc2s faça o favor de localiar a 4enhoritaDove.

!uando os dois sa&ram, sua irm' entrou em aç'o.

1 Perdeu a 4enhorita Dove0

1 : o que parece.1 !ue estranho. @'o $ nada t&pico dela. Espero que n'o tenha ocorrido

nada rave. Desapareceu sem dier nenhuma palavra0

1 @'o. 3o menos nada que... 1 )arr* calou-se ao recordar a carta quehavia em seu escrit#rio 1 m momento, talve tenha dito alo.

Entrou em seu escrit#rio e peou a carta em cima da mesa. 3 mensaemera clara, concisa e completamente imposs&vel de acreditar.

1 !ue diabos0

)arr* releu a missiva, mas n'o havia confus'o poss&vel naquelas cincolinhas datilorafadas. 3 assinatura era manuscrita e estava abai(o do parárafo.

1 / que aconteceu01 )arr* levantou a vista e viu que sua irm' estavaem p$ na soleira da porta.

1 Ela se demitiu 1 respondeu ele, incapa de acreditar no que estavadiendo, apesar de seus lábios estarem pronunciando as palavras 1 3 4enhoritaDove foi embora.

1 4$rio0 Dei(e-me ver 1 Diana atravessou a sala, aarrou a carta dasm'os dele e a leu. Depois olhou para ele e sorriu e isso irritou )arr* 1 Parece

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E Então ele a Beijou

surpreso, irm'oinho.

1 : claro que estou surpreso. @'o deveria estar0

1 6em, )arr*, n'o $ que queira criticá-lo, mas eu n'o ostaria nada

trabalhar para voc2.1 3 4enhorita Dove "amais se quei(ou.

1 Pelo visto sentia-se bastante infeli para se demitir.

1 E o que tem a ver a felicidade com tudo isto0 @'o pao para que se"afeli 1Aecuperou a carta de um tapa 1 !uando veio aqui pela primeira ve foisolicitar um posto de datil#rafa. Bi-lhe um favor ao convert2-la em minhasecretária. %ontratei uma mulher, uma mulher sem e(peri2ncia, comosecretária pessoal. Pao um salário muito maior do que conseuiria em outro

luar. Pode ser feli em seus momentos livres.1 %ontratou-a para demonstrar na %?mara que tinha ra'o 1 Aecordou

Diana 1 /u n'o se lembra0 4eundo sua radical id$ia, o problema do e(cessode mulheres como cara passiva da 4ociedade poderia ser solucionado seminhas companheiras de se(o tivessem acesso aos mesmos trabalhos que oshomens, e assim voc2s n'o teriam que nos casar e nos manter. ma id$iaabsurda.

1 @'o $ absurda. : uma id$ia completamente l#ica.

1 E sabe por que o fe0 1 prosseuiu sua irm' como se ele n'o tivesseaberto a boca 1 Porque $ um c&nico e n'o acredita no casamento.

1 @'o sou um c&nico8 1 replicou antes de recordar que "urou n'o falarcom Diana sobre isso. Voltou para o assunto que os ocupava 1 / que importaaora $ que dei ; 4enhorita Dove uma oportunidade nica. Escolhi-a ao aarentre uma multid'o de candidatos. E, depois de cinco anos de satisfat#riarelaç'o pro7ssional, ela se demite 1 )arr* começou a 7car nervoso 1 %omopode me faer isto depois de tudo o que 7 por ela0 /nde está o sentido delealdade0

1 3 verdade $ que n'o ve"o onde está o problema. Encontre outrasecretária. >enho certea que será muito fácil. %hame uma a2ncia ou alo doestilo.

1 @'o tenho intenç'o de contratar outra secretária ou secretário. Estoumuito satisfeito com a que tenho.

1 >inha 1 %orriiu o sua irm' 1 Ela se demitiu.

1 @eo-me a aceitar sua demiss'o, e direi quando a encontrar. @'o voupermitir que ela me abandone.

1 Vai obriá-la a 7car0 %om essa atitude tenho certea que a convence.

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E Então ele a Beijou

)arr* olhou para Diana, que seuia sorrindo.

1 /corre alo melhor0

1 Dado que sou incapa de imainar o porqu2 de uma mulher querer

trabalhar para voc2, n'o, n'o me ocorre nada. Mas talve deva começar a seperuntar por que ela foi embora. >em que ter alum motivo para que o tenhafeito sem avisar.

1 Motivo0 1 sso o fe pensar. %alou-se por aluns seundos e pensouum pouco 1 Aecusei seu ltimo manuscrito.

1 Mas "á fe isso antes, n'o $ assim0

1 4im, mas desta ve me pareceu pior. Esperarei aluns dias e irei v2-la.3ssim dará tempo que passe o aborrecimento.

1 4e $ que ela tenha se demitido por esse motivo.

)arr* n'o fe caso e seuiu com seu racioc&nio.

1 : uma mulher muito sensata 1 disse, olpeando a carta com a m'oenquanto falava 1 ncapa de faer alo t'o irracional ou impetuoso como isto.Dois dias bastar'o para que perceba que cometeu um enano. %om certea7cará feli se eu voltar a oferecer-lhe o posto. 3radecerá por me permitirremendar seu erro.

1 3radecerá0

1 Direi a ela que n'o uardo rancor e darei um aumento de salário, etudo 7cará esquecido.

Diana soltou uma aralhada. Deu meia volta e encaminhou-se para asa&da.

1 / que $ t'o enraçado0

1 Prometa-me que me contará como terminará tudo isto 1 3arrou otrinco 1 Deduo que n'o vem ; festa de Edmund 1 4em esperar uma resposta,Diana o dei(ou e saiu fechando a porta.

Emma obriou-se a 7car calma. %olocou as m'os por cima do manuscritoda 4enhora 6artleb* que descansava em seu colo, para assim n'o tocar ocabelo. >ratou de n'o pensar que todo seu futuro dependia do que acontecesse

naquela entrevista. @'o podia dier que fosse a decis'o mais conservadora.@em tampouco a mais sensata. Mas estava farta de ser conservadora e sensata.

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E Então ele a Beijou

Dois dias atrás desmoronou na lo"a da Aua Aeent. E depois de passar anoite de seu tri$simo aniversário chorando, abraçada ao 4enhor Pardal,resolveu mudar de vida. @o domino pela manh' colocou m'os ; obra. Depoisda missa e de várias preces pedindo a"uda ao 3lt&ssimo, decidiu seuir at$ aeditora para escrever uma carta de demiss'o e dei(á-la em cima da mesa de

Marlowe.

4abia que 7cava mal n'o avisá-lo com anteced2ncia, mas os quine diasreulamentares que deveria passar no escrit#rio dariam muito tempo paraquestionar sobre sua decis'o e que tivesse tentaç+es de mudar de opini'o,Marlowe acabaria conseuindo que 7casse. 3ora, por 7m era seunda-feira,ele "á teria lido sua carta e ela n'o podia voltar atrás.

Era o amanhecer de um novo dia e de uma nova Emma Dove. 5amaisvoltaria a 7car sentada vendo a vida passar ao seu redor. 3 partir dessemomento, perseuiria seus sonhos e n'o permitiria que eles escapassem de

suas m'os.

 5amais esteve t'o assustada.

1 4enhorita Dove0

Levantou a vista. / secretário estava diante dela.

1 4ia-me, por favor.

Emma 7cou em p$ e tratou de controlar as borboletas que sentia no

est9mao. %om uma m'o seurando os manuscritos, seuiu-o pela escada at$ oprimeiro andar, onde um secretário, a esperava atrás de uma mesa. 3pontouuma porta que havia a suas costas.

1 Pode entrar 4enhorita.

Ela 7cou olhando a entrada um instante, e depois inspirou fundo e passouao lado do secretário para entrar em um escrit#rio com m#veis t'o caros comoos de Marlowe, mas diferentes dos dele, n'o parecia ser um aut2ntico luar detrabalho.

1 4enhorita Dove0 1 m homem muito alto e muito, muito atraentelevantou-se e saiu detrás da mesa com um sorriso nos lábios 1 : um praerpoder conhec2-la por 7m.

1 Por 7m, Milorde0 1 /bservou aturdida em como ele inclinava a cabeçae bei"ava a m'o.

1 >oda a Bleet 4treet ouviu falar da e(cepcional secretária de Marlowe.4ei muitas coisas sobre voc2, 4enhorita Dove 1 acrescentou sem soltá-la 1 etudo coisas boas.

/ assombro de Emma crescia cada ve mais.

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E Então ele a Beijou

1 Costaria que pudesse dier o mesmo, Milorde 1 murmurou 1 >amb$mouvi falar muito de voc2 por Lorde Marlowe, mas de maneira n'o muitoaduladora.

Lorde 6arriner "oou a cabeça para trás e riu.

1 >enho certea disto.

Cap+tulo /

0o que corresponde 2s mulheres, um $avalheiro tem que aprender aesperar o inesperado. Dois é o que está acostumado a ocorrer.

!orde 6arlo7e,

8uia para Solteiros, %&'(

/ apartamento da 4enhorita Dove 7cava no bairro do )olborn, onde umas$rie de edif&cios con7urava um bairro muito respeitável, ao lono da LittleAussell 4treet.

)arr* parou em frente ao nmero TS, uma construç'o de ti"olo

avermelhado com cortinas de rendas. m pequeno letreiro pintado ; m'oanunciava em uma das "anelas que havia um apartamento livre para aluar,

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E Então ele a Beijou

mas s# dispon&vel para Qmulheres de boa reputaç'oR. m par de vasos comer?nios anqueavam a porta verde, cu"o trinco resplandecia sob a lu do sol aoentardecer.

 Eustamente o tipo de casa onde viveria um modelo de virtude como a

Senhorita /ove, pensou )arr* ao entrar.

/ vest&bulo era um pouco escuro comparado com a tarde t'o luminosa,mas o aradável aroma lim'o falava de limpea. !uando seus olhos 7caramadaptados ; escurid'o, pode distinuir um sal'o a sua esquerda e a sua direitao começo de uma escada com um corrim'o metálico, que conduia a umaesp$cie de patamar onde havia uma enorme mesa de carvalho. 3trás, naparede, uns cub&culos numerados continham mensaens para os inquilinos.

@em a caseira, e nenhum membro do serviço da casa pareciam rondar porali, mas )arr* n'o precisava de a"uda. Procurou o nmero do apartamento da

4enhorita Dove no 7chário, e em seuida subiu at$ o quarto andar, onde osapartamentos II e IS estavam frente a frente, e havia um lance a mais deescada que conduia ao piso superior. 3trás da porta nmero IS, pode ouvir oteclar de uma máquina de escrever. !uando bateu na porta, o som foiinterrompido, e seundo mais tarde Emma abriu.

1 Lorde Marlowe8

Parecia surpresa ao v2-lo, embora ele n'o entendesse por que. >inhacertea que sabia das conseq=2ncias de seu repentino abandono. E se ela n'ocompreendesse o alcance dos problemas que a sua aus2ncia causou, ele

certamente compreendia.

%om o passar do dia, o des7le de membros de sua planilha em seuescrit#rio foi constante, reclamando informe, uias, horários e todo tipo decoisas que a 4enhorita Dove estava acostumada a faer e que )arr* nemsequer sabia que e(istiam, mas isso sini7cava que eram imprescind&veis paraque tudo pudesse funcionar. 3 princ&pio, teve a intenç'o de auardar alunsdias antes de ir v2-la, mas depois de oito horas sem ela, percebeu que n'opodia esperar tanto. Precisava que ela voltasse ao seu posto de trabalho no diaseuinte, na primeira hora, ou haveria um motim no peri#dico.

 >irou o chap$u e a cumprimentou.

1 4enhorita Dove.

1 / que está faendo aqui0 1 /lhou o rel#io que levava pendurando nacamisa branca 1 4'o seis e meia. 3 que horas terminou a festa de LordeAathbourne0

1 Eu n'o fui 1 Levantou a carta de demiss'o dela 1 Minha secretária sedemitiu. E por sua culpa meu escrit#rio parece um caos, as ediç+es da noite7car'o atrasadas, e perdi o navio.

1 Lamento ouvir isso.

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E Então ele a Beijou

Mas n'o parecia se lamentar. Parecia at$, maldiç'o, que estava contente.ma curvatura do lábio que se levantou aluns mil&metros, como estivesseostando de ver que havia problemas. )arr* pensou no dia horr&vel queviveram, tanto ele como seus empreados e n'o percebeu a raça.

1 Ve"o que desfruta vendo o sofrimento que passamos com sua aus2ncia,4enhorita Dove.

1 @em um pouco 1 respondeu ela de maneira automática e mentindo denovo.

Parecia claramente contente.

1 Pois deveria 7car alere 1 disse ele enquanto uardava a carta nobolso do casaco 1 >odos os meus diretores passaram o dia correndo comocoelhos assustados ao ver que voc2 n'o estava.

1 Mas sem nenhuma dvida, voc2 n'o.

1 Eu estava muito at9nito para 7car assustado. 4ua demiss'o foiinesperada.

1 4$rio0 1 / brilho de satisfaç'o desapareceu de seu olhar e foisubstitu&do por uma esp$cie de dura determinaç'o.

1 4im 1 3ssinalou para o interior de seu apartamento 1 Posso entrarpara discutir o assunto com voc2 um momento0

1 : uma demiss'o, sem mais. / que quer discutir0

1 Depois de cinco anos, n'o mereço sequer a cortesia de poder conversarcom voc20

Ela pensou um instante. 3quela falta de entusiasmo n'o era nada bom. >alve tenha sido impetuoso em procurá-la, talve devesse ter dado mais tempopara que ela pensasse nas conseq=2ncias do que havia feito, mas aora "á n'opoderia voltar atrás.

1 Viram voc2 entrar0 1 Peruntou a "ovem, olhando atrás dele 1 Minhacaseira0 3lum criado0

1 @'o.

)arr* recordou o letreiro da "anela e entendeu por que a perunta, masestava mais preocupado em recuperar sua secretária se pudesse, e muitomenos com uma caseira hist$rica ou aluns criados fofoqueiros.

1 @inu$m me viu 4enhorita Dove. Mas se 7carmos no corredor, alu$macabará nos vendo.

Emma abriu a porta para que ele pudesse entrar.

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E Então ele a Beijou

1 Está bem. Entre, mas s# um momento, e quando for embora, asseure-se de que ninu$m o ve"a. @'o quero que pensem... Pensem coisas.

/ apartamento dela o surpreendeu, pois era diferente de qualquer outroque tivesse visto. Era pouco convencional e com detalhes muito e(#ticos. )avia

potes dourados cheios de incenso em cima da mesa, uma caldeira de cobre comcarv'o, uma cesta redonda repleta de almofad+es e um tapete turco sobre och'o. )avia tamb$m dois sofás de veludo creme em torno de um pufe de couroque aparentemente servia de mesinha de chá, "á que em cima dele havia umabule de esmalte.

%ortinas de brocado na cor brone anqueavam duas "anelas pelas quaisentrava a lu do entardecer. Entre ambas as "anelas havia uma estante, commuitos livros arrumados, e uma escrivaninha marrom, com uma in7nidade decompartimentos secretos.

@o outro e(tremo do quarto, uma pesada porta de carvalho maciçoconduia a outro aposento do apartamento. 5unto a ela, abria-se o balc'o que7cava ao lado da escada de inc2ndios, e uma mesinha onde estava a máquinade escrever. /s dois espaços do pequeno sal'o estavam divididos por umbiombo de madeira ra7te. Embora fosse um apartamento pequeno, dava asensaç'o de estar rodeado de um suntuoso conforto, e n'o era absolutamente otipo de casa que imainou que sua nada e(c2ntrica 4enhorita Dove teria.

3lo roçou sua perna e ao abai(ar a vista, viu um enorme ato aos seusp$s. Estava muito ordo para poder passar entre seus tornoelos, assim deu avolta ao redor dele e esfreou-se contra suas pernas. 3 calça de l' cina que

vestia, 7caria cheia de pelo laran"a.

)arr* olhou resinado para o ato.

1 >em um ato.

1 4enhor Pardal 1 4entou-se em uma poltrona e indicou que 7esse omesmo.

)arr* o fe e quando dei(ou o chap$u a um lado, o enorme ato saltousobre seus "oelhos. 4urpreso que um animal t'o obeso pudesse saltar, observou

at9nito como ronronava em seu colo.

1 Ele ostou de voc2 1 comentou a 4enhorita Dove surpresa.

1 4im 1 respondeu ele com pesar.

Embora ele os detestasse, faia tempo que havia assumido que os atos oadoravam. / motivo era claro, Deus tinha mesmo p$ssimo senso de humor.

!uando o animal cravou as arras para esfrear-se com abandono,apertou a mand&bula e suportou com dinidade.

1 4enhor Pardal0 @'o me admira que o chame assim, 4enhorita Dove.

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E Então ele a Beijou

Deste modo, ambos t2m nome de pássaro.

1 4im, mas n'o foi por isso que o batiei com esse nome. Bi porque eleosta de perseuir os pardais que há no telhado. 4empre fe isso, desde queera um atinho. !uando caça um, desce pela escada de inc2ndios e me tra.

1 !ue coisa 1 !ue criaturas sanuinárias eram realmente os atos. >ratou de rela(ar 1 3 "ular por seu aspecto, diria que come muitos dessespássaros.

1 Está insinuando que meu ato está ordo0

1 3bsolutamente 1 mentiu ele, e decidiu que tinha cheado o momentode mudar de assunto 1 4enhorita Dove 1 começou, empurrando o terror dostelhados para o ch'o 1 Vim oferecer-lhe uma oferta de pa. 4ei que estáanada porque recusei seu manuscrito, mas voc2 sabe que um editor deve

con7ar em seus instintos.1 : claro.

1 @'o posso publicar alo que acredito n'o dará benef&cios 1 4orriu comamabilidade 1 4eria um p$ssimo homem de ne#cios se tomasse decis+es t'opouco acertadas.

1 4em dvida.

Be-se um rande sil2ncio e )arr* teve a sensaç'o de que estava

empurrando uma cara muito pesada ladeira acima, mas continuou.1 Posso entender que este"a maoada e talve inclusive um pouco

desanimada, mas com certea, isso n'o "usti7ca que tenha dei(ado seutrabalho.

1 : impressionante o qu'o bem compreende meus sentimentos.

)arr* decidiu mudar de tática.

1 / que vai faer aora0 3onde irá0 /s trabalhos respeitáveis, emespecial para mulheres, n'o s'o t'o fáceis de encontrar 1 3ssinalou ao seuredor 1 Estou convencido de que em Londres ninu$m paará o bastante parapoder continuar vivendo aqui.

1 Milorde...

1 Mas inclusive no caso de que consia outro trabalho com um saláriosimilar, o que acontecerá quando perceber que n'o osta0 /u quando seu chefen'o a tratar bem0 1 Biniu preocupaç'o 1 / mundo pode ser um luar muitoperioso para uma mulher soinha, 4enhorita Dove. / que acontecerá a voc204em mim, seu futuro $ incerto, e sabe disso.

1 : muito amável de sua parte preocupar-se tanto com meu futuro 1 /

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E Então ele a Beijou

tom sarcástico da vo dela acentuou-se por momentos.

1 4e n'o retornar, o que me preocupa será o futuro de ambos 1respondeu ele 1 E tamb$m o de meus empreados. Eles precisam tanto devoc2 como eu.

Emma sorriu.

1 @'o será necessário que voc2 e nem ninu$m na Marlowe Publishin7quem preocupados comio ou com meu futuro. 5á encontrei um novo trabalho.

4urpreso, erueu-se de repente no sofá.

1 / qu20 >'o cedo0

1 4im. Vou trabalhar para Lorde 6arriner.

1 6arriner0 1 )arr* n'o estava acreditando no que estava ouvindo 1Esse pomposo e eoc2ntrico hip#crita0

/ sorriso da moça alarou-se at$ tornar-se viva imaem da satisfaç'o.

1 / mesmo.

Ele sacudiu a cabeça, convencido de que o que ela estava diendo eraimposs&vel.

16arriner contratou uma mulher como secretária0 @'o acredito.

1 @'o s# me contratou como secretária. Vai publicar meus escritos.

)arr* começou a rir. @'o pode evitar, a id$ia era completamente absurda.

%omo era de esperar, n'o pareceu t'o enraçado. Dei(ou de sorrir,entrecerrou os olhos e 7cou s$rio de repente.

1 Desculpe. >emo que tenha me interpretado mal o meu sorriso,4enhorita Dove. Eu ri pela ironia da situaç'o.

1 ronia0

1 4im. Devo contar-lhe a verdade sobre 6arriner. Embora se"a %onde, edemonstre ser um cavalheiro, na realidade n'o o $. E embora pareça muitodistinto e muito correto, em sua vida privada $ "ustamente o contrário. !ue6arriner publique um livro de etiqueta $ como se o diabo falasse sobre moral.

@enhum sorriso, nem a m&nima apreciaç'o da ironia apareceram no rostoda "ovem, que disse muito s$ria.

1 E como sua vida privada $ um e(emplo, estou certa que n'o seria

ir9nico que voc2 fosse publicar livros de etiqueta 1 @'o deu a ele aoportunidade para responder.

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E Então ele a Beijou

1 De qualquer forma, Lorde 6arriner n'o vai publicar meu livro.Escreverei para ele uma coluna semanal, que será publicada no 4ocial Caette.E, claro que a etiqueta terá um peso importante, n'o $ o nico assunto do qualvou falar.

3ntes que pudesse terminar, )arr* "á havia deduido o que 6arrinerpretendia.

1 %ontratou-a para esfrear na minha cara, e nada mais. /deia-me ecomo sabe quanto dependo de voc2, desfruta com a id$ia de roubar minhasecretária. ma coluna semanal dará a possibilidade de reviver essa sensaç'ode triunfo a cada sete dias.

1 @'o ocorreu pensar que talve isto n'o tenha nada que ver com voc20

!ue talve tenha decidido publicar meus artios porque acredita que s'o bons01 6arriner n'o reconheceria um bom escritor nem se mordesse o

traseiro. Estudou em /(ford.

sso tampouco a fe sorrir.

1 @'o me surpreende que oe da capacidade de 6arriner paradistinuir um bom escritor. Mas o que n'o entendo $ por que ataca meus livrosquando nem sequer os leu8

)arr* tinha a sensaç'o que afundava cada ve mais, mas n'o ia mentir arespeito de seus te(tos para sair com a sua.

1 Li o su7ciente para saber que n'o estava interessado em publicá-los.

Ela 7cou em p$, dando por terminada a conversa.

1 Ent'o, n'o se importará se Lorde 6arriner o 7er.

1 sso n'o $ o que me preocupa 1 Ele tamb$m 7cou em p$ 1 / que mepreocupa $ perder a minha secretária, uma secretária que n'o tinhae(peri2ncia, nem refer2ncias, nem sequer uma carta de recomendaç'o quandoa contratei, mas a quem dei uma oportunidade.

Ela suspirou indinada.

1 !ue eneroso de sua parte.

1 : claro que fui eneroso8 !uem mais a teria contratado0 !uem paariao mesmo salário de um homem0 !uem teria dado um paamento e(tra no @atale as tardes dos sábados livres0 @inu$m. 6arriner n'o, disso pode estar certa.

1 E em troca de sua enerosidade, eu cumpri com meu dever comacr$scimo durante cinco anos8 @'o pode quei(ar-se de nada.

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E Então ele a Beijou

1 De nada0 Demitiu-se sem sequer me dar uma oportunidade, sem nemcomentar que n'o estava satisfeita com seu posto, sem me dier nada sobreseu mal estar. 3ceitou uma oferta do meu maior competidor, um homem queme odeia e que morre de vontade de surrupiar informaç+es con7denciais sobremim.

1 @inu$m vai surrupiar nada, posso arantir.

1 E 1 prosseuiu ele, inorando o que ela diia 1 voc2 cometeu este atode deslealdade, sem observar as m&nimas normas de etiqueta, que ditam que,no m&nimo, teria que me avisar com anteced2ncia.

Pela primeira ve, a 4enhorita Dove pareceu enveronhada. E commotivo.

1 Lamento n'o t2-lo avisado antes 1 deu meia volta e se afastou dele 1

 >udo o que posso dier 1 acrescentou de costas e olhando pela "anela 1 $ quetomei a decis'o com a absoluta convicç'o, de que n'o teria nenhum problemaem encontrar em substituto.

1 m substituto para voc20 4erá que ainda n'o entendeu por que vim0@'o dei(ei bastante claro0 @'o quero substitu&-la. !uero que voc2 abandonepara sempre todas essas tolices sobre escrever livros de etiqueta e que volte atrabalhar para mim, que $ onde tem que estar.

1 Escrever livros de etiqueta n'o $ nenhuma tolice8 1 Voltou-se com oquei(o levantado. / sol reetia nos cabelos dela 1 E, devido ao fato de que

voc2 está sendo t'o sincero, eu farei o mesmo. / que escrevo $ importante etil, e n'o permitirei que continue me ofendendo. @o que se refere a dier quetenho que voltar com voc2, dei(e que dia que estou farta8 %omportei-me comouma trabalhadora leal e de con7ança, 7 tudo o que se esperava de mim emuito mais, e tudo o que recebi foi mais trabalho.

1 E um salário muito eneroso 1 contra atacou ele.

Ela o inorou.

1 Voc2 me encarreava de trabalho ap#s trabalho, e nunca podia dedicar

nem um minuto para falar comio sob meus escritos, aproveitou-se de mimtanto como pode. nclusive me mandava comprar os presentes para suasamantes8

1 Pedi, "amais e(ii. E se isso a incomodava tanto, deveria ter dito antes.

1 5amais me valoriou, nem a mim, nem nada do que 7 pela MarlowePublishin 1 continuou como se ele n'o tivesse dito nada 1 4empre acreditouque estava seuro comio. Pois bem, "á estou farta8

3 frustraç'o de )arr* desapareceu dando luar ; surpresa ; medida que

escutava as cr&ticas dela. 5amais a viu t'o anada, nem e(terioriandonenhuma outra emoç'o. 3quela n'o era a 4enhorita Dove que ele conhecia.

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E Então ele a Beijou

@'o era a complacente secretária que 7cou na frente dele, uma dia de veescada dia durante os ltimos cinco anos, disposta a seuir suas instruç+es e aobedecer a suas ordens com um sorriso e sem pestane"ar.

3quela n'o era a 4enhorita Dove que sempre se comportava com

e7ci2ncia, e(atid'o e decoro. Era outra pessoa, alu$m que n'o conhecia. Bicouolhando para ela, e alo no modo em como ela permanecia ali quieta, em comoos raios do sol banhavam sua 7ura, chamou a atenç'o dele.

1 4enhorita Dove 1 disse surpreso 1 voc2 $ ruiva.

1 / qu20 1 Piscou 1 / que disse0

1 Voc2 $ ruiva. 5amais percebi. 4empre acreditei que tivesse cabelocastanho, mas n'o $ assim. %ontra a lu do sol percebe-se claramente que $ruiva.

Ela franiu o cenho e o fulminou com o olhar.

1 5á sei de que cor $ meu cabelo, obriada. E que diabos isso tem a vercom o assunto0

Ele conseuiu fa2-la anar-se ainda mais.

1 %alma, n'o há ra'o para tanto 1 tentou acalmá-la 1 3lumasmulheres n'o ostam de ser ruiva, mas n'o se preocupe. 4eu tom n'o $ muitoavermelhado, mas bem parece marrom, mas quando está sob a lu do sol,

torna-se como cobre fundido. : como... 1 Estacou. >inha a sensaç'o de terdescoberto alo e(traordinário 1 : bonito.

Ela n'o ostou do eloio. De fato, foi como se a tivesse insultado.

1 /h8 1 E(clamou, apertando os punhos dos lados 1 Voc2 $ o homemmais manipulador que "á conheci8 E o mais falso.

1 Balso8 @'o acredita em mim0

1 : claro que n'o8 : muita coincid2ncia que precisamente ho"e me façaum eloio. 3l$m disso, voc2 osta de morenas 1 Viu a surpresa dele e sorriusatisfeita 1 V20 Lorde Marlowe, eu o conheço bem. /s cinco anos que passeitrabalhando para voc2 7eram com que o conhecesse como a palma de minham'o. 3ssim $ intil tentar me eloiar com alanteios absurdos. Ba isso para meconquistar, para conseuir o que quer, ou para sair-se bem de uma situaç'odesaradável, "amais entendi como ninu$m, em especial as mulheres, podemter sucumbido a essa tática, mas eu n'o sou t'o tola.

: ruiva e, além disso, tem caráter  1 pensou surpreso 1 0ão sabia que ela possuFa nenhuma das duas coisas.

1 5amais acreditei que fosse tola.

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E Então ele a Beijou

1 Voc2 $ um tesouro, 4enhorita Dove 1 o imitou ela 1 0ão sei o que*aria sem voc5, Senhorita /ove. De verdade acreditava que esses comentáriosvaios fossem faer com que me sentisse valoriada ou importante0 Pois n'o 1Prosseuiu ela, respondendo a si mesma, antes que ele pudesse falar 1 Masaora quer que eu volte, e recorre aos eloios, como se alo t'o absurdo como

eloiar a cor de meus cabelos fosse servir de aluma coisa8

@'o tinha passado pela cabeça de )arr* a id$ia de convenc2-la comadulaç+es. >inha ra'o ao dier que ele estava acostumado a ostar dasmorenas, mas isso n'o implicava que tivesse mentido ao eloiar a cor doscabelos dela. / incomodou que ela acreditasse nisso. 3briu a boca para dei(aras coisas claras, mas a "ovem n'o dei(ou, mas sim respirou fundo e continuoufalando.

1 3l$m disso, "á mentiu antes, assim por que deveria acreditar no queestá diendo0

)arr* parou ao ouvir essas palavras. Ele n'o era nenhum mentiroso, eninu$m "amais o havia acusado disto.

1 Eu n'o sou mentiroso, 4enhorita Dove. 3pesar de tudo o que voc2possa pensar sobre mim e meus motivos, eu nunca minto. Aeconheço que souum manipulador, duvido que eu possa ter sucesso nos ne#cios sem essaqualidade, mas n'o sou um mentiroso.

1 Pois diamos que $ e(tremamente avoado. Costa mais assim0 @emsequer sabia que Q4enhora 6artleb*R $ meu pseud9nimo e isso aparece em

todas as capas de cada um dos manuscritos que dei8

1 Era disso que se tratava0 1 Por 7m descobriu quem era a bendita6artleb*, embora, nesse momento, ter satisfeito sua curiosidade era o quemenos importava 1 Deus santo, "amais olho as capas de seus manuscritos. 5ásei que os escreveu.

1 Dei(ando de lado essas tolices, se tivesse lido minha obra saberiaquem $. Be-me acreditar que havia lido meus te(tos, quando na realidade n'ofoi assim8

3quilo começava a ser rid&culo.

1 Li o su7ciente para formar uma opini'o. : o que fa um editor. 3 n'oser que alo especial atraia minha atenç'o, nunca leio um manuscrito inteiro.4e l2ssemos tudo o que recebemos, "amais publicar&amos nada. E depois depassar cinco anos trabalhando para mim, abrindo as cartas e vendo aquantidade de manuscritos que recebo diariamente, deveria saber.

1 / que sei $ que "amais publicará nada que eu tenha escrito porque $incapa de analisá-lo com ob"etividade. Voc2 $ muito curto de id$ias.

1 Eu n'o sou curto de id$ias8

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E Então ele a Beijou

1 Binalmente, resinei-me a aceitar esse seu defeito 1 continuou ela 1 edecidi levar meus oriinais a outra parte, a alu$m que respeite meu trabalho. 3alu$m que me respeite.

1 Aespeito0 1 Essa insinuaç'o de que n'o a respeitava era um insulto de

tal calibre que )arr* começou a se anar de verdade 1 4e acredita que6arriner terá o menor respeito por voc2 ou por seu trabalho, está muitoenanada. Vou ser franco, voc2 n'o $ de sua classe, e 6arriner $ dessespomposos asnos que tanto abundam neste mundo, que marcam sempre asdist?ncias. : um esnobe e um hip#crita.

1 Ele disse alo parecido sobre voc2.

1 %om certea que sim.

1 E ao lono destes ltimos anos, tive provas su7cientes que

demonstram que o que ele me disse $ verdade.1 !ue provas0 Voc2 di que me conhece, mas se fosse assim n'o teria

acreditado em nada do que disse o inapresentável 6arriner. 3credita que sabealo de mim0 : #bvio que n'o me conhece, 4enhorita Dove.

1 E se voc2 acha que vou voltar para meu antio trabalho s# para tolerarque sia despreando meus escritos, diendo que s'o tolices, $ voc2 que n'ome conhece, Milorde8

)arr* 7cou olhando para ela. 4eu cabelo avermelhado e brilhante

emoldurava seu rosto de faces rosadas, e tinha os punhos apertados em ambosos lados do corpo e ent'o a ira dele se desvaneceu de repente.

Ela havia trabalhado para ele durante cinco anos, durante os quais ambostoleraram certas facetas do caráter um do outro. Ela acreditava que ele erafalso e mentiroso, e s# Deus sabia quantas coisas mais. Ele estava convencidode que era fria, desapai(onada, d#cil, e sendo sincero consio mesmo, quasedesumana. Parecia que ambos estavam enanados.

1 !uero que vá embora.

Essas palavras 7eram com que ele sa&sse de seus pensamentos.1 Desculpe0

Ela cheou mais perto e com o quei(o levantado olhou bem nos olhosdele.

 1 Disse que quero que vá embora.

!ue outras coisa n'o sabia sobre ela0 !ue mais tinha passado por cima0/bservou o rosto da arota, mas n'o como havia feito cada dia, mas sim como

se a estivesse vendo pela primeira ve. 3queles olhos amendoados, isso "ásabia, mas o que n'o sabia era que tinha uma &ris de bordas douradas que

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E Então ele a Beijou

cintilavam quando estava anada. 3t$ ent'o, nunca havia 7(ado nas sardasque tinha no nari e nas maç's do rosto, como p# de fadas, nem em umapequena cicatri em forma de estrela que via em sua face. 3t$ esse instante,n'o havia percebido de que seus c&lios brilhavam nas pontas, como seestivessem salpicados de ouro.

1 Voc2 está surdo0 1 Levantou as m'os e o empurrou com todas asforças. 3o ver que ele continuava im#vel, voltou a empurrar 1 Disse que váembora8

)arr* devia pesar no m&nimo cinq=enta ou sessenta quilos a mais que ela,assim n'o moveu nem um mil&metro. Ele continuava olhando-a sob aquela novaperspectiva, como se nunca a tivesse visto antes. E, para sua surpresa,descobriu que ostava do que via. @'o era uma mulher bonita, mas ali, com asfaces rosadas e os olhos soltando fa&scas, era irresist&vel. 3 4enhorita Dove erana realidade muito humana.

Vendo que n'o servia de nada que o empurrasse, Emma se deteve.

1 Vá embora aora mesmo, Lorde Marlowe 1 e(iiu 1 4e n'o sair,chamarei ; pol&cia. )á uma deleacia na esquina.

4abendo que nada poderia convenc2-la, )arr* tentou pela parteecon9mica.

1 4ubirei seu salário. / que parecem de libras ao m2s0

1 @'o8 1 Voltou a empurrá-lo, mas desta ve ele permitiu, sabendo que,do contrário, n'o obteria nada.

1 Vinte 1 disse ele.

Era um salário e(orbitante para uma secretária, mas podia permitir-se.

1 @'o.

1>rinta. E terá fola todos os sábados, n'o s# pela tarde.

1 @'o, n'o, n'o8 1 %om cada neativa, apro(imava-o um pouco mais daporta 1 @'o se trata de dinheiro, nem de dias de fola.

1 Ent'o, do que se trata0 1 Peruntou ele enquanto ela parou ao lado dosofá para aarrar o chap$u dele 1 !ue feri seus sentimentos0

1 @'o 1 %om uma m'o colocou-lhe o chap$u e com a outra seuiupu(ando a dele 1 !uero ser escritora, e n'o quero continuar trabalhando paravoc2.

1 @'o aceito sua demiss'o.

1 >em que aceitar.

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E Então ele a Beijou

)arr* tirou o chap$u e o levou ao coraç'o.

1 / que tenho que faer para conseuir que volte0

Entre dentes, ela suspirou e(asperada.

1 3luma ve se dará por vencido0

1 @'o, quando quero alo de verdade. 4ou obstinado. E, como di meconhece t'o bem, "á deveria saber.

1 Ent'o temos alo em comum, Milorde, porque eu tamb$m sou muitoobstinada. Eu teria que contar a verdade sobre 6arriner. sso $ "usto.

1 4uplico que se"a raoável. %omo minha secretária, tem o futuroasseurado, enquanto que com o 6arriner as coisas n'o v'o sair bem. Verá,

ele tem...1 @'o quero ter o futuro asseurado 1 ela o interrompeu 1 e n'o vou

mudar de opini'o8 Passei a vida sendo raoável. E, al$m disso, acredito que vouter sucesso. )á muita ente que se interessa por boas maneiras, embora se"a#bvio que voc2 n'o $ uma delas.

1 Desconhece as circunst?ncias 7nanceiras de 6arriner. @'o mesurpreende que n'o tenha contado, mas voc2 deveria saber.

1 Ele n'o $ voc2. sso $ tudo o preciso saber 1 Distanciou-se dele e abriua porta.

Depois de olhar para ambos os lados, voltou a olhá-lo e esperou.

3o ver que n'o se movia, suspirou esotada e voltou colocar-se diante doVisconde. 3poiou as palmas das m'os em seu torso, amassando de passaem ochap$u, e começou a empurrá-lo para o corredor.

1 %onseuirei tornar-me uma escritora. : o que sempre quis ser.6arriner 7cará rico raças a mim, e esfreará seu sucesso na sua cara, coisaque, seundo voc2, $ tudo o que pretende 1 deteve-se sob o marco da porta,com a respiraç'o entrecortada pelo esforço 1 Mas o melhor de tudo, $ quenunca mais terei que comprar presentes para suas amantes8 1 5á ia a fechar aporta quando acrescentou 1 E o 4enhor Pardal n'o está ordo8 1 E ap#s essaspalavras, bateu a porta.

)arr* 7cou ali de p$, incapa de acreditar no que acabava de acontecer.Ele apareceu ali como um chefe benevolente, disposto a oferecer uma seundaoportunidade para sua confusa secretária. mainava que, ent'o, ela pensariamelhor nas coisas e que depois encontraria a ra'o e pela manh' estaria devolta a sua mesa. Em ve disso, ela bateu literalmente, com a porta na suacara, e sua d#cil e e7ciente secretária trabalharia para o imbecil do Lorde

6arriner. )arr* passou a m'o pelo rosto e peruntou para si mesmo, se assimcomo 3lice, teria passado para o outro lado do espelho e teria ido parar em um

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E Então ele a Beijou

mundo no qual todos estavam loucos e nada, nem ninu$m era o que parecia.

Mas uma coisa estava clara, a 4enhorita Dove n'o estava consciente dadif&cil situaç'o 7nanceira de 6arriner, e n'o faia nem id$ia de que o destinoiria convert2-la novamente em empreada de )arr* em pouco tempo. 6arriner

sabia muito bem 7nir que possu&a dinheiro, mas ele sabia que os credoresespreitavam o %onde em cada esquina. Aapidamente 6arriner, seria obriadoa vender o Caette, e quando ele comprasse, a primeira coisa que faria seriaeliminar a coluna sobre etiqueta.

Ele bem que tentou e(plicar, mas ela se neou a escutar, interrompendotodas suas tentativas de contar a verdade e tamb$m insultando suas maneiras./ acusou de n'o respeitá-la, chamando-o de mentiroso. %om certea essecomportamento, maldiç'o, n'o era pr#prio de nenhum manual de etiqueta.

Decidiu que n'o voltaria a a"udá-la. %edo ou tarde, ela descobriria a

verdade sobre este novo empreo e, quando o 7esse, )arr* estaria ali,disposto a aceitá-la de volta e pronto a esquecer do acontecido.

3rrumou como pode seu chap$u e desceu a escada. >alve tudo aquilotivesse servido para aluma coisa. >alve a 4enhorita Dove por 7m, poderiaperceber que livros de etiqueta n'o eram publicáveis. 3s pessoas n'o queriamler sobre normas de conduta. !ueriam ler sobre a p$ssima maneira de como secomportavam os outros.

Ela ainda n'o sabia, mas dali a poucas semanas, voltaria a ocupar a mesaem seu escrit#rio. >udo o que )arr* teria que faer era contratar um substituto e

ter um pouco de paci2ncia. @'o parecia t'o dif&cil, n'o $0

Cap+tulo

0ão importa se o preço é usto. que importa é o que al1uém esteadisposto a pa1ar.

Senhora BAT!"B#

!ondres para Senhoritas

Social 8aette, %&'(

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E Então ele a Beijou

4e )arr* possu&a aluma dvida sobre o pouco que ia durar a carreiraliterária da 4enhorita Dove, a ediç'o do sábado seuinte do 4ocial Caetterespondeu todas. Passou o peri#dico dobrado da m'o direita ; esquerda e

continuou lendo sua coluna enquanto seu valete, %ummins o a"udava a colocaro casaco.

4atisfeita sua curiosidade com t'o somente dois parárafos, dei(ou oe(emplar sobre a bande"a de prata que o mordomo seurava.

1 /briado, 5ac<son. Pode levá-lo para bai(o e dei(á-lo na sala de "antarcom o resto dos "ornais. Descerei em seuida.

1 Muito bem, Milorde.

!uando o homem saiu, )arr* virou-se, elevando o quei(o para que%ummins pudesse faer o n# do lenço. mainava que a 4enhorita Doveescreveria sobre alo t'o pouco til como $omo preparar um almoço deetiqueta e estava convencido de que esse tipo de artio n'o ia contribuir para amelhoria da situaç'o econ9mica de Lorde 6arriner. Ele e o %onde n'odemorariam a chear a um acordo sobre o preço de seu peri#dico. !uine dias,pensou enquanto descia a escada.

@o má(imo um m2s.

1 @o bairro de %helsea vendem toalhas0 1 /uviu sua m'e peruntar

quando entrou na sala de "antar 1 @'o sabia. 6om dia, querido.1 6om dia, mam'e 1 6ei"ou Louisa no rosto 1 6om dia, 4enhoritas 1 Be

uma rever2ncia a todas e 7cou surpreso ao ver que Lad* Belicit* tinhadesenvolvido interesse pelos "ornais, pois seurava um entre as m'os.

1 )o"e está de bom humor, )arr* 1 comentou Diana enquanto ele seapro(imava do aparador.

1 E por que n'o deveria estar0 1 Aespondeu, servindo-se de fei"+es,presunto e torradas.

1 Ba dias que está de mau humor 1 respondeu ela 1 Mas ao que parece "á se resinou com a perda de sua secretária.

4ua av# falou antes que ele pudesse responder.

1 @'o posso acreditar que a 4enhorita Dove tenha dei(ado o empreo,)arrison 1 4acudiu resinada a cabeça 1 3ora nunca mais cheará na horapara nada.

1 @'o se preocupe, vov#. @'o perdi a 4enhorita Dove 1 sentou-se ;

cabeceira da mesa 1 Ela 7cará fora apenas aluns dias.

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E Então ele a Beijou

1 6em t&pico de voc2 de7nir a demiss'o da arota como +s@ estará *oraal1uns diasR 1 disse Vivian, rindo 1 4empre foi muito otimista, )arr*.

1 Por que o bairro de %helsea0 1 Peruntou Louisa, retomando o assuntoque estavam falando antes que ele entrasse na sala de "antar 1 Menciona

aluma lo"a em especial0

Belicit* levantou o peri#dico dobrado com uma m'o e, depois de percorr2-lo com o olhar, assentiu. Piarreou e começou a ler em vo alta para suascompanheiras de mesa.

1 %aso precise de toalhas, a lo"a Ma(well, em %helsea, $ o luar idealpara comprá-las. / 7o irland2s $ de e(celente qualidade e as que precisem devalores mais "ustos poder'o comprovar que seus preços s'o muito raoáveis.

1 Dei(e-me ver 1 Louisa colocou os #culos de armaç'o dourada na ponta

do nari e aarrou o "ornal que Belicit* oferecia 1 Ve"amos, di que para decoraruma mesa para um almoço, s'o t'o apropriadas as toalhas de linho brancocomo as rosadas.

)arr* dei(ou de comer.

1 Est'o lendo o 4ocial Caette0

1 4im, querido 1 respondeu Louise sem olhá-lo 1 3 coluna de umamulher chamada 6artleb*. Belicit* queria ver o que era o que tanto haviachamado sua atenç'o, de maneira que pediu a 5ac<son que levasse pela manh',

mas "amais teria acreditado que voc2 tivesse interesse em como oraniar umalmoço ou saber onde comprar toalhas. )umm, tamb$m recomenda por centrosde orqu&deas, pois 7cam delicados e n'o dei(am mau cheiro, claro e dobrar oscart+es em forma de aminos de papel rosa0 !ue id$ia oriinal.

ri1inal, n'o era a palavra que )arr* usaria. Absurda, isso sim. 

1 Di que se chama oriami 1 continuou sua m'e 1 uma tradição do Eapão o ori1ami 1 %itou Louisa G : a arte de dobrar o papel até conse1uir imitar as *ormas de animais e Hores e ainda o*erece a uma anftriã infnitas possibilidades de decoração para qualquer *esta e no fnal do evento, a dama

em questão pode a1radar seus convidados com as f1urinhas de papel.

1 : uma id$ia e(celente 1 comentou Vivian 1 e muito inteliente.

/ comentário foi seuido por várias e(clamaç+es de aprovaç'o pelorestante das damas, e deu a )arr* um n# no est9mao.

1 Est'o falando s$rio0 1peruntou.

1 /raniar um almoço, ou qualquer tipo de festa, $ alo muito s$rio,querido 1 4ua m'e desdobrou o "ornal e voltou a páina para ler o 7nal da

coluna da 4enhorita Dove 1 ma festa bem oraniada pode converter ;an7tri' na estrela da temporada.

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E Então ele a Beijou

1 Duvido que aluns aminos de papel possam faer alo para melhoraro status social de alu$m 1 disse )arr*.

1 /h, enana-se8 %oisas como essas s'o muito importantes, LordeMarlowe 1 informou Lad* Belicit* 1 Devido ao meu pai ser vivo, eu tenho que

faer o papel de an7tri', e posso asseurar que oraniar uma festa requermuito tempo e esforço. >enho certea que Melanie, que está nas mesmascircunst?ncias, estará de acordo comio. 3s suest+es da 4enhora 6artleb*podem ser teis, para que nossas festas tenham sucesso.

Melanie, que parecia incapa de falar sempre que ele estava na mesmasala, limitou-se a assentir com a cabeça.

1 Escutem isto arotas 1 Louisa inclinou-se para frente, impaciente porcompartilhar a ltima p$rola de sabedoria da 4enhora 6artleb* 1 Di que háuma papelaria em frente ; lo"a das toalhas de %helsea onde vendem pap$is de

cores ideais para oriami. E que tamb$m ensinam a faer os aminos, ou oque quiserem, mediante encomenda.

1 De verdade0 1 3nt9nia bebeu um pouco de chá 1 E quem $ essa4enhora 6artleb*, para que sua recomendaç'o sini7que tanto0

)arr* poderia dier a elas e(atamente quem era, mas n'o tinha intenç'ode fa2-lo. 4e suas irm's descobrissem que era a 4enhorita Dove, o arrasariampor t2-la dei(ado escapar e mandá-la diretamente ;s arras de 6arriner.3pesar de ser s# uma situaç'o temporária, "amais dei(ariam que esquecesse.De modo que, sabiamente, manteve a boca fechada.

1 !uem a conhece0 1 prosseuiu 3nt9nia 1 !uem $ sua fam&lia0 @'o seide nenhuma fam&lia inlesa de berço que se chame 6artleb*.

1 >alve se"a americana 1 sueriu Phoebe.

1 /h, americana 1 repetiu 3nt9nia, sublinhando a palavra com desd$m edei(ando muito claro o que pensava, tanto dos oriundos desse pa&s como da7ct&cia 4enhora 6artleb*.

1 : imposs&vel que se"a americana 1 disse Vivian, assinalando o "ornal

com uma torrada 1 4e fosse, ela n'o saberia quais s'o as melhores lo"as deLondres para comprar toalhas e ob"etos de papelaria, n'o0

1 4e"a quem for ela, uma coisa está clara 1 interveio Diana 1 )o"emesmo vamos faer uma e(curs'o a %helsea.

1 Vai a %helsea0 1 )arr* a olhou preocupado 1 4# porque uma mulher, aquem nem sequer conhece disse para ir0

1 @'o 1respondeu Diana imediatamente 1 remos a %helsea paracomprar toalhas.

1 E para aprender a faer aminos de papel8 1 3crescentou Lad*

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E Então ele a Beijou

Blorence com um sorriso.

/lhou para )arr*

1@os acompanhará Lorde Marlowe0

3ntes preferiria saltar em um precip&cio.

1 4into muito, Lad* Blorence 1 desculpou-se como estivesse sentindomuito 1 mas n'o posso. >enho assuntos importantes para me ocupar.

E dito isso, levantou-se, aarrou os vários "ornais e a correspond2ncia, e,depois de faer uma inclinaç'o, despediu-se. Mas todas elas estavam t'oentusiasmadas falando sobre aminos de papel rosa, oraniando sua partidaa %helsea e especulando sobre a identidade da 4enhora 6artleb*, que nemsequer perceberam a sa&da dele.

3o lono dos dois meses seuintes, o desconforto de )arr* durante oscaf$s da manh' mostrou o quanto se enanou com os escritos da 4enhoritaDove. Depois de sessenta dias, todos comentavam o quanto era inteliente a4enhora 6artleb* e como as id$ias dela eram enenhosas.

Ele sempre soube que a 4enhorita Dove era uma mulher inteliente, mashavia escapado at$ que ponto. Pelo visto, era a Enciclop$dia 6rit?nica compernas.

3 4enhora 6artleb* parecia saber absolutamente tudo. %omo tirar asmanchas de tinta da seda, o melhor modo de recusar uma proposta decasamento de um vivo, que restaurantes eram os mais respeitáveis para umaarota "antar fora acompanhada e depois do teatro, e que confeitarias serviamos melhores doces.

Em sua coluna, asseurava ;s 4enhoritas trabalhadoras que era permitidopassear com um "ovem a tarde e sem acompanhante, desde que sua amiade

remontasse de vários anos, que o dito passeio tivesse luar ao sair do trabalhoe que o "ovem em quest'o fosse respeitável e tivesse boa reputaç'o. 3s damasda alta 4ociedade eram um assunto a parte, pois estas oavam de menosliberdade que as arotas que anhavam a vida trabalhando e deviam iracompanhadas de suas acompanhantes at$ completar trinta anos.

3 4enhora 6artleb* n'o se esquecia, tampouco, do se(o masculino emsua coluna semanal. 4abia desde onde comprar as botas de cavalheiro maisconfortáveis, at$ que charutaria tinha o melhor estoque de charutos havana,charuto que deveria ser fumado ao ar livre, $ claro. Era uma ferrenha defensorados colarinhos das camisas bem enomados e dos punhos, que recomendava a

todos os "ovens trabalhadores, e em troca desdenhava das viseiras e as luvas, eos desaconselhava inclusive para o trabalho de contador.

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E Então ele a Beijou

3s palavras +A Senhora BartlebI di R eram repetidas em tantas conversas,que )arr* acreditava que se as escutasse mais uma ve, 7caria louco.

3p#s este imprevisto e incr&vel sucesso, )arr* tinha que acrescentar queainda n'o havia encontrado substituto para a 4enhorita Dove. @o dia seuinte a

bria no apartamento dela, havia chamado ; a2ncia, e, depois disso,des7laram por seu escrit#rio uma multid'o de secretárias e secretários. >odas;s vees asseuravam que mandariam alu$m com e(peri2ncia, mas semprealo saia mal. /u eram muito lentos, ou incapaes de lembrar que )arr*ostava de caf$ e n'o de chá e que o tomava sem leite nem açcar, outrosesqueciam suas entrevistas.

/ ltimo dia foi o pior que os outros, porque n'o bastasse tudo, )arr*perdeu sua aenda. 4e a 4enhorita Dove estivesse ali, isso n'o seria nenhumproblema, "á que ela sempre sabia onde ele deveria estar e a que hora, masseus sucessores airam como uns incompetentes.

/ mais recente, um "ovem chamado !uinn, pareceu a )arr* o pior do lote. >inha o irritante hábito de abai(ar a cabeça como um 7lhote espancado cadave que diia que havia se enanado. Mas ter que repetir as mesmase(plicaç+es dia ap#s dia, a diferentes pessoas era e(austivo, tanto para elecomo para os membros de sua equipe, de modo que, 7nalmente, havia seresinado a 7car com !uinn de maneira provis#ria. Mas ; medida quepassavam os dias e que a popularidade da 4enhora 6artleb* ia aumentando,começou a temer que tivesse que 7car com !uinn, ou com alu$m iualmenteincompetente, durante muito tempo.

E como se "á n'o bastasse isso, as damas de sua fam&lia voltaramencantadas de sua e(pediç'o ao bairro de %helsea e, depois disso, seuiamcom convicç'o os conselhos da coluna semanal da 4enhora 6artleb*, que liamem vo alta todos os sábados pela amanh'. /raniavam sua vida ao redor dainformaç'o que ditava o álter eo da 4enhorita Dove, e astavam o dinheiro de)arr* em qualquer tolice que ela recomendasse.

1 Diana, a coluna de ho"e parece escrita para voc2 1 Louisa dobrou o "ornal que tinha nas m'os 1 3 4enhora 6artleb* fala de como oraniaralmoços de casamento.

3 not&cia foi recebida com e(clamaç+es entusiasmadas por parte de todasas damas. )arr*, que estava tentado a proibir a leitura do peri#dicos durante ocaf$ da manh' com a desculpa de que era falta de educaç'o, 7cou olhando oprato de ovos com bacon e peruntou para si mesmo se por acaso em seu clubeserviriam caf$s da manh'.

1 "ste ano, pode-se tanto or1aniar almoços com os convidados sentadoscomo com convidados em pé 1 leu a m'e dele 1 claro que cada ato requer umcardápio distinto. Jeamos, se os convidados não estão sentados, não se podemservir entradas quentes, é evidente. $anapés de caran1ueo e pat5s podem ser 

uma boa opção, e sopa *ria de tomate servida em uma taça. Assim osconvidados podem beb5-la sem colher enquanto passeiam pela *esta,

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E Então ele a Beijou

conversando uns com os outros. !ue rande id$ia8 E que inteliente8

)arr* n'o pode evitar revirar os olhos, embora nenhuma delas tenhapercebido.

1 Além dos habituais *rios 1 prosseuiu sua m'e 1 uma salada sempreé bem vinda. /e *ran1o, por e?emplo, com am5ndoas e maionese, é deliciosa, e pode servir em cima de pequenos croissants ou pequenos sanduFches.

3 suest'o recebeu aplausos e eloios, apesar de que )arr* seuia sementender o que era t'o fascinante.

 5ac<son apro(imou-se dele com a correspond2ncia e )arr* afastou o pratopara poder classi7cá-la, detendo-se de repente ao ver um envelope com oescudo de Lorde 6arriner. 3briu-o, e a informaç'o que continha o dei(ou t'oat9nito que teve que ler duas vees para asseurar-se de que n'o estava

sonhando.G Social 8aette duplicou sua tira1em nos Kltimos meses  1 diia

6arriner com orulho.

E como resultado, os anhos com publicidade aumentaram radualmentetamb$m, assim, o %onde decidiu subir o preço da venda do "ornal para cento ecinq=enta mil libras.

Barrin1er precisava do dinheiro com ur15ncia, pensou )arr*, o quedeveria obriá-lo a abai(ar o preço. Mas n'o, o estava subindo. E por qu20 Por

culpa de bichinhos de papel e de sopa servida em taças.1 !uerido, n'o ran"a os dentes 1 briou Louisa, e loo olhou para sua

7lha mais velha por cima dos #culos 1 Diana, o cardápio que prop+e a 4enhora6artleb* $ e(celente, n'o0 4eria muito apropriado para seu casamento.

)arr* n'o suportou mais.

1 @em pensar8 1 E(clamou 7cando em p$ 1 Eu n'o vou beber sopaservida em uma taça, mam'e, nem sequer por Diana8

Depois de dei(ar clara sua opini'o, atirou o uardanapo ao lado do prato,uardou a carta de 6arriner no bolso e saiu dali, dei(ando as nove mulheresboquiabertas. %omo n'o faia id$ia de quais eram seus compromissos para odia, e ao que parece, seu secretário tamb$m n'o, decidiu ir ao clube. 3queleluar sarado, o ltimo reduto onde os homens podiam se refuiar, sem que seimportasse como deveria ser um cardápio de casamento, nem como poderiampassear ou n'o com uma moça em plena tarde.

3o chear ao 6roo<Gs, viu dois conhecidos, sentados em uma mesa nocanto. %ruou o sal'o para apro(imar-se deles.

Lorde eston foi o primeiro a v2-lo.

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E Então ele a Beijou

1 sto sim que $ estupendo 1 e(clamou, 7cando de p$ para dar umapalmada no ombro 1 3lero-me de que este"a aqui, Marlowe. Estamos tendouma discuss'o, e cheou bem a tempo para esclarecer coisas.

1 3h, sim0

)arr* saudou o outro homem, 4ir Philip Wnihton, e pu(ou uma cadeirapara sentar.

 1 4obre o que est'o discutindo desta ve0

1 Eu dio que o n# diplomático continua na moda, mas 4ir Philip di quen'o, que aora a moda $ usar o comme il fautK 

1 @'o sou eu quem di isso, eston 1 protestou 4ir Philip 1 3 tal6artleb* dei(ou muito claro em sua coluna desta semana. / n# diplomático está

morto.1 sto $ o cmulo8 1 )arr* levantou-se t'o depressa que at$ derrubou a

cadeira 1 maldiç'o, nem sequer no clube posso 7car tranq=ilo0

 >odos os cavalheiros que havia ao seu redor, inclusive seus amios,olharam at9nitos para ele. )arr* respirou fundo.

