lanches escolares
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Caracterização do lanche da manhã dos alunos do 1°ciclo do
ensino básico e jardins-de-infância em São João da Madeira
Characterization of morning snacks at elementary schools and
kindergarten in São João da Madeira
Anabela Ferreira dos Santos
Orientação: Prof.a Doutora Ada Rocha
Co-orientação: Mestre Nelson Costa
Trabalho de Investigação
Porto, 2010
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Caracterização do lanche da manhã dos alunos do 1° ciclo do ensino básico e jardins-de-infância em São João da Madeira
Dedico este trabalho às crianças que fizeram parte deste estudo,
agradecendo a sua motivação e esperando que estes resultados
contribuem para o seu bem-estar no futuro.
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Caracterização do lanche da manhã dos alunos do 1° ciclo do ensino básico e jardins-de-infância em São João da Madeira
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais e irmãos, sobretudo à Vânia, pela paciência e por todo o apoio e
incentivo que me deram durante a elaboração deste trabalho.
À Professora Doutora Ada Rocha, que orientou o estágio, pelo empenho,
dedicação, revisão dos textos e por ter contribuído para o enriquecimento dos
meus conhecimentos.
À Margarida de Liz por toda a disponibilidade e a ajuda preciosa na análise
estatística deste trabalho.
À Câmara Municipal de São João da Madeira, que me concedeu a oportunidade
de estagiar nesta instituição.
Ao Dr. Nelson Costa pela disponibilidade, simpatia e apoio na minha co-
orientação na autarquia.
À Célia por toda a sua disponibilidade e apoio.
A todos os que de uma forma ou outra me ajudaram, incentivaram ao longo dos
últimos quatros anos, muito obrigada.
A todos muito obrigada!!!
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Caracterização do lanche da manhã dos alunos do 1° ciclo do ensino básico e jardins-de-infância em São João da Madeira
ÍNDICE
Lista de Abreviaturas ............................................................................................ vi
Resumo ............................................................................................................... vii
Abstract .............................................................................................................. viii
1. Introdução ..................................................................................................... 1
2. Objectivos ..................................................................................................... 4
2.1. Objectivos Gerais ................................................................................... 4
2.2. Objectivos Específicos ........................................................................... 4
3. Material e Métodos ........................................................................................ 4
3.1. População e amostragem ...................................................................... 5
3.2. Recolha de Informação .......................................................................... 5
3.3. Quantidade de alimentos e análise da composição nutricional .............. 6
3.4. Categorização alimentar ........................................................................ 7
3.5. Ensaio Piloto .......................................................................................... 8
3.6. Análise Estatística .................................................................................. 8
3.7. Garantia de confidencialidade ................................................................ 9
4. Resultados .................................................................................................. 10
4.1. Descrição da amostra .......................................................................... 10
4.2. Caracterização qualitativa do pequeno-almoço ................................... 10
4.3. Caracterização dos lanches escolares ................................................. 12
4.4. Caracterização qualitativa e quantitativa dos lanches escolares ......... 13
4.5. Avaliação do contributo nutricional do lanche escolar.......................... 14
4.6. Caracterização leite escolar ................................................................. 16
4.7. Relação com o escalão de acção social .............................................. 17
5. Discussão .................................................................................................... 18
6. Conclusão ................................................................................................... 27
7. Referências Bibliográficas ........................................................................... 28
8. Índice de Anexos ......................................................................................... 37
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LISTA DE ABREVIATURAS
JI – Jardim-de-infância
EB1 – Ensino Básico 1°ciclo
SJM – São João da Madeira
PA – Pequeno-almoço
LE – Leite escolar
OMS/WHO – Organização Mundial de Saúde
SPSS – Statistical Package for the Social Sciences
HBSC – Health Behaviour in School – Aged Children
DRI – Dietary References Intake
EER – Estimated Energy Requirement
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RESUMO
Objectivo: Caracterização qualitativa e quantitativa dos lanches escolares
consumidos durante o intervalo da manhã nos jardins-de-infância e escolas do
1°ciclo do ensino básico da rede pública do concelho de S. João da Madeira.
Metodologia: A amostra era constituída por 176 alunos com idades
compreendidas entre os 3 e os 9 anos e que almoçavam, no dia da recolha de
dados, na cantina da escola. Este estudo descritivo transversal consistiu na
aplicação de um questionário de administração indirecta, um inquérito de
satisfação aos alunos relativo à refeição fornecida na cantina escolar e recolha de
fotografias dos lanches escolares. A análise estatística foi realizada com o auxílio
do programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS)® e do programa
Microsoft Office Excel 2003®.
Resultados: 98,9% das crianças tinham lanche disponível para consumo no
momento do inquérito. Os alimentos identificados pertenciam ao grupo do leite,
iogurte e queijo (61,9%) e do pão equivalentes (48,9%). O valor energético e
nutricional da refeição do meio da manhã das crianças ultrapassou as
recomendações preconizadas para a faixa etária em estudo.
Conclusão: Os resultados encontrados evidenciam a necessidade de
implementação de programas de educação alimentar, tendo em conta a
promoção de hábitos alimentares das crianças.
Palavras-chave: lanche escolar, criança, recomendações (DRI)
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ABSTRACT
Objective: Qualitative and quantitative characterization of school snacks
consumed during mid-morning break in the kindergarten and elementary schools
in the Municipality of S. João da Madeira.
Methods: The sample comprised 176 pupils aged 3 to 9 years old and who had
lunch on the day of the data collection at the school canteen. This sectional
descriptive study consisted in an indirect questionnaire, a satisfaction survey to
students on the meal provided at the school canteen and a photograph’s collection
of the school snacks. Statistical analysis was performed using Statistical Package
for Social Sciences (SPSS)® and the Microsoft Office Excel 2003®.
Results: 98.9% of children had snacks available for consumption during the
inquiry day. The foods identified belonged to the groups of milk, yogurt and cheese
(61.9%) and bread equivalent (48.9%). The energy and nutritional value of the
mid-morning meal exceeded the recommendations for the age group under study.
Conclusion: The results show the need to implement nutritional education
programs, taking into account the promotion of children's eating habits.
