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1 LAO-TSÉ "Nas profundezas do Insondável jaz o Ser. Antes que o céu e a terra existissem, Já era o Ser. Imóvel, sem forma. O Vácuo, o Nada, berço de todos os Possíveis. Para além de palavra e pensamento está o Tao, origem sem nome nem forma, a Grandeza, a Fonte eternamente borbulhante: O ciclo do Ser e do Existir" As introduções à cultura chinesa e sua história espiritual falam habitualmente das três doutrinas: Ju (confucionismo), Tao (taoísmo) e Fo (budismo), sendo que, particularmente na literatura ocidental, “doutrina” e “religião” são colocadas no mesmo plano. O nome Lao Tsé, velho Mestre, está ligado ao surgimento da filosofia de vida do taoísmo, sendo que o texto-chave é o Tao Te Ching Cânon do Caminho e da Virtude. A mais antiga nota biográfica sobre Lao Tsé vem de um historiador da corte dos imperadores Tan, em 100 aC. Seu nome era Erh Li, e na maturidade passa a ser Dan. Nasceu em uma aldeia do Estado de Ch’u, extremo sul da China Imperial. É nebuloso o fato de ter Lao Tsé entrado em contato com Confúcio, nada podendo ser provado; tem- se de concreto o arrependimento de Confúcio (por ter sido falso profeta) e sua mudança de conduta, passando a ser discípulo de Lao Tsé. Diz-se que Erh Dan Li tinha uma personalidade marcante e dotada de grande afabilidade e inteligência, recebendo tudo o que seu pai poderia oferecer-lhe em conhecimentos: foi discípulo de grandes mestres de sua época. De acordo com a tradição, Lao Tzu (Lao Tsé) foi guardião dos Arquivos Imperiais de Loyang (província de Honan) até que, enojado com a hipocrisia e a decadência, foi procurar a virtude em ambiente mais natural. Partiu em direção a uma região que hoje é o Tibet. Ao atravessar a fronteira (em Hank Pass), o guarda Yin Xi lembrou-lhe de que seus ensinamentos perder-se-iam, pois não haviam sido gravados. Pediu-lhe que os registrasse por escrito para a sua preservação para a posteridade. Lao Tzu nada escrevera antes, pois admitia que a observação da natureza era mestre mais confiável que as palavras dos homens, mas atendeu ao pedido do guarda e deixa uma coletânea de 81 parágrafos que não transmitem princípios doutrinários, mas versos que as pessoas adaptam nas diversas situações, dando uma maneira de aplicação prática de se viver em harmonia, dentro do equilíbrio das polaridades da manifestação do TAO. O nome Lao Tsé aparece pela primeira vez nos textos do século III aC. Nos primeiros tempos da dinastia Han (começo do século II aC), sua doutrina deve ter alcançado uma posição de absoluto predomínio. Quando, em 127 aC, a tradição clássica confucionista foi erigida como única doutrina a ser ministrada na Academia Imperial, ocorreu ao mesmo tempo a degradação das tendências doutrinárias não-confucionistas, como sendo heterodoxas. Com isso, também os ensinamentos de Lao Tsé desapareceram do horizonte oficial. Em consequência, não foi mais possível reconstruir a sua tradição nos séculos seguintes. Na segunda metade do século II, surgiu uma seita que evoluiu para um movimento popular, uma rebelião espalhada pelo país. Com seu líder Chang Tao Ling- começou uma hierarquia que perdura até hoje. Esse movimento denominou-se taoísmo, Doutrina de Tao, taoísmo religioso. Lao Tsé assou a ser venerado como seu patriarca e foi, inclusive, divinizado.

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1

LAO-TSÉ

"Nas profundezas do Insondável jaz o Ser. Antes que o céu e a terra existissem, Já era o Ser. Imóvel,

sem forma. O Vácuo, o Nada, berço de todos os Possíveis. Para além de palavra e pensamento está o Tao, origem sem nome nem forma, a Grandeza, a Fonte eternamente borbulhante: O ciclo do Ser e do Existir"

As introduções à cultura chinesa e sua história espiritual falam habitualmente das três doutrinas: Ju

(confucionismo), Tao (taoísmo) e Fo (budismo), sendo que, particularmente na literatura ocidental, “doutrina”

e “religião” são colocadas no mesmo plano.

O nome Lao Tsé, velho Mestre, está ligado ao surgimento da filosofia de vida do taoísmo, sendo que

o texto-chave é o Tao Te Ching – Cânon do Caminho e da Virtude. A mais antiga nota biográfica sobre Lao

Tsé vem de um historiador da corte dos imperadores Tan, em 100 aC.

Seu nome era Erh Li, e na maturidade passa a ser Dan. Nasceu em uma aldeia do Estado de Ch’u,

extremo sul da China Imperial.

É nebuloso o fato de ter Lao Tsé entrado em contato com Confúcio, nada podendo ser provado; tem-

se de concreto o arrependimento de Confúcio (por ter sido falso profeta) e sua mudança de conduta, passando

a ser discípulo de Lao Tsé.

Diz-se que Erh Dan Li tinha uma personalidade marcante e dotada de grande afabilidade e

inteligência, recebendo tudo o que seu pai poderia oferecer-lhe em conhecimentos: foi discípulo de grandes

mestres de sua época.

De acordo com a tradição, Lao Tzu (Lao Tsé) foi guardião dos Arquivos Imperiais de Loyang

(província de Honan) até que, enojado com a hipocrisia e a decadência, foi procurar a virtude em ambiente

mais natural.

Partiu em direção a uma região que hoje é o Tibet. Ao atravessar a fronteira (em Hank Pass), o guarda

Yin Xi lembrou-lhe de que seus ensinamentos perder-se-iam, pois não haviam sido gravados. Pediu-lhe que os

registrasse por escrito para a sua preservação para a posteridade. Lao Tzu nada escrevera antes, pois admitia

que a observação da natureza era mestre mais confiável que as palavras dos homens, mas atendeu ao pedido

do guarda e deixa uma coletânea de 81 parágrafos que não transmitem princípios doutrinários, mas versos que

as pessoas adaptam nas diversas situações, dando uma maneira de aplicação prática de se viver em harmonia,

dentro do equilíbrio das polaridades da manifestação do TAO.

O nome Lao Tsé aparece pela primeira vez nos textos do século III aC. Nos primeiros tempos da

dinastia Han (começo do século II aC), sua doutrina deve ter alcançado uma posição de absoluto predomínio.

Quando, em 127 aC, a tradição clássica confucionista foi erigida como única doutrina a ser ministrada

na Academia Imperial, ocorreu ao mesmo tempo a degradação das tendências doutrinárias não-confucionistas,

como sendo heterodoxas. Com isso, também os ensinamentos de Lao Tsé desapareceram do horizonte oficial.

Em consequência, não foi mais possível reconstruir a sua tradição nos séculos seguintes.

Na segunda metade do século II, surgiu uma seita que evoluiu para um movimento popular, uma

rebelião espalhada pelo país. Com seu líder –Chang Tao Ling- começou uma hierarquia que perdura até hoje.

Esse movimento denominou-se taoísmo, Doutrina de Tao, taoísmo religioso. Lao Tsé assou a ser venerado

como seu patriarca e foi, inclusive, divinizado.

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A ortodoxia neo-confuncionista desaloja esta posição no início do século XX sob a alegação de que

seriam vários os autores da doutrina, colocando abaixo, portanto, os dados do historiador Sse-Ma Ch’ien...

porém, ainda hoje as estátuas do divinizado Lao Tsé são veneradas.

Segundo Wang Pi, temos que na época em que a dinastia Han sucumbia em meio a uma terrível

desordem, havia uma divisão em três focos de poder. A síntese arquitetada no século II a. C. – que associava a

Escola confuciana a uma compreensão do universo – perdera a sua força inspiradora original. O mundo chinês

estava em crise espiritual... A antiga concepção chinesa do mundo e do homem encontrou aqui as suas

primeiras ideias fundamentais (mais tarde decisivas para o desenvolvimento de uma história espiritual)

voltando aos antigos escritos taoístas. Gradativamente, o influxo da filosofia budista veio acrescentar-se ao

pensamento da elite, de tal sorte que se difundiu o conceito de que “as três doutrinas” eram complementares

entre si.

Durante mais de um milênio a religião espalhou-se por toda a China e por partes significativas da

Ásia. Com o fim da dinastia Ch’ing em 1911 o apoio estatal ao taoísmo terminou, e a China voltou a entrar

numa fase de violentos confrontos internos. Com a revolução de 1949, as práticas religiosas também foram

esquecidas e só depois de 1982, com a maior tolerância religiosa permitida por Deng Xiao-ping, é que o

taoísmo voltou a expandir-se.

Historicamente

O povo chinês reconhece três tradições principais em sua história espiritual: o Confucionismo, o Taoísmo

e o Budismo. Confúcio e Lao-Tsé são os fundadores respectivamente do Confucionismo e do Taoísmo.

Confúcio, considerado o pensador mais influente da história chinesa, inspirou um movimento que insistia nos

valores tradicionais: conduta adequada, modéstia, moderação e respeito pelos rituais.

O Taoísmo começou como uma espécie de filosofia mística, que sublinhava a importância de ser

"natural" e espontâneo, de viver sendo um com o Tao, o Caminho, o princípio da realidade. Com o tempo se

desenvolveu até converter-se numa religião popular, apoiada em rituais e elixires, assim como em deuses.

Enquanto Confúcio e seus seguidores se preocupavam com a moralidade e a sociedade, o Taoísmo tem

uma vertente mais sobrenatural. O Tao e suas ramificações nascem do Tao Te-Ching, uma obra de Lao-Tsé.

(Confúcio não era um místico, e sim um reformador ético e social na antiga China. "O que não queres que

façam a ti, não faças a outro", é uma de suas regras. Seus textos formaram o sistema político e religioso,

estruturado para manter o equilíbrio e a harmonia entre o Céu, a Terra e a humanidade).

O Tao Te-Ching foi escrito quando a vida chinesa estava sendo brutalmente compartimentada por

governantes locais que lutavam por conquistar seus oponentes. O escritor taoísta respondeu com uma

eloquente defesa do indivíduo, que contempla muito além da sociedade. Com 5.000 caracteres, Lao-Tsé

escreveu esse livro em retiro nas montanhas.

O Tao fala da ação espontânea (wu-wei); a relatividade de todos os juízos de valor; a inevitabilidade da

mudança entre os opostos polares; os benefícios da obscuridade, da inutilidade, e especialmente do "nada

fazer".

A tradição taoísta hoje tem rituais com sacerdotes, festivais comunitários, e crenças compartilhadas por

todos de que o mundo (macrocosmo) é paralelo ao corpo (microcosmo).

O Taoísmo organizado tem a ver com a dinastia Chang, que tem suas origens no fundador da ordem dos

Senhores Celestiais, ChangTaoling. No século XX, o 63° Senhor Celestial escapou da China para Taiwan,

sendo sucedido nos anos 70 por Chang Yuanxian.

Enquanto os taoístas consideram Lao-Tsé como seu fundador, a tradição taoísta não procede de uma

fonte ou época únicas.