1 Desculpem-me 1 disse com uma inclinaç'o de cabeça 1 mas tenhoque ir. Lembrei aora que tenho uma entrevista muito importante.

4aiu dali e pediu que trou(essem a carruaem, mas quando esta cheou,disse ao cocheiro que fosse sem ele e foi caminhando.

Aepassou mentalmente tudo o que pode recordar dos escritos da4enhorita Dove, que n'o era muito, "á que n'o lera quase nada. E como o poucoque leu n'o conseuira captar seu interesse, loo nada pode se lembrar. 3losobre como decorar um piso e pouco mais, como oraniar uma festa em casa,o modo mais adequado de sair para cavalar, o aborrecia s# de pensar.

Por que estava tendo tanto sucesso0 Era incapa de entender. E esse eraprecisamente o problema. Porque, apesar dos escritos da 4enhorita Dove n'o o

interessar, era evidente que para outras pessoas sim. Em apenas dois meses, opersonaem da 4enhora 6artleb* havia causado sensaç'o. %omo era poss&velque tenha se enanado tanto com o osto dos leitores0

Aecordar a acusaç'o de sua e(-secretária, foi como receber umabofetada.

Joc5 é muito curto de idéias.

Seria verdade0 )arr* sempre se orulhou de ter uma mentalidade aberta.%onvertera-se em alu$m conservador sem perceber0 Pensou em seus editores,

em todos os manuscritos que recomendaram ao lono dos anos e que ele havia4  E(press'o para corretamente

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E Então ele a Beijou

recusado. !uantas 4enhoras 6artleb* mais haveria entre eles0 3ora "amaissaberia.

Ele sempre foi t'o con7ante em seu instinto, e nunca havia falhado. 4eusucesso como homem de ne#cios dependia de sua capacidade de se antecipar

;s necessidades dos leitores e de satisfa2-las no momento adequado. Estavadesaparecendo essa capacidade0 4eus instintos estavam falhando0

)arr* n'o estava acostumado a duvidar de si mesmo, e era uma sensaç'omuito estranha. Estava perdendo as qualidades que o converteram no editorcom maior sucesso de toda Cr'-6retanha0

3o chear ao )*de Par<, parou em frente a um menino com boina quevendia peri#dicos. Possu&a tr2s e(emplares dos que ele editava mais o London >ime e o 4ocial Caette. %omprou um e(emplar do ltimo, procurou um bancovaio e sentou ali. Leu at$ a ltima v&rula da coluna de +!ondres para

SenhoritasR, escrita pela 4enhora )on#ria 6artleb* e, ao terminar, emborativesse sido informado sobre o almoço perfeito para casamento, continuava semsaber o que aradava tanto as pessoas.

Embora, por outro lado, o que ele pudesse pensar dos escritos da4enhorita Dove "á n'o importava mais.

)arr* se recostou no banco e tentou analisar a situaç'o com ob"etividade./ ne#cio de editor era muito arriscado, sempre mudando e muito competitivo.@'o podia 7car para trás. @os ltimos anos, seus investimentos mais rentáveisforam fruto de seu instinto visionário e de sua capacidade para saber tirar

proveito de qualquer situaç'o. >alve houvesse cheado o momento de faer omesmo com o assunto da 4enhorita Dove.

/correu-lhe uma id$ia, e sentiu o otimismo renascer em seu interior.

ma hora mais tarde, levantou-se sabendo e(atamente o que deveriafaer. ria ver 6arriner e aceitaria suas condiç+es da venda. Baria isso aora. Do "eito que estavam ;s coisas, acabaria perdendo tempo, e o sucesso da 4enhora6artleb* custaria ao bolso dele outras cinq=enta mil libras mais.

Emma adorava esta nova vida. Passava a tarde percorrendo as lo"as deLondres em busca de informaç'o para transmitir as suas leitoras, dar r$deasolta a sua inteli2ncia, a sua criatividade e encontrar um modo que, inclusiveas matronas mais miseráveis pudessem oraniar um "antar bem sucedido, at$os melhores conselhos para que uma 4enhorita trabalhadora pudesse decorarseu apartamento. Costava muito de escrever e ler seus artios publicados,tamb$m ostava do sucesso da personaem da 4enhora 6artleb*, pois cada veque 7cava a cada manh' na máquina de escrever e rediia os conselhos como

seu álter eo, podia ouvir de novo a vo de tia L*dia. Era quase como se elaestivesse sentada ao seu lado, a"udando-a, compartilhando o sucesso com ela.

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E Então ele a Beijou

Porque era um sucesso, por mais incr&vel que parecesse. 3pesar dascont&nuas recusas de seu antio chefe, Emma sempre teve certea de que seusconselhos a"udariam ;s pessoas. Mas espantou-se ao ver o impacto que teveseu personaem e a rapide com que 7cou t'o popular. Em um m2s, converteu-se no tema das conversas das manh's dos sábados, e quando pediu a 6arriner

que aumentasse seu salário, este aceitou encantado, com o que pode dei(ar derecorrer a suas economias e manter-se s# com seu salário de escritora.

@o 7nal de dois meses, havia recebido montes de cartas, tantas, que n'opodia responder no prao que ditavam as normas de educaç'o. Os vees,enquanto esperava o 9nibus na esquina, ou faia compras no açouue, ouvia aspessoas falando da 4enhora 6artleb*. Essa popularidade causava um lieirocomich'o no est9mao, mas caso recebesse uma cr&tica neativa ou ouvissealu$m falar mal dela, deprimia-se durante horas e acabava comendo muitochocolate.

3pesar das ocasionais cr&ticas e de suas correspondentes dores deest9mao, Emma "amais foi t'o feli. / que estava faendo era muito mais tilque asseurar-se de que aquele homem nada apresentável e desmemoriadocheasse a tempo para suas reuni+es. E muito mais rati7cante que comprarpresentes em nome dele. Mas reconhecia que seu novo trabalho n'o era nadafácil.

 >eve que se acostumar a trabalhar com datas de entrea, e isso era duro. >inha que ser escrupulosa para documentar e "udiciosa ao dar conselho.

Por outro lado, Lorde 6arriner pediu que ela mantivesse a identidade da

4enhora 6artleb* em seredo, e isso era o mais dif&cil de tudo, pois ela semprefoi e(tremamente honesta. De qualquer modo, tal como havia dito Lorde6arriner, o mist$rio havia servido para ressaltar ainda mais a curiosidade dopblico. E, o que era mais importante, supunha-se que os conselhos de umamulher mais velha, certamente perderia credibilidade caso descobrissem emostrasse que na realidade tratava-se de uma arota solteira. 37nal, ninu$mqueria receber conselhos de uma solteirona, e isso era precisamente o motivopor Emma decidir escrever com pseud9nimo.

Embora entendesse os motivos de seuir recorrendo a tal subterfio, n'ovia maneira de mant2-lo. Lorde Marlowe sabia a verdade, e tinha motivos desobra para e(por esse motivo, mas quando disse para Lorde 6arriner, o %ondesorriu de modo misterioso, e disse que Marlowe era o ltimo interessado a falar.

Estranhava que Lorde 6arriner con7asse tanto na discriç'o de Marlowe,mas aceitou manter a boca fechada, e depois todo mundo soube que, depois dedespedir-se de seu antio trabalho, Emma havia começado a trabalhar comosecretária da aora t'o famosa 4enhora 6artleb*. 4entia-se culpada por mentir,mas assim que pensava no que Lorde Marlowe havia dito sobre as +tolices  queescrevia, a dita culpa desaparecia no ato.

%onforme as semanas passavam, mais fácil 7cava para Emmadesempenhar seu papel. m domino ; tarde, enquanto tomava o chá com as

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E Então ele a Beijou

outras "ovens que viviam em seu edif&cio, conseuiu responder a todas suasperuntas sem dier nenhuma mentira, coisa que continha m$rito. 4entada nasala de "antar da 4enhora Morris, rodeada pelo pálido papel de parede e entreaqueles m#veis de mono, Emma pode escutar como suas amias comentavamsua ltima coluna, e comprovar de primeira m'o o alcance de sua inu2ncia. Boi

uma tarde das mais rati7cantes.

1 / 4enhor 5ones me pediu em casamento.

/uviu-se o barulho de cinco (&caras ao baterem em seus respectivos pires,seuido por cinco e(clamaç+es de assombro procedentes das moças, que "álevantavam a cabeça para a 4enhorita 6eatrice Penetre, sempre a ltima achear e que acabava de entrar na sala.

1 /h, querida 6eatrice8 1 3 4enhora Morris dei(ou a (&cara em cima damesa e olhou para a "ovem 1 !ue dia t'o feli.

6eatrice sentou-se na asta poltrona que estava acostumada a ocupar. Elaestava com o rosto resplandecente de satisfaç'o, sem dvida aluma devido aoamor, mas tamb$m em parte pela sensaç'o de triunfo por ter conseuido alot'o dif&cil, encontrar um "ovem respeitável e com futuro.

1 E pensar que devo tudo ; 4enhora 6artleb* 1 6eatrice retirou as luvaspara poder mostrar a todas elas o anel de compromisso, uma delicada 7liranade prata 1 4e n'o fosse por ela, certamente teria morrido virem.

 >anto a 4enhorita Prudence 6osworth como a 4enhorita Maria Martinale

7caram sem fala quando ouviram o maldoso comentário, mas de qualquerforma a felicitaram, pelo afeto que sentiam por ela, e tamb$m para ocultar ainve"a. 3 4enhora Morris e a 4enhora n<berr* dei(aram de lado as respectivas(&caras de chá e eloiaram o anel sem remorso.

Diferente de suas companheiras ainda solteiras, elas n'o tinham nada atemer por seu futuro. 3 4enhora Morris era viva, e havia herdado uma fortunade seu falecido marido. / marido da 4enhora n<berr* era o proprietário de umapr#spera livraria na Bleet 4treet, e embora o casal vivesse no pequenoapartamento que possu&am em cima do estabelecimento, seu lar eraconfortável, a lo"a ia bem e, al$m disso, conseuiram educar as quatro 7lhas.

Da sua parte, Emma apesar de seus trinta anos "á havia superado a idade de ternoivos desistiu de casar, mas n'o era imune ao monstro de olhos verdes. Mas ainve"a que sentiu ao saber que 6eatrice se casaria n'o era comparável ;satisfaç'o, ao saber do papel t'o importante que desempenhou na felicidade desua amia.

1 6eatrice, voc2 tem que nos contar tudo 1 pediu a 4enhora n<berr*,bebendo um pouco de chá 1 Por que di que seu compromisso $ m$rito da4enhora 6artleb*0

1 %laro, voc2 estava em or<shire, assim n'o sabe tudo o que aconteceu1 3 "ovem aceitou uma (&cara de chá da an7tri' e apanhou um pedaço de bolo1 /uviu falar da 4enhora 6artleb*.

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E Então ele a Beijou

3 mulher assentiu.

1 : claro8 Leio sua coluna sempre que posso, embora em or<shire se"adif&cil conseuir o 4ocial Caette.

1 Pois bem 1 continuou 6eatrice 1 o 4enhor 5ones levou meses pedindopermiss'o para percorrer comio o caminho de volta ao sair da lo"a, mas a4enhora Morris diia que sendo os dois 4olteiros n'o seria apropriado. 3ssimque eu sempre recusava a companhia dele.

1 Be bem, 3biail, querida, em recomendar que fosse prevenida 1 dissea 4enhora n<berr* a sua amia 1 ma mulher sem fam&lia nunca $ bastanteprevenida no que se refere aos homens. >em que proteer com esmero areputaç'o.

1 : isso mesmo 5osephine 1 respondeu a 4enhora Morris 1 mas estava

enanada. 3 4enhora 6artleb* escreveu em sua coluna que $ perfeitamenteaceitável que uma arota como 6eatrice ande pela rua com um "ovem.

1 4$rio0 1 / assombro da 4enhora n<berr* mostrava-se evidente.

/lhou para as outras mulheres da sala e as cinco assentiram em un&ssono.

1 @a coluna n'o falava especi7camente de mim, claro 1 disse 6eatrice,referindo-se ao que Emma havia escrito seis semanas atrás.

 1 Ent'o, tudo saiu bem. 5á fa quatro anos que conheço o 4enhor 5ones.

Vemo-nos diariamente, as seis eu fecho a lo"a da 4enhorita ilson, e ele sempresai do escrit#rio de advoados na mesma hora, e durante anos percorremos asmesmas ruas sem dier nada um para o outro. E no que se refere a suareputaç'o, n'o há dvida de que o 4enhor 5ones $ irrepreens&vel, $ s# ver ondetrabalha. E em mais de uma ocasi'o, enquanto fa&amos 7la na cafeteria paracomprar o almoço, eu o vi comprar duas refeiç+es e dar uma a uma indienteque ronda pelo bairro. %om certea isso fala muita bem dele, n'o0

Emma estava completamente de acordo.

4eu nico ob"etivo ao escrever essa coluna era mitiar um pouco essa

estrita rera de conduta, e para que a pobre 6eatrice pudesse caminhar at$ emcasa com seu "ovem pretendente. 3 4enhora Morris tinha bom coraç'o, maspara falar a verdade, n'o era muito culta e estava acostumada a tomar tudo aop$ da letra. nclusive a tia L*dia, que havia sido sua amia durante anos,acreditava que era um pouco lerda.

1 6em 1 disse a 4enhora n<berr* 1 se a 4enhora 6artleb* disse queestava bem, 6eatrice, n'o tenho nenhuma dvida de está certa.

1 Biquei t'o contente quando li o artio 1 prosseuiu a "ovem 1 Boicomo se me tirassem um peso de cima. Ent'o fui correndo ver o 4enhor 5ones, e

disse a ele que se a 4enhora 6artleb* diia que passear "untos era correto,ent'o pod&amos 7car tranq=ilos. 3 partir de ent'o, cada dia sa&amos "untos do

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E Então ele a Beijou

trabalho e caminhamos at$ aqui 4enhora n<berr*. E no domino na parte datarde, vamos passear no parque, e foi ali que ele se declarou, há menos de umahora 1 /lhou o anel e moveu a m'o at$ que a prata cintilou sob os raios do solque entravam pela "anela 1 @os casaremos antes do @atal.

Emma sorriu e bebeu um pouco de chá. 4im, sua nova vida era muitosatisfat#ria.

@a quinta-feira pela tarde, quando o menino dos recados do 4ocialCaette foi recolher a nova coluna de Emma, ainda estava muito contente,apesar de passar quatro dias sentindo o que se denomina +bloqueio deescritor. 

!uando o "ovem 4enhor )obbs bateu a sua porta, Emma estava

datilorafando freneticamente o ltimo parárafo.1 m momento, )obbs 1 disse sem abrir, enquanto tirava a folha da

máquina de escrever 1 4# um momento.

Dobrou todos os pap$is e colocou-os em um envelope, lacrando-o com umpouco de cera e com a pressa, manchou a mesa. %orreu para a porta, e depoisde abrir entreou o envelope ao menino com um suspiro de al&vio.

1 3qui está 4enhor )obbs.

Diante sua surpresa, ele n'o peou o envelope, mas sim sacudiu acabeça.

1 Disseram-me que voc2 tem que entrear pessoalmente no Caette. 4#vim avisá-la.

1 Mas 1 Emma franiu o cenho com preocupaç'o.

3quilo sim era estranho, mas )obbs n'o parecia saber nada mais. Elapeou o chap$u, colocou as luvas, uardou o envelope no bolso da saia e seuiuo "ovem at$ os escrit#rios do 4ocial Caette, na 6ouverie 4treet.

!uando chearam, o porteiro dispensou o mensaeiro e com cara depreocupaç'o, acompanhou-a at$ o escrit#rio de Lorde 6arriner.

/ desconcerto de Emma aumentou ao ver o 4enhor 3she, o secretário do%onde, empacotando suas coisas.

1 6oa tarde, 4enhor 3she 1 saudou 1 / que está faendo0

/ homem dei(ou o tinteiro de prata na escrivaninha de madeira antes deresponder.

1 Lorde 6arriner vendeu o peri#dico 1 e(plicou 1 / novo proprietáriome ofereceu o posto, mas ap#s tantos anos com Lorde 6arriner preferi

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E Então ele a Beijou

continuar com ele, assim, como pode ver, estou recolhendo minhas coisas.

1 Ele vendeu o 4ocial Caette0 3 quem0

1 3 mim, 4enhorita Dove.

3 vo que ouviu ;s suas costas era tremendamente familiar.

Bechou os olhos durante um instante, reando para estar enanada, masquando os abriu e virou-se, viu que n'o.

@a porta, com um ombro apoiado no batente e os braços cruados sobre opeito, estava seu antio chefe.

Emma 7cou olhando para Lorde Marlowe, e um n# formou-se no est9maoao ver como sua nova e maravilhosa vida estava virando p#.

Cap+tulo : per*eitamente possFvel cercar uma relação satis*at@ria e a1radável com

uma mulher. 6as somente se voc5 não passar com ela pela )1rea.

!orde 6arlo7e,

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E Então ele a Beijou

8uia para Solteiros, %&'(

1 Lorde 6arriner vendeu o Caette0 Para voc20 sto $ 1 Emma tentou

recuperar a compostura 1 inesperado.1 6arriner e eu estávamos a meses discutindo uma poss&vel venda. @a

semana passada cheamos a um acordo e ontem assinamos os pap$is 1afastou-se da porta e apontou a escrivaninha que havia atrás dele 1 Euostaria de discutir alumas coisas com voc2.

Ela entrou no que havia sido o escrit#rio de 6arriner. 3pesar dos m#veiscontinuarem ali, todos os ob"etos pessoais do proprietário anterior haviamdesaparecido. 3s estantes estavam vaias, o eleante escrit#rio vaio, osquadros ausentes e tampouco havia tapete.

Lorde Marlowe fechou a porta. 3pontou a cadeira adiante dele.

1 4ente-se, por favor.

Emma n'o queria. !ueria acabar com aquilo o quanto antes e sair dali. >irou o envelope do bolso da saia. 3 coluna para a pr#(ima ediç'o.

Estendeu o envelope ao Visconde, apesar de achar que ele recusaria./lhou-o nos olhos, desa7ando-o a dier que sua estpida coluna desapareceriada publicaç'o e que ela 7caria sem empreo. 3t$ que isso n'o parecia má

id$ia.@'o escreveria para Marlowe, nem que fosse o ltimo editor sobre a face

da terra. 3l$m disso, nos ltimos meses conseuiu faer um nome, e comcertea, alum outro editor estaria disposto a publicar suas notas. Aeconfortadadiante de tal perspectiva, conseuiu manter a calma.

1 @'o a quer0 /h, mas o que eu estou pensando0 : claro que n'o. 4# falade como por a mesa. %om que colheres servir, talheres de pei(e e esse tipo deocorr2ncias. %oisas aborrecidas. !uem ostaria de ler isso0

 5á começava a uardar o envelope no bolso quando, para sua surpresa,Marlowe estendeu a m'o. Deu-lhe o envelope e ele o dei(ou de lado para voltara pedir que sentasse.

1 4enhorita Dove, eu ostaria de 7car confortável enquantoconversamos, mas como eu sou cavalheiro, n'o posso me sentar at$ que voc2 ofaça. 5á sabe, normas de etiqueta.

Ela arqueou uma sobrancelha c$tica, descartando que ele soubesse doque estava falando.

1 4ei alo sobre boas maneiras 1 disse o Visconde, e sorriu, mas, ascomissuras de seus olhos de um aul profundo se enruaram com o esto 1

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E Então ele a Beijou

Embora, recentemente, alu$m me disse que n'o a coloco em prática.

Emma recordou a si mesma que ser encantador era um dos maiorestalentos de Lorde Marlowe, e que com esse ardil havia conseuido manipulá-ladurante anos e pensando nisso conseuiu n'o devolver o sorriso. Em ve disso,

respirou fundo e decidiu que n'o 7caria ali esperando que ele cortasse a cabeçadela. 4entou-se e tomou a palavra.

1 Milorde, eu sei qual sua opini'o sobre as escolhas editoriais de Lorde6arriner. 5á me dei(ou isso claro na ltima ve que falamos. Em vista disso,estou seura de que irá levar o 4ocial Caette em outra direç'o.

1 sso $ verdade, mas...

1 E 1 prosseuiu ela 1 $ #bvio que as +tolices  que eu escrevo n'ofaem parte de seus planos.

1 3o contrário.

1 4e tiver intenç'o de publicar a coluna que dei, aradeceria que paassepor ela. Depois, n'o terá que voltar a ler nada do que escrevo, e tampouco teráme suportar criticando sua falta de maneiras 1 %omeçou a levantar-se, mas arisada que ouviu nas palavras do Visconde a deteve.

1 4enhorita Dove, acabo de reconhecer que nem sempre tenho boasmaneiras, mas sei alumas normas básicas de cortesia. Por e(emplo, acreditoque interromper alu$m enquanto fala $ de muito má educaç'o, n'o $ assim0

Emma sentiu que ruboriava e tratou de manter a compostura.

1 @'o estava consciente do que estava faendo 1 disse 1 Desculpe-me.

1 Desculpas aceitas 1 respondeu, levantando a comissura do lábio deum modo muito suspeito. Ela moveu-se inc9moda na cadeira e ele percebeu,porque de repente 7cou s$rio 1 @'o estava rindo de voc2. 6em, talve sim 1reconheceu 1 mas s# um pouco. : que sempre toma t'o a s$rio tudo sobre asnormas de educaç'o.

1 E ambos sabemos que voc2 n'o.1 3 nica coisa que eu levo a s$rio s'o os ne#cios, bem, sen'o n'o

valeria a pena 1 >irou uma c#pia do 4ocial Caette de uma aveta o abriu emcima da mesa. Boi ; páina tr2s, onde estava a coluna dela e seuiu falando 13dmiro sua perspicácia ao antecipar minhas 7nalidades. >em ra'o ao dier quetenho a intenç'o de faer mudanças. De fato, mudanças muito drásticas.

Emma queria acabar com aquilo o quanto antes.

1 4e for eliminar minha coluna, dia-me, por favor.

1 @'o tenho intenç'o de faer isso.

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E Então ele a Beijou

1 Vai continuar publicando-a0 1 "ulava que uma dama "amais devessee(pressar surpresa, mas Emma n'o pode ocultar seu assombro. >alve n'otivesse ouvido bem 1 Mas voc2 odeia o que escrevo8

1 >alve +odiar  se"a uma palavra muito drástica.

1 Disse que eram somente tolices 1 cruou os braços e olhou para ele 1Disse que n'o era bom.

1 sso n'o $ e(atamente o que eu disse.

1 @'o vamos 7car com rodeios. sso $ o que voc2 acredita.

Ele n'o a corriiu, mas 7cou olhando para ela de um modo muitoestranho.

1 mporta tanto em que acredito01 !uando trabalhava para voc2, sim, importava-me muito. Aespeitava

seu crit$rio. %on7ei a voc2 meus escritos, coisa muito pessoal, com a esperançade que voc2 os achasse dinos de publicar. E, para minha surpresa, voc2 nemsequer teve o trabalho de ler esses escritos, por n'o falar de analisá-los comob"etividade.

1 Li aluma coisa, mas n'o vou voltar a me "usti7car. 3ssim comotampouco voltarei a dar minha opini'o sobre eles 1 Be uma pausa e a olhounos olhos antes de continuar 1 4enhorita Dove 1 disse, inclinando-se para

frente 1 recusei seus escritos porque, de verdade, n'o acreditava quepudessem interessar a alu$m. Mas $ #bvio que me enanei. Bui incapa deanalisar sua obra com ob"etividade.

1 / fato de voc2 n'o ostar, n'o quer dier que todos tenham a mesmaopini'o.

1 >em ra'o. Voc2 me chamou de curto de id$ias, e percebi que emrelaç'o a seu trabalho, $ uma acusaç'o acertada.

/uvir isso, de certa forma a reconfortou.

1 E aora quer publicar0

1 4im 1 Levantou as m'os com as palmas para ela 1 Aeconheço quen'o entendo o que há de t'o fascinante na decoraç'o de um apartamento ouem plane"ar um cardápio para casamento 1 3bai(ou as m'os e se encostou aorespaldo da cadeira 1 Entretanto, dado o sucesso que obteve, seria tolice deminha parte n'o admitir que essa fascinaç'o e(iste, e perder estaoportunidade. Voc2 satisfa uma necessidade, 4enhorita Dove, umanecessidade que eu fui incapa de perceber. E sempre que há uma necessidade,sini7ca possibilidades de faer dinheiro. @'o tenho que ostar de sua obra

para publicá-la.

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E Então ele a Beijou

1 / que quer dier $ que aora que demonstrei que posso erar lucros,n'o se importa em publicar alo que re"eitou e ridiculariou 1 Emma levantou-se 1 @'o. Levarei minha coluna a outro editor, a um que respeite e aprecie oque faço.

Esperava que ele risse dela, mas n'o o fe.

1 : livre de levar seus escritos onde quiser, $ claro 1 disse LordeMarlowe ao levantar 1 4e isso $ o que quer, eu n'o posso impedi-la, emborase"a uma lástima 1 acrescentou ao ver que ela se virava para sair 1 %aso váembora, n'o poderei converter sua coluna em toda uma seç'o.

Emma parou de repente, e pouco a pouco 7cou cara a cara com ele.

1 / que disse0

1 Pensei em dedicar uma seç'o inteira do 4ocial Caette aos temas deetiqueta e moda 1 @eou com a cabeça 1 >eria sido um sucesso. : uma pena.

Ela franiu o cenho para observá-lo com atenç'o em busca de alum sinalque estivesse mentindo, mas n'o encontrou.

1 Bala a s$rio0

1 5á disse a voc2, sempre falo a s$rio quando se trata de ne#cios.

Emma enoliu em seco e voltou a sentar.

1 / que e(atamente tem em mente0

1 Poderá escrever sobre tudo o que oste. @ormas de etiqueta, ondecomprar as coisas, receitas, suest+es como a desses aminos rosa e coisasdo 2nero. 4erá sua decis'o, pois o contedo estará sob sua responsabilidade.Poderá faer entrevistas, dar conselhos, responder as cartas dos leitores,compartilhar receitas. 3 nica coisa que peço $ que mantenha o interesse dopblico.

Ela sentiu uma emoç'o t'o rande que mal podia respirar.

1 4ei que Lorde 6arriner manteve em seredo sua identidade 1prosseuiu ele 1 e apesar de odiar ter que dar ra'o em aluma coisa, nestecaso eu estou de acordo com ele. 4ua credibilidade sofrerá caso sua identidadese"a declarada. 3l$m disso, o mist$rio a fa ainda mais interessante.

Emma n'o respondeu. Estavam ocorrendo tantas id$ias que foi incapa defalar.

1 Mais uma coisa, 4enhorita Dove, advirto que tenho intenç'o de meenvolver pessoalmente neste pro"eto, do mesmo modo que faço com todos osmeus investimentos. Vou faer muitas mudanças no 4ocial Caette paraadequá-lo aos tempos atuais, e dado que pauei uma fortuna a 6arriner para

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E Então ele a Beijou

me vender esta publicaç'o, vou 7scaliar todos os detalhes, incluindo a suaseç'o. Prestará contas diretamente a mim e eu mesmo editarei e corriirei seuste(tos.

3 e(citaç'o de Emma diminuiu um pouco ao ouvir essas ltimas palavras.

1 sso "amais funcionará 1 disse.

1 Por que n'o0 1 peruntou ele.

1 Porque eu n'o osto de voc2 1 mas assim que falou essas palavras,levou as m'os aos lábios, horroriada diante de sua falta de tato. 3 tia L*diateria 7cado horroriada.

Mas para sua surpresa, Marlowe riu.

1 3ssusta-me pensar o quanto pobre eu seria, caso s# 7esse ne#cioscom ente de quem eu ostasse 4enhorita Dove.

Ela abai(ou a m'o.

1 Boi falta de educaç'o da minha parte. Desculpe-me, n'o deveria terdito tal coisa.

1 Mas $ no que voc2 acredita 1 Dei(ou de sorrir e inclinou a cabeça paraestudá-la.

Bicou pensativo.

4ob seu escrut&nio, Emma tocou o cabelo. @'o sabia o que dier.Provavelmente "á tivesse dito muito.

1 3pesar de nossa ltima discuss'o, eu sempre acreditei quetrabalhávamos muito bem 1 murmurou ele 1 Estava errado0

3 "ovem suspirou, sabendo que o dano "á estava feito.

1 @'o 1 respondeu 1 Mas nos dávamos bem porque eu nuncaquestionava suas ordens. Meus deveres n'o tinham nada a ver com o que eu

pensasse sobre voc2 ou sua vida. 4e tivesse dado minha opini'o, teria sido umaimpertin2ncia imperdoável.

1 Mas ao que parece, aora "á n'o tem nenhum cuidado em faer 1Voltou a rir, mas desta ve a risada n'o parecia sincera 1 4ei que vários doshomens com quem faço ne#cios n'o ostam muito de mim, mas nunca meocorreu que voc2 tamb$m n'o ostasse.

@em ela, at$ que aquelas palavras sa&ram de sua boca.

1 @'o $ que eu n'o oste, $ s# que n'o temos nada em comum 1

e(plicou, tentando "usti7car alo que nem sequer ela mesma entendia.

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E Então ele a Beijou

1 @'o 7que reprimida, continue.

1 @'o estou me reprimindo. 3credito que voc2 e eu somos muitodiferentes, e que vemos as coisas de diferentes maneiras. Voc2 acredita que oque eu escrevo $ uma tolice e que n'o serve para nada, mas isso em parte se

deve a sua posiç'o social. /s nobres podem ser mal educados e ninu$m dáimport?ncia. Eles podem +interpretar   as normas a maneira deles, einclusive romp2-las se assim alme"am. /s de minha classe, n'o podem faernada parecido.

1 E muito menos as mulheres. Meu pai era muito r&ido. Era um militar nareserva e quando eu era criança eu tive... 1 4e deteve, sentindo um n# naaranta.

1 Voc2 teve o qu20 1peruntou ele imediatamente.

Era muito dif&cil falar de assuntos pessoais, especialmente os relacionadoscom seu pai, mas devia ; Lorde Marlowe uma e(plicaç'o. Era "usto.

/briou-se a continuar.

1 >ive uma inf?ncia que sem dvida voc2 quali7caria de r&ida. @inu$mfaia brincadeiras porque na casa de meu pai n'o pod&amos brincar. Emconseq=2ncia, seu comportamento me parece fr&volo, ombador e falso. Paravoc2 tudo $ um "oo e $ dif&cil saber quando está brincando e quando dialuma coisa a s$rio. @'o se importa com os outros, nunca comprapessoalmente seus presentes, nunca $ pontual e todas essas coisas. E em sua

vida afetiva, n'o posso evitar pensar que tem um comportamento dissoluto.4eu despreo pelo casamento, suas aventuras com bailarinas e outras mulheresde má reputaç'o.

Ele voltou a rir.

1 6em, diamos que ter uma aventura com uma mulher de boareputaç'o n'o teria raça.

Emma sup9s que fosse uma piada.

/ sorriso do Visconde desapareceu e piarreou um pouco.1 4im, compreendo do que n'o osta. 3l$m de ser um mentiroso

manipulador, sou fr&volo, brincalh'o, desconsiderado, impontual e um libertino.Esqueci aluma coisa0

Dito desse modo soava bastante ruim. Emma n'o teve a intenç'o de "ulá-lo t'o duramente, mas n'o tinha prática em criticá-lo.

1 @'o se pode dier que voc2 tenha tampouco boa opini'o sobre mim 1ela apressou-se a dier inc9moda 1 4ei que pensa que sou fria, ins&pida e que

n'o tenho senso de humor.

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E Então ele a Beijou

1 6em, n'o pode me culpar disso. Voc2 nunca ri de minhas piadas.

sso a fe sorrir.

1 >alve se"a porque elas n'o tenham raça0

1 4im, sim, tudo bem.

Voltou a 7car s$ria.

1 3 quest'o $ que n'o posso voltar a ter a mesma relaç'o desiual quet&nhamos antes. Para o tipo de trabalho que voc2 está propondo, eu teria queme sentir livre e e(pressar minha opini'o como escritora, e voc2 teria queaprender a respeitá-la.

3 cada palavra, Emma 7cava cada ve mais deprimida.

1 @#s dois ter&amos que ver o outro sob outra perspectiva. @'o comochefe e secretária, nem como Lorde ou a 7lha de um 4arento aposentado, massim como duas pessoas com id$ias e opini+es de iual import?ncia e de id2nticovalor. Dever&amos nos tratar com respeito e consideraç'o.

1 E n'o acredita que isso se"a poss&vel0

Emma pensou em todas as vees que ele a inorou. Em todas as veesque n'o disse o que pensava, por sentir-se muito intimidada.

1 @'o.

)ouve uma lona pausa e loo ele assentiu.

1 >em ra'o, suponho. Voc2 n'o osta de como sou e eu n'o osto doque voc2 escreve, assim suponho que n'o tem soluç'o 1 3pontou ; porta 1 Eua acompanharei at$ a sa&da.

@enhum dos dois falou enquanto ele a uiava para o vest&bulo. Pararamem frente ;s portas.

1 Eu vou andando para o meu escrit#rio 1 disse Lorde Marlowe 1 mas

pedirei uma carruaem para que a leve a sua casa.

1 @'o precisa. Estou convencida que o 4ocial Caette terá muito sucessosob sua direç'o. 6oa sorte 1 acrescentou 1 e falo isso a s$rio.

1 /briado. Eu estou certo de que voc2 n'o vai demorar a encontraroutro editor que publique sua coluna 1 3briu uma das portas e saiu atrás dela1 providenciarei para que pauem pelo artio que me entreou ho"e. Dese"o-lhe muito sucesso, 4enhorita Dove 1 Be uma inclinaç'o e partiu dali.

Emma observou os laros ombros de Marlowe ao dar meia volta e sentiu

uma pontada no peito. Disse a si mesma que tomara a decis'o correta. 4econcordasse em trabalhar para ele, se permitisse que ele colocasse as m'os em

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E Então ele a Beijou

seus artios, tudo terminaria, pois eles eram como a áua e o aeite. 5amaisconcordavam. Boi muito sensata ao recusar a oferta dele.

Essa palavra. Essa maldita palavra havia tornado a aparecer.

Sensata. 1 Espere8 1 Critou Emma, e correu atrás dele.

)arr* parou na esquina, esperando para que ela se apro(imasse dele.

1 4e cheássemos a um acordo, quanto me paaria0

Ele levantou uma sobrancelha diante da sbita mudança de atitude, masn'o disse nada a respeito.

1 Aeceberá de por cento dos anncios que apareçam em sua seç'o 1respondeu.

Ela se lembrou de todas as vees que tinha reateado com lo"istas at$conseuir um preço raoável, e percebeu que a situaç'o era e(atamente amesma. Decidiu que "á era hora de obter o que se merecia.

1 %inq=enta por cento seria mais "usto.

1 @'o estamos falando de "ustiça, mas sim de risco, e sou eu quemarriscará.

1 /uvi dier muitas vees que quanto mais alta $ a provocaç'o, maiselevados s'o os poss&veis benef&cios. E voc2 adora correr riscos. Costa dosriscos. 3l$m disso, a popularidade do Caette aumentou muit&ssimo raças aosmeus artios, e mereço que me recompense por isso.

1 3credite, "á pauei um preço muito alto por essa popularidade, quepode n'o durar. 3ora está na moda, reconheço, mas pode ser alo passaeiro,ho"e está aqui e amanh' ninu$m se lembrará de voc2. %aso isso aconteça, anica pessoa que perderá milhares de libras serei eu. Eu paarei vinte porcento.

1 !uarenta 1 contra atacou ela 1 3credito que posso manter ointeresse do pblico por muito tempo. E "á que estamos neociando 1prosseuiu ela 1 quero que 7que claro que, apesar da diferença social entrevoc2 e eu, e de nossa relaç'o pro7ssional anterior, a partir de aora me tratarácomo iual. @'o prepararei caf$ e n'o comprarei presentes que voc2pessoalmente deveria se ocupar, e tampouco me responsabiliarei por voc2chear tarde ou n'o em suas reuni+es, nem comio nem com ninu$m. Equando tivermos que corriir os artios, terá que con7ar em meu instinto e n'ono seu.

1 Prometo que tentarei manter a mente aberta, mas se acreditar que sevai pelos ares falando de como colocar bem uma mesa, ou sobre a decoraç'o

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E Então ele a Beijou

perfeita de um sal'o, me verei na obriaç'o de dier-lhe, "amais critiquei seutrabalho como o faria um editor, mas a partir deste momento, sereiabsolutamente honesto. Voc2 acredita que n'o se"a sincero, mas posso serbrutal quando necessário, assim prepare-se, 4enhorita Dove. 4e for capa dea=entar, darei vinte e cinco por cento, de acordo0

Ela abai(ou a vista para a m'o que ele estendia, rande, com dedosfortes. >alve Marlowe n'o ostasse muito, nem aprovasse o modo em que viviae pensasse que a metade do que sa&a de sua boca eram tolices, mas de umacoisa estava certa, quando oferecia sua palavra, a mantinha. 3ceitou a m'odele, e ao faer isso, Emma soube que ia tornar-se realidade um sonho muitomaior de quanto podia ter imainado.

1 De acordo.

)avia alo tranq=iliador no modo em que ele apertou-lhe os dedos, mas

estava confusa. 3conteceu tudo t'o rápido que era dif&cil assimilar.

Ele a soltou.

1 4euiremos publicando os artios na ediç'o de sábado. Precisarei dequatro páinas de contedo a cada semana. Poderá faer isso0

1 Poderei faer 1 %om essas palavras, todo o mal-estar que havia sentidoao escutar pela primeira ve sua oferta, desapareceu 1 / que n'o sei $ sepoderei me convencer de que tudo isto está acontecendo de verdade.

1 3credite em mim, 4enhorita Dove. !uero publicar o primeiro e(emplardo novo 4ocial Caette dentro de tr2s sábados. Dado que seu ltimo artio estápronto para ser publicado e que acaba de me entrear um para a pr#(imaediç'o, precisarei de outro para a semana seuinte.

!uando ela assentiu, continuou.

1 >amb$m precisarei de um resumo sobre o que pretende escrever nanova seç'o. @a seunda-feira deverá estar sobre minha mesa. 3ssim que derminha aprovaç'o, terá uma semana para escrever cada um dos te(tos. Eunecessitarei de aluns dias para corrii-los, e poderemos nos reunir na quarta-

feira para discutir tudo. @a quinta-feira voc2 entreará a nova vers'o ao meusecretário, eu darei o visto 7nal no dia seuinte e os mandarei imprimir. >odasas seundas-feiras voc2 me entreará o artio da semana. Parece-lhe bem0

Ela assentiu.

1 Perfeito 1 disse Marlowe

1 Ent'o, a partir de aora nos reuniremos em todas as seundas-feiraspara que possa me entrear seus escritos "untamente com as novas propostas eas quartas-feiras para discutir minhas correç+es. %on7o em que este

cronorama se"a conveniente 1 4em esperar que ela respondesse, prosseuiu1 na quarta-feira da semana que vem revisaremos as primeiras correç+es. De

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E Então ele a Beijou

momento, n'o tenho reuni+es e nenhuma outra entrevista 1 Ele franiu a testa1 Pelo menos acredito. %om o secretário que tenho aora, nunca estou certo denada.

1 3 que hora quer que nos reunamos e onde0

1 Os nove da manh'. Em meu escrit#rio

1 @'o cheue tarde 1 disse ela

1 Desde que voc2 saiu, sempre cheo tarde a todos os luares 1 /lhoupara ambos os lados da rua para ver se podia atravessar 1 Mas me esforçareipara ser pontual, nem que se"a s# para melhorar a opini'o que tem de mim.

Emma deu meia volta. >inha dado meia dia de passos quando a vodele a deteve.

1 4enhorita Dove.

Cirou a cabeça e viu que ele estava sorrindo.

1 4e tivesse mantido 7rmea 1 disse 1 eu teria dado os cinq=enta.

1 4e voc2 tivesse mantido 7rmea 1 respondeu ela 1 eu teria 7cadocom os de.

)arr* soltou uma aralhada. 4anto Deus, a 4enhorita Dove tinha sensode humor. !uem imainaria0 Bicou olhando para ela enquanto atravessava arua, e percebeu que havia muitas coisas que n'o sabia sobre aquela mulher.

Enanou-se sobre o que pensava dela. mainou que fosse fria e ins&pida,mas a "ular pelo sorriso que viu em seu rosto enquanto falava, )arr* soube quetamb$m havia se enanado quanto a isso. ual aos seus escritos. De fato,enanou-se em muitas coisas.

4empre acreditou que era uma mulher sem raça, pelo menos at$ o diaem que ela saiu de seu escrit#rio e descobriu que o cabelo dela era ruivo e combrilhos dourados nos olhos.

Pensou em seu aspecto feli, há apenas aluns instantes, enquanto pediapara que ele n'o se atrasasse, e percebeu que antes nunca a tinha visto rir.ma pena, porque quando sorria, a 4enhorita Dove n'o era absolutamente umamulher sem raça.

ma coisa estava clara. Ela n'o ostava dele. E isso preocupava )arr*,pois estava acostumado a aradar ;s mulheres. @'o que fosse presunçoso, masisso era um fato. Embora a 4enhorita Dove o estivesse faendo duvidar de todasas coisas que acreditava.

Era #bvio que ao lono dos anos que haviam trabalhado "untos, elaformou uma opini'o sobre o caráter dele. E sem que ele suspeitasse

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E Então ele a Beijou

confeccionou uma lista de todos os seus defeitos. @'o ostava, mas mesmoassim tinha trabalhado para ele durante cinco anos. Por qu20

ntriado, )arr* estudou a delicada silhueta enquanto ela se afastava dalie percebeu que nessa nova relaç'o como iuais, ele estava em desvantaem.

Ela sabia muito mais coisas dele que ele dela.

 >eria que faer aluma coisa para equiparar as coisas e decidiu que deviacomeçar a investiar o quanto antes.

 5oou um olhar especulativo aos quadris da moça. >udo em nome daiualdade, claro.

Cap+tulo 2

cavalheirismo é indispensável em um homem. $laro que tambémo*erece al1umas a1radáveis recompensas.

!orde 6arlo7e,

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E Então ele a Beijou

8uia para Solteiros, %&'(

3 4enhorita Dove sempre havia sido muito e7ciente, assim )arr* n'o 7cou

surpreso ao receber tr2s dias antes do previsto seus primeiros artios. Depoisde ler, percebeu duas coisas. 3 primeira, que ela realmente sabia escrever. E aseunda, n'o importava quanto fossem e(celentes suas descriç+es ardentes epr#(ima da sua prosa, ele "amais, "amais entenderia o que havia de interessanteem confeccionar uardanapos com ramos de lavanda ou saber que as "ovensdamas podiam ir a lanches e "antares, sempre que estas fossem reuni+esliterárias.

3pesar de tudo, e devido a que seu sucesso estava mais do quedemonstrado, tratou de ser o menos duro poss&vel na hora de corriir o trabalhodela, e procurou manter a mente aberta sobre seu contedo. %omo queria

comentar umas coisas, e falar tamb$m de certas mudanças, decidiu que omelhor seria devolver os artios o quanto antes. Poderia pedir que ummensaeiro levasse, mas decidiu que, devido ao novo esp&rito de colaboraç'oque se instaurou entre os dois, seria melhor fa2-lo em pessoa, e assim poderdebater pessoalmente suas suest+es.

Entretanto, no sábado durante a tarde, quando entrou no pequenoapartamento da 4enhorita Dove, pensou que seria imposs&vel falar de assuntospro7ssionais. Ela estava redecorando o luar. 3 porta do apartamento estavaaberta, e o aroma de pintura invadia o ambiente. Deteve-se na porta, e viu queas paredes eram aora de uma cor aul clara e as molduras bee e que um

novo tapete dourado, com desenhos prpura e verde aulado, cobria o ch'o demadeira. Ela afastara um dos sofás e havia colocado os m#veis de uma maneiradiferente para faer separaç'o com a mesa de cere"eira, cu"a cor combinavacom o de seu cabelo. 5unto a essa nova mesa de trabalho, havia uma pequenamesa de laca, cu"as patas tinham forma de elefante, e sobre ela, a 4enhoritaDove, com seu osto pelo e(#tico, havia colocado um enorme vaso cheio deplumas de pav'o.

3 "ovem estava suspensa em uma escada, em frente ; "anela aberta,pendurando cortinas de seda aulada na uia de madeira. @a outra "anela, queestava no outro e(tremo da parede, havia uma cortina id2ntica, que balançavacom a suave brisa de "unho. 4em perceber a presença dele, suspiroue(asperada, e )arr* observou como 7cava nas pontas dos p$s e levantava osbraços. 4eurando-se na uia com uma m'o para manter o equil&brio, tentoupear com a outra o tecido que se soltou. Mas seus esforços foram em v'o.

)arr* dei(ou sua maleta no ch'o e caminhou para onde ela estava comintenç'o de a"udá-la, mas parou em seco no meio caminho. 3li, de costas paraele em frente ; "anela, com os braços por cima da cabeça e com o sol da tardebrilhando atrás dela, a silhueta de seu corpo se desenhava com perfeiç'o sobsua blusa branca de linho.

)arr* podia ver as linhas de seu torso at$ a estreita cintura e quando ela

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E Então ele a Beijou

deu meia volta e levantou ainda mais um braço, pode contemplar o bonitoper7l, e distinuir a inconfund&vel forma de seus pequenos seios.

De repente, sentiu que n'o podia se mover. Era como estivesse preso aoch'o, a nica coisa que podia faer era olhá-la e sentir como o dese"o começava

a inamar seu corpo. 3ntes de notar o que estava acontecendo, sua mentecomeçou a con"urar imaens da 4enhorita Dove muito mais espec&7cas que aque estava vendo ali, frente ; "anela. 4empre ostou de mulheres voluptuosas,mas ao que parecia e para sua surpresa, as discretas curvas da 4enhorita Dovehaviam despertado sua lu(ria.

 >ratou de recuperar a compostura. Aecordou-se a quem estava olhando. >ratava-se da 4enhorita Dove, aquela r&ida moça que sempre seuia as normasao p$ da letra. 3quela que n'o ostava dele, que desaprovava seu modo devida e que o considerava um libertino. %laro que, nesse instante, essa descriç'ocheava muito perto da realidade, pois os pensamentos que des7lavam por sua

mente eram tudo, menos recatados.

Desliou o olhar pela saia marrom escuro, e em seuida caminhou devolta bem devaar. %om certea ela possu&a as pernas bonitas. E se precisavade tanto tecido para cobri-las, sem dvida eram sensuais. !uando começou atrabalhar para ele, havia especulado um par de vees sobre essa parte de seucorpo, mas "amais se permitiu ir mais ; frente. %omeçou a imainar umas co(asbem torneadas e "oelhos perfeitos.

Ela aitou-se no alto da escada para tentar libertar uma ve mais acortina e a saia balançou ao mesmo tempo em que )arr* se apro(imava e

estudava o traseiro da moça de um modo muito pouco cavalheiresco. %omtodas as anáuas que as mulheres levavam sob a roupa naqueles tempos, eradif&cil de asseurar, mas )arr* "uraria que as sensuais curvas da 4enhorita Doveeram todas naturais.

1 /h, maldiç'o8 Por todos os dem9nios8

3 e(clamaç'o de frustraç'o foi t'o inesperada que afastou )arr* dasfantasias que sua mente estava elaborando e, ao ouvir esse improp$rio t'oimpr#prio de sua secretária, riu.

Emma virou-se surpresa, e a escada cambaleou periosamente.

1 %uidado, 4enhorita Dove 1 advertiu ele, apro(imando-se.

4eurou a escada com uma das m'os para equilibrá-la.

1 3 cortina 7cou enanchada 1 e(plicou ela, enquanto voltava a 7car decostas e continuava movendo o tecido para ver se o soltava.

1 @'o 1 disse ele 1 Desça e dei(e que eu faça isso.

Mas antes que ela pudesse fa2-lo, )arr* rodeou a cintura dela com asm'os, e, em um esto de cavalheirismo, levantou-a para que descesse at$ o

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E Então ele a Beijou

ch'o. Mas loo que a tocou, esqueceu-se de toda cortesia e seus pensamentosseuiram caminhos muito menos nobres. 3o roçar seus quadris com osantebraços, outra onda de dese"o percorreu seu corpo. >inha acertado.

!uase n'o usava anáuas, uma ou duas, talve e espartilho, mas nada

mais. 6ai(ou as m'os aluns cent&metros, e, com os poleares roçou o princ&piodas nádeas. >alve a 4enhorita Dove fosse pequena, mas tudo em seu corpoera aut2ntico.

3pertou um pouco as m'os, e cheou bem perto dela, inspirandoprofundamente o aroma de talco e roupa limpa, "amais teria acreditado que aess2ncia de uma moça inocente pudesse e(citá-lo tanto. 4e apro(imasse ummil&metro mais, poderia bei"á-la.

1 Milorde0

Deus santo, o que estava faendo0 )arr* afastou aqueles lu(uriosospensamentos de bei"ar o traseiro da 4enhorita Dove e recordou a si mesmo queera um cavalheiro. Desceu-a da escada, depositou-a no ch'o, e depois, muito acontra osto, soltou-a.

Ela deu meia volta, e n'o olhou nos olhos dele, mas sim manteve o olhar7(o em seu quei(o. >inha as faces rosadas e as sobrancelhas franidas. %omcertea morria de vontade de esbofeteá-lo por t2-la peo nos braços como seele fosse um marinheiro e ela uma arçonete de East End. 4abia que o castioseria bem aplicado, mas n'o lamentava t2-lo feito.

)arr* a estudou de novo, passando de seu cabelo cor mono at$ os p$scalçados naquelas horr&veis botas e faendo loo o caminho inverso paraterminar na ponta de seu nari salpicado de sardas. @'o, n'o se arrependia om&nimo. De fato, dese"ou poder abraçá-la e tocá-la de novo, coisa que era umaaut2ntica estupide.

Durante cinco anos, teve aquela mulher como secretária, e sempre podedominar os pensamentos lu(uriosos que, em aluma ocasi'o teve sobre ela. 3verdade era que n'o havia custado rande esforço, mas nesse instante estavasendo muito mais dif&cil. @'o podia e(plicar, era como se alo tivesse mudadoentre os dois. >eria que tirar da cabeça esses pensamentos sobre a 4enhorita

Dove e recuperar a dinidade. Ela "á n'o era sua secretária, iriam iniciar umarelaç'o pro7ssional muito proveitosa, e ele n'o tinha intenç'o de colocar tudo aperder. Aespirou fundo e apontou para a escada.

1 4olucionarei o problema, depois que voc2 se afastar.

Ela por 7m o olhou nos olhos.

1 / qu20

Em ve de repetir )arr* a seurou pelos braços com ambas as m'os e a

afastou de seu caminho, depois subiu ; escada e soltou a cortina do preo ondehavia se enanchado. !uando voltou a descer, a "ovem seuia com o cenho

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E Então ele a Beijou

franido e pensou que recorrer ao humor rela(aria um pouco a tens'o.

1 Por todos os dem9nios0 1 Uombou ele, bai(ando a cabeça para poderolhar nos olhos dela.

1 Desculpe01 Por todos os dem9nios. Boi o que voc2 disse.

Enveronhada, encolheu os ombros e as sobrancelhas se uniram aindamais. %errou os punhos, iual a uma professora tratando de parecer s$ria.

1 @'o se"a rid&culo. Eu n'o disse tal coisa.

1 4im, disse. Pude ouvir perfeitamente 1 @eou com a cabeça e estaloua l&nua 1 Essa linuaem n'o $ pr#pria da mulher mais educada de Londres. /

que dir'o suas leitoras01 : que n'o sabia que voc2 estava a& de p$.

1 3ssim s# praue"a quando está soinha0

1 Eu n'o praue"o 1 3 evidente mentira o fe sorrir, e ela continuoufalando 1 @unca praue"o ou quase nunca.

1 @'o 7que preocupada, seu seredo está a salvo comio 1 asseurou 1@'o contarei a ninu$m que a ouvi praue"ar como um marinheiro de 6lac<pool.

1 : que a cortina estava enanchada, e n'o soltava, e me sentia t'ofrustrada e ent'o... ent'o... /h, dei(e para lá 1 levou tr2s dedos ; testa, eparecia muito desostosa consio mesma 1 Boi muito ruim da minha parte 1acrescentou com um suspiro 1 muito ruim.

)arr* pensou at$ que ponto devia estar desostosa consio mesma que omero fato de near causava tal preocupaç'o.

1 Dei(e para lá, 4enhorita Dove. Leva as coisas muito a s$rio, sabe0Deveria rir mais freq=entemente. E para essa nica 7nalidade, vou contaralumas piadas. Mas n'o aora, pois isso n'o serviria de nada 1 acrescentou,seurando a risada 1 Minhas piadas n'o s'o enraçadas. /u isso me disseramrecentemente.

Ela o olhou de esuelha, mas levantou a comissura do lábio no queparecia um sorriso. 3nimado pelo esto, )arr* voltou a tentar.

1 !ue tal se voc2 me contasse uma0 1 inclinou-se para ela, comoquisesse dier um seredo 1 4abe aluma picante0

Emma afastou o olhar e mordeu os lábios para n'o sorrir, antes de voltara enfrentar Lorde Marlowe.

1 Voc2 "á riu de mim o su7ciente 1 disse com aquele tom de vo que era

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E Então ele a Beijou

t'o familiar 1 talve devesse me dier por que veio.

1 Li seu artio, e queria discutir com voc2 alumas coisas.

1 3h 1 Ela apoiou-se primeiro num p$ e depois no outro, como se

estivesse inc9moda 1 mainei que &amos nos reunir as quartas-feiras paraisso. Em seu escrit#rio.

1 : verdade. Mas sentia tanta curiosidade que n'o pude esperar.

1 %uriosidade0

1 4im. >enho que saber por que ;s "ovens damas s# tem permiss'o paracomer asas de frano em um "antar.

1 Em uma festa 1 corriiu Emma.

Ele 7niu compreender.

1 3h, claro, isso e(plica tudo. 3ora sim entendo.

Ela mordeu os lábios e olhou inseura para ele.

1 Está brincando comio0

1 @'o, asseuro. Estive queimando os miolos tentando achar umae(plicaç'o, mas no 7nal me dei por vencido.

1 Veio at$ aqui para que eu e(plique por que as "ovens damas podemcomer asinhas de frano0

1 E para discutir sobre as mudanças que quero suerir, s'o muitas ee(tensas. @'o que tenha destroçado seu artio 1 3crescentou, e sua e(press'ode incertea passava a ser de preocupaç'o 1 Mas acreditei que poderia quererum pouco mais de tempo para revisar minhas suest+es.

1 Entendo 1 /lhou atrás dele, e depois se apro(imou da porta parafechá-la, recordando que sua caseira era uma mulher muito fofoqueira.

1 @inu$m me viu subir 1 disse antes que ela pudesse peruntar.

1 Melhor 1 deu meia volta e apoiou as costas na porta 1 Este edif&cio s#alua apartamentos para 4enhoritas. @'o deveria estar aqui 1 riu inc9moda 14ou muito tola, sabe0 E as mulheres ainda mais. Me(ericam, e diem coisas quen'o s'o verdade. Eu n'o ostaria que ninu$m o visse e pensasse que voc2 eeu... Voc2 e eu... 1 3fastou-se da porta e levantou o quei(o para olhá-lo nosolhos 1 @'o ostaria que ninu$m acreditasse que trao homens aqui. @'o soudesse tipo de mulher.

@esse instante, )arr* dese"ou que fosse, mas acreditou que seria melhor

n'o dier.

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E Então ele a Beijou

1 Voc2 7ca preocupada com que os outros pensam0

1 : claro 1/lhou-o at9nita 1 Voc2 n'o0

1 @'o. Por que deveria me preocupar0 E, o que $ mais importante, por

que preocupa a voc20 3ora mesmo acaba de dier que as pessoas s'o tolas eque o povo está acostumado a me(ericar sobre coisas que n'o s'o certas. Porque perde o tempo preocupando-se com o que outros pensem de voc20

1 Por que...6em...Por que... 3h, $ s# que me importa, isso $ tudo.Pensar'o que estamos...!ue estamos tendo uma aventura8

3o ver a preocupaç'o dela, )arr* n'o teve a coraem de dier que meiaLondres estava convencida, há muito tempo, que o Visconde Marlowe tinha umaaventura com sua secretária.

1 4e essa intria cheasse aos ouvidos de sua caseira, a e(pulsariadaqui0

3 4enhorita Dove 7cou pensativa uns seundos.

1 @'o, mas teria uma lona conversa comio.

1 Ve"o que ela se preocupa com voc2.

1 3 4enhora Morris $ um pouco man&aca e muito protetora, mas era umaboa amia de minha tia. 3l$m disso fa anos que me conhece. mporta-me oque ela pensa a meu respeito.

1 Mas se fa anos que a conhece, ela "á deveria saber que voc2 nuncafaria isso. E se for assim, o pior que poderia acontecer a voc2 seria perder umaamia que na realidade nunca foi. E que teria que procurar outro apartamento,claro.

1 %omo se isso fosse pouco 1 respondeu com uma nota de humor na vo1 4abe quanto $ dif&cil ho"e em dia encontrar um apartamento em Londres0

1 Voc2 e eu vamos anhar tanto dinheiro, que essas coisas loo n'oimportar'o.

Ela inclinou a cabeça e olhou perple(a para )arr*.

1 E se n'o anharmos nada0

Ele a desarmou com um sorriso.

1 Baremos e muito. %on7e em mim.

1 Por que está t'o seuro0 1 3ntes que ele pudesse responder,continuou 1 5á errou antes.

1 @'o dio que nunca me enanei, mas n'o acredito que desta ve se"a

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E Então ele a Beijou

uma delas.