Keywords: school snack, children, Dietary Reference Intake (DRI)
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Caracterização do lanche da manhã dos alunos do 1° ciclo do ensino básico e jardins-de-infância em São João da Madeira
1. INTRODUÇÃO
A alimentação saudável na infância é primordial, desempenhando um papel
importante no desenvolvimento e crescimento da criança e na preservação da sua
saúde. Os hábitos alimentares adequados nesta fase constituem a base de uma
alimentação sã e equilibrada para o resto da vida e contribuem para a prevenção
da doença(1-3). A evolução da sociedade ao longo das últimas décadas tem
conduzido ao desenvolvimento de novos valores e novas prioridades. A evolução
do estatuto social da mulher foi um marco importante nesta evolução. As
mulheres saíram da esfera doméstica passando à ocupação de diferentes
funções na sociedade moderna. Consequentemente a disponibilidade de tempo
dedicada à confecção de alimentos diminuiu. Esta mudança alimentar traduz-se
na confecção de refeições rápidas, numa maior ingestão de gordura e energia e
menor ingestão de alimentos ricos em fibra, fruta e hortícolas. Estas alterações de
comportamentos alimentares induzem a ingestão de uma alimentação
hipercalórica e hiperlipídica. O desequilibro alimentar que advém deste tipo de
alimentação tem efeitos graves não só a nível social, psico-emocional,
socioeconómico, mas também na saúde da população, causando não só maior
prevalência de excesso de peso e obesidade, mas também outras doenças
crónicas(4-5). Brow et al. constatou que um recente aumento da obesidade infantil
tem coincidido com o aumento da participação feminina no mercado de
trabalho(6). Actualmente, o excesso de peso e a obesidade são um problema de
saúde pública grave na Europa(7). Sendo Portugal, um dos países europeus com
a prevalência mais alta de obesidade, nas crianças(8). O risco desta doença na
idade adulta é superior a 50% em crianças obesas, em comparação com cerca de
10% para crianças não obesas(9-10), acarretando graves sequelas na saúde e
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bem-estar do indivíduo(11-12). Considera-se que o período ideal para se tratar a
obesidade seja entre os 3 e 9 anos de idades, quando a criança começa a
percepcionar a sua imagem corporal(13), e porque é a altura em que é mais
provável que o problema, não sendo tratado, possa persistir na idade adulta(14).
Para responder às necessidades e permitir a entrada da mulher no mercado de
trabalho, foram criadas diferentes respostas sociais, tais como infantários,
creches, jardins-de-infância, destinadas às crianças. O papel ocupado até então
pela família em geral e pela mãe em particular, no acompanhamento do filho ao
longo do dia no que diz respeito à sua alimentação passou desta para estas
instituições, pois são os locais onde as crianças permanecem grande parte do seu
dia. Estas assumem hoje uma particular importância e responsabilidade na
sociedade(15), pois contribuem directamente para o desenvolvimento harmonioso
das gerações futuras. Daí a existência de inúmeros estudos efectuados em
Portugal e no mundo, com o intuito de avaliar as refeições consumidas nestas
instituições e especificamente aos lanches. Ao longo do dia, a quantidade de
energia e de macronutrientes adequada à criança deve ser distribuída por
refeições e merendas bem estruturadas para que os intervalos entre elas não
sejam demasiados longos(3, 16). O lanche escolar da manhã é determinante para o
equilíbrio do dia alimentar(3), para além de fornecer a energia e os nutrientes que
o organismo necessita entre as principais refeições, ajuda à concentração e
melhora o rendimento escolar(17). Esta refeição realizada durante a manhã, deve
ser de fácil digestão, variada e, com um valor energético mais reduzido do que o
pequeno-almoço, conforme a duração da manhã e a intensidade do esforço físico
realizado(4). As conclusões de diversos estudos efectuados foram que os lanches
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Caracterização do lanche da manhã dos alunos do 1° ciclo do ensino básico e jardins-de-infância em São João da Madeira
levados pelas crianças para a escola nem sempre cumprem as recomendações
alimentares para este grupo populacional, e que por falta de disponibilidade e de
informação, são preparadas e disponibilizadas refeições de elevada densidade
energética(7, 18-20).
Estudos revelam ainda que as crianças não estão dotadas de uma capacidade
inata para escolher alimentos em função do seu valor nutricional, sendo através
da experiência, da observação, da educação e até mesmo da influência dos
meios de comunicação, da publicidade e dos amigos, que adquirem os seus
hábitos alimentares(15, 21-22). Dado o contexto de aprendizagem formal em que as
instituições de ensino estão inseridas, estas desempenham um papel importante
na educação alimentar das crianças. Aprendizagem esta feita recorrendo a vários
métodos, desde o estudo propriamente dito até actividades e jogos.
As escolas podem assim actuar através das refeições servidas, uma vez que a
autarquia tem um controlo directo na qualidade dessas refeições. Mas,
contrariamente às refeições servidas na cantina os lanches são maioritariamente
provenientes de casa. Neste caso a educação alimentar deve, não só, abranger
as crianças mas igualmente os pais. Medidas educativas extensivas à família e à
comunidade deverão ser implementadas em função dos resultados obtidos na
avaliação feita aos lanches.
Neste contexto realizou-se um estudo em 9 escolas do 1° ciclo do ensino básico e
em 7 Jardins-de-Infância da rede educativa pública do concelho de S. João da
Madeira (anexo 1).
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Caracterização do lanche da manhã dos alunos do 1° ciclo do ensino básico e jardins-de-infância em São João da Madeira
2. OBJECTIVOS
2.1. Objectivos Gerais
O presente trabalho teve como objectivo a caracterização qualitativa e quantitativa
dos lanches escolares consumidos durante o intervalo da manhã nas escolas
acima referidas.
2.2. Objectivos Específicos
Caracterizar qualitativamente o consumo do pequeno-almoço;
Caracterizar o consumo de leite escolar
Determinar os lanches escolares relativamente à sua composição, valor
energético e valor nutricional;
Analisar a relação entre a proveniência e a preparação com a qualidade do
lanche.
Analisar o contributo energético e nutricional dos lanches escolares para a
dose diária recomendada em valor energético total e macronutrientes;
Analisar a relação entre o escalão de acção social da criança e a contribuição
energética do lanche.
Analisar a relação entre o pequeno-almoço e o lanche escolar.
3. MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi realizado através de um estudo descritivo transversal, que
consistiu na aplicação de um questionário de administração indirecta (anexo 2),
um inquérito de satisfação aos alunos (anexo 3) relativo à refeição fornecida na
cantina escolar e recolha de fotografias dos lanches escolares.