Hoje, centenas de milhares de pessoas conhecem a teoria yin e yang, e sabem que ela representa as

energias masculina e feminina; talvez se utilizem do I Ching, o livro das mutações, um importante oráculo

chinês; mas talvez não saibam que, no fundo, a chave de tudo isso está no Taoísmo.

Além do Tao Te-Ching, outro importante livro é o Chuang Tzu, uma coletânea de dizeres, histórias e

alegorais que apontam para diferentes aspectos da vida.

No fundo, todas as tradições chinesas se aproveitaram dos ensinamentos do Tao: os confucianos, os

budistas e os próprios taoístas – até Mao Tse-tung escreveu o Tao da política, na sua época.

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Dizem os mitos que Lao Tzu tinha uma personalidade marcante e dotada de grande afabilidade e inteligência e que

recebeu tudo o que o seu pai poderia oferecer-lhe em conhecimentos. Por sua dedicação aos estudos e pelo

carisma que detinha, lhe foi facilitado o ter se tornado discípulo de grandes mestres de sua época.

Todos os mitos dizem Lao Tsé haver sido um ser excepcional e até mesmo existe uma lenda que diz

haver ele sido "concebido imaculadamente por uma estrela cadente" e permanecido no ventre materno por 62

anos, até que surgiu na terra no ano 604 a.C. já com a cabeleira branca.

Fontes confiáveis atribuem a Lao-Tsé a missão de haver sintetizado o Monismo numa doutrina que

recebeu o nome de Taoísmo, em parte numa obra milenar conhecida pelo nome de Tao Te Ching.

De acordo com a tradição, Lao Tsé foi contemporâneo de Kung Fu Tsé (Confúcio) de quem foi discípulo

de Confúcio após haver vivido na China durante 80 anos se dirigiu para o Tibet tendo antes deixado um

pequeno livro, o Tao Te Ching que haveria de se constituir a síntese do pensamento Monista Chinês.

Não há bastante evidência histórica de alguém de grande influência que haja vivido na China com o

nome de Lao Tzu no 6º século a.C., porém há registros históricos (Shih-chi) de Suma Ch'ien do 2º século a.C.

que citam um arquivista do Tribunal de Tribunal de Chou e que pessoalmente instruíra Kung Fu Tzu

(Confúcio). Mas essa afirmação é incompatível com outras crônicas que datam a morte de Lao Tzu meio um

século antes do nascimento de Confúcio.

De acordo com a Tradição Lao Tzu foi o guardião dos arquivos do tribunal imperial e que aos oitenta

anos partiu para a fronteira ocidental de China, onde é agora o Tibet, entristecido e desiludido com as pessoas

que estavam pouco dispostas a seguirem o caminho da bondade natural.

Entre os autores chineses há também aqueles que dizem que Lao Tsé se tornou o guardião dos Arquivos

Imperiais de Loyang (província chinesa de Honan), onde viveu até a idade de 160 anos, quando, então,

enojado com a hipocrisia e a decadência da época, decidiu-se a procurar a virtude em um ambiente mais

natural. Vemos, portanto, que a data específica de nascimento de Lao Tzu é desconhecida desde que grande

parte da sua vida e obra se baseia em lendas. É a Lao Tzu atribuída a autoria do "Tao-Te Ching" (tao-

significando o modo de toda a vida; te-significando o ajuste de vida pelo homem; e ching-significando texto

ou clássico).

Nem mesmo se tem certeza de que o verdadeiro nome do autor do Tao Te Ching haja sido Lao Tzu; e sim

(Erh Dan Li). Lao Tzu seria apenas um apelido, não o seu nome real. Lao Tzu seria apenas de um título

honorifico cujo significado seria "O Velho Mestre". Esta afirmativa tem como base um mito que diz que o

termo "Velho Mestre" tem como base o fato dele haver nascido já com uma cabeleira branca, portanto, como

um homem velho. Também se pode considerar que, no contexto de ensinar e aprender, a palavra "mestre"

pode significar "O Estudante Velho" tal como na língua japonesa o nome "roshi" significa mestre de ensino de

Zen.

Assim como o nascimento de Lao Tsé é envolto em certo grau de mistério, mais ainda a sua morte. Na

verdade, oficialmente nada mais se sabe dele após haver saído da China, mas há uma lenda que ele partiu da

terra com a idade de 162 e transforma em um dragão.

Com certeza Lao Tsé viveu por muitos anos na China até que decidiu partir em direção a uma região que

hoje constitui o Tibet. Foi nessa viagem que ele ao atravessar a fronteira da China, em Hank Pass, um guarda

chamado Yin Xi (Yin Hsi), lembrou-lhe que possivelmente todos os seus ensinamentos logo cairiam no

esquecimento se alguma coisa não ficasse gravada, e assim pediu-lhe que, antes de abandonar a China,

deixasse alguns ensinamentos básicos registrados por escrito a fim de tudo aquilo que havia transmitido

durante tantos anos não caísse no esquecimento, para que pelo menos em parte pudessem ser preservados para

a posteridade. Lao Tzu, que antes jamais aceitara escrever os ensinamentos por admitir que a observação da

natureza era um mestre bem mais confiável do que as palavras dos homens, mesmo assim resolveu atender ao

pedido do guarda e redigiu numa coletânea de 81 versos a síntese de sua sabedoria.

A obra:

O Caminho, o Tao, está expresso em uma obra, Tao Te Ching (ou King), coletânea de 81 pequenos

aforismos - síntese do pensamento monista chinês.

Coerentemente com a sua maneira de pensar ele não escreveu princípios doutrinários, e sim aforismos

(versos) de forma tal que pudessem ser adaptados por qualquer pessoa ante diversas situações. Algo aplicável

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a tudo e a todos, um escrito de forma genérica e não especifica; um texto de natureza aberta que não

possibilitasse uma forma textual capaz de ser desvirtuado intencionalmente, ou simplesmente ser deformado

pelas traduções. Assim nasceu o fabuloso o Tao Te Ching, um livro de conhecimentos profundíssimos embora

pouco volumoso desde que nele constam 81 aforismos em forma de versos, que mostram uma maneira de

aplicação prática de se viver em harmonia, dentro do equilíbrio das polaridades da manifestação do TAO e

simbolizada pelo Tei Gi.

Os aforismos que compõem os 81 versos são de uma simplicidade desconcertante e o que é bem especial,

eles são adaptáveis a todas as atividades, a todos os lugares, e a todas as épocas. Por esta razão é que existem

centenas de interpretações, cada uma delas especialmente direcionada para um determinado campo de

atividade. Por esta razão, de inicio o Tao Te Ching era uma obra destinada aos sábios, aos líderes políticos, e

aos governantes da China, mas, com o transcorrer dos séculos, tornou-se uma obra destinada a qualquer

pessoa. Pela razão exposta o Tao Te Ching é mais um texto de aplicação prática do que de ensinamentos

doutrinários diretos. Originalmente no Tao Te Ching foram usados cerca de 5.000 caracteres descrevendo o

modo de funcionamento e a manifestação do poder presente no mundo.

(Tao Te King na pg 10)

Tao (modo de vida) Te (ajuste de vida pelo homem) Ching (texto). Há vários sentidos na tradução:

“As leis da Virtude e seus caminhos”, “Como as coisas acontecem”, “O Livro que revela Deus”, “O Livro que

leva à divindade”. De início, o Tao Te Ching era uma obra destinada aos sábios, aos líderes políticos e aos

governantes da China, constando, originalmente de 5 000 caracteres.

O taoísmo é praticado no oriente sob duas formas: Taoísmo Filosófico e Taoísmo Religioso. Os

taoístas filosóficos veem o Tao como método de vida, guia para se achar a harmonia entre o ser e a natureza.

Os religiosos acreditam na existência de um lugar de grandes e pequenos deuses, estudam a natureza

procurando encontrar formas de mudá-la. Estes desenvolveram complicadas cerimônias mágicas e algumas

formas de artes marciais.

Na realidade, no Taoísmo encontra-se um dos princípios herméticos, o princípio da Polaridade: tudo

na natureza tem o seu oposto, físico ou biológico, os pólos yang e yin.

Comentários:

Sobre o governante ideal: (a necessidade de ter em mente a unidade dos opostos). O governante deve ter

a capacidade de conduzir de tal maneira o processo de complementação dos contrários a ponto de não permitir

que eles se apresentem como contrários.

“Quando todo o mundo conhece a beleza do que é belo, então é dada a conhecer também a feiúra.

Quando todo mundo conhece a bondade do que é bom, então é dada a conhecer também a maldade.

Dessa forma, o que é e o que não é aparecem à luz, o pesado e o leve mutuamente completam-se, o

comprido e o curto entre si medem-se, o alto e o baixo inclinam-se um ao outro, sons fortes e fracos

harmonizam-se, o adiante e o atrás se sucedem...” (cap 2)

Quando não se privilegiam os capazes, não haverá rivalidades entre o povo.

Quando não se dá valor aos bens difíceis de conquistar, acabarão as roubalheiras entre o povo.

Quando não se expõe à vista um objeto de desejo, os corações do povo não entram em confusão.

Por isso, o santo, em seu governo, esvaziará os corações do povo e encherá as suas barrigas.

Enfraquecerá as suas vontades e fortalecerá os seus ossos.

Providenciará para que o povo permaneça na ignorância e sem desejos e para que os sábios não se

atrevam a imiscuir-se com ele”. (cap 3)

A tradução da palavra Te pode ser “Força Verdadeira”, comumente vertida como “virtude”. Neste

trecho, Te tem o sentido de força, conquistada pelo apreço do que é humilde. Isto vem ilustrado ainda mais

claramente por meio da metáfora da água, como imagem da fraqueza que supera a força:

“Nada no mundo é mais fraco que a água, mas nada se lhe compara no seu embate contra o que é

forte, porque nada há que possa substituí-la.” (cap 78)

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“O fundamento pelo qual o rio e o mar são na verdade os reis de centenas de vales é justamente

porque sabem que estão por baixo”.

... “Portanto, se alguém quiser estar acima do povo, deve, por suas palavras, colocar-se abaixo dele,

e se alguém quiser estar à frente do povo, é preciso segui-lo...” (cap 66)

Quanto à palavra Wu Wei, que acolhe traduções diversas (“não-intervir”, “não fazer”, “não atacar”),

para o que se dispõe a governar não quer dizer “não intervenção” nos processos naturais do mundo, mas

manter-se afastado, conscientemente, da ideia de que “eu sou aquele que faz isso ou aquilo”:

“Ele não se mostra, por isso brilha.

Não se afirma a si mesmo, e com isso adquire fama.

Não se vangloria, e isso lhe resulta em proveito.

Não se exalta a si mesmo, e com isso ele é o maior.

Por não se meter em emulações, ninguém no mundo terá como rivalizar com ele”.(cap 22)

Quanto a um antecedente Criativo:

“Ele é silencioso e informe, subsiste por si, e não se altera, tudo circunda permanentemente; poderia

ser a mãe do mundo”. (cap 25)

“Se encontraste a Mãe, então conheces o filho.

Se conheces o filho, então volta atrás e agarra-te à Mãe.