1 Voc2 nunca acredita. sso $ o que estou tentando dier. E quando perdedinheiro, n'o dá import?ncia ao assunto 1 3ssinalou-o com a m'o 1 5á o viperder milhares de libras em uma tarde e se comportar como se n'o

importasse. Voc2 sempre pensa que encontrará um modo de compensar aperda.

1 E sempre encontro, n'o $ assim0

1 4im, mas isso n'o serve para mim.

1 Voc2 se preocupa muito 1 apro(imou-se dela e a seurou pelos braços.

1 @'o tem sentido que perca horas de sonho pensando no que pode sairerrado. >udo nesta vida tem seu risco.

1 @'o, nem todos temos tanta seurança em n#s mesmos como voc2. Eun'o tenho.

1 @'o dia tolices, claro que tem. 4im, voc2 tem 1 insistiu quando elaneou com a cabeça 1 Voc2 dei(ou um trabalho seuro para se dedicar aescrever. 4e isso n'o $ ter con7ança em si mesma, n'o sei que outra coisa podeser.

/ amplo e sincero sorriso que se desenhou nos lábios da 4enhorita Dovefoi inesperado.

1 sso n'o foi con7ança. Boi raiva. Estava furiosa com voc2 por n'o saberquem era a 4enhora 6artleb*.

Ele nunca a viu sorrir t'o abertamente, e ostou.

1 /<, isto sim $ uma mudança para melhor 1 murmurou 1 Deveria sorrirmais freq=entemente, 4enhorita Dove, 7ca muito bonita quando sorri.

3 recompensa que recebeu pelo eloio foi que ela repentinamente 7cous$ria, e ent'o se lembrou de que ela o havia acusado de ser um mentiroso e umhip#crita. De repente 7cou inseuro, e n'o ostou. @'o estava acostumado aisso. 3 "ovem havia suerido que era um inconsciente e em certos aspectostalve fosse, mas n'o estava acostumado a colocar os p$s pelas m'os, aindamenos com uma mulher. Mas pelo visto, com ela, nunca conseuia acertar. 3moça 7cou tensa e ele a soltou.

1 @'o 7que ; defensiva 1 disse 1 @'o tentava lison"eá-la nem de enrolá-la, nem nada do estilo. : s# que ostei de v2-la sorrir.

1 Eu n'o...@'o me pus ; defensiva. : que... 1 %olocou a mecha decabelo que estava solto, atrás da orelha 1 : que n'o estou acostumada que me

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E Então ele a Beijou

façam eloios. @'o sei como reair.

1 3credito que o mais habitual seria dier obriado. 

sso a fe rir.

1 >ratarei de recordar. /briada.

1 De nada. @'o posso acreditar que eu este"a dando liç+es de etiqueta.!uem iria imainar0

1 Depois de tanto tempo, voc2 com certea deveria absorver alo, n'o0

1 4em dvida 1 ele abai(ou para pear a maleta que havia dei(ado noch'o "unto ; porta 1 @a pr#(ima ve que tenha que v2-la, eu mandarei meucart'o e nos reuniremos no sal'o. %on7o que assim cumpriremos com a normas

de decoro.1 De fato. E em vista deste novo esp&rito de cooperaç'o que parece

reinar entre n#s dois, tentarei aceitar seus eloios.

1 E sorrirá com mais freq=2ncia.

1 4im, sim, de acordo, isso tamb$m8 5á está satisfeito0

1 4atisfeito0 1 3bai(ou a vista at$ os lábios dela e pela primeira ve,percebeu que pareciam muito suaves e sensuais 1 @'o, n'o estouabsolutamente satisfeito.

%omentários como esse eram completamente inteis com ela, que olhoudesconcertada, claramente n'o entendendo a que se referia. 4em dvida eramelhor assim. 6ei"á-la seria uma id$ia muito ruim. Voltou a se e(citar. P$ssimaid$ia.

1 Vamos comentar as mudanças que voc2 fe0 1 Peruntou ela.

1 Mudanças0

1 @'o $ por isso que veio aqui0 1 3ssinalou a maleta que ele seurava.

1 : claro. 4im 1 )arr* teve que faer um esforço para recordar o motivode sua visita 1 >em ra'o.

1 Muito bem, de acordo. Ent'o desça ao sal'o, eu irei em seuida.

1 Poder&amos 7car aqui 1 Ele sueriu com um sorriso, meio debrincadeira 1 3ssim dar&amos um pouco de emoç'o ; vida de seus viinhos, eeles teriam alo do que falar durante semanas.

Ela n'o viu raça no comentário.

1 4e querem falar de alo, asseuro que n'o será sobre mim 1 replicou

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E Então ele a Beijou

abrindo a porta 1 Vá 1 insistiu ao ver que ele n'o saia do luar 1 E veri7quede que ninu$m este"a olhando.

)arr* a olhou com 7nida tristea.

1 @'o tem nenhum pino de esp&rito aventureiro, 4enhorita Dove 1murmurou, sacudindo a cabeça enquanto sa&a 1 @enhum pino.

Desceu ; escada bem rente a parede, tentando se ocultar dos olharescuriosos. Pensou que parecia um vil'o de #pera. @'o cruou com ninu$m,aquele luar era como uma tumba. %heou ao sal'o e acomodou-se em um sofáum tanto inc9modo, mas n'o teve que esperar muito.

3 4enhorita Dove apareceu aluns minutos mais tarde.

1 !ue mudanças tinha pensado faer0 1 Peruntou, sentando-se ao lado

dele.Deu os rascunhos que fora entreue a ele aluns dias antes, que aora

estavam cheios de comentários nas marens. Emma começou a ler e emseuida voltou a desviar o olhar para ele.

1 Balou s$rio 1 disse, assinalando uma nota da primeira páina 1 @'oera nenhuma brincadeira.

1 6em, reconheço que n'o sei muito sobre o mundo das "ovens damas,mas por que asinhas de frano0 Por que n'o podem comer outras partes do

frano01 Porque as asinhas s'o as nicas partes do animal que n'o t2m

equival2ncia nos humanos.

1 / qu20 1)arr* demorou aluns seundos em compreender o que diia1 Está brincando 4enhorita Dove0 1 peruntou 1 ma dama n'o pode comerpeito ou co(a de frano porque equivaleria aos seus peitos ou suas pernas0

Ela 7cou ruboriada ao escutar as palavras do Visconde.

1 4ei que parece e(aerado, mas...

1 E(aerado0 1ele riu 1 : absurdo.

1 Estou certa que acredita nisso 1 respondeu ela, olhando-o comdesaprovaç'o 1 Mas $ quest'o de sensibilidade.

Ele assinalou o resto dos pap$is que a moça seurava na m'o.

1 4e esse for o motivo, ent'o, por que n'o podem comer codorna0 Ent'oquer dier que a asa de codorna $ bastante delicada para qualquer dama, comela poderiam alimentar-se quando muito duas formias.

1 E(atamente, por isso servem as codornas inteiras. E devido ao fato de

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E Então ele a Beijou

que uma dama n'o pode comer...@'o pode comer...

1 Peitos 1 a a"udou ele, desfrutando enormemente.

3 4enhorita Dove cruou os braços.

1 / que quero dier $ que, devido ao fato de que as codornas s'oservidas inteiras, uma "ovem dama n'o pode comer ave em uma festa.

1 >ampouco podem comer muito, isso eu pude comprovar 1 deslioupelo sofá para apro(imar-se mais dela e poder assim ler o que havia anotado namarem do rascunho que seurava 1 @em pombo, nem fais'o. @emalcachofras, nem massas saladas, nem quei"o 1 Be uma pausa para respirar econtinuou 1 @ada muito picante, nem tampouco temperado. E nunca devembeber mais de uma taça de vinho. Esqueci alo0

Ela suspirou.1 Eu ostaria que levasse a s$rio meus escritos.

1 Eu o faço 1 asseurou )arr* 1 Depois de ler isto, por 7m entendo porque voc2s mulheres t2m cinturas t'o estreitas e desmaiam a toda hora.3creditava que era pelos espartilhos, mas n'o, $ que est'o mortas de fome.

3 4enhorita Dove mordeu os lábios, mas isso n'o evitou que ele visse quetentava dissimular um sorriso.

1 Eu "amais desmaiei.

1 >alve n'o, mas tem que reconhecer que tenho ra'o. 3 vida $ muitocurta para passar com fome.

1 Estas normas s# se aplicam as festas, e unicamente para as damas emidade de casar.

1 / que e(plica por que todas andem desesperadas para se casar 1respondeu ele imediatamente 1 4e tivesse que sobreviver a base de pudim easinhas de frano, inclusive eu ostaria imensamente de me casar.

%om isso ele conseuiu, Emma riu as aralhadas.

1 4$rio, Milorde 1 disse ela recuperando o recato 1 @'o sei por que 7cousurpreso. Voc2 "á foi a milhares de festas. %om certea teve que trinchar umfrano para servir, e pediram que colocasse as asinhas em um prato para asdamas.

1 3s pessoas que me conhecem sabem que sou incapa de trinchar umfrano para servir. 4ou muito desa"eitado para isso. 3s porç+es sempre saemenormes.

1 Estou convencida de que fa isso para que as damas tenham um poucomais de comida no prato e n'o desmaiem antes das sobremesas.

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E Então ele a Beijou

1 %erto, 4enhorita Dove, acredito que acaba de faer uma piada.

1 3o que parece, n'o fui muito bem, ou voc2 teria rido.

1 Boi horr&vel 1 admitiu ele 1 mas isso demonstra uma coisa. Voc2

estava errada e eu tinha ra'o.1 Do que está falando0

1 Disse que nunca poder&amos trabalhar "untos. !ue n'o ser&amoscapaes de nos entender. Esta conversa demonstra que estava enanada.3credito... 1 fe uma pausa e cheou mais perto olhando para os lábios dela 1acredito que nos entendemos muito bem, 4enhorita Dove.

Ela abriu a boca e abai(ou os c&lios e ele pensou que talve em poucosseundos

tudo 7caria ainda melhor. Mas ent'o ela se afastou, e todos os sonhos de )arr*viraram fumaça. 3 4enhorita Dove ordenou os pap$is que tinha na m'o epiarreou.

1 6em, e aora que atendi sua curiosidade a respeito das asinhas defrano, quer continuar0

)arr* tentou se concentrar no que estavam faendo. E(plicou alumasdas coisas que havia detectado em seu modo de escrever e que acreditava quedevia mudar, especialmente a tend2ncia de e(plicar-se com muito detalhes.

%omentaram parárafo a parárafo todas as correç+es e ela aceitoumuitas e se quei(ou do e(cesso de outras. 3pesar de tudo, parecia aceitar ascr&ticas muito bem, talve porque raças a conversas sobre as "ovens damas eas asinhas de frano tivessem quebrado o elo entre ambos. >erminaramcheando a um acordo sobre as mudanças e a 4enhorita Dove concordou emincluir um artio semanal sobre cavalheiros em cada ediç'o. 3sseurou a eleque o teria escrito para sua pr#(ima reuni'o da quarta-feira, que era o dia emque oriinalmente tinham 7cado.

Loo, começou a contar alumas das id$ias que teve para os nmerosseuintes.

)arr* tratou de se concentrar no que ela estava diendo, realmentetentou, mas sua mente começou a imainar coisas muito mais interessantesque almoços campestres e e(posiç+es de quadros. Enquanto ela seuia falandosobre os mantimentos adequados para oraniar um piquenique, ele n'o paravade olhar para os lábios dela, imainando como seria bei"á-la. !uando a "ovemdei(ou de falar, "á contava vinte e sete maneiras distintas de faer isso.

Boi o sil2ncio que o afastou de seus pensamentos lu(uriosos e sentindo-seculpado, viu que ela estava olhando para seu rosto e esperando que elerespondesse.

1>em toda a ra'o 1 asseurou, apesar de n'o ter escutado nenhuma s#

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E Então ele a Beijou

palavra do que Emma havia dito 1 Estou de acordo com voc2.

Ela sorriu, de modo que sup9s que havia acertado a resposta, mas sabiaque n'o podia continuar se distraindo desse modo. / que era válido somentequando ela era sua secretária. 4e fossem manter uma relaç'o pro7ssional, n'o

podia continuar tendo pensamentos lu(uriosos sobre ela. Mas ao recordar ocalor do corpo dela sob suas m'os ao abai(á-la da escada e o aroma de talco eroupa limpa, peruntou-se por que n'o havia percebido antes de quanto ela erabonita quando sorria. >eve a sensaç'o de que dei(ar de sonhar estar bei"ando a4enhorita Dove seria comparável a tentar voltar a fechar a cai(a de Pandora.

Dif&cil, muito dif&cil.

Emma pensou que a conversa dessa tarde foi muito proveitosa. ncr&vel,

tendo em conta o modo em que havia começado. Estava deitada na cama,olhando o teto de seu quarto e, por culpa do som do tráfeo da cidade quepenetrava pela "anela aberta, quase n'o podia ouvir o ronronar de 4enhorPardal. 3l$m disso, seus pensamentos estavam ocupados com Lorde Marlowe eos acontecimentos do dia. %om certea a intenç'o inicial dele foi se comportarcomo um cavalheiro ao a"udá-la a descer da escada, mas depois, n'o foi issoque havia feito.

Ele rodeou a cintura com as m'os e em seuida desliou por seus quadrisseurando-o. 3s mltiplas advert2ncias da tia L*dia sobre os cavalheiros e seusinstintos animais voltaram a atormentá-la. Emma sabia que deveria ter afastado

as m'os dele, que deveria ter dei(ado claro o que pensava de umcomportamento t'o pouco cavalheiresco. Mas em ve disso, dei(ou que asm'os dele permanecessem em seus quadris e sentindo-o acariciar o 7nal dascostas com os poleares, muito aturdida para se mover e com uma estranhasensaç'o nascendo em seu interior, uma sensaç'o que n'o nunca havia sentidoantes.

@enhum homem a havia tocado at$ ent'o, ao menos n'o da maneira queLorde Marlowe havia feito. Pensou no 4enhor Par<er, o nico com quem teveuma relaç'o um pouco mais &ntima. 3s conversas que compartilharam napequena casa da tia L*dia, sempre ocorriam com ele sentado em uma cadeira eela em outra a mais de um metro de dist?ncia. )aviam passeado pelo parque,em Aide Lion 4quare, enquanto ele contava para ela que ia tornar-se procurador.Eles roçaram as m'os em alumas ocasi+es. 3s valsas que haviam dançado "untos estavam acima de qualquer recriminaç'o, com seus corpos separados,tal como ditavam as normas.

E, al$m disso, tia L*dia sempre estava presente, cuidando da virtude ereputaç'o de sua sobrinha, disposta a intervir caso o 4enhor Par<er 7esse aloinapropriado.

Mas ele nunca o fe. Peou nas m'os dela, bei"ou os n#dulos, seurou-apela cintura ao dançar a valsa. Mas nada mais. @ada incorreto. @unca desliou

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E Então ele a Beijou

as m'os pelos seus quadris. @unca acariciou o começo do traseiro com ospoleares, desenhando pequenos c&rculos e faendo-a arder de um mododesconhecido. @unca fe nada disso.

Bechou os olhos e com as m'os, tocou no luar onde as m'os de Marlowe

estiveram. 3ntes que pudesse parar, desliou os dedos assim como ele tinhafeito e voltou a sentir aquela cálida sensaç'o em todo seu corpo. >irou as m'osde repente.

Ela "á fora advertida por tia L*dia sobre aquelas coisas que Lorde Marlowefe. %oisas que uma "ovem dama "amais devia permitir e que aconselhavam amanter dist?ncia de seu atraente chefe. >ia L*dia sempre diia que, devido aofato de que os cavalheiros n'o podiam fuir de sua naturea, correspondia ;sdamas manter as barreiras do decoro e da educaç'o.

6as ele tocou-me. E ela n'o tinha feito bem ao permitir essa intimidade,

por$m quando desceram, as coisas voltaram ; normalidade e Marlowepermaneceu comportado o resto da tarde. Emma sentou na cama, dobrou aspernas e as rodeou com os braços escondendo os p$s sob a camisola. 4entia-seculpada e enveronhada, mas tamb$m curiosa e e(citada. 3ora sabia o que asmulheres sentiam quando eram acariciadas por um homem, por mais breve eindecorosa que tivesse sido essa car&cia. @'o permitiria que voltasse aacontecer.

Voltou a deitar com um suspiro. >alve sua preocupaç'o fosse em v'o.Decidiu seuir essa linha de pensamento e ser positiva. Possivelmente LordeMarlowe estivesse pensando o mesmo que ela e procuraria se comportar de um

modo mais apropriado no futuro. @o 7nal, uma ve no sal'o, as coisas voltarama 7car normais, e durante o resto da tarde o Lorde se comportou como umperfeito cavalheiro.

3pesar das advert2ncias do pr#prio Visconde, Emma n'o achou que ascr&ticas ao seu trabalho fossem t'o desumanas. E havia escutado todas assuest+es com mais atenç'o que "amais havia dado. E quando eles discutiramsobre contar como oraniar um piquenique, ele n'o efetuou nenhuma quei(a,nem deu mostras de aborrecimento. E(ceto aluns murmrios e aluns lieirosassentimentos, manteve-se calado e acolheu a todo seu relato com educaç'o.

 >alve tenha sido muito dura ao "ulá-lo. >alve n'o fosse t'o falso nemt'o dissoluto como havia acreditado. Mas seuia sendo um homem e por issotinha que asseurar de que o incidente da escada n'o voltasse a acontecer.

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E Então ele a Beijou

Cap+tulo 3

Dandora é uma criatura nada cooperativa. /e se?o *eminino, claro.!orde 6arlo7e,

8uia para Solteiros, %&'(

!uando cheou quarta-feira, dia marcado para a reuni'o, a 4enhoritaDove "á estava com seu ar de e7ci2ncia e fria resoluç'o que )arr* "á estavaacostumado. 4em dvida, era o melhor, mas n'o pode evitar se sentirdecepcionado. !ueria voltar a ver a outra 4enhorita Dove, a que tinha umsorriso capa de iluminar um quarto e que amaldiçoava quando estava a s#s. 3que n'o o tinha esbofeteado quando acariciou seus quadris.

@a tarde anterior, um mensaeiro havia levado os artios corriidos, e eleos aprovou. 3 coluna para cavalheiros, que ela escreveu a pedido dele, precisoude muitas correç+es, estava claro que a 4enhorita Dove "amais teve a"uda deum valete, mas ela n'o p9s nenhuma ob"eç'o as suas mudanças.

3pesar do comportamento atual da "ovem ser mais parecido ao da4enhorita Dove de sempre, havia alo diferente nela, pensou )arr*. 3 mulherque foi sua secretária "amais poderia t2-lo colocado para fora de seuapartamento. @em o teria criticado e tampouco neociado com ele sobreporcentaens por sua colaboraç'o. )ouve uma mudança nela, e embora n'osoubesse quando esta mudança ocorreu, sabia que aora ela o intriava comonunca.

Poderia ser pelo seu sucesso como escritora, que deu uma con7ança emsi mesma o qual n'o possu&a antes. /u talve porque e(iiu que ele a tratassecom iualdade. Desliou a vista para a parte frontal da camisa rosa que elavestia. /u possivelmente, acrescentou para si mesmo, fosse porque n'o podiadei(ar de imainá-la nua.

1 3manh' estará tudo preparado para impress'o 1 prometeu ela,interrompendo seus pensamentos.

1 %omo sabe tantas coisas sobre bai(elas, toalhas e boas maneiras0 E deonde tira essas id$ias t'o criativas0 1 Peruntou ele com curiosidade.

1 Minha tia L*dia foi preceptora antes de casar, e era muito cuidadosacom tudo relacionado a esse assunto. Boi assim que aprendi sobre boasmaneiras e todas essas coisas que tanto o impressionam. Vivi com ela a partirdos quine anos.

1 E sua m'e0

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E Então ele a Beijou

1 Morreu quando eu tinha oito anos. Mal me lembro dela 1 3 4enhoritaDove olhou al$m dele, com o olhar perdido no in7nito 1 4empre me diia paran'o brincar no barro 1 murmurou 1 Disso eu me lembro.

1 @'o a dei(avam brincar no barro0 E por que, posso saber0

1 Meu pai n'o ostava que eu me su"asse. 5á disse que era muito severo.

)arr* compreendia perfeitamente. %omeçava a ter uma id$ia muito clarade como foi a inf?ncia da 4enhorita Dove, e era enormemente desalentadora.

1 3ssim, voc2 foi viver com sua tia quando fe quine anos. 3inda estavacasada0

1 5á era viva e morava em Londres, a poucas quadras daqui para falar averdade. !uando meu pai morreu, fui viver com ela.

1 4ua tia n'o foi morar com voc2 e seu pai antes dele morrer0 1Peruntou ele surpreso.

4ua antia secretária adotou uma e(press'o estranha e distante, comouma máscara. E, ao olhá-la, )arr* sentiu alo que foi incapa de e(plicar.

1 @'o 1 Aespondeu ela depois de aluns instantes 1 Meu pai... Meu pain'o ostava da minha tia. Era irm' da minha m'e.

 A mulher tampouco devia 1ostar do cunhado, deduiu )arr*. )avia alomuito estranho em tudo aquilo. Podia sentir e n'o ostava nada disso.

1 Mas depois de sua m'e morrer, o melhor para voc2 teria sido viver comsua tia, n'o0

1 @'o. 3o menos 1 acrescentou com um sorriso que parecia forçado efráil 1 meu pai n'o achava. E, como "á disse os dois n'o se entendiam. Masvoltando a sua perunta sobre bai(elas, "oos de mesa e todas essas coisas...1 Be uma pausa para pensar, e loo acrescentou 1 @'o sei de onde tiro asid$ias. 4implesmente me ocorrem. Leio muito. >amb$m dou lonos passeios,observo o que ve"o e escrevo sobre o que mais me chamou a atenç'o. Deste

modo falo com muita ente, overnantas, comerciantes, artes'os...E, claro, euadoro visitar lo"as. )o"e, sem ir mais lone, tenho intenç'o de e(plorar a onado %ovent Carden. 3liás 1 acrescentou olhando o rel#io que estava penduradona "aqueta 1 se "á terminamos, devo sair. 4'o quase one horas 1 Cuardou osartios corriidos em sua pasta e se levantou.

)arr* tamb$m 7cou em p$.

1 Eu ostaria de acompanhá-la 1 ele ouviu-se dier inesperadamente.

Ela estacou e olhou para ele em dvida.

1 !uer me acompanhar0 Voc20

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E Então ele a Beijou

Ele riu.

1 4ei que parece incr&vel.

1 Eu que o dia. 4ei que odeia ir ;s compras.

1 E voc2 adora. Por isso pedia que comprasse meus presentes. >em umtalento especial para encontrar o presente mais adequado para cada pessoa.

1 /briada, Milorde. Eu osto de muito saber que acertei com minhasescolhas.

1 Dado que osta tanto, por que n'o volta a encarrear-se disso0

1 @em pensar 1 respondeu imediatamente.

)arr* suspirou.

1 Voc2 $ uma mulher sem coraç'o. Pense nas minhas pobres irm's.

/ comentário n'o a impressionou em nada.

1 @'o sei escolher presentes, 4enhorita Dove 1 prosseuiu ele enquantocaminhava para a porta 1 @'o tem nem id$ia do quanto $ frustrante $ quandos# faltam dois dias para o @atal e ainda n'o sei o que comprar.

1 Merece o castio, por dei(ar tudo para a ltima hora.

1 >alve, mas tremo s# em pensar que neste @atal voc2 n'o estará alipara me a"udar.

1 @'o se"a e(aerado. 3 nica coisa que tem de faer $ prestar atenç'oao que suas irm's diem. E ir ;s compras, claro.

Ele emeu de terror.

sso sim a fe rir.

1 >ome a sa&da de ho"e como um ensaio.

1 >udo bem, eu a observarei com atenç'o para ver se aprendo alumacoisa.

E com esse comentário, ambos foram para %ovent Carden, e durante asduas horas seuintes, ele começou a conhec2-la melhor.

Descobriu que ela era muito boa em escutar os outros, e que possu&a umahabilidade inata para falar com as pessoas e surrupiar informaç'o. 3 mulher doaçouueiro a informou onde comprar as melhores mostardas, um mascatee(plicou como preparar os melhores bolos de carne, um policial que estava de

serviço na esquina entre Maiden Lane e a 6edford 4treet a informou quais eramos bairros mais seuros da cidade.

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E Então ele a Beijou

3 4enhorita Dove estava disposta a aprender tudo, e prestava atenç'o atudo que contavam, tomando notas em sua pequena caderneta. 4abia tirarproveito de uma verdade universal sobre a naturea humana, alumas pessoasadoram se sentir importantes.

)arr* permaneceu em seundo plano, mas em aluns momentos, elaestava t'o concentrada escutando seu interlocutor que at$ esquecia de que eletamb$m estava ali.

3proveitou essas ocasi+es para observá-la sem que ela percebesse,embora soubesse que n'o havia possibilidade de voltar a ver a silhueta dela soba lu do sol. Pelo menos, n'o durante essa manh'.

sava um tra"e de linho bee, com a "aqueta fechada at$ o pescoço,dei(ando a mostra s# a ola de sua camisa rosa e um laço de cor verde. 3smanas "ustas do casaco e(aeravam as dimens+es de seus ombros e o corte

reto do mesmo n'o permitia notar seus quadris, por outro lado, o chap$u depalha com laços verdes e plumas creme o impedia de ver suas mechasavermelhadas. E a aba era t'o lara que, a n'o ser que se aachasse, n'o podiaver os olhos dela.

3pesar de tudo, e enquanto passeavam por entre as bancas de frutas everduras do mercado, consolou-se desfrutando do que podia ver, a pálida peleda orelha dela, sua face, a delicada forma de seu nari e aquelas preciosassardas. Peruntou para si mesmo, quantas mais teria nas partes de seu corpoque n'o aparecia, e quanto demoraria em bei"á-las todas.

%ada ve que esse tipo de pensamento aparecia na sua cabeça, )arr* seesforçava por pensar em temas mais impessoais, mas tal como haviacomprovado no outro dia, era muito dif&cil. @'o podia dei(ar de recordar aquelatarde, o per7l da silhueta de Emma, a curva de seus seios ou a delicadea desua cintura. %ontinuou pensando naquelas lonas pernas e imainava a simesmo cobrindo-a de quentes e sensuais bei"os. Dito de outro modo, a cai(a dePandora era imposs&vel de fechar.

Decidiu que havia cheado o momento em que devia se distrair com outracoisa.

1 4enhorita Dove, acredito que "á sei de onde prov$m a sua sabedoria 1disse ele enquanto percorriam o mercado, fuindo das cestas de frutas 1 aemuito bem escutando as pessoas e elas ostam de falar com voc2.

Ela o recompensou com um sorriso.

1 /briada. Embora fosse mais fácil caso pudesse dier que sou a4enhora 6artleb*. 3ssim seriam inclusive mais dilientes nos comentários. Masdevido ao fato de que decidimos manter a identidade dela em seredo, suponhoque terei que me conformar sendo a secretária dela.

1 4im, "á vi que se e(p+e desse modo. 4uponho que ; 4enhora 6artleb*n'o adularia tanto os interlocutores como voc2 fa.

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E Então ele a Beijou

1 Eu n'o adulo ninu$m 1 replicou ela ofendida.

1 /h, sim fa. 3dula todo mundo. 6em 1 acrescentou seco 1 e(ceto amim.

De repente, ela se deteve, obriando-o a faer o mesmo.1 Lamento muito tudo o que disse naquele dia, de verdade 1 disse,

dando a volta para olhá-lo nos olhos 1 @'o sei o que me passou pela cabeçapara que falasse daquela forma.

1 Aealmente tem motivos para se lamentar 1 respondeu ele, 7nindoestar anado 1 Boi a descriç'o menos edi7cante do mundo. Voc2 $ umamulher muito dif&cil de impressionar, 4enhorita Dove.

1 4$rio0 1 3arrou uma amei(a da cesta que estava diante dela 1 E por

que isso importa0 Voc2 disse que n'o importava o que os outros pensassem 1ela recordou enquanto voltava a dei(ar a fruta e escolhia outra 1 4e isso forassim, por que quer me impressionar0

4urpreso pela perunta, ele olhou 7(amente para ela sem que ocorressenenhuma resposta inteliente.

1 @'o $ t'o simples, Milorde0 1 Murmurou ela, com um sorriso nos lábiosenquanto peava outra amei(a e a inspecionava 1 Os vees, sim, importa oque os outros pensam, embora n'o ha"a nenhum motivo para isso. Por issomesmo as "ovens damas comem somente asinhas de frano, e por isso me

importa o que pense minha caseira. /bservar uma conduta apropriada $importante. E por isso que as pessoas l2em ; 4enhora 6artleb*.

1 : muito pr#prio de voc2 voltar contra mim meu pr#prio comentário.

1 / que quero dier 1 continuou ela olhando-o de novo 1 $ que, emalum momento, nos importa a opini'o dos outros.

1 3 mim n'o 1 insistiu )arr* 1 /u, melhor diendo, n'o me importa oque as pessoas eralmente pensam. Mas voc2 e eu somos...amios.

sso era mentira. Ele n'o queria ser seu amio. / que queria era bei"á-la epor isso achava importante o que ela pensasse dele. 4e ostasse dele, ele teriamais possibilidades de conseuir o que dese"ava.

1 Ent'o aora somos amios0 1 repetiu a 4enhorita Dove, como se aid$ia fosse enraçada.

1 E(cetuando o pequeno detalhe de que n'o osta de mim 1 assinalou)arr*, e observou como o comentário a faia sorrir 1 Mas decidi inorar essaquest'o.

Ela riu abertamente.

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E Então ele a Beijou

1 Em benef&cio de nossa amiade0

1 : claro.

Emma dei(ou a amei(a na cesta, peou outra, suspirou indinada e a

devolveu tamb$m ao cesto.1 Estas amei(as est'o horr&veis e muito caras8

)arr* olhou para a placa com o preço.

1 ma dia por seis peniques me parece raoável.

1 : um disparate. Em plena temporada, tr2s amei(as deveriam custar umpenique.

1 Voc2 $ uma miserável, 4enhorita Dove.

Ela n'o ostou do ad"etivo e franiu a testa.

1 4ou econ9mica 1 Ela o corriiu.

1 4e $ o que di.

1 3l$m disso, eu n'o osto muito de amei(as. >2m a pele muito amara.!uem dera estiv$ssemos em aosto8 Ent'o seria temporada de p2sseos, e euos adoro, voc2 n'o0 1 Levantou o rosto, fechou os olhos e sem querer lambeuos lábios 1 3madurecidos, doces, suculentos.

maens er#ticas da 4enhorita Dove nua rodeada de p2sseos encherama mente de )arr*. 3 lu(ria tomou posse de seu corpo, e antes que pudesseevitar, e(citou-se por completo.

1 Milorde, voc2 está bem0

1 / qu20 1 4acudiu a cabeça, desesperado para recuperar o controle,enquanto a protaonista de suas fantasias olhava preocupada para ele.

1 >em uma e(press'o muito estranha. Voc2 está doente0

1 Doente0 5ustamente o contrário 1 mentiu 1 Eu estou muito bem.

3 "ovem aceitou a resposta e voltou a estudar a fruta que estava diante desi.

)arr* alonou o pescoço da camisa, anado consio mesmo. / queestava pensando0 Por Deus santo, "á n'o era um aroto de quine anos, incapade controlar sua libido. @em tampouco era o tipo de homem que se preocupassecom o que uma mulher pensasse dele, e muito menos era dos que permitiamque fantasias er#ticas interferissem em sua rotina diária. Dem9nios, nunca

ostou de mulheres respeitáveis. Essa repentina atraç'o pela 4enhorita Doven'o faia sentido, al$m de ser muito inconveniente.

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E Então ele a Beijou

Embora a relaç'o deles tivesse mudado, ela continuava trabalhando paraele. /s motivos que cimentavam o muro de separaç'o entre ambos seuiam ali.)arr* deveria asseurar de que se manteriam assim. Ele era um cavalheiro, eum cavalheiro n'o se aproveita de suas empreadas, especialmente se estaseram virens solteiras e de certa idade. Precisava dei(ar de imainar a

4enhorita Dove rodeada de erotismo. >inha que faer. E ponto.

Enquanto ela continuava olhando a banca de fruta, ele 7cou para trás,lutando para eliminar de sua mente qualquer fantasia a respeito deles dois euma banca de fruta, como por e(emplo, uma em que ambos estivessem nus edaria de comer pedacinhos de p2sseo com os dedos. !uando sentiu que por7m havia recuperado o controle de seus instintos mais básicos e que voltava aser ele mesmo, apro(imou-se da "ovem.

1 5á terminou0

Ela sacudiu a cabeça e levantou uma pequena cesta.

 1 3cho que vou comprar alumas frutas.

)arr* suspirou e se deu por vencido. 37nal, disse a si mesmo, n'o havianada de mau que pensasse aquelas coisas. >udo o devia faer era recordar quen'o podia colocá-las em prática.

Lorde Marlowe comportava-se de um modo muito estranho, pensouEmma, enquanto estavam sentados, em frente um do outro, na rama dos "ardins do Vit#ria Emban<ment, desfrutando de um piquenique improvisado abase de p'o, manteia, frios e moranos. Ele disse que era dif&cil paraimpressionar uma mulher, mas ela nunca havia imainado que ele quisesse.Embora tivesse que reconhecer que nessa manh' n'o parecia o mesmo desempre. /lhou-a de um modo muito estranho quando falou o quanto ostava dep2sseos. %om o olhar perdido, como se estivesse pensando em outra coisa. En'o parava de olhar seus lábios. %omo por e(emplo nesse preciso instante.

Emma se deteve, com o morano a meio caminho da boca.

1 Por que fa isso0

1 / qu20

1 /lhar-me. : muito desconcertante.

1 :0

@'o afastou o olhar. Em ve disso, tornou-se um pouco para trás e se

apoiou nos antebraços sem levantar a vista. Loo sorriu.

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E Então ele a Beijou

1 Ba-me sentir como se tivesse alo no rosto 1 insistiu ela 1 E por quesorri desse modo0 Disse aluma coisa enraçado0

)arr* desliou o olhar de seus lábios at$ seus olhos.

1 @'o tem nada no rosto, e n'o tinha intenç'o de olhá-la t'o 7(amente,desculpe. : s# que tento conhec2-la melhor e pensei que assim poderia fa2-lo. 5á sabe, em benef&cio de nossa nova relaç'o como iuais.

3pesar de n'o ter dei(ado de sorrir, parecia sincero. 4atisfeita, Emmadecidiu que ela tamb$m deveria faer alum esto para demonstrar que "á n'oestava anada. 37nal, trabalhavam "untos.

1 3pesar do que pensa, há coisas em voc2 que admiro.

1 /ra, continue, continue 1 insistiu )arr* quando a 4enhorita Dove parou

de falar 1 @'o me dei(e assim. >em que me dier quais s'o minhas qualidadesmais admiráveis.

1 Para começar, tem um rande faro para os ne#cios.

Ele endireitou o corpo, peou um morano, e a olhou de esuelhaenquanto o comia.

1 @em tanto, e muito menos em relaç'o a uma certa 4enhora 6artleb*.

1 >odo mundo comete enanos. 3l$m disso, "á assumi que o que euescrevo n'o $ de seu estilo, para dier de alum "eito. E tinha ra'o ao dierque minha popularidade pode ser transit#ria. Voc2, em troca, tem um curr&culocheio de sucessos e isso $ admirável. Aespeito muito sua vis'o para os ne#cios1 Dito isso, comeu o morano que estava na m'o e peou outro.

Mas Marlowe olhava para ela espectador.

1 sso $ tudo0 1 Peruntou ele 1 !ue respeita minha vis'o para osne#cios0

Emma olhou surpresa para ele.

1 E o que queria que dissesse0

1 @'o sei, mas n'o isso 1 respondeu ele com 2nfase 1 Por maisrati7cante que possa ser saber que me respeita, diamos que n'o $ ocomentário mais lison"eiro que um homem possa receber de uma mulher.

Ela olhou para Marlowe inseura enquanto comia outro morano, semsaber se ele estava brincando.

1 Voc2 está me diendo que quer eloios0

)arr* 7cou r&ido, como se tivesse que pensar na resposta, e em seuidaassentiu decidido.

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E Então ele a Beijou

1 4im, $ isso o que quero 1 admitiu com um sorriso 1 Depois de suaen(urrada de insultos, meu orulho está ferido. E preciso com ur2ncia que meeloiem.

!uando ele queria podia ser atrevido.

1 Eu me recuso 1 respondeu Emma, cruando os braços tentando n'orir 1 4e o eloiar, voc2 7cará ainda mais presunçoso.

1 @'o, se voc2 continuar a meu lado e certi7car-se de n'o abandonar ocaminho da humildade 1 Ele se arrastou pela rama e cheou perto dela 1 Eusei que voc2 disse que n'o ostava de mim, mas me recuso a acreditar que s#tem uma má opini'o. >em que ter alo mais, al$m de meu faro para osne#cios, que voc2 oste, Emmaline.

1 @'o dei permiss'o para me chamar pelo nome8 3l$m disso 1

acrescentou com uma careta 1 /deio o nome Emmaline. %hamar-me assim n'oa"udará na sua causa.

1 >udo bem. Ent'o, prefere que a chame de Emma0 : assim como achamam seus amios0

1 4im, se quer saber. Mas n'o sei por que insiste que somos amios. sso$ imposs&vel.

1 Por qu20

Ela 7cou tensa.1 m cavalheiro, como diria minha tia L*dia, n'o pode nunca ser amio

de uma dama 1)arr* riu.

1 ma mulher muito inteliente, sua tia.

Ele esticou as pernas, at$ que 7caram paralelas ;s da 4enhorita Dove, t'operto que quase se tocavam. Muito mais perto do que ditavam as normas.Emma abriu a boca para recordar-lhe isso.

1 3inda n'o me disse do que voc2 osta de mim 1 murmurou ele,inclinando-se para ela.

3pro(imou-se tanto, que Emma pode cheirar o masculino aroma de seusab'o de s?ndalo e distinuir os an$is aul escuro que rodeavam sua &ris. )arr*desliou uma m'o entre as pernas de ambos descansando a palma na rama,entre os dois, para se apoiar. %om o n#s dos dedos roçou a co(a da "ovem.

1 Vamos, Emma 1 ele suplicou 1 Eloie-me.

ma cálida sensaç'o a percorreu inteira como uma mar$ que fe com quese ruboriasse da cabeça aos p$s. Era ela quem estava sendo lison"eada, LordeMarlowe a olhava de uma forma que faia com que se derretesse como

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E Então ele a Beijou

manteia sob o sol. Moveu-se, acalorada, inquieta, consciente de que o braçodele descansava perto de sua perna.

Por aluma ra'o, ele alarou o sorriso. %om certea se deu conta queestava nervosa, mas n'o saiu de perto, e Emma sabia que n'o faria isso at$

obter o que dese"ava.

@esse instante inve"ou a capacidade do Visconde para ser t'o atrevido.Enoliu em seco, e olhou diretamente para seus olhos auis, t'o brilhantes. 3over o sorriso dele, 7cou sem f9leo, acelerou o pulso e, pela primeira ve,entendeu por que tantas mulheres haviam perdido a cabeça por ele.

1 Voc2 $ um homem muito atraente.

Lorde Marlowe se afastou um pouco e a olhou com receio, como se n'oestivesse certo de que estava falando dele. Decidido a con7rmar para ver se

falava dele, olhou-a nos olhos com e(press'o c$tica.1 Voc2 me acha atraente0 Voc20

1 4im 1 admitiu a "ovem 1 : encantador, quando quer.

)arr* voltou a apro(imar-se at$ que sua testa 7cou a poucos mil&metrosda aba do chap$u que ela usava.

1 Eu ostaria muito de bei"ar voc2 1 Entrecerrou os olhos 1 Deus8 4eestiv$ssemos num outro luar, eu o faria.

/ coraç'o de Emma olpeou com força contra suas costelas.

1 : presunçoso8 1 Disse enveronhada que sua vo soasse impacienteem ve de ofendida 1 E quem disse que eu dei(aria0

Ele n'o parecia intimidado pela reprimenda, o atrevido. Voltou a sorrir, edesta ve ela viu a viva imaem de um aroto travesso.

1 Está me desa7ando, Emma0 Está me desa7ando a bei"á-la0

m estremecimento a percorreu inteira ao ouvir essas palavras, edemorou aluns seundos para recuperar a compostura.

1 Mas que tolices 1 respondeu e loo peou a pasta e 7cou em p$ 13ora que "á o eloiei, coisa que n'o pode ser boa para nenhum homem, $melhor eu ir. >enho que escrever um monte de coisas para o nmero da pr#(imasemana 1 3fastou-se dele, colocando a dist?ncia apropriada entre ambos. Masenquanto sacudia as mialhas da saia, ouviu-o murmurarF

1 Emma, eu "amais recuso uma provocaç'o.

4abia que deveria esclarecer que n'o o havia desa7ado para que abei"asse, e que, sob nenhuma circunst?ncia, o permitiria faer. Masabandonaram os "ardins sem que Emma dissesse nada a respeito.

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E Então ele a Beijou

3 tia L*dia 7caria muito desostosa.

Cap+tulo 10

Se não levar uma acompanhante, uma ovem solteira tem que ser muitocuidadosa com seu comportamento, para evitar assim que nenhum cavalheiro*aça avanços inapropriados.

Senhora BAT!"B#

$onselhos para Senhoritas, %&'( 

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E Então ele a Beijou

4entada em frente ; sua máquina, Emma teclou uma palavra, loo outra,e em seuida duas mais. ma vaa sensaç'o apossou-se dela e soube quealuma coisa n'o estava bem, assim dei(ou de escrever. /lhou o papel que

estava em sua frente, e leu em vo alta o que havia escrito.

 Assim, quando uma dama precisa de beios. Cemeu e(asperada e seinclinou para frente at$ descansar a testa na máquina de escrever. mainavaque estava escrevendo sobre luvas, n'o sobre bei"os. Era a quinta ve queteclava a palavra errada. !ue diabos estava acontecendo com ela0 @o mesmoinstante em que se fe a perunta, Emma soube a resposta. /lhou atrav$s da "anela, e se imainou sentada na rama dos "ardins do Vit#ria Emban<ment,com o olhar perdido nos olhos auis do Visconde.

"u 1ostaria muito de beiá-la. Pensar nesse homem a tinha feito perder

dois dias de trabalho. E por mais que tentasse, n'o podia tirá-lo da cabeça. ssoa e(asperava. Aecordou a si mesma que deveria cumprir o prao da data deentrea, e que n'o podia perder tempo sonhando. 4entou-se ereta, pu(ou opapel e o dei(ou a lado, "unto com as demais páinas cheias de erros. a pearoutra folha quando, quase sem perceber, apoiou o cotovelo na mesa com oquei(o na m'o, e fechou os olhos.

Jamos, "mma. "lo1ie-me. E aquela maravilhosa sensaç'o voltou apercorrer seu corpo como aconteceu há dois dias antes. Em sua mente, aindapodia v2-lo, olhando-a como se n'o acreditasse no que ela havia dito, como sesuas palavras lison"eiras fossem para ele inesperadas, apesar dele ser um

homem perfeitamente consciente de seu poderoso encanto.

$omo *aL  Peruntou-se Emma, antes de voltar a eruer-se. $omo *a  para conse1uir que as palavras mais in@cuas soem tão sedutoras0 4em dvidaera um dom muito perioso para qualquer mulher com bom senso.Especialmente para ela.

"stá me desafando, "mmaL "stá me desafando a beiá-laL

Ele era um descarado. Dier que queria que a bei"asse8 4e ela nem sequerostava dele.

Depois de recordar a si mesma todos os motivos disso, Emma levou osdedos aos lábios e peruntou para si mesma o que sentiria caso o Visconde abei"asse. / rel#io da mesinha soou, tirando-a de seus pensamentos eafundando-a na mais absoluta culpa.

/lhou a hora e 7cou surpresa ao ver que eram mais de duas e meia.

 Aonde *oi parar a manhãL >inha uma entrevista em trinta minutos. Bicoude p$ de um salto e correu para o quarto, tropeçando no pobre 4enhor Pardalque a fulminou com o olhar.

1 4into muito, Pardal 1 disse entrando em seu quarto.

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E Então ele a Beijou

 >rocou de camisa a toda velocidade, mas foi intil, pois teve que acabardesabotoando-a de novo para que dessa ve colocasse cada bot'o em suacorrespondente casa. Peou o casaco verde de passeio, um simples chap$u depalha, prendeu o cabelo com uma presilha, e colocou a caderneta e lápis nabolsa. %om na m'o, correu para a porta, peando as luvas antes de sair e

fechando-as enquanto descia a escada. 4em f9leo, saiu do edif&cio e caminhourua abai(o na velocidade má(ima que era permitido a uma dama alcançar./diava chear tarde.

1 Emma0

3o ouvir seu nome, olhou para ambos os lados da rua. 4altando de umacarruaem com o peri#dico na m'o, viu o culpado de sua pressa, o homem quelevava dois dias obcecando-a. %onsciente de que n'o podia 7nir n'o t2-lovisto, deteve-se e esperou que ele cheasse mais perto, mas loo que parou emsua frente disseF

1 6oa tarde, Milorde. Desculpe-me, mas n'o posso parar. >enho umaentrevista dentro de aluns minutos 1 E voltou a andar.

1 >rou(e-lhe uma coisa 1 disse Lorde Marlowe, que começou a andar "unto com ela, seuindo seu ritmo sem problemas. 4em se deter levantou operi#dico que levava consio 1 : a ediç'o de amanh'.

Emma parou em seco e esqueceu por completo de sua reuni'o.

1 5á0

1 3 tinta ainda n'o está seca 1 disse ele 1 mas aqui está. / primeiroe(emplar. !uer v2-lo0

Ela o tirou das m'os, abriu-o em sua seç'o, e e(clamou encantada ao verseu pseud9nimo com letras de imprensa. %omeçou a passar páinas,percorrendo com o olhar todos os artios que havia escrito. %ada ve que viaalo seu publicado, se sentia como uma menina que havia recebido o presenteperfeito no @atal.

1 : maravilhoso 1 e(clamou sem poder dei(ar de rir 1 4implesmente

maravilhoso8

1 Emma, sua coluna apareceu nos peri#dicos cada semana nos ltimosdois meses 1 recordou ele 1 4empre se emociona tanto0

1 4im 1 respondeu a "ovem, e parou um seundo para olhá-lo, semdei(ar de rir.

1 4empre.

)arr* devolveu o sorriso.

1 4e seus artios publicados conseuem faer voc2 sorrir assim, toda

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E Então ele a Beijou

se(ta-feira a tarde trarei o primeiro e(emplar 1 3ntes que ela pudesseresponder, o rel#io da ire"a deu a hora.

1 /h, Deus, s'o tr2s horas0 1 Peruntou preocupada 1 %$u santo, aorasim que chearei tarde8

1 Vai a outra e(curs'o "ornal&stica0

1 4im 1Dobrou o peri#dico e o devolveu 1 /briado por me mostrar.

Ele balançou a cabeça e n'o o peou.

1 : seu.

1 Mas se $ o primeiro e(emplar. @'o quer 7car com voc20

1 @'o. !uero que a 4enhora 6artleb* o tenha 1 3pontou para ;carruaem que estava atrás dela 1 Vim com minha carruaem. 4e quiser possolevá-la.

1 /briada, mas n'o $ apropriado que eu entre em sua carruaem. E dequalquer maneira, n'o $ necessário. Vou ao 3u %hocolat 1 acrescentou aovoltar a caminhar 1 7ca na rua do lado.

1 >em uma entrevista em uma confeitaria0

1 4im. %om o proprietário, )enri 6ouret. Ele acredita que vai serentrevistado pela secretária da 4enhora 6artleb*.

1 sso me fa lembrar uma coisa que queria peruntar a voc2. 4e voc2 sepassa por outra pessoa n'o $ o mesmo que mentir0 1 ombou ele 1 /u, nom&nimo, $ má educaç'o, n'o $0

1 @'o sou eu quem insistiu em manter minha identidade em seredo.3l$m disso, $ um pequeno enano, e o faço para preservar a interidade "ornal&stica 1 respondeu ela 1 Para poder investiar melhor.

Ele riu.

1 3ora se chama +investi1ar  ir a uma confeitaria0

1 %laro que sim8 Estou pensando em escrever um especial sobre docespara daqui a tr2s semanas. 4obremesas, confeitos, esse tipo de coisas. : umadas id$ias que comentei na sábado. @'o se lembra0

1 )um, claro. : ulosa, Emma0

1 4im. Eu adoro os doces. Em especial chocolate 1 mordeu o lábioinferior e olhou para ele arrependida antes de se deter na esquina 1 Aeceioque aora conhece meu ponto fraco. Baria qualquer coisa em troca de um

chocolate.

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E Então ele a Beijou

1 Verdade0 1 Murmurou ele e a olhou de esuelha 1 mporta se eu aacompanhar0 1Peruntou ele ap#s um instante 1 Eu ostaria de comprarbombons para minhas irm's. >al como disse, tenho que começar a comprarmeus pr#prios presentes, e sei que todas ostam de chocolate 1 >irou operi#dico das m'os 1 Dei(e que eu o leve.

1 /briada. 4uas irm's tamb$m ostam de chocolate0

1 3doram. @'o entendo, mas $ assim.

1 Voc2 n'o osta0

!uando Marlowe neou com a cabeça, ela olhou para ele como seestivesse duvidando de sua sade mental.

1 %omo $ poss&vel0

1 Eu osto mais de salado. Para ser sincero, sou viciado em sardinhas.

1 Está brincando 1 disse

1 3o contrário, dio muito a s$rio.

1 @unca sei quando está brincando.

1 Eu sei, e precisamente por isso eu osto tanto de brincadeiras. @averdade, acredito que farei mais freq=entemente.

1 Perfeito 1 respondeu ela resinada. 3ora sim que n'o poderia voltar aescrever uma linha 1 sso $ simplesmente perfeito.

Diante da con7ss'o de que ela faria qualquer coisa em troca de chocolate,um homem honorável se nearia a especular sobre todas as possibilidades quesuportavam essas palavras. Mas todos diiam que )arr* era um libertino, quelevava uma vida imoral, ent'o, enquanto o proprietário do 3u %hocolatmostrava a lo"a, seus pensamentos e(ploraram todas e cada uma dessaspossibilidades.

3 visita terminou em uma esp$cie de vest&bulo, onde a esperava umaarrafa de champanhe, ladeada por duas taças de cristal, e uma seleç'o detrufas em uma bande"a de prata. @a mesa, havia tamb$m uma cai(aembrulhada com papel de seda rosa e com um laço branco.

1 >alve 4ua 4enhoria e ; secretária de Madame 6artleb* ostariam deprovar nossas trufas e saborear um pouco de champanhe0

Emma olhou os bombons e acreditou estar no c$u.

1 !ue consideraç'o de sua parte, Monsieur.

/ homem assinalou a cai(inha.

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E Então ele a Beijou

1 Por favor, entreue esta lembrança ; 4enhora 6artleb* de nossa parte.Estamos convencidos que as nossas s'o as melhores trufas de menta com licorde toda Londres, e con7amos que isso deva aparecer em sua coluna.

1 Vou asseurar-me de que receba os bombons 1 respondeu Emma s$ria

1 mas n'o posso arantir qual será sua opini'o. 37nal, eu sou apenas suasecretária.

/ homem n'o teve a oportunidade de responder, pois nesse instanteoutro cavalheiro entrou na sala com atitude preocupada. 3pro(imou-se da mesae disse alo a 6ouret em vo bai(a. 4euiu uma rápida troca de palavras emfranc2s, das quais )arr* entendeu s# a metade, pois falavam muito rápido e elenunca havia dominado por completo essa l&nua, mas ao que parecia haviaalum problema no processo de fundiç'o de um chocolate. 6ouret voltou adiriir a palavra a seus convidados com as m'os levantadas e um sorriso dedesculpa nos lábios.

1 Parece que n'o podem faer nada sem mim. 4enhorita Dove, ViscondeMarlowe, terei que abandoná-los por um momento. 4e me desculparem... 1!uando ambos assentiram, assinalou a mesa 1 Desfrutem das trufas.

Em seuida saiu com uma rever2ncia, "unto com o outro franc2s dei(andoEmma e )arr* na sala. Ele se virou para ela, dei(ando de lado o peri#dico, parapoder servir o champanhe.

1 / que acha de desfrutarmos da amabilidade de Monsieur 6ouret0 1peruntou, enchendo as taças.

Emma uardou a caderneta e o lápis na bolsa, e dei(ou em cima da mesa.Aetirou as luvas, dei(ando tamb$m ali. 6ebeu um pouco de champanhe, edurante aluns seundos, estudou a bande"a de trufas, at$ escolher uma dechocolate nero com um laço de açcar rosa em cima.

)arr* a observou enquanto mordia, e sorriu ao ver a e(press'o de 2(taseque iluminou seu semblante, embora isso 7esse com que sua imainaç'odesbocasse sem rem$dio. !uando viu a ota de licor desliando-se pelo lábioinferior de Emma at$ cair em seu quei(o, n'o dei(ou escapar a oportunidade.

Ela dei(ou a taça de champanhe, e ia pear um dos uardanapos de linhodobrados em cima da mesa, quando ele levantou a m'o e, com o polear,capturou a ota de licor, que depois levou aos lábios. Emma abriu os olhossurpresa ao ver que ele lambia o dedo.

1 3vel' 1 murmurou )arr*, e abai(ou o olhar 1 Delicioso, mas ainda n'oprovei o chocolate.

3ntes que a moça adivinhasse quais eram a intenç+es dele e tentassedet2-lo aleando aluma estpida norma de etiqueta, )arr* peou seu pulso,levantou a m'o e abriu a boca. Aodeou o dedos dela com os lábios e enoliu a

metade da trufa que ela seurava. / coraç'o de Emma deu um salto, e emboratenha tentado soltar-se, ele n'o permitiu.

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E Então ele a Beijou

)arr* a viu olhar para a porta e devolver o olhar para ele, observandoperple(a como, devaar, lambia o chocolate que havia 7cado nos dedos dela.Ele viu como os lábios dela tremiam e soube que a respiraç'o de Emma estavaacelerada.

Era consciente de tudo o que a "ovem estava e(perimentando, dodescobrimento da pai('o que havia permanecido presa pela mod$stia. De suainoc2ncia e ent'o o corpo de )arr* começou a arder.

Emma 7cou ruboriada. Desesperada, olhou de novo para a porta etentou uma ve mais soltar a m'o, mas ele impediu.

1 3inda n'o 1 murmurou sem soltá-la 1 @'o acabei.

Enoliu a trufa, e depois percorreu o dedo indicador dela com a boca. 3moça emeu desconcertada, tanto pelo que )arr* estava faendo como pela

reaç'o de seu pr#prio corpo. 4ob o polear da m'o que seurava seu pulso,podia sentir o ofear acelerado, enquanto ele continuava lambendo os restos dechocolate com deliberada lentid'o. 3 resist2ncia de Emma começou a racharao mesmo ritmo que o cacau desaparecia de seus dedos. Dei(ou de tentar sesoltar. 4eus c&lios salpicados de ouro desceram e ela fechou os olhos. !uandoele virou a m'o dela para bei"ar a palma, ela suspirou de praer.

)arr* acariciou o rosto, e com as pontas dos dedos midas, tocou as facesde Emma, faendo que o dese"o se apoderasse de cada poro da pele dele.Percorreu a palma com a l&nua, e pode sentir como ela estremecia. Levantou acabeça e a observou enquanto se afastava da m'o para apro(imar-se mais dela.

3 "ovem deve ter percebido quais eram suas intenç+es, porque erueu o quei(o,abrindo os olhos e separando os lábios ao mesmo tempo. Era uma reaç'oinstintiva, pensou )arr*, pois duvidava muito que fosse consciente do que elequeria. 4e soubesse, certamente "á o teria detido, mas naquele momento ocorpo dela s# sabia uma coisa, que fora despertado para a pai('o.

E era uma das coisas mais er#ticas que )arr* tinha visto em toda suavida. Entretanto, n'o teve tempo de aproveitar. / som de passos procedentesdo corredor os advertiu que alu$m estava se apro(imando, e, depois dedepositar um rápido bei"o nos n#dulos dos dedos de Emma, soltou sua m'o.!uando 6ouret entrou na sala, a e(press'o sonhadora da "ovem haviadesaparecido, e )arr* estava no outro e(tremo da mesa, observando a bande"acom os chocolates e tentando clarear sua mente.

1 De novo peço-lhes desculpas 1 disse o confeiteiro ao se apro(imar.

1 @'o se preocupe, Monsieur 1 respondeu )arr* peando uma trufa./lhou para Emma e acrescentou 1 Boi muito rápido.

ma leve e(clamaç'o de surpresa escapou dos lábios dela que 7couvermelha como nunca. 4orrindo ele mordeu a trufa.

3 moça se apoiou na mesa e cheou mais perto dele.

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E Então ele a Beijou

1 Pensei que n'o ostasse de chocolate 1 disse, com os olhosentrecerrados e observando enquanto ele comia o doce.

)arr* esboçou seu sorriso mais inocente.

1 De onde tirou essa id$ia, 4enhorita Dove0

Cap+tulo 11

Moi meu dever, querida "mma, 1uiá-la para a idade adulta. "nsiná-la a secomportar como uma dama, orientando-a nos momentos di*Fceis de sua uventude, prote1endo-a das maldades deste mundo. Tentei incultar o quesi1nifca de verdade ser uma dama e ao v5-la a1ora, sei que conse1ui. "stouor1ulhosa de voc5, querida. 6uito or1ulhosa.

Nltimas palavras da Senhora

!#/)A <T=)08T0 para sua sobrinha, %&&&

Emma sup9s que sua tia n'o 7casse t'o orulhosa naquele momento. Elae Lorde Marlowe sa&ram do 3u %hocolat e empreenderam o caminho de voltapara Little Aussell sem dier uma palavra. %oisa que aradeceu, pois estavamuito confusa para falar. 4abia que certas coisas estavam erradas. 3ssim foiensinada.