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Caracterização do lanche da manhã dos alunos do 1° ciclo do ensino básico e jardins-de-infância em São João da Madeira
3.1. População e amostragem
A população de S. João da Madeira trabalha maioritariamente no sector
secundário. Os censos de 2001 revelam níveis de escolaridade baixos, 58% da
população residente neste concelho frequentou apenas o ensino básico, deste
34% concluiu o 1°Ciclo, e apenas 12% o 3° Ciclo(23). Dos alunos matriculados no
ano lectivo 2008/2009, 30% das crianças dos Jardins-de-Infância e 20% dos
alunos do 1° Ciclo EB1 não residiam neste concelho(24).
O tamanho amostral abrangeu cerca de 10% do total dos alunos inscritos no
ensino pré-escolar e 1º Ciclo de ensino básico no ano lectivo de 2009/2010. Para
a realização deste trabalho foi considerada uma amostra de conveniência
estratificada por grupo etário, englobando alunos com idades compreendidas
entre os 3 e os 9 anos e que almoçavam, no dia da recolha de dados, na cantina
da escola.
A escolha aleatória das crianças foi efectuada pelo professor titular de turma,
tendo em consideração a faixa etária e o género pretendido.
3.2. Recolha de Informação
Os Agrupamentos de Escolas foram previamente informados dos objectivos e
metodologia do estudo, assim como da calendarização da recolha de dados, para
cada estabelecimento escolar (Anexo 4).
A recolha de dados foi efectuada entre 29 de Abril e 17 de Maio de 2010, com o
auxílio de uma máquina fotográfica digital, uma balança de cozinha electrónica
Elsay e dos questionários.
Inicialmente foi explicado a cada inquirido o objectivo do estudo e posteriormente,
antes do intervalo da manhã, foi administrado um questionário individual sempre
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Caracterização do lanche da manhã dos alunos do 1° ciclo do ensino básico e jardins-de-infância em São João da Madeira
pela mesma entrevistadora. O questionário teve como objectivo avaliar a
composição do pequeno-almoço e a ingestão do leite escolar e caracterizar
qualitativa e quantitativamente a disponibilidade de alimentos/bebidas para
consumo no intervalo da manhã. Na utilização da denominação do “pequeno-
almoço” foi considerado o alimento ou composição de alimentos ingerido(s)
durante a primeira hora após acordar.
Para quantificar o tipo de alimentos ingeridos ao meio da manhã, foi pedido às
crianças que apresentassem o que tencionavam consumir para ser fotografado e
pesado no caso de alimentos não rotulados. Ao longo do trabalho, utilizou-se a
referência de “consumidos” para grupos de alimentos para facilitar a apresentação
dos resultados. No entanto, apenas se avaliou a disponibilidade dos grupos de
alimentos.
Numa segunda fase, o aluno preencheu um Inquérito de Satisfação, para avaliar a
sua satisfação em relação à refeição servida na cantina naquele dia.
Para efeitos de acção social escolar, os alunos são classificados em três escalões
(A, B e C), conforme o rendimento das famílias(25):
Escalão A - senha verde → 100% de apoio na refeição
Escalão B - senha azul → 50% apoio da refeição
Escalão C - senha rosa → 0% sem apoio.
3.3. Quantidade de alimentos e análise da composição nutricional
A quantidade dos produtos alimentares disponibilizados no lanche foi obtida
usando a quantidade líquida presente nos rótulos ou por pesagem em alimentos
não rotulados. A composição nutricional foi descrita, posteriormente, com o auxílio
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das fotografias tiradas aos lanches e rótulos. Na ausência de informação
nutricional nos alimentos, recorreu-se à Tabela da Composição de Alimentos(26) e
a embalagens disponíveis em estabelecimentos comerciais.
3.4. Categorização alimentar
Procedeu-se, posteriormente, a um agrupamento dos produtos alimentares, tanto
do pequeno-almoço como do lanche. Assim, usando como referência o estudo
“EpiPorto - Consumo alimentar no Porto”(27), criou-se uma tabela adaptada ao
estudo, de acordo com as características nutricionais dos alimentos (tabela 1).
Tabela 1: Grupos de alimentos e bebidas utilizados para avaliar o meio da manhã
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3.5. Ensaio Piloto
Foi realizado um ensaio piloto que consistiu na aplicação do questionário e do
inquérito de satisfação aos alunos, na Escola EB1/JI do Parrinho, no dia 13 de
Abril 2010. De forma aleatória, foram escolhidas pela Coordenadora da escola 14
crianças (50% do género feminino e 50% do género masculino) correspondendo a
cada faixa etária pretendida.
Foram efectuadas algumas alterações no método de recolha de informação,
assim como na distribuição da amostra por escolas, tendo sido recebida a
informação de que em três escolas seleccionadas, os alunos do 3°ano lectivo
estavam abrangidos por um programa educativo intitulado “Passe”, sendo este da
responsabilidade do Centro de Saúde e, como tal, não participariam neste estudo.
3.6. Análise Estatística
A análise estatística dos dados foi realizada com o auxílio do programa Statistical
Package for the Social Sciences (SPSS) versão 17® e do programa Microsoft
Office Excel 2003®.
A análise descritiva das variáveis efectuou-se a partir da determinação da média,
do desvio padrão, mínimo e máximo para variáveis cardinais e da frequência para
variáveis ordinais e nominais.
Foi testada a normalidade das distribuições das variáveis cardinais através do
teste não paramétrico de Kolmogorov-Smirnov.
Utilizou-se o teste do Qui-quadrado (X2) para verificar a independência entre
pares de variáveis categóricas. A comparação de médias, para variáveis com
distribuição diferente da normal, foi efectuada a partir do teste de Mann-Withney
entre dois grupos independentes e o teste de Kruskall-Wallis para vários grupos.
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Aplicou-se o teste t de Student para amostras independentes, na comparação de
dois grupos e o teste Anova, na comparação de vários grupos. Por último foram
determinados os coeficientes de correlação de Pearson (r) e de Spearman (rs).
Para todas as análises considerou-se um nível de significância (ρ) de 5%.
3.7. Garantia de confidencialidade
Foi cumprida e garantida a protecção e confidencialidade das informações
pessoais. Para o efeito, a cada questionário foi atribuído um número de código
identificativo, o qual foi usado para análise estatística.
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Caracterização do lanche da manhã dos alunos do 1° ciclo do ensino básico e jardins-de-infância em São João da Madeira
4. RESULTADOS
4.1. Descrição da amostra
A amostra foi constituída por 176 crianças com idades compreendidas entre os 3
e 9 anos de idade. A distribuição dos alunos inquiridos foi idêntica entre géneros e
estabelecimentos de ensino (gráfico 1).