Assim estarás a salvo, até o fim da tua vida”. (cap 52)

O movimento do Tao é de retorno. Muitos aspectos do taoísmo podem ser interpretados como uma

fuga do mundo, como uma auto-retração do mundo, mas a mensagem de Lao Tsé pode também ser entendida

como a experiência pura do poder Criador, no seio da vida e da comunidade:

“Aquele que se dedica ao estudo cresce diariamente,

aquele que se dedica ao Tao diariamente diminui.

Por meio de diminuições e mais diminuições, chegarás à não-intervenção, e na não-intervenção nada

há que não aconteça” (cap 48)

“Aferrolha as tuas aberturas, cerra as tuas portas, e estarás livre de fadiga, até o fim da tua

vida” (cap 52).

Segundo a história, Lao Tsé, agora com 80 anos, regressou após três dias com os ensinamentos escritos

em um pequeno livro com aproximadamente 5.500 palavras. Ele o denominou de “Tao te Ching”, o “Caminho

e seu Poder” ou o “Caminho e Princípios Morais”. Logo após, ele montou em um búfalo e partiu para nunca

mais voltar. Lao Tsé foi canonizado pelo imperador Han entre os anos 650 e 684 a.C. Segundo a história, ele

morreu no ano 517 a.C.

Uma das facetas do “Tao te Ching” é ensinar ao povo como resistir às terríveis calamidades comuns na

China. Ele diz que a pessoa deve sempre permanecer em um nível baixo, sem nenhuma ambição, e sem

desejar sobressair sobre qualquer circunstância, a fim de sobreviver.

O Taoísmo religioso (Tao Ciao) surgiu na dinastia do imperador Han, no século II. Tchuang-tseu, um

discípulo de Lao Tsé e filósofo chinês, que morreu no princípio do século III, desenvolveu e proliferou os

ensinamentos de seu mestre.Tchuang-tseu escreveu uma média de 33 livros sobre a filosofia de Lao-Tsé, que

resultou na composição de 1.120 volumes, os quais formam o Cânon Taoísta. Ele acreditava que o “Tao-te-

Ching” era a fonte da sabedoria e a solução para todos os problemas da vida.

Para compreender a filosofia do Taoísmo, vejamos o que Tchuang-tseu pronunciou quando sua esposa

morreu:

“Como posso me comover com sua morte? Originalmente ela não tinha vida, nem forma, e nem força

material. No limbo da existência e não-existência havia transformação, e a força material estava envolvida. A

força material se transformou em forma, a forma em vida, e o nascimento em morte. Da mesma maneira que

acontece com as estações do ano. Ela agora dorme na grande casa, o universo. Para eu estar chorando e

pranteando, será mostrar minha ignorância do destino. Por isso eu me abstenho. ”

A ênfase do Taoísmo é: “Sujeite-se ao efeito, e não busque descobrir a natureza da causa.”

O Taoísmo é uma religião anti-intelectual, que leva o homem a contemplar e se sujeitar às leis aparentes

da natureza, ao invés de tentar compreender a estrutura destes princípios.

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A doutrina básica do Taoísmo se resume em uma forma prática, conhecida como as “Três Jóias”:

compaixão, moderação e humilhação. A bondade, simplicidade e delicadeza também são virtudes que o

Taoísmo busca aparentar às pessoas.

"Meu destino não depende do Céu ou da Natureza; meu destino depende de mim, assume um taoísta.

Como devo ser, pergunta-se o taoísta."

O we wu-wei, o caminho da tranquilidade, não significa exatamente o não fazer, mas sim o fluir com a

corrente da vida, evitando esforços e preocupações desnecessários."

A compreensão do princípio da mudança é a essência do Taoísmo. Buscar o equilíbrio primordial, o seu

conceito filosófico."

Os ensinos de Lao Tsé eram, em parte, uma reação contra o Confucionismo humanístico e ético daquele

tempo, o qual ensinava que as pessoas só poderiam viver uma vida exemplar, se estivessem em uma sociedade

bem disciplinada, e que se dedicassem aos rituais, deveres e serviços públicos. O Taoísmo, por sua vez,

enfatizava que as pessoas deveriam evitar todo tipo de obrigações e convívios sociais, e se dedicar a uma vida

simples, espontânea e meditativa, voltada à natureza. Por isso, o imperador Shi Huang Ti mandou queimar os

livros de Confúcio.

Tao — Deus:

Apesar do Taoísmo originalmente ignorar um Deus criador, os princípios do Tao eventualmente têm o

conceito de Deus. LaoTsé escreveu: “Antes do céu e da terra existirem, havia algo nebuloso... Eu não sei o

seu nome, e eu o chamo de Tao.”

Segundo os ensinamentos do Taoísmo, o Tao (caminho) é considerado a única fonte do universo, eterno e

determinante de todas as coisas. Os taoístas creem que quando aos eventos e coisas são permitidas existir em

harmonia natural com a força macro-cósmica, então existe paz.

Yin e Yang:

Eles consideram também que tudo no mundo é composto pelos elementos opostos Yin e Yang. O lado

positivo é o yang, e o negativo, o yin. Esses elementos transformam-se, complementam-se e estão em eterno

movimento, equilibrados pelo invisível e onipresente Tao. Yang é a força positiva do bem, da luz e da

masculinidade. Yin é a essência negativa do mal, da morte e da feminilidade. Quando esses elementos não

estão equilibrados, o rítmo da natureza é interrompido com desajustes, resultando em conflitos. Eles ensinam

que da mesma forma que a água se modela dentro de um copo, o homem deve aprender a equilibrar seu Yin e

Yang, a fim de viver em harmonia com o Tao. O filme “Guerra nas Estrelas” foi baseado na filosofia taoísta,

em que a força universal existe e as pessoas determinam se a usam para o bem, ou para o mal.

Esta filosofia vai contrária a Teologia Bíblica. Deus é onipotente e a fonte de todo o bem. Lúcifer, hoje

Satanás, foi criado por Deus, e por isso tem limites quanto à sua autoridade e poder. Como fonte do mal, o

Diabo se opõe ao reino de Deus. Ele não é, nunca foi, e nunca será igual ou se harmonizará em sua oposição à

Deus.

Embora formulado há mais de 2.500 anos, o Taoísmo influencia a vida cultural e política da China até

hoje. Suas manifestações mais populares são o chi-kung, arte de autoterapia; o wu-wei, prática da inação; ioga;

acupuntura; e as artes marciais wu-shu ou kung-fu.

Artes Marciais

É ensinado nas artes marciais como: kung-fu, caratê, judô, aikidô, tai-chi-chuan e jujitsu, que o equilíbrio

da pessoa com o Tao é estabelecido quando a “Força” ou “Ch'i”, uma energia que sustenta a vida, flui no

corpo e se estende a fim de destruir o seu oponente.

Acupuntura

Usando a mesma filosofia, eles vêm a saúde fisiológica como a evidência do equilíbrio do Yin e Yang.

Se estes elementos estão desequilibrados, as enfermidades surgem. Eles ensinam que para restaurar a saúde

necessita haver uma ruptura no fluxo do Yin e Yang, o qual é feito através de agulhas inseridas no corpo. Uma

vez que o equilíbrio dos elementos tenha sido restabelecido, a força do Tao pode fluir livremente no corpo

trazendo a cura.

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Ioga Apesar da ioga não referenciar ao Taoísmo, ela incorpora a mesma filosofia da “Força” como

sustentador da vida e da estética. O Taoísmo professa a longevidade e a imortalidade física pela perfeita

submissão à ordem natural universal, através da ioga, meditação, prática de exercícios físicos e respiratórios,

dietas especiais e mágica.

Culto aos ancestrais

Para os chineses, a maioria dos deuses são pessoas que tiveram poder excepcional durante a sua vida. Por

exemplo, Guan Di, que é o deus protetor dos negociantes, foi um general dos anos 200 d.C.

Rituais de exorcismo

O Taoísmo possui um sacerdócio hereditário, principalmente em Taiwan. Esses sacerdotes dirigem

rituais públicos, durante os quais, eles submetem as orações do povo aos deuses. O sacerdote principal, que no

momento da cerimônia se encontra em transe, se dirige a outras divindades, representando outros aspectos do

Tao, em favor do povo. O Taoísmo enfatiza que os demônios devem ser aplacados com presentes, a fim de

assegurar a passagem do homem na terra.

Alquimia

Química da Idade Média e da Renascença, que procurava, sobretudo, descobrir a pedra filosofal e o

elixir da longa vida. O imperador Shi Han enviou expedições navais para várias ilhas, a fim de descobrir a

erva da imortalidade. O imperador Wu Tsung tomou medicamentos taoístas para eterificar seus ossos. Os

chineses buscam o Taoísmo para fins de cura e livramento de espíritos maus. O Taoísmo é a religião que mais

trata da saúde: a longa vida ou a imortalidade é um de seus objetivos.

Magia ou mágica

Arte oculta com que se pretende produzir, por meio de certos atos e palavras, e por interferência de

espíritos (demônios), efeitos e fenômenos contrários às leis naturais. Os discípulos de Lao Tsé diziam ter

poder sobre a natureza e se tornaram adivinhos e exorcistas.

O Ch'i

A palavra mais usada e abusada no Taoísmo é Ch’i, ou qi. Pode ser traduzida por "energia", "poder vital",

"poder interior", ou simplesmente alento. Muitos estudiosos sugerem que é uma palavra que não poderia ser

traduzida. A letra escrita que representa Ch’i na sua forma antiga mostra água se transformando em vapor, e

significa "nuvens de vapor". E quando um chinês quer falar "respiração", ele usa a palavra Ch’i. se uma

pessoa está doente, o médico confirma que o Ch’i da pessoa está funcionando mal. Ch’i é o que pode mudar

de uma hora para outra, e causar a mudança, ao mesmo tempo; o que pode algumas vezes ser visto e outras

vezes não...

O Ch’i está presente em tudo no universo, e é também o TAO. O Ch’i forma a essência da existência e a

compreensão da evolução cósmica. Nós já sabemos que yin e yang são usados para explicar todas as

mudanças, mas eles não são mais do que o próprio Ch’i, chamado yinch’i e yangch’i.

O Ch’i interage com o Jing, ou essência. Ele é considerado a origem do corpo. Sem esse Jing, o corpo

não existe, e não pode fabricar Ch’i.

Para manter a saúde, é essencial resguardar o Jing da pessoa. Por isso se compreende por que os médicos

chineses se interessam muito pela vida sexual do paciente. Quando muito Jing é perdido, não consegue ser

reposto pelo corpo, que carece de sua fonte essencial.

O Ch’i, como uma transformação de Jing, pode ser transformado ou refinado em Shen, que significa a

consciência e a inconsciência, ou melhor, o espírito.

O Taoísmo tem esse nome porque mostra como viver de acordo com o Tao, a fonte de todas as coisas,

indo ao sabor da corrente, não lutando contra a maré. "O Tao nada faz, mas ao mesmo tempo nada deixa de

ser feito."

As forças opostas são independentes e cada um contém a semente ou potencial da outra. O yin está

associado à escuridão, à água e ao feminino; o yang, à luz, à atividade, ao ar e ao masculino. O Taoísmo,

como outros cultos orientais, assume uma equação entre o mundo exterior e o mundo interior. O homem e o

mundo são funções um do outro, o que normalmente uma pessoa comum não percebe. Para que isso se

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manifeste, existe um "know-how" de dois estágios: o primeiro é o uso apropriado do sexo; o segundo é

desenvolver uma estrutura interior meditativa, um "corpo sutil" feito de energias, fazendo com que cada um

entre em harmonia com o Todo.

