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Coordenação de Apoio Técnico-Pericial Unidade Técnico-Pericial em Serviço Social
Rua 23, esq. com a Rua 03, Qd. A-12, Lt. 11, salas 103 e 104, Anexo MP Bairro Jardim Goiás, Goiânia - Goiás - CEP 74.805-100.
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LAUDO SOCIAL Nº 03/2017
Diagnóstico do Sistema Único da Assistência Social (SUAS) em Goiânia - Go
IDENTIFICAÇÃO
Procedimento n.: 201500311904
Envolvido: Prefeitura Municipal de Goiânia – GO
Analistas responsáveis: Amanda de Azevedo Coutinho, Ana Cristina Lócio de Alencar
Campos, Cinara Cintra de Clarete Sansevero, Gelva Maristane Martins Costa, Jacqueline
Alves Spereta Rodrigues, Janete Barbosa e Luciana Maria Menino Cordeiro
Assunto: Avaliação da execução da Política de Assistência Social no município de
Goiânia
Coordenação de Apoio Técnico-Pericial Unidade Técnico-Pericial em Serviço Social
Rua 23, esq. com a Rua 03, Qd. A-12, Lt. 11, salas 103 e 104, Anexo MP Bairro Jardim Goiás, Goiânia - Goiás - CEP 74.805-100.
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ÍNDICE
1 Introdução 4
2 Estratégias metodológicas 6
3 Avaliação dos CRAS 7
3.1 Identificação dos CRAS 7
3.2 Caracterização dos CRAS 8
3.3 Serviços ofertados pelos CRAS 10
3.4 Sobre o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família
PAIF (trabalho social com as famílias)
11
3.4.1 Recomendações PAIF 21
3.5 Sobre o Serviço de Convivência e Fortalecimentos de Vínculos -
SCFV
23
3.5.1 Recomendações do SCFV desenvolvido no CRAS 26
3.6 Sobre o SCFV desenvolvido fora dos CRAS 26
3.6.1 Recomendações SCFV desenvolvido fora dos CRAS 34
3.7 Sobre o Serviço de PSB no Domicílio para Pessoas com
Deficiência e Idosas
35
3.7.1 Recomendações SPSB no Domicílio 37
3.8 Infraestrutura do CRAS 38
3.8.1 Recomendações Infraestrutura CRAS 47
3.9 Recursos Humanos CRAS 48
3.9.1 Recomendações Recursos Humanos CRAS 55
3.10 Gestão da Proteção Básica no Território 56
3.11 Questões Gerais dos CRAS 57
3.11.1 Recomendações Questões Gerais CRAS 58
4 Avaliação dos CREAS 58
4.1 Identificação dos CREAS 58
4.1.1 Recomendações Identificação dos CREAS 59
4.2 Caracterização dos CREAS 60
4.2.1 Recomendações caracterização dos CREAS 63
4.3 Serviços ofertados pelos CREAS 63
4.3.1 Sobre o Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a
Famílias e Indivíduos – PAEFI
65
4.3.1.1 Recomendações PAEFI 68
4.3.2 Sobre o Serviço Especializado de Abordagem Social – SEAS 68
4.3.2.1 Recomendações Serviço Especializado em Abordagem
Social – SEAS
69
4.3.3 Sobre o Serviço de Proteção Social para Adolescentes em
Cumprimento de Medida Socioeducativa de LA e PSC
69
4.3.3.1 Recomendações Serviço de Proteção Social para
Adolescentes em Cumprimento de Medida Socieducativa de LA e PSC
71
4.3.4 Sobre o Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas
com Deficiência, Idosas e suas Famílias
71
4.3.4.1 Recomendações SPSE Pessoas com Deficiência, Idosas
e suas Famílias
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4.4 Infraestrutura dos CREAS 72
4.4.1 Recomendações Infraestrutura dos CREAS 79
4.5 Recursos Humanos dos CREAS 80
4.5.1 Recomendações RH dos CREAS 84
4.6 Questões Gerais dos CREAS 84
5 Avaliação do Centro POP 86
5.1 Recomendações Centro POP 94
6 Avaliação do Conselho Municipal de Assistência Social - CMAS 95
6.1 Atribuições em cumprimento 97
6.2 Atribuições em descumprimento 98
6.3 Atribuições com cumprimento parcial 100
6.4 Atribuição que não compete ao CMAS 101
6.5 Recomendações CMAS 103
7 Considerações Finais 104
8 Referências bibliográficas 106
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1 Introdução
A assistência social no Brasil, como política pública, é algo muito recente, data de 2004.
Antes de sua implantação e implementação, era concebida de forma assistencialista e caritativa,
ficando a cargo do Estado e da Igreja a incumbência de cuidar dos mais pobres, desfavorecidos
e carentes.
Com advento da Constituição Federal de 1988, houve uma mudança de concepção na
assistência social, determinou-se um padrão de proteção social, afirmativo de direitos, cujo
objetivo era superar as práticas clientelistas e assistencialistas até então existentes. No ano de
1993, foi criada a Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS, que reconhece a assistência
social como um direito do cidadão e dever do Estado, passando a existir uma política de
seguridade social não contributiva, que tem o dever de prover os mínimos sociais.
Tendo como referência e subsídio a CF/1988 e a LOAS, foi implementada a Política
Nacional de Assistência Social – PNAS em 2004. Para operacionalizar a política, criou-se o
Sistema Único da Assistência Social - SUAS.
O SUAS assegura a concretude dos preceitos da LOAS e integra o governo federal com
os estaduais e municipais em uma ação pública comum de garantias de direitos universais. É
um sistema que organiza, de forma descentralizada, os serviços socioassistenciais no Brasil,
pautando por um modelo de gestão participativa, articulador de recursos dos três níveis de
governo para execução e o financiamento da PNAS, obedecendo às estruturas e marcos
regulatórios nacionais, estaduais e municipais e do Distrito Federal.
A CF/88 redireciona a assistência social no Brasil e instaura uma política pública de
garantia de direitos. Também coloca o Ministério Público como indispensável à função
jurisdicional do Estado, encarregando-lhe da defesa da ordem jurídica, do regime democrático
e dos interesses sociais e individuais indisponíveis (art. 127). Ademais, a LOAS preconiza, em
seu artigo 31, que compete ao MP zelar pelo efetivo respeito aos direitos estabelecidos nesta
lei.
O Serviço Social do Ministério Público do Estado de Goiás – MPGO, implantado em
2002, assume, neste processo de mudança da assistência social, a importante atribuição, no que
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diz respeito às políticas públicas, de assessorar as promotorias de Justiça e os centros de apoio
operacional – CAO – na área de direitos difusos e coletivos.
Entende-se que a assunção da função do MP, definido na CF/88 e na LOAS, é
indispensável para consolidação e fomento da política pública de assistência social, assim como
sua fiscalização. Para isso, torna-se imprescindível que seus membros tenham conhecimento
atualizado e abrangente dessa temática. Não existe fiscalização, se não houver o conhecimento.
Nesse sentido, no ano de 2014, o CAOIJ, o CAODH, as equipes técnicas do Serviço
Social e da Psicologia da CATEP, formaram um grupo de trabalho para discutir o SUAS com
a Secretaria Estadual de Assistência Social, o Conselho Estadual de Assistência social – CEAS,
a Secretaria Municipal de Assistência Social – SEMAS e o Conselho Municipal de Assistência
Social - CMAS. Esse grupo de trabalho construiu um documento chamado “Roteiro SUAS”,
com o objetivo de aproximar as promotorias de Justiça do conhecimento sobre o SUAS e
auxiliá-las na busca de alternativas para implementá-lo. O Projeto SUAS surge do
desdobramento do Roteiro SUAS, pois tem como finalidade diagnosticar o SUAS nos diversos
municípios e recomendar ações que possam ser desenvolvidas pelas promotorias de Justiça e
pelos CAOs.
No ano de 2015, por iniciativa da Unidade Técnico-Pericial em Serviço Social –
UTPSS, foi proposto ao CAODH um levantamento e avaliação do SUAS no município de
Cavalcante. A proposta foi aceita pelo CAODH e pela Promotoria desse município no mesmo
ano. No mês de agosto de 2015, realizou-se a avaliação/levantamento do SUAS em Cavalcante,
que resultou em um documento com recomendações técnicas para a promotoria de Justiça
responsável. Em agosto de 2016, retornou-se ao município para avaliar a implementação ou
não das recomendações feitas em 2015.
Com a aprovação do Projeto SUAS para ser desenvolvido no estado de Goiás, em 2016,
iniciando pelo município de Goiânia, incorporou-se o município de Cavalcante como boas
práticas, pois no mesmo já havia sido realizado o levantamento do SUAS, e retornou-se um ano
depois para verificar o que havia sido desenvolvido e fazer novas orientações.
Diante de tal constatação e das discussões travadas com o CAODH e promotorias de
Justiça, foi que surgiu a elaboração do Projeto SUAS, cujos objetivos foram: realizar o
mapeamento da rede socioassistencial pública dos CRAS, CREAS, CENTRO POP, CMAS no
município de Goiânia; efetuar a avaliação dos programas e serviços dos CRAS, CREAS e
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CENTRO POP de Goiânia e das atividades do CMAS; e, avaliar a evolução da Política de
Assistência Social no município de Cavalcante.
Apresenta-se, neste documento, o resultado da execução do Projeto SUAS, realizado
em Goiânia em 2016. Este traz os dados quantitativos e qualitativos relativos aos CRAS (15),
CREAS (5), Centro Pop (1), CMAS (1), obtidos por meio de levantamento/entrevistas com
equipes técnicas e coordenações de cada unidade, além de entrevistas direcionadas aos Serviços
de Convivência e Fortalecimento de Vínculos - SCFV.
Espera-se que a análise dos dados e as recomendações sobre o SUAS nas cidades de
Goiânia e de Cavalcante possam contribuir para o desenvolvimento de ações por parte das
promotorias de Justiça, relativas à implementação da Política de Assistência Social e do Sistema
Único da Assistência Social, alavancando, assim, a garantia de direitos e proteção social aos
cidadãos em situação de vulnerabilidade.
2 Estratégias metodológicas
A apresentação do Projeto SUAS para o CAODH e promotorias de Justiça ocorreu
durante o mês de fevereiro de 2016.
Após três reuniões com o coordenador do CAODH, Dr. Eduardo Prego, e com os
promotores de Justiça, Dra. Heliane de Godoi, Dr.Vinicius Jacarandá Maciel e Dr. Marcus
Antônio Ferreira Alves, ficou acordado que o Dr. Vinicius seria o coordenador/executivo do
Projeto SUAS e acompanharia a execução deste junto à equipe da UTPSS.
A aprovação do Projeto SUAS deu-se no mês de março e passou pelas instâncias
administrativas do MPGO - GGI, CATEP, CAODH, contando com a colaboração da SUPLAN.
Depois de aprovado o projeto, foi marcada uma reunião com o Dr. Vinicius Jacarandá,
a equipe da UTPSS, a SEMAS e o Conselho Municipal da Assistência Social, que aconteceu
em 5 de abril de 2016. Ficou deliberado que a SEMAS iria disponibilizar profissionais das
unidades que seriam avaliadas para entrevistas, as quais seriam realizadas pela UTPSS,
encaminhar lista atualizada das unidades do SUAS do município de Goiânia e garantir acesso
a documentos para consulta durante a entrevista, ou mesmo posteriormente, se houvesse
necessidade, à lista de recursos humanos dos CRAS, CREAS e Centro Pop, além dos SCFV. O
CMAS se comprometeu a encaminhar um representante para acompanhar a entrevista.
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Para realização desse diagnóstico, foram utilizados, como instrumentais técnicos,
entrevistas estruturadas, visitas institucionais, observação, telefonemas e viagens. A equipe da
UTPSS cumpriu uma agenda de visitas/entrevistas no período de abril a agosto de 2016
(Goiânia), uma visita/avaliação a Cavalcante, em agosto de 2015, e outra visita/avaliação, em
agosto de 2016.
Os questionários utilizados para as entrevistas (4 modelos diferentes), com cópias
anexas, foram elaborados, alinhados e validados pela equipe técnica e, após essa etapa, foi
montada uma agenda de visitas para realização das entrevistas.
Ressalta-se que, para melhor compreensão do diagnóstico, este documento será
estruturado em tópicos, conforme os quatros modelos de questionários elaborados pela equipe
técnica da UTPSS. Cada tópico contém as recomendações técnicas pertinentes. Para as análises,
retomam-se os conceitos do SUAS, de acordo com as normativas legais disponíveis.
3 Avaliação dos CRAS
3.1 Identificação dos CRAS
O efetivo funcionamento do CRAS é imprescindível para o desempenho de suas funções
e para a oferta com qualidade de serviços socioassistenciais. E isso deve acontecer em
consonância com as leis e regulamentações vigentes e em articulação com outros setores.
Constituem-se em alguns dos elementos a serem observados para o funcionamento do CRAS o
período de funcionamento e a identificação, que devem ser adequados, de forma a responder
aos direitos dos usuários do SUAS. Destarte, todos os CRAS devem funcionar, no mínimo, 5
dias por semana, por 8 horas diárias, totalizando 40 horas semanais, com a equipe de referência
completa. O horário pode ser flexível, permitindo que a unidade funcione aos finais de semana
e no período noturno, desde que isso ocorra para possibilitar maior participação das famílias e
da comunidade aos serviços, ações e projetos ofertados. Ademais, os técnicos da equipe de
referência do CRAS também devem se revezar ao se afastar para o período de férias, licenças,
entre outros, de modo que os serviços e ações operacionalizados nos CRAS não sejam
interrompidos, principalmente, se existem crianças e adolescentes advindos do trabalho infantil,
devendo funcionar, inclusive, no período de férias escolares.
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Constatou-se que, dos 15 CRAS existentes em Goiânia, de um modo geral, todos
funcionavam conforme as normativas técnicas, apenas o CRAS Jardim Curitiba II estava em
desacordo, pois funcionava duas vezes na semana, às segundas e quartas-feiras, das 7 às 18
horas. Todos possuem identificação externa, com placa indicando a natureza do serviço, bem
como sua vinculação ao SUAS.
Com relação à interrupção dos serviços, dos 15 CRAS, 7 paralizavam as atividades do
SCFV no período de férias, são eles: Jardim Cerrado, Recanto das Minas Gerais, Vila Canaã,
Conjunto Baliza, Novo Mundo, Real Conquista e Jardim Curitiba II; sendo que, 3 destes
possuíam crianças advindas de situação do trabalho infantil (Jardim Curitiba II, Conjunto Baliza
e Real Conquista). Dito de forma percentual, tem-se que 47% dos CRAS interrompiam o
atendimento do SCFV por algum período, conforme ilustra o gráfico a seguir:
Gráfico 1 – Interrupção dos serviços
3.2 Caracterização dos CRAS
O espaço físico constitui fator determinante para o reconhecimento do CRAS, pois é o
local em que os direitos socioassistenciais devem ser assegurados. É imprescindível que a
infraestrutura e o ambiente do CRAS respondam a requisitos mínimos para a adequada oferta
dos serviços de proteção social básica. Todos são obrigados a dispor dos espaços necessários à
oferta do principal serviço, o Programa de Atenção Integral à Família – PAIF, bem como para
53%
47%
Ocorre interrupção dos serviços em alguma época do ano
Não Sim
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a função de gestão territorial da proteção básica. É recomendado, com base nas orientações
técnicas, que os CRAS sejam instalados, preferencialmente, em imóvel estatal, em especial
imóvel adquirido pela gestão municipal para essa finalidade. Isso é importante para que a
unidade se constitua como referência para a população. Em se tratando de aluguel, deve-se
atentar para o tempo de duração do contrato, pois o CRAS é uma referência para a população
local, e a mudança de endereço pode colocar em risco essa referência. O imóvel, quer seja
alugado, cedido ou público, deve assegurar a acessibilidade a pessoas com deficiência e idosos.
Dessa forma, um imóvel locado ou cedido fica sujeito a eventuais mudanças.
Constatou-se que, dos 15 CRAS, 10 funcionavam em imóvel próprio da prefeitura, 2
eram alugados e 3 estavam em prédios cedidos. Conforme supramencionado, a recomendação
da orientação técnica é que os prédios pertençam, preferencialmente, ao poder público. Segue
abaixo gráfico que ilustra essa informação:
Gráfico 2 – Situação do imóvel
O acesso das famílias ao CRAS ocorre por meio da busca ativa, demanda espontânea,
encaminhamento da rede socioassistencial e de outras políticas públicas. A busca ativa
refere-se à procura intencional, realizada pela equipe de referência do CRAS, e tem como
objetivos identificar as situações de vulnerabilidade, risco e potencialidade social identificadas,
ampliar o conhecimento e a compreensão da realidade social e contribuir para o planejamento
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2
4
6
8
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12
Próprio da Prefeitura Alugados Cedidos
Imóvel dos CRAS
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local e para a ação preventiva da Proteção Social Básica. Uma ação se destaca, aquela que se
refere às famílias em descumprimento de condicionalidades do Programa Bolsa Família e que
correm o risco de perderem o benefício. São estratégias da busca ativa: deslocamento da equipe
de referência para conhecimento do território; contatos com atores sociais locais (líderes
comunitários, associações de bairro); obtenção de informações e dados provenientes de outros
serviços socioassistenciais e setoriais; campanhas de divulgação, distribuição de panfletos,
colagem de cartazes e utilização de carros de som.
Quanto às formas de acesso ao CRAS pelos usuários, todos tinham demanda espontânea
e encaminhamento pela rede socioassistencial e outras políticas públicas. Em se tratando de
busca ativa, apenas o CRAS Vila União não realizava.
3.3 Serviços ofertados pelos CRAS
O CRAS é a única unidade de proteção básica que tem a função exclusiva de ofertar o
Programa de Atenção Integral à Família. Os outros serviços socioassistenciais podem ser
implementados nessa unidade, desde que haja espaço físico, equipamentos, recursos materiais
e humanos compatíveis. Além disso, os serviços de convivência e projetos de proteção social
básica, desenvolvidos no território de abrangência do CRAS, devem ser a ele referenciados.
Isso significa estabelecer vínculos com o Sistema Único de Assistência Social. O gestor
municipal tem como atribuição garantir a articulação das unidades da rede socioassistencial do
território de abrangência do CRAS, tanto no que ser refere às entidades de assistência social
privadas sem fins lucrativos quanto às públicas. Para o exercício da referência e
contrarreferência, é necessário que o gestor municipal defina os fluxos e procedimentos de
encaminhamento entre a proteção básica e a especial e que o coordenador do CRAS garanta,
no âmbito da proteção básica, que estes funcionem.
Verificou-se que dos 15 CRAS, 11 estavam organizados em torno de um Plano de
Trabalho e 4 não possuíam, são eles: Vila Isaura, Conjunto Baliza, Real Conquista e Vila
Redenção.
Pode-se constatar que os 15 CRAS de Goiânia ofertavam o Programa de Atenção
Integral à Família; que todos possuíam o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos
funcionando dentro da unidade e, fora da unidade, 4 não possuíam, sendo eles: Jardim
Primavera, Vera Cruz II, Vila Canãa e Jardim Cerrado.
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Quanto ao Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com
Deficiência e Idosas, funcionava apenas no CRAS Jardim Primavera. É o que se constata no
gráfico a seguir:
Gráfico 3 – Serviços CRAS
Ressalta-se que considerações específicas a respeito desse serviço serão tratadas logo
adiante, de forma detalhada.
3.4 Sobre o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família – PAIF
O Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF) é um dos serviços da
Proteção Social Básica (PSB) do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e consiste “no
trabalho social com famílias, de caráter continuado, com a finalidade de fortalecer a função
protetiva das famílias, prevenir a ruptura dos seus vínculos, promover seu acesso e usufruto de
direitos e contribuir na melhoria de sua qualidade de vida” (Tipificação Nacional de Serviços
Socioassistenciais, Brasília, 2009, p. 6).
O PAIF dá um foco especial ao desenvolvimento de potencialidades e às aquisições das
famílias, atuando no âmbito da prevenção, da proteção e da proatividade, a partir do
reconhecimento de que é preciso responder às necessidades das famílias de forma integral e,
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2
4
6
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PAIF SCFV SPSB no Domicílio paraPessoas com
Deficiência e Idosas
Serviços Ofertados pelos CRAS
Não Sim
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não somente, em situações de emergência. Trata-se de um serviço da PSB, que deve ser
executado, obrigatoriamente, dentro do CRAS.
O trabalho social com famílias do PAIF engloba algumas ações primordiais, que devem
ser planejadas e avaliadas com a participação das famílias usuárias desse serviço. São elas:
acolhida1;
oficinas com famílias2;
ações comunitárias3;
ações particularizadas4;
encaminhamentos5.
Em 100% dos CRAS de Goiânia, era desenvolvido o Serviço de Proteção e Atendimento
Integral à Família (PAIF).
As ações do PAIF, acima mencionadas, eram realizadas em praticamente todos eles,
podendo ser detalhadas da seguinte forma:
as ações particularizadas e a acolhida eram desenvolvidas em todos os CRAS;
as oficinas com famílias eram desenvolvidas em 11 dos 15 CRAS;
as ações comunitárias aconteciam em 12 dos 15 CRAS;
os encaminhamentos eram desenvolvidos em 13 dos 15 CRAS.
1 De acordo com o documento Orientações Técnicas sobre o PAIF, a acolhida é uma atividade exclusiva dos profissionais de
nível superior que atuam no PAIF e acontece após a recepção dos usuários no CRAS. A recepção pode ser feita por profissionais
com outros níveis de escolaridade. (Orientações Técnicas sobre o PAIF, Vol. 2, Brasília, 2012). 2 Constituem objetivos das oficinas com famílias a discussão e a reflexão sobre situações vivenciadas e interesses comuns, que
dizem respeito à reprodução social da família, ao fortalecimento de sua função protetiva, ao acesso a direitos e às
vulnerabilidades do território, que impactam no convívio familiar e comunitário. (Orientações Técnicas sobre o PAIF, Vol. 2,
Brasília, 2012). 3 Ações de caráter coletivo, voltadas para a dinamização das relações no território. Possuem escopo maior que as oficinas com
famílias, por mobilizar um número maior de participantes, e devem agregar diferentes grupos do território a partir do
estabelecimento de um objetivo comum. Dentre as diversas formas de se executar ações comunitárias, tem-se: palestras,
campanhas e eventos comunitários. (Orientações Técnicas sobre o PAIF, Vol. 2, Brasília, 2012). 4 Ações particularizadas referem-se ao atendimento prestado pela equipe técnica do CRAS à família – algum(ns) membro(s)
ou todo o grupo familiar, após a acolhida, de modo individualizado. (...) A opção pela utilização de ações particularizadas no
atendimento às famílias deverá ocorrer em casos extraordinários e tem por princípio conhecer a dinâmica familiar
profundamente e prestar um atendimento mais específico à família, como nos casos: de suspeita de situações de violação de
direitos, entendimento e enfrentamento das causas de descumprimentos reiterados de condicionalidades do Programa Bolsa
Família, beneficiários do BPC de 0 a 18 anos fora da escola e demais situações que pressupõem sigilo de informações e que
podem gerar encaminhamento para a Proteção Social Especial ou para o Sistema de Garantia de Direitos. As ações
particularizadas não prevêem encontros periódicos, ao contrário do acompanhamento individualizado. (Orientações Técnicas
sobre o PAIF, Vol. 2, Brasília, 2012). 5 Encaminhamentos são ações de orientação e direcionamento das famílias, ou algum de seus membros, para serviços e/ou
benefícios socioassistencias ou de outros setores. Têm por objetivo a promoção do acesso aos direitos e a conquista da
cidadania. (Orientações Técnicas sobre o PAIF, Vol. 2, Brasília, 2012).
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Especificamente no que se refere à acolhida, verificou-se que os registros dessa ação
eram realizados pelos técnicos de nível superior de todos os CRAS, o que era um aspecto
positivo, pois revelava organização do trabalho. Verificou-se, ainda, que todos os 15 CRAS, ao
identificarem, no momento da acolhida dos indivíduos ou famílias, situações que demandavam
a intervenção da Proteção Social Especial do SUAS, faziam o encaminhamento imediato desses
casos ao Centro de Referência Especializada da Assistência Social (CREAS) para atendimento
pelo Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI), o que
também se constituía em um aspecto positivo do trabalho desenvolvido no âmbito do PAIF.
Em relação às oficinas com famílias, verificou-se que, dos 11 CRAS que desenvolviam
essa ação, 9 deles realizavam-nas a partir de um planejamento formal e apenas 2 não as
planejavam. Desses 11 CRAS, apenas 1 não fazia registro do trabalho desenvolvido no âmbito
dessas oficinas e 1 deles fazia-o de forma não sistemática. Os 9 CRAS restantes registravam o
trabalho desenvolvido. Assim, verificou-se que o planejamento e o registro das atividades
referentes às oficinas com famílias aconteciam na maioria dos 11 CRAS, o que era positivo,
pois também revelava organização do trabalho.
Ainda sobre as oficinas com famílias, verificou-se que, dos 11 CRAS que desenvolviam
essa ação, 7 avaliavam o trabalho com os seus usuários. Em 3 deles, essa avaliação não era
realizada e, em apenas 1, não era realizada de forma sistemática. Observou-se, então, que a
avaliação com os usuários, prevista nas normativas, acontecia em boa parte dos CRAS que
executavam as oficinas com famílias, conforme se constata no gráfico abaixo:
Gráfico 4 – Oficinas com famílias
4
11
Quantos CRAS realizam oficinas com famílias?
Não Sim
Coordenação de Apoio Técnico-Pericial Unidade Técnico-Pericial em Serviço Social
Rua 23, esq. com a Rua 03, Qd. A-12, Lt. 11, salas 103 e 104, Anexo MP Bairro Jardim Goiás, Goiânia - Goiás - CEP 74.805-100.
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14
As ações comunitárias eram realizadas em 12 dos 15 CRAS de Goiânia e devidamente
divulgadas para a comunidade. Em 11 deles, essas ações constituíam-se em atividades
planejadas. Em 10 desses 12 CRAS, eram feitas a partir de articulação com lideranças locais e
demais serviços do território, especialmente os da área da saúde. Verificou-se, então, que, em
termos de planejamento, divulgação e articulação, o desenvolvimento das ações comunitárias
era satisfatório, atendendo, de um modo geral, ao que recomendam as normativas. No entanto,
as equipes de referência de alguns CRAS queixaram-se da precariedade de recursos materiais
(pedagógicos e de expediente) e de equipamentos para divulgar as ações comunitárias, o que
levava seus funcionários a arcarem, a partir de recursos próprios, com os custos dessa
divulgação. Tratava-se, assim, de uma situação inadequada.
Ainda sobre as ações comunitárias, observou-se que apenas 7 desses 12 CRAS faziam
registros das atividades desenvolvidas e, ainda, que somente 4 deles avaliavam, com a
participação dos usuários, o trabalho desenvolvido, situação pouco satisfatória em relação ao
que estabelecem as normativas. Destaca-se que o não envolvimento dos usuários na avaliação
dos serviços prestados prejudica o seu aprimoramento. Referente a essas informações, segue o
gráfico abaixo:
Gráfico 5 - Ações comunitárias
Os encaminhamentos para os serviços da rede socioassistencial e de outras políticas
públicas eram ações executadas pelas equipes técnicas de referência dos 15 CRAS de Goiânia.