Gráfico 1: Distribuição da amostra por género e idade
4.2. Caracterização qualitativa do pequeno-almoço
Dos 176 participantes no estudo, 94,9% tomaram o pequeno-almoço (PA), no dia
do inquérito (Gráfico 2).
Gráfico 2: Frequência da ingestão do pequeno-almoço
(anos)
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Caracterização do lanche da manhã dos alunos do 1° ciclo do ensino básico e jardins-de-infância em São João da Madeira
Verificou-se que o PA dos inquiridos foi constituído maioritariamente pelos grupos
de leite, iogurte e queijo (64, 8%) e cereais de PA e farinhas (44,3%) (gráfico 3).
Gráfico 3: Grupos de alimentos mais consumidos ao pequeno-almoço por género (%)
Não se verificou significado estatístico na associação entre os grupos mais
consumidos de alimentos e por género (anexo 5, tabela 1). No entanto, foram
encontradas diferenças significativas entre a variável idade no grupo “Outros
alimentos” (ρ=0,024). Verificou-se um aumento do consumo do grupo de
alimentos constituído por chá, café, cevada com a idade (anexo 5, tabela 2).
Em relação ao número de grupos ingeridos ao PA pelos inquiridos, este variou
entre 0 e 4, sendo a média de 1,8 0,8. A maioria das crianças consumiu dois
grupos de alimentos (57,4%) (anexo 5, tabela 3).
Verificou-se a existência de uma correlação positiva entre o número de grupos
consumidos e a idade (ρ=0,041; r=0,154), sendo que crianças mais velhas
ingeriram maior número de grupos de alimentos ao PA. Relativamente ao sexo,
não se verificaram diferenças significativas (ρ=0,291).
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Caracterização do lanche da manhã dos alunos do 1° ciclo do ensino básico e jardins-de-infância em São João da Madeira
4.3. Caracterização dos lanches escolares
Das 176 crianças, 98,9% tinham lanche disponível para consumo no momento do
inquérito. As razões pelas quais duas crianças (1,1%) com 3 e 9 anos, do sexo
masculino, não possuíam lanche foi identificada como “não é habitual lanchar” e
outra – “não me apeteceu trazer lanche”.
O horário da ingestão do lanche não foi uniforme entre inquiridos como se pode
observar no gráfico 4.
90,8% referiram que o lanche era, na sua totalidade, preparado em casa.
Enquanto que 7,5% completaram o lanche proveniente de casa com o leite
escolar e identificou-se uma criança com um alimento adquirido num
estabelecimento comercial (tabela 2).
Tabela 2: Proveniência do lanche escolar
Não foram observadas diferenças significativas entre a proveniência do lanche e o
género (ρ=0,545) e a faixa etária (ρ=0,219).
Gráfico 4: Distribuição da amostra pela hora do lanche (%)
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Caracterização do lanche da manhã dos alunos do 1° ciclo do ensino básico e jardins-de-infância em São João da Madeira
A preparação do lanche de 88,5% crianças foi realizada pelos pais (mãe/pai)
(tabela 3). Salienta-se que 9 crianças preparam o seu próprio lanche.
Tabela 3: Pessoa que prepara o lanche escolar
Não foram encontradas diferenças significativas entre quem prepara o lanche
escolar e o género (ρ=0,981) e a idade (ρ=0,687).
4.4. Caracterização qualitativa e quantitativa dos lanches escolares
Verificou-se que os grupos do leite, iogurte e queijo (61,9%) e do pão e
equivalentes (48,9%) foram os mais consumidos.
Salienta-se que o leite, iogurte e queijo, assim como doces e pastéis, carnes,
leites com chocolate e produtos de cafetaria foram mais consumidos pelos
rapazes. O pão e equivalentes, fruta, óleos e gorduras e cereais de PA foram
mais consumidos pelas raparigas (gráfico 5).
Gráfico 5: Distribuição dos grupos de alimentos consumidos ao lanche por género (%)
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Caracterização do lanche da manhã dos alunos do 1° ciclo do ensino básico e jardins-de-infância em São João da Madeira
Não se verificou nenhuma associação significativa entre os grupos mais
consumidos ao lanche e o género (anexo 5, tabela 4). Observou-se uma relação
com significado estatístico no consumo do leite com chocolate e a idade
(ρ=0,003) (anexo 5, tabela 5).
Observou-se uma maior disponibilidade de bebidas no lanche escolar quando
este é preparado em casa. Verificou-se ainda que a disponibilidade de leite
achocolatado era maior, quando o lanche era completado pela escola (anexo 5,
tabela 6).
O número de grupos de alimentos ingeridos ao lanche variou entre 0 e 4, sendo a
média de 2,2 0,9. A maioria das crianças consumiu 2 grupos de alimentos
(38,1%). Verificou-se que 32,9% das raparigas e 38,1% dos rapazes consumiram
3 ou mais grupos de alimentos ao lanche. Não se observaram relações
estatisticamente significativas entre o número de grupos de alimentos e o género
(ρ=0,543), contudo verificou-se um aumento do número de grupos com o
aumento da idade da criança (ρ=0,024; r=0,170) (anexo 5, tabela7).
O horário do intervalo não influenciou o número de grupos de alimentos ingeridos
(ρ=0,928).
4.5. Avaliação do contributo nutricional do lanche escolar
Constatou-se que o valor energético total (VET) médio dos lanches escolares foi
de 255,3kcal. As proteínas contribuíram, em média, com 13,0%, os lípidos com
25,6% e os hidratos de carbono com 61,4% (correspondendo 54,3% a açúcares
simples) para o VET dos lanches (Tabela 4).
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Caracterização do lanche da manhã dos alunos do 1° ciclo do ensino básico e jardins-de-infância em São João da Madeira
Tabela 4: Contributo energético e nutricional médio do lanche escolar para a ingestão diária
Relativamente ao total de gordura consumido, foram encontradas diferenças
significativas entre géneros (ρ=0,035), tendo se verificado que as raparigas
ingerem em média menos gordura (6,4g) do que os rapazes (8,2g). Apesar de
não se verificarem diferenças significativas, as crianças do sexo masculino
apresentaram lanches com maior VET, maior quantidade de proteínas, hidratos
de carbono e açúcares simples e teor de fibra alimentar mais baixo do que as
raparigas (anexo 5, tabela 8).
Observaram-se associações significativas entre a idade e o total de energia
(ρ<0,001; rs=0,291), a gordura (ρ=0,003; r=0,221), os hidratos de carbono
(ρ<0,001; rs=0,264) e os açúcares simples (ρ=0,015; rs=0,185), indicando que
quanto mais velhas as crianças maior a ingestão energética e de macronutrientes
(anexo 5, tabela 9).