Isso no Tao é experimentado como tranquilidade total.

Feng Shui

A prática do Feng Shui, ou geomancia, com todo o equilíbrio do yin e do yang dentro e fora da casa em

que moramos, e a circulação do Ch’i pelo ambiente, são muito praticados na China ( e atualmente no mundo

inteiro). Manifestação popular da visão taoísta, o Feng Shui é poderosamente mágico e determina construções,

local de habitação para mortos e vivos, a adequação ou não de cômodos para viver, dormir e trabalhar.

Taoismo na China

(por Guilherme Korte)

O Taoismo teve início no século II. É uma das religiões indígenas, e sua ideologia deriva de antigas

tradições, incluindo Huang-Lao, uma tradição cultural batizada depois de Hunag Di, O Imperador Amarelo, e

Lao Tzu, e seguida por seus fiéis durante a dinastia Han do oeste (206 a.C. - 24 d.C.).

Durante as dinastias Tang (618 - 907) e Song (960-1279), devido ao apoio de seus imperadores, o

Taoismo entrou em um período de pleno desenvolvimento e se converteu em uma importante religião na

China, somente menor que o Budismo. Lao Tzu, o fundador da escola de Taoismo, no começo da dinastia

Qin, é venerado como seu fundador, e a idéia do Caminho (Dao), que se preconiza no livro "O Caminho da

Energia", é a base da religião.

Crendo que o Caminho é a origem do universo e criador de todos os seres vivos, os taoistas adoram toda

a vida no universo e todas as coisas criadas pela natureza. Também crêem que o homem pode alcançar a

imortalidade e converter-se em um ser celeste mediante a prática da austeridade.

No século 12, o Taoismo dividiu-se em duas seitas: O taoismo Chuan-chen e o Taoismo Cheng-I. Os

seguidores do Taoismo Chuan-chen abandonam suas famílias e vivem em templos. Tornam-se vegetarianos e

praticam a austeridade tendo em vista a imortalidade. Outros, seguidores do Taoismo Cheng-I, viveram perto

de suas famílias e não deixaram de comer carne e como ideal, ajudavam outras pessoas a conseguir fortuna e

evitar seus males.

De acordo com o Taoismo, os deuses atuam como administradores e controlam cada coisa no Universo.

Entre muitos deuses venerados pelos taoistas, o Deus de Origem Primitiva, o Deus da Pedra Sagrada, e o Deus

do Caminho da Energia (Lao Tzu) são considerados os deuses supremos. Muitos dos templos taoistas foram

construídos em montanhas donde, segundo a tradição, nasceram os seres celestiais ou se transformaram em

imortais, os antigos taoistas que haviam praticado a austeridade física, mental e espiritual. Atualmente existem

mais de 1600 templos taoistas aonde vivem 25 mil sacerdotes.

A Organização Taoista da China, estabelecida em 1957, em Beijing, é uma organização nacional, com

Ming Zhiting como presidente. Para levar adiante e divulgar a cultura taoista, a associação publicou dezenas

de obras clássicas taoistas e compilou mais de 30 livros sobre o Taoismo e uma série de livro sobre a cultura

taoista. Publica ainda uma revista bimestral, "O Taoismo da China", distribuída no interior e enviada ao

exterior. A Academia Chinesa de Taoismo, fundada em 1990, oferece cursos aos jovens interessados sobre as

investigações e estudos taoistas. Milhares de estudantes graduaram na academia desde seu estabelecimento.

Os taoistas chineses sempre mantêm estreitos contatos com os taoistas em todas as partes do mundo. A

Associação Taoista da China, também é membro da União de Proteção Religiosa e Ambiental.

Fonte site Embaixada da República Popular da China no http://www.embchina.org.br

Site da Sociedade Taoísta do Brasil para consultas: http://www.taoismo.org.br/ - muito conteúdo!!

O Taoísmo na Atualidade Na atualidade, o Taoísmo está dividido em dois ramos: o filosófico e o religioso.

O Taoísmo filosófico é ateísta e se diz ser panteísta. Ele trata levar o homem a uma harmonia com a

natureza através do livre exercício dos instintos e imaginações.

O Taoísmo religioso é politeísta, idólatra e exotérico, pois consulta os mortos. Ele teve início no segundo

século, quando o imperador Han edificou um templo em honra a Lao Tsé, e o próprio imperador ofereceu

sacrifícios à ele. Somente a partir do século VII é que o Taoísmo veio ser aceito como religião formal.

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O Taoísmo religioso possui escritura sagrada, sacerdócio, templos e discípulos. Também crêem numa

nova era que haverá de surgir e derrotará o sistema estabelecido. Com o tempo, o Taoísmo aderiu deuses ao

sistema religioso, crença do céu e do inferno, e a deificação de Lao Tsé.

Antes do Comunismo tomar a China, para cada 11 chineses, um era taoísta. Suas práticas animistas têm

diminuído na China, mas continua grandemente nas comunidades chinesas da Ásia. Apesar de não ser uma

religião oficial nos Estados Unidos, seus princípios filosóficos são encontrados na maior parte das seitas

orientais no Ocidente.

Atualmente, a religião conta com cerca de três mil monges e 20 milhões de adeptos em todo o mundo,

sendo muito popular em Hong Kong, com mais de 360 templos.

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Tao Te King CAPÍTULO 1

O caminho que pode ser expresso não é o

Caminho constante

O nome que pode ser enunciado não é o Nome

constante

Sem-Nome é o princípio do céu e da terra

Com-Nome é a mãe de dez mil coisas

Assim, a constante não-aspiração3 é contemplar as

Maravilhas4

E a constante aspiração5 é contemplar o Orifício6

Ambos são distintos em seus nomes mas têm a

mesma origem

O comum entre os dois se chama Mistério7

O Mistério dos Mistérios é o Portal para todas as

Maravilhas

3 Não-aspiração: significa a ausência de intenção.

4 MIAO: Maravilha, significa as manifestações do Caminho.

5 Aspiração: significa a manutenção da vontade.

6 CHIAO: tem dois sentidos, 1º) Luz, Claridade ou Cor

Branca; 2º) Orifício, Cova ou Abertura.

7 SHUEN: tem dois sentidos, 1º) Mistério; 2º) Cor Negra.

SHUEN é a convergência e a anulação dos opostos.

CAPÍTULO 2

Quando os seres sob o céu reconhecem o belo

como belo

Então isso já se tornou um mal

E reconhecendo o bem como bem

Então já não seria um bem

A existência e a inexistência geram-se uma pela

outra

O difícil e o fácil completam-se um ao outro

O longo e o curto estabelecem-se um pelo outro

O alto e o baixo inclinam-se um pelo outro

O som e a tonalidade são juntos um com o outro

O antes e o depois seguem-se um ao outro

Portanto

O Homem Sagrado8 realiza a obra pela não-ação9

E pratica o ensinamento através da não-palavra10

Os dez mil seres fazem, mas não para se realizar

Iniciam a realização mas não a possuem

Concluem a obra sem se apegar

E justamente por realizarem sem apego

Não passam

8 SEM ZEN: Homem Sagrado. Originado no conceito da

sagração do homem, que tem sentido de união

da Consciência Pura com a Vida Infinita.

9 WU WEI: Não-Ação; tem sentido de ação sem intenção.

10 WU YEN: Não-Palavra; tem sentido de palavra sem

intenção.

CAPÍTULO 3

Não valorizando os tesouros, mantém-se o povo

alheio à disputa

Não enobrecendo a matéria de difícil aquisição,

mantém-se o povo alheio à cobiça

Não admirando o que é desejável, mantém-se o

coração alheio à desordem

O Homem Sagrado governa

Esvazia seu coração11

Enche seu ventre12

Enfraquece suas vontades13

Robustece seus ossos

Mantém permanentemente o povo sem

conhecimentos e desejos

Faz com que os de conhecimento não se

encorajem e não ajam

Sendo assim

Nada fica sem governo

11 SHIN: Coração tem sentido de razão, emoção e intenção.

12 FU: Ventre tem sentido de vitalidade.

13 DZE: Vontades tem sentido de desejos.

CAPÍTULO 4

O Caminho é o Vazio14

E seu uso jamais o esgota

É imensuravelmente profundo e amplo, como a

raiz dos dez mil seres

Cegando o corte

Desatando o nó

Harmonizando-se à luz

Igualando-se à poeira

Límpido como a existência eterna

Não sei de quem sou filho

Venho de antes do Rei Celeste15

14 CHUN: Vazio ou Harmonia. Vazio é a Natureza do

Caminho; Harmonia é a Manifestação do Caminho.

15 HSIAN TI: HSIAN significa Imagem ou Forma; TI

significa Rei. “HSIAN TI” é o nome atribuído ao Rei Celeste

– Deus Onipotente criador de todas as formas.

CAPÍTULO 5

O céu e a terra não são bondosos

Tratam os dez mil seres como cães de palha16

O Homem Sagrado não é bondoso

Trata os homens como cães de palha

O espaço entre o céu e a terra assemelha-se a um

fole

É um vazio que não distorce

Seu movimento é a contínua criação

O excesso de conhecimento conduz ao

esgotamento

E não é melhor do que manter-se no centro17

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16 DZOU GO: Cão de Palha representa no sacrifício o

desapego do ser.

17 CHUN: Centro, Meio ou Interior.

CAPÍTULO 6

O Espírito do Vale18 nunca morre

Isso se chama Orifício Misterioso19

A porta do Orifício Misterioso é a raiz do céu e da

terra

Seja suave e constante

Usufruindo sem se apressar

18 GU SHIEN: GU significa Vale; SHEN significa Espírito.

Espírito do Vale representa a Conciencia doVazio.

19 SHUEN SHUE: SHUE significa Orificio. Orificio

Misterioso é o espaço onde o universo se cria e se destrói. É o

SHUEN GUAN (Portal Negro) da alquimia taoísta.

CAPÍTULO 7

O céu é constante, a terra é duradoura

O que permite a constância e a duração do céu e

da terra

É o não criar para si

Por isso são constantes e duradouros

Assim

O Homem Sagrado deixa seu corpo para trás e o

Corpo20 avança

Além do corpo, o Corpo permanece

Através do não-corpo, conclui o Corpo

20 SZE: O Corpo aqui tem sentido de corpo espiritual.

CAPÍTULO 8

A bondade sublime é como a água21

A água, na sua bondade, beneficia os dez mil seres

sem preferência

Permanece nos lugares desprezados pelos outros

Por isso assemelha-se ao Caminho

Viva com bondade na terra

Pense com bondade, como um lago

Conviva com bondade, como irmãos

Fale com a bondade de quem tem palavra

Governe com a bondade de quem tem ordem

Realize com a bondade de quem é capaz

Aja com bondade todo o tempo

Não dispute, assim não haverá rivalidade

21 SUE: Água. No I Ching, é o primeiro elemento da

natureza, representa o princípio. Na alquimia

taoísta corresponde ao Sopro Primordial.