0
2
4
6
8
10
12
14
Não Sim
Quantos CRAS realizam ações comunitárias?
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Desses, 13 faziam contatos prévios com a rede de serviços socioassistenciais da PSB e da PSE
do território, para possibilitar maior garantia de efetivação do encaminhamento. Portanto,
verificou-se que a maioria dos CRAS realizavam o contato prévio com a rede de serviços
socioassistenciais, conforme recomendam as normativas. Em 2 CRAS, não foram coletadas
informações a esse respeito.
Apenas 6 do 15 CRAS acompanhavam o andamento dos encaminhamentos feitos à rede
socioassistencial do território, para se cientificarem de que o atendimento à família ou ao
indivíduo havia sido realizado, conforme previsto nas normativas. Dos 15 CRAS, 7
acompanhavam o andamento de apenas alguns encaminhamentos realizados à rede
socioassistencial e, em 2 dos 15 CRAS, essa informação não foi coletada. Verificou-se, assim,
que, em relação ao acompanhamento dos encaminhamentos feitos pelos CRAS, a situação
encontrada era pouco satisfatória e revelava a necessidade de aprimoramento desse aspecto.
As normativas recomendam o “estabelecimento de agendas sistemáticas entre as
equipes de referência do CRAS e CREAS, para a discussão e análise dos encaminhamentos das
famílias realizados entre os serviços do PAIF e do PAEFI” (Orientações Técnicas sobre o PAIF,
Vol. 2, Brasília, 2012, p. 47). A esse respeito, verificou-se que, dos 15 CRAS, 5 estabeleciam
essas agendas sistemáticas entre as equipes do CRAS e do CREAS, 7 não estabeleciam essas
agendas, 2 apenas esporadicamente e, em 1 deles, essa informação não foi coletada, conforme
ilustra o gráfico a seguir:
Gráfico 6 – Trabalho conjunto CRAS e CREAS
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
Sim Não Esporádico/Nãoresponderam
Quantidade de CRAS que estabelecem agendas sistemáticas com CREAS
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Assim, verificou-se que, em relação ao estabelecimento de agendas sistemáticas entre o
CRAS e o CREAS para discussão e análise dos encaminhamentos feitos entre essas duas
unidades do SUAS, a situação encontrada, na maioria dos CRAS, não atendia às recomendações
das normativas e, consequentemente, gerava prejuízos à consolidação do SUAS nos territórios
dos CRAS.
Sobre os encaminhamentos feitos pela equipe técnica de referência do CRAS aos
serviços de outras políticas públicas (rede setorial de políticas públicas), verificou-se que 14
dos 15 CRAS realizavam contatos prévios com esses serviços para tentar possibilitar maior
garantia de efetivação do encaminhamento. Apenas 1 dos 15 CRAS não realizava esses
contatos. Assim, no que se refere a esse aspecto, a situação encontrada na quase totalidade dos
CRAS era satisfatória.
Ainda sobre os encaminhamentos feitos pela equipe técnica de referência do CRAS à
rede de serviços de outras políticas públicas, 7 dos 15 CRAS acompanhavam o andamento
desses encaminhamentos, para se cientificarem de que o atendimento à família ou indivíduo
havia sido realizado. Dos 15 CRAS, 8 acompanhavam o andamento de apenas alguns desses
encaminhamentos. Verificou-se, assim, que, em relação ao acompanhamento dos
encaminhamentos feitos pelos CRAS à rede se serviços de outras políticas públicas, a situação
encontrada também era pouco satisfatória, revelando a necessidade de aprimoramento desse
aspecto.
Verificou-se que apenas 5 dos 15 CRAS estabeleciam agendas sistemáticas entre as
equipes do CRAS e dos serviços de outras políticas públicas para a discussão e análise dos
encaminhamentos das famílias feitos entre elas. Sete dos 15 CRAS não estabeleciam essas
agendas. Três dos 15 CRAS estabeleciam, apenas, agendas esporádicas. Assim, verificou-se
que, em relação ao estabelecimento de agendas sistemáticas entre as equipes do CRAS e dos
serviços de outras políticas públicas para discussão e análise dos encaminhamentos feitos entre
eles, a situação encontrada na maioria dos CRAS não atendia às recomendações das normativas.
É importante destacar que foram verificadas significativas queixas por parte das equipes
técnicas de vários CRAS de Goiânia, a respeito das poucas respostas dadas pela rede de
atendimento às demandas dos usuários do CRAS (especialmente em relação às questões de
habitação, geração de emprego e renda e tratamentos para dependência de álcool e outras
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drogas), tornando sem efetividade muitos dos encaminhamentos feitos. Essa queixa apareceu
em 5 dos 15 CRAS.
De acordo com o documento Orientações Técnicas sobre o PAIF (Vol. 2, 2012), o
trabalho social com famílias desenvolvido no âmbito do PAIF pode se dar por meio de dois
processos distintos, mas que se completam, quais sejam:
1. atendimento à família ou a um ou mais de seus membros;
2. acompanhamento da família ou de um ou mais de seus membros.
O atendimento à família ou a um ou mais de seus membros consiste em:
(...) uma ação imediata de prestação ou oferta de atenção, com vistas a uma
resposta qualificada de uma demanda da família ou do território. Significa a
inserção da família, um ou mais de seus membros, em alguma das ações dos
PAIF: acolhida, ações particularizadas, ações comunitárias, oficinas com
famílias e encaminhamentos. (Orientações Técnicas sobre o PAIF, Vol. 2, p.
54).
O acompanhamento da família ou a um ou mais de seus membros, por sua vez, consiste:
(...) em um conjunto de intervenções, desenvolvidas de forma continuada, a
partir do estabelecimento de compromissos entre famílias e profissionais, que
pressupõem a construção de um Plano de Acompanhamento Familiar – com
objetivos a serem alcançados, a realização de mediações periódicas, a inserção
em ações do PAIF, buscando a superação gradativa das vulnerabilidades
vivenciadas. (Orientações Técnicas sobre o PAIF, Vol. 2, p. 54).
Verificou-se que os técnicos de referência dos 15 CRAS do município de Goiânia
realizavam acompanhamento familiar, o que era um aspecto positivo.
Em 3 desses 15 CRAS, havia registro de demanda reprimida para esse
acompanhamento, o que significava que seus técnicos de referência não conseguiam fazer o
acompanhamento de todas as famílias cujas situações de vida o requeriam. Verificou-se, ainda,
que, apesar de todos os 15 CRAS realizarem o acompanhamento familiar e de praticamente
todos eles não terem declarado haver demanda reprimida, esse acompanhamento não era
desenvolvido de forma satisfatória, conforme recomendações das normativas que a
regulamentam, e nem contemplava todas as famílias/indivíduos com perfis para vivenciá-lo. E
essa situação se devia, principalmente, à escassez de veículos para que os técnicos de referência
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realizassem visitas domiciliares, verificada em 13 dos 15 CRAS, configurando-se como um
grande problema enfrentado por essas unidades da PSB.
Verificou-se, ainda, a existência de outro fator que afetava a adequada execução do
acompanhamento familiar, que era a reduzida equipe técnica de referência, identificado em 6
dos 15 CRAS.
O trabalho social com famílias do PAIF se efetiva por meio de algumas ações
importantes executadas pela equipe técnica de referência do CRAS, tais como: estudo social;
visita domiciliar; elaboração do Plano de Acompanhamento Familiar para cada família
acompanhada; promoção de acesso à documentação pessoal; mobilização e fortalecimento de
redes sociais de apoio; busca ativa; estudo de caso; atividades culturais.
Verificou-se que o estudo social e a visita domiciliar eram realizados pela equipe técnica
de referência de todos os 15 CRAS de Goiânia. A busca ativa e o estudo de caso eram realizados
em 14 dos 15 CRAS. Sobre a busca ativa, observou-se que, em praticamente todos os CRAS, a
forma mais comumente utilizada para realizá-la era a visita domiciliar, apesar da precariedade
em termos de disponibilidade de veículo – 11 dos 15 CRAS utilizavam a visita domiciliar como
forma de fazer busca ativa. O estudo de caso tinha periodicidade definida para acontecer em
apenas 8 dos 15 CRAS. Em 5 dos 15 CRAS, o estudo de caso acontecia esporadicamente, à
medida que havia necessidade. Quanto aos demais CRAS, as respostas obtidas não permitiram
identificar como o estudo de caso era realizado. Verificou-se, ainda, que apenas 6 dos 15 CRAS
realizavam estudo de caso envolvendo, simultaneamente, as equipes de referência do CRAS e
do CREAS. Esse contexto indicava, então, que a execução da atividade de estudo de caso ainda
era frágil em boa parte dos CRAS de Goiânia.
A promoção de acesso à documentação pessoal acontecia em 13 CRAS. A mobilização
das redes sociais de apoio e a realização de atividades culturais para auxiliar nas atividades
coletivas do PAIF eram realizadas em 12 CRAS. Verificou-se, assim, que o desenvolvimento
dessas duas ações era satisfatório.
Gráfico 7 - Ações do trabalho social com famílias do PAIF
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No que se refere à elaboração do Plano de Acompanhamento Familiar, destaca-se que
esse é um instrumento imprescindível no processo de acompanhamento familiar, pois
contempla o seguinte: as demandas e necessidades das famílias; as vulnerabilidades a serem
superadas; as potencialidades desses usuários; os recursos que o território possui e que podem
ser mobilizados na superação das vulnerabilidades das famílias; as estratégias a serem adotadas
pelos profissionais do CRAS, em conjunto com as famílias durante o processo de
acompanhamento familiar; as intervenções que serão feitas, sua periodicidade, duração, entre
outros (Orientações Técnicas sobre o PAIF, Vol. 2).
Verificou-se que a elaboração do Plano era realizada pela equipe técnica de 10 dos 15
CRAS, mas não se materializava de forma consistente em todos eles – nem todos os planos
contemplavam a totalidade dos aspectos que devem estar presentes nesse documento, conforme
descrito na normativa acima mencionada. Em apenas 3 dos 10 CRAS que realizavam o Plano,
esse documento contemplava todos os aspectos previstos nas normativas. Essa situação
indicava inconsistências no processo de planejamento do acompanhamento familiar realizado
no âmbito do PAIF.
Ainda sobre o Plano, verificou-se que, dos 10 CRAS que o realizavam, 8 começavam a
construí-lo logo após o início do acompanhamento familiar, e apenas 6 procuravam garantir a
participação das famílias usuárias nessa construção. Em 1 dos CRAS não foi coletada
informação a respeito da participação das famílias.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Estudo social Visita domiciliar Busca ativa Estudo de caso Estudo de casoenvolvendo as
equipes dereferência do
CRAS e doCREAS
Promoção deacesso a
documentaçãopessoal
Mobilização eforatalecimentode redes sociais
de apoio
Não Sim Às vezes/Alguns Casos/Não respondeu
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É importante ressaltar que, apesar de a maioria das ações acima mencionadas serem
desenvolvidas em uma boa parte dos CRAS de Goiânia, nem todas elas eram executadas de
forma satisfatória. Isso se devia, em grande parte, a insuficiências vivenciadas por essas
unidades da PSB, especialmente no que se referia a recursos humanos (equipe técnica,
principalmente) e à escassez de veículos para o deslocamento das equipes técnicas de
referência. Assim, observou-se, por exemplo, que as visitas domiciliares realizadas não
atendiam à demanda dos CRAS e que os estudos de caso, a mobilização das redes sociais de
apoio, a realização de estudo social, a elaboração do Plano de Acompanhamento Familiar e a
busca ativa, eram ações pouco efetivas na maioria dos CRAS, comprometendo,
significativamente, o processo de acompanhamento familiar.
Verificou-se que, dos 15 CRAS, 14 mantinham prontuário individualizado de cada
família acompanhada, o que era um dado positivo, pois indicava organização do trabalho. Esses
prontuários, de um modo geral, continham cópias de documentos pessoais, o Plano de
Acompanhamento Familiar (quando elaborado), cópias de encaminhamentos feitos pela equipe
técnica de referência, cópias de encaminhamentos recebidos de outras unidades da rede
socioassistencial ou de serviços de outras políticas públicas e relatórios e outras anotações
sistemáticas feitas pelos profissionais envolvidos no acompanhamento das famílias.
Verificou-se que todos os 15 CRAS enfrentavam dificuldades para executar o PAIF.
Dentre essas dificuldades, destacavam-se as seguintes:
pouca disponibilidade de veículo para a realização de atividades externas,
especialmente as visitas domiciliares pela equipe técnica de referência;
pouca disponibilidade de recursos materiais, incluindo equipamentos
(computadores, impressoras, DVD, aparelho de som, TV e outros), materiais pedagógicos para
as oficinas do PAIF, materiais de expediente, móveis, linhas telefônicas e acesso à internet.
Ressalta-se que essa reduzida disponibilidade de recursos materiais prejudicava a oferta
qualificada e variada de atividades no âmbito do PAIF, desestimulando a participação dos
usuários nesse programa. Verificou-se, em alguns CRAS, que algumas atividades do PAIF só
eram executadas porque os funcionários e os usuários adquiriam, com recursos financeiros
próprios, os recursos materiais necessários;
insuficiente estrutura física do CRAS;
reduzido quadro de recursos humanos;
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grande rotatividade de funcionários, já que muitos deles eram contratados
temporariamente. Isso provocava descontinuidade do trabalho e, consequentemente, afetava a
qualidade dos serviços ofertados;
precária manutenção da estrutura física do CRAS, dos equipamentos com defeito
e dos móveis danificados, por parte da Secretaria Municipal de Assistência Social (SEMAS);
escassez de gêneros alimentícios para preparar lanches para os usuários do PAIF.
Verificou-se que, em alguns CRAS, os funcionários custeavam esses lanches com recursos
próprios;
precária segurança dentro do CRAS;
pouca resposta do poder público às demandas apresentadas pelos usuários em
termos de geração de emprego e renda, habitação, tratamento para uso abusivo de álcool e
outras drogas, entre outras.
3.4.1 Recomendações PAIF
Diante do que foi acima exposto, seguem algumas sugestões de providências a serem
tomadas pelo órgão gestor da política de assistência social do município de Goiânia para
melhorar a oferta do PAIF:
1. garantia de recursos materiais (pedagógicos, de expediente, equipamentos,
incluindo os de informática, e móveis) necessários à implementação das ações do PAIF.
Destaca-se que a previsão desses recursos deve constar do planejamento formal dessas ações;
2. garantia do registro de todas as ações executadas no âmbito do PAIF;
3. garantia da participação dos usuários do PAIF na avaliação dos serviços
prestados no âmbito desse programa;
4. aprimoramento dos encaminhamentos feitos pela equipe de referência do PAIF
à rede socioassistencial ou aos serviços de outras políticas públicas, com enfoque no
monitoramento desses encaminhamentos e no estabelecimento de agendas sistemáticas entre o
CRAS e o CREAS, para discussão e análise dos encaminhamentos realizados entre esses dois
serviços, e entre o CRAS e os serviços de outras políticas públicas, com o mesmo objetivo;
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5. garantia de condições adequadas de trabalho para que as equipes técnicas de
referência dos CRAS consigam realizar, com efetividade, o acompanhamento familiar. Essas
condições referem-se, especialmente, aos seguintes aspectos:
adequação do quadro de profissionais;
disponibilidade regular de veículo para realização de visitas domiciliares e de
outras atividades externas;
disponibilidade de recursos materiais diversos (pedagógicos, de expediente,
equipamentos de informática, entre outros);
aprimoramento da Gestão da Proteção Básica no Território6, que define, como
uma das ações de responsabilidade dos coordenadores dos CRAS, o
estabelecimento/negociação do fluxo de informações e de protocolos entre os setores
envolvidos (CRAS, CREAS e serviços de outras políticas públicas) nos encaminhamentos
realizados pela equipe técnica, visando possibilitar a efetivação desses encaminhamentos;
6. garantia da oferta de lanches para os participantes das atividades do PAIF, que
exigem permanência prolongada destes no CRAS (exemplo, as oficinas);
7. consolidação do estudo de caso como uma das ações realizadas no âmbito do
trabalho social com famílias do PAIF, garantindo, durante sua execução, a articulação entre as
equipes do CRAS e do CREAS;
8. implementação do Plano de Acompanhamento Familiar, garantindo que ele
contemple todos os aspectos previstos nas normativas. Destaca-se a importância de as equipes
técnicas dos CRAS definirem estratégias que garantam a participação das famílias usuárias do
PAIF na construção desse plano;
9. melhoria do espaço físico (ampliação e/ou reforma) daqueles CRAS que não
contam com instalações adequadas para implementar as atividades do PAIF. Destaca-se que
essa melhoria deve ser precedida de um levantamento de necessidades realizado com a
participação dos profissionais desse programa;
6 A Gestão da Proteção Básica no Território é uma das funções do CRAS e assegura que a ação com a família,
exercida por meio do PAIF, seja o eixo em torno do qual os serviços locais se organizam e que os encaminhamentos
feitos pelo CRAS tenham efetividade e resolutividade. (...) Dentre as ações de gestão territorial da proteção social
básica destacam-se: articulação da rede socioassistencial de proteção social básica referenciada ao CRAS;
promoção da articulação intersetorial e busca ativa. (Orientações Técnicas: Centro de Referência de Assistência
Social – CRAS, Brasília, 2009).
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10. garantia de serviços continuados de manutenção das instalações físicas e dos
equipamentos de todos os CRAS;
11. garantia de segurança aos profissionais e usuários dos CRAS enquanto esses
estiverem dentro dessas unidades da PSB;
12. garantia de capacitação continuada dos profissionais que atuam no PAIF,
incluindo os coordenadores do CRAS, para que se instrumentalizem para a execução das
atividades inerentes a esse programa.
3.5 Sobre o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos - SCFV
O SCFV é um serviço da Proteção Social Básica do SUAS, regulamentado pela
Tipificação Nacional de Serviços Socioassitenciais (Resolução CNAS n. 109/2009). Foi
reordenado em 2013 por meio da Resolução CNAS n. 01/2013. Esse serviço é ofertado de
forma complementar ao trabalho social com famílias, que é realizado por meio do Serviço de
Proteção e Atendimento Integral às Famílias (PAIF) e Serviço de Proteção Especializado às
Famílias e Indivíduos (PAEFI). Possui caráter preventivo e proativo, pautado na defesa e
afirmação de direitos e no desenvolvimento de capacidades e potencialidades dos usuários, com
vistas ao alcance de alternativas emancipatórias para o enfrentamento das vulnerabilidades
sociais. Deve ser ofertado de modo a garantir as seguranças de acolhida e de convívio familiar
e comunitário, além de estimular o desenvolvimento da autonomia dos usuários. Devem ser
especialmente alcançados pelo SCFV, como as pessoas com deficiência e os beneficiários de
programas de transferência de renda.
O SCFV pode ser ofertado no Centro de Referência da Assistência Social – CRAS,
desde que este tenha espaço compatível para tal, sem prejudicar a oferta do PAIF. Também
pode ser realizado em centros de convivência – que são unidades públicas ou unidades
vinculadas a entidades de assistência social, devidamente inscritas no Conselho de Assistência
Social do município ou Distrito Federal.
Quando o SCFV é ofertado no CRAS ou em centros de convivência mantidos pelo poder
público, diz-se que a execução do serviço é direta. Quando o SCFV é ofertado em centros de
convivência de entidades ou organizações de assistência social, diz-se que a execução do
serviço é indireta. Para fins de ilustração, segue o gráfico abaixo, que demonstra a quantidade
Coordenação de Apoio Técnico-Pericial Unidade Técnico-Pericial em Serviço Social
Rua 23, esq. com a Rua 03, Qd. A-12, Lt. 11, salas 103 e 104, Anexo MP Bairro Jardim Goiás, Goiânia - Goiás - CEP 74.805-100.
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de SCFV existentes no município, destaque para a presença das conveniadas, assunto que será
abordado adiante neste documento, na oferta desse serviço.
Gráfico 8 – Impacto SCFV no município
Ressalta-se que todos os grupos do SCFV devem estar referenciados ao CRAS de sua
área de abrangência e devem manter articulação com o PAIF.
Os usuários do SCFV são divididos em grupos a partir de faixas etárias, considerando
as especificidades dos ciclos de vida. O trabalho nos grupos é planejado de forma coletiva,
contando com a participação ativa do técnico de referência, dos orientadores sociais e dos
usuários. O trabalho realizado com os grupos é organizado em percursos, de forma a estimular
as trocas culturais e o compartilhamento de vivências; desenvolver junto aos usuários o
sentimento de pertença e de identidade; e, fortalecer os vínculos familiares, sempre sob a
perspectiva de incentivar a socialização e a convivência familiar e comunitária.
É importante destacar que crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil estão
entre o público prioritário para o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos,
conforme preceitua a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, que destaca a
necessidade de inseri-los em serviços de convivência da Proteção Social Básica.
Recomenda-se que a sua participação nas atividades do SCFV seja contínua e diária, ou que
seja complementada com atividades ofertadas por outras políticas, a fim de evitar a sua
reincidência no trabalho.
A equipe de referência, de acordo com a NOB/RH do SUAS, é constituída por
servidores efetivos responsáveis pela organização e oferta de serviços, programas, projetos e
1515
Quantidade de SCFV no município
Nos CRAS Fora dos CRAS
Coordenação de Apoio Técnico-Pericial Unidade Técnico-Pericial em Serviço Social
Rua 23, esq. com a Rua 03, Qd. A-12, Lt. 11, salas 103 e 104, Anexo MP Bairro Jardim Goiás, Goiânia - Goiás - CEP 74.805-100.
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benefícios de proteção social básica e especial, levando-se em consideração o número de
famílias e indivíduos referenciados, o tipo de atendimento e as aquisições que devem ser
garantidas aos usuários. É constituída por um técnico de nível superior do CRAS, que poderá
ser o assistente social ou psicólogo ou, ainda, outro profissional que integre a equipe, conforme
a Resolução CNAS n. 17/2011, e por orientador social ou educador social, conforme a descrição
apresentada na Resolução n. 9/2015.
Constatou-se que os 15 CRAS em Goiânia possuíam SCFV. Dentre eles, apenas 3
possuíam recursos humanos suficientes, são eles: Recanto das Minas Gerais, Conjunto Baliza
e Jardim Curitiba II; 9 não possuíam, são eles: Vila Canaã, Capuava, Floresta, Jardim
Primavera, Real Conquista, Vera Cruz II, Vila Redenção, Vila União, Jardins Cerrado; e, 3 não
souberam responder, são eles: Recanto do Bosque, Vila Isaura e Jardim Novo Mundo.
Quanto à demanda reprimida, existia em 3 CRAS, são eles: Real Conquista, Vila União,
Jardim Curitiba II; 9 não possuíam, são eles: Recanto das Minas Gerais, Recanto do Bosque,
Vila Isaura, Conjunto Baliza, Capuava, Jardim Primavera, Vera Cruz II, Jardins Cerrado, Vila
Redenção; e, 3 não souberam responder são eles: Vila Canaã, Novo Mundo e Floresta.
Quanto à existência de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil inseridos
no SCFV, dentre os 15 CRAS, 12 não possuíam, são eles: Recanto das Minas Gerais, Recanto
do Bosque, Vila Canaã, Vila Isaura, Capuava, Jardim Novo Mundo, Jardim Primavera, Vera
Cruz II, Vila Redenção, Vila União, Jardim Curitiba II, Jardins Cerrado; 2 possuíam, são eles:
Conjunto Baliza e Real Conquista; e, um não soube responder: Floresta.
Em 8 dos 15 CRAS, o SCFV funcionava em período de férias, são eles: Recanto do
Bosque, Vila Isaura, Capuava, Floresta, Jardim Primavera, Vera Cruz II, Vila Redenção e Vila
União. Em 7, o SCFV era interrompido no período de férias escolares, são eles: Vila Canaã,
Conjunto Baliza, Real Conquista, Jardim Curitiba II, Jardins Cerrado, Jardim Novo Mundo e
Recanto das Minas Gerais;
No que concerne à articulação entre o SCFV e o PAIF, dentre os 15 CRAS, 12 faziam
essa articulação, são eles: Recanto das Minas Gerais, Recanto do Bosque, Vila Canaã, Vila
Isaura, Conjunto Baliza, Floresta, jardim Novo Mundo, Jardim Primavera, Real Conquista,
Vera Cruz II, Vila Redenção, Vila União, Jardim Curitiba II; apenas 1 não fazia: Jardins
Cerrado: e, 2 não souberam responder, são eles: Capuava e Jardim Primavera.
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Rua 23, esq. com a Rua 03, Qd. A-12, Lt. 11, salas 103 e 104, Anexo MP Bairro Jardim Goiás, Goiânia - Goiás - CEP 74.805-100.
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3.5.1 Recomendações SCFV desenvolvido no CRAS
Mediante as considerações expostas, constatou-se que é necessário que os SCFV que
funcionam dentro dos CRAS se adequem ao reordenamento da Política de Assistência Social
em consonância com os parâmetros preceituados nas orientações técnicas do SUAS,
promovendo maior organização do atendimento e efetivação de suas ações, sendo assim,
recomenda-se:
1. adequação do quadro de profissionais do SCFV, tendo em vista que apenas três possuem
recursos humanos suficientes, sendo eles: Recanto das Minas Gerais, Conjunto Baliza
e Jardim Curitiba II;
2. garantia de atividades ininterruptas no SCFV para aqueles grupos que possuem usuários
em situação de trabalho infantil, mesmo no período de férias escolares;
3. ampliação os SCFV para as faixas etárias compreendidas entre 18 e 59 anos, que
também são comtempladas pelas normativas.
3.6 Sobre o SCFV desenvolvido fora do CRAS
O Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) compõe os serviços
da Proteção Social Básica (PSB) do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e objetiva
“prevenir a ocorrência de situações de risco social e fortalecer os vínculos familiares e
comunitários” (Caderno de Orientações: Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família
e Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos – Articulação Necessária na Proteção
Social Básica, Brasília, 2016, p. 13). Esse serviço se organiza em grupos, metodologia que
possibilita trocas culturais e de vivências entre os usuários, podendo abranger distintas faixas
etárias.
O SCFV pode ser desenvolvido diretamente no Centro de Referência de Assistência
Social (CRAS) ou, indiretamente, por entidades e organizações de assistência social localizados
no território de abrangência do CRAS, situação essa que é o foco desta análise técnica. Se
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executado por essas entidades e organizações, o SCFV deve ser referenciado7 ao CRAS e
manter articulação com o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF), que é
um dos serviços exclusivos do CRAS.