Verificou-se que os lanches provenientes de casa contribuíram significativamente
para os valores elevados dos macronutrientes (anexo 5, tabela 10). Não se
verificaram diferenças significativas no VET e na composição nutricional dos
lanches em função de quem os prepara (anexo 5, tabela 11).
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Caracterização do lanche da manhã dos alunos do 1° ciclo do ensino básico e jardins-de-infância em São João da Madeira
Constatou-se que quando o lanche escolar é realizado entre as 10h30-11h00, o
valor energético do lanche é significativamente superior (ρ=0,024) em
comparação com os restantes horários (tabela 5).
Tabela 5: Distribuição do valor energético total do lanche escolar em função do horário
Não se verificou nenhuma associação entre o VET do lanche escolar e o facto do
inquirido ter tomado pequeno-almoço (ρ=0,656).
O grupo dos alimentos de cafetaria e “fast-food” foi o que contribuiu para valores
médios superiores de energia (473,0kcal), proteína (15,8g), gordura total (25,3g),
açúcares simples (47,9g) e fibra alimentar (4,9g) (anexo 5, tabela 12).
4.6. Caracterização leite escolar
Todas as escolas envolvidas no estudo estavam englobadas no programa Leite
Escolar (LE), disponibilizando o Leite Escolar achocolatado Lactogal .
O leite escolar achocolatado não está disponível para o lanche do meio da manhã
nos Jardins-de-infância (anexo 5, tabela 13).
O maior consumo de LE foi identificado no período da tarde (62%), sendo que
somente 14 crianças (8%) o ingeriram durante a manhã.
Verificou-se que apenas uma criança do sexo masculino, de 7 anos de idade,
ingeriu exclusivamente LE, fornecido pela escola, a meio da manhã (tabela 1).
O consumo deste alimento foi independente do género (ρ=0,243). Dos 4 aos 6
anos e dos 7 aos 9 anos de idades verificou-se uma tendência cada vez maior
para a não ingestão deste alimento (anexo 5, tabela 13).
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Caracterização do lanche da manhã dos alunos do 1° ciclo do ensino básico e jardins-de-infância em São João da Madeira
Nos lanches das crianças que ingeriram LE, verificou-se uma contribuição
glicídica (ρ=0,006), proteica (ρ<0,001) e lipídica (ρ=0,011) para o VET,
significativamente superior dos que não consumiam LE no meio da manhã (anexo
5, tabela 14).
4.7. Relação com o escalão de acção social
Para efeitos de acção social escolar, os alunos são classificados em três
escalões. A tabela 6 ilustra os três escalões na amostra em estudo.
Tabela 6: Distribuição dos alunos por escalão de acção social
Verificou-se que no Escalão C a contribuição energética proveniente da gordura
(6,5g; ρ=0,039), assim como o valor total de energia (238,5kcal; ρ=0,005)
apresentavam valores significativamente inferiores aos restantes escalões para a
refeição do lanche (anexo 5, tabela 15).
18
Caracterização do lanche da manhã dos alunos do 1° ciclo do ensino básico e jardins-de-infância em São João da Madeira
5. DISCUSSÃO
Os resultados observados revelaram que a maioria das crianças dos 3 aos 9 anos
de idade toma pequeno-almoço. Este resultado revelou-se positivo
comparativamente a estudos realizados noutras populações(12, 28-29), e encontra-
se de acordo com um estudo efectuado em jovens portugueses com idades entre
os 13 e 17 anos, no qual 87 a 94% dos inquiridos tomavam pequeno-almoço(30).
No entanto, verificou-se que uma pequena percentagem de crianças omite esta
primeira refeição do dia. Sendo esta importante para o equilíbrio alimentar(1), é
citada por vários autores como a refeição mais importante do dia(31-32).
Em relação à frequência de consumo do pequeno-almoço não se verificaram,
neste estudo, diferenças entre faixa etária. Pelo contrário, no que diz respeito à
quantidade de alimentos ingeridos constatou-se que as crianças mais velhas
tendem a ingerir maior quantidade de alimentos. Noutros estudos foram
encontrados resultados contraditórios sendo que a toma do pequeno-almoço varia
consoante a idade, verificou-se que quanto mais velha a criança, menor a
frequência e qualidade desta refeição(12, 28, 33).
Relativamente à composição do pequeno-almoço, os resultados estão de acordo
com os observados por Alexy et al., que verificaram que as crianças ingerem
preferencialmente alimentos do grupo do leite, iogurte e queijo com cereais do
pequeno-almoço. Observaram também que a partir dos 6 anos de idade as
crianças bebem café, cevada, chá. Nesse estudo coorte realizado na Alemanha
constatou-se ainda que crianças que costumam tomar pequeno-almoço
apresentam uma probabilidade maior de consumir com mais frequência fruta,
cereais e leite(12).
19
Caracterização do lanche da manhã dos alunos do 1° ciclo do ensino básico e jardins-de-infância em São João da Madeira
De igual modo as refeições intercalares, em particular o lanche do meio da
manhã, são indispensáveis para o equilíbrio da alimentação diária(3). Verificou-se
que 98,9% dos alunos inquiridos tinham disponível pelo menos um alimento para
consumo no intervalo do meio da manhã. Resultado ligeiramente superior aos
observados em estudos realizados por Briefel et al. e Lazzeri et al., nos quais
94% de crianças americanas(33) e 95,9% de crianças italianas, respectivamente,
lancham durante a manhã(29).
Todos os estabelecimentos de ensino integrados no estudo englobavam o
programa Leite Escolar(34), distribuindo-o de forma gratuita. Nenhum suplemento
alimentar ou lanche era fornecido aos alunos, além do Leite Escolar. Por esse
motivo, o lanche provinha essencialmente de casa. Quanto à preparação, esta era
realizada principalmente pelos pais (mãe/pai) e nalguns casos pelas próprias
crianças.
Relativamente à sua constituição, o grupo do leite, iogurtes e queijo prevaleceu no
lanche da manhã, assim como o do pão ou equivalentes. Constatações que vão
ao encontro às obtidas em estudos similares realizados noutros concelhos do
país, em Olhão(35) e em Matosinhos(36).
O grupo dos doces e pastéis ocupa a 3ª posição dos grupos mais consumidos e é
preferido pelas crianças do sexo masculino. 25 a 33% das crianças consumiram
doces no dia do inquérito. Também segundo os dados do relatório Health
Behavior of School-Age Children (HBSC) de 2001/2002, 20 a 28% dos jovens
portugueses consumiam diariamente doces(37).