CAPÍTULO 9

O que é mantido cheio não permanece até o fim

O que é intencionalmente polido não é um tesouro

eterno

Uma sala cheia de ouro e jade é difícil de ser

guardada

Riqueza e nobreza somadas à arrogância

Trazem para si a própria culpa

Concluir o nome, terminar a obra, retirar o corpo

Este é o Caminho do Céu

CAPÍTULO 10

Quem conduz a realização do corpo por abraçar

a unidade

Pode tornar-se indivisível

Quem respira com pureza por alcançar a

suavidade

Pode tornar-se criança

Quem purifica através do conhecimento do

mistério

Pode tornar-se imaculado

Ame o povo e governe o reino através do não-

conhecimento22

Ilumine e clareie os quatro cantos através da não-

ação

Abra e feche a porta do céu através da ação

feminina

O que gera e cria

Gera mas sem se apossar

Age sem querer para si

Cultiva mas sem dominar

Chama-se Misteriosa Virtude23

22 WU DZE: Não-Conhecimento tem sentido de

conhecimento sem engenhosidade e malícia.

23 SHUEN TE: Misteriosa Virtude tem sentido de virtude

oculta – um bem que ao é reconhecível pelos outros.

CAPÍTULO 11

Trinta raios convergem ao vazio do centro da roda

Através dessa não-existência

Existe a utilidade do veículo

A argila é trabalhada na forma de vasos

Através da não-existência

Existe a utilidade do objeto

Portas e janelas são abertas na construção da

casa

Através da não-existência

Existe a utilidade da casa

Assim, da existência vem o valor

E da não-existência, a utilidade

CAPÍTULO 12

As cinco cores tornam os olhos do homem cegos

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As cinco notas tornam os ouvidos do homem

surdos

Os cinco sabores tornam a boca do homem

insensível24

Carreiras de caça no campo tornam o coração do

homem enlouquecido

Os bens de difícil obtenção tornam a caminhada

do homem prejudicada

Por isso, o Homem Sagrado se realiza pelo ventre

e não pelo olho

Assim, afasta este e escolhe aquele

24 A relação entre cor, nota (musical) e sabor com os Cinco

Movimentos:

Madeira = Azul = Mi = Ácido

Fogo = Vermelho = Sol = Amargo

Terra = Amarelo = Dó – Doce

Metal = Branco = Ré = Picante

Água = Preto = Lá = Salgado

CAPÍTULO 13

O prestígio e a humilhação geram susto

A nobreza e a grande preocupação situam-se no

corpo

O que são prestígio e humilhação?

Prestígio é inferior

Ao obtê-lo ficamos assustados

Ao perdê-lo ficamos assustados

Isto é o que quer dizer “o prestígio e a humilhação

geram susto”

O que quer dizer “a nobreza e a grande

preocupação situam-se no corpo” ?

A razão de eu ter esta “grande preocupação” é ter

um corpo

Se não tivesse um corpo

Com que teria que me preocupar?

Por isso

Nobre é aquele que entrega o corpo ao mundo

A este o mundo pode se entregar

Quem ama faz do mundo o seu corpo

Neste o mundo pode confiar

CAPÍTULO 14

Aquilo que se olha e não se vê, chama-se invisível

Aquilo que se escuta e não se ouve, chama-se

inaudível

Aquilo que se abraça e não se possui, chama-se

impalpável

Estes três não podem ser revelados

Por isso se fundem e se tornam um

Enquanto superior não é luminoso

Enquanto inferior não é vago

O Constante que não pode ser nomeado

É o retorno à não-existência

É a expressão da não-expressão

É a imagem da não-existência

A isso se chama indeterminado

Encarando-o, não se vê sua face

Seguindo-o, não se vê suas costas

Quem mantém o Caminho Ancestral

Poderá governar a existência presente

Quem conhece o Princípio Ancestral

Encontrará a ordem do Caminho

CAPÍTULO 15

Os bons realizadores da antiguidade eram sutis

Maravilhosos, misteriosos e despertados

Eram profundos e não podiam ser compreendidos

E justamente por não poderem ser compreendidos

É preciso esforçar-se para ilustrá-los

Receosos como quem atravessa um rio no inverno

Cautelosos como quem teme seus vizinhos

Reservados como o hóspede

Solúveis como o gelo fundente

Genuínos como a madeira bruta

Vazios como os vales

Entorpecidos como as águas turvas

O turvo, através da quietude, torna-se

gradualmente límpido

O quieto, através do movimento, torna-se

gradualmente criativo

Aquele que resguarda este Caminho não tem

desejo de se enaltecer

E justamente por não se enaltecer, mesmo

envelhecido, pode voltar a criar

CAPÍTULO 16

Alcançando o extremo vazio e permanecendo na

quietude da extrema quietude

Os dez mil seres se manifestam simultaneamente

E, através disso, contemplamos o seu retorno25

Apesar da diversidade dos seres

Cada um deles pode retornar a sua raiz

O regresso à raiz se chama quietude

Quietude se chama retornar a viver

Retornar a viver se chama constância

Conhecer a constância se chama iluminação

Desconhecer a constância é a impropriedade que

provoca o infortúnio

Quem conhece a constância é abrangente

Quem é abrangente pode ser coletivo

O coletivo tem o poder da criação

A criação tem o poder do céu

O céu tem o poder do Caminho

O Caminho tem o poder do eterno

Assim,

Mesmo perdendo o corpo, não irá perecer

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25 FU: Retorno – Hexagrama FU do I Ching, representa, no

auge da quietude, o nascimento da atividade.

CAPÍTULO 17

Do supremo, o inferior tem apenas ciência da

existência

Do estado que o sucede, intimidade ou admiração

Do estado seguinte, temor ou desprezo

Não havendo suficiente confiança, surge a

desconfiança

Quem valoriza a palavra, realiza a obra sem

deixar rastros

Assim, o povo achará que surgiu por si,

naturalmente

CAPÍTULO 18

Quando se perde o Grande Caminho

Surgem a bondade e a justiça26

Quando aparece a inteligência

Surge a grande hipocrisia

Quando os seis parentes27 não estão em paz

Surgem o amor filial e o amor paternal

Quando há desordem e confusão no reino

Surge o patriota

26 São duas das cinco virtudes do

taoísmo: bondade, justiça, sabedoria, polidez e fidelidade.

27 Seis Parentes: mãe-filho representa a relação superior-

inferior, irmão-irmão representa a relação em mesmo nível,

marido-esposa representa a relação interno-externo.

CAPÍTULO 19

Anule o sagrado e abandone a inteligência

E o povo cem vezes se beneficiará

Anule a bondade e abandone a justiça

E o povo retornará ao amor filial e ao amor

paternal

Anule a engenhosidade e abandone o interesse

E não haverá mais ladrões nem roubos

Se estas três frases ditas não são o suficiente

Então faça existir aquilo em que se possa confiar

Encontrando e abraçando a simplicidade

Reduzindo o egoísmo e diminuindo os desejos

CAPÍTULO 20

No ensinamento pela supressão não há

preocupações

Entre aceitar e repudiar qual a diferença?

Entre apreciar e desprezar qual a distância?

O que os homens temem, poderiam não temer?

Abandone isso antes que se esgote!

Os homens se agitam como um festejo na grande

prisão

Ou como subir à varanda na primavera

Meu corpo não tem expressão

Como uma criança antes de nascer

Como a estrela Kuei28 que não tem onde se apoiar

As pessoas todas possuem em excesso

Somente eu aparento estar perdendo

Sou como um ignorante que tem o coração puro

Os medíocres vivem lúcidos

Somente eu aparento estar confuso

Os medíocres vivem lúcidos

Somente eu estou introspectivo

Indefinido como uma infinita noite silenciosa

As pessoas todas têm um ego

Somente eu o ignoro considerando-o precário

O que quero que me distinga dos demais

É valorizar o alimentar-se da Mãe29

28 KUEI: Alfa da constelação Ursa Maior. Representa o

Espírito Primordial dos seres.

29 “Alimentar-se da Mãe” refere-se a alimentar-se daquilo

que antecede tudo, é o Sopro Uno do Céu-Anterior da

alquimia taoísta.

CAPÍTULO 21

A abrangência da virtude do orifício30 é seguir

apenas o Caminho

O Caminho, enquanto existência é indistinguível e

indescritível

Dentro do indistinguível e indescritível há uma

existência

Dentro do indistinguível e indescritível há uma

imagem

E dentro dessa profunda obscuridade há uma

essência31

Essa essência é absolutamente autêntica

E dentro dela há uma prova32

Desde a antiguidade até hoje o seu nome nunca foi

esquecido

E ele pode observar a beleza e a bondade de tudo

Como posso saber a causa da beleza e da bondade

de tudo?

É através da prova

30 “Virtude do Orifício” significa a virtude do Vazio, da

Não-Ação.

31 CHIN: Essência do Universo Manifestado.

32 HSIN: Prova; algo real e fiel à natureza do Caminho.

CAPÍTULO 22

Curvar-se permite a plenitude

Submeter-se permite a retidão

Esvaziar-se permite o preenchimento

Romper permite a renovação

Possuir pouco permite a aquisição

Possuir muito permite a ganância

Por isso, o Homem Sagrado abraça a unidade

Tornando-a o modelo sob o céu

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Não julga por si, por isso é óbvio

Não vê por si, por isso é resplandecente

Não se vangloria, por isso há realização

Não se exalta, por isso cresce

Só por não disputar, nada pode disputar com ele

Antigamente se dizia: “Curvar-se permite a

plenitude”

Como poderiam ser palavras vazias?

Assim, ao alcançar a plenitude encontra-se o

retorno

CAPÍTULO 23

Falar pouco é o natural

Um redemoinho não dura uma manhã

Uma rajada de chuva não dura um dia

De onde provêm essas coisas?

Do céu e da terra

Se nem o céu e a terra podem produzir coisas

duráveis

Quanto mais os seres humanos!

Por isso, quem segue e realiza através do

Caminho adquire o Caminho

Quem se iguala à Virtude adquire a Virtude

Quem se iguala à perda, perde o Caminho

Convicção insuficiente leva à não convicção

CAPÍTULO 24

Quem respira apressado não dura

Quem alarga os passos não caminha

Quem vê por si não se ilumina

Quem aprova por si não resplandece

Quem se auto-enriquece não cria a obra

Quem se exalta não cresce

Esses, para o Caminho, são como os restos de

alimento de uma oferenda

Coisas desprezadas por todos

Por isso, quem possui o Caminho não atua desse

modo

CAPÍTULO 25

Há algo completamente entorpecido

Anterior à criação do céu e da terra

Quieto e êrmo

Independente e inalterável

Move-se em círculo e não se exaure

Pode-se considerá-lo a Mãe sob o céu

Eu não conheço seu nome

Chamo-o de Caminho

Esforçando-me por denominá-lo, chamo-o de

Grande

Grande significa Ir

Ir significa Distante

Distante significa Retornar

O Caminho é grande

O céu é grande

A terra é grande

O rei33 é grande

Dentro do universo há quatro grandes, e o rei é

um deles

O homem se orienta pela terra

A terra se orienta pelo céu

O céu se orienta pelo Caminho

O Caminho se orienta por sua própria natureza

33 WANG: Rei-Celeste (Deus-onipotente); simboliza a

Consciência Real que está em toda parte.

