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Coordenação de Apoio Técnico-Pericial Unidade Técnico-Pericial em Serviço Social Rua 23, esq. com a Rua 03, Qd. A-12, Lt. 11, salas 103 e 104, Anexo MP Bairro Jardim Goiás, Goiânia - Goiás - CEP 74.805-100. 62 3239-0646 / 0632 / 0648 / 0650 1 LAUDO SOCIAL Nº 03/2017 Diagnóstico do Sistema Único da Assistência Social (SUAS) em Goiânia - Go IDENTIFICAÇÃO Procedimento n.: 201500311904 Envolvido: Prefeitura Municipal de Goiânia GO Analistas responsáveis: Amanda de Azevedo Coutinho, Ana Cristina Lócio de Alencar Campos, Cinara Cintra de Clarete Sansevero, Gelva Maristane Martins Costa, Jacqueline Alves Spereta Rodrigues, Janete Barbosa e Luciana Maria Menino Cordeiro Assunto: Avaliação da execução da Política de Assistência Social no município de Goiânia

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Coordenação de Apoio Técnico-Pericial Unidade Técnico-Pericial em Serviço Social

Rua 23, esq. com a Rua 03, Qd. A-12, Lt. 11, salas 103 e 104, Anexo MP Bairro Jardim Goiás, Goiânia - Goiás - CEP 74.805-100.

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LAUDO SOCIAL Nº 03/2017

Diagnóstico do Sistema Único da Assistência Social (SUAS) em Goiânia - Go

IDENTIFICAÇÃO

Procedimento n.: 201500311904

Envolvido: Prefeitura Municipal de Goiânia – GO

Analistas responsáveis: Amanda de Azevedo Coutinho, Ana Cristina Lócio de Alencar

Campos, Cinara Cintra de Clarete Sansevero, Gelva Maristane Martins Costa, Jacqueline

Alves Spereta Rodrigues, Janete Barbosa e Luciana Maria Menino Cordeiro

Assunto: Avaliação da execução da Política de Assistência Social no município de

Goiânia

Coordenação de Apoio Técnico-Pericial Unidade Técnico-Pericial em Serviço Social

Rua 23, esq. com a Rua 03, Qd. A-12, Lt. 11, salas 103 e 104, Anexo MP Bairro Jardim Goiás, Goiânia - Goiás - CEP 74.805-100.

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ÍNDICE

1 Introdução 4

2 Estratégias metodológicas 6

3 Avaliação dos CRAS 7

3.1 Identificação dos CRAS 7

3.2 Caracterização dos CRAS 8

3.3 Serviços ofertados pelos CRAS 10

3.4 Sobre o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família

PAIF (trabalho social com as famílias)

11

3.4.1 Recomendações PAIF 21

3.5 Sobre o Serviço de Convivência e Fortalecimentos de Vínculos -

SCFV

23

3.5.1 Recomendações do SCFV desenvolvido no CRAS 26

3.6 Sobre o SCFV desenvolvido fora dos CRAS 26

3.6.1 Recomendações SCFV desenvolvido fora dos CRAS 34

3.7 Sobre o Serviço de PSB no Domicílio para Pessoas com

Deficiência e Idosas

35

3.7.1 Recomendações SPSB no Domicílio 37

3.8 Infraestrutura do CRAS 38

3.8.1 Recomendações Infraestrutura CRAS 47

3.9 Recursos Humanos CRAS 48

3.9.1 Recomendações Recursos Humanos CRAS 55

3.10 Gestão da Proteção Básica no Território 56

3.11 Questões Gerais dos CRAS 57

3.11.1 Recomendações Questões Gerais CRAS 58

4 Avaliação dos CREAS 58

4.1 Identificação dos CREAS 58

4.1.1 Recomendações Identificação dos CREAS 59

4.2 Caracterização dos CREAS 60

4.2.1 Recomendações caracterização dos CREAS 63

4.3 Serviços ofertados pelos CREAS 63

4.3.1 Sobre o Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a

Famílias e Indivíduos – PAEFI

65

4.3.1.1 Recomendações PAEFI 68

4.3.2 Sobre o Serviço Especializado de Abordagem Social – SEAS 68

4.3.2.1 Recomendações Serviço Especializado em Abordagem

Social – SEAS

69

4.3.3 Sobre o Serviço de Proteção Social para Adolescentes em

Cumprimento de Medida Socioeducativa de LA e PSC

69

4.3.3.1 Recomendações Serviço de Proteção Social para

Adolescentes em Cumprimento de Medida Socieducativa de LA e PSC

71

4.3.4 Sobre o Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas

com Deficiência, Idosas e suas Famílias

71

4.3.4.1 Recomendações SPSE Pessoas com Deficiência, Idosas

e suas Famílias

72

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4.4 Infraestrutura dos CREAS 72

4.4.1 Recomendações Infraestrutura dos CREAS 79

4.5 Recursos Humanos dos CREAS 80

4.5.1 Recomendações RH dos CREAS 84

4.6 Questões Gerais dos CREAS 84

5 Avaliação do Centro POP 86

5.1 Recomendações Centro POP 94

6 Avaliação do Conselho Municipal de Assistência Social - CMAS 95

6.1 Atribuições em cumprimento 97

6.2 Atribuições em descumprimento 98

6.3 Atribuições com cumprimento parcial 100

6.4 Atribuição que não compete ao CMAS 101

6.5 Recomendações CMAS 103

7 Considerações Finais 104

8 Referências bibliográficas 106

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1 Introdução

A assistência social no Brasil, como política pública, é algo muito recente, data de 2004.

Antes de sua implantação e implementação, era concebida de forma assistencialista e caritativa,

ficando a cargo do Estado e da Igreja a incumbência de cuidar dos mais pobres, desfavorecidos

e carentes.

Com advento da Constituição Federal de 1988, houve uma mudança de concepção na

assistência social, determinou-se um padrão de proteção social, afirmativo de direitos, cujo

objetivo era superar as práticas clientelistas e assistencialistas até então existentes. No ano de

1993, foi criada a Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS, que reconhece a assistência

social como um direito do cidadão e dever do Estado, passando a existir uma política de

seguridade social não contributiva, que tem o dever de prover os mínimos sociais.

Tendo como referência e subsídio a CF/1988 e a LOAS, foi implementada a Política

Nacional de Assistência Social – PNAS em 2004. Para operacionalizar a política, criou-se o

Sistema Único da Assistência Social - SUAS.

O SUAS assegura a concretude dos preceitos da LOAS e integra o governo federal com

os estaduais e municipais em uma ação pública comum de garantias de direitos universais. É

um sistema que organiza, de forma descentralizada, os serviços socioassistenciais no Brasil,

pautando por um modelo de gestão participativa, articulador de recursos dos três níveis de

governo para execução e o financiamento da PNAS, obedecendo às estruturas e marcos

regulatórios nacionais, estaduais e municipais e do Distrito Federal.

A CF/88 redireciona a assistência social no Brasil e instaura uma política pública de

garantia de direitos. Também coloca o Ministério Público como indispensável à função

jurisdicional do Estado, encarregando-lhe da defesa da ordem jurídica, do regime democrático

e dos interesses sociais e individuais indisponíveis (art. 127). Ademais, a LOAS preconiza, em

seu artigo 31, que compete ao MP zelar pelo efetivo respeito aos direitos estabelecidos nesta

lei.

O Serviço Social do Ministério Público do Estado de Goiás – MPGO, implantado em

2002, assume, neste processo de mudança da assistência social, a importante atribuição, no que

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diz respeito às políticas públicas, de assessorar as promotorias de Justiça e os centros de apoio

operacional – CAO – na área de direitos difusos e coletivos.

Entende-se que a assunção da função do MP, definido na CF/88 e na LOAS, é

indispensável para consolidação e fomento da política pública de assistência social, assim como

sua fiscalização. Para isso, torna-se imprescindível que seus membros tenham conhecimento

atualizado e abrangente dessa temática. Não existe fiscalização, se não houver o conhecimento.

Nesse sentido, no ano de 2014, o CAOIJ, o CAODH, as equipes técnicas do Serviço

Social e da Psicologia da CATEP, formaram um grupo de trabalho para discutir o SUAS com

a Secretaria Estadual de Assistência Social, o Conselho Estadual de Assistência social – CEAS,

a Secretaria Municipal de Assistência Social – SEMAS e o Conselho Municipal de Assistência

Social - CMAS. Esse grupo de trabalho construiu um documento chamado “Roteiro SUAS”,

com o objetivo de aproximar as promotorias de Justiça do conhecimento sobre o SUAS e

auxiliá-las na busca de alternativas para implementá-lo. O Projeto SUAS surge do

desdobramento do Roteiro SUAS, pois tem como finalidade diagnosticar o SUAS nos diversos

municípios e recomendar ações que possam ser desenvolvidas pelas promotorias de Justiça e

pelos CAOs.

No ano de 2015, por iniciativa da Unidade Técnico-Pericial em Serviço Social –

UTPSS, foi proposto ao CAODH um levantamento e avaliação do SUAS no município de

Cavalcante. A proposta foi aceita pelo CAODH e pela Promotoria desse município no mesmo

ano. No mês de agosto de 2015, realizou-se a avaliação/levantamento do SUAS em Cavalcante,

que resultou em um documento com recomendações técnicas para a promotoria de Justiça

responsável. Em agosto de 2016, retornou-se ao município para avaliar a implementação ou

não das recomendações feitas em 2015.

Com a aprovação do Projeto SUAS para ser desenvolvido no estado de Goiás, em 2016,

iniciando pelo município de Goiânia, incorporou-se o município de Cavalcante como boas

práticas, pois no mesmo já havia sido realizado o levantamento do SUAS, e retornou-se um ano

depois para verificar o que havia sido desenvolvido e fazer novas orientações.

Diante de tal constatação e das discussões travadas com o CAODH e promotorias de

Justiça, foi que surgiu a elaboração do Projeto SUAS, cujos objetivos foram: realizar o

mapeamento da rede socioassistencial pública dos CRAS, CREAS, CENTRO POP, CMAS no

município de Goiânia; efetuar a avaliação dos programas e serviços dos CRAS, CREAS e

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CENTRO POP de Goiânia e das atividades do CMAS; e, avaliar a evolução da Política de

Assistência Social no município de Cavalcante.

Apresenta-se, neste documento, o resultado da execução do Projeto SUAS, realizado

em Goiânia em 2016. Este traz os dados quantitativos e qualitativos relativos aos CRAS (15),

CREAS (5), Centro Pop (1), CMAS (1), obtidos por meio de levantamento/entrevistas com

equipes técnicas e coordenações de cada unidade, além de entrevistas direcionadas aos Serviços

de Convivência e Fortalecimento de Vínculos - SCFV.

Espera-se que a análise dos dados e as recomendações sobre o SUAS nas cidades de

Goiânia e de Cavalcante possam contribuir para o desenvolvimento de ações por parte das

promotorias de Justiça, relativas à implementação da Política de Assistência Social e do Sistema

Único da Assistência Social, alavancando, assim, a garantia de direitos e proteção social aos

cidadãos em situação de vulnerabilidade.

2 Estratégias metodológicas

A apresentação do Projeto SUAS para o CAODH e promotorias de Justiça ocorreu

durante o mês de fevereiro de 2016.

Após três reuniões com o coordenador do CAODH, Dr. Eduardo Prego, e com os

promotores de Justiça, Dra. Heliane de Godoi, Dr.Vinicius Jacarandá Maciel e Dr. Marcus

Antônio Ferreira Alves, ficou acordado que o Dr. Vinicius seria o coordenador/executivo do

Projeto SUAS e acompanharia a execução deste junto à equipe da UTPSS.

A aprovação do Projeto SUAS deu-se no mês de março e passou pelas instâncias

administrativas do MPGO - GGI, CATEP, CAODH, contando com a colaboração da SUPLAN.

Depois de aprovado o projeto, foi marcada uma reunião com o Dr. Vinicius Jacarandá,

a equipe da UTPSS, a SEMAS e o Conselho Municipal da Assistência Social, que aconteceu

em 5 de abril de 2016. Ficou deliberado que a SEMAS iria disponibilizar profissionais das

unidades que seriam avaliadas para entrevistas, as quais seriam realizadas pela UTPSS,

encaminhar lista atualizada das unidades do SUAS do município de Goiânia e garantir acesso

a documentos para consulta durante a entrevista, ou mesmo posteriormente, se houvesse

necessidade, à lista de recursos humanos dos CRAS, CREAS e Centro Pop, além dos SCFV. O

CMAS se comprometeu a encaminhar um representante para acompanhar a entrevista.

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Para realização desse diagnóstico, foram utilizados, como instrumentais técnicos,

entrevistas estruturadas, visitas institucionais, observação, telefonemas e viagens. A equipe da

UTPSS cumpriu uma agenda de visitas/entrevistas no período de abril a agosto de 2016

(Goiânia), uma visita/avaliação a Cavalcante, em agosto de 2015, e outra visita/avaliação, em

agosto de 2016.

Os questionários utilizados para as entrevistas (4 modelos diferentes), com cópias

anexas, foram elaborados, alinhados e validados pela equipe técnica e, após essa etapa, foi

montada uma agenda de visitas para realização das entrevistas.

Ressalta-se que, para melhor compreensão do diagnóstico, este documento será

estruturado em tópicos, conforme os quatros modelos de questionários elaborados pela equipe

técnica da UTPSS. Cada tópico contém as recomendações técnicas pertinentes. Para as análises,

retomam-se os conceitos do SUAS, de acordo com as normativas legais disponíveis.

3 Avaliação dos CRAS

3.1 Identificação dos CRAS

O efetivo funcionamento do CRAS é imprescindível para o desempenho de suas funções

e para a oferta com qualidade de serviços socioassistenciais. E isso deve acontecer em

consonância com as leis e regulamentações vigentes e em articulação com outros setores.

Constituem-se em alguns dos elementos a serem observados para o funcionamento do CRAS o

período de funcionamento e a identificação, que devem ser adequados, de forma a responder

aos direitos dos usuários do SUAS. Destarte, todos os CRAS devem funcionar, no mínimo, 5

dias por semana, por 8 horas diárias, totalizando 40 horas semanais, com a equipe de referência

completa. O horário pode ser flexível, permitindo que a unidade funcione aos finais de semana

e no período noturno, desde que isso ocorra para possibilitar maior participação das famílias e

da comunidade aos serviços, ações e projetos ofertados. Ademais, os técnicos da equipe de

referência do CRAS também devem se revezar ao se afastar para o período de férias, licenças,

entre outros, de modo que os serviços e ações operacionalizados nos CRAS não sejam

interrompidos, principalmente, se existem crianças e adolescentes advindos do trabalho infantil,

devendo funcionar, inclusive, no período de férias escolares.

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Constatou-se que, dos 15 CRAS existentes em Goiânia, de um modo geral, todos

funcionavam conforme as normativas técnicas, apenas o CRAS Jardim Curitiba II estava em

desacordo, pois funcionava duas vezes na semana, às segundas e quartas-feiras, das 7 às 18

horas. Todos possuem identificação externa, com placa indicando a natureza do serviço, bem

como sua vinculação ao SUAS.

Com relação à interrupção dos serviços, dos 15 CRAS, 7 paralizavam as atividades do

SCFV no período de férias, são eles: Jardim Cerrado, Recanto das Minas Gerais, Vila Canaã,

Conjunto Baliza, Novo Mundo, Real Conquista e Jardim Curitiba II; sendo que, 3 destes

possuíam crianças advindas de situação do trabalho infantil (Jardim Curitiba II, Conjunto Baliza

e Real Conquista). Dito de forma percentual, tem-se que 47% dos CRAS interrompiam o

atendimento do SCFV por algum período, conforme ilustra o gráfico a seguir:

Gráfico 1 – Interrupção dos serviços

3.2 Caracterização dos CRAS

O espaço físico constitui fator determinante para o reconhecimento do CRAS, pois é o

local em que os direitos socioassistenciais devem ser assegurados. É imprescindível que a

infraestrutura e o ambiente do CRAS respondam a requisitos mínimos para a adequada oferta

dos serviços de proteção social básica. Todos são obrigados a dispor dos espaços necessários à

oferta do principal serviço, o Programa de Atenção Integral à Família – PAIF, bem como para

53%

47%

Ocorre interrupção dos serviços em alguma época do ano

Não Sim

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a função de gestão territorial da proteção básica. É recomendado, com base nas orientações

técnicas, que os CRAS sejam instalados, preferencialmente, em imóvel estatal, em especial

imóvel adquirido pela gestão municipal para essa finalidade. Isso é importante para que a

unidade se constitua como referência para a população. Em se tratando de aluguel, deve-se

atentar para o tempo de duração do contrato, pois o CRAS é uma referência para a população

local, e a mudança de endereço pode colocar em risco essa referência. O imóvel, quer seja

alugado, cedido ou público, deve assegurar a acessibilidade a pessoas com deficiência e idosos.

Dessa forma, um imóvel locado ou cedido fica sujeito a eventuais mudanças.

Constatou-se que, dos 15 CRAS, 10 funcionavam em imóvel próprio da prefeitura, 2

eram alugados e 3 estavam em prédios cedidos. Conforme supramencionado, a recomendação

da orientação técnica é que os prédios pertençam, preferencialmente, ao poder público. Segue

abaixo gráfico que ilustra essa informação:

Gráfico 2 – Situação do imóvel

O acesso das famílias ao CRAS ocorre por meio da busca ativa, demanda espontânea,

encaminhamento da rede socioassistencial e de outras políticas públicas. A busca ativa

refere-se à procura intencional, realizada pela equipe de referência do CRAS, e tem como

objetivos identificar as situações de vulnerabilidade, risco e potencialidade social identificadas,

ampliar o conhecimento e a compreensão da realidade social e contribuir para o planejamento

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2

4

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Próprio da Prefeitura Alugados Cedidos

Imóvel dos CRAS

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local e para a ação preventiva da Proteção Social Básica. Uma ação se destaca, aquela que se

refere às famílias em descumprimento de condicionalidades do Programa Bolsa Família e que

correm o risco de perderem o benefício. São estratégias da busca ativa: deslocamento da equipe

de referência para conhecimento do território; contatos com atores sociais locais (líderes

comunitários, associações de bairro); obtenção de informações e dados provenientes de outros

serviços socioassistenciais e setoriais; campanhas de divulgação, distribuição de panfletos,

colagem de cartazes e utilização de carros de som.

Quanto às formas de acesso ao CRAS pelos usuários, todos tinham demanda espontânea

e encaminhamento pela rede socioassistencial e outras políticas públicas. Em se tratando de

busca ativa, apenas o CRAS Vila União não realizava.

3.3 Serviços ofertados pelos CRAS

O CRAS é a única unidade de proteção básica que tem a função exclusiva de ofertar o

Programa de Atenção Integral à Família. Os outros serviços socioassistenciais podem ser

implementados nessa unidade, desde que haja espaço físico, equipamentos, recursos materiais

e humanos compatíveis. Além disso, os serviços de convivência e projetos de proteção social

básica, desenvolvidos no território de abrangência do CRAS, devem ser a ele referenciados.

Isso significa estabelecer vínculos com o Sistema Único de Assistência Social. O gestor

municipal tem como atribuição garantir a articulação das unidades da rede socioassistencial do

território de abrangência do CRAS, tanto no que ser refere às entidades de assistência social

privadas sem fins lucrativos quanto às públicas. Para o exercício da referência e

contrarreferência, é necessário que o gestor municipal defina os fluxos e procedimentos de

encaminhamento entre a proteção básica e a especial e que o coordenador do CRAS garanta,

no âmbito da proteção básica, que estes funcionem.

Verificou-se que dos 15 CRAS, 11 estavam organizados em torno de um Plano de

Trabalho e 4 não possuíam, são eles: Vila Isaura, Conjunto Baliza, Real Conquista e Vila

Redenção.

Pode-se constatar que os 15 CRAS de Goiânia ofertavam o Programa de Atenção

Integral à Família; que todos possuíam o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos

funcionando dentro da unidade e, fora da unidade, 4 não possuíam, sendo eles: Jardim

Primavera, Vera Cruz II, Vila Canãa e Jardim Cerrado.

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Quanto ao Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com

Deficiência e Idosas, funcionava apenas no CRAS Jardim Primavera. É o que se constata no

gráfico a seguir:

Gráfico 3 – Serviços CRAS

Ressalta-se que considerações específicas a respeito desse serviço serão tratadas logo

adiante, de forma detalhada.

3.4 Sobre o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família – PAIF

O Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF) é um dos serviços da

Proteção Social Básica (PSB) do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e consiste “no

trabalho social com famílias, de caráter continuado, com a finalidade de fortalecer a função

protetiva das famílias, prevenir a ruptura dos seus vínculos, promover seu acesso e usufruto de

direitos e contribuir na melhoria de sua qualidade de vida” (Tipificação Nacional de Serviços

Socioassistenciais, Brasília, 2009, p. 6).

O PAIF dá um foco especial ao desenvolvimento de potencialidades e às aquisições das

famílias, atuando no âmbito da prevenção, da proteção e da proatividade, a partir do

reconhecimento de que é preciso responder às necessidades das famílias de forma integral e,

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2

4

6

8

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PAIF SCFV SPSB no Domicílio paraPessoas com

Deficiência e Idosas

Serviços Ofertados pelos CRAS

Não Sim

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não somente, em situações de emergência. Trata-se de um serviço da PSB, que deve ser

executado, obrigatoriamente, dentro do CRAS.

O trabalho social com famílias do PAIF engloba algumas ações primordiais, que devem

ser planejadas e avaliadas com a participação das famílias usuárias desse serviço. São elas:

acolhida1;

oficinas com famílias2;

ações comunitárias3;

ações particularizadas4;

encaminhamentos5.

Em 100% dos CRAS de Goiânia, era desenvolvido o Serviço de Proteção e Atendimento

Integral à Família (PAIF).

As ações do PAIF, acima mencionadas, eram realizadas em praticamente todos eles,

podendo ser detalhadas da seguinte forma:

as ações particularizadas e a acolhida eram desenvolvidas em todos os CRAS;

as oficinas com famílias eram desenvolvidas em 11 dos 15 CRAS;

as ações comunitárias aconteciam em 12 dos 15 CRAS;

os encaminhamentos eram desenvolvidos em 13 dos 15 CRAS.

1 De acordo com o documento Orientações Técnicas sobre o PAIF, a acolhida é uma atividade exclusiva dos profissionais de

nível superior que atuam no PAIF e acontece após a recepção dos usuários no CRAS. A recepção pode ser feita por profissionais

com outros níveis de escolaridade. (Orientações Técnicas sobre o PAIF, Vol. 2, Brasília, 2012). 2 Constituem objetivos das oficinas com famílias a discussão e a reflexão sobre situações vivenciadas e interesses comuns, que

dizem respeito à reprodução social da família, ao fortalecimento de sua função protetiva, ao acesso a direitos e às

vulnerabilidades do território, que impactam no convívio familiar e comunitário. (Orientações Técnicas sobre o PAIF, Vol. 2,

Brasília, 2012). 3 Ações de caráter coletivo, voltadas para a dinamização das relações no território. Possuem escopo maior que as oficinas com

famílias, por mobilizar um número maior de participantes, e devem agregar diferentes grupos do território a partir do

estabelecimento de um objetivo comum. Dentre as diversas formas de se executar ações comunitárias, tem-se: palestras,

campanhas e eventos comunitários. (Orientações Técnicas sobre o PAIF, Vol. 2, Brasília, 2012). 4 Ações particularizadas referem-se ao atendimento prestado pela equipe técnica do CRAS à família – algum(ns) membro(s)

ou todo o grupo familiar, após a acolhida, de modo individualizado. (...) A opção pela utilização de ações particularizadas no

atendimento às famílias deverá ocorrer em casos extraordinários e tem por princípio conhecer a dinâmica familiar

profundamente e prestar um atendimento mais específico à família, como nos casos: de suspeita de situações de violação de

direitos, entendimento e enfrentamento das causas de descumprimentos reiterados de condicionalidades do Programa Bolsa

Família, beneficiários do BPC de 0 a 18 anos fora da escola e demais situações que pressupõem sigilo de informações e que

podem gerar encaminhamento para a Proteção Social Especial ou para o Sistema de Garantia de Direitos. As ações

particularizadas não prevêem encontros periódicos, ao contrário do acompanhamento individualizado. (Orientações Técnicas

sobre o PAIF, Vol. 2, Brasília, 2012). 5 Encaminhamentos são ações de orientação e direcionamento das famílias, ou algum de seus membros, para serviços e/ou

benefícios socioassistencias ou de outros setores. Têm por objetivo a promoção do acesso aos direitos e a conquista da

cidadania. (Orientações Técnicas sobre o PAIF, Vol. 2, Brasília, 2012).

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Especificamente no que se refere à acolhida, verificou-se que os registros dessa ação

eram realizados pelos técnicos de nível superior de todos os CRAS, o que era um aspecto

positivo, pois revelava organização do trabalho. Verificou-se, ainda, que todos os 15 CRAS, ao

identificarem, no momento da acolhida dos indivíduos ou famílias, situações que demandavam

a intervenção da Proteção Social Especial do SUAS, faziam o encaminhamento imediato desses

casos ao Centro de Referência Especializada da Assistência Social (CREAS) para atendimento

pelo Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI), o que

também se constituía em um aspecto positivo do trabalho desenvolvido no âmbito do PAIF.

Em relação às oficinas com famílias, verificou-se que, dos 11 CRAS que desenvolviam

essa ação, 9 deles realizavam-nas a partir de um planejamento formal e apenas 2 não as

planejavam. Desses 11 CRAS, apenas 1 não fazia registro do trabalho desenvolvido no âmbito

dessas oficinas e 1 deles fazia-o de forma não sistemática. Os 9 CRAS restantes registravam o

trabalho desenvolvido. Assim, verificou-se que o planejamento e o registro das atividades

referentes às oficinas com famílias aconteciam na maioria dos 11 CRAS, o que era positivo,

pois também revelava organização do trabalho.

Ainda sobre as oficinas com famílias, verificou-se que, dos 11 CRAS que desenvolviam

essa ação, 7 avaliavam o trabalho com os seus usuários. Em 3 deles, essa avaliação não era

realizada e, em apenas 1, não era realizada de forma sistemática. Observou-se, então, que a

avaliação com os usuários, prevista nas normativas, acontecia em boa parte dos CRAS que

executavam as oficinas com famílias, conforme se constata no gráfico abaixo:

Gráfico 4 – Oficinas com famílias

4

11

Quantos CRAS realizam oficinas com famílias?

Não Sim

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14

As ações comunitárias eram realizadas em 12 dos 15 CRAS de Goiânia e devidamente

divulgadas para a comunidade. Em 11 deles, essas ações constituíam-se em atividades

planejadas. Em 10 desses 12 CRAS, eram feitas a partir de articulação com lideranças locais e

demais serviços do território, especialmente os da área da saúde. Verificou-se, então, que, em

termos de planejamento, divulgação e articulação, o desenvolvimento das ações comunitárias

era satisfatório, atendendo, de um modo geral, ao que recomendam as normativas. No entanto,

as equipes de referência de alguns CRAS queixaram-se da precariedade de recursos materiais

(pedagógicos e de expediente) e de equipamentos para divulgar as ações comunitárias, o que

levava seus funcionários a arcarem, a partir de recursos próprios, com os custos dessa

divulgação. Tratava-se, assim, de uma situação inadequada.