Devido à importância dos frutos e hortícolas na alimentação saudável, salienta-se
que neste estudo, o consumo de fruta é relativamente baixo, sendo efectuado
preferencialmente pelas crianças do sexo feminino. Segundo o estudo de Lorson
20
Caracterização do lanche da manhã dos alunos do 1° ciclo do ensino básico e jardins-de-infância em São João da Madeira
et al., as crianças do sexo masculino bebem mais sumo de fruta e comem menos
fruta que as do sexo feminino, da mesma maneira que são as crianças mais
novas as que apresentam maiores consumos(38), facto que também se verificou
neste estudo. De acordo com vários estudos sobre os hábitos alimentares nas
crianças, a quantidade de fruta ingerida está abaixo das recomendações(16, 39-42).
Mesmo quando o total de alimentos ingeridos aumenta com a idade, a ingestão
de fruta e hortícolas permanece baixa(12). O baixo consumo é considerado pela
Organização Mundial de Saúde um dos dez principais factores de risco para a
mortalidade e morbilidade no mundo(43), uma vez que estes alimentos são
fornecedores insubstituíveis de minerais, vitaminas, compostos protectores e fibra
alimentar(44). Existe uma tendência crescente para a ingestão de sumos e
refrigerantes em detrimento de fruta em natureza(4). Com o intuito de inverter esta
tendência, várias iniciativas têm sido tomadas tanto a nível nacional como
internacional, recorrendo a programas de educação nutricional, com o objectivo
de aumentar o consumo deste grupo de alimentos(45-47). No caso especifico da
amostra em estudo, os alunos do 1°ciclo (6 aos 9 anos) integravam o programa
“Regime de Fruta Escolar”. Uma iniciativa que pretende aumentar o consumo de
fruta entre as crianças de forma a promover uma alimentação mais saudável(48).
Uma peça de fruta é assim distribuída duas vezes por semana no período da
tarde.
Segundo Nago et al., o melhor critério para definir a qualidade dos alimentos e as
suas implicações para a saúde é a sua proveniência e a sua preparação(5). Neste
estudo apesar de o lanche vir maioritariamente de casa e ser preparado pelos
pais, não se observou influência positiva na qualidade do lanche. Segundo o
estudo de Rees et al. de 2008, as refeições provenientes de casa apresentam
21
Caracterização do lanche da manhã dos alunos do 1° ciclo do ensino básico e jardins-de-infância em São João da Madeira
maior valor energético assim como maior quantidade de hidratos de carbono,
incluindo açúcares simples(40). Não só o grupo dos doces e pastéis apareciam
com mais frequência do que o das frutas, mas também os lanches preparados em
casa apresentavam bebidas açucaradas. Briefel et al. constatou igualmente no
seu estudo que 50% das crianças consome bebidas açucaradas em casa e 25%
na escola e que em comparação as crianças incluídas num programa de
educação alimentar, ingerem menos bebidas açucaradas e menos lanches
salgados(33).
De acordo com as recomendações e atendendo às necessidades nutricionais da
criança, o valor energético total diário deve ser repartido em várias refeições ao
longo do dia(1, 16). Nos lanches avaliados, verificou-se que o valor energético
médio era de 255,3kcal. A sua contribuição para o valor calórico total diário foi de
19,3%, segundo as Estimated Energy Requirement(16) (EER - recomendações
estimadas de energia, por sexo, idade e actividade física). Sabendo que o lanche
da manhã deve contribuir com cerca de 10% do valor energético total diário(16),
este resultado está claramente acima do recomendado. Verificou-se que o grupo
dos alimentos de cafetaria e fast-food contribuíram significativamente para o valor
energético total dos lanches.
Em termos nutricionais, o contributo energético, para o lanche da manhã,
proveniente dos macronutrientes excedeu as Dietary Reference Intake (DRI)(49)
(tabela 7), sendo os grupos do leite com chocolate e dos alimentos de cafetaria os
que mais contribuíram.
22
Caracterização do lanche da manhã dos alunos do 1° ciclo do ensino básico e jardins-de-infância em São João da Madeira
Tabela 7: Adequação nutricional do lanche da manhã
Constatou-se que crianças com 3 anos apresentaram uma ingestão proteica de
cerca de 56% do valor energético total. A mesma ingestão hiperproteica foi
verificada em todas as faixas etárias. O leite com chocolate é a principal fonte de
proteínas nos lanches avaliados, podendo satisfazer grande parte das
necessidades diárias deste macronutriente(15), no entanto alimentos de cafetaria e
fast-food tiveram também um contributo significativo.
A nível lipídico apenas as crianças com 3 anos cumprem as recomendações, com
10%, das DRI(49), verificou-se também que os alunos do sexo masculino ingerem
maior quantidade de gordura. Em concordância com estes dados, Cooke e
Wardle, num estudo elaborado sobre as preferências alimentares das crianças,
referem um maior consumo de alimentos ricos em gordura e açucarados nas
crianças do sexo masculino(50).
Os alimentos mais presentes neste grupo foram os alimentos de cafetaria e fast-
food bem como os doces e pastéis.
23
Caracterização do lanche da manhã dos alunos do 1° ciclo do ensino básico e jardins-de-infância em São João da Madeira
A nível glicídico as recomendações foram sempre excedidas tendo em conta as
recomendações para o lanche da manhã.
O contributo energético é proveniente essencialmente do grupo dos cereais de
pequeno-almoço e farinhas assim como do leite com chocolate. Este último
representa uma fonte elevada de açúcares simples. Os alimentos ricos em
açúcares simples apresentam elevado valor energético e baixo valor nutricional e
não aparecem referidos na nova roda dos alimentos(51), uma vez que a ingestão
de alimentos ricos em açúcar deve ser restrita a ocasiões festivas(4, 51).
Em relação à fibra alimentar o consumo está abaixo do recomendado em todas as
faixas etárias. A fibra alimentar é um componente importante da dieta, a ingestão
diária de alimentos ricos em fibra, tais como cereais integrais e hortofrutícolas,
apresenta inúmeros benefícios para a saúde das crianças. Uma ingestão
adequada de fibra alimentar diminui o risco de desenvolver doenças
cardiovasculares, hipertensão arterial, diabetes e algumas doenças
gastrointestinais(52-53). O consumo de fibra tem sido ainda associado a um risco
reduzido de excesso de peso nas crianças(54). Alimentos ricos em fibras tem uma
densidade energética muito menor que alimentos com alto teor de gordura. A sua
ingestão diminui o consumo dos alimentos em geral, promovendo a saciedade(52).