%onsentir que um homem lambesse seus dedos era uma delas. 3ssimcomo permitir que um homem sentasse na rama t'o perto que sua pernaroçasse com a dele. 4e tia L*dia estivesse com eles durante esses incidentes,

n'o teria permitido que Lorde Marlowe tomasse tais liberdades. E se com suamera presença n'o tivesse bastado, a tia teria tossido ou teria olpeado com aponta da sombrinha para adverti-lo.

Dei(ando ; parte o caso de 6eatrice e o e(celente 4enhor 5ones, para osque Emma se atreveu a reinterpretar as reras de conduta, em seus escritos elasempre aconselhava ;s "ovens damas que mantivessem as dist?ncias. %aso a4enhora 6artleb* estivesse em uma situaç'o como a daquela tarde, teria detidoLorde Marlowe e o teria esbofeteado.

Emma estava preocupada por n'o ter sido feita da mesma massa que seu

personaem de 7cç'o. !uando ele havia lambido o chocolate dos seus dedos eacariciado sua m'o com a l&nua, 7cou t'o aturdida, que nem ocorreu sequer

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E Então ele a Beijou

resistir. 6astou sentir a boca de Marlowe em sua pele para que todas as normasde conduta, "unto com seus princ&pios, desvanecessem de sua mente. Erahorr&vel descobrir que suas convicç+es tinham t'o pouco fundamento.

/lhou para ele de esuelha enquanto caminhava ao seu lado. 3ntes, ele

 "amais havia se comportado assim. Em aluma ocasi'o brincou, isso sim,embora, ocasionalmente, n'o tinha passado de uma piada. Mas aora todos oscomentários que faia eram pessoais, como se ertasse. Ela nunca haviaertado com um homem antes. @enhum tentou faer nada inapropriado, eEmma n'o conseuia entender porque Lorde Marlowe o 7esse precisamente.Ele podia se comportar desse modo com qualquer mulher, e certamente que femuit&ssimas vees. Dor que elaL

Dor que entãoL

"u 1ostaria muito de beiá-la.

!uando era mais "ovem, Emma imainou alumas vees, que o 4enhorPar<er a bei"asse.

3ora n'o mais e faia muito tempo que havia enterrado esses sonhos, "unto com suas esperanças e seu coraç'o partido. @esse momento sentia queaqueles sonhos secretos e t'o rom?nticos voltavam a renascer, mas com outrohomem, um muito menos apropriado e muito mais presunçoso que o 4enhorPar<er. m homem que queria bei"á-la e que n'o escondia seu dese"o, que afaia peruntar-se, do mesmo modo de quando era ainda quase uma menina, oque sentiria quando alu$m a bei"asse.

Voltou a olhá-lo e um calafrio de antecipaç'o percorreu suas costas.!ueria que a bei"asse. @'o era certo que um homem bei"asse uma mulher semestar casados ou no m&nimo noivo, recordou-se e todos sabiam que LordeMarlowe n'o queria voltar a casar. Ele era um homem do mundo, dos que t2maventuras il&citas com bailarinas. E certamente, ela tampouco queria se casarcom ele.

Detiveram-se em uma esquina e, sem dei(ar de olhá-lo, Emma levou aoslábios os dedos que ele tinha bei"ado. Lorde Marlowe virou a cabeça, olhou-a porsua ve e sorriu. Ela 7cou sem f9leo e seu coraç'o deu um salto, causando dor

e praer de uma s# ve. Era um sentimento muito forte. Desviou o olhar eabai(ou a m'o com brutalidade. Ela era uma pessoa s$ria, disse para si mesmaenquanto cruavam a rua. @'o ostava de faer coisas proibidas. 5á n'o erauma "oveninha. E certamente, n'o era uma provocadora.

1 / que acontece, Emma0

3 vo de Lorde Marlowe interrompeu seus pensamentos.

1 Depois do que aconteceu, n'o entendo que me faça essa perunta,Milorde.

Ele riu.

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E Então ele a Beijou

1 Depois do que aconteceu, acredito que deveria me chamar de )arr*.

Emma suspirou e(asperada.

1 Eu diria que n'o, Milorde.

Ele encolheu os ombros e trocou de m'o a ediç'o do 4ocial Caette e acai(a de bombons que tinha comprado para suas irm's.

1 4# bei"ei sua m'o.

1 Parece que foi t'o inocente8 1 Percebeu que tinha levantado a vo, eolhou ao redor para se asseurar de que ninu$m a ouvira, mas o tráfeo deLondres era t'o ruidoso que os outros transeuntes n'o podiam escutar suaconversa 1 >alve n'o saiba...tanto quanto voc2 sobre estes assuntos 1prosseuiu, olhando-o nos olhos 1 mas at$ mesmo eu sei que n'o foi +s@ um

beio 8 Voc2...voc2 estava... 1 4ua m'o tremeu, uma onda de calor percorreutodo seu corpo e 7cou sem fala.

3fastou o olhar, e com as m'os enluvadas metidas nos bolsos da saia,acelerou o passo, mas Marlowe a apanhou em seuida e caminhou ao seu lado.

1 Emma 1 disse ao chear ; rua onde ela vivia 1 n'o aconteceu nada 13 ternura que havia na vo dele s# conseuiu piorar as coisas 1 Boi aloinocente.

1 @'o foi inocente. 4e tivesse entrado alu$m e nos tivesse visto...

1 @'o entrou ninu$m.

1 Mas poderia ter entrado8 E seria minha reputaç'o, e n'o a sua, quepaaria as conseq=2ncias.

Pela primeira ve, uma sombra de culpa apareceu no rosto do Visconde eEmma desviou o olhar.

1 Voc2 n'o me deteve.

1 Voc2 n'o quis soltar minha m'o

1 Voc2 n'o tentou muito.

%ontra isso n'o podia dier nada, porque era verdade.

1 Eu 7 mal8 /h, como pude permitir que me 7esse alo t'o perverso0

1 De verdade acredita que o que aconteceu entre n#s dois foi aloperverso0 Emma, voc2 n'o vai para inferno pelo que aconteceu, sabe0 @inu$mvai mandá-la para a cama sem "antar, nem vai levar seus presentes de @atal.

sso a dei(ou furiosa e contribuiu para alterar ainda mais suas emoç+es.

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E Então ele a Beijou

1 @'o ria de mim8 1 Critou ela, detendo-se no meio da rua, a poucosmetros da porta de entrada.

)arr* 7cou s$rio de repente e tamb$m parou.

1 @'o estou rindo. Mas está me parecendo que se preocupa muito peloque foi um erte inocente, e n'o entendo por qu2.

Dor tudo o que voc5 me *e sentir.

!ueria ritar essas palavras ali, em plena rua. Mas em ve disso, inspiroufundo e deu meia volta encaminhando-se para a porta de entrada do edif&cio.

1 %oisas como essa nunca s'o inocentes 1 murmurou em vo bai(a,tratando de recordar as advert2ncias que sua tia repetia sempre quando menina1 %oisas como essa podem chear a... 1 4e deteve, com a m'o no trinco.

3trás dela, escutou uma suave risada utural.

1 Em uma confeitaria0 3credite em mim, se tivesse querido que issocheasse a ser alo mais, a teria levado a um luar muito mais &ntimo erom?ntico antes de bei"ar sua m'o.

1 Mas que al&vio8 1 Aespondeu sarcástica, e começou a abrir a porta,mas ele apoiou a m'o e impediu que pudesse escapar.

1 Do que realmente se trata tudo isso0 1 Peruntou )arr*.

1 Dei(e que eu me vá 1 !uando viu que ele n'o permitiria, voltou-se e ofulminou com o olhar 1 Perunto-me o que pensará as pessoas se virem umhomem acossando uma mulher desta maneira.

1 !ue pessoas0 4ua caseira0 Parece-me que se move pelo que pensamos outros

1 : importante levar em conta a opini'o da pessoas que rodeiam.

1 @'o, n'o $. 3 resposta do que está bem e o que está mal n'o está nasopini+es dos outros. @em tampouco nos livros de etiqueta. 4# há uma maneirade saber 1 nclinou-se para ela sem avisar e a tocou "usto no esternoX 

Emma 7cou sem respiraç'o.

1 >em que procurar aqui 1 disse, com a palma apoiada no colo da moçae os dedos estendidos entre seus seios 1 3qui $ onde sempre encontrará averdade.

3nustiosamente consciente de que estavam no meio da rua e que todosseus viinhos poderiam v2-la, Emma olhou para ambos os lados, mas por sorteera a hora do "antar, n'o havia ninu$m pelo bairro.5  3natomia - /sso &mpar situado na parte anterior do peito, e em que se articulam as costelas

e as clav&culas

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E Então ele a Beijou

1 Aefere-se ao coraç'o, suponho.

1 @'o. Ae7ro a seu instinto, ele sempre dirá a verdade. / coraç'o podementir. 3 intuiç'o, o instinto, n'o.

1 E voc2 sempre seue seus conselhos01 4empre 1 Be uma pausa e afastou a m'o 1 !uase sempre.

@'o era assunto dela, mas teve que peruntar.

1 E o que aconteceu da ltima ve que escutou seu coraç'o e n'o seuinstinto0

1 %asei-me.

1 Entendo 1 )esitou por uns instantes, mas n'o pode evitar continuar 1E o que foi que o impulsionou a se divorciar, seu coraç'o ou seu instinto0

Ele fe uma careta de desd$m.

1 4uponho que voc2, como o resto da 4ociedade, condena-me pelo meudivorcio. 3pesar de eu ser a parte ofendida.

1 Educaram-me na crença de que o casamento $ para toda a vida, que $um voto sarado que se realia diante de Deus e que n'o deve se romper, seisso for o que se refere.

1 !ue fácil $ para alu$m como voc2 dier tudo isso

1 / fato de ser solteira n'o implica que n'o possa ter uma opini'oformada sobre o casamento e o div#rcio8 1replicou ferida.

1 E n'o deveria saber o que minha mulher fe, antes de "ular se eu tinhaou n'o motivos su7cientes para me divorciar dela0

1 @'o me corresponde "ular isso.

1 !ue n'o a corresponde0 1 riu, mas foi uma risada dura e sem humor 1

3 4enhora 6artleb* passa a maior parte do tempo dando conselhos aos outrossobre normas de etiqueta, assim, qual $ o protocolo em uma situaç'o como aminha0 1 3bai(ou a vo, que vibrava com uma ira e uma raiva que Emma n'o "amais ouvira1 / que deveria faer um homem quando sua esposa passa dias edias o insultando e dese"ando estar com outro0 Deve ser educado e cavalheiro e7nir que n'o percebe e que n'o está acontecendo nada de mais0 >em que secomportar como um santo ou um mártir e n'o dier nada0

3pro(imou-se dela, e, ; lu noturna, Emma viu brilhar alo em seus olhos,alo frio e duro como o elo.

1 E quando ela foi para a 3m$rica com seu amante 1 prosseuiu oVisconde 1humilhando publicamente tanto seu marido como a fam&lia dele, o

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E Então ele a Beijou

que ele deve faer0 Binir que n'o tem import?ncia0 %omeçar o processo deseparaç'o0 Passar o resto de sua vida celibatário0 6uscar uma amante0

Ela 7cou at9nita ao ver a dor reetida em seu rosto

1 Era apai(onado por sua esposa 1 disse, compreendendo-o pelaprimeira ve.

1 : claro8 1 Ele desviou o olhar, e respirou fundo 1 %aso contrário n'oteria me casado com ela.

1 Eu n'o sabia. mainei que... 1 4e deteve antes de continuar 14empre imainei que se a tivesse amado, teria ido atrás dela.

1 Aefere-se ao fato de t2-la seuido at$ @ova orque0 3rrancá-la dosbraços de seu amante e transformar o resto de minha vida em um inferno0 >eria

sido mais apropriado que 7esse essa barbaridade ao inv$s de me divorciardela0

Emma olhou para o Visconde sem saber o que dier. Para ela, o div#rcioera t'o impensável, como sair de casa sem espartilho ou n'o ir para a missa.Mas por outro lado, o que sabia das relaç+es entre homens e mulheres0 !uasenada.

1 3pai(onei-me por %onsuelo a primeira ve que a vi 1 prosseuiu )arr*,apoiando as costas na parede do edif&cio.

1 @'o sabia nada dela, nem de sua personalidade, nem de seu caráter,mas n'o me importou. 6astou olhá-la para me apai(onar. >inha os olhos escurose tristes, como nunca tinha visto. %omecei a oraniar o casamentoimediatamente ap#s sua apresentaç'o. Boi assim rápido.

Emma 7cou olhando-o, at9nita, e recordando um dia, tempo atrás, nosal'o da casa de sua tia, quando outro homem havia contado alo similar.

1 Eu tamb$m me apai(onei uma ve 1 confessou.

1 4$rio0

Ela assentiu e apoiou as costas contra a porta, olhando ;s pessoas quepassavam pela rua, mas com a imaem da casa de Aide Lion 4quare, seisblocos mais ; frente, em sua mente.

1 %hamava-se 5onathan Par<er, e era um amio da fam&lia de minha m'e.%onhecia-o desde criança. !uando minha m'e morreu, meu pai rompeu com afam&lia dele e suas amiades, e n'o voltei a v2-lo at$ que mudei para Londrescom minha tia. / 4enhor Par<er e eu nos tornamos amios. Muito bons amios.

1 @oivos0

Emma respirou fundo.

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E Então ele a Beijou

1 Era no que eu acreditava.

1 / que aconteceu0

1 Ele vinha me visitar na casa de minha tia quase todos os dias. 5antava

conosco, duas ou tr2s vees por semana. >&nhamos uma rande quantidade decoisas em comum, e pensávamos de forma parecida a respeito de muitascoisas. @as festas, caso houvesse msica, dançávamos um com o outro. Yamos "untos a todos os luares e todo mundo pensava que um dia nos casar&amos.

1 E0 1insistiu-a )arr* quando ela 7cou calada.

1 E ent'o, uma noite foi a uma festa. Eu tinha que ir tamb$m, mas estavamuito resfriada e n'o pude assistir. Minha tia 7cou em casa para me faercompanhia, e na manh' seuinte soube que o 4enhor Par<er tinha dançado comuma arota de cabelo loiro. %hamava-se 3nne MoncreiZe, e era de or<shire 1

3o falar sobre isso, Emma percebeu que essa lembrança "á n'o do&a 1 >r2sdias mais tarde, quando "á havia me recuperado do resfriado, o 4enhor Par<erveio me ver para contar as boas not&cias, apai(onou-se por 3nne. Ela era aarota mais bonita, mais viva, mais encantadora que ele havia conhecido, eiriam se casar 1 Ela fe uma pausa e balançou a cabeça, como se ainda n'oconseuisse compreender 1 3cabara de conhec2-la e "á queria se casar comela. /s seis anos que ele e eu t&nhamos compartilhado n'o eram nadacomparados com os tr2s dias que passou com 3nne.

1 Lamento que ele tenha partido seu coraç'o.

1 @'o foi s# o coraç'o. @este dia tamb$m perdi meu melhor amio. 3traiç'o d#i muito.

1 4im 1 )arr* reconheceu 1 Muito.

1 %omo $ poss&vel0 1 peruntou curiosa, con7ando que Marlowepudesse e(plicar o que nunca conseuiu entender 1 %omo pode alu$m seapai(onar em um instante0

1 @'o sei. Mas em meu caso posso dier que foi uma esp$cie de loucura.

1 E "á se recuperou01 4im. 4e tiver sorte, supera-se isso antes de cometer o erro de se casar.

Eu n'o tive, mas o que me di de seu 4enhor Par<er0 Está feli casado0

1 3s ltimas not&cias que soube dele foi que estava muito feli. %laroque... 1 acrescentou com maldade 1 ele vive em Londres e sua mulher em or<shire.

Lorde Marlowe riu.

1 %ertamente esse $ o seredo de um bom casamento.

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E Então ele a Beijou

1 %ertamente 1 assentiu ela.

De repente, sentia-se rela(ada, como se houvessem tirado um randepeso de cima. Virou o rosto e olhou para ele.

 1 : estranho, $ a primeira pessoa a quem conto isso. Minha tia sabia oque havia acontecido, $ claro e tamb$m nossas amiades, mas ninu$m nuncafalava do assunto, nem eu tampouco. Os damas n'o $ permitido quedesmoronem em frente a ninu$m, nem peruntar outras coisas que podem serindiscretas. @unca me senti capa de dier a alu$m como estava me sentindomal.

1 : muito doloroso descobrir que o amor n'o $ correspondido.

1 4ua esposa aluma ve o amou0

1 @unca. E o pior de tudo $ que eu sabia 1 colocou o punho no mesmoluar onde momentos atrás quase a tocou 1 3qui dentro, meu instinto sabia.Mas n'o me importei. Em ve disso, escutei meu coraç'o. 4e tivesse ouvidomeu instinto teria economiado, tanto a %onsuelo como a mim, anos desofrimento 1 Meneou a cabeça e fe o esto de partir 1 Está escurecendo, $melhor ir.

1 4im, claro. 6oa noite 1 deu meia volta para abrir a porta, mas a vodele fe com que ela parasse.

1 Emma0

nclinou a cabeça e o olhou.

Estava de p$ na calçada, observando-a.

1 4e de verdade acreditava que o que estava faendo era errado, por quen'o me deteve0

)arr* deu meia volta sem esperar que ela respondesse, e caminhou parasua carruaem.

3t$ que Emma n'o viu a carruaem afastar n'o reconheceu a verdade.

Dorque embora soubesse que estava errado, dentro de mim senti queestava bem. " isso me assusta.

/lhou como a carruaem desaparecia ao dobrar a esquina.

Ela podia recitar de cor todas as normas de educaç'o do mundo, mas n'opodia dei(ar de peruntar se essas normas serviam para distinuir o que eracerto e o que era errado.

E o pior de tudo era que começava a perceber que, embora fosse umamulher amadurecida de trinta anos, n'o sabia nada da vida.

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E Então ele a Beijou

Cap+tulo 1, A virtude pode ser uma recompensa em si mesmo, mas em minha

opinião, isso não é nenhum incentivo.

!orde 6arlo7e

8uia para Solteiros, %&'(

Por mais que odiasse reconhecer, )arr* sabia que Emma estava com a

ra'o.

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E Então ele a Beijou

/ que tinha feito no 3u %hocolat teria arruinado a reputaç'o da moça sealu$m tivesse visto. 3pesar de sua insist2ncia que foi alo inocente, sabiaperfeitamente que n'o era assim. 3 virtude de uma dama era alo muito fráil.@'o importava o que as pessoas pensassem de seu comportamento, a7nal eraum homem, e sabia bem que, para uma mulher, as conseq=2ncias eram muito

mais raves.

 Prop9s-se que sua relaç'o com Emma Dove voltaria a ser impessoal comoantes. Em ve de reunir-se com ela, deu a desculpa de que tinha uma reuni'ode ne#cios e anulou a entrevista. Mandou as correç+es com um mensaeiro epediu que respondesse atrav$s de !uinn.

Mas, infelimente, a dist?ncia n'o foi o ponto que necessitava. 3simaens daquela tarde no 3u %hocolat reapareciam em sua mente uma e outrave, e n'o podia dei(ar de reviver o despertar da pai('o nos olhos de Emma. 5amais tinha visto alo iual. 3t$ esse instante, n'o teria sonhado que alu$m

t'o discreto como a 4enhorita Dove, pudesse conter semelhante foo em seuinterior. 3ora sabia a verdade, mas n'o servia de nada. Ela n'o era do tipo demulher que tem aventuras il&citas, fato muito lamentável, de modo que suanica opç'o era redobrar os esforços para 7car lone.

ma coisa positiva era que sua vida dom$stica tinha melhorado umpouco. 3o que parecia, Diana resinou-se a que nenhuma das arotas Dillmouthou 3bernath* pudessem levá-la ao altar. !uando a estadia das moças cheouao 7m, retornaram para a casa de Lorde Dillmouth e a vida na Mans'o Marlowevoltou a normalidade, pelo menos em sua maior parte.

/s caf$s da manh' seuiam sendo o momento escolhido para eloiar ;maravilhosa 4enhora 6artleb*. 3ora que trabalhava para ele, )arr* n'o 7cavaincomodado que falassem dela, como quando era empreada de 6arriner, oproblema era que suas irm's estavam decididas a descobrir sua identidade.

Loo que souberam que ele havia comprado o 4ocial Caette, e ;4enhora 6artleb* com ele, desdobraram todo seu arsenal para surrupiar o nomedela e todos os detalhes sobre sua vida. Mas )arr* n'o era tolo. Emborasoubesse que suas irm's eram perfeitamente capaes de uardar seredo,tinha s$rias dvidas a respeito das outras duas f2meas de sua fam&lia. Emborapretendesse ser reservada e distante, sua av# era uma terr&vel fofoqueira. E suaencantadora m'e n'o poderia uardar um seredo, nem que sua vidadependesse disso. Ent'o, )arr* mantinha os lábios selados.

1 %omo pode ser t'o obstinado0 1 Louisa olhou anada para ele 1 Elaescreve para voc2, n'o $0 @'o entendo por que n'o nos di quem $.

1 : vital que preservemos seu anonimato 1 respondeu )arr* enquantopassava manteia na torrada.

1 @#s n'o vamos contar a ninu$m 1 replicou sua m'e, ofendida 13credito que sabemos ser discretas, por todos os 4antos.

1 Voc2 $ a discriç'o em pessoa, mam'e 1 Aespondeu ele mordendo os

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E Então ele a Beijou

lábios para n'o rir 1 mas tenho que respeitar a vida privada da 4enhora6artleb*.

 >odas as mulheres da casa aceitaram essa desculpa, mas )arr* n'oostou nada do modo que Diana o estava observando. !uando se levantou da

mesa e pediu que trou(essem a carruaem, ela foi atrás dele com o prete(to depedir a 5ac<son que pedisse tamb$m uma para ela, pois sairia mais tarde.

1 >em not&cias da 4enhorita Dove0 1 Peruntou ela enquanto ambosesperavam no vest&bulo 1 4abe se "á encontrou outro trabalho0

)arr* deu a volta e olhou bem nos olhos dela, mas Diana n'o devolveu oolhar. Parecia absorta colocando as luvas.

1 %om certea que sim 1 respondeu ele.

1 >alve este"a escrevendo livros de etiqueta, quem sabe01 >alve. Embora duvide que eu soubesse.

1 : o que pensa0 1 Diana o olhou ent'o e um ir9nico sorriso apareceunos lábios dela, mas antes que seu irm'o pudesse dier alo, continuou 1Perunto-me se a 4enhorita Dove poderia me dar aluns conselhos sobre ocasamento. : t'o e7ciente, e estou certa de que tem um osto impecável. @ema 4enhora 6artleb* poderia faer melhor, n'o acredita0

1 Diana... 1 começou ele, mas ela o deteve.

1 @'o se preocupe, )arr* 1 4eu sorriso 7cou mais amplo 1 @'o direi aninu$m.

1 @unca conseui entender como descobre as coisas 1 balbuciou oVisconde.

1 4imples deduç'o, irm'oinho. 5á sabe o quanto osto de 4herloc<)olmes 1 Bicou s$ria 1 3 verdade $ que preciso de a"uda com o casamento,)arr* e eu adoraria poder contar com as eniais id$ias da 4enhora 6artleb*.3credita que poderia pedir ; 4enhorita Dove que me desse uma m'oinha0

1 Poderia impedir0 1 peruntou ele com vo 7rme.

1 : claro. 4e me dissesse que n'o, teria que aceitar. Mas voc2 nunca menea nada. @a realidade, mima a todas n#s. Para voc2, nada nem ninu$m $bastante bom para n#s.

)arr* a olhou com vontade de e(plicar o porqu2. !ueria dier o quanto ;samava. Ele era o chefe da fam&lia e era sua obriaç'o cuidar delas, masarrancaria o coraç'o se alo de ruim acontecesse a elas.

!ueria dier que nada parecia o su7cientemente bom para elas queestiveram ao seu lado durante os horr&veis cinco anos, que demorou para obter

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E Então ele a Beijou

o div#rcio. Diante dos olhos da 4ociedade, as mulheres da sua fam&lia estavamt'o marcadas como ele, mas nenhuma delas se quei(ou de nada, nuncaquestionaram a decis'o dele e ele sabia que nunca poderia compensá-las porisso.

)arr* a olhou nos olhos, querendo dier todas essas coisas.

1 Diana, eu...

Deteve-se com as palavras entupidas na aranta. !ue ironia. >'oenanador e era dif&cil dier o que de verdade importava. Piarreou e afastou aolhar.

1 6em, loo voc2 será responsabilidade de Aathbourne 1 disse embrincadeira 1 Pobre coitado. 4orte, que o dinheiro sai pelas orelhas dele. Mimarvoc2 custa muito caro.

Ela deu-lhe uma cotovelada no est9mao.

1 4ua carruaem, Milorde 1 disse 5ac<son, diriindo-se para abrir a porta.

)arr* p9s-se a andar, mas sua irm' o chamou.

1 )arr*0

Deteve-se e virou a cabeça para olhá-la.

1 / qu20

1 @#s tamb$m o amamos muito.

Ele arrumou bem o n# do lenço e sentiu um quente sentimento no peito.

1 Peça todos os conselhos que quiser ; 4enhora 6artleb* 1 disse 1 4#peço que se"a discreta.

De repente, Diana entendeu tudo.

1 Di isso porque a 4enhorita Dove n'o tem e(peri2ncia e a posiç'o

social que todo o mundo sup+e0 1 !uando ele assentiu, continuou 1 %omo aspessoas podem ser t'o tolas0

1 @'o estou preocupado com a tolice 1 respondeu seu irm'oencaminhando-se para a porta 1 3s pessoas tamb$m podem ser cru$is. Porisso $ importante manter a identidade de Emma em seredo. @'o quero queninu$m ombe dela.

"mmaL Diana 7cou boquiaberta olhando como 5ac<son fechava a portaatrás dele. )arr* havia chamado ; 4enhorita Dove por seu nome. Por menosconvencional que seu irm'o pudesse ser, havia coisas que nunca faia e se

referir a uma mulher por seu nome era uma delas.

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E Então ele a Beijou

 A não ser...

1 /h, Meu Deus 1 murmurou Diana, o mordomo a olhou curioso.

Ela neou com a cabeça, mas n'o disse nada, pois estava tentando dierir

tudo o que estava pensando. m homem n'o chamava uma mulher por seunome a n'o ser que tivessem uma relaç'o &ntima. >ratou de recordar a antiasecretária de )arr*, e as dvidas começaram a assaltá-la. 4empre circularamrumores a respeito de seu irm'o e da 4enhorita Dove, mas ela nunca acreditounisso. 4e a mem#ria n'o falhava, a "ovem tinha o cabelo de uma cor entrecastanho e ruivo. @'o era feia, mas tampouco possu&a uma belea e(#tica. E,sem dvida, n'o era temperamental. @'o era absolutamente o tipo de mulherque atra&a )arr* e certamente que ele seria o primeiro a reconhecer isso.

Mas apesar de tudo, Diana "á havia apresentado a ele um monte demorenas temperamentais, desde os cinco anos em que se divorciou de

%onsuelo, mas nenhuma delas conseuiu prend2-lo durante muito tempo. >alveo tipo de mulher que convinha a )arr* n'o fosse o que ela acreditava, nem oque acreditava o pr#prio )arr*.

4orriu. %onseuir a a"uda da 4enhorita Dove podia ser mais proveitoso doque havia pensado a princ&pio.

Emma estava decidida a se concentrar no trabalho e n'o sonhariaacordada nem um seundo mais e ainda cumpriria com seu horário. @'o 7caria

decepcionada quando o Visconde voltasse a enviar as correç+es com omensaeiro em ve de traer pessoalmente. @'o sentiria falta de suasbrincadeiras, nem de suas risadas, nem da companhia dele. E tampouco voltariaa recordar como havia lambido o chocolate dos seus dedos.

)á muitos anos "á havia decidido que ele n'o era o tipo de homem queuma mulher como ela, com bom senso, poderia combinar. !ualquer mulhersensata fuiria de alu$m como ele como o diabo foe da cru. m homemcapa de dei(ar uma amante por carta, t'o propenso a se apai(onar, umhomem que n'o duvidava em por em perio a reputaç'o de uma dama, e, sepor acaso fosse pouco, divorciado e decidido a n'o se casar novamente "amais.

E, apesar de todos seus esforços para mudar e ser mais atrevida, Emma sabiaque, no fundo, ela era uma mulher sensata. / melhor seria que mantivessem asdist?ncias, assim como no passado. Era #bvio que Marlowe raciocinava de iualforma, pois assim demonstravam as duas semanas que levava evitando-a. Bicouolhando a páina em branco que estava em sua frente e peruntou para simesma por que se sentia t'o inc9moda.

/ que estava errado com ela0 Vivia o sonho que havia perseuido durantetantos anos e n'o estava aproveitando. 3s duas ltimas seç+es ampliadas da4enhora 6artleb* foi um sucesso. Morava em um apartamento muitoconfortável, tinha amias &ntimas e uma vida confortável. !ue mais podia pedir0

6atidas na porta a tiraram de seus pensamentos e 7cou de p$ de um

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E Então ele a Beijou

salto. 3travessou a quarto e abriu para encontrar-se ; 4enhora Morris com umcart'o na m'o.

1 Lad* Eversleih veio ver voc2, Emma 1 informou a caseira muitoimpressionada.

Lad* Eversleih era a irm' de Lorde Marlowe, e apesar de que para a alta4ociedade a fam&lia do Visconde era de seunda cateoria, as pessoas da classem$dia continuavam impressionando-se ao conhecer um nobre.

3 mulher entreou o cart'o.

1 Está esperando no sal'o.

Emma 7cou at9nita olhando o pedaço de papel. @'o ocorria nenhummotivo pelo qual a 6aronesa pudesse ter ido visitá-la.

1 Por favor, dia a ela que desço em seuida.

3 4enhora Morris se foi, e ela tratou de por em ordem os pensamentos.Bosse qual fosse o motivo daquela visita inesperada, n'o seria nadaconveniente que continuasse sonhando com os bei"os de Lorde Marlowe tendosua irm' sentada em frente. Minutos mais tarde, desceu a escada e encontrou ;6aronesa conversando amiavelmente com a 4enhora Morris.

Emma tinha visto a irm' de )arr* apenas uma ve, quatro anos atrás,mas s# aora percebeu o quanto ela se parecia com Lorde Marlowe. / mesmo

cabelo escuro e id2nticos olhos auis. Lad* Eversleih apro(imou se de Emmaestendendo as m'os para saudá-la.

1 4enhorita Dove, como vai0 %onhecemo-nos fa aluns anos, emborasuponha que n'o se lembre.

1 4im me lembro. Bui a )anover 4quare, ; casa de seu irm'o, para dei(aruns contratos para que ele assinasse. Eu estava de p$ no vest&bulo, esperando,e voc2 sa&a para ir a aluma parte. Peruntou-me quem eu era e loo insistiuem que n'o esperasse ali e acompanhou-me at$ o sal'o. %omo pode acreditarque tenha esquecido um esto t'o amável0

1 3mável0 >olices. Boi simples educaç'o. !ue 5ac<son a tivesse dei(adoali de p$ no vest&bulo era imperdoável.

Emma estava consciente de que as normas de educaç'o n'o ditavam queuma Lad* acompanhasse uma simples secretária at$ o sal'o de um Lorde. /mordomo de Marlowe era bem treinado, e sabia que ela n'o era umaaçouueira, que tivesse que utiliar a porta de serviço, mas tampouco era umaamia da fam&lia, e dina, portanto de esperar no sal'o. Era #bvio que paraLad* Eversleih as normas sociais importavam t'o pouco quanto para seuirm'o.

1 3l$m disso 1 acrescentou a "ovem antes de voltar a sentar 1 depois da

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E Então ele a Beijou

ratid'o que sentia por voc2, era o m&nimo que podia faer.

1 Cratid'o0 1 Peruntou Emma ao tomar tamb$m assento.

1 4im. Craças a voc2, )arr* começou a se lembrar dos aniversários e de

seus compromissos 1 /lhou ; 4enhora Morris 1 Minha fam&lia está em d&vidacom a 4enhorita Dove.

1 /ra 1 disse a caseira, satisfeita com sua inquilina.

3 6aronesa voltou a atenç'o para Emma, e seu esto malicioso foiid2ntico ao de seu irm'o.

1 E tenho de confessar que voc2 escolhe os melhores presentes. 4# Deussabe o que nos dará de presente aora que voc2 "á n'o $ sua secretária.

Emma sorriu.1 4up+e-se que esse seredo "amais tenha que sair ; lu.

1 4im, bem, meu irm'o "á deve ter contado o quanto osto de resolvermist$rios e descobrir seredos 1 )esitou aluns seundos 1 De fato, osseredos s'o parte da ra'o porque vim ho"e aqui.

1 3h, sim0 1 / assombro de Emma aumentava a cada seundo.

1 4im 1 3 6aronesa olhou de esuelha ; 4enhora Morris 1 Costaria defalar com voc2 sobre um assunto muito importante e delicado...

%om essa deliberada pausa, a caseira captou a indireta.

1 Deus santo 1 disse ao levantar 1 %om todas as coisas que tenho parafaer e estou aqui perdendo tempo. >enho que dei(á-las. 3proveite sua visita,querida Emma 1 acrescentou, tratando de ocultar a decepç'o que sentia den'o poder 7car.

4aiu e fechou a porta atrás dela, dei(ando as duas mulheres soinhas.

1 @o que posso servi-la, Lad* Eversleih0 1 Peruntou Emma.

Diana sorriu com tristea.

1 /deio que as pessoas me chamem por meu t&tulo. Esse nome me tra...1 fe uma pausa e fechou os olhos 1 tra-me más lembranças 1 3briu os olhose se inclinou para ela 1 Costaria que pud$ssemos utiliar sempre nossos nomessem mais. >udo seria muito mais fácil. Dar tanta import?ncia aos t&tulosnobiliários e marcar tanto as dist?ncias $ em certas ocasi+es, muito aborrecido.Embora suponha que voc2, sendo como a famosa 4enhora 6artleb*, a porta-bandeira das boas maneiras e o decoro, n'o estará de acordo comio.

Ela n'o pode ocultar a surpresa.

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E Então ele a Beijou

1 4abe quem sou0

1 5á disse que osto de resolver mist$rios. Mas prometi a )arr* que n'odiria a ninu$m, e ele sabe que pode con7ar em mim. / seredo da identidadeda 4enhora 6artleb* está a salvo comio. 3ora, no que se refere ao motivo de

minha visita, suponho que saberá que em "aneiro me caso com o %onde deAathbourne.

1 4im, e, por favor, aceite minha mais sincera felicitaç'o pelocompromisso. Mas sinto curiosidade, 6aronesa, o que tem a ver seu casamentocomio0

1 Minhas irm's, minha m'e, minha av# e eu lemos todas as semanasseus artios. @#s adoramos a 4enhora 6artleb*.

3o escutar essas amáveis palavras, Emma sentiu que a alaava um

enorme praer.1 Bico feli8 Espero n'o decepcioná-las.

1 @'o se preocupe, n'o decepcionará. Vim v2-la porque, depois dedescobrir sua identidade, quero pedir um favor. 4ei que $ muito atrevido deminha parte, mas preciso que me a"ude. Ve"a... 1 3 6aronesa fe uma pausamovimentando-se inc9moda no sofá 1 4uponho que sabe que o div#rcio de)arr* foi muito desaradável. 4obretudo para ele, mas tamb$m para n#s.

1 4im 1 Emma a olhou com compreens'o 1 Eu sei.

1 Muitas de nossas amiades condenaram meu irm'o por seucomportamento. @os peri#dicos de comportamento nos criticaram sem piedade,tanto a ele como a n#s. Disseram um monte de coisas horr&veis. E que a Aainha7esse uma declaraç'o pblica condenando o div#rcio e censurando a todosaqueles que se atreviam a romper os laços matrimoniais, n'o nos a"udou muito.Embora a cr&tica tenha sido eral, todo mundo soube a quem se diriia, e issosini7cou nossa morte social.

Emma mordeu o lábio, arrependida e enveronhada por ter opinado comotodo mundo a princ&pio. @esse instante, o olhar estreito da 4ociedade a

incomodou como nunca antes.

1 Em minha opini'o, n'o $ "usto que toda uma fam&lia tenha que paarpelo comportamento de um de seus membros. E no que se refere ao div#rcio deseu irm'o, ele e eu falamos do assunto n'o fa muito e entendo que foi umadecis'o muito dif&cil. 4ei que n'o tomou esta decis'o de maneira leviana.

1 )arr* contou sobre seu div#rcio0 1 Diana olhou at9nita para Emma 1Balou com voc2 dessa $poca0

1 4im, um pouco. Parece surpresa, 6aronesa.

1 Eu estou. )arr* nunca fala sobre coisas que o maoaram. @unca 1 ela

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E Então ele a Beijou

riu 1 6em, ao que parece o dia de ho"e está cheio de surpresas.

1 Lamento muito que sua posiç'o social tivesse 7cado t'o pre"udicadapor tudo isso. 4e quiser que a 4enhora 6artleb* escreva um artio condenandotal comportamento, farei isso encantada.

1 @'o, n'o. @'o $ por isso que vim v2-la. E, em todo caso, )arr* aora $o proprietário do 4ocial Caette e as pessoas acreditar'o que ele a obriou afaer isso.

1 : verdade. @'o havia pensado nisso. Ent'o, o que $ que precisa da4enhora 6artleb*0

1 !uero que me a"ude a oraniar meu casamento.

1 4eu casamento0 1 Emma estava at9nita 1 Mas com certea sua m'e,

sua av# e seus irm's...1 3mo muito minha m'e, 4enhorita Dove, mas, para ser sincera, $ um

pouco cabeça de vento. Minha av# está atrelada as tradiç+es antias e aindaacredita que um casamento n'o $ um casamento sem arro e sapatos usados, en#s duas sabemos que ho"e em dia isso "á n'o $ assim. Minhas irm's est'oa"udando tanto como podem, $ claro. Vivian desenhou meu vestido, adoracosturar roupas. E na verdade $ muito boa.

1 E Phoebe está ocupada com os convites e oraniaç'o das mesas. Masa quem de verdade preciso $ ; 4enhora 6artleb*. !uero que tudo saia perfeito.

E n'o s# por mim e por minha fam&lia, mas tamb$m por Edmund. Meu noivotamb$m leva o estima do div#rcio. 4e nosso casamento for impecável,ninu$m poderá nos "oar nada na cara. nclusive irei mais lone, quero quenosso casamento se"a o acontecimento social do ano e para conseuir issopreciso das intelientes id$ias da 4enhora 6artleb*. !uero que me a"ude aescolher as ores, o cardápio, a decoraç'o... tudo 1 Be uma pausa e sorriu deum modo que Emma voltou a recordar o Visconde 1 Disse que meu pedido eraum pouco e(aerado.

1 3bsolutamente8 Estou muito lison"eada que tenha pensado em mim,6aronesa.

1 >enho que adverti-la de que, se as pessoas souberem que me a"udoutalve sua reputaç'o possa ser pre"udicada.

Ela pensou um instante.

1 maino que sim, mas tal como disse, n'o me parece bom "ularninu$m pelo que os outros faem 1 nspirou fundo, consciente de que era umadecis'o arriscada, mas sabendo que sua consci2ncia n'o permitiria faer ocontrário 1 4e alu$m me criticar por t2-la a"udado a oraniar seu casamento,sini7ca que esse alu$m tem uma opini'o que n'o merece ser levada em

consideraç'o.

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E Então ele a Beijou

1 3credito que podemos evitar problemas se mantivermos suaparticipaç'o em seredo. @'o podemos dier nem a minha m'e nem a minhaav#, porque diriam a todo mundo, mas minhas irm's sabem ser discretas.

1 Bicarei encantada de a"udá-la em tudo o que possa.

Diana aarrou as m'os dela em um esto de aradecimento.

1 /briada, 4enhorita Dove.

1 Estou muito animada, realmente. !uando voc2 quer começar aoraniaç'o0

1 Dei(e que eu pense. Minha fam&lia 7cará em >orqua* durante todo om2s de aosto.

Emma assentiu. >oda a alta 4ociedade ia a >orqua* em aosto.1 )arr* s# 7cará uma semana, di que tem muito trabalho aqui em

Londres 1prosseuiu a 6aronesa 1 Parece que a nica coisa que fa $trabalhar. Os vees me preocupa que trabalhe tanto.

1 : sua id$ia de divers'o 1 disse Emma sem pensar.

Diana a olhou com surpresa.

1 4im, tem ra'o 1 disse devaar, estudando a "ovem de outro ponto devista 1 E esse $ outro dos motivos pelos quais muitos esnobes o condenam.Diem que um cavalheiro n'o deveria trabalhar para anhar a vida.3parentemente, teria que estar por cima desse tipo de coisas.

1 Ent'o, n'o estranho ent'o que a maioria dos nobres este"a arruinada.

Essa resposta fe Lad* Eversleih rir.

1 ma observaç'o muito perspica, 4enhorita Dove, e muito certa. Emtodo caso, quando voltarmos de >orqua*, iremos diretamente ; Mans'o de meunoivo, em Derb*shire, para passar ali alumas semanas. Depois iremos para6er<shire no 7m de setembro, onde passaremos o outono em Marlowe Par<.Proponho que vá nos visitar ali na primeira semana de outubro. Embora tenhaque adverti-la que tanto minha m'e quanto minha av# n'o a dei(ar'o em patentando descobrir a identidade da 4enhora 6artleb*.

1 5á estou acostumada 1 a tranq=iliou 1 E aceito encantada seuconvite. %ertamente oraniaremos as melhores npcias do ano.

1 /h, me alero tanto por ter vindo visitá-la8 1 3arrou as m'os deEmma com carinho 1 /briada por concordar em me a"udar.

Depois que Lad* Eversleih saiu, ela retornou para seu quarto.

4entou-se ; escrivaninha, ainda incapa de assimilar tudo o que havia

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E Então ele a Beijou

ocorrido. !ue a 6aronesa pedisse sua a"uda para oraniar seu casamento erauma rande honra.

)averia quem dei(aria de ler seus artios se soubesse disso, mas mesmoque Lad* Eversleih n'o tivesse oferecido manter seredo, Emma teria aceitado

de qualquer maneira.

Pela primeira ve em sua vida n'o importava o que as pessoas pudessempensar, e isso sim que era na verdade surpreendente.

Cap+tulo 1-

=á homens que se sentem atraFdos pelas mulheres virtuosas. Se al1umde voc5s descobrirem que se encontra em tal circunstOncia, contem com toda

minha simpatia.!orde 6arlo7e

8uia para Solteiros, %&'(

)arr* nunca havia se dado bem, enanando a si mesmo. Eraprecisamente por isso que sempre prestava atenç'o ao seu instinto, este estavaacostumado a dier a verdade, pressupondo claro, que ele estivesse disposto a

escutá-lo. Mas ultimamente, n'o podia con7ar nele, pois, enquanto seu instintocomercial diia que permanecesse afastado de Emma Dove, seu instinto

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E Então ele a Beijou

masculino o aconselhava alo completamente diferente. Dese"ava-a e evitá-lan'o fe com que esse dese"o desaparecesse, essa era a pura e ineávelverdade.

)arr* se apoiou contra a escrivaninha e apertou os dedos contra a mesa

de madeira. O suas costas, podia escutar como !uinn relia o que ele haviaditado, mas n'o estava prestando atenç'o. Em ve disso, olhou atrav$s da "anela do escrit#rio e tratou de afastar Emma de seu pensamento.

Emma. !ue nome t'o inocente.

Embora ultimamente seus pensamentos n'o fossem nada inocentes. @arealidade, eram bastante t#rridos e a cada dia que passava 7cavam piores.Bechou os olhos e recordou-se das curvas do corpo dela, uma a uma, esboçoucada linha, cada curva de suas lonas pernas, de seus pequenos seios edaquela lona cabeleira castanha que 7cava ruiva sob o sol do entardecer.

1 E portanto, ve"o-me obriado a recusar sua oferta... 1 3 vo de seusecretário utuou at$ ele.

Emma. m nome lindo. Aespirou fundo, imainando o aroma de limpea ede talco, o aroma de Emma. Pela en$sima ve, imainou-se bei"ando seus lábiose o resto de seu precioso corpo. mainou despindo-a, desabotoando a camisa efaendo um monte de coisas impr#prias.

1 4e estivessem dispostos a reconsiderar as condiç+es que a princ&pio ospropus...

4ue ele era atraente, ela havia dito aquele dia nos "ardins do Vit#riaEmban<ment e t'o s$ria como se estivesse recitando uma liç'o de catequese.%om seus olhos amendoados arrealados e sem um ápice de erte ou estudadaseduç'o.

/lhos inocentes. )arr* n'o queria que ela fosse inocente.

!ualquer homem solteiro e que dese"asse continuar assim, teria que semanter afastado das virens inocentes.

Ele s# esteve com uma em toda sua vida, em sua noite de npcias e aindarecordava de quanto tudo foi ruim. Boi um desastre, o preldio do que ia ser oresto de sua vida matrimonial.

Em sua mente, retrocedeu quatore anos. Parecia outra vida. >odo odrama de %onsuelo começou quando ele foi ; @ova orque para faer ne#cioscom o pai dela. !uando o 4enhor Estravados o convidou para passar um m2sem @ewport, onde ele e sua fam&lia veraneavam, )arr* aceitou encantado. Eassim foi como, durante uma calorosa e mida tarde de aosto em Ahodesland, com apenas vinte e dois anos, olhou por cima da rede da quadra de t2nisna que estava "oando e viu um par de olhos escuros, atormentados e

inocentes...E toda sua vida virou do avesso.

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E Então ele a Beijou

nclinou a cabeça, 7(ou o olhar no tapete e recordou de %onsuelo tal comoa tinha visto pela ltima ve, de "oelhos e com as m'os unidas, chorando.4uplicando, por Deus que se divorciasse dela.

G /ei?e-me ir, =arrI. Dor *avor, dei?e-me ir.

1 saudaç+es cordiais, etc. etecetera. !uer mudar aluma coisa, Milorde0

Boi o sil2ncio o que o trou(e de volta ao presente.

1 / que0

/lhou para trás e viu !uinn olhando-o sem se alterar.

1 !uer mudar alo da carta, Milorde, ou "á posso enviá-la0

@'o havia escutado nenhuma palavra do que o "ovem havia dito.

1 Está perfeita 1 respondeu 1 Mande-a.

!uinn saiu de seu escrit#rio, e )arr* passou as m'os pelo rosto. Maldiç'o,se pensar em %onsuelo n'o conseuia fa2-lo voltar ; ra'o, nada faria. / queestava acontecendo0 ltimamente parecia incapa de controlar seuspensamentos. >alve necessitasse de uma nova amante. %ertamente que iriaa"udá-lo a se concentrar. /u possivelmente, fosse um al&vio mais imediato.

3panhou seu chap$u e saiu do escrit#rio imediatamente. 3o passar aolado da mesa de seu secretário, disseF

1 Estarei fora o resto do dia.

1 Mas 4enhor, acredito...$ que, acredito...

)arr* parou "unto ; porta.

1 4im, sim, dia 1 espetou com impaci2ncia 1 o que $ que houve0

/ "ovem olhou inseuro para o Visconde.

1 3notei que tem uma reuni'o em seu escrit#rio dentro de alunsminutos 1 /lhou para a sala do Visconde e com o dedo assinalou o calendário.

1 / 4enhor illiam 4he[eld, encarreado da produç'o do 4ocial Caette,virá ;s duas. 3credito que queira discutir com ele sobre novos procedimentos.Embora talve este"a enanado 1 E o olhou com aquela e(press'o ansiosa quetanto incomodava )arr*.

Dara voc5 tudo é um o1o. 0ão se importa com os outros..." não possoevitar pensar que leva uma vida dissoluta... Seu despreo pelo casamento, suasaventuras com bailarinas e outras mulheres de má reputação.

3o recordar essas palavras, )arr* perdeu a vontade de ir ao bordel, passar

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E Então ele a Beijou

a tarde nos braços de uma cortes' "á n'o parecia uma id$ia t'o atraente.3pertou os olhos com as palmas das m'os e suspirou resinado. 4upunha-seque dei(aria de pensar em Emma Dove. mainá-la nua "á era uma coisa ruim,mas tinha tamb$m de recordar os serm+es que ela passou0

)arr* levantou o olhar.

1 @'o, 4enhor !uinn, n'o está enanado 1 Pu(ou o rel#io pendurado deseu bolso e viu que ainda faltava um quarto de hora para sua reuni'o 1 rei eumesmo ao outro edif&cio para reunir-me ali com 4he[eld 1 disse, con7ando emque o curto passeio o a"udasse a limpar a mente. Voltou para uardar o rel#ioe, antes de sair, deteve-se um instante 1 !uinn0

1 4im, 4enhor0

1 /briado por recordar quais s'o minhas responsabilidades. Ba parte de

seu dever asseurar-se de que cheo a tempo em minhas reuni+es. %ontinuefaendo isso.

Dei(ando um at9nito 4enhor !uinn, )arr* saiu dali. !uando cheou aoescrit#rio de 4he[eld aluns minutos mais tarde, decidiu que se concentrariaapenas nos ne#cios e, durante as duas horas que durou a reuni'o, conseuiun'o voltar a pensar naquela preciosa e inocente mulher que morria de vontadede bei"ar. @enhuma s# ve pensou em desabotoar os bot+es de sua camisa,nem em levantar a recatada saia de l'. Enquanto escrevia o editorial do Cuiapara 4olteiros, n'o voltou a rememorar o aroma de talco, nem a sonhar com otoque de seu p$. @enhuma s# ve.

Ent'o ela apareceu e todo seu esforço foi pelo ralo.

)arr* despediu-se do 4enhor !uinn e "á ia saindo do escrit#rio quando amulher que estava tentando esquecer chocou-se com ele e fe com que ambosparassem em seco na metade do corredor. Em um ato ree(o, seurou-a pelosbraços para evitar que ca&sse.

1 /h, sinto muito 1 disse Emma e levantou a vista dos pap$is que levavanas m'os.

3 colis'o entre ambos fe com que uma corrente el$trica carreada dedese"o percorresse )arr* da cabeça aos p$s e bastou ver aquele rosto sardentoe aqueles lábios rosados, para que suas duas horas de árduo autocontroledesvanecessem em um instante.

1 Lorde Marlowe 1 disse ela surpresa 1 / que está faendo aqui0

)arr* percebeu que ainda a seurava nos braços. 4oltou-a, deu um passoatrás e se obriou a dier aluma coisa.

1 6em, a7nal sou o proprietário 1 respondeu, numa tentativa de falar

com lieirea 1 3l$m disso, este $ meu escrit#rio. De ve em quando estouacostumado a vir por aqui.

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E Então ele a Beijou

1 4im, claro 1 disse ela, levando uma m'o ; cabeça 1 Boi uma peruntatola, n'o0 : que eu estava pensando... 1 Be uma pausa e assinalou os pap$isque levava na outra m'o 1 !uero dier, que estava lendo e n'o olhei por ondeandava. Está bem0 @'o pisei no seu p$0

1 @'o 1 Aespondeu ele, mas na realidade queria era ritar que n'o,maldiç'o, que n'o estava bem e que tudo era culpa dela.

@esse instante, todas as partes de seu corpo que se chocou contra ocorpo dela ainda ardiam. Desesperado, tratou de pensar em alo para dier.

1 / que estava lendo que a dei(ou t'o distra&da0

Ela moveu os pap$is.

1 Aascunhos para a pr#(ima ediç'o.

1 a dei(á-los em seu escrit#rio antes de sair. Vou a n<berr*.

%ora"oso, )arr* tratou de seuir com a conversa.

1 O famosa livraria0 1 !uando ela assentiu, continuou 1 3creditava quea reportaem desta semana abordaria sobre doces. Mudou de opini'o0

1 @'o, n'o 1 3sseurou ela 1 3 id$ia ainda seue sendo essa, comopoderá comprovar pelos rascunhos 1 Entreou-lhe os pap$is datilorafados 1Vou ; livraria porque quero ver se o 4enhor n<berr* recebeu alum livro sobre ahist#ria de... 1 Piarreou 1 4obre a hist#ria do com$rcio do chocolate.

Emma meteu a m'o enluvada no bolso da saia, a mesma m'o que elehavia bei"ado duas semanas antes, e um delicado rubor cobriu-lhe as faces.

)arr* percebeu que ele n'o era o nico que n'o pode dei(ar de pensar noque aconteceu naquele dia e com o mal estar que passou ultimamente, alerou-se de que fosse assim.

1 4ua irm', Lad* Eversleih, veio me ver esta tarde 1 /lhou ao seu redore acrescentou sussurrando 1 descobriu que sou a 4enhora 6artleb* e veio pedirminha a"uda para oraniar seu casamento.

1 4im, eu sei. Diana tem um talento inato para descobrir os seredos dosoutros. Mas me "urou que n'o dirá nada.

1 4im, me disse isso 1 fe-se um lono silencio, e ent'o Emma olhou orel#io 1 5á s'o mais de quatro. Devo ir.

1 Espere um momento, eu a acompanharei at$ lá embai(o 1 disse ele, aspalavras escapando dos lábios antes que pudesse evitar.

 5á n'o podia voltar atrás, e o pior de tudo era que n'o queria. Entrou emseu escrit#rio, dei(ou os pap$is que em cima da mesa e retornou ao corredor.3pontou para a escada, e ambos se encaminharam para ela.

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E Então ele a Beijou

1 : n<berr* a melhor livraria de Londres seundo a 4enhora 6artleb*0

1 : claro. Mas embora n'o fosse assim, n'o me atreveria a dier 1acrescentou 1 /s n<berr* 7cariam muito maoados que os tra&sse erecomendasse outro estabelecimento.

1 Deduo que conhece os proprietários.

1 4im, conheci o 4enhor e ; 4enhora n<berr* quando resolvi viver emLondres. Ela era a melhor amia de minha tia 1 4orriu 1 E o 4enhor n<berr* $um encanto. 4empre que recebe um novo livro sobre etiqueta, uarda paramim. Eu osto de ver o que os outros autores escrevem.

1 3h, assim aora espia a concorr2ncia0 : uma rande id$ia 1 deteve-separa abrir a porta 1 Pelo que sei, $ uma rande livraria 1 prosseuiu )arr*,caminhando "unto ; Emma pela calçada 1 e di que disp+e de uma ampla

coleç'o de volumes antios. : verdade01 3luma ve esteve ali0 1 peruntou ela

1 @'o, n'o tive o praer.

1 !uer... 1 Be uma pausa e piarreou 1 4e n'o tiver nada a faer,talve pudesse... !uer dier, n<berr* $ na verdade a melhor livraria de Londres.)á outras iualmente famosas. )atchards, por e(emplo, mas n<berr* $ muitosuperior, pelo menos para mim. E...e al$m disso, voc2 tem que v2-la. !uerodier, sendo editor, e...e todas essas coisas... 1 Bicou calada tentando dei(ar de

balbuciar, e respirou fundo 1 Costaria de me acompanhar0@'o deveria. Mas ia fa2-lo. 4abia inclusive antes dela peruntar, porque

)arr* nunca tinha se dado muito bem faer o que devia.

1 4erá um praer.

3 campainha tilintou quando Lorde Marlowe abriu a porta da n<berr* paraque ela passasse. Emma entrou e ele a seuiu. m anci'o que estava atrás domostrador sorriu ao v2-la.

1 Emma8 1 4audou-a carinhoso, saindo de onde estava.1 6om dia, 4enhor n<berr*. Encontra-se bem0

1 Mais ou menos 1 3ssinalou-a com um dedo 1 5osephine a v2 cadadomino na hora do chá, mas eu n'o tenho tanta sorte. Baia muito tempo quen'o aparecia por aqui, querida.

1 Eu sei, e sinto muito. De verdade. Mas prometo que no futuro n'ovoltará a acontecer. %omo está ; 4enhora n<berr*0

1 Muito bem. Está lá em cima, tem que subir para v2-la antes de sair.Bicará para tomar o chá conosco0 1 /lhou o homem que a acompanhava.

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E Então ele a Beijou

1 /h, 4enhor n<berr*, ele $ o Visconde Marlowe. 5á sabe que duranteuma $poca trabalhei para a Marlowe Publishin. Milorde apresento-lhe o 4enhorn<berr*.

1 %omo vai0 1 )arr* inclinou a cabeça 1 /uvi dier que sua livraria $ a

melhor de Londres.

1 E eu n'o tenho nenhuma dvida de quem disse 1 respondeu o anci'ocom um sorriso e olhando a "ovem com carinho 1 3credito que chearamaluns livros novos sobre etiqueta, e tamb$m aluns de coinha 1 3pontouuma porta que conduia ao piso superior 1 Eu os dei(ei no luar de sempre.

Emma cruou a porta, e caminhou para cima. Marlowe 7cou para trás,conversando com o 4enhor n<berr* e as voes dos dois homens foram seapaando a medida que ela entrava nos aposentos de trás. 3s "anelaspermitiam que a lu do sol penetrasse pelas estantes superiores, mas o interior

era quente comparado com o frio que faia no e(terior. / peculiar aroma de p#imprenava o ar. Diriiu-se para a parede do 7nal, em que o 4enhor n<berr*uardava os livros para seus melhores clientes. 3s cai(as que continham osvolumes estavam debai(o do v'o da escada que conduia ; moradia particulardos proprietários.

Emma pu(ou para poder v2-la e inspecionar seu contedo, mas n'o havianada interessante. 3luns livros de coinha da 4enhora 6eeton, que "á tinha lidoe aluns manuais de etiqueta da 4enhora )umphre*, que n'o mostravam nadade e(traordinário. >amb$m um e(emplar do Livro de conduta para todos, de M.%, e o e(celente manual @ormas e %onselhos para a boa 4ociedade, escrito por

+um membro da alta aristocracia. 