Ainda sobre as ações comunitárias, observou-se que apenas 7 desses 12 CRAS faziam

registros das atividades desenvolvidas e, ainda, que somente 4 deles avaliavam, com a

participação dos usuários, o trabalho desenvolvido, situação pouco satisfatória em relação ao

que estabelecem as normativas. Destaca-se que o não envolvimento dos usuários na avaliação

dos serviços prestados prejudica o seu aprimoramento. Referente a essas informações, segue o

gráfico abaixo:

Gráfico 5 - Ações comunitárias

Os encaminhamentos para os serviços da rede socioassistencial e de outras políticas

públicas eram ações executadas pelas equipes técnicas de referência dos 15 CRAS de Goiânia.

0

2

4

6

8

10

12

14

Não Sim

Quantos CRAS realizam ações comunitárias?

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Desses, 13 faziam contatos prévios com a rede de serviços socioassistenciais da PSB e da PSE

do território, para possibilitar maior garantia de efetivação do encaminhamento. Portanto,

verificou-se que a maioria dos CRAS realizavam o contato prévio com a rede de serviços

socioassistenciais, conforme recomendam as normativas. Em 2 CRAS, não foram coletadas

informações a esse respeito.

Apenas 6 do 15 CRAS acompanhavam o andamento dos encaminhamentos feitos à rede

socioassistencial do território, para se cientificarem de que o atendimento à família ou ao

indivíduo havia sido realizado, conforme previsto nas normativas. Dos 15 CRAS, 7

acompanhavam o andamento de apenas alguns encaminhamentos realizados à rede

socioassistencial e, em 2 dos 15 CRAS, essa informação não foi coletada. Verificou-se, assim,

que, em relação ao acompanhamento dos encaminhamentos feitos pelos CRAS, a situação

encontrada era pouco satisfatória e revelava a necessidade de aprimoramento desse aspecto.

As normativas recomendam o “estabelecimento de agendas sistemáticas entre as

equipes de referência do CRAS e CREAS, para a discussão e análise dos encaminhamentos das

famílias realizados entre os serviços do PAIF e do PAEFI” (Orientações Técnicas sobre o PAIF,

Vol. 2, Brasília, 2012, p. 47). A esse respeito, verificou-se que, dos 15 CRAS, 5 estabeleciam

essas agendas sistemáticas entre as equipes do CRAS e do CREAS, 7 não estabeleciam essas

agendas, 2 apenas esporadicamente e, em 1 deles, essa informação não foi coletada, conforme

ilustra o gráfico a seguir:

Gráfico 6 – Trabalho conjunto CRAS e CREAS

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

50%

Sim Não Esporádico/Nãoresponderam

Quantidade de CRAS que estabelecem agendas sistemáticas com CREAS

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Assim, verificou-se que, em relação ao estabelecimento de agendas sistemáticas entre o

CRAS e o CREAS para discussão e análise dos encaminhamentos feitos entre essas duas

unidades do SUAS, a situação encontrada, na maioria dos CRAS, não atendia às recomendações

das normativas e, consequentemente, gerava prejuízos à consolidação do SUAS nos territórios

dos CRAS.

Sobre os encaminhamentos feitos pela equipe técnica de referência do CRAS aos

serviços de outras políticas públicas (rede setorial de políticas públicas), verificou-se que 14

dos 15 CRAS realizavam contatos prévios com esses serviços para tentar possibilitar maior

garantia de efetivação do encaminhamento. Apenas 1 dos 15 CRAS não realizava esses

contatos. Assim, no que se refere a esse aspecto, a situação encontrada na quase totalidade dos

CRAS era satisfatória.

Ainda sobre os encaminhamentos feitos pela equipe técnica de referência do CRAS à

rede de serviços de outras políticas públicas, 7 dos 15 CRAS acompanhavam o andamento

desses encaminhamentos, para se cientificarem de que o atendimento à família ou indivíduo

havia sido realizado. Dos 15 CRAS, 8 acompanhavam o andamento de apenas alguns desses

encaminhamentos. Verificou-se, assim, que, em relação ao acompanhamento dos

encaminhamentos feitos pelos CRAS à rede se serviços de outras políticas públicas, a situação

encontrada também era pouco satisfatória, revelando a necessidade de aprimoramento desse

aspecto.

Verificou-se que apenas 5 dos 15 CRAS estabeleciam agendas sistemáticas entre as

equipes do CRAS e dos serviços de outras políticas públicas para a discussão e análise dos

encaminhamentos das famílias feitos entre elas. Sete dos 15 CRAS não estabeleciam essas

agendas. Três dos 15 CRAS estabeleciam, apenas, agendas esporádicas. Assim, verificou-se

que, em relação ao estabelecimento de agendas sistemáticas entre as equipes do CRAS e dos

serviços de outras políticas públicas para discussão e análise dos encaminhamentos feitos entre

eles, a situação encontrada na maioria dos CRAS não atendia às recomendações das normativas.

É importante destacar que foram verificadas significativas queixas por parte das equipes

técnicas de vários CRAS de Goiânia, a respeito das poucas respostas dadas pela rede de

atendimento às demandas dos usuários do CRAS (especialmente em relação às questões de

habitação, geração de emprego e renda e tratamentos para dependência de álcool e outras

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drogas), tornando sem efetividade muitos dos encaminhamentos feitos. Essa queixa apareceu

em 5 dos 15 CRAS.

De acordo com o documento Orientações Técnicas sobre o PAIF (Vol. 2, 2012), o

trabalho social com famílias desenvolvido no âmbito do PAIF pode se dar por meio de dois

processos distintos, mas que se completam, quais sejam:

1. atendimento à família ou a um ou mais de seus membros;

2. acompanhamento da família ou de um ou mais de seus membros.

O atendimento à família ou a um ou mais de seus membros consiste em:

(...) uma ação imediata de prestação ou oferta de atenção, com vistas a uma

resposta qualificada de uma demanda da família ou do território. Significa a

inserção da família, um ou mais de seus membros, em alguma das ações dos

PAIF: acolhida, ações particularizadas, ações comunitárias, oficinas com

famílias e encaminhamentos. (Orientações Técnicas sobre o PAIF, Vol. 2, p.

54).

O acompanhamento da família ou a um ou mais de seus membros, por sua vez, consiste:

(...) em um conjunto de intervenções, desenvolvidas de forma continuada, a

partir do estabelecimento de compromissos entre famílias e profissionais, que

pressupõem a construção de um Plano de Acompanhamento Familiar – com

objetivos a serem alcançados, a realização de mediações periódicas, a inserção

em ações do PAIF, buscando a superação gradativa das vulnerabilidades

vivenciadas. (Orientações Técnicas sobre o PAIF, Vol. 2, p. 54).

Verificou-se que os técnicos de referência dos 15 CRAS do município de Goiânia

realizavam acompanhamento familiar, o que era um aspecto positivo.

Em 3 desses 15 CRAS, havia registro de demanda reprimida para esse

acompanhamento, o que significava que seus técnicos de referência não conseguiam fazer o

acompanhamento de todas as famílias cujas situações de vida o requeriam. Verificou-se, ainda,

que, apesar de todos os 15 CRAS realizarem o acompanhamento familiar e de praticamente

todos eles não terem declarado haver demanda reprimida, esse acompanhamento não era

desenvolvido de forma satisfatória, conforme recomendações das normativas que a

regulamentam, e nem contemplava todas as famílias/indivíduos com perfis para vivenciá-lo. E

essa situação se devia, principalmente, à escassez de veículos para que os técnicos de referência

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realizassem visitas domiciliares, verificada em 13 dos 15 CRAS, configurando-se como um

grande problema enfrentado por essas unidades da PSB.

Verificou-se, ainda, a existência de outro fator que afetava a adequada execução do

acompanhamento familiar, que era a reduzida equipe técnica de referência, identificado em 6

dos 15 CRAS.

O trabalho social com famílias do PAIF se efetiva por meio de algumas ações

importantes executadas pela equipe técnica de referência do CRAS, tais como: estudo social;

visita domiciliar; elaboração do Plano de Acompanhamento Familiar para cada família

acompanhada; promoção de acesso à documentação pessoal; mobilização e fortalecimento de

redes sociais de apoio; busca ativa; estudo de caso; atividades culturais.

Verificou-se que o estudo social e a visita domiciliar eram realizados pela equipe técnica

de referência de todos os 15 CRAS de Goiânia. A busca ativa e o estudo de caso eram realizados

em 14 dos 15 CRAS. Sobre a busca ativa, observou-se que, em praticamente todos os CRAS, a

forma mais comumente utilizada para realizá-la era a visita domiciliar, apesar da precariedade

em termos de disponibilidade de veículo – 11 dos 15 CRAS utilizavam a visita domiciliar como

forma de fazer busca ativa. O estudo de caso tinha periodicidade definida para acontecer em

apenas 8 dos 15 CRAS. Em 5 dos 15 CRAS, o estudo de caso acontecia esporadicamente, à

medida que havia necessidade. Quanto aos demais CRAS, as respostas obtidas não permitiram

identificar como o estudo de caso era realizado. Verificou-se, ainda, que apenas 6 dos 15 CRAS

realizavam estudo de caso envolvendo, simultaneamente, as equipes de referência do CRAS e

do CREAS. Esse contexto indicava, então, que a execução da atividade de estudo de caso ainda

era frágil em boa parte dos CRAS de Goiânia.

A promoção de acesso à documentação pessoal acontecia em 13 CRAS. A mobilização

das redes sociais de apoio e a realização de atividades culturais para auxiliar nas atividades

coletivas do PAIF eram realizadas em 12 CRAS. Verificou-se, assim, que o desenvolvimento

dessas duas ações era satisfatório.

Gráfico 7 - Ações do trabalho social com famílias do PAIF

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No que se refere à elaboração do Plano de Acompanhamento Familiar, destaca-se que

esse é um instrumento imprescindível no processo de acompanhamento familiar, pois

contempla o seguinte: as demandas e necessidades das famílias; as vulnerabilidades a serem

superadas; as potencialidades desses usuários; os recursos que o território possui e que podem

ser mobilizados na superação das vulnerabilidades das famílias; as estratégias a serem adotadas

pelos profissionais do CRAS, em conjunto com as famílias durante o processo de

acompanhamento familiar; as intervenções que serão feitas, sua periodicidade, duração, entre

outros (Orientações Técnicas sobre o PAIF, Vol. 2).

Verificou-se que a elaboração do Plano era realizada pela equipe técnica de 10 dos 15

CRAS, mas não se materializava de forma consistente em todos eles – nem todos os planos

contemplavam a totalidade dos aspectos que devem estar presentes nesse documento, conforme

descrito na normativa acima mencionada. Em apenas 3 dos 10 CRAS que realizavam o Plano,

esse documento contemplava todos os aspectos previstos nas normativas. Essa situação

indicava inconsistências no processo de planejamento do acompanhamento familiar realizado

no âmbito do PAIF.

Ainda sobre o Plano, verificou-se que, dos 10 CRAS que o realizavam, 8 começavam a

construí-lo logo após o início do acompanhamento familiar, e apenas 6 procuravam garantir a

participação das famílias usuárias nessa construção. Em 1 dos CRAS não foi coletada

informação a respeito da participação das famílias.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

Estudo social Visita domiciliar Busca ativa Estudo de caso Estudo de casoenvolvendo as

equipes dereferência do

CRAS e doCREAS

Promoção deacesso a

documentaçãopessoal

Mobilização eforatalecimentode redes sociais

de apoio

Não Sim Às vezes/Alguns Casos/Não respondeu

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É importante ressaltar que, apesar de a maioria das ações acima mencionadas serem

desenvolvidas em uma boa parte dos CRAS de Goiânia, nem todas elas eram executadas de

forma satisfatória. Isso se devia, em grande parte, a insuficiências vivenciadas por essas

unidades da PSB, especialmente no que se referia a recursos humanos (equipe técnica,

principalmente) e à escassez de veículos para o deslocamento das equipes técnicas de

referência. Assim, observou-se, por exemplo, que as visitas domiciliares realizadas não

atendiam à demanda dos CRAS e que os estudos de caso, a mobilização das redes sociais de

apoio, a realização de estudo social, a elaboração do Plano de Acompanhamento Familiar e a

busca ativa, eram ações pouco efetivas na maioria dos CRAS, comprometendo,

significativamente, o processo de acompanhamento familiar.

Verificou-se que, dos 15 CRAS, 14 mantinham prontuário individualizado de cada

família acompanhada, o que era um dado positivo, pois indicava organização do trabalho. Esses

prontuários, de um modo geral, continham cópias de documentos pessoais, o Plano de

Acompanhamento Familiar (quando elaborado), cópias de encaminhamentos feitos pela equipe

técnica de referência, cópias de encaminhamentos recebidos de outras unidades da rede

socioassistencial ou de serviços de outras políticas públicas e relatórios e outras anotações

sistemáticas feitas pelos profissionais envolvidos no acompanhamento das famílias.

Verificou-se que todos os 15 CRAS enfrentavam dificuldades para executar o PAIF.

Dentre essas dificuldades, destacavam-se as seguintes:

pouca disponibilidade de veículo para a realização de atividades externas,

especialmente as visitas domiciliares pela equipe técnica de referência;

pouca disponibilidade de recursos materiais, incluindo equipamentos

(computadores, impressoras, DVD, aparelho de som, TV e outros), materiais pedagógicos para

as oficinas do PAIF, materiais de expediente, móveis, linhas telefônicas e acesso à internet.

Ressalta-se que essa reduzida disponibilidade de recursos materiais prejudicava a oferta

qualificada e variada de atividades no âmbito do PAIF, desestimulando a participação dos

usuários nesse programa. Verificou-se, em alguns CRAS, que algumas atividades do PAIF só

eram executadas porque os funcionários e os usuários adquiriam, com recursos financeiros

próprios, os recursos materiais necessários;

insuficiente estrutura física do CRAS;

reduzido quadro de recursos humanos;

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grande rotatividade de funcionários, já que muitos deles eram contratados

temporariamente. Isso provocava descontinuidade do trabalho e, consequentemente, afetava a

qualidade dos serviços ofertados;

precária manutenção da estrutura física do CRAS, dos equipamentos com defeito

e dos móveis danificados, por parte da Secretaria Municipal de Assistência Social (SEMAS);

escassez de gêneros alimentícios para preparar lanches para os usuários do PAIF.

Verificou-se que, em alguns CRAS, os funcionários custeavam esses lanches com recursos

próprios;

precária segurança dentro do CRAS;

pouca resposta do poder público às demandas apresentadas pelos usuários em

termos de geração de emprego e renda, habitação, tratamento para uso abusivo de álcool e

outras drogas, entre outras.

3.4.1 Recomendações PAIF

Diante do que foi acima exposto, seguem algumas sugestões de providências a serem

tomadas pelo órgão gestor da política de assistência social do município de Goiânia para

melhorar a oferta do PAIF:

1. garantia de recursos materiais (pedagógicos, de expediente, equipamentos,

incluindo os de informática, e móveis) necessários à implementação das ações do PAIF.

Destaca-se que a previsão desses recursos deve constar do planejamento formal dessas ações;

2. garantia do registro de todas as ações executadas no âmbito do PAIF;

3. garantia da participação dos usuários do PAIF na avaliação dos serviços

prestados no âmbito desse programa;

4. aprimoramento dos encaminhamentos feitos pela equipe de referência do PAIF

à rede socioassistencial ou aos serviços de outras políticas públicas, com enfoque no

monitoramento desses encaminhamentos e no estabelecimento de agendas sistemáticas entre o

CRAS e o CREAS, para discussão e análise dos encaminhamentos realizados entre esses dois

serviços, e entre o CRAS e os serviços de outras políticas públicas, com o mesmo objetivo;

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5. garantia de condições adequadas de trabalho para que as equipes técnicas de

referência dos CRAS consigam realizar, com efetividade, o acompanhamento familiar. Essas

condições referem-se, especialmente, aos seguintes aspectos:

adequação do quadro de profissionais;

disponibilidade regular de veículo para realização de visitas domiciliares e de

outras atividades externas;

disponibilidade de recursos materiais diversos (pedagógicos, de expediente,

equipamentos de informática, entre outros);

aprimoramento da Gestão da Proteção Básica no Território6, que define, como

uma das ações de responsabilidade dos coordenadores dos CRAS, o

estabelecimento/negociação do fluxo de informações e de protocolos entre os setores

envolvidos (CRAS, CREAS e serviços de outras políticas públicas) nos encaminhamentos

realizados pela equipe técnica, visando possibilitar a efetivação desses encaminhamentos;

6. garantia da oferta de lanches para os participantes das atividades do PAIF, que

exigem permanência prolongada destes no CRAS (exemplo, as oficinas);

7. consolidação do estudo de caso como uma das ações realizadas no âmbito do

trabalho social com famílias do PAIF, garantindo, durante sua execução, a articulação entre as

equipes do CRAS e do CREAS;

8. implementação do Plano de Acompanhamento Familiar, garantindo que ele

contemple todos os aspectos previstos nas normativas. Destaca-se a importância de as equipes

técnicas dos CRAS definirem estratégias que garantam a participação das famílias usuárias do

PAIF na construção desse plano;

9. melhoria do espaço físico (ampliação e/ou reforma) daqueles CRAS que não

contam com instalações adequadas para implementar as atividades do PAIF. Destaca-se que

essa melhoria deve ser precedida de um levantamento de necessidades realizado com a

participação dos profissionais desse programa;

6 A Gestão da Proteção Básica no Território é uma das funções do CRAS e assegura que a ação com a família,

exercida por meio do PAIF, seja o eixo em torno do qual os serviços locais se organizam e que os encaminhamentos

feitos pelo CRAS tenham efetividade e resolutividade. (...) Dentre as ações de gestão territorial da proteção social

básica destacam-se: articulação da rede socioassistencial de proteção social básica referenciada ao CRAS;

promoção da articulação intersetorial e busca ativa. (Orientações Técnicas: Centro de Referência de Assistência

Social – CRAS, Brasília, 2009).

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10. garantia de serviços continuados de manutenção das instalações físicas e dos

equipamentos de todos os CRAS;

11. garantia de segurança aos profissionais e usuários dos CRAS enquanto esses

estiverem dentro dessas unidades da PSB;

12. garantia de capacitação continuada dos profissionais que atuam no PAIF,

incluindo os coordenadores do CRAS, para que se instrumentalizem para a execução das

atividades inerentes a esse programa.

3.5 Sobre o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos - SCFV

O SCFV é um serviço da Proteção Social Básica do SUAS, regulamentado pela

Tipificação Nacional de Serviços Socioassitenciais (Resolução CNAS n. 109/2009). Foi

reordenado em 2013 por meio da Resolução CNAS n. 01/2013. Esse serviço é ofertado de

forma complementar ao trabalho social com famílias, que é realizado por meio do Serviço de

Proteção e Atendimento Integral às Famílias (PAIF) e Serviço de Proteção Especializado às

Famílias e Indivíduos (PAEFI). Possui caráter preventivo e proativo, pautado na defesa e

afirmação de direitos e no desenvolvimento de capacidades e potencialidades dos usuários, com

vistas ao alcance de alternativas emancipatórias para o enfrentamento das vulnerabilidades

sociais. Deve ser ofertado de modo a garantir as seguranças de acolhida e de convívio familiar

e comunitário, além de estimular o desenvolvimento da autonomia dos usuários. Devem ser

especialmente alcançados pelo SCFV, como as pessoas com deficiência e os beneficiários de

programas de transferência de renda.

O SCFV pode ser ofertado no Centro de Referência da Assistência Social – CRAS,

desde que este tenha espaço compatível para tal, sem prejudicar a oferta do PAIF. Também

pode ser realizado em centros de convivência – que são unidades públicas ou unidades

vinculadas a entidades de assistência social, devidamente inscritas no Conselho de Assistência

Social do município ou Distrito Federal.

Quando o SCFV é ofertado no CRAS ou em centros de convivência mantidos pelo poder

público, diz-se que a execução do serviço é direta. Quando o SCFV é ofertado em centros de

convivência de entidades ou organizações de assistência social, diz-se que a execução do

serviço é indireta. Para fins de ilustração, segue o gráfico abaixo, que demonstra a quantidade

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de SCFV existentes no município, destaque para a presença das conveniadas, assunto que será

abordado adiante neste documento, na oferta desse serviço.

Gráfico 8 – Impacto SCFV no município

Ressalta-se que todos os grupos do SCFV devem estar referenciados ao CRAS de sua

área de abrangência e devem manter articulação com o PAIF.

Os usuários do SCFV são divididos em grupos a partir de faixas etárias, considerando

as especificidades dos ciclos de vida. O trabalho nos grupos é planejado de forma coletiva,

contando com a participação ativa do técnico de referência, dos orientadores sociais e dos

usuários. O trabalho realizado com os grupos é organizado em percursos, de forma a estimular

as trocas culturais e o compartilhamento de vivências; desenvolver junto aos usuários o

sentimento de pertença e de identidade; e, fortalecer os vínculos familiares, sempre sob a

perspectiva de incentivar a socialização e a convivência familiar e comunitária.

É importante destacar que crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil estão

entre o público prioritário para o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos,

conforme preceitua a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, que destaca a

necessidade de inseri-los em serviços de convivência da Proteção Social Básica.

Recomenda-se que a sua participação nas atividades do SCFV seja contínua e diária, ou que

seja complementada com atividades ofertadas por outras políticas, a fim de evitar a sua

reincidência no trabalho.

A equipe de referência, de acordo com a NOB/RH do SUAS, é constituída por

servidores efetivos responsáveis pela organização e oferta de serviços, programas, projetos e

1515

Quantidade de SCFV no município

Nos CRAS Fora dos CRAS

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benefícios de proteção social básica e especial, levando-se em consideração o número de

famílias e indivíduos referenciados, o tipo de atendimento e as aquisições que devem ser

garantidas aos usuários. É constituída por um técnico de nível superior do CRAS, que poderá

ser o assistente social ou psicólogo ou, ainda, outro profissional que integre a equipe, conforme

a Resolução CNAS n. 17/2011, e por orientador social ou educador social, conforme a descrição

apresentada na Resolução n. 9/2015.

Constatou-se que os 15 CRAS em Goiânia possuíam SCFV. Dentre eles, apenas 3

possuíam recursos humanos suficientes, são eles: Recanto das Minas Gerais, Conjunto Baliza

e Jardim Curitiba II; 9 não possuíam, são eles: Vila Canaã, Capuava, Floresta, Jardim

Primavera, Real Conquista, Vera Cruz II, Vila Redenção, Vila União, Jardins Cerrado; e, 3 não

souberam responder, são eles: Recanto do Bosque, Vila Isaura e Jardim Novo Mundo.

Quanto à demanda reprimida, existia em 3 CRAS, são eles: Real Conquista, Vila União,

Jardim Curitiba II; 9 não possuíam, são eles: Recanto das Minas Gerais, Recanto do Bosque,

Vila Isaura, Conjunto Baliza, Capuava, Jardim Primavera, Vera Cruz II, Jardins Cerrado, Vila

Redenção; e, 3 não souberam responder são eles: Vila Canaã, Novo Mundo e Floresta.

Quanto à existência de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil inseridos

no SCFV, dentre os 15 CRAS, 12 não possuíam, são eles: Recanto das Minas Gerais, Recanto

do Bosque, Vila Canaã, Vila Isaura, Capuava, Jardim Novo Mundo, Jardim Primavera, Vera

Cruz II, Vila Redenção, Vila União, Jardim Curitiba II, Jardins Cerrado; 2 possuíam, são eles:

Conjunto Baliza e Real Conquista; e, um não soube responder: Floresta.

Em 8 dos 15 CRAS, o SCFV funcionava em período de férias, são eles: Recanto do

Bosque, Vila Isaura, Capuava, Floresta, Jardim Primavera, Vera Cruz II, Vila Redenção e Vila

União. Em 7, o SCFV era interrompido no período de férias escolares, são eles: Vila Canaã,

Conjunto Baliza, Real Conquista, Jardim Curitiba II, Jardins Cerrado, Jardim Novo Mundo e

Recanto das Minas Gerais;

No que concerne à articulação entre o SCFV e o PAIF, dentre os 15 CRAS, 12 faziam

essa articulação, são eles: Recanto das Minas Gerais, Recanto do Bosque, Vila Canaã, Vila

Isaura, Conjunto Baliza, Floresta, jardim Novo Mundo, Jardim Primavera, Real Conquista,

Vera Cruz II, Vila Redenção, Vila União, Jardim Curitiba II; apenas 1 não fazia: Jardins

Cerrado: e, 2 não souberam responder, são eles: Capuava e Jardim Primavera.

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26

3.5.1 Recomendações SCFV desenvolvido no CRAS

Mediante as considerações expostas, constatou-se que é necessário que os SCFV que

funcionam dentro dos CRAS se adequem ao reordenamento da Política de Assistência Social

em consonância com os parâmetros preceituados nas orientações técnicas do SUAS,

promovendo maior organização do atendimento e efetivação de suas ações, sendo assim,

recomenda-se:

1. adequação do quadro de profissionais do SCFV, tendo em vista que apenas três possuem

recursos humanos suficientes, sendo eles: Recanto das Minas Gerais, Conjunto Baliza

e Jardim Curitiba II;

2. garantia de atividades ininterruptas no SCFV para aqueles grupos que possuem usuários

em situação de trabalho infantil, mesmo no período de férias escolares;

3. ampliação os SCFV para as faixas etárias compreendidas entre 18 e 59 anos, que

também são comtempladas pelas normativas.

3.6 Sobre o SCFV desenvolvido fora do CRAS

O Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) compõe os serviços

da Proteção Social Básica (PSB) do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e objetiva

“prevenir a ocorrência de situações de risco social e fortalecer os vínculos familiares e

comunitários” (Caderno de Orientações: Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família

e Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos – Articulação Necessária na Proteção

Social Básica, Brasília, 2016, p. 13). Esse serviço se organiza em grupos, metodologia que

possibilita trocas culturais e de vivências entre os usuários, podendo abranger distintas faixas

etárias.

O SCFV pode ser desenvolvido diretamente no Centro de Referência de Assistência

Social (CRAS) ou, indiretamente, por entidades e organizações de assistência social localizados

no território de abrangência do CRAS, situação essa que é o foco desta análise técnica. Se

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executado por essas entidades e organizações, o SCFV deve ser referenciado7 ao CRAS e

manter articulação com o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF), que é

um dos serviços exclusivos do CRAS.