Num estudo prospectivo, realizado na Finlândia, os autores constataram que uma
elevada ingestão de fibra alimentar, em crianças entre os 13 meses e 9 anos, leva
a uma melhoria significativa da qualidade do padrão alimentar, assim como a um
aumento da ingestão de vitaminas e minerais, comparativamente às crianças com
menor ingestão de fibra alimentar(53).
Apesar da importância das 5 ou 6 refeições recomendadas(16), em vários estudos
constata-se que o contributo energético, assim como as necessidades em
24
Caracterização do lanche da manhã dos alunos do 1° ciclo do ensino básico e jardins-de-infância em São João da Madeira
macronutrientes, dos lanches estão acima das recomendações e possuem
elevada densidade energética(18-19). Este fenómeno não só contraria a
necessidade das refeições distribuídas ao longo do dia como também contribui
para o número crescente de crianças com excesso de peso(30).
Portugal é um dos países da Europa onde a prevalência da obesidade entre as
crianças é mais elevada(11). De acordo com os estudos epidemiológicos
efectuados no âmbito do estudo COSI-Portugal realizado pela Plataforma contra a
Obesidade da Direcção-Geral da Saúde (DGS), confirmou-se que 32% de
crianças dos 7-9 anos apresentam excesso de peso, sendo 18,1% pré-obesas e
13,9% obesas(8). Na origem do aumento da obesidade infantil em Portugal
existem factores importantes a salientar, nomeadamente a mudança nos
comportamentos alimentares dos pais influenciando os hábitos alimentares da
criança(3). A ocidentalização da alimentação com menores consumos de sopa e
hortofrutícolas e um aumento do consumo de produtos de reduzido valor
nutricional e elevada densidade energética(3, 44). Para esta situação contribui
igualmente a falta da actividade física(55).
A obesidade infantil tem consequências psicológicas, sociais e de saúde adversas
na infância e mais tarde durante a vida adulta, nomeadamente o aumento do risco
de desenvolvimento de doenças cardiovasculares, síndrome metabólica e outras
patologias que se traduzem num risco aumentado de mortalidade(9, 11).
Numerosos estudos relataram correlações positivas em crianças que consomem
alimentos de elevada densidade energética e maior consumo de energia diário,
consequentemente ligados à obesidade, a síndrome metabólica e a diabetes tipo
2(56). Mercille et al. mostrou que as crianças em risco de excesso de peso
consomem um maior número de snacks e energia proveniente da gordura(57).
25
Caracterização do lanche da manhã dos alunos do 1° ciclo do ensino básico e jardins-de-infância em São João da Madeira
As crianças devem ser um alvo prioritário das intervenções, uma vez que são
particularmente propensas a escolhas alimentares inadequadas e uma vez que a
obesidade na infância prediz a obesidade no adulto(58).
A saúde da criança é assim directamente influenciada por uma alimentação
saudável. Esta por sua vez depende de vários factores, nomeadamente factores
biológicos e psicológicos, factores sociais e meio envolvente. Há ainda a
acrescentar o nível socioeconómico. Os jovens de famílias socioeconomicamente
desfavorecidas e menos escolarizadas têm em geral uma alimentação menos
saudável(44). Um estudo realizado nas escolas urbanas da Cidade do México
refere que fontes alimentares não saudáveis e alimentos com elevado teor de
açúcar e gordura, são frequentemente consumidas por crianças com um baixo
nível socioeconómico(59). Dados semelhantes foram encontrados neste estudo,
em que alunos do escalão C consumiram valores de gordura e energia
significativamente inferiores aos do escalão A e B.
São vários os estudos que sugerem a necessidade de melhoria nos hábitos
alimentares das crianças e são muitos os programas educativos já implementados
baseados em educação nutricional, alimentação saudável e prevenção de
doenças nas faixas etárias mais jovens. Estes programas envolvem toda a
comunidade e pretendem ainda aumentar a consciencialização dos pais sobre os
riscos para a saúde decorrentes do consumo inadequado de alimentos(42).
A implementação de programas para a promoção da alimentação saudável na
criança, passa pelo cumprimento de alguns princípios base segundo as
recomendações de vários estudos, a salientar a participação e adesão dos
26
Caracterização do lanche da manhã dos alunos do 1° ciclo do ensino básico e jardins-de-infância em São João da Madeira
alunos, dos pais, dos educadores e da comunidade(3, 60-61) neste processo de
mudança e aprendizagem.
Os programas decorrem nomeadamente nas escolas, local por excelência, pois
constituem um ambiente ideal para a implementação e avaliação de políticas de
intervenção e atingem um grande número de jovens simultaneamente.
Dados da investigação sugerem que as crianças não estão dotadas de uma
capacidade inata para escolher alimentos em função do seu valor nutricional, pelo
contrário, os seus hábitos alimentares são aprendidos através da experiência, da
observação e da educação. O papel da família na alimentação e na educação
alimentar das crianças e jovens é portanto inquestionável(1, 12). Dado que as
crianças não regulam o seu consumo, é a família que funciona como modelo,
sendo esta que muitas vezes induz a criança a ingerir maior quantidade de
alimentos(62).
Para além da família, a escola e, em especial, os jardins-de-infância, em
cooperação com serviços de saúde, autarquias e outras estruturas da
comunidade assumem uma particular importância, na medida em que podem
oferecer um contexto de aprendizagem formal sobre esta e outras matérias,
complementando o papel familiar(15).
27
Caracterização do lanche da manhã dos alunos do 1° ciclo do ensino básico e jardins-de-infância em São João da Madeira
6. CONCLUSÃO
Desta forma podemos concluir que cabe à família incutir comportamentos
saudáveis, promovendo a ingestão rotineira de alimentos de maior riqueza
nutricional e limitar a ingestão de alimentos com elevada densidade energética, à
escola contribuir para a prevenção da obesidade na infância, revendo as ementas
das refeições nas cantinas e controlando a oferta alimentar em meio escolar,
assim como incentivar o aumento da prática de actividade física. Ao nutricionista
cabe contribuir, através de programas de educação alimentar, para a promoção
do consumo de alimentos saudáveis, tais como os hortofrutícolas e cereais
integrais, em detrimento de alimentos de baixa densidade nutricional. Estes
programas devem ser contínuos e recorrer a técnicas variadas de aprendizagem
que facilitem a motivação e a interiorização da informação. A implementação de
medidas para uma alimentação saudável deverá ainda ser gradual de forma a
garantir o seu sucesso.