Frisa-se que o CRAS deve ser a referência para a execução de todos os serviços da
Proteção Social Básica do SUAS e que o SCFV é um serviço complementar ao PAIF, o que
sedimenta a necessidade da articulação entre esses dois serviços. A consolidação dessa
articulação é essencial para garantir a operacionalização e a organização do atendimento das
famílias usuárias do SCFV. Nesse processo, destaca-se o papel de dois profissionais do CRAS,
responsáveis por concretizar essa articulação:
- o coordenador do CRAS, que é responsável por “organizar, segundo orientações do
gestor municipal ou do Distrito Federal de assistência social, reuniões periódicas com as
instituições que compõem a rede, a fim de instituir a rotina de atendimento e acolhimento dos
usuários” (Caderno de Orientações: Serviço de Proteção e Atendimento Integral à família e
Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos – Articulação Necessária na Proteção
Básica, Brasília, 2016, p. 9);
- o profissional de nível superior do CRAS (equipe técnica), que, dentre outras funções,
responsabiliza-se por apoiar o trabalho desenvolvido pelo orientador social do SCFV e
acompanhar as famílias dos usuários desse serviço.
Verificou-se que, dos 15 CRAS de Goiânia visitados, 10 possuíam SCFV executado em
entidades e organizações de assistência social localizadas nos seus territórios de abrangência e
a eles referenciadas. No total, eram 15 entidades, e 14 delas se caracterizavam como instituições
privadas sem fins lucrativos – constatou-se que apenas 1 dessas 15 entidades referenciadas ao
CRAS funcionava de forma bastante informal, desenvolvendo o SCFV para idosos em um
espaço cedido por uma igreja católica, não tendo natureza jurídica definida.
Verificou-se que, em 10 das 15 entidades que desenvolviam o SCFV, existia algum tipo
de articulação entre esse serviço e o PAIF; em 5 delas, essa articulação não acontecia. Em 4 das
10 entidades que maninham essa articulação, isso vinha acontecendo de forma bastante restrita
7 Estar referenciado ao CRAS significa que os serviços deverão receber orientações emanadas do poder público, alinhadas às
normativas do SUAS, estabelecer compromissos e relações, participar da definição de fluxos e procedimentos que reconheçam
a centralidade do trabalho com famílias no território e contribuir para a alimentação dos sistemas da Rede SUAS (e
outros).(Caderno de Orientações: Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família e Serviço de Convivência e
Fortalecimento de Vínculos – Articulação Necessária na Proteção Social Básica, Brasília, 2016).
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em 2016, tendo ocorrido com mais efetividade em 2015. E 3 dessas 10 entidades não
apresentaram detalhamento a respeito do nível de articulação estabelecido.
Verificou-se que os principais fatores que obstaculizavam essa articulação eram os
seguintes:
- pouca disponibilidade de veículo nos CRAS, restringindo o deslocamento dos técnicos
de nível superior até as entidades referenciadas para acompanhar o SCVF por elas executado;
- reduzida quantidade de linhas telefônicas em funcionamento e precariedade da internet
em alguns CRAS, limitando os contatos dos técnicos de nível superior do CRAS com as
entidades referenciadas;
- restrito quadro de pessoal em alguns CRAS, especialmente no que se referia aos
profissionais de nível superior, dificultando o acompanhamento adequado aos SCFV
desenvolvidos nas entidades referenciadas, bem como o atendimento àqueles usuários desse
serviço que, por se encontrarem em situação de vulnerabilidade, necessitavam de
acompanhamento por parte da equipe técnica do CRAS.
Apesar de não haver homogeneidade quanto à articulação entre o SCFV desenvolvido
nas 15 entidades referenciadas ao CRAS e o PAIF, foi possível verificar que, de um modo geral,
essa articulação era frágil e necessitava ser consolidada. Tratava-se, portanto, de uma situação
que contrariava as recomendações constantes das normativas que regem a Proteção Social
Básica, prejudicando a consolidação do referenciamento e, consequentemente, do SUAS, nos
territórios onde essas entidades estavam localizadas.
A Resolução CNAS n. 13, de 13 de maio de 2014, incluiu na Tipificação Nacional dos
Serviços Socioassistenciais a faixa etária de 18 a 59 anos de idade como usuária do SCFV,
possibilitando, assim, o desenvolvimento do SCFV para faixas etárias diversas, desde a infância
até a terceira idade. Verificou-se, no entanto, que o SCFV executado por essas entidades
referenciadas aos CRAS focava nas faixas etárias de 6 a 15 anos, 15 a 17 anos e na terceira
idade. Apenas 1 das 10 entidades atendia ao público de 18 a 59 anos.
A normativa intitulada “Orientações Técnicas: Serviço de Convivência e Fortalecimento
de Vínculos para Crianças de 6 a 15 anos” (Brasília, 2010, p. 41) apresenta como um dos
objetivos do SCFV possibilitar aos seus usuários “acessos a experiências e manifestações
artísticas, culturais e esportivas e de lazer, com vistas ao desenvolvimento de novas
sociabilidades”, devendo ter, como um de seus focos, a formação para a participação e
cidadania.
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Esse mesmo documento ressalta que os grupos de SCFV devem ser formados por, no
máximo, 25 usuários. Destaca-se que, no que se refere às faixas etárias superiores a 15 anos,
não há normativa que estabeleça a quantidade adequada de usuários por grupo.
Verificou-se que as atividades desenvolvidas nos grupos de SCFV das entidades
referenciadas ao CRAS estavam em consonância com o que recomendam as normativas que
tratam da organização desse serviço, prevalecendo atividades lúdicas, de lazer, esportivas,
culturais, artísticas e discussão de temas educativos (cidadania). Porém, observou-se que ainda
estava presente o desenvolvimento de atividades de reforço escolar em 6 das 15 entidades. A
normativa acima mencionada alerta que “o reforço escolar não se deve caracterizar como
atividade do Serviço” (p. 107). E, ainda, que as localidades que estiverem desenvolvendo o
reforço escolar no âmbito do SCFV devem planejar e realizar a transferência dessa atividade
para a escola.
No que se refere ao número de usuários por grupo, verificou-se que, das 15 entidades, 5
apresentaram grupos do SCFV na faixa etária de 6 a 15 anos com quantidade superior a 25
usuários e, portanto, em desacordo com as normativas. Das 15 entidades, apenas 1 não
apresentou informação acerca do número de usuários atendidos por grupo na faixa etária de 6
a 15 anos de idade.
Outra situação verificada foi a de que ainda havia entidades que não conseguiam fazer
a separação dos usuários do SCFV por faixa etária, conforme orientam as normativas. As
principais razões apresentadas para isso foram a reduzida equipe de profissionais do SCFV em
algumas dessas entidades referenciadas ao CRAS e a existência de um reduzido número de
crianças e adolescentes em alguns grupos.
A normativa “Orientações Técnicas: Serviço de Convivência e Fortalecimento de
Vínculos para Crianças de 6 a 15 anos” destaca que o SCFV é de participação voluntária, mas
que deve “incorporar no seu atendimento crianças e adolescentes afastados do trabalho precoce,
cuja frequência será tratada como condicionalidade” (p. 42) para a inserção da família em
programas de transferência de renda. E, ainda, que o SCFV “que se destina a crianças e
adolescentes retirados do trabalho infantil é ininterrupto, devendo funcionar inclusive no
período de férias escolares” (p. 55).
Das 15 entidades referenciadas ao CRAS, em apenas 4 delas foi identificado
atendimento ao público com histórico de trabalho infantil e, em outras 3, esse público não estava
presente. E, 3 das 15 entidades não atendiam crianças e adolescentes no SCFV, apenas idosos.
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Nas demais, as informações colhidas não foram suficientes para uma análise sólida a respeito
da presença desse público no serviço. Observou-se, em algumas entidades, que, apesar de elas
terem conhecimento de que algumas crianças/adolescentes incluídas no SCFV vivenciavam
situação de trabalho infantil, essa informação não constava dos encaminhamentos feitos ao
serviço. Portanto, verificou-se a existência de crianças/adolescentes com vivência de trabalho
infantil inseridas em alguns SCFV sem os devidos registros dessas situações.
Sobre o período de funcionamento do SCFV das 4 entidades que confirmaram
atendimento a crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil, verificou-se que 2 delas
funcionavam mesmo no período de férias escolares. Uma delas não funcionava nesse período
e a outra, apenas parcialmente (interrompia o SCFV durante 15 dias nos meses de janeiro e de
julho). Assim, verificou-se que não havia homogeneidade quanto a essa questão e que, em caso
de não funcionamento da entidade no período de férias, as crianças/adolescentes ficavam
totalmente sem atendimento, situação que era totalmente inadequada. A precariedade, em
termos de recursos financeiros e materiais vivenciados por essas entidades, apareceu como
motivo para a suspensão das atividades durante o período de férias escolares. A esse respeito,
vale destacar que todas a entidades privadas sem fins lucrativos referenciadas ao CRAS estavam
sem receber os recursos referente ao convênio com a Secretaria Municipal de Assistência Social
(SEMAS) desde 2015 (em 2015, elas receberam apenas uma parcela dos recursos referentes ao
convênio), dificultando, sobremaneira, a execução do SCFV, especialmente em relação à
regularidade e qualidade das atividades.
Ainda sobre o atraso no repasse dos recursos referentes ao convênio com a SEMAS,
observou-se que essa situação afetava 14 das 15 entidades referenciadas ao CRAS e dificultava
o pagamento dos funcionários do SCFV por todas essas instituições, fazendo com que algumas
delas precisassem utilizar serviços de voluntários, estagiários e prestadores de serviços. Além
disso, a necessidade de pagar os funcionários com recursos próprios obrigava muitas dessas
instituições a reduzirem gastos com a compra de materiais de diversos tipos para as oficinas
desenvolvidas com os usuários do SCFV, tornando as atividades menos diversificadas e
interessantes. Assim, verificou-se que a ausência do repasse dos recursos desse convênio com
a Prefeitura de Goiânia precarizou as atividades do SCFV na maioria dessas instituições.
No que se refere aos recursos humanos do SCFV, o documento “Orientações Técnicas:
Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos para Crianças de 6 a 15 anos” orienta
que a equipe de referência deve ser composta da seguinte forma:
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Técnico de Referência – profissional de nível superior do CRAS ao qual o
Núcleo esteja referenciado; Orientador Social – função exercida por
profissional de, no mínimo, nível médio, com atuação constante junto ao(s)
Grupo(s) e responsável pela criação de um ambiente de convivência
participativo e democrático; Facilitadores de Oficinas – função exercida por
profissional com formação mínima em nível médio, responsável pela
realização de oficinas de convívio por meio de esporte, lazer, arte e cultura (p.
62).
Apesar de haver, nas normativas, a previsão de acompanhamento sistemático do técnico
de referência do CRAS às famílias de crianças e adolescentes que frequentam o SCFV, bem
como de apoio ao trabalho dos profissionais desse serviço, já foi mencionado nesta análise
técnica que isso não ocorria em 5 das 15 entidades referenciadas ao CRAS e, ainda, que ocorria
de forma inconsistente em 4 outras entidades. Essa situação indicava a necessidade de se
intensificar a atuação do técnico de referência no SCFV executado pelas entidades referenciadas
ao CRAS.
Quanto à presença do orientador social e do facilitador de oficinas, verificou-se que, em
3 das 15 entidades referenciadas, os profissionais que trabalhavam no SCFV não recebiam essas
denominações, mas outras, como: educadores, monitores, professores e instrutores. Em 7 das
15 entidades, não havia a presença simultânea do orientador social e do facilitador de oficinas,
mas de um ou de outro. Em 1 das 15 entidades, não havia a presença desses profissionais, apenas
a de um profissional de nível superior (assistente social) para executar o SCFV. Em apenas 5
das 15 entidades, havia a presença simultânea do facilitador de oficinas e do orientador social.
Essas situações tão diversificadas mostram que não havia uma homogeneidade em termos de
profissionais que executavam o SCFV nas entidades referenciadas, o que podia estar
relacionado com a precária orientação/acompanhamento que essas instituições recebiam do
técnico de referência do CRAS e às dificuldades financeiras por elas vivenciadas.
Ainda sobre os recursos humanos, verificou-se que, em 5 dessas 15 entidades
referenciadas ao CRAS, o trabalho era exercido, essencialmente, por voluntários ou estagiários,
situação que não está prevista nas normativas. Foram verificadas, ainda, nessas entidades, a
presença de profissionais com contratos de trabalho regidos pela CLT e outros cedidos pela
Secretaria Estadual de Educação ou contratados como prestadores de serviço.
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No que se refere à escolaridade dos profissionais que atuavam nas 15 entidades
referenciadas ao CRAS, verificou-se que todos eles possuíam nível de escolaridade compatível
com o que as normativas recomendam, o que era um aspecto positivo.
A respeito da infraestrutura e dos recursos materiais necessários à execução do SCFV,
o documento “Orientações Técnicas: Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos
para Crianças de 6 a 15 anos” destaca o seguinte:
Os recursos físicos necessários à realização do Serviço de Convivência e
Fortalecimento de Vínculos envolvem a garantia de: espaço para recepção,
salas de atividades coletivas; sala para atividades administrativas e instalações
sanitárias. (...) É necessário disponibilizar materiais permanentes e de
consumo em quantidade e qualidade suficientes para o desenvolvimento do
serviço, tais como: materiais socioeducativos, artigos pedagógicos, culturais,
esportivos e brinquedos (p. 58 e 61).
O documento Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais (Resolução CNAS n.
109/2009) destaca que o ambiente físico para a oferta do SCFV deve ter “sala(s) para
atendimento individualizado, sala(s) de atividades coletivas e comunitárias e instalações
sanitárias (...)” (p. 13). Quanto aos recursos materiais, ressalta que devem ser compostos por
“materiais permanentes e de consumo necessários ao desenvolvimento do serviço, tais como:
mobiliário, computadores, entre outros” (p. 13).
Frisa-se que não há normativas específicas para o SCFV destinado às pessoas idosas e
às faixas etárias de 0 a 6 anos, 15 a 17 anos, 18 a 29 anos e 30 a 59 anos de idade. Assim, para
essa análise técnica, toma-se como orientação, especialmente, o que está recomendado nos dois
documentos acima mencionados.
Tomando como base as orientações acima, verificou-se que, das 15 entidades
referenciadas ao CRAS que desenvolviam o SCFV, 8 apresentavam estrutura física e recursos
materiais/equipamentos bastante adequados à execução do serviço; 5 apresentavam
insuficiências em relação a aspectos da estrutura física, bem como dos recursos materiais
mínimos recomendados nessa normativa; 1 apresentava insuficiências apenas em termos de
alguns poucos tipos de recursos materiais; e, somente 1 apresentava uma situação bastante
deficitária em termos de infraestrutura e recursos materiais/equipamentos. Assim, observou-se
que a situação em relação à infraestrutura e aos recursos materiais/equipamentos era satisfatória
em mais da metade dessas instituições.
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Nas entidades que apresentavam insuficiências, as carências mais evidenciadas foram
as seguintes: alimentação para a oferta de lanches para os usuários dos grupos do SCFV;
materiais pedagógicos para o desenvolvimento das oficinas desse serviço; meio de transporte e
equipamentos (computador, TV, aparelho de som, DVD, datashow, máquina fotográfica).
Verificou-se que havia demanda reprimida no SCFV em 6 dessas 15 entidades
referenciadas ao CRAS, e todas elas se destinavam ao atendimento do público infanto-juvenil,
o que aponta para a necessidade de ampliação desse serviço.
As principais dificuldades identificadas no âmbito do SCFV executado pelas 15
entidades referenciadas ao CRAS foram as seguintes:
atraso no repasse, por parte da Secretaria Municipal de Assistência Social
(SEMAS), dos recursos financeiros relativos ao convênio firmado para a execução do SCFV.
Destaca-se que essa dificuldade foi mencionada por 14 das 15 entidades referenciadas ao
CRAS;
número reduzido de profissionais para trabalhar no SCFV, situação que se devia,
principalmente, ao atraso no repasse dos recursos do convênio acima mencionado;
pouca disponibilidade de materiais pedagógicos e para as oficinas, bem como de
material de expediente;
pouca disponibilidade de alimentação para oferecer aos usuários dos grupos do
SCFV;
ausência ou insuficiência de equipamentos diversos, como: computador,
impressora, datashow, aparelhos de TV, DVD e som;
reduzida oferta de capacitação para os profissionais do SCFV;
precariedade das condições de trabalho da equipe técnica do CRAS (incluindo
grande rotatividade dos profissionais), bem como baixa qualificação dessa equipe, que a
impedia de fazer atendimento adequado às famílias em situação de vulnerabilidade
encaminhadas pelo SCFV;
pouco suporte do técnico de referência do CRAS para discussão, planejamento
e avaliação do trabalho desenvolvido no âmbito do SCFV;
interrupção do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego
(Pronatec), por meio do qual essas entidades podiam garantir uma gama maior de atividades
aos usuários de algumas faixas etárias específicas do SCFV.
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3.6.1 Recomendações SCFV desenvolvido fora do CRAS
Diante do que foi acima exposto, seguem algumas sugestões de providências a serem
tomadas pelo órgão gestor da política de assistência social do município de Goiânia para
melhorar a oferta do SCFV nas entidades privadas sem fins lucrativos referenciadas ao CRAS:
1. consolidação da articulação entre o PAIF e o SCFV, que é essencial à garantia
da operacionalização do SCFV e da organização do atendimento das famílias usuárias desse
serviço que se encontram em situação de vulnerabilidade. Destaca-se que essa articulação exige
maior disponibilidade de veículo para que o técnico de referência do CRAS se dirija às
entidades a ele referenciadas; melhorias tecnológicas e em termos de equipamentos,
especialmente no que se refere à garantia de computadores com internet e de linhas telefônicas
para facilitar o contato do técnico com essas entidades; e, garantia de equipe técnica completa
nos CRAS, conforme estabelecido na NOB-RH/SUAS;
2. ampliação do SCFV para as faixas etárias compreendidas entre 18 e 59 anos, que
também são comtempladas pelas normativas;
3. interrupção do desenvolvimento do reforço escolar no âmbito do SCFV,
transferindo-o para a escola;
4. adequação do número de usuários por grupo do SCFV na faixa etária de 6 a 15
anos, que não deve ultrapassar 25 crianças/adolescentes;
5. garantia de registro/informação dos casos identificados de crianças e
adolescentes em situação de trabalho infantil quando do seu encaminhamento ao SCFV,
possibilitando que as entidades que executam esse serviço tenham conhecimento de que esses
casos estarão presentes entre os seus usuários e, consequentemente, possam planejar o seu
trabalho conforme as necessidades específicas desse público;
6. garantia de atividades ininterruptas no SCFV para aqueles grupos que possuem
usuários em situação de trabalho infantil, mesmo no período de férias escolares;
7. garantia de repasse regular às instituições referenciadas ao CRAS, que
desenvolvem o SCFV, dos recursos relativos ao convênio firmado entre essas e a SEMAS;
8. ampliação de vagas no SCFV destinado à faixa etária de 6 a 17 anos nas
entidades com demanda reprimida;
9. garantia de capacitação para os profissionais do SCFV das entidades a ele
referenciadas;
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10. atuação sistemática dos técnicos de referência do CRAS junto às entidades a
esses referenciadas, visando acompanhar as famílias das crianças e adolescentes que
frequentam o SCFV e apoiar o trabalho realizado pelos profissionais desse serviço;
11. adequação da estrutura física das entidades que não atendem às recomendações
mínimas constantes das normativas para o desenvolvimento do SCFV;
12. adequação do quadro de pessoal do SCFV, de acordo com o que recomenda a
normativa “Orientações Técnicas: Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos para
Crianças de 6 a 15 anos”. Destaca-se que essa adequação inclui: a garantia da presença dos
profissionais recomendados, especialmente do técnico de referência do CRAS, do orientador
social e do facilitador de oficinas; a definição da quantidade adequada desses profissionais e o
respeito ao perfil que esses profissionais devem ter para atuar no SCFV (as orientações a
respeito de todas essas questões se encontram na normativa acima mencionada);
13. realização de auditoria contábil sobre o Fundo Municipal de Assistência Social
(FMAS), indicando as entradas financeiras e os usos dos recursos. Sugere-se que o resultado
dessa audtoria seja apresentado ao MP/GO e publicado/divulgado para a sociedade. Destaca-se
as finanças da Assistência Social do município são pouco ou nada compreendidas,
especialmente pelas entidades de assistência social. Assim, conhecer sobre os recuros
destinados e utilizados nessa política constitui uma ação importante no processo de fiscalização
da política pública.
3.7 Sobre o Serviço de PSB no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas
O Serviço de PSB no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas compõe os
serviços da Proteção Social Básica (PSB) do Sistema Único da Assistência Social (SUAS) e
tem por finalidade:
(...) a prevenção de agravos que possam provocar o rompimento de vínculos
familiares e sociais dos usuários. Visa a garantia de direitos, o
desenvolvimento de mecanismos de inclusão social, a equiparação de
oportunidades e a participação e o desenvolvimento da autonomia das pessoas
com deficiência e pessoas idosas, a partir de suas necessidades,
potencialidades individuais e sociais, prevenindo situações de risco, a
exclusão e o isolamento (Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais,
Brasília, 2009, p. 16).
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O site www.portaldoenvelhecimento.com destaca, a respeito do Serviço de PSB no
Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas, que esse serviço não deve ser confundido
com visita domiciliar, constituindo-se em ações que ultrapassam a visita, de caráter continuado
e sistemático, dentro do domicílio dos usuários, até que ocorra a superação do problema
identificado por meio da elaboração do Plano de Desenvolvimento do Usuário (PDU).
Inicialmente, deve-se desenvolver um trabalho dentro do domicílio; depois, à medida em que
forem verificadas superações das demandas e vulnerabilidades apresentadas, esses usuários
passam a ser atendidos pela rede de serviços públicos, incluindo os serviços do PAIF e do
SCFV.
Dos 15 CRAS existentes em Goiânia, apenas 1 ofertava o Serviço de PSB no Domicílio
para Pessoas com Deficiência e Idosas, que era o CRAS do Jardim Primavera. Essa situação
indicava uma significativa ausência desse serviço no município e a necessidade de avaliar a
existência de demanda para a sua implantação. Dito de outro modo, 93% dos CRAS não
ofertavam esse serviço, conforme gráfico abaixo:
Gráfico 9 – SPS Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas
No CRAS do Jardim Primavera, o Serviço de PSB no Domicílio para Pessoas com
Deficiência e Idosas era, de um modo geral, demandado pela comunidade de forma espontânea.
Verificou-se que as principais atividades desenvolvidas no âmbito desse serviço eram a busca
7%
93%
Quantidade de CRAS que ofertam o SPS Básica no Domicílio
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ativa, a visita domiciliar, a articulação com a rede para o trabalho intersetorial, a articulação
com o Sistema de Garantia de Direitos, os encaminhamentos para programas de transferência
de renda e BPC, os encaminhamentos para serviços da rede socioassistencial e das demais
políticas públicas, o acompanhamento do percurso dos encaminhamentos feitos, as reuniões
com todos os membros da família atendida para sensibilizá-los em relação à situação de
vulnerabilidade identificada (orientação sociofamiliar), os encontros de famílias atendidas pelo
Serviço de PSB no domicílio, a orientação sobre documentação civil e cadastramento no
CadÚnico. Todas essas são ações previstas nas normativas que tratam desse serviço.
No entanto, verificou-se que o Plano de Desenvolvimento do Usuário (PDU) não era
elaborado, o que consistia em uma deficiência importante, pois se trata de um “instrumento de
observação, planejamento e acompanhamento das ações realizadas no atendimento aos
usuários” desse serviço (Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, p. 16). É por meio
da elaboração do PDU que são identificadas as vulnerabilidades e potencialidades dos usuários,
os objetivos a serem alcançados, os resultados obtidos.
Como pontos positivos identificados no desenvolvimento do Serviço de PSB no
Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas, no âmbito do CRAS do Jardim Primavera,
verificou-se que a sua equipe (1 psicóloga, 1 assistente social e a coordenadora do CRAS)
conseguia realizar as visitas domiciliares de modo a atender às necessidades dos usuários e que
o trabalho era feito com base em um planejamento formal das atividades.
Observou-se que o principal ponto dificultador desse trabalho era a falta de suporte da
rede de serviços das diversas políticas públicas para o atendimento das demandas apresentadas
pelos usuários, a exemplo de habitação e de inclusão no passe livre.
3.7.1 Recomendações SPSB no Domicílio
Diante do que foi acima exposto, sugere-se que a Secretaria Municipal de Assistência
Social de Goiânia (SEMAS) avalie a existência de demanda pelo Serviço de PSB no Domicílio
para Pessoas com Deficiência e Idosas em todas as regiões de Goiânia e garanta a sua
implantação onde se fizer necessário.
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3.8 Infraestrutura do CRAS
Nesse eixo se encontram as informações referentes aos aspectos de infraestrutura dos
15 CRAS existentes no município de Goiânia, aspectos que estão diretamente relacionados à
eficiência do PAIF – Programa de Atenção Integral à Família e do SCFV – Serviço de
Convivência e Fortalecimento de Vínculos ofertado dentro do CRAS.
A disponibilidade de espaço físico adequado e de materiais e artigos administrativos,
pedagógicos e esportivos suficientes para a garantia de funcionamento do CRAS e consequente
consecução dos seus objetivos são aspectos exigidos pela orientação técnica que regula esse
tipo de equipamento, conforme expressa a norma:
O efetivo funcionamento do CRAS é imprescindível para o desempenho de
suas funções e oferta com qualidade de serviços socioassistenciais.
Constituem alguns dos elementos a serem observados para o funcionamento
do CRAS: seu espaço físico, período de funcionamento e sua identificação. A
preocupação com esses itens deve-se ao fato de que o SUAS pretende superar
a prática da assistência social como uma política pobre, destinada aos mais
pobres, por meio de ações pobres, ofertadas em unidades pobres. (Orientações
Técnicas Centro de Referência de Assistência Social – CRAS, p. 47).
Dito isso, iniciemos com a análise da informação referente à existência de
compartilhamento do espaço físico dos CRAS com outras secretarias. A pesquisa verificou que,
dos 15 CRAS, nenhum compartilhava o espaço físico com outras secretarias municipais e/ou
estaduais, realidade que respeita a norma, quando afirma que:
Conforme previsto na Resolução da Comissão Intergestores Tripartite n. 06
de 01 de julho de 2008, NÃO É PERMITIDO que esta unidade pública estatal
seja implantada em associações comunitárias e ONG´s. Também não é
admitido o compartilhamento de espaço físico do CRAS com estruturas
administrativas, tais como secretarias municipais de assistência social ou
outras secretarias municipais e/ou estaduais, prefeituras, subprefeituras, entre
outras. (Orientações Técnicas Centro de Referência de Assistência Social –
CRAS, p. 49).
O espaço do CRAS deve apresentar uma recepção, constituindo-se este num importante
local este destinado à:
espera, transição, encaminhamentos e, principalmente, ao acolhimento e
atendimento inicial de famílias e indivíduos. Assim, não deve ser apenas um
ambiente de espera, mas também de acolhimento e informação. Sua
organização deve facilitar o contato inicial da família com profissionais do
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CRAS, a qual deve se sentir acolhida, em espaço de garantia de direitos.
Recomenda-se que esse ambiente possua 12m2, de modo a acomodar um
pequeno balcão de recepção e até quatro lugares de espera. (Orientações
Técnicas Centro de Referência de Assistência Social – CRAS, p. 51).