Frisa-se que o CRAS deve ser a referência para a execução de todos os serviços da

Proteção Social Básica do SUAS e que o SCFV é um serviço complementar ao PAIF, o que

sedimenta a necessidade da articulação entre esses dois serviços. A consolidação dessa

articulação é essencial para garantir a operacionalização e a organização do atendimento das

famílias usuárias do SCFV. Nesse processo, destaca-se o papel de dois profissionais do CRAS,

responsáveis por concretizar essa articulação:

- o coordenador do CRAS, que é responsável por “organizar, segundo orientações do

gestor municipal ou do Distrito Federal de assistência social, reuniões periódicas com as

instituições que compõem a rede, a fim de instituir a rotina de atendimento e acolhimento dos

usuários” (Caderno de Orientações: Serviço de Proteção e Atendimento Integral à família e

Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos – Articulação Necessária na Proteção

Básica, Brasília, 2016, p. 9);

- o profissional de nível superior do CRAS (equipe técnica), que, dentre outras funções,

responsabiliza-se por apoiar o trabalho desenvolvido pelo orientador social do SCFV e

acompanhar as famílias dos usuários desse serviço.

Verificou-se que, dos 15 CRAS de Goiânia visitados, 10 possuíam SCFV executado em

entidades e organizações de assistência social localizadas nos seus territórios de abrangência e

a eles referenciadas. No total, eram 15 entidades, e 14 delas se caracterizavam como instituições

privadas sem fins lucrativos – constatou-se que apenas 1 dessas 15 entidades referenciadas ao

CRAS funcionava de forma bastante informal, desenvolvendo o SCFV para idosos em um

espaço cedido por uma igreja católica, não tendo natureza jurídica definida.

Verificou-se que, em 10 das 15 entidades que desenvolviam o SCFV, existia algum tipo

de articulação entre esse serviço e o PAIF; em 5 delas, essa articulação não acontecia. Em 4 das

10 entidades que maninham essa articulação, isso vinha acontecendo de forma bastante restrita

7 Estar referenciado ao CRAS significa que os serviços deverão receber orientações emanadas do poder público, alinhadas às

normativas do SUAS, estabelecer compromissos e relações, participar da definição de fluxos e procedimentos que reconheçam

a centralidade do trabalho com famílias no território e contribuir para a alimentação dos sistemas da Rede SUAS (e

outros).(Caderno de Orientações: Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família e Serviço de Convivência e

Fortalecimento de Vínculos – Articulação Necessária na Proteção Social Básica, Brasília, 2016).

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em 2016, tendo ocorrido com mais efetividade em 2015. E 3 dessas 10 entidades não

apresentaram detalhamento a respeito do nível de articulação estabelecido.

Verificou-se que os principais fatores que obstaculizavam essa articulação eram os

seguintes:

- pouca disponibilidade de veículo nos CRAS, restringindo o deslocamento dos técnicos

de nível superior até as entidades referenciadas para acompanhar o SCVF por elas executado;

- reduzida quantidade de linhas telefônicas em funcionamento e precariedade da internet

em alguns CRAS, limitando os contatos dos técnicos de nível superior do CRAS com as

entidades referenciadas;

- restrito quadro de pessoal em alguns CRAS, especialmente no que se referia aos

profissionais de nível superior, dificultando o acompanhamento adequado aos SCFV

desenvolvidos nas entidades referenciadas, bem como o atendimento àqueles usuários desse

serviço que, por se encontrarem em situação de vulnerabilidade, necessitavam de

acompanhamento por parte da equipe técnica do CRAS.

Apesar de não haver homogeneidade quanto à articulação entre o SCFV desenvolvido

nas 15 entidades referenciadas ao CRAS e o PAIF, foi possível verificar que, de um modo geral,

essa articulação era frágil e necessitava ser consolidada. Tratava-se, portanto, de uma situação

que contrariava as recomendações constantes das normativas que regem a Proteção Social

Básica, prejudicando a consolidação do referenciamento e, consequentemente, do SUAS, nos

territórios onde essas entidades estavam localizadas.

A Resolução CNAS n. 13, de 13 de maio de 2014, incluiu na Tipificação Nacional dos

Serviços Socioassistenciais a faixa etária de 18 a 59 anos de idade como usuária do SCFV,

possibilitando, assim, o desenvolvimento do SCFV para faixas etárias diversas, desde a infância

até a terceira idade. Verificou-se, no entanto, que o SCFV executado por essas entidades

referenciadas aos CRAS focava nas faixas etárias de 6 a 15 anos, 15 a 17 anos e na terceira

idade. Apenas 1 das 10 entidades atendia ao público de 18 a 59 anos.

A normativa intitulada “Orientações Técnicas: Serviço de Convivência e Fortalecimento

de Vínculos para Crianças de 6 a 15 anos” (Brasília, 2010, p. 41) apresenta como um dos

objetivos do SCFV possibilitar aos seus usuários “acessos a experiências e manifestações

artísticas, culturais e esportivas e de lazer, com vistas ao desenvolvimento de novas

sociabilidades”, devendo ter, como um de seus focos, a formação para a participação e

cidadania.

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Esse mesmo documento ressalta que os grupos de SCFV devem ser formados por, no

máximo, 25 usuários. Destaca-se que, no que se refere às faixas etárias superiores a 15 anos,

não há normativa que estabeleça a quantidade adequada de usuários por grupo.

Verificou-se que as atividades desenvolvidas nos grupos de SCFV das entidades

referenciadas ao CRAS estavam em consonância com o que recomendam as normativas que

tratam da organização desse serviço, prevalecendo atividades lúdicas, de lazer, esportivas,

culturais, artísticas e discussão de temas educativos (cidadania). Porém, observou-se que ainda

estava presente o desenvolvimento de atividades de reforço escolar em 6 das 15 entidades. A

normativa acima mencionada alerta que “o reforço escolar não se deve caracterizar como

atividade do Serviço” (p. 107). E, ainda, que as localidades que estiverem desenvolvendo o

reforço escolar no âmbito do SCFV devem planejar e realizar a transferência dessa atividade

para a escola.

No que se refere ao número de usuários por grupo, verificou-se que, das 15 entidades, 5

apresentaram grupos do SCFV na faixa etária de 6 a 15 anos com quantidade superior a 25

usuários e, portanto, em desacordo com as normativas. Das 15 entidades, apenas 1 não

apresentou informação acerca do número de usuários atendidos por grupo na faixa etária de 6

a 15 anos de idade.

Outra situação verificada foi a de que ainda havia entidades que não conseguiam fazer

a separação dos usuários do SCFV por faixa etária, conforme orientam as normativas. As

principais razões apresentadas para isso foram a reduzida equipe de profissionais do SCFV em

algumas dessas entidades referenciadas ao CRAS e a existência de um reduzido número de

crianças e adolescentes em alguns grupos.

A normativa “Orientações Técnicas: Serviço de Convivência e Fortalecimento de

Vínculos para Crianças de 6 a 15 anos” destaca que o SCFV é de participação voluntária, mas

que deve “incorporar no seu atendimento crianças e adolescentes afastados do trabalho precoce,

cuja frequência será tratada como condicionalidade” (p. 42) para a inserção da família em

programas de transferência de renda. E, ainda, que o SCFV “que se destina a crianças e

adolescentes retirados do trabalho infantil é ininterrupto, devendo funcionar inclusive no

período de férias escolares” (p. 55).

Das 15 entidades referenciadas ao CRAS, em apenas 4 delas foi identificado

atendimento ao público com histórico de trabalho infantil e, em outras 3, esse público não estava

presente. E, 3 das 15 entidades não atendiam crianças e adolescentes no SCFV, apenas idosos.

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Nas demais, as informações colhidas não foram suficientes para uma análise sólida a respeito

da presença desse público no serviço. Observou-se, em algumas entidades, que, apesar de elas

terem conhecimento de que algumas crianças/adolescentes incluídas no SCFV vivenciavam

situação de trabalho infantil, essa informação não constava dos encaminhamentos feitos ao

serviço. Portanto, verificou-se a existência de crianças/adolescentes com vivência de trabalho

infantil inseridas em alguns SCFV sem os devidos registros dessas situações.

Sobre o período de funcionamento do SCFV das 4 entidades que confirmaram

atendimento a crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil, verificou-se que 2 delas

funcionavam mesmo no período de férias escolares. Uma delas não funcionava nesse período

e a outra, apenas parcialmente (interrompia o SCFV durante 15 dias nos meses de janeiro e de

julho). Assim, verificou-se que não havia homogeneidade quanto a essa questão e que, em caso

de não funcionamento da entidade no período de férias, as crianças/adolescentes ficavam

totalmente sem atendimento, situação que era totalmente inadequada. A precariedade, em

termos de recursos financeiros e materiais vivenciados por essas entidades, apareceu como

motivo para a suspensão das atividades durante o período de férias escolares. A esse respeito,

vale destacar que todas a entidades privadas sem fins lucrativos referenciadas ao CRAS estavam

sem receber os recursos referente ao convênio com a Secretaria Municipal de Assistência Social

(SEMAS) desde 2015 (em 2015, elas receberam apenas uma parcela dos recursos referentes ao

convênio), dificultando, sobremaneira, a execução do SCFV, especialmente em relação à

regularidade e qualidade das atividades.

Ainda sobre o atraso no repasse dos recursos referentes ao convênio com a SEMAS,

observou-se que essa situação afetava 14 das 15 entidades referenciadas ao CRAS e dificultava

o pagamento dos funcionários do SCFV por todas essas instituições, fazendo com que algumas

delas precisassem utilizar serviços de voluntários, estagiários e prestadores de serviços. Além

disso, a necessidade de pagar os funcionários com recursos próprios obrigava muitas dessas

instituições a reduzirem gastos com a compra de materiais de diversos tipos para as oficinas

desenvolvidas com os usuários do SCFV, tornando as atividades menos diversificadas e

interessantes. Assim, verificou-se que a ausência do repasse dos recursos desse convênio com

a Prefeitura de Goiânia precarizou as atividades do SCFV na maioria dessas instituições.

No que se refere aos recursos humanos do SCFV, o documento “Orientações Técnicas:

Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos para Crianças de 6 a 15 anos” orienta

que a equipe de referência deve ser composta da seguinte forma:

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Técnico de Referência – profissional de nível superior do CRAS ao qual o

Núcleo esteja referenciado; Orientador Social – função exercida por

profissional de, no mínimo, nível médio, com atuação constante junto ao(s)

Grupo(s) e responsável pela criação de um ambiente de convivência

participativo e democrático; Facilitadores de Oficinas – função exercida por

profissional com formação mínima em nível médio, responsável pela

realização de oficinas de convívio por meio de esporte, lazer, arte e cultura (p.

62).

Apesar de haver, nas normativas, a previsão de acompanhamento sistemático do técnico

de referência do CRAS às famílias de crianças e adolescentes que frequentam o SCFV, bem

como de apoio ao trabalho dos profissionais desse serviço, já foi mencionado nesta análise

técnica que isso não ocorria em 5 das 15 entidades referenciadas ao CRAS e, ainda, que ocorria

de forma inconsistente em 4 outras entidades. Essa situação indicava a necessidade de se

intensificar a atuação do técnico de referência no SCFV executado pelas entidades referenciadas

ao CRAS.

Quanto à presença do orientador social e do facilitador de oficinas, verificou-se que, em

3 das 15 entidades referenciadas, os profissionais que trabalhavam no SCFV não recebiam essas

denominações, mas outras, como: educadores, monitores, professores e instrutores. Em 7 das

15 entidades, não havia a presença simultânea do orientador social e do facilitador de oficinas,

mas de um ou de outro. Em 1 das 15 entidades, não havia a presença desses profissionais, apenas

a de um profissional de nível superior (assistente social) para executar o SCFV. Em apenas 5

das 15 entidades, havia a presença simultânea do facilitador de oficinas e do orientador social.

Essas situações tão diversificadas mostram que não havia uma homogeneidade em termos de

profissionais que executavam o SCFV nas entidades referenciadas, o que podia estar

relacionado com a precária orientação/acompanhamento que essas instituições recebiam do

técnico de referência do CRAS e às dificuldades financeiras por elas vivenciadas.

Ainda sobre os recursos humanos, verificou-se que, em 5 dessas 15 entidades

referenciadas ao CRAS, o trabalho era exercido, essencialmente, por voluntários ou estagiários,

situação que não está prevista nas normativas. Foram verificadas, ainda, nessas entidades, a

presença de profissionais com contratos de trabalho regidos pela CLT e outros cedidos pela

Secretaria Estadual de Educação ou contratados como prestadores de serviço.

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No que se refere à escolaridade dos profissionais que atuavam nas 15 entidades

referenciadas ao CRAS, verificou-se que todos eles possuíam nível de escolaridade compatível

com o que as normativas recomendam, o que era um aspecto positivo.

A respeito da infraestrutura e dos recursos materiais necessários à execução do SCFV,

o documento “Orientações Técnicas: Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos

para Crianças de 6 a 15 anos” destaca o seguinte:

Os recursos físicos necessários à realização do Serviço de Convivência e

Fortalecimento de Vínculos envolvem a garantia de: espaço para recepção,

salas de atividades coletivas; sala para atividades administrativas e instalações

sanitárias. (...) É necessário disponibilizar materiais permanentes e de

consumo em quantidade e qualidade suficientes para o desenvolvimento do

serviço, tais como: materiais socioeducativos, artigos pedagógicos, culturais,

esportivos e brinquedos (p. 58 e 61).

O documento Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais (Resolução CNAS n.

109/2009) destaca que o ambiente físico para a oferta do SCFV deve ter “sala(s) para

atendimento individualizado, sala(s) de atividades coletivas e comunitárias e instalações

sanitárias (...)” (p. 13). Quanto aos recursos materiais, ressalta que devem ser compostos por

“materiais permanentes e de consumo necessários ao desenvolvimento do serviço, tais como:

mobiliário, computadores, entre outros” (p. 13).

Frisa-se que não há normativas específicas para o SCFV destinado às pessoas idosas e

às faixas etárias de 0 a 6 anos, 15 a 17 anos, 18 a 29 anos e 30 a 59 anos de idade. Assim, para

essa análise técnica, toma-se como orientação, especialmente, o que está recomendado nos dois

documentos acima mencionados.

Tomando como base as orientações acima, verificou-se que, das 15 entidades

referenciadas ao CRAS que desenvolviam o SCFV, 8 apresentavam estrutura física e recursos

materiais/equipamentos bastante adequados à execução do serviço; 5 apresentavam

insuficiências em relação a aspectos da estrutura física, bem como dos recursos materiais

mínimos recomendados nessa normativa; 1 apresentava insuficiências apenas em termos de

alguns poucos tipos de recursos materiais; e, somente 1 apresentava uma situação bastante

deficitária em termos de infraestrutura e recursos materiais/equipamentos. Assim, observou-se

que a situação em relação à infraestrutura e aos recursos materiais/equipamentos era satisfatória

em mais da metade dessas instituições.

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Nas entidades que apresentavam insuficiências, as carências mais evidenciadas foram

as seguintes: alimentação para a oferta de lanches para os usuários dos grupos do SCFV;

materiais pedagógicos para o desenvolvimento das oficinas desse serviço; meio de transporte e

equipamentos (computador, TV, aparelho de som, DVD, datashow, máquina fotográfica).

Verificou-se que havia demanda reprimida no SCFV em 6 dessas 15 entidades

referenciadas ao CRAS, e todas elas se destinavam ao atendimento do público infanto-juvenil,

o que aponta para a necessidade de ampliação desse serviço.

As principais dificuldades identificadas no âmbito do SCFV executado pelas 15

entidades referenciadas ao CRAS foram as seguintes:

atraso no repasse, por parte da Secretaria Municipal de Assistência Social

(SEMAS), dos recursos financeiros relativos ao convênio firmado para a execução do SCFV.

Destaca-se que essa dificuldade foi mencionada por 14 das 15 entidades referenciadas ao

CRAS;

número reduzido de profissionais para trabalhar no SCFV, situação que se devia,

principalmente, ao atraso no repasse dos recursos do convênio acima mencionado;

pouca disponibilidade de materiais pedagógicos e para as oficinas, bem como de

material de expediente;

pouca disponibilidade de alimentação para oferecer aos usuários dos grupos do

SCFV;

ausência ou insuficiência de equipamentos diversos, como: computador,

impressora, datashow, aparelhos de TV, DVD e som;

reduzida oferta de capacitação para os profissionais do SCFV;

precariedade das condições de trabalho da equipe técnica do CRAS (incluindo

grande rotatividade dos profissionais), bem como baixa qualificação dessa equipe, que a

impedia de fazer atendimento adequado às famílias em situação de vulnerabilidade

encaminhadas pelo SCFV;

pouco suporte do técnico de referência do CRAS para discussão, planejamento

e avaliação do trabalho desenvolvido no âmbito do SCFV;

interrupção do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego

(Pronatec), por meio do qual essas entidades podiam garantir uma gama maior de atividades

aos usuários de algumas faixas etárias específicas do SCFV.

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3.6.1 Recomendações SCFV desenvolvido fora do CRAS

Diante do que foi acima exposto, seguem algumas sugestões de providências a serem

tomadas pelo órgão gestor da política de assistência social do município de Goiânia para

melhorar a oferta do SCFV nas entidades privadas sem fins lucrativos referenciadas ao CRAS:

1. consolidação da articulação entre o PAIF e o SCFV, que é essencial à garantia

da operacionalização do SCFV e da organização do atendimento das famílias usuárias desse

serviço que se encontram em situação de vulnerabilidade. Destaca-se que essa articulação exige

maior disponibilidade de veículo para que o técnico de referência do CRAS se dirija às

entidades a ele referenciadas; melhorias tecnológicas e em termos de equipamentos,

especialmente no que se refere à garantia de computadores com internet e de linhas telefônicas

para facilitar o contato do técnico com essas entidades; e, garantia de equipe técnica completa

nos CRAS, conforme estabelecido na NOB-RH/SUAS;

2. ampliação do SCFV para as faixas etárias compreendidas entre 18 e 59 anos, que

também são comtempladas pelas normativas;

3. interrupção do desenvolvimento do reforço escolar no âmbito do SCFV,

transferindo-o para a escola;

4. adequação do número de usuários por grupo do SCFV na faixa etária de 6 a 15

anos, que não deve ultrapassar 25 crianças/adolescentes;

5. garantia de registro/informação dos casos identificados de crianças e

adolescentes em situação de trabalho infantil quando do seu encaminhamento ao SCFV,

possibilitando que as entidades que executam esse serviço tenham conhecimento de que esses

casos estarão presentes entre os seus usuários e, consequentemente, possam planejar o seu

trabalho conforme as necessidades específicas desse público;

6. garantia de atividades ininterruptas no SCFV para aqueles grupos que possuem

usuários em situação de trabalho infantil, mesmo no período de férias escolares;

7. garantia de repasse regular às instituições referenciadas ao CRAS, que

desenvolvem o SCFV, dos recursos relativos ao convênio firmado entre essas e a SEMAS;

8. ampliação de vagas no SCFV destinado à faixa etária de 6 a 17 anos nas

entidades com demanda reprimida;

9. garantia de capacitação para os profissionais do SCFV das entidades a ele

referenciadas;

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10. atuação sistemática dos técnicos de referência do CRAS junto às entidades a

esses referenciadas, visando acompanhar as famílias das crianças e adolescentes que

frequentam o SCFV e apoiar o trabalho realizado pelos profissionais desse serviço;

11. adequação da estrutura física das entidades que não atendem às recomendações

mínimas constantes das normativas para o desenvolvimento do SCFV;

12. adequação do quadro de pessoal do SCFV, de acordo com o que recomenda a

normativa “Orientações Técnicas: Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos para

Crianças de 6 a 15 anos”. Destaca-se que essa adequação inclui: a garantia da presença dos

profissionais recomendados, especialmente do técnico de referência do CRAS, do orientador

social e do facilitador de oficinas; a definição da quantidade adequada desses profissionais e o

respeito ao perfil que esses profissionais devem ter para atuar no SCFV (as orientações a

respeito de todas essas questões se encontram na normativa acima mencionada);

13. realização de auditoria contábil sobre o Fundo Municipal de Assistência Social

(FMAS), indicando as entradas financeiras e os usos dos recursos. Sugere-se que o resultado

dessa audtoria seja apresentado ao MP/GO e publicado/divulgado para a sociedade. Destaca-se

as finanças da Assistência Social do município são pouco ou nada compreendidas,

especialmente pelas entidades de assistência social. Assim, conhecer sobre os recuros

destinados e utilizados nessa política constitui uma ação importante no processo de fiscalização

da política pública.

3.7 Sobre o Serviço de PSB no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas

O Serviço de PSB no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas compõe os

serviços da Proteção Social Básica (PSB) do Sistema Único da Assistência Social (SUAS) e

tem por finalidade:

(...) a prevenção de agravos que possam provocar o rompimento de vínculos

familiares e sociais dos usuários. Visa a garantia de direitos, o

desenvolvimento de mecanismos de inclusão social, a equiparação de

oportunidades e a participação e o desenvolvimento da autonomia das pessoas

com deficiência e pessoas idosas, a partir de suas necessidades,

potencialidades individuais e sociais, prevenindo situações de risco, a

exclusão e o isolamento (Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais,

Brasília, 2009, p. 16).

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O site www.portaldoenvelhecimento.com destaca, a respeito do Serviço de PSB no

Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas, que esse serviço não deve ser confundido

com visita domiciliar, constituindo-se em ações que ultrapassam a visita, de caráter continuado

e sistemático, dentro do domicílio dos usuários, até que ocorra a superação do problema

identificado por meio da elaboração do Plano de Desenvolvimento do Usuário (PDU).

Inicialmente, deve-se desenvolver um trabalho dentro do domicílio; depois, à medida em que

forem verificadas superações das demandas e vulnerabilidades apresentadas, esses usuários

passam a ser atendidos pela rede de serviços públicos, incluindo os serviços do PAIF e do

SCFV.

Dos 15 CRAS existentes em Goiânia, apenas 1 ofertava o Serviço de PSB no Domicílio

para Pessoas com Deficiência e Idosas, que era o CRAS do Jardim Primavera. Essa situação

indicava uma significativa ausência desse serviço no município e a necessidade de avaliar a

existência de demanda para a sua implantação. Dito de outro modo, 93% dos CRAS não

ofertavam esse serviço, conforme gráfico abaixo:

Gráfico 9 – SPS Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas

No CRAS do Jardim Primavera, o Serviço de PSB no Domicílio para Pessoas com

Deficiência e Idosas era, de um modo geral, demandado pela comunidade de forma espontânea.

Verificou-se que as principais atividades desenvolvidas no âmbito desse serviço eram a busca

7%

93%

Quantidade de CRAS que ofertam o SPS Básica no Domicílio

Oferta Não oferta

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ativa, a visita domiciliar, a articulação com a rede para o trabalho intersetorial, a articulação

com o Sistema de Garantia de Direitos, os encaminhamentos para programas de transferência

de renda e BPC, os encaminhamentos para serviços da rede socioassistencial e das demais

políticas públicas, o acompanhamento do percurso dos encaminhamentos feitos, as reuniões

com todos os membros da família atendida para sensibilizá-los em relação à situação de

vulnerabilidade identificada (orientação sociofamiliar), os encontros de famílias atendidas pelo

Serviço de PSB no domicílio, a orientação sobre documentação civil e cadastramento no

CadÚnico. Todas essas são ações previstas nas normativas que tratam desse serviço.

No entanto, verificou-se que o Plano de Desenvolvimento do Usuário (PDU) não era

elaborado, o que consistia em uma deficiência importante, pois se trata de um “instrumento de

observação, planejamento e acompanhamento das ações realizadas no atendimento aos

usuários” desse serviço (Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, p. 16). É por meio

da elaboração do PDU que são identificadas as vulnerabilidades e potencialidades dos usuários,

os objetivos a serem alcançados, os resultados obtidos.

Como pontos positivos identificados no desenvolvimento do Serviço de PSB no

Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas, no âmbito do CRAS do Jardim Primavera,

verificou-se que a sua equipe (1 psicóloga, 1 assistente social e a coordenadora do CRAS)

conseguia realizar as visitas domiciliares de modo a atender às necessidades dos usuários e que

o trabalho era feito com base em um planejamento formal das atividades.

Observou-se que o principal ponto dificultador desse trabalho era a falta de suporte da

rede de serviços das diversas políticas públicas para o atendimento das demandas apresentadas

pelos usuários, a exemplo de habitação e de inclusão no passe livre.

3.7.1 Recomendações SPSB no Domicílio

Diante do que foi acima exposto, sugere-se que a Secretaria Municipal de Assistência

Social de Goiânia (SEMAS) avalie a existência de demanda pelo Serviço de PSB no Domicílio

para Pessoas com Deficiência e Idosas em todas as regiões de Goiânia e garanta a sua

implantação onde se fizer necessário.

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3.8 Infraestrutura do CRAS

Nesse eixo se encontram as informações referentes aos aspectos de infraestrutura dos

15 CRAS existentes no município de Goiânia, aspectos que estão diretamente relacionados à

eficiência do PAIF – Programa de Atenção Integral à Família e do SCFV – Serviço de

Convivência e Fortalecimento de Vínculos ofertado dentro do CRAS.

A disponibilidade de espaço físico adequado e de materiais e artigos administrativos,

pedagógicos e esportivos suficientes para a garantia de funcionamento do CRAS e consequente

consecução dos seus objetivos são aspectos exigidos pela orientação técnica que regula esse

tipo de equipamento, conforme expressa a norma:

O efetivo funcionamento do CRAS é imprescindível para o desempenho de

suas funções e oferta com qualidade de serviços socioassistenciais.

Constituem alguns dos elementos a serem observados para o funcionamento

do CRAS: seu espaço físico, período de funcionamento e sua identificação. A

preocupação com esses itens deve-se ao fato de que o SUAS pretende superar

a prática da assistência social como uma política pobre, destinada aos mais

pobres, por meio de ações pobres, ofertadas em unidades pobres. (Orientações

Técnicas Centro de Referência de Assistência Social – CRAS, p. 47).

Dito isso, iniciemos com a análise da informação referente à existência de

compartilhamento do espaço físico dos CRAS com outras secretarias. A pesquisa verificou que,

dos 15 CRAS, nenhum compartilhava o espaço físico com outras secretarias municipais e/ou

estaduais, realidade que respeita a norma, quando afirma que:

Conforme previsto na Resolução da Comissão Intergestores Tripartite n. 06

de 01 de julho de 2008, NÃO É PERMITIDO que esta unidade pública estatal

seja implantada em associações comunitárias e ONG´s. Também não é

admitido o compartilhamento de espaço físico do CRAS com estruturas

administrativas, tais como secretarias municipais de assistência social ou

outras secretarias municipais e/ou estaduais, prefeituras, subprefeituras, entre

outras. (Orientações Técnicas Centro de Referência de Assistência Social –

CRAS, p. 49).

O espaço do CRAS deve apresentar uma recepção, constituindo-se este num importante

local este destinado à:

espera, transição, encaminhamentos e, principalmente, ao acolhimento e

atendimento inicial de famílias e indivíduos. Assim, não deve ser apenas um

ambiente de espera, mas também de acolhimento e informação. Sua

organização deve facilitar o contato inicial da família com profissionais do

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CRAS, a qual deve se sentir acolhida, em espaço de garantia de direitos.