Do mesmo modo que o Ministério da Educação introduziu regulamentos com
normas e instruções sobre alimentação equilibrada para os refeitórios escolares e
orientações para os bufetes escolares deveria regulamentar os lanches escolares
que os alunos levam para a escola. Entretanto a autarquia e os agrupamentos
escolares em colaboração com profissionais da área deveriam elaborar circulares
destinadas aos encarregados de educação no sentido de melhorar a qualidade do
lanche escolar.
A convite da autarquia de São João da Madeira, estes resultados serão
apresentados aquando da realização das Jornadas de Educação (Setembro
2010), pelo que os presentes, a comunidade educativa, poderá desde então,
actuar com as medidas acima referidas.
28
Caracterização do lanche da manhã dos alunos do 1° ciclo do ensino básico e jardins-de-infância em São João da Madeira
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Monge-Urrea A, Vadillo-Ortega F. Correlates of dietary energy sources with
cardiovascular disease risk markers in Mexican school-age children, J Am Diet
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60. Report Brief - School Meals: Building Blocks for Healthy Children, Institute of
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61. Bernardi JR, Cezaro CD, Fisberg RM, Fisberg M, Vitolo MR., Estimation of
energy and macronutrient intake at home and in the kindergarten programs in
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62. Gubbels JS, Kremers SP, Stafleu A, Dagnelie PC, de Vries NK, Thijs C. Child-
care environment and dietary intake of 2- and 3-year-old children, J Hum Nutr
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Caracterização do lanche da manhã dos alunos do 1° ciclo do ensino básico e jardins-de-infância em São João da Madeira
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Caracterização do lanche da manhã dos alunos do 1° ciclo do ensino básico e jardins-de-infância em São João da Madeira
ANEXOS
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Caracterização do lanche da manhã dos alunos do 1° ciclo do ensino básico e jardins-de-infância em São João da Madeira
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Caracterização do lanche da manhã dos alunos do 1° ciclo do ensino básico e jardins-de-infância em São João da Madeira
8. ÍNDICE DE ANEXOS
Anexo 1 – Agrupamentos de escolas de São João da Madeira ......................... a1
Anexo 2 – Questionário ao aluno ....................................................................... a5
Anexo 3 – Inquérito de satisfação ao aluno ....................................................... a9
Anexo 4 – Informação aos Agrupamentos Escolares ....................................... a13
Anexo 5 – Tabelas dos resultados ................................................................... a17
Tabela 1: Grupos de alimentos mais consumidos ao pequeno-almoço por género (%)………………..a19
Tabela 2: Grupos de alimentos mais consumidos ao pequeno-almoço por faixa etária (%)…………...a19
Tabela 3: Número de grupos consumidos no pequeno-almoço pelos inquiridos…………………...…...a19
Tabela 4: Grupos de alimentos mais consumidos ao lanche por género (%)…………………………....a20
Tabela 5: Grupos de alimentos mais consumidos ao lanche por faixa etária (%)……………………….a20
Tabela 6: Grupo de alimentos consumidos no lanche de acordo com o local de proveniência………..a21
Tabela 7: Número de grupos consumidos no lanche pelos inquiridos por faixa etária……………….....a21
Tabela 8: Distribuição do valor de energia total, macronutrientes e fibra alimentar por género…...…..a22
Tabela 9: Distribuição do valor de energia total, macronutrientes e fibra alimentar por faixa etária......a22
Tabela 10: Distribuição do valor de energia total, macronutrientes e fibra alimentar do lanche
de acordo com o local de proveniência …………………………………………………………a22
Tabela 11: Distribuição do valor de energia total, macronutrientes e fibra alimentar do lanche
de acordo com quem prepara………………………………………………………………...….a23
Tabela 12: Grupos de alimentos consumidos de acordo com o valor energético total,
macronutrientes e fibra alimentar……………………………………………………………..…a23
Tabela 13: Consumo de leite escolar por faixa etária e género………………………………………...…a23
Tabela 14: Valor de energia total, macronutrientes e fibra alimentar
de acordo com o consumo de leite escolar…………………………..……………………...…a24
Tabela 15: Valor de energia total, macronutrientes e fibra alimentar
de acordo com o escalão de acção social………………………….……………….…………..a24
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Caracterização do lanche da manhã dos alunos do 1° ciclo do ensino básico e jardins-de-infância em São João da Madeira
a1
Anexo 1 –
Agrupamentos de escolas de São João da Madeira
a2
a3
Tabela 1: Agrupamentos de escolas de São João da Madeira
a4
a5
Anexo 2 –
Questionário ao aluno
a6
a7
a8
a9
Anexo 3 –
Inquérito de satisfação ao aluno
a10
a11
a12
a13
Anexo 4 –
Informação aos Agrupamentos Escolares
a14
a15
a16
a17
Anexo 5 –
Tabelas dos resultados
a18
a19
Tabela 1: Grupos de alimentos mais consumidos ao pequeno-almoço por género (%)
Tabela 2: Grupos de alimentos mais consumidos ao pequeno-almoço por faixa etária (%)
Tabela 3: Número de grupos consumidos no pequeno-almoço pelos inquiridos
a20
Tabela 4: Grupos de alimentos mais consumidos ao lanche por género (%)
Tabela 5: Grupos de alimentos mais consumidos ao lanche por faixa etária (%)
a21
Tabela 6: Grupo de alimentos consumidos no lanche de acordo com o local de proveniência
Tabela 7: Número de grupos consumidos no lanche pelos inquiridos por faixa etária
a22
Tabela 8: Distribuição do valor de energia total, macronutrientes e fibra alimentar por género
Tabela 9: Distribuição do valor de energia total, macronutrientes e fibra alimentar por faixa etária
Tabela 10:Distribuição do valor de energia total, macronutrientes e fibra alimentar do lanche de acordo com o local de proveniência
a23
Tabela 11: Distribuição do valor de energia total, macronutrientes e fibra alimentar do lanche de acordo com quem prepara
Tabela 12: Grupos de alimentos consumidos de acordo com o valor energético total, macronutrientes e fibra alimentar
Tabela 13: Consumo de leite escolar por faixa etária e género
a24
Tabela 14: Valor de energia total, macronutrientes e fibra alimentar de acordo com o consumo de leite escolar
Tabela 15: Valor de energia total, macronutrientes e fibra alimentar de acordo com o escalão de acção social.