CAPÍTULO 26

A ponderação torna enraizado o leviano

A quietude torna governado o inquieto

Por isso o Homem Superior34 termina o dia de

caminhada sem se afastar da ponderação

e dos recursos

Embora existam maravilhas em perspectiva

Permanece quieto e naturalmente transcendente

Como pode um senhor de dez mil

veículos35 utilizar seu corpo levianamente sob o

céu?

Ao ser leviano, perderia a raiz

Ao ser inquieto, perderia o governo

34 Djuen Tzé: Homem Superior – o homem que possui

virtude e poder.

35 Na china corresponde ao senhor feudal; aquele que possui

riqueza e responsabilidade.

CAPÍTULO 27

A boa caminhada não deixa rastros ou pegadas

A boa palavra não deixa imperfeição para críticas

O bom cálculo não utiliza medida nem número

A boa porta não necessita de ferrolho para ser

fechada

E não pode ser aberta

O bom nó não necessita de corda para ser atado

E não pode ser desatado

Assim, o Homem Sagrado

É constante e bondoso

Salva os homens e não abandona os homens

É constante e bondoso

Salva coisas e não abandona coisas

Isso se chama herdar a luz

O homem bom é mestre daquele que não é bom

O homem que não é bom é o recurso daquele que

é bom

Quem não valoriza seu mestre e quem não ama

seu recurso

Mesmo inteligente, permanece enormemente

desorientado

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15

A tudo isso denomina-se Maravilha Essencial

CAPÍTULO 28

Conhecendo o masculino, resguardando o

feminino

Sendo a ravina sob o céu

Sem se afastar da Virtude Eterna

Retornará a ser criança.

Conhecendo o branco, resguardando o negro

Sendo o modelo sob o céu

Sem se enganar com a Virtude Eterna

Retornará à Extremidade-Inexistente36

Conhecendo a glória, resguardando a humildade

Sendo o vale sob o céu

Sendo o vale sob o céu, completará a Virtude

Eterna

E retornará a ser madeira bruta

A madeira bruta partida transforma-se em

instrumentos

E o Homem Sagrado utiliza-os através de um

regente

Isto tudo é um grande corte sem incisão

36 WU DJI: Extremidade-Inexistente; termo originado do I

Ching, é o estado anterior da criação do universo.

CAPÍTULO 29

Para quem deseja possuir o mundo e age para isso

Vejo, não o conseguirá

O mundo é um recipiente espiritual

Que não se pode manipular

Quem o manipula, destrói

Quem o retém, perde

Pois as coisas

Caminham ou acompanham

Sopram quente ou sopram frio

São rígidas ou flexíveis

Ligam-se ou rompem-se

Por isso, o Homem Sagrado

Elimina o excesso

Elimina a opulência

Elimina a complacência

CAPÍTULO 30

Aquele que utiliza o Caminho para auxiliar o

senhor dos homens

Não utiliza a arma e a força, sob o céu

Pois esta atividade beneficia o revide

Onde o exército se instala, surgem espinhos e

ervas secas

Por isso

O homem bom é determinado, porém cauteloso

Não utiliza a força para conquistar

É determinado sem se orgulhar

É determinado sem se envaidecer

É determinado sem se glorificar

É determinado sem se tornar excessivo

Isto é, determinado, porém sem se esforçar

Coisas exuberantes dirigem-se à velhice

Isso se chama negar o Caminho

Negando o Caminho irá falecer cedo

CAPÍTULO 31

As boas armas

São recipientes de desventura

Os seres as detestam

Por isso

Os que guardam o Caminho não as compartilham

O Homem Superior, na residência, honra o

esquerdo

Na utilização da arma honra o direito

A arma é o recipiente da desventura

Não é o recipiente do Homem Superior

Seu uso é apenas para o inevitável

O superior é como uma chama serena

Por isso, não se maravilha

Ao maravilhar-se certamente teria prazer

Tal prazer mata o homem

Aquele que tem prazer em matar

Não pode triunfar sob o céu

Por isso

Assuntos venturosos valorizam o esquerdo

Assuntos funestos valorizam o direito

Sendo assim

O general-auxiliar encontra-se à esquerda

O general-superior encontra-se à direita37

Suas palavras são tratadas como rito fúnebre

Matam muitas pessoas

Por estas, chora-se de tristeza

A guerra vencida é tratada como rito fúnebre

37 No simbolismo do I Ching, a direção norte está nas costas

do homem enquanto a direção sul está na frente. Sendo assim,

a direção à esquerda é leste, corresponde à aurora, o lado da

vida. A direção à direita é oeste, corresponde ao acaso, o

lado da morte.

CAPÍTULO 32

O Caminho é eterno e não tem nome

É genuíno e, embora pequeno,

O mundo não tem coragem de dominá-lo

Se reis e príncipes pudessem preservá-lo

Os dez mil seres iriam por si próprios obedecer

Quando o céu e a terra unem-se

Para escorrer o doce orvalho

O povo não pode interferir nisso, que por si é

uniforme

O princípio domina a existência e o nome

Então o nome passa a existir

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E irá também saber cessar

Sabendo cessar não perecerá

A relação do mundo com o Caminho

É como a dos riachos e vales

Com os rios e mares

CAPÍTULO 33

Quem conhece os homens é inteligente

Quem conhece a si mesmo é iluminado

Vencer os homens é ter força

Quem vence a si mesmo é forte

Quem sabe contentar-se é rico

Agir fortemente é ter vontade

Quem não perde a sua residência, perdura

Quem morre mas não perece, eterniza-se

CAPÍTULO 34

O Grande Caminho é vasto

Pode ser encontrado na esquerda e na direita

Os dez mil seres dele dependem para viver

E ele não os rechaça

Conclui a obra sem mostrar a sua existência

É o manto que cobre os dez mil seres, sem agir

como senhor

Podendo ser chamado de pequeno

Os dez mil seres voltam para ele, sem que aja

como senhor

Podendo ser chamado de grande

Assim o Homem Sagrado nunca age como grande

Por isso pode atingir sua grandeza

CAPÍTULO 35

Conservando a Grande Imagem

O mundo passa

Passa sem danos

Com tranqüilidade, serenidade e supremacia

A música e as iguarias

Param o viajante

As palavras que nascem do Caminho

São insossas, carecem de sabor

Olhar não é suficiente para vê-lo

Escutar não é suficiente para ouví-lo

Usar não é suficiente para esgotá-lo

CAPÍTULO 36

Para querer iniciar o recolhimento

É necessário consolidar a expansão

Para querer iniciar o enfraquecimento

É necessário consolidar o fortalecimento

Para querer iniciar o abandono

É necessário consolidar o amparo

Para querer iniciar a subtração

É necessário consolidar o aumento

Isto se chama breve iluminação38

O suave e o fraco vencem o rígido e o forte

Os peixes não podem separar-se do lago

O reino que tem o instrumento afiado

Não pode colocá-lo à vista do homem

38 MING: iluminação, tem sentido de ampliação da

consciência ou o enriquecimento de uma cultura.

CAPÍTULO 37

O Caminho é uma constante não-ação

Que nada deixa por realizar

Se reis e príncipes pudessem resguardá-lo

Os dez mil seres iriam se transformariam por si

Porém, se na transformação despertassem desejos

Eu iria estabilizá-los através da simplicidade do

sem-nome

A simplicidade do sem-nome também se inicia no

não-desejo

O não-desejo traz quietude

O céu e a terra, por si, estarão em retidão

CAPÍTULO 38

A Virtude Superior não é virtude

Assim, possui a Virtude

A Virtude Inferior não perde a virtude

Assim, não possui a Virtude

A Virtude Superior é não-ação

Pois não utiliza ação

A Virtude Inferior é ação

Que faz uso da ação

A Bondade Superior é ação

Porém não utiliza a ação

A Justiça Superior é ação

Que faz uso da ação

A Suprema Polidez é ação que,

se não obtém correspondência,

repele usando o braço como reação

Por isso, à perda do Caminho segue-se então a

Virtude

À perda da Virtude segue-se então a Bondade

À perda da Bondade segue-se então a Justiça

À perda da Justiça segue-se então a Polidez

Assim a Polidez é o empobrecimento da fidelidade

e da confiança

É o princípio da confusão

Aquele de conhecimentos avançados

Como a flor do Caminho

É o princípio da estupidez

Por isso, o Grande Homem

Coloca-se no consistente e não coloca-se no

rarefeito

Habita no Fruto e não habita na Flor

Por isso, afasta esta e persiste naquele

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CAPÍTULO 39

Esses adquiriram o Um na antiguidade:

O céu adquiriu o Um e tornou-se transparente

A terra adquiriu o Um e tornou-se tranqüila

O espírito adquiriu o Um e tornou-se desperto

Os vales adquiriram o Um e tornaram-se

opulentos

Os dez mil seres adquiriram o Um e tornaram-se

vivos

Os príncipes e reis adquiriram o Um e tornaram-

se o eixo do mundo

Esses alcançaram a supremacia

O céu não se tornando transparente temerá

rachar-se

A terra não se tornando tranqüila temerá

estremecer

O espírito não se tornando desperto temerá

exaurir-se

Os vales não se tornando opulentos temerão secar

Os dez mil seres não se tornando vivos temerão

extinguir-se

Os príncipes e os reis não se tornando nobres

temerão a derrota

Por isso

O nobre utiliza a humildade como princípio

O alto utiliza o baixo como base

Sendo assim

Os príncipes e os reis denominam-se a si mesmos

de órfãos, carentes e indignos

Isto seria utilizar a humildade como princípio, não

seria?

Por isso, alcançar o valor é aproximar-se do não-

elogio

Não desejando o vulgar, como o jade

Sendo simples como a pedra

CAPÍTULO 40

O retorno é o movimento do Caminho

A suavidade é a atuação do Caminho

Os seres sob o céu nascem da existência

E a existência nasce da não-existência

CAPÍTULO 41

O homem superior ao ouvir sobre o Caminho

Esforça-se para poder realizá-lo

O homem mediano ao ouvir sobre o Caminho

Às vezes o resguarda, às vezes o perde

O homem inferior ao ouvir sobre o Caminho

Trata-o às gargalhadas

Se não fosse tratado às gargalhadas

Não seria suficiente para ser o Caminho

Por isso, as seguintes palavras sugerem:

A iluminação do Caminho é como se fosse a

obscuridade

O avanço do Caminho é como se fosse o

retrocesso

As planícies do Caminho são como se fossem

iguais

A Virtude superior é como se fosse o comum

A grande brancura é como se fosse o sujo

A Virtude ampla é como se fosse insuficiente

Construir a Virtude é como se fosse roubar

A consistência verdadeira é como se fosse o

instável

O grande quadrado não tem ângulos

O grande recipiente conclui-se tarde

O grande som carece de ruído

A grande imagem não tem forma

O Caminho é invisível e não tem nome

Assim, apenas o Caminho é bom em auxiliar e

concluir

CAPÍTULO 42

O Caminho gera o um

O um gera o dois

O dois gera o três

O três gera os dez mil seres

Os dez mil seres se cobrem com o obscuro e

abraçam o claro

E se harmonizam através do esplêndido sopro39

O que os homens detestam

São os órfãos, os carentes e os indignos

Mas é assim que os reis e príncipes se denominam

Por isso as coisas

Ao serem diminuídas, irão aumentar

Aumentadas, irão diminuir

O que os homens ensinaram eu também ensino

com o mesmo sentido:

Os rígidos troncos não merecerão a sua morte

Eu irei utilizar isto como o pai do ensinamento

39 CHUN CHI: CHUN é explêndido, CHI é sopro. É a

energia do Absoluto.