Recomenda-se que esse ambiente possua 12m2, de modo a acomodar um

pequeno balcão de recepção e até quatro lugares de espera. (Orientações

Técnicas Centro de Referência de Assistência Social – CRAS, p. 51).

Apesar do importante argumento em defesa da existência desse espaço, em 5 CRAS,

esse quadro não se apresentava ou se dava de maneira inadequada. Dessa forma, conforme

demonstra o gráfico abaixo, é importante a adequação dos 33% dos CRAS em funcionamento

no município de Goiânia, uma vez que os mesmos não dispunham de recepção adequada para

acolhida da população atendida.

Gráfico 10 – Os CRAS e o espaço destinado à recepção

Na recepção, devem ser afixados materiais informativos e murais para a divulgação de

informações como eventos, reuniões, rede socioassistencial do território, ações desenvolvidas

nos CRAS, entre outros, de forma a potencializar a participação da população por meio da

socialização de conhecimentos. Sobre a existência de murais informativos, a pesquisa verificou

que, em 2 CRAS, não existia nenhum tipo de mural e, em seis CRAS do total de 15 pesquisados,

nos murais existentes, as informações estavam incompletas, pois não estavam expostos avisos

sobre os serviços socioassistenciais prestados no território. Transformados esses dados em

porcentagem, o resultado consta dos gráficos seguintes:

33%

67%

Existe recepção?

Não Sim

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40

Gráfico 11 - Mural geral Gráfico 12 – Mural serviços território

O CRAS deve apresentar a sala de atendimento para ações individualizadas e com

famílias, de modo a garantir a privacidade. Essas salas não devem receber indicações de “sala

do(a) assistente social” e “sala do(a) psicólogo(a)”, uma vez que o trabalho desenvolvido no

âmbito do CRAS é interdisciplinar. Apesar dessa exigência da regulamentação, 9 CRAS não

apresentavam a sala de atendimento na sua estrutura física, ou eram insuficientes diante da

demanda, assim como demonstrado no gráfico seguinte:

Gráfico 13 – CRAS e salas de atendimento

13%

87%

Mural com informações

gerais para os usuários do

CRAS

Não dispõe Dispõe

40%

60%

Mural informativo sobre serviços socioassistenciais

prestados no território

Não dispõe Dispõe

60%

40%

Salas de atendimento existem ou são suficientes?

Não Sim

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Quanto à presença de sala de uso coletivo, em oito dos 15 CRAS pesquisados não tinha

esse espaço ou era insuficiente. Segundo o documento “Orientações Técnicas para o CRAS”,

essa sala é justificada diante da necessidade e oportunidade de realização de atividades em

grupos de famílias e deve acomodar até 30 pessoas. Mesmo que o CRAS utilize outro espaço

amplo externo, ainda assim, é obrigatório que o CRAS possua sala de uso coletivo, conforme

demonstrado no documento citado acima: “todavia, a presença e/ou utilização desses espaços

externos não substituem a obrigatoriedade de o CRAS possuir sala de uso coletivo” (p. 53).

De forma semelhante, em 5 CRAS, não existia a sala administrativa ou era insuficiente.

Sobre a relevância desse espaço, a norma argumenta que:

Espaço destinado às atividades administrativas, tais como o registro de

informações, produção de dados, arquivo de documentos, alimentação de

sistemas de informação. Este espaço, para uso da coordenação e dos

profissionais do CRAS, é muito importante para o desenvolvimento da função

do CRAS de gestão territorial da rede de Proteção Social Básica e para a

organização das informações relativas aos serviços prestados no CRAS e no

território de abrangência, bem como informações sobre as famílias e as

situações de vulnerabilidade e risco. Considerando que este espaço tenha que

abrigar ao menos uma mesa para a coordenação, uma mesa de reunião para a

equipe técnica, duas mesas de computadores e arquivos, estima-se seu

tamanho em 20m2. (Orientações Técnicas Centro de Referência de

Assistência Social – CRAS, p. 53).

É necessário que o espaço do CRAS seja inclusivo e acessível, nesse sentido, foi

verificado que, em 13 CRAS, existiam dificuldades de acessibilidade em suas estruturas, ou

seja, 87% dos CRAS não respeitavam as especificidades do público que pode frequentar essa

unidade socioassistencial. Outra informação obtida foi a de que, em 8 CRAS, não existiam

banheiros acessíveis. Segue abaixo gráfico que ilustra essa realidade:

Gráfico 14 – CRAS e a acessibilidade

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Sobre as condições encontradas nos banheiros dos CRAS, como forma de ilustração,

cita-se o exemplo do CRAS Real Conquista, em que os banheiros utilizados pelos usuários

desse serviço apresentavam vasos sanitários do tipo turco, isto é, aqueles localizados no chão.

Nessa realidade, como forma de agravamento do quadro, também não existiam barras de

segurança, nem portas largas para a passagem de cadeiras de rodas. Toda essa situação deve ser

revista e reconsiderada, uma vez que faz parte dos atendimentos rotineiros dos CRAS a

prestação de serviços para usuários com necessidade especiais e mobilidades reduzidas. Sobre

esse assunto retoma-se a regulamentação:

A organização do espaço físico do CRAS deve considerar a diversidade do

público que frequenta essa unidade socioassistencial, de modo a respeitar as

especificidades de todos os membros das famílias: crianças pequenas,

adolescentes, jovens e idosos, para que nenhum usuário do CRAS sinta-se

alheio ao serviço ofertado, devido às características ambientais da unidade.

(...) Atenção especial deve ser dada à acessibilidade. Os espaços físicos

devem atender às normas de acessibilidade da ABNT28, em particular devem

possuir: a) acesso principal adaptado com rampas, com rota acessível desde a

calçada até a recepção do CRAS; b) rota acessível aos principais espaços do

CRAS (recepção, sala de atendimentos, sala de uso coletivo e banheiros); c)

banheiro adaptado para pessoas com deficiência; d) pessoas disponíveis e

treinadas para o atendimento de pessoas com deficiência (com conhecimento

em Libras, treinados em auxiliar pessoas em cadeiras de roda, com deficiência

visual, entre outros). Também é importante que o CRAS adquira materiais

favorecedores do atendimento socioassistencial destinado a pessoas com

deficiência, tais como material informativo em braile, em áudio, entre outros.

(Orientações Técnicas Centro de Referência de Assistência Social – CRAS, p.

56).

87%

13%

CRAS apresenta acessibilidade?

Não Sim

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Destaca-se que a formação profissional dos técnicos que subscrevem o presente parecer,

não permite uma avaliação aprofundada desses aspectos descritos acima.

Outro espaço previsto nas regulamentações para o CRAS é a copa, tido como o espaço

específico para o preparo dos lanches servidos durante as atividades realizadas no CRAS. A

pesquisa apontou que, em 4 CRAS, não existia esse espaço, de modo que é possível concluir

que os lanches servidos não estavam sendo manipulados em local adequado.

Quanto ao assunto referente à informatização dos CRAS, foi verificado que, em 9

CRAS, não existiam computadores e impressora suficientes para atender à demanda; e, em 11,

não havia acesso à internet, ou se dava de forma precária.

Gráfico 15 – CRAS e informatização

Chama a atenção o dado sobre o acesso à internet, em que 73% dos CRAS não

dispunham desse recurso básico necessário para o desenvolvimento do trabalho, tanto para os

profissionais quanto para as possibilidades de seu uso junto aos usuários, como a

implementação de oficinas de informática, em que os diferentes públicos atendidos poderiam

obter o contato com essa ferramenta, cada dia mais presente no mundo do trabalho, da

profissionalização e da educação. Sobre essa relevância, a orientação diz que: “é ainda

determinante que o CRAS disponha de equipamentos e condições de conectividade e que

permitem agilidade dos processos de trabalho e maior interação com a rede socioassistencial e

6

4

9

11

0 2 4 6 8 10 12

Computador e impressora

Internet

A disposição é suficiente?

Não Sim

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setorial, tais como linha telefônica e computador com acesso a internet” (Orientações Técnicas

Centro de Referência de Assistência Social – CRAS, p. 55).

A inexistência e/ou insuficiência de computadores e impressora em 60% dos CRAS

pesquisados configura-se como um importante impedimento para o alcance dos objetivos do

trabalho social, revelando precariedade nas condições administrativas disponíveis. A título de

exemplo, durante a visita a uma instituição conveniada, foi informado que é comum o CRAS

da região solicitar o uso da impressora da conveniada, uma vez que ele não tem esse recurso.

Quando questionados sobre o assunto automóvel, 100% dos CRAS afirmaram que não

possuíam veículo próprio e que a disponibilidade ofertada pela Secretaria Municipal de

Assistência Social era insuficiente para atender as necessidades, conforme demonstra o gráfico

que se segue:

Gráfico 16 – CRAS e o acesso a veículo

Segundo a orientação, “outro item essencial para o desenvolvimento do PAIF é o

automóvel, sobretudo para a realização de visitas domiciliares e para o acompanhamento de

famílias em áreas dispersas do território de abrangência do CRAS” (Orientações Técnicas

Centro de Referência de Assistência Social – CRAS, p. 55).

Na mesma página, está escrito que o CRAS deve contar com “mobiliário adequado para

cada um dos ambientes. Livros, cd’s, dvd’s, televisor, aparelho de DVD, som, microfone,

máquina fotográfica outros materiais são recomendáveis”. Esses são equipamentos e recursos

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

Não Sim

Acesso a veículo é suficiente?

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que podem ser utilizados de forma mais proveitosa nos atendimentos do Serviço de

Convivência e Fortalecimento de Vínculos que ocorre dentro do CRAS.

Ainda em que pese existir a orientação citada acima, a realidade dos CRAS demonstrou

ser esse outro aspecto irregular no funcionamento da maior parte dos CRAS pesquisados.

Quando questionados sobre se os itens descritos no gráfico abaixo eram suficientes, as respostas

foram as seguintes:

Gráfico 17 – CRAS e materiais gerais

Das informações expostas acima, depreende-se que o SCFV vinha acontecendo de

forma precarizada, contrariando o documento “Orientações Técnicas sobre o Serviço de

Convivência e Fortalecimento de Vínculos para crianças e adolescentes de 6 a 15 anos”

(Brasília, 2010). De acordo com ele, para a operacionalização desse serviço é necessário que:

(...) nos espaços onde forem realizadas as atividades, o mobiliário seja

suficiente e compatível com a faixa etária dos participantes e que os espaços

físicos tenham estrutura apropriada ao tipo de atividade desenvolvida, (...) de

modo que exista espaço suficiente e razoável para que possam se deslocar;

armário para guardar materiais de uso coletivo; chão liso para prática de

atividades como as de expressão corporal e dança; estantes para livros,

brinquedos e jogos pedagógicos; mural para exposição/organização das

atividades; quadro branco; computadores, no caso de atividades de inclusão

digital; espaço para oferta de prática esportiva, com quadras, redes , etc. ( p.

0 2 4 6 8 10 12 14 16

Mobiliários próprios para crianças

Aparelho de DVD

TV

Aparelho de som

Microfone

Máquina fotográfica

Data show

Artigos pedagógicos

Artigos esportivos

Materiais para grupos SCFV desenvolvidos no CRAS

Estes itens existem ou são suficientes?

Sim Não

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59). (...) É necessário disponibilizar materiais permanentes e de consumo em

quantidade e qualidade suficientes para o desenvolvimento do Serviço, tais

como: materiais socioeducativos, artigos pedagógicos, culturais, esportivos e

brinquedos. ( p. 61).

Outro aspecto analisado e que está relacionado com o desenvolvimento do SCFV,

refere-se à quantidade de materiais de limpeza. Foi verificado que, em 8 CRAS, esse item foi

identificado como insuficiente. Mas, talvez, o item que mais preocupou foi quanto à

alimentação, pois 13 CRAS relataram que falta ou é insuficiente a garantia do fornecimento de

alimentos por parte da SEMAS. Dessa forma, foi comum encontrar profissionais que

custeavam, com recursos privados, o lanche total ou a complementação do mesmo. Em outras

palavras, significa dizer que, em 87% dos CRAS pesquisados, os usuários do serviço

enfrentavam limitações com respeito ao acesso à alimentação quando em atendimento,

conforme demonstrado no gráfico abaixo:

Gráfico 18 – CRAS alimentação

Ressalta-se que o público atendido pelo SCFV apresenta características de

vulnerabilidades socioeconômicas, como exemplo, cita-se uma situação ocorrida num dos

CRAS visitados, em que a equipe relatou que uma criança comia muito no momento do lanche

e um dia chegou a vomitar. E, quando questionada, respondeu que precisa comer muito, pois à

noite não haveria refeição em sua casa. Assim, a inconstância no fornecimento de artigos

87%

13%

A quantidade de alimentos fornecidos para o CRAS é suficiente?

Não Sim

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alimentícios pode afetar a efetividade do trabalho, que tem, como objetivo final, garantir

proteção social.

Por fim, foi abordada a questão da presença do gestor municipal na garantia da

manutenção das instalações físicas do CRAS. Obteve-se a informação de que 67% (10) dos

CRAS não possuíam essa segurança. De forma semelhante como acontecia com a questão da

alimentação, havia profissionais que custeavam com recursos próprios alguns dos consertos

necessários. Onde isso não acontecia, persistiam os estragos nas instalações físcas.

3.8.1 Recomendações Infraestrutura CRAS

De acordo com o exposto acima, sugere-se, salvo melhor juízo, que no tocante à

infraestrutura dos CRAS, sejam fornecidas as seguintes garantias:

1. espaço da recepção na estrutura física de todos os CRAS;

2. adequação dos murais informativos de todos os CRAS, que devem apresentar

informações completas sobre os serviços existentes no território de abrangência;

3. disponibilidade, em todos os CRAS, de sala de atendimento da equipe técnica,

sala de uso de coletivo, copa e sala administrativa;

4. condições de acessibilidade em todos os CRAS;

5. disponibilidade, em todos os CRAS, dos seguintes itens: TV, aparelho de DVD,

máquina fotográfica, equipamento de som, datashow, cadeiras, mesas, armários, computadores,

impressoras, telefone, acesso à internet, entre outros. Destaca-se, no tocante a esses itens, que

sejam garantidos em quantidade suficiente, conforme a necessidade de cada CRAS, e que sejam

produtos de boa qualidade;

6. disponibilidade de um veículo exclusivo para cada CRAS;

7. fornecimento, em quantidade e qualidade adequadas, dos seguintes itens:

alimentos, material de limpeza, material de higiene, materiais pedagógicos e culturais, materiais

esportivos, materiais de expediente, eletrodomésticos, como geladeiras, fornos, entre outros.

Destaca-se a importância da participação das equipes de cada CRAS para que estas apontem as

necessidades de sua unidade.

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3.9 Recursos Humanos CRAS

A Lei n. 8.742, de 7 de dezembro de 1993 – Lei Orgânica da Assistência Social –

estabeleceu, em seu art. 19, IX, que compete ao órgão da Administração Pública Federal

responsável pela coordenação da Política Nacional de Assistência Social formular política para

qualificação sistemática e continuada de recursos humanos no campo da assistência social.

Quase 11 anos após o advento dessa lei, foi aprovada a Política Nacional de Assistência

Social – PNAS, por meio da Resolução n. 145, de 15 de outubro de 2004, do Conselho Nacional

de Assistência Social – CNAS. A referida política trata, no capítulo denominado “Gestão da

Política Nacional de Assistência Social na Perspectiva do Sistema Único de Assistência Social

– SUAS” – a política de recursos humanos como um dos eixos estruturantes do sistema.

No ano seguinte à aprovação da PNAS, foi aprovada a Norma Operacional Básica do

Sistema Único da Assistência Social – NOB/SUAS, por meio da Resolução CNAS n. 130, de

15 de julho de 2005, com o fito de disciplinar a gestão pública da Política de Assistência em

todo o território brasileiro. Essa resolução foi revogada pela Resolução n. 33, de 12 de dezembro

de 2012, que aprovou a NOB/SUAS 2012.

A NOB/SUAS 2012, ao tratar das responsabilidades dos entes federados, art. 12, XXX,

preconiza que “constituem responsabilidades comuns à União, Estados, Distrito Federal e

Municípios: (...) XXX – elaborar, implantar e executar a política de recursos humanos, de

acordo com a NOB/RH – SUAS”8. Ademais, o art. 110 estabelece que as ações de gestão do

trabalho dos mesmos entes federados, “devem observar os eixos previstos na NOB-RH/SUAS,

nas resoluções do CNAS e nas regulamentações específicas”.

Destaca-se que a NOB-RH/SUAS foi aprovada por meio da Resolução CNAS n. 269,

de 13 de dezembro de 2006, e representa um avanço no que diz respeito à profissionalização da

política de assistência social, de modo que objetiva garantir aos usuários do SUAS, serviços

públicos de qualidade. Tanto essa norma quanto a NOB/SUAS 2012 (art. 10) compreendem,

como ação de valorização do trabalhador e desprecarização da relação e das condições de

trabalho, a realização de concurso público.

8 Instrumento normativo responsável pela definição de diretrizes e responsabilidades no âmbito da política do trabalho na área

da assistência social. O mesmo está previsto como Meta 2 na Deliberação da V Conferência Nacional da Assistência Social, a

seguir descrita: “Construir e implementar a política de gestão de pessoas, mediante a elaboração e aprovação de Norma

Operacional Básica específica e criação de plano de carreira, cargos e salários, com a participação dos trabalhadores sociais e

suas entidades de classes representativas” (NOB-RH/SUAS).

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São princípios e diretrizes nacionais para a gestão do trabalho no âmbito do SUAS,

segundo a NOB-RH/SUAS, dentre outros, a contratação e manutenção de pessoal qualificado

academicamente e por profissões regulamentadas por lei, por meio de concurso público e na

quantidade necessária à execução da gestão e dos serviços socioassistenciais, de acordo com a

necessidade da população e as condições de gestão de cada ente. Além disso, a gestão deve

garantir, dentre outros, a “desprecarização” dos vínculos dos trabalhadores do sistema e o fim

da terceirização, e a educação permanente dos trabalhadores.

As diretrizes nacionais para os planos de carreiras, cargos e salários – PCCS, instituídas

na NOB-RH/SUAS, expõem que tais planos devem nortear-se pelos seguintes princípios:

universalidade dos PCCS; equivalência dos cargos ou empregos; concurso público como forma

de acesso à carreira; mobilidade do trabalhador; adequação funcional; gestão partilhada das

carreiras; PCCS como instrumento de gestão; educação permanente; compromisso solidário.

Evidencia-se, entre esses princípios, a universalidade dos PCCS9, a equivalência dos cargos ou

empregos10 e o concurso público como forma de acesso à carreira11.

Salienta-se as responsabilidades e atribuições dos gestores municipais, previstas na

NOB-RH/SUAS, que são, dentre outras:

1. dotar a gestão de uma institucionalidade responsável, do ponto de vista

operacional, administrativo e técnico-político, criando os meios para efetivar a política de

assistência social;

2. criar diretriz relativa ao acompanhamento, em nível municipal, da implantação

da NOB-RH/SUAS;

3. contratar e manter o quadro de pessoal necessário à execução da gestão e dos

serviços socioassistenciais;

4. instituir e designar, em sua estrutura administrativa, setor e equipe responsável

pela gestão do trabalho no SUAS;

9 Os Planos de Carreira, Cargos e Salários abrangem todos os trabalhadores que participam dos processos de trabalho do SUAS,

desenvolvidos pelos órgãos gestores e executores dos serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais da

Administração Pública Direta e Indireta, das três esferas de governo na área da Assistência Social. 10 Para efeito da elaboração dos PCCS, na área da Assistência Social, as categorias profissionais devem ser consideradas, para

classificação, em grupos de cargos ou carreira única (multiprofissional), na observância da formação, da qualificação

profissional e da complexidade exigidas para o desenvolvimento das atividades que, por sua vez, desdobram-se em classes,

com equiparação salarial proporcional à carga horária e ao nível de escolaridade, considerando-se a rotina e a complexidade

das tarefas, o nível de conhecimento e experiência exigidos, a responsabilidade pela tomada de decisões e suas consequências

e o grau de supervisão prestada ou recebida. 11 O acesso à carreira estará condicionado à aprovação em concurso público de provas ou de provas e títulos.

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5. elaborar um diagnóstico da situação de gestão do trabalho existente em sua área

de atuação, incluindo os seguintes aspectos: a) quantidade de trabalhadores, por cargo, da

administração direta e indireta, os cedidos de outras esferas de gestão e os terceirizados; b)

local de lotação; c) distribuição por serviços, por base territorial, comparando-os com o

tamanho da população usuária, por nível de proteção social (básica e especial de média e alta

complexidade); d) categorias profissionais e especialidades; e) vencimentos ou salários pagos

por categoria profissional ou por grupos ocupacionais, vantagens e benefícios; f)

qualificação/formação; g) número de profissionais que compõem a Secretaria Executiva do

CMAS; h) número de profissionais que compõem equipe de monitoramento e avaliação; i)

número de profissionais que compõem a gestão do FMAS; j) número de profissionais que

compõem a equipe responsável pela capacitação; k) número de profissionais que compõem a

equipe de monitoramento e assessoramento à rede conveniada; l) número de profissionais que

compõem a equipe de monitoramento e avaliação do BPC; m) número de profissionais que

compõem a equipe do sistema de informação e monitoramento; n) outros aspectos de interesse;

6. contribuir com a esfera federal, estados e demais municípios na definição e

organização do Cadastro Nacional dos Trabalhadores do SUAS;

7. manter e alimentar o Cadastro Nacional dos Trabalhadores do SUAS, de modo

a viabilizar o diagnóstico, planejamento e avaliação das condições da área de gestão do trabalho

para a realização dos serviços socioassistenciais, bem como seu controle social;

8. aplicar o Cadastro Nacional dos Trabalhadores do SUAS, em sua base territorial,

considerando também entidades/organizações de assistência social e os serviços, programas,

projetos e benefícios existentes;

9. elaborar quadro de necessidades de trabalhadores para a implementação do

respectivo Plano Municipal de Assistência Social para a manutenção da estrutura gestora do

SUAS;

10. estabelecer plano de ingresso de trabalhadores e a substituição dos profissionais

terceirizados;

11. realizar concurso público para contratar e manter o quadro de pessoal necessário

à execução da gestão dos serviços socioassistenciais, observadas as normas legais vigentes;

12. nomear comissão paritária entre governo e representantes dos trabalhadores para

a discussão e elaboração do respectivo Plano de Carreira, Cargos e Salários, no âmbito de seu

governo;

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13. encaminhar projeto de lei de criação do respectivo Plano de Carreira, Cargos e

Salários ao Poder Legislativo;

14. participar na formulação e execução da Política Nacional de Capacitação

preconizada na competência da União, dos Estados e do Distrito Federal, com objetivo de

contribuir para a melhoria da eficiência, eficácia e efetividade dos serviços, programas, projetos

e benefícios, observando as peculiaridades locais, os perfis profissionais, a territorialidade e o

nível de escolaridade dos trabalhadores, com base nos princípios desta NOB-RH/SUAS;

15. elaborar e implementar, junto aos dirigentes de órgãos da estrutura gestora

municipal do SUAS e coordenadores dos serviços socioassistenciais, um Plano Municipal de

Capacitação para os trabalhadores, os coordenadores de serviços, os conselheiros municipais,

regionais e/ou locais de assistência social, com base nos fundamentos da educação permanente

e nos princípios e diretrizes constantes nesta Norma, sendo deliberados pelos respectivos

conselhos;

16. acompanhar e participar das atividades de formação e capacitação de gestores,

profissionais, conselheiros e da rede prestadora de serviços promovidas pelos gestores federal

e estaduais;

17. definir e implantar normas, padrões e rotinas para liberação do trabalhador para

participar de eventos de capacitação e aperfeiçoamento profissional em consonância com a

Política Nacional de Capacitação;

18. instituir, em seu âmbito e em consonância com as diretrizes nacionais das

diferentes formações profissionais e com as leis que regulamentam as profissões, política de

estágio curricular obrigatório no SUAS, com supervisão, em parceria com as instituições de

ensino superior e entidades de representação estudantil, buscando fundamentalmente o apoio e

cooperação de seu Estado;

19. garantir, em seu âmbito, o co-financiamento para a implementação da gestão do

trabalho para o SUAS, especialmente para a implementação de PCCS e para a capacitação dos

trabalhadores, necessários à implementação da Política de Assistência Social.

Por fim, cita-se que a NOB-RH/SUAS trata de equipes de referência responsáveis pela

organização e oferta de serviços, programas, projetos e benefícios de proteção social básica e

especial, que devem ser compostas por servidores efetivos. Quando da formação dessas

equipes, deve-se levar em consideração o número de famílias e indivíduos referenciados, o tipo

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de atendimento e as aquisições que devem ser garantidas aos usuários do sistema. Esse assunto

será detalhado a seguir, quando se falar dos CRAS.

De acordo com a NOB-RH/SUAS, a equipe de referência para a prestação de serviços

e execução das ações, no âmbito da Proteção Social Básica nos municípios, deve ser composta

da seguinte forma:

Quadro 1 – Equipes de referência

Pequeno Porte I Pequeno Porte II Pequeno Porte III

Até 2.500 famílias

referenciadas

Até 3.500 famílias

referenciadas

A cada 5.000 famílias

referenciadas

2 técnicos de nível

superior, sendo um

profissional assistente

social e outro

preferencialmente

psicólogo

3 técnicos de nível

superior, sendo dois

profissionais assistentes

sociais e outro

preferencialmente um

psicólogo

4 técnicos de nível

superior, sendo dois

profissionais assistentes

sociais, um psicólogo e um

profissional12 que compõe

o SUAS

2 técnicos de nível médio 3 técnicos de nível médio 4 técnicos de nível médio

A equipe de referência deve contar sempre com 1 coordenador(a), que deve,

independentemente do porte do município, ter o seguinte perfil profissional: ser um técnico de

nível superior, concursado, com experiência em trabalhos comunitários e gestão de programas,

projetos, serviços e benefícios socioassistenciais.

O município de Goiânia possui, atualmente, 15 CRAS: Jardins Cerrado, Recanto das

Minas Gerais, Recanto do Bosque, Vila Canaã, Vila Isaura, Capuava, Conjunto Baliza, Floresta,

Novo Mundo, Jardim Primavera, Real Conquista, Vera Cruz II, Redenção, Vila União e Jardim

Curitiba II.

O levantamento das informações constantes do quadro do item 9, denominado

“Recursos Humanos (exceto equipe do SCFV executado por entidade privada sem fins

lucrativos)” do Roteiro para Avaliação da Implementação do Sistema Único de Assistência

12 Vide Resolução n. 17/2011 do CNAS, que aumentou o rol de categorias profissionais que podem compor a equipe de

referência dos serviços de proteção social básica.

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Social – SUAS – Centro de Referência de Assistência Social – CRAS, foi realizado nas 15

unidades.