Devido ao fato de que havia lido todos, voltou a empurrar a cai(a para seuluar e decidiu investiar os outros livros que havia por ali, pois aquela sala eraa que mais ostava de toda a livraria. 3li estavam os livros mais e(#ticos, osuias de viaem de 6aede<er e %oo<, os livros de hist#ria de outros pa&ses emontes de mapas. 4e o 4enhor n<berr* tivesse alo sobre a hist#ria docom$rcio do chocolate, certamente estaria ali.

Percorreu as estantes, e se divertiu vendo que havia inclusive alunse(emplares sobre poesia árabe. Boi lendo os t&tulos das lombadas, movendo acabeça para cima e para bai(o at$ que aluns e(emplares perfeitamenteencadernados em pele avermelhada captaram sua atenç'o. Bicou nas pontasdos p$s e esticou o pescoço para ler melhor os t&tulos. !uando percebeu do quese tratavam, uma e(clamaç'o de surpresa e deleite escapou de seus lábios.

/ 4enhor n<berr* nunca falou deles. : claro que n'o. %omeçou a contá-los e sua aleria foi ainda maior ao comprovar que a coleç'o estava completa eos de volumes em perfeito estado. @'o poderia comprá-los, mas... 6em, n'oaconteceria nada se olhasse um pouquinho. Estirou os braços e erueu a m'o,mas nem sequer nas pontas dos p$s conseuiu alcançá-los. 3bai(ou o braço e

com um suspiro de resinaç'o, voltou a apoiar-se no ch'o.

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E Então ele a Beijou

1 Dei(e que eu faça isso 1 disse uma vo profunda atrás dela.

Emma 7cou elada ao ouvir Marlowe atrás de suas costas.

Bicou surpresa com sua pro(imidade, pois n'o o percebeu quando ele

entrou. !uando )arr* levantou um braço para alcançar um dos livros que elaqueria, roçou-lhe o ombro com o torso e ela pode cheirar seu aroma de s?ndalo.

3arrou o volume, mas quando Emma deu meia volta e estendeu a m'opara apanhá-lo, ele n'o o deu, mas sim, para maior veronha dela, leu o t&tulo.

1 3s mil e uma noites 1 disse 1 por 4ir Aichard 6urton. D$cimo volume1 /lhou-a divertido 1 E durante todo este tempo esteve falando de normas deetiqueta0

Pea em arante, a "ovem levantou o quei(o e tratou de aparentar tanta

dinidade quanto foi poss&vel.1 @'o sei a que se refere 1 disse.

)arr* olpeou a palma da m'o com o livro.

1 Perunto-me 1 murmurou 1 acredita que ; 4enhora 6artleb* dirá que$ um livro adequado para uma "oveninha t'o educada como voc20

1 3bsolutamente.

 >ratava-se da vers'o ampliada dos contos árabes e se diia que erammuito e(pl&citos. Emma tratou de mudar o tema da conversa.

1 >alve se"a educada, Milorde, mas "á n'o sou nenhuma "oveninha.

1 @'o0 Pois aparenta uns deenove 1 Levantou a m'o que estava livre eacariciou sua face 1 Por causa das sardas.

Ela sentiu um estranho comich'o no est9mao, e a sensaç'o foi maiorquando ele percorreu o maç' do rosto com os dedos. )arr* afastou a m'o antesque a moça pudesse dier que n'o a tocasse desse modo e deu um passo atráspara entrear o livro com uma rever2ncia.

Emma n'o o peou. Do que serviria0 5amais poderia comprá-lo e tudo oque queria era dar um olhar furtivo. 3ora nem sequer poderia faer isso, n'ocom ele ali observando-a, olhando-a como faia. 4acudiu a cabeça.

1 Volte a colocá-lo com outros, por favor.

Em ve de obedecer, o Visconde abriu o livro para olhar o interior e loolevantou a vista para o resto da coleç'o.

1 4'o da primeira ediç'o de I\X 1 disse, olhando-a de novo nos olhos

1 )o"e em dia $ muito dif&cil encontrar os de volumes. @'o os quer0

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E Então ele a Beijou

Emma estava morrendo de vontade de t2-los.

1 @'o 1 mentiu 1 >al como disse, a vers'o de 6urton n'o $ apropriadapara alu$m como eu.

1 E dai0 %ompre-os de qualquer forma. @'o direi a ninu$m que os livross'o picantes

1 @'o s'o picantes 1 protestou ela.

1 5á os leu0

1 @'o a vers'o de 6urton8 Mas li a de Calland 1 Enoliu em seco 1 4#queria v2-los para...para poder compará-los.

1 : s# para isso, sem dvida.

3 curva que 7cou desenhada em seus lábios dei(ou claro que n'oacreditava absolutamente, mas por sorte, voltou a colocar o livro em seu luarsem mais comentários.

1 E voc2 ostou da vers'o de Calland0

1 4im, muito. Mas acredito que se eu estivesse no luar de 4chereaden'o teria sobrevivido.

1 Por que di isso0

1 @'o acredito que meus serm+es sobre normas de etiqueta tivessemconseuido impressionar o 4ult'o at$ o ponto da indul2ncia. Para um homem,os contos sobre 2nios máicos e tapetes voadores s'o muito maisemocionantes que aprender a por a mesa.

1 >emo que nisso pense como o 4ult'o, mas no que se refere ; sorte queteria deslocado... 1 Be uma pausa e a percorreu com o olhar 1 4ubestimaseus encantos, Emma.

3o escutar essas palavras um praeroso calor tomou conta de seu corpo,mas quando o olhar de Lorde Marlowe parou em seus lábios, ela imainou queestivesse dentro de um forno e optou por dar as costas ao homem. De volta ;sestantes, percorreu as lombadas dos livros com os dedos, como se lesse ost&tulos, embora n'o pensava absolutamente em poesia persa.

"u 1ostaria muito de beiá-la. Bicou en"oada s# de pensar nisso. %om oVisconde bem atrás, ela fechou os olhos e novamente imainou os lábios deleem sua pele.

que sentiria se ele a beiasseL

/uviu um som e abriu os olhos. /lhou por cima de seu ombro e viu queele continuava ali, inspecionando as estantes "ustamente por cima dela. Emmatratou de recuperar o controle e optou por iniciar uma conversa.

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E Então ele a Beijou

1 !ue tipo de livros osta de ler0

Ele peou um, olhou-o e voltou a uardá-lo.

1 3 verdade $ que eu n'o osto de ler.

1 @'o l20 Mas se dedica a publicar livros.

1 Por isso mesmo. !uando eu era um menino, adorava ler, masultimamente ando lendo todo o tempo por obriaç'o e isso dei(ou de ser alopraeroso. !uando tenho tempo livre, a ltima coisa que quero $ pear um livro.

1 : l#ico, suponho. @o entanto para mim, ler $ toda uma aventura. %omum livro posso via"ar por todo mundo e visitar luares que nunca estive nempoderei estar.

1 E se pudesse via"ar de verdade0 1 Ele aachou-se at$ 7car colado naorelha dela, e quase sussurrou 1 4e tivesse um tapete máico e pudesse ir aqualquer parte, aonde iria0

Estava t'o perto, que Emma podia sentir o calor que emanava de seucorpo, atrás dela, nas escuras sombras da livraria, enquanto ambos seuiam aliocultos. Ele levantou os braços "usto por cima dela, prendendo-a entre eles, massem tocá-la. Primeiro estremeceu, mas depois 7cou quieta, olhando as m'os eos lonos dedos que apertavam com força a estante. 4ua respiraç'o acelerou.

1 3onde iria0 1 Aepetiu ele, roçando a orelha com seu hálito quente e

faendo-a tremer 1 3o har$m do 4ult'o01 : claro que n'o8 1 respondeu ela recatada, escolhendo um livro ao

aar e 7nindo que lia.

Era / Aubai*at. sso n'o deteve Lorde Marlowe, que, por cima do ombrodela, viu o t&tulo impresso na cabeceira da páina.

1 3ssim que seu destino seriam os "ardins persas de /rnar Wha**ám0 1riu com uma risada profunda e utural 1 3credito que debai(o da armadura demaneiras e normas de etiqueta que Emma Dove tem, oculta-se o coraç'o de

uma hedonista]

 1 / qu20 1 e(clamou ela fechando o livro de repente, e depois de

devolv2-lo ao seu luar, deu meia volta, furiosa pelo quali7cativo 1 Eu n'o soutal coisa8 1 3o dar-se conta de que tinha ritado, olhou ao seu redor, por sorte,continuavam soinhos 1 Por favor, procure n'o me insultar.

1 @'o queria insultá-la. 3o contrário. Esta face oculta de sua

6   / hedonismo ^do reo hedon2, _praer_, _vontade_` $ uma teoria ou doutrina 7los#7co-moral que a7rma ser o praer o supremo bem da vida humana. / sini7cado do termo emlinuaem comum, bastante diverso do sini7cado oriinal, suriu no iluminismo e desina

uma atitude de vida voltada para a busca eo&sta de praeres materiais. %om esse sentido,_hedonismo_ $ usado de maneira pe"orativa, visto normalmente como sinal de decad2ncia.

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E Então ele a Beijou

personalidade me fascina.

1 / que tem de fascinante em alo t'o atro0

1 @'o $ atro. E me fascina porque fa cinco anos que a conheço e nunca

imainei que pudesse ser assim. !uanto mais tempo passo ao seu lado, maisconseue me surpreender.

nclinou-se para ela, que o empurrou para sair daquela pris'o que maisparecia um abraço, mas ele n'o se moveu.

  Depois dessa fua frustrada, a "ovem "oou a cabeça para trás efranindo a testa, olhou-o nos olhos.

1 @'o tem direito a me dier tal coisa. )edonista8 /ra que tolice8

1 @'o há nada de pe"orativo em desfrutar os praeres da vida. Deus sabeque a todos n#s acontecem muitas coisas ruim ao lono dela. E tem que saberque cheuei a essa conclus'o depois de conhecer seus ostos.

1 Meus ostos0 @'o tenho nem id$ia do que está falando.

1 >rufas cheias de licor, p2sseos amadurecidos. /s contos de4chereade e os poemas persas de Wha**ám. Parece-me que $ uma pessoa comostos muito terrestres.

1 @'o sou8 1 neou com um furioso sussurro 1 Ba com que minhapai('o pelo chocolate e fruta pareça alo decadente. 3lo...carnal.

1 3 comida pode ser muito carnal, acredite 1 Entrecerrou os olhos 13tribua a meu caráter dissoluto.

Estava se comportando como no outro dia. Emma esteve a ponto de levaros dedos aos lábios, mas se deteve e dei(ou a m'o cair. Lorde Marlowe sorriucomo se soubesse o que ela estava pensando. %omo se tamb$m ele estivessepensando o mesmo. /lhava para seus lábios como se estivesse pensando embei"á-la e em faer muitas outras coisas, coisas carnais.

Emma n'o tinha mais que uma vaa id$ia do que isso podia sini7car,mas antes que pudesse evitar, um delicioso calafrio de emoç'o percorreu todo ocorpo.

1 E, al$m disso, está enanada 1 acrescentou ele.

Ela tratou de pensar, mas sua pro(imidade, "unto com suas palavras,tornava imposs&vel.

1 4obre o qu20

1 4e tivesse enfrentado o 4ult'o com uma cai(a de bombons sob o braço,

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E Então ele a Beijou

asseuro que teria sobrevivido.

3 lembrança do que aconteceu duas semanas atrás no Q3u %hocolatRaumentou a emoç'o que sentia e enveronhada, desviou o rosto. Era l#ico queele a considerasse uma hedonista. / que outra coisa podia pensar um

cavalheiro se uma mulher permitia que roçasse sua perna com a dele no meiodo parque0 /u que lambesse o chocolate que tinha nos dedos0 /u se dei(avaque a abraçasse em uma livraria0 3 r&ida educaç'o de Emma condenava taiscomportamentos, apesar de que alo no fundo de sua alma ansiava comdesespero para voltar a sentir todas essas coisas. %om desespero olhou nosolhos de Lorde Marlowe e contra atacou.

1 4ou uma mulher virtuosa, Milorde 1 espetou 1 E n'o absolutamentedecadente ou carnal8 Eu n'o sou uma mulher...apai(onada8

1 3h, n'o0 1 )arr* levantou uma m'o e com os n#dulos dos dedos

acariciou seu quei(o.

 5oou-lhe a cabeça para trás e continuando, roçou seus lábios com aspontas dos dedos. Ela estremeceu, e o p?nico retrocedeu, "unto com as forçaspara continuar resistindo.

0ão. 0ão me toque. 0ão *aça essas coisas. >ratou de falar, mas n'o podee(pressar nenhum desses protestos.

 >udo o que podia faer era continuar ali de p$ enquanto ele continuavaolhando os lábios entreabertos dela e desenhando-os com os dedos. ma e

outra ve, faendo com que seu tremor se intensi7casse, at$ que sentiu comose um milh'o de mariposas revoassem em seu interior.

/ Visconde desliou a m'o para sua face e ela suspirou assustada.

1 / que está faendo0 1 4ussurrou.

Ele inclinou a cabeça e seus lábios se detiveram poucos mil&metros dosdela.

1 %riando uma norma de etiqueta 1 murmurou.

E ent'o ele a bei"ou. @o momento em que sua boca tocou a dela, Emmaesqueceu onde estavam, esqueceu o que era ou n'o era apropriado, de tudo oque ensinaram sobre o que era certo e o que era errado. 3li, a meia lu e entrelivros cobertos de p#, esqueceu de que s# os noivos podiam se bei"ar e que elaera uma solteirona de trinta anos. %om a cálida m'o de )arr* acariciando suaface e seus lábios dele cobrindo os seus, ela compreendeu o que era afelicidade, a bela e dolorosa felicidade.

@'o podia comparar a nada que houvesse sentido antes. @'o podiacomparar a nada que tivesse imainado. Era como a primavera. Bechou os olhos

e seus outros sentidos adquiriram uma clarea que n'o possu&am antes.Percebeu o aroma masculino que emanava de )arr*, a ruosidade da palma da

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E Então ele a Beijou

m'o dele contra sua face, o sabor de sua boca ao separar seus lábios com osdele. / som de seu pr#prio coraç'o, pulsando como as asas de um colibri embusca do c$u.

4eus lábios pareciam e(tremamente sens&veis, pois os sentia conectados

a cada poro de seu pr#prio corpo, que tremia, vibrava, estremecia. 3 pele aoredor da boca ardia um pouco ao roçar a dele, mais áspera e percebeu de queera devido a sua barba incipiente. !ue diferença havia entre homem e mulher eque maravilhoso. >'o estranho e de uma ve t'o pr#(imo.

Ela levantou as m'os para poder tocar o torso dele. 4entiu a suavidade daseda do colete debai(o de sua m'o e debai(o deste os msculos, duros e fortes.

Emma desliou as m'os por seu peito at$ alcançar os ombros, saboreandopela primeira ve a força que desprendia um homem, consciente de que, aomenos por um instante, toda essa força pertencia e podia faer com ela o que

quisesse. Ela enlaçou seu pescoço com os braços e se apertou contra o corpodo Visconde, dese"ando que essa sensaç'o a envolvesse.

Esse movimento pareceu faer e(plodir alo dentro de )arr*, pois um somprofundo saiu de seu interior e com a m'o que estava livre, enlaçou a cinturadela. Levantou-a do ch'o e a colou contra ele por completo. 3fastou a outram'o de sua face e seurou com ela a nuca, bei"ando-a com maior profundidade,desliando a l&nua entre seus lábios.

Emma emeu surpresa, mas ent'o ele acariciou sua l&nua com a dela euma onda de oo percorreu o seu corpo. Pela primeira ve entendeu

verdadeiramente o que era o praer carnal.

3braçou-se a ele, apertando ainda mais o corpo contra o dele, com umatrevimento que deveria t2-la escandaliado, mas o que sentia era t'o poderosoe t'o e(traordinário, que Emma n'o deu import?ncia.

Era consciente de que o corpo de )arr* era muito maior que o seu, muitomais forte e por mais que tentasse, ela n'o conseuia t2-lo t'o perto comoqueria. Dese"ava ainda mais pro(imidade, alo mais, alo que n'o sabia comoe(plicar. Estremeceu e ondulou os quadris contra os dele. Cemeu do mais fundode seu ser.

E ent'o tudo terminou.

/ Visconde aarrou os braços dela com as m'os e a afastou,interrompendo assim o bei"o. >inha a respiraç'o entrecortada, iual a ela e osf9leos de ambos se misturavam. /s olhos dele pareciam de um aul t'oprofundo como o c$u. %om as m'os percorreu os braços dela at$ alcançar seurosto.

1 @unca foi bei"ada antes, n'o $0 1 sussurrou ele.

4em dier nada, a "ovem neou com a cabeça.

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E Então ele a Beijou

Ele sorriu levemente e Emma, de repente 7cou tensa. Ele estava rindodela0 Be alo de errado0 De repente se sentiu estranha e desconfortável emuito, muito assustada.

1 @'o deveria ter feito isso 1 respondeu, tamb$m sussurrando.

1 4uponho que n'o 1 3braçou-a e voltou a bei"á-la, com pai('o e rapide1 Mas n'o costumo faer o que devo. Eu sou assim.

E com essas palavras a soltou, virou-se e desapareceu atrás de umaestante.

Ela escutou como seus passos desapareciam da sala, mas n'o o seuiu.@'o podia, ainda n'o. Em ve disso, 7cou ali, com o casaco amassado, o chap$uinclinado, muito aturdida para reair.

Levou os dedos aos lábios. Estavam inchados, e ardiam um pouco devidoao roçar da barba dele. 3ora sabia o que se sentia ao bei"ar alu$m. 3orasabia, e "á n'o voltaria a ser iual.

Emma teve vontade de chorar, mas n'o porque estivesse sentindo culpaou arrependimento, que era como uma mulher respeitável deveria sentir-se,mas sim porque aquele bei"o era a coisa mais maravilhosa que haviaacontecido e sentia os olhos cheios de lárimas de felicidade.

Cap+tulo 1.

 A virtude de uma mulher é al1o muito *rá1il e terá que cuidá-la com omaior elo. ", minhas queridas ami1as, não esperem que os cavalheiros asaudem nesse prop@sito. Eustamente o contrário, *reqPentemente é deles dequem mais terá que prote15-la.

Senhora BAT!"B#

$onselhos para Senhoritas, %&'(

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E Então ele a Beijou

/ raner de um derau tirou Emma de seu euf#rico estado de transe./lhou para a escada e viu a 4enhora n<berr* ali de p$, com sua cara redondailuminada por um raio de lu que entrava atrav$s da "anela do patamar. >inha

visto tudo.

Emma soube imediatamente. / cenho franido da aradável anci' diiabem claro. 4ua felicidade se esfumou.

3 4enhora n<berr* olhou para a porta pela qual havia desaparecido LordeMarlowe e em seuida voltou a olhar para a moça. Enruou ainda mais o cenho.

1 Venha, Emma e tome uma (&cara de chá comio.

@'o esperou que respondesse, mas sim deu meia volta e começou a subir

a escada. @em passou pela cabeça se near. Aecusar um convite da 4enhoran<berr* seria como re"eitar um de sua pr#pria tia. 3 consternaç'o que sentia iaaumentando com cada derau, mas mesmo assim, seuiu ; mulher at$ a salade estar.

3 4enhora n<berr* pediu que lhes trou(essem o chá, e loo foi se sentar.Deu uns olpeinhos na almofada que estava ao seu lado, para que Emmaocupasse esse luar, mas n'o falou at$ que a criada apareceu com a bande"a.

3nnie fe uma rever2ncia e saudou a "ovem

1 6om dia, 4enhorita Emma.Ela respondeu com um sorriso.

3s (&caras tilintaram quando a moça depositou a bande"a em frente ;4enhora da casa.

1 / 4enhor n'o sobe0

1 3inda n'o. 3nnie, na lo"a há um cavalheiro de cabelo escuro, muitobem vestido, com um tra"e nero e calças escuras. Vá e dia que quero que saiade nosso estabelecimento aora mesmo.

3 veronha de Emma crescia a cada palavra da anci', e abai(ou a cabeça.

3inda sentia o bei"o de Marlowe em seus lábios, como uma marca a foo etinha a sensaç'o que todo o mundo a seu redor podia ver.

1 Depois 1 prosseuiu a mulher 1 dia ao 4enhor n<berr* que o cháestará pronto dentro de meia hora. 3sseure-se de que a coinheira tenha umabule preparado para ent'o. Beche a porta ao sair.

1 Muito bem, 4enhora.

Emma ouviu o sussurro do vestido da criada, com seu impecável avental

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E Então ele a Beijou

branco, quando saiu e o som da porta ao fechar-se, mas n'o levantou a cabeça.Bicou com o olhar 7(o em seu colo, esperando que a 4enhora n<berr* servisseo chá.

3t$ entrear sua (&cara, a mulher n'o falou.

1 Emma, minha querida menina.

 5usto o que haveria dito sua tia, palavras afetuosas, mas pronunciadascom preocupaç'o e com um pouco de decepç'o. : claro que a mulher sentia-sedecepcionada. !ualquer pessoa que ostasse dela se sentiria assim. Permitiuque um homem a insultasse e n'o fe nada para impedir. Pior ainda, bastou quea tocasse para que "oasse pela "anela tudo o que havia aprendido sobre moralao lono de sua vida. Be muito mais que aceitar o bei"o, havia ostado.nclusive aora, a mera lembrança bastava para que esquecesse oarrependimento e voltasse a sentir felicidade.

3s seuintes palavras da 4enhora n<berr* conseuiram que levantasse acabeça.

1 Emma, sua tia a educou com princ&pios muito severos a respeito do queestava certo e o que estava errado. Mas aora eu percebo que voc2 estáperdendo seu uia, e que freq=entemente pode se sentir... 1 fe uma pausamuito sutil 1 confusa.

sso descrevia muito bem seus ca#ticos pensamentos e o ine(plicávelcomportamento dos ltimos dias. 3ssentiu com a cabeça.

1 3ora que L*dia "á n'o está entre n#s 1 continuou a anci' 1 n'o háninu$m que possa aconselhá-la. @inu$m e(ceto eu, claro. %onheço-a desdeseus quine anos, e eu osto de pensar que, no caso de voc2 se afastar dosbons princ&pios, minha amia L*dia ostaria que eu a reconduisse de novo paraeles. Dou-me conta de que "á n'o $ uma menina, mas uma mulheramadurecida...

Se sou uma mulher amadurecida, não me trate como uma menina e dei?ede me *aer sermão.

Essas palavras suriram do nada, ressentidas e desa7antes. Mas Emmamordeu a l&nua para n'o pronunciá-las.

1 Por ser solteira 1 prosseuiu a 4enhora n<berr* 1 ainda n'o $consciente de tudo o que s'o capaes de faer os homens. De ordinários quepodem chear a ser caso n'o se comportem como cavalheiros.

1 @unca antes havia me acontecido nada iual8 1 e(clamou ela 1 Ele "amais... 1 Estacou, ao recordar a tarde no 3u %hocolat. @'o podia mentir paraaquela mulher 1 Ele "amais saiu da linha comio.

1 3lera-me saber que o que vi ho"e $ o nico ato descort2s que cometeu1 disse a anci', conseuindo com que Emma 7esse uma careta de dor 1 Mas

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E Então ele a Beijou

mesmo assim, querida, corresponde a minha pessoa ocupar o luar de L*dia eadverti-la. /s homens, apesar das apar2ncias, conseuem levar uma mulherpara o mau caminho.

$omo podia estar errado al1o tão maravilhoso como aquele beioL  /

desa7o voltou a avivar-se, com muita mais força que antes.

1 Parece t'o terr&vel que um homem possa bei"ar uma mulher0

1 Pode ser sim 1 respondeu a mulher com vo mais amável 1 4e essehomem n'o for seu marido, ou no m&nimo, seu noivo. Ele a pediu emcasamento0

Emma desviou o olhar para suas m'os, que seuiam apertadas em seucolo.

1 @'o...1 maina ent'o que ele queira corte"á-la do modo apropriado e casar-se

com voc20

Pensou no sem 7m de mulheres, com quem tinha visto Lorde Marlowe aolono dos anos em que havia trabalhado para ele. Mulheres que n'o tinhamimportado o m&nimo, e nas que o Visconde nunca havia tornado a pensar assimque elas haviam desaparecido de sua vida.

1 @'o.

1 m homem que perseue uma mulher em uma livraria e tenta faeramor, e que n'o se"a bastante honorável para corte"á-la como $ devido,conhecer seus amios e sua fam&lia e pedi-la em casamento, n'o $ umcavalheiro. E voc2 sabe t'o bem como eu, Emma. Voc2 foi educada para quepudesse distinuir o que está certo do que está errado.

1 3quele bei"o n'o foi maldoso 1 insistiu ela.

3 4enhora n<berr* suspirou.

1 L*dia sempre disse que se parecia muito com sua m'e.

4urpresa, Emma abriu os olhos e compunida, olhou ; anci'.

1 Minha tia contou a voc2 sobre meus pais0

1 !ue foram forçados a se casarem0 4im, contou.

4eu rosto deve ter reetido a preocupaç'o sentida, porque a velhalevantou a m'o e deu aluns tapinhas carinhosos no braço para utiliá-la.

1 Vamos, vamos 1 murmurou 1 3o menos seu pai se casou com sua

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E Então ele a Beijou

m'e e se comportou como devia, assim n'o tem do que 7car enveronhada.

1 Mas minha tia contou porque meus pais tiveram que casar-se. 4e n'o otivessem feito, eu seria...Eu seria...le&tima 1 estremeceu ainda mais 1 3quem mais contou0 3 4enhora Morris sabe0

1 @inu$m mais sabe Emma, nem sequer o 4enhor n<berr*. Ba "ámuitos anos que uardo esse seredo. L*dia era responsável por voc2 e essaera uma cara muito pesada para os ombros dela, ent'o quando tinha vontadede conversar com alu$m, aparecia para me ver e me pedir conselhos. 5á sabeque ela e o 4enhor orthinton n'o tiveram 7lhos e eu em troca tinha criadoquatro arotas. Por favor, n'o se preocupe por isso.

Emma sacudiu a cabeça, preocupava muito mais o que sua tia havia ditosobre ela que o fato de que a 4enhora n<berr* soubesse as circunst?ncias querodearam seu nascimento.

1 Minha tia sempre me diia que corresponde ;s mulheres manter asdist?ncias, porque os homens s'o incapaes de faer isso. Voc2 acredita quese"a verdade0

1 4im, s'o claro, as mulheres s'o as que t2m que estabelecer os limites./s homens s'o incapaes de se conter. Eles t2m um instinto animal que n#s n'opossu&mos.

Emma começava a acreditar que ela era a e(ceç'o a essa rera universal,pois quando foi colocada a prova, havia falhado miseravelmente. Enquanto

bei"ava Lorde Marlowe, a ltima coisa que pensou foi em manter a dist?ncia.

1 Minha m'e se deitou com meu pai antes de se casar. E tia L*diaacreditava que eu era iual a sua irm'0

Era por isso que ao recordar-se do que havia acontecido com o Viscondeestava errado0 Porque no fundo de seu coraç'o era uma mulher imoral tratandode comportar-se como era devido0

1 Eu n'o sou uma hedonista8 1 E(clamou de repente 1 E n'o sou imoral.3caso minha tia acreditava que eu fosse0

Diante sua surpresa, a 4enhora n<berr* sorriu.

1 3credito que o que queria dier com isso era que tinha tend2ncia asonhar acordada, a ser uma rom?ntica e que sentia muita curiosidade e umcaráter aventureiro. E devido ao fato de que possu&a essas qualidades, eranormal que de ve em quando se rebelasse.

Emma tocou a pequena cicatri em forma de estrela que tinha na face. >oda rebeli'o acarretava conseq=2ncias, e estas ;s vees eram muito dolorosas.Ela n'o queria ser uma rebelde. 3bai(ou a m'o e bebeu um pouco de chá.

1 Mas por culpa dessas mesmas qualidades, sua m'e cometeu um rave

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E Então ele a Beijou

erro, um que poderia ter sido fatal caso seu pai n'o tivesse feito o correto./diaria que voc2 repetisse esse fato. 4e L*dia estivesse viva, opinaria o mesmo.

Emma respirou fundo, e seu bom senso retomou o controle. /lhou oscompassivos olhos castanhos da mulher que estava ao seu lado.

1 Eu n'o quero desonrar a mem#ria de minha tia com nenhuma deminhas aç+es 1 disse, e se peruntou como era poss&vel que quandopronunciava essas palavras a 7esse sentir um enorme peso no peito, que apressionava at$ que quase n'o poder respirar.

lhe aqui dentro. : onde sempre encontrará a verdade. Este peso estava "ustamente onde )arr* colocou a m'o ao dier essas palavras. norou asensaç'o e se obriou a continuar.

1 @'o quero desonrar a mim mesma.

/ rosto da anci' se iluminou de al&vio e satisfaç'o.

1 Muito sensato de sua parte, Emma. : uma decis'o muito sábia e muitoacertada 1 repetiu

1 4im 1 disse resinada 1 Eu sei.

1 )á um movimento, querida, ao que uma mulher pode recorrer para sedefender se um homem ultrapassa com ela. 4# tem que levantar o "oelho.Ensinei a minhas 7lhas. !uer que a ensine isso0

1 /briada, 4enhora n<berr*, mas n'o será necessário 1 respondeu,terminando o chá que restava.

@'o era necessário porque n'o tinha intenç'o de permitir que Marlowevoltasse a apro(imar-se, apesar do que a faia sentir.

Enquanto sua carruaem se afastava dali, )arr* 7cou de p$ em umacalçada da Aua Little Aussell, escondido entre as sombras e com um monte delivros atados com uma corda pendurando de seus dedos. /lhava 7(amente oedif&cio onde vivia Emma, mas n'o cruou a rua para entrar. 3trav$s da "anelailuminada podia ver várias damas no sal'o do andar de bai(o e embora a "ovemn'o estivesse entre elas, n'o podia entrar no edif&cio sem que o vissem.Levantou a vista para o apartamento de Emma e a viu em uma das "anelas, emseuida voltou a olhar o sal'o, tratando de encontrar um modo de poder entrar.

4e aluns meses atrás, alu$m tivesse dito que estaria escondido fora doapartamento da 4enhorita Emmaline Dove, preso em lu(ria, diria que essapessoa estava louca. Mas naquele tempo n'o sabia o quanto sedutora podiachear a ser aquela pequena ruiva com sardas. @'o sabia quanto foo estava

oculto sob o aspecto moderado de sua antia secretária e o aditivo que podiaser feito caso despertasse ; pai('o. 3ora sabia que era uma tortura. ma doce

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E Então ele a Beijou

e dolorosa tortura. Dei(ou os livros que havia comprado no ch'o e se apoioucontra a parede do edif&cio que havia na frente dele.

Pela en$sima ve nas ltimas horas, voltou a pensar naquele bei"o.

Aecordou cada detalhe, a suavidade e embriaadora ansiedade de seuslábios, a sensaç'o de seus braços rodeando o pescoço e apro(imando-o maispara ela, o calor que emanava de seu pequeno corpo movendo-se contra o delecom a falta de "eito pr#pria da ine(peri2ncia e delatando que nunca havia sidobei"ada antes. Mas o que melhor recordava )arr* era seu rosto ao terminar.3pesar da "ovem n'o ter sorrido, seu rosto e(pressava tanto praer que odei(ou sem respiraç'o. @unca em toda sua vida tinha visto uma mulherresplandecer desse modo. @ecessitou at$ a ltima rama de autocontrole parasoltá-la e afastar-se dali.

Esteve esperando por ela em meio dos volumes de 6*ron, 4helle* e outros

poetas mortos, durante o que pareceu uma eternidade. Mas em ve de Emma,uma criada foi buscá-lo, para dier que a 4enhora da casa queria que ele sa&sseimediatamente. @esse preciso instante compreendeu o motivo, $ claro. 3mulher os tinha visto. Lembrou-se do que Emma havia dito a respeito da4enhora n<berr* ser a melhor amia de sua tia e podia imainar perfeitamenteo serm'o que teria dado depois que ele saiu. /lhou de novo para a "anela.%onhecendo a moça, certamente que aora estava cheia de recriminaç+es. 5amais tinha conhecido uma mulher t'o submetida ;s normas. 4uspeitava que aculpa fosse do pai dela como de sua tia.

E quanto a ele, claro, as reras pouco importavam. !ueria voltar a bei"á-la

outra ve, e outra, e outra. / sabor de seus lábios era como o #pio e aoraansiava seus bei"os como um viciado. Por isso estava ali, com intenç+esdesonestas, tratando de encontrar o modo de entrar no apartamento dela.%ontava que, uma ve ali, ela dei(aria de lado todas essas normas e permitiriaque a bei"asse e 7esse muitas outras coisas.

!uando estivesse no apartamento de Emma, pensou, encontraria ummodo de fa2-la mudar de opini'o. Ela utiliava as normas de educaç'o comouma couraça, mas debai(o era t'o suave como o alod'o. 3 "ovem o dese"ava,e )arr* sabia que podia utiliar esse dese"o, recorrer a sua vasta e(peri2nciapara derrotar sua inoc2ncia e aradar a ambos. Primeiro a conquistaria comseus bei"os. Depois, deitaria com ela naquele e(#tico tapete turco e tiraria desua cabeça todas essas id$ias absurdas, sobre o que os homens e as mulherespodem faer ou dei(ar de faer.

Duas velhas passaram diante dele, e com o olhar, estudaram cada detalhede seu caro tra"e. Ele olhou ao redor e viu que um rupo de meninos que estava "oando bolinha de ude em uma esquina, tamb$m parou para observá-lo comcuriosidade. @'o podia 7car ali quieto, olhando as "anelas daquela casarespeitável sem chamar a atenç'o.

 Ao diabo tudo 1 pensou G A quem importa o que os outros pensamL

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E Então ele a Beijou

4eparou-se da parede, aarrou os livros, e começou a cruar a rua para seapro(imar da porta da casa de Emma, mas parou no meio do caminho semmotivo aparente.

4oltou uma maldiç'o, mudou de direç'o e cheou perto dos meninos que

estavam na esquina. ns minutos mais tarde, um deles anhou do Viscondeseis peniques.

Emma "á possu&a a coleç'o completa das mil e uma noites, escrita por6urton e )arr* retornava para sua casa, peruntando-se como poderia ter7cado t'o louco.

Cap+tulo 1/

/5-me um beio, e começa a contar, depois me d5 vinte, e depois maiscem.

obert ="Q)$Q, %R&.

 >ia L*dia teria devolvido os livros. 4eu pai os teria queimado. Emma 7coucom eles.

@em sequer teve que pensar e isso a surpreendeu. Mas o que maisestranhou foi que decidiu colocar a escandalosa coleç'o na estante que estavano sal'o, onde podia v2-los da mesa, de fato, podia olhá-los at$ se fartarenquanto escrevia sobre o decoro. >alve fosse uma hip#crita, mas cada ve

que levantava a vista e via aquelas lombadas de pele avermelhada, sorria e aenvolvia uma maravilhosa sensaç'o que saboreava sem remorsos.

Pelo visto, sim era uma rebelde. 4oltava maldiç+es quando estava soinhae 7cava anada, comia muito chocolate quando estava triste, e com aqueleslivros, rebelava-se um pouco contra a r&ida educaç'o que havia recebido. Maso bei"o de Marlowe, "á era outra coisa. Permitir que a bei"asse foi muito maisperioso que soltar um par de maldiç+es ou ter uma coleç'o de livros proibidos.

3 4enhora n<berr* fe bem em recordar a frailidade da virtude de umamulher e as conseq=2ncias que acarretava quando esta desaparecia. Mas

quando pensava em )arr* e no que aconteceu na livraria, Emma notava umcalorinho na alma, um praer que se permitia em seredo, mas que sabia que

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E Então ele a Beijou

n'o podia saborear. %ada ve que a lembrança emeria, ela tratava de cont2-larecordando que nada de bom podia sair dali e que tinha que abandonarqualquer id$ia rom?ntica em relaç'o aquele homem, que n'o queria nunca maisque nenhuma mulher levasse seu sobrenome.

Eles mantinham correspond2ncia comentando assuntos sobre o trabalho,mediante nota que eram enviadas por mensaeiros e quando Emma recebeuuma do Visconde pedindo que fosse v2-lo em pessoa, acreditou que haviapassado tempo su7ciente para se sentir capa de resistir. Baia quase duassemanas que aconteceu o bei"o na livraria dos n<berr*, e estava seura de terrecuperado a compostura e de poder controlar os instintos carnais que estavamaninhados em seu interior.

Mas na quarta-feira pela tarde assim que entrou na sala dele, Emmasoube que estava enanada. !uando o secretário de Marlowe anunciou suacheada, )arr* saiu da "anela e a olhou, e seu sorriso cheou ao coraç'o,

faendo recordar o doloroso e doce praer que sentiu ao bei"á-lo.

4eus olhares se encontraram e nos olhos de )arr* viu o mesmo dese"oque aparecia nos olhos dela e ent'o soube que todos seus esforços paraesquecer foram em v'o. 3quele bei"o havia criado uma intimidade entre os doisque e(istiria para sempre. Podiam passar vinte anos e n'o importaria.

@o instante em que voltasse a v2-lo, sentiria de novo a mesma pontadade felicidade.

Emma diminuiu o passo e parou em frente ; mesa, seurando com força a

maleta que levava em uma m'o, incapa de mover-se, de dar outro passo.

1 /lá 1 disse Emma.

/ Visconde sorriu encantado, e o praer que isso produiu em Emma foiquase insuportável. 3bai(ou a vista, mas isso tampouco serviu de aluma coisa,pois descobriu que do bolso do escuro casaco dele, sobressa&a o cart'o rosadoque Emma enviou para aradecer pelos livros. Mordeu o lábio inferior.

1 : tudo, 4enhor0

/ som da vo de seu secretário, t'o banal, rompeu o feitiço. LordeMarlowe olhou por cima da "ovem.

1 4im, obriado, !uinn 1 respondeu.

/ "ovem saiu, e Emma percorreu os cent&metros que a separavam damesa de )arr*. 4entou-se, dei(ou a maleta ao lado de seus p$s, e tratou derecordar o motivo daquela visita.

1 !uer que repassemos as correç+es, Milorde0 1 peruntou, tratando demanter uma dist?ncia pro7ssional, consciente de que a porta estava aberta e

que do lado de fora havia um homem que podia escutar a conversa 1 4'omuitas0

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E Então ele a Beijou

1 @'o. Por que perunta0

Ela n'o disse que o peruntava por que enquanto escrevia esses artiosesteve embevecida olhando a estante e os livros de pele avermelhada etratando de esquecer o bei"o que deram.

1 3creditei que por isso pediu que viesse.

Ele olhou para a porta aberta, e em seuida se inclinou para frente esussurrou.

1 !ueria que viesse porque sentia vontade de ver voc2.

Emma e(perimentou tal praer que n'o pode evitar sorrir.

1 /h.

)arr* ordenou aluns pap$is que estavam diante dele.

1 Mas aora que perunta, sim quero comentar alumas coisas 1%omeçou a procurar entre as páinas 1 4eu artio sobre a hist#ria do chocolateparece um pouco sem raça. >erá que animá-la um pouco. 4e precisar de a"uda,eu estaria disposto.

Ela 7cou sem f9leo e ele fe uma pausa olhando-a desconcertado.

1 3lo errado0

1 @'o 1 Piarreou 1 @ada. E o que mais0

Ele voltou a olhar os pap$is.

1 3credito que isso se"a tudo. E(ceto na lista de inredientes do molho decaramelo, n'o colocou açcar.

1 4$rio0

)arr* assentiu, sorrindo.

1 >eve problemas para se concentrar0

Emma n'o admitiria alo assim por nada do mundo. Estendeu a m'o.

1 Dei(e-me ver.

Ele deu os artios e ela viu que realmente havia se esquecido demencionar o inrediente mais importante do molho, e apesar de Marlowe terdito que n'o havia muitas correç+es, viu que esse enano era apenas mais um.3s páinas estavam transbordando de comentários de seu editor.

$éu santo  Pensou preocupada. 4e as coisas continuassem assim, suacarreira como escritora periava. 3lu$m tossiu atrás dela e ambos levantaram

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E Então ele a Beijou

o olhar para a porta e viram !uinn ali de p$.

1 >erminei com meus deveres, 4enhor e "á s'o mais de seis 1 disse o "ovem 1 precisa de alo mais antes que eu saia0

1 @'o, !uinn, pode ir.1 Muito bem, 4enhor. 4e isso for tudo, passe uma boa noite.

/ secretário fe uma rever2ncia e abandonou a sala e seundos maistarde, Emma ouviu como ele fechava a porta. Estavam soinhos.

1 Eu farei as correç+es ho"e á noite 1 disse com rapide, aachando-separa uardar os pap$is na maleta 1 Voc2 "á leu as minhas propostas para aspr#(imas semanas0

1 4im 1 Ele aarrou outro monte de folhas 1 Parecem-me corretas, masqueria peruntar uma coisa 1 Procurou entre as páinas 1 D2-me um seundo,com certea encontrarei.

Ela o estudou por debai(o da aba do chap$u de palha que usava. Viucomo uma mecha de cabelo nero ca&a pela testa, e como ele o afastava semperceber, s# para que voltasse a cair seundos mais tarde. Emma morria devontade de tocá-lo, de acariciá-lo com os dedos. !ueria bei"á-lo. !ueria...

1 3qui está 1 disse )arr*, assinalando uma linha de te(to com um dedo1 / que $ a linuaem do leque0

Emma inspirou fundo, tratando de afastar as imaens de bei"os de suamente.

1 3h, $ alo que minha tia me contou quando era pequena. E dado quedecidi escrever um artio sobre leques, pensei que seria um detalheinteressante.

Ele levantou os olhos.

1 @o que consiste0

1 Parece que, anos atrás as damas utiliavam os leques para mandarmensaens aos homens nos quais estavam interessadas. 4e uma mulher queriaque um homem a convidasse para dançar, ou queria conhec2-lo, realiavadeterminados movimentos com o leque. Bin"a que estamos em um baile e...

1 Movimentos0 @'o sei a que se refere 1 7cou de p$ e rodeou a mesapara colocar-se ao lado dela 1 Pode me mostrar0

1 3ora0

1 4im. >em um leque0

1 : claro 1 %olocou a m'o no bolso e tirou o de mar7m e seda verde que

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E Então ele a Beijou

utiliava no ver'o 1 4empre levo um quando fa calor.

1 E(celente 1 )arr* indicou que se levantasse 1 @'o entendo nadadessa linuaem, ent'o quero ver esses movimentos por mim mesmo.

Emma 7cou de p$, depois de pensar um momento, pediu que fosse para ooutro e(tremo do escrit#rio.

1 Bique ali e 7que "unto ; porta 1 disse. !uando ele o fe, continuou 1Bin"a que estamos em um baile.

1 @'o posso 1 a interrompeu 1 @'o posso 7nir que estamos em umbaile se usar esse chap$u horroroso.

1 @'o $ horroroso8 1 E(clamou Emma, levando as m'os ; cabeça 1 /que tem de mais0

1 >udo. @'o entendo por que as mulheres de ho"e em dia se empenhamem levar essas coisas cheias de plumas. : como se pusessem uma avestru nacabeça. 3l$m disso, a aba $ t'o lara que n'o posso ver seu rosto e eu osto dever seu rosto. >ire isso.

Emma perdoou a cr&tica sobre seu chap$u, que tinha requerido um (elimem plumas para colocá-lo na moda, ao ir acompanhada pela con7ss'o de queostava de olhá-la.

%olocou o leque no bolso e, com as duas m'os, pu(ou a aulha que

seurava o chap$u, tirando-o e dei(ando tudo sobre a mesa e em seuidavoltou a pear o leque.

1 Ve"amos, como ia diendo, 7n"a que estamos em um baile. Voc2 acabade entrar e embora n'o nos conhecemos, eu o vi antes e ostei.

1 sso n'o tem que 7nir 1 respondeu ele com um sorriso de satisfaç'oque era imposs&vel de descrever com palavras 1 Disse-me que me achavaatraente, lembra-se0

Ela franiu a testa e 7niu estar com raiva.

1 Preste atenç'o 1 e abriu o leque 1 Ve"a como o seuro na m'oesquerda, diante do rosto e olhando-o por cima dele0 sto sini7ca que queroconhec2-lo.

)arr* inclinou a cabeça, estudando-a do outro e(tremo do escrit#rio.

1 4e o seurasse na m'o direita, quereria dier alo diferente0

1 4im, isso sini7caria que quero que me sia. Ent'o, sairia da sala evoc2 viria atrás de mim.

Ele a olhou incr$dulo.

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E Então ele a Beijou

1 3s pessoas realmente faiam estas coisas0 @'o está inventando isso0

Emma riu.

1 Eu disse o mesmo a minha tia. Disse-lhe que se alu$m quisesse

mandar uma mensaem secreta a outra pessoa, utiliar os leques era umatolice, posto que qualquer um que visse, saberia o que ela pretendia. Masinsistiu em que tanto ela como suas amias recorriam a esta linuaem emtodas as festas e bailes que participavam.

)arr* balançou a cabeça.

1 @'o acredito. /s homens "amais fariam tal coisa. : muito complicado,muito sutil. %omo podem saber se uma mulher está tentando lhes dier alo ousimplesmente se abanando0 @#s os homens, estamos acostumados a ser maisdiretos, enviar mensaens concretas.

1 4im, mas ;s mulheres n'o $ permitido ser diretas. 4e eu quisesseconhec2-lo, n'o poderia me apro(imar de voc2 e me apresentar sem mais nemmenos.

1 / que $ uma lástima. E acredito que falo em nome de todos, quandodio que 7car&amos encantados se as mulheres 7essem e(atamente isso.

1 %ertamente, mas assim n'o $ como funcionam as coisas. E voc2 sabet'o bem como eu. / que eu poderia faer, seria peruntar para minhasamiades se alu$m o conhecia, e ent'o pedir que nos apresentassem, mas

talve isso tampouco seria uma opç'o. Os pessoas ostam de fofocar.1 !ue Deus nos livre se aluma ve esta 4ociedade permitir que as

mulheres fossem diretas. >udo bem, vamos supor que eu tenha interpretadocorretamente sua mensaem e sei que quer me conhecer 1 apro(imou-se dela1 E dado que me fascinam as mulheres ruivas, eu tamb$m morro de vontadede conhec2-la.

Emma 7cou at9nita e seurou o leque com força.

1 Voc2 osta das morenas.

Ele parou diante dela e colocou uma das m'os perto de seu rosto. /lhou-anos olhos, uma ve que uma mecha enroscava entre seus dedos.

1 Mudei de opini'o.

%om os n#dulos dos dedos, acariciou a face de Emma, e colocou a mechaatrás da orelha. Essa car&cia, lieira como uma pluma, bastou para provocarnela um formiamento por todo o corpo.

1 E voc2, Emma, mudou de opini'o0

Ele havia peruntado aluma coisa. Piscou.

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E Então ele a Beijou

1 / qu20

1 Disse que n'o ostava de mim 1 recordou, roçando a orelha com aspontas dos dedos e faendo-a estremecer 1 Disse que era um inapresentável.

1 E $./ problema era que aora isso "á n'o parecia importar muito para os

sentidos dela. Bechou os olhos e tratou de recordar o que havia dito a 4enhoran<berr*, mas pensar em sua virtude tampouco a a"udou naquele momento.

Ele seurou a nuca de Emma com a m'o e ela podia sentir o calor queemanava de sua palma. %om o polear )arr* acariciava seu quei(o.

1 Mas continuo faendo com que voc2 n'o oste de mim.

1 @'o $ verdade./ som de incredulidade que escapou dos lábios de )arr* a fe abrir os

olhos.

1 5á sei que disse isso e quando falei, pensava que era verdade, mas n'oera. 3bsolutamente. Desaprovava seu modo de vida, isso sim $ verdade, eestava ressentida porque acreditava que n'o havia dado a meus escritos aoportunidade que mereciam. E, al$m disso, n'o me neará que me e(ploravacomo secretária. /diava que 7esse isso, pois $ alo que n'o voltarei apermitir. Mas por mais que me esforçava em detestá-lo, nunca conseui 1

Enoliu em seco 1 >odas as vees que 7cava anada com voc2, loo faia comque esquecesse. >inha um esto que me abrandava, ou diia alo que me faiarir.

1 >alve por que, apesar de todos meus defeitos, sou um tipo encantador1 disse ele com um sorriso 1 Eleante, so7sticado, modesto...

Emma riu. @'o pode evitar. @a verdade era encantador, e ela sempresoube, embora nunca o tivesse apreciado. Mas isso n'o implicava que iriapermitir que se aproveitasse. !uando a m'o de )arr* esticou em sua nuca, eele se inclinou para frente, ela levantou o leque e o colocou entre os dois,

 "ustamente diante de seus lábios, para que n'o pudesse tocá-la com os dele.Ele se afastou e a soltou.

1 Esse movimento tem alum sini7cado0

Emma assentiu e abai(ou o leque para poder responder.

1 4ini7ca que n'o con7o em voc2.

1 Emma8 1 /lhou-a 7nindo estar ofendido, colocando a m'o em suacintura 1 @'o con7a em mim0

3fastou a m'o.

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E Então ele a Beijou

1 3bsolutamente.

1 @a verdade voc2 osta de faer isso dif&cil, n'o $ assim0

1 Aeconheço que tem suas vantaens, sim1 respondeu ela com um

sorriso.1 Pois desfruta enquanto possa, porque terminarei por me vinar.

Ve"amos, onde estávamos0 1 Braniu o cenho para pensar 1 3h, sim,interpretei corretamente sua mensaem de que quer me conhecer.4uponhamos que uns bons amios, carreados de boas intenç+es, nosapresentem. Ent'o, o seuinte passo está claro 1 Be uma rever2ncia 14enhorita Dove, me permite esta dança0

1 @'o podemos dançar. @'o há msica.

1 Este $ nosso momento máico, n'o o dani7que com trivialidades 14u"eitou a m'o enluvada dela com a sua e colocou a outra em sua cintura 1Podemos cantarolar.

1 Eu n'o sei cantar 1 confessou ela enquanto uardava o leque no bolsopara poder colocar a m'o esquerda sobre o ombro de )arr* 1 !uando erapequena, ouvi o viário dier a meu pai que n'o poderia a7nar nem que minhavida dependesse disso. 3 partir desse dia, meu pai disse que me mantivessecalada nos serm+es 1 Be uma pausa, surpresa de que essa lembrança aindadoesse. >ratou de afastar da mem#ria com um sorriso 1 %om certea todos osoutros paroquianos o aradeceram.

Marlowe n'o devolveu o sorriso e estando s$rio, pareceu inclusive maisatraente que antes.

1 %anta t'o alto quanto queira Emma. @'o me importarei caso desa7ne.

De repente, teve vontade de chorar e piscou para manter as lárimas n'ofuissem ao controle. 3fastou o olhar, mas n'o pode evitar sentir uma pontadano peito.

1 /briado, mas acredito que será melhor que voc2 cante.

1 De acordo 1 )arr* balançou para trás e para frente, levando-a com eleenquanto contava 1 E dois e tr2s e quatro 1 %om isso, começaram a dançarenquanto com sua vo de bar&tono, começou a cantar uma das absurdasbaladas de Cilbert 1 Toca o clarinete com melancolia, acaricia o harpa comonin1uém...

Ela começou a rir, interrompendo a canç'o, mas )arr* n'o dei(ou dedançar.

1 3 hist#ria do pr&ncipe 3ib0 1 peruntou enquanto ele continuava

conduindo-a a ritmo da valsa por todo o escrit#rio.

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E Então ele a Beijou

1 4im, bem, como voc2 osta tanto do livro das mil e uma noites, penseique seria apropriado.

%antarolou aluns compassos mais e continuaram dançando, mas ent'o,de repente, ambos pararam. Emma olhou para o rosto dele e com esse

repentino sil2ncio, o resto do mundo desapareceu ao redor. >udo e(ceto ele.)arr* soltou a m'o dela e voltou a seurá-la pela nuca.

1 @'o acredito que isso da linuaem do leque se"a verdade 1 murmurou1 m homem poderia interpretar mal com muita facilidade. Por e(emplo,quando colocasse isso diante da boca, disse que sini7cava que n'o con7a emmim, mas eu acredito que queira dier outra coisa.

1 3h, sim0

Ele assentiu e começou a acariciar a nuca, "ustamente por cima da ola

da camisa e a afundar os dedos em seu cabelo.1 Eu acredito que sini7ca que quer que a bei"e.

1 sso n'o $ verdade8 1 moveu-se entre seus braços, mas na realidaden'o queria soltar-se.

Marlowe percebeu, porque decidiu inorar. %om os dedos foi descrevendodevaar uma s$rie de c&rculos na nuca de Emma e ondas de calor começaram aencharcar seu corpo, sentiu que seu dever era lamentar.

1 @'o estava pedindo que me bei"asse.1 E como pode um homem ter certea0 : a isso que me re7ro. 3s

mulheres n'o s'o capaes de ter pena de n#s, pobres e indefesos homens e nosdier claramente 4uero que me beie. sso n'o.

Dei(ou de acariciar o pescoço e afundou de novo os dedos nos cabelosdela. 5oou-lhe a cabeça para trás, mas em ve de bei"á-la, se deteve aescassos cent&metros de sua boca.

 1 ma dama "amais poderia dier alo assim, n'o0

1 @'o 1 Emma umedeceu os lábios 1 @'o poderia.

%om a outra m'o em suas costas, atraiu-a para ele enquanto ela 7cavasem f9leo ao sentir cada parte do duro corpo masculino "unto ao dela.

1 @'o quero interpretar mal as coisas, Emmaline Dove, porque ent'o meesbofeteará e dirá que sou um canalha. Ent'o, na linuaem dos leques, comouma dama di para um cavalheiro que pode bei"á-la0

1 @'o sei 1 sussurrou 1 Minha tia nunca me disse isso.

1 )á8 1 Entrecerrou os olhos e em seuida voltou a abri-los 1 Ent'osuponho que terei que me arriscar.

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E Então ele a Beijou

E ato seuido a bei"ou.

3o sentir os lábios contra os dele, Emma notou que sua convicç'o "untamente com os conselhos da 4enhora n<berr*, despedaçavam-se e ent'o,rodeou o pescoço de )arr* com os braços. 3 pai('o que sentiu na livraria voltou

a despertar, mas desta ve mais rápido, com mais força. !uando ele a acaricioucom a l&nua, ela fe o mesmo. Boi uma reaç'o instintiva, inconsciente, que asurpreendeu por ver que era t'o atrevida, t'o lasciva ao sentir quanto ostavade acariciar a l&nua daquele homem com a sua.

)arr* tinha um sabor quente e ácido, parecido com os moranos quecomeram naquela tarde nos "ardins de Vit#ria Emban<ment, e peruntou para simesma se a teria tomado esse dia de sobremesa. 4eurou o rosto dele com asm'os, para mant2-lo quieto e ele dei(ou que ela e(plorasse aquele territ#riodesconhecido. Percorreu-o com a l&nua, seuiu a linha de seus dentes,acariciou o interior das faces. Deteve-se somente o necessário para respirar, e

em seuida desenhou os lábios dele com os dela. / superior e o inferior,detectando que tinha a pele mais suave que a ltima ve, percebendo que elehavia se barbeado há pouco tempo. %apturou o lábio inferior de )arr* entre osdentes e o suou com delicadea.

Ele emeu contra sua boca e um estremecimento sacudiu seu corpo.Emma soube que ela era a culpada. 3mbos sentiam o mesmo. Era emocionante8!ue ela, uma mulher de trinta anos sem e(peri2ncia, pudesse faer com queum homem como ele sentisse tudo aquilo, era o afrodis&aco mais potente elorioso do mundo. Mas ele n'o a dei(ou continuar, mas sim abriu os lábios comos seus e com o peso do corpo obriou Emma a dar aluns passos para trás. 3parte traseira das co(as dela chocou-se contra a mesa.

)arr* desliou as m'os at$ suas nádeas e Emma abriu os olhos surpresa.

Marlowe tamb$m abriu os olhos e durante aluns seundos, ambos7caram ali de p$, olhando-se, com a respiraç'o entrecortada.

Depois, ela sentiu que as m'os dele a levantaram para sentá-la na beirada mesa.

1 Balou-me de todas essas normas 1 começou )arr*, tentando recuperar

o f9leo 1 Mas s'o normas de mulheres 1 >irou as m'os debai(o dela e levou-as para os bot+es da camisa de Emma, sem dei(ar de olhar em seus olhos.

Ela seurou as m'os dele enquanto )arr* continuava olhando-a,esperando, com os olhos de um aul profundo como o c$u, a boca s$ria emaravilhosa, enquanto que com os dedos brincava com um bot'o e com avirtude de Emma.

1 E... 1 disse ela, e(citada, apesar de que parte dela sussurrava quefosse com cuidado. Mas "á n'o podia parar, estava desesperada, necessitavaque ele a tocasse 1 E, quais s'o as normas dos homens0

1 !uando me pedir para parar, eu pararei 1 Aespirou fundo 1 5uro que

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E Então ele a Beijou

pararei.

/ tom urente da vo dele a desarmou. Emma soltou as m'os dele eassentindo com a cabeça, apresentou sua capitulaç'o, enveronhada pelarapide que a fe air daquela forma. Ele fechou os olhos e desabotoou o

primeiro bot'o da camisa, loo outro, e outro, eliminando uma a uma asbarreiras que os separavam.

3fastou o tecido de linho e bei"ou o pescoço, lambendo sua pele nua coma l&nua. Ela se arqueou com um emido, "oando a cabeça para trás, ansiosapor inteiro. )arr* soltou o quente f9leo em cima de sua pele e com os dedostirou os colchetes, para afastar as distintas capas de tecido, seda e renda quecobriam o decote.

Emma tremeu nervosa e com os dedos apertou os ombros dele enquanto)arr* bei"ava a parte superior de um seio e desliava uma m'o por debai(o da

roupa interior que ainda vestia. 4abia que deveria pedir que parasse, masquando os dedos dele rodearam um seio, sentiu tanta ternura e pai('o que seucorpo estremeceu como resposta. Critou, mas n'o pediu que parasse.