CAPÍTULO 43

Sob o céu

O mais suave cavalga sobre o mais duro sob o céu

A não-existência pode penetrar no sem-espaço

Por isso conheço o benefício da não-ação

O ensinamento da não-palavra

O benefício da não-ação

Sob o céu, são poucos que os alcançam

CAPÍTULO 44

A fama ou o corpo, o que mais se ama?

O corpo ou a riqueza, o que vale mais?

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Ganhar ou perder, o que mais adoece?

Por isso o excesso de desejo causará um grande

desgaste

E o excesso de acúmulos causará uma morte rica

Quem sabe se contentar não se humilha

Quem sabe se conter não irá se exaurir

Sendo assim, poderá viver longamente

CAPÍTULO 45

A suprema conclusão parece incompleta

Sua utilização não danifica

A suprema abundância parece vazia

Sua utilização não esgota

A suprema retidão parece tortuosa

A suprema habilidade parece canhestra

A suprema eloqüência parece tartamudear

O movimento vence o frio

A quietude vence o calor

A transparência e a quietude atuam governando

sob o céu

CAPÍTULO 46

Existindo o Caminho sob o céu

Conduzem-se os cavalos para estercar

Não existindo o Caminho sob o céu

Armam-se os cavalos para viver nas fronteiras

Não há delito maior do que estimar os desejos

Não há calamidade maior em não saber se

contentar

Não há erro maior do que desejar possuir

Por isso, com a suficiência de quem sabe que é

suficiente

Terá sempre o suficiente

CAPÍTULO 47

Sem sair da porta

Pode-se conhecer o mundo

Sem ver através da janela

Pode-se conhecer o Caminho do céu

Quanto mais longe saímos

Tanto menos conhecemos

Por isso, o Homem Sagrado

Conhece sem caminhar

Reconhece sem ver

Realiza sem agir

CAPÍTULO 48

A realização através dos estudos é expandir dia

após dia

A realização através do Caminho é simplificar dia

após dia

Simplificando e simplificando mais

Até alcançar a não-ação

Na não-ação não há o que não possa ser feito

Apoderar-se do mundo é permanecer através da

não-atividade40

Ao surgir a atividade

Já não é mais suficiente para apoderar-se do

mundo

40 WU SZE: não-atividade é atitude sem apego.

CAPÍTULO 49

O Homem Sagrado não tem coração

Toma o povo como seu coração

Com os bons faço o bem

Com os que não são bons faço o bem também

Adquirindo o bem

Com os sinceros sou sincero

Com os que não são sinceros sou sincero também

Adquirindo a sinceridade

O Homem Sagrado sob o céu

Age cautelosamente fundindo os corações do

mundo

O povo todo com olhos e ouvidos atentos

O Homem Sagrado os trata como crianças

CAPÍTULO 50

Nascer na vida, entrar na morte

Dos que pertencem ao nascimento, entre dez, há

três

Dos que pertencem à morte, entre dez há três

Dos homens vivos

Os que se movem para a terra da morte, entre dez,

há três

E qual é a causa?

Suas vidas são vividas em excesso

Ouvi dizer que o bom cultivador da vida

Viaja pela terra e não se confronta com

rinocerontes nem tigres

E atravessa um exército sem armadura nem armas

Os rinocerontes não têm onde enfiar o chifre

Os tigres não têm onde cravar as garras

E as armas não têm onde alojar as lâminas

E qual a causa?

Nele não existe lugar para a morte

CAPÍTULO 51

O Caminho gera

A Virtude cria

A matéria forma

A conclusão completa

Por isso os dez mil seres veneram o Caminho e

estimam a Virtude

O Caminho é venerável, a Virtude é estimável

Pois eles não segregam e são constantemente

naturais

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Assim, o Caminho gera, a Virtude cria

Fazem crescer, fazem nutrir

Fazem completar, fazem concluir

Fazem o sustento e fazem a cobertura

Geram, porém não se apossam

Agem, porém não retêm

Cultivam, porém não controlam

Isto chama-se Misteriosa Virtude

CAPÍTULO 52

Sob o céu há um princípio

Que age como mãe do mundo

Já que existe a mãe

Pode-se conhecer o filho

Já que se conhece o filho

Volte a preservar a mãe

Assim

O fim do corpo não conduzirá à morte

Fechando a boca

Trancando a porta

Até o fim do corpo, sem desgaste

Abrindo a boca

Favorecendo a atividade

Até o fim do corpo, sem salvação

Ver o pequeno se chama iluminação

Usar a suavidade se chama força

Use de volta sua luz para voltar a iluminar-se

Assim, não restará dano ao corpo

Isto se chama herdar o constante

CAPÍTULO 53

Torne-me naturalmente firme e possuidor do

saber

Percorrendo o Grande Caminho

Temendo apenas o desperdício

O Grande Caminho é bastante tranquilo

Mas os homens gostam bastante de trilhas

Governo com excesso de degraus

Campo com excesso de erva daninha

Armazém com excesso de vazios

Vestir bordados coloridos

Carregar espada afiada

Satisfazer-se comendo e bebendo

Possuir moedas e bens em excesso

Isto chama-se roubo e auto encantamento

Roubo e auto encantamento negam o Caminho

CAPÍTULO 54

Bem plantado, não se desarraiga

Bem abraçado, não se aparta

Assim

Filhos e netos não cessam de cultuar

Restaure seu corpo

Sua virtude será autêntica

Restaure sua casa

Sua virtude será abundante

Restaure sua província

Sua virtude será crescente

Restaure seu reino

Sua virtude será farta

Restaure seu mundo

Sua virtude será vasta

Assim, através do corpo percebe-se o corpo

Através da casa percebe-se a casa

Através da província percebe-se a província

Através do reino percebe-se o reino

Através do mundo percebe-se o mundo

Como posso saber da natureza do mundo?

É através disso

CAPÍTULO 55

Quem possui a Virtude em abundância

É como um recém-nascido

Os insetos não o picam

As aves de rapina e os animais bravios não o

agarram

Tem ossos leves e cartilagens macias

Mas pegam com firmeza

Desconhece a união de macho e fêmea

Mas seu órgão se desperta, pela plenitude da

essência

Grita até o fim do dia

Mas não fica rouco, pela plenitude da harmonia

Conhecer a harmonia chama-se constância

Conhecer a constância chama-se iluminar

Enriquecer a vida chama-se esclarecer

E o coração que ordena o sopro chama-se força

As coisas no seu auge tornam-se velhas

Isso chama-se negar o Caminho

Negando o Caminho, rapidamente falecem

CAPÍTULO 56

O que é da compreensão não é a palavra

O que é da palavra não é a compreensão

Fechando a boca

Trancando a porta

Cegando o corte

Desatando o nó

Harmonizando-se à luz

Igualando-se à poeira

Isto chama-se o Mistério Comum41

Com o qual

Não se pode encontrar aproximação

Não se pode encontrar afastamento

Não se pode encontrar benefício

Não se pode encontrar malefício

Não se pode encontrar valorização

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Não se pode encontrar desvalorização

Por isso age como nobre sob o céu

41 SHUEN TON: O Mistério Comum; significa a união com

o Todo.

CAPÍTULO 57

Através da retidão organiza-se o reino

Através da singularidade dirige-se a guerra

Através da não-atividade adquire-se o mundo

Como posso saber da natureza do mundo?

É através disso

Muitas restrições e omissões no mundo

Tornam completamente pobre o povo

Muitos instrumentos afiados entre o povo

Fazem crescer a confusão no reino e na família

Muito conhecimento engenhoso entre o povo

Faz crescer o surgimento de objetos estranhos

Leis e coisas crescendo visivelmente

Fazem surgir muitos ladrões e salteadores

Por isso o Homem Sagrado dizia:

Eu não agindo, o povo se transforma

Eu sem atividade, o povo se enriquece

Eu bem tranquilo, o povo se retifica

Eu sem desejos, o povo se simplifica

CAPÍTULO 58

Onde governa a tolerância

O povo tem tranquilidade

Onde governa a discriminação

O povo tem insatisfação

É na desgraça que se encontra a felicidade

É na felicidade que se esconde a desgraça

Quem é capaz de conhecer estes extremos?

Na ausência de governo

O governo passa a agir como estranho

A bondade passa a agir como maldade

A ilusão do homem tem seu dia consolidado

longamente

Seja quadrado sem corte

Seja honesto sem humilhar

Seja reto sem abuso

Seja luminoso sem ofuscar

CAPÍTULO 59

Para reger o homem e servir o céu

Nada como ser o modelo

Somente sendo o modelo

Pode-se dominar cedo

Dominar cedo significa aumentar o acúmulo de

Virtude

Aumentando o acúmulo de Virtude

Então não há o que não se possa vencer

Não havendo o que não se possa vencer

Não se conhece seu extremo

Podendo conhecer seus extremos

Pode-se possuir o reino

Possuindo a mãe do reino

Pode-se ser constante

Isto é uma raiz profunda e um pedúnculo sólido

É o Caminho da vida constante e visão duradoura

CAPÍTULO 60

Governar um grande reino é como cozinhar um

pequeno peixe

Atuando sob o céu através do Caminho

Seus demônios não são despertados

Não que seus demônios não sejam despertados

Seu despertar não fere o homem

Não apenas que seu despertar não fira o homem

O Homem Sagrado também não fere o homem

Sendo que os dois não se ferem

Assim suas Virtudes se unem e retornam

CAPÍTULO 61

O grande reino é aquele corrente abaixo

É um campo sob o céu

Num campo sob o céu

A fêmea sempre vence o macho através da

quietude

Por isso, o grande reino estando abaixo do

pequeno reino

Conquista o pequeno reino

O pequeno reino estando abaixo do grande reino

Absorve o grande reino

Assim

Ou por estar abaixo para conquistar

Ou por estar abaixo para absorver

O grande reino apenas deseja unir e cultivar os

homens

O pequeno reino apenas deseja integrar e servir

aos homens

Cada um destes dois encontra o local para seu

desejo

Portanto, o grande deve estar abaixo

CAPÍTULO 62

O Caminho é o segredo dos dez mil seres

Tesouro do homem benevolente

É o que o homem não-benevolente não guarda

Palavras bonitas podem ser negociadas

Atitudes reverentes podem aumentar um homem

Mesmo com a não-benevolência do homem

Como se poderia abandoná-lo?

Por isso, ergue-se o filho do céu42

Ordenam-se o três duques

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Mesmo possuindo o jade de oferenda43, antes de

quatro cavalos44

Nada se compara a sentar e entrar no Caminho

Por que motivo antigamente se valorizava o

Caminho?