Averiguou-se a precariedade dos vínculos de trabalho (contratos temporários, de curta

duração) em todos os CRAS visitados, sendo que, em 8 deles (Jardins do Cerrado, Recanto do

Bosque, Vila Canaã, Capuava, Novo Mundo, Jardim Primavera, Real Conquista e Jardim

Curitiba II), a maioria dos recursos humanos era composta por trabalhadores nessas condições,

conforme detalhamento na tabela abaixo:

Tabela 1 – RH CRAS

As informações da tabulação, constantes na tabela acima, permitem aferir que, de forma

aproximada, existem 239 funcionários atuando nos CRAS do município de Goiânia. Destes,

56,5% não são concursados, e, dos cedidos, 55 funcionários são efetivos, de modo que é

possível depreender que mais da metade dos concursados adveem de outros órgãos que não da

SEMAS. Logo, funcionários concursados da Secretaria de Assistência são 48 servidores.

A alta rotatividade de profissionais, decorrente da precariedade de vínculos de trabalho,

foi mencionada nos pareceres técnicos como responsável pela descontinuidade na prestação dos

serviços em todas as unidades.

Com relação à pergunta 9.2 do roteiro “Há, nesse CRAS, casos de profissionais que

desempenham funções distintas daquelas inerentes a seu cargo, em razão de necessidade da

unidade?”, verificou-se que, em 10 unidades, isso ocorria: Vila Isaura, Capuava, Conjunto

CRAS Quantidade funcionários Não concursados Concursados Cedidos

Jardins Cerrado 12 9 3 1

Recanto das Minas Gerais 12 8 4 0

Recanto do Bosque 12 8 4 4

Vila Canaã 15 9 6 6

Vila Isaura 20 10 10 9

Capuava 18 13 5 5

Conjunto Baliza 18 8 10 7

Floresta 11 5 6 2

Jardim Novo Mundo 17 9 8 3

Jardim Primavera 16 13 3 1

Real Conquista 11 8 3 0

Vera Cruz II 16 8 8 8

Vila Redenção 21 9 12 10

Vila União 18 7 11 0

Jardim Curitiba II 22 11 11 0

Total 239 135 104 56

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Baliza, Floresta, Real Conquista, Vera Cruz II, Redenção, Vila União, Jardim Curitiba II e

Jardim Primavera.

Quanto à pergunta 9.4 do roteiro “Considera que, de um modo geral, a equipe do CRAS

é suficiente em relação aos serviços prestados e ao número de famílias atendidas?”,

observou-se que, em 10 unidades, a equipe de referência era insuficiente: Jardins Cerrado,

Recanto das Minas Gerais, Recanto do Bosque, Capuava, Floresta, Real Conquista, Redenção,

Vila União, Jardim Curitiba e Jardim Primavera.

Concernente à pergunta 9.5 do roteiro “É feita análise de perfil antes do servidor iniciar

suas atividades?”, notou-se que, na maioria das unidades (12), isso não acontecia: Jardins

Cerrado, Recanto das Minas Gerais, Recanto do Bosque, Vila Isaura, Capuava, Conjunto

Baliza, Floresta, Vera Cruz II, Redenção, Vila União, Jardim Curitiba II e Jardim Primavera.

Sobre a pergunta 9.6 do roteiro “A coordenação do CRAS participa do processo de

seleção dos trabalhadores que não ingressam por meio de concurso público?”, averiguou-se,

também, que, na maioria das unidades (13), isso não ocorria: Jardins Cerrado, Recanto das

Minas Gerais, Recanto do Bosque, Vila Canaã, Vila Isaura, Capuava, Conjunto Baliza, Floresta,

Real Conquista, Vera Cruz II, Redenção, Vila União e Jardim Primavera.

Acerca da pergunta 9.7 “Os servidores passam por capacitação introdutória para

trabalhar no CRAS?”, constatou-se que, na maioria das unidades (12), isso não acontecia:

Jardins Cerrado, Recanto das Minas Gerais, Vila Canaã, Vila Isaura, Capuava, Conjunto Baliza,

Floresta, Real Conquista, Vera Cruz II, Redenção, Vila União e Jardim Primavera. Não foi

possível averiguar esse aspecto, na unidade Recanto do Bosque, tendo em vista que a

coordenadora do local estava há pouco tempo nesta função. Assim, apenas nas unidades Novo

Mundo e Jardim Curitiba II as respostas foram “sim”.

No que diz respeito à pergunta 9.8 do roteiro “É garantida capacitação continuada aos

servidores do CRAS?”, observou-se, que na maioria das unidades (13), isso acontecia. Apenas

nas unidades Jardins do Cerrado e Vila Isaura não havia garantia desse tipo de capacitação.

Referente à pergunta 9.9 do roteiro “Quando há atividades externas, é garantida a

presença de, pelo menos, 1 técnico de nível superior no CRAS?”, percebeu-se que, na maioria

das unidades (10), sim. Nos CRAS Vila Canaã, Capuava, Conjunto Baliza, Redenção e Vila

União, isso não ocorria.

A título de ilustração, segue abaixo, gráfico com as perguntas e respostas acima tratadas,

sobre os Recursos Humanos dos CRAS de Goiânia.

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Gráfico 19 – CRAS RH

3.9.1 Recomendações Recursos Humanos CRAS

Diante do exposto, sugere-se as seguintes adequações nos recursos humanos dos CRAS:

1. garantia, em todos os CRAS, de que o ingresso dos profissionais se dê por meio

de concurso público, de forma que aconteça a oferta contínua e ininterrupta dos serviços, o

fortalecimento do papel dos trabalhadores na relação com os usuários e a consolidação da

equipe como referência no território;

2. adequação da equipe de referência, especialmente, dos CRAS Jardins Cerrado,

Recanto das Minas Gerais, Recanto do Bosque, Capuava, Floresta, Real Conquista,

Redenção, Vila União, Jardim Curitiba e Jardim Primavera, tendo como referência as

orientações contidas na NOB-RH/SUAS e no documento “Orientações Técnicas: Centro de

Referência de Assistência Social – CRAS”;

3. realização de análise de perfil antes de o servidor iniciar as suas atividades,

principalmente, nos CRAS Jardins Cerrado, Recanto das Minas Gerais, Recanto do Bosque,

Vila Isaura, Capuava, Conjunto Baliza, Floresta, Vera Cruz II, Redenção, Vila União,

Jardim Curitiba II e Jardim Primavera;

4. participação da coordenação das unidades, no processo de seleção dos

trabalhadores que não ingressam por meio de concurso público, principalmente, nos CRAS

Jardins Cerrado, Recanto das Minas Gerais, Recanto do Bosque, Vila Canaã, Vila Isaura,

0 2 4 6 8 10 12 14

Há servidores em desvio de função?

Equipe é suficiente?

Servidores passam por análise de perfil?

A coordenação do CRAS participa do processo de…

Há capacitação introdutória?

Há capacitação continuada?

Informações Gerais RH CRAS

Não sabe informar/Não respondeu Sim Não

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Capuava, Conjunto Baliza, Floresta, Real Conquista, Vera Cruz II, Redenção, Vila União,

e Jardim Primavera;

5. adequação dos profissionais que se encontram desempenhando funções

distintas daquelas inerentes a seu cargo, principalmente, nos CRAS Vila Isaura, Capuava,

Conjunto Baliza, Floresta, Real Conquista, Vera Cruz II, Redenção, Vila União, Jardim

Curitiba II e Jardim Primavera;

6. oferta de capacitação introdutória para trabalhar nas unidades,

especialmente, nos CRAS Jardins Cerrado, Recanto das Minas Gerais, Vila Canaã, Vila

Isaura, Capuava, Conjunto Baliza, Floresta, Real Conquista, Vera Cruz II, Redenção, Vila

União e Jardim Primavera.

3.10 Gestão da Proteção Básica no Território

O coordenador do CRAS é responsável pela articulação da rede de serviços de proteção

básica local, devendo organizar, segundo orientações do gestor municipal (ou do DF) de

assistência social, reuniões periódicas com as instituições que compõem a rede, a fim de instituir

a rotina de atendimento e acolhimento dos usuários, encaminhamentos, fluxos de informações,

procedimentos, estratégias de resposta às demandas, e traçar estratégias de fortalecimento das

potencialidades do território. Deverá, ainda, avaliar tais procedimentos, de modo a ajustá-los e

aprimorá-los continuamente. Ademais, deve assegurar agenda para o cumprimento de tarefas

relacionadas à gestão da proteção básica no território, de forma a dar consistência ao vínculo

SUAS com a rede socioassistencial local referenciada ao CRAS.

Verificou-se que, dos 15 coordenadores dos CRAS, 11 conheciam a rede privada sem

fins lucrativos do território; 1 não conhecia (Vila Redenção) e 3 não souberam responder, sendo

eles: Vila União, Jardins Cerrado e Capuava. Sobre a articulação com a rede da PSB, 11

mantinham articulação: Vila Isaura, Floresta, Vila União, Vila Canaã, Capuava, Conjunto

Baliza, Jardim Novo Mundo, Jardim Primavera, Real Conquista, Vera Cruz II, Jardim Curitiba;

3 não souberam responder - Recanto das Minas Gerais ,Vila Redenção e Jardins Cerrado - e 1

não mantinha - Recanto do Bosque. Sobre a articulação intersetorial, 14 mantinham articulação

e 1 não mantinha - o CRAS Vila Isaura.

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3.11 Questões Gerais

A equipe de referência do CRAS deve incorporar, no processo de trabalho, as

informações da busca ativa, utilizando-as para definir ações estratégicas urgentes, preventivas

e de rotina. Dentre as informações estratégicas e urgentes, destacam-se aquelas que se referem

às famílias em descumprimento de condicionalidades do Programa Bolsa Família.

O gestor municipal, ou quem ele designar, tem como atribuição garantir a articulação

das unidades da rede socioassistencial do território de abrangência do CRAS, tanto as entidades

de assistência social privadas sem fins lucrativos quanto as públicas.

O CRAS possui função exclusiva de oferta pública do trabalho social com famílias, o

que se deve, portanto, ao fato de ser a única unidade de proteção básica que tem as funções

exclusivas de ofertar o Programa de Atenção Integral à Família, pois confere a primazia da ação

do poder público na garantia do direito à convivência familiar e assegura a matricialidade

sociofamiliar no atendimento socioassistencial, um dos eixos estruturantes do SUAS.

Verificou-se que, dos 15 CRAS, 9 faziam acompanhamento e visita às famílias em

descumprimento de condicionalidades e 6 não faziam, sendo eles: Recanto do Bosque, Vila

Isaura, Jardim Novo Mundo, Vera Cruz II, Vila Redenção e Jardins Cerrado.

Quanto aos encontros sistemáticos entre a equipe do CRAS e o órgão gestor municipal

para planejar e avaliar o trabalho, dentre os 15, 10 executavam a ação e 5 não, sendo eles:

Recanto do Bosque, Vila Canaã, Vila Isaura, Capuava e Jardins Cerrado.

O órgão gestor da política de assistência social deve estabelecer articulação com os

programas e projetos de preparação para o trabalho e inclusão produtiva para que o CRAS possa

fazer encaminhamentos. Dos 15 CRAS, 8 faziam essa articulação e 7, não, sendo eles: Recanto

das Minas Gerais, Vila Isaura, Conjunto Baliza, Capuava, Jardins Cerrado, Vera Cruz II e Vila

União.

Destaca-se que, no decorrer da execução do Projeto SUAS no município de Goiânia,

obteve-se a informação, em campo, acerca da existência de unidades ligadas à SEMAS e

referenciadas aos CRAS, denominadas Núcleo de Assistência Social (NAS), que desenvolviam

o PAIF e, algumas delas, o SCFV. Esclarece-se, no entanto, que o trabalho desenvolvido no

âmbito dos NAS não foi tratado neste documento porque, no período de discussão e elaboração

do presente projeto, esta equipe técnica não tinha conhecimento da existência dessas unidades.

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Apesar da consideração acima feita, no decorrer das visitas, obteve-se informação de

que, dos 15 CRAS, 7 possuíam NAS referenciados a eles, que desenvolviam o PAIF, sendo

eles: Recanto das Minas Gerais, Recanto do Bosque, Vila Canaã, Conjunto Baliza, Capuava,

Vila Redenção e Jardim Curitiba II. Ressalta-se que essa situação não estava adequada porque,

conforme prevê o SUAS, o PAIF deve ser, obrigatoriamente, executado dentro do CRAS.

3.11.1 Recomendações Questões Gerais CRAS

Mediante o exposto, constatou-se que é necessário que os CRAS se adequem ao

reordenamento da Política de Assistência Social, em consonância com os parâmetros

preceituados nas orientações técnicas do SUAS, promovendo maior organização do

atendimento e efetivação de suas ações. Para tanto, seguem as seguintes recomendações:

1. garantia de que os CRAS realizem visita às famílias em descumprimento das

condicionantes do Programa Bolsa Família;

2. discutissão, com o órgão gestor da Política de Assistência Social no município

de Goiânia, sobre as competências, estrutura e serviços prestados pelos Núcleos de Assistência

Social (NAS), objetivando clarear a função dessas unidades dentro da Política Municipal de

Assitência Social.

4 Avaliação dos CREAS

4.1 Identificação dos CREAS

O CREAS é a unidade pública estatal, de abrangência municipal ou regional, que tem

como papel constituir-se em lócus de referência nos territórios, para a oferta de trabalho social

especializado no SUAS a famílias e indivíduos em situação de risco pessoal ou social por

violação de direitos. Seu papel no SUAS define, igualmente, seu papel na rede de atendimento,

os quais estão consubstanciados em um conjunto de leis e normativas que fundamentam e

definem a política de assistência social e regulam o SUAS. O CREAS deve, portanto, ser

compreendido a partir da definição do escopo da política do SUAS, qual seja, afiançar

seguranças socioassistenciais na perspectiva da proteção social.

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Segundo as normativas técnicas, independente da(s) fonte(s) de financiamento, é

fundamental que todos os CREAS tenham afixado placa de identificação em local visível, de

modo a dar visibilidade à unidade e garantir seu fácil reconhecimento e identificação pelos

usuários, pela rede e pela comunidade. Quando no município houver mais de um CREAS, para

cada unidade poderá ser acrescido um nome fantasia para melhor identificação e localização

pelos usuários. O nome fantasia pode fazer referência ao bairro ou território onde esteja

implantado. É recomendado que todos utilizem o modelo padrão, disponibilizado pelo MDS.

O CREAS deve funcionar para atendimento ao público, no mínimo, 5 dias na semana e

40 horas semanais, assegurada a presença de equipe técnica, além dos demais profissionais

necessários ao bom funcionamento dos serviços. Dada à especificidade das situações atendidas,

os serviços ofertados pelo CREAS não podem sofrer interrupções, seja por questões relativas à

alternância de gestão, seja por qualquer outro motivo. É recomendado que o CREAS funcione

em imóvel próprio e adequado para que, no futuro, a unidade não precise ser deslocada para

outro local, pois, ao fixar-se em determinado local, torna-se referência para as famílias e para

os indivíduos do seu território de abrangência. Ademais, as orientações técnicas estabelecem

que, nos casos de mudança, esta seja realizada de modo planejado, sendo os usuários

comunicados previamente, de forma a não comprometer o seu reconhecimento como referência

no território e para assegurar a continuidade dos acompanhamentos realizados.

Verificou-se que, de um modo geral, os CREAS em Goiânia funcionavam em

conformidade com as normativas técnicas, no que concerne ao horário de funcionamento, e

nenhum tinha o serviço interrompido durante todo o ano.

Quanto à identificação na fachada da natureza do serviço, somente o CREAS Noroeste

não a possuía, contrariando as normativas. Ademais, quatro funcionavam em imóvel alugado,

e somente o CRAS Oeste funcionava em imóvel próprio.

4.1.1 Recomendações Identificação dos CREAS

Mediante o exposto contatou-se que é necessário que os CREAS se adequem ao

reordenamento da Política de Assistência Social em consonância com os parâmetros

preceituados nas orientações técnicas do SUAS promovendo maior organização do atendimento

e efetivação de suas ações, sendo assim recomenda-se:

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1. que haja identificação da natureza do serviço na fachada do prédio do CREAS

Noroeste, a fim de facilitar o acesso dos usuários, da comunidade e da rede socioassistencial.

4.2 Caracterização dos CREAS

O ambiente físico do CREAS deve ser acolhedor e adequado para se obter uma escuta

qualificada dos usuários. Para que isso aconteça, deve contar com condições que assegurem:

atendimento em condições de privacidade e sigilo; adequada iluminação, ventilação,

conservação, salubridade e limpeza; segurança dos profissionais e público atendido;

acessibilidade a pessoas com deficiência, idosos, gestantes e crianças; espaços reservados e de

acesso restrito à equipe para guarda de prontuários; informações disponíveis em local visível

sobre serviços ofertados, situações atendidas e horários de funcionamento da unidade.

O registro de informação constitui procedimento a ser adotado pelo CREAS para gerar

conhecimento e instrumentalizar a gestão, o monitoramento e avaliação das ações, sobretudo,

para subsidiar a área de vigilância socioassistencial, que retroalimentará o CREAS com o

conhecimento produzido em seu âmbito. Para isso, utiliza-se de instrumentais que permitam

armazenar um conjunto de informações pertinentes ao trabalho social desenvolvido. Algumas

das informações ficam restritas à unidade, como os registros sobre o acompanhamento familiar

em prontuários, enquanto outras informações importantes para o monitoramento e/ou avaliação

das ações realizadas precisam ser compartilhadas com o órgão gestor periodicamente, que, por

sua vez, deverá agregá-los e sistematizá-los, tais como: número de famílias e indivíduos em

acompanhamento e caracterização das situações acompanhadas; número de encaminhamentos

realizados; número de novos acompanhamentos e desligamentos; demandas reprimidas; rede

existente e necessária; e, principais dificuldades.

O registro e acesso a informações devem observar a questão ética, a necessidade de

segurança e o sigilo de determinadas informações, além das recomendações dos conselhos de

categoria profissional, sempre que couber.

Os instrumentais utilizados para o registro de informação sobre o acompanhamento das

famílias e indivíduos, são os seguintes: prontuários, plano de acompanhamento individual e/ou

familiar, relatórios.

As unidades dos CREAS devem possuir um plano de trabalho consubstanciado em

dados e informações do monitoramento e da avaliação, que apontem ações necessárias para o

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seu aprimoramento. O planejamento deve explicitar a proposta da unidade e dos serviços

ofertados, considerando objetivos e metas a se atingirem em um determinado período de tempo,

bem como os meios e recursos necessários para o seu alcance. É fundamental que o

planejamento do CREAS esteja alinhado ao planejamento do órgão gestor e que ambos estejam

direcionados ao crescente aprimoramento da gestão e da qualificação na oferta dos serviços.

A base de atuação do CREAS é o trabalho interdisciplinar, que requer a adoção de

estratégias que possibilitem a participação e o compartilhamento de concepções por todos os

componentes da equipe. Esse trabalho em equipe tem, como objetivos comuns, integrar os

profissionais e contribuir para qualificar e dinamizar as ações e as rotinas de trabalho da

unidade. Para isso, é importante que sejam viabilizados momentos de integração e de reflexão

em equipe que contribuam para o aprimoramento do trabalho desenvolvido, buscando debater

e solucionar os problemas identificados, seja de natureza técnico-operativa ou de

relacionamento interprofissional. Dentre outros aspectos, esses momentos também devem ser

utilizados para se avaliar e reavaliar as ações e os resultados obtidos, reorganizar fluxos internos

de trabalho, discutir e definir estratégias de articulação e de trabalho em rede. Essas reuniões

devem ser institucionalizadas como atividade cotidiana e periódica no CREAS.

A supervisão e o assessoramento da equipe do CREAS devem ser feitos por profissional

do quadro funcional do órgão gestor de assistência social ou ser contratados para essa

finalidade. A supervisão é importante para a qualificação da atenção ofertada, representando

possibilidade de aperfeiçoamento metodológico, técnico-operacional e relacional da equipe do

CREAS.

É importante para a equipe do CREAS conhecer a rede existente no seu território de

atuação, a fim de planejar e desenvolver atividades em parceria, além de estudos de casos

conjuntos. O órgão gestor de assistência social tem papel preponderante na interlocução com

outras políticas e órgãos de defesa de direitos e na institucionalização da articulação do CREAS

com a rede, inclusive, por meio da construção e pactuação de fluxos de articulação e protocolos

intersetoriais de atendimento, com definição de responsabilidades, considerando a realidade, os

recursos existentes e o respeito ao papel e às competências de cada órgão da rede. Ademais,

cabe ao CREAS o relacionamento cotidiano articulado com as unidades referenciadas, tendo

como base as definições de fluxos por parte do órgão gestor. Dessa forma, a Unidade CREAS

torna-se o ponto de referência para conectar suas ações àquelas desenvolvidas nas unidades

referenciadas. Essa relação garante a integração e a complementaridade entre as unidades,

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visando à atenção especializada dos usuários, nos termos da Tipificação Nacional de Serviços

Socioassistenciais.

O CREAS é norteado por eixos em consonância com os princípios e as diretrizes da

PNAS e com os conceitos do SUAS. Todos esses servem para nortear a organização e o

desenvolvimento do trabalho social nos serviços do CREAS e para consubstanciar o processo

de implantação, organização e funcionamento da unidade. Dentre os eixos, destaca-se o

trabalho em rede.

O trabalho em rede pressupõe articulação entre instituições e agentes que atuam em um

determinado território e compartilham objetivos e propósitos comuns. Para que a sinergia e a

dinâmica necessária mantenham vivo o trabalho coordenado e complementar, é importante que

exista um processo contínuo de circulação de informação, com abertura para o diálogo

permanente, capacidade para rever processos e fluxos de trabalho, compromisso com o fazer

coletivo e postura de cooperação individual e institucional e de superação de vaidades.

A articulação em rede é importante para fortalecer a identidade do CREAS, clarificando

papéis e delimitando competências para prevenir que os serviços ofertados sejam chamados a

assumir funções para além daquelas concernentes.

O trabalho no CREAS requer a elaboração de um plano de trabalho, que é a proposta

de trabalho da unidade e dos serviços ofertados, considerando, objetivos e metas a se atingirem

em determinado período de tempo, bem como os recursos necessários para seu alcance. Para

isso, é fundamental que o planejamento do CREAS esteja alinhado ao planejamento do órgão

gestor e que ambos estejam direcionados ao crescente aprimoramento da gestão e qualificação

da oferta dos serviços.

Observou-se que, dos 5 CREAS em Goiânia, nenhum deles soube informar o número

de famílias atendidas no último ano. Em todos os 5 CREAS, havia critérios para atender as

famílias; garantiam segurança no serviço para os servidores e usuários; possuíam prontuários

individualizados de cada família atendida; o serviço do acompanhamento familiar era

implementado de forma sistemática; e realizavam reuniões periódicas com a rede para discutir

e estabelecer um fluxo de atendimento socioassistencial.

Dos 5 CREAS, 3 não possuíam serviços de alta complexidade a eles referenciados -

Centro-Sul, Leste, Noroeste; e, 2 possuíam: Norte e Oeste.

Quanto às reuniões de equipe periódicas, 3 realizavam, sendo eles: Leste, Norte e Oeste;

e, 2 não realizavam: Centro-Sul e Noroeste.

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A elaboração de Plano de Trabalho era feita por 2 CREAS: Noroeste e Norte; e 3 não:

Centro-Sul, Leste e Oeste.

Com relação à supervisão e assessoria de profissional externo, 2 CREAS recebiam:

Oeste e Noroeste; 2 não recebiam: Leste e Centro-Sul; e, por fim, o Norte não soube informar.

4.2.1 Recomendações caracterização dos CREAS

Mediante o exposto, contatou-se que é necessário que os CREAS se adequem ao

reordenamento da Política de Assistência Social em consonância com os parâmetros

preceituados nas orientações técnicas do SUAS, promovendo maior organização do

atendimento e efetivação de suas ações. Nesse sentido, seguem as seguintes recomendações:

1. elaboração, pelos CREAS Centro-Sul, Leste e Oeste, do Plano de Trabalho, que

são as ações a serem desenvolvidas em determinado período, a fim de se atingirem os objetivos

e metas em consonância com o planejamento do órgão gestor da assistência social;

2. supervisão técnica do órgão gestor nos CREAS Leste, Centro-Sul e Norte, com

o propósito de aperfeiçoar a qualidade do trabalho técnico.

4.3 Serviços ofertados pelos CREAS

O CREAS, como Serviço de Proteção Social de Média Complexidade, deve ofertar em

suas unidades, os seguintes serviços: Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a

Famílias e Indivíduos (PAEFI); Serviço de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento

de Medida Socioeducativa de Liberdade Assistida e de Prestação de Serviços à Comunidade;

Serviço Especializado em Abordagem Social; e, Serviço de Proteção Social Especial para

Pessoas com Deficiência, Idosas e suas Famílias.

Segue a descrição de cada um desses serviços, bem como da unidade em que pode

ocorrer sua oferta, conforme dispõe a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais:

Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos -

PAEFI. Serviço de apoio, orientação e acompanhamento a famílias com um ou mais de seus

membros em situação de ameaça e violação de direitos. Deve ser ofertado por todas as unidades

CREAS;

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Serviço Especializado em Abordagem Social. O Serviço tem como finalidade

assegurar trabalho social de abordagem e busca ativa que identifique, nos territórios, a

incidência de trabalho infantil, exploração sexual de crianças e adolescentes, situação de rua,

dentre outras. Pode ser ofertado pelo CREAS ou unidade específica referenciada ao CREAS,

nos territórios onde se identificar demanda;

Serviço de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de Medida

Socioeducativa de Liberdade Assistida e de Prestação de Serviços à Comunidade. O Serviço

tem por finalidade prover atenção socioassistencial e acompanhamento a adolescentes e jovens

em cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto, determinadas judicialmente.

Deve ser ofertado pelo CREAS nas localidades onde se identificar demanda, articulando ações

complementares com a rede. No caso de possuir mais de uma unidade CREAS, o município

tem a autonomia para a definição daquelas unidades que deverão ofertar esse serviço, observada

a relação com o território;

Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência, Idosas e suas

Famílias. Serviço destinado à promoção de atendimento especializado a famílias com pessoas

com deficiência e idosos com algum grau de dependência, que tiveram suas limitações

agravadas por violação de direitos. Pode ser ofertado pelo CREAS ou unidade específica

referenciada ao CREAS nos territórios onde se identificar demanda.

Observou-se que em Goiânia funcionavam 5 CREAS, sendo eles: CREAS Centro-Sul;

CREAS Leste; CREAS Noroeste; CREAS Norte; e, CREAS Oeste. Todos os 5 executavam o

Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos – PAEFI e o Serviço

de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de Medida Socioeducativa de LA e PSC;

apenas 1, CREAS Oeste, executava o Serviço Especializado em Abordagem Social; e, nenhum

executava o Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência, Idosas e suas

Famílias.

Segundo as “Orientações Técnicas Centro de Referência Especializado de Assistência

Social”, “todo CREAS deve, obrigatoriamente, ofertar o PAEFI. Tanto o desenvolvimento das

ações no âmbito do PAEFI, quanto a definição sobre os demais serviços a serem ofertados pelo

CREAS, ou unidade referenciada, devem considerar a realidade do território, tendo o órgão

gestor, com o apoio da equipe do CREAS e da área de vigilância socioassistencial, um papel

preponderante nesta definição e organização da oferta”.

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Do universo de 5 CREAS visitados, todos os 5 desenvolviam o Serviço de Proteção e

Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos - PAEFI, sendo que 2 destes informaram

haver demanda reprimida. O CREAS Norte acreditava ser devido à exoneração de um

profissional, e o CREAS Noroeste não justificou a demanda reprimida. Sobre esse tema, segue

o gráfico abaixo que ilustra a situação da demanda reprimida nos CREAS, que atinge 60%

destes:

Gráfico 20 – PAEFI demanda reprimida

Ainda segundo as “Orientações Técnicas”, o trabalho social no CREAS deve primar

pela participação dos usuários e pela realização de ações que propiciem intervenções nos

territórios voltadas à mobilização social para a prevenção e o enfrentamento de situações de

risco pessoal e social por violação de direitos. Observou-se que 4 CREAS desenvolviam essas

ações de mobilização social, que consistiram em campanhas relacionadas à data de 18 de maio,

referente ao Dia Nacional de Combate à Exploração Sexual de Crianças, ao combate ao trabalho

infantil e ao combate à violência doméstica – Lei Maria da Penha.

4.3.1 Sobre o Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos –

PAEFI

Dentre os perfis de atendimento do Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a

Famílias e Indivíduos - PAEFI, destacou-se o atendimento a crianças em 5 CREAS, a idosos

40%

60%

Há demanda reprimida para o PAEFI em quantos CREAS?

Não Sim

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em 4 CREAS, a pessoas com deficiência em 1 CREAS e a adolescentes em 1 CREAS, como

pode ser observado no gráfico abaixo:

Gráfico 21 – Público PAEFI

Em relação às situações mais atendidas no Serviço de Proteção e Atendimento

Especializado a Famílias e Indivíduos - PAEFI, os 5 CREAS mencionaram a violência

psicológica, 4 mencionaram a negligência, 4 citaram o abuso e a violência sexual, 3

mencionaram a violência física, 3 mencionaram adolescentes em conflito com a lei, 1 declarou

o trabalho infantil, 1 citou a trajetória de rua e 1 mencionou a discriminação. No tópico outros,

a violência intrafamiliar foi citada em 2 CREAS. As informações supracitadas são

demonstradas no gráfico abaixo:

0

1

2

3

4

5

6

Criança Idoso Deficiente Adolescentes

Perfil atendido PAEFI

Não Sim

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Gráfico 22 – Situações atendidas PAEFI

Quanto a evasões ou recusa da família em receber os atendimentos, 4 CREAS

informaram que as evasões ocorriam sim e alegaram ser, principalmente, devido às dificuldades

financeiras das famílias em arcar com as despesas de transporte para comparecerem ao CREAS.

Quando a evasão ocorria, realizavam visita domiciliar ou solicitavam ao Conselho Tutelar para

que realizasse a visita.

Notou-se que, durante o acompanhamento, o tempo médio de atendimento declarado

pelos 5 CREAS variava entre 1 a 6 meses. Os atendimentos ocorriam semanalmente e, quando

a família era desligada, cabia ao CRAS o acompanhamento dessa família.

Constatou-se que os entrevistados apontaram os seguintes itens como maiores

dificuldades e/ou limitações para a execução do PAEFI:

estrutura física inadequada (falta espaço adequado para atendimento individual

e grupal, falta segurança para os servidores);

falta de alimento para oferecer nos grupos;

falta de veículo à disposição com mais regularidade;

0

1

2

3

4

5

6

Situações Atendidas

Não Sim

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falta de material para expediente, material pedagógico, material de limpeza e

equipamentos;

mobiliário insuficiente ou em precário estado de conservação;

recursos humanos insuficientes;

linha telefônica insuficiente (corte frequente por falta de pagamento).

4.3.1.1 Recomendações PAEFI

Diante do exposto, seguem algumas sugestões de providências a serem tomadas pelo

órgão gestor da política municipal de assistência social para melhorar a oferta do PAEFI:

1. adequação das estruturas físicas dos CREAS;

2. garantia de recursos materiais, como material de expediente, material

pedagógico, material de limpeza, mobiliário e alimentos, bem como equipamentos;

3. garantia de um veículo;

4. garantia de recursos humanos suficientes para o desenvolvimento do trabalho;

5. elaboração do Plano de Atendimento Familiar.

4.3.2 Sobre o Serviço Especializado de Abordagem Social – SEAS

Quanto ao Serviço Especializado de Abordagem Social – SEAS, constatou-se que era

desenvolvido apenas no CREAS Oeste e que este possuía uma equipe de referência específica

para esse serviço. A realidade do território exigia atividades desse serviço no período noturno,

no entanto, essa abordagem acontecia nas ruas, sem necessidade de o CREAS permanecer

aberto.

Observou-se que a demanda mais frequente nesse território era a situação de rua e que

a metodologia de trabalho consistia na busca ativa.

Observou-se, ainda, que a equipe técnica não conseguia garantir a resolutividade das

demandas dos usuários desse serviço rapidamente, sendo que as maiores dificuldades apontadas

pela equipe eram:

recursos humanos insuficientes;

ausência de veículo exclusivo para a equipe de abordagem social do CREAS

Oeste;

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ausência de espaço próprio no CREAS (não possuíam: sala, mesa, cadeira e

computador).

Segundo os entrevistados, o SEAS também era desenvolvido pela equipe 24 horas, que

ficava localizada no Complexo 24h e possuía uma equipe distinta da equipe do CREAS Oeste.

A equipe 24 horas possuía um veículo à sua disposição 24 horas, e este deveria também, quando

solicitado, atender a equipe do SEAS do CREAS Oeste.

4.3.2.1 Recomendações Serviço Especializado em Abordagem Social - SEAS

Diante do exposto, seguem algumas sugestões de providências a serem tomadas pelo

órgão gestor da política de assistência social para melhorar a oferta do SEAS:

1. garantia recursos humanos suficientes;

2. garantia de veículo próprio;

3. garantia de espaço físico e mobiliário adequados, bem como de equipamentos

de informática.

4.3.3 Sobre o Serviço de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de Medida

Socioeducativa de LA e PSC

Constatou-se que o Serviço de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de

Medida Socioeducativa de LA e PSC era desenvolvido nos 5 CREAS, sendo que todos

possuíam uma equipe técnica específica para esse serviço.

Verificou-se que os 5 CREAS declararam que não possuíam demanda reprimida,

realizavam estudo de caso, elaboravam relatórios de avaliação de medida socioeducativa e

possuíam prontuários individualizados de cada adolescente atendido. Apenas o CREAS Centro-

Sul declarou não respeitar o prazo estabelecido na sentença.

Em relação ao PIA, todos os CREAS elaboravam e implementavam este documento e,

para a sua elaboração, realizavam estudo diagnóstico prévio. Dos 5 CREAS visitados, todos

elaboravam o PIA com a participação dos adolescentes e dos familiares; no CREAS Oeste,

contavam também com a participação do socioeducador; e, no CREAS Sul, contavam com a

participação da escola. Apenas no CREAS Leste, o PIA não contemplava os acordos e

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encaminhamentos dos familiares. Destaca-se no gráfico abaixo, a ausência da escola na

elaboração do PIA, situação que merece ser corrigida:

Gráfico 23 – O PIA no CREAS e a participação da escola

Foram apontados os seguintes itens como principais dificuldades e limitações na

implementação do PIA:

falta de adesão do adolescente em cumprir o compromisso assumido;

falta de adesão da família em cumprir os compromissos assumidos;

dificuldade de conseguir vaga nas escolas para os adolescentes;

dificuldade em conseguir instituições para os adolescentes cumprirem a PSC;

ausência da oferta de cursos profissionalizantes e dificuldade de acesso dos

adolescentes aos poucos que existem, devido aos pré-requisitos exigidos para frequentar os

mesmos;

indisponibilidade de lanche para oferecer aos grupos;

ausência de espaço físico adequado para o atendimento individual e grupal;

dificuldade de acesso aos serviços de algumas políticas públicas;

reclamações quanto ao modelo de PIA, padronizado pela Prefeitura, que não

estava em conformidade com o SINASE.

0

1

2

3

4

5

Não Sim

O PIA é elaborado com a participação da Escola?

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4.3.3.1 Recomendações Serviço de Proteção Social para Adolescentes em Cumprimento

Medida Socioeducativa de LA e PSC

Diante do exposto, seguem algumas sugestões de providências a serem tomadas pelo

órgão gestor da política de assistência social para melhorar a oferta do Serviço de Proteção

Social a Adolescentes em Cumprimento de Medida Socioeducativa de LA e PSC:

1. fortalecimento da rede de serviços (assistência social x educação) para facilitar

o acesso a vagas dos adolescentes atendidos pelo serviço;

2. fortalecimento da relação com as empresas privadas visando garantir aos

adolescentes um local para cumprir a PSC;

3. garantia de acesso a cursos profissionalizantes;

4. garantia de lanche aos grupos;

5. garantia de estrutura física adequada ao atendimento individual e grupal;

6. adequação do Plano Individual de Atendimento do Serviço de Proteção Social a

Adolescentes em Cumprimento de Medida Socioeducativa de LA e de PSC, conforme as

normativas pertinentes.

7. garantia de segurança aos usuários e servidores do serviço;

8. adequação da equipe do Serviço de Proteção Social a Adolescentes em

Cumprimento de Medida Socioeducativa de LA e de PSC, conforme orienta o SINASE:

medida socioeducativa de prestação de serviços à comunidade;

9. melhoria na distribuição do número de adolescentes em atendimento no Serviço

de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de Medida Socioeducativa de LA e de

PSC entre os técnicos responsáveis por esse serviço.

4.3.4 - Sobre o Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência, Idosas e

suas Famílias

Como já mencionado anteriormente, quanto ao Serviço de Proteção Social Especial para

Pessoas com Deficiência, Idosas e suas Famílias, este não era oferecido em nenhum dos 5

CREAS. O que significa dizer que esse serviço está 100% ausente no município.

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4.3.4.1 Recomendações SPSE para Pessoas com Deficiência, Idosas e suas Famílias

Diante do exposto, sugere-se que o órgão gestor da política de assistência social avalie

a existência de demanda pelo Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com

Deficiência, Idosas e suas Famílias em todas as regiões de Goiânia, objetivando garantir a sua

implantação onde se fizer necessário e, dessa forma, desvincular essa demanda de atendimento

do PAEFI, como ocorre em algumas unidades do CREAS.

4.4 Infraestrutura dos CREAS

Os 5 CREAS não compartilhavam seu espaço físico com unidades administrativas,

ONG, serviço de acolhimento ou órgãos de defesa de direitos, em conformidade com o

documento “Orientações Técnicas: Centro de Referência Especializado de Assistência Social –

CREAS”. No entanto, 4 deles funcionavam em imóvel alugado, o que contraria a norma, que

diz: “o ideal é que o planejamento da implantação ou adequação dos CREAS inclua a previsão

de funcionamento em imóvel próprio e adequado, para que, no futuro, a Unidade não precise

ser deslocada para outro local” (p. 83). Esse aspecto é defendido considerando a necessidade

de o CREAS se configurar numa referência para os usuários do seu território de abrangência,

evitando, assim, dificuldades de acesso e a descontinuidade do atendimento.

A Resolução CNAS n. 18/2013 defende a existência de um CREAS para cada 200 mil

habitantes de uma cidade, de forma que é possível concluir que o município de Goiânia deve

dispor de 7 equipamentos. No entanto, à época deste estudo, contava com 5 CREAS.

A estrutura do CREAS deve garantir condições de sigilo e privacidade, por meio de

armários chaveados e acesso restrito e, especialmente, salas de atendimento apropriadas, com

isolamento acústico e específicas para essa finalidade. Na contramão dessa exigência, a

pesquisa verificou que, em 100% dos CREAS do município de Goiânia, esse aspecto foi

respondido como inexistente ou insuficiente. A título de exemplo, foram observadas situações

em que as salas eram poucas, diante da quantidade de atendimentos necessários, e, em outros,

a disposição de arquivos e armários se dava em ambientes de circulação e não reservados. Foi

relatado que essa circunstância tinha sido objeto de intervenção do Conselho Regional de

Serviço Social/GO, no ano de 2015. Sobre esse cenário, destaca-se o disposto na norma: “é

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fundamental que a privacidade de alguns de seus ambientes seja assegurada, tendo em vista a

realização dos atendimentos e outras atividades que exijam sigilo” (p. 90).

No que concerne à segurança dos profissionais e do público atendido, houve indicativos

de que havia CREAS que não contavam com esse serviço, o que fez surgirem relatos de

sensação de insegurança e experiências de risco.

Constituem espaços essenciais que todo o CREAS deve dispor: “recepção; salas

específicas para uso da coordenação, equipe técnica ou administração; 4 salas de atendimento,

que podem ser utilizadas para o trabalho individual, familiar e grupal; dois banheiros acessíveis;

e, copa e/ou cozinha” (p. 82).

Sobre esse tema, a pesquisa constatou que, em nenhum dos CREAS, existia uma sala

adequada para a realização de trabalho grupal; em 3 CREAS não havia sala específica para a

equipe técnica; em 2 dos 5, não havia copa e recepção específica; e, 1 CREAS não apresentava

sala para a coordenação. Demonstra-se essa situação com o gráfico a seguir:

Gráfico 24 – CREAS espaços essenciais

Sobre os sanitários, foi informado que, em 4 CREAS, aqueles destinados aos usuários

eram insuficientes para fazer frente à demanda; em 2 CREAS, os designados aos funcionários

inexistiam ou eram insuficientes. Esse aspecto fere diretamente o dispositivo, que detalha: “o

CREAS deve possuir no mínimo 2 (dois) banheiros coletivos, feminino e masculino,

0% 20% 40% 60% 80% 100% 120%

Sala atendimento grupal

Sala de coordenação

Recepção

Sala para técnicos

Copa

Existem ou são suficientes esses espaços essenciais?

Sim Não

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assegurando-se banheiros com acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida, em

quantidade compatível com a demanda de usuários e o número de trabalhadores” (p. 89).

Sobre a acessibilidade, foi verificado que nos 5 CREAS não estava garantido esse

direito, de forma que havia impossibilidade de acesso ao prédio de usuários com essa

necessidade, bem como de uso de seus sanitários. Foram relatadas realidades em que os

atendimentos a cadeirantes se davam do lado externo do prédio do CREAS. Sobre esse aspecto,

o documento Orientações Técnicas para o CREAS diz:

(...) no CREAS deve-se assegurar as seguintes condições para acessibilidade

das pessoas com mobilidade reduzida: Acesso principal adaptado com rampas

e rota acessível desde a calçada até a recepção do CREAS; Rota acessível aos

principais espaços do CREAS (recepção, sala de atendimentos e sala(s) de uso

coletivo); Rota acessível ao banheiro e Banheiros adaptados. (p. 86)

Destaca-se que a formação profissional dos técnicos que subscrevem o presente parecer

não permite uma avaliação aprofundada desses aspectos, exigindo conhecimento de áreas

específicas, a exemplo da engenharia e arquitetura.

No espaço do CREAS é indicada, ainda, a disposição de um cantinho próprio para as

crianças, que pode conter “tapete emborrachado e brinquedos” (p. 87). Foi verificado que, em

3 CREAS, essa característica inexistia. Em termos percentuais, significa dizer que 60% dos

CREAS do município de Goiânia não ofereciam um ambiente específico para o acolhimento e

atendimento de crianças.

Ressalta-se que as informações sobre os equipamentos disponíveis em cada CREAS

apareceram a partir do questionamento sobre a existência e se a quantidade e qualidade eram

suficientes. Diante disso, os resultados foram sistematizados no gráfico abaixo para melhor

visualização:

Gráfico 25 – CREAS e equipamentos

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Rua 23, esq. com a Rua 03, Qd. A-12, Lt. 11, salas 103 e 104, Anexo MP Bairro Jardim Goiás, Goiânia - Goiás - CEP 74.805-100.

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Foi possível constatar que, em 3 CREAS, não existia aparelho de DVD; os 5 não

dispunham de máquina fotográfica, equipamento de som e datashow; e, em 4 CREAS, não

havia TV em bom estado de conservação e mobiliários em quantidades e qualidades suficientes.

De forma semelhante, houve informações que indicaram que, sobre o equipamento

impressora, em 1 CREAS, era insuficiente e, noutro, estava desativada por falta de cartucho.

Sobre a quantidade de computadores, em 3 CREAS, foi avaliado como insuficiente. Sobre o

acesso à internet, em 2 locais, a velocidade da internet encontrada era muito reduzida. Referente

às condições do instrumento telefone, foi respondido que, em 3 CREAS, aconteciam problemas

frequentes como bloqueios, restrição na realização de ligações interurbanas e quantidade de

linha insuficiente. Isso equivale a dizer que, em 40% dos CREAS, as condições de internet e

impressoras não estavam adequadas a fim de responder à demanda necessária. E que 60% dos

CREAS enfrentavam limitações no uso dos equipamentos computador e telefone, conforme

ilustrado pelo gráfico abaixo:

Gráfico 26 – CREAS e informatização

0% 20% 40% 60% 80% 100% 120%

Cadeiras, armários, mesas e TV

Máquina fotográfica, equipamento de som edatashow

Aparelho DVD

Considerando os 5 CREAS, os equipamentos a seguir existem ou são suficientes?

Sim Não

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Sobre esses itens, a norma defende que há equipamentos e recursos materiais que são

essenciais para que o CREAS alcance seus objetivos. Nesse âmbito, encontram-se o mobiliário,

computadores, telefones, acesso à internet, impressora, veículo, material de expediente e

material para o desenvolvimento de atividades individuais e coletivas (pedagógicos, culturais,

esportivos, entre outros). E, na categoria de equipamentos e recursos materiais desejáveis, estão

a TV, equipamento de som, aparelho de DVD, máquina fotográfica, máquina copiadora,

filmadora, datashow, entre outros. Assim dispõe a orientação: “o desenvolvimento das ações

no CREAS exige a disponibilização de equipamentos e recursos materiais essenciais que toda

Unidade deve dispor e, ainda, equipamentos e materiais desejáveis que possam contribuir para

qualificar as ações e assegurar a sua efetividade” (p. 84).

A orientação define que o CREAS necessita de computadores, internet e linha telefônica

em condições de conectividade que garantam a agilidade nos processos de trabalho e maior

articulação com a rede (p. 85).

Quando questionados sobre a existência de materiais para a realização de oficinas e

materiais pedagógicos, 100% dos CREAS afirmaram não receberem ou que era insuficiente o

fornecimento desses recursos pelo gestor municipal. E, 80% dos CREAS disseram que não

recebiam ou que era insuficiente o fornecimento de material de expediente.

Foi verificada a existência de mural informativo, com informações gerais aos usuários,

em 2 CREAS. Um segundo tipo de mural, com informações sobre a oferta de serviços no

território de abrangência, estava presente em 4 dos 5 CREAS.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

Internet e impressora Computador e telefone

Quantidade de CREAS que NÃO possuem ou são insuficientes:

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No que concerne à disponibilidade de veículo, em 100% dos CREAS foi avaliado como

limitado e insuficiente, de acordo com a organização proposta pelo gestor municipal, o qual se

dava na forma de rodízio. Ou seja, nenhum CREAS possuía veículo próprio e exclusivo. Foi

relatada, ainda, a precariedade do estado de conservação dos automóveis, como sujeira, falta

de ar condicionado, falta de manutenção, entre outros. Reconhecido pela norma como um item

essencial, a mesma destaca: “outro item relevante para o desempenho das atividades do CREAS

é o veículo. Com ele a equipe realiza as visitas domiciliares necessárias, acompanha famílias e

indivíduos em áreas afastadas no território, participa de reuniões e encontros com a rede e

realiza os deslocamentos necessários para o trabalho de abordagem de rua e/ou busca ativa” (p.

85).

Para além das questões fechadas respondidas, também foi questionada a existência de

outras limitações enfrentadas no cotidiano do trabalho nos CREAS, de modo que cada CREAS

ainda acrescentou, de forma geral, as seguintes dificuldades:

CREAS Centro-Sul:

ausência de fornecimento de alimentação, material de limpeza e higiene ou

fornecimento insuficiente;

inexistência de acessibilidade, de forma que cadeirantes não entravam na

unidade, exigindo que os técnicos fizessem atendimento a pessoas com deficiência do lado

externo do prédio;

ausência de aparelhos de ar condicionado, tornando difícil a permanência dentro

dos CREAS em razão do calor extremo;

poucas salas para atendimento, por parte da equipe técnica, no PAEFI;

ausência de impressora a laser e de tinta para impressora;

pouca disponibilidade de jogos e materiais para atividades com as crianças

(tinta, lápis, canetinhas, massas para modelar, entre outros), o que impedia a oferta de atividades

diversificadas;

ausência de segurança para funcionários e usuários;

descontinuidade na oferta de serviço de telefone (por falta de pagamento, vez ou

outra, o telefone era cortado);

falta de lanche para os grupos (houve um tempo em que os técnicos compravam

os lanches com seus próprios recursos);

quantidade insuficiente de computadores.

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CREAS Leste:

ausência de materiais para o trabalho com os usuários, especialmente de

brinquedos;

calor excessivo na sala de atendimento, no período da tarde, exigindo, em alguns

momentos, que a equipe atendesse em baixo da árvore, por se tratar de local mais fresco;

inexistência de banheiros acessíveis.

CREAS Noroeste:

insuficiência de transporte para o desenvolvimento do PAEFI;

falta de recursos materiais e de expediente (pastas suspensas, folhas para

impressão de relatórios, entre outros) e pedagógicos;

mobiliário em situação precária, de forma geral;

armários que não garantiam sigilo dos documentos neles contidos (o

CRESS/GO já havia notificado o CREAS para regularizar esta situação, contudo, até aquele

momento, nenhuma providência tinha sido tomada pela SEMAS);

falta de alimentos para oferta aos usuários durante as atividades em grupo;

bloqueios frequentes de linha telefônica (por falta de pagamento, pela SEMAS);

quantidade insuficiente de profissionais para trabalhar nos serviços existentes;

falta de manutenção geral do prédio do CREAS - portas estragadas, vidros das

janelas quebrados devido a assalto, problemas hidráulicos nos banheiros, sendo que um deles

já fora interditado e, outro, estava na iminência de sê-lo, portão de entrada estragado, lâmpadas

queimadas;

falta de manutenção do jardim, que fica cheio de mato;

falta de material de higiene - papel higiênico, sabonete, entre outros;

ausência de alguns eletrodomésticos, como geladeira, bebedouro, forno, bem

como de utensílios domésticos, a exemplo de copos e talheres.

CREAS Norte:

funcionamento do CREAS em imóvel alugado;

insuficiência de transporte;

falta de recursos materiais (audiovisuais, de expediente, mobiliário,

eletrodomésticos, entre outros);

falta de materiais pedagógicos para o desenvolvimento dos atendimentos;

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não fornecimento de alimentos pela SEMAS para oferta aos usuários

adolescentes, quando em atividades grupais. Essa situação chegou a provocar a suspensão

dessas atividades em alguns momentos – no primeiro sementre de 2016, por exemplo, essas

atividades aconteceram, apenas, duas vezes, e, nestas ocasiões, foram os profissionais da

unidade que patrocinaram o fornecimento de lanches aos usuários do serviço.

CREAS Oeste:

insuficiência de material de limpeza;

estrutura física inadequada;

falta de espaço adequado para atendimento individual e grupal;

falta de segurança para os servidores;

falta de alimento para oferecer nos grupos;

insuficiência quanto à disponibilidade do veículo.

4.4.1 Recomendações Infraestrutura dos CREAS

Diante do exposto, seguem abaixo, sugestões para adequação das condições de

infraestrutura dos CREAS:

1. adequação da quantidade de equipamentos do CREAS para o município de

Goiânia, pois, pelo porte deste, a Resolução CNAS n. 18/2013 recomenda a existência de 7

equipamentos;

2. adequação de todas as estruturas dos CREAS, de forma a respeitar a garantia de

condições de sigilo e privacidade, por meio de salas de atendimento com isolamento acústico

em quantidades suficientes e armários chaveados com acesso restrito;

3. garantia de serviço de segurança diuturnamente para o prédio, bem como para

os trabalhadores e usuários;

4. garantia, em todos os CREAS, da disponibilidade de salas adequadas para a

realização dos trabalhos grupais, bem como salas específicas para a equipe técnica;

5. garantia de quantidade adequada de banheiros para usuários e funcionários,

especialmente respeitando as condições de acessibilidade;

6. garantia, em todos os CREAS, de condições adequadas de acessibilidade para

pessoas com mobilidade reduzida, a partir de recomendações que devem ser feitas por

profissionais com conhecimento técnico específico nesta área;

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7. disponibilidade de brinquedos em todos os CREAS;

8. garantia, em quantidade e qualidade, em todos os CREAS, dos seguintes itens:

TV, aparelho de DVD, máquina fotográfica, equipamento de som, datashow, cadeiras, mesas,

armários, computadores, impressoras, telefone, acesso à internet, entre outros cuja necessidade

deve ser apontada pelos profissionais que trabalham nos CREAS;

9. garantia de um veículo exclusivo para cada CREAS;

10. garantia de fornecimento, em quantidade e qualidade adequadas, dos seguintes

itens: alimentos, material de limpeza, material de higiene, materiais pedagógicos e culturais,

materiais esportivos, materiais de expediente, manutenção predial, eletrodomésticos - como

geladeiras, fornos, entre outros – a serem indicados pelas equipes técnicas de cada unidade.

4.5 Recursos Humanos dos CREAS

De acordo com a NOB-RH/SUAS, a equipe de referência para a prestação de serviços

e execução das ações no âmbito da Proteção Social Especial de Média Complexidade, como é

o caso do CREAS, deve ser composta da seguinte forma, quando se tratar de municípios em

gestão plena e estados com serviços regionais:

Quadro 2 – Equipe de referência - Proteção Social Especial de Média Complexidade

CENTROS DE REFERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – CREAS

Municípios em gestão inicial e básica Municípios em gestão plena e estados com

serviços regionais

Capacidade de atendimento para 50

pessoas/ indivíduos

Capacidade de atendimento de 80 pessoas/

indivíduos

1 coordenador 1 coordenador

1 assistente social 2 assistentes sociais

1 psicólogo 2 psicólogos

1 advogado 1 advogado

2 profissionais de nível superior ou médio

(abordagem dos usuários)

4 profissionais de nível superior ou médio

(abordagem dos usuários)

1 auxiliar administrativo 2 auxiliares administrativos

Destaca-se que essa equipe de referência é destinada ao atendimento de 80 casos

(famílias/indivíduos), conforme também dispõe as “Orientações Técnicas: Centro de

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Referência Especializado de Assistência Social”. Acrescenta-se que, com o amadurecimento da

implantação do SUAS, a Portaria n. 843, de 28 de dezembro de 2010, ao dispor sobre a

composição das equipes de referência do CREAS, passou a considerar, para além do nível de

gestão, disposto na NOB-RH/ SUAS (2006), o porte dos municípios como elemento

fundamental no planejamento de atendimento e da definição das equipes do CREAS, conforme

demonstra o quadro seguinte:

Quadro 3 – Equipes dos CREAS

Municípios Capacidade de

atendimento/

acompanhamento

Equipe de referência

Porte Nível de gestão

Pequeno Porte I

e II e Médio

Porte

Gestão inicial,

básica ou plena

50 casos (famílias/

indivíduos)

1 coordenador

1 assistente social

1 psicólogo

1 advogado

2 profissionais de nível superior

ou médio (abordagem dos

usuários)

1 auxiliar administrativo

Grande Porte,

metrópole e DF

Gestão inicial,

básica ou plena

80 casos (famílias/

indivíduos)

1 coordenador

2 assistentes sociais

2 psicólogos

1 advogado

4 profissionais de nível superior

ou médio (abordagem dos

usuários)

2 auxiliares administrativos

Com base nos parâmetros acima, constata-se que os CREAS de Goiânia devem ter a

seguinte equipe de referência mínima: 1 coordenador, 2 assistentes sociais, 2 psicólogos, 1

advogado, 4 profissionais de nível superior ou médio (abordagem dos usuários) e 2 auxiliares

administrativos, para o atendimento/acompanhamento de até 80 famílias/indivíduos. Nesse

município, existiam, na época em que este estudo foi realizado, 5 unidades: CREAS Leste,

CREAS Oeste, CREAS Norte, CREAS Noroeste e CREAS Centro-Sul.

O levantamento das informações constantes do quadro do item 5, denominado

“Recursos Humanos”, do Roteiro para Avaliação da Implementação do Sistema Único de

Assistência Social – SUAS – Centro de Referência Especializado de Assistência Social –

CREAS, não foi realizado nos 5 CREAS, pois, até a conclusão do relatório de 1 deles (CREAS

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Norte), a SEMAS não encaminhara as informações necessárias. Todavia, apuraram-se, acerca

dos recursos humanos dessa unidade, os itens 5.1 a 5.8.1.3 do roteiro, que serão considerados

nesta análise técnica. Assim, efetuou-se a análise do quadro em questão em 4 unidades: CREAS

Leste, CREAS Oeste, CREAS Noroeste e CREAS Centro-Sul.

Dentre essas 4 unidades, constatou-se que, em 2 delas (Leste e Noroeste), a maioria dos

trabalhadores, 67% e 68%, respectivamente, não eram concursados; nos CREAS Centro-Sul e

Oeste, 40% e 50% dos trabalhados se encontravam nesta condição, respectivamente.

Gráfico 27 – CREAS tipos de vínculos trabalhistas

Averiguou-se a precariedade dos vínculos de trabalho (contratos temporários, com

duração de 3 a 6 meses) e a alta rotatividade de profissionais em 4 CREAS: Leste, Oeste,

Noroeste e Centro-Sul. A alta rotatividade, decorrente dessa precariedade, foi mencionada

como responsável pela descontinuidade na prestação dos serviços.

Ainda sobre esses vínculos, notou-se, nos CREAS Noroeste e Centro-Sul, que existiam

contratos de trabalhos nos quais os funcionários eram contratados para ocuparem cargos que

exigiam menos escolaridade, com salários mais baixos, mas, na prática, exerciam funções

atribuídas a profissionais de nível superior.

No CREAS Noroeste, foram apontados casos de não-repasse de contribuição

previdenciária ao INSS, descontada na folha de pagamento do trabalhador. Ademais, os

contratos não garantiam direitos trabalhistas, tais como férias, 13º salário, auxílio-transporte.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

Leste Noroeste Centro Sul Oeste

Situação RH CREAS

Concursados Não concursados

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Concernente à pergunta 5.5 do roteiro “Considera, de modo geral, que essa equipe é

suficiente em relação aos serviços prestados e ao número de famílias atendidas?”, em 3

unidades (Leste, Centro-Sul e Oeste), foi respondido “sim” e, em 2 (Norte e Noroeste), “não”.

Apesar da resposta afirmativa nessas 3 unidades, a analista em serviço social responsável pela

visita no CREAS Leste destacou, em seu parecer técnico, que a equipe dessa unidade não se

encontrava completa, conforme regem as normativas.

Sobre a pergunta 5.6 do roteiro se “É feita análise de perfil antes do servidor iniciar suas

atividades no CREAS?”, dentre as 5 unidades, em apenas 1 (Centro-Sul), foi respondido “não”.

Quanto à capacitação introdutória, disposta na pergunta 5.7 do roteiro “Os servidores

passam por capacitação introdutória para trabalhar no CREAS?”, na maioria das unidades, foi

respondido “não”. Ressalta-se que, na unidade Noroeste, foi respondido “em alguns casos" e,

na Norte, “sim”.

No que diz respeito à capacitação continuada mencionada na pergunta 5.8 “É garantida

capacitação continuada aos servidores do CREAS?”, 2 unidades (Norte e Noroeste)

responderam “sim” e 2 (Leste e Centro-Sul), “em alguns casos”. E, acerca da frequência dessa

capacitação (pergunta 5.8.1.1 do roteiro), 2 delas (Centro-Sul e Oeste) responderam que não há

datas específicas; as demais (Noroeste, Norte e Leste) responderam, respectivamente:

“mensalmente”, “trimestralmente” e “semestralmente”.

Referente à pergunta 5.8.1.3 do roteiro “A equipe do CREAS participa do planejamento

dessas capacitações, sugerindo temáticas a serem trabalhadas?”, a maioria (4 unidades)

respondeu “não”; apenas a unidade Oeste respondeu “sim”.

A título de ilustração, segue abaixo gráfico com as principais perguntas acima tratadas,

sobre os Recursos Humanos dos CREAS de Goiânia:

Gráfico 28 - CREAS RH

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4.5.1 Recomendações RH dos CREAS

Diante do exposto, sugere-se as seguintes adequações nos recursos humanos dos

CREAS:

1. adequação da equipe de referência, especialmente, nos CREAS Norte, Noroeste

e Leste, tendo como direção as orientações contidas na NOB-RH/SUAS e no documento

“Orientações Técnicas: Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS”;

2. oferta de capacitação introdutória aos trabalhadores que ingressarem nas

unidades, principalmente, nos CREAS Leste, Centro-Sul e Oeste;

3. realização de análise de perfil antes de o servidor iniciar as suas atividades,

especialmente, no CREAS Centro-Sul;

4. participação da equipe de referência no planejamento das capacitações

continuadas, sugerindo temáticas a serem trabalhadas, principalmente, nos CREAS Norte,

Noroeste, Centro-Sul e Leste.

4.6 Questões Gerais dos CREAS

As orientações técnicas do CREAS preveem as suas competências e papel. Dentre tais,

destaca-se a elaboração de relatórios sobre atendimentos e acompanhamentos das

famílias/indivíduos. Esses relatórios podem dispor de informações sobre as seguranças

0 1 2 3 4 5

Há capacitação introdutória?

Há capacitação continuada?

Equipe é suficiente?

Servidores passam por análise de perfil?

Questões gerais CREAS RH

Alguns Casos Sim Não

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afiançadas, o progresso em relação às famílias e aos indivíduos acompanhados e, quando

couber, de outras informações, observando-se, necessariamente, sua pertinência, relevância e

benefício para os usuários. Segundo esse documento, os relatórios do CREAS não devem se

confundir com a elaboração de “laudos periciais”, relatórios ou outros documentos com

finalidade investigativa que constituem atribuição das equipes interprofissionais dos órgãos do

sistema de defesa e responsabilização. Porém, cabe ao CREAS, quando necessário e/ou

solicitado, o encaminhamento ao sistema de defesa e responsabilização de relatórios que versem

sobre o atendimento e acompanhamento às famílias e aos indivíduos, resguardando-se o que

dispõe o código de ética e as orientações dos respectivos conselhos de categoria profissional.

Quando da sua elaboração, os profissionais devem, necessariamente, observar a função de

proteção social da Assistência Social, bem como o papel do CREAS e suas competências que,

de modo algum, poderão ser confundidos com o papel dos órgãos do sistema de defesa e

responsabilização, a exemplo de delegacias e órgãos do Poder Judiciário.

Ademais, destaca-se, ainda, que não compete ao CREAS ocupar lacunas provenientes

da ausência de atendimento que devem ser ofertados na rede pelas outras políticas públicas e/ou

órgãos de defesa de direito; ter seu papel institucional confundido com o de outras políticas ou

órgãos, e por conseguinte, as funções de sua equipe com as de equipes interprofissionais de

outros atores da rede, como, por exemplo, da segurança pública (delegacias especializadas,

unidades do sistema prisional), órgãos de defesa e responsabilização (Poder judiciário,

Ministério Público, Defensoria Pública e Conselho Tutelar) ou de outras políticas (saúde

mental); assumir a atribuição de investigação para a responsabilização dos autores de violência,

tendo em vista que seu papel institucional é definido pelo papel e escopo de competências do

SUAS.

Mediante o exposto, constatou-se que os 5 CREAS em Goiânia não elaboravam perícias

judiciais; não realizavam atendimento psicoterápico; não realizavam investigação e avaliação

de abuso sexual e não estabeleciam agendas sistemáticas entre as equipes de referência do

CRAS para discussão de protocolos de encaminhamentos e de estudo das situações de

vulnerabilidade e risco social que pudessem demandar ações conjuntas.

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5 Avaliação do Centro POP

O Centro de Referência Especializado para a População de Rua – Centro Pop – constitui-

se em uma unidade de referência da Proteção Social Especial de Média Complexidade do

Sistema Único de Assistência Social, de natureza pública e estatal, que desempenha um

importante papel no alcance dos objetivos propostos pela Política Nacional para a População

em Situação de Rua.

O Centro Pop tem como foco específico o atendimento especializado à população em

situação de rua, devendo ofertar, obrigatoriamente, o Serviço Especializado para Pessoas em

Situação de Rua. Poderá ofertar, também, o Serviço Especializado em Abordagem Social, desde

que essa oferta não cause prejuízos ao desenvolvimento do Serviço Especializado para Pessoas

em Situação de Rua.

Ressalta-se que, quando a demanda não justificar a implantação de um Centro Pop, o

acompanhamento especializado a esse segmento pode ser feito pelo Serviço de Proteção e

Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos- PAEFI, em articulação com o Serviço

Especializado em Abordagem Social, ambos ofertados pelos CREAS. Pode-se buscar, ainda,

articulação com os serviços de acolhimento local.

Verificou-se que, na cidade de Goiânia, até a data da visita, realizada no mês de

abril/2016, havia 1 Centro Pop, que funcionava na região central, o qual foi inaugurado em

dezembro de 2015. O acesso dos usuários ocorria de forma espontânea. Para implantação do

mesmo, foi realizado o diagnóstico socioterritorial e, após implantação, foi elaborado o projeto

técnico-político, conforme preconiza as orientações técnicas que normatizam esse serviço.

Constatou-se que o Centro Pop oferecia o Serviço Especializado para Pessoas em

Situação de Rua, conforme preveem as orientações técnicas, e utilizava as seguintes técnicas e

metodologias para o atendimento dos usuários: entrevista individual e/ou familiar; orientação e

atendimento individual e/ou familiar; orientação e atendimento em grupo; oficinas e atividades

de convívio e socialização; orientação jurídico-social; estudo de caso; e, encaminhamento para

a rede de serviços.

O Centro Pop não executava o Serviço Especializado em Abordagem Social – SEAS,

mas o Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua trabalhava muito próximo

daquele, que era executado por uma equipe do Complexo 24 horas e era responsável pela busca

ativa dos usuários. Como o SEAS do Complexo 24 horas funcionava 24 horas, ou seja,

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ininterruptamente, quando a abordagem ocorria no período noturno ou final de semana, os

usuários eram encaminhados à Casa de Acolhida Cidadã ou a um hospital público, conforme a

necessidade.

Observou-se que a unidade elaborava o Plano de Acompanhamento Individual e/ou

Familiar, que era alimentado e avaliado continuamente ao longo do acompanhamento no

serviço, bem como era arquivado em prontuários individuais. Destaca-se que o Plano de

Acompanhamento Individual e/ou Familiar constitui-se em um importante instrumento de

trabalho, por meio do qual a equipe organiza e norteia sua ação junto ao usuário.

Conforme preconiza a normativa que regulamenta esse serviço, os usuários do Centro

Pop eram incluídos no Cadastro Único para programas sociais, sendo este um instrumento de

coleta de dados que possibilita a identificação e caracterização das famílias brasileiras de baixa

renda. É também uma importante ferramenta de planejamento de políticas públicas e deve ser

utilizado para a seleção de beneficiários e integração de programas sociais do Governo Federal.

Em relação à estrutura física, verificou-se que havia acessibilidade apenas no acesso da

calçada até a recepção. Não havia acessibilidade às demais áreas da unidade, nem os banheiros

eram adaptados. Segundo as “Orientações Técnicas Centro de Referência Especializado a

População de Rua – Centro Pop”,

(...) a infraestrutura física do Centro POP deve assegurar, ainda, as seguintes

condições para acessibilidade às pessoas com deficiência e/ou mobilidade

reduzida: • Acesso principal adaptado com rampas, da calçada à recepção; •

Acesso adaptado às principais áreas do Centro POP (salas de atendimento,

banheiro e refeitório); • Banheiros adaptados. É importante mencionar que a

acessibilidade deve, também, propiciar acesso ao Centro POP de pessoas com

outras dificuldades, para além das dificuldades de locomoção, como, por

exemplo, a deficiência visual e auditiva. Nessa direção, é desejável que o

ambiente físico seja adaptado e que a equipe conte com suporte para o

atendimento a essas demandas (como por exemplo, treinamento para auxiliar

pessoas com deficiência visual; placas de identificação em Braile; suporte

eventual de profissional com domínio de LIBRAS ou capacitação de

profissional da equipe nesta língua; dentre outras medidas que podem ser

adotadas). (p. 48).

Segue abaixo gráfico que ilustra essa inadequação:

Gráfico 29 – Centro POP acessibilidade

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Rua 23, esq. com a Rua 03, Qd. A-12, Lt. 11, salas 103 e 104, Anexo MP Bairro Jardim Goiás, Goiânia - Goiás - CEP 74.805-100.

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O Centro Pop de Goiânia dispunha da seguinte infraestrutura específica: recepção;

espaço para acolhida inicial, que não garantia sigilo do atendimento; sala para atividades

referentes à coordenação, reunião de equipe e atividades administrativas; sala de atendimento

individualizado, familiar, ou em pequenos grupos, que também não garantia o sigilo do

atendimento; salas e outros espaços para atividades coletivas com os usuários, socialização e

convívio; copa/cozinha; banheiros masculino e feminino não adaptados para pessoas com

deficiência ou mobilidade reduzida, mas com chuveiros para garantir a higiene pessoal;

refeitório; lavanderia, apenas com tanques, sem máquinas de lavar roupa; espaço para guardar

animais de estimação. Constatou-se a ausência de área livre para ser utilizada como fumódromo

e, ainda, de armários individualizados para a guarda de pertences e de sala com computadores

para uso dos usuários. Cabe destacar que a estrutura física, no geral, não garantia privacidade e

sigilo no atendimento, o que feria o Código de Ética dos Profissionais de Psicologia e Serviço

Social.

Em referência aos recursos materiais e equipamentos, o serviço dispunha dos seguintes

itens de forma satisfatória/suficiente: mobiliário; computadores; telefones; material de

expediente; material para o desenvolvimento de atividades individuais e coletivas

(pedagógicos, culturais, esportivos, etc.); arquivos, armários ou outros, para a guarda de

prontuários físicos em condições de segurança e sigilo; materiais para a produção e realização

de refeições; artigos de higiene pessoal; acesso à internet; impressora; mural com informações

de interesse dos usuários; informações sobre cursos de capacitação profissional e educação de

jovens e adultos.

00,20,40,60,8

11,2

Acesso principaladaptado com rampas,da calçada à recepção

Acesso adaptado àsprincipais áreas da

unidade

Banheiros adaptados

Acessibilidade Centro POP

Não Sim

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No entanto, a falta ou precariedade de alguns recursos era um entrave ao bom

desenvolvimento do trabalho, como, por exemplo, o veículo utilizado pela equipe, que era de

uso compartilhado com a SEMAS; os armários individualizados para guardar pertences, que

eram de uso exclusivo dos funcionários, portanto, os usuários não tinham acesso aos mesmos;

e, em relação ao material multimídia, a televisão estava em precárias condições de uso e o DVD

estragado, o que, na época, estava fazendo muita falta para o desenvolvimento das atividades

em grupo.

No local funcionava, unicamente, o Centro Pop e, no momento da visita, o mesmo

apresentava-se com adequado aspecto de higiene e organização, exceto os banheiros, devido ao

intenso fluxo de uso. Na época da visita, eram disponibilizados apenas 2 banheiros para os

usuários, sendo 1 masculino e 1 feminino. No entanto, a equipe técnica e coordenação alegaram

ser suficientes e argumentaram que a vivência de esperar sua vez é importante e significativa

no processo de reinserção social.

No tocante aos recursos humanos, a NOB/RH/SUAS/2006 e a Resolução do CNAS n.

17/2011 recomendam que a equipe de referência com capacidade de acompanhamento no

Centro Pop a 80 (oitenta) casos (famílias ou indivíduos/mês) deve ser composta por 1

coordenador, 2 assistentes sociais, 2 psicólogos, 1 técnico de nível superior, preferencialmente,

com formação em direito, pedagogia, antropologia, sociologia ou terapia ocupacional, 4

profissionais de nível superior ou médio para a realização do Serviço Especializado em

Abordagem Social (quando ofertada pelo Centro Pop), para o desenvolvimento de oficinas

socioeducativas e outras atividades, e 2 auxiliares administrativos.

Na época da visita realizada ao Centro Pop, esta unidade funcionava de segunda a sexta-

feira, durante 8 horas diárias, garantida a presença durante todo esse período de equipe essencial

ao bom funcionamento da unidade. Essa situação atendia ao que recomendam as normativas.

Verificou-se que, na data da visita técnica, o Centro Pop dispunha de 1 coordenadora, 1

coordenadora técnica, 3 assistentes sociais, 2 psicólogas, 1 pedagoga, 1 advogada, 7 educadores

sociais, 5 auxiliares administrativos e 3 auxiliares de serviços gerais. Por meio de contato

telefônico, realizado no mês de outubro, foi informado que o Centro Pop contava com 4

assistentes sociais e 2 advogados. Verificou-se, ainda, que, dos 24 funcionários citados no dia

da visita, 5 eram ocupantes de cargo efetivo e 19 ocupantes de cargo em comissão ou

temporários, sendo que um dos efetivos estava cedido pela Secretaria Municipal de Educação

e os demais eram originários da SEMAS.

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Frente ao exposto, pôde-se constatar que a equipe ainda tem carência de mais

profissionais para estar com a equipe de referência completa, para suprir a capacidade declarada

de atendimento, que é de 200 atendimentos de famílias e/ou indivíduos por mês, e, ainda, para

garantir a presença de equipe de referência essencial ao bom funcionamento durante 8 horas

por dia. Como se pôde verificar, quase toda a equipe cumpria jornada de trabalho de 6 horas

diárias. Segundo as orientações técnicas, a equipe de referência deverá ser redimensionada e

ampliada, quando necessário, considerando-se: demanda por atendimento, serviços ofertados e

capacidade de atendimento da unidade.

Informa-se que o Centro Pop declarou ter celebrado convênio com o MDS para o

atendimento a 200 casos/mês. Verificou-se, ainda, que o quadro de recursos humanos

apresentado na data da visita, ocorrida em abril de 2016, era composto por 24 funcionários,

sendo que destes, 19 possuíam contrato temporário de serviço, assim como exposto no gráfico

abaixo:

Gráfico 30 – Centro POP situação vínculos trabalhistas

A situação apresentada contraria a NOB-RH-SUAS, que prevê a realização de concurso

público para os trabalhadores do Sistema Único de Assistência Social –SUAS. No tópico

“Princípios e Diretrizes Nacionais para a Gestão do Trabalho no Âmbito do Suas”, item 6,

consta a seguinte redação:

De acordo com as atribuições dos diferentes níveis de gestão do SUAS,

definidas na NOB/SUAS, compete a cada uma delas contratar e manter o

21%

79%

Centro POPvínculos trabalhistas

Concursados Não concursados

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quadro de pessoal qualificado academicamente e por profissões

regulamentadas por Lei, por meio de concurso público e na quantidade

necessária à execução da gestão e dos serviços socioassistenciais, conforme a

necessidade da população e as condições de gestão de cada ente.

E, ainda, o tópico “Responsabilidades e Atribuições dos gestores Municipais”, prevê no

item 1:

Dotar a gestão de uma institucionalidade responsável, do ponto de vista

operacional, administrativo e técnico-político, criando os meios para efetivar

a política de assistência social. Destinar recursos financeiros para a área,

compor os quadros do trabalho específicos e qualificados por meio da

realização de concursos públicos.

E no item 11, consta: “realizar concurso público para contratar e manter o quadro de

pessoal necessário à execução da gestão dos serviços socioassistenciais, observadas as normas

legais vigentes”.

Observou-se que o Centro Pop fornecia refeições, sendo que o café da manhã era

fornecido na própria unidade e, o almoço, no restaurante Cidadão. Para ter acesso ao almoço, o

Centro Pop concedia um ticket a cada usuário.

Segundo a coordenadora, foi feita análise de perfil dos servidores antes de iniciarem

suas atividades no Centro Pop. Foi oferecida capacitação introdutória aos servidores, bem como

capacitação continuada. A coordenadora informou que organizava a participação dos servidores

nas capacitações continuadas, de forma que não causasse prejuízos ao funcionamento da

unidade. Informou, ainda, que a equipe do Centro Pop participou do planejamento dessas

capacitações, sugerindo temáticas a serem trabalhadas.

No gráfico a seguir, pode-se observar a tabulação das informações supracitadas:

Gráfico 31 – Centro POP dados gerais

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A articulação com a rede é uma ação essencial para garantia da qualidade do

atendimento, e o Centro Pop conseguiu estabelecer importantes acordos para a prestação de

serviços diversos, como com o Centro Estadual de Avaliação Terapêutica - CEAT-AD, órgão

responsável por regular as vagas para o tratamento de dependência química nas comunidades

terapêuticas do estado de Goiás e com a Organização das Voluntárias de Goiás - OVG, órgão

responsável pela concessão de aparelhos ortopédicos, como cadeira de rodas e muletas.

Entretanto, estava tendo dificuldades na articulação com os serviços municipais de saúde, que

não demonstravam abertura para a realização de discussões e estabelecimento de fluxos e

prioridades para o atendimento da população em situação de rua. Por exemplo, os usuários

encaminhados pelo Centro Pop não tinham prioridade nos agendamentos de consultas básicas,

sendo que as consultas eram agendadas com um espaço de até 1 mês e, como a rotatividade dos

usuários no serviço era alta, a possibilidade de o usuário não estar mais sendo acompanhado

pelo Centro Pop no período da consulta também era alta. Outra dificuldade apresentada foi

sobre os serviços prestados pela ambulância da Secretaria Municipal de Saúde. Segundo os

entrevistados, essa secretaria se negava a transportar o morador de rua em ambulância quando

este não se encontrava em boas condições de higiene; além disto, era exigido que o usuário

tomasse um banho antes de ser transportado.

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2

O Centro POP fornece refeições?

É feita análise de perfil do servidor?

Há capacitação introdutória?

Há capacitação continuada?

A equipe participa do planejamento dessascapacitações?

São realizadas oficinas suficentes para osusuários?

Cenro POP dados gerais

Sim Não

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Uma outra questão que foi apresentada como grande dificuldade na visita realizada no

mês de abril diz respeito à dificuldade para conseguir a documentação pessoal do morador de

rua, em especial a certidão de nascimento. No entanto, por meio de contato telefônico realizado

no mês de outubro, soube-se que esta questão já não era mais um grande problema. A

coordenadora técnica explicou que antes era a defensoria pública que atendia esses casos, mas

que, há alguns meses, a equipe do Centro Pop contava com mais um advogado na sua equipe

de referência, o qual era responsável por providenciar a documentação dos usuários. Relatou

que o advogado conseguiu estabelecer um acordo com os cartórios locais, que têm atendido

prontamente todas as solicitações de segunda via de certidões de nascimento e certidões de

casamento. Contudo, relatou que estavam tendo dificuldades com cartórios de outros estados,

como o estado do Maranhão. Em posterior contato com o CAO dos Direitos Humanos e

Cidadania, soube-se que os promotores de Justiça, Dr. Eduardo Prego e Dr. Marcus Antônio

Ferreira Alves, já estavam cientes dessa dificuldade e tinham agendado reunião com a

Corregedoria do Tribunal de Justiça, no intuito de conseguir apoio para intermediar a resolução

do problema apresentado.

De acordo com o documento “Orientações Técnicas”,

“(...) o monitoramento e a avaliação são funções inerentes ao órgão gestor e à

coordenação da Unidade, cabendo a esta o monitoramento cotidiano das ações

planejadas e a avaliação quanto aos resultados obtidos nos processos de

trabalho do Centro Pop e ações desenvolvidas no serviço. Pelo monitoramento

cotidiano, por vezes, é possível verificar a necessidade de mudanças de rumo

e alterações no planejamento das ações e nos processos de trabalho, visando

garantir a qualidade do serviço prestado”.(p. 61–62)

Verificou-se que a coordenação do Centro Pop monitorava as ações planejadas; avaliava

os resultados obtidos no desenvolvimento do trabalho; participava de reuniões periódicas com

as instituições que compunham a rede, visando à garantia da efetividade das articulações

estabelecidas, e avaliava se as articulações estavam conduzindo, de fato, ao acesso, por parte

dos usuários do SUAS, às diversas políticas e aos órgãos de defesa de direitos.

Por fim, observou-se que a equipe de referência entrevistada avaliou como bom o

relacionamento entre o Centro Pop e o órgão gestor da assistência social.

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5.1 Recomendações Centro POP

Diante do exposto, seguem abaixo, sugestões que visam superar questões presentes no

Centro Pop que estão em desacordo com as normativas que regem este serviço:

1. garantia de ingresso de todos os profissionais por meio de concurso público. A

esse respeito, vale pontuar o que destaca a normativa:

O vínculo de trabalho dos profissionais, decorrente da aprovação em concurso

público como indica a NOB-RH/SUAS, garante a oferta contínua e

ininterrupta dos serviços, fortalece o papel dos trabalhadores na relação com

os usuários, consolida a equipe como referência no território e favorece a

construção de vínculo. (Orientações Técnica CREAS);

2. adequação do quadro de recursos humanos, tendo como referência as orientações

contidas na NOB-RH/SUAS, que recomenda, como equipe de referência para uma capacidade

de acompanhamento de 80 (oitenta) casos (famílias ou indivíduos/mês), a seguinte composição:

1 coordenador, 2 assistentes sociais, 2 psicólogos, 1 técnico de nível superior, preferencialmente

com formação em direito, pedagogia, antropologia, sociologia ou terapia ocupacional, 4

profissionais de nível superior ou médio para a realização do Serviço Especializado em

Abordagem Social (quando ofertada pelo Centro Pop), para o desenvolvimento de oficinas

socioeducativase outras atividades, e 2 auxiliares administrativos. Dessa forma, como o Centro

Pop funciona das 7h30 às 17h30, presta atendimento a 200 casos/mês, e a grande maioria da

equipe de referência cumpre uma jornada de 6 horas de trabalho, para cumprir a recomendação

das “Orientações Técnicas”, entende-se ser necessário a ampliação da equipe de referência;

3. garantia de atendimento aos serviços de saúde, por meio do estabelecimento de

fluxos e protocolos de atendimento intersetorial;

4. garantia de acesso dos usuários à sua documentação civil, independentemente

do estado de origem;

5. adequação da estrutura física da unidade, conforme as recomendações do

documento “Orientações Técnicas: Centro de Referência Especializado para a População de

Rua - Centro Pop”, em especial no que diz respeito às normas de acessibilidade e à garantia de

privacidade e sigilo nos atendimentos.

6. garantia de área livre para fins de fumódromo;

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7. garantia, pela SEMAS, de recursos materiais para que a equipe técnica e demais

profissionais consigam desenvolver os serviços ofertados de forma efetiva. Destaca-se a

necessidade de aparelho de TV de qualidade, aparelho de DVD para realização de oficinas e

atividades de convívio e socialização, bem como de um veículo disponível exclusivamente para

o Centro Pop ou com maior disponibilidade para esta unidade;

8. implementação de ações de acompanhamento especializado, por meio do

desenvolvimento de oficinas e atividades coletivas de convívio e socialização.

6 Avaliação do Conselho Municipal de Assistência Social

Os Conselhos Municipais de Assistência Social, previstos na Lei n. 8.742/93- LOAS,

são definidos como instâncias deliberativas do sistema descentralizado e participativo de

assistência social. São órgãos permanentes e têm composição paritária entre o governo e

sociedade civil. Segundo a LOAS, em seu artigo 16, § único,

os Conselhos de Assistência Social estão vinculados ao órgão gestor de

assistência social, que deve prover a infraestrutura necessária ao seu

funcionamento, garantindo recursos materiais, humanos e financeiros,

inclusive com despesas referentes a passagens e diárias de conselheiros

representantes do governo ou da sociedade civil, quando estiverem no

exercício de suas atribuições.

A Norma Operacional Básica de Assistência Social (NOB/SUAS, 2005) também

regulamenta a atuação dos Conselhos de Assistência Social ao prever que os Conselhos devem

ser compostos de forma paritária por representantes do governo e da sociedade civil e têm as

funções de elaborar, acompanhar e avaliar os planos de assistência social, mas, também, de

controlar, fiscalizar e acompanhar a gestão dos fundos de assistência social nas esferas federal,

estadual e municipal.

Verificou-se que o Conselho Municipal de Assistência Social de Goiânia – CMASGyn

– foi criado pela Lei Municipal n. 7.532/1995, sendo alterada pela Lei Municipal n. 9.009/2010.

Observou-se que, conforme determinam as normativas, o Regimento Interno define a

composição do Conselho, a periodicidade das reuniões, o quórum de votação, as regras da

eleição, seleção e substituição de conselheiros, dentre outros. Depois de elaborado o Regimento

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e aprovado em plenária do Conselho, segue para publicação no Diário Oficial do Município.

Até a data da visita, ocorrida no mês de abril, as reuniões ordinárias ocorriam mensalmente,

uma na primeira quinzena e, outra, na segunda quinzena, esta última para apreciarem prestações

de contas.

Informa-se que, como a visita técnica ocorreu no mês de abril, os dados a seguir são da

gestão que cumpriu mandato de junho de 2014 a junho de 2016, sendo a mesa diretora composta

por Patrícia Souza Oliveira, presidente, e Zeilma Aparecida da Silva Gonçalves,

vice-presidente. Essa mesa foi eleita em dezembro de 2015, porque houve renúncia da mesa

diretora anterior. No tocante à composição, observou-se que era garantida a paridade na

composição do conselho e que as 3 últimas gestões garantiram a alternância na composição da

mesa diretora. O poder público era representado por servidores dos seguintes órgãos: Instituto

Nacional de Seguro Social; Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Trabalho,

Ciência e Tecnologia; Secretaria Municipal de Assistência Social; Secretaria Municipal de

Educação; Secretaria Municipal de Saúde; e, Secretaria Municipal de Cultura. A sociedade civil

era representada por representantes dos usuários; representantes de entidades de capacitação

profissional; representantes dos trabalhadores na área de assistência social; representantes dos

prestadores de serviços da Proteção Social Básica e representantes dos prestadores de serviços

da Proteção Social Especial. Constatou-se, na data da visita, que as Secretarias Municipais de

Saúde e Cultura estavam com os cargos de suplência sem representantes.

A Lei Municipal n. 9.009 prevê, em seu artigo 6º, incisos III e V, que a estrutura

organizacional básica do Conselho Municipal de Assistência Social de Goiânia deve conter,

dentre outros, uma “secretaria executiva, ocupada por profissional indicado pelo CMASGyn,

contratado e disponibilizado pelo órgão gestor da Assistência Social do Município, cabendo a

este, o recebimento de gratificação de função pelo exercício do cargo”, bem como “corpo

técnico composto por grupo de profissionais indicados pelo CMASGyn, contratados e

disponibilizados pelo órgão gestor de Assistência Social do Município, com qualificação

técnica compatível com as necessidades do Conselho”. No entanto, até a data da visita, desde o

mês de dezembro de 2015, o Conselho não contava com uma Secretaria Executiva no seu

quadro de recursos humanos, o que estava dificultado muito as ações do referido conselho. Já

em relação à assessoria técnica, esta era composta por 4 profissionais: Helaine Iolanda Vieira,

psicóloga; Edson Trindade Fernades, historiador; Edflany Machado, assistente social; e,

Jackeline Gomes Pacheco, assistente social. Todos esses cumpriam jornada de trabalho de 30

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horas semanais, sendo que 3 deles faziam parte do quadro efetivo da Prefeitura Municipal de

Goiânia e 1 possuía contrato temporário de prestação de serviços.

O Conselho possuía 6 comissões temáticas denominadas de câmaras, sendo elas:

Câmara de Proteção Social Básica, Câmara de Proteção Social Especial, Câmara de

Acompanhamento dos Programas PETI e Bolsa Família, Câmara de Acompanhamento do

Orçamento e Desempenho Financeiro, Câmara de Análise de Processos e Câmara dos

Conselhos Decentralizados. Em situações esporádicas, quando surgia necessidade, também

eram criadas comissões. O Conselho procurava manter a paridade na composição das câmaras,

entretanto, o que mais pesava na composição delas era o interesse do conselheiro em participar.

Foi relatado que nem todos os conselheiros tinham interesse em participar de alguma câmara,

o que acarretava mais serviço para os conselheiros mais participativos, podendo, ainda,

acarretar morosidade nas ações. As câmaras realizam reuniões ordinárias mensalmente.

Tendo como referência as legislações, publicações e orientações já citadas no início

deste documento, destaca-se, a seguir, as atribuições que estavam sendo cumpridas pelo

CMASGyn, as que não estavam sendo cumpridas, as que estavam sendo cumpridas

parcialmente e as que não se aplicavam.

6.1 Atribuições em cumprimento

1) Convocação de conferências de assistência social em sua esfera de governo e

acompanharam a execução de suas deliberações.

2) Aprovação do plano de assistência social elaborado pelo órgão gestor da política de

assistência social.

3) Deliberação sobre planos de providência13 e planos de apoio à gestão

descentralizada14.

13 NOB-SUAS/2012, Art. 40. O Plano de Providências constitui-se em instrumento de planejamento das ações para a superação

de dificuldades dos entes federados na gestão e execução dos serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais, a

ser elaborado pelos Estados, Distrito Federal e Municípios, com atribuições, dentre outras, de: I - identificar as dificuldades

apontadas nos relatórios de auditorias, nas denúncias, no Censo SUAS, entre outros; II - definir ações para superação das

dificuldades encontradas; III - indicar os responsáveis por cada ação e estabelecer prazos para seu cumprimento. 14 NOB-SUAS/2012, Art. 41. O Plano de Apoio decorre do Plano de Providências dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios e consiste no instrumento de planejamento do assessoramento técnico e, quando for o caso, financeiro, para a

superação das dificuldades dos entes federados na gestão e execução dos serviços, programas, projetos e benefícios

socioassistenciais. §1º O Plano de Apoio contém as ações de acompanhamento, assessoramento técnico e financeiro prestadas

de acordo com as metas estabelecidas no Plano de Providências e deve ser: I - elaborado: a) pelo Estado quanto aos seus

Municípios; b) pela União quanto aos Estados e ao Distrito Federal; II - encaminhado para pactuação na CIB ou CIT, de acordo

com o envolvimento e a responsabilidade de cada ente federativo.

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4) Aprovação do aceite da expansão dos serviços, programas e projetos

socioassistenciais, objetos de cofinanciamento.

5) Estabelecimento de mecanismos de articulação permanente com os demais conselhos

de políticas públicas e de defesa e garantia de direitos.

6) Elaboração, aprovação e divulgação do seu regimento interno15.

7) Acionamento, quando necessário, do Ministério Público, como instância de defesa e

garantia de suas prerrogativas legais.

8) Apreciação do relatório anual de gestão que comprovava a execução das ações com

recursos federais descentralizados para o Fundo Municipal de Assistência Social.

6.2 Atribuições em descumprimento

1) aprovação da Política Municipal de Assistência Social. Segundo os entrevistados, um

tempo atrás, o órgão gestor apresentou a referida política, mas o Conselho solicitou alterações

e o órgão gestor não voltou a apresentá-la;

2) acompanhamento, avaliação e fiscalização da gestão do Programa Bolsa Família

(PBF). Alegaram insuficiência de recursos materiais (veículo) para realizar visitas e de recursos

humanos (Secretaria Executiva);

3) fiscalização da gestão e execução dos recursos do Índice de Gestão Descentralizada

do Programa Bolsa Família – IGD PBF e do Índice de Gestão Descentralizada do Sistema Único

de Assistência Social – IGDSUAS. Alegaram insuficiência de recursos materiais (veículo) para

realizar visitas e de recursos humanos (Secretaria Executiva).

4) aprovação do plano de aplicação do Fundo Municipal e acompanhamento da

execução orçamentária e financeira anual dos recursos. Informaram que o órgão gestor nunca

apresentou um plano de aplicação, que acreditavam que nem existia e que os recursos próprios

não eram alocados na conta do Fundo Municipal, apenas os recursos provenientes do governo

federal eram alocados no referido fundo;

15 O Regimento Interno precisa ter como conteúdo mínimo: a) competências do Conselho; b) atribuições da Secretaria

Executiva, Presidência, Vice-Presidência e Mesa Diretora; c) criação, composição e funcionamento de comissões temáticas e

de grupos de trabalho permanentes ou temporários; d) processo eletivo para escolha do conselheiro-presidente e vice-

presidente; e) processo de eleição dos conselheiros representantes da sociedade civil, conforme prevista na legislação; f)

definição de quórum para deliberações e sua aplicabilidade; g) direitos e deveres dos conselheiros; h) trâmites e hipóteses para

substituição de conselheiros e perda de mandatos; i) periodicidade das reuniões ordinárias do plenário e das comissões e os

casos de admissão de convocação extraordinária; j) casos de substituição por impedimento ou vacância do conselheiro titular;

k) procedimento adotado para acompanhar, registrar e publicar as decisões das plenárias.

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5) acompanhamento, avaliação e fiscalização da gestão dos recursos, bem como dos

ganhos sociais e o desempenho dos serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais

do SUAS. Alegaram insuficiência de recursos materiais (veículo) para realizar visitas e de

recursos humanos (Secretaria Executiva).

6) aprovação dos critérios de partilha de recursos em seu âmbito de competência.

Justificaram que era o órgão gestor que definia os critérios de partilha, mas que o Conselho

exigiu do órgão gestor que incluísse como critério de partilha a qualidade e quantidade do

serviço e que, se esse critério não fosse respeitado, o Conselho se negaria a aprovar a celebração

de convênio;

7) deliberação sobre as prioridades e metas de desenvolvimento do SUAS em seu âmbito

de competência. Informaram, naquele momento, que, de forma tímida, o Conselho definiu essa

ação como uma das metas de seu Plano de Ação;

8) estímulo e acompanhamento da criação de espaços de participação popular no SUAS.

Justificaram que a Lei n. 9.009/10 e o Regimento Interno previam a criação de Conselhos

Descentralizados16, mas que, até aquele momento, nenhum havia sido formalizado. Contudo,

havia uma movimentação, ainda incipiente, por parte do Conselho, para a formação de pelo

menos 1 Conselho Descentralizado no ano de 2016. Os Conselhos Descentralizados são espaços

que garantem a participação popular;

9) normatização, disciplinamento, acompanhamento, avaliação e fiscalização dos

serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais prestados pela rede

socioassistencial pública ou não. Alegaram, novamente, insuficiência de recursos materiais

(veículo) para realizar visitas e de recursos humanos (secretaria executiva);

10) representação, ao Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome - MDS,

no exercício do controle social, situações em que se constatavam o descumprimento, por

entidades de assistência social certificadas, dos requisitos que deram ensejo à certificação.

11) fiscalização do CRAS, CREAS e Centro Pop, utilizando a Matriz de Fiscalização e

o formulário de registro de falhas e irregularidades. A Matriz de Fiscalização foi elaborada com

16 Lei 9.009/2010, Art. 11. Ficam criados os Conselhos Descentralizados de Assistência Social - CLAS, Instâncias do

CMASGyn, descentralizadas e regionalizadas, de caráter consultivo com a função de propor políticas públicas e acompanhar

as suas implantações nas respectivas regiões, abertos à participação de órgãos públicos, de entidades de assistência social e de representação dos usuários e moradores da região.

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base nas leis, legislações, portarias e resoluções, portanto, consolida as informações necessárias

ao desempenho das funções dos conselhos municipais. Informaram que ainda não faziam essa

fiscalização e que não tinham conhecimento dos instrumentais que norteavam a fiscalização.

Disseram que ainda estavam em processo de elaboração de instrumentais para posterior início

das fiscalizações;

12) participação do processo de definição de critérios e prazos para a concessão dos

benefícios eventuais (provisões suplementares e provisórias prestadas ao cidadão e às famílias

em virtude de nascimento, morte, situações de vulnerabilidade temporária e de calamidade

pública). Declararam que o órgão gestor não previa recursos financeiros para concessão de

benefícios eventuais;

13) recebimento, análise e manifestação (em sistema informatizado disponibilizado pelo

MDS) sobre a aprovação, integral ou parcial, ou rejeição da prestação de contas anual da

aplicação dos recursos transferidos pelo FNAS, a título de apoio financeiro ao aprimoramento

da gestão descentralizada do SUAS, isto é, os recursos do IGDSUAS. Informaram que o

Conselho não tem conhecimento sobre a aplicação dos 3% do IGDSUAS pelo órgão gestor,

mas declararam que este não era aplicado no aprimoramento da gestão descentralizada do

SUAS;

14) aprovação do plano integrado de capacitação de recursos humanos para a área de

assistência social, de acordo com as Normas Operacionais Básicas do SUAS – NOB/SUAS e

de Recursos Humanos – NOB-SUAS-RH. Justificaram que o órgão gestor nunca apresentou

um plano integrado de capacitação de recursos humanos;

15) acompanhamento do alcance dos resultados dos pactos estabelecidos com a rede

prestadora de serviços da assistência social. Informaram que nunca foram estabelecidos pactos;

16) informação, ao CNAS, sobre o cancelamento de inscrição de entidades e

organizações de assistência social, na área da assistência social, para adoção das medidas

cabíveis. Justificaram que não tinham conhecimento de que precisavam prestar essas

informações ao CNAS.

6.3 Atribuições com cumprimento parcial

1) efetivação do planejamento dos gastos de, no mínimo, 3% dos recursos do IGD PBF

e do IGDSUAS destinados ao desenvolvimento das atividades do Conselho, sem, no entanto,

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haver deliberação. Alegaram que, apesar de participarem do planejamento, o recurso não era

aplicado no planejado, por isso não deliberavam sobre tal;

2) participação na aprovação das propostas de Lei de Diretrizes Orçamentárias, Plano

Plurianual e da Lei Orçamentária Anual, no que se refere à assistência social, bem como ao

planejamento e à aplicação dos recursos destinados às ações de assistência social, nas suas

respectivas esferas de governo, tanto os recursos próprios quanto os oriundos de outros entes

federativos, alocados nos respectivos fundos de assistência social. No entanto, não havia

participação na elaboração dessas propostas, sob a alegação de que o órgão gestor não dava

abertura para participarem do momento de elaboração dessas propostas;

3) efetivação da inscrição das entidades e organizações de assistência social, bem como

os serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais, conforme parâmetros e

procedimentos nacionalmente estabelecidos, sem, no entanto, proceder à fiscalização das

mesmas. Alegaram dificuldade de acesso ao veículo para a realização da fiscalização por meio

de visitas;

4) Atuação bastante precária na apuração de denúncias vinculadas à implantação e

implementação da política de assistência social.

6.4 Atribuição que não compete ao CMASGyn

1) estabelecer a forma de participação do idoso no custeio de entidade de longa

permanência, na falta de Conselho Municipal do Idoso, considerando que, em Goiânia, há

Conselho Municipal do Idoso.

Frente ao exposto, notou-se que o CMAS Gyn vinha cumprindo muito precariamente

sua função enquanto órgão de controle social.17 E o gráfico abaixo demonstra, com mais

clareza, essa constatação. Das 28 atribuições que se aplicam ao CMAS Gyn, 57% não foram

cumpridas, 29% foram cumpridas e 14% foram parcialmente cumpridas. Se somarmos as 57%

não cumpridas com 14% parcialmente cumpridas, dá um total de 71%, contra apenas 29%

cumpridas.

17 A Resolução CNAS n. 237/2006 define o controle social como o exercício democrático de acompanhamento da gestão e

avaliação da Política de Assistência Social, do Plano Plurianual de Assistência Social e dos recursos financeiros destinados a

sua implementação, sendo uma das formas de exercício desse controle zelar pela ampliação e qualidade da rede de serviços

socioassistenciais para todos os destinatários da Política.

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Gráfico 32 – CMAS atribuições

Em relação a infraestrutura, observou-se que o CMAS Gyn funcionava em um espaço

físico disponibilizado pela SEMAS. No mesmo prédio, funcionavam também o Conselho

Municipal do Idoso e a Corregedoria Municipal. Então, alguns espaços e equipamentos eram

compartilhados com esses órgãos, como: recepção, sala de reunião, impressora e veículo, este

último compartilhado com todos os serviços da SEMAS e disponibilizado ao Conselho apenas

3 vezes por semana.

No espaço onde funcionava especificamente o Conselho, notou-se que não havia sala

exclusiva para o Presidente nem sala para a Secretaria Executiva, e que a equipe se organizava

em 3 pequenas salas de trabalho. No local havia uma copa, um sanitário unissex, sem

acessibilidade, e um almoxarifado, que não era suficiente para atender as necessidades do

Conselho.

Em relação aos equipamentos, havia uma linha de telefone, que não permitia ligação

para aparelho móvel, 2 computadores em bom estado de funcionamento e um outro funcionando

precariamente e o sinal de internet era de qualidade. O Conselho não contava com aparelho de

fax. Como já mencionado anteriormente, a impressora e o veículo eram compartilhados.

Observou-se que a falta de um veículo de uso exclusivo pelo Conselho era um grande entrave

para o desenvolvimento do trabalho.

29%

57%

14%

Quanto das atribuições são cumpridas?

Sim Não Parcialmente

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Constatou-se que o quadro de recursos humanos era composto por 7 funcionários, sendo

6 concursados e 1 em regime de contrato. Dos 6 efetivos, um profissional encontrava-se cedido

pela Secretaria Municipal de Saúde, ou seja, não era servidor da SEMAS.

Com relação à área de atuação dos profissionais, 4 pessoas compunham a equipe da

assessoria técnica, 1 pessoa trabalhava como recepcionista e 1 pessoa atuava na área

administrativa.

Ressalta-se, novamente, a ausência, na época da visita, da Secretaria Executiva. A

ausência de um profissional para ocupar essa função, segundo os entrevistados, estava sendo

um entrave para o bom funcionamento do Conselho, pois, além de não ter esse profissional para

fazer o serviço de sua competência, atrapalhava o andamento do trabalho da assessoria técnica,

que acabava tendo que assumir competências que eram da Secretaria Executiva, acarretando

atraso ou, até mesmo, o não cumprimento de suas atribuições.

Por fim, em relação às dificuldades enfrentadas no desempenho de suas atribuições, os

entrevistados apresentaram algumas questões que dificultavam o desenvolvimento dos

trabalhos:

ausência de um veículo à disposição do CMAS Gyn;

insuficiência de recursos humanos (Secretaria Executiva);

espaço físico precário;

dificuldade de acesso ao DOM para publicar suas deliberações;

falta de compreensão do órgão gestor sobre as competências do Conselho.

Acreditavam que o órgão gestor não reconhecia o Conselho como órgão parceiro, mas apenas

como órgão que fiscalizava e aprovava contas.

Os entrevistados também avaliaram que o relacionamento do Conselho com o órgão

gestor da assistência social do município era ruim, embora tentassem manter uma relação

aparentemente diplomática.

6.5 Recomendações CMAS

Diante do exposto, aparecem, elencadas abaixo, sugestões que visam superar as

dificuldades presentes no trabalho do CMAS Gyn e que estavam em desacordo com as

normativas que regem o funcionamento deste órgão de controle social:

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1. garantia, pelo órgão gestor da política municipal de assistência social, de

condições para o bom funcionamento do CMAS Gyn, tais como: estrutura física adequada;

recursos materiais, como um veículo exclusivo para o uso do Conselho; recursos humanos,

como a contratação ou disponibilização imediata de um profissional para ocupar a função na

Secretaria Executiva, sem mais haver ausência prolongada desse profissional;

2. identificação de alternativas, pelo que o órgão gestor e o CMAS Gyn, para sanar

suas dificuldades de relacionamento;

3. garantia, pelo órgão gestor, de fácil acesso do CMAS Gyn ao DOM;

4. garantia, pelo órgão gestor, da participação do CMAS Gyn no processo de

discussão e elaboração de matérias que lhe competem e não apenas no momento da aprovação;

5. proatividade, por parte do CMAS Gyn, para garantir o cumprimento de todas as

suas atribuições, o que implica maior comprometimento dos conselheiros.

6. garantia, pelo órgão gestor, de cursos de capacitação a cada nova gestão do

CMAS Gyn, visando, por meio destes, oferecer conhecimentos e atitudes essenciais ao

desempenho das atribuições legais dos conselheiros, de forma a aprimorar sua capacidade

institucional e contribuir para a efetividade do controle social. Destaca-se que o Ministério de

Desenvolvimento Social e Agrário – MDS – pode ser parceiro do órgão gestor na efetivação

desses cursos.

7 Considerações finais

As recomendações apresentadas pela equipe da Unidade Técnico-Pericial em Serviço

Social aos promotores de Justiça e representantes dos CAOs estão elencadas após cada eixo

analisado. A consulta ao índice deste trabalho permite, de maneira rápida, a localização do

assunto de interesse.

Por fim, sugere-se, salvo melhor juízo, que seja realizada uma audiência com o gestor

da Secretaria Municipal de Assistência Social, as coordenadoras dos CRAS, CREAS, Centro

Pop e a presidente do CMAS Gyn para a apresentação deste documento, bem como para fazer

as recomendações que as promotorias de Justiça e os CAOS envolvidos acharem pertinentes.

Este laudo está composto por 108 páginas devidamente rubricadas e assinado pelas

Analistas em Serviço Social responsáveis por sua elaboração.

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Unidade Técnico-Pericial em Serviço Social, aos dois dias do mês de março do ano de

dois mil e dezessete.

Amanda de Azevedo Coutinho

Analista em Serviço Social

CRESS/GO 3548

Ana Cristina Lócio de Alencar Campos

Analista em Serviço Social

CRESS/GO 943

Cinara Cintra de Clarete Sansevero

Analista em Serviço Social

CRESS/GO 3760

Gelva Maristane Martins Costa

Analista em Serviço Social

CRESS/GO 1006

Jacqueline Alves Spereta Rodrigues

Analista em Serviço Social

CRESS/GO 3247

Janete Barbosa

Analista em Serviço Social

CRESS/GO 855

Luciana Maria Menino Cordeiro

Analista em Serviço Social

CRESS/GO 3099

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8 Referências bibliográficas

BRASIL. Senado Federal. Constituição da República de 1998, Seção IV, arts. 203 e 204, que

trata da Assistência Social.

BRASIL. Lei n. 8.742, de 7 de dezembro de 1993 (Lei Orgânica da Assistência Social - LOAS),

que dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras providências, alterada pela

Lei n. 12.435/2011.

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Conselho Nacional de

Assistência Social. Política Nacional de Assistência Social (PNAS - 2004), aprovada pela

Resolução n. 145/2004 do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS).

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional de

Assistência Social. Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS (NOB/RH),

aprovada pela Resolução n. 269/2006 do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS).

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Conselho Nacional de

Assistência Social. Resolução CNAS n. 109, de 11 de novembro de 2009, que aprova a

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Assistência Social. Resolução CNAS n. 33, de 12 de dezembro de 2012, que aprova a Norma

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BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional de

Assistência Social. Orientações Técnicas sobre o PAIF, 1. ed., Vol. 2, Brasília, 2012.

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Família e Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos – Articulação Necessária na

Proteção Social Básica, Brasília, 2015.

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Vínculos para Crianças e Adolescentes de 6 a 15 anos, Brasília, 2010.

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Vínculos, versão atualizada, Brasília, 2015.

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Assistência Social. Caderno Concepção de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, Brasília.

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Assistência Social. Orientações Técnicas: Centro de Referência Especializado para População

em Situação de Rua – Centro Pop. SUAS e População em Situação de Rua. Vol. 3. Brasília:

Gráfica e Editora Brasil, 2011.

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Assistência Social. Perguntas e Respostas: Centro de Referência Especializado para População

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População em Situação de Rua.

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BRASIL. Tribunal de Contas da União. Orientações para Conselhos da área de Assistência

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NOB/SUAS. Construindo as bases para a implantação do Sistema Único de Assistência Social,

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BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Conselho Nacional de

Assistência Social. Orientações conjuntas sobre os Índices de Gestão Descentralizada do

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