Ele levantou a cabeça e capturou os lábios dela com os seus, silenciando avo que n'o dei(ava de repetir seu nome. %ontinuou acariciando o seio,emendo por sua ve enquanto a bei"ava com ardor. %om os dedos, percorreuos mamilos dela dos limites de sua roupa interior, e Emma estremeceu maisuma ve. Era como se n'o pudesse controlar as reaç+es do pr#prio corpo, e ascar&cias de )arr* a faiam mover-se de um modo completamente desconhecido,procurando alo que n'o sabia onde encontrar. Podia ouvir seus pr#prios

emidos "unto com os dele, mais primitivos e amortecidos pelos lábios deambos. 4entiu que afundava em uma bruma de sensualidade.

/ que )arr* estava faendo, provocava sensaç+es que nunca haviae(perimentado e que queria continuar sentindo durante toda a eternidade. Derepente, sem avisar, ele dei(ou de bei"á-la e tirando a m'o do espartilho, seafastou dela. 3maldiçoou em vo bai(a, e começou a abotoar os bot+es.En"oada, Emma tratou de recuperar a calma. 3briu os olhos e olhou para ele.

)arr* n'o retribuiu o olhar, mas sim manteve os olhos 7(os no que estavafaendo. 3 lu do entardecer iluminava a quarto com suavidade, mas no rostode )arr* n'o havia nada suave. Parecia devastado.

1 @'o pedi que parasse 1 balbuciou ela assustando-se quandocomprovou que isso era verdade.

1 4ei 1 riu sem vontade 1 Deus santo, eu sei.

3s m'os dele paralisaram-se enquanto fechava os punhos com forçasobre o tecido. 3 seuir a soltou com brutalidade e deu meia volta.

1 Está escurecendo 1 disse de costas 1 4erá melhor que a leve para

casa. remos com minha carruaem, e n'o me importa se for ou n'o oapropriado.

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E Então ele a Beijou

Emma n'o discutiu.

Depois do que acabou de acontecer, parecia-lhe rid&culo preocupar-se comnormas de conduta, especialmente quando o dese"o que sentia estava ansiosopara voltar a arder sob as car&cias de )arr*. Ele voltaria a acariciá-la. E ela "á

n'o enanaria a si mesma diendo que n'o permitiria.

Dare, pensou com inconsci2ncia.

 ma palavra com apenas duas s&labas que foi incapa de pronunciar.

Cap+tulo 1

4uando se está em boa companhia, não há nada melhor que uma boaconversa.

Senhora BAT!"B#

Social 8aette, %&'(

@'o faer amor com Emma havia sido a coisa mais dif&cil que )arr* fe emtoda sua vida. E começava a pensar que tamb$m a mais estpida. Mudou depostura no assento da carruaem, tratando de aliviar a press'o de suas calças,mas tudo foi em v'o, "á que a causa de tal desconforto estava sentada emfrente a ele, deliciosamente desarrumada e com os lábios ainda inchadosdevido aos seus bei"os.

Ela n'o olhava para ele, raças a Deus, mas estava com o olhar 7(o

naquele horr&vel chap$u que seurava em seu colo, e provavelmente estariaperuntando se iria para o inferno.

3 carruaem deu um salto, )arr* fe uma careta de dor e voltou a sentar.Bechou os olhos e, com a cabeça recostada no respaldo do assento, amaldiçoou;s virens, as normas de conduta e o ine(plicável cavalheirismo que parecia t2-lo invadido ultimamente.

6e di1a que pare e pararei.

Em que diabos ele estava pensando ao dier tal idiotice0 Para piorar as

coisas, ela nem sequer tinha-lhe pedido que parasse. Ele parou por si mesmo. Epor que0 Porque estava consciente de onde estavam, por isso. E porque n'o

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E Então ele a Beijou

queria que a primeira ve de Emma fosse por cima de uma mesa.

)arr* queria sair da carruaem e soltar um dos cavalos para que desseum bom coice na cabeça. >alve ent'o dei(asse de pensar.

3 carruaem estacionou, e ent'o ele respirou aliviado. / condutor abriu aporta e estava colocando os deraus quando )arr* saltou e estendeu a m'opara a"udá-la. 3companhou-a at$ a entrada do edif&cio.

1 6oa noite, Emma 1 disse com uma inclinaç'o e deu meia volta parapartir.

1 Voc2 ostaria de...0 1 Ela fe uma pausa e piarreou, assinalando aporta com o chap$u 1 Voc2 ostaria de entrar0

Ele sentiu um pouquinho de esperança, e lutou para conseuir esquecer

com quem estava falando.1 Por qu20 1 peruntou sem rodeios 1 Está me convidando para subir ao

seu quarto0

Ela 7cou rubra de repente.

1 @'o. : claro que n'o. : que pensei...que talve...Costaria de tomar umchá 1 /lhou-o nos olhos 1 @o sal'o. @o piso debai(o.

S@ quer tomar o cháL Bulminou-a com o olhar.

1 %há0

Ela assentiu.

1 3credito que a ambos iria bem nos refrescar um pouco.

Os vees ele peruntava para si mesmo se aquela arota era real. /lhou-ae começou a pensar que talve um esp&rito travesso entrou no corpo de Emmacom o nico prop#sito de converter sua vida em um inferno. %om certea eleesqueceu de dei(ar uma vela acesa em aluma das covas de >orqua* no ver'o,e aora as fadas queriam se vinar.

1 >alve se tivesse u&sque aceitasse o convite. Deus sabe como osto deuma taça. Mas como n'o $ assim, irei para minha casa.

4e tivesse 7cado com um pouco de bom senso ele iria para um bordel.

1 Possivelmente a 4enhora Morris tenha uma arrafa em alum canto.

)arr* a contemplou durante aluns seundos e, canalha como era,começou a calcular as possibilidades que tinha de correr com ela para o quarto,onde podiam faer amor em uma cama. Baer sobre a escrivaninha podia 7car

para mais tarde.

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E Então ele a Beijou

1 Ent'o aceito 1 disse ele, seuindo-a para o interior.

3 caseira fofoqueira de Emma, a 4enhora Morris, estava no sal'o e 7couencantada de conhecer o antio chefe de sua inquilina, apesar de que 7counervosa ao receber t'o nobre visita sem aviso. 3 moça deveria t2-la avisado de

que ele a acompanharia. Embora, bem, a 4enhora Morris estava acostumada areceber pessoas de cateoria, como por e(emplo, a tia de Emma, da qual tinhasido rande amia e que havia casado com o terceiro 7lho de um 6ar'o.

ma (&cara de chá0 : claro que para Emma, preparar chá n'o era nenhumproblema, a n'o ser que sua 4enhoria preferisse u&sque0 @'o, insistiu a mulher,tampouco era nenhuma mol$stia preparar aluns sandu&ches. Era sabido que oscavalheiros precisavam alimentar-se. : claro que ela mesma se encarrearia deprepará-los, con7rmou entusiasmada e saiu correndo para a coinha para ver oque podia oferecer ao Visconde.

Emma sentou-se no horr&vel sofá e começou a desabotoar as luvas.

1 Pobre mulher, ter que preparar um lanche ;s sete da tarde.

1 >enho fome 1 "usti7cou o Visconde sentando-se ao lado de Emma einclinando-se para bei"á-la na comissura dos lábios 1 Muita.

1 /lhe que $ pesado 1 Essas palavras eram uma cr&tica, mas o tom comque as pronunciou fe que )arr* concebesse esperanças.

1 : um dos privil$ios de ser nobre. Posso ser pesado 1 nclinou a

cabeça e procurou seus lábios.Ela esquivou-se.

1 mainei que necessitasse de uma dose de whis<*.

)arr* descansou o braço no respaldo de madeira que havia atrás dela.

1 Mudei de id$ia. %aso sua caseira este"a lá em bai(o certi7cando-se deque em sua coinha se prepara o lanche perfeito, tenho mais tempo para estara s#s com voc2.

Ela olhou preocupada para a porta.

1 @'o estamos soinhos. !ualquer um poderia entrar a qualquermomento. 3qui vivem mais inquilinos.

1 %orreremos o risco 1 Desta ve sim teve sucesso ao capturar seuslábios e a bei"ou como era devido 1 4erei valente.

1 Eu n'o corro riscos.

1 4im 1 respondeu ele com pesar 1 eu sei.

Estudou o per7l dela, a delicada linha de sua mand&bula e o quei(o. 4# a

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E Então ele a Beijou

lu do anoitecer iluminava o sal'o, mas podia ver as pontas de suas pestanasdouradas, a cicatri em forma de estrela que tinha na face e a sarda queadornava a parte dianteira da orelha. 3 bei"ou.

1 )arr* 1 sussurrou ela, levantando o ombro para dar um tapinha

carinhoso no quei(o, mas ele decidiu interpretá-lo como um esto de carinho.

1 >enho um olho 7(o na porta 1 Disse, acariciando o rosto de Emma comos lábios 1 4uponho que n'o contempla a possibilidade de fechá-la, n'o0

1 Por Deus santo, n'o8

Parecia t'o horroriada que, a n'o ser porque toda a situaç'o n'o tinhanenhuma raça, )arr* teria rido.

1 Dado que n'o posso fechar a maldita porta e sedui-la como eu

ostaria 1 murmurou 1 terei que me conformar conversando com voc2.Ela deitou o corpo no sofá, mas ao notar o braço dele nas suas costas

voltou a levantar-se.

1 Emma, rela(e 1 disse ele com suavidade, apartando o braço dapoltrona 1 Aecoste e feche os olhos.

3 moça obedeceu e )arr* fe o mesmo.

1 Ve"amos 1 disse ele 1 do que podemos falar0 Do tempo0 Da sade daAainha0 De como está me dei(ando louco0

1 Por que parou0 1sussurrou Emma.

)arr* virou a cabeça, mas ela n'o estava olhando para ele. >inha o olhar7(o no teto. Ele se apro(imou e respondeu em vo bai(a ao ouvido.

1 /correu-me a estpida id$ia de que n'o devia tirar sua virindade emcima de uma mesa.

3s faces de Emma 7caram rubras, mas continuou sem olhar para ele.

1 @'o teria me detido. @'o teria a força necessária.

sso o fe retroceder.

1 Por Deus, Emma, "amais a teria forçado.

1 @'o queria dier isso. Durante um momento, s# um momento, penseique devia pedir que parasse, quando voc2 estava...)um... 1 Be uma pausa epiarreou 1 Mas depois "á n'o pude fa2-lo 1 )avia uma nota de surpresaoculta nessa con7ss'o 1 @'o podia pronunciar as palavras que o teriam detido.

1 Porque voc2 estava ostando muito0

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E Então ele a Beijou

)ouve um lono sil2ncio antes que ela respondesse.

1 4im.

)arr* acariciou a face com os n#dulos. Ela era t'o suave, como veludo.

1 Poderia faer tantas coisas que voc2 ostaria... 1 murmurou,pensando em vo alta, e sentindo como o dese"o tomava o controle de seucorpo 1 ltimamente, meu passatempo preferido $ pensar nas diversasmaneiras em que eu ostaria de faer amor com voc2 Emma.

Ela afundou-se nas almofadas como se quisesse que elas a enolissem.4endo como era, um otimista nato, )arr* interpretou esse esto ao seu favor.Binalmente, ela estava livre para levantar-se e sair dali, mas at$ o momento n'ofe isso.

1 Em minha imainaç'o, a primeira coisa que farei $ soltar seu cabelo edei(ar que ele deslie por minhas m'os. Essa preciosa cabeleira avermelhada.Em seuida eu desabotoarei a camisa e a faço cair por seus ombros. Depois tirosua saia 1 secou a aranta e teve que parar um seundo 1 v20 1 dissedepois de um instante 1 mainei tudo passo a passo.

Emma suspirou surpresa e )arr* sup9s que ela estava 7cando nervosa aosaber que ele havia tido fantasias a tendo como protaonista.

1 / espartilho e a reata seriam os seuintes 1 continuou ele.

1 / que me recorda que...Pelo pouco que vi antes, tenho que dier-lheque veste uma roupa de bai(o muito simples, Emma. Eu ostaria de v2-la comsensuais camisolas de seda cheias de bot+es de madrep$rola. Em no fundo,faço isso por mim, "á sabe, eu osto dos bot+es de madrep$rola porque s'omuito fáceis de desabotoar.

1 Dei(e de falar de minha roupa intima 1 sussurrou ela, ; medida que orubor se estendia por todo o decote do vestido 1 @'o $... 1 umedeceu oslábios 1 n'o $ decoroso.

1 Decoroso0 1 riu 1 Emma, quando um homem está despindo uma

mulher, ele n'o se preocupa o m&nimo com o decoro. E tampouco ela, se ele oestá faendo bem. 3l$m disso, unicamente estamos falando, conversando 13cariciou a orelha dela com o nari 1 Baendo vida social, para chamar issocorretamente.

Ela se enasou.

1 Eu passaria toda a minha vida bei"ando. 4eus lábios, seu pescoço, seusombros nus.

1 Pare8 1 disse em vo t'o bai(a que ele mal pode ouvi-la 1 Pare, por

favor.

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E Então ele a Beijou

1 Porqu20

1 Por que sinto veronha.

1 Do que0 1 tornou-se para trás e com a m'o apontou para a porta 1 4e

n'o quiser me escutar, saia.1 3 4enhora Morris foi preparar o lanche 1 disse sem se mover 1 4eria

de má educaç'o sair.

1 Mas assim n'o ouviria a pr#(ima coisa que quero dier 1 Percorreu amand&bula dela com o polear e viu como tremia. >ocou-lhe a boca 1 !uersaber o que seria a pr#(ima coisa que eu faria, n'o $ assim0

Ela neou sem convicç'o, mas continuou sem se mover. 5untou os lábiossob a car&cia dele e 7cou quieta.

1 3credito que dei(aria de despi-la e começaria a tocá-la 1 Estimulou anuca de Emma com a m'o, e ela saltou como se tivesse recebido uma descarael$trica 1 Desliaria as m'os por seus ombros e desceria por seus braços 1prosseuiu, sentindo como a lu(ria apoderava tomava conta de seu corpo acada palavra 1 >ocaria os seios, o umbio, os quadris, por cima da reata...

Ela emitiu um som inarticulado.

1 : isso o que está vestindo0 1 )arr* bei"ou o pescoço.

1 /u talve este"a vestindo uma combinaç'o0 mainei voc2 mesmatirando ambas as peças, $ claro. Mas o que está vestindo0

@'o respondeu, e ent'o ele mordeu os tend+es do pescoço dela,absorvendo os tremores que a sacudiram como resposta.

1 Emma, Emma, dia-me isso 1 suplicou contra a pele 1 para que possaimainar quando eu n'o estiver com voc2. ma reata0

Ela n'o se moveu.

1 ma combinaç'o0

3ssentiu com um lieiro e tenso movimento de cabeça, e ele continuouF

1 Pois no momento eu dei(aria vestida com isso.

1 3h, sim0 1 loo que essas palavras sa&ram de sua boca, mordeu olábio, e continuou sem olhar para ele.

1 >eria que faer isso 1 e(plicou 1 @'o poderia tirar isso sem antes tiraros sapatos.

1 /h 1 Boi s# um sussurro.

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E Então ele a Beijou

1 Dado que ho"e calça uns simples sapatos para caminhar, e n'o ashorr&veis botas altas...

Ela 7cou indinada e o interrompeu.

1 @'o s'o horr&veis8%omo todos os sapatos dela eram horr&veis, )arr* decidiu inorar o

comentário.

1 3ora s# me preocupo em despir, assim n'o discutirei isso, masasseuro que, na primeira oportunidade, comprarei uns bonitos sapatos,4enhorita Dove. Dias deles, fr&volas meias de renda. /nde eu estava mesmo03h, sim, e n'o volte a me interromper, por favor. nterromper alu$m $ muitafalta de educaç'o, sabe0 Ve"amos, "á tirei os seus sapatos, ent'o aora voutiraras as meias...

Desta ve n'o foi Emma quem o interrompeu, e sim o som de passos naescada.

)arr* emeu e se afastou. Ela, por sua parte, afastou-se tanto como podeembora sem abandonar o sofá no qual ambos estavam sentados. Ele respiroufundo várias vees, e tratou de controlar que e(citado estava.

3 4enhora Morris entrou com uma bande"a com o chá. ma criada comvestido rosa e touca vinha atrás dela com outra bande"a repleta de comida.

1 Dei(e-a ali, Dorcas 1 ordenou a caseira depositando sua cara namesinha que havia em frente ao sofá, para em seuida sentar-se em umacadeira que havia ao lado.

3 criada dei(ou a bande"a com sandu&ches e bolos em outra mesa queestava diante de Emma e )arr* e fe uma rever2ncia antes de sair.

1 3trevo-me a dier 1 disse ele, apro(imando-se da bande"a eobservando-a como se realmente tivesse fome e n'o anas de faer amor 1que $ o melhor chá que "á vi . E o preparou em um abrir e fechar de olhos. 4eusinquilinos s'o afortunados em t2-la.

3 4enhora Morris 7cou rubra de praer e começou a servir o chá.

1 @em todos os meus inquilinos comem em casa, Milorde, mas eu ostode acreditar que os que o faem s'o bem atendidos.

/lhou para Emma, mas ela estava com o olhar perdido, sem prestaratenç'o a nenhum dos dois. 5á n'o estava acalorada e a pele dela haviarecuperado a palide habitual.

1 3 4enhorita Dove fa suas refeiç+es em casa0 1 peruntou )arr*,

concentrando-se de novo na an7tri'.

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E Então ele a Beijou

1 3ntes n'o estava acostumada a faer isso Milorde, quando trabalhavapara voc2 sempre cheava muito tarde.

1 Mas aora que sou a secretária da maravilhosa 4enhora 6artleb* epasso o dia datilorafando seus escritos, quase todos os dias faço minhas

refeiç+es aqui.

  )arr* se inclinou para frente e aarrou uma bolacha da bande"a.Enquanto a deustava, tratou de pensar em aluma desculpa, o que fosse, paraconseuir que aquela mulher sa&sse dali.

1 3çcar0 1 peruntou a 4enhora Morris enquanto servia uma (&cara 1Leite0

1 @ada, obriado, mas talve... 1 Be uma pausa, enruou o cenho eesquadrinhou a bande"a como se procurasse alo.

1 4im, Milorde0 1 3 caseira, ansiosa por aradá-lo, quase se levantou dacadeira 1 !uer alo em especial0

)arr* sorriu levemente, como se desculpando.

1 @'o, n'o, n'o queria incomodá-la mais do que o necessário.

1 @'o $ nenhum trabalho 1 disse ela 1 3bsolutamente nenhuminc9modo...

Pensava se talve tivesse um pouquinho de lim'o.

1 Lim'o0 1 3 mulher olhou a bande"a, e em seuida voltou a olhar para oVisconde com um inc9modo sorriso 1 !ue estupide de )os<ins8 @'o colocou olim'o8 Vou pear.

1 Muito amável da sua parte 1 Dedicou o melhor de seus sorrisos 1 :muita consideraç'o.

3trás dele, Emma suspirou e(asperada.

3 4enhora Morris n'o percebeu e como se fosse uma debutante, tocou ocabelo antes de se levantar.

1 Volto em seuida 1 disse, e saiu da sala dei(ando-os a s#snovamente.

)arr* desliou at$ 7car ao lado de Emma.

1 Ve"amos, onde estávamos0

1 @'o tem lim'o, se tivesse o teria posto na bande"a. 3ora mandará)os<ins comprar.

1 %on7o em que ela vá pessoalmente. 3ssim terei mais tempo para

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E Então ele a Beijou

despi-la 1 4ilenciou suas quei(a com um bei"o 1 3credito que estava tirando asmeias. E como tem as pernas lonas e bonitas, penso que demorarei muito emfa2-lo. Eu as tirarei uma atrás da outra, devaar, muito devaar. Despirei seuspreciosos p$s, e acariciarei os tornoelos e a parte de atrás dos "oelhos. Deus,eu adoro acariciar seus "oelhos.

4# de imainar )arr* sentiu-se cheio de dese"o, e soube que n'o podiacontinuar com aquilo. Levantou a vista. Emma estava olhando para ele com osolhos arrealados e os lábios entreabertos. )arr* decidiu que podia tentarsuportar um pouquinho mais. nclinou a cabeça e a bei"ou na orelha.

1 3credito que tenha cheado o momento de que eu tire a combinaç'oque voc2 veste 1 murmurou 1 !uero ver seus seios.

Ela fe um som de protesto.

1 @'o poderia... 1 4e deteve, e depois voltou a tentar 1 Estar&amos noescuro8

1 Baer amor com voc2 no escuro0 sso seria um pecado, Emma. @'o8!uero ter lu para poder v2-la bem 1 Essas palavras, sussurradas "unto a suaorelha, 7eram-na estremecer 1 Para poder olhar voc2 enquanto a toco, parapoder ver minhas m'os sobre seu corpo.

Embora tortuosa, a estrat$ia de )arr* estava funcionando, pois podiaouvir como a respiraç'o dela estava acelerada. 3 sua tampouco era muitopausada.

1 mainei seus seios centenas de vees, Emma 1 Voltou a fechar osolhos e marcou cada palavra com um bei"o, sentindo prender o foo em seupr#prio corpo 1 Milhares 1 !uebrou a vo e soube que estava perdendo ocontrole.

Lutou para continuar seduindo-a um pouco mais.

1 Eu os acariciaria uma e outra ve e os bei"aria 1 4uou-lhe o l#bulo daorelha entre os lábios, roçando a pele com os dentes 1 /s saborearia.

3 "ovem inspirou fundo, ofeante, e antes que ele pudesse reair,separou-se dele e 7cou de p$. Mas n'o correu para a porta. Em ve disso,apro(imou-se da "anela, abriu-a e respirou o ar.

Ele ia faer o mesmo, mas naquele instante ouviu pela seunda ve ospassos da 4enhora Morris na escada. Maldiç'o8 Esqueceu-se da condenadamulher. Voltou a sentar, seu corpo preso em aonia. Aápido como um raio,desabotoou a "aqueta, tirando-a e a colocando descuidadamente sobre os "oelhos. a pear outro sandu&che quando a caseira entrou no sal'o.

1 3qui tem 1 disse orulhosa 1 Minhas desculpas, Milorde, mas meu

coinheiro demorou muito em encontrar os lim+es. Estavam ocultos nadespensa.

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E Então ele a Beijou

Desviou o olhar de )arr*, que comia um sandu&che de pepino em umatentativa de parecer amável, para a Emma, de p$ "unto ; "anela, tratando derespirar e abanar-se ao mesmo tempo.

1 Emma, voc2 está bem0 1 peruntou preocupada.

1 Perfeitamente 1 respondeu ela com vo entrecortada se abanandoainda mais rápido 1 : s#... $ que fa muito calor aqui.

1 m pouco 1 reconheceu ; caseira enquanto sentava no sofá 1 >eveuma boa id$ia ao abrir a "anela, querida 1 Dei(ou na bande"a o prato com asrodelas de lim'o e olhou para )arr* sorrindo 1 Emma sempre tem boas id$ias.: uma "ovem muito doce e sensata. 4ua tia L*dia era uma amia minha...

)arr* estava convencido de que nesse instante Emma n'o de7niria a simesmo como doce nem sensata. E no que a ele se referia, parecia uma

confus'o. >odas e cada uma das c$lulas de seu corpo estavam e(citadas, ocoraç'o pulsava em seu peito como um trem descarrilado, e era dolorosamenteconsciente, pela seunda ve em uma mesma tarde, de sua enorme ereç'o.

/bservou como ; 4enhora Morris servia uma (&cara de chá, mas emborasua vida dependesse disso, viu-se incapa de seuir conversando sobrefrivolidades.

1 4enhora Morris, desculpe 1 interrompeu a en(urrada de adulaç+es damulher sobre a querida e inestimável tia L*dia, e olhou para Emma, que aindaestava de p$ "unto ; "anela, abanando-se 1 >emo que a 4enhorita Dove este"a

um pouco acalorada. @'o acredito que o chá, sendo como $ uma bebida quente,se"a o mais adequado para ela. >alve pudesse traer um copo de áua0

1 @'o quero um copo de áua 1 disse Emma do outro e(tremo daquarto.

1 Aealmente parece um pouco alterada, querida 1 concordou a 4enhoraMorris 1 >alve um pouco de áua fosse bom.

)arr* assentiu com 2nfase, e quando a caseira encaminhava-se para aporta, ele foi atrás dela. 3mbos pararam na entrada, e )arr* sussurrou alo ao

ouvido. 3 mulher abriu a boca com estupefaç'o, mas fe o que pedia, e saiu dalifechando a porta.

Emma enruou o cenho ao ver que )arr* cheava perto dela... /lhouatrás dele e, ao ver a porta fechada, voltou a olhá-lo.

1 / que disse para ela0 1 quis saber.

1 @'o sou um homem paciente, Emma, e a pouca paci2ncia que tinhaesfumou-se por completo. Disse-lhe que queria 7car as s#s com voc2 ummomento, e pedi que nos desse um pouco de intimidade.

Emma emeu e ocultou o rosto entre as m'os.

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E Então ele a Beijou

1 4# e(iste um motivo honrável para que um homem e uma mulher quen'o este"am casados 7quem a s#s, e $ para declarar-se 1 balbuciou. Levantoua cabeça o fulminou com o olhar 1 E ambos sabemos 1 acrescentou,sussurrando furiosa 1 que a nica intenç'o que voc2 tem $ me propor aloindecoroso.

1 @'o temos muito tempo 1 3arrou-a pelos braços e "oou sua ltimacartada 1 Leve me ao andar de cima 1 pediu a ela, e encheu seu rosto debei"os 1 Baçamos amor e vamos terminar com esta tortura.

1 @'o podemos8 1 emeu ela 1 3 4enhora Morris nos veria. 4aberia oque &amos faer.

1 Eu direi que vá dar um recado. 4ubirei pela escada de inc2ndios 1Estava 7cando sem opç+es, o dese"o e o desespero estavam faendo estraosem sua capacidade de raciocinar 1 Paarei por seu sil2ncio.

Loo que essas palavras sa&ram de sua boca, soube que havia cometidoum enano.

1 / dinheiro pode comprar tudo, n'o $ assim0 1 escapou dos braços dele1 3 4enhora Morris $ uma mulher respeitável. @'o aceitaria seu dinheiro. @'opoderia 7nir que n'o sabe e olhar para o outro lado. E, embora o 7esse, n'oimportaria. Eu teria que continuar olhando para ela quando tudo terminasse.

1 E o que importa isso0 @'o costurar'o uma letra escarlate no peito, sefor isso o que preocupa.

1 @'o entende0 Ela era amia de minha tia. %onhece-me. >eria que v2-ladiariamente, e ambas saber&amos o que eu 7. 4aber&amos que eu... !ue eu...1 a vo dela despedaçou 1 !ue eu teria dei(ado de ser casta.

1 Por Deus santo, Emma, nem sequer $ sua amia, e sim a amia de suatia. E n'o teria que continuar vendo-a se n'o quisesse. Pode sair daqui. Euconseuirei um apartamento novo. Melhor ainda, uma casa.

1 ual a 5uliette 6ordeau(0 1 /lhou-o com desd$m 1 E dentro de unsmeses tamb$m receberei um colar de topáios e diamantes comprado por seu

secretário, "unto com uma carta de despedida0

Boi como se o tivesse esbofeteado

1 @'o $ a mesma coisa.

1 3h, n'o0 E o que $ diferente0 1 peruntou ela, cruando os braços 1Eu n'o sou uma bailarina de boate. Mereço que me corte"em como $ devido.

)arr* deveria ter sabido que acabariam cheando a esse ponto.

1 !uer que me case com voc2, $ isso0

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E Então ele a Beijou

Emma olhou para ele t'o horroriada que, se n'o fosse pelo al&vio quesentiu, deveria ter 7cado insultado.

1 %asar-me com voc20 1 e(clamou ela 1 @'o, Por Deus santo8 1 E olhoupara )arr* com uma cara de desaprovaç'o dina de sua tia 1 @enhuma mulher

com bom senso ostaria de se casar com voc2. : o pior marido que poderiaimainar.

1 >em ra'o. 3lero-me de que tenhamos esclarecido o tema.

1 E, al$m disso, maldiç'o, tampouco eu quero me casar. Por que deveriaquerer0 >enho uma brilhante carreira pro7ssional. 4ou a 4enhora 6artleb*.

1 Voc2 n'o $ a 4enhora 6artleb* 1 Disse ele antes de poder evitar 1 4uatia L*dia $ a 4enhora 6artleb*.

1 @'o $ verdade8 3s id$ias que aparecem nos artios s'o minhas.1 3lumas delas talve sim, eu reconheço como o, por e(emplo, o

oriami ou os uardanapos, mas eralmente as id$ias do te(to n'o s'o suas.Publiquei o su7ciente para saber disso8 Voc2 n'o $ a 4enhora 6artleb*, voc2 n'o$ uma matrona de meia idade que se preocupa com tolices e normas estpidas1 Aecorreu aos seus artios para demonstrar que tinha ra'o 1 Voc2 n'oacredita que as arotas solteiras s# possam comer asinhas de frano, que n'odevam comer codorna, nem quei"o e que tenham que escolher os pratos maisins&pidos do cardápio.

1 3s normas de conduta s'o importantes, especialmente para as "ovensdamas8

1 @'o, se essas normas forem estpidas8 E faer que umas pobresarotas morram de fome, obriá-las a sobreviver a base de asinhas de frano epudim $ uma soberana tolice8 Vai contra todo sentido comum. E sendo como $uma mulher sensata, Emma, voc2 sabe t'o bem como eu. Por que escrevesobre normas que na verdade n'o acredita0

Ela entrecerrou os olhos, e ele viu minuar as possibilidades que tinha deque faerem amor, mas estava t'o frustrado que quase n'o importava.

1 Voc2 n'o $ a 4enhora 6artleb* 1 prosseuiu 1 @em $ a tia L*dia. Voc2$ Emma 1disse sacudindo-a pelos ombros com suavidade, para ver se assimdei(ava de um lado sua tolice e en(erasse a ra'o 1 Voc2 osta de amaldiçoare ler livros picantes. : uma mulher quente e apai(onada e tem os lábios maisdoces que "á provei. E n'o acredita que ai mal em me divorciar de minhamulher, nem tampouco me desaprova, tanto como di. 4e o 7esse, "amais teriaconcordado em escrever para mim.

1 E, maldiç'o Emma8 4ei que n'o acredita que me bei"ar se"a alumacoisa ruim.

1 4oará mal caso essas duas pessoas n'o se"am marido e mulher ou

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E Então ele a Beijou

este"am comprometidos8 1 >entou soltar-se, mas ele n'o permitiu.

1 Por que0 Porque disseram que deve ser assim0 Voc2 n'o sente que se"aruim. E sei desde o dia em que a bei"ei na livraria, porque olhei seu rosto ao nosseparar. Deus, Emma, estava radiante, era como uma lu brilhasse em seu

interior, iual ao amanhecer. Boi a coisa mais preciosa que "amais vi. E estanoite n'o imainei que fosse t'o ruim que a tocasse, ou teria me detido. 3oinv$s de ter dito todas essas coisas, poderia ter dito para que eu fosse embora.Poderia ter me dado uma bofetada, mas n'o fe nada. Voc2 queria que eudissesse. !ueria escutar. Voc2 sabe que $ assim, Emma, voc2 sabe.

1 3i errado escutando essas coisas 1 Ela tampou as orelhas com asm'os 1 Mas n'o continuarei ouvindo-o.

1 /uvirá, $ claro que ouvirá 1 3arrou-lhe os braços e separou suasm'os, seurando-a com força 1 3 mulher que bei"ei naquela livraria e ho"e em

meu escrit#rio n'o estava pensando em nenhuma norma de educaç'o. Estavasentindo, absorvendo os sentimentos como se fosse o(i2nio. Essa mulher bei"acomo se sup+e que uma mulher deve bei"ar um homem.

1 E voc2 bei"ou su7cientes mulheres para saber.

Ele inorou esse comentário.

1 Por que n'o $ honesta e di o que pensa e sente de verdade0 /ndeestá Emma0 / que aconteceu0 / que aconteceu com essa menina que ostavade brincar no barro e cantar, apesar de desa7nar0

4eu rosto desmoronou e escapou um soluço. )arr* sabia que estavafaendo mal, mas tinha que falar, "á n'o podia a=entar mais.

1 Eu mesmo direi o que aconteceu. Passou a vida presa e as7(iada porum monte de ente e pelas opini+es dos outros.

1 !uem $ voc2 para criticar minha fam&lia0 @'o os conheceu e n'o sabenada sobre eles8

1 4ei tudo o que preciso saber, como sei tamb$m que n'o conseuiram

faer desaparecer a aut2ntica Emma. Em ocasi+es, ela conseue escapar e sair; lu e quando fa isso, Deus, $ t'o preciosa que morro por possu&-la.

Ela abateu-se, incapa de briar.

1 Vai embora 1 disse 1 4aia, por favor.

1 Disse que eu era um hip#crita, Emma, mas $ voc2 quem mente.Aecorde a voc2 mesma. Dei(e de lado o que quer de verdade e se dedicasomente ao que sup+e que tem que faer. Baça caso omisso do que de verdadepensa e fa o que disseram que devia pensar.

1 : desonesta com seu pr#prio coraç'o, e essa $ a pior desonestidade

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E Então ele a Beijou

que e(iste. Maldiç'o8 Preocupa-se muito em ser uma dama, e n'o entendo porque n'o se permite simplesmente ser uma mulher.

4oltou os braços, mas antes que ela pudesse dar meia volta, tocou o rostocom a m'o, com a outra rodeou a cintura dela e a bei"ou.

Emma n'o devolveu o bei"o, mas 7cou im#vel entre os braços dele, semse opor, mas tamb$m sem responder. 3lo dentro dele se quebrou, "usto nocentro de seu coraç'o e sentiu que desmoronaria. 6ei"ou-a com mais força,impulsionado pela lu(ria, pela raiva e pela frustraç'o.

ma lárima desliou por seus dedos, queimando-o como fosse ácido.

1 Deus8

4eparou-se dela e tratou de controlar a indinaç'o que sentia. Passou

semanas pensando nela como se fosse um adolescente e para que0Para que ela o 7esse sentir como um mendio ou um animal0 >inha que

dei(ar de v2-la. 5á. Para sempre. Passou as m'os pelo cabelo, alisou a roupa etratou de falar com um tom civiliado, quando o que na realidade queria eraquebrar alo.

1 @'o voltarei a tocar em voc2 1 disse, apro(imando-se do sofá parapear a "aqueta 1 5amais. Voltaremos a levantar o muro da educaç'o entre n#se nos trataremos como se f9ssemos meros conhecidos 1 3ssim que disse isso,soube que era uma estupide.

Aespirou fundo.

1 Pensando melhor 1 falou1 acredito que se"a melhor n'o voltarmos anos ver. 3 partir de aora, nos comunicaremos somente por carta e atrav$s demensaeiros, como antes 1 Deu meia volta e caminhou para a sa&da 1 3ssim,sua preciosa virtude seuirá intacta 1 acrescentou sem olhar para ela 1 e eurecuperarei minha prud2ncia.

3briu a porta e n'o 7cou surpreso ao encontrar a 4enhora Morris do outrolado da porta.

Morta de veronha, a mulher se afastou para que ele pudesse passar.

)arr* fe uma inclinaç'o de cabeça e saiu dier nenhuma palavra,peruntando-se por que diabos importava a Emma o que pensasse aquela velhafofoqueira. De fato, havia muit&ssimas coisas que importavam para ela e que elen'o conseuia compreender.

4aiu do edif&cio e ao sair fechou a porta com tanta força que fe tremertodas as "anelas da casa.

3s mulheres virtuosas eram uma aut2ntica dor de dente.

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E Então ele a Beijou

Cap+tulo 1

$omportar-se sempre bem não sai 2 conta.

Senhorita "mma /J", %&'(

Estava começando a chover. De sua cadeira do escrit#rio, Emma olhouatrav$s do balc'o que dava para a sa&da de inc2ndio, e observou como a brisada tormenta balançava as cortinas. @'o faia id$ia de quanto tempo ele haviasa&do, mas era como se tivesse transcorrido toda uma vida. 4ua vida. O medidaque o rel#io ia demorando minutos e marcando as horas, as lembranças foramacontecendo, uma ap#s a outra, em sua mente.

Vestidos brancos, talheres de prata e a vo de sua m'e inventandodesculpas para acalmar seu pai, e(plicando por que o vestido dos dominosestava su"o de barro novamente. /f&cios reliiosos passados em sil2ncio, semcantar, para assim n'o ofender os ouvidos de Deus. !ue cortassem seucabelo.../ aroma de um livro queimado...Papai sentado na cabeceira da mesasem falar durante um m2s.

 >ocou a face, e sentiu como sua aranta se fechava e n'o podia nemrespirar. Por pura força de vontade, obriou-se a dei(ar de pensar em seu pai ea se concentrar em sua tia. sso a faia se sentir melhor. Aecuperou o f9leo. >ia

L*dia tinha sido capa de demonstrar afeto, e nunca 7cou vários dias sem falarcom ela. 4ua tia e isso ela sabia, sem dvida nenhuma, ostava dela. Mas

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E Então ele a Beijou

tamb$m recordava ter 7cado sentada com ela durante horas, com as costaseruidas e ouvindo serm+es sobre como usar luvas, sobre n'o poder correr nemse emocionar, e que teria que ser sempre amável e ainda valsar a mais demeio metro de dist?ncia.

Carfos em cima do prato. Lenços sem enomar. %avalheiros de instintosanimalescos. 3s pessoas n'o bei"avam a n'o ser que estivessem casados oucomprometidos. 3s palavras de )arr* ressuriram. Palavras que 7eram mal aela porque eram certas.

Joc5 não é a Senhora BartlebI. : sua tia !Idia. nde está "mmaL queaconteceu com elaL que aconteceu com essa menina que 1ostava de o1ar barro e cantar, embora desafnasseL

Ela sabia o que tinha passado. %om tal de receber amostras de carinho eaprovaç'o, perdeu-se a si mesma, pouco a pouco, em milhares de pequenos

pedaços que havia sacri7cado ao lono dos anos, at$ se converter em umamulher reprimida, apaada, apenas com vida.

E ent'o )arr* a bei"ou e tudo mudou.

@esse instante despertou, como se o 7esse depois de um lono inverno.3ssustada sim, mas tamb$m ansiosa e vital, uma vitalidade que se estendia acada poro do seu corpo, a cada c$lula de seu c$rebro e a cada curva de suaalma. E nessa noite "oou tudo a perder em troca de n'o perder a familiar evaia aprovaç'o de quem a rodeava. Bechou os olhos e respirou fundo,pensando em tudo o que fe em seu escrit#rio, e nas coisas t'o escandalosas

que ele disse que queria faer. 4# de pensar nisso, seu corpo esticava deveronha e e(citaç'o.

!eve-me para cima.

 >eria feito isso, que Deus a a"udasse. ma vida repleta de virtude teria seesfumado sob as er#ticas e il&citas promessas daquele homem, se ela n'osoubesse que a caseira estava escutando atrás da porta, com a esperança deouvir como a sobrinha de sua querida L*dia recebia uma ilustre proposta dematrim9nio.

De repente, Emma teve vontade de rir. !ue surpresa teria levado a4enhora Morris ao descobrir a verdade, que o Visconde estava propondo alomuito diferente, e que impress'o descobrir que a sobrinha da 4anta L*dia erana realidade uma mulher de carne e osso, uma hedonista que amou cada umadas palavras do Visconde. nclusive as que ele disse "á estando anado, poiseram brutais, honestas, e certas.

nde está "mmaL que aconteceu com elaL

ma mar$ de ressentimento a invadiu ao recordar todas as coisas queforam neadas ao lono de sua vida. Aessentimento pelas pessoas que havia

ostado e cu"a aprovaç'o ansiou desesperadamente. Aessentimento por elamesma por ter demorado tanto em descobrir que a vida era maravilhosa, e que

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E Então ele a Beijou

correr riscos era incr&vel, assim como era fascinante bei"ar um homem e que elea acariciasse. Aessentimento por ter perdido tantas coisas s# por medo.

3ora "á era muito tarde. Emma irou a cabeça e estudou o vaso complumas de peru real que enfeitava o escrit#rio, seu presente de aniversário de

consolaç'o. ma ve mais, havia esperado muito e cheara tarde. %omportar-sesempre bem n'o era muito bom.

Emma 7cou de p$ comum salto e aarrou a bolsa que estava em cima damesa, abriu-a e veri7cou se tinha dinheiro su7ciente para apanhar umacarruaem.

3paou a vela, mas quando fechou o balc'o, n'o trancou de prop#sito.4aiu pela porta principal, fechou atrás dela e colocou a chave na bolsa.3pro(imou-se da escada de inc2ndios sem que ninu$m a visse, cheou aobeco, e saiu sob a chuva. %om a pressa, esqueceu o capu, o uarda-chuva e

inclusive o chap$u, mas n'o era importante. @'o ia voltar por isso.

%orreu para a esquina, onde parou. Passou a m'o pelo rosto molhado eolhou para a rua escura e deserta. Era noite e n'o havia nenhuma carruaem ;vista. Perto do hotel )olborn sempre havia carruaens, ent'o, diriiu-se para aliacelerando o passo. Esquivando-se do tráfeo, percorreu cinco ruas sem parar,e estava quase sem f9leo quando parou ao lado do primeiro cabriol$ que viu.

1 @mero quatore de )anover 4quare 1 Disse ofeante ao cocheiro 1 Edarei uma coroa e(tra se chear ali em menos de meia hora.

4altou dentro e o ve&culo começou a andar. Emma brincou com os dedossobre seus "oelhos, moveu os p$s e trocou de postura mil vees ; medida quepassavam os minutos.

Era como se a carruaem n'o fosse chear nunca a Ma*fair, e tal comotemia, as dvidas começaram a assaltá-la. @em sequer sabia se )arr* estariaem casa. %ertamente teria ido ao seu clube. /u com aluma bailarina. / quepensariam dela os criados quando a vissem chear e peruntar por ele0 E o queaconteceria se ele tivesse mudado de opini'o0 E se estava cometendo o maiorerro de sua vida0

%olocou de um lado as dvidas e incerteas. Essa noite tinha intenç'o dese converter em uma mulher. Emma levou a m'o ao luar onde, seundo )arr*,estava seu instinto. @'o sentia que estivesse errada. @'o se sentia malvada.4entia-se...3trevida, selvaem. Pela primeira ve, era ela mesma. 4eu estomaoestava encolhido de nervos e medo. >odo seu corpo dese"ava estar com )arr*. /tra"eto parecia eterno. 3briu a "anela e colocou a cabeça para fora, piscando soba chuva que molhava o semblante. Estavam "á perto da Aeent 4treet. )anover4quare n'o estava lone.

Mas mesmo assim, teve a sensaç'o de que passaram muitas horas at$que a carruaem estacionou em frente ao nmero quatore. @'o comprovouquanto havia demorado, e deu ao condutor, meia coroa e(tra pelo mero feito deque ostava de fa2-lo. Em seuida saltou do ve&culo e correu para a casa,

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E Então ele a Beijou

reando para que, por uma ve em sua vida, n'o cheasse tarde. 3arrou otrinco e o sacudiu com força.

3lumas campainhas tilintaram dentro da casa, e momentos mais tardeum lacaio apareceu na entrada. Bicou at9nito olhando-a.

1 4im, 4enhorita0

1 Vim ver Lorde Marlowe 1 disse, entrando como se visitar Viscondefosse a coisa mais normal do mundo 1 4ua 4enhoria está em casa0

/ criado a olhou de cima abai(o com receio.

1 @'o...@'o estou seuro, 4enhorita. Vou peruntar. !ual e o nome dapessoa que veio visitá-lo0

1 Dia... 1 pensou um momento, peruntando-se qual seria o protocolopara essas situaç+es. Era #bvio que n'o podia utiliar seu nome, nem tampoucoseu pseud9nimo 1 Dia que 4chereade ostaria de v2-lo.

/ homem franiu o cenho como se pensasse que estava mal da cabeça,mas saiu e a dei(ou de p$ no vest&bulo.

)avia um espelho de corpo inteiro na parede oposta, colocado ali com oprop#sito de reetir a lu que entrava pelas "anelas, e Emma se apro(imou,rindo em tom bai(o.

Deus8 Parecia um desastre. @'o era para menos que o lacaio tivesseolhado para ela com receio. 3 saia havia rudado nos quadris, e sua camisaestava t'o empapada que aparecia a roupa interior. >inha o cabelo solto, e comcertea a correria para encontrar uma carruaem fe com que perdesse todosos rampos. @em sequer havia percebido.

3s mechas de seu cabelo estavam rudadas no rosto e o resto do cabeloca&a solto pelas costas. 5orrava áua por toda parte e estava dei(ando o ch'oalaado.

Esboçou um divertido sorriso. Era evidente que n'o estava muito bem

para seduir. !ualquer mulher com mais talento para o tema, teria se arrumadoantes de chear ali, e muito mais tendo em conta que o homem em quest'ohavia "urado n'o voltar a v2-la. Levou a m'o ao cabelo e tentou penteá-lo comos dedos, tratando de desenredá-lo, mas foi intil.

1 Emma0

3o ouvir sua vo, procurou seus olhos no espelho.  Eá não pode voltar atrás, pensou ela e "oou os ombros para trás antes de se voltar para a escadaque estava a direita.

)arr* estava de p$ no patamar, com uma m'o no corrim'o de ferrofor"ado, e s# ao v2-lo 7cou mais nervosa, n'o contava encontrá-lo meio nu. 4#

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E Então ele a Beijou

usava umas calças escuras e roup'o bord9. @em sequer vestia uma camisa, epodia ver perfeitamente o +J  de seu torso pelo decote da bata. 4eu coraç'obateu acelerado. Ele a olhou sem se alterar, seu precioso rosto n'odemonstrava nada do que sentia. @enhum sorriso, nem um comentárioenraçado.

1 3creditei que t&nhamos decidido a n'o nos ver mais.

1 @'o decidimos. Voc2 decidiu. Eu decidi... alo diferente 1 seurou aempapada saia e caminhou para ele 1 )arr*, tenho que falar com voc2.

Enquanto ela se apro(imava, ele percorreu o corpo dela com os olhos.

1 Deus santo8 Voc2 está molhada at$ os ossos.

1 >ive que percorrer cinco ruas para encontrar uma carruaem. Depois

que voc2 saiu, pensei no que disse. Em tudo o que disse.Ele virou o rosto e olhou a m'o, que abria e fechava em cima da marca

que havia no in&cio do corrim'o. Ent'o a olhou.

1 @'o deveria estar aqui, Emma. Meu valete, um lacaio e eu somos asnicas pessoas da casa. !uase todos est'o em Marlowe Par<, e o resto foi comminha fam&lia a >orqua*.

3ora que decidiu desprender-se de sua castidade, queria seuir adiante,mas n'o sabia muito bem como faer.

1 4im, sei, mas $ importante 1 /lhou para o lacaio que continuava aliperto 1 )á alum luar onde possamos falar em particular0

Ele passou a m'o pelo rosto.

1 Deus8 4eria muito pedir que as coisas fossem um pouco mais fáceis0 14uspirou, deu meia volta, e apontou para a esquerda 1 Vamos.

3companhou-a ao sal'o. !uando entraram, aarrou a campainha.

 1 Direi a Carret que acenda a lareira.

1 @'o, n'o. @'o precisa. @'o tenho frio. Estamos em aosto. 3l$m disso,depois de tudo o que me disse, como quer que tenha frio0 >enho a sensaç'o deque estou ardendo.

Ele olhou para ela durante aluns instantes, depois fechou a porta,recostou-se contra ela e cruou os braços sobre o peito.

1 Do que quer falar0 3creditei que esta tarde nos dois falamos tudo o quet&nhamos que falar. /u dei(amos alo para trás0

1 !uero contar uma hist#ria para voc2.

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E Então ele a Beijou

Ele se moveu inc9modo, sem ocultar a impaci2ncia. 3bai(ou os braços.

1 3pareceu aqui a estas horas e ainda com chuva, porque quer me contaruma hist#ria0

Ela assentiu e começou a rir.1 4im. : uma loucura, quer ouvir0

1 Emma...

1 >udo começou com um leque de plumas de pav'o. m leque enorme emuito e(travaante. Era muito caro e pouco prático, mas era precioso e e(#tico,e eu morria de vontade de t2-lo. Pensei nele durante dias, e fui ; lo"a um montede vees, mas nunca decidia a comprá-lo. %ustavam dois uin$us, )arr*. Dois8 E "á sabe como sou.

sso quase o fe sorrir. !uase.

1 Miserável.

1 Econ9mica.

1 : o que voc2 di.

1 !ue se"a8 / dia que me disse que iria publicar meu manuscrito era meuaniversário, e...

1 4eu aniversário0 @'o sabia. Deveria ter me dito.

1 5amais esperei que se lembrasse de alo assim. 4ei como $ para essascoisas. E, al$m disso, nenhum chefe sabe o aniversário de sua secretária. En7m,estava t'o anada com voc2 por n'o saber quem era a 4enhora 6artleb* eporque acreditava que n'o tinha lido meu livro, que decidi que pediria a conta,mas no caminho de casa me convenci de que n'o devia faer isso. Eu estouacostumada a faer essas coisas, falar comio mesma para me convencer deque n'o faça nada fr&volo, pouco prático ou pouco apropriado.

1 4im, a n'o ser que tenha perdido completamente a cabeça, esta tardeacredito que discutimos precisamente por isso.

Emma continuou sem faer caso.

1 Decidi que ia comprar esse leque como presente de aniversário, ent'ofui ; lo"a, mas quando cheuei ali, alu$m o estava comprando. Era uma arota "ovem, quase uma menina, que estava vivendo sua primeira temporada, e ocomprava para assistir a um baile. )avia esperado muito, entende0 >inhaperdido minha oportunidade. E ali, no meio daquela lo"a, toda minha vidapassou diante dos meus olhos, recordando-me de que sempre tomara asdecis+es mais sensatas, mais seuras, mais respeitáveis.

1 Esperei que o 4enhor Par<er se declarasse, esperei para comprar esse

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E Então ele a Beijou

leque, esperei que voc2 publicasse meus livros, quando meu instinto me disseuma e outra ve que voc2 continuaria recusando-os.

Deu um passo para ele, e depois outro.

1 / que quero dier 1 prosseuiu 1 $ que durante todos os anos memantive ; espera, nunca lutei pelo que queria de verdade, e sempre meconformei com menos. E enquanto isso, a vida seuia passando ao meu redorsem que eu cheasse nunca a tomar parte dela. Por isso dei(ei meu trabalho.

Deteve-se diante dele.

1 Ve"a, quando vi aquela arota sair da lo"a com meu leque de plumas,pensei que merecia bem o castio. 37nal, ela estava na primavera de sua vida,e a minha "á tinha passado. Dei(ei-a escapar. Permiti que muit&ssimas coisasmaravilhosas me escorressem entre os dedos porque tinha medo. E n'o quero

que isto que há entre n#s se"a uma delas. >ocou-o e seurou o rosto dele entre as m'os.

1 !uero recuperar o tempo perdido, )arr*. !uero minha primavera.

Ele levantou os braços, aarrou os punhos e afastou as m'os dela,seurando com força.

1 Vamos dei(ar as coisas claras. / que e(atamente está me diendo0

1 !uero faer amor com voc2. Bui bastante clara0

)arr* n'o 7cou alere. nclusive parecia que estava anado.

1 5á sabe que nunca voltarei a me casar.

1 @'o pedi que se casasse comio.

1 sso sini7ca que vamos ter uma aventura clandestina. Está certa deque isso $ o que quer0

Emma respirou profundamente e mandou ao traste trinta anos de boa

arota.

1 4im, )arr*. sso $ o que quero.

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E Então ele a Beijou

Cap+tulo 12

6uita 1ente me disse que não estou bem da cabeça. "m certas ocasi;esacredito que t5m raão.

!orde 6arlo7e

8uia para Solteiros, %&'(

)arr* pensou que estivesse 7cando louco. E parecia isso porque EmmaDove estava de p$ no meio de seu sal'o, insinuando-se. 3penas alumas horasantes, isso teria sido t'o provável quanto os porcos voassem ou que os liberaisanhassem as eleiç+es. >inha que ser uma alucinaç'o.

Mas n'o, Emma continuava ali, em frente a ele, tentadora e desarrumada,com o cabelo solto e a roupa molhada rudada ao seu corpo. )avia escutadocomo diia que queria ter uma aventura com ele. @a realidade n'o importava setudo aquilo era um sonho fruto da loucura. a levá-la para acima e despi-laantes de despertar.

1 Vamos, ent'o 1 disse, aarrando sua m'o.

Levou Emma at$ seu quarto. ma ve lá dentro, fechou a porta e dei(ou oaba"ur na mesinha de cabeceira, para em seuida abrir a aveta e tirar umpequeno ob"eto vermelho que uardava ali. Podia sentir o olhar de Emma emcima dele enquanto o dei(ava sobre o travesseiro. !uando deu meia volta viuque ela estava olhando aquilo com curiosidade.

1 / que $ isso0 1 peruntou.

 @'o era o momento para falar desse tipo de precauç+es.

1 Depois eu conto.

Ela assentiu, com a con7ança iluminando seu doce rosto cheio de sardas,e de repente, )arr* teve dvidas.

1 >em certea0 1 peruntou, amaldiçoando-se por ter desenvolvido umaconsci2ncia 1 @'o quer mudar de opini'o0 !uando tiver feito, n'o haverá comovoltar atrás, Emma.

1 4ei 1 3arrou as m'os dele 1 Lembra-se de todas essas coisas que medisse o que queria me faer0 1 !uando ele assentiu, continuou 1 Me alero,porque quero que faça todas elas, )arr*. >odas e cada uma delas.

Levantou as m'os dele e as colocou em cima de seus seios, e com esseesto, soube que estava perdido. 3briu as palmas, percorrendo sua forma por

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E Então ele a Beijou

cima das capas de tecido. / dese"o se estendeu por seu corpo como lavaardente.

3fastou o cabelo molhado dos ombros e começou a desabotoar a camisa,como havia imainado tantas vees, mas a realidade estava demonstrando ser

diferente do que con"urou sua imainaç'o e )arr* n'o pode evitar sorrir.

1 Do que está rindo0

1 Em todas as vees que me imainei faendo isto, "amais pensei queseus bot+es fossem t'o dif&ceis de desabotoar. Est'o ensopados. 3ora sim quevou comprar camisas com bot+es de madrep$rola para voc2.

Ela tamb$m riu, mas soou nervosa.

1 Posso tirar eu, se...

1 @em sonhe. Eu osto, e n'o permito que me impeça. Voc2 desabotoaos punhos.

Ela fe isso, e quando ambos terminaram, )arr* pode por 7m tirar acamisa dela. >irou o tecido que 7cava sob a cintura da saia e lançou a camisaao ch'o, depois se concentrou no primeiro bot'o do corselete, e começou denovo. !uando terminou e pode libertá-la do seundo ob"eto, soube que, emborativesse que desabotoar mil bot+es, valeria a pena.

 >inha os ombros cheios de sardas douradas que morria de vontade de

bei"ar. E, ; medida que abai(ava a vista, estas foram perdendo intensidade, at$que, ; altura do decote a pele era branca como a neve. %om dedos tr2mulospercorreu os ombros, as clav&culas, os braços. 4ua te(tura era como a seda.)arr* queria continuar tocando-a, mas o dese"o que sentia era t'o assustadorque ameaçava arrebatar o controle, e soube que teria que dei(ar toda essaternura para mais tarde. 3ntes tinha que se desfaer de toda a roupa.

Desabotoou os bot+es da saia, e a pesada e ensopada l' caiu ao ch'o,amontoada "unto aos tornoelos de Emma.

1 Vem aqui 1 disse e ela assim o fe, enquanto ele levantava as m'os

para alcançar o primeiro colchete do espartilho.3briu-os um a um, acompanhando cada esto com um bei"o no ombro. 3s

mechas da cabeleira de Emma faiam c#ceas no rosto enquanto inundava opescoço dela de bei"os. 4ob seus lábios, pode sentir como o pulso dela estavaacelerado.

S@ *altam al1uns bot;es  1 pensou aliviado quando tirou o espartilho e ela7cou s# com a combinaç'o 1 !o1o poderei tocar sua pele.

Emma, como "á vinha sendo costume ultimamente voltou a surpreend2-lo.

3fastou as m'os dele, detendo-o. Ele levantou a cabeça e a olhou.

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E Então ele a Beijou

1 @'o $ "usto 1 disse a arota 1 !uero dier... 1 4e deteve, franiu atesta, e afastou a vista 1 Eu n'o...0 1 Voltou a se deter.

)arr* tinha uma id$ia bastante clara do que ela ia peruntar, mas queriaouvi-la dier.

1 Voc2 n'o o que0 1 pressionou-a.

Ela tirou o cinto do roup'o que ele vestia.

1 Eu n'o posso despi-lo0 1 sussurrou.

1 !uer faer isso0

3ssentiu, com o olhar cravado em seu corpo.

1 4im. 4im, quero.

)arr* abriu os braços.

1 3diante. Esta noite faremos tudo o que voc2 queira 1 4orriu 1 Maistarde a ensinarei tudo o que eu quero.

Emma soltou o n# do cintur'o e depois seurou o roup'o pelas lapelas.Desliou a pesada seda pelos ombros de )arr* e dei(ou que ca&sse ao ch'o. Deuum passo para trás e observou o peito dele, mas passados uns seundos ele "án'o pode suportar mais.

1 >oque-me, Emma 1 suplicou com vo rouca 1 >oque-me.

Ela colocou as m'os sobre os peitorais.

1 5amais tinha visto o corpo de um homem 1 disse estendendo os dedos1 3l$m das estátuas, quero dier.