Não diziam que quem busca pode adquirir?

Quem possui culpa pode ser absolvido?

Por isso é valioso sob o céu

42 Os reis eram chamados de “Filhos do Céu”.

43 É um objeto de arte antiga feito de jade, representa as jóias

preciosas.

44 Antigamente, os carros de quatro cavalos pertenciam aos

nobres.

CAPÍTULO 63

Ação através da não-ação

Atividade através da não-atividade

Sabor através do não-sabor

Grande como pequeno, muito como pouco

Retribuir injustiça através da Virtude

Planejar o difícil a partir do fácil

Realizar o grande a partir do pequeno

Sob o céu

A difícil atividade se realiza certamente a partir

da fácil

A grande atividade se realiza certamente a partir

da pequena

Promessas levianas certamente carecem de

confiança

Excesso de facilidades certamente traz excesso de

dificuldades

Sendo assim,

O Homem Sagrado assemelha-se ao difícil

E, por isso, até o fim, não tem dificuldades

CAPÍTULO 64

O que tem paz é fácil de manter

O que é anterior ao despertar é fácil de planejar

O que é frágil é fácil de quebrar

O que é pequeno é fácil de dissolver

Realiza-se a partir da existência

Organiza-se a partir de antes da desordem

Uma árvore de grande abraço gera-se de uma fina

muda

Uma torre de nove andares levanta-se de um

acúmulo de terra

Uma viagem de mil léguas inicia-se debaixo dos

pés

Quem age fracassa

Quem se apega perde

Assim, o Homem Sagrado não age, por isso, não

fracassa

Não se apega, por isso não perde

Os homens, na realização das atividades

Sempre fracassam em suas quase-conclusões

Cautela tanto no fim como no princípio

Conduz à atividade sem fracasso

Assim, o Homem Sagrado deseja através do não-

desejo

Não valoriza as coisas de difícil aquisição

Aprende através do não-aprender

Possui o que ultrapassa todos os homens

Para auxiliar a naturalidade dos dez mil seres

E não encorajar a ação

CAPÍTULO 65

Na antiguidade, os bons realizadores do Caminho

Não o utilizavam para esclarecer o povo

Utilizavam-no para alegrá-lo

A dificuldade de se governar o povo

É devida aos seus conhecimentos

Por isso

Utilizando o intelecto para governar o reino

Têm-se furtos no reino

Não utilizando o intelecto para governar o reino

Tem-se Virtude no reino

Aquele que conhece estes dois

Também se orienta por estes modelos

O constante conhecimento de orientar-se por estes

modelos

Chama-se Misteriosa Virtude

A Misteriosa Virtude é profunda e longa, inverso

das coisas

Naturalmente, após isso, alcança-se a grande

fluência

CAPÍTULO 66

O que pode tornar os rios e mares reis dos cem

vales

E saber situar-se embaixo

Por isso podem ser os reis dos cem vales

Assim

O Homem Sagrado aspirando estar acima dos

homens

Coloca suas palavras abaixo das deles

Aspirando estar à frente dos homens

Coloca seu corpo atrás dos deles

Portanto

Situa-se em cima, mas seu povo não sente o peso

Situa-se à frente, porém o povo não é lesado

Assim, o mundo alegra-se em exaltá-lo, porém sem

desgosto

Como ele não disputa

O mundo não pode disputar com ele

CAPÍTULO 67

Sob o céu todos se consideram o grande

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Não rio disso

O grande sendo grande

Por isso não ri

Se risse

Ha muito teria se tornado pequeno

Eu tenho três tesouros

Que valorizo e preservo:

O primeiro chama-se afetividade

O segundo chama-se simplicidade

E o terceiro chama-se

Não encorajar ser o dianteiro sob o céu45

Assim

Através da afetividade pode-se ter coragem

Através da simplicidade pode-se ter amplitude

Não encorajando ser o dianteiro sob o céu

Pode-se concluir o instrumento do eterno

Hoje

Abandonando a afetividade e tendo coragem

Abandonando a simplicidade e tendo amplitude

Abandonando o ulterior e tornando-se o

dianteiro

Isso é morrer

Através da afetividade

Com a manifestação, é ordenada a retidão

Com o resguardo, é ordenada a duração

Quando o céu quer salvar

Utiliza a afetividade como proteção

45 “Não encorajar a ser o dianteiro sob o céu” representa a

humildade.

CAPÍTULO 68

Na antiguidade, os bons praticantes de

cavalheirismo

Não eram belicosos

Bons em guerrear, sem ira

Bons em vencer os inimigos, sem disputa

Bons em empregar os homens, agindo como o

inferior

Isso se chama a virtude da não-disputa

Isso se chama a força de empregar os homens

Isso se chama a supremacia da união com o céu e

a antiguidade

CAPÍTULO 69

Sobre o uso da arma ha um provérbio

“Não me encorajo a agir como anfitrião

Prefiro agir como hóspede

Não me encorajo em avançar uma polegada

Prefiro recuar um pé ”

Isso se chama mover não movendo

Agarrar não abraçando

Defender não lutando

Enfrentar sem inimizade

Não há desgraça maior do que humilhar o inimigo

Humilhando o inimigo, então

Arriscamos perder nosso tesouro

Por isso

No confronto onde as armas se igualam

Vence, então, o que está entristecido

CAPÍTULO 70

Minha palavra é bastante fácil de compreender

Bastante fácil de praticar

Mas, sob o céu, ninguém consegue compreendê-la

Ninguém consegue praticá-la

Palavras têm uma origem

Atos têm um regente

E somente através da não-compreensão

Não se tem a compreensão do ego

Aqueles que me compreendem são poucos

Aqueles que me seguem são nobres

Por isso

O Homem Sagrado se cobre com andrajos

abraçando um jade

CAPÍTULO 71

Saber do não-saber é sublime

Não saber do saber é doença

Assim, o Homem Sagrado não adoece

Por considerar doença a doença

Por isso, não há doença

CAPÍTULO 72

Quando o povo não tem medo do temível

Então, o grande temor chega

Não estreite sua morada

Não despreze sua vida

Pois somente não desprezando

Pode-se tornar o não-apodrecido

Por isso, o Homem Sagrado

Conhece a si mesmo, mas não se evidencia

Ama a si mesmo, mas não se estima

E, assim, nega isto e admite aquilo

CAPÍTULO 73

Quem tem coragem de ser valente terá a morte

Quem tem coragem de ser cauteloso terá a vida

E esses dois são ora benéficos, ora maléficos

Quando o céu repudia

Quem compreenderá a causa?

O caminho do céu

Não disputa, mas é bom em vencer

Não fala, mas é bom em responder

Não é invocado, mas por si vem

Não fala, mas é bom em planejar

A teia do céu é grandiosamente grande

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Liga-se a tudo e de nada se perde

CAPÍTULO 74

O povo constante não teme a morte

Como se pode intimidá-lo usando a morte?

Se considero estranho esse constante que não teme

a morte

Devo, sinceramente, matar

Mesmo reconhecendo sua coragem?

O Constante possui o encargo de matar e mata

O homem que tomar o lugar no encargo de matar

Será como substituir grande lenhador ao serrar

O homem que substituir o grande lenhador ao

serrar

Raramente não machucará a mão

CAPÍTULO 75

A fome do homem

É devida a seu superior alimentar-se de impostos

em demasia

Por isso existe a fome

A difícil governabilidade de cem famílias

É devida a seu superior agir intencionalmente

Por isso existe o desgoverno

A fácil morte do povo

É devida a viver-se uma vida de excessos

Por isso existe a morte fácil

Assim apenas aqueles que não utilizam a vida

para agir

São bons em valorizar a vida

CAPÍTULO 76

O homem ao nascer é tenro e brando

Ao morrer é rígido e duro

A erva, a madeira e os dez mil seres ao brotarem

São como a suave penugem do ventre do pássaro

Ao morrer são secos e murchos

Por isso, os rígidos e duros são companheiros da

morte

Os tenros e brandos são companheiros da vida

Sendo assim

As armas duras não vencem

As árvores duras são comuns

Por isso, os rígidos e duros moram embaixo

Tenros e brandos situam-se em cima

CAPÍTULO 77

O Caminho do Céu é como o retesar do arco

A parte superior abaixa, a parte inferior sobe

A parte que possui sobra e diminuída

A parte não-suficiente é completada

O Caminho do Céu

Diminui a sobra possuída

Completa o não-suficiente

Mas o caminho do homem não se orienta assim

Diminui do não-suficiente

Para oferecer ao que possui sobra

Mas quem pode possuir sobra para oferecer ao

mundo?

Somente aquele que possui o Caminho

Por isso, o Homem Sagrado

Age sem querer para si

Conclui a obra, mas não se apega

E não deseja mostrar sua eminência

CAPÍTULO 78

Sob o Céu

Nada é mais suave e brando que a água

No entanto, para atacar o que é rígido e duro

Nada pode se adiantar a ela

Nada pode substituí-la

Assim

A suavidade vence a força

O brando vence o duro

Sob o céu

Não há quem não o saiba

Não há quem possa praticá-lo

Por isso o Homem Sagrado disse:

Aceitar as impurezas do reino

Chama-se reger o cereal e a terra

Aceitar as desventuras do reino

Chama-se reinar sob o céu

As palavras corretas parecem contrárias

CAPÍTULO 79

Ao se conciliar um grande rancor

Certamente ainda se terá um resto de rancor

Então como se pode agir bem?

Sendo assim

O Homem Sagrado toma o Sinal Esquerdo46 e não

critica as pessoas

Por isso, quem tem Virtude se orienta pelo sinal

Quem não tem Virtude se orienta pelo vestígio

O Caminho do Céu não cria intimidade

Mas acompanha sempre o homem bom

46 FU: sinal tem sentido de correspondência; esquerdo é o

lado do coração. O Homem Sagrado se corresponde com o

mundo através do coração.

CAPÍTULO 80

Um pequeno reino de poucos habitantes

Mesmo que possua um utensílio para dezenas de

centenas não o usa

Faça o povo valorizar a morte e não viajar longe

Possuindo barcos e carruagens, mas não tendo

onde usá-los

Page 24: LAO-TSÉ - gdpatriarcajaco.org.br · "Nas profundezas do Insondável jaz o Ser. Antes que o céu e a terra existissem, Já era o Ser. Imóvel, ... pode significar "O Estudante Velho"

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Possuindo armas e armaduras, mas não tendo

onde enfileirá-las

Faça o povo retornar aos nós em corda e ao seu

uso

Então serão doces seus alimentos

Belas suas roupas

Pacíficas suas moradias

Alegres seus costumes

Que os reinos vizinhos estejam a vista

Que o som de galos e cachorros sejam ouvidos

Faça o povo alcançar a velhice sem ter que ir e vir

CAPÍTULO 81

Palavras confiáveis não são belas

Palavras belas não são confiáveis

Quem sabe não é abrangente

Quem é abrangente não sabe

Quem é bom não discute

Quem discute não é bom

O Homem Sagrado não acumula

Quanto mais faz para os homens, mais tem

Quanto mais dá aos homens, mais aumenta

O Caminho do Céu é favorecer e não prejudicar

O Caminho do Homem Sagrado é fazer e não

disputar