Apesar do importante argumento em defesa da existência desse espaço, em 5 CRAS,
esse quadro não se apresentava ou se dava de maneira inadequada. Dessa forma, conforme
demonstra o gráfico abaixo, é importante a adequação dos 33% dos CRAS em funcionamento
no município de Goiânia, uma vez que os mesmos não dispunham de recepção adequada para
acolhida da população atendida.
Gráfico 10 – Os CRAS e o espaço destinado à recepção
Na recepção, devem ser afixados materiais informativos e murais para a divulgação de
informações como eventos, reuniões, rede socioassistencial do território, ações desenvolvidas
nos CRAS, entre outros, de forma a potencializar a participação da população por meio da
socialização de conhecimentos. Sobre a existência de murais informativos, a pesquisa verificou
que, em 2 CRAS, não existia nenhum tipo de mural e, em seis CRAS do total de 15 pesquisados,
nos murais existentes, as informações estavam incompletas, pois não estavam expostos avisos
sobre os serviços socioassistenciais prestados no território. Transformados esses dados em
porcentagem, o resultado consta dos gráficos seguintes:
33%
67%
Existe recepção?
Não Sim
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Gráfico 11 - Mural geral Gráfico 12 – Mural serviços território
O CRAS deve apresentar a sala de atendimento para ações individualizadas e com
famílias, de modo a garantir a privacidade. Essas salas não devem receber indicações de “sala
do(a) assistente social” e “sala do(a) psicólogo(a)”, uma vez que o trabalho desenvolvido no
âmbito do CRAS é interdisciplinar. Apesar dessa exigência da regulamentação, 9 CRAS não
apresentavam a sala de atendimento na sua estrutura física, ou eram insuficientes diante da
demanda, assim como demonstrado no gráfico seguinte:
Gráfico 13 – CRAS e salas de atendimento
13%
87%
Mural com informações
gerais para os usuários do
CRAS
Não dispõe Dispõe
40%
60%
Mural informativo sobre serviços socioassistenciais
prestados no território
Não dispõe Dispõe
60%
40%
Salas de atendimento existem ou são suficientes?
Não Sim
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Quanto à presença de sala de uso coletivo, em oito dos 15 CRAS pesquisados não tinha
esse espaço ou era insuficiente. Segundo o documento “Orientações Técnicas para o CRAS”,
essa sala é justificada diante da necessidade e oportunidade de realização de atividades em
grupos de famílias e deve acomodar até 30 pessoas. Mesmo que o CRAS utilize outro espaço
amplo externo, ainda assim, é obrigatório que o CRAS possua sala de uso coletivo, conforme
demonstrado no documento citado acima: “todavia, a presença e/ou utilização desses espaços
externos não substituem a obrigatoriedade de o CRAS possuir sala de uso coletivo” (p. 53).
De forma semelhante, em 5 CRAS, não existia a sala administrativa ou era insuficiente.
Sobre a relevância desse espaço, a norma argumenta que:
Espaço destinado às atividades administrativas, tais como o registro de
informações, produção de dados, arquivo de documentos, alimentação de
sistemas de informação. Este espaço, para uso da coordenação e dos
profissionais do CRAS, é muito importante para o desenvolvimento da função
do CRAS de gestão territorial da rede de Proteção Social Básica e para a
organização das informações relativas aos serviços prestados no CRAS e no
território de abrangência, bem como informações sobre as famílias e as
situações de vulnerabilidade e risco. Considerando que este espaço tenha que
abrigar ao menos uma mesa para a coordenação, uma mesa de reunião para a
equipe técnica, duas mesas de computadores e arquivos, estima-se seu
tamanho em 20m2. (Orientações Técnicas Centro de Referência de
Assistência Social – CRAS, p. 53).
É necessário que o espaço do CRAS seja inclusivo e acessível, nesse sentido, foi
verificado que, em 13 CRAS, existiam dificuldades de acessibilidade em suas estruturas, ou
seja, 87% dos CRAS não respeitavam as especificidades do público que pode frequentar essa
unidade socioassistencial. Outra informação obtida foi a de que, em 8 CRAS, não existiam
banheiros acessíveis. Segue abaixo gráfico que ilustra essa realidade:
Gráfico 14 – CRAS e a acessibilidade
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Sobre as condições encontradas nos banheiros dos CRAS, como forma de ilustração,
cita-se o exemplo do CRAS Real Conquista, em que os banheiros utilizados pelos usuários
desse serviço apresentavam vasos sanitários do tipo turco, isto é, aqueles localizados no chão.
Nessa realidade, como forma de agravamento do quadro, também não existiam barras de
segurança, nem portas largas para a passagem de cadeiras de rodas. Toda essa situação deve ser
revista e reconsiderada, uma vez que faz parte dos atendimentos rotineiros dos CRAS a
prestação de serviços para usuários com necessidade especiais e mobilidades reduzidas. Sobre
esse assunto retoma-se a regulamentação:
A organização do espaço físico do CRAS deve considerar a diversidade do
público que frequenta essa unidade socioassistencial, de modo a respeitar as
especificidades de todos os membros das famílias: crianças pequenas,
adolescentes, jovens e idosos, para que nenhum usuário do CRAS sinta-se
alheio ao serviço ofertado, devido às características ambientais da unidade.
(...) Atenção especial deve ser dada à acessibilidade. Os espaços físicos
devem atender às normas de acessibilidade da ABNT28, em particular devem
possuir: a) acesso principal adaptado com rampas, com rota acessível desde a
calçada até a recepção do CRAS; b) rota acessível aos principais espaços do
CRAS (recepção, sala de atendimentos, sala de uso coletivo e banheiros); c)
banheiro adaptado para pessoas com deficiência; d) pessoas disponíveis e
treinadas para o atendimento de pessoas com deficiência (com conhecimento
em Libras, treinados em auxiliar pessoas em cadeiras de roda, com deficiência
visual, entre outros). Também é importante que o CRAS adquira materiais
favorecedores do atendimento socioassistencial destinado a pessoas com
deficiência, tais como material informativo em braile, em áudio, entre outros.
(Orientações Técnicas Centro de Referência de Assistência Social – CRAS, p.
56).
87%
13%
CRAS apresenta acessibilidade?
Não Sim
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Destaca-se que a formação profissional dos técnicos que subscrevem o presente parecer,
não permite uma avaliação aprofundada desses aspectos descritos acima.
Outro espaço previsto nas regulamentações para o CRAS é a copa, tido como o espaço
específico para o preparo dos lanches servidos durante as atividades realizadas no CRAS. A
pesquisa apontou que, em 4 CRAS, não existia esse espaço, de modo que é possível concluir
que os lanches servidos não estavam sendo manipulados em local adequado.
Quanto ao assunto referente à informatização dos CRAS, foi verificado que, em 9
CRAS, não existiam computadores e impressora suficientes para atender à demanda; e, em 11,
não havia acesso à internet, ou se dava de forma precária.
Gráfico 15 – CRAS e informatização
Chama a atenção o dado sobre o acesso à internet, em que 73% dos CRAS não
dispunham desse recurso básico necessário para o desenvolvimento do trabalho, tanto para os
profissionais quanto para as possibilidades de seu uso junto aos usuários, como a
implementação de oficinas de informática, em que os diferentes públicos atendidos poderiam
obter o contato com essa ferramenta, cada dia mais presente no mundo do trabalho, da
profissionalização e da educação. Sobre essa relevância, a orientação diz que: “é ainda
determinante que o CRAS disponha de equipamentos e condições de conectividade e que
permitem agilidade dos processos de trabalho e maior interação com a rede socioassistencial e
6
4
9
11
0 2 4 6 8 10 12
Computador e impressora
Internet
A disposição é suficiente?
Não Sim
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setorial, tais como linha telefônica e computador com acesso a internet” (Orientações Técnicas
Centro de Referência de Assistência Social – CRAS, p. 55).
A inexistência e/ou insuficiência de computadores e impressora em 60% dos CRAS
pesquisados configura-se como um importante impedimento para o alcance dos objetivos do
trabalho social, revelando precariedade nas condições administrativas disponíveis. A título de
exemplo, durante a visita a uma instituição conveniada, foi informado que é comum o CRAS
da região solicitar o uso da impressora da conveniada, uma vez que ele não tem esse recurso.
Quando questionados sobre o assunto automóvel, 100% dos CRAS afirmaram que não
possuíam veículo próprio e que a disponibilidade ofertada pela Secretaria Municipal de
Assistência Social era insuficiente para atender as necessidades, conforme demonstra o gráfico
que se segue:
Gráfico 16 – CRAS e o acesso a veículo
Segundo a orientação, “outro item essencial para o desenvolvimento do PAIF é o
automóvel, sobretudo para a realização de visitas domiciliares e para o acompanhamento de
famílias em áreas dispersas do território de abrangência do CRAS” (Orientações Técnicas
Centro de Referência de Assistência Social – CRAS, p. 55).
Na mesma página, está escrito que o CRAS deve contar com “mobiliário adequado para
cada um dos ambientes. Livros, cd’s, dvd’s, televisor, aparelho de DVD, som, microfone,
máquina fotográfica outros materiais são recomendáveis”. Esses são equipamentos e recursos
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
Não Sim
Acesso a veículo é suficiente?
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que podem ser utilizados de forma mais proveitosa nos atendimentos do Serviço de
Convivência e Fortalecimento de Vínculos que ocorre dentro do CRAS.
Ainda em que pese existir a orientação citada acima, a realidade dos CRAS demonstrou
ser esse outro aspecto irregular no funcionamento da maior parte dos CRAS pesquisados.
Quando questionados sobre se os itens descritos no gráfico abaixo eram suficientes, as respostas
foram as seguintes:
Gráfico 17 – CRAS e materiais gerais
Das informações expostas acima, depreende-se que o SCFV vinha acontecendo de
forma precarizada, contrariando o documento “Orientações Técnicas sobre o Serviço de
Convivência e Fortalecimento de Vínculos para crianças e adolescentes de 6 a 15 anos”
(Brasília, 2010). De acordo com ele, para a operacionalização desse serviço é necessário que:
(...) nos espaços onde forem realizadas as atividades, o mobiliário seja
suficiente e compatível com a faixa etária dos participantes e que os espaços
físicos tenham estrutura apropriada ao tipo de atividade desenvolvida, (...) de
modo que exista espaço suficiente e razoável para que possam se deslocar;
armário para guardar materiais de uso coletivo; chão liso para prática de
atividades como as de expressão corporal e dança; estantes para livros,
brinquedos e jogos pedagógicos; mural para exposição/organização das
atividades; quadro branco; computadores, no caso de atividades de inclusão
digital; espaço para oferta de prática esportiva, com quadras, redes , etc. ( p.
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Mobiliários próprios para crianças
Aparelho de DVD
TV
Aparelho de som
Microfone
Máquina fotográfica
Data show
Artigos pedagógicos
Artigos esportivos
Materiais para grupos SCFV desenvolvidos no CRAS
Estes itens existem ou são suficientes?
Sim Não
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59). (...) É necessário disponibilizar materiais permanentes e de consumo em
quantidade e qualidade suficientes para o desenvolvimento do Serviço, tais
como: materiais socioeducativos, artigos pedagógicos, culturais, esportivos e
brinquedos. ( p. 61).
Outro aspecto analisado e que está relacionado com o desenvolvimento do SCFV,
refere-se à quantidade de materiais de limpeza. Foi verificado que, em 8 CRAS, esse item foi
identificado como insuficiente. Mas, talvez, o item que mais preocupou foi quanto à
alimentação, pois 13 CRAS relataram que falta ou é insuficiente a garantia do fornecimento de
alimentos por parte da SEMAS. Dessa forma, foi comum encontrar profissionais que
custeavam, com recursos privados, o lanche total ou a complementação do mesmo. Em outras
palavras, significa dizer que, em 87% dos CRAS pesquisados, os usuários do serviço
enfrentavam limitações com respeito ao acesso à alimentação quando em atendimento,
conforme demonstrado no gráfico abaixo:
Gráfico 18 – CRAS alimentação
Ressalta-se que o público atendido pelo SCFV apresenta características de
vulnerabilidades socioeconômicas, como exemplo, cita-se uma situação ocorrida num dos
CRAS visitados, em que a equipe relatou que uma criança comia muito no momento do lanche
e um dia chegou a vomitar. E, quando questionada, respondeu que precisa comer muito, pois à
noite não haveria refeição em sua casa. Assim, a inconstância no fornecimento de artigos
87%
13%
A quantidade de alimentos fornecidos para o CRAS é suficiente?
Não Sim
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alimentícios pode afetar a efetividade do trabalho, que tem, como objetivo final, garantir
proteção social.
Por fim, foi abordada a questão da presença do gestor municipal na garantia da
manutenção das instalações físicas do CRAS. Obteve-se a informação de que 67% (10) dos
CRAS não possuíam essa segurança. De forma semelhante como acontecia com a questão da
alimentação, havia profissionais que custeavam com recursos próprios alguns dos consertos
necessários. Onde isso não acontecia, persistiam os estragos nas instalações físcas.
3.8.1 Recomendações Infraestrutura CRAS
De acordo com o exposto acima, sugere-se, salvo melhor juízo, que no tocante à
infraestrutura dos CRAS, sejam fornecidas as seguintes garantias:
1. espaço da recepção na estrutura física de todos os CRAS;
2. adequação dos murais informativos de todos os CRAS, que devem apresentar
informações completas sobre os serviços existentes no território de abrangência;
3. disponibilidade, em todos os CRAS, de sala de atendimento da equipe técnica,
sala de uso de coletivo, copa e sala administrativa;
4. condições de acessibilidade em todos os CRAS;
5. disponibilidade, em todos os CRAS, dos seguintes itens: TV, aparelho de DVD,
máquina fotográfica, equipamento de som, datashow, cadeiras, mesas, armários, computadores,
impressoras, telefone, acesso à internet, entre outros. Destaca-se, no tocante a esses itens, que
sejam garantidos em quantidade suficiente, conforme a necessidade de cada CRAS, e que sejam
produtos de boa qualidade;
6. disponibilidade de um veículo exclusivo para cada CRAS;
7. fornecimento, em quantidade e qualidade adequadas, dos seguintes itens:
alimentos, material de limpeza, material de higiene, materiais pedagógicos e culturais, materiais
esportivos, materiais de expediente, eletrodomésticos, como geladeiras, fornos, entre outros.
Destaca-se a importância da participação das equipes de cada CRAS para que estas apontem as
necessidades de sua unidade.
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3.9 Recursos Humanos CRAS
A Lei n. 8.742, de 7 de dezembro de 1993 – Lei Orgânica da Assistência Social –
estabeleceu, em seu art. 19, IX, que compete ao órgão da Administração Pública Federal
responsável pela coordenação da Política Nacional de Assistência Social formular política para
qualificação sistemática e continuada de recursos humanos no campo da assistência social.
Quase 11 anos após o advento dessa lei, foi aprovada a Política Nacional de Assistência
Social – PNAS, por meio da Resolução n. 145, de 15 de outubro de 2004, do Conselho Nacional
de Assistência Social – CNAS. A referida política trata, no capítulo denominado “Gestão da
Política Nacional de Assistência Social na Perspectiva do Sistema Único de Assistência Social
– SUAS” – a política de recursos humanos como um dos eixos estruturantes do sistema.
No ano seguinte à aprovação da PNAS, foi aprovada a Norma Operacional Básica do
Sistema Único da Assistência Social – NOB/SUAS, por meio da Resolução CNAS n. 130, de
15 de julho de 2005, com o fito de disciplinar a gestão pública da Política de Assistência em
todo o território brasileiro. Essa resolução foi revogada pela Resolução n. 33, de 12 de dezembro
de 2012, que aprovou a NOB/SUAS 2012.
A NOB/SUAS 2012, ao tratar das responsabilidades dos entes federados, art. 12, XXX,
preconiza que “constituem responsabilidades comuns à União, Estados, Distrito Federal e
Municípios: (...) XXX – elaborar, implantar e executar a política de recursos humanos, de
acordo com a NOB/RH – SUAS”8. Ademais, o art. 110 estabelece que as ações de gestão do
trabalho dos mesmos entes federados, “devem observar os eixos previstos na NOB-RH/SUAS,
nas resoluções do CNAS e nas regulamentações específicas”.
Destaca-se que a NOB-RH/SUAS foi aprovada por meio da Resolução CNAS n. 269,
de 13 de dezembro de 2006, e representa um avanço no que diz respeito à profissionalização da
política de assistência social, de modo que objetiva garantir aos usuários do SUAS, serviços
públicos de qualidade. Tanto essa norma quanto a NOB/SUAS 2012 (art. 10) compreendem,
como ação de valorização do trabalhador e desprecarização da relação e das condições de
trabalho, a realização de concurso público.
8 Instrumento normativo responsável pela definição de diretrizes e responsabilidades no âmbito da política do trabalho na área
da assistência social. O mesmo está previsto como Meta 2 na Deliberação da V Conferência Nacional da Assistência Social, a
seguir descrita: “Construir e implementar a política de gestão de pessoas, mediante a elaboração e aprovação de Norma
Operacional Básica específica e criação de plano de carreira, cargos e salários, com a participação dos trabalhadores sociais e
suas entidades de classes representativas” (NOB-RH/SUAS).
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São princípios e diretrizes nacionais para a gestão do trabalho no âmbito do SUAS,
segundo a NOB-RH/SUAS, dentre outros, a contratação e manutenção de pessoal qualificado
academicamente e por profissões regulamentadas por lei, por meio de concurso público e na
quantidade necessária à execução da gestão e dos serviços socioassistenciais, de acordo com a
necessidade da população e as condições de gestão de cada ente. Além disso, a gestão deve
garantir, dentre outros, a “desprecarização” dos vínculos dos trabalhadores do sistema e o fim
da terceirização, e a educação permanente dos trabalhadores.
As diretrizes nacionais para os planos de carreiras, cargos e salários – PCCS, instituídas
na NOB-RH/SUAS, expõem que tais planos devem nortear-se pelos seguintes princípios:
universalidade dos PCCS; equivalência dos cargos ou empregos; concurso público como forma
de acesso à carreira; mobilidade do trabalhador; adequação funcional; gestão partilhada das
carreiras; PCCS como instrumento de gestão; educação permanente; compromisso solidário.
Evidencia-se, entre esses princípios, a universalidade dos PCCS9, a equivalência dos cargos ou
empregos10 e o concurso público como forma de acesso à carreira11.
Salienta-se as responsabilidades e atribuições dos gestores municipais, previstas na
NOB-RH/SUAS, que são, dentre outras:
1. dotar a gestão de uma institucionalidade responsável, do ponto de vista
operacional, administrativo e técnico-político, criando os meios para efetivar a política de
assistência social;
2. criar diretriz relativa ao acompanhamento, em nível municipal, da implantação
da NOB-RH/SUAS;
3. contratar e manter o quadro de pessoal necessário à execução da gestão e dos
serviços socioassistenciais;
4. instituir e designar, em sua estrutura administrativa, setor e equipe responsável
pela gestão do trabalho no SUAS;
9 Os Planos de Carreira, Cargos e Salários abrangem todos os trabalhadores que participam dos processos de trabalho do SUAS,
desenvolvidos pelos órgãos gestores e executores dos serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais da
Administração Pública Direta e Indireta, das três esferas de governo na área da Assistência Social. 10 Para efeito da elaboração dos PCCS, na área da Assistência Social, as categorias profissionais devem ser consideradas, para
classificação, em grupos de cargos ou carreira única (multiprofissional), na observância da formação, da qualificação
profissional e da complexidade exigidas para o desenvolvimento das atividades que, por sua vez, desdobram-se em classes,
com equiparação salarial proporcional à carga horária e ao nível de escolaridade, considerando-se a rotina e a complexidade
das tarefas, o nível de conhecimento e experiência exigidos, a responsabilidade pela tomada de decisões e suas consequências
e o grau de supervisão prestada ou recebida. 11 O acesso à carreira estará condicionado à aprovação em concurso público de provas ou de provas e títulos.
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5. elaborar um diagnóstico da situação de gestão do trabalho existente em sua área
de atuação, incluindo os seguintes aspectos: a) quantidade de trabalhadores, por cargo, da
administração direta e indireta, os cedidos de outras esferas de gestão e os terceirizados; b)
local de lotação; c) distribuição por serviços, por base territorial, comparando-os com o
tamanho da população usuária, por nível de proteção social (básica e especial de média e alta
complexidade); d) categorias profissionais e especialidades; e) vencimentos ou salários pagos
por categoria profissional ou por grupos ocupacionais, vantagens e benefícios; f)
qualificação/formação; g) número de profissionais que compõem a Secretaria Executiva do
CMAS; h) número de profissionais que compõem equipe de monitoramento e avaliação; i)
número de profissionais que compõem a gestão do FMAS; j) número de profissionais que
compõem a equipe responsável pela capacitação; k) número de profissionais que compõem a
equipe de monitoramento e assessoramento à rede conveniada; l) número de profissionais que
compõem a equipe de monitoramento e avaliação do BPC; m) número de profissionais que
compõem a equipe do sistema de informação e monitoramento; n) outros aspectos de interesse;
6. contribuir com a esfera federal, estados e demais municípios na definição e
organização do Cadastro Nacional dos Trabalhadores do SUAS;
7. manter e alimentar o Cadastro Nacional dos Trabalhadores do SUAS, de modo
a viabilizar o diagnóstico, planejamento e avaliação das condições da área de gestão do trabalho
para a realização dos serviços socioassistenciais, bem como seu controle social;
8. aplicar o Cadastro Nacional dos Trabalhadores do SUAS, em sua base territorial,
considerando também entidades/organizações de assistência social e os serviços, programas,
projetos e benefícios existentes;
9. elaborar quadro de necessidades de trabalhadores para a implementação do
respectivo Plano Municipal de Assistência Social para a manutenção da estrutura gestora do
SUAS;
10. estabelecer plano de ingresso de trabalhadores e a substituição dos profissionais
terceirizados;
11. realizar concurso público para contratar e manter o quadro de pessoal necessário
à execução da gestão dos serviços socioassistenciais, observadas as normas legais vigentes;
12. nomear comissão paritária entre governo e representantes dos trabalhadores para
a discussão e elaboração do respectivo Plano de Carreira, Cargos e Salários, no âmbito de seu
governo;
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13. encaminhar projeto de lei de criação do respectivo Plano de Carreira, Cargos e
Salários ao Poder Legislativo;
14. participar na formulação e execução da Política Nacional de Capacitação
preconizada na competência da União, dos Estados e do Distrito Federal, com objetivo de
contribuir para a melhoria da eficiência, eficácia e efetividade dos serviços, programas, projetos
e benefícios, observando as peculiaridades locais, os perfis profissionais, a territorialidade e o
nível de escolaridade dos trabalhadores, com base nos princípios desta NOB-RH/SUAS;
15. elaborar e implementar, junto aos dirigentes de órgãos da estrutura gestora
municipal do SUAS e coordenadores dos serviços socioassistenciais, um Plano Municipal de
Capacitação para os trabalhadores, os coordenadores de serviços, os conselheiros municipais,
regionais e/ou locais de assistência social, com base nos fundamentos da educação permanente
e nos princípios e diretrizes constantes nesta Norma, sendo deliberados pelos respectivos
conselhos;
16. acompanhar e participar das atividades de formação e capacitação de gestores,
profissionais, conselheiros e da rede prestadora de serviços promovidas pelos gestores federal
e estaduais;
17. definir e implantar normas, padrões e rotinas para liberação do trabalhador para
participar de eventos de capacitação e aperfeiçoamento profissional em consonância com a
Política Nacional de Capacitação;
18. instituir, em seu âmbito e em consonância com as diretrizes nacionais das
diferentes formações profissionais e com as leis que regulamentam as profissões, política de
estágio curricular obrigatório no SUAS, com supervisão, em parceria com as instituições de
ensino superior e entidades de representação estudantil, buscando fundamentalmente o apoio e
cooperação de seu Estado;
19. garantir, em seu âmbito, o co-financiamento para a implementação da gestão do
trabalho para o SUAS, especialmente para a implementação de PCCS e para a capacitação dos
trabalhadores, necessários à implementação da Política de Assistência Social.
Por fim, cita-se que a NOB-RH/SUAS trata de equipes de referência responsáveis pela
organização e oferta de serviços, programas, projetos e benefícios de proteção social básica e
especial, que devem ser compostas por servidores efetivos. Quando da formação dessas
equipes, deve-se levar em consideração o número de famílias e indivíduos referenciados, o tipo
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de atendimento e as aquisições que devem ser garantidas aos usuários do sistema. Esse assunto
será detalhado a seguir, quando se falar dos CRAS.
De acordo com a NOB-RH/SUAS, a equipe de referência para a prestação de serviços
e execução das ações, no âmbito da Proteção Social Básica nos municípios, deve ser composta
da seguinte forma:
Quadro 1 – Equipes de referência
Pequeno Porte I Pequeno Porte II Pequeno Porte III
Até 2.500 famílias
referenciadas
Até 3.500 famílias
referenciadas
A cada 5.000 famílias
referenciadas
2 técnicos de nível
superior, sendo um
profissional assistente
social e outro
preferencialmente
psicólogo
3 técnicos de nível
superior, sendo dois
profissionais assistentes
sociais e outro
preferencialmente um
psicólogo
4 técnicos de nível
superior, sendo dois
profissionais assistentes
sociais, um psicólogo e um
profissional12 que compõe
o SUAS
2 técnicos de nível médio 3 técnicos de nível médio 4 técnicos de nível médio
A equipe de referência deve contar sempre com 1 coordenador(a), que deve,
independentemente do porte do município, ter o seguinte perfil profissional: ser um técnico de
nível superior, concursado, com experiência em trabalhos comunitários e gestão de programas,
projetos, serviços e benefícios socioassistenciais.
O município de Goiânia possui, atualmente, 15 CRAS: Jardins Cerrado, Recanto das
Minas Gerais, Recanto do Bosque, Vila Canaã, Vila Isaura, Capuava, Conjunto Baliza, Floresta,
Novo Mundo, Jardim Primavera, Real Conquista, Vera Cruz II, Redenção, Vila União e Jardim
Curitiba II.
O levantamento das informações constantes do quadro do item 9, denominado
“Recursos Humanos (exceto equipe do SCFV executado por entidade privada sem fins
lucrativos)” do Roteiro para Avaliação da Implementação do Sistema Único de Assistência
12 Vide Resolução n. 17/2011 do CNAS, que aumentou o rol de categorias profissionais que podem compor a equipe de
referência dos serviços de proteção social básica.
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Social – SUAS – Centro de Referência de Assistência Social – CRAS, foi realizado nas 15
unidades.
Averiguou-se a precariedade dos vínculos de trabalho (contratos temporários, de curta
duração) em todos os CRAS visitados, sendo que, em 8 deles (Jardins do Cerrado, Recanto do
Bosque, Vila Canaã, Capuava, Novo Mundo, Jardim Primavera, Real Conquista e Jardim
Curitiba II), a maioria dos recursos humanos era composta por trabalhadores nessas condições,
conforme detalhamento na tabela abaixo:
Tabela 1 – RH CRAS
As informações da tabulação, constantes na tabela acima, permitem aferir que, de forma
aproximada, existem 239 funcionários atuando nos CRAS do município de Goiânia. Destes,
56,5% não são concursados, e, dos cedidos, 55 funcionários são efetivos, de modo que é
possível depreender que mais da metade dos concursados adveem de outros órgãos que não da
SEMAS. Logo, funcionários concursados da Secretaria de Assistência são 48 servidores.
A alta rotatividade de profissionais, decorrente da precariedade de vínculos de trabalho,
foi mencionada nos pareceres técnicos como responsável pela descontinuidade na prestação dos
serviços em todas as unidades.
Com relação à pergunta 9.2 do roteiro “Há, nesse CRAS, casos de profissionais que
desempenham funções distintas daquelas inerentes a seu cargo, em razão de necessidade da
unidade?”, verificou-se que, em 10 unidades, isso ocorria: Vila Isaura, Capuava, Conjunto
CRAS Quantidade funcionários Não concursados Concursados Cedidos
Jardins Cerrado 12 9 3 1
Recanto das Minas Gerais 12 8 4 0
Recanto do Bosque 12 8 4 4
Vila Canaã 15 9 6 6
Vila Isaura 20 10 10 9
Capuava 18 13 5 5
Conjunto Baliza 18 8 10 7
Floresta 11 5 6 2
Jardim Novo Mundo 17 9 8 3
Jardim Primavera 16 13 3 1
Real Conquista 11 8 3 0
Vera Cruz II 16 8 8 8
Vila Redenção 21 9 12 10
Vila União 18 7 11 0
Jardim Curitiba II 22 11 11 0
Total 239 135 104 56
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Baliza, Floresta, Real Conquista, Vera Cruz II, Redenção, Vila União, Jardim Curitiba II e
Jardim Primavera.
Quanto à pergunta 9.4 do roteiro “Considera que, de um modo geral, a equipe do CRAS
é suficiente em relação aos serviços prestados e ao número de famílias atendidas?”,
observou-se que, em 10 unidades, a equipe de referência era insuficiente: Jardins Cerrado,
Recanto das Minas Gerais, Recanto do Bosque, Capuava, Floresta, Real Conquista, Redenção,
Vila União, Jardim Curitiba e Jardim Primavera.
Concernente à pergunta 9.5 do roteiro “É feita análise de perfil antes do servidor iniciar
suas atividades?”, notou-se que, na maioria das unidades (12), isso não acontecia: Jardins
Cerrado, Recanto das Minas Gerais, Recanto do Bosque, Vila Isaura, Capuava, Conjunto
Baliza, Floresta, Vera Cruz II, Redenção, Vila União, Jardim Curitiba II e Jardim Primavera.
Sobre a pergunta 9.6 do roteiro “A coordenação do CRAS participa do processo de
seleção dos trabalhadores que não ingressam por meio de concurso público?”, averiguou-se,
também, que, na maioria das unidades (13), isso não ocorria: Jardins Cerrado, Recanto das
Minas Gerais, Recanto do Bosque, Vila Canaã, Vila Isaura, Capuava, Conjunto Baliza, Floresta,
Real Conquista, Vera Cruz II, Redenção, Vila União e Jardim Primavera.
Acerca da pergunta 9.7 “Os servidores passam por capacitação introdutória para
trabalhar no CRAS?”, constatou-se que, na maioria das unidades (12), isso não acontecia:
Jardins Cerrado, Recanto das Minas Gerais, Vila Canaã, Vila Isaura, Capuava, Conjunto Baliza,
Floresta, Real Conquista, Vera Cruz II, Redenção, Vila União e Jardim Primavera. Não foi
possível averiguar esse aspecto, na unidade Recanto do Bosque, tendo em vista que a
coordenadora do local estava há pouco tempo nesta função. Assim, apenas nas unidades Novo
Mundo e Jardim Curitiba II as respostas foram “sim”.
No que diz respeito à pergunta 9.8 do roteiro “É garantida capacitação continuada aos
servidores do CRAS?”, observou-se, que na maioria das unidades (13), isso acontecia. Apenas
nas unidades Jardins do Cerrado e Vila Isaura não havia garantia desse tipo de capacitação.
Referente à pergunta 9.9 do roteiro “Quando há atividades externas, é garantida a
presença de, pelo menos, 1 técnico de nível superior no CRAS?”, percebeu-se que, na maioria
das unidades (10), sim. Nos CRAS Vila Canaã, Capuava, Conjunto Baliza, Redenção e Vila
União, isso não ocorria.
A título de ilustração, segue abaixo, gráfico com as perguntas e respostas acima tratadas,
sobre os Recursos Humanos dos CRAS de Goiânia.
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Gráfico 19 – CRAS RH
3.9.1 Recomendações Recursos Humanos CRAS
Diante do exposto, sugere-se as seguintes adequações nos recursos humanos dos CRAS:
1. garantia, em todos os CRAS, de que o ingresso dos profissionais se dê por meio
de concurso público, de forma que aconteça a oferta contínua e ininterrupta dos serviços, o
fortalecimento do papel dos trabalhadores na relação com os usuários e a consolidação da
equipe como referência no território;
2. adequação da equipe de referência, especialmente, dos CRAS Jardins Cerrado,
Recanto das Minas Gerais, Recanto do Bosque, Capuava, Floresta, Real Conquista,
Redenção, Vila União, Jardim Curitiba e Jardim Primavera, tendo como referência as
orientações contidas na NOB-RH/SUAS e no documento “Orientações Técnicas: Centro de
Referência de Assistência Social – CRAS”;
3. realização de análise de perfil antes de o servidor iniciar as suas atividades,
principalmente, nos CRAS Jardins Cerrado, Recanto das Minas Gerais, Recanto do Bosque,
Vila Isaura, Capuava, Conjunto Baliza, Floresta, Vera Cruz II, Redenção, Vila União,
Jardim Curitiba II e Jardim Primavera;
4. participação da coordenação das unidades, no processo de seleção dos
trabalhadores que não ingressam por meio de concurso público, principalmente, nos CRAS
Jardins Cerrado, Recanto das Minas Gerais, Recanto do Bosque, Vila Canaã, Vila Isaura,
0 2 4 6 8 10 12 14
Há servidores em desvio de função?
Equipe é suficiente?
Servidores passam por análise de perfil?
A coordenação do CRAS participa do processo de…
Há capacitação introdutória?
Há capacitação continuada?
Informações Gerais RH CRAS
Não sabe informar/Não respondeu Sim Não
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Capuava, Conjunto Baliza, Floresta, Real Conquista, Vera Cruz II, Redenção, Vila União,
e Jardim Primavera;
5. adequação dos profissionais que se encontram desempenhando funções
distintas daquelas inerentes a seu cargo, principalmente, nos CRAS Vila Isaura, Capuava,
Conjunto Baliza, Floresta, Real Conquista, Vera Cruz II, Redenção, Vila União, Jardim
Curitiba II e Jardim Primavera;
6. oferta de capacitação introdutória para trabalhar nas unidades,
especialmente, nos CRAS Jardins Cerrado, Recanto das Minas Gerais, Vila Canaã, Vila
Isaura, Capuava, Conjunto Baliza, Floresta, Real Conquista, Vera Cruz II, Redenção, Vila
União e Jardim Primavera.
3.10 Gestão da Proteção Básica no Território
O coordenador do CRAS é responsável pela articulação da rede de serviços de proteção
básica local, devendo organizar, segundo orientações do gestor municipal (ou do DF) de
assistência social, reuniões periódicas com as instituições que compõem a rede, a fim de instituir
a rotina de atendimento e acolhimento dos usuários, encaminhamentos, fluxos de informações,
procedimentos, estratégias de resposta às demandas, e traçar estratégias de fortalecimento das
potencialidades do território. Deverá, ainda, avaliar tais procedimentos, de modo a ajustá-los e
aprimorá-los continuamente. Ademais, deve assegurar agenda para o cumprimento de tarefas
relacionadas à gestão da proteção básica no território, de forma a dar consistência ao vínculo
SUAS com a rede socioassistencial local referenciada ao CRAS.
Verificou-se que, dos 15 coordenadores dos CRAS, 11 conheciam a rede privada sem
fins lucrativos do território; 1 não conhecia (Vila Redenção) e 3 não souberam responder, sendo
eles: Vila União, Jardins Cerrado e Capuava. Sobre a articulação com a rede da PSB, 11
mantinham articulação: Vila Isaura, Floresta, Vila União, Vila Canaã, Capuava, Conjunto
Baliza, Jardim Novo Mundo, Jardim Primavera, Real Conquista, Vera Cruz II, Jardim Curitiba;
3 não souberam responder - Recanto das Minas Gerais ,Vila Redenção e Jardins Cerrado - e 1
não mantinha - Recanto do Bosque. Sobre a articulação intersetorial, 14 mantinham articulação
e 1 não mantinha - o CRAS Vila Isaura.
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3.11 Questões Gerais
A equipe de referência do CRAS deve incorporar, no processo de trabalho, as
informações da busca ativa, utilizando-as para definir ações estratégicas urgentes, preventivas
e de rotina. Dentre as informações estratégicas e urgentes, destacam-se aquelas que se referem
às famílias em descumprimento de condicionalidades do Programa Bolsa Família.
O gestor municipal, ou quem ele designar, tem como atribuição garantir a articulação
das unidades da rede socioassistencial do território de abrangência do CRAS, tanto as entidades
de assistência social privadas sem fins lucrativos quanto as públicas.
O CRAS possui função exclusiva de oferta pública do trabalho social com famílias, o
que se deve, portanto, ao fato de ser a única unidade de proteção básica que tem as funções
exclusivas de ofertar o Programa de Atenção Integral à Família, pois confere a primazia da ação
do poder público na garantia do direito à convivência familiar e assegura a matricialidade
sociofamiliar no atendimento socioassistencial, um dos eixos estruturantes do SUAS.
Verificou-se que, dos 15 CRAS, 9 faziam acompanhamento e visita às famílias em
descumprimento de condicionalidades e 6 não faziam, sendo eles: Recanto do Bosque, Vila
Isaura, Jardim Novo Mundo, Vera Cruz II, Vila Redenção e Jardins Cerrado.
Quanto aos encontros sistemáticos entre a equipe do CRAS e o órgão gestor municipal
para planejar e avaliar o trabalho, dentre os 15, 10 executavam a ação e 5 não, sendo eles:
Recanto do Bosque, Vila Canaã, Vila Isaura, Capuava e Jardins Cerrado.
O órgão gestor da política de assistência social deve estabelecer articulação com os
programas e projetos de preparação para o trabalho e inclusão produtiva para que o CRAS possa
fazer encaminhamentos. Dos 15 CRAS, 8 faziam essa articulação e 7, não, sendo eles: Recanto
das Minas Gerais, Vila Isaura, Conjunto Baliza, Capuava, Jardins Cerrado, Vera Cruz II e Vila
União.
Destaca-se que, no decorrer da execução do Projeto SUAS no município de Goiânia,
obteve-se a informação, em campo, acerca da existência de unidades ligadas à SEMAS e
referenciadas aos CRAS, denominadas Núcleo de Assistência Social (NAS), que desenvolviam
o PAIF e, algumas delas, o SCFV. Esclarece-se, no entanto, que o trabalho desenvolvido no
âmbito dos NAS não foi tratado neste documento porque, no período de discussão e elaboração
do presente projeto, esta equipe técnica não tinha conhecimento da existência dessas unidades.
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Apesar da consideração acima feita, no decorrer das visitas, obteve-se informação de
que, dos 15 CRAS, 7 possuíam NAS referenciados a eles, que desenvolviam o PAIF, sendo
eles: Recanto das Minas Gerais, Recanto do Bosque, Vila Canaã, Conjunto Baliza, Capuava,
Vila Redenção e Jardim Curitiba II. Ressalta-se que essa situação não estava adequada porque,
conforme prevê o SUAS, o PAIF deve ser, obrigatoriamente, executado dentro do CRAS.
3.11.1 Recomendações Questões Gerais CRAS
Mediante o exposto, constatou-se que é necessário que os CRAS se adequem ao
reordenamento da Política de Assistência Social, em consonância com os parâmetros
preceituados nas orientações técnicas do SUAS, promovendo maior organização do
atendimento e efetivação de suas ações. Para tanto, seguem as seguintes recomendações:
1. garantia de que os CRAS realizem visita às famílias em descumprimento das
condicionantes do Programa Bolsa Família;
2. discutissão, com o órgão gestor da Política de Assistência Social no município
de Goiânia, sobre as competências, estrutura e serviços prestados pelos Núcleos de Assistência
Social (NAS), objetivando clarear a função dessas unidades dentro da Política Municipal de
Assitência Social.
4 Avaliação dos CREAS
4.1 Identificação dos CREAS
O CREAS é a unidade pública estatal, de abrangência municipal ou regional, que tem
como papel constituir-se em lócus de referência nos territórios, para a oferta de trabalho social
especializado no SUAS a famílias e indivíduos em situação de risco pessoal ou social por
violação de direitos. Seu papel no SUAS define, igualmente, seu papel na rede de atendimento,
os quais estão consubstanciados em um conjunto de leis e normativas que fundamentam e
definem a política de assistência social e regulam o SUAS. O CREAS deve, portanto, ser
compreendido a partir da definição do escopo da política do SUAS, qual seja, afiançar
seguranças socioassistenciais na perspectiva da proteção social.
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Segundo as normativas técnicas, independente da(s) fonte(s) de financiamento, é
fundamental que todos os CREAS tenham afixado placa de identificação em local visível, de
modo a dar visibilidade à unidade e garantir seu fácil reconhecimento e identificação pelos
usuários, pela rede e pela comunidade. Quando no município houver mais de um CREAS, para
cada unidade poderá ser acrescido um nome fantasia para melhor identificação e localização
pelos usuários. O nome fantasia pode fazer referência ao bairro ou território onde esteja
implantado. É recomendado que todos utilizem o modelo padrão, disponibilizado pelo MDS.
O CREAS deve funcionar para atendimento ao público, no mínimo, 5 dias na semana e
40 horas semanais, assegurada a presença de equipe técnica, além dos demais profissionais
necessários ao bom funcionamento dos serviços. Dada à especificidade das situações atendidas,
os serviços ofertados pelo CREAS não podem sofrer interrupções, seja por questões relativas à
alternância de gestão, seja por qualquer outro motivo. É recomendado que o CREAS funcione
em imóvel próprio e adequado para que, no futuro, a unidade não precise ser deslocada para
outro local, pois, ao fixar-se em determinado local, torna-se referência para as famílias e para
os indivíduos do seu território de abrangência. Ademais, as orientações técnicas estabelecem
que, nos casos de mudança, esta seja realizada de modo planejado, sendo os usuários
comunicados previamente, de forma a não comprometer o seu reconhecimento como referência
no território e para assegurar a continuidade dos acompanhamentos realizados.
Verificou-se que, de um modo geral, os CREAS em Goiânia funcionavam em
conformidade com as normativas técnicas, no que concerne ao horário de funcionamento, e
nenhum tinha o serviço interrompido durante todo o ano.
Quanto à identificação na fachada da natureza do serviço, somente o CREAS Noroeste
não a possuía, contrariando as normativas. Ademais, quatro funcionavam em imóvel alugado,
e somente o CRAS Oeste funcionava em imóvel próprio.
4.1.1 Recomendações Identificação dos CREAS
Mediante o exposto contatou-se que é necessário que os CREAS se adequem ao
reordenamento da Política de Assistência Social em consonância com os parâmetros
preceituados nas orientações técnicas do SUAS promovendo maior organização do atendimento
e efetivação de suas ações, sendo assim recomenda-se:
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1. que haja identificação da natureza do serviço na fachada do prédio do CREAS
Noroeste, a fim de facilitar o acesso dos usuários, da comunidade e da rede socioassistencial.
4.2 Caracterização dos CREAS
O ambiente físico do CREAS deve ser acolhedor e adequado para se obter uma escuta
qualificada dos usuários. Para que isso aconteça, deve contar com condições que assegurem:
atendimento em condições de privacidade e sigilo; adequada iluminação, ventilação,
conservação, salubridade e limpeza; segurança dos profissionais e público atendido;
acessibilidade a pessoas com deficiência, idosos, gestantes e crianças; espaços reservados e de
acesso restrito à equipe para guarda de prontuários; informações disponíveis em local visível
sobre serviços ofertados, situações atendidas e horários de funcionamento da unidade.
O registro de informação constitui procedimento a ser adotado pelo CREAS para gerar
conhecimento e instrumentalizar a gestão, o monitoramento e avaliação das ações, sobretudo,
para subsidiar a área de vigilância socioassistencial, que retroalimentará o CREAS com o
conhecimento produzido em seu âmbito. Para isso, utiliza-se de instrumentais que permitam
armazenar um conjunto de informações pertinentes ao trabalho social desenvolvido. Algumas
das informações ficam restritas à unidade, como os registros sobre o acompanhamento familiar
em prontuários, enquanto outras informações importantes para o monitoramento e/ou avaliação
das ações realizadas precisam ser compartilhadas com o órgão gestor periodicamente, que, por
sua vez, deverá agregá-los e sistematizá-los, tais como: número de famílias e indivíduos em
acompanhamento e caracterização das situações acompanhadas; número de encaminhamentos
realizados; número de novos acompanhamentos e desligamentos; demandas reprimidas; rede
existente e necessária; e, principais dificuldades.
O registro e acesso a informações devem observar a questão ética, a necessidade de
segurança e o sigilo de determinadas informações, além das recomendações dos conselhos de
categoria profissional, sempre que couber.
Os instrumentais utilizados para o registro de informação sobre o acompanhamento das
famílias e indivíduos, são os seguintes: prontuários, plano de acompanhamento individual e/ou
familiar, relatórios.
As unidades dos CREAS devem possuir um plano de trabalho consubstanciado em
dados e informações do monitoramento e da avaliação, que apontem ações necessárias para o
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seu aprimoramento. O planejamento deve explicitar a proposta da unidade e dos serviços
ofertados, considerando objetivos e metas a se atingirem em um determinado período de tempo,
bem como os meios e recursos necessários para o seu alcance. É fundamental que o
planejamento do CREAS esteja alinhado ao planejamento do órgão gestor e que ambos estejam
direcionados ao crescente aprimoramento da gestão e da qualificação na oferta dos serviços.
A base de atuação do CREAS é o trabalho interdisciplinar, que requer a adoção de
estratégias que possibilitem a participação e o compartilhamento de concepções por todos os
componentes da equipe. Esse trabalho em equipe tem, como objetivos comuns, integrar os
profissionais e contribuir para qualificar e dinamizar as ações e as rotinas de trabalho da
unidade. Para isso, é importante que sejam viabilizados momentos de integração e de reflexão
em equipe que contribuam para o aprimoramento do trabalho desenvolvido, buscando debater
e solucionar os problemas identificados, seja de natureza técnico-operativa ou de
relacionamento interprofissional. Dentre outros aspectos, esses momentos também devem ser
utilizados para se avaliar e reavaliar as ações e os resultados obtidos, reorganizar fluxos internos
de trabalho, discutir e definir estratégias de articulação e de trabalho em rede. Essas reuniões
devem ser institucionalizadas como atividade cotidiana e periódica no CREAS.
A supervisão e o assessoramento da equipe do CREAS devem ser feitos por profissional
do quadro funcional do órgão gestor de assistência social ou ser contratados para essa
finalidade. A supervisão é importante para a qualificação da atenção ofertada, representando
possibilidade de aperfeiçoamento metodológico, técnico-operacional e relacional da equipe do
CREAS.
É importante para a equipe do CREAS conhecer a rede existente no seu território de
atuação, a fim de planejar e desenvolver atividades em parceria, além de estudos de casos
conjuntos. O órgão gestor de assistência social tem papel preponderante na interlocução com
outras políticas e órgãos de defesa de direitos e na institucionalização da articulação do CREAS
com a rede, inclusive, por meio da construção e pactuação de fluxos de articulação e protocolos
intersetoriais de atendimento, com definição de responsabilidades, considerando a realidade, os
recursos existentes e o respeito ao papel e às competências de cada órgão da rede. Ademais,
cabe ao CREAS o relacionamento cotidiano articulado com as unidades referenciadas, tendo
como base as definições de fluxos por parte do órgão gestor. Dessa forma, a Unidade CREAS
torna-se o ponto de referência para conectar suas ações àquelas desenvolvidas nas unidades
referenciadas. Essa relação garante a integração e a complementaridade entre as unidades,
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Rua 23, esq. com a Rua 03, Qd. A-12, Lt. 11, salas 103 e 104, Anexo MP Bairro Jardim Goiás, Goiânia - Goiás - CEP 74.805-100.
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visando à atenção especializada dos usuários, nos termos da Tipificação Nacional de Serviços
Socioassistenciais.
O CREAS é norteado por eixos em consonância com os princípios e as diretrizes da
PNAS e com os conceitos do SUAS. Todos esses servem para nortear a organização e o
desenvolvimento do trabalho social nos serviços do CREAS e para consubstanciar o processo
de implantação, organização e funcionamento da unidade. Dentre os eixos, destaca-se o
trabalho em rede.
O trabalho em rede pressupõe articulação entre instituições e agentes que atuam em um
determinado território e compartilham objetivos e propósitos comuns. Para que a sinergia e a
dinâmica necessária mantenham vivo o trabalho coordenado e complementar, é importante que
exista um processo contínuo de circulação de informação, com abertura para o diálogo
permanente, capacidade para rever processos e fluxos de trabalho, compromisso com o fazer
coletivo e postura de cooperação individual e institucional e de superação de vaidades.
A articulação em rede é importante para fortalecer a identidade do CREAS, clarificando
papéis e delimitando competências para prevenir que os serviços ofertados sejam chamados a
assumir funções para além daquelas concernentes.
O trabalho no CREAS requer a elaboração de um plano de trabalho, que é a proposta
de trabalho da unidade e dos serviços ofertados, considerando, objetivos e metas a se atingirem
em determinado período de tempo, bem como os recursos necessários para seu alcance. Para
isso, é fundamental que o planejamento do CREAS esteja alinhado ao planejamento do órgão
gestor e que ambos estejam direcionados ao crescente aprimoramento da gestão e qualificação
da oferta dos serviços.
Observou-se que, dos 5 CREAS em Goiânia, nenhum deles soube informar o número
de famílias atendidas no último ano. Em todos os 5 CREAS, havia critérios para atender as
famílias; garantiam segurança no serviço para os servidores e usuários; possuíam prontuários
individualizados de cada família atendida; o serviço do acompanhamento familiar era
implementado de forma sistemática; e realizavam reuniões periódicas com a rede para discutir
e estabelecer um fluxo de atendimento socioassistencial.
Dos 5 CREAS, 3 não possuíam serviços de alta complexidade a eles referenciados -
Centro-Sul, Leste, Noroeste; e, 2 possuíam: Norte e Oeste.
Quanto às reuniões de equipe periódicas, 3 realizavam, sendo eles: Leste, Norte e Oeste;
e, 2 não realizavam: Centro-Sul e Noroeste.
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A elaboração de Plano de Trabalho era feita por 2 CREAS: Noroeste e Norte; e 3 não:
Centro-Sul, Leste e Oeste.
Com relação à supervisão e assessoria de profissional externo, 2 CREAS recebiam:
Oeste e Noroeste; 2 não recebiam: Leste e Centro-Sul; e, por fim, o Norte não soube informar.
4.2.1 Recomendações caracterização dos CREAS
Mediante o exposto, contatou-se que é necessário que os CREAS se adequem ao
reordenamento da Política de Assistência Social em consonância com os parâmetros
preceituados nas orientações técnicas do SUAS, promovendo maior organização do
atendimento e efetivação de suas ações. Nesse sentido, seguem as seguintes recomendações:
1. elaboração, pelos CREAS Centro-Sul, Leste e Oeste, do Plano de Trabalho, que
são as ações a serem desenvolvidas em determinado período, a fim de se atingirem os objetivos
e metas em consonância com o planejamento do órgão gestor da assistência social;
2. supervisão técnica do órgão gestor nos CREAS Leste, Centro-Sul e Norte, com
o propósito de aperfeiçoar a qualidade do trabalho técnico.
4.3 Serviços ofertados pelos CREAS
O CREAS, como Serviço de Proteção Social de Média Complexidade, deve ofertar em
suas unidades, os seguintes serviços: Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a
Famílias e Indivíduos (PAEFI); Serviço de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento
de Medida Socioeducativa de Liberdade Assistida e de Prestação de Serviços à Comunidade;
Serviço Especializado em Abordagem Social; e, Serviço de Proteção Social Especial para
Pessoas com Deficiência, Idosas e suas Famílias.
Segue a descrição de cada um desses serviços, bem como da unidade em que pode
ocorrer sua oferta, conforme dispõe a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais:
Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos -
PAEFI. Serviço de apoio, orientação e acompanhamento a famílias com um ou mais de seus
membros em situação de ameaça e violação de direitos. Deve ser ofertado por todas as unidades
CREAS;
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Serviço Especializado em Abordagem Social. O Serviço tem como finalidade
assegurar trabalho social de abordagem e busca ativa que identifique, nos territórios, a
incidência de trabalho infantil, exploração sexual de crianças e adolescentes, situação de rua,
dentre outras. Pode ser ofertado pelo CREAS ou unidade específica referenciada ao CREAS,
nos territórios onde se identificar demanda;
Serviço de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de Medida
Socioeducativa de Liberdade Assistida e de Prestação de Serviços à Comunidade. O Serviço
tem por finalidade prover atenção socioassistencial e acompanhamento a adolescentes e jovens
em cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto, determinadas judicialmente.
Deve ser ofertado pelo CREAS nas localidades onde se identificar demanda, articulando ações
complementares com a rede. No caso de possuir mais de uma unidade CREAS, o município
tem a autonomia para a definição daquelas unidades que deverão ofertar esse serviço, observada
a relação com o território;
Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência, Idosas e suas
Famílias. Serviço destinado à promoção de atendimento especializado a famílias com pessoas
com deficiência e idosos com algum grau de dependência, que tiveram suas limitações
agravadas por violação de direitos. Pode ser ofertado pelo CREAS ou unidade específica
referenciada ao CREAS nos territórios onde se identificar demanda.
Observou-se que em Goiânia funcionavam 5 CREAS, sendo eles: CREAS Centro-Sul;
CREAS Leste; CREAS Noroeste; CREAS Norte; e, CREAS Oeste. Todos os 5 executavam o
Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos – PAEFI e o Serviço
de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de Medida Socioeducativa de LA e PSC;
apenas 1, CREAS Oeste, executava o Serviço Especializado em Abordagem Social; e, nenhum
executava o Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência, Idosas e suas
Famílias.
Segundo as “Orientações Técnicas Centro de Referência Especializado de Assistência
Social”, “todo CREAS deve, obrigatoriamente, ofertar o PAEFI. Tanto o desenvolvimento das
ações no âmbito do PAEFI, quanto a definição sobre os demais serviços a serem ofertados pelo
CREAS, ou unidade referenciada, devem considerar a realidade do território, tendo o órgão
gestor, com o apoio da equipe do CREAS e da área de vigilância socioassistencial, um papel
preponderante nesta definição e organização da oferta”.
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Do universo de 5 CREAS visitados, todos os 5 desenvolviam o Serviço de Proteção e
Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos - PAEFI, sendo que 2 destes informaram
haver demanda reprimida. O CREAS Norte acreditava ser devido à exoneração de um
profissional, e o CREAS Noroeste não justificou a demanda reprimida. Sobre esse tema, segue
o gráfico abaixo que ilustra a situação da demanda reprimida nos CREAS, que atinge 60%
destes:
Gráfico 20 – PAEFI demanda reprimida
Ainda segundo as “Orientações Técnicas”, o trabalho social no CREAS deve primar
pela participação dos usuários e pela realização de ações que propiciem intervenções nos
territórios voltadas à mobilização social para a prevenção e o enfrentamento de situações de
risco pessoal e social por violação de direitos. Observou-se que 4 CREAS desenvolviam essas
ações de mobilização social, que consistiram em campanhas relacionadas à data de 18 de maio,
referente ao Dia Nacional de Combate à Exploração Sexual de Crianças, ao combate ao trabalho
infantil e ao combate à violência doméstica – Lei Maria da Penha.
4.3.1 Sobre o Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos –
PAEFI
Dentre os perfis de atendimento do Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a
Famílias e Indivíduos - PAEFI, destacou-se o atendimento a crianças em 5 CREAS, a idosos
40%
60%
Há demanda reprimida para o PAEFI em quantos CREAS?
Não Sim
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em 4 CREAS, a pessoas com deficiência em 1 CREAS e a adolescentes em 1 CREAS, como
pode ser observado no gráfico abaixo:
Gráfico 21 – Público PAEFI
Em relação às situações mais atendidas no Serviço de Proteção e Atendimento
Especializado a Famílias e Indivíduos - PAEFI, os 5 CREAS mencionaram a violência
psicológica, 4 mencionaram a negligência, 4 citaram o abuso e a violência sexual, 3
mencionaram a violência física, 3 mencionaram adolescentes em conflito com a lei, 1 declarou
o trabalho infantil, 1 citou a trajetória de rua e 1 mencionou a discriminação. No tópico outros,
a violência intrafamiliar foi citada em 2 CREAS. As informações supracitadas são
demonstradas no gráfico abaixo:
0
1
2
3
4
5
6
Criança Idoso Deficiente Adolescentes
Perfil atendido PAEFI
Não Sim
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Gráfico 22 – Situações atendidas PAEFI
Quanto a evasões ou recusa da família em receber os atendimentos, 4 CREAS
informaram que as evasões ocorriam sim e alegaram ser, principalmente, devido às dificuldades
financeiras das famílias em arcar com as despesas de transporte para comparecerem ao CREAS.
Quando a evasão ocorria, realizavam visita domiciliar ou solicitavam ao Conselho Tutelar para
que realizasse a visita.
Notou-se que, durante o acompanhamento, o tempo médio de atendimento declarado
pelos 5 CREAS variava entre 1 a 6 meses. Os atendimentos ocorriam semanalmente e, quando
a família era desligada, cabia ao CRAS o acompanhamento dessa família.
Constatou-se que os entrevistados apontaram os seguintes itens como maiores
dificuldades e/ou limitações para a execução do PAEFI:
estrutura física inadequada (falta espaço adequado para atendimento individual
e grupal, falta segurança para os servidores);
falta de alimento para oferecer nos grupos;
falta de veículo à disposição com mais regularidade;
0
1
2
3
4
5
6
Situações Atendidas
Não Sim
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falta de material para expediente, material pedagógico, material de limpeza e
equipamentos;
mobiliário insuficiente ou em precário estado de conservação;
recursos humanos insuficientes;
linha telefônica insuficiente (corte frequente por falta de pagamento).
4.3.1.1 Recomendações PAEFI
Diante do exposto, seguem algumas sugestões de providências a serem tomadas pelo
órgão gestor da política municipal de assistência social para melhorar a oferta do PAEFI:
1. adequação das estruturas físicas dos CREAS;
2. garantia de recursos materiais, como material de expediente, material
pedagógico, material de limpeza, mobiliário e alimentos, bem como equipamentos;
3. garantia de um veículo;
4. garantia de recursos humanos suficientes para o desenvolvimento do trabalho;
5. elaboração do Plano de Atendimento Familiar.
4.3.2 Sobre o Serviço Especializado de Abordagem Social – SEAS
Quanto ao Serviço Especializado de Abordagem Social – SEAS, constatou-se que era
desenvolvido apenas no CREAS Oeste e que este possuía uma equipe de referência específica
para esse serviço. A realidade do território exigia atividades desse serviço no período noturno,
no entanto, essa abordagem acontecia nas ruas, sem necessidade de o CREAS permanecer
aberto.
Observou-se que a demanda mais frequente nesse território era a situação de rua e que
a metodologia de trabalho consistia na busca ativa.
Observou-se, ainda, que a equipe técnica não conseguia garantir a resolutividade das
demandas dos usuários desse serviço rapidamente, sendo que as maiores dificuldades apontadas
pela equipe eram:
recursos humanos insuficientes;
ausência de veículo exclusivo para a equipe de abordagem social do CREAS
Oeste;
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ausência de espaço próprio no CREAS (não possuíam: sala, mesa, cadeira e
computador).
Segundo os entrevistados, o SEAS também era desenvolvido pela equipe 24 horas, que
ficava localizada no Complexo 24h e possuía uma equipe distinta da equipe do CREAS Oeste.
A equipe 24 horas possuía um veículo à sua disposição 24 horas, e este deveria também, quando
solicitado, atender a equipe do SEAS do CREAS Oeste.
4.3.2.1 Recomendações Serviço Especializado em Abordagem Social - SEAS
Diante do exposto, seguem algumas sugestões de providências a serem tomadas pelo
órgão gestor da política de assistência social para melhorar a oferta do SEAS:
1. garantia recursos humanos suficientes;
2. garantia de veículo próprio;
3. garantia de espaço físico e mobiliário adequados, bem como de equipamentos
de informática.
4.3.3 Sobre o Serviço de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de Medida
Socioeducativa de LA e PSC
Constatou-se que o Serviço de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de
Medida Socioeducativa de LA e PSC era desenvolvido nos 5 CREAS, sendo que todos
possuíam uma equipe técnica específica para esse serviço.
Verificou-se que os 5 CREAS declararam que não possuíam demanda reprimida,
realizavam estudo de caso, elaboravam relatórios de avaliação de medida socioeducativa e
possuíam prontuários individualizados de cada adolescente atendido. Apenas o CREAS Centro-
Sul declarou não respeitar o prazo estabelecido na sentença.
Em relação ao PIA, todos os CREAS elaboravam e implementavam este documento e,
para a sua elaboração, realizavam estudo diagnóstico prévio. Dos 5 CREAS visitados, todos
elaboravam o PIA com a participação dos adolescentes e dos familiares; no CREAS Oeste,
contavam também com a participação do socioeducador; e, no CREAS Sul, contavam com a
participação da escola. Apenas no CREAS Leste, o PIA não contemplava os acordos e
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encaminhamentos dos familiares. Destaca-se no gráfico abaixo, a ausência da escola na
elaboração do PIA, situação que merece ser corrigida:
Gráfico 23 – O PIA no CREAS e a participação da escola
Foram apontados os seguintes itens como principais dificuldades e limitações na
implementação do PIA:
falta de adesão do adolescente em cumprir o compromisso assumido;
falta de adesão da família em cumprir os compromissos assumidos;
dificuldade de conseguir vaga nas escolas para os adolescentes;
dificuldade em conseguir instituições para os adolescentes cumprirem a PSC;
ausência da oferta de cursos profissionalizantes e dificuldade de acesso dos
adolescentes aos poucos que existem, devido aos pré-requisitos exigidos para frequentar os
mesmos;
indisponibilidade de lanche para oferecer aos grupos;
ausência de espaço físico adequado para o atendimento individual e grupal;
dificuldade de acesso aos serviços de algumas políticas públicas;
reclamações quanto ao modelo de PIA, padronizado pela Prefeitura, que não
estava em conformidade com o SINASE.
0
1
2
3
4
5
Não Sim
O PIA é elaborado com a participação da Escola?
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4.3.3.1 Recomendações Serviço de Proteção Social para Adolescentes em Cumprimento
Medida Socioeducativa de LA e PSC
Diante do exposto, seguem algumas sugestões de providências a serem tomadas pelo
órgão gestor da política de assistência social para melhorar a oferta do Serviço de Proteção
Social a Adolescentes em Cumprimento de Medida Socioeducativa de LA e PSC:
1. fortalecimento da rede de serviços (assistência social x educação) para facilitar
o acesso a vagas dos adolescentes atendidos pelo serviço;
2. fortalecimento da relação com as empresas privadas visando garantir aos
adolescentes um local para cumprir a PSC;
3. garantia de acesso a cursos profissionalizantes;
4. garantia de lanche aos grupos;
5. garantia de estrutura física adequada ao atendimento individual e grupal;
6. adequação do Plano Individual de Atendimento do Serviço de Proteção Social a
Adolescentes em Cumprimento de Medida Socioeducativa de LA e de PSC, conforme as
normativas pertinentes.
7. garantia de segurança aos usuários e servidores do serviço;
8. adequação da equipe do Serviço de Proteção Social a Adolescentes em
Cumprimento de Medida Socioeducativa de LA e de PSC, conforme orienta o SINASE:
medida socioeducativa de prestação de serviços à comunidade;
9. melhoria na distribuição do número de adolescentes em atendimento no Serviço
de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de Medida Socioeducativa de LA e de
PSC entre os técnicos responsáveis por esse serviço.
4.3.4 - Sobre o Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência, Idosas e
suas Famílias
Como já mencionado anteriormente, quanto ao Serviço de Proteção Social Especial para
Pessoas com Deficiência, Idosas e suas Famílias, este não era oferecido em nenhum dos 5
CREAS. O que significa dizer que esse serviço está 100% ausente no município.
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4.3.4.1 Recomendações SPSE para Pessoas com Deficiência, Idosas e suas Famílias
Diante do exposto, sugere-se que o órgão gestor da política de assistência social avalie
a existência de demanda pelo Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com
Deficiência, Idosas e suas Famílias em todas as regiões de Goiânia, objetivando garantir a sua
implantação onde se fizer necessário e, dessa forma, desvincular essa demanda de atendimento
do PAEFI, como ocorre em algumas unidades do CREAS.
4.4 Infraestrutura dos CREAS
Os 5 CREAS não compartilhavam seu espaço físico com unidades administrativas,
ONG, serviço de acolhimento ou órgãos de defesa de direitos, em conformidade com o
documento “Orientações Técnicas: Centro de Referência Especializado de Assistência Social –
CREAS”. No entanto, 4 deles funcionavam em imóvel alugado, o que contraria a norma, que
diz: “o ideal é que o planejamento da implantação ou adequação dos CREAS inclua a previsão
de funcionamento em imóvel próprio e adequado, para que, no futuro, a Unidade não precise
ser deslocada para outro local” (p. 83). Esse aspecto é defendido considerando a necessidade
de o CREAS se configurar numa referência para os usuários do seu território de abrangência,
evitando, assim, dificuldades de acesso e a descontinuidade do atendimento.
A Resolução CNAS n. 18/2013 defende a existência de um CREAS para cada 200 mil
habitantes de uma cidade, de forma que é possível concluir que o município de Goiânia deve
dispor de 7 equipamentos. No entanto, à época deste estudo, contava com 5 CREAS.
A estrutura do CREAS deve garantir condições de sigilo e privacidade, por meio de
armários chaveados e acesso restrito e, especialmente, salas de atendimento apropriadas, com
isolamento acústico e específicas para essa finalidade. Na contramão dessa exigência, a
pesquisa verificou que, em 100% dos CREAS do município de Goiânia, esse aspecto foi
respondido como inexistente ou insuficiente. A título de exemplo, foram observadas situações
em que as salas eram poucas, diante da quantidade de atendimentos necessários, e, em outros,
a disposição de arquivos e armários se dava em ambientes de circulação e não reservados. Foi
relatado que essa circunstância tinha sido objeto de intervenção do Conselho Regional de
Serviço Social/GO, no ano de 2015. Sobre esse cenário, destaca-se o disposto na norma: “é
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fundamental que a privacidade de alguns de seus ambientes seja assegurada, tendo em vista a
realização dos atendimentos e outras atividades que exijam sigilo” (p. 90).
No que concerne à segurança dos profissionais e do público atendido, houve indicativos
de que havia CREAS que não contavam com esse serviço, o que fez surgirem relatos de
sensação de insegurança e experiências de risco.
Constituem espaços essenciais que todo o CREAS deve dispor: “recepção; salas
específicas para uso da coordenação, equipe técnica ou administração; 4 salas de atendimento,
que podem ser utilizadas para o trabalho individual, familiar e grupal; dois banheiros acessíveis;
e, copa e/ou cozinha” (p. 82).
Sobre esse tema, a pesquisa constatou que, em nenhum dos CREAS, existia uma sala
adequada para a realização de trabalho grupal; em 3 CREAS não havia sala específica para a
equipe técnica; em 2 dos 5, não havia copa e recepção específica; e, 1 CREAS não apresentava
sala para a coordenação. Demonstra-se essa situação com o gráfico a seguir:
Gráfico 24 – CREAS espaços essenciais
Sobre os sanitários, foi informado que, em 4 CREAS, aqueles destinados aos usuários
eram insuficientes para fazer frente à demanda; em 2 CREAS, os designados aos funcionários
inexistiam ou eram insuficientes. Esse aspecto fere diretamente o dispositivo, que detalha: “o
CREAS deve possuir no mínimo 2 (dois) banheiros coletivos, feminino e masculino,
0% 20% 40% 60% 80% 100% 120%
Sala atendimento grupal
Sala de coordenação
Recepção
Sala para técnicos
Copa
Existem ou são suficientes esses espaços essenciais?
Sim Não
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assegurando-se banheiros com acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida, em
quantidade compatível com a demanda de usuários e o número de trabalhadores” (p. 89).
Sobre a acessibilidade, foi verificado que nos 5 CREAS não estava garantido esse
direito, de forma que havia impossibilidade de acesso ao prédio de usuários com essa
necessidade, bem como de uso de seus sanitários. Foram relatadas realidades em que os
atendimentos a cadeirantes se davam do lado externo do prédio do CREAS. Sobre esse aspecto,
o documento Orientações Técnicas para o CREAS diz:
(...) no CREAS deve-se assegurar as seguintes condições para acessibilidade
das pessoas com mobilidade reduzida: Acesso principal adaptado com rampas
e rota acessível desde a calçada até a recepção do CREAS; Rota acessível aos
principais espaços do CREAS (recepção, sala de atendimentos e sala(s) de uso
coletivo); Rota acessível ao banheiro e Banheiros adaptados. (p. 86)
Destaca-se que a formação profissional dos técnicos que subscrevem o presente parecer
não permite uma avaliação aprofundada desses aspectos, exigindo conhecimento de áreas
específicas, a exemplo da engenharia e arquitetura.
No espaço do CREAS é indicada, ainda, a disposição de um cantinho próprio para as
crianças, que pode conter “tapete emborrachado e brinquedos” (p. 87). Foi verificado que, em
3 CREAS, essa característica inexistia. Em termos percentuais, significa dizer que 60% dos
CREAS do município de Goiânia não ofereciam um ambiente específico para o acolhimento e
atendimento de crianças.
Ressalta-se que as informações sobre os equipamentos disponíveis em cada CREAS
apareceram a partir do questionamento sobre a existência e se a quantidade e qualidade eram
suficientes. Diante disso, os resultados foram sistematizados no gráfico abaixo para melhor
visualização:
Gráfico 25 – CREAS e equipamentos
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Foi possível constatar que, em 3 CREAS, não existia aparelho de DVD; os 5 não
dispunham de máquina fotográfica, equipamento de som e datashow; e, em 4 CREAS, não
havia TV em bom estado de conservação e mobiliários em quantidades e qualidades suficientes.
De forma semelhante, houve informações que indicaram que, sobre o equipamento
impressora, em 1 CREAS, era insuficiente e, noutro, estava desativada por falta de cartucho.
Sobre a quantidade de computadores, em 3 CREAS, foi avaliado como insuficiente. Sobre o
acesso à internet, em 2 locais, a velocidade da internet encontrada era muito reduzida. Referente
às condições do instrumento telefone, foi respondido que, em 3 CREAS, aconteciam problemas
frequentes como bloqueios, restrição na realização de ligações interurbanas e quantidade de
linha insuficiente. Isso equivale a dizer que, em 40% dos CREAS, as condições de internet e
impressoras não estavam adequadas a fim de responder à demanda necessária. E que 60% dos
CREAS enfrentavam limitações no uso dos equipamentos computador e telefone, conforme
ilustrado pelo gráfico abaixo:
Gráfico 26 – CREAS e informatização
0% 20% 40% 60% 80% 100% 120%
Cadeiras, armários, mesas e TV
Máquina fotográfica, equipamento de som edatashow
Aparelho DVD
Considerando os 5 CREAS, os equipamentos a seguir existem ou são suficientes?
Sim Não
Coordenação de Apoio Técnico-Pericial Unidade Técnico-Pericial em Serviço Social
Rua 23, esq. com a Rua 03, Qd. A-12, Lt. 11, salas 103 e 104, Anexo MP Bairro Jardim Goiás, Goiânia - Goiás - CEP 74.805-100.
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Sobre esses itens, a norma defende que há equipamentos e recursos materiais que são
essenciais para que o CREAS alcance seus objetivos. Nesse âmbito, encontram-se o mobiliário,
computadores, telefones, acesso à internet, impressora, veículo, material de expediente e
material para o desenvolvimento de atividades individuais e coletivas (pedagógicos, culturais,
esportivos, entre outros). E, na categoria de equipamentos e recursos materiais desejáveis, estão
a TV, equipamento de som, aparelho de DVD, máquina fotográfica, máquina copiadora,
filmadora, datashow, entre outros. Assim dispõe a orientação: “o desenvolvimento das ações
no CREAS exige a disponibilização de equipamentos e recursos materiais essenciais que toda
Unidade deve dispor e, ainda, equipamentos e materiais desejáveis que possam contribuir para
qualificar as ações e assegurar a sua efetividade” (p. 84).
A orientação define que o CREAS necessita de computadores, internet e linha telefônica
em condições de conectividade que garantam a agilidade nos processos de trabalho e maior
articulação com a rede (p. 85).
Quando questionados sobre a existência de materiais para a realização de oficinas e
materiais pedagógicos, 100% dos CREAS afirmaram não receberem ou que era insuficiente o
fornecimento desses recursos pelo gestor municipal. E, 80% dos CREAS disseram que não
recebiam ou que era insuficiente o fornecimento de material de expediente.
Foi verificada a existência de mural informativo, com informações gerais aos usuários,
em 2 CREAS. Um segundo tipo de mural, com informações sobre a oferta de serviços no
território de abrangência, estava presente em 4 dos 5 CREAS.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
Internet e impressora Computador e telefone
Quantidade de CREAS que NÃO possuem ou são insuficientes:
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No que concerne à disponibilidade de veículo, em 100% dos CREAS foi avaliado como
limitado e insuficiente, de acordo com a organização proposta pelo gestor municipal, o qual se
dava na forma de rodízio. Ou seja, nenhum CREAS possuía veículo próprio e exclusivo. Foi
relatada, ainda, a precariedade do estado de conservação dos automóveis, como sujeira, falta
de ar condicionado, falta de manutenção, entre outros. Reconhecido pela norma como um item
essencial, a mesma destaca: “outro item relevante para o desempenho das atividades do CREAS
é o veículo. Com ele a equipe realiza as visitas domiciliares necessárias, acompanha famílias e
indivíduos em áreas afastadas no território, participa de reuniões e encontros com a rede e
realiza os deslocamentos necessários para o trabalho de abordagem de rua e/ou busca ativa” (p.
85).
Para além das questões fechadas respondidas, também foi questionada a existência de
outras limitações enfrentadas no cotidiano do trabalho nos CREAS, de modo que cada CREAS
ainda acrescentou, de forma geral, as seguintes dificuldades:
CREAS Centro-Sul:
ausência de fornecimento de alimentação, material de limpeza e higiene ou
fornecimento insuficiente;
inexistência de acessibilidade, de forma que cadeirantes não entravam na
unidade, exigindo que os técnicos fizessem atendimento a pessoas com deficiência do lado
externo do prédio;
ausência de aparelhos de ar condicionado, tornando difícil a permanência dentro
dos CREAS em razão do calor extremo;
poucas salas para atendimento, por parte da equipe técnica, no PAEFI;
ausência de impressora a laser e de tinta para impressora;
pouca disponibilidade de jogos e materiais para atividades com as crianças
(tinta, lápis, canetinhas, massas para modelar, entre outros), o que impedia a oferta de atividades
diversificadas;
ausência de segurança para funcionários e usuários;
descontinuidade na oferta de serviço de telefone (por falta de pagamento, vez ou
outra, o telefone era cortado);
falta de lanche para os grupos (houve um tempo em que os técnicos compravam
os lanches com seus próprios recursos);
quantidade insuficiente de computadores.
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CREAS Leste:
ausência de materiais para o trabalho com os usuários, especialmente de
brinquedos;
calor excessivo na sala de atendimento, no período da tarde, exigindo, em alguns
momentos, que a equipe atendesse em baixo da árvore, por se tratar de local mais fresco;
inexistência de banheiros acessíveis.
CREAS Noroeste:
insuficiência de transporte para o desenvolvimento do PAEFI;
falta de recursos materiais e de expediente (pastas suspensas, folhas para
impressão de relatórios, entre outros) e pedagógicos;
mobiliário em situação precária, de forma geral;
armários que não garantiam sigilo dos documentos neles contidos (o
CRESS/GO já havia notificado o CREAS para regularizar esta situação, contudo, até aquele
momento, nenhuma providência tinha sido tomada pela SEMAS);
falta de alimentos para oferta aos usuários durante as atividades em grupo;
bloqueios frequentes de linha telefônica (por falta de pagamento, pela SEMAS);
quantidade insuficiente de profissionais para trabalhar nos serviços existentes;
falta de manutenção geral do prédio do CREAS - portas estragadas, vidros das
janelas quebrados devido a assalto, problemas hidráulicos nos banheiros, sendo que um deles
já fora interditado e, outro, estava na iminência de sê-lo, portão de entrada estragado, lâmpadas
queimadas;
falta de manutenção do jardim, que fica cheio de mato;
falta de material de higiene - papel higiênico, sabonete, entre outros;
ausência de alguns eletrodomésticos, como geladeira, bebedouro, forno, bem
como de utensílios domésticos, a exemplo de copos e talheres.
CREAS Norte:
funcionamento do CREAS em imóvel alugado;
insuficiência de transporte;
falta de recursos materiais (audiovisuais, de expediente, mobiliário,
eletrodomésticos, entre outros);
falta de materiais pedagógicos para o desenvolvimento dos atendimentos;
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não fornecimento de alimentos pela SEMAS para oferta aos usuários
adolescentes, quando em atividades grupais. Essa situação chegou a provocar a suspensão
dessas atividades em alguns momentos – no primeiro sementre de 2016, por exemplo, essas
atividades aconteceram, apenas, duas vezes, e, nestas ocasiões, foram os profissionais da
unidade que patrocinaram o fornecimento de lanches aos usuários do serviço.
CREAS Oeste:
insuficiência de material de limpeza;
estrutura física inadequada;
falta de espaço adequado para atendimento individual e grupal;
falta de segurança para os servidores;
falta de alimento para oferecer nos grupos;
insuficiência quanto à disponibilidade do veículo.
4.4.1 Recomendações Infraestrutura dos CREAS
Diante do exposto, seguem abaixo, sugestões para adequação das condições de
infraestrutura dos CREAS:
1. adequação da quantidade de equipamentos do CREAS para o município de
Goiânia, pois, pelo porte deste, a Resolução CNAS n. 18/2013 recomenda a existência de 7
equipamentos;
2. adequação de todas as estruturas dos CREAS, de forma a respeitar a garantia de
condições de sigilo e privacidade, por meio de salas de atendimento com isolamento acústico
em quantidades suficientes e armários chaveados com acesso restrito;
3. garantia de serviço de segurança diuturnamente para o prédio, bem como para
os trabalhadores e usuários;
4. garantia, em todos os CREAS, da disponibilidade de salas adequadas para a
realização dos trabalhos grupais, bem como salas específicas para a equipe técnica;
5. garantia de quantidade adequada de banheiros para usuários e funcionários,
especialmente respeitando as condições de acessibilidade;
6. garantia, em todos os CREAS, de condições adequadas de acessibilidade para
pessoas com mobilidade reduzida, a partir de recomendações que devem ser feitas por
profissionais com conhecimento técnico específico nesta área;
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7. disponibilidade de brinquedos em todos os CREAS;
8. garantia, em quantidade e qualidade, em todos os CREAS, dos seguintes itens:
TV, aparelho de DVD, máquina fotográfica, equipamento de som, datashow, cadeiras, mesas,
armários, computadores, impressoras, telefone, acesso à internet, entre outros cuja necessidade
deve ser apontada pelos profissionais que trabalham nos CREAS;
9. garantia de um veículo exclusivo para cada CREAS;
10. garantia de fornecimento, em quantidade e qualidade adequadas, dos seguintes
itens: alimentos, material de limpeza, material de higiene, materiais pedagógicos e culturais,
materiais esportivos, materiais de expediente, manutenção predial, eletrodomésticos - como
geladeiras, fornos, entre outros – a serem indicados pelas equipes técnicas de cada unidade.
4.5 Recursos Humanos dos CREAS
De acordo com a NOB-RH/SUAS, a equipe de referência para a prestação de serviços
e execução das ações no âmbito da Proteção Social Especial de Média Complexidade, como é
o caso do CREAS, deve ser composta da seguinte forma, quando se tratar de municípios em
gestão plena e estados com serviços regionais:
Quadro 2 – Equipe de referência - Proteção Social Especial de Média Complexidade
CENTROS DE REFERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – CREAS
Municípios em gestão inicial e básica Municípios em gestão plena e estados com
serviços regionais
Capacidade de atendimento para 50
pessoas/ indivíduos
Capacidade de atendimento de 80 pessoas/
indivíduos
1 coordenador 1 coordenador
1 assistente social 2 assistentes sociais
1 psicólogo 2 psicólogos
1 advogado 1 advogado
2 profissionais de nível superior ou médio
(abordagem dos usuários)
4 profissionais de nível superior ou médio
(abordagem dos usuários)
1 auxiliar administrativo 2 auxiliares administrativos
Destaca-se que essa equipe de referência é destinada ao atendimento de 80 casos
(famílias/indivíduos), conforme também dispõe as “Orientações Técnicas: Centro de
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Referência Especializado de Assistência Social”. Acrescenta-se que, com o amadurecimento da
implantação do SUAS, a Portaria n. 843, de 28 de dezembro de 2010, ao dispor sobre a
composição das equipes de referência do CREAS, passou a considerar, para além do nível de
gestão, disposto na NOB-RH/ SUAS (2006), o porte dos municípios como elemento
fundamental no planejamento de atendimento e da definição das equipes do CREAS, conforme
demonstra o quadro seguinte:
Quadro 3 – Equipes dos CREAS
Municípios Capacidade de
atendimento/
acompanhamento
Equipe de referência
Porte Nível de gestão
Pequeno Porte I
e II e Médio
Porte
Gestão inicial,
básica ou plena
50 casos (famílias/
indivíduos)
1 coordenador
1 assistente social
1 psicólogo
1 advogado
2 profissionais de nível superior
ou médio (abordagem dos
usuários)
1 auxiliar administrativo
Grande Porte,
metrópole e DF
Gestão inicial,
básica ou plena
80 casos (famílias/
indivíduos)
1 coordenador
2 assistentes sociais
2 psicólogos
1 advogado
4 profissionais de nível superior
ou médio (abordagem dos
usuários)
2 auxiliares administrativos
Com base nos parâmetros acima, constata-se que os CREAS de Goiânia devem ter a
seguinte equipe de referência mínima: 1 coordenador, 2 assistentes sociais, 2 psicólogos, 1
advogado, 4 profissionais de nível superior ou médio (abordagem dos usuários) e 2 auxiliares
administrativos, para o atendimento/acompanhamento de até 80 famílias/indivíduos. Nesse
município, existiam, na época em que este estudo foi realizado, 5 unidades: CREAS Leste,
CREAS Oeste, CREAS Norte, CREAS Noroeste e CREAS Centro-Sul.
O levantamento das informações constantes do quadro do item 5, denominado
“Recursos Humanos”, do Roteiro para Avaliação da Implementação do Sistema Único de
Assistência Social – SUAS – Centro de Referência Especializado de Assistência Social –
CREAS, não foi realizado nos 5 CREAS, pois, até a conclusão do relatório de 1 deles (CREAS
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Norte), a SEMAS não encaminhara as informações necessárias. Todavia, apuraram-se, acerca
dos recursos humanos dessa unidade, os itens 5.1 a 5.8.1.3 do roteiro, que serão considerados
nesta análise técnica. Assim, efetuou-se a análise do quadro em questão em 4 unidades: CREAS
Leste, CREAS Oeste, CREAS Noroeste e CREAS Centro-Sul.
Dentre essas 4 unidades, constatou-se que, em 2 delas (Leste e Noroeste), a maioria dos
trabalhadores, 67% e 68%, respectivamente, não eram concursados; nos CREAS Centro-Sul e
Oeste, 40% e 50% dos trabalhados se encontravam nesta condição, respectivamente.
Gráfico 27 – CREAS tipos de vínculos trabalhistas
Averiguou-se a precariedade dos vínculos de trabalho (contratos temporários, com
duração de 3 a 6 meses) e a alta rotatividade de profissionais em 4 CREAS: Leste, Oeste,
Noroeste e Centro-Sul. A alta rotatividade, decorrente dessa precariedade, foi mencionada
como responsável pela descontinuidade na prestação dos serviços.
Ainda sobre esses vínculos, notou-se, nos CREAS Noroeste e Centro-Sul, que existiam
contratos de trabalhos nos quais os funcionários eram contratados para ocuparem cargos que
exigiam menos escolaridade, com salários mais baixos, mas, na prática, exerciam funções
atribuídas a profissionais de nível superior.
No CREAS Noroeste, foram apontados casos de não-repasse de contribuição
previdenciária ao INSS, descontada na folha de pagamento do trabalhador. Ademais, os
contratos não garantiam direitos trabalhistas, tais como férias, 13º salário, auxílio-transporte.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
Leste Noroeste Centro Sul Oeste
Situação RH CREAS
Concursados Não concursados
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Concernente à pergunta 5.5 do roteiro “Considera, de modo geral, que essa equipe é
suficiente em relação aos serviços prestados e ao número de famílias atendidas?”, em 3
unidades (Leste, Centro-Sul e Oeste), foi respondido “sim” e, em 2 (Norte e Noroeste), “não”.
Apesar da resposta afirmativa nessas 3 unidades, a analista em serviço social responsável pela
visita no CREAS Leste destacou, em seu parecer técnico, que a equipe dessa unidade não se
encontrava completa, conforme regem as normativas.
Sobre a pergunta 5.6 do roteiro se “É feita análise de perfil antes do servidor iniciar suas
atividades no CREAS?”, dentre as 5 unidades, em apenas 1 (Centro-Sul), foi respondido “não”.
Quanto à capacitação introdutória, disposta na pergunta 5.7 do roteiro “Os servidores
passam por capacitação introdutória para trabalhar no CREAS?”, na maioria das unidades, foi
respondido “não”. Ressalta-se que, na unidade Noroeste, foi respondido “em alguns casos" e,
na Norte, “sim”.
No que diz respeito à capacitação continuada mencionada na pergunta 5.8 “É garantida
capacitação continuada aos servidores do CREAS?”, 2 unidades (Norte e Noroeste)
responderam “sim” e 2 (Leste e Centro-Sul), “em alguns casos”. E, acerca da frequência dessa
capacitação (pergunta 5.8.1.1 do roteiro), 2 delas (Centro-Sul e Oeste) responderam que não há
datas específicas; as demais (Noroeste, Norte e Leste) responderam, respectivamente:
“mensalmente”, “trimestralmente” e “semestralmente”.
Referente à pergunta 5.8.1.3 do roteiro “A equipe do CREAS participa do planejamento
dessas capacitações, sugerindo temáticas a serem trabalhadas?”, a maioria (4 unidades)
respondeu “não”; apenas a unidade Oeste respondeu “sim”.
A título de ilustração, segue abaixo gráfico com as principais perguntas acima tratadas,
sobre os Recursos Humanos dos CREAS de Goiânia:
Gráfico 28 - CREAS RH
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4.5.1 Recomendações RH dos CREAS
Diante do exposto, sugere-se as seguintes adequações nos recursos humanos dos
CREAS:
1. adequação da equipe de referência, especialmente, nos CREAS Norte, Noroeste
e Leste, tendo como direção as orientações contidas na NOB-RH/SUAS e no documento
“Orientações Técnicas: Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS”;
2. oferta de capacitação introdutória aos trabalhadores que ingressarem nas
unidades, principalmente, nos CREAS Leste, Centro-Sul e Oeste;
3. realização de análise de perfil antes de o servidor iniciar as suas atividades,
especialmente, no CREAS Centro-Sul;
4. participação da equipe de referência no planejamento das capacitações
continuadas, sugerindo temáticas a serem trabalhadas, principalmente, nos CREAS Norte,
Noroeste, Centro-Sul e Leste.
4.6 Questões Gerais dos CREAS
As orientações técnicas do CREAS preveem as suas competências e papel. Dentre tais,
destaca-se a elaboração de relatórios sobre atendimentos e acompanhamentos das
famílias/indivíduos. Esses relatórios podem dispor de informações sobre as seguranças
0 1 2 3 4 5
Há capacitação introdutória?
Há capacitação continuada?
Equipe é suficiente?
Servidores passam por análise de perfil?
Questões gerais CREAS RH
Alguns Casos Sim Não
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afiançadas, o progresso em relação às famílias e aos indivíduos acompanhados e, quando
couber, de outras informações, observando-se, necessariamente, sua pertinência, relevância e
benefício para os usuários. Segundo esse documento, os relatórios do CREAS não devem se
confundir com a elaboração de “laudos periciais”, relatórios ou outros documentos com
finalidade investigativa que constituem atribuição das equipes interprofissionais dos órgãos do
sistema de defesa e responsabilização. Porém, cabe ao CREAS, quando necessário e/ou
solicitado, o encaminhamento ao sistema de defesa e responsabilização de relatórios que versem
sobre o atendimento e acompanhamento às famílias e aos indivíduos, resguardando-se o que
dispõe o código de ética e as orientações dos respectivos conselhos de categoria profissional.
Quando da sua elaboração, os profissionais devem, necessariamente, observar a função de
proteção social da Assistência Social, bem como o papel do CREAS e suas competências que,
de modo algum, poderão ser confundidos com o papel dos órgãos do sistema de defesa e
responsabilização, a exemplo de delegacias e órgãos do Poder Judiciário.
Ademais, destaca-se, ainda, que não compete ao CREAS ocupar lacunas provenientes
da ausência de atendimento que devem ser ofertados na rede pelas outras políticas públicas e/ou
órgãos de defesa de direito; ter seu papel institucional confundido com o de outras políticas ou
órgãos, e por conseguinte, as funções de sua equipe com as de equipes interprofissionais de
outros atores da rede, como, por exemplo, da segurança pública (delegacias especializadas,
unidades do sistema prisional), órgãos de defesa e responsabilização (Poder judiciário,
Ministério Público, Defensoria Pública e Conselho Tutelar) ou de outras políticas (saúde
mental); assumir a atribuição de investigação para a responsabilização dos autores de violência,
tendo em vista que seu papel institucional é definido pelo papel e escopo de competências do
SUAS.
Mediante o exposto, constatou-se que os 5 CREAS em Goiânia não elaboravam perícias
judiciais; não realizavam atendimento psicoterápico; não realizavam investigação e avaliação
de abuso sexual e não estabeleciam agendas sistemáticas entre as equipes de referência do
CRAS para discussão de protocolos de encaminhamentos e de estudo das situações de
vulnerabilidade e risco social que pudessem demandar ações conjuntas.
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5 Avaliação do Centro POP
O Centro de Referência Especializado para a População de Rua – Centro Pop – constitui-
se em uma unidade de referência da Proteção Social Especial de Média Complexidade do
Sistema Único de Assistência Social, de natureza pública e estatal, que desempenha um
importante papel no alcance dos objetivos propostos pela Política Nacional para a População
em Situação de Rua.
O Centro Pop tem como foco específico o atendimento especializado à população em
situação de rua, devendo ofertar, obrigatoriamente, o Serviço Especializado para Pessoas em
Situação de Rua. Poderá ofertar, também, o Serviço Especializado em Abordagem Social, desde
que essa oferta não cause prejuízos ao desenvolvimento do Serviço Especializado para Pessoas
em Situação de Rua.
Ressalta-se que, quando a demanda não justificar a implantação de um Centro Pop, o
acompanhamento especializado a esse segmento pode ser feito pelo Serviço de Proteção e
Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos- PAEFI, em articulação com o Serviço
Especializado em Abordagem Social, ambos ofertados pelos CREAS. Pode-se buscar, ainda,
articulação com os serviços de acolhimento local.
Verificou-se que, na cidade de Goiânia, até a data da visita, realizada no mês de
abril/2016, havia 1 Centro Pop, que funcionava na região central, o qual foi inaugurado em
dezembro de 2015. O acesso dos usuários ocorria de forma espontânea. Para implantação do
mesmo, foi realizado o diagnóstico socioterritorial e, após implantação, foi elaborado o projeto
técnico-político, conforme preconiza as orientações técnicas que normatizam esse serviço.
Constatou-se que o Centro Pop oferecia o Serviço Especializado para Pessoas em
Situação de Rua, conforme preveem as orientações técnicas, e utilizava as seguintes técnicas e
metodologias para o atendimento dos usuários: entrevista individual e/ou familiar; orientação e
atendimento individual e/ou familiar; orientação e atendimento em grupo; oficinas e atividades
de convívio e socialização; orientação jurídico-social; estudo de caso; e, encaminhamento para
a rede de serviços.
O Centro Pop não executava o Serviço Especializado em Abordagem Social – SEAS,
mas o Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua trabalhava muito próximo
daquele, que era executado por uma equipe do Complexo 24 horas e era responsável pela busca
ativa dos usuários. Como o SEAS do Complexo 24 horas funcionava 24 horas, ou seja,
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ininterruptamente, quando a abordagem ocorria no período noturno ou final de semana, os
usuários eram encaminhados à Casa de Acolhida Cidadã ou a um hospital público, conforme a
necessidade.
Observou-se que a unidade elaborava o Plano de Acompanhamento Individual e/ou
Familiar, que era alimentado e avaliado continuamente ao longo do acompanhamento no
serviço, bem como era arquivado em prontuários individuais. Destaca-se que o Plano de
Acompanhamento Individual e/ou Familiar constitui-se em um importante instrumento de
trabalho, por meio do qual a equipe organiza e norteia sua ação junto ao usuário.
Conforme preconiza a normativa que regulamenta esse serviço, os usuários do Centro
Pop eram incluídos no Cadastro Único para programas sociais, sendo este um instrumento de
coleta de dados que possibilita a identificação e caracterização das famílias brasileiras de baixa
renda. É também uma importante ferramenta de planejamento de políticas públicas e deve ser
utilizado para a seleção de beneficiários e integração de programas sociais do Governo Federal.
Em relação à estrutura física, verificou-se que havia acessibilidade apenas no acesso da
calçada até a recepção. Não havia acessibilidade às demais áreas da unidade, nem os banheiros
eram adaptados. Segundo as “Orientações Técnicas Centro de Referência Especializado a
População de Rua – Centro Pop”,
(...) a infraestrutura física do Centro POP deve assegurar, ainda, as seguintes
condições para acessibilidade às pessoas com deficiência e/ou mobilidade
reduzida: • Acesso principal adaptado com rampas, da calçada à recepção; •
Acesso adaptado às principais áreas do Centro POP (salas de atendimento,
banheiro e refeitório); • Banheiros adaptados. É importante mencionar que a
acessibilidade deve, também, propiciar acesso ao Centro POP de pessoas com
outras dificuldades, para além das dificuldades de locomoção, como, por
exemplo, a deficiência visual e auditiva. Nessa direção, é desejável que o
ambiente físico seja adaptado e que a equipe conte com suporte para o
atendimento a essas demandas (como por exemplo, treinamento para auxiliar
pessoas com deficiência visual; placas de identificação em Braile; suporte
eventual de profissional com domínio de LIBRAS ou capacitação de
profissional da equipe nesta língua; dentre outras medidas que podem ser
adotadas). (p. 48).
Segue abaixo gráfico que ilustra essa inadequação:
Gráfico 29 – Centro POP acessibilidade
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O Centro Pop de Goiânia dispunha da seguinte infraestrutura específica: recepção;
espaço para acolhida inicial, que não garantia sigilo do atendimento; sala para atividades
referentes à coordenação, reunião de equipe e atividades administrativas; sala de atendimento
individualizado, familiar, ou em pequenos grupos, que também não garantia o sigilo do
atendimento; salas e outros espaços para atividades coletivas com os usuários, socialização e
convívio; copa/cozinha; banheiros masculino e feminino não adaptados para pessoas com
deficiência ou mobilidade reduzida, mas com chuveiros para garantir a higiene pessoal;
refeitório; lavanderia, apenas com tanques, sem máquinas de lavar roupa; espaço para guardar
animais de estimação. Constatou-se a ausência de área livre para ser utilizada como fumódromo
e, ainda, de armários individualizados para a guarda de pertences e de sala com computadores
para uso dos usuários. Cabe destacar que a estrutura física, no geral, não garantia privacidade e
sigilo no atendimento, o que feria o Código de Ética dos Profissionais de Psicologia e Serviço
Social.
Em referência aos recursos materiais e equipamentos, o serviço dispunha dos seguintes
itens de forma satisfatória/suficiente: mobiliário; computadores; telefones; material de
expediente; material para o desenvolvimento de atividades individuais e coletivas
(pedagógicos, culturais, esportivos, etc.); arquivos, armários ou outros, para a guarda de
prontuários físicos em condições de segurança e sigilo; materiais para a produção e realização
de refeições; artigos de higiene pessoal; acesso à internet; impressora; mural com informações
de interesse dos usuários; informações sobre cursos de capacitação profissional e educação de
jovens e adultos.
00,20,40,60,8
11,2
Acesso principaladaptado com rampas,da calçada à recepção
Acesso adaptado àsprincipais áreas da
unidade
Banheiros adaptados
Acessibilidade Centro POP
Não Sim
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Rua 23, esq. com a Rua 03, Qd. A-12, Lt. 11, salas 103 e 104, Anexo MP Bairro Jardim Goiás, Goiânia - Goiás - CEP 74.805-100.
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No entanto, a falta ou precariedade de alguns recursos era um entrave ao bom
desenvolvimento do trabalho, como, por exemplo, o veículo utilizado pela equipe, que era de
uso compartilhado com a SEMAS; os armários individualizados para guardar pertences, que
eram de uso exclusivo dos funcionários, portanto, os usuários não tinham acesso aos mesmos;
e, em relação ao material multimídia, a televisão estava em precárias condições de uso e o DVD
estragado, o que, na época, estava fazendo muita falta para o desenvolvimento das atividades
em grupo.
No local funcionava, unicamente, o Centro Pop e, no momento da visita, o mesmo
apresentava-se com adequado aspecto de higiene e organização, exceto os banheiros, devido ao
intenso fluxo de uso. Na época da visita, eram disponibilizados apenas 2 banheiros para os
usuários, sendo 1 masculino e 1 feminino. No entanto, a equipe técnica e coordenação alegaram
ser suficientes e argumentaram que a vivência de esperar sua vez é importante e significativa
no processo de reinserção social.
No tocante aos recursos humanos, a NOB/RH/SUAS/2006 e a Resolução do CNAS n.
17/2011 recomendam que a equipe de referência com capacidade de acompanhamento no
Centro Pop a 80 (oitenta) casos (famílias ou indivíduos/mês) deve ser composta por 1
coordenador, 2 assistentes sociais, 2 psicólogos, 1 técnico de nível superior, preferencialmente,
com formação em direito, pedagogia, antropologia, sociologia ou terapia ocupacional, 4
profissionais de nível superior ou médio para a realização do Serviço Especializado em
Abordagem Social (quando ofertada pelo Centro Pop), para o desenvolvimento de oficinas
socioeducativas e outras atividades, e 2 auxiliares administrativos.
Na época da visita realizada ao Centro Pop, esta unidade funcionava de segunda a sexta-
feira, durante 8 horas diárias, garantida a presença durante todo esse período de equipe essencial
ao bom funcionamento da unidade. Essa situação atendia ao que recomendam as normativas.
Verificou-se que, na data da visita técnica, o Centro Pop dispunha de 1 coordenadora, 1
coordenadora técnica, 3 assistentes sociais, 2 psicólogas, 1 pedagoga, 1 advogada, 7 educadores
sociais, 5 auxiliares administrativos e 3 auxiliares de serviços gerais. Por meio de contato
telefônico, realizado no mês de outubro, foi informado que o Centro Pop contava com 4
assistentes sociais e 2 advogados. Verificou-se, ainda, que, dos 24 funcionários citados no dia
da visita, 5 eram ocupantes de cargo efetivo e 19 ocupantes de cargo em comissão ou
temporários, sendo que um dos efetivos estava cedido pela Secretaria Municipal de Educação
e os demais eram originários da SEMAS.
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Frente ao exposto, pôde-se constatar que a equipe ainda tem carência de mais
profissionais para estar com a equipe de referência completa, para suprir a capacidade declarada
de atendimento, que é de 200 atendimentos de famílias e/ou indivíduos por mês, e, ainda, para
garantir a presença de equipe de referência essencial ao bom funcionamento durante 8 horas
por dia. Como se pôde verificar, quase toda a equipe cumpria jornada de trabalho de 6 horas
diárias. Segundo as orientações técnicas, a equipe de referência deverá ser redimensionada e
ampliada, quando necessário, considerando-se: demanda por atendimento, serviços ofertados e
capacidade de atendimento da unidade.
Informa-se que o Centro Pop declarou ter celebrado convênio com o MDS para o
atendimento a 200 casos/mês. Verificou-se, ainda, que o quadro de recursos humanos
apresentado na data da visita, ocorrida em abril de 2016, era composto por 24 funcionários,
sendo que destes, 19 possuíam contrato temporário de serviço, assim como exposto no gráfico
abaixo:
Gráfico 30 – Centro POP situação vínculos trabalhistas
A situação apresentada contraria a NOB-RH-SUAS, que prevê a realização de concurso
público para os trabalhadores do Sistema Único de Assistência Social –SUAS. No tópico
“Princípios e Diretrizes Nacionais para a Gestão do Trabalho no Âmbito do Suas”, item 6,
consta a seguinte redação:
De acordo com as atribuições dos diferentes níveis de gestão do SUAS,
definidas na NOB/SUAS, compete a cada uma delas contratar e manter o
21%
79%
Centro POPvínculos trabalhistas
Concursados Não concursados
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quadro de pessoal qualificado academicamente e por profissões
regulamentadas por Lei, por meio de concurso público e na quantidade
necessária à execução da gestão e dos serviços socioassistenciais, conforme a
necessidade da população e as condições de gestão de cada ente.
E, ainda, o tópico “Responsabilidades e Atribuições dos gestores Municipais”, prevê no
item 1:
Dotar a gestão de uma institucionalidade responsável, do ponto de vista
operacional, administrativo e técnico-político, criando os meios para efetivar
a política de assistência social. Destinar recursos financeiros para a área,
compor os quadros do trabalho específicos e qualificados por meio da
realização de concursos públicos.
E no item 11, consta: “realizar concurso público para contratar e manter o quadro de
pessoal necessário à execução da gestão dos serviços socioassistenciais, observadas as normas
legais vigentes”.
Observou-se que o Centro Pop fornecia refeições, sendo que o café da manhã era
fornecido na própria unidade e, o almoço, no restaurante Cidadão. Para ter acesso ao almoço, o
Centro Pop concedia um ticket a cada usuário.
Segundo a coordenadora, foi feita análise de perfil dos servidores antes de iniciarem
suas atividades no Centro Pop. Foi oferecida capacitação introdutória aos servidores, bem como
capacitação continuada. A coordenadora informou que organizava a participação dos servidores
nas capacitações continuadas, de forma que não causasse prejuízos ao funcionamento da
unidade. Informou, ainda, que a equipe do Centro Pop participou do planejamento dessas
capacitações, sugerindo temáticas a serem trabalhadas.
No gráfico a seguir, pode-se observar a tabulação das informações supracitadas:
Gráfico 31 – Centro POP dados gerais
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A articulação com a rede é uma ação essencial para garantia da qualidade do
atendimento, e o Centro Pop conseguiu estabelecer importantes acordos para a prestação de
serviços diversos, como com o Centro Estadual de Avaliação Terapêutica - CEAT-AD, órgão
responsável por regular as vagas para o tratamento de dependência química nas comunidades
terapêuticas do estado de Goiás e com a Organização das Voluntárias de Goiás - OVG, órgão
responsável pela concessão de aparelhos ortopédicos, como cadeira de rodas e muletas.
Entretanto, estava tendo dificuldades na articulação com os serviços municipais de saúde, que
não demonstravam abertura para a realização de discussões e estabelecimento de fluxos e
prioridades para o atendimento da população em situação de rua. Por exemplo, os usuários
encaminhados pelo Centro Pop não tinham prioridade nos agendamentos de consultas básicas,
sendo que as consultas eram agendadas com um espaço de até 1 mês e, como a rotatividade dos
usuários no serviço era alta, a possibilidade de o usuário não estar mais sendo acompanhado
pelo Centro Pop no período da consulta também era alta. Outra dificuldade apresentada foi
sobre os serviços prestados pela ambulância da Secretaria Municipal de Saúde. Segundo os
entrevistados, essa secretaria se negava a transportar o morador de rua em ambulância quando
este não se encontrava em boas condições de higiene; além disto, era exigido que o usuário
tomasse um banho antes de ser transportado.
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2
O Centro POP fornece refeições?
É feita análise de perfil do servidor?
Há capacitação introdutória?
Há capacitação continuada?
A equipe participa do planejamento dessascapacitações?
São realizadas oficinas suficentes para osusuários?
Cenro POP dados gerais
Sim Não
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Uma outra questão que foi apresentada como grande dificuldade na visita realizada no
mês de abril diz respeito à dificuldade para conseguir a documentação pessoal do morador de
rua, em especial a certidão de nascimento. No entanto, por meio de contato telefônico realizado
no mês de outubro, soube-se que esta questão já não era mais um grande problema. A
coordenadora técnica explicou que antes era a defensoria pública que atendia esses casos, mas
que, há alguns meses, a equipe do Centro Pop contava com mais um advogado na sua equipe
de referência, o qual era responsável por providenciar a documentação dos usuários. Relatou
que o advogado conseguiu estabelecer um acordo com os cartórios locais, que têm atendido
prontamente todas as solicitações de segunda via de certidões de nascimento e certidões de
casamento. Contudo, relatou que estavam tendo dificuldades com cartórios de outros estados,
como o estado do Maranhão. Em posterior contato com o CAO dos Direitos Humanos e
Cidadania, soube-se que os promotores de Justiça, Dr. Eduardo Prego e Dr. Marcus Antônio
Ferreira Alves, já estavam cientes dessa dificuldade e tinham agendado reunião com a
Corregedoria do Tribunal de Justiça, no intuito de conseguir apoio para intermediar a resolução
do problema apresentado.
De acordo com o documento “Orientações Técnicas”,
“(...) o monitoramento e a avaliação são funções inerentes ao órgão gestor e à
coordenação da Unidade, cabendo a esta o monitoramento cotidiano das ações
planejadas e a avaliação quanto aos resultados obtidos nos processos de
trabalho do Centro Pop e ações desenvolvidas no serviço. Pelo monitoramento
cotidiano, por vezes, é possível verificar a necessidade de mudanças de rumo
e alterações no planejamento das ações e nos processos de trabalho, visando
garantir a qualidade do serviço prestado”.(p. 61–62)
Verificou-se que a coordenação do Centro Pop monitorava as ações planejadas; avaliava
os resultados obtidos no desenvolvimento do trabalho; participava de reuniões periódicas com
as instituições que compunham a rede, visando à garantia da efetividade das articulações
estabelecidas, e avaliava se as articulações estavam conduzindo, de fato, ao acesso, por parte
dos usuários do SUAS, às diversas políticas e aos órgãos de defesa de direitos.
Por fim, observou-se que a equipe de referência entrevistada avaliou como bom o
relacionamento entre o Centro Pop e o órgão gestor da assistência social.
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5.1 Recomendações Centro POP
Diante do exposto, seguem abaixo, sugestões que visam superar questões presentes no
Centro Pop que estão em desacordo com as normativas que regem este serviço:
1. garantia de ingresso de todos os profissionais por meio de concurso público. A
esse respeito, vale pontuar o que destaca a normativa:
O vínculo de trabalho dos profissionais, decorrente da aprovação em concurso
público como indica a NOB-RH/SUAS, garante a oferta contínua e
ininterrupta dos serviços, fortalece o papel dos trabalhadores na relação com
os usuários, consolida a equipe como referência no território e favorece a
construção de vínculo. (Orientações Técnica CREAS);
2. adequação do quadro de recursos humanos, tendo como referência as orientações
contidas na NOB-RH/SUAS, que recomenda, como equipe de referência para uma capacidade
de acompanhamento de 80 (oitenta) casos (famílias ou indivíduos/mês), a seguinte composição:
1 coordenador, 2 assistentes sociais, 2 psicólogos, 1 técnico de nível superior, preferencialmente
com formação em direito, pedagogia, antropologia, sociologia ou terapia ocupacional, 4
profissionais de nível superior ou médio para a realização do Serviço Especializado em
Abordagem Social (quando ofertada pelo Centro Pop), para o desenvolvimento de oficinas
socioeducativase outras atividades, e 2 auxiliares administrativos. Dessa forma, como o Centro
Pop funciona das 7h30 às 17h30, presta atendimento a 200 casos/mês, e a grande maioria da
equipe de referência cumpre uma jornada de 6 horas de trabalho, para cumprir a recomendação
das “Orientações Técnicas”, entende-se ser necessário a ampliação da equipe de referência;
3. garantia de atendimento aos serviços de saúde, por meio do estabelecimento de
fluxos e protocolos de atendimento intersetorial;
4. garantia de acesso dos usuários à sua documentação civil, independentemente
do estado de origem;
5. adequação da estrutura física da unidade, conforme as recomendações do
documento “Orientações Técnicas: Centro de Referência Especializado para a População de
Rua - Centro Pop”, em especial no que diz respeito às normas de acessibilidade e à garantia de
privacidade e sigilo nos atendimentos.
6. garantia de área livre para fins de fumódromo;
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7. garantia, pela SEMAS, de recursos materiais para que a equipe técnica e demais
profissionais consigam desenvolver os serviços ofertados de forma efetiva. Destaca-se a
necessidade de aparelho de TV de qualidade, aparelho de DVD para realização de oficinas e
atividades de convívio e socialização, bem como de um veículo disponível exclusivamente para
o Centro Pop ou com maior disponibilidade para esta unidade;
8. implementação de ações de acompanhamento especializado, por meio do
desenvolvimento de oficinas e atividades coletivas de convívio e socialização.
6 Avaliação do Conselho Municipal de Assistência Social
Os Conselhos Municipais de Assistência Social, previstos na Lei n. 8.742/93- LOAS,
são definidos como instâncias deliberativas do sistema descentralizado e participativo de
assistência social. São órgãos permanentes e têm composição paritária entre o governo e
sociedade civil. Segundo a LOAS, em seu artigo 16, § único,
os Conselhos de Assistência Social estão vinculados ao órgão gestor de
assistência social, que deve prover a infraestrutura necessária ao seu
funcionamento, garantindo recursos materiais, humanos e financeiros,
inclusive com despesas referentes a passagens e diárias de conselheiros
representantes do governo ou da sociedade civil, quando estiverem no
exercício de suas atribuições.
A Norma Operacional Básica de Assistência Social (NOB/SUAS, 2005) também
regulamenta a atuação dos Conselhos de Assistência Social ao prever que os Conselhos devem
ser compostos de forma paritária por representantes do governo e da sociedade civil e têm as
funções de elaborar, acompanhar e avaliar os planos de assistência social, mas, também, de
controlar, fiscalizar e acompanhar a gestão dos fundos de assistência social nas esferas federal,
estadual e municipal.
Verificou-se que o Conselho Municipal de Assistência Social de Goiânia – CMASGyn
– foi criado pela Lei Municipal n. 7.532/1995, sendo alterada pela Lei Municipal n. 9.009/2010.
Observou-se que, conforme determinam as normativas, o Regimento Interno define a
composição do Conselho, a periodicidade das reuniões, o quórum de votação, as regras da
eleição, seleção e substituição de conselheiros, dentre outros. Depois de elaborado o Regimento
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e aprovado em plenária do Conselho, segue para publicação no Diário Oficial do Município.
Até a data da visita, ocorrida no mês de abril, as reuniões ordinárias ocorriam mensalmente,
uma na primeira quinzena e, outra, na segunda quinzena, esta última para apreciarem prestações
de contas.
Informa-se que, como a visita técnica ocorreu no mês de abril, os dados a seguir são da
gestão que cumpriu mandato de junho de 2014 a junho de 2016, sendo a mesa diretora composta
por Patrícia Souza Oliveira, presidente, e Zeilma Aparecida da Silva Gonçalves,
vice-presidente. Essa mesa foi eleita em dezembro de 2015, porque houve renúncia da mesa
diretora anterior. No tocante à composição, observou-se que era garantida a paridade na
composição do conselho e que as 3 últimas gestões garantiram a alternância na composição da
mesa diretora. O poder público era representado por servidores dos seguintes órgãos: Instituto
Nacional de Seguro Social; Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Trabalho,
Ciência e Tecnologia; Secretaria Municipal de Assistência Social; Secretaria Municipal de
Educação; Secretaria Municipal de Saúde; e, Secretaria Municipal de Cultura. A sociedade civil
era representada por representantes dos usuários; representantes de entidades de capacitação
profissional; representantes dos trabalhadores na área de assistência social; representantes dos
prestadores de serviços da Proteção Social Básica e representantes dos prestadores de serviços
da Proteção Social Especial. Constatou-se, na data da visita, que as Secretarias Municipais de
Saúde e Cultura estavam com os cargos de suplência sem representantes.
A Lei Municipal n. 9.009 prevê, em seu artigo 6º, incisos III e V, que a estrutura
organizacional básica do Conselho Municipal de Assistência Social de Goiânia deve conter,
dentre outros, uma “secretaria executiva, ocupada por profissional indicado pelo CMASGyn,
contratado e disponibilizado pelo órgão gestor da Assistência Social do Município, cabendo a
este, o recebimento de gratificação de função pelo exercício do cargo”, bem como “corpo
técnico composto por grupo de profissionais indicados pelo CMASGyn, contratados e
disponibilizados pelo órgão gestor de Assistência Social do Município, com qualificação
técnica compatível com as necessidades do Conselho”. No entanto, até a data da visita, desde o
mês de dezembro de 2015, o Conselho não contava com uma Secretaria Executiva no seu
quadro de recursos humanos, o que estava dificultado muito as ações do referido conselho. Já
em relação à assessoria técnica, esta era composta por 4 profissionais: Helaine Iolanda Vieira,
psicóloga; Edson Trindade Fernades, historiador; Edflany Machado, assistente social; e,
Jackeline Gomes Pacheco, assistente social. Todos esses cumpriam jornada de trabalho de 30
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horas semanais, sendo que 3 deles faziam parte do quadro efetivo da Prefeitura Municipal de
Goiânia e 1 possuía contrato temporário de prestação de serviços.
O Conselho possuía 6 comissões temáticas denominadas de câmaras, sendo elas:
Câmara de Proteção Social Básica, Câmara de Proteção Social Especial, Câmara de
Acompanhamento dos Programas PETI e Bolsa Família, Câmara de Acompanhamento do
Orçamento e Desempenho Financeiro, Câmara de Análise de Processos e Câmara dos
Conselhos Decentralizados. Em situações esporádicas, quando surgia necessidade, também
eram criadas comissões. O Conselho procurava manter a paridade na composição das câmaras,
entretanto, o que mais pesava na composição delas era o interesse do conselheiro em participar.
Foi relatado que nem todos os conselheiros tinham interesse em participar de alguma câmara,
o que acarretava mais serviço para os conselheiros mais participativos, podendo, ainda,
acarretar morosidade nas ações. As câmaras realizam reuniões ordinárias mensalmente.
Tendo como referência as legislações, publicações e orientações já citadas no início
deste documento, destaca-se, a seguir, as atribuições que estavam sendo cumpridas pelo
CMASGyn, as que não estavam sendo cumpridas, as que estavam sendo cumpridas
parcialmente e as que não se aplicavam.
6.1 Atribuições em cumprimento
1) Convocação de conferências de assistência social em sua esfera de governo e
acompanharam a execução de suas deliberações.
2) Aprovação do plano de assistência social elaborado pelo órgão gestor da política de
assistência social.
3) Deliberação sobre planos de providência13 e planos de apoio à gestão
descentralizada14.
13 NOB-SUAS/2012, Art. 40. O Plano de Providências constitui-se em instrumento de planejamento das ações para a superação
de dificuldades dos entes federados na gestão e execução dos serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais, a
ser elaborado pelos Estados, Distrito Federal e Municípios, com atribuições, dentre outras, de: I - identificar as dificuldades
apontadas nos relatórios de auditorias, nas denúncias, no Censo SUAS, entre outros; II - definir ações para superação das
dificuldades encontradas; III - indicar os responsáveis por cada ação e estabelecer prazos para seu cumprimento. 14 NOB-SUAS/2012, Art. 41. O Plano de Apoio decorre do Plano de Providências dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios e consiste no instrumento de planejamento do assessoramento técnico e, quando for o caso, financeiro, para a
superação das dificuldades dos entes federados na gestão e execução dos serviços, programas, projetos e benefícios
socioassistenciais. §1º O Plano de Apoio contém as ações de acompanhamento, assessoramento técnico e financeiro prestadas
de acordo com as metas estabelecidas no Plano de Providências e deve ser: I - elaborado: a) pelo Estado quanto aos seus
Municípios; b) pela União quanto aos Estados e ao Distrito Federal; II - encaminhado para pactuação na CIB ou CIT, de acordo
com o envolvimento e a responsabilidade de cada ente federativo.
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4) Aprovação do aceite da expansão dos serviços, programas e projetos
socioassistenciais, objetos de cofinanciamento.
5) Estabelecimento de mecanismos de articulação permanente com os demais conselhos
de políticas públicas e de defesa e garantia de direitos.
6) Elaboração, aprovação e divulgação do seu regimento interno15.
7) Acionamento, quando necessário, do Ministério Público, como instância de defesa e
garantia de suas prerrogativas legais.
8) Apreciação do relatório anual de gestão que comprovava a execução das ações com
recursos federais descentralizados para o Fundo Municipal de Assistência Social.
6.2 Atribuições em descumprimento
1) aprovação da Política Municipal de Assistência Social. Segundo os entrevistados, um
tempo atrás, o órgão gestor apresentou a referida política, mas o Conselho solicitou alterações
e o órgão gestor não voltou a apresentá-la;
2) acompanhamento, avaliação e fiscalização da gestão do Programa Bolsa Família
(PBF). Alegaram insuficiência de recursos materiais (veículo) para realizar visitas e de recursos
humanos (Secretaria Executiva);
3) fiscalização da gestão e execução dos recursos do Índice de Gestão Descentralizada
do Programa Bolsa Família – IGD PBF e do Índice de Gestão Descentralizada do Sistema Único
de Assistência Social – IGDSUAS. Alegaram insuficiência de recursos materiais (veículo) para
realizar visitas e de recursos humanos (Secretaria Executiva).
4) aprovação do plano de aplicação do Fundo Municipal e acompanhamento da
execução orçamentária e financeira anual dos recursos. Informaram que o órgão gestor nunca
apresentou um plano de aplicação, que acreditavam que nem existia e que os recursos próprios
não eram alocados na conta do Fundo Municipal, apenas os recursos provenientes do governo
federal eram alocados no referido fundo;
15 O Regimento Interno precisa ter como conteúdo mínimo: a) competências do Conselho; b) atribuições da Secretaria
Executiva, Presidência, Vice-Presidência e Mesa Diretora; c) criação, composição e funcionamento de comissões temáticas e
de grupos de trabalho permanentes ou temporários; d) processo eletivo para escolha do conselheiro-presidente e vice-
presidente; e) processo de eleição dos conselheiros representantes da sociedade civil, conforme prevista na legislação; f)
definição de quórum para deliberações e sua aplicabilidade; g) direitos e deveres dos conselheiros; h) trâmites e hipóteses para
substituição de conselheiros e perda de mandatos; i) periodicidade das reuniões ordinárias do plenário e das comissões e os
casos de admissão de convocação extraordinária; j) casos de substituição por impedimento ou vacância do conselheiro titular;
k) procedimento adotado para acompanhar, registrar e publicar as decisões das plenárias.
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5) acompanhamento, avaliação e fiscalização da gestão dos recursos, bem como dos
ganhos sociais e o desempenho dos serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais
do SUAS. Alegaram insuficiência de recursos materiais (veículo) para realizar visitas e de
recursos humanos (Secretaria Executiva).
6) aprovação dos critérios de partilha de recursos em seu âmbito de competência.
Justificaram que era o órgão gestor que definia os critérios de partilha, mas que o Conselho
exigiu do órgão gestor que incluísse como critério de partilha a qualidade e quantidade do
serviço e que, se esse critério não fosse respeitado, o Conselho se negaria a aprovar a celebração
de convênio;
7) deliberação sobre as prioridades e metas de desenvolvimento do SUAS em seu âmbito
de competência. Informaram, naquele momento, que, de forma tímida, o Conselho definiu essa
ação como uma das metas de seu Plano de Ação;
8) estímulo e acompanhamento da criação de espaços de participação popular no SUAS.
Justificaram que a Lei n. 9.009/10 e o Regimento Interno previam a criação de Conselhos
Descentralizados16, mas que, até aquele momento, nenhum havia sido formalizado. Contudo,
havia uma movimentação, ainda incipiente, por parte do Conselho, para a formação de pelo
menos 1 Conselho Descentralizado no ano de 2016. Os Conselhos Descentralizados são espaços
que garantem a participação popular;
9) normatização, disciplinamento, acompanhamento, avaliação e fiscalização dos
serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais prestados pela rede
socioassistencial pública ou não. Alegaram, novamente, insuficiência de recursos materiais
(veículo) para realizar visitas e de recursos humanos (secretaria executiva);
10) representação, ao Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome - MDS,
no exercício do controle social, situações em que se constatavam o descumprimento, por
entidades de assistência social certificadas, dos requisitos que deram ensejo à certificação.
11) fiscalização do CRAS, CREAS e Centro Pop, utilizando a Matriz de Fiscalização e
o formulário de registro de falhas e irregularidades. A Matriz de Fiscalização foi elaborada com
16 Lei 9.009/2010, Art. 11. Ficam criados os Conselhos Descentralizados de Assistência Social - CLAS, Instâncias do
CMASGyn, descentralizadas e regionalizadas, de caráter consultivo com a função de propor políticas públicas e acompanhar
as suas implantações nas respectivas regiões, abertos à participação de órgãos públicos, de entidades de assistência social e de representação dos usuários e moradores da região.
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base nas leis, legislações, portarias e resoluções, portanto, consolida as informações necessárias
ao desempenho das funções dos conselhos municipais. Informaram que ainda não faziam essa
fiscalização e que não tinham conhecimento dos instrumentais que norteavam a fiscalização.
Disseram que ainda estavam em processo de elaboração de instrumentais para posterior início
das fiscalizações;
12) participação do processo de definição de critérios e prazos para a concessão dos
benefícios eventuais (provisões suplementares e provisórias prestadas ao cidadão e às famílias
em virtude de nascimento, morte, situações de vulnerabilidade temporária e de calamidade
pública). Declararam que o órgão gestor não previa recursos financeiros para concessão de
benefícios eventuais;
13) recebimento, análise e manifestação (em sistema informatizado disponibilizado pelo
MDS) sobre a aprovação, integral ou parcial, ou rejeição da prestação de contas anual da
aplicação dos recursos transferidos pelo FNAS, a título de apoio financeiro ao aprimoramento
da gestão descentralizada do SUAS, isto é, os recursos do IGDSUAS. Informaram que o
Conselho não tem conhecimento sobre a aplicação dos 3% do IGDSUAS pelo órgão gestor,
mas declararam que este não era aplicado no aprimoramento da gestão descentralizada do
SUAS;
14) aprovação do plano integrado de capacitação de recursos humanos para a área de
assistência social, de acordo com as Normas Operacionais Básicas do SUAS – NOB/SUAS e
de Recursos Humanos – NOB-SUAS-RH. Justificaram que o órgão gestor nunca apresentou
um plano integrado de capacitação de recursos humanos;
15) acompanhamento do alcance dos resultados dos pactos estabelecidos com a rede
prestadora de serviços da assistência social. Informaram que nunca foram estabelecidos pactos;
16) informação, ao CNAS, sobre o cancelamento de inscrição de entidades e
organizações de assistência social, na área da assistência social, para adoção das medidas
cabíveis. Justificaram que não tinham conhecimento de que precisavam prestar essas
informações ao CNAS.
6.3 Atribuições com cumprimento parcial
1) efetivação do planejamento dos gastos de, no mínimo, 3% dos recursos do IGD PBF
e do IGDSUAS destinados ao desenvolvimento das atividades do Conselho, sem, no entanto,
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haver deliberação. Alegaram que, apesar de participarem do planejamento, o recurso não era
aplicado no planejado, por isso não deliberavam sobre tal;
2) participação na aprovação das propostas de Lei de Diretrizes Orçamentárias, Plano
Plurianual e da Lei Orçamentária Anual, no que se refere à assistência social, bem como ao
planejamento e à aplicação dos recursos destinados às ações de assistência social, nas suas
respectivas esferas de governo, tanto os recursos próprios quanto os oriundos de outros entes
federativos, alocados nos respectivos fundos de assistência social. No entanto, não havia
participação na elaboração dessas propostas, sob a alegação de que o órgão gestor não dava
abertura para participarem do momento de elaboração dessas propostas;
3) efetivação da inscrição das entidades e organizações de assistência social, bem como
os serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais, conforme parâmetros e
procedimentos nacionalmente estabelecidos, sem, no entanto, proceder à fiscalização das
mesmas. Alegaram dificuldade de acesso ao veículo para a realização da fiscalização por meio
de visitas;
4) Atuação bastante precária na apuração de denúncias vinculadas à implantação e
implementação da política de assistência social.
6.4 Atribuição que não compete ao CMASGyn
1) estabelecer a forma de participação do idoso no custeio de entidade de longa
permanência, na falta de Conselho Municipal do Idoso, considerando que, em Goiânia, há
Conselho Municipal do Idoso.
Frente ao exposto, notou-se que o CMAS Gyn vinha cumprindo muito precariamente
sua função enquanto órgão de controle social.17 E o gráfico abaixo demonstra, com mais
clareza, essa constatação. Das 28 atribuições que se aplicam ao CMAS Gyn, 57% não foram
cumpridas, 29% foram cumpridas e 14% foram parcialmente cumpridas. Se somarmos as 57%
não cumpridas com 14% parcialmente cumpridas, dá um total de 71%, contra apenas 29%
cumpridas.
17 A Resolução CNAS n. 237/2006 define o controle social como o exercício democrático de acompanhamento da gestão e
avaliação da Política de Assistência Social, do Plano Plurianual de Assistência Social e dos recursos financeiros destinados a
sua implementação, sendo uma das formas de exercício desse controle zelar pela ampliação e qualidade da rede de serviços
socioassistenciais para todos os destinatários da Política.
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Gráfico 32 – CMAS atribuições
Em relação a infraestrutura, observou-se que o CMAS Gyn funcionava em um espaço
físico disponibilizado pela SEMAS. No mesmo prédio, funcionavam também o Conselho
Municipal do Idoso e a Corregedoria Municipal. Então, alguns espaços e equipamentos eram
compartilhados com esses órgãos, como: recepção, sala de reunião, impressora e veículo, este
último compartilhado com todos os serviços da SEMAS e disponibilizado ao Conselho apenas
3 vezes por semana.
No espaço onde funcionava especificamente o Conselho, notou-se que não havia sala
exclusiva para o Presidente nem sala para a Secretaria Executiva, e que a equipe se organizava
em 3 pequenas salas de trabalho. No local havia uma copa, um sanitário unissex, sem
acessibilidade, e um almoxarifado, que não era suficiente para atender as necessidades do
Conselho.
Em relação aos equipamentos, havia uma linha de telefone, que não permitia ligação
para aparelho móvel, 2 computadores em bom estado de funcionamento e um outro funcionando
precariamente e o sinal de internet era de qualidade. O Conselho não contava com aparelho de
fax. Como já mencionado anteriormente, a impressora e o veículo eram compartilhados.
Observou-se que a falta de um veículo de uso exclusivo pelo Conselho era um grande entrave
para o desenvolvimento do trabalho.
29%
57%
14%
Quanto das atribuições são cumpridas?
Sim Não Parcialmente
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Constatou-se que o quadro de recursos humanos era composto por 7 funcionários, sendo
6 concursados e 1 em regime de contrato. Dos 6 efetivos, um profissional encontrava-se cedido
pela Secretaria Municipal de Saúde, ou seja, não era servidor da SEMAS.
Com relação à área de atuação dos profissionais, 4 pessoas compunham a equipe da
assessoria técnica, 1 pessoa trabalhava como recepcionista e 1 pessoa atuava na área
administrativa.
Ressalta-se, novamente, a ausência, na época da visita, da Secretaria Executiva. A
ausência de um profissional para ocupar essa função, segundo os entrevistados, estava sendo
um entrave para o bom funcionamento do Conselho, pois, além de não ter esse profissional para
fazer o serviço de sua competência, atrapalhava o andamento do trabalho da assessoria técnica,
que acabava tendo que assumir competências que eram da Secretaria Executiva, acarretando
atraso ou, até mesmo, o não cumprimento de suas atribuições.
Por fim, em relação às dificuldades enfrentadas no desempenho de suas atribuições, os
entrevistados apresentaram algumas questões que dificultavam o desenvolvimento dos
trabalhos:
ausência de um veículo à disposição do CMAS Gyn;
insuficiência de recursos humanos (Secretaria Executiva);
espaço físico precário;
dificuldade de acesso ao DOM para publicar suas deliberações;
falta de compreensão do órgão gestor sobre as competências do Conselho.
Acreditavam que o órgão gestor não reconhecia o Conselho como órgão parceiro, mas apenas
como órgão que fiscalizava e aprovava contas.
Os entrevistados também avaliaram que o relacionamento do Conselho com o órgão
gestor da assistência social do município era ruim, embora tentassem manter uma relação
aparentemente diplomática.
6.5 Recomendações CMAS
Diante do exposto, aparecem, elencadas abaixo, sugestões que visam superar as
dificuldades presentes no trabalho do CMAS Gyn e que estavam em desacordo com as
normativas que regem o funcionamento deste órgão de controle social:
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1. garantia, pelo órgão gestor da política municipal de assistência social, de
condições para o bom funcionamento do CMAS Gyn, tais como: estrutura física adequada;
recursos materiais, como um veículo exclusivo para o uso do Conselho; recursos humanos,
como a contratação ou disponibilização imediata de um profissional para ocupar a função na
Secretaria Executiva, sem mais haver ausência prolongada desse profissional;
2. identificação de alternativas, pelo que o órgão gestor e o CMAS Gyn, para sanar
suas dificuldades de relacionamento;
3. garantia, pelo órgão gestor, de fácil acesso do CMAS Gyn ao DOM;
4. garantia, pelo órgão gestor, da participação do CMAS Gyn no processo de
discussão e elaboração de matérias que lhe competem e não apenas no momento da aprovação;
5. proatividade, por parte do CMAS Gyn, para garantir o cumprimento de todas as
suas atribuições, o que implica maior comprometimento dos conselheiros.
6. garantia, pelo órgão gestor, de cursos de capacitação a cada nova gestão do
CMAS Gyn, visando, por meio destes, oferecer conhecimentos e atitudes essenciais ao
desempenho das atribuições legais dos conselheiros, de forma a aprimorar sua capacidade
institucional e contribuir para a efetividade do controle social. Destaca-se que o Ministério de
Desenvolvimento Social e Agrário – MDS – pode ser parceiro do órgão gestor na efetivação
desses cursos.
7 Considerações finais
As recomendações apresentadas pela equipe da Unidade Técnico-Pericial em Serviço
Social aos promotores de Justiça e representantes dos CAOs estão elencadas após cada eixo
analisado. A consulta ao índice deste trabalho permite, de maneira rápida, a localização do
assunto de interesse.
Por fim, sugere-se, salvo melhor juízo, que seja realizada uma audiência com o gestor
da Secretaria Municipal de Assistência Social, as coordenadoras dos CRAS, CREAS, Centro
Pop e a presidente do CMAS Gyn para a apresentação deste documento, bem como para fazer
as recomendações que as promotorias de Justiça e os CAOS envolvidos acharem pertinentes.
Este laudo está composto por 108 páginas devidamente rubricadas e assinado pelas
Analistas em Serviço Social responsáveis por sua elaboração.
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Unidade Técnico-Pericial em Serviço Social, aos dois dias do mês de março do ano de
dois mil e dezessete.
Amanda de Azevedo Coutinho
Analista em Serviço Social
CRESS/GO 3548
Ana Cristina Lócio de Alencar Campos
Analista em Serviço Social
CRESS/GO 943
Cinara Cintra de Clarete Sansevero
Analista em Serviço Social
CRESS/GO 3760
Gelva Maristane Martins Costa
Analista em Serviço Social
CRESS/GO 1006
Jacqueline Alves Spereta Rodrigues
Analista em Serviço Social
CRESS/GO 3247
Janete Barbosa
Analista em Serviço Social
CRESS/GO 855
Luciana Maria Menino Cordeiro
Analista em Serviço Social
CRESS/GO 3099
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8 Referências bibliográficas
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trata da Assistência Social.
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que dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras providências, alterada pela
Lei n. 12.435/2011.
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Assistência Social. Política Nacional de Assistência Social (PNAS - 2004), aprovada pela
Resolução n. 145/2004 do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS).
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional de
Assistência Social. Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS (NOB/RH),
aprovada pela Resolução n. 269/2006 do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS).
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Conselho Nacional de
Assistência Social. Resolução CNAS n. 109, de 11 de novembro de 2009, que aprova a
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Assistência Social. Resolução CNAS n. 33, de 12 de dezembro de 2012, que aprova a Norma
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BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional de
Assistência Social. Orientações Técnicas sobre o PAIF, 1. ed., Vol. 2, Brasília, 2012.
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Assistência Social. Caderno de Orientações: Serviço de Proteção e Atendimento Integral à
Família e Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos – Articulação Necessária na
Proteção Social Básica, Brasília, 2015.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional de
Assistência Social. Orientações Técnicas sobre o Serviço de Convivência e Fortalecimento de
Vínculos para Crianças e Adolescentes de 6 a 15 anos, Brasília, 2010.
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Vínculos, versão atualizada, Brasília, 2015.
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Rua 23, esq. com a Rua 03, Qd. A-12, Lt. 11, salas 103 e 104, Anexo MP Bairro Jardim Goiás, Goiânia - Goiás - CEP 74.805-100.
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Assistência Social. Caderno Concepção de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, Brasília.
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Assistência Social. Brasília: Gráfica e Editora Brasil, 2011.
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Referência Especializados de Assistência Social - CREAS e pelos Centros de Referência
Especializados para População em Situação de Rua, e dá outras providências.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional de
Assistência Social. Orientações Técnicas: Centro de Referência Especializado para População
em Situação de Rua – Centro Pop. SUAS e População em Situação de Rua. Vol. 3. Brasília:
Gráfica e Editora Brasil, 2011.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional de
Assistência Social. Perguntas e Respostas: Centro de Referência Especializado para População
em Situação de Rua – CENTRO POP SUAS e População em Situação de Rua. Vol. 2. Brasília,
2011.
BRASIL. Decreto n. 7.053, de 23 de dezembro de 2009, que institui a Política Nacional para a
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Coordenação de Apoio Técnico-Pericial Unidade Técnico-Pericial em Serviço Social
Rua 23, esq. com a Rua 03, Qd. A-12, Lt. 11, salas 103 e 104, Anexo MP Bairro Jardim Goiás, Goiânia - Goiás - CEP 74.805-100.
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BRASIL. Tribunal de Contas da União. Orientações para Conselhos da área de Assistência
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dispõe sobre o Conselho Municipal de Assistência Social e dá outras providências.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Conselho Nacional de
Assistência Social. Orientações conjuntas sobre os Índices de Gestão Descentralizada do
Programa Bolsa Família (IGD-PBF) e do SUAS (IGDSUAS), Brasília, 2013.