)arr* respirou fundo e "oou a cabeça para trás enquanto ela iniciava suae(pediç'o. Percorreu o torso com as m'os, subiu at$ os ombros e loo desceupelos braços refaendo o caminho. 3cariciou as costelas e se deteve noabd9men. 4em dei(ar de tocá-lo, inclinou-se para frente e bei"ou a clav&cula. Aiu

com suavidade e seu f9leo quente roçou a pele de )arr*.

1 : perfeito.

Ele sentiu que alo doce e quente oprimia seu peito, alo que n'o tinhanada a ver com o dese"o que dominava seu corpo. 3 inoc2ncia que se escondiana vo de Emma o afetou profundamente e o fe sentir como se fosse o Aei douniverso.

Ela 7cou nas pontas dos p$s e o bei"ou, seus lábios suaves e sensuaispressionaram os dele, e quando o roçou com a l&nua, como ele havia ensinado,

a car&cia o fe estremecer de praer. Devido ; ine(peri2ncia de Emma, )arr*tinha havia tomado a iniciativa nas outras vees que se bei"aram, mas aora era

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E Então ele a Beijou

ela quem marcava o ritmo, e a combinaç'o de inoc2ncia e seduç'o resultouincrivelmente er#tica. Muito er#tica.

!uando a viu desliar as m'os por debai(o da cintura de suas calças paracontinuar e(plorando, )arr* soube que deveria recuperar o controle. 4e

permitisse que ela seuisse adiante, tudo terminaria muito cedo. macopulaç'o rápida tinha seus atrativos, mas isso dei(aria para muito maisadiante. Essa noite sua intenç'o n'o era que acontecesse nada do 2nero. /que )arr* mais queria no mundo era que a primeira ve da Emma fossepreciosa, t'o preciosa como ele fosse capa de conseuir.

1 6asta 1 disse ele aarrando as m'os dela.

1 @'o disse que podia faer tudo o que quisesse 1 Ela 7cou t'ocontrariada que )arr* sentiu vontade de rir.

1 4im 1 4oltou as m'os e se aachou. 3"oelhado em frente a ela, levantou um p$ para tirar o sapato.

1 E voc2 queria que eu 7esse tudo o que ensinei recorda0 Pois ainda mefaltam umas quantas coisas. Para n'o mencionar todas as que eu n'o tivetempo de contar. Ent'o, n'o discuta.

Dei(ou o sapato de um lado e procedeu a faer o mesmo com o outro. Emseuida tirou as meias dela t'o devaar como havia prometido. Viu que ostavadas car&cias na parte posterior dos "oelhos, porque quando a tocou neste ponto,

ela estremeceu de praer.1 /h, )arr*. : incr&vel.

1 m destes dias 1 murmurou ele 1 Percorrerei suas pernas com bei"osat$ chear ;s nádeas, mas aora mesmo... 1 Be uma pausa e começou adesabotoar a ltima peça de roupa que restava 1 3ora mesmo tenho outrosplanos.

3inda de "oelhos, desabotoou os bot+es da combinaç'o da roupa &ntima eo desliou pelos ombros dela, dei(ando a descoberto seus seios nus. 3 moça

levantou os braços com intenç'o de se cobrir, mas ele n'o permitiu.1 Eu disse que ansiava ver os seus seios 1 Aecordou 1 Dei(e-me olhar

para eles.

1 4'o muito pequenos 1 sussurrou ela enquanto estendia os braços.

Eram lindos. >al como havia imainado.

1 Deus, Emma, s'o perfeitos. 4im s'o pequenos, mas tamb$m redondos,suaves, brancos e com estes incr&veis mamilos rosados... 1 4ua aranta 7cou

seca e n'o pode dier nada mais.

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E Então ele a Beijou

4oltou as m'os dela e tocou-os acariciando, desenhando-os com os dedos.6rincou com os mamilos percorrendo-os com os poleares uma e outra ve,capturando-os entre eles.

Emma começou a emer, e ele pode sentir os tremores que percorreram

seu corpo. nclinou-se para frente, acariciando um seio com uma m'o, enquantoabria os lábios para rodear o outro com a boca.

Ela ritou de praer e seus "oelhos 7caram frou(os. )arr* rodeou a cinturacom um braço para mant2-la em p$ e continuou saboreando-a.

1 Voc2 osta0

1 3h... 3h...

Ele riu, e com ternura mordeu o seio.

1 sso $ um sim0

Ela assentiu, tratando de articular alo que soou sem dvida como umaa7rmaç'o. 3fundou as m'os no cabelo dele, apro(imando sua cabeça como sequisesse que 7casse ainda mais pr#(imo do que estava.

/ braço de )arr* a seurou com mais força pelos quadris, e seuiulambendo-a, "usto do modo que havia dito que faria. /s dedos de Emma semoveram convulsivos entre os cabelos dele, e ela começou a emer. 3itada,ondulou-se entre os braços dele, movendo os quadris de um modo instintivo,

mas )arr* n'o a soltou, apertando-a contra seu corpo para mant2-la quieta,procurando aumentar assim a tens'o.

1 )arr* 1 suspirou ela 1 /h8

Ele acariciou o seio um pouco mais, e depois parou. >ornou-se para trás,desliando a combinaç'o at$ os tornoelos de Emma, que levantou um p$ paratirar a peça. )arr* colocou as m'os nos quadris dela e a empurrou comsuavidade para o leito.

1 4eure-se nos p$s da cama 1 pediu a ela.

%om dedos tr2mulos, apertou o ferro for"ado que estava atrás. Devaar,foi cobrindo o est9mao de bei"os ardentes at$ alcançar os cachos que cobriamo meio de suas pernas. 3 arota 7cou sem f9leo e, entre surpresa e assustada,apertou as co(as. @eou com a cabeça, mas )arr* n'o permitiu que neasseesse incr&vel praer a nenhum dos dois. 3pesar de Emmaline Dove ser a mulhercom mais sentimento de culpa que havia conhecido em sua vida, de que todo ocorpo dele estava ardendo de dese"o e de que sua ereç'o tremia pelo esforçoque estava faendo para se conter, n'o pularia essa parte.

1 Emma, tenho que faer isso. >enho que tocá-la.

1 )arr*, nem sequer eu me toco a&8 1 confessou ela, faendo-o sorrir

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E Então ele a Beijou

apesar da tens'o que estava suportando 1 6em, e(ceto quando tomo banho.@'o faça isso8

Estremeceu ao sentir que ele suspirava em cima de seus cachos.

1 Dei(e que eu faça. Eu quero faer isso Emma. @ecessito. Preciso tocá-lae bei"á-la aqui. Dei(e-me faer isso.

1 De acordo 1 consentiu ela em vo t'o bai(a que quase n'o a ouviu.

4eparou um pouco as pernas e ele desliou a m'o entre suas co(as.

 >udo havia valido a pena, embora s# fosse pelo praer de acariciá-la dessemodo. Era como tocar o c$u, e )arr* emeu de puro praer. Era t'o suave, t'osedosa, e sua ess2ncia o estava dei(ando louco. 3cariciou o se(o com osn#dulos dos dedos e todo o corpo da "ovem respondeu por instinto. !uando ele

roçou o clit#ris com a l&nua, emeu e(tasiada.4oltou os p$s da cama e cobriu a boca com as m'os para n'o ritar. Ele

voltou a colocar os braços dela onde estavam dei(ando presas suas m'os paraimpedir que as movesse.

@'o queria que ela escondesse o que estava sentindo. 4e s# podiaensinar uma coisa, seria que desfrutasse do praer sem que nenhuma dastolices que 7cou acostumada a dar valor.

1 Emma, Emma, 7que tranq=ila 1 sussurrou ele colocando seus lábios

sobre sua pbis 1 Limite-se a sentir, e dei(e que esta sensaç'o t'o maravilhosaa envolva.

6ei"ou-a e a lambeu, e depois de um ou dois seundos, ela suspirou e seacalmou um pouco. %omeçou a mover os quadris. )arr* interpretou esse estocomo um convite, e se disp9s a dar o praer que reclamava seu corpo demulher, depressa, cada ve mais depressa, at$ que toda ela tremeu e searqueou contra ele, at$ que a sentiu estremecer em pequenas sacudidas, e unsemidos inarticulados sa&ram de seus lábios. 3t$ que o lono e l?nuido rito de2(tase feminino a tivesse atravessado e ent'o ela caiu em cima dele.

)arr* se levantou e a peou pelos braços antes que ca&sse ao ch'o,enquanto Emma o abraçou com força, com a respiraç'o entrecortada esuspirando contra seu torso. Levou-a at$ a cama deitando-a em cima, e ent'ocomeçou a tirar os sapatos.

Ela 7cou olhando para ele, sem dier nada. @inu$m havia e(plicado nadaa respeito da relaç'o entre homens e mulheres, mas aora entendia os motivosde tal retic2ncia. %omo podia e(plicar aquilo0 @'o havia palavras paradescrever o que )arr* tinha feito. 3quela doçura que aumentava com cadacar&cia, passo a passo, seundo a seundo, at$ estalar e converter-se em fooem seu interior e saciar por 7m o dese"o que a consumia.

Mas pelo modo em que )arr* a olhava, sup9s que aquilo n'o havia

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E Então ele a Beijou

terminado, pois seus intensos olhos continuavam ardentes olhando para ela.

Viu-o desabotoar as calças, e, quando as tirou, Emma abai(ou a vista e7cou at9nita.

1 Deus santo 1 e(clamou e começou a entender, mais ou menos, o queaconteceria. 4entiu um pouco de p?nico 1 )arr*0

Ele dei(ou as calças de um lado, e o colch'o se afundou sob o peso delequando se deitou ao lado de Emma. 3briu a cai(a que havia dei(ado antes notravesseiro e tirou alo, em seuida "oou o pacote avermelhado ao ch'o e seposicionou em cima dela. Emma sentiu a durea do que antes s# tinha visto,notou que ele pressionava sua co(a, e sua boca 7cou seca tentando controlar osnervos.

1 )arr*0 1 disse de novo, ansiando que a tranq=iliasse.

Ele apoiou seu peso em um braço, suspenso em cima dela, e Emma sentiucomo desliava a outra m'o entre suas pernas. ma mecha do cabelo de )arr*caiu sobre a testa, e ela viu que tinha os lábios fortemente apertados. Eleestava bonito como um arcan"o, coisa que n'o a tranq=iliou muito. >ocou-a "ustamente, onde a esteve acariciando antes com a boca, o mais leve roçar paraabrir essa parte t'o &ntima, e e(ionou loo um pouco os braços para apro(imarseu corpo ao dela.

1 Emma, me escute.

4ua vo soava estranha e estranulada, sua respiraç'o estavaentrecortada, e ela 7cou ainda mais nervosa. Mas ent'o, com a m'o que estavalivre, acariciou o rosto e o p?nico retrocedeu.

Emma virou a cabeça e bei"ou a palma.

1 Vai doer um pouco, pequena 1 Enquanto diia começou a moverdevaar os quadris e a respiraç'o dele acelerou ainda mais 1 @'o há nenhummodo de evitar.

Enquanto ele se movia, ela podia sentir como aquela parte dura do corpo

masculino acariciava o meio de suas pernas, e voltou a sentir aquele delicioso eestranho praer. 3rqueou-se contra ele como minutos antes e o praer foi amais, intensi7cou-se. Cemeu.

1 Emma, n'o posso esperar 1 disse ele, apertando os dentes 1 @'oposso me controlar mais. @'o posso.

Moveu-se at$ apoiar todo o peso de seu corpo nos antebraços, enterrou orosto no pescoço da moça, e adiantou os quadris. ntroduiu seu se(o dentrodela.

Emma estremeceu embai(o dele, mas n'o de praer. m som profundo edesesperado saiu do mais fundo da aranta de )arr*, que virou a cabeça para

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E Então ele a Beijou

bei"á-la.

3 bei"ou com pai('o, de repente, voltou a empurrar para se afundarcompletamente em seu corpo. Embora a tivesse advertido, ela 7cou surpresa aosentir tal dor quando antes s# havia sentido praer. Critou contra os lábios dele

e o abraçou com todas suas forças, desconcertada e com o corpo paralisado.

E ent'o )arr* começou a bei"á-la, o cabelo, o pescoço, as faces, os lábios.Podia sentir seu quente f9leo contra a pele.

1 Emma, Emma, tudo sairá bem 1 disse, movendo-se, afundando-se emseu interior ao mesmo ritmo com que ela se arqueava contra ele 1 Eu prometoisso.

3 dor estava desvanecendo.

1 Estou bem, )arr* 1 sussurrou ela, movendo-se debai(o, tratando de seacostumar aquela estranha sensaç'o.

Ent'o ele acelerou o ritmo, suas investidas se 7eram mais profundas.Estava muito concentrado, com os olhos fechados e os lábios entreabertos.

Emma olhou seu rosto e sorriu, pois estava claro que ela estava dandotanto praer como ele a ela. Levantou os quadris para ele e )arr* emeu edesliou os braços sob suas costas para apro(imá-la mais e ela voltou a sorrir,ostava daquilo cada ve mais. 3 dor havia desaparecido, e s# restava umalieira ard2ncia, mas nada comparável ao de antes. Voltou a arquear-se,

compassando seus movimentos aos dele, como se estivessem dançando.3 respiraç'o de )arr* era irreular, soprava "unto a seu cabelo.

%om seu corpo a tinha presa contra o colch'o e ; medida que as fortes erápidas investidas dele se intensi7cavam, voltou a sentir como aquele praermaravilhoso que havia sentido antes voltava a nascer, devaar, cada ve maisintenso, mais demolidor, em seu interior. Ent'o, de repente, ele estremeceu eemeu e(tasiado.

Empurrou uma ltima ve e loo se deteve, cobrindo-a com todo seu

corpo, com o rosto afundado no pescoço dela.Emma acariciou os duros, mas suaves msculos das costas, e afastou as

sedosas mechas de cabelo de sua testa.

!uando )arr* bei"ou o cabelo e sussurrou seu nome, ela sentiu umaternura como nunca havia sentido por ninu$m em toda sua vida. Percebeu que "á era uma mulher sem reputaç'o, mas n'o sentiu nenhum remorso, nemtampouco veronha. 4# uma incr&vel e maravilhosa felicidade que se estendeupor todo seu ser e a fe abrir-se, iual uma or ao sol.

3quilo era o que estava procurando ao chear ali. 3quele sentimento devibrante belea e de vitalidade. 4im, aora era uma mulher sem reputaç'o.

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E Então ele a Beijou

Emma começou a rir. Era maravilhoso.

Cap+tulo 13

amor é al1o ine?plicável. Ma-nos ter vontade de rir sem motivo. "mminha opinião, isso não é mau.

Senhora BAT!"B#

Social 8aette, %&'(

1 Emma0

)arr* levantou a cabeça para ouvir o som da risada dela, que era a ltima

coisa que esperava.

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E Então ele a Beijou

O medida que as ltimas sacudidas do orasmo começavam a minuar, arealidade foi reaparecendo pouco a pouco. 3inda em cima dela, sentiu-se umpouco desconcertado. 3poiando-se em sua nica e(peri2ncia pr$via com umavirem, esperava prantos, recriminaç+es, ou, no m&nimo, remorso. 3 reaç'o t'ocontradit#ria da "ovem foi uma surpresa. 3poiou-se sobre os cotovelos, e

estudou seu rosto ruboriado e radiante.

1 Do que está rindo0

1 @'o sei. : que me sinto feli.

E parecia, ali sorridente, como se tivesse entreado o mundo em umabande"a de prata. ma maravilhosa sensaç'o de al&vio o inundou, "unto comuma assustadora satisfaç'o.

Emma voltou a rir.

1 Parece o pirata de uma opereta 1 disse elas 1 >em cara de terabordado um navio e ter conseuido um rande esp#lio.

1 !ue descriç'o t'o acertada 1 4orriu, aradado com a comparaç'o 1Eu adoro.

6ei"ou-a, e se afastou.

1 /h8 1 e(clamou Emma, e foi #bvio que a surpreendeu que ele sa&ssede seu corpo.

)arr* virou-se de costas e ela se sentou. Embora ele tenha tentado sedesfaer da camisinha com rapide, a "ovem viu o que estava faendo.

1 / que $ isso0 1 peruntou.

Ele ocultou a borracha enruada em sua m'o, convencido de que n'o erauma boa id$ia ver um preservativo usado, especialmente se este estavamanchado de seu sanue virinal. Mas compreendeu sua curiosidade e apalpoupelo ch'o at$ dar com a cai(inha de veludo vermelho. Entreou a cai(inha paraela.

Emma abriu a cai(inha, tirou um dos preservativos dobrados e 7couolhando.

1 Para que serve0

1 Para evitar ravide. %hama-se camisinha.

1 /h8 1 Ent'o entendeu 1 /hhhh8

Auboriada, voltou a uardar. Devolveu a cai(inha, abai(ou a cabeça, e,com o cenho franido, começou a desenhar com o dedo as dobras da colcha.

Ele dei(ou a cai(inha no ch'o.

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E Então ele a Beijou

1 4ua tia aluma ve contou como se faem os bebes0

!uando Emma neou com a cabeça, )arr* 7cou furioso.

1 Deus, por que as pessoas n'o e(plicam essas coisas para os 7lhos0 1

murmurou, e saltou na cama olhando para o teto.1 4eu pai sim contou isso a voc20 1 peruntou ela 1 /h, claro. 4uponho

que na sua lua de mel 1 acrescentou em seuida sem esperar sua resposta.

1 Em minha lua de mel0 Por Deus, n'o8 Meu pai me contou as coisasbásicas da vida quando eu tinha one anos. 4# o básico relacionado com osaspectos f&sicos, por desraça. >omara que me tivesse contado mais sobre asmulheres.

1 Minha tia n'o me disse nada de nada. %om certea acreditava que falar

deste tema n'o era apropriado. 4uponho que parece uma tolice para voc2.1 : pior que uma tolice. : perioso. 3 inor?ncia pode faer muito dano,

inclusive destruir as pessoas.

Pensou em %onsuelo, recordando seu medo, seu terror e sua repuls'o. Ele "amais esqueceria aquela noite. %omo poderia esquecer0 4ua esposa havia "oado em sua cara in7nidade de vees.

1 )arr*, o que aconteceu0

3fastou esses pensamentos de sua mente.

1 @ada. : que acredito que todos deveriam nos dier a verdade, em vede todas essas tolices sobre cabaças máicas ou ceonhas que v2m Deus sabeonde. 4e as pessoas estivessem bem informadas, economiar&amos muitosdesostos.

1 Estou de acordo com voc2.

Esse inesperado comentário fe com que ele 7tasse os olhos dela.

1 De verdade0

1 4im. Eu ostaria de acreditar que minha tia teria me contado isso antesde minha noite de lua de mel, se tivesse cheado a me casar 1 acrescentou emvo bai(a 1 Mas n'o estou seura de que o tivesse feito.

1 Eu tampouco. 3 m'e de minha esposa nunca contou. E isso foi motivode situaç+es muito desaradáveis entre n#s.

De repente, tirou as pernas da cama e 7cou de p$. 3travessou o quarto e

foi at$ o closet. 3li, envolveu a camisinha em uma parte de papel e atirou nocesto de papel, depois "oou áua na terrina da penteadeira e lavou as m'os.

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E Então ele a Beijou

3panhou uma toalha limpa, molhou, escorreu-a, e a levou com ele de volta aoquarto.

Emma ainda estava sentada na cama, rodeando os "oelhos com os braços./lhou-o se apro(imar. )arr* acariciou o quei(o.

1Deite-se 1 pediu 1 e estique as pernas.

Ela obedeceu, apoiando-se nos cotovelos. Ele separou as co(as dela comdoçura. @'o tinha muito sanue, s# poucas manchas em cada perna, mas obastante para recordar a manitude do que havia acontecido. )arr* as limpou,e enquanto o faia, n'o pode evitar peruntar.

1 Doeu0

1 m pouco.

1 4into muito 1 Parou um momento e a olhou 1 @'o voltarei a machucarvoc2, Emma 1 E ao perceber o ardor e a durea em sua vo tratou de temperá-la 1 4e aluma ve eu 7er mal, tem que me dier isso em seuida. @'o queriafaer mal a voc2 por nada do mundo.

1 %laro que n'o, )arr*.

3 convicç'o da moça cheou ; alma, especialmente tendo em conta queacabava de faer precisamente isso. nclinou-se e deu um bei"o no est9mao,depois levou a toalha de volta ao closet.

Enquanto se apro(imava do leito, Emma n'o dei(ou de olhar o se(o deleat$ que ele cheou a beirada da cama, e em seuida olhou os olhos dele.

1 >inha visto estátuas de homens nos museus 1 disse 1 lembro-me deuma em especial. >inha uma folha de 7ueira em seu... Em seu... 1 4einterrompeu e assinalou aquela parte da anatomia masculina.

1 P2nis 1 a"udou ele, revelando a ela a palavra adequada enquantodeitava ao lado dela.

1 4im, obriado. >inha uma folha de 7ueira a&, tal como disse, mas n'o atinham posto muito bem, porque de um lado pod&amos ver a parte do queescondia e, como eu era uma menina muito curiosa, peruntei para mimmesmo o que seria. Ent'o tratei de v2-lo melhor.

1 E0

1 Minha tia me peou com as m'os na massa 1 respondeu, recordando afrustraç'o que havia sentido nesse instante. 4acudiu a cabeça indinada e viucomo )arr* sorria 1 Ela tirou-me de lá sem que cheasse a ver bem.

/ sorriso dele 7cou mais amplo. %ruou as m'os por trás da cabeça edisseF

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E Então ele a Beijou

1 /lhe quanto queira.

Emma 7cou de "oelhos, "oou a cabeleira para trás e se sentou sobre oscalcanhares para estudar fascinada o corpo nu de )arr*. Moveu a cabeça de umlado a outro, como se seu p2nis fosse alum tipo de mist$rio que ela n'o

compreendesse.

Baendo um esforço por permanecer s$rio, ele disseF

1 @'o tem um mecanismo muito complicado, Emma.

Ela alonou a m'o, mas loo pensou melhor e a afastou.

1 3diante 1 a animou, e quando ela o tocou, o dese"o de )arr* sereavivou.

Bechou os olhos, deleitando-se com suas car&cias, naqueles dedos que oroçavam e e(ploravam com ternura. 4eu membro começou a se esticar e Emmaafastou a m'o imediatamente, mas ele voltou a aarrá-la e colocou seus dedosao redor da ereç'o, uiando-a, ensinando como tocá-lo 1 @'o pare.

3briu os olhos e observou como o rosto dela mudava de e(press'o ;medida que suas car&cias o e(citavam.

1 !uando vi essa estátua antes, "amais imainei... 1 3fastou a m'o e7cou fascinada olhando a ereç'o 1 5amais imainei que pudesse crescer at$este ponto.

)arr* riu com vontade.

1 E tamb$m sabe saudar 1 disse.

%om o "oelho, a "ovem deu um carinhoso olpe no quadril.

1 sso n'o $ verdade8 1 Mas mordeu o lábio inferior e o olhou inseuranos olhos 1 @'o0

Ele voltou a rir sem poder evitar. Emma era a mais doce pessoa que tinhavisto em toda sua vida. 3arrou outra camisinha do pacote que estava no ch'o,e 7cou de lado, tombando-se tamb$m com ela, posicionando suas costas contraseu torso. %om a camisinha ainda na m'o, desliou o p2nis entre suas co(assem chear a penetrá-la e começou a mover os quadris, balançando-se parafrente e para trás, perto do se(o feminino, preparando-a para voltar a faeramor. 6ei"ou a orelha e acariciou os seios com a m'o que estava livre. !uandodesliou a m'o por seu umbio at$ suas co(as, 3 respiraç'o de Emma "á estavaentrecortada e sua feminilidade deliciosamente mida.

)arr* estendeu essa umidade por todo seu se(o, desenhando lentosc&rculos com os dedos, at$ que as car&cias 7caram mais atrevidas e ent'o,

colocou a camisinha com a outra m'o.

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E Então ele a Beijou

Por trás, desliou a ponta do p2nis dentro dela, e depois afastou-se umpouco. Aepetiu o movimento várias vees, enquanto seuia acariciando-a pelafrente, atormentando a ambos, at$ que Emma 7cou t'o e(citada que seusquadris se moviam desesperadamente em busca do cl&ma(. Estava "á muitoperto.

Ent'o, )arr* a penetrou por completo e empurrou com toda a alma. 3omesmo tempo, tocou-lhe o clit#ris, e a moça estalou de praer imediatamente,ritando seu nome, e envolvendo-o estreitamente com todo seu ser, faendoque ele tivesse o maior orasmo de toda sua vida.

Depois, )arr* sentiu como a letaria começava a se apoderar dele edese"ou com todas suas forças poder 7car assim dormindo, dentro dela. Masn'o podia, pois n'o restava muito tempo. Moveu-se e afastou-se devaar.6ei"ando a face, disseF

1 Emma, temos que nos levantar. >enho que levá-la para casa antes queamanheça.

Ela assentiu e enquanto ele se levantava, fe o mesmo. Vestiram-se emsil2ncio, mas )arr* sabia que, antes de se despedir, tinham muito do que falar.Ele esteve preparado antes, e enquanto Emma terminava, foi a procura de seuvalete.

%ummins, que possu&a rande e(peri2ncia al$m de tato e discriç'o,respeitou a intimidade de seu patr'o durante toda a noite, e n'o tinha dormidoem seu quarto, situado ao lado do closet de )arr*, mas sim estava descansando

em uma das salas que os serviçais tinham no piso inferior. )arr* o despertou epediu que procurasse uma carruaem. !uando retornou ao quarto, Emma "áestava arrumada e sentada na beirada da cama. Levantou-se ao v2-lo.

1 5á está na hora0

1 !uase.

3arrou um impermeável do closet.

1 3inda está chovendo 1 disse, entreando para ela o escorreadio

ob"eto.

1 Vamos sair em sua carruaem0

1 Meu valete está procurando uma de aluuel. 3credito que se"a melhor.@'o quero que ninu$m ve"a meu bras'o.

1 3 estas horas $ pouco provável. 4'o tr2s da madruada.

1 @'o quero correr o risco. / que de verdade me preocupa $ como vamosfaer para que entre em seu apartamento sem que ninu$m se inteire.

1 @'o tem problema...

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E Então ele a Beijou

1 3 porta principal está fechada, n'o0

1 4im. 3 4enhora Morris sempre fecha as one, por fora e por dentro, an'o ser que alum de seus inquilinos dia a ela que deverá retornar tarde doteatro ou alo parecido. @esse caso, dei(a a porta sem correr o ferrolho e uma

criada espera acordada at$ que essa pessoa cheue. Mas...

1 4uponho que n'o voc2 n'o vá dier nada. nventou aluma desculpapara dier a ela que chearia tarde0

1 @'o, )arr* mas...

1 6em, pois temos que encontrar aluma desculpa que "usti7que quetenha 7cado fora at$ t'o tarde. Os arotas solteiras talve se"a permitidopassear com um cavalheiro ;s tr2s da tarde, mas duvido que essa norma seaplique tamb$m ;s tr2s da madruada.

1 )á alum tempo que tento dier que n'o tem por que se preocupar.Escute, dei(ei aberta uma "anela do meu quarto. 3 do balc'o 1 esclareceuenquanto ele continuava olhando para ela sem entender nada 1 Essa "anela dápara a escada de inc2ndios. /ra 1 acrescentou, sacudindo a cabeça sem dei(arde olhá-lo 1 $ uma sorte que ao menos um dos dois tenha o su7ciente bomsenso para pensar nestas coisas, caso contrário n'o ter&amos um raveproblema.

/lhou a capa de chuva e começou a desdobrá-la.

1 3credito que vai ser muito bom isto de ter uma aventura, n'o acha0 1concluiu.

)arr* tomou conta de tudo.

3luou uma pequena casa de campo para os dois em Went, um povoadoque estava a s# duas horas de Londres de trem, e onde Emma asseurou quen'o conhecia ninu$m. Para manter lone as intrias, )arr* disse aoshabitantes que eram o 4enhor e a 4enhora illiams, um matrim9nio muitoreservado.

Eles 7cariam ali cada se(ta-feira e retornariam as seundas-feiras,e(plicou a Emma durante sua ltima reuni'o em seu escrit#rio, sussurrandoesta informaç'o para que seu secretário n'o pudesse ouvir nada atrav$s daporta aberta. Boi contando os detalhes entre comentários sobre as correç+esdos futuros artios. Via"ariam para lá em trens separados e partiriam do mesmomodo. Ele se ocuparia que na casa tivesse de tudo e contrataria alu$m paraque limpasse durante a semana, enquanto eles estavam em Londres. Enquantoestivessem ali, na moradia n'o haveria nenhum criado, pois deduiu que a4enhora 6artleb*, que escrevia t'o maravilhosas receitas, saberia coinhar. E,se n'o, ele podia faer torradas com quei"o na lareira.

!uando )arr* conseuiu ter tudo oraniado, duas semanas "á haviampassado. @o transcurso destas, Emma descobriu alo maravilhoso, o praer da

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E Então ele a Beijou

antecipaç'o. @o momento em que o trem parou no pequeno povoado de %ric<et4omersb*, estava t'o nervosa e e(citada que quase n'o podia se conter. Eleestava esperando por ela na plataforma, e sorriu, assim que a viu, e ela sentiuum salto no coraç'o. !ueria correr para os braços dele, mas nem sequer ali,lone de todo mundo, podiam dar r$dea solta aos seus sentimentos. )arr*

seurou a mala dela, caminharam "untos para uma carruaem que os estavaesperando. Deu a baaem ao condutor e a"udou Emma a entrar.

!uando "á estavam sentados, o condutor subiu ; boleia e empreenderama marcha. 3 casa era uma pequena construç'o de pedra de dois pisos, com oteto de palha, áuas furtadas e uma enorme porta de cor vermelha. Estavarodeada de árvores e muito perto havia uma clareira. )avia um pequeno "ardimna parte de trás, disse )arr* enquanto a acompanhava para dentro, e estavacompletamente mobiliada.

Emma parou no pequeno vest&bulo, mas s# deu tempo de ver que a sua

direita estava a sala de "antar antes de ouvir como sua mala ca&a no ch'o comum olpe surdo. Deu meia volta e viu que )arr* fechava a porta. 4ua cara dedeterminaç'o fe que sua respiraç'o 7casse acelerada. !uando ele a peouentre os braços, "oou a cabeça dela para trás e a bei"ou, Emma levou uma m'oao chap$u e reou para que houvesse uma cama bem perto.

)avia sim, uma cama enorme, com um antio dossel de madeira. /colch'o era alto e fofo, e estava "unto com lenç#is rec$m-lavados e muitostravesseiros. 3 4enhora 6artleb*, disse Emma para )arr*, adoraria aquele leito,mas n'o acrescentou com malicia, o que fariam com ele.

)arr* preferia n'o falar do tema da 4enhora 6artleb*, e Emma tampouco.Depois da conversa que a 4enhora Morris havia escutado ;s escondidas naqueledia, sabia que ela n'o era a secretária da 4enhora 6artleb*, e sim a muitofamosa autora em pessoa. 4ua caseira sabia tamb$m que )arr* n'o haviaproposto matrim9nio ; sobrinha de sua querida amia L*dia. E, embora fosse#bvio que a mulher estava encantada com a fama de sua inquilina, e disposto amanter o seredo, Emma sabia deste modo que n'o acreditava absolutamente,que esse 7m de semana tivesse ido documentar um artio. Por sorte, a 4enhoraMorris n'o peruntou nada nem passou nenhum serm'o, e ela fe um esforçopara inorar a e(press'o de desaprovaç'o e preocupaç'o que via no rosto da

mulher cada ve que se cruavam pelo corredor.Mas Emma n'o se arrependia da decis'o que havia tomado, e n'o havia

tempo para preocupar-se. !uando estava com )arr*, sentia-se muito felidesfrutando do que faiam, e quando estavam separados, recordava-se dele.

Durante as quatro semanas seuintes, todos os momentos que passoucom ele naquela casinha de campo estavam repletos de descobrimentosfascinantes e de aventuras maravilhosas. 3dorava ver como se barbeava. Elen'o conseuia compreender que n'o se aborrecesse ao v2-lo repetir esse ritualmatutino t'o cotidiano.

1 : que $ t'o...@'o sei, t'o masculino 1 Ela e(plicou, obtendo

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E Então ele a Beijou

aralhadas como recompensa.

1 Eu assim espero 1 respondeu )arr* s$rio, quando dei(ou de rir 1 4ealum dia 7er alo feminino, mate-me, por favor.

1 Balo s$rio.1 Eu tamb$m 1 replicou ele, dei(ando a navalha de lado para apanhar a

toalha.

1 Ver como se barbeia $...

Be uma pausa, e apoiou-se contra a parede que havia ao lado dolavat#rio, observando como ele tirava a espuma do rosto. Percorreu o torso nucom o olhar, contemplou os poderosos msculos de seus braços e ombrostratando de lembrar a palavra adequada.

 1 E(citante 1 disse por 7m 1 E(cita-me.

1 De verdade0

Ele 7cou quieto e levantou o olhar para o espelho e atrav$s deste, olhá-lanos olhos, com aqueles olhos ardentes, de um aul t'o sensual que estavam7cando t'o familiares. Emma adorava esse olhar. !uase sempre faiam amorquando terminava de se barbear.

)arr* a ensinou a pescar, e isso a encantou. Costava de 7car descalça nomeio do arroio, com a saia at$ os "oelhos, e ver recompensada sua paci2ncia aopescar o que mais tarde se tornaria no "antar deles. /lhava suas pernas nuas naáua, e diia que pescar se havia convertido em seu seundo passatempofavorito. Ela sabia de sobra qual era o primeiro.

)arr* contou coisas que ninu$m contou antes, como por e(emplo, porque sanrava cada m2s e como funcionavam e se chamavam certas partes docorpo, tanto do corpo dela como do dele. 3prendeu a cuspir, um costume domais desaradável e a faer um n# de lenço como Deus manda e tamb$m aacariciar a pele que havia na ponta do p2nis faendo com que ele 7cassecompletamente louco.

)arr* a introduiu em um mundo de praer que nunca imainou sonhar,ensinou como era maravilhoso faer amor ao ar livre, e a noite, sobre a rama,que rom?ntico podia ser se a penteasse, quanto &ntimo era ter as escovas dedente "untos no mesmo copo, que incr&vel era coinhar ovos com bacon, nessapequena coinha um "unto ao outro, e o aradável e rela(ante que era deitar-se "untos na rede para dormir uma sesta no meio da tarde.

/s quentes dias de aosto foram passando. 5untos deram lonos passeiose e(ploraram a campina, onde freq=entemente viam um casal com a mesmaafeiç'o. Deviam ter uns setenta anos e sempre que Emma e )arr* cruavam

com eles, estavam seurando a m'o um do outro como se fossem "ovensapai(onados. Ele a levou ao rio. Emma n'o sabia nadar, mas apesar de sua

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E Então ele a Beijou

quei(a aluou um bote e disse que n'o tivesse medo, pois a áua apenaschearia ao pescoço e asseurou que alum dia a ensinaria a nadar. Elarespondeu que isso n'o aconteceria "amais, e discutiram sobre o tema.

)arr* levava muito a s$rio as opini+es de Emma, e estavam acostumados

a discutir apai(onadamente sobre muitas coisas. %omo por e(emplo, pol&tica,normas de conduta, a import?ncia da instituiç'o do matrim9nio na 4ociedade,ou se 6la<e era melhor poeta que >enn*son. Ele a faia rir no m&nimo doevees ao dia, e ela descobriu que tamb$m era capa de fa2-lo rir,especialmente quando n'o esperava. Mas n'o importava.

Costava do som da risada de )arr*. Ele a ensinou a "oar p9quer e Emmadescobriu uma coisa mais sobre si mesma t'o escandalosa quanto asanteriores, ostava de apostar.

Mas quando disse para )arr* que "amais seria capa de apostar dinheiro

de verdade, anhou outro comentário a respeito do miserável que era. Elesdecidiram utiliar f#sforos em ve de moedas, um f#sforo equivalia a um uin$u,e Emma 7cou satisfeita com isso, pois o que de verdade ostava era decompetir com ele. E, se por acaso isso fosse pouco, teve a sorte de principiante.

1 Biquei sem banca 1 disse ele quando ela subiu a aposta outros def#sforos.

1 4into muito 1 respondeu, sorriu do outro e(tremo da mesa e semdissimular que na realidade n'o lamentava absolutamente ter 7cado com todosos f#sforos dele 1 >emo que tenha que abandonar o "oo.

1 @'o necessariamente 1 disse ele, e fe uma pausa 1 )á outras coisascom as que apostar, al$m de dinheiro.

3lo em sua vo fe com que um calafrio a percorresse inteira. Desviou oolhar por volta dos quatro reis que seurava entre os dedos, e depois olhou paraele com 7nida inoc2ncia.

1 >em alo que possa me interessar0

1 m monte de coisas. 3 quest'o $, o que $ que voc2 mais ostaria que

eu desse0

4eu coraç'o bateu acelerado de emoç'o, mas n'o demonstrou. Em vedisso, tratou de parecer indiferente.

1 Ve"amos. Aecordo-me que me disse que um dia voc2 me bei"aria aspernas at$ chear ;s nádeas.

1 : verdade. : isso o que quer0

1 Muito mais que isso, )arr*. !uero que me bei"e todo o corpo 1 sorriu 1

Durante uma hora.

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E Então ele a Beijou

1 ma hora0 1 emeu ele 1 5amais serei capa de a=entar tanto semfaer amor.

1 ma hora. >odo o corpo. E s# bei"os.

1 E dei(ará que tamb$m a toque0Ela inclinou a cabeça, 7nindo pensar.

1 4im, dei(arei que me toque. Mas nada mais, e tem que durar uma hora.

1 De acordo, de acordo, se insistir... 1 mostrou suas cartas.

Emma desfrutou durante uma hora inteira dos bei"os e das car&cias maismaravilhosas do mundo, e embora )arr* n'o tenha dei(ado de balbuciar queaquelas preliminares t'o lonas era uma tortura insuportável para qualquer

homem, a partir desse dia nunca mais "oaram com f#sforos./ melhor de tudo foi que, durante aquele primeiro m2s daquela aventura,

Emma aprendeu alo muito importante, admitiu o que de verdade queria e alutar para conseuir.

Cap+tulo ,0

9ltimamente tenho me a*eiçoado muito ao campo.

!orde 6arlo7e8uia para Solteiros, %&'(

@o 7m de semana seuinte, )arr* ensinou 7nalmente Emma a nadar.Embora tenha custado muit&ssimo convenc2-la. 3 princ&pio tratou de persuadi-ladiendo que era alo que todo mundo deveria aprender, embora s# fosse pormotivo de seurança. Mas que se preocupasse com seu bem estar n'o pareceuimpressioná-la muito.

1 : muito carinhoso de sua parte, )arr* 1 disse movendo-se na rede

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E Então ele a Beijou

para poder apoiar a face em seu ombro 1 mas n'o $ necessário, n'o penso meapro(imar nunca a nenhum luar com bastante áua para me cobrir a cabeça.

Ele n'o estava disposto a se dar por vencido.

1 sto n'o $ pr#prio de voc2 que adora aprender coisas novas. 3l$mdisso, $ uma mulher muito sensata e se near a aprender a nadar $ umainsensate.

1 4ensata 1 Levantou a cabeça e fe uma careta 1 !ue palavra t'ohorr&vel.

1 @'o $ horr&vel 1 6ei"ou o nari 1 Eu osto que minha Emma se"asensata.

Ela neou com a cabeça, e ele a olhou intriado.

1 !ual $ o verdadeiro motivo de tanta retic2ncia0 Dia-me. 4erá que n'ocon7a em mim0

1 : claro que con7o em voc2. : que... 1 4uspirou e(asperada e )arr*continuou olhando para ela, esperando uma resposta.

1 De acordo, se está t'o interessado direi isso. : que n'o me sentiriac9moda, tirando a roupa em plena lu do dia e fora da casa.

1 Pois vista alo, uma combinaç'o ou qualquer outra coisa.

1 !uando eu estiver molhada será como se estivesse nua.

1 4im.

Ele a olhou como o vil'o de novela.

1 4im... 1 repetiu.

1 )arr*. Estou falando s$rio.

4oube que diia a verdade e dei(ou de brincar.

1 Voc2 tem tanta veronha0

1 4empre fui t&mida. Aecatada, quero dier. 5á sabe.

1 Deus, Emma, n'o vai me dier que continua sentindo veronhacomio0 Eu "á vi voc2 nua ; lu do sol e dio que cada dia eu dou raças a Deuspor isso. %ada dia.

1 @'o me importa que voc2 me ve"a, mas poderia alu$m mais ver. Ent'omorreria de veronha.

1 E por isso n'o quer aprender a nadar0 1 !uando ela assentiu, ele riu e

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E Então ele a Beijou

a bei"ou 1 %arinho, por que n'o me disse isso antes0 Eu a ensinarei a noite 1Voltou a bei"á-la 1 @ua. !ue rande id$ia8 @'o entendo porque n'o me ocorreuisso antes.

@essa noite, )arr* fe realidade seu dese"o e Emma recebeu sua primeira

aula de nataç'o.

E enquanto estava utuando na áua, com a lu da lua iluminando seucorpo nu, seus lábios esboçaram um sorriso de felicidade tal e olhou para )arr*com tanta con7ança, que este aradeceu ao destino que ninu$m tivesseensinado a nadar ; 4enhorita Emma Dove.

1 /s c'es s'o melhores.1 @'o $ verdade 1 Emma peou uma amora do cesto que descansava

entre eles sobre o toalha e a comeu.

1 4im s'o 1 )arr* procurou o p'o na cesta de lanche e cortou uma parte1 /s c'es s'o leais e carinhosos.

1 E os atos tamb$m.

Ele fe uma careta de despreo e untou fatias com manteia para os dois.

1 4enhor Pardal sempre foi muito carinhoso com voc2 1 Emma recordou1 %omo pode dier que n'o $ leal0 4empre me tra pássaros.

1 Pássaros mortos.

1 : uma amostra de lealdade felina.

1 Emma, e(pulsa bolas de cabelo pela boca. : asqueroso. %omo podequerer um animal que cospe cabelo0

1 %omo pode querer um animal que baba0 1 contra atacou ela, e deuuma dentada no p'o com manteia 1 3credito que na pr#(ima ve trarei o4enhor Pardal para que o conheça melhor.

1 @em pensar.

1 Ele adora voc2, n'o se lembra0

1 %arinho, eu adoraria dier que o sentimento $ mtuo, mas n'o $ assim.@'o tenho nada contra 4enhor Pardal, mas odeio atos.

Emma n'o respondeu, pois alo ao lone havia chamado a atenç'o.

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E Então ele a Beijou

1 3& est'o outra ve 1 murmurou, assinalando o casal de anci+es, osmesmos que viam cada 7m de semana. De m'os dadas, estavam cruando apradaria, a uns cinq=enta metros de dist?ncia 1 4empre est'o aarrados.

1 3h, sim0 1 )arr* tirou o quei"o e o pote de mostarda da cesta 1 @'o

reparei.

1 : muito rom?ntico 1 Emma fe uma pausa, aturdida pelo que acabavade pensar 1 Voc2 e eu caminhamos muito tempo, )arr* e nunca voc2 seurouminha m'o.

1 3h, n'o0 1 disse ele sem prestar atenç'o.

 1 Muito brit?nico de nossa parte.

/ comentário o desaradou. Emma sabia, mas n'o entendia o motivo.

Decidiu insistir mais no tema, peruntar por que nunca tinha dado a m'o, masalo no rosto dele a fe desistir, ent'o 7cou calada, terminou o p'o, aarrououtra amora e deitou de costas para olhar o c$u.

1 %onsuelo e eu $ramos acostumados a caminhar de m'os dadas. Era onico esto remotamente rom?ntico que nos permitia faer.

Emma 7cou quieta, com a amora a meio caminho de seus lábios. Era aseunda ve em todos os anos que conhecia )arr* que este mencionava onome de sua esposa anterior. %omeu a amora, esperando que continuasse, masquando viu que, passados uns seundos, n'o o faia, foi ela quem falou.

1 !ue estranho 1 disse, tratando de faer a vo soar a mais neutraposs&vel. Deitou-se sobre o est9mao 1 /s americanos a7rmam ser maisrela(ados que n#s.

1 / pai de %onsuelo era meio cubano. E tamb$m muito severo, criado ;moda antia, como sua m'e 1 )arr* começou a cortar porç+es pequenas dequei"o sem olhar para ela 1 @unca nos permitiram estar a s#s. >odas as nossasconversas foram diante de outras pessoas, a n'o ser que estiv$ssemosdançando. >udo foi muito respeitável, muito apropriado. 3 nica ve que pudefalar com ela sem testemunhas, antes de nosso comprometimento foi quando a

pedi que se casasse comio. E estou seuro que, inclusive ent'o, a m'e delaestava colada na porta, espiando pela fechadura.

Emma detectou o despreo que escondiam essas palavras, e n'o soube oque dier.

1 ma ve comprometidos 1 continuou 1 pod&amos nos dar a m'o ecaminhar uns metros adiantados dos outros se quer&amos falar a s#s. Masquanto &ntimas podem ser as conversas, quando se está rodeado de ente quepode escutar tudo o que está diendo0 E no que corresponde a coisas t'osimples como bei"os, isso "á era completamente imposs&vel 1 Ele calou-se

aluns seundos e a olhou 1 3 primeira ve que pude bei"ar %onsuelo, foi nodia de nosso casamento.

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E Então ele a Beijou

Aiu sem vontade.

1 @'o estranho que nosso matrim9nio estivesse condenado de antem'o.Eu estava completamente apai(onado por uma mulher, por uma menina, quen'o sabia nada e que n'o tive oportunidade de conhecer. 4e tivesse essa

oportunidade, talve percebesse a verdade. Mas ent'o era muito "ovem e muitoestpido. >inha a sensaç'o de que alo estava errado, mas tinha vinte e doisanos, e me encontrava em um pa&s estraneiro. @'o queria ofender a fam&liadela. E tampouco a"udava muito que todos os dias, nos perseuisse a imprensaamericana. 4euiam-nos em todos os luares, quase todos acreditavam que mecasava com ela por dinheiro e que ela o faia para conseuir um t&tulo nobiliário.E tinham ra'o.

Dei(ou de cortar. / quei"o estava destroçado. /lhou para Emma.

1 %onsuelo nunca me amou. Era uma menina de deessete anos a quem

obriaram, pressionaram, ameaçaram, chame como voc2 mais ostar, at$ queela aceitou se casar comio. 3credito que Estravados quis que me convertesseem seu enro desde que me conheceu. Eu n'o sabia que %onsuelo estavaapai(onada por outro, de um homem que sua fam&lia considerava inapropriadopara ela.

Emma assentiu.

1 4im, o 4enhor Autherford Mills. 4ei.

1 Ela tentou fuir com ele sem sucesso, por isso nos viiavam tanto.

Pensavam que ia tentar escapar outra ve. @essa $poca, eu n'o era muitomelhor que Mills, mas ao Estravados ca&a bem. E o que era mais importante,tinha um t&tulo nobiliário, propriedades, e amios importantes que podiam serteis para faer ne#cios na nlaterra. Para ele, eu era a melhor opç'o queMills, que n'o tinha nada a oferecer.

)arr* serviu-se de um copo de vinho e o bebeu de uma ve s#.

1 Ent'o, depois de um namoro muito curto e muito plane"ado, umnoivado ainda mais curto, e um casamento rel?mpao, o 4enhor Estravadospossu&a um enro brit?nico, Visconde nada menos, conseuiu se introduir nas

mais altas esferas sociais e evitou que sua 7lha fuisse com um pretendente depouca ascens'o social. E 7caram todos contentes. >odos, com e(ceç'o de%onsuelo, que passou os quatro anos seuintes se sentindo enormementedesraçada e culpando a si mesma do acontecido, isso quando dei(ava de meculpar, claro. >entei fa2-la feli. Deus sabe como tentei...

De repente calou-se e 7cou em p$.

3fastou-se um pouco, apoiou o ombro em uma árvore e dei(ou vaar oolhar pelo prado, de per7l para Emma.

1 Mas n'o se pode obriar a ninu$m a ser feli. @em que se apai(one. Ea frustraç'o começa a faer dano e ressentimento. E a dor de descobrir que o

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E Então ele a Beijou

que voc2 sente n'o $ rec&proco, o fa sentir-se como um canalha por quererfaer amor com sua pr#pria esposa, ao perceber que mentiram 1 Voltou o rostoe a olhou 1 %onsuelo e eu passamos quatro anos faendo nossa vidaimposs&vel. Ela se comportava como uma criança, e passava o dia me culpandode tudo. Eu decidi evitá-la, inorá-la e a ironia se converteu em minha aliada.

%heamos a um ponto em que nem sequer pod&amos falar de um modociviliado. Ela fechava com chave a porta de seu dormit#rio e para dier averdade, eu loo dei(ei de ter vontade de tentar abri-la. Boi um verdadeiroinferno.

1 Entendo 1 Murmurou Emma, compreendendo a solid'o que ele sentiu,apanhado em um matrim9nio como aquele.

3 solid'o era alo que ela entendia muito bem, e doeu o coraç'o aopensar que )arr* tamb$m teve que suportá-la.

1 @'o sabia que ela tinha começado a se corresponder em seredo comMills. Ela escreveu milhares de cartas contando que estava vivendo infeli nanlaterra comio, dando-lhe a certea de que sempre o amou e suplicando quefosse resatá-la 1 Be uma pausa 1 4uplicar era a tática preferida de %onsuelo. >amb$m suplicou que me divorciasse dela. Mas eu me neuei.

Ela assentiu.

 1 Por suas irm's.

1 nclusive aora, de anos depois que solicitei o div#rcio, elas continuam

sendo e(clu&das. Minhas irm's, minha m'e, inclusive minha av# sofreram odespreo da 4ociedade, e isso fe muito mal a elas 1 Desa7ou-a com o olhar 1Entende por que n'o posso suportar as normas de etiqueta0 !ue s'o estpidase inteis0

Ela neou com a cabeça.

1 : totalmente compreens&vel.

)arr* encolheu os ombros, e sua fria se desvaneceu t'o rápido comohavia aparecido.

1 En7m, como est'o acostumados a dier, $ hist#ria. %onsuelo fuiu comMills para a 3m$rica, e fe isso de forma t'o pblica quanto foi poss&vel, medando arumentos de sobra para me divorciar dela aleando adult$rio edemandando tamb$m a Mills. Estravados a deserdou e os dois abandonaram opa&s. 3 ltima coisa que soube deles foi que estavam na 3rentina.

1 E por que dem9nios ela n'o contou a verdade antes que se casassem01 peruntou Emma desconcertada 1 %om certea ela poderia ter feito isso.Por que mentiu e disse que o queria se n'o era verdade0

1 : #bvio que n'o conhece os pais dela. Estravados era um homemterr&vel, assim como a esposa dele. %onsuelo n'o era uma rival dina deles.

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E Então ele a Beijou

1 Ela caiu sob a press'o e se resinou a faer o que esperavam dela,para ent'o n'o decepcionar sua fam&lia.

)arr* olhou Emma nos olhos e Emma viu neles alo que a feriu, quearranhou a alma.

1 %onsuelo s# queria ser uma boa arota, anhar a aprovaç'o de suafam&lia. Mentiu para mim, e mentiu para si mesma.

Ela 7cou sem f9leo.

Doeu muito que a equiparasse com sua esposa, especialmenterecordando que em muitas ocasi+es ela tamb$m mentiu para si mesma.Levantou-se, cheou perto dele e rodeou a cintura com os braços.

1 Eu nunca menti para voc2, )arr*, e nunca farei isso 1 disse 1 E nunca

mais voltarei a mentir a mim mesma, nem sequer para ser uma boa arota.1 Promete-me isso0

1 Prometo-lhe isso.

1 4ou horr&vel nisso 1 advertiu )arr* aarrando a faca de trinchar e oarfo 1 5á disse que sempre destroço o frano 1 acrescentou, olhando a ave nasua frente.

Emma posicionou-se ao lado dele na mesa e apontou onde devia cortar aco(a.

1 4e inclinar a faca assim 1 indicou, faendo o esto com a m'o 1poderá seccionar a carne e evitar o osso.

)arr* seuiu as instruç+es.

1 V20 1 disse ela ao ver como a faca desliava com suavidade 1 : fácil.3 nica coisa que precisa saber $ onde cortar.

1 >alve esta parte n'o tenha 7cado t'o mal, mas o que faço com asasas0 1 4orriu 1 37nal, $ a nica parte que voc2 pode comer.

1 @o que se refere ao frano, cheuei ; conclus'o de que voc2 temra'o.

1 De verdade0

1 4im. %omer s# as asinhas $ uma soberana tolice. 3l$m disso, eu ostomais da carne escura.

1 3s co(as, Emma 1 disse ele, rindo-se 1 : incapa de falar isso, n'o0

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E Então ele a Beijou

1 3s co(as 1 repetiu ela, rindo com ele 1 Eu osto das co(as.

1 Muito bem 1 Voltou a concentrar-se no que estava faendo.

1 Entretanto, eu pre7ro o peito.

Baia pouco mais de um m2s que eram amantes, e ela nem sempre sabiaquando ele estava brincando, mas o que sabia era quando estava seinsinuando. / tom de vo de )arr* 7cava mais sedutor e provocador.3pro(imou-se, roçando o braço dele com o peito com toda a intenç'o.

1 Ent'o acredita que os peitos t2m a carne mais saborosa0 1 peruntoucom vo insinuante.

1 Muito bem, Emma Dove 1 murmurou ele, dei(ando a faca e o arfo aum lado 1 está tentando me seduir0

!uando a olhou com aquele olhar t'o especial, o corpo de Emma começoua arder.

1 4im 1 Levantou as m'os e começou a brincar com os bot+es da camisadele 1 Vamos faer amor.

1 E(celente id$ia 1 6ei"ou-a 1 Depois n#s vamos poder comer.

Ela olhou a comida que estava sobre a mesa, e depois olhou para ele,surpresa pelo que acabava de ocorrer.

1 Por que n'o faemos as duas coisas de uma ve0

)arr* riu com sensualidade, uma risada rouca e profunda.

1 Emma, Emma, que atrevida voc2 se tornou.

1 E tudo por sua culpa 1 Peou uma uva da cesta de fruta e a colocouentre os lábios dele 1 Boi voc2 quem disse que a comida era um praer muitoterrestre.

1 : verdade 1 Mordeu a uva e a enoliu.

Ela começou a desabotoar a camisa, mas diante de sua surpresa, )arr* adeteve.

Ela olhou ao seu redor. Estavam na coinha.

1 @'o quer levar a comida para o quarto0

1 Muito complicado. E tampouco quero ter que subir correndo apanhar acamisinha. Dani7caria a maia do momento. 3l$m disso, quando começamos anos bei"ar, sempre perco a cabeça e talve me esqueça.

ma estranha sensaç'o a invadiu ao ouvir essas palavras, e n'o soube

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E Então ele a Beijou

e(plicar por que. >omar precauç+es era a coisa mais sensata, caso n'o 7essemisso, as conseq=2ncias podiam ser muito raves.4ubiu ao quarto e peou acai(inha vermelha, tratando de afastar aquela estranha sensaç'o de sua mente.!uando retornou ; coinha, viu que )arr* vestia s# as calças e que estavacolocando diferentes tipos de comida em uma bande"a.

/bservou-o cortar pequenos pedaços de p'o, um prato com partes defrano e quei"os e uma seleç'o de uvas, p2sseos cortados e ainda doispequenos potes, um de mostarda e um de mel.

1 Mel0 1 peruntou ela com reservas.

1 Mel, Emma 1 4orriu com malicia e tirou a colher que havia no pote.

 3mbos olharam como ca&a o mel, num lono 7o dourado sob a lu doentardecer.

1 )arr* 1 suspirou, entendendo o que pretendia.

Estava t'o surpresa, t'o e(citada, que mal podia respirar. Lambeu oslábios.

1 @'o pretenderá...0

1 : melhor voc2 começar a tirar a roupa 1 aconselhou ele enquantorepetia o esto.

Ela estava como hipnotiada olhando a m'o dele quando de repente aalaou a lu(ria, uma lu(ria quente e doce, iual ao mel que escorreavadaquela colher.

1 Mas o mel...vai me dei(ar pea"osa 1 ob"etou, mas ao mesmo tempocomeçou a desabotoar a blusa.

)arr* riu.

1 Essa $ a intenç'o, meu carinho, que 7que pea"osa. Por isso $ melhorvoc2 tirar a roupa antes de começar.

4# faltava tirar a combinaç'o quando percebeu que ele n'o parecia terintenç'o de tirar as calças. %ontinuava brincando com o mel e com o olharcravado nela.

1 E voc2 n'o tem que se despir0 1 peruntou enquanto afrou(ava as7tas da roupa intima.

1 4e um homem n'o tira totalmente as roupas ele pode a=entar mais, eeu quero que este "antar se"a muito lono. Pretendo tirar minha roupa maistarde.

1 /h, n'o, nem pensar 1 3tirou a combinaç'o ao ch'o, "untamente como resto de sua roupa, e tirou a colher das m'os dele 1>ire as calças, )arr* 1

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E Então ele a Beijou

ordenou 1 3ora.

1 Está 7cando muito mandona, n'o0

1 4im 1 riu, e pensou que era verdade.

4urpresa de si mesma por ser capa de estar nua no meio de uma coinhacom seu amante. Emma imainou um monte de coisas para faer com aquelepote de mel e aquela bande"a de comida.

1 Eu osto de dar ordens.

1 6em, aora sim que estou perdido 1 respondeu ele, desabotoandocalças 1 5á descobriu que pode faer comio o que quiser e "amais voltarei aser como era antes.

1 Depressa 1 3poiou o quadril na mesa e levou a colher aos lábios 1Estou com fome.

Lambeu o mel da colher com um atrevimento e sensualidade que nuncaantes havia mostrado ao faer amor, e que pareceu surpreender a ele tantocomo a ela, pois viu como as pupilas de )arr* 7caram dilatadas. Limpou acolher com a l&nua.

Ele emeu e as calças ca&ram de sua cintura.

1 !ueria que desfrutasse de um "antar de cinco arfos, mas aora seráimposs&vel.

1 3 nica coisa que me interessa $ a sobremesa. 5á sabe que sou muitoulosa.

Dei(ou a colher e aarrou a bande"a que havia na mesa.

@us, a"oelharam-se no ch'o de madeira. Emma depositou a comida pertodeles, sem saber muito bem o que faer a seuir. Ele ensinou. Peou um pedaçode p'o, afundou-o no mel e o apro(imou aos lábios dela. Emma mordeu. Ent'o,recordou o que )arr* fe aquele dia no 3u %hocolat, lambeu o mel de seusdedos.

1 / que aconteceu com a minha recatada e t&mida Emmaline0 1peruntou, afastando os dedos para apanhar uma parte de p2sseo, quetamb$m empapou de mel.

1 Eu "á disse. %om voc2 n'o me sinto t&mida. 5á n'o.

3pro(imou a fruta aos lábios, e os percorreu com o mel.

1 E o que sente0

1 6onita.

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E Então ele a Beijou

a morder o p2sseo, mas ele o afastou e a bei"ou, suando o lábio inferiorcomo se fosse um doce. Ela apoiou as palmas em seu peito musculoso,saboreando a sensaç'o daqueles duros msculos pulsando sob suas m'os.3dorava a força que o corpo dele desprendia.

Ele voltou a se afastar.

1 Deite-se.

!uando Emma se deitou, )arr* a seuiu, inclinando-se. Muito devaar foidesliando o pedaço de fruta pelo pescoço de Emma, e ; medida que a lu(riase estendia por dentro de seu corpo, iual ao que o mel faia por fora, a peledela começou a queimar. Estremeceu ao sentir que o ch'o de madeira em suascostas intensi7cava o erotismo.

1 Lembra-se do dia em que acompanhei voc2 ao mercado de %ovent

Carden0 1peruntou ele 1 @'o pare 1 respondeu ela com os olhos fechados.

1 Estávamos em frente a uma banca de frutas, e voc2 disse que adoravap2sseos. 3madurecidos, doces, suculentos 1 3cariciou um seio com a fruta, eela 7cou sem f9leo 1 %omentou que eu tinha uma e(press'o muito estranha.Lembra-se disso, Emma0

1 4im 1 Ela ofeou quando ele começou a passar seu mel em seumamilo 1 4im, lembro-me.

1 Estava imainando isto.

4urpresa, ela abriu os olhos e 7(ou o rosto dele.

1 Estava pensando em faer isto0 %omio0

Ele assentiu e colocou nos lábios o pedaço de p2sseo, depois peououtro, afundou-o no mel, e desliou a fruta pelo outro seio.

Emma ostava da te(tura do mel, acariciava sua pele de um modoincrivelmente er#tico. Estremeceu de novo, o dese"o era cada ve mais intensoe mais ardente. !uando ele soltou a fruta e se abai(ou para com2-la em cimade seu seio, ela arqueou as costas, desesperada para conseuir um de seusapai(onados bei"os.

1 )arr* 1 emeu 1 /h, Deus, isto $ t'o atrevido.

Ele riu e comeu a fruta e ao terminar, levantou a cabeça. Pensava emapro(imar-se de novo ; bande"a, mas ela seurou seu pulso.

1 @'o, n'o. 5á disse, tenho muita fome.

Emma procurou sentar e colocou a m'o no ombro de )arr* para faer comque ele se deitasse. Em seuida peou a bande"a.

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E Então ele a Beijou

1 Voc2 osta mais de salado, n'o0 1 disse ao pear uma parte dequei"o.

Passou-o pela mostarda e o deu para que o comesse, depois fe o mesmocom um pouco de frano. !uando cheou a ve do p2sseo, o embebeu de mel

e seurando-o entre os dentes, inclinou-se para frente e tamb$m o ofereceu.

1 )umm 1 murmurou ele, mordendo a fruta com cuidado e 7cando coma metade 1 Voc2 fa isso 7car muito bom.

Ela enoliu o pedaço de p2sseo e 7niu n'o estar convencida.

1 @'o sei )arr*. 3credito que preciso continuar praticando.

Peou outra parte de p2sseo, afundou-o no mel e, imitando o que elehavia feito antes, percorreu todo o peito dele com a fruta. )arr* pronunciou o

nome dela entre emidos e Emma sorriu. Bicava encantada como soava seunome quando ele diia desse modo. Dei(ou o p2sseo em cima de seu peito e odevorou ali mesmo, rodeando o p2nis com os dedos ao mesmo tempo.3cariciou-o do modo que ele havia ensinado. 3 respiraç'o de )arr* começou a7car acelerada e mais profunda. Emma soube ent'o, que o resto da comidateria que esperar.

%om a m'o que estava livre, acariciou o test&culo com suavidade. Elelevantou os quadris, e afundou os dedos em sua cabeleira.

1 Leve para me dentro de voc2.

Ela estava adorando a sensaç'o de dar praer, saboreando-a ao má(imo en'o queria dei(ar de faer isso. Percorreu a parte inferior do p2nis com opolear.

1 Mas eu continuo faminta.

1 Pois está me matando 1 emeu )arr*, abrindo e fechando a m'o queseurava o cabelo dela 1 Matando.

@unca se sentiu t'o atrevida, nem t'o seura de si mesma como naquele

instante.1 De verdade quer estar dentro de mim0

1 Deus, sim. Vamos, por favor, vamos.

Ela n'o deu atenç'o, mas sim continuou acariciando-o, aumentandoassim sua pr#pria e(citaç'o.

1 Emma, Por Deus santo...

!uando se quer alo 1 murmurou ela, deleitando-se com seu poder 1 $de boa educaç'o dier, por favor.

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E Então ele a Beijou

1 Por favor 1 respondeu imediatamente 1 Maldiç'o, por favor.

Ela riu. %olocou-se escarranchada em cima dele, e desliou o p2nis paraseu interior, saboreando por 7m a durea e o calor que desprendia aquelaereç'o. %om a cabeça para trás, começou a mover-se. 4eu cabelo estava solto e

a cabeleira balançou ao redor dele. Movia-se devaar, com movimentos lentos,torturando-o.

Mas ela n'o era a nica capa de recorrer a essas táticas. 4entiu que am'o de )arr* desliava at$ seu umbio e a tocava no luar mais doce de todoseu corpo. Emma emeu de praer.

1 Voc2 osta0 1 peruntou acariciando o clit#ris dela com o polear umae outra ve1 Voc2 osta0

1 4im 1 suspirou tremendo 1 4im.

E com cada uma dessas car&cias, seu praer foi aumentando e começou amover-se mais rápido.

1 @unca tive um "antar t'o curto 1 balbuciou ele, levantando os quadrispara a"ustar o ritmo ao dela e sem dei(ar de acariciá-la com o polear.

ncapa de falar, desesperada, s# pode assentir.

Moveu os quadris ainda com mais rapide e )arr* fe o mesmo at$ queambos alcançaram o cl&ma(. Ela desmoronou antes, ritando o nome dele de

uma ve que a envolvia um praer que ia al$m das palavras. )arr* a seuiu ecom uma ltima e decidida investida, alcançou o cl&ma(.

Emma desabou sobre o corpo de )arr* com um emido de purasatisfaç'o. 4entiu que ele bei"ava seu cabelo e sorriu. Ele sempre faia isso aoterminar.

Permaneceram ali tombados durante vários minutos, com ele ainda dentrodela, que estava com o rosto apoiado em seu ombro. Costava daquelesmomentos quase tanto como de faer amor. Os vees inclusive mais, peladoçura que continham, e por aquele alo indescrit&vel e precioso que levavam

intr&nseco. 3lo fua. >remeu de repente, como se a brisa outonal tivessepenetrado no quarto.

)arr* a rodeou com os braços.

1 >em frio0 1 peruntou esfreando as costas dela com as m'os eafastando o cabelo.

1 @'o 1 sentou-se. 3inda estava escarranchada em seu peito, ent'oacariciou o rosto dele e ele sorriu.

1 Voc2 estava com ra'o.

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E Então ele a Beijou

6ei"ou a palma.

1 De que seria um "antar rápido0

1 @isso tamb$m, mas me referia a outra coisa.

nclinou-se para frente, e os seus cabelos cobriram os dois.

6ei"ou-o, deleitando-se com o sabor dos p2sseos com mel que aindapermanecia nos lábios dele.

1 4ou uma hedonista.

Cap+tulo ,1

santo matrim3nio...: um honorável vFnculo, criado Dor /eus.../estinadoa ser bento por flhos...9m remédio contra o pecado, para evitar a*ornicação...Dara o bem da Sociedade, e para que cada um de seus membroscuide do bem estar um do outro...

$elebração do matrim3nio

!ivro das preces, %R&'

/s calorosos dias de aosto deram luar aos de setembro muito maisfrios. Emma e )arr* estabeleceram uma esp$cie de rotina. %ada quarta-feira a

noite eles se reuniam para comentar os artios e as se(tas-feiras na parte datarde via"avam de Londres para %ric<et 4omersb* retornando dali as seundas-

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E Então ele a Beijou

feiras pela manh'. / frenesi e a euforia do primeiro m2s se converteram emalo muito mais pausado e confortável, alo que, para Emma, era maisprofundo e enriquecedor.

Durante a semana, quando estava soinha em seu apartamento, nem o

ronronar de seu querido ato podia encher o vaio de n'o ter )arr* dormindo aoseu lado. De fato, seu apartamento "á n'o parecia seu lar. Era um luardesconhecido. 4eu lar era aora a casa de campo.

 >entava evitar ; 4enhora Morris por todos os meios, pois cada ve que avia, tinha a sensaç'o de que a mulher sabia tudo o que estava faendo. 3 seufavor, Emma tinha que reconhecer que a mulher nunca peruntava nada, masera cada ve mais dif&cil manter aquela relaç'o em seredo. 3s coisas pioraram,quando uma tarde, em meados de setembro ela foi visitar a lo"a dos n<berr*.Boi ali com a intenç'o de procurar alum livro que desse alumas id$ias sobrecasamentos, pois "ulava que teria que reunir-se com Lad* Eversleih em

menos de quine dias e ainda n'o havia ocorrido nada. / 4enhor n<berr*briou pelo fato dela n'o t2-los visitado durante tanto tempo, e insistiu para quetomasse chá com eles.

1 !uerida, 5osephine 7caria furiosa comio se permitisse que fosseembora sem v2-la 1 disse ele, enquanto colocava o p9ster na cristaleira.

3ssim Emma foi sentar-se no sal'o dos n<berr*, assim como tinha feitoem outras ocasi+es, mas desta ve tudo foi diferente. Ela estava diferente.

1 Espero que este"a contente com sua nova vida, Emma, querida.

3ssustou-se ao ouvir essas palavras. nclinou a cabeça e quando viu a4enhora n<berr*, ruboriou-se.

1 @ova vida0

1 >rabalhar para a 4enhora 6artleb* 1 Be uma pausa e olhoudiretamente nos olhos dela 1 : muito melhor que trabalhar para essedivorciado e crápula do Visconde Marlowe.

Emma olhou para a anci', e recordou que havia apresentado )arr* ao

4enhor n<berr*. %om certea este havia dito a sua esposa o nome de seuacompanhante. Devido aos falat#rios sobre Lorde Marlowe, mais sua reputaç'oe que a tinha bei"ado em um luar pblico, n'o estranhava que a 4enhoran<berr* a olhasse desse modo. 4e soubesse quantos bei"os mais ela anhoudele depois...

/ rubor 7cou mais forte, mas lutou para manter a compostura.

1 4im, eu osto muito de minha nova vida. Deus8 Ba muito calor, sendoainda setembro, n'o parece0

4ua nova vida era uma mentira. Várias, para ser e(ata. @'o s# era umamulher solteira que estava tendo uma aventura, mas tamb$m n'o era a

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E Então ele a Beijou

secretária da 4enhora 6artleb*, e continuava trabalhando para o ViscondeMarlowe.

ma horr&vel e repentina melancolia se apoderou dela, e ali, sentada nosal'o do 4enhor e da 4enhora n<berr*, bebendo chá e esquivando-se de

peruntas, Emma percebeu que n'o tinha a ninu$m com quem falar de comoestava vivendo. Enanar n'o era s# muito complicado, mas tamb$m muitosolitário.

%omo todas as se(tas-feiras, )arr* a estava esperando na plataforma de%ric<et 4omersb*. Ele estava acostumado a chear antes, pois sempreapanhava o trem anterior para que ninu$m os visse "untos na estaç'o Vit#ria.4eurou a mala e, "ustamente quando se diriiam para a carruaem, uma vomasculina chamou )arr*.

1 Marlowe, que rata surpresa8

3mbos pararam e Emma viu de relance um homem loiro, mais ou menosda idade de )arr*, apro(imando-se deles para saudá-los.

1 Espere aqui 1 disse ele em vo bai(a, e dei(ando a mala no ch'oapro(imou-se do outro homem 1 eston alero-me por v2-lo. !ue diabos estáfaendo neste povoado0 3caba de descer do trem0

Emma observou pela e(tremidade do olho, e n'o passou despercebidoque )arr* mantinha o tal eston afastado, sem dvida para evitar ter queapresentar-lhe. >amb$m viu que o homem em quest'o a estudava com

dissimulaç'o. Deu-lhe as costas e 7niu estar fascinada com a paisaem,tentando n'o imainar sobre o que estariam falando. >eve a sensaç'o de que)arr* demorava uma eternidade para retornar.

1 Vamos0 1 peruntou ele, peando de novo a mala.

Emma n'o se virou para veri7car se homem continuava olhando para ela,mas sem se alterar, caminhou em direç'o ; carruaem.

1 !uem era esse homem0

1 / 6ar'o eston. %onhecemo-nos em )arrow 1 Deu a mala aococheiro, a"udou Emma a entrar, e a seuir sentou-se ao lado dela.

1 4'o bons amios0 1 peruntou e quando ele assentiu, abai(ou o tomde vo para que o condutor n'o pudesse ouvi-la 1 / su7ciente para saber quen'o sou sua irm' ou uma prima0

1 4im 1Levantou a vista para ter certea de que o cocheiro "á estava naboleia 1 pode seuir 1 indicou.

1 Peruntou quem sou0

1 @'o, Emma 1 3o ver o olhar c$tico da moça, prosseuiu com a

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E Então ele a Beijou

e(plicaç'o 1 @'o me peruntou nada sobre voc2. /s homens t2m uma esp$ciede c#dio de honra para estas situaç+es.

1 @'o perunte o que n'o queira saber0

1 3lo do tipo.sso por 7m ; conversa, mas Emma sabia que tipo de mulher o 6ar'o

eston tinha acreditado que ela fosse, e n'o ostava nada daquilo.

Durante todo o 7nal de semana, n'o pode evitar pensar no 6ar'o eston,na 4enhora Morris, nos n<berr* e na crua e solitária realidade que envolvia todaaquela aventura amorosa il&cita. E 7cou deprimida.

1 Esta noite está muito calada 1 disse ele enquanto esfreavam ospratos do "antar 1 Bicou preocupada com eston0

1 @'o 1 Aespondeu, passando um prato limpo.

1 Emma, ele n'o a conhece 1 tranq=iliou )arr* enquanto secava 1 @'osabe como se chama, nem nada sobre voc2. 4# está aqui porque um de seuscavalos participa do Derb* de Went Bield. @'o veio para faer vida social.%ertamente n'o voltaremos a v2-lo.

1 %om certea acredita que sou uma bailarina de boate ou uma atri, ouainda uma mulher de má reputaç'o.

1 6em, se isso for o que pensa, equivoca-se por completo, n'o0 Minhaacompanhante $ uma mulher muito inteliente 1 )arr* dei(ou de um lado opano de prato e 7cou atrás dela para poder rodear a cintura com os braços 1eston n'o fará nada que possa dani7car sua reputaç'o. >al como disse, n'osabe quem $. E caso soubesse, tamb$m disse que os homens s'o discretos comestes assuntos. !ue import?ncia tem o que ele pensa0

1 mporta-me, )arr*. Eu n'o sou como voc2, sabe0 @'o posso inorar aopini'o dos demais do mesmo modo que voc2.

Dei(ou de esfrear pratos e levantou a vista, e ao olhar a paisaem quevia pela "anela n'o pode evitar pensar no limitado que se tornou o horionte desua vida. mainou o futuro e doeu quando comprovou que a nica coisa quepodia chear a ter com )arr* eram aqueles 7ns de semana clandestinos nocampo.

Pensou no casal de anci+es que sempre passeavam de m'os dadas esoube que "amais teria isso com ele. Eles n'o envelheceriam "untos. >ampoucoteriam 7lhos. / coraç'o parou de repente, e ela compreendeu que alum diaaquela aventura terminaria e ent'o a nica coisa que restaria seriam

lembranças.

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E Então ele a Beijou

)arr* a estreitou com mais força.

1 @'o tem sentido que se preocupe pelo que pense eston 1 disse ele,bei"ando a fronte 1 e nada podemos faer para evitar.

Doderia se casar comi1o.Loo que pensou isso, tentou apaar essa id$ia de sua mente. 4empre

soube que )arr* n'o se casaria novamente, nem com ela nem com nenhumaoutra mulher. !uando embarcou nessa aventura o fe com toda a certea edurante os dois meses que estavam "untos, "amais se arrependeu. Era feli.

Muito feli, repetiu para a si mesma com convicç'o.

4ecou as m'os, colocou-as em cima das m'os dele em sua cintura e viroupara trás, recostando-se naquele torso t'o tranq=iliador. Mais feli pelo que

havia sido em toda sua vida, pensou. E isso era o mais triste de tudo./ humor de Emma n'o melhorou no dia seuinte. Ela "amais foi muito

falante, mas naquele 7m de semana ela estava especialmente calada, e )arr*sabia que continuava preocupada com o que aconteceu na tarde anterior. Elen'o trocaria nem um cabelo dela, nem sequer uma sarda, mas ;s veesdese"aria que dei(asse de se preocupar tanto pelo que pensavam outros.

Levantou os olhos dos contratos que estava lendo e olhou para Emmasentada na cama ao lado dele, e percebeu que embora ela tivesse suaprancheta no colo e uma pluma na m'o, n'o estava escrevendo nada, mas simtinha o olhar perdido no in7nito. nclinou-se e viu que alumas otas de tintamanchavam a páina em branco.

1 Ve"o que está inspirada.

1 )umm0 / que0

1 4ua lista de id$ias para o casamento de Diana. @'o lembra o que iafaer esta noite0 Escrever suas id$ias para o casamento de Diana comAathbourne0

1 4im.

Voltou a olhar.

1 3h8 1 e(clamou assentindo, tratando de animá-la 1 Ent'o osmanuscritos em branco s'o o que se leva este ano0

Ela riu.

1 Deus santo8 @'o escrevi nada.

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E Então ele a Beijou

1 5á percebi. / que está acontecendo, Emma0 %ontinua preocupada comeston0

@eou com a cabeça.

1 @'o, estava pensando nesse casal.1 !ue casal0

1 Voc2 "á sabe, esses dois velhinhos que sempre notamos quando vamospassear.

1 )o"e n'o os vimos. / que a fe pensar neles0

1 / casamento de sua irm'. Estava sentada aqui, esperando que meocorresse aluma id$ia brilhante, e comecei a me peruntar se dentro de uns

anos sua irm' e Aathbourne ser'o como eles e passear'o pelo campo de m'osdadas. %omecei ent'o a imainar como deve ser esse casal, e peruntei paramim mesma se estar'o casados. >alve se"am como n#s, e vivam em pecadodurante os 7ns de semana em seu ninho de amor. Possivelmente em sua $pocaprotaoniaram o esc?ndalo local. >alve...

1 /lhe para mim 1 a interrompeu ele, com um sorriso, empenhado emfa2-la mudar de humor 1 Peruntando coisas sobre essas pessoas, imainandocomo s'o. Deveria escrever uma novela.

1 Eu, escrever uma novela0

1 Por que n'o0 : boa escritora. Poderia escrever.

1 E isso di o mesmo homem que uma ve me disse que quando escrevoos artios da 4enhora 6artleb* $ a vo de minha tia L*dia que fala 1 elarecordou sem piedade.

1 !uando disse isso, estava sendo v&tima de um ataque de frustraç'omasculina muito auda. %aso tenha ferido seus sentimentos, sinto muito.

Ela dei(ou de brincar com o papel.

1 3 verdade costuma faer mal.

1 Emma...

1 5á n'o estou maoada 1 o tranq=iliou 1 Voc2 mesmo me disse que euteria que aprender a a=entar as cr&ticas. 3l$m disso, tinha ra'o. !uandoescrevo as colunas da 4enhora 6artleb* tenho a vo de minha tia na cabeça. @arealidade n'o $ nenhum problema, o que escrevo s'o coisas práticas. Mas n'opoderia escrever uma obra de 7cç'o. @'o tenho uma vo pr#pria.

1 4im, tem. / que tem que faer $ encontrá-la, e isso leva tempo.3credito que teria que tentar escrever uma novela. %ontos curtos seriam ideaispara começar.

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E Então ele a Beijou

Emma dei(ou a pluma no tinteiro e deu meia volta para colocar aprancheta no ch'o ao lado da cama. %ontinuando, apaou a vela de suamesinha de cabeceira.

1 Eu n'o sei contar hist#rias, )arr* 1 insistiu, desliando sob os lenç#is.

1 >olices 1 Ele contestou e tamb$m dei(ou de um lado seu trabalho 1%onte-me uma.

Ela virou a cabeça olhando para os olhos dele.

1 / que0 3ora mesmo0

1 3ora mesmo 1 3poiou-se no travesseiro 1 >ente8 4chereade.

1 E se voc2 n'o ostar de me escutar ao amanhecer0 1 peruntou

sorrindo.1 / pior castio que poderia receber de mim seriam minhas cr&ticas, e

nem sequer farei isso, prometo. 3penas a escutarei. De fato, inclusive voua"udá-la a começar. Era uma ve...

Ela emeu e(asperada.

1 !ue t&pico.

1 6em, $ s# o primeiro rascunho. Vamos8 @'o fu"a e me conte um conto.

1 /h8 De acordo 1 saltou-se e pensou durante um momento 1 Era umave uma menina que queria um diário.

1 6em 1 animou ele 1 Muito bom. %ontinue.

Emma sentou-se na cama.

1 Estava muito soinha, e n'o tinha ninu$m que pudesse conversar comela.. 4ua m'e havia morrido há cinco anos e como era muito t&mida, n'ocontava com muitos amios. >inha tree anos e todas as meninas nessa idades'o muito cru$is. 3l$m disso, estava assustada, pois cada m2s sanrava e n'o

sabia por que. mainou que estivesse morrendo. @inu$m nunca contou nadasobre aquilo.

)arr* começou a sentir um doloroso n# no peito.

Ela n'o estava inventando essa hist#ria. 3poiou as costas no travesseiro eobservou como ela se enroscava feito um novelo, seurando os "oelhos contra opeito.

1 @'o havia ninu$m a quem pudesse peruntar nada. @'o permitiamque escrevesse para sua tia, pois ela n'o se dava bem com seu papai. E a

criada que diariamente ia ; sua casa, era uma riorosa mulher alem' e elatinha muito medo desta mulher.

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E Então ele a Beijou

1 : perfeitamente compreens&vel que quisesse um diário.

1 4eu pai n'o queria dar dinheiro para que o comprasse, porque erammuito pobres e ele diia que n'o podiam permitir-se a essas frivolidades. Mas amenina tinha muita vontade de ter um, ent'o foi ao barbeiro do povoado ondeviviam e cortou o cabelo, como um menino. Vendeu sua cabeleira e com odinheiro comprou o tal diário. !uando cheou a casa, seu papai havia sa&dopara o bar.

/ peito de )arr* começou a arder de raiva. 3quele homem n'o podiacomprar um diário para sua 7lha, mas podia ir ao bar0 6astardo.

1 @essa noite, ela 7cou acordada at$ tarde, escrevendo e escrevendosem parar. 4obre meninos e vestidos bonitos, e sobre como seria seucasamento, e todas essas coisas que as meninas sonham. Por ser um homem,n'o acredito que entenda.

1 4im entendo. >enho tr2s irm's.

1 Ent'o talve sim entenda como sentia essa menina 1 Emma irou acabeça e, com a face recostada no "oelho, sorriu 1 Boi maravilhoso. Boi umal&vio poder e(pressar o que pensava e sentia, e dei(ar ali escrito tudo o quequeria nesta vida. Ent'o seu pai cheou e viu o que ela havia feito. Ela "á o vira

anado antes, mas nunca desse modo. En7m, o cabelo voltaria a crescer, disseela, assim n'o passava nada. Mas seu pai...@'o viu do mesmo modo.

)arr* fechou os olhos um instante. @'o queria saber como terminaram ascoisas. @'o queria escutar. 3pertou a mand&bula e abriu os olhos de novo.

1 %ontinue.

Emma levantou a cabeça, com uma m'o no pescoço e o olhar perdido ;frente.

1 / pai da menina usava um anel 1 disse 1 um anel em forma deestrela.

)arr* sentiu náuseas.

1 E quando viu o que a menina havia feito o que fe seu pai0

)ouve um lono silencio.

1 Disse-lhe que era uma puta por ter cortado o cabelo, deu uma bofetadae queimou o diário. @'o falou com ela durante um m2s 1 apertou os "oelhoscom força 1 Essa menina "amais voltou a escrever um diário.

3 raiva de )arr* se intensi7cou at$ que ameaçou as7(iá-lo. Do&a o peito.

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E Então ele a Beijou

 >entou pensar em alo para dier, mas as palavras se neavam a sair de seuslábios. 3 ele diiam falar de tolices, mas era incapa de manter uma conversacomo aquela. E, al$m disso, Deus, o que podia dier0

Mas Emma continuava ali sentada, feito um novelo no meio da cama,

como deve ter feito ;quela menina pequena com a cara marcada. >inha o olhar7(o no in7nito, recordando o que havia acontecido. )arr* sabia que devia dieralo, e teria que ser alo correto.

Aespirou fundo e levantou a m'o para acariciar o rosto dela. >ocou-a paraque o olhasse e n'o ; parede.

1 Emma, Emma 1 a repreendeu com suavidade, com toda a ternura deque foi capa 1 E di que n'o sabe contar hist#rias.

Ela olhou para ele e seu lábio inferior tremeu.

1 @'o inventei isso, )arr* 1 sussurrou.

%om o polear, ele acariciou a cicatri em forma de estrela que elapossu&a na maç' do rosto.

1 Eu sei.

1 Ent'o, por que di que conto hist#rias0

)arr* se inclinou e bei"ou a pequena marca.

1 Porque se tiver superado todo isso, dentro de voc2 tem o que terá queter para escrever historias maravilhosas, 4chereade.

Ela começou a chorar.

1 Emma, n'o 1 )arr* a rodeou com os braços e a deitou.

3cariciou-lhe o cabelo, bei"ou-lhe as lárimas das faces e a estreitou entreos braços at$ que conciliou o sono.

3paou a vela que ainda estava acesa em sua mesinha de cabeceira, mas

n'o dormiu. Bicou ali conve(o no escuro, pensando em duas coisas.

Por um lado, alerava-se de que o pai de Emma estivesse morto.

Mas por outro, dese"aria que o bastardo ainda estivesse vivo para podermatá-lo com suas pr#prias m'os.

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E Então ele a Beijou

Cap+tulo ,,

4ueridos leitores, deseo de todo coração que os conselhos quecompartilhei com voc5s durante os Kltimos seis meses tenham sido de auda e

lhes tenham propiciado momentos a1radáveis, mas che1ou o momento de dier adeus.

Senhora BAT!"B#

Social 8aette, %&'(

Emma estava sentada em sua escrivaninha, olhando outra páina embranco, mas desta ve a folha estava na máquina de escrever. 3o cabo de uns

poucos dias via"aria a Marlowe Par<, e ainda n'o tinha nenhuma id$ia a oferecerpara Lad* Eversleih. / que havia ocorrido de mais inspirador foi quedobrassem os uardanapos da mesa nupcial em forma de cisne.

4enhor Pardal estava acomodado em seu colo, ronronando entre sonhos.4uspeitava que ele brincasse muito menos quando o abandonava durante os7ns de semana, pois quando ela retornava, passava todo o dia atrás dela, comoum menino apai(onado. )arr* n'o sabia o que diia. /s atos eram muitomelhores que os c'es.

%oncentrou a atenç'o no monte de pap$is datilorafados que estava ao

lado da máquina de escrever. /s artios para a pr#(ima ediç'o "á estavamterminados, mas s# porque havia recorrido a velhos temas de nmerosanteriores. 3lo que estava acontecendo muito ultimamente. @'o estavainspirada. )arr* acertou ao dier que escrevia o que a tia L*dia sussurrava aoouvido dela, e desde o dia em que disse isto, cada ve mais custava seinteressar por descobrir qual confeitaria de Londres vendia o melhor bolo deamei(a, onde poderia comprar veludo a bom preço ou se era ou n'o +comme )l*aut R apertar a m'o a alu$m em um almoço.

)arr* havia dito que tratasse de escrever uma novela. >alve pudessefaer isso. ma fa&sca de e(citaç'o a sacudiu. >alve devesse fa2-lo nessemesmo dia. Mas antes teria que terminar a lista do casamento da irm' doVisconde. !uando fosse a Marlowe Par<, talve tivesse aluma nova id$ia. )avia

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E Então ele a Beijou

prometido a Lad* Eversleih, e as boas arotas sempre cumprem suaspromessas. 3pesar da liberdade que estava e(perimentando durante aquelesdois ltimos meses, apesar do quanto era maravilhoso se comportar de maneirareprovável, Emma sabia que, no fundo, ela sempre seria uma boa arota.

3o que parecia, voltava a estar no ponto de partida.

Peou o 4enhor Pardal e o dei(ou com cuidado na cadeira mais pr#(ima.3pro(imou-se da "anela e saiu ; escada de inc2ndios, recordando quando subiupor ali para passar aquela primeira e maravilhosa noite com )arr*. Depois disso,houve muitos dias e muitas noites iualmente maravilhosos.

4eurou o corrim'o de metal e olhou para o beco situado a quatro pisosmais abai(o. De repente, 7cou melanc#lica, alo que estava acontecendo muitonos ltimos tempos.

Desde aquela tarde na plataforma de %ric<et 4omersb*, quando )arr* n'opode apresentá-la ao seu amio. 3lu$m bateu em sua porta, e Emma deu umpasso para trás e retornou ao apartamento. Boi abrir e ao fa2-lo viu um meninocom um pacote envolto em papel marrom.

1 4im.

1 ma entrea para voc2, 4enhorita.

Ela aceitou a cai(a, deu uma moeda ao menino de or"eta e fechou aporta. / coraç'o batia acelerado ao ver o que estava escrito no pacote. 4eu

nome e endereço com a calira7a de )arr*. Aasou o papel, peruntando-seque diabo poderia ser. 3l$m da coleç'o de 6urton das mil e uma noites, )arr*nunca mais deu nada a ela.

 >ampouco esperava que o 7esse. Ela n'o era esse tipo de pessoa, e,al$m disso, havia dei(ado bem claro que n'o era uma de suas bailarinas deMusic )all. Livros e ores, disse-lhe uma ve, eram os nicos presentesaceitáveis que um homem podia dar a uma dama que n'o fosse sua esposa. 5#ias, perfumes e delicados sapatos de seda n'o. Ent'o, quando Emma abriu opacote e viu a pele aulada da capa de um livro, n'o 7cou surpresa. Masquando o peou e compreendeu o que era, seu coraç'o se quebrou em mil

pedaços.

Era um diário.

Emma esperou at$ depois das seis e meia para ir a Marlowe Publishin eefetuar sua habitual reuni'o das quartas-feiras com )arr*. !uando cheou,!uinn "á tinha sa&do, e isso a tranq=iliou. Ela e )arr* teriam intimidade, enecessitava disso para o que ia faer.

Ele deve ter ouvido quando ela fechou a porta de entrada, porque "áestava esperando por ela na frente de seu escrit#rio antes que ela tivesse

alcançado a mesa do secretário.

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E Então ele a Beijou

1 %heou tarde. Estava preocupado.

Ela olhou para ele e o est9mao se encolheu de dor. Estavadevastadoramente bonito, como sempre, mas foi seu olhar de preocupaç'o oque a emocionou e quase conseuiu fa2-la mudar de opini'o. !uase. Ele sentia

carinho por ela, isso sabia. Mas ela o amava e essa diferença era tudo.

@a realidade, Emma sempre soube que as coisas terminariam assim. Erainevitável, sup9s, que uma t&mida solteira de trinta anos se apai(onasse por seuatraente chefe, que uma mulher que nunca havia sido bei"ada, se apai(onassepor um homem cu"os bei"os conquistaram seu coraç'o e iluminado sua alma.

Era t'o previs&vel que quase parecia um clich2, e foi tudo t'o precioso ques# de pensar no que ambos tinham vivido dava-lhe vontade de começar a rir e achorar ao mesmo tempo. Mas tamb$m a faia querer mais. E n'o havia nadamais.

Ela sempre soube disso, tamb$m.

4eurou com força a alça da maleta em sua m'o e passou "unto dele paraentrar no escrit#rio.

1 >rou(e os artios da 4enhora 6artleb* para a ediç'o desta semana.

Ele a seuiu, mas em ve de colocar-se do seu lado da escrivaninha,deteve-se ao lado dela.

1 / que está acontecendo0Emma dei(ou a maleta em cima da mesa e tirou os pap$is que continha.

1 @'o tenho os artios propostos para sábado que vem 1 disse ela,dei(ando-os ali 1 @'o tive tempo.

ma mentira, e havia "urado que nunca mentiria para ele.

)arr* apoiou as m'os nos ombros dela faendo com que desse a volta eolhasse para ele, mas n'o pode faer isso. 3inda n'o.

1 Emma, voc2 recebeu meu presente0

1 4im, )arr*. Aecebi. /briado 1 >ratou de sorrir sem olhar nos olhosdele 1 4empre di que n'o sabe comprar presentes, mas n'o $ verdade.Escolhe presentes maravilhosos. @'o permita nunca que !uinn faça isso porvoc2.

1 @'o permitirei, mas... 1 @ervoso, apertou os ombros dela com osdedos 1 / que esta acontecendo com voc20 Está começando a me preocupar.@'o quer me contar por que está assim0

Ela apontou os manuscritos que havia dei(ado na mesa.

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E Então ele a Beijou

1 Esses s'o os ltimos artios que a 4enhora 6artleb* vai escrever.

1 / que0 Mas por que0

1 Vou escrever uma novela.

1 E(celente8 5á disse que deveria faer isso. Mas por que n'o quer seuircom os artios da 4enhora 6artleb*0 Voc2 acredita que n'o vai ter tempo paraescrever as duas coisas0

Ela sacudiu a cabeça e com cuidado, retrocedeu uns passos.

1 @'o, n'o $ isso. >inha ra'o ao dier que a 4enhora 6artleb* n'o soueu. : a tia L*dia e eu n'o sou a mesma mulher de seis meses atrás, essa queacreditava que tudo o que a tia diia era verdade, e queria compartilhar com oresto do mundo. 3ora sou diferente. E devo isso a voc2.

Ele sorriu.

1 Ent'o aora compreende que as "ovens damas deveriam poder comercodorna e beber duas taças de vinho durante o "antar0

1 4im, acredito nisso. 4ei que a 4enhora 6artleb* $ muito popular e quese desaparecer terá que faer mudanças, mas espero que o Caette n'o saiapre"udicado.

1 sso n'o me importa. 6em, "á sabe que eu n'o osto de perderdinheiro, mas quero que voc2 faça somente o que a faça feli. Bico alere aosaber que se animou a escrever uma novela, de verdade. Prometo que n'o adestroçarei quando a editar.

Emma inspirou fundo.

1 @'o vou escrever para voc2, )arr*.

Ele 7cou olhando para ela, franindo o cenho sem compreender nada. adier alo, mas ela se adiantou.

1 @'o posso continuar escrevendo para voc2 porque me d#i muito. Euamo voc2, )arr* 1 3o ver como ele estava at9nito, esboçou um sorriso 1 Deverdade, parece t'o incr&vel que eu tenha me apai(onado por voc20 1peruntou com ternura 1 Eu acredito que era uma coisa inevitável. nclusive noprinc&pio, quando resolvi trabalhar para voc2 a primeira ve, pensei... 1 Beuma pausa e levou a m'o ;s costelas 1 4enti que isso aconteceria. ma ve medisse que enquanto era sua secretária, havia uma esp$cie de muro entre n#sdois, e estava com a ra'o. Eu havia colocado ali um muro de educaç'o,desaprovaç'o, e de dist?ncia, porque sabia que se esse muro desaparecesse,

me apai(onaria por voc2 e acabaria partindo meu coraç'o. %ada ve que umamulher entrava ou sa&a de sua vida, cada ve que lia seus artios condenando o

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E Então ele a Beijou

matrim9nio, recordava para mim mesma todos os motivos, pelos que nenhumamulher sensata deveria apai(onar-se por voc2.

1 Emma, sempre disse que voc2 n'o $ como nenhuma dessas mulheres...

1 Por favor, )arr*, n'o me interrompa. 5á $ bastante dif&cil dier averdade tal qual $, e tenho que dier isso porque $ o que voc2 me ensinou. 3dier o que penso, a saber o que realmente quero e a entender o que sinto. Eesse $ o melhor presente que alu$m "á me deu. Eu disse isso anteriormente,voc2 dá presentes muito melhores do que acredita.

Podia ouvir quando sua vo começava a enfraquecer, e soube que teriaque terminar loo, antes que começasse a chorar diante dele.

1 E por isso tenho que por 7m ao que há entre n#s dois.

1 Por 7m0 1 Deu um passo para ela 1 De que diabo está falando01 >enho que por um ponto 7nal em nossa aventura, )arr*. @'o posso

viver assim, mentindo aos meus amios e vendo como os seus me olham comdespreo.

1 eston n'o a olhou com despreo, Emma.

1 Mas outros o far'o, tenho certea. Voc2 sabe t'o bem como eu. Etamb$m tem sua fam&lia. @'o posso ir a sua casa, a"udar sua irm' a oraniarseu casamento, me sentar ; mesa com sua m'e e av# e saber que sou sua

amante e que vivemos em pecado durante os 7ns de semana.1 / que há entre n#s n'o $ pecado8 E n'o me importa uma droa o que o

resto do mundo pense.

1 Mas importa para mim 1 disse com vo bai(a, e quando ele fe umacareta de dor, sentiu que rasava a alma 1 E essa $ precisamente a diferençaentre voc2 e eu. @ossa aventura foi preciosa, maravilhosa e sempre a recordareicom carinho. @'o me arrependo, nem me enveronho de t2-la vivido, mas tenho

que dei(á-lo aora, enquanto ainda $ alo bonito, antes que comece a e(iirque passe mais tempo comio, antes que e(i"a que se case comio. Por issovoc2 dei(ou todas essas mulheres, porque começavam a e(iir coisas. E eu n'oquero ser como uma delas.

Emma n'o podia decifrar a e(press'o do rosto dele porque começava av2-lo impreciso. >inha que sair dali. 5á. Deu meia volta.

1 Emma8 Espere8 1 )arr* rodeou a cintura dela com as m'os e a apertoucontra ele 1 @'o faça isso 1 disse 1 @'o faça isto conosco.

Ela fechou os olhos, tentando controlar a dor.

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E Então ele a Beijou

1 @'o e(iste um +n@s  1 Aespondeu ela, com o que começava a parecerum soluço 1 E nunca haverá. @#s nunca nos casamos.

Lutou para manter a compostura, sabendo que tinha que a=entar otempo su7ciente, para sair de seus braços, de seu escrit#rio, de sua vida.

 >entou se soltar novamente, mas ele n'o permitiu, e o p?nico se apoderou dela.

1 )arr*8 Dei(e-me sair8 1 e(clamou, movendo-se desesperada 1 PorDeus, dei(e-me sair8

Essas palavras o dei(aram destroçado. %om uma maldiç'o, soltou-a eEmma correu para a porta sem olhar para trás.

Ele n'o a seuiu, e enquanto ela descia a escada correndo, 7couenveronhada por pensar que havia esperado que ele a tivesse seuido, queuma pequena parte dela sonhava que quando pusesse ponto 7nal nessa

hist#ria, )arr* n'o aceitasse e que, como por maia, percebesse que ocasamento era alo maravilhoso. >inha pensado que talve 7casse de "oelhos edissesse que a amava. Deus deveria escrever um livro, estava claro que possu&asu7ciente imainaç'o para fa2-lo.

 >ratando de reprimir os soluços com uma das m'os diante da boca, com aoutra abriu a porta da carruaem que estava esperando por ela na esquina. 3t$que n'o se afastou da vista dos escrit#rios de )arr* n'o se abateu. %horou, en'o porque tivesse posto 7m a coisa mais maravilhosa que havia acontecidocom ela em toda sua vida, chorou porque ele havia dei(ado que ela 7esse isso.

=arrI /ei?e-me sair.

3s palavras de Emma ressoavam em sua mente sem cessar. !uando elaas disse, foi como receber um soco no est9mao.

/u uma punhalada no coraç'o.

3ora eram como uma chicotada, como um láteo que se abatesse sobresua pele ao ritmo dos movimentos do trem que o levava at$ Went. Primeiro foiao apartamento dela com a esperança de encontrá-la ali, mas ela n'o estavaem casa, e sua maldita caseira havia insistido em que saiu e levara o ato.

Mandou um telerama a Diana, embora soubesse que tampouco tinha idoa Marlowe Par<, e sua irm' con7rmou em seuida. Emma n'o estava em6er<shire. Em uma tentativa desesperada, decidiu ir para a casinha de campo.

!uando cheou comprovou que tampouco ela estava naquele luar, quesem ela era s# uma casca vaia. Pensando que talve cheasse no pr#(imo

trem, 7cou para passar a noite e cada ranido da cama e a cada balanço darede, as palavras de Emma ressonavam em sua cabeça, impedindo que

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E Então ele a Beijou

dormisse em nenhum dos dois luares. 3mbos estavam vaios sem ela.

"u amo voc5.  Bicou contemplando o lao onde a ensinou a nadar erecordou seu luminoso rosto sob a lu da lua. 4entou-se na marem e imainouEmma ali em p$, com a saia arreaçada, dei(ando descobertas suas lonas e

preciosas pernas. Viu Emma nua no ch'o da coinha, comendo p2sseos e emp$ "unto dele enquanto se barbeava, e quando escovava os dentes.

1 Eu tamb$m a amo 1 sussurrou para o espelho, para o fantasma delanele reetido, furioso consio mesmo por n'o ter dito isso antes.

Por n'o ter dito a Emma. @em sequer havia dito a si mesmo. Porque n'osoube at$ que ela se foi. Desconsolado, passeou pelo prado, dese"ando ter dadoa m'o enquanto caminhavam "untos. Deveria ter feito isso.

4uero minha primavera.

)arr* se deteve e olhou ao redor. Essa estaç'o "á havia passado etamb$m o ver'o. Estavam em outono, e as folhas começavam a mudar de cor.Pensou nas tardes que ansiava para que passassem "untos, torrando p'o nalareira. sso n'o mais aconteceria.

 >udo aquilo era uma estupide.

Ela n'o iria a Went. Por que deveria ir0 %omeçou a dar a volta pararetornar a sua casa, quando alo o deteve. @o meio do caminho, e seapro(imando lentamente, estava o casal de anci+es, que tanto haviam

fascinado a Emma.)arr* 7cou onde estava, observando os dois, de m'os dadas como

sempre. Moveu a cabeça para saudá-los, como faia cada ve que se cruavam.

)arr* olhou quando passavam.

1 Desculpem 1 Disse, assim que tinham ultrapassado.

3mbos pararam e se voltaram para olhá-lo.

Ele riu inc9modo e apontou para as m'os que ainda estavamentrelaçadas.

1 Desculpem minha impertin2ncia, mas voc2s s'o casados0

/ casal riu e olharam um ao outro, mas foi a mulher quem respondeu.

1 : claro 1 disse 1 E voc2 tamb$m, 4enhor... illiams 1 /lhou-o comolhos cheios de sabedoria e sorriu com carinho 1 4# que ainda n'o notou.

Ele observou at9nito, enquanto retornavam seundo seu caminho e "ustamente antes que desaparecessem de sua vista, ouviu quando o maridodiiaF

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E Então ele a Beijou

1 4empre os vemos t'o felies "untos...Espero que ele n'o tarde em faerdela uma mulher honesta.

)arr* 7cou ali de p$, sentindo como se a terra se me(esse sob seus p$s eo mundo todo começasse a encai(ar por 7m e a colocar cada coisa em seu

luar.

%omeçou a andar, mas de repente começou a correr. 4# tinha vinteminutos para pear o trem para Londres.

Era domino, e estava na hora de tomar chá na Aua Little Aussell. Emmaestava sentada no sal'o, com a 4enhora Morris, a 4enhora n<berr* e suasamias solteiras, falando de temas diversos. >odos apropriados. / tempocontinuava instável. 3 sade da querid&ssima Aainha, que havia dei(ado todo

mundo preocupado. 3 moda, fr&vola como sempre. >rocaram várias intrias, comentários sobre seus trabalhos e comeram

uma considerável quantidade de sandu&ches, bem, todas e(ceto Emma, que n'oostava de me(ericar, n'o tinha trabalho e para seu consolo, comeu quase umquilo de bombons na noite anterior.

Balaram das iminentes bodas de sua querida 6eatrice. 3 "ovemresplandecia de felicidade, e Emma tentou n'o se apiedar de si mesma. /utroassunto de conversa foi, $ claro a carta de despedida da 4enhora 6artleb*. >odas queriam que Emma contasse os detalhes, mas quando ela se neou,

mudaram de assunto.

!uando dei(ou )arr*, sabia que fe o correto, mas isso n'o a consolava.Passar a semana sem ele foi insuportável, mas nesse dia estava sendo milvees pior. Era domino e n'o estava deitada com )arr* na rede dormindo asesta, e sim, sentada no sal'o da 4enhora Morris, tomando chá.

/lhou em volta do sofá onde aora estavam Prudence e Maria e recordoutodas as coisas picantes que )arr* havia sussurrado ao seu ouvido naquelatarde, dois meses atrás, e em seuida recordou todas as ocasi+es em que osdois haviam praticado aquelas mesmas coisas picantes.

3bai(ou o olhar para a (&cara que estava em seu colo. Ela "á n'o era a4enhora 6artleb*. >ampouco era 4chereade, nem a amante de ninu$m. 3oraera simplesmente Emma Dove, de trinta anos, quase cheando aos trinta e um,e destinada ao celibato eterno. >entava se animar. %omeçara a escrever suanovela, de fato, "á estava na s$tima páina. Mas temia que fosse sair umanovela rom?ntica, e isso faia com que 7casse deprimida ainda mais. 4e n'ofosse uma mulher com força de vontade, pensou com certo pessimismo, comcertea começaria a beber, como faiam muitos escritores.

/lhou a (&cara com asco. @aquele momento o conhaque parecia muito

mais tentador que o chá. /uviu quando alu$m abriu a porta principal, e sentiuo frio vento outonal em suas costas, mas continuou com o olhar perdido na

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E Então ele a Beijou

(&cara, sem mostrar interesse em saber quem havia cheado. E ent'o notou.3lo indescrit&vel mudou na sala. ma aitaç'o feminina saturou o ar. E derepente, reinou o sil2ncio, e(cetuando o roçar das saias e alum leve masaud&vel suspiro. Ent'o viu como em frente a ela, Prudence 6osworth e MariaMartinale arrumavam o cabelo ao mesmo tempo.

Emma virou a cabeça e olhou por cima de seu ombro. Embora parecesseincr&vel, )arr* estava de p$ na porta do sal'o da 4enhora Morris. 4# de v2-lo, ocoraç'o deu um salto de aleria, mas imediatamente e(perimentou umaprofunda pena. 4eparou a vista, sentindo a irreprim&vel necessidade de saircorrendo da sala. E o faria caso impressionante corpo, n'o bloqueasse a portade sa&da.

1 6oa tarde, 4enhoritas 1 saudou atrás dela, causando outra onda desuspiros 1 4enhora Morris, $ um praer voltar a v2-la. %há0 : muito amável desua parte. 4im, eu adoraria tomar uma (&cara.

Dor queL Dor que ele apareceu aliL Peruntou-se desesperada enquantoao seu redor faiam-se as apresentaç+es.

1 4enhorita 6osworth, 4enhorita Martinale, 4enhorita Penetre. : umpraer conhec2-las. 4enhora n<berr*, como está0 3 livraria de seu marido $ amelhor de Londres.

Emma fechou os olhos. Ele tentaria convenc2-la para que voltasse comele. / terror atou-lhe o est9mao. Estava com medo caso ele conseuisse falara s#s e falasse coisas como, por e(emplo, que queria tirar suas meias. Ela

estaria perdida para sempre. Pensou em como eram fráeis suas convicç+es.

ma car&cia, um bei"o e todo orulho e respeito por si mesma correriam apasseio. Voltaria a ser a amante dele, e seria feli assim e ent'o voltaria a sedeleitar com todos aqueles praeres terrestres com ele. Em seredo. 3t$ queesta aventura terminasse e recebesse um colar e uma carta de despedida.

Emma viu que seus dedos estavam salpicados de chá, e notou de quesuas m'os tremiam. 4eurou a (&cara com tanta força e 7cou surpresa de quen'o se quebrasse. 3s pernas de )arr* apareceram diante sua linha de vis'o.

1 Está cansada de chá, 4enhorita Dove 1 disse com tanta ternura queela n'o pode suportar.

%om uma m'o, ele seurou a (&cara, enquanto com a outra seurou oprato e Emma se obriou a soltá-las, loo desapareceram de sua vista.

1 4enhoritas, como simples homem que sou, tenho que confessar quen'o estou a par de todas as normas de etiqueta.

Dei(ou a (&cara e o prato a um lado e voltou a 7car ao lado de Emma, masdesta ve com um lenço. Ele aachou seurando as m'os dela e dei(ando-a

at9nita. !uando começou a secá-las com o tecido de linho, todas as demaismulheres suspiraram de uma s# ve.

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E Então ele a Beijou

1 Devido a minha inor?ncia, $ uma sorte que tantas damas este"ampresentes 1 prosseuiu ele como se estivesse falando do tempo, como seacariciar as m'os dela em pblico, fosse a coisa mais normal do mundo.

1 Milorde 1 4ussurrou Emma e, desesperada, percorreu o sal'o com o

olhar sentindo-se desfalecer ao ver as caras de assombro das presentes 1)arr*, basta8

3 vo dele ocultou o fren$tico sussurro dela.

1 4enhoras, eu aradeceria muit&ssimo que resolvessem uma dvida quetenho 1 3pertou os dedos com força ao notar que tentava se soltar 1 !uandoum cavalheiro quer pedir a uma dama que aceite se converter em sua esposa,deve 7car de "oelhos0

4em esperar que respondessem, a"oelhou-se diante de Emma, que 7(ou o

olhar naqueles preciosos olhos auis como o oceano, temerosa de n'o terentendido bem. @'o viu no rosto dele a menor mentira, nem tampouco seudevastador sorriso. Ele estava s$rio e insuportavelmente atraente.

1 3conselhe-me Emma 1 Levantou a m'o e a bei"ou 1 %omo um homemse declara ; mulher que ama0

)ouve mais suspiros e alo a meio caminho entre um soluço e um sopromuito pouco feminino.

Emma 7cou com receio de que o seundo havia sa&do de seus lábios. De

repente, todas 7caram em p$ de uma s# ve, como se fossem bonecas movidaspor cordas invis&veis. Entre sussurros e sorrisos se encaminharam para a sa&da esa&ram do sal'o.

)arr* levantou a cabeça, esperando que partissem e fechassem a porta eent'o a olhou nos olhos.

1 Desta ve quero faer tudo perfeito, e começar com o p$ direito, pordier de alum "eito, assim tenho que me declarar como $ devido.

Emma seuia estupefata, incapa de raciocinar.

1 Mas voc2 n'o quer se casar novamente. Voc2 me disse isso. Disse atodo mundo. nclusive escreveu milhares de artios sobre isso.

1 Pois aora terei que enolir minhas pr#prias palavras, n'o $0 : um bomcastio por ter sido t'o c&nico durante todos estes anos 1 nclinou a cabeça 1Dia-me uma coisa, $ normal que a mulher em quest'o 7que t'o indecisa0 @'o$ certo que tem que por 7m a incertea e dier sim, para que assim o pobre tolosaiba por 7m que n'o foi um completo idiota0

1 @'o 1 conseuiu pronunciar emocionada 1 Ele merece sofrer at$ que

ela este"a convencida de que seus sentimentos s'o profundos e sinceros.

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E Então ele a Beijou

1 E um anel a"udaria0 1 %omeçou a procurar nos bolsos.

1 >rou(e-me um anel de compromisso0

1 @'o teria que traer0 Espero que o condenado de certo 1 acrescentou

sem dei(ar de procurar 1 3 4enhora Morris me disse sua medida, mas...1 3 4enhora Morris estava a par disto0 1 Emma olhou at9nita para ele 1

4abia que se declararia0

Ele dei(ou de procurar e a olhou com ternura, entendendo que ela aindan'o acreditava que tudo aquilo era real.

1 E que de outro modo poderia saber a medida do anel0 @'o imainacomo foi dif&cil entrar em sua casa e apanhar um para medi-lo. Disse-me queestava escondida dentro de casa deprimida.

1 @'o estava deprimida8 Estava escrevendo minha novela.

1 Desculpe-me. sso $ o que se conseue escutando intrias 1 Aetomoua busca do anel 1 / que posso dier $ que me alero de que ontem saiu paracomprar chocolate. Embora com certea fosse para o 4enhor Pardal, "á que voc2n'o esta deprimida. 3h8

%om essa e(clamaç'o de triunfo, mostrou-lhe um anel de platina comesmeraldas.

1 Espero que voc2 oste. 3 4enhora Morris at$ ontem n'o pode metelefonar para me dar a medida, mas me disse que as esmeraldas eram suaspedras favoritas. E ent'o percorri toda a 6ond 4treet em busca de um anel decompromisso com esmeraldas 1 4eurou a m'o dela e desliou a "#ia no dedo1 Boi uma tortura, Emma. @'o entendo como voc2 osta tanto de ir ;s compras1 nclinou-se para ela para olhar melhor a m'o com o anel 1 Costou0

Encai(ava-se com perfeiç'o, mas embora abrisse a boca para dier isso,n'o pode falar. Voltou a fechá-la. @'o podia dei(ar de olhar a preciosa "#ia quebrilhava em seu dedo, e loo as lárimas começaram a deformá-lo diante deseus olhos.

)arr* queria casar-se com ela0 %ontinuava sem poder assimilar, sempoder acreditar.

Ele suspirou.

1 4uponho que se a dama em quest'o ainda n'o está convencida, ocavalheiro tem que faer alum esto her#ico, n'o0

Ela enoliu saliva e levantou a vista, obriando-se a dier alo.

1 Está tudo bem 1 conseuiu articular 1 porque nunca me corte"aramcomo $ devido.

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E Então ele a Beijou

1 Esta sendo muito cruel Emma 1 Braniu o cenho, pensou durantealuns seundos, e depois as ruas desapareceram de sua fronte.

  1 De acordo. Para demonstrar o quanto eu a amo, farei o maior dossacrif&cios e vou permitir que o 4enhor Pardal viva conosco. Pode perseuir os

pássaros de Marlowe Par< at$ se fartar. Mas n'o dormirá em nossa cama. @'oquero me levantar com pelo de ato na boca.

Ela n'o riu.

1 )arr*, por uma ve na vida, fale a s$rio.

1 4ei que disse muitas tolices. >inha ra'o ao dier que sou um homemmuito simples. Mas verá... 1 Be uma pausa e seurou as m'os dela. nspiroufundo 1 3mo voc2. Devia ter dito isso antes, mas me custa tanto dier as coisasimportantes, e me apai(onar por voc2 foi t'o pausado e natural que n'o

percebi. !uero dier que n'o foi de repente. Eu deveria ter dito quando meinformou que queria por um ponto 7nal em nosso relacionamento, mas ent'o7quei elado. @'o pude acreditar que estivesse me dei(ando, quando euacreditava que tudo estava perfeito. Be-me mal, Emma. Be-me tanto dano quen'o pude dier nada e de repente, "á havia sa&do.

1 Mas de verdade quer se casar comio0 Está seuro0

1 Emma 1 )arr* seurou o rosto dela e soltou suas m'os. 6ei"ou-a noslábios 1 Minha querida e doce Emma, realmente pensou que poderia suportarque sa&sse de minha vida0

1 /h8 )arr*8 1 %ompletamente convencida, rodeou o pescoço dele comos braços 1 Eu o amo tanto8

1 Eu tamb$m a amo 1 7cou em p$ levantando-a com ele, e peando-adepois pela cintura 1 Ent'o, apesar de que sou um inapresentável e umdesconsiderado e que provavelmente cheue tarde ao nosso pr#priocasamento, quer se casar comio0

1 4im 1 3 aleria desdobrou-se por todo seu ser e ela começou a rir 14im. Eu me casarei com voc2.

1 >ampouco $ que precisamos 1 afastou-se olhando bem nos olhos delae roçando seu rosto com os n#dulos dos dedos 1 Voc2 e eu "á estamos casados.3 nica coisa que nos falta $ pronunciar os votos em uma ire"a e que nossosamios saibam.

1 5á estamos casados0 / que quer dier0 1 /lhou-o intriada 1 5á estáombando comio outra ve0

Ele riu.

1 Vou e(plicar isso mais tarde. 3ora, tenho alo muito mais importanteque faer.

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E Então ele a Beijou

Levantou o rosto e inclinou a cabeça.

E ent'o ele a bei"ou.

Emma apertou mais os braços ao redor de seu pescoço e devolveu o bei"o

com pai('o e entusiasmo. 37nal, era perfeitamente apropriado que um homembei"asse uma mulher se estavam comprometidos.

 >odo mundo sabia isso.

nclusive )